revista canguru | janeiro de 2016 | edição nº04

Transcrição

revista canguru | janeiro de 2016 | edição nº04
www.cangurubh.com.br | jan 2016 | nº 4
Criando filhos em BH
E S P EC I A L F É R I A S • E X E M P L A R G R AT U I TO PA R A PA R C E I R O S
O QUE LEVA
nossas crianças
à terapia CONHEÇA A
dor do
crescimento
e saiba aliviá-la
COMO ENSINAR
hábitos
sustentáveis
aos filhos
amigos para sempre
Os benefícios e as alegrias de ter um
animal de estimação para chamar de seu
nesta edição3
28
seções
Paris, de 5 meses, e a tartaruga Casquinha: interação
desde que a pequena estava na barriga de sua mãe
24
4
6
10
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14
16
18
20
22
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45
Primeiras palavras
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Padecendo no Paraíso, por Bebel Soares
e Tetê Carneiro
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48
Marcos Aurélio Loureiro, Juliana Amaral e Samuel, de 9 anos:
sessões com a terapeuta fazem o menino “apelar menos”
40
50
Nossos leitores
www.cangurubh.com.br
Missão Instagram
Canguru viu e curtiu
Eles dizem cada coisa
Mundo Kids
Moda
Comprinhas
História de mãe, por Marina Vasconcellos
Viagens, modo de usar, por Luís Giffoni
Para ler com seu filho, por Leo Cunha
Na Pracinha, por Flávia Pellegrini
e Miriam Barreto
Artigo, por Jamil Nahass
Artigo, por Alba Lúcia Dezan e Beatriz Neves
Braga
Crônica, por Cris Guerra
Reportagens
Ana Martins Panissete, com João, de 6 anos: na casa deles,
lixo orgânico é transformado em adubo para a horta
Nossa capa
Na foto com o labrador Bug, Maria
Eduarda, de 9 anos, é filha de Sara
Caren e Carleno Alves Araújo.
FOTO: Gustavo Andrade
24
Terapia | Quando procurar a ajuda de um
psicólogo é essencial para os pequenos
28
Comportamento | Como a convivência com
animais de estimação pode estimular as crianças
34
Saúde | Saiba o que é e aprenda a identificar
a dor do crescimento
36
Carnaval | Confira as datas e horários dos
ensaios do Bloco Infantil Padecendo no Paraíso
38
Negócios | Desejo de presentear a filha faz
mãe belo-horizontina abrir empresa de sucesso
40
Meio ambiente | Na hora de ensinar hábitos
sustentáveis, nada melhor do que o exemplo
Para começar o ano
com ideias novas
EU NUNCA TIVE bicho de estimação. Meus pais chegaram a ter cães em casa
e no sítio, motivados pela preocupação com segurança. Eram dobermanns, que
não passaram muito tempo conosco. E se eles estavam soltos, eu estava presa.
Morria de medo. Vivia tendo pesadelos com cachorros que me atacavam. Também não tinha simpatia por outros animais. Nunca desejei ter um gato, um
passarinho, um peixinho que fosse.
Quando meu filho mais velho chegou, Pedro, nem cogitei a possibilidade
de adotar um pet. E ele nunca pediu para ter um: parece ter herdado minha
insensibilidade para com os bichinhos. Sinceramente, sempre vi os animais de
estimação como um trabalho doméstico a mais, para o qual me faltava tempo.
O caçula, porém, sempre me pediu um cachorrinho. Como moramos em
casa, nem a desculpa da falta de espaço eu tinha. Ainda assim, resisti bravamente. Cansado de ouvir negativas, Gabriel aparentemente deduziu que a
questão era a falta de dinheiro. E me saiu com a seguinte: “podemos alugar
um?”. Mas você acha que eu amoleci? Não. Pensei: isso passa. E passou mesmo. Aos 7 anos, meu menino não quer mais saber de bichos.
E aí encontro, na reportagem de capa desta edição, a veterinária Marcela
Diniz dizendo: “Toda criança merece uma mãe e um pai que a deixem ter
um bichinho de estimação”. Ela e outros especialistas falam, na matéria, sobre
como as animais podem ajudar os pequenos a lidarem com as próprias emoções e situações essenciais, como a morte. Meu coração ficou pequenininho,
do tamanho de uma uva-passa. O que foi que fiz com meu Gabriel?
Talvez ele vá se queixar de mim no divã, outro tema desta edição: terapia
para as crianças. Fui por muito tempo resistente (preconceituosa até) em relação à terapia, mesmo para adultos. Mas entendi como esse processo pode ser
positivo para o amadurecimento emocional de qualquer pessoa. Incluindo o
dos nossos filhos.
Nada como começar o ano tirando as teias da mente e permitindo-me mudar de ideia sobre velhos conceitos. Se a infância é o alicerce para uma vida
saudável — com maturidade emocional, corporal e psíquica —, quero abrir a
cabeça, ouvir o que os especialistas têm a dizer, me inspirar nas experiências
de outros pais e tentar garantir a meus meninos a melhor base que eu puder. É
o que desejo a você também: um 2016 cheio de ideias novas para fazer da sua
casa um lar realmente feliz.
Ivana Moreira, DIRETORA DE REDAÇÃO
[email protected]
4
Canguru
. JANEIRO 2016
FOTO: GUSTAVO ANDRADE
4primeiras palavras
Ivana e os filhos
Gabriel e Pedro
DIRETOR EXECUTIVO: Eduardo Ferrari
DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Ivana Moreira
www.cangurubh.com.br
DIRETORA DE REDAÇÃO: Ivana Moreira
EDITORES EXECUTIVOS: Alessandro Duarte e Paola
Carvalho
EDITORA DE ARTE: Christina Castilho
PROJETO GRÁFICO: Christina Castilho (Mondana:IB)
REPÓRTER: Rafaela Matias
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Cris Guerra, Cristiane
Miranda, Isabel Borges, Isabella Grossi, Leo Cunha, Luís
Giffoni, Nara Montezano
FOTÓGRAFOS: Gustavo Andrade e Victor Schwaner
REVISORA: Shirley Souza Sodré
COORDENADORA DE MARKETING E PLANEJAMENTO
DIGITAL: Camila Capone
ESTAGIÁRIA DE MARKETING E PLANEJAMENTO DIGITAL:
Juliane Ferreira
GERENTE COMERCIAL E ADMINISTRATIVA: Suellen Moura
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA: Laura Ramos
A Canguru é uma publicação mensal da
Scrittore Comunicação e Editora Ltda.
CNPJ 12243254/0001-10, Rua Alberto Bressane,
223, Belo Horizonte/MG, CEP 30240-470
TIRAGEM: 25 000 exemplares
IMPRESSÃO: Artes Gráficas Formato Ltda.
DISTRIBUIÇÃO: Gratuita na rede de escolas parceiras*
e vendida em bancas de BH.
* Instituições particulares de educação infantil que se
encarregam de enviar a revista aos pais de seus alunos na
mochila dos estudantes. A relação das escolas parceiras pode
ser consultada por anunciantes.
ESPECIAL FÉRIAS: DISTRIBUIÇÃO GRATUITA EM
CLUBES E COLÔNIAS DE FÉRIAS DE BH.
PARA ANUNCIAR
Suellen Moura: (31) 3546-7818 . (31) 98651-2047
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PARA FALAR COM A REDAÇÃO: mande e-mail para
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ENDEREÇO: Rua Paul Bouthilier, 207, Mangabeiras,
Belo Horizonte – MG – CEP 30315-010.
(31) 4109-0825 . 3546-7818
Artigos assinados são de inteira responsabilidade dos
autores e não representam, necessariamente, a opinião
da revista e de seus responsáveis.
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Criando filhos em BH
www.cangurubh.com.br | dez 2015 | nº 3
E X E M P L A R G R AT U I TO PA RA E SCOLAS PARC E IRAS
ESPECIAL FÉRIAS
12 colônias
PARA A MENINADA
SE ESBALDAR 18 produtos
PARA CURTIR O VERÃO
NA PRAIA, NA PISCINA,
NA RUA E EM CASA
6 dicas
PARA NÃO ESTRESSAR
COM AS CRIANÇAS ANTES
E DURANTE AS VIAGENS
espiritualidade
Como transmitir valores e princípios
eternos aos nossos filhos
Espiritualidade
Parabéns à direção da revista,
bem como à repórter Sabrina
Abreu, pela sensibilidade com
que foi conduzida a pauta sobre espiritualidade na infância
(“Herança de fé”, dez. 2015).
Parabenizo ainda todos da
Canguru pela excelência da
publicação, que desbrava um
segmento carente de informações de qualidade e que fala ao
leitor de forma prática.
— Erika Pessoa
Amei a reportagem de capa de
dezembro. Acredito tanto nesse
conceito que chego a ser parcial para dizer que foi tiro certo. Parabéns!
— Claudinei Franzini, diretor de
comunicação e expansão da Rede
Batista de Educação
6
Canguru
. JANEIRO 2016
Sou uma leitora assídua da
Canguru e estou cada vez
mais encantada com a linha
editorial e com a qualidade
das matérias e artigos. Especialmente com esta última
edição, que nos presenteou
com o artigo da Mariana Rosa
(acompanho essa bela história
desde o nascimento da Alice),
a reportagem de capa sobre
espiritualidade (tema atual e
fundamental na transmissão
de valores aos nossos pequenos) e, por último, as valiosas
dicas de entidades para direcionarmos as nossas doações
de Natal. Meu marido e eu
estávamos em busca de instituições para receber todos os
brinquedos que selecionamos
em conjunto com as crianças.
— Danielli Soares Melo Gaiotti
Mundo Kids
Após ler a nota “Um Bom Velhinho de verdade” (dez 2015),
eu e meu filho fomos ao BH
Shopping. Quando ele foi ao
colo do Papai Noel, disse: “Sei
que você se chama Bráulio e
é bombeiro hidráulico. Não é
bombeiro que trabalha no caminhão vermelho. E também
sei que você está aqui porque
o Papai Noel de verdade ainda está no Polo Norte com os
duendes embalando nossos
brinquedos!”
— Elga Tatiane Meira Barbosa
História de mãe
Mariana Rosa empresta sua experiência de vida com um desprendimento que nos ensina,
com uma simplicidade mágica,
que os problemas têm sua dimensão conforme a perspectiva que queremos enxergar (“A
filha ideal”, dez. 2015).
— Jose Marcelo Ribeiro
Sou fã. Mariana Rosa escreve de
maneira única, emocionante!
— Letícia Murta
Surpreendentemente, a cada
relato de nossa mamãe ainda
temos o que aprender. Simplesmente Alice... linda de viver!
Ela nasceu em um lar aconchegante e cheio de amor, por isso
é tão feliz.
— Claudia Lima
Mãe Prematura
Achei bom texto o “Que mãe
você quer ser para seu filho?”.
Só discordo da parte em que
fala que não devemos ser exemplo para nossos filhos. É claro que devemos! Exemplo de
pessoas de bem, com caráter,
senso de justiça, amor e outras
características essenciais para o
bom convívio em sociedade.
— Ana Paula Novato Raris
Sempre lembrarei do texto
“Aproveite, que dá saudade”,
quando bater o cansaço. Muito
lindo!
— Clarice Mendes
Ciranda
Lindo o texto “Junto e misturado”, de Fernanda Agostinho
(dez. 2015). Os meus filhos
também são assim. Ela, mais
tímida, perfeccionista, brava e
exigente. Ele, boa-praça, cavalheiro, bagunceiro e apaixonado por cavalos e dragões. No
mais, tudo lindo, junto, misturado e... complementar.
— Romina Farcae
É absolutamente adorável ter
um casal de filhos. Concordo em
gênero, número e grau. Mais um
texto delicioso de ler. Parabéns.
— Fabiana Giuntini
Amei! Aqui em casa é bem assim: ela é supermandona e ele é
supertranquilo.
— Grazielle Clarindo
Que texto lindo e perfeito. Você
conseguiu, com toda a propriedade de mãe, nos mostrar que
os filhos, apesar das diferenças,
são todos iguais em nossos corações. Parabéns!
— Maria Helena Cardoso Danin
Mães de Consultório
Amo os seus textos, Flávia
Rios! Não sou mãe ainda, mas
me emociono e vivencio tudo
com suas histórias. Obrigada por me proporcionar essas
emoções.
— Roberta Borato
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Teatrinho
no Patio
A DIVERSÃO
V E I O PA S S A R A S
FÉRIAS AQUI
PE ÇA S E TE AT
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*Validade: 29 de fevereiro de 2016.
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DATA: 4 de junho, no Ouro Minas Palace Hotel
44
11/12/15 09:
4
AS PALESTRANTES
LÍGIA
GABRIELA LAURA
KAPIM
GUTMAN GUERRA
Nutricionista,
apresentadora do
programa “Socorro, Meu
Filho Come Mal”, do
canal pago GNT
Psicopedagoga argentina, autora
dos best sellers “A Maternidade
e o Encontro com a Própria
Sombra” e “O Poder do
Discurso Materno”
ASHLEY
FILOMENA
CAMILA DO VALE
(DRA. FILÓ)
MERRYMAN
Escritora americana, autora do
livro “Os 10 Erros Mais Comuns
na Educação de Crianças”, colunista
das revistas Time e New York
Pediatra especialista em
cardiologia, médica do CTI
Infantil da Santa Casa de
Belo Horizonte
APOIO:
Psicóloga, autora do livro
“Mulheres às Avessas” e
apresentadora do programa de
mesmo nome, na RPCTV, afiliada
da Rede Globo, no Paraná
A MEDIADORA
CRIS
GUERRA
Publicitária, escritora,
palestrante e colunista da
rádio BandNews FM e
das revistas Canguru
e Pais&Filhos
www.cangurubh.com.br
evento
Todos os
meses, a Canguru
promove seminários
gratuitos sobre temas
relacionados à educação
dos filhos. Fique atento
à programação dos
próximos eventos.
Educando
com limites
O Encontro Canguru de janeiro
será com a psicóloga Clarissa Yakiara
[1]
NÃO É FÁCIL lidar com a pirraça dos filhos. Entre o desejo
de educar e o descontrole do momento, muitos pais se excedem na bronca e acabam perdendo a oportunidade de estreitar os laços familiares. É o que afirma a psicóloga
Clarissa Yakiara, autora do e-book Limite na Medida Certa e fundadora da Escola de Pais Bee Family. Mãe de
João, de 7 anos, e de Lucas, de 1, ela é a convidada do Encontro Canguru deste mês, que será realizado no
dia 30, sábado, às 10h30, no Cineart Ponteio. Clarissa dará dicas sobre como lidar com os conflitos e impor
limites corretos, garantindo paz e a segurança emocional para a família. O evento terá a participação da também
psicóloga Viviane Pires. As inscrições são gratuitas pelo site cangurubh.com.br, mas as vagas são limitadas.
Promoção
Ganhe um fim de semana
em Porto de Galinhas
Quer passear de jangada até deslumbrantes piscinas naturais e mergulhar em
meio a corais repletos de peixes multicoloridos? Ou se aventurar a bordo de um
bugue e curtir um visual de cair o queixo? Na Praia de Porto de Galinhas, localizada
no litoral de Pernambuco, é possível fazer tudo isso e muito mais. Ainda que a ideia
seja apenas relaxar em um excelente resort, o Enotel Convention & Spa é o destino
perfeito. Em parceria com a Master Turismo, a Canguru vai sortear um pacote de
fim de semana nesse paraíso de águas claras e mornas para um casal e duas crianças em sistema all inclusive, ou seja, com todas as refeições e bebidas incluídas.
As inscrições poderão ser feitas até o dia 29 de janeiro.
Entre em cangurubh.com.br e confira as regras para participar da promoção.
10
Canguru
. JANEIRO 2016
FOTOS: DIVULGAÇÃO; [1] GUSTAVO ANDRADE.
A Canguru vai sortear pacote de diárias
para um casal e duas crianças
EDIÇÃO Alessandro
Duarte
teatro
Perigos no palco
Canguru promoverá sessão gratuita de
O que Mora no Escuro para seus leitores
JÁ NÃO SABE mais o que fazer com as crianças para se
divertir nas férias? Que tal ir ao teatro com a Canguru?
No dia 23 de janeiro, às 16 horas, vamos receber nossos leitores no Teatro Bradesco para assistir à peça O que
Mora no Escuro, da Cia O Trem. A história busca alertar,
de forma lúdica, sobre os perigos que os pequenos encontram dentro de casa, com dicas para evitar acidentes
domésticos. “Utilizamos a fantasia para ensinar as crianças”, conta Lívia Gaudencio, autora e diretora da peça.
“Transformamos os perigos domésticos em monstros e os
protagonistas, Nina e Theo, em super-heróis que precisam combatê-los de forma consciente, sempre lembrando de se proteger.” Os oito bonecos que compõem o espetáculo foram confeccionados pelo Grupo Giramundo
e a trilha sonora original — executada ao vivo durante a
apresentação — é de autoria de Leo Mendonza. Acesse o
site cangurubh.com.br e saiba como ganhar entradas
para essa sessão especial. Os bilhetes são limitados.
Detetives do
Prédio Azul
Mistério e muita diversão em
Avant-première Canguru com
Minas Shopping e canal Gloob
Carro-chefe do canal infantil Gloob, o programa Detetives do Prédio Azul já fez muito guri
sonhar em se tornar um investigador tão perspicaz quanto Tom (Caio Manhente), Mila (Letícia Pedro) e Capim (Cauê Campos). Na série,
exibida de segunda a sexta, às 11h45 e às
18h30, o trio vive grandes aventuras para desvendar os mistérios do edifício onde moram,
fugindo sempre da implicante síndica bruxa,
Dona Leocádia (Tamara Taxman). Na Avantpre­mière Canguru, uma ação em parceira com
o Minas Shopping e o canal Gloob, marcada
para 8 de janeiro, leitores da revista foram
convidados a brincar de detetives do Prédio
Azul. A instalação inspirada no cenário do programa foi aberta especialmente para eles,
para cumprirem uma missão em diferentes
ambientes, inclusive na temida cozinha de
Leocádia. Confira a galeria de fotos no site
cangurubh.com.br. Pequenos de 4 a 10 anos
poderão se divertir nesta versão do Prédio
Azul até 7 de fevereiro. Para crianças de 0 a 3
anos (acompanhadas dos pais) haverá um espaço baby. As visitas são gratuitas, mas precisam ser agendadas na Praça de Eventos do
Minas Shopping. O horário de funcionamento
é das 10 às 22 horas, de segunda a sábado, e
das 14 às 20 horas, aos domingos.
JANEIRO 2016 .
Canguru
11
www.cangurubh.com.br
fique ligado
Dicas de
programas
e colônias
viagem
Hospede-se com a
criançada em meio
às montanhas
Às vezes, falta criatividade e ideias
para divertir a meninada. Para
que ninguém precise passar o
dia na frente da TV, reunimos em
nosso site opções de teatro, cinema, shows e uma lista de colônias
de férias em todas as regiões da
cidade. Acesse cangurubh.com.br
e divirta-se.
Confira boas opções de hotéis e pousadas
para ir com os pequenos sem deixar os
limites do nosso estado
12
Canguru
. JANEIRO 2016
NA CBN
Às terças e quintas,
às 10h40, acompanhe
ao vivo o boletim
Canguru: criando
filhos em BH.
Todos os áudios estão
disponíveis no portal
cangurubh.com.br.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
EM SEU TEXTO deste mês, o escritor e viajante Luís Giffoni
(pág. 42) mostra que Minas tem muitos atrativos para as famílias nestas férias. E ele tem toda razão. “Num único dia, pais e
filhos podem fazer cavalgadas, caminhar, tomar banho de cachoeira, ver animais nas matas ou nas fazendas, pescar trutas,
comer bem, conhecer nosso chão”, escreve. Em uma reportagem
exclusiva para o site cangurubh.com.br, mostramos dez opções para os pais relaxarem enquanto as crianças se divertem
para valer. Ou para todos se divertirem juntos. Entre as dicas,
o Tauá Resort Caeté (acima), eleito o melhor resort para crianças do Brasil e localizado a 50 quilômetros de Belo Horizonte.
Aproveite.
Pais de BH fotografaram seus filhos
às vésperas das férias escolares e
compartilharam os cliques usando a
marcação #cangurubh.
Confira algumas das imagens.
Giuseppe, de 8 anos, foi fotografado por
@conceicaozulcom logo após receber
uma medalha na festa de encerramento
do ano letivo
@lucianeguirlandafotografia clicou a Amanda, de 4 anos, em
uma apresentação na escola
FOTOS: REPRODUÇÃO INSTAGRAM
A mãe de @phburgarelli publicou um
flagra da formatura de Pedro Henrique,
de 6 anos
Próxima missão: eu e meu pet
Gostou da nossa reportagem de capa? Então fotografe seu filho com seu animal de estimação e compartilhe a imagem no Instagram usando a marcação #cangurubh. Os melhores registros serão publicadas na edição de fevereiro da revista.
JANEIRO 2016 .
Canguru
13
EDIÇÃO Camila
Capone
O QUE ESTÁ ROLANDO DE ÚTIL, DIVERTIDO OU CURIOSO NA WEB E NAS REDES SOCIAIS
Notebook para
os pequenos
Um computador para crianças, com carcaça emborrachada, que funciona como tablet? Um aparelho que permite trocar a bateria, as câmeras, a
tela e até o módulo central (placa-mãe, memória
e processador)? Sim! Esse é o Infinity, projeto da
One Education, empresa sem fins lucrativos, que
está em busca de investimentos para tirá-lo do papel. Se o aporte for obtido, o notebook chegará as
lojas custando cerca de 925 reais.
Conheça mais sobre o Infinity no site
da empresa: bit.ly/NoteInfinity
Política para
baixinhos
Parece que a política voltou a ser o assunto do
momento, não é mesmo? Tendo isso em vista e a
carência em materiais didáticos que introduzem
as crianças no universo das ciências sociais, a
Boitempo Editorial relançou dois livros pelo seu
selo infantil, o Boitatá. A Ditadura É Assim e A
Democracia Pode Ser Assim. Uma linguagem
simples, voltada para crianças a partir de 8 anos.
Cada livro custa R$ 39,00.
Para saber mais sobre o livro
A Democracia Pode Ser Assim,
acesse bit.ly/boitatademocracia
Para saber mais sobre o livro
A Ditadura É Assim, acesse
bit.ly/boitataditadura
Libras desde pequeno
Acesse bit.ly/1IujSEK ou use nosso QR code.
14
Canguru
. JANEIRO 2016
IMAGENS: REPRODUÇÃO
Olha aqui um patinho, um elefantinho, um gatinho... Muito fofo o vídeo deste menino aprendendo
a linguagem de sinais. É de morrer de amores!
autoral
atemporal
versátil
rua califórnia, 509b, sion - bh - 31 2516 6061
POR Rafaela
Matias
Por que e
aprender u preciso
matem
se existe ática
calculado m
ras?
ANA LUÍSA, 9 anos, filha
de Viviane Martins e
Gilmar Luciano Santos
Manhê, achei a
sua fralda aqui no
supermercado!
Sonhei
com o sol e
ele disse que você
precisa me levar à praia.
EDUARDA, 6 anos, filha de
Henrique Vieira Campos
e Geilyane Pinheiro
GIOVANA, 4 anos,
filha de José Antônio
Toledo Dias e Quênia
Oliveira Macedo
Que b
está c om que
h
Os hip ovendo.
opótam
precis
am na os
dar!
HEITOR, 3 anos, filho de Juan
Ramon Espinoza Centeno e Flávia
Regina Gobbi von Randow
16
Canguru
. JANEIRO 2016
Se seu filho também diz pérolas, envie a frase
para o e-mail [email protected].
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
JULIANA, 5 anos,
filha de Gilmar Felix
Junior e Aline Miranda
Felix, correndo com um
pacote de absorventes
noturnos nas mãos
Minha
mãe não é
novinha assim,
não. Isso é
maquiagem que
ela usa muita.
apresenta
Volta às aulas: o momento ideal
para deixar a vacinação em dia
FOTO: VICTOR SCHWANER
Rede pública x rede privada
Apesar de boa parte das vacinas estar disponível
na rede pública de saúde, existem diversos benefícios
de se recorrer à rede privada. O primeiro deles é o
acesso a esquemas de vacinação mais diversificados
e abrangentes que no sistema público, com melho-
O médico Adelino de Melo Freire Jr., na unidade da Savassi:
sistema de refrigeração com monitoramento a distância
res resultados em termos de proteção individual. De
acordo com o doutor Adelino, algumas vacinas disponíveis na rede privada são mais modernas, o que causa
menos efeitos colaterais.
A tecnologia é uma aliada e tanto. No São Marcos,
as vacinas são mantidas em um sistema de refrigeração com monitoramento a distância. “Qualquer alteração na temperatura nos é informada imediatamente
pelo celular, para ser corrigida”, diz o médico. Esse
cuidado faz com que as substâncias estejam sempre
em perfeito estado.
Mantenha o calendário vacinal do seu filho em dia.
Acesse saomarcoslaboratorio.com.br/calendario-vacinal
e baixe o calendário atualizado de acordo com
a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM).
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saomarcoslaboratorio.com.br
Responsável técnico: Dr. Cláudio M. M. Cerqueira - CRM MG 6888
saomarcoslaboratorio
Para o conforto da
mamãe e do bebê,
atendemos em domicílio.
LOGGIA
Na escola, as crianças aprendem coisas novas, fazem amigos e começam a conviver em grupo. Mas é
ali também que os pequenos mais se expõem a vírus
e bactérias responsáveis por uma série de doenças.
Como o sistema imunológico das crianças ainda está
em desenvolvimento, o organismo infantil não é capaz de se proteger sozinho. Manter o calendário de
vacinação em dia, então, é essencial. “A vacina é uma
das maiores descobertas da história da medicina”,
afirma o médico infectologista Adelino de Melo Freire
Jr., gerente de vacinas do laboratório São Marcos e
coordenador de Controle de Infecção Hospitalar do
Hospital Felício Rocho.
Segundo o doutor Adelino, o momento de volta
às aulas é ideal para que os pais confiram os cartões
de vacinação e se certifiquem de que renovaram todas
as doses. “O ambiente escolar favorece o aparecimento de surtos de doenças, por isso a prevenção é tão
importante”, explica. A fase mais crítica vai de 1 a 6
anos, quando algumas vacinas precisam ser reforçadas. “Muitas escolas pedem os cartões de vacinação
no início do ano letivo, e os pais devem aproveitar
esse incentivo para deixar as doses em dia e garantir a
saúde dos filhos.”
POR Rafaela
1
Matias
em cada sete crianças
acredita que dinheiro é uma das coisas mais importantes da vida, segundo a pesquisa Voz
das Crianças, realizada pela Officina Sophia.
Brincando de ficar bonita
Chá de bebê
virtual
Especialmente para os que têm família em outras cidades, o chá de bebê pode ser um evento
complicado. Afinal, como se dividir entre organizar
uma festa e receber parentes? Tudo isso na correria dos últimos meses de gravidez. A internet pode ser a salvação. Idealizado pelos empreendedores mineiros Ricardo Diamante e Camila Piovesana, o SITE
EUNENÉM permite que os papais e mamães realizem um chá de bebê
virtual, no qual amigos e parentes podem enviar em dinheiro o valor
dos presentes. Assim, os pais usam a quantia para comprar aquilo que
realmente estão precisando. Para acessar, basta entrar no endereço
www.eunenem.com e se cadastrar.
18
Canguru
. JANEIRO 2016
Cor de pele
de verdade
A fabricante de giz de cera Koralle parece ter encontrado a solução
para um antigo problema: a falta de
opções de lápis e giz de cera “cor de
pele” no estojo das crianças. Até pouco tempo atrás, a oferta se resumia
ao rosa-claro e ao ocre, ignorando
os diversos tons que compõem a
variedade étnica de um país como o
Brasil. Diante disso, a empresa lançou a LINHA “UNIAFRO”, que reúne
mais de doze tons de “cores de pele”.
A ideia surgiu a partir de uma ação
realizada no Rio Grande do Sul, que
encomendou as caixas para professores de escolas infantis, como
parte de um curso sobre história e
cultura africana. O sucesso foi tanto
que a fabricante decidiu expandir as
vendas para todo o país. Cada caixa
com doze gizes de cera custa 18 reais. As encomendas podem ser feitas
pela loja virtual da empresa, no site
www.koralle.com.br.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Desde cedo, as meninas se interessam por
batons, esmaltes e penteados. Mas, se antes
tudo isso precisava ser
pego emprestado das
mamães, agora elas têm
um espaço próprio. Em
outubro, foi inaugurado em Belo Horizonte um salão de beleza exclusivamente infantil,
com maquiadoras, manicures, cabeleireiros e até depiladoras — para
meninas acima de 11 anos. O PETIT SALON MAGIC tem decoração inspirada na Disney. Serviços extras, como festas de aniversário
temáticas, spa day, dia fashion e café da manhã com as princesas
também estão entre as opções. O espaço fica no BH2Mall (Avenida
Luiz Paulo Franco, 500, Belvedere, tel. 3140-6087).
eu já fui
criança
Daniel de Oliveira
Hoje um ator consagrado, Daniel
de Oliveira bem que poderia estar fazendo gols pelo Clube Atlético Mineiro. Quando criança, o
atleticano assumido ficava dividido entre a paixão pela bola e
o gosto pelo teatro. Aos 14 anos,
as artes cênicas falaram mais alto
e ele passou a frequentar o Núcleo de Estudos Teatrais em Belo
Horizonte. Mesmo assim, o amor
pelo Galo continua vivo e ele é
visto constantemente vestindo a
camisa de seu clube do coração.
Camila Alves
A modelo Camila Alves leva uma
vida de glamour nos Estados Unidos ao lado de seu marido, o astro
hollywoodiano Matthew McConaughey. Realidade que se parece
pouco com a infância da gata, em
Belo Horizonte. Filha caçula de
um casal de classe média, Camila
viveu no bairro Cidade Nova até
os 15 anos de idade e costumava
passar as férias de fim de ano no
interior de Minas. No Natal, ela
aprendia a preparar os pratos típicos da época e saboreava as invenções culinárias da mãe.
Isis Valverde
A paixão pelo mato Isis Valverde
herdou de sua infância na pequena cidade de Aiuroca, no Sul
de Minas. Filha da também atriz
Rosalba Nable, a morena estreou
nos palcos com 5 anos, pela
companhia de teatro da mãe. Isis
veio para a capital estudar artes
cênicas, contrariando a vontade
do pai, que insistia que ela cursasse medicina. Em BH, foi contratada como modelo e se mudou para o Rio de Janeiro, onde
estreou nas telinhas em 2006, na
novela Sinhá Moça.=
4moda
Férias ao sol
Verão é tempo de se divertir na praia ou na piscina. E as vitrines das lojas
estão repletas de opções bacanas para a garotada arrasar no período mais
quente do ano. Veja algumas dicas.
POR Isabel
Borges e Nara Montezano
ROUPÃO VAQUINHA,
R$ 145,00,
da Dani Lessa.
www.tricae.com.br.
BOLSA GATINHO,
R$ 49,90,
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BIQUÍNI, R$ 253,00, da Monnalisa.
Rua São Paulo, 2150, Lourdes.
20
Canguru
. JANEIRO 2016
SUNGA, R$ 34,95,
da Tigor T. Tigre.
Diamond Mall.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
CAMISETA COM
FILTRO SOLAR, R$ 89,90,
da Puket. Pátio Savassi.
apresenta
Cuidar da saúde oral é promover
a saúde integral do seu filho
Atendimento na Odontologia Gribel: mais de cinquenta anos cuidando de crianças de BH e do interior de Minas
A ortopedia funcional dos maxilares é uma especialidade odontológica que previne e trata alterações
do conjunto de músculos, dentes e ossos que compõem o nosso sistema mastigatório.
Para uma criança que vai pela primeira vez ao consultório odontológico, o dentista, além da consulta
para inspeção de cárie dentária e de doenças da boca,
deve examinar outras estruturas que são responsáveis
pelo correto funcionamento das funções orais.
Embora pouco conhecida do público leigo, que a
confunde com a ortodontia em razão do uso de aparelhos durante alguns tratamentos, a especialidade
abrange muito mais do que a preocupação de apenas
colocar os dentes em um alinhamento harmônico.
Todo o tratamento e, às vezes, o gerenciamento
da saúde oral da criança depende de um acompanhamento amplo sobre o desenvolvimento e o crescimento de sua face.
A ortopedia evita que alterações surgidas na pri-
meira infância se consolidem e necessitem de tratamentos mais demorados e estressantes, o que melhora
a qualidade de vida da criança e dos pais.
Prevenção em um nível ótimo, implicando em
harmonia da face, tendo sempre como objetivo a saúde geral e o bem-estar da criança, é o que buscamos
como resultado de nossas ações.
Juntamente com a odontopediatria, a ortopedia
funcional dos maxilares e a ortodontia, desde o atendimento à gestante e ao bebê, são os diferenciais da
clínica odontológica Gribel durante as consultas. Nosso envolvimento com o cliente traduz o carinho e a
nossa vontade de oferecer as mais novas tecnologias
somadas à consciência de conduzir a criança ao atendimento integral e humanizado.
A clínica odontológica Gribel tem uma história de
mais de cinquenta anos auxiliando crianças de Belo Horizonte e do interior de Minas Gerais. São anos de experiência aliados à excelência no atendimento infantil.
GRIBEL KIDS - Avenida Carandaí, 161, 2º andar, Funcionários, tel. 3221-7711
www.odontogribel.com.br/gribel-kids
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Funcionários, tel. 3346-9966.
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tel. 4003-8558.
22
Canguru
. JANEIRO 2016
FOTOS: DIVULGAÇÃO
AGENDA FROZEN
POR Isabel
Borges e Nara Montezano
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Savassi, tel. 3344-7069.
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Rua Guaicuí, 26, Luxemburgo, tel. 4003-8558.
JANEIRO 2016 .
Canguru
23
4terapia
Será que o
seu filho precisa?
Livre-se do sentimento de culpa
e saiba o que fazer quando
as crianças não conseguem
expressar objetivamente o que
estão sentindo e pedem atenção
por meio de sintomas
POR Isabella
Grossi
Leonardo, de 6 anos, com
sua mãe, Aline Pereira, e a
terapeuta Juliana Amaral:
ajuda para lidar com mudanças
24
Canguru
. JANEIRO 2016
FOI-SE O TEMPO em que terapia era coisa de adulto apenas. O número de crianças encaminhadas aos
consultórios por causa de algum transtorno comportamental ou dificuldade pontual (confira as principais
razões no quadro da pág. 26) aumentou drasticamente
nos últimos anos. E, ao contrário do que muita gente
pensa, não há nada de mau nisso. “As crianças de hoje
são inundadas de informação e têm pouca maturidade para absorver o que é preciso”, afirma a psicóloga
clínica Jane Ávila. O excesso de estímulos sem seu devido tempo de elaboração talvez seja o grande algoz
do século. Como consequência, temos uma geração
FOTOS: GUSTAVO ANDRADE
A psicóloga Renata Tiburcio
e Francisco, de 6 anos: a
dificuldade no processo de
aprendizado ficou para trás
mais agitada, questionadora e inquieta, que naturalmente passa a apresentar sintomas quando não sabe
dizer objetivamente o que está sentindo. “O comportamento é apenas um aspecto do fenômeno, ele serve
como ponto de partida para avaliarmos o problema
de forma mais profunda”, esclarece a psicóloga especialista em educação social Juliana Amaral.
É muito comum que os pais se apavorem diante
de um conflito. Afinal, tudo o que querem é ver o
filho feliz e bem resolvido. E, quando isso não acontece, eles se culpam por isso. “Desculpabilizar os pais
é importante”, assegura Jane. “Eles procuram fazer o
melhor, mas nem sempre se dão conta e erram, claro.
Não é proposital.” O importante, nesse caso, é admitir o problema, livrar-se do sentimento de fracasso
e saber a hora de procurar ajuda. Foi o que ocorreu
com a estudante de direito Aline Pereira, de 33 anos.
Depois que seu filho Leonardo, hoje com 6 anos, teve
dificuldades no processo de retirada das fraldas, ela
começou a ficar atenta. “Ele não conseguia fazer cocô,
então o levamos ao pediatra, e ele, em consenso com
a escola, indicou a terapia”, conta. O problema do
pequeno foi agravado pela morte da bisavó e pela separação dos pais, no mesmo período. “Nós também
mudamos de casa, e para ele foi um momento muito
difícil”, relembra Aline, que parou os estudos e saiu
do trabalho para passar um ano dedicando-se somente ao filho. Leo, então, começou a evoluir.
O papel da escola
Embora muitos pais sejam a ponte direta entre o
filho e o especialista — seja ele o psicólogo, o psicanalista ou o psiquiatra —, na maioria das vezes as
crianças chegam aos consultórios por encaminhamento escolar. “Isso costuma ocorrer quando o aluno está destoando da turma, se existe algum tipo de
enfrentamento ou se ele está apenas arredio ou com
dificuldade de cumprir regras”, explica Jane. É certo
que nem todos os conflitos precisam de intervenção
psicológica. “Muitas vezes, uma orientação aos pais é
mais eficaz do que um processo terapêutico”, pontua
a psicóloga clínica Anamaria Albuquerque. Em algumas situações, não. Francisco, de 6 anos, é exemplo
disso. “A escola me chamou para dizer que ele4
JANEIRO 2016 .
Canguru
25
Os principais motivos que levam os pequenos ao divã
SEPARAÇÃO DOS PAIS
Tem sido comum os pais procurarem ajuda para auxiliar os filhos a
lidar com a perda. “Hoje existe um
consenso no intuito de preservar as
crianças”, afirma o psicólogo clínico
Carlos Alberto Gattini. O medo de ser
abandonado gera um nível altíssimo
de stress nos pequenos, principalmente nos menores de 4 anos.
MEDO
Pode ser de bicho-papão, de palhaço,
de fantasma ou até mesmo de mula
sem cabeça. “Isso é a própria criança
elaborando uma forma de lidar com
a realidade que ela não dá conta de
resolver”, revela Gattini. É um mecanismo de autopunição. Às vezes, pela
falta de limites impostos pelos pais,
ela não está se comportando bem
e sabe disso.
DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM
Elas podem ter origem neurológica,
como o caso da dislexia (transtorno
relacionado à leitura) ou da disgrafia
(relacionado à escrita), mas também
comportamental. “As crianças têm
modos de aprender diferentes. Um
modelo pedagógico que serve para
um pode não servir para outro”,
enfatiza Anamaria Albuquerque.
HIPERATIVIDADE
Apenas uma pequena parte das
crianças que chegam ao consultório com uma suspeita de TDAH
(Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade) é realmente portadora do transtorno. Quando a criança
26
Canguru
. JANEIRO 2016
é diagnosticada, ela precisa de ajuda
psicológica e médica, sem dúvida. Em
muitos casos, porém, o que faltam
são ajustes na rotina familiar e escolar. “Crianças são ativas e criativas,
é natural que brinquem, baguncem,
desorganizem e precisem de auxílio
para estabelecer uma rotina de tempo livre e de estudos e obrigações”,
explica Anamaria.
PROBLEMAS DE
COMPORTAMENTO SOCIAL
A timidez, a passividade — que
impede, por exemplo, a criança de
se impor diante de um grupo — e a
agressividade são muito frequentes
entre os motivos para fazer terapia. O
comportamento agressivo, aliás, seja
físico ou verbal, também pode estar
associado à falta de limites.
BAIXA AUTOESTIMA
Pais muito exigentes e controladores
tendem, sem perceber, a minar a
autoestima dos filhos. As crianças
sentem que o que fazem nunca está
suficiente para atender às expectativas. “Elas não gostam delas mesmas
e não se aceitam, o que dificulta a
interação com os pares”, diz o psicoterapeuta Eriberto Lemos.
DIFICULDADE DE LIDAR
COM A FRUSTRAÇÃO
Hoje em dia muitos pequenos precisam
encarar o problema. “Eles têm tudo
muito fácil nas mãos e acesso rápido
às coisas”, comenta a psicoterapeuta
Patrícia Guimarães. “Quando vão para
o ambiente social externo, fica clara a
dificuldade de lidar com o não.”
DISTÚRBIOS ALIMENTARES
A criança não consegue ou se
recusa a comer ou a beber de forma
adequada. Em último grau, pode
chegar à anorexia ou à bulimia. “Essa
conduta pode vir como consequência
de ansiedade, da falta de afetividade
materna ou mesmo de problemas
na escola”, descreve a psicanalista
e psicopedagoga Cristina Silveira.
Geralmente é preciso levantar uma
série de hipóteses para fechar o
diagnóstico.
DISTÚRBIOS DO SONO
A dificuldade para dormir e medos
difusos estão, em geral, relacionados à ansiedade. Mas em épocas
específicas surgem, naturalmente,
os pesadelos e os terrores noturnos.
“Quando o pai ou a mãe percebem
a necessidade de estar sempre por
perto, é preciso criar um ambiente
para que a criança se sinta segura
sozinha”, explica Patrícia. Há ainda os
medos justificáveis, decorrentes de
stress pós-traumático, por exemplo.
É o caso de perdas, acidentes
ou doenças.
USO ABUSIVO
DAS TECNOLOGIAS
“As relações virtuais estão quase
adormecendo os outros tipos de
interação”, critica Juliana Amaral.
Elas não têm de deixar de existir — e
nem vão, com a profusão de videogames, smartphones e tablets —, mas
é preciso criar filtros. Dessa maneira
as crianças deixam de desenvolver
comportamentos de exclusão e passam a ter vivências corporais
e emocionais significativas.
Samuel, de 9 anos, com o pai,
Marco Aurélio Loureiro: para que ele não
seja “um fantoche no mundo”
estava com o desempenho abaixo do esperado no processo de alfabetização”, relata a gerente de marketing
Flávia Louzada, de 43 anos. “No início foi um baque,
mas depois entendemos que a terapia era o melhor
para o amadurecimento dele.” A ação integrada com
a escola e com a terapeuta, que já dura seis meses,
vem rendendo frutos. “De maneira muito lúdica, o
Francisco está aprendendo a ter mais autonomia, a
ser mais dono de si e a entender melhor a noção de
espaço e do outro também”, diz Flávia.
Independentemente do tipo ou da duração do
tratamento, uma coisa é certa: só funciona com o envolvimento da família. “Todos os membros são importantes para o processo de cura. A dificuldade que
aparentemente era de um passa a ser compreendida
como de todos”, afirma a psicoterapeuta familiar sistêmica e psicóloga educacional Fernanda Seabra. A
psicóloga clínica Karina Loureiro, de 39 anos, mãe
de Samuel, de 9 anos, e de Augusto, de 13, acha que
todo mundo deve fazer terapia. Em sua casa, todos
fazem, inclusive o marido, o economista Marco Aurélio Loureiro, de 55 anos. “Desde cedo colocamos os
meninos, porque queremos filhos verdadeiros, livres,
que não sejam fantoches no mundo”, declara ela. O
caçula, Samuel, é fã de carteirinha. “É o único horário
que tenho só para mim, para falar da minha vida”,
diz o garoto, cheio de maturidade. “Está me ajudando
demais. Antes eu apelava muito, mas hoje converso
com a minha mãe e explico que não estou gostando
disso ou daquilo.”
A comunicação dentro de casa, aliás, é o ponto-chave para que qualquer problema seja resolvido —
ou até mesmo evitado. “As figuras de referência são
os pais, é neles que as crianças confiam quando têm
dúvidas do que é certo ou errado”, enfatiza Jane. É
importante repassar os valores, a ética e a moral e,
dia após dia, ajudar a construir a personalidade dos
filhos. “A infância é o alicerce para uma vida saudável, com maturidade emocional, corporal e psíquica”,
arremata Juliana Amaral.=
JANEIRO 2016 .
Canguru
27
4comportamento
Maria Luiza, Jesus Andrade,
Maria Fernanda e Patrícia
Alves Ávila, com seu
minizoológico particular:
convivência harmônica
FOTO: GUSTAVO ANDRADE
28
Canguru
. JANEIRO 2016
Bons companheiros
Tanto na ajuda em momentos difíceis quanto no
aprendizado diário, a convivência com os animais é
considerada positiva para a formação dos pequenos
JANEIRO 2016 .
Canguru
29
[1]
[2]
Duda, aos 8 anos (foto acima) e
atualmente: o labrador Bug ajudou a
menina a lidar com a perda da irmã
30
Canguru
. JANEIRO 2016
FOTOS: GUSTAVO ANDRADE; [1][2] ARQUIVO PESSOAL.
QUANDO A ESTUDANTE de enfermagem Sara Caren Araújo teve uma gravidez interrompida no nono
mês, em meados do ano passado, sua filha Maria
Eduar­da ficou inconsolável. Duda, como a pequena
de 9 anos é chamada, estava cheia de planos para a
irmãzinha, Alice. “Quando veio a notícia da morte,
ela se afastou de todo mundo”, conta Sara. “De certa
forma, Duda me culpava.” Com a chegada das férias
escolares, a situação se agravou. Por sugestão de uma
psicóloga que acompanhava o caso, Sara e seu marido, o coordenador de transporte Carleno Alves Araújo,
começaram a cogitar a possibilidade de dar à menina
um animalzinho. Foi aí que entrou em cena “Bug”, um
fofo labrador marrom de olhos verdes. A família comprou o bichinho e Duda começou a cuidar dele como
se fosse um bebê — o que ainda não mudou nem mesmo depois de o animal ter atingido 50 quilos. “Nunca
imaginei que um cachorro pudesse amenizar a dor de
enterrar um filho”, diz Sara. “Ele não apenas conseguiu
isso como trouxe a alegria de volta para minha casa.”
O amor de Duda é demonstrado, principalmente,
por meio dos cuidados. É ela quem prepara as refeições do pet e os dois dormem juntos. “Assim que vi o
Bug, sabia que ele era meu”, lembra Duda. “Ele me faz
feliz como um verdadeiro amigo.” A psicóloga Giselle
Elediê aponta esse compromisso com o bem-estar do
animal como um dos pontos positivos da convivência,
além da grande ajuda que ele pode dar em situações
específicas, como na de Duda. “Acompanhei crianças
para quem o bicho de estimação tinha um papel significativo na maneira como lidavam com suas emoções, servindo, algumas vezes, de apoio em casos de
luto e separação”, relata. Os animais também são essenciais em diversos tratamentos. Na equoterapia, por
exemplo, a interação com os cavalos é utilizada para
o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com
deficiência ou com necessidades especiais. Estudos
mostram que crianças com autismo que passaram por
processo terapêutico com bichos de estimação apresentaram maior capacidade de interações sociais, segundo a psicóloga.
Outras formas de comunicação
O animal favorece o aprendizado de questões essenciais da vida como o nascimento e a morte. “Muitas vezes, a morte de um bicho representa a primeira
perda de uma criança”, afirma a médica veterinária
Isabela Ferreira Pinto, sócia-proprietária do cemitério
e crematório para animais Bosque das Águas Claras,
em Macacos. “E é sempre importante contar a verdade ao pequeno, pois assim ele tem como superar
a falta do amigo.” O bicho incentiva ainda o senso
de responsabilidade e proporciona a possibilidade de
entender outras formas de comunicação, que não a
verbal. Mãe de Maria Luíza Boniar, com 17 anos, e de
Maria Fernanda de Andrade, 3, a empresária Patrícia
Alves Ávila sabe disso tudo por experiência própria.
Na casa dela, convivem harmonicamente as duas filhas, dois papagaios, um passarinho, um gato, um
coelho, cinco yorkshires e uma cadela da raça labra-
dor. Com o conhecimento prático de quem sempre
teve animaizinhos em casa, desde que a filha Malu
estava em sua barriga, Patrícia garante que esse convívio só fez bem, e muito. “Quando a Malu nasceu,
eu tinha um pastor alemão, depois tive uma calopsita e um pato”, conta. “Na nossa casa sempre teve
animais, todo mundo solto, todo mundo amigo.” A
menorzinha, apesar da idade, é totalmente envolvida
no cuidado dos bichos de estimação da família. “Agora estou com filhotinhos de uma das yorkshire e esse
foi o segundo parto que a Maria Fernanda ajudou a
fazer”, diz Patrícia. Além disso, Maria Fernanda sempre confere se tem ração para os bichinhos e ajuda a
limpar o espaço em que eles vivem.
“Toda criança merece uma mãe e um pai que a
deixe ter um bichinho de estimação”, acredita a médica veterinária Marcela Ortiz, mãe de Paris, uma menina de 5 meses que convive de perto com os vários 4
Paris, de 5 meses, com
a tartaruga Casquinha:
herança de família
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Canguru
31
A pequena Sofia, de 1 ano,
e o gato Albino Gregório:
amizade desde a barriga da mãe
32
Canguru
. JANEIRO 2016
bichinhos que circulam pela casa: tartaruga, cachorro, uma ave e até uma cobra. A tartaruga Casquinha
tem 15 anos. Por ser um bicho dócil, a mãe sempre
deixa que ela se aproxime da filha. “A bebê fica encantada com o bichinho. Como uma tartaruga vive mais
de 80 anos, ela acabará sendo ‘herdada’ pela minha
filha. Acho bom que sejam amigas.” Marcela acredita
que os animais ensinam as crianças a conviver com as
diferenças. “É um companheiro de brincadeiras que
se comunica de outra forma, mas mesmo assim eles se
entendem. Aprendem que é preciso dar carinho para
receber”, considera. Os animais aceitam as diferenças
bem melhor que os humanos, o que contribui na formação de crianças com necessidades especiais.
Mas é extremamente importante escolher bem o
bicho que vai fazer parte da família. “Um cachorro
pode ser um excelente companheiro ou, sem o tempo de dedicação ao ensino das regras, causar dificuldades no ambiente familiar”, diz Giselle. Outra
questão são as alergias ou problemas respiratórios.
Nesse caso, explica Marcela, é importante fazer um
teste médico para saber exatamente qual a alergia
da criança. Se for aos pelos do gato, nada a impede
de ter uma ave ou um roedor. Para não correr riscos
durante a gestação de Isabel, atualmente com 1 ani-
nho, a educadora Poliana Braga procurou um médico e perguntou se precisaria se afastar do gatinho de
estimação da família, Albino Gregório, durante os
nove meses. “Descobri que muito do que se fala sobre os bichanos é mito. O médico me explicou que
só é proibido que a grávida entre em contato com as
fezes do gato, como as de qualquer outro animal”,
conta. O mesmo vale para a pequena, que se tornou
companheira inseparável de Albino. “Na gravidez,
ele gostava de deitar na minha barriga ouvindo a Isabel. Hoje, costuma ficar embaixo do berço e corre
para protegê-la sempre que ela chora.”
Se ter um bichinho de estimação é tudo de bom
para as crianças, a psicóloga Giselle Elediê e a médica veterinária Marcela Ortiz alertam, entretanto, que
é fundamental a participação, a responsabilidade e a
presença dos pais durante todo o processo. “As responsabilidades têm de ser compartilhadas, mas são
dos pais em primeiro lugar”, afirma a veterinária. Marcela ressalta que muitos pais reclamam que os filhos
não limpam a gaiola do passarinho ou esquecem de
colocar comida para o cachorro. “Por mais que uma
criança seja atenciosa com seu bichinho, os pais nunca podem esquecer que são eles os responsáveis por
aquela criança, aquele bicho e por toda a família.”
Existe idade certa para ganhar um bichinho?
A resposta para a pergunta acima é não. Segundo a psicóloga Giselle Elediê,
especialistas indicam que a partir de 3 anos de idade a criança vive uma
fase do desenvolvimento em que é capaz de entender as regras de convivência.
Mas nos casos em que o animal já estava na família antes do nascimento,
essa adaptação pode ser feita gradativamente, respeitando sempre a idade
da criança. É o que recomenda também a veterinária Marcela Ortiz.
De acordo com ela, não há idade certa para essa interação, mas tem
de prevalecer o bom senso dos pais. “Minha filha vai fazer 4 meses e
convive com várias espécies de animais desde que estava na minha
barriga”, diz. “Quando os bichos se aproximam, ela sempre sorri e
tenta tocá-los.” A primeira reação da menina é levá-los à boca.
“Mas aí ela aprende que não pode, que existem regras e que
nenhuma birra vai mudar isso.”=
JANEIRO 2016 .
Canguru
33
4saúde
Crescer dói?
Às vezes, sim. Tire algumas dúvidas sobre o incômodo
que ocorre principalmente à noite em crianças
de 2 a 9 anos e saiba como aliviá-lo
POR Cristiane
Miranda
O SEU FILHO vai dormir e começa a se queixar de dores nas pernas, principalmente atrás dos joelhos, na
região da panturrilha e nas coxas? É possível que ele faça parte do contingente de crianças que sentem as
chamadas dores do crescimento. A seguir, o ortopedista pediátrico Marcelo Sternick, do Hospital Felício
Rocho e ex-presidente da seção Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia,
responde a seis dúvidas sobre esse diagnóstico, que muitos acreditam se tratar de um mito da medicina.
Crianças de 4 ou 5 anos são mais
propensas a apresentá-lo, mas a garotada
entre 2 e 9 anos de idade pode se queixar.
# 3
# 2
EM QUAL HORÁRIO
ESSAS QUEIXAS
OCORREM?
Normalmente à noite, e não é raro a criança
acordar de madrugada reclamando de dor,
principalmente atrás dos joelhos, na região
da panturrilha e nas coxas.
O QUE CAUSA
A DOR?
Algumas teorias indicam que o crescimento dos ossos é maior que o dos músculos e tendões,
o que os sobrecarrega. Outras, como a das linhas de crescimento Fise, afirmam que os ossos
apertam a cartilagem por onde crescem. Mas não há um consenso na medicina.
34
Canguru
. JANEIRO 2016
ILUSTRAÇÃO: JULIANE FERREIRA
# 1
EM QUE IDADE ESSE
QUADRO CLÍNICO É
MAIS COMUM?
# 4
QUAL O
TRATAMENTO?
A dor do crescimento não é uma doença, mas sim
uma ocorrência benigna. No meu consultório, eu
brinco muito com os pais dizendo que umas
gotinhas de analgésico trazem de volta a paz
noturna. Se chegarmos à conclusão de que a
criança tem alguma contratura muscular, a
orientação é fazer exercícios de alongamento.
# 5
ALGO PODE
AGRAVAR OS
SINTOMAS?
Muitos pais contam que após um dia mais agitado
os filhos tendem a sentir mais dor. Na maioria das
vezes, ela se alterna entre os membros: num dia
aparece na perna direita, em outro, na esquerda.
Também pode se manifestar com maior intensidade em uma das duas. Não existe prazo determinado, mas normalmente as dores ocorrem uma vez
por semana ou a cada quinze dias.
# 6
COMO SABER QUE NÃO
SE TRATA DE OUTRA
DOENÇA, MAIS GRAVE?
Criança que sente dor deve ser levada ao consultório médico, onde é aconselhada a fazer exames
complementares para afastar outros diagnósticos. É
imprescindível observar se o menino ou a menina
não tem nenhum sintoma associado como febre e
falta de apetite, assim como alterações em análises
laboratoriais e de imagem. Também é necessário
observar o padrão, se a dor muda de horário, se o
filho aponta outras partes do corpo. Não desprezar
as queixas dos pequenos é importante para um
diagnóstico preciso e rápido. Já recebi uma criança
que havia sido diagnosticada com dor do crescimento mas na verdade tinha leucemia.=
JANEIRO 2016 .
Canguru
35
4carnaval
Vai começar
o ziriguidum
O Bloco Infantil Padecendo no Paraíso
já tem datas marcadas para ensaios
QUEM NÃO VÊ a hora de colocar o bloquinho
na rua nem precisa esperar até o Carnaval para
entrar no agito. O já tradicional Bloco Infantil
Padecendo no Paraíso, que nos últimos dois anos
reuniu 5 000 pessoas nas ruas da capital, está
com tudo pronto para cair na folia mais uma vez.
Antes da apresentação oficial, marcada para 31
de janeiro, das 10h às 13h, na Praça da Savassi,
os “padecentes” farão ensaios todos os sábados
de janeiro (confira os locais no quadro), sempre
das 9h40 às 12h.
A charanga é composta por 35 mães, que
ensaiam desde novembro de 2014 e tocam rocar, surdo, caixa e agogô. No repertório, estão as
tradicionais marchinhas carnavalescas, sambas,
músicas infantis e a marcha autoral Padecendo na
Folia. Além de pais e mães, são esperadas 2 000
crianças para acompanhar o bloco e se divertir
em meio a confetes e serpentinas. “Todas as famílias são bem-vindas”, afirma Bebel Soares, uma
das organizadoras do evento.
9 DE JANEIRO ::: Pampulha (praça a ser
definida)
16 DE JANEIRO ::: Praça da Assembleia (bairro
Santo Agostinho)
23 DE JANEIRO ::: Barragem Santa Lúcia
(bairro Santa Lúcia)
30 DE JANEIRO ::: Barragem Santa Lúcia
(bairro Santa Lúcia)
[1]
Confira informações sobre outros blocos mirins
em nosso site www.cangurubh.com.br
36
Canguru
. JANEIRO 2016
[2]
FOTOS: [1] DIVULGAÇÃO; [2] ISTOCKIMAGE.
Acompanhe a folia
Mães na brincadeira do ano passado:
animação também para os maiores
PRIMEIRA ETAPA
Grande hospital do barreiro
um novo tempo para a saúde em bh
100%
SUS
SERÃO 449 LEITOS,
100% SUS
Depois de 70 anos, BH ganha um novo
hospital municipal: o Hospital Metropolitano
Dr. Célio de Castro, também conhecido como
Hospital do Barreiro. Como todo grande
hospital, seu funcionamento vai acontecer em
etapas. em dezembro, começou
a funcionar o setor de
urgência. Os demais setores entram
em operação gradativamente. Quando toda
a estrutura estiver funcionando, a população
de BH terá um dos maiores e mais modernos
hospitais do Brasil.
CAPACIDADE PARA 20 mil
ATENDIMENTOS E
700 CIRURGIAS/MÊS
80 VAGAS NO CTI,
40 NA UNIDADE
DE ACIDENTE VASCULAR
ENCEFÁLICO E 16 SALAS
DE CIRURGIA
Passo a passo, a Prefeitura
faz uma grande transformação
na saúde em BH.
enfermarias com
o conforto de
apartamentos: APENAS
2 LEITOS POR UNIDADE
1.700 PROFISSIONAIS
DE SAÚDE, SENDO MAIS
DE 400 MÉDICOS
N ÃO PA R A D E
T R A BA L H A R P O R VO C Ê .
www.pbh.gov.br
4negócios
Empreendedorismo
Designer belo-horizontina lança
linha de cozinha para crianças
depois de não encontrar um
brinquedo do gênero que
agradasse à sua filha
Alguns dos produtos comercializados pelo Ateliê Materno, com preços
entre 400 e 900 reais: a pia e o fogão têm 63 centímetros de altura;
a máquina de lavar, 71 centímetros; e a oficina, 1 metro
38
Canguru
. JANEIRO 2016
Matias
QUANDO A PEQUENA Sofia, de 2 anos, pediu
uma cozinha de brinquedo, Carol fez como quase
toda mãe. Passou a pesquisar em lojas e sites atrás
de produtos de qualidade com um preço justo. Mas,
para a tristeza da menina, nada agradou à mãe zelosa. Carol encontrou até mesmo fogõezinhos e geladeirinhas que continham tinta tóxica em seu acabamento. Mas o desejo de Sofia e a persistência da mãe
tiveram um resultado surpreendente: a brincadeira
se transformou em uma ótima oportunidade de negócios. E, claro, em uma minicozinha de sonho.
Carol é a designer belo-horizontina Ana Carolina
Moreira, que resolveu colocar a mão na massa e construir ela própria o brinquedo da filha. Não demorou
para receber encomendas. O sucesso fez com que ela
abrisse a empresa ATELIÊ MATERNO, em julho de
2015. “Quando me dei conta, já tinha vendido dezoito cozinhas”, lembra. Além de ser a principal inspiração para o negócio da mãe, Sofia virou sua ajudante.
“Ela participa de tudo, desde o corte da madeira até a
pintura”, conta. Juntas, as duas confeccionam móveis
em miniatura para montar ambientes de brinquedo
que simulam a realidade da vida adulta. Entre os itens
estão a minicozinha e a minioficina mecânica, com
preços que vão de 400 a 900 reais. “É uma forma de
continuar trabalhando e ser mãe em tempo integral.”
Carol e Sofia moram atualmente em Florianópolis,
mas o Ateliê Materno recebe encomendas de todo o
Brasil (informações pelo tel. 48 9922-6729). Em média, a
FOTOS: DIVULGAÇÃO
POR Rafaela
materno
empresa vende trinta produtos por mês. Diante do sucesso, Carol pretende ampliar o negócio. “Procurei o
Sebrae para me ajudar a vender também para lojistas”,
conta. O primeiro contrato já saiu: 180 produtos encomendados por uma empresa interessada em revenda. Outros projetos também estão por vir. Em breve,
o Ateliê Materno vai lançar a mesa de desenho, com
escrivaninha e cadeirinhas, e o quarto montessoriano,
estilo de cômodo totalmente adaptado para a criança,
com cama, guarda-roupa e móveis feitos sob medida
para a idade e o tamanho de cada um.
A história da designer Ana Carolina Moreira não
é um caso isolado. Nos últimos três anos, o número
de mulheres empreendedoras superou o de homens,
chegando a 51,2%, segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), do Serviço
Carol com sua filha Sofia: a menina foi a grande inspiradora da designer
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae). “Percebemos um crescimento no número de
mães que procuram fazer o próprio horário de trabalho e conciliá-lo com a maternidade”, afirma Luciana
Lessa, analista da Unidade de Atendimento do Sebrae.
“Algumas delas descobrem, a partir da dificuldade
para encontrar um produto ou serviço para os filhos,
que existe um nicho de mercado, uma oportunidade
de negócio.” Exemplos como o de Carol mostram que
maternidade e empreendedorismo têm tudo a ver.=
4meio ambiente
Por um futuro melhor
Pesquisa aponta que 94% dos pais da capital mineira
consideram importante ensinar práticas sustentáveis aos filhos
A TRAGÉDIA AMBIENTAL que assolou o Brasil em
novembro, quando o rompimento de uma barragem
da mineradora Samarco destruiu o distrito de Bento
Rodrigues, em Mariana, e danificou o Rio Doce de
forma irreversível, levantou discussões sobre o papel
das empresas e da população na preservação ambiental. Uma afirmativa é recorrente: hábitos sustentáveis
devem ser incentivados desde a infância. Os pais de
Belo Horizonte concordam com essa linha de pensamento. Segundo uma pesquisa realizada pela empresa
Sair do Casulo, especializada em gestão e educação
para a sustentabilidade, 94% dos pais e mães com filhos entre 2 e 10 anos ressaltam que a sustentabilida-
de deve ser inserida na educação dos filhos (veja mais
resultados no quadro abaixo).
Um exemplo é o da professora Ana Martins Panissete. Mãe do pequeno João, de 6 anos, ela promove
práticas como separar o lixo reciclável. “Ele aprendeu
a descartar os diferentes materiais e entende a importância disso”, conta. A família também cria abelhas
para extrair o mel de forma natural e conserva um
minhocário que ajuda a transformar o lixo orgânico
em adubo para a horta. Segundo Ana, esse exemplo
é a melhor forma de ensinar. “Tenho certeza de que o
João vai levar isso para a vida, porque já é algo natural
para ele”, acredita. “A sustentabilidade faz parte do
nosso dia a dia.” Se mais pessoas adotarem o mesmo
pensamento dos pais belo-horizontinos, é possível
que as próximas gerações consigam sonhar com um
futuro melhor para o planeta.
Como pensam
os belo-horizontinos
Veja alguns dos dados apresentados
pela pesquisa, com base nas respostas
de 352 pais e mães da capital mineira
40
Canguru
. JANEIRO 2016
acreditam que todas as pessoas
devem adotar práticas sustentáveis.
ressaltam que a sustentabilidade deve
ser inserida na educação dos filhos.
têm interesse em assuntos
relacionados à sustentabilidade.
realizam trabalhos voluntários ou
adotam práticas que contribuem para
a preservação do meio ambiente.=
FOTO: GUSTAVO ANDRADE
A professora Ana Martins
e seu filho, João: minhocário
e criação de abelhas
99%
94%
83%
65%
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
4História de mãe
O pior dos pesadelos
e o sonho mais doce
POR Marina
Vasconcellos
NO MEU PRIMEIRO Dia das Mães, eu
já estava grávida e não sabia...
Poucas semanas depois, aqueles números no papel do laboratório confirmaram o que eu já imaginava: a minha vida
nunca mais seria a mesma!
Eu era aquela grávida que transbordava felicidade. Me sentia muito bem e
a Sofia era tão “sossegada” que passamos
de quarenta semanas e não tivemos nenhum sinal de que ela queria conhecer a
vida aqui fora. Mas eu não via a hora de
conhecê-la! Enfim, ela nasceu. E eu mal
podia acreditar que tinha uma filha nos
braços! A Sofia era um sonho, e eu, uma
mãe apaixonada.
Alguns anos depois, decidimos aumentar a família e logo em seguida engravidei pela segunda vez. Era um menino! Eu teria um casal... Não tinha como
ficar melhor! Foi mais uma gravidez sem
intercorrências e, com os exames todos
normais, eu seguia com os preparativos e
um novo amor crescendo dentro de mim.
O Henrique nasceu grande, lindo e
chorou alto. Fui invadida por uma sensação de realização e dever cumprido. Mas
logo comecei a estranhar a demora em recebê-lo no quarto. Segundo os médicos,
ele apresentava um “desconforto respiratório”. Um quadro passageiro. “Relaxa, mãezinha, ele está bem... Só está um
pouco cansado!”, disseram-me. Como
meu filho não podia sair da incubadora,
fui levada até o berçário. Foi a segunda e
última vez que o vi com vida.
Ah, se eu soubesse qual seria o desfecho, teria ficado com ele até o fim! Teria
amamentado. Teria lhe dito que o amava
imensamente e que,
apesar da nossa dor,
ele poderia ir em paz.
Se tivesse ideia do que
aconteceria, teria memorizado
cada detalhe do seu rosto, o teria segurado em meu abraço, até ele partir. Mas
na manhã seguinte meu filho faleceu,
longe de mim, sem que eu soubesse o
que ele tinha.
A notícia do médico, meus gritos de
dor, o enterro, o berço vazio... Explicar à
Sofia, ainda tão pequena, que seu irmão
não iria para casa... São lembranças que
até hoje me deixam sem ar!
Mas aos poucos eu aceitei a nossa história e entendi que nunca deixei de ser
sua mãe, assim como ele nunca deixou
de ser meu filho. Eu estava em paz, mas
não estava feliz.
Depois de tudo que passamos, ainda
sofri um aborto, mas nunca desistimos.
Pedimos a Deus que nos enviasse gêmeos, pois eu só poderia engravidar mais
uma vez. E não é que fomos abençoados?
Laura e Vitória chegaram cheias de saúde e devolveram a alegria (em dobro!) à
minha vida.
Hoje, como mãe, posso dizer que vivi
o pior dos pesadelos, mas vivo, também,
o sonho mais doce diariamente...=
Marina Vasconcellos
é pedagoga, pós-graduada em alfabetização e com
especialização em psicopedagogia. Trabalha como
consultora materno-infantil. Como gosta de dizer, é
mãe de “três princesas na terra” (Sofia, de 10 anos, e as
gêmeas Laura e Vitória, de 4) e um “príncipe no céu”.
JANEIRO 2016 .
Canguru
41
FOTO: GUSTAVO ANDRADE
4viagens, modo de usar
Férias no topo
luís giffoni
AS FÉRIAS CHEGARAM, e as crianças estão excitadas com a possibilidade de viajar. Aonde ir, sobretudo
nestes tempos de crise, dúvida, com destaque para
orçamentos curtos? A primeira opção do belo-horizontino, a praia, além de cara, se repete há anos. Sem
falar na competição pela areia, pelo picolé, pelo restaurante. Gente demais, espera demais, qualidade de
serviço de menos.
Enquanto ficamos obcecados pelo mar, nos esquecemos de Minas Gerais. Somos o estado mais
montanhoso do Brasil. Por que não conhecer nossas
serras e vales, entre as mais belas paisagens do país,
cantadas em prosa e verso por tantos quantos nos visitam? São imensas as possibilidades de relaxamento,
contato com a natureza, bons hotéis, diversão para a
garotada. Num único dia, pais e filhos podem fazer
cavalgadas, caminhar, tomar banho de cachoeira, ver
animais nas matas ou nas fazendas, pescar trutas, comer bem, conhecer nosso chão. Garantia de ar puro e
fuga ao calor excessivo do verão. Quer mais? O preço
é convidativo.
Minha sugestão seria um rolé pela Mantiqueira,
no Sul de Minas. Como as cidades são próximas, não
seria arriscado demais tomar o caminho sem reservar
hotel. Em todo o caso, não custa consultar um site
(booking.com, decolar.com, kayak.com.br) para verificar disponibilidades.
Um bom ponto de partida seria a pequena
AIURUOCA, ao pé do Pico do Papagaio, elogiada desde que o botânico francês Auguste de Saint-Hilaire
por ali passou, no século XIX. A região encanta com a
fauna e a flora, sem mencionar o ritmo de vida alternativo dos habitantes do Vale do Matutu, devotado ao
respeito à ecologia. As pousadas no campo, confortáveis na simplicidade, trazem a natureza para dentro
do quarto.
42
Canguru
. JANEIRO 2016
Um pouco à frente de Aiuruoca fica CAXAMBU
com seu Parque das Águas e ritmo interiorano, com
charretes, passeios nos arredores e boa comida nos
hotéis, que servem até quatro refeições na diária. A
5 quilômetros dali, você pode conhecer BAEPENDI,
a terra onde viveu Nhá Chica, beatificada pela Igreja
Católica. Na cidade existem mais de 100 cachoeiras
catalogadas, algumas usadas pelos andorinhões que
vêm do Canadá para procriar.
SÃO LOURENÇO é outra boa opção para conhecer,
também com um Parque das Águas bem montado,
com trilhas, pedalinho, muitas aves, muita paz. Dali
eu seguiria rumo à parte mais íngreme da Serra da
Mantiqueira, tomando a BR-354, que leva à Via Dutra
(BR-116), uma sucessão de paisagens de tirar o fôlego, tantos os picos e escarpas e rios e matas que nos
cercam em todo o trajeto. No alto da serra, há uma
entrada secundária para o PARQUE NACIONAL DO
ITATIAIA, o mais antigo do Brasil, marcado por campos verdes, vistas deslumbrantes do Vale do Paraíba e
do Pico das Agulhas Negras. Na região há desde pequenas pousadas até um hotel de luxo. Quem quiser
ir um pouco além, até o estado do Rio, pode entrar
no parque pela portaria principal, em Itatiaia, e ali
passar uns dias em clima europeu. Existe boa oferta
de pousadas.
As opções são muitas na Serra da Mantiqueira, porém a certeza é uma só: adultos e crianças vão adorar
as férias no topo. Um topo que diverte e não incomoda o bolso.=
Luís Giffoni
é cronista, romancista e palestrante. Autor de 26 livros, tem nas viagens
uma de suas paixões. Nelas aprende a diversidade do mundo e das
pessoas, experiência que acaba traduzindo em suas obras. Neste espaço,
dá dicas sobre como aproveitar o mundo com os pequenos.
[email protected]
ALTO VERÃO EM
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FOTO: LUÍZA VILLARROEL
4para ler com seu filho
Deu a louca nos clássicos
CONTA DE NOVO! Que adulto nunca ouviu essa frase ao terminar uma história? Toda criança adora ouvir duas, três, dez vezes o mesmo conto e, sem dúvida,
a cada vez a história muda um pouquinho, sem deixar de ser igual. Muitos autores da literatura infantil aproveitam para não apenas recontar os clássicos, mas
também reinventá-los. Se no cinema há filmes como Deu a Louca na Chapeuzinho,
Shrek, Hotel Transilvânia, no mundo dos livros a paródia também corre desenfrea­
da. Monteiro Lobato já fazia isso, há quase um século. Depois Millôr Fernandes
criou suas Fábulas Fabulosas, Ana Maria Machado lançou Uma História Meio ao
Contrário, que começava com “E foram felizes para sempre”, Pedro Bandeira reuniu todas as princesas dos contos de fada em torno de sua Feiurinha. Os exemplos
poderiam continuar por páginas e páginas, mas deixo dois como dica.
leo cunha e os filhos
André e Sofia
Em Ervilina e o Princês, Sylvia Orthof vira de cabeça para baixo a história e
a moral da história. O ponto de partida, claro, é o conto clássico de Hans Christian Andersen A Princesa e o Grão de Ervilha, no qual uma família real busca
a moça mais delicada, mais sensível, mais feminina do reino, para se tornar
princesa. Mas, numa divertida reviravolta feminista, Sylvia lança a provocação:
e quem disse que a moça mais delicada quer casar com o tal do príncipe, ou
melhor... princês? Será que ela não tem outros planos?
SOBRE AS AUTORAS: Sylvia Orthof, carioca, foi uma das maiores autoras da nossa literatura infantil e juvenil. Seus mais de 100 livros transbordam humor, sonho,
maluquice e poesia. Morreu em 1997, aos 64 anos. Laura Castilhos, gaúcha, é
ilustradora e professora de desenho. Recebeu vários prêmios por seu trabalho.
CHAPEUZINHOS COLORIDOS. Texto de
José Roberto Torero e Marcus Aurelius
Pimenta, imagens de Marília Pirillo.
Editora Objetiva/Alfaguara, 2010.
ERVILINA E O PRINCÊS. Texto de
Sylvia Orthof, imagens de Laura
Castilhos. Editora Projeto, 2009.
Chapeuzinho Vermelho é, provavelmente, a história infantil mais recontada de
todos os tempos, isso desde quando foi escrita por Perrault e logo reescrita (e
amenizada) pelos irmãos Grimm, séculos atrás. No Brasil temos a versão cortante
de Guimarães Rosa, no conto Fita Verde no Cabelo, a versão poética e metalinguística de Chico Buarque, em Chapeuzinho Amarelo, e, entre outras tantas, as
seis variações que compõem Chapeuzinhos Coloridos. Cada Chapeuzinho
— Azul, Verde, Lilás, Preta, Branca e Cor-de-Abóbora — é mais inesperada que a
outra: da realista à surreal, da ingênua à questionadora. Usando o mote das cores, a ilustração mistura tinta, tecidos e colagens para redescobrir esse mundinho
tão conhecido de todos nós.
SOBRE OS AUTORES: José Roberto Torero, paulista, escreve livros para crianças, jovens
e adultos. É também jornalista e cineasta. Vários de seus livros são parcerias com Marcus
Aurelius Pimenta, paulista, que é um dos roteiristas do seriado Peixonauta. Marília
Pirillo, gaúcha, já ilustrou dezenas de livros infantis e juvenis e é também escritora.
Leo Cunha
é escritor e publicou mais de cinquenta livros, como Vira-lata (Ed. FTD) e ABCenário (Ed.
Autêntica). Já recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Jabuti,
Nestlé e João-de-Barro. Na Canguru, dá dicas de livros para crianças.
[email protected]
44
Canguru
. JANEIRO 2016
4na pracinha
Parque Mosteiro Tom Jobim
O MAESTRO DAS águas de
março inspirou o nome de um
espaço que poucos conhecem, no
bairro Luxemburgo: Parque Mosteiro Tom Jobim.
Escondido e encantador.
Chegando de carro, já dá para
ter a dimensão do lugar: quanto
verde, que lugar é esse? Na entrada, o vigia nos recebe de bom
humor e diz: “o playground é
aqui embaixo, mas tem muuuito parque ainda lá para a frente,
aproveitem o dia!”
Lindo paisagismo, espaços de
contemplação em meio ao verde,
tão acolhedor...! O parquinho tem
os tradicionais brinquedos de madeira, uma amarelinha (amamos!)
e um fantástico navio pirata, supercolorido e adequado para a
curtição dos pequenos (a faixa
etária indicada é de 3 a 7 anos).
E mais: um grande quadrone­gro para as crianças soltarem
“Tempos de flores, de primavera
Tempos de amores, de abrir a janela
Tempos de luz, de sabiá
Deixa o mato verde se espalhar
Nosso planeta precisa carinho
De muito ar puro e riacho clarinho
Vamos tentar nossa Terra viver
Deixa o mato verde florescer”
Tom Jobim
a criatividade. Quadro-negro em
parque ecológico? Então, eu não
disse que era um parque surpreendente?
E para fechar com chave de
ouro: banheiros feminino, masculino e tro-ca-dor. Sim, senhor.
Não é de primeiro mundo, mas é
tudo conservadinho. Até um tan-
que funcionando direitinho tem
no local.
Este é daqueles parques estilo
“super recomendamos”. Pessoal,
levem seus filhotes, criem uma
turminha para passar a manhã
por lá. E lembrem-se de levar giz
para aproveitar por completo o
local :)
FOTOS: DUORAMA FOTOGRAFIA
“Se todos fossem no mundo iguais a
você...” Tom Jobim =
Criado em 2011 pelas mães Flávia Pellegrini
e Miriam Barreto, o blog tem o objetivo de
incentivar brincadeiras ao ar livre em família.
Na Canguru, as fundadoras do Na Pracinha
dão dicas de passeios divertidos para a
meninada.
www.napracinha.com.br
JANEIRO 2016 .
Canguru
45
4padecendo no paraíso
Dicas de segurança para o
Padecendo na Folia e outros
bloquinhos de Carnaval
Vai ser muito legal, mas ninguém quer perder os filhos no meio da festa!
Fique ligado nestas dicas para não correr o risco
1.
Não esqueça da pulseira de
identificação com os dados
da criança e dos pais, incluindo
telefone de contato. Serão distribuídas 3 000 pulseiras. Leve caneta para preencher, de preferência
daquelas que escrevem em CD.
Tirar uma foto da criança
antes de sair de casa ajuda
a lembrar como ela estava vestida. Também dá para divulgar a
imagem em caso de desaparecimento, apresentando-a aos seguranças do local.
2.
6.
Caso não tenha a pulseira,
identifique a criança à caneta, no próprio antebraço.
3.
Uma boa dica são as tatua­
gens de segurança tempo-
rária
(www.cacarecosdacaca.com.br/
pd-28080-tatuagem-de-seguranca.html?ct=1f474&p=1&s=1).
5.
Vale usar mochila tipo coleira ou uma espécie de coleirinha que se prende no pulso da
criança, evitando que ela se afaste
dos pais.
7.
Não se distraia. Pisque com
um olho só! E não tire os
olhos das crianças!
8.
Invente uma música para
ajudar a criança a decorar
o número do telefone dos pais, o
endereço de casa etc.
10.
Tem mãe que amarra
balão no pulso da criança para que seja localizada de longe! Vale tudo para não correr riscos! Lembre-se: o ideal é que seu
filho possua RG, pois a impressão
digital dele fica registrada!
No mais, vamos curtir muito, lembrando de usar roupas leves e beber bastante líquido!=
4.
As crianças deverão ir fantasiadas, e, claro, teremos
fantasias repetidas. Cuidado para
não confundir seu super-herói ou
a sua princesa com um clone.
46
Canguru
. JANEIRO 2016
Coordenado pela arquiteta Bebel Soares e pela
designer Tetê Carneiro, o grupo Padecendo no
Paraíso nasceu em março de 2011, no Facebook,
e é formado atualmente por mais de 6 000
mães. Na Canguru, as fundadoras do Padecendo
discutem assuntos como saúde, alimentação,
sexo, viagens, educação, estética e beleza.
www.padecendo.com.br
ILUSTRAÇÃO: JULIANE FERREIRA
9.
Um sensor à prova d’água
pode ser instalado em pulseira, cordão, roupa ou mochila.
Ele informa a localização da criança por meio de um aplicativo compatível com dispositivos do sistema iOS. Os pais visualizam em
um mapa na tela do gadget onde a
criança está (https://shop.beluvv.com).
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
4artigo | Jamil Nahass
Os cuidados para
bebês e crianças
no verão
NOS ÚLTIMOS ANOS, estamos convivendo com o
aumento gradual das temperaturas, principalmente
nas grandes cidades. Belo Horizonte, que no passado era conhecida pelo clima ameno, tem agora um
ar abafado, quente e seco. Todos sofrem com essas
mudanças perdendo líquidos pela perspiração insensível (respiração e suor), mas principalmente os
bebês e crianças, que têm um organismo mais frágil
e sem tantas defesas. Os pequenos possuem uma superfície corporal menor do que a do adulto, o que os
predispõe a uma maior perda de líquidos, especialmente no verão. Por isso, os pais devem redobrar a
atenção nessa época, já que a desidratação, quando
muito severa, pode até levar a óbito.
O ideal é que a criança beba pelo menos 2 litros de água por dia. Pode dar suco natural e água
de coco, mas não a substitua por refrigerantes. Os
bebês que são alimentados com leite artificial também devem tomar água durante o dia. No caso dos
pequenos que recebem aleitamento materno, o número de amamentações deve aumentar, porque essa
é a única fonte de líquido que recebem.
É importante que os pais fiquem atentos aos sintomas de desidratação: boca seca, olho fundo, pele
com elasticidade diminuída e moleira mais funda,
no caso dos recém-nascidos. A diarreia também é
motivo de preocupação, porque faz com que a criança perca líquido muito rápido. É importante fazer a
hidratação oral com soro caseiro imediatamente. Se
o quadro não melhorar, a criança deve ser levada ao
serviço de urgência. As principais causas de diarreia
são a ingestão de água ou alimentos contaminados,
medicamentos (antibióticos, por exemplo), higiene
pessoal incorreta, doenças inflamatórias do intestino e baixa imunidade. Para evitá-la, dê apenas água
É importante ficar atento aos sintomas
de desidratação, como boca seca, olho
fundo, pele com elasticidade diminuída e
moleira mais funda nos recém-nascidos
filtrada, mineral ou fervida a seu filho, lave sempre
as mãos quando for alimentá-lo, fique atento aos
alimentos que se perdem mais facilmente com o clima quente e em nenhuma hipótese medique-o sem
consultar um médico.
Roupas leves e protetor solar
Pode estar um calor infernal, mas mesmo assim
vejo muitas crianças agasalhadas pelas mães e pais
em meu consultório. Claro que as intenções são as
melhores, mas não duvidem: os pequenos também
sofrem com as altas temperaturas. Por isso, opte por
roupas leves e frescas. Os bebês, por exemplo, podem ficar apenas de fraldas. Também é importante
evitar passeios nos horários mais quentes, das 10h
às 17h. Sempre que a criança ou o bebê saírem de
casa, aplique filtro solar nos pequenos. Existem alguns produtos específicos para recém-nascidos e
eles devem ser passados com uma frequência maior.
O ideal é que seja aplicado trinta minutos antes da
exposição ao sol. Além disso, podem ser usados viseiras ou bonés, que ajudam a proteger os olhos.=
Jamil Nahass
é médico pediatra há cinquenta anos, foi chefe do Serviço Ambulatorial e
responsável pela Enfermaria de Semi-Internação do Hospital Infantil João
Paulo II (antigo Centro Geral de Pediatria). É vice-presidente da área de saúde
do Pampulha Iate Clube e atende na unidade da Unimed em Contagem.
JANEIRO 2016 .
Canguru
47
4artigo | Alba Lúcia Dezan e Beatriz Neves Braga
O melhor de você
para seu bebê:
amamentação e troca
48
Canguru
. JANEIRO 2016
[2]
Mesmo que a mãe não amamente o
bebê ao seio, o vínculo afetivo pode ser
igualmente estabelecido entre a dupla
enquanto o bebê está em seu colo sendo
alimentado a partir da mamadeira
neira saudável, o que conta não é necessariamente a
amamentação ao seio, mas a presença de uma mãe
capaz de fornecer ao seu bebê o holding, ou, numa
tentativa de tradução desse termo, o aconchego, o
colo afetuoso, o carinho.
Durante o momento da amamentação, ao fornecer
o holding ao bebê, a dupla pode brincar pela primeira
vez. Nesse fazer, o bebê constrói algo que lhe será
fundamental: o espaço potencial, no qual ele poderá
vivenciar as mais diversas experiências de onipotência que posteriormente, na vida adulta, darão lugar às
vivências culturais.
Dito de outra forma, é nesse fazer criativo dentro
do espaço potencial, nesse brincar a dois, que começa
com o encontro de olhares, que o sujeito irá constituir, pouco a pouco, sua forma de ser no mundo.
E é a mãe suficientemente boa, como a chamou
Winnicott, e não um seio ou uma mamadeira, que
irá permitir ao bebê a possibilidade de se constituir
um sujeito psíquico criativo e espontâneo. Simples
assim.=
Alba Lúcia Dezan é psicóloga clínica, mestre em psicologia
clínica e cultura pela UnB e professora do curso de psicologia do IESB — Brasília.
Beatriz Neves Braga é psicóloga clínica pela PUC Minas,
especialista em diagnóstico infantil, ludoterapia e aconselhamento de
pais. Pós-graduanda em gestão do conhecimento e neuroeducação.
FOTOS: [1] ARQUIVO PESSOAL; [2] DAVID BRAGA FOTOGRAFIA.
A AMAMENTAÇÃO AO seio proporciona à dupla
mãe-bebê um momento de profunda intimidade e de
construção de um forte laço afetivo. Além disso, incontestavelmente, o leite materno é o alimento mais
completo que um bebê pode ingerir durante os seus
primeiros meses de vida. No entanto, por motivos diversos, muitas mulheres não podem amamentar o seu
bebê ao seio. É nesse momento que a dúvida e a culpa
ganham lugar: o vínculo será quebrado? O desenvolvimento do bebê será prejudicado?
A boa notícia: mesmo que a mãe não amamente
o bebê ao seio, o vínculo afetivo pode ser igualmente
estabelecido entre a dupla enquanto o bebê está em
seu colo sendo alimentado a partir da mamadeira.
Algo que se faz fundamental no momento da amamentação, seja ao seio, seja com a mamadeira, é que
a mãe esteja disponível e inteira para o seu bebê, sem
distratores. O olhar da mãe deve estar disponível para
que o seu bebê o encontre. Se a mãe está inteiramente
atenta às necessidades do bebê, o seu olhar durante a amamentação funciona como um espelho para
ele: o bebê olha para a mãe, mas se vê no olhar dela!
E isso não depende do meio pelo qual ele está sendo alimentado. Depende, antes, da afetividade que a
mãe tem para com ele. Ao olhar para a mãe e se ver
refletido nela, o bebê, progressivamente, é capaz de
integrar-se, tornar-se uma pessoa inteira, espontânea
e criativa. Se a mãe se preocupa com outras coisas
enquanto alimenta seu bebê, ele irá buscar o seu olhar
e não irá encontrá-lo.
O trabalho junto a crianças e a suas mães permitiu a Winnicott, psicanalista e pediatra inglês (18961971), reconhecer a importância da relação entre a
dupla para o desenvolvimento psíquico do indivíduo.
Segundo ele, para que o bebê se desenvolva de ma-
[1]
Classificados
PARA ANUNCIAR
(31) 3546-7818
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Lu Andreolli
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FOTO: MÁRCIO RODRIGUES
4crônica
Para aprender
a vida
O LIVRO ERA A Árvore Generosa, de Shel Silverstein,
com tradução do nosso Fernando Sabino. Comecei
a ler em voz alta, depois passei para ele e iniciamos
o nosso revezamento de sempre. O desenho tinha
nuan­ças de humor, mas parecia apenas mais uma
história. Não demorou para que ela revelasse o seu
delicado soco no estômago.
A amizade entre uma árvore e um menino trazia duras reflexões. Os valores que se transformam
à medida que crescemos. Relações em que um dá e
o outro só recebe. O tempo que passa, o menino que
cresce, e nós, pais, fazendo o papel da árvore: vendo
os filhos seguir em frente, sem o direito (ou o poder)
de detê-los. As lágrimas começaram a me embaçar a
vista. Chorava a criança que mora em mim. Chorava a
velha que ainda vou me tornar. Chorava a minha dor
e a dele — tocado pela história e por seu impacto em
mim, Francisco chorava também. E era uma vez mãe
e filho lendo um livrinho antes de dormir. Aos 6 anos,
meu filho estava diante da dor da vida.
Não era cedo demais para isso? Mas logo me dei
conta: não era a primeira vez que a vida real alcançava o menino. Beirando os 3 anos, ao entrar para a
escola, ele observara a vida dos colegas e percebera que
em sua casa faltava um personagem. “Cadê meu pai?”,
perguntou-me naquele dia. Não medi as palavras. “Seu
pai morreu, filho. Antes de você nascer. Ele não queria,
mas a gente não manda nessa parte.” Uma pergunta foi
pouco. “E como foi?”, ele quis saber. “O coração dele
parou de repente e ele caiu.” Francisco se deitou no
chão para demonstrar. “Assim mesmo, filho”. Ele se calou por um tempo. No final do dia voltou ao assunto:
“Eu tô muito bravo que meu pai tá morrido.” Deixei
claro que o sentimento era natural e justo. Onde já se
viu morrer antes do nascimento do filho? “Coisas da
vida, Fran. Não há nada que possamos fazer.”
50
Canguru
. JANEIRO 2016
cris guerra e o
filho francisco
Existe hora para falar com uma
criança sobre o que faz sofrer?
Provavelmente sim: o momento
em que sua história pedir.
Para cada um será um
momento diferente
No vocabulário de Francisco, a palavra morte fica
pertinho da palavra pai. É sua história, foi preciso lidar bem cedo com ela. E ele deu seu jeito. De olho
em meus movimentos afetivos, achou um cara legal
para chamar de pai. O namoro virou casamento, o
casamento durou pouco, mas eles continuam pai e
filho. Foram juntos para o Beach Park, lugar perfeito
para quem tem urgência de vida nas veias.
Francisco ama as férias de janeiro no sítio dos
avós. Conta os dias para a chegada dos aniversários.
Joga futebol, anda de bicicleta, é viciado em videogame. Tem um primo mais velho que é amigo e ídolo, além de dois ou três melhores amigos na escola.
Odeia português, detesta aula de artes, é ótimo em
matemática. Um menino como outro qualquer.
Existe hora para falar com uma criança sobre o
que faz sofrer? Provavelmente sim: o momento em
que sua história pedir. Para cada uma será um momento diferente. Cedo ou tarde, todo menino confronta sua árvore generosa.=
Cris Guerra
é publicitária, escritora e palestrante. Fala sobre moda e comportamento
em uma coluna diária na rádio Band News FM e a respeito de muitos
outros assuntos em seu site www.crisguerra.com.br. Na Canguru, escreve
sobre a arte da maternidade.
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