BLUEPRINT “Alto Minho Km0” - 100% Alto Minho

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BLUEPRINT “Alto Minho Km0” - 100% Alto Minho
Blueprint “Alto Minho Km0”
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BLUEPRINT
“Alto Minho Km0”
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
Blueprint “Alto Minho Km0”
Índice
BLUEPRINT “Alto Minho Km0” ................................................................................................. 1
INTRODUÇÃO – O ESTUDO ................................................................................................... 2
PARTE 1 - UMA VISÃO DO TERRITÓRIO ................................................................................ 8
1.1.
OBJETIVO ESPECIFICO ................................................................................................. 9
1.2.
METODOLOGIA ............................................................................................................. 9
1.3.
TERRITÓRIO ............................................................................................................... 10
1.4.
URBANIDADE ............................................................................................................. 14
1.4.1.
Demografia ............................................................................................................. 15
1.4.2.
Hábitos de Consumo .............................................................................................. 21
1.4.3.
Mobilidade e Infraestruturas ................................................................................ 27
1.4.4.
Empregabilidade e competências......................................................................... 42
1.5.
RECURSOS ENDÓGENOS ............................................................................................ 43
1.5.1.
Recursos Naturais .................................................................................................. 44
1.5.2.
Recursos Históricos ............................................................................................... 48
1.5.3.
Recursos Etnográficos ........................................................................................... 50
1.5.4.
Turismo .................................................................................................................. 56
1.5.5.
Tecido Empresarial................................................................................................ 56
1.5.6.
Associações Empresariais e Instituições de Referência ..................................... 71
2.
IMPACTOS ..................................................................................................................... 74
2.1.
PRESSÕES QUE A REGIÃO ENFRENTA ...................................................................... 74
2.2.
IMPACTO NAS EMPRESAS E NA ECONOMIA LOCAL ................................................. 80
3.
CONSTRUÇÃO, ALAVANCAS DA MUDANÇA – QUE FUTURO? ............................... 81
3.1.
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DOS MERCADOS PARA 2020 .......................... 81
3.2.
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DAS REGIÕES DA EU PARA 2020 ................. 864
3.3.
CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO PARA O ALTO MINHO – UMA NOVA
ESTRATÉGIA ........................................................................................................................... 86
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INTRODUÇÃO – O ESTUDO
RAZÕES DO ESTUDO
A competitividade das regiões é fator decisivo para o crescimento e sustentabilidade sócioeconómica local e nacional.
A capacidade de competitividade entre as diferentes regiões, países ou cidades depende de
numerosos fatores, tais como: a sua dimensão, localização geoestratégica, economia, mas
também das políticas e estratégicas de gestão adotadas pelas diferentes entidades locais.
Assim a definição da identidade de determinado lugar ou região torna-se fundamental para a
seleção da sua aparência, serviços e mensagens consistentes, de forma a reforçar a identidade
escolhida.
À semelhança de todo o território nacional, a região Norte de Portugal, mais concretamente a
sub-região do Alto Minho (por vezes designada como região do Alto Minho) possui recursos
endógenos (naturais e outros) em quantidade e qualidade capazes de gerar riqueza. Mais, o
posicionamento geográfico do Alto Minho é absolutamente estratégico enquanto facilitador
de relações de proximidade entre Portugal – Espanha – Europa, via Norte de Portugal – Galiza.
A esta sub-região é também reconhecido o padrão de qualidade de vida e bem-estar
proporcionado a quem aqui reside ou simplesmente visita.
Acontece que nem todos os indicadores de performance do Alto Minho refletem esta
realidade.
Genericamente a taxa de crescimento da população é negativa, observando-se um elevado
índice de envelhecimento da população da região, destacando-se os Concelhos de Melgaço e
Arcos de Valdevez, com cerca de 30% de população com mais de 65 anos.
Apesar da existência de Instituições Académicas e Profissionais, com capacidade para
assegurar a formação académica e profissional dos recursos humanos da Região, é importante
analisar a mobilidade dos seus alunos, de onde vêm e para onde vão após finalizarem os seus
estudos. Mais, a oferta de conhecimento é a adequada para o desenvolvimento local?
O Alto Minho apresenta um produto per capita inferior a 75% da média nacional, ao mesmo
nível que a produtividade do trabalho na região, que também é inferior a 75% da média
nacional situando-se em 63%. O desempenho do Alto Minho nestes indicadores é muito
semelhante ao verificado nas regiões do interior de Portugal.
Num estudo recente sobre a competitividade das regiões portuguesas, esta região aparece
como umas das regiões com um desempenho mais baixo, com um índice inferior a 60,
acompanhando também as regiões do interior do País. O índice utilizou indicadores como o
grau de convergência para a UE, o nível de vida, a capacidade exportadora, o capital humano, a
dinâmica empresarial, a I&D, a utilização das TIC, a produtividade, a mobilidade de pessoas e
mercadorias, o grau de urbanização e de especialização, entre outros.
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Esta distância entre o real e o potencial da região dita que é urgente e imprescindível criar e
desenvolver estratégias e mecanismos para alavancar os recursos já existentes no Alto Minho.
É necessário identificar e valorizar os recursos e potencialidades desta região, atribuindo-lhes
mais valor acrescentado, por um lado, e cumulativamente têm que se criar e desenvolver
redes coopetitivas – redes de colaboração competitiva – unindo as diversas forças da região na
promoção da sua oferta diferenciadora.
Pessoas
Empresas
Associações,
Municípios,
Instituições Ensino
Parece inquestionável o protagonismo que o conhecimento, inovação e a competitividade
assumem nas economias regionais no atual quadro global. Estes são os fatores que devem
incentivar os principais players dos mercados a definirem estratégias, focalizar opções de
desenvolvimento e centrar uma atenção específica na criação de riqueza e de valor.
Mas, para terem dimensão e força, os players de determinada região - as pessoas, as
instituições e as empresas – que conferem uma marca a esse território, necessitam de formar
um bloco alinhado, organizado em rede, que privilegie relações de proximidade, atuando de
forma colaborativa mas também competitiva.
Estratégias
Conceito de Proximidade
Potenciar o Alto Minho no
mercado nacional e
internacional, a partir do
equilíbrio das forças
interiores, da sua integração
no espaço nacional,
transfronteiriço e na
economia globalizada
mundial
Finalidade
Dinamizar a economia da
região, baseado em novas
formas de interação dos seus
agentes económicos,
privilegiando relações de
proximidade e em rede.
Foco
Enfoque da política de
coesão regional e territorial
na nova UE, Tratado de
Lisboa, Europa 2020, Norte
2020, Desafio 2020;
Novos modelos
organizacionais e de gestão.
ALTO MINHO KM0 – UMA REGIÃO CONECTADA, UMA REGIÃO COMPETITIVA
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Neste contexto o CEVAL - Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho, enquanto
instituição que agrega Associações Empresariais da região, resolveu desenvolver o Projeto Alto
Minho Km0 que visa atuar na competitividade da região do Alto Minho através da criação de
novos modelos de organização das entidades representativas da região, nomeadamente
empresas e seus representantes.
Aproximando e alinhando todos os interessados, é possível contribuir ainda mais e fazer parte
integrante das estratégias traçadas para a região, potenciando os seus recursos endógenos.
ENQUADRAMENTO
O projeto “Alto Minho Km0”
O ponto de partida para a iniciativa Alto Minho Km0 foi o Plano Estratégico de
Desenvolvimento: CID – COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO NO ALTO
MINHO, realizado em 2008. Nesse trabalho foi identificado um conjunto de carências regionais,
bem como as estratégias de desenvolvimento económico que maior potencial apresentavam
face à envolvente da Região.
Face a essa realidade este projeto pretende iniciar a materialização das principais conclusões
do Plano estratégico de Desenvolvimento do CID, explorando o conceito Quilómetro Zero,
enquanto base de suporte ao desenvolvimento económico de proximidade.
O projeto Alto Minho Km0, perfeitamente alinhado com os principais eixos de atuação do
Norte 2015, apresenta um elevado potencial de desenvolvimento da economia regional,
estruturando as instituições representativas do meio empresarial e os meios necessários a um
maior relacionamento direto entre as empresas regionais como forma de preservar o maior
Valor na região.
Este desafio apresenta uma abordagem diferenciadora face às iniciativas correntes, porque
parte de uma leitura das necessidades de desenvolvimento económico da região, definindo de
seguida o plano de intervenção de desenvolvimento organizacional a levar a cabo nas
entidades "semente" que participam na presente candidatura.
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Blueprint Plano
Acção AltoMinho
Km0
•Compilação
estratégias de
desenvolvimento
económico regionais
existentes
•Acção Benchmarking
Internacional Barcelona
•Elaboração Blueprint
Plano de Acção
AltoMinho km0
Reforço
Competências
institucionais para
Implementação da
Estratégia Alto
Minho Km0
Desenvolvimento
Recursos para
consolidação da
Rede0
Plano de
Comunicação,
Sensibilização e
envolvimento da
Comunidade
Numa fase inicial é necessário reunir toda a informação e conhecimento sobre os recursos da
região e identificar as estratégias de desenvolvimento económico regionais já existentes,
sendo esta atividade posteriormente complementada com o levantamento e análise de
práticas internacionais no mesmo âmbito, nomeadamente com a experiência recolhida da
região da Catalunha.
Quando elaboradas estas peças será possível traçar o Blueprint Plano de Ação Alto Minho Km0,
tendo como objetivo a estruturação da estratégia de atuação, compilando as melhores
praticas identificadas, tanto a nível nacional, como internacional, que permitam a exploração
sustentável da estratégia Km0 com base nos recursos já existentes na região e empresas que
venham integrar este projeto.
OBJETIVOS
Do Projeto
A iniciativa possui uma abordagem da Região em rede, do ponto de vista empresarial, como
base para o aumento da competitividade empresarial local. O principal objetivo será o
constituir uma rede colaborativa empresarial que promova a atividade económica de
proximidade suportada no binómio qualidade/preço.
Esta é a primeira fase para a obtenção de uma estrutura de base que potencie um acréscimo
de competitividade neste território capaz de permitir alavancar outras iniciativas que incluam
espaços competitivos mais alargados.
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Enquanto objetivos estratégicos o presente projeto pretende:
 Consolidar uma rede institucional de âmbito regional, que alavanque iniciativas na área da
promoção da atividade económica de proximidade.
 Promover em termos gerais, a atividade económica de proximidade, e em particular o
conceito Alto Minho Quilómetro zero, como oportunidades para:
 A sustentabilidade das instituições de suporte empresarial;
 O desenvolvimento das atividades económicas empresariais;
 Melhoria do Networking Empresarial Regional.
As metas ou objetivos operacionais são as seguintes:
 Realizar um Blueprint do Plano Ação AltoMinho Km0
 Reforçar as competências institucionais para Implementação da Estratégia Alto Minho
Km0
 Desenvolver recursos para consolidação da Rede
 Implementar um Plano de Comunicação, Sensibilização e envolvimento da Comunidade
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PARTE 1
UMA VISÃO DO TERRITÓRIO
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1. UMA VISÃO DO TERRITÓRIO
1.1. Objetivo Específico
Este trabalho visa agregar informação já existente sobre a região, nomeadamente sobre a
caracterização dos seus recursos endógenos, do tecido empresarial instalado no território e do
movimento associativo empresarial da região, retratando a situação atual e os caminhos para
onde apontam, isto é, reunir as estratégias de desenvolvimento económico definidas para o
Alto Minho.
Partindo deste “diagnóstico”, “onde estamos e para onde queremos ir?”, é importante
consolidar a importância de iniciativas “Km Zero” para as estratégias que estão a ser
implementadas, numa tentativa continuada de dinamizar a economia da região.
1.2. Metodologia
A análise da região aqui apresentada surge como um alicerce fundamental para o projeto Alto
Minho Km0. A partir deste estudo será possível ajustar e melhor suportar as restantes ações
previstas no projeto e que irão decorrer até Outubro de 2013.
Desde a sua fase inicial que o Alto Minho Km0 prevê a utilização de informação e do
conhecimento em rede, já que pensou numa compilação das estratégias já existentes para a
região, assumindo que todo o trabalho executado até à data neste âmbito, e
independentemente dos seus “autores”, deveria ser tido em consideração. Desta forma
ganharia este projeto por ter mais informação a consolidar e a desenvolver, assim como
ganham os estudos até então realizados, pois têm aqui mais uma oportunidade para dar
continuidade, ou não, às conclusões a que chegaram sobre formas de dinamização da
economia do Alto Minho.
Assim, este trabalho cresceu a partir da análise dos estudos já realizados para a região do Alto
Minho, cujo horizonte e conclusões se consideraram válidas e atuais.
Deste modo, procedeu-se à recolha do material produzido, à sua seleção, validação da sua
atualidade e à sistematização das várias peças, eliminando redundâncias.
A consolidação e consensualização de pontos de vista conduziu à elaboração de um
documento final, que pretende traduzir uma visão prospetiva homogénea para a região – O
que diz a Região.
Para o desenvolvimento deste estudo o CEVAL adotou a seguinte metodologia e faseamento
de realização, implicando três grandes momentos:
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Publicações e Estudos existentes sobre o Alto Minho
Identificação
Selecção/compilação
Recursos da Região - Uma Visão
Recursos endógenos
Tecido empresarial
Associações Empresariais
Impactos - constrangimentos
Para a Região
Para as Empresas
Para as Associações
Construção do Futuro
Perspectiva dos Recursos Endógenos
Perspectiva das Organizações em Rede
Uma nova Estratégia
Desafios e Soluções potenciais
CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO
1.3. Território
A região do Alto Minho está situada no extremo Norte de Portugal, sendo composta por dez
concelhos:










Arcos de Valdevez;
Caminha;
Melgaço;
Monção;
Paredes de Coura;
Ponte da Barca;
Ponte de Lima;
Valença;
Viana do Castelo;
Vila Nova de Cerveira.
Tem como fronteiras, a Sul a Região do Cávado e a Norte a Galiza – Espanha. O território é
acompanhado em toda a sua extensão pelo Rio Minho, que funciona como elemento de união
entre os vários concelhos e Espanha.
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A proximidade e a articulação da Região
com a vizinha Região da Galiza pode
condicionar ou alavancar o desenvolvimento
do Alto Minho, função da existência ou não
de diferenças para o desenvolvimento
económico das duas regiões, pelo que
qualquer análise que se efetue a esta região
deve levar em conta a influência da Galiza
na sua economia.
A proximidade de territórios conduz a outras semelhanças que podem ser potenciadoras da
economia local: a proximidade também ao nível da língua, da cultura e dos negócios. Este
enquadramento tem-se manifestado favorável há constituição de entidades e projetos
transfronteiriços, desenvolvendo e estabelecendo redes e parcerias para a promoção de uma
visão conjunta para o futuro das duas regiões.
Relações bilaterais Portugal - Galiza
Segundo informação apresentada pela Câmara de Comércio da Corunha em Lisboa em
Novembro de 2012, as relações bilaterais entre a Galiza e Portugal têm assumido uma
importância crescente, já que mais de metade das 2.500 empresas galegas exportadoras
fazem-no para Portugal.
Depois da França, Portugal é o cliente mais importante da Galiza, sendo que o valor das
exportações para Portugal atingiu os 2.900 milhões de euros em 2011, em produtos como
peixe, vestuário, viaturas, produtos de fundição, ferro e aço, madeira, carne e combustíveis
minerais.
Segundo a mesma fonte, no sentido inverso Portugal é o segundo maior fornecedor da região
da Galiza, com um valor de 1.700 milhões de euros em 2011, o que representa 12% do total.
Curiosamente os principais produtos importados são também os têxteis, fundição, ferro e aço,
veículos, peixe, madeira e combustíveis minerais.
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Segundo os últimos dados estatísticos do Ministério de Industria, Turismo y Comercio de
Espanha, em 2011 Portugal manteve-se como o principal investidor estrangeiro na Galiza, com
um montante de 335 milhões de euros dos 524 milhões de euros de investimento estrangeiro
captado por esta Comunidade Autónoma.
Ocupação do território – terra e mar
A diversidade territorial do Alto Minho abrange uma fisiografia variada, combinando o litoral
atlântico com vales, rios, serras e a montanha interior. Possui um relevo dinâmico que se faz
acompanhar de grandes extensões de coberto florestal e natural, atingindo a pluviosidade
valores bastante elevados. Os territórios mais altos reúnem a maior parte das cabeceiras de
linhas de água, com particular destaque para a cabeceira montanhosa do rio Lima.
Constitui uma porta de entrada para o Parque Nacional da Peneda Gerês, único no país,
metade do qual se inclui nesta região. Característica representativa da região onde 68% do
território é composto por floresta, meios naturais e zonas húmidas e corpos de água. A faixa
litoral tem uma extensão de cerca de 60 km, a que correspondem os territórios de mais baixa
altitude, razoavelmente povoados, com praias de qualidade balnear e paisagística, e
albergando um porto marítimo – Viana do Castelo.
É um território composto pela trilogia urbano-rural-natural, onde a dispersão do tecido
construído, a difícil separação entre natural de produção e de preservação e a coexistência de
uma agricultura em regime de minifúndio, maioritariamente com o propósito de complemento
de rendimento e subsistência, fomentam a existência de um mosaico complexo e dinâmico de
interdependências que influenciam a tipologia de ocupação, representado 28% do território do
Alto Minho.
Tipologia de Ocupação do solo-Corine Land Cover,
Fonte: Plano de Desenvolvimento do Alto Minho - Desafio 2020
Outro grande fator que pode contribuir de forma muito positiva para a dinamização do espaço
regional, é o aproveitamento do seu posicionamento geográfico a Este, que faz fronteira com o
Oceano Atlântico.
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Nos últimos anos o Alto Minho tem sido alvo de projetos de investimento para o
desenvolvimento da região que assentam na economia do mar.
O «Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar», Oceano XXI, cujo principal desafio é
promover a investigação marítima, procurando metodologias e instrumentos inovadores nesta
atividade tão vasta e diversa, tem atualmente previsto o financiamento de “projetos-âncora”
com forte incidência no Alto Minho. Estes projetos destinam-se em concreto, ao lançamento
do Centro de Interpretação Ambiental e Centro de Documentação do Mar, à requalificação das
marinas de Caminha, Esposende e Viana do Castelo, à construção do centro de canoagem de
Viana do Castelo e à criação de um espaço de acolhimento empresarial no domínio do Mar,
entre outras iniciativas.
Organização do Território
Um pouco por toda a Europa assistimos hoje ao esforço dos governos em conter a despesa
pública e o endividamento externo, sendo que uma das vias primordiais passa por ajustar a
organização do Estado de modo a reduzir custos e aumentar a eficácia e a produtividade dos
serviços.
Em Portugal as autarquias representam 3,06 % da despesa pública, num total de 2.485 milhões
de euros. Com a finalidade de gerar ganhos de eficiência e de escala, está atualmente em
curso o processo de reforma da administração local – organização do território –, e que
pretende “reduzir significativamente o número de autarquias locais com efeitos para o
próximo ciclo eleitoral local”, sendo, face ao quadro legal existente, imperativamente aplicável
às freguesias e facultativamente aos municípios.
A região do Alto Minho
A proposta da unidade técnica que apoio este processo de reorganização administrativa do
território para a região do Alto Minho, indica que o distrito de Viana do Castelo deverá perder
80 das atuais 290 freguesias, afetando todos os dez concelhos da região. Arcos de Valdevez e a
capital de distrito Viana do Castelo, serão provavelmente as que vão assistir a uma maior
redução do número de freguesias.
A acontecer, esta mudança irá resultar em novas realidades. Assim, se por um lado existe a
intenção de agregar e alinhar, estes movimentos poderão acarretar desafios a curto e médio
prazo, e para os quais a região deve desde já preparar respostas:
 Perda de identidade das populações naturais e residentes,
 Efeito de proximidade,
 Novas leis de financiamento
 Novas competências e responsabilidades para as CIM e outros representantes locais.
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1.4. Urbanidade
Ao longo da história a população foi migrando das zonas mais interiores da região para o litoral
e para próximo dos corredores ecológicos dos rios Lima e Minho. De facto, os níveis de
urbanização dos dez concelhos que constituem o Alto Minho são muito diferenciados. A
dinâmica populacional entre 2001 e 2011 reforça a tendência para a concentração da
população nos pólos mais urbanos.
Segundo o Censos 2011, o Alto-Minho conta com uma população total de 244.836 habitantes,
distribuída de forma desigual pelos 10 municípios:
Milhares
 68% da população no Vale do Lima
 32% da população no Vale do Minho
Os concelhos são, de um modo geral, pouco populosos. Os únicos com mais de 40 mil
habitantes são Ponte de Lima e Viana do Castelo, este último, o maior da Região.
População em 2011
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Arcos de Caminha Melgaço Monção Paredes Ponte da Ponte de Valença Viana do Vila Nova
Valdevez
de Coura Barca
Lima
Castelo
de
Cerveira
Fonte: Censos 2011
Este renovar de interesse pelas cidades resulta, em boa parte, do crescendo nas últimas
décadas de alguns sinais de reconfiguração da estrutura económica, urbanística e social das
cidades.
O consumo como âncora de atividade económica, reconverte a estrutura económica das
cidades, dando origem a significativas alterações ao nível da própria lógica do
desenvolvimento urbano.
As cidades eram habitadas e visitadas pelo símbolo da “chaminé”, sendo que atualmente os
espaços urbanos “sugam” habitualmente as pessoas pela oferta de espaços para o
desempenho de atividades de consumo. Contudo, apesar dos residentes se terem movido para
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o que são hoje os maiores polos habitacionais devido ao trabalho, aos estudos e também há
maior e mais diversificada oferta cultural e de lazer, a população dos pólos urbanos do Alto
Minho e os visitantes da região procuram uma experiência diferente.
O estilo de vida desta região provoca uma experiência rica em emoções, onde é possível ter o
contemporâneo em perfeita fusão com as raízes. É um estilo de vida, um ideal e uma atitude
com origem nas suas gentes, e que se tem reinventado sem perder identidade, e que atrai
famílias, casais, desportistas, seniores, peregrinos, negócios e quadros que procuram
qualidade de vida.
O Alto Minho tem procurado encontrar na inteligência emocional da sua gente, na
racionalização das suas estruturas físicas, na valorização profissional e sobretudo pessoal dos
seus recursos humanos, uma ponte para o sustentável equilíbrio orgânico da região.
1.4.1. Demografia
O conhecimento da dinâmica populacional e os fatores que a podem influenciar possibilitam
informação de enorme relevância sobre possíveis evoluções futuras das populações, quer
relativamente ao volume, quer relativamente à sua composição por sexos e idades. Este
conhecimento revela-se essencial em processos de tomada de decisão a nível social,
económico e ambiental, como sejam, entre outros, os relativos ao planeamento das
necessidades e localização da oferta educativa e cultural, e ao planeamento das despesas
públicas, em particular as relacionadas com determinadas faixas da população, providenciando
também informação de base para outro tipo de projeções que não apenas de população.
Projeção da população do Alto Minho por grupos etários específicos
Caso não se aposte numa estratégia para captar residentes, estima-se que a importância
do Alto Minho enquanto concentração humana na Região do Norte se mantenha
praticamente constante, isto é que os residentes no Alto Minho continuem a
representar cerca de 7% dos residentes no norte de Portugal Continental. Prevê-se
igualmente que poucas sejam as freguesias que de 2001 para 2020 venham a registar
acréscimos populacionais. Tendencialmente esse crescimento continuará a concentrarse em geral nas freguesias envolventes à generalidade das sedes de concelho, e ao longo
dos principais eixos urbanos: EN 13 (Viana do Castelo-Caminha-Valença); nas duas
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margens da ribeira Lima (entre a ponte de Lanheses e Ponte de Lima); e no eixo urbano
Arcos-Ponte da Barca ao longo da EN101. Em contrapartida, as freguesias de alguns
núcleos de sedes de concelho (ex. Viana do Castelo, Caminha, Monção e Melgaço) assim
como praticamente a totalidade das freguesias rurais de baixa densidade verão diminuir
a população residente.
A tendência referida deverá ser motivo de reflexão em matéria de planeamento da rede
escolar na estruturação e reforço funcional dos aglomerados urbanos, e em particular
das sedes de concelho, e seletivamente nos pequenos aglomerados que pela sua
posição e dimensão tenham condições para apoiar as populações das freguesias de
baixa densidade, em conjugação com uma política adequada de mobilidade. As
oportunidades de negócio, por conta própria ou de outrem também deverão ser
avaliadas e potenciadas para atrair e reter pessoas.
Enquadramento populacional da Região Norte e do Alto Minho no contexto nacional
A Região do Alto Minho acolhe cerca de 245 mil habitantes (2011), o que representa cerca
de 2% da população do país e cerca de 7% da Região Norte. A população residente no Alto
Minho decresceu cerca de 2% entre 2001 e 2011, o que se compara, a um nível territorial
mais alargado, à evolução populacional nas regiões NUTSII Centro e Alentejo.
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Densidade populacional e variação da população residente
Na região do Alto Minho a análise da dinâmica populacional a nível concelhio, demonstra que
a prestação do Município de V.N. Cerveira no período 2001-2011 demarca-se das restantes,
traduzindo-se a sua atratividade num crescimento da população residente de cerca de 5% ao
longo do período considerado. Por seu turno, a estabilidade demográfica de V. Castelo ao
longo do período influenciou, de forma determinante, a evolução da Região como um todo.
O decréscimo populacional observado no Alto Minho ao longo da última década contrasta
com uma evolução favorável para o país na sua globalidade ao longo do mesmo período,
bem como para a Região da Galiza.
A densidade populacional do Alto Minho equipara-se à média nacional, mas revela-se, em
paralelo, substancialmente inferior à da Região Norte e evidencia situações bastante díspares a
nível concelhio (A. Valdevez e V. Castelo como extremos neste indicador). Comparativamente,
de entre as províncias da Galiza que confinam com a Região do Alto Minho, assinala-se a
elevada densidade populacional observada na Província de Pontevedra. Esta diferença
transfronteiriça poderá constituir uma desvantagem para a região do Alto Minho, podendo
estas regiões mais populosas atrair pessoas na busca de oportunidades de emprego.
Assumindo-se a dinâmica populacional como um recurso basilar para o desenvolvimento de
uma Região, importa, de igual modo, aferir as potencialidades e a capacidade do Alto Minho
para renovar a sua população. A estrutura etária da população residente nos concelhos do Alto
Minho não diverge substancialmente, revelando uma forte preponderância dos escalões
etários mais elevados, os quais reúnem pelo menos cerca de 75% dos residentes na maioria
dos concelhos.
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Caracterização e perfil global da população
Os dois grupos etários mais jovens, que reúnem indivíduos até aos 24 anos, assumem
proporções modestas no total da população do respetivo Município e revelam perdas
substanciais ao longo do período 2001-2011, o que permite perspetivar alguma dificuldade da
Região na renovação da sua população, com reflexos particulares na dimensão da bolsa de
mão-de-obra disponível para o trabalho.
Estrutura etária e variação da população
Os índices de envelhecimento e de dependência evidenciam níveis particularmente
desfavoráveis no Alto Minho, superando os valores médios nacionais e da Região Norte. A
tendência de envelhecimento é preocupante quando se constata que atingem entre 10% e
30% as perdas populacionais de população jovem nos diversos concelhos. A perda
populacional no Alto Minho é maioritariamente explicada por um modelo de renovação
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
populacional que não repõe população jovem com a intensidade necessária à manutenção do
perfil etário da população.
Constata-se ainda que os municípios que configuram de forma mais determinante a valência
da Região no que respeita à população ativa (V. Castelo e Pte. Lima) detêm os índices de
envelhecimento mais baixos no contexto dos 10 concelhos da Região. Os índices de
envelhecimento e dependência dos concelhos de Melgaço, A. Valdevez e Monção prefiguram
situações particularmente desvantajosas. Na comparação com as províncias da Galiza,
Pontevedra revela-se mais favorável nestes domínios.
População em idade ativa e não ativa e índice de envelhecimento
Do gráfico anterior constata-se o elevado índice de envelhecimento da população da Região,
que na sua generalidade se caracteriza por índices de envelhecimento acima da média
nacional, destacando-se o Concelho de Melgaço, com cerca de 40% de população com mais de
65 anos.
Esta evolução é reforçada pela taxa de natalidade verificada no Alto Minho, a qual regista um
decréscimo do seu valor, sendo inclusive inferior à média da região Norte e de Portugal. Da
mesma forma que a taxa de mortalidade apresenta valores acima da média nacional, quase
atingindo em alguns municípios o dobro da média nacional.
A análise agregada destes dois indicadores reforça a imagem de uma população
envelhecida, com níveis preocupantes quando comparados com a média nacional.
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Blueprint “Alto Minho Km0”
A análise à tabela que apresenta os dados da população estrangeira a residir no Alto Minho
(ver anexo) podemos concluir que apenas 0,8% da população estrangeira a residir em Portugal
escolhe a região do Alto Minho para se instalar. Um valor que se revela baixo em comparação
com os 11% registados na região Norte.
Uma forma de inverter esta situação será a promoção dos programas de intercâmbio
universitário, dando desta forma a conhecer a região a estudantes estrangeiros, tornando-os
meios de divulgação da região, criando notoriedade das instituições de ensino da região. A
promoção da região com um potencial turístico enorme, oferecendo soluções de turismo de
montanha/campo (parque natural da Peneda-Gerês) ou as suas praias, estando criadas as
condições para uma aposta num turismo jovem. A criação de infraestruturas de alojamento
“Low cost” com uma vertente ambientalista poderá suportar um turismo de montanha até
agora pouco aproveitado.
Outro fator a ter em consideração no futuro a curto prazo, é a atual discussão sobre a criação
de uma nova organização administrativa do país, que neste momento é formado por 4260
freguesias e 308 municípios, e que irá certamente introduzir novas variáveis na análise
demográfica das regiões, nomeadamente a nível local.
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Blueprint “Alto Minho Km0”
1.4.2. Hábitos de Consumo
Encargos médios mensais com a habitação
A Região do Alto Minho apresenta um parque habitacional relativamente jovem: a idade
média dos edifícios é de cerca de 30 anos, sendo inferior aos valores médios nacionais e
aqueles que se registam na Região Norte. Caminha, Pte. Lima e V. Castelo são os concelhos
mais modernos no que concerne à idade média do respetivo parque habitacional.
Alojamentos, edifícios e famílias
Similarmente, o índice de envelhecimento da globalidade dos edifícios do Alto Minho (81) é
também inferior aos valores de referência a nível nacional (99) e para o Norte (87). Alguns
concelhos da Região registam, todavia, valores bastante elevados para este indicador, como é
o caso de Melgaço, Monção e A. Valdevez, em que os edifícios construídos até 1945 superam,
em número, os edifícios construídos depois de 1991. Facto que pode ser explicado pela
crescente taxa de envelhecimento da população que a região regista.
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Blueprint “Alto Minho Km0”
Os encargos médios mensais com a habitação na Região do Alto Minho variam entre 112 euros
(correspondente ao valor médio das rendas em Pte. Barca) e 292 euros (equivalente aos
encargos com aquisição de habitação própria em V. Castelo).
Formas de ocupação dos alojamentos familiares
Ocupando apenas cerca de um terço da superfície total do Alto Minho, as freguesias com perfil
urbano concentram cerca de 75% da população da região. A dinâmica populacional no período
2001-2011 revela uma clara tendência para a concentração da população nos pólos mais
urbanos do território: apenas as áreas predominantemente urbanas verificam um acréscimo
da respetiva população, em paralelo com crescimentos significativos no número registado de
alojamentos, edifícios e famílias.
Os níveis de urbanização assumem proporções diferenciadas entre os concelhos da região:
Melgaço e P. Coura emergem como concelhos de cariz predominantemente rural,
concentrando nesta tipologia cerca de 68% e 64% da respetiva população; ao invés, V. Castelo
e Pte. Lima são os concelhos mais urbanizados, concentrando cerca de 92% e 84% da respetiva
população em áreas mediana e predominantemente urbanas.
Relevante é também o tipo de ocupação registada nas habitações na região do Alto Minho, na
qual se verifica uma taxa de utilização das mesmas como segunda habitação muito elevada,
Caminha (49%) Melgaço (46%) Arcos de Valdevez (39%), sendo em muito superiores a média
da região Norte (18%), refletindo assim o êxodo da região Alto Minho.
Estes factos acarretam consequências para a região, como por exemplo: menor consumo
diário localmente, menor densidade populacional a longo prazo, mas por outro lado
promovem a valorização dos recursos endógenos e o sentimento de “voltar às raízes”.
A consideração conjunta da evolução da população, por um lado, e do número de famílias e
alojamentos, por outro, permite concluir por uma tendência para a redução da dimensão
média das famílias, que assume maior intensidade nas zonas urbanas. Por questões que se
prendem com o estilo de vida ou com o conceito habitacional adotado, as zonas rurais
continuam, ao invés, a revelar modelos familiares mais alargados.
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A riqueza patrimonial do Alto Minho, a par das iniciativas e dos investimentos realizados no
passado mais recente, têm proporcionado, aos habitantes da Região, um acesso mais fácil e
expedito a atividades culturais e desportivas, o que foi amplamente reconhecido pela
generalidade dos responsáveis municipais, embora exista ainda um longo caminho a percorrer,
nomeadamente na área da intermodalidade intermunicipal.
Despesas em atividades culturais e de desporto na Região do Alto Minho
Os indicadores do domínio cultural que ilustram o posicionamento relativo da Região do Alto
Minho no contexto nacional e da Região Norte permitem concluir pela boa dotação do
território a nível de equipamentos culturais que, regra geral, se encontra em linha com ou
supera a representatividade populacional da Região.
Numa perspetiva estritamente financeira, a aferição das despesas em atividades culturais e
desportivas dos Municípios da Região do Alto Minho destaca os concelhos de P. Coura e V.N.
Cerveira, os quais conjugam os valores per capita despendidos mais elevados com as mais altas
proporções de despesas em cultura e desporto no total de despesas dos respetivos municípios.
Neste domínio, destaque-se a notoriedade alcançada pela Bienal de Cerveira e pelos Festivais
de P. Coura e Vilar de Mouros, que têm contribuído para a dinamização da economia regional
e têm proporcionado à Região uma projeção nacional e internacional assinalável.
Os desafios mais prementes que, na vertente cultural e desportiva, se colocam na
generalidade dos Municípios respeitam, não tanto à dotação, mas ao usufruto dos
equipamentos disponíveis e à sua exploração de forma sustentada, para o que a valorização da
componente turística emergiria como um precioso contributo.
Em 2004, as despesas das Câmaras Municipais em atividades culturais e de desporto
aumentaram, face ao ano anterior, 2,4%, atingindo cerca de 796 milhões de euros. Em termos
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regionais, este aumento foi generalizado, excetuando o Norte, onde as despesas com estas
atividades diminuíram 8%. A região do Alentejo destacou-se das restantes pelo facto de ter
registado o maior acréscimo (+22%).
À semelhança do que acontecia em anos anteriores, em 2004, o Alentejo e o Algarve
registaram os maiores níveis de despesa por habitante em atividades culturais e de desporto.
Esta situação foi comum às despesas correntes e às despesas de capital. Verificou-se ainda que,
tanto para a média nacional como no Norte, Lisboa e R. A. Madeira, as despesas de capital por
habitante foram inferiores às despesas correntes por habitante.
Pela análise do quadro 29 podemos verificar que os valores médios de despesa na NUT Alto
Minho são inferiores á média nacional. Em 2004 a despesa total em atividades culturais por
habitante foi de 75,8 € por habitante em termos nacionais e de 65,4€ no Alto Minho.
O estilo de vida e hábitos de consumo estão diretamente relacionados com o rendimento
líquido das populações residentes e de acordo com os dados de 2010, podemos observar que a
NUT Alto Minho apresenta um valor de PIB per capita1 francamente abaixo da média nacional.
De facto, o PIB per capita de 69 %2 registado em 2010 nesta sub-região coloca-a como uma das
mais pobres do país.
Análise do poder de compra
Indicador per capita
A leitura dos resultados do IpC3 para 2009 associa ao território continental um poder de
compra superior ao observado nas duas regiões autónomas portuguesas: o valor atingia 100,5
para o Continente e era, respetivamente, de 86,1 e 94,7 para as regiões autónomas dos Açores
e da Madeira. Lisboa (134,2) e o Algarve (100,4) constituíam as regiões NUTS II com valores
acima do poder de compra per capita médio nacional, embora de forma marginal no caso do
Algarve. As três restantes regiões continentais — Norte, Centro e Alentejo — registavam
índices de poder de compra per capita abaixo da média nacional e relativamente próximos:
88,4 para a região Alentejo, 87,6 para a região Norte e 84,4 para a região Centro.
1
O Produto Interno Bruto (PIB) per capita é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos num país, num dado
período de tempo, a dividir pela sua população. Constitui o principal indicador da riqueza gerada na economia e o mais importante
indicador de bem-estar social.
2
http://www.portugalglobal.pt/PT/InvestirPortugal/PorquePortugal/Norte/Documents/FichaNUTIII_Min
ho_Lima.pdf
3
O Indicador per Capita (IpC) do poder de compra pretende traduzir o poder de compra manifestado quotidianamente, em
termos per capita, nos diferentes municípios ou regiões, tendo por base uma matriz de 17 variáveis maioritariamente reportadas
ao ano de 2009. Tomou-se para coeficiente de variação do IpC o da variável Rendimento bruto declarado para efeitos de IRS per
capita, permitindo assim a construção final deste indicador que é apresentado tendo por referência o valor nacional (Portugal =
100).
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140
134,2
130
Indicador per Capita
120
110
100,4
100
94,7
90
80
87,6
70
Norte
88,4
84,4
73,59
Minho
Lima
Centro
Lisboa
Alentejo
86,1
Algarve
Açores
Madeira
A observação dos desempenhos das 30 sub-regiões NUTS III portuguesas, medidos por este
indicador, revela que, tal como em 2005 e em 2007, apenas cinco sub-regiões estavam acima
do valor nacional: Grande Lisboa (145,2), Grande Porto (115,0), Península de Setúbal (105,8),
Baixo Mondego (105,2) e Algarve (100,4). Por outro lado, os menores valores de IpC situavamse nas sub-regiões do Norte e do Centro: Pinhal Interior Sul (61,2), Pinhal Interior Norte (62,8),
Tâmega (63,5), Serra da Estrela (64,3) e Alto Trás-os-Montes (67,4).
A região do Alto Minho apresenta valores de IpC de 73,59, um valor inferior à média da região
Norte.
Em 2009, dos 308 municípios portugueses, 39 situavam-se acima do poder de compra per
capita médio nacional, sendo que cerca de 80% dos municípios do país (243) revelavam um
poder de compra per capita, simultaneamente, aquém da média nacional e da respetiva média
regional — ao nível das regiões NUTS II.
Os dez municípios da região do Alto Minho apresentavam um poder de compra per capita
inferior à média nacional, e em seis deles abaixo da respetiva média regional (73,59): Arcos de
Valdevez (55,76), Melgaço (55,83), Monção (62,87), Paredes de Coura (56,10), Ponte da Barca
(53,35) e Ponte de Lima (62,79), destacando-se o município de Viana do Castelo (89,7), valor
bastante abaixo da média nacional, contudo o mais elevado da região, sendo ainda de destacar
o município de Valença (80,9) e Caminha (80,3).
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Percentagem de poder de compra
A estrutura regional da PPC 4 em 2009 revelava que dois terços do poder de compra
manifestado regularmente no país se concentravam nas regiões NUTS II Lisboa e Norte.
A região do Alto Minho, no conjunto dos seus municípios representa apenas 1,73% do
poder de compra nacional, valor inferior as regiões cercanas: Cávado (3,23%), Ave (3,78%),
Grande Porto (13,90%) e Tâmega (3,35%).
Fator dinamismo relativo
O Fator Dinamismo Relativo (FDR) pretende refletir o poder de compra, de manifestação
geralmente sazonal, relacionado com os fluxos populacionais induzidos pela atividade turística
associados à dinâmica comercial.
Assim, o objetivo essencial da construção do FDR consiste em isentar o indicador principal, o
IpC, do efeito do poder de compra manifestado irregularmente (essencialmente, pelos
turistas), pelo que os dois fatores devem captar influências distintas entre si. Importa, assim,
sublinhar que um valor baixo assumido no FDR em determinada unidade territorial não
significa que a atividade turística seja pouco relevante neste território mas apenas que fica
esbatida face ao elevado poder de compra aí manifestado de forma regular.
O FDR é apresentado como variável estandardizada (com média igual a 0 e desvio-padrão igual
a 1), adotando-se como unidade de medida para efeitos de análise o desvio-padrão da
respetiva distribuição municipal.
Com valores no FDR positivos a região do Alto Minho (0,009) contraria os valores negativos de
Portugal (-0,179) e do Norte (-0,284) sendo de destacar o município de Caminha (0,54) que
apresenta o valor mais elevado em termos de FDR na região Norte. Estes resultados podem ser
justificados pelo “regresso a casa” dos emigrantes da região, assim como as festas e romarias
sazonais.
Note-se que apenas os municípios de Paredes de Coura (-0,134), Ponte de Lima (-0,114) e
Viana do Castelo (-0,218) apresentam valores negativos. Valores justificáveis pelo poder de
compra superior, quando comparado com os restantes municípios, mas que se manifesta de
uma forma mais regular (dia a dia).
4
A Percentagem de Poder de Compra (PPC) é um indicador derivado do primeiro fator com maior poder explicativo extraído da
análise fatorial — o Indicador per Capita (IpC) — e reflete o peso do poder de compra de cada município ou região no total do país
(para o qual a PPC assume o valor de 100%). Com este indicador, pretende-se avaliar a concentração do poder de compra nos
diferentes territórios, tendo em consideração que as áreas de maior ou menor poder de compra no território nacional dependem,
não só da distribuição do poder de compra per capita pelo país, mas também da distribuição espacial da população residente. Em
síntese, o indicador PPC não resulta diretamente da análise fatorial, mas é derivado do IpC e do peso demográfico de cada
unidade territorial no todo nacional.
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Uma análise ao valor médio dos prédios transacionados na região do Alto Minho manifesta o
baixo poder de compra, apresentando valores médios (51.396€) inferiores à média nacional
(91.490€) e da região Norte (74.475€). A disparidade de valores entre os concelhos é
considerável, variando desde os 17.956€ em Melgaço até aos 87.625€ em Viana do Castelo.
1.4.3. Mobilidade e Infraestruturas
As infraestruturas da região podem ser dívidas em três grupos:



Rodoviárias e ferroviárias;
Aeroportuárias e logísticas;
De apoio à competitividade.
Fonte: Plano de Desenvolvimento do Alto Minho - Desafio 2020
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Infraestruturas rodoviárias e ferroviárias
Rede Rodoviária
As vias rodoviárias de acesso principal no eixo Norte/Sul são a autoestrada A28, que faz a
ligação entre a área metropolitana do Porto e Vila Nova de Cerveira, e atravessa a região mais
a litoral; e a A3, entre Porto-Braga-Valença, que atravessa a região pelos concelhos de Ponte
de Lima, Paredes de Coura e Valença, e faz a ligação à Galiza, tendo continuidade do outro
lado da fronteira e ligando a cidades como Vigo, Pontevedra e Ourense.
No eixo Litoral/Interior a região é atravessada pela A27 (IP9) que faz ligação entre Viana do
Castelo e Ponte de Lima, sendo prolongada pelo IC28 até Ponte da Barca. Em alternativa,
existe a N203 que se sobrepõe a este percurso fazendo a ligação à Galiza por Nascente.
O extremo Norte da região é servido pela N13 que estabelece a ligação entre a A28 e a A3,
junto à fronteira, ligando ainda Caminha a Valença; e pela N202 que serve de via de ligação
entre Valença, Monção e Melgaço, também junto à fronteira com Espanha.
A expansão e modernização da rede rodoviária incluem um conjunto de projetos dos quais se
destacam a construção de um IC Porto-Braga-Monção que integra a EN101 até
Monção; o prolongamento do IC1 até Valença e futuro prolongamento para Monção com
ligação à A52 na Galiza, servindo a Plataforma Logística de Valença e a futura estação de alta
velocidade;
Vias rodoviários do Alto-Minho, Fonte: http://viajar.clix.pt.
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Rede Ferroviária
A região é servida pela Linha do Minho que estabelece a ligação entre o Porto e Valença, com
estações em Viana do Castelo, Caminha e Vila Nova de Cerveira. Esta
linha faz ligação internacional com Espanha.
Do lado de Espanha a ligação à Linha do Minho prolonga-se até à Corunha, passando por
cidades como Vigo, Pontevedra e Santiago de Compostela.
Existe ainda uma ligação ferroviária que parte desta linha, seguindo junto à fronteira
portuguesa e ligando à restante rede espanhola de caminhos-de-ferro.
Rede ferroviária Portuguesa na Região Norte, Fonte: http://www.refer.pt
No contexto do desenvolvimento da rede ferroviária de alta velocidade projetada para
Portugal está prevista a ligação Porto-Vigo, em que este corredor Porto-Vigo surge integrado
no projeto prioritário “Eixo Ferroviário de Alta Velocidade do Sudoeste da Europa” da Rede
Transeuropeia de Transportes (RTE-T).
A linha Porto-Vigo do comboio de alta velocidade terá uma extensão de 125 quilómetros, dos
quais 100 quilómetros em território português, atravessando diversos municípios do Distrito
de Viana do Castelo, e permitirá a ligação entre as duas cidades em apenas 1 hora. Este
projeto é muito importante para a atratividade económica do Alto Minho, ao melhorar a
integração da sub-região na dinâmica do eixo GAMP-Galiza, ao potenciar a fixação de
atividades económicas (nomeadamente espanholas), de população e fluxos de mercado de
trabalho entre os principais centos urbanos (Viana do Castelo e Vigo) e ao apoiar a
concretização de outros projetos como a modernização da Linha do Minho ou a construção da
Plataforma Logística de Valença.
A renovação da rede ferroviária convencional, incluindo a renovação e eletrificação da Linha
do Minho entre Nine e Viana do Castelo; a construção do nó rodo-ferroviário do porto de
Viana do Castelo e expansão interna, potenciando a multimodalidade nesse porto, tendo em
vista a sua integração vocacional no sistema logístico regional e num quadro de
complementaridades com o Porto de Leixões.
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Infraestruturas aeroportuárias e logísticas
Portos:
A região alberga o porto de Viana do Castelo, no
entanto também é servida por dois grandes
portos: o de Leixões e o de Vigo.
Fonte: http//maps.google.com/
Porto de Viana do Castelo:
É uma estrutura de apoio à atividade local e às indústrias. Tem capacidade para receber mais
de 900.000 toneladas de carga ao ano, envolvendo navios com calado até 8 metros e
comprimento até 180 metros. É bastante tranquilo e protegido por um canal de 2 Km que
torna as manobras e o acesso relativamente simples. Trata-se de um porto bem equipado,
movimentando granéis sólidos (cimento, caulino, fertilizantes e estilha de madeira), granéis
líquidos (asfalto) e carga geral faccionada (madeira em toros e paletes, alumínio, papel kraft,
aço, granito, etc.), e carga roll-on/roll-off. O porto é servido pela rede nacional de estradas
encontrando-se em fase final o projeto de ligação do porto à rede de autoestradas e rede
nacional ferroviária - Linha do Minho.
Não é assumido como alternativa global aos portos galegos e portugueses (Vigo e Leixões). O
Porto de Viana, Vigo, Marín e Vilagarcía ficam à distância de 1 hora da Plataforma de
Salvaterra as Neves (PLISAN), o Porto de Leixões fica à distância de 2 horas.
O desenvolvimento do porto de Viana do Castelo através de três projetos: 1) expansão e
ordenamento do porto (a 1ª fase inclui um terrapleno com construção de um novo cais e
relocalização do equipamento de roll-on/roll-off; a 2ª fase prevê uma área de expansão para
Nascente, assim como uma área de reserva); 2) a referida ligação rodoferroviária ao porto (o
projeto de ligação rodoviária do porto comercial à rede de autoestradas está já concluído,
aguardando-se a abertura do concurso para a realização da obra; a ligação ferroviária à linha
do Minho, encontra-se ainda em estudo); 3) marina oceânica (a transformação da antiga doca
comercial em marina de recreio náutico constitui uma aposta para Viana do Castelo em
matéria de navegação de recreio).
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Passageiros
Contentores
Mercadorias
Embarcações
de
comércio entradas
Embarcados Desembarcados Carregados Descarregados Carregadas Descarregadas
Portugal
Continente
Leixões
Viana do
Castelo
N.º
14
665
10
215
TPB
159
827
136
618
N.º
682
975
2 542
29 834 763
198
1 198 325
t
23
122
22
359
103
830 765
831 643
555 200
549 973
26 388
26 589
464 529
459 890
140
224
147 451
156 775
3 981 786
9 583 020
105
70
177 908
346610
0
0
356
42 867 712
39 644 091
Movimento dos portos de Leixões e de Viana do Castelo em 2010,
Fonte: INE, I.P., Contas regionais.
Aeroportos e Aeródromo:
A região fica relativamente próxima de três
aeroportos (Francisco Sá Carneiro, Porto (70km);
Vigo (85 km); Santiago de Compostela (190 Km)),
com boas acessibilidades rodoviárias, e comporta
ainda um pequeno aeródromo.
Fonte: http//maps.google.com/
Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Porto:
O segundo maior aeroporto a nível nacional está situado a 11 quilómetros do centro da cidade
do Porto numa importante zona industrial e comercial do país estando dotado de uma boa
rede de acessos através de transportes rodoviários. Estas acessibilidades incluem transportes
diários de, e para Vigo.
Aeroporto de Vigo, Vigo:
A menos de uma hora de viagem do centro de Viana do Castelo está o Aeroporto Internacional
de Vigo. Este aeroporto opera para muitos destinos da Europa, e através de companhias de
baixo custo.
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Blueprint “Alto Minho Km0”
Aeroporto de Santiago de Compostela, Santiago de Compostela:
No ano de 2007 este aeroporto contou com 24.637 movimentos de aviões, transportando
2.050.121 passageiros e mais de 2,7 mil toneladas de carga, o que, comparando com 2006,
revela um crescimento de 2,8% no que concerne a passageiros.
Aeródromo de Cerval, Alto Minho:
Na região existe ainda o aeródromo de Cerval, situada a cerca de 4 km entre Vila Nova de
Cerveira e Valença. Esta pista dispõe de manga de vento e marcação apenas numa das pistas.
Plataformas logísticas:
A Plataforma Logística Transfronteiriça de Valença situada junto ao parque empresarial e a 50
km do Porto de Viana do Castelo, e a Plataforma Logística e Industrial de Salvaterra – As Neves
(PLISAN), em fase de construção na zona de Monção, têm como objetivos estratégicos:




A dinamização da atividade económica da região do Alto Minho pela captação de
investimento Português e Galego para o Norte de Portugal, nomeadamente ligado ao
cluster automóvel;
Dinamização da indústria local, facilitando a distribuição da sua produção nos
mercados alvo;
Reordenar plataformas e tráfegos da região de forma a potenciar o modo ferroviário;
Potenciar o papel da localização estratégica da região no transporte de bens
transacionáveis provenientes de Espanha e resto da Europa ao Porto de Viana do
Castelo, facilitado pelas ótimas acessibilidades rodoviárias já existentes.
Na avaliação destes investimentos e na sua sustentabilidade deve ser tido em atenção a
performance da Plataforma do Porto de Vigo dado o seu enorme potencial e proximidade à
região.
Plataforma Logística de Valença:
A plataforma de Valença foi construída com o objetivo de ser uma plataforma multimodal
(rodo e ferroviária) de apoio à região norte de Portugal e ao sul da Galiza.
Entre as principais funcionalidades deste espaço encontram-se uma área logística de
multifunções, uma área ferro-logística especializada, uma área logística de transformação e
clientes únicos, um terminal intermodal ferroviário e rodoviário e um centro de serviços de
apoio.
A plataforma terá as seguintes ligações:

Ligação rodoviária à Galiza e ao Porto pelo IP1 (A3) e IC1;

Ligações rodoviárias locais através das N13 e N101;
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Blueprint “Alto Minho Km0”

Acesso à rede ferroviária nacional pela Linha do Minho, estando em projeto /
construção o ramal de acesso à plataforma o que permitirá a ligação ferroviária às
regiões do Grande Porto, Cávado e Alto Minho, bem como aos portos de Viana do
Castelo e Leixões.
Plataforma Logística e Industrial de Salvaterra – As Neves (PLISAN):
As localidades galegas de Salvaterra e As Neves, na margem do rio Minho e sobranceiras a
Monção, foram o local escolhido pelo Governo Regional da Galiza, pelo porto de Vigo e pelo
consórcio da Zona Franca daquela cidade para a instalação da PLISAN.
Com cerca de 4,3 milhões de metros quadrados, a infraestrutura vai assumir-se como a
segunda maior plataforma logística da Região Transfronteiriça, e como um dos principais
pontos de conexão da Península Ibérica com as redes internacionais de transporte intermodal.
Surgiu com o intuito de dar resposta à necessidade de superfície na zona portuária de Vigo,
fundamentalmente para absorver o tráfico de contentores que, nos últimos anos, tem sofrido
um crescimento permanente. Segundo as autoridades galegas responsáveis pelo investimento,
será construída uma ligação rodoviária direta à rede de autoestradas de Espanha e um ramal
ferroviário entre a plataforma logística e o porto de Vigo, mais tarde com ligação à rede de
TGV (se realmente se vier a concretizar). A futura plataforma contará com um centro
intermodal, com superfícies específicas para automóveis, granito e contentores, área industrial,
área de serviços e outros equipamentos.
A própria plataforma para além de incentivar a criação de novas empresas, irá captar
empresas que estão no Porto de Vigo (grande objetivo da PLISAN), empresas que estão na
zona industrial do Porrinho, como a Citroën, e empresas situadas no Norte de Portugal,
nomeadamente na zona industrial de Vila Nova de Cerveira.
Infraestruturas de apoio à competitividade
A competitividade de base territorial beneficia do modelo de articulação entre atores e
entidades de âmbito regional e local, com intervenções ditadas pelo papel que assumem no
sistema regional/nacional da respetiva área de atuação. Os resultados devem ser avaliados
não só, pela sua dotação ou existência, mas pela capacidade de interação prática com o
universo empresarial.
Ensino e educação: o Instituto Politécnico de Viana do Castelo é a entidade de referência do
ensino público superior na região, que dá resposta e que estabelece “pontes” com outras
entidades de ensino de proximidade: Universidade do Minho, Universidade do Porto,
Universidade de Vigo, Escola Superior Gallaecia, EPRAMI – Escola Profissional do Alto Minho
Interior, ETAP – Escola Profissional.
Escolas Profissionais no Alto Minho
Concelhos
Escolas Profissionais
Melgaço
Monção
Valença
EPRAMI
EPRAMI.
COOPETAPE – Cooperativa de Ensino, CRL
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
Paredes de Coura
EPRAMI
Vila Nova Cerveira
COOPETAPE – Cooperativa de Ensino, CRL
Vila Praia Âncora
COOPETAPE – Cooperativa de Ensino, CRL
Viana
Caminha
COOPETAPE – Cooperativa de Ensino, CRL
COOPETAPE – Cooperativa de Ensino, CRL
EPRALIMA
CENFIM
Arcos Valdevez
Escolas de Ensino Superior
Concelhos
Escolas de Ensino Superior
Valença
IPVC – Escola Superior
Empresariais (ESCE)
Vila
Nova
Cerveira
de
de
Ciências
Escola Superior Gallaecia
Ponte de Lima
IPVC – Escola Superior Agrária (ESA)
Viana do Castelo
IPVC – Escola Superior de Educação (ESE)
IPVC – Escola Superior de Tecnologia e Gestão
(ESTG)
IPVC – Escola Superior de Enfermagem
(ESENF)
Centros de formação: CENFIM - Centro de Formação Profissional da Indústria
Metalúrgica e Metalomecânica, Núcleo de Arcos de Valdevez.
Incubadoras: In.Cubo – Incubadora de Iniciativas Empresariais Inovadoras,
Arcos de Valdevez.
Incubadora de Indústrias Criativas Bienal de Cerveira (IICBC), Vila Nova de
Cerveira – a mais recente incubadora da região, e que visa a prestação de
serviços de valor acrescentado, a promoção e o acompanhamento a empresas
criativas e inovadoras.
Infraestruturas tecnológicas e científicas mais próximas da região do Alto
Minho: Centro Ibérico das Nanotecnologias (NIL), em Braga; Centro
Tecnológico del Mar (CETMAR), em Pontevedra; Centro Tecnológico de
Automoción de Galicia (CTAG), em Pontevedra; Instituto de Engenharia
Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), Porto; Pólo de Inovação em Engenharia
de Polímeros (PIEP), Guimarães.
Áreas de acolhimento empresarial: cerca de 20 parques empresariais (343 ha.) e pólos
industriais evidenciando desajuste entre a oferta e a procura.
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
As principais características dos parques e pólos são as seguintes:
Pólo Empresarial de Penso (Melgaço)
Área total: 50.000 m2
Área equipamento + zonas verdes: 17.500 m2
Lotação do Parque: 17 lotes
Dimensão dos lotes: de 1.100 a 2.400 m2
Pólo Empresarial de Lagoa (Monção)
Área total: 160.000 m2
Lotação do Parque: 86 lotes
Dimensão dos lotes: de 704 a 3.280 m2
Parque de Atividades do Vale do Minho (Valença)
Área total: 900.000 m2
Área equipamento+zonas verdes: 300.000 m2
Lotação do Parque: 30 lotes
Dimensão dos lotes: de 5.000 a 30.000 m2
Pólo Empresarial de S. Pedro da Torre (Valença)
Área total: 117.111 m2
Área para equipamento e zonas verdes: 50.000 m2
Lotação do Parque: 20 lotes
Dimensão dos lotes: de 4.000 a 6.000 m2
Pólo Empresarial de V. N. Cerveira - 1
Área total: 250.000 m2
Área para equipamento e zonas verdes: 50.000 m2
Lotação do Parque: 45 lotes
Dimensão dos lotes: de 6.000 a 10.000m2
Pólo Empresarial de V. N. Cerveira - 2
Área total: 300.000 m2
Área para equipamento e zonas verdes: 50.000 m2
Lotação do Parque: 45 lotes
Dimensão dos lotes: de 6.000 a 10.000 m2
Pólo Empresarial de Formariz (Paredes de Coura)
Área total: 79.000 m2
Área para equipamento e zonas verdes: 5.805 m2
Lotação do Parque: 50 lotes
Dimensão dos lotes: de 560 a 7.000 m2
Pólo Empresarial de Castanheira (Paredes de Coura)
Área total: 112.400 m2
Área para equipamento e zonas verdes: 6.450 m2
Lotação do Parque: 120 lotes
Dimensão dos lotes: de 300 a 3.500 m2
Pólo Empresarial de Âncora - Caminha
Área total: 55.270 m2
Área para equipamento e zonas verdes: 10.400 m2
Lotação do Parque: 34 lotes
Dimensão dos lotes: de 790 a 2.200 m2
Pólo Empresarial de Meadela- Viana do Castelo
Área total: 30.980 m2
Área para equipamentos: 2.295 m2
Lotação do Parque: 46 lotes
Dimensão dos lotes: de 404 a 2.295 m2
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
Pólo Empresarial do Neiva - Viana do Castelo
Área total: 1.050.000 m2 (1.ª e 2.ª fase)
Área para equipamento e zonas verdes: 2.500 m2
Lotação do Parque: 57 lotes
Dimensão dos lotes: de 525 a 5.475 m2
Pólo Empresarial de Praia Norte - Viana do Castelo
Área total: 83.484 m2
Lotação do Parque: 64 lotes
Dimensão dos lotes: de 410 a 1.164 m2
Pólo Empresarial de Queijada - Ponte de Lima
Área total: 145.215 m2
Área equipamentos: 12.470 m2
Lotação do Parque: 25 lotes
Dimensão dos lotes: de 1.942 a 15.500 m2
Pólo Empresarial de Tabaçô - Arcos de Valdevez
Área total: 109.609 m2
Área equipamento: 5.150 m2
Área zonas verdes: 35.349 m2
Lotação do Parque: 18 lotes
Dimensão dos lotes: de 1.100 a 13.750 m2
Pólo Empresarial de Paçô - Arcos de Valdevez
Área total: 114.393 m2
Área equipamento +zonas verdes: 2.720 m2
Lotação do Parque: 22 lotes
Dimensão dos lotes: de 900 a 10.780 m2
Pólo Empresarial de Padreiro - Arcos de Valdevez
Área total: 103.880 m2
Área lotes industriais: 43.289 m2
Área centros de apoio: 3.666 m22
Lotação do Parque: 35 lotes
Dimensão dos lotes: de 367 a 3.100 m2
Pólo Empresarial da Gemieira - Ponte de Lima
Área Total: 198.725 2
Lotação do Parque: 41 lotes
Dimensão dos lotes: de 450 a 17.050 m2
Área de equipamentos e zonas verdes: 6.200 m2
Parque Empresarial de Vila Nova de Muía
Área Total: 66.179 m2
Lotação do Parque: 45 lotes
Dimensão dos lotes: de 910 a 5.930m2
Área de equipamentos e zonas verdes: 1.665 m2
Parque Empresarial de Lanheses
Área Total: 98.000 m2 (1ª Fase)
Lotação do Parque: 14 lotes (Total previstos: 31)
Dimensão dos lotes: de 1147 a 12906m2
Área de equipamentos e zonas verdes: 1.665 m2
Para muito breve está também previsto o arranque do Minho Park Monção, num investimento
global de 20 milhões de euros, que deverá criar 1.250 postos de trabalho, para receber dentro
de dois anos uma centena de empresas.
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
O Minho Park Monção junta a Associação Industrial do Minho (90 por cento do capital) e a
Câmara de Monção (10 por cento), num dos maiores investimentos industriais de sempre na
região.
Fonte: Plano de Desenvolvimento do Alto Minho | Como tornar o Alto Minho uma região competitiva |
9.Abril.2012
Acessibilidades e Mobilidade
Em termos de acessibilidades, o Vale do Minho possui boas ligações com o território
envolvente, embora a nível interno (inter e intraconcelhio) se verifique algum défice de
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
infraestruturas rodoviárias. Valença e Vila Nova de Cerveira, encontrando-se mais próximos
das grandes infraestruturas, possuem melhores acessibilidades regionais, nacionais e
internacionais. Já Monção e Melgaço estão distantes da rede viária de nível superior,
acedendo a esta a partir dos outros concelhos. Em Paredes de Coura, embora esteja
relativamente próximo de importantes infraestruturas rodoviárias, o acesso da sede de
concelho a estas é assente em estradas nacionais com condições deficitárias.
A A3/IP1 faz a ligação deste território à Área Metropolitana do Porto, a Braga e a Espanha. A
ligação do Vale do Minho ao Litoral e a Viana do Castelo é assegurada pela A28 (sendo o
concelho de Vila Nova de Cerveira o que se encontra mais próximo desta infraestrutura). A A27
estabelece a ligação entre a A3/IP1 e a A28.
No contexto local destacam-se as ligações de Monção a Melgaço (EN 202), de Valença a
Amarante, que estabelece ligações a Monção, a Arcos de Valdevez, a Ponte da Barca e ainda às
cidades de Braga e Guimarães (EN 101) e de Paredes de Coura a Arcos de Valdevez (EN 303).
Entre Vila Nova de Cerveira e Melgaço, ao longo da fronteira, existem cinco pontes
internacionais sobre o rio Minho (uma em Vila Nova de Cerveira/Goian, duas em Valença/Tuy,
uma em Monção/Salvaterra do Miño e uma em Melgaço/Arbo) que, juntamente com a
privilegiada ligação à A3 (IP1), reforçam a relação entre a Região Norte de Portugal e a Região
Autónoma da Galiza e tornam o Vale do Minho, mais concretamente o eixo Valença-Tui, um
dos principais corredores de toda a fronteira hispano-portuguesa.
Níveis de serviço/ procura na rede ferroviária na região Norte
Serviço ferroviário no território do Alto Minho
Fonte: PROT – Norte: relatório setorial acessibilidades, mobilidade e logística, Junho2009
Quanto à rede ferroviária, esta região é servida pela linha do Minho, com estações em Vila
Nova de Cerveira e Valença (existindo entre elas os apeadeiros de Carvalha e São Pedro da
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Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
Torre), assegurando o transporte de passageiros e mercadorias entre o Vale do Minho, a sul, a
Área Metropolitana do Porto e, a norte, Espanha (Vigo). As ligações regionais, inter-regionais e
internacionais, que servem esta região, apresentam um nível de conforto e qualidade reduzido
(p. ex., o tempo de percurso entre Valença e Porto/Campanhã é superior a 2 horas), não se
mostrando competitivas em relação ao transporte rodoviário coletivo e, particularmente, ao
transporte individual.
Relativamente à integração na rede ferroviária de altas prestações, que será construída em
bitola europeia e está incluída na Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-E) encontrava-se
prevista para 2013 a entrada ao serviço do troço Braga-Valença da linha de alta velocidade
(Categoria II) entre Porto e Vigo, mas devido ao enquadramento económico que se vive
atualmente, encontra-se adiada a sua construção. O fecho desta ligação com a remodelada
linha entre Vigo e Corunha possibilitará o fecho da malha ferroviária e a conexão com a nova
ligação em alta velocidade entre Santiago e Madrid.
Em termos do tipo de serviço proporcionado, a linha do Minho está classificada como rede
complementar para a ligação entre Nine e V. Castelo e rede secundária para a ligação entre
Viana do Castelo e Valença. Atualmente reivindica-se a melhoria do serviço prestado à
população, seja pela adequação dos horários/percursos à realidade quotidiana das populações,
seja pela eletrificação da via-férrea, que se encontra algo obsoleta.
Movimentos pendulares
Fonte: INE | Censos 2001
Destino laboral da população residente nos
Origem residencial da população que trabalha
concelhos do Alto Minho
nos concelhos do Alto Minho
Fonte: INE | Censos 2001
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
Movimentos pendulares – saídas e entradas de mão-de-obra, por concelho e setor de atividade
O Alto Minho gera 90.386 postos de trabalho, com V. Castelo e Pte. Lima a oferecerem 57,2%
do total do emprego do Alto Minho. A. Valdevez (84,3%) e V. Castelo (83,4%) são os concelhos
com maior autonomia no preenchimento de postos de trabalho por residentes.
Valença e V.N. Cerveira são os concelhos que apresentam maior taxa de emprego preenchido
por residentes noutros concelhos (21,7% e 34,4%, respetivamente), embora as motivações
sejam diferentes: no caso de V.N. Cerveira explica-se pela inferioridade da bolsa de população
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
ativa face ao número de postos de trabalho gerados no concelho, o que obriga à “importação”
de força de trabalho; no caso de Valença pode explicar-se quer pelo seu posicionamento de
fronteira com Espanha quer pela especificidade de sectores de atividade que absorvam um
perfil de recursos humanos inexistente (em qualificação ou quantidade) no concelho.
A bolsa de trabalho do Alto Minho é composta por 96.973 trabalhadores. V. Castelo e Pte.
Lima respondem por 57,3% desta bolsa de trabalho, sendo que a representatividade individual
dos outros concelhos não ultrapassa os 10%. A. Valdevez e V. Castelo revelam a menor taxa de
mobilidade extrarregional, com apenas 15,7% e 16,6% dos trabalhadores residentes a sair do
concelho para trabalhar.
Dos dez concelhos do Alto Minho apenas V.N. Cerveira se apresenta como importador líquido
de mão-de-obra, não havendo no concelho quantidade de população disponível para trabalhar
que preencha o número de postos de trabalho gerados no concelho. Os restantes concelhos
não geram postos de trabalho para a mão-de-obra que detêm. Pte. Lima apresenta o maior
diferencial (3.449) entre os postos de trabalho gerados no concelho e a oferta de mão-de-obra.
Os fluxos de saída de mão-de-obra do concelho de residência são mais evidentes em Pte. de
Lima (30%), Caminha (27%), Pte. da Barca (26%), P. Coura (24%), Valença (24%) e V.N. Cerveira
(22%), indiciando um desajuste entre o perfil da oferta e as exigências, em qualificação e
competência técnica, impostas pelos postos de trabalho disponíveis. Pte. Lima, Pte. Barca, V.
Castelo e Melgaço são os principais concelhos fornecedores de mão-de-obra para fora da
região.
Em sentido inverso, V. Castelo é o concelho com maior capacidade de recrutamento fora da
região: 9% do emprego tem origem fora do Alto Minho, e os concelhos de Valença (17%) e
Caminha (14%) os que mais mão-de-obra conseguem captar dos concelhos vizinhos.
Os movimentos pendulares da bolsa de trabalho são condicionados pela proximidade
geográfica. Observa-se uma sobreposição sectorial na oferta de emprego que é
tendencialmente preenchida pela bolsa de trabalho dos concelhos de maior proximidade,
como comprova o facto de em todos os concelhos mais de 70% dos trabalhadores residentes
encontrarem emprego no próprio concelho.
O comércio por grosso e a retalho, a construção e a reparação de automóveis são os sectores
com maior intercâmbio de mão-de-obra entre os concelhos, sugerindo níveis mais baixos de
qualificação. Melgaço, V. Castelo e Caminha recebem mão-de-obra qualificada no sector da
educação. V.N. Cerveira e Valença fornecem mão-de-obra nas administrações públicas, sector
mais dependente de mão-de-obra qualificada.
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
1.4.4. Empregabilidade e competências
A maioria dos concelhos do Alto Minho apresentam níveis de desemprego registado e níveis
de atividade inferiores aos registados em Portugal continental, denotando resistência do
território aos efeitos potenciais gerados pela deterioração do contexto socioeconómico.
Em V. Castelo denota-se maior sensibilidade ao agravamento do desemprego verificado a nível
nacional (cerca de 8% da população em idade ativa). Um posicionamento inverso é
evidenciado por Melgaço que, não obstante o mais baixo nível de atividade da sua população
em idade ativa, revela níveis de desemprego (cerca de 3%) substancialmente inferiores aos
valores de referência a nível regional (cerca de 7%) e de Portugal continental (cerca de 8%).
Taxa de atividade e desemprego registado
Contudo, a população envelhecida e a pouca qualificação dos ativos são algumas das
características marcantes desta região e que em muito comprometem a competitividade do
território. A escassez de mão-de-obra vem agravar o problema.
De facto, no que diz respeito há qualificação, o “ensino básico obrigatório” é o nível mais
representativo na estrutura nacional de habilitações da população empregada, ganhando
maior expressão no Alto Minho, com destaque para os concelhos de Valença (64%) e Pte. de
Lima (62%).
Assim, os empresários destes concelhos são “forçados” a empregar colaboradores com uma
reduzida taxa de escolarização e qualificação profissional, muito frequentemente mostrandose ineficaz quando estão em jogo as necessidades de desenvolvimento económico da região.
Esta inadaptação da oferta à procura existe a todos os níveis funcionais, também para técnicos
especializados e níveis de gestão intermédia e de topo.
Projeto “Alto Minho Km0”
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Blueprint “Alto Minho Km0”
1.5. Recursos Endógenos
O território do Alto Minho é caracterizado como um território com uma enorme variedade
de recursos endógenos, um território aprazível que sabe acolher, e com elevado potencial de
valorização dos produtos locais e atividades de contacto com a natureza. O espaço e as
características endógenas do território, surgem como fatores determinantes do
desenvolvimento regional, onde os atores locais desempenham um papel essencial. Sendo
necessário identificar novas formas de organização da produção, de relacionamento e de
comunicação. A agricultura (incluindo a biológica), o desenvolvimento de atividades artesanais
e património das regiões assumem-se como uma oportunidade de exploração futura para o
desenvolvimento sustentável das regiões rurais. O espaço é cada vez mais uma variável
estratégica fundamental do desenvolvimento, que é agora definido em função das
necessidades e do bem-estar das populações. O desenvolvimento da região é o resultado da
participação das diversas dimensões da população (culturais, sociais, históricas, técnicas,
económicas, setoriais), da valorização dos recursos naturais e seguindo uma perspetiva
dinâmica e inovadora.
O desenvolvimento endógeno é, assim, um processo que envolve a expansão da capacidade da
região para acrescentar valor à produção, para absorver e reter os excedentes económicos
gerados localmente, bem como atrair excedentes gerados noutras regiões.
O território surge como uma estratégia mais ativa e interativa como agente de
desenvolvimento integrado que valoriza os recursos locais e agrega os aspetos sociais,
culturais, técnicos e económicos, bem como a participação ativa de toda a população. É neste
contexto que surge a nova conceção de desenvolvimento rural. Toda a região Alto Minho,
assenta na lógica de competitividade das áreas rurais através da valorização dos recursos
locais, exploração de novos recursos e da rentabilização de recursos e potencialidades
endógenas. O seu desenvolvimento é, assim, fundamental na medida em que oferece um
conjunto de oportunidades que permitirá fortalecer o território com novas dinâmicas, criação
de sinergias e parcerias e novas atividades integradas (em rede). Pelo que é necessário apostar
mais no meio rural e reinventar a ruralidade, implementando novas atividades que possam
gerar emprego e riqueza, mantendo o dinamismo da paisagem rural tendo em vista a melhoria
das condições de vida das populações para que estas não se sintam tentadas a abandonar o
território. É essencial valorizar os recursos e o saber-fazer local, redescobrir os produtos
tradicionais como instrumento de desenvolvimento territorial e dinamizar projetos locais e
regionais que estimulem o turismo e a procura de produtos tradicionais locais de qualidade.
Foram identificados 3 principais grupos de recursos na região do Alto Minho, são eles:
 Recursos naturais – água e terra.
Água: praias oceânicas, praias fluviais, e rios e ribeiros; e
Terra: parques nacionais ou de paisagem protegida, parques naturais de recreio e lazer,
e serras e montes;
 Recursos etnográficos: artesanato, festas e gastronomia;
 Recursos históricos: património arqueológico, património religioso, património militar
e património civil.
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Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
1.5.1. Recursos Naturais
O Alto Minho é uma terra de conquistas, de aventuras e de prazeres provenientes da
natureza, sendo um paraíso no extremo Norte do país. Quem procura o Alto Minho
descobre as maravilhas dos seus locais, das suas terras e águas (mar e rios), numa junção
de paisagens marcadas por sensações ancestrais e renovadas que, para o homem de Hoje,
constituem a grande aposta para o século XXI, devendo por isso serem recursos a valorizar.
Áreas Protegidas
O Alto Minho possui 4 Áreas Protegidas, locais privilegiados para a prática da observação
da natureza, de todas as espécies de animais que o povoam, e das tradições culturais das
suas gentes. São o Parque Nacional Peneda-Gerês, o Parque Natural do Litoral Norte, a
Área de Paisagem Protegida do Corno do Bico e a Paisagem Protegida das Lagoas de
Bertiandos e S. Pedro de Arcos.
Parque Nacional da Peneda-Gerês, Área Protegida
O Parque Nacional da Peneda Geres foi criado em 1971 e é a mais
antiga área protegida portuguesa, e a única classificada como Parque
Nacional pela União Internacional de Conservação da Natureza.
Ocupa uma área aproximada de 72000 hectares distribuídos por
cinco municípios: Arcos de Valdevez, Melgaço e Ponte da Barca (Alto Minho), Terras do
Bouro (Cávado) e Montalegre (Alto Trás-os-Montes). Esta área protegida forma um
contínuo com o parque natural espanhol da Baixa Limia-Serra do Xurés. Caracteriza-se por
ser uma zona em que o relevo fortemente acidentado e os pronunciados declives, bem
como os inúmeros afloramentos rochosos, são as marcas dominantes. A grande
quantidade de vales e corgas é aproveitada pelos rios, dando lugar a uma rede hidrográfica
de grande densidade. A área deste parque faz parte das áreas de influência dos rios Minho,
Lima, Cávado e Homem, que compartimentam o maciço granítico, individualizando as
diferentes serras: a Serra da Peneda, definida pelos rios Minho e Lima; a Serra da Amarela,
definida pelos rios Lima e Homem e a Serra do Gerês, definida pelos rios Homem e Cávado.
A localização deste território (entre o Oceano Atlântico e os ambientes climáticos do
interior do território nacional) e a configuração do relevo condicionam as
características climáticas desta área e determinam o tipo de clima existente, o que por sua
vez condiciona tanto o manto vegetal e as características dos solos como a maneira de
estar e o modo de habitar das suas populações. A fauna e flora são ricas e variadas
encontrando-se entre elas raras espécies animais e vegetais. A Peneda é hoje um dos
últimos refúgios de predadores como o Lobo e a Águia-Real. Nas zonas de altitude são
visíveis os efeitos da última glaciação - circos glaciares, moreias, pequenas lagoas e vales
em U. A natureza e orientação do relevo, as variações de altitude e as influências atlântica,
mediterrânica e continental traduzem-se na variedade e riqueza do coberto vegetal: matos,
carvalhais e pinhais, bosques de bétula ou vidoeiro, abundante vegetação bordejando as
linhas de água, campos de cultivo e pastagens. O passado traduz-se nos castelos de Castro
Projeto “Alto Minho Km0”
Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012
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Blueprint “Alto Minho Km0”
Laboreiro e do Lindoso, monumentos megalíticos e testemunhos da ocupação romana. A
geira, o antigo caminho que conduzia os legionários de Braga a Astorga, sobrevive num
trecho da antiga calçada e nos curiosos marcos miliários. Curiosos povoados, a arquitetura
dos socalcos, paradas de espigueiros, a frescura dos prados de lima, animam um quadro
em que a ruralidade ainda está presente. Todos estes aspetos proporcionam agora
atividades turísticas em franco desenvolvimento.
Parque Natural do Litoral Norte
Esta zona protegida no norte de Portugal estende-se ao longo de 16
km de costa, entre a foz do rio Neiva e a zona sul da Apúlia. Esta área
protegida foi criada no sentido de conservar os seus valores naturais,
físicos, estéticos, paisagísticos e culturais, com especial relevo para a
preservação do sistema dunar. Para além das dunas, este Parque é constituído por praias
fluviais e marítimas, com recifes, pinhal, carvalhal e zonas agrícolas, para além de diversas
ribeiras que desaguam diretamente no mar.
Área de Paisagem Protegida do Corno do Bico
Classificado desde 1999 como Paisagem Protegida, o Corno do Bico
situa-se nos limites administrativos sudoeste do município de
Paredes de Coura, onde confronta com Arcos de Valdevez e Ponte de
Lima. A sua área perfaz cerca de 2175hectares, distribuídos por parte
das freguesias de Bico, Castanheira, Cristelo, Parada e Vascões. A classificação desta área
como paisagem protegida visou a adoção de medidas para a conservação da importante
mancha de carvalhal e a promoção do recreio ao ar livre em equilíbrio com os valores
salvaguardados. Enquadrada por uma envolvente essencialmente montanhosa esta área
Protegida integra as cabeceiras de três importantes cursos de água do Alto Minho,
Labrujo, Coura e Vez e possui uma extensa mancha florestal com predomínio do carvalhoalvarinho.
A Paisagem Protegida do Corno do Bico, tem as suas competências de gestão atribuídas à
Câmara Municipal de Paredes de Coura, onde existe desde o início de 2007 um Centro de
Educação e Interpretação Ambiental (CEIA) criado com o objetivo de promover a
investigação e a divulgação dos recursos naturais presentes neste local, nomeadamente a
flora e a fauna, oferece aos seus visitantes um conjunto de atividades de sensibilização e
animação ambiental, tais como visitas de estudo, observação de fauna e flora, diversos
percursos pedestres e ateliês variados. A variedade de programas oferecidos torna a
gestão deste espaço num exemplo de dinamização e divulgação dos valores naturais, que
pode ser replicado em áreas de estatuto similar, existentes ou a criar, constituindo um
bom exemplo do sucesso da “abertura” das áreas protegidas à comunidade.
Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos
Localizam-se entre o Rio Lima a Sul e as Serras de Arga e Cabração a
Norte, no município de Ponte de Lima. Ocupa uma área de
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346hectares, distribuída a pelas freguesias de Bertiandos, S. Pedro d’Arcos, Estorãos,
Moreira de Lima e Sá. Esta área protegida foi assim classificada por constituir um
interessante sistema lacustre, envolvido por um mosaico agro-florestal que se considera
importante preservar e valorizar. Deste modo, procura-se evitar os perigos que ações
como a caça desordenada, o abate de árvores, as ações de limpeza indevidas e o
abandono das práticas agrícolas tradicionais poderiam provocar, quer na regressão de
algumas espécies, quer na completa descaracterização da área. Desenvolve-se em torno
de duas lagoas e das margens do rio Estorãos, num espaço dividido em duas zonas: a zona
das tapadas, onde se inserem as lagoas e o rio Estorãos, com galerias de vegetação ripícola
e a zona das veigas: a veiga de Bertiandos e a veiga do Sobreiro, numa zona sujeita a
diferentes graus de encharcamento, em que predomina a vegetação espontânea higrófila
autóctone.
Rios e Praias
Rio Minho
Em termos hidrográficos, este rio internacional, com foz em caminha é a linha de água com
maior expressão e relevância, sendo o eixo estruturante onde afluem os rios Mouro,
Gadanha e Coura. Nasce em Espanha, na serra de Meira, a uma altitude de 750 metros, e
desagua em Portugal, no oceano Atlântico. Dos 300 quilómetros de percurso, os últimos
70 quilómetros servem de fronteira entre Portugal e Espanha.
Do ponto de vista geomorfológico, esta bacia caracteriza-se pela oposição entre relevos
elevados, terminando em planaltos descontínuos e vales profundos, mas largos, e de
fundo aplanado. Os declives acentuados de superfícies rochosas e solos esqueléticos
(litigiosos), normalmente de natureza granítica ou xistosa (p. ex., serra da Peneda),
demonstram que esta é uma área sujeita a processos de elevada erosão. No entanto, à
medida que se desce em direção aos vales dos rios Minho e Coura, o risco de erosão vai
progressivamente diminuindo.
Rio Lima
Ao longo do seu percurso atravessa quatro concelhos: Arcos de Valdevez, Ponte da Barca,
Ponte de Lima e Viana do Castelo, sendo desde sempre uma importante via de
comunicação entre estes municípios. Nasce em Espanha, na província de Orense, a cerca
de 950 metros de altitude e desagua no oceano Atlântico, junto a Viana do Castelo, depois
de ter percorrido no total cerca de 108 quilómetros. Em Espanha percorre 41 quilómetros,
entra depois, em território português, no vale criado através da serra do Gerês e da
Peneda e percorre, até à sua foz, 67 quilómetros.
Rio Vez
O Rio Vez está localizado na falda da Serra do Soajo, a cerca de 1300 metros de altitude,
num local conhecido por Seida ou Lamas do Vez, é o principal afluente do Rio Lima,
atravessa a terra de Arcos de Valdevez onde se realizou o famoso Torneio de Arcos de
Valdevez que está na origem da Independência de Portugal.
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Blueprint “Alto Minho Km0”
As águas deste rio são ricas em truta, facto que atrai numerosos entusiastas na época da
pesca. Tem um comprimento aproximado de 36 quilómetros. Sobre este rio podemos
encontrar várias pontes, algumas com importância histórica, das quais se destaca: Ponte
medieval de Vilela.
Rio Coura
Nasce na serra da Boalhosa, na lagoa da Chã de Lamas e na serra de Corno de Bico e
desagua na margem esquerda do Minho, banha os concelhos de Paredes de Coura, Vila
Nova de Cerveira e Caminha. E as Freguesias de Formariz, Paredes de Coura, Rubiães, São
Martinho de Coura, Covas, Vilar de Mouros, Venade, Vilarelho, Seixas, e Caminha. Uma das
particularidades deste rio é que banha duas praias, nas quais se realizam dois dos maiores
festivais de verão em Portugal, Festival Paredes de Coura e Festival de Vilar de Mouros,
este último entretanto, deixou de se realizar.
Praias Fluviais
As praias fluviais são atração em algumas das freguesias dos municípios mais interiores,
como em Arcos de Valdevez, Monção, Melgaço, Ponte de Lima e Vila Nova de Cerveira,
tendo resultado do aproveitamento das condições naturais dos vales desses rios, que em
troços mais abertos e de abrandamento da velocidade das águas constituíram pequenos
areais que foram preparados para o lazer, particularmente nos meses de Verão.
Praias Marítimas
Apenas existem nos municípios de Viana do Castelo e de Caminha sendo muito utilizadas,
para veraneio. Constituem não apenas motivação turística primária como complementam
outros produtos como, por exemplo, o turismo no espaço rural, uma vez que as distâncias
de muitas casas rurais são facilmente ultrapassadas, podendo os turistas, sempre que as
condições climatéricas o permitam, frequentá-las para banhos de sol e mar e para a
prática de desportos náuticos, cada vez mais procurados pelos mais jovens. A atestar a
qualidade destas praias é a obtenção do galardão “Bandeira Azul” pelas praias de Caminha,
Moledo e de Viana do Castelo, Afife, Arda, Paçô, Carreço, Cabedelo, Amorosa e Castelo do
Neiva. Praias ótimas para quem quer despertar sensações, envolver-se em atividades
desportivas, ou simplesmente, usufruir da brisa e das águas saudáveis, ricas em iodo. A
Marina de Viana do Castelo, porto de recreio de Viana do Castelo é constituída por duas
docas. Uma, situada a jusante da ponte metálica Eiffel, com 163 postos de acostagem para
embarcações até 20 metros de comprimento e 3 metros de calado. Esta doca dispõe de
água, energia elétrica, sanitários e balneários, fornecimento de combustíveis, grade de
marés e uma rampa para alagem de embarcações. A outra, localizada a montante da
mesma ponte, dispõe de 144 postos de amarração para embarcações de menor porte.
Estes recursos naturais hídricos, nomeadamente os fluviais, permitem, ainda, o seu
aproveitamento para uma diversidade de atividades turísticas/desportivas, como a prática
da pesca, a prática de canoagem e outros desportos aquáticos, dada a relativa ausência de
poluição dos rios desta sub-região, particularmente no caso dos Arcos de Valdevez,
Melgaço e Paredes de Coura. Também em termos marítimos, o aproveitamento das
ótimas condições das ondas existentes nas praias desta área para o surf, windsurf,
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bodyboard, entre outros, já motivou a realização de várias provas internacionais. Nas áreas
onde os vales dos rios convivem com zonas de montanha despovoadas, a caça adquire,
igualmente, importância na atração de praticantes deste desporto, especialmente nos
municípios de Melgaço, Monção, Paredes de Coura e Vila Nova de Cerveira.
1.5.2. Recursos Históricos
Os monumentos, os lugares históricos e arquitetónicos são um marco de referência no
território, não apenas em consequência da intensa romanização que esta zona
sofreu, como pela afirmação da riqueza agrícola de outros tempos, que permitiu a
edificação das residências apalaçadas, os célebres solares minhotos, e contribuiu
decididamente para a construção de igrejas e monumentos religiosos que hoje são
fundamentais na caracterização da arquitetura regional.
Denota-se uma forte concentração de solares no Vale do Lima e, mais concretamente, no
concelho de Ponte de Lima, sendo a hospitalidade que os envolve reconhecida
internacionalmente.
Nos vários municípios desta área, a par dos monumentos castrejos e dos edifícios civis e
religiosos, destacam-se as construções militares, testemunhos da história medieval do Alto
Minho onde, quer as fortalezas terrestres, como em Valença e Vila Nova de Cerveira, quer
as marítimas como em Viana do Castelo e Caminha, deram origem a vilas fortificadas e
castelos, estes nas barras dos rios Minho e Lima, para a sua defesa e a das localidades
adjacentes. De seguida salientam-se alguns destes monumentos:
Arqueológicos
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Núcleo Megalítico do Mezio (Arcos de Valdevez)
Castro de Romarigães (Paredes de Coura)
Antas (Paredes de Coura)
Citânia de Santa Luzia (Viana do Castelo)
Civis, aldeias históricas e solares
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Chafariz da Praça Municipal (Caminha)
Paços do Concelho e Torre do Relógio (Caminha)
Palácio da Brejoeira (Monção)
Convento dos Capuchos, Hotel Rural (Monção)
Praça de Deu-la-Deu (Monção)
Casa Grande de Romarigães (Paredes de Coura)
Mercado Pombalino (Ponte da Barca)
Ponte Medieval sobre o Lima (Ponte da Barca)
Paço do Marquês (Ponte de Lima)
Ponte sobre o Lima (Ponte de Lima)
Várias Casas Senhorias (Ponte de Lima)
Núcleo intra-muros (Valença)
Velha ponte secular modelo Eiffel (Valença)
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Várias Casas Senhorias (Viana do Castelo)
Chafariz da Praça da Rainha (Viana do Castelo)
Hospital Velho (Viana do Castelo)
Antigos Paços do Concelho (Viana do Castelo)
Ponte Gustave Eiffel s/ Lima (Viana do Castelo)
Núcleo intra-muros (V.N. de Cerveira)
“Militares”
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Conjunto Fortificado (Caminha)
Forte de Ínsua (Caminha)
Castelo de Castro Laboreiro (Melgaço)
Castelo e Fortaleza/Muralhas (Monção)
Castelo de Lindoso (Ponte da Barca)
Torre S. Paulo/Troço da Muralha (Ponte de Lima)
Fortaleza/Zona Muralhada (Valença)
Forte/Castelo de Santiago da Barra (Viana do Castelo)
Fortaleza/Castelo/Torre e Portas (V.N. de Cerveira)
Religiosos
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Santuário Nª Sr.ª Peneda (Arcos de Valdevez)
Igreja da Lapa (Arcos de Valdevez)
Igreja Matriz de Caminha (Caminha)
Igreja Matriz de Monção (Monção)
Mosteiro e Igreja de Longos Vales (Monção)
Igreja de Bravães (Ponte da Barca)
Igreja Matriz de S. João Baptista (Ponte da Barca)
Igreja/Museu dos Terceiros (Ponte de Lima)
Convento de Ganfei (Valença)
Basílica de Santa Luzia (Viana do Castelo)
Igreja e Misericórdia (Viana do Castelo)
Sé Catedral/Igreja Matriz (Viana do Castelo)
Santuário/Igreja Nª Sr.ª Agonia (Viana do Castelo)
Uma forte aposta no turismo associado a estes recursos permite absorver conhecimento
sobre o património, tradição e cultura da região.
Estes itinerários proporcionam aos visitantes experiências de qualidade que aliam o
carácter especial da herança edificada com o ambiente natural da região existindo
atualmente canais de promoção e público-alvo para esta oferta.
O relacionamento entre o Turismo, a agricultura e outros sectores na economia rural local
assume, cada vez mais, um papel preponderante na dinamização das regiões, sendo que
uma gestão integrada de qualidade no Turismo é de extrema relevância para o Alto Minho.
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1.5.3. Recursos Etnográficos
Os costumes e as tradições dos minhotos, com as suas festas, romarias, tradições
populares, o encanto da arte e do artesanato ainda produzidos com
ferramentas rudimentares marcam a diferença de uma cultura que deve ser apreciada. De
entre a sua vasta oferta cultural, podemos referir alguns dos recursos mais relevantes:
Festas e Romarias
Terra de forte ligação à Igreja Católica e devoção aos seus Santos, assim como às tradições
populares, o Alto Minho celebra ao longo de todo o ano festas populares e religiosas em
quase todas as freguesias dos dez municípios da região. Só no concelho de Viana do
Castelo realizam-se ao longo do ano cerca de 70 festas e romarias.
Sem dúvida, estes eventos são a expressão da religiosidade e da alegria do povo minhoto,
como são exemplos: Vila Praia de Âncora, com Festa da Senhora da Bonança; Melgaço,
com a Senhora da Peneda, e Viana do Castelo, com as Festas da Senhora da Agonia, entre
outras figuras religiosas intensamente veneradas.
Para despertar novas experiências e atingir novos públicos, alguns municípios têm
apostado, igualmente, em eventos de carácter mais contemporâneo, como são exemplos
os festivais de música de Paredes de Coura e de Vilar de Mouros que tal como já referido
está neste momento inativo.
A Bienal Internacional de Arte de Cerveira (Bienal de Cerveira), a mais antiga Bienal de Arte
do país, constitui outro projeto âncora na região, justificando uma assinatura
diferenciadora para Vila Nova de Cerveira – a Vila das Artes. Apostando na arte, cultura e
criatividade enquanto elementos distintivos, a Bienal de Cerveira tem mantido ao longo
das últimas três décadas uma relação saudável e equilibrada entre a tradição cultural e a
criação contemporânea, sendo um ponto de encontro de artistas portugueses e
estrangeiros, oferecendo espaço e condições excecionais para o evento.
Desde 2010 com gestão e organização da Fundação Bienal de Cerveira, instrumento para a
criação de condições adequadas à profissionalização e consolidação deste projeto cultural
e criativo, resultando num conjunto de intervenções que se traduzem numa oportunidade
para a adaptação às mudanças e aos desafios do futuro, numa perspetiva de solidificação
do cluster das indústrias criativas da Região do Norte, proporcionando o desenvolvimento
do sector criativo e artístico e a projeção de uma imagem de modernidade e qualidade de
vida da região.
Valorizar a tradição acrescentando inovação, num exercício de criatividade e bem-estar é
também o propósito de projetos mais recentes como o Viana Criativa, e o projeto de
candidatura da cidade de Viana do Castelo ao movimento Slow City. Iniciativas a decorrer
em 2012 e 2013 que compreendem um programa alargado de ações, eventos e atividades
que, no seu conjunto, pretendem contribuir para o reconhecimento de Viana do Castelo
como uma cidade criativa, ambiente propício ao bem-estar e desenvolvimento pessoal,
social, comunitário e ambiental.
Destaca-se também o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima que é uma
iniciativa anual, que decorre de Maio a Outubro, sem precedentes a nível nacional, que
relança o gosto e culto pelo jardim e pela jardinagem, numa ligação profunda com a terra,
com a preservação do património e com a defesa do ambiente. Anualmente, de Maio a
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Outubro, a criação de onze jardins efémeros selecionados por um Júri qualificado permite
a renovação do Festival e proporciona aos visitantes um contacto direto com as novas
abordagens da conceção de jardins, com diferentes tendências criativas, com diversas
visões no que respeita às correntes artísticas e com perspetivas inovadoras para o
aproveitamento e fruição dos espaços públicos ao serviço das populações que, aqui,
também manifestam a sua opinião.
Feiras e Mercados
“A panóplia de produtos à venda é enorme e os mercados encontram-se abertos todos os dias, exceto Domingo,
enquanto que as feiras são semanais, com exceção da de Paredes de Coura que se realiza quinzenalmente.
A feira de Vila Nova de Cerveira é uma das maiores do Norte e atrai centenas de pessoas todos os Sábados,
sobretudo das grandes cidades do Norte de Portugal e da Galiza.”
Fonte: http://www.valedominhodigital.pt
As feiras e mercados são uma das mais tradicionais manifestações do Alto Minho e do
povo português, principalmente pelas múltiplas funções que desempenham nos espaços
rurais. Acontece que ao longo dos tempos foram perdendo a grande tradicionalidade do
passado e hoje encontram-se distanciados dos produtos locais e regionais, e das pessoas.
Apesar de terem um papel muito relevante ao nível do tecido rural e social, é essencial
perceber também o que se passa ao nível dos centros urbanos.
Os mercados municipais são estruturas tradicionais de comércio retalhista de proximidade,
presentes em praticamente todo o território nacional e o Alto Minho não é exceção.
Estes espaços revelam-se uma mais-valia para a dinamização dos centros das vilas e
cidades já que são uma referência sócio-económica e urbana muito forte, que precisa de
ser preservada e dinamizada.
Em termos da situação de referência dos Mercados Municipais, como corolário do
reconhecimento da sua importância e papel que desempenha ao nível do tecido urbano e
social, a do Alto Minho é idêntica à presenciada um pouco por todo o país.
O perfil da população e das regiões, nomeadamente dos centros de cidade, tem sofrido
grandes alterações ao longo das últimas décadas, não se tendo verificado grandes
adaptações do ponto de vista da oferta constituída pelos Mercados Municipais, onde na
maioria das situações não se investiu na mudança, nomeadamente na construção e
desenvolvimento de uma oferta agregada a partir destes espaços, com uma evidente
perda de poder de atratividade e retenção das pessoas, e de dinamização da economia
local com base nos seus recursos endógenos.
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Fatores marcantes na relação População/ Centros de Cidade/ Mercados Municipais (em Portugal)
Os mercados municipais, devido à sua localização – habitualmente no coração das cidades,
e ao conceito de atividade comercial de produtos frescos, do dia, podem ser um meio
muito interessante de potenciar a atividade comercial local, de proximidade, contribuindo
para o encolher da distância entre produtor e consumidor, ou seja, para o modelo Km0.
A recuperação destas infraestruturas e a reformulação da sua oferta para aumentar a
capacidade de atrair mais vendedores e compradores, deve ser motivo de reflexão e
matéria a integrar na estratégia para a dinamização da região do Alto Minho, que
conforme já referido possui um leque interessante de Mercados Municipais.
Para esse exercício de reflexão deverá ser tomada em conta a análise SWOT dos Mercados
Municipais que se segue, uma vez que, nesta matéria, a realidade da região do Alto Minho
não se distancia muito da realidade nacional.
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Análise SWOT (mercados municipais em Portugal)
Destacamos desta análise o TOP 5 dos fatores diferenciadores para a dinamização dos
Mercados Municipais:
Horário
Localização/
Estacionamento
Organização
e Imagem
dos espaços
Qualidade e
Variedade de
Produtos
Serviços
âncora
Danças e Cantares
Grupos etnográficos com os seus trajes típicos minhotos, onde se destacam os bordados e
as joias em ouro, que ganham vida ao som dos instrumentos tradicionais da região,
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também estes ícones de notoriedade e singularidade do Alto Minho, com especial enfase
para os instrumentos de cordas e percussão, e as concertinas.
Artesanato
O artesanato figura em inúmeras freguesias do Alto Minho como fator de atração turística,
em especial nas de Caminha, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira. Zona de artesãos
que com as suas mãos de artistas se dedicam à feitura de mantas de lã e tomentos, toalhas
de estopa e fino linho; cestaria; à luminária popular, sobretudo, à reutilização decorativa
de todo o tipo de lanternas, candeias e lampiões; à tanoaria; à tamancaria; aos trabalhos
em pedra, chafarizes, fontanários; às rendas e bordados; à arte floral, palmitos, cerâmica;
e tantos outros, objetos carregados de simbolismo e estética. Ao se percorrer esta região,
em cada recanto, aldeia, cidade ou vila, depara-se com pelourinhos, cruzeiros, nichos,
imagens de santos, de músicos, igrejas, casas, chafarizes, fontanários, testemunhos "vivos"
da capacidade do Homem na arte nobre da Cantaria.
Também a arte de bordar tem uma forte implantação. Bordar é uma atividade feminina
quase universal, cuja origem se perde no tempo e que encontra em Viana do Castelo uma
significativa expressão. A enorme importância que o bordado ganhou em Viana do Castelo
começou com o atelier criado por Gemeniana Branco, no âmbito da Cruzada das Mulheres
Portuguesas, fundada para atenuar as dificuldades que as famílias viveram durante a I
Guerra Mundial. Este atelier realizou uma exposição durante as Festas da Sra. d’Agonia de
1917 que teve um enorme sucesso. A exposição apresentava peças feitas por “aldeãs
deste concelho, que nos seus trabalhos seguem a tradição, usando somente motivos
campestres”, mostrando assim o seu enraizamento numa tradição local. O Bordado de
Viana do Castelo manteve sempre esta ligação à sua origem popular, representando flores
diversas e elementos vegetais que lembram a exuberância da natureza.
As características, a originalidade e a sua importância sócio económica levaram a Câmara
Municipal a pedir a certificação do Bordado de Viana do Castelo, como forma de valorizar
o trabalho das bordadeiras e proteger a sua genuinidade, certificação obtida no início de
2011 e que garantiu um selo de garantia.
Gastronomia e Vinhos
A Gastronomia e os vinhos são um discurso sobre o prazer da mesa. É tributária da
variedade e funde-se na escolha e na seleção. A “mesa” minhota é de reconhecido renome
e capaz de atrair um elevado número de consumidores e turistas. A conservação de pratos
típicos e a produção de vinhos de qualidade e castas únicas da região é alvo de apreciação
por parte de quem os conhece.
Nos vinhos destaca-se o alvarinho de Monção e Melgaço, cuja importância na economia da
região é muito relevante. Desde 2009 que a Festa do Alvarinho e do Fumeiro de Melgaço
(FAFM) é reconhecida pelo Turismo de Portugal como um evento de “Interesse para o
Turismo”. A FAFM é hoje um evento incontornável das festas gastronómicas do país,
atraindo pessoas dos diversos pontos do território nacional e também um grande número
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de espanhóis, sobretudo da vizinha Galiza. A FAFM posiciona-se como um evento dentro
do produto gastronomia e vinhos, que é um dos 10 produtos PENT (Programa Estratégico
Nacional para o Turismo). Este evento pretende ser diferenciador face aos existentes nesse
segmento, tendo uma aposta clara e inequívoca em produtos 100% locais e em atividades
complementares capazes de satisfazer as necessidades de quem nos visita.
Monção também dedica anualmente um evento para valorizar e promover os
monovarietais de Alvarinho da Sub-região de Monção e Melgaço, de forma a enaltecer um
produto endógeno e diferenciador.
A qualidade do vinho da região do Alto Minho está bem patente na nomeação de Viana do
Castelo e o seu Concelho a Cidade do Vinho 2011.
No que respeita há gastronomia da região está bem inventariada no livro “A Boa Mesa do
Alto Minho”, uma coletânea de receitas com assinatura de “cozinheiras” e “donas” que
durante décadas se dedicaram às artes culinárias de tachos e panelas, dá-nos
conhecimento de toda a riqueza de uma tradição do que de melhor temos sobre o
receituário étnico, familiar, caseiro e tradicional da região.
O Alto Minho apresenta pratos tradicionais como: Arroz de Sarrabulho, Posta Barrosã,
Cabrito do Monte, Truta, Cozido com Feijão e Couves, Papas de Sarrabulho, os Rojões; nos
peixes a variedade é muita como o Bacalhau à Moda de Viana, Bacalhau à Gil Eannes, o
Bacalhau à Margarida da Praça, o Arroz de Lampreia, o Sável, etc. Não pode, também,
deixar de se fazer referência ao Vinho Verde. Quando se fala em doçaria devem destacarse os rebuçados dos Arcos, confecionados com açúcar e mel, os charutos de ovos, os
conhecidos doces da Páscoa, o bolo branco, o leite creme queimado, as Rabanadas de Mel,
a torta de Viana, e as meias–luas de Viana.
Uma oferta alargada de pratos representativos e inspirados em diferentes formas de
cozinhar:
• Cozinha popular ou étnica: pratos da tradição antiga que não chegaram aos restaurantes;
cozinha de sentido etnográfico/folclórico que fazia parte da tradição gastronómica
quotidiana do passado e cuja vivência atual só existe em casos pontuais.
Receituário ancestral, de tradição oral (a perder-se), parte fundamental da cultura
gastronómica e repartida pela geografia da região. Em resumo: hábitos alimentares dos
nossos antepassados cuja recuperação requer um trabalho de localização e investigação cozinha comunitária, da época: matança do porco, Consoada, cozinha do Entrudo, Jantar
da Cruz, arroz das lavradas ou arroz de Maio, bucho doce (Melgaço), afogado de cabrito,
sarapatel (Vila Mou), almoço e jantares de Batizados, casamentos e missas novas e em
tempo, ainda muito recente, os jantares dos mortórios.
• Cozinha familiar: receitas de âmbito familiar, recitadas de cor, sem compromissos,
versátil, autónoma, com base nos produtos da “casa” (mimos da horta / quinteiro / corte).
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Feita de muito amor aos tachos e panelas; alguidares e almofias de barros vidrados,
gamelas de pau, carretilhas de latão; a arte maravilhosa de desenhos feitos a fio de canela
- a canelografia. Sofre influências de aculturação (ex. bolo-rei trazido pelas moças
Minhotas criadas de servir em Lisboa).
• Cozinha caseira: é a soma da cozinha popular e familiar. É utilizada já na maior parte
dos restaurantes, sendo possível a sua recriação de modo a torná-la adaptável aos clientes
e gastrónomos (inovação na tradição). Cozinha de caseirices – feminina, ligada às raízes e
memórias da quinta e do folclore (os folares – as célebres roscas das Mordomas, o bate –
pão-de-ló das Romarias; o molho fervente que estruge na caçarola, de azeite fino, vinagre
de sete ladrões, cebola picada, dente de alho e o cheiro a pimenta).
• Cozinha tradicional: usa técnicas tradicionais com receitas mais elaboradas. Interpreta a
cozinha popular com as velhas tradições, os produtos endógenos locais e regionais,
inclusivé, as técnicas de elaboração das respetivas “funções”. Uma gastronomia sólida,
apoiada em sabores próprios de cada ingrediente. As receitas (com pelo menos cinquenta
anos de uma tradição oral viva e operante), são específicas e realçam os sabores do
produto.
Trata-se de um património cultural a preservar presente em cada prato tradicional
exemplificativo da herança e memória comunitárias. São receitas familiares, saberes
conventuais, muitos deles guardados em segredo. A gastronomia reflete diversos aspectos da
história e da tradição da região, sendo que uma das formas encontradas para valorizar os
prazeres da mesa é a realização de diversos festivais dedicados às carnes, aos peixes, aos
vinhos e aos produtos locais.
O Alto Minho é assim uma região rica em produtos da terra e do mar, com grande variedade
de mariscos e de peixes, com pratos de carne fortes em aroma e tempero e com uma carta de
doces, rica em receitas tradicionais, preciosas e delicadas, iguarias que podem ser
acompanhadas por vinhos de casta única e de excelente qualidade.
1.5.4. Turismo
“Nenhum outro sector económico garante, melhor que o turismo, a estreita conexão que deve
existir entre o desenvolvimento regional na medida em que os efeitos económicos e sociais do
turismo, verificados numa região, se repercutem no todo nacional.” Cunha (1997:287)
À semelhança do país e da região Norte de Portugal, região
turística preferida do país, o Alto Minho possui recursos
turísticos fortes, pela sua diversidade e em muitos casos
pela sua unicidade.
Na tabela seguinte reúnem-se de forma sistematizada os
principais recursos turísticos da região Norte, onde é
possível identificar a relevância da oferta turística na região como um todo, e em cada uma das
suas quatro sub-marcas turístico-promocionais.
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Grande Porto
. Centro Histórico do Porto
. Património Histórico-Cultural classificado
. Caves do Vinho do Porto e Barcos Rabelos
. Cultura e Conhecimento
. Centro Económico e Empresarial
. Pólo de Congressos, Convenções e Seminários
. Animação
. Foz do Douro e orla costeira
Alto Minho
. Património Histórico/Religioso
. Diversidade de Cidades e Vilas Históricas
. Vale do Minho e Lima
. Orla Costeira
. Parques Naturais
. Festas e romarias
. Gastronomia e vinhos
. Aldeias rurais
. Solares
DOURO
ALTO TRÁS-OS-MONTES
. Alto Douro Vinhateiro - Património Mundial
. Rio Douro - Canal navegável
. Vindimas e tradições associadas
. Aldeias Vinhateiras e Quintas
. Parques Naturais e Albufeiras
. Gastronomia e Vinhos do Douro e Porto
. Património Histórico-Cultural
. Parque Arqueológico do Côa - Património
Mundial
. Planaltos montanhosos - Natureza e Paisagem
(Ex.: Montesinho)
. Património Histórico-Cultural
. Termas
. Caça e Pesca
. Aldeias rurais
. Gastronomia
. Produtos locais
. Artesanato
Principais recursos turísticos das sub-marcas turístico promocionais
Fonte: Agência Regional do Turismo, 2008
O lazer e a animação turística apresentam-se como um dos vetores económicos mais
dinâmicos da região, oferecendo um conjunto de oportunidades e de iniciativas que visam
melhorar a qualidade de vida das populações e competitividade da região. No âmbito da
evolução que a indústria da recreação, lazer e animação turística sofreu ao longo das últimas
décadas, o destaque vai para o turismo ativo e o turismo de natureza perspetivado
conjuntamente com a valência ambiental e o desenvolvimento socioeconómico, valências em
que o território do Alto Minho é muito dotado.
De facto o Alto Minho é um dos principais destinos turísticos do Norte de Portugal, que se
diferencia pelos recursos turísticos que possui e pela sua localização privilegiada na zona de
fronteira com a região espanhola da Galiza. Assim, no contexto da região Norte, os principais
dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística e pela entidade nacional de
Turismo, Turismo de Portugal I.P., relativamente ao ano de 2009, permitem fazer a seguinte
caracterização do setor:
 A taxa de sazonalidade nas dormidas em estabelecimentos hoteleiros atinge 36% e o
índice de amplitude sazonal é de 1,85. Os meses de verão, quando a temperatura em
Portugal ronda os 30ºC, que são os meses de Julho, Agosto e Setembro é quando esta
região atinge o pico máximo da sazonalidade;
 Os hotéis são os estabelecimentos mais procurados pelos turistas, constituem cerca de
72% das dormidas, seguindo-se as pensões com aproximadamente 20% e depois os
hotéis-apartamentos, com 3%. A tipologia de unidades hoteleiras prevalecente no Alto
Minho é a de Pensões seguida de hotéis, sendo que Ponte da Barca e Paredes de
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Coura não possuem nenhum hotel. As outras tipologias não apresentam quaisquer
ocorrências, ou são bastante residuais para o conjunto dos concelhos.
Número de estabelecimentos Hoteleiros por tipologia
Fonte: Plano de Desenvolvimento do Alto Minho |Desafio 2020 |Diagnóstico Estratégico |Março 2012
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As dormidas nos estabelecimentos hoteleiros da região, por país de residência,
mostram a seguinte ocupação:
o Portugal com aproximadamente 57%;
o Espanha com aproximadamente 14%;
o França com aproximadamente 5%;
o Alemanha com aproximadamente 4%;
o Reino Unido com aproximadamente 3%.
Os passageiros que se movimentam em viagens “low-cost” no aeroporto Francisco Sá
Carneiro representam 44%, sendo que os passageiros desembarcados por
aeroporto/cidade de origem mais representativos são:
o Orly (Paris) com cerca de 11%;
o Lisboa com cerca de 10%;
o Barajas (Madrid) com cerca de 8%;
Segundo dados do Instituto de Estudos Turísticos da Galiza (IET), em 2009, as dormidas
dos galegos em estabelecimentos hoteleiros portugueses representaram mais de 29%
das dormidas totais de espanhóis, tendo o consumidor galego gerado 7,53% do total
das receitas portuguesas;
Para os galegos, a proximidade a Portugal e, sobretudo, ao Norte de Portugal,
reforçada pelas afinidades existentes entre ambos os territórios, tem criado
oportunidades que os operadores turísticos locais têm vindo a aproveitar. Em 2012 o
destino Portugal era comercializado por dez operadores turísticos da Galiza, sete dos
quais situados na província de Pontevedra. O turista galego tem uma forte relação com
os destinos Porto e Norte de Portugal, pela proximidade geográfica mas também pela
proximidade ao aeroporto internacional Francisco Sá Carneiro, havendo mesmo
companhias aéreas com serviço de transfer entre este aeroporto e as principais
cidades da Galiza;
O turismo cultural e religioso, de negócios, de desporto, de sol e praia e de saúde e
bem-estar são as principais motivações de deslocação de turistas a Portugal.
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Beneficiando o território das paisagens naturais e da ruralidade que o caracteriza,
oferece condições excelentes para o desenvolvimento da modalidade de turismo rural.
Modalidade que é cada vez mais importante, sobretudo em regiões onde o turismo
não é, tradicionalmente, uma atividade com peso significativo na economia das
populações locais. Os estabelecimentos de turismo de habitação e no espaço rural na
região Norte representam 41% do valor nacional, correspondendo a 28% das dormidas.
A taxa de ocupação permite verificar que as modalidades mais representativas são:
o Agroturismo com cerca 23%
o Hotel rural com cerca de 21%
o Turismo da aldeia com cerca de 17%.
Os 52 parques de campismo existentes na região Norte representam 23% do valor
nacional. O número de campistas corresponde a aproximadamente 31.000, cerca de
17% do valor nacional. Este tipo de alojamento está concentrado em Caminha e Viana
do Castelo, denunciando a aposta no turismo de sol e mar. Contudo, os municípios que
integram o Parque Nacional da Peneda-Gerês procuram tirar partido do tipo de
turismo de proximidade à natureza que deseja um contacto direto com ela, dispondo
de quatro parques de campismo.
Outra oferta de alojamento que encontramos na região são as casas particulares para
arrendar que, dispersas por todo o território, têm um significado bastante relevante.
Este tipo de oferta de alojamento baseia-se, principalmente, no trato pessoal entre o
proprietário e o inquilino, que em muitos casos perdura durante muitos anos. Pela sua
própria condição, este tipo de oferta é de muita difícil quantificação em termos
absolutos já que, na maioria dos casos, não estão registados como estabelecimentos
turísticos. Neste setor, a economia paralela exerce uma forte concorrência à indústria
legalmente estabelecida, com os inconvenientes que nesta situação provoca.
A região do Alto Minho revelou uma diminuição de 2% do número de
estabelecimentos hoteleiros, entre 2002 e 2009, resultante do equilíbrio entre o
aumento de unidades hoteleiras em Arcos de Valdevez, Melgaço, Ponte de Lima,
Valença, Viana Castelo e Vila Nova de Cerveira, e o encerramento de unidades
hoteleiras em Caminha e Ponte da Barca. Esta tendência insere-se num quadro geral
de crescimento do número de estabelecimentos hoteleiros da região Norte, passando
de 436 para 450 unidades hoteleiras, 3%, ainda que abaixo do resultado obtido a nível
nacional 5%.
A capacidade de alojamento por habitantes no Alto Minho, 17 camas por 1000
habitantes é superior ao referencial da região Norte, 11 camas por 1000 habitantes,
embora fique aquém do patamar nacional, 26 camas por 1000 habitantes. Viana do
Castelo é o concelho que concentra maior número de estabelecimentos e capacidade
hoteleira, 18 estabelecimentos com uma capacidade de 1831 camas, denotando os
reflexos da sua capacidade de atracão enquanto maior o pólo urbano da região,
cabendo a Valença a maior intensidade de número de camas por cada 1000 habitantes,
33 camas por 1000 habitantes. Segundo apurado, não existe qualquer hotel de cinco
estrelas na região, bem como se verificou que a capacidade de alojamento se
concentrar maioritariamente em hotéis de 3 e menos estrelas e em pensões. Realça-se
o reforço de oferta de maior qualidade, designadamente, de hotéis de 4 e 3 estrelas.
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Ainda assim, as pensões de 2 e 3ª categoria continuam a ter um peso percentual
significativo. Igualmente significativo é o claro desequilíbrio entre o litoral e o interior.
Turismo Ativo
Atividades desportivas e ocupação dos tempos livres
O (re)aparecimento e crescimento deste género de atividades parte frequentemente da
necessidade que as pessoas têm de saírem da vida quotidiana e das cidades, e retomarem o
contacto com a natureza.
A procura aumenta, o Alto Minho oferece. São muitos os percursos, trilhos, ecovias com
paisagens ímpares para organizar caminhadas, piqueniques, passeios a cavalo ou de bicicleta.
As zonas mais montanhosas da Peneda são um desafio para os amantes da escalada e do
montanhismo. A descoberta de raças autóctones, das especificidades da fauna e da flora são
outro dos desafios. O rio, e os seus afluentes, as praias fluviais e locais paradisíacos que
permitem relaxar da azáfama do quotidiano, seja através da prática de desportos náuticos ou
simplesmente deixar-se embalar pelo correr das águas. A caça e a pesca são também motivo
para usufruir desta região no período de Inverno.
Turismo Equestre
A equitação é uma atividade que desperta paixões. Com vários centros equestres e a
realização de eventos de vulto ligados ao mundo dos cavalos, dos quais merecem destaque a
Feira do Cavalo de Ponte de Lima e a Feira do Garrano de Sistelo.
O centro equestre do Vale do Lima fica situado junto ao centro da Vila de Ponte de Lima, é um
Centro Hípico moderno, com ótimas condições e equipamentos. Ocupa uma área de 10
hectares, dispondo de 1 Picadeiro descoberto e 1 coberto, 45 boxes e 1 pista de ensino. As
principais atividades são: escola de equitação, desbaste e ensino de cavalos, hipoterapia,
estágios e organização de eventos. Tem também restaurante e bar anexos ao picadeiro.
O centro equestre do Mezio, tem uma localização privilegiada numa das entradas do Parque
Nacional Peneda-Gerês. O empreendimento foi construído numa região de montanha de
desconcertante beleza, com paisagens virgens, rios e ribeiros de águas cristalinas que correm
livres, com uma enorme diversidade de espécies animais e vegetais, oferece-lhe a
possibilidade de viver a aventura da descoberta dos mais belos e inacessíveis percursos,
montado num dos cavalos do Centro, de preferência um garrano, raça autóctone de cavalos,
que é possível observar aqui, em liberdade.
O Centro de Recursos/Hípico da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão
Deficiente Mental (APPACDM), edificado em Monte de Prado, estende-se por uma área com
aproximadamente dois hectares e é constituído por dois picadeiros, um coberto e outro ao ar
livre, cavalariças e outras áreas de apoio, como salas de formação, gabinetes, bar, balneários e
instalações sanitárias.
O Centro, em funcionamento desde Setembro de 2011, enquadra-se numa rede
transfronteiriça de serviços partilhados que facilite a prática a pessoas com deficiência, e foi
financiado no âmbito do Interreg III A, através do Projeto Caminho do Minho.
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Equicoura é uma Escola de Equitação de Plena Natureza, associada a Federação Equestre
Portuguesa e tem como objetivo formar cavaleiros para a prática do Turismo Equestre e da sua
vertente desportiva o TREC (Técnicas de Randonneé Equestre de Competição).
Para isso dotamos os nossos alunos de uma autonomia a cavalo que lhes permita sozinhos ou
acompanhados realizar passeios equestres com segurança necessária a esta atividade equestre.
Os temas abordados na nossa Escola vão desde Equitação, passando pelo Maneio, Cartografia
e Orientação, Noções de Ferração, Primeiros Socorros Humanos e Equinos e Conhecimento do
Meio Ambiente onde estamos inseridos.
Golfe
Os amantes do golfe têm razões para passar uns dias nesta região. Esta atividade já é vista
como um verdadeiro produto turístico na região, pois constitui uma motivação para a
deslocação de pessoas “a qual é suportada não só por infraestruturas desportivas, mas
também, por infraestruturas turísticas”. Existe, assim, um produto que integra o green fee,
mas também serviços de transporte aéreo, renta-car, alojamento, restauração e animação,
entre outros e qualificados perspetivando bons níveis de rendimento.
Atualmente embora exista um único campo de golfe no Alto Minho, o campo de Golfe de
Ponte de Lima, localizado na encosta do Monte da Madalena, este oferece condições únicas
para a prática. É um típico percurso de montanha que se estende ao longo de seis quilómetros
engalanados por uma flora luxuriante e por velhos solares devidamente recuperados para
servirem de infraestrutura ao complexo. Os primeiros nove buracos sucedem-se por entre
árvores seculares (castanheiros, sobreiros e carvalhos); o "tee" do buraco 8 (par 3) encontra-se
suspenso e permite atacar diretamente o "green", situado bem mais abaixo, em direção aos
segundos nove buracos que se inserem no vale, mais precisamente, na Quinta de Pias,
rodeados de vinhas, macieiras, pereiras e campos. O buraco 3 (par 5), com os seus 622 metros,
é o mais extenso de Portugal e um dos mais compridos da Europa.
A autarquia de Cerveira está neste momento em contacto com os promotores, investidores
nacionais, para acertar a evolução do um projeto, numa altura em que já está a ser feita a
aquisição de terrenos. Além do campo de golfe e da unidade hoteleira, o projeto prevê ainda a
componente imobiliária e equipamentos desportivos e de lazer de apoio. Este será então o
segundo campo de golfe do Alto Minho, quando são já também conhecidos mais dois projetos
idênticos para Melgaço e Viana do Castelo.
A região do Alto Minho, apresenta para esta atividade desportiva e turística a seguinte análise
swot:
Pontos Fortes
a) Condições naturais e climatéricas favoráveis à pratica da modalidade durante todo o ano;
b) Contribuição para a diminuição da sazonalidade associada à oferta de Sol e Mar;
c) Como fator de qualificação e diferenciação da oferta turística, com poder de influenciar o
consumidor na escolha do seu destino de férias;
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d) Contributo importante para o crescimento da receita média por turista;
e) Projeção internacional da imagem de Portugal através da realização de grandes eventos,
particularmente o Open de Portugal, o qual se estima que gere à volta de 500 horas de
transmissões televisivas a nível mundial.
Pontos Fracos
a) O Alto Minho como destino Golfe – os campos existentes não chegam sequer para oferecer
o bem conhecido triângulo, condição mínima para fidelizar o praticante de golfe e a família:
golfe de Ponte de Lima (18 buracos), Em carteira o futuro Campo de Golfe de Vila Nova de
Cerveira – Campo de Golfe de 18 buracos, num terreno com uma área de 120 hectares, na
zona ribeirinha do Rio Minho, a montante das instalações do INATEL.
b) Dependência acentuada em dois mercados emissores – Reino Unido e Alemanha;
c) Perceção pelos Operadores Turísticos de aumentos de preços excessivos no alojamento
hoteleiro e nos green fees;
d) Insuficiente promoção como destino de golfe.
Oportunidades
a) O aumento tendencial do número de jogadores, principalmente no mercado espanhol,
podendo-se fazer campeonatos transfronteiriços com os campos de golfe da vizinha Galiza;
b) A diversificação dos mercados alvo, nos quais existe uma procura potencial, nomeadamente
– Áustria, Bélgica, França e Suíça.
c) A vantagem do clima ameno no Inverno é especialmente relevante na concorrência com os
destinos Irlanda, Escócia e França;
d) Aumento do mercado dos jogadores “ocasionais” e com handicaps mais elevados;
e) Oportunidade de mercado para conjugar o golfe a outros desportos ou atividades de lazer,
assim como ao turismo de saúde e bem-estar (conceito de pacote e oferta integrada)
f) Aumento da quota de Portugal em mercados secundários como a Irlanda e Itália.
Ameaças
a) O desenvolvimento da oferta de golfe nos países mediterrâneos, tipicamente concorrentes
de Portugal, nomeadamente em Espanha, Turquia, Marrocos, Tunísia, entre outros;
b) A concorrência cada vez maior de destinos long haul, tais como as Caraíbas, os Estados
Unidos e a África do Sul;
c) A exigência acrescida do consumidor;
d) O crescimento acelerado da oferta, que pode gerar impactos negativos nos preços
praticados, afetando a rentabilidade das empresas e, consequentemente, a qualidade dos
campos.
O Golfe, que cada vez se entrelaça com a saúde e bem-estar, aparece no Plano Estratégico
Nacional de Turismo como um produto emergente no Porto e Norte de Portugal. E sem duvida
que o Alto Minho tem condições naturais e climatéricas favoráveis, inclusive, com a vantagem
de clima ameno no Inverno o que nos torna competitivos em relação à Áustria, Bélgica, França
e s Suíça.
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Finalmente, a existência em Espanha e na Galiza de um mercado potencial cada vez maior de
jogadores de Golfe com possibilidade de se realizarem torneios e campeonatos
transfronteiriços, como por exemplo Alto Minho e Galiza.
Desporto Aventura
No Minho, tal já descrito, região de paisagens exuberantes, mar, rio e montanha oferece
cenários ideais para viver dias de desporto e aventura. Escalar uma montanha e subir ao topo
de uma serra. O esforço e perícia para contornar os obstáculos são premiados com uma
verdadeira fuga à rotina. Desportos que permitem momentos de absoluta descontração
trilhando caminhos de natureza e fazendo passeios a pé. Veja dólmenes, vestígios da presença
romana, cavalos selvagens e aves de rapina.
Na região, várias empresas alugam material e aconselham os aventureiros ou desportistas
sobre segurança, percursos e locais onde pode praticar o desporto de que mais gostam.
O que se pode fazer na região:
- Viver momentos do mais puro contacto com a natureza praticando escalada;
- Chegar mais perto da natureza da melhor maneira, percorra a pé diversos trilhos que rasgam
a exuberante paisagem da região.
- Descer do Rio Minho em Rafting;
- Canoagem é um desporto náutico, praticado com canoa ou caiaque;
- Canyoning, no rio e regatos, desporto que consiste na descida de rios e riachos recorrendo a
técnicas próprias do alpinismo;
- Paintball na zona norte de Portugal, um jogo de equipa por excelência. Apele aos instintos,
sentido de responsabilidade e cooperação;
- Desporto Aventura Slide, uma das manobras de cordas mais utilizadas para transpor
obstáculos / desníveis.
- Escalada rapel, é uma atividade vertical criada com base nas técnicas de alpinismo, usando
cordas e equipamentos adequados para uma descida de paredões, pontes ou outro tipos de
edificações.
- Tiro com arco, prática de utilizar um arco e flechas para atingir um alvo.
- Cicloturismo em Melgaço (passeios BTT), o concelho de Melgaço tem um grande número de
trilhos a sua disposição para a realização de passeios em BTT.
- Os rios, ricos em peixe e aves aquáticas, oferecem bons momentos aos amantes da caça e
pesca desportiva.
Desportos Náuticos
De destacar na região o Clube Náutico de Ponte de Lima, fundado em 1991, é uma instituição
ao serviço dos Limianos. Atingiu nos últimos anos um muito merecido lugar de destaque na
canoagem nacional, fruto de um projeto sustentado e da dedicação e empenho de todos
aqueles que tem feito parte das fileiras deste clube. Tem alcançado um crescimento
exponencial no Turismo Náutico, voltado para as populações, visitantes e turistas, permitindo
a qualquer pessoa praticar canoagem, quer seja no aluguer de caiaques, quer em descidas de
rio com monitores. No clube pode ainda alugar uma bicicleta e partir à descoberta das ecovias.
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O clube organiza Férias Desportivas com o intuito de levar a modalidade aos mais jovens,
contribuindo para a ocupação dos tempos livres e criação de hábitos saudáveis.
E também o centro de Alto Rendimento de Surf de Viana do Castelo, importante infraestrutura para o desenvolvimento desportivo nacional e para a afirmação região como destino
de excelência para a prática do Surf e do Bodyboard, contribuindo, também, para o
desenvolvimento de hábitos de vida saudável. Este é mais um importante marco na história do
Surf em Portugal. Os Centros de Alto Rendimento são espaços de treino de alta qualidade para
potenciar o desenvolvimento de atletas.
Turismo de Natureza
Tanto o modo de vida como o aspeto do território, em particular das aldeias têm vindo a
mudar, fruto do desenvolvimento turístico e da fuga rural, evidenciando-se hoje em dia uma
população maioritariamente idosa. Esta mudança é bem notória, principalmente no Gerês,
onde o turismo, devido à serra e às termas, provocou uma enorme dinâmica com a criação de
estruturas hoteleiras, restaurantes e cafés. Para além das termas, existem no Parque vários
equipamentos que dinamizam a visita a este espaço. A gestão de ocupação de alguns destes
equipamentos é efetuada através de uma central de reservas, pela ADERE- Peneda–Gerês
(Associação de Desenvolvimento das regiões do Parque Nacional da Peneda- Gerês), criada
pelos municípios, que são abrangidos pelo Parque, para a divulgação e promoção desta área
protegida.
Associada ao turismo de natureza importa destacar a Serra d’Arga. Esta serra de origem
granítica situada entre os rios Lima e Minho, no sistema montanhoso da Peneda-Gerês,
proporciona uma paisagem única sobre o Rio Minho, Caminha, a as povoações espanholas da
Galiza. Repleta de património natural como quedas de água, piscinas naturais e terrenos
férteis, a Serra d'Arga é uma das zonas mais harmoniosas do distrito, onde é ainda possível
observar animais selvagens e espécies botânicas impares. Assim, atualmente já existe alguma
oferta ao nível de atividades de desporto na natureza com interpretação e educação ambiental.
Turismo Religioso
O Alto Minho tem uma identidade cultural e religiosa muito forte, com um património rico e
com pessoas devotas que tentam preservar esta sua identidade, nomeadamente através das
muito frequentes festas e romarias de cariz religioso.
A Cooperativa Turel|TCR - Promoção e Desenvolvimento do Turismo Cultural e Religioso,
entidade que congrega elementos da Igreja, do comércio e do turismo, tem vindo a promover
as jornadas luso-galaicas de turismo cultural e religioso. Nas últimas jornadas, realizadas em
Junho 2012, foi fácil de concluir que a região do Minho, incluindo o Alto Minho, está a perder
visitantes para o Porto e Santiago de Compostela. O património religioso do Minho não tem
sido bem preservado e a oferta assenta ainda em pressupostos antigos, mas a partilha de
experiências e a apreensão das melhores técnicas desenvolvidas na Galiza, podem revitalizar
os santuários da região.
"O sul da Galiza e o norte de Portugal podem assumir-se como uma região interessante do
ponto de vista do turismo termal, capaz de atrair turistas do norte da Europa." A afirmação foi
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proferida por Xosé Santos Solla, diretor do Centro de Estudos Turísticos de Santiago de
Compostela. Mas falta uma ação congregada em estratégias comuns. Nas diferentes posturas
de promoção turística, além do forte investimento em ações no estrangeiro, a Galiza
desenvolveu uma nova lei para o sector e apostou forte na formação. E o sucesso galego bem
deve ser aproveitado por Portugal. É que os grandes operadores turísticos europeus e mesmo
mundiais, colocam as visitas ao Alto Minho como "facultativas". O Porto tem vindo a assumirse como o principal destino, e a deslocação aos templos do Alto Minho aparece como opção
num dos dias livres do programa. Porque, "nas cidades-santuário, quem estabelece as
prioridades é a Igreja", a oferta deve cativar os visitantes, através de programas
complementares que fixem as pessoas na região.
É sem dúvida fundamental fixar turistas na região, surgindo a necessidade de criar programas
orientados para este fim. Há a necessidade de estabelecer ações conjuntas, inter-regionais e
transfronteiriças, que coloquem a oferta do Alto Minho nos itinerários culturais e religiosos e
que esta seja aliciante e haja um interesse comum em bem receber os turistas. "Não podemos
continuar a defender o nosso cantinho. Temos de pensar de forma global."
É no Minho - Alto Minho onde se situam muitos dos santuários marianos existentes no país,
distribuindo-se por zonas de montanha, como o da Senhora da Peneda, em Arcos de Valdevez,
e espaços urbanos como é o caso da Srª da Agonia no centro de Viana do Castelo. De salientar
também festas e romarias em honra a Santa Rita de Cássia, Nossa Sra. da Bonança, S. Bento, a
Festa das Solhas e a Romaria de S. João D'Arga, esta última a mais genuína e com maior
dimensão do concelho de Caminha.
De modo a revitalizar este património, o presidente da Região de Turismo do Alto Minho,
aludiu à criação de um itinerário religioso que ligasse Fátima a Santiago de Compostela,
percurso esse que privilegiasse os santuários. Cabe também, aos operadores turísticos a
dinamização do circuito destinado ao turismo religioso. Segundo disse, de um total de 892
festas realizadas, este ano, na região, 343 decorreram em santuários marianos.
Turismo Gastronómico
A Gastronomia implica amar e apreciar verdadeiramente boa comida e bom vinho, dois dos
prazeres da vida que, quando são sustentados por um bom serviço e boa companhia, ajudam a
proporcionar uma refeição, realmente fantástica. A sua preservação e valorização deverão,
pois, ser vistas como tão importantes como a de qualquer outro elemento do património
cultural. Vários estudos têm vindo a mostrar que as mais recentes escolhas turísticas dão
preferência ao Turismo Cultural incluindo as experiências interculturais, em que a gastronomia
constitui-se como um recurso turístico primário, espelhando a identidade de uma região, de
um povo.
A Gastronomia Tradicional Portuguesa, e a do Alto Minho em particular, é um importante polo
de atração dos fluxos turísticos. Nos diversos Congressos realizados pela Confraria dos
Gastrónomos do Minho se vem afirmando: “da urgente necessidade da criação de roteiros –
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tipo Domingos Gastronómicos - que pelo facto de se situarem na chamada época baixa
permitem combater a sazonalidade no Turismo do Alto Minho”.
A Gastronomia Tradicional Portuguesa é única e simplesmente classificada como um recurso
turístico primário quando ligada a festivais ou a concursos. De facto, e segundo a Direção Geral
do Turismo, Gastronomia e Vinho por si só, não se constituem atrações turísticas primárias.
Daí que a Região de Turismo do Alto Minho, em 2001 (I Congresso Internacional de
Gastronomia e XII Congresso de Gastronomia do Minho) quando teve entre nós o grupo de
Investigação Internacional do Turismo da Associação ATLAS, assim como especialistas da
vizinha Galiza e Espanha, considerou-se ao abordar este tema nos respetivos Congressos como
sendo “pioneira na valorização da Gastronomia Regional como um verdadeiro Produto
Turístico”.
Turismo da Saúde e Bem-estar
Nos dias de hoje, devido à pressão e stress do quotidiano, muitos viajantes preferem gozar as
suas férias em Spas, termas ou espaços de fitness e bem-estar.
No Alto Minho, nomeadamente em Monção e Melgaço, as termas locais são muito procuradas
pelos tratamentos que oferecem.
Localizado entre lagos e montanhas, no coração do Parque Nacional de Peneda-Gerês, estão
os Spas-termais do Gerês e Caldelas.
Muitos dos solares da região já estão equipados com spas, piscinas e centros de fitness para
responder a novas tendências.
Como complemento ou suplemento a estas ofertas, a região dispõe de outras atividades
desportivas e ligadas à natureza como é o caso do golfe.
1.5.5. Tecido empresarial
A trajetória de crescimento do território Alto Minho acompanha o padrão nacional, em que os
ligeiros avanços obtidos em termos de aumento dos níveis de produtividade mais do que
compensam os ligeiros recuos na intensidade de utilização dos recursos humanos (justificados,
em larga medida, pelo processo de envelhecimento populacional).
PIB per capita e evolução real do PIB per capita. Fonte: Plano de Desenvolvimento do Alto Minho |
Desafio 2020 | Diagnóstico Estratégico | Março 2012
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A qualidade de vida proporcionada pelos níveis de Produto Interno Bruto per capita dos
vizinhos da região da Galiza e das províncias da Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra superam
claramente o patamar português, com dinâmicas de crescimento cerca de duas vezes
superiores para o período em análise, embora o seu posicionamento relativo esteja abaixo do
referencial espanhol, com a Corunha a registar maior aproximação ao Produto Interno Bruto
per capita espanhol, ainda assim inferior em cerca de 13% ao Produto Interno Bruto per capita
de Espanha. O modelo de crescimento que sustenta o ritmo mais acelerado de crescimento do
Produto Interno Bruto per capita destas regiões espanholas é explicado por uma conjugação
cumulativa de aumentos dos níveis de produtividade e da intensidade de utilização dos
recursos humanos, com a intensidade de contributo dos níveis de utilização de recursos
humanos a superar o da produtividade. O modelo de crescimento económico destas regiões
espanholas difere do português na medida em que assenta, maioritariamente, no aumento
dos níveis de emprego do que no aumento da produtividade, principal alavanca do
crescimento económico português neste período.
O setor primário representa cerca de 3% da riqueza produzida no Alto Minho, ligeiramente
superior ao peso deste setor na riqueza produzida no País, com 2,4%. O Alto-Minho revela
uma especialização mais vincada que a região Norte e as NUTSIII do Cávado e do Ave neste
setor. As indústrias e a construção assumem um peso de 33% no Alto-Minho, valor superior ao
registado no país e alinhado com a região Norte.
A especialização produtiva do Alto-Minho, quando analisada na ótica da criação de riqueza,
evidencia que, em geral, esta é uma região onde os setores ligados à produção de bens
(agricultura, indústria e construção) são mais representativos.
Segundo dados de 2009 do Instituto Nacional de Estatística, o tecido empresarial português
constitui-se por 1060906 empresas, de entre as quais 342044 situavam-se a Norte do País e
dessas, 22195 no Alto Minho.
Total
Portugal
Continente
Norte
Alto Minho
1 060 906
1 019 248
342 044
22 195
Total
1 060 018
1 018 396
341 807
22 180
0 - 249
Menos de 10
1 014 103
974 543
324 079
21 261
10 - 49
40 135
38 317
15 526
838
50 - 249
5 780
5 536
2 202
81
250 ou
mais
888
852
237
15
Empresas segundo o escalão de pessoal ao serviço, 2009. Fonte: INE, Anuários Estatísticos RegionaisInformação estatística à escala regional e municipal – 2010.
De entre as 22195 empresas do Alto Minho, verifica-se uma distribuição relativamente
uniforme consoante a dimensão e desenvolvimento empresarial do município.
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0 - 249
Total
Alto Minho
Arcos de Valdevez
Caminha
Melgaço
Monção
Paredes de Coura
Ponte da Barca
Ponte de Lima
Valença
Viana do Castelo
Vila Nova de Cerveira
22 195
1 701
1 961
635
1 768
659
913
3 263
1 475
8 866
954
Total
Menos de 10
10 - 49
22 180
1 701
1 961
635
1 768
659
913
3 262
1 473
8 856
952
21 261
1 653
1 914
620
1 698
641
885
3 079
1 408
8 455
908
838
43
41
15
68
17
27
171
57
365
34
50 249
81
5
6
0
2
1
1
12
8
36
10
250 ou
mais
15
0
0
0
0
0
0
1
2
10
2
Empresas, por município, segundo o escalão de pessoal ao serviço, 2009. Fonte: INE, Anuários
Estatísticos Regionais-Informação estatística à escala regional e municipal – 2010
Segundo a mesma fonte, em 2010, a distribuição de empresas por município era a seguinte:
o Arcos de Valdevez – 8%;
o Caminha – 9%;
o Melgaço – 3%;
o Monção – 8%;
o Paredes de Coura – 3%;
o Ponte da Barca – 4%;
o Ponte de Lima – 15%;
o Valença – 7%
o Viana do Castelo – 40%;
o Vila Nova de Cerveira – 4%.
Em que se destaca Viana do Castelo e Ponte de Lima, apresentando uma proporção conjunta
no total do território de cerca de 55%. Quando à distribuição das empresas por CAE (Revisão 3),
verifica-se que os setores do Comércio por Grosso e a Retalho, da construção, da indústria
transformadora e dos transportes e armazenagem são os CAE’s predominantes na região.
Numa análise a nível de município apercebemo-nos que o CAE com maior ponderação é o CAE
do setor do Comércio por Grosso e a Retalho. Podemos destacar especificidades desta
distribuição a nível de município, onde para além deste elemento em comum, o município de
Valença é aquele onde se regista a maior representatividade deste setor. Outro elemento em
destaque seria a proporção do CAE do setor da construção, imediatamente a seguir ao CAE do
setor do Comércio por Grosso e a Retalho, sendo Valença o município que apresenta uma
menor ponderação neste setor de atividade.
Na distribuição do pessoal ao serviço pelas empresas por município, constata-se que os CAE do
setor das Industrias transformadoras, Construção e comércio por grosso e a retalho,
respetivamente, são os que têm maior proporção de trabalhadores, acompanham a tendência
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Blueprint “Alto Minho Km0”
verificada nas demais unidades territoriais. No entanto cada município apresenta as suas
especificidades.
O setor terciário é responsável por cerca de 52% do emprego na região. Esta preponderância
está fortemente alicerçada em setores que evidenciam elevados ritmos de crescimento do
emprego na região, como a educação e saúde, com 11% e os serviços empresariais, com 13%,
com crescimento superior ao verificado no País, e em setores com crescimentos moderados,
em linha com o padrão nacional, mas com expressiva dimensão, como a distribuição e
comércio, que representam 19% e a hotelaria e restauração, com 6%.
As indústrias extrativas, o têxtil, vestuário e calçado, as metálicas, o material de transporte e a
construção são as de maior concentração de emprego do Alto Minho, quando se estabelece
comparação com o patamar de referência concedido pela estrutura nacional do emprego por
setores de atividade. A especialização mais vincada é na indústria do material de transporte,
com peso no emprego no Alto-Minho, este setor representa cerca de 5,3% do emprego gerado
no Alto-Minho e cerca de 1,1% do emprego gerado no país.
As indústrias metálicas, de material de transporte e as químicas, que representam cerca de
16% do emprego do Alto Minho, destacam-se como as únicas responsáveis pela criação de
postos trabalho. As indústrias do têxtil, vestuário e calçado e as extrativas, foram os únicos
setores de especialização da região com perdas no emprego, ainda que tenham acompanhado
a tendência nacional.
Resumindo, trata-se de um território dotado de uma base empresarial ainda débil, muito
assente em microempresas ligadas às atividades de comércio, alojamento e restauração, mas
onde as atividades industriais e de construção tem vindo a ganhar alguma importância,
sobretudo enquanto atividades geradoras de emprego.
Em termos concelhios, Viana do Castelo assume-se claramente como o principal pólo de
atividade económica, destacando-se depois Ponte de Lima no Vale do Lima, e Valença e Vila
Nova de Cerveira no Vale do Minho, como pólos de segundo nível com alguma expressão.
Salienta-se ainda o concelho de Arcos de Valdevez, que nos últimos anos tem vindo a emergir
como pólo de atração de atividades industriais.
Nos últimos anos tem-se assistido a um esforço na consolidação e modernização da base
empresarial existente, sendo também visível a emergência de um processo de transição ao
nível da especialização produtiva, com incidência sobretudo no sector secundário onde, por
um lado, fruto de investimentos públicos nos domínios das acessibilidades e da infraestruturação do acolhimento empresarial e, por outro lado, da existência de disponibilidade de
mão-de-obra.
Relevância regional do perfil de especialização produtiva:
Indústrias Extrativas: constituí 429 empregos no Alto-Minho, representa 4% do emprego no
país e 1% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização
produtiva: Monção, Ponte de Lima, Valença e Ponte da Barca, respetivamente.
Agricultura: constituí 1542 empregos no Alto-Minho, representa 2% do emprego no país e 3%
do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva:
Caminha, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Arcos de Valdevez, Melgaço, Monção e Paredes de
Coura, respetivamente.
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Blueprint “Alto Minho Km0”
Madeira, cortiça e mobiliário. Papel e publicações: constituí 1645 empregos no Alto-Minho,
representa 2% do emprego no país e 3% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com
relevância nesta especialização produtiva: Monção, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do
Castelo, respetivamente.
Alimentares: constituí 1728 empregos no Alto-Minho, representa 2% do emprego no país e 3%
do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva:
Melgaço, Monção, Ponte da Barca, Valença e Vila Nova de Cerveira, respetivamente.
Material de Construção: constituí 839 empregos no Alto-Minho, representa 2% do emprego no
país e 1% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização
produtiva: Monção, Arcos de Valdevez e Ponte de Lima , respetivamente.
Industrias Metálicas: constituí 2766 empregos no Alto-Minho, representa 3% do emprego no
país e 5% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização
produtiva: Arcos de Valdevez, Caminha, Monção, Ponte da Barca, Valença, Viana do Castelo e
Vila Nova de Cerveira, respetivamente.
Material de transporte: constituí 3118 empregos no Alto-Minho, representa 9% do emprego
no país e 5% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização
produtiva: Valença, Viana do Castelo, Vila Nova de Cerveira, Monção e Ponte de Lima,
respetivamente.
Mecânicas e eletrónicas: constituí 1187 empregos no Alto-Minho, representa 2% do emprego
no país e 2% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização
produtiva: Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira, respetivamente.
Industrias Químicas: constituí 627 empregos no Alto-Minho, representa 1% do emprego no
país e 1% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização
produtiva: Arcos de Valdevez, Melgaço e Paredes de Coura, respetivamente.
Têxtil, Vestuário e Calçado: constituí 4493 empregos no Alto-Minho, representa 3% do
emprego no país e 8% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta
especialização produtiva: Arcos de Valdevez, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Caminha e
Viana do Castelo, respetivamente.
Energias Renováveis
Mais recentemente, a produção de energias renováveis (especialmente a energia eólica)
começa a ganhar importância na dinamização da região, com um grande potencial de
crescimento podendo alavancar a atividade económica local em torno de uma fileira que pode
levar Viana a constituir-se, num futuro não muito distante, como a Capital da Energia.
A dinamização do cluster das energias renováveis em Viana do Castelo, especialmente nas
atividades de investigação e de produção de bens de equipamento que se lhe possam associar,
pode ser um aspeto determinante no sucesso económico da região nas próximas décadas.
Projeto “Alto Minho Km0”
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Blueprint “Alto Minho Km0”
A maior referência é a energia eólica, sendo que em 2010 o Parque Eólico Alto Minho
encontrava-se em 13º lugar entre os 20 maiores Parques Eólicos do Mundo. Constituído por
120 aerogeradores (modelo Enercon), o parque tem uma capacidade instalada de 240 MW,
estando prevista uma produção anual de 530 GW/h.
O empreendimento conta com 120 aerogeradores com capacidade de 2 MW cada, o que
totaliza uma potência de 240 megawatts distribuídos por 5 subparques (38 em Picoto – São
Silvestre, 52 em Mendoiro – Bustavade, 32 em Santo António, 66 em Alto de Corisco e 52 em
Picos).
Benefícios:
 Não emite gases poluentes e nem gera resíduos para o ambiente.
 Fonte de energia inesgotável
 Os parques eólicos permitem outros usos do terreno, como a agricultura e a criação de
gado.
 Geram emprego e investimento em zonas desfavorecidas
 Reduz a dependência energética do exterior
 É uma das fontes mais baratas de energia
 Os parques eólicos requerem escassa manutenção
 Criação de emprego direto e indireto
Os contra deste tipo de energia são diminutos (impacto sonoro, sobre as aves, visual,
intermitência), sendo que a maioria pode ser eliminada ou atenuada caso seja considerado no
estudo de viabilidade, nomeadamente quanto à sua localização.
Na região está localizado o projeto Enercon/Eneop, que constitui o maior cluster de energias
renováveis do país e tem um importante impacto socioeconómico no concelho e na região.
1.5.6. Associações Empresariais e Instituições de Referência
O movimento associativo empresarial em Portugal ainda tem uma forte presença na atividade
económica do país, contudo, enfrenta atualmente um grande paradigma: manter a sua missão
de apoiar o crescimento sustentado das empresas que representam, continuando a seguir as
orientações e forma de atuar das últimas décadas ou, desafiando os mais conservadores e
resistentes nesta matéria, conceber e desenvolver novas formas de organização dos seus
recursos, oferta de novos serviços aos associados, desenvolver e apoiar novas formas de
cooperação com os parceiros institucionais, mudanças todas elas necessárias para
acompanhar as tendências de mercado e as estratégias do tecido empresarial.
Continuar a atuar da mesma forma não só é acrónico como pode custar a própria existência e
razão de ser de uma associação. A capacidade de mudança, de identificar os atuais desafios
das empresas e de encontrar soluções inovadoras para essas necessidades, constitui hoje
Projeto “Alto Minho Km0”
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Blueprint “Alto Minho Km0”
requisitos sem os quais será difícil a sustentabilidade, e em alguns casos a continuidade das
associações empresariais.
Acontece que em Portugal nem sempre as empresas se têm sentido bem representadas por
estas entidades que persistem em adotar os mesmos métodos de comunicação com os seus
parceiros, oferecer os mesmos serviços, não conseguindo adaptar a oferta à procura no atual
contexto global.
É necessário refletir, reorganizar e alinhar estruturas, modelos de atuação e estratégias, já que
a existência de entidades coletivas que defendam os interesses das empresas continua a ser
essencial para:
 Potenciar recursos, competências e oportunidades do tecido empresarial,
 Dar dimensão às empresas nacionais, maioritariamente PME,
 Aumentar o lobby de setores e regiões junto do mercado em geral, e do poder central
em particular, ajustando medidas que sirvam o país, as regiões e as empresas
nacionais.
Um dos motivos que é apontado para a diminuição da notoriedade das associações parece
resultar da existência de um número elevado destas entidades face há dimensão do território
nacional, nomeadamente ao nível do movimento associativo regional, em que a quantidade
não resulta por vezes num serviço de qualidade, alinhado, agregado e em uníssono.
No território nacional encontramos associações empresariais de cariz local, regional e nacional,
função da área geográfica e do território que abrangem e da expressividade da atividade
económica que outrora representavam.
Nesta matéria o Alto Minho não se diferencia muito do panorama nacional, registando-se por
um lado a existência de pequenas associações de base local, com recursos humanos e
materiais limitados, e por outro, associações de âmbito regional e nacional com acesso a mais
recursos, podendo oferecer serviços com outra abrangência e profundidade.
Relativamente a Associações Empresariais, Comerciais e Industriais, no Alto Minho existe
quase uma por município, para além das entidades mais setoriais. Da necessidade de alinhar e
consolidar estratégias e planos de ação em prol de um maior desenvolvimento económico e
social da região, emergem entidades mais agregadoras como a CIM Alto Minho - Comunidade
Intermunicipal do Alto Minho e o CEVAL - Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho.
O Ceval, promotor do projeto Alto Minho Km0, surge da necessidade de atribuir maior
“dimensão” ao tecido empresarial da região através da criação de uma entidade única,
agregadora de diferentes entidades para a região e que por isso se pretende resulte numa
entidade com maior poder e influência junto do poder político local e central.
Assim, o Ceval é uma associação sem fins lucrativos que abrange todas as entidades privadas,
públicas, individuais e coletivas do setor empresarial ou de outros setores que intervenham ao
nível da economia regional e que estejam inscritas na entidade Ceval, tendo por base, entre
outras instituições e empresas, as seguintes Associações:
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Blueprint “Alto Minho Km0”





ACIAB - Associação Comercial e Industrial dos Arcos de Valdevez e Ponte da Barca;
ACICMM - Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Monção e Melgaço;
AEPL - Associação Empresarial de Ponte de Lima
AEV - Associação Empresarial de Valença
AEVC - Associação Empresarial de Viana do Castelo
Associações empresariais e outras Instituições de Referência no Alto Minho e para a região:
ACEB - Associação para a Cooperação entre Baldios
ACIAB - Associação Comercial e Industrial dos Arcos de Valdevez e Ponte da Barca
ACICMM - Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Monção e Melgaço
ACIVAC - Associação Comercial e Industrial dos Vales do Âncora e Coura
ADERE – Peneda-Gerês
ADRIL - Associação do Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Lima
ADRIMINHO – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho
AEPL - Associação Empresarial de Ponte de Lima
AEV – Associação Empresarial de Valença
AEVC - Associação Empresarial de Viana do Castelo
AGRESTA - Associação de Agricultores do Minho
AIMINHO – Associação Industrial do Minho
ARDAL - Associação Regional de Desenvolvimento do Alto Lima
AREA Alto Minho - Agência Regional de Energia e Ambiente do Alto Minho
Associação de Agricultores de Paredes de Coura
Associação de Produtores de Alvarinho
Associação de Produtores Florestais do Vale do Minho
Associação dos Jovens Agricultores do Minho
CENTER – Central Nacional do Turismo no Espaço Rural
CEVAL - Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho
CIM Alto Minho - Comunidade Intermunicipal do Alto Minho
COOPETAPE - Cooperativa de Ensino, CRL
CPVC - Comunidade Portuária de Viana do Castelo
IDCEM – Instituto para o Desenvolvimento do Conhecimento e da Economia do Mar
InterMinho, Sociedade Gestora de Parques Empresariais
RTAM - Região de Turismo do Alto Minho
TURIHAB - Associação de Turismo de Habitação (e Solares de Portugal)
UEVM - União Empresarial do Vale do Minho
Uniminho
VALIMAR – Com Urb – Comunidade Urbana Valimar
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2. IMPACTOS
2.1. Pressões que a região enfrenta
Pese embora as grandes potencialidades da região que é necessário valorizar, existem
estrangulamentos que é necessário minimizar ou contrariar.
Transportes
Ao nível dos transportes a região do Alto Minho tem vantagens competitivas quando
comparada com outras regiões, nomeadamente as de maior interioridade.
A proximidade com três aeroportos internacionais, a existência de um porto de mar em Viana
do Castelo, e uma extensa rede rodoviária constituída essencialmente por vias de tipologia
Estradas Nacionais e auto-estradas fazem da região um local estratégico do ponto de vista da
logística e transporte de pessoas e bens.
Contudo a região ainda carece de melhorias, nomeadamente na necessidade de modernizar a
ferrovia, e de ter uma melhor gestão e operacionalização da rede de transportes coletivos.
A extensa e retalhada área geográfica do Alto Minho tem fomentado algum índice de
fragmentação da rede de transportes coletivos que serve a região. A grande diversidade de
operadores também não contribui de forma positiva para a fluidez e eficiência da rede de
transportes, essencial para a dinamização e sustentabilidade do Alto Minho.
É pois necessário adotar um novo modelo organizativo que melhore a operacionalidade do
sistema, a sua rentabilidade e o nível de serviço entregue aos utentes nomeadamente nos
horários e itinerários disponibilizados. Seria importante esbater barreiras intermunicipais,
inter-regionais e transfronteiriças, apostando num sistema de gestão mais centralizado, mais
integrado, que permita uma eficiente articulação entre os mesmos, que permita uma efetiva
intermodalidade.
Resolvido este constrangimento, iremos possivelmente observar um menor índice de migração
para os grandes centros urbanos, uma maior motivação e disponibilidade para as pessoas
procurarem outras soluções para a sua vida pessoal e profissional.
Com uma rede de transportes coletivos mais “atraente”, será possível para os habitantes e
visitantes do Alto Minho usufruírem dos recursos endógenos da região, contribuindo para o
seu desenvolvimento.
A modernização da linha ferroviária da região resultará num maior fluxo de bens com outros
mercados a nível nacional e internacional, dadas as vantagens que o recurso a este meio de
transporte traz para a cadeia de valor de muitos negócios. A mobilidade de pessoas também
sairia a ganhar com uma rede ferroviária mais articulada e alinhada com outros meios de
transporte que servem a região, como é o caso dos transportes aéreos.
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Promoção e Venda
Não é um problema que assiste somente a esta região, mas é um desafio a nível
nacional.
Há semelhança da grande maioria das regiões do país, estamos na presença de um
território rico em recursos endógenos, não só pela quantidade de oferta, mas
essencialmente pela qualidade e diversidade disponível.
Acontece que tendo como referência a média da Europa a 27 (EU27) o Alto Minho tem
um Produto Interno Bruto (PIB) per capita inferior a 50%, e no contexto nacional este
indicador situa-se a cerca de 62% do valor médio, isto é, a região tem um baixo índice
de atividade economia, com um valor total de produção de bens e serviços muito
abaixo dos referenciais mais próximos.
A região tem que produzir e transformar mais, o que só acontece se conseguir atrair
investimento e promovendo mais e melhor os recursos já existentes na região, dando a
conhecer mais o Alto Minho real e potencial.
Assim, aumentar a atividade económica local, o volume de vendas para outros
mercados internos e externos, a pare da necessidade de acrescentar valor ao produto
final com origem local, é um desígnio da região.
Através de uma forte campanha de divulgação da região e das suas mais-valias, deverá
constituir uma das prioridades estratégicas da região.
À semelhança do país, o Alto Minho precisa de acreditar e comunicar de forma mais
eficaz os seus valores, os seus recursos, a sua cultura, sendo que o setor do Turismo
tem aqui um papel fundamental.
Através de uma oferta turística bem definida e agregada, seja combinando os recursos
do Alto Minho, ou mesmo agregando-os a outros recursos da região Norte de Portugal
e da Galiza, será possível construir produtos mais competitivos no mercado, que
resultem numa maior visibilidade e notoriedade da região.
A região carece de operadores turísticos especializados no turismo recetivo, capazes
de vender a região aos diferentes públicos. Também existem insuficiências visíveis ao
nível da formação profissional da hotelaria, restauração e comércio em geral que são a
“frente-de-casa” da região.
De qualquer forma e a título de exemplo, se alargarmos a região do Alto Minho ao
Minho, é possível identificar um conjunto de produtos turísticos prioritários que urge
serem desenvolvidos na Região do Alto Minho de uma forma integrada com recurso a
Programas de Ação de Desenvolvimento Turístico Integrados.
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RESUMO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS POR PRODUTOS TURÍSTICOS PRIORITÁRIOS - ALTO MINHO
PRODUTOS TURÍSTICOS
RECURSOS DISPONÍVEIS
PRIORITÁRIOS
TURISMO DE NEGÓCIOS
Capitais de distrito com unidades hoteleiras com instalações que permitam a
realização de eventos;
Pavilhões Multiusos em Guimarães e Braga;
Forte de Santiago da Barra e Pavilhão da Associação Industrial do Minho.
TURISMO URBANO
Braga, Guimarães, Vila Real e Viana do Castelo.
TURISMO NATUREZA
Vale do Lima;
Parque Nacional Peneda-Gerês, Parque Natural do Litoral Norte;
Área de Paisagem Protegida do Corno do Bico e das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro
de Arcos;
Aldeias Rurais: Branda da Aveleira - Melgaço;
Castro Laboreiro - Melgaço;
Germil – Ponte da Barca; Lindoso – Ponte da Barca;
Sistelo – Arcos de Valdevez;
Soajo – Arcos de Valdevez;
Cabração – Ponte de Lima;
Serra d'Arga.
TURISMO NÁUTICO
Rio Minho, Rio Lima, Rio Cávado e Rio Ave, Rio Neiva e Rio Âncora;
Porto de Recreio de Viana do Castelo;
16 praias com bandeira azul.
Alvarinho de Monção;
Proximidade com a Região Demarcada dos Vinhos Verdes e a Rota dos Vinhos
Verdes;
Reconhecida gastronomia da região;
Fumeiro, Sarrabulhos, Cozido à Portuguesa, Arroz de Cabidela, Rojões, Peixe fresco,
bacalhau.
GASTRONOMIA E VINHOS ENOTURISMO
TURISMO DE SAÚDE E BEMESTAR
Termas do Gerês, Termas de Melgaço, Termas de Monção, Caldas de Eirogo
SPA: Axis Viana Business & Spa Hotel (4 estrelas) Viana do Castelo; Monte Prado
Hotel & Spa (4 estrelas) Melgaço/Viana do Castelo, Hotel Flor de Sal (4 estrelas) Viana
do Castelo.
TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL
Santuários de Nossa Senhora da Peneda;
Caminhos de Santiago;
Solares de Portugal e Quintas minhotas, Eventos Religiosos: Semana Santa –Braga,
Corpo de Deus – Penafiel, Santa Cruz –Alvarães, S. João – Porto, Senhora da Agonia Viana do Castelo, Feiras Novas – Ponte de Lima;
Existência de outras festas e romarias de grande notoriedade.
GOLFE
Axis Golfe Ponte de Lima, Quinta da Barca, Estela Golf Club, Rilhadas (Fafe).
Os Municípios e as Associações Empresariais também devem investir numa forte campanha de
divulgação e promoção da região e das suas mais-valias.
Este deverá constituir uma das prioridades estratégicas da região.
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Inovação e Tecnologia
Numa economia em constante mudança vencem os territórios mais competitivos,
nomeadamente ao nível da combinação de fatores como a flexibilidade e a
adaptabilidade, em que emergem os que têm maior capacidade de acumular e
desenvolver rapidamente os recursos existentes na obtenção de determinados
objetivos e soluções, capazes de (re)construir, inovando, tirando partido das vantagens
competitivas dinâmicas.
Para esta agilidade é necessário existir uma grande proximidade entre o consumidor (o
mercado), o tecido empresarial e os centros de saber, constituindo uma área de
intervenção estratégica a melhorar na região.
Ao contrário de regiões tão próximas como a Galiza, o Porto, Braga e Guimarães, o Alto
Minho não tem centros de investigação e desenvolvimento, locais privilegiados para
estabelecerem pontes entre as instituições de ensino e o mercado de trabalho e de
consumo. Existe ainda muito a fazer ao nível das incubadoras e startups que facilitem a
criação e desenvolvimento da iniciativa empresarial através da combinação de infraestruturas e serviços de apoio especializados que permitam testar e fazer crescer
profissionais, técnicas, materiais, ideias e negócios na região.
Só percorrendo este caminho será possível descolar de uma base económica e
funcional urbana ainda pouco desenvolvida e diversificada e fortemente dependente
dos serviços administrativos e do comércio.
Investindo em inovação e tecnologia será também mais fácil organizar a produção no
território e superar as dificuldades de comercialização de produtos, especificamente os
agroalimentares, atualmente com um grande défice de concentração.
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Projeção Demográfica / Recursos Humanos
Todos os estudos da região permitem concluir que uma das condicionantes ao seu
desenvolvimento económico está relacionada com o número e perfil das suas pessoas.
Nesta matéria a região encontra-se negativamente pressionada pela(o):











Escassez de Recursos Humanos;
Envelhecimento da população;
Dificuldade de reter a classe jovem, estudantes e ativos jovens;
Mobilidade transfronteiriça dos recursos humanos para a Galiza;
Baixa qualificação dos recursos humanos;
Oferta formativa com qualidade mas nem sempre em sintonia com o mercado de
trabalho local;
Falta de sensibilização e formação dos empresários nas áreas comerciais, comunicação
e promoção;
Falta de interesse empreendedor das novas gerações;
Falta de qualificação e visão dos empresários;
Ausência de proximidade e colaboração em rede entre os vários atores da região
Ainda preferência das empresas por profissionais indiferenciados, que permitam
contenção nos custos salariais, não valorizando desta forma a competência;
Para o desenvolvimento sustentável do Alto Minho é fundamental apostar nos seus recursos
humanos, investindo em programas de informação, mentalização, formação e reciclagem
ajustados às necessidades do crescimento da região.
É sabido que a principal influência para a localização de pessoas e famílias é o Trabalho.
Logo, a promoção de oportunidades de empreendedorismo nestes territórios provocará o
desejado Êxodo Urbano.
Despertar nos jovens a auto-estima e o interesse pela região, pelo empreendedorismo e pela
inovação, assim como melhorar a capacidade de gestão dos empresários locais, ampliando os
seus conhecimentos e técnicas de exploração, comercialização e promoção adequadas, são
algumas das ações que permitirão acontecer o futuro do Alto Minho.
Programas como o “Programa Valorizar” e “Novos Povoadores” pretendem «mudar o
paradigma de valorização do território: temos um território bem infraestruturado, mas sem
população, porque não é capaz de criar valor que atraia as pessoas».
Os reduzidos custos de instalação de unidades empresariais no interior, os baixos custos de
mão-de-obra em consequência de economias locais pouco inflacionadas, a qualidade de vida
social e ambiental fruto da baixa densidade e dos fortes investimentos em infraestruturas
sociais nos finais do século passado, podem tornar uma região como o Alto Minho altamente
atrativa para empreendedores de vários sectores económicos, nomeadamente os suportados
na valorização dos recursos endógenos e os suportados pelas TIC.
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Região retalhada (fronteiras na gestão e operacionalização)
Sob o ponto de vista geográfico, cultural, histórico, linguístico e até mesmo económico,
o território do Alto Minho apresenta uma certa unidade, estando embora longe de ser
um bloco homogéneo.
Considerando as dicotomias urbano/ rural, litoral/ interior e norte/ sul, é possível
identificar diferenças assinaláveis e até assimetrias intrarregionais significativas. É o
caso de indicadores como: atividades económicas predominantes, densidade e
mobilidade populacional, capacidade de atração turística, acesso aos serviços públicos
básicos como é o caso da saúde, da educação e da cultura, oportunidades de emprego,
rede de transportes e comunicações.
Alguns dos constrangimentos mencionados anteriormente, como é caso dos transportes e a
existência de diversos organismos públicos e privados, ainda muito associados aos diferentes
municípios, assim como às duas sub-regiões, Minho e Lima, fazem com que a região apresente
um baixo nível de coesão territorial.
Planos Diretores Municipais ainda evidenciam problemas de compatibilização em áreas
transfronteiriças, bem como alguma desarticulação entre os diversos instrumentos de gestão e
planeamento territorial de iniciativa setorial e municipal.
Pese embora a recente criação de entidades com fins agregadores entre os diferentes
territórios e entidades, como é o caso da CIM-Comunidade Intermunicipal do Alto Minho e da
CEVAL – Confederação Empresarial do Alto Minho, o alinhamento e a integração de projetos e
iniciativas ainda não é eficaz.
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2.2. Impacto nas empresas da região
A falta de qualificação e profissionalização do tecido empresarial, a predominância das
microempresas, o défice de investimento em inovação e tecnologia, a falta do fator
“dimensão”, nomeadamente de lobby, e a adoção de medidas e estratégias de curto prazo em
detrimento das de longo prazo, contribuem para a atual debilidade do tecido empresarial do
Alto Minho.
O potencial do território é grande dada a riqueza dos seus recursos endógenos,
nomeadamente os que têm origem na Terra e no Mar, mas carece de uma população
empreendedora, de jovens e de certa forma também de empresários que temem em
reinventar conceitos de negócio, em adotar novas estratégias que respondam às necessidades
atuais do mercado, a um novo alinhamento entre a oferta da região e a procura local e global.
Ou seja, o tecido empresarial não consegue transformar os recursos endógenos em riqueza,
em valor acrescentado, não se conseguindo dinamizar a economia local e da região.
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3. CONSTRUÇÃO, ALAVANCAS DA MUDANÇA – QUE FUTURO?
3.1. Cenários de desenvolvimento dos mercados para 2020
A pergunta não deveria ser com respeito a “que futuro”, mas “que conjunto de futuros” será o
mais provável e como pode a região e as suas diferentes entidades representativas melhor se
prepararem para todos eles.
É neste sentido que surge a análise prospetiva e a planificação de cenários.
A panificação de cenários foi desenhada para responder aos seguintes desafios:
- Incerteza
- Complexidade
- Mudança de paradigma
Face ao atual quadro económico europeu e nacional, é obrigatória uma análise prospetiva com
base em diferentes cenários, pois só assim será possível reagir rapidamente há volatilidade do
mundo global em que vivemos.
A análise prospetiva realizada no âmbito do projeto Strategic Trends, recentemente
promovido pela AEP – Associação Empresarial de Portugal, baseou-se num conjunto de
análises efetuadas por diferentes entidades com reconhecimento internacional, abrangendo
um leque alargado de perspetivas e sensibilidades. O estudo parte de duas incertezas críticas,
selecionadas pelo impacto que poderão implicar na determinação do contexto com que as
regiões e o tecido empresarial terão de lidar em 2020.
As incertezas selecionadas foram:
- o grau de integração e cooperação entre os diferentes países e regiões do globo, em cujos
extremos estará o nacionalismo e a globalização;
- a disponibilidade de recursos do planeta para sustentar o atual crescimento da população e
do consumo mundial, em cujos extremos estará a equilíbrio e a rutura dos recursos.
A combinação das diferentes hipóteses de evolução destas duas incertezas levou à construção
de uma matriz de quatro cenários diferentes para o contexto mundial em 2020:
- “Um mundo de arquipélagos”: nacionalismo e equilíbrio de recursos;
- “Um mundo melhor”: globalização e equilíbrio de recursos;
- “Juntos conseguiremos”: globalização e rutura de recursos; e
- “Cada um por si”: nacionalismo e rutura de recursos.
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Os cenários anteriormente traçados apresentam um conjunto de implicações que
condicionarão necessariamente a forma como as empresas, em particular as PME, conduzirão
os seus Negócios e portanto a forma como os seus representantes terão de se posicionar e
atuar para apoiarem o crescimento do tecido empresarial e da economia local.
Implicações de cada cenário para o mundo em 2020. Fonte: Strategic Trends
Desde o boom tecnológico e o desaparecimento de algumas fronteiras físicas, que se
perspetiva um mundo cada vez mais plano, conforte encenado em obras deste início de século
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como é o caso do livro “O Mundo é Plano — Uma História Breve do Século XXI”, livro de 2005
escrito por Thomas Friedman, onde o autor analisa o progresso da globalização com particular
ênfase no princípio do Sec. XXI.
O autor acredita que o Mundo é plano no sentido em que os campos de competição entre os
países desenvolvidos e os países em via de desenvolvimento estão a ficar nivelados
(apontando os exemplos da China e da Índia).
De facto, na última década, esta tendência dos mercados foi acompanhada por uma forte
procura externa, em que mercados e empresas procuram projeção e dimensão internacional.
Por outro lado, a crise financeira internacional que se tem feito sentir nos últimos anos, com
impactos mais negativos na Europa a partir de 2008, ano que registou a maior contração da
história da economia da zona euro, em que o PIB da Zona do Euro teve uma queda de 1,5% no
quarto trimestre, em relação ao trimestre anterior, está também na origem de tendências
mais orientadas para a dimensão interna dos mercados, que trabalham os dois lados da
balança comercial.
Ou seja, os mercados, suas regiões e empresas procuram a tão desejada dimensão global, mas
sem deixarem de investir no mercado local, onde ainda existe um largo caminho a percorrer.
Seja para um cenário mais nacionalista ou para um mais globalizado, é necessário pensar ou
agir local, sendo certo que a grande maioria do tecido empresarial somente num futuro mais
longínquo é que tenderá a agir e a pensar global.
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3.2. Cenários de desenvolvimento das regiões da EU para 2020
Complementarmente há construção de cenários para os mercados mundiais em geral e na
perspetiva de apoiar a definição de uma qualquer estratégia regional, é importante traçar
cenários para uma escala mais regional.
Em 2008 foi publicado um documento de trabalho da EU designado “REGIONS 2020 - An
Assessment of Future Challenges for EU Regions”, onde são assinalados alguns dos desafios
que os territórios regionais da EU estão ou vão enfrentar nesta década.
Dos desafios identificados, os seguintes podem ser de extrema importância para as regiões
Europeias e a considerar para o Alto Minho:
Globalização

Mudanças
demográficas
Mudanças
climáticas
Economia de
Baixo Carbono
Globalização estimulando o desenvolvimento científico e tecnológico, tornando a
dimensão europeia mais robusta do que nunca ao nível do conhecimento, mobilidade,
competitividade e inovação.
A abertura de grandes mercados emergentes cria grandes oportunidades para os
europeus, mas em simultâneo testam a capacidade da Europa para sofrer alterações
estruturais e para gerir as consequências sociais dessa mudança.
A transformação para uma economia baseada no conhecimento e no serviço é tão
profunda quanto a que se verificou da mudança da agricultura para a indústria na
primeira metade do século XX;
A maioria das regiões localizadas mais a Sul e Este da EU parecem mais expostas ao
fenómeno da globalização, predominantemente devido há grande percentagem de
atividades de baixo valor acrescentado nestas regiões e a algumas fraquezas na
qualificação da mão-de-obra, que podem levar a maiores dificuldades em atrair
investimento e criar ou manter emprego.
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
A mudança demográfica irá transformar a idade e a estrutura do emprego das nossas
sociedades, emergindo assuntos importantes ligados à eficiência económica e há
equidade intergeracional. A pressão migratória terá um grande efeito na Europa,
devido há sua proximidade com algumas das regiões mais pobres do mundo.
Em termos das características socio-económicas, regiões com declínio demográfico são
muitas vezes caracterizadas por PIB mais baixo, mais desemprego e grande parte da
população está empregada em setores de atividade em declínio.
À semelhança do que acontece no Alto Minho, estas regiões tendem também a ter
menos jovens, fruto da migração para outras regiões, baixos níveis de fertilidade e
baixa densidade populacional, refletindo a natureza rural da maioria dessas regiões.
Regiões em declínio demográfico podem enfrentar dificuldades em ter acesso a
serviços públicos base como cuidados de saúde, cuidados continuados, habitação e
transportes, assim como infraestruturas TIC.

O impacto da mudança climática no ambiente e na sociedade europeia tornou-se tema
central da sua agenda, desafiando legisladores e políticos. É necessário atuar na
prevenção, investindo numa economia mais verde, mas também em medidas de
adaptação às consequências das mudanças climáticas.
Segundo a Agência Europeia para o Ambiente, apesar de a mudança climática ser o
desafio mais imediato, existem outras prioridades ambientais, como a luta contra a
poluição atmosférica, o regulamento dos produtos químicos para reduzir seus efeitos
sobre a saúde e a conservação do solo como recurso produtivo e reserva da
biodiversidade.
Mais de 1/3 da população união europeia vive nas regiões mais afetadas pela mudança
de clima. Espanha e Portugal fazem parte das regiões mais pressionadas. Esta situação
deve-se geralmente a mudanças nos níveis de precipitação e no aumento da
temperatura, que têm mais impacto nos setores económicos mais vulneráveis:
agricultura, pesca, turismo, outros.

Energia segura, sustentável e competitiva representa um dos maiores desafios da
sociedade atual. Fornecimento limitado, aumento da procura mundial e o imperativo
para cortar as emissões conduziram há necessidade da Europa adotar uma economia
de baixo carbono.
Algumas regiões, como o caso de Alto Minho, podem potencialmente beneficiar da
necessidade da Europa produzir energias renováveis, dada aa proximidade com a costa
(exº offshore, vento, ondas, sol).
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3.3. Cenários de desenvolvimento para o Alto Minho – uma nova estratégia
As estratégias de desenvolvimento económico e social a promover nos territórios mais
regionais devem assentar na preocupação de criar condições de contenção do seu declínio
económico e social e, por outro, incentivar os investimentos e iniciativas geradoras de
desenvolvimento económico e criar fatores de competitividade.
O cruzamento dos principais desafios que a região enfrenta com o exercício de cenarização
realizado, com particular realce para a identificação das variáveis em que se reconhece haver
uma base assente nos dois eixos de intervenção do presente projeto “Alto Minho Km0” –
recursos endógenos e organização em rede, faz emergir algumas orientações estratégicas para
o desenvolvimento do território do Alto Minho, partindo do objetivo principal de promover
uma base económica sustentável solidamente competitiva, suscetível de atrair e fixar pessoas
e negócios.
Partindo de objetivos mais diretos, como os de:






Desenvolver alianças estratégicas, parcerias, projetos conjuntos ou alinhados – uma
região em rede;
Rentabilizar os recursos disponíveis na região;
Construir uma imagem que atraia, retenha e agregue habitantes, investidores,
profissionais, visitantes, consumidores;
Construir a confiança do “Cliente” – fidelização;
Incrementar conhecimento e competência a empresários, jovens empreendedores, a
gestores e a profissionais;
Desenvolver uma política de coopetitividade entre os principais players da região:
municípios, associações, empresas,
é possível desenvolver uma estratégia e plano de ação para o território do Alto Minho que
contemple:
A PERSPECTIVA DOS RECURSOS ENDÓGENOS
Valorizar e promover os recursos da região.
Criar e desenvolver uma imagem de origem e de qualidade.
Promover o consumo local, b2b e b2c.
Desenvolver e dinamizar o comércio de proximidade.
A PERSPECTIVA DO KM0
Diminuir o ciclo produtor e consumidor final.
Diminuir a emissão de CO2.
Aumentar a autoestima do território regional e nacional.
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A PERSPECTIVA DAS ORGANIZAÇÕES EM REDE
Criar e promover redes de cooperação.
Mais dimensão para maior poder e influência – mais competitividade.
Maior alinhamento e complementaridade de recursos e competências.
Maior rentabilidade dos recursos disponíveis para a região.
Especialização inteligente.
Está assim lançado o tema Alto Minho Km0 que merecerá um maior aprofundamento e análise
nos cadernos que se seguem: benchmarking e definição da estratégia /plano de ação.
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