BLUEPRINT “Alto Minho Km0” - 100% Alto Minho
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BLUEPRINT “Alto Minho Km0” - 100% Alto Minho
Blueprint “Alto Minho Km0” 1 BLUEPRINT “Alto Minho Km0” Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 Blueprint “Alto Minho Km0” Índice BLUEPRINT “Alto Minho Km0” ................................................................................................. 1 INTRODUÇÃO – O ESTUDO ................................................................................................... 2 PARTE 1 - UMA VISÃO DO TERRITÓRIO ................................................................................ 8 1.1. OBJETIVO ESPECIFICO ................................................................................................. 9 1.2. METODOLOGIA ............................................................................................................. 9 1.3. TERRITÓRIO ............................................................................................................... 10 1.4. URBANIDADE ............................................................................................................. 14 1.4.1. Demografia ............................................................................................................. 15 1.4.2. Hábitos de Consumo .............................................................................................. 21 1.4.3. Mobilidade e Infraestruturas ................................................................................ 27 1.4.4. Empregabilidade e competências......................................................................... 42 1.5. RECURSOS ENDÓGENOS ............................................................................................ 43 1.5.1. Recursos Naturais .................................................................................................. 44 1.5.2. Recursos Históricos ............................................................................................... 48 1.5.3. Recursos Etnográficos ........................................................................................... 50 1.5.4. Turismo .................................................................................................................. 56 1.5.5. Tecido Empresarial................................................................................................ 56 1.5.6. Associações Empresariais e Instituições de Referência ..................................... 71 2. IMPACTOS ..................................................................................................................... 74 2.1. PRESSÕES QUE A REGIÃO ENFRENTA ...................................................................... 74 2.2. IMPACTO NAS EMPRESAS E NA ECONOMIA LOCAL ................................................. 80 3. CONSTRUÇÃO, ALAVANCAS DA MUDANÇA – QUE FUTURO? ............................... 81 3.1. CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DOS MERCADOS PARA 2020 .......................... 81 3.2. CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO DAS REGIÕES DA EU PARA 2020 ................. 864 3.3. CENÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO PARA O ALTO MINHO – UMA NOVA ESTRATÉGIA ........................................................................................................................... 86 Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 2 Blueprint “Alto Minho Km0” INTRODUÇÃO – O ESTUDO RAZÕES DO ESTUDO A competitividade das regiões é fator decisivo para o crescimento e sustentabilidade sócioeconómica local e nacional. A capacidade de competitividade entre as diferentes regiões, países ou cidades depende de numerosos fatores, tais como: a sua dimensão, localização geoestratégica, economia, mas também das políticas e estratégicas de gestão adotadas pelas diferentes entidades locais. Assim a definição da identidade de determinado lugar ou região torna-se fundamental para a seleção da sua aparência, serviços e mensagens consistentes, de forma a reforçar a identidade escolhida. À semelhança de todo o território nacional, a região Norte de Portugal, mais concretamente a sub-região do Alto Minho (por vezes designada como região do Alto Minho) possui recursos endógenos (naturais e outros) em quantidade e qualidade capazes de gerar riqueza. Mais, o posicionamento geográfico do Alto Minho é absolutamente estratégico enquanto facilitador de relações de proximidade entre Portugal – Espanha – Europa, via Norte de Portugal – Galiza. A esta sub-região é também reconhecido o padrão de qualidade de vida e bem-estar proporcionado a quem aqui reside ou simplesmente visita. Acontece que nem todos os indicadores de performance do Alto Minho refletem esta realidade. Genericamente a taxa de crescimento da população é negativa, observando-se um elevado índice de envelhecimento da população da região, destacando-se os Concelhos de Melgaço e Arcos de Valdevez, com cerca de 30% de população com mais de 65 anos. Apesar da existência de Instituições Académicas e Profissionais, com capacidade para assegurar a formação académica e profissional dos recursos humanos da Região, é importante analisar a mobilidade dos seus alunos, de onde vêm e para onde vão após finalizarem os seus estudos. Mais, a oferta de conhecimento é a adequada para o desenvolvimento local? O Alto Minho apresenta um produto per capita inferior a 75% da média nacional, ao mesmo nível que a produtividade do trabalho na região, que também é inferior a 75% da média nacional situando-se em 63%. O desempenho do Alto Minho nestes indicadores é muito semelhante ao verificado nas regiões do interior de Portugal. Num estudo recente sobre a competitividade das regiões portuguesas, esta região aparece como umas das regiões com um desempenho mais baixo, com um índice inferior a 60, acompanhando também as regiões do interior do País. O índice utilizou indicadores como o grau de convergência para a UE, o nível de vida, a capacidade exportadora, o capital humano, a dinâmica empresarial, a I&D, a utilização das TIC, a produtividade, a mobilidade de pessoas e mercadorias, o grau de urbanização e de especialização, entre outros. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 3 Blueprint “Alto Minho Km0” Esta distância entre o real e o potencial da região dita que é urgente e imprescindível criar e desenvolver estratégias e mecanismos para alavancar os recursos já existentes no Alto Minho. É necessário identificar e valorizar os recursos e potencialidades desta região, atribuindo-lhes mais valor acrescentado, por um lado, e cumulativamente têm que se criar e desenvolver redes coopetitivas – redes de colaboração competitiva – unindo as diversas forças da região na promoção da sua oferta diferenciadora. Pessoas Empresas Associações, Municípios, Instituições Ensino Parece inquestionável o protagonismo que o conhecimento, inovação e a competitividade assumem nas economias regionais no atual quadro global. Estes são os fatores que devem incentivar os principais players dos mercados a definirem estratégias, focalizar opções de desenvolvimento e centrar uma atenção específica na criação de riqueza e de valor. Mas, para terem dimensão e força, os players de determinada região - as pessoas, as instituições e as empresas – que conferem uma marca a esse território, necessitam de formar um bloco alinhado, organizado em rede, que privilegie relações de proximidade, atuando de forma colaborativa mas também competitiva. Estratégias Conceito de Proximidade Potenciar o Alto Minho no mercado nacional e internacional, a partir do equilíbrio das forças interiores, da sua integração no espaço nacional, transfronteiriço e na economia globalizada mundial Finalidade Dinamizar a economia da região, baseado em novas formas de interação dos seus agentes económicos, privilegiando relações de proximidade e em rede. Foco Enfoque da política de coesão regional e territorial na nova UE, Tratado de Lisboa, Europa 2020, Norte 2020, Desafio 2020; Novos modelos organizacionais e de gestão. ALTO MINHO KM0 – UMA REGIÃO CONECTADA, UMA REGIÃO COMPETITIVA Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 4 Blueprint “Alto Minho Km0” Neste contexto o CEVAL - Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho, enquanto instituição que agrega Associações Empresariais da região, resolveu desenvolver o Projeto Alto Minho Km0 que visa atuar na competitividade da região do Alto Minho através da criação de novos modelos de organização das entidades representativas da região, nomeadamente empresas e seus representantes. Aproximando e alinhando todos os interessados, é possível contribuir ainda mais e fazer parte integrante das estratégias traçadas para a região, potenciando os seus recursos endógenos. ENQUADRAMENTO O projeto “Alto Minho Km0” O ponto de partida para a iniciativa Alto Minho Km0 foi o Plano Estratégico de Desenvolvimento: CID – COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO NO ALTO MINHO, realizado em 2008. Nesse trabalho foi identificado um conjunto de carências regionais, bem como as estratégias de desenvolvimento económico que maior potencial apresentavam face à envolvente da Região. Face a essa realidade este projeto pretende iniciar a materialização das principais conclusões do Plano estratégico de Desenvolvimento do CID, explorando o conceito Quilómetro Zero, enquanto base de suporte ao desenvolvimento económico de proximidade. O projeto Alto Minho Km0, perfeitamente alinhado com os principais eixos de atuação do Norte 2015, apresenta um elevado potencial de desenvolvimento da economia regional, estruturando as instituições representativas do meio empresarial e os meios necessários a um maior relacionamento direto entre as empresas regionais como forma de preservar o maior Valor na região. Este desafio apresenta uma abordagem diferenciadora face às iniciativas correntes, porque parte de uma leitura das necessidades de desenvolvimento económico da região, definindo de seguida o plano de intervenção de desenvolvimento organizacional a levar a cabo nas entidades "semente" que participam na presente candidatura. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 5 Blueprint “Alto Minho Km0” Blueprint Plano Acção AltoMinho Km0 •Compilação estratégias de desenvolvimento económico regionais existentes •Acção Benchmarking Internacional Barcelona •Elaboração Blueprint Plano de Acção AltoMinho km0 Reforço Competências institucionais para Implementação da Estratégia Alto Minho Km0 Desenvolvimento Recursos para consolidação da Rede0 Plano de Comunicação, Sensibilização e envolvimento da Comunidade Numa fase inicial é necessário reunir toda a informação e conhecimento sobre os recursos da região e identificar as estratégias de desenvolvimento económico regionais já existentes, sendo esta atividade posteriormente complementada com o levantamento e análise de práticas internacionais no mesmo âmbito, nomeadamente com a experiência recolhida da região da Catalunha. Quando elaboradas estas peças será possível traçar o Blueprint Plano de Ação Alto Minho Km0, tendo como objetivo a estruturação da estratégia de atuação, compilando as melhores praticas identificadas, tanto a nível nacional, como internacional, que permitam a exploração sustentável da estratégia Km0 com base nos recursos já existentes na região e empresas que venham integrar este projeto. OBJETIVOS Do Projeto A iniciativa possui uma abordagem da Região em rede, do ponto de vista empresarial, como base para o aumento da competitividade empresarial local. O principal objetivo será o constituir uma rede colaborativa empresarial que promova a atividade económica de proximidade suportada no binómio qualidade/preço. Esta é a primeira fase para a obtenção de uma estrutura de base que potencie um acréscimo de competitividade neste território capaz de permitir alavancar outras iniciativas que incluam espaços competitivos mais alargados. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 6 Blueprint “Alto Minho Km0” Enquanto objetivos estratégicos o presente projeto pretende: Consolidar uma rede institucional de âmbito regional, que alavanque iniciativas na área da promoção da atividade económica de proximidade. Promover em termos gerais, a atividade económica de proximidade, e em particular o conceito Alto Minho Quilómetro zero, como oportunidades para: A sustentabilidade das instituições de suporte empresarial; O desenvolvimento das atividades económicas empresariais; Melhoria do Networking Empresarial Regional. As metas ou objetivos operacionais são as seguintes: Realizar um Blueprint do Plano Ação AltoMinho Km0 Reforçar as competências institucionais para Implementação da Estratégia Alto Minho Km0 Desenvolver recursos para consolidação da Rede Implementar um Plano de Comunicação, Sensibilização e envolvimento da Comunidade Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 7 Blueprint “Alto Minho Km0” 8 BLUEPRINT “ALTO MINHO KM0” PARTE 1 UMA VISÃO DO TERRITÓRIO Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 Blueprint “Alto Minho Km0” 1. UMA VISÃO DO TERRITÓRIO 1.1. Objetivo Específico Este trabalho visa agregar informação já existente sobre a região, nomeadamente sobre a caracterização dos seus recursos endógenos, do tecido empresarial instalado no território e do movimento associativo empresarial da região, retratando a situação atual e os caminhos para onde apontam, isto é, reunir as estratégias de desenvolvimento económico definidas para o Alto Minho. Partindo deste “diagnóstico”, “onde estamos e para onde queremos ir?”, é importante consolidar a importância de iniciativas “Km Zero” para as estratégias que estão a ser implementadas, numa tentativa continuada de dinamizar a economia da região. 1.2. Metodologia A análise da região aqui apresentada surge como um alicerce fundamental para o projeto Alto Minho Km0. A partir deste estudo será possível ajustar e melhor suportar as restantes ações previstas no projeto e que irão decorrer até Outubro de 2013. Desde a sua fase inicial que o Alto Minho Km0 prevê a utilização de informação e do conhecimento em rede, já que pensou numa compilação das estratégias já existentes para a região, assumindo que todo o trabalho executado até à data neste âmbito, e independentemente dos seus “autores”, deveria ser tido em consideração. Desta forma ganharia este projeto por ter mais informação a consolidar e a desenvolver, assim como ganham os estudos até então realizados, pois têm aqui mais uma oportunidade para dar continuidade, ou não, às conclusões a que chegaram sobre formas de dinamização da economia do Alto Minho. Assim, este trabalho cresceu a partir da análise dos estudos já realizados para a região do Alto Minho, cujo horizonte e conclusões se consideraram válidas e atuais. Deste modo, procedeu-se à recolha do material produzido, à sua seleção, validação da sua atualidade e à sistematização das várias peças, eliminando redundâncias. A consolidação e consensualização de pontos de vista conduziu à elaboração de um documento final, que pretende traduzir uma visão prospetiva homogénea para a região – O que diz a Região. Para o desenvolvimento deste estudo o CEVAL adotou a seguinte metodologia e faseamento de realização, implicando três grandes momentos: Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 9 Blueprint “Alto Minho Km0” Publicações e Estudos existentes sobre o Alto Minho Identificação Selecção/compilação Recursos da Região - Uma Visão Recursos endógenos Tecido empresarial Associações Empresariais Impactos - constrangimentos Para a Região Para as Empresas Para as Associações Construção do Futuro Perspectiva dos Recursos Endógenos Perspectiva das Organizações em Rede Uma nova Estratégia Desafios e Soluções potenciais CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO 1.3. Território A região do Alto Minho está situada no extremo Norte de Portugal, sendo composta por dez concelhos: Arcos de Valdevez; Caminha; Melgaço; Monção; Paredes de Coura; Ponte da Barca; Ponte de Lima; Valença; Viana do Castelo; Vila Nova de Cerveira. Tem como fronteiras, a Sul a Região do Cávado e a Norte a Galiza – Espanha. O território é acompanhado em toda a sua extensão pelo Rio Minho, que funciona como elemento de união entre os vários concelhos e Espanha. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 10 Blueprint “Alto Minho Km0” A proximidade e a articulação da Região com a vizinha Região da Galiza pode condicionar ou alavancar o desenvolvimento do Alto Minho, função da existência ou não de diferenças para o desenvolvimento económico das duas regiões, pelo que qualquer análise que se efetue a esta região deve levar em conta a influência da Galiza na sua economia. A proximidade de territórios conduz a outras semelhanças que podem ser potenciadoras da economia local: a proximidade também ao nível da língua, da cultura e dos negócios. Este enquadramento tem-se manifestado favorável há constituição de entidades e projetos transfronteiriços, desenvolvendo e estabelecendo redes e parcerias para a promoção de uma visão conjunta para o futuro das duas regiões. Relações bilaterais Portugal - Galiza Segundo informação apresentada pela Câmara de Comércio da Corunha em Lisboa em Novembro de 2012, as relações bilaterais entre a Galiza e Portugal têm assumido uma importância crescente, já que mais de metade das 2.500 empresas galegas exportadoras fazem-no para Portugal. Depois da França, Portugal é o cliente mais importante da Galiza, sendo que o valor das exportações para Portugal atingiu os 2.900 milhões de euros em 2011, em produtos como peixe, vestuário, viaturas, produtos de fundição, ferro e aço, madeira, carne e combustíveis minerais. Segundo a mesma fonte, no sentido inverso Portugal é o segundo maior fornecedor da região da Galiza, com um valor de 1.700 milhões de euros em 2011, o que representa 12% do total. Curiosamente os principais produtos importados são também os têxteis, fundição, ferro e aço, veículos, peixe, madeira e combustíveis minerais. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 11 Blueprint “Alto Minho Km0” Segundo os últimos dados estatísticos do Ministério de Industria, Turismo y Comercio de Espanha, em 2011 Portugal manteve-se como o principal investidor estrangeiro na Galiza, com um montante de 335 milhões de euros dos 524 milhões de euros de investimento estrangeiro captado por esta Comunidade Autónoma. Ocupação do território – terra e mar A diversidade territorial do Alto Minho abrange uma fisiografia variada, combinando o litoral atlântico com vales, rios, serras e a montanha interior. Possui um relevo dinâmico que se faz acompanhar de grandes extensões de coberto florestal e natural, atingindo a pluviosidade valores bastante elevados. Os territórios mais altos reúnem a maior parte das cabeceiras de linhas de água, com particular destaque para a cabeceira montanhosa do rio Lima. Constitui uma porta de entrada para o Parque Nacional da Peneda Gerês, único no país, metade do qual se inclui nesta região. Característica representativa da região onde 68% do território é composto por floresta, meios naturais e zonas húmidas e corpos de água. A faixa litoral tem uma extensão de cerca de 60 km, a que correspondem os territórios de mais baixa altitude, razoavelmente povoados, com praias de qualidade balnear e paisagística, e albergando um porto marítimo – Viana do Castelo. É um território composto pela trilogia urbano-rural-natural, onde a dispersão do tecido construído, a difícil separação entre natural de produção e de preservação e a coexistência de uma agricultura em regime de minifúndio, maioritariamente com o propósito de complemento de rendimento e subsistência, fomentam a existência de um mosaico complexo e dinâmico de interdependências que influenciam a tipologia de ocupação, representado 28% do território do Alto Minho. Tipologia de Ocupação do solo-Corine Land Cover, Fonte: Plano de Desenvolvimento do Alto Minho - Desafio 2020 Outro grande fator que pode contribuir de forma muito positiva para a dinamização do espaço regional, é o aproveitamento do seu posicionamento geográfico a Este, que faz fronteira com o Oceano Atlântico. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 12 Blueprint “Alto Minho Km0” Nos últimos anos o Alto Minho tem sido alvo de projetos de investimento para o desenvolvimento da região que assentam na economia do mar. O «Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar», Oceano XXI, cujo principal desafio é promover a investigação marítima, procurando metodologias e instrumentos inovadores nesta atividade tão vasta e diversa, tem atualmente previsto o financiamento de “projetos-âncora” com forte incidência no Alto Minho. Estes projetos destinam-se em concreto, ao lançamento do Centro de Interpretação Ambiental e Centro de Documentação do Mar, à requalificação das marinas de Caminha, Esposende e Viana do Castelo, à construção do centro de canoagem de Viana do Castelo e à criação de um espaço de acolhimento empresarial no domínio do Mar, entre outras iniciativas. Organização do Território Um pouco por toda a Europa assistimos hoje ao esforço dos governos em conter a despesa pública e o endividamento externo, sendo que uma das vias primordiais passa por ajustar a organização do Estado de modo a reduzir custos e aumentar a eficácia e a produtividade dos serviços. Em Portugal as autarquias representam 3,06 % da despesa pública, num total de 2.485 milhões de euros. Com a finalidade de gerar ganhos de eficiência e de escala, está atualmente em curso o processo de reforma da administração local – organização do território –, e que pretende “reduzir significativamente o número de autarquias locais com efeitos para o próximo ciclo eleitoral local”, sendo, face ao quadro legal existente, imperativamente aplicável às freguesias e facultativamente aos municípios. A região do Alto Minho A proposta da unidade técnica que apoio este processo de reorganização administrativa do território para a região do Alto Minho, indica que o distrito de Viana do Castelo deverá perder 80 das atuais 290 freguesias, afetando todos os dez concelhos da região. Arcos de Valdevez e a capital de distrito Viana do Castelo, serão provavelmente as que vão assistir a uma maior redução do número de freguesias. A acontecer, esta mudança irá resultar em novas realidades. Assim, se por um lado existe a intenção de agregar e alinhar, estes movimentos poderão acarretar desafios a curto e médio prazo, e para os quais a região deve desde já preparar respostas: Perda de identidade das populações naturais e residentes, Efeito de proximidade, Novas leis de financiamento Novas competências e responsabilidades para as CIM e outros representantes locais. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 13 Blueprint “Alto Minho Km0” 1.4. Urbanidade Ao longo da história a população foi migrando das zonas mais interiores da região para o litoral e para próximo dos corredores ecológicos dos rios Lima e Minho. De facto, os níveis de urbanização dos dez concelhos que constituem o Alto Minho são muito diferenciados. A dinâmica populacional entre 2001 e 2011 reforça a tendência para a concentração da população nos pólos mais urbanos. Segundo o Censos 2011, o Alto-Minho conta com uma população total de 244.836 habitantes, distribuída de forma desigual pelos 10 municípios: Milhares 68% da população no Vale do Lima 32% da população no Vale do Minho Os concelhos são, de um modo geral, pouco populosos. Os únicos com mais de 40 mil habitantes são Ponte de Lima e Viana do Castelo, este último, o maior da Região. População em 2011 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Arcos de Caminha Melgaço Monção Paredes Ponte da Ponte de Valença Viana do Vila Nova Valdevez de Coura Barca Lima Castelo de Cerveira Fonte: Censos 2011 Este renovar de interesse pelas cidades resulta, em boa parte, do crescendo nas últimas décadas de alguns sinais de reconfiguração da estrutura económica, urbanística e social das cidades. O consumo como âncora de atividade económica, reconverte a estrutura económica das cidades, dando origem a significativas alterações ao nível da própria lógica do desenvolvimento urbano. As cidades eram habitadas e visitadas pelo símbolo da “chaminé”, sendo que atualmente os espaços urbanos “sugam” habitualmente as pessoas pela oferta de espaços para o desempenho de atividades de consumo. Contudo, apesar dos residentes se terem movido para Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 14 Blueprint “Alto Minho Km0” o que são hoje os maiores polos habitacionais devido ao trabalho, aos estudos e também há maior e mais diversificada oferta cultural e de lazer, a população dos pólos urbanos do Alto Minho e os visitantes da região procuram uma experiência diferente. O estilo de vida desta região provoca uma experiência rica em emoções, onde é possível ter o contemporâneo em perfeita fusão com as raízes. É um estilo de vida, um ideal e uma atitude com origem nas suas gentes, e que se tem reinventado sem perder identidade, e que atrai famílias, casais, desportistas, seniores, peregrinos, negócios e quadros que procuram qualidade de vida. O Alto Minho tem procurado encontrar na inteligência emocional da sua gente, na racionalização das suas estruturas físicas, na valorização profissional e sobretudo pessoal dos seus recursos humanos, uma ponte para o sustentável equilíbrio orgânico da região. 1.4.1. Demografia O conhecimento da dinâmica populacional e os fatores que a podem influenciar possibilitam informação de enorme relevância sobre possíveis evoluções futuras das populações, quer relativamente ao volume, quer relativamente à sua composição por sexos e idades. Este conhecimento revela-se essencial em processos de tomada de decisão a nível social, económico e ambiental, como sejam, entre outros, os relativos ao planeamento das necessidades e localização da oferta educativa e cultural, e ao planeamento das despesas públicas, em particular as relacionadas com determinadas faixas da população, providenciando também informação de base para outro tipo de projeções que não apenas de população. Projeção da população do Alto Minho por grupos etários específicos Caso não se aposte numa estratégia para captar residentes, estima-se que a importância do Alto Minho enquanto concentração humana na Região do Norte se mantenha praticamente constante, isto é que os residentes no Alto Minho continuem a representar cerca de 7% dos residentes no norte de Portugal Continental. Prevê-se igualmente que poucas sejam as freguesias que de 2001 para 2020 venham a registar acréscimos populacionais. Tendencialmente esse crescimento continuará a concentrarse em geral nas freguesias envolventes à generalidade das sedes de concelho, e ao longo dos principais eixos urbanos: EN 13 (Viana do Castelo-Caminha-Valença); nas duas Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 15 Blueprint “Alto Minho Km0” margens da ribeira Lima (entre a ponte de Lanheses e Ponte de Lima); e no eixo urbano Arcos-Ponte da Barca ao longo da EN101. Em contrapartida, as freguesias de alguns núcleos de sedes de concelho (ex. Viana do Castelo, Caminha, Monção e Melgaço) assim como praticamente a totalidade das freguesias rurais de baixa densidade verão diminuir a população residente. A tendência referida deverá ser motivo de reflexão em matéria de planeamento da rede escolar na estruturação e reforço funcional dos aglomerados urbanos, e em particular das sedes de concelho, e seletivamente nos pequenos aglomerados que pela sua posição e dimensão tenham condições para apoiar as populações das freguesias de baixa densidade, em conjugação com uma política adequada de mobilidade. As oportunidades de negócio, por conta própria ou de outrem também deverão ser avaliadas e potenciadas para atrair e reter pessoas. Enquadramento populacional da Região Norte e do Alto Minho no contexto nacional A Região do Alto Minho acolhe cerca de 245 mil habitantes (2011), o que representa cerca de 2% da população do país e cerca de 7% da Região Norte. A população residente no Alto Minho decresceu cerca de 2% entre 2001 e 2011, o que se compara, a um nível territorial mais alargado, à evolução populacional nas regiões NUTSII Centro e Alentejo. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 16 Blueprint “Alto Minho Km0” Densidade populacional e variação da população residente Na região do Alto Minho a análise da dinâmica populacional a nível concelhio, demonstra que a prestação do Município de V.N. Cerveira no período 2001-2011 demarca-se das restantes, traduzindo-se a sua atratividade num crescimento da população residente de cerca de 5% ao longo do período considerado. Por seu turno, a estabilidade demográfica de V. Castelo ao longo do período influenciou, de forma determinante, a evolução da Região como um todo. O decréscimo populacional observado no Alto Minho ao longo da última década contrasta com uma evolução favorável para o país na sua globalidade ao longo do mesmo período, bem como para a Região da Galiza. A densidade populacional do Alto Minho equipara-se à média nacional, mas revela-se, em paralelo, substancialmente inferior à da Região Norte e evidencia situações bastante díspares a nível concelhio (A. Valdevez e V. Castelo como extremos neste indicador). Comparativamente, de entre as províncias da Galiza que confinam com a Região do Alto Minho, assinala-se a elevada densidade populacional observada na Província de Pontevedra. Esta diferença transfronteiriça poderá constituir uma desvantagem para a região do Alto Minho, podendo estas regiões mais populosas atrair pessoas na busca de oportunidades de emprego. Assumindo-se a dinâmica populacional como um recurso basilar para o desenvolvimento de uma Região, importa, de igual modo, aferir as potencialidades e a capacidade do Alto Minho para renovar a sua população. A estrutura etária da população residente nos concelhos do Alto Minho não diverge substancialmente, revelando uma forte preponderância dos escalões etários mais elevados, os quais reúnem pelo menos cerca de 75% dos residentes na maioria dos concelhos. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 17 Blueprint “Alto Minho Km0” Caracterização e perfil global da população Os dois grupos etários mais jovens, que reúnem indivíduos até aos 24 anos, assumem proporções modestas no total da população do respetivo Município e revelam perdas substanciais ao longo do período 2001-2011, o que permite perspetivar alguma dificuldade da Região na renovação da sua população, com reflexos particulares na dimensão da bolsa de mão-de-obra disponível para o trabalho. Estrutura etária e variação da população Os índices de envelhecimento e de dependência evidenciam níveis particularmente desfavoráveis no Alto Minho, superando os valores médios nacionais e da Região Norte. A tendência de envelhecimento é preocupante quando se constata que atingem entre 10% e 30% as perdas populacionais de população jovem nos diversos concelhos. A perda populacional no Alto Minho é maioritariamente explicada por um modelo de renovação Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 18 Blueprint “Alto Minho Km0” populacional que não repõe população jovem com a intensidade necessária à manutenção do perfil etário da população. Constata-se ainda que os municípios que configuram de forma mais determinante a valência da Região no que respeita à população ativa (V. Castelo e Pte. Lima) detêm os índices de envelhecimento mais baixos no contexto dos 10 concelhos da Região. Os índices de envelhecimento e dependência dos concelhos de Melgaço, A. Valdevez e Monção prefiguram situações particularmente desvantajosas. Na comparação com as províncias da Galiza, Pontevedra revela-se mais favorável nestes domínios. População em idade ativa e não ativa e índice de envelhecimento Do gráfico anterior constata-se o elevado índice de envelhecimento da população da Região, que na sua generalidade se caracteriza por índices de envelhecimento acima da média nacional, destacando-se o Concelho de Melgaço, com cerca de 40% de população com mais de 65 anos. Esta evolução é reforçada pela taxa de natalidade verificada no Alto Minho, a qual regista um decréscimo do seu valor, sendo inclusive inferior à média da região Norte e de Portugal. Da mesma forma que a taxa de mortalidade apresenta valores acima da média nacional, quase atingindo em alguns municípios o dobro da média nacional. A análise agregada destes dois indicadores reforça a imagem de uma população envelhecida, com níveis preocupantes quando comparados com a média nacional. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 19 Blueprint “Alto Minho Km0” A análise à tabela que apresenta os dados da população estrangeira a residir no Alto Minho (ver anexo) podemos concluir que apenas 0,8% da população estrangeira a residir em Portugal escolhe a região do Alto Minho para se instalar. Um valor que se revela baixo em comparação com os 11% registados na região Norte. Uma forma de inverter esta situação será a promoção dos programas de intercâmbio universitário, dando desta forma a conhecer a região a estudantes estrangeiros, tornando-os meios de divulgação da região, criando notoriedade das instituições de ensino da região. A promoção da região com um potencial turístico enorme, oferecendo soluções de turismo de montanha/campo (parque natural da Peneda-Gerês) ou as suas praias, estando criadas as condições para uma aposta num turismo jovem. A criação de infraestruturas de alojamento “Low cost” com uma vertente ambientalista poderá suportar um turismo de montanha até agora pouco aproveitado. Outro fator a ter em consideração no futuro a curto prazo, é a atual discussão sobre a criação de uma nova organização administrativa do país, que neste momento é formado por 4260 freguesias e 308 municípios, e que irá certamente introduzir novas variáveis na análise demográfica das regiões, nomeadamente a nível local. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 20 Blueprint “Alto Minho Km0” 1.4.2. Hábitos de Consumo Encargos médios mensais com a habitação A Região do Alto Minho apresenta um parque habitacional relativamente jovem: a idade média dos edifícios é de cerca de 30 anos, sendo inferior aos valores médios nacionais e aqueles que se registam na Região Norte. Caminha, Pte. Lima e V. Castelo são os concelhos mais modernos no que concerne à idade média do respetivo parque habitacional. Alojamentos, edifícios e famílias Similarmente, o índice de envelhecimento da globalidade dos edifícios do Alto Minho (81) é também inferior aos valores de referência a nível nacional (99) e para o Norte (87). Alguns concelhos da Região registam, todavia, valores bastante elevados para este indicador, como é o caso de Melgaço, Monção e A. Valdevez, em que os edifícios construídos até 1945 superam, em número, os edifícios construídos depois de 1991. Facto que pode ser explicado pela crescente taxa de envelhecimento da população que a região regista. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 21 Blueprint “Alto Minho Km0” Os encargos médios mensais com a habitação na Região do Alto Minho variam entre 112 euros (correspondente ao valor médio das rendas em Pte. Barca) e 292 euros (equivalente aos encargos com aquisição de habitação própria em V. Castelo). Formas de ocupação dos alojamentos familiares Ocupando apenas cerca de um terço da superfície total do Alto Minho, as freguesias com perfil urbano concentram cerca de 75% da população da região. A dinâmica populacional no período 2001-2011 revela uma clara tendência para a concentração da população nos pólos mais urbanos do território: apenas as áreas predominantemente urbanas verificam um acréscimo da respetiva população, em paralelo com crescimentos significativos no número registado de alojamentos, edifícios e famílias. Os níveis de urbanização assumem proporções diferenciadas entre os concelhos da região: Melgaço e P. Coura emergem como concelhos de cariz predominantemente rural, concentrando nesta tipologia cerca de 68% e 64% da respetiva população; ao invés, V. Castelo e Pte. Lima são os concelhos mais urbanizados, concentrando cerca de 92% e 84% da respetiva população em áreas mediana e predominantemente urbanas. Relevante é também o tipo de ocupação registada nas habitações na região do Alto Minho, na qual se verifica uma taxa de utilização das mesmas como segunda habitação muito elevada, Caminha (49%) Melgaço (46%) Arcos de Valdevez (39%), sendo em muito superiores a média da região Norte (18%), refletindo assim o êxodo da região Alto Minho. Estes factos acarretam consequências para a região, como por exemplo: menor consumo diário localmente, menor densidade populacional a longo prazo, mas por outro lado promovem a valorização dos recursos endógenos e o sentimento de “voltar às raízes”. A consideração conjunta da evolução da população, por um lado, e do número de famílias e alojamentos, por outro, permite concluir por uma tendência para a redução da dimensão média das famílias, que assume maior intensidade nas zonas urbanas. Por questões que se prendem com o estilo de vida ou com o conceito habitacional adotado, as zonas rurais continuam, ao invés, a revelar modelos familiares mais alargados. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 22 Blueprint “Alto Minho Km0” A riqueza patrimonial do Alto Minho, a par das iniciativas e dos investimentos realizados no passado mais recente, têm proporcionado, aos habitantes da Região, um acesso mais fácil e expedito a atividades culturais e desportivas, o que foi amplamente reconhecido pela generalidade dos responsáveis municipais, embora exista ainda um longo caminho a percorrer, nomeadamente na área da intermodalidade intermunicipal. Despesas em atividades culturais e de desporto na Região do Alto Minho Os indicadores do domínio cultural que ilustram o posicionamento relativo da Região do Alto Minho no contexto nacional e da Região Norte permitem concluir pela boa dotação do território a nível de equipamentos culturais que, regra geral, se encontra em linha com ou supera a representatividade populacional da Região. Numa perspetiva estritamente financeira, a aferição das despesas em atividades culturais e desportivas dos Municípios da Região do Alto Minho destaca os concelhos de P. Coura e V.N. Cerveira, os quais conjugam os valores per capita despendidos mais elevados com as mais altas proporções de despesas em cultura e desporto no total de despesas dos respetivos municípios. Neste domínio, destaque-se a notoriedade alcançada pela Bienal de Cerveira e pelos Festivais de P. Coura e Vilar de Mouros, que têm contribuído para a dinamização da economia regional e têm proporcionado à Região uma projeção nacional e internacional assinalável. Os desafios mais prementes que, na vertente cultural e desportiva, se colocam na generalidade dos Municípios respeitam, não tanto à dotação, mas ao usufruto dos equipamentos disponíveis e à sua exploração de forma sustentada, para o que a valorização da componente turística emergiria como um precioso contributo. Em 2004, as despesas das Câmaras Municipais em atividades culturais e de desporto aumentaram, face ao ano anterior, 2,4%, atingindo cerca de 796 milhões de euros. Em termos Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 23 Blueprint “Alto Minho Km0” regionais, este aumento foi generalizado, excetuando o Norte, onde as despesas com estas atividades diminuíram 8%. A região do Alentejo destacou-se das restantes pelo facto de ter registado o maior acréscimo (+22%). À semelhança do que acontecia em anos anteriores, em 2004, o Alentejo e o Algarve registaram os maiores níveis de despesa por habitante em atividades culturais e de desporto. Esta situação foi comum às despesas correntes e às despesas de capital. Verificou-se ainda que, tanto para a média nacional como no Norte, Lisboa e R. A. Madeira, as despesas de capital por habitante foram inferiores às despesas correntes por habitante. Pela análise do quadro 29 podemos verificar que os valores médios de despesa na NUT Alto Minho são inferiores á média nacional. Em 2004 a despesa total em atividades culturais por habitante foi de 75,8 € por habitante em termos nacionais e de 65,4€ no Alto Minho. O estilo de vida e hábitos de consumo estão diretamente relacionados com o rendimento líquido das populações residentes e de acordo com os dados de 2010, podemos observar que a NUT Alto Minho apresenta um valor de PIB per capita1 francamente abaixo da média nacional. De facto, o PIB per capita de 69 %2 registado em 2010 nesta sub-região coloca-a como uma das mais pobres do país. Análise do poder de compra Indicador per capita A leitura dos resultados do IpC3 para 2009 associa ao território continental um poder de compra superior ao observado nas duas regiões autónomas portuguesas: o valor atingia 100,5 para o Continente e era, respetivamente, de 86,1 e 94,7 para as regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Lisboa (134,2) e o Algarve (100,4) constituíam as regiões NUTS II com valores acima do poder de compra per capita médio nacional, embora de forma marginal no caso do Algarve. As três restantes regiões continentais — Norte, Centro e Alentejo — registavam índices de poder de compra per capita abaixo da média nacional e relativamente próximos: 88,4 para a região Alentejo, 87,6 para a região Norte e 84,4 para a região Centro. 1 O Produto Interno Bruto (PIB) per capita é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos num país, num dado período de tempo, a dividir pela sua população. Constitui o principal indicador da riqueza gerada na economia e o mais importante indicador de bem-estar social. 2 http://www.portugalglobal.pt/PT/InvestirPortugal/PorquePortugal/Norte/Documents/FichaNUTIII_Min ho_Lima.pdf 3 O Indicador per Capita (IpC) do poder de compra pretende traduzir o poder de compra manifestado quotidianamente, em termos per capita, nos diferentes municípios ou regiões, tendo por base uma matriz de 17 variáveis maioritariamente reportadas ao ano de 2009. Tomou-se para coeficiente de variação do IpC o da variável Rendimento bruto declarado para efeitos de IRS per capita, permitindo assim a construção final deste indicador que é apresentado tendo por referência o valor nacional (Portugal = 100). Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 24 Blueprint “Alto Minho Km0” 140 134,2 130 Indicador per Capita 120 110 100,4 100 94,7 90 80 87,6 70 Norte 88,4 84,4 73,59 Minho Lima Centro Lisboa Alentejo 86,1 Algarve Açores Madeira A observação dos desempenhos das 30 sub-regiões NUTS III portuguesas, medidos por este indicador, revela que, tal como em 2005 e em 2007, apenas cinco sub-regiões estavam acima do valor nacional: Grande Lisboa (145,2), Grande Porto (115,0), Península de Setúbal (105,8), Baixo Mondego (105,2) e Algarve (100,4). Por outro lado, os menores valores de IpC situavamse nas sub-regiões do Norte e do Centro: Pinhal Interior Sul (61,2), Pinhal Interior Norte (62,8), Tâmega (63,5), Serra da Estrela (64,3) e Alto Trás-os-Montes (67,4). A região do Alto Minho apresenta valores de IpC de 73,59, um valor inferior à média da região Norte. Em 2009, dos 308 municípios portugueses, 39 situavam-se acima do poder de compra per capita médio nacional, sendo que cerca de 80% dos municípios do país (243) revelavam um poder de compra per capita, simultaneamente, aquém da média nacional e da respetiva média regional — ao nível das regiões NUTS II. Os dez municípios da região do Alto Minho apresentavam um poder de compra per capita inferior à média nacional, e em seis deles abaixo da respetiva média regional (73,59): Arcos de Valdevez (55,76), Melgaço (55,83), Monção (62,87), Paredes de Coura (56,10), Ponte da Barca (53,35) e Ponte de Lima (62,79), destacando-se o município de Viana do Castelo (89,7), valor bastante abaixo da média nacional, contudo o mais elevado da região, sendo ainda de destacar o município de Valença (80,9) e Caminha (80,3). Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 25 Blueprint “Alto Minho Km0” Percentagem de poder de compra A estrutura regional da PPC 4 em 2009 revelava que dois terços do poder de compra manifestado regularmente no país se concentravam nas regiões NUTS II Lisboa e Norte. A região do Alto Minho, no conjunto dos seus municípios representa apenas 1,73% do poder de compra nacional, valor inferior as regiões cercanas: Cávado (3,23%), Ave (3,78%), Grande Porto (13,90%) e Tâmega (3,35%). Fator dinamismo relativo O Fator Dinamismo Relativo (FDR) pretende refletir o poder de compra, de manifestação geralmente sazonal, relacionado com os fluxos populacionais induzidos pela atividade turística associados à dinâmica comercial. Assim, o objetivo essencial da construção do FDR consiste em isentar o indicador principal, o IpC, do efeito do poder de compra manifestado irregularmente (essencialmente, pelos turistas), pelo que os dois fatores devem captar influências distintas entre si. Importa, assim, sublinhar que um valor baixo assumido no FDR em determinada unidade territorial não significa que a atividade turística seja pouco relevante neste território mas apenas que fica esbatida face ao elevado poder de compra aí manifestado de forma regular. O FDR é apresentado como variável estandardizada (com média igual a 0 e desvio-padrão igual a 1), adotando-se como unidade de medida para efeitos de análise o desvio-padrão da respetiva distribuição municipal. Com valores no FDR positivos a região do Alto Minho (0,009) contraria os valores negativos de Portugal (-0,179) e do Norte (-0,284) sendo de destacar o município de Caminha (0,54) que apresenta o valor mais elevado em termos de FDR na região Norte. Estes resultados podem ser justificados pelo “regresso a casa” dos emigrantes da região, assim como as festas e romarias sazonais. Note-se que apenas os municípios de Paredes de Coura (-0,134), Ponte de Lima (-0,114) e Viana do Castelo (-0,218) apresentam valores negativos. Valores justificáveis pelo poder de compra superior, quando comparado com os restantes municípios, mas que se manifesta de uma forma mais regular (dia a dia). 4 A Percentagem de Poder de Compra (PPC) é um indicador derivado do primeiro fator com maior poder explicativo extraído da análise fatorial — o Indicador per Capita (IpC) — e reflete o peso do poder de compra de cada município ou região no total do país (para o qual a PPC assume o valor de 100%). Com este indicador, pretende-se avaliar a concentração do poder de compra nos diferentes territórios, tendo em consideração que as áreas de maior ou menor poder de compra no território nacional dependem, não só da distribuição do poder de compra per capita pelo país, mas também da distribuição espacial da população residente. Em síntese, o indicador PPC não resulta diretamente da análise fatorial, mas é derivado do IpC e do peso demográfico de cada unidade territorial no todo nacional. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 26 Blueprint “Alto Minho Km0” Uma análise ao valor médio dos prédios transacionados na região do Alto Minho manifesta o baixo poder de compra, apresentando valores médios (51.396€) inferiores à média nacional (91.490€) e da região Norte (74.475€). A disparidade de valores entre os concelhos é considerável, variando desde os 17.956€ em Melgaço até aos 87.625€ em Viana do Castelo. 1.4.3. Mobilidade e Infraestruturas As infraestruturas da região podem ser dívidas em três grupos: Rodoviárias e ferroviárias; Aeroportuárias e logísticas; De apoio à competitividade. Fonte: Plano de Desenvolvimento do Alto Minho - Desafio 2020 Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 27 Blueprint “Alto Minho Km0” Infraestruturas rodoviárias e ferroviárias Rede Rodoviária As vias rodoviárias de acesso principal no eixo Norte/Sul são a autoestrada A28, que faz a ligação entre a área metropolitana do Porto e Vila Nova de Cerveira, e atravessa a região mais a litoral; e a A3, entre Porto-Braga-Valença, que atravessa a região pelos concelhos de Ponte de Lima, Paredes de Coura e Valença, e faz a ligação à Galiza, tendo continuidade do outro lado da fronteira e ligando a cidades como Vigo, Pontevedra e Ourense. No eixo Litoral/Interior a região é atravessada pela A27 (IP9) que faz ligação entre Viana do Castelo e Ponte de Lima, sendo prolongada pelo IC28 até Ponte da Barca. Em alternativa, existe a N203 que se sobrepõe a este percurso fazendo a ligação à Galiza por Nascente. O extremo Norte da região é servido pela N13 que estabelece a ligação entre a A28 e a A3, junto à fronteira, ligando ainda Caminha a Valença; e pela N202 que serve de via de ligação entre Valença, Monção e Melgaço, também junto à fronteira com Espanha. A expansão e modernização da rede rodoviária incluem um conjunto de projetos dos quais se destacam a construção de um IC Porto-Braga-Monção que integra a EN101 até Monção; o prolongamento do IC1 até Valença e futuro prolongamento para Monção com ligação à A52 na Galiza, servindo a Plataforma Logística de Valença e a futura estação de alta velocidade; Vias rodoviários do Alto-Minho, Fonte: http://viajar.clix.pt. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 28 Blueprint “Alto Minho Km0” Rede Ferroviária A região é servida pela Linha do Minho que estabelece a ligação entre o Porto e Valença, com estações em Viana do Castelo, Caminha e Vila Nova de Cerveira. Esta linha faz ligação internacional com Espanha. Do lado de Espanha a ligação à Linha do Minho prolonga-se até à Corunha, passando por cidades como Vigo, Pontevedra e Santiago de Compostela. Existe ainda uma ligação ferroviária que parte desta linha, seguindo junto à fronteira portuguesa e ligando à restante rede espanhola de caminhos-de-ferro. Rede ferroviária Portuguesa na Região Norte, Fonte: http://www.refer.pt No contexto do desenvolvimento da rede ferroviária de alta velocidade projetada para Portugal está prevista a ligação Porto-Vigo, em que este corredor Porto-Vigo surge integrado no projeto prioritário “Eixo Ferroviário de Alta Velocidade do Sudoeste da Europa” da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T). A linha Porto-Vigo do comboio de alta velocidade terá uma extensão de 125 quilómetros, dos quais 100 quilómetros em território português, atravessando diversos municípios do Distrito de Viana do Castelo, e permitirá a ligação entre as duas cidades em apenas 1 hora. Este projeto é muito importante para a atratividade económica do Alto Minho, ao melhorar a integração da sub-região na dinâmica do eixo GAMP-Galiza, ao potenciar a fixação de atividades económicas (nomeadamente espanholas), de população e fluxos de mercado de trabalho entre os principais centos urbanos (Viana do Castelo e Vigo) e ao apoiar a concretização de outros projetos como a modernização da Linha do Minho ou a construção da Plataforma Logística de Valença. A renovação da rede ferroviária convencional, incluindo a renovação e eletrificação da Linha do Minho entre Nine e Viana do Castelo; a construção do nó rodo-ferroviário do porto de Viana do Castelo e expansão interna, potenciando a multimodalidade nesse porto, tendo em vista a sua integração vocacional no sistema logístico regional e num quadro de complementaridades com o Porto de Leixões. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 29 Blueprint “Alto Minho Km0” Infraestruturas aeroportuárias e logísticas Portos: A região alberga o porto de Viana do Castelo, no entanto também é servida por dois grandes portos: o de Leixões e o de Vigo. Fonte: http//maps.google.com/ Porto de Viana do Castelo: É uma estrutura de apoio à atividade local e às indústrias. Tem capacidade para receber mais de 900.000 toneladas de carga ao ano, envolvendo navios com calado até 8 metros e comprimento até 180 metros. É bastante tranquilo e protegido por um canal de 2 Km que torna as manobras e o acesso relativamente simples. Trata-se de um porto bem equipado, movimentando granéis sólidos (cimento, caulino, fertilizantes e estilha de madeira), granéis líquidos (asfalto) e carga geral faccionada (madeira em toros e paletes, alumínio, papel kraft, aço, granito, etc.), e carga roll-on/roll-off. O porto é servido pela rede nacional de estradas encontrando-se em fase final o projeto de ligação do porto à rede de autoestradas e rede nacional ferroviária - Linha do Minho. Não é assumido como alternativa global aos portos galegos e portugueses (Vigo e Leixões). O Porto de Viana, Vigo, Marín e Vilagarcía ficam à distância de 1 hora da Plataforma de Salvaterra as Neves (PLISAN), o Porto de Leixões fica à distância de 2 horas. O desenvolvimento do porto de Viana do Castelo através de três projetos: 1) expansão e ordenamento do porto (a 1ª fase inclui um terrapleno com construção de um novo cais e relocalização do equipamento de roll-on/roll-off; a 2ª fase prevê uma área de expansão para Nascente, assim como uma área de reserva); 2) a referida ligação rodoferroviária ao porto (o projeto de ligação rodoviária do porto comercial à rede de autoestradas está já concluído, aguardando-se a abertura do concurso para a realização da obra; a ligação ferroviária à linha do Minho, encontra-se ainda em estudo); 3) marina oceânica (a transformação da antiga doca comercial em marina de recreio náutico constitui uma aposta para Viana do Castelo em matéria de navegação de recreio). Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 30 Blueprint “Alto Minho Km0” 31 Passageiros Contentores Mercadorias Embarcações de comércio entradas Embarcados Desembarcados Carregados Descarregados Carregadas Descarregadas Portugal Continente Leixões Viana do Castelo N.º 14 665 10 215 TPB 159 827 136 618 N.º 682 975 2 542 29 834 763 198 1 198 325 t 23 122 22 359 103 830 765 831 643 555 200 549 973 26 388 26 589 464 529 459 890 140 224 147 451 156 775 3 981 786 9 583 020 105 70 177 908 346610 0 0 356 42 867 712 39 644 091 Movimento dos portos de Leixões e de Viana do Castelo em 2010, Fonte: INE, I.P., Contas regionais. Aeroportos e Aeródromo: A região fica relativamente próxima de três aeroportos (Francisco Sá Carneiro, Porto (70km); Vigo (85 km); Santiago de Compostela (190 Km)), com boas acessibilidades rodoviárias, e comporta ainda um pequeno aeródromo. Fonte: http//maps.google.com/ Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Porto: O segundo maior aeroporto a nível nacional está situado a 11 quilómetros do centro da cidade do Porto numa importante zona industrial e comercial do país estando dotado de uma boa rede de acessos através de transportes rodoviários. Estas acessibilidades incluem transportes diários de, e para Vigo. Aeroporto de Vigo, Vigo: A menos de uma hora de viagem do centro de Viana do Castelo está o Aeroporto Internacional de Vigo. Este aeroporto opera para muitos destinos da Europa, e através de companhias de baixo custo. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 Blueprint “Alto Minho Km0” Aeroporto de Santiago de Compostela, Santiago de Compostela: No ano de 2007 este aeroporto contou com 24.637 movimentos de aviões, transportando 2.050.121 passageiros e mais de 2,7 mil toneladas de carga, o que, comparando com 2006, revela um crescimento de 2,8% no que concerne a passageiros. Aeródromo de Cerval, Alto Minho: Na região existe ainda o aeródromo de Cerval, situada a cerca de 4 km entre Vila Nova de Cerveira e Valença. Esta pista dispõe de manga de vento e marcação apenas numa das pistas. Plataformas logísticas: A Plataforma Logística Transfronteiriça de Valença situada junto ao parque empresarial e a 50 km do Porto de Viana do Castelo, e a Plataforma Logística e Industrial de Salvaterra – As Neves (PLISAN), em fase de construção na zona de Monção, têm como objetivos estratégicos: A dinamização da atividade económica da região do Alto Minho pela captação de investimento Português e Galego para o Norte de Portugal, nomeadamente ligado ao cluster automóvel; Dinamização da indústria local, facilitando a distribuição da sua produção nos mercados alvo; Reordenar plataformas e tráfegos da região de forma a potenciar o modo ferroviário; Potenciar o papel da localização estratégica da região no transporte de bens transacionáveis provenientes de Espanha e resto da Europa ao Porto de Viana do Castelo, facilitado pelas ótimas acessibilidades rodoviárias já existentes. Na avaliação destes investimentos e na sua sustentabilidade deve ser tido em atenção a performance da Plataforma do Porto de Vigo dado o seu enorme potencial e proximidade à região. Plataforma Logística de Valença: A plataforma de Valença foi construída com o objetivo de ser uma plataforma multimodal (rodo e ferroviária) de apoio à região norte de Portugal e ao sul da Galiza. Entre as principais funcionalidades deste espaço encontram-se uma área logística de multifunções, uma área ferro-logística especializada, uma área logística de transformação e clientes únicos, um terminal intermodal ferroviário e rodoviário e um centro de serviços de apoio. A plataforma terá as seguintes ligações: Ligação rodoviária à Galiza e ao Porto pelo IP1 (A3) e IC1; Ligações rodoviárias locais através das N13 e N101; Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 32 Blueprint “Alto Minho Km0” Acesso à rede ferroviária nacional pela Linha do Minho, estando em projeto / construção o ramal de acesso à plataforma o que permitirá a ligação ferroviária às regiões do Grande Porto, Cávado e Alto Minho, bem como aos portos de Viana do Castelo e Leixões. Plataforma Logística e Industrial de Salvaterra – As Neves (PLISAN): As localidades galegas de Salvaterra e As Neves, na margem do rio Minho e sobranceiras a Monção, foram o local escolhido pelo Governo Regional da Galiza, pelo porto de Vigo e pelo consórcio da Zona Franca daquela cidade para a instalação da PLISAN. Com cerca de 4,3 milhões de metros quadrados, a infraestrutura vai assumir-se como a segunda maior plataforma logística da Região Transfronteiriça, e como um dos principais pontos de conexão da Península Ibérica com as redes internacionais de transporte intermodal. Surgiu com o intuito de dar resposta à necessidade de superfície na zona portuária de Vigo, fundamentalmente para absorver o tráfico de contentores que, nos últimos anos, tem sofrido um crescimento permanente. Segundo as autoridades galegas responsáveis pelo investimento, será construída uma ligação rodoviária direta à rede de autoestradas de Espanha e um ramal ferroviário entre a plataforma logística e o porto de Vigo, mais tarde com ligação à rede de TGV (se realmente se vier a concretizar). A futura plataforma contará com um centro intermodal, com superfícies específicas para automóveis, granito e contentores, área industrial, área de serviços e outros equipamentos. A própria plataforma para além de incentivar a criação de novas empresas, irá captar empresas que estão no Porto de Vigo (grande objetivo da PLISAN), empresas que estão na zona industrial do Porrinho, como a Citroën, e empresas situadas no Norte de Portugal, nomeadamente na zona industrial de Vila Nova de Cerveira. Infraestruturas de apoio à competitividade A competitividade de base territorial beneficia do modelo de articulação entre atores e entidades de âmbito regional e local, com intervenções ditadas pelo papel que assumem no sistema regional/nacional da respetiva área de atuação. Os resultados devem ser avaliados não só, pela sua dotação ou existência, mas pela capacidade de interação prática com o universo empresarial. Ensino e educação: o Instituto Politécnico de Viana do Castelo é a entidade de referência do ensino público superior na região, que dá resposta e que estabelece “pontes” com outras entidades de ensino de proximidade: Universidade do Minho, Universidade do Porto, Universidade de Vigo, Escola Superior Gallaecia, EPRAMI – Escola Profissional do Alto Minho Interior, ETAP – Escola Profissional. Escolas Profissionais no Alto Minho Concelhos Escolas Profissionais Melgaço Monção Valença EPRAMI EPRAMI. COOPETAPE – Cooperativa de Ensino, CRL Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 33 Blueprint “Alto Minho Km0” Paredes de Coura EPRAMI Vila Nova Cerveira COOPETAPE – Cooperativa de Ensino, CRL Vila Praia Âncora COOPETAPE – Cooperativa de Ensino, CRL Viana Caminha COOPETAPE – Cooperativa de Ensino, CRL COOPETAPE – Cooperativa de Ensino, CRL EPRALIMA CENFIM Arcos Valdevez Escolas de Ensino Superior Concelhos Escolas de Ensino Superior Valença IPVC – Escola Superior Empresariais (ESCE) Vila Nova Cerveira de de Ciências Escola Superior Gallaecia Ponte de Lima IPVC – Escola Superior Agrária (ESA) Viana do Castelo IPVC – Escola Superior de Educação (ESE) IPVC – Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) IPVC – Escola Superior de Enfermagem (ESENF) Centros de formação: CENFIM - Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, Núcleo de Arcos de Valdevez. Incubadoras: In.Cubo – Incubadora de Iniciativas Empresariais Inovadoras, Arcos de Valdevez. Incubadora de Indústrias Criativas Bienal de Cerveira (IICBC), Vila Nova de Cerveira – a mais recente incubadora da região, e que visa a prestação de serviços de valor acrescentado, a promoção e o acompanhamento a empresas criativas e inovadoras. Infraestruturas tecnológicas e científicas mais próximas da região do Alto Minho: Centro Ibérico das Nanotecnologias (NIL), em Braga; Centro Tecnológico del Mar (CETMAR), em Pontevedra; Centro Tecnológico de Automoción de Galicia (CTAG), em Pontevedra; Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), Porto; Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP), Guimarães. Áreas de acolhimento empresarial: cerca de 20 parques empresariais (343 ha.) e pólos industriais evidenciando desajuste entre a oferta e a procura. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 34 Blueprint “Alto Minho Km0” As principais características dos parques e pólos são as seguintes: Pólo Empresarial de Penso (Melgaço) Área total: 50.000 m2 Área equipamento + zonas verdes: 17.500 m2 Lotação do Parque: 17 lotes Dimensão dos lotes: de 1.100 a 2.400 m2 Pólo Empresarial de Lagoa (Monção) Área total: 160.000 m2 Lotação do Parque: 86 lotes Dimensão dos lotes: de 704 a 3.280 m2 Parque de Atividades do Vale do Minho (Valença) Área total: 900.000 m2 Área equipamento+zonas verdes: 300.000 m2 Lotação do Parque: 30 lotes Dimensão dos lotes: de 5.000 a 30.000 m2 Pólo Empresarial de S. Pedro da Torre (Valença) Área total: 117.111 m2 Área para equipamento e zonas verdes: 50.000 m2 Lotação do Parque: 20 lotes Dimensão dos lotes: de 4.000 a 6.000 m2 Pólo Empresarial de V. N. Cerveira - 1 Área total: 250.000 m2 Área para equipamento e zonas verdes: 50.000 m2 Lotação do Parque: 45 lotes Dimensão dos lotes: de 6.000 a 10.000m2 Pólo Empresarial de V. N. Cerveira - 2 Área total: 300.000 m2 Área para equipamento e zonas verdes: 50.000 m2 Lotação do Parque: 45 lotes Dimensão dos lotes: de 6.000 a 10.000 m2 Pólo Empresarial de Formariz (Paredes de Coura) Área total: 79.000 m2 Área para equipamento e zonas verdes: 5.805 m2 Lotação do Parque: 50 lotes Dimensão dos lotes: de 560 a 7.000 m2 Pólo Empresarial de Castanheira (Paredes de Coura) Área total: 112.400 m2 Área para equipamento e zonas verdes: 6.450 m2 Lotação do Parque: 120 lotes Dimensão dos lotes: de 300 a 3.500 m2 Pólo Empresarial de Âncora - Caminha Área total: 55.270 m2 Área para equipamento e zonas verdes: 10.400 m2 Lotação do Parque: 34 lotes Dimensão dos lotes: de 790 a 2.200 m2 Pólo Empresarial de Meadela- Viana do Castelo Área total: 30.980 m2 Área para equipamentos: 2.295 m2 Lotação do Parque: 46 lotes Dimensão dos lotes: de 404 a 2.295 m2 Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 35 Blueprint “Alto Minho Km0” Pólo Empresarial do Neiva - Viana do Castelo Área total: 1.050.000 m2 (1.ª e 2.ª fase) Área para equipamento e zonas verdes: 2.500 m2 Lotação do Parque: 57 lotes Dimensão dos lotes: de 525 a 5.475 m2 Pólo Empresarial de Praia Norte - Viana do Castelo Área total: 83.484 m2 Lotação do Parque: 64 lotes Dimensão dos lotes: de 410 a 1.164 m2 Pólo Empresarial de Queijada - Ponte de Lima Área total: 145.215 m2 Área equipamentos: 12.470 m2 Lotação do Parque: 25 lotes Dimensão dos lotes: de 1.942 a 15.500 m2 Pólo Empresarial de Tabaçô - Arcos de Valdevez Área total: 109.609 m2 Área equipamento: 5.150 m2 Área zonas verdes: 35.349 m2 Lotação do Parque: 18 lotes Dimensão dos lotes: de 1.100 a 13.750 m2 Pólo Empresarial de Paçô - Arcos de Valdevez Área total: 114.393 m2 Área equipamento +zonas verdes: 2.720 m2 Lotação do Parque: 22 lotes Dimensão dos lotes: de 900 a 10.780 m2 Pólo Empresarial de Padreiro - Arcos de Valdevez Área total: 103.880 m2 Área lotes industriais: 43.289 m2 Área centros de apoio: 3.666 m22 Lotação do Parque: 35 lotes Dimensão dos lotes: de 367 a 3.100 m2 Pólo Empresarial da Gemieira - Ponte de Lima Área Total: 198.725 2 Lotação do Parque: 41 lotes Dimensão dos lotes: de 450 a 17.050 m2 Área de equipamentos e zonas verdes: 6.200 m2 Parque Empresarial de Vila Nova de Muía Área Total: 66.179 m2 Lotação do Parque: 45 lotes Dimensão dos lotes: de 910 a 5.930m2 Área de equipamentos e zonas verdes: 1.665 m2 Parque Empresarial de Lanheses Área Total: 98.000 m2 (1ª Fase) Lotação do Parque: 14 lotes (Total previstos: 31) Dimensão dos lotes: de 1147 a 12906m2 Área de equipamentos e zonas verdes: 1.665 m2 Para muito breve está também previsto o arranque do Minho Park Monção, num investimento global de 20 milhões de euros, que deverá criar 1.250 postos de trabalho, para receber dentro de dois anos uma centena de empresas. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 36 Blueprint “Alto Minho Km0” O Minho Park Monção junta a Associação Industrial do Minho (90 por cento do capital) e a Câmara de Monção (10 por cento), num dos maiores investimentos industriais de sempre na região. Fonte: Plano de Desenvolvimento do Alto Minho | Como tornar o Alto Minho uma região competitiva | 9.Abril.2012 Acessibilidades e Mobilidade Em termos de acessibilidades, o Vale do Minho possui boas ligações com o território envolvente, embora a nível interno (inter e intraconcelhio) se verifique algum défice de Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 37 Blueprint “Alto Minho Km0” infraestruturas rodoviárias. Valença e Vila Nova de Cerveira, encontrando-se mais próximos das grandes infraestruturas, possuem melhores acessibilidades regionais, nacionais e internacionais. Já Monção e Melgaço estão distantes da rede viária de nível superior, acedendo a esta a partir dos outros concelhos. Em Paredes de Coura, embora esteja relativamente próximo de importantes infraestruturas rodoviárias, o acesso da sede de concelho a estas é assente em estradas nacionais com condições deficitárias. A A3/IP1 faz a ligação deste território à Área Metropolitana do Porto, a Braga e a Espanha. A ligação do Vale do Minho ao Litoral e a Viana do Castelo é assegurada pela A28 (sendo o concelho de Vila Nova de Cerveira o que se encontra mais próximo desta infraestrutura). A A27 estabelece a ligação entre a A3/IP1 e a A28. No contexto local destacam-se as ligações de Monção a Melgaço (EN 202), de Valença a Amarante, que estabelece ligações a Monção, a Arcos de Valdevez, a Ponte da Barca e ainda às cidades de Braga e Guimarães (EN 101) e de Paredes de Coura a Arcos de Valdevez (EN 303). Entre Vila Nova de Cerveira e Melgaço, ao longo da fronteira, existem cinco pontes internacionais sobre o rio Minho (uma em Vila Nova de Cerveira/Goian, duas em Valença/Tuy, uma em Monção/Salvaterra do Miño e uma em Melgaço/Arbo) que, juntamente com a privilegiada ligação à A3 (IP1), reforçam a relação entre a Região Norte de Portugal e a Região Autónoma da Galiza e tornam o Vale do Minho, mais concretamente o eixo Valença-Tui, um dos principais corredores de toda a fronteira hispano-portuguesa. Níveis de serviço/ procura na rede ferroviária na região Norte Serviço ferroviário no território do Alto Minho Fonte: PROT – Norte: relatório setorial acessibilidades, mobilidade e logística, Junho2009 Quanto à rede ferroviária, esta região é servida pela linha do Minho, com estações em Vila Nova de Cerveira e Valença (existindo entre elas os apeadeiros de Carvalha e São Pedro da Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 38 Blueprint “Alto Minho Km0” Torre), assegurando o transporte de passageiros e mercadorias entre o Vale do Minho, a sul, a Área Metropolitana do Porto e, a norte, Espanha (Vigo). As ligações regionais, inter-regionais e internacionais, que servem esta região, apresentam um nível de conforto e qualidade reduzido (p. ex., o tempo de percurso entre Valença e Porto/Campanhã é superior a 2 horas), não se mostrando competitivas em relação ao transporte rodoviário coletivo e, particularmente, ao transporte individual. Relativamente à integração na rede ferroviária de altas prestações, que será construída em bitola europeia e está incluída na Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-E) encontrava-se prevista para 2013 a entrada ao serviço do troço Braga-Valença da linha de alta velocidade (Categoria II) entre Porto e Vigo, mas devido ao enquadramento económico que se vive atualmente, encontra-se adiada a sua construção. O fecho desta ligação com a remodelada linha entre Vigo e Corunha possibilitará o fecho da malha ferroviária e a conexão com a nova ligação em alta velocidade entre Santiago e Madrid. Em termos do tipo de serviço proporcionado, a linha do Minho está classificada como rede complementar para a ligação entre Nine e V. Castelo e rede secundária para a ligação entre Viana do Castelo e Valença. Atualmente reivindica-se a melhoria do serviço prestado à população, seja pela adequação dos horários/percursos à realidade quotidiana das populações, seja pela eletrificação da via-férrea, que se encontra algo obsoleta. Movimentos pendulares Fonte: INE | Censos 2001 Destino laboral da população residente nos Origem residencial da população que trabalha concelhos do Alto Minho nos concelhos do Alto Minho Fonte: INE | Censos 2001 Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 39 Blueprint “Alto Minho Km0” Movimentos pendulares – saídas e entradas de mão-de-obra, por concelho e setor de atividade O Alto Minho gera 90.386 postos de trabalho, com V. Castelo e Pte. Lima a oferecerem 57,2% do total do emprego do Alto Minho. A. Valdevez (84,3%) e V. Castelo (83,4%) são os concelhos com maior autonomia no preenchimento de postos de trabalho por residentes. Valença e V.N. Cerveira são os concelhos que apresentam maior taxa de emprego preenchido por residentes noutros concelhos (21,7% e 34,4%, respetivamente), embora as motivações sejam diferentes: no caso de V.N. Cerveira explica-se pela inferioridade da bolsa de população Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 40 Blueprint “Alto Minho Km0” ativa face ao número de postos de trabalho gerados no concelho, o que obriga à “importação” de força de trabalho; no caso de Valença pode explicar-se quer pelo seu posicionamento de fronteira com Espanha quer pela especificidade de sectores de atividade que absorvam um perfil de recursos humanos inexistente (em qualificação ou quantidade) no concelho. A bolsa de trabalho do Alto Minho é composta por 96.973 trabalhadores. V. Castelo e Pte. Lima respondem por 57,3% desta bolsa de trabalho, sendo que a representatividade individual dos outros concelhos não ultrapassa os 10%. A. Valdevez e V. Castelo revelam a menor taxa de mobilidade extrarregional, com apenas 15,7% e 16,6% dos trabalhadores residentes a sair do concelho para trabalhar. Dos dez concelhos do Alto Minho apenas V.N. Cerveira se apresenta como importador líquido de mão-de-obra, não havendo no concelho quantidade de população disponível para trabalhar que preencha o número de postos de trabalho gerados no concelho. Os restantes concelhos não geram postos de trabalho para a mão-de-obra que detêm. Pte. Lima apresenta o maior diferencial (3.449) entre os postos de trabalho gerados no concelho e a oferta de mão-de-obra. Os fluxos de saída de mão-de-obra do concelho de residência são mais evidentes em Pte. de Lima (30%), Caminha (27%), Pte. da Barca (26%), P. Coura (24%), Valença (24%) e V.N. Cerveira (22%), indiciando um desajuste entre o perfil da oferta e as exigências, em qualificação e competência técnica, impostas pelos postos de trabalho disponíveis. Pte. Lima, Pte. Barca, V. Castelo e Melgaço são os principais concelhos fornecedores de mão-de-obra para fora da região. Em sentido inverso, V. Castelo é o concelho com maior capacidade de recrutamento fora da região: 9% do emprego tem origem fora do Alto Minho, e os concelhos de Valença (17%) e Caminha (14%) os que mais mão-de-obra conseguem captar dos concelhos vizinhos. Os movimentos pendulares da bolsa de trabalho são condicionados pela proximidade geográfica. Observa-se uma sobreposição sectorial na oferta de emprego que é tendencialmente preenchida pela bolsa de trabalho dos concelhos de maior proximidade, como comprova o facto de em todos os concelhos mais de 70% dos trabalhadores residentes encontrarem emprego no próprio concelho. O comércio por grosso e a retalho, a construção e a reparação de automóveis são os sectores com maior intercâmbio de mão-de-obra entre os concelhos, sugerindo níveis mais baixos de qualificação. Melgaço, V. Castelo e Caminha recebem mão-de-obra qualificada no sector da educação. V.N. Cerveira e Valença fornecem mão-de-obra nas administrações públicas, sector mais dependente de mão-de-obra qualificada. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 41 Blueprint “Alto Minho Km0” 1.4.4. Empregabilidade e competências A maioria dos concelhos do Alto Minho apresentam níveis de desemprego registado e níveis de atividade inferiores aos registados em Portugal continental, denotando resistência do território aos efeitos potenciais gerados pela deterioração do contexto socioeconómico. Em V. Castelo denota-se maior sensibilidade ao agravamento do desemprego verificado a nível nacional (cerca de 8% da população em idade ativa). Um posicionamento inverso é evidenciado por Melgaço que, não obstante o mais baixo nível de atividade da sua população em idade ativa, revela níveis de desemprego (cerca de 3%) substancialmente inferiores aos valores de referência a nível regional (cerca de 7%) e de Portugal continental (cerca de 8%). Taxa de atividade e desemprego registado Contudo, a população envelhecida e a pouca qualificação dos ativos são algumas das características marcantes desta região e que em muito comprometem a competitividade do território. A escassez de mão-de-obra vem agravar o problema. De facto, no que diz respeito há qualificação, o “ensino básico obrigatório” é o nível mais representativo na estrutura nacional de habilitações da população empregada, ganhando maior expressão no Alto Minho, com destaque para os concelhos de Valença (64%) e Pte. de Lima (62%). Assim, os empresários destes concelhos são “forçados” a empregar colaboradores com uma reduzida taxa de escolarização e qualificação profissional, muito frequentemente mostrandose ineficaz quando estão em jogo as necessidades de desenvolvimento económico da região. Esta inadaptação da oferta à procura existe a todos os níveis funcionais, também para técnicos especializados e níveis de gestão intermédia e de topo. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 42 Blueprint “Alto Minho Km0” 1.5. Recursos Endógenos O território do Alto Minho é caracterizado como um território com uma enorme variedade de recursos endógenos, um território aprazível que sabe acolher, e com elevado potencial de valorização dos produtos locais e atividades de contacto com a natureza. O espaço e as características endógenas do território, surgem como fatores determinantes do desenvolvimento regional, onde os atores locais desempenham um papel essencial. Sendo necessário identificar novas formas de organização da produção, de relacionamento e de comunicação. A agricultura (incluindo a biológica), o desenvolvimento de atividades artesanais e património das regiões assumem-se como uma oportunidade de exploração futura para o desenvolvimento sustentável das regiões rurais. O espaço é cada vez mais uma variável estratégica fundamental do desenvolvimento, que é agora definido em função das necessidades e do bem-estar das populações. O desenvolvimento da região é o resultado da participação das diversas dimensões da população (culturais, sociais, históricas, técnicas, económicas, setoriais), da valorização dos recursos naturais e seguindo uma perspetiva dinâmica e inovadora. O desenvolvimento endógeno é, assim, um processo que envolve a expansão da capacidade da região para acrescentar valor à produção, para absorver e reter os excedentes económicos gerados localmente, bem como atrair excedentes gerados noutras regiões. O território surge como uma estratégia mais ativa e interativa como agente de desenvolvimento integrado que valoriza os recursos locais e agrega os aspetos sociais, culturais, técnicos e económicos, bem como a participação ativa de toda a população. É neste contexto que surge a nova conceção de desenvolvimento rural. Toda a região Alto Minho, assenta na lógica de competitividade das áreas rurais através da valorização dos recursos locais, exploração de novos recursos e da rentabilização de recursos e potencialidades endógenas. O seu desenvolvimento é, assim, fundamental na medida em que oferece um conjunto de oportunidades que permitirá fortalecer o território com novas dinâmicas, criação de sinergias e parcerias e novas atividades integradas (em rede). Pelo que é necessário apostar mais no meio rural e reinventar a ruralidade, implementando novas atividades que possam gerar emprego e riqueza, mantendo o dinamismo da paisagem rural tendo em vista a melhoria das condições de vida das populações para que estas não se sintam tentadas a abandonar o território. É essencial valorizar os recursos e o saber-fazer local, redescobrir os produtos tradicionais como instrumento de desenvolvimento territorial e dinamizar projetos locais e regionais que estimulem o turismo e a procura de produtos tradicionais locais de qualidade. Foram identificados 3 principais grupos de recursos na região do Alto Minho, são eles: Recursos naturais – água e terra. Água: praias oceânicas, praias fluviais, e rios e ribeiros; e Terra: parques nacionais ou de paisagem protegida, parques naturais de recreio e lazer, e serras e montes; Recursos etnográficos: artesanato, festas e gastronomia; Recursos históricos: património arqueológico, património religioso, património militar e património civil. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 43 Blueprint “Alto Minho Km0” 1.5.1. Recursos Naturais O Alto Minho é uma terra de conquistas, de aventuras e de prazeres provenientes da natureza, sendo um paraíso no extremo Norte do país. Quem procura o Alto Minho descobre as maravilhas dos seus locais, das suas terras e águas (mar e rios), numa junção de paisagens marcadas por sensações ancestrais e renovadas que, para o homem de Hoje, constituem a grande aposta para o século XXI, devendo por isso serem recursos a valorizar. Áreas Protegidas O Alto Minho possui 4 Áreas Protegidas, locais privilegiados para a prática da observação da natureza, de todas as espécies de animais que o povoam, e das tradições culturais das suas gentes. São o Parque Nacional Peneda-Gerês, o Parque Natural do Litoral Norte, a Área de Paisagem Protegida do Corno do Bico e a Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos. Parque Nacional da Peneda-Gerês, Área Protegida O Parque Nacional da Peneda Geres foi criado em 1971 e é a mais antiga área protegida portuguesa, e a única classificada como Parque Nacional pela União Internacional de Conservação da Natureza. Ocupa uma área aproximada de 72000 hectares distribuídos por cinco municípios: Arcos de Valdevez, Melgaço e Ponte da Barca (Alto Minho), Terras do Bouro (Cávado) e Montalegre (Alto Trás-os-Montes). Esta área protegida forma um contínuo com o parque natural espanhol da Baixa Limia-Serra do Xurés. Caracteriza-se por ser uma zona em que o relevo fortemente acidentado e os pronunciados declives, bem como os inúmeros afloramentos rochosos, são as marcas dominantes. A grande quantidade de vales e corgas é aproveitada pelos rios, dando lugar a uma rede hidrográfica de grande densidade. A área deste parque faz parte das áreas de influência dos rios Minho, Lima, Cávado e Homem, que compartimentam o maciço granítico, individualizando as diferentes serras: a Serra da Peneda, definida pelos rios Minho e Lima; a Serra da Amarela, definida pelos rios Lima e Homem e a Serra do Gerês, definida pelos rios Homem e Cávado. A localização deste território (entre o Oceano Atlântico e os ambientes climáticos do interior do território nacional) e a configuração do relevo condicionam as características climáticas desta área e determinam o tipo de clima existente, o que por sua vez condiciona tanto o manto vegetal e as características dos solos como a maneira de estar e o modo de habitar das suas populações. A fauna e flora são ricas e variadas encontrando-se entre elas raras espécies animais e vegetais. A Peneda é hoje um dos últimos refúgios de predadores como o Lobo e a Águia-Real. Nas zonas de altitude são visíveis os efeitos da última glaciação - circos glaciares, moreias, pequenas lagoas e vales em U. A natureza e orientação do relevo, as variações de altitude e as influências atlântica, mediterrânica e continental traduzem-se na variedade e riqueza do coberto vegetal: matos, carvalhais e pinhais, bosques de bétula ou vidoeiro, abundante vegetação bordejando as linhas de água, campos de cultivo e pastagens. O passado traduz-se nos castelos de Castro Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 44 Blueprint “Alto Minho Km0” Laboreiro e do Lindoso, monumentos megalíticos e testemunhos da ocupação romana. A geira, o antigo caminho que conduzia os legionários de Braga a Astorga, sobrevive num trecho da antiga calçada e nos curiosos marcos miliários. Curiosos povoados, a arquitetura dos socalcos, paradas de espigueiros, a frescura dos prados de lima, animam um quadro em que a ruralidade ainda está presente. Todos estes aspetos proporcionam agora atividades turísticas em franco desenvolvimento. Parque Natural do Litoral Norte Esta zona protegida no norte de Portugal estende-se ao longo de 16 km de costa, entre a foz do rio Neiva e a zona sul da Apúlia. Esta área protegida foi criada no sentido de conservar os seus valores naturais, físicos, estéticos, paisagísticos e culturais, com especial relevo para a preservação do sistema dunar. Para além das dunas, este Parque é constituído por praias fluviais e marítimas, com recifes, pinhal, carvalhal e zonas agrícolas, para além de diversas ribeiras que desaguam diretamente no mar. Área de Paisagem Protegida do Corno do Bico Classificado desde 1999 como Paisagem Protegida, o Corno do Bico situa-se nos limites administrativos sudoeste do município de Paredes de Coura, onde confronta com Arcos de Valdevez e Ponte de Lima. A sua área perfaz cerca de 2175hectares, distribuídos por parte das freguesias de Bico, Castanheira, Cristelo, Parada e Vascões. A classificação desta área como paisagem protegida visou a adoção de medidas para a conservação da importante mancha de carvalhal e a promoção do recreio ao ar livre em equilíbrio com os valores salvaguardados. Enquadrada por uma envolvente essencialmente montanhosa esta área Protegida integra as cabeceiras de três importantes cursos de água do Alto Minho, Labrujo, Coura e Vez e possui uma extensa mancha florestal com predomínio do carvalhoalvarinho. A Paisagem Protegida do Corno do Bico, tem as suas competências de gestão atribuídas à Câmara Municipal de Paredes de Coura, onde existe desde o início de 2007 um Centro de Educação e Interpretação Ambiental (CEIA) criado com o objetivo de promover a investigação e a divulgação dos recursos naturais presentes neste local, nomeadamente a flora e a fauna, oferece aos seus visitantes um conjunto de atividades de sensibilização e animação ambiental, tais como visitas de estudo, observação de fauna e flora, diversos percursos pedestres e ateliês variados. A variedade de programas oferecidos torna a gestão deste espaço num exemplo de dinamização e divulgação dos valores naturais, que pode ser replicado em áreas de estatuto similar, existentes ou a criar, constituindo um bom exemplo do sucesso da “abertura” das áreas protegidas à comunidade. Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos Localizam-se entre o Rio Lima a Sul e as Serras de Arga e Cabração a Norte, no município de Ponte de Lima. Ocupa uma área de Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 45 Blueprint “Alto Minho Km0” 346hectares, distribuída a pelas freguesias de Bertiandos, S. Pedro d’Arcos, Estorãos, Moreira de Lima e Sá. Esta área protegida foi assim classificada por constituir um interessante sistema lacustre, envolvido por um mosaico agro-florestal que se considera importante preservar e valorizar. Deste modo, procura-se evitar os perigos que ações como a caça desordenada, o abate de árvores, as ações de limpeza indevidas e o abandono das práticas agrícolas tradicionais poderiam provocar, quer na regressão de algumas espécies, quer na completa descaracterização da área. Desenvolve-se em torno de duas lagoas e das margens do rio Estorãos, num espaço dividido em duas zonas: a zona das tapadas, onde se inserem as lagoas e o rio Estorãos, com galerias de vegetação ripícola e a zona das veigas: a veiga de Bertiandos e a veiga do Sobreiro, numa zona sujeita a diferentes graus de encharcamento, em que predomina a vegetação espontânea higrófila autóctone. Rios e Praias Rio Minho Em termos hidrográficos, este rio internacional, com foz em caminha é a linha de água com maior expressão e relevância, sendo o eixo estruturante onde afluem os rios Mouro, Gadanha e Coura. Nasce em Espanha, na serra de Meira, a uma altitude de 750 metros, e desagua em Portugal, no oceano Atlântico. Dos 300 quilómetros de percurso, os últimos 70 quilómetros servem de fronteira entre Portugal e Espanha. Do ponto de vista geomorfológico, esta bacia caracteriza-se pela oposição entre relevos elevados, terminando em planaltos descontínuos e vales profundos, mas largos, e de fundo aplanado. Os declives acentuados de superfícies rochosas e solos esqueléticos (litigiosos), normalmente de natureza granítica ou xistosa (p. ex., serra da Peneda), demonstram que esta é uma área sujeita a processos de elevada erosão. No entanto, à medida que se desce em direção aos vales dos rios Minho e Coura, o risco de erosão vai progressivamente diminuindo. Rio Lima Ao longo do seu percurso atravessa quatro concelhos: Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo, sendo desde sempre uma importante via de comunicação entre estes municípios. Nasce em Espanha, na província de Orense, a cerca de 950 metros de altitude e desagua no oceano Atlântico, junto a Viana do Castelo, depois de ter percorrido no total cerca de 108 quilómetros. Em Espanha percorre 41 quilómetros, entra depois, em território português, no vale criado através da serra do Gerês e da Peneda e percorre, até à sua foz, 67 quilómetros. Rio Vez O Rio Vez está localizado na falda da Serra do Soajo, a cerca de 1300 metros de altitude, num local conhecido por Seida ou Lamas do Vez, é o principal afluente do Rio Lima, atravessa a terra de Arcos de Valdevez onde se realizou o famoso Torneio de Arcos de Valdevez que está na origem da Independência de Portugal. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 46 Blueprint “Alto Minho Km0” As águas deste rio são ricas em truta, facto que atrai numerosos entusiastas na época da pesca. Tem um comprimento aproximado de 36 quilómetros. Sobre este rio podemos encontrar várias pontes, algumas com importância histórica, das quais se destaca: Ponte medieval de Vilela. Rio Coura Nasce na serra da Boalhosa, na lagoa da Chã de Lamas e na serra de Corno de Bico e desagua na margem esquerda do Minho, banha os concelhos de Paredes de Coura, Vila Nova de Cerveira e Caminha. E as Freguesias de Formariz, Paredes de Coura, Rubiães, São Martinho de Coura, Covas, Vilar de Mouros, Venade, Vilarelho, Seixas, e Caminha. Uma das particularidades deste rio é que banha duas praias, nas quais se realizam dois dos maiores festivais de verão em Portugal, Festival Paredes de Coura e Festival de Vilar de Mouros, este último entretanto, deixou de se realizar. Praias Fluviais As praias fluviais são atração em algumas das freguesias dos municípios mais interiores, como em Arcos de Valdevez, Monção, Melgaço, Ponte de Lima e Vila Nova de Cerveira, tendo resultado do aproveitamento das condições naturais dos vales desses rios, que em troços mais abertos e de abrandamento da velocidade das águas constituíram pequenos areais que foram preparados para o lazer, particularmente nos meses de Verão. Praias Marítimas Apenas existem nos municípios de Viana do Castelo e de Caminha sendo muito utilizadas, para veraneio. Constituem não apenas motivação turística primária como complementam outros produtos como, por exemplo, o turismo no espaço rural, uma vez que as distâncias de muitas casas rurais são facilmente ultrapassadas, podendo os turistas, sempre que as condições climatéricas o permitam, frequentá-las para banhos de sol e mar e para a prática de desportos náuticos, cada vez mais procurados pelos mais jovens. A atestar a qualidade destas praias é a obtenção do galardão “Bandeira Azul” pelas praias de Caminha, Moledo e de Viana do Castelo, Afife, Arda, Paçô, Carreço, Cabedelo, Amorosa e Castelo do Neiva. Praias ótimas para quem quer despertar sensações, envolver-se em atividades desportivas, ou simplesmente, usufruir da brisa e das águas saudáveis, ricas em iodo. A Marina de Viana do Castelo, porto de recreio de Viana do Castelo é constituída por duas docas. Uma, situada a jusante da ponte metálica Eiffel, com 163 postos de acostagem para embarcações até 20 metros de comprimento e 3 metros de calado. Esta doca dispõe de água, energia elétrica, sanitários e balneários, fornecimento de combustíveis, grade de marés e uma rampa para alagem de embarcações. A outra, localizada a montante da mesma ponte, dispõe de 144 postos de amarração para embarcações de menor porte. Estes recursos naturais hídricos, nomeadamente os fluviais, permitem, ainda, o seu aproveitamento para uma diversidade de atividades turísticas/desportivas, como a prática da pesca, a prática de canoagem e outros desportos aquáticos, dada a relativa ausência de poluição dos rios desta sub-região, particularmente no caso dos Arcos de Valdevez, Melgaço e Paredes de Coura. Também em termos marítimos, o aproveitamento das ótimas condições das ondas existentes nas praias desta área para o surf, windsurf, Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 47 Blueprint “Alto Minho Km0” bodyboard, entre outros, já motivou a realização de várias provas internacionais. Nas áreas onde os vales dos rios convivem com zonas de montanha despovoadas, a caça adquire, igualmente, importância na atração de praticantes deste desporto, especialmente nos municípios de Melgaço, Monção, Paredes de Coura e Vila Nova de Cerveira. 1.5.2. Recursos Históricos Os monumentos, os lugares históricos e arquitetónicos são um marco de referência no território, não apenas em consequência da intensa romanização que esta zona sofreu, como pela afirmação da riqueza agrícola de outros tempos, que permitiu a edificação das residências apalaçadas, os célebres solares minhotos, e contribuiu decididamente para a construção de igrejas e monumentos religiosos que hoje são fundamentais na caracterização da arquitetura regional. Denota-se uma forte concentração de solares no Vale do Lima e, mais concretamente, no concelho de Ponte de Lima, sendo a hospitalidade que os envolve reconhecida internacionalmente. Nos vários municípios desta área, a par dos monumentos castrejos e dos edifícios civis e religiosos, destacam-se as construções militares, testemunhos da história medieval do Alto Minho onde, quer as fortalezas terrestres, como em Valença e Vila Nova de Cerveira, quer as marítimas como em Viana do Castelo e Caminha, deram origem a vilas fortificadas e castelos, estes nas barras dos rios Minho e Lima, para a sua defesa e a das localidades adjacentes. De seguida salientam-se alguns destes monumentos: Arqueológicos Núcleo Megalítico do Mezio (Arcos de Valdevez) Castro de Romarigães (Paredes de Coura) Antas (Paredes de Coura) Citânia de Santa Luzia (Viana do Castelo) Civis, aldeias históricas e solares Chafariz da Praça Municipal (Caminha) Paços do Concelho e Torre do Relógio (Caminha) Palácio da Brejoeira (Monção) Convento dos Capuchos, Hotel Rural (Monção) Praça de Deu-la-Deu (Monção) Casa Grande de Romarigães (Paredes de Coura) Mercado Pombalino (Ponte da Barca) Ponte Medieval sobre o Lima (Ponte da Barca) Paço do Marquês (Ponte de Lima) Ponte sobre o Lima (Ponte de Lima) Várias Casas Senhorias (Ponte de Lima) Núcleo intra-muros (Valença) Velha ponte secular modelo Eiffel (Valença) Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 48 Blueprint “Alto Minho Km0” Várias Casas Senhorias (Viana do Castelo) Chafariz da Praça da Rainha (Viana do Castelo) Hospital Velho (Viana do Castelo) Antigos Paços do Concelho (Viana do Castelo) Ponte Gustave Eiffel s/ Lima (Viana do Castelo) Núcleo intra-muros (V.N. de Cerveira) “Militares” Conjunto Fortificado (Caminha) Forte de Ínsua (Caminha) Castelo de Castro Laboreiro (Melgaço) Castelo e Fortaleza/Muralhas (Monção) Castelo de Lindoso (Ponte da Barca) Torre S. Paulo/Troço da Muralha (Ponte de Lima) Fortaleza/Zona Muralhada (Valença) Forte/Castelo de Santiago da Barra (Viana do Castelo) Fortaleza/Castelo/Torre e Portas (V.N. de Cerveira) Religiosos Santuário Nª Sr.ª Peneda (Arcos de Valdevez) Igreja da Lapa (Arcos de Valdevez) Igreja Matriz de Caminha (Caminha) Igreja Matriz de Monção (Monção) Mosteiro e Igreja de Longos Vales (Monção) Igreja de Bravães (Ponte da Barca) Igreja Matriz de S. João Baptista (Ponte da Barca) Igreja/Museu dos Terceiros (Ponte de Lima) Convento de Ganfei (Valença) Basílica de Santa Luzia (Viana do Castelo) Igreja e Misericórdia (Viana do Castelo) Sé Catedral/Igreja Matriz (Viana do Castelo) Santuário/Igreja Nª Sr.ª Agonia (Viana do Castelo) Uma forte aposta no turismo associado a estes recursos permite absorver conhecimento sobre o património, tradição e cultura da região. Estes itinerários proporcionam aos visitantes experiências de qualidade que aliam o carácter especial da herança edificada com o ambiente natural da região existindo atualmente canais de promoção e público-alvo para esta oferta. O relacionamento entre o Turismo, a agricultura e outros sectores na economia rural local assume, cada vez mais, um papel preponderante na dinamização das regiões, sendo que uma gestão integrada de qualidade no Turismo é de extrema relevância para o Alto Minho. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 49 Blueprint “Alto Minho Km0” 1.5.3. Recursos Etnográficos Os costumes e as tradições dos minhotos, com as suas festas, romarias, tradições populares, o encanto da arte e do artesanato ainda produzidos com ferramentas rudimentares marcam a diferença de uma cultura que deve ser apreciada. De entre a sua vasta oferta cultural, podemos referir alguns dos recursos mais relevantes: Festas e Romarias Terra de forte ligação à Igreja Católica e devoção aos seus Santos, assim como às tradições populares, o Alto Minho celebra ao longo de todo o ano festas populares e religiosas em quase todas as freguesias dos dez municípios da região. Só no concelho de Viana do Castelo realizam-se ao longo do ano cerca de 70 festas e romarias. Sem dúvida, estes eventos são a expressão da religiosidade e da alegria do povo minhoto, como são exemplos: Vila Praia de Âncora, com Festa da Senhora da Bonança; Melgaço, com a Senhora da Peneda, e Viana do Castelo, com as Festas da Senhora da Agonia, entre outras figuras religiosas intensamente veneradas. Para despertar novas experiências e atingir novos públicos, alguns municípios têm apostado, igualmente, em eventos de carácter mais contemporâneo, como são exemplos os festivais de música de Paredes de Coura e de Vilar de Mouros que tal como já referido está neste momento inativo. A Bienal Internacional de Arte de Cerveira (Bienal de Cerveira), a mais antiga Bienal de Arte do país, constitui outro projeto âncora na região, justificando uma assinatura diferenciadora para Vila Nova de Cerveira – a Vila das Artes. Apostando na arte, cultura e criatividade enquanto elementos distintivos, a Bienal de Cerveira tem mantido ao longo das últimas três décadas uma relação saudável e equilibrada entre a tradição cultural e a criação contemporânea, sendo um ponto de encontro de artistas portugueses e estrangeiros, oferecendo espaço e condições excecionais para o evento. Desde 2010 com gestão e organização da Fundação Bienal de Cerveira, instrumento para a criação de condições adequadas à profissionalização e consolidação deste projeto cultural e criativo, resultando num conjunto de intervenções que se traduzem numa oportunidade para a adaptação às mudanças e aos desafios do futuro, numa perspetiva de solidificação do cluster das indústrias criativas da Região do Norte, proporcionando o desenvolvimento do sector criativo e artístico e a projeção de uma imagem de modernidade e qualidade de vida da região. Valorizar a tradição acrescentando inovação, num exercício de criatividade e bem-estar é também o propósito de projetos mais recentes como o Viana Criativa, e o projeto de candidatura da cidade de Viana do Castelo ao movimento Slow City. Iniciativas a decorrer em 2012 e 2013 que compreendem um programa alargado de ações, eventos e atividades que, no seu conjunto, pretendem contribuir para o reconhecimento de Viana do Castelo como uma cidade criativa, ambiente propício ao bem-estar e desenvolvimento pessoal, social, comunitário e ambiental. Destaca-se também o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima que é uma iniciativa anual, que decorre de Maio a Outubro, sem precedentes a nível nacional, que relança o gosto e culto pelo jardim e pela jardinagem, numa ligação profunda com a terra, com a preservação do património e com a defesa do ambiente. Anualmente, de Maio a Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 50 Blueprint “Alto Minho Km0” Outubro, a criação de onze jardins efémeros selecionados por um Júri qualificado permite a renovação do Festival e proporciona aos visitantes um contacto direto com as novas abordagens da conceção de jardins, com diferentes tendências criativas, com diversas visões no que respeita às correntes artísticas e com perspetivas inovadoras para o aproveitamento e fruição dos espaços públicos ao serviço das populações que, aqui, também manifestam a sua opinião. Feiras e Mercados “A panóplia de produtos à venda é enorme e os mercados encontram-se abertos todos os dias, exceto Domingo, enquanto que as feiras são semanais, com exceção da de Paredes de Coura que se realiza quinzenalmente. A feira de Vila Nova de Cerveira é uma das maiores do Norte e atrai centenas de pessoas todos os Sábados, sobretudo das grandes cidades do Norte de Portugal e da Galiza.” Fonte: http://www.valedominhodigital.pt As feiras e mercados são uma das mais tradicionais manifestações do Alto Minho e do povo português, principalmente pelas múltiplas funções que desempenham nos espaços rurais. Acontece que ao longo dos tempos foram perdendo a grande tradicionalidade do passado e hoje encontram-se distanciados dos produtos locais e regionais, e das pessoas. Apesar de terem um papel muito relevante ao nível do tecido rural e social, é essencial perceber também o que se passa ao nível dos centros urbanos. Os mercados municipais são estruturas tradicionais de comércio retalhista de proximidade, presentes em praticamente todo o território nacional e o Alto Minho não é exceção. Estes espaços revelam-se uma mais-valia para a dinamização dos centros das vilas e cidades já que são uma referência sócio-económica e urbana muito forte, que precisa de ser preservada e dinamizada. Em termos da situação de referência dos Mercados Municipais, como corolário do reconhecimento da sua importância e papel que desempenha ao nível do tecido urbano e social, a do Alto Minho é idêntica à presenciada um pouco por todo o país. O perfil da população e das regiões, nomeadamente dos centros de cidade, tem sofrido grandes alterações ao longo das últimas décadas, não se tendo verificado grandes adaptações do ponto de vista da oferta constituída pelos Mercados Municipais, onde na maioria das situações não se investiu na mudança, nomeadamente na construção e desenvolvimento de uma oferta agregada a partir destes espaços, com uma evidente perda de poder de atratividade e retenção das pessoas, e de dinamização da economia local com base nos seus recursos endógenos. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 51 Blueprint “Alto Minho Km0” Fatores marcantes na relação População/ Centros de Cidade/ Mercados Municipais (em Portugal) Os mercados municipais, devido à sua localização – habitualmente no coração das cidades, e ao conceito de atividade comercial de produtos frescos, do dia, podem ser um meio muito interessante de potenciar a atividade comercial local, de proximidade, contribuindo para o encolher da distância entre produtor e consumidor, ou seja, para o modelo Km0. A recuperação destas infraestruturas e a reformulação da sua oferta para aumentar a capacidade de atrair mais vendedores e compradores, deve ser motivo de reflexão e matéria a integrar na estratégia para a dinamização da região do Alto Minho, que conforme já referido possui um leque interessante de Mercados Municipais. Para esse exercício de reflexão deverá ser tomada em conta a análise SWOT dos Mercados Municipais que se segue, uma vez que, nesta matéria, a realidade da região do Alto Minho não se distancia muito da realidade nacional. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 52 Blueprint “Alto Minho Km0” Análise SWOT (mercados municipais em Portugal) Destacamos desta análise o TOP 5 dos fatores diferenciadores para a dinamização dos Mercados Municipais: Horário Localização/ Estacionamento Organização e Imagem dos espaços Qualidade e Variedade de Produtos Serviços âncora Danças e Cantares Grupos etnográficos com os seus trajes típicos minhotos, onde se destacam os bordados e as joias em ouro, que ganham vida ao som dos instrumentos tradicionais da região, Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 53 Blueprint “Alto Minho Km0” também estes ícones de notoriedade e singularidade do Alto Minho, com especial enfase para os instrumentos de cordas e percussão, e as concertinas. Artesanato O artesanato figura em inúmeras freguesias do Alto Minho como fator de atração turística, em especial nas de Caminha, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira. Zona de artesãos que com as suas mãos de artistas se dedicam à feitura de mantas de lã e tomentos, toalhas de estopa e fino linho; cestaria; à luminária popular, sobretudo, à reutilização decorativa de todo o tipo de lanternas, candeias e lampiões; à tanoaria; à tamancaria; aos trabalhos em pedra, chafarizes, fontanários; às rendas e bordados; à arte floral, palmitos, cerâmica; e tantos outros, objetos carregados de simbolismo e estética. Ao se percorrer esta região, em cada recanto, aldeia, cidade ou vila, depara-se com pelourinhos, cruzeiros, nichos, imagens de santos, de músicos, igrejas, casas, chafarizes, fontanários, testemunhos "vivos" da capacidade do Homem na arte nobre da Cantaria. Também a arte de bordar tem uma forte implantação. Bordar é uma atividade feminina quase universal, cuja origem se perde no tempo e que encontra em Viana do Castelo uma significativa expressão. A enorme importância que o bordado ganhou em Viana do Castelo começou com o atelier criado por Gemeniana Branco, no âmbito da Cruzada das Mulheres Portuguesas, fundada para atenuar as dificuldades que as famílias viveram durante a I Guerra Mundial. Este atelier realizou uma exposição durante as Festas da Sra. d’Agonia de 1917 que teve um enorme sucesso. A exposição apresentava peças feitas por “aldeãs deste concelho, que nos seus trabalhos seguem a tradição, usando somente motivos campestres”, mostrando assim o seu enraizamento numa tradição local. O Bordado de Viana do Castelo manteve sempre esta ligação à sua origem popular, representando flores diversas e elementos vegetais que lembram a exuberância da natureza. As características, a originalidade e a sua importância sócio económica levaram a Câmara Municipal a pedir a certificação do Bordado de Viana do Castelo, como forma de valorizar o trabalho das bordadeiras e proteger a sua genuinidade, certificação obtida no início de 2011 e que garantiu um selo de garantia. Gastronomia e Vinhos A Gastronomia e os vinhos são um discurso sobre o prazer da mesa. É tributária da variedade e funde-se na escolha e na seleção. A “mesa” minhota é de reconhecido renome e capaz de atrair um elevado número de consumidores e turistas. A conservação de pratos típicos e a produção de vinhos de qualidade e castas únicas da região é alvo de apreciação por parte de quem os conhece. Nos vinhos destaca-se o alvarinho de Monção e Melgaço, cuja importância na economia da região é muito relevante. Desde 2009 que a Festa do Alvarinho e do Fumeiro de Melgaço (FAFM) é reconhecida pelo Turismo de Portugal como um evento de “Interesse para o Turismo”. A FAFM é hoje um evento incontornável das festas gastronómicas do país, atraindo pessoas dos diversos pontos do território nacional e também um grande número Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 54 Blueprint “Alto Minho Km0” de espanhóis, sobretudo da vizinha Galiza. A FAFM posiciona-se como um evento dentro do produto gastronomia e vinhos, que é um dos 10 produtos PENT (Programa Estratégico Nacional para o Turismo). Este evento pretende ser diferenciador face aos existentes nesse segmento, tendo uma aposta clara e inequívoca em produtos 100% locais e em atividades complementares capazes de satisfazer as necessidades de quem nos visita. Monção também dedica anualmente um evento para valorizar e promover os monovarietais de Alvarinho da Sub-região de Monção e Melgaço, de forma a enaltecer um produto endógeno e diferenciador. A qualidade do vinho da região do Alto Minho está bem patente na nomeação de Viana do Castelo e o seu Concelho a Cidade do Vinho 2011. No que respeita há gastronomia da região está bem inventariada no livro “A Boa Mesa do Alto Minho”, uma coletânea de receitas com assinatura de “cozinheiras” e “donas” que durante décadas se dedicaram às artes culinárias de tachos e panelas, dá-nos conhecimento de toda a riqueza de uma tradição do que de melhor temos sobre o receituário étnico, familiar, caseiro e tradicional da região. O Alto Minho apresenta pratos tradicionais como: Arroz de Sarrabulho, Posta Barrosã, Cabrito do Monte, Truta, Cozido com Feijão e Couves, Papas de Sarrabulho, os Rojões; nos peixes a variedade é muita como o Bacalhau à Moda de Viana, Bacalhau à Gil Eannes, o Bacalhau à Margarida da Praça, o Arroz de Lampreia, o Sável, etc. Não pode, também, deixar de se fazer referência ao Vinho Verde. Quando se fala em doçaria devem destacarse os rebuçados dos Arcos, confecionados com açúcar e mel, os charutos de ovos, os conhecidos doces da Páscoa, o bolo branco, o leite creme queimado, as Rabanadas de Mel, a torta de Viana, e as meias–luas de Viana. Uma oferta alargada de pratos representativos e inspirados em diferentes formas de cozinhar: • Cozinha popular ou étnica: pratos da tradição antiga que não chegaram aos restaurantes; cozinha de sentido etnográfico/folclórico que fazia parte da tradição gastronómica quotidiana do passado e cuja vivência atual só existe em casos pontuais. Receituário ancestral, de tradição oral (a perder-se), parte fundamental da cultura gastronómica e repartida pela geografia da região. Em resumo: hábitos alimentares dos nossos antepassados cuja recuperação requer um trabalho de localização e investigação cozinha comunitária, da época: matança do porco, Consoada, cozinha do Entrudo, Jantar da Cruz, arroz das lavradas ou arroz de Maio, bucho doce (Melgaço), afogado de cabrito, sarapatel (Vila Mou), almoço e jantares de Batizados, casamentos e missas novas e em tempo, ainda muito recente, os jantares dos mortórios. • Cozinha familiar: receitas de âmbito familiar, recitadas de cor, sem compromissos, versátil, autónoma, com base nos produtos da “casa” (mimos da horta / quinteiro / corte). Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 55 Blueprint “Alto Minho Km0” Feita de muito amor aos tachos e panelas; alguidares e almofias de barros vidrados, gamelas de pau, carretilhas de latão; a arte maravilhosa de desenhos feitos a fio de canela - a canelografia. Sofre influências de aculturação (ex. bolo-rei trazido pelas moças Minhotas criadas de servir em Lisboa). • Cozinha caseira: é a soma da cozinha popular e familiar. É utilizada já na maior parte dos restaurantes, sendo possível a sua recriação de modo a torná-la adaptável aos clientes e gastrónomos (inovação na tradição). Cozinha de caseirices – feminina, ligada às raízes e memórias da quinta e do folclore (os folares – as célebres roscas das Mordomas, o bate – pão-de-ló das Romarias; o molho fervente que estruge na caçarola, de azeite fino, vinagre de sete ladrões, cebola picada, dente de alho e o cheiro a pimenta). • Cozinha tradicional: usa técnicas tradicionais com receitas mais elaboradas. Interpreta a cozinha popular com as velhas tradições, os produtos endógenos locais e regionais, inclusivé, as técnicas de elaboração das respetivas “funções”. Uma gastronomia sólida, apoiada em sabores próprios de cada ingrediente. As receitas (com pelo menos cinquenta anos de uma tradição oral viva e operante), são específicas e realçam os sabores do produto. Trata-se de um património cultural a preservar presente em cada prato tradicional exemplificativo da herança e memória comunitárias. São receitas familiares, saberes conventuais, muitos deles guardados em segredo. A gastronomia reflete diversos aspectos da história e da tradição da região, sendo que uma das formas encontradas para valorizar os prazeres da mesa é a realização de diversos festivais dedicados às carnes, aos peixes, aos vinhos e aos produtos locais. O Alto Minho é assim uma região rica em produtos da terra e do mar, com grande variedade de mariscos e de peixes, com pratos de carne fortes em aroma e tempero e com uma carta de doces, rica em receitas tradicionais, preciosas e delicadas, iguarias que podem ser acompanhadas por vinhos de casta única e de excelente qualidade. 1.5.4. Turismo “Nenhum outro sector económico garante, melhor que o turismo, a estreita conexão que deve existir entre o desenvolvimento regional na medida em que os efeitos económicos e sociais do turismo, verificados numa região, se repercutem no todo nacional.” Cunha (1997:287) À semelhança do país e da região Norte de Portugal, região turística preferida do país, o Alto Minho possui recursos turísticos fortes, pela sua diversidade e em muitos casos pela sua unicidade. Na tabela seguinte reúnem-se de forma sistematizada os principais recursos turísticos da região Norte, onde é possível identificar a relevância da oferta turística na região como um todo, e em cada uma das suas quatro sub-marcas turístico-promocionais. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 56 Blueprint “Alto Minho Km0” Grande Porto . Centro Histórico do Porto . Património Histórico-Cultural classificado . Caves do Vinho do Porto e Barcos Rabelos . Cultura e Conhecimento . Centro Económico e Empresarial . Pólo de Congressos, Convenções e Seminários . Animação . Foz do Douro e orla costeira Alto Minho . Património Histórico/Religioso . Diversidade de Cidades e Vilas Históricas . Vale do Minho e Lima . Orla Costeira . Parques Naturais . Festas e romarias . Gastronomia e vinhos . Aldeias rurais . Solares DOURO ALTO TRÁS-OS-MONTES . Alto Douro Vinhateiro - Património Mundial . Rio Douro - Canal navegável . Vindimas e tradições associadas . Aldeias Vinhateiras e Quintas . Parques Naturais e Albufeiras . Gastronomia e Vinhos do Douro e Porto . Património Histórico-Cultural . Parque Arqueológico do Côa - Património Mundial . Planaltos montanhosos - Natureza e Paisagem (Ex.: Montesinho) . Património Histórico-Cultural . Termas . Caça e Pesca . Aldeias rurais . Gastronomia . Produtos locais . Artesanato Principais recursos turísticos das sub-marcas turístico promocionais Fonte: Agência Regional do Turismo, 2008 O lazer e a animação turística apresentam-se como um dos vetores económicos mais dinâmicos da região, oferecendo um conjunto de oportunidades e de iniciativas que visam melhorar a qualidade de vida das populações e competitividade da região. No âmbito da evolução que a indústria da recreação, lazer e animação turística sofreu ao longo das últimas décadas, o destaque vai para o turismo ativo e o turismo de natureza perspetivado conjuntamente com a valência ambiental e o desenvolvimento socioeconómico, valências em que o território do Alto Minho é muito dotado. De facto o Alto Minho é um dos principais destinos turísticos do Norte de Portugal, que se diferencia pelos recursos turísticos que possui e pela sua localização privilegiada na zona de fronteira com a região espanhola da Galiza. Assim, no contexto da região Norte, os principais dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística e pela entidade nacional de Turismo, Turismo de Portugal I.P., relativamente ao ano de 2009, permitem fazer a seguinte caracterização do setor: A taxa de sazonalidade nas dormidas em estabelecimentos hoteleiros atinge 36% e o índice de amplitude sazonal é de 1,85. Os meses de verão, quando a temperatura em Portugal ronda os 30ºC, que são os meses de Julho, Agosto e Setembro é quando esta região atinge o pico máximo da sazonalidade; Os hotéis são os estabelecimentos mais procurados pelos turistas, constituem cerca de 72% das dormidas, seguindo-se as pensões com aproximadamente 20% e depois os hotéis-apartamentos, com 3%. A tipologia de unidades hoteleiras prevalecente no Alto Minho é a de Pensões seguida de hotéis, sendo que Ponte da Barca e Paredes de Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 57 Blueprint “Alto Minho Km0” Coura não possuem nenhum hotel. As outras tipologias não apresentam quaisquer ocorrências, ou são bastante residuais para o conjunto dos concelhos. Número de estabelecimentos Hoteleiros por tipologia Fonte: Plano de Desenvolvimento do Alto Minho |Desafio 2020 |Diagnóstico Estratégico |Março 2012 As dormidas nos estabelecimentos hoteleiros da região, por país de residência, mostram a seguinte ocupação: o Portugal com aproximadamente 57%; o Espanha com aproximadamente 14%; o França com aproximadamente 5%; o Alemanha com aproximadamente 4%; o Reino Unido com aproximadamente 3%. Os passageiros que se movimentam em viagens “low-cost” no aeroporto Francisco Sá Carneiro representam 44%, sendo que os passageiros desembarcados por aeroporto/cidade de origem mais representativos são: o Orly (Paris) com cerca de 11%; o Lisboa com cerca de 10%; o Barajas (Madrid) com cerca de 8%; Segundo dados do Instituto de Estudos Turísticos da Galiza (IET), em 2009, as dormidas dos galegos em estabelecimentos hoteleiros portugueses representaram mais de 29% das dormidas totais de espanhóis, tendo o consumidor galego gerado 7,53% do total das receitas portuguesas; Para os galegos, a proximidade a Portugal e, sobretudo, ao Norte de Portugal, reforçada pelas afinidades existentes entre ambos os territórios, tem criado oportunidades que os operadores turísticos locais têm vindo a aproveitar. Em 2012 o destino Portugal era comercializado por dez operadores turísticos da Galiza, sete dos quais situados na província de Pontevedra. O turista galego tem uma forte relação com os destinos Porto e Norte de Portugal, pela proximidade geográfica mas também pela proximidade ao aeroporto internacional Francisco Sá Carneiro, havendo mesmo companhias aéreas com serviço de transfer entre este aeroporto e as principais cidades da Galiza; O turismo cultural e religioso, de negócios, de desporto, de sol e praia e de saúde e bem-estar são as principais motivações de deslocação de turistas a Portugal. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 58 Blueprint “Alto Minho Km0” Beneficiando o território das paisagens naturais e da ruralidade que o caracteriza, oferece condições excelentes para o desenvolvimento da modalidade de turismo rural. Modalidade que é cada vez mais importante, sobretudo em regiões onde o turismo não é, tradicionalmente, uma atividade com peso significativo na economia das populações locais. Os estabelecimentos de turismo de habitação e no espaço rural na região Norte representam 41% do valor nacional, correspondendo a 28% das dormidas. A taxa de ocupação permite verificar que as modalidades mais representativas são: o Agroturismo com cerca 23% o Hotel rural com cerca de 21% o Turismo da aldeia com cerca de 17%. Os 52 parques de campismo existentes na região Norte representam 23% do valor nacional. O número de campistas corresponde a aproximadamente 31.000, cerca de 17% do valor nacional. Este tipo de alojamento está concentrado em Caminha e Viana do Castelo, denunciando a aposta no turismo de sol e mar. Contudo, os municípios que integram o Parque Nacional da Peneda-Gerês procuram tirar partido do tipo de turismo de proximidade à natureza que deseja um contacto direto com ela, dispondo de quatro parques de campismo. Outra oferta de alojamento que encontramos na região são as casas particulares para arrendar que, dispersas por todo o território, têm um significado bastante relevante. Este tipo de oferta de alojamento baseia-se, principalmente, no trato pessoal entre o proprietário e o inquilino, que em muitos casos perdura durante muitos anos. Pela sua própria condição, este tipo de oferta é de muita difícil quantificação em termos absolutos já que, na maioria dos casos, não estão registados como estabelecimentos turísticos. Neste setor, a economia paralela exerce uma forte concorrência à indústria legalmente estabelecida, com os inconvenientes que nesta situação provoca. A região do Alto Minho revelou uma diminuição de 2% do número de estabelecimentos hoteleiros, entre 2002 e 2009, resultante do equilíbrio entre o aumento de unidades hoteleiras em Arcos de Valdevez, Melgaço, Ponte de Lima, Valença, Viana Castelo e Vila Nova de Cerveira, e o encerramento de unidades hoteleiras em Caminha e Ponte da Barca. Esta tendência insere-se num quadro geral de crescimento do número de estabelecimentos hoteleiros da região Norte, passando de 436 para 450 unidades hoteleiras, 3%, ainda que abaixo do resultado obtido a nível nacional 5%. A capacidade de alojamento por habitantes no Alto Minho, 17 camas por 1000 habitantes é superior ao referencial da região Norte, 11 camas por 1000 habitantes, embora fique aquém do patamar nacional, 26 camas por 1000 habitantes. Viana do Castelo é o concelho que concentra maior número de estabelecimentos e capacidade hoteleira, 18 estabelecimentos com uma capacidade de 1831 camas, denotando os reflexos da sua capacidade de atracão enquanto maior o pólo urbano da região, cabendo a Valença a maior intensidade de número de camas por cada 1000 habitantes, 33 camas por 1000 habitantes. Segundo apurado, não existe qualquer hotel de cinco estrelas na região, bem como se verificou que a capacidade de alojamento se concentrar maioritariamente em hotéis de 3 e menos estrelas e em pensões. Realça-se o reforço de oferta de maior qualidade, designadamente, de hotéis de 4 e 3 estrelas. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 59 Blueprint “Alto Minho Km0” Ainda assim, as pensões de 2 e 3ª categoria continuam a ter um peso percentual significativo. Igualmente significativo é o claro desequilíbrio entre o litoral e o interior. Turismo Ativo Atividades desportivas e ocupação dos tempos livres O (re)aparecimento e crescimento deste género de atividades parte frequentemente da necessidade que as pessoas têm de saírem da vida quotidiana e das cidades, e retomarem o contacto com a natureza. A procura aumenta, o Alto Minho oferece. São muitos os percursos, trilhos, ecovias com paisagens ímpares para organizar caminhadas, piqueniques, passeios a cavalo ou de bicicleta. As zonas mais montanhosas da Peneda são um desafio para os amantes da escalada e do montanhismo. A descoberta de raças autóctones, das especificidades da fauna e da flora são outro dos desafios. O rio, e os seus afluentes, as praias fluviais e locais paradisíacos que permitem relaxar da azáfama do quotidiano, seja através da prática de desportos náuticos ou simplesmente deixar-se embalar pelo correr das águas. A caça e a pesca são também motivo para usufruir desta região no período de Inverno. Turismo Equestre A equitação é uma atividade que desperta paixões. Com vários centros equestres e a realização de eventos de vulto ligados ao mundo dos cavalos, dos quais merecem destaque a Feira do Cavalo de Ponte de Lima e a Feira do Garrano de Sistelo. O centro equestre do Vale do Lima fica situado junto ao centro da Vila de Ponte de Lima, é um Centro Hípico moderno, com ótimas condições e equipamentos. Ocupa uma área de 10 hectares, dispondo de 1 Picadeiro descoberto e 1 coberto, 45 boxes e 1 pista de ensino. As principais atividades são: escola de equitação, desbaste e ensino de cavalos, hipoterapia, estágios e organização de eventos. Tem também restaurante e bar anexos ao picadeiro. O centro equestre do Mezio, tem uma localização privilegiada numa das entradas do Parque Nacional Peneda-Gerês. O empreendimento foi construído numa região de montanha de desconcertante beleza, com paisagens virgens, rios e ribeiros de águas cristalinas que correm livres, com uma enorme diversidade de espécies animais e vegetais, oferece-lhe a possibilidade de viver a aventura da descoberta dos mais belos e inacessíveis percursos, montado num dos cavalos do Centro, de preferência um garrano, raça autóctone de cavalos, que é possível observar aqui, em liberdade. O Centro de Recursos/Hípico da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), edificado em Monte de Prado, estende-se por uma área com aproximadamente dois hectares e é constituído por dois picadeiros, um coberto e outro ao ar livre, cavalariças e outras áreas de apoio, como salas de formação, gabinetes, bar, balneários e instalações sanitárias. O Centro, em funcionamento desde Setembro de 2011, enquadra-se numa rede transfronteiriça de serviços partilhados que facilite a prática a pessoas com deficiência, e foi financiado no âmbito do Interreg III A, através do Projeto Caminho do Minho. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 60 Blueprint “Alto Minho Km0” Equicoura é uma Escola de Equitação de Plena Natureza, associada a Federação Equestre Portuguesa e tem como objetivo formar cavaleiros para a prática do Turismo Equestre e da sua vertente desportiva o TREC (Técnicas de Randonneé Equestre de Competição). Para isso dotamos os nossos alunos de uma autonomia a cavalo que lhes permita sozinhos ou acompanhados realizar passeios equestres com segurança necessária a esta atividade equestre. Os temas abordados na nossa Escola vão desde Equitação, passando pelo Maneio, Cartografia e Orientação, Noções de Ferração, Primeiros Socorros Humanos e Equinos e Conhecimento do Meio Ambiente onde estamos inseridos. Golfe Os amantes do golfe têm razões para passar uns dias nesta região. Esta atividade já é vista como um verdadeiro produto turístico na região, pois constitui uma motivação para a deslocação de pessoas “a qual é suportada não só por infraestruturas desportivas, mas também, por infraestruturas turísticas”. Existe, assim, um produto que integra o green fee, mas também serviços de transporte aéreo, renta-car, alojamento, restauração e animação, entre outros e qualificados perspetivando bons níveis de rendimento. Atualmente embora exista um único campo de golfe no Alto Minho, o campo de Golfe de Ponte de Lima, localizado na encosta do Monte da Madalena, este oferece condições únicas para a prática. É um típico percurso de montanha que se estende ao longo de seis quilómetros engalanados por uma flora luxuriante e por velhos solares devidamente recuperados para servirem de infraestrutura ao complexo. Os primeiros nove buracos sucedem-se por entre árvores seculares (castanheiros, sobreiros e carvalhos); o "tee" do buraco 8 (par 3) encontra-se suspenso e permite atacar diretamente o "green", situado bem mais abaixo, em direção aos segundos nove buracos que se inserem no vale, mais precisamente, na Quinta de Pias, rodeados de vinhas, macieiras, pereiras e campos. O buraco 3 (par 5), com os seus 622 metros, é o mais extenso de Portugal e um dos mais compridos da Europa. A autarquia de Cerveira está neste momento em contacto com os promotores, investidores nacionais, para acertar a evolução do um projeto, numa altura em que já está a ser feita a aquisição de terrenos. Além do campo de golfe e da unidade hoteleira, o projeto prevê ainda a componente imobiliária e equipamentos desportivos e de lazer de apoio. Este será então o segundo campo de golfe do Alto Minho, quando são já também conhecidos mais dois projetos idênticos para Melgaço e Viana do Castelo. A região do Alto Minho, apresenta para esta atividade desportiva e turística a seguinte análise swot: Pontos Fortes a) Condições naturais e climatéricas favoráveis à pratica da modalidade durante todo o ano; b) Contribuição para a diminuição da sazonalidade associada à oferta de Sol e Mar; c) Como fator de qualificação e diferenciação da oferta turística, com poder de influenciar o consumidor na escolha do seu destino de férias; Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 61 Blueprint “Alto Minho Km0” d) Contributo importante para o crescimento da receita média por turista; e) Projeção internacional da imagem de Portugal através da realização de grandes eventos, particularmente o Open de Portugal, o qual se estima que gere à volta de 500 horas de transmissões televisivas a nível mundial. Pontos Fracos a) O Alto Minho como destino Golfe – os campos existentes não chegam sequer para oferecer o bem conhecido triângulo, condição mínima para fidelizar o praticante de golfe e a família: golfe de Ponte de Lima (18 buracos), Em carteira o futuro Campo de Golfe de Vila Nova de Cerveira – Campo de Golfe de 18 buracos, num terreno com uma área de 120 hectares, na zona ribeirinha do Rio Minho, a montante das instalações do INATEL. b) Dependência acentuada em dois mercados emissores – Reino Unido e Alemanha; c) Perceção pelos Operadores Turísticos de aumentos de preços excessivos no alojamento hoteleiro e nos green fees; d) Insuficiente promoção como destino de golfe. Oportunidades a) O aumento tendencial do número de jogadores, principalmente no mercado espanhol, podendo-se fazer campeonatos transfronteiriços com os campos de golfe da vizinha Galiza; b) A diversificação dos mercados alvo, nos quais existe uma procura potencial, nomeadamente – Áustria, Bélgica, França e Suíça. c) A vantagem do clima ameno no Inverno é especialmente relevante na concorrência com os destinos Irlanda, Escócia e França; d) Aumento do mercado dos jogadores “ocasionais” e com handicaps mais elevados; e) Oportunidade de mercado para conjugar o golfe a outros desportos ou atividades de lazer, assim como ao turismo de saúde e bem-estar (conceito de pacote e oferta integrada) f) Aumento da quota de Portugal em mercados secundários como a Irlanda e Itália. Ameaças a) O desenvolvimento da oferta de golfe nos países mediterrâneos, tipicamente concorrentes de Portugal, nomeadamente em Espanha, Turquia, Marrocos, Tunísia, entre outros; b) A concorrência cada vez maior de destinos long haul, tais como as Caraíbas, os Estados Unidos e a África do Sul; c) A exigência acrescida do consumidor; d) O crescimento acelerado da oferta, que pode gerar impactos negativos nos preços praticados, afetando a rentabilidade das empresas e, consequentemente, a qualidade dos campos. O Golfe, que cada vez se entrelaça com a saúde e bem-estar, aparece no Plano Estratégico Nacional de Turismo como um produto emergente no Porto e Norte de Portugal. E sem duvida que o Alto Minho tem condições naturais e climatéricas favoráveis, inclusive, com a vantagem de clima ameno no Inverno o que nos torna competitivos em relação à Áustria, Bélgica, França e s Suíça. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 62 Blueprint “Alto Minho Km0” Finalmente, a existência em Espanha e na Galiza de um mercado potencial cada vez maior de jogadores de Golfe com possibilidade de se realizarem torneios e campeonatos transfronteiriços, como por exemplo Alto Minho e Galiza. Desporto Aventura No Minho, tal já descrito, região de paisagens exuberantes, mar, rio e montanha oferece cenários ideais para viver dias de desporto e aventura. Escalar uma montanha e subir ao topo de uma serra. O esforço e perícia para contornar os obstáculos são premiados com uma verdadeira fuga à rotina. Desportos que permitem momentos de absoluta descontração trilhando caminhos de natureza e fazendo passeios a pé. Veja dólmenes, vestígios da presença romana, cavalos selvagens e aves de rapina. Na região, várias empresas alugam material e aconselham os aventureiros ou desportistas sobre segurança, percursos e locais onde pode praticar o desporto de que mais gostam. O que se pode fazer na região: - Viver momentos do mais puro contacto com a natureza praticando escalada; - Chegar mais perto da natureza da melhor maneira, percorra a pé diversos trilhos que rasgam a exuberante paisagem da região. - Descer do Rio Minho em Rafting; - Canoagem é um desporto náutico, praticado com canoa ou caiaque; - Canyoning, no rio e regatos, desporto que consiste na descida de rios e riachos recorrendo a técnicas próprias do alpinismo; - Paintball na zona norte de Portugal, um jogo de equipa por excelência. Apele aos instintos, sentido de responsabilidade e cooperação; - Desporto Aventura Slide, uma das manobras de cordas mais utilizadas para transpor obstáculos / desníveis. - Escalada rapel, é uma atividade vertical criada com base nas técnicas de alpinismo, usando cordas e equipamentos adequados para uma descida de paredões, pontes ou outro tipos de edificações. - Tiro com arco, prática de utilizar um arco e flechas para atingir um alvo. - Cicloturismo em Melgaço (passeios BTT), o concelho de Melgaço tem um grande número de trilhos a sua disposição para a realização de passeios em BTT. - Os rios, ricos em peixe e aves aquáticas, oferecem bons momentos aos amantes da caça e pesca desportiva. Desportos Náuticos De destacar na região o Clube Náutico de Ponte de Lima, fundado em 1991, é uma instituição ao serviço dos Limianos. Atingiu nos últimos anos um muito merecido lugar de destaque na canoagem nacional, fruto de um projeto sustentado e da dedicação e empenho de todos aqueles que tem feito parte das fileiras deste clube. Tem alcançado um crescimento exponencial no Turismo Náutico, voltado para as populações, visitantes e turistas, permitindo a qualquer pessoa praticar canoagem, quer seja no aluguer de caiaques, quer em descidas de rio com monitores. No clube pode ainda alugar uma bicicleta e partir à descoberta das ecovias. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 63 Blueprint “Alto Minho Km0” O clube organiza Férias Desportivas com o intuito de levar a modalidade aos mais jovens, contribuindo para a ocupação dos tempos livres e criação de hábitos saudáveis. E também o centro de Alto Rendimento de Surf de Viana do Castelo, importante infraestrutura para o desenvolvimento desportivo nacional e para a afirmação região como destino de excelência para a prática do Surf e do Bodyboard, contribuindo, também, para o desenvolvimento de hábitos de vida saudável. Este é mais um importante marco na história do Surf em Portugal. Os Centros de Alto Rendimento são espaços de treino de alta qualidade para potenciar o desenvolvimento de atletas. Turismo de Natureza Tanto o modo de vida como o aspeto do território, em particular das aldeias têm vindo a mudar, fruto do desenvolvimento turístico e da fuga rural, evidenciando-se hoje em dia uma população maioritariamente idosa. Esta mudança é bem notória, principalmente no Gerês, onde o turismo, devido à serra e às termas, provocou uma enorme dinâmica com a criação de estruturas hoteleiras, restaurantes e cafés. Para além das termas, existem no Parque vários equipamentos que dinamizam a visita a este espaço. A gestão de ocupação de alguns destes equipamentos é efetuada através de uma central de reservas, pela ADERE- Peneda–Gerês (Associação de Desenvolvimento das regiões do Parque Nacional da Peneda- Gerês), criada pelos municípios, que são abrangidos pelo Parque, para a divulgação e promoção desta área protegida. Associada ao turismo de natureza importa destacar a Serra d’Arga. Esta serra de origem granítica situada entre os rios Lima e Minho, no sistema montanhoso da Peneda-Gerês, proporciona uma paisagem única sobre o Rio Minho, Caminha, a as povoações espanholas da Galiza. Repleta de património natural como quedas de água, piscinas naturais e terrenos férteis, a Serra d'Arga é uma das zonas mais harmoniosas do distrito, onde é ainda possível observar animais selvagens e espécies botânicas impares. Assim, atualmente já existe alguma oferta ao nível de atividades de desporto na natureza com interpretação e educação ambiental. Turismo Religioso O Alto Minho tem uma identidade cultural e religiosa muito forte, com um património rico e com pessoas devotas que tentam preservar esta sua identidade, nomeadamente através das muito frequentes festas e romarias de cariz religioso. A Cooperativa Turel|TCR - Promoção e Desenvolvimento do Turismo Cultural e Religioso, entidade que congrega elementos da Igreja, do comércio e do turismo, tem vindo a promover as jornadas luso-galaicas de turismo cultural e religioso. Nas últimas jornadas, realizadas em Junho 2012, foi fácil de concluir que a região do Minho, incluindo o Alto Minho, está a perder visitantes para o Porto e Santiago de Compostela. O património religioso do Minho não tem sido bem preservado e a oferta assenta ainda em pressupostos antigos, mas a partilha de experiências e a apreensão das melhores técnicas desenvolvidas na Galiza, podem revitalizar os santuários da região. "O sul da Galiza e o norte de Portugal podem assumir-se como uma região interessante do ponto de vista do turismo termal, capaz de atrair turistas do norte da Europa." A afirmação foi Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 64 Blueprint “Alto Minho Km0” proferida por Xosé Santos Solla, diretor do Centro de Estudos Turísticos de Santiago de Compostela. Mas falta uma ação congregada em estratégias comuns. Nas diferentes posturas de promoção turística, além do forte investimento em ações no estrangeiro, a Galiza desenvolveu uma nova lei para o sector e apostou forte na formação. E o sucesso galego bem deve ser aproveitado por Portugal. É que os grandes operadores turísticos europeus e mesmo mundiais, colocam as visitas ao Alto Minho como "facultativas". O Porto tem vindo a assumirse como o principal destino, e a deslocação aos templos do Alto Minho aparece como opção num dos dias livres do programa. Porque, "nas cidades-santuário, quem estabelece as prioridades é a Igreja", a oferta deve cativar os visitantes, através de programas complementares que fixem as pessoas na região. É sem dúvida fundamental fixar turistas na região, surgindo a necessidade de criar programas orientados para este fim. Há a necessidade de estabelecer ações conjuntas, inter-regionais e transfronteiriças, que coloquem a oferta do Alto Minho nos itinerários culturais e religiosos e que esta seja aliciante e haja um interesse comum em bem receber os turistas. "Não podemos continuar a defender o nosso cantinho. Temos de pensar de forma global." É no Minho - Alto Minho onde se situam muitos dos santuários marianos existentes no país, distribuindo-se por zonas de montanha, como o da Senhora da Peneda, em Arcos de Valdevez, e espaços urbanos como é o caso da Srª da Agonia no centro de Viana do Castelo. De salientar também festas e romarias em honra a Santa Rita de Cássia, Nossa Sra. da Bonança, S. Bento, a Festa das Solhas e a Romaria de S. João D'Arga, esta última a mais genuína e com maior dimensão do concelho de Caminha. De modo a revitalizar este património, o presidente da Região de Turismo do Alto Minho, aludiu à criação de um itinerário religioso que ligasse Fátima a Santiago de Compostela, percurso esse que privilegiasse os santuários. Cabe também, aos operadores turísticos a dinamização do circuito destinado ao turismo religioso. Segundo disse, de um total de 892 festas realizadas, este ano, na região, 343 decorreram em santuários marianos. Turismo Gastronómico A Gastronomia implica amar e apreciar verdadeiramente boa comida e bom vinho, dois dos prazeres da vida que, quando são sustentados por um bom serviço e boa companhia, ajudam a proporcionar uma refeição, realmente fantástica. A sua preservação e valorização deverão, pois, ser vistas como tão importantes como a de qualquer outro elemento do património cultural. Vários estudos têm vindo a mostrar que as mais recentes escolhas turísticas dão preferência ao Turismo Cultural incluindo as experiências interculturais, em que a gastronomia constitui-se como um recurso turístico primário, espelhando a identidade de uma região, de um povo. A Gastronomia Tradicional Portuguesa, e a do Alto Minho em particular, é um importante polo de atração dos fluxos turísticos. Nos diversos Congressos realizados pela Confraria dos Gastrónomos do Minho se vem afirmando: “da urgente necessidade da criação de roteiros – Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 65 Blueprint “Alto Minho Km0” tipo Domingos Gastronómicos - que pelo facto de se situarem na chamada época baixa permitem combater a sazonalidade no Turismo do Alto Minho”. A Gastronomia Tradicional Portuguesa é única e simplesmente classificada como um recurso turístico primário quando ligada a festivais ou a concursos. De facto, e segundo a Direção Geral do Turismo, Gastronomia e Vinho por si só, não se constituem atrações turísticas primárias. Daí que a Região de Turismo do Alto Minho, em 2001 (I Congresso Internacional de Gastronomia e XII Congresso de Gastronomia do Minho) quando teve entre nós o grupo de Investigação Internacional do Turismo da Associação ATLAS, assim como especialistas da vizinha Galiza e Espanha, considerou-se ao abordar este tema nos respetivos Congressos como sendo “pioneira na valorização da Gastronomia Regional como um verdadeiro Produto Turístico”. Turismo da Saúde e Bem-estar Nos dias de hoje, devido à pressão e stress do quotidiano, muitos viajantes preferem gozar as suas férias em Spas, termas ou espaços de fitness e bem-estar. No Alto Minho, nomeadamente em Monção e Melgaço, as termas locais são muito procuradas pelos tratamentos que oferecem. Localizado entre lagos e montanhas, no coração do Parque Nacional de Peneda-Gerês, estão os Spas-termais do Gerês e Caldelas. Muitos dos solares da região já estão equipados com spas, piscinas e centros de fitness para responder a novas tendências. Como complemento ou suplemento a estas ofertas, a região dispõe de outras atividades desportivas e ligadas à natureza como é o caso do golfe. 1.5.5. Tecido empresarial A trajetória de crescimento do território Alto Minho acompanha o padrão nacional, em que os ligeiros avanços obtidos em termos de aumento dos níveis de produtividade mais do que compensam os ligeiros recuos na intensidade de utilização dos recursos humanos (justificados, em larga medida, pelo processo de envelhecimento populacional). PIB per capita e evolução real do PIB per capita. Fonte: Plano de Desenvolvimento do Alto Minho | Desafio 2020 | Diagnóstico Estratégico | Março 2012 Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 66 Blueprint “Alto Minho Km0” A qualidade de vida proporcionada pelos níveis de Produto Interno Bruto per capita dos vizinhos da região da Galiza e das províncias da Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra superam claramente o patamar português, com dinâmicas de crescimento cerca de duas vezes superiores para o período em análise, embora o seu posicionamento relativo esteja abaixo do referencial espanhol, com a Corunha a registar maior aproximação ao Produto Interno Bruto per capita espanhol, ainda assim inferior em cerca de 13% ao Produto Interno Bruto per capita de Espanha. O modelo de crescimento que sustenta o ritmo mais acelerado de crescimento do Produto Interno Bruto per capita destas regiões espanholas é explicado por uma conjugação cumulativa de aumentos dos níveis de produtividade e da intensidade de utilização dos recursos humanos, com a intensidade de contributo dos níveis de utilização de recursos humanos a superar o da produtividade. O modelo de crescimento económico destas regiões espanholas difere do português na medida em que assenta, maioritariamente, no aumento dos níveis de emprego do que no aumento da produtividade, principal alavanca do crescimento económico português neste período. O setor primário representa cerca de 3% da riqueza produzida no Alto Minho, ligeiramente superior ao peso deste setor na riqueza produzida no País, com 2,4%. O Alto-Minho revela uma especialização mais vincada que a região Norte e as NUTSIII do Cávado e do Ave neste setor. As indústrias e a construção assumem um peso de 33% no Alto-Minho, valor superior ao registado no país e alinhado com a região Norte. A especialização produtiva do Alto-Minho, quando analisada na ótica da criação de riqueza, evidencia que, em geral, esta é uma região onde os setores ligados à produção de bens (agricultura, indústria e construção) são mais representativos. Segundo dados de 2009 do Instituto Nacional de Estatística, o tecido empresarial português constitui-se por 1060906 empresas, de entre as quais 342044 situavam-se a Norte do País e dessas, 22195 no Alto Minho. Total Portugal Continente Norte Alto Minho 1 060 906 1 019 248 342 044 22 195 Total 1 060 018 1 018 396 341 807 22 180 0 - 249 Menos de 10 1 014 103 974 543 324 079 21 261 10 - 49 40 135 38 317 15 526 838 50 - 249 5 780 5 536 2 202 81 250 ou mais 888 852 237 15 Empresas segundo o escalão de pessoal ao serviço, 2009. Fonte: INE, Anuários Estatísticos RegionaisInformação estatística à escala regional e municipal – 2010. De entre as 22195 empresas do Alto Minho, verifica-se uma distribuição relativamente uniforme consoante a dimensão e desenvolvimento empresarial do município. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 67 Blueprint “Alto Minho Km0” 0 - 249 Total Alto Minho Arcos de Valdevez Caminha Melgaço Monção Paredes de Coura Ponte da Barca Ponte de Lima Valença Viana do Castelo Vila Nova de Cerveira 22 195 1 701 1 961 635 1 768 659 913 3 263 1 475 8 866 954 Total Menos de 10 10 - 49 22 180 1 701 1 961 635 1 768 659 913 3 262 1 473 8 856 952 21 261 1 653 1 914 620 1 698 641 885 3 079 1 408 8 455 908 838 43 41 15 68 17 27 171 57 365 34 50 249 81 5 6 0 2 1 1 12 8 36 10 250 ou mais 15 0 0 0 0 0 0 1 2 10 2 Empresas, por município, segundo o escalão de pessoal ao serviço, 2009. Fonte: INE, Anuários Estatísticos Regionais-Informação estatística à escala regional e municipal – 2010 Segundo a mesma fonte, em 2010, a distribuição de empresas por município era a seguinte: o Arcos de Valdevez – 8%; o Caminha – 9%; o Melgaço – 3%; o Monção – 8%; o Paredes de Coura – 3%; o Ponte da Barca – 4%; o Ponte de Lima – 15%; o Valença – 7% o Viana do Castelo – 40%; o Vila Nova de Cerveira – 4%. Em que se destaca Viana do Castelo e Ponte de Lima, apresentando uma proporção conjunta no total do território de cerca de 55%. Quando à distribuição das empresas por CAE (Revisão 3), verifica-se que os setores do Comércio por Grosso e a Retalho, da construção, da indústria transformadora e dos transportes e armazenagem são os CAE’s predominantes na região. Numa análise a nível de município apercebemo-nos que o CAE com maior ponderação é o CAE do setor do Comércio por Grosso e a Retalho. Podemos destacar especificidades desta distribuição a nível de município, onde para além deste elemento em comum, o município de Valença é aquele onde se regista a maior representatividade deste setor. Outro elemento em destaque seria a proporção do CAE do setor da construção, imediatamente a seguir ao CAE do setor do Comércio por Grosso e a Retalho, sendo Valença o município que apresenta uma menor ponderação neste setor de atividade. Na distribuição do pessoal ao serviço pelas empresas por município, constata-se que os CAE do setor das Industrias transformadoras, Construção e comércio por grosso e a retalho, respetivamente, são os que têm maior proporção de trabalhadores, acompanham a tendência Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 68 Blueprint “Alto Minho Km0” verificada nas demais unidades territoriais. No entanto cada município apresenta as suas especificidades. O setor terciário é responsável por cerca de 52% do emprego na região. Esta preponderância está fortemente alicerçada em setores que evidenciam elevados ritmos de crescimento do emprego na região, como a educação e saúde, com 11% e os serviços empresariais, com 13%, com crescimento superior ao verificado no País, e em setores com crescimentos moderados, em linha com o padrão nacional, mas com expressiva dimensão, como a distribuição e comércio, que representam 19% e a hotelaria e restauração, com 6%. As indústrias extrativas, o têxtil, vestuário e calçado, as metálicas, o material de transporte e a construção são as de maior concentração de emprego do Alto Minho, quando se estabelece comparação com o patamar de referência concedido pela estrutura nacional do emprego por setores de atividade. A especialização mais vincada é na indústria do material de transporte, com peso no emprego no Alto-Minho, este setor representa cerca de 5,3% do emprego gerado no Alto-Minho e cerca de 1,1% do emprego gerado no país. As indústrias metálicas, de material de transporte e as químicas, que representam cerca de 16% do emprego do Alto Minho, destacam-se como as únicas responsáveis pela criação de postos trabalho. As indústrias do têxtil, vestuário e calçado e as extrativas, foram os únicos setores de especialização da região com perdas no emprego, ainda que tenham acompanhado a tendência nacional. Resumindo, trata-se de um território dotado de uma base empresarial ainda débil, muito assente em microempresas ligadas às atividades de comércio, alojamento e restauração, mas onde as atividades industriais e de construção tem vindo a ganhar alguma importância, sobretudo enquanto atividades geradoras de emprego. Em termos concelhios, Viana do Castelo assume-se claramente como o principal pólo de atividade económica, destacando-se depois Ponte de Lima no Vale do Lima, e Valença e Vila Nova de Cerveira no Vale do Minho, como pólos de segundo nível com alguma expressão. Salienta-se ainda o concelho de Arcos de Valdevez, que nos últimos anos tem vindo a emergir como pólo de atração de atividades industriais. Nos últimos anos tem-se assistido a um esforço na consolidação e modernização da base empresarial existente, sendo também visível a emergência de um processo de transição ao nível da especialização produtiva, com incidência sobretudo no sector secundário onde, por um lado, fruto de investimentos públicos nos domínios das acessibilidades e da infraestruturação do acolhimento empresarial e, por outro lado, da existência de disponibilidade de mão-de-obra. Relevância regional do perfil de especialização produtiva: Indústrias Extrativas: constituí 429 empregos no Alto-Minho, representa 4% do emprego no país e 1% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva: Monção, Ponte de Lima, Valença e Ponte da Barca, respetivamente. Agricultura: constituí 1542 empregos no Alto-Minho, representa 2% do emprego no país e 3% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva: Caminha, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Arcos de Valdevez, Melgaço, Monção e Paredes de Coura, respetivamente. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 69 Blueprint “Alto Minho Km0” Madeira, cortiça e mobiliário. Papel e publicações: constituí 1645 empregos no Alto-Minho, representa 2% do emprego no país e 3% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva: Monção, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo, respetivamente. Alimentares: constituí 1728 empregos no Alto-Minho, representa 2% do emprego no país e 3% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva: Melgaço, Monção, Ponte da Barca, Valença e Vila Nova de Cerveira, respetivamente. Material de Construção: constituí 839 empregos no Alto-Minho, representa 2% do emprego no país e 1% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva: Monção, Arcos de Valdevez e Ponte de Lima , respetivamente. Industrias Metálicas: constituí 2766 empregos no Alto-Minho, representa 3% do emprego no país e 5% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva: Arcos de Valdevez, Caminha, Monção, Ponte da Barca, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira, respetivamente. Material de transporte: constituí 3118 empregos no Alto-Minho, representa 9% do emprego no país e 5% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva: Valença, Viana do Castelo, Vila Nova de Cerveira, Monção e Ponte de Lima, respetivamente. Mecânicas e eletrónicas: constituí 1187 empregos no Alto-Minho, representa 2% do emprego no país e 2% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva: Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira, respetivamente. Industrias Químicas: constituí 627 empregos no Alto-Minho, representa 1% do emprego no país e 1% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva: Arcos de Valdevez, Melgaço e Paredes de Coura, respetivamente. Têxtil, Vestuário e Calçado: constituí 4493 empregos no Alto-Minho, representa 3% do emprego no país e 8% do emprego no Alto-Minho. Concelhos com relevância nesta especialização produtiva: Arcos de Valdevez, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Caminha e Viana do Castelo, respetivamente. Energias Renováveis Mais recentemente, a produção de energias renováveis (especialmente a energia eólica) começa a ganhar importância na dinamização da região, com um grande potencial de crescimento podendo alavancar a atividade económica local em torno de uma fileira que pode levar Viana a constituir-se, num futuro não muito distante, como a Capital da Energia. A dinamização do cluster das energias renováveis em Viana do Castelo, especialmente nas atividades de investigação e de produção de bens de equipamento que se lhe possam associar, pode ser um aspeto determinante no sucesso económico da região nas próximas décadas. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 70 Blueprint “Alto Minho Km0” A maior referência é a energia eólica, sendo que em 2010 o Parque Eólico Alto Minho encontrava-se em 13º lugar entre os 20 maiores Parques Eólicos do Mundo. Constituído por 120 aerogeradores (modelo Enercon), o parque tem uma capacidade instalada de 240 MW, estando prevista uma produção anual de 530 GW/h. O empreendimento conta com 120 aerogeradores com capacidade de 2 MW cada, o que totaliza uma potência de 240 megawatts distribuídos por 5 subparques (38 em Picoto – São Silvestre, 52 em Mendoiro – Bustavade, 32 em Santo António, 66 em Alto de Corisco e 52 em Picos). Benefícios: Não emite gases poluentes e nem gera resíduos para o ambiente. Fonte de energia inesgotável Os parques eólicos permitem outros usos do terreno, como a agricultura e a criação de gado. Geram emprego e investimento em zonas desfavorecidas Reduz a dependência energética do exterior É uma das fontes mais baratas de energia Os parques eólicos requerem escassa manutenção Criação de emprego direto e indireto Os contra deste tipo de energia são diminutos (impacto sonoro, sobre as aves, visual, intermitência), sendo que a maioria pode ser eliminada ou atenuada caso seja considerado no estudo de viabilidade, nomeadamente quanto à sua localização. Na região está localizado o projeto Enercon/Eneop, que constitui o maior cluster de energias renováveis do país e tem um importante impacto socioeconómico no concelho e na região. 1.5.6. Associações Empresariais e Instituições de Referência O movimento associativo empresarial em Portugal ainda tem uma forte presença na atividade económica do país, contudo, enfrenta atualmente um grande paradigma: manter a sua missão de apoiar o crescimento sustentado das empresas que representam, continuando a seguir as orientações e forma de atuar das últimas décadas ou, desafiando os mais conservadores e resistentes nesta matéria, conceber e desenvolver novas formas de organização dos seus recursos, oferta de novos serviços aos associados, desenvolver e apoiar novas formas de cooperação com os parceiros institucionais, mudanças todas elas necessárias para acompanhar as tendências de mercado e as estratégias do tecido empresarial. Continuar a atuar da mesma forma não só é acrónico como pode custar a própria existência e razão de ser de uma associação. A capacidade de mudança, de identificar os atuais desafios das empresas e de encontrar soluções inovadoras para essas necessidades, constitui hoje Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 71 Blueprint “Alto Minho Km0” requisitos sem os quais será difícil a sustentabilidade, e em alguns casos a continuidade das associações empresariais. Acontece que em Portugal nem sempre as empresas se têm sentido bem representadas por estas entidades que persistem em adotar os mesmos métodos de comunicação com os seus parceiros, oferecer os mesmos serviços, não conseguindo adaptar a oferta à procura no atual contexto global. É necessário refletir, reorganizar e alinhar estruturas, modelos de atuação e estratégias, já que a existência de entidades coletivas que defendam os interesses das empresas continua a ser essencial para: Potenciar recursos, competências e oportunidades do tecido empresarial, Dar dimensão às empresas nacionais, maioritariamente PME, Aumentar o lobby de setores e regiões junto do mercado em geral, e do poder central em particular, ajustando medidas que sirvam o país, as regiões e as empresas nacionais. Um dos motivos que é apontado para a diminuição da notoriedade das associações parece resultar da existência de um número elevado destas entidades face há dimensão do território nacional, nomeadamente ao nível do movimento associativo regional, em que a quantidade não resulta por vezes num serviço de qualidade, alinhado, agregado e em uníssono. No território nacional encontramos associações empresariais de cariz local, regional e nacional, função da área geográfica e do território que abrangem e da expressividade da atividade económica que outrora representavam. Nesta matéria o Alto Minho não se diferencia muito do panorama nacional, registando-se por um lado a existência de pequenas associações de base local, com recursos humanos e materiais limitados, e por outro, associações de âmbito regional e nacional com acesso a mais recursos, podendo oferecer serviços com outra abrangência e profundidade. Relativamente a Associações Empresariais, Comerciais e Industriais, no Alto Minho existe quase uma por município, para além das entidades mais setoriais. Da necessidade de alinhar e consolidar estratégias e planos de ação em prol de um maior desenvolvimento económico e social da região, emergem entidades mais agregadoras como a CIM Alto Minho - Comunidade Intermunicipal do Alto Minho e o CEVAL - Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho. O Ceval, promotor do projeto Alto Minho Km0, surge da necessidade de atribuir maior “dimensão” ao tecido empresarial da região através da criação de uma entidade única, agregadora de diferentes entidades para a região e que por isso se pretende resulte numa entidade com maior poder e influência junto do poder político local e central. Assim, o Ceval é uma associação sem fins lucrativos que abrange todas as entidades privadas, públicas, individuais e coletivas do setor empresarial ou de outros setores que intervenham ao nível da economia regional e que estejam inscritas na entidade Ceval, tendo por base, entre outras instituições e empresas, as seguintes Associações: Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 72 Blueprint “Alto Minho Km0” ACIAB - Associação Comercial e Industrial dos Arcos de Valdevez e Ponte da Barca; ACICMM - Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Monção e Melgaço; AEPL - Associação Empresarial de Ponte de Lima AEV - Associação Empresarial de Valença AEVC - Associação Empresarial de Viana do Castelo Associações empresariais e outras Instituições de Referência no Alto Minho e para a região: ACEB - Associação para a Cooperação entre Baldios ACIAB - Associação Comercial e Industrial dos Arcos de Valdevez e Ponte da Barca ACICMM - Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Monção e Melgaço ACIVAC - Associação Comercial e Industrial dos Vales do Âncora e Coura ADERE – Peneda-Gerês ADRIL - Associação do Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Lima ADRIMINHO – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho AEPL - Associação Empresarial de Ponte de Lima AEV – Associação Empresarial de Valença AEVC - Associação Empresarial de Viana do Castelo AGRESTA - Associação de Agricultores do Minho AIMINHO – Associação Industrial do Minho ARDAL - Associação Regional de Desenvolvimento do Alto Lima AREA Alto Minho - Agência Regional de Energia e Ambiente do Alto Minho Associação de Agricultores de Paredes de Coura Associação de Produtores de Alvarinho Associação de Produtores Florestais do Vale do Minho Associação dos Jovens Agricultores do Minho CENTER – Central Nacional do Turismo no Espaço Rural CEVAL - Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho CIM Alto Minho - Comunidade Intermunicipal do Alto Minho COOPETAPE - Cooperativa de Ensino, CRL CPVC - Comunidade Portuária de Viana do Castelo IDCEM – Instituto para o Desenvolvimento do Conhecimento e da Economia do Mar InterMinho, Sociedade Gestora de Parques Empresariais RTAM - Região de Turismo do Alto Minho TURIHAB - Associação de Turismo de Habitação (e Solares de Portugal) UEVM - União Empresarial do Vale do Minho Uniminho VALIMAR – Com Urb – Comunidade Urbana Valimar Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 73 Blueprint “Alto Minho Km0” 2. IMPACTOS 2.1. Pressões que a região enfrenta Pese embora as grandes potencialidades da região que é necessário valorizar, existem estrangulamentos que é necessário minimizar ou contrariar. Transportes Ao nível dos transportes a região do Alto Minho tem vantagens competitivas quando comparada com outras regiões, nomeadamente as de maior interioridade. A proximidade com três aeroportos internacionais, a existência de um porto de mar em Viana do Castelo, e uma extensa rede rodoviária constituída essencialmente por vias de tipologia Estradas Nacionais e auto-estradas fazem da região um local estratégico do ponto de vista da logística e transporte de pessoas e bens. Contudo a região ainda carece de melhorias, nomeadamente na necessidade de modernizar a ferrovia, e de ter uma melhor gestão e operacionalização da rede de transportes coletivos. A extensa e retalhada área geográfica do Alto Minho tem fomentado algum índice de fragmentação da rede de transportes coletivos que serve a região. A grande diversidade de operadores também não contribui de forma positiva para a fluidez e eficiência da rede de transportes, essencial para a dinamização e sustentabilidade do Alto Minho. É pois necessário adotar um novo modelo organizativo que melhore a operacionalidade do sistema, a sua rentabilidade e o nível de serviço entregue aos utentes nomeadamente nos horários e itinerários disponibilizados. Seria importante esbater barreiras intermunicipais, inter-regionais e transfronteiriças, apostando num sistema de gestão mais centralizado, mais integrado, que permita uma eficiente articulação entre os mesmos, que permita uma efetiva intermodalidade. Resolvido este constrangimento, iremos possivelmente observar um menor índice de migração para os grandes centros urbanos, uma maior motivação e disponibilidade para as pessoas procurarem outras soluções para a sua vida pessoal e profissional. Com uma rede de transportes coletivos mais “atraente”, será possível para os habitantes e visitantes do Alto Minho usufruírem dos recursos endógenos da região, contribuindo para o seu desenvolvimento. A modernização da linha ferroviária da região resultará num maior fluxo de bens com outros mercados a nível nacional e internacional, dadas as vantagens que o recurso a este meio de transporte traz para a cadeia de valor de muitos negócios. A mobilidade de pessoas também sairia a ganhar com uma rede ferroviária mais articulada e alinhada com outros meios de transporte que servem a região, como é o caso dos transportes aéreos. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 74 Blueprint “Alto Minho Km0” Promoção e Venda Não é um problema que assiste somente a esta região, mas é um desafio a nível nacional. Há semelhança da grande maioria das regiões do país, estamos na presença de um território rico em recursos endógenos, não só pela quantidade de oferta, mas essencialmente pela qualidade e diversidade disponível. Acontece que tendo como referência a média da Europa a 27 (EU27) o Alto Minho tem um Produto Interno Bruto (PIB) per capita inferior a 50%, e no contexto nacional este indicador situa-se a cerca de 62% do valor médio, isto é, a região tem um baixo índice de atividade economia, com um valor total de produção de bens e serviços muito abaixo dos referenciais mais próximos. A região tem que produzir e transformar mais, o que só acontece se conseguir atrair investimento e promovendo mais e melhor os recursos já existentes na região, dando a conhecer mais o Alto Minho real e potencial. Assim, aumentar a atividade económica local, o volume de vendas para outros mercados internos e externos, a pare da necessidade de acrescentar valor ao produto final com origem local, é um desígnio da região. Através de uma forte campanha de divulgação da região e das suas mais-valias, deverá constituir uma das prioridades estratégicas da região. À semelhança do país, o Alto Minho precisa de acreditar e comunicar de forma mais eficaz os seus valores, os seus recursos, a sua cultura, sendo que o setor do Turismo tem aqui um papel fundamental. Através de uma oferta turística bem definida e agregada, seja combinando os recursos do Alto Minho, ou mesmo agregando-os a outros recursos da região Norte de Portugal e da Galiza, será possível construir produtos mais competitivos no mercado, que resultem numa maior visibilidade e notoriedade da região. A região carece de operadores turísticos especializados no turismo recetivo, capazes de vender a região aos diferentes públicos. Também existem insuficiências visíveis ao nível da formação profissional da hotelaria, restauração e comércio em geral que são a “frente-de-casa” da região. De qualquer forma e a título de exemplo, se alargarmos a região do Alto Minho ao Minho, é possível identificar um conjunto de produtos turísticos prioritários que urge serem desenvolvidos na Região do Alto Minho de uma forma integrada com recurso a Programas de Ação de Desenvolvimento Turístico Integrados. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 75 Blueprint “Alto Minho Km0” RESUMO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS POR PRODUTOS TURÍSTICOS PRIORITÁRIOS - ALTO MINHO PRODUTOS TURÍSTICOS RECURSOS DISPONÍVEIS PRIORITÁRIOS TURISMO DE NEGÓCIOS Capitais de distrito com unidades hoteleiras com instalações que permitam a realização de eventos; Pavilhões Multiusos em Guimarães e Braga; Forte de Santiago da Barra e Pavilhão da Associação Industrial do Minho. TURISMO URBANO Braga, Guimarães, Vila Real e Viana do Castelo. TURISMO NATUREZA Vale do Lima; Parque Nacional Peneda-Gerês, Parque Natural do Litoral Norte; Área de Paisagem Protegida do Corno do Bico e das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos; Aldeias Rurais: Branda da Aveleira - Melgaço; Castro Laboreiro - Melgaço; Germil – Ponte da Barca; Lindoso – Ponte da Barca; Sistelo – Arcos de Valdevez; Soajo – Arcos de Valdevez; Cabração – Ponte de Lima; Serra d'Arga. TURISMO NÁUTICO Rio Minho, Rio Lima, Rio Cávado e Rio Ave, Rio Neiva e Rio Âncora; Porto de Recreio de Viana do Castelo; 16 praias com bandeira azul. Alvarinho de Monção; Proximidade com a Região Demarcada dos Vinhos Verdes e a Rota dos Vinhos Verdes; Reconhecida gastronomia da região; Fumeiro, Sarrabulhos, Cozido à Portuguesa, Arroz de Cabidela, Rojões, Peixe fresco, bacalhau. GASTRONOMIA E VINHOS ENOTURISMO TURISMO DE SAÚDE E BEMESTAR Termas do Gerês, Termas de Melgaço, Termas de Monção, Caldas de Eirogo SPA: Axis Viana Business & Spa Hotel (4 estrelas) Viana do Castelo; Monte Prado Hotel & Spa (4 estrelas) Melgaço/Viana do Castelo, Hotel Flor de Sal (4 estrelas) Viana do Castelo. TURISMO HISTÓRICO-CULTURAL Santuários de Nossa Senhora da Peneda; Caminhos de Santiago; Solares de Portugal e Quintas minhotas, Eventos Religiosos: Semana Santa –Braga, Corpo de Deus – Penafiel, Santa Cruz –Alvarães, S. João – Porto, Senhora da Agonia Viana do Castelo, Feiras Novas – Ponte de Lima; Existência de outras festas e romarias de grande notoriedade. GOLFE Axis Golfe Ponte de Lima, Quinta da Barca, Estela Golf Club, Rilhadas (Fafe). Os Municípios e as Associações Empresariais também devem investir numa forte campanha de divulgação e promoção da região e das suas mais-valias. Este deverá constituir uma das prioridades estratégicas da região. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 76 Blueprint “Alto Minho Km0” Inovação e Tecnologia Numa economia em constante mudança vencem os territórios mais competitivos, nomeadamente ao nível da combinação de fatores como a flexibilidade e a adaptabilidade, em que emergem os que têm maior capacidade de acumular e desenvolver rapidamente os recursos existentes na obtenção de determinados objetivos e soluções, capazes de (re)construir, inovando, tirando partido das vantagens competitivas dinâmicas. Para esta agilidade é necessário existir uma grande proximidade entre o consumidor (o mercado), o tecido empresarial e os centros de saber, constituindo uma área de intervenção estratégica a melhorar na região. Ao contrário de regiões tão próximas como a Galiza, o Porto, Braga e Guimarães, o Alto Minho não tem centros de investigação e desenvolvimento, locais privilegiados para estabelecerem pontes entre as instituições de ensino e o mercado de trabalho e de consumo. Existe ainda muito a fazer ao nível das incubadoras e startups que facilitem a criação e desenvolvimento da iniciativa empresarial através da combinação de infraestruturas e serviços de apoio especializados que permitam testar e fazer crescer profissionais, técnicas, materiais, ideias e negócios na região. Só percorrendo este caminho será possível descolar de uma base económica e funcional urbana ainda pouco desenvolvida e diversificada e fortemente dependente dos serviços administrativos e do comércio. Investindo em inovação e tecnologia será também mais fácil organizar a produção no território e superar as dificuldades de comercialização de produtos, especificamente os agroalimentares, atualmente com um grande défice de concentração. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 77 Blueprint “Alto Minho Km0” Projeção Demográfica / Recursos Humanos Todos os estudos da região permitem concluir que uma das condicionantes ao seu desenvolvimento económico está relacionada com o número e perfil das suas pessoas. Nesta matéria a região encontra-se negativamente pressionada pela(o): Escassez de Recursos Humanos; Envelhecimento da população; Dificuldade de reter a classe jovem, estudantes e ativos jovens; Mobilidade transfronteiriça dos recursos humanos para a Galiza; Baixa qualificação dos recursos humanos; Oferta formativa com qualidade mas nem sempre em sintonia com o mercado de trabalho local; Falta de sensibilização e formação dos empresários nas áreas comerciais, comunicação e promoção; Falta de interesse empreendedor das novas gerações; Falta de qualificação e visão dos empresários; Ausência de proximidade e colaboração em rede entre os vários atores da região Ainda preferência das empresas por profissionais indiferenciados, que permitam contenção nos custos salariais, não valorizando desta forma a competência; Para o desenvolvimento sustentável do Alto Minho é fundamental apostar nos seus recursos humanos, investindo em programas de informação, mentalização, formação e reciclagem ajustados às necessidades do crescimento da região. É sabido que a principal influência para a localização de pessoas e famílias é o Trabalho. Logo, a promoção de oportunidades de empreendedorismo nestes territórios provocará o desejado Êxodo Urbano. Despertar nos jovens a auto-estima e o interesse pela região, pelo empreendedorismo e pela inovação, assim como melhorar a capacidade de gestão dos empresários locais, ampliando os seus conhecimentos e técnicas de exploração, comercialização e promoção adequadas, são algumas das ações que permitirão acontecer o futuro do Alto Minho. Programas como o “Programa Valorizar” e “Novos Povoadores” pretendem «mudar o paradigma de valorização do território: temos um território bem infraestruturado, mas sem população, porque não é capaz de criar valor que atraia as pessoas». Os reduzidos custos de instalação de unidades empresariais no interior, os baixos custos de mão-de-obra em consequência de economias locais pouco inflacionadas, a qualidade de vida social e ambiental fruto da baixa densidade e dos fortes investimentos em infraestruturas sociais nos finais do século passado, podem tornar uma região como o Alto Minho altamente atrativa para empreendedores de vários sectores económicos, nomeadamente os suportados na valorização dos recursos endógenos e os suportados pelas TIC. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 78 Blueprint “Alto Minho Km0” Região retalhada (fronteiras na gestão e operacionalização) Sob o ponto de vista geográfico, cultural, histórico, linguístico e até mesmo económico, o território do Alto Minho apresenta uma certa unidade, estando embora longe de ser um bloco homogéneo. Considerando as dicotomias urbano/ rural, litoral/ interior e norte/ sul, é possível identificar diferenças assinaláveis e até assimetrias intrarregionais significativas. É o caso de indicadores como: atividades económicas predominantes, densidade e mobilidade populacional, capacidade de atração turística, acesso aos serviços públicos básicos como é o caso da saúde, da educação e da cultura, oportunidades de emprego, rede de transportes e comunicações. Alguns dos constrangimentos mencionados anteriormente, como é caso dos transportes e a existência de diversos organismos públicos e privados, ainda muito associados aos diferentes municípios, assim como às duas sub-regiões, Minho e Lima, fazem com que a região apresente um baixo nível de coesão territorial. Planos Diretores Municipais ainda evidenciam problemas de compatibilização em áreas transfronteiriças, bem como alguma desarticulação entre os diversos instrumentos de gestão e planeamento territorial de iniciativa setorial e municipal. Pese embora a recente criação de entidades com fins agregadores entre os diferentes territórios e entidades, como é o caso da CIM-Comunidade Intermunicipal do Alto Minho e da CEVAL – Confederação Empresarial do Alto Minho, o alinhamento e a integração de projetos e iniciativas ainda não é eficaz. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 79 Blueprint “Alto Minho Km0” 2.2. Impacto nas empresas da região A falta de qualificação e profissionalização do tecido empresarial, a predominância das microempresas, o défice de investimento em inovação e tecnologia, a falta do fator “dimensão”, nomeadamente de lobby, e a adoção de medidas e estratégias de curto prazo em detrimento das de longo prazo, contribuem para a atual debilidade do tecido empresarial do Alto Minho. O potencial do território é grande dada a riqueza dos seus recursos endógenos, nomeadamente os que têm origem na Terra e no Mar, mas carece de uma população empreendedora, de jovens e de certa forma também de empresários que temem em reinventar conceitos de negócio, em adotar novas estratégias que respondam às necessidades atuais do mercado, a um novo alinhamento entre a oferta da região e a procura local e global. Ou seja, o tecido empresarial não consegue transformar os recursos endógenos em riqueza, em valor acrescentado, não se conseguindo dinamizar a economia local e da região. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 80 Blueprint “Alto Minho Km0” 3. CONSTRUÇÃO, ALAVANCAS DA MUDANÇA – QUE FUTURO? 3.1. Cenários de desenvolvimento dos mercados para 2020 A pergunta não deveria ser com respeito a “que futuro”, mas “que conjunto de futuros” será o mais provável e como pode a região e as suas diferentes entidades representativas melhor se prepararem para todos eles. É neste sentido que surge a análise prospetiva e a planificação de cenários. A panificação de cenários foi desenhada para responder aos seguintes desafios: - Incerteza - Complexidade - Mudança de paradigma Face ao atual quadro económico europeu e nacional, é obrigatória uma análise prospetiva com base em diferentes cenários, pois só assim será possível reagir rapidamente há volatilidade do mundo global em que vivemos. A análise prospetiva realizada no âmbito do projeto Strategic Trends, recentemente promovido pela AEP – Associação Empresarial de Portugal, baseou-se num conjunto de análises efetuadas por diferentes entidades com reconhecimento internacional, abrangendo um leque alargado de perspetivas e sensibilidades. O estudo parte de duas incertezas críticas, selecionadas pelo impacto que poderão implicar na determinação do contexto com que as regiões e o tecido empresarial terão de lidar em 2020. As incertezas selecionadas foram: - o grau de integração e cooperação entre os diferentes países e regiões do globo, em cujos extremos estará o nacionalismo e a globalização; - a disponibilidade de recursos do planeta para sustentar o atual crescimento da população e do consumo mundial, em cujos extremos estará a equilíbrio e a rutura dos recursos. A combinação das diferentes hipóteses de evolução destas duas incertezas levou à construção de uma matriz de quatro cenários diferentes para o contexto mundial em 2020: - “Um mundo de arquipélagos”: nacionalismo e equilíbrio de recursos; - “Um mundo melhor”: globalização e equilíbrio de recursos; - “Juntos conseguiremos”: globalização e rutura de recursos; e - “Cada um por si”: nacionalismo e rutura de recursos. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 81 Blueprint “Alto Minho Km0” Os cenários anteriormente traçados apresentam um conjunto de implicações que condicionarão necessariamente a forma como as empresas, em particular as PME, conduzirão os seus Negócios e portanto a forma como os seus representantes terão de se posicionar e atuar para apoiarem o crescimento do tecido empresarial e da economia local. Implicações de cada cenário para o mundo em 2020. Fonte: Strategic Trends Desde o boom tecnológico e o desaparecimento de algumas fronteiras físicas, que se perspetiva um mundo cada vez mais plano, conforte encenado em obras deste início de século Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 82 Blueprint “Alto Minho Km0” como é o caso do livro “O Mundo é Plano — Uma História Breve do Século XXI”, livro de 2005 escrito por Thomas Friedman, onde o autor analisa o progresso da globalização com particular ênfase no princípio do Sec. XXI. O autor acredita que o Mundo é plano no sentido em que os campos de competição entre os países desenvolvidos e os países em via de desenvolvimento estão a ficar nivelados (apontando os exemplos da China e da Índia). De facto, na última década, esta tendência dos mercados foi acompanhada por uma forte procura externa, em que mercados e empresas procuram projeção e dimensão internacional. Por outro lado, a crise financeira internacional que se tem feito sentir nos últimos anos, com impactos mais negativos na Europa a partir de 2008, ano que registou a maior contração da história da economia da zona euro, em que o PIB da Zona do Euro teve uma queda de 1,5% no quarto trimestre, em relação ao trimestre anterior, está também na origem de tendências mais orientadas para a dimensão interna dos mercados, que trabalham os dois lados da balança comercial. Ou seja, os mercados, suas regiões e empresas procuram a tão desejada dimensão global, mas sem deixarem de investir no mercado local, onde ainda existe um largo caminho a percorrer. Seja para um cenário mais nacionalista ou para um mais globalizado, é necessário pensar ou agir local, sendo certo que a grande maioria do tecido empresarial somente num futuro mais longínquo é que tenderá a agir e a pensar global. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 83 Blueprint “Alto Minho Km0” 3.2. Cenários de desenvolvimento das regiões da EU para 2020 Complementarmente há construção de cenários para os mercados mundiais em geral e na perspetiva de apoiar a definição de uma qualquer estratégia regional, é importante traçar cenários para uma escala mais regional. Em 2008 foi publicado um documento de trabalho da EU designado “REGIONS 2020 - An Assessment of Future Challenges for EU Regions”, onde são assinalados alguns dos desafios que os territórios regionais da EU estão ou vão enfrentar nesta década. Dos desafios identificados, os seguintes podem ser de extrema importância para as regiões Europeias e a considerar para o Alto Minho: Globalização Mudanças demográficas Mudanças climáticas Economia de Baixo Carbono Globalização estimulando o desenvolvimento científico e tecnológico, tornando a dimensão europeia mais robusta do que nunca ao nível do conhecimento, mobilidade, competitividade e inovação. A abertura de grandes mercados emergentes cria grandes oportunidades para os europeus, mas em simultâneo testam a capacidade da Europa para sofrer alterações estruturais e para gerir as consequências sociais dessa mudança. A transformação para uma economia baseada no conhecimento e no serviço é tão profunda quanto a que se verificou da mudança da agricultura para a indústria na primeira metade do século XX; A maioria das regiões localizadas mais a Sul e Este da EU parecem mais expostas ao fenómeno da globalização, predominantemente devido há grande percentagem de atividades de baixo valor acrescentado nestas regiões e a algumas fraquezas na qualificação da mão-de-obra, que podem levar a maiores dificuldades em atrair investimento e criar ou manter emprego. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 84 Blueprint “Alto Minho Km0” A mudança demográfica irá transformar a idade e a estrutura do emprego das nossas sociedades, emergindo assuntos importantes ligados à eficiência económica e há equidade intergeracional. A pressão migratória terá um grande efeito na Europa, devido há sua proximidade com algumas das regiões mais pobres do mundo. Em termos das características socio-económicas, regiões com declínio demográfico são muitas vezes caracterizadas por PIB mais baixo, mais desemprego e grande parte da população está empregada em setores de atividade em declínio. À semelhança do que acontece no Alto Minho, estas regiões tendem também a ter menos jovens, fruto da migração para outras regiões, baixos níveis de fertilidade e baixa densidade populacional, refletindo a natureza rural da maioria dessas regiões. Regiões em declínio demográfico podem enfrentar dificuldades em ter acesso a serviços públicos base como cuidados de saúde, cuidados continuados, habitação e transportes, assim como infraestruturas TIC. O impacto da mudança climática no ambiente e na sociedade europeia tornou-se tema central da sua agenda, desafiando legisladores e políticos. É necessário atuar na prevenção, investindo numa economia mais verde, mas também em medidas de adaptação às consequências das mudanças climáticas. Segundo a Agência Europeia para o Ambiente, apesar de a mudança climática ser o desafio mais imediato, existem outras prioridades ambientais, como a luta contra a poluição atmosférica, o regulamento dos produtos químicos para reduzir seus efeitos sobre a saúde e a conservação do solo como recurso produtivo e reserva da biodiversidade. Mais de 1/3 da população união europeia vive nas regiões mais afetadas pela mudança de clima. Espanha e Portugal fazem parte das regiões mais pressionadas. Esta situação deve-se geralmente a mudanças nos níveis de precipitação e no aumento da temperatura, que têm mais impacto nos setores económicos mais vulneráveis: agricultura, pesca, turismo, outros. Energia segura, sustentável e competitiva representa um dos maiores desafios da sociedade atual. Fornecimento limitado, aumento da procura mundial e o imperativo para cortar as emissões conduziram há necessidade da Europa adotar uma economia de baixo carbono. Algumas regiões, como o caso de Alto Minho, podem potencialmente beneficiar da necessidade da Europa produzir energias renováveis, dada aa proximidade com a costa (exº offshore, vento, ondas, sol). Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 85 Blueprint “Alto Minho Km0” 3.3. Cenários de desenvolvimento para o Alto Minho – uma nova estratégia As estratégias de desenvolvimento económico e social a promover nos territórios mais regionais devem assentar na preocupação de criar condições de contenção do seu declínio económico e social e, por outro, incentivar os investimentos e iniciativas geradoras de desenvolvimento económico e criar fatores de competitividade. O cruzamento dos principais desafios que a região enfrenta com o exercício de cenarização realizado, com particular realce para a identificação das variáveis em que se reconhece haver uma base assente nos dois eixos de intervenção do presente projeto “Alto Minho Km0” – recursos endógenos e organização em rede, faz emergir algumas orientações estratégicas para o desenvolvimento do território do Alto Minho, partindo do objetivo principal de promover uma base económica sustentável solidamente competitiva, suscetível de atrair e fixar pessoas e negócios. Partindo de objetivos mais diretos, como os de: Desenvolver alianças estratégicas, parcerias, projetos conjuntos ou alinhados – uma região em rede; Rentabilizar os recursos disponíveis na região; Construir uma imagem que atraia, retenha e agregue habitantes, investidores, profissionais, visitantes, consumidores; Construir a confiança do “Cliente” – fidelização; Incrementar conhecimento e competência a empresários, jovens empreendedores, a gestores e a profissionais; Desenvolver uma política de coopetitividade entre os principais players da região: municípios, associações, empresas, é possível desenvolver uma estratégia e plano de ação para o território do Alto Minho que contemple: A PERSPECTIVA DOS RECURSOS ENDÓGENOS Valorizar e promover os recursos da região. Criar e desenvolver uma imagem de origem e de qualidade. Promover o consumo local, b2b e b2c. Desenvolver e dinamizar o comércio de proximidade. A PERSPECTIVA DO KM0 Diminuir o ciclo produtor e consumidor final. Diminuir a emissão de CO2. Aumentar a autoestima do território regional e nacional. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 86 Blueprint “Alto Minho Km0” A PERSPECTIVA DAS ORGANIZAÇÕES EM REDE Criar e promover redes de cooperação. Mais dimensão para maior poder e influência – mais competitividade. Maior alinhamento e complementaridade de recursos e competências. Maior rentabilidade dos recursos disponíveis para a região. Especialização inteligente. Está assim lançado o tema Alto Minho Km0 que merecerá um maior aprofundamento e análise nos cadernos que se seguem: benchmarking e definição da estratégia /plano de ação. Projeto “Alto Minho Km0” Blueprint “Alto Minho Km0”, Edição 1, Novembro 2012 87