ATRATIVOS AO PALADAR

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ATRATIVOS AO PALADAR
INGREDIENTES
Atrativos
ao paladar
Depois do destaque em sucos e
refrigerantes, foco dos fabricantes
de aromatizantes são o setor de
bebidas alcoólicas e os sabores inusitados
Da Redação
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Engarrafador Moderno
S
e a aparência das bebi
das atrai o consumidor
pela embalagem e pela
cor vibrante, o aroma é
o responsável por cativar o paladar de quem experimenta
um produto. O peso que os aromatizantes possuem dentro da categoria
de bebidas faz com que os novos
consumidores, atentos e mais abertos a novidades e experimentações,
não procurem somente aquilo que sacia a sede e seja refrescante, mas
que também traduza fielmente o sabor anunciado em seu rótulo.
Com isso, as indústrias de aromas têm em mãos o desafio de materializar, dentro dos custos aplicáveis aos fabricantes de bebidas,
todos os desejos e anseios dos con-
AGOSTO/12
sumidores em suas essências. De
acordo com Renata Angelo dos Santos, aromista e gerente de criação
da Robertet do Brasil, a grande proposta é conseguir transmitir ao consumidor o prazer de apreciar, por
exemplo, uma bebida artificial com
o mesmo sabor de um suco natural
da fruta fresca. "É tornar o ato de
tomar uma bebida industrializada
em um momento de prazer e bem
estar", explica Renata Santos.
E as exigências vão além do querer um sabor agradável. Com tantas
opções de produtos disponibilizados
atualmente nas prateleiras, se sobressaem aqueles que de alguma
maneira asseguram aspectos naturais e apresentam benefícios à saúde do consumidor.
Segundo Renata, a preocupação
mundial em consumir produtos saudáveis revolucionou o mercado de
bebidas nos últimos anos. "O conceito saúde continua conduzindo a
categoria com uma gama cada vez
maior de produtos diferenciados,
com adição de ingredientes e apelos inovadores", ressalta.
Reunir a demanda dos consumidores em um mesmo aroma não é o
único desafio estabelecido às indústrias do segmento. Para Dilermando
Peçanha, químico e gerente comercial da Nardi Aromas, a ausência de
fornecedores de matérias-primas
para a fabricação dos aromas se
apresenta como o maior desafio a
ser enfrentado por quem produz o
ingrediente. "São poucos os fabri-
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Renata Santos, aromista e gerente
de criação da Robertet do Brasil:
"O conceito saúde continua
conduzindo a categoria com
uma gama cada vez maior
de produtos diferenciados"
cantes nacionais e, por isso, alguns
grupos de matérias-primas são importados, o que acaba se tornando
proibitivo principalmente para as
menores empresas."
Outros desafios são apontados
por Peçanha, como a produção de
aromas solúveis nos meios no qual
o ingrediente será aplicado (como
aromas lipossolúveis para uso em
cosméticos) e a verificação da graduação alcoólica para bebidas não
alcoólicas (principalmente em xaropes) de forma a atender as legislações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Para cada bebida, um aroma
Para que se conquiste um paladar exigente, alguns quesitos do pro42
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duto devem ser examinados. Os aromatizantes empregados nas bebidas, sejam elas alcoólicas ou não,
apresentam detalhes específicos de
composição que acabam determinando qual deve ser utilizado em
sua fórmula.
A categoria de chás também possui aromatizantes, mas por demandar processos térmicos durante sua
fabricação, exigem o uso de aromas
com propriedades termorresistentes.
Massao Geraldo Alves, aromista
e flavorista da Saporiti do Brasil, explica que a indústria de aromas desenvolve solventes e encapsulantes
para variados tipos de processo e
moléculas odoríferas que, harmonizadas, resultam em sabores próximos ao das frutas e dos alimentos.
Com um portfólio diversificado e
recebendo cada vez mais novidades
(como as bebidas energéticas para
consumo durante o dia que incluem
sucos de frutas; e as de sabores
mais intensos, segmentadas para o
público adulto que consome o produto em festas), o setor de bebidas
acaba sendo uma grande oportunidade para as indústrias de aromas.
"Ao desenvolver um aroma, devese selecionar as moléculas mais adequadas para aquela bebida, buscar
sempre a melhor performance sensorial e considerar detalhes importantes como perfil do consumidor e a
intensidade de sabor", assegura.
Nos refrescos em pó, por exemplo, os aromatizantes utilizados são
pós geralmente encapsulados que,
ao serem diluídos em água, liberam
o aroma. Já os aromas líquidos apresentam maior compatibilidade e solubilidade quando empregados em
refrigerantes cítricos como limão e
lima-limão. Em refrigerantes de laranja são utilizadas as emulsões para
que não haja separação de fases na
bebida. Além de conferir sabor, as
emulsões também proporcionam cor
e turbidez ao produto.
Em destaque
Gilza Carla Floriani, supervisora
de produtos da Duas Rodas Industrial, afirma que as bebidas fortificadas estão seguindo o mesmo caminho dos energéticos e estão crescendo, diversificando os sabores e
ampliando o momento de consumo.
Porém, os nichos que atualmente favorecem e fortalecem as indústrias
de aromas não devem parar por aí.
"A água de coco está despontando
no mercado mundial como um produto naturalmente saudável em versões saborizadas e está conquistando espaço entre os consumidores".
Gilza destaca também que as bebidas alcoólicas, assim como as que
trazem ingredientes mais saudáveis
ao consumidor, vêm conquistando
A ausência de fornecedores de matérias-primas
para a fabricação dos aromas se apresenta como
o maior desafio para quem produz o ingrediente
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espaço dentro do mercado de aromas, já que possibilitam transformar
receitas de drinks sofisticados em
um produto industrializado.
Por serem versáteis, os produtos
não alcoólicos lideram as oportunidades para o segmento de aromas. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) confirmam o feito: o consumo de refrigerantes no Brasil cresceu mais de 400% em uma década,
colocando o País na terceira posição entre os maiores consumidores
mundiais da bebida.
"Em volume, os refrigerantes são
os principais consumidores de aromas, embora o Brasil ainda mantenha sabores bem tradicionais", explica Paulo Garcia de Almeida, consultor e sócio-presidente da PGA Food
& Beverage Experts. "Este segmento é mais estável e não indica gran44
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des crescimentos como no passado, mas há um nicho a ser explorado com novos sabores."
O consultor ainda destacou que
as combinações aromáticas como
misturas cítricas com mel e misturas de sabores com especiarias e
ativos funcionais (hortelã e ervas) farão parte da cartela de tendências
do setor a ser empregada no País.
É necessário investir
O consumidor está exigindo novidades com uma velocidade maior. A
evolução dos meios de comunicação,
principalmente da Internet, faz com
que os lançamentos do segmento no
exterior sejam exigidos com mais rapidez pela clientela nacional.
Para atender a esses pedidos, algumas empresas brasileiras estão
ampliando sua capacidade de pro-
dução. Uma delas é a Loop do Brasil, no mercado há nove anos e responsável pela fabricação de ingredientes para aromas, extratos naturais,
emulsões e bases para a indústria
de bebidas. Entre os recentes investimentos realizados pela empresa
está a triplicação da área construída
em 2011 e a aquisição de equipamentos com abolição ao uso de preservantes químicos.
"A Loop vem experimentando um
expressivo crescimento nos últimos
três anos, período em que, a grosso
modo, dobrou o faturamento a cada
ano. Para 2012, esperamos manter
esta tendência, principalmente gozando dos benefícios dos investimentos efetuados para suportar todo este crescimento", analisa Oscar Piacentini Junior, diretor da companhia.
Colaborou
Lívia Sousa
Engarrafador Moderno