Adubação de manutenção em grama-esmeralda Fertilization in

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Adubação de manutenção em grama-esmeralda Fertilization in
Adubação de manutenção em grama-esmeralda
Caroline de Moura D'Andrea Mateus1 e Regina Maria Monteiro de Castilho2
1
2
Eng. Agrônoma ([email protected])
Profa. Dra. UNESP – Campus de Ilha Solteira ([email protected])
Resumo - O objetivo do presente trabalho é avaliar a influência da adubação de manutenção em Zoysia japonica Steud.
(grama-esmeralda) em um Argissolo Vermelho, em Ilha Solteira-SP (Noroeste Paulista). O delineamento experimental
utilizado foi o inteiramente casualizado, composto de quinze tratamentos e quatro repetições, utilizando-se calagem,
composto orgânico, Forth Jardim®e Floranid Eagle®. Avaliou-se: massa seca, teor de clorofila e análise foliar. Concluiu-se
que é necessária a aplicação de adubo de manutenção em intervalos regulares, para melhorar a qualidade estética do
gramado e que os adubos químicos testados tiveram comportamentos semelhantes, sendo que o Floranid Eagle® teve sua
aplicação facilitada devido ao maior tamanho de suas partículas.
Palavras-chave: gramados, adubo de liberação lenta, teor de clorofila de folhas
Fertilization in maintenance of emerald grass
Abstract - The purpose of the present study was to evaluate the influence of maintenance fertilization in Zoysia japonica
Steud. (emerald grass), in Ilha Solteira, São Paulo. The experimental design was completely randomized, consisting of
fifteen treatments and four repetitions, using lime, organic matter, Forth Jardim ® and Floranid Eagle ®. Dry mass,
chlorophyll content and leaf analysis were evaluated. It was concluded that it is necessary to apply fertilizer maintenance at
regular intervals, to improve the aesthetic quality of the lawn, and that chemical fertilizers tested had similar behavior, with
Floranid Eagle ® easiest to apply due its larger particle size.
Keywords: lawns, slow release fertilizers, chlorophyll content of leaves
Introdução
Material e Métodos
As áreas de gramados têm sido utilizadas para as mais
diversas finalidades, quer sejam de lazer ou comercial.
Incluem-se campos de golfe, espaços públicos abertos à
população, campos de futebol, pistas de corrida para cavalos,
jardins residenciais ou públicos, além de áreas específicas
destinadas a produção de tapetes de gramas, sendo que,
independente da situação de uso, tanto a irrigação como a
adubação é essencial (Villas Bôas & Godoy, 2004).
A grama-esmeralda (Zoysia japonica Steud.) é uma das
espécies mais utilizada para contensão de taludes e áreas
com riscos de erosão (devido crescimento rizomatosoestolonífero), além de jardins residenciais, áreas públicas,
parques industriais e campos esportivos para a composição
de gramados (Gurgel, 2003). De coloração verde-esmeralda
e muito ramificada, é apropriada para a formação de
gramados a pleno sol (Lorenzi & Souza, 2001).
Por ter grande importância na qualidade do gramado, as
informações técnicas sobre adubação de manutenção são
ainda incipientes, pois se verifica grande variedade de
recomendações empíricas e poucos trabalhos científicos
publicados.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o uso da
adubação de manutenção e da calagem em Zoysia japonica
Steud. (grama-esmeralda) em um Argissolo Vermelho, em
Ilha Solteira-SP (Noroeste Paulista).
O trabalho foi desenvolvido na Fazenda de Ensino e
Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia – UNESP,
Campus de Ilha Solteira, com latitude 20o 25' S, longitude 51o
21' WGR e altitude de 330m, no Município de Ilha
Solteira–SP, de outubro de 2003 a abril de 2004. A
o
o
temperatura média do período foi de 26,8 C (Máxima 32,8 C
o
e mínima 22,4 C) e a precipitação pluvial entre 23,1 a 315, 4
mm.
A espécie estudada foi a Zoysia japonica Steud. (gramaesmeralda), plantada, no final de janeiro de 2003, através de
tapetes (0,625 x 0,40 m). O delineamento experimental
utilizado foi o inteiramente casualizado, composto de 15
2
tratamentos e 4 repetições, utilizando-se uma área de 15 m
por parcela. Nas parcelas principais constaram os seguintes
tratamentos, todos conduzidos a pleno sol:
T1 - P1 (testemunha) + S1 (testemunha)
T2 - P1 (testemunha) + S2 (Forth Jardim®)
®
T3 - P1 (testemunha) + S3 (Floranid Eagle )
T4 - P2 (calagem) + S1 (testemunha)
®
T5 - P2 (calagem) + S2 (Forth Jardim )
T6 - P2 (calagem) + S3 (Floranid Eagle®)
T7 - P3 (composto orgânico) + S1 (testemunha)
T8 - P3 (composto orgânico) + S2 (Forth Jardim®)
T9 - P3 (composto orgânico) + S3 (Floranid Eagle®)
T10 - P4 (adubação química) + S1 (testemunha)
T11 - P4 (adubação química) + S2 (Forth Jardim®)
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.6, n.2, p.11-16, jun. 2012
11
®
T12 - P4 (adubação química) + S3 (Floranid Eagle )
T13 – P5 (calagem + adubação química) + S1
(testemunha)
T14 – P5 (calagem + adubação química) + S2 (Forth
Jardim®)
T15 - P5 (calagem + adubação química) + S3 (Floranid
Eagle®)
A dosagem dos adubos comerciais utilizada foi indicada
2
na embalagem dos produtos, ou seja, 30 g/m de Floranid
®
2
®
Eagle e 75 g/m de Forth Jardim , ambos aplicados a cada 60
dias a partir de outubro de 2003. Dessa forma, foram
realizadas 3 adubações de manutenção com os adubos
comerciais acima citados: em outubro de 2003, dezembro de
2003 e março de 2004.
®
Os adubos comerciais utilizados (Floranid Eagle e Forth
®
®
Jardim ) possuem a seguinte formulação: Floranid Eagle :
N total: 24% (nítrico: 3%, amoniacal: 1%, IBDU
(ISODUR):: 14,7%, uréico: 5,3%); P2O5: 10%, Fe: 1%,
K2O: 10% e Mn: 0,5%; Forth Jardim®: N: 13%, Mo:
0,002%, Mn: 0,08%, Ca: 0,2%, K2O: 13%, S: 5%, B:: 0,04%,
Cu: 0,05%, Zn: 0,15%, Fe: 0,2%, Mg: 0,2%.
As características químicas do solo constam na Tabela 1.
Tabela 1. Análise química do solo realizada antes da
implantação dos tratamentos – UNESP, Câmpus de Ilha
Solteira. (Ilha Solteira, 2002).
Parâmetros de fertilidade
Unidade
P-resina
MO
pH
K
Ca
Mg
H+Al
Al
SB
S-SO4
CTC
V
m
B
Cu
Fe
Mn
Zn
mg/dm
g/dm3
CaCl2
mmolc/dm3
3
mmolc/dm
mmolc/dm3
3
mmolc/dm
mmolc/dm3
mmolc/dm3
3
mg/dm
mmolc/dm3
%
%
3
mg/dm
mg/dm3
mg/dm3
3
mg/dm
mg/dm3
3
Valor
16
18
4,8
2,3
12
4
22
1
18,5
10
40,3
45
5
0,3
1,6
79
21,7
4,0
Antes do plantio dos tapetes de grama-esmeralda (Zoysia
japonica Steud.) e da aplicação da adubação de formação foi
realizado o preparo do solo e erradicação das plantas
daninhas com Roundup® (Glifosate) na dosagem de
®
200g/20L e Sempra (Halosulfuron) na dosagem de
12g/20L. O preparo do solo foi feito com arado de discos,
gradagem leve e posterior nivelamento.
12
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.6, n.2, p.11-16, jun. 2012
A calagem foi feita com calcário dolomítico – PRNT
85%, sendo o mesmo incorporado. A saturação de base foi
elevado para 70% segundo recomendação do Boletim
Técnico 100 (1996) para gramíneas do Grupo I, segundo Raij
et al. (1996).
O composto orgânico utilizado para adubação orgânica
foi montado intercalando-se grama batatais (Paspalum
notatum) + folhas de Ficus elastica + esterco de curral, na
proporção de 3 partes de material vegetal para 1 parte de
esterco de curral, e posto para decompor por um período de
cerca de 90 dias.
O manejo da irrigação de acordo com o método de
Penman-Monteith, utilizando-se o Kc = 1. A adubação
química de manutenção foi realizada com dois adubos
®
2
®
comerciais, Forth Jardim (75 g/m ) e Floranid Eagle (30
2
g/m ). A primeira adubação de manutenção foi realizada no
final de outubro de 2003, a segunda adubação de manutenção
foi realizada no final de dezembro de 2003 e a terceira
adubação de manutenção foi realizada no final de março de
2004.
Após a coleta do material para análise foi feito o corte de
todo o gramado para uniformizar o tamanho da gramaesmeralda nos diferentes tratamentos. Antes das adubações
de manutenção o gramado foi cortado para que não houvesse
influência de resíduos da adubação anterior no resultado das
análises seguintes.
Foram avaliadas as variáveis: Massa seca: coletando-se
matéria verde das folhas das plantas contidas em 0,09 m2, e
levado a estufa a 60-70 °C, até atingir peso constante. Foi
realizada em novembro de 2003, janeiro de 2004 e abril de
2004 (30 dias após a realização das adubações de
manutenção); Teor de clorofila: foi obtido com o auxílio de
clorofilômetro manual (Minolta SPAD – 501), sendo
realizado nas datas acima citadas, em 10 folhas por
tratamento, obtendo-se valores médios, que foram
2
convertidos para mg/100 cm , através da equação: Y =
0,0996X – 0,152, onde x corresponde ao valor lido; e
Análise foliar: de acordo com a metodologia descrita por
Sarruge & Hagg (1974) sendo realizada em abril de 2004 (30
dias após a realização da adubação de manutenção).
Os dados foram analisados por meio de análise de
variância e teste de Tukey a 5% de probabilidade para
comparação de médias. Nas análises foi utilizado o
programa STAT.
Resultados e Discussão
Os resultados da análise de massa seca das folhas
constam na Tabela 2. Na primeira coleta de folhas
(novembro/2003), verificou-se que o tratamento que
proporcionou maior quantidade de massa seca foi o T8 (P3 –
®
composto orgânico + S2 – Forth Jardim ). Em janeiro/2004
foi o tratamento T6 (P2 – calagem + S3 – Floranid Eagle®)
que apresentou maior massa seca. Já, em abril/2004, o
tratamento T2 (P1 – testemunha + S2 – Floranid Eagle®) foi o
que apresentou maior resultado.
Tabela 2. Massa seca (g) das folhas da grama-esmeralda (Zoysia japonica Steud.) das três épocas de coleta, realizadas em novembro/2003,
janeiro/2004 e abril/2004, 30 dias após cada adubação de manutenção.
Época de coleta
Tratamentos
Novembro 2003
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
Média
Abril 2004
Média
S3 - Floranid Eagle®Média
14,64
6,85
12,85
7,66
7,92
Média
3,17
2,22
7,30
4,13
2,55
11,53
8,54
20,46
13,44
19,77
3,87 C
14,75 A
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
3,32
2,94
7,68
3,85
3,70
26,78
27,27
25,62
22,34
24,93
17,94
28,44
19,88
15,81
15,76
16,01 a
19,55 a
17,73 a
14,00 a
14,80 a
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
4,30 C
4,71
5,98
6,66
6,20
6,63
25,39 A
18,94
16,78
17,79
12,22
18,33
19,57 B
13,23
15,16
16,31
9,73
12,31
12,29 a
12,64 a
13,58 a
11,05 a
12,42 a
6,04 C
17,81 A
13,35 B
Média
Janeiro 2004
S1 - Testemunha S2 - Forth Jardim®
9,78 ab
5,87 b
13,54 a
8,41 ab
10,08 ab
9,98 B
Médias seguidas de letras distintas maiúsculas (na linha) e minúsculas (na coluna) diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
Estatisticamente, o adubo de manutenção Forth Jardim®
foi o que apresentou maiores quantidades de massa seca em
relação ao adubo Floranid Eagle® e a Testemunha. Porém, tal
resultado não é o mais desejado no cultivo da gramaesmeralda, pois o gramado deve proporcionar qualidades
estéticas e não altos teores de massa seca como as forrageiras
utilizadas para alimentação animal.
O fato de ocorrer maior quantidade de massa seca na
segunda avaliação, em relação à primeira pode ser devido à
disponibilização dos nutrientes, sendo que não ocorreu o
®
comportamento esperado para Floranid Eagle , que é um
adubo de liberação lenta, se comparado ao Forth Jardim®,que
é de pronta liberação.
Em trabalho com gramado, realizado por Magalhães
(2009), o fertilizante Floranid® não apresentou liberação
lenta, disponibilizando o nitrogênio na fase inicial do
experimento. Cabe comentar que, como visto na Tabela 1, o
pH do solo era de 4,8, e que, apesar de a grama esmeralda
tolerar bem uma ampla gama de tipos de solo, aqueles com o
pH em torno de 6,0 e 6,5 são os mais recomendados (Grama
Esmeralda, 2012), sendo que 12 dos tratamentos do presente
trabalho não sofreram calagem, podendo levar a não
disponibilidade de nutrientes.
A massa seca de folhas grama esmeralda resultante de
trabalho realizado por Carozelli et al. (2009), utilizando
Floranid Eagle® e Forth Jardim®, foi de 20,43 g e 19,54 g,
respectivamente, valores estes que se encontram dentro da
faixa do presente trabalho, na segunda coleta.
Mateus et al. (2010) encontraram valores de massa seca
maiores comparando o uso de adubação química com a
testemunha (22,91 g e 7,09 g, respectivamente), em
experimento com grama esmeralda. Amaral (2009) relatou
®
que o uso de Forth Jardim mostrou diferença significativa,
com maior valor, em relação ao Floranid Permanent®
(adubo de liberação lenta), para massa seca de folhas de
grama batatais; ambos os trabalhos corroboram com o
presente experimento.
Para Dinalli et al. (2010), trabalhando com revitalização
de gramado com Zoysia japonica Steud., os maiores valores
de massa seca foram observados quando do uso de uréia
revestida, sendo esses entre 2,7 g e 3,6 g, ou seja, inferiores
®
®
ao uso de Floranid Eagle e Forth Jardim , no presente
experimento.
Analisado o teor de clorofila nas folhas da gramaesmeralda nas três épocas de coleta (Tabela 3), verifica-se
®
®
que os adubos comerciais Forth Jardim e Florenid Eagle
mostraram dados estatisticamente maiores em relação à
testemunha, demonstrando, portanto, a necessidade da
realização de uma adubação de manutenção em períodos
regulares para manter a grama-esmeralda com coloração
mais esverdeada, o que é importante do ponto de vista
estético para o gramado.
Carozelli et al. (2009) em estudo realizado com Zoysia
japonica, observaram que o adubo Forth Jardim®, por ter
liberação imediata, apresentou mais rápido fornecimento de
nutrientes e portanto maior teor de clorofila e
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.6, n.2, p.11-16, jun. 2012
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estatisticamente diferente (3,77 mg/100 cm ), quando
comparado com o uso de Floranid Eagle® (3,67 mg/100
cm2) e Floranid Césped® (3,48 mg/100 cm2), ambos
fertilizantes de liberação lenta, o que não é observado nesse
trabalho, onde Forth Jardim® e Floranid Eagle® apresentam
valores estatisticamente iguais. Para Godoy et al. (2007),
2
valores acima de 3,55 mg/100 cm podem ser considerados
adequados para grama esmeralda. Portanto, os valores
encontrados nos trabalhos citados estão acima dos
observados na Tabela 3, o que sugere um desempenho
inferior do gramado, posto que o teor de clorofila é utilizado
como um índice para tal.
2
Tabela 3. Teor de clorofila (mg/100 cm ) nas folhas da grama-esmeralda (Zoysia japonica Steud.) nas três épocas de coleta,
realizadas em novembro 2003, janeiro 2004 e abril 2004, 30 dias após cada adubação de manutenção.
Época de coleta
Tratamentos
Novembro 2003
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
Média
Abril 2004
Média
S3 - Floranid Eagle®Média
2,45
2,88
3,06
2,60
2,70
2,94
3,02
3,06
2,84
2,93
3,04
3,04
2,85
2,90
3,06
2,74 B
2,96 A
2,98 A
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
2,40
2,40
2,50
2,45
2,44
2,65
2,51
2,70
2,66
2,74
2,61
2,47
2,50
2,53
2,54
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
2,44 B
2,42
2,51
2,59
2,50
2,41
2,65 A
3,02
2,91
2,72
3,08
2,29
2,53 AB
2,95
2,93
2,91
3,05
2,87
2,49 B
2,92 A
2,94 A
Média
Janeiro 2004
S1 - Testemunha S2 - Forth Jardim®
Média
2,81 a
2,98 a
2,99 a
2,90 a
2,55 a
2,46 a
2,57 a
2,55 a
2,57 a
2,80 a
2,78 a
2,74 a
2,88 a
2,72 a
Médias seguidas de letras distintas maiúsculas (na linha) e minúsculas (na coluna) diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
Na Tabela 4 encontram-se os resultados da análise foliar
de macronutrientes, 30 dias após a terceira adubação de
manutenção.
Carozelli et al. (2009), trabalhando com grama
esmeralda, encontraram valores de N foliar para Forth
Jardim® e Floranid Eagle® (20,57 g/kg e 17,01 g/kg,
respectivamente) semelhantes ao do presente trabalho.
Mateus et al. (2010), com a mesma grama, e com uso de
adubo químico, verificaram valores
semelhantes ao
presente trabalho para N e P, e inferiores para Fe, Ca, Mg e S,
para ambos os fertilizantes utilizados no presente trabalho.
Amaral (2009), em experimento com grama batatais, relatou
valores com o uso de Forth Jardim®, inferiores ao presente
trabalho para N, K e Ca, semelhantes para P e Mg e superior
®
pra S, e para Floranid Eagle inferiores para N, P, K e Ca,
superior para S e semelhante para Mg. Todos os trabalhos
acima citados foram desenvolvidos em Ilha Solteira, e
demonstram que a espécie da grama, o manejo do gramado e
o tipo de adubo são causas de variação quando ao resultado
da análise foliar.
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Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.6, n.2, p.11-16, jun. 2012
Fageria et al. (1997) cita como concentrações adequadas
de nutrientes para a grama-bermudas (Cynodum dactylum)
com 4 a 5 semanas, os seguintes teores: nitrogênio de 25 a 30
g/kg, fósforo 3,2 g/kg, potássio entre 18 e 21 g/kg e enxofre
de 1,5 a 2,0 g/kg.
Dessa forma, verifica-se que o nitrogênio está abaixo
(13,18 a 20,72 g/kg), sendo que a Testemunha está
aproximadamente 50% inferior (13,18 a 20,72 g/kg). O
maior valor foi encontrado em Calagem + Adubação química
+ Forth Jardim®, possivelmente pela correção do pH e
disponibilização do N. Nos diferentes tratamentos, a análise
foliar para N não reflete o teor de clorofila (Tabela 3), onde
todos apresentam resultados semelhantes entre si, inclusive a
®
Testemunha, independente do uso de Forth Jardim e
®
Floranid Eagle .
Para o fósforo, todos os valores estão acima citado por
Fageria et al. (1997) , sendo abaixo para Testemunha + Forth
®
®
Jardim (1,77 g/kg), Adubação química + Forth Jardim
(2,88 g/kg) e Calagem + Adubação química + Floranid
Eagle® (1,52 g/kg); o maior valor foi encontrado para
Composto Orgânico, sem uso de adubação, corroborando
Matos et al. (2006), os quais descrevem que os aumentos nos
teores das formas mais lábeis de P, proporcionados pela
adubação orgânica.
O potássio encontra-se muito abaixo para todos os
tratamentos Testemunhas (11,00 a 13,00 g/kg) e abaixo para
todos com Floranid Eagle® (15,33 a 16,00 g/kg) e no
®
intervalo adequado para os tratamentos com Forth Jardim
(18,50 a 19,50 g/kg), o que não é justificado pela
porcentagem de P2O5 presente em ambos os adubos (13% e
10%, respectivamente). Para o enxofre, os acima do
intervalo recomendado foram encontrados nos tratamentos
com Forth Jardim®, a exceção do tratamento Calagem +
Adubação química.
Para Embrapa (1997), em grama batatais os valores
adequados para Ca e Mg estão entre 3 a 6 g/kg e 2 a 4 g/kg,
respectivamente, sendo que, no presente trabalho, os
encontrados estão dentro das referidas faixas. Apesar disso,
para Brseeds (2012), a relação ideal entre cálcio e magnésio é
de 7-10:1, o que não é observado na Tabela 4.
Tabela 4. Análise foliar da grama-esmeralda (Zoysia japonica Steud.) realizada 30 dias após a terceira adubação de
manutenção realiazada em março de 2004.
Época de coleta
Tratamentos
S1 - Testemunha S2 - Forth Jardim®
S3 - Floranid Eagle®Média
Média
Nitrogênio (g/kg) P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
14,02
13,53
14,09
13,58
13,18
20,32
19,88
19,06
19,39
20,72
18,62
20,69
18,36
17,76
19,88
Média
13,68 B
19,87 A
19,06 A
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
3,99 Bd
5,25 Ab
5,39 Aa
5,19 Ab
4,86 Ac
1,17 Cd
3,70 Ca
3,54 Cb
2,88 Ce
3,35 Bc
4,36 Ab
4,40 Bb
4,36 Bb
4,55 Ba
1,52 Cc
3,84
4,45
4,43
4,21
3,24
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
4,93
12,33 Cb
11,00 Cc
12,50 Cab
12,83 Cab
13,00 Ca
3,32
18,50 Ab
18,50 Ab
18,50 Ab
19,50 Ab
18,83 Ab
3,84
16,00 Bc
16,00 Ca
15,50 Bab
15,50 Bab
15,33 Bbc
14,94
15,17
15,50
15,94
15,72
12,33
18,60
15,43
5,85 Aab
5,65 Ab
5,80 ABab
6,02 Aab
5,98
5,07 Bb
5,18 Bab
5,53 Ba
5,28 Bab
5,28 Bab
15,93 Aab
5,42 ABc
5,97 Aab
6,03 Aa
5,67 Abc
5,86
5,27
5,80
3,22 Bb
2,99 Bc
3,17 Bb
3,20 Bb
3,29 Ba
2,73 Cc
2,87 Cb
2,96 Ca
2,81 Cc
2,82 Cc
3,31 Aab
3,20 Ac
3,28 Ab
3,34 Aab
3,36 Aa
3,18
2,84
3,31
1,79 Ba
1,13 Cc
1,75 Ca
1,22 Cb
1,15 Bc
2,30 Ab
2,37Aa
2,31Aab
2,15 Ac
1,48 Ad
1,83 Bb
1,72 Bc
1,82 Bb
2,06 Ba
1,11 Bd
1,41
2,12
1,71
Fósforo (g/kg)
Média
Potássio (g/kg)
Média
Cálcio (g/kg)
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
Média
Magnésio (g/kg)
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
Média
Enxofre (g/kg)
Média
P1- Testemunha
P2- Calagem
P3- Composto orgânico
P4- Adubação química
P5- Calagem + Adubação química
7,65 a
8,03 a
16,91 a
7,93 a
5,62
5,42
5,77
5,78
5,64
3,10
3,02
3,14
3,12
3,16
1,97
1,74
1,96
1,81
1,24
Médias seguidas de letras distintas maiúsculas (na linha) e minúsculas (na coluna) diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.6, n.2, p.11-16, jun. 2012
15
GRAMA ESMERALDA. Disponível em:
Conclusões
<http://gramagrama.net/tipos-de-grama/grama-esmeralda >.
Conclui-se que é necessária a aplicação de adubo de
manutenção em grama-esmeralda, em intervalos regulares,
para melhorar a qualidade estética do gramado; os adubos
químicos testados tiveram comportamentos semelhantes,
sendo que o Floranid Eagle® teve sua aplicação facilitada
devido ao maior tamanho de suas partículas.
Agradecimentos
®
Os autores agradecem à ITOGRASS , pela doação dos
®
tapetes de grama-esmeralda e à COMPO DO BRASIL e
®
TECNUTRI , pela doação dos adubos testados nesta
pesquisa.
Referências
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revitalização de grama batatais (Paspalum notatum
Flügge). 2009. 43 p. Trabalho de Conclusão de Curso
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