Transporte e Logística - OJE
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Transporte e Logística - OJE
transporte SUPLEMENTO COMERCIAL e logística Análise 31 DE MAIO DE 2012 SETOR COM QUEIXAS E ALGUM “FUMO BRANCO Pág. V POR TERRA, MAR E AR AGEPOR APLOG GRUPO RANGEL Óscar Burmester diz que se deve atrair mais serviços de linha regular Pág. III Alcibíades Guedes alerta para o custo de transporte com retornos em vazio Pág. IV Eduardo Rangel critica os reduzidos avanços do setor nos últimos cinco anos Pág. VIII Saiba mais em www.oje.pt II transporte e logística QUINTA-FEIRA 31 de maio de 2012 A GESTÃO DE FROTA COMO FATOR CRÍTICO DE SUCESSO VASCO SILVA transporte e logística A DIVERSIFICAÇÃO É UMA PRIORIDADE DO ENTREPOSTO LOGÍSTICA Atuar junto das PME faz parte da estratégia de diversificação do grupo Entreposto Logística (S-Log), afirmou o diretor geral da empresa, Miguel Félix António Business Manager da Sinfic A mobilidade mecanizada é indissociável do conceito de vida da maior parte das pessoas, principalmente das empresas, e assim o termo gestão ganha cada vez mais notoriedade no setor dos transportes e logística. Gerir horários, custos, recursos, otimizar rotas são algumas das necessidades que urge analisar cuidadosamente. Uma frota é responsável por uma quota significativa dos custos de uma empresa, tendo um importante impacto no seu desempenho económico, bem como na produtividade. A Gestão da Frota deve, por isso, assentar em informação atualizada sobre a sua atividade. No entanto, trata-se, de uma forma geral, de um processo administrativo moroso e obrigatório, sendo que este custo é inevitável, ainda que variável e normalmente assumido como um custo afundado para qualquer negócio deste setor. A otimização do todo o processo Gestão da Frota e dos processos de Transporte e Logística através do recurso de sistemas de informação passa a ser uma prioridade operacional, através do recurso a soluções que resolvem estas necessidades operacionais. Todavia, a necessidade de localização das viaturas em tempo real, de modo garantir informação fidedigna, decisões em tempo real, operacionalidade do negócio, otimizar cargas e descargas e segurança física de bens e pessoas, está cada vez mais acessível com a evolução da última tecnologia GPS e comunicações móveis. A gestão e controlo da frota passa a ter capacidades georreferenciação em tempo real com armazenamento de “histórico” de eventos e localizações, gestão de rotas, entregas, recursos e até mesmo roubos de uma forma instantânea, otimizando os processos de logística e transporte, baixando drasticamente o TCO de cada frota. Com evoluir da tecnologia tornou-se possível a utilização de sistemas de www.oje.pt localização GPS totalmente integrados com a viatura e o negócio, permitindo comandar remotamente o veículo e até mesmo visualizar em mapas digitais os percursos realizados e a realizar. Há ainda recursos para visualização, no mapa, de pontos previstos de paragem, pontos de carga, descarga ou postos de gasolina. Uma análise independente (1) apresenta estudos de mercados com estatísticas da aplicação de uma solução de gestão de frota e localização de viaturas por GPS: • Aumento da produtividade • Menos paragens e menor duração • Redução de 18% no tempo de condução • Menos 11% nos Km percorridos • Poupança de 40% nos custos de comunicações A otimização do todo o processo Gestão da Frota passou a ser uma prioridade operacional • Aumento da segurança rodoviária e pessoal A indústria das soluções de frota e localização de meios continua em rápido crescimento a nível mundial, com cada vez mais organizações adotarem estas tecnologias para gerir de forma automática e melhor as suas viaturas. O valor das viaturas é muito mais do que o simples valor de aquisição e manutenção, são ativos de importância máxima para o negócio; sendo a gestão e controlo em tempo real uma meta fundamental que todas as organizações devem tentar alcançar. (1) Fonte: Frost & Sullivan (2009) Quais as áreas de eleição do Entreposto Logística (S-Log)? Quais os mais recentes clientes? Qual o volume de facturação em 2011 e quais as perspectivas para 2012? A empresa desenvolve a sua actividade em duas grandes áreas: • Logística Integrada – vocacionado para operações de picking e distribuição intensivas e operações de valor acrescentado, em formato de logística de contrato e/ou logística Inhouse. • Logística de Veículos – vocacionado para prestação de serviços globais a Fabricantes, Distribuidores e Concessionários Automóveis. Nos últimos dois anos, entraram mais cinco ou seis clientes em áreas fora do setor automóvel. Em 2011 o volume de negócios foi de 1,44 milhões de euros, prevendo-se um nível semelhante para o corrente ano. O que diferencia a S-Log da concorrência? Como está estruturada a empresa? O que significa para o cliente a renovação das certificações? O Entreposto Logística pratica a f lexibilidade e adaptabilidade às necessidades dos seus clientes. As nossas propostas de serviços são para serem discutidas e apreciadas em conjunto com os potenciais clientes, com eles desenhando as soluções mais adequadas às suas reais e efetivas necessidades. Somos um dos poucos operadores logísticos que detém a certificação do Sistema de Gestão de Qualidade, de Ambiente e de Segurança e Saúde do Trabalho, segundo as normas NP EN ISO 9001:2008, NP EN ISO 14001:2004 e OHSAS 18001:2007/NP 4397:2008, respetivamente, o que é fator de grande orgulho para todos os que nela trabalham e uma garantia para todos os que com ela se relacionam, sejam clientes, fornecedores ou outros parceiros de negócio. com que a gestão tenha que ser cada vez mais rigorosa e criteriosa. Se uma empresa que desenvolve uma atividade puder centrar-se naquilo que é o seu negócio base e subcontratar outras funções que, apesar de serem fulcrais para a atividade, não são a atividade central, isso permite-lhes transformar os custos fixos em variáveis e tornar mais eficiente a empresa e o próprio serviço. Que resultado tem tido a estratégia de diversificação da atividade? Possibilitou a entrada do Entreposto Logística em pequenas e médias empresas, de distintos setores de atividade. Acredito que, diversificando a atividade, preparamo-nos para os desafios do futuro e, portanto, esta continuará a ser uma prioridade estratégica da nossa atuação. Qual o impacto da redução das importações pelo país? O aumento das exportações tem conseguido compensar? O aumento da presença das empresas portuguesas e dos seus produtos no exterior é essencial para colmatar o gap que existe em relação às importações. Mas no mercado aberto em que estamos, se conseguirmos que os produtos e as empresas portuguesas sejam também preferidos em Portugal estamos igualmente a contribuir para a diminuição das importações, induzindo reflexos positivos ao nível da Balança Comercial e do dinamismo da economia nacional. Sendo a logística o “espelho” do país, como está a evoluir a indústria? Penso que está a evoluir e a adequar os seus serviços às necessidades dos clientes procurando não perder competitividade. Os tempos que vivemos não se apresentam risonhos para as empresas portuguesas e isso fará De que forma deve a logística “ajudar” o país no objectivo exportador? A localização do nosso país pode constituir uma oportunidade como plataforma quer de distribuição, quer de concentração, para tráfegos intercontinentais quer por via marítima, quer por via aérea. Por outro lado, com a função logística entregue a especialistas – operadores logísticos competentes e sólidos – tal permitirá aos empresários focarem-se no que é o essencial do seu negócio, inovando os seus produtos e serviços, criando e consolidando marcas e concentrando-se na procura de novos mercados. O que poderia ser feito pelos poderes públicos para agilizar a indústria e contribuir para o crescimento das exportações nacionais? O atraso na implementação da Janela Única Logística prejudica o setor? O que os empresários esperam do Estado é que ele seja um elemento facilitador da atividade económica e não um obstáculo. Penso que agilizar os procedimentos burocráticos e reduzir a carga fiscal são objetivos imprescindíveis. Mas penso também que o crescimento das exportações de bens e serviços produzidos em Portugal terá de assentar fundamentalmente na capacidade empreendedora e de tomada de risco dos empresários portugueses que não podem estar à espera de que o Estado venha resolver-lhes os problemas que são essencialmente seus e que terão de ser por eles resolvidos. Quanto à Janela Única Logística, assumindo-se como elemento facilitador de um conjunto de operações essenciais, parece-me claro que só há ganhos com a sua adoção. Coordenação Paulo Corrêa d’Oliveira, [email protected] • Arte Carlos Hipólito, [email protected] • Fotografia Victor Machado • Área Comercial Jorge Tavares d’Almeida - 217 922 092, Paulo Corrêa d’Oliveira - 217 922 097 transporte e logística www.oje.pt QUINTA-FEIRA 31 de maio de 2012 III O incremento do transporte marítimo passa por atrair serviços de linha regular Atrair mais serviços de linha regular e otimizar os custo de passagem de mercadorias pelos portos são exemplos para potenciar o transporte marítimo, afirma Óscar Burmester, presidente da Direção Nacional da AGEPOR A economia portuguesa está a ser sustentada pelo crescimento das exportações. Os agentes de navegação estão a sentir o aumento da atividade? Os agentes de navegação são, na verdade, dos primeiros a sentir o pulso ao desempenho da economia no que toca o volume de entrada e saída de mercadorias, neste caso, por via marítima. Nos últimos meses, assistimos a um claro aumento na procura de transportes marítimos à exportação, em particular para fora da comunidade europeia. Mas mesmo no transporte intra-comunitário, sentimos que há ventos de mudança: os agentes económicos, que até então davam preferência à rodovia, estão cada vez mais a optar pelo transporte marítimo de curta distância para colocar os seus produtos no mercado europeu. Refiro-me, naturalmente, ao transporte multimodal em contentores na base porta a porta. O aproveitamento do mar para escoar produtos nacionais deve ser mais potenciado? O que sugere no imediato e quais as propostas estru- turais que deveriam estar na agenda política do executivo? Naturalmente que sim! Atrair aos nossos portos de mar o maior número possível de serviços de linha regular e otimizar os custos de passagem das mercadorias pelos portos são dois exemplos dos objetivos com vista a potenciar o incremento do transporte marítimo. As comunidades portuárias, onde a AGEPOR tem participação ativa, fizeram chegar, no 3.º trimestre de 2011, um documento de reflexão com medidas estruturantes. O que eu sugiro é que seja retomada a dinâmica de mudança e inovação a que vínhamos assistindo já em anos anteriores. Para isso, necessitamos que todos os interlocutores estejam mobilizados, mas sobretudo que haja uma perceção por parte dos Governantes da necessidade de trabalhar em conjunto para construir um setor mais forte. O transporte multimodal feito em Portugal é suficientemente competitivo a nível internacional? Acredito que sim. A comparação nem sempre é fácil, mas, a avaliar pela opinião emitida por pessoas ligadas a operadores marítimos estrangeiros, existem vários pontos fortes que nos distinguem e outros que devidamente trabalhados podem ainda potenciar mais essa competitividade. A procura de eficácia é um processo contínuo, pelo que há que continuar a procurar formas de fazer crescer continuamente os níveis competitivos e assim contribuirmos para uma boa prestação da nossa economia. A governance nos portos é um fator de perda de competitividade nacional? Como é sabido, o governo não tem partilhado informação sobre a forma como pretende avançar nessa área. Sem estar na posse de informação oficial, é difícil fazer qualquer juízo. Parece claro tratar-se de uma questão sensível. Pessoalmente, desejo que as reformas possam potenciar o que existe de bom na indústria portuária: uma cumplicidade positiva entre pessoas que em várias instituições ou organizações trabalham para um mesmo objetivo. Para catalisar Com o crescer dos fluxos de mercadorias vão-se criando condições para uma exploração rentável de serviços de qualidade esforços necessitamos que alguém lidere esse movimento e que o impulsione na direção certa. O setor tem-se adaptado com suficiente rapidez às necessidades em termos de rotas às necessidades dos exportadores e dos importadores? Creio que o mercado funciona na sua plenitude: os operadores marítimos identificam rapidamente oportunidades e introduzem serviços onde eles fazem falta. Infelizmente, o in- verso também acontece. De uma maneira geral, a indústria oferece soluções para todos os destinos ou origens, de forma a responder às solicitações dos clientes. Com o crescer dos fluxos de mercadorias de ou para determinados portos, vão-se criando condições para uma exploração rentável de serviços de qualidade superior, quer no que concerne à frequência dos serviços, quer em relação aos tempos de trânsito. O mesmo aplica-se ao equipamento utilizado, como, por exemplo, o surgimento dos contentores com uma capacidade acrescida. ENTREVISTA COMPLETA EM WWW.OJE.PT PUB IV QUINTA-FEIRA 31 de maio de 2012 AVIÃO-CAMIÃO, UMA SOLUÇÃO DE CARGA CADA VEZ MAIS UTILIZADA A quantidade total de carga movimentada por avião-camião através dos aeroportos de Lisboa e Porto aproximou-se das 10 mil toneladas, nos primeiros quatro meses de 2012. março foi o mês que registou maior movimento em termos de aviãocamião, correspondendo a 2690 toneladas. Seguiram-se abril (2570 toneladas) e janeiro (2431 toneladas). Fevereiro ficou ligeiramente abaixo destes valores registando 2076 toneladas. Assim, o total acumulado, em 2012, é já de 9767 toneladas, sendo que 63% deste valor foram movimentadas no aeroporto de Lisboa (6161 toneladas) e os restantes 37% no aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto (3606 toneladas). Por avião-camião entende-se carga aérea transportada via terrestre por camião, ao qual é atribuído o número de voo de uma companhia aérea. Recorde-se que o avião-camião obedece aos mesmos requisitos de segurança que o próprio avião, no transporte de carga. Refira-se que, pela primeira vez, está a ser recolhida informação estatística relativa a esta modalidade de transporte de carga aérea. Tal foi possível através da colaboração ativa entre a ANA Aeroportos de Portugal, e os handlers Groundfource e Portway. Os valores registados nos aeroportos nacionais de Lisboa e Porto, traduzem uma tendência europeia de transferência da carga aérea do avião para o camião, em determinadas rotas. As companhias aéreas têm encontrado nesta associação logística uma forma de otimizar as suas operações, nomeadamente quando há dificuldades de transporte de carga de grandes quantidades, com medidas maiores face ao standard suportado pela aeronave, para completar a própria oferta de rede, para além de dar resposta a algum abrandamento global no transporte de carga. Tendo em conta as caraterísticas geográficas de Portugal e a sua localização face à América Latina e a África, e associando a mesma à existência de uma rede viária de qualidade, a utilização complementar do avião-camião a partir dos nossos aeroportos para a Europa permite uma operação com redução de custos assinalável. Uma companhia aérea que opere por exemplo, um voo com origem na América Latina, pode depois expedir a sua carga para a Europa via aviãocamião, numa operação de transporte rápida e de custo controlado. ANA – Aeroportos de Portugal transporte e logística www.oje.pt LOGÍSTICA PODE SIGNIFICAR ATÉ 5% DE GANHOS NAS VENDAS Uma boa logística pode significar ganhos finais nas vendas entre os 0,5% e os 5%. Dependendo do setor de atividade e do tipo de produto, afirma Alcibíades Paulo Soares Guedes, presidente da APLOG – Associação Portuguesa de Logística. Por Vítor Norinha A logística é o “espelho” do país e a APLOG tem como associados as grandes empresas que actuam no mercado nacional do retalho. Que impacto tem a crise económica nesta indústria? A crise tem, necessariamente, um impacto nos retalhistas, pois toda e qualquer retração do consumo interno se faz sentir muito diretamente nestas empresas. Ou seja, estamos a observar contrações nas vendas que exigem destas empresas uma gestão altamente focada na otimização da estrutura de custos, eficiência da cadeia de abastecimento/distribuição e redução do empate de capital em inventários. Apesar disto, entendemos que os grandes retalhistas são aqueles que, pela dimensão, robustez, capacidade de análise do comportamento dos consumidores, qualidade das equipas de gestão, etc, etc, melhor estão preparados para lidar com este contexto de crise. Quais os temas principais que a APLOG quer ver discutidos pelo Governo? É nosso objetivo colocar de forma mais evidente a Logística e a Cadeia de Abastecimento na agenda dos Governantes e decisores deste país, em particular a estratégia e política dos Portos Nacionais, enquanto “nós” das cadeias logísticas internacionais; a política de transporte de mercadorias; e redução das ineficiências/custos de contexto associadas à nossa perifecidade; a implementação da re- dade mais exigente/sofisticados e em que as margens líquidas de negócio sejam baixas, este espaço de progressão entre uma “boa” e uma “má” logística já foi percorrido em grande medida. de de plataformas logísticas; e os programas específicos de apoio à formação e à realização de estágios (curriculares ou profissionais) na área da Logística, para melhorar as competências e capacidades em logística das PME. O atraso na implementação da JUL – Janela Única Logística é um desses temas? O sistema poderia aliviar carga burocrática e reduzir custos de contexto? Certamente. Que impacto tem uma boa ou má logística na formação final do preço do preço que chega ao consumidor final? Está quantificado o valor? Esse impacto depende muito do setor de atividade e tipo de produto. Tanto podemos estar a falar de casos em que os custos logísticos totais representam 5% do valor das vendas, como de casos em que representam 25% do valor das vendas. Não está quantificado esse valor, mas, se admitirmos como possível ganhos de 10 a 20% nos custos logísticos totais associados a uma “boa” logística, então podemos estar a falar de ganhos finais na casa dos 0,5% a 5% do valor das vendas. Naturalmente, nos setores de ativi- Os atrasos nas plataformas inseridas no projeto Portugal Logístico têm impacto na rentabilidade atual do setor? Certamente que sim, na medida em que a existência dessas plataformas, quando devidamente integradas como “nós” das redes de transporte e operadas de forma eficiente, permitem obter ganhos de eficiência e melhores níveis de serviço (para já não mencionar o ordenamento do território). Os mais penalizados são as PME do setor, pois as grandes empresas/operadores não estão tão dependentes da implementação destas plataformas para obtenção de ganhos de eficiência e de nível de serviço. É possível ocorrerem operações de consolidação nesta indústria? Se por indústria se refere aos operadores logísticos, transportadores, etc, a resposta é sim. O negócio da logística é fortemente condicionado pelas economias de escala e pela cobertura geográfica, pelo que fica clara a motivação para operações de consolidação. Tal tem-se, aliás, verificado também à escala global. ENTREVISTA COMPLETA EM WWW.OJE.PT A METODOLOGIA KAIZEN SURGIU NA LOGÍSTICA AUTOMÓVEL Potenciar a produtividade das indústrias que usam a logística é o objetivo da metodologia Kaizen, afirma o diretor do Kaizen Institute Portugal, António Costa Até que ponto pode a metodologia do Kaizen Institute Portugal melhorar a produtividade nos transportes e logística? Tal como em outras áreas de atuação, a aplicação da metodologia Kaizen no setor dos transportes e logística permite às organizações identificar desperdício e transformá-lo em atividades de valor acrescentado, utilizando para esse efeito o “know-how” dos colaboradores. O que o Kaizen verifica é que, habitualmente, as organizações realizam várias atividades pelas quais os clientes não estão dispostos a pagar e que, em grande parte dos casos, nem chegam a ter visibilidade. O resultado final é o aumento do “lead time”, custo de operação e um menor nível de serviço e produtividade. A atuação do Kaizen junto das organizações tem como principal objetivo inverter estes resultados e assenta na consciência de que, onde há desperdício, há oportunidade para melhorar. Hoje em dia, além do setor industrial, onde se incluem as empresas de montagem, de processo e produção, temos também aplicado a metodologia na área da logística e transportes, nas áreas de suporte e departamentos financeiros, na banca, empresas de energia, telecomunicações e ainda em empresas que desenvolvem projetos não repetitivos (I&D, desenvolvimento de software, eventos, construção, entre outros). O que diferencia a metodologia Kaizen é o facto de ser aplicável a qualquer entidade que envolva processos e pessoas, sendo que a sua implementação é adaptada mediante o setor de negócio em questão. Em que mercados estão a aplicar esta metodologia? A metodologia Kaizen surgiu na indústria automóvel e tem vindo, ao longo do tempo, a ser aplicada noutros setores de negócio com uma abrangência total. Globalmente, como caracteriza o estado da logística em Portugal e qual o estado da indústria? Para se compreender o estado da logística, é necessário olhar para o fenómeno da globalização que trouxe grandes mudanças na forma como as empresas se organizam. Com a dispersão geográfica, muitas empresas tiveram de otimizar os transportes e logística. Esta necessidade culmina com a tendência de externalizar o transporte para operadores especializados, levando todos os problemas de nivelamento das cargas ou gestão dos sistemas de informação para os operadores logísticos. É também importante realçar que, historicamente, Portugal apresenta um Índice de frota própria superior à média da UE, que tem vindo a ser gradualmente corrigido nos últimos anos, mas não deixa de representar uma oportunidade de racionalização. Atualmente, em Portugal, este setor apresenta ainda boas oportunidades ao nível do planeamento, qualidade e gestão, e controlo da logística integrada. A própria gestão de processos e operações, aliada a um maior foco nos clientes e fornecedores, faz parte de um leque de ações que podem potenciar a produtividade desta indústria. transporte e logística www.oje.pt QUINTA-FEIRA 31 de maio de 2012 V PUB EXPORTAÇÃO, QUE SUCESSO! FERNANDO CARMO Presidente da Câmara dos Despachantes Oficiais Como ponto prévio, quero aqui esclarecer, desde já, que não me move nenhum sentimento de autoelogio, nem muito menos pretendo que nos seja atribuída qualquer medalha ou comenda. Por outro lado, não é minha intenção eleger a crise como razão e fundamento de glória ou heroísmo de quem quer que seja, visto isto na perspetiva das empresas e respetivas atividades. Mas, na verdade, é pela crise que tenho de começar, sem lamentos ou, melhor dizendo, sem pieguices… Como em tantas outras circunstâncias, a crise também gera oportunidades. A globalização, a transmutação dos mercados, em conjunto com o mau momento da economia europeia promovem, sem qualquer dúvida, a busca de soluções para que se possam ultrapassar necessidades e insuficiências, acomodações, inércia e outros fenómenos semelhantes, estes resultantes do conforto conjuntural que os ciclos económicos às vezes propiciam. Os momentos mais complexos das empresas e dos respetivos negócios aguçam a criatividade e o desassossego. Isto é uma constatação! Daí, os empresários analisam possibilidades e arriscam, com muita força de vontade, com sacrifício e por necessidade, apesar da adversidade. Em bom rigor, têm ainda de reagir ao alheamento daqueles que, por força das responsabilidades inerentes aos cargos de que são titulares, deveriam fazer exatamente o contrário, promovendo a iniciativa, potenciando os resultados. Por isso, empresários de fibra, melhor ou pior preparados para o efeito, lançam-se na conquista de mercados externos, sabendo que, por essa via, poderão amenizar os seus problemas, sendo certo que simultaneamente contribuem, e de que forma, para que o seu país saia da situação difícil em que se encontra. E então temos notícia das elevadas percentagens de crescimento das nossas exportações, não sendo surpresa que mensalmente se superam níveis anteriores. Fala-se por isso, e muito justamente, das empresas exportadoras, louvando-se a sua audácia, pertinácia e êxito. Muito bem! É justo! Quantos se colam a esse enorme êxito, bem demonstrativo das qualidades dos nossos empreendedores, nada contribuindo para isso. Mas, por outro lado, ainda não ouvi quaisquer referências ao papel daqueles que estimulam as exportações mediante aconselhamento, financiamento (sabe-se lá com que sacrifício), redução de custos que tornam os produtos mais competitivos, formação, informação, eliminação de burocracia, simplificação de métodos, etc., e que são fundamentais no que concerne à internacionalização das empresas portuguesas, sendo verdadeiramente imprescindíveis em todo este processo. Nestas coisas há sempre um sem número de intervenientes mais ou menos anónimos, sem os quais nunca se teriam atingido os objetivos delineados. Esse enorme e indiscutível êxito é também dos profissionais representados pela Câmara dos Despachantes Oficias, ou seja, pelos Despachantes Oficiais. São eles, no exercício da sua atividade profissional, que muito contribuem com o seu “know-how” para que muitos Empresários se lancem nos mercados externos devidamente apoiados e informados, assim se evitando surpresas e dificuldades resultantes do desconhecimento das variáveis deste setor de atividade. Sem a intervenção rigorosa e profissional dos Despachantes Oficiais, não teria sido possível atingir os níveis alcançados. Também é justo reconhecer-se isso! As lógicas da logística e as dificuldades a superar “A LOGÍSTICA vive tempos difíceis”, afirma Eduardo Rangel, um dos maiores empresários nacionais do setor. Em entrevista, diz que houve uma política de logística errada ao longo dos anos e dá o exemplo da falta de terminais multimodais, da falta de ligação de plataformas logísticas aos portos por via férrea e ainda a falta de caminho de ferro para a Europa, a par da dispersão dos operadores. Criticou o projeto do Portugal Logístico, que, no seu entender, misturava plataformas desapropriadas com outras que faziam todo o sentido. Este é, por outro lado, um setor onde os operadores logísticos e os transportadores poderão entrar em operações de consolidação, diz Alcibíades Soares Guedes, presidente da APLOG – Associação Portuguesa de Logística. Este gestor acentua a necessidade da excelência logística para as empresas, que estão num ambiente cada vez mais competitivo, consiguirem sair vencedoras. Óscar Burmester, presidente da direção nacional da AGEPOR, diz que o transporte multimodal em Portugal é competitivo, mas, à semelhança daquilo que já foi dito, pugna pela procura da eficácia, que diz ser um processo contínuo. A legislação laboral portuário é um tópico de crítica de todas os intervenientes. O gestor da MSC, Carlos Vasconcelos, frisa esse ponto, assim como a AGEPOR e a APLOG. Alcibíades Guedes diz parecer ser consensual que a atual legislação está obsoleta e a necessitar de ser revista, “aproximando-a à restante legislação portuguesa do trabalho”. Por último, e à semelhança da Janela Única Portuária, os operadores de transporte e logística querem ver publicado o projeto da Janela Única Logística, um veículo que irá facilitar as transações e as operações. Recorde-se ainda que este setor pode significar entre 0,5% e 10% do custo das exportações, dependendo do destino e do produto. Isto significa que um setor eficaz e competitivo resultará em produtos mais baratos e mais exportáveis. PUB VI QUINTA-FEIRA 31 de maio de 2012 AJUSTAMENTOS NA PARTE LABORAL Os portos nacionais têm beneficiado de excelente gestão nos últimos anos, sendo que alguns carecem de ajustamentos na parte laboral, afirma Carlos Vasconcelos, diretor-geral da MSC O que deve o poder público fazer para melhorar o potencial e a competitividade dos portos nacionais? No essencial, deve manter e, se possível, aumentar a concorrência e autonomia dos portos, dando autonomia de gestão comercial às Administrações Portuárias para poderem prosseguir as suas políticas comerciais com autonomia e sem estarem espartilhadas por diplomas legais, e mantendo o princípio da solvabilidade de cada porto. Por outro lado, deve criar as condições para se tornarem portos ibéricos, de forma a poderem aumentar o seu volume, uma vez que o mercado nacional não tem potencial de crescimento (importações em queda e exportações a crescer, mas incapazes de gerar grandes volumes de crescimento). Só através do mercado espanhol poderão os nossos portos aumentar significativamente o seu volume. A gestão dos portos tem a eficiência desejada para as operações se manterem em Portugal? Indubitavelmente. Os nossos principais portos têm beneficiado de excelente gestão nos últimos anos. Alguns portos carecem, no entanto, de ajustamentos na parte laboral, de forma a melhor adaptá-los à forte concorrência portuária que hoje se verifica. Só portos eficientes e competitivos são atrativos para os navios e para as mercadorias. De nada serve continuar-se com mentalidades e processos desajustados que historicamente só têm servido para desviar cargas e navios e reduzir as atividades dos portos, levando-os, nalguns casos, à sua morte. O facto de as importações estarem a reduzir não está a criar pressão sobre o setor? Está, em todos os segmentos de carga. Há alguma redução da atividade, mas tem estado a ser mais do que compensada com o crescimento das exportações. Daí os portos estarem, no geral, com crescimento positivo no 1.º quadrimestre deste ano. Quais os objetivos em termos de números da MSC Portugal para este ano e o comparativo com o ano passado? Esperamos continuar a crescer, graças aos novos serviços que aportámos nos finais de 2011 e inícios de 2012. A ligação internacional da MSC é uma vantagem nesta indústria? Como segundo operador a nível mundial, que cobre todo o globo, conseguimos oferecer o mercado nacional as melhores ligações para as suas exportações e importações. transporte e logística www.oje.pt GEFCO COMO MULTINACIONAL ADAPTA-SE AO GRANDE VOLUME DE EXPORTAÇÕES OU DE IMPORTAÇÕES Com presença em 150 países, a GEFCO tem como ponto forte a capacidade de se adaptar rapidamente aos grandes volumes de exportações como de importações, afirmou o diretor-geral da empresa em Portugal, Fernando Reis Pinto A GEFCO tem feito o seu percurso muito ligada ao grupo PSA. O que tem feito o grupo para desenvolver a atividade de forma menos exposta a um grande cliente? Nascemos dentro do Grupo PSA, é certo, mas a experiência que acumulámos ao longo de vários anos no setor automóvel, que é extremamente exigente, tornou-nos num operador com capacidade para gerir e executar soluções logísticas globais, mas também parciais e não só para o setor automóvel. Ganhámos, ao longo do nosso percurso, uma maior capacidade de inovação, criatividade e resposta que nos permite hoje apresentar soluções inovadoras para os fabricantes das mais variadas áreas. E é isto que nos torna um parceiro tão forte, mesmo com as condições económicas adversas que se têm vindo a sentir em todo o mundo. É nosso objetivo ajudar a gerir as limitações logísticas dos fabricantes, que se revelam um pesado fardo nas suas cadeias de abastecimento, cada vez mais internacionais. É por isso que desenvolvemos soluções completas que permitem manter um fluxo contínuo, tanto para abastecimentos como para a distribuição de produtos acabados. Quais os mercados que a GEFCO trabalha? Na aeronáutica, com a EADS, Safran, Zodiac, entre outros; no automóvel, com a BMW, Dacia, Ford, General Motors, Mahindra, Nissan, PSA Peugeot Citroën, Renault, Tata, Toyota e VW. Trabalhamos ainda nos bens de grande consumo e retalho com o Dia, Ikea, PPR, Unilever; na parte das motos, com a Kawasaki, Kymco, Piaggio, PMTC, Triumph e Yamaha; e ainda na electrónica com a Electrolux, Nintendo, Philips, e Whirlpool. A GEFCO é ainda fornecedora de peças para automóveis Delphi, Faurecia, Johnson Controls, Valeo e Visteon; e atua na área de saúde e beleza, com a Beiersdorf e a L’Oréal; e nos equipamentos Industriais: Air Liquide, Alstom, Grundfos, Ingersoll-Rand, Saint-Gobain, Siemens e Schneider Electric. Qual o volume de negócio do grupo GEFCO em 2011 e quais as perspetivas para 2012? O grupo GEFCO apresentou um volume de negócios de 3 782 milhões de euros em 2011, registando assim um crescimento de 12,9% face a 2010. O lucro operacional atingiu um nível recorde de 223 milhões de euros, representando 5,9% do volume de negócios. A inauguração de novas filiais e um grande processo de crescimento externo permitiram ao grupo conquistar novos clientes em todos os setores da indústria. Que impacto tem na operação logística o novo paradigma do país que é o aumento das exportações e a redução das importações? Para nós, é apenas uma questão de adaptação. Estamos presentes em 150 países, pelo que temos condições para dar resposta tanto numa situação de grande aumento das exportações, como o inverso. O importante é que temos capacidade para acompanhar o mercado e os nossos clientes, seja qual for a situação comercial em que se encontrem. Quais os canais de entrada e saída de mercado que funcionam melhor: o rodoviário, ferroviário ou fluvial? O que poderia ser melhorado em cada um deles? O transporte rodoviário é, sem dúvida, o canal mais utilizado e que melhor funciona para entrada e saída de mercadorias. Os transportes marítimo e ferroviário, que poderiam ser muito mais potenciados, continuam a ter pouco representatividade face ao transporte rodoviário. O seu impulso poderia passar pela liberalização da rede ferroviária e criação de ligações para mercados fora do espaço ibérico como também pela escolha do transporte marítimo como uma alternativa para curtas distância e para transportes RO-RO. PORTUGAL LOGÍSTICO É DE DIFÍCIL CONCRETIZAÇÃO O projeto do Portugal Logístico faz sentido nas condições atuais do país? Tendo em conta que, no momento do seu arranque, em 2006, e com uma conjuntura mais favorável, o projeto não teve o retorno esperado, dificilmente, num contexto atual de crise, o mesmo irá concretizar-se. Este proje- to é importante sim, mas deveria ter sido definido noutros moldes. Globalmente, como caracteriza o estado da logística em Portugal? A logística ainda é um conceito novo para Portugal e tem, sem dúvida,um potencial de crescimento elevado. Qual o estado da indústria, ou seja, como estão os operadores do setor? A crise atual tem afetado bastante toda a indústria nacional que, neste momento, se vê obrigada a olhar para fora como forma de expansão. É neste sentido que as exportações têm vindo a crescer. Neste contexto, é natural que alguns operadores logísticos não consigam sobreviver. O mercado irá contrair-se, deixando espaço apenas aos melhores, onde se inclui, sem dúvida, a GEFCO. Qual o peso dos transportes e da logística no custo final dos produtos exportados? O peso dos transportes ronda os 3% e o da logística 2%. CHRONOPOST GANHA NO ÍNDICE DE QUALIDADE A CHRONOPOST International é a empresa de transporte expresso com melhor Índice Combinado de Qualidade em Portugal. Foi este o dado mais relevante que resultou do estudo realizado pela Levelsource, empresa que atua nas áreas dos estudos de mercado e da consultoria comercial. A conclusão resulta do cruzamento dos três principais parâmetros avaliados: prazo de entrega (eleito como parâmetro principal), qualidade de serviço (combinação de vários parâmetros) e preço praticado. O estudo incidiu sobre as seis maiores transportadores expresso a operar em Portugal. Realizado através do método de customer research – Mystery Shipment, o estudo compara a atuação dos diferentes players durante todo o processo de transporte de mercadorias e nos vários aspetos relacionais dos operadores expresso com os clientes. Assim, este foi realizado tendo por base seis empresas de transporte expresso que atuam no segmento doméstico, com diferentes origens e destinos (repartidos por oito zonas geográficas), incluindo Madeira e Açores, e foram realizados 1740 envios de documentos sem valor comercial. Foram avaliadas todas as interações habituais com cada transportadora, desde o pedido de tarifas até à faturação, passando pelas etapas operacionais relacionadas com recolha/entrega e seguimento da encomenda. António Mendes, diretor-geral da Levelsource, realça que “este estudo avalia e compara, de um modo real, as práticas e os procedimentos de diferentes players de transportes expresso nacional. Através de duas empresas com perfis diferentes, que se constituíram em clientes das transportadoras consideradas, foi possível avaliar “in loco” todo o processo interativo, de procedimentos e de relacionamento com os clientes. Trata-se de avaliar e comparar em diferentes momentos do serviço contratado as respostas/soluções que cada transportadora realiza. Como por exemplo, o Ato de Recolha – sempre que uma transportadora recolheu uma encomenda pa- ra entrega foi avaliado um conjunto de dimensões e critérios específicos para esta ação como, por exemplo: hora de recolha, o uso de scanner, a forma de manuseamento da encomenda, o fardamento e a saudação ao cliente, entre outros”. Segundo Américo Mendes, diretor-geral Adjunto Business da Chronopost, “este estudo é realizado há já vários anos, para percebermos de que forma as diferentes inovações tecnológicas e processuais que introduzimos vão sendo percecionadas pelas empresas e qual a prestação que os nossos concorrentes têm. Os resultados do Mystery Shipment permitem-nos ainda efetuar melhorias sempre que sejam detetadas tais possibilidades. É uma ferramenta cada vez mais importante para o Market Intelligence da Chronopost”. transporte e logística www.oje.pt QUINTA-FEIRA 31 de maio de 2012 VII PUB AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES EXIGE ADAPTAÇÃO O crescimento da logística via aumento das exportações obriga a adaptação da empresa a novas necessidades, afirmou Joana Barroso, gerente da Sitank – Navegação e Logística O que justifica a escolha da ZAL – Zona de Actividade Logística do Porto de Sines para trabalhar? É simultaneamente um privilégio e um enorme desafio estar na liderança das primeiras empresas a estarem instaladas na única Zona de Atividades Logísticas portuária em pleno funcionamento em Portugal. Trata-se de uma moderna infraestrutura logística que é contígua ao Terminal Multipurpose (TMS) e ao Terminal de Contentores de Sines (TXXI), o que marítima, rodo e ferroviária, fator que se revela numa forte agilidade na intermodalidade e na interligação com as atividades logísticas. Nesta ótica, considera-se importante continuar a apostar em boas soluções infraestruturais e acentuar os desenvolvimentos do ponto de vista dos procedimentos e da sua desmaterialização para suporte electrónico. Neste aspeto, a Sitank tem tido uma política interna de forte simplificação no sentido de melhorar conti- permite obter importantes sinergias, aliadas ao enorme potencial de crescimento do porto de águas profundas de Sines. Neste âmbito, é importante referir as oportunidades que atualmente o segmento de contentores apresenta em Sines face ao seu índice de crescimento sistemático desde o arranque do TXXI. O facto de existirem serviços diretos com os mais importantes mercados do mundo, com particular importância para o Extremo Oriente, é uma vantagem da maior importância. nuamente os seus serviços aos clientes e tem participado nos projetos externos ao nível do porto e da comunidade portuária, com o necessário envolvimento dos transportadores terrestres. PUB Por que é que faz mais sentido fazer a desconsolidação da carga em Sines relativamente a outro porto? Atendendo a que o Porto de Sines funciona já como uma porta de entrada atlântica para a Península Ibérica, posição que será reforçada nos próximos anos, a introdução das mercadorias no espaço aduaneiro comunitário bem como a realização de serviços de desconsolidação da carga e outros serviços complementares à carga tornam-se atividades naturais que devem ser bem aproveitadas. Estar um passo à frente neste posicionamento faz toda a diferença para os clientes que servimos. Neste aspeto, não podemos deixar de referir os bons serviços aduaneiros em Sines, que em muito contribuem para a boa competitividade deste tipo de atividade. O que falta para uma maior agilidade no funcionamento da logística e na ligação à componente rodoviária e ferroviária? No caso particular de Sines, temos de ter em conta a existência de um ordenamento de referência na sua conceção e construção das interfaces A Janela Única Logística é um instrumento que faz sentido no momento atual? Todos os contributos que possam ter impacto positivo na simplificação de procedimentos, agilização dos processos e, consequentemente, consumo de menos recursos nas atividades de logística devem ser impulsionados. O bom exemplo da Janela Única Portuária ao nível dos procedimentos do navio em suporte electrónico são uma boa base de partida para as realidades da rodovia e da ferrovia, com as futuras vantagens de f luidez de informação entre os vários modos de transporte nos portos. Nos portos, a intermodalidade informacional está ainda aquém da intermodalidade física, situação que deve ser alterada. Que impacto está a ter na indústria da logística o aumento das exportações, mas também a redução das importações? Acima de tudo, está a exigir uma forte capacidade de adaptação, característica que muito cultivamos na Sitank. No caso particular da logística relacionada diretamente com a atividade marítimo-portuária em Sines, está, para já, a ter um bom comportamento, uma vez que os indicadores de movimentação portuária nas importações e nas exportações estão ambos com bom crescimento, sendo efetivamente mais acentuado nas exportações, mas continuando as importações a ter a maior fatia. VIII QUINTA-FEIRA 31 de maio de 2012 transporte e logística www.oje.pt LOGÍSTICA ESTÁ EM GRANDES DIFICULDADES EM PORTUGAL A falta de terminais multimodais, a falta de ligação de plataformas logísticas aos portos por via férrea, a falta de caminho de ferro para a Europa, a dispersão dos operadores são algumas das dificuldades do setor da logística enunciada por Eduardo Rangel, o presidente do grupo Rangel. As exportações estão a dar algum fôlego mas, em contraste, os operadores têm dificuldade em conseguir carga de retorno. Por Vítor Norinha Como caracteriza o estado da logística em Portugal? Ao falarmos do estado da logística em Portugal, temos de separar as diferentes componentes da cadeia de “supply chain” e saber quais delas são realizadas em outsourcing. O nível de outsourcing depende muito da gestão de topo das empresas. As grandes empresas e multinacionais decidem cada vez mais pelo outsourcing total, desde o aprovisionamento até à logística “in-house”, com a colocação das matérias-primas à boca da produção, passando depois para o fim do ciclo produtivo na receção do produto acabado preparação e expedição. Esta começa a ser a prática de algumas empresas em Portugal. Outras pretendem apenas o outsourcing externo a receção dos produtos gestão dos stocks, a expedição e o transporte. Naturalmente que as empresas não industriais, que apenas comercializam produtos optam por este outsourcing e assim todas elas têm um objetivo, umas querem concentrar-se no design, produção e comercialização de produto acabado, outras especialmente na comercialização e cobrança sem necessidade de manipular os produtos diretamente. Este outsourcing é muitas vezes a chave para produzir com mais eficiência no custo ou vender com maior disponibilidade, e sobretudo em momentos económicos difíceis como o atual, beneficiar de uma estratégia de “custos variáveis vs custos fixos”. Naturalmente, o estado desta logística reconversão, com exceção das aeroportuárias. As que tinham viabilidade económica, como as de Leixões e Poceirão, ainda hoje não se sabe que destino vão ter, perante esta terrível recessão económica e financeira que não permitirá que nada se faça nos próximos 10 anos. É este o estado do País Logístico. Temos um porto como o de Sines, que poderia tornar-se um grande porto na Península Ibérica, mas que agora, com a abertura do canal do Panamá, pouco mais pode fazer que descarregar alguns contentores e fazer transhipment para “feeds” que fazem a cobertura de pequenos portos. Mas, honra seja feita, este porto tem uma gestão que sabe acompanhar as oportunidades, é pena não ter mais. Por todas estas razões, Portugal, no ranking fornecido pelo Banco Mundial sobre o estado da logística em 155 países, no inquérito para classificação no Logistics Perfomance Index, fica em 34.º lugar, abaixo de muitos países que consideramos menos desenvolvidos. em outsourcing em Portugal ainda tem muito caminho para fazer. São poucas ainda as empresas a optar por estes recursos, fazendo-o, essencialmente, as empresas multinacionais ou grandes empresas. Cerca de 11% da faturação vem do exterior Qual o volume de negócio do grupo Rangel em 2011 e quais as perspetivas para 2012? O volume de negócios, no final do exercício de 2011, atingiu os 112 milhões de euros (o que representa um crescimento de cerca de 2% em relação ao ano anterior) e cerca de 11% deste valor já é obtido nos mercados internacionais. O grupo deverá atingir no final de 2012 um volume de faturação de 115 milhões de euros. Em que mercados trabalha o grupo? O grupo Rangel está hoje a operar diretamente em Portugal, Espanha, Angola, Moçambique e a iniciar um projeto no Brasil. Porém, através dos seus parceiros, tem uma cobertura mundial. Na Europa, através da System Alliance, uma rede de empresas privadas top, está representada em todos os países e opera via terrestre com toda a Europa. Pela via marítima e aérea, estamos também integrados no grupo alemão Hellmann, com uma cobertura mundial. No serviço expresso internacional, representamos a FedEx em Portugal e Angola. PUB Do ponto de vista macro, podemos dizer que, em Portugal, a logística vive momentos de grande dificuldade histórica. A falta de terminais multimodais, a falta de ligação de plataformas logísticas aos portos por via férrea, a falta de caminho de ferro para a Europa, a dispersão dos operadores que à falta de melhor criaram as suas próprias estruturas nos locais que melhor entenderam. Tudo isto motivado pela política de logística errada ao longo de anos. O anterior Governo, como todos nos lembramos, apresentou o projeto Portugal Logístico, do qual faziam parte diversas plataformas completamente desapropriadas, misturadas com outras que faziam todo o sentido. Era um projeto megalómano e em vez de, em conjunto com os operadores, def inirem o que era importante e avançarem com projetos viáveis, projetaram em função dos interesses das grandes empresas de construção e deu o resultado que deu: as poucas que se fizeram estão falidas ou em processo de O que mudou nos últimos cinco anos e o que deveria mudar nos próximos cinco anos? Atrever-me-ia a dizer que, nos últimos cinco anos, nada aconteceu. Apenas se avançaram com as plataformas aeroportuárias, melhoraram-se razoavelmente as instalações da carga no aeroporto do Porto e deram-se passos importantes em Lisboa. No setor do outsorcing logístico as empresas portuguesas, na sua maioria, não aderem; preferem ter os seus próprios armazéns, pessoal, equipamentos, do que passar tudo isso para custos varáveis num operador. As empresas multinacionais continuam, por sua vez, a apostar fortemente na solução de outsorcing mesmo ao nível industrial. Nos transportes, existem ainda muitas empresas que preferem ter viaturas e motoristas do que subcontratar, embora haja hoje uma maior adesão à subcontratação. Nos transportes terrestres, grande componente do “supply chain”, também nada aconteceu de positivo nos últimos cinco anos, apenas notícias negativas, introdução de portagens nas scuts, aumento generalizado de portagens, aumento desesperante do preço dos combustíveis. No setor do transporte marítimo e aéreo, também o agravamento do preço dos combustíveis agravou os preços, com a ressalva que esta crise que todos estamos a viver trouxe alguns aspetos positivos como por exemplo a queda dos preços especialmente na via marítima de algumas origens como a China e para alguns destinos como Angola. ENTREVISTA COMPLETA EM WWW.OJE.PT PUB FRIGOMATO DESDE 1951 A PRESTAR SERVIÇOS Vocacionada para a conservação, armazenagem, distribuição e logística de produtos alimentares, a “Frigomato” já comemorou 60 anos. Sobrevivendo a uma série de vicissitudes económicas, a “Frigomato” é, sem dúvida, uma referência em Portugal pela importância económica e social que tem no norte do país, mas também por ser a solução ideal para uma prestação de serviços integrada. Uma história rica, com altos e baixos, mas que sobreviveu ao tempo e é hoje uma das empresas de referência no setor logístico em Portugal. Com instalações novas desde 2007, concebidas especificamente para a atividade que desenvolve, rapidamente se adaptou às exigências do mercado e está desde então dotada de tecnologia para proporcionar a melhor qualidade ao cliente. O elevado investimento em novas instalações teve como objetivo fundamental criar uma infra-estrutura base com condições técnicas de elevada qualidade, ao nível das mais desenvolvidas plataformas logísticas que há na Europa. A “Frigomato” está a reforçar a carteira de clientes, o que vem comprovar a sua competência num mercado onde são exigidos fortíssimos padrões de qualidade. Para Eduardo Lopes, Presidente do Conselho de Administração da Frigomato, a expansão da atividade no território é um objetivo próximo, sendo a celebração de parcerias comerciais uma expressão daquela vontade, simbolizando ainda uma estratégia agressiva que prevê, dentro de pouco tempo, importantes resultados.