Monografia - Seja bem vindo ao laboratório Wilde

Transcrição

Monografia - Seja bem vindo ao laboratório Wilde
RESUMO
MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO
ESCOLA DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS
PELOTAS, RS, BRASIL
EPIDEMIOLOGIA DAS MICOSES SUPERFICIAIS EM
RIO GRANDE E BAGÉ
Autoras: Marisa Wilde Rodrigues Pinto
Maristela Munhoz de Lemos Uliano
Orientador: Sidney Hartz Alves
Rio Grande e Bagé, dezembro de 2008.
Micoses superficiais são infecções fúngicas que apresentam como
características comuns a limitação de determinarem alterações apenas na
camada mais superficial da epiderme, no stratum corneum,como pele, pêlo e
unhas, devido à alta concentração de queratina e por não produzirem, na
maioria das vezes, qualquer resposta inflamatória no hospedeiro. Elas
ocorrem em humanos e animais. A epidemiologia destas micoses é bastante
comum e a sua incidência varia de acordo com o clima, temperatura,
umidade relativa do ar. No presente estudo, foram consideradas diferenças
climáticas e geográficas entre dois municípios para estabelecer semelhanças
ou diferenças entre os agentes de micoses superficiais. Foram estudadas 300
amostras no município de Rio Grande e 150 amostras no município de Bagé
durante o período de setembro de 2007 a setembro de 2008. Neste período
foram verificadas a incidência e a etiologia das micoses superficiais nas
amostras de pacientes encaminhados ao Laboratório Wilde no município de
Rio Grande e ao Laboratório Barbieri no município de Bagé. A identificação
dos fungos causadores de micoses superficiais foi realizada através do
exame direto em KOH 10-40% e cultivo em Agar Mycosel (Agar
Sabouraud-dextrose com cicloheximida e cloranfenicol) em materiais como
pele, pêlo e unhas. Estas análises permitiram verificar uma maior freqüência
de agentes de infecções fúngicas como Trichophyton rubrum, Trichophyton
mentagrophytes, Epidermophyton floccosum, Trichophyton shoenleinii,
Microsporum canis, Microsporum gypseum e também de Malassezia furfur,
Hortaea werneckki e Candida spp. No município de Rio Grande, os agentes
de dermatofitoses observados com maior freqüência foram Trichophyton
rubrum (50,3%), Trichophyton mentagrophtes (35,5%), Epidermophyton
floccosum (11,6%), Trichophyton schoenleinii (1,3%), Microsporum
gypseum (1,0%), Microsporum canis (0,3 %). No município de Bagé os
agentes de micoses superficiais mais freqüentes foram Trichophyton rubrum
(52,7%), Trichophyton mentagrophytes (39,4%), Epidermophyton floccosum
(4,6%) e Microsporum canis (3,3%).
Observou-se também que, provavelmente pela disposição
geográfica do município de Rio Grande, localizado no litoral da Região Sul,
com maiores índices de salinidade, houve isolamento de Hortaea werneckii
em algumas amostras, fato não observado em Bagé, município localizado na
região da campanha.
INTRODUÇÃO
Pertencem ao grupo dos fungos denominados de dermatófitos os
fungos filamentosos, hialinos, septados, algumas vezes artroconidiados,
queratinofílicos, passíveis de colonizar e causar lesões clínicas em pêlos e/
ou extrato córneo de homens e animais.48
São classificados em três gêneros: Microsporum, Trichophyton e
Epidermophyton.
Quanto ao seu habitat dividem-se em três grandes grupos: geofílicos,
zoofílicos e antropofílicos.
Quanto à distribuição geográfica, as espécies que afetam a pele e
fâneros variam no Brasil, de região para região, como evidenciado em
levantamentos feitos em São Paulo, Goiânia e Distrito Federal, tendo este
fato grande importância epidemiológica e terapêutica.2
Em estudos realizados na região central do estado do Rio Grande do
Sul e em áreas metropolitanas de Porto Alegre observou-se que há variações
na prevalência das espécies ao longo do tempo numa mesma população.34.38
As variações climáticas, sazonais e etnias são algumas das causas
responsáveis pelo espectro fúngico das micoses superficiais possuir uma
distribuição heterogênea no Brasil.
Na região sul do estado do Rio Grande do Sul, as cidades de Rio
Grande e Bagé apresentam características bastante distintas em relação a
estes fatores.
Rio Grande está localizada geograficamente entre a Laguna dos
Patos, de água doce e o Oceano Atlântico de água salgada. A cidade de
Bagé, por sua vez, na região da campanha gaúcha.
Regiões costeiras apresentam elevado grau de salinidade, o que
inibe algumas micoses, e seleciona outras.52
Considerando estes fatores, o objetivo de nosso estudo foi o de
conhecer e comparar os principais agentes etiológicos e sítios anatômicos
dos pacientes envolvidos na epidemiologia das micoses superficiais em Rio
Grande e Bagé no período de setembro de 2007 a setembro de 2008.
Revisão Literária
FUNGOS : CONCEITOS GERAIS
Os fungos formam um grupo de organismos bastante
heterogêneos, pertencendo a um reino distinto das plantas e animais.
Podem ser unicelulares ou multicelulares, são eucariontes, isto é, cada
célula possui uma membrana nuclear que envolve os cromossomas e o
nucléolo. Possuem uma parede celular espessa e rígida que constitui a
superfície de contato com o meio externo. Eles são desprovidos de clorofila
ou qualquer outro pigmento fotossintetizante. Assim, necessitam de matéria
orgânica para obtenção de carbono e energia para seu
metabolismo,portanto, classificam-se como heterotróficos. Eles a obtém
como saprófitas, aderindo e decompondo a matéria orgânica morta, ou
como parasitas, por invasão de plantas e animais vivos(incluindo o homem)
nos quais podem estar associados ou não com doenças.28
CLASSIFICAÇÃO DOS FUNGOS
Na identificação das espécies fúngicas entram fatores importantes
como padrão enzimático, micromorfologia e necessidades nutricionais.
As formas isoladas de células fúngicas são conhecidas como
leveduras; aquelas com múltiplas células que formam um micélio
filamentoso são denominadas fungos filamentosos ou bolores. Os fungos
dimórficos apresentam-se como filamentosos quando expostos à
temperatura ambiente (25 a 28 graus centígrados) e como leveduras quando
na temperatura de 37 a 39 graus centígrados.48
Os fungos reproduzem-se sexuada e assexuadamente. A
reprodução assexuada também chamada de imperfeita ou anamórfica é a
reprodução que se observa nos laboratórios, pela qual a maioria dos fungos
que causam infecções humanas se reproduzem. Ela ocorre durante toda a
vida do fungo e é importante pois produz grande quantidade de esporos,
que por serem obtidos por mitoses tem uma viabilidade genética baixa e
dependente de mudanças. A reprodução sexuada é também chamada de
perfeita ou telemórfica. Ela envolve a fusão de núcleos compatíveis de
células sexuais. Ela ocorre poucas vezes durante o ciclo biológico dos
fungos geralmente após um ¨stress¨ ambiental. 40 Difere da assexuada por
formar pequeno número de esporos mas a variabilidade genética é alta
porque é feita por meiose. Isso é importante para a classificação
taxonômica dos fungos. Nos dias atuais a biologia molecular tornou
possível a classificação dos fungos mesmo na ausência de estruturas
reprodutivas.48
O reino Fungi, então, contém os filos Zygomycota, Ascomycota e
Basidiomycota.
Na classe dos zygomicetos forma-se um zigosporo redondo de
paredes grossas, pela fusão de duas hifas compatíveis em um
zigosporângio. A produção de zigosporos pode ser heterotálica ou
homotálica. Na zigosporogenia heterotálica , dois talos compatíveis
cruzam-se. Já na homotálica o fungo pode se autofertilizar.20
Nos ascomicetos há a formação sexuada de ascosporos dentro de
um asco, sendo que alguns deles exibem ascosporos livres e outros
produzem ascos dentro de um órgão frutificador chamado de ascocarpo .20
Nos basidiomicetos os basidiosporos são produzidos por mitose
ou meiose em pequenos dentrículos que se formam na superfície de uma
célula em forma de clava, chamada basídio.20
Há os fungos denominados imperfeitos ou fungi imperfecta que
não tem reprodução sexuada e sim assexuada, por mitose. Essa reprodução
envolve apenas a reprodução do núcleo e do citoplasma, sendo identificada
pelas estruturas reprodutivas assexuadas, os conídios.
As células que produzem os conídios, as conidiogênicas, são
produzidas pelos fungos filamentosos e pelas leveduras.
As leveduras se dividem por brotamento simples ou por fissão
onde os conídios que se formam chamam-se blastoconídios, num processo
chamado blastogênese, dividindo-se em duas partes aproximadamente
iguais.
Os fungos filamentosos com micélio fértil dão nascimento a um
número de conídios reprodutores, num processo chamado conidiogênese.
Em micologia médica, uma classificação (não taxonômica)
orientada segundo a enfermidade causada pelos fungos, pode ser útil.
Podemos então classificar as micoses em: superficiais ou subcutâneas e
micoses profundas ou sistêmicas.40
DERMATOFITOSES : ASPECTOS GERAIS
Dermatófitos são fungos filamentosos capazes de digerir e obter
nutrientes da queratina, proteína de elevado peso molecular, composta de
aminoácidos e ligações peptídicas, relativamente insolúveis, presente em
pele, pelo e unha. parasitam tecidos queratinizados do homem e dos
animais, bem como restos de queratina encontrados no solo, utilizando a
queratina como fonte de nitrogênio.56,12
As dermatofitoses são também conhecida por tineas, derivado
da palavra latina que siginifica traça de roupa, a qual os romanos
consideravam responsável pela afecção.17
Filogeneticamente os dermatófitos sofreram um processo
evolutivo longo que levou à adaptação ao parasitismo de espécies
específicas, com perda progressiva da capacidade de reprodução sexuada.11
Nesse sentido, podem ser divididos em espécies primitivas
(geofílicas) e espécies avançadas (antropofílicas) situando-se as zoofílicas
em uma fase intermediária.11
Os dermatófitos antropofílicos possuem o homem como
hospedeiro normal, são os mais especializados para a vida parasitária,
estando totalmente adaptados aos humanos. a transmissão é direta ou por
fômites, produzindo lesões pouco inflamatórias em geral nas áreas
cobertas.21,41
Os dermatófitos geofílicos podem viver no solo e
ocasionalmente parasitar homem e animais. A ocorrência destes fungos
depende da riqueza do solo em partículas ceratinizadas, compostas por
pêlos e escamas, especialmente de roedores. São dependentes também, das
condições climáticas e do equilíbrio ecológico com bactérias e outros
fungos.11
Os dermatófitos zoofílicos em geral possuem hospedeiros
específicos e sobrevivem no ambiente extra-animal por algum tempo, em
pêlos e partículas de pele.41 A transmissão ocorre por contato direto com
animais domésticos ou por pêlos depositados nos locais onde eles ficam,
contaminando em geral as áreas expostas.
Essa noção tem valor na orientação terapêutica da
dermatofitose. Quanto mais adaptado ao parasitismo está o agente
etiológico, tanto mais resistente se mostra à medicação tópica. 2 Quanto
mais distanciado filogenicamente está um dermatófito da espécie por ele
parasitada, maior será a resposta inflamatória. Assim, se o homem for
infectado por um fungo geofílico como o Microsporum gypseum as lesões
serão usualmente inflamatórias.21
As diferenças de condições do hospedeiro determinam a maior
susceptibilidade, o tempo de duração e mesmo as características clínicas da
afecção. OTrichophyton rubrum é o agente antropofílico mais
frequentemente isolado na Europa, América do Sul e América do Norte, 2 e
ele está relacionado aos hábitos de higiene e ao uso de calçados.
Com base nas características clínicas, morfológicas e
microscópicas, três gêneros são reconhecidos como dermatófitos:
Epidermophyton,Microsporum e Trichophyton18
Os telemorfos ou quando estão no estado sexuado são
classificados no gênero Arthroderma e Nannizia, família Artrodermaceae
Ordem Onygynales, subdivisão Ascomycotina.
Estes três gêneros têm grande afinidade por tecidos
queratinizados (pele, pêlo e unhas) causando as dermatofitoses .1,45
PROCESSO DE TRANSMISSÃO DAS DERMATOFITOSES
Todas as formas de transmissão das dermatofitoses tem uma
história semelhante. O processo de colonização começa na camada córnea e
o desenvolvimento final dependerá do hospedeiro, da espécie e suas
variantes e do local anatômico acometido .46
A infecção se dá pelo contato direto ou indireto com escamas ou
pêlos infectados e a chance de transmissão aumenta com a viabilidade
prolongada dos artrosporos neste substrato. Em estudos ïn vitro
demonstrou-se que a aderência dos artroconídios em ceratinócitos é
máxima em 3 a 4 horas, variando com a espécie estudada .57
À microscopia eletrônica de varredura notou-se que a aderência é
tão intensa que não é possível definir o limite entre membrana celular do
dermatófito e célula epidérmica ceratinizada.
O dermatófito é caracterizado por hifas que ao emaranhar-se
formam micélios. As estruturas vegetativas que desenvolvem-se a partir
das hifas são os artroconídeos, caracterizando a fase parasítica do fungo.
Numerosos septos são formados para produzir cadeias, com
paredes ligeiramente espessadas, que desarticulam-se quando maduros.
Esses esporos assexuados são conhecidos como microsporos ou
microconídeos e macrosporos ou macroconídios.
Quando carregados endogenamente com um envoltório são
chamados de conidiosporos(conídios).17
Os elementos patogênicos mais importantes na transmissão da
infecção são os artroconídios, frequentemente associados a situações de
expoliação.22
DERMATÓFITOS: PATOGENICIDADE E INFECÇÃO
O grau de patogenia e infecção varia de acordo com as
condições do hospedeiro, a sensibilidade individual dos locais acometidos e
das espécies envolvidas.
Nosso organismo possui fatores genéricos característicos que
contribuem para a resistência às dermatofitoses: a integridade da pele, sua
acidez num ph entre 4,2 a 5,6, as propriedades inibitórias do suor e lipídios,
as células de Langerhans como apresentadoras de antígenos de
dermatófitos, como também a velocidade de multiplicação das células
epidérmicas .43,9
Existem também características que favorecerem o
desenvolvimento das dermatofitoses como a temperatura da pele ser mais
baixa que a corporal, a transpiração excessiva e o elevado teor de
aminoácidos do suor, a pouca evaporação em certas áreas como pés e
dobras. Isso, provavelmente, ocorre devido aos ácidos graxos serem
parcialmente neutralizados pela amônia resultante da degradação bacteriana
da uréia.43
Entende-se por patogenia a capacidade de um
microorganismo causar doença e isto só ocorre na interação entre o agente
etiológico e o hospedeiro.
Atualmente, aceita-se que a colonização da pele por fungos
implica na elaboração de proteases que hidrolisariam as proteínas para o
aporte de aminoácidos necessários ao crescimento miceliano e que atuam
em diferentes phs. Essas proteases são ceratinase, lactase e colagenase, e
são importantes para o desenvolvimento dos fenômenos de
hipersensibilidade.
A capacidade de ser patogênico e infectante num
dermatófito está caracterizado pela produção de artroconídios.44
O fungo adere à queratina da pele e ocorre a germinação
artroconidial. Qualquer falha no processo de aderência elimina a
germinação. Portanto, a germinação dos artroconídios deve ser considerada
como um fator de importância patogênica da dermatofitose.51
A germinação é favorecida pela umidade e falta de
integridade da pele. A maceração associada ao traumatismo favorece a
penetração do fungo.
Então,o filamento fúngico penetra na camada córnea da
epiderme, crescendo dicotomicamente, de maneira circular e centrífuga,
resultando ao final de alguns dias, em uma lesão macrocópica de aspecto
circular, que mostra, na intersecção da pele sã com a doente, lesões
vesiculares que circunscrevem a parte central, onde se observa descamação
associada ou não a resposta inflamatória, esta lesão chama-se herpes
circinada.48
Nos pêlos, as dermatofitoses dependendo do tipo de
esporulação,podem ser classificadas em ectotrix e endotrix.
A estrutura da unha, por ser completamente ceratinizada e
espessa, assim como sua lenta renovação e localização nas extremidades
onde a circulação é deficiente e está sujeita a traumatismos, deteminam o
quadro clínico e a cronicidade da afecção.19
A patogenidade está altamente relacionada às variantes
individuais, locais afetados e imunidade do hospedeiro.
A produção de enzimas e agressividade do dermatófito
estão intimamente relacionadas à nutrição a ele fornecidas.7
LESÕES CAUSADAS POR DERMATÓFITOS
Os dermatófitos,ao agredirem as células da epiderme,
provocam uma resposta inflamatória que terá manifestações clínicas
dependentes da sensibilidade individual, do local acometido e das espécies
fúngicas envolvidas.
As tineas ou dermatofitoses são classificadas de acordo
com o local acometido em:
a) Tinea corporis
É uma lesão superficial, inflamatória, mais ou menos
intensa, de evolução centrífuga, única ou múltipla, com tendência à cura
central. Possui coloração rósea, pruriginosa ou não, com evolução
excêntrica e descamativa, formando, na periferia, pequenas pápulas ou
vesículas,
as
quais
circunscrevem
a
área
escamosa.48
Quando a fonte da infecção for animal ela é, geralmente, muito
inflamatória e mesmo pustulosa .17
Todos os dermatófitos podem causar infecção na pele
com variações de localização anatômica e de distribuição geográfica.11
A transmissão se dá pelo contato direto com uma pessoa
infectada, por fômites ou por auto-inoculação a partir de uma lesão
existente.
A resposta é dada pela dependência da espécie de
dermatófito e das características do hospedeiro.
b) Tinea cruris
É uma lesão de localização mais frequentemente
inguinal, acometendo o sexo masculino com maior frequência. Esse quadro
pruriginoso é vermelho e escamoso, particularmente na margem que é
elevada. O fungo alastra-se assimetricamente em ambos os lados das coxas
internas, para baixo, afastando-se das dobras genitocrurais, de tal modo que
o escroto é geralmente poupado.17
São fatores predisponentes para o aparecimento desse
tipo de lesão o calor, a umidade e a maceração das camadas córneas,
situações observadas em adultos jovens do sexo masculino que praticam
esportes aquáticos, uso de roupas apertadas, e que compartilham roupas
íntimas.48
c)Tinea pedis
As lesões acometem plantas, bordas e espaços
interdigitais dos pés, com evolução geralmente cíclica. Há maceração,
descascamento e eritema, usualmente nas membranas interdigitais laterais
dos pés, que podem alastrar-se para afetar a superfície inferior dos artelhos
e plantas e raramente o dorso dos pés. O quadro é pruriginoso e doloroso se
com fissuras. Normalmente, é assimétrico, com um pé mais afetado.17
A evolução da afecção depende das condições ambientais
determinadas pelo uso de calçados, da constituição atópica e dos fatores
circulatórios locais. A predisposição cutânea especial é mais importante
que apenas a possibilidade de inoculação.19,21
d) Tinea manum
As lesões interdigitopalmares são caracterizadas pelo
aparecimento, na superfície palmar e na lateral dos dedos, das lesões que
podem apresentar aspectos que variam do desidrótico ou eczematóide a
hiperqueratótico. Essas lesões geralmente são unilaterais, não tendo
preferência pela mão dominante. 48
e) Tinea ungueum
Onicomicose é infecção fúngica ungueal que pode ser
causada por dermatófitos, leveduras ou fungos filamentosos não
dermatófitos. Representa percentual que varia de 20 a 50% das onicopatias
e 30% de todas as infecções micóticas superficiais.50 A aparência clínica é
semelhante nas várias espécies, com algumas características que podem
sugerir a etiologia. É comum coexistirem unhas normais e acometidas .
Segundo Zaias(55) as onicomicoses são divididas em
quatro tipos clínicos : onicomicose subungueal distal, onicomicose
subungueal proximal, onicomicose superficial branca e onicomicose
candidiásica, esta não classificada entre as dermatofitoses.
Nas formas subungueais mais graves as camadas mais
profundas da lâmina ungueal são invadidas.
Nas formas superficiais, manchas brancas aparecem
na superfície das unhas, onde o fungo invadiu a superfície dorsal, formando
ilhotas.
As unhas dos pés são as mais afetadas, com destaque
para a unha do halux devido à predisposição de trauma nessa região. A
onicomicose da mão é mais diagnosticada do que a infecção do pé por
chamar mais a atenção médica, mas certamente é menos frequente .24
f) Tinea capitis
É uma infecção dos cabelos do couro cabeludo e da
pele,geralmente em crianças, por dermatófitos antropofílicos ou zoofílicos
que podem invadir a parte interna ou externa da haste do pêlo.
O padrão da erupção é determinado pela fonte de
infecção e modo de invasão do cabelo.17
Conforme o tipo de esporulação os fungos causadores
de tinea capitis podem ser classificados como ectotrix ou endotrix. O
padrão ectotrix se dá quando o fungo invade a bainha radicular externa do
pêlo, dando-lhe uma aparência bastante opaca e fazendo-o quebrar acima
da superfície do couro cabeludo. Quando o fungo invade a haste interna do
pêlo, produz dano mais pronunciado porque os cabelos são quebrados
acima da superfície do couro cabeludo, temos o padrão endotrix.17
g) Tinea barbae
Caracteriza-se pelo aparecimento gradual de uma
placa escamosa, que se estende por um período de vários dias de evolução
até, que, abruptamente, começa a demonstrar sinais clássicos de
inflamação, como edema, rubor e secreção purulenta, seguida de perda de
pelos. Por ser, normalmente causada por um fungo zoofílico formam lesões
conhecidas como kerions, que são massas amolecidas de pele inflamada e
purulenta.48
IMUNIDADE NAS DERMATOFITOSES
Atualmente, aceita-se que a substância inibitória
plasmática que existe no plasma fresco que é um agente fungistático,
impede a penetração profunda dos dermatófitos. Essa substância seria a
transferrina que liga o ferro necessário ao crescimento dos fungos. Seria
uma imunidade nutricional porque ela compete com o dermatófito pelo
ferro livre para a ativação de suas enzimas. 8 Por isso em carências crônicas
e severas, as infecções são exarcebadas.
King e col(27), demonstraram que a adição de ferro em
quantidades suficientes para saturar a transferrina bloqueia a atividade
inibidora sérica contra o Trichophyton mentagrophytes. Também a
remoção específica da transferrina do soro inibe a atividade que retorna ao
normal quando reacrescentada.
O fator inibidor sérico seria, então, o mais importante
mecanismo secundário de defesa na imunidade natural .
Os antígenos fúngicos favorecem que a imunidade celular
seja desencadeada, há um comprometimento da epiderme paralisando
assim, o crescimento do dermatófito até sua eliminação pela descamação da
epiderme.
Sabe-se que existem outros fatores séricos, além da
transferrina,mas sua importância não está bem esclarecida.
Na imunidade humoral, existem evidências de que os pacientes
com síndrome de dermatofitose crônica e atopia tem deficiências na
transformação de linfócitos ïn vitro¨com dificuldade de responder aos
antígenos específicos.26
Além da imunidade humoral existe a imunidade celular
específica que é o principal mecanismo de defesa contra as infecções
fúngicas, o que faz a melhora espontânea das dermatofitoses. Com o
desenvolvimento da imunidade celular, a reação inflamatória na área
acometida pelo dermatófito diminui e até involui totalmente. E, na
reexposição, a resposta é mais precoce e a resolução mais rápida existindo
maior dificuldade de demonstrar a presença do dermatófito. 10,21,23,25
Pelo exposto, observa-se que a imunidade é um importante fator de defesa
do hospedeiro. Alguns pacientes nunca desenvolvem imunidade celular.
Então, temos tineas de evolução crônica por falta de reação
específica ou por tolerarem os agentes invasores, principalmente em
pacientes atópicos.
A variação da resposta imune celular depende do local da
infecção e da espécie de dermatófito, onde observamos as lesões crônicas
das regiões plantares, causadas pelo T. rubrum.26
MATERIAIS E MÉTODOS
As pesquisas realizadas para o presente trabalho
foram feitas em dois laboratórios: Laboratório Barbieri na cidade de
Bagé(RS) e Laboratório Wilde na cidade de Rio Grande (RS). Foram
analisados dois grupos de 150 pacientes em Bagé e 300 pacientes em Rio
Grande, no período de setembro de 2007 a setembro de 2.008. Todos os
pacientes submetidos à coleta de amostras tinham lesões suspeitas de
micoses superficiais e/ou cutâneas. Os pacientes foram registrados com
dados referentes a sexo, idade e local da lesão. Todos os pacientes foram
encaminhados após triagem clínica por dermatologistas.
A identificação das possíveis dermatofitoses foram
feitas através de exames microscópicos, onde obtivemos a espécie fúngica,
sua morfologia e o seu isolamento por cultivo.
Escamas de pele foram obtidas por raspagem dos
bordos ativos das lesões com lâmina ou bisturi; as unhas sofreram
raspagem da lâmina subungueal com uma espátula esterilizada ou cureta
odontológica de modo a obter escamas bem finas, sendo que, descartou-se
sempre a parte mais velha dando preferência para o tecido ungueal recém
invadido; os cabelos ou pêlos foram obtidos com pinça ou tesoura. Todos
os materiais coletados foram acondicionados em placas de petri
esterilizadas. Todos os pacientes foram submetidos à limpeza dos locais
com álcool a 70%, bem como, obedeceram instruções quanto às boas
práticas de coleta: o não uso de antifúngicos orais ou tópicos, esmaltes nas
unhas e detergentes para limpeza no dia da coleta.
As amostras clínicas coletadas foram submetidas a
exame micológico direto (EMD) com KOH na concentração de 10 a 40%,
dependendo do local a ser examinado. O uso de hidróxido de potássio
dissolve os restos nucleares sem afetar as paredes de quitina dos fungos,
clarificando.15
O isolamento foi feito em ágar Sabouraud-dextrose
com cloranfenicol e cicloheximidina, comercialmente conhecido como
Mycosel. O acréscimo destes antibióticos tem por finalidade inibir o
crescimento de certas bactérias e permitir o isolamento do agente
etiológico, sendo um meio seletivo para os dermatófitos.
Então o material semeado foi incubado em
temperatura ambiente (25 a 30 graus centígrados), sendo que no inverno
tivemos que usar estufas bacteriológicas a 25 graus, pois a baixa
temperatura não permite o crescimento dos dermatófitos. 35As culturas
foram observadas diariamente durante 15 dias, algumas atingindo seu
crescimento já em 10 dias.
A identificação das colônias foi realizada com base
nas observações macro e micromorfológicas. Analisamos o pigmento, a
textura e a topografia das colônias com as respectivas características da
microscopia. Nesta, procedemos acrescentando LBPC( Lactofenol azul de
algodão) que cora os elementos hialinos de azul permitindo assim, uma boa
visualização.
A forma, o tamanho e a disposição dos conídios
ajudam a caracterizar os dermatófitos, mas para distinguir T.rubrum de T.
mentagrophytes o teste da urease e o de perfuração ¨invitro” foram
utilizados.42
RESULTADOS DA CIDADE DE BAGÉ
Os dados aqui apresentados referem-se às análises de micoses
superficiais em 150 amostras no município de Bagé no período de setembro
de 2.007 a setembro de 2.008, com dados obtidos no Laboratório Barbieri.
Entre os 150 exames realizados para a pesquisa de dermatófitos o
agente Trichophyton rubrum foi o de maior incidência e o agente
Microsporum canis foi o de menor incidência.
Das dermatofitoses as formas clínicas mais prevalentes foram Tinea
unguium (85 casos – 56,6 %), Tinea pedis (37 casos-24,6 %), Tinea
corporis (24 casos-16,0 %), Tinea capitis (4 casos- 2.6 %), totalizando 150
amostras.
Na Tinea unguium os agentes etiológicos mais presentes foram:
Trichophyton rubrum ( 62% )e Trichophyton mentagrophytes (38%).
(Tabela 1).
Na Tinea pedis os agentes etiológicos mais presentes foram:
Trichophyton mentagrophytes (62,2 %), Trichophyton rubrum (37.8 %).
(Tabela 3).
Na Tinea corporis os agentes mais presentes foram: Trichophyton
rubrum (54,2%), Epidermophyton floccosum (29.1%), Trichophyton
mentagrophytes (12.5%) e Microsporum canis (4,2 %). (Tabela 5).
Na Tinea capitis o único agente etiológico isolado foi o
Microsporum canis (4 casos – 100%).(Tabela 7)
Entre as micoses superficiais, além das dermatofitoses, foram
também diagnosticados 12(doze)casos de candidíase cujos sítios
predominantes foram unhas (8 casos-5,3 %) e pele (4 casos- 2.6%).
A pitiríase versicolor foi diagnosticada em 6(seis)casos cujas lesões
eram, predominantemente, hipocrômicas e em adultos jovens de ambos os
sexos.
Também foram observados 2 (dois) casos de Tinea barbae cujo
agente foi Trichophyton mentagrophytes.
DISCUSSÃO
As dermatofitoses continuam sendo afecções comuns no homem, em
várias partes do mundo sendo o Trichophyton rubrum o agente mais
freqüente.56,3,34,54,16
Vários fatores estão relacionados às variações epidemiológicas das
dermatofitoses, podemos citar condições climáticas, práticas sociais,
deslocamentos, hábitos de higiene, entre outros.
Os relatos referentes aos casos de dermatofitoses, apesar de
fragmentários, indicam que não existe uniformidade na distribuição
geográfica dos agentes casuais, provavelmente em função das condições
climáticas e dos variados hábitos e atividades sociais das populações.
Algumas espécies são cosmopolitas, enquanto outras apresentam restrita
distribuição geográfica e diferentes incidências de região para região,
sofrendo igualmente modificações com o decorrer do tempo.13
Também, correntes migratórias fazem com que agentes etiológicos
sejam introduzidos, na maior parte das vezes, de maneira temporária em
regiões que recebem imigrantes.1,31,29,45
Em nossa pesquisa envolvemos duas cidades da mesma região sul, e
o dermatófito antropofílico Trichophyton rubrum foi o agente mais isolado,
totalizando 50,3% dos casos em Rio Grande e 52.7 % em Bagé,
confirmando os trabalhos de diversos autores em várias regiões do Brasil.
13,30,12,33,49,3,2,14
O Trichophyton mentagrophytes foi o segundo agente mais
isolado também em ambas as cidades, sendo 35,4% dos casos em Rio
Grande e 39,4% em Bagé. Fato já observado anteriormente em estudos
anteriores da Região Sul.38,32,34 Sendo que , em Bagé ele foi o mais isolado
em Tinea pedis, enquanto que em Rio Grande a maior incidência foi
Trichophyton Rubrum.
O Epidermophyton floccosum foi o terceiro agente mais isolado,
sendo que em Bagé só foi observado em Tinea corporis,enquanto que em
Rio Grande foi observado também em unhas.
Em Rio Grande, cidade localizada na faixa litorânea da região sul foi
observada Tinea nigra em sete casos, em palmas e dedos das mãos. Em
Bagé não tivemos esta espécie isolada; esta cidade está localizada na região
da campanha da região sul. Alguns relatos mostram o teor de sal como um
fator importante para esta espécie ser isolada, pelos casos evidenciados
frequentemente em áreas costeiras, indicando a possibilidade de ser uma
infecção fúngica adquirida à beira-mar.39
Em relação ao habitat da
Hortaea werneckii, em trabalho publicado por Uijithot et al em 1.994, (52)
referem à presença do fungo em meio ambiente, principalmente em fontes
com grandes concentrações salinas. No Brasil os casos descritos são
originários do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia,
todos estados litorâneos. Na região Sul há relatos de alguns casos. Na
região centro-oeste não há relatos (ela é desprovida de litoral). 36 Outros
relatos referentes a esta espécie falam em casos contaminados em praias
situadas no Oceano Atlântico a 8 graus e 24 graus de latitude sul. 5 Também
a existência de casos familiares pode resultar de contágios inter-humanos
53,37
ou de exposição à mesma fonte de infecção.5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.AJELLO, L. Geographic distribuition and prevalence of the
dermathophytes. Ann New York Acad. 89:30-38, 1960.
2.AQUINO, V.R.; CONSTANTE, C.C.; BAKOS, L.Frequência das
dermatofitoses em exames micológicos em Hospital Geral de Porto alegre,
Brasil.Anais Brasileiros de Dermatologia. 82:239-244, 2007.
3 .ARAÚJO, A.J.G; SOUZA, M.A.J; BASTOS, O.M; OLIVEIRA, J.C.
Ocorrência de onicomicoses em pacientes atendidos em consultórios
dermatológicos da cidade do Rio
de Janeiro, Brasil. Anais Brasileiros de Dermatologia. 78:299-308, 2003.
4.ARAÚJO, A.J.G; SOUZA, M.A.J; BASTOS, O.M; OLIVEIRA, J.C.
Onicomicoses por fungos emergentes : análise clínica, diagnóstico
laboratorial e revisão. Anais Brasileiros de Dermatologia. 78:445-455,
2003.
5.AZAMBUJA, R.D.; PROENÇA,N.G.;FREITAS, T.H.P.; AMORIM,
V.L.F. Tinea nigra plantaris. Anais Brasileiros de Dermatologia. 55(3):
151-154, 1980.
6.AZULAY, R.D. Interação entre dermatófito e pele. Classificação das
dermatofitoses.Anais Brasileiros de Dermatologia. 47: 67-78, 1972.
7. BADILLET, G. LES DERMATOPHYTES .Atlas clínique et biologique.
Ed. Var.Paris, 1979.
8. BOUR, H. Le fer e les infections. Bull Acad. Nat. Med. 165(4):519-25,
1981.
9.BRAATHEN, L.R.; KAAMAN, T. Human epidermal langerhans cells
induce cellular immune response to trichophyton in dermatophytosis. Br. J.
Dermatol. 109(3):295-300, 1983.
10.CALLEN, J.P.; DAHL, M.V.; GOLITZ, L.E.; RASMUSSEN, J.E.;
STELMAN, S.J.Advances in dermatology. Vol 2. Year Book Medical
Publishers.Inc. Chicago, London. Pg 337, 1987.
11.CESTARI, T.F. ;ABDALLA, C.; ASSIS, T.L. Fisiopatogenia das
dermatofitoses.Anais Brasileiros de Dermatologia, 65(6):310-316, 1990.
12.CHIMELLI, P.A.V.; SOFIATTI, A.A.;NUNES, R.S.; MARTINS,
J.E.C. Dermatophyte agents in the city of São Paulo, from 1992 to
2002..Rev.Inst.Med.Trop.São Paulo.45(5):259-263,2003.
13.COSTA E.F.; WANKE, B.; MARTINS, E.C.S. Estudo comparativo
entre duas populações: Rio de Janeiro (RJ) e Aracajú(SE). Anais
Brasileiros de Dermatologia. 66(3):119-122, 1991.
14.COSTA, M; PASSOS, X.S; SOUZA, L.K.H; MIRANDA, A.T.B;
LEMOS J.A; OLIVEIRA J.J.G; SILVA, M.R.R. Epidemiologia e etiologia
das dermatofitoses em Goiânia, GO, Brasil. Rev.Soc.Bras.Med.Trop.
35:19-22, 2002.
15.COWEN, P. Microscopy of skin scrapings for dermatophyte diagnosis.
Aust.Fam.Phisician. 19:685-690,1990.
16. DOS SANTOS, J.I.; NEGRI, C.M.; WAGNER D.C.; PHILIPI, R.;
NAPPI, B.P.; COELHO M.P. Some aspects of dermatophytoses seen at
University Hospital in Florianópolis, Santa Catarina, Brazil. Rev. Inst.
Med. Trop. São Paulo. 39:666-7, 1997.
17. DU VIVIER, A.; MCKEE, P.H. Atlas de Dermatologia Clínica. 2.ed.
Editora Manole Ltda .131-139p.
18. EMMONS, C.W. Dermatophytes natural grouping based on the from
of the spore and accessory. Archives of dermatology and Syphilology,
Chicago. 30(3): 337-362, 1934.
19. ESTEVES, J.A.; CABRITA , J.D.; NOBRE, G.N. Micologia Médica.
Fund. Calouste Golbenklan, Lisboa. 785, 1977.
20. FISHER, F. & COOK, N.B. Micologia : Fundamentos e Diagnósticos.
1. ed. Revinter. 2001, 116-147p.
21. FITZPATRICK, T.B.; EINSEIN, A.Z.; WOLFF, K.; FREEDBERG,
I.W.; AUSTEN, F.K. Dermatology in General Medicine. Third Edition. Mc
Graw-Hill Book Company. 1.264 p. New York, 1987.
22.FUJITA, S. & MATSUYAMA, T. Experimental Tinea Pedis induced
by non-abrasive inoculation of Trichophyton mentagrophytes arthrospores
on the plantar part of a guinea pig foot. Journal of medical and veterinary,
Oxfordshire. 25:203-213, 1987.
23. GRAPPEL, S.F.; BISHOP, C.T.; BLANK, F. Imunology of
dermatophytes and dermatophytosis. Bact. Rev. 38(2): 222-250, 1974.
24. GUPTA, A.K.; JAIN, H.C.; LYNDE, C.W. et al. Prevalence and
epidemiology of unsuspected onychomicosis in patient visiting
dermatologists’ offices in Otario, Canadá. Inst. J. Dermatol. 36(10): 783787, 1997.
25. HAY, R.J.; CALDERON R.A.; COLLINS M.J. Experimental
dermatophytosis: the clinical and histopathologic features of a mouse
model using Trichophyton quinckreamun (mouse favus). J. Invest.
Dermatolo, 81(3): 270-274, 1983.
26. HAY, R.J.; SHENNAN, E. Chronic dermatophyte infections. Antibody
and cell mediated immune responses. Br. J. Dermatol, 106:191-198, 1982.
27. KING, R.D.; HAZOOR, A.K.; FOYE, J.C.; GREENBERG, J.H.;
JONES, H.E. Transferrin iron dermatophytes I serum dermatophyte
innibitory component definitively identified as unsaturared transferring. J.
Lab. Clin. Med, 86(2): 204-212, 1975.
28. KONEMAN,E.W.; ALLEN, S.D.; JANDA, W.M.;
SCHRECKENBERGER, P.C..; JR,W.C.W. Diagnóstico MicrobiológicoTexto e Atlas Colorido. 5 ed. São Paulo: Editora Médica e Científica
Ltda,2001. 996 a 1069p.
29. LACAZ, C.S.; PORTO,E.; MARTINS, J.E.C. Micologia Médica.
Fungos. Actinomicetos e Algas de Interesse Médico. 7ed. São Paulo.
Sarvier, 1984.
30. LIMA, E.O.; PONTES, Z.B.V.S.; OLIVEIRA, N.M.C.; CARVALHO,
M.F.F.P.; GUERRA M.F.L.; SANTOS, J.P. Freqüência de Dermatofitoses
em João Pessoa- Paraíba- Brasil.An. Bras.Dermatol. Rio de Janeiro.
74(2): 127-132, 1999.
31. LONDERO, A.T. The geographic distribuition and prevalence of
dermatophytes in Brasil. Sabouraudia.. 2:108-110, 1962.
32. LONDERO, A.T.; RAMOS, C.D. Agentes de dermatofitoses humanas
no interior do estado do Rio Grande do Sul no período de 1960-1987. An.
Bras. Dermatol.64:161-4, 1989.
33. LOPES, J.O.; ALVES, S.H.; BENEVENGA, J.P. Dermatofitoses
humanas no interior do Rio Grande do Sul no período de 1988-1992. Ver.
Inst. Med. Trop. São Paulo. 36(2): 115-119, 1994.
34. LOPES, J.O.; ALVES, S.H.; MARI, C.R.; OLIVEIRA, L.T.; BRUM,
L.M.; WESTPHALEN, J.B.; et al. A ten-year survey of onychomycoses in
the central region of the Rio Grande do Sul, Brazil. Rev. Inst. Med. Trop.
São Paulo. 41: 147-9, 1999.
35. LORINCZ, A.L.; SUN, S.H. Dermatophyte viability at modestly ralsed
temperatures. Arch. Dermatolo. 88(10): 393-402, 1963.
36. MARQUES, A.S.; CAMARGO, R.M.P. Tinea nigra: relato de caso e
revisão de literatura brasileira. An. Bras. Dermatol. 71(5): 431-5, 1996.
37. MARQUES, S.G.; FICHMAN, O.; EWERTON, I et al. Tinha negra no
Maranhão e Paraíba: observação de 4 casos . Anais do 44º Congresso
Brasileiro de Dermatologia. 107:48. Porto Alegre, 1989.
38. MEZZARI, A. Frequency of dermatophytes in the metropolitan area of
Porto Alegre, RS, Brazil. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo. 40:71-6, 1998.
39. MOREIRA, V.M.S.; SANTOS, V.L.C.; CARNEIRO, S.C.S.; ANIS,
T.L.; CARVALHO, M.M.O.; OLIVEIRA, J.V.C. Ceratofitose negra. An.
Bras. Dermatol. 58(5): 281-5, 1993.
40. NEUFELD, P.M. Manual de Micologia Médica. Técnicas básicas de
diagnóstico. Programa Nacional de Controle de Qualidade Ltda. Rio de
Janeiro. 1999. 1-9p.
41. OTCENASEK, M. Ecology of the dermatophytes. Mycopathologia.
65:67-72, 1978.
42. RAMOS, C.D.; FISCHMAN, O. & LOPES, J.O. A prova da urease na
identificação do Trichophyton rubrum e do Trichophyton mentagrophytes.
Hospital (Rio de Janeiro).78:213-215, 1970.
43. RAMOS, S.F. Dermatofitoses. Rev. Cienc.Med. Lourenço Marques. 4:
33-82, 1971.
44. RASHID, A.; SCOTT, E.M. & RICHARDSON. Effects of terbinafina
exposure on the ultrastructure of Trichophyton interdigitales. Journal of
Medical and Veterinary Micology. Oxfordshire. 31:305-313, 1993.
45. RIPPON, J.W. Medical Micology. The pathogenic fungi and the
pathogenic actinomyces. Philadelphia. Sauders & Company. 369-96, 1974.
46. RIPPON, J.W. Medical Micology. 2ª Edition. WB Saunders Company.
842, 1982.
47. RIPPON, J.W. Medical Micology. The pathogenic fungi and
pathogenic actinomycetes. 3 ed. Philadelphia. W.B. Saunders Company.
1988.
48, SIDRIM, J.J.C.; ROCHA, M.F.G.; Micologia médica à luz de autores
contemporâneos. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan S.A. 2004.
41-161p.
49. SIQUEIRA, E.R.; FERREIRA, J.C.; MAFFEI, C.M.L.;
CANDIDO,R.C. Ocorrência de dermatófitos em amostras de unhas, pés e
mãos coletadas de estudantes universitários.Rev. Soc. Med. Trop.
39(3):269-271, 2006.
50. SOUZA, E.A.F.; ALMEIDA, L.M.M.; GUILHERMETTI,E.; MOTA,
V.A.; ROSSI, R.M.; SUIDZINSKI, T.I.E. Frequência de onicomicoses por
leveduras em Maringá, Paraná, Brasil. A. B. D, 82(2): 151-6, 2007.
51. TSUBOI,R.; OGAWA,H.; BRAMONO,K.; RICHARDSON, M.D.;
SHANKLAND, G.S.; CROZIER, W.I.; SEI, Y.; NINOMYA, J.;
NAKABAYASHI,A.; TAKAIUCH,I.; PAYNE,C.D.; RAY, T.L.
Pathogenesis of superficial mycoses. Journal of medical and veterinary
mycology, Oxforshire. 32:S91-S104, 1994.
52. UIJITHOF, J.M ET AL. Polymerase chain reation-mediated
genotyping of Hortaea werneckii, causative agente of Tinea nigra.
Mycoses.37(9-10):307-12, 1994.
53. VAN, V.H.; SINGLETARY,H. Tinea nigra Palmaris. Report of 15
cases from coastal North Carolina. Arch Dermatol.90:59-61, 1964.
54. VELLA ZAHRA,L.; GATT,P.; BOFFA, M.J.; BORQ,E.; MIFSUD,E.;
SCERRI, L; et al. Characteristics of superficial mycoses in Malta. Int. J.
Dermatol. 42:256-71, 2003.
55. ZAIAS, N. Onychomycosis. Arch dermatol, 105(2): 263-274, 1972.
56. ZAITZ, C.; RUIZ, L.R.B.; SOUZA, V.M. Compêndio de Micologia
Médica. MEDSI. Rio de Janeiro. 81-4,1998.
57. ZURITA, J.H.R. Adherence of dermatophyte micronidia and
arthroconidato human ceratinocytes in vitro. J. Invest.
Dermatol.89(5):529-534, 1987.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Etiologia de Tinea Unguim no município de Rio Grande...pg
TABELA 2 – Etiologia de Tinea unguium no município de Bagé............ pg
TABELA 3 - Etiologia de Tinea pedis no município de Rio Grande ........pg
TABELA 4 – etiologia de Tinea pedis no município de Bagé...................pg
TABELA 5– Etiologia de Tinea corporis e Tinea cruris no município de
Rio
Grande........................................................................................................pg
TABELA 6– Etiologia de Tinea corporis e Tinea cruris no município de
Bagé..........................................................................................................pg
TABELA 7- Etiologia de Tinea capitis no município de Rio Grande.......pg
TABELA 8 –Etiologia de Tinea capitis no município de Bagé.................pg
TABELA 9 – Agentes de Dermatofitoses observados no município de Rio
Grande........................................................................................................pg
TABELA 10- Agentes de Dermatofitoses observados no município de
Bagé
...................................................................................................................pg.
CONCLUSÃO
Para a confirmação da etiologia das dermatofitoses analisadas,
realizamos o exame direto e as culturas das amostras.
Obtivemos mais espécies antropofílicas, talvez por trabalharmos com
amostras colhidas da população urbana nas duas cidades.
Foram isolados por ordem de freqüência em Rio Grande:
Trichophyton rubrum (50,3%), Trichophyton mentagrophytes (35,5%),
Epidermophyton floccosum (11,6%), Microsporum gypseum (1,0%) e
Microsporum canis (0,3%).
No município de Bagé os agentes de micoses superficiais mais
freqüentes foram: Trichophyton rubrum (52,7%), Trichophyton
mentagrophytes (39,4%), Epidermophyton floccosum (4,6%) e
Microsporum canis (3,3 %).
A espécie predominante nos dois municípios foi o Trichophyton
rubrum, confirmando com outros municípios da Região Sul e outros
estados do Brasi, como sendo o agente mais isolado.
O Trichophyton rubrum foi o principal agente encontrado em unhas
tanto em Rio Grande como Bagé.
O Trichophyton mentagrophytes foi o segundo agente mais isolado
sendo que em pés ele prevaleceu em Bagé, já em Rio Grande prevaleceu
Trichophyton rubrum.
O Epidermophyton floccosum foi o terceiro agente mais isolado,
sendo que em Bagé ele foi isolado apenas na região corpórea, já em Rio
Grande foi encontrado também em unhas.
Confirmando trabalhos já realizados, Hortaea werneckii só foi
observada em Rio Grande, atribuímos a isto a localização geográfica deste
município na zona litorânea do Rio Grande do Sul, onde as áreas costeiras
possuem teor elevado de sal o que favorece essa espécie.
Concluímos que o Trichophyton rubrum é o principal agente
causador das dermatofitoses tanto em Rio Grande como Bagé.
Percebemos que, por não figurarem entre as doenças de
notificação obrigatória no Brasil, as dermatofitoses possuem apenas
estudos epidemiológicos fragmentados relatados, havendo necessidade de
estudos atuais que mostrem a incidência deles em nossa região.
Esta pesquisa contribuirá para analisar os agentes etiológicos mais
comuns em micoses superficiais nos municípios estudados e seus principais
sítios anatômicos. Mediante o diagnóstico laboratorial estaremos
auxiliando os dermatologistas de nossas cidades na conduta profilática
frente às dermatofitoses humanas.
TABELAS
1. Tabela 1 – Etiologia de Tinea unguium no município de Rio Grande
Agentes
Trichophyton rubrum
Trichophyton mentagrophytes
Epidermophyton floccosum
Total
Nº
104
63
9
%
59,1
35,8
5,1
176
100
Tabela 2 - Etiologia de Tinea unguium no município de Bagé:
Agentes
Trichophyton rubrum
Trichophyton mentagrophytes
Total
N°
%
52
33
62
38
85
100
Tabela 3 – Etiologia de Tinea pedis no município de Rio Grande
Agentes
Trichophyton rubrum
Trichophyton mentagrophytes
Epidermophyton floccosum
Total
Nº
%
18
12
7
48,6
32,5
18,9
37
100
Tabela 4 - Etiologia de Tinea pedis no município de Bagé:
Agentes
N°
%
Trichophyton rubrum
Trichophyton mentagrophytes
Total
14
23
37,8
62,2
37
100
Tabela 5. Etiologia de Tinea corporis e Tinea cruris no
município de Rio Grande
Agentes
Nº
%
Trichophyton mentagrophytes
Trichophyton rubrum
Epidermophyton floccosum
Microsporum canis
Microsporum gypseum
25
29
19
1
3
32,6
37,6
24,6
1,3
3,9
Total
77
100
Tabela 6 - Etiologia de Tinea corporis e Tinea cruris no município
de Bagé:
Agentes
Trichophyton rubrum
Epidermophyton floccosum
Trichophyton mentagrophytes
Microsporum canis
Total
N°
%
13
7
3
1
54,2
29,1
14,5
4,2
24
100
Tabela 7 - Etiologia de Tinea capitis no município de Rio Grande
Agentes
Nº
Trichophyton mentagrophytes
Trichophyton schoenleinii
%
6
Total
60
4
40
10
100
Tabela 8 - Etiologia de Tinea capitis no município de Bagé:
Agentes
Microsporum canis
Total
N°
%
4
100
4
100
Tabela 9. Agentes de Dermatofitoses observados no município de Rio
Grande
Agentes
Trichophyton rubrum
Trichophyton mentagrophytes
Epidermophyton floccosum
Nº
%
151
106
35
50,3
35,5
11,6
Trichophyton schoenleinii
4
1,3
Microsporum gypseum
3
1
Microsporum canis
Total
1
0,3
300
100
Tabela 10 - Etiologia de Dermatofitoses no município de Bagé:
Agentes
Trichophyton rubrum
Trichophyton mentagrophytes
Epidermophyton floccosum
Microsporum canis
Total
N°
%
79
59
7
5
52,7
39,4
4,6
3,3
150
100

Documentos relacionados