Revista Setembro 2008_1-25

Transcrição

Revista Setembro 2008_1-25
CONTEC
Revista
Ano I - nº 1 - setembro/2008
Uma publicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito
Carta aberta
TEMOS MUITAS VITÓRIAS
PARA COMEMORAR, SEM NOS
ESQUECERMOS QUE AINDA HÁ MUITA
BATALHA PELA FRENTE...
Ao completar 50 anos, a CONTEC vivencia um momento singular da sua história que é cercado de simbolismos e emoções
e, também, invoca um momento de reflexão sobre como devemos enfrentar a difícil batalha em nome sindicalismo combativo
e de resultados. Simbolismo e emoção brotam da constatação que
nada chega a meio século de existência, “impunemente”. Para
milhares de trabalhadores e trabalhadoras do ramo financeiro, a
CONTEC tem sido e continuará sendo a defensora de seus direitos e interesses de modo firme, independente e autônomo.
Desde 1958, quando foi fundada, a entidade coleciona uma
consagrada história de lutas por melhores condições de vida, de
trabalho e melhores e mais justos salários. A sua historiografia
registra inúmeras mobilizações nacionais pela redemocratização
do Brasil e em defesa de bandeiras, que ampliaram a participação
política, trabalhista e socioeconômica dos trabalhadores.
Sempre independente de governos, de patrões e com autonomia quanto aos partidos políticos, embora isto tenha nos custado
muito caro. Sofremos intervenções do Ministério do Trabalho em
1964 e 1972. Tempos difíceis, em que tivemos companheiros perseguidos, presos, torturados, e até mesmo assassinados, como no
caso do presidente da CONTEC, Aluízio Palhano.
Ainda que tenhamos chegado aos 50 com muitas realizações,
temos que olhar para o futuro sabendo que ainda há muito que
fazer. Temos de lutar para manter um sindicalismo forte e independente do governo. Por isto, defendemos a unicidade sindical;
somos contra a contribuição negocial, da maneira como quer impor as centrais e o governo; e queremos garantia de permanência
do sistema confederativo.
Estar à frente da CONTEC neste momento é motivo de muita
honra e orgulho pessoal, mas tenho certeza que toda a diretoria
da entidade compartilha comigo a mesma satisfação de vivenciar
esta data. Na verdade, este é um orgulho que transcende esta ou
aquela administração, e deve estar sendo vivenciado por cada trabalhador bancário e securitário.
Rendemos nossas homenagens às diretorias e presidentes que
nos antecederam: Huberto de Azevedo Pinheiro (1º presidente);
Aluízio Palhano (2º presidente); Ruy Brito de Oliveira Pedroza (3º
presidente); Wilson Gomes de Moura (4º presidente).
Este número comemorativo da Revista “CONTEC 50 ANOS”
precisa ser visto não só como o coroamento do trabalho e do esforço dos inúmeros profissionais que contribuíram para que nossa entidade pudesse se tornar o que ela é hoje, mas como um
desafio para que nossa confederação continue se aperfeiçoando
e comemorando aniversários por muitas outras décadas. Sempre
com muito sucesso. Parabéns, CONTEC!
Lourenço Ferreira do Prado
Presidente da CONTEC
2 Revista CONTEC
Expediente
CONTEC - Confederação Nacional dos Trabalhadores
nas Empresas de Crédito - 1958-2008
Entidade sindical de grau ruperior reconhecida pelo
Dec. 46.543 de 1959 do presidente da República
Avenida W4 Sul SEP EQ 707/907 - Conj. A/B - Brasília-DF.
CEP 70.390-078 - Tel.: 55 (61) 3244-5833 - Fax: 55 (61) 3244-2743
www.contec.org.br / email: [email protected]
Conselho diretor da contec
Lourenço Ferreira do Prado - Presidente
Gladir Antônio Basso - 1º Vice-Presidente
Lúcio César Pires - 2º vice-presidente
João Barbosa - 3º Vice-presidente
José Jesus Trabulo de Sousa - 4º vice-presidente
Gilberto AntOnio Vieira - Secretário-Geral
Rumiko Tanaka - Diretora de Finanças
Luiz Gustavo de Pádua Walfrido - Diretor de Assuntos Legislativos
Isaú Joaquim Chacon - Diretor de Previdência Social Complementar
Conselho Fiscal
Sérgio Roberto Pio
José Henrique da Costa Mendes
Heiler Alves da Rocha
Jornalista Responsável
Renata Moura (DF02527JP) e-mail: [email protected]
Colaboradores
Fernando Brito, Desirreê Senger e Teixeira Cruz
Designer Gráfico
Eron de Castro
Revisão
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Impressão
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Tiragem
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Editorial
Completar cinqüenta anos é um
momento muito especial. Tempo
de rever a história e de analisar as
perspectivas para o futuro. Nesta
edição comemorativa da Revista da
CONTEC, vamos relembrar a fundação
da única entidade de grau superior,
legítima e legalmente instituída para
representar os trabalhadores do ramo
financeiro. Acompanharemos, ao
longo dos tempos, suas posições firme,
independente e ética sempre em defesa
dos interesses dos trabalhadores.
Ainda conheceremos um pouco da
importância da CONTEC no contexto
histórico do nosso país. A presença dos
bancários e securitários organizados
em movimentos pelas Diretas Já, pelo
FORA COLLOR, e ainda a greve histórica
de 1985, que parou todo o país por
três dias consecutivos.
Nesta publicação, você conhecerá
também um pouco da história de Aluízio
Palhano, o ex-presidente da CONTEC
que foi perseguido pela Ditadura Militar,
preso, torturado e assassinado em 1971.
Veremos como a entidade enfrentou
duas intervenções do Ministério do
Trabalho. E, como, agora já no século
XXI, enfrenta a ditadura disfarçada de
democracia, que desrespeita a estrutura
sindical vigente assegurada pela
Constituição da República.
Também disponibilizamos para o
leitor dicas de moda trabalhistas,
cultura e ainda as novidades
do mundo da internet. Entram
também no índice desta publicação,
matérias sobre saúde, e é claro, boa
alimentação. Boa leitura!
Sumário
MEMÓRIA
Contec: 50 anos de lutas e vitórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Quem foi Aluízio Palhano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
A histórica greve de 1985 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
ANIVERSÁRIO 50 ANOS
Contec lança selo e carimbo comemorativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Declarações daqueles que acompanharam a trajetória de lutas da CONTEC . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
MESAS DE NEGOCIAÇÕES
Saiba quem negocia em nome dos bancários e securitários brasileiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
ENTREVISTA
Senador Paulo Paim (PT-RS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
GERAL
Constituição Brasileira completa 20 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
PRL ainda é muito injusta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Piores Formas de Trabalho Infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Mulheres menos satisfeitas com bancos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
MODA
Para ela – Cuidado com a roupa que você veste no trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Para ele – Tire suas dúvidas na hora de se vestir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
SAÚDE
Bancários são prejudicados por excesso de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Assédio Moral prejudica a saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Melhore seus hábitos alimentares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
CINEMA
Dicas de filmes que têm o mundo do trabalho como tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
ARTIGOS
Juntos em defesa da Previdência Por Robson de Souza Bittencourt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Fator Previdenciário, crime contra os trabalhadores Por Trajano Jardim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Lei Maria da Penha: Justiça precisa ser feita Por Rumiko Tanaka . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44
Educação: Resposta certa contra o trabalho infantil Por Renato Mendes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
FST: Sindicalismo forte, responsável e de resultados Por José Augusto da Silva Filho . . . . . . . . . . . . . . 52
Voip, telefone de graça Por Waldir Fonseca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Amadurecimento tributário Por Deputado Edinho Bez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Revista
CONTEC 3
7º Convenção Nacional dos Bancários, em Belo Horizonte (MG), em 1952
9º Congresso Nacional dos Bancários e Securitários, realizado de 25 a 30 de julho de 1966
Memória
CONTEC
50 anos de lutas e vitórias
Bancários em frente ao banco Banrisul, em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1986
4 Revista CONTEC
Movimento de rua em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1987
Fotos: Arquivo Seeb de Caxias do Sul e Região
Bancários participam do Desfile da Independência em 1937, na cidade de Caxias do Sul (RS)
Comemoração do Dia do Bancário, durante a 7º Convenção Nacional dos Bancários, realizada em
Belo Horizonte, em 1952
A CONTEC – Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito representa todos os trabalhadores
em bancos, seguradoras, e demais instituições financeiras do Brasil. Em 28 de julho de 2008, completou 50 anos
de uma consagrada história de vitoriosas lutas em prol dos seus representados, na busca constante de melhores
condições de vida, de trabalho e melhores e mais justos salários
Embora reconhecida oficialmente somente em 4 de agosto
de 1959, por meio do Decreto nº
46.543, do Presidente da República do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira, àquela época, a
CONTEC já sustentava um processo engajado de reivindicações
do sindicalismo brasileiro, sendo
a primeira experiência nacionalmente articulada de organização
vertical representativa da classe
trabalhadora.
Na sua historiografia, a CONTEC
registra inúmeras mobilizações nacionais pela redemocratização do
Brasil e em defesa de bandeiras,
que ampliam a participação política, trabalhista e socioeconômica
dos trabalhadores nos eventos mais
relevantes da sociedade brasileira,
mesmo quando esteve sob interven-
Bancários em frente à agência do banco Bradesco, em Vacaria, durante a greve de 1986, que iniciou no dia 24 de abril
ções do Ministério do Trabalho.
A entidade sempre apoiou a
conquista e ampliação dos direitos
previdenciários. Seus primeiros dirigentes participaram da criação
do Instituto de Aposentadorias e
Pensões dos Bancários – IAPB, que
foi extinto em 1967, pelos governos
militares, que preferiram fazer sua
fusão com o Instituto Nacional de
Previdência Social, hoje, INSS.
Bancários em frente à agência Centro do Bradesco, em
Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1987
Revista
CONTEC 5
Foto: SEEB Campinas
Arbitrariedade na
intervenção
A independência de governos,
de patrões e autonomia quanto aos
partidos políticos custou caro a
CONTEC, que sofreu intervenção do
governo em 1964 e 1972. Durante a
primeira delas, o então presidente da
CONTEC, Aluysio Palhano Pedreira
Ferreira foi preso, torturado e exilado. Em 1971, foi assassinado quando
retornava clandestinamente pela segunda vez ao Brasil para auxiliar na
luta pela redemocratização do País.
Diretas Já
Treze anos após o assassinato do
companheiro Palhano, a sociedade
brasileira pós-golpe começou se
rearticular e, com ajuda de várias
entidades sindicais, entre elas a
CONTEC, se engajou no grande movimento pelas Diretas-Já. Os bancários de todo o país foram às ruas
lutar pelo direito ao voto, com a
organização de comitês pró-Diretas
nos bancos e o vitorioso movimento
por eleições diretas para o Corep e
Direp do Banespa.
Posse da diretoria do Seeb de Caxias do Sul e Região em 1961. Sentado à direita, Rômulo
Segalla, preso em 1964, pelos militares, quando então era presidente do Seeb
6 Revista CONTEC
Em 1985, os sindicalistas participam da formação do Plenário PróParticipação Popular na Constituinte, fundamental para a elaboração
de emendas de iniciativa popular,
que resultaram em grandes colaborações para a elaboração da Constituição Cidadã de 1988.
Atuação no Legislativo
A atuação destemida e independente foi e ainda é marca registrada da CONTEC. Em seus 50 anos
de vida, não descuidou de oferecer
Bancários em frente ao banco Banrisul, em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1986
Fotos: Ernesto de Souza/Seeb Campinas
Da esquerda para direita: Lourenço Prado (CONTEC), Eriberto Manuel Reino (FEEB SP/MT/MS), André Luiz Von Zuben (Seeb Campinas), Roberto Pinto Ribeiro (FEEB PR)
sugestões e alternativas para o aperfeiçoamento das instituições financeiras brasileiras. Elaborou um projeto de lei destinado à limitação da
especulação financeira em defesa do
caráter social e seletivo do crédito.
A proposta apresentada ao Congresso Nacional também defendia a
nacionalização dos bancos estrangeiros, o monopólio e centralização
do câmbio, bem como a transformação do Banco do Brasil em Banco
Central, cuja gestão seria conduzida
de forma tripartite com a participa-
ção de representantes dos empregadores, dos trabalhadores ao lado do
próprio governo central.
Já sob a atuação direção, a CONTEC apresentou, novamente, em
1992, projeto de lei que defendia a
reestruturação do Sistema Financeiro Nacional. No documento, a confederação sugeriu que a diretoria do
Banco Central do Brasil fosse constituída por meio de mandatos, para
que houvesse mais independência
na gestão. Propôs penalidades mais
rígidas no caso de fraudes e desvios
Presidente da SEEB Brasília, Augusto Carvalho discursa durante Encontro de 1985
de conduta na administração de instituições financeiras; e estabeleceu
a extinção de todos os conselhos e
comissões consultivas no âmbito do
Sistema Financeiro Nacional.
Também buscou com aquele
projeto de lei proteger os trabalhadores. Para tanto, no projeto de lei
estabeleceu que todos os fundos
compulsórios de poupança social
e a poupança depositada em cadernetas teriam garantia contra a desvalorização inflacionária da moeda
nacional.
Em 2000/2001, a FEEB-PR e seus Sindicatos filiados travaram uma luta intensa para
conquistar a lei que estabelece o tempo máximo de espera nas filas nos bancos
Revista
CONTEC 7
Da esquerda para direita: Olívio Dutra (RS), Luis Gushiken (SP), Sérgio Hey (PR), André Luiz Von Zuben (Seeb Campinas), Gelson Marcon (RS), Jarbas Quintino dos Santos (RS), Roberto Pinto Ribeiro (FEEB PR)
Negociações coletivas
Na década de 1980, a CONTEC
contribuiu com sugestões tempestivas à Constituinte, que gerou a
atual Constituição da República,
promulgada em 5 de outubro de
1988. Ainda na mesma década,
8 Revista CONTEC
recebeu do Poder Judiciário, por
meio do Tribunal Superior do Trabalho, o reconhecimento de ser a
única entidade sindical legítima
para representar os empregados
do Banco do Brasil S.A. e demais
instituições financeiras. Situação
que prossegue ainda hoje e que é
de suma importância para o bancário brasileiro.
Com as negociações salariais
em nível nacional, a CONTEC
conseguiu evitar o esfacelamento
dos quadros de carreira, além de
Fotos: Ernesto de Souza/SEEB Campinas
Encontro de 85 conseguiu reunir sindicalistas de todo o Brasil
Saiba mais...
Fundada em 28 de julho de 1958, a CONTEC - Confederação Nacional dos Trabalhadores nas
Empresas de Crédito - é uma entidade sindical de grau superior que coordena as entidades
sindicais dos bancários e securitários brasileiros. Também defende os direitos e interesses
desses junto aos empregadores e poderes judiciário, executivo e legislativo.
A CONTEC representa os trabalhadores das instituições financeiras como bancos, bancos
de investimentos, seguradoras, corretoras, distribuidoras, fundos de previdência fechada
e aberta, entre outras. A entidade atua junto ao Congresso Nacional, acompanhando e
apresentando projetos e emendas de interesse dos trabalhadores.
Outro foco de atuação é o judiciário. A partir de 1983, passou a assinar acordos coletivos
de trabalho, em nível nacional, com o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da
Amazônia, Banco do Nordeste, BNDES, BNDESPAR, FINAME e BRB - Banco de Brasília.
A CONTEC também coordena as negociações salariais dos empregados dos bancos privados
junto à Federação Nacional dos Bancos e à Federação Nacional das Empresas de Seguros
Privados e Capitalização. As pautas de reivindicações dos trabalhadores são discutidas e
aprovadas nas assembléias gerais dos sindicatos que as submetem ao Encontro Nacional dos
Bancários e Securitários para Planificação da Campanha Salarial.
ampliar a relação entre trabalhadores e patrões. A união da categoria em âmbito nacional também
foi importante para enfrentar do
atual processo de globalização,
fusão e organização dos bancos
de todo o mundo.
Por seu histórico de lutas e por ser autônoma e independente de governos e partidos
políticos, a entidade sofreu duas intervenções, em 1964 e 1972. O presidente à época da
primeira intervenção, Aluysio Palhano, foi assassinado pela repressão dos governos militares.
Palhano foi o 2º presidente da CONTEC, e substituiu o fundador Huberto de Azevedo Pinheiro.
Os demais presidentes foram Ruy Brito de Oliveira Pedroza, Wilson Gomes de Moura e
Lourenço Ferreira do Prado. Este último preside a entidade até 2008.
Revista
CONTEC 9
Memória
Quem foi
Aluízio Palhano?
Militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR), Aluízio Palhano nasceu em 5 de setembro de 1922,
em Pirajuí/SP, filho de João Alves Pedreira Ferreira e Henise Palhano Pedreira Ferreira. Aos 49 anos foi dado como
desaparecido por familiares. Trechos de um texto escrito por Branca Heloysa, sua cunhada
“Em 1929, Aluízio e seu irmão
Honésio, com 7 e 8 anos respectivamente, foram internados no Colégio
Mackenzie, em São Paulo. Três meses depois, Aluízio apareceu sozinho
em Pirajuí, a 350 km de São Paulo.
Não havia se conformado com o regime do internato. Em 1932, com a
morte de seu pai, a família mudouse para Niterói. Mais uma vez foi internado, desta vez no Colégio Salesiano, em Santa Rosa/Niterói. Uma
vez mais Aluízio se rebelou contra
o internato. Terminou o curso secundário no Colégio Plínio Leite e
trabalhou como bilheteiro no Cine
Royal, em Niterói.
Aos 21 anos ingressou no Banco
do Brasil onde trabalhou até ser
cassado pelo Ato Institucional n.1
(AI-1) em 1964. Formou-se advogado pela Faculdade de Direito da
Universidade Federal Fluminense.
Por duas vezes foi presidente do
Sindicato dos Bancários. Em 1947,
casou-se com Leda Pimenta e tive-
10 Revista CONTEC
ram dois filhos, Márcia e Honésio.
Em 1963 foi eleito presidente da
CONTEC (Confederação dos Trabalhadores dos Estabelecimentos
de Crédito) e vice-presidente da
antiga CGT.
Com o golpe de 1964, Aluízio teve
seus direitos políticos cassados e
passou a ser literalmente caçado
pelos órgãos de repressão. Em fins
de maio de 1964 asilou-se na Embaixada do México, indo posteriormente para Cuba.
Em 1969, representou o Brasil
na OLAS (Organização LatinoAmericana de Solidariedade), em
Havana, Cuba. Em 1970, regressou clandestino ao Brasil. Manteve
contato com familiares por ocasião
do casamento de sua filha. Em 24
de abril desse mesmo ano ainda fez
contato com a família. Depois desse dia, o silêncio.
Em 1976 correram os primeiros
boatos de sua morte, confirmados
em 1978 através de carta de Altino
Dantas Jr., seu companheiro de prisão, encaminhada ao Ministro do
Superior Tribunal Militar, General
Rodrigo Otavio Jordão Ramos, denunciando o assassinato de Aluízio
Palhano nas dependências do DOICODI da Rua Tutóia, em São Paulo, na madrugada de 21 de maio de
1971. Segundo esse relato, Aluízio
esteve prisioneiro durante 11 dias,
sofrendo as piores torturas”.
A Anistia Internacional confirmou
esse depoimento. O preso político
Nelson Rodrigues Filho também denunciou que esteve no DOI-CODI/
RJ com Aluízio Palhano. Apesar de
todos estes testemunhos, os órgãos
de segurança não reconheceram, até
hoje, a prisão e a morte de Aluízio.
Segundo os relatos, Aluízio foi
preso no dia 9 de maio de 1971 e
assassinado pelo torturador Dirceu
Gravina no dia 21 de maio de 1971.
Inês Etienne Romeu, em seu Relatório, afirmou que Aluízio foi levado
Dados pessoais
Nome de batismo:
Aluysio Palhano Pedreira
Ferreira
Naturalidade:
Pirajuí-SP
Data de Nascimento:
5 de setembro de 1922
Profissão:
Advogado, formado pela
Universidade Federal
Fluminense (UFF)
Dados da Militância
Organização:
Vanguarda Popular
Revolucionária VPR
Codinome:
João Alves Pedreira
Ferreira
Prisão:
9/5/1971
Cidade:
São Paulo-SP Brasil
Situação:
Desaparecido em 21/5/1971
em São Paulo-SP
Suposta autoria:
DOI-CODI/SP
Observações:
Segundo carta de Altino
Dantas Jr., companheiro de
prisão, foi assassinado
para a “Casa da Morte”, em Petrópolis, em 13 de maio de 1971. Informou que quem o viu pessoalmente
naquele aparelho clandestino da
repressão foi Mariano Joaquim da
Silva, também desaparecido desde
aquela época, que presenciou sua
chegada, narrando o seu estado físico deplorável. Inês ouviu a voz de
Aluízio várias vezes, quando interrogado na “Casa da Morte”.
Os relatórios dos Ministérios da
Marinha, Exército e Aeronaútica
não fazem referências à sua morte.
O nome de Aluízio Palhano foi encontrado, em 1991, no arquivo do
DOPS/PR numa gaveta com a identificação “falecidos”.
Em 21 de maio de 1986, em homenagem a Aluízio Palhano, foi inaugurada rua com seu nome no bairro
Campo Grande, no Rio de Janeiro,
pelo Grupo Tortura Nunca Mais do
Rio de Janeiro. Em 1994, Aluízio
Palhano recebeu a Medalha Pedro
Ernesto, da Câmara de Vereadores
do Rio de Janeiro, proposta pelo
vereador Adilson Pires. E, em 2000,
recebeu a Medalha Chico Mendes
de Resistência outorgada pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de
Janeiro, por indicação do Sindicato
dos Bancários.
Dados da repressão
Envolvido no assassinato:
Departamento de Operações
Internas - Centro de
Operações de Defesa
Interna/RJ – DOI-CODI/RJ
Departamento de Operações
Internas - Centro de
Operações de Defesa
Interna/SP -CODI/SP
Agente da repressão:
Dirceu Gravina JC
Texto retirado do site desaparecidospoliticos.org.br, cuja
organização é do Centro de Documentação Eremias Delizoicov e
da Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos.
Revista
CONTEC 11
Manifestação em defesa dos funcionários do Sulbrasileiro, no início daquele ano, já demonstrava tensão e a insatisfação dos bancários em relação aos rumos da economia brasileira
Memória
Greve de 1985
Em 1985, o Brasil sentia aos poucos a nova república. Os patrões se recusavam a negociar, mas a sede por justiça,
liberdade e democracia, fez com que a opinião pública ficasse ao lado dos trabalhadores, que saiam em massa às
ruas em busca de melhorias nas condições de trabalho
Em 28 de agosto, Dia Nacional de
Luta, o Brasil inteiro viu os bancos
fecharem suas portas e os bancários nas ruas, em protesto. Em São
Paulo, 30 mil bancários saíram em
passeata, na maior manifestação realizada pela categoria. Outras cidades como Rio de Janeiro, Curitiba,
Porto Alegre e Belo Horizonte tam-
12 Revista CONTEC
bém fizeram fortes manifestações.
No dia 10 de setembro, os bancários decidiram entrar em greve por
tempo indeterminado. Era a quinta
greve nacional da categoria e a primeira depois de 1963. Três dias depois do início da paralisação, o TST
instaurou um dissídio e a maioria
das capitais voltou ao trabalho.
Greve Geral dos Trabalhadores 1989
Bancários estavam preocupados com a defasagem dos salários e com os anúncios de privatizações
Embora a proposta aprovada
não tenha contemplado os anseios
dos bancários, a greve de 1985 foi
um marco para o movimento sindical. Ela materializou várias teses
defendidas desde 1979, sobretudo a
importância da identidade nacional.
Um ano depois, em meio ao Plano
Cruzado, os banqueiros recusavam
atender as reivindicações dos empregados. No dia 11 de setembro de
1986, 500 mil bancários cruzam os
braços em todo o país.
Um dia depois o TRT do Rio julgou a greve ilegal. No dia 13 a greve
acaba sem acordo, após uma violenta repressão da Polícia Federal. Em
1987, a inflação acelera e os bancários vêem seu poder aquisitivo no
chão. O resultado foi a primeira grande greve nacional fora da Campanha
Salarial. Conhecida como “bola de
neve”, devido ao crescimento diário
de adesões, a greve atinge 80% da categoria. Sem perspectiva de acordo,
Fotos: FEEB-PR
Um ano depois
A greve em setembro de 1985 não parou só a Grande S.Paulo. Cascavel, no oeste do Paraná, também viveu esta paralisação
o movimento dura nove dias, mas
mostra o estágio de organização da
categoria. Em 1988, os bancários
também precisam entrar em greve
para ampliar as conquistas.
Depois de uma década de luta pelas eleições diretas para presidência
da República, em que os bancários
foram linha de frente nas manifestações, o primeiro presidente eleito
decepciona os trabalhadores. Em
1990, os 300 mil bancários respondem ao arrocho do Plano Collor
com uma greve nacional de sete
dias, pela reposição das perdas e estabilidade no emprego.
Revista
CONTEC 13
Conselho diretor da contec
Lourenço Ferreira do Prado - Presidente
Gladir Antônio Basso - 1º Vice-Presidente
Lúcio César Pires - 2º vice-presidente
João Barbosa - 3º Vice-presidente
José Jesus Trabulo de Sousa - 4º vice-presidente
Gilberto Antonio Vieira - Secretário-Geral
Rumiko Tanaka - Diretora de Finanças
Luiz Gustavo de Pádua Walfrido - Diretor de Assuntos
Legislativos
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Complementar
Conselho Fiscal da CONTEC
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José Henrique da Costa Mendes
Heiler Alves da Rocha
Federações
José Jesus Trabulo de Sousa – Presidente da
Federação dos Empregados em Estabelecimentos
Bancários do Norte e Nordeste
Gladir Antonio Basso – Presidente da Federação dos
Serafim Gianocaro – Presidente da Federação
Alfredo Brandão Horsth – Presidente da Federação
João Barbosa – Presidente da Federação dos Empregados
em Estabelecimentos Bancários de Santa Catarina
Fernando Vilar – Presidente da Federação dos
Empregados em Estabelecimentos Bancários da Paraíba
João José Bandeira – Presidente da Federação dos
Empregados em Estabelecimentos Bancários de Alagoas,
Pernambuco e Rio Grande do Norte
Luiz Carlos dos Santos Barbosa – Diretor Jurídico da
Federação dos Bancários do RS e delegado da CONTEC/RS
Bancários no Estado do Paraná
Nacional dos Securitários
dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos
Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e DF
Funcionários da CONTEC
Uptatem quisisci bla am dolor irillam consequ issent alisi tio coreriure corerci blamconsed del utet, quate faciliquat. Ut aci te voloborem dolortis niamet utpat nullamet, veliscin hent ad modit, vel exerat er acil il ulla
Revista
CONTEC 15
Diretoria da CONTEC, presidentes de federações
e de sindicatos prestigiaram a cerimônia
ANIVERSÁRIO
CONTEC comemora 50 anos
Cerimônia abriu as comemorações
do aniversário da entidade, que
completou em 2008, meio século de
vida. Diretor regional dos Correios
esteve presente e elogiou o trabalho
da CONTEC e, sua história de lutas
No dia 28 de julho, a CONTEC comemorou 50 anos de existência com
o lançamento oficial do selo e carimbo comemorativos dos Correios.
Com a presença de várias autoridades, entre elas presidentes de federações e sindicatos, representantes
de confederações nacionais, de instituições financeiras, do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE) e da
Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT), a solenidade reuniu pouco mais de 100 pessoas para
o ato de obliteração do mais novo
registro postal brasileiro.
Na oportunidade, o presidente
da CONTEC, Lourenço Prado, lembrou um pouco da história da confederação e de sua importância para
a democracia brasileira. “Ganha-
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Prado lembrou os tempos difíceis de intervenção
mos nosso espaço no sindicalismo
brasileiro. Conquistamos grandes
vitórias. Também tivemos tempos
difíceis como à época das intervenções do Ministério do Trabalho em
1964 e 1972. Em 1971, ainda dentro
deste regime opressor, tivemos um
dos presidentes da CONTEC, Aluysio Palhano, perseguido e assassinado. Mas com a força de Deus,
enfrentamos tudo isto sempre com
um posicionamento forte, autônomo e independente. E é assim que
pretendemos enfrentar os próximos
50 anos”, avisou.
As peças filatélicas ficarão expostas até o final do ano, no Museu da
ECT e farão parte do acervo nacional
da empresa. Para o diretor regional
dos Correios em Brasília, José Luis
Martins Chinchilla, a CONTEC é uma
confederação de grande importância
na história do país, o que vai enriquecer ainda mais o acervo dos Correios.
Também estiveram presentes representantes da ANABB e FENABAN.
Um pouco da história dos selos
Carimbo da CONTEC vai para museu dos Correios
Diretor dos Correios elogiou o novo registro postal pela
importância histórica
Presidentes das federações e de alguns sindicatos estiveram
presentes
Os selos postais representam
fonte inesgotável de e cultura. De
simples comprovantes de franqueamento dos Correios, transformaram-se em expressivos retratos do
país, importante meio de comunicação e pequenas obras de arte,
incentivando uma forma saudável
de colecionamento e intercâmbio
entre os povos.
Nossos selos levam os encantos
do Brasil aos mais remotos pontos
do planeta. Reproduzem, nos traços
e nas cores dos artistas que os idealizam, toda a riqueza, beleza e exuberância de nosso meio ambiente; perpetuam o rosto, os ideais e os valores
dos personagens que escreveram
nossa História; divulgam as metas e
as conquistas de cada governo; ressaltam a criatividade que resulta de
um país formado de diferentes etnias,
mas único na expressividade das artes; promovem o folclore, os sons,
os ritmos, as danças, os adereços, a
literatura, os temperos e os sabores.
Formam uma bela coleção, que mostra ao mundo, com muito estilo, a perseverança e a simpatia do brasileiro.
Mais do que produto e peça de
coleção, os selos desempenham o
papel de disseminadores do conhecimento. Invadem as salas de aula
para interagir com professores e
alunos na construção de um Brasil
cada vez mais brasileiro e cidadão.
Vale ainda ressaltar que, entre as
diversas modalidades de colecionismo, a filatelia é, talvez, a mais
difundida em todo o mundo. O selo
postal e o prazer de colecioná-lo envolvem a atenção de gente de todas
as idades e culturas. Mas o futuro
da tradição está hoje parcialmente
ameaçado pela tecnologia de comunicação disponível neste terceiro
milênio. Se o telégrafo e o telefone
não chegaram a restringir a difusão
do costume de escrever cartas e
enviá-las pelos correios mundo afora, o mesmo não se pode dizer da
obstinação das telecomunicações
e, principalmente, da internet em
tornar o hábito de escrever manualmente uma carta, ou cartão-postal,
e despachá-la selada, um ato cada
vez mais raro. A filatelia certamente
sobreviverá aos novos tempos, mesmo progressivamente mais rápidos.
Além disso, o valor dos selos para a
história da humanidade é intransferível. Por meio desses estimáveis e coloridos papeizinhos, se expande uma
vasta cultura e uma fina educação,
que, continuada e transmitida, faz
permanecer entre os colecionadores
o gosto pelo estudo tranqüilo, pela investigação exata e pela classificação
sistemática, entusiasmando a saber
mais e mais sobre os motivos impressos e, principalmente, entre os novos
colecionadores – entra em jogo, o fator primordial: a investigação.
Nos selos, há motivos de estudo
e cultura para todos os gostos: arte,
história, geografia, política, história
natural, religião, ciência aplicada,
biografia dos grandes vultos da humanidade, etc, e com todos esses
incentivos, o colecionador se educa
e se torna culto, lendo, estudando,
investigando os motivos que coleciona e, assim fazendo, adquire
pelos selos sólida cultura geral e se
educa artisticamente a si mesmo,
compulsando tratados e enciclopédias, e bebendo nessas fontes vastas somas de conhecimentos gerais
e especializados, em todos os ramos
das atividades humanas.
Portanto, o selo que é um elo pacífico de união e de compreensão
entre os povos, leva em seus motivos mensagens de amor e de paz entre os homens e, também, elementos de educação e cultura, que de
povo a povo transmite, na mudez de
seus desenhos, na sugestão de seus
fundamentos e na razão de suas finalidades.
*Texto extraído dos livros: Selos Postais no Mundo Filatelia: Sua História, Hobby, Cultura e Investimento, de
Sergio Marques da Silva; Selos Postais do Brasil - Cícero
Antônio de Almeida, Pedro Karp Vasquez e Ronaldo Graça
Couto; Compêndio da Filatelia - compilado e editado por
Adalberto Marcus D’Antonio Olivé Leite
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AMIGOS
Tempo que se mede pela qualidade
Para uma entidade com o perfil da CONTEC, comemorar 50 anos
representa, em si, uma demonstração clara de que cumpriram-se
os objetivos que levaram a sua criação, lá no distante ano de 1958.
Porém, o balanço que se pode fazer hoje aponta algo mais importante do que a simples contagem do tempo: a qualidade que permeou
as ações desenvolvidas em cinco décadas profícuas de existência.
Há conquistas importantes a comemorar. Inexiste, no período,
uma vitória obtida por bancário ou securitário no Brasil que, de alguma maneira, não tenha contemplado uma participação da CONTEC.
Forte, direta e objetiva em ocasiões, serena e aconselhadora, embora
igualmente indispensável, em outras.
A Confederação esteve, desde a sua criação, no núcleo animador das grandes lutas empreendidas por bancários e securitários. A
FEEBNN orgulha-se de ter formado no pioneiro grupo que ajudou a
criar a entidade e, mais ainda, de ter acompanhado passo a passo a
sua persistente caminhada rumo a uma consolidação que nos trouxe
à data que celebramos neste ano.
Juntos, perdemos e ganhamos batalhas importantes. Para os
bancários do Norte e Nordeste, em especial, a parceria com a CONTEC tem sido fundamental, nestes últimos 50 anos, para conquistas
que modificaram, qualificando-o, o ambiente comum de luta permanente por condições melhores de trabalho que freqüentamos.
Com Lourenço Ferreira do Prado hoje, mas com todos os presidentes que um dia tiveram a honra de presidi-la ao longo de sua
história, a CONTEC se manteve viva e forte no horizonte de luta de
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DE LUTA
categorias que ampliaram o espaço de presença na sociedade brasileira, sabendo absorver recuos e avanços que vão se acumulando no
fazer diário da árdua luta sindical. Uma entidade mais firme e mais
forte, ainda, como aliada fundamental no debate que se trava dentro
do Congresso Nacional, ajudando-nos a entender seu ritmo, seus prazos e suas necessidades estratégicas próprias.
Uma marca importante da CONTEC é sua presença solidária no cotidiano de combate às injustiças que, infelizmente, permanecem a nos
desafiar. Uma presença afirmada e reafirmada em meio a dificuldades
diversas, incluindo-se, até, intervenções governamentais impostas
como meio de neutralizar um dos mais evidentes canais de mobilização social durante a vigência do Regime Militar em nosso país.
A CONTEC chega forte às cinco décadas de existência porque
sabe acolher as novidades tecnológicas, transformando-as em aliadas e possibilitando que atuem positivamente em favor de bancários
e securitários. Mais importante ainda, sabe faze-lo sem abrir mão de
preservar o foco prioritário nas ações sociais e na batalha pela geração de empregos de qualidade.
É assim que ela chega aos 50 anos, após tantas provações e conquistas, merecendo de nós os mais sinceros agradecimentos. Pela ação serena e objetiva na coordenação das negociações coletivas de trabalho,
pelo permanente esforço de formação, através da oferta de cursos
aos dirigentes sindicais, e pela disposição inabalável para atuar junto
conosco sempre que chamada às grandes lutas sociais e trabalhistas.
José Jesus Trabulo de Sousa – Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do
Norte e Nordeste. Funcionário do Banco do Brasil, também é presidente da Federação Latino Americana dos
Trabalhadores Bancários e de Seguros e vice-presidente da Organização Mundial dos Trabalhadores.
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Contec, meio século de
luta e conquistas
Nossa Confederação está completando 50 anos de existência. É
uma caminhada histórica. Afinal, é uma trajetória de meio século.
Nossa Confederação é um baluarte da história sindical, um modelo a ser seguido. Em sua existência, muitos bancários iniciaram suas
atividades e se aposentaram graças às conquistas emanadas da luta
dos dirigentes da CONTEC.
Resistimos a períodos negros, entre eles a ditadura militar que
obrigou os dirigentes bancários a agirem na clandestinidade: “escrever nos muros”. Mas o resultado es tá aí, a ditadura se foi e a Contec sobrevive. Período em que a CONTEC sofreu duas intervenções
(1964 e 72), além de um presidente assassinado em 1971 (Aluízio
Palhano Pedreira Ferreira). Além desse período a ser esquecido em
nossa história, enfrentamos governantes que, sorrateiramente, tentaram impedir a ação do movimento sindical forte e livre, como é o
nosso no país. Não foram poucas as vezes que a tribulação foi colocada no caminho, mas sobrevive a Contec com galhardia.
Somente nos resta visualizar a luta do movimento sindical bancário sem a Contec: bancários e bancárias estariam desguarnecidos de
direitos e conquistas, a categoria estaria enfraquecida, principalmente se o fiel da balança – Contec não existisse para buscar a legalidade
e acima de tudo o melhor aos trabalhadores.
Nos tempos atuais a batalha não é diferente, a unidade com as
Confederações co-irmãs fazem e fortalecem nossa sobrevivência.
Viva a CONTEC em seus 50 anos de existência!
Gladir Antonio Basso – Presidente da Federação dos Bancários no Estado do Paraná
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CONTEC, parceira de todas as lutas!
Em 28 de julho de 1958 foi criada a Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Empresas de Crédito (CONTEC), fundada por um
grupo de bancários, entre eles Huberto Menezes Pinheiro, Armando
Ziller, Olympio Fernandes de Mello, Luiz Viegas da Motta Lima, Pedro Paulo Sampaio de Lacerda dentre outros. A Federação Nacional
dos Securitários filiou-se à CONTEC sendo sempre sua parceira em
todas as suas lutas.
Para a criação do emblema da CONTEC, em concurso nacional,
criou-se uma comissão de artistas plásticos. Diversos fatos marcaram nossas lembranças. Um dos mais marcantes foi a nomeação do
líder Olympio Fernandes de Mello, eleito Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, pelos trabalhadores. Foi marcante sua posição.
Antes de assumir, declarou em documento devidamente registrado,
que abriria mão de sua nomeação, a partir do momento em que os
trabalhadores não tivessem mais confiança em sua pessoa. O referido documento foi assinado sem data e guardado no cofre.
Uma das lutas importantes da CONTEC, foi contra a Lei nº 9070
LEI DE GREVE. A vitória foi comemorada com uma procissão dirigida por Luiz Viegas da Motta Lima, tendo na frente um bancário
vestido de padre que puxava o refrão: “ O 9070 morreu!!! e os trabalhadores respondiam: Morreu tarde!!!”
A CONTEC até hoje continua em sua luta em prol dos direitos dos
trabalhadores.
Para finalizar, queremos dizer que temos orgulho em ter em
nosso quadro funcional, a primeira funcionária da CONTEC: Aida
Rosenmayer.
Serafim Gianocaro – Presidente da Federação Nacional dos Securitários
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Meio século de luta pela Unidade
dos Bancários!
Não há que se contar em minúcias a história, tampouco a grandiosidade das lutas da CONTEC para homenageá-la quando completa 50
anos de existência!
Basta apenas e tão somente relembrar algumas das mais célebres
investidas contra a instituição maior dos trabalhadores em empresas
de crédito do Brasil para aferição imediata de sua importância.
Não fora representativa em seus caminhos, ícone destacado e
fulgurante na constante – e difícil - busca da unidade na luta dos
trabalhadores e a CONTEC não teria sofrido, por exemplo, duas intervenções governamentais (uma em 1964 e outra em 1972), não teria
um presidente seu assassinado (Aluízio Palhano Pedreira Ferreira),
entre outros tantos fatos marcantes em sua trajetória.
No ano em que completa 50 anos de engajamento pleno nas lutas
dos trabalhadores do ramo financeiro do país, a instituição não ficou
imune a esses ataques; ao contrário, gasta significativa parte de sua
energia na tentativa de salvaguardar a unidade do movimento sindical, ameaçado justamente por segmentos que, oriundos do sindicalismo, mas sem competência para chegar ao poder nas entidades de
grau superior, contra elas investem, com as bênçãos da oficialidade,
através da criação sempre nociva de estruturas paralelas que quebram a unidade, fragilizam os trabalhadores e os deixam fragilizam
diante daqueles que pretendem suprimir-lhes direitos.
Se por um lado há que se lamentar os arranhões que as lutas intestinas e separatistas trazem para os trabalhadores e para suas entidades sindicais, havemos que resgatar, por outro, a vocação cinqüentenária da instituição na luta pela unidade dos trabalhadores, a ponto
de se tornar uma verdadeira trincheira na direção da preservação da
Unidade, Unicidade, enfim da Constituição da República, num trabalho exuberante, desafiador e vigoroso contra projetos pouco claros
que eclodem a todo instante em investidas contra os trabalhadores.
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Conhecendo – como conhecemos – de dentro, a instituição CONTEC e os homens e mulheres que lá estão, podemos considerar que
se trata de uma das mais importantes máquinas da engrenagem sindical da América Latina, desde os primórdios de seu funcionamento
até hoje, preparada, pois, para a caminhada de outros novos 50 anos,
mantendo sua linha intransigente de defesa dos direitos dos trabalhadores que representa.
Sua contribuição séria e decisiva na consolidação dos direitos
dos trabalhadores bancários, que representa, e da classe trabalhadora do país em geral é proporcional ao esforço e competência dos
personagens que participaram de sua fundação, desenvolvimento e
consolidação.
Criada para cumprir os seus objetivos – verdadeiros compromissos – estatutários, jamais capitulou, jamais se submeteu a governos e
sempre colocou à frente preceitos como o diálogo e a negociação no
patamar mais alto de sua filosofia onde a democracia e a transparência reluzem há 50 anos.
São razões mais que suficientes para cumprimentarmos a Entidade maior dos bancários pelo seu aniversário!
Merecem parabéns, portanto, todos, dirigentes do passado, do
presente e do futuro, pelos atuais e pelos próximos 50 anos de lutas.
Alfredo Brandão Horsth – Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados
de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Distrito Federal
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Parabéns, CONTEC!
A Contec comemora seu cinqüentenário neste ano, data importante
e histórica para os bancários. Fundada em 1958, nasceu sob o signo de
luta, defendendo bandeiras importantes para a nossa categoria. Durante o regime militar foi ferida de morte. Calaram sua voz. Fecharam sua boca. Momentos difíceis, intervenção, violência e, por
fim, o trágico desaparecimento de seu presidente, o companheiro
Aluysio Palhano. Ainda assim sobreviveu, renasceu, não desistiu! O
passar dos anos, lhe deu mais força.
A resistência ao regime militar foi travada com muita luta e persistência. Vivemos greves históricas, conquistas importantes, embaladas por lutas permanentes e o compromisso de colocar sempre em
primeiro lugar os trabalhadores bancários e securitários. Este sempre foi o lema da CONTEC. Nesta data comemorativa esperamos continuar sendo representados por esta entidade competente, responsável e combativa. Parabéns, CONTEC!
João Barbosa – funcionário do Besc – Banco do Estado de Santa Catarina e presidente da Federação dos
Empregados em Estabelecimentos Bancários de Santa Catarina
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CONTEC: forte e independente
A CONTEC nasceu, julho de 1958, do sonho por justiça nas relações de trabalho entre os empregados do setor financeiro brasileiro. De lá pra cá, graças a sua atuação enérgica, responsável e
independente, a CONTEC já conseguiu grandes conquistas para a
nossa categoria.
Sofremos o duro peso da ditadura e resistimos bravamente. Em
dois períodos, a CONTEC passou por intervenções do governo militar. Tivemos colegas perseguidos e assassinados. Tudo isto, porque
queríamos justiça e lutávamos por isto.
Hoje, aos 50 anos, longe daqueles dias difíceis de total controle e
vigilância, a CONTEC continua com força para enfrentar qualquer
adversidade. Na verdade, ganhou de presente desde os anos de fundação mais força e prestígio.
Neste ano de 2008, temos muito que comemorar, pois a verdadeira
e única entidade sindical de grau superior que representa os bancários e securitários brasileiros completou 50 anos de vida!
Parabéns, CONTEC!
Fernando Vilar – Funcionário do ABM/REAL e presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos
Bancários da Paraíba
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