Charles Bazerman Carolyn Miller - Nig

Transcrição

Charles Bazerman Carolyn Miller - Nig
Angela Paiva Dionisio, Carolyn Miller, Charles Bazerman, Judith Hoffnagel (orgs.)
Carolyn Miller
(North Carolina State University - EUA)
&
Charles Bazerman
(University of California, Santa Barbara - EUA)
Catalogação na fonte.
B362g Bazerman, Charles.
Gêneros Textuais / Charles Bazerman, Carolyn Miller; orgs. Angela
Paiva Dionísio, Carolyn Miller, Charles Bazerman, Judith Hoffanagel; tradução
Benedito Gomes Bezerra, Fabiele Stockmans De Nardi, Darío Gómez Sánchez,
Maria Auxiliadora Bezerra, Joice Armani Galli. – 1. ed. – Recife: [s.n.], 2011.
66p. ; E-book. (Série Acadêmica, v.1 : Bate - papo Acadêmico).
Texto em português, inglês, francês e espanhol
1. Gêneros Textuais – Entrevista. I. Bazerman, Charles. II. Miller, Carolyn.
CDU 801
Esta obra foi licenciada com uma Licença Creative Commons.
Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Angela Paiva Dionisio, Carolyn Miller, Charles Bazerman, Judith Hoffnagel (orgs.)
Carolyn Miller e Charles Bazerman
Volume 1 - Recife/2011
Comissão Editorial / Editorial Board
Comisión Editorial / Comité de rédaction
Acir Mário Karwoski (UFTM/BRASIL)
Adair Bonini (UFSC/BRASIL)
Anco Márcio Tenório Vieira (UFPE/BRASIL)
Benedito Gomes Bezerra (UPE/BRASIL)
Beth Marcuschi (UFPE/BRASIL)
Clécio dos Santos Bunzen Júnior (UNIFESP/BRASIL)
Darío Gómez Sánchez (UFPE/BRASIL)
Denise Lino (UFCG/BRASIL)
Evandra Grigoletto (UFPE/BRASIL)
Fabiele Stockmans De Nardi (UFPE/BRASIL)
Fatiha Dechicha Parahyba (UFPE/BRASIL)
Iara Bemquerer (UFSC/BRASIL)
Joice Armani Galli (UFPE/BRASIL)
José Helder Pinheiro (UFCG/BRASIL)
Karina Falcone (UFPE/BRASIL)
Leila Janot de Vasconcelos (FPS/BRASIL)
Magda Becker Soares (UFMG/BRASIL)
Márcia Bortone (UniB/BRASIL)
Márcia Mendonça (UNICAMP/BRASIL)
Maria Antónia Coutinho (UNL/PORTUGAL)
Maria Augusta de Macedo Reinaldo (UFCG/BRASIL)
Maria Auxiliadora Bezerra (UFCG/BRASIL)
Maria Luísa Álvares (UA/PORTUGAL)
Mônica Magalhães Cavalcante (UFC/BRASIL)
Normanda Beserra da Silva (UFPE/BRASIL)
Regina Lúcia Péret Dell’Isola (UFMG/BRASIL)
Telma Ferraz Leal (UFPE/BRASIL)
Vera Lúcia Menezes de Oliveira Paiva (UFMG/BRASIL)
Valéria Gomes (UFRPE/BRASIL)
Wagner Rodrigues Silva (UFT/BRASIL)
Créditos / Credits / créditos / générique de fin
Organizadores da Série
Series Editors
Editores de la Serie
Direction de la Série
Angela Paiva Dionisio (UFPE/BRA)
Carolyn Miller (NCSU/USA)
Charles Bazerman (UCSB/USA)
Judith Hoffnagel (UFPE/BRA)
Roteiro da Entrevista
Interview Script
Guión de Entrevista
Le script d’Entretien
Angela Dionisio (UFPE/BRA)
Ana Regina Vieira (IFPE/BRA)
Beth Marcuschi (UFPE/BRA)
Karina Falcone (UFPE/BRA)
Judith Hoffnagel (UFPE/BRA)
Leonardo Mozdzenski (PG Letras-UFPE/BRA)
Normanda Beserra (IFPE; UFPE/BRA)
Transcrição e Revisão do Original
Original Transcription and Revision
Transcripción y revisión de originales
La transcription et la révision
Carolyn Miller (NCSU/USA)
Charles Bazerman (UCSB/USA)
Carlos Alberto Santa Rosa Junior (SEC-PE/BRA)
Créditos / Credits / créditos / générique de fin
Tradução para Português
Portuguese Translation
Traducción al Portugués
Traduction en Portugais
Benedito Gomes Bezerra (PPGL-UFPE; UPE/BRA)
Tradução para Espanhol
Spanish Translation
Traducción al Español
Traduction en Espagnol
Fabiele Stockmans De Nardi (UFPE/BRA)
Darío Gómez Sánchez (UFPE/BRA)
Tradução para Francês
French Translation
Traducción al Francés
Traduction en Français
Maria Auxiliadora Bezerra (UFCG/BRA)
Joice Armani Galli (UFPE/BRA)
Revisão
Revision
Revisión
Révision
Angela Dioniso (UFPE/BRA)
Judith Hoffnagel (UFPE/BRA)
Normanda Beserra (IFPE; UFPE/BRA)
Créditos / Credits / créditos / générique de fin
Direção de Arte, Imagens e Edição
Art Direction, Images and Video Edition
Dirección Artística, Imágenes y Montaje
Direction Artistique, Images et Montage
Augusto Noronha (Pipa Comunicação/BRA)
Karla Vidal (Pipa Comunicação/BRA)
Produção
Production
Producción
Production
Núcleo de Investigação sobre Gêneros Textuais (UFPE/BRA)
Pipa Comunicação (www.pipacomunicacao.net/)
Projeto Gráfico
Graphic Project
Diseño Gráfico
Projet Graphique
Augusto Noronha (Pipa Comunicação/BRA)
Karla Vidal (Pipa Comunicação/BRA)
Apoio
Support
Apoyo
Soutien
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE/BRA)
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (UFPE/BRA)
Programa de Pós-Graduação em Letras (UFPE/BRA)
Textuais
Gêneros
GENRES / GÉNEROS TEXTUALES / LES GENRES TEXTUELS
Professores Entrevistados
CAROLYN MILLER
CHARLES BAZERMAN
( U N I V E R S I D A D E E S TA D U A L D A C A R O L I N A D O N O R T E - E U A )
Professora de Retórica e ComunicaçãoTécnica na Universidade
Estadual da Carolina do Norte (EUA), onde ensina desde 1973.
Interessa-se pela retórica digital, pela teoria retórica, pela
retórica da ciência e tecnologia e pelo estudo dos gêneros
textuais. Suas publicações concentram-se no vocabulário
conceitual da retórica: invenção, kairos, comunidade, ethos,
pathos, gênero. A professora Miller já deu aulas e palestras na
América do Norte, Europa e América do Sul. Atualmente, ela
está encerrando suas atividades como editora da revista científica
Rhetoric Society Quarterly e vem trabalhando no desenvolvimento
de um projeto na web que funciona como uma rede de contatos
acadêmicos entre pesquisadores de gêneros textuais nas mais
diversas disciplinas e ao redor do mundo. No Brasil, a professora
Miller publicou Gênero Textual, Agência e Tecnologia (Ed. UFPE,
2009).
PT
( U N I V E R S I D A D E D A C A L I F Ó R N I A , S A N TA B A R B A R A - E U A )
Professor de Educação na Universidade da Califórnia, em
Santa Bárbara (EUA). Interessa-se pela dinâmica social da
escrita, pela teoria retórica e pela retórica da produção e
uso do conhecimento. O livro Handbook of Research on Writing
(Manual da Pesquisa sobre a Escrita), recentemente editado
pelo professor Bazerman, foi eleito o melhor livro do ano na
premiação oferecida pela Conferência da Comunicação e Composição
Universitária, nos EUA, em 2009. Sua obra The Languages of
Edison’s Light (As Linguagens da Luz de [Thomas] Edison) ganhou
o prêmio da Associação de Editores Americanos como a melhor
publicação acadêmica de 1999, na categoria História da Ciência
e da Tecnologia. No Brasil, o professor Bazerman publicou os
livros Gêneros Textuais,Tipificação e Interação (Ed. Cortez, 2005),
Gênero, Agência e Escrita (Ed. Cortez, 2006) e Escrita, Gênero e
Interação Social (Ed. Cortez, 2007).
PT
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 10
Professors Interviewed
CAROLYN MILLER
CHARLES BAZERMAN
(N O R T H C A R O L I N A S TAT E U N I V E R S I T Y - U S A )
EN
Carolyn R. Miller is SAS Institute Distinguished Professor of
(U N I V E R S I T Y O F C A L I F O R N I A , S A N TA B A R B A R A - USA)
EN
Charles Bazerman, Professor of Education at the University of
Rhetoric and Technical Communication at North Carolina
California, Santa Barbara, is interested in the social dynamics
State University, where she has taught since 1973. Her
of writing, rhetorical theory, and the rhetoric of knowledge
research interests are in digital rhetoric, rhetorical theory,
production and use. His recently edited Handbook of Research
rhetoric of science and technology, and genre studies.
on Writing won the 2009 CCCC Outstanding Book Award. His
Her publications focus on the conceptual vocabulary of
book, The Languages of Edison’s Light, won the American
rhetoric: invention, kairos, community, ethos, pathos, genre.
Association of Publisher’s award for the best scholarly book of
She has lectured and taught in North America, Europe, and
1999 in the History of Science and Technology. Previous books
South America. She is nearing the end of her term as editor
include Constructing Experience, Shaping Written Knowledge:
of Rhetoric Society Quarterly and is currently working on a
The Genre and Activity of the Experimental Article in Science,
web development project to serve as a scholar networking
and The Informed Writer: Using Sources in the Disciplines. Co-
site for genre researchers across disciplines and around
edited volumes include Textual Dynamics of the Professions,
the world.
Landmark Essays in Writing Across the Curriculum, and What
Writing Does and How It Does It.
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 11
Profesores Entrevistados
CAROLYN MILLER
CHARLES BAZERMAN
( N O R T H C A R O L I N A S TAT E U N I V E R S I T Y - E E . U U. )
Profesora Institucional Distinguida SAS de Retórica y Comunicación
Técnica en North Carolina State University, donde enseña desde 1973.
Sus intereses investigativos son la retórica digital, la teoría retórica,
la retórica de ciencia y tecnología y los estudios de géneros. Sus
publicaciones se centran en el vocabulario conceptual de la retórica:
invención, kairos, comunidad, ethos, pathos, género. Ha dictado
conferencias y enseñado en Norte América, Europa y Sur América. Está
casi terminando su cargo como editor de Rhetoric Society Quarterly y
actualmente está trabajando en un proyecto de desarrollo web para
servir como sitio de redes académicas para los investigadores de géneros
en todas las disciplinas y en todo el mundo.
ES
( U N I V E R S I T Y O F C A L I F O R N I A , S A N TA B A R B A R A - E E . U U. )
Profesor de Educación en University of California, Santa Barbara,
se interesa por la dinámica social de la escritura, la teoría retórica y
la retórica de la producción y el uso del conocimiento. Su Manual de
investigación en escritura, editado recientemente, ganó el Premio
Libro Destacado CCCC 2009. Su libro, The Languages of Edison’s Light,
ganó el Premio de la Asociación Americana de Editores como mejor
libro académico en 1999 en la Historia de la Ciencia y la Tecnología.
Sus libros anteriores incluyen Constructing Experience, Shaping Written
Knowledge: The Genre and Activity of the Experimental Article in Science, y
The Informed Writer: Using Sources in the Disciplines. Entre los volúmenes
en coedición se encuentran Textual Dynamics of the Professions,
Landmark Essays in Writing Across the Curriculum, y What Writing Does
and How It Does It.
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 12
Professeurs Interrogés
CAROLYN MILLER
CHARLES BAZERMAN
( U N I V E R S I T É D ’ É TAT D E C A R O L I N E D U N O R D - U S A )
FR
Carolyn MILLER est professeur en Réthorique et en Communication
Technique à l’Université d’Etat de Caroline du Nord aux EUA, où elle
travaille depuis 1973. Elle s’intéresse à la réthorique numérique, aux
théories réthoriques, à la réthorique de la science et de la technologie
et aux études des genres textuels. Elle a déjà publié des ouvrages sur
le vocabulaire conceptuel de la réthorique: l’invention, le «kairos»,
la communauté, l’«éthos», le «pathos» et le genre textuel. Mme le
professeur Carolyn Miller a déjà donné aussi bien des conférences
que des cours en Amérique du Nord, en Europe et en Amérique du
Sud. Elle a éte éditrice de la Revue Scientifique Rhetoric Society
Quarterly. Elle développe actuellement un projet Web qui fonctionne
dans le monde entier comme un réseau de contacts académiques
enseignants-chercheurs qui travaillent sur les genres textuels dans
diverses disciplines. Au Brésil, Mme le professeur Carolyn Miller a
publié l’ouvrage Genre Textuel et Agence et Technologie, édité par la
Maison d’édition UFPE en 2009.
( U N I V E R S I T É D ’ É TAT D E C A L I F O R N I E , S A N TA B A R B A R A - U S A )
FR
Charles BAZERMAN est professeur en Sciences de l’Éducation à
l’Université de Californie, située à Sainte Barbare aux EUA. Dans le
domaine de la recherche, il s’intéresse à la dynamique sociale de l’écrit,
à la théorie réthorique et à la réthorique de la production et de l’usage
des connaissances et des savoirs. Son livre Handbook of Research
on Writing (Manuel de Recherche sur l’écrit) a été choisi comme le
meilleur de l’année 2009, à la Conférence de la communication et de
la composition universitaire aux EUA. Son ouvrage The Languages of
Edison’s Light (Les langages de la lumière de Thomas Edison) a reçu le
prix de l’Association des éditeurs américains et a été classé comme la
meilleure publication académique en 1999 dans l’Histoire de la Science
et de la technologie. Au Brésil, M. le professeur Bazerman a également
publié les livres Genres Textuels, la Typification et l’Interaction, en 2005;
Le Genre, l’Agence et l’Écrit, en 2006; et L’Écrit, le Genre et l’Interaction
Sociale, en 2007, édités par la Maison d’édition Cortez.
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 13
Entrevista
INTERVIEW / ENTREVISTA / ENTRETIEN
1
PT
Como você define o conceito de gênero?
EN
How do you define the concept of genre?
ES
FR
¿Cómo define usted el concepto de género?
Comment définissez-vous le concept de genre?
Carolyn Miller
Bom, eu mantenho a minha definição já conhecida. Eu não distinguiria gênero textual de gênero. Eu
o defino amplamente, ou seja, o gênero é uma ação retórica tipificada baseada numa situação retórica
recorrente. Essa definição é mais complicada do que parece. Cada um desses termos incorpora uma
série de pressupostos. Não vou analisá-los neste momento (isso foi feito em meu artigo de 1984). Diria
apenas que essa definição tende a se concentrar mais na produção, na pessoa que desenvolve a ação,
do que na recepção. Mas creio que é possível direcioná-la para pensar sobre o modo como alguém
realiza uma ação e responde a ela. Acho que tanto a produção como a recepção são importantes para
se pensar no gênero como ação.
PT
Well I would define it the way I have defined it before, which is that genre is a typified rhetorical action
based in recurrent rhetorical situation. Now that’s a more complicated definition than it sounds. Each
one of those terms embeds a lot of assumptions. I am not going to parse those out now. (They’re in
my 1984 article.) I would just say that this definition tends to focus more on production, on the person
engaging in an action than it does on reception, but I think it can be oriented to think about the way
that someone takes up an action and responds to it. I think production and reception are both important
in thinking about genre as action.
EN
Bueno, sostengo mi ya conocida definición. Yo no haría distinción entre género textual y género. Lo defino ampliamente,
o sea, el género es una acción retórica tipificada que se basa en una situación retórica recurrente. Dicha definición es más
compleja de lo que parece. Cada uno de esos términos incorpora una serie de presupuestos. No los analizaré en este momento
(eso ya lo hice en mi artículo de 1984). Diría solamente que esta definición propende a considerar mucho más la producción,
la persona que desarrolla una acción, que la recepción. Pero creo que es posible emplearla para reflexionar sobre el modo
cómo uno realiza una acción y responde a ella. Creo que tanto la producción como la recepción son importantes para poder
pensar él género como acción.
“
O gênero é uma
ação retórica
tipificada
baseada numa
situação retórica
recorrente.
Carolyn Miller
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 16
“
Bon, je mantiens ma définition déjà connue. En bref, moi, je ne distinguerais pas ‘genre textuel’ de ‘genre’, tout
court. Je le pense d’une façon ample, c’est-à-dire, le genre est une action rhétorique typifiée, qui se fonde sur
une situation rhétorique recourrente. Cette conceptualisation est plus compliquée qu’il le semble. Chacun de
ces mots remet à une série de pressuposés. Je ne vais pas les analyser en ce moment (cela a été fait dans le texte
que j’ai écrit en 1984). Je dirais tout simplement que cette définition remet plutôt à la production de l’action, à
la personne qui la réalise, qu’à sa réception par un interlocuteur. Mais je crois qu’il est possible de penser, à partir
de cette conceptualisation, sur le mode comme quelqu’un réalise une action et en donne une réponse. A mon
avis, tantôt la production comme la recéption d’une action sont importantes pour que l’on considère le genre
en tant qu’une action.
FR
Charles Bazerman
Eu certamente tenho usado e aceito a definição da professora Miller. Gostaria de apontar algumas
características dessa definição. Uma é que ela não localiza o gênero no texto ou no artefato – no objeto
em si – mas na percepção do criador e do receptor, como eles percebem o que está acontecendo. E
isso faz do gênero uma categoria de reconhecimento psicológico, mas os gêneros também emergem
historicamente e são praticados socialmente. Os gêneros também precisam ser socialmente distribuídos
de modo que haja certo alinhamento entre as pessoas ao longo do tempo. Portanto, o gênero também é
uma categoria de reconhecimento social.
PT
A segunda coisa que quero dizer é que o gênero – e isso realmente não se limita à linguagem em si –
encerra a noção de uma afirmação ou sentido criado por alguém. Os gêneros são coleções percebidas de
enunciados. Os enunciados são delimitados, têm começo e fim, ocupam lugar definido no tempo e no
espaço e são percebidos como portadores de algum sentido.
Portanto, dois elementos que eu enfatizo nos gêneros é que eles são categorias de reconhecimento
psicossocial e categorias de enunciados.
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 17
“
Os gêneros
são coleções
percebidas de
enunciados. Os
enunciados são
delimitados, têm
começo e fim,
ocupam lugar
definido no tempo
e no espaço e são
percebidos como
portadores de
algum sentido.
Charles Bazerman
“
I certainly have used and accept Professor Miller’s definition. I would like to point out a few characteristics of that definition. One is that it places
genre not in the text or in the artifact – in the object itself – but in the perception of the creator and the perception of the receiver, what they
perceive going on. And that makes genre a psychological recognition category, but genres are also historically emerged and socially practiced.
They also need to be socially distributed so that there is some alignment between people over time. Thus genre is also a social recognition category.
EN
The second thing I want to say is that genre – and this is just not really limited to language itself – contains the notion of a statement or meaning
created by somebody for other people. Genres are perceived collections of utterances. Utterances are bounded, have beginnings and ends,
occupy a defined place in space and time and are perceived as containing a meaning.
So two of the elements of genre that I emphasize are that genres are psychosocial recognition categories and that genres are categories of
utterances.
Ciertamente uso y acepto la definición de la profesora Miller. Quisiera apuntar algunas características de esta definición. Una es que ella no sitúa el género en el texto o en el
artefacto – en el objeto en sí – sino en la percepción del creador y del receptor, en cómo ellos perciben lo que está ocurriendo. Y eso transforma el género en una categoría de
reconocimiento psicológico; pero los géneros también surgen históricamente y se les practica socialmente. Además, los géneros también necesitan ser socialmente distribuidos,
de modo que haya un cierto alineamiento entre las personas a lo largo del tiempo. Por lo tanto, el género también es una categoría de reconocimiento social.
ES
La segunda cosa que quiero decir es que el género – y eso realmente no se limita al lenguaje en sí – contiene la noción de una afirmación o sentido creado por alguien para otras
personas. Los géneros son colecciones percibidas de enunciados. Los enunciados son delimitados, tienen comienzo y fin, ocupan un lugar definido en el tiempo y en el espacio
y se los percibe como portadores de algún sentido.
Por eso, dos elementos que enfatizo en los géneros es que son categorías de reconocimiento psicosocial y categorías de enunciados.
De ma part, je tiens et j’accèpte le concept de Madame Miller. Mais j’aimerais en présenter quelques caractéristiques. L’une fait rapport à l’aspect de ne
pas concevoir le genre dans le texte, ni dans l’artéfact – dans l’objet lui-même – cependant à partir de cette définition, on le conçoit dans la perception de son
créateur et de son recepteur, c’est-à-dire, de la façon comme ils perçoivent ce qui arrive. Et cela fait du genre une catégorie de reconnaissance psychologique,
mais aussi les genres émergent historiquement et ils sont des pratiques mise-en-place au niveau de la société. Les genres ont aussi besoin d’être socialement
distribués de façon qu’il y ait un certain alignement parmi les gens au long du temps. Donc, le genre est aussi une catégorie de reconnaissance sociale.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 18
La deuxième chose que je veux dire – et cela ne se limite vraiment pas au langage par soi-même – concerne au fait que le genre comprend la notion d’une
affirmation ou d’un sens créé par quelqu’un. Les genres sont des collections d’énoncés. Les enoncés sont délimités, ils ont un début et une fin, une ouverture
et une clôture, ils occupent un lieu défini dans le temps et dans l’espace et ils sont aperçus en tant que porteurs de sens.
En effet, deux éléments que je mets en relief dans les genres : ce sont des catégories de reconnaissance psychossociale et des catégories d’énoncés.
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 19
2
PT
A noção de texto é diferente da noção de gênero?
EN
Is the notion of text different than the notion of genre?
ES
FR
¿La noción de texto es distinta de la noción de género?
La notion de texte est-elle différente de celle de genre?
Charles Bazerman
Primeiro, gênero pode ser aplicado a qualquer tipo de artefato ou qualquer tipo de declaração que possa ser visto como um enunciado
significativo, portanto, não está imediatamente ligado a um texto. Outra diferença é que a delimitação do gênero o torna diferente do texto, a
menos que se especifique um texto único completo. Às vezes, quando falam sobre textos, as pessoas estão falando sobre trechos de texto que
poderiam começar e terminar em qualquer lugar que não são percebidos como declarações completas.
PT
First of all, genre can be applied to any kind of artifact or any kind of statement which can be viewed as a meaningful utterance, so it’s not
immediately tied to a text. Another difference is that the boundedness of genre makes it different from text unless you specify a single complete
text. Sometimes when people talk about texts they are talking about stretches of text that could start anywhere and end anywhere, rather than
being perceived as a complete statement.
EN
Inicialmente, el género puede ser aplicado a cualquier tipo de producto o cualquier tipo de declaración que pueda ser entendido como un enunciado significativo, por eso no
está inmediatamente vinculado a un texto. Otra diferencia es que la delimitación del género lo vuelve distinto del texto, a no ser que se especifique un texto único completo.
Muchas veces, al hablar sobre textos, las personas se están refiriendo a fragmentos de textos que pueden comenzar o terminar aleatoriamente, sin que se los pueda percibir como
declaraciones completas.
ES
D’abord, la notion de genre peut être appliquée à n’importe quel type d’artéfact ou à n’importe quel type de déclaration qui puisse être vu comme un
énoncé ayant du sens, donc, le genre n’est pas lié immédiatement à un texte. En plus, une autre différence c’est que la délimitation du genre le rend différent
de celui-là, sauf si on spécifique un texte unique, complet. Parfois quand on parle de textes, on parle de morceaux de textes qui pourraient commencer et
finir dans n’importe quel lieu, qui ne sont pas perçus comme des déclarations complètes.
FR
Carolyn Miller
Eu também distinguiria as noções de texto e gênero. O gênero é, como o professor Bazerman enfatizou, uma questão de acordo social.
O texto tende a ser um material determinado, ou um modo de materialização de um enunciado ou de um trecho de discurso verbal. São
designações de dois domínios conceituais muito diferentes. Eu de modo algum os usaria um pelo outro.
PT
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 21
I would also distinguish the notions of text and genre. Genre is as Prof. Bazerman emphasized a matter of social agreement. Text tends
to be a particular material, or a way of materializing an utterance or a stretch of verbal discourse. They’re designations in two very different
conceptual realms. I would not use them interchangeably at all.
EN
También distinguiría las nociones de texto y género. El género es, como enfatizó el profesor Bazerman, una cuestión de acuerdo social. El texto propende a ser un material
específico o un modo de materialización de un enunciado o de un fragmento de discurso verbal. Son designaciones que pertenecen a dominios conceptuales muy distintos.
De ninguna manera yo empelaría uno en lugar del otro.
ES
Moi aussi, je ferais des distinctions dans les notions de texte et de genre. Le genre est une question de contract social, comme l’a bien remarqué
Monsieur Bazerman. Le texte est plutôt un matériel déterminé, ou un mode de matérialisation d’un énoncé ou d’une partie de discours verbal. Il s’agit
de désignations de deux domaines conceptuels très différents. Moi, je ne les utiliserais pas du tout l’un par l’autre.
FR
Charles Bazerman
Eu gostaria de acrescentar algumas coisas. Percebo que, em português, é necessário distinguir gêneros textuais (textual genre) de gênero
(gender). Porém, em inglês, o uso do termo “gênero de texto” se opõe a gêneros orais ou gêneros em outros meios. Certamente os gêneros
textuais possuem características que os distinguem dos gêneros da pintura, por exemplo, mas todos são formas de gênero. O que realmente
está em discussão, portanto, são as possibilidades (affordances) específicas da textualidade versus artes gráficas, por exemplo.
PT
I would like to add something. I realize in Portuguese gêneros textuais, textual genre, is to distinguish it from genero meaning gender. But in
English, using the term “text genre” sets it against oral genres or genres in other media. Certainly there are characteristics of textual genres that
are distinctive from, let’s say, painted genres, but they are all forms of genre. What you are really discussing then is the particular affordances
of textuality versus graphic arts, for example.
EN
Me gustaría agregar algunas cosas. Percibo que existe, en portugués, la necesidad de distinguir entre géneros textuales (textual genre) y género (gender). Pero en inglés
el uso del término “género de texto” se opone a géneros orales o género en otros medios. Ciertamente los géneros textuales poseen características que los distinguen de los
géneros de la pintura, por ejemplo, pero todos son formas de género. Lo que realmente se discute, por tanto, son las posibilidades (affordances) específicas de la textualidad
versus las artes gráficas, por ejemplo.
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 22
Je voudrais dire quelques choses de plus. Je me suis rendu compte qu’en portugais on a besoin de distinguer genres textuels (textual genres) de genre
(gender). Mais, en anglais, le terme « genre de texte » s’oppose à des genres oraux ou à des genres dans d’autres moyens. Certainement les genres
textuels ont des caractéristiques qui les distinguent des genres de la peinture, par exemple, mais tous sont des formes de genre. En fait, ce qui est mis en
discussion, donc, ce sont les possibilités (affordances) spécifiques de la textualité versus les arts graphiques, par exemple.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 23
3
No contexto da teoria de vocês, uma significativa relevância é atribuída à linguagem
verbal, especialmente à escrita. Uma teoria que concede pouca atenção às múltiplas
semioses ligadas à linguagem verbal não corre o risco de se tornar muito restritiva?
PT
EN
In the context of your theory a significant relevance is attributed to verbal language, especially
written language. Doesn’t a theory of genre that pays less attention to the multiple semiosis linked
to verbal language run a risk of being restrictive?
En el contexto de su teoría se atribuye una significativa relevancia al lenguaje verbal, especialmente a la escritura. ¿Una teoría
que concede poca atención a las múltiples semiosis enlazadas al lenguaje verbal corre el riesgo de ser muy restrictiva?
ES
Dans le contexte de votre théorie, le langage verbal, surtout l’écrit, est notamment mis en relief. Une théorie qui
donne peu d’attention aux multiples sémioses liées au langage verbal ne risque pas de devenir restrictive?
FR
Carolyn Miller
Sim, realmente existe esse risco. Tanto o professor Bazerman como eu vimos de um contexto de ensino
de escrita, e ambos retiramos muitos dos nossos exemplos da língua escrita, mas creio que nenhum de nós –
embora eu só possa falar por mim mesma – gostaria de restringir nossa teoria de gêneros à escrita, ao texto
verbal ou às línguas naturais tradicionais. Foi somente agora, com o advento das novas mídias e com a crescente
multimodalidade de nosso ambiente imediato, que nós – teóricos de gênero em geral – começamos a prestar
mais atenção às múltiplas formas de semioses que podem moldar os gêneros, e aos novos acordos sociais que
estamos construindo e que se tornam tipificados de um jeito que entendemos como gêneros. Então, acho
que, por isso mesmo, este é um tempo muito especial para os estudos de gêneros.
PT
Yes it does run the risk. Both Prof. Bazerman and I come from a background in the teaching of writing,
and both of us have taken most of our examples from written language, but I don’t think either of us –
though I can speak only for myself – would want to restrict our theory of genre to it, to writing or to verbal
text or to traditional natural languages. It is just now with the advent of the new media and the increasing
multimodality of our immediate environment that we – genre theorists in general – have come to pay more
attention to the multiple forms of semiosis that can form genres and the new social agreements that we
are reaching, that become typified in ways that we understand as genres, so I think this is a very exciting
time for genre studies for that very reason.
EN
Si, realmente existe ese riesgo. Tanto el profesor Bazerman como yo venimos de un contexto de enseñanza de la escritura y
seleccionamos muchos de nuestros ejemplos de la lengua escrita, pero creo que a ninguno de los dos – aunque sólo pueda hablar
por mí – le gustaría restringir nuestra teoría de géneros a la escritura, tampoco al texto verbal o a las lenguas naturales tradicionales.
Fue solamente ahora, con el surgimiento de los nuevos medios de comunicación masivos y con la creciente multimodalidad de
nuestro ambiente inmediato, que nosotros – teóricos de los géneros en general – empezamos a darle más atención a las múltiples
formas de semiosis que pueden moldear los géneros a los nuevos acuerdos sociales que estamos construyendo y que se vuelven
tipificados de un modo que los entendemos como géneros. Pienso, entonces, por lo dicho anteriormente, que este es un tiempo
muy especial para los estudios sobre género.
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 25
“
somente agora,
com o advento
das novas
mídias e com
a crescente
multimodalidade
de nosso
ambiente
imediato,
que nós [...]
começamos a
prestar mais
atenção às
múltiplas formas
de semioses que
podem moldar
os gêneros.
“
Carolyn Miller
“
Oui, cela peut arriver. Aussi bien Monsieur Bazerman que moi, nous sommes issus d’un contexte
d’enseignement de l’écrit et nous prenons beaucoup de nos exemples de la langue écrite, mais je crois –
quoique je ne parle que par moi-même – qu’aucun de nous aimerait limiter notre théorie de genres à l’écrit,
au texte verbal ou aux langues naturelles traditionnelles. Ce n’est que maintenant, avec l’arrivée de nouveaux
médias et avec la croissante multimodalité de notre contexte immédiat, que nous – les théoriciens de genre
en général – faisons plus d’attention aux plusieurs formes de sémioses qui peuvent former les genres et aux
nouveaux contracts sociaux que nous sommes en train de construire et qui deviennent typifiés de telle façon
que nous les venons comme des genres. Alors, je crois que c’est justement pour ces raisons que nous sommes
dans un moment privilégié au développement d’études de genres.
FR
Do ponto de
vista do ensino
de escrita, a
multimodalidade
modificou o
tipo de produto
resultante das
Charles Bazerman
Como dissemos em nossas respostas anteriores, nossa teoria não se limita ao texto. Na verdade,
até onde é do meu conhecimento, o termo gênero foi usado pela primeira vez na França do século
dezenove, referindo-se à pintura. Mas, para detalhar um pouco sobre nossa experiência com o
ensino de escrita, sempre estivemos particularmente preocupados em ajudar os alunos a escrever
melhor e refletir sobre os desafios, usos e traços específicos dos gêneros escritos. Essa preocupação
sempre foi central em tudo que fizemos até agora. Porém, se fôssemos falar de gêneros com o
pessoal dos estudos de cinema ou das artes gráficas, como sei que a professora Miller atualmente
está interessada em fazer, penso que eles nos diriam coisas um tanto diferentes. Acho que haveria
questões interessantes sobre como a discussão sobre definições e conceitos de gênero muda de
acordo com uma maior conscientização sobre esses outros modos de expressão. Do ponto de vista
do ensino de escrita, a multimodalidade modificou o tipo de produto resultante das aulas de redação,
tanto é que a área tem acompanhado com maior interesse as abordagens multimodais dos gêneros.
PT
aulas de redação.
Charles Bazerman
As we have been discussing in our previous answers, we are not limiting it to text. In fact as I have
been best able to determine, the term genre was first used with respect to painting in early 19th-century
EN
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 26
“
France. But to elaborate a little bit on our coming from teaching of writing, we have been particularly concerned with helping our students write
better and thinking about the particular challenges and uses and features of written genres. That has certainly been very much at the center of
what has brought us to this. But if you were to talk about genre with people from film studies or graphic arts, as I know Professor Miller is currently
interested in doing, I think they would say somewhat different things. I think there would be interesting questions about how the discussion of
definitions and understanding of genre changes with heightened awareness of those other modes of expression. From the point of the teaching
of writing, multimodality has changed the kind of products being produced in writing classes. So that has been accompanied by a broader
interest from our field broader in multimodal approaches to genre.
Como dijimos en las respuestas anteriores, nuestra teoría no está limitada al texto. En verdad, según mi conocimiento, el término género ha sido empleado por primera vez
en Francia, en el siglo diecinueve, para referirse a la pintura. Pero, para hablar con más detalle sobre nuestra experiencia con la enseñanza de la escritura, siempre estuvimos
particularmente preocupados en ayudar a los alumnos a escribir mejor y en reflexionar sobre los retos, usos y rasgos específicos de los géneros escritos. Dicha preocupación siempre
estuvo en el centro de todo lo que hemos hecho hasta ahora. Pero si fuéramos hablar de géneros con la gente de los estudios cinematográficos o de las artes gráficas, como sé que
le interesa hacerlo actualmente a la profesora Miller, pienso que ellos nos iban a decir cosas un tanto distintas. Creo que surgirían cuestiones interesantes sobre cómo la discusión
sobre definiciones y conceptos de género cambia de acuerdo con una mayor concientización sobre estas otras formas de expresión. Desde el punto de vista de la enseñanza de
la escritura, la multimodalidad modificó el tipo de producto que resulta de las clases de redacción, y lo hizo de tal modo que el área viene acompañando con mayor interés los
abordajes multimodales de los géneros.
ES
Comme nous l’avons dit dans nos réponses précédentes, notre théorie ne se restreint pas au texte. En effet, jusqu’où je le sais, le terme genre a été employé
par la première fois en France au XIX siècle, par rapport à la peinture. Mais, pour parler un peu de notre expérience avec l’enseignement de l’écrit, nous avons
toujours été spécialement soucieux d’aider les élèves à améliorer son écriture et à réfléchir sur les défis, sur les usages et sur les traits spécifiques des genres
écrits. Ce souci a toujours été central dans tout ce que nous avons fait jusqu’au moment. Toutefois si nous parlons de genres avec les gens qui étudient le
cinéma ou les arts graphiques (comme Madame Miller s’intéresse à le faire actuellement), je pense qu’ils nous ferons savoir des choses un peu différentes.
Je crois qu’il y aurait des questions intéressantes sur comment la discussion à propos des définitions et des concepts de genre change selon une plus grande
prise de conscience de ces autres modes d’expression. Du point de vue de l’enseignement de l’écrit, la multimodalité a changé le type de produit qui résulte
des cours de rédaction; par conséquent, les chercheurs ont accompagné avec un plus grand intérêt les approches multimodales des genres.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 27
4
De acordo com a teoria de vocês, é através do processo de tipificação que construímos
as condições de recorrência, analogias e similaridades necessárias para a compreensão
do gênero em uma dada cultura. Qual é o papel do sujeito cognitivo nesse processo?
PT
EN
According to your theory, it is through the process of typification that we construct the conditions
of recurrence and analogies and similarities necessary for the comprehension of genre in a given
culture. What is the role of the cognitive subject in this process?
De acuerdo con su teoría, es a través del proceso de tipificación que construímos las condiciones de recurrencia, analogías y
similitudes necesarias para la comprensión del género en una cultura dada. ¿Cuál es la función del sujeto cognitivo en este proceso?
ES
Selon votre théorie, c’est à travers le processus de typification que nous construisons les conditions de récurrence,
d’analogies et de similarités nécessaires à la compréhension du genre dans une culture donnée. Quel est le rôle du
sujet cognitif dans ce processus?
FR
Charles Bazerman
Como enfatizei no início desta conversa, trata-se de categorias psicossociais de reconhecimento. Os sentidos emergem das cabeças das
pessoas. Os sentidos são animados, focalizados ou limitados pelo que está no artefato textual ou gráfico, seja qual for o meio de comunicação,
porém o meio de comunicação serve apenas como um lembrete para algum tipo de evento mental ou cognitivo. Portanto, a questão do sujeito
cognitivo é muito importante.
PT
Em termos de ensino da escrita, procura-se levar os alunos a criar os sentidos que desejam expressar. Esses sentidos podem estar relacionados
com o mundo ao seu redor, com a sociedade e com seus destinatários, mas também podem vir de dentro, o que a pessoa como sujeito individual
deseja comunicar a outra pessoa. Então, isso sugere que vale a pena investigar quais são os processos psicológicos pelos quais o sentido é
identificado, modelado, localizado e recebido pelas pessoas.
Agora, considerando nossa ênfase, ao longo das duas últimas décadas, em desenvolver uma teoria mais sócio-histórica, tenho me concentrado
mais em casos históricos, nas interações sociais e no surgimento de entendimentos sociais comuns. Porém, agora estou voltando a algumas
questões sobre cognição. Penso que pessoas com maior qualificação em psicologia cognitiva do que eu também deveriam se voltar para a
interação entre cognição e gênero. Uma das dificuldades que tenho visto na abordagem cognitivista sobre a escrita, até o momento, é que
ela tenta identificar procedimentos cognitivos em separado da responsividade à situação, em separado da responsividade ao desenvolvimento
social, e também a interação social como foco na intenção e foco nos recursos cognitivos de cada um. Recentemente, houve algumas mudanças
na psicologia cognitiva, que talvez agora a tornem mais receptiva a essas ideias, particularmente, as descobertas que estão sendo feitas sobre
o cérebro. A pesquisa sobre o cérebro sugere sua plasticidade e seu crescimento ao longo da vida. Além disso, em cada evento, o cérebro
se configura diferentemente em torno desse evento e em torno do contexto percebido. Portanto, penso que chegou o momento certo de
refletirmos sobre como a tipificação de gêneros [e outras maneiras ordenadas de responder ao nosso ambiente social, material e histórico]
influencia a cognição. O gênero é um conceito importante a ser levantado nessa arena.
As I have been emphasizing from the beginning of this dialogue these are psychosocial recognition categories. Meanings arise in the heads
of people. The meanings are excited or focused or constrained by what is in the textual or graphic artifact whatever the communicative
EN
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 29
medium is, but the communicative medium only serves as a prompt for some kind of mental event or cognitive event. So the issue of the
cognitive subject is a very important one.
In terms of the teaching of writing you’re looking to have students to create meanings that they want to say. Those meanings may be in relation
to the world around them, in relation to the society and their audience but also they can come from within, what the person as an individual
subject wants to communicate to another person. This then suggests that it is worth inquiring into what are the psychological processes by which
meaning is identified and brought into shape, located, received by the others.
Now given our emphasis over the last couple of decades in developing a more social historical theory, I’ve been focusing more on historical
cases, social interactions, the emergence of common social understandings. But now I’m returning to some questions about cognition. I think
people with better qualifications in cognitive psychology than myself should also be looking at the interaction between cognition and genre.
One of the difficulties I have seen in cognitive work on writing to this point is that it tries to identify cognitive procedures apart from responsiveness
to situation, apart from responsiveness to social development and also social interaction as focusing attention and focusing one’s cognitive
resources. There has been a little bit of change recently in cognitive psychology that makes it now maybe more welcoming to these ideas
particularly in discoveries being made about the brain. Brain research suggests the brain is plastic and grows over the lifespan; further, in each
event it assembles itself differently around the event and around the perceived context. So I think this is the right moment for us to consider
how genre typification and other orderly ways of responding to our social, material, historical environment, influences cognition. Genre is an
important concept to be raised in that arena.
Como enfaticé en el principio de esta charla, se trata de categorías psicosociales de reconocimiento. Los sentidos emergen de las cabezas de las personas. Los sentidos son
animados, focalizados o limitados por lo que está en el artefacto textual o gráfico, sea cual fuere el medio de comunicación, puesto que el medio de comunicación sirve apenas
como un ‘membrete’ para algún tipo de evento mental o cognitivo. La cuestión del sujeto cognitivo es por lo tanto muy importante.
ES
Con relación a la enseñanza de la escritura, lo que se busca es llevar a los alumnos a crear los sentidos que desean expresar. Estos sentidos pueden estar relacionados al mundo
que los rodea, a la sociedad y sus destinatarios, pero también pueden surgir desde adentro, de lo que la persona como sujeto individual desea comunicar a otra persona. Bueno,
lo dicho sugiere que vale la pena investigar cuáles son los procesos psicológicos por medio de los cuales se identifica el sentido modelado, localizado y recibido por las personas.
Ahora bien, considerando el énfasis que hemos puesto a lo largo de las dos últimas décadas en desarrollar una teoría que fuera más socio-cognitiva, me he venido fijando más en
casos históricos, en las interacciones sociales y no en el surgimiento de entendimientos sociales comunes. Pero ahora me estoy inclinando a algunas cuestiones sobre cognición.
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 30
Pienso que las personas que tienen mayor calificación en psicología cognitiva también deberían ocuparse de la interacción entre cognición y género. Una de las dificultades que he
observado en el abordaje cognitivista sobre la escritura hasta este momento es que hay en él un intento de identificar procedimientos cognitivos aislándolos de la responsividad
a la situación y de la responsividad al desarrollo social y también la interacción social como foco en la intención y en los recursos cognitivos de cada uno. Recientemente hubo
algunos cambios en la psicología cognitiva que quizá ahora la vuelvan más receptiva a estas ideas, particularmente a los hallazgos que se están haciendo sobre el cerebro. La
investigación sobre el cerebro sugiere su plasticidad y su crecimiento a lo largo de la vida. Además, en cada evento el cerebro se configura de manera distinta en relación con el
evento y en relación con el contexto percibido. Por ello, creo que ha llegado el momento propicio para que hagamos una reflexión sobre cómo la tipificación de géneros y otras
maneras ordenadas de responder a nuestro ambiente social, material e histórico influencian la cognición. El género es un concepto importante a ser puesto en este terreno.
Comme je l’ai mis en relief au début de cet entretien, il s’agit de catégories psychossociales de reconnaissance. Les sens émergent de la tête des gens.
Les sens sont animés, visés et limités par ce qui est dans l’artéfact textuel ou graphique, dans n’importe quel moyen de communication. Néanmoins le
moyen de communication ne sert qu’à rappeler un événement mental ou cognitif. Donc, la question du sujet cognitif est très importante.
En ce qui concerne l’enseignement de l’écrit, on cherche à faire les élèves créer les sens qu’ils veulent exprimer. Ces sens peuvent être liés au monde qui
les entoure, à la société et aux destinataires, mais ils peuvent aussi venir de l’intérieur, de dans de la personne, ce que, en tant que sujet individuel, veut
communiquer à une autre personne. Par là, on a la nette suggestion qu’il vaut la peine de rechercher quels sont les processus psychologiques par lesquels
le sens est identifié, modélé, localisé et reçu par les gens.
Mais, par rapport à notre intérêt, tout au long des deux dernières décennies, de développer une théorie plutôt sociohistorique, je me penche spécialement sur
des cas historiques, sur les interactions sociales et sur l’apparition de compréhensions sociales communes. Cependant, maintenant je reviens sur quelques
questions à propos de la cognition. Je crois que les gens qui ont plus de connaissance en psychologie cognitive que moi devraient aussi s’intéresser à
l’interaction entre cognition et genre. L’une des difficultés que je vois dans l’approche cognitiviste de l’écrit, jusqu’au moment, c’est qu’elle essaie d’identifier
des procedures cognitives séparemment de la ‘résponsivité’ à la situation, séparemment de la ‘résponsivité au développement social et aussi elle essaie
d’identifier l’interaction sociale avec l’attention sur l’intention et sur les recours cognitifs de chacun. Récemment, il y a eu quelques changements dans
la psychologie cognitive qui la rendent peut-être à nos jours plus receptive à ces idées, particulièrement, les découvertes sur le cerveau. La recherche sur
le cerveau suggère sa plasticité et son accroissement tout au long de la vie. En plus, à chaque événement, le cerveau se configure différement autour de
l’événement et autour du contexte perçu. Donc, je crois qu’il est arrivé le moment idéal de réfléchir sur comment la typification de genres et comment
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 31
d’autres modes ordonnés de répondre à notre contexte social, matériel et historique jouent un rôle sur la cognition. Le genre est un concept important
à être discuté dans ce scénario.
Carolyn Miller
Gostaria apenas de acrescentar e destacar que o sujeito cognitivo é socialmente moldado, e penso que corremos o risco, ao enfatizar
demasiadamente a cognição, de parecer que estamos pensando o sentido – e os gêneros como parte do sentido – como um fenômeno subjetivo,
e eu sempre prefiro vê-lo como um fenômeno social. Em outras palavras, tudo bem que o sentido esteja na mente, mas boa parte do que está
na mente chegou até lá vindo de algum lugar fora dela, e só acho que não devemos perder de vista que essas tipificações realmente sinalizam
padrões socialmente perceptíveis e socialmente determinados, e isso vem de fora da subjetividade individual.
PT
I would just add to that, what I would be interested in emphasizing, which is that the cognitive subject is socially shaped, and I think that we
run the risk in including too much emphasis on cognition in seeming to make meaning – and genre as part of meaning – into a subjective
phenomenon and I would always want to see it as a social phenomenon. In other words, yes it’s in your head, but a very great deal of what
is in your head got there from somewhere outside your head to begin with, and I just don’t think we should lose sight of that, that what these
typifications really signal is patterns that are socially perceived and socially determined and that come from outside any individual subjectivity.
EN
Quisiera apenas agregar y destacar que el sujeto es socialmente moldeado y pienso que corremos el riesgo, al enfatizar demasiado la cognición, de parecer que estamos
pensando el sentido – y los géneros como parte del sentido – como un fenómeno subjetivo, y yo siempre prefiero verlo como un fenómeno social. En otras palabras, no está
mal decir que el sentido está en la mente, pero una parte significativa de lo que está en la mente ha llegado hasta allí desde algún lugar que es exterior a ella, y entiendo
que no debemos dejar de considerar que lo que estas tipificaciones realmente apuntan son patrones socialmente perceptibles y socialmente determinados, y no hay ninguna
relación entre ello y la subjetividad individual.
ES
Je voudrais seulement ajouter et mettre en relief que le sujet cognitif est socialement formé et je crois que, si nous faisons beaucoup d’attention à
la cognition, nous prenons le risque de donner l’impression que nous caractérisons le sens – et les genres en tant qu’une partie du sens – comme un
phénomène subjectif, ( moi je préfère le voir comme un phénomène social). En d’autres termes, c’est vrai que le sens est à l’esprit, mais une bonne partie
de ce qui est à l’esprit y est arrivé en venant de quelque lieu en dehors ; alors je crois que nous ne pouvons pas perdre de vue que ces typifications montrent,
de fait, des modèles socialement perceptibles et socialement determinés, et cela vient en dehors de la subjectivité individuelle.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 32
5
PT
O conceito de tipificação tem relação com o conceito de forma?
EN
Is the concept of typification related to the concept of form?
ES
¿El concepto de tipificación está relacionado con el concepto de forma?
FR
Le concept de typification a un rapport avec celui de forme?
Carolyn Miller
Eu diria que sim, e penso que a forma é a dimensão em que mais facilmente detectamos a tipificação;
a forma se aplica de um fenômeno ou evento para outro, e percebemos similaridades de forma muito
fácil, mas o que o conceito de tipificação nos induz a ver, além das similaridades de forma, são as
similaridades de conteúdo ou substância e as similaridades de ação; mais uma vez, eu retorno ao
modelo semiótico para descrever os gêneros: similaridades de substância e similaridades de forma
que nos permitem proceder e engajar em similaridades de ação, e penso que a tipificação se aplica a
todos os três níveis.
PT
“
I would say yes, and I think that form is the easiest dimension in which to detect typification; form
applies from one phenomenon or one event to another and we see similarities in form quite easily, but
what the concept of typification pushes us to see beyond similarities of form is similarities of content
or substance, and similarities of action; again I go back to the semiotic model to describe genre:
similarities of substance and similarities of form that allow us to proceed and engage in similarities of
action and I think typification applies to all three levels.
A forma é a
dimensão em que
mais facilmente
detectamos a
Diría que sí, y pienso que la forma es la dimensión en que más fácilmente detectamos la tipificación; la forma se aplica de un
fenómeno o evento para otro y percibimos similitudes de forma muy fácilmente; pero el concepto de tipificación nos induce
a ver, más allá de las similitudes de forma, las similitudes de contenido o substancia y las similitudes de acción. Una vez más
vuelvo al modelo semiótico para describir los géneros: similitudes de substancia y similitudes de forma que nos permiten
proceder y vincular similitudes de acción, y pienso que la tipificación se aplica a todos los tres niveles.
Carolyn Miller
EN
ES
Je dirais qu’oui et je crois que la forme est la dimension où nous identifions plus facilement la typification;
la forme s’applique d’un phénomène ou d’un événement à l’autre, et nous percevons des similarités de forme
de façon très facile, mais ce que le concept de typification nous amène à voir, au-delà des similarités de forme,
ce sont les similarités de contenu ou de substance et les similarités d’action; encore une fois, je reviens sur le
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 34
tipificação.
“
modèle sémiotique pour décrire les genres : ce sont des similarités de substance et des similarités de forme
qui nous permettent de procéder à des similarités d’action et je pense que la typification s’applique à tous les
trois niveaux.
Charles Bazerman
Certamente que eu concordaria com a caracterização feita pela professora Miller sobre a relação
entre forma e gênero, e também sobre como a forma molda nossas tipificações e como se torna um
dos meios de reconhecimento das tipificações.
PT
Mas eu gostaria apenas de comentar a pergunta. Chamar a ambos de conceitos é apresentá-los como
similares e iguais em status. Tenho tentado pensar na melhor forma de recaracterizá-los. Talvez se
pudesse pensar na tipificação como um processo de produção de sentido e na forma como realização,
não uma realização mental, mas a materialização de algum tipo de processo de feitura de um artefato
e também um objeto de percepção em que se podem ver padrões. Portanto, não se trata de tentar
definir qual delas é mais importante, pois se trata de realidades diferentes que existem em relação
recíproca, mas não são a mesma coisa e nem é necessário que uma delas predomine sobre a outra.
“
A forma molda
nossas tipificações
e [...] se torna
um dos meios de
reconhecimento
das tipificações.
Charles Bazerman
I would certainly agree with Prof. Miller’s characterization of the relationship of form and genre, and
also of form giving shape to our typifications and also becoming one of the means of recognizability
of typifications.
EN
But I just want to comment on the question. By calling them both concepts, they are presented as
similar and equal in status. I have been trying to think about the best way to recharacterize them.
Perhaps if you think of typification as a process of sense-making and form as a realization, not a mental
realization, but a materialization of some kind of process of making of an artifact and also then an
object of perception in which one can see patterns. Then you are not trying to swap out which is more
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 35
“
important because they are different kinds of things that exist in relation to each other but they are not the same kind of thing where one has
to dominate.
Ciertamente estaría de acuerdo con la caracterización hecha por la profesora Miller sobre la relación entre forma y género, y también sobre como la forma moldea nuestras
tipificaciones y como se transforma en uno de los medios de reconocimiento de las tipificaciones.
ES
Pero desearía solamente comentar la pregunta. Designar a ambos como conceptos es presentarlos como similares e iguales en status. Estoy intentando pensar en la mejor forma
de recaracterizarlos. Quizá fuera posible pensar en la tipificación como un proceso de producción de sentido y en la forma como realización; no una realización mental, sino
una materialización de algún tipo de proceso de fabricación de un artefacto y también un objeto de percepción en que se puedan ver patrones. Por eso, no se trata de intentar
definir cuál de ellas es más importante, puesto que se trata de realidades distintas que existen en relación recíproca, pero no son la misma cosa, y tampoco es necesario que
una de ellas predomine sobre la otra.
Certainement, je serais d’accord avec la caractérisation faite par Madame Miller sur le rapport entre la forme et le genre, et aussi sur comment la forme
rend le modèle à nos typifications et comment elle devient l’un des moyens de reconnaissance des typifications.
FR
Mais je ne voudrais commenter que la question posée. Affirmer que la typification et la forme sont des concepts c’est les présenter comme des choses
similaires et égales en status. J’essaie de penser sur la meilleure forme de les récaractériser : peut-être si on pouvait penser sur la typification en tant qu’un
processus de production de sens et sur la forme en tant que réalisation, pas une réalisation mentale, mais la matérialisation d’un certain type de processus
de faire un artéfact et aussi un objet de perception où l’on peut voir des modèles. Donc, il ne s’agit pas d’essayer de définir la quelle est la plus importante,
car il s’agit de réalités différentes qui ont des relations réciproques, mais qui ne sont pas la même chose. Et ce n’est pas non plus nécessaire que l’une
prédomine sur l’autre.
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 36
6
Quais são as possibilidades de utilizar a teoria de gêneros de vocês no ensino de
língua materna?
PT
EN
What are the possibilities of using your genre theory in the teaching of first language?
ES
¿Cuáles son las posibilidades de utilizar su teoría de géneros en la enseñanza de lengua materna?
FR
Quelles sont les possibilités d’appliquer votre théorie de genres à l’enseignement de la langue maternelle?
Charles Bazerman
Existem muitas possibilidades. Penso que toda a minha pedagogia de alguma forma foi moldada por uma consciência de gênero. Como fui
me tornando cada vez mais consciente dos gêneros, essa consciência teve um efeito cada vez maior em moldar meu pensamento sobre o ensino.
PT
Talvez eu esteja mudando a pergunta para quais são as consequências de uma consciência de gênero para o ensino. Uma das consequências de
minha abordagem específica de gêneros é que, obviamente, toda atividade de escrita que se propõe aos estudantes se dá em algum gênero.
Porém, se o gênero for concebido como ação social, e ação social motivada, então será necessário situar o próprio ensino de escrita como ação
social motivada, de modo que o aluno deseje moldar o sentido e se empenhe para criá-lo. Consequentemente, o aluno também irá reconhecer
o valor do gênero que está sendo solicitado a produzir. O professor pode falar sobre o que se pretende com esse gênero e como as pessoas
podem percebê-lo. Em consequência, é provável que o aluno se esforce muito mais para perceber o potencial do tipo de enunciados a serem
produzidos naquele gênero. Então, isso leva o professor a se preocupar com todo o ambiente comunicativo da sala de aula em que esses gêneros
emergem. O papel do professor, de certo modo, é gerenciar o sistema de atividades da sala de aula de modo a criar situações motivadoras,
com gêneros significativos e razoáveis sendo trabalhados pelos alunos.
There are many possibilities. I think my entire pedagogy in some ways has been shaped by an awareness of genre. As I have become more
and more aware of genre it has had more and more of a shaping effect on my thinking about teaching.
EN
Maybe I am going change the question to what are the consequences of an awareness of genre on pedagogy. One of the consequences
of my particular take on genre is that of course every writing task you ask students to do is in a genre. But if you think of it as a social action,
and a motivated social action, then you have to place the teaching of writing itself within motivated social action, so that the student will want
to give shape to a meaning and will work hard to create meaning. They will then also recognize the value of the genre you’re asking them to
write in. You can talk about what is intended by this genre and how people might perceive it. The student, consequently, is likely to work much
harder at realizing the potential of the kind of utterances to be made in that genre. Then that leads the teacher to be concerned about the
entire communicative environment of the class in which these genres arise. The teacher role in stagemanaging in a sense activity system of
the classroom so as to create motivating situations with meaningful, sensible genres for students to work at.
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 38
Hay muchas posibilidades. Pienso que toda mi pedagogía de alguna manera fue moldeada por una conciencia de género. Como me fui haciendo cada vez más consciente de
los géneros, esa consciencia tuvo un efecto cada vez mayor en la construcción de mi modo de pensar la enseñanza.
ES
Es posible que esté cambiando la pregunta para cuáles son las consecuencias de una consciencia de género para la enseñanza. Una de las consecuencias de mi abordaje específico
sobre los géneros es que obviamente toda actividad de escritura que uno le propone a los estudiantes se realiza en algún género. Pero si el género se lo concibe como una acción
social y acción social motivada, entonces será necesario situar la propia enseñanza de la escritura como acción social motivada de modo que el alumno desee moldear el sentido
y haga un esfuerzo para crearlo. Consecuentemente, el alumno también reconocerá el valor del género que le están solicitando que produzca. El profesor puede exponer qué se
pretende con ese género y cómo las personas pueden percibirlo. En consecuencia, es probable que el alumno haga un esfuerzo mucho mayor para percibir qué potencial tienen
los tipos de enunciados que se producirán en aquel género. Entonces, esto lleva el profesor a preocuparse con todo el ambiente comunicativo de la sala de clases en la cual estos
géneros emergen. El papel del profesor, de cierto modo, es gestionar el sistema de actividades de la sala de clase de manera tal que pueda crear situaciones motivadoras, con
géneros significativos y razonables para ser trabajados por los alumnos.
Il y a beaucoup de possibilités. Je crois que toute ma pédagogie, d’une certaine façon, a été organisée par une conscience de genre. Vu que je deviens
chaque fois plus conscient des genres, cette conscience a eu un effet chaque fois plus grand à modeler ma pensée sur l’enseignement.
FR
Peut-être je changerais la question pour ‘quelles sont les conséquences d’une conscience de genre pour l’enseignement ?’ L’une des conséquences de mon
étude spécifique de genres répose sur l’évidence : toute activité d’écriture proposée aux apprenants se fait à partir d’un genre. Mais, si le genre est conçu
en tant qu’une action sociale et une action sociale motivée, alors il faudra situer l’enseignement de l’écrit lui-même comme une action sociale motivée,
de telle façon que l’apprenant veule modeler le sens et il s’engage (s’encourage) à le créer. Par conséquent, l’apprenant va de même reconnaître la valeur
du genre qu’il doit produire. L’ enseignant peut parler sur ce que l’on veut avec ce genre et comment les gens peuvent le percevoir. En conséquence, il
est possible que l’apprenant dépense beaucoup plus d’effort pour percevoir le pouvoir des énoncés à être produits dans ce genre-là. Alors, cela amène
l’enseignant à faire attention à toute la situation communicative de la salle de classe où ces genres émèrgent. Le rôle de l’enseignant, d’une certaine façon,
c’est de coordonner le système d’activités de la salle de classe pour faire créer des situations qui motivent les apprenants, avec des genres significatifs et
raisonables à être travaillés par les apprenants.
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 39
Carolyn Miller
Certamente que eu concordo com tudo que o professor Bazerman disse, e gostaria apenas de enfatizar dois conceitos-chave que, em minha
opinião, podem fazer do gênero o fundamento para o ensino de língua materna, quer na escrita, na fala ou em outros modos, e esses conceitos
são engajamento e motivação. Os gêneros devem proporcionar meios para que os estudantes se engajem em tarefas comunicativas e, ao mesmo
tempo e pelo mesmo motivo, deveriam prover meios para a motivação dos alunos como falantes, escritores, pintores ou blogueiros, enfim,
sejam quais forem os gêneros que estejam sendo ensinados a eles.
PT
I would certainly agree with everything that Prof. Bazerman has said and I would just emphasize two key concepts here that I think can make
genre a foundation for teaching first language, whether writing or speaking or other modes, and those two key concepts are engagement and
motivation. Genres ought to provide ways for students to engage with communicative tasks and at the same time, by the same token, should
provide ways for students to be motivated as speakers, as writers, as painters or whatever genres you’re teaching them – bloggers, whatever.
EN
Ciertamente estoy de acuerdo con todo lo que dijo el profesor Bazerman y desearía solamente enfatizar dos conceptos clave que, desde mi punto de vista, pueden hacer del
género el fundamento para la enseñanza de lengua materna, sea en la escritura, sea en el habla o en otros modos, y estos conceptos son compromiso y motivación. Los géneros
deben promocionar medios para que los estudiantes se vinculen a las tareas comunicativas, se comprometan con ellas, y – al mismo tiempo y por la misma razón, – deberían
proveer medios para la motivación de los alumnos como hablantes, escritores, pintores o blogueros, etc., independientemente de cuáles sean los géneros que se les enseñen.
ES
Je suis d’accord, bien sûr, avec tout ce que Monsieur Bazerman a dit, mais je voudrais juste faire le point sur deux concepts-clé que, à mon avis, peuvent
faire du genre la base de l’enseignement de la langue maternelle, soit à l’écrit, soit à l’oral, soit à d’autres façons. Ces sont les concepts d’engagement et de
motivation. Les genres doivent donner des moyens aux apprenants à s’engager aux tâches communicatives et, en même temps et par la même raison,
ils devraient avoir des moyens qui rendraient motivés les apprenants en tant que des sujets parlants, des écrivains, des peintres ou des blogueurs, enfin,
n’importe quel genre à leur être enseigné, il doit motiver les apprenants.
FR
Charles Bazerman
Eu gostaria de destacar um aspecto de nossas respostas que mais uma vez pode virar a pergunta de cabeça para baixo. Alguns acham que o
ensino de língua equivale a ensinar a língua propriamente. Eu penso que o ensino de língua consiste em ajudar o aluno a se tornar um tipo de
PT
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 40
usuário mais habilidoso, flexível e versátil da língua escrita e falada; trata-se, portanto, do desenvolvimento linguístico do aluno através da
interação em diversos contextos com tarefas que representam variados desafios. Portanto, ensinar uma língua é ensinar uma arte às pessoas.
I wish to point out a feature of both our answers that may again turn the question on its head. Some people think of language teaching as
teaching the language. I think of language teaching as helping the student to become a more skillful, flexible, varied kind of user of written
and spoken language, so it’s language development of the student through interaction in various contexts with tasks of various challenges. So
teaching a language is teaching an art to a person.
EN
Me gustaría destacar un aspecto de nuestras respuestas que, una vez más, puede poner la pregunta al revés. Algunos creen que la enseñanza de lengua es lo mismo que
enseñar la lengua propiamente. Pienso que la enseñanza de lengua consiste en ayudar al alumno a volverse un tipo de usuario más habilidoso, flexible y versátil de lengua
escrita y hablada; se trata, por tanto, del desarrollo lingüístico del alumno por medio de la interacción en diversos contextos con tareas que representan retos variados. Por lo
tanto, enseñar una lengua es enseñar un arte a las personas.
ES
Je voudrais mettre en relief un aspect de nos réponses lequel, encore une fois, pourrait mettre la question en sens dessus dessous. Il y a des gens qui croient
que l’enseignement de langue c’est enseigner la langue elle-même. Moi, je crois que l’enseignement de langue correspond à aider l’apprenant à devenir un
usager plus habile, flexible et versatile de la langue écrite et orale ; il s’agit donc du développement linguistique de l’apprenant à travers l’interaction, dans
de divers contextes, avec des tâches qui constituent des défis variés. Donc, enseigner une langue, c’est enseigner un art aux gens.
FR
Carolyn Miller
PT
É ensinar o uso da língua em contextos situados.
EN
It is teaching language use in situated contexts.
ES
Es enseñar el uso de la lengua en contextos situados.
FR
C’est enseigner l’emploi du langage dans des contextes situés.
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 41
7
Pensando na formação de um estudante produtor de textos autônomo e crítico, e
considerando as posturas teóricas de vocês, que gêneros deveriam ser ensinados e
aprendidos nos níveis fundamental, médio e superior?
PT
Thinking about the formation of an autonomous and critical student producer of texts and
considering your theoretical positions, what genres should be taught and learned in primary,
secondary, and tertiary levels?
EN
Pensando en la formación de un estudiante productor de textos que sea autónomo y crítico, y teniendo en cuenta sus posturas
teóricas, ¿qué géneros se deberían enseñar y aprender en los niveles fundamental, medio y superior?
ES
PT
Si on prend en compte la formation d’un étudiant producteur de textes authonome et critique et si on prend en
compte vos théories, quels genres devraient être enseignés et appris à l’école primaire, sécondaire et à l’université?
Carolyn Miller
Bem, vou tocar apenas de leve nessa questão extremamente complicada, sobre a qual seria possível
escrever teses inteiras. Penso que uma abordagem de gêneros sugere ao professor ou ao educador uma
maneira de planejar o currículo, de modo que não vou discutir o que é gênero, mas tentar indicar um jeito
de tomar uma decisão fundamentada na teoria dos gêneros. Eu gostaria de levar em conta que gêneros
o aluno já conhece, com quais está familiarizado, de quais está cercado, para fazê-lo tomar consciência
das tipificações sociais próprias do mundo como ele o conhece, e então considerar quais são as tarefas
curriculares ou os objetivos de aprendizagem a estabelecer para esse aluno numa determinada série ou
numa determinada classe e ver como se pode usar o conhecimento atual dos alunos para alçá-los até o
conhecimento prático e a efetividade comunicativa que se procura ajudá-los a alcançar no próximo nível.
Trata-se, portanto, de refletir sobre quais gêneros poderão envolver a zona de desenvolvimento proximal
dos alunos, eu acho, realizando a tarefa que está um pouco além deles num determinado estágio aqui e
agora, o que os levará ao estágio seguinte.
PT
Well I will just take a very quick beginning at this very complicated question, which you could write
whole dissertations about. I think a genre approach suggests for the teacher or the curriculum designer
an approach to designing a curriculum, so I’m not going to discuss what the genres are, but try to suggest
a way that the decision could be made and informed by genre theory. I would want to consider what
genres the student already knows, is familiar with, is surrounded with, to make that student aware of the
social typifications in his or her world as he or she knows it, and then consider what curricular tasks or
what learning goals one has for the student in that particular grade or in that particular class and see
how you can use the students’ current knowledge to scaffold them into the practical knowledge and
communicative effectiveness that you are seeking to help the student achieve at that next level. So it’s
a matter of thinking of what genres would engage the students’ zone of proximal development, I guess,
in doing the task that is just beyond him or her at this particular stage here and now, that will take them
to the next stage.
EN
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 43
“
Penso que uma
abordagem de
gêneros sugere
ao professor ou
ao educador
uma maneira
de planejar o
currículo.
Carolyn Miller
“
Bueno, abordaré apenas ligeramente esta cuestión extremamente compleja sobre la cual se podrían escribir tesis enteras. Pienso que un abordaje de géneros sugiere al profesor
o al educador una manera de planear el currículum, de modo que no voy a discutir lo que es género, sino intentar indicar una manera de tomar una decisión fundamentada en la
teoría de los géneros. Me gustaría tener en cuenta qué géneros el alumno ya conoce, con cuáles está familiarizado, cuáles le rodean para hacerlo conciente de las tipificaciones
sociales propias del mundo tal como él lo conoce y entonces considerar cuáles son las tareas curriculares o los objetivos de aprendizaje que es necesario establecer para este alumno
en un determinado período y observar cómo se puede emplear el conocimiento actual de los alumnos para llevarlos al conocimiento práctico y a la efectividad comunicativa
que se busca ayudarlos a alcanzar en el próximo nivel. Se trata, por tanto, de reflexionar sobre qué géneros podrán ocupar la zona de desarrollo próximo de los alumnos, creo,
realizando la tarea que está un poco más allá de sus posibilidades en una determinada fase aquí y ahora, lo que los llevará a la fase siguiente.
ES
Bien, je vais parler, tout en passant, de cette question trop compliquée, sur laquelle il serait possible d’écrire des thèse complètes. Je crois qu’une étude
de genres suggère à l’enseignant une manière de planifier le curriculum, ainsi je ne veux pas discuter ce que c’est le genre, mais je vais essayer d’indiquer
un moyen de prendre une décision fondée sur la théorie des genres. Je voudrais prendre en compte les genres que l’apprenant connaît déjà, avec lesquels
il est habitué, desquels il est entouré, pour le faire prendre conscience des typifications sociales propres du monde comme il le connaît. À partir de cela,
l’enseignant considère quelles sont les tâches scolaires ou les objectifs d’apprentissage à établir pour cet apprenant, dans un niveau ou dans une classe
déterminée. Par là, il voit comment il peut utiliser la connaissance actuelle des apprenants pour les amener jusqu’à la connaissance pratique et à la
communication effective qu’ils puissent atteindre dans un niveau prochain. Il s’agit donc de réfléchir sur quels genres pourront comprendre la zone de
développement proximal des apprenants, je le crois, en réalisant la tâche qui en est un peu au-delà, dans un stage déterminé ici et maintenant, ce qui les
amenera au stage suivant.
FR
Charles Bazerman
Excelente resposta. Eu apenas destacaria outra forma de pensar nessa abordagem proposta pela professora Miller. É possível se perguntar
que papéis e atividades os alunos estão preparados para assumir a qualquer momento, considerando tanto o conhecimento como as disposições
atuais. Uma orientação seria levar isso mais adiante e torná-los mais qualificados naquela direção. Outra é, se eles desejam chegar a algum
outro lugar, ou se eu acho que é educacionalmente apropriado que eles cheguem a um lugar ainda não familiar, posso tentar levá-los até aquele
lugar por um caminho que eles possam entender e negociar, em vez de ensinar coisas distantes e estranhas em termos de gênero, esperando
que, por acaso, eles compreendam. Ao mesmo tempo, se eu quero que os alunos desempenhem um dado papel, eles podem, sob as condições
adequadas, vir a cumprir esse papel, mas, ainda assim, deve ser um papel que potencialmente faça sentido para eles e possa encaixar-se nos
PT
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 44
sentidos e valores de suas vidas. Portanto, às vezes, é possível introduzir coisas um pouco distantes, talvez
como uma espécie de jogo, mas então isso leva o aluno a um novo lugar que é significativo. Mais uma
vez, a zona de desenvolvimento proximal é uma maneira muito útil de pensar sobre o assunto, tanto em
termos de definir se se trata de algo imaginável para os alunos (ou seja, se é proximal o bastante) como
em termos de que tipo de andaime é necessário para ajudar o aluno a chegar lá e que tipo de colaboração
com o professor mais qualificado é útil para ajudar os alunos a se imaginarem naquele novo lugar.
That is an excellent answer. I just would point out another way to think about the approach Professor
Miller raises. You might ask what roles and activities are students prepared to take on at any moment,
both given the knowledge and the dispositions at that time. One direction would be to take that further
and make them more skilled in those directions. Another is if they have desires to go somewhere else or
you think it is educationally appropriate for them to go to someplace not yet familiar to them, you can try
to bring them to that place along a path that they can understand and negotiate, rather than teaching
things that are distant and foreign in terms of genre, hoping that maybe they will understand. At the same
time, if you have students act a part they may come, under the right conditions, to fulfill the part but it still
has to be a part that potentially can make sense to them and can fit into the meaning and values of their
lives. So sometimes you can introduce things that are a little bit distant in perhaps a play way, but then
it does bring the student to a new place which is meaningful. Again the zone of proximal development
is a very useful way of thinking about this both in terms of whether this is something imaginable for the
students (that is, whether it is proximal enough) and in terms of what kind of scaffolding is needed to help
the student get there and what kind of collaboration with the more skilled teacher is useful to help students
to imagine themselves into this new place.
EN
Excelente respuesta. Solamente destacaría otra forma de pensar este abordaje propuesto por la profesora Miller. Es posible
preguntar qué papeles y actividades los alumnos están preparados para asumir a cualquier momento, teniendo en cuenta tanto el
conocimiento como las disposiciones actuales. Una orientación sería profundizar en esto y cualificarlos más en aquella dirección.
Otra es, en caso de que deseen llegar a otro lugar o si yo creo que es educacionalmente apropiado que ellos lleguen a un lugar
que todavía no les es familiar, puedo intentar llevarlos hasta aquel lugar por un camino que ellos puedan entender y sobre el que
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 45
“
se eu acho que é
educacionalmente
apropriado que eles
[os alunos] cheguem
a um lugar ainda
não familiar, posso
tentar levá-los até
aquele lugar por um
caminho que eles
possam entender
e negociar, em
vez de ensinar
coisas distantes
e estranhas em
termos de gênero.
Charles Bazerman
“
puedan negociar, en lugar de enseñarles cosas distantes y extrañas sobre los géneros, esperando que por casualidad ellos las puedan comprender. Al mismo tiempo, si quiero
que los alumnos desempeñen un determinado papel, ellos pueden, bajo las condiciones adecuadas, venir a cumplirlo, pero aun así debe ser un papel que potencialmente tenga
sentido para ellos y que pueda encajarse en los sentidos y valores de sus vidas. Por eso, a veces es posible introducir cosas un poco distantes, quizá como una suerte de juego,
siempre que eso lleve al alumno a un nuevo lugar que sea significativo. Una vez más, la zona de desarrollo próximo es una manera muy útil de pensar sobre el asunto, tanto en
términos de definir si se trata de algo imaginable para los alumnos (o sea, si es lo bastante próximo) como en términos de qué tipo de procedimientos necesario para ayudarlo
a llegar allá y qué tipo de cooperación con el profesor más calificado es útil para ayudar a los alumnos a imaginarse en aquel nuevo lugar.
Réponse excellente. Je ne mettrais en relief qu’une autre manière de penser sur cette approche proposée par Madame Miller. Il est possible de se demander
quels rôles et quelles activités les apprenants sont préparés à prendre sur soi-mêmes dans n’importe quel moment, en considérant soit la connaissance,
soit les dispositions actuelles. Une orientation serait d’amener cela plus en avant et rendre les apprenants plus qualifiés dans cette direction. Une autre,
s’ils veulent arriver à un autre lieu, ou si je crois qu’il est, du point de vue éducatif, aproprié aux apprenants qu’ils arrivent à un lieu pas encore familier, je
peux essayer de les amener jusqu’à ce lieu par un chemin qu’ils puissent comprendre et discuter, au lieu d’enseigner des choses éloignées et étranges en ce
qui concerne les genres, en espérant qu’ils, par hasard, comprennent. À la fois, si je veux que les apprenants jouent un rôle déterminé, ils peuvent, sous des
conditions convenables, venir à jouer ce rôle, mais de toute façon il doit être encore un rôle qui potentiellement ait un sens pour eux, en faisant part des
sens et des valeurs de leurs vies. Donc, parfois il est possible d’introduire des choses un peu éloignées, peut-être comme une sorte de jeu, mais alors cela
amène l’apprenant à un nouveau lieu qui lui est significatif. Encore une fois, la zone de développement proximal est une manière très utile de penser sur
le sujet, tantôt en termes de définir s’il s’agit de quelque chose inimaginable pour les apprenants (c’est-à-dire, s’il est assez proximal) tantôt en termes de
savoir quel type d’échafaud (de support) il est nécessaire à aider l’apprenant à y arriver. En plus, quel type de collaboration de l’enseignant le plus qualifié
est utile pour aider les apprenants à se voir dans ce nouveau lieu.
FR
Carolyn Miller
E é por isso que esse tipo de ensino convida os alunos a serem criativos, imaginativos e empáticos. Não deve ser uma rotina, de forma
alguma, mas deve envolver a imaginação ativa dos alunos em se tornarem pessoas um tanto diferentes por se engajarem numa ação diferente.
PT
And this is why this kind of teaching asks the students to be creative, imaginative, empathetic. It should not be rote, by any means, but it
should engage the student’s active imagination in being a somewhat different kind of person in engaging in that different action.
EN
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 46
Y es por eso que este tipo de enseñanza invita a los alumnos a ser creativos, imaginativos y empáticos. No debe ser monótono
de ningún modo, sino que debe implicar la imaginación activa de los alumnos para transformarse en personas un tanto distintas
al vincularse a una acción distinta.
ES
Et c’est pour cela que ce type d’enseignement invite les apprenants à être créatifs, imaginatifs et empathiques.
Il ne doit pas être une routine, mais il doit prendre en compte l’imagination active des apprenants pour devenir
des personnes un peu différentes, lesquelles sont engagées dans une action différente.
FR
Charles Bazerman
O professor também é convidado a ser empático, imaginativo, envolvido com o aluno e capaz de
envolvê-lo na atividade. Já ensinei na primeira e na terceira série, bem como tenho trabalhado com
alunos de graduação e pós-graduação, e uso basicamente a mesma estratégia. Os mundos a partir dos
quais esses alunos operam, bem como a imagem que fazem dos mundos por que estão passando, ou em
que simplesmente desejam viver o momento, são diferentes. Os alunos assumem diferentes relações com
o que poderíamos chamar de sofisticação do conhecimento, mas, ainda assim, estão apenas operando
a partir do que, naquele momento, é significativo para que estendam as possibilidades de sentido em
situações novas. Portanto, a estratégia implícita de fato é a mesma, que é a compreensão de quem são os
alunos, que rumo estão tomando, que rumo queremos que tomem, que motivações podem conduzi-los
até lá e que tipos de interação podemos planejar para tornar possível essa jornada.
PT
It also asks the teacher to be empathetic, imaginative, engaged with the student and eliciting from
the student engaged work. I have taught first grade and third grade as well as working with graduate and
postgraduate students and I have used basically the same strategy. The worlds that these students are
working from and their imagination of the worlds they are going toward, or just want to live that day, are
different. They bear different relationships to what we might call sophistication of knowledge, but they are
still just people working from what is meaningful to them at this point to extend the possibilities of meaning
in new situations. So the underlying strategy really is the same, but it’s understanding who the students are,
“
É por isso que esse
tipo de ensino
convida os alunos
a serem criativos,
imaginativos e
empáticos.
Carolyn Miller
EN
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 47
“
where they are going, where you want them to go, what motivations can get them there, and what
kinds of interactions you can set up in order to make that journey possible.
El profesor también es invitado a ser empático, imaginativo, comprometido con el alumno y capaz de comprometerlo con
la actividad. Ya impartí clases en los primeros y terceros años de la escuela fundamental, así como también he trabajado
con alumnos universitarios y de postgrado, y uso básicamente la misma estrategia. Los mundos a partir de los cuales los
alumnos operan, así como la imagen que se hacen de los mundos por los que están pasando o en los que simplemente desean
vivir el momento son diferentes. Los alumnos asumen diferentes relaciones con lo que se podría llamar de sofisticación del
conocimiento, pero aún así están simplemente operando a partir de lo que en aquel momento es significativo para que
extiendan las posibilidades de sentido en situaciones nuevas. Por lo tanto, la estrategia implícita es de hecho la misma, que es
la comprensión de quiénes son los alumnos, qué rumbo vienen tomando, qué rumbo queremos que tomen, qué motivaciones
pueden conducirlos hacia allá y qué tipos de interacción podemos planear para volver posible esa jornada.
ES
L’enseignant est aussi invité à être empathique et imaginatif, tourné vers l’apprenant et il doit être capable
de l’engager dans l’activité. J’ai déjà fait des cours en première et en troisième classe et maintenant je travaille
avec des étudiants à l’université et j’emploie à peu près la même stratégie. Les mondes à partir desquels ces
apprenants opèrent, l’image qu’ils font des mondes par lesquels ils passent ou dans lesquels ils veulent tout
simplement vivre le moment sont différents. Les apprenants ont de différents rapports avec ce que nous
pourrions appeler de sofistication de la connaissance, mais, même comme cela, ils ne font qu’opérer à partir
de ce qui, en ce moment, est significatif pour qu’ils augmentent les possibilités de sens à être donnés à des
nouvelles situations. Donc, la stratégie implicite de fait c’est la même, c’est-à-dire, c’est la compréhension de
ce que les apprenants sont, de quel chemin ils prennent, de quelles motivations peuvent les conduire jusque
là et quels types d’interaction nous pouvons planifier pour rendre possible ce travail.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 48
“
O professor
também é
convidado a
ser empático,
imaginativo,
envolvido com
o aluno e capaz
de envolvê-lo na
atividade.
Charles Bazerman
“
8
Até que ponto gêneros ancestrais podem nos ajudar a compreender fenômenos
contemporâneos como o blog?
PT
To what extent can ancestral genres help us understand contemporary phenomena such
as the weblog?
EN
ES
¿Hasta qué punto géneros ancestrales pueden ayudarnos a comprender fenómenos contemporáneos como el blog?
FR
De vieux genres peuvent-ils nous aider à comprendre des phénomènes contemporains comme le blog?
Carolyn Miller
Realmente, já escrevi sobre esse assunto. O surgimento do que pode ser considerado um novo gênero é sempre uma questão em aberto:
será mesmo um novo gênero? O blog é um gênero novo? Não acho que a resposta seja necessariamente óbvia. Podemos ajudar a responder
essa questão entendendo os recursos retóricos de que os usuários de blogs estão lançando mão para criar os novos tipos de ação em que
parecem estar se envolvendo, de modo que quem já escreveu diários particulares, quem já se envolveu com álbuns de figurinhas ou livros de
trivialidades, quem já lidou com coleções de curiosidades ou com contabilidade e registro, será capaz de lançar mão dos recursos desses outros
tipos de ações retóricas ao se engajar em qualquer nova forma de ação, mas isso não significa que esses gêneros ancestrais ou antecedentes
controlem ou definam completamente o novo gênero; eles apenas restringem, fundamentam, facilitam o engajamento das pessoas com
novas mídias e uns com os outros, de maneira nova, à medida que desenvolvem conjuntamente um jeito novo de interagir, lançando mão
dos recursos retóricos disponíveis.
PT
I’ve actually written about this very question. The emergence of what might be taken to be a new genre is always an open question: is
this a new genre? is the weblog a new genre? I don’t think the answer to that is necessarily obvious. We can help to answer that question by
understanding the rhetorical resources that users of weblogs are drawing on in creating new kinds of actions that they seem to be engaging
in, so those who have written diaries, private diaries, those who have engaged in scrapbooks and commonplace books, those who have
engaged in collections of curios, those who have engaged in accounting and record keeping, will be able to draw on the resources of those
other kinds of rhetorical actions in engaging in any kind of new action, but it’s not to say that those ancestral or antecedent genres fully control
or define a new genre, they simply constrain, inform, facilitate the engagement of people with new media, with each other in new ways as
they together evolve a new mode of interacting with each other that draws on these available rhetorical resources.
EN
Realmente ya escribí sobre este asunto. El surgimiento de lo que puede ser considerado un nuevo género es siempre una cuestión todavía sin respuesta: ¿será realmente
un nuevo género? ¿El blog es un género nuevo? No creo que la respuesta sea necesariamente obvia. Podemos ayudar a responder esta cuestión entendiendo los recursos
retóricos que los usuarios de blogs emplean para crear nuevos tipos de acción en los que parecen estar implicados, de modo que aquel que ya escribió diarios particulares, que
ya se dedicó a completar un álbum de figuritas o libros de trivialidades, que ya se ocupó de colecciones de curiosidades o con contabilidad y registro será capaz de emplear los
recursos de estos otros tipos de acciones retóricas al inserirse en cualquier forma nueva de acción, pero esto no significa que los géneros ancestrales o antecedentes controlen
o definan completamente el nuevo género; ellos solamente restringen, fundamentan, facilitan el acercamiento de las personas a los nuevos medios y entre sí de una manera
nueva, a medida que desarrollan conjuntamente un nuevo modo de interactuar empleando los recursos retóricos disponibles.
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 50
De fait, j’ai déjà écrit sur ce sujet. L’apparition de ce qui peut être consideré comme un nouveau genre est une question ouverte : il sera en effet un
nouveau genre ? Le blog est un nouveau genre ? Je ne crois pas que la réponse soit nécessairement évidente. Nous pouvons aider à répondre à cette
question en comprenant les recours réthoriques auxquels les usagers de blogs font appel pour créer les nouveaux types d’action auxquels ils semblent
s’engager, de telle façon que celui qui a déjà écrit des journaux intimes, qui a collectionné des albums authocollants ou des livres de trivialités, qui a
déjà travaillé avec des collections de curiosités ou avec la comptabilité et l’enregistrement sera capable de faire appel aux recours de ces autres types
d’actions réthoriques au moment de s’engager dans n’importe quelle nouvelle forme d’action. Toutefois cela ne signifie pas que ces genres anciens
ou précédents contrôlent ou définissent complètement le nouveau genre ; ils ne font que restreindre, fonder, rendre facile l’engagement des gens aux
nouveaux médias et l’engagement des uns vers les autres, d’une nouvelle façon, au fur et à mesure qu’ils développent en commun une nouvelle façon
d’interagir, en faisant appel aux recours réthoriques disponibles.
FR
Charles Bazerman
No âmbito dessa resposta, eu gostaria de falar sobre três tipos de histórias e também falar sobre o que seria a história antiga, que não tem
relação imediata. Era sobre o primeiro nível da história que a professora Miller estava falando – que, quando as situações mudam, as mídias
mudam e temos mudanças de gênero, pessoas e grupos ainda se apoiam na compreensão vigente, de modo que, quando surge uma nova
mídia, frequentemente os primeiros produtos naquela mídia – e temos visto isso muitas vezes na web – são simplesmente a transplantação de
gêneros existentes em uma mídia anterior ou em conjuntos de situações anteriores. Em seguida, as pessoas descobrem novas possibilidades,
novas maneiras de fazer as coisas. Globalmente, a história do letramento contém invenções surpreendentes, mas cada mudança específica é
pequena, o tipo de coisas que podemos facilmente imaginar os seres humanos fazendo. Não vou repetir o relato de Schmandt-Besserat sobre
a invenção da escrita, mas não precisa ser nenhum gênio para imaginar cada passo que ela documenta, pois se trata apenas de uma resposta
gradativa, passo a passo, ao potencial da mídia escrita. Portanto, agora que estamos passando a uma nova mídia digital, tem que haver um tipo
de transição em que as pessoas estão aprendendo. Nessa aprendizagem, as pessoas estão lançando mão do que aprenderam anteriormente.
Porém, agora, muitas pessoas estão engajadas na exploração do potencial das mídias digitais – não só as possibilidades técnicas, mas também
os arranjos e atividades sociais. Portanto, existe muita aprendizagem bastante acelerada, mas composta de numerosas pequenas convenções
recolhidas de modo social amplo. Assim, no todo, pode-se dizer que existe uma rápida mudança genérica.
PT
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 51
Segundo, no curso do desenvolvimento de um determinado projeto ou conjunto de projetos, o indivíduo ou grupo de pessoas transformarão
os rascunhos ou versões de sua obra, partindo do que sabem, à medida que descobrem as novas possibilidades da nova mídia. Contudo, para
que sua mensagem possa ser entendida, eles não podem se colocar muito à frente dos públicos que partilham com eles os gêneros anteriores.
De modo que eles devem levar seu público juntamente com eles a esse novo mundo de gêneros.
Um terceiro nível da história acontece no nível individual. Todos temos nossas histórias individuais. O termo gêneros antecedentes, como
é usado pela professora [Amy] Devitt, refere-se às experiências anteriores, pessoais e individuais, com os gêneros, que trazemos para a
compreensão de qualquer texto corrente ou situação nova.
Agora, até o momento estamos falando de gêneros mais antigos que são invocados no processo de mudança rumo a gêneros mais novos.
Por vezes, tenho constatado que olhar para gêneros totalmente antigos que não estão mais disponíveis nem estão sendo evocados, de toda
forma, pode ajudar-nos a compreender que tipos de problemas as pessoas estão resolvendo naquele momento. Por que elas escreveram
essas coisas estranhas, pelo menos aos nossos olhos, esse aglomerado de coisas incomuns reunidas do modo como fizeram? Entendendo isso,
começamos a entender seus problemas sociais, a dimensão de suas situações comunicativas. Isso também nos dá o conhecimento que nos
ajuda a compreender as novas possibilidades de situações completamente diferentes.
Within the framework of that answer I’d like to talk about three kinds of histories and then also talk about what might be ancient history which
has no immediate connection. So the first level of history is what Professor Miller was talking about – that as situations change, media change
and we have genre change, people and groups still rely on their existing understandings so when a new medium comes in, often the first
products on that medium – and we have seen this many times on the web – are simply the transplantation of existing genres from previous
medium or previous sets of situations. Then people discover new possibilities, new ways of doing things. The history of literacy contains in
aggregate amazing inventions, but each specific change is small, the kind of things we can easily imagine human beings doing. I will not
recount Schmandt-Besserat’s story about the invention of writing, but each step she documents does not take a genius to imagine, but is
only a gradual step by step response to the potential of the written medium. So now that we are moving to new digital media there has to
be a kind of transition in which people are learning. In that learning people are drawing on what has gone before. But now many people are
engaged in exploring the potential of the digital media – not just the technological possibilities, but also social arrangements and activities.
So there is a lot of learning very fast, but composed of many little inventions collected in a large social way. So in total you can say there is
rapid generic change.
EN
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 52
Second, in the course of developing a single project or a set of projects an individual or group of people will transform the drafts or versions of
their work, starting from what they know, as they discover new possibilities of the new medium. Yet if their message is going to be understood,
they cannot get too far ahead of their audiences who share the previous genres with them. So they have to bring their audience along with
them into the new world of genres.
A third level of history happens at the individual level. We all have our individual histories. The term antecedent genres as used by Professor
Devitt is referring to those prior individual personal experiences of genres which you bring to understand any current text or new situation.
Now, we’ve been talking so far about older genres that are invoked in the process of change towards newer genres. Sometimes I have found
that looking at totally ancient genres which are not available now and not being invoked nonetheless can help us to help us understand
the kinds of problems people were solving it at that time. Why did they write such strange things, at least from our eyes, such an unusual
cluster of things gathered in the way that they did? In understanding that you begin to understand their social problems, the dimensions of
their communicative situations. So that also provides a knowledge for helping us understand the new possibilities of very different situations.
En el ámbito de esa respuesta desearía hablar sobre tres tipos de historias y también hablar sobre qué sería la historia antigua, que no tiene relación inmediata. Era sobre
el primer nivel de la historia que hablaba la profesora Miller – que, cuando cambian las situaciones, cambian los medios de comunicación y tenemos cambios de género,
personas y grupos que siguen apoyándose en la comprensión vigente; de suerte que cuando surge un nuevo medio, frecuentemente los primeros productos en aquel medio – y
vemos esto muchas veces en la web – son simplemente el trasplante de géneros ya existentes en un medio anterior o en conjunto de situaciones anteriores. Enseguida, las
personas descubren nuevas posibilidades, nuevos modos de hacer las cosas. Globalmente, la historia del letramento contiene invenciones sorprendentes, pero cada cambio
específico es pequeño, el tipo de cosa que podemos fácilmente imaginar los seres humanos haciendo. No repetiré el relato de Schmandt-Besserat sobre la invención de la
escritura, pero no es necesario que uno sea un genio para que pueda imaginar cada paso que ella documenta, puesto que se trata tan sólo de una respuesta gradual, paso
a paso, al potencial de los medios de comunicación escritos. Por tanto, ahora que estamos pasando a un nuevo medio digital, tiene que haber un tipo de transición en que
las personas estén aprendiendo. En este aprendizaje, las personas emplean lo que aprendieron anteriormente. Pero ahora muchas personas se están ocupando de explorar
el potencial de los medios digitales – no sólo las posibilidades técnicas, sino también las organizaciones y actividades sociales. Por tanto, hay mucho aprendizaje muy
acelerado, pero compuesto de innúmeras pequeñas convenciones absorbidas de modo social amplio. Así, en conjunto, es posible decir que hay un rápido cambio genérico.
ES
Segundo, en el curso del desarrollo de un determinado proyecto o conjunto de proyectos, el individuo o grupo de personas transformarán sus borradores o las versiones de su
obra partiendo de lo que saben, a medida que descubren las nuevas posibilidades de los nuevos medios. Sin embargo, para que su mensaje pueda ser comprendida ellos no
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 53
pueden anticiparse a sus públicos, que comparten con ellos los géneros anteriores. De modo que deben llevar a su público junto con ellos hacia este nuevo mundo de géneros.
Un tercer nivel de la historia ocurre en el nivel individual. Todos tenemos nuestras historias individuales. El término géneros antecedentes, tal como lo emplea la profesora
[Amy] Devitt, se refiere a las experiencias anteriores, personales e individuales con los géneros, las cuales movilizamos para la comprensión de cualquier texto corriente o
situación nueva.
Ahora bien, hasta el momento estamos hablando de géneros más antiguos que evocamos en el proceso de transformación hacia géneros más nuevos. Lo que he venido
observando es que muchas veces mirar hacia géneros totalmente antiguos que no están más disponibles o que no se evocan, nos puede ayudar, de cualquier modo, a
comprender qué tipo de problemas resuelven las personas en aquel momento. ¿Por qué ellas han escrito estas cosas tan raras, por lo menos bajo nuestra mirada; este
aglomerado de cosas singulares reunidas de la manera como lo hicieron? Entendiendo esto empezamos a entender sus problemas sociales, la dimensión de sus situaciones
comunicativas. Esto también nos ofrece el conocimiento que nos ayuda a comprender las nuevas posibilidades de situaciones completamente diferentes.
À propos de cette réponse, je voudrais parler sur trois types d’histoire, ainsi que sur l’histoire ancienne qui n’en a pas de rapport immédiat. C’était sur
le premier type d’histoire que Madame Miller parlait – quand les situations changent, les médias changent et nous avons des changements de genre,
mais les gens et les groupes s’appuient encore sur la compréhension en vigueur, de telle façon que quand il apparaît un nouveau média, ses premiers
produits souvent – et nous le voyons beaucoup de fois à la web – ne sont que la transplantation de genres qui existent dans un média antérieur ou
dans des ensembles de situations antérieures. Ensuite, les gens découvrent de nouvelles possibilités, de nouvelles manières de faire les choses. En
générale, l’histoire du lettrisme contient des inventions surprenantes, mais chaque changement spécifique est petit, c’est le type de choses que nous
pouvons facilement imaginer les êtres humains en train de le faire. Je ne vais pas répéter le rapport de Schmandt-Besserat sur l’invention de l’écrit,
mais il ne faut pas être génie pour imaginer chaque pas qu’elle enregistre, car il ne s’agit que d’une réponse graduelle, pas à pas, selon les possibilités du
média écrit. Puisque nous passons à un nouveau média numérique, il doit y avoir une sorte de transition pendant laquelle les gens apprennent. Dans
cet apprentissage, les gens font appel à ce qu’ils ont appris avant. Mais, maintenant, beaucoup de gens sont engagés dans l’exploitation du potentiel des
médias numériques – non pas seulement leurs possibilités téchniques, mais aussi leurs arrangements et leurs activités sociales. Donc, il y a beaucoup
d’apprentissage assez rapide, mais composé de plusieurs petites conventions cueillies selon un mode social large. Ainsi, de façon générale, on peut dire
qu’il y a un changement rapide de genre.
FR
Deuxièmement, tout au long du développement d’un certain projet ou d’un ensemble de projets, un individu ou un groupe de gens modifiera les
brouillons ou les versions de son oeuvre, à partir de ce qu’il sait, au fur et à mesure qu’il découvre les nouvelles possibilités du nouveau média. Néanmoins,
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 54
si nous pouvons comprendre leur message, les gens ne peuvent pas aller plus loin de leurs publics avec lesquels ils partagent les genres antérieurs, de
telle façon qu’ils doivent amener leur public à ce nouveau monde de genres.
Un troisième niveau de l’histoire à lieu au niveau individuel. Tout le monde a ses histoires individuelles. Le terme ‘genres antécédents’, tel comme il est
employé par Madame [Amy] Devitt, fait référence à des expériences antérieures, personnelles et individuelles, avec les genres, auxquelles nous faisons
appel pour comprendre n’importe quel texte en cours ou n’importe quelle nouvelle situation.
Jusqu’à ce moment, nous parlons de vieux genres qui sont invoqués dans le processus de changement vers les genres les plus nouveaux. Parfois, je
constate que voir des genres totalement anciens, qui ne sont plus disponibles, ni sont plus évoqués, d’une certaine façon, peut nous aider à comprendre
quel sorte de problèmes les gens sont en train de résoudre à ce moment-là. Pourquoi ils ont écrit ces choses étranges, au moins à nos yeux, pourquoi
ils ont écrit cet ensemble de choses rares réunies de la façon comme ils l’ont fait ? Cela compris, nous commençons à comprendre leurs problèmes
sociaux, la dimension de leurs situations communicatives. Cela nous donne aussi la connaissance qui nous aide à comprendre les nouvelles situations
complètement différentes.
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 55
9
Que áreas do saber, que posições teóricas e que autores mais influenciaram o
pensamento de vocês sobre os gêneros?
PT
What areas of knowledge, theoretical positions, and authors most influenced your reflections
on genres?
EN
ES
¿Qué áreas del saber, qué posiciones teóricas y qué autores han influido más sobre su pensamiento con relación a los géneros?
FR
Quels domaines du savoir, quelles positions théoriques et quels auteurs ont influencé le plus vos idées sur les genres?
Charles Bazerman
Foram várias influências. Três delas dizem respeito de forma imediata à questão de qual é a natureza
dos seres humanos como criaturas ativas, comunicativas e simbólicas. Para este aspecto eu me baseei
fortemente em Vygotsky, noutros psicólogos russos e em obras que seguem essa tradição. Outra
influência foram os pragmatistas americanos. Quem me falou mais diretamente foi George Herbert
Mead. Também fui influenciado pelo psiquiatra Harry Stack Sullivan, que vem da tradição pragmática.
O pragmatismo também perpassa muito das ciências sociais americanas. A terceira influência foi a
tradição fenomenológica oriunda de [Alfred] Schutz. Depois, me interessei por sociologia, sociologia
estrutural e estruturacional, e também microssociologia. Outra área que foi muito influente e em que
eu passei muito tempo pensando foram as obras sobre letramento e oralidade, que levantaram questões
muito importantes sobre as affordances de diferentes mídias e como essas affordances interagem com
a sociedade e a história. Precisamos ir além das grosseiras dicotomias de onde [Walter] Ong, [Jack]
Goody e [Eric] Havelock partiram, mas eles levantaram questões muito importantes.
PT
There are several clusters. Three are immediately around the question of what is the nature of human
beings as active, communicative, symbolic creatures. For that I have drawn heavily on Vygotsky
and the other Russian psychologists and the work following in that tradition. Another has been the
American pragmatists. The one that has spoken most directly to me is George Herbert Mead. I have
also been influenced by the psychiatrist Harry Stack Sullivan who comes out of the pragmatic tradition.
Pragmatism also pervades a lot of American social sciences. Third is phenomenological tradition
coming from Schutz. Then I have been interested in sociology, structural and structurational sociology
and microsociology as well. Another area that was very influential and I spent a lot of time thinking
about is the work on literacy and orality which raised very important questions about the affordances
of different media and how those affordance interact with society and history. We need to move
beyond the gross dichotomies Ong, Goody and Havelock initially began with, but they have raised
very important questions.
EN
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 57
“
Precisamos
ir além das
grosseiras
dicotomias.
Charles Bazerman
“
Fueron varias influencias. Tres de ellas relacionadas de forma inmediata con la cuestión de cuál es la naturaleza de los seres humanos como seres activos, comunicativos
y simbólicos. Con relación a este aspecto me basé fuertemente en Vygotsky, en otros psicólogos rusos y en obras que siguen esta tradición. Otra influencia fueron los
pragmatistas americanos. El que más directamente me influenció fue George Herbert Mead. También fui influenciado por el psiquiatra Harry Stack Sullivan, que viene de
la tradición pragmática. El pragmatismo también atraviesa muchas de las ciencias sociales norte-americanas. La tercera influencia fue la tradición fenomenológica oriunda
de [Alfred] Schutz. Después me interesé por sociología, sociología estructural y estructuracional, y también micro sociología. Otra área que fue muy influente y sobre la que
estuve pensando por un largo tiempo fueron las obras sobre letramento y oralidad, que propusieron cuestiones muy importantes sobre las affordances de los diferentes
medios y como estas affordances interactúan con la sociedad y la historia. Necesitamos ir más allá de las groseras dicotomías de las que partieron [Walter] Ong, [Jack] Goody
e [Eric] Havelock, aunque ellos propuesieron cuestiones muy importantes.
ES
Ce sont de plusieurs influences. Il y en a trois qui correspondent directement à la question sur la nature des êtres humains en tant que créatures actives,
communicatives et symboliques. Pour ces aspects je me suis basé principalement sur Vygotsky, sur d’autres psychologues russes et sur des oeuvres qui
suivent cette tradition. Une autre influence vient des pragmaticiens américains. Celui qui m’a influencé plus directement a été George Herbert Mead.
Je suis influencé aussi par le psychiatre Harry Stack Sullivan, qui vient de la tradition pragmatique. Le pragmatisme passe aussi parmi beaucoup de
sciences sociales américaines. Ma troisième influence a été la tradition phénomenologique venue de [Alfred] Schutz. Ensuite, je me suis interéssé à la
sociologie, à la sociologie structurale et structurante et aussi à la microssociologie. Un autre domaine du savoir qui m’a beaucoup influencé et auquel
j’ai pensé pendant beaucoup de temps a été les oeuvres sur le lettrisme et l’oralité, qui ont proposé des questions très importantes sur les possibilités
(affordances) de différents médias et comment ces possibilités (affordances) interagissent avec la société et l’histoire. Il nous faut dépasser les grossières
dichotomies d’où [Walter] Ong, [Jack] Goody et [Eric] Havelock sont partis, quoiqu’ils aient proposé des questions très importantes.
FR
Carolyn Miller
Acho que as influências mais importantes que eu sofri vieram do campo dos estudos retóricos, tanto da retórica clássica como da
contemporânea. Aristóteles com certeza tinha muito a dizer sobre gêneros, e eu achei aquilo muito instrutivo, compreendido dentro do
contexto da sociedade ateniense e de suas necessidades de comunicação política. É necessário retroceder na história daquela sociedade para
compreender por que Aristóteles via os gêneros da maneira como viu, para saber como esses gêneros podem precisar ser reformulados
para a sociedade contemporânea. A nova retórica representada por Kenneth Burke, Chaim Perelman e Stephen Toulmin também teve
muita influência sobre a compreensão de como todo uso da linguagem e todo discurso é atravessado, de um modo ou de outro, por uma
PT
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 58
intenção persuasiva, e eu acho que é isso que me leva a tentar entender o gênero como um tipo de
ação persuasiva. A teoria dos atos de fala também me influenciou aqui, a fenomenologia e a noção
de tipificação, George Herbert Mead, também, em termos da maneira pela qual nos tornamos
socializados, de modo que, nesse sentido, há um conjunto de importantes teóricos do século vinte
que eu igualmente apontaria.
I think the most important influences on me have been from the field of rhetorical studies, both
classical rhetoric and contemporary rhetoric. Certainly Aristotle had a lot to say about genre and
I found that very informative, understood within the context of Athenian society and its needs for
political communication. You have to go back into the history of that society to understand why
Aristotle saw the genres the way he did to know how those genres might need to be reformulated for
our contemporary society. The new rhetorics identified with Kenneth Burke and Chaim Perelman and
Stephen Toulmin have also been very influential on understanding the way that all language use and
all discourse is shot through with persuasive intent in one way or another and I think this is what led
me to try to understand genre as a kind of persuasive action itself. Speech act theory influenced me
here as well, phenomenology and the notion of typification, George Herbert Mead, as well, in terms
of the way in which we become socialized so there’s a cluster of important theorists in 20th-century
along those lines that I would point to as well.
EN
Creo que las influencias más importantes que tuve vinieron del campo de los estudios retóricos, tanto de la retórica
clásica como de la contemporánea. Aristóteles seguramente tenía mucho que decir sobre géneros y aquello me pareció
muy instructivo siempre que se comprenda en el contexto de la sociedad y de sus necesidades de comunicación política. Es
necesario retroceder en la historia de aquella sociedad para comprender por qué Aristóteles vio los géneros de la manera
como lo hizo, para entonces saber cómo estos géneros pueden necesitar una reformulación para la sociedad contemporánea.
La nueva retórica representada por Kenneth Burke, Chaim Perelman y Stephen Toulmin también tuvo mucha influencia sobre
la comprensión de cómo todo uso del lenguaje y todo discurso está atravesado, de una u otra manera, por una intención
persuasiva; y creo que eso es lo que me lleva a intentar entender el género como un tipo de acción persuasiva.
“
Aristóteles com
certeza tinha
muito a dizer
sobre gêneros, e eu
achei aquilo muito
instrutivo.
Carolyn Miller
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 59
“
Je crois que les influences les plus importantes que j’ai subies sont venues des études réthoriques, tant de la réthorique classique que de celle
contemporaine. Certainement, Aristote avait beaucoup de choses à dire sur les genres et j’ai trouvé cela très instructif, si on le comprend dans le contexte
de la société d’Athène et de ses besoins de communication politique. Il faut revenir dans l’histoire de cette société-là pour comprendre par quelle raison
Aristote voyait les genres de la façon comme il les a vus, pour savoir comment ces genres ont eu besoin d’être réformulés pour la société contemporaine.
La nouvelle réthorique, représentée par Kenneth Burke, Chaim Perelman et Stephen Toulmin, a beaucoup influencé ma compréhension de comment
tout emploi du langage et tout discours sont traversés, d’une façon ou d’autre, par une intention persuasive. Et je crois que c’est cela qui m’amène à
essayer de comprendre le genre en tant qu’un type d’action persuasive. La théorie des acts de parole m’a aussi touchée ; la phénomenologie et la notion
de typification, George Herbert Mead aussi, en ce qui concerne la manière par laquelle nous nous devenons socialisés. Dans ce sens, il y a un ensemble
d’importants théoriciens du vingtième siècle que j’indiquerait également.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 60
10
PT
Qual é o lugar do conceito de cultura numa teoria de gênero como ação social?
EN
How does the concept of culture fit into a theory of genre as social action?
ES
¿Cuál es el lugar del concepto de cultura en una teoría de género como acción social?
FR
Quel est le lieu du concept de culture dans une théorie de genre entendu comme une action sociale?
Carolyn Miller
Isto me parece essencial: a ação social está inserida numa sociedade. Não quero aqui argumentar sobre como distinguir cultura e sociedade.
Certamente que são conceitos relacionados, estudados por diferentes especialidades e de diferentes maneiras, mas é a profunda inserção do
uso da linguagem num contexto que envolve conceitos, valores, interesses, pressupostos, gêneros anteriores, histórias completas e tradições
que precisamos compreender a fim de entender como o gênero é um modo de ação, um jeito de fazer as coisas, inclusive de entender o que
pode e deve ser feito, e como essas coisas serão interpretadas naquela sociedade. Então, gostaria apenas de resumir dizendo que a cultura é
um fator central para a compreensão de gêneros como ação social.
PT
This seems to me to be essential: social action is embedded in a society. I don’t want to argue here about how you distinguish culture and
society. They are certainly related, they are studied by different specialties in different ways, but it’s the embeddedness of language use deep
within a context that involves assumptions, values, interests, presuppositions, prior genres, complete histories and traditions that we need to
understand in order to understand how the genre is a mode of action, is a way of getting things done, even of understanding what things
can be done and should be done, and how they are going to be interpreted in that society. So I would just summarize by saying that culture
is a central containing consideration in understanding genres as social action.
EN
Esto me parece esencial: la acción social está insertada en una sociedad. No quiero aquí argumentar sobre cómo hacer la distinción entre cultura y sociedad. Es cierto que
son conceptos relacionados, estudiados por diferentes especialidades y de maneras distintas, pero es la profunda inserción del uso del lenguaje en un contexto en el que están
relacionados conceptos, valores, intereses, presupuestos, géneros anteriores, historias completas y tradiciones lo que necesitamos comprender a fin de entender cómo el
género es un modo de acción, una manera de hacer las cosas, incluso de comprender lo que uno puede y debe hacer y cómo estas cosas se interpretarán en aquella sociedad.
Entonces, quisiera solamente resumir diciendo que la cultura es un elemento central para la comprensión de géneros como acción social.
ES
Cela me semble essentiel: l’action sociale est insérée dans une société. Je ne veux pas argumenter ici sur comment distinguer culture et société.
Certainement ce sont des concepts qui ont des relations entre eux, qui sont étudiés par de différentes spécialités et de manières différentes, mais c’est la
pronfonde insertion de l’usage du langage dans un contexte qui inclut des concepts, des valeurs, des intérêts, des pressuposés, des genres antérieurs, des
histoires complètes et des traditions que nous avons besoin de comprendre, à fin d’entendre comment le genre est un mode d’action, une façon de faire
les choses, y compris d’entendre ce qui peut et ce qui doit être fait et comment ces choses seront intérpretées dans une société. Alors, j’aimerais juste la
résumer en disant que la culture est un facteur central pour la compréhension de genres en tant qu’une action sociale.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 62
Charles Bazerman
Eu acho que tenho que começar questionando o que é cultura. O conceito é altamente controvertido em muitas áreas, especialmente em
antropologia, em que é um tópico permanente de discussão. Vou dar algumas possíveis definições ou elementos da cultura e falar sobre como
entram em consideração. A psicologia histórico-cultural afirma que a cultura está nas ferramentas e artefatos disponíveis para uso do indivíduo
numa sociedade. Certamente, é possível perceber que os meios de comunicação e os gêneros, assim como outros elementos da linguagem, são
ferramentas disponíveis, historicamente em evolução, através das quais se pode realizar a interação social. Portanto, desse ponto de vista, os
gêneros são a própria cultura. Alguns estendem a noção para incluir as práticas que podem indicar o modo específico como as pessoas lidam e
se orientam em relação às ferramentas e aos comportamentos dos outros. Os gêneros podem ser vistos, especialmente quando encarados de
um ponto de vista psicológico, como geradores de uma disposição ou orientação para eventos – conjuntos de reações, conjuntos de avaliações.
Então, nesse sentido, um gênero também pode ser visto como entrelaçado com a cultura e, de fato, como um meio de realizar o comportamento
cultural no sentido de habitus. Esta é, portanto, outra forma que as pessoas têm de falar sobre cultura.
PT
I guess I have to start by asking what is culture. That is highly contested in many areas, especially in anthropology – that is one of the enduring
topics of discussion. I will give a couple of possible definitions or elements of culture and talk about how they would enter in. Cultural historical
psychology says that culture is in the tools and artifacts that are made available in the society for a person to use. One can certainly see
that the media of communication and the genres as well as other elements of language are historically evolving and available tools through
which one can carry out social interaction. So from that point of view, genres actually are the culture. Some people extend that to include
practices which may mean the particular ways people handle and orient towards the tools and other people’s behaviors. Genre can be
seen, especially when looking at it from a psychological view as creating a disposition or orientation towards events – sets of reactions, sets
of evaluations. So in that sense genre can also be seen well intertwined with culture and in fact a means of carrying out cultured behavior in
the sense of habitus. So that is another way people use to talk about culture.
EN
Creo que debo empezar cuestionando lo que es cultura. El concepto es altamente controvertido en muchas áreas, especialmente en antropología, en la cual es un tema
permanente de discusión. Daré algunas posibles definiciones o elementos de la cultura y hablaré sobre como las considero. La psicología histórico-cultural afirma que la
cultura está en las herramientas y artefactos disponibles para el uso del individuo en una sociedad. Seguramente se puede percibir que los medios de comunicación y los
géneros, así como otros elementos del lenguaje, son herramientas disponibles, históricamente en evolución, por medio de los cuales se puede realizar la interacción social.
Por lo tanto, desde este punto de vista, los géneros son la propia cultura. Algunos amplían la noción hasta incluir las prácticas que pueden indicar el modo específico como
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 63
las personas lidian y se orientan con relación a las herramientas y los comportamientos de los demás. Los géneros pueden ser vistos, especialmente cuando se los considera
desde el punto de vista psicológico, como generadores de una disposición u orientación para eventos – conjunto de reacciones, conjunto de evaluaciones. Entonces, en este
sentido, un género también puede ser visto como algo entretejido con la cultura y, de hecho, como un medio de realizar el comportamiento cultural en el sentido de habitus.
Esta es, por lo tanto, otra forma que tienen las personas de hablar sobre cultura.
Tout d’abord, il me faut poser cette question à moi-même : C’est quoi la culture ? Ce concept est très discuté dans de nombreuses sciences, surtout
l’anthropologie, où il est toujours en discussion. Je vais donner des définitions possibles de culture ou des éléments de la culture et parler sur comment
ils sont pris en compte par ces sciences. La psychologie historique-culturelle affirme que la culture est l’ensemble d’outils et d’artéfacts disponibles à
l’usage des individus dans une société. Certainement, il est possible de percevoir que les moyens de communications et les genres, ainsi que d’autres
éléments du langage, sont des outils disponibles, historiquement en évolution, à travers lesquels l’interaction sociale a lieu. Donc, de ce point de vue, les
genres sont la culture elle-même. Quelques uns élargissent cette notion pour y mettre les pratiques qui peuvent indiquer le mode spécifique de comment
les gens travaillent avec ces outils et les comportements des autres et comment ils les prennent en compte. Les genres peuvent être vus, spécialement
quand ils sont pris d’un point de vue psychologique, comme générateurs d’une disposition ou d’une orientation pour d’événements – un ensemble de
reactions, un ensemble d’évaluations. Alors, dans ce sens, un genre peut être vu aussi comme entrelacé avec la culture et, de fait, comme un moyen de
réaliser le comportement culturel dans le sens d’habitus. Voilà, donc, une autre façon que les gens ont de parler sur la culture.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 64
11
Como podemos definir os objetivos da escola de pensamento conhecida como
nova retórica?
PT
EN
How can we define the objectives of the school of thought known as new rhetoric?
ES
¿Cómo podemos definir los objetivos de la escuela de pensamiento conocida como nueva retórica?
FR
Comment pouvons-nous définir les objectifs de l’école connue comme la nouvelle rhétorique?
“
Charles Bazerman
Nova retórica não é um termo usado por mim. Sei que é um termo que a professora Miller já usou.
Sei que o termo foi usado por muitas pessoas, pessoas muito diferentes, cada uma delas se apresentando
como sucessora da poderosa tecnologia do que quer que considerem como retórica antiga. Posso falar
um pouco sobre o que retórica significa para mim. Retórica tem a ver com a compreensão refletida
e estratégica dos meios de comunicação do ponto de vista dos usuários, com o fim de incrementar
a habilidade de uso tanto de produtores como de receptores da linguagem. Desse ponto de vista,
eu vejo o tipo de trabalho que faço como parte disso, mas, na verdade, eu desenvolvi uma definição
idiossincrática de retórica para combinar com minha abordagem de gênero; no entanto, não tenho
certeza se é isso que outros chamariam de antiga ou nova retórica.
PT
Desenvolvi
uma definição
idiossincrática
de retórica para
combinar com
minha abordagem
de gênero; no
entanto, não
tenho certeza se
é isso que outros
chamariam de
antiga ou nova
retórica.
New rhetoric is not a term I use. I know it is a term Professor Miller has used. I know the term has
been used by many people, very different people, each of whom are presenting themselves as the
successor to the powerful technology of whatever they consider the old rhetoric. I could say a bit
about what rhetoric means to me. Rhetoric has to do with the reflective and strategic understanding
of the means of communication from the point of view of users in order to increase the skill of use by
both producers and receivers of language. From that point of view I see the kind of work I do studying
genre as a part of that, but I developed my idiosyncratic definition of rhetoric in fact to conform with my
approach to genre, but I’m not sure that that’s what other people would call either old or new rhetoric.
EN
Nueva retórica no es un término que yo emplee. Sé que es un término que la profesora Miller ya ha usado. Sé que es un
término que han usado muchas personas, personas muy diferentes, cada una de ellas presentándose como sucesora de
la poderosa tecnología de lo que sea que consideren como retórica antigua. Puedo hablar un poco sobre lo que la retórica
significa para mí. La retórica está relacionada con la comprensión crítica y estratégica de los medios de comunicación
desde el punto de vista de los usuarios, con la finalidad de incrementar la habilidad de uso tanto de los productores como
de los receptores del lenguaje. Desde este punto de vista, veo el tipo de trabajo que hago como parte de eso, pero en
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
Charles Bazerman
I 66
“
verdad desarrollé una definición idiosincrática de retórica para adaptarla a mi abordaje de género, aunque no esté seguro
de que sea esto lo que los demás llamarían de antigua o nueva retórica.
Nouvelle rhétorique n’est pas un terme de mon usage. C’est un terme que Madame Miller a déjà employé.
Je sais que ce terme a été déjà utilisé par beaucoup de gens, des gens très différents et chacun dans le rôle de
successeur de la puissante technologie de ce que l’on considère comme réthorique ancienne (classique). Je
peux parler un peu sur ce que la réthorique signifie pour moi. La rhétorique se ressemble à la compréhension
réfléchie et stratégique des moyens de communication du point de vue des usagers, dans le but d’augmenter
leur habilité d’usage langagier, tant des producteurs comme des recepteurs du langage. De ce point de vue, je
vois le type de travail que je fais comme une partie de cela, mais, à vrai dire, j’ai fait une définition idiosyncratique
de rhétorique, pour combiner avec mon approche de genre ; néanmoins je ne suis pas sûr si c’est cela que les
autres désigneraient d’ancienne ou nouvelle rhétorique.
FR
Carolyn Miller
Eu acho que aqueles que utilizam o termo, e com quem estou familiarizada, querem dizer
especialmente pelo menos duas coisas, ao lado talvez de outras, mas no momento vou me concentrar
nessas duas. Uma é distinguir nova retórica de retórica antiga, rejeitando a ideia de que retórica é
comunicação necessariamente deliberada, ou estratégica, que efetivamente apresenta propósitos
ostensivos sobre as pessoas e, portanto, é entendida como manipuladora. A nova retórica, pelo
contrário, envolve a compreensão de que nossas intenções retóricas podem não ser totalmente
conhecidas por nós, de que nem sempre estamos totalmente conscientes do que ou por que estamos
fazendo e (esta é a percepção de Kenneth Burke) de que essa retórica pode ser subconsciente,
inconsciente, de que a comunicação, a linguagem em uso, sempre contém uma dimensão persuasiva
que pode não estar inteiramente sob nosso controle. Burke falava de identificação, que é uma espécie
de impulso para a associação com outros, com o propósito de influenciar, de nos assemelhar aos outros,
PT
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 67
“
A nova retórica,
[...] envolve a
compreensão de que
nossas intenções
retóricas podem
não ser totalmente
conhecidas por nós,
de que nem sempre
estamos totalmente
conscientes do que
ou por que estamos
fazendo.
Carolyn Miller
“
de tentar tornar os outros parecidos conosco, de fazê-los gostar de nós; é o que me ocorre neste momento, o que mais uma vez ultrapassa a
ideia de que sempre temos em mente estratégias deliberadas quando falamos de retórica. A outra dimensão que quem fala em nova retórica
tenta distinguir em relação à retórica antiga é a inclusão de formas de comunicação que vão além do falante público prototípico, o político
poderoso que faz um discurso para as massas sem poder nas ruas, e isso inclui muitos, mas muitos tipos de comunicação verbal e não verbal,
a multimodalidade de que falamos um pouco antes. O que essas pessoas estão dizendo é que poderia haver uma retórica para a arquitetura,
poderia haver uma retórica para um desfile, ou para uma manifestação em massa; as pessoas passaram a se interessar muito pela retórica de
memoriais, pelo processo de memória, e pela criação de monumentos para eventos ou pessoas. Portanto, trata-se da abertura da retórica
para uma variedade de possibilidades de comunicação simbólica e uma abertura da retórica para além do uso deliberado, consciente ou
estratégico da linguagem.
The people that I’m familiar with who use the term I think mean at least two particular things, and there may be more, but I’ll focus on these
two right now. One is to distinguish the new rhetoric from the old rhetoric by rejecting the notion that rhetoric is communication that is necessarily
deliberate or strategic and in effect has overt designs on people and therefore is understood as manipulative. The new rhetoric by contrast
includes the understanding that our rhetorical intentions can be not fully known by us, that we are not always fully aware of what we are doing or
why we are doing it, and (this is Kenneth Burke’s insight) that that rhetoric can be subconscious, unconscious, that communication, language in
use, always contains a persuasive dimension that may not be fully within our control. He talked about identification that is a kind of movement
toward affiliation with others, of aiming to influence, to liken oneself to others, to try to make others like us, in both senses of that word, now that
I think of it, that again goes beyond the notion that we have to always have deliberate strategies in mind when we’re talking about rhetoric. The
other dimension that people who talk about new rhetoric are trying distinguish from the old rhetoric is to include forms of communication that
go beyond the prototypical public speaker, the powerful politician making a speech to the un-powerful masses in the streets, and this would
then include many, many different kinds of verbal and nonverbal communication, the multimodality that we talked about a little earlier. These
people are saying, well there could be a rhetoric to architecture, there could be a rhetoric to a parade, or to a mass demonstration, people
have gotten very interested in the rhetoric of memorials, the process of memory, and the creation of monuments to events or to persons. So
it is an opening up of rhetoric to a variety of possibilities of symbolic communication and an opening up of rhetoric beyond the deliberate,
conscious or strategic use of language.
EN
Pienso que los que emplean el término y con los que estoy familiarizada quieren decir especialmente y por lo menos dos cosas, que se relacionan quizá con otras, pero de
momento me centraré en estas dos. Una es distinguir nueva retórica de retórica antigua, rechazando la idea de que la retórica es comunicación necesariamente deliberada
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 68
o estratégica que efectivamente presenta propósitos ostensivos sobre las personas, razón por la cual se la entiende como manipuladora. La nueva retórica, por el contrario,
se relaciona con la comprensión de que nuestras intenciones retóricas pueden no ser totalmente conocidas por nosotros mismos, de que no siempre estamos totalmente
conscientes de lo que hacemos y por qué lo estamos haciendo, y (esta es la percepción de Kenneth Burke) de que esta retórica puede ser subconsciente, inconsciente, de que
la comunicación, el lenguaje en uso siempre contiene una dimensión persuasiva que no siempre está enteramente bajo nuestro control. Burke hablaba de identificación,
que es una clase de impulso para la asociación con otras personas con el propósito de influenciarlas, de asemejarnos a ellas, de intentar volver a los demás semejantes a
nosotros, hacer con que les gustemos a ellos; eso es lo que me ocurre en este momento, lo que una vez más excede la idea de que siempre tenemos en mente estrategias
deliberadas cuando hablamos de retórica. El otro propósito de los que hablan de nueva retórica es distinguir en ella, con relación a la retórica antigua, la inclusión de las
formas de comunicación que en la nueva retórica van más allá del hablante público prototípico, el político poderoso que hace, en las calles, un discurso para las masas sin
poder; y eso incluye muchos, muchos tipos de comunicación verbal y no verbal, la multimodalidad de que hablamos anteriormente. Lo que están diciendo estas personas es
que puede haber una retórica para la arquitectura, como podría haber una retórica para un desfile o una manifestación masiva; las personas empezaron a interesarse mucho
por la retórica de memoriales, por el proceso de memoria y por la creación de monumentos para eventos o personas. Por lo tanto, se trata de una apertura de la retórica para
una variedad de posibilidades de comunicación simbólica y una apertura de la retórica más allá del uso deliberado, consciente o estratégico del lenguaje.
Je crois que ceux qui emploient ce terme, et avec qui je suis habituée, veulent dire, spécialement, au moins deux choses, à côté d’autres peut-être,
mais en ce moment je me tiens sur celles-là. L’une c’est distinguer la nouvelle rhétorique de la rhétorique ancienne, en refusant l’idée selon laquelle la
rhétorique est une communication nécessairement déliberée ou stratégique qui effectivement présente des propos ostensifs vers les gens et, ainsi, elle
est comprise en tant que manipulatrice. La nouvelle rhétorique, au contraire, s’occupe de comprendre que nos intentions rhétoriques peuvent ne pas
être totalement connues par nous-mêmes, que nous ne sommes pas toujours totalement conscients de ce que nous faisons ou pourquoi nous le faisons
(celle-ci c’est la perception de Kenneth Burke) et que cette rhétorique peut être subconsciente, inconsciente, et que la communication, le langage, a
toujours une dimension persuasive, qui ne peut pas être totalement sous notre contrôle. Burke parlait d’identification, qui est une sorte d’impulse qui
nous amène à nous associer aux autres, avec le propos de les influencer, de nous rendre semblables aux autres, d’essayer de rendre les autres pareils à
nous-mêmes, de les faire nous aimer ; c’est ce qui arrive en ce moment. Ce qui, encore une fois, dépasse l’idée selon laquelle nous avons toujours en tête
des stratégies déliberées, quand nous parlons de rhétorique. L’autre dimension est celle déclenchée par la nouvelle rhétorique. La nouvelle rhétorique
est l’inclusion de formes de communications qui vont au-delà du locuteur publique prototypique, le politicien puissant qui fait un discours pour les
gens impuisssantes dans les rues, et cela comprend beaucoup de types de communication verbale et non-verbale, la multimodalité sur laquelle nous
avons parlé un peu avant. Ce que les spécialistes disent c’est qu’il pourrait y avoir une rhétorique pour l’architecture, il pourrait y avoir une rhétorique
pour un défilé, ou pour une manifestation des gens; les gens ont tourné leurs intérêts vers la rhétorique de mémoires et vers la création de monuments
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 69
“
pour des événements ou des personnes. Donc, il s’agit d’une ouverture de la rhétorique vers une variété de
possibilités de communication symbolique et une ouverture de la rhétorique qui dépasse l’usage déliberé,
conscient ou stratégique du langage.
Charles Bazerman
Concordo que
muitos usos da
linguagem não
são deliberados, e
sim, espontâneos.
Contudo, eu também
vejo a retórica
levantando a
possibilidade de
alguém se tornar
mais consciente e
consequentemente
mais reflexivo na
escolha do que
dizer.
Eu gostaria de acrescentar uma observação sobre a questão da consciência – mas não tem a ver
com a nova retórica em si. Concordo que muitos usos da linguagem não são deliberados, e sim,
espontâneos. Contudo, eu também vejo a retórica levantando a possibilidade de alguém se tornar mais
consciente e, consequentemente, mais reflexivo na escolha do que dizer, assim como um iogue pode
tornar-se mais consciente dos seus batimentos cardíacos ou do seu pulso e, como consequência, mais
habilitado a agir em relação a eles e a conhecer mais sobre eles. Gostaria de discordar também sobre
a palavra argumento ou persuasão. Muitos veem esses termos como conceitos centrais da retórica,
mas para mim eles não são, pois vejo muitas outras formas de ação simbólica que têm outros fins
que não a persuasão. Eu gostaria de possuir conhecimento reflexivo e pensamento estratégico não
apenas sobre manipulação ou persuasão, mas também sobre cooperação, por exemplo. Portanto,
eu proporia a palavra influência – de que forma se pode influenciar outra pessoa. Acho que isso abre
um espaço mais amplo para consideração retórica.
PT
I would like to add a footnote on the issue of consciousness – but this is not about the new rhetoric
per se. I would agree that many uses of language are not deliberate, but instead spontaneous.I
also though see rhetoric as raising the possibility of becoming more conscious, and therefore more
thoughtful in one’s choice of what to say, just as a yogi can become more aware of his heartbeat or
pulse rate, and therefore can do more with them and recognize more about them. I would also differ
on the word argument or persuasion. Many people see these terms as core notions of rhetoric, but
for me they are not for I see many forms of symbolic action as having ends other than persuasion. I
would like to have reflective knowledge and strategic thought not just about manipulation or persuasion
EN
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
Charles Bazerman
I 70
“
but also about cooperation, for example. So I would may substitute the word influence – how do you
influence another person. I think that opens up wider areas for rhetorical consideration.
Desearía agregar una observación sobre la cuestión de la consciencia – pero que no tiene nada que ver con la nueva retórica
en sí. Estoy de acuerdo con que muchos usos del lenguaje no son deliberados, sino espontáneos. Sin embargo, veo también la
retórica planteando la posibilidad de que alguien se vuelva más consciente y consecuentemente más reflexivo en la elección
de lo que dice, así como un yogui puede volverse más consciente de sus batimientos cardiacos o de su pulso, y en consecuencia
más apto para actuar con relación a ellos y para conocer más sobre ellos. Quisiera discordar también sobre la palabra argumento
o persuasión. Muchos consideran estos términos como conceptos centrales de la retórica, pero para mí no lo son, pues veo
muchas otras formas de acción simbólica que tienen otras finalidades que no la persuasión. Me gustaría poseer conocimiento
reflexivo y pensamiento estratégico no solamente sobre la manipulación o persuasión, sino también sobre cooperación, por
ejemplo. Por tanto, propondría la palabra influencia – de qué forma se puede influenciar otra persona. Pienso que esto abre
un espacio más amplio para la consideración de la retórica.
ES
Je voudrais ajouter une observation sur la question de la conscience – mais qui n’a rien à voir avec la nouvelle
rhétorique en soi-même. Je suis d’accord avec l’idée selon laquelle la plupart d’emplois du langage ne sont pas
déliberés, mais spontanés. Néanmoins, je vois aussi que la rhétorique rend possible que quelqu’un devienne plus
conscient et, par conséquent, plus attentif au choix de ce qu’il va dire, tel qu’un yogi peut devenir plus conscient
de ses battements de coeur ou de son pouls, et, par conséquent, plus habile à agir sur eux et à les connaître plus.
Je voudrais me mettre contre aussi le mot argument ou persuasion. Beaucoup de gens voient ces termes comme
des concepts principaux de la rhétorique, mais à mon avis ils ne le sont pas, car je vois beaucoup plus d’autres
formes d’action symbolique qui ont d’autres buts qui ne correspondent pas à la persuasion. Je voudrais avoir
une connaissance réflexive et une pensée stratégique non seulement sur manipulation ou persuasion, mais
aussi sur coopération, par exemple. Donc, je propose le mot influence – de quelle manière on peut influencer
une autre personne. Je crois que cela ouvre un espace plus large pour une considération rhétorique.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 71
“
Acho que influência
é exatamente o
conceito que a
nova retórica está
tentando [propor]
para ir além.
Carolyn Miller
“
Carolyn Miller
Acho que influência é exatamente o conceito que a nova retórica está tentando [propor] para ir além, como eu disse, da noção manipulativa de
persuasão, e para ver a cooperação como forma de persuasão mútua. Mais uma vez, persuasão é uma dessas palavras complexas que requerem
cuidado.
PT
I think influence is precisely the notion the new rhetoricians are attempting [to make], to go beyond, as I said, the manipulative understanding
of persuasion, but to see cooperation as a form of mutual persuasion. Again, persuasion is one of those words that has an edge to it that you
always have to be careful of.
EN
Pienso que la influencia es exactamente el concepto que la nueva retórica intenta proponer en el sentido de extrapolar, como lo he dicho, la noción manipulativa de persuasión
y para ver la cooperación como forma de persuasión mutua. Una vez más, persuasión es una de estas palabras complejas que requieren cuidado.
ES
Je crois que le concept d’ ‘influence’ c’est exactement celui que la nouvelle rhétorique est en train de proposer pour dépasser, comme je l’ai dit, la notion
manipulatrice de la persuasion et pour voir la coopération comme une forme de persuasion mutuelle. Encore une fois, la persuasion est un de ces mots
complexes qui demandent attention.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 72
12
Do ponto de vista histórico, e considerando igualmente mudanças de contexto social e cultural, como
você analisa a natureza do gênero textual? Por exemplo, uma notícia publicada no início do século XX,
que não cumpre mais sua função de divulgar fatos novos, deixa de ser uma notícia? Em que medida
a forma neste caso – e em outros – tem relevância para a compreensão do gênero como ação social?
PT
From a historical point of view and considering equally changes in the social and cultural context how would you
analyze the nature of genre? For example, does a news item published at the beginning of the twentieth century
that no longer fulfills its function of divulging new facts cease to be a news item? How does form enter here – and
EN
in other cases – as relevant for the comprehension of genre as social action?
Desde el punto de vista histórico y teniendo en cuenta igualmente los cambios de contexto social y cultural, ¿cómo usted analiza la naturaleza del
género textual? Por ejemplo, una noticia publicada a principios del siglo XX, que ya no cumple con la función de divulgar acontecimientos nuevos,
¿deja de ser una noticia? ¿Qué relevancia tiene la forma en este caso – y en otros – para la comprensión del género como acción social?
ES
Du point de vue historique et en prennant en compte également des changements du contexte social et culturel, comment
analysez-vous la nature du genre textuel ? Par exemple, une nouvelle publiée au début du XX siècle, qui ne joue plus le rôle de
transmettre des faits nouveaux, n’est-elle plus une nouveauté? Dans quelle mesure la forme, dans ce cas – et dans d’autres – est
vue comme importante pour comprendre le genre en tant qu’une action sociale?
FR
Charles Bazerman
A forma é uma das pistas pelas quais compreendemos um enunciado com que nos deparamos. Pode haver outros indícios, tais como pistas
lexicais ou afirmações explícitas. Pode haver indícios gráficos. Pode haver, portanto, muitas pistas, mas com certeza a forma é uma das
principais. Entretanto, se adotarmos a definição de gênero como algo que não está no texto em si, mas nas percepções dos usuários – produtores
e receptores – então, nos perguntaremos o que os participantes estão fazendo. Assim, em 1903, um repórter escrevia a reportagem para o
jornal e para um público como ele ou ela o compreendia. Se você for um historiador, você estará olhando para esse documento no contexto
da história do início do século XXI e do tipo de problemas que o preocupa. Portanto, se você está considerando a natureza do imperialismo
norte-americano, você está buscando provas e o que circulava como notícia em 1903. Assim, estará olhando para a reportagem como um
documento histórico, estará olhando para ela no quadro da história atual e, muito provavelmente, a estará encarando como uma notícia que
circulou há cento e seis anos. Por outro lado, dependendo de seu interesse, você poderá estar considerando o jornal apenas como um local
de registro para que certos dados ou fatos cheguem até nós. Assim, sua preocupação não será com a novidade do artigo, mas com o uso deste
como fonte para certos tipos de fatos. Assim, mais uma vez, sua orientação para o texto será diferente. Essas questões são interessantes, mas
tratam-se de problemas específicos, e não de complicados problemas filosóficos, quando começamos a assumir a perspectiva dos usuários.
Tudo se torna então um interessante local de interação. Um repórter de 1903 acaba interagindo com um historiador de 2009.
PT
Form is one of the clues by which we make sense of an utterance that we come across. There can be other clues such as lexical clues or
overt statements. There can be graphic clues. So there can be many clues, but certainly form is one of the chief ones. However, if you take
the definition of genre as not in the text itself but in the perceptions of the users – the producers and receivers – then you ask what are the
participants doing. So the original reporter in 1903 was writing a news article for the newspaper and audience as he or she imagined it then.
If you are a historian you are looking at this document in the context of the early 21st century history and the kinds of problems that concern
you. So if you are considering the nature of US imperialism you are looking for evidence and what circulated as news in 1903. So you’re looking
at it as an historical document, you are looking at it through the frame of current history, and quite likely you are looking at it as a news item
that circulated a hundred and six years ago. On the other hand, depending on your interest, you may be considering the newspaper only as
a site of record so that certain numbers or facts wind up in there. So you are not concerned about the article’s newsiness, but only as a source
of certain kind of facts. So again your orientation to that text will be different. These are very interesting questions, but they are specific and not
knotty philosophic problems when you start to take the perspective of the users. It just becomes a very interesting site of interaction. A 1903
reporter winds up interacting with a 2009 historian.
EN
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 74
La forma es una de las pistas mediante las cuales comprendemos un enunciado con el que nos deparamos. Puede haber otros indicios, tales como pistas lexicales o
afirmaciones explícitas. Sin embargo, en caso de que adoptemos la definición de género como algo que no está en el texto en sí, sino en las percepciones de los usuarios
– productores y receptores-, entonces la cuestión será qué están haciendo los participantes. Así, en 1903 un reportero escribía un reportaje para el periódico y para un
público como él o ella los comprendía. Si usted es un historiador, observará este documento a partir del contexto de la historia de los comienzos del siglo XXI y del tipo de
problemas de los que se ocupa. De modo que si usted está considerando la naturaleza del imperialismo norteamericano, está buscando pruebas y qué circulaba como noticia
en 1903. Así, estará mirando el reportaje como un documento histórico, lo estará mirando desde el cuadro de la historia actual y muy probablemente lo estará considerando
como una noticia que circuló hace ciento seis años. Por otra parte, dependiendo de su interés, usted podrá considerar el periódico solamente como un espacio de registro
para que nos lleguen ciertos datos o hechos. Así su preocupación no estará en la novedad que aporta el artículo, sino en su uso como una fuente de registro para ciertos
hechos. Así, una vez más, su orientación hacia el texto será diferente. Estas cuestiones son interesantes, pero en el momento en que empezamos a asumir la perspectiva
del usuario se trata de problemas específicos y no de problemas filosóficos complejos. Todo se vuelve entonces un interesante espacio de interacción. Un reportero de 1903
acaba interactuando con un historiador de 2009.
ES
La forme est un des indices par lesquels nous comprenons un énoncé qui nous arrive. Il peut y en avoir d’autres, tels que des indices lexicaux ou des
affirmations explicites. Il peut y avoir des indices graphiques. Il peut y avoir, donc, beaucoup d’indices, mais certainement la forme en est un des principaux.
Mais si nous adoptons la définition de genre comme ce qui n’est pas dans le texte proprement dit, mais dans les perceptions des interlocuteurs – des
producteurs et des recepteurs – alors, nous nous demanderons ce qu’en font les participants. Ainsi, en 1903, un journaliste écrivait un reportage pour
un journal et pour un public lecteur comme lui ou elle le comprenait. Si on est un historicien, on regardera ce document dans le contexte de l’histoire
du début du XXI siècle et du type de problèmes qui le préoccupe. Donc si on considère la nature de l’ impériallisme nord-américain, on en cherche
des épreuves et ce qui circulait comme des nouvelles en 1903. De même, on regardera le reportage comme un document historique, on le regardera
dans le cadre de l’histoire actuelle et très probablement on le regardera comme une nouvelle qui a circulé il y a 106 ans. D’autre côté, selon son intérêt,
on pourra considérer le journal tout simplement comme un lieu d’enregistrement pour que certaines données ou faits arrivent jusqu’à nous. Donc,
on ne sera pas soucieux de la nouveauté de l’article, mais de son usage en tant qu’une source pour certains types de faits. Ainsi, encore une fois, son
orientation vers le texte sera différente. Ces questions sont intéressantes, mais il s’agit de problèmes spécifiques et non pas de problèmes philosophiques
compliqués, quand on commence à voir selon la perspective des locuteurs. Tout devient alors un intéressant lieu d’interaction. Un journaliste de 1903
finit par interagir avec un historicien de 2009.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 75
Carolyn Miller
Concordo que é uma questão muito interessante, mas acho que ela sugere que sempre interpretamos os enunciados em contexto. Assim,
quando nos deparamos com aquela notícia, se percebemos a sua data, temos que compreendê-la no contexto das notícias de 1903, e não
no de 2009. Isso também demonstra mais uma vez que o gênero não está no texto, está nas mentes e no consenso dos usuários, de modo
que, para entender o texto como reportagem, precisamos nos projetar, em nossa imaginação empática, em direção às mentes dos leitores
de 1903 e compreender como aquilo pôde virar notícia naquele tempo; e se fizermos isso, e se soubermos bastante sobre a história e a
sociedade daquele tempo, poderemos então começar a ser sensíveis à mudança no gênero, poderemos perceber que provavelmente existiam,
no início do século XX, convenções jornalísticas diferentes daquelas com que estamos habituados hoje. E isso pode nos sensibilizar para a
mudança no gênero, também, de modo que a questão – e isso nos leva ao problema sempre enfrentado pelos historiadores, que é como
entender textos do passado – é como ver os enunciados em contexto, com todas as limitações que isso envolve, em vez de projetar nosso
conhecimento atual sobre eles.
PT
I agree this is a very interesting question, but I think it suggests that we always interpret utterances in context. So when we see that news item,
if we also see the date on it, we have to understand it in the context of the news item in 1903, not the news item of 2009. It also demonstrates
again that the genre is not in the text, it’s in the minds and agreement of the users, so to understand it as a news item we need to project
ourselves in our empathetic imagination, into the minds of the readers in 1903 and understand how it could have been news at that time, and
if we did that we and if we know enough about the history and society of the time, we can then begin to be sensitive to genre change, we can
see that there are probably different conventions of news reporting in the early 20th century than are the conventions that we have become
used to. And that can sensitize us to genre change, as well, so it’s a question of – and this puts us into the issue historians always have, which is
how to understand texts from the past – how to see them as utterances in context with all the limitations that that involves rather than projecting
our current knowledge back on them.
EN
Estoy de acuerdo con que es una cuestión muy interesante, pero pienso que sugiere que siempre interpretamos los enunciados en contextos. Así, cuando nos deparamos
con aquella noticia, si reparamos en su fecha, tenemos que comprenderla en el contexto de las noticias de 1903 y no en el de 2009. Eso también demuestra una vez más que
el género no está en el texto, está en las mentes y en el consenso de los usuarios, de modo que para entender el texto como reportaje necesitamos proyectarnos, en nuestra
imaginación empática, en dirección a las mentes de los lectores de 1903 y comprender cómo aquél hecho pudo transformarse en noticia en aquel tiempo; podremos entonces
empezar a ser sensibles a los cambios en los géneros, podremos percibir que probablemente existieron, en principios del siglo XX, convenciones periodísticas distintas de aquellas
ES
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 76
con las que estamos habituados hoy. Y eso nos puede sensibilizar también para la transformación en el género, de modo que la cuestión – y eso nos remite al problema que
siempre enfrentan los historiadores, que es entender textos del pasado – es cómo ver los enunciados en contexto, con todas las limitaciones que esto impone, en lugar de
proyectar nuestro conocimiento actual sobre ellos.
Je suis d’accord que cela c’est une question très intéressante, mais je trouve qu’elle suggère que nous intérpretons toujours les énoncés en contexte.
Ainsi, quand nous voyons une certaine nouvelle, si nous percevons sa date, nous devons la comprendre dans le contexte des nouvelles de 1903, et pas
du tout dans celui de 2009. Cela nous fait voir encore une fois que le genre ne correspond pas au texte, il est dans les pensées et dans le consensus des
interlocuteurs, de telle façon que, pour comprendre le texte comme un reportage, nous avons besoin de nous projeter, dans notre imagination empathique,
vers les pensées des lecteurs de 1903 et comprendre comment ce contenu a pu devenir une nouvelle, à ce temps-là. Et si nous faisons cela et si nous
savons beaucoup sur l’histoire et sur la société de ce temps-là, nous pourrons alors commencer à être sensibles au changement qu’il y a dans le genre,
nous pourrons percevoir qu’il y aurait certainement, au début du XX siècle, des conventions (consignes) journalistiques différentes de celles que nous
voyons aujourd’hui. Et cela peut aussi nous rendre sensibles au changement dans le genre, de telle façon que – et cela nous amène au problème attaqué
par les historiciens, qui est celui de savoir comment comprendre des textes du passé – la question c’est comment voir les énoncés en contexte, avec toutes
les contraintes que cela entraîne, au lieu de projeter nos connaissances actuelles sur eux.
FR
Bate-Papo Acadêmico com Carolyn Miller e Charles Bazerman
I 77
www.nigufpe.com.br

Documentos relacionados