Biguá-de-olhos-azuis (Phalacrocorax atriceps) (PDF

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Biguá-de-olhos-azuis (Phalacrocorax atriceps) (PDF
Biguá-de-olhos-azuis (Phalacrocorax atriceps)
Luiz Eduardo Pires Pereira1, 2, 3, Juliana Silva Souza1, 2, 3, 4 e Erli Schneider Costa 1, 2, 4, 5
O Biguá-de-olhos-azuis ou Biguá-antártico (em inglês Imperial Shag) é uma ave marinha
da ordem Pelecaniformes e família Phalacrocoracidae. Possui o dorso de coloração preta e a
parte ventral branca, uma carúncula
amarela alaranjada nos adultos e
marrom nos juvenis. O seu bico é fino e
longo, com a ponta em forma de
gancho. Tem ainda um tufo de penas
negras no topo da cabeça, o contorno
dos olhos é azulado - o que dá nome ao
animal e os pés são rosados, possuindo
membranas entre os dedos.
Essa espécie tem em média 72
cm de altura, envergadura de até 124
cm e o peso máximo é de 3,5 kg.
Geralmente o macho é maior que a
fêmea. A espécie é encontrada em
Close do Biguá de olhos azuis (Phalacrocorax atriceps). Além
regiões costeiras na América do sul
da cor dos olhos também nos chama a atenção a carúncula
amarela-alaranjada. (Foto: Erli Costa).
como as ilhas Falkland, Terra do Fogo,
norte do cabo de Horn, no sul do Chile e da Argentina, Austrália e em ilhas da Antártica como
Sandwinch, Orkney e Malvinas.
São excelentes mergulhadores e podem atingir a profundidade de 25 m; graças aos pés
totalmente palmados, corpo hidrodinâmico e asas adaptadas para o mergulho bem mais do que
para o vôo. As penas são impermeáveis, graças ao óleo retirado da glândula uropigiana, e
servem para isolar o animal da água gelada, reduzindo a perda de calor. É comum vermos os
biguás com as em uma posição bem característica, com as asas abertas e imóvel. Ele fica nesta
posição para secar as penas após o mergulho, expondo-se ao vento e ao sol, quando possível!
Também são pescadores natos, graças ao bico recurvado que ajuda a prender as presas
rápidas e escorregadias. Alimentam-se principalmente de pequenos peixes, lulas, mexilhões,
plâncton e crustáceos. É uma das poucas espécies de aves que possui suco gástrico capaz de
desmanchar as espinhas dos peixes consumidos.
Têm como hábito formar suas colônias de reprodução em regiões rochosas e penhascos
perto de áreas costeiras. As áreas de reprodução são verdadeiros acúmulos de guano que pode
ser levado para o mar pela chuva ou quando do derretimento da neve, ajudando a fertilizar as
áreas próximas.
Durante o período reprodutivo a cor dos olhos dos machos fica mais intensa para
chamar a atenção das fêmeas. O biguá-de-olhos-azuis é uma espécie monogâmica - depois que
macho e fêmea formam o casal
eles se reencontram a cada
período reprodutivo no mesmo
local para se reproduzir – um
sinônimo perfeito de “Felizes para
sempre” ou “Até que a morte os
separe”... Seus ninhos, em formato
de pequenos vulcões são feitos
com ossos, penas, algas, pequenas
pedras,
lama
e
excretas.
Normalmente em novembro, são
postos de 2 a 3 ovos, chocados em
Um adulto e dois filhotões de Biguá de olhos azuis
sistema de revezamento pelo (Phalacrocorax atriceps). Observe também o ninho em forma
casal. Os ovos eclodem cerca de de um pequeno vulcão formado por penas, ossos, algas,
cinco semanas após e o cuidado pedras e, principalmente, excretas. (Foto: Erli Costa).
com os filhotes também é realizado pelo casal, que os alimentam e protegem contra
predadores como Skuas e Pombas-antárticas. Depois de aproximadamente 75 a 80 dias os
filhotes tornam-se juvenis e conseguem se alimentar sozinhos, abandonando os ninhos. No final
do período reprodutivo migram em direção ao norte, fugindo do frio intenso do inverno austral
e permanecem nas proximidades das Malvinas até retornarem para o território de reprodução
assim que o verão começa no Hemisfério Sul.
A espécie não é considerada ameaçada de extinção pela IUCN, sendo classificada na
categoria pouco preocupante.
Para saber mais:
http://www.arkive.org/imperial-shag/phalacrocorax-atriceps/#text=Conservation
http://www.birdlife.org/datazone/speciesfactsheet.php?id=3685
http://www.iucnredlist.org/apps/redlist/details/144643/0
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Projeto “Estudos bioecológicos em Pingüins e Skuas: determinação de micropoluentes e níveis de estresse
através de métodos de amostragem não invasivos” (MCT/CNPq 557049/2009-1).
Lab. de Radioisótopos Eduardo Penna Franca, Inst. de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ).
Lab. de Ecologia de Aves, Departamento de Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Curso de Aperfeiçoamento em Ensino de Ciência e Biologia, Inst. de Bioquímica Médica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Programa de Pós-Graduação em Ecologia, UFRJ.
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