INTELIGÊNCIA EMOCIONAL EM CRIANÇAS
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL EM CRIANÇAS
João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças JOÃO MIGUEL ABREU DE SOUSA E SILVA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL EM CRIANÇAS Orientador: Professor Doutor Américo Baptista Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Psicologia Lisboa 2009 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 1 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças JOÃO MIGUEL ABREU DE SOUSA E SILVA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL EM CRIANÇAS Dissertação apresentada para a obtenção de Grau de Mestre em Psicologia, Aconselhamento e Psicoterapias no Curso de Mestrado em Psicologia, Aconselhamento e Psicoterapias, conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Orientador: Professor Doutor Américo Baptista Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Psicologia Lisboa 2009 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 2 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Agradecimentos Primeiramente, e mais que tudo, agradecer aos meus pais que sempre me transmitiram as competências pessoais necessárias para um dia poder ser alguém neste mundo e não apenas mais um, e que me dão toda força, motivação e afectividade que necessito para superar qualquer adversidade. Aos meus irmãos que me incentivam quando mais preciso. Aos meus amigos nos quais filtro toda minha emocionalidade negativa. Aos meus colegas pela solidariedade demonstrada nos momentos menos positivos nesta caminhada. À Escola Básica Pedro de Santarém pela disponibilidade e amabilidade demonstrada na recolha da amostra para este estudo. Ao meu tio, José Pio Abreu pelo ponto de referencia que simboliza para mim nesta ciência de incertezas. Ao meu Orientador Professor Doutor Américo Baptista. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 3 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Resumo Com o objectivo de investigar a influência das Competências sociais e a Afectividade na Inteligência Emocional em crianças, através da auto-percepção individual, foi estudada uma amostra de 304 crianças, 159 do sexo masculino e 145 do sexo feminino com uma média de idades de 10.49 (DP= 1.28). Foi também analisado o TEIQue-CF - Trait Emotional Intelligence Questionnaire – Children Form (Mavroveli, Petrides, Shove, Whitehead, 2008), medida de auto-relato de Inteligência Emocional, investigando a sua estrutura factorial. Os Resultados demonstraram que uma maior Afectividade Positiva e Comportamento Pró-Social se associaram com um alto índice de Traço de Inteligência Emocional. Demonstrou-se também que uma maior Afectividade Positiva se associou com uma Auto-Estima elevada. Avaliada a diferença entre géneros, os resultados demonstraram que as raparigas possuem índices mais elevados de Comportamento Pró-Social ao nível das Competências Sociais comparativamente com os rapazes que relataram um índice mais elevado de Problemas de Relação com os pares e Problemas de Conduta. Palavras-chave: Competências Sociais, Afectividade, Inteligência Emocional, TEIQue-CF. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 4 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Abstract In order to investigate the influence, in children, of social competences and emotional affectivity in emotional intelligence, through individual self-perception, it was studied a sample of 304 children, 159 boys and 145 girls with an average of 10.49 years old (SD = 1.28). It was also examined the TEIQue-CF - Trait Emotional Intelligence Questionnaire Children Form (Mavroveli Petrides, Shove, Whitehead, 2008) self-reported measure of emotional intelligence, investigating its factor structure. The results showed that a greater Positive Affectivity and Prosocial behavior were associated with a high level of Trait Emotional Intelligence. It was also demonstrated that greater affectivity was associated with high self-esteem. Evaluated the gender differences, the results showed that girls have higher rates of Prosocial behavior at the level of Social Competences compared to boys who reported having a higher degree of Relationship problems with peers and Conduct Problems. Key-Words: Social Competences, Affectivity, Emotional Intelligence, TEIQue_CF Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 5 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Abreviaturas DP- Desvio Padrão M- Média TEIQue_CF- Trait Emotional Intelligence Questionnaire_ Children Form SDQ – Strengths and Difficulties Questionnaire PANAS-N – Positive and Negative Affect Schedule SPSS- Statistical Package for Social Sciences CPEN- Consciência das Próprias Emoções Negativas AE- Auto-Estima CEO – Consciências das emoções dos outros AEf – Auto-Eficácia AC- Auto-Controlo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 6 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Índice Introdução 9 Aspectos Neuropsicológicos das Emoções 10 Natureza da Inteligência Emocional 11 Modelos de Inteligência Emocional 13 Traço de Inteligência Emocional 15 Competências Sociais 18 Afectividade 20 Método 23 Participantes 23 Medidas 23 Procedimento 24 Resultados 25 Discussão 35 Conclusão 38 Referências 40 Apêndice I Anexos IX Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 7 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Índice de Tabelas Tabela 1- Análise factorial exploratória em componentes principais aos itens do TEIQue_CF 26 Tabela 2- Análise da fidelidade das dimensões do TEIQue_CF 30 Tabela 3- Diferenças entre géneros para a Inteligência Emocional 31 Tabela 4- Tabela das correlações entre os factores do TEIQue_CF 32 Tabela 5- Diferença entre géneros para a Afectividade 33 Tabela 6- Diferença entre géneros para as Competências Sociais 33 Tabela 7- Correlações das Competências Sociais e Afectividade na Inteligência Emocional 34 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 8 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Este tema, a Inteligência Emocional que constitui uma variável exponencialmente em ascensão, devido à sua falta de objectividade e unanimidade na literatura, a alguns anos a esta parte tem surgido alguma exploração sobre os dois padrões fundamentais de inteligência. São estes a Inteligência Padrão e a Inteligência Emocional, havendo bastante especulação em torno do Coeficiente de Inteligência, Q.I, no que diz respeito ao facto de este ser ou não um forte indicador do futuro do indivíduo ao nível de sucesso pessoal e profissional, nomeadamente, em comparação com a Inteligência Emocional. Algumas investigações foram elaboradas nesta área, sobretudo Snarey & Vaillent (1995), que referiram que o Q.I tinha pouca relação com o modo como indivíduo atinge êxito no futuro. Isto é, o que se revelava determinante era a capacidade de lidar e gerir as emoções, nomeadamente a nível do domínio da frustração e controlo emocional. Houve quem sugerisse que o sucesso na vida não é apenas explicado pela capacidade cognitiva medida pelos testes de Q.I (Cherniss, 2002). Sendo as emoções o cerne da Inteligência Emocional, é importante mencionar que esta variável tem gerado alguma incoerência, principalmente ao nível das diferenças individuais. Ekman (1973) foi de encontro aos fundamentos de Darwin, revelando-se como um dos pioneiros nesta matéria, na medida em que, para este autor, a expressão emocional tem evoluído aos longos dos tempos, paralelamente com a evolução das espécies. Com isto e através destes fundamentos é pertinente afirmar que a informação emocional poderá exibir alguma universalidade no ser humano e até mesmo uma relação com a espécie mamífera. As emoções foram também caracterizadas, no âmbito dos relacionamentos, como uma resposta mental associada a um evento ou ocorrência que por seu turno, inclui aspectos empíricos, psicológicos e cognitivos na medida em que as emoções contêm informação acerca do relacionamento das pessoas com o meio ambiente e às modificações inerentes (Lazarus, 1991) e consideradas, em termos da sua funcionalidade ao longo da vida, como elementos básicos na interacção social. Por um lado, as emoções funcionam como uma fonte significativa de informação, isto é, tanto para o comunicador remetente, como para o comunicador destinatário. Por outro lado, podemos encarar as emoções como processos dinâmicos que se criam e são criados pelas relações com os outros, sendo parte integrante das interacções sociais (Halberstadt, Denham & Dunsmore, 2001). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 9 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Aspectos Neuropsicológicos das emoções Devido à habitual ambiguidade que é gerada neste sentido, é importante apurar a verdadeira essência a nível neuropsicológico da emoção na medida em que esta pode ser muitas vezes confundida com o termo sentimento. Com o intuito de desmistificar este assunto, a literatura, ao nível dos processos neuropsicológicos das emoções, nomeadamente por Adolphs, Tranel & Damasio (1998), sugere que a Amígdala tem um papel crucial nas emoções, desencadeando, de um ponto de vista social e emocional, a informação relevante em resposta aos estímulos visuais humanos. Esta descoberta foi enfatizada por estudos que revelaram que o comportamento social e emocional estava relacionado com o medo e a agressão, paralelamente ao nível dos animais. Na mesma medida, a Amígdala humana é essencial para o julgamento social dos outros indivíduos com base na sua aparência facial. Lesões na amígdala, nomeadamente no hemisfério direito, comprometiam a tomada de decisão, e assim influenciavam negativamente o funcionamento social e emocional (Bar-On, Tranel, Denburg, Bechara, 2003). As emoções, no geral, independentemente da emoção em causa, resultam de uma resposta química e automática produzida pelo cérebro aquando a presença de um estímulo emocionalmente competente, seja esta uma qualquer situação ou simplesmente um objecto (Damasio, 2001). No que diz respeito à lateralidade no âmbito da dominância cerebral, nomeadamente no contexto do desenvolvimento da aprendizagem, durante largos anos considerou-se que os indivíduos ambidextros teriam mais probabilidade de revelar problemas de aprendizagem escolar (Caldas, 2000). Contudo, ponderou-se que o foco problema não consiste na população dos canhotos, mas sim, na população dos dextros, na qual o canhotismo assume um papel patológico, isto é, a operacionalização preferencial pela mão esquerda por alguma impossibilidade de a fazer com a direita devido a alguma lesão cerebral contraída. È importante salientar que a lateralidade resulta de uma distribuição inter-hemisférica dos mecanismos de dominância motora que, por um lado, prende-se com o segmento do corpo utilizado para a função ou por outro lado, com a natureza do acto motor (Caldas, 2000). Também, paralelamente com a amígdala, o córtex pré-frontal assumiu um papel extremamente importante na área das emoções, isto é, aquando a contracção de uma lesão nessa área cerebral, o processo de tomada de decisão e as relações interpessoais seriam afectados, o que de certo modo, estava associado a um escassez de Inteligênciasocial e emocional (Bar-On, Tranel, Denburg, Bechara, 2003). A área pré-frontal abrange também a memória de trabalho que se revela crucial para a interpretação e compreensão de estímulos Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 10 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças externos, isto é, operacionaliza como uma capacidade de captar e manter a atenção a qualquer informação relevante (Goleman, 1999). Natureza da Inteligência Emocional De um ponto de vista geral a Inteligência Emocional actua, de um modo abrangente, na capacidade de a pessoa se motivar a si mesma e persistir a despeito das frustrações, de controlar os seus impulsos, adiar a recompensa e também de regular o seu próprio estado de espírito e impedir o desânimo subjugue a faculdade de pensar. Não menos importante, é o facto de que os principais instrumentos da Inteligência Emocional serem a empatia e o optimismo em prol do êxito relacional. (Goleman, 2006). Vários estudos foram consumados na área da Inteligência Emocional no âmbito das diferenças individuais no que diz respeito à gestão das emoções no funcionamento do quotidiano, surgindo estas como das mais patentes variáveis em investigações, nas duas últimas décadas nesta temática. (Matthews, Zeidner, & Roberts, 2007). Uma das lacunas na literatura ao nível da análise dos processos cognitivos prende-se com o facto de desprezarem, em certa medida, a essência das situações na resolução de problemas do dia-a-dia e também as habilidades sociais e interpessoais em diferentes áreas específicas do desempenho, centralizando toda a atenção, ao invés, para os aspectos intelectuais da Inteligência (Almeida, Guisande, Ferreira, 2009). Nos últimos anos, a Inteligência enquanto constructo tem vindo a atingir uma maior relevância na sociedade no que ao homem diz respeito. Cada vez mais é estritamente importante classificar e diferenciar os vários padrões de Inteligência. Muitos são os investigadores que têm trabalhado afincadamente nesta área. Gardner (1993), através de o seu modelo da Inteligência múltipla, definiu este constructo como sendo decomposto em oito factores de Inteligência, ou melhor, oito tipos de Inteligência: Linguística; lógico-matemática; espacial; interpessoal; intrapessoal; musical; somatocinestésica; naturalista. Nesta medida, este autor pretendeu no fundo, demonstrar que a Inteligência não manobra nem engloba apenas os aspectos intelectuais e cognitivos, mas também, opera com os processos de gestão de relacionamentos entre indivíduos. Mais tarde, Sternberg (1997) patenteou a sua abordagem sobre a Inteligência padrão classificando-a como um sistema complexo que no seu todo, operacionaliza diversas capacidades tais como a análise das diferenças e semelhanças entre os objectos, a capacidade de analisar as partes e as relações, entre estas e sobre a perspectiva de um todo. De um modo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 11 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças geral, surge aqui uma capacidade de raciocinar acerca dos conteúdos dos domínios nas mais diversas perspectivas o que revela como um importante passo no âmbito desta temática. Foi também manifestada a estrita importância da Inteligência no dia-a-dia, no sentido de adaptação e modelagem dos indivíduos ao meio ambiente na resolução de problemas (Sternberg, 2000). Pode-se dizer, nos dias de hoje, que o sucesso em todos os domínios da vida está, de um modo geral, intimamente ligado à Inteligência Emocional. Isto é, a criança, jovem, ou adulto, ao conseguir controlar os seus próprios sentimentos e/ou emoções, e de certo modo percepcionar e gerir as emoções dos outros, revela-se na plenitude das suas competências interpessoais o que é fundamental para saber superar qualquer adversidade da sua vida quotidiana (Goleman, 1995). A Inteligência Emocional abrange a capacidade de percepcionar, avaliar e expressar emoções, bem como a capacidade de aderir ou gerar sentimentos facilitadores do pensamento e a capacidade de regular emoções para promover o desenvolvimento emocional e intelectual. Nesta medida, a Inteligência Emocional ao nível da sua operacionalização na capacidade de decifrar os significados das emoções e as suas relações, emprega toda essa informação de duas maneiras, como uma base de raciocínio e na resolução de problemas e conflitos no dia-adia (Mayer & Salovey, 1997, 1999). Efectivamente, alguns indivíduos diferenciam-se positivamente pelo facto de possuírem a capacidade de processarem a informação, bem como a estimulação emocional no sentido de esquematizarem as suas acções em prol de uma boa adaptação às situações novas ao nível dos seus comportamentos e pensamentos o que poderá predizer em parte uma boa Inteligência Emocional. (Mayer, Salovey e Caruso, 2008). Uma pessoa que acredita que a raiva é uma emoção negativa, mas todavia, perante uma situação adversa utiliza como recurso, constantemente um comportamento dominado pela raiva, poderá dizer-se que é uma pessoa com baixa Inteligência Emocional (Mayer & Salovey, 1995). Sendo a Inteligência Emocional uma variável bastante abrangente, várias são as dimensões operacionalizadas por esta avaliando a diversidade de modelos existentes. Zigler e Trickett (1978), numa investigação, num período em que a Inteligência Emocional dava os primeiros passos enquanto ferramenta essencial para o sucesso do indivíduo, distinguiram que tanto a Auto-Estima, como a Auto-Eficácia são ferramentas essenciais na Competência Social, cruciais para o desenvolvimento da pessoa na interacção com o meio. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 12 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Outra competência fundamental foi explorada por Bell-Dolan, Reaven & Peterson (1993) que demonstraram através da sua investigação que os sentimentos negativos que de certa forma dizem respeito a uma emocionalidade negativa por parte do sujeito ou uma consciência das emoções negativas no próprio, através de avaliação de auto-relato, associaram-se negativamente com a sociabilidade. Foi também sugerido e demonstrado que quando o indivíduo possui um alto índice de regulação emocional e um nível reduzido de emocionalidade negativa, mais elevado será o comportamento Pró-Social e a sua relação com os seus pares (Eisenberg, Fabes, Karbon, Murphy, Wosinski, Polazzi, Carlo & Juhnke ,1996). Também ao nível do conhecimento emocional, especificamente no que diz respeito à percepção emocional ou conhecimento das emoções é sabido, há largos anos, que existe uma associação desta variável com o comportamento Pró-Social e as relações com os pares na interacção entre as crianças. (Denham, 1986). Um dado pertinente, fundamentado por Cole (1991) tem a ver com o facto de a criança quando possuía uma consciência das próprias emoções, resultantes do feedback negativo recebido nos demais domínios das suas vivencias sociais resultaram em baixos níveis de Auto-Estima e por sua vez em factores depressivos. Também Roberts & Strayer (1996) demonstraram que um Conhecimento das próprias emoções, bem como a sua aceitação, aliado com um Auto-Controlo de emoções como a raiva, promovia a simpatia e o comportamento pró-social. Modelos de Inteligência Emocional Nos modelos de Traço de Inteligência Emocional foi-se averiguando, através dos autorelatos de auto-percepção emocional, que existem no geral, quatro factores chave interrelacionados: Maneira de ser, well-being; Auto-controlo, self-control; emocionalidade, emotionality; sociabilidade, sociability. O primeiro factor relaciona-se com as variâncias de humor que o indivíduo experimenta. O Auto-controlo prende-se com a capacidade de regular as emoções e os impulsos. A Emocionalidade tem a ver com o facto de percepcionar e expressar as emoções. Por último, a sociabilidade que opera essencialmente com o aproveitamento interpessoal e gestão das emoções (Mikolajczak, Luminet, Leroy & Roy, 2007; Petrides, Pita & Kokkinaki, 2007). De referir pessoas com elevados níveis de AutoControlo gerem os seus sentimentos impulsivos e as suas emoções angustiantes de forma Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 13 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças adequada, apresentando igualmente uma postura serena perante novos momentos e normalmente lidam muito bem com a pressão exercida pelos factores externos (Golema, 1999). No sentido de clarificar este constructo, foi desenvolvido por Mayer & Salovey (1997) o modelo “The Four – Branches of Emotional Intelligence”. Este modelo pressupôs que a InteligênciaEmocional se dividia em quatro ramos. O primeiro diz respeito à gestão das emoções no sentido de atingir objectivos específicos. O segundo ramo designa-se pela compreensão das emoções, a linguagem emocional, bem como os sinais transmitidos pelas emoções no âmbito da interacção. O terceiro ramo tem a ver com a utilização das emoções com o intuito de facilitar o pensamento. E por último, o quarto ramo, que se prende com a interpretação das emoções, isto é, as nossas próprias emoções e as emoções dos outros. De modo que cada ramo explora um conjunto de competências referentes à Inteligência Emocional no geral. Por seu turno, Goleman (1999) apresentou um notável modelo de Inteligência Emocional que engloba cinco dimensões principais: auto-consciência, auto-regulação, motivação, empatia e competências sociais. No cerne de cada dimensão existem algumas aptidões associadas a modelos comportamentais. A primeira, a auto-consciência abrange a auto-consciência emocional, isto é, a auto-avaliação e a auto-confiança. No âmbito da autoregulação, existe o autodomínio, a capacidade para inspirar confiança, o ser consciencioso, a adaptabilidade e a inovação. Quanto à motivação, existem padrões como: vontade de triunfar, empenho, iniciativa e optimismo. No que diz respeito à empatia, esta abarca a compreensão pelos outros, o desenvolver os outros, orientação para o serviço, potenciar a diversidade e a consciência política. Por último, a quinta dimensão, as competências sociais, é caracterizada pela influência, comunicação, gestão de conflitos, liderança, catalisador de mudança, o criar laços, colaboração e cooperação e por último as capacidades intra-grupais de equipa. O modelo apresentado por Bar-On (1997), relativamente a uma primeira versão, identifica cinco habilidades, proveniente das 15 competências emocionais e sociais propostas anteriormente, são elas: Intrapessoais, Interpessoais, Adaptação, Gestão do Stress e Gestão de Humor Geral. Este modelo é inspirado na teoria de Gardner, já anteriormente mencionada neste estudo. Numa segunda versão (Bar-On, 2000), apresenta dez competências sociais e emocionais, provenientes das quinze primeiras que se designam como facilitadores. As dez competências deste modelo apresentadas são: auto-conceito, auto-consciência emocional, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 14 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças assertividade, tolerância ao stress, controlo dos impulsos, sentido da realidade, flexibilidade, resolução de problemas, empatia e relações interpessoais. Traço de Inteligência Emocional Neste estudo, a Inteligência Emocional foi operacionalizada através do Traço de Inteligência Emocional, ou Trait Emotional Intelligence, que em termos de definição, foi descrito por Petrides, et al. (2007) como “uma constelação de emoções relacionadas entre si, através de auto-percepções, localizadas nos baixos níveis das hierarquias da personalidade e deverá ser investigado no âmbito de estabelecer taxonomias da personalidade”. O Traço de Inteligência Emocional está então intimamente ligado a permutações dos traços de personalidade (Vernon, Petrides, Bratko, Schermer, 2008) e fundamentalmente associado aos aspectos afectivos da personalidade (Petrides, Sangareau, Furnham & Frederickson, 2006), assumindo-se como independente da capacidade cognitiva, mas convergente com os critérios sociais e emocionais (Mavroveli, Petrides Sangareau, Furnham, 2009). Neste campo de acção, tem havido uma preocupação cautelosa em diferenciar dois constructos importantes da Inteligência Emocional. O Traço de Inteligência Emocional, presente neste estudo, e a Habilidade de Inteligência Emocional, Ability Emotional Intelligence. Isto é, os resultados nas dimensões do Traço de Inteligência Emocional não reflecte as habilidades cognitivas, estando estas associadas ao Q.I, mas na sua essência espelha as habilidades de auto-percepção e disposições comportamentais. Por outras palavras, esta distinção diz respeito, fundamentalmente, ao método utilizado para operacionalizar esta variável, isto é, o Traço de Inteligência Emocional ou Traço de Auto-Eficácia Emocional, como também é conhecido, atende á natureza subjectiva da experiencia emocional e compromete a busca para desenvolver uma vasta gama de habilidades da Inteligência Emocional que podem ser cotadas com critérios altamente objectivos através de relatos de auto-percepção. Por outro lado, a Habilidade de Inteligência Emocional ou Habilidade de Cognição Emocional reconhece explicitamente a subjectividade inerente das emoções e pode ser aferida através de teste de alta performance (Petrides & Furnham, 2000,2001,2003; Petrides, et al. 2006; Mavroveli, Petrides, Rieffe, Bakker, 2007; Mavroveli, Petrides, Shove, Whitehead, 2008). Ambos produzem, deste modo, diferentes resultados apesar de o modelo conceptual ser o mesmo (Mavroveli, Petrides, Sangareau, Furnham, 2009). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 15 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Partindo da ideia de que o Traço de Inteligência Emocional foi classificado como um constructo da personalidade, não foram encontradas correlações deste constructo com medidas de habilidade de Inteligência Emocional, bem como com as habilidades ou capacidades cognitivas (Mavroveli, et al. 2008). No que diz respeito à diferença entre géneros, no âmbito do Traço de Inteligência Emocional, adolescentes com um alto índice de Traço de Inteligência Emocional foram caracterizados por cooperantes, e no que diz respeito somente ao sexo feminino, estas foram qualificadas por líderes, através das nomeações dos seus colegas. Com esta investigação, no sentido de apurar o impacto das auto-percepções e alienações na relação entre pares, bem com a psicopatologia e o bem-estar psicológico, apurou-se que o Traço de Inteligência Emocional se relacionou de uma forma negativa com a Depressão e Queixas Somáticas, ou por outras palavras, com a Afectividade Negativa e por outro lado, relacionou-se positivamente com as Competências Sociais ao nível da relação entre pares. Portanto, foi pertinente afirma-se que o Traço de Inteligência Emocional actua como um factor protector contra as perturbações psicológicas. (Mavroveli, et al. 2007). De referir que os rapazes foram caracterizados como serem mais susceptíveis a obter expulsões da escola, devido a Problemas de Conduta ou outros problemas (Mavroveli, et al. 2008) O Traço de Inteligência Emocional está associado ao comportamento das crianças e adolescentes que frequentam a escola, no sentido de que as diferenças individuais no Traço de Inteligência Emocional se relacionaram com o facto de os alunos serem compreendidos, pelas demais maneiras, pelos seus pares. (Petrides, Furanham, Frederikson, 2004). Existem também fracas correlações entre o Traço de Inteligência Emocional e o rendimento académico, mais especificamente, na escola secundária e na universidade, o que pôde manifestar-se como um indicador de que os efeitos do Traço de Inteligência Emocional poderão variar nos níveis educacionais, paralelamente aos efeitos de outros traços de personalidade. (Parker, Creque, Bernhart, Horris, Majeski, Wood, Bond & Hogan 2004). Do mesmo modo, Petrides et al. (2004), demonstraram que os estudantes com baixas capacidades académicas, mas todavia possuem um alto índice de Traço de Inteligência Emocional a par de uma rede social alargada, tinham facilidade na redução do impacto negativo da ansiedade no desempenho individual. Isto é, quando existe um alto Traço de Inteligência Emocional há uma redução da ansiedade. Em contrapartida, um baixo índice de Traço de Inteligência Emocional por parte dos estudantes, estava associado a dificuldades em lidar e gerir factores de stress, susceptibilidade em presenciar défices no apoio social e Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 16 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças porventura um impacto negativo da ansiedade no seu desempenho individual, portanto, um aumento significativo da ansiedade. Esta investigação mostrou também até que ponto o Traço de Inteligência Emocional modera o efeito negativo da baixa capacidade cognitiva no rendimento académico. Além disso, uma elevada pontuação no auto-relato de auto-percepção do Traço de Inteligência Emocional, esteve relacionada negativamente com o absentismo e também pelas exclusões da escola por parte dos alunos que a frequentam. De tal forma que, crianças com altos valores de Traço de Inteligência Emocional foram designadas, no geral, por serem mais cooperantes assumindo comportamentos de liderança e nomeadas como menos agressivas e dependentes dos pares. Por outro lado, em crianças que manifestavam um baixo índice de Traço de Inteligência Emocional constatava-se o oposto. Em suma, as diferenças individuais das crianças, no que diz respeito ao Traço de Inteligência Emocional, estiveram fundamentalmente relacionadas pela forma como estas são percebidas pelos seus pares (Petrides, et al. 2006). O Traço de Inteligência Emocional, de um ponto de vista associativo para com a Afectividade, demonstrou-se associado com a depressão e tomada de decisão no espectro afectivo. (Mavroveli, et al. 2007; Mavroveli, et al. 2009). Uma das principais dimensões do Traço de Inteligência Emocional, e da Inteligência Emocional em geral é a Auto-Estima. Esta surgiu associada de uma forma fortemente negativa com o Neuroticíssimo e Afectividade Negativa e relacionou-se moderadamente de uma forma positiva com a Extroversão e Afectividade Positiva (Lonigan, Hooe, David & Kistner, 1999; Watson, Suls & Haig, 2002). Houve também quem demonstrasse que quando um indivíduo patenteia um baixo nível de Auto-Estima, de certa forma, este aspecto estava relacionado com problemas de conduta, reflectindo-se em agressividade e também numa baixa adaptação psicossocial em anos anteriores do seu desenvolvimento (Barry, Frick & Killian, 2003). Tal como a Auto-Estima, o Auto-Controlo é uma arma fundamental na Inteligência Emocional. Nos modelos de Traço de Inteligência Emocional, este aparece como um dos factores relacionados com a maneira de ser, sociabilidade e emocionalidade, isto é, está associado com a maneira como o indivíduo lida com as outras pessoas, ou com a relação entre pares, e com as emoções positivas e negativas, dizendo respeito a traços que têm como funcionalidade regular as emoções e os impulsos (Mikolajczak, Petrides & Hurry, 2009). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 17 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Competência Sociais Em termos de definição, competência social, pode ser determinada como um conjunto de comportamentos num contexto interpessoal, no sentido de revelação de sentimentos, atitudes, desejos, opiniões, direitos, entre outros. No global, um leque de variáveis que promovem a gestão e resolução de problemas adversos com vista a uma minimização ou alastrar de problemas futuros. (Matos, 1997). Analisando o processo de aprendizagem normal da criança, a relação entre pares assume um papel providencial, que segundo investigações anteriores, nomeadamente num estudo realizado por Parker e Asher (1987), relacionou-se o impacto significativo destas no desenvolvimento da criminalidade e abandono escolar em anos posteriores assim como outras problemáticas. Estas competências sociais, bem como as competências pessoais, poderão ser trabalhadas através de programas de competências pessoais e sociais e programas de prevenção (Cherniss, 2002) do ponto de vista impeditivo de situações como as descritas anteriormente, nomeadamente nas escolas que se caracteriza como o epicentro do desenvolvimento da criança, na medida em que é nesta que as crianças passam a maioria do seu tempo. Vários estudos suportam esta ideia e foi outrora demonstrado que a qualidade das interacções com os pares e adultos está positivamente correlacionada com a capacidade de compreensão global das emoções, na medida em que, crianças consideradas como mais populares entre os seus pares revelavam uma melhor compreensão e diferenciação emocional no geral. Ao invés, crianças rejeitadas por os seus pares manifestavam problemas ao nível do comportamento (Pons, Harris, Doudin, 2002). Também crianças e adolescentes referenciadas por possuírem problemas de conduta, demonstraram patentear escassez de auto-compreensão individual (Edens, Cavell & Hughes, 1999). De um ponto de vista metódico é também pertinente salientar a diferença entre social skills, denominadas por habilidades sociais, e social competences, ou Competênciais Sociais. As habilidades sociais, de um modo sucinto, dizem respeito a uma manifestação dos comportamentos particulares exteriorizados aquando a realização de uma tarefa desenvolvida pelo indivíduo (McFall, 1982). Por outro lado, Gresham (1983), explicou esta variável como sendo parte integrante das competências sociais no sentido em que se trata de um complexo constructo e implica uma operacionalização destas ferramentas adequada ao contexto em que são manifestadas. A competência social foi definida como um conjunto de variáveis interligadas que englobam as diferenças individuais com o intuito de empregar a capacidade Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 18 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças para atingir os resultados desejáveis nas situações sociais, apesar de ser importante ter em conta o facto de a componente cognitiva inerente à Competência Social implicar, a prior, que o sujeito possua conhecimento sobre as formas correctas de comportamento nas demais e diversas situações avaliando similarmente o significado do modo como os outros se comportam (Morrison, 2005). Nesta medida, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no sexo feminino, ou seja, entre o grupo das raparigas designadas como populares e o grupo das raparigas rejeitadas pelos seus pares, no âmbito da relação entre pares ao nível das Competências Sociais. Foi demonstrado que as raparigas, quando sofrem rejeição pelos seus pares, comparadas com outras raparigas, manifestam mais afectos negativos e menos competências sociais, nomeadamente ao nível do comportamento Pró-Social. Este grupo de raparigas e os seus pares revelaram fraca capacidade de resolução de conflitos e também menos maturidade ao nível da personalidade. Em suma, verificou-se que o comportamento individual das raparigas rejeitadas pelos pares diverge do comportamento das raparigas consideradas populares ou aceites pelos pares, no que diz respeito ás relações interpessoais (Landsford, Putallaz, Grimes, Schiro-Osman, Kupersmidt, Coie, 2006 ). No geral, o comportamento Pró-Social pode ter uma base emocional de um ponto de vista de adaptação positiva. Crianças caracterizadas pelos seus pares como detentoras de um comportamento Pró-Social propendem a serem livres de emoções negativas (Eisenberg, et al. 1996). Num estudo longitudinal realizado na China, com crianças inicialmente de doze anos de idade que frequentavam o 6º ano de escolaridade, demonstrou-se que a sociabilização e a orientação Pró-Social, apesar de dois factores que se sobrepõe do ponto vista teórico, se revelam como distintas dimensões ao nível competência social. Especificamente, a orientação Pró-Social estava relacionada, de um ponto de vista individual, com o ajustamento social, escolar e a problemas de externalização. Por outro lado, a sociabilização relacionava-se com o ajustamento emocional e problemas de internalização. De referir que estas duas dimensões das competências sociais divergiam, segundos os autores deste estudo, em função dos factores culturais a que as crianças estão expostas. Deste modo, a orientação Pró-Social relacionou-se positivamente com a preferência dos pares, somente em crianças que possuem problemas com os seus grupos de pares e por outro lado, negativamente com o isolamento social e a depressão, nas crianças com problemas de espectro psicológico e factores de stress, principalmente no grupo das raparigas (Chen, Li, Li, & Li, Liu, 2000). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 19 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças As raparigas, em investigações realizadas, revelaram em norma, exibir níveis mais elevados de empatia e Comportamento Pró-Social comparativamente com os rapazes (Hoffman, 1997; Eisenberg, et al. 1996; Boxer, Tisak, & Goldstein, 2004). Por outro lado, os rapazes considerados agressivos e com problemas de conduta manifestando baixos índices de comportamento Pró-Social e mais egocentrismo (Willner, 1991). Ainda no que respeita à diferença entre géneros, ao nível das Competências Sociais, as investigações sugerem que as raparigas, no âmbito escolar, depositavam mais energia nas tarefas escolares, trabalhos de casa, e manifestavam-se mais atentas nas aulas entre outros aspectos positivos, enquanto, ao invés, os rapazes revelaram problemas de conduta e comportamentos agressivos, isto é, atitudes mais negativas na escola (Davies & Brember, 2001) Num curioso estudo levado a cabo por Ollendick, Weist, Borden, Greene (1992), constatou-se que neste âmbito, das Competências Sociais ao nível das crianças, que 25% das crianças que foram rejeitadas pelos seus grupos de pares, consequentemente numa fase posterior, abandonaram a escola, em comparação com os 8% de crianças que não foram vítimas de rejeição pelos pares que prosseguiram dentro da normalidade a sua actividade escolar. Afectividade No âmbito da Afectividade, esta surge nesta esfera, na literatura, dissociada em afecto positivo e afecto negativo. De um modo sucinto e abrangente pode-se afirmar que o afecto negativo estende-se a experiencias de humor negativo, isto é, medo, raiva, tristeza, entre outras emoções negativas. Por outro lado, o afecto positivo deriva de experiencias de humor aprazível, tais como, o interesse, entusiasmo ou alegria. È importante desde já, estabelecer as diferenças entre afecto e humor. Neste sentido Stone (1997) ofereceu uma interessante perspectiva ao realizar a distinção entre estas duas variáveis, fazendo uma analogia entre estas e a estabilidade temporal em que ocorrem. Deste modo, considerou-se que o afecto estava associado a estados emocionais mais curtos e o humor, por seu turno, a estados emocionais mais duradouros. Watson, Clarck e Carey (1988), com a finalidade de diferenciar, do ponto de vista teórico, a Afectividade Positiva e a Afectividade Negativa, por intermédio de um estudo com uma amostra do tipo clínica, evidenciaram que a Afectividade Negativa estava, de algum modo, relacionada com a sintomatologia e diagnóstico da Ansiedade e Depressão e de um Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 20 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças ponto de vista mais específico assumia-se como um forte indicador de Perturbações Psicológicas. Ao invés, a Afectividade Positiva, demonstrou uma relação negativa somente com os sintomas e diagnóstico de Depressão. Para consumar esta relação, foi levado a cabo um estudo com o objectivo de medir a Afectividade Negativa e Afectividade Positiva, com crianças e adolescentes, e a relação destas variáveis com os sintomas de ansiedade e depressão. Foi constatando que a Afectividade Negativa estava significativamente associada com a ansiedade e a depressão, enquanto a Afectividade Positiva se associou de uma forma mais significativa com a depressão do que com os sintomas de ansiedade, convergindo com fundamentos anteriores (Lonigan, et al. 1999). Watson & Tellegen (1985), através da estrutura bi-factorial do Afecto demonstraram, de um modo complexo e perceptível, a relação entre o afecto positivo e afecto negativo com outras emoções, de um ponto de vista hierárquico. O Afecto positivo e o afecto negativo subdividem-se em Afecto Positivo Elevado ; Afecto Positivo Reduzido; Afecto Negativo Elevado e Afecto Negativo Reduzido, constituindo os dois eixos principais deste modelo. Os eixos secundários são constituídos pelo Prazer-Deprazer e o Forte e Fraco Desempenho. Em suma, os termos, ou emoções, que se situam no octógono adjacente estão moderados e positivamente correlacionados enquanto os termos situados no octógono oposto estão alta e negativamente correlacionados. È importante salientar que o afecto positivo e o afecto negativo não se correlacionam entre si, isto é, um aumento de um deles não significa consequentemente a diminuição do outro. Por outro lado, para uma melhor compreensão da relação entre a ansiedade e as perturbações depressivas e os seus sintomas, Clarck e Watson (1991), desenvolveram um modelo bastante elucidativo, denominado por modelo tripartido, tripartite model. Segundo este modelo, a depressão caracteriza-se por um baixo nível de Afectividade Positiva, Positive Affect, a ansiedade está associada a um elevado nível de excitação fisiológica, Physiological Hyperarousal e nesta ordem de ideias, a depressão e a ansiedade no seu conjunto, formam um factor não especifico caracterizado por Afectividade Negativa, Negative Affect. Com isto pôde afirmar-se que a Afectividade Negativa prende-se essencialmente na sua essência com a Depressão e Ansiedade, isto é, a ausência de sentimentos positivos, enquanto por outro lado, a Baixa Afectividade Positiva relaciona-se com factores somente de Depressão. Em suma, a Afectividade Negativa surgiu como um indicador de um possível desenvolvimento de sintomas de perturbações de internalização, enquanto a Afectividade Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 21 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Positiva emergiu como um indicador de um provável desenvolvimento de sintomas de depressão. Isto é, as crianças com baixa Afectividade Positiva, porém com elevados níveis de Afectividade Negativa predizem os sintomas de depressão, ao invés de crianças que manifestam alta Afectividade Positiva, neste caso, a Afectividade Negativa não está associada com possíveis sintomas de depressão (Joiner & Lonigan, 2000; Lonigan, Philips & Hooe, 2003). As crianças emocionalmente negativas foram classificadas como menos aceites pelos seus pares (Fabes & Eisenberg, 1992) Enfatizando a relação entre o afecto positivo e as competências socais, numa investigação com o objectivo de focar a qualidade dos afectos expressados entre os pais e a criança e também as competências sociais da criança com os seus pares, no âmbito da sua interacção, foi demonstrado que as crianças que expressam afectos positivos perante os seus pais foram classificados pelos seus professores e pelos seus grupos de pares como sendo mais competentes socialmente, efectivamente, é de realçar a importância dos afectos na interacção entre os pais e filhos, de tal forma que o afecto parental está intimamente associado ao funcionamento social das crianças com os seus pares (Isley, O´Neil, Clatfelter & Parke, 1999) Partindo do modelo do Traço de Inteligência Emocional que refere que o Traço de Inteligência Emocional está ligado a permutações dos traços de personalidade (Vernon, et al. 2008) e fundamentalmente associado aos aspectos afectivos da personalidade (Petrides, et al. 2006), assumindo-se como independente da capacidade cognitiva, mas convergente com os critérios sociais e emocionais (Mavroveli, et al. 2009), no qual adolescentes com um alto índice de Traço de Inteligência Emocional no geral, através dos relatos de auto-percepção, foram caracterizados por possuírem comportamento Pró-Social (Mavroveli et al. 2007; Petrides, et al. 2004; Petrides, et al. 2006), existindo também correlações com a Afectividade, nomeadamente com a depressão no espectro afectivo (Mavroveli, et al. 2007; Mavroveli, et al. 2009) o objectivo deste estudo é investigar a influência das competências sociais e a afectividade, na Inteligência Emocional em crianças. È esperado que o Traço de Inteligência Emocional no geral, não na soma dos seus factores mas no seu conjunto, seja influenciado pela Afectividade Positiva e pelo Comportamento Pró-Social. Espera-se também que crianças com uma maior Afectividade Positiva possuam uma Auto-Estima elevada, e ao nível das Competências Sociais, as raparigas sejam caracterizadas por possuírem um Comportamento Pró-Social ao invés dos Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 22 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças rapazes em que é esperado manifestarem através dos seus auto-relatos, Problemas ao nível do Comportamento e de Relação com os pares. Método Participantes Neste estudo participaram 304 crianças de ambos os sexos, com uma média de idades de 10.49 (DP= 1.28), 159 do sexo masculino e 145 do sexo feminino, as quais constituíram uma amostra de conveniência. De acordo com os dados sócio-demográficos todos os inquiridos são estudantes, sendo que aproximadamente 12% frequentam o 3º ano de escolaridade (N=35), 11% frequentam o 4º ano de escolaridade (N=33), a maioria frequenta o 5º ano de escolaridade, 52% (N= 159) e 25% frequentam o 6º ano de escolaridade (N=77). Quanto à Lateralidade, constatou-se que a grande maioria dos inquiridos escreve com a mão direita, 91% (N= 277), e os restantes são ambidextros na escrita, 9% (N= 27). Medidas È parte constituinte deste protocolo um pequeno questionário demográfico, no qual pretendo avaliar variáveis como: Sexo; Idade; Lateralidade; ano de escolaridade. Inteligência Emocional. Avaliada pelo Trait Emotional Intelligence Questionnaire_Children Form, Questionário de Traço de Inteligência Emocional para crianças (TEI-Que - CF) que é um questionário de auto-relato e foi desenvolvido por Mavroveli, Petrides, Shove & Whitehead (2008). Provém do original TEIQue. O TEIQue-CF é composto no seu total por 75 itens, com resposta do tipo Likert de 5 pontos, cujas categorias de resposta variam entre 1 (“Discordo Completamente”) até 5 (“Concordo Completamente”). O TEIQue-CF apresenta 9 subescalas: Adaptabilidade; Carácter Afectivo; Expressão Emocional; Percepção Emocional; Regulação Emocional; Baixa Impulsividade; Relação com os pares; Auto-Estima e Auto-Motivação. No que diz respeito às qualidades psicométricas, no geral, apresenta valores de consistência interna de .76 e de estabilidade temporal .79, acima do limiar de normalidade, revelando-se assim aceitáveis. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 23 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Afectividade positiva e negativa. Avaliada pelo Positive and Negative Affect Schedule para Crianças e Adolescentes (PANAS-N; Sandin, 1997), uma medida de auto-avaliação da afectividade positiva e negativa em crianças e adolescentes. O PANAS-N é composto por 20 items, com um formato de resposta numa escala de Likert de três pontos, cuja resposta varia de 1 (Nunca) até 3 (Muitas vezes), os quais se agrupam em duas dimensões, constituídas por 10 itens cada: afectividade positiva (20, 7, 4, 18, 15, 8, 11, 2, 6, 13) e afectividade negativa (19, 9, 12, 14, 1, 5, 10, 17, 1, 3). Esta medida permite obter dois resultados que variam entre 10 e 30, dados pelo somatório das respostas aos itens relevantes para cada dimensão, variando os resultados no sentido de um índice mais elevado de afectividade positiva e afectividade negativa. Quanto às suas qualidades psicométricas, a análise da fidelidade das dimensões obtidas evidenciou valores α de Cronbach iguais a .83 e .76 para a afectividade negativa e para a afectividade positiva, respectivamente. Os valores de correlação média entre items obtidos estiveram compreendidos entre .20 e .40, e os valores da amplitude da correlação entre o item e o total foram superiores a .30, demonstrando a consistência interna e a homogeneidade dos constructos. Competências Sociais. Avaliadas pelo Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ), que é um questionário de auto-relato, desenvolvido por Goodman (1997) e engloba 25 itens que se referem a atributos positivos e negativos. A resposta é do tipo Likert de 3 pontos, cuja categoria de resposta varia entre 1 (“Não é verdade”) até 3 (“é muito verdade”). Os 25 itens dividem-se em 5 escalas, são estas: Sintomas Emocionais (5 items); Problemas de conduta (5 items); Hiperactividade/Défice de atenção (5 items); Problemas de relação de pares (5 items); Comportamento Pró-Social (5 items). No âmbito das qualidades psicométricas, coeficientes encontrados são satisfatórios e encontram-se no geral acima do limiar de normalidade: Total de Dificuldades .80; Sintomas Emocionais .66); Problemas de Conduta .60; Hiperactividade/ Défice de Atenção .67; Comportamento Pró-Social .66; Impacto .81, Problemas de Relação com os Pares .41. A estabilidade temporal apresentou valores satisfatórios para a hiperactividade /défice de atenção, na ordem dos .62 e .60 respectivamente. Procedimento Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 24 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Depois de o devido consentimento, autenticado pelos progenitores das crianças participantes neste estudo, no qual foi explicado a natureza, objectivo e finalidade deste estudo, bem como a confidencialidade e anonimato dos intervenientes e todas as questões éticas inerentes a este processo, realizou-se a aplicação do protocolo. O Protocolo foi constituído por um pequeno consentimento informado, no qual transmiti o objectivo do estudo, a confidencialidade das respostas, o facto de não haver respostas certas nem erradas e pedi aos inquiridos que respondessem com sinceridade. Com isto, foi realizado um estudo correlacional, pretendendo-se estudar as relações entre as vaiáveis associadas, e Transversal, porque todas as avaliações serão feitas num único momento, não existindo, portanto, período de seguimento dos indivíduos. Resultados Os dados foram introduzidos numa base de dados, tendo os procedimentos estatísticos sido efectuados através do Statistical Package for Social Sciences (S.P.S.S.) 17.0 para o Windows. Com o objectivo de analisar a estrutura factorial do TEIQue_CF, foi efectuada uma análise factorial exploratória em componentes principais, com rotação varimax, incluindo todos os itens que compunham a medida. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 25 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Tabela 1 - Análise factorial exploratória em componentes principais aos itens do TEIQue_CF Consciência das próprias emoções negativas 63 – Habitualmente estou de mau humor .71 21 – Fico frequentemente perturbado .62 59 – Zango-me com muita facilidade .62 22 – Frequentemente penso coisas más acerca do futuro .60 44 – Habitualmente digo coisas que não quero .60 31 – Estou muitas vezes confuso em relação ao que sinto .60 29 – Não consigo controlar a minha irritação .59 51 – Frequentemente, não estou feliz comigo .58 68 – Sinto-me muitas vezes zangado .57 72 – Muitas vezes faço coisas sem pensar .54 71 – Penso que vou ficar triste quando crescer .54 47 – Entro frequentemente em brigas .51 37 – Frequentemente sinto-me triste .48 61 – Não sou muito bom a controlar o modo como me sinto .48 53 – Tenho dificuldades em compreender o que os outros sentem .47 65 – Não sei como falar acerca dos meus sentimentos .46 67 – Não gosto de ir para lugares onde nunca estive .44 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia Auto-Estima 26 Consciência Autodas Eficácia emoções dos outros AutoControlo João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças 41 – Faço o que me apetece sem pensar muito .43 26 – Não gosto de me esforçar muito para atingir algo .41 9 – Se não faço bem, não gosto de tentar fazer as coisas outra vez .41 56 – Não gosto de tentar fazer coisas novas .40 3 – Fico irritado sem saber porquê .39 18 – Tenho dificuldade em começar um ano lectivo novo .38 24 – Não gosto de ajudar os outros .35 19 – Sou um jovem muito feliz .68 35 – Habitualmente estou feliz .65 40 – Gosto muito de mim .63 57 – Os meus colegas na escola gostam de jogar comigo .62 23 – Tenho muitos amigos .61 46 – Dou-me bem com todos .55 58 – Gosto da minha aparência .54 32 – A maioria das pessoas gosta de mim .54 10 – Sinto-me bem comigo .51 14 – Faço novos amigos com facilidade .40 2 – Tenho facilidade em mostrar como me sinto .38 27 – Tento sempre estar de boa disposição .37 66 – Habitualmente não discuto com outros jovens .31 1 – Quando me sinto triste tento manter-me ocupado .31 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 27 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças 16 – Habituo-me facilmente a coisas novas .31 4 – Quando alguém me irrita digo-lhe alguma coisa .13 62 – Consigo ver quando alguém está zangado .57 49 – Compreendo muito bem como as outras pessoas se sentem .57 55 – Se estou feliz com alguém digo-lhe .54 60 – Acostumo-me rapidamente a novas pessoas .53 30 – Consigo ver quando um amigo meu está triste .48 20 – Interesso-me pelos problemas dos meus amigos .45 48 – Sei como mostrar aos outros quanto gosto deles .45 36 – Gosto de estar com outras pessoas .45 64 – È fácil para mim compreender como me sinto .44 45 – Habituo-me facilmente a locais novos .40 17 – Gosto de conhecer novas pessoas .39 38 – Habitualmente sei exactamente o que estou a sentir .39 54 – Quando me sinto triste faço algo para alterar a minha disposição .38 43 – Sou bom na maioria das coisas que faço .38 50 – Se estou triste tento pôr uma cara alegre .34 70 – Gosto de trabalhar com outros colegas .29 52 – Se um teste não corre bem, esforço-me mais na próxima vez .60 33 – Tento fazer os meus trabalhos de casa o melhor que consigo .60 25 – Tento fazer o meu melhor nos testes e nos exames da escola .58 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 28 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças 6 – Não gosto muito de estudar -.57 7 – Tento sempre melhorar na escola .57 15 – Não gosto de falar com jovens que não conheça .43 42 – Evito actividades e jogos perigosos .41 75 – Não gosto de estar em casa -.40 39 – Quero fazer tudo bem .37 5 – Se fico zangado com alguém, tento não pensar nisso .34 74 – Não arranjo palavras para dizer aos outros o que sinto .34 28 – Consigo facilmente mostrar os meus sentimentos -.28 69 – Habitualmente penso cuidadosamente antes de falar .64 11 – Penso com muito cuidado antes de fazer algo .56 8 – Quando tenho de fazer algo, sei que consigo fazer muito bem .37 13 – Não me preocupo se tiver que dormir uma noite fora de casa -.37 73 – Acho fácil falar acerca dos meus sentimentos .31 12 – Quando quero alguma coisa, quero-a logo na altura -.31 Valores Próprios 7.294 6.136 4.803 4.118 2.640 Variância Explicada 9.725 8.182 6.404 5.490 3.521 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 29 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Através da análise dos componentes principais e com base na regra de Kaiser foi retida uma solução de cinco factores, teoricamente interpretáveis, que explicaram aproximadamente 33% da Variância Total. A Tabela 1 revela a saturação dos itens nos respectivos factores. O primeiro factor ficou composto por 25 itens que avaliaram a Consciência das próprias emoções negativas, com uma variância explicada de cerca de 9.725. O segundo factor ficou composto por 16 itens que avaliaram a Auto-Estima, com uma variância explicada de cerca de 8.182. O terceiro factor, que avaliou a Consciência das emoções dos outros, ficou composto igualmente por 16 itens, com uma variância explicada de cerca de 6.404. O quarto factor ficou composto por 12 itens que avaliaram a Auto-Eficácia, os quais explicaram cerca de 5.490 da variância total. Por último, o quinto factor ficou desta forma composto por 6 items que avaliaram o AutoControlo, com uma variância explicada de cerca de 3.521. Tabela 2 – Análise da fidelidade das dimensões do TEIQue_CF Alpha de Cronbach Correlação Média entre itens Amplitude da Correlação Item-Total Consciência das próprias .889 emoções negativas .24 .03 - .52 Auto-Estima .818 .23 .002 - .50 Consciência das emoções dos .825 outros .23 .03 Auto-Eficácia .699 .18 .001 - .46 Auto-Controlo .478 .15 .001 - .48 - .50 A Análise da Fidelidade das dimensões obtidas evidenciou valores de α de Cronbach de .89, para a Consciência das próprias emoções negativas, .82, para a Auto-Estima, .83, para a Consciência das emoções dos outros, .70, para a Auto-Eficácia e .49, para o Auto-Controlo. Os valores de correlação média entre items obtidos estiveram compreendidos entre .15 e .24, e os valores da amplitude da correlação entre o item e o total estiveram compreendidos entre .001 e .52, demonstrando a consistência interna. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 30 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Tabela 3 – Tabela das correlações entre os factores do TEIQue_CF CPEN AE CEO AEf CPEN 1 AE -.337*** 1 CEO -.275*** .645*** 1 AEf -.163** .222*** .302*** 1 AC -.211*** .348*** .278*** .128* AC 1 p ≤ .05 *; p ≤ .01 **; p ≤ .001*** CPEN- Consciência das Próprias Emoções Negativas; AE- Auto-Estima; CEO – Consciências das emoções dos outros; AEf – Auto-Eficácia; AC- Auto-Controlo A associação entre os cinco factores obtidos através da análise factorial exploratória, foi estudada através do coeficiente de correlação de Pearson, tendo os resultados obtidos evidenciado uma correlação negativa mas estatisticamente significativa entre a Consciência das próprias emoções negativas e a Auto-Estima, r = -.34; p = .000, entre a Consciência das próprias emoções negativas e a Consciência das emoções dos outros ,r = -.28; p = .000, entre a Consciência das próprias emoções negativas e a Auto-Eficácia, r = -.16; p = .004, e entre Consciência das próprias emoções negativas e o Auto-Controlo, r = -.21; p = .000. Foram também encontradas correlações positivas e estatisticamente significativas entre a AutoEstima e a Consciência das emoções dos outros, r = .65; p = .000, entre a Auto-Estima e a Auto-Eficácia, r = .22; p = .000, entre a Auto-Estima e o Auto-Controlo, r = .35; p = .000, entre a Consciência das emoções dos outros e a Auto-Eficácia, r = 30; p = .000, entre a Consciência das emoções dos outros e o Auto-Controlo, r = .28; p = .000, e por último entre a Auto-Eficácia e o Auto-Controlo, r = .13; p = .025. (Tabela 3) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 31 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Tabela 4 – Diferenças entre géneros para a InteligênciaEmocional M DP Consciência Masculino 159 das próprias emoções Feminino 145 negativas 68.2830 16.35064 64.4138 14.65226 Auto-Estima Masculino 159 60.6918 8.14268 145 62.2276 8.50469 Consciência Masculino 159 das emoções dos outros Feminino 145 60.4403 8.67091 62.6552 7.34316 Auto- Masculino 159 Eficácia Feminino 145 43.2264 6.59874 45.0828 6.23554 Auto- Masculino 159 Controlo Feminino 145 18.8050 3.58174 Sexo Feminino N 18.4069 t Sig. 2.175 .310 -1.608 .109 -2.392* .017 -2.515* .012 .976 .330 3.52274 p ≤ .05 * Para estudar a diferença entre os grupos dos rapazes e das raparigas no Traço de InteligênciaEmocional, Afectividade e Competências Sociais foram comparadas médias destas variáveis através do teste estatístico de t Student. No que respeita ao Traço de InteligênciaEmocional, avaliado pelo TEIQue_CF, foram encontradas diferenças significativas entre o grupo dos rapazes e o grupo das raparigas na Consciência das emoções dos outros, t (145) = -. 239; p =. 017, e na Auto-Eficácia, t (145) = . 252; p =. 012. As raparigas apresentaram índices mais elevados de Consciência das emoções dos outros, M= 62.7; DP= 7.34, e na Auto-Eficácia, M= 45.1; DP= 6.24, comparativamente com os rapazes. Nos restantes factores, Consciência das próprias emoções negativas, AutoEstima e Auto-Controlo não foram encontradas diferenças significativas entre os sexos, p > .05. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 32 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Tabela 5 – Diferença entre géneros para a Afectividade M DP Afectividade Masculino 159 Positiva Feminino 145 23.6038 3.44765 24.2000 3.63738 Afectividade Masculino 159 Negativa Feminino 145 17.2830 4.55783 16.9793 4.05940 Sexo N t Sig. -1.467 .143 .611 .542 No que diz respeito à Afectividade, avaliada pelo PANAS-N, não foram encontradas diferenças significativas entre os sexos, p > .05. Tabela 6 – Diferença entre géneros para as Competências Sociais Sexo N M DP Sintomas Masculino 159 Emocionais 145 Feminino 8.5157 2.25819 8.6414 1.99540 Problemas de Masculino 159 Conduta Feminino 145 8.5346 2.03383 7.7241 2.00168 Hiperactividade Masculino 159 / Défice de Atenção Feminino 145 10.3270 1.74841 10.0759 1.87114 Problemas de Masculino 159 Relação com os Pares Feminino 145 10.6289 1.53257 9.7034 1.52809 Comportamento Masculino 159 Pró-Social Feminino 145 12.5975 1.86954 13.2483 1.73017 t Sig. -.512 .609 3.496** .001 1.210 .227 5.266*** .000 -3.141** .002 p ≤ .01 **; p ≤ .001*** Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 33 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças No que diz respeito às Competências Sociais avaliadas pelo SDQ, e para estudar uma das hipóteses presentes neste estudo, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os rapazes e raparigas nas escalas Problemas de Conduta (t (159) = 3.496; p =. 001), nos Problemas de Relação com os pares, t (159) = 5.266; p =. 000, e no Comportamento Pró-Social, t (145) = -3.141; p =. 002. Os rapazes apresentaram índices mais elevados nos Problemas de Conduta, M= 8.53; DP= 2.03, e nos Problemas de Relação com os pares, M= 10.6; DP= 1.53, comparativamente com as raparigas. As raparigas apresentaram índices mais elevados na escala Comportamento Pró-Social (M= 13.2; DP= 1.87), comparativamente com os rapazes (M= 12.6; DP= 1.87). Tabela 7 – Correlações das Competências Sociais e Afectividade na InteligênciaEmocional Inteligência Emocional (TEIQue_CF) CPEN AE CEO AEf AC Afectividade (PANASN) Afectividade Positiva -.391*** .475*** .471*** .183*** .192*** Afectividade Negativa .561*** -.305*** -.153** .031 -.130* Competências Sociais (SDQ) Sintomas Emocionais .516*** -.168** -.040 .133* -.017 Problemas de Conduta . 494*** -.271*** -.148** .018 -.155** Hiperactividade / Défice de Atenção .288*** .042 .147* .064 -.032 Problemas de Relação com os Pares .381*** -.102 -.029 .057 .006 .378*** .414*** .267*** .235*** Comportamento Pró-Social -.289*** p ≤ .05 *; p ≤ .01 **; p ≤ .001*** CPEN- Consciência das Próprias Emoções Negativas; AE- Auto-Estima; CEO – Consciências das emoções dos outros; AEf – Auto-Eficácia; AC- Auto-Controlo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 34 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Como foi demonstrado na Tabela 7 através do coeficiente de correlação de Pearson no que diz respeito às correlações entre as três variáveis no que diz respeito à influência da Afectividade e das Competências Sociais na Inteligência Emocional enquanto Traço de Personalidade, a Consciência das próprias emoções negativas correlacionou-se negativamente com a Afectividade Positiva, r = -.391; p ≤ .001, e com o Comportamento PróSocial, r = -.289; p ≤ .001, e positivamente com a Afectividade Negativa, r = .561; p ≤ .001, Sintomas Emocionais, r = .516; p ≤ .001, Problemas de Conduta, r = .494; p ≤ .001, Hiperactividade / Défice de Atenção, r = .288; p ≤ .001, Problemas de Relação com os pares, r = .381; p ≤ .001. Avaliando uma das hipóteses presentes neste estudo relacionado a Auto-Estima com a Afectividade Positiva, os resultados demonstraram que a Auto-Estima se correlacionou positivamente com a Afectividade Positiva, r = .475; p ≤ .001. Correlacionou-se também positivamente com o Comportamento Pró-Social, r = .378; p ≤ .001, e negativamente com a Afectividade Negativa, r = -.305; p ≤ .001, Sintomas Emocionais, r = -.168; p ≤ .001, e com Problemas de Conduta, r = -.271; p ≤ .001. O Factor Consciência das emoções dos outros correlacionou-se positivamente com a Afectividade Positiva, r =. 471; p ≤ .001, Hiperactividade / Défice de Atenção, r = .147; p ≤ .05, e Comportamento Pró-Social, r = .378; p ≤ .001, e correlacionou-se negativamente com a Afectividade Negativa e Problemas de Conduta, r = -.153; p ≤ .01, r= -.148; p ≤ .01, respectivamente. A Auto-Eficácia correlacionou-se positivamente com a Afectividade Positiva, r = .183; p ≤ .001, Sintomas Emocionais, r = .133; p ≤ .05, e com o Comportamento Pró-Social, r = .267; p ≤ .001. O quinto factor, Auto-Controlo, correlacionou-se positivamente com a Afectividade Positiva e com o Comportamento Pró-Social, r = .192; p ≤ .001, r = .235; p ≤ .001, respectivamente. No conjunto dos factores do Traço de Inteligência Emocional e avaliando a primeira hipótese presente nesta investigação, verificou-se que o Traço de Inteligência Emocional correlacionou-se de um modo bastante significativo com a Afectividade Positiva e com o Comportamento Pró-Social. Discussão Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 35 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças O Presente estudo tinha como objectivo investigar as influências das Competências Sociais e Afectividade na Inteligência Emocional em crianças, através do Traço de Inteligência Emocional. Para o efeito, primeiramente foi analisada a estrutura factorial da medida TEIQue_CF, Trait Emotional Intelligence Questionnaire_ Children Form, que originalmente apresenta uma estrutura unifactorial com nove sub-escalas (Mavroveli, et al. 2008). Pode-se afirmar, em prol dos resultados obtidos neste estudo, nomeadamente na solução factorial encontrada para o TEIQue_CF, que a Inteligência Emocional enquanto Traço, ligado a permutações da personalidade, tal como indicam várias investigações realizadas neste sentido (Petrides, et al. 2007; Vernon et al. 2008; Petrides, et al. 2006), engloba a percepção emocional, que especificamente se pode atribuir o nome de uma consciência tanto das próprias emoções como as dos outros, variável presente em alguns estudos (Mayer & Salovey, 1997, 1999; Bar-On, 2000), sendo que a Consciência das próprias emoções negativas, converge de certa forma com a emocionalidade negativa ou humor negativo, variável presente na literatura nesta área (Mavroveli, et al. 2007). O traço de Inteligência Emocional abrange também, a Auto-estima, variável presente em vários modelos de Inteligência Emocional (Mikolajczak, et al. 2009; Zigler e Trickett 1978), bem como o Auto-Controlo (Mikolajczak, et al. 2007; Petrides, et al. 2007; Bar-On, 2000) e a AutoEficácia, podendo esta ultima ser descrita paralelamente como uma Auto-Motivação, analisando os items desta medida, e defendida por alguns autores como uma dimensão da Inteligência Emocional (Goleman, 1999; Zigler e Trickett 1978). Partindo do modelo do Traço de Inteligência Emocional, no qual adolescentes com um alto índice de Traço de Inteligência Emocional no geral, através dos relatos de autopercepção, foram caracterizados por possuírem um comportamento Pró-Social e redução no impacto negativo da ansiedade no desempenho individual, demonstrando-se o Traço de Inteligência Emocional relacionado com a Afectividade nomeadamente com a depressão no espectro afectivo (Mavroveli, et al. 2007; Petrides, et al. 2006; Petrides 2004), tendo em conta que crianças com baixa afectividade positiva porém com elevados níveis de Afectividade negativa poderão contrair sintomas depressivos e por outro lado, quando as crianças manifestam alta Afectividade Positiva neste caso a Afectividade Negativa não está associada com a depressão, tal como referem alguns autores (Joiner & Lonigan, 2000; Lonigan, et al. 2003). Com isto, os resultados obtidos nesta investigação foram no geral de encontro a estudos anteriormente realizados. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 36 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Ao nível das diferenças entre géneros, na Inteligência Emocional, os rapazes demonstraram que ao nível das Competências Sociais, revelavam Problemas de conduta e Problemas de Relação com os pares (Davies & Brember, 2001; Willner, 1991), comparativamente com as raparigas, o que vai de encontro aos estudos realizados nesta área por vários autores. (Petrides, et al. 2006; Mavroveli, et al. 2008). As raparigas, por sua vez, em comparação com os rapazes foram caracterizadas por possuir elevados índices Comportamento Pró-Social, o que foi constatado na literatura (Hoffman, 1997; Eisenberg, et al. 1996; Boxer, et al. 2004; Landsford, et al. 2006 ). De um modo geral, o Traço de Inteligência Emocional, na globalidade dos seus factores, surgiu associado fortemente à Afectividade Positiva bem como ao Comportamento Pró-Social, isto é, uma maior a Afectividade Positiva e um mais frequente Comportamento Pró-Social associou-se a um maior Traço de Inteligência Emocional, o que está patente nos estudos levados a cabo por vários investigadores referentes a esta temática (Petrides, et al. 2006; Mavroveli, et al. 2007; Mavroveli, et al. 2009). De referir que apenas o primeiro factor, a Consciência das Próprias Emoções negativas, que embora tenha surgido fortemente associado à Afectividade Positiva e ao Comportamento Pro-Social, a par de todos os outros factores, mas associou-se de uma forma negativa. Especificamente, os resultados demonstraram que a Consciência das Próprias emoções negativas estavam associadas positivamente com a Afectividade Negativa, o que vai de encontro às descobertas de Cole (1991) que demonstrou que a criança quando tinha uma consciência das próprias emoções negativas, acentuavam-se os factores depressivos. Também crianças que possuíam Problemas de relação com os pares tinham uma maior Consciência das próprias emoções negativas (Fobes & Eisenberg, 1992; Bell-Dolan, et al. 1993; Eisenberg, et al. 1996; Denham, 1986). Por outro lado, quando o Comportamento Pró-Social estava patente nas crianças, havia uma baixa Consciência das Próprias Emoções Negativas o que foi fundamentado em paralelo por alguns autores nesta área da Inteligência Emocional (Eisenberg, et al. 1996). Ficou também demonstrado neste estudo que a Auto-Estima se associou com Afectividade Positiva (Lonigan, et al. 1999; Watson, Suls & Haig, 2002) e Comportamento Pró-Social e por outro lado, com os Problemas de Conduta mas de uma forma negativa, isto é, estas competências sociais vão influenciar positiva e negativamente, respectivamente, a Auto-Estima nas crianças (Barry, et al. 2003; Mikolajczak, et al. 2009) A Consciência das emoções dos outros verificou-se associada com Comportamento Pró-Social, o que vai de encontro aos fundamentos relatados por Denham (1986). Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 37 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Também o Auto-controlo se demonstrou ser influenciado pelo Comportamento PróSocial o que vai de encontro aos fundamentos de Roberts & Strayer (1996) que demonstraram que o auto-controlo de emoções como a raiva, promovia o comportamento Pró-Social. Apesar de este estudo poder vir a ser uma ferramenta útil em investigações futuras no âmbito da Inteligência Emocional, existem várias limitações, entre as quais o facto de este protocolo ser constituído por medidas de auto-percepção, o que pode constituir um factor de enviesamento na medida que pode haver distorções nas auto-percepções das crianças, tal como afirmam alguns autores (Mavroveli, et al. 2008). Outro dado importante realçar, prendese com o facto de que o TEIQue-CF ser uma medida relativamente recente com poucos estudos realizados, a qual ainda não possui uma estrutura factorial universal e unânime, possuindo uma estrutura originalmente unifactorial, o que para a amostra deste estudo não se verificou, encontrando-se uma solução para cinco factores. Também é importante salientar a escassez de estudos realizados no âmbito da Inteligência Emocional em Portugal, o que não permite de todo, uma abordagem complexa e objectiva das dimensões desta variável associadas á população portuguesa de um ponto de vista replicativo. Neste âmbito em investigações futuras seria pertinente uma amostra mais alargada para uma análise factorial mais objectiva e precisa com vista a uma correlação mais exacta com outras variáveis. Conclusão O Objectivo deste trabalho consistiu em estudar as influências das Competências sociais e a Afectividade, na Inteligência Emocional em crianças. Refira-se que a Inteligência Emocional foi operacionalizada enquanto constructo através do Traço de Inteligência Emocional como Traço de Personalidade. No âmbito das hipóteses, neste estudo era esperado que o Traço de Inteligência Emocional no geral, não na soma dos seus factores mas no seu conjunto, fosse influenciado pela Afectividade Positiva e pelo Comportamento Pró-Social. Esperava-se também que crianças com mais Afectividade Positiva manifestassem uma AutoEstima elevada, e ao nível das Competências Sociais as raparigas fossem caracterizadas por possuir um elevado Comportamento Pró-Social e por outro lado, os rapazes manifestassem através dos seus auto-relatos, Problemas ao nível do Comportamento e de Relação com os pares. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 38 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Pode-se afirmar que as hipóteses apresentadas foram todas confirmadas, apresentando alguma consistência em estudos realizados anteriormente por diversos autores. Em suma, esta investigação poderá constituir uma útil ferramenta nesta área ajudando a uma melhor clarividência do estudo da Inteligência Emocional enquanto Traço de personalidade, bem como, clarificar a estrutura factorial do TEIQue_CF, isto devido aos poucos estudos realizados em Portugal com esta medida de auto-percepção. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Psicologia 39 João Miguel Abreu de Sousa e Silva Inteligência Emocional em Crianças Referências Adolphs R., Tranel, D. & Damasio, A. (1998). The human amygdale in social Judgment. Nature. Macmillan Publishers. Almeida, L., Guisande, M., Ferreira, A. (2009). Inteligência: Perspectivas Teóricas. Coimbra: Edições Almedina. Bar-On, R. (1997). The Emotional Intelligence Inventory (EQ-i): Technical manual. Toronto: Multi-Health Systems Bar-On, R. (2000). Emotional and social intelligence: Insights from the emotional quotient inventory (EQ-i). In R. Bar-On & J. D. A. 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