Juiz relaxa prisões por “bomba” - Ministério Público do Estado do Pará

Transcrição

Juiz relaxa prisões por “bomba” - Ministério Público do Estado do Pará
Marabá | Pará, 17 a 21 de abril de 2014
CORREIO DO TOCANTINS • Caderno 2
rodovias
PRF realiza operação
durante o feriado
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) iniciou
na terça-feira (15), a operação nacional
“Semana Santa e Tiradentes” que termina
na próxima quinta-feira, dia 24.
Juiz relaxa prisões por “bomba”
Quatro pessoas foram presas durante a ação do MPE e da Polícia Civil sobre anabolizantes
Fotos: Ulisses Pompeu e Evangelista Rocha
Luciana Marschall
e Ulisses Pompeu
O
juiz Eduardo Antônio Martins Teixeira, da 6ª Vara Cível,
relaxou a prisão em
flagrante de Welison Silva Damasceno, Silvio Roberto de
Araújo Abreu e Esmailly Kalleby Gomes Mendes, presos na
manhã de quarta-feira (16),
durante a “Operação Maromba”, realizada pelo Ministério Público do Estado do Pará
com o apoio da Polícia Civil
em Marabá. Ele entendeu que
não há elementos para a prisão em flagrante.
Os dois órgãos cumpriram sete mandados de busca e
apreensão em seis residências
e uma academia, pertencentes
aos três presos em flagrante,
além de Cristiano Santos Chaves, Jair Bernardo da Silva, Ana
Lúcia Oliveira Batista e Adilson
Meneses Santos. As sete pessoas são investigadas por comércio e aplicação de anabolizantes, substância popularmente
conhecida como ‘bomba’.
Durante a operação,
Welison, Silvio, Esmailly acabaram presos por terem sido
encontrados indícios do crime em suas casas. Cristiano
também foi preso porque a
Polícia Civil encontrou três
munições calibre 20, mas foi
liberado após pagar fiança.
Na única academia entre os
endereços, de Adilson Meneses Santos, nada foi encontrado.
Os mandados, determinados pela juíza Elaine Neves
de Oliveira, que está respondendo pela 5ª Vara Penal da
Comarca de Marabá, foram
cumpridos nos Núcleos Marabá Pioneira e Cidade Nova.
As investigações são conduzidas pela promotora Mayana
Souza Silva Queiroz e o cumprimento dos mandados teve
apoio dos promotores Julio
César Sousa Costa e Alexsandra Muniz Mardegan.
INVESTIGAÇÕES
No decorrer das investigações, que contaram com
autorização judicial para interceptação e quebra de sigilo telefônico, foram constatadas evidências de que nesses
sete endereços poderia haver
estoque de substâncias e materiais para aplicação, além
de notas de compra e boletos
bancários relativos a aquisição de produtos ilegais e até
armamentos e munições.
As investigações apuraram, ainda, que cada aplicação era realizada a R$ 100 e o
pacote de aplicações chegava
Medicamentos supostamente utilizados como anabolizantes foram apreendidos
Síntese
Dentre as substâncias que aparecem sendo negociadas nas ligações
dos suspeitos e que estariam sendo
comercializadas em Marabá estão:
Propionato, Durateston, Ciclo 6, Dianabol, Testogar, Winstrol V, Estazanol,
Deca Durabolin, Oxandrolano, Somatropin-T e o GH, que seria o mais comercializado ultimamente. O uso de
GH pode provocar, entre outros efeitos colaterais, cardiopatias com grande freqüência.
Três pessoas foram autuados por terem produto ilícito em casa
Presos foram autuados em flagrante
O delegado Ricardo do
Rosário, Superintendente de
Polícia Civil do Sudeste do
Pará, informou que as quatro
prisões realizadas durante o
cumprimento dos mandados
de busca e apreensão ocorreram em flagrante. No caso de
Cristiano Santos Chaves, ele
foi autuado por posse ilegal de
munição e liberado após ser
ouvido e pagar fiança arbitrada em um salário mínimo (R$
724) pelo delegado plantonista Jorge Carneiro. Ele continu-
a até R$ 2 mil. Nas interceptações telefônicas o MPE flagrou
‘clientes’ telefonando para os
revendedores das substâncias,
reclamando de dores e sendo
orientados a ingerirem remé-
ará a responder pelo crime em
liberdade.
Já os outros três - Welison Silva Damasceno, Silvio
Roberto de Araújo Abreu e
Esmailly Kalleby Gomes Mendes - foram autuados pelo Artigo 273, do Código Penal:
“Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”.
A pena para o crime é
de 10 a 15 anos de reclusão,
além de multa. Nas mesmas
dio contra dor ou para o fígado.
A Polícia Civil apreendeu, durante a operação, dezenas de seringas e agulhas, munições, notebook, uma arma
falsa e frascos de medicamen-
penas incorre quem importa, distribui , expõe à venda,
tem em depósito para vender ou distribui o produto.
Além disso, pelas investigações do Ministério Público Estadual, os envolvidos poderão ser indiciados
pelo Artigo 65 da Lei 8.078,
de 1990, que dispõe sobre
a proteção do consumidor.
Conforme o mesmo artigo,
é crime executar serviço de
alto grau de periculosidade.
De acordo com o supe-
tos, entre eles, Oxandrolano,
Destorgar e Stanozoland Depot. Esta última substância é
uma medicação intramuscular, ou seja, injetável, usada
ilicitamente para desenvolvi-
rintendente, os anabolizantes
poderiam estar sendo utilizados em academias já que alguns dos presos são seguranças destes estabelecimentos.
“Eles alegaram que estavam
com o medicamento para
uso pessoal, mas eles vinham
sendo monitorados pelo MPE
e ficou constatado que eles
vendiam e aplicavam em terceiros”. Sete equipes com quatro policiais cada foram formadas para atuarem durante
a apreensão. (L. M.)
mento dos músculos. Em uma
rápida busca na internet é possível encontrar páginas virtuais nas quais ela é comercializada pelo valor médio de R$
100 o frasco.
Caderno
tinha
endereços
para compra
Foram apreendidos
ainda cadernos com
anotações contendo
nomes de remédios e
endereços virtuais para
compra de anabolizantes.
As substâncias, assim
como as munições, serão
encaminhadas para perícia
no Centro de Perícias
Científicas “‘Renato Chaves”.
O MPE ainda vai ouvir
vítimas identificadas e
dar prosseguimento às
investigações que devem
terminar na próxima
semana e resultar em
uma ação penal, na qual
cada envolvido deverá
responder por sua
conduta junto ao Poder
Judiciário. “A gente vem
acompanhando isso desde
o ano passado [novembro].
Há informações de
pessoas que sofreram
efeitos colaterais a partir
do uso dessas substâncias
e agora vamos aguardar
os laudos científicos para
constatar se trata-se de
substâncias ilegais, além
de ouvir os envolvidos”.
DEFESA
O advogado Francisco
Duarte, que defende
os acusados Welison
e Ismaelly, informou
ainda pela manhã que
iria, a princípio, pedir o
relaxamento da prisão em
flagrante. “Foi encontrado
material tido como
anabolizante na casa deles,
mas segundo os próprios
eles são apenas usuários”.
Silvio foi procurado
pela Reportagem, mas
preferiu não comentar
o assunto. Já Cristiano
declarou que possuía
as munições porque
costuma caçar. (L. M.)
Saiba +
Em 2012 o CORREIO
DO TOCANTINS fez uma série de reportagens nas quais
professores de educação física que atuam em academias
denunciavam que pessoas estavam buscando esses estabelecimentos para circularem e
contatarem possíveis ‘clientes’,
principalmente mulheres.
MENORES
Moto de ex-presidiário é usada em roubo de celulares no Cidade Nova
O ex-presidiário Alexandre Lima da Silva, de 23 anos,
foi mais uma vez parar atrás
das grades na noite de terça-feira (14) após emprestar sua
motocicleta para dois adolescentes, que a utilizaram para
roubarem celulares pelas ruas
do Núcleo Cidade Nova.
Já na Delegacia de Polícia
Civil do Núcleo Cidade Nova,
Alexandre negou pactuar com os
roubos e disse que apenas havia
cedido a moto para os adolescentes comprarem um lanche.
“Eu emprestei [a motocicleta] para eles irem comprar
um lanche e eles foram roubar na minha moto”, reforçou
ele, afirmando já ter cumprido pena por tráfico de drogas,
pagando assim sua dívida para
com a sociedade. “Quando eu
saí da prisão fui logo procurar
emprego, eu não pratico mais
essas coisas”, disse, se referindo ao mundo do crime.
De acordo com o sargento Silvanito, da 26ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp),
sua guarnição estava acompanhando outro caso quando os
policiais avistaram os menores
na motocicleta, já na entrada do
Bairro Jardim União.
“Ao abordarmos eles encontramos um celular. Pegamos
o aparelho e ligamos para uma
pessoa que, do outro lado da linha, confirmou o roubo”, informou Silvanito. Procurada pela
Reportagem, uma das vítimas
disse ter sido surpreendida pelos
dois acusados no momento do
roubo, de maneira violenta.
“Eles simularam que estavam armados e, após me
xingarem, mandaram entregar meu aparelho”, relembrou. A polícia confirmou que
os assaltantes não estavam armados.
Ouvidos pela Reportagem, os suspeitos não falaram
sobre a participação do dono
da motocicleta nos roubos. De
maneira nada firme, um deles
assumiu o crime, mas disse ser
a primeira vez que roubaram.
(Narcisio Ferreira)
Alexandre foi conduzido para a delegacia por emprestar a moto para os menores