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PARQUE SÃO BARTOLOMEU PLANO DE MANEJO RESUMO EXECUTIVO Nazaré Paulista 10 de outubro de 2013 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS .......................................................................................................... 4 RESUMO EXECUTIVO ............................................................................................. 1 1. ENCARTE 1: CONTEXTUALIZAÇÃO DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU ... 1 1.1. Enfoque Internacional ...................................................................................... 1 1.2. Enfoque Federal .............................................................................................. 2 1.3. Enfoque Estadual e Municipal.......................................................................... 3 2. ENCARTE 2: ANÁLISE DA REGIÃO DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU .... 6 2.1. Descrição da Área de Estudo .......................................................................... 6 2.2. Caracterização Ambiental ................................................................................ 7 2.3. Aspectos Culturais e Históricos ....................................................................... 8 2.4. Uso e Ocupação da Terra e Problemas Ambientais Decorrentes .................. 10 2.5. Características da População ........................................................................ 10 2.6. Visão e Relação das Comunidades sobre o Parque São Bartolomeu ............ 11 2.7. Legislação Federal, Estadual e Municipal Pertinente ..................................... 12 2.8. Potencial de Apoio ao Parque São Bartolomeu ............................................. 12 3. ENCARTE 3: ANÁLISE DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU ....................... 13 3.1. Informações gerais sobre o Parque São Bartolomeu ..................................... 13 3.2. Caracterização dos Fatores Abióticos e Bióticos ........................................... 13 3.3. Aspectos Urbanísticos do Entorno do Parque São Bartolomeu ..................... 26 3.4. Meio Antrópico ............................................................................................... 35 3.5. Situação Fundiária ......................................................................................... 38 3.6. Fogos e Outras Ocorrências Excepcionais .................................................... 39 3.7. Atividades Desenvolvidas no Parque São Bartolomeu................................... 40 3.8. Aspectos Institucionais do PSB ..................................................................... 56 3.9. Declaração de Significância ........................................................................... 62 4. ENCARTE 4: PLANEJAMENTO ................................................................... 64 4.1. Histórico do Planejamento ............................................................................. 64 4.2. Proposta de Ordenamento do Status Legal do Parque São Bartolomeu e seu Enquadramento ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) ......... 67 Reconhecimento legal do PSB ................................................................................ 69 4.3. Avaliação Estratégica do Parque São Bartolomeu ......................................... 69 4.4. Objetivos de Manejo para o Parque São Bartolomeu .................................... 73 4.5. Zoneamento do Parque São Bartolomeu ....................................................... 74 4.6. Áreas Estratégicas......................................................................................... 83 4.7. Normais Gerais do Parque São Bartolomeu .................................................. 98 4.8. Planos de Gestão ........................................................................................ 100 5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 108 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo LISTA DE TABELAS Tabela 1. Zonas e coeficientes de aproveitamento incidentes na região do Parque São Bartolomeu. ......................................................................................................................... 28 Tabela 2. Planos e Projetos Urbanísticos de bairros na bacia hidrográfica do Cobre e sua situação em julho de 2012. .................................................................................................. 32 Tabela 3. Obras de infraestrutura no entorno imediato do Parque e sua situação em julho de 2012. ................................................................................................................................... 33 Tabela 4. Situação Fundiária do PSB .................................................................................. 38 Tabela 5. Programa e Projetos de Educação Ambiental de instituições não sediadas no Subúrbio Ferroviário. ........................................................................................................... 54 Tabela 6. Quadro síntese contendo as atividades ou situações conflitantes com uma UC da categoria Parque no PSB e seus potenciais impactos ambientais decorrentes.................... 54 Tabela 7. Profissionais que compõem a equipe do PSB. ..................................................... 56 Tabela 8. Equipamentos na área do Parque e entorno imediato e sua situação em julho de 2012. ................................................................................................................................... 58 Tabela 9. Obras de infraestrutura no entorno imediato do Parque. ...................................... 59 Tabela 10. Etapas para o enquadramento do PSB no SNUC. ............................................. 69 Tabela 11. Matriz Estratégica do Parque São Bartolomeu, apresentando os pontos fortes e fracos do ambiente interno, e as oportunidades e ameaças do ambiente externo. .............. 70 Tabela 12. Critérios utilizados na definição do zoneamento do PSB, com os respectivos pesos atribuídos a cada um deles........................................................................................ 74 Tabela 13. Zonas estabelecidas para o PSB, a área ocupada por elas e o seu percentual em relação à área total* do Parque. .......................................................................................... 74 Tabela 14. Síntese do zoneamento do PSB, com a definição das zonas, seus objetivos, as atividades permitidas, os principais conflitos identificados e as normas de uso. .................. 76 Tabela 15. Critérios para a definição da ZA do PSB. ........................................................... 81 Tabela 16. Descrição e caracterização das Áreas Estratégicas Internas (AEI), com respectivas recomendações. ............................................................................................... 84 Tabela 17. Priorização de Ação em Áreas Estratégicas Internas do Parque. ....................... 90 Tabela 18. Descrição e caracterização das Áreas Estratégicas Externas (AEE), com respectivas recomendações. ............................................................................................... 96 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo LISTA DE FIGURAS Figura 1. Mapa de localização do PSB no contexto das demais áreas protegidas. ................ 2 Figura 2. Área de domínio do Bioma Mata Atlântica e áreas remanescentes florestais no Estado da Bahia. ................................................................................................................... 3 Figura 3. Parque São Bartolomeu no contexto das Áreas Protegidas e Prioritárias. .............. 4 Figura 4. Área de estudo (regional), município de Salvador, Bahia, Brasil. ............................ 6 Figura 5. Área de estudo (local), Parque São Bartolomeu (PSB) – sobreposto com a APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, situado na Bacia do Cobre e entorno com os limites da PIS-COBRE (Poligonal de Intervenção Social), Bahia, Brasil. ............................................... 7 Figura 6. Intervenção antrópica nos recursos hídricos. ........................................................ 19 Figura 7. Espécies florestais encontradas na fisionomia de Floresta Ombrófila Densa do PSB. .................................................................................................................................... 19 Figura 8. Mapa de vegetação do PSB. ................................................................................ 20 Figura 9. Registro de espécimes de Biomphalaria glabrata nas áreas de cultivo de agrião. 38 Figura 10. Domínio Fundiário no interior da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu. ...... 39 Figura 11. Vista Panorâmica da localização dos foco de incêndio mostrando a clareira aberta na mata e a fumaça no trecho onde ainda existe chama e fumaça (Nota Técnica Conder). 40 Figura 12. Cultos afro-religiosos no PSB. ............................................................................ 42 Figura 13. Intervenções físicas propostas para o Parque São Bartolomeu. ......................... 44 Figura 14. Atrativos do PSB. ................................................................................................ 45 Figura 15. Mapa com os atrativos e o sistema de trilhas levantados no Parque São Bartolomeu. ......................................................................................................................... 48 Figura 16. Localização das instituições avaliadas no entorno do PSB. ................................ 51 Figura 17. Intervenções no Parque e entorno imediato: Via de contorno, infraestrutura e equipamentos. ..................................................................................................................... 57 Figura 18. Inserção da administração do PSB no organograma da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente. ...................................................... 60 Figura 19. Organograma interno da administração do Parque São Bartolomeu................... 61 Figura 20. Perímetro do Parque São Bartolomeu, conforme o Decreto 4.590 de 1974, com destaque para a área desapropriada pelo Decreto 8.087 de 1988. ...................................... 65 Figura 21. Localização da PIS Cobre, onde estão incluídas a PIF Encosta de Pirajá, PIF São Bartolomeu e a PIF Urbanização Parque São Bartolomeu, com destaque para os projetos de infraestrutura conduzidos no âmbito da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu. ............ 67 Figura 22. Mapa do zoneamento do PSB, com o detalhamento das zonas estabelecidas. .. 75 Figura 23. Zona de Amortecimento do Parque São Bartolomeu. ......................................... 82 Figura 24. Mapa com as áreas estratégicas internas definidas para o PSB. ........................ 83 Figura 25. Mapa com as áreas estratégicas externas propostas para o PSB. ..................... 90 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo LISTA DE SIGLAS UNESCO PSB SEDUR CONDER ONG TNC WWF/BRASIL SNUC SAVAM PDDU APRN PIS-Cobre APA IPHAN IPAC PIF DNPM EMBASA PMP RMS LOUS ZPAM CAB ZEIS PMSB PMCMV SAT CEAO COMAM SECULT-BA CEASB UNEB PPGEDUC TACC - TÁ SEDHAM SECIS BIRD AAE AAI DISEP FECAB MTST NEGC SUCOP UC ZA ZI ZIE ZHC ZOT ZP ZR ZUC ZUE Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura Parque São Bartolomeu Secretaria de Desenvolvimento Urbano Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia Organização Não Governamental The Nature Conservancy Fundo Mundial para a Natureza Sistema Nacional de Unidades de Conservação Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador Áreas de Proteção de Recursos Naturais Poligonal de Intervenção Social da Bacia do Cobre Área de Proteção Ambiental Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia Poligonal de Intervenção Física Departamento Nacional de Produção Mineral Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A Parque Metropolitano de Pituaçu Região Metropolitana de Salvador Lei de Ordenamento de Uso e Ocupação do Solo Zona de Proteção Ambiental Coeficientes de Aproveitamento Básico Zona Especial de Interesse Social Plano Municipal de Saneamento Básico Programa Minha Casa Minha Vida Serviço de Atendimento ao Turista Centro de Estudos Afro-Orientais Conselho Municipal de Meio Ambiente Secretaria de Cultura da Bahia Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu Universidade do Estado da Bahia Programa de Pós-graduação em Educação e Contemporaneidade Tendas de Arte Cultura, Comunicação e Ciência Secretaria Municipal do Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente Secretaria Cidade Sustentável Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento Área Estratégica Externa Área Estratégica Interna Distrito de Segurança Pública Federação Baiana de Cultos-Afro Movimento dos Trabalhadores Sem Teto Núcleo Estratégico de Gestão Compartilhada Superintendência de Conservação e Obras Públicas Unidade de Conservação Zona de Amortecimento Zona Intangível Zona de Intervenção Experimental Zona Histórico-Cultural Zona de Ocupação Temporária Zona Primitiva Zona de Restauração Zona de Uso Conflitante Zona de Uso Extensivo Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo RESUMO EXECUTIVO 1. ENCARTE 1: CONTEXTUALIZAÇÃO DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU 1.1. Enfoque Internacional 1.1.1. Análise do Parque São Bartolomeu frente a sua situação de inserção em Reserva da Biosfera ou outros atos declaratórios internacionais As Reservas da Biosfera, criadas a partir de 1976, são concebidas como territórios terrestres ou costeiros cuja missão é a conservação da biodiversidade, promoção do desenvolvimento sustentável e fomento à pesquisa, ao monitoramento e à educação ambiental, atividades recomendadas pelo Programa Homem e Biosfera (MaB – Man and the Biosphere) da UNESCO (RBMA, 1995). No Brasil, a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) integra, atualmente, uma área de cerca de 35 milhões de hectares, em 15 estados brasileiros. No estado da Bahia, a RBMA abrange parcelas territoriais de 170 municípios (CNIP, 2012). O Parque São Bartolomeu (PSB), localizado em Salvador/BA, foi definido como uma das três áreas piloto da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no estado da Bahia, enquanto território pertencente ao Parque Metropolitano de Pirajá (RBMA, 1995). Mesmo mediante a este reconhecimento internacional e mobilização de lideranças e instituições locais, o PSB passou por um significativo período sem nenhuma ação governamental concreta para sua proteção e recuperação, sendo que a retomada de intervenções na área sob a esfera do poder público só ocorreu em 2007 por meio do Projeto de Urbanização do Parque São Bartolomeu, no âmbito do Projeto de Desenvolvimento Integrado em Áreas Urbanas Carentes no Estado da Bahia, gerenciado e executado pelos órgãos do Estado da Bahia: Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR) e Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER). O fato do PSB integrar uma área de mata atlântica que compõe um hotspot, de ser uma área piloto da Reserva da Biosfera, e, ainda, proteger um fragmento florestal em área urbana, atesta sua relevância para a conservação. Nesse sentido, o plano de manejo deste território constituirá um importante instrumento para a compreensão do seu estado de conservação atual tendo em vista a sua implantação frente ao contexto histórico, cultural e socioeconômico em que se encontra, além das possibilidades de financiamento junto a organismos internacionais. 1.1.2. Oportunidades de Compromissos com Organismos Internacionais Organizações não-governamentais (ONGs) como a Conservação Internacional (CI-BRASIL), The Nature Conservancy (TNC) e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF-BRASIL), todas internacionais, mas com sede no Brasil, vem trabalhando no apoio à criação e implantação de áreas protegidas na Mata Atlântica. No âmbito socioambiental cabe mencionar o Banco Mundial, que realiza empréstimos, doações e garantias aos seus países-membros com o objetivo de reduzir a pobreza e as desigualdades (ONU, 20121), incluindo apoio a diversos projetos vinculados aos setores de saneamento e meio ambiente (Banco Mundial2, 2012). 1 2 http://www.onu.org.br/onu-no-brasil/bancomundial/ http://www.worldbank.org/ 1 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu 1.2. Resumo Executivo Enfoque Federal 1.2.1. O Parque São Bartolomeu e o Cenário Federal O Parque São Bartolomeu (PSB) não se encontra categorizado no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), sendo este regido pelo Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural (SAVAM), criado pela Lei Municipal nº 7.400/2008, que dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador (PDDU). O PSB foi criado pelo Decreto Municipal de desapropriação nº 4.590 de 21/02/1974, com uma área de 75 ha e incorporado, posteriormente, ao Sistema de Áreas Verdes e Espaços Abertos de Salvador, pelo Decreto Municipal nº 4.756 de 13/03/1975, na categoria de “Área de Domínio Público Não Edificável”. Com o Decreto Municipal nº 5363 de 28/04/1978, o PSB, juntamente com a Represa do Rio do Cobre e o Sítio Histórico de Pirajá, passa a ser incorporado também ao Parque Metropolitano de Pirajá com uma área de 1.550 ha, criado pelo referido decreto. Na década de 1980, o território do PSB expandiu-se com a inclusão de 40,42 ha por meio do decreto 8.087 de 07/07/88 (Timmers, 2011). Quanto à categorização do PSB no SAVAM, observa-se que ele encontra-se inserido tanto no “Subsistema de Unidades de Conservação” dada a sua inserção na Área de Proteção Ambiental - APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, criada pelo Decreto Estadual nº 7.970 de 5/06/2001, quanto no “Subsistema de Áreas de Valor Urbano-Ambiental”, enquadrado na categoria “Áreas de Proteção de Recursos Naturais – APRN”, na APRN das Bacias do Cobre e Paraguari que são destinadas à conservação de elementos naturais significativos para o equilíbrio e o conforto ambiental urbano. A Figura 1 apresenta a inserção do PSB no contexto das áreas protegidas. Figura 1. Mapa de localização do PSB no contexto das demais áreas protegidas. 2 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu 1.3. Resumo Executivo Enfoque Estadual e Municipal 1.3.1. Implicações Ambientais e Institucionais A Mata Atlântica e as Áreas Protegidas no Estado da Bahia O Bioma Mata Atlântica no Estado da Bahia ocupava originalmente 33% de seu território (Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2011) (Figura 2). Como resultado do processo histórico de exploração da Mata Atlântica no Estado, no qual incluem-se também a industrialização, a expansão urbana, a Bahia possui atualmente apenas cerca de 9% da cobertura vegetal de seu território correspondente à Mata Atlântica (Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2011). Figura 2. Área de domínio do Bioma Mata Atlântica e áreas remanescentes florestais no Estado da Bahia. Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2011). Entretanto, apesar do acentuado grau de devastação, a Mata Atlântica da Bahia apresenta uma alta diversidade biológica, concentrando 30% das espécies endêmicas de aves, 10% das espécies endêmicas de anfíbios e todos os seis gêneros de primatas encontrados no bioma (Ministério Público do Estado da Bahia - Núcleo Mata Atlântica3, 2012). Para proteger esse bioma, foram criadas 28 unidades de conservação (SNUC4) entre Estaduais e Federais, as quais juntas protegem cerca de 1.540.464 hectares de Mata Atlântica (Secretaria do Meio Ambiente/Recursos Hídricos da Bahia, 2007). Também registrou-se a existência de cinco Parques Urbanos em Salvador, totalizando mais de dois 3 http://mpnuma.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=59&Itemid=75 Não identificou-se nenhum registro no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação na esfera municipal. 3 4 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo mil e quinhentos hectares, os quais, por sua vez, também contribuem para a manutenção de remanescentes da Mata Atlântica na cidade. Áreas Prioritárias para a Conservação e o Corredor Central da Mata Atlântica O PSB, sob o contexto da APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, também constitui-se como área prioritárias para conservação, que prevê como ações prioritárias pesquisa, criação de mosaicos/corredores e de unidades de conservação, assim como ações voltadas à sua efetivação, como fiscalização, educação ambiental, e, também, ao ordenamento do uso do solo e recuperação de áreas degradadas (MMA, 20075). A Figura 3 apresenta a inserção do PSB no contexto das áreas protegidas e prioritárias. Figura 3. Parque São Bartolomeu no contexto das Áreas Protegidas e Prioritárias. Fonte: MMA (2007). Atualmente o PSB, enquanto território pertencente à APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, insere-se no contexto do Corredor Central da Mata Atlântica como Zona de Amortecimento, que visa tornar mínimas as pressões negativas sobre estes núcleos e promover a qualidade de vida das populações do entorno (CCMA-BA, 2012), reforçando a necessidade de maiores articulações entre os diferentes órgãos que incidem sobre estes territórios a fim de efetivar a proteção do bioma. O Parque São Bartolomeu e as Instituições Governamentais 5 Destaca-se que este documento encontra-se em fase de atualização, onde realizou-se em setembro a Oficina Preparatória para Revisão das Áreas Prioritárias para a Conservação do Estado da Bahia. Fonte: http://www.meioambiente.ba.gov.br/noticia.aspx?s=NEWS_GER&id=8391 4 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo O PSB possui interface com instituições da esfera estadual (cultural, desenvolvimento urbano, saneamento básico, meio ambiente e segurança pública) e municipal (reparação e desenvolvimento urbano, habitação e meio ambiente). No entanto, observa-se que a maior interação ocorre, atualmente, com a SEDUR e a CONDER devido ao Projeto de Urbanização Parque São Bartolomeu, a partir do qual se tem buscado envolver as demais instituições governamentais no processo de planejamento da área. Entretanto, este esforço ainda é incipiente, necessitando ser fortalecido de forma a estabelecer, de fato, uma agenda interinstitucional para o PSB. Vale ainda destacar que apesar do Parque ser de domínio municipal, a Superintendência do Meio Ambiente, órgão municipal responsável por sua gestão, possui uma atuação pouco ativa no projeto de revitalização e planejamento da área, ocupando um papel secundário no processo, revelando, consequentemente, uma fragilidade institucional do PSB. 1.3.2. Potencialidades de Cooperação O PSB apresenta em seu histórico diversas mobilizações em prol da sua recuperação ambiental. Neste sentido, diversas instituições das esferas da sociedade civil, empresarial e governamental - com atuações em áreas diversas - se envolveram ao longo dos anos com o PSB, apoiando e/ou desenvolvendo ações no Parque. Foram identificadas 12 instituições governamentais, sendo uma federal, oito estaduais e três municipais; 30 instituições não governamentais e 03 da iniciativa privada, com potencialidade de cooperação. A partir desta listagem verifica-se a existência de um significativo potencial de apoio institucional ao PSB por meio de uma gama extensa e diversa de instituições, cuja atuação e atribuições vão ao encontro das características e demandas do PSB. Entretanto, no cenário atual o estabelecimento de parcerias institucionais ainda ocorre de forma incipiente, havendo, assim, a necessidade da priorização pela administração do PSB do estabelecimento de cooperação e convênios institucionais para o fortalecimento do Parque São Bartolomeu. 5 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo 2. ENCARTE 2: ANÁLISE DA REGIÃO DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU 2.1. Descrição da Área de Estudo Os principais resultados encontrados no diagnóstico foram divididos em duas partes ou níveis de detalhamento: (1) Análise Regional e (2) Análise Local. 2.1.1. Análise Regional A Área de Estudo Regional compreende os limites do município de Salvador – BA, localizada na Figura 4. Figura 4. Área de estudo (regional), município de Salvador, Bahia, Brasil. 2.1.2. Análise Local A Área de Estudo Local compreende os limites da Poligonal de Intervenção Social (PIS) da bacia do Cobre, com ênfase no Parque de São Bartolomeu (PSB) e seu entorno imediato. A área de estudo local encontra-se localizada Figura 5. 6 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Figura 5. Área de estudo (local), Parque São Bartolomeu (PSB) – sobreposto com a APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, situado na Bacia do Cobre e entorno com os limites da PIS-COBRE (Poligonal de Intervenção Social), Bahia, Brasil. 2.2. Caracterização Ambiental 2.2.1. Vegetação A cidade de Salvador insere-se no Domínio Tropical Atlântico, tendo como formação vegetacional original a Mata Atlântica, com seus ecossistemas associados. A biota da Mata Atlântica é extremamente diversificada, considerada uma das mais ricas do ponto de vista da diversidade biológica. Com relação a sua flora, há estimativas da existência de 20 mil espécies de plantas vasculares, das quais aproximadamente seis mil restritas ao bioma. Caracteriza-se ainda um alto grau de endemismo, pois cerca de 70% das espécies de árvores que abriga são exclusivas das zonas costeiras. O valor ambiental e econômico da Mata Atlântica também pode ser observado pelo conjunto de plantas medicinais que este bioma abriga. Muitas destas são desconhecidas ou têm o potencial pouco pesquisado. Devidamente estudadas, podem se tornar importantes patrimônios para a medicina. A mata Atlântica, apesar de ocorrer desde Pernambuco até o Rio de Janeiro, é no sul da Bahia e norte do Espírito Santo que possuem maior expressividade. O conjunto da vegetação natural localizada em áreas urbanas forma uma base ecológica com diversas funções ambientais, cuja significância ou qualidade ambiental não se restringe apenas na composição florística de determinada área, mas também, pelo reconhecimento da complexa cadeia de eventos ecológicos associados. Neste contexto, a combinação de 7 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo alta diversidade e grande ameaça torna esse bioma uma das grandes prioridades para a conservação da biodiversidade em todo o mundo. 2.2.2. Fauna Segundo Reis et al. (2006), o Bioma da Mata Atlântica apresenta 250 espécies de mamíferos, sendo 22% endêmicas. Estudos indicam a existência de aproximadamente 112 espécies e morfoespécies de mamíferos na região centro-sul do Estado da Bahia (Prado et al., 2003). As dez espécies com maior número de publicações, são principalmente primatas. Já para a região central do estado está documentada a ocorrência de 58 espécies, das quais sete estão ameaçadas de extinção (Pereira e Geise 2009). A mata atlântica brasileira é o bioma mais diverso em relação à avifauna brasileira (Goerk, 1987), segundo revisão da literatura realizada por Souza e Borges (2008), a Bahia possui 775 espécies de aves distribuídas em 85 famílias. Já em relação à herpetofauna o Brasil se destaca, abrigando a segunda maior riqueza de répteis do planeta, com 732 das cerca de 9.670 espécies conhecidas mundialmente (Bérnils & Costa, 2011; Uetz, 2012). Para o grupo dos anfíbios, o Brasil ocupa o primeiro lugar em riqueza, abrigando 946 das cerca de 6.770 espécies conhecidas (Segalla et al., 2012; Frost, 2012), sendo este o grupo de tetrápodos mais ameaçado do planeta (Stuart et al., 2004). Grande parte desta riqueza encontra-se no nordeste do país, sendo que só para o Estado da Bahia já foram registradas aproximadamente 246 espécies de répteis e 150 de anfíbios (Freitas & Silva, 2004; Lira-da-Silva, 2011c). A maioria das pesquisas envolvendo a herpetofauna da Mata Atlântica se concentra no sudeste do país, tornando o conhecimento sobre as áreas florestadas do Nordeste brasileiro escasso. Nas últimas décadas, vários estudos têm revelado ocorrências e espécies novas originárias de fragmentos florestais próximos a áreas urbanas e muitas destas espécies já são descobertas sob ameaça de extinção. 2.2.3. Meio Físico A bacia do rio do Cobre, onde está inserido o Parque São Bartolomeu (PSB), localiza-se no chamado Subúrbio Ferroviário, zona norte de Salvador - BA. Destaca por abrigar uma das últimas áreas com exemplares da Mata Atlântica da cidade de Salvador. Grande parte dos remanescentes encontra-se no interior dos limites da APA da Bacia do Cobre/São Bartolomeu e do PSB e apresentam estágios de conservação precários. O mesmo pode ser dito quanto aos demais temas que compõem o ambiente regional, citando com exemplo a poluição das águas, a má gestão dos resíduos sólidos e líquidos e as áreas de risco geológico. Os terrenos da bacia do Cobre são acidentados e desenvolvidos sobre rochas cristalinas do embasamento e rochas sedimentares da Bacia do Recôncavo, separadas pela Falha de Salvador e recobertas por sedimentos arenosos de idade Cenozoica. Influenciado pela atuação de clima tropical chuvoso, os solos são espessos e argilosos. 2.3. Aspectos Culturais e Históricos Em 1º de novembro de 1501, a expedição que viera de Portugal para reconhecer as terras da recém descoberta colônia, encontrou uma baía ampla, cheia de ilhas e muitos habitantes, à qual, sob inspiração da própria data, dera o nome de "Baía de Todos os Santos". Um marco de pedra foi assentado no lugar hoje ocupado pela fortaleza e farol de Santo Antônio da Barra, assinalando as novas terras incorporadas ao patrimônio de Portugal (Oliveira, 2012). A presença dos europeus na região de Salvador data de 1510, quando ocorreu o naufrágio de um navio francês onde hoje encontra-se o bairro Rio Vermelho, e de cuja tripulação fazia parte Diogo Álvares, que recebeu o nome de Caramuru pelo índios Tupinambás do local, e 8 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo recebeu como esposa Paraguaçu, a filha de um chefe indígena. Caramuru passou a vida entre os indígenas da costa, e facilitou o contato entre os primeiros viajantes europeus com os povos nativos do Brasil. (Amaral e Rosado, 2012). Em 1536, chegou à região o primeiro donatário, Francisco Pereira Coutinho, que recebeu capitania hereditária de El Rei Dom João III, e fundou o arraial do Pereira, nas imediações onde hoje encontra-se a Ladeira da Barra (Oliveira, 2012). Em 29 de março de 1549, chega uma frota de colonos portugueses pela Ponta do Padrão, chefiado por Tomé de Sousa e comitiva, com ordens do rei de Portugal de fundar uma cidade fortaleza chamada do São Salvador. Desta maneira, é fundada a primeira capital do Brasil, sendo Tomé de Sousa o primeiro governador da colônia (Amaral e Rosado, 2012). Salvador teve, desde o início, a função de ser o pólo de colonização da América portuguesa, tornando-se o centro político-administrativo da Colônia. Além disso, a cidade representou, durante o período de colonização e de comércio do mundo português, um dos portos mais importantes do ponto de vista comercial e de localização estratégica, sendo passagem obrigatória de todas as embarcações do comércio vindas da África, Índia e da China para o Brasil (IPHAN, 2012). Em razão disso, e também por ser pólo econômico do ciclo da cana de açúcar e do tabaco (Amaral e Rosado, 2012), foi diversas vezes atacada e pilhada, com vista à sua ocupação, mesmo que por breve período de tempo. Como forma de se proteger destes ataques, os portugueses construíram diversos fortes que hoje são importantes marcos históricos, como o Forte de São João da Barra. A Bahia teve seu desenvolvimento econômico vinculado ao ciclo de exportação do açúcar e, mais tarde, ao do ouro e de diamantes (IPHAN, 2012), e a cidade de São Salvador foi a capital e sede da administração colonial do Brasil até 1763, quando a capital foi transferida para o Rio de janeiro. Após a mudança da capital, e com a abertura dos portos em 1808, Salvador cresceu como centro exportador e importador de escravos e de produtos manufaturados europeus (IPHAN, 2012). Durante o século XIX, Salvador continuou a influenciar a política nacional, tendo emplacado diversos ministros de Gabinete no Segundo Reinado, tais como José Antônio Saraiva, José Maria da Silva Paranhos, Sousa Dantas e Zacarias de Góis. No entanto, com a proclamação da República, e a crise nas exportações de açúcar, a influência econômica e política da cidade no cenário nacional decresce (Amaral e Rosado, 2012). Atualmente, o centro histórico de Salvador conserva a estrutura urbana original do século XVI, com sua expansão no século seguinte. Com pequenas alterações, a configuração urbana atual é a mesma que se vê na cartografia do fim do século XVII e começo do XVIII. Os sobrados de dois andares ou mais, as soluções planas no terreno em declive e a maneira de aproveitar o terreno, são exemplos típicos da cultura lusitana. Os sobrados e casas do centro histórico, que antes abrigavam quase que exclusivamente moradias, tornaram-se principalmente comerciais, atendendo à grande demanda de turismo da cidade, que tem como um dos principais atrativos seu acervo arquitetônico construído por igrejas, fortes, palácios e solares antigos (IPHAN, 2012). Populações Tradicionais Não foram identificadas terras indígenas regularizadas no município de Salvador. Por outro lado, verificou-se que há pelo menos 6 comunidades quilombolas no município, localizados: (a) na Ilha de Maré - Quilombo de Bananeiras, Praia Grande, Matelo, Ponta Grossa e Porto dos Cavalos; (b) na praia de São Tomé de Paripe - Quilombo do Alto do Tororó. 9 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Patrimônio Histórico Cultural Material e Imaterial De acordo com o IPHAN e IPAC, o número de bens tombados no município de Salvador/BA pode variar entre 69 a 91 bens tombados. Dentre estes, encontra-se o a área do Parque São Bartolomeu, tombado pelo IPAC através do Decreto nº 8.357 de 05 de novembro de 2002 (Bahia, 2002). Em relação ao patrimônio imaterial, pode-se destacar duas principais categorias ou formas de expressão: o Samba de Roda do Recôncavo Baiano e o Ofício das Baianas de Acarajé. Tanto o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, quanto o Ofício das Baianas de Acarajé, são manifestações ligadas às tradições religiosas que são praticadas no Parque São Bartolomeu. Desta maneira, garantir a manutenção destas tradições religiosas, é essencial para a perpetuação destes patrimônios imateriais tombados pelo IPHAN. 2.4. Uso e Ocupação da Terra e Problemas Ambientais Decorrentes A região da Bacia Hidrográfica do Rio do Cobre apresenta duas grandes classes de uso do solo: área urbana consolidada (cerca de 38% desse território – 962,15 ha), e florestas em estágios inicial, médio e avançado (39% do território – 975 ha). O mapeamento identificou que no interior do PSB 11,93 ha ocupados por áreas classificadas na classe urbana (construções isoladas, consolidadas ou não consolidadas). Em 2009, a CONDER mapeou 441 edificações localizadas no interior PSB (CONDER, 2009), das quais parte foi removida pela CONDER dentro do programa de regularização fundiária que se encontra em andamento, no entanto, novas ocupações e reincidência de pessoas já removidas ocorrem constantemente. 2.5. Características da População A dinâmica populacional e econômica do município de Salvador é constituída pelas seguintes características: - População urbana/rural, foi verificado que o município de Salvador se caracteriza por uma população essencialmente urbana e com alto grau de urbanização. Em particular, com os dados censitários especializados no entorno da área de estudo, foi observado um adensamento populacional no entorno da PIS-Cobre e no PSB (do lado oeste em direção ao PSB e PIS-Cobre) nos limites de bairros de Fazenda Coutos e Coutos, Periperi, Rio Sena, Plataforma, São João do Cabrito, Alto do Cabrito e Pirajá. - Gênero, foi observado que Salvador possui um padrão que segue uma tendência de apresentar proporções maiores de população urbana e de mulheres, em relação à população rural e de homens. - Raça/cor, notado um aumento mais expressivo da população negra de 1991 a 2010, alcançando 27,4% do total de habitantes, que pôde ser visto também com a redução da proporção de pessoas pardas e brancas. Dentre os prováveis fatores que contribuíram para esse aumento da população negra, pode-se indicar que “... não é causado por uma maior taxa de natalidade entre os negros (...) mas ao auto-reconhecimento das pessoas como negras”. - Aspectos educacionais, de 2000 a 2010, observou uma redução da taxa de analfabetismo no município de Salvador, reduzindo de 6,3% para 3,97%, considerando a população com 15 anos ou mais de idade, por grupos de idade. Em 2010, observa-se que em números absolutos, pessoas pretas ou pardas compõem a maioria nos grupos de idade acima com 40 anos ou mais (somando 24 e 29,6 mil pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever, respectivamente). No total de pessoas com 15 anos ou mais analfabetas, as pardas são aquelas com maior proporção (49%), seguida das pessoas pretas (38,4%) e brancas (10,8%). 10 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo - Saneamento, a distribuição percentual de saneamento entre 2000 e 2010 mostrou que houve melhoria no atendimento de água pela rede geral, coleta de esgotamento sanitário ou tratamento por fossa séptica e coleta de lixo em Salvador. Entretanto, nota-se uma relativa redução do serviço de esgotamento sanitário nos bairros que fazem divisa no limite do PSB e da PIS-Cobre, e uma possível causa seria a distribuição atual (2010) dos setores censitários, mostrando deficiências que antes não eram possíveis de avaliar devido à escala. O Parque São Bartolomeu está localizado próximo à foz da Bacia do Rio do Cobre, sendo que a maior parte das nascentes encontra-se fora do parque. Estes baixos índices de saneamento podem resultar em rios altamente poluídos com esgotos domésticos, e algumas vezes industriais, e com resíduos sólidos. Estes rios correm para dentro do Parque e formam as principais cachoeiras utilizadas pelos cultos de matriz africana, a de Oxum, a de Nanã e a de Oxumaré, comprometendo não só as práticas religiosas como também a saúde destes frequentadores. 2.6. Visão e Relação das Comunidades sobre o Parque São Bartolomeu Neste tópico serão apresentadas as visões e relações entre os moradores do interior e do entorno da Poligonal de Intervenção Física Urbanização Parque São Bartolomeu a partir dos dados levantados através da aplicação de questionários semi estruturados junto à uma amostra desta população, bem como da realização de Oficinas de Diagnóstico Participativo junto a representantes da sociedade civil e do poder público. Foram aplicados 350 questionários, sendo 209 junto a moradores do interior da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu, e 139 junto à moradores localizados nos limites imediatos desta PIF. A aplicação ocorreu através de uma amostragem aleatória, tentando abranger a maior variabilidade possível de moradores, e tomando a unidade familiar como unidade amostral. A oficina realizada no escritório central da CONDER contou com a participação de diversos representantes do poder público, enquanto as demais contaram com a participação de representantes de associações da sociedade civil do entorno da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu. Os dados levantados pelos questionários e pela oficina mostram que o uso rural familiar ainda é bastante presente na região, e a não utilização de agrotóxicos e fertilizantes, minimiza as possibilidades de contaminação dos córregos e do solo. Mesmo com o atual estado de abando, o PSB ainda representa um importante espaço de lazer para os moradores locais, principalmente os rios e cachoeiras, e as trilhas. Além disso, representa também uma importante fonte de subsistência, pois grande parte daqueles que disseram que utilizam o PSB, realizam a coleta de frutas tanto para o consumo quanto para a venda. Outro ponto que merece ser destacado é que, dado a importância histórica e cultural do PSB, os principais cultos realizados no seu interior estão relacionados às religiões de matriz africana, no entanto também existem cultos relacionados a outras religiões. Ainda neste contexto, diversos entrevistados afirmaram que coletam ervas dentro do PSB, das quais muitas são utilizadas em rituais religiosos. Os dados levantados pelos questionários correspondem às informações levantadas durante as Oficinas de Diagnóstico Participativo, que indicaram que os participantes reconhecem a importância histórica, cultural e religiosa do PSB enquanto um patrimônio que deve ser protegido. Reconhecem também que os recursos naturais do PSB, principalmente as frutas, são utilizadas por diversos moradores da região enquanto uma importante complementação de renda. Dentre as ameaças apontadas nas oficinas, a contaminação do rio Mané Dendê por esgotos domésticos, e dos rios de Pirajá por esgotos domésticos e industriais foram diversas vezes ressaltadas enquanto aspectos que precisam ser urgentemente combatidos. 11 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu 2.7. Resumo Executivo Legislação Federal, Estadual e Municipal Pertinente O conhecimento e entendimento da legislação ambiental, em suas diferentes esferas, é um aspecto fundamental para a adequada gestão de uma área protegida. Esse deve ser um tema de capacitação e estudo do gestor do PSB e seus funcionários, principalmente dos futuros guarda-parques que irão atuar no local. Foi realizada uma compilação dos instrumentos legais que podem ter influência direta e indireta sob o PSB, considerando as diferentes instâncias. Com relação à legislação federal foram identificadas um total de 65 instrumentos legais, divididos entre as seguintes categorias: 08 sobre Proteção Ambiental e Controle da Poluição, 20 sobre Flora, 08 sobre Fauna, 14 sobre Recursos Hídricos, 03 sobre Clima, 04 sobre Educação Ambiental e 08 sobre Unidades de Conservação e Outros Espaços Territoriais Especialmente Protegidos. Na esfera estadual foram identificados 88 instrumentos, sendo: 20 sobre Proteção Ambiental e Controle da Poluição, 14 sobre Fauna, 12 sobre Flora, 02 sobre Clima, 15 sobre Recursos Hídricos, 09 sobre Uso e Ocupação do Solo, 16 sobre Unidades de Conservação e Outros Espaços Territoriais Especialmente Protegidos e 03 sobre Educação Ambiental. E na esfera municipal foram encontrados 32 instrumentos legais, divididos nas seguintes categorias: 06 sobre Proteção Ambiental e Controle da Poluição, 11 sobre Zoneamento e Uso do Solo, 04 sobre Flora, 08 sobre Unidades de Conservação e Outros Espaços Territoriais Especialmente Protegidos e 03 sobre Educação Ambiental e Participação. Apesar do PSB não ser reconhecido, formalmente, como uma Unidade de Conservação, foram incluídas normas que tratam dessa temática devido à sua localização no interior da APA Bacia do Cobre, uma UC formalmente reconhecida pelo Estado da Bahia e devido a possibilidade de futuro enquadramento do PSB como Parque Natural Municipal, categoria de manejo reconhecida pelo SNUC. 2.8. Potencial de Apoio ao Parque São Bartolomeu O município de Salvador possui diversos tipos de serviços urbanos e turísticos que apresentam potencialidade de apoio ao Parque São Bartolomeu. No setor de comunicação, o município apresenta 04 operadoras de telefonia fixa e 05 operadoras de telefonia móvel; 36 agências de correios e telégrafos e 48 franqueadas; 03 jornais; 06 emissoras de televisão e 20 de rádio. Na área de saneamento e energia, o serviço é prestado pelas seguintes empresas: água/esgoto, Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa); limpeza urbana, Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb); Coleta seletiva, 21 cooperativas e associações; energia elétrica, Companhia Hidrelétrica do São Francisco (geração) e Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (distribuição) (Salvador, 2009). A região do Subúrbio Ferroviário, onde encontra-se localizado o Parque, apresenta 25 estabelecimentos de saúde, sendo 1 hospital, 19 unidades de saúde da família, 04 centros de saúde e 01 pronto atendimento. No setor de segurança pública 25 unidades da Polícia Militar encontram-se distribuídas em bairros do Subúrbio Ferroviário e cerca de 10 Delegacias da Polícia Civil atendem a região. Na área de educação, registrou-se o número de 45 escolas públicas presentes na região. No setor de turismo, Salvador destaca-se como um dos principais destinos turísticos no Brasil, devido à sua beleza natural e o rico acervo histórico e cultural. Nesse sentido, a cidade possui uma diversidade de infraestrutura de hospedagem, restaurantes e equipamentos culturais. 12 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu 3. Resumo Executivo ENCARTE 3: ANÁLISE DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU 3.1. Informações gerais sobre o Parque São Bartolomeu 3.1.1. Acesso ao Parque São Bartolomeu A principal via de acesso ao Parque São Bartolomeu é a Avenida Suburbana (Av. Afrânio Peixoto), via asfaltada que possibilita o tráfego de automóveis até a entrada do Parque. É também possível chegar ao PSB por uma ramificação da BR-324 (Estrada Velha de Pirajá) que atravessa o Sítio Histórico do bairro Pirajá e se prolonga por um trecho até alcançar as proximidades do PSB (Fonseca, 1998). O deslocamento via transporte coletivo para o PSB se dá pelas linhas de ônibus, especialmente por Pirajá e pela Suburbana, que possui mais de 100 linhas, (Salvador6, 2009) e, também, através de transporte ferroviário com destino à estação mais próxima do Parque, a Estação Almeida Brandão, localizada no bairro Plataforma (Fonseca, 1998). 3.1.2. Origem do nome O Parque São Bartolomeu leva o nome da então freguesia de São Bartolomeu, uma das mais antigas do Arcebispado da Bahia, constituída a partir da construção da Igreja de São Bartolomeu na região de Pirajá, no século XVI. O sítio em que se encontra a Igreja de São Bartolomeu, foi palco de lutas e resistências históricas como a 2ª Invasão Holandesa, a Independência da Bahia e o episódio da Sabinada. Os veteranos da independência foram sepultados na Igreja e próximo a ela encontra-se também o Panteon do General Labatut, participante das batalhas pela Independência da Bahia, no Dois de Julho (1823) (Formigli, 1998; Rêgo, 2001). O nome do Parque também denota um sincretismo, onde o santo católico São Bartolomeu é sincretizado com a divindade do candomblé representada pela serpente e pelo arco-íris: Oxumaré/Oxumarê (Orixá), Bessen (Vodun) ou Angolomeian/Angorô (Nkisi). Segundo Pinto (1998), Oxumaré é o responsável pelo ciclo da água na Terra e aquele quem transporta a água para o céu e a faz cair em forma de chuva. Uma das cachoeiras presente no Parque também leva o nome Oxumaré/São Bartolomeu, sendo suas águas consideradas milagrosas, sagradas. 3.2. Caracterização dos Fatores Abióticos e Bióticos 3.2.1. Meio Físico Clima O clima na área de abrangência do PSB é caracterizo pela ocorrência de precipitação em todos os meses do ano e temperatura média do mês mais frio do ano superior a 18 °C, sendo classificado como clima do tipo Af (tropical chuvoso). Os totais pluviométricos anuais são de 1700 a 1800 mm, irregularmente distribuídos ao longo do ano. As precipitações são menores no período entre setembro e fevereiro e maiores entre março e julho, sendo abril e maio os meses mais chuvosos. A umidade relativa é bastante elevada e tem como limites as isohigras de 80 a 85%. 6 Disponível em: <http://www.transalvador.salvador.ba.gov.br/transporte/categorias/onibus/linhas.php>. Acesso em 21 set. 2012. 13 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo A temperatura média anual é de 25°C, com médias máximas superiores a 29°C (setembro a abril) e médias mínimas acima de 19°C, sendo ausente um período frio. Geologia No contexto geológico regional, a Falha de Salvador é a principal feição estrutural, originada a partir do estiramento crustal ocorrido no Jurássico-Cretáceo, com direção geral N20ºE e rejeito superior a 4.000m. A escarpa recuada da Falha de Salvador se impõe como uma grande barreira geográfica, sendo de extrema importância do ponto de vista histórico, cultural, social e econômico da cidade de Salvador. Atualmente divide a cidade em dois compartimentos: Cidade Alta e Cidade Baixa. As rochas que ocorrem na bacia do rio do Cobre e PSB são aquelas da bacia sedimentar do Recôncavo e os granulitos do Alto de Salvador, ambas parcialmente recobertas por sedimentos da Formação Barreiras. No interior do PSB predominam rochas da Fm. Salvador na porção leste (38% da área do PSB), rochas granulíticas na porção oeste (29%), sedimentos do Gr. Barreiras nas áreas mais elevadas (24,5%) e depósitos recentes no fundo do vale do rio do Cobre (6%). Folhelhos da Fm. Pojuca (1%) e corpos d’água (1,5%) ocorrem em áreas restritas. Complexo Granulítico Salvador - Esplanada: representam rochas do embasamento précambriano e afloram nas porções inferiores das vertentes orientais da bacia do Cobre. Localmente, predominam os granulitos ácidos, com biotita e granada, com foliações metamórficas de direção N-S e estruturas gnáissicas, cortadas por potentes diques de diabásico e de aplitos graníticos. É possível identificar nessas rochas, bandamentos marcados pela alternância de minerais claros, como quartzo e feldspatos, e mais escuros, como micas, piroxênicos, anfibólicos e granadas. A exploração mineral se dá para fins ornamentais e construção civil. As características geotécnicas podem favorecer o desenvolvimento de movimentos de massa, principalmente quando associadas às vertentes íngremes. Formação Pojuca (Gr. Ilhas): tem origem a partir de lagos profundos no Cretáceo inferior, que foram preenchidos por folhelhos, arenitos turbidíticos e deltaicos com intercalações cíclicas de arenitos, folhelhos e calcáreos. Ocorre de maneira restrita na porção sudoeste da área. Formação Salvador: conglomerados compostos por matriz argilo-arenosa e clastos de tamanhos variados, pouco arredondados a angulosos e constituídos de rochas granulíticas, rochas básicas e fragmentos de quartzo. Intensamente fraturada, com direções preferenciais N60ºW, mergulho vertical; N40ºE, mergulho 55ºNW. Tais características litológicas e estruturais condicionam o desenvolvimento de um manto de intemperismo muito argiloso, o que facilita a ocorrência de movimentos de massa. As rochas da Fm. Salvador são responsáveis por grandes blocos rolados e muitas cachoeiras que marcam a paisagem do PSB, a exemplo das cachoeiras de Nanã e Oxum e Oxumaré. Grupo Barreiras: sedimentos terrígenos inconsolidados, de idade cenozoica (MiocenoPleistoceno inferior) A composição granulométrica é variada, desde arenitos finos a grossos, argilitos cinza avermelhados, roxos e amarelados, arenitos grossos a conglomeráticos com matriz caulínica e camadas enriquecidas em nódulos e concreções ferruginosas. Ocorre na porção nordeste da bacia do Cobre, onde são encontras áreas antigas áreas de exploração para a construção civil. As características geotécnicas favorecem a implantação de pequenas obras de engenharia, porém com restrições aos grandes cortes e aterros. Depósitos Recentes: Os depósitos recentes compreendem sedimentos Quaternários inconsolidados. Os depósitos apresentam pouca expressão territorial, em geral associados à faixa costeira (praias arenosas), cursos d’água (depósitos aluviais) e desembocadura de rios 14 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo (depósitos flúvio-marinhos). A composição compreende material mineral e orgânico e a granulometria varia de acordo com o ambiente deposicional. Recursos Minerais As ocorrências minerais da bacia do cobre estão relacionadas a substâncias não metálicas, baixo valor agregado e utilização na construção civil, como a areia, argila, saibro e granulitos. Entre os requerimentos registrados junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) apenas o processo de número 870430/1992 (Civil Industrial e Comércio LTDA) está na fase de lavra, os demais processos encontram-se na fase de requerimento para pesquisa ou disponibilidade. No alto curso do rio do Cobre foram identificadas áreas de exploração de material de empréstimo do Gr. Barreiras que não se encontram registradas junto ao DNPM. A retirada do material arenoso sem o devido controle causa grande modificações no relevo local, potencializa o desenvolvimento de processos erosivos e o assoreamento de corpos d’água, o que agrava ainda mais a qualidade das águas superficiais de toda a bacia do Cobre. Geomorfologia O relevo da bacia do Cobre é fortemente ondulado, dominado por colinas e morros com altitudes que variam desde zero até 110m acima do nível do mar, com escarpas localizadas e rios encachoeirados. As encostas são íngremes, com declividades superiores a 15%, condicionadas por estruturas geológicas e sustentadas por rochas conglomeráticas da Fm. Salvador e granulitos do embasamento pré-cambriano. Os topos são convexos e aplainados, em geral, capeados por sedimentos do Gr. Barreiras. A rede de drenagem é marcada por forte controle estrutural, com padrão retangular a subdendrítico e anomalias (trechos retilíneos, cotovelos, cachoeiras, entre outros). Os vales são profundos em forma de “V”, sendo a densidade de canais moderada a alta. A melhor expressão do controle estrutural é a influência da falha de Salvador no alinhamento do canal principal do rio do Cobre e encosta do Pirajá. O território do PSB é constituído por formas de relevo do tipo encostas íngremes (82%), topos convexos (9%), planície fllúvio-marinha (7,5%) e corpos d’água (1,5%). Planície flúvio-marinha: localizada na porção sudoeste da área, junto à desembocadura do rio do Cobre, trata-se de um amplo vale de fundo plano, com altitudes inferiores aos 5 metros, preenchido por sedimentos fluviais e marinhos e ricos em material orgânico. O vale da desembocadura do rio do Cobre é a mais espetacular feição geomorfológica do PSB e suas vertentes contemplam boa parte dos atrativos naturais e pontos de visitação do parque, como as cachoeiras de Nanã e Oxum, Oxumaré e Cobre. Planície fluvial: distribuídas por toda a bacia do Cobre, são encontradas ao longo do fundo dos vales fluviais e caracterizam-se por terrenos planos e estreitos, onde podem ser observados depósitos sedimentares pouco espessos, constituídos por areias, argilas e material orgânico. Encostas íngremes: são as formas de relevo mais abundantes da bacia do Cobre, com declividade é superior a 15% e a amplitudes que podem ultrapassar 80m. Vale atentar-se para as encostas no interior do PSB, pois são encostas muito íngremes originadas pela ação dos processos erosivos sobre o sistema de falha de Salvador, cuja evolução natural se dá por meio da ação dos diferentes processos erosivos, sendo comum a ocorrência de sulcos erosivos e movimentos de massa. No caso da bacia do Cobre, a alta inclinação das encostas aliada às intervenções antrópicas, que alteram a geometria e fluxos das águas superficiais nas vertentes, favorecem a ação dos processos erosivos, aumentando tanto sua frequência como sua magnitude. 15 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Topo Convexo: posicionadas nas porções mais elevadas do relevo, apresentam-se alongados e estreitos, com geometria convexa para baixo, sendo mais suave e amplo em áreas constituídas por sedimentos do Gr. Barreiras do que em terrenos esculpidos em sedimentos da Fm. Salvador e rochas do complexo granulítico. Os processos morfogenéticos predominantes nas áreas de topo são de baixa intensidade, devido à baixa declividade e ao espesso manto de alteração, que favorece a infiltração e minimiza a ação erosiva das águas superficiais. Pedologia O clima tropical chuvoso, com chuvas em todos os meses do ano, é um importante fator para o desenvolvimento de solos espessos e argilosos e fatores geológicos e geomorfológicos condicionam a distribuição espacial dos solos na bacia do Cobre. De maneira geral, predominam solos do tipo Argissolos, dispostos sobre terrenos ondulados a fortemente ondulados e sustentados por litologias variadas. Latossolos ocorrem em terrenos mais planos do Gr. Barreiras e os solos hidromórficos estão associados aos sedimentos recentes das planícies fluviais e marinhas. No território do PSB os Argissolos e Latossolos ocupam 87% de toda a área, dominando tanto as formas de encosta como topos convexos. Nas áreas de planície flúvio-marinha ocorrem solos hidromórficos como Gleissolos Tiomórficos Húmicos (5,5%) e Plintossolos Háplicos (5,5%), além dos corpos d’água (1,5%). Neossolos Litólicos e afloramentos rochosos ocorrem de forma restrita (0,5%), em blocos rolados ou setores de encostas com solos rasos, e muitas vezes não podem ser representados cartograficamente. Latossolos Vermelho-Amarelos e Amarelos: configuram em solos minerais não hidromórficos, comumente profundos e em avançado estágio de alteração, com CTC baixa e reduzida fertilidade natural. Ocorre em pequenas áreas na porção norte da bacia do Cobre, capeando relevo ondulado com topo plano desenvolvido sobre os sedimentos do Gr. Barreiras. Argissolos Vermelho-Amarelos e Amarelos: solos minerais geralmente profundos, não hidromórficos, que têm como característica diferencial a presença de horizonte B textural imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte superficial, exceto o hístico. Apresentam baixa fertilidade natural e favorece o desenvolvimento de movimentos de massa. Neossolos Litólicos: são solos imaturos em via de formação, seja pela reduzida atuação dos processos pedogenéticos ou por características inerentes ao material originário. Apresenta grandes limitações agrícolas e em condições de pouca cobertura vegetal, aliada às precipitações concentradas, facilita o desenvolvimento de processos erosivos e movimentos de massa rápidos. Plintossolos: solos minerais formados em condições de restrição à percolação da água (encharcados), sujeitos ao efeito temporário de excesso de umidade (mal drenados) e se caracterizam fundamentalmente por apresentar expressiva plintitização com ou sem petroplintita. No PSB situam-se em áreas planas nas margens dos cursos d’água ou no terço inferior das encostas, o que minimiza o efeito dos processos erosivos. Predominam cores pálidas e mosqueados, textura arenosa e elevada acidez. O aproveitamento agrícola se dá por meio de drenagem, adubação e calagem. Gleissolos: constituídos por material mineral e encontram-se permanente ou periodicamente saturados por água (hidromórficos). Caracterizam-se pela forte gleização, com a manifestação de cores neutras em decorrência do ambiente redutor e teores elevados de carbono orgânico. No PSB os Gleissolos são desenvolvidos a partir dos sedimentos flúvio16 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo marinhos da desembocadura do rio do Cobre e foram caracterizados como solos com horizonte sulfúrico e/ou materiais sulfídricos. Fragilidade Ambiental Natural Na análise da Fragilidade Ambiental Natural é possível observar que os territórios da bacia do Cobre e PSB estão inseridos em terrenos de fragilidades moderadas a fortes, além de abrangerem áreas intensamente antropizadas por ocupações urbanas e atividades de mineração que descaracterizaram as formas de relevo e alteram os processos morfodinâmicos naturais. As áreas classificadas como de fragilidade forte associadas as encostas apresentam grande potencial para a ação de processos morfogenéticos intensos, como: movimentos de massa nas encostas mais inclinadas e solos rasos e argilosos, potencializados pela ocupação urbana desordenada (destaque para a Encosta do Pirajá) e eventos chuvosos de grande intensidade; sulcos e voçorocas de médio a grande porte tendem a ocorrer na porção média e superior das encostas cujo substrato rochoso é formado por sedimentos arenosos do Gr. Barreiras. As áreas das planícies fluviais e flúvio-marinhas foram classificadas como áreas de fragilidade moderada e estão sujeitas a inundações provocadas por chuvas torrenciais; consequente solapamento de suas margens e carreamento de sedimentos e detritos (naturais ou antrópicos) ao longo do canal fluvial. A planície flúvio-marinha localizada no vale da desembocadura do rio do Cobre, inserida no PSB, além de estar sujeita aos processos anteriormente citados, ainda sofre influências das águas salobras, por intermédio da variação da maré na Baía de Todos os Santos. As formas de relevo de topo convexo também são áreas de fragilidade moderada, de maneira geral, os processos erosivos se desenvolvem nas margens das áreas de topo, favorecidos por solos arenosos e pouco coesos, quebras de relevo e, fundamentalmente, ocupação urbana desordenada que tende a concentrar as águas pluviais em “drenagens improvisadas”, sem estruturas que dissipem a energia e minimizem o impacto das águas sobre os solos. Intervenções Antrópicas Na área de estudo foram observadas várias intervenções antrópicas (cortes e aterros, cavas e áreas densamente urbanizadas), que alteram a morfologia original, destroem algumas de suas características básicas e induzem novos processos morfodinâmicos. As áreas de topos associadas aos sedimentos do Gr. Barreiras encontram-se arrasadas pela exploração exaustiva dos sedimentos arenosos e pela criação de grandes superfícies planas para a implantação de conjuntos habitacionais. Essas superfícies planas são criadas por remanejamento dos materiais superficiais, que posteriormente pode ser transportado para outras unidades da vertente, atingindo o fundo dos vales e assoreando os canais fluviais. Nas áreas de encostas as principais alterações são cortes e a criação de superfícies planas, descaracterização de áreas de nascentes e impermeabilização dos solos decorrente da compactação do material superficial para construção dos arruamentos e edificações. Como resultado da ocupação das encostas, ocorre a deposição de lixo e materiais de construção nas porções côncavas das vertentes, instalação de sulcos erosivos e indução de movimentos de massa nas áreas mais declivosas. 17 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Hidrografia e Qualidade das Águas A bacia do Cobre, onde está inserido o PSB, representa uma vasta parcela do território do Subúrbio Ferroviário da cidade de Salvador. Considerada a quinta maior bacia do município (20,65 km2), encontra-se regionalmente inserida na vertente oeste do Alto de Salvador e deságua na Baía de Todos os Santos, mais precisamente na enseada do Cabrito, enquadrada na região administrativa das Águas do Recôncavo Norte. O rio tronco da bacia é o rio do Cobre, com aproximadamente 11 km de extensão e vazão média em torno de 0,35m³/s, suas nascentes estão situadas na região da Lagoa da Paixão e sua foz na enseada do Cabrito. O uso das águas é intenso e ocorre por meio de captações irregulares, sendo que apenas duas outorgas estão registradas no sistema de informações geográficas do Estado da Bahia. O estado de conservação da bacia é relativamente bom, quando comparado às outras bacias de Salvador, com significativos remanescentes do bioma Mata Atlântica, especialmente, no entorno da represa do Cobre, onde existe uma área de aproximadamente 653 ha de remanescentes florestais de Floresta Ombrófila Densa, em estágios iniciais e médios de regeneração. A conservação dessa mata pode colaborar com a proteção dos mananciais que alimentam a represa do Cobre. Entretanto, foram constatados impactos ambientas de grande magnitude e extensão territorial em toda a área da bacia, como: nascentes muito antropizadas e seu entorno ocupado por habitações (Figura 6 A); afluentes canalizados; exploração de material arenoso no fundo dos vales, descaracterizando o curso do rio e assoreando-o em muitos trechos. No baixo curso, imediações do PSB, as intervenções antrópicas são mais intensas, com destruição da mata ciliar, pequenas plantações e ocupação consolidada, comprometendo a qualidade de suas águas. Nesse trecho destacam-se quatro conjuntos de cachoeiras: Nanã e Oxum, Oxumaré, Cobre e um localizada abaixo da represa da Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A (EMBASA) sem nome definido. Sendo essas cachoeiras são os principais atrativos naturais do PSB, mas encontram-se em estado crítico de conservação, devido o lançamento de esgoto doméstico, barramentos par uso agrícola e grande quantidade de detritos despejados nos cursos d’água e margens (Figura 6 B), inviabilizando seus usos para qualquer que seja a atividade. As águas da bacia do cobre apresentam baixa qualidade e, em muitos trechos, encontramse poluídas e impróprias para uso humano. Os pontos onde foram medidos parâmetros para o estabelecimento do Índice de Qualidade das Águas - IQA do Rio do Cobre estão classificados na categoria Boa (a montante da Represa do Cobre), Regular e Ruim (a jusante da Represa do Cobre), na campanha de período chuvoso. No período seco as mesmas estações foram classificadas na categoria Boa e Regular a montante da Represa do Cobre, exceto para a estação COB03 que foi Ruim, e Ruim ou Péssima para as estações a jusante da represa, mesmo assim, foi classificada como o de melhor IQA entre os rios do município de Salvador. Análises mais detalhadas da qualidade das águas demonstram que valores muito elevados de Coliformes Termotolerantes foram observados nas estações situadas à jusante da represa do Cobre no período seco, quando a concentração de esgotos sanitários torna-se mais representativa no fluxo total do curso d’água. Valores de oxigênio dissolvido acima de 5,0mg/L foram verificados apenas nas estações de amostragem à montante da represa do Cobre, e conforme a Resolução CONAMA n. 357/05, para águas doces classe 2, qualquer amostra de água deveria apresentar valores superiores a 5,0 mg/L. Valores altos de DBO, que não atendem a Resolução CONAMA n. 357/05 para águas doces classe 2, foram verificados nas estações à jusante da represa do Cobre, tanto nas campanhas de período chuvoso quanto de período seco. Salienta-se que apenas dois locais à montante da represa 18 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo não violam o estabelecido pela Resolução CONAMA n. 357/05 para águas doces classe 2 na campanha de período chuvoso. A mesma tendência acontece para Nitrogênio Total e Fósforo Total, com as maiores concentrações nas estações à jusante da represa do Cobre. A B Figura 6. Intervenção antrópica nos recursos hídricos. Legenda: A) Zona de nascentes do rio Mané Dendê, avançado estágio de degradação. B) Grande quantidade de lixo obstruindo a passagem das águas na porção superior da cachoeira de Oxum, PSB. Foto: Fabiano do Nascimento Pupim. 3.2.2. Vegetação e Flora Composição florística No levantamento florístico, foram amostradas 51 famílias botânicas, 150 gêneros e 205 espécies. Das 205 espécies, 17 estão mencionadas apenas pelo seu gênero e vinte famílias botânicas foram representadas por uma única espécie. As famílias botânicas mais representativas em número de espécies foram Fabaceae/Mimosoideae com 15 espécies, Malvaceae com 14, Myrtaceae com 12, Arecaceae e Fabaceae/Caesalpinioideae ambas com 10, Fabaceae/Faboideae com 9, Anacardiaceae, Annonaceae e Euphorbiaceae cada uma representando 08 espécies, Asteraceae e Rubiaceae ambas com 07 espécies. As espécies arbóreas e palmeiras mais frequentes na fisionomia de Floresta Ombrófila Densa do PSB foram: Artocarpus heterophyllus - jaca, Himatanthus phagedaenicus – janaúba (Figura 7 A), Schinus terebinthifolia - aroeira-pimenteira, Clitoria fairchildiana sombreiro, Pachira aquatica - falso-cacaueiro, Ficus calyptroceras gameleira, Protium heptaphyllum - amescla, Carapa guianensis - andiroba, Balizia pedicellaris - juerana, Jacaranda puberula – jacarandá (Figura 7 B), Brosimum glaziovii - mamica, Licania tomentosa - oiti, Dalbergia nigra - jacarandá, Simarouba amara - pau-paraiba, Alseis floribunda - quina e Syagrus coronate – licuri. A B Figura 7. Espécies florestais encontradas na fisionomia de Floresta Ombrófila Densa do PSB. A) Himatanthus phagedaenicus. B) Jacaranda puberula. Foto: Vivian Ribeiro Baptista Maria. 19 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Com relação às espécies arbustivas pode-se destacar: Annona cornifolia - araticum, Vernonia chalybaea - assa-peixe, Aegiphilla sellowiana - maiauã, Aegiphilla laevis - mariamole, Lantana camara, Lantana nivea, Cordia nodosa, Ricinus communis - mamona, Celtis iguanea, Psidium guajava - goiaba, Piper aduncum, Psychotria carthagenensis e Solanum auriculatum - caçutinga. Convém salientar, que a floresta ombrófila densa amostrada, trata-se de um remanescente composto por vegetação secundária, em diversos estágios de sucessão florestal (Figura 8). O PSB encontra-se bastante descaracterizado quando comparado a vegetação original, e em diversos pontos observou-se aspectos que comprometem ainda mais a sustentabilidade da floresta, como grande efeito de borda, presença marcante de espécies exóticas como Artocarpus heterophyllus - jaqueira, retirada seletiva de madeira, pressão urbanística de entorno e pouca conectividade com remanescentes florestais adjacentes. O fragmento florestal, presente no entorno imediato do PSB, pertencente também a APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, foi o local mais expressivo e de maior diversidade vegetal, apresentando espécies originarias da vegetação pioneira com porte médio de 18-22 m de altura. No entanto, sua conservação, depende da ação fiscalizadora dos órgãos responsáveis, pois são áreas muito próximas da urbanização susceptíveis a fortes ameaças antrópicas. Figura 8. Mapa de vegetação do PSB. Etnobotânica no universo das religiões de influência africana Sabendo que o PSB é um local muito utilizado para os rituais do Candomblé, e que as plantas, no universo das religiões de influência africana, apresentam grande valor por serem utilizadas para propósitos ritualísticos e de rotina pelas comunidades dos terreiros, foi realizado um levantamento rápido das principais espécies usadas pela comunidade local em seus rituais de Candomblé. De acordo com entrevistas informais com os moradores, pais e mães de santo, e visita ao espaço etnobotânico do Jardim Botânico de Salvador, que foi feito com auxilio de praticantes do Candomblé, foi possível identificar as 25 espécies vegetais mais utilizadas. 20 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Os conhecimentos místicos, culturais e etnobotânicos dos participantes mais efetivos e tradicionais do Candomblé são muito valiosos, intensificar estudos de etnobotânica nesta área demonstra grande importância para que estas informações que remontam séculos e fazem parte da história e cultura de nosso povo não sejam perdidas. Índice de Diversidade A densidade total encontrada pelo levantamento fitossociológico foi de 86 árvores/ha, com área basal totalizando em 9,11 m2./ha. A maior densidade foi apresentada por Protium hetaphyllum - amescla (10 indivíduos/ha), Himatanthus phagedaenicus - janaúba (9), Artocarpus heterophyllus - jaca (7) e Anacardium occidentale - cajú (6) que perfizeram 37,2% da densidade total de árvores dessa fitocenose (Floresta Ombrófila Densa). Artocarpus heterophyllus apresentou a maior contribuição de área basal (2,75 m2/ha), seguida por Protium hetaphyllum (0,77 m2/ha), Anacardium occidentale (0,75 m2/ha) e Himatanthus phagedaenicus (0,61 m2/ha). O maior IVI foi apresentado para a espécie exótica Artocarpus heterophyllus (42,50%), seguido de Protium hetaphyllum (28,44%), Himatanthus phagedaenicus (21,33%), Syagrus coronata - licuri (17,43%), Anacardium occidentale (17,37%), Schinus terebinthifolia - aroeira-pimenteira (11,55%) e Tapirira guianensis - peito de pombo (11,44%). Como já mencionado anteriormente, a vegetação avaliada trata-se de uma floresta secundária em diversos estágios de conservação, o que refletiu intensamente nos dados obtidos pela fitossociologia, em especial na baixa densidade de indivíduos por área amostral, pouca diversidade florística por hectare e baixa potencialidade produtiva da floresta. Geralmente, em floresta ombrófila densa, que ocorrem em áreas mais conservadas, registra-se alta densidade (2068 ind./ha) e elevada área basal (44,36 m2/ha). Táxons de Especial Interesse para Conservação Dentre as plantas identificadas no PMSB, 03 delas (Caesalpinia echinata - pau brasil, Cedrela fissilis - cedro e Dalbergia nigra - Jacarandá da Bahia), encontram-se na lista das espécies ameaçadas de extinção - Red List of Threatened Plants pela International Union for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN, 2012). A espécie Swietenia macrophylla, apenas foi amostrada no Jardim Botânico de Salvador. Quanto ao endemismo duas espécies foram registradas, a palmeira Attalea funifera amostrada no PMSB e Annona soteropolitana encontrada no Jardim Botânico de Salvador. Considerações Finais Sobre o Diagnóstico O processo histórico de exploração do PSB transformou a floresta original em uma mata secundária, com alguns indivíduos remanescentes da mata primária, onde se observa predominância de espécies exóticas, amplos agrupamentos homogêneos, carência de plântulas ombrófilas no sub-bosque, e finas camadas de material orgânico recobrindo o solo (i.e., serapilheira). A perda de habitat e fragmentação florestal nesta área, também é expressiva, o que acarreta o isolamento e a redução de hábitat, produzindo um aumento do “microhábitat” de borda e uma ameaça à biodiversidade local. É válido ressaltar que as áreas florestais do PSB ainda estão sofrendo forte pressão antrópica, principalmente através da expansão da população de baixa renda, descaracterização da vegetação local (pomares, hortas e agricultura), invasão das áreas de preservação permanente e falta de saneamento básico que vem comprometendo diretamente as áreas alagadas e manguezais. Apesar dos problemas diagnosticados, o PSB contribui significativamente para a proteção do ecossistema de mata atlântica e a conservação dos recursos naturais, da qual fazem parte espécies consideradas endêmicas e/ou ameaçadas de extinção. Além disto, a vegetação natural localizada em áreas urbanas como é o caso PSB formam uma base 21 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo ecológica com diversas funções ambientais, cuja significância ou qualidade ambiental não se restringe apenas na composição florística de determinada área, mas também, pelo reconhecimento da complexa cadeia de eventos ecológicos associados, e o bem-estar da sociedade que depende significativamente dos serviços ambientais fornecidos pela natureza. 3.2.3. Fauna Mastofauna A mastofauna endêmica da Mata Atlântica é composta por 73 espécies das quais 39 são ameaçadas de extinção. Somando-se cinco referências encontradas, desde o mais geral (estadual) até o mais específico (regional), encontra-se 43 espécies de mamíferos distribuídas em 20 famílias e oito ordens. No Parque São Bartolomeu foram avistadas apenas três espécies, o sagui-de-tufos-brancos (Callithrix jachus), o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e o preá (Cavia aperea). Alguns rastros e tocas de tatuí (Dasypus septemcinctus) também foram registrados, entretanto não foi possível visualização de nenhum indivíduo durante os censo diurnos e noturnos. Para a região de Salvador, são listadas 14 espécies segundo o Diagnóstico Ambiental da APA da Bacia do Cobre/São Bartolomeu no PSB e 22 para o Parque Metropolitano de Pituaçu (PMP). Devido a proximidade desses dois parques (PMP e PSB), a mesma composição dos mamíferos também pode ocorrer no PSB. Para todo estado da Bahia são listadas sete espécies ameaçadas de extinção segundo o IBAMA (2012) e dez segundo a IUCN (2012). Uma espécie ameaçada segundo o IBAMA (2012) é presente segundo entrevistas com moradores locais, o gato-do-mato (Leopardus tigrinus). Outra espécie vulnerável a extinção segundo a IUCN (2012) é o ouriço-preto (Chaetomys subspinosus) que ocorre no Parque Municipal do Pituaçu (PMP) segundo estudo realizado pela ECOA (2010). Sabemos que o PMP e PSB são próximos, os ouriços são animais arborícolas e crípticos, dessa maneira não fica descartada a possibilidade dessa espécie de ocorrer também no PSB. A espécie mais abundante é o sagui-de-tufos-brancos que é encontrada em toda área do PSB. Sua densidade foi estimada em 23 grupos (4 a 8 indivíduos) / km2. Esse número é 3 vezes maior que a densidade em fragmento de mais de 1.000 hectares no nordeste brasileiro onde sua ocorrência é nativa. Os motivos que levam a explosão populacional se devem provavelmente a essa espécie ser exótica ao PSB, onde não há pragas locais e os predadores estão extintos. Rastros e tocas de tatus foram encontrados em cinco pontos do PSB, provavelmente podem ser de indivíduos diferentes dadas distâncias entre os mesmos. O preá é relativamente comum em capinzais próximos a florestas e zonas rurais de todo o Brasil. No PSB dois indivíduos foram avistados forrageando no entardecer. Dois indivíduos de cachorro-do-mato foram avistados forrageando em estrada utilizada atualmente como acesso para construção de um caminho de concreto que atravessa o PSB. Avifauna No contexto estadual, segundo revisão da literatura realizada por Souza e Borges (2008), o estado da Bahia possui 775 espécies distribuídas em 85 famílias. No caso da mata atlântica, o qual está localizado o PSB, é o bioma mais hiperdiverso em relação a avifauna do brasil, com cerca de 600 espécies das quais 200 são endêmicas e dessas 68% estão ameaçadas de extinção principalmente devido à perda de habitat. Com relação ao Parque São Bartolomeu, foram encontradas durante a coleta de dados 108 espécies distribuídas em 53 famílias de aves. As três famílias mais representativas foram Tyrannidae (17 espécies) seguidas por Thraupidae (16 espécies) e Psittacidae (9 espécies). 22 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Dessas, 17 espécies não foram descritas nos três levantamentos realizados na região por ECOA (2010), CRA (2010) e WIKIAVES (2012). Considerando os quatro estudos citados acima, 193 espécies podem ocorrer na região e entorno do Parque São Bartolomeu. Esse número é pequeno se considerarmos a alta diversidade de espécies típicas de Mata Atlântica que pode chegar a mais de 600 espécies (Cordeiro, 2003). Um contínuo florestal como PSB pode resguardar populações maiores e com maior diversidade que a encontrada atualmente. Como exemplo, duas espécies de piprídeos exigentes quanto ao habitas ainda podem ser encontradas, a rendeira (Manacus manacus) e o cabeça-encarnada (Pipra rubrocapilla), entretanto não são facilmente encontradas no PSB e suas populações podem estar em declínio devido a histórica perturbação. Em toda a listagem, da região e para o PSB apenas uma espécie ameaçada foi identificada, o pintassilgo-do-nordeste (Sporagra yarrellii), classificada como vulnerável segundo a UICN 3.1 (IUCN 2001). Em relação as espécies endêmicas de mata atlântica ocorrentes no PSB ou seu entorno encontramos cinco espécies, o tico-tico-do-mato (Arremon semitorquatus), trovoada (Drymophila ferruginea), pintadinho (Drymophila squamata), beija-flor-de-barrigabranca (Amazilia leucogaster) e o garrinchão-de-bico-grande (Cantorchilus longirostris). Entretanto, apesar de não estão ameaçadas de extinção, esses registros valoram a importância de conservação para manutenção dessas populações exclusivas de mata atlântica. Densidade das espécies mais frequentes Das 108 espécies amostradas pelo censo qualitativo, 39.8% (43 espécies) foram amostrados também pelo censo quantitativo. Das 10 espécies mais abundantes, todas são nativas onde seis são típicas de jardins, praças e quintais: a cambacica (Coereba flaveola), o sanhaçu-cinzento (Tangara sayaca), o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) o pitiguari (Cyclarhis gujanensis), o sanhaçu-do-coqueiro (Tangara palmarum) e a corruíra (Troglodytes musculus). Já a guaracava-de-barriga-amarela (Elaenia flavogaster), o picapau-anão-pintado (Picumnus pygmaeus), o rabo-branco-rubro (Phaethornis ruber) e o arapaçu-de-bico-branco (Dendroplex picus) são típicos de bordas de florestas e vegetações secundárias. As restantes das espécies que não entraram no censo de densidade são típicas de ambientes florestados de diversos estágios sucessionais ou aquáticas, já que o PSB possui uma grande área alagada e margeia um reservatório. Herpetofauna Durante a campanha de campo foram encontradas seis espécies de anfíbios e oito répteis. Somando-se estes dados aos dados secundários obtidos, chegamos a um total 170 espécies, sendo 63 espécies de anfíbios e 107 de répteis. Destas, 43 espécies anfíbios e 95 de répteis foram registradas para a cidade de Salvador, enquanto 20 anfíbios e 11 de répteis foram registradas apenas para as cidades vizinhas. de de de de Entre os anfíbios, 62 são da Ordem Anura e apenas um pertence à Ordem Gymnophiona. Já entre os répteis, os Squamata (serpentes, lagartos e anfisbenas) foram os responsáveis pelo maior número de espécies (99 spp.), sendo 63 espécies de serpentes. Os demais Squamata estão distribuídos entre as famílias Amphisbaenidae (6 spp.), Anguidae (1 sp.), Gekkonidae (2 spp.), Gymnophthalmidae (3 spp.), Iguanidae (1 sp.), Leiosauridae (1 sp.), Phyllodactylidae (5 spp.), Polychrotidae (4 sp.), Scincidae (2 spp.), Sphaerodactylidae (1 sp.), Teiidae (6 spp.) e Tropiduridae (5 spp.). Somam-se a estes répteis mais cinco espécies de quelônios e duas espécies de crocodilianos. Entre as serpentes registradas para a área, 13 podem ser consideradas de importância médica e sete são consideradas localmente extintas. Duas espécies de répteis são consideradas invasoras. 23 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Quanto ao status de conservação das espécies registradas, um anfíbio é considerado como vulnerável e dois constam como “deficiente de dados” (DD) pela IUCN. Um anuro do gênero Adelophryne encontrado em campo não pode ser identificado a nível específico, podendo se tratar de Adelophryne pachydactyla, espécie presente na Serra da Jiboia e tida como deficiente em dados pela IUCN, ou até mesmo uma espécie ainda não descrita. Se tratando dos répteis, nenhuma espécie se encontra em alguma categoria de ameaça pela IUCN e apenas uma se encontra listada como vulnerável para o Brasil. Todavia o jacaré-de-papoamarelo Caiman latirostris está listado no apêndice I do CITES e a muçurana Clelia clelia, a iguana Iguana iguana, os teiús Tupinambis merianae e T. teguixin, o jacaré-coroa Paleosuchus palpebrosus e o jabuti-piranga Chelonoidis carbonaria estão listados no apêndice II, assim como todas as serpentes da família Boidae. Quanto ao grau de endemismo, além da rãzinha Chiasmocleis sapiranga, conhecida apenas para Mata de são João, como citado anteriormente, Ischnocnema paulodutrai e Cnemidophorus abaetensis também são endêmicos do Estado da Bahia. Já Stereocyclops incrassatus, Phyllodytes maculosus, Enyalius iheringii, Sibynomorphus neuwiedi e Bothrops leucurus são endêmicas do bioma Mata Atlântica. Embora seja uma tarefa complicada definir o grau de endemismo de algumas espécies, alguns anuros como Rhinella crucifer, Dendropsophus branneri, Dendropsophus decipiens Hypsiboas faber, Hypsiboas semilineatus e Scinax alter, além de alguns répteis, tais como Gymnodactylus darwinii e Bothropoides jararaca podem ser consideradas como de distribuição restrita a basicamente inserida no domínio Mata Atlântica. A única serpente encontrada, a cobra-cipó Chironius bicarinatus, estava abrigada dentro de uma bainha de folha de licuri, a cerca de 1 m do chão. Dois exemplares adultos e um juvenil de Gymnodactylus darwinii, além de ovos eclodidos que pelas características parecem pertencer a esta espécie, foram encontrados entre bainhas de folhas de licuri ainda presas aos troncos de palmeiras caídas, ressaltando mais uma vez a importância desta palmeira para a herpetofauna local. Ictiofauna Os dados secundários previamente obtidos para a região, apontam para pelo menos 108 espécies de possível ocorrência na bacia do rio Cobre, sendo 39 delas consideradas importantes para a pesca. Somando-se estas espécies às encontradas durante as coletas em campo, o número sobe para 110 espécies de possível ocorrência, sendo 40 de importância para a pesca. Durante a campanha de campo também foram feitas entrevistas que acrescentaram mais duas espécies à lista: o apaiari Astronotus spp. (Cichlidae) e a pescada-branca, pertencente à família Scianidae, ambas importantes para a pesca. Em relação à distribuição geográfica, o blenídeo Omobranchus punctatus, o tucunaré Cichla sp., o tambaqui Colossoma macropomum e uma tilápia não identificada a nível específico, são alóctones à área de estudo, enquanto o amoré Gobionellus stomatus é endêmico da costa do Brasil. Do total de espécies listadas, oito são consideradas invasoras de acordo com Instituto Hórus. Quanto ao status de conservação global das espécies diagnosticadas, o mero Epinephelus itajara encontra-se classificado como criticamente ameaçado de extinção, a raia-manteiga Gymnura altavela e a cioba Lutjanus analis como vulneráveis, a viola Rhinobatos percellens como quase ameaçada, a moréia Moringa edwardsi, a piquitinga Lile piquitinga, o mamarréis Odontesthes incisa, a agulha Strongylura marina, a pescada-amarela Cynoscion acoupa, o budião-bindaló Halichoeres radiatus e o peixe-macuco Eleotris pisonis como pouco preocupantes e a raia-prego Dasyatis americana, o cavalo-marinho Hippocampus reidi e o rabo-de-forquilha Scarus guacamaia como deficientes de dados. 24 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Já em território nacional, S. guacamaia está categorizado como vulnerável à extinção, ao passo que C. macropomum, H. reidi, E. itajara, L. analis e a tainha Mugil liza encontram-se classificados como sobreexplotados ou ameaçados de sobreexplotação. Embora o levantamento de dados secundários tenha estimado a presença de 108 espécies, o atual cenário de degradação encontrado ao longo dos principais cursos d’água investigados, e também na foz do rio do Cobre, certamente coíbe a presença de ictiocenoses estruturadas. Tal característica implica na exclusão da grande maioria das espécies apontadas na lista sistemática obtida com auxílio da literatura, ao mesmo tempo em que beneficia a ocorrência de teleósteos generalistas e tolerantes a ambientes impactados, conforme de fato constatado durante a realização das pescarias experimentais na área de estudo. Devido às limitações encontradas pelos métodos utilizados para este tipo de levantamento, tais como curto espaço de tempo e ausência de repetições, não foi possível fazer nenhuma análise quantitativa. Entretanto, é possível afirmar de forma categórica que P. reticulata é a espécie mais abundante no interior do PSB, sendo esta constatação atribuída em partes, a capacidade deste Antherinomorfa de colonizar e se estabelecer em ambientes poluídos, desfavoráveis a ocorrência de espécies menos tolerantes. Considerações finais sobre o diagnóstico de fauna O PSB possui histórico antigo de fragmentação, devido a ocupação da cidade de Salvador, uma das mais antigas do Brasil. Os mamíferos são muito prejudicados pelos efeitos da fragmentação de hábitat devido a sua grande área de uso. Adicionalmente pequenos mamíferos que não são caçados tem sua população reduzida devido à alteração do hábitat e efeitos de borda (Pardini, 2004). Dessa maneira geralmente em pequenos fragmentos urbanos isolados possui sua comunidade bastante diferenciada da comunidade original, o que ficou evidente no diagnóstico do PSB. Agravando os problemas relacionados à fragmentação, está a intensa pressão de caça à que a fauna local está submetida, seja para subsistência ou para manutenção de espécies em cativeiro. Espécies das famílias dos cracídeos e tinamídeos possuem taxa reprodutiva incompatível com o esforço de caça, sendo os primeiros grupos a se extinguirem localmente, estão ausentes no PSB. Aumentando o impacto da caça sobre as populações canoras, muitas espécies nativas foram avistadas em gaiolas em casa de moradores ou com moradores que estavam caçando no entorno do PSB. Também vale destacar a ocorrência de animais domésticos em grande quantidade que competem com a fauna local e são potenciais transmissoras de doenças. A ocorrência de algumas espécies exóticas agressivas também é motivo de preocupação, a exemplo do sagui-de-tufos-brancos. O Parque São Bartolomeu e seu entorno, apesar de fortemente impactado e alterado (AMB & SEG, 2002; Cordeiro, 2009, Santos et al., 2010), se mostrou um ambiente de refúgio para a fauna em área urbana. A presença de nascentes ainda preservadas em seu interior possibilitou que espécies da herpetofauna mais sensíveis se mantivessem no local, principalmente anfíbios, que são mais dependentes de corpos d’água livres de poluição. Com relação à ictiofauna constatou-se que o atual estado de degradação da grande maioria dos cursos d’água que drenam o PSB coíbe a existência de comunidades de peixes estruturadas e diversas, sendo a priori a principal causa pela grande discrepância entre a riqueza observada (dados primários) e aquela esperada (dados secundários). 25 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo As ictiocenoses presentes no interior do PSB são compostas principalmente por espécies generalistas adaptadas ao modo de vida em águas poluídas e contaminadas (dominância notória de Poecilia reticulata). Uma parcela significativa das espécies ocorrentes no PSB também se faz presente na represa do Cobre, não sendo a recíproca verdadeira, devido provavelmente à poluição e também às menores dimensões dos cursos d’água localizados a jusante do barramento. Vale ressaltar que na atual situação de fragmentação da mata atlântica qualquer fragmento torna-se extremamente importante para a conservação de algumas populações da fauna e o PSB possui uma área relativamente extensa para os padrões de áreas protegidas urbanas, podendo representar uma importante contribuição para a região desde que conte com medidas de proteção e manejo adequadas. No entanto, sem dúvida é um grande desafio integrar os usos atuais do PSB com o manejo conservacionista de fauna, numa área pequena e de alto valor simbólico e cultural. Dessa forma, torna-se extremamente importante pensar em um manejo integrado que agregue outros remanescentes florestais da região, tais como a área da EMBASA, vizinha ao PSB. 3.3. Aspectos Urbanísticos do Entorno do Parque São Bartolomeu 3.3.1. Caracterização Regional A Região Metropolitana de Salvador – RMS é composta por 13 municípios7, possuindo 3.573.793 habitantes e 4.375.123 km² de área. Sendo a 7ª. Região metropolitana em população no país apresenta elevado índice de desigualdade de renda entre os diversos municípios integrantes: “Um morador da área “nobre” da capital (orla atlântica) recebe em média 25 vezes o que ganha um habitante da região mais pobre.”8 Salvador está localizada na península que forma a Baía de Todos os Santos e parte de seu território ocorre no continente que corresponde a aproximadamente 90% do município e parte é formada por um conjunto de ilhas correspondendo a 10%, considerando a área total de 309 km². O fato da ocupação da cidade se concentrar na península confere geograficamente a possibilidade de expansão da área urbana ao Norte, sendo limitada ao Leste, Sul e Oeste pela própria Baía de Todos os Santos e o Oceano Atlântico. Salvador foi a primeira capital do Brasil e uma das cidades mais antigas, sendo fundada em 1549. A ocupação se iniciou na chamada Cidade Alta, correspondendo hoje ao Centro Histórico, declarado como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1985. Significativo incremento populacional em Salvador ocorreu na ocasião da industrialização dos anos 50, quando o número de habitantes passou de 290 mil nos anos 40 para 393 mil na década seguinte. Na década de 80 alcançou 1,5 milhões de habitantes, e no ano 2000 atingiu 2,5 milhões de moradores.9 Atualmente a capital possui aproximadamente 2,7 milhões de habitantes. Não distante do histórico de outras metrópoles brasileiras, como São Paulo, o crescimento populacional iniciado nos anos 40 aliado à ausência de políticas públicas para famílias de baixa renda gerou grave crise habitacional, incidindo na ocupação de áreas públicas e 7 Integram a RMS: Camaçari, Candeias, Dias d'Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Salvador, São Francisco do Conde, Simões Filho, Vera Cruz, Mata de São João, Pojuca e São Sebastião do Passe. Fonte: IBGE, Censo 2010. 8Fonte: PNUD, Desigualdade de renda é maior na Região Metropolitana de Salvador-RMS que no Brasil. Nota de imprensa. Disponível em <http://www.pnud.org.br/publicacoes/atlas_salvador/release_desigualdade.pdf> Acesso em 8 Set. 2012 9 Plano Municipal de Habitação de Salvador 2008-2025. Secretaria Municipal de Habitação – SEHAB. Salvador, 2008. 26 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo invasões de áreas particulares. Nesse período ocorre a expansão para a área do Subúrbio Ferroviário, segundo dados levantados no Plano Municipal de Habitação 2008-2025. O Parque São Bartolomeu O PSB está localizado na parte noroeste do município de Salvador, na região administrativa denominada Subúrbio Ferroviário, tendo como acesso principal a Av. Afrânio Peixoto ou Suburbana, como é mais conhecida. Seu entorno imediato tem como característica predominante a ocupação por moradias de padrão de construção popular, com precária infraestrutura de saneamento, acessibilidade e espaços de lazer. Os principais bairros adjacentes são de um lado: Mané Dendê, que engloba Plataforma, Ilha Amarela e Rio Sena, e do outro lado: Pirajá. Além disso, a área confrontante do PSB (ao norte) é de titularidade da EMBASA, correspondendo à área da Represa do Cobre. Está localizado na parte baixa da bacia hidrográfica do Rio do Cobre. Tendo, portanto, como unidade de análise a bacia hidrográfica, onde as convergências hídricas acontecem nas cotas mais baixas, é importante detectar os processos que acontecem nos pontos mais altos, pois incidirão diretamente nos pontos baixos, onde se localizam o Parque e à jusante, ainda, outros assentamentos (Comunidade São Bartolomeu e bairros na Enseada do Cabrito). Legislação municipal relacionada à política urbana A Constituição Brasileira de 1988, através dos Artigos 182 e 183, atribui aos municípios a execução da política urbana, tendo “por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes” (Art. 182 da Constituição Federal de 1988). Nesse sentido, o Plano Diretor representa o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana e deve ser elaborado de forma participativa e democrática, conforme regulamentação definida pela Lei Federal No 10.257/2001, mais conhecida como “Estatuto da Cidade”. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador, em vigência desde 2008 – Lei Municipal No. 7.400/2008 –, em consonância com o Estatuto da Cidade, estabelece como diretrizes a função social da cidade e da propriedade, o direito à cidade sustentável, a equidade social, o direito à informação e a gestão democrática da cidade (Art. 7º). Sendo assim, o PDDU determina as principais diretrizes das políticas setoriais que incidem no desenvolvimento do município. Analisaremos as políticas relativas ao Ordenamento Territorial (Título VII – Artigos 130 a 287) e suas incidências no território do Parque São Bartolomeu. Um breve destaque dentro da Política Municipal de Meio Ambiente deve ser feita, pois se traduz no seguinte princípio: “apoio à preservação das manifestações culturais locais de matriz africana, e de origem das comunidades rurais e indígenas, em suas relações intrínsecas com o meio ambiente, enquanto instrumentos de preservação, consciência e educação ambiental” (item VI, Art. 18 do PDDU). Ou seja, os valores religiosos conjugados com a conservação ambiental são premissas do planejamento no âmbito municipal e devem ser considerados na elaboração do Plano de Manejo. 3.3.2. Caracterização Local No que diz respeito às políticas de ordenamento territorial, o PDDU inicia a estruturação do município a partir da definição de duas Macrozonas (I – Macrozona de Ocupação Urbana e II – Macrozona de Proteção Ambiental), agregando características semelhantes do ponto de vista do desenvolvimento territorial. Segundo o Plano Diretor, o Parque está localizado em Macrozona de Proteção Ambiental – Macroárea de Conservação Ambiental. 27 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Tendo em vista a importância do equilíbrio ambiental das Macroáreas de Conservação Ambiental, o PDDU considera as áreas adjacentes como ‘zonas de amortecimento’, definindo-as como Macroáreas de Proteção e Recuperação Ambiental. O macrozoneamento fornece as diretrizes para o estabelecimento do zoneamento, que em numa escala de planejamento mais próxima ao bairro, estabelece o ordenamento do uso e da ocupação do solo. Cruzando as informações das Macroáreas com o Zoneamento do PDDU, que posteriormente vai ser regulamentado pela Lei de Ordenamento de Uso e Ocupação do Solo – LOUOS (Lei 8.167/2012) –, temos as seguintes ocorrências na área de entorno do Parque, conforme Tabela 1. Tabela 1. Zonas e coeficientes de aproveitamento incidentes na região do Parque São Bartolomeu. ZONA Zona de Proteção Ambiental Zonas de usos não residenciais Zonas de usos residenciais ZPAM ZEM – Zona de Exploração Mineral ZPR1 – Zona Predominantement e Residencial 1 ZPR3 – Zona Predominantement e Residencial 3 ZEIS – Zona Especial de Interesse Social CAB (coeficiente de aproveitamento básico) Definido especificamente mediante avaliação de impacto ambiental IP (índice de permeabilid ade) IO (índice de ocupação) Lote mínimo - - - Será objeto de estudo específico junto ao órgão competente 0,5 0,20 0,50 360m² 1,5 0,20 0,60 125m² 1,5 - 0,60 se lote maior que 125m² - Fonte: LOUOS (2012). O Parque está em ZPAM – Zona de Proteção Ambiental, sendo totalmente condizente com as diretrizes do Macrozoneamento e critérios do Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural - SAVAM, que descreveremos mais adiante. É importante destacar o caráter específico de análise para a implantação de empreendimento ou licenciamento de atividade, nessa Zona (Art 185): No entanto, encontra-se dentro da Macroárea de Conservação uma Zona de Exploração Mineral. Se a área já possui outorga para exploração, deve-se atentar para o controle e monitoramento das licenças ambientais. Os bairros no entorno do Parque, que constam em Macroárea de Proteção e Recuperação Ambiental, encontram-se em Zona Predominantemente Residencial 1 – ZPR-1, Zona Predominantemente Residencial 3 – ZPR-3 ou Zona Especial de Interesse Social – ZEIS10. A diferença entre essas Zonas de Uso Residencial incide nos coeficientes de 10 A ZEIS – Zona Especial de Interesse Social apresenta critérios de ordenamento de uso e ocupação específicos em razão de sua configuração sócio-espacial e urbanística. Configuradas por processos informais de ocupação, como por exemplo, parcelamento do solo sem aprovação municipal ou ocupação clandestina de algum edifício vazio, predominantemente a população residente na ZEIS apresenta renda abaixo de 3 salários mínimos. A definição desses polígonos de precariedade tem o objetivo promover a regularização fundiária, urbanística, garantindo a permanência da população. No caso do entorno do Parque, a definição de algumas ZEIS correspondem a assentamentos precários, a política que está sendo evidenciada, portanto, indica que devem ocorrer ações no sentido de regularizar com infraestrutura adequada esses bairros, promovendo a qualidade de vida dessa população. No entorno do Parque há 3 áreas enquadradas como ZEIS: 65-Novos Alagados, 66-Ilha Amarela e 115-Pirajá. 28 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo aproveitamento básico (CAB11) distintos para cada uma delas, regulando assim, as densidades de área construída, e consequentemente, de população residente em cada zona. Em relação ao patrimônio ambiental e cultural, o PDDU define uma política de conservação ambiental e cultural através do SAVAM - Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural, que “compreende as áreas do Município do Salvador que contribuem de forma determinante para a qualidade ambiental urbana e para as quais, o Município estabelecerá planos e programas de gestão, ordenamento e controle, visando à proteção ambiental e cultural, de modo a garantir a perenidade dos recursos e atributos existentes.” (Art. 213, PDDU) No nosso caso, temos a APA da Bacia do Cobre/São Bartolomeu classificada no Subsistema de Unidades de Conservação integrante do grupo de Unidades de Uso Sustentável, e um conjunto de áreas lindeiras à APA com forte caráter de preservação dos recursos naturais, no Subsistema de Áreas de Valor Urbano-Ambiental, sendo classificadas como APRN – Áreas de Proteção de Recursos Naturais. Suas diretrizes constam dos Art.222 e Art. 228 do PDDU. Em relação ao sistema viário planejado, na área próxima ao Parque, o PDDU estabelece como diretriz a construção da Via Mané Dendê, de função arterial, buscando a conectividade da rede viária principal com os subcentros municipais e interligação com municípios vizinhos. Tendo em vista o aprofundamento dos estudos e viabilidade da rede prevista, o PDDU considera a elaboração de um plano setorial específico. Pela indicação do traçado no PDDU, a Via Mané Dendê dividiria a área do Parque São Bartolomeu em duas. No entanto, o próprio Plano Diretor não avança no desenho do traçado, estabelecendo somente a previsão de sua implantação. A indicação desse traçado PE reiterada no Mapa de Sistema Viário da Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo do Município de Salvador (LOUOS) nº 8.167/2012, e atinge diretamente o PSB tendo em vista que a via cortará trecho do Parque. Cabe aqui registrar que a LOUOS/2012 foi suspensa pelo Tribunal de Justiça da Bahia que acatou o pedido de liminar realizado pelo Ministério Público alegando inconstitucionalidades na aprovação da lei. No entanto, é necessário que sejam feitos estudos de impacto ambiental que considerem a análise de alternativa tecnológica e locacional para a obra. Do ponto de vista dos planos setoriais municipais, a Prefeitura de Salvador tem agregado esforços na elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico - PMSB, que se encontra atualmente em fase de consulta pública. Tal plano, em consonância às diretrizes federais (Lei Federal de Saneamento Básico – Lei No. 11.445/2007) e municipais (PDDU, 2008 – Lei No. 7.400/2008), elaborou amplo e aprofundado diagnóstico do setor, que envolve as áreas de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos, Drenagem Urbana, Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário, inclusive com participação da população. Esse plano é de extrema importância, pois relaciona intersetorialmente todas as políticas públicas de saneamento numa perspectiva integradora dos serviços urbanos, definindo programas e ações. Porém, é necessário ainda integrar a Política de Saneamento à Política Ambiental, tendo em vista a necessidade de conservação dos recursos hídricos não apenas para o abastecimento humano. 3.3.3. Escala de Análise – Bacia Hidrográfica do Rio do Cobre Como já dito anteriormente, o Parque encontra-se no vale do rio Cobre, tendo os bairros lindeiros Pirajá, Rio Sena e Plataforma em cotas altimétricas mais altas. Já os bairros de 11 O CAB consiste no fator que define o potencial construtivo a partir do cálculo da relação da área total construída e a área do lote. 29 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Alto de Cabrito e São João do Cabrito localizam-se próximo à foz do rio Cobre, no entanto constituem territórios dentro da mesma bacia hidrográfica. As cotas altimétricas dos bairros do entorno variam de 05m (São João do Cabrito) até 110m (Pirajá). A topografia é bem acidentada, com grandes linhas de talvegue formando córregos e cursos d’água que deságuam no Parque. A seguir é feita descrição dos bairros do entorno, no intuito de caracterizar o padrão de habitabilidade considerando a morfologia urbana e a situação edilícia das moradias12. Pirajá: se localiza a leste do PSB e é um dos mais antigos da cidade, tendo grande valor histórico por ser palco da Batalha de Pirajá que garantiu a independência da Bahia e influenciou a Independência do Brasil. O início do bairro remonta o século XIX, no entanto, somente a partir do século XX sua ocupação se intensificou, sendo caracterizada por parcelamentos informais em áreas particulares, facilitadas pela ampliação da rede viária13. O bairro tem grande extensão territorial, abrangendo áreas coincidentes ao Parque São Bartolomeu e à Área pertencente à Embasa. Sendo assim, as considerações aqui realizadas dizem respeito ao polígono formado pela ocupação lindeira ao Parque São Bartolomeu constante na área de contribuição da bacia do Cobre, sendo subdividido em três núcleos: núcleo histórico, Pirajá Velha, Nova Pirajá e Conjunto Pirajá. Uma fronteira do bairro de Pirajá está em processo de intervenção urbana, com obras de contenção de encostas, implantação de duas creches, novas unidades residenciais e adequação de infraestrutura urbana, sendo denominada pela Conder como PIF Encosta de Pirajá. Essa área apresenta condições de habitabilidade precária, seja pela difícil condição de acesso, vias e vielas muito íngremes e estreitas, sendo muitas vezes permitido apenas para pedestres, seja pelo padrão construtivo das casas, que são predominantemente sem revestimento, de até 2 pavimentos. Espera-se que ao final da obra as condições de infraestrutura sejam melhoradas elevando o padrão do bairro. Em geral, Pirajá conta com pavimentação viária e iluminação pública. Os três núcleos contam com transporte coletivo, sendo cada um deles inclusive ponto final de linhas que conectam a outros bairros e ao centro. Alto do Cabrito: localiza-se próximo a foz do rio Cobre, entre os bairros de Pirajá e São João do Cabrito, apresentando grande variação altimétrica, entre 05m e 80m. Metade da área do bairro contribui para outra bacia hidrográfica; nessa outra vertente se localiza a origem do bairro, de ocupação mais antiga, conforme foto histórica (1976), mas não necessariamente apresenta um padrão construtivo e de infraestrutura urbana melhor que a parte ocupada posteriormente. O arruamento é sinuoso com grandes trechos sem ocupação devido à alta declividade. As ruas principais são pavimentadas e as calçadas são estreitas, ainda há trechos sem calçadas. O bairro conta com transporte coletivo sendo conectado pela Av. Suburbana e Estrada Campinas-Pirajá. Apesar do ordenamento do desenho urbano, sendo mapeado como conjunto habitacional e padrão regular, as moradias são precárias, muitas delas apresentam condições de acessibilidade reduzida, sendo realizada por vielas e escadarias. As moradias são 12 As fontes de informação utilizadas para essa caracterização foram: DRUP, Fotos Históricas (1976, 1980, 1989, 1992, 1998 e 2002); Aerofotogrametria (2010), Google Maps (para visualização do padrão das moradias), Wikimapia (para localização de alguns equipamentos públicos), sites das Secretarias municipais de Educação, Saúde e Transporte, além das referências indicadas na Bibliografia. 13 REBOUÇAS, Fadia dos Reis. Moradia e habitabilidade no bairro de Pirajá no contexto da produção do espaço urbano periférico da cidade de Salvador-BA. Dissertação de Mestrado. Programa de Pósgraduação em Geografia, Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, 2011. 30 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo predominantemente sem revestimento e até 2 pavimentos, muitas construções ocorrem no alinhamento do lote. Há poucos equipamentos públicos, com deficiência de espaços de lazer. São João do Cabrito: localiza-se na Foz do rio Cobre, e sua geomorfologia forma a Enseada do Cabrito, onde predominam originalmente manguezais, tendo pouca variação altimétrica. Para efeitos de leitura territorial estabeleceu-se aqui a divisão em dois núcleos, segmentados pela Av. Suburbana, sendo ao lado do sentido bairro-centro, o núcleo às margens da Enseada do Cabrito, e o núcleo no sentido centro-bairro da Av. Suburbana, na Foz do rio Cobre. O núcleo existente na Enseada é denominado Novos Alagados14 (sendo subdividido em São João e Boiadeiro) e já recebeu investimentos de infraestrutura urbana. O padrão predominante das construções tanto em São João quanto em Boiadeiro é precário a regular, sendo constituído por alvenaria com revestimento, de até 2 pavimentos, tendo características de autoconstrução, ou seja, construídos pelos próprios moradores de acordo com suas necessidades. No núcleo ao lado esquerdo do sentido bairro-centro da Av. Suburbana e imediatamente lindeiro ao PSB localiza-se a Comunidade São Bartolomeu. Esta constitui-se como um assentamento informal e está em processo de intervenção urbana, recebendo investimentos de infraestrutura e novo conjunto habitacional. As vias de circulação existentes são estreitas, em sua maioria vielas com acesso somente para pedestres. O padrão predominante das construções é precário a regular, sendo constituído de alvenaria com revestimento, de até 2 pavimentos, tendo características de autoconstrução, ou seja, construídos pelos próprios moradores de acordo com suas necessidades. Plataforma: localiza-se a oeste do PSB. A leitura aqui realizada diz respeito à ocupação lindeira ao Parque, a parte alta do bairro, aproximadamente entre as cotas 40m e 100m, formada pelos parcelamentos: Conjunto Senhor do Bonfim, Conjunto Baía de Todos os Santos, Ilha Amarela e Planalto Real I e Planalto Real II. De acordo com mapeamento realizado por GORDILHO-SOUZA (2008), as áreas dos parcelamentos Conjunto Senhor do Bonfim e Baía de Todos os Santos correspondem a conjuntos habitacionais empreendidos por entidades através de financiamento de longa duração, com renda até 12SM. O primeiro a ser implantado foi o Senhor do Bonfim, conforme foto histórica (1976) e posteriormente o Baía de Todos os Santos (1980). A implantação de ambos parcelamentos ocorrem em linhas de cumeada e o viário possui largura adequada para tráfego nos dois sentidos. O padrão construtivo das construções é bom, sendo constituído por alvenaria com revestimento, de 2 pavimentos. Já as áreas onde se localizam os parcelamentos Planalto Real I e II e Ilha Amarela são mapeados como empreendimentos particulares. Nessas áreas o padrão construtivo das moradias é regular, constituído predominantemente por alvenaria sem revestimento, de até 2 pavimentos. Rio Sena: localiza-se em cotas altimétricas mais altas, entre 65m e 100m de altitude. Em sua área, estão as nascentes do córrego Mané Dendê, que vai desaguar no Parque São Bartolomeu formando a Cachoeira de Oxum. No mapeamento de GORDILHO-SOUZA (2008) o bairro é indicado como de ocupação formal, no entanto, o padrão construtivo do bairro é precário a regular, sendo configurado de modo predominante pela autoconstrução, sem revestimento, de até 2 pavimentos. Algumas áreas, congruentes às linhas de talvegue, são indicadas como Invasões coletivas, onde 14 A vez dos Alagados : a construção de um programa integrado de urbanização de favela em Salvador / Aliança de Cidades -- São Paulo : Cities Alliance, 2008. 31 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo predomina a precariedade construtiva, sem recuos em relação às construções vizinhas e sem revestimentos. Há pavimentação em quase todas as vias, sendo o viário e com calçadas insuficientes em largura. Como a topografia é acidentada, muitos lotes apresentam as construções em soleiras negativas o que dificulta, porém não inviabiliza, a adequada ligação domiciliar de rede de esgoto. Há transporte público que atende o bairro o conectando aos bairros vizinhos de Praia Grande, Alto de Santa Terezinha e Ilha Amarela. Planos, Projetos e Obras em curso na bacia do Rio do Cobre Na escala da bacia hidrográfica foi verificada uma ampla frente de planos, projetos e obras já em processo de execução. Sua análise teve um caráter mais amplo, com atenção ao impacto de tais intervenções e aos processos como estão ocorrendo. Assim, temos os seguintes planos e projetos urbanísticos em curso, bem como as respectivas considerações (Tabela 2): Tabela 2. Planos e Projetos Urbanísticos de bairros na bacia hidrográfica do Cobre e sua situação em julho de 2012. Planos e Projetos Estágio / Análise Urbanísticos 1. Mané Dendê e Em fase de elaboração dos planos. Pirajá As únicas informações sobre tais planos e projetos constam no Termo de Fonte: Termo de Referência, que define o escopo dos trabalhos, sendo prevista, portanto, a Referência para urbanização integrada de tais assentamentos, com a definição dos planos contratação dos urbanísticos para cada uma das áreas com o intuito de licitar as obras e Planos e Projetos execução dos respectivos projetos urbanísticos completos (estudos Urbanísticos de preliminares, projetos básicos e projetos executivos). Mané Dendê e Forte característica do TR consiste na adequação dos polígonos de Pirajá, conversa intervenção à política definida pelo PDDU. Sendo assim, considera a definição com técnico da das ZEIS (com participação efetiva da população) e a construção da via arterial Mané Dendê. No entanto, a viabilidade da implantação do novo viário CONDER responsável pelo está em processo de discussão dentro do Poder Público, sem proposta definida, principalmente em relação ao traçado exato. Segundo relato do acompanhamento do contrato e técnico, provavelmente será contratado Plano Específico para o Sistema técnicas da SEDUR Viário da Região Metropolitana que contemplará estudos da rede viária responsáveis pela intermunicipal, analisando assim sua necessidade. elaboração do TR, O escopo desses planos deve ser olhado com cuidado, já que abre além de vistorias de possibilidades de intervenção no território que podem impactar negativamente no Parque, como vimos por exemplo, na abertura da via arterial Mané Dendê, campo. já que divide seu território em duas partes distintas. Considerando as características urbanas já descritas no início do presente relatório, é importante destacar a necessidade de fiscalização pelo Poder Público das construções particulares, já que incidem sobre a permeabilidade do solo e o destino do esgotamento sanitário. Indicar taxa de permeabilidade do lote mais restritiva do que a constante na LOUOS pode ser diretriz na regularização fundiária dos mesmos. Além da manutenção regular das redes de saneamento, pois como vimos, apesar de haver redes instaladas, sua eficiência é muito reduzida por falta de manutenção. 2. Lagoa da Em obra apenas as UHs. Paixão A Lagoa da Paixão localiza-se no bairro de Valéria, onde há as nascentes do Fonte: Projeto de Rio do Cobre. O projeto, de caráter integrado, consiste na remoção total da Urbanização e ocupação existente (Quilombo da Lagoa) e reassentamento na própria área através da construção de 2.500UHs pelo Programa Minha Casa Minha Vida – Recuperação Ambiental Lagoa da PMCMV, além da proposta de constituição do Parque Estadual Lagoa da Paixão. Estudo Paixão e áreas institucionais (educação e lazer) e comerciais. Preliminar – Etapa Apesar do plano/projeto estar baseado em concepções integradoras em I, entrevista com relação ao meio construído e natural, as ações traduzidas em obras dizem arquiteta da respeito somente a uma parte do projeto. Segundo arquiteta da SEDUR, SEDUR e vistoria atualmente não há recursos disponíveis para execução do restante do projeto, que corresponde ao Parque em si. de campo. A transferência das famílias dissociada de ações de recuperação ambiental e 32 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo trabalho social pode abrir possibilidades para novas ocupações irregulares, fazendo com que os objetivos iniciais se distanciem da efetividade e agravando ainda mais a condição de degradação do território. Escala de Análise - Parque São Bartolomeu e seu entorno imediato As obras que dizem respeito à área do Parque – PIF Urbanização Parque São Bartolomeu compreendem diversas ações com o intuito de promover a conservação ambiental do mesmo. As primeiras ações estão consistindo na remoção das ocupações e usos irregulares (moradias, comércios, produção de hortaliças, seleção de material reciclável). Foram disponibilizadas algumas alternativas para as famílias moradoras, às quais foram apresentadas como propostas: 1-reassentamento na própria área, 2-indenização e 3indenização monitorada. O número de ocupações irregulares no interior do Parque totalizava 441 famílias segundo técnica da UTP-CONDER conforme relato em julho de 2012. Além disso, juntamente às obras de infraestrutura do parque, como o Centro de Referência, a Praça de Oxum e Trilhas para visitação, diversos equipamentos: de lazer e esportes Praça de Esportes de Ilha Amarela, Praça de Esportes de Rio Sena –, assistência social, como uma Creche para atendimento de 200 crianças, cultura – Centro de Cidadania e Cultura de Ilha Amarela, Centro de Cidadania e Cultura de Rio Sena –, de caráter sócioambiental, como o Horto Etnobotânico e de segurança pública como o DISEP e a COPPA, são previstos de modo a atender as demandas verificadas dos bairros lindeiros. Além disso, outras obras de infraestrutura estão em execução (Tabela 3): Tabela 3. Obras de infraestrutura no entorno imediato do Parque e sua situação em julho de 2012. Infraestrutura Estágio / Análise 1. Via de Contorno do Parque e Em obra. Gradil, que corresponde a uma O projeto integra soluções de geotecnia e drenagem. No via (quando possível) ou passeio entanto, como o bairro dispõe de insuficiente rede de congruente ao gradil. esgotamento sanitário, há muitas ligações clandestinas, Compreende obras de geotecnia, contaminando diretamente o solo e as águas do Parque. drenagem, acessibilidade e A definição do limite, a partir do gradil e acessos pavimentação. Prevê acessos controlados, é muito importante para a preservação do controlados nas Praças de Parque pois estabelece claramente seu domínio como Esportes de Ilha Amarela e Rio equipamento de uso público. Sena, e portais em Rio Sena, Pirajá, tendo como portal principal o Centro de Referência. 2. PIF São Bartolomeu. Em obra. Requalificação urbanística e O projeto compreende remoção de parte das moradias do construção de unidades bairro e requalificação da área através da implantação de habitacionais para relocação das grande conjunto habitacional, espaços de lazer e recreação. famílias moradoras do próprio Prevista a implantação de Estação Elevatória de Esgoto a ser conectada à rede da EMBASA. bairro. 3. PIF Encosta de Pirajá. Requalificação urbanística e construção de 200 Unidades Habitacionais. Parte das famílias que foram removidas do interior do Parque serão atendidas neste local. Em obra. O projeto integra soluções de geotecnia, saneamento e drenagem, além de implantações dispersas de unidades habitacionais verticais e áreas de lazer. Há 2 creches previstas também. No entanto, como o bairro dispõe de insuficiente rede de esgotamento sanitário, há muitas ligações clandestinas, contaminando diretamente o solo e as águas do Parque. Há também muito despejo inadequado de resíduos sólidos e inertes. Em suma, os equipamentos associados às demais obras de infraestrutura (Via de contorno, PIF São Bartolomeu e PIF Encosta de Pirajá) traduzem a definição clara do perímetro do Parque, aspecto da maior importância para garantir a sua preservação. Essas 33 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo implementações urbanísticas promovem também a integração entre os usos do Parque e seu entorno de modo equilibrado e respeitando as especificidades e demandas de cada área. No entanto, provavelmente devido aos investimentos que já foram realizados na região e ainda como consequência da falta de fiscalização e controle do Poder Público, novas ocupações ocorreram em fevereiro de 2012. São 180 famílias que não estão contempladas no projeto em curso. Isso se apresenta como um novo conflito a ser resolvido. 3.3.4. Considerações finais sobre o diagnóstico O presente diagnóstico indica a necessidade de maior integração de ações nas diversas esferas de Governo. Nesse sentido, destaca-se a importância de desenvolvimento de projetos integrados que contemplem aspectos ambientais, sociais e urbanísticos no entorno do Parque. O caso da Lagoa da Paixão e a canalização dos córregos em Mané Dendê são exemplos, mostrando que o investimento em resolver problemas sociais ou urbanísticos, sem levar importantes aspectos ambientais em consideração, podem gerar vários conflitos e resultar em problemas ao meio ambiente, que nesse caso, podem vir a afetar a qualidade ambiental do PSB. Configuram-se como lacunas de informação o funcionamento e manutenção das redes de saneamento pela EMBASA, pois apesar de haver redes instaladas, muitos elementos do Sistema de Esgotamento Sanitário se mostraram degradados, como diversos poços de visita. É evidente a falta de manutenção das redes de saneamento básico na região que tem ocasionado um grave problema de contaminação nos cursos hídricos do Parque. A coleta deficiente de resíduos sólidos insuficiente nos bairros lindeiros também representa uma ameaça, pois muitas famílias despejam seu lixo dentro dos limites do Parque. Também preocupa a incidência de novas ocupações irregulares dentro do perímetro do Parque (180 famílias) que comprometem ambientalmente a área, uma vez que há lançamento indevido de esgoto e resíduos sólidos. Esta situação já está sendo resolvida, no entanto, demonstra a grande pressão de ocupação que está área sofre, o que deve ser objeto de muita atenção pela gestão da área, de forma a não permitir que novas ocupações ocorram. Em relação ao entorno verifica-se que um grande problema é a construção de um numero cada vez maior de edificações sem critérios de ocupação de terrenos, o que provoca a impermeabilidade do solo e agrava os problemas de drenagem. Essas ocupações irregulares muitas vezes também contam com ligações clandestinas de esgoto na rede de drenagem ou nos córregos (em sua maioria canalizados). A despeito disso é importante destacar que a execução de obras de infraestrutura integradas, como a delimitação física do Parque, conjugada com ações de requalificação dos bairros adjacentes fortalecem o reconhecimento do domínio de uso do Parque, atendendo a demanda por ações que visam à proteção ambiental e cultural do mesmo. Os grandes investimentos na área possibilitam a mudança no padrão urbanístico estabelecido, associando aspectos sociais, ambientais e culturais no modo de viver das famílias do entorno, o que já pode ser evidenciado pela melhoria das condições de moradia no local. No entanto, muitas das transformações que potencialmente poderão ocorrer na região dependerão da capacidade de gestão dos responsáveis pelo PSB, que terão a missão de compatibilizar a conservação do Parque com sua utilização para finalidade de esporte e lazer, educação ambiental, usos religiosos, entre outros, mitigando, ainda, os impactos relacionados à ocupação urbana do entorno. 34 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu 3.4. Resumo Executivo Meio Antrópico 3.4.1. Aspectos Culturais e Históricos Breve Histórico do Parque São Bartolomeu Dado a proximidade entre a floresta da Mata Atlântica e o mangue, é possível inferir que grupos humanos nômades e que viviam da caça e coleta de frutos e mariscos foram os primeiros povos à ocuparem a região do PSB, por volta de 10.000 anos atrás. Conforme estudos de Drummond (1997), por volta do ano 1100, os índios Tupi, povos seminômades praticantes da agricultura de “coivara”15, ocuparam o litoral e assimilaram, mataram ou expulsaram os povos de caçadores coletadores nômades, chamados pelos Tupis de Tapuias (Amaral e Rosado, 2012). Drummond (1997) ressalta que, uma população indígena razoavelmente grande ocupou o litoral brasileiro por um período longo, do ano 1100 a 1500, com uma tecnologia relativamente impactante (agricultura de coivara), contribuindo, em alguma medida, para transformar a paisagem que encontraram os portugueses ao chegarem ao Brasil (Drummond, 1997). Quando os portugueses chegaram na Baía de Todos os Santos, os indígenas que habitavam o local era um grupo Tupi denominado Tupinambás. Os Tupinambás se distinguiam dos demais grupos Tupi pela sua dedicação à festa, à guerra e pelos rituais de canibalismo realizados com os inimigos capturados vivos (Ribeiro, 1995). Para Sampaio (1998), os Tupinambás da Baía de Todos os Santos se destacavam também pela manutenção de aldeias com milhares de habitantes, diferente de outros povos do interior que mantinham aldeias con centenas de habitantes. Relatos históricos mencionam uma aldeia de índios Tupinambá no local que os portugueses chamavam de Ribeira do Pirajá, que compreende parte do atual bairro da Ribeira, na entrada da Enseada dos Tainheiros, até o bairro de Pirajá (Sampaio, 1998). Logo esta região foi ocupada por engenhos, escolas e igrejas jesuítas, os quais, com a consolidação do sistema de monocultura da cana de açúcar, são os primeiros grandes indutores de alteração na paisagem da região do Parque São Bartolomeu. A utilização de escravos africanos foi a maneira encontrada pelos senhores de engenho para atingir uma grande produção com baixo custo (Serpa, 1998). Diversas eram as formas de represália dos negros contra este sistema de escravidão. Aqueles que conseguiam fugir, se organizaram em grupos e formaram povoados chamados de Quilombos. Nestes povoados, os quilombolas podiam exercer livremente a sua organização social, econômica e religiosa. E também se organizavam para libertar outros escravos, e saquear fazendas e cidades em busca de mantimentos e armas (Barbosa, 2003), como no Quilombo do Urubu. Este Quilombo deve ter se formado em meados do século XVIII, e estava localizado nas imediações da lagoa do Orubu, atual bairro Cajazeiras. Estes quilombolas se utilizavam dos abundantes recursos da Floresta do Urubu, da qual não se sabe exatamente a dimensão antiga, mas atualmente restam apenas os fragmentos de Mata Atlântica localizados no interior do Parque São Bartolomeu e no entorno da Represa do Cobre. Segundo Valdina, informante de Serpa (1998), na Floresta dos Urubus estes quilombolas puderam, realmente, serem negros. E foram negros no seu jeito de se organizar, na sua maneira de lutar, na sua forma de invocar seus orixás, seus ancestrais e seus antepassados(as), sobretudo africanos. “Então daí foi consolidado um lugar sagrado a partir da prática (Valdina, apud Serpa, 1998, p.68)”. Depois de algumas resistências, a expedição comandada pelo general francês Labatut provocou uma chacina significativa no quilombo dos Urubus. 15 A agricultura de “coivara” é uma forma de agricultura itinerante muito comum em áreas cobertas por florestas tropicais, em todo o mundo, e que se utiliza do fogo para abrir novas áreas e manejar as áreas de cultivo já existentes (Drumond, 1997). 35 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Além deste conflito com os quilombolas, a região do PSB também foi palco de importantes batalhas, desde invasões holandesas, até a batalha pela independência do Brasil contra os portugueses. Durante o restante do século XIX até o início do século XX a paisagem da região apresenta pequenas alterações, sendo predominante as características e usos rurais. A não ser pela urbanização que se formou ao longo da linha férrea, construída em 1860 e que ligava Salvador à Alagoinhas (Wikipedia, 2012). Em 1929 o Governo do Estado da Bahia constrói a Barragem do Cobre, a qual integrava o primeiro sistema de abastecimento de água de Salvador (Azevedo, 1998). De acordo com Azevedo (1998), neste mesmo ano, o estado adquire cerca de 4.6092.057 m2 de terrenos pertencentes à Cia. Progresso Industrial e ao ex senador Frederico Costa. A maior parte desta área encontrava-se na vertente noroeste da Barragem do Cobre, onde atualmente existe um grande fragmento de Mata Atlântica (Azevedo, 1998). A partir da década de 1940, a vinda de imigrantes aumenta o parcelamento do solo no entorno do PSB trazendo grandes alterações na paisagem. Este processo se inicia com o êxodo rural de moradores do interior que procuraram na capital melhores empregos e condições de vida. Segundo Vasconcelos (2002), “entre as décadas de 1940 e de 1950 a população de Salvador teve um acréscimo de 127.000 habitantes, dos quais 70% eram de origem migratória. Vasconcelos (2002, p.319).” Também nos anos 1940, ocorreram as primeiras invasões em Salvador: a de Corta-Braço, em 1947, e a de Alagados em 1948 e cuja principal característica eram o predomínio de palafitas (Regis, 2007). Nas décadas seguintes, este crescimento é intensificado com a criação do centro industrial de Aratu em 1967 (SICM, 2012), e do Pólo Industrial de Camaçari em 1978 (COFICPOLO, 2012), bem como com a abertura da Av. Afrânio Peixoto (Suburbana) em 1971 (Vasconcelos, 1999). Após a construção da Av. Afrânio Peixoto (Av. Suburbana) houve um aumento significativo das ocupações informais, que somando-se a total falta de atenção dos órgãos públicos competentes, fizeram com que este local da cidade fosse esquecido e deixado sua formação à espontaneidade das estratégias de ocupação do povo (Espinheira, 1998). A paisagem atual do PSB, bem como o seu valor cultural, histórico e religioso, é resultado destes múltiplos usos por parte dos grupos humanos que ali habitaram e daqueles que ainda habitam o seu interior e entorno. 3.4.2. Aspectos socieoconômicos Na escala local, optou-se por mostrar os dados da dinâmica populacional que podem ou estão correlacionados com os aspectos de saneamento, dada a relevância do tema e nas dimensões dessa questão para o entorno imediato do PSB. Foi observado que as ocupações encontradas no entorno e interior da PSB se caracterizam por baixos índices de saneamento. Esta realidade acaba implicando em efeitos negativos sobre as áreas naturais, como a contaminação do solo e dos recursos hídricos por esgotos domésticos e por resíduos sólidos. Relatos de informantes de campo indicaram que, quando o esgoto não é canalizado diretamente para os corpos hídricos, existem ligações clandestinas na rede de esgoto que acabam por sobrecarregar a rede, fazendo com que o esgoto transborde pelos dutos da EMBASA e escoe a céu aberto para dentro do PSB. De fato, analisando esses resultados em conjunto com os dados sociodemográficos, foi verificado que entre os 20 bairros com maior taxa de analfabetismo (pessoas com 15 anos ou mais de idade alfabetizadas) em 2010, destacam-se os bairros Fazenda Coutos e Porto Seco Pirajá, respectivamente em 10º e 11º na posição daqueles com maior percentual 36 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo de taxa de analfabetismo (8,75% e 8,33%). O bairro Valéria aparece na 15º posição, com taxa de analfabetismo de 7,4%. Com relação à renda das pessoas responsáveis por domicílios, em particular ao número de pessoas sem rendimento nominal mensal entre 2000 e 2010, observou-se, em linhas gerais, um aumento dessa distribuição nos bairros de Valéria (norte-nordeste da PIS-Cobre) e no sul do bairro Pirajá. Também há um aumento da distribuição de pessoas sem rendimento mensal, de 2000 a 2010, nos bairros situados mais à oeste e norte, como de Periperi, Nova Constituinte, Coutos, Fazenda Coutos e Moradas da Lagoa (aumento de polígonos dos setores censitários, passando de 50-100 pessoas para 100-200 no período analisado). Considerando os aspectos de saneamento, em particular o esgotamento sanitário e a coleta e destinação de lixo, que são os tipos de serviços que têm os atendimentos mais deficientes em relação aos outros aspectos (como a rede de abastecimento de água, normalmente com quase universalidade da distribuição do serviço), observa-se um aumento de polígonos de setores censitários, de 2000 a 2010, no lado oeste da PIS-Cobre e PSB, alcançando mais do que 320 domicílios particulares permanentes com esgotamento sanitário feito pela rede geral. Se por um lado aumentou no lado oeste, onde incluem os bairros de Nova Constituinte, Coutos, Fazenda Coutos, Periperi, Praia Grande, houve também uma redução nas porções do bairro Valéria (a nordeste). Pirajá, apesar de ter alguns polígonos de setores censitários com melhoria em termos do serviço de esgotamento sanitário (no período entre 2000-2010) há ainda deficiência desse serviço no conjunto desse setor censitário, sobretudo dos setores situados nos limites do PSB. Atenção especial deve ser dada ao norte da área de estudo, uma vez que de 2000 a 2010, houve setores com redução de moradores com o serviço de coleta no bairro Valéria (PMSB, 2010). Essa atenção se deve pelas proximidades com as nascentes do Rio do Cobre, que tem sua principal nascente na Lagoa da Paixão, no bairro Moradas da Lagoa, que pode comprometer a distribuição de água potável na região analisada. Portanto, há bairros (Valéria, Nova Constituinte, por exemplo) que já enfrentam problemas sociais e econômicos generalizados que, somados com os problemas estruturais de deficiência no saneamento, ocasionam os problemas já anteriormente citados: contaminação do solo, dos recursos hídricos por esgotos domésticos e por resíduos sólidos. Além disso, a situação (precária) nos arredores do Parque São Bartolomeu também podem acarretar problemas de saúde pública. A caracterização dos moradores do interior da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu ocorreu em 2009 através da aplicação de 390 questionários junto à uma amostra dos chefes/responsáveis pelas famílias. Este levantamento ocorreu no âmbito do Relatório de Acompanhamento do Programa Dias Melhores (CONDER, 2009). Os dados analisados permitem inferir que a população residente no interior da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu se caracteriza pela predominância de crianças e jovens, com baixos índices de escolaridade e renda, e por péssimas condições de saneamento. Cabe destaque às péssimas condições de saneamento, que refletem diretamente na saúde da população residente no local. Estudos têm indicado uma alta incidência de doenças como Leptospirose (Brito, 2010) e Esquistossomose (Guimarães e Tavares-Neto, 2006) no interior da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu. Além disso, as atividades de campo realizadas pelo Módulo Fauna identificaram a presença de caramujos Biomphalaria glabrata (Figura 9), que abriga o parasita Schistosoma mansoni, na região dos cultivos de agrião. Nesta mesma região, Guimarães e Tavares-Neto (2006) identificaram uma alta incidência de esquistossomose em crianças do sexo masculino residentes no interior da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu. 37 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Figura 9. Registro de espécimes de Biomphalaria glabrata nas áreas de cultivo de agrião. Fotos: Celso Henrique Varela Rios – 01/08/2012. Finalmente, considerando esses resultados com trabalhos já efetuados na região, sobretudo nas Poligonais de Intervenção Física/PIFs dentro da área da PIS Cobre, há pelo menos 10 temas que devem ser prioridades na área de estudo do PSB e que abrange seu entorno: (1) Habitação/Habitabilidade; (2) Diversidade Econômica e Produtiva; (3) Cultura; (4) Educação; (5) Saúde e assistência social; (6) Acessibilidade/Transporte/Mobilidade; (7) Capital social; (8) Infraestrutura urbana e serviços; (9) Meio Ambiente; (10) Segurança e Convivência. 3.5. Situação Fundiária De acordo com Timmers (2011), a maior parte do território do PSB é de propriedade da prefeitura de Salvador – BA, e em menor parcela da EMBASA, empresa de economia mista majoritariamente do Estado. A Tabela 4 lista estas poligonais, bem como as suas respectivas áreas em comparação com a área do PSB. Tabela 4. Situação Fundiária do PSB Proprietário Prefeitura EMBASA Decreto Área no Interior da PSB (ha) 4.590/74 8.087/88 6.586/29 Total 76,26 40,42 23,53 140.21 % PIF Urbanização Parque São Bartolomeu 49.13 26.04 15.16 90.34 Fonte: Timmers (2011). Embora 90,34 % da área do PSB seja de domínio público, os profissionais da CONDER/SEDUR e da SMA/PMS mencionaram não ter em mãos documentos de cartório que comprovem a titularidade destas propriedades, embora o estudo realizado por Timmers (2011) mencione as datas de escrituras descritas acima, constituindo-se como um agravante para a fiscalização e a regularização fundiária do PSB. No interior do PSB predominam ocupações espontâneas cujos moradores se caracterizam pelo baixo índice de renda e escolaridade, e destes uma família mantém uma área de cultivo de agrião. Além destas ocupações espontâneas, encontra-se dentro da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu uma chácara de lazer onde os proprietários costumam passar o final de semana, e afirmam possuir documentos que comprovam a titularidade da terra. Além disso, a poligonal da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu abrange 3 loteamentos, o Bela Vista do Lobato, o Jardim Itacaranha e o Parque Residencial Ilha Amarela. Em 2009, a CONDER mapeou 441 edificações localizadas no interior PIF Urbanização Parque São Bartolomeu (CONDER, 2009), das quais parte foi removida pela CONDER dentro do programa de regularização fundiária que encontra-se em andamento, no entanto novas ocupações e reincidência de pessoas já removidas ocorrem constantemente. Um 38 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo exemplo recente é a ocupação de uma área do PSB por um grupo do MTST. Esta complexa realidade fundiária pode ser melhor visualizada na Figura 10. Figura 10. Domínio Fundiário no interior da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu. Fonte: CONDER (2009) e Timmers (2011). 3.6. Fogos e Outras Ocorrências Excepcionais Segundo funcionários da SMA-PMS e da CONDER/SEDUR a ocorrência de fogo não é muito comum no PSB e não existe um sistema de registros desses eventos tanto no Parque quanto em seu entorno imediato. Durante levantamentos em campo moradores relatam que ocasionalmente existem pequenas ocorrências associadas, principalmente, à queimada de lixo. Também existem relatos de ocorrência de incêndios no entorno, ocasionados pela produção de carvão que utiliza madeira retirada das florestas da região. Foi detectado na tarde do dia 06 de janeiro de 2013 um foco de incêndio no Parque. Durante esse episódio, moradores da região, recordaram um incêndio que teria ocorrido no ano de 2005 e nos últimos sessenta dias ocorreram três focos de incêndios no interior do PSB, provocados por velas acessas de oferendas religiosas que foram colocadas no interior do parque (Nota Técnica Conder). (Figura 11). Isso ressalta a importância de estabelecimento 39 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo de normas e monitoramento da utilização do Parque para fins religiosos, que inclui a utilização de velas em oferendas. Figura 11. Vista Panorâmica da localização dos foco de incêndio mostrando a clareira aberta na mata e a fumaça no trecho onde ainda existe chama e fumaça (Nota Técnica Conder). Com relação à existência de outras ocorrências excepcionais, pode-se citar a ocorrência de alagamentos em áreas ocupadas por residências, tanto no interior quanto no entorno do PSB. As obras realizadas pela Conder nessa região contemplam ações de retirada de moradores de áreas de risco e aterro da área de mangue acima da cota 2.50 m para construção de conjunto habitacional. Também sofrem com esse problema as residências localizadas ao longo da calha do Rio do Cobre e na Rua das Fontes. Santos e Bonfim (2012) realizaram um mapeamento da distribuição das ocorrências de desastres mais frequentes, registrados no Sistema de Gestão da Defesa Civil no município de Salvador entre junho de 2005 a abril de 2009 e constataram que alguns dos bairros que fazem parte do PSB ou seu entorno imediato figuram entre as regiões com maior incidência de algumas categorias de ocorrências, sobretudo, por ameaça de deslizamento de terra. 3.7. Atividades Desenvolvidas no Parque São Bartolomeu 3.7.1. Atividades Apropriadas 3.7.1.1. Fiscalização Atualmente não há nenhum sistema de fiscalização ou instrumentos de controle para esse fim (relatórios, autos de infração, apreensão, embargo, etc...). Também não existem funcionários que se dedicam a atividade de proteção e fiscalização da área. 3.7.1.2. Pesquisa Não existe, atualmente, um banco de dados oficial sobre as pesquisas realizadas e/ou em andamento no interior ou entorno do PSB, e nem normas ou esquemas para controle de pesquisas e material coletado na área. Em buscas realizadas em sites especializados de publicações científicas e no banco de teses e dissertações da Universidade Federal da Bahia não foram encontradas publicações sobre a temática ambiental cujo título incluísse o nome “Parque São Bartolomeu”, sendo que as poucas publicações encontradas são referentes a projetos de educação ambiental e socioculturais locais. 40 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Apesar do potencial natural que o Parque São Bartolomeu apresenta para a realização de pesquisas científicas devido a seu fácil acesso, proximidade de instituições de pesquisa e ensino da Cidade de Salvador e suas características peculiares relacionadas a ser a uma área de floresta urbana que protege um remanescente de floresta atlântica, aspectos socioculturais e forte influência das religiões afro-brasileiras, existem poucas pesquisas acadêmicas desenvolvidas na área, e são, principalmente voltadas a temática social. Provavelmente esse cenário é resultado da falta de infraestrutura de apoio e, principalmente, da falta de segurança para trabalhar no interior da área. 3.7.1.3. Relações Públicas e Divulgação O PSB não possui ações ou participa em eventos desenvolvidos na comunidade, escolas ou outras instituições, bem como não promove eventos ou atividades no interior da área. Também não existe material desenvolvido pelo Parque para ações de educação ambiental ou orientação aos usuários e nem materiais de divulgação específicos. No entanto, foram identificados alguns materiais relacionados a turismo que citam o Parque ou que poderiam ser potenciais fontes de divulgação. Em meio digital, destacou-se o Turismo pelo Brasil (2012b), uma página web que divulga informações turísticas do Brasil, apresentando informações tanto positivas como os valores biofísicos (reserva de Mata Atlântica), o uso religioso, o histórico da área, quanto negativas como a degradação e a falta de segurança. Em relação a mapas, foram encontrados dez em websites relacionados ao turismo em Salvador e cinco foram coletados em campo em locais como o Serviço de Atendimento ao Turista (SAT) e hotel. O PSB é citado em cinco mapas, mas não é apresentado seu limite. Os resultados apontam que o PSB praticamente não é divulgado no contexto turístico de Salvador. A divulgação pode ser considerada uma ferramenta para sensibilização e disseminação dos valores do PSB (conservação da natureza, história, cultura, religião), no entanto, recomenda-se que anteriormente a investimentos nesse sentido, haja uma reestruturação de aspectos relacionados a saneamento e a segurança. 3.7.1.4. Turismo e o Parque São Bartolomeu A Bahia é um dos estados brasileiros que mais recebem turistas tanto nacionais quanto internacionais, e a cidade de Salvador se destaca como o principal destino turístico deste estado. Apesar do Parque São Bartolomeu (PSB) estar localizado nesta cidade, atualmente não faz parte dos roteiros turísticos. Localizado no subúrbio de Salvador e relativamente afastado dos principais pontos turísticos, o Parque não possui em seu entorno serviços de alimentos e bebidas nem meios de hospedagem específicos para atender o turismo. Parque São Bartolomeu O PSB possui em sua área importantes fragmentos de remanescentes de mata Atlântica, fazendo parte também da Bacia do Cobre com mananciais hídricos que abastecem parte de Salvador. Além dos atributos naturais de grande valor para a conservação da biodiversidade e prestação de serviços ambientais, o PSB é marcado pelo aspecto cultural descrito por Formigli (1998) como “território étnico repleto de referências sócio-religiosas afrobrasileiras”. O PSB está localizado na periferia de Salvador e em seu entorno vivem 51.000 pessoas. É uma região caracterizada pela baixa renda, urbanização precária, com aumento das taxas de desemprego e violência, déficit habitacional e insuficiência de saneamento. 41 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Entre os impactos negativos que afetam o PSB citam-se: conflitos de uso; mineração; ocupações espontâneas e planejadas por conjuntos habitacionais, atividades agrícolas de pequeno porte, processos erosivos, exploração de madeira de lei, carvão e lenha; caça; pesca; criação de gado; poluição hídrica; desmatamento da mata ciliar; lançamento de lixo clandestino; queimadas; e mineração ilegal (Formigli, 1998; Ribas, 2010). Existem ações para o PSB, segundo o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador, Lei N° 7.400/2008, destacando-se itens como a urbanização e implantação de equipamentos culturais, assegurando a democratização do espaço no PSB; preservação da Mata Atlântica de forma compatibilizada com usos de lazer de contato com a natureza, turismo ecológico, atividades culturais e manifestações religiosas, especialmente na área correspondente ao Parque. E estas ações estão sendo executadas atualmente. Histórico Historicamente, a região onde se encontra o PSB foi habitada por índios Tupinambás, sendo posteriormente palco de lutas pela independência do Brasil. A área também serviu de refúgio de escravos e foi ocupado por grupos negros organizados em quilombos (Formigli, 1998; Ribas, 2010). Segundo o mesmo autor, até a década de 1950 era comum a presença de romarias por pessoas ligadas ao Candomblé, com banhos na Cachoeira de Oxumaré em ritual de purificação (Figura 12), que persistem até hoje, mas em menor intensidade, principalmente pela falta de segurança e poluição das águas. Mas não há dados históricos que apontem a exatidão quando a área do Parque passou a ter uso religioso, que veio a defini-la como um sítio sagrado. A B Figura 12. Cultos afro-religiosos no PSB. Legenda: A) Oferendas e matança do galo na Cachoeira de São Sebastião (Oxumaré). B) Fé e devoção nas águas da Cachoeira de São Sebastião (Oxumaré). Fonte: CEAO, 2012 (Jornal da Bahia de 05/07/1977). Segundo TVF2J (2008), na década de 80 o Parque já foi um dos pontos mais visitados de Salvador, existindo serviço eficiente de limpeza com número bem maior de funcionários comparado com os dias atuais. Talvez por este fato, ainda existam resquícios de informação sobre o PSB em alguns materiais de divulgação. Em artigos de jornais com informações sobre o PSB em arquivos eletrônicos do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), disponíveis entre os anos de 1974 e 1998, totalizando 89 recortes de jornais, destacam-se informações sobre a Festa de São Bartolomeu, invasões, criação do Parque, a falta de segurança. A falta de segurança é um tema recorrente entre os artigos de 1974 e 1998, e apesar da oscilação da quantidade de notícias relacionadas a este tema durante os anos, observa-se uma tendência de piora. Os assaltos, por exemplo, tornaram-se mais frequentes, deixando de ocorrer apenas no período noturno, passando a acontecer a qualquer hora do dia. Citam-se também assaltos a grupos, assaltos na Festa de São Bartolomeu, roubo de instrumentos utilizados para ritos religiosos, roubo de materiais e equipamentos da prefeitura, desova de cadáveres e a diminuição das procissões. 42 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo A década de 80 para 90 mostra-se como um período de grandes mudanças, destacando-se os seguintes acontecimentos: Problemas relacionados à segurança citados por artigos de jornais e moradores locais; Queda no número de frequentadores, tanto a lazer quanto para práticas religiosas; Criação de infraestrutura como o barracão e a trilha; Crescimento de ocupações irregulares, boom de ocupações; Início da poluição dos corpos d’água, incluindo as cachoeiras utilizadas para visitação e rituais religiosos; Mudança gradativa da Festa de São Bartolomeu, perdendo aos poucos o seu caráter religioso e passando a ter maior característica de lazer com samba e consumo de bebidas alcoólicas. Uso religioso O uso religioso é uma característica marcante no PSB, destacando-se a prática de cultos religiosos de origem africana, como o Candomblé, Umbanda e outras ramificações. Citamse rituais como o banho para a purificação, oferendas, romarias, batizados, entre outros. No Candomblé existe a intensa relação entre o homem e a natureza. As oferendas, por exemplo, devem ser devoradas pelos animais do local. Contudo, a caça e a degradação do ambiente com a consequente escassez de fauna da região fazem com que as oferendas perdurem longos dias apodrecendo, modificando de forma grotesca o ambiente (Formigli, 1998). Nota-se, portanto, a interdependência que existe entre o uso religioso e a conservação da natureza. Assim, a poluição das águas pelo despejo de esgoto e a ausência da fauna típica da região descaracteriza o processo das oferendas. Os trabalhos são encontrados principalmente junto a cachoeiras, mas podem ser vistos espalhados por várias áreas do Parque. Foram observados ao longo do percurso entre a entrada do PSB e a Cachoeira do Cobre, e ao longo da Trilha do Conjunto Senhor do Bonfim. Atualmente, pela falta de segurança, as pessoas têm evitado acessar partes mais internas do Parque. Assim, ocorre a concentração de trabalhos principalmente na área entre a entrada do Parque e a Praça de Oxum. Outro fator que reforça a prática nesta área é a possibilidade de acesso com veículos, facilitando o deslocamento e proporcionando maior sensação de segurança. Caracterização da infraestrutura do Parque São Bartolomeu Segundo Ribas (2010), as propostas de intervenção no Parque São Bartolomeu datam desde a década de 1970, com a aprovação pela Prefeitura do Plano Geral de Intervenções, por meio do Decreto 5363/78. As propostas desde então não saíram do papel por não contemplarem a resolução de conflitos existentes, descontinuidade administrativa e falta de um modelo que assegurasse a sustentabilidade dos investimentos. Em 2008 é apresentado um projeto de urbanização e requalificação do PSB para o Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM), sendo concedida licença prévia ambiental por meio da Portaria N° 015/2008, com validade de 2 anos. A SEDUR decidiu atualizar o Projeto do PSB e elaborar um Modelo de Gestão Compartilhada entre instâncias de governo e sociedade civil. E em 2009 é elaborado o estudo de marco legal, dos limites e enquadramento no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), por meio da empresa Estrutural: Estudos e Projetos (RIBAS, 2010). O Projeto de Urbanização PSB tem por objetivos: delimitar o espaço físico do Parque através de vias e cercamentos; conceber micro espaços públicos ao longo da via com características lúdicas e contemplativas; criar espaços de convergência social com mobilização comunitária e prestação de serviços públicos. Segundo Irving (2011), além das intervenções de urbanização da área, a primeira fase do projeto prioriza investimentos em 43 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo obras na construção do Portal São Bartolomeu, Portal do Pirajá e a revitalização da Praça de Oxum. A localização das infraestruturas citadas pode ser visualizada na Figura 13. Figura 13. Intervenções físicas propostas para o Parque São Bartolomeu. Fonte: Ribas (2010). A Praça de Oxumaré, importante local para rituais religiosos, já foi bem diferente do que se vê hoje, com estrutura de apoio como o barracão, além da manutenção da paisagem. O barracão, também conhecido como senzala, era local de cultos religiosos, samba de roda e capoeira, hoje resta apenas o esqueleto estrutural. Além disso, a vegetação tomou a área de tal forma que as várias das pedras sagradas ficaram camufladas. A trilha entre a Praça de Oxum e a Praça de Oxumaré, construída na década de 80 em solocimento possuía largura ampla, com características urbanas, permitindo e facilitando o acesso de grupos, crianças e idosos. Atualmente a trilha encontra-se mais estreita por falta de manutenção da vegetação em sua volta e um trecho foi desviado para parte mais alta do terreno devido à inundação da trilha pela mudança do curso do rio do Cobre. Segundo informações locais, o proprietário das plantações ampliou suas áreas de cultivo, deslocando o leito do Rio do Cobre para as proximidades da trilha que beirava o antigo mangue. Assim, os trechos mais baixos acabaram inundados. Desta forma, o esse percurso acabou sendo mais um dos fatores limitantes para a visitação da Praça de Oxumaré, além da poluição e falta de segurança, especialmente para aqueles que temem trilhas estreitas e tomadas pela vegetação ou que possuem limitações físicas. Na Praça de Oxum existem duas pontes, a primeira para acesso às cachoeiras de Oxum e Nanã, em metal, em péssimo estado de conservação, com ferrugem e buracos em seu piso. A segunda é a ponte da reverência em concreto, em bom estado de uso. No momento a praça encontra-se em obra, com a retirada das construções existentes como as barracas que comercializavam bebidas e serviam também de moradias. O projeto de requalificação da praça prevê a adequação do espaço para atividades culturais e religiosas, além do tratamento paisagístico. Quatro são os campos de futebol contemplados pelo projeto de revitalização do PSB, localizados basicamente no eixo norte-sul do lado oeste do Parque, próximos aos bairros: São João do Cabrito, Plataforma, Rio Sena e Ilha Amarela. 44 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Existem dois estacionamentos, uma na entrada do parque, aparentemente finalizado com vagas para 66 carros, mas ainda não aberto para uso, e outro na Praça do Cobre, junto à cachoeira com o mesmo nome, uma área que comporta aproximadamente 34 vagas. Atualmente existe uma estrutura utilizada por uma cooperativa de reciclagem, que será desativada. Segundo funcionária da CONDER, esse grupo não possui gestão organizada, logisticamente não seria o melhor local e há lixo espalhado por toda a parte, isto é, uma atividade que deveria estar trazendo benefícios diretos ou indiretos ao Parque, mas está, na realidade, degradando o mesmo. O cercamento encontra-se atualmente em construção e mesmo antes do final das obras já foram observados sinais de vandalismo. Os postes, segundo uma moradora local são furtados mesmo durante o dia. A trilha de contorno do PSB, que complementa os locais nas quais a via não passa, tem por função a vigilância do limite do mesmo. Em trechos já construídos observou-se a existência de trechos muito íngremes, o que pode trazer desconforto aos usuários, moradores do entorno ou responsáveis pela vigilância, além de oferecer risco de acidente, especialmente em períodos de maior umidade. Apesar de o objetivo principal ser de vigilância, seria interessante que os próprios moradores se apropriassem desse espaço para caminhadas e acesso ao próprio Parque, seguindo sob a copa das árvores e com a vista da vegetação do Parque, tornando o percurso mais ameno em dias quentes e mais agradável em relação ao percurso feito pelas ruas dos bairros. Além disso, a presença constante de pessoas caminhando nessas trilhas pode inibir os usos ilícitos e uso do local como sanitários, como já vem ocorrendo atualmente. Caracterização dos atrativos e do sistema de trilhas Os atrativos (Figura 14 e Figura 15) naturais do PSB como as cachoeiras e as formações rochosas estão intimamente relacionados a usos religiosos. O uso recreativo nestes locais está restrito atualmente a poucos pontos como a cachoeira próxima à barragem devido à poluição dos corpos d’água. A recreação hoje se concentra especialmente nos campos de futebol ao longo do limite do Parque. Embora seja local marcado por importantes fatos históricos, esse aspecto é pouco explorado para fins de visitação. O Parque também possui uma série de trilhas além das oficiais. Os usos são variados: visitação com fins educacionais, usos religiosos, coleta de plantas, caça, pesca, ligação entre bairros, acesso a propriedades, entre outros. As cachoeiras de Oxum e Nanã originárias do mesmo riacho, o Manoel Dendê, também conhecido como Mané Dendê, localizam-se próximas à entrada do Parque São Bartolomeu. O local antes utilizado para banhos e rituais, hoje é utilizado por um número menor de pessoas, mas apenas para rituais, pois as águas encontram-se muito poluídas com esgoto. Atualmente a cachoeira de Oxum deixou de existir, pois o lixo em sua cabeceira acabou obstruindo a passagem de água. Apenas a cachoeira de Nanã continua com água, mas carregada de esgoto. Apesar da degradação das cachoeiras e seu entorno, o local continua sendo utilizado para rituais religiosos, com a presença de oferendas espalhadas pela área. A B C Figura 14. Atrativos do PSB. 45 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Legenda: A) Cachoeira de Oxum em 2012 sem água. B) Conjunto de pedras na Praça de Oxumaré. C) Cachoeira sem nome próxima à Barragem. Foto: Yukie Kabashima. A Cachoeira de Oxumaré, localizado a aproximadamente 500 m da Praça de Oxum, foi um local muito frequentado por grupos de religião de matriz africana. Formavam-se filas especialmente em dias de festejo como a de São Bartolomeu. Apesar da poluição generalizada dos corpos d’água dentro do PSB, alguns moradores locais ainda acreditam ser esta a única não poluída. Mas a questão da falta de segurança e a dificuldade de acesso pelas condições atuais da trilha faz com que o local não seja mais visitado como no passado. Foram observados poucos trabalhos religiosos nesta cachoeira, diferentemente da cachoeira de Oxum e Nanã. Dois fatores podem estar contribuindo para isso, a diminuição do acesso pelas condições atuais da trilha e a falta de segurança, e a limpeza deste ponto feita por funcionário do Parque. A cachoeira do Cobre, antes utilizado para rituais religiosos e lazer, atualmente encontra-se quase sem uso. Pode-se observar lixo em sua cabeceira e a água visivelmente poluída. A região da cabeceira desta cachoeira forma uma espécie de mirante natural com uma bela vista na Praça de Oxumaré em meio à mata. Na Aldeia de Caboclos ocorre a presença de uma formação rochosa singular. Diz-se que recebe este nome, pois foi local onde antigamente os caboclos se encontravam. Em tempos passados grupos de candomblé que vinham da região ou de outras localidades como Feira de Santana passavam mais de uma semana “batendo candomblé” (Subúrbio News, 2009). No local também são feitos cultos religiosos, com a presença de caqueiros, garrafas e fragmentos de ossos de animais. A cachoeira próxima à Barragem do Cobre não possui nome e se encontra junto ao campo de futebol, chamado por algumas pessoas de campo de futebol da Embasa. Esta foi a única cachoeira na qual foi avistada a presença de pessoas se banhando. A água não tem a mesma aparência da cachoeira de Oxum, mas é provável que esteja contaminada, em grau menor, devido às condições da água na barragem. A barragem do Cobre é local de grande beleza cênica e com potencial para interpretação ambiental. Há relatos da prática de pesca na barragem, e ao longo de sua margem existem trilhas de acesso para este fim. Assim como as cachoeiras, as pedras principalmente na região da Praça de Oxum são consideradas sagradas. Citam-se alguns nomes dados às pedras: Ogum, São Bartolomeu, Xangô, Oxumaré, Xangê, Omolu, Tempo, Iansã, Boiadeiro, e Cosme e Damião. Atualmente várias das pedras encontram-se encobertas pela vegetação. Os campos de futebol encontram-se espalhados junto aos limites do PSB. São campos em terra batida, grama ou concreto. Junto ao estacionamento da entrada do Parque existe uma quadra de futebol em concreto, e em alguns momentos foi observada a colocação e uso de uma mesa de ping pong. O campo próximo à barragem, que não foi contemplado pelo projeto de revitalização, possui gramado com falhas, traves enferrujadas e os jogadores relatam a necessidade de limpeza da vegetação nas bordas do campo, assim como a colocação de novas traves e telas para que a bola não caia em áreas alagadas. O restante dos campos de futebol é em terra batida. Sistema de trilhas Trilha principal e Trilha de retorno - com 2.200 m e 1.200 m, respectivamente, formam o circuito principal de visitação e práticas religiosas, sendo o primeiro o mais utilizado para estes fins. Neste percurso encontram-se as principais cachoeiras. A trilha encontra-se com problemas de manutenção, com caminhos alternativos a fim de desviar trechos alagados, 46 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo outros pontos alagados e mudanças bruscas de declividade. Este circuito não possui um padrão único, passando por trechos de solo batido, piso em solo-cimento a estrada. Trilha da Ilha Amarela - percurso de 1.250 m que liga a Barragem à Ilha Amarela, passando por mata mais densa, que adquire no decorrer do caminho características de cerrado. É utilizada por moradores locais para coleta de frutas e plantas, para pesca e deslocamento entre bairros. Esta trilha, de forma geral, possui traçado adequado, existindo em alguns pontos problemas de erosão e drenagem. Possui potencial pata interpretação ambiental pela presença da barragem, mudanças de características da vegetação e paisagem ao longo do percurso. Trilha do Conjunto Senhor do Bonfim - percurso de 330 m que liga a Praça de Oxum ao Conjunto Senhor do Bonfim. Na região da cabeceira da cachoeira de Oxum é comum a presença de trabalhos religiosos. A trilha em geral encontra-se em bom estado. Trilha do Quilombo - percurso de 220 m que liga a Estrada do Cobre à Praça do Cobre. Trilha muito movimentada antigamente para acesso a um matadouro e passagem de romarias. Até hoje utilizada para conectar bairros, possui problemas como erosão, piso irregular, traçado inadequado e declividade acentuada. Possui potencial para trabalhar temas ligados à história local. Trilha para o Parque Metropolitano do Pirajá - percorrido apenas em seu trecho inicial, liga a Trilha da Ilha Amarela ao Parque Metropolitano de Pirajá. Trilha de acesso secundário 1 e 2 - pequenos segmentos de trilha próximos à Barragem utilizados por moradores locais. Em ambos os trechos é possível desenvolver atividades de interpretação e educação ambiental, com temas como história, sucessão ecológica, impactos ambientais, diferenças climáticas, entre outros. Além das trilhas descritas, existe uma série de outras trilhas espalhadas pelo parque, utilizados para atividades religiosas, coleta de frutas e plantas e acesso a bairros. O sistema de trilhas levantado pode ser visualizado na Figura 15. 47 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Figura 15. Mapa com os atrativos e o sistema de trilhas levantados no Parque São Bartolomeu. Para a definição da capacidade de suporte, primeiramente será necessário entender melhor a dinâmica de uso da área do Parque, especialmente o uso religioso. Também será necessário estudar estratégias de controle de entrada e saída, assim como formas de fiscalização para que essa capacidade possa ser definida. Esta referência numérica deve ser utilizada somente em situações em que o controle do número de visitantes seja viável operacionalmente e que seja necessária para maximizar a qualidade da visitação e proteger os recursos naturais e culturais da área. O monitoramento das alterações das condições biofísicas e da experiência do visitante podem e devem ser feitos, sempre que possível, independentemente da capacidade de suporte como um todo. Caracterização dos visitantes O PSB é conhecido especialmente por receber visitantes para cultos religiosos, destacandose o candomblé. No dia de São Bartolomeu, 26 de agosto e na Festa de Independência da Bahia, 2 de julho, a Cachoeira de São Bartolomeu ou Oxumaré costumavam receber grande número de pessoas, inclusive romarias, formando-se fila para acessar a cachoeira. Apesar da quantidade de pessoas, todos aguardavam a sua vez tranquilamente sem confusões. Os rituais podem ser vistos ainda hoje, mas em menor intensidade, devido principalmente à poluição dos corpos d’água e pela falta de segurança. Este tipo de visitante chegava de variadas regiões, não somente do entorno do parque. 48 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo O lazer também fazia parte das atividades nas cachoeiras, no entanto, devido à poluição, atualmente poucos locais são utilizados para banho. A concentração de visitantes a lazer, hoje, ocorre principalmente nos campos de futebol localizados ao longo do limite do Parque. OS campos atraem os jogadores de ambos os sexos, além de amigos e familiares que comparecem para assistir aos jogos, em geral moradores do entorno do PSB. Os estudantes também são usuários do Parque, devido a ações como a do Movimento Cultura Popular do Subúrbio, que promove atividades com este público nas trilhas. Os grupos são de crianças a universitários, especialmente de instituições da região. O Instituo Oyá também realizava caminhadas de educação ambiental e catalogação, reconhecimento e coleta de mudas de ervas medicinais com grupos escolares, mas a atividade foi suspensa em 2002 pelo aumento da poluição e falta de segurança. Segundo relatos, o PSB recebe mais visitantes aos fins de semana, sendo praticamente vazio nos dias de semana. Segundo professores entrevistados de escolas da região, há interesse em levar os alunos ao Parque, mas temem pela segurança dos mesmos, citando fatos como a invasão de traficantes tomando construções de moradores, assaltos, estupro, e local de desova de corpos. Ressalta-se que os usuários do Parque não são apenas os visitantes que vão ao parque para lazer, práticas esportivas e religiosas. Existem também os usuários que utilizam as trilhas informais para acessar outros bairros, acessar transporte público, caçar, pescar, coletar frutos, ervas medicinais, madeira, entre outros. Estes últimos usuários aparentemente continuam percorrendo os caminhos do parque, mas não existem informações mais detalhadas sobre alteração de uso por falta de segurança, por exemplo. Entre os poucos visitantes que puderam ser entrevistados no período de levantamento de campo, a idade variou de 14 a 52 anos, com média de 25 anos e moram no entorno no Parque. O grau de escolaridade predominante foi de primeiro grau incompleto. Todos os entrevistados usufruem o parque frequentemente principalmente para a prática de futebol. No entanto, observa-se que os entrevistados encontravam-se predominantemente nas regiões dos campos de futebol. Houve dificuldade de entrevistar pessoas que estavam fazendo práticas religiosas, pois passavam rapidamente com veículos, ou estavam no meio da prática e não foram abordados por respeito ao culto. 3.7.1.5. Educação Ambiental A Educação Ambiental na Gestão do Parque São Bartolomeu A partir dos dados obtidos por meio de entrevistas junto aos representantes de diversos órgãos envolvidos com a gestão e planejamento do PSB, verificou-se que o Parque não possui um programa de educação ambiental e nem desenvolve ações educativas mais pontuais. Os funcionários do PSB relataram que no passado, por volta dos anos de 1970 e 1980, o Parque recebia a visitação de diversos grupos - como escolas, universidades, praticantes de candomblé, entre outros – vindos, além do próprio Subúrbio Ferroviário, de diferentes pontos da cidade. Para a realização destas atividades determinados funcionários cumpriam também um papel de condutores de visitas e de trilhas, os quais explanavam acerca da história local, assim como a importância e o significado da área para as religiões de matrizes africanas, cujo uso era bastante presente na época. Ainda assim, tais atividades não encontravam-se inseridas em um programa de visitação/educação sistematizado. Com o decorrer dos anos, o número de funcionários ficou bastante reduzido, equipamentos e infraestrutura ficaram obsoletos, interferindo diretamente na manutenção do local. Essa situação associada a diversos fatores externos, como a intensificação da problemática urbana na região, contribuiu para a drástica redução de visitantes. O Parque também não 49 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo dispõe de um canal de comunicação direto e permanente, a sua interlocução institucional junto às comunidades vizinhas, escolares e religiosas, por exemplo, é praticamente inexistente. Essa realidade torna-se ainda mais fragilizada ao verificar que o PSB não dispõe, também, de infraestrutura mínima para o desenvolvimento de ações educativas. Embora a área apresente um significativo potencial educativo, tanto ambiental quanto patrimonial, o atual estado de degradação somado à falta de manutenção restringe em muito a prática educativa no local. Mesmo mediante ao atual quadro de degradação, o PSB apresenta diversos pontos naturais e/ou histórico-culturais com potencialidade para o desenvolvimento de atividades educativas, como a Praça de Oxum, Praça Oxumaré, Trilha Principal/ Retorno e Trilha Amarela, os quais, por sua, vez requerem intervenções para a sua revitalização. Destaca-se que a intervenção para recuperação de alguns destes pontos citados, como a Praça de Oxum e trilhas Principal e de Retorno, encontra-se prevista no Projeto de Urbanização Parque São Bartolomeu (SEDUR), assim como a instalação de diversos equipamentos de apoio à visitação, dos quais cabe destacar aqueles com enfoque e/ou significativa potencialidade educativa: Centro de Referência Parque São Bartolomeu; Centro de Gastronomia Popular; Centros de Cidadania e Cultura; Praças de Esporte e Lazer; e, Horto Etnobotânico. Prevê-se, também, que o planejamento e execução de atividades educativas, culturais e artísticas nestes locais sejam realizados por meio de diversas parcerias institucionais, como por exemplo, com a Secretaria de Cultura da Bahia – SECULT-BA, que elaborou uma proposta de dinamização dos espaços culturais do Parque São Bartolomeu, como contribuição ao Projeto de Implantação do Parque. Diagnóstico de Educação Ambiental nas Instituições do Entorno do Parque São Bartolomeu Diagnóstico das Atividades de Educação Ambiental nas Instituições Foram entrevistadas 35 instituições entrevistadas (Figura 16), das quais 13 são voltadas ao ensino formal (instituições de ensino) e 22 referem-se às organizações de caráter comunitário (instituições não governamentais). 50 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Figura 16. Localização das instituições avaliadas no entorno do PSB. As instituições não governamentais atuam, principalmente, nas áreas de cidadania e educação como reflexo de seu contexto histórico e social, apresentando uma interface com a arte/cultura, meio ambiente e esporte/lazer. As ações envolvendo questões étnicas (identidade e religião afro-brasileira) também foram destacadas, as quais apresentam forte ênfase às heranças culturais africanas. Nas escolas também observa-se a predominância desses temas, indicando que esse perfil constitui-se como importante oportunidade para ações educativas para o PSB, já que tais temas encontram-se intrinsecamente relacionados ao Parque e seu entorno. Quanto à utilização do Parque São Bartolomeu nas atividades das instituições, verificou-se uma significativa discrepância entre as instituições de ensino e as não governamentais entrevistadas, onde no primeiro grupo a maioria (62%) nunca desenvolveu ações no território do PSB, diferentemente dos 68% do segundo grupo que afirmaram já terem utilizado o PSB em suas ações. Este índice indica que as instituições de ensino entrevistadas apresentam um baixo envolvimento com o Parque mesmo estando relativamente próximas fisicamente ao local. Dentre aquelas que já desenvolveram atividades no PSB, é possível destacar as seguintes características: i) proximidade física com o PSB, essas estão localizadas principalmente em bairros limítrofes ao Parque, como Pirajá e Plataforma; ii) uso predominantemente recente, 51 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo as atividades ocorreram basicamente entre o período de 2008 a 2011; e, iii) realização de atividades educativas pontuais. Quanto às atividades desenvolvidas pelas instituições não governamentais no PSB, nota-se que são diversas e caracterizam-se como educativas, sociais, culturais e recreativas, sendo que as trilhas do PSB constituem-se como os principais atrativos para essas atividades. Entre as instituições educacionais que nunca realizaram atividades no PSB, verificou-se que todas têm interesse em utilizar o seu ambiente para atividades de educação ambiental, convertendo-se como uma importante oportunidade para sensibilizar e integrar este público em ações de proteção ao Parque. Percepção e Conhecimento do PSB pelos Educadores Dos 27 educadores entrevistados, 41% atuam na rede formal de ensino e 59% no âmbito não formal. Dentre os professores das instituições de ensino constatou-se que 55% dos entrevistados nunca foram ao Parque, enquanto que 45% o visitaram pelo menos uma vez. Esta realidade difere-se do grupo de educadores das instituições não governamentais já que 100% dos entrevistados já foram ao PSB. O principal motivo que levou as professoras visitarem o Parque foi o lazer, indicando ser uma iniciativa pessoal, não inserida, portanto, no contexto do trabalho na escola. Já entre os motivos pelos quais os professores não visitaram o Parque, destacam-se a falta de oportunidade e tempo, juntamente com a insegurança do lugar. Com relação aos educadores das instituições não governamentais, o quadro altera-se, sendo o trabalho o principal motivo, seguido pelo lazer. A percepção dos aspectos positivos e negativos do PSB assemelha-se entre os educadores das escolas e das entidades comunitárias, onde os elementos naturais (como natureza de uma forma geral e cachoeiras) foi o que mais lhes agradou, o que sugere a existência de um interesse entre esses grupos pela conservação ambiental do PSB. Quanto aos pontos que eles menos gostaram destacam-se a segurança e a poluição, seguido pela depredação e falta de manutenção. Neste contexto, na percepção das educadoras das instituições de ensino a questão que merece maior atenção no momento para viabilizar ida das escolas ao Parque é a segurança, correspondendo a opinião de 82% deste grupo de entrevistados, confirmando, então, que o baixo envolvimento tanto das escolas quanto dos professores com o PSB está diretamente relacionado à insegurança. Esta situação torna-se ainda mais delicada ao considerar a imagem do Subúrbio Ferroviário construída socialmente de forma extremamente estigmatizada. Já no grupo de entrevistados pertencentes às instituições não governamentais foram identificadas diversas sugestões para viabilizar o uso do PSB para ações socioeducativas, sendo que a necessidade de investimento em segurança possui o mesmo peso que a recuperação ambiental. A educação ambiental também foi significativamente citada. Neste sentido, a restrição do uso do PSB pelas instituições está menos voltada ao não conhecimento do Parque e às dificuldades de acesso, por exemplo, e mais por questões básicas como segurança e salubridade, as quais por vez, são extremamente complexas, por requerem um esforço coletivo e interinstitucional para enfrentá-lo. Percepção e Conhecimento do PSB pelos Estudantes das Instituições de Ensino Para a avaliação da percepção ambiental dos estudantes, foram aplicados 178 questionários aos alunos de escolas e colégios do entorno do Parque. A maioria dos 52 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo entrevistados pertence ao ensino fundamental (63%) enquanto que 37% cursam o ensino médio. A partir deste levantamento verificou-se que embora 81% dos alunos entrevistados já ouviram falar do Parque São Bartolomeu, apenas 33% já visitaram de fato o Parque, os quais, por sua vez, residem nos bairros Plataforma e Pirajá que são limítrofes ao PSB e que abrigam as únicas escolas com histórico de uso do PSB entrevistadas neste diagnóstico. No entanto, entre aqueles que já visitaram o PSB, a grande maioria foi com a família (58%) ou com amigos (32%), enquanto que somente 8% visitaram o PSB com a sua escola. Esse dado vai ao encontro dos demais índices que revelam uma relação muito fragilizada entre o PSB e as escolas locais, mas também indicam que fora do contexto escolar, a ida ao PSB não faz parte do programa de atividades familiares e/ou entre amigos para os estudantes entrevistados, revelando que este distanciamento ultrapassa os limites escolares. Provavelmente o fator insegurança deve estar correlacionado a este dado. Projetos de Educação Ambiental A partir do mapeamento das instituições foram levantados os projetos de educação ambiental (EA) em andamento ou já realizados. De um total de 35 instituições apenas 12 desenvolvem, ou desenvolveram, este tipo de projeto, das quais 08 são instituições de ensino e apenas 04 são de instituições não governamentais. Este dado é considerado baixo tendo em vista que 14 entidades comunitárias declararam envolver a temática meio ambiente em suas ações. Destaca-se que as instituições não governamentais são responsáveis pela maior concentração de projetos encerrados (75%), indicando a baixa inserção da educação ambiental em seus trabalhos atuais, diferentemente das instituições de ensino que apresentaram o maior percentual (60%) de projetos em andamento. Este quadro revela a existência de uma lacuna de ações comunitárias voltadas especificamente à temática ambiental, mesmo mediante à existência do PSB que resguarda importante fragmento florestal e mananciais de interesse para abastecimento público, além de toda sua riqueza histórica e cultural. Isso pode ser reflexo da falta de investimentos em iniciativas de capacitação para questões ligadas à conservação e gestão ambiental voltadas especificamente a essas instituições, as quais, por sua vez, desempenham um importante papel na formação das comunidades do entorno do PSB. Com relação aos temas envolvidos nos projetos de EA, as instituições de ensino abordam principalmente reciclagem. Nota-se, também, que temas ligados às áreas ecológicas/biológicas encontram-se contemplados em alguns projetos, diferentemente dos projetos das instituições não governamentais, as quais priorizam temas mais relacionados à infraestrutura (resíduos sólidos e saneamento), cultivos (oleiricultura), à cidadania e à geração de renda. É importante salientar que 75% das instituições não governamentais e 62,5% das instituições de ensino mencionaram utilizar o PSB de alguma forma em suas atividades inseridas no contexto dos projetos. Mesmo quando a área não é visitada, alguns projetos procuram chamar a atenção para a sua importância. Esse dado é extremamente positivo, pois mesmo mediante os problemas apresentados anteriormente, verifica-se uma preocupação em abordar o Parque, mesmo que indiretamente, nos projetos. 1.1. Demais Programas e Projetos de Educação Ambiental Considerando o histórico e a importância cultural e ambiental do PSB, assim como sua vulnerabilidade, constatou-se um baixo envolvimento e investimento por parte de instituições governamentais e não governamentais, sediadas fora do Subúrbio Ferroviário, tanto em 53 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo programas e projetos de educação ambiental para a área quanto em apoio às entidades locais. Dentre os programas e/ou projetos analisados neste item, poucos são aqueles que apresentam o PSB como tema gerador, área foco de intervenção. O Programa Memorial Pirajá, que desenvolveu diversas ações direcionadas ao PSB nos anos 90, como resultado de uma prática coletiva, constitui-se como importante referência para os trabalhos de educação ambiental relacionados ao PSB. A partir dos seus diversos projetos foram produzidos os principais materiais educativos relacionados ao PSB, os quais apresentam um rico conteúdo histórico, cultural e ambiental tanto do Subúrbio Ferroviário quanto do PSB. Os demais projetos em curso apresentam grandes potencialidades para o Parque São Bartolomeu, tendo em vista o seu interesse pela área e atuação no entorno (Tabela 5). Tabela 5. Programa e Projetos de Educação Ambiental de instituições não sediadas no Subúrbio Ferroviário. Projeto/Programa Período Instituição Responsável Entre os anos de Centro de Educação Ambiental São Memorial Pirajá 1980 e 1990 Bartolomeu – CEASB Projeto Escola 2011- em fase de Secretaria Cidade Sustentável - Prefeitura Sustentável planejamento Municipal de Salvador Projeto TACC – TÁ Programa de Pós-graduação em Educação e Tendas de Arte 2012 – em Contemporaneidade (PPGEDUC) da Cultura, Comunicação andamento Universidade do Estado da Bahia – UNEB e Ciência 3.7.2. Atividades ou Situações Conflitantes com uma UC da Categoria Parque do SNUC A Tabela 6 consolida as principais atividades ou situações conflitantes observadas no interior do PSB, e que conflitariam com uma UC da categoria Parque, segundo definição do SNUC. A tabela também caracteriza e faz inferências sobre os potenciais impactos ambientais decorrentes, quando possível. Tabela 6. Quadro síntese contendo as atividades ou situações conflitantes com uma UC da categoria Parque no PSB e seus potenciais impactos ambientais decorrentes. Atividades ou Situações Características e Potenciais Impactos Ambientais Decorrentes Conflitantes Uma espécie exótica bastante ilustrativa é a jaqueira (Artocarpus integrifólia), espécie introduzida na região que devido a sua grande capacidade de adaptação pode ser encontrada ao redor de todo o Presença de espécies Parque, sendo que em alguns locais é uma espécie dominante. exóticas da flora Outros exemplos são a Urochloa spp. braquiárias e Ricinus communis mamona. Estas espécies são invasoras e agressivas podendo impedir a regeneração de espécies nativas. Uma espécie exótica encontrada em altas densidades é o Sagui-detufos-brancos (Callithrix jacchus), originária da região nordeste, a Presença de espécies norte do rio São Francisco, e que atualmente pode ser encontrada exóticas da fauna em quase todas as áreas urbanas do nordeste e sudeste do Brasil. Também foram observadas espécies como pardal, pombo-doméstico e bico-de-lacre, lagartixa-de-parede e caramujo-africano. Moradores relatam a prática da caça de forma intensa, principalmente de espécies de tatus, teiú - Tupinambis merianae, sucuri - Eunectesmurinus e jiboia - Boa constrictor. A ausência de Caça mamíferos de médio porte são forte indicativos de que a pressão de caça já foi e, ainda é, muito intensa. É bastante comum a prática da pesca de tilápia na represa e rio do Pesca cobre, apesar da intensa poluição deste último no interior do parque. Capturas de aves para Foi bastante frequente a visualização de moradores capturando aves 54 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu manutenção em cativeiro Invasão de animais domésticos Existência de trilhas secundárias Existência de estrada Extração de madeira Extração de frutos, folhas e ervas. Fogo Agricultura Ocupação no interior da área Disposição de resíduos sólidos Contaminação dos corpos d’água por esgoto Resumo Executivo no interior do Parque, bem como é extremamente comum a existência de moradores com aves em cativeiro. As principais espécies observadas foram o coleirinho-baiano (Sporophila nigricollis), canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola) e psitacídeos do gênero Aratinga sp. No Parque existe uma grande quantidade de animais domésticos, provenientes de residências situadas em seu interior e entorno. Os mais frequentemente observados são cães, gatos, equinos, bovinos, galinhas, patos e gansos. Estes animais são prejudiciais a fauna nativa, pois podem transmitir doenças e competem pelos recursos naturais. O PSB contém várias trilhas secundárias ligadas ao traçado das trilhas mais consolidadas. Essas trilhas fragmentam a área e podem servir de acesso a caçadores, além de representar um risco aos potenciais visitantes por aumentar as possibilidades destes se perderem na mata. O Parque é cortado pela Estrada do Cobre, uma via oficial do município. Esta estrada não tem sido muito utilizada, pois não tinha manutenção e era considerada perigosa pelos moradores, no entanto, devido às obras no interior do Parque a estrada sofreu manutenção e provavelmente passará a ter uso mais intenso. Moradores do interior e entorno retiram madeira da área do Parque para utilização como lenha ou pequenas obras. É bastante comum a utilização do interior do parque para extração de frutas como jaca, caju, cajá, licuri, etc tanto para fins de subsistência como comercial. Também são utilizadas folhas e ervas para fins medicinais, de decoração e para finalidade religiosa. Ocorrências com fogo parecem não ser frequentes, mas existem relatos de um grande incêndio que aconteceu nas proximidades da caixa d’água, próximo à Estrada do Cobre, no ano de 2005. A utilização de velas em rituais religiosos constituem-se em risco potencial de incêndio para o Parque caso não existam estratégias claras de prevenção e controle. Ao longo da área úmida (planície flúvio-marinha) existente na região de baixada do PSB existe uma extensa plantação de agrião pertencente a um morador do entorno. Essa atividades está associada a vários problemas como utilização de água contaminada para irrigação, desvio do curso original do rio do cobre, barramentos e degradação de área úmida de ecótono entre mangue e floresta. Apesar de a maior parte do PSB pertencer ao poder público, no interior do Parque residem famílias resultantes tanto de ocupações espontâneas que ocorreram por volta da década de 1970 quanto de ocupações atuais. Além destas ocupações, também reside uma família de agricultores que cultivam agrião, e uma família de classe média que possui uma chácara de lazer dentro da área do PSB. Os resíduos atualmente observados no interior do parque são de diferentes fontes: I) lixo doméstico, depositado principalmente nos limites do parque por moradores do entorno; II) lixo doméstico, que escoa para o interior do parque em épocas de chuva devido a falta de coleta adequada nas comunidades do entorno; III) resíduos orgânicos e inorgânicos provenientes de rituais religiosos; IV) depósito de entulhos de diversas naturezas, que ocorre, principalmente, na Estrada do Cobre; V) entulhos provenientes das obras recentes realizadas no Parque e entorno, pela Conder. Esse talvez seja um dos mais graves problemas do PSB na atualidade. Seus corpos d’água se encontram extremamente poluídos devido ao esgoto advindo dos bairros vizinhos que contaminam os córregos que drenam para o Parque e também das casas do interior e entorno que despejam esgoto diretamente na área. Esse problema fica mais evidente para o Córrego Mané Dendê e Rio do Cobre, na área de baixada do Parque, mas todos os corpos d’água que adentram a área possuem algum nível de contaminação. Pode ser considerado um problema de saúde pública pois coloca em 55 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu risco moradores e usuários das áreas mais contaminadas, como as citadas acima. A região o subúrbio ferroviário e bairros que compõem o Parque são considerados áreas de grande ocorrência de algumas doenças como a esquistossomose (Guimarães e TavaresNeto, 2006) e a leptospirose (Brito, 2010). Isso demonstra a urgente necessidade de resolução dos problemas de esgotamento sanitário da região, que é uma grave ameaça aos moradores da área, e da impossibilidade de desenvolvimento de programas de estímulo a visitação enquanto a contaminação por esgoto não for minimizada no interior do Parque. Essa situação também afeta visitantes que utilizam a área com a finalidade religiosa, outro importante uso do PSB. Além disso, destaca-se o intenso impacto que essa situação tem sobre a biodiversidade local, reduzindo drasticamente a vida aquática e afetando a fauna que depende dos recursos hídricos. Ao percorrer trilhas do Parque não é incomum ouvir música proveniente de casas do interior e entorno e das áreas de uso coletivo – campos de futebol. Isso pode interferir na experiência dos potenciais visitantes que utilizarão a área para lazer e contemplação. No entorno e interior do PSB existem áreas com alto índice de criminalidade e dominadas pelo tráfico. Estas ocorrências inibem as atividades de uso público no PSB, além de dificultar a administração e a fiscalização de atividades do poder público. Poluição sonora Tráfico/criminalidade 3.8. Resumo Executivo Aspectos Institucionais do PSB 3.8.1. Pessoal O PSB é administrado por Armando Pereira Menezes, graduado em engenharia agrônoma, mestre em Biologia (Botânica) pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Por não possuir uma infraestrutura administrativa no local, o gestor estabeleceu sua base de trabalho no Parque da Cidade, situado no Bairro de Itaigara, a cerca de 16 km da área, o que dificulta ações rotineiras de gestão e a coordenação da atual equipe. Além do gestor, o Parque também conta com mais cinco funcionários que atualmente executam, basicamente, tarefas ligadas a serviços gerais (jardinagem e limpeza) (Tabela 7). Estes funcionários são bastante antigos no quadro do Parque e já possuem idade relativamente avançada, sendo que todos estudaram apenas até o nível fundamental. Segundo o gestor nenhum dos funcionários possui cursos de capacitação voltados a temas que contribuam para conservação e gestão do PSB. Tabela 7. Profissionais que compõem a equipe do PSB. Nome Cargo Armando Pereira Menezes Chefe do setor de administração do PSB Agente de suporte operacional e administrativo Agente de fiscalização Agente de suporte operacional e administrativo Maria Ventura Silva José Batista Santos Nilton Ferreira dos Santos Manoel Teixeira de Jesus Agente de obras públicas Função Escolaridade Idade (anos) Atuação no Parque (anos) Gestor do Parque Pós-graduação 46 3 Serviços Gerais Ensino fundamental 57 38 Encarregado da equipe Ensino fundamental 53 31 Serviços Gerais Ensino fundamental 54 18 Serviços Gerais Ensino fundamental 57 36 56 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Mário de Jesus Passos Agente de obras públicas Serviços Gerais Resumo Executivo Ensino fundamental 67 36 O quadro atual de funcionários do PSB é extremamente deficiente, faltando profissionais especializados. A possibilidade de aposentadoria de alguns dos atuais funcionários, que pode ocorrer em curto espaço de tempo também é uma preocupação visto que a equipe ficará ainda mais reduzida. 3.8.2. Infraestrutura, Equipamentos e Serviços A seguir são apresentadas as obras de infraestruturas previstas e em curso no PSB e entorno imediato (Figura 17). Figura 17. Intervenções no Parque e entorno imediato: Via de contorno, infraestrutura e equipamentos. Elaborado por Matsunaga (2012). Fonte: UTP-CONDER (2012) Os equipamentos públicos previstos estão discriminados na Tabela 8. Os projetos que ainda não estão em curso por ausência de recursos financeiros estão indicadas como Etapa II. As fontes de informação tanto para os Equipamentos (Tabela 8) como para as obras de Infraestrutura no perímetro (Tabela 9) são arquivos referentes aos projetos disponibilizados pela UTP-CONDER em julho de 2012, além de vistorias de campo e conversas com técnica da UTP-CONDER. 57 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Tabela 8. Equipamentos na área do Parque e entorno imediato e sua situação em julho de 2012. Equipamentos Estágio / Análise 1. Centro de Referência. Localizado na Em início de obra. entrada principal do PSB, O projeto completo compreende a equipamento de cunho cultural e requalificação do acesso principal do promoção da cidadania. O edifício Parque. Ainda na Rua São principal compreende salas para Bartolomeu é prevista uma quadra de exposições permanentes e vôlei e a qualificação do espaço onde temporárias, oficinas, auditório, há uma mina d’água, sendo biblioteca, internet, salas de aula, acompanhada por extensa área de Cultural pequenas lojas, além de espaços estacionamento. Do outro lado da para a administração como sala de rua, em São Bartolomeu, é prevista a Praça de Eventos, onde há espaço reuniões, cantina e sanitários. para 14 comércios (que funcionavam anteriormente dentro do Parque). O projeto prevê conexão com trilha existente na outra margem do rio do Cobre através de passarela. Em obra. Em fase final de execução. O Centro de Cidadania e Cultura compreende espaço para exposições, sala para biblioteca, 2. Centro de Cidadania e Cultura de duas salas com computadores para Cultural Pirajá. acesso à internet, auditório, além de espaços para oficinas de dança e de teatro. No entorno do Centro de Cidadania há quadras esportivas e espaços de recreação para o bairro. 3. Centro de Cidadania e Cultura de A ser implantado junto à Praça de Cultural Esportes de Rio Sena. Rio Sena. O projeto compreende estrutura para produção, empacotamento e venda de mudas de plantas. Conta com Sócio4. Horto Etnobotânico. estufas para cultivo das mudas. Há ambiental vagas para estacionamento e lanchonete. A ser implantado próximo à Praça de Esportes de Ilha Amarela. A ser implantada na Avenida Afrânio Segurança 5. Distrito Integrado de Segurança Peixoto. Pública (DISEP).. Pública A ser implantada nas proximidades Segurança 6. Companhia de Policia de Proteção da Ponte do Rio do Cobre, na Rua do Ambiental (COPPA). Pública Cabrito. Em obra. O projeto compreende campo de futebol, duas quadras de 7. Praça de Esportes de Rio Sena. Esportes vôlei, duas quadras poliesportivas, pista de caminhada, brinquedos e quiosque. Em obra. O projeto compreende campo de 8. Praça de Esportes de Ilha Amarela. Esportes futebol, brinquedos e quiosque. Culturalreligioso Lazer 9. Praça de Oxum. 10. Trilhas Obras ainda não iniciadas. Estrutura de visitação à Cachoeira de Oxum e Naná. Consiste na requalificação paisagística e ambiental do local. Confere acesso às cachoeiras, configurando percurso de visitação. O projeto define 3 trilhas que conectam os três acessos controlados do 58 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Assistência Social/ Educação 11. Creche.. Resumo Executivo Parque. A primeira liga a Cachoeira de Oxum ao Portal de entrada de Pirajá, passando pela Cachoeira de Oxumaré. A trilha 2 fica na outra margem do rio do Cobre, antiga Rua das Fontes, conectando, a partir de passarela do Centro de Referência, até o Portal de Pirajá. A trilha 3, por sua vez, conecta o Portal Pirajá ao Portal Rio Sena, do outro lado da margem do Rio do Cobre, exatamente no início da Estrada de serviço da Embasa (porém faz parte da segunda etapa de implantação das obras). Trecho da trilha 2 está em obra, em pavimento de concreto. Em obra. O projeto compreende salas de aula com capacidade total de atendimento de 200 crianças. Prevê biblioteca e refeitório. Além dos equipamentos citados na tabela anterior, estão em execução as seguintes obras de infraestrutura (Tabela 9): Tabela 9. Obras de infraestrutura no entorno imediato do Parque. Infraestrutura Estágio / Análise 1. Via de Contorno do Parque, que corresponde a Em obra. uma via (quando possível) ou passeio, composto O projeto integra soluções de por rampas e escadarias. Compreende obras de geotecnia e drenagem. No entanto, geotecnia, drenagem, acessibilidade e como o bairro dispõe de insuficiente pavimentação. Prevê acessos controlados nas rede de esgotamento sanitário, há Praças de Esportes de Ilha Amarela e Rio Sena, e muitas ligações clandestinas, portais em Rio Sena, Pirajá, tendo como portal contaminando diretamente o solo e as águas do Parque. Ver relatório principal o Centro de Referência. fotográfico. A definição do limite, a partir do gradil e acessos controlados, é muito importante para a preservação do Parque, pois estabelece claramente seu domínio como equipamento de uso público. No entanto, já é possível observar alguns sinais de vandalismo e alguns postes/grades já foram furtados ou depredados. 2. PIF São Bartolomeu, que consiste, originalmente, Em obra. no tratamento de vias e espaços públicos, O projeto compreende remoção de implantação de infraestrutura básica, construção parte das moradias do bairro e de equipamentos sociais, construção de 360 requalificação da área através da unidades habitacionais. A Obra Piloto de implantação de grande conjunto Autoconstrução Assistida consiste na execução de habitacional, espaços de lazer e 200 melhorias habitacionais nos limites dessa recreação. Prevista a implantação de 16 Estação Elevatória de Esgoto a ser PIF conectada à rede da EMBASA. 3. PIF Encosta de Pirajá, que consiste, originalmente, Em obra. no tratamento de vias e espaços públicos, O projeto integra soluções de implantação de infraestrutura básica, construção geotecnia, saneamento e drenagem, 16 Fonte: BAHIA (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Projeto de Desenvolvimento Integrado em Áreas Urbanas Carentes. Acordo de empréstimo n° 7344-BR – Projeto Parque São Bartolomeu. Salvador, versão janeiro de 2012. 59 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu de equipamentos sociais, construção de 352 unidades habitacionais, melhoria de 25 unidades, com previsão de 352 reassentamentos involuntários, oriundos, em maioria, do Parque São 17 Bartolomeu . Implantação de 2 creches. Resumo Executivo além de implantações dispersas de unidades habitacionais verticais e áreas de lazer. Há 2 creches previstas também. No entanto, como o bairro dispõe de insuficiente rede de esgotamento sanitário, há muitas ligações clandestinas, contaminando diretamente o solo e as águas do Parque. Há também muito despejo inadequado de resíduos sólidos e inertes. Em suma, os equipamentos associados às demais obras de infraestrutura (Via de contorno, PIF São Bartolomeu e PIF Encosta de Pirajá) traduzem a definição clara do perímetro do Parque, aspecto da maior importância para garantir a sua preservação. Essas implementações urbanísticas promovem também a integração entre os usos do Parque e seu entorno de modo equilibrado e respeitando as especificidades e demandas de cada área. 3.8.3. Estrutura Organizacional O PSB é administrado pela Subcoordenadoria de Gestão de Parques e Hortos, a qual se encontra vinculada à Diretoria Geral de Parques, Hortos, Jardim Botânico e Áreas Verdes da Secretaria Cidade Sustentável (SECIS) (Figura 18). Figura 18. Inserção da administração do PSB no organograma da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente. A organização interna do PSB (Figura 19) encontra-se estruturada a partir da administração do chefe do Parque São Bartolomeu, o qual conta com um encarregado, cuja atribuição é a distribuição das funções de manutenção e limpeza aos quatro funcionários de campo que executam o trabalho. Ressalta-se que todos os funcionários são concursados. 17 Fonte: idem. 60 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Figura 19. Organograma interno da administração do Parque São Bartolomeu. 3.8.4. Estudo Financeiro para Gestão e Operação do Parque Segundo Muanis, Serrão e Geluda, (2009) a consolidação de uma UC levaria em torno de quatro a cinco anos e, para isso, seria necessário um fluxo contínuo de recursos na ordem de aproximadamente R$ 3,3 milhões para as UCs sem visitação e de 5,5 milhões para UCs com visitação, sem contar os gastos com regularização fundiária. Estes autores ainda apontam que, em 2008, os recursos destinados para a gestão das UCs geridas pelo ICMBio era, em sua grande maioria (70%) provenientes de recursos orçamentários governamentais. Essa realidade não é diferente no contexto das UCs estaduais ou municipais. O presente estudo tem o objetivo de apresentar: I) Um histórico da gestão financeira do Parque; II) A previsão dos custos de implantação do PSB para os próximos cinco anos e; III) Possíveis ferramentas e mecanismos que possam vir a compor o quadro orçamentário do PSB. I) Histórico da gestão financeira do PSB Não foram encontrados junto à Prefeitura Municipal, informações históricas sobre a gestão financeira do PSB. Atualmente, este não conta com instrumentos de planejamento ou controle financeiro instituídos e tudo indica que a PMS não tem provido a área com recursos financeiros adequados, seja para custeio seja para novos investimentos. A ausência de processos de planejamento tanto para o custeio, quanto para investimentos em infraestrutura e equipamentos podem representam uma ameaça para sua gestão, pois dificulta a implementação de projetos de longo prazo e a definição de prioridades de gestão em função dos recursos disponíveis, motivo pelo qual, este estudo pretende apresentar algumas alternativas de captação de recurso que a gestão do PSB pode buscar, de forma a complementar o orçamento público destinado ao Parque. II) Principais ferramentas / mecanismos econômicos de auxilio a sustentabilidade financeira do PSB As ferramentas analisadas pelo presente estudo, dentre as quais, algumas podem auxiliar na sustentabilidade financeira do PSB são: I) II) III) IV) V) Concessões e terceirização de serviços Cobrança de ingresso Recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) Fundos, Programas e Projetos para conservação da Mata Atlântica Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos - CEPF Programa de Apoio às Unidades de Conservação Públicas Atlantic Forest Conservation Fund - AFCoF II Taxa de Turismo / Taxa de Preservação Ambiental 61 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu VI) VII) VIII) ICMS Ecológico Doações Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) Fundo Nacional de Cultura - FNC IX) X) Compensação e multas Compensação SNUC Resumo Executivo 3.8.5. Cooperação Institucional Em agosto de 2011 foi assinado um convênio18 Cooperação Técnica entre o Município de Salvador por meio da Superintendência do Meio Ambiente (SECIS) e o Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR) e a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) para elaboração de projetos, execução de obras, gestão compartilhada e a manutenção do Parque São Bartolomeu, com vigência de cinco anos. Estas intervenções estão sendo realizadas por meio do Acordo de Empréstimo Nº 7344-BR, firmado entre o Governo do Estado da Bahia/SEDUR e o Banco Internacional de Desenvolvimento e Reconstrução (BIRD) no âmbito do Projeto de Desenvolvimento Integrado em Áreas Urbanas Carentes no Estado da Bahia – Dias Melhores. Cabe destacar que um dos componentes do projeto foi a elaboração de uma proposta de plano de gestão compartilhada para o PSB. Este estudo propõe que o Parque conte com as seguintes ferramentas: I) Núcleo Estratégico de Gestão Compartilhada (NEGC); II) Conselho de Gestão (CG); III) Plano de Manejo (PM); IV) Planos de uso e gerenciamento específicos para os novos equipamentos implantados e; V) Plano de Sustentabilidade Econômica do PSB (Irving, 2011). De acordo com essa proposta, que ainda se encontra em fase de discussão, o PSB seria gerido de forma compartilhada entre Estado e Município. 3.9. Declaração de Significância O PSB protege uma área de Mata Atlântica dentro da cidade de Salvador, representando um dos maiores fragmentos de floresta do município, assumindo um valor ainda maior para a conservação, considerando que faz limites com uma área de floresta de 540 hectares pertencentes a EMBASA e que se encontram em bom estado de conservação. Tem grande valor no contexto histórico cultural tanto da Bahia quanto do Brasil, uma vez que a região onde ele está localizado era um ponto estratégico de acesso à cidade de Salvador. Além disso, atualmente o PSB é reconhecido enquanto um monumento das religiões de matriz africana, onde ocorrem rituais característicos de aspectos culturais tombados pelo IPHAN e IPAC por serem importantes formadores da identidade do povo brasileiro. O PSB integra a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e também compõe uma das sete áreas prioritárias para a conservação da cidade de Salvador (MMA, 200719). Os estudos realizados para esse plano de manejo identificaram que o PSB tem contribuído para a proteção de pelo menos 205 espécies de plantas, sendo três consideradas ameaçadas de extinção e duas endêmicas da Mata Atlântica. Para a fauna estima-se que o Parque abrigue, apesar de só serem registrados três espécies de mamíferos, espera-se que possam ocorrer 18 http://www.sma.salvador.ba.gov.br/images/sma/pdf/publicacao_conv_saobartolom.pdf Destaca-se que este documento encontra-se em fase de atualização, onde realizou-se em setembro a Oficina Preparatória para Revisão das Áreas Prioritárias para a Conservação do Estado da Bahia. Fonte: http://www.meioambiente.ba.gov.br/noticia.aspx?s=NEWS_GER&id=8391 62 19 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo pelo menos 14 espécies (registradas para a APA Bacia do Cobre/ São Bartolomeu); são registradas 108 espécies de aves, sendo uma espécie ameaçada e cinco endêmicas da Mata Atlântica; seis espécies de anfíbios e oito de répteis, sendo uma espécie de anfíbio considerada vulnerável. No entanto, como toda floresta urbana, uma de suas características é ser circundada por uma matriz altamente impermeável, caracterizada por áreas altamente antropizadas e urbanizadas na maior parte de seus limites e sofrendo constante pressão em suas bordas. Essa matriz praticamente impede qualquer tipo de troca genética entre as populações da grande maioria das espécies da fauna e flora ali presentes com populações localizadas em outros remanescentes do município. Esse isolamento desencadeia processos de perda da biodiversidade em consequência dos efeitos da própria insularização (Fernandez, 1997). Intensificando a problemática exposta, é preciso considerar que o PSB sofre intensa pressão sobre seus recursos naturais em toda a sua área. São extremamente frequentes os relatos de caça e captura de aves para manutenção em cativeiro. A extração de madeira para uso doméstico também parece ser frequente no interior do Parque, o que também contribui para o empobrecimento da biodiversidade local. Outros usos diretos identificados são a coleta de frutos, ervas e folhas. Outro fator de ameaça à biodiversidade atual do PSB é a grande incidência de espécies exóticas da fauna e flora na área. Entender como esses fatores atuam sobre o PSB e como as populações da fauna e flora respondem a isso é fundamental para compreender a viabilidade da conservação de determinadas espécies em longo prazo. Além dos valores associados à biodiversidade, ao conjunto de fragmentos que compõe a APA Bacia do Cobre/ São Bartolomeu do qual o PSB faz parte, pode-se atribuir ao PSB um importante papel no equilíbrio climático e ambiental da região do Subúrbio Ferroviário, uma vez que abriga inúmeras nascentes e funciona como um elemento regulador dos processos hidrológicos, ecológicos, climáticos e geomorfológicos locais. Essa região, apesar de densamente ocupada, ainda abriga uma área extensa de floresta em estágio inicial, médio e avançado que totaliza cerca de 39% desse território. A falta saneamento e de estrutura de drenagem urbana nos bairros da Bacia, tem acarretado gravíssimas consequências aos recursos hídricos do interior do Parque, que atualmente apresenta todos os cursos d’água, que possuem nascentes fora da área, contaminados por esgoto. A presença de moradores dentro do PSB também contribuiu com essa situação, com o lançamento direto de esgoto in natura na área situação que com a implantação do PSB e realocação dos moradores será minimizada. Áreas extremamente relevantes para o PSB como as emblemáticas cachoeiras de Oxum e Nanã e do Cobre encontram-se atualmente contaminadas por esgoto. Dentro desse contexto ainda é relevante considerar que a Prefeitura Municipal de Salvador, tem apresentado dificuldade na gestão dessa área, que não dispões de equipe, infraestrutura, equipamentos e orçamento adequados. O PSB também não contou, até o presente momento, com instrumentos de planejamento voltados para ações de proteção e fiscalização do Parque, manejo dos seus recursos e ordenamento do uso público. Considerando os valores identificados no PSB durante a etapa de diagnóstico desse Plano de Manejo e, ainda, o potencial dessa área tanto em sua dimensão ambiental, quanto socioeconômica e cultural, estética e educacional foi possível identificar uma série de valores e benefícios associados a sua existência. Dentre eles, destaca-se a importância dessa área como instrumento de sensibilização da sociedade. Alguns autores, tais como McNeely (2001), acreditam que o maior valor das florestas urbanas reside justamente no fato de estarem localizadas próximas as pessoas. Um dos grandes potenciais dessas áreas é a possibilidade de uma maior integração com a sociedade, o que pode ocorrer quando a 63 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo área está preparada para receber visitantes, oferecendo uma experiência agradável e educativa. As características do PSB, associadas à proteção de uma área de floresta, do seu contexto histórico e aspectos socioculturais, e seu valor como sítio sagrado, representam uma grande oportunidade ao poder público em transformar a área em uma ferramenta de sensibilização e valorização dos seus atributos. Ressalta-se ainda, nesse contexto, que sua localização em uma região extremamente carente do município de Salvador reforça uma de suas missões que é de prover oportunidade de recreação e contemplação, associada a um processo educativo que promova integração entre a comunidade e o Parque. O deslocamento para visitação aos famosos Parques Nacionais ou Estaduais, ou ainda, para a vivência de experiências em áreas naturais em regiões remotas, é uma realidade ainda muito distante do Subúrbio Ferroviário dado ao contexto socioeconômico em que sua população encontra-se. Dessa maneira, uma área de floresta urbana como o PSB tem o dever de prover a essas pessoas, uma experiência agradável em contato com a natureza que constitui um bem e um direito de todos os cidadãos brasileiros. 4. ENCARTE 4: PLANEJAMENTO 4.1. Histórico do Planejamento O Parque São Bartolomeu (PSB) foi reconhecido a partir da publicação do Decreto Municipal 4.590 de 21 de fevereiro de 1974, que declarou de utilidade pública uma área de cerca de 75 ha, de propriedade da Companhia Progresso e União Fabril da Bahia. Posteriormente, inúmeros outros diplomas legais foram publicados, causando uma certa confusão quanto ao atual posicionamento jurídico do PSB, bem como em relação ao seu perímetro. Dentre eles está o Decreto 8.087 de 07 julho de 1988 que, segundo Timmers (2011), desapropriou uma área de cerca de 40 hectares entre a estrada do Cobre e a Barragem do Cobre (Figura 20). O autor não declara que a área foi incorporada ao território do PSB, apenas desapropriada pela Prefeitura. Contígua ao território do PSB, está a área pertencente à Empresa Baiana de Água e Saneamento S/A (EMBASA), chamada Parque Florestal da Represa do Rio do Cobre, conforme o Decreto de Desapropriação 6.586 de 09 de novembro de 1929 (Timmers, 2011). Além do PSB, outras unidades foram criadas na Bacia do rio do Cobre ao longo dos últimos anos, algumas delas sobrepostas aos limites do Parque. É o caso do Parque Metropolitano de Pirajá (PMP), criado pelo Decreto Estadual 5.363 de 28 de abril de 1978, que aprova o Plano Geral das Represas do Rio do Cobre, do PSB e do Parque Histórico do Pirajá. O artigo primeiro desse decreto amplia as áreas do PSB e do Parque em torno da Barragem do Rio do Cobre para uma área de 1.550 hectares, nominando essa área como PMP. Outra unidade criada na mesma Bacia é a Área de Proteção Ambiental (APA) Bacia do Cobre/São Bartolomeu. Isso evidencia que os limites do PSB, bem como seus objetivos e funções, são alvo de controvérsia pela legislação vigente e as diversas deliberações legais posteriores ao seu Decreto de reconhecimento têm trazido problemas na interpretação do status do parque com relação aos seus objetivos e sua integração aos demais espaços urbanos, em uma perspectiva estratégica (Irving, 2011; Timmers, 2011). 64 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Figura 20. Perímetro do Parque São Bartolomeu, conforme o Decreto 4.590 de 1974, com destaque para a área desapropriada pelo Decreto 8.087 de 1988. No Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador (Lei 7.400 de 2008), o PSB está inserido em uma área classificada como “Macroárea de Conservação Ambiental”, integrando o Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural (SAVAM. No entanto, não há, no PDDU nenhum destaque para o PSB como Parque Urbano ou qualquer outra categoria equivalente, sugerindo que o PSB, embora seja reconhecido socialmente, careça de um reconhecimento jurídico. A despeito da confusão jurídica e das dúvidas que pairam quanto ao perímetro do PSB, ele tem sido tratado nos exercícios de planejamento urbano do município de Salvador, como uma área de importância ambiental, sujeita a normas diferenciadas de uso e proteção, e passível de ser recategorizada como uma unidade de conservação. Além dos planejamentos realizados na escala do município envolvendo o PSB, há o registro de um convênio firmado em 1982 entre a Prefeitura de Salvador e a Federação Baiana de Cultos-Afro (FECAB) para elaborar um plano de manejo e compor um Conselho Administrativo para o Parque (Tribuna da Bahia, 1982), mas esse convênio parece não ter avançado. Na década seguinte, em 1996, um exercício importante de planejamento e construção de uma identidade e visão acerca do PSB se deu por iniciativa do Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (CEASB), entidade que congregou educadores e militantes que atuavam em defesa do Parque, reunindo cerca de 130 organizações de moradores da região e terreiros de candomblé no seminário “O Parque que queremos”, resultando no 65 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Memorial Pirajá, um conjunto de ações que reconhece o PSB como um santuário e centro de serviços, em consonância com a sua designação como área piloto da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica da Bahia (Formigli et al. 1998). As reinvindicações desse projeto serviram de embrião para o planejamento das ações do Projeto de Urbanização e Desenvolvimento Integral de Áreas Carentes no Estado da Bahia Projeto Viver Melhor, que faz parte de uma negociação entre o Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbanístico (SEDUR), Companhia de Desenvolvimento do Estado (CONDER) com o Banco Interamericano para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), com um Acordo de Empréstimo (Nº 7344-BR). Dentre as áreas eleitas pelo projeto está a Bacia do Rio do Cobre e o Parque São Bartolomeu. Para tanto, estabeleceu-se unidade de planejamento territorial chamada Poligonal de Integração Social (PIS), cujas intervenções têm como propósito melhorar a condição socioambiental das comunidades lindeiras ao Parque, como forma de diminuir os impactos sobre o PSB e favorecer a relação das comunidades com a sua conservação. Dentro da PIS-Cobre foram estabelecidas três Poligonais de Intervenção Física (PIF): a PIF São Bartolomeu, que se sobrepõe ao próprio território do Parque, a PIF São Bartolomeu e a PIF Encosta de Pirajá, ambas no entorno imediato do PSB, como se vê na Figura 21. Na PIF São Bartolomeu estão sendo implantadas infraestruturas de proteção, administração e uso público, que devem contribuir com a implementação do PSB e ampliar a sua relação com a comunidade do entorno. Ainda no bojo desse Projeto, a SEDUR contratou uma consultoria para revisão do marco legal, dos limites e do enquadramento das áreas protegidas e demais ecossistemas da Bacia do Cobre como UC. Esse estudo sugere a ampliação da APA Bacia do Cobre, incorporando nascentes e outras áreas e a ampliação do território sob proteção integral na bacia, incluindo a área do PSB, da EMBASA e a Lagoa da Paixão (Timmers, 2011). Também propõe também a redefinição da poligonal do Parque, incorporando as infraestruturas em implementação com a requalificação urbana da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu, ao seu território. Com isso, o Parque passaria de uma área de cerca de 75 hectares (ou cerca de 110, considerando também a área desapropriada no Decreto 8.087 de 1988) para aproximadamente 150 hectares. Propõe, ainda, a sua recategorização como um Parque Natural Municipal, isto é, uma UC de proteção integral. Em paralelo, outro estudo foi contratado pela SEDUR para a elaboração de um plano de gestão para o PSB, com foco no arcabouço administrativo da área. O estudo foi elaborado pela pesquisadora Marta Irving e propõe a criação de uma estrutura de gestão compartilhada, envolvendo secretarias e autarquias municipais e estaduais, constituindo um Núcleo Estratégico de Gestão Compartilhada (NEGC) (Irving, 2011). Esses estudos são recentes, mobilizaram um grande contingente de recursos e de instituições e fornecem um importante subsídio para o exercício de planejamento e de zoneamento do primeiro plano de manejo do PSB. Este documento é, portanto, o mais amplo e completo exercício de planejamento já realizado especificamente para o PSB desde a sua criação, e aponta ações a serem conduzidas em áreas importantes para a unidade, como a proteção e fiscalização, a pesquisa, monitoramento, uso público e integração com o entorno. 66 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Figura 21. Localização da PIS Cobre, onde estão incluídas a PIF Encosta de Pirajá, PIF São Bartolomeu e a PIF Urbanização Parque São Bartolomeu, com destaque para os projetos de infraestrutura conduzidos no âmbito da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu. O presente plano utiliza como diretriz o Roteiro Metodológico do IBAMA (Galante, Beserra e Meneses, 2002), no entanto, adaptações relevantes ao roteiro original são necessárias, de forma a deixar o documento mais estratégico e dinâmico e, ainda, permitir uma melhor inserção no contexto de uma área protegida urbana. 4.2. Proposta de Ordenamento do Status Legal do Parque São Bartolomeu e seu Enquadramento ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Enquadramento do PSB ao SNUC De acordo com o TDR que orientou a contratação da consultoria para a elaboração desse plano de manejo, uma das atribuições do trabalho é oferecer suporte para o enquadramento oficial do PSB ao SNUC (Lei 9985/2000). Segundo SNUC, os Parques fazem parte do grupo de unidades de conservação de Proteção Integral, cujo objetivo é a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Destaca ainda que a visitação pública e a 67 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo pesquisa científica estão sujeitas às normas estabelecidas no plano de manejo, bem como àquelas estabelecidas pelo órgão responsável e administração da unidade. Não há dúvidas de que o enquadramento legal do PSB como UC pode trazer importantes salvaguardas para a sua proteção, além de outros benefícios, como recursos financeiros decorrentes da compensação ambiental. Por outro lado, ao longo desse trabalho identificamos algumas situações que representam desafios importantes para o seu enquadramento como UC. Dentre elas enumeramos: I. II. III. O contexto urbano no qual o Parque está inserido, em uma matriz bastante impermeável e que contribui para a fragmentação e perda de biodiversidade na sua área; Os diversos usos perpetuados em seu território, dos quais destacavam-se os usos extrativistas como a coleta de ervas para os rituais religiosos, de frutas e de madeiras, todos eles não são compatíveis com uma categoria de UC de Proteção Integral; E a lacuna de gestão que há anos vem sendo impressa no Parque, associada à fragilidade institucional que se observa nos quadros da Secretaria Cidade Sustentável (SECIS) do município, instituição responsável pela administração da área. É importante destacar que esses fatores não representam uma limitação ao enquadramento do PSB como UC, apenas devem ser ponderados e considerados no bojo dos desafios e das questões a serem equacionadas nessa etapa do processo. Pensando nisso, uma alternativa ao enquadramento do PSB como Parque Natural Municipal seria o seu reconhecimento como um Parque Urbano. No Brasil não há uma legislação específica para essa categoria e nem mesmo um definição única que a qualifique, de modo que ela deve ser elaborada a partir das peculiaridades do ambiente e do contexto urbano no qual o Parque estiver inserido, o que permite a adequação do conceito à realidade local e abre oportunidades para a inovação tanto no conceito, quanto do modelo de gestão dos parques urbanos. Nossa recomendação, portanto, seria de que esse enquadramento fosse feito ao final do período de implantação desse primeiro plano de manejo, que é de cinco anos. Ao final desse período a infraestrutura do parque deve estar consolidada e uma parte importante dos projetos e ações propostas nesse plano de manejo, como o levantamento e monitoramento de informações, bem como a construção de novos acordos de uso do território do PSB poderão ser negociados, estabelecidos e monitorados, especialmente aqueles que envolvem temas sensíveis para a sua gestão como o uso religioso e extrativista, além de avanços que são esperados para a questão da violência urbana e do saneamento no entorno e dentro do PSB. Ambos os caminhos são possíveis e devem suscitar uma ampla negociação e o estabelecimento de acordos entre os órgãos governamentais envolvidos na gestão do PSB. A decisão sobre qual caminho seguir é, portanto, uma decisão estratégica, que envolve questões técnicas, mas também de ordem institucional, política e financeira. Cabe destacar, porém, que mesmo diante da exposição de motivos acima e da solução técnica recomendada por essa consultoria para o reconhecimento do PSB como um Parque Urbano e o seu posterior enquadramento ao SNUC, o planejamento das ações será feito seguindo as recomendações do TDR que orientou a contratação dessa consultoria, fortalecidas pelas diretrizes fornecidas pela equipe da SEDUR durante a última reunião institucional de planejamento, ocorrida no dia 14 de novembro de 2012, em Salvador, isto é, o enquadramento imediato do PSB ao SNUC. 68 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Reconhecimento legal do PSB A primeira ação de implantação do plano de manejo do PSB deve ser o reordenamento legal do Parque e a redefinição do seu perímetro. Isso deve ser feito por meio da publicação de um Decreto Municipal reconhecendo oficialmente os limites do Parque São Bartolomeu, incorporando ao seu território toda a área da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu. Posteriormente a um período de adaptação e avaliação do manejo com a identificação de aspectos mais conflituosos entre os usos do PSB e a categoria Parque do SNUC, seria iniciado o processo formal de enquadramento da área no SNUC. Um Decreto de reconhecimento do Parque deverá ser publicado, mas deve ser precedido da realização de uma consulta pública para a criação da UC, prevista no o Artigo 5o do Decreto 4.340 de 2002. Resumidamente as etapas que deverão ser seguidos para o enquadramento do Parque no SNUC são (Tabela 10): Tabela 10. Etapas para o enquadramento do PSB no SNUC. Ano Ação 01 Promulgação de decreto de criação de Parque Urbano, contendo objetivos de criação conforme descritos no Plano de Manejo e poligonal atualizada (com união das matrículas que compõem a atual área reconhecida como Parque) e, ainda, aprovando e reconhecendo o presente documento como seu instrumento de gestão. 02/03 Composição do Conselho Gestor do Parque e identificação de conflitos de uso que podem compor desafios ao reconhecimento do PSB como uma UC de Proteção Integral: 04 Realização de Consultas Públicas para apresentação de proposta de enquadramento do PSB como uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, de acordo com o SNUC. 05 Enquadramento do PSB dentro do SNUC por meio de promulgação de decreto de reconhecimento da área como Parque Natural Municipal Urbano. 4.3. Avaliação estratégica do Parque São Bartolomeu A avaliação estratégica de uma área permite fazer uma análise da situação geral da unidade em foco, com relação aos fatores, tanto internos quanto externos, que a impulsionam ou que dificultam a consecução dos objetivos para os quais ela foi criada (Galante, Beserra e Meneses, 2002). A avaliação estratégica do PSB foi feita com base nos resultados produzidos nas Oficinas de Diagnóstico Participativo realizadas em agosto de 2012, sendo três oficinas comunitárias e uma institucional. Com base nesse exercício coletivo, foram produzidas quatro matrizes, uma por oficina. Essas matrizes foram compiladas e serviram de base para a discussão na Oficina Técnica de Planejamento, reunindo toda a equipe do IPÊ envolvida na elaboração do plano de manejo. A matriz consolidada e o zoneamento preliminar foram utilizados como linha de base para discussão na Oficina de Planejamento Participativo, que ocorreu em novembro de 2012. Nessa ocasião, a matriz foi revista e discutida pelos cerca de 50 participantes da oficina, resultando na escolha das forças restritivas e impulsoras apresentadas na Matriz Estratégica (Tabela 11). As propostas elaboradas pelos participantes nesta Oficina foram analisadas quanto à viabilidade técnica e institucional de implementação e orientaram os programas temáticos. Outros pontos selecionados pelos participantes, ainda que não tenham recebido maior pontuação, mas que e relacionavam com os temas prioritários, também contribuíram para a concepção da matriz. 69 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Forças restritivas Tabela 11. Matriz Estratégica do Parque São Bartolomeu, apresentando os pontos fortes e fracos do ambiente interno, e as oportunidades e ameaças do ambiente externo. Ambiente Interno Ambiente Externo Premissas Pontos Fracos Ameaças Defensivas ou de Recuperação 1 Ausência de uma equipe mínima e qualificada para a gestão do Parque, bem como de infraestrutura (equipamentos, veículos, etc.) e de planejamento para a administração do Parque. 1 Ausência de um Conselho Gestor no PSB, que tenha papel Deliberativo. 1 2 Ausência de normas, de medidas de controle, de transparência e de diálogo permanente com a comunidade do entorno sobre a administração do Parque. 2 Receio, por parte da comunidade, de que a normatização possa restringir o uso religioso ou outros usos comunitários do Parque 2 3 Vários ambientes insalubres no 3 Infraestrutura urbana precária nos 3 Nomear um gestor para o PSB com perfil, formação e, preferencialmente, experiência prévia na gestão de UC. Instituir uma equipe mínima necessária para a gestão do território do PSB e não apenas para os equipamentos culturais. Convocar uma assembleia com instituições do entorno do PSB para a constituição do Conselho Gestor da UC; Discutir com as instituições que irão atuar na gestão compartilhada do PSB o papel do Conselho e avaliar a possibilidade de se estabelecer um Conselho com papel deliberativo. Oficializar o Conselho. Capacitar conselheiros sobre o seu papel e o novo panorama de gestão do PSB após seu enquadramento como UC, conferindo transparência ao processo de implementação da unidade. Promover um programa de uso público para fins religiosos com a participação das lideranças do entorno e cujos acordos de uso e restrições sejam estabelecidos de maneira conjunta. Incluir, nesse programa, um componente de Educação Ambiental para os terreiros de candomblé, sensibilizando os praticantes da necessidade de se dar tratamento adequado aos resíduos deixados pelas oferendas. Desenvolver um programa de Educação Ambiental que sensibilize a comunidade do entorno sobre a importância ambiental do PSB, e que os oriente quanto ao ordenamento de uso do território do Parque. Capacitar jovens da comunidade para atuarem como monitores ambientais, orientando moradores e outros visitantes nos equipamentos públicos e nas visitas guiadas ao PSB. Acompanhar a implantação do projeto de urbanização e 70 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo PSB em função da poluição dos corpos hídricos e do solo, esgoto lançado a céu aberto, acúmulo de lixo e usos desordenados. bairros do entorno, com rede de drenagem, saneamento e coleta de lixo inadequados e, acarretando em contaminação do solo e dos cursos d’água que drenam para o interior do parque. 4 Falta de segurança e de patrulhamento no Parque, fazendo com que muitas áreas não sejam acessadas pelos moradores e visitantes, com medo de assaltos e outros tipos de violência. Ambiente Interno Pontos Fortes 1 Execução de ações integradas, como a delimitação física do Parque juntamente com um exercício de planejamento e ordenamento do uso desse território. 4 Alto índice de violência urbana no entorno, incidindo sobre o Parque. Ambiente Externo Oportunidades 1 Oportunidades de se promover a gestão integrada do Parque com a área da EMBASA, em colaboração com a gestão da APA e futuramente, promover a gestão em mosaico das áreas protegidas da Bacia do Cobre. 4 1 saneamento dos bairros de Mané Dendê e Pirajá, liderados pela SEDUR, que são determinantes para a despoluição dos corpos hídricos do PSB. Mapear e criar uma sinergia entre outras iniciativas de saneamento desenvolvidas pela Prefeitura. Implementar um projeto de adequação da coleta e tratamento de resíduos gerados no interior do Parque. Fortalecer, junto com a com a prefeitura, a necessidade de se intensificar a coleta de lixo nos bairros do entorno. Estabelecer uma forte interlocução com o gestor da APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, para desenvolver uma ação de proteção e recuperação das nascentes da bacia, a sinalizando e protegendo essas nascentes. Priorizar a implantação da sede da DISEP, prevista no bojo da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu, e estabelecer uma estratégia conjunta para combater a violência urbana nos bairros do entorno, que incide sobre o território do PSB. Implantar um programa de patrulhamento contínuo e diário das fronteiras e interior do PSB, que contribua para consolidar a presença do poder público no território. Premissas Ofensivas ou de avanço Apresentar e discutir o plano de manejo com a comunidade, com os programas previstos. Implementar o modelo de gestão compartilhada previsto para o PSB. Lançar oficialmente a agenda das atividades previstas no Centro de Cidadania e Cultura Pirajá e Centro de Referência São Bartolomeu. Constituir e oficializar o Conselho Gestor do PSB, para que este possa acompanhar a implementação das ações do plano de manejo e a conclusão das obras de infraestrutura. 71 Forças Impulsoras Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu 2 Potencial de desenvolvimento de atividades educacionais com enfoque no bioma Mata Atlântica inserida em área urbana, e explorar temas como a diversidade geológica, os diferentes ecossistemas, além de todo o potencial para a educação patrimonial, abordando temas histórico e culturais sobre o território. 3 Grande potencial para contribuir com o desenvolvimento local com as atividades esportivas, culturais e educativas e de cidadania previstas nos equipamentos públicos, bem como na capacitação membros da comunidades local como guardaparques, guias comunitários e agentes turísticos locais para apoiar a visitação no PSB Resumo Executivo 2 Interface da temática meio ambiente com arte, cultura e cidadania em projetos de educação ambiental, desenvolvidos no entorno. 2 3 Oportunidade de geração de renda local por meio da prestação de serviços aos visitantes da UC pela comunidade local 3 Estabelecer parceria com as organizações locais para o desenvolvimento de ações e projetos que aliem educação ambiental, arte, cidadania e cultura nos equipamentos públicos e em todo o território do Parque. Atrair universidades e outras instituições de ensino e pesquisa para atuarem no PSB e entorno, oferecendo oportunidades de formação para a comunidade. Promover uma articulação com as Secretarias de Educação, para posicionar o PSB como um sítio de referência para as ações de educação ambiental para as escolas do município. Estabelecer parcerias com instituições governamentais e nãogovernamentais para oferecer cursos de formação e qualificação profissional em temas ambientais, empreendedorismo, turismo e temas diversos, voltados para a comunidade local. Desenvolver programas de apoio a contração de mão de obra local para o desenvolvimento das ações de proteção e manejo da UC. Estabelecer parcerias com as organizações locais, empresas e outras instituições para fomentar alternativas econômicas de menor impacto no entorno da UC e na zona de amortecimento, como pontos de vendas de artesanato, doces e outros produtos locais. Ampliar o diálogo com a Secretaria Estadual de Turismo para reinserir o PSB no roteiro turístico do município. 72 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu 4.4. Resumo Executivo Objetivos de Manejo para o Parque São Bartolomeu Objetivo geral: Promover a preservação do patrimônio histórico e cultural e de ecossistemas naturais de relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Objetivos específicos: Aspectos Ambientais e Biodiversidade: 1) Proteger um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica na região metropolitana de Salvador, que abriga um mosaico de fisionomias vegetais, como Floresta Ombrófila Densa, áreas de manguezal e áreas brejosas; 2) Proteger e recuperar a integridade ecológica dos ecossistemas presentes no território do Parque, garantindo a manutenção dos processos ecológicos, sua dinâmica natural e a biodiversidade a eles associados; 3) Contribuir para a proteção e qualidade ambiental da Bacia do Rio do Cobre, protegendo nascentes, o baixo curso do Rio do Cobre e seus afluentes; 4) Contribuir para a preservação de uma importante área de manancial, com potencial para o abastecimento de água potável para a população soteropolitana; 5) Proteger as diferentes formas de relevo observadas no Parque, como planície flúvio-marinha, encostas, topos de morro e cachoeiras; 6) Fortalecer os serviços ambientais fornecidos pelo PSB, como a proteção das encostas, a conservação dos recursos hídricos e dos solos, a regulação microclimática, contribuindo para melhorar a qualidade de vida das populações locais; 7) Promover a recuperação de áreas alteradas pelas atividades humanas, priorizando a regeneração natural, mas promovendo, sempre que necessário, ações de restauração, plantio e reintrodução de espécies nativas; 8) Contribuir para a proteção de espécies migratórias de aves; espécies ameaçadas como o pintassilgo-do-nordeste Sporagra yarrellii; bem como espécies endêmicas de Mata Atlântica ocorrentes no PSB e seu entorno como o tico-tico-do-mato Arremon semitorquatus, trovoada Drymophila ferruginea, pintadinho Drymophila squamata, beija-flor-de-barriga-branca Amazilia leucogaster e o garrinchão-de-bico-grande Cantorchilus longirostris; 9) Contribuir para a proteção das inúmeras espécies endêmicas da herpetofauna da Mata Atlântica registradas no PSB, como Stereocyclops incrassatus, Phyllodytes maculosus, Enyalius iheringii, Sibynomorphus neuwiedi e Bothrops leucurus, Rhinella crucifer, Dendropsophus branneri, Dendropsophus decipiens Hypsiboas faber, Hypsiboas semilineatus, Scinax alter, Gymnodactylus darwinii e Bothropoides jararaca; 10) Contribuir para a proteção de espécies da flora que são endêmicas, como Annona soteropolitana e Attalea funifera e de espécies ameaçadas de extinção que ocorrem no PSB, como o pau-brasil Caesalpinia echinata, o cedro Cedrelafissilis, o jacarandá-da-bahia Dalbergia nigra e o mogno Swietenia macrophylla. Aspectos histórico-culturais: 1) Proteger, valorizar e difundir o patrimônio histórico-cultural do Parque, palco de importantes batalhas para a história da Bahia e do Brasil, cuja importância foi reconhecida pelo seu tombamento pelo IPAC, através do Decreto nº 8.357 de 05 de novembro de 2002; 2) Proteger e valorizar um dos mais importantes sítios sagrados para as religiões de matriz africana no município de Salvador. Conhecimento e Desenvolvimento local: 1) Proteger e valorizar o valor estético do Parque, reconhecendo sua importância como um espaço verde e de convivência, como forma de alívio das tensões urbanas e que contribui para melhorar a qualidade de vida das populações circundantes; 2) Proporcionar ao visitante a oportunidade de desenvolver atividades religiosas, culturais, esportivas, de contemplação, lazer, interpretação e educação ambiental e patrimonial em ambiente natural, levando-o a compreender a importância da preservação da área e estimulando-o a formar uma 73 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo consciência ambiental; 3) Estimular o desenvolvimento de estudos e pesquisas científicas nas áreas de biologia, ecologia, etnobotânica, história e antropologia, de modo a contribuir para a ampliação do conhecimento e do manejo da área; 4) Incentivar o desenvolvimento de projetos de monitoramento dos aspectos ambientais, socioeconômicos e histórico-culturais, contribuindo para a gestão e o manejo do Parque; 5) Contribuir para o desenvolvimento local e regional, contribuindo para a geração de oportunidades de trabalho, renda e qualificação, atuando como um polo difusor de atividades ambientais e educacionais para o Subúrbio Ferroviário e para todo o município de Salvador. 4.5. Zoneamento do Parque São Bartolomeu Os critérios empregados para a definição e ajuste de cada uma das zonas foram aqueles recomendados no Roteiro Metodológico (Galante, Meneses e Beserra, 2002). A Tabela 12 apresenta uma síntese desses critérios e os pesos atribuídos a cada um deles na definição das zonas do PSB. Tabela 12. Critérios utilizados na definição do zoneamento do PSB, com os respectivos pesos atribuídos a cada um deles. Critérios ZUE ZUI ZR ZUC ZOT Critérios físicos mensuráveis ou espacializáveis M M B B B Grau de conservação da vegetação A M B B B Variabilidade ambiental Critérios indicativos de singularidade - valores para conservação M B M B B Presença de espécies endêmicas, raras ou ameaçadas M B M B B Riqueza e/ou diversidade de espécies A M M B B Suscetibilidade ambiental B A B B B Presença de sítios arqueológicos e/ou histórico-culturais Critérios indicativos de singularidade - vocação de uso M A M B B Potencial de visitação A A A B B Potencial para sensibilização ambiental B A B A A Presença de infraestrutura M M A A B Uso conflitante B B A B A Presença de População Critérios de ajuste para a localização e ajuste das zonas M M A A A Nível de pressão antrópica M A A A A Acessibilidade M M M B A Regularização fundiária A A B B B Gradação de uso A B B B B Percentual de proteção A = Alto, M = Médio e B = Baixo, para cada uma das zonas, onde ZUE = Zona de Uso Extensivo, ZUI = Zona de Uso Intensivo, ZR = Zona de Recuperação, ZUC = Zona de Uso Conflitante e ZOT = Zona de Ocupação Temporária. A Tabela 13 apresenta a área ocupada por cada uma das zonas estabelecidas para o PSB, bem como o seu percentual em relação à área total do Parque. A Figura 22 mostra o mapa com o zoneamento do PSB, apresentando as referidas zonas. Em complementação, a Tabela 14 é apresentada uma síntese do zoneamento, detalhando cada uma das zonas, seus objetivos, as atividades permitidas em cada uma delas, as principais observações identificadas e as normas de uso dessas zonas. Tabela 13. Zonas estabelecidas para o PSB, a área ocupada por elas e o seu percentual em relação à área total* do Parque. Zona Área (Ha) % em relação à área total do PSB Zona de Uso Extensivo (ZUE) 114,10 75,44 Zona de Uso Intensivo (ZUI) 13,68 9,04 Zona de Recuperação (ZR) 11,38 7,53 74 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Zona de Uso Conflitante (ZUC) 5,84 3,86 Zona de Ocupação Temporária (ZOT) 6,24 4,13 151 100 Total * Para a definição das zonas foi considerada a atualização dos limites do Parque em relação ao traçado do gradil. Assim, a área total do PSB neste estudo difere-se da estabelecida pela PIF Urbanização Parque São Bartolomeu. Figura 22. Mapa do zoneamento do PSB, com o detalhamento das zonas estabelecidas. 75 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Tabela 14. Síntese do zoneamento do PSB, com a definição das zonas, seus objetivos, as atividades permitidas, os principais conflitos identificados e as normas de uso. Zona e definição Objetivos Atividades Principais observações Normas de Uso Permitidas Zona de Uso O objetivo do manejo é a Pesquisa, educação *Nessa zona estão presentes 1. Poderão ser instalados Extensivo: É aquela manutenção de um ambiente ambiental, visitação áreas sensíveis para a equipamentos simples para a constituída em sua natural e dos atributos histórico(trilhas, sinalização, conservação da biodiversidade interpretação dos recursos maior parte por áreas culturais com mínimo impacto pontos de do PSB, como a área limítrofe naturais e a recreação, sempre naturais, e, no caso do humano, apesar de oferecer descanso), ao território da EMBASA, em harmonia com a paisagem. PSB, também por áreas acesso ao público com facilidade. monitoramento e próxima à estrada do Cobre e histórico-culturais, Em geral, a ZUE é considerada fiscalização. da trilha da Ilha Amarela, que 2. As atividades de recreação podendo apresentar uma zona de transição entre a ZP e devem ser alvo de ações de e interpretação terão como algumas alterações a ZUI. No entanto, como não foi monitoramento e fiscalização objetivo facilitar a apreciação e humanas. Caracterizadefinida uma ZP para o PSB, a mais intensa. a compreensão dos recursos se como uma transição ZUE é a área com menor nível de *Caça e coleta de madeira naturais das áreas pelos entre a Zona Primitiva e intervenção definida nesse devem ser proibidos em todo o visitantes. a Zona de Uso zoneamento. Assim é importante território do Parque. Já a Intensivo. reiterar que o objetivo principal da coleta de frutas e ervas para 3. Essa área será área é investir na conservação dos os rituais religiosos que constantemente fiscalizada. seus recursos naturais e no seu ocorrem na ZUE e em toda a monitoramento, permitindo que, em unidade devem ser melhor 4. O trânsito de veículos só zoneamentos futuros, parte dessa compreendidos, monitorados e poderá ser feito a baixas área possa vir a compor uma zona extinguidos a curto-médio velocidades (velocidade de baixa-intervenção. prazo. máxima 40 km). 5. O uso de buzinas é expressamente proibido nessa área. 76 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Zona de Uso Intensivo: É aquela constituída por áreas naturais ou alteradas pelo homem. O ambiente é mantido o mais próximo possível do natural, podendo conter infraestruturas de suporte ao uso público com equipamentos compatíveis à implementação do programa de uso público da Unidade. O objetivo geral do manejo é o de facilitar a recreação intensiva e educação ambiental em harmonia com o meio. No caso do PSB também prevê a manutenção de valores histórico culturais associados a importantes sítios de visitação. Resumo Executivo Pesquisa, monitoramento, fiscalização, educação ambiental, lazer, visitação e práticas religiosas compatíveis com a conservação do PSB e os outros usos permitidos, sendo admitidas infraestrutura para suporte a essas atividades, como centro de visitantes, estacionamento, locais de apoio à visitação, etc. O uso nos campos de futebol e as quadras poliesportivas presentes na área enquadradas como ZUI devem ser regulados por meio de um acordo de uso com as populações do entorno, prevendo o horário de funcionamento desses equipamentos, o controle do consumo de bebidas alcoólicas no local, etc. Para as trilhas da Ilha Amarela, Principal e do Retorno, a travessia para a ligação entre bairros será permitida, mas com restrição de acesso após o encerramento das atividades do PSB. O mesmo vale para os usos religiosos, que devem ser passíveis de um acordo com relação aos resíduos deixados e aos horários utilizados para os cultos, festas e rituais sagrados. 1. O centro de visitantes, quadras poliesportivas, campos de futebol, espaços de convivência e outros serviços oferecidos ao público somente poderão estar localizados nessa zona. 2. As instalações devem, preferencialmente, estar localizadas no interior da unidade, para levarem o público a conhecê-lo melhor. 3. A utilização da infraestrutura presente nessa zona (centros, campos, quadras, trilhas, etc.) está sujeita à capacidade de suporte estabelecida para elas em estudo específico. 4. As atividades desenvolvidas devem levar o visitante a entender a filosofia e as práticas de conservação da natureza. 5. Todas as construções e reformas deverão estar harmonicamente integradas com o meio ambiente. 6. Os materiais empregados nas construções e reformas não poderão ser retirados dos recursos naturais da unidade. 7. A fiscalização será intensiva 77 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo nessa zona. 8. Esta zona poderá abrigar sinalização indicativa, interpretativa ou educativa. 9. O trânsito de veículos só poderá ser feito a baixas velocidades (velocidade máxima 40 km). 10. O uso de buzinas é expressamente proibido nessa área. 11. Os esgotos gerados deverão receber tratamento suficiente para não contaminarem rios, riachos e nascentes e seu tratamento deve priorizar tecnologias alternativas, de baixo impacto. 12. Os resíduos sólidos gerados nas infraestruturas do Parque (centros, campos, quadras, trilhas, etc.) deverão ser acondicionados separadamente, recolhidos periodicamente e destinado a local apropriado. Zona de Recuperação: É aquela que contém áreas consideravelmente antropizadas. Zona provisória, uma vez restaurada, será O objetivo geral de manejo é deter a degradação dos recursos e restaurar a área. Pesquisa, monitoramento, proteção, fiscalização e uso público somente para fins educacionais. O principal conflito dessa área diz respeito ao fato de que ela ainda não foi desapropriada, condição sine qua non, as ações de restauração não poderão ocorrer. Essa é uma área importante em termos 1. Em caso de conhecimento pouco aprofundado da UC, somente será permitida a recuperação natural das áreas degradadas, ou induzida, mediante projeto previamente aprovado. 78 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo incorporada novamente a uma das zonas permanentes. As espécies exóticas introduzidas deverão ser removidas e a restauração deverá ser natural ou naturalmente induzida. Zona de Uso Conflitante: Constituise nos locais cujos usos e finalidades, estabelecidos antes da criação da unidade, conflitam com os objetivos de conservação da área protegida. São áreas ocupadas por empreendimentos de utilidade pública, no caso do PSB, a creche, a Estrada do Cobre, a caixa d’água da EMBASA e a barragem do Cobre, de propriedade da mesma empresa. ambientais, de transição entre o ambiente florestal e estuarino e, uma vez restaurado, deve compor uma zona de uso mais restritivo no PSB. 2. Na recuperação induzida somente poderão ser usadas espécies nativas com eliminação das exóticas porventura existentes. 3. Não serão instaladas infraestruturas nessa zona, salvo aquelas necessárias à restauração, e estas devem ser temporárias. Seu objetivo de manejo é contemporizar a situação existente, estabelecendo procedimentos que minimizem os impactos sobre as UC. Fiscalização, proteção, manutenção da infraestrutura específica e serviços inerentes aos empreendimentos de utilidade pública. Considerando a necessidade de se redefinir o polígono do PSB, uma alternativa seria a exclusão da área da creche e da caixa d’água, hoje consideradas ZUC, dos limites do PSB. Em relação à barragem, que em zoneamentos futuros deve continuar sendo uma ZUC do Parque, o fundamental é que um acordo seja estabelecido entre a gestão do PSB e da barragem, para evitar acidentes e propor medidas de gestão integradas desses territórios. A Estrada do Cobre, um logradouro oficial do município, deverá possuir uma cancela para controle da 4. O acesso a essa zona é restrito a pesquisadores e equipe técnica do PSB, e ela apenas pode ser alvo de visitação para fins educacionais. 1. A fiscalização nessa zona será intensiva. 2. Os serviços de manutenção das infraestruturas, deverão ser sempre comunicados e acompanhados por funcionário da UC. 3. Os riscos oferecidos pelos empreendimentos deverão ser definidos caso a caso e deverão subsidiar a adoção de medidas preventivas e/ou mitigadoras. 79 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Zona de Ocupação Temporária: São áreas dentro das UC onde ocorrem concentrações de populações humanas residentes e as respectivas áreas de uso. É uma Zona provisória, uma vez realocada a população, será incorporada a uma das zonas permanentes. Resumo Executivo Fiscalização, proteção, educação ambiental e atividades previstas nos termos de compromisso. passagem de pedestres e veículos. Considerando que a regularização fundiária é uma das prioridades no âmbito da PIF Urbanização Parque São Bartolomeu, grande parte dessas áreas deve deixar de ser ZOT no próximo zoneamento. Caso alguma das moradias permaneça, um termo de compromisso entre a gestão do PSB e os moradores deve ser assinado, estabelecendo acordos de convivência no território da UC até que a regularização fundiária seja concluída. As normas dessa zona devem ser estabelecidas caso a caso, mediante um termo de compromisso firmado com as populações residentes, que deve prever normas de uso da área, até que o processo de regularização temporária seja concluído. 80 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Zona de Amortecimento do PSB Para a definição da ZA do PSB foram empregados os critérios recomendados pelo Roteiro Metodológico (Galante, Meneses e Beserra, 2002), em associação com os critérios de não inclusão e ajuste da ZA. Uma síntese dos recomendados no Roteiro Metodológico e do peso atribuído à eles para a definição da ZA do PSB é apresentado na Tabela 15. Tabela 15. Critérios para a definição da ZA do PSB. Critérios para definição da Zona de Amortecimento PSB Peso Critérios para inclusão Alto Médio Áreas de recarga de aquíferos Locais de nidificação ou de pousio/dormitório de aves migratórias ou não Áreas litorâneas, tais como manguezais, estuários, restingas, dunas, lagunas, praias arenosas, e costões rochosos que tenham significativa relação química, física ou biológica com a UC. Locais de desenvolvimento de projetos e programas federais, estaduais e municipais que possam afetar a UC Áreas úmidas com importância ecológica para a UC. Unidades de Conservação em áreas contíguas e geridas por outras instituições Áreas naturais preservadas, com potencial de conectividade com a UC Remanescentes de ambientes naturais próximos à UC que possam funcionar ou não como corredores ecológicos. Sítios de alimentação, descanso/pouso e reprodução de espécies que ocorrem na UC. Áreas sujeitas a processos de erosão, de escorregamento de massa, que possam vir a afetar a integridade da UC. Áreas com risco de expansão urbana ou presença de construção que afetem aspectos paisagísticos notáveis junto aos limites da UC. Ocorrência de acidentes geográficos e geológicos notáveis ou aspectos cênicos próximos à UC Sítios histórico-culturais e arqueológicos. X X X X X X X X X X X X X X X Critérios para não inclusão Alto Áreas urbanas já estabelecidas ou estabelecidas pelo plano diretor como áreas de expansão. X Critérios para ajuste Alto Limites identificáveis no campo. Baixo PESO Médio Baixo PESO Médio Baixo X A ZA do PSB, descontada a área do Parque, cobre uma área de 1239.53 ha e é apresentada na Figura 23. 81 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Figura 23. Zona de Amortecimento do Parque São Bartolomeu. É importante destacar que, considerando o contexto urbano do PSB, todo o entorno do Parque, incluindo a ZA estabelecida por esse plano de manejo, está sujeita às normas e instrumentos legais municipais, como o PDDU e a LOUOS (Lei de Uso e Ocupação do Solo, no. 8.167 de 2012), que disciplina o parcelamento, uso e conservação do solo em consonância com o PDDU. Outro instrumento muito importante e que deve ser compatibilizado para normatizar parte da área da ZA é o plano de manejo da APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, que está em processo inicial de elaboração. Diante desse cenário, recomendamos algumas diretrizes que devem orientar a gestão da ZA do PSB: 1. Articular junto à Secretaria Cidade Sustentável para que a administração do PSB seja sempre consultada sobre a implantação de novas atividades/empreendimentos que exijam licenciamento ambiental no âmbito da ZA do PSB, como determina a Lei do SNUC. 2. Apoiar estratégias em parceria com a Polícia Militar, Ambiental e Civil, para combater crimes ambientais e a violência urbana nesta região. 3. Intensificar a fiscalização de atividades e empreendimentos localizados na ZA, por meio de parcerias com instituições ligadas à proteção e fiscalização ambiental. 82 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo 4. Acompanhar e buscar influenciar todas as discussões que venham a envolver a revisão do PDDU e/ou da LOUS, evitando que as áreas da ZA possam ser reclassificadas em categorias que as exponham a maior vulnerabilidade ambiental. 5. Participar ativamente das discussões para a elaboração do Plano de Manejo da APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, promovendo, sempre que possível, o planejamento integrado dessas áreas. 6. Definir áreas de interesse ambiental, além das áreas já protegidas do entorno imediato e sugerir restrições em sua ocupação/apropriação. 7. Acompanhar o andamento do projeto urbanístico desenvolvido pela CONDER para a região de Mané-Dendê e de Pirajá. 8. Promover um debate sobre a ampliação da área sob proteção integral na Bacia do Cobre, seja por meio da ampliação do território do PSB, ou de outros mecanismos, como a criação de RPPNs na área de domínio privado, ou ainda de uma UC Estadual. 9. Aplicar os indicadores do monitoramento ambiental do Projeto Dias Melhores em toda a ZA do PSB, como forma de conhecer e avaliar a qualidade ambiental das áreas do entorno, cujos impactos incidem sobre a unidade e pensar em medidas para mitigar esses impactos. 4.6. Áreas estratégicas Áreas Estratégicas Internas A Figura 24 representa o mapa com as 11 Áreas Estratégicas Internas estabelecidas para esse plano de manejo. Figura 24. Mapa com as áreas estratégicas internas definidas para o PSB. 83 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo Uma breve descrição e caracterização dessas áreas, com recomendações específicas é apresentada a seguir ( Tabela 16). Tabela 16. Descrição e caracterização das Áreas Estratégicas Internas (AEI), com respectivas recomendações. Áreas Descrição Recomendações Específicas AEI 1 - Importante atrativo do PSB e local - Realizar um mutirão para a remoção dos Cachoeiras de para a visitação e usos religiosos; resíduos sólidos presentes na cabeceira das Oxum e Nanã - Apresenta intensa poluição por cachoeiras, envolvendo funcionários do esgoto e resíduos sólidos; Parque e mobilização de voluntários; - Existência de um projeto de - Acompanhar o andamento do projeto requalificação da Praça de Oxum, urbanístico desenvolvido pela CONDER para que prevê um tratamento a região de Mané-Dendê, bem como o início urbanístico e paisagístico da área, das obras e o prazo de execução e para os contudo, não prevê a despoluição quais os resultados são esperados, bem das cachoeiras; como acompanhar as ações desenvolvidas - Existência de um projeto pela Prefeitura; urbanístico para a bacia do rio - Em parceria com as lideranças religiosas Mané-Dendê, conduzido pela que atuam no PSB e entorno, mapear e CONDER, que visa projetar a entender melhor o uso religioso que é construção de redes de realizado nesse local, permitindo a definição macrodrenagem e esgoto na conjunta entre a administração do PSB e os região; líderes religiosos das condições e normas - Realização de obras de para o uso religioso desse atrativo, de modo canalização e tamponamento de que ele não conflite com os demais usos córregos na região pela Prefeitura públicos realizados no Parque, assim como Municipal de Salvador, em estabelecer normas para o descarte do consonância com o Plano de material utilizado nas oferendas; Macrodrenagem do município, - Estabelecer procedimentos e normas de porém não prevê medidas de conduta para os usuários desse atrativo e de regularização fundiária. monitoramento. - Coletar informações históricas junto a fontes oficiais e com os moradores mais antigos do local, para subsidiar um programa de educação e interpretação ambiental e patrimonial para o atrativo; - Implantar sinalização interpretativa no local; - Capacitar monitores ambientais advindos das comunidades locais; - Promover o monitoramento das condições biofísicas e da visitação na trilha; - Promover o patrulhamento diário dessa AEI a realização de atividades não permitidas e, em caso de constatação destas, tomar as providencias cabíveis. AEI 2 Apresenta problemas de - Avaliar a importância do uso dessa trilha Trilha do drenagem e de traçado; como travessia para os moradores e os Conjunto do - Utilizada para conectar bairros; impactos advindos da restrição do seu Senhor Bonfim - Registro de usos religiosos; acesso; - Não apresenta uso e potencial - Em parceria com as lideranças religiosas para fins de lazer. que atuam no PSB e entorno, mapear e entender melhor o uso religioso que é atribuído a esse local, permitindo a definição conjunta entre a administração do PSB e os líderes religiosos, das condições para o uso religioso dessa trilha, de modo que ele não conflite com os demais usos e com a proteção dessa área no Parque; - Caso a opção seja pela manutenção dessa trilha como travessia para os moradores é 84 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu AEI 3 Trilha Principal AEI 4 Trilha do Retorno - Integra o conjunto de trilhas oficiais do PSB, com uma extensão de 2.200 metros; - Faz a ligação entre os dois Portais principais de acesso ao Parque, o Centro de Referência São Bartolomeu e o Centro de Cidadania e Cultura de Pirajá; - Utilizada, sobretudo, para fins de visitação e práticas religiosas; Apresenta problemas de alagamentos, de acabamento e padronização de piso e traçado inadequado. - Integra o conjunto de trilhas oficiais do Parque, com uma extensão de 1.200 metros; - Faz a ligação entre a Cachoeira do Cobre até a entrada do PSB; - Possui em alguns trechos largura de estrada; - Utilizada por moradores locais para acessar os bairros e transporte público; - Apesar de estar sofrendo intervenções como calçamento, apresenta problemas com a drenagem e com os esgotos lançados das encostas; - Presença de entulhos das moradias que foram demolidas ao longo da trilha. Resumo Executivo importante, além da correção do traçado, implantar sinalização no local e estruturas de drenagem; - Instituir um controle e monitoramento do acesso a essa trilha. - Promover ações de manejo no traçado e sistema de drenagem dessa trilha, utilizandose de técnicas adequadas de planejamento, implantação e manutenção de trilhas, para assegurar a qualidade das intervenções. - Desenvolver programas para públicos diversos de visitação na trilha, bem como infraestrutura de apoio à visitação; - Estabelecer procedimentos e normas de conduta para os usuários da trilha, instituindo um mecanismo de controle do acesso à essa área; - Promover vistorias e manutenções periódicas na trilha e infraestrutura geral, de forma a proporcionar maior durabilidade dos mesmos e qualidade de experiência aos usuários; - Promover o monitoramento das condições biofísicas e da visitação na trilha, de forma a detectar com antecedência os impactos negativos que possam estar acontecendo e saná-los; - Capacitar a equipe de funcionários do Parque para que estes possam fazer a gestão da visitação nessa área e em toda a Unidade; - Capacitar e contratar monitores ambientais locais que possam contribuir com a gestão da visitação; - Promover o patrulhamento diário dessa trilha, para evitar a realização de atividades não permitidas e, em caso de constatação destas, tomar as providências cabíveis. - Promover ações de manejo dessa trilha, utilizando-se de técnicas adequadas de planejamento, implantação e manutenção, para assegurar a qualidade das intervenções. - Desenvolver programas diversificados de visitação que incorporem o uso dessa trilha em associação à trilha Principal, que considere os diferentes perfis de visitantes, bem como infraestrutura de apoio à visitação; - Estabelecer procedimentos e normas de conduta para os usuários dessa trilha, instituindo um mecanismo de registro e controle do acesso a essa área; - Promover vistorias e manutenções periódicas na trilha e infraestrutura geral, de forma a proporcionar maior durabilidade dos mesmos e qualidade de experiência aos usuários; - Promover o monitoramento das condições biofísicas e da visitação na trilha, de forma a detectar com antecedência os impactos negativos que possam estar acontecendo e saná-los, assim como indicar os períodos adequados para as manutenções necessárias; 85 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu AEI 5 Praça de Oxumaré Aldeia dos Caboclos - Abriga importante sítio para o uso religioso no PSB: Cachoeira de Oxumaré (ou São Bartolomeu) as Pedras de Omolum e Angorá, que possuem também relevância histórica. - Existência de uma formação rochosa singular, denominado como Aldeia dos Caboclos, de importância para os rituais e cultos do candomblé; - Apresenta relevância religiosa e para educação ambiental e patrimonial. AEI 6 Trilha do Quilombo - Não integra o sistema principal de trilhas do PSB, mas os levantamentos realizados para esse plano indicam que ela trilha já foi uma das mais movimentadas do Parque; - Possui aproximadamente 220 metros e liga a Estrada do Cobre à Praça do Cobre. - Possui trechos com problemas de erosão, piso irregular, traçado inadequado, e declividade acentuada; Resumo Executivo - Promover o patrulhamento diário dessa trilha, para evitar usos inadequados na área, e, em caso de constatação destes usos, tomar as providencias cabíveis. - Em parceria com as lideranças religiosas que atuam no PSB e entorno, mapear e entender melhor o uso religioso que é atribuído a esse local, permitindo a definição conjunta entre a administração do PSB e os líderes religiosos, das condições para o uso religioso dessa trilha, de modo que ele não conflite com os demais usos e com a proteção dessa área no Parque; - A partir do estabelecimento desse acordo de uso com os líderes religiosos, e caso seja interesse do Parque voltar a receber visitação mais intensa, recomenda-se implantar um projeto de requalificação da Praça de Oxumaré, que atenda principalmente a manutenção da trilha e controle da vegetação, avaliando a possibilidade de se criar estruturas como pontos de descanso, etc. para atender a visitação utilizando-se técnicas de mínimo impacto; - Estabelecer normas para o descarte das oferendas deixadas nesse local; - Estabelecer procedimentos e normas de conduta para os usuários desse atrativo, instituindo um mecanismo de controle do acesso à essa área e monitorando esses aspectos; - Coletar informações históricas junto a fontes oficiais e com os moradores mais antigos dos bairros vizinhos, para subsidiar um programa de educação e interpretação ambiental e patrimonial para o atrativo, elaborando materiais para esse propósito; - Implantar sinalização interpretativa no local; - Capacitar monitores ambientais advindos das comunidades locais, que possam orientar usuários e monitorar os usos nesse local; - Promover o monitoramento das condições biofísicas e da visitação na trilha, de forma a detectar com antecedência os impactos negativos que possam estar acontecendo e saná-los; - Promover o patrulhamento diário dessa AEI para restringir a realização de atividades não permitidas e, em caso de constatação destas, tomar as providencias cabíveis. Avaliar a importância do uso dessa trilha como travessia para os moradores e os impactos advindos da restrição do seu acesso; - Caso a opção seja pela manutenção dessa trilha como travessia para os moradores, é importante, além da correção do traçado, implantar sinalização no local; - Recomenda-se que o foco do uso e do manejo dessa trilha seja a educação ambiental, para o desenvolvimento de temas relacionados à história local e aos aspectos histórico-culturais do PSB; 86 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu - Além de ser utilizada para conectar bairros, essa trilha possui grande potencial para o uso público, em especial para a visitação com fins educacionais, explorando temas ligados à história local. AEI 7 Trilha da Ilha Amarela Possui um percurso de aproximadamente 1.250 m e liga o bairro de Ilha Amarela à Barragem do Cobre; - Apresenta grande potencial para interpretação ambiental, porque ao longo do seu percurso pela variação da vegetação; - Utilizada para deslocamento entre bairros e para atividades de lazer, para coleta de frutas, de plantas, para a pesca e retirada de madeira; - Liga a uma das áreas mais importantes para a conservação da biodiversidade do PSB, também considerada uma Área Estratégica Interna (AEI 8). AEI 8 Área de grande importância para conservação da - Apresenta vegetação mais densa, com uma floresta em estágio sucessional mais avançado, na qual foi observada uma grande quantidade de espécies regenerantes, contribuindo para o processo de regeneração natural Resumo Executivo - Implantar infraestrutura e serviços de gestão da trilha, como um programa de visitação destinado ao público escolar, lixeiras, ajustes no traçado e sinalização indicativa e interpretativa; - Nesta trilha existe um trecho com declividade acentuada, e em linha de queda d’água. Neste caso recomenda-se a verificação da possibilidade de alteração de traçado especialmente no segmento com problema; - Promover o monitoramento das condições biofísicas e da visitação na trilha, de forma a detectar com antecedência os impactos negativos que possam estar acontecendo e saná-los; - Promover o patrulhamento regular dessa AEI para restringir a realização de atividades não permitidas e, em caso de constatação destas, tomar as providencias cabíveis. - Integrá-la ao sistema de trilhas principais do PSB, dotando-a de infraestrutura e gestão adequadas para o Uso Público; - Implementar medidas de manejo da trilha, em especial em alguns trechos próximos à Ilha Amarela, onde ocorrem afundamentos no piso da trilha. Recomenda-se a instalação de valas de drenagem em locais estratégicos e o acerto do leito da trilha com posterior compactação; - Identificar pontos para a instalação de sinalização indicativa, bem como lixeiras em pontos estratégicos e de fácil acesso aos funcionários do Parque, para que possam fazer sua manutenção; - Elaborar um programa de educação ambiental e uso público desse atrativo, com a produção de materiais para esse propósito e a definição de pontos para a instalação de placas interpretativas; - Capacitar monitores ambientais advindos das comunidades locais, que possam orientar usuários e monitorar os usos nesse local; - Promover o monitoramento das condições biofísicas e da visitação na trilha, de forma a detectar com antecedência os impactos negativos que possam estar acontecendo e saná-los; - Promover o patrulhamento diário dessa AEI, para coibir a realização de atividades não permitidas e, em caso de constatação destas, tomar as providencias cabíveis; Instalar uma sinalização de segurança e grade de proteção na Barragem da Represa do Cobre. - Estabelecer contato com pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa do município para incentivá-los a realizarem estudos científicos nesta área, sobre temas ligados à conservação da biodiversidade, restauração dos processos ecológicos e ecologia de espécies da Mata Atlântica; 87 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu biodiversidade no PSB; - Essa área apresenta também uma importante diversidade de aves que só foram avistadas nessa região, durante os levantamentos de campo; - Todas as espécies endêmicas de aves da Mata Atlântica registradas no PSB foram avistadas nesse local; - Registro em campo de um anuro (anfíbio) do gênero Adelophryne não pôde ser identificado a nível específico, e que possivelmente trata-se de uma espécie nova para a ciência; - A proximidade que essa área guarda do Parque Florestal da Represa do Cobre constitui-se como fator positivo para a conservação das espécies de avifauna, herpetofauna e de outros grupos de vertebrados no PSB; - Área cortada pela trilha da Ilha Amarela, que não só tem um grande potencial para as atividades de uso público e educação ambiental, como também vem sendo usada para atividades extrativistas, de lazer e recreação pela comunidade do entorno. AEI 9 Estrada do Cobre - Logradouro municipal oficial que corta o PSB e que faz a conexão entre os bairros de Ilha Amarela e Pirajá; - Utilizada a serviço da EMBASA, e, atualmente, fica fechada para o público, embora seja possível avistar pessoas atravessando essa estrada; - Previsão da construção de uma guarita, para controlar o acesso no local, o que deve contribuir nessa direção; - Pode constituir-se como rota de fuga para eventuais acidentes e situações de emergência e socorro no PSB, além do seu uso para Resumo Executivo - Estabelecer, em parceria com a EMBASA, um programa de pesquisa e monitoramento conjunto do território contíguo ao PSB, que possa subsidiar ações integradas de manejo que contribuam para a qualidade ambiental de toda a bacia do Cobre; Promover um componente de educação e sensibilização ambiental para moradores do entorno e visitantes, destacando a importância dessa área, associando os seguintes temas geradores Mata Atlântica, ambiente urbano e Unidades de Conservação; - Monitorar as áreas dessa AEI, adotando parâmetros como: (i) contagem de plântulas novas; (ii) estabelecimento de parcelas para avaliação de densidade e principalmente diversidade; (iii) avaliação do sub-bosque da floresta, de forma a eliminar as plântulas e plantas jovens de espécies exóticas como a jaqueira e gramíneas do gênero Urochloa; e (iv) entender e monitorar por que existem poucos regenerantes de espécies ombrófilas densa; - Implantar um programa de monitoramento de longo prazo de aves e mamíferos no PSB, que ofereça subsídios para a gestão e o manejo do PSB; - Controlar e monitorar o acesso a essa área, para evitar um grande fluxo de pessoas em uma das áreas de maior interesse para a preservação do PSB, restringindo os impactos às espécies e as condições ambientais locais; - Ampliar a fiscalização dessa área, com especial ênfase a coibição de atividades de caça e retirada de madeiras para usos diversos; - Fazer uma avaliação da dependência econômica que a população do entorno tem dos usos extrativistas realizados no Parque (coleta de frutos e ervas), pensando em alternativas à esses usos, estabelecendo acordos e promovendo a transição para a completa restrição desses usos a longoprazo. - Avaliar a importância do uso dessa trilha como travessia para os moradores e os impactos advindos da restrição do seu acesso; - Implantar guaritas no início da estrada, com um vigilante patrimonial monitorando o local diariamente, em regime de escala; - Implantar placas de sinalização na Estrada, recomendando a proibição de acesso de veículos na área, com exceção daqueles que pertencem à administração do PSB e dentro da velocidade permitida para a zona na qual a estrada está inserida. Para os demais veículos, apenas mediante autorização expressa da administração do Parque. - Investigar os responsáveis pela deposição de lixo no início da estrada e tomar medidas 88 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu AEI 10 Encosta de Pirajá 1 e AEI 11 Área de Encosta de Pirajá 2 AEI 13 Paisagem antrópica no limite leste do PSB Resumo Executivo atividades de gestão e manutenção do Parque. de controle para coibir esse uso. - Promover o patrulhamento e fiscalização regulares ao longo da estrada. - Áreas de encostas íngremes que fazem parte da paisagem e das formas de relevo observadas no PSB; - Apresenta grande quantidade de esgoto nas encostas que margeiam a trilha do contorno; - Área de fragilidade ambiental, com grande potencial para movimentos de massa, potencializados pela ocupação urbana desordenada e eventos chuvosos de grande intensidade. Além do aporte de esgoto, a AEI 11 aporta também grande quantidade de lixo para o interior do Parque; - Área prioritária para regularização fundiária no PSB, em função da fragilidade ambiental da área, sujeita a deslizamentos e escorregamentos de massa. - Existência de projeto urbanístico para a bacia do rio Mané-Dendê (CONDER). - Apresenta importância histórica que remonta desde os tempos do Brasil Colonial; - Paisagem atual do PSB hoje é um retrato desses eventos históricos, reafirmando o seu o elevado valor cultural, histórico e religioso; - Significativa oportunidade para compor o Programa de Educação Ambiental e Patrimonial do PSB. - Acompanhar o andamento do projeto urbanístico desenvolvido pela CONDER para a região de Mané-Dendê, que deve contemplar algumas áreas na região de Pirajá, bem como o início das obras e o prazo de execução e para os quais os resultados são esperados, bem como acompanhar os as ações desenvolvidas pela Prefeitura, procurando promover uma sinergia entre as iniciativas municipais e estaduais, sem as quais, o sucesso das intervenções pode ficar comprometido. - Caso ainda haja moradias nessas encostas dentro do território do PSB, priorizar os investimentos em regularização fundiária para essa área. - Desenvolver um trabalho de sensibilização dos moradores das encostas e entorno, sobre a importância de se dar tratamento adequado aos resíduos sólidos, bem como quanto aos impactos das ligações clandestinas de esgoto acarretam em todo o sistema, bem como sobre a Unidade. - Fomentar uma linha de pesquisa no PSB que incorpore tópicos como história, história natural, geografia histórica, antropologia, dentre outras, que forneçam elementos para embasar o Programa de Educação Ambiental e Patrimonial no PSB, orientando roteiros e programas de visitação, a produção de materiais educativos, maquetes e exposições no Centro de Visitantes, etc. 89 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo As 12 AEIs destacadas anteriormente representam áreas prioritárias de atuação, no entanto, entende-se que algumas AEI apresentam algumas características que as tornam objeto de atenção imediata. Nesse sentido, para facilitar as decisões de gestão foi elaborado uma tabela onde está sugerida uma priorização de áreas estratégicas (Tabela 17). Tabela 17. Priorização de Ação em Áreas Estratégicas Internas do Parque. Áreas Estratégicas Internas AEI 01 AEI 02 AEI 03 AEI 04 AEI 05 AEI 06 AEI 07 AEI 08 AEI 09 AEIs 10/11 AEI 12 Cachoeiras de Oxum e Nanã Trilha do Conjunto do Senhor Bonfim Trilha Principal Trilha do Retorno Praça de Oxumaré - Aldeia dos Caboclos Trilha do Quilombo Trilha da Ilha Amarela Área de grande importância para conservação da biodiversidade Estrada do Cobre: Encosta de Pirajá 1 Encosta de Pirajá 2 Paisagem antrópica Prioridade de Ação Alta Baixa Alta Alta Média Média Média Alta Alta Média Baixa Áreas Estratégicas Externas (AEE) As AEE do PSB foram definidas com base nos seus atributos ambientais, levando em consideração como essas áreas podem interagir na paisagem, e as ameaças e oportunidades que essas áreas representam em relação ao Parque. Essas áreas estão descritas a seguir (Tabela 18) e são apresentadas na Figura 25. Figura 25. Mapa com as áreas estratégicas externas propostas para o PSB. 90 Tabela 18. Descrição e caracterização das Áreas Estratégicas Externas (AEE), com respectivas recomendações. Áreas Características Recomendações Específicas AEE 1 - Rio Mané-Dendê é um dos principais - Acompanhar o andamento do projeto Sub-bacia do afluentes do rio do Cobre, com cerca de urbanístico desenvolvido pela CONDER Mané-Dendê 3,3 metros de extensão e a sua micro- para a região de Mané-Dendê, bem como bacia engloba parte dos bairros de o início das obras e o prazo de execução Plataforma, Rio Sena e Ilha Amarela; e para os quais os resultados são - A região apresenta problemas esperados, bem como acompanhar as urbanísticos importantes, que incidem ações desenvolvidas pela Prefeitura, sobre o Parque (ligações clandestinas procurando promover uma integração de esgoto à rede pluvial e esgotos in entre as iniciativas e ampliar o diálogo natura, ocupação desordenada sobre entre as ações municipais e estaduais, galerias, canais de drenagem e para garantir o sucesso das intervenções, nascentes, em fundos de vale e contribuindo para melhorar a qualidade encostas); ambiental do PSB. - Lançamento de lixo e esgoto no rio - Desenvolver e fomentar projetos de Mané-Dendê podem ser percebidos educação ambiental com as comunidades dentro do Parque, em especial nas do entorno, trabalhando com o tema do Cachoeiras de Nanã e Oxum; saneamento básico, mas também - Desapropriação de areas com integrando-as aos projetos socioculturais ocupação nas margens das cachoeiras; desenvolvidos no âmbito dos - Projeto urbanístico para a bacia do rio equipamentos culturais implantados no Mané-Dendê conduzido pela CONDER, Parque. que visa projetar a construção de redes - Apoiar estratégias que visem a melhoria de macrodrenagem e esgoto na região; dos índices de escolaridade e renda da - própria Prefeitura Municipal de população que vive nos bairros do entorno Salvador, por meio da SUCOP, vem dessa área estratégica. promovendo obras de canalização e tamponamento de córregos nessa mesma região, em consonância com o Plano de Macrodrenagem do município, no entanto, essa ação vem desacompanhada de medidas de regularização; AEE 2 - Localização na Comunidade São Acompanhar a conclusão das PIF São Bartolomeu, ao Sul do PSB, e integra a intervenções que estão sendo feitas nesta Bartolomeu PIS do Cobre; PIF, especialmente no que diz respeito às - Realização de intervenções de medidas ambientais e as intervenções urbanização, construção e reparo de para o saneamento das casas que estão habitações e equipamentos urbanos, sendo construídas; além da construção de infraestrutura de - Implementar o PRADE para a área de saneamento básico (Brasil Arquitetura manguezal do PSB, que vai abranger a S/C, 2009); franja de manguezal localizada ao lado da - Área correspondente à porção final da comunidade, e monitorar a evolução do bacia do Cobre, para onde drenam processo de restauração desse ambiente, todos os rios da bacia, que vão levando em consideração critérios desembocar na Enseada dos Cabritos. ambientais, bem como sociais, como o Essa comunidade está assentada em impacto sobre as moradias e sobre a uma área de manguezal que faz parte qualidade de vida dos moradores; da planície fluvio-marinha que adentra - Desenvolver projetos de educação para o PSB; ambiental voltados para essa comunidade - A grande pressão urbana na região se sobre a importância dos manguezais, reflete na baixa qualidade ambiental dos orientando-os sobre as medidas de rios à jusante da represa do Cobre, e conservação dessa área, evitando o comprometem a qualidade das águas lançamento de resíduos sólidos no local, o do estuário e da própria enseada extrativismo, etc. (Santos et al., 2010). AEE 3 Área com fragmento - Localização próxima ao PSB, inserido nos limites da Bacia do rio do Cobre, e mantém uma pequena mancha de - Incluir a área nos programas de monitoramento da biodiversidade que forem implementados no âmbito desse 96 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu florestal com potencial de conectividade vegetação e algumas nascentes que drenam para dentro do PSB; - Representa um local com potencial conectividade, contribuindo para melhorar a qualidade ambiental e a biodiversidade do PSB. AEE 4 Área do Parque Florestal da Represa do Cobre - Área pertencente à EMBASA, extremamente importante para a conservação do PSB; - Abriga o médio curso do rio do Cobre, onde a empresa fez um barramento (Barragem do Cobre) entre as décadas de 1920 e 1930, constituindo-se como o primeiro sistema de abastecimento de água de Salvador, contemplando o Subúrbio Ferroviário (SRH, 1996); - Captação de água desse manancial encontra-se atualmente suspensa, mas ele continua sendo um reservatório importante para abastecer a região do subúrbio; - Área com patrulhamento constante; - Abriga a maior diversidade de espécies vegetais, indicando que nessa área as florestas estão em estágio sucessional mais avançado do que as do PSB, o que a torna fundamental para garantir o processo de regeneração natural do Parque. - Estima-se que haja aproximadamente 18 nascentes na área interna do PSB estima-se (Santos et al. 2010) e inúmeras outras estão protegidas no âmbito da APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu; - Limite da APA, não abrange a totalidade da bacia, deixando de fora muitas nascentes. - Abriga a Lagoa de Paixão, formada por um barramento efetuado pela empresa Schindler, e que abriga a principal nascente do rio do Cobre. Um Parque Urbano foi criado na Lagoa, porém, essa área não foi implementada; Participantes da Oficina de Planejamento Participativo eram membros do Conselho da APA e fizeram ponderações e críticas importantes sobre a vulnerabilidade ambiental desta área. AEE 5 Área estratégia para a proteção das nascentes que drenam para o PSB Resumo Executivo plano de manejo; - Desenvolver ações de educação ambiental para as comunidades que vivem nessa região, bem como para as indústrias que estão no entorno; - Monitorar a qualidade e quantidade dos recursos hídricos desta região, a qual pode estar sendo impactada por esgotos industriais; - Ampliar as ações de fiscalização nessa região e acompanhar os processos de licenciamento de novas indústrias na região. - Ampliar o debate com a EMBASA sobre as perspectivas de uma gestão integrada desse território, promovendo um planejamento de ações e recursos financeiros para a sua implantação; - Promover uma ação de proteção e fiscalização conjunta dessa parte do território, visando coibir caça, o desmatamento e outros usos que possam comprometer a biodiversidade local; - Acompanhar a elaboração do plano de manejo da APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, que se sobrepõe parcialmente a essa área, contribuindo para as propostas de monitoramento, manejo e de conservação para essa área. - Integrar o Conselho Gestor da APA e acompanhar as discussões realizadas nesse âmbito, representando os interesses do PSB e fortalecendo as medidas de conservação nesse território; - Discutir com a comunidade e com o Conselho da APA um plano emergencial de saneamento básico para essa região, incluindo, também, ações educativas; - Desenvolver, em parceria com o gestor da APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, um programa comunitário de mapeamento e sinalização das nascentes de toda a bacia, identificando aquelas com problemas emergenciais e propondo medidas para a sua proteção; - Implementar, em parceria com a Rede das Águas, da Fundação SOS Mata Atlântica, o projeto “Observando o Rio do Cobre”. Trata-se de uma metodologia de gestão socioambiental das águas que envolve a formação de grupos comunitários e a distribuição de kits para medir parâmetros simples de qualidade das águas de um rio ou uma bacia. Esses dados são compartilhados numa rede (www.rededasaguas.org.br) e contribuem 97 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo tanto para o engajamento social na conservação dos recursos hídricos, como tem funcionado como uma importante ferramenta para sensibilizar gestores públicos e sociedade no desenho de medidas de proteção hídrica; - Apoiar e desenvolver estratégias em parceria com a Polícia Militar Ambiental para ampliar a fiscalização e coibir crimes ambientais na região, bem como diminuir a violência urbana; - Apoiar estratégias que visem a melhoria dos índices de escolaridade e renda da população nessa região. 4.7. Normais Gerais do Parque São Bartolomeu Abaixo são apresentadas as Normas Gerais do PSB. O propósito dessas normas é regulamentar as atividades que serão desenvolvidas na área, bem como nortear a sua gestão. Cabe destacar que, dado que o processo de implantação do PSB e seu enquadramento como uma UC de Proteção Integral será gradual, a implementação dessas normas também deverá de dar de maneira gradativa e, sempre que possível, consensuada com o Conselho, que será implantado e usuários/beneficiários do Parque. 1. O horário de funcionamento do Parque para a visitação pública deverá ser determinado por seu regimento interno, sendo que até sua elaboração estará aberto ao público em geral das 6:00 às 19:00 horas, todos os dias da semana. O uso religioso será permitido 24 h. 1.1 O uso religioso realizado entre as 19:00 e 6:00 horas deve ser, preferencialmente, agendado anteriormente com o gestor. Porém o não agendamento anterior não impede sua realização. 2. Acordo entre Conder e AFA definiu, em caráter preliminar, e passível de monitoramento para possíveis ajustes, que os rituais religiosos serão realizados na Praça de Oxum, áreas de mata entre a cachoeira de Oxum e Oxumaré, incluindo a Aldeia dos Caboclos. Inclusas também as águas (rios e cachoeiras). Os materiais de oferendas e ebós não poderão ser deixados nas trilhas e áreas pavimentadas do PSB. 3. A realização de solicitações formais ao gestor do Parque, para usos religiosos, se justificará apenas quando estas forem realizadas nos espaços construídos do PSB. 4. Acordo entre Conder e AFA definiu que será permitida a entrada de materiais para rituais religiosos no PSB, tais como: arranjo de flores, copos, garrafas, balaio, alguidar, quartinha, sacolas, sacos, etc, os quais serão recolhidos logo após o ritual, não podendo permanecer no local. Materiais resultantes de oferendas e ebós, que podem ser decompostos pela natureza tais como: frutas, verduras, flores, dentre outros, não poderão ser retirados do local. 5. São proibidos o ingresso e a permanência na unidade, de pessoas portando armas, materiais ou instrumentos destinados ao corte, caça, pesca ou a quaisquer outras atividades prejudiciais à fauna ou à flora. Exceções à essa norma deverão ser discutidas com a administração do Parque e definidas, de forma consensuada, com o Conselho que será implantado. 6. É proibida a caça, a pesca, a captura de animais silvestres ou a montagem de artefatos de caça, bem como proporcionar maus-tratos ou alimentação inadequada à fauna local. 98 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo 7. São proibidos o ingresso e a permanência no PSB, de pessoas acompanhadas por animais domésticos, como cachorros, gatos, aves, cavalos, burros, bois entre outros animais exóticos e/ou domesticados. No caso dos moradores ainda não indenizados, a permanência de animais domésticos será tolerada desde que restritos em suas propriedades e em seus traslados ao longo do Parque. 8. É proibido o corte de árvores para a extração de madeira para construções ou lenha, bem como qualquer exemplar da fauna ou amostra mineral sem que estejam previstas em normatizações específicas e apenas mediante anuência da administração do PSB. 9. A retirada total ou parcial de qualquer planta só será permitida mediante um projeto específico, discutido conjuntamente com o conselho a ser implantado e autorizado pela administração do PSB, e desde que os impactos advindos não afetem áreas estratégicas para a conservação ou ocasionem conflitos com outros usos regulamentados pela UC. A exceção se dá em relação a retirada destes materiais para usos religiosos, que em acordo entre Conder e AFA poderá ser realizada em qualquer área do PSB, respeitando-se a área estratégica interna 8. a. Após a implantação do Horto Etnobotânico, este deverá ser utilizado para cultivo e coleta de plantas e partes de plantas de uso religioso. b. A coleta de frutos poderá ser permitida desde que conte com um projeto específico, que deverá ser elaborado pela gestão do Parque com a participação dos extrativistas e, desde que, o monitoramento comprove que não está ocorrendo impactos negativos ou danos aos processos naturais do Parque. Essa será uma estratégia para controlar a rebrota de espécies exóticas como a Jaca. 10. Não é permitido o uso do fogo na vegetação, bem como a realização de fogueiras ou condutas que possam causar incêndio na vegetação do Parque, sem que sejam tomadas as devidas precauções previstas em um plano de prevenção específico. Acordo entre Conder e AFA determinou que será permitida a utilização de velas nos rituais religiosos desde que observados os cuidados necessários para não causar incêndios ou danos à natureza do PSB. 10.1 Cuidados na utilização de velas por grupos religiosos: limpar/varrer o local onde a (s) vela (s) será (ão) acendida (s); depositar a vela sobre recipientes próprios (cumbuquinhas de barro ou cerâmica, pedras, etc.) e não diretamente no solo; não deixar o local enquanto as velas estiverem acesas. 11. A visitação e qualquer atividade de recreação é permitida apenas nos locais prédeterminados para sua realização e de forma compatível com a conservação dos recursos naturais da UC. 12. A definição de aspectos relacionados a operacionalização dos equipamentos de cultura e lazer do PSB devem ser tratados no regimento interno do Parque, por se tratarem de aspecto dinâmico, e que dependerá da definição e efetiva implementação do núcleo estratégico de gestão compartilhada do Parque. 13. Os visitantes deverão assumir integralmente os riscos provenientes de sua conduta, inerentes à prática de atividades esportivas e de lazer em ambientes naturais, tanto no que se refere à sua própria segurança e integridade física, quanto à integridade dos atributos ambientais e/ou infraestrutura existente no Parque. 14. É proibida a venda ou o uso de bebidas alcoólicas e outras substâncias que alterem o comportamento e a consciência no território do PSB. 15. Qualquer prática comercial no interior do Parque será permitida somente se prevista em plano de manejo e/ou com a prévia autorização da administração da unidade. No caso dos campos e quadras poliesportivas, só poderão atuar comerciantes e ambulantes cadastrados pelo Parque. 16. É proibida a utilização de aparelhos sonoros e som alto no Parque, salvo com autorização expressa da administração da unidade, em casos excepcionais. 17. É proibido depositar lixo nos espaços públicos de convivência, bem como nas trilhas, na vegetação e cursos d’água do Parque. 18. O visitante deverá ser responsável por todo e qualquer lixo produzido durante sua visita ao Parque, como garrafas, copos, papéis, bitucas ou guimbas de cigarros, 99 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo etc., ficando a cargo dos visitantes, a correta destinação do lixo, em locais apropriados e sinalizados pela administração do Parque. 19. O trânsito e a circulação de veículos motorizados no Parque apenas será permitida para os veículos oficiais, pertencentes à administração do Parque, destinados ao patrulhamento e demais atividades de proteção e manejo da UC. Toda e qualquer exceção a essa norma deverá preceder de autorização expressa da administração do Parque. 20. A realização de qualquer tipo de evento (festas, encontros religiosos, dentre outros) deverá acontecer apenas com autorização expressa da administração do Parque e em locais previamente estabelecidos para esse propósito, e de forma compatível com a conservação dos recursos naturais da UC. 21. A fiscalização do Parque deverá ser permanente e sistemática, tanto pela via de contorno quanto no interior da Unidade, inclusive aos finais de semana. 22. A pesquisa científica só poderá ocorrer mediante a apresentação de autorizações/licenças determinadas em normas específicas e com anuência da administração do Parque. 23. A introdução ou a reintrodução de espécies da flora ou da fauna somente serão permitidas quando autorizadas pelo órgão gestor do Parque, orientadas por projeto específico, segundo as indicações do Plano de Manejo. 24. As práticas religiosas dentro do PSB deverão ser monitoradas, e em caso de conflito entre as normas preliminares estabelecidas e os usuários devem-se promover reuniões e oficinas de diálogo/construção conjunta de pactos entre a gestão do Parque e esses grupos. 25. Resíduos sólidos e líquidos produzidos no interior do PSB deverão contar com a destinação e tratamentos adequados. 26. Toda e qualquer nova infraestrutura a ser instalada no PSB limitar-se-á àquela necessária para a sua administração e proteção, conforme orienta o plano de manejo, sendo vedada à construção de quaisquer obras de engenharia que não sejam de interesse do Parque. 4.8. Planos de Gestão PLANO DE VIGILÂNCIA E FISCALIZAÇÃO 1º Ano Componente Recursos Humanos Atividades 1º SEM 2º SEM 2º 3º 4º 5º Ano Ano Ano Ano 1. Dotar o PSB de equipe destinada ao patrulhamento e proteção da área 2. Promover capacitação aos vigilantes e guarda-parques Equipamentos e Infraestrutura 3. Dotar o PSB de equipamentos necessários ao patrulhamento 4. Implantação de guaritas no PSB. Normas e Procedimentos Internos 5. Elaborar estratégias mensais de proteção e fiscalização 100 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo 6. Assegurar que todos os funcionários responsáveis por ações de fiscalização trabalhem uniformizados 7. Documentar as ações de patrulhamento e fiscalização no PSB e armazená-las em um banco de dados 8. Emissão de notificações preventivas e registros de ocorrências de incêndio no entorno do PSB. 9. Zelar pela integridade do cercamento, equipamentos e infraestrutura do PSB Parcerias Institucionais 10. Estabelecer um planejamento integrado entre os agentes de proteção do PSB 11. Atuar junto à equipe da APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu na fiscalização PLANO DE USO PÚBLICO 1º Ano Componente Atividades 1º SEM 2º SEM 2º 3º 4º 5º Ano Ano Ano Ano 1. Implantar infraestrutura de apoio à visitação no PSB. 2. Priorizar trilhas para o Uso Público. Infraestrutura e Equipamentos 3. Promover manejo/manutenção trilhas do PSB. o das 4. Implementar um Sistema de Sinalização indicativa e interpretativa para o PSB. Resíduos Sólidos 5. Implantar infraestrutura e adquirir equipamentos de apoio ao gerenciamento dos resíduos 101 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo produzidos no PSB. 6. Estabelecer parcerias com instituições para destinação final dos resíduos sólidos. 7. Capacitar e sensibilizar os diversos públicos que se relacionam com o PSB. Recursos Humanos 8. Contratar um funcionário responsável pelo UP, para apoiar a implantação de serviços de apoio à visitação no PSB. 9. Promover uma capacitação da equipe que irá trabalhar no atendimento ao público no PSB. 10. Elaborar um roteiro de visitação para o PSB. 11. Normatizar e regulamentar as atividades de Uso Público. Normas e Procedimentos Internos 12. Instituir um processo participativo para contribuir com o ordenamento do uso religioso. 13. Elaborar plano de contingências para contingências no PSB. PLANO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1º Ano Componente Recursos Humanos Atividades 1º SEM 2º SEM 2º 3º 4º 5º Ano Ano Ano Ano 1. Estruturar equipe para liderar as ações de Educação Ambiental e Patrimonial no PSB 2. Criar um programa de 102 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo jovens monitores ambientais 3. Estabelecer e ampliar parcerias para implantar o Programa de EAP Normas e Procedimentos Internos 4. Desenvolver ações de educação ambiental e patrimonial para o PSB 5. Implantar uma exposição permanente no CR São Bartolomeu e exposições itinerantes 6. Implementar um sistema de monitoramento das as atividades educativas 7. Acompanhar e contribuir com o INEMA no planejamento e implementação do Programa de Comunicação e Educação Ambiental 8. Acompanhar e contribuir com a SECULT no planejamento e implementação de ações culturais, de cidadania e lazer, para dinamizar os equipamentos públicos 9. Promover uma capacitação da equipe que irá trabalhar no atendimento ao público no PSB 10. Promover ações locais que gerem mudanças de reconhecimento do PSB no seu entorno PLANO PARA RECUPERAÇÃO E MANEJO DE ÁREAS DEGRADADAS E ALTERADAS Componente Atividades Procedimentos Internos 1. Elaboração de TDR para contratação de serviços para recuperação de áreas florestais e de área alagada. 1º Ano 1º 2º SEM SEM 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano 103 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Implantação do Projeto Resumo Executivo 2. Implantação dos projetos de recuperação. 3. Instalação de placas de identificação das áreas em recuperação no PSB. 4. Monitoramento das áreas restauradas para verificação do sucesso das ações e da necessidade de manutenções. PLANO DE RECUPERAÇÃO DO MANGUEZAL 1º Ano Componente Atividades Procedimentos Internos 1. Elaboração de TDR para contratação de serviços para intervenção na área de mangue. Implantação do Projeto 2. Implantação das ações de isolamento e recuperação. 3. Instalação de placas de identificação na área do mangue. 4. Monitoramento da área de mangue para verificação do sucesso das ações e da necessidade de manutenções. 1º SEM 2º SEM 2º 3º 4º 5º Ano Ano Ano Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano PLANO DE PESQUISA Componente Infraestrutura Recursos Humanos Normas e Procedimentos Internos Atividades 1º Ano 1º 2º SEM SEM 1. Estabelecer e implementar infraestrutura mínima de apoio à pesquisa no Parque. 2. Estruturar equipe destinada a coordenar as atividades de pesquisa e manejo no PSB. 3. Capacitar guardaparques do PSB. 4. Implementar um procedimentos para autorização de pesquisa. 104 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Divulgação Resumo Executivo 5. Implementar um Programa de estágio. 6. Estabelecer e ampliar parcerias para pesquisa. 7. Incentivar a realização de pesquisas prioritárias. 8. Implementar um banco de dados das pesquisas e projetos de monitoramento. 9. Realizar um seminário sobre Pesquisa no PSB. PLANO DE MONITORAMENTO DOS ATIVOS NATURAIS E DO USO HUMANO Componente Atividades Ações de Monitoramento 1. Promover o monitoramento dos aspectos físico-químicos e biológicos dos recursos hídricos PSB. 2. Monitorar a cobertura vegetal do PSB. 3. Monitorar a resposta das áreas alagadas e florestais. 4. Monitorar a resposta da área de mangue. 5. Monitorar as populações de espécies cinegéticas e de espécies-chave do PSB. 6. Monitorar a população da espécie exótica – sagui-de-tufosbrancos. 7. Implantar sistema de monitoramento do uso público no PSB. 8. Implantar um sistema de monitoramento das atividades socioculturais e do PSB. 9. Monitorar aspectos socioeconômicos da comunidade do entorno do PSB e seus usuários. 10. Implementação do plano de monitoramento Ambiental da Pista de Borda. 1º Ano 1º 2º SEM SEM 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano 105 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo PLANO DE INTEGRAÇÃO COM O ENTORNO 1º Ano Componente Atividades 1º SEM 2º SEM 2º 3º 4º 5º Ano Ano Ano Ano 1. Articular com secretarias estratégicas do município, ações de formação e qualificação profissional com foco na Economia Solidária. 2. Articular atividades de formação e qualificação para jovens artistas com base na Economia Criativa. 3. Articular atividades de formação em ensino básico, médio e preparatório para o ENEM e vestibular. Parcerias Institucionais 4. Articular junto a Limpurb e às cooperativas de reciclagem da região, ações para ampliar a oferta do sistema de coleta de resíduos sólidos. 5. Articular junto a EMBASA ações para ampliar a oferta de serviços de coleta e tratamento de esgoto. 6. Articular junto a SUCOP, ações para melhorar a drenagem de águas pluviais. 7. Articular com a Secretaria Municipal de Saúde, a Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza, bem como associações e ONGs locais, campanhas de serviços de saúde e programas socioassistenciais e de 106 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo proteção social básica. 8. Implementar um Programa de Estágio e/ou Voluntariado para o PSB. 9. Apoiar o desenvolvimento/desenvolv er uma linha de produtos com a logomarca do Parque. Normas e Procedimentos Internos 10. Criar mecanismos que permitam contratar mão-de-obra temporária local para serviços de manutenção dos espaços do PSB. 11. Promover ações locais que gerem mudanças de reconhecimento do PSB no seu entorno, promovendo o engajamento de cidadãos da comunidade local com o Parque. Recursos Humanos 12. Capacitar o Gestor para presidir o Conselho Gestor Comunicação como apoio à Gestão 13. Instituir e oficializar o Conselho Gestor do Parque PLANO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Componente Atividades Parcerias Institucionais 1. Envolver o departamento de Comunicação da PMS e/ou SEDUR na elaboração de um Planejamento Estratégico de comunicação 1º Ano 1º 2º SEM SEM 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano 5. Consolidar a identidade visual do PSB. Ações de Comunicação 6. Produzir e operar sítio eletrônico oficial do PSB 7. Articular a participação do Parque em eventos culturais, 107 Plano de Manejo do Parque São Bartolomeu Resumo Executivo de meio ambiente e turísticos 8. Conduzir pesquisas de opinião pública periódicas para avaliar a percepção destes sobre o Parque 9. Divulgar ouvidoria sistema de 10. Criar comunicação comunidade canais com de a 11. Fazer clipping de notícias do PSB. 12. Veicular notícias sobre o PSB em mídias comunitárias e locais. 13. Desenvolver ações de educomunicação junto às populações e instituições do entorno. 14. Divulgar amplamente o Plano de Manejo do PSB 5. 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