Plano secreto do Irã para destruição da comunidade bahá`í

Transcrição

Plano secreto do Irã para destruição da comunidade bahá`í
Plano secreto do Irã para destruição da comunidade bahá’í
As iniciativas do Irã para impedir o acesso de bahá’ís à educação superior devem ser
vistos no contexto de toda uma política do governo de destruir a comunidade bahá’í como
uma entidade coesa.
Essa plataforma foi delineada em um memorando secreto, redigido em 1991, que
estabelece uma política nacional com o objetivo de um estrangulamento secreto da
comunidade bahá’í. Suas medidas ditam essencialmente que os bahá’ís devem ser
mantidos analfabetos e incultos, vivendo apenas uma vida de subsistência, temendo
sempre que a mais tênue infração lhes traga ameaça de aprisionamento ou algo pior.
O memorando claramente busca mudar as táticas de perseguição aberta usualmente
utilizadas, tais como matanças, torturas e aprisionamentos, para modos sutis de
perseguição, como restrições sociais, econômicas e culturais que aparentemente teriam
menor probabilidade de atrair intensa investigação e condenação internacional.
O memorando foi preparado pelo Supremo Conselho Cultural Revolucionário Iraniano
(SCCRI) a pedido do Supremo Líder da República Islâmica do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, e
o então presidente do Irã, Ayatollah Ali Akbar Hashemi Rafsanjani. Com o carimbo que o
marca como “confidencial”, o documento foi assinado por Hujjatu’l Islam Seyyed
Mohammad Golpaygani, Secretário do Conselho, e aprovado pelo Sr. Khamenei, que
adicionou sua assinatura ao documento.
Seu foco central é um chamado para que os bahá’ís sejam tratados de tal maneira que
“seu progresso e desenvolvimento sejam obstruídos”.
Para tanto, o memorando especifica que “posições de influência” devem ser negadas aos
bahá’ís, a quem deve-se permitir levar apenas “uma vida modesta, semelhante à da
população em geral”; e também que “pessoas que se identifiquem como bahá’ís não
devem receber oportunidades de emprego”.
Em termos de educação, o memorando afirma que os bahá’ís “devem ser expulsos das
universidades, seja no processo de admissão ou no decorrer de seus estudos, assim que
se venha a saber que são bahá’ís”.
O memorando instrui ainda que a matrícula e frequência escolar fica condicionada à não
identificação das crianças e jovens como bahá’ís, e que eles devem ser enviados a escolas
“com uma forte ideologia religiosa”, com o claro objetivo de afasta-los de sua fé.
Em 2006, um comunicado do diretor geral do Escritório Central de Segurança do
Ministério da Ciência, Pesquisa e Tecnologia – que supervisiona todas as universidades do
Irã administradas pelo estado – instruiu 81 universidades a expulsarem qualquer
estudante que seja descoberto como bahá’í.
Assinalado como ‘confidencial’, a carta diz: “Se a identidade de indivíduos bahá’ís se
tornar conhecida no momento da matrícula ou no decorrer de seus estudos, eles devem
ser expulsos da universidade”.
O comunicado faz também uma clara referência ao memorando secreto de 1991 e a seu
abrangente plano de ‘obstruir’ o desenvolvimento e progresso da comunidade bahá’í
iraniana.
O DOCUMENTO DO SCCRI
[Tradução do persa – texto com colchetes adicionados pelo tradutor]
Em Nome de Deus!
A República Islâmica do Irã
O Supremo Conselho Cultural Revolucionário Número:
1327/....
Data: 6/12/69 [25 de fevereiro de 1991]
Anexo: Nenhum
CONFIDENCIAL
Dr. Seyyed Mohammad Golpaygani Chefe do Escritório do Estimado Líder [Khamenei]
Saudações!
Após as saudações, com relação à carta #1/783 datada de 10/10/69 [31 de dezembro de
1990], referente às instruções do Estimado Líder, que haviam sido levados ao
conhecimento do Respeitado Presidente quanto à questão bahá’í, informamos que, desde
que o respeitado Presidente e o Chefe do Supremo Conselho Cultural Revolucionário
encaminharam esta questão a este Conselho para consideração e estudo, ela foi colocada
na agenda do Conselho para as sessões #128 em 16/11/69 [5 de fevereiro de 1991] e
#119 de 2/11/69 [22 de janeiro de 1991]. Além do acima mencionado e do [resultado das]
discussões realizadas sobre isso na sessão #112 de 2/5/66 [24 de julho de 1987] presidida
pelo Estimado Líder (Chefe e membro do Supremo Conselho), as recentes considerações e
diretrizes apresentadas pelo Estimado Líder referentes à questão bahá’í foram
transmitidas ao Supremo Conselho. Em relação ao conteúdo da Constituição da República
Islâmica do Irã, bem como às leis religiosas e civis e políticas gerais do país, estes
assuntos foram cuidadosamente estudados e decisões foram tomadas.
Para a tomada de decisão e proposição de maneiras razoáveis de oposição à questão
acima, foi dispensada a devida consideração aos pedidos da estimada Liderança da
República Islâmica do Irã [Khamenei], isto é, que “em relação a isso, deve ser planejada
uma política específica de modo que todos entendam o que deve ser feito ou não deve ser
feito”. Consequentemente, as seguintes propostas e recomendações resultaram dessas
discussões.
O respeitado Presidente da República Islâmica do Irã, bem como o Chefe do Supremo
Conselho Cultural Revolucionário, ao aprovarem estas recomendações, instruíram-nos a
transmiti-las ao Estimado Líder [Khamenei], de modo que providências apropriadas
possam ser tomadas de acordo com sua orientação.
RESUMO DOS RESULTADOS DAS DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES
A. Situação geral dos bahá’ís dentro do sistema do país
1. Eles não serão expulsos do país sem motivo.
2. Eles não serão detidos, aprisionados ou penalizados sem motivo.
3. O tratamento do governo para com eles deve ser tal que seu progresso e
desenvolvimento seja obstruído.
B. Situação educacional e cultural
1. Eles podem se matricular em escolas contanto que não tenham se identificado como
bahá’ís.
2. Preferencialmente, eles devem ser matriculados inscritos em escolas que tenham uma
ideologia religiosa forte e impositiva.
3. Eles devem ser expulsos das universidades, seja no processo de admissão ou no
decorrer de seus estudos, uma vez que se saiba que são bahá’ís.
4. Suas atividades políticas (espionagem) devem ser tratadas de acordo com leis e
políticas governamentais apropriadas, e suas atividades religiosas e de propaganda
devem ser combatidas com respostas religiosas e culturais, bem como de propaganda.
5. Instituições de propaganda (tal como a Organização de Propaganda Islâmica) devem
estabelecer uma seção independente para se opor às atividades religiosas e de
propaganda dos bahá’ís.
6. Deve-se elaborar um plano para confrontar e destruir suas raízes culturais fora do país.
C. Situação legal e social
1. Permitir-lhes um sustento modesto conforme acessível à população em geral.
2. É permissível prover-lhes os meios de subsistência ordinária, de acordo com os direitos
gerais concedidos a qualquer cidadão iraniano, tais como livretos de racionamento,
passaportes, certificados de sepultamento, autorizações de trabalho, etc, na medida em
que isso não os encoraje a serem bahá’ís.
3. Negar-lhes emprego caso se identifiquem como bahá’ís.
4. Negar-lhes qualquer posição de influência, tais como no setor educacional, etc.
Desejando-lhes confirmações divinas,
Secretário do supremo Conselho Cultural Revolucionário
Dr. Seyyed Mohammad Golpaygani
[Assinatura]
[Nota manuscrita pelo Sr. Khamenei]
Em Nome de Deus!
A decisão do Supremo Conselho Cultural Revolucionário parece suficiente. Agradeço aos
cavalheiros por sua atenção e empenho.

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