a efetividade da reabilitação vestibular na síndrome labiríntica

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a efetividade da reabilitação vestibular na síndrome labiríntica
A EFETIVIDADE DA REABILITAÇÃO VESTIBULAR NA SÍNDROME
LABIRÍNTICA PERIFÉRICA IRRITATIVA
ZANDOMENIGHI, P. M. C.; LOPES, J.
Resumo: A reabilitação vestibular com o uso do protocolo de Cawthorne-Cooksey
(PCC) tem sido muito utilizado na síndrome labiríntica periférica irritativa (SLPI),
porém sem evidências de manutenção dos seus efeitos. O objetivo do estudo foi
comparar a eficácia do PCC a curto e longo prazo na SLPI. Foi realizado um
estudo coorte de 3 pacientes submetidas a 10 sessões de PCC com avaliação a
curto e longo prazo. O PCC é efetivo da SLPI com duração dos efeitos a curto e
longo prazo.
Palavra chave: Síndrome labiríntica periférica irritativa; Reabilitação Vestibular;
Protocolo de Cawthorne-Cooksey;
Abstract:
The vestibular rehabilitation using the Cawthorne-Cooksey Protocol (CCP) hás
been used in periferic labirintous syndrome (PLS), although without evidences of
maintance of effects. The objective of this study was to compare the efficacy of
CCP in short and long period in PLS. It was perfomed a cohort study in 3 patients
submitted to 10 sessions of CCP with short and long period assessment. The CCP
is effective in PLS with maintance of effects in short and long period after.
Keywords: Periferic labirintous syndrome; Rehabilitation vestibular; CawthorneCooksey Protocol;
Introdução:
A disfunção vestibular tem sido a característica mais comum na população.
A queixa de tontura é a incidência mais relatada entre os adultos, aumentando
com a idade (O’SULLIVAN, 2010). Atualmente, além da tontura pode ser
evidenciado
outros
sinais
como
vertigens,
zumbido,
náuseas,
tonturas,
instabilidade postural, visão turva e até mesmo a ataxia da marcha (UMPHRED,
2004). Segundo Zambenedetti, Sleifer e Fiorini (2011) essas manifestações estão
presentes em 5 a 10% da população, atingindo aproximadamente 47% dos
homens e 61% das mulheres com mais de 70 anos.
As vestibulopatias são divididas em dois grupos de acordo com a sua
origem: as síndromes vestibulares periféricas (labirintopatias) e as centrais
(FUNABASHI et. al., 2009) que podem ser classificadas em síndromes deficitárias
(em que há uma diminuição da atividade do labirinto); ou síndromes irritativas (em
que há um aumento da atividade do labirinto). Inúmeras são as doenças que
podem acometer as estruturas centrais e periféricas, os dois distúrbios
apresentarão sintomas semelhantes, porém com características diferentes.
A preocupação sobre o impacto que a doença causa ou com a melhor
intervenção a ser utilizada é de suma importância, para isso os profissionais
indicam a intervenção medicamentosa, cirúrgica ou então a reabilitação vestibular
(RV) que age fisiologicamente sobre o sistema vestibular (SV) de maneira prática,
segura, não invasiva e sem efeitos colaterais (NETO et. al., 2013).
Tal
abordagem visa a melhora do equilíbrio global, qualidade de vida e restauração
da orientação espacial por meio de exercícios que estimulam os fenômenos de
plasticidade neuronal.
Dentre os métodos de RV destaca-se o protocolo de Cawthorne-Cooksey
(PCC), que utiliza exercícios para que novas informações sensoriais aconteçam e
permite que novos padrões vestibulares passem a ser realizados de forma
automática, o mesmo envolve movimentos cefálicos, coordenação óculo-cefálico,
movimentos corporais globais e tarefas de equilíbrio, sendo estes realizados em
várias posições e diferentes velocidades de movimento (HERDMAN, 2002) que
sejam executados de olhos abertos e de olhos fechados e que sejam treinados
em diferentes ambientes.
Diversos são os exercícios vestibulares que buscam promover a melhora
do equilíbrio global, QV e restauração da orientação espacial o mais próximo do
fisiológico através dos fenômenos de neuroplasticidade, porém, existe uma
escassez de estudos que demonstrem a efetividade da RV a longo prazo. Assim o
objetivo do trabalho foi avaliar a efetividade da RV a longo prazo na síndrome
labiríntica periférica irritativa aplicando o PCC.
Referenciais teórico-metodológicos
Foi realizado um estudo do tipo coorte prospectivo de indivíduos com
diagnóstico de disfunção vestibular periférica irritativa, atendidos no ambulatório
de Fisioterapia da Clínica Escola de Fisioterapia e Nutrição Drª Sonia Gusman –
FAP, provenientes de uma amostra de conveniência.
Como critério de inclusão foram selecionados pacientes com diagnóstico
otorrinolaringológico de síndrome labiríntica periférica irritativa e história de
sintomas vestibulares. Foram excluídos quadros associados a outras doenças
vestibulares; doenças neurológicas, neoplásicas, de origem central; pacientes
portadores de distúrbios músculos esqueléticos e psicoemocionais e cognitivos.
Todos os indivíduos foram avaliados utilizando um questionário sócio
clínico (dados pessoais, história clínica e diagnóstico). Foram realizados exames
físicos e aplicado a escala Dizziness Handicap Inventory (DHI) em três momentos
(exame inicial, exame após 10 sessões do PCC (curto prazo) e 4 meses após o
término (longo prazo)).
O exame físico foi realizado pelo mesmo examinador e era composto por
Teste de romberg e versões sensibilizadas, Teste de Fukuda - Teste de
Unterberger, Manobra de Dix-hallpike, Manobra Liberatória de Semont e Escala
DHI (HERDMAN, 2002). O DHI é composto por 25 questões, das quais sete
avaliam os aspectos físicos, nove os aspectos emocionais e nove os funcionais,
quanto maiores os valores do escore maiores os “prejuízos” na qualidade de vida.
Os indivíduos foram submetidos a um protocolo de atendimento contendo
um total de 20 sessões, com frequência de 2 vezes semanais com duração de 40
minutos cada sessão. O procedimento de tratamento proposto foi o PCC
composto por 4 tipos de atividades, cada tipo contém de 2 a 5 tarefas, realizadas
em séries de 5 repetições.
A análise dos dados foi realizada de modo descritivo para as variáveis
contínuas. O teste de Shapiro-Wilk foi realizado para distribuição amostral. As
variáveis QV e resultado da aplicação do protocolo de Cawthorne-Cooksey foram
analisadas pelo teste t Mann-Whitney. Foi utilizado o programa Statiscal Packoge
for Social Science (versão 20) considerando P ≤ 0.05.
Conclusão
Participaram do estudo três indivíduos do sexo feminino, com média de
idade 61 ± 16,56 anos, com tempo médio de diagnóstico 1 ± 0,57 anos. Verificouse uma melhora em todas as escalas avaliadas por meio da comparação do DHI
pré e pós-reabilitação (P=0,04). A média dos resultados do DHI pré e pós foi 60 e
36 pontos, respectivamente. Houve manutenção dos efeitos a curto (P = 0,04) e
longo prazo (P=0,05). O PCC é efetivo no tratamento da síndrome labiríntica
periférica irritativa com duração dos efeitos a curto e longo prazo.
Referências bibliográficas
1. FUNABASHI, M. et al. Proposta de avaliação fisioterapêutica para
pacientes
com
Movimento,
distúrbio
Curitiba,
do
equilíbrio
v.22,
n.4,
postural.
2009.
Fisioterapia
em
Disponível
em
˂http://www2.pucpr.br/reol/index.php/rfm?dd1=3386&dd99=view˃. Acesso
em: 13 ago. 2013.
2. HERDMAN, S.J. Reabilitação Vestibular. 2 ed. Barueri - São Paulo:
Manole; 2002.
3. NETO, J.S de M. et al. Reabilitação vestibular em portadores de vertigem
posicional paroxística benigna. Revista CEFAC, São Paulo, Mai-Jun. 2013.
Disponível em ˂ http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v15n3/08-11.pdf˃. Acesso
em: 30 jun. 2013.
4. O’SULLIVAN, S.B; SCHMITZ, T.J. Fisioterapia: avaliação e tratamento.
5ªed. Barueri - São Paulo: Manole; 2010.
5. UMPHRED, D.A. Reabilitação Neurológica, 4ª ed, Manole, 2004.
6. ZAMBENEDETTI, M; SLEIFER, P; FIORINI, A.C. Perfil otoneurológico e
sintomatológico em pacientes vertiginosos. Distúrb Comun, São Paulo,
2011, pg. 81.