literatura infantil e juvenil

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literatura infantil e juvenil
Coleção
Coleção
educação em análise
educação em análise
A literatura é um campo privilegiado para ocultar/desocultar sentidos, e os
livros contemporâneos (muitas vezes plenos de mensagens que vão além do
texto literário, estabelecendo diálogos diversos com as ilustrações e outros
recursos multimédia), sobretudo os livros de literatura infantil e juvenil, exigem
um nível de literacia complexo que implica saber reconhecer e interpretar as
imagens e os reflexos múltiplos daquilo a que chamámos o «efeito de espelho».
cados neste processo, sendo necessário conhecer os textos literários e as suas
relações com outros media, para que a reflexão crítica e a abertura à inovação
aconteçam de forma consistente.
Tentamos, assim, neste livro, sistematizar a criação na literatura infantil e juvenil
portuguesa das últimas décadas e apresentar algumas reflexões teóricas que
contribuam para que os educadores, de uma forma geral, se deixem aliciar
pelos textos, mobilizando também as crianças e os jovens para os jogos de
sedução da literatura, com a capacidade de o fazerem de forma consciente e
criativa e não num processo de alienação.
Literatura infantil e juvenil
Escritores, ilustradores, educadores, mediadores e editores estão todos impli-
Ângela Balça é Professora
Auxiliar no Departamento de
Pedagogia e Educação da Universidade de Évora. É licenciada em Línguas e Literaturas
Modernas — Estudos Portugueses, pela Universidade
Nova de Lisboa e doutorada em Ciências da Educação pela Universidade de Évora. Em 2010, foi Professora Visitante na Universidade Estadual Paulista,
São Paulo, Brasil. É membro do CIEP — Centro de
Investigação em Educação e Psicologia da Universidade de Évora e Coordenadora, em Portugal, da
Rede Internacional de Universidades Leitoras (RIUL).
Orienta trabalhos académicos na área do Ensino da
Língua Materna, Literatura Infantil e Bibliotecas
Escolares, em Portugal, Espanha e Brasil. Publicou
artigos em livros e revistas internacionais nas áreas
mencionadas.
Maria da Natividade
Carvalho Pires é Profes-
Literatura
infantil e juvenil
Formação de leitores
Ângela Balça • Maria da Natividade Carvalho Pires
sora Coordenadora na Escola
Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo
Branco. Tem um mestrado em
Literatura Comparada Portuguesa e Francesa e é doutorada em Literatura
Portuguesa pela Universidade de Coimbra. É responsável por várias unidades curriculares no âmbito
da formação inicial de professores e de formações
pós-graduadas. Tem desenvolvido investigação nas
áreas de Literatura Tradicional e Literatura Infantil.
Possui obras publicadas nestes domínios, incluindo
a sua relação com a educação intercultural. Integra
o Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT),
da Universidade Nova de Lisboa, e a Rede Internacional de Universidades Leitoras (RIUL).
As autoras integram a Rede Internacional
de Universidades Leitoras (RIUL)
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Literatura
infantil e juvenil.
Formação
de leitores.
Ângela Balça e Maria da Natividade Pires
EQUIPA TÉCNICA
Chefe de Equipa Técnica: Patrícia Boleto
Modelo Gráfico e Capa: Carla Julião
Foto da Capa: Fernando Albuquerque Costa
Paginação: Sérgio Pires
Documentalistas: Luísa Rocha
Revisão: Catarina Pereira
Coordenação da coleção: Alexandra Marques
© 2012
Estrada da Outurela, 118
2794-084 CARNAXIDE
APOIO AO PROFESSOR
Tel.: 214 246 901
Fax: 214 246 909
[email protected]
Internet: www.santillana.pt
Impressão e Acabamento: Rolo & Filhos II, S.A.
ISBN: 978-989-708-230-6
1.a Edição
2.a Tiragem
Depósito Legal: 351258/12
ÍNDICE
5
Apresentação da obra
9
Sobre os autores
13
Capítulo I — Literatura tradicional: um filão para a literatura infantil
e juvenil
31
Capítulo II — Literatura, cânone, clássicos
31
De que falamos quando falamos de literatura?
37
O cânone literário
Alguns aspetos da história (e da polémica em torno do cânone):
quem legitima o quê?
44
Os clássicos: um caso particular na construção do cânone?
46
Breves reflexões conclusivas
51
Capítulo III — Literatura infantil e educação literária
51
Uma aproximação ao conceito
55
A importância da educação literária na formação das crianças e dos jovens
59
Capítulo IV — Autores, ilustradores e textos
63
Temáticas inovadoras
79
Literatura de e sobre os países lusófonos
82
Temas de caráter histórico
85
Temas clássicos
92
Autores reconhecidos na literatura para adultos
94
Ilustração
96
As coleções
101
Capítulo V — Itinerários de leitura
104
Itinerários de leitura: narrativa
110
Itinerários de leitura: poesia
3
Apresentação da obra
A literatura e a educação literária são, na sua essência, um
jogo de sedução. Sem ele, a relação do leitor com o texto será
sempre e apenas uma relação de dever, de tecnicismo, de formalidade e nunca uma relação marcada pelo afeto, pela emoção,
pelo prazer.
Se o século do Barroco, com o seu expoente máximo na
corte de Luís xiv, foi uma época que se caracterizou pelos jogos de
sedução, representados pelo princípio de ocultar/desocultar, nos
efeitos sobrepostos de embelezamento do corpo e das roupas das
pessoas, nos espaços onde estas circulavam (decorações de interiores ou de jardins) e na própria literatura; na contemporaneidade,
eventualmente de forma menos explícita ou exuberante, mas mais
englobante, a sedução domina a sociedade atual.
Sem escamotearmos as situações de pobreza e a falta
de acesso à educação escolar por parte de milhões de crianças
mesmo no século xxi, o acesso à alfabetização, à leitura e ao livro
é uma preocupação central, sendo o objetivo n.º 2 da UNESCO.
«Atingir o ensino básico universal» («Erradicar a pobreza extrema
e a fome» é o 1.º objetivo).
5
Literatura infantil e juvenil. Formação de leitores.
Os efeitos de espelho — multiplicando imagens, luzes,
amplificando espaços requintados — pertenciam, no século xvii,
a uma vivência limitada a classes sociais privilegiadas; mas, atualmente, apesar das limitações referidas, milhões de cidadãos,
em particular as crianças, convivem com artefactos artísticos que
exigem uma capacidade multifacetada de descodificação para
que seja possível entender o mundo e as suas representações mais
ou menos realistas, mais ou menos fantasistas ou mágicas.
A literatura é um campo privilegiado para ocultar/desocultar
sentidos, e os livros contemporâneos (muitas vezes plenos de
mensagens que vão além do texto literário, estabelecendo
diálogos diversos com as ilustrações e outros recursos multimédia),
sobretudo os livros de literatura infantil e juvenil, exigem um nível
de literacia complexo que implica saber reconhecer e interpretar as imagens e os reflexos múltiplos daquilo a que chamámos
o «efeito de espelho». Escritores, ilustradores, educadores, mediadores e editores estão todos implicados neste processo, sendo
necessário conhecer os textos literários e as suas relações com
outros media, para que a reflexão crítica e a abertura à inovação
aconteçam de forma consistente.
Tentamos, assim, neste livro, sistematizar a criação na literatura infantil e juvenil portuguesa das últimas décadas e apresentar
algumas reflexões teóricas que contribuam para que os educadores, de uma forma geral, se deixem aliciar pelos textos, mobilizando também as crianças e os jovens para os jogos de sedução
da literatura, com a capacidade de o fazerem de forma consciente
e criativa e não num processo de alienação.
Apresentamos, de seguida, a estrutura deste livro. No primeiro
capítulo da obra, intitulado «Literatura tradicional: um filão para a
literatura infantil e juvenil», debruçamo-nos sobre a inesgotável
fonte que a literatura tradicional representa para a constituição da
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Apresentação da obra
literatura infantil e juvenil, mesmo nos dias de hoje. O capítulo ii
é da responsabilidade de Paulo Costa e intitula-se «Literatura,
cânone, clássicos»; nesta parte, abordam-se e discutem-se estes conceitos fundamentais no âmbito dos estudos literários. O capítulo iii,
da autoria de Fernando Azevedo, tem como título «Literatura
Infantil e Educação Literária». Nele, o autor aborda o conceito
de literatura infantil e juvenil, bem como discorre sobre o papel
desempenhado por esta matriz literária para a formação dos
leitores mais jovens. As tendências atuais, os autores, os ilustradores
e os textos de literatura infantil e juvenil são objeto do nosso
olhar no capítulo iv deste livro, justamente intitulado «Autores,
ilustradores e textos». Aqui procuramos traçar uma breve e possível panorâmica do mundo da literatura infantil e juvenil em
Portugal, desde a Revolução de 25 de abril de 1974 até aos
dias de hoje. Por último, no capítulo v, trazemos dois itinerários
de leitura, um sobre narrativa e outro sobre poesia, centrados
no modelo Literature based reading program, de Ruth Yopp
e Hallie Yopp, onde procuramos desafiar os mediadores de leitura,
nomeadamente os docentes, a viajarem pela literatura infantil
com as crianças.
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Sobre os autores
Ângela Balça é Professora Auxiliar no Departamento de Pedagogia e Educação da Universidade de Évora. É licenciada em Línguas
e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses, pela Universidade
Nova de Lisboa e doutorada em Ciências da Educação pela Universidade de Évora. Em 2010, foi Professora Visitante na Universidade Estadual Paulista, São Paulo, Brasil. É membro do CIEP —
Centro de Investigação em Educação e Psicologia da Universidade
de Évora e Coordenadora, em Portugal, da Rede Internacional
de Universidades Leitoras (RIUL). Orienta trabalhos académicos na
área do Ensino da Língua Materna, Literatura Infantil e Bibliotecas Escolares, em Portugal, Espanha e Brasil. Publicou artigos em
livros e revistas internacionais nas áreas mencionadas.
Maria da Natividade Carvalho Pires é Professora Coordenadora
na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo
Branco. Tem um mestrado em Literatura Comparada Portuguesa
e Francesa e é doutorada em Literatura Portuguesa pela Universidade de Coimbra. É responsável por várias unidades curriculares no âmbito da formação inicial de professores e de formações
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Literatura infantil e juvenil. Formação de leitores.
pós-graduadas. Tem desenvolvido investigação nas áreas de
Literatura Tradicional e Literatura Infantil. Possui obras publicadas
nestes domínios, incluindo a sua relação com a educação intercultural. Integra o Instituto de Estudos de Literatura Tradicional
(IELT), da Universidade Nova de Lisboa, e a Rede Internacional de
Universidades Leitoras (RIUL).
Fernando Azevedo é Professor Associado com Agregação do Instituto de Educação da Universidade do Minho, onde é o responsável pela regência de unidades curriculares de pós-graduação nas
áreas da Literatura Infantil e Juvenil e Formação de Leitores. É Doutor em Ciências da Literatura e membro do Centro de Investigação
em Estudos da Criança (CIEC), integrando igualmente o Observatório de Literatura Infanto-Juvenil (OBLIJ) e a Rede Internacional de
Universidades Leitoras (RIUL). Possui obras publicadas nos domínios
da hermenêutica textual, literatura infantil e formação de leitores.
Paulo Jaime Lampreia Costa é, desde julho de 2007, Professor
Auxiliar do Departamento de Pedagogia e Educação da Universidade de Évora. É licenciado em Ensino de Português e Francês e
doutorado em Ciências da Educação pela Universidade de Évora,
tendo apresentado a provas públicas a tese intitulada A Literatura
na Escola: Estatuto, Funções e Formas de Legitimação. Ao nível da
atividade docente, é responsável pela regência de unidades curriculares de pós-graduação, especialmente na área da formação de professores. Os seus interesses de investigação centram-se, de forma particular, em temáticas como o ensino da literatura e a educação literária.
É, presentemente, Diretor de Curso do Mestrado em Ensino do
Português no 3.º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário e de
Espanhol no Ensino Básico e Ensino Secundário.
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Sobre os autores
Integra o Centro de Investigação em Psicologia e Educação (CIEP-
-UE) e a Rede Internacional de Universidades Leitoras (RIUL).
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