RESENHA
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RESENHA
Argumentação • 1 Resenha >> Leia o texto transcrito a seguir para responder às questões de 1 a 7. Direto do coração das trevas Como o Coringa, Heath Ledger é o que o novo Batman tem de mais excitante — e de mais devastador “Esta cidade merece criminosos melhores”, diz o Coringa, desdenhando dos que o precederam na missão de flagelar Gotham. E isso, de fato, é o que Batman: o cavaleiro das trevas (The dark knight, Estados Unidos), que estreia nesta sexta-feira, 18 de julho de 2008, no país, tem a oferecer — não só o melhor vilão de todas as adaptações dos quadrinhos para o cinema, como também, mais propriamente, o primeiro que não é uma caricatura ou uma invenção pueril, mas uma verdadeira força da aniquilação e da ruína. Na última e estupenda criação de Heath Ledger (morto em 22 de janeiro de 2008, de overdose acidental de medicamentos), o Coringa é algo que se pode temer: alguém cujo desejo único é destruir os outros, e tudo; e cujos motivos é possível intuir, mas não medir nem compreender. O mais existencialista dos super-heróis ganha, assim, um adversário que é o seu exato oposto e complemento — um niilista. De Amnésia e Insônia a O grande truque, o interesse do diretor inglês Christopher Nolan esteve sempre aí, no que acontece a uma pessoa quando uma distorção passa a defini-la. Batman Begins, destinado a restabelecer as origens da personagem, se desviava dessa rota, e talvez por isso deixasse a sensação de que algo fundamental lhe faltava. Agora, Nolan retoma seu tema com ímpeto redobrado: a distorção que é o Coringa passa aqui a definir também Batman. Na verdade, quase que o explica. Tudo o que o milionário Bruce Wayne e seu alter ego heroico têm de perfeito e composto, o Coringa tem de desfeito e desorganizado — a maquiagem tosca e borrada, a voz estranha, a sujeira do cabelo, as roupas mal costuradas, a absoluta ausência de autocensura. Sabiamente, O cavaleiro das trevas se recusa a dar a ele uma identidade e uma história pregressa: de certa forma, como na novela célebre concebida por Oscar Wilde, Batman seria Dorian Gray, sempre jovem e íntegro, enquanto o Coringa seria o retrato que Dorian esconde no sótão, e no qual ficam impressas as marcas de sua corrupção e degradação. Em O cavaleiro das trevas, a tese não é apenas que os super-heróis dependem de vilões para existir; é que eles mudam no contato com a torpeza, e não para melhor. O impacto do Coringa, assim, não se fará sentir apenas sobre Batman, mas também sobre o procurador Harvey Dent (Aaron Eckhart), cuja estrela está subindo graças à perseguição que empreende contra os mafiosos de Gotham. Dent mexe onde mais lhes dói — no bolso —, e os criminosos se vingam lançando sobre a cidade o apocalipse que é o Coringa. De volta à sua zona de conforto, Nolan faz tudo o que não pôde fazer em Batman Begins. O pessimismo é quase insuportável, as cenas de ação (rodadas no sistema Imax, que lhes confere excepcional profundidade e nuance) são uma expressão do caos, e os reveses Argumentação • 2 de Gotham se acumulam até o descontrole. Também o elenco encontra terreno mais bem preparado em que exercitar seus muitos pontos fortes. As atuações são nunca menos que excelentes, de Christian Bale como Bruce Wayne/Batman a Michael Caine, Morgan Freeman, Aaron Eckhart, Maggie Gyllenhaal (substituindo, com grande vantagem, a inexpressiva Katie Holmes) e Gary Oldman — como o triste, gentil e torturado comissário Gordon. Um degrau acima, contudo, está o trabalho de Ledger, que exprime o prazer do Coringa na própria decomposição com uma originalidade arrebatadora, tão afinada nos seus aspectos intuitivos quanto nos técnicos (a voz, um estudo sobre os timbres agudos e anasalados de Marlon Brando, conta como uma personagem em si). Christopher Nolan escolheu o australiano ao vê-lo como o caubói Ennis Del Mar em O segredo de Brokeback Mountain e constatar que estava diante de uma criatura virtualmente mitológica — um ator sem vaidade. [...] Ledger é o que há ao mesmo tempo de mais excitante e de mais devastador. Se aos 28 anos um ator foi capaz desse assombro, mal é possível imaginar o que o cinema perdeu. BOSCOV, Isabela. Veja on-line. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/160708/p_162.shtml>. Acesso em: 16 out. 2008. Pueril: infantil. Niilista: pessoa que adota o ponto de vista segundo o qual não há qualquer sentido ou utilidade na existência. Alter ego (latim): outro eu, um segundo eu; outro aspecto da identidade de uma pessoa. Oscar Wilde: escritor irlandês cujo único romance, O retrato de Dorian Gray, trata da arte, da vaidade e das manipulações humanas. Imax: técnica de filmagem em terceira dimensão e alta definição que aumenta enormemente a resolução da imagem. 1. Qual é a finalidade do texto “Direto do coração das trevas”? 2. Que informações objetivas o leitor pode obter a partir da leitura do texto? 3.O segundo parágrafo caracteriza-se por sua natureza mais informativa. Os demais parágrafos apresentam outra característica. 4Qual é ela? 4Identifique, no primeiro parágrafo, marcas linguísticas que explicitam essa característica. 4. Como o leitor do texto deve lidar com cada uma dessas sequências de parágrafos? Explique. 5. Embora o segundo parágrafo tenha natureza informativa, em alguns trechos, a opinião do autor do texto começa a se manifestar. 4Identifique-os. 4Por que esses trechos revelam a opinião do autor do texto? 6. A avaliação feita por Isabela Boscov sobre Batman: o cavaleiro das trevas é positiva ou negativa? Explique. 7. Como pode ser interpretado o título do texto?
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