Departamento de Ciência da Informação LAURA MARIANE DE

Transcrição

Departamento de Ciência da Informação LAURA MARIANE DE
Departamento de Ciência da Informação
LAURA MARIANE DE ANDRADE
APLICABILIDADE DE RECURSOS WEB 2.0 EM BIBLIOTECAS
Marília
2009
LAURA MARIANE DE ANDRADE
APLICABILIDADE DE RECURSOS WEB 2.0 EM BIBLIOTECAS
Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) apresentado ao Conselho de
Curso de Biblioteconomia como parte
das exigências para a obtenção do
título de bacharel em Biblioteconomia
da Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista.
Linha de Pesquisa: Informação e
Tecnologia
Orientador: Ricardo César Gonçalves
Santana
Marília
2009
Andrade, Laura Mariane de.
A553a
Aplicabilidade de recursos web 2.0 em bibliotecas
/ Laura Mariane de Andrade – Marília, 2009.
87 f.; 30 cm.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Biblioteconomia) – Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista, 2009.
Orientador: Dr. Ricardo César Gonçalves Santana.
1. Web 2.0. 2. Bibliotecas. 3. Wikis. 4. Blogs. 5.
Twitter. I. Autor. II. Título.
CDD 025.04
LAURA MARIANE DE ANDRADE
APLICABILIDADE DE RECURSOS WEB 2.0 EM BIBLIOTECAS
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
apresentado ao Conselho de Curso de
Biblioteconomia,
como
parte
das
exigências para obtenção do título de
Bacharel
em
Biblioteconomia,
da
Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista.
Linha de
Tecnologia
Membros da Banca Examinadora:
__________________________________________
Nome: Ricardo César Gonçalves Santana
Titulação: Doutorado
Universidade Estadual Paulista
__________________________________________
Nome: Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti
Titulação: Doutorado
Universidade Estadual Paulista
__________________________________________
Nome: José Eduardo Santarem Segundo
Titulação: Mestrado
Universidade Estadual Paulista
pesquisa:
Informação
e
Ao Xzu,
que nunca me foi Pedro, mas nem por isso me foi distante.
Àquele que sempre tinha um sorriso largo no rosto
e um quê de bobo que nos fazia pessoas melhores.
Que na fugacidade da vida consegue ser eterno aos amigos que cativou.
Agradecimentos
À minha mãe, Marcus, e Laísa, que sempre foram fundamentais, mais do que tudo e todos,
para que eu conseguisse passar esses quatro anos em Marília. E sempre serão.
Ao tio Milton, que muitas vezes me fez o papel de pai e sempre esteve disposto a ajudar
quando precisei.
Ao meu orientador, prof. Ricardo, que foi compreensível perante os momentos difíceis e
sempre acreditou em mim.
Ao Juan, João, e Vi, que me acompanham desde antes da faculdade e sempre me
apoiaram.
Aos meninos do fórum: Cadu, Vini, Nandoss, Noel, Michel, Igor. Ao Felipe, que sempre foi
meu porto seguro.
À Ana, Giza (minha mema coisa), Lélia, Bruno, Danúbia, Gil, Gui, Dadi, Picareta, Ymorian,
por fazer parte dos momentos mais felizes.
À Marta, Hevelyn, Iuri, Rapha Xavier, Marcos, Andrezinho, Manú, Noemi, Cínthia, Fernando
por me adotarem logo de cara como bixete e me ensinarem os primeiros passos em Marília.
Às meninas de Arquivo: Naty, Luana e Andreza, aos amigos de Erebds e Enebds que me
são tão especiais. Ao COILDE (principalmente Daniel e Josh). Nunca serão!
Ao CABiblio, Labi, ExREBD e as pessoas envolvidas, pela maturidade que me
proporcionaram.
E aos amigos especiais, que me apoiaram quando mais precisei, que dividiram o peso
comigo (esse TCC também é de vocês): Carlitos, que me acolheu na sua casa sem pensar
duas vezes. Dani, que me apoiou, deu abrigo e foi companheira de muitas histórias. Gleicy,
que é amiga, filha, conselheira, cozinheira e que foi meu maior apoio pra conseguir decidir o
que é melhor e finalizar o necessário, meu grilo falante (e como fala!). Kana, docinho
nipônico que eu não tenho palavras pra descrever o quanto tem sido importante desde o
começo. Lucas, pelos momentos de ócio, brisas, pelo socorro sempre valioso e ter sempre
paciência comigo. Você é ótimo, cara, não sei como aguentou! Maíra, pelas piadas,
descrenças, piadas, descrenças... E ironias, além de todo o resto. Thiago, pela
compreensão e vontade de me ver bem, até pelas brigas...
Por fim, a todos que contribuíram de alguma forma para a conclusão desse trabalho, e
àqueles que porventura se utilizem dessa pesquisa, que possa ser útil.
ANDRADE, Laura Mariane de. Aplicabilidade de recursos web 2.0 em
bibliotecas. 2009. 87 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Biblioteconomia) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual
Paulista, Marília, 2009.
Resumo
A Web 2.0 é uma nova forma de se tratar a Web, incorporando novas perspectivas
como: maior comprometimento com o usuário, busca constante de reutilização de
dados e serviços, funcionalidades mais próximas àquelas já oferecidas pelos
aplicativos para desktop e foco na valorização dos dados. Os bibliotecários
começam a perceber a importância da utilização deste recurso, que pode
proporcionar, tanto ao profissional da informação quanto ao usuário, vantagens nos
processos de armazenamento, recuperação e compartilhamento de informações.
Esta nova visão aplicada a Web, quando utilizada na biblioteca vêem promovendo a
interação e colaboração dos usuários no ambiente da biblioteca. Portanto, estuda-se
a Web 2.0, sua aplicabilidade e formas de utilização, valendo-se de tecnologias
emergentes (recursos para criação compartilhada de conteúdo, blogs, microblogs e
agregadores de notícias, em sites) com foco de utilização nas bibliotecas
universitárias para analisar como esse novo modelo tem se tornado mais atrativo e
conhecido para o bibliotecário, agregando valor ao serviço por ele prestado ao seu
usuário, além de incentivar o seu uso visando principalmente o usuário. Através de
um estudo comparativo sobre as bibliotecas que fazem uso dos recursos
apresentados e de que forma os utilizam no âmbito nacional, espera-se amenizar o
desconforto gerado pelas mudanças e abrir caminho para a implantação e
conscientização desses novos recursos em bibliotecas no futuro.
Palavras-Chave: Web 2.0. Wikis. Blogs. Twitter. RSS.
Abstract
The Web 2.0 is a new way to deal with the Web, incorporating new perspectives like:
higher engagement within user, constant seek for services and data reuse,
functionalities closer by those yet offered by applications for desktop and a focus on
data valorization. Librarians start to perceive the importance on the use of this
resource, which can provide, as for information professionals as for users,
advantages in information storage, retrieval and sharing. This new vision applied to
Web, when utilized at the library promote interaction and collaboration of the user in
library environment. Therefore, the Web 2.0 is analyzed, its applicability and
utilization forms, making use of emerging technologies (resources for shared creation
of contents, blogs, microblogs and news aggregators, in websites) focusing the
utilization at university libraries analyzing how this new model is becoming more
attractive and known for the librarian, aggregating value to the service performed by
the professional to its user, moreover encouraging the use mainly aimed at user.
Throughout a comparative study about libraries that use the resources presented and
how they use it in national scope, we suppose appease the discomfort created by
changes and make way to implant and aware of these new resources at libraries in
the future.
Key-Words: Emerging technologies. Web 2.0. Wikis. Blogs. Twitter. RSS.
Lista de Figuras
Figura 1: Página inicial da Biblioteca da ESALQ/USP _____________________ 27
Figura 2: Página inicial da DBD/FMUSP ________________________________ 28
Figura 3: Página inicial da Biblioteca/CIR da FSP/USP ____________________ 29
Figura 4: Página inicial da Biblioteca Florestan Fernandes__________________ 30
Figura 5: Página inicial da Biblioteca da Feevale _________________________ 31
Figura 6: Página inicial da Biblioteca Central da UFRGS ___________________ 32
Figura 7: Página inicial da Biblioteca Central da PUCRS ___________________ 33
Figura 8: Evolução da Web 1.0 para Web 2.0 ____________________________ 37
Figura 9: Página da Biblioteca da ESALQ/USP no Knol ____________________ 43
Figura 10: Página da DBD no Knol ____________________________________ 45
Figura 11: Página da Biblioteca Florestan Fernandes na Wikipédia___________ 46
Figura 12: Página da Biblioteca Central da PUCRS na Wikipédia ____________ 48
Figura 13: Blog da Biblioteca da FSP __________________________________ 52
Figura 14: Blog da Biblioteca Florestan Fernandes________________________ 53
Figura 15: Blog da Biblioteca UNISINOS________________________________ 56
Figura 16: Blog da Biblioteca da Feevale _______________________________ 57
Figura 17: Blog da Biblioteca Central da UFRGS _________________________ 59
Figura 18: Twitter da Biblioteca da ESALQ/USP__________________________ 62
Figura 19: Twitter da Biblioteca Florestan Fernandes ______________________ 63
Figura 20: Twitter da Biblioteca Central da PUCRS _______________________ 65
Figura 21: Página RSS da Biblioteca da ESALQ/USP _____________________ 68
Figura 22: Página RSS baseada em códigos da Biblioteca Central da PUCRS__ 69
Figura 23: Gráfico de quantidade de recursos____________________________ 72
Figura 24: A engrenagem que funciona_________________________________ 81
Lista de Quadros
Quadro 1: Exemplos de wikis_________________________________________ 42
Quadro 2: Crescimento de recursos ___________________________________ 61
Quadro 3: Principais agregadores de notícias____________________________ 67
Quadro 4: Utilização dos recursos analisados____________________________ 71
Quadro 5: Data de criação dos recursos analisados _______________________ 72
Quadro 6: Localização das bibliotecas analisadas ________________________ 73
Quadro 7: Divulgação dos recursos analisados __________________________ 74
Quadro 8: Categorias dos blogs ______________________________________ 76
Quadro 9: Perfis das bibliotecas no Twitter ______________________________ 78
Lista de Siglas
BC – Biblioteca Central
CD-ROM – Compact Disc - Read Only Memory
CIR – Centro de Informação e Referência em Saúde Pública
CMN – Centro de Medicina Nuclear
COMUT – Programa Nacional de Comutação Bibliográfica
DBD – Divisão de Biblioteca e Documentação
ESALQ – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
FF – Florestan Fernandes
FMUSP – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
FSP – Faculdade de Saúde Pública
IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IBSN – Internet Blog Serial Number
IMT – Instituto de Medicina Tropical
INRAD – Instituto de Radiologia
ISBN – International Standard Book Number
ISSN – International Standard Serial Number
MEC – Ministério da Educação
PUCRS – Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul
RSS – Really Simple Syndication
SIBi/USP – Sistema Integrado de Bibliotecas da USP
SMS – Short Message Service
SR – Serviço de Referência
TIC – Tecnologia de Informação e Comunicação
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos
USP – Universidade de São Paulo
WWW – World Wide Web
XML – eXtensible Markup Language
Sumário
1. Introdução ______________________________________________________ 14
2 Biblioteca: perspectiva histórica ____________________________________ 19
2.1 O papel do bibliotecário ________________________________________ 20
2.2 Serviço de referência __________________________________________ 23
2.3 Biblioteca tradicional, digital e virtual_____________________________ 24
2.4 Identificação das bibliotecas analisadas __________________________ 26
2.4.1 Biblioteca da ESALQ/USP ___________________________________ 27
2.4.2 Divisão de Biblioteca e Documentação (DBD) __________________ 28
2.4.3 Biblioteca/CIR da FSP/USP __________________________________ 29
2.4.4 Biblioteca Florestan Fernandes ______________________________ 29
2.4.5 Biblioteca UNISINOS _______________________________________ 30
2.4.6 Biblioteca da Feevale _______________________________________ 31
2.4.7 Biblioteca Central da UFRGS ________________________________ 32
2.4.8 Biblioteca Central da PUCRS ________________________________ 33
3 Tecnologias de Informação e Comunicação: um recorte na Web _________ 34
3.1 Internet ______________________________________________________ 34
3.2 Web 2.0 ______________________________________________________ 36
4 Recursos Web e sua aplicabilidade em sites de bibliotecas universitárias _ 40
4.1 Recursos para criação compartilhada de conteúdo _________________ 40
4.1.1 Biblioteca da ESALQ/USP ___________________________________ 43
4.1.2 Divisão de Biblioteca e Documentação (DBD)/FMUSP____________ 44
4.1.3 Biblioteca Florestan Fernandes ______________________________ 46
4.1.4 Biblioteca Central da PUCRS ________________________________ 48
4.2 Blogs ________________________________________________________ 49
4.2.1 Biblioteca/CIR da FSP/USP __________________________________ 51
4.2.2 Biblioteca Florestan Fernandes ______________________________ 53
4.2.3 Biblioteca UNISINOS _______________________________________ 55
4.2.4 Biblioteca da Feevale _______________________________________ 57
4.2.5 Biblioteca Central da UFRGS ________________________________ 59
4.3 Microblogs ___________________________________________________ 60
4.3.1 Biblioteca da ESALQ/USP ___________________________________ 62
4.3.2 Biblioteca Florestan Fernandes ______________________________ 63
4.3.3 Biblioteca Central da PUCRS ________________________________ 64
4.4 Agregadores de notícias________________________________________ 65
4.4.1 Biblioteca da ESALQ/USP ___________________________________ 67
4.4.2 Biblioteca Central da PUCRS ________________________________ 69
5 Análise dos dados obtidos _________________________________________ 71
6 Considerações Finais _____________________________________________ 80
Referências _______________________________________________________ 85
14
1. Introdução
Este projeto insere-se na linha de pesquisa Informação e Tecnologia no
tema “Web 2.0” cuja delimitação é “Aplicabilidade de recursos Web 2.0 em
bibliotecas”.
A Web 2.0 é uma evolução da Web, de seus produtos e serviços, que se
iniciou em 2004. Nessa nova perspectiva, lidando com informações multimídia,
hipertexto, hiperlink, leitura de forma aleatória, entre outros, surge o lautor, ou seja, o
leitor que agora deixa de ser somente um espectador para participar ativamente da
construção do conteúdo da Internet.
Neste novo contexto o leitor passa a ser também autor, interagindo,
modificando e criando novos textos em contextos singulares. Esses espaços e
recursos utilizados por esse novo modelo de usuário “são possíveis devido a uma
nova concepção de Internet, chamada Internet 2.0, Web 2.0, ou Web Social”
(BLATTMANN; SILVA, 2007, p. 192).
Os bibliotecários começam a perceber a importância deste novo recurso no
contexto das bibliotecas, que pode proporcionar, tanto a eles quanto ao usuário,
vantagens nos processos de armazenamento, recuperação e compartilhamento de
informações, promovendo a interação e colaboração dos usuários no ambiente da
biblioteca.
Muitas vezes novos recursos são vistos como barreiras por alguns
profissionais que podem considerá-los empecilhos na atuação por falta de
familiaridade, mas devemos ser mais flexíveis e caminhar junto às novas
tecnologias, agregando-as como um recurso a mais a se disponibilizar ao usuário.
Neste novo contexto no qual a produção de informação e conhecimento em
ambientes
colaborativos
modificam
as
necessidades
dos
usuários,
essa
transformação ocorre devido a processos de interação cada vez mais atrativos e
eficientes frente ao volume crescente de informações disponíveis e das mais
variadas opções de recuperação.
As bibliotecas podem ganhar espaço utilizando-se desse tipo de recurso
para proporcionar tanto aos bibliotecários quanto ao usuário novos métodos de
interação e colaboração e maior eficácia em relação às atividades dentro de seus
espaços.
15
Embora já existam e já estejam disponíveis no Brasil, é perceptível o baixo
uso dos recursos Web 2.0 nas bibliotecas universitárias, mesmo quando conhecidos,
pois o bibliotecário brasileiro, em geral, ainda não está familiarizado e ciente do valor
da Web 2.0 adequada às bibliotecas.
Dessa forma, o problema da pesquisa configura-se em desvendar como os
recursos analisados estão sendo utilizados em bibliotecas no âmbito nacional, uma
vez que é perceptível uma carência de parâmetros e de clareza no uso dos mesmos.
Na literatura da área de Tecnologia da Informação, alguns autores como
Maness, Blattmann e Silva defendem que a Web 2.0 seja uma nova concepção de
Web, pois é descentralizada e foca-se no usuário como quem cria, seleciona e troca
conteúdos.
A Web também funciona como um grande depósito de conteúdos, pois uma
vez armazenados, eles são acessíveis em qualquer lugar desde que se tenha
acesso a Internet, não existindo mais a necessidade de grandes servidores
funcionando como depósito de informação.
A intenção da Web 2.0 é
ser mais dinâmica e interativa, de modo que os internautas podem
colaborar com a criação de conteúdos [...], surgindo um nível de
interação em que as pessoas poderiam colaborar para a qualidade
do conteúdo disponível, produzindo, classificando e reformulando o
que já está disponível. (BLATTMANN; SILVA, 2007, p. 197)
Nesse sentido, os princípios e tecnologias da Web 2.0 devem ser utilizados
visando o auxílio e benefício das atividades desenvolvidas por bibliotecas.
Sendo assim, a proposição desta pesquisa é entender os conceitos de Web
2.0 e sua aplicabilidade, buscando verificar onde e como tecnologias emergentes
baseadas na Web 2.0 estão sendo utilizadas nas bibliotecas universitárias
brasileiras, sua relevância e formas de uso, trazendo recursos hoje conhecidos no
meio da Internet (no caso, recursos para criação compartilhada de conteúdo, blogs,
microblogs, e agregadores de notícias) e abrindo caminho para moldá-los às
necessidades de comunicação e troca de conhecimento das pessoas ligadas às
bibliotecas, sejam eles usuários ou bibliotecários, tornando a biblioteca mais atrativa
aos usuários e para que esse novo modelo seja mais conhecido pelo próprio
bibliotecário, refletindo no serviço prestado ao usuário.
16
Com base nesse novo ambiente, efetuou-se a análise dos recursos
selecionados para que, apoiado na análise, o bibliotecário possa adaptá-los da
melhor forma possível para as bibliotecas.
Trata-se de um estudo de tais recursos aplicados à biblioteca física,
tradicional, não à biblioteca digital ou virtual, de forma a tratá-la como um ambiente
mais interativo, com o usuário produzindo conteúdo.
Esse estudo busca incentivar o uso de tecnologias emergentes através de
conclusões formuladas com base nos conceitos da Web 2.0 e suas características,
sempre com o foco na utilização pelas bibliotecas. Para isso, são apresentados
desde o histórico e conceitos da Internet, passando pela Web para assim definir
Web 2.0.
Espera-se, dessa forma, amenizar o desconforto gerado pelas mudanças e
abrir caminho para sua implantação e conscientização dos profissionais acerca
destes novos recursos dentro da prática bibliotecária no ambiente que lhe é mais
comum, a biblioteca.
Buscou-se identificar tais tecnologias emergentes através do ambiente Web,
sem contato com as instituições, justamente para que se obtenha uma visão de
como esse serviço vem sendo oferecido ao usuário e não de forma interna, para que
assim seja mostrada a importância do reflexo na Web da instituição biblioteca como
mais um elemento de visibilidade.
Portanto emergem os seguintes objetivos de pesquisa: em caráter geral
buscou-se, através da literatura existente na área de Biblioteconomia e áreas
correlatas nacionais e internacionais, tratar da aplicabilidade de recursos Web 2.0, e
para tanto apresentar uma perspectiva histórica, especificamente da biblioteca, do
bibliotecário, enfocando o serviço de referência.
E por fim, com os objetivos específicos de: realizar um levantamento dos
recursos Web 2.0 existentes; selecionar quatro recursos (recursos para criação
compartilhada de conteúdo, blogs, microblogs, e agregadores de notícias) e estudálos com o propósito de aplicação no ambiente biblioteca, principalmente no que diz
respeito ao setor de referência; e com base nesse levantamento concluir como estão
sendo utilizados atualmente para que proporcionem formas de uso voltadas às
bibliotecas brasileiras.
O uso dos novos recursos da Web acelera o processo de socialização da
informação e do conhecimento em espaços cada vez mais interativos e
17
participativos. O incentivo ao trabalho colaborativo fornecido por tais recursos "pode
criar o ambiente necessário para modificar a forma de acessar, obter, criar, modificar
e publicar informações em diferentes setores, inclusive educacionais, sociais,
econômicos e políticos" (BLATTMANN; SILVA, 2007, p. 211).
Com a utilização dos recursos disponíveis na Web 2.0, as bibliotecas
acabam criando rupturas na oferta dos serviços e produtos tradicionais aos usuários.
Esse processo acarreta desconforto e requer adaptação, como todo processo de
mudança.
Nesse sentido, essa pesquisa assume o papel de auxiliar o bibliotecário,
onde é fundamental o conhecimento acerca das tecnologias disponíveis, suas
vantagens, inconveniências e saber adaptá-las da melhor forma para a biblioteca e
principalmente para o usuário, bem como incentivar o seu uso.
Os bibliotecários precisam estar atentos às mudanças que ocorrerão com a
implantação de tais recursos que estão sendo iniciados e vão precisar estar aptos
tanto a pô-los em prática como a vencer a barreira da resistência dos usuários ao se
adaptar a uma nova tecnologia.
A pesquisa realiza uma análise qualitativa sobre as bibliotecas universitárias
que fazem uso dos recursos apresentados e de que forma os utilizam, com uma
observação direta não-participante.
As análises foram feitas sobre os recursos para criação compartilhada de
conteúdo (wikis), blogs, microblogs, agregadores de notícias (RSS), com base na
divulgação realizada através dos sites das bibliotecas.
Essas informações ofereceram subsídios para a realização de um estudo
aprofundado, selecionando oito casos de aplicações em bibliotecas brasileiras de
cada recurso para que, dessa forma, possa reconhecer seu vínculo com o site da
instituição e, por fim, traçar uma análise comparativa sob vários aspectos
especificados no capítulo de análise.
O enfoque foi dado no serviço disponibilizado pela biblioteca com o olhar do
usuário, considerando que a intenção foi realizar a pesquisa sob o ponto de vista da
importância do reflexo na Web das instituições como mais um elemento de
visibilidade e, portanto, não houve contato específico com as instituições analisadas.
A coleta de dados foi feita através de análise de sites e mecanismos de
busca disponíveis via Web, selecionando os primeiros resultados que aparecem no
Google pertinentes à pesquisa, considerando que seria a forma como um usuário
18
buscaria tais recursos. Como os resultados obtidos no período de julho a novembro
de 2009 se resumiam em recursos de bibliotecas universitárias, foram essas
consideradas foco desse estudo.
No segundo capítulo, após a introdução, apresentam-se conceitos
introdutórios e perspectiva histórica relacionados à pesquisa, no que cerne a
biblioteca, o papel do bibliotecário, o serviço de referência, além das características
que diferem biblioteca tradicional, digital e virtual.
No terceiro capítulo, é abordado mais a fundo o conceito de Internet, Web e
sua evolução, para que assim possa-se tratar de Web 2.0 e caracterizá-la com base
no que a literatura existente tem discuto sob esse aspecto.
No quarto capítulo, são apresentados os quatro recursos inseridos no
contexto da Web 2.0 que foram abordados na pesquisa (recurso para criação
compartilhada de conteúdo, blog, microblog e agregador de notícias inseridos nos
sites institucionais), mostrando individualmente suas características e casos que já
são utilizados em bibliotecas.
No quinto capítulo, com base nesse levantamento, são apresentadas as
análises realizadas cruzando dados obtidos e interpretando tais dados, tornando
clara a forma como os recursos selecionados estão sendo utilizados.
E, por fim, no sexto capítulo são mostradas as "Considerações finais",
resultados e conclusões da pesquisa, identificando qual é o quadro nas bibliotecas
brasileiras a cerca da utilização de tais recursos, propondo, quando conveniente,
uma forma de auxílio quanto à divulgação e uso.
19
2 Biblioteca: perspectiva histórica
Antes considerada um objeto de luxo, a biblioteca existia apenas nos
grandes centros e em lugares onde o poder aquisitivo dos habitantes ou
frequentadores fosse grande. Era cobiçada, mas não essencial para classes sociais
mais baixas.
Até o século XIX os usuários das bibliotecas eram tão restritos e em
número tão insignificante que, a exemplo dos centros de informação
de hoje, também tinham seus perfis facilmente identificados. Para
eles, obviamente – e com base em seus interesses e necessidades
–, as bibliotecas eram estruturadas. Pensar no usuário era
desnecessário, uma vez que era ele por demais conhecido.
(ALMEIDA JÚNIOR, 2004, p. 71)
Atuando direcionados para um único grupo social e lidando exclusivamente
com a palavra escrita, com a leitura e o livro, a biblioteca e o bibliotecário isolaram o
restante da população (ALMEIDA JÚNIOR, 2004, p. 72), fazendo com que a função
da biblioteca se restringisse a tais cobranças e ambiente, criando uma imagem de
conservadora e preservacionista que sempre nos foi passada e o bibliotecário
carrega o mesmo estigma.
Hoje,
porém,
tornou-se
uma
necessidade
e
concretizou-se
como
fundamental para fins de estudo, lazer, notícias e formação cidadã, indispensável a
qualquer pessoa, além de ser encarada atualmente como parte integrante dos
principais fornecedores de informação.
Segundo Fonseca (2007, p. 48), a palavra biblioteca vem do grego
bibliothéke, através do latim bibliotheca, tendo como raiz biblíon e théke. A primeira
significa livro, apontando, como a raiz latina líber, para a entrecasca de certos
vegetais com a qual se fabricava o papel na Antiguidade. Théke, por sua vez, é
qualquer estrutura que forma um invólucro protetor: cofre, estojo, caixa, estante,
edifício.
Na Antiguidade tratada de uma única forma, a biblioteca é hoje dividida em
vários tipos a fim de especificar suas características. Comumente é adotada a
divisão em: bibliotecas públicas, escolares, universitárias e especializadas. Fonseca
(2007) ainda as divide em mais duas categorias: infantis e nacionais.
O conceito que venho propondo é o de biblioteca menos como
“coleção de livros e outros documentos, devidamente classificados e
catalogados” do que como assembléia de usuários da informação.
Consequentemente, ao bibliotecário compete não mais classificar e
20
catalogar livros – operações realizadas por um serviço central e
cooperativo devidamente computadorizado – e sim orientar
usuários, fornecendo-lhes a informação que seja do interesse de
cada um. Note-se que já não me refiro mais à informação
simplesmente solicitada e sim àquela que o perfil do usuário – perfil
elaborado por serviços de disseminação seletiva – indique ser de
seu interesse, mesmo que ele eventualmente a desconheça.
(FONSECA, 2007, p. 50)
Com o tempo, a biblioteca deixou de ser tratada somente como
armazenadora de livros para servir de objeto de inúmeras pesquisas aprofundadas,
delineando várias vertentes de estudo na Biblioteconomia tanto no campo conceitual
como prático, e como consequência, fornecendo funções mais específicas ao
bibliotecário que deixa de ser o antigo guardador e passa a assumir o papel de
disseminador da informação, devendo facilitar o caminho do usuário à informação.
2.1 O papel do bibliotecário
O entendimento do significado exato do termo “serviço de informação” não é
claro em relação aos profissionais, trabalhos ou emprego a que se referem. Embora
os serviços de informação apresentem enorme complexidade e exijam mais que o
trabalho de um único tipo de profissional, inicialmente é o bibliotecário que assume
fundamentalmente o papel de profissional da informação na história.
Certamente há um consenso de que certas características mínimas
são comuns a todos os chamados profissionais da informação, o
que permite o uso da designação em diversos contextos, mas o
entendimento parece depender de quem usa o termo e da audiência
à qual se dirige. (MUELLER, 2004, p. 23)
Fonseca (2004) trata a missão do bibliotecário como a busca pelo elemento
humano mais importante do que o documento, destacando o usuário.
A princípio, o bibliotecário tinha uma formação voltada exclusivamente à
preservação da cultura humana, ao apoio à educação como suporte ao processo
ensino-aprendizagem na parte relativa ao conteúdo para o estudo e à pesquisa, e ao
planejamento e à administração de recursos informacionais (MUELLER, 2004).
Em contraponto a esse histórico, Borges (2004, p. 65) afirma que
atualmente, a sua formação parte de um núcleo curricular, com quatro vertentes:
fundamentação,
planejamento
e
gerência
de
sistemas
processamento da informação, e tecnologia da informação.
de
informação,
21
Dessa forma é evidenciada a necessidade da postura positiva perante a
tecnologia que o bibliotecário começa a tomar a partir de então. No quesito perfil
profissional, Guimarães (2004, p. 89) aponta itens indispensáveis para que o
profissional lide com as inovações:
•
Criatividade, enquanto capacidade para gerar (ou antever) o novo;
•
Adaptabilidade, enquanto capacidade de conviver com o novo;
•
Familiaridade tecnológica, enquanto capacidade de tirar proveito do
novo;
•
Sólido embasamento na área de especialidade, enquanto capacidade
de contextualizar o novo;
•
Clareza quanto às instrumentalidades, enquanto capacidade de
agregar valores ao novo;
•
Profissionalismo, enquanto capacidade de vivenciar o novo em uma
dimensão coletiva.
Por isso o bibliotecário familiarizado com as novas tecnologias ganha
destaque frente às mudanças que caracterizam a realidade atual e seu ambiente de
trabalho.
“Disse Wilson: ‘O bibliotecário é o mediador entre os homens e os livros’.
Ora, assim sendo, urge que o serviço que ele vai prestar ao público seja baseado
não só nos seus conhecimentos, como também na sua habilidade e experiência.”
Ferraz (1972, p. 18), nesse trecho nos faz acreditar, e com razão, que assim como
qualquer profissional, o serviço do bibliotecário também está a mercê de sofrer
interferência direta pelo seu modo de pensar, conhecimento de mundo e
individualidade, mas como ele lida com informação, a interferência acaba sendo bem
maior do que na maioria das profissões.
Desse modo, é extremamente importante que o bibliotecário torne o
ambiente da biblioteca acolhedor e simpático, que ele tenha personalidade e use
esses aspectos a seu favor, incentivando e contribuindo para o enriquecimento da
personalidade e formação do usuário.
Almeida Júnior (2004, p. 85) afirma que
a biblioteca deve ser o espaço em que as informações, que se
contrapõem a esse consenso hegemônico e dominador, podem ser
obtidas. A biblioteca deve usar os suportes através dos quais a
maioria da população possa, de fato, se apropriar da informação – e
22
isso significa, além do acesso físico aos suportes, a compreensão e
a assimilação de seu conteúdo.
Isso denota que o profissional bibliotecário precisa se aliar aos principais
meios de comunicação em massa para despertar o interesse da população pelas
bibliotecas. E desde a última década podemos perceber que não só a televisão e
outros são meios potenciais para despertar esse interesse a partir do usuário, como
também a Internet e a virtualidade em geral, pois têm passado a ser mais
acessíveis.
As características da sociedade da informação e do conhecimento aliadas à
virtualidade têm interferido diretamente na atuação do bibliotecário. Borges (2004)
aponta a forma como o profissional da informação adquire flexibilidade frente a
essas mudanças sob os seguintes aspectos:
•
A grande alavanca do desenvolvimento da humanidade é o homem;
•
A informação é um produto, um bem comercial;
•
O saber é um fator econômico;
•
A distância e o tempo entre a fonte de informação e o seu
destinatário deixaram de ter qualquer importância. As pessoas não
precisam se deslocar porque são os dados que viajam;
•
As tecnologias de informação e comunicação (TICs) tornaram o
mundo uma “aldeia global”, como também criaram novos mercados,
serviços, empregos e empresas;
•
As TICs alteraram a noção de valor agregado à informação e
interferiram no ciclo informativo tanto do ponto de vista dos processos
e das atividades, como da gestão e dos custos;
•
O registro de grandes volumes de dados é feito com um baixo custo;
•
O processamento automático da informação realiza-se em alta
velocidade;
•
A armazenagem de dados utiliza memórias com grande capacidade;
•
A recuperação da informação conta com estratégias de busca
automatizadas mais eficientes e relevantes, possibilitando acesso às
informações armazenadas em bases de dados, em vários locais ou
instituições;
23
•
O usuário da informação pode ser também o produtor ou gerador da
informação, além de ser também o seu controlador;
•
A probabilidade de serem encontradas respostas inovadoras a
situações críticas é muito superior à situação anterior;
•
O monitoramento e avaliação do uso da informação são reforçados e
facilitados, e tornaram-se mais rápidos, menos onerosos, mais
consistentes e confiáveis.
Desse modo, é indispensável que o bibliotecário se alie às novas
tecnologias para que não perca seus usuários e, com o foco no próprio usuário, essa
mudança se inicia pelo serviço de referência dentro da biblioteca, onde o contato
dos atuantes é mais próximo e pessoal.
2.2 Serviço de referência
No século XIX, a maioria dos estudiosos mantinha coleções particulares
imensas, e é de se esperar que a conhecessem como nenhuma outra pessoa.
Assim, eles não necessitavam prioritariamente dos serviços oferecidos pelas
bibliotecas, tampouco do auxílio de bibliotecários, pois possuíam aos seus cuidados
a maior parte da informação que precisavam.
Dessa forma bibliotecas não possuíam grandes acervos e exerciam papel
secundário na disseminação da informação. Por isso o serviço de referência, que
trata essencialmente do contato com o usuário, tardou tanto a surgir como parte
essencial de uma biblioteca e ainda assim era raramente utilizado.
Não há dúvida que, eventualmente, os bibliotecários, que amiúde
também eram pessoas eruditas e conheciam intimamente o
conteúdo dos acervos colocados sob sua custódia, seriam capazes
de ajudar os leitores em suas pesquisas. Toda essa atividade,
porém, permaneceu por muitos anos como algo periférico a suas
tarefas principais de aquisição, catalogação, classificação e controle
(GROGAN, 2001, p. 24).
O serviço de referência tem a finalidade de aproximar a informação dos
usuários através do bibliotecário. Este, por sua vez, é responsável pela aproximação
da fonte e do usuário, por isso o serviço de referência é essencialmente humano. O
bibliotecário é quem traça estratégias de busca, apoiado pelos sistemas de
24
catalogação e classificação que provavelmente a maioria dos usuários não pensaria
em usar.
Grogan (2001, p. 8) afirma que
o papel do bibliotecário de referência é compreender as estruturas
dos conhecimentos registrados onde elas existam, e auxiliar no
processo de estruturação onde não existam. [...] Os usuários das
bibliotecas, auxiliados pelo bibliotecário de referência, têm melhores
condições de mais bem aproveitarem o acervo de uma biblioteca do
que o fariam sem essa assistência.
O setor de referência se apresenta como um serviço abrangente e de
conceito complexo, “já que o mesmo está relacionado direta ou indiretamente com
todas as outras atividades desenvolvidas na biblioteca, tendo em vista que todas
elas são de aspecto de busca de informação” (SILVA; BEUTTENMÜLLER, 2005, p.
79).
Atualmente, o conceito de Serviço de Referência (SR) vem sendo
repensado e definido como uma sequência lógica das seguintes etapas: o problema,
a necessidade de informação, a questão inicial, a questão negociada, a estratégia
de busca, o processo de busca, a resposta, a solução e a avaliação (GROGAN,
2001).
Sendo assim, o SR começa a ser pensado no contexto da popularização das
novas tecnologias e os profissionais desse setor tendem a se adaptar a esses novos
recursos a fim de estreitar a relação com o usuário sob esse meio. As tecnologias
tem obrigado os profissionais de Referência a repensarem esta
atividade, desenvolvendo novos modelos para sua utilização efetiva
por parte dos usuários. É necessária uma nova postura de
negociação com o usuário, pois a entrevista com interação
eletrônica precisa ser tão eficaz quanto a entrevista pessoal
(SERVIÇO..., 2003, p. 10, apud SILVA; BEUTTENMÜLLER, 2005, p.
80).
2.3 Biblioteca tradicional, digital e virtual
As bibliotecas vêm sofrendo, nas últimas décadas, grandes mudanças
baseadas nas novas tecnologias, como automações, utilização de computadores e o
uso da informação no suporte digital.
Landoni et. al. (1993, apud MARCHIORI, 1997) caracterizam dentro da
história da biblioteca três períodos principais: a biblioteca tradicional (de Aristóteles
até o início da automação de bibliotecas), a biblioteca moderna ou automatizada (em
25
que os computadores foram usados para serviços básicos, como catalogação e
organização do acervo) e biblioteca eletrônica (o uso da informação no suporte
digital, pensada como uma nova estratégia para o resgate de informações, onde o
texto completo de documentos está disponível on-line).
Ohira, Prado e Cunha (2002) evidenciam que a biblioteca tem sido alvo de
constante mudança desde a passagem dos manuscritos para a utilização de textos
impressos, o acesso a bases de dados bibliográficos armazenados nos grandes
bancos de dados, o uso do CD-ROM e o advento da Biblioteca Digital no final dos
anos 90.
O que tem caracterizado a Biblioteca Tradicional desde o princípio é a
dependência de sua localização física e a utilização, em sua coleção, do papel como
suporte de registro de informação principal.
A Biblioteca Digital entra em cena com uma proposta diferente, deixando
de ter a necessidade de uma localização em determinado prédio e como o próprio
nome diz, ela se diferencia justamente por apresentar informação somente no
formato digital, independente do meio de armazenagem e por não conter livros na
forma convencional.
Ela se torna única por não possuir um correspondente físico, embora esteja
sempre ligada a alguma instituição. Pode ser considerada como uma “coleção de
serviços e objetos de informação que disponibiliza o seu acervo direta ou
indiretamente via meio digital” (IBICT, 2005).
As vantagens apresentadas pela Biblioteca Digital podem se mostrar
resumidamente em funcionar 24 horas por dia, permitir o acesso à distância através
do uso da Internet, desenvolver-se a partir de contribuições individuais dos seus
usuários, permitir o acesso simultâneo de um número infinito de usuários, permitir o
acesso a outras fontes de informação externas, comportar informações em
diferentes formatos, ter os custos de aquisição e manutenção reduzidos, ter outro
tipo de comportamento perante a preservação de documentos e facilitar o acesso a
pessoas com deficiência, além de muitas outras funcionalidades que são estudadas
mais a fundo.
Já Bibliotecas Virtuais são descritas como “coleções organizadas de
documentos eletrônicos, onde cada fonte de informação possui dois atributos
26
relacionados: os relativos ao seu conteúdo e os que identificam de forma descritiva o
documento” (PROSSIGA, 2005).
A Biblioteca Virtual, assim como a Digital, proporciona a vantagem do
usuário poder acessá-la remotamente, independente do horário, de qualquer local
que disponibilize os recursos tecnológicos necessários, como sua própria casa. Ela
não está vinculada a nenhuma biblioteca física ou real, mas a uma relação de sites
organizados tematicamente e não apresenta conteúdo próprio.
Assim, Prossiga (1997 apud OHIRA; PADRO; CUNHA, 2000) a define como
um conjunto de links para documentos, softwares, imagens, bases
de dados etc, disponíveis na Internet, organizados em categorias de
informação ou por áreas temáticas, de maneira estruturada, de
forma a possibilitar que o usuário encontre a informação que
considera relevante.
Em suma, à biblioteca é papel fundamental e prioritário disponibilizar o
acesso à informação e desde que esteja acompanhando o progresso tecnológico
promovido pelos novos recursos da Web 2.0, será também através dela que os
usuários tomarão conhecimento deles, principalmente pelas bibliotecas públicas.
É de conhecimento geral que a realidade das bibliotecas públicas do Brasil,
por exemplo, está bem distante de disponibilizar esse tipo de recurso Web 2.0, pois
a maioria mal tem recursos tecnológicos como computadores e acesso à Internet
disponível aos usuários. Embora haja essa dificuldade, a tecnologia vem ganhando
espaço aos poucos e é a partir dos locais onde temos esses recursos que devemos
incentivar seu uso e assim expandi-lo aos poucos, como no caso de algumas
bibliotecas universitárias, meio em que esses recursos vêm sendo mais
disseminados.
2.4 Identificação das bibliotecas analisadas
Durante o processo de busca de bibliotecas que utilizam os recursos que
são alvos de estudo deste trabalho, identificaram-se as bibliotecas brasileiras que
possuem representações na Web através de sites e dos recursos abordados na
pesquisa, sendo eles: recursos para criação compartilhada de conteúdo; blogs;
microblogs; e agregadores de notícias. As bibliotecas são:
27
2.4.1 Biblioteca da ESALQ/USP
Localizada na cidade de Piracicaba-SP, representa um conjunto de
bibliotecas universitárias da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
(ESALQ), vinculada à Universidade de São Paulo (USP), que comporta as
bibliotecas Central, Setorial de Economia, Administração e Sociologia, Setorial de
Genética e Setorial de Agroindústria, Alimentos e Nutrição. A Biblioteca ainda tem a
coleção mais importante do país na área de ciências agrárias.
Segundo informações próprias, as bibliotecas funcionam de forma sistêmica
tendo
como
principais
objetivos:
coordenar
as
atividades
de
informação
documentária no Campus; atender ao corpo docente, discente, administrativo,
institutos e centros complementares, podendo ainda ser utilizada pela comunidade
geral, observada as exigências do regulamento interno da Divisão; servir de apoio
ao ensino, pesquisa e extensão, fornecendo informações aos usuários através da
coleta, armazenamento, recuperação e disseminação dos documentos na área de
agricultura e ciências afins.
Figura 1: Página inicial da Biblioteca da ESALQ/USP. Endereço: http://www.esalq.usp.br/biblioteca.
28
Recursos analisados: construção de conteúdo colaborativo (Knol), microblog
(Twitter) e agregadores de notícias (RSS). Todos têm sua ligação apresentada no
site da biblioteca. A biblioteca não possui blog.
2.4.2 Divisão de Biblioteca e Documentação (DBD)
Figura 2: Página inicial da DBD/FMUSP. Endereço: http://www.biblioteca.fm.usp.br.
A DBD, vinculada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(FMUSP) , gerencia, organiza e dissemina a informação na área de Ciências da
Saúde para o complexo FMUSP/Hospital das Clínicas. São um conjunto de
bibliotecas universitárias cuja estrutura é constituída por uma Biblioteca Central
(BC), três bibliotecas setoriais especializadas - Centro de Medicina Nuclear (CMN),
Instituto de Medicina Tropical (IMT) e Instituto de Radiologia (INRAD) – e a
Biblioteca Satélite do Pacaembu, localizadas na cidade de São Paulo-SP.
Recursos analisados: construção de conteúdo colaborativo (Knol). Tal
ligação não consta no site da biblioteca. A biblioteca não possui blog, microblog ou
agregador de notícias.
29
2.4.3 Biblioteca/CIR da FSP/USP
Figura 3: Página inicial da Biblioteca/CIR da FSP/USP. Endereço: http://www.biblioteca.fsp.usp.br.
A Biblioteca/Centro de Informação e Referência em Saúde Pública (CIR)
existe desde os primórdios da atual Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.
Criada em 1918, é um Centro de Informação e Referência na área de Saúde Pública
em nível nacional e internacional. Implantou, desde 1997, um novo modelo de
gestão que permite compartilhar as atividades de rotina com os projetos e
programas desenvolvimentos e, devido à essa experiência, participa do Programa
de Qualidade e Produtividade da USP.
Recursos analisados: blog. Seu hiperlink é identificado na seção de
novidades na página inicial do site da biblioteca. Os outros recursos não foram
encontrados.
2.4.4 Biblioteca Florestan Fernandes
Localizada dentro da Cidade Universitária, vinculada à USP, a biblioteca
integra no mesmo espaço todos os acervos correspondentes aos cursos de Ciências
Sociais, Filosofia, Geografia, História e Letras, concentrando em seu acervo livros,
30
teses, periódicos, materiais audiovisuais e outras publicações relacionadas
principalmente às áreas de filosofia, ciências sociais, geografia, história, língua e
literatura. Participa do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBi/USP) e é
biblioteca base do Programa Nacional de Comutação Bibliográfica (COMUT).
Figura 4: Página inicial da Biblioteca Florestan Fernandes. Endereço: http://www.sbd.fflch.usp.br.
Recursos analisados: blog, microblog (Twitter) e construção de conteúdo
colaborativo (Wikipédia). Os itens blog e microblog estão disponíveis no site da
biblioteca do lado direito no item “Web 2.0”. Sua página na Wikipédia não está ligada
ao site da biblioteca. O recurso agregador de notícias (RSS) não consta como
existente.
2.4.5 Biblioteca UNISINOS
A biblioteca, pertencente à Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS), existe há 40 anos e, anteriormente dividida em vários núcleos, é
localizada na cidade de São Leopoldo-RS. A UNISINOS é uma universidade católica
privada brasileira. O acervo da biblioteca foi unificado em 2000 e, em 2006, parte de
seu acervo foi transferido para o novo Campus, localizado em Porto Alegre-RS, com
a proposta de atender a Escola de Design. O acervo da biblioteca é formado por
31
cerca de 630 mil itens, incluindo os títulos das bibliotecas conveniadas, do Instituto
Anchietano de Pesquisas, do Colégio Cristo Rei e da Biblioteca do Campus Porto
Alegre.
Recursos analisados: blog. Seu acesso aparece com grande destaque na
página inicial do site da biblioteca1. A biblioteca não possui agregador de notícias,
microblog ou construção de conteúdo colaborativo.
2.4.6 Biblioteca da Feevale
Figura 5: Página inicial da Biblioteca da Feevale. Endereço: http://www.feevale.br/biblioteca/ .
A biblioteca está vinculada à Feevale que, segundo seus dados, é uma
referência de ensino na região da cidade de Novo Hamburgo-RS. Atua em todos os
níveis de ensino, desde a Educação Básica até o Ensino Superior, abrangendo
graduação, pós-graduação, lato e stricto sensu, extensão e pesquisa. A Feevale foi
credenciada como Centro Universitário pelo Ministério da Educação (MEC) em 1999
e entre suas metas está a transformação do Centro Universitário em Universidade
futuramente. A biblioteca tem como objetivo atender ao seguinte público: alunos da
Escola de Aplicação (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, Educação de
1
http://www.unisinos.br/biblioteca
32
Jovens e Adultos), alunos de graduação, alunos de pós-graduação, lato e strictu
sensu, extensão, professores, funcionários e a comunidade em geral. O site e os
recursos aqui apresentados contemplam as bibliotecas do Campus I – Gastão José
Spohr e do Campus II – Paulo Sérgio Gusmão.
Recursos analisados: blog. A ligação para o recurso é apresentada na
página inicial do site da biblioteca, cujo hiperlink respectivo aparece com grande
destaque. Os outros recursos não foram encontrados.
2.4.7 Biblioteca Central da UFRGS
Figura 6: Página inicial da Biblioteca Central da UFRGS. Endereço: http://www.biblioteca.ufrgs.br/.
A Biblioteca Central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), localizada em Porto Alegre-RS, é um órgão suplementar vinculado
diretamente à Reitoria e, por delegação de competência, à Pró-Reitoria de
Coordenação Acadêmica. A função primordial da biblioteca é prover infra-estrutura
bibliográfica,
documentária
e
informacional
para
apoiar
as
atividades
da
universidade. Paralelamente ao contexto acadêmico, tem compromisso com a
sociedade não vinculada à universidade que se efetiva através da prestação de
serviços, proporcionando o acesso à informação, à leitura e outros.
33
Recursos analisados: blog. É o único recurso disponibilizado pela biblioteca.
Em seu site, no setor “Notícias”, localizado à direita, encontra-se a ligação para o
blog.
2.4.8 Biblioteca Central da PUCRS
Figura 7: Página inicial da Biblioteca Central da PUCRS. Endereço: www.pucrs.br/biblioteca.
A Biblioteca Central Irmão José Otão, localizada em Porto Alegre-RS, é uma
das três bibliotecas vinculadas à Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUCRS). Sua função é atender à comunidade universitária nos setores de
ensino, pesquisa e extensão, cobrindo todas as áreas do conhecimento e
contribuindo para a sua formação técnica, científica e pessoal, sendo alguns de seus
serviços oferecidos, também, à comunidade em geral.
Recursos analisados: construção de conteúdo colaborativo (Wikipédia),
microblog (Twitter) e agregador de notícias (RSS). Os itens microblog e agregador
de notícias estão disponíveis na página inicial do site da biblioteca ao lado direito.
Sua página na Wikipédia não está ligada ao site da biblioteca. O recurso blog não
consta como existente.
34
3 Tecnologias de Informação e Comunicação: um recorte na Web
A cada tecnologia criada para a área de informação, concomitantemente
entra em questão a imagem do bibliotecário, a diminuição de suas funções e falta de
reconhecimento.
A tecnologia [...] cria, simultaneamente, outros tipos de empregos. A
individualização do emprego surge na prestação de serviços e na
terceirização, e traz a precarização do emprego e a oportunidade do
trabalho sem emprego (BAPTISTA, 2004, p. 225).
Isso tem ocorrido desde a implantação dos serviços de bases de dados e
provavelmente anterior a esse fato, mas torna a ocorrer com a Internet, mas o
bibliotecário tem sempre se adaptado às tecnologias e não só continuado no
mercado, como tem descoberto novas áreas de atuação.
A virtualidade vista atualmente
provocou várias alterações, principalmente nas concepções de
espaço e tempo, na possibilidade de compartilhamento de tudo o
tempo todo, na abstração dos limites físicos, no conceito de
consumo da informação e do conhecimento. Não há mais distância,
território, domínio e espera: vive-se o aqui e o agora (BORGES,
2004, p. 58).
Com tantas mudanças, fica claro como as novas Tecnologias de Informação
e Comunicação (TICs) influenciaram nas mudanças da área de biblioteconomia e
continuam provocando transformação. Por isso, aqui estudamos alguns recursos
envoltos nesse contexto e para tanto, caracterizaremos o ambiente no qual foram
desenvolvidos.
3.1 Internet
A Internet existe desde a década de 1960 sendo uma infraestrutura em rede
e desde então vem passando por constante evolução, cada vez mais agindo como
facilitadora e disseminadora da informação.
Seu surgimento deu-se a partir da proposta de um sistema distribuído de
comunicação entre computadores para possibilitar a troca de informações durante a
Guerra Fria.
A Internet é identificada com as seguintes características: veículo de
comunicação e de promoção organizacional; uma grande base de
dados; uma grande biblioteca ou um excelente espaço para a área
comercial, que a transforma num grande mercado. Generalizando
35
bastante, a rede representa,
(BAPTISTA, 2004, p. 227).
virtualmente,
nosso
cotidiano
Com todo o seu desenvolvimento e, sob o ponto de vista biblioteconômico,
podemos comparar a Internet como uma biblioteca cibernética universal, com vários
bibliotecários atuando na recuperação da informação utilizando-se de ferramentas
de pesquisa para encontrar o que é desejado.
Nesse ponto, cada usuário, seja ele bibliotecário ou não, assume esse papel
de pesquisador, e cabe a nós, como profissionais da área, não avaliar na
perspectiva de que estamos perdendo espaço, pois os usuários estão se tornando
auto-suficientes e se afastando das bibliotecas físicas, mas nos cabe compreender o
quanto essa mudança é importante e nos colocar como mediadores dessa
informação mais do que nunca, utilizando essa colaboração a favor da área.
No âmbito da Biblioteconomia,
Vale ressaltar que a Internet é uma plataforma tecnológica
direcionada para a disseminação da informação e a interatividade,
de tal forma que a ampliação dos espaços para interação entre os
participantes (bibliotecário e usuário) conduziram a um processo de
publicação, compartilhamento e organização de informações,
resultando na segunda geração de serviços on-line, a Web 2.0
(VIEIRA; CARVALHO; LAZZARIN, 2008, p. 2).
A Internet sempre pareceu ser uma grande biblioteca sem organização, um
amontoado de informações desordenadas, e que necessita de um profissional para
organizá-la, ou seja, que filtre a informação. Embora essa já não seja a realidade
devido à forma de organização colaborativa feita pelos próprios usuários, nesse
contexto entra o bibliotecário, assumindo não só o papel de indexador, organizador e
recuperador da informação, mas também servindo de guia a essa comunidade.
Conforme Lévy (2000, apud BLATMANN; SILVA, 2007), a existência de
uma Internet colaborativa possibilita a disseminação da inteligência coletiva. Seu
pensamento nos conduz à reflexão de que a Internet é um canal pelo qual flui uma
grande quantidade de práticas sociais, culturais, políticas e econômicas. Trata-se de
um espaço interativo, de trocas, de criação e geração, além de armazenamento de
informações, tornando-se uma importante ferramenta de colaboração entre os
participantes do mundo digital on-line e repercute na vida de bits e átomos.
36
3.2 Web 2.0
A Web ou World Wide Web (WWW) surge na década de 1990 como um
conceito criado por Tim Berners-Lee em 1992 para facilitar a distribuição de
informações, uma forma de acessar informação por meio da Internet, como um
modelo de compartilhamento de informações utilizando-se da mesma e inovando
com o conceito de hipertexto e utilização de imagens. Seu conceito é
constantemente confundido com a própria Internet, que nada mais é do que a infraestrutura que a fornece suporte.
o projeto da Web, ao implantar de forma magistral o conceito de
hipertexto imaginado por Ted Nelson & Douglas Engelbart (1962),
buscava oferecer interfaces mais amigáveis e intuitivas para a
organização e o acesso ao crescente repositório de documentos que
se tornava a Internet. (SOUZA; ALVARENGA, 2004, p. 132)
Portanto, é através desse aspecto de interação e colaboração que a Internet
e a Web vêm tomando um crescente volume de informação e surgem ferramentas
com a função de auxiliar a lidar com esse crescimento. É esse o foco deste trabalho,
tentando exibir um caminho de como utilizar os recursos disponíveis da melhor
forma possível e para esse entendimento é necessário que se contextualizem tais
recursos através da Web 2.0.
O enorme crescimento da Web desde a década de 90 fez com que suas
funções fossem estendidas e fornecessem recursos e informação de forma nunca
vista.
Dessa forma, segundo Souza e Alvarenga (2004) fez-se necessário o
surgimento de uma nova filosofia, com suas tecnologias subjacentes, a Web 2.0,
uma evolução da Web (que passou a ser denominada Web 1.0 a partir de então), de
seus produtos e serviços.
A Web 2.0 é um termo cunhado em 2004, conceitualizado e disseminado
por Tim O’Reilly e Dale Dougherty, devido ao “crash” do setor de tecnologia nos
anos 90 e os novos moldes surgidos depois dele, que consistiam basicamente, em
ter uma linha tênue entre criação e consumo por serem colaborativas.
O termo nasceu de uma conferência realizada pela MediaLive e O’Reilly
Media, em São Francisco. Nessa conferência discutiu-se a idéia da Web ser tratada
como algo mais dinâmico e interativo, pois essas mudanças já estavam ocorrendo,
37
de modo que os usuários da Web assumissem o papel de colaboradores
efetivamente na construção de conteúdo, classificação e interação.
Nessa nova perspectiva, lidando com informações multimídia, hipertexto,
hiperlink, leitura de forma aleatória, entre outros, surge o lautor, ou seja, o leitor que
agora deixa de ser somente um espectador para participar ativamente da construção
do conteúdo da Internet, que passa a ser também autor, interagindo, modificando e
criando novos textos em contextos singulares.
O termo Web 2.0 nasceu com várias controversas. De acordo com BernersLee é um termo impreciso, enquanto que Crawford (2006, apud CAMPOS, 2007, p.
2) o relaciona ao fato de realmente não constituírem inovações, mas retomarem
conceitos e práticas e vendê-los como novidade.
Segundo Davis (2005 apud BLATTMANN e SILVA, 2007) a Web 2.0 é uma
atitude e não uma tecnologia. A Web 1.0 direcionava pessoas para a informação e a
Web 2.0 intenciona levar a informação para as pessoas.
Figura 8: Evolução da Web 1.0 para Web 2.0. Fonte: O’Reilly (2005, p. 2).
38
Blattmann e Silva (2007, p. 198) ainda consideram a Web 2.0 como uma
nova concepção de Web, pois passa a ser descentralizada e faz com que o usuário
torne-se ativo e participante com relação à criação, seleção e troca de conteúdo.
Não existe mais a necessidade de gravar em um computador os registros
de uma produção, pois eles são acessíveis em qualquer lugar, através da Web.
As tecnologias da Web 2.0 representam uma revolução quanto a
Web 1.0 na maneira de gerenciar e dar sentido ou ofertar a
informação on-line e aos repositórios de conhecimento. As
mudanças trazidas por esse sistema implicam ainda na substituição
dos tutoriais da Web 1.0 (estáticos) para a possibilidade dinâmica de
interação ou no uso de animação programada com dados solicitados
especificamente pelo usuário (BLATTMANN; SILVA, 2007, p. 194195).
Os autores apontam também a Web 3.0, mais conhecida como Web
Semântica e como pode ser combinada com a Web 2.0 no sentido de oferecer o que
há de mais moderno na arquitetura da participação coletiva.
Além das definições encontradas na literatura baseadas em O’Reilly,
Musser et. al. (2007, p.5, apud CAMPOS, 2007, p. 2)
definem a Web 2.0 como um conjunto de tendências econômicas,
sociais e tecnológicas que coletivamente fundam a próxima geração
da Internet – uma mídia mais madura e distintiva, caracterizada pela
participação dos usuários, abertura, e efeitos de rede.
O advento da Web 2.0 possibilitou o uso de uma plataforma mais aberta e
dinâmica, ao invés dos sites antes disponibilizados de modo estático, sem oferecer a
possibilidade de interação.
Com base nesses relatos, podemos observar as seguintes características
na Web 2.0:
Posicionamento estratégico (a Web como plataforma);
Competências chave (arquitetura de participação e aproveitamento da
inteligência coletiva);
Ênfase nos usuários e não na tecnologia;
O comportamento do usuário não está pré-determinado;
O software melhora na medida em que mais pessoas utilizam;
Fim do ciclo de liberação do software;
Modelos leves de programação;
Experiência e conhecimento pessoal dos usuários;
Confiar em seus usuários.
39
O’Reilly (2005), pioneiro no desenvolvimento do termo, aponta como
princípios da Web 2.0 sete itens, no qual podemos destacar a Internet como
plataforma, a publicação e consumo de informação de forma rápida e constante
pelos usuários e a valorização do conteúdo colaborativo e da inteligência coletiva. O
autor aponta ainda o hipertexto como precursor da construção coletiva do
conhecimento, possibilitando a colaboração e revisão dinâmica.
Alguns autores defendem a idéia de que a Web 2.0 é uma revolução no
meio digital, outros defendem que ela nada mais é do que uma evolução da Web
1.0.
Há ainda a discussão a respeito da intenção da Web 2.0 ser somente uma
jogada de marketing. O que podemos nos certificar, por enquanto, é que a mudança
que a Web 2.0 traz está na maneira como passamos a entendê-la.
Embora na literatura atual possamos encontrar muita divergência entre os
conceitos a respeito da Web 2.0 serem marketing, revolução ou evolução,
preferimos não nos ater a defesas destes, menos ainda de esmiuçar os conceitos de
Web 3.0 e Biblioteca 2.0, pois são tão ou mais frágeis que o próprio conceito de Web
2.0.
40
4 Recursos Web e sua aplicabilidade em sites de bibliotecas universitárias
Feita a discussão a respeito da importância do conhecimento dos recursos
Web 2.0, podemos verificar que não basta que essas tecnologias nem nenhuma
outra sejam simplesmente conhecidas sem aplicação. Devem ser caracterizadas
como serviços relevantes e úteis aos usuários, que originem aproximação e que
podem até distinguir-se como uma linguagem mais informal do que o comum, para
que justamente cause esse efeito.
Sendo assim, não podem ser consideradas um fim em si mesmas, mas sim
um recurso a mais que permita a melhoria dos serviços e produtos oferecidos ou dos
procedimentos de trabalho.
Nesse aspecto, as ferramentas, serviços, recursos que se constroem a
partir do conceito de Web 2.0 são inúmeros. É comum nos depararmos com
descrições de trabalhos na área seguidos de projetos que investiram na idéia e
tiveram algum tipo de êxito. Uma vez que tais trabalhos são lidos, tornam-se
potenciais contribuições para que os bibliotecários levem em consideração a
possibilidade de implantar essas tecnologias em suas bibliotecas.
Seguindo essa intenção, selecionamos aqui alguns desses recursos para
uma análise mais aprofundada, com exemplos reais de aplicações que estão sendo
feitas país adentro, independente do tipo, localização, tamanho de biblioteca, entre
outros fatores.
Para tanto, nos utilizamos das informações disponibilizadas nos sites
dessas bibliotecas como meio de divulgação de tais recursos, através do olhar do
usuário.
4.1 Recursos para criação compartilhada de conteúdo
Caracterizados pela criação coletiva de conteúdo, ou seja, a autoria é da
comunidade referente àquele ambiente, os recursos para criação compartilhada de
conteúdo se baseiam no conhecimento dos seus usuários para disponibilização de
informações.
Há
tempos
baseando-se
somente
nas
enciclopédias
impressas,
culturalmente surgem mudanças na forma de busca de informação. Dificilmente será
encontrado um usuário da Web e de tecnologias referentes a ela que não conheça
41
nenhum ambiente colaborativo. Já não nos prendemos mais à utilização de
enciclopédias impressas, por exemplo, e abrimos espaço para a utilização de wikis.
Se o impresso demanda uma versão final a ser produzida em
escala, e cada atualização exige a compra de nova edição para
substituição da anterior, [...] [os wikis] não têm versão final, nem
edição obsoleta (mesmo porque a cada momento ele pode ser
atualizado) (PRIMO, 2003, p. 59).
Wikis são tipos específicos de coleções de documentos organizados de
forma hipertextual ou consistem em denominações de softwares específicos usados
para criá-los.
A característica principal dos wikis e o que os diferem de outras páginas
comuns da Internet é o fato de que podem ser editados por qualquer usuário que se
utiliza dele, com possíveis restrições de moderadores, devido à comunidade em que
se encontra inserido, segurança e confiabilidade de conteúdo.
Ele também possibilita que suas páginas estejam sempre em construção,
nunca finalizadas, tornando possível a complementação ou correção de alguma
informação sempre que for necessário.
[...] em virtude de sua abertura à intervenção, os internautas não
podem ser chamados de meros usuários ou leitores, na medida em
que podem se tornar co-autores quando quiserem. A autoria não fica
aqui relegada à mera opção entre caminhos potenciais abertos por
um webmaster, que ocuparia uma posição hierarquicamente
superior (mantendo para si a posse pelo produto digital e o privilégio
de alterar o hipertexto e seu conteúdo escrito). Ou seja, não se trata
apenas de leitura ativa e criativa, mas também de legítima redação
(PRIMO, 2003, p. 59).
Tal característica permite que os wikis estejam inseridos na Web 2.0 e que
seu uso seja de grande valor à comunidade bibliotecária através da colaboração dos
usuários.
Embora
possuam
inúmeras
características
positivas,
o
maior
questionamento feito aos wikis gira em torno da carência de revisão antes da
publicação e, consequentemente, da confiabilidade de suas fontes. No entanto, isso
não deve fazer com que o usuário se afaste dos wikis, mas que saiba ter uma leitura
crítica e selecione suas informações, como acontece com a maior parte do conteúdo
da Web atualmente.
Manness (2007, p. 49) diz que “wikis como itens de uma coleção, e a
instrução associada de usuários na avaliação deles, são quase com certeza parte do
futuro das bibliotecas”. Assim também, pode-se dizer que brevemente tais recursos
42
estarão disponíveis nas bibliotecas do país como forma de troca de conteúdo entre
usuários, assim como entre usuário e bibliotecário, agregando-se ao serviço de
referência e dinamizando-o ainda mais, como já acontece internacionalmente.
Além disso, esse tipo de recurso permite não só que o usuário seja
aproximado através de uma abordagem diferente, chamando sua atenção, como
também faz com que ele sinta-se satisfatoriamente inserido na biblioteca por meio
da sua constante colaboração e de sua comunidade no geral, tornando claro que a
biblioteca é um ambiente vivo e mutável.
Portanto, inicialmente com o objetivo de encontrar ambientes wiki
especificamente voltados para bibliotecas no âmbito nacional, por não haver esse
tipo de recursos disponibilizado no Brasil, acabamos optando por realizar a pesquisa
através de páginas wiki com conteúdos de bibliotecas.
Nome
Wikipédia
Scholarpedia
Wikinologia
Knol
Descrição
Endereço na Web
Foco
Nº de
artigos
Projeto multilingual de
acesso público
Escrita exclusivamente
por
profissionais
voltados especialmente
para o seu campo de
especialização; sujeito
a revisão por pares.
http://wikipedia.org
Enciclopédico
http://www.scholarpedia.org
Enciclopédico
12.000.000
(no Brasil)
1.619
Uma wikipedia sobre
tecnologia,
eletrônica,
programação voltada ao
pessoal da Engenharia
Elétrica e Ciência da
Computação.
Uma
tecnologia wiki
semelhante ao Google.
http://www.wikinologia.org
Enciclopédico
100.000
http://knol.google.com
Enciclopédico
100.000
Quadro 1: Exemplos de wikis. Fonte: elaborado pela autora com base na WIKIPEDIA.
Nesse sentido, primeiramente, houve um levantamento de páginas
construídas
no
Knol,
por
seu
conteúdo
ter
sido
construído
por
perfis
correspondentes a funcionários das próprias bibliotecas, para que depois fossem
abertos a colaborações de usuários das mesmas, imprimindo maior confiabilidade
em seu conteúdo e mostrando a iniciativa da biblioteca, principal foco dessa
pesquisa.
Feito isso, buscaram-se também páginas com conteúdos de bibliotecas na
Wikipédia, mais conhecida e abrangente, de forma a complementar a abordagem
aos wikis.
43
4.1.1 Biblioteca da ESALQ/USP
Figura
9:
Página
da
Biblioteca
da
ESALQ/USP
no
Knol.
Endereço:
http://knol.google.com/k/biblioteca-da-esalq-usp/divisão-de-biblioteca-e-documentaçãoda/3gquyim7ywail/1#.
Nesse caso, a página analisada é da biblioteca da ESALQ, apresentada no
item 2.4.1 e se utiliza do Knol. A biblioteca se encontra fisicamente na cidade de
Piracicaba, estado de São Paulo e se caracteriza como biblioteca universitária,
especificamente inserida na área de agricultura.
De acordo com a avaliação no ambiente, a página contém informações
subdividas nos seguintes itens: resumo; missão, valores e visão; localização das
bibliotecas; horário das bibliotecas; acervo por biblioteca; serviços; base de dados;
publicações eletrônicas e; ligações externas.
Dessa forma, pode-se observar que o tipo de informação disponibilizada é
referente ao ambiente interno da biblioteca, características gerais, serviços
prestados pela mesma, bem como números relativos ao acervo, ligações com a
base de dados e com o site da biblioteca. A única ligação externa se refere a portais
de pesquisa e revistas eletrônicas, que não têm ligação direta com a biblioteca.
Com base nesses fatos, foi verificado também que o tipo de informação
disponibilizada tem foco nos usuários da biblioteca, ou seja, a comunidade
44
universitária que a frequenta, embora não restrinja a possibilidade de acesso e
participação somente a eles, mas a qualquer indivíduo que esteja na Web.
Quanto às categorias, que podem ser inseridas tanto pelo moderador
quanto pelos usuários, a página se classifica em agricultura, biblioteca universitária e
educação.
O tipo de colaboração do ambiente selecionado pelo moderador consiste
em permitir que qualquer pessoa possa editar o conteúdo da página, mas tal
alteração não será publicada imediatamente, ficando à espera da aprovação do
moderador.
A página foi criada em 16/09/2009 pelo perfil denominado “Biblioteca da
ESALQ/USP” que, de acordo com o observado, corresponde a algum funcionário da
biblioteca e a última edição foi realizada no dia 24/09/2009 pelo próprio perfil do
moderador, assim como todas as anteriores, totalizando 10 edições até agora.
Não há nenhum comentário ou revisão realizados pelo usuário, fato que,
aliado ao número de edições, evidencia a falta de participação do usuário nesse
ambiente.
Ainda assim, de acordo com informações da página, na semana em que foi
observada, havia 20 visualizações da página, somando-se a um total de 446 visitas,
o que significa que usuários têm acessado frequentemente a página em questão.
4.1.2 Divisão de Biblioteca e Documentação (DBD)/FMUSP
O caso da DBD, apresentada no item 1.4.2 e utilizadora do Knol não difere
em sua maioria das características observadas no item anterior, por também estar
vinculada à USP e seguir o padrão demonstrado pela biblioteca da ESALQ. Sua
localização se dá na cidade de São Paulo-SP e suas características a qualificam
como biblioteca universitária, atuando na área de saúde e medicina.
Sua página no Knol oferece informações históricas da biblioteca, seguida
das subdivisões de conteúdo relativas à: missão; conheça a biblioteca (fotos); visita
monitorada (fotos); horário das bibliotecas; serviços; guia de apresentação de
dissertações, teses e monografias da FMUSP; bases de dados e; publicações
eletrônicas.
Aqui, como no caso anterior, é observado que o tipo de informação
disponibilizada refere-se a utilidades da própria biblioteca, mantendo as ligações
45
externas para bases de dados e publicações eletrônicas. Nesse caso, porém, não há
nenhuma informação diretamente referente ao site da DBD, assim como no site não
foram encontradas ligações com a página do Knol.
Figura 10: Página da DBD no Knol. Endereço: http://knol.google.com/k/divisão-de-biblioteca-edocumentação/divisão-de-biblioteca-e-documentação-da/2m8winmcqjlb4/2#.
A ligação com o site da biblioteca se encontra no perfil do moderador
cadastrado no Knol denominado “Divisão de Biblioteca e Documentação”, no
entanto, na estatística semanal não consta nenhuma visita ao perfil e no total são
poucas visitas, o que pressupõe que os usuários dificilmente tomam conhecimento
da existência dessa ligação.
Ainda assim, nota-se que o foco da informação disponibilizada está nos
usuários da biblioteca, como no caso da biblioteca da ESALQ, a comunidade
universitária que a utiliza, embora tal fato não restrinja o acesso de outras pessoas à
página.
Em relação às categorias, a DBD está inserida em biblioteca universitária,
educação, faculdade de medicina, medicina e universidade de são paulo,
caracterizando uma especificidade maior em relação às categorias relacionadas à
ESALQ.
46
Como no item anterior, a edição do conteúdo da página pode ser realizada
por qualquer pessoa que possua uma conta no Google, porém não será publicada
instantaneamente, pois a aprovação fica a critério do moderador.
A data de criação da página consta como 15/10/2009 e possui 10 edições,
tendo datada como mais recente a de 22/10/2009, todas editadas pelo moderador
da página.
Identicamente ao caso da biblioteca da ESALQ, não há nenhum comentário
ou revisão realizados pelo usuário, fato que, aliado ao número de edições, evidencia
a falta de participação do usuário nesse ambiente. As estatísticas de visualização da
página só evidenciam essa característica, pois se resumem a nenhuma visita na
semana e 70 no total, embora se deva considerar que a data de criação é recente.
4.1.3 Biblioteca Florestan Fernandes
Figura
11:
Página
da
Biblioteca
Florestan
Fernandes
na
Wikipédia.
Endereço:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_Florestan_Fernandes.
Diferentemente dos exemplos anteriores, a página analisada da Biblioteca
Florestan Fernandes (FF), apresentada no item 2.4.4, foi criada na Wikipédia.
Localizada na cidade de São Paulo, a biblioteca pertence à USP e se classifica
47
como biblioteca universitária, atendendo a um público específico da área de ciências
humanas.
As informações contidas na página dizem a respeito da biblioteca,
subdivididos nos seguintes itens: história, organização e funcionamento; acervo;
como usar a biblioteca; serviços oferecidos; a biblioteca em números e; ligações
externas.
Assim, observa-se que o tipo de informação disponibilizada é referente à
biblioteca e suas características e estatísticas. A referência a algo externo à
biblioteca se concentra nas “ligações externas”, que, ainda assim, se restringe aos
vínculos que a biblioteca mantém. É importante ressaltar que nesse item se
encontram as ligações tanto para o site da biblioteca como para o blog e twitter,
recursos que são analisados aqui.
Desse modo, é verificado que o tipo de informação disponibilizada tem foco
nos usuários da biblioteca, ou usuários em potencial, embora, como princípio da
Wikipédia, as informações que estão contidas ali não se restrinjam ao acesso e
colaboração dos usuários da biblioteca, mas também de qualquer indivíduo que
tenha acesso à página.
Em relação às categorias, essa página se insere em “Bibliotecas de São
Paulo”, “Bibliotecas Universitárias” e “Universidade de São Paulo”, caracterizando
bem o meio a que pertence. Nesse caso, as categorias têm uma dificuldade maior
para serem modificadas do que nos exemplos anteriores.
No que difere ao Knol, aqui o tipo de colaboração não é legitimado pelo
moderador, pois não há somente um indivíduo que administre as informações
disponibilizadas na página. Na Wikipédia todos podem colaborar da mesma forma,
mas há uma página de discussão corresponde a cada página criada nesse ambiente
para que se possa debater eventuais erros, desacordos ou sugestões sobre o artigo.
Assim sendo, a alteração de conteúdo é publicada no mesmo momento, não
necessitando de aprovação, mas pode ser alterada ou acrescentada por qualquer
usuário da mesma forma.
Nos dados da página não constam sua data de criação e número de
versões, alegando que o tempo entre uma edição e outra foi muito longo para ser
armazenada, mas consta a última alteração, que data de 23 de outubro de 2009.
Também não são divulgados os números de acesso e a página não dispõe de
48
espaço para comentários, que nesse caso, pode ser substituída pela parte de
discussão, citada anteriormente.
4.1.4 Biblioteca Central da PUCRS
Figura
12:
Página
da
Biblioteca
Central
da
PUCRS
na
Wikipédia.
Endereço:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_PUCRS.
A página analisada aqui pertence à Biblioteca Central da PUCRS,
apresentada no item 2.4.8, criada na Wikipédia. Localizada na cidade de Porto
Alegre-RS, a biblioteca pertence à PUCRS e se classifica como biblioteca
universitária, atendendo à comunidade universitária e geral que a cerca.
As informações contidas na página dizem a respeito da biblioteca,
subdivididos nos seguintes itens: história; descrição; padrões; tecnologia; setor de
acervos especiais; exposições virtuais; referências e; ligações externas.
Assim, observa-se que o tipo de informação disponibilizada é referente à
biblioteca e seus serviços. A referência ao conteúdo externo à biblioteca se
concentra nas “ligações externas”, sendo que nesse item se encontra a ligação para
o site da biblioteca.
49
Verifica-se, portanto, que o tipo de informação disponibilizada tem foco nos
usuários da biblioteca, ou usuários em potencial, embora como já dito, como
princípio da Wikipédia, as informações que estão contidas ali não se restrinjam ao
acesso e colaboração dos usuários da biblioteca, mas abranja qualquer indivíduo
que tenha acesso à página.
Em relação às categorias, essa página se insere em “Bibliotecas do Rio
Grande do Sul”, caracterizando bem o meio a que pertence.
Como no item anterior, o tipo de colaboração não é legitimado pelo
moderador, pois não há somente um indivíduo que administre as informações
disponibilizadas na página. Assim sendo, a alteração de conteúdo é publicada no
mesmo momento, não necessitando de aprovação, mas pode ser alterada ou
acrescentada por qualquer usuário da mesma forma.
Nos dados da página não constam sua data de criação e número de
versões, alegando que o tempo entre uma edição e outra foi muito longo para ser
armazenada, mas consta a última alteração, que data de 11 de dezembro de 2009.
Também não são divulgados os números de acesso e a página não dispõe de
espaço para comentários, que nesse caso, pode ser substituída pelo espaço de
discussão que a Wikipédia permite.
4.2 Blogs
Blogs ou Weblogs são páginas na Web cuja estrutura permite a atualização
rápida a partir de acréscimos de artigos ou posts. Normalmente são organizados de
forma cronológica inversa (do mais atual para o mais antigo) e seu posts são
relacionados à temática proposta pelo blog.
Caracterizam-se também por usar elementos multimídias acompanhando os
textos e enriquecendo-os com imagens e vídeos, além de hiperlinks que
proporcionam interação com conteúdos externos ou internos, de forma a
complementar a informação tratada no post. Podem ser escritos por uma ou várias
pessoas através de contas pessoais ou coletivas e geralmente disponibilizam
espaços para comentários dos leitores.
Segundo definições convencionais, blog é um diário mantido por qualquer
indivíduo na Internet. A palavra surgiu pela primeira vez em 1997, quando John
Barger denominou seu diário pessoal na Web como Weblog. Logo após, usuários
50
começaram a criar trocadilhos com o termo “we blog” ou “nós blogamos”,
empregando o uso do termo blog efetivamente.
Em suma, Ribas (2008) afirma que os blogs tornaram realidade duas
promessas da Internet: a liberdade universal de expressão e a interatividade, sendo
estes pontos-chave para o seu sucesso.
Embora haja uma discussão a respeito de considerá-lo Web 2.0 ou não, o
consideraremos aqui principalmente pela forma de utilização, que deixou de
funcionar somente como diário virtual para expandir-se dentro das características de
Web 2.0.
Para Coutinho (2007, p. 201) a imprensa insiste em ver blogs como meros
diários on-line, tratados como publicações individuais e pessoais, por considerar que
são ameaças às formas tradicionais de divulgação de informação.
A autora aborda os blogs como espaços fundamentais de interação e que
podem ser considerados com seriedade, justificando sua importância pela criação
recente do IBSN2 (Internet Blog Serial Number), que assim como o ISBN
(International Standard Book Number) e o ISSN (International Standard Serial
Number), é um número de indexação que pretende garantir o direito dos autores de
blog sobre suas publicações.
Sua simplicidade de uso e publicação, linguagem informal, facilidade de
criação e manutenção, resultados rápidos apresentados nos buscadores Web, além
de não necessitar de conhecimento técnico sobre programação para utilização,
comparado aos sites, torna o blog um dos recursos mais claros, conhecidos e
utilizados da Web 2.0.
A nível tecnológico um blog é essencialmente um sistema de gestão
de conteúdo que permite publicar uma série de mensagens ou posts
sobre os quais os leitores do blog podem adicionar comentários.
Como qualquer outro gestor de conteúdos um blog permite separar
o conteúdo de sua apresentação visual, o que torna a ferramenta
muito mais adaptável, confiável e segura para as futuras mudanças
de estilo e imagem (ARNAL, 2008, p. 11, tradução nossa).
Dentro das bibliotecas, os blogs assumem um grande potencial, por servir
de mais um canal de comunicação prático com os usuários. Neles, podem ser
divulgadas as aquisições, atividades internas, assuntos pertinentes à comunidade
em que a biblioteca se insere, grupos e recomendações de leitura, atividades da
instituição na qual a biblioteca está vinculada, traçando um paralelo com o serviço
2
http://ibsn.org
51
de alerta, entre muitas outras coisas que dependem da criatividade e iniciativa dos
bibliotecários.
Tais características fazem com que esse profissional possa ver nos blogs
uma forma de representação da biblioteca através de um canal direto e na
linguagem do usuário, sem a burocracia institucional que muitas vezes surge como
barreira para essa comunicação.
Para construir um blog, existe uma vasta lista de ferramentas, sendo que as
mais utilizadas e gratuitas são o Blogger3 e o Wordpress4, além de vários outros
como Uniblog5, LiveJournal6, e os pagos como UOL Blog7 e Terra Blog8.
Inseridas nos princípios da Web 2.0, sua utilização se dá por meio da Web,
dispensando qualquer tipo de instalação. Há também os blogs que são hospedados
pela instituição na qual a biblioteca se insere, tendo o endereço do blog como uma
extensão do endereço do site da biblioteca ou da instituição.
Para a pesquisa, foram selecionados blogs de bibliotecas hospedados pelas
próprias entidades, assim como pelo Blogger e Wordpress. Os critérios de seleção
foram feitos através da aparição desses blogs em motores de busca mais utilizados,
tentando se aproximar ao máximo com o trajeto que um usuário comum faria.
Seguindo essa metodologia, foram encontrados cinco blogs, que serão
apresentados e analisados a seguir.
4.2.1 Biblioteca/CIR da FSP/USP
A análise aqui realizada descreve as características observadas no blog da
Biblioteca/CIR da FSP/USP, apresentada no item 2.4.3 e que está hospedado no
Blogger. A biblioteca está instalada na cidade de São Paulo e se caracteriza como
biblioteca universitária, atendendo ao público específico da área de saúde pública e
nutrição.
A página contém itens fixos divididos em “Sobre”, “Galeria de fotos”,
“Categorias” e “Arquivos”, além de informações no topo da página.
3
www.blogger.com
wordpress.com
5
http://www.uniblog.com.br
6
http://www.livejournal.com
7
http://blog.uol.com.br
8
http://blog.terra.com.br
4
52
Figura 13: Blog da Biblioteca da FSP. Endereço: http://bibfsp.blogspot.com.
Nesse topo, são oferecidas ligações que redirecionam o usuário ao site da
biblioteca, ao site da faculdade e a uma área direta de comunicação intitulada “Fale
conosco”, pertencente ao site.
Também como item fixo do blog, é disponibilizado um pequeno texto que
descreve a funcionalidade da biblioteca (Sobre) que leva o usuário ao perfil do
administrador, além de pequenas amostras da galeria de fotos da biblioteca,
oferecendo ligação para o Flickr9 da mesma.
Em “Categorias” são mostrados os marcadores que classificam as
postagens do blog, que atualmente se mantém em “Acontece na Biblioteca”,
“Eventos”, “Produtos e Serviços”, “Recursos da Web” e “Sobrou Tempo?”.
Em seguida, são expostos os arquivos do blog com todas as postagens que
foram feitas desde o seu início, organizadas em ordem decrescente de data,
separadas em semanas, tendo como a última data apresentada 23/10/2009 (ou seja,
a primeira postagem).
Quanto às postagens, pode-se observar que são feitas por um perfil
administrador denominado “Blog da Biblioteca” que aparenta ser representado por
um bibliotecário interno. O conteúdo é relativo às novidades e atividades da
9
http://www.flickr.com
53
biblioteca, assuntos pertinentes à literatura científica na área de saúde pública e
nutrição, informações sobre literatura para lazer, bem como novidades a respeito da
universidade e da faculdade na qual a biblioteca se insere. Embora não apresente
posts colaborativos, são utilizados com frequência imagens e vídeos, o que torna o
conteúdo mais dinâmico.
Como as postagens permitem comentários dos visitantes, é observado um
número de comentários que varia de 0 a 2, exceto pelo primeiro post que possui 8
comentários. No todo, o blog conta com 13 postagens até a data em que foi
analisado, demonstrando uma frequência de pouco mais de uma postagem por
semana.
Dessa forma, e também pelo contador de visitas, que marca 1.734 acessos,
é notada uma estabilidade na atualização do blog, assim como a participação
frequente dos usuários, ainda que pouca, provavelmente por seu pouco tempo de
existência.
4.2.2 Biblioteca Florestan Fernandes
Figura 14: Blog da Biblioteca Florestan Fernandes. Endereço: http://bibliofflch.wordpress.com.
54
Essa análise é feita com base nas características observadas no blog da
Biblioteca Florestan Fernandes, apresentada no item 2.4.4, hospedado no
Wordpress. Sua localização física se dá na cidade de São Paulo e é caracterizada
como biblioteca universitária, atendendo ao público específico universitário das
áreas de filosofia, ciências sociais, geografia, história, língua e literatura.
A
página
contém
itens
fixos
divididos
em
“Arquivos”,
“Páginas”,
“Categorias”, “Visite também”, “Onde está quem nos visita?” e “Compartilhe”, além
dos itens “Normas bibliográficas”, “Sobre nós”, “Tutoriais” e “Veja também”
localizados no topo da página.
No topo são oferecidos alguns recursos que podem auxiliar nos estudos dos
usuários, como nos itens “Normas bibliográficas” e “Tutoriais”, que contém manuais
com informações a respeito das normas utilizadas pela universidade, além de
tutoriais de pesquisa nas bases de dados acadêmicas e do catálogo da biblioteca.
Os outros itens contidos no topo são referentes a informações específicas
da biblioteca, descrevendo resumidamente as funções da biblioteca, disponibilizando
ligações com o site, página na Wikipédia, telefones, e-mails e localização, além de
ligações externas, como o site da universidade, da faculdade e sites de pesquisa
relacionados à academia.
Já na coluna localizada à direita, primeiramente são encontrados os
arquivos do blog com todas as postagens que foram feitas desde o seu início,
organizadas em ordem cronológica decrescente, separadas por mês, mostrando que
a primeira postagem foi realizada em 15/04/2009, provável data de criação do blog.
Em “Páginas” estão contidos os mesmos itens do topo e em “Categorias”
são mostradas as divisões em que as postagens foram publicadas, nas quais
consideramos como relevantes10 “Bases de dados”, “bibliotecas”, “Eventos”,
“Institucional”, “Libraries”, “livros”, “Postagens”, “Serviços” e “Tecnologia”.
Na sequência, são exibidas ligações para o twitter da biblioteca, assim como
para a comunidade no Orkut11 e para o site.
O blog ainda dispõe de itens onde apresenta dispositivos que otimizam a
interação com o usuário, como um espaço de enquetes com assuntos relacionados
ao blog, um mapa mundial interativo que apresenta a localização aproximada dos
10
Há uma categoria definida como “1” que aparentemente foi usada somente como teste.
Rede social filiada ao Google que objetiva estabelecer e manter relacionamentos geralmente com
perfis pessoais.
11
55
visitantes e recursos Web 2.0 que se ligam ao conteúdo do blog (Delicious12, Digg13
e Twitter).
Sobre as postagens, pelo que foi observado, são feitas por um único perfil
denominado “bibliofflch”, que embora não apresente nenhuma informação sobre o
mesmo, acreditamos que seja gerenciado por algum funcionário da biblioteca,
baseado nas informações observadas nas postagens.
Observa-se também que o conteúdo das postagens é, em sua maioria,
relacionado às tecnologias de informação e comunicação, novidades e atividades da
biblioteca e da faculdade, assuntos pertinentes a bibliotecas no geral, além de
literatura de lazer.
O blog não apresenta posts colaborativos e raramente se utiliza de recursos
como imagens, sons e vídeos, mantendo textos extensos que podem não chamar a
atenção do usuário ao primeiro contato.
Quanto aos comentários, embora o blog seja sempre atualizado e contenha
um grande número de postagens (foram contados cerca de 60), das 10 que constam
na página inicial, somente uma continha comentário, sendo que o restante das
postagens arquivadas segue tal tendência, fato que evidencia a pouca participação
dos usuários.
Sendo assim, nota-se uma manutenção do blog eficiente, porém a
participação dos usuários é mínima, mesmo através dos recursos mais simples,
como comentários, fato que nos faz pensar em duas hipóteses: os frequentadores
do blog assumem o perfil de leitores mais do que contribuintes ou; seu contato com
a biblioteca se dá mais através de recursos como Twitter ou o próprio site do que
com o blog.
4.2.3 Biblioteca UNISINOS
Nesse caso, a análise feita descreve as características observadas no blog
da Biblioteca da UNISINOS, apresentada no item 2.4.5, que se hospeda através do
site da universidade a qual pertence. A biblioteca se localiza na cidade de São
Leopoldo-RS e se caracteriza como biblioteca universitária, atendendo a um público
que consiste em estudantes, professores e funcionários de toda a universidade.
12
13
http://delicious.com
http://digg.com
56
Figura 15: Blog da Biblioteca UNISINOS. Endereço: http://unisinos.br/blog/biblioteca.
A página contém itens fixos bastante simplificados, que consistem em
“Categorias”, “Arquivos”, “Blogroll”, “Procura” e “Meta”.
No item “Categorias” são exibidos marcadores divididos em “Capacitações”,
“Notícias”, “Sem categoria”, “Serviços” e “Sugestões de leitura”.
Na sequência, são disponibilizados os arquivos do blog com todas as
postagens que foram feitas desde o seu início, organizadas em ordem decrescente
por data, separadas por mês, tendo a postagem inaugural datada de 19/02/2008.
Sobre as postagens, foi observado que não há um perfil que as assina,
como nos exemplos anteriores, pois esse quesito não é necessário já que o blog é
hospedado pela própria universidade.
O conteúdo é relativo a notícias e serviços da biblioteca, informações sobre
literatura para lazer e assuntos gerais relacionados à leitura. O blog não apresenta
posts colaborativos, mas ainda que pouco, se utiliza de recursos como imagens,
sons e vídeos, que pode tornar o conteúdo mais dinâmico.
Como nos exemplos anteriores, o blog permite comentários, porém o
número recebido é mínimo, observado que quase todas as postagens que se
encontram na página inicial não possuem comentários.
57
Posto isso e, considerando que o blog existe há quase dois anos, é fato que
há pouca participação dos usuários nesse meio de comunicação com a biblioteca,
embora a biblioteca atualize o blog constantemente.
4.2.4 Biblioteca da Feevale
Figura 16: Blog da Biblioteca da Feevale. Endereço: http://bibliotecafeevale.wordpress.com.
Essa análise é feita com base nas características observadas no blog da
Biblioteca da Feevale, apresentada no item 2.4.6, hospedado no Wordpress. Sua
localização física se dá na cidade de Novo Hamburgo-RS e é caracterizada como
biblioteca escolar e universitária, atendendo a um público que se insere desde a
educação básica até o ensino superior.
A página contém itens fixos divididos em “Pesquisa”, “Categorias”, “Sites
relacionados”, “Links interessantes”, “Os mais clicados”, “Acessos ao blog” e
“Arquivos”.
Nesses itens, primeiramente é encontrada uma área para realizar pesquisa
com termos dentro do blog, acompanhado de categorias, que mostram as divisões
em que as postagens foram publicadas, sendo elas “Acesso gratuito”, “Biblioteca”,
58
“CDU”, “Cuidados com o acervo”, “Dicas”, “Feevale”, “Hora do conto”, “Inclusão”,
“Links”, “Notícia”, “Referência” e “Sugestões”.
Em seguida são apresentados os sites relacionados, onde consta a ligação
com o site da biblioteca; e os “Links interessantes” que fazem ligações externas à
biblioteca mostrando outras fontes de pesquisa.
Ainda nessa coluna são apresentados os arquivos do blog com todas as
postagens que foram feitas desde o seu início, em um total de 246, organizados em
ordem cronológica decrescente, separados por mês, mostrando que a primeira
postagem foi realizada em 03/07/2008.
Quanto às postagens, ao observalas, conferiu-se que são feitas por um
perfil denominado “bibliotecafeevale”, que embora não apresente nenhuma
informação sobre o mesmo, também acredita-se que seja gerado por algum
funcionário da biblioteca, baseado nas informações observadas nas postagens.
Além dessas características, observou-se que o conteúdo das postagens é
em sua maioria relacionado a informações e novidades da própria biblioteca, mas
não se atem somente a isso, abrangendo notícias referentes à Feevale e novidades
relacionadas a livros e leituras em geral.
O blog também não apresenta posts colaborativos, embora se utilize de
recursos que vão além do texto, como imagens e vídeos, garantindo uma
dinamicidade aos seus leitores.
Sobre os comentários, das postagens visualizadas na página inicial, só uma
contém um comentário, sendo que as outras não possuem nenhum, caracterizando
assim a falta de participação do usuário, embora o blog seja bastante atualizado,
exista há bastante tempo e possua 13.733 acessos em seu contador.
Nota-se, portanto, que o blog possui uma manutenção eficiente e muitos
usuários o acessam, mas poucos participam na forma mais simples, que são os
comentários, fato que nos faz pensar nas mesmas duas hipóteses apresentadas
anteriormente: os frequentadores do blog assumem o perfil de leitores mais do que
contribuintes ou; seu contato com a biblioteca se dá mais através de outros recursos
ou o próprio site do que com o blog.
59
4.2.5 Biblioteca Central da UFRGS
Figura 17: Blog da Biblioteca Central da UFRGS. Endereço: http://bcufrgs.blogspot.com.
A análise realizada nesse caso descreve as características observadas no
blog da biblioteca central da UFRGS, apresentada no item 2.4.7 que se hospeda no
Blogger. A biblioteca está instalada na cidade de Porto Alegre-RS e se caracteriza
como biblioteca universitária, atendendo ao público da universidade e à comunidade
que a cerca.
A página contém itens fixos divididos em “Pesquisar esse blog”, “Arquivo do
Blog”, “Links” e “Colaboradores”.
A coluna lateral se inicia com um espaço de busca dentro do blog, seguida
pelos arquivos com todas as postagens que foram feitas desde o seu início,
organizadas em ordem decrescente de data, separadas por mês, tendo o post
inaugural datado de 23/06/2005.
No item “Links” são exibidas algumas ligações externas que direcionam a
sites relacionados com o conteúdo da biblioteca e com a universidade. Já no item
“Colaboradores” são mostrados os perfis das pessoas que publicam no blog, que
aparentemente
são
os
bibliotecários
caracterizando colaboração de usuários.
pertencentes
àquela
biblioteca,
não
60
Como o blog não possui categorias, tornou-se difícil identificar os temas do
conteúdo disposto, porém na descrição do mesmo, é dito que o blog divulga notícias
sobre livros, periódicos, documentos eletrônicos e etc. que possam facilitar o acesso
à informação de um modo geral.
Embora o blog exista há mais de quatro anos, se utiliza muito pouco de
imagens e outros recursos, não possui espaço para comentários e, como dito, não
possui postagens colaborativas de usuários, o que torna seu contato com o usuário
mais restrito.
Dessa forma, não foi possível descobrir o nível de participação dos
usuários, se estes acessam o blog com frequência e se o blog corresponde às
expectativas e se atende às necessidades dos usuários.
4.3 Microblogs
Nascidos essencialmente como recursos incorporados no mundo da Web
2.0, os microblogs podem ser conhecidos como redes sociais que permitem aos
usuários enviar e ler atualizações pessoais de outros contatos. Como o próprio
nome diz, são como condensações de blogs, por permitir que um conteúdo menor e
mais simplificado seja apresentado, em termos de caracteres.
Embora existam vários desses recursos disponíveis na Web atualmente
(como o Tumblr14, Identi.ca15, Jaiku16 e Plurk17), abordaremos especificamente o
Twitter, um microblog que resume suas atualizações (ou tweets) em textos de até
140 caracteres, publicados através da Web, SMS (Short Message Service) ou
softwares específicos instalados em computadores ou dispositivos portáteis.
Como no blog, é necessário criar uma conta, representada pelo símbolo “@”
seguido do nome que o usuário escolhe. As atualizações feitas são exibidas na
página do perfil do usuário e em tempo real, além de serem enviadas aos usuários
que tenham assinado para recebê-las (os seguidores ou followers), assim como
apresenta uma listagem das atualizações de perfis que o próprio usuário se dispõe a
seguir.
14
http://www.tumblr.com
http://identi.ca
16
http://www.jaiku.com
17
http://www.plurk.com
15
61
Criado em 2006 por Evan Willians, Jack Dorsey e Biz Stone, o Twitter surgiu
como proposta de unir as mensagens de celular (SMS) à Web. A característica de
mensagens curtas foi mantida, unida à idéia de seus usuários divulgarem o que
fazem através da pergunta que aparece acima da caixa de postagem: “What are you
doing?” (ou “o que você está fazendo?”).
Esse recurso permite que os usuários criem comunidades através dos
contatos estabelecidos, podendo ser utilizado tanto como recurso pessoal quanto
profissional. Por possibilitar tal empreendimento, já é bastante usado por empresas
particulares como um canal de marketing, assim como instituições governamentais,
públicas ou entidades sem fins lucrativos no geral.
Dentre os recursos com mais aderência em 2008, estatisticamente, o Twitter
foi o que mais cresceu, com um índice de 1.382% no período de fevereiro de 2008 a
fevereiro de 2009, caracterizando seu uso cada vez maior, independente do
ambiente ou finalidade.
Recurso
Fevereiro 2008
Fevereiro 2009
Crescimento
Twitter
475.000
7.038.000
1.382%
Zimbio
809.000
2.752.000
240%
Facebook
20.043.000
65.704.000
228%
Multiply
821.000
2.394.000
192%
Wikis
1.381.000
3.758.000
172%
Quadro 2: Crescimento de recursos. Fonte: Adaptado de http://news.cnet.com
Dessa forma, foi notado que várias bibliotecas já têm se conscientizado de
como o Twitter pode servir de meio de divulgação das atividades desenvolvidas na
biblioteca, bem como da forma que possibilita prestar serviço de atendimento ao
usuário paralelo ao que é feito pessoalmente na biblioteca.
Portanto, foram analisados perfis de bibliotecas criados no Twitter por
bibliotecários ou funcionários que respondem pela biblioteca, encontrados em
motores de busca com pesquisas similares as que os usuários de bibliotecas fariam.
Assim, encontramos três perfis, apresentados a seguir:
62
4.3.1 Biblioteca da ESALQ/USP
Figura 18: Twitter da Biblioteca da ESALQ/USP. Endereço: http://twitter.com/bibliotecaesalq.
O caso aqui estudado diz respeito ao twitter da Biblioteca da ESALQ,
apresentada no item 2.4.1. A biblioteca se encontra fisicamente na cidade de
Piracicaba, estado de São Paulo e se caracteriza como biblioteca universitária,
especificamente inserida na área de agricultura.
Na coluna lateral, onde são dispostos os itens fixos, estão o nome,
localização, uma pequena descrição e o endereço Web que corresponde ao site da
biblioteca.
Também são exibidos o número de perfis que a biblioteca segue (4), o
número de seguidores (136) e em quantas listas esse twitter está adicionado (6).
Atualmente, esse perfil possui 94 postagens, sendo que a primeira foi feita no dia
22/06/2009.
Quanto ao conteúdo, foi possível verificar que é referente às tecnologias
comumente usadas na Web, além de novidades relacionadas a bibliotecas e à
literatura em geral, mas não remetem a conteúdos internos como o site da
biblioteca. As postagens são informativas e sempre contém ligações que levam o
usuário a algum site que contém a publicação detalhada do conteúdo proposto.
63
Os
posts
não
caracterizam
participação
dos
usuários
de
forma
convencional, nem através de re-tweets, ou seja, re-postagens de algum conteúdo
que já foi encontrado em outro twitter. Da mesma forma, foi notado que outros
usuários não têm citado (ou feito re-tweets) da biblioteca.
Quanto à frequência de atualização, é perceptível que a biblioteca não o
mantém constantemente atualizado, levando em consideração que o Twitter é um
recurso que exige tal característica e que, das postagens que são exibidas na
página inicial, a última data de setembro de 2009, o que corresponde a
aproximadamente uma postagem a cada cinco dias.
4.3.2 Biblioteca Florestan Fernandes
Figura 19: Twitter da Biblioteca Florestan Fernandes. Endereço: http://twitter.com/bibliofflch.
A análise feita aqui corresponde ao twitter da Biblioteca Florestan
Fernandes, apresentada no item 2.4.4. Localizada na cidade de São Paulo, a
biblioteca pertence à USP e se classifica como biblioteca universitária, atendendo a
um público específico da área de ciências humanas.
64
Na coluna lateral, onde são dispostos os itens fixos, estão o nome,
localização, uma pequena descrição e o endereço Web que corresponde ao blog da
biblioteca.
Também são exibidos o número de perfis que a biblioteca segue (47), o
número de seguidores (282) e em quantas listas esse twitter está adicionado (13).
Atualmente, esse perfil possui 215 postagens, sendo que a primeira foi feita no dia
25/05/2009.
Quanto ao conteúdo, foi possível verificar que é referente às tecnologias
comumente usadas na Web, novidades relacionadas a bibliotecas e à literatura em
geral, além de informativos e serviços da própria biblioteca. As postagens são
informativas e em sua maioria contém ligações que levam o usuário a algum site que
contém a publicação detalhada do conteúdo proposto.
Os
posts
não
caracterizam
participação
dos
usuários
de
forma
convencional, mas dispõem de re-tweets, ou seja, re-postagens de algum conteúdo
que já foi encontrado em outro twitter. Ainda foi notado que da mesma forma, outros
usuários têm citado (ou feito re-tweets) da biblioteca.
Quanto à frequência de atualização, é perceptível que a biblioteca o
mantém atualizado, levando em consideração que, das postagens que são exibidas
na página inicial, a última data de dezembro de 2009, o que corresponde a
aproximadamente uma postagem e meia por dia.
4.3.3 Biblioteca Central da PUCRS
Esta análise corresponde ao twitter da Biblioteca Central da PUCRS,
apresentada no item 2.4.8. Localizada na cidade de Porto Alegre-RS, a biblioteca
pertence à PUCRS e se classifica como biblioteca universitária, atendendo à
comunidade universitária e geral que a cerca.
Na coluna lateral, onde são dispostos os itens fixos, estão o nome,
localização, uma pequena descrição e o endereço Web que corresponde ao site da
biblioteca.
Também são exibidos o número de perfis que a biblioteca segue (12), o
número de seguidores (37) e em quantas listas esse twitter está adicionado (2).
Atualmente, esse perfil possui 20 postagens, sendo que a primeira foi feita no dia
04/12/2009, caracterizando esse recurso como novo para a biblioteca.
65
Figura 20: Twitter da Biblioteca Central da PUCRS. Endereço: http://twitter.com/bibliotecapucrs.
Quanto ao conteúdo, foi possível verificar que é referente a novidades e
serviços prestados pela biblioteca. As postagens são informativas e em sua maioria
contém ligações que levam o usuário a algum site que contém a publicação
detalhada do conteúdo proposto, geralmente o da própria biblioteca.
Os
posts
não
caracterizam
participação
dos
usuários
de
forma
convencional, mas dispõem de alguns re-tweets, ou seja, re-postagens de
conteúdos que já foram encontrados em outro twitter. Ainda foi notado que da
mesma forma, outros usuários têm citado (ou feito re-tweets) da biblioteca.
Quanto à frequência de atualização, é perceptível que a biblioteca o
mantém bastante atualizado, levando em consideração que, das postagens que são
exibidas na página inicial, a última ainda possui a data de criação, o que
corresponde a pouco mais de uma postagem por dia.
4.4 Agregadores de notícias
Também chamados de leitores de RSS (Really Simple Syndication), os
agregadores de notícias são recursos que reúnem atualizações de sites ou blogs no
66
qual o usuário se inscreve em um único lugar, recebendo e repassando-as aos
usuários, empregados principalmente em sites de notícias, blogs redes sociais,
bases de dados, entre outros.
Tais sites ou blogs são escolhidos pelo próprio usuário de acordo com os
seus interesses e assim que são atualizados, o usuário as recebe no seu agregador,
sem ter que realizar uma checagem manual, ou seja, ele não precisa mais conferir
se há novidades nos sites em questão, um por um.
Campos (2007, p. 10) refere-se aos agregadores de notícias como recursos
que
têm como funcionalidade básica convergir as informações
publicadas por vários sítios em um só ponto, verificando
regularmente a existência de novo conteúdo. Do mesmo modo,
sítios podem agregar e apresentar conteúdo dinâmico proveniente
de outros sítios, referenciando adequadamente seus feeds RSS.
Para tanto, são utilizados os feeds RSS, que são basicamente
representações em documentos XML (eXtensible Markup Language) para cada
atualização que o site efetua. Os feeds contêm o nome e conteúdo (integral ou
parcial) da atualização feita no site, além da localização (link) e data.
Como ressaltam Vieira, Carvalho e Lazzarin (2008, p. 7), o diferencial do
RSS está em disponibilizar ao usuário somente o conteúdo selecionado de acordo
com a sua necessidade, além das informações virem ao encontro do usuário e não
mais o contrário (o usuário ir em busca da informação). Tal fato confere a esse
recurso características da disseminação seletiva da informação, divulgando
informações baseadas em um perfil pré-estabelecido.
Podemos perceber o espaço que as bibliotecas podem ter ao se utilizar do
RSS, pois a elas cabe a decisão da inclusão desse recurso nos sites através da
disponibilização dos feeds, o que não caracteriza uma tarefa complicada, pois seu
funcionamento se dá de uma forma simples e sem custos, dependendo do serviço
utilizado.
Quanto ao agregador de notícias utilizado, fica a critério do usuário,
podendo ser um software instalado no computador ou acessível através da Web. O
primeiro é recomendado a usuários que utilizam o mesmo computador para a leitura
dos feeds, bem como o segundo se destina mais a quem utiliza o recurso em
computadores diferentes e exige cadastro prévio, embora nos dois casos seja
necessário acesso à Internet.
67
Dessa forma, elaborou-se um quadro com os nomes dos principais
dispositivos para leitura de RSS:
Agregador
Endereço na Web
Forma de utilização
Bloglines
http://www.bloglines.com
Através da Web
FeedReader
http://www.feedreader.com
Instalado no computador
GoogleReader
http://www.google.com/reader
Através da Web
Netvibes
http://www.netvibes.com
Através da Web
PageFlakes
http://www.pageflakes.com
Através da Web
QuickRSS
http://www.quickrss.net
Instalado no computador
RSSOwl
http://www.rssowl.org
Instalado no computador
Thunderbird
http://br.mozdev.org/thunderbird
Instalado no computador
Quadro 3: Principais agregadores de notícias. Fonte: elaborado pela autora com base na
WIKIPEDIA.
Como a decisão de qual agregador será utilizado fica a critério do usuário, a
pesquisa aborda os sites de bibliotecas que disponibilizam os feeds, independente
do meio em que ele for acessar. Porém, nessa pesquisa foi utilizado como
agregador o Google Reader, para que fosse possível obter informações mais
detalhadas sobre o conteúdo e estatísticas das postagens.
Sendo assim, o levantamento foi realizado com feeds dos sites de
bibliotecas apresentados a seguir.
4.4.1 Biblioteca da ESALQ/USP
Esta análise corresponde aos feeds da Biblioteca da ESALQ, apresentada
no item 2.4.1, cuja hospedagem se dá no Rapidfeeds18. A biblioteca se encontra
fisicamente na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo e se caracteriza como
biblioteca universitária, especificamente inserida na área de agricultura.
Geralmente as páginas RSS não trazem informações significativas para o
usuário, somente servem como código para que os leitores de feeds os traduzam.
Porém, por usar um serviço específico para disponibilização de feeds, a página
possui uma interface mais amigável, onde o usuário consegue ter uma clareza de
como são dispostos os feeds.
Estatisticamente, o agregador possui 8 itens postados, sendo que o primeiro
data de 13/08/2009. Em cada item é disponibilizada somente uma introdução à
18
Serviço para disponibilização de feeds: http://www.rapidfeeds.com
68
notícia, fazendo com que o usuário clique no título para que possa ler o conteúdo
completo diretamente no site.
Figura 21: Página RSS da Biblioteca da ESALQ/USP. Endereço: http://feeds.rapidfeeds.com/12817.
Quanto ao conteúdo, foi possível verificar que é referente aos dados que
estão contidos no site, evidenciando as novidades e serviços que a biblioteca tem
realizado e principalmente as aquisições que têm adquirido.
Também foi notado que os feeds não possibilitam participação dos usuários
com relação ao conteúdo, além de ter sido verificado que há somente 2 inscrições
nesse feed, caracterizando um número baixo de acompanhamentos.
Quanto à frequência de atualização, é perceptível que a biblioteca não o
mantém muito atualizado, pois considerando a quantidade de itens que possui e a
data de criação do primeiro, corresponde a aproximadamente uma atualização a
cada doze dias. Nas estatísticas do Google Reader esse número é irrelevante, pois
indica zero postagem por semana.
69
4.4.2 Biblioteca Central da PUCRS
Figura 22: Página RSS baseada em códigos da Biblioteca Central da PUCRS. Endereço:
http://verum.pucrs.br/rss/rss_noticias.rss.
Aqui foram analisados os feeds da Biblioteca Central da PUCRS,
apresentada no item 2.4.8, cuja hospedagem se dá pelo próprio site da
universidade. Localizada na cidade de Porto Alegre-RS, a biblioteca pertence à
PUCRS e se classifica como biblioteca universitária, atendendo à comunidade
universitária e geral que a cerca.
As páginas RSS não trazem informações significativas para o usuário,
somente servem como código para que os leitores de feeds os traduzam, e aqui não
se foge do comum.
Portanto, através do Google Reader, foi constatado que o agregador possui
10 itens postados, sendo que o primeiro data de 28/08/2009. Em cada item, como no
caso anterior, é disponibilizada somente uma introdução à notícia, fazendo com que
o usuário clique no título para que possa ler o conteúdo completo diretamente no
site.
70
Quanto ao conteúdo, foi possível verificar que é referente ao que é
atualizado no site como “Notícias”, evidenciando as novidades e serviços que a
biblioteca tem realizado.
Também foi notado que os feeds não possibilitam participação dos usuários
com relação ao conteúdo, contanto, foi verificado que há 10 inscrições nesse feed,
número mais que da análise anterior, mas que ainda caracteriza um número baixo
de acompanhamentos.
Quanto à frequência de atualização, é perceptível que a biblioteca não o
mantém muito atualizado, pois considerando a quantidade de itens que possui e a
data de criação do primeiro, corresponde a aproximadamente meia atualização por
semana.
71
5 Análise dos dados obtidos
Para a apresentação deste capítulo, baseando-se nas informações
levantadas no capítulo 3, foi realizado o cruzamento de dados das bibliotecas
analisadas com relação aos quatro recursos estudados.
A proposta inicial se concentrava em estudar dez bibliotecas com a intenção
de apresentar até 40 recursos que estão atualmente em uso, porém, com base em
um levantamento realizado por mecanismos de busca mais populares e, tentando se
assemelhar o máximo possível a uma busca realizada por um usuário comum sem
conhecimento prévio, foi visto que dificilmente se chegaria a tal número,
concentrando o levantamento em oito bibliotecas e quatorze recursos.
São mostrados, portanto, dados sobre a forma como as bibliotecas se
utilizam dos recursos. Para simplificar, serão designados números na sequência em
que foram apresentadas no capítulo 1:
Biblioteca
Recurso para
criação
compartilhada de
conteúdo
Sim
Sim
Não
Sim
Blogs
Microblogs
Agregadores
de notícias
1 – ESALQ
Não
Sim
Sim
2 – DBD
Não
Não
Não
3 – FSP
Sim
Não
Não
4 - Florestan
Sim
Sim
Não
Fernandes
5 - UNISINOS
Não
Sim
Não
Não
6 - Feevale
Não
Sim
Não
Não
7 – UFRGS
Não
Sim
Não
Não
8 – PUCRS
Sim
Não
Sim
Sim
Nº de
4
5
3
2
bibliotecas
Quadro 4: Utilização dos recursos analisados. Fonte: elaborado pela autora.
Nº de
recursos
3
1
1
3
1
1
1
3
14
Como pode ser visto, nenhuma das bibliotecas faz uso dos quatro recursos
simultaneamente, assim como nenhum dos recursos foi encontrado nas oito
bibliotecas listadas.
Sendo assim, supõe-se que, embora aparentemente alguns bibliotecários já
conheçam esses recursos, a maioria os destina ao uso pessoal, como no caso dos
blogs e microblogs, e desconhecem a visibilidade e utilidade quanto à comunicação
que esses recursos podem oferecer.
Sobre a forma de utilização, salienta-se:
72
Figura 23: Gráfico de quantidade de recursos. Fonte: elaborado pela autora.
Cada recurso tem sido utilizado na seguinte ordem em termos numéricos:
blogs (5); recursos para criação compartilhada de conteúdo (wikis) (4); microblogs
(3) e; agregadores de notícias (RSS) (2).
Assim, com ressalvas que serão feitas ao longo desse capítulo, é evidente
que o blog tem sido o tipo de recurso mais utilizado dentre os estudados,
provavelmente pela facilidade com que pode ser criado e a forma de comunicação
que estabelece com o usuário. Da mesma forma, fica evidente a pouca utilização de
agregadores de notícias e RSS (e destacamos aqui certa dificuldade quanto ao
levantamento destes), que supostamente deve se dar ao fato de que muitos
usuários não conhecem tal recurso, assim como muitos bibliotecários, e também
pela complexidade de criação e configuração. Considerando que, da possibilidade
de existência de trinta e dois recursos, foram encontrados somente 14,
interpretamos que tal resultado deve-se ao fato de que as bibliotecas estão
começando a conhecer os recursos agora.
Para justificar, foram verificados os seguintes dados sobre a data de criação
dos recursos:
Recurso para
criação
Agregadores de
Biblioteca
Blogs
Microblogs
notícias
compartilhada de
conteúdo
1 – ESALQ
16/09/2009
22/06/2009
13/08/2009
2 – DBD
15/10/2009
3 – FSP
23/10/2009
4 – FF
Não consta
15/04/2009 25/05/2009
5 – UNISINOS
19/02/2008
6 – Feevale
03/07/2008
7 – UFRGS
23/06/2005
8 – PUCRS
Não consta
04/12/2009
28/08/2009
Quadro 5: Data de criação dos recursos analisados. Fonte: elaborado pela autora.
73
Com esse quadro, pode-se perceber como os recursos têm sido utilizados
em maior número recentemente apenas. Das datas apresentadas, um recurso foi
criado em 2005, dois foram criados em 2008 e nove foram criados no ano de 2009.
Acreditamos que esse número tenda a continuar crescendo exponencialmente, de
forma a tornar os recursos cada vez mais conhecidos e utilizados em bibliotecas.
Com relação à localização das bibliotecas, coletamos os seguintes dados:
Entidade a que
pertence
1 – ESALQ
Piracicaba
SP
USP
2 – DBD
São Paulo
SP
USP
3 – FSP
São Paulo
SP
USP
4 – FF
São Paulo
SP
USP
5 - UNISINOS
São Leopoldo
RS
UNISINOS
6 – Feevale
Novo Hamburgo
RS
Feevale
7 – UFRGS
Porto Alegre
RS
UFRGS
8 – PUCRS
Porto Alegre
RS
PUCRS
Quadro 6: Localização das bibliotecas analisadas. Fonte: elaborado pela autora.
Biblioteca
Cidade
Estado
As bibliotecas se concentram na região sudeste e sul, divididas entre o
estado de São Paulo e o Rio Grande do Sul. É interessante ressaltar que as cidades
onde as
bibliotecas
estão instaladas
são capitais,
pertencem
a regiões
metropolitanas ou são pólos regionais, caracterizando as bibliotecas que têm
utilizado os recursos Web 2.0 como bibliotecas que provavelmente têm uma grande
infra-estrutura por pertencerem a cidades que tem potencial para esse tipo de
investimento.
Atentamos
também
para
as
características
gerais
das
bibliotecas
analisadas, sendo que do total, quatro bibliotecas são vinculadas à USP,
evidenciando que das bibliotecas universitárias pioneiras na utilização de recursos
Web 2.0 no Brasil, as da USP têm grande destaque.
Quanto à frequência de atualização dos recursos, foi possível observar
certos aspectos, como:
•
Nos ambientes de criação compartilhada de conteúdo não há uma
atualização frequente de conteúdo, pois no geral, não apresentam
participação contínua dos usuários;
•
Nos blogs, os conteúdos também possuem uma boa frequência de
atualização, o que impulsiona a participação dos usuários através
dos comentários;
74
•
Nos microblogs, como pressuposto do seu formato, é indispensável
que a frequência de atualização seja maior do que nos outros
recursos apresentados. Assim, não há um padrão quanto a esse
quesito, pois alguns twitters têm sido atualizados mais de uma vez
por dia, e outros têm mantido uma média de uma postagem a cada
cinco dias, por exemplo.
•
Nos agregadores de notícias também há um número quase que
irrelevante de frequência de atualização, refletindo no número de
inscrições, que também são poucas.
Tais aspectos incidem diretamente na participação dos usuários com
colaboração, comentários, RTs (re-tweets) ou inscrições, pois os usuários precisam
criar uma necessidade informacional que parte desses recursos para que
desenvolvam o interesse e posteriormente, a participação.
Dessa forma, o primeiro passo a ser dado para que haja um interesse do
usuário é estabelecer eficácia na atualização do conteúdo por parte dos
responsáveis por tais recursos.
Ainda sobre as bibliotecas, destacam-se os dados do seguinte quadro:
Biblioteca
1 – ESALQ
Nº de recursos
Divulgação no site
3:
recurso
para
criação Possuem.
compartilhada
de
conteúdo;
microblog; agregador de notícia.
2 – DBD
1:
recurso
para
criação Não possui.
compartilhada de conteúdo.
3 – FSP
1: blog.
Possui.
4 – FF
3:
recurso
para
criação Não
possui
recurso
para
compartilhada de conteúdo; blog; criação
compartilhada
de
microblog.
conteúdo.
5 - UNISINOS
1: blog.
Possui.
6 – Feevale
1: blog.
Possui.
7 – UFRGS
1: blog.
Possui.
8 – PUCRS
3:
recurso
para
criação Não
possui
recurso
para
compartilhada
de
conteúdo; criação
compartilhada
de
microblog; agregador de notícia.
conteúdo.
Quadro 7: Divulgação dos recursos analisados. Fonte: elaborado pela autora.
Como descrito no quadro, os recursos que não possuem divulgação no site
são os voltados para criação compartilhada de conteúdo, especificamente
75
localizados na Wikipédia. Isso caracteriza o fato de que o ambiente supracitado
ainda estabelece uma ligação informal com as bibliotecas.
Vieira, Carvalho e Lazzarin (2008, p. 6) advertem que
a carência de revisão editorial tornou-se um desafio a ser vencido
pelos bibliotecários devido à necessidade de certos controles.
Segundo a Wikipédia (http://es.wikipedia.org/wiki/Wiki) essas
mudanças referem-se às correções de estilo, ortografia e gramática
bem como as da parte técnica: links, imagens não visualizadas, etc.
Inclui também, correções às normas e objetivos do wiki e soluções
para os possíveis atos de vandalismo.
O maior problema na confiança da Wikipédia está na sua utilização como
única fonte de informação, ao invés de seu conteúdo ser visto de forma crítica e que
se busquem referências. Acreditamos, no entanto, que a tendência seja a
oficialização desse recurso por parte das bibliotecas, como vem acontecendo com o
Knol, pelo fato de que o conteúdo da Wikipédia vem se tornando cada vez mais
confiável.
Nos casos de ambientes para criação compartilhada de conteúdo
analisados, resumidos na Wikipédia e no Knol, pode ser percebido um padrão de
comportamento da subdivisão de itens das bibliotecas, mesmo quando se utilizam
de recursos diferentes, geralmente seguindo uma estrutura de informações préestabelecida no próprio site. Esse padrão de subdivisão de categorias está
diretamente ligado com o conteúdo, que, da mesma forma, não difere
substancialmente nos wikis analisados, com a diferença de que cada um refere-se à
biblioteca que leva o título da página, obviamente. Portanto, chegamos à conclusão
de que os wikis têm assumido o mesmo papel nos casos analisados, de divulgar
informações internas (históricas, características gerais, funcionamento e serviços
prestados) e, eventualmente externas às bibliotecas.
Embora esse já seja um grande avanço, considerando o período de
existência desse recurso, ainda existem várias formas de utilização que poderiam
ser empregadas aos wikis dentro das bibliotecas. Arnal (2008, p. 19) cita o emprego
dos wikis no uso interno (como uma ferramenta para intranet), como guias de
recursos (seleções de recursos Web comentados), elaboração de manuais
(deixando de gerar arquivos PDF para propiciar ambientes que podem sempre ser
editados) e guias de informação (a biblioteca não é obrigada a fornecer informações
do local onde se encontra, mas poder oferecer o espaço para que a própria
comunidade assuma esse papel). Fora do país tais exemplos já existem e
76
acreditamos que não demorará a se tornar comum no Brasil, principalmente em
bibliotecas.
Quanto aos blogs, os casos analisados aqui de dividem em hospedagens no
Blogger, Wordpress e o próprio site institucional, totalizando cinco casos, mas
mantendo a maioria das características comuns. Uma das partes mais destacadas
nos blogs, por exemplo, como as categorias, possuem nomenclaturas diferenciadas,
mas têm em sua essência funcionalidades semelhantes. Podemos aproximá-las da
seguinte forma:
Biblioteca 4
Biblioteca 5
1ª
categoria:
Acontece na
Biblioteca
Institucional
Notícias
2ª
categoria:
3ª
categoria:
Eventos
Eventos
Capacitações
Serviços
CDU;
Dicas;
Hora do conto
-
4ª
categoria:
Recursos da
Web; Sobrou
Tempo?
Bases
de
dados;
Serviços
Tecnologia;
Livros;
Bibliotecas
Postagens
Sugestões de
leitura
Links;
Sugestões
-
Sem
categoria
Acesso
gratuito;
Inclusão
-
Outras:
Produtos
serviços
e
Biblioteca 6
Biblioteca
7
-
Biblioteca 3
Biblioteca;
Feevale;
Notícia;
Cuidados com
o acervo
-
Quadro 8: Categorias dos blogs. Fonte: elaborado pela autora.
A Biblioteca 7 não possuía marcações por categorias, o que dificultou a
análise quanto à definição dos assuntos abordados por ela. Entretanto, foi visto que
ainda assim, a biblioteca possuía conteúdo semelhante ao das outras.
Assim, afirmamos que a categorização facilita a organização do conteúdo
do blog tanto para o moderador quanto para o leitor que está em busca de
informações específicas, além de fazer com que a aparência organizada do blog
conte como mais um item a favor de despertar o interesse do usuário.
Quanto à colaboração, foi constatado que nenhum dos blogs possui
postagens abertas dessa forma, e a interação se restringe aos comentários
existentes nas postagens. Foi observado que, ainda assim, o número de leitores que
comentam nos blogs é pequeno frente ao que poderia ser explorado.
77
Dessa forma, como já citado anteriormente, levantamos duas hipóteses que
explicariam tais casos: os frequentadores do blog têm assumido o papel de leitores
mais do que de colaboradores, deixando que sua imagem passe despercebida ou;
seu contato com a biblioteca tem sido através de outros recursos Web 2.0, como o
Twitter, o próprio site ou outros do que com o blog em si.
Os blogs assumiram nas bibliotecas um exemplo de como a
tecnologia está ao alcance de (quase) todas as bibliotecas e a
inovação na prestação de serviços não estará mais nas mãos
daqueles que tem grande capital, estará nas mãos daqueles que
têm imaginação suficiente e poucas barreiras para iniciar as suas
idéias (JUÁREZ, 2008, apud ARNAL, 2008, p. 14, tradução nossa).
Sendo assim, acreditamos que o blog é uma das ferramentas com mais
potencial para estabelecer uma comunicação enraizada com o usuário, por conta da
sua informalidade, e ao mesmo tempo, da confiabilidade que pode ser conferida ao
seu conteúdo, além da possibilidade do estabelecimento de uma relação de
interação e colaboração estáveis, uma vez que o recurso já está mais do que
consolidado.
Para tanto, é preciso que os profissionais que têm trabalhado com os blogs
acreditem na ferramenta, a estimulem a trazer novidades e manter a frequência de
atualização. Deve, além de divulgar o que já é exposto pela biblioteca física, usar-se
da capacidade da Web e do próprio recurso blog para torná-lo mais dinâmico,
interativo e atraente.
Sobre o Twitter, único tipo de microblog analisado, há algumas
considerações a serem feitas: no momento do levantamento de dados, foi verificado
que há um número considerável de perfis criados, porém a recuperação da sua
página não se dá com eficiência por meio dos motores de busca, meio priorizado
para a realização do levantamento.
Quando são pesquisados twitters nesses motores de busca, são
encontrados principalmente twitters pessoais com informações sobre bibliotecas,
mas dificilmente twitters de bibliotecas, estendendo a busca a muitas páginas.
Ainda que esse fato fosse desconsiderado, foram selecionados somente
três microblogs, pois os outros encontrados não relacionavam o site da biblioteca
aos seus links, descaracterizando assim a pesquisa por perder o sentido de
complementaridade.
78
Analisando, portanto, o levantamento realizado, chegamos ao seguinte
quadro:
Biblioteca 1
Biblioteca 4
Número que
4
47
segue
Número de
136
282
seguidores
Número de
94
215
postagens
Frequência de
Média de 1 postagem a
Média de 1 ½
atualização
cada 5 dias
postagem por dia
Quadro 9: Perfis das bibliotecas no Twitter. Fonte: elaborado pela autora.
Biblioteca 8
12
37
20
Média de 1
postagem por dia
Pode-se ver que os perfis possuem grandes diferenças em relação aos
números, mas seguem um padrão de comportamento onde o número de seguidores
é maior que qualquer outro, seguido do número de postagens para mostrar, por fim,
o número de perfis que segue.
Dado isso, consideramos que também há um padrão no tipo de conteúdo
apresentado, que geralmente aborda os temas sobre atualidades e serviços da
biblioteca, tecnologias voltadas à Web e à literatura em geral, sempre
disponibilizando hiperlinks que aprofundem mais o assunto.
Ainda assim, uma característica que falta ao emprego do Twitter aqui é a
participação do usuário, a colaboração. A forma mais prática de trabalhar esse item
seria através de RTs (re-tweets), porém ainda vemos que as bibliotecas enfrentam
dificuldades nesse quesito.
Já quanto à frequência de atualização, pode-se dizer que é bem variável,
destacando-se que a maioria dos twitters tem mantido um bom ritmo de atualização.
Diferente dos outros recursos, o Twitter não enfrenta esse problema.
Segundo Yamashita e Fausto (2009, p. 7) o Twitter “permite atualizações
permanentes de informações gerais, sendo ideais para partilhar novidades da
biblioteca. Permite um contato direto com o leitor, atuando como um serviço de
referência síncrono, com respostas imediatas aos usuários”.
Portanto, o Twitter é um recurso em expansão, que devido à simplicidade da
sua forma de trabalhar, pode trazer muitos benefícios à biblioteca. No entanto, há de
se ter o cuidado de não deixar que ele atue sozinho, pois é um recurso que serve
como chamariz para algumas informações, mas que pode morrer em si sem o
aprofundamento em certos assuntos.
79
Quanto aos agregadores de notícias, foi notado que há um uso muito
restrito desse recurso. O RSS ainda é visto com certa estranheza pela maioria da
comunidade e seu emprego tem sido uma barreira desde então.
Mesmo nos casos selecionados foi possível observar que há certa
dificuldade em manter os feeds atualizados, o que provavelmente se deve ao fato de
que os usuários desconhecem a tecnologia, não buscam assinaturas, os
bibliotecários não investem nelas, formando um círculo vicioso.
Talvez esse quadro pudesse ser revertido se investissem de forma simples,
mas prática nos RSS, como por exemplo:
•
Disponibilizassem o conteúdo todo nos feeds em vez de só uma
introdução;
•
Mantivessem um ritmo de atualização como vem acontecendo com o
Twitter, ou mesmo com alguns blogs;
•
Informassem atualizações nas bases de dados e catálogos;
•
Tivessem mais destaque nos sites das bibliotecas e que houvesse
uma área para descrevê-lo e mostrar como pode ser um recurso útil.
Na literatura científica concernente à Web 2.0 em bibliotecas, o RSS é um
dos temas mais tratados, mas ainda há uma grande barreira entre sua discussão e
sua aplicação.
Arnal (2008, p. 36) ressalta que
para uma unidade de informação, é importante dispor de canais
RSS tanto para que seus usuários possam personalizar seus alertas
de novidades, como para que ela mesma possa reutilizar essa
informação, por exemplo, integrando um canal RSS com as
novidades da biblioteca diretamente na página Web (tradução
nossa).
O RSS é uma tecnologia consolidada em outras áreas, mas ainda
emergente nas bibliotecas. Assim, ele oferece possibilidades para tornar mais visível
a informação produzida pela biblioteca, mas ainda está em fase de adaptação e
requer tempo para ser aplicado em uma escala maior.
80
6 Considerações Finais
A Web 2.0 aplicada às bibliotecas preserva novas formas de estar em
contato com o usuário, e para tanto, nos baseamos nas sugestões de Arnal (2008),
que traça novos perfis de usuário participativo (dispostos a colaborar e verificar se o
serviço é útil e satisfaz suas necessidades informacionais), biblioteca receptiva (com
funcionários que acreditam nos serviços 2.0 e que investem neles) e espaço Web
interativo (onde essa participação encontra suporte).
Figura 24: A engrenagem que funciona. Fonte: ARNAL (2008, p. 58).
Ainda que traçados esses perfis, nesta pesquisa não encontramos
bibliotecas que se utilizam dos quatro recursos citados ao mesmo tempo, pois são
descobertas novas e pouco aplicadas no âmbito nacional, mas ainda assim, esse
levantamento foi realizado, na tentativa de mostrar os reais motivos dessa barreira
que são, por muitas vezes, o desconhecimento por parte do bibliotecário e
insegurança quanto a usá-las e sair de sua zona de conforto.
Consideramos ainda que a análise poderia abranger as bibliotecas da
UNESP, meio que nos insere.
A sua ausência, porém, justifica-se não pela falta de utilização dos recursos,
como é possível ver no site da biblioteca da UNESP de Rio Claro-SP19 (com a
utilização do RSS), da Coordenadoria Geral de Bibliotecas (CGB)20 (RSS), ou da
19
20
http://www.rc.unesp.br/biblioteca
http://www.unesp.br/cgb
81
Biblioteca do campus de Bauru21 (Twitter, entre outros), mas pela falta de
divulgação, culminando no não aparecimento nos mecanismos de buscas entre as
primeiras opções, deixando claro que ainda há de se investir nessa área.
Embora tais dificuldades sejam comprovadas, o passo inicial está dado e os
recursos serão cada vez mais utilizados no país. Devemos nos lembrar, portanto,
que os recursos que são implantados nas bibliotecas devem ter um porquê, uma
justificativa e objetivos claros. De nada vale a biblioteca implantar serviços que não
correspondem ao perfil dela ou ao perfil do seu usuário e tornar aquele recurso
obsoleto pela forma de utilização.
De fato, a biblioteca pode-se tornar um espaço mais atrativo para o usuário
utilizando-se dos recursos Web 2.0. Os blogs, por exemplo, são ferramentas fáceis
de usar, pois não necessitam do conhecimento a respeito das linguagens de
programação para sua criação.
Eles proporcionam uma nova forma de se relacionar com o usuário e talvez
a forma mais fácil da biblioteca se apresentar no ambiente Web, de forma flexível e
gratuita, sem a formalidade dos sites institucionais.
Através deles pode-se anunciar novidades no acervo, atividades das
bibliotecas, serviços que prestam, tanto como disponibilizar notícias em geral,
novidades a respeito das novas tecnologias que permeiam as bibliotecas e
conhecimentos que sejam do interesse da comunidade frequentadora daquela
biblioteca, além de recomendações de leituras e tantas outras funcionalidades.
Assim, como o blog, o microblog é um recurso fácil de usar, no caso do
Twitter, e funciona como um importante canal de divulgação para bibliotecas. Nos
tempos atuais de muita informação, onde mensagens rápidas e objetivas que
atraiam a atenção do usuário são necessárias, o Twitter de uma biblioteca pode se
tornar o canal de abertura para que o usuário a conheça na Web e até mesmo,
posteriormente, a biblioteca física.
O Twitter pode servir como um RSS, divulgando novidades a respeito da
biblioteca, assim como pode direcionar o usuário para o conhecimento de outros
recursos que aquela biblioteca possui (como no caso dos blogs, que pode ser
divulgado no twitter a cada postagem nova), bem como de notícias externas a ela
que podem ser interessantes, através de links.
21
http://www.biblioteca.bauru.unesp.br
82
Com a possibilidade de respostas rápidas e maior proximidade, uma das
funções primordiais do twitter no caso das bibliotecas seria estabelecer uma relação
biblioteca-usuário mais próxima que os outros recursos. O twiiter, mais do que os
outros, dá a possibilidade da biblioteca ser mais amigável ao usuário, de forma que
ele assine, comente, responda e pergunte à biblioteca rapidamente, funcionando
como serviço de atendimento e serviço de referência, integrados.
O RSS é um caso especial, onde sua funcionalidade depende da divulgação
de informações provindas de outras fontes. Portanto, mantê-lo isolado de outros
recursos o resume a pouca funcionalidade e, consequentemente, baixa aderência de
usuários.
Sua riqueza está em se interligar com outros recursos, como no caso dos
blogs, microblogs, sites das bibliotecas e qualquer outro recurso que se baseie em
atualizações. É um meio de disseminação seletiva da informação, e para tanto, pode
ser incorporado também pelos catálogos on-line das bibliotecas.
A biblioteca também deve se perguntar qual o tipo de informação que quer
disponibilizar: se são internas e/ou externas, voltadas para a comunidade
frequentadora da biblioteca ou para usuários Web que simplesmente se interessem
pelos assuntos que a permeiam.
Dessa forma, ela pode disponibilizar informações referentes a repositórios
institucionais, periódicos eletrônicos, bases de dados externas, notícias da imprensa,
por exemplo, ou informações que tenham cunho interno, como novidades do acervo,
serviços da biblioteca, entre outros. Pode ainda ter o RSS funcionando como
agregador de notícias referentes a outras bibliotecas (clipping).
No caso dos wikis, as bibliotecas podem se utilizar desse elemento não só
através dos mais populares (como a Wikipédia), como meio de divulgação, mas
também criar o seu próprio wiki.
Antes, porém, deve-se perguntar a quem ele vai servir, quais os níveis de
colaboração e edição, e podem servir como guias e meios de disponibilização de
normas e trabalhos relacionados às bibliotecas, materiais relevantes para as
mesmas, serviço de referência assíncrono, entre outros.
O controle de edições pode ser feito através de RSS disponíveis para o
moderador, apontando quais usuários e quais alterações foram feitas recentemente,
permitindo a supervisão de conteúdo por parte da administração.
83
No geral, portanto, antes de se utilizar de qualquer recurso, a biblioteca
deve se perguntar que tipo de informação quer que seus usuários acessem através
dele, considerando assuntos referentes somente a atividades internas à biblioteca
ou se além das atividades que ela realiza, trará outras informações que não se
restrinjam à comunidade física, qual a missão da biblioteca e objetivo da utilização
do recurso, o que o serviço de referência faz e o que pode ser adaptado para a Web,
cativando o usuário com novas informações.
Independente do tipo ou quantidade de recursos utilizados pensa-se que,
baseados nos princípios da Web 2.0, a tendência é que recursos díspares com
funções muitas vezes distintas sejam cada vez mais interligados, formando uma
complementaridade.
Vemos, por exemplo, que os blogs, microblogs, e agregadores de notícias já
têm sua imagem vinculada oficialmente por parte das bibliotecas, mas os recursos
para criação compartilhada de conteúdo, especificamente da Wikipédia ainda têm
muitas barreiras de aceitação para vencer.
Durante a pesquisa, foram enfrentados problemas em localizar as
bibliotecas que se utilizavam dos recursos sugeridos, pois é fato que bibliotecas
digitais e virtuais têm se utilizado bastante da Web 2.0, porém ainda aparecem
muitas barreiras para a adesão das bibliotecas tradicionais.
Internacionalmente algumas dessas barreiras já estão sendo quebradas. A
literatura especializada, como Arnal (2008) e Mannes (2007), apontam que casos na
Europa, principalmente em Portugal e Espanha, têm mostrado que os recursos Web
2.0 têm sido utilizados e que vale a pena investir nessa tecnologia buscando sempre
o conforto e a proximidade com o usuário.
Esse tipo de investimento também tira a imagem de que bibliotecas são
ambientes antiquados e aproxima os usuários das novas gerações, que já nascem
envoltos às tecnologias.
Depois de estabelecidos esses pontos, ainda há muitas vertentes a serem
discutidas, como o papel do bibliotecário frente a essa adaptação, como ele vem se
posicionando, como deve se adequar, como o usuário tem se adequado. A principal
questão gira em torno de definir como o bibliotecário lidará com essa transição de
gerações: a inserida no mundo digital e a não inserida; e saber lidar com os perfis de
usuários que se inserem na sua biblioteca.
84
Outro grande ponto é saber que, assim como a Web 2.0 gerou mudanças
significativas, outras inovações estão por vir. A Web continuará mudando, levando
consigo a forma de tratar a informação. A isso, os bibliotecários têm que estar
atentos e sempre adaptáveis, a fim de acompanhar o processo evolutivo das
tecnologias e estar à frente de tais mudanças.
85
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Laura Mariane de Andrade
Bacharel em Biblioteconomia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, Faculdade de Filosofia e Ciências - Campus de Marília. Concluído em jan/2010.
Possui ensino técnico com habilitação profissional técnica plena em informática pelo Colégio
Técnico Industrial Prof. “Isaac Portal Roldán”, UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho”, Campus de Bauru. Concluído em dez/2004.
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