Importância e análise de programas de patrocínio
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Importância e análise de programas de patrocínio
Universidade do Porto Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física Importância e análise de programas de patrocínio desportivo Estudo em organizações desportivas Portuguesas profissionais e não profissionais Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências do Desporto na especialidade de Gestão Desportiva sob a orientação de Nikolas Theodorakis, Phd. da Democritus University of Thrace, Grécia. R u i P e d r o C a p e l o 2 0 0 0 C a r a m e z Patrocínio Desportivo 2 à Ana [Strategy is not the consequence of planning, but the opposite: it's a starting point. (Henry Mintzberg)] Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Agradecimentos Acknowledgments Uma dissertação de mestrado ou trabalho equivalente surge da contribuição que muitas outras pessoas dão, directa ou indirectamente. Desta forma, devemos prestar o um sentido agradecimento pelo apoio e ajuda manifestada nestes dois longos anos de trabalho. Em primeiro lugar, gostavamos de agradecer de forma sentida ao professor e amigo José Pedro Sarmento por ter acreditado no nosso trabalho e nos ter ajudado a crescer intelectualmente. Muito do que aprendemos nesta área de conhecimento, devemo-lo a ele. Obrigado. "We are also grateful to the support and academic guidance that professor Nicholas Theodorakis has given during this last year and for being a part of this so important momment for us". Gostávamos de agradecer à comunidade científica internacional especialmente nas pessoas de Christine Brooks (University of Michigan, USA), Carlos Campos (Universidad de Cadiz, Espanha), David Stotlar (University of Northern Colorado, USA), John Amis (De Montfort University, UK) pela colaboração prestada na realização do trabalho e pelas dicas sempre preciosas nas diferentes fases do processo de investigação. Ao Paulo Sena uma palavra de muito apreço pela forte sinergia criada e que se tornou imprescindível num projecto como este em que são precisas, muitas vezes, injecções de determinação e motivação. Patrocínio Desportivo 4 Uma palavra de agradecimento aos colegas do 1º Mestrado em Gestão Desportiva, em especial, o Nelson Reis e ao Gonçalo Rodrigues pelo companheirismo demonstrado. Uma palavra de agradecimento às organizações desportivas envolvidas neste estudo que muito contribuíram. Aos amigos, em especial ao André, Júlio e Jerónimo, por todas as trocas de ideias no âmbito da gestão desportiva e que muito impulsionaram este trabalho. Aos meus colegas da Escola Ancorensis em especial ao presidente da direcção Pedagógica Manuel Cerqueira, por todos os esforços realizados no sentido de proporcionar melhores condições de trabalho. Ao grupo de Educação Física, nomeadamente o Carlos Cunha, pela amizade e companheirimo demonstrados ao longo dos dois anos de trabalho. Finalmente, e não menos importante, gostava de reconhecer e elogiar o espírito de sacríficio e compreensão manifestado pela Ana, minha companheira de tantas batalhas, que aguentou tantas horas, dias e semanas sem ter a normal e merecida vida de simples namorados. À minha família o nosso muito obrigado por tudo. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 5 Importância e análise de programas de patrocínio desportivo Estudo em organizações desportivas Portuguesas profissionais e não profissionais R U I P e d r o C a p e l o C A R A M E Z Tópico Geral: Gestão Desportiva Subtópico: Gestão de Marketing Palavras-chave: patrocínio desportivo, organizações desportivas profissionais, organizações desportivas não profissionais RESUMO O estudo visa analisar as relações das organizações desportivas com os potenciais patrocinadores esclarecendo as suas formas de abordagem na consecução de programas de patrocínio. O processo de implementação deste estudo foi conduzido em organizações desportivas profissionais e não profissionais seleccionadas de várias modalidades desportivas que participassem em quadros competitivos das federações desportivas nacionais e ligas profissionais na época desportiva 1999/2000. A amostra foi constituída por 11 de 20 organizações desportivas seleccionadas a partir de um quadro de critérios previamente definido. Através da utilização de uma metodologia qualitativa foram percepcionadas diferenças entre as estruturas profissionais e as não profissionais em vários domínios. Assim, as diferenças foram analisadas ao nível da percepção das suas forças, fraquezas, ameaças e oportunidades ambientais, dos objectivos dos patrocinadores em programas de patrocínio, da categorização dos patrocinadores, dos métodos de quantificação das propostas, das contrapartidas "oferecidas" aos patrocinadores, dos deveres e responsabilidades das organizações em contratos de patrocínio e da análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores. Não se verificaram diferenças em relação à periodicidade dos contractos e à preponderância dos contractos de patrocínio nos orçamentos das organizações desportivas. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 6 On the importance and analysis of sport sponsorship programmes Study conducted on Portuguese professional and non-professional sport organizations R U I P e d r o C a p e l o C A R A M E Z General Topic: Sport Management. Subtopic: Marketing Management Keywords: sport sponsorship, professional sport organizations, non- professional sport organizations. ABSTRACT The study tries to analyse the sport's organizations relationship with potential sponsors clarifying approach methods when settling sponsorship programmes. The study's implementation process was conducted in professional and non-professional sport organizations sellected in a variety of competitive sports registered in the national federations and professionail leagues in the 1999/2000 season. The sample was made of 11 out of 20 sport organizations selected from a couple of criteria defined previously. Through the use of a qualitative methodology, differences were therefore perceived between professsional and non-professional organizations in several areas. So, the registered differences were analysed in the perceived strengths, weaknesses, threats and environmental opportunities, the sponsor's objectives in sponsorship programs, the sponsor categories, the sponsorship's quantification methodology, the counterparts offered to sponsors, the duties and responsibilities of sponsored organizations, the analysis to potential sponsors. The results also indicate that the periodicity of sponsorship programs and the importance of sponsorship in the organization's general budgets were not significantly different between professsional and non-professional organizations. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 7 Í N D I C E G E R A L C O N T E N T S Agradecimentos................................................... iii Acknowledgements............................................ iii Resumo do estudo................................................ v Abstract in Portuguese........................................ v Abstract.......................................................... ..... vi Abstract in English............................................. vi Índice geral.......................................................... vii General Index..................................................... vii Índice de figuras.................................................. xii Figures Index...................................................... xii Índice de tabelas................................................ xiii Tables Index....................................................... xiii Introdução.......................................................... 15 Introduction...................................................... 15 1. O fenómeno.................................................. 15 1. The phenomena.............................................. 15 2. Patrocínio como instrumento importante 2. Sponsorship as an important instrument for para a sobrevivência das organizações the surviving of sport organizations.............. desportivas.................................................... 16 ............................................................................ 16 3. Propósito do estudo....................................... 18 3. Purpose of the study....................................... 18 4. Importância do estudo................................. 19 4. Importance of the study................................ 19 5. Limitações do estudo.................................... 20 5. Limitations of the study.................................. 20 6. Delimitações do estudo................................. 20 6. Delimitations of the study.............................. 20 7. Definição dos termos.................................... 21 7. Definition of terms......................................... 21 8. Hipóteses....................................................... 23 8. Hipotheses...................................................... 23 9. Perguntas de partida...................................... 26 9. Research questions ........................................ 26 27 10.Structure of contents...................................... 27 10. Estrutura do estudo........................................ Primeira parte - Revisão da literatura First part - Review of literature CAPÍTULO 1 - Patrocínio: o fenómeno......... 31 CHAPTER I - Sponsorship: the phenomena 31 1. O fenómeno..................................................... 31 1. The phenomena.............................................. 31 2. Patrocínio: à procura de um conceito.............. 32 2. Sponsorship: in search of a concept............... 32 3. Patrocínio como instrumento de comunicação 34 3. Sponsorship as a communication instrument. 34 4. Fundamentação do trabalho ............................ 37 4. Fundamenting the study............................. 37 CAPÍTULO II - Conceptualização e diferenciação do fenómeno do patrocínio........ CHAPTER II - Sponsorship conceptuali 39 1. O Conceito de Patrocínio e figuras afins, zation and differentiation................................. 39 1. The Sponsorship concept e related figures, especial relevo para o Mecenato.......................... 39 specially maecenas figure................................... 39 1.1 Apontamentos históricos.............................. 39 1.1 Historical Issues........................................... 39 1.2 Patrocínio e Mecenato.................................. 40 1.2 Sponsorship and Maecenas.......................... 40 1.3 Aspectos que cara cterizam ambos os conceitos....................................................... 1.3 41 Aspects that characterize both figures................................................................. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto 41 Patrocínio Desportivo 8 1.3.1 Semelhanças.......................................... 41 1.3.1 Similarities................................................. 41 1.3.2 Diferenças.............................................. 41 1.3.2 Differences................................................ 41 42 2. Sistematic of the figure................................... 42 2. Enquadramento sistemático da figura.............. 3. Referências legais a que se socorre o 3. Legal references for a sponsorship: General patrocínio: Lei Geral da Publicidade; Lei dos Law of Advertising; Law of Fiscal Incentivs; Incentivos Fiscais; Estatuto do Mecenato; Maecenas Status; International Code for Código Internacional de Patrocínio..................... CAPÍTULO III - Natureza Jurídica 43 do Sponsorship ....................................................... CHAPTER III - Juridical nature of 43 a contrato de patrocínio....................................... 52 sponsorship contract........................................ 52 1. A natureza jurídica do contrato de patrocínio.. 52 1. Juridical nature of a sponsorship contract...... 52 1.1. Tipicidade e atipicidade no direito dos 1.1 Tipicity and atipicity in the contracts law... contratos.............................................................. 53 ............................................................................ 53 1.2 Elementos e conteúdo dos contratos.............. 53 1.2 Elements and contents of the contracts........ 53 1.3 Definição jurídica de contrato de 1.3 Juridical definition of a sponsorship patrocínio............................................................. 55 contract............................................................... 55 2. As Espécies Contratuais....... ........................... 56 2. The Contratual Species.................................. 56 2.1 Classes de patrocínio..................................... 56 2.1. Sponsorship Classes.................................... 56 2.1.1 O contrato de patrocínio desportivo............ 56 2.1.1 The sport sponsorship contract.................. 56 2.1.2 O contrato de patrocínio cultural................ 57 2.1.2 The cultural sponsorship contract.............. 57 2.1.3 O contrato de patrocínio televisivo............. 57 2.1.3 The television sponsorship contract.......... 57 3. Patrocínio próprio ou puro; Patrocínio intermédio, Patrocínio impróprio ou impuro....... 3. Proper or pure sponsorship; Intermediate 57 CAPÍTULO IV - As organizações desportivas e o patrocínio...................................................... sponsorship; Not proper or impure sponsorship. 57 CHAPTER IV - The sport organizations and 59 1. Análise ao padrão estrutural das organizações sponsorship........................................................ 59 1. Analysis to the strutural pattern of the sport desportivas........................................................... 59 organizations....................................................... 59 1.1 Clubes desportivos........................................ 63 1.1 Sport clubs................................................... 63 1.2 As S.A.D. nas ligas profissionais de Futebol e Basquetebol....................................................... 1.2 The A.S.S. in the Football and Basketball 65 2. Análise da estratégia em organizações desportivas........................................................... 2. 69 3. Benefícios para as organizações desportivas enquanto agentes patrocinados............................ professional leagues............................................ Strategy analysis in 65 sport organizations....................................................... 69 3. Benefits for the sport organizations as 74 sponsored organizations..................................... Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto 74 Patrocínio Desportivo 9 4. Modelos Conceptuais para o 4. Conceptual models for the development of desenvolvimento de programas de patrocínio..... 76 sponsorship programmes.................................... 76 4.1 Modelo proposto por Stotlar (1993).............. 78 4.1 Model proposed by Stotlar (1993) ............... 78 4.2 Modelo proposto por Brooks (1995) ............ 80 4.2 Model proposed by Brooks (1995) .............. 80 4.3 Modelo proposto por Sá & Sá (1999)............ 84 4.3 Model proposed by Sá & Sá (1999) ............ 84 4.4 Modelo proposto por Campos (2000)............ 86 4.4 Model proposed by Campos (2000) ............ 86 4.5 Modelo proposto por sponsorship.co.uk........ 92 4.5 Model proposed by sponsorship.co.uk......... 92 4.6 Outras concepções......................................... 93 4.6 Other conceptions...................................... .. 93 CÁPITULO V - Patrocínio: Análise de um CHAPTER V - Sponsorship: Analysis of a 95 instrumento de comunicação............................ 1. O lugar do patrocínio no marketing mix dos agentes patrocinadores......................... ............... 95 communication instrument.............................. 1. Sponsorship's place in the sponsor's 95 2. Objectivos e benefícios empresariais em marketing mix..................................................... 95 2. Objectives and corporate benefits in sport programas de patrocínio desportivo..................... 98 2.1 Taxonomia de Meenaghan, 1983.................. 100 2.1 Taxonomy proposed by Meenaghan, 1983.. 2.2 Taxonomia de Gardner & Shuman, sponsorship programmes.................................... 2.2 Taxonomy proposed by Gardner 98 & 101 Shuman, 1988..................................................... 1988..................................................................... 2.3 Taxonomia de Irwin & Asimakopoulus, 2.3 Taxonomy proposed by Irwin 100 101 & 1992..................................................................... 102 Asimakopoulus, 1992......................................... 102 2.4 Taxonomia de Brooks, 1994.......................... 103 2.4 Taxonomy proposed by Brooks, 1994.......... 103 2.5 Taxonomia de Ziegchang, 1994..................... 104 2.5 Taxonomy proposed by Ziegchang, 1994.... 104 2.6 Taxonomia de Sá & Sá, 1999........................ 105 2.6 Taxonomy proposed by Sá & Sá, 1999........ 105 3. Riscos associados ao patrocínio....................... 106 3. Risks associated to sponsorship...................... 106 4. Abordagens para a avaliação e selecção de propostas de patrocínio desportivo...................... 4.1. Modelos de Decisão em processos de selecção de patrocínios desportivos..................... CAPÍTULO VI - Estudos Anteriores no 4. Appoaches for the evaluation and sellection 107 of sponsorship proposals.................................... 4.1 Decision models in sport sponsorship 107 sellection processes............................................ 1. Processos de selecção e tomadas de decisão.... 116 1. Decision-making and selection process.......... 2. Patrocínio e o desporto de mulheres................ 3. Motivos para o envolvimento em acções de 4. Patrocínio em Pequenas e médias Avaliação da efectividade do 115 116 119 3. Perceived goals de sport sponsorship. 119 4. The small and medium companies and 122 sponsorship......................................................... empresas...... ........................................................ 5. 119 2. Women's sport and sponsorship..................... 119 ..................................... ...................................... patrocínio. ........................................................... 107 CHAPTER VI - Previous studies in the sport 115 sponsorship research area............................... âmbito do patrocínio desportivo....................... 107 5. Assessing the efectiveness of 122 sport patrocínio............................................................. 124 sponsorship......................................................... 124 6. Patrocínio em Instalações desportivas............ 126 6. Facility sponsorship........................................ 126 Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 10 7. Patrocínio e os Jogos Olímpicos. .................... 126 7. Sponsorship and Olympic Games.................. 126 8. Patrocínio e publicidade. ................................ 127 8. Sponsorship and Advertising.......................... 127 9. Patrocínio por especificidade de modalidades 9. Sponsorship by sport specificity..................... 128 ............................................................................ desportivas. ..................................... ................... Segunda parte - Resultados 128 Second part - Results CAPÍTULO I - Metodologia e procedimentos 130 CHAPTER I - Methodology and Procedures 130 1. Modelo de análise............................................ 130 1. Analysis model............................................... 130 1.1 Definição das unidades de análise................. 131 1.1 Definition of "unities analysis"..................... 131 1.2 Definição das regras de enumeração.............. 131 1.2 Definition of the rules of counting............... 131 1.3 Definition of categories................................. 132 1.3 Definition of categories................................ 132 2. Entrevista.... .................................................... 134 2. Interview........................................................ 134 3. Amostra............................................................ 135 3. Sample............................................................ 135 3.1 Selecção e caracterização das organizações desportivas patrocinadas...................................... CAPÍTULO II 3.1 Sellection and characterization of the sport 136 organizations ...................................................... – Apresentação e discussão 136 CHAPTER II - Presentation and discussion dos resultados..................................................... 137 of results............................................................ 137 1.1 Estrutura orgânica.......................................... 138 1.1 Organizing struture....................................... 138 1.2 Envolvente organizacional: ambiente interno 1.2 Organizational environment: internal and e externo............................................................... 142 external............................................................... 142 1.3 Estratégia....................................................... 154 1.3 Strategy......................................................... 154 1.3.1 A imagem da organização desportiva na opinião pública..................................................... 1.3.2 Dimensão dos espectadores, 1.3.1 Sport organization's image public opinion 155 from a public opinion point of view................... jogos 155 1.3.2 Spectators dimension and televised games televisionados..................................... ................ 156 ............................................................................ 156 1.3.3 Lei do mecenato.......................................... 158 1.3.3 Law on Patronage...................................... 158 1.4 Compreensão do patrocínio desportivo 1.4 Understandment of sport sponsorship as a como ferramenta de marketing estratégico do potential sponsor's strategic marketing tool....... potencial patrocinador.. ....................................... 1.4.1 Objectivos dos patrocinadores 159 159 1.4.1 Sponsor's objectives perceived by sport percepcionados pela organização desportiva....... 163 organizations....................................................... 163 1.4.2 Avaliação da efectividade do patrocínio.... 166 1.4.2 Assessing sponsorship effectiveness......... 166 1.4.3 Factores críticos de sucesso....................... 168 1.4.3 Critical success factors.............................. 168 1.5 Cláusulas contratuais..................................... 171 1.5 Contratual clauses........................................ 171 1.5.1 Contrapartidas "oferecidas" aos 1.5.1 Contractual counterparts "offered" to patrocinadores...................................................... 171 sponsors.............................................................. 171 1.5.2 Periodicidade dos contractos...................... 174 1.5.2 Contracts periodicity. ............................... 174 Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 11 1.5.3 Deveres e responsabilidades das organizações desportivas em contractos de patrocínio. ........................................................... 1.5.3 Sport responsibilities organizations' in duties sponsorship and contracts 175 ............ ............................. ................................. 175 1.6 Quantificação das propostas de patrocínio.... 177 1.6 Quantification of sponsorship proposals...... 177 180 1.7 Seeking process to potential sponsors.......... 180 1.7 Análise aos potenciais patrocinadores........... 1.8 Conteúdo genérico das propostas de 1.8 Generic content of sponsorship patrocínio............................................................. 183 proposals............................................................. 183 2. Conclusões.................................................... 186 2. Conclusions.................................................... 186 3. Recomendações............................................ 190 3. Future directions............................................. 190 Referências......................................................... 191 References......................................................... 191 Anexos................................................................. 202 Appendix........................................................... 202 Anexo 1: Carta de Apresentação.......................... 203 Appendix 1: Presentation Letter......................... 203 Anexo 2: Guião da entrevista............................... 204 Appendix 2: Guide to make Interview............... 204 Anexo 3: Lista das Organizações Desportivas Appendix 3: List of sellected sport Seleccionadas....................................................... 210 organizations....................................................... 210 Anexo 4: Código Internacional de Patrocínio...... 211 Appendix 4: International Code on Sponsorship 211 Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 12 Í n d i c e d e f i g u r a s F i g u r e s i n d e x Figura 01 – Estrutura da estratégia do patrocínio. 70 Figura 02 - Elementos estruturais das organizações desportivas. 71 Figura 03 - Plano de patrocínio desportivo (Stotlar, 1993). 78 Figura 04 - Mecanismos do plano de patrocínio desportivo (Brooks, 1995). 80 Figura 05 - Plano de patrocínio desportivo (Sá & Sá, 1999). 84 Figura 06 - Processo de venda do produto: patrocínio desportivo (Campos, 2000). 86 Figura 07 - Plano de patrocínio desportivo de [sponsorship.co.uk]. 92 Figura 08 - Mix de promoções/ comunicações da entidade patrocinadora. 97 Figura 09 - Tripla intersecção de poderes em acções de patrocínio. 98 Figura 10 - Tomadas de decisão e o processo de selecção de patrocínio (adapt. de Aguilar-Manjarrez, Thwaites & Maule (1997). 107 Figura 11 - Processo de relacionamento patrocinador-patrocinado. 108 Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 13 Í n d i c e d e t a b e l a s T a b l e s i n d e x Tabela 01 – Variáveis de decisão que podem influenciar a percepção do patrocinador. 56 Tabela 02 - Fase do Processo de passagem Clube / Empresa 66 Tabela 03 - Objectivos de patrocínio de Meenaghan (1983). 101 Tabela 04 - Objectivos de patrocínio de Gardner & Shuman (1988). 101 Tabela 05 - Objectivos de patrocínio de Irwin & Asimakopulus (1992). 102 Tabela 06 - Objectivos de patrocínio de Brooks (1994). 103 Tabela 07 - Objectivos de patrocínio de Ziegchang (1994). 104 Tabela 08 - Objectivos de patrocínio de Sá & Sá (1999). 105 Tabela 09 - Características do modelo racional de tomada de decisões. 109 Tabela 10 - Características do modelo racional limitado de tomada de decisões. 110 Tabela 11 - Características do modelo político de tomada de decisões. 111 Tabela 12 - Características do modelo “caixote do lixo” de tomada de decisões. 112 Tabela 13 - Modelos processuais de selecção de programas de patrocínio desportivo. 112 Tabela 14 - Critérios corporativos para a selecção de propostas de patrocínio (Irwin et al., 1992) 113 Tabela 15 - Estudos sobre processos de decisão ou selecção. 116 Tabela 16 - Estudos sobre os motivos para o envolvimento em acções de patrocínio pelos patrocinadores. 119 Tabela 17 - Estudos sobre o patrocínio em pequenas e médias empresas. 122 Tabela 18 - Estudos sobre a avaliação de efectividade do patrocínio. 124 Tabela 19 - Estudos sobre o patrocínio em instalações desportivas. 126 Tabela 20 - Estudos sobre o patrocínio e os Jogos Olímpicos. 127 Tabela 21 - Estudos sobre o patrocínio e a publicidade. 127 Tabela 22 - Estudos sobre o patrocínio por especificidade de desportos. 128 Tabela 23 - Modelo de análise da investigação. 133 Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 14 Tabela 24 - Quadro-critério para selecção da amostra do estudo. 132 Tabela 25 - Percentagem do orçamento geral que advém dos contratos de patrocínio. 141 Tabela 26 - Número de espectadores e número de jogos televisionados. 156 Tabela 27 - Número de patrocinadores envolvidos com as organizações desportivas. 159 Tabela 28 - Sectores económicos dos patrocinadores envolvidos com as organizações desportivas. 162 Tabela 29 - Periodicidade dos contratos. 174 Tabela 30 - Modalidades, níveis de competição e as respectivas equipas seleccionadas Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto 210 Patrocínio Desportivo 15 I n t r o d u ç ã o I n t r o d u c t i o n Sport lived several years in a closed environment, locked by their own problems, regulated on a reflexive strategy where sport show and the top level performance were the only measures of all things. Despite this highly complex reality that the sport movement is on a profound crisis, we believe in a particular way to understand it. This cris is appears to be somehow related to the lack for granting funds by the sport organizations. This chapter introduces the main topic of the research analysing the starting questions, the aims and scope of research, conjectures and limitations and the research structure. 1. The phenomena; 2. Sponsorship as an important instrument for the surviving of sport organizations; 3. Purpose of the study; 4. Significance of the study; 5. Limitations of the study; 6. Delimitations of the study; 7. Definition of terms; 8. Hipotheses; 9. Research questions; 10. Structure of contents. 1. O fenómeno “O desporto viveu durante muitos anos em ambiente fechado, debruçado sobre os seus próprios problemas, condicionado a uma estratégia reflexiva onde o espectáculo desportivo e o alto rendimento, eram a medida única de todas as coisas.” (Constantino, 1998). Embora sejamos confrontados com uma realidade muitas vezes complicada, de que o associativismo se encontra em crise profunda, somos postos a acreditar numa capacidade própria para a entender. Esta “crise” aparece por um lado ligada à manifesta dificuldade de angariação de apoios pelas entidades desportivas. Neste sentido, aparece um fenómeno muito em voga nos dias de hoje mas que é por vezes mal interpretado – o patrocínio desportivo. Berret (1993a) refere que o patrocínio tem um papel fundamental no financiamento do desporto levando até outros autores a afirmar a sua total dependência e presença imprescindível no campo Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 16 estratégico da resolução destes problemas de financiamento. No início do século XXI, o desporto na entidade do velho clube social não tem razão de existir cada vez mais “subsídio-dependente” (Gustavo Pires, em entrevista à revista Valor. Guimarães, 2000), podendo criar mecanismos de acção como o patrocínio. 2. O patrocínio como instrumento importante para a sobrevivência das organizações desportivas O fenómeno do patrocínio desportivo tem evoluído bastante e pensamos que deve ser explorado de três formas diferentes, mas de certa forma relacionadas entre si: o Estado, as organizações desportivas nacionais e os patrocinadores. Muitas das organizações desportivas obtinham os seus recursos através dos fundos governamentais, mas os poderes públicos puseram um pouco de lado a paixão da política de promoção desportiva e passaram a exercer uma política de paixões, diminuindo os seus subsídios. As organizações desportivas tiveram de se virar para a sociedade civil (sector privado) para a obtenção de financiamentos. Uma tese seguida por vários autores é de que os órgãos de poder local ou nacional, actualmente, restringem a expansão dos departamentos de desporto e tentam a dura troca do declínio do suporte público, pelas fontes privadas (Gratton & Taylor, 1985; Augustiyn & Janusz, 1995). Bentz & Slack (1995) afirmam que este acréscimo de patrocínios às organizações desportivas se deve aos governos de muitos países terem reduzido o seu apoio financeiro aos projectos desportivos. Esta redução faz com que as organizações que desenvolvem projectos desportivos, se voltem para outras fontes de rendimento – empresas patrocinadoras. O patrocínio desportivo em Portugal tem crescido bastante desde a década de 80 mas este crescimento não aparece quantificado uma vez que a sua relação nunca teve contornos muito definidos e as suas fronteiras estiveram sempre demasiado abertas a todo o tipo de “intrusos” (Sá, 1996). Desta forma, tem havido muitas dificuldades para definir o fenómeno do patrocínio desportivo e para delimitar as actividades que estão envolvidas nele. As razões para esta dificuldade tem a ver, por um lado, com acções de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 17 natureza filantrópica e, por outro, na utilização errada de termos que não se encaixam nas definições identificadas pelos investigadores. Em Portugal, a fronteira entre patrocínio desportivo e mecenato está ol nge de ser nítida uma vez que embora denotem semelhanças na sua essência, têm objectivos de actuação diferentes. Parece claro que a natureza comercial distingue os dois fenómenos. A relação da empresa com os eventuais patrocinados estabelece-se por via de contracto, no qual os investimentos feitos nos projectos desportivos, obrigam a contrapartidas directas, não só em retornos publicitários imediatos como também, objectivos desportivos a atingir. Sandler & Shani (1993) definiram patrocínio desportivo como o “fornecimento de fundos (fiscais, humanos e físicos)” prestado por uma organização directamente para um evento ou actividade em troca de uma associação directa com o referido evento ou actividade. A organização fornecedora pode usar esta associação directa para alcançar os objectivos sejam eles corporativos, de marketing ou relacionados com os meios de comunicação. Obviamente que o patrocínio tornou-se também um veículo para um marketing de sucesso do sector privado levando Kuzma & Shanklin (1992), Girone & Zigoni (1993), Ziegchang (1994), Cervera & Cuadrado (1995) e Howard & Crompton (1995) a reafirmarem a ideia que, no futuro, o patrocínio desportivo crescerá até se tornar um elemento distinto na promoção de uma empresa desenvolvendo-se ao lado dos instrumentos clássicos de marketing. Pela consulta de inúmeros trabalhos, é-nos relatado o aumento quase diário do fenómeno do patrocínio desportivo. Actualmente, constata-se que as empresas vêm no desporto um meio excelente de canalização das suas mensagens para os seus públicos específicos. A análise das definições de patrocínio não parece tão pacífica concorrendo para isso uma visão dupla (Sá, 1996; Sá & Sá 1999) pois deverá ser vista tanto na óptica da Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 18 empresa, como na óptica da organização desportiva. Esta perspectiva bipartida surge então para determinar os limites de actuação do patrocínio que se tornam, muitas das vezes, quase indetermináveis. Os clubes e as equipas desportivas locais denotam um fraco apoio se compararmos os grandes investimentos das equipas profissionais ou eventos desportivos de maior dimensão. Mas este apoio é muitas das vezes importante para manter uma equipa ou até um clube e é quase sempre negligenciado pelas estatísticas que não mencionam os investimentos de menor montante. Perante este quadro e uma vez que os clubes ou equipas desportivas têm cada vez mais que assegurar estes apoios, surge a necessidade de definirmos pontos de abordagem do clube em relação ao potencial patrocinador. Pensamos que, muitas das vezes, a falta de uma atitude objectiva por parte dos responsáveis desportivos na condução de propostas de apoio, pode transformar o “negócio” em missão caridosa. A literatura tem dado muita importância ao fenómeno do patrocínio desportivo mas apenas do ponto de vista da empresa (entidade patrocinadora), pelo que este estudo tentaria abordar o “outro lado” – a organização desportiva. Por este facto, parece-nos necessária a clarificação sobre a situação real deste problema, colmatando um aspecto que ainda não foi analisado. 3. Propósitos do estudo Temos um desejo de poder, se bem que de uma forma humilde, contribuir para uma melhor compreensão do fenómeno do patrocínio desportivo por ambos os lados do processo – a perspectiva da entidade patrocinadora mas fundamentalmente poder acrescentar algo mais à perspectiva da entidade patrocinada, neste caso, a organização desportiva. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 19 3.1 Objectivo Geral. Pretendemos explorar determinadas variáveis imprescindíveis para a compreensão do fenómeno do patrocínio ao desporto, pondo em evidência as que nos parecem essenciais para uma boa discussão e análise dos programas de patrocínio. Desta forma, pretende-se com este estudo analisar as relações as organizações desportivas com os potenciais patrocinadores de forma a poder esclarecer as suas formas de abordagem na consecução de programas de patrocínio. Propomo-nos contribuir, de certa forma, para uma melhor compreensão dos processos de selecção e definição de programas de patrocínio, pondo em evidência as formas de actuação e identificação das linhas estratégicas das organizações desportivas que, neste momento, nos parecem críticos para a realização dos projectos desportivos. 3.2 Objectivos específicos. Assim, os objectivos específicos deste estudo são: - analisar a estrutura da entidade desportiva na sua ligação com o potencial patrocinador; - identificar os pontos críticos para o sucesso de um programa de patrocínio; - compreender a área do patrocínio desportivo e as suas contrapartidas. A compreensão para um melhor entendimento do fenómeno do patrocínio desportivo e as condicionantes que parecem estar associadas ao desenvolvimento de programas de patrocínio parecem ser os grandes ensejos da investigação. 4. Importância do estudo A falta de estudos sobre a problemática do patrocínio analisado pela perspectiva da organização desportiva é clara não só em Portugal mas também um pouco por todo Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 20 lado (Europa, Austrália e América do Norte – dado que são os grandes pólos aglutinadores do estudo do patrocínio desportivo). A presente investigação leva-nos a supor uma maior exposição do conhecimento actual sobre o patrocínio desportivo tendo uma perspectiva intimamente associada, no nosso caso, às organizações desportivas da região Norte do país. O estudo pode ainda ser objecto de referência, análise e comparação em estudos direccionados para a área do patrocínio desportivo, constituindo também uma boa ferramenta para a aplicação eficaz de determinadas premissas analisadas neste estudo e que poderão ter grande utilidade por parte das organizações desportivas. Atestada que está a validade, pertinência e actualidade exigíveis para o tema em causa, apraz-nos salientar que este estudo originará um previsível desenvolvimento do seu campo conceptual, tão obscuro por vezes, e uma melhor compreensão destas actividades de patrocínio por parte dos organismos desportivos. 5. Limitações do estudo A temática do patrocínio ao desporto que já tem, hoje em dia, larga profusão de estudos realizados, carece de uma linha temática que abranja o estudo deste fenómeno em organismos desportivos. As referências bibliográficas surgem assim espalhadas por todo o processo do patrocínio, com especial incidência para as entidades patrocinadoras. 6. Delimitações do estudo O processo de implementação deste estudo foi conduzido em clubes ou equipas desportivas seleccionadas de várias modalidades desportivas da zona Norte de Portugal, que participaram nos quadros competitivos, das federações desportivas nacionais e das ligas profissionais, na época desportiva 1999/2000. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 21 A amostra foi constituída por 11 de 20 organizações desportivas profissionais e não profissionais seleccionadas a partir de um quadro de critérios previamente definidos. Desta forma, tentamos obter dados que nos parecessem minimamente passíveis de análise. No plano conceptual, empreendemos um enquadramento de todo o processo de patrocínio desde a sua concepção junto da organização desportiva até ao seu cliente final (potencial patrocinador), assumindo desde sempre o ponto de vista da organização desportiva. Todas as questões associadas a esta “ligação” patrocinado-patrocinador foram retratadas para alcançarmos um eventual modelo conceptual (flexível) que possa ser útil para auxiliar as organizações desportivas a colmatarem os seus problemas nestes domínios. Parece-nos relevante formular algumas delimitações inerentes ao desenvolvimento do estudo em questão. • Os clubes ou equipas desportivas representantes das modalidades mais destacadas, no que toca a resultados desportivos, da zona Norte. • Os clubes ou equipas desportivas inquiridas foram patrocinados por entidades públicas ou privadas na época 1999/2000. • O presidente ou director do clube ou equipa desportiva foi o responsável pela condução do programa de patrocínio. • As respostas à entrevista foram solicitadas ao presidente ou director do clube ou equipa desportiva e tentam reflectir a prática utilizada pela organização quanto à condução das propostas de patrocínio e a opinião pessoal face às diferentes questões colocadas no questionário. 7. Definição de termos 7.1 Patrocínio desportivo. Apesar de, em posteriores capítulos ser feita referência às diferentes conceptualizações do termo patrocínio desportivo, destacamos a definição que está na Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 22 base deste estudo e que é dada por Brooks (1994). Esta refere-o como um meio de interacção com os consumidores num nível emocional e permitindo a exposição de um produto ou serviço num ambiente compatível com um determinado estilo de vida. 7.2 Organização desportiva (profissional e não profissional). A terminologia de organização desportiva utilizada no decorrer do trabalho surge para abarcar todo o espectro de estruturas orgânicas analisadas no seio do nosso universo desportivo. Assim, a definição de organização desportiva seguida neste estudo é baseada em Slack (1997) que a define como uma entidade social envolvida na indústria desportiva, dirigida para objectivos e com um sistema de actividade estruturalmente consciente e uma fronteira relativamente identificável que as distinga. A definição dos diferentes tipos de organização desportiva merece-nos também algum destaque, clarificando os seus diversos estatutos. Assim, a organização não profissional ou meramente clube desportivo surge na Lei de Bases1 (artº20, nº1) como um conjunto de "pessoas colectivas de direito privado que tenham como escopo o fomento e a prática directa de actividades desportivas". "Aqueles clubes desportivos que não participem em competições desportivas profissionais constituir-se-ão, nos termos gerais de direito, sob a forma associativa e sem intuitos lucrativos (artº20, nº2)". No entanto para melhor compreensão, o quadro jurídico dos clubes desportivos aponta três tipos diferentes: o clube desportivo que não participa em competição desportiva profissional, o qual se constitui sob a forma associativa e sem fins lucrativos; o clube desportivo que participa em competição desportiva profissional, e que adopta a forma de sociedade desportiva com fins lucrativos; o clube desportivo que participa em competição desportiva profissional, não adoptando a forma de sociedade desportiva, mas ficando sujeito a um regime de gestão especial. Quanto à definição de organização desportiva profissional, o artº24 da Lei de Bases advoga que no seio das federações unidesportivas em que se disputem 1 Lei de Bases do Sistema Desportivo - Dec-lei 1/90 de 13 de Janeiro. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 23 competições desportivas de natureza profissional deverão constituir-se ligas de clubes (órgão autónomo da federação para o desporto profissional). Na nossa realidade, apenas estão constituídas a Liga dos Clubes de Basquetebol e a Liga Portuguesa de Futebol, enquadrando desta forma a organização profissional. 8. Hipóteses 8.1 Problema. O problema principal deste estudo consiste, de certa forma em identificar o tipo de abordagem que os clubes ou equipas desportivas adoptam no estabelecimento de contratos – programa com os potenciais patrocinadores. Pretendemos saber se existe alguma forma sustentada das entidades desportivas abordarem os seus patrocinadores. Importa conhecer com objectividade, a natureza dessa abordagem, os factores críticos de sucesso nesta “ligação”. Será que os contratos programa são de natureza reactiva? Isto sugere a possibilidade de existirem motivos da esfera afectivo-emocional do gestor, o gosto pessoal pela modalidade, solicitadas pelas organizações desportivas vertendo para uma reduzida intencionalidade estratégica. 8.2 Caracterização das hipóteses. Dos diversos tipos de hipóteses que a literatura prevê (hipóteses casuísticas ocorrem em factos que são ditos como únicos, que não se repetem, algo que ocorre em determinado caso; hipóteses que se referem à frequência de acontecimentos - ocorrem em pesquisas descritivas, pois antecipam que determinada característica ocorre; hipóteses que estabelecem relações entre variáveis) esta investigação procurou estabelecer um determinado tipo de relação entre variáveis. O termo variável é dos mais utilizados em ciências sociais, de tal maneira que se pode definir variável como qualquer coisa que pode ser classificada em duas ou mais categorias; já o termo relação significa o que poderão ter em comum. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 24 8.2.1 Relação Causalidade. Utilizadas nas hipóteses consideradas que indicam apenas a existência de relação entre as variáveis, sem indicar a natureza dessa relação, ou seja, se uma variável é causa da outra; envolvendo uma variável independente (Y) e outra dependente (X). 8.2.1.1 Variáveis de Estudo. 8.2.1.1.1 Variáveis Dependentes Neste estudo teremos como variável dependente o tipo de relações que as entidades desportivas adoptam com os seus potenciais patrocinadores. 8.2.1.1.2 Variáveis Independentes Neste estudo serão caso de reflexão as seguintes variáveis: q Estrutura orgânica q Questões contratuais q Envolvente organizacional q Quantificação das propostas q Compreensão do fenómeno q Proposta de patrocínio na perspectiva do q Tipo de contrapartidas que patrocinador (ambiente q Conhecimento de mercado pode trazer a quem patrocina interno) q Ambiente Externo 8.2.2 Relações Simétricas, Assimétricas e Recíprocas . De modo geral, as hipóteses elaboradas nas ciências sociais não são rigorosamente causais; apenas indicam a existência de algum tipo de relação entre as variáveis, podendo esta ser assumida de diversas formas. A relação assimétrica surge naturalmente. Este tipo de relações dá-se entre meio e fim. Este tipo de relação proposta por Rosenberg (1976), em que uma das variáveis influencia a outra, consideradas as mais significativas e em que poderão ocorrer relações de: Estímulo/resposta - ex: filhos de pais divorciados (casamento/auto-estima); Disposição/resposta – ex: autoritarismo/ + preconceito racial ; Propriedade / disposição – ex: divórcio/atitude; Variável/facto – ex: indispensável para ocorrência. A relação recíproca surge quando as hipóteses interagem e reforçam-se mutuamente. E, por fim, a relação simétrica aparece quando nenhuma das variáveis tem acção sobre a outra. Para o nosso estudo, a relação estabelecida entre as hipóteses é recíproca. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 25 8.3 Fontes das hipóteses. As fontes das hipóteses podem ser de diversas formas, algumas derivam de observação dos factos, outras de pesquisas já realizadas, outras provêm da teorização, e existem outras com origem em intuições dos investigadores. No nosso caso, a fonte das hipóteses surgiu da conceptualização dos diferentes modelos analisados na literatura e também pela intuição dos investigadores. 8.3.1 Características da hipótese aplicável. Nem todas as hipóteses são testáveis, devido a isso Goode & Hatt (1969) e McGuigan (1976) colocaram alguns requisitos para decidir acerca da testabilidade das hipóteses devendo para que isso aconteça serem claras, específicas, com referências empíricas, parcimoniosas e ter relação com as técnicas disponíveis e com as teorias apresentadas. Tendo todos estas formalidades e requisitos importantes sido analisados, parecenos relevante agora formular as hipóteses que nortearam o estudo. 8.3.1.1 Hipóteses Básicas. - Existem diferenças entre organizações desportivas profissionais e não profissionais no que diz respeito à preponderância dos contratos de patrocínio nos orçamentos gerais das organizações. - Talvez os objectivos dos patrocinadores na realização de contratos- programa percepcionados pelas organizações desportivas variem em relação à natureza profissional. - Há diferenças significativas entre as organizações desportivas profissionais e não profissionais ao nível do método de quantificação das propostas de patrocínio e ao nível dos planos de acção estratégica. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 26 8.3.1.2 Hipóteses Secundárias - Existe um desconhecimento acerca daquilo que o desporto pode dar aos potenciais patrocinadores. 9. Perguntas de partida Na ânsia de prosseguir com rigor e método escrupulosamente definidos à partida, procuramos enunciar algumas perguntas que exprimem algumas inquietações e que tentamos compreender melhor no desenrolar deste estudo. - Qual será a natureza da abordagem dos clubes ou equipas desportivas aos potenciais patrocinadores ? - Quais serão os factores críticos de sucesso nesta “ligação” ? - Existirão processos de selecção ou programas distintos de patrocínio, pondo em evidência as necessidades específicas para as organizações desportivas ? - Quais os objectivos das empresas com os programas de patrocínio que estabelecem do ponto de vista dos clubes ou equipas desportivas ? - Será que os contratos/programa estabelecidos são de natureza reactiva, ou seja, será que existem motivos apenas da esfera afectivo-emocional do gestor, relegando para segundo plano qualquer tipo de intencionalidade estratégica? Com base na análise de alguns modelos com uma interessante sistematização de directrizes para o estabelecimento de propostas de patrocínio e que põem em evidência as formas de actuação das organizações desportivas neste processo, questionamo-nos sobre alguns aspectos. 1. Compreensão do fenómeno do patrocínio como uma ferramenta no plano de comunicação de marketing de uma potencial entidade patrocinadora. Questão: Quais os objectivos das empresas com os programas de patrocínio que estabelecem do ponto de vista dos clubes ou equipas desportivas ? 2. Compreender as forças do ambiente que os rodeiam: socioculturais; legais; políticos; económicos. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 27 Questão: Será que os clubes ou equipas desportivas têm um bom conhecimento sobre as forças ambientais internas e externas que rodeiam a sua organização ? 3. Definir a estratégia Questão: Será que os clubes ou equipas desportivas possuem dados concretos sobre a sua componente de plataforma atlética ? 4. Definir categorias de patrocínio Questão: Os clubes ou equipas desportivas definem categorias de patrocínio nas suas propostas ? 5. Definir quadro de oportunidades Questão: Será que os clubes ou equipas desportivas estabelecem quadros de oportunidades para os seus programas de patrocínio ? 6. Estabelecer um método para quantificar a proposta de patrocínio Questão: Os clubes ou equipas desportivas quantificam as suas propostas de patrocínio? 7. Processo de pesquisa às potenciais entidades patrocinadoras Questão: Os clubes ou equipas desportivas estruturam algum processo de pesquisa às potenciais entidades patrocinadoras ? 8. Plano de acção Questão: Quais as estratégias de acção utilizadas pelos clubes ou equipas desportivas para implementar e divulgar a sua proposta de patrocínio ? 10. Estrutura do estudo A estrutura da dissertação encontra-se dividida em duas partes: a primeira parte dedicada à revisão da literatura (seis capítulos) e a segunda parte dedicada à parte experimental (dois capítulos). Em jeito de antevisão da dissertação, a primeira rúbrica é uma introdução dedicada à apresentação inicial do fenómeno que será objecto de estudo. Assim, procurámos realizar um pequeno intróito ao tema, ressalvando as perguntas de partida e os Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 28 objectivos fundamentais do estudo. Houve também necessidade de expor alguns pressupostos, limitações e delimitações assintomáticas deste estudo. A primeira parte centrada na revisão da literatura tem no capítulo um, uma análise genérica em torno da figura do patrocínio. O capítulo dois apresenta uma fase de conceptualização e diferenciação da figura do patrocínio de outras figuras semelhantes. De entre as várias figuras, é dada especial atenção para a figura do mecenato, clarificando aspectos conceptuais e operacionais divergentes da figura em estudo. No final do capítulo são feitas algumas referências legais a que se socorre o patrocínio. O capítulo três aborda aspectos da natureza jurídica do contrato de patrocínio, fazendo referência aos elementos e conteúdos legais bem como as clausulas contratuais para as diferentes espécies de contratos de patrocínio estabelecidos. O capítulo quatro aborda as organizações desportivas e o patrocínio. Assim, realce para a análise ao padrão estrutural das organizações e à análise das acções estratégicas de patrocínio em organizações desportivas profissionais e não profissionais. Após estas análises é dado ênfase especial aos modelos conceptuais para o desenvolvimento de programas de patrocínio bem como a análise outras concepções estratégicas. O capítulo cinco discorre o fenómeno do patrocínio como um instrumento de comunicação dos agentes patrocinadores. Desta forma, é discutida a razão que leva as empresas a investir no desporto, salientando as diversas taxonomias de objectivos preconizadas na literatura. Outro aspecto importante analisado tem a ver com os critérios corporativos para a escolha de programas de patrocínio. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 29 O capítulo seis analisa as diferentes correntes de estudo originárias de outros países e também de Portugal. Estes estudos tentam demonstrar o espectro da investigação do fenómeno do patrocínio e servir de base para a construção do modelo de análise. Na segunda parte do estudo, o capítulo um fundamenta as concepções metodológicas utilizadas neste estudo, por forma a delinear o nosso modelo de análise. Numa primeira fase, destaca-se uma delimitação e caracterização sumária dos clubes e equipas desportivas que integram a amostra do nosso estudo, descortinando um quadro de critérios definidos para seleccionar as fontes que nos parecessem passíveis de análise. Numa segunda fase, porfiamos aspectos ligados à concepção e construção dos instrumentos e procedimentos para a obtenção dos dados bem como a discussão sobre a metodologia de aplicação do instrumento de recolha dos dados junto da nossa amostra. O capítulo dois discorre a apresentação e discussão dos resultados. Assim, são destacados os dados mais relevantes, examinados e confrontados à luz de estudos anteriores, recorrendo à utilização de técnicas descritivas. No final deste capítulo, tentamos relacionar os resultados obtidos com os objectivos inicialmente propostos. Por último, apresentamos as conclusões do nosso estudo, resultantes da análise dos dados e dos conceitos defendidos pelos diversos autores. No final levantamos algumas pistas para futuros trabalhos nesta linha de investigação, recomendando algumas estratégias importantes para o desenvolvimento eficaz deste processo de investigação. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 30 Primeira parte Revisão da literatura First Part Review of Literature Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 31 CAPITULO I CHAPTER I Patrocínio: o fenómeno Sponsorship: the phenomenon In this first chapter, we present different conceptions about sport sponsorship. Despite several definitions, Brooks (1994) revealed a possible idea that sport sponsorship is a means of interacting with consumers in an emotional level, allowing a product or service to enter in a compatible environment with a specific life style. The author says that the identification of a special moment in a sport event can perform an emotional lliason with customers and company consumers. 1. The phenomenon; 2. Sponsorship: in search of a concept; 3. Sponsorship as a communication instrument; 4. Fundamenting the study. 1. O fenómeno Quando nos aproximamos de uma nova era, parece claro que o aparecimento de novas formas na organização primária do desporto profissional em Portugal ocorridas nos últimos anos, criaram um novo estigma para a construção de novas relações com o patrocinadores. As razões que ditaram esta transformação - dos clubes às sociedades desportivas - são comuns aos países de Espanha e França. De certa forma, existia uma falta de coerência entre o quadro associativo tradicional - de associação sem fins lucrativos - e a nova realidade de grandes orçamentos existentes nos clubes de futebol (Meirim, 1997). Essas novas relações com os patrocinadores fazem salientar, de alguma forma uma maior confiança nos clubes desportivos devido, entre outras razões, a um melhor saneamento financeiro, à regularização das suas situações tributárias e a princípios de gestão que não sejam centrados na vitória a todo o custo, aspectos estes que melhoraram por exemplo a imagem do futebol português. O ambiente que rodeia o desporto encontra-se cada vez mais competitivo. Para lá da grande oferta desportiva que os atletas têm, também as organizações desportivas disputam melhores requisitos para realizar os seus programas. Desta forma, o custo para proporcionar cada vez maiores e melhores condições competitivas parece aumentar a cada ano que passa. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 32 Quando os clubes ou equipas desportivas olham para novas formas de gerar algum retorno financeiro, apenas uma palavra vem à sua mente: “patrocínio”. Muitos dos dirigentes desportivos consideram ser esta a ferramenta que responde às necessidades de financiamento da sua organização. Mas parece ser já um dado adquirido de muitos desses dirigentes que a obtenção do patrocínio certo nem sempre se torna fácil de conseguir. A luta por este tipo de financiamento tem se tornado muito competitiva uma vez que o desporto tem agora que medir forças com outras organizações de cariz cultural e social. Muitas destas organizações dispõem hoje em dia de pessoal altamente qualificado para assegurar esse financiamento empresarial. Pensamos que o Desporto não poderá combater com estes competidores apenas puxando pelas cordas da sensibilidade da comunidade. Para se ser bem sucedido, o agente desportivo deverá cada vez mais demonstrar o seu valor aos líderes empresariais, identificando e utilizando os benefícios que pode fornecer. 2. Patrocínio: à procura de um conceito O patrocínio desportivo em Portugal tem crescido bastante desde a década de 80 mas este crescimento não aparece quantificado uma vez que a sua relação nunca teve contornos muito definidos e as suas fronteiras estiveram sempre demasiado abertas a todo o tipo de “intrusos” (Sá, 1996). Desta forma, tem havido muitas dificuldades para definir o fenómeno do patrocínio desportivo e para delimitar as actividades que nele estão envolvidas. As razões para esta dificuldade têm a ver, por um lado, com acções de natureza filantrópica e, por outro, na utilização errada de termos que não se encaixam nas definições identificadas pelos investigadores. Sleight (1989) descrevia o patrocínio como uma das palavras mais mal interpretadas e mal utilizadas da língua inglesa. Também na nossa realidade, esta denominação parece ter corrido os mesmos problemas de concepção, podendo efectivamente referir que esta palavra deva deixar de existir sob pena de nunca obter a credibilidade que a figura merece. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 33 Embora diversos autores tenham dificuldades em precisar uma definição, (Head, 1988; Sleight, 1989; Sandler & Shani, 1993) talvez pela confusão dos consumidores e das empresas sobre a natureza desta acção, a orientação comercial deve estar presente sempre que analisada na perspectiva empresarial (Crowley, 1991; Day, 1992; Witcher, Craiger, Culligan & Harvey, 1991). Alguns autores vêem a acção de patrocínio como uma relação de troca empresarial (Crompton, 1993; Copeland & McCarville, 1996; Ferrand & Pages, 1996) onde as organizações recebem benefícios consideráveis em troca de recursos financeiros ou outros. Mas vejamos que, os que melhor o definem, tentam relevar uma quota de valor do cliente, menosprezando a quota de mercado nas acções de patrocínio. Este valor do cliente será então o resultado das impressões dos consumidores. Wilmshurt (1993 cit. por Sá & Sá, 1999) define-o como um apoio financeiro ou material de uma organização a uma actividade independente não directamente ligada ao desenvolvimento regular do negócio da organização mas que proporciona à organização um benefício que espera obter. Sleight (1992) tinha já valorizado a relação comercial entre o fornecedor de fundos, de recursos ou de serviços a uma pessoa, acontecimento ou organização que oferece em troca alguns direitos e uma associação que pode se servir para conseguir uma vantagem comercial. Esta vantagem comercial já tinha sido anteriormente mencionada pela definição de Sandler & Shani (1989). Assim, este autores definiram patrocínio desportivo como o “fornecimento de fundos (fiscais, humanos e físicos)” prestado por uma organização directamente para um evento ou actividade em troca de uma associação directa com o referido evento ou actividade. A organização fornecedora pode usar, desta forma, a associação directa para alcançar os objectivos sejam eles corporativos, de marketing ou relacionados com os meios de comunicação. No entanto, achamos que esta concepção meramente comercial omite uma linha de pensamento mais condizente com os verdadeiros mecanismos de acção do patrocínio e que promovem uma melhor definição da mesma. Brooks (1994) refere-o como um meio de interacção com os consumidores num nível emocional e permitindo a exposição de um produto ou serviço num ambiente compatível com um determinado estilo de vida. Ainda segundo a mesma autora, esta acção tenta identificar um momento Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 34 especial num evento desportivo que proporcione uma relação emocional com os clientes e consumidores de uma dada empresa. 3. Patrocínio como instrumento de comunicação O fenómeno do patrocínio desportivo tem evoluído bastante e deve ser explorado de três formas diferentes, mas de certa forma relacionadas entre si: o Estado, as organizações desportivas nacionais e os patrocinadores. Muitas das organizações desportivas obtinham os seus recursos através dos fundos governamentais, mas os poderes públicos diminuíram os seus subsídios à luz de outros critérios. As organizações desportivas tiveram, desta maneira, de se virar para a sociedade civil (sector privado) para a obtenção destes financiamentos. Obviamente que o patrocínio tornou-se assim um veículo para um marketing de sucesso no sector privado levando Kuzma & Shanklin (1992), Girone & Zigoni (1993), Ziegchang (1994), Cervera & Cuadrado (1995) e Howard & Crompton (1995) a reafirmarem a ideia que, no futuro, o patrocínio desportivo crescerá até se tornar um elemento distinto na promoção de uma empresa desenvolvendo-se ao lado dos outros instrumentos clássicos de marketing. Além disso, houve grandes mudanças que contribuíram directa ou indirectamente para o crescimento gradual do patrocínio desportivo ao longo destas duas últimas décadas. Podemos dizer que Portugal absorve muita da influência que determinados produtos e mercados mundiais - estimulados pela expansão da imagem global das indústrias (neste caso, norte-americanas) e fornecida por sofisticados sistemas de entrega transnacionais - têm no dia-a-dia de determinados segmentos culturais. A toda esta influência chamou Morley & Robbins (1997) de globalização. Primeiro, o aumento rápido no número de canais de televisão, estações de rádio e revistas dificultou o impacto de certas mensagens. Dado que todas as empresas têm uma política de comunicação, o consumidor era bombardeado com grandes quantidades de informação. O resultado de tudo isto seria um “overload” de informação fazendo Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 35 com que, num estudo feito em Portugal, 28% dos espectadores portugueses não vejam publicidade e mais de metade não consiga lembrar-se das mensagens veiculadas2 . Segundo, o custo da publicidade na televisão subiu bastante enquanto que a afluência aos canais por cabo da televisão fez reduzir a audiência de telespectadores. A proliferação de eventos desportivos vistos nas cadeias de televisão e nos sistemas por cabo fragmentaram mais a audiência (Helfer & Orsoni, 1996). As novas tecnologias postas à disposição do consumidor reduziram ainda mais o tempo dos compromissos comerciais como, por exemplo, o telecomando e os gravadores de vídeo. O telecomando, este pequeno dispositivo, fez com que as pessoas se desviassem nos intervalos, quando apareciam os anúncios: ao fazerem zapping os consumidores deixam de ser passivos (alvo) para ser activos (caçadores). Em Portugal, dada a rivalidade que se faz sentir na televisão (Canal 1 vs SIC), a interrupção dos programas é quase simultânea. Este processo parece-nos casual mas pode permitir, a partir daí, uma concorrência ao melhor anúncio. Mesmo assim, esta publicidade não transmite a credibilidade que é desejada. Deste modo, a questão que se coloca é saber quais as possibilidades da publicidade adquirir credibilidade dado que os espaços tradicionais estão a perder qualidade. Terceiro, a introdução da televisão a cores aumentou o gosto do telespectador para assistir ao desporto pela televisão e, juntamente com a proliferação de canais de televisão por cabo, levou a um crescimento substancial na quantidade de desporto televisionado – democratização da informação e da tecnologia. Quarto, a proibição de publicidade por empresas de tabaco e álcool na televisão no início da década de 70 fez com que estas tivessem que procurar caminhos alternativos (Helfer & Orsoni, 1996). Quinto, a comercialização do desporto foi sendo gradualmente aceite pelas organizações desportivas. Houve mesmo muitos que entraram em linha de choque com 2 Jornal “Público” 12/10/95 (cit. por Pires, 1996) Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 36 quem quis aderir ao negócio-patrocínio, como foi o caso dos Jogos Olímpicos de Melbourne em 1956 quando o COI [Comité Olímpico Internacional] recusou a oferta de um fabricante de relógios3 . O aparecimento desta comercialização no conjunto do universo desportivo foi uma consequência das exigências da industrialização da sociedade moderna. Sexto, estamos em crer que os Jogos Olímpicos de Verão de 1984, em Los Angeles, serviram como agente catalisador para o crescimento espantoso do patrocínio desportivo que, posteriormente, terá tido as suas influências em Portugal. Sétimo, a implementação e aceitação da segmentação do mercado. Esta segmentação do mercado foi vista como um “veículo facilitador da relação que se pretende estabelecer com um eventual patrocinador” (Sá, 1996). A evolução do fenómeno fez também com que as empresas colocassem particular importância no processo de planeamento estratégico estabelecendo critérios bem definidos e objectivos específicos de patrocínio que avaliassem o impacto dos negócios (Wilkinson, 1993). Para que um patrocínio seja uma contribuição efectiva para os objectivos da empresa, será importante o desenvolvimento da gestão do patrocínio (Irwin & Sutton, 1994). Este desenvolvimento da gestão do patrocínio passa pela aplicação de um processo rigoroso de selecção (Meenaghan, 1991; Irwin & Asimakoupolus, 1992) e desenvolvimento de objectivos realísticos, concisos e quantificáveis ao nível da empresa ou do produto da empresa (Grattan & Taylor, 1985; Gilbert, 1988; Thwaites & Aguillar-Manjarrez, 1996a). A efectividade dos investimentos, devidamente desenvolvidos e administrados, deve ser capaz de atingir todos os requisitos de marketing sejam quais forem os objectivos. A grande abrangência dos objectivos dão bem uma imagem da diversidade de opiniões que reina na comunidade científica. Apesar de tudo, podemos ver que os objectivos ligados com a imagem, notoriedade, envolvimento com a comunidade local 3 O COI [Comité Olímpico Internacional] advertiu que “não desejava quebrar a condição de amadores dos atletas nem a comercialização dos Jogos”. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 37 e o ambiente de trabalho são aspectos fulcrais para a maioria dos autores estudados (mais aprofundado a partir da p. 100). Todos estes objectivos devem prescrever audiências - alvo específicas sobre as quais se desencadeia a desejada mudança (Crowley, 1991; Meenaghan, 1991; Thwaites & Aguillar-Manjarrez, 1996a). Sleight (1989) refere que o patrocínio resulta porque completa o critério mais importante do processo de comunicação - permite que uma audiência seja atingida por um tipo específico de mensagens. Uma forma de atingir essas audiências será através do desporto. O Desporto, com todas as suas vantagens específicas transmite para as empresas altos níveis de visibilidade e capacidade para captar largo espectro de segmentos demográficos, psicográficos, ou seja, que se reportam à assiduidade com que os consumidores de desporto presenciam, ouvem, lêem ou falam de actividades desportivas. Esta orientação pode ser usada para marcar mercados de massas ou nichos específicos e tem a tendência de se enquadrar num contexto cada vez mais global, derrubando barreiras culturais entre países (Sleight, 1989; Thwaites & Carruthers, 1996b). Em Portugal, a imagem com que o desporto se nos revela dificulta o nosso entendimento porque apresenta uma enorme variedade de facetas, contornos e sentidos. É o desporto no plural, que nos aparece como domínio tecnológico, actividade profissional, como comércio e negócio, como artigo de consumo, como indústria de entretenimento, como empreendimento de saúde, como campo e factor de socialização, educação e formação (Bento, 1991). 4. Fundamentação do trabalho Acabamos de caracterizar o fenómeno do patrocínio partindo de um ponto de vista social e publicitário e também na sua vertente desportiva. O que nos parece é que a realidade do patrocínio carece de uma regulação legal apropriada, o que leva a analisálo pela perspectiva jurídica. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 38 O patrocínio constitui-se como um fenómeno social de carácter internacional, denotando alguma confusão e desconhecimento num ponto de vista jurídico através de: - Ao nível do plano conceptual, e uma vez que se tem verificado inúmeros equívocos pela utilização de conceitos distintos assumindo-os como sinónimos, quando revelam pressupostos de natureza jurídica distinta. - Ao nível do contrato de patrocínio que é um claro expoente dos chamados novos contratos. A ausência de uma regulação específica causa problemas de classificação e de disciplina jurídica. - O facto do contrato de patrocínio se encontrar englobado na definição legal de Publicidade4 onde também encontra uma definição própria no seu artigo 24 da Lei de regula o Código de Publicidade e que se define como “a participação de pessoas singulares ou colectivas no financiamento de quaisquer obras audio-visuais, programas, reportagens, edições, rubricas ou secções, adiante designados abreviadamente por programas, independentemente do meio utilizado para a sua difusão, com vista à promoção do seu nome ou imagem, bem como das suas actividades, bens ou serviços”. Mas como se constata não resolve os problemas de conteúdo e disciplina jurídica que regulam, por exemplo, os contratos de patrocínio ao desporto. Pese embora esteja mais ou menos definido, uma vez que alguns autores o compreendem mesmo sem uma definição concreta, o contrato de patrocínio não se encontra regulado nacionalmente. Como veremos mais à frente existem já alguns diplomas internacionais que tentam reger os meios de acção desta figura (Código Internacional de Patrocínio - Câmara Internacional de Comércio) tanto no âmbito internacional como nacional. Merece-nos realçar que estes problemas concretos, justificam a análise ao ponto de vista jurídico do contrato de patrocínio embora queiramos já reconhecer algumas limitações. 4 Artigo 3º do Código de Publicidade aprovado pelo Decreto-Lei nº330/90, de 23 de Outubro, revisto pelo Decreto-Lei nº 61/97, de 25 de Março Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 39 CAPÍTULO II CHAPTER II Conceptualização e diferenciação do Sponsorship conceptualization and fenómeno do patrocínio differentiation The chapter outlines legal references for the sponsorship contracts. Despite the lack of specific sponsorship regulations, there are a couple of laws that undermine this figure. Another topic follows up on an historical analysis about the sponsorship and maecenas, patronage and charity figures. We characterise the elements that distinguish and differ from both of this concepts. The International Chamber of Commerce recently conceived the International Code for Sponsorship as a self disciplinary instrument on a national and international application basis, complementing a general regulation already available in our country. 1. The Sponsorship concept and related figures, specially maecenas figure; Historical Issues; Sponsorship and Maecenas; Aspects that characterize both figures; Similarities; Differences. 2. Sistematic Setting of the figure; 3. Legal references for a sponsorship: General Law of Advertising; Law of Fiscal Incentivs; Maecenas status; International Code for Sponsorship. 1. O Conceito de patrocínio e figuras afins, especial relevo para o mecenato 1.1 Apontamentos históricos. Etimologicamente, um mecenas é uma pessoa que consagra livremente uma parte da sua vida e dos seus rendimentos à protecção e desenvolvimento da vida artística e literária. A palavra teve origem no Império Romano, na pessoa do rico Cauis Mecenas, que nasceu entre os anos de 74 a 64 a.C., e que se notabilizou por ser o mais desinteressado protector de poetas e artistas que o Ocidente lá conheceu (Pires, 1996). Mas, hoje em dia, o mecenato parece tornar-se algo bem diferente da definição clássica (Mendes, 1992). Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 40 Certo é que nenhuma empresa pode operar num vazio social ou económico. O sucesso da maior parte das empresas depende da sua capacidade de comunicar com os grupos de uma comunidade que afectam o seu meio ambiente: os seus clientes, os seus accionistas, os seus empregados, os opinion-leaders, até o próprio Governo. As empresas tornaram-se hoje nos verdadeiros mecenas, numa preocupação constante de melhorar a sua imagem perante a comunidade. Mas como se vê, esta definição moderna parece chocar com outras terminologias havendo necessidade de discorrer as novas alterações na atitude e forma de analisar esta acção. 1.2 Patrocínio e Mecenato. Muito ligado ao conceito de mecenato (pela confusão corrente na linguagem comum) está o conceito de patrocínio (sponsoring ou sponsorsbip) que é, uma técnica de comunicação com profundas raízes na cultura anglo-saxónica. O conceito de mecenato é mais comum nos países latinos, fruto da tradição cultural latina, que colhe o seu natural prestígio e aura na figura do distinto mecenas (Mendes, 1992). O conceito de patrocínio parece ligado ao termo de negócio, talvez menos nobre, mas mais pragmático, mais explícito, mais baseado no conceito de troca em marketing (McCarville & Copeland, 1996). Nasceu e desenvolveu-se principalmente em Inglaterra, país onde o gosto pelo desporto é, há muito, uma forte componente cultural. Mas o Patrocínio não está apenas ligado aos acontecimentos desportivos e alargou-se também à área cultural. Embora já nos tínhamos debruçado sobre a suas origens, não devemos esquecer que, para os países anglo-saxónicos, o desporto é parte integrante da sua vivência cultural, tal como o teatro ou qualquer outra actividade artística. No entanto, convém realçar que se assiste a uma ambivalência conceptual quando se estudam fenómenos como o patrocínio ou mecenato e que são fundamentalmente actos negociais dos quais resultam factos comunicacionais. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 41 Em Portugal, a lei do mecenato5 definia claramente que apenas a área cultural podia ser objecto de apoios financeiros por parte das empresas, tendo como contrapartida as respectivas deduções fiscais. Mas como veremos adiante, o recente Decreto-Lei nº74/99 de 16 de Março vem alargar o âmbito às actividades desportivas. 1.3 Aspectos que caracterizam ambos os conceitos. A fronteira entre patrocínio desportivo e mecenato está longe de ser nítida uma vez que embora denotem semelhanças na sua essência, têm objectivos de actuação diferentes. Parece claro que a natureza comercial distingue os dois fenómenos. A relação da entidade patrocinadora com os eventuais patrocinados estabelece-se por via de um contrato, no qual os investimentos feitos nos projectos desportivos, obrigam a contrapartidas directas, não só em retornos publicitários imediatos como também, objectivos desportivos a atingir. 1.3.1 Semelhanças. Em primeiro lugar, devemos destacar a origem e objecto como traços comuns entre patrocínio e mecenato. Assim, ambas as iniciativas surgem dos particulares, sociedade civil e não do Estado. A sua origem surge nas chamadas actividades de interesse geral cuja iniciativa provém da sociedade civil. Esta iniciativa é realizada de forma voluntária a determinadas necessidades da sociedade que deviam estar cobertas pelo Estado mas não tem poder para as colmatar. Em segundo lugar, o objecto pelo qual recaem. Ambas as iniciativas são promovidas dentro do âmbito cultural num sentido lato. Aquilo que se assiste é que o patrocinador se reveste de mecenas por uma questão de elegância e bom gosto mas depois persegue uma finalidade bem menos altruísta, participando em actividades com grande visibilidade. O patrocinador enquadra-se mais nas actividades desportivas mas embora não seja difícil encontrar os chamados patrocinadores culturais (exposições, 5 A “Lei do Mecenato” foi regulamentada em 1986, através do Decreto-Lei nº258/86, posteriormente complementado com a Lei nº34/91 de 27 de Junho, «Lei do Mecenato Social» e pelo Decreto-Lei nº65/93, especialmente criado para o evento “Lisboa - Capital Europeia da Cultura de 1994”. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 42 concertos). 1.3.2 Diferenças. As razões e motivações que estão por detrás da “ajuda” entregue pelo patrocinador ou pelo mecenas são bem diferentes. O primeiro estabelece-o para conseguir contraprestação publicitária, que pode ser a melhoria da imagem da marca. O segundo nada pede em troca, assumindo uma atitude altruísta e filantrópica. Num ponto de vista jurídico, a finalidade formalizada pela celebração de um contrato juntamente com as obrigações realmente assumidas por ambas as partes, irá portanto determinar a gratuitidade ou onerosidade do mesmo. Outras das diferenças assinaladas é o facto de o mecenas ser à partida um particular e o patrocinador ser uma empresa salvaguardando que não será nossa intenção delimitar o campo, podendo ocorrer eventualmente situações inversas. Nos dias que correm, não cremos que as empresas não queiram obter visibilidade, e aos particulares não nos parece existirem razões para vender uma imagem sobre algo que não têm, uma vez que nada vendem (Martins, 1996). O último fenómeno que diferencia as duas iniciativas é o risco contratual. Assim, o mecenas não assume qualquer risco uma vez que não irá (ou não deverá) esperar nada em troca. O patrocinador pode, dependendo da realização do acontecimento, sofrer dano que poderemos considerar aleatório face à imprevisibilidade na realização das actividades. 2. Enquadramento sistemático da figura De facto, por não existir um conjunto de diplomas a que possamos chamar "Direito do Patrocínio", temos necessidade de nos socorrer dos suportes legais que regulamentam os benefícios fiscais resultantes das actividades de patrocínio, nomeadamente, a Constituição da República, da Lei de Bases do Sistema Desportivo, do Código da Publicidade e do Estatuto do Mecenato. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 43 Os impostos, analisados como contribuições a favor de pessoas colectivas de direito público, têm na concretização de acções para fins públicos a sua finalidade, pelo que, na vertente desportiva, qualquer forma de beneficio fiscal deverá ser entendida como um incentivo ou promoção ao desporto, ou seja, um modo de financiamento público indirecto à actividade desportiva (Pereira, 1998). Desta maneira, Meirim (1995) destaca que um apoio necessário ao desenvolvimento desportivo, inicialmente impossível de suportar por parte da administração pública, pode ser viabilizado com um incentivo à participação privada concretizado através de determinados benefícios fiscais. No entanto, nem sempre o maior financiamento provocado pelo investimento privado com fins lucrativos, corresponde a um “desenvolvimento desportivo”. Efectivamente, o resultado mais comum é contribuir-se para o aumento daquele mesmo fosso. A primeira, já de si geradora de receitas, vê com o seu potencial mediático, aumentar os recursos financeiros provenientes de contratos de patrocínio enquanto a actividade desportiva dirigida, a título de exemplo, à população escolar e que não apresenta grandes atractivos para o investimento privado, vê os seus projectos de desenvolvimento reduzidos ao financiamento público. O Estado deve tentar canalizar os seus recursos para a criação de condições adequadas à generalização da prática desportiva e à formação e não afunilar o financiamento criando assim grandes assimetrias. Estas e outras questões devem ser analisadas com muita cautela, pois a utilização do patrocínio não se resume apenas a uma nova forma de publicidade que está na moda, com um valor para alguns discutível. Trata-se também da participação privada no desenvolvimento do desporto e do seu contributo para uma sociedade do tempo livre, do lazer com os comprovados ganhos sociais e individuais que daí possam advir. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 44 3. Referências legais a que se socorre o patrocínio: Lei Geral da Publicidade; Lei dos Incentivos Fiscais; Estatuto do Mecenato; Código Internacional de Patrocínio - Câmara Internacional de Comércio Já muito se escreveu e disse, sobre um direito fundamental da nossa Constituição da República [CRP] que é o “direito à cultura física e ao desporto”6 . Sendo considerado, no âmbito dos direitos e deveres económicos, sociais e culturais, reveste-se de um estatuto equiparado à Educação, como direito cultural e, à Juventude e à Saúde, como direitos sociais. Nele, se assume que o direito ao desporto se materializa através do Estado, das escolas e das colectividades desportivas (clubes e associações). Mas de que desporto estamos a falar? Com toda a certeza do desporto definido na LBSD7 [Lei de Bases do Sistema Desportivo ], ou seja, “...prática desportiva para todos”8 que se apresenta diferenciada por sectores9 : escolar; ensino superior; no trabalho; nas forças armadas; e no âmbito do associativismo (Pereira, 1998). Embora a legislação fiscal já preveja alguns benefícios fiscais para quem, a título individual (CIRS) ou colectivo (CIRC), apoie a actividade desportiva ou instituições dotadas de estatuto de utilidade pública, falta-nos esclarecer qual a equiparação que o chamado mecenato cultural e social tem com o mecenato desportivo e quais as suas diferenças em relação à actividade do patrocínio desportivo. O mecenato desportivo 10 é, no entender da Lei 1/90, de 13 de Janeiro, "um conjunto de incentivos fiscais no sentido de estimular as empresas e os particulares a efectuar donativos a favor de entidades, privadas ou públicas, que desenvolvem a sua actividade no quadro do sistema desportivo em beneficio do desporto”. 6 Constituição da República Portuguesa. Este direito está integrado no artigo 79º do Capítulo III Direitos e deveres culturais, no Titulo III - Direitos e deveres económicos, sociais e culturais, da Parte, 1 - Direitos e deveres fundamentais. 7 Lei nº1/90, de 13 de Janeiro. 8 LBSD, artigo 20. 9 Luís Cunha (1997) considera como sector “o espaço institucional onde se realizam as práticas desportivas”. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 45 Do recente decreto emanado do Governo para valer como lei geral da República, podem ser beneficiários de donativos atribuídos para a promoção do desporto o Estado, as regiões autónomas, as autarquias locais e qualquer dos seus serviços, estabelecimentos e organismos, ainda que personalizados, associações de municípios e de freguesias ou fundações em que aqueles participem. Para efeitos do mecenato desportivo são relevantes todos os donativos em dinheiro ou em espécie concedidos, sem contrapartidas que consistam em obrigações de carácter pecuniário ou comercial, às entidades privadas ou públicas que integram o sistema desportivo, e destinados à promoção de desporto. Tentaremos mais adiante explicar um pouco melhor todas estas questões. As grandes beneficiários de donativos atribuídos para a promoção do desporto são (Pereira, 1998): 1º Administração Pública Desportiva - Considerando para o efeito, a administração pública central, regional e local e, ainda, o Conselho Superior do Desporto11 ; 2º Associativismo Desportivo - Integrando nesta categoria, as Federações dotadas de estatuto de UPD [Utilidade Pública Desportiva], as recém-criadas Associações Promotoras de Desporto12 , as associações e delegações regionais filiadas em federação nacional, os clubes e colectividades de UP [Utilidade Pública], as confederações resultantes da união das federações desportivas e o Comité Olímpico de Portugal13 que tenham como objecto o fomento e a prática de actividades desportivas, com excepção das secções participantes em competições desportivas de natureza profissional. 3º Estabelecimentos de Ensino - Temos em vista os estabelecimentos de ensino público em todos os seus níveis 14 ; 10 Decreto-Lei nº74/99, de 16 de Março. Decreto.Lei nº52/97 de 4 de Março 12 Decreto.Lei nº279/97 de 11 de Outubro 13 Decreto-Lei nº74/99, de 16 de Março, artº3, nº1, alínea f 14 Decreto-Lei nº74/99, de 16 de Março, artº3, nº1, alínea h 11 Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 46 4º INATEL [Instituto Nacional de Tempos Livres e Lazer] – Contemplando-se toda a sua estrutura central e centros de cultura e desporto15 ; 5º Agentes Desportivos - Considerando os atletas em representação das selecções nacionais, os atletas amadores e durante as suas etapas de formação, os investigadores com estudos na área das ciências do desporto com comprovada formação académica e os diversos agentes que integrem os quadros ou prestem serviço nas entidades acima referidas desde que seja considerado de superior interesse desportivo 16 ; Os custos ou perdas do exercício, até ao limite de 5/1000 do volume de vendas ou dos serviços prestados, advêm dos donativos efectuados a favor das entidades privadas que integram o sistema desportivo, em montante correspondente a 120% do respectivo total ou a 130% quando atribuídos ao abrigo de contratos plurianuais que fixem os objectivos a prosseguir pelos beneficiários e os montantes a atribuir pelos doadores. O limite de 5/1000 não é aplicável quando os donativos em causa se destinem à realização de actividades ou programas que sejam considerados de superior interesse desportivo. Os donativos efectuados a favor de entidades públicas, para a promoção do desporto, serão considerados custos ou perda de exercício, na sua totalidade, em montante correspondente a 120% do respectivo total ou a 130% quando atribuídos ao abrigo de contratos plurianuais que fixem os objectivos a prosseguir pelos beneficiários e os montantes a atribuir pelos doadores. Os donativos efectuados a favor da Fundação do Desporto beneficiam do mesmo regime fiscal que os donativos efectuados a favor de entidades públicas, porquanto o Estado participa no seu património inicial em mais de 50%. 15 16 Decreto-Lei nº74/99, de 16 de Março, artº3, , nº1, alínea g Decreto-Lei nº74/99, de 16 de Março, artº3, nº2. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 47 Os donativos atribuídos por pessoas singulares, residentes em território nacional, a favor das entidades privadas ou públicas que actuam no quadro do sistema desportivo, são dedutíveis à colecta do ano a que dizem respeito em valor correspondente a 25% das importâncias atribuídas (quando os beneficiários forem entidades públicas) ou em valor correspondente aos referidos 25%, até ao limite de 15% da colecta (quando os beneficiários forem entidades privadas). Com excepção dos donativos efectuados a favor de entidades públicas ou da Fundação do Desporto, todos os donativos efectuados a favor de entidades privadas carecem, para beneficiar do regime do mecenato desportivo, de ser reconhecidos por despacho conjunto dos Ministros das Finanças e da tutela. A reivindicação dos agentes desportivos, para que os apoios financeiros, por parte de particulares, fosse recompensado em benefícios fiscais, da mesma forma que já é a actividade cultural e social, constitui um marco com cerca de 13 anos - data de criação da chamada lei do Mecenato17 . Para Ferreira (1997 cit. por Pereira, 1998), o Estado revelou “... ingenuidade política e avareza financeira, o Governo de então - quando foi criada a Fundação do Desporto, em 1995-, não a dotar com os instrumentos fiscais necessários para atrair a poupança das empresas privadas”. O dirigente diz ainda, mais adiante que: “A atribuição ao desporto dos benefícios fiscais, há muito concedidos a outras actividades culturais ou sociais, passa por uma mudança radical da mentalidade dominante na classe política relativamente ao desporto”18 . Assim, o ano de 1999 veio colmatar esta lacuna com a criação do estatuto do mecenato (Decreto-lei nº74/99, de 16 de Março). Para lá desta lei de mecenato que engloba o plano desportivo, existe também uma diversidade de legislação que, quando conjugada, confere a estas práticas um estatuto e consequentes benefícios fiscais idênticos aos contemplados para a actividade cultural e social. 17 Op. Cit. Mendes (1992). Embora com uma abordagem mais dirigida aos sectores da cultura e da arte, faz-nos uma apresentação dos principais conceitos no âmbito do mecenato. 18 Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 48 Concretamente, seguindo ainda a lógica do desporto como direito fundamental, com as suas valências culturais e sociais, verificamos que o artº18 da LBSD, refere, no seu ponto 4 que: "Os autores de liberalidades efectuadas em beneficio das entidades referidas nos nºs 2 e 3 gozam de regime fiscal idêntico ao previsto para as efectuadas em beneficio de instituições privadas de solidariedade social", considerando aqui as entidades, como sendo as federações dotadas de utilidade pública desportiva e os clubes, com estatuto de instituição de utilidade pública. No entanto, a nosso ver, tendo em vista uma clara definição legal para a actividade de mecenato ou patrocínio desportivo há que diferenciar - já que é disso que se trata, duas formas distintas de apoio: uma em que este, seja material, humano ou financeiro, reverte a favor do desenvolvimento directo da modalidade; e outro, em que o apoio tem por destino, organizações privadas com fins lucrativos. Por outro lado, apesar do ímpeto criado na LBSD19 , não se materializou a regulamentação do regime do patrocínio desportivo dentro do prazo previsto de dois anos. A lógica de estruturação do sistema desportiva, organizado por sectores e etapas de desenvolvimento desportivo, sugere o estabelecimento de uma coordenação entre a política nacional de desenvolvimento desportivo e os sectores e etapas mais carenciados. Por isso, defendemos que, mediante parecer do Instituto do Desporto e do Conselho Superior de Desporto e, de acordo com os critérios de eficiência organizacional estabelecidos, sejam escalonadas as modalidades por níveis de prioridade, segundo os quais se regem as taxas de bonificação fiscal para os valores envolvidos no patrocínio, tal como, em função de levantamento nacional da situação desportiva (LBSD, artigo 35º), se estabeleçam quais os sectores que requerem apoio privado para o seu desenvolvimento. Finalmente, e mesmo que não defendamos o modelo de pirâmide para o desenvolvimento desportivo, os apoios privados dirigidos a projectos desportivos para jovens, idosos, portadores de deficiência ou com demonstrada debilidade financeira, deveriam igualmente estar sujeitos a um beneficio 19 Decreto-lei 1/90 de 13 de Janeiro, artigo 41 alínea g) Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 49 fiscal próprio. A solução, aliciante, torna-se bastante difícil de concretizar e controlar, pois os critérios necessários para diferenciar as acções de patrocínio que se destinam ao desenvolvimento do desporto e as que têm por finalidade o beneficio de organizações comerciais (Martins, 1996 cit. por Pereira, 1998) são de complexa escolha e aplicação, que só a utilização de meios informáticos poderá resolver. A nossa leitura não se reveste de dúvidas e vê as duas situações de forma similar, já que, quer através das opiniões, quer pelas reflexões supra citadas, chegámos à conclusão de que não é possível dissociar a actividade desportiva da actividade cultural e social, o que é reconhecido pela própria legislação nacional e do Conselho da Europa (CRP, artigo 79º; Carta Europeia do Desporto, preâmbulo; e LBSD, artº10). Por último, como vimos na LBSD, no seu artº18, equiparam-se as federações e os clubes às instituições privadas de solidariedade social e estas, ainda pelo artigo 9º do CIRC, estão isentas de IRC [Imposto sobre o Rendimento Colectável]. No que respeita aos rendimentos provenientes da actividade de patrocínio, o artigo 10º do CIRC refere que, “estão isentos de IRC os rendimentos directamente derivados do exercício de actividades culturais, recreativas e desportivas”. Contudo, e ainda no mesmo artigo, no ponto 3, considera-se que não podem ser contemplados rendimentos directamente derivados do exercício das actividades indicadas acima, provenientes, entre outras, de publicidade. Existe então um conflito de normas, entre os artigos 9º e 10º, onde o último refere essencialmente as entidades beneficiárias e o primeiro, as actividades contempladas. No caso da actividade desportiva, instituições como, por exemplo, as federações e clubes com estatuto de Utilidade Pública, estão isentos de IRC e, por outro lado, como beneficiários de acordos publicitários, não poderão usufruir dessa isenção. Sendo a actividade do patrocínio considerada, na maior parte das vezes, como Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 50 publicidade, encontramos desta maneira uma barreira fiscal do financiamento à actividade desportiva. As organizações desportivas não encontram na lei, estímulo para que procurem concretizar contratos de patrocínio, uma vez que parte das suas recitas irão estar sujeitas a IRC. No que respeita às entidades sujeitas a beneficio fiscal20 afirma-se que em relação ao desenvolvimento desportivo, devemos considerar, para efeitos de benefícios fiscais entidades que devem ser alvo do contrato de patrocínio com bonificação. Reconhecendo o valor múltiplo que a actividade de patrocínio desportivo pode assumir como factor de desenvolvimento desportivo, de saúde pública e de projecção da imagem nacional - interessa definir quais as entidades que, colhendo o apoio privado, podem permitir um beneficio fiscal ao seu patrocinador no âmbito desportivo. Estas já foram supracitadas. No exercício da actividade de patrocínio desportivo, há ainda a considerar, para que os referidos benefícios se concretizem, o respeito pelo código da publicidade21 , em especial no que diz respeito às bebidas alcoólicas e ao tabaco22 . Para além das restrições normativas à actividade de publicidade, temos de considerar as limitações impostas pelos regulamentos específicos das entidades que recebem o apoio proveniente do patrocínio. Em especial, no caso das federações possuidoras de Estatuto de Utilidade Pública Desportiva, devem respeitar também as normas que regulam a utilização de publicidade nos equipamentos das equipas, atletas e selecções23 . 20 Decreto-Lei nº74/99, de 16 de Março Código da Publicidade (Dec.-Lei nº330/90, de 23 de Outubro), nomeadamente o artigo 1º (Âmbito do Diploma): “O presente diploma aplica-se a qualquer forma de publicidade, independentemente do suporte utilizado para a sua difusão”; artigo 17º (Bebidas alcoólicas) “1. A publicidade a bebidas alcoólicas, independentemente do suporte utilizado para a sua difusão, só é consentida quando:... “f) Não associe o consumo dessas bebidas ao exercício físico ou à condução de veículos”. 22 Op.cit, artigo 18º (Tabaco) “São proibidas, sem prejuízo do disposto em legislação especial, todas as formas de publicidade ao tabaco através de suportes nacionais ou com sede em Portugal”. 23 Tovvriley (1995 cit. por Pereira, 1998). É apresentado em forma de inventario, um elevado número de situações em que é necessário recorrer a normas formais para salvaguardar o direito associado ao patrocínio desportivo. 21 Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 51 O actual regime dos donativos ao Estado e às outras entidades referidas no código do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares e colectivas autonomiza-se dentro do regime do mecenato social, científico e educativo sendo que só agora se encontram previstas as referentes ao âmbito desportivo. A nível internacional, a CIC [Câmara Internacional de Comércio] elaborou um código de patrocínio com a finalidade de estabelecer princípios básicos e linhas de orientação da boa prática e da concorrência leal neste campo, de modo a que o patrocínio pudesse desempenhar devidamente o seu papel na defesa dos interesses de todas as partes envolvidas. Este código foi concebido em primeira linha como um instrumento autodisciplinador, no âmbito da legislação nacional e internacional aplicável, pretendendose igualmente que complementasse a auto-regulamentação já existente no país (legislação genérica de contratos) servindo também como um instrumento de referência para os tribunais ou árbitros na resolução de disputas relacionadas com o mesmo (Câmara Internacional de Comércio, 1996). No entanto, o código foi igualmente pensado para servir como um meio auxiliar de interpretação, do qual as partes se poderão servir para o esclarecimento de dúvidas que possam surgir quanto ao modo como as acções de patrocínio são exercitadas. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 52 CAPÍTULO III CHAPTER III Natureza Jurídica do contrato de Juridical nature of a sponsorship patrocínio contract This chapter focus on the juridical nature of a sponsorship agreement. The article 405º, n.1, of the Civil Code, symbol of the norms dedicated to the general contracts formally recognises the “principle of contractual liberty” or the liberty of contracting which in a full extent allows the settlement for contract celebrations. From the several celebrated sponsorship agreements, one issue comes in mind – the aim of the contract. It consists in an objective goal and it is recognised by law (article 456º of Civil Code) – in this case, in an indirect way. In the majority of contracts, there are numerous clauses that seem identical, mainly clauses that relate responsibilities from both parties as well as preventive clauses for not fulfilling the legal formalities. This is obviously expanded in this topic, outlining the different clauses in a sponsorship deal. Another topic outlines the different classes of sponsorship agreements. The juridical versatility of the sponsorship agreement is in a way related in all the different sectors in which they operate, allowing us to identify the responsibilities assumed by both parties as a legal contract. So, a contract introduces several specialities like the sport sponsorship agreement, the cultural, social and media sponsorship agreement. 1. Juridical nature of a sponsorship contract; 1.1 Tipicity and atipicity in the contracts law; 1.2 Elements and contents of the contracts; 1.3 Juridical definition of a sponsorship contract. 2. The Contratual Species. 2.1 Sponsorship Classes; 2.1.1 The sport sponsorship contract; 2.1.2 The cultural sponsorship contract; 2.1.3 The television sponsorship contract; 2.1.4 Proper or pure sponsorship; Intermediate sponsorship; Not proper or impure sponsorship. 1. A natureza jurídica do contrato de patrocínio O artigo 405, nº1, do Código Civil, pórtico das normas dedicadas aos contratos, não institui mas reconhece formalmente, o princípio da liberdade contratual, ou da liberdade de contratar que, num âmbito máximo, comporta analiticamente, a liberdade de celebração ou conclusão dos contratos. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 53 1.1. Tipicidade e Atipicidade no direito dos contratos. Referiu-se anteriormente sobre a natureza dos contratos podendo-se distinguir os contratos em típicos ou nominados e atípicos ou inominados. São típicos ou nominados aqueles que a lei expressamente prevê e regula através de normas que, enquanto tais, valem no silêncio das partes. Atípicos ou inominados, os que as partes criam fora dos moldes anteriormente descritos. Os contratos de patrocínio como expressão de uma autonomia de vontade entre ambas as partes irão reger-se por o que ambas as partes estipulem e pelas normas gerais dos contratos que não tenha sido previsto pelas mesmas24 . Logo se depreende que o contrato de patrocínio é atípico. Mas o reconhecimento desta atipicidade não soluciona o problema do qual vai ser a disciplina aplicável no caso de incumprimento contratual. Assim sendo, são aplicadas as normas gerais de carácter imperativo recolhidas no capítulo VII do livro II do Direito das Obrigações do Código Civil. 1.2 Elementos e conteúdo dos contratos. À luz dos numerosos contratos de patrocínio que se celebram, um aspecto ressalta como elemento comum a todos eles – a causa ou finalidade do contrato. Este causa consiste num fim objectivo e recebe um reconhecimento por parte da lei (artº456 do Código Civil) – neste caso, feito de uma forma indirecta. Na maioria dos contratos existem numerosas cláusulas que se repetem, nomeadamente as cláusulas que detalham as obrigações de ambas as partes e como é habitual as cláusulas preventivas para o caso de incumprimentos. As obrigações dos patrocinadores. O Código de Publicidade25 regula de certa forma algumas das obrigações do patrocinador no que respeita à intervenção deste perante a actividade patrocinada. No entanto, a forma como este presta “apoio” ao patrocinado não é referida em lei podendo o supracitado apoio ser proporcionado de 24 25 I Secção do II Capítulo – Fontes das Obrigações – do Código Civil (artº405-979). Decreto-Lei nº330/90 de 23 de Outubro, artº24, nº4-6. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 54 diferentes formas. Assim, existem dois tipos de apoio: em dinheiro ou numa série de bens ou serviços necessários para a realização da actividade (em casos de empresas produtoras de determinados bens). Pode eventualmente existir uma combinação destes dois tipos de ajuda. Se muitas das vezes o “apoio” em bens ou serviços é de difícil mensuração, já o apoio monetário é concretamente específico. O valor deste apoio depende de algumas variáveis como a relevância pública do patrocinado, o ROI (return of investment26 ) e a visibilidade desta associação. As obrigações dos patrocinados. Embora se encontre na lei uma grande variedade de obrigações para quem recebe este “apoio”, dificilmente se sistematizam, dado que também vão depender da espécie contratual. Talvez a que realça mais importância será a obrigação de obter os meios que estão ao seu alcance para fazer veicular a mensagem publicitária. Podemos afirmar que o patrocinado é o principal responsável pela finalidade do contrato fazendo com o retorno de publicidade não se frustre. Estas cláusulas anteriormente citadas são as mais importantes embora também se incluam nos contratos outras cláusulas de carácter típico que têm a ver, entre outras coisas, com o incumprimento contratual coadjuvado por uma cláusula penal e a distribuição de riscos que pode ser assumida por ambas as partes no firmar do contrato. De uma forma sumária, atentemos a esta concretização para uma configuração completa de um contrato de patrocínio. Assim, o referido contrato é habitualmente reduzido à forma escrita, em simples documento particular, nele devendo constar as respectivas partes, devidamente identificadas, explicitando com clareza o objecto e o conteúdo do patrocínio, a obrigação primeira do patrocinador e do patrocinado. O contrato deve ainda reflectir todas as demais obrigações das partes em que estas possam ter acordado, tais como: Cláusulas de exclusividade – o patrocinador pode-se obrigar a não patrocinar, em simultâneo, outro evento ou equipa concorrente, como o patrocinado a não ter outro patrocinador, explicitando o tempo de duração desta 26 Return of Investment (ROI) - Termo que descreve o cálculo do retorno financeiro numa política ou iniciativa de negócios que implica sempre algum custo. O ROI pode ser medido em termos de um Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 55 obrigação negativa; Cláusulas de não concorrência – ao patrocinado, findo o contrato, é-lhe impossibilitado , durante certo período promover outras empresas; Cláusulas de preferência – em futuros eventos o patrocinado dará preferência ao patrocinador em novo patrocínio; Cláusulas de denúncia ou de resolução – dispondo sobre os prazos e as razões que possam determinar a denúncia e ou de resolução do contrato; Cláusulas indemnizatórias e penais – fixando antecipadamente, para sua aplicação em caso de incumprimento, as sanções a aplicar à parte faltosa e as indemnizações devidas por esta pelos prejuízos causados à outra parte; e finalmente uma cláusula arbitral de onde conste um compromisso de submeter as questões que se prendam com a interpretação e aplicação do contrato a um tribunal arbitral. 1.3 Definição jurídica de contrato de patrocínio. Portanto, após toda esta tentativa de demonstrar a atipicidade do contrato de patrocínio conclui-se descrevendo-o, “tipologicamente, como aquele contrato através do qual, uma parte, o patrocinado, contra o pagamento de um correspectivo da outra parte, o patrocinador, se obriga perante este a prestações de facere, non facere e pati dirigidas a permitir-lhe o desfrute de notoriedade e da ressonância pública da sua actividade com o escopo publicitário de veicular o nome, marca, símbolo ou logotipo do patrocinador e de incrementar, melhorar, redefinir ou ritualizar a sua marca institucional, através da criação de uma associação ou interpenetração de imagens entre patrocinador e patrocinado” (Martins, 1998). Em conclusão a este ponto podemos afirmar que o contrato de patrocínio é um contrato atípico de carácter oneroso, que devido à diversidade do objecto sobre o qual o “apoio” vai recair, faz com que a verdadeira especialidade do contrato se encontre na grande variedade de prestações que pode assumir o patrocinado, todas elas dirigidas com o objectivo de conseguir o retorno de publicidade. período para a recuperação do investimento, como uma percentagem de retorno numa despesa de caixa, ou como o valor presente líquido descontado dos fluxos de caixa livres de um investimento. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 56 2. As Espécies Contratuais 2.1 Classes de patrocínio: Objecto; grau de onerosidade. Parece-nos importante conhecer as distintas classes de contratos de patrocínio. Assim, os critérios de classificação mais importantes são, em primeiro lugar, o objecto sobre o qual recai o patrocínio e, em segundo lugar, o grau de onerosidade do contrato. A versatilidade jurídica do contracto de patrocínio deve-se em parte aos diferentes sectores na qual opera, permitindo identificar o conteúdo das obrigações assumidas por ambas as partes como um contrato legalmente típico ou nominado (iremos explicar mais à frente). Assim, o contrato apresenta-se pelas modalidades de patrocínio desportivo, patrocínio cultural, social e radiotelevisivo. Atente-se que todas estas modalidades se assumem como contratos onerosos em que a “ajuda” é feita a troco de publicidade. 2.1.1 O contrato de patrocínio desportivo. De entre os contratos de patrocínio celebrados no âmbito desportivo, destacam-se desde logo algumas variáveis de decisão que podem influenciar a percepção do patrocinador (tabela 1). Tabela 1. Variáveis de decisão que podem influenciar a percepção do patrocinador. Extensão do Envolvimento Patrocínios - tópicos A – Área de Arte Televisão Desporto Social Futebol Basquetebol Voleibol Andebol Competição Equipa dentro Atleta Evento dentro de uma de uma modalidade Competição Escalões de Profissional Patrocínio Geral B – Área de Patrocínio Específico C – Nível de Envolvimento D – Grau Amador Formação Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 57 E – Tipo de Title-sponsor Fornecedor Envolvimento F – Abrangência Local Regional Co- Patrocinador patrocinador Oficial Nacional Internacional Geográfica Fonte: Horch (1997). 2.1.2 O contrato de patrocínio cultural. O patrocínio cultural, como definiu Franzosi (1985), é um “fenómeno em virtude do qual um sujeito a que chamamos patrocinador, promete ou entrega dinheiro ou outra utilidade para a realização ou melhoria de uma obra ou um evento com valor cultural sempre que o nome do patrocinador permaneça ligado ao evento”. Se em tempos esta relação era puramente filantrópica ou de um verdadeiro mecenas, hoje em dia é provavelmente das áreas de patrocínio que mais se tem desenvolvido27 . 2.1.3 O contrato de patrocínio televisivo. O patrocínio radiotelevisivo define-se como “ a união entre o nome de um produto ou de uma empresa e um programa de televisão, de maneira a que o público identifique a emissão com o patrocinador” (Fusi-Testa, 1985). Convém fazer referência que esta espécie de contrato já se encontra regulada no Código de Publicidade e ao qual já fizemos menção28 . Neste artigo faz-se referência às limitações do patrocinador face aos programas em que podem estar envolvidos, às restrições das empresas de tabaco e de medicamentos, o tipo de envolvimento nos programas (não podem influenciar o conteúdo e programação da emissão) e à forma como esse envolvimento deve ser feito (não haja incitamento à compra). 27 28 A título de exemplo, veja-se o caso das obras de reabilitação de património artístico e cultural. Decreto-Lei 330/90 de 23 de Outubro, artº24, nº1. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 58 2.2 Patrocínio próprio ou puro; Patrocínio intermédio, patrocínio impróprio ou impuro. Atendendo ao grau de onerosidade dos contratos, como outros dos critérios de classificação, podemos denominá-los por patrocínio próprio, intermédio e impróprio. O primeiro modelo será aquele em que existe uma contraprestação porque ambas as partes recebem tanto como dão. Por outro lado, no patrocínio impróprio, o patrocinador não recebe nada em compensação em troco da sua contribuição – o mesmo se pode dizer que se trata de uma acção de mecenato. Mas, no meio destes dois campos opostos, podemos ainda compreender uma acção de patrocínio intermédia em que o patrocinador não recebe o retorno de publicidade na justa medida do seu “apoio”. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 59 CAPÍTULO IV CHAPTER IV As organizações desportivas e o The sport organizations and patrocínio sponsorship The chapter tries to analyse the structural pattern of sport organizations. Concerning this analysis we divide the them according to the professional or nonprofessional status. The topic reflects an attempt to better understand the sport organizations’ structure, regarding its understanding as an integral part of the associative or the professional movement where it fills and develops interrelationships with the different economical agents (autarchies, companies). The last section focus on the conceptual models designed for the development of sport sponsorship programmes. The literature hasn’t been dedicated for this sponsorship -problem analysed from the sport organizations point of view. Mainly in the way they conceive, present, develop and structure the sponsorship proposals. Taking all this in mind, we will try to identify key factors that could be of a major importance when it comes to the implementation of a sponsorship program. 1. Analysis to the strutural pattern of the sport organizations; 1.1 Sport Clubs; 1.2 The A.S.S. in the Football and Basketball professional leagues; 2. Strategic analysis in sport organizations; 3. Benefits for the sport organizations as sponsored organizations; 3. Conceptual models for the development of sponsorship programmes; 3.1 Model proposed by Stotlar (1993) 3.2 Model proposed by Brooks (1995); 3.3 Model proposed by Sá & Sá (1999); 3.4 Model proposed by Campos (2000). 1. Análise ao padrão estrutural das organizações desportivas O presente capítulo pretende explicar a envolvente estratégica em que o desporto se movimenta. Para isso, destacamos algumas considerações sobre o nível de enquadramento macro em relação ao movimento associativo e, na parte final deste ponto, fazemos alguns reparos ao desporto profissional. O ambiente que rodeia o desporto sempre foi muito competitivo. Para lá da grande oferta desportiva que os atletas têm, também as organizações desportivas disputam atletas, espectadores e formas de financiamento para realizar os seus programas desportivos. O custo para proporcionar maiores e cada vez melhores Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 60 condições competitivas tem aumentado pois de uma forma exponencial ao longo destes últimos anos. Na realidade sócio-cultural portuguesa, é inquestionável a importância da intervenção das colectividades no âmbito da animação e generalização das práticas desportivas. Como afirma Carvalho (1994), o clube, em termos gerais e desportivos, em termos específicos, constitui uma célula social de grande importância comunitária. É nele que alguns aspectos fundamentais da nossa cultura podem tomar corpo e é também aqui que o cidadão pode estabelecer relações enriquecedoras com outros indivíduos. O nº1 do artº20 da LBSD29 , define os clubes desportivos como “pessoas colectivas de direito privado cujo objecto seja o fomento e a prática directa de actividades desportivas e que se constituem sob a forma associativa e sem intuitos lucrativos”. Por tradição, a prática desportiva desenvolve-se através dos clubes. Estes definem a base da pirâmide desportiva sendo o desporto de rendimento o vértice dessa mesma pirâmide. No entanto, este modelo de prática desportiva assente numa certa codificação e hierarquização apresenta uma estrutura consolidada e pouca adaptada à mudança. Estes valores defendidos neste modelo fortemente elitista e restrito em termos de exigências físicas dos próprios atletas, coloca limitações à participação desportiva de todos aqueles que não procuram a excelência, mas apenas a participação e o prazer de uma prática desportiva. Os clubes de pequena e média dimensão do Sul da Europa e, no caso concreto de Portugal, são estruturas muito débeis, onde prevalece quase integralmente o trabalho voluntário e onde se luta com imensas dificuldades. Na maioria dos casos, não possuem instalações desportivas próprias, recorrendo a situações de aluguer ou cedência, e ainda mais grave, uma grande percentagem não têm sede social própria. Num estudo de 1997 (Homem, 1997) são apresentados dados alarmantes da crise que prevalecem neste tipo 29 Lei de Bases do Sistema Desportivo. Decreto-Lei de 1/90 de 13 de Janeiro Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 61 de organização, expressa mais concretamente na percentagem de clubes sem número de telefone e onde a dificuldade para constituir equipas dirigentes atinge situações quase dramáticas pois os sócios tentam por todos os meios fugir a essas responsabilidades. Perante este quadro, o actual momento deste nível do movimento associativo desportivo vive essencialmente uma luta pela sobrevivência, procurando os apoios fundamentais para manter a sua actividade desportiva em prol dos diversos nichos de população que procura satisfazer. Mas entende-se que a crise instalada nos clubes ou organizações desportivas é tão grande que se atingiram níveis de desertificação e descrédito nos quadros dos clubes e que talvez só a disponibilidade e a formação dos seus membros pode alterar este meio de luta contra esta situação (Sarmento & Caramez, 1999). Quando os clubes ou equipas desportivas olham para formas de gerar o ambicionado retorno financeiro, o "patrocínio" surge como uma luz ao fundo do túnel. Muitos dos dirigentes desportivos consideram ser esta a ferramenta que responde às necessidades de financiamento da sua organização se bem que muitas delas tenham uma abordagem errada transformando esta acção em missão caridosa. Mas parece ser já um dado adquirido de muitos desses dirigentes que a obtenção do patrocínio certo nem sempre se torna fácil de conseguir. A luta por este tipo de financiamento tem-se tornado muito competitiva devido à existência de novos elementos dentro do mercado concorrencial (organizações de natureza cultural e social) que através de pessoal altamente qualificado asseguram o financiamento empresarial. O desporto não poderá combater com estes competidores apenas puxando pelas cordas da sensibilidade da comunidade, necessitando para ser bem sucedido, que demonstrar o seu valor aos líderes empresariais, identificando e utilizando os benefícios que pode fornecer (Sarmento & Caramez, 1999). Numa luta desigual com a iniciativa privada, os grandes clubes e até nalguns casos com os departamentos do desporto do poder local, os clubes de pequena ou média Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 62 dimensão muitos deles até integrantes das divisões maiores dos campeonatos nacionais são levados a defender intransigentemente o papel desempenhado pelas estruturas cívicas no sistema desportivo. Alguns autores estão convictos que a “sponsorização” parece ser um meio para atenuar algumas dificuldades por que passam os clubes ou organizações desportivas. O recurso a uma “sponsorização” específica no seio da comunidade envolvente permite a sobrevivência do movimento desportivo de base por troca com uma notoriedade ao médio e pequeno comércio e indústria junto das suas populações alvo (Sarmento & Caramez,1999). Pires (1998) crê que este tipo de desporto não está a responder às necessidades de cada cidadão poder, ele também, ser um praticante desportivo. As “performances” exigidas e a vertigem da competição afastaram e afastam irremediavelmente o cidadão comum da prática do desporto a que também tinha direito. Na opinião do mesmo autor (Pires, 2000) o velho clube social subsídio-dependente, gerido por pessoal sem qualificação deixa de ter razão de existir. Bento (1991) vai um pouco mais longe afirmando que os desenvolvimentos operados no desporto mostram que o clube desportivo tradicional sofreu grandes mutações e desvios nas suas motivações originais, estando em vias de se extinguir, vindo a ceder o seu lugar a novas entidades que conferem uma policromia crescente ao panorama das práticas desportivo-corporais. Apercebemos que se vive um momento de crise para o clube desportivo tradicional uma vez que mantém estruturas desfasadas dos interesses actuais especialmente dos jovens, embora possamos ver uma importância acrescida no associativismo em geral dado que nele estão contidos valores educativos de sociabilidade, cooperação e convivência indispensáveis para uma sociedade democrática (Caramez, 1999). A incapacidade em repensar funções e finalidades da própria organização à luz dos tempos actuais, tem levado a que muitos clubes encontrem grandes dificuldades no Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 63 desenvolvimento das suas actividades, levando em casos extremos a reduzir ou mesmo a acabar com a sua oferta desportiva à população. O associativismo desportivo ao ligar-se em grande percentagem ao rendimento desportivo, não considerou o financiamento que deveria ser proveniente do espectáculo desportivo, como elemento equilibrador. Uma grande parte dos clubes é deficitário em ideias do futuro “vivendo uma crise, uma crise de paradigma organizacional” (Pires, 1995). Mas, de acordo com Smith (1997) qualquer mudança de paradigma é muito difícil de conseguir porque vai sempre contra a sabedoria tradicional... Gustavo Pires em Guimarães (2000) põe em causa o clube tradicional, admitindo o seu reequacionamento para se saber qual o papel que ocupa na sociedade para a partir daí sabermos os seus direitos e os seus deveres. O mesmo autor referia que todo o processo desportivo associativo revela as suas estruturas assentes no mundo do desporto formal. O que caracteriza as práticas desportivas formais parece ser o tipo de gestão utilizada. Esta gestão desenvolve-se em moldes tradicionais em todas as etapas do processo de desenvolvimento do praticante. 1.1 Clubes Desportivos. À duplicação da constituição das organizações desportivas de base – os clubes – que se verificou após 1974, com uma contribuição decisiva dos hábitos de vivência democrática e com grande incidência nos pequenos clubes da modalidade, vive-se hoje no final do século XX um período de crise do associativismo de clubes que em algumas regiões do Continente, especialmente no interior do país, se atingem quebras que rondam os 50%. Para esta crise contribuem entre outros factores (Lynce, 1997): - o baixo grau da prática associativa em Portugal; - a incapacidade de adaptação dos clubes e dos seus dirigentes aos novos tempos; - a dissociação dos clubes da sociedade; - a realização de actividades desportivas por parte de organismos ligados à Administração Pública Central e Pública; Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 64 - o envelhecimento da população em certas regiões; - a excessiva dependência das subvenções públicas; - os excessivos gastos na gestão e administração em detrimento da melhoria da prática desportiva dos seus associados, - a construção de infra-estruturas desadequadas às necessidades e enquadramento social do clube com aumentos incomportáveis de custos. É necessário que se assuma um modelo que evolua para lá da criação de novas categorias ou escalões de praticantes divididos por sexos ou por idades, tentando um modelo mais próximo das necessidades das novas realidades resultantes da maior mobilidade social e profissional e da acrescida duração da escolaridade, com profundos reflexos na desagregação da célula familiar tradicional (Pires, 1998). Uma sólida cultura desportiva sustentada num novo modelo de associativismo desportivo assente em projectos que (Pires, 1998): Consigam gerar informação; Promovam sistemas de comunicação; Respeitem as necessidades das pessoas; Possuam grande flexibilidade; Sejam limitados no tempo; Integrem-se no ecossistema; Apresentem uma estrutura volátil; Valorizem os aspectos éticos, Organizem uma hierarquia em rede; Garantam uma gestão profissionalizada. O esforço para criar uma mudança intencional e centrada no potencial, que tem o movimento associativo, parece cada vez mais uma realidade pela qual devemos lutar. Neste momento, o movimento associativo precisa de inovar. Existem, obviamente, inovações que provém de rasgos de genialidade. No entanto, a maioria das inovações resulta de uma procura consciente e intencional de oportunidades de inovação. Podemos encontrar facilmente quatro tipos de oportunidades dentro do próprio movimento associativo (adapt. de Drucker, 1998): - Ocorrências Inesperadas – estas são as mais fáceis e simples de todas as fonte de oportunidade de inovação: o inesperado. Isto acontece quando por exemplo o movimento associativo planeia determinadas actividades mas que percebe que Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 65 existem alterações de mercado. Este segmenta-se não por grupos de rendimento mas sim por estilos de vida. Esta mudança surge dada uma maior democratização do desporto e de que o movimento associativo deve reconhecer como uma nova oportunidade para modificar a sua abordagem. - Incongruências – uma das incongruências pode ser entre realidades económicas. Por exemplo sempre que um mercado se encontra em franco crescimento mas as margens de lucro tendem a diminuir, dada muitas vezes a alta qualidade de serviços que deve ser empregue, existe uma incongruência. - Necessidades de processo – Vários são os aspectos que surgem para facilitar a prática desportiva ou para a tornar mais acessível, podendo chamar a tudo isto uma necessidade de processo. - Alterações no mercado e na indústria – o mercado e a indústria desportiva alteraram-se profundamente. Na verdade quando a indústria desportiva iniciou a sua mudança, os líderes tradicionais negligenciaram os segmentos de mercado que se modificavam mais rapidamente. As novas oportunidades ajustamse à forma como o movimento associativo abordou o mercado, o definiu ou se organizou para o servir. Os inovadores, futuros dirigentes desportivos, têm uma boa probabilidade de se ajustar e propor novas formas de abordagem ao consumidor desportivo. 1.2. As S.A.D. [Sociedades Anónimas Desportivas] nas ligas profissionais de Futebol e Basquetebol. Com o advento das sociedades anónimas desportivas30 podemos verificar que existe ainda um longo caminho para se fazer no que toca à operacionalização e enquadramento para organizações mais profissionalizantes. De acordo com Pires (2000), estas foram a solução possível para um sistema que estava sem soluções à vista. 30 Decreto-Lei 67/97 de 3 de Abril. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 66 A virtude principal parece ter sido o facto de promoverem a separação mais clara entre o desporto amador e o desporto profissional. O suporte jurídico criado primeiramente em 1995 pelo decreto-lei nº146/95 e mais tarde pelo decreto-lei nº67/97 tem por objectivo regular o “desporto profissional – sempre através dos clubes, mas com suporte na solução inovadora das sociedades desportivas - processos gestionários mais sólidos e responsáveis bem como o rigor financeiro que seja susceptível de garantir a sua estabilidade e desenvolvimento”. A tabela 2 vem demonstrar as diferentes fases de mudança verificadas no clube desportivo, indo ao encontro de uma nova concepção - clube/empresa. Tabela 2. Fase do processo de passagem Clube / Empresa. 1ª fase Estabilização do Prejuízo A manutenção do volume de dívidas num único patamar durante um período de tempo 2ª fase Corte Drástico de Despesas A ruptura na tendência de aumento dos custos através da diminuição de custos operacionais e administrativos 3ª fase Crescimento da Rentabilidade Início de uma nova fase com a receitas a superar as despesas 4ª fase Performance da Excelência empresarial Com a implementação de um processo de gestão de médio e longo prazo que se reflecte no crescimento auto-sustentável 5ªfase Modelo Empreendedor de Gestão do Clube Gestão excelente com níveis crescentes de volume de vendas e rentabilidade de todas as actividades e serviços do clube. Fonte: Neto (1995). Por outro lado, podemos encontrar três fontes de oportunidades externas ao movimento associativo e que compõem por assim dizer o ambiente social e intelectual circundante (adapt. de Drucker, 1995): Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 67 - Alterações demográficas – como se sabe tem se assistido a uma alteração da população em termos do número de pessoas, quer na sua distribuição por idades, educação, ocupação e localização geográfica. - Alterações na percepção – há uma necessidade cada vez mais premente da população de se concentrar na distância que ainda os separa da imortalidade. Assim, esta atitude criou muitas oportunidades de inovação: mercados para revistas de saúde, equipamentos de jogging e também uma maior apetência para o exercício físico. Uma mudança na percepção não altera factos, mas modifica o seu significado e de forma extremamente rápida. - Novos conhecimentos – as inovações no mundo do desporto podem ser também baseadas no novos conhecimentos, sejam eles científicos, técnicos ou sociais. Na inovação como em qualquer outro esforço há talento, engenho e conhecimento. Mas quando está tudo dito e feito, o que a inovação exige é muito trabalho dirigido e intencional. Se faltar diligência, persistência e empenhamento, o talento, o engenho e o conhecimento de nada servem. Parece, quanto a nós, existirem oportunidades suficientes para que o movimento associativo se transforme e procure novo reequacionamento sob pena de desaparecer e ficar apenas como uma velha recordação de um tempo longínquo. O nosso sistema desportivo tem importado ao longo dos anos diversas pessoas vindas dos mais diversos quadrantes económicos para implementar muitas das vezes processos ou formas de gestão falidas que em muito empobrecem o desporto. Pensamos que, antes de mais, necessitamos urgentemente de dirigentes com capacidade de liderar, gente com sentidos de missão bem enquadrados dentro dos grandes desígnios do desporto nacional. Sabe-se que hoje em dia ainda se assumem padrões de liderança com actividades de comando e controlo. Estas funções faziam parte de uma linha de pensamento de Fayol, que no início do século, as fez integrar no seu conceito de gestão. Com o desenrolar do tempo estamos em crer que a situação se foi alterando. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 68 Profissionalizar os dirigentes desportivos parece-nos ser uma atitude muito difícil de fazer. Será talvez melhor tentar atingi-los de outras formas. E isso passa por uma exigência cada vez maior por parte da Administração Central ou Local não comprometendo recursos onde não existem dirigentes que dão suficientes garantias de idoneidade, responsabilidade e adequado uso dos recursos públicos que são disponibilizados. Só a colocação de uma fasquia num plano elevado pode “seleccionar” naturalmente as organizações desportivos que sobrevivem das que morrem. Todo este processo assemelha-se um pouco ao método de selecção descrito por Darwin, ou seja, que todos os seres vivos (organizações desportivas) entram em luta pela sobrevivência, daí que só os que se adaptam melhor sobrevivem, levando-os desta forma a uma melhor formação das suas organizações e a uma melhoria progressiva (Caramez, 1999). Então, a necessidade de se profissionalizar o mundo desportivo não nos parece suficiente, tendo que se fazer notar um padrão de liderança. As competências que se espera de um dirigente desportivo no final deste século tem mais a ver com características de personalidade do que propriamente com competência técnica. Os melhores líderes nem sempre são os profissionais mais qualificados, mas sim pessoas que têm uma visão de conjunto e que sabem recrutar, formar e motivar pessoas com competências distintas, colocando-as ao serviço da organização. Hoje, um bom líder deverá ser, acima de tudo, um excelente condutor de pessoas e de equipas de trabalho. Quanto à atitude do dirigente desportivo, muito ainda há a fazer. Mas que sirva de exemplo que muitos empresários do mundo dos negócios ou até outros dirigentes desportivos com pouca formação académica conseguiram criar e desenvolver sustentadamente empresas e clubes de sucesso, servindo esta missiva de inspiração e reflexão para os dirigentes do amanhã. Os novos líderes do desporto nacional devem ser surfistas de águas turbulentas. Acontece que alguns não sabem nadar, outros fazem um esforço para aprender e sobrevivem e há os que desistem à primeira turbulência (adapt. de Azevedo, 1998). Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 69 A nova organização não irá privilegiar um centro hierárquico mas sim princípios partilhados que permitam uma acção local, assegurando ao mesmo tempo um esforço coordenado tal como a imagem da orquestra sinfónica de Drucker31 . Apesar de protelarmos estas mudanças das organizações do futuro, sabemos que existe ainda um longo caminho a percorrer dada a resistência a estas novas linhas gestão e organização, mas que estamos em crer que as pessoas ainda gostam de saber o seu lugar nas organizações burocráticas e têm medo ou dificuldade em se reverem nas novas “estruturas virtuais”. 2. Análise da estratégia em organizações desportivas. Däs (1990 cit. por Slack, 1997) compara a estratégia organizacional ao desenvolvimento de um jogo realizado por uma equipa desportiva em que ao treinador cabe a tarefa de analisar as forças e fraquezas, tanto da sua equipa como dos competidores. O grande objectivo será ganhar o jogo e o plano que for traçado pode ser modificado pelo reconhecimento de realidades emergentes. O autor refere ainda que a estratégia pode ser pensada como um plano compreensivo e integrado de implicações a longo prazo desenhado para alcançar objectivos básicos de uma organização. Este plano incorpora as forças e fraquezas da organização e tem em linha de conta as realidades e tendências ambientais. As organizações desportivas podem formular variadas estratégias que podem ser de ordem deliberada ou emergente (Slack, 1997). As estratégias deliberadas são cursos de acção intencionados que se tornam percepcionados. Pelo contrário, as estratégias emergentes são acções realizadas mas não necessariamente intencionadas (Mintzberg, 1978, cit. por Slack, 1997). Mintzberg refere que se torna possível que uma estratégia deliberada, à medida que se torna percepcionada, se transforme numa estratégia emergente e que as estratégias emergentes com o tempo se formalizam como de origem 31 “The coming of a new organization – HBR Jan/Fev 1988”) Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 70 deliberada. Entendendo os programas de angariação de potenciais patrocinadores como cursos de acção estratégica das organizações desportivas, podemos inferir à organização desportiva e especialmente a estes cursos de acção, a prática bipolarizada e biunívoca destes dois tipos de estratégia que muitas vezes interagem para o seu próprio planeamento. Nas situações que requerem uma tomada de decisões, a selecção da estratégia será baseada na percepção das oportunidades e ameaças do ambiente envolvente como também as forças internas e as fraquezas da organização (Slack, 1997). Avaliação às ameaças e oportunidades do meio envolvente Forças internas e as Fraquezas da organização Estratégia de Patrocínio Figura 1: Estrutura da estratégia de patrocínio. Fonte: Adaptado de Slack (1997) Porter (1985 também referido por Correia, 1999) insinua que o sucesso de uma organização depende do seu comportamento adaptativo face a um ambiente concreto, estruturado e competitivo. Dubois (1998) discorre alguns comentários sobre o perfil do consumidor mas que achamos interessante adaptar para as organizações desportivas. Assim, estas não se enquadram mais num perfil pré-definido mas sim ajustado a um conjunto de ambientes: físico, social, temporal, em contexto de acção e até num domínio psicológico. Ora assumindo esta nova orientação, analisamos algumas particularidades da filosofia destas organizações desportivas e que se devem transformar por forma a compreender a chamada organização - camaleão. A organização – camaleão vai-nos obrigar a reestrutar os modos de aproximação e os métodos de análise de mercado. Se antigamente podíamos afirmar que as entidades assumiam um estilo de vida próprio, hoje parece certo que não há um padrão rígido uma vez que, por exemplo, podemos enquanto organização desportiva manifestar uma Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 71 determinada característica num dado instante e noutro contexto situacional adoptar uma outra completamente distinta. Curiosamente, esta análise vem dissociar-se do tema da segmentação dos mercados. Deste modo, a segmentação surge através da divisão das organizações em grupos relativamente homogéneos. Embora haja uma diversidade de critérios de segmentação (geográficos, demográficos, psicográficos e comportamentais), que sistematizam as organizações em várias categorias, os critérios situacionais vêm desconfigurar todo este processo, integrando também grandes mutações contextuais prováveis no raciocínio estratégico. Reafirma-se portanto (na linha de raciocínio de Dubois mas com adaptação à realidade organizacional) que o perfil – tipo deixa de existir mesmo como a “côr da organização – camaleão (clima situacional)” que põe em questão o princípio de uma classificação. Porter (1985) fundamenta um modelo de "Cinco Forças" em que se deve considerar a rivalidade entre organizações concorrentes no mesmo mercado, o poder dos compradores e dos fornecedores e ameaça dos potenciais candidatos a concorrentes e dos produtos e serviços substitutos. Numa adaptação de Correia (1999) ilustramos na figura 2 os elementos estruturais das organizações desportivas. Novos organizações desportivas Poder dos fornecedores Estado e outras entidades públicas Ameaça de novos concorrentes Organizações desportivas Intensidade da concorrência nacional e internacional Ameaça de produtos substitutos Produtos e Serviços de substituição Espectadores, Poder dos compradores Figura 2: Elementos estruturais das organizações desportivas. Assim, e de acordo com o mesmo autor (que foi sugerido por Porter, 1980), a análise estrutural consiste, na identificação e estudo dos principais factores que Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 72 confirmam aquela realidade, perspectivando os aspectos fundamentais do ambiente imediato. As organizações desportivas podem formular estratégias a dois níveis: a um nível corporativo e a um nível empresarial (Slack, 1997). As estratégias de nível corporativo são requeridas por organizações que queiram competir em diversas industrias. As estratégias de nível empresarial apenas competem num único mercado e são utilizadas para que as organizações desportivas ganhem uma vantagem competitiva no seu produto ou serviço específico. Michael Porter (1980; mais tarde analisado no universo desportivo por Slack, 1997; Correia, 1999) identifica três tipos de estratégias que podem ser seleccionadas pelo gestor, por exemplo no nosso caso específico, na definição da política de patrocínio desportivo para fazer face à concorrência das outras organizações: o domínio pelos custos, a diferenciação de serviços e produtos e a concentração em certos segmentos específicos. Analisando estas três perspectivas tendo sempre por base a política de patrocínios seguida pelas organizações desportivas, atentemos que numa estratégia baseada em baixos custos pode-se atingir uma vantagem face à concorrência. Esta vantagem é alicerçada na diminuição de custos (fixos ou variáveis), posicionando a organização desportiva com a imagem de uma gestão forte sem graves dispêndios ou deslizes orçamentais. A imagem robusta fortalece inequivocamente o conjunto de mais-valias que mais tarde serão tão importantes na consecução de programas de patrocínio. A estratégia de diferenciação dos serviços ou produtos permite que a organização desportiva na tentativa de acrescentar uma vantagem competitiva se apresente com uma imagem única do seu produto no caso do desporto ou, no caso mais específico, o próprio programa de patrocínio desportivo. Campos ("comunicação pessoal," Agosto 21, 2000) observa este aspecto interessante repisando que as organizações desportivas deverão entender o patrocínio desportivo como um produto tornando-o numa oferta de carácter único, diferenciado até nas opções de disponibilidade de serviços associados a este produto. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 73 A estratégia de concentração é dirigida para servir as necessidades de um mercado específico, definido por determinados critérios. As grandes forças desta estratégia em organizações desportivas passam pelo desenvolvimento de uma habilidade própria para fornecer produtos/serviços que outros não conseguem. Quando as empresas potenciais patrocinadoras tentam encontrar forças (produtos e/ou serviços em organizações desportivas) capazes de gerar bons índices de retorno de investimento para os seus programas de patrocínio, as organizações desportivas devem ser susceptíveis para equivaler a estas necessidades, presenteando respostas rápidas, objectivas e mensuráveis (por ex. em termos de espectadores ou em tempos de exposição) aos olhos dos patrocinadores. Slack (1997) refere que nem todas as organizações desportivas têm capacidade para alcançar uma vantagem competitiva. Isto deve-se ao facto de tomarem decisões erradas muitas vezes nos mercados em que operam os potenciais patrocinadores (neste caso) e outras vezes pela falta de uma percepção dos produtos/ serviços que pode oferecer (a estes mesmos patrocinadores). Ramanantsoa & Thiéry- Baslé (1989, cit. por Correia, 1999) aludem que a estratégia das organizações desportivas assume-se como um conjunto de "recursos subsidiados" em que não são tomadas acções em termos estratégicos devido a uma subsidio-dependência das instituições públicas e à noção de projecto social com que as organizações desportivas são entendidas. Esta combinação de factores condiciona uma pertença análise estratégica de angariação de patrocínios. Berrett & Slack (1999) no estudo realizado no Canadá à estratégia organizacional das empresas patrocinadoras argumentam que os gestores desportivos, que procuram patrocínio, devem apontar os seus esforços para empresas com as quais exista um forte potencial para uma aliança estratégica com as propriedades do desporto. Os autores sugerem também que os programas de patrocínio só serão vistos com sucesso se existirem sinergias ponderadas com os objectivos estratégicos mais alargados das empresas patrocinadoras. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 74 3. Benefícios para as organizações desportivas enquanto agentes patrocinados As entidades desportivas solicitam três tipos de benefícios dos patrocinadores (Howard & Crompton, 1995): - financeiro, - cobertura dos media, - logístico. A obtenção de meios de comunicação social para a cobertura da actividade desportiva pode ser um grande passo para a captação de meios financeiros. Os patrocinadores querem saber se existirá cobertura por parte dos media para a partir daí puderem conduzir futuras negociações. Existem quatro grandes tipos de benefícios ligados ao campo da logística que um patrocinador pode promover (Howard & Crompton, 1995): (1) suporte através de produtos da empresa (ou não) em que se podem incluir, por exemplo, os equipamentos e a alimentação; (2) a assistência de técnicos (por exemplo, técnicos de empresas de computadores ajudando na realização de um acontecimento desportivo); (3) meios de comunicação e conhecimentos próprios para aumentar o interesse e a notoriedade da actividade desportiva; (4) a “protecção institucional” através da ligação da organização desportiva a uma empresa de grande reputação. Esta protecção tem efeitos bastante positivos dado que incrementa a imagem da referida organização desportiva, dando-lhe uma enorme credibilidade junto dos media ou até de futuros patrocinadores. A nossa reduzida experiência nestes domínios já nos demonstrou que se apresentarmos (organização desportiva), por hipótese, um patrocinador com prestígio no mercado e com uma imagem pública bastante forte e positiva obteremos uma maior projecção tanto por parte dos media, que certamente darão alguma legitimidade à organização, como também de outras congéneres dispostas a investir. Esta associação é, portanto, a condição necessária para a promoção do próprio desporto, melhorando assim a percepção do público face à natureza da actividade. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 75 Os investimentos associados aos aspectos logísticos poderão ser um tipo de participação bastante apetecida por parte de quem investe dado que omite os verdadeiros custos desta participação, mascarando imediatamente o valor do patrocínio. O apoio que as empresas fornecem tem tendência para deixar a fase altruísta e de ausência de qualquer tipo de contrapartidas. Apesar de na “Carta Europeia do Desporto” no Artº I alínea 2 dizer claramente que se deve “proteger e desenvolver as bases morais e éticas do desporto, assim como a dignidade humana e a segurança daqueles que participam em actividades desportivas, protegendo o desporto e os desportistas de toda a exploração para fins políticos, comerciais e financeiros, e de práticas abusivas e aviltantes...”, muitas empresas continuam a pressionar os agentes desportivos para tipos de compensação que entram em rota de colisão com as normas estipuladas nas áreas desportivas. Embora haja quem defenda que “uma subvenção não é um acto gratuito na medida em que ela pode ser comparada com um investimento em que aquele que investe espera resultados” (Andreff et al., 1986 cit. por Pires, 1996). Mas esta situação pode ser solucionada se o valor do patrocínio for analisado à luz de uma vontade de competir com outras empresas para assegurar o concurso de eventos desportivos mais lucrativos. O grande problema desta ideologia prende-se com o facto de saltarem à vista assimetrias enormes entre as diferentes modalidades desportivas, isto pelo facto de não existir um órgão que promova uma justiça social. Se existe, então não tem desempenhado o seu papel com a responsabilidade que devia. Mesmo assim, a divisa “Citius, Altius, Fortius” encerra em si uma enorme responsabilidade naqueles que a tentam seguir. Obviamente que para se fazer cada vez mais e melhor, há necessidade de melhores condições e de, consequentemente, mais apoios. Mas, por vezes, esses apoios significam uma corrosão dos valores éticos e morais que norteiam a prática desportiva. O mercantilismo pode ameaçar, irreversivelmente, o desporto de elite32 . 32 Quando num Campeonato de Mundo de Futebol (EUA) os jogos foram realizados a horas pouco dignas à prática desportiva, apenas para que nos países da Europa, principais consumidores de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 76 Gäs (cit. por Horch, 1997) afirma que o "desporto só será um parceiro de negócio útil se permanecer autónomo." Horch (1997) refere ainda que o sistema desportivo manterá a sua autonomia enquanto a decisão de vitória ou derrota não for influenciada por forças externas. Este autor sistematiza sete zonas de perda de autonomia do desporto pela influência empresarial especialmente pelo fenómeno do patrocínio desportivo. Assim, destacam-se a colocação do desporto para pano de fundo através, a título de exemplo, do vestuário desportivo e das coberturas televisivas entre outros. Os montantes financeiros libertam egoísmos que dissolvem a unidade desportiva, as crescentes consequências financeiras conduzem a uma grande desejo de manipulação como por exemplo o doping, o mundo empresarial está a influenciar gradualmente os tempos, os locais e as regras do desporto, os elementos centrais da ética desportiva estão a ser desvalorizados, a igualdade de oportunidades parece ser negligenciada e a vitória ou derrota são ditadas pelo lucro. Numa altura em que uma das regras de ouro é “se queres que te dê alguma coisa, primeiro tens de me dizer o que tens para me dar”, as entidades desportivas terão que ter cuidados especiais na concessão de regalias ou privilégios aos agentes patrocinadores. 4. Modelos Conceptuais para o desenvolvimento de programas de patrocínio A literatura tem destacado pouco interesse às questões do patrocínio sob o ponto de vista das organizações desportivas e na forma como estas idealizam, desenvolvem, apresentam, estruturam e concretizam as suas propostas de patrocínio. Levando em linha de conta, esta preocupação tentamos identificar na literatura alguns factores que se destacam pela sua importância e que fazem ponderar as organizações aquando da implementação das propostas de patrocínio. espectáculos de futebol, se pudesse assistir ao evento, podendo-se atestar da influência de determinados agentes e da condescendência dos responsáveis desportivos para este tipo de cedências (Caramez, 1997). Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 77 Decker (1991 cit. por Stotlar, 1993) refere que é necessário ter em consideração diversas áreas quando se constróem propostas de patrocínio, mas uma vez que os clientes têm exigências diferentes, não deverá existir um modelo perfeito. A mesma autora lista algumas áreas que devem ser endereçadas: a descrição do evento/equipa/clube, o nível de investimento de patrocínio requerido, os benefícios dos patrocinadores e um deadline pelo qual as decisões devem ser tomadas. Outros aspecto que se revela importante tem a ver com o conhecimento sobre a estrutura de gestão do potencial patrocinador (ver págs. sobre modelo de avaliação de propostas de patrocínio). As propostas podem variar desde as que são desenhadas de forma altamente profissional até às que são feitas através da solicitação directa por telefone. De uma maneira geral, quanto maior for o “pedido”, mais será requerido em termos de preparação. Quando se prepara uma proposta, há contudo diversas questões em jogo. O que devemos pedir ? Quem devemos contactar ? Como deverá ser apresentada? O que devemos aceitar ? Depois de todo o trabalho na idealização da proposta profissional, pode ser muitas vezes frustrante ouvir: “gostávamos de ajudar mas o nosso orçamento já foi totalmente atribuído”; ou, “Teremos que enviar esta proposta para os nossos administradores”; ou, “ nós não temos essa quantidade de dinheiro, mas temos alguns produtos...”; ou, “por agora não estamos interessados”. Num mundo ideal, os dirigentes desportivos deveriam saber exactamente o que os agentes económicos procuram num patrocínio desportivo, quanto é que estarão disponíveis para gastar e o que o desporto poderá proporcionar em troca. Uma parceria mais forte e mutualista podia ser construída entre o desporto e o comunidade empresarial se as entidades desportivas souberem o que mais valorizam os líderes empresariais, caminhando assim para um processo de maior credibilização do fenómeno do patrocínio desportivo. De seguida, apresentam-se alguns planos conceptuais de diversos autores que tentam de certa maneira enquadrar um conjunto de componentes a incluir na construção Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 78 de programas de patrocínio. Os modelos apresentados têm um conjunto diversificado de análises ora atráves de modelos que previligiam o marketing directo33 ora acções de business-to-business ou até business-to-consumer. 4.1 Modelo proposto por Stotlar (1993). Este modelo conceptual que se apresenta tenta demonstrar para as organizações desportivas os padrões de pensamento e as estruturas de decisão das empresas. Este modelo tenta recolher os pontos mais importantes para uma empresa e que devem ser analisados numa proposta de patrocínio. O modelo surge na base de propostas de patrocínio bem sucedidas. Parte 2. Objectivos do plano Parte 1. Descrição do patrocínio Plano de Patrocínio Desportivo Parte 3. Componentes do plano Parte 4. Orçamento Fonte: Elaboração própria. Figura 3: Plano do Patrocínio Desportivo. Parte I: Descrição do patrocínio Esta primeira parte contempla a descrição do produto ou serviço a ser oferecido. Isto inclui história, anos da operação organizacional e a estrutura desportiva. As empresas potenciais patrocinadoras querem normalmente saber que tipo de organização vão estar envolvidas. 33 É o canal de distribuição mais curto, em que o promotor (organização desportiva) lida directamente com o consumidor (potencial patrocinador). O segmento mais vasto do marketing directo é coberto por mailings, cartas dirigidas aos clientes procurando vender algo (patrocínio desportivo). A sua maior eficácia em relação aos meios tradicionais resulta em três vantagens: selectividade, interactividade e mensurabilidade de resultados. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 79 Parte II: Objectivos do plano Os objectivos de um plano de patrocínio devem estar claramente presentes como também uma revisão à exposição aos media ou antigos envolvimentos com o patrocínio. Parte III: Componentes do plano Os elementos componentes do plano devem, de acordo com o autor, ser apresentados ao patrocinador da forma mais detalhada possível. Qualquer tipo de actividade planeada deve ser descrita, incluindo o conjunto de oportunidades (“menu” de actividades possíveis que os patrocinadores podem utilizar) para o patrocinador. É fundamental que todos os componentes bem como a respectiva responsabilidade sejam clarificada. Parte IV: Orçamento Segundo o autor, a área da estimação de custos tem sido ao longo dos anos um aspecto pelo qual as organizações desportivas têm encontrado muitas dificuldades. Os orçamento. Um passo chave para tornar a proposta mais interessante ao patrocinador será a comparação custos de publicidade competitiva e o seu valor. Os potenciais patrocinadores estão normalmente associados a outras actividades de marketing sendo portanto necessário que o gestor desportivo estude e prepare informação sobre o benefício que o patrocínio desportivo pode trazer em termos que a empresa possa compreender. O autor refere outro aspecto que lhe parece muito importante de ser analisado e que está relacionado com a necessidade dos gestores desportivos proporem diversas situações de contrato de patrocínio - desde a exclusividade até fornecimento de serviços ou produtos. Isto prende-se com a política de muitas empresas em preferirem grandes contratos de patrocínio em vez de patrocínios de pequeno montante. A Ericson (Zeime, 1998) parece ser um exemplo daquilo que acabamos de referir com uma política de patrocínio determinada. "The goal is to work on well thought out projects that build on long-term cooperation. "We would prefer to select just a few larger projects rather than spreading out our good will on a number of smaller ones," says Lynne Howell Wiklander (2000)". Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 80 4.2 Modelo proposto por Brooks (1995). 3. Análise da plataforma atlética 4. Categorias de patrocínio 5. Definição de quadro de oportunidades 2. Identificação específica do mercado alvo dos patrocinadores Mecanismos do Plano de Patrocínio Desportivo 6. Método de quantificação de propostas 1. Objectivos Corporativos 8. Plano de acção 7. Processo de pesquisa aos patrocinadores Fonte: Adaptado de Brooks (1994) - elaboração própria. Figura 4: Mecanismos do Plano do Patrocínio Desportivo. Brooks (1995) demonstra no seu trabalho que o desporto pode retirar das estratégias competitivas empresariais alguma sabedoria, havendo lugar a uma transferência de habilidades entre desportos e empresas (também mencionado por Lui, Srivastava & Woo, 1998). Araújo (1999), no nosso país, discorre desde há alguns anos sobre o processo de transferência de habilidades e competências do treino desportivo como uma ferramenta de gestão num ambiente empresarial determinando uma relação biunívoca entre desporto e empresa. 4.2.1 Compreensão do fenómeno do patrocínio como uma ferramenta no plano de comunicação de marketing de uma potencial entidade patrocinadora. A autora considera que um dos primeiros pontos importantes na definição das propostas de patrocínio é a compreensão do fenómeno como uma ferramenta no plano de comunicação de um potencial patrocinador. Assim, a organização desportiva deve perceber as vantagens e os objectivos que esta acção de patrocínio pode trazer para a empresa. Desta maneira, pode eventualmente ajustar a proposta enaltecendo e destacando essas mesmas vantagens. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 81 4.2.2 Definir a estratégia. Na definição da estratégia levantam-se dados através da inventariação dos aspectos tangíveis e intangíveis pela realização de uma auditoria à componente da plataforma atlética. A componente da plataforma atlética diz respeito a todos quantos participam directa ou indirectamente na construção do espectro desportivo de uma organização desportiva. Assim, destacam-se na proposta de patrocínio a análise às características dos consumidores primários uma testemunho à imagem da plataforma atlética, o tamanho relativo do mercado dos participantes, o tamanho de mercado dos espectadores e o tamanho relativo de mercado dos telespectadores. 4.2.3 Definição de categorias de patrocínio. A terminologia das categorias de patrocínio é muito diversa dependendo da modalidade ou evento em que se esteja a falar. A autora refere quatro categorias de patrocínio: patrocinador exclusivo, patrocínio primário, patrocínio subsidiário, fornecedor oficial. 4.2.3.1 Patrocínio Exclusivo. Um patrocinador exclusivo é o único patrocinador associado com a componente da plataforma atlética. A autora percepciona três vantagens: primeiro pode negociar o seu nome com a equipa ou o evento; segundo, dispõe da plataforma atlética para fins promocionais; terceiro, o prestígio associado pela exclusividade do patrocínio pode trazer valor adicional aos produtos do patrocinador. A grande desvantagem pode ser pelo facto de ser a única fonte de financiamento para a componente da plataforma atlética e poder acarretar custos adicionais. 4.2.3.2 Patrocínio Primário. O patrocínio primário tem como vantagens assumir o maior cometimento financeiro embora repartindo a plataforma atlética com outras empresas que comparticipam com financiamentos mais baixos. Tem boas oportunidades de maximizar a sua exposição com um esforço mínimo podendo também ter uma palavra a dizer na organização e gestão do evento ou equipa. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 82 4.2.3.3 Patrocinador Subsidiário. Estes são os patrocinadores que estão "por baixo" do patrocinador primário e que comparticipam com financiamentos mais baixos na dinheiro, produtos ou serviços. Geralmente tem a exclusividade do patrocínio no que respeita à categoria do produto este que é normalmente essencial para a equipa ou evento. 4.2.3.4 Fornecedor Oficial. No mesmo nível do patrocinador subsidiário mas os seus produtos não são cruciais para a competição. Dependendo do retorno financeiro da empresa, o preço de um fornecedor oficial pode ser substancial. Estes também têm exclusividade do patrocínio na categoria do produto. Assim, qualquer produto pode ser seleccionado como fornecedor oficial. 4.2.5 Definição de quadro de oportunidades. Nesta fase o design do pacote de patrocínio deve começar com um sumário de oportunidades a oferecer aos patrocinadores. Isto requer que se pense num formulário de oportunidades do evento ou equipa acerca dos tipos de programas de patrocínio disponíveis que vão ser oferecidos, uma breve descrição sobre o tipo de empresas que irão beneficiar, os tipos de serviços disponíveis para os patrocinadores e uma breve descrição dos benefícios que os patrocinadores podem receber. Segundo a autora, deve a partir destes tópicos criar o pacote de patrocínio específico por forma a ir ao encontro das necessidades dos patrocinadores que tiver em mente. 4.2.6 Estabelecimento de método para quantificar a proposta de patrocínio. O preço da proposta será fundamentalmente o que o patrocinador irá pagar para usufruir dos benefícios do programa de patrocínio. Este pode incluir dinheiro, serviços ou produtos. Existem contudo alguns factores básicos que se utilizam para estimar o valor da proposta. Assim, a autora identifica o mercado em que se desenvolvem as actividades ou eventos, as categorias de patrocínio, outros aspectos como as empresas “magnéticas”, a capacidade de promoção do próprio patrocínio (leveraging ability), o clima competitivo e os gastos promocionais. Estes factores acrescentam uma maior complexidade para a obtenção de quantificação precisa e real. Existem três formas Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 83 gerais para definir o preço do patrocínio que podem eventualmente fornecer alguma margem de controlo a este processo. 4.2.6.1 Estratégia custo-benefício. Esta estratégia calcula os custos reais e os custos do programa de patrocínio adicionando a predeterminada percentagem de lucro pretendida pela organização desportiva. O esquecimento acerca das necessidades do potencial patrocinador e a falta de um conhecimento profundo acerca da plataforma atlética da organização desportiva tornam esta estratégia pouco recomendável. 4.2.6.2 Estratégia de mercado competitivo. No outro extremo da análise estratégica para quantificação de propostas de patrocínio está a estratégia baseada no que os gestores desportivos acham que o mercado poderá assimilar dado o ambiente competitivo em que se envolvem. Assim, esta estratégia é usualmente determinada pelo que a organização desportiva tem para oferecer e pelo que é oferecido pelas outras organizações desportivas. Nesta estratégia, a organização desportiva revê a sua posição dentro do seu mercado comparando-se com os seus competidores e decide o que crê ser o preço mais aceitável para os seus potenciais patrocinadores. De igual forma em relação à estratégia anterior, também esta não presta muita atenção às necessidades dos patrocinadores. 4.2.6.3 Estratégia de valor relativo. Nesta estratégia, a organização desportiva lista os benefícios que o programa de patrocínio pode trazer e tenta ilustrar o que é que estes benefícios podem custar utilizando os tradicionais meios de publicidade. Para que esta estratégia funcione com sucesso, deverá existir um bom conhecimento sobre o valor do mercado que está a oferecer, como também o seu valor para o potencial patrocinador. 4.2.7 Processo de pesquisa às potenciais entidades patrocinadoras. Após a concepção da proposta, a organização desportiva deve empreender um processo de pesquisa aos potenciais patrocinadores que melhor correspondem ao Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 84 enquadramento previsto para receber as propostas. Este processo de pesquisa pode ocorrer em empresas privadas e / ou instituições públicas. 4.2.8 Plano de acção. No plano de acção, a organização desportiva deve conceber uma estratégia para fazer chegar as propostas aos potenciais patrocinadores. Assim, através de mailing, telefonemas, contacto personalizado, desenvolvimento específico das propostas e campanhas de relações públicas, existe uma grande variedade de alternativas mas em todas elas deve prevalecer a que melhores resultados transmitir. 4.3 Modelo proposto por Sá & Sá (1999). A captação de recursos, especialmente via patrocínios, deve incidir sobre um modelo de política de patrocínio que se encontra bipolarizada numa linha de decisão centralizada ou numa linha descentralizada. Nesta concepção distinguem-se várias ofertas para o patrocinador principal, a carteira de patrocinadores adicionais e os colaboradores com as diferentes contrapartidas ou até mesmo pela personalização das contrapartidas exigidas aos patrocinadores. 3. Público Alvo 4. Desenvolvimento 2. Objectivos 1. Histórico / Justificação. Plano de Patrocínio Desportivo 7. Formas de Rentabilização 5. Calendário 6. Orçamento Fonte: Elaboração própria. Figura 5: Plano do Patrocínio Desportivo de Sá & Sá (1999). As características da política de patrocínios passam por um processo de planificação assente em vértices fundamentais de diversificação, de uma atitude de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 85 proactividade e criatividade, sanidade (fruto da idoneidade dos patrocinadores), enriquecedora, imaginativa e profissional com um rigor de planeamento, análise de candidatos, desenho das contrapartidas, follow-up e cumprimento de compromissos. 4.3.1 Histórico / Justificação. Descrição sumária de modalidade em que participar ou o evento que vir a organizar. 4.3.2 Objectivos. Definir com que objectivos nasceu esta ideia e quais linhas gerais que esperam vir a alcançar. 4.3.3 Público Alvo. Descrição das pessoas ou grupos de pessoas que de uma forma activa ou passiva venham a participar ou tomarão conhecimento (consumidores potenciais). 4.3.4 Desenvolvimento. Descrição de todos os acontecimentos quer em termos do suporte físico e logístico necessário, a organização interna, a descrição dos competidores, desenvolvimento das relações com os media. 4.3.5 Calendário. Descrição cronológica dos acontecimentos. 4.3.6 Orçamento. Detalhados e o mais aproximado da realidade. 4.3.7 Formas de Rentabilização. Apresentação de diversas formas para melhor rentabilizar o patrocínio e qual será o seu enquadramento no orçamento e em todo o projecto. Os autores referem outro aspecto muito importante que muitas das vezes é esquecido e prende-se com a celebração do contrato onde estejam claramente descriminadas os deveres e as responsabilidades de cada uma das partes. Este tópico foi já objecto de análise em capítulo anterior. 4.4 Modelo de Campos (2000) Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 86 3. Primeiro Contacto directo com potencial 4. Análise da informação disponível e elaboração da proposta 5. Negociação com potencial cliente-empresa patrocinadora 2. Investigação e identificação de potenciais clientes - empresas 1. Perfil da Organização Desportiva Processo de Venda do Produto do Patrocínio 6. Acordo 8. Pós - avaliação 7. Implantação e Desenvolvimento do acordo Fonte: Adaptado de Campos (2000) - elaboração própria. Figura 6: Processo de venda do produto: Patrocínio Desportivo 4.4.1 Primeiro passo - Perfil da organização desportiva. Na primeira fase do processo de venda do produto – patrocínio, a organização desportiva faz uma auto-análise, através de uma descrição ajustada à realidade, não incidindo única e exclusivamente nos aspectos desportivos. Nesta etapa deve ser feita uma quantificação do número de clientes no que respeita à actividade tradicional. Assim, apresentam-se actividades físico-desportivas, centrando-se obviamente no número de praticantes ou participantes. Se a organização desportiva tem como actividade o fomento para assistência de espectáculos ou eventos, logicamente incidese na audiência dos mesmos, tanto directa (no próprio recinto) como indirecta (através dos meios de comunicação). Campos (2000) realça também para o interesse das empresas pelos clientes tradicionais (praticantes ou espectadores) não se limita exclusivamente à sua quantia mas sim à informação sobre as características demográficas (idade, sexo, nível educativo, estado civil e psicográficas (estilo de vida, personalidade, valores, opiniões, etc.) da clientela tradicional. Esta informação permite um tipo de aproximação num grau de adequação e/ou coincidência dos públicos objectivos da empresa e da organização desportiva. Por fim, outro aspecto que o autor destaca tem ligação com os rasgos de imagem que podem ser atribuídos à organização desportiva. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 87 4.4.2 Segundo passo - Investigação e identificação de potenciais clientes-empresas patrocinadoras. Um aspecto que sobressai desta segunda fase é a laboriosidade subjacente a este momento. Assim, inicia-se todo um processo de identificação e selecção de potenciais clientes-empresas patrocinadoras. O autor discorre para a necessidade de se efectuar práticas de segmentação de mercados (semelhantes às práticas realizadas pelas empresas), para identificar quem teria maiores possibilidades de cobrir as suas necessidades comunicativas com o que a organização desportiva oferece – macrosegmentação. A fim de complementar o propósito de segmentar o mercado das empresas é útil que se recorra aos objectivos de comunicação e de patrocínio perseguidos pelas empresas. Não obstante este sistema ser um pouco complexo, o autor sugere de uma forma mais simplista, a fixação da atenção em empresas cujo target seja semelhante ao da organização desportiva. Esta precisão de se criar um match entre os clientes da empresa e os consumidores finais, deverá levar à preocupação de outros públicos da empresa (empregados, distribuidores, accionistas, instituições financeiras, meios de comunicação social, líderes de opinião, público em geral, etc.). Todos, sem excepção, são susceptíveis de ser contemplados nesta análise de potenciais convergências. Este segundo passo é um momento fundamental que permite apresentar outros argumentos não de organizações pedintes mas para quem vê as empresas como as galinhas do ovos de ouro! 4.4.3 Terceiro Passo – Primeiro contacto directo com a potencial cliente-empresa patrocinadora. Neste terceiro passo, o propósito vai para a realização da chamada microsegmentação através dos primeiros contactos directos (pessoalmente ou por telefone) com os potenciais patrocinadores. Assim, recorre-se a variáveis qualificadas como a implementação, obtida como resultado da sua aplicação aos microsegmentos dentro dos anteriores macrosegmentos. O autor fala da importância para o Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 88 conhecimento de todo o tipo de detalhes acerca do processo de tomada de decisões nas empresas microsegmentadas em relação à selecção de potenciais patrocinados, a composição da unidade de tomada de decisões ou o grupo de pessoas que intervêm nas decisões em matéria de patrocínio, a procedência departamental das pessoas que integram a unidade de tomada de decisões (departamento de patrocínio, departamento de publicidade, etc.), posição na escala de autoridade dos decisores, critérios adoptados por cada uma destas pessoas, as suas características pessoais (demográficas, de personalidade, etc.), as suas atitudes e preferências em relação ao desporto, hobbies, e a quantia destinada a patrocínios. 4.4.4 Quarto Passo - Análise da informação disponível e elaboração da proposta. A base de informação recolhida nos três passos anteriores vai permitir que a organização desportiva leve a cabo um labor de síntese. Este que haverá de ser posteriormente colocado na proposta de patrocínio ou documento-dossier que chegará aos potenciais patrocinadores. O autor remete-nos para a sua obra "Marketing y Patrocinio Deportivo" (editada pela GPE Editores, Barcelona, 1997) para acompanhar a estrutura extensiva a veicular nas propostas de patrocínio. Tudo isto com o objectivo de facilitar a valorização quantitativa daquelas empresas que superaram os critérios relativos à macro e à microsegmentação. O autor recomenda a redacção da proposta realizada de forma sintética mas completa encontrando a sua razão de ser no facto dos directores das empresas não disporem de tempo para ler grandes dossiers, com informação muitas vezes redundante. A ordem dos epígrafes apresentados pelo autor pode variar em função do que as organizações desportivas considerem como pontos fortes e fracos. O autor frisa um aspecto que deve ficar bem claro com o documento é que as organizações desportivas não vão pedir dinheiro mas sim oferecer um produto: o patrocínio desportivo. Para isso resultar, é vital desterrar todas as tentativas de elaborar propostas indiferenciadas ou estandardizadas. Assim pois, a personalização das propostas levanta-se nesta fase como um requisito básico, imprescindível. 4.4.5 Quinto passo - Negociação com o potencial patrocinador-empresa cliente. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 89 Após a elaboração da proposta, passa-se ao momento de aproximação aos responsáveis na quota de patrocínio dos clientes-empresas. Entra-se deste modo no quinto passo do processo de venda do produto - o patrocínio desportivo. Este momento pode ser subdividido em dois subpassos: um relativo à preparação da negociação e outro correspondente à negociação propriamente dita ou apresentação da proposta aos directores da empresa potencialmente patrocinadora. Na fase de preparação deve enviar-se a proposta dossier de patrocínio, de forma personalizada, e que foi elaborada no passo anterior. Após esta fase de preparação atinge-se o momento de entrar em pontualizações acerca da negociação propriamente dita ou ao "cara a cara" com o potencial patrocinador. Durante a concessão da entrevista com a administração ou conselho de administração da empresa devem mostrar-se muitos activos na conversação, tomando a iniciativa, tratando de investigar sobre as necessidades dos clientes-empresas. A este respeito, realiza-se um retrospecto de confirmação: ¿quais os benefícios que desejariam ver numa operação de patrocínio?, ¿quais são os critérios mais importantes na sua avaliação de propostas de patrocínio?, etc. Desta forma, se pretende fomentar a interactividade da entrevista. Durante esta fase o gestor desportivo deverá adoptar um esquema de características, vantagens e benefícios. O ponto central deste esquema será a explicação detalhada de como a organização desportiva pode contribuir para que o potencial patrocinador alcance os objectivos de comunicação comercial. 4.4.6 Sexto passo – Acordo. Durante a fase do acordo, poderão ser apresentadas respostas negativas que não devem de forma alguma conduzir as organizações desportivas a uma passividade em relação a estas. O esforço para compreender o problema da proposta, através dos aspectos menos claros como sejam em relação ao tipo de benefícios propostos, o equívoco na direcção para o mercado da empresa ou até no engano em relação à pessoa indicada para discutir a proposta de patrocínio. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 90 Um acordo em que todos os detalhes em termos de deveres e responsabilidades de ambas as partes estabelecem desta forma uma relação de patrocínio com objectivos diferentes: "uma procurando publicitar o negocio, outra simplesmente para sobreviver". Esta disparidade de atitudes dificulta, de uma forma assinalável, o estabelecimento dos acordos. O acordo salvo maiores ou menores dificuldades, que surgem nestas negociações, deve ser consumado a fim de garantir o cumprimento das obrigações e compromissos acordados, sendo reflectidos num contracto a que se possa acudir em caso de litígio. 4.4.7 Sétimo passo - Implementação e desenvolvimento do acordo. Nesta fase em que a organização desportiva já tem o acordo de patrocínio deverá ser o início e não o fim de relação de patrocinador-patrocinado, como faz referência M. R. Payne, (director de marketing do COI, citado por Campos, 2000) ao "afirmar que o contrato de patrocínio constitui muitas vezes o fim, em vez do principio de uma relação. Dão mimos ao patrocinador potencial até firmar o contrato, deixando-o a partir desse momento, sobretudo se cobrou o cheque prometido". Posteriormente a tudo isto, a entidade desportiva parte em busca de novo patrocinador. Na fase de rescisão de contrato, muitas vezes não entendem o porque é que não se renova esta relação. Para que se evitem estas situações, o autor sugere que a organização desportiva e a empresa patrocinadora trabalhem juntos para que as necessidades de ambas partes sejam satisfeitas. Isto apraz-nos dizer que é mais fácil manter e cultivar a relação com um patrocinador do que captar um novos patrocinadores. O autor repisa, que os chamados clientes-patrocinadores já existentes, são considerados a melhor carta de apresentação para que outros se sintam atraídos pela possibilidade de firmar contrato, dando uma imagem de confiança e seriedade. A parceria entre patrocinado-patrocinador deve ser cimentada pela parte da organização desportiva, numa capacidade de compreensão acerca dos objectivos que motivam as empresas nesta relação. 4.4.8 Oitavo Passo - Pós-avaliação. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 91 No último passo deste processo de venda deve ser feita a correspondente avaliação embora o autor reconheça esta, como uma tarefa muito difícil de fazer por parte da organização desportiva, pouco familiarizada com estes aspectos. Mesmo nas empresas não é muito habitual que empreendam algum tipo de avaliação de efectividade, que fará as próprias organizações desportivas. A intuição é, de acordo com o autor, o tipo de investigação seguida pelos patrocinadores. Estes fazem unicamente uma análise da exposição e da sua presença nos meios de comunicação. A seguir, procede-se à quantificação desta presença nos meios de comunicação pela simples comparação com aquilo que a empresa teria de pagar pela suposta "publicidade gratuita" se em vez de recorrer ao patrocínio, tivesse que obedecer directamente às tarifas publicitárias cálculo do equivalente publicitário. Este método, segundo o autor, tem a desvantagem de não transmitir o efeito sobre o nível de incidência da operação de patrocínio no consumidor que é o target principal de estratégia de comunicação de um empresa. A organização desportiva deverá possuir dados em relação à efectividade do patrocínio pode ser um instrumento de extraordinária mais valia na hora de captar novos patrocinadores. A avaliação da presença através do cálculo do equivalente publicitário que apesar das limitações é de fácil de compreensão para os gestores das empresas, é relativamente fácil de conseguir e oferece estatísticas quantificáveis que podem ajudar nas decisões de patrocínio, proporcionando deste modo à empresa uma maior segurança. 4.5 Modelo de [sponsorship.co.uk]. 2. Profissionalismo 1. O que pode oferecer ao patrocinador Plano de Patrocínio Desportivo 3. Método de quantificação da proposta 4. Conhecimento do mercado 5. Contact Research Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 92 Fonte: Elaboração própria. Figura 7: Plano do patrocínio desportivo de sponsorship.co.uk. Ao analisar a literatura, constatamos a presença de diversas instituições que se dedicam ao apoio tanto a entidades potenciais patrocinadoras como também auxilia a entidades que procuram patrocinadores. Assim, uma destas instituições presente na WWW [world wide web] concebe um modelo assente em quatro tópicos fundamentais que passamos a analisar. 4.5.1. O que tem para oferecer Nesta primeira fase, a organização desportiva deve estar totalmente clarificada sobre o que o patrocínio pode oferecer (ou fazer) pelo patrocinador, como também qual será o destino que o montante financeiro ou similar terá para a organização desportiva. 4.5.2. Profissionalismo Neste segundo aspecto, a organização desportiva deve questionar-se sobre se a sua abordagem bem como a concepção das suas propostas é tão profissional como o patrocinador é no seu negócio. 4.5.3. Método de quantificação da proposta O terceiro momento assume grande importância uma vez que lida com os métodos de quantificação das propostas de patrocínio. Assim, a organização desportiva deve conceber um método para quantificar esta oportunidade de patrocínio que vai oferecer podendo explicá-lo por um lado pela quantificação da proposta através das suas necessidades ou por outro lado por aquilo que pode valer ao patrocinador. 4.5.4. Conhecimento do mercado A instituição refere outro dos aspectos que lhe parece essencial na elaboração de propostas de patrocínio e que tem a ver com o bom conhecimento de mercado do patrocínio. Assim, destaca-se a necessidade de possuir informação sobre vários tipos de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 93 patrocínio com as mais diversas soluções encontradas por forma a conceber vários programas de patrocínio. 4.5.5. Contact Research Neste último passo, deve ser importante para a organização desportiva investigar a ligação (ou o personality fit como diz McDonald (1998)) entre aquilo que oferece à empresa e o serviço ou produto e também o segmento de mercado da própria empresa potencial patrocinadora. 4.6 Outras concepções. Pela análise que fizemos da literatura, destacamos algumas indicações que nos parecem relevantes para o desenvolvimento de propostas de patrocínio (Harris, Calder & Xu, 1996): 1. Quando idealizar a proposta de patrocínio, incluir mais reais benefícios ao negócio. Uma proposta deve incluir alguma combinação destes benefícios: benefícios de publicidade, relações com a comunidade, desenvolvimento da imagem, oportunidades de negócio, target marketing, promoções. 2. Explicar claramente na proposta porque é que a equipa / clube deverá ser apoiada. Qual o efeito positivo que terá sobre a comunidade ? 3. Idealizar actividades para maximizar a boa vontade que os patrocinadores possam vir a receber na comunidade. Uma explicação sobre a publicidade que pode ser gerada e como a equipa /clube vai ser apresentado aos media poderá ser importante. 4. Se possível, tenha um contacto de um amigo, relativo ou cliente da empresa para fazer o pedido. Segundo a literatura este aspecto aparece mencionado no mesmo nível de influência dos benefícios promocionais, de publicidade e a oportunidade para fazer negócio na proposta. 5. Escrever propostas concisas. A proposta deve ser bem apresentada e directa ao assunto. Que benefícios se pode oferecer e o que é requerido em troca. O orçamento e informação geral devem ser incluídos na proposta, embora talvez em apêndice. 6. Entregue a proposta em pessoa ou enviada por correio seguida de pedido de audiência e no início do ano para optimizar a chance de sucesso. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 94 7. Enviar a proposta com tempo suficiente de avanço. Três meses antes do financiamento deve será suficiente para ter 98% de hipóteses de chegar ao patrocinador a tempo. 8. Desenvolver a proposta que requeira uma combinação de produto, serviço e dinheiro em vez de unicamente só com requisitos financeiros. 9. Estimule a relação com um patrocinador satisfeito. Pela obtenção de um contrato que se assuma de longo prazo, a organização pode desviar os seus elementos da direcção para outras tarefas. 10. Fornecer aos patrocinadores fotografias ou placas para a sua instituição. Isto ajudará a aumentar a imagem corporativa deles mas também desenvolve um sentimento de orgulho entre a força de trabalho. 11. Fornecer benefícios directos directamente aos directores/ empregados dos patrocinadores. Bilhetes gratuitos para os jogos, camarotes, etc. 12. Produzir entusiasmo dentro do público em geral antes de procurar patrocínios. 13. Considerar os aspectos demográficos associados à equipa / clube e quais os benefícios que tem para oferecer. Abordar as empresas que irão beneficiar mais desta parceira consigo. 14. Pedir sobre o que realmente necessita. 15. Não vender o que não se tem ou dar falsas esperanças de negócios extra. É preferível “prometer por baixo do que oferecer por cima”. 16. Descobrir o máximo acerca de quem está a abordar para patrocínio. Qual é a estratégia de marketing da empresa e quem será o seu director de marketing. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 95 CAPÍTULO V CHAPTER V O patrocínio como um instrumento de Sponsorship: Analysis of a comunicação da estratégia de marketing communication instrument empresarial do patrocinador When we develop sponsorship proposals, a central issue must be perfectly understood by the sport organizations – the aims and benefits searched by the potential sponsors. The logic for the application of resources by the company through a sponsorship program has to be secure by a concrete and well defined goal. However, these are the main discussions that move us to respond in this topic in which we tried to present several taxonomies of sponsorship goals in sport. Having in mind this analysis, we intend to identify the most common goals that serve as a conceptual basis for sponsorship investments and that assume an extraordinary importance for the sport managers to handle in a sponsorship deal. The analysis of conceptual models for evaluation and selection of sport sponsorship proposals demonstrates a crucial step for a better understandment of this phenomenon. Irwin Asimakopoulos (1992) states that the adequate use of this models by the sport organizations will definitely help them preparing and defining sponsorship policies related to the conduction of an effective sport sponsorship process. 1. Sponsorship's place in the sponsor's marketing mix; 2. Objectives and corporate benefits in sport sponsorship programmes; 2.1 Taxonomy proposed by Meenaghan, 1983; 2.2 Taxonomy proposed by Gardner & Shuman, 1988; 2.3 Taxonomy proposed by Irwin & Asimakopoulus, 1992; 2.4 Taxonomy proposed by Ziegchang, 1994; 2.5 Taxonomy proposed by Ziegchang, 1994; 2.6 Taxonomy proposed by Sá & Sá, 1999; 3. Risks associated to sponsorship; 4. Appoaches for the evaluation and sellection of sponsorship proposals; 4.1 Decision models in sport sponsorship sellection processes. 1. O lugar do patrocínio no marketing mix das empresas patrocinadores As empresas de hoje em dia destacam o marketing como um factor primordial na gestão de empresas. O âmbito da sua actuação engloba desde a concepção do produto até ao serviço pós-venda. A sua área de intervenção mostra-se agora muito mais Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 96 diversificada (inclui os media, o sector financeiro e as organizações não lucrativas). Esta época de crescente concorrência, de consolidação da indústria e de requisitos de clientes em rápida mutação, fez com que as técnicas de marketing assumissem capital importância. A actividade de marketing da empresa consistirá portanto na modificação de atitudes e comportamentos dos consumidores, de forma a que sejam favoráveis aos objectivos da organização. Actualmente, a empresa deixou de ser o centro do universo económico, deixando o lugar vago para os consumidores (mercado). Podemos considerar que os consumidores se apresentam como o barómetro para o sucesso empresarial, ou seja, a fidelização de mais consumidores aos seus produtos faz com que a produção da empresa aumente e se venda muito mais. Ora vivemos uma era em que as empresas já não produzem para esgotar a produção mas antes vendem para poder continuar a produzir. Tendo por base esta afirmação, e dada a pressão cada vez maior que os gestores de marketing sofrem para justificar a eficácia das suas decisões e despesas, houve a necessidade de transferir recursos para áreas onde os resultados fossem mais palpáveis se bem que, na sua maioria, de curto prazo - as promoções. As promoções consistem então em associar a uma empresa/ produto uma vantagem temporária destinada a facilitar a obtenção dos seus objectivos (Lendrevie, 1996). A política de promoção conjuntamente com a política de preço (price), produto (product), e distribuição (place) formam as quatro políticas de marketing popularizadas por Jerome McCarthy nos anos 60 pelos “4 pês”. Ora o Marketing Mix como nos diz Philippe Kotler não é mais do que o conjunto destas políticas, que podem ser utilizadas por uma empresa para influenciar as respostas dos consumidores (Cardoso, 1996). Mas vejamos onde é que entra o patrocínio desportivo dentro da política de promoções de uma empresa. Hermanns (1989 cit. por Zieshang, 1994) reconheceu que o patrocínio era um instrumento múltiplo e compreensivo na política de comunicação ao lado de outros instrumentos clássicos do mix de promoções. A promoção é um exercício de comunicação. Tradicionalmente, as mensagens são comunicadas através da combinação de quatro veículos mencionados no diagrama (Caramez, 1997). Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 97 MIX DE PROMOÇÕES/ COMUNICAÇÕES Anúncios Relações Publicidade Promoção de públicas vendas Patrocínio Desportivo Figura 8: Mix de promoções/ comunicações da entidade patrocinadora. Desta forma, Sahnoun (1989 cit. por Pires, 1996) define patrocínio como “um instrumento de comunicação que possibilita a ligação de uma marca ou de uma empresa a um acontecimento atractivo para um dado público”. O patrocínio pode, assim, proporcionar o quinto veículo que contribuirá para o esforço total de comunicação de uma empresa. Isto servirá para complementar os outros quatro instrumentos, e não para os suplantar (Howard & Crompton, 1995). Para muitas empresas americanas, este tipo de marketing através do desporto (patrocínio desportivo) proporciona a oportunidade única para um “lifestyle marketing”, ou seja, uma forma de comunicar com um alvo específico no mercado através de actividades de lazer ou então de acordo com o estilo de vida desse segmento de mercado (Mullin, Hardy & Sutton, 1993). Obviamente que o patrocínio tornou-se um veículo para um marketing de sucesso nas empresas levando Kuzma & Shanklin (1992) a reafirmarem a idéia que, no futuro, o patrocínio desportivo crescerá até se tornar um elemento distinto na promoção de uma empresa desenvolvendo-se ao lado dos instrumentos referidos anteriormente. A tendência é generalizada uma vez que Girone & Zigoni (1993 cit. por Cervera & Cuadrado, 1995) consolidam a noção que o patrocínio deve ser considerado como uma das ferramentas promocionais a ser usada no plano de marketing de uma organização para alcançar objectivos comerciais mas não num facto independente. Será talvez a única forma de atingir a sua real potencialidade em termos de imagem e fama. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 98 Ziegchang (1994) pensa que o patrocínio desportivo já se estabeleceu como um instrumento de comunicação e deverá permanecer como tal. Julga-se que ainda esteja num estádio em que é mais dispensável do que os outros instrumentos clássicos. Deverá provar a sua legitimidade especialmente nestes tempos de crise! 2. Objectivos e benefícios empresariais em programas de patrocínio desportivo Quando se desenvolvem propostas de patrocínio, um dos aspectos fundamentais que deve ser perfeitamente compreendido pelas organizações desportivas tem a ver com os objectivos perseguidos e os benefícios procurados pelas empresas quando se envolvem em acções de patrocínios. A lógica para a aplicação dos recursos financeiros orçamentados por uma empresa para serem afectados ao patrocínio tem por detrás um objectivo concreto e definido. Audiência Objectivos Atributos Figura 9: Tripla intersecção de poderes em acções de patrocínio. Contudo, são estas as grandes questões que nos mobilizam e a elas procuramos responder nesta parte da dissertação, na qual apresentamos algumas sistematizações e taxonomias de objectivos do patrocínio ao desporto (Silva, 1998). Pretende-se com esta Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 99 análise, levar o leitor a identificar os objectivos mais comuns que servem de base aos investimentos de patrocínio e que se revelam de extraordinária importância para os gestores desportivos. Para Meenaghan (1983) a acção de patrocínio é vista como parte integrante da comunicação de marketing, modelo que requer objectivos para o patrocínio, seleccionados num contexto de modelo integrado de comunicação de marketing e não tratado como algo diferente. Nesta linha, o patrocínio deverá estar integrado no plano global de marketing da empresa e deverá estar em consonância com os objectivos e demais acções de comunicação previstas nesse plano. Na prática, qualquer forma de comunicação de marketing, procura alcançar mais que um objectivo de cada vez. O caso da publicidade na televisão, coloca a informação perante vários consumidores e aumenta simultaneamente a confiança e energia da força de vendas. Depreende-se de tudo isto que a acção de patrocínio como um meio e não como um fim. Também muitas acções de patrocínio são, simultaneamente uma forma de comunicação interna e externa, atingindo vários públicos ao mesmo tempo. Comunicação interna, quando procuram atingir os trabalhadores, os quadros, os gestores e os accionistas. A comunicação externa, quando pretendem alcançar os consumidores, os distribuidores, os prescritores, os líderes de opinião, a comunidade financeira, os sindicatos, as associações empresariais, a comunidade local, os órgãos da administração local/central, os órgãos da comunicação social e por último o público em geral. Berret (1993) refere que o patrocínio pode concretizar vários objectivos simultaneamente embora alguns autores (Sá & Sá, 1999) tenham a percepção que se deve apenas tentar atingir um objectivo por cada acção desenvolvida e existem outros Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 100 autores (Meenaghan, 1983) que referem que o patrocínio oferece a possibilidade de alcançar vários objectivos com uma única actividade. Javalgi, Traylor, Gross & Lampman (1994) recordam também que o patrocínio é muito considerado e por isso entendido com capacidade para cumprir vários objectivos relacionados com a comunicação institucional da empresa e como melhorar a identidade cultural da empresa, a notoriedade, ou a imagem. Mas, tal como refere a generalidade dos autores (Meenaghan, 1983; Gardner & Shuman, 1988; Otker, 1988; Meenaghan, 1991; Irwin & Asimakopoulus, 1992; Stotlar, 1993; Couty, 1994; Rajshekhar et al, 1994; Cornwell, 1995; Stotlar, 1997), os dois objectivos mais frequentemente citados para o patrocínio são o conhecimento da marca, produto ou empresa – notoriedade e a construção da imagem da marca, produto ou empresa – imagem. Os objectivos enunciados dão bem uma imagem da diversidade de opiniões que reina na comunidade científica. Mas apesar de tudo, podemos ver que os objectivos ligados com a imagem, notoriedade, envolvimento com a comunidade local e o ambiente de trabalho são aspectos fulcrais para a maioria dos autores estudados. Todavia, encontrar uma coerente e adequada sistematização dos objectivos do patrocínio ao desporto, não é tarefa fácil. Neste contexto, seleccionámos 5 taxonomias de objectivos do patrocínio ao desporto, num primeiro momento Meenaghan (1983), Gardner & Shuman (1988), Irwin & Asimakopoulus (1992), Brooks (1994), Zieschang (1994) e Sá & Sá (1999) que passamos a apresentar de forma muito sumária. 2.1 Taxonomia de Meenaghan (1983). De acordo com Meenaghan (1983) na década de 80, a prática da gestão e a investigação ainda não tinham estabelecido objectivos claros ou medidas formais de eficácia para as actividades de patrocínio. Na época, a gestão prática do patrocínio ficava distante do nível prescrito de rigor na definição de objectivos. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 101 Para Meenaghan (1983) os objectivos que as empresas pretendem alcançar com o patrocínio, podem ser classificados de acordo com o seguinte quadro. Tabela 3. Objectivos de patrocínio de Meenaghan (1983). 1. Objectivos Empresariais 1.8. Assistir no recrutamento do staff 1.1. Envolvimento da Comunidade 1.2. Aumentar notoriedade pública da 1.9. Identificar-se com um segmento particular de mercado empresa 1.10. Facilitar prospecção para os vendedores 1.3. Alterar percepções públicas 2. Objectivos relacionados com o Produto 1.4. Construir boas relações entre os 3. Objectivos de Vendas formadores de opiniões e os agentes decisores 4. Cobertura pelos Media 1.5. Reassegurar os orientadores das políticas 5. Hospitalidade aos Convidados e dos stakeholders. 6. Objectivos Pessoais 1.6. Contrariar publicidade adversa 1.7. Ajudar as relações do staff Os objectivos segundo este autor podem-se distinguir entre objectivos com fins empresariais, comerciais, pessoais, relacionados com o produto e mediáticos ou com fins de hospitalidade aos convidados. 2.2 Taxonomia de Gardner & Shuman (1988). Uma vez que não existem só patrocínios provenientes de grandes empresas, propomo-nos analisar a taxonomia de Gardner & Shuman (1988) que propuseram um modelo conceptual para o estudo dos objectivos do patrocínio, do ponto de vista das pequenas e médias empresas. A apresentação deste modelo surge para compreender os efeitos e resultados da ampla variedade de objectivos, que cada patrocinador pode eleger para a sua acção, tentando entender quais as vantagens que esta ferramenta pode prestar à empresa de pequena ou média dimensão. Assim, para os autores, os objectivos que as pequenas e médias empresas pretendem alcançar com o patrocínio, podem ser classificados de acordo com o seguinte quadro. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 102 Tabela 4. Objectivos de patrocínio de Gardner & Shuman (1988). 1. Aumentar notoriedade / evidência 4. Notoriedade entre os potenciais investidores 2. Melhoria da imagem 5. Espirit de corps e entusiasmo 3. Reputação da empresa A utilização do patrocínio torna-se eficiente para estas entidades dado que é normalmente utilizado como forma de definir a personalidade da empresa, para muitos públicos-alvo ao mesmo tempo - o patrocínio pode atingir e influenciar consumidores actuais, potenciais, bem como não-consumidores. Os autores sugerem que, o patrocínio cria um conhecimento sobre os novos produtos e aumenta a projecção das marcas pela generalização da cobertura das relações públicas e fornece oportunidades para a promoção de vendas relacionadas com essas mesmas actividades. De referir que estes autores foram amplamente referidos no estudo de Silva (1998) conduzido precisamente em pequenas e médias empresas. 2.3 Taxonomia de Irwin & Asimakopoulus (1992). A habilidade do patrocínio desportivo para distribuir os benefícios reais desenvolvidos pelos diferentes autores em auxílio dos objectivos de marketing das empresas melhorou o apelo para que se investisse cada vez mais. Para que um patrocínio seja uma contribuição efectiva para os objectivos de uma empresa, sugere-se um desenvolvimento da gestão do patrocínio (Irwin & Asimakopoulus, 1992). Este desenvolvimento da gestão do patrocínio passa pela aplicação de um processo rigoroso de selecção (Meenaghan, 1983 cit. por Irwin & Asimakopoulus, 1992) e desenvolvimento de objectivos realísticos, concisos e quantificáveis ao nível da empresa ou do produto da empresa (Grattan & Taylor, 1985; Gilbert, 1988, ambos cit. por Thwaites & Aguillar-Manjarrez, 1996a). Os objectivos devem prescrever audiências - alvo específicas sobre as quais se desencadeia a desejada mudança (Crowley, 1991; Meenaghan, 1991 ambos cit. por Thwaites & Aguillar-Manjarrez, 1996a). Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 103 Tabela 5. Objectivos de patrocínio de Irwin & Asimakopoulus (1992). Objectivos relacionados com a Empresa 1. Aumentar a notoriedade geral da Objectivos relacionados com o produto/ marca da Empresa empresa 1. Aumentar a notoriedade junto dos 2. Melhorar a imagem da empresa públicos -alvo 3. Alterar a percepção pública da empresa 2. Identificar/ Construir imagem dentro da 4. Envolvimento com a comunidade população alvo (posicionamento) 5. Construir relações empresariais e de boa 3. Aumentar as vendas vontade 4. Bloquear a competição 6. Melhorar as relações dos trabalhadores e a sua motivação Dos objectivos realce para o envolvimento com a comunidade local que é outro objectivo que nos parece importante porque, a partir de um desenvolvimento na comunidade, poderão advir contrapartidas muito vantajosas para as empresas. Além disto, estas devem mostrar-se interessadas e preocupadas com a comunidade tentando devolver-lhe algo, sem nunca se esquecer do seu papel de cidadã. O benefício que se encontra ligado com o ambiente de trabalho (relações com os trabalhadores) tem grande importância porque permite que a empresa consiga transmitir os seus valores aos funcionários, melhorando a sua satisfação e produtividade. Os objectivos principais ligados com a empresa, no dizer da maioria dos estudiosos, reportam-se a aspectos que tem a ver com notoriedade, responsabilidade social, aumento da quota de mercado e identificação do produto com um segmento particular do mercado. O benefício da responsabilidade social tem um paralelismo com o envolvimento da comunidade local focado anteriormente assim como a notoriedade. Podemos dizer antes de mais que a divisão entre produto e empresa parece-nos legítima embora, em Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 104 muitos casos, seja analisada de uma forma conjunta. Para tal, estes paralelismos são disso uma evidência. 2.4 Taxonomia de Brooks (1994). A efectividade dos investimentos, devidamente desenvolvidos e administrados, deve ser capaz de atingir todos os requisitos de marketing sejam quais forem os objectivos. A autora diferencia dois tipos de objectivos: estratégicos (posicionais) e tácticos (comercial). De forma genérica, destacam-se objectivo relacionados com a imagem34 visando associar as imagens de uma marca/empresa consagrada a um projecto que consegue despertar interesse ou curiosidade. O objectivo relacionado com a notoriedade visa fazer com que uma dada marca, produto ou serviços se torne, simplesmente conhecido (Pires, 1996). Para promover a imagem, é necessário passar por um grau de notoriedade que o justifique35 . Tabela 6. Objectivos de patrocínio de Brooks (1994). Estratégico (Posicional) Táctico (relacionado com as vendas) Melhorar visibilidade/ notoriedade Promover compras repetidas Melhorar imagem Esticar o orçamento de comunicação Combater publicidade negativa Promover usuários variados Desenvolver canais de distribuição Promover unidades compra múltiplos Atingir novos segmentos de mercado Aumentar actividade de merchandising Combater competidores Ganhar reconhecimento num mercado dominado pelas grandes empresas Desenvolver uma ligação entre consumidor e/ou empregados 34 “Na IV Meia-Maratona de Lisboa em 1994, Luís Jesus atleta do Maratona Clube de Portugal correu mais de meia hora isolado. O atleta trocou o seu equipamento habitual por uma camisola com as inscrições “PLENO”, e na cabeça levava também um boné “Reebok”. Isto tudo para aproveitar a cobertura televisiva e promover as marcas que ostentava” (Rev. Atletismo Abril/94). 35 Nesta perspectiva compreendemos a política da Nestlé ao lançar-se nos desportos radicais. Estão sempre à procura de novos desportos (acima de tudo com uma componente ecológica), tentando conquistar uma grande notoriedade junto desse segmento de mercado. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 105 Ultrapassar pressupostos legais 2.5 Taxonomia de Ziegchang (1994). Ziegchang sustenta a sua taxonomia em dois tipos de objectivos: económicos e psicográficos. Tabela 7. Objectivos de patrocínio de Ziegchang (1994). 1. Objectivos Económicos 1.1 Aumentar as vendas/ quota de mercado 2.2 Melhorar e manter a imagem 2.3 Desenvolver a responsabilidade social da empresa 2. Objectivos psicográficos 2.1 Aumentar o conhecimento do 2.4 Melhorar as relações com os clientes 2.5 Motivar e entusiasmar os colaboradores produto/ marca O aumento de vendas percepcionado pelo autor vem um pouco em linha de colisão com outros autores que sustentam uma encadeamento por diversas etapas para a consecução deste objectivo que passam pelo alcance de outros objectivos intermédios e que estão relacionados com a imagem e notoriedade. Desta forma, o aumento da quota de mercado é uma medida de sucesso do marketing da empresa: as suas vendas expressas em percentagem em relação às vendas totais de um dado mercado36 . 2.6 Taxonomia de Sá & Sá (1999). Os autores sistematizam um conjunto de objectivos em função das indicações analisadas na literatura. Já foi feita referência anteriormente para a perspectiva dos 36 É encarado com um indicador de posição competitiva. As associações de empresas ao mundo do desporto como é caso da VISA, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, reservando para si das transferências bancárias, fez aumentar a sua quota de mercado. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 106 autores de que um patrocinador só deverá atingir um único objectivo em progrmas de patrocínio. Tabela 8. Objectivos de patrocínio de Sá & Sá (1999). Crir Identidade Contacto Business-to-Business Aumentar Notoriedade Envolvimento na Comunidade Referências nos Media Aumentar as Vendas Motivação dos Colaboradores Demonstração de Produto Melhorar Comunicação Interna Lançamento de Produtos/ Serviços Identificar Segmentos-Alvo Estimular Ponto de Venda Promoção de Vendas Novos Canais de Distribuição Dos objectivos a que fazem referência, reportamo-nos especialmente ao benefício que diz respeito à identificação do produto com um segmento de mercado específico37 . Assim, se atestarmos às características dos jovens, estes têm uma propensão para a diversão e muitos deles encontram na ingestão destas bebidas a melhor forma para se divertirem. Estas empresas não são insensíveis e fazem grandes investimentos para cativar este segmento de mercado tão forte. Destes investimentos uma parte passa, obviamente, pelo desporto. 3. Riscos associados ao patrocínio. Se estes investimentos são realizados para obter benefícios, há uma quota parte de riscos que podem estar inerentes a esta actividade desportiva. Em várias situações, a associação de uma empresa ao desporto pode piorar a imagem e reputação que esta já possuía38 . Podemos classificar três tipos de riscos (Howard & Crompton, 1995): (1) Má apresentação de um acontecimento desportivo; (2) Fraco rendimento durante a realização do mesmo; (3) Comportamentos inapropriados dentro do local de competição. 37 Basta-nos analisar o que acontece com as companhias fabricantes de cerveja que parecem andar numa guerra pela conquista do mercado jovem (SUPER BOCK / IMPERIAL / SAGRES). 38 A NIKE teve que rescindir o contracto que a ligava às atletas Katrin Krabbe e Grit Breuer pelo facto destas terem sido apanhadas nas malhas do doping. Uma empresa de âmbito global como a NIKE não podia estar a promover um aspecto negativo e que desvirtuasse o espírito desportivo. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 107 O risco de uma apresentação deficiente do acontecimento desportivo pode transmitir ao consumidor uma ideia negativa do patrocinador. Admitamos, por hipótese, que a empresa X foi o patrocinador exclusivo de um evento denominado por “Taça X”. A Taça foi um fracasso de participação e estava muito mal organizada. Nesta situação, a tendência seria para “apontar o dedo” à empresa patrocina dora, e não ao promotor do evento, provavelmente, desconhecido de todos. O risco da falta de rendimento dos atletas em eventos desportivos é uma realidade que existe no desporto visto que há vencedores e derrotados. Logo, se a empresa está associada com uma equipa perdedora, poderá transmitir conotações de insucesso ou de inferioridade ao consumidor. O risco de acontecerem comportamentos inapropriados dentro do local de competição pode abalar a imagem dos patrocinadores. O caso do futebol é dos casos mais evidentes que temos, uma vez que o uso de linguagem imprópria, o constante desrespeito à autoridade dos árbitros e os casos de violência entre espectadores já se tornaram um hábito. Obviamente, que estas “qualidades” podem destruir a imagem de uma empresa, dado que aparece ligada a estes escândalos. 4. Abordagens para a avaliação e selecção de propostas de patrocínio desportivo 4.1 Modelos de Decisão em processos de selecção de patrocínios desportivos. A análise dos modelos conceptuais para avaliação e selecção de propostas de patrocínio desportivo demonstra-se fundamental para uma melhor compreensão do fenómeno. Irwin & Asimakopoulos (1992) afirmam que a utilização adequada destas abordagens pelas organizações desportivas pode de certeza ajudá-los na preparação de propostas de patrocínio e na definição de políticas relativas à condução de um processo de patrocínio desportivo bem sucedido. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 108 P r o p o s t a s Tipos de Aquisição organizacional - Straight rebuy - Nova tarefa - Modified Rebuy Centro de Compra - usuário - decisor - influenciador - comprador - “Gatekeeper” Abordagens à selecção de patrocínios: - Racional Irracional S e l e c ç ã o P a t r o c í n i o Figura 10 – Tomadas de decisão e o processo de selecção de patrocínio (adapt. de AguilarManjarrez, Thwaites & Maule (1997) A investigação indica-nos dois tipos de abordagem para a selecção de patrocínios por parte dos agentes patrocinadores – a racional e a Aguilar-Manjarrez, Thwaites & Maule, 1997). As abordagens irracionais são normalmente centradas num indivíduo por exemplo o director ou presidente do conselho de administração do potencial patrocinador que fundamenta a sua decisão de forma intuitiva, de acordo com a sua preferência pessoal. As abordagens racionais envolvem avaliações onde as propostas são analisadas usando um conjunto de critérios pré-determinados. Várias entidades39 referiram já que dada a grande quantidade de propostas de patrocínio que recebem há a necessidade de estabelecerem um processo de selecção cada vez mais rigoroso. “Tomar uma decisão é mais do que escolher o que fazer. Envolve assumir um compromisso, por mais pequeno de seja: racional ou irracionalmente. Além disso, particularmente numa situação de trabalho – e pedir-lhes que se comprometam com o nosso compromisso” (adapt. de Barker, 1996) 39 A Ericson refere no seu site [www.ericson.com/news] a implementação de novas directrizes para ajudar a coordenação actividades de patrocínio da empresa. O "nosso objectivo é uniformizar e focalizar o patrocínio", quem o diz é Nicklas Larsson, que recentemente ficou responsável por todas as actividades na Ericson. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 109 A literatura tem denotado algum conflito de opiniões nesta temática uma vez que Copeland & McCarville (1996) consideraram a natureza das investigações neste domínio demasiado prescritas e até anedóticas em oposição aos estudos de Meenaghan (1983), Irwin & Asimakopoulos (1992) e Irwin & Sutton (1994). A falta de estudos acerca da forma como os patrocinadores tomam as suas decisões, particularmente na selecção das propostas vem revelar algumas limitações no entendimento geral que temos do processo do patrocínio (fig. 00). Patrocinado Motivações Aspirações Anseios Patrocinador Motivações Aspirações Políticas de patrocínio ???? Figura 11 - Processo de relacionamento patrocinador-patrocinado. O processo de tomada de decisões envolve um conjunto de “acontecimentos que levam ao momento de escolha e para além dele” (Drummond, 1996). Na investigação conduzida por Aguilar-Manjarrez, Thwaites & Maule (1997), embora de carácter qualitativo, tentaram descrever sucintamente as características das empresas que utilizam os modelos de tomada de decisões que a seguir fazemos referência. Estes modelos evidenciam o tipo de abordagem empregue pelas empresas potenciais patrocinadoras na fase de selecção das propostas. Existem diversas abordagens que foram desenvolvidas para os estudos sobre a tomada de decisões. Alguns dos modelos incluem o modelo racional, o modelo racional limitado, o modelo político e o modelo de “caixote do lixo”. As figuras que suportam os diferentes modelos tentam ressaltar algumas características de actuação por parte dos decisores. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 110 4.1.1 Modelo Racional No modelo racional, a abordagem de como é tomada a decisão parte de princípios de lógica e implica a formulação de uma hipótese sobre as preferências. De acordo com Correia (1999) estas são encaradas como absolutas, pertinentes, estáveis, coerentes, precisas e exógenas. Este modelo é prescritivo sobre a forma como as decisões devem ser tomadas e por este motivo desenha um processo de tomada de decisões ideal (White & Bednar, 1986). Butler et al. (1993 cit. por Aguilar-Manjarrez, Thwaites & Maule, 1997) indica que este tipo de decisões traz benefícios acrescidos à organização uma vez que pode ser delegada a níveis mais baixos tendo como pressuposto que as políticas de patrocínio se encontram claramente definidas. Tabela 9. Características do modelo racional de tomada de decisões. q Grandes níveis de proactividade q Política de patrocínio seguida rigidamente q Responsabilidades funcionais bem delineadas q Grandes níveis de envolvimento dentro da unidade das tomadas de decisão q Canais de comunicação formalizados q Plano de actividades de acordo com o orçamento anual q Objectivos bem definidos q Boa relação de trabalho entre agências de publicidade e os consultores q Abordagem racional para gestão de patrocínios 4.1.2 Modelo Racional Limitado Apesar das grandes vantagens de um modelo racional, houve necessidade de se recorrer a um modelo mais prático. Uma clara assunção deste modelo é que os decisores trabalham com uma racionalidade limitada em vez de uma racionalidade perfeita (Moorhead & Griffin, 1992). Este representa também uma modelação descritiva que fornece uma base de sustentação capaz de inibir uma depreciação de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 111 todo o processo de tomada de decisões que os decisores usam na prática (White & Bednar, 1986). Tabela 10. Características do modelo racional limitado de tomada de decisões q Níveis de proactividade limitados, reactividade q Limitações devido a questões orçamentais q Limitações devido aos controlos de autorização q Falta de processos de selecção q Tempo limitado q Canais de comunicação formais e informais q Racional, irracional e uma combinação de ambos nas abordagens para selecção. 4.1.3 Modelo Político Neste modelo, os decisores seguem o seu interesse pessoal. Assim, as decisões são objecto de conotação negativa dando origem ao surgimento de questões pouco éticas, ameaças ou pressões que encaminham as decisões a favor destes decisores. Tabela 11. Características do modelo político de tomada de decisões. q Alianças entre as partes interessadas q Compromisso entre as partes envolvidas q Conflito entre a unidade em que se tomam decisões q Abordagens racionais e irracionais q Poucos participantes q Estatuto e poderes chave que influenciam a decisão. 4.1.4 Modelo de “Caixote do lixo” Este modelo mostra que os problemas, as soluções, os acontecimentos e os decisores estão mais conectados pela simultaneidade que pela sua causalidade (Correia, 1999). Gray et al. (1984) argumentam que as decisões são feitas quando o problema se Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 112 levanta para as quais a solução está disponível mas só se não requerer muitos recursos organizacionais e finalmente, quando o problema e a sua solução forem conhecidos por parte do decisor, este terá o tempo, a energia e os poderes necessários para implementar a respectiva solução. March (1963 cit. por Dearlove, 2000) descreve este modelo organizativo em que quando confrontados com as decisões, os membros da organização geram uma corrente constante de problemas e de soluções. Estes são com efeito descarregados num “caixote do lixo” e só uma pequena percentagem das soluções geradas chega a ser incorporada na decisão final. Tabela 12. Características do modelo de “caixote do lixo” na tomada de decisões. q Grandes níveis de reactividade q Abordagem irracional q Decisões rápidas q Pequeno número de decisores q Aceitam e promovem ideias criativas 4.2 Abordagens para a avaliação e selecção de propostas de patrocínio desportivo Têm sido discutidos neste tópico os modelos de decisão que servem de base à selecção de propostas de patrocínio. Mas por forma a dar algum suporte a esta decisão, foram desenvolvidas várias ferramentas através dos esforços das próprias empresas para auxiliarem nesta selecção. Para lá destas ferramentas um aspecto interessante foi constatado por alguns autores (Wepller & McCarville, 1995; Arthur, Scott, Woods & Booker, 1998) que sugeriram além desta orientação mais racional, o facto de muitas decisões serem baseadas em estratégias heurísticas como por exemplo a experiência do passado e a comparação relativa das propostas. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 113 Tabela 13. Modelos processuais de selecção de programas de patrocínio desportivo. Autor e Ano de Publicação Processos de Selecção Meenaghan (1983) Rating Scale for Sponsorship Selection Ensor (1987) Sponsorship Worksheet Jackson & Schmader (1990) Evaluation Profile Sheet Irwin & Asimakoupulus (1992) Sport Sponsorship Proposal Evaluation Model Wilkinson (1993) Relative Rank Evaluation System Mullin, Hardy & Sutton (1993) Sponsorship Merchandising Evaluation Citado em Sunshine Backman & CEDAR SEE Backman (1995) Arthur, Scott, Woods & Booker Process Model of Sport Sponsorship Implementation (1998) Para além deste modelos que aparecem no quadro acima, existem provavelmente muitos outros elaborados internamente pelas empresas. Estes modelos são feitos com a motivação de assegurar que os objectivos da organização são satisfeitos pelo estabelecimento de programa de patrocínio. Irwin & Asimakopoulus (1992) desenvolveu um modelo de avaliação em que visava um conjunto de pontos de referência permitindo confrontar a proposta de patrocínio com os critérios que aparecem indicados em abaixo. Tabela 14. Critérios corporativos para a selecção de propostas de patrocínio (Irwin & Asimakopulus, 1992). 1. Capacidade para atingir objectivos 4. O financiamento requerido a. Objectivos corporativos 5. Cobertura à audiência alvo b. Objectivos relacionados com o produto 6. Cobertura geográfica requerida c. Objectivos de vendas 7. Categoria de patrocínio 2. Potencial para projectar imagem desejada 8. A organização da actividade patrocinada 3. Potencial de cobertura mediática 9. Preferência dos executivos Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 114 Wilkinson (1993) realça cinco elementos que podem conduzir a potencial entidade patrocinadora a identificar, escolher e posteriormente contratualizar com a proposta que melhor assimile estes aspectos. 1 - Coerência e compatibilidade de Imagem - a imagem publicitária e o produto da empresa patrocinadora devem ser compatíveis com a imagem e o produto da nossa organização desportiva. 2 - Rendimento relativamente aos custos - os patrocinadores querem saber se o programa/acontecimento os ajudará a realizar a máxima participação pelo mínimo investimento (relação custo/benefício)40 . 3 - Qualidade - o clube desportivo deve conseguir demonstrar que o programa/evento para o qual propõe o patrocínio não irá reflectir-se negativamente na imagem do Patrocinador. 4 - Concorrência - não se deve duplicar um patrocínio estabelecido com uma empresa concorrente. 5 - Importância regional ou local - um patrocinador quer saber se a organização/acontecimento tem um certo impacto e interesse ao nível do público local. Para demonstrar isto, deve apresentar exemplos, estatísticas de acontecimentos passados, previsões fundamentadas. 40 Compete ao clube desportivo, convencer o possível patrocinador do interesse da proposta e da sua eficácia em relação aos custos (ou seja, o patrocinador poderá alcançar um grande número dos seus consumidores actuais ou potenciais, com um investimento mínimo). Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 115 CAPÍTULO VI CHAPTER VI Estudos Anteriores no âmbito do Previous studies in sport sponsorship patrocínio desportivo research area The prolific studies on sponsorship issues show us the consistency outlining this area of research. Nonetheless, the topics concerning the sport organizations (professional or nonprofessional) have been rarely discussed. Analysing the spectrum of research, it is possible to make divisions depending on several categories. We categorise the different studies in a set of intervening areas. Due to the scope of these studies, there are many of which it is possible to allocate in two or three areas. 1. Decision-making and selection process; 2. Women's sport and sponsorship; 3. Perceived goals de sport sponsorship; 4. The small and medium companies and sponsorship; 5. Assessing the efectiveness of sport sponsorship; 6. Facility sponsorship; 7. Sponsorship and Olympic Games; 8. Sponsorship and Advertising; 9. Empirical analysis to sport sponsorship; 10. Sponsorship by sport specificity. Antes de mais, convém referir que o espectro da investigação ou análise sobre o fenómeno do patrocínio desportivo de uma forma genérica, pode-se dividir no estudo a três tipos de entidades: empresas (agentes patrocinadores); organizações desportivas profissionais; organizações desportivas não profissionais. Embora não se consiga apresentar uma lista completa de todos os estudos referentes à área do patrocínio desportivo, tentámos categorizar aqueles a que tivemos acesso, por um conjunto de áreas de intervenção. Esta revela-se apenas uma possível divisão, embora saibamos que alguns estudos tiveram uma abrangência que atingiu duas ou mais áreas. Na área de investigação consignada às organizações desportivas não conseguimos encontrar um número muito elevado de trabalhos, apenas focando a organização e estruturação dos processos estratégicos junto de entidades patrocinadoras, não se debruçando sequer sobre as organizações desportivas. De destacar apenas o estudo de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 116 Cervera & Cuadrado (1995) que fizeram um trabalho de campo acerca de uma organização desportiva e todo o processo de angariação de patrocínios. Nos quadros que a seguir se apresentam tentamos indicar quatro campos de referência que pudessem transmitir ao leitor informação suficiente acerca das diversas investigações. O plano amostral e metodológico pareceu-nos mais do que fundamentado, tentando acercar sobre esta fase tão importante dos estudos. A natureza do estudo indica-nos as suas motivações compreendendo, em alguns casos, a complexidade do mesmo. Por fim, a apresentação dos resultados mais significativos parecia-nos de interesse redobrado dada a utilidade que estas informações poderiam eventualmente trazar. 1. Processos de Decisão ou Selecção Tabela 15. Estudos sobre os processos de decisão ou selecção. Autores e Ano de Amostra e Metodologia Estudo Resultados mais significativos Publicação Copeland, R. P. (1991) 3 grupos de patrocinadores: Processos de selecção dependem: - empresas Canadianas; - Exclusividade - Organizações - Aumento da notoriedade da empresa Governamentais - Reforçar imagem da empresa - Org. Desp. do Ontário. - Sinalética em eventos - Habilidade nos segmentos dos espectadores Irwin, R. & Asimakopoulus, Estudo Prescriptivo M. (1992) Aumento das vendas do produto Propuseram um modelo de avaliação O modelo proposto é elaborado dentro de uma para a selecção de propostas de organização em 6 passos de abordagem à patrocínio. gestão do patrocínio desportivo: (a) uma revisão ao plano de marketing; (b) o estabelecimento de objectivos específicos de patrocínio desportivo; (c) identificação de ponderação em critérios de avaliação; (d) o processo de escolha e selecção; (e) a implementação do patrocínio seleccionado; (f) a avaliação pós evento. Pyo, S-S (1995) N=20 Examinaram a importância - os atributos do festival por tipo de Questionários percepcionada dos atributos do patrocinador diferem por causa das diferenças Foco: patrocinadores de festival e os critérios de decisão por entre as audiências alvo. festivais tipo de patrocinador e as relações - as diferenças nos critérios de decisão são entre eles. devido às diferenças na estrutura operacional de tomadas de decisão d os patrocinadores. Weppler K. A. & McCarville N=5 Investigaram o processo através do - identificaram a existência de um centro de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 117 R. E. (1995) Entrevistas (in-depth) qual as propostas de patrocínio são compra no processo de selecção. Foco: eventos desportivos avaliadas pelos patrocinadores - 4 papéis comuns ao centro de compra foram através da delineação de conceitos do identificados (gatekeeper, influenciador, comportamento do consumidor. comprador, decisor). - a composição do centro de compra normalmente varia de acordo com as exigências da compra com os membros a entrar e sair do processo. - estratégias heurísticas são utilizadas quando se selecciona entre diferentes propostas. Cousens, L. & Slack, T. (1996) N=16 Investigaram a rapidez com que os - as decisões sobre patrocínio desportivo são Entrevistas franchises de “fast food” do Canadá largamente influenciadas pela estrutura e Foco: equipas e eventos tomam decisões no que diz respeito cultura da empresa e são feitas a diferentes desportivas às propostas de patrocínio. níveis dentro da hierarquia de gestão. - com particular referência para a estrutura foi identificado que a tomada de decisão varia consideravelmente variando desde o franchisado com total controlo até o que não tem nenhum controlo. McCook, K., Turco, D. & N=4 Investigaram processo de tomada de - o número de critérios influencia a escolha do Riley, R. (1997) Entrevistas estruturadas decisões do patrocínio corporativo. patrocínio. Foco: Desporto Identificaram pessoas chave no processo de selecção. Farrelly, F. & Quester, P. N=10 Investigaram as semelhanças e - Os patrocinadores de arte colocam grande (1997) Entrevistas diferenças na prática de gestão entre ênfase no uso do patrocínio para aumentar a N=185 patrocinadores de desporto e de arte. moral do empregado, e coloca mais dinheiro Questionários para medir a sua efectividade do que os Foco: desporto e arte patrocinadores do desporto, embora levem a cabo menos revisões. - as semelhanças entre desporto e arte relacionado com o resultado e o objectivo procurado sugerem uma possível transferência de conhecimento benéfica. Arthur, D., Scott, D. & Woods, N=10 Desenvolveram um modelo - uma proposta que encaixa mais do que um T. (1997) Entrevistas conceptual para ilustrar o processo de objectivo departamental terá uma maior Foco: Desporto tomada de decisão do patrocínio probabilidade de ser aceite. desportivo. - estratégias heurísticas podem dominar o processo de decisão. Aguillar-Manjarrez, R., N=10 Investigaram o processo de escolha - os resultados foram incorporados num modelo Thwaites, D. & Maule, J. Entrevistas de patrocínios através do apontar de composto por 3 estádios incluindo (1) tipos de (1997) Foco: Desporto conceitos desde o comportamento do compras organizacionais (2) centro de compra, comprador e a teoria da tomada de e (3) modelos de tomada de decisão. decisão. Aguillar-Manjarrez, R., N=12 empresas do Reino Identificar e definir padrões do papel Identificaram 6 tipos de papéis de recebedor Thwaites, D. & Maule, J. Unido do recebedor nos processos de dentro do processo de selecção de patrocínios: (1998) Entrevistas (in-depth) selecção e decisão dos Condutores ("conduit"); passivos; orientadores; patrocinadores. orquestradores; "outsiders"; autorizadores. Os estudos evidenciam processos de selecção ou decisão que podem passar pela análise de diferentes critérios ou modelos (analisar também a tabela 16). O número de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 118 critérios pode influenciar a escolha do patrocínio (McCook, K., Turco, D. & Riley, R., 1997). Estes podem ter a ver com a exclusividade do patrocínio, pelo aumento da notoriedade da empresa, pelo reforçar imagem da empresa, pela sinalética existente em eventos, a habilidade para atingir segmentos dos espectadores embora os atributos de alguns eventos por tipo de patrocinador possam diferir por causa das diferenças entre as audiências alvo e o aumento das vendas do produto. Refere-se ainda que ao encaixar mais do que um objectivo departamental terá uma maior probabilidade de ser aceite (Arthur, D., Scott, D. & Woods, T., 1997). Os estudos revelaram que muitas vezes as diferenças nos critérios de decisão são devido às diferenças na estrutura operacional de tomadas de decisão dos patrocinadores (Weppler K. A. & McCarville R. E. 1995; Cousens, L. & Slack, T., 1996; Aguillar-Manjarrez, R., Thwaites, D. & Maule, J., 1997). A identificação da existência de um centro de compra no processo de selecção em que poderá haver lugar para quatro papéis comuns ao centro de compra (gatekeeper, influenciador, comprador, decisor). A composição do centro de compra normalmente pode variar de acordo com as exigências da compra e com os membros a entrar e sair do processo. Na opinião de vários autores, as estratégias heurísticas são utilizadas quando os patrocinadores têm de seleccionar entre diferentes propostas (Weppler K. A. & McCarville R. E., 1995; Arthur, D., Scott, D. & Woods, T., 1997). As decisões sobre patrocínio desportivo são largamente influenciadas pela estrutura e cultura da empresa e são normalmente feitas a diferentes níveis dentro da hierarquia de gestão. Num dos estudos (Irwin, R. & Asimakopoulus, M., 1992) foi elaborado um modelo assente em 6 passos de abordagem à gestão do patrocínio desportivo: (a) uma revisão ao plano de marketing; (b) o estabelecimento de objectivos específicos de patrocínio desportivo; (c) identificação de ponderação em critérios de avaliação; (d) o processo de escolha e selecção; (e) a implementação do patrocínio seleccionado; (f) a avaliação pós evento. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 119 2. Desporto para Mulheres e o Patrocínio Shaw, S. & Amis, J. (1998) - Image and Investment: Sponsorship and Womens’ Sports. In Actas do 6º Congresso Internacional da Associação Europeia de Gestão de Desporto (EASM) – Madeira, Portugal, pp.7.1-7.6. Em relação ao desporto no feminino, os autores advogam que não são só os julgamentos económicos e racionais de oportunidades únicas e a competência distintiva que se encontram em primeiro lugar no plano de marketing de potenciais patrocinadores. As pressões miméticas, a imagem do desporto das mulheres e as práticas aceites dentro da empresa são factores que contribuem para as contínuas incidências no desporto para mulheres e para a total ignorância das atletas como potenciais clientes para o patrocínio. 3. Motivos para o envolvimento em patrocínio desportivo Tabela 16. Estudos sobre os motivos para o envolvimento em acções de patrocínio pelos patrocinadores. Autores e Amostra e Ano de Metodologia Estudo Resultados mais significativos Publicação Waite (1979) Investigaram as maiores empresas - 72% das empresas Britânicas apenas especificam um objectivo Britânicas envolvidas em patrocínios sobre para a acção, os seus objectivos nestas referidas acções. - 285 empresas não tem sequer objectivos estabelecidos. - 41% das empresas citava a cobertura mediática como o mais importante objectivo para o envolvimento no patrocínio. Sedgwick Analisaram o patrocínio no Reino Unido, - 40 % publicidade ao nome; (1980) identificando os motivos para as empresas - 30% extensão da publicidade; se envolverem - 30% responsabilidade social da empresa, - 30% interesse do director da empresa. Quinn (1982) Estudaram a prática do patrocínio nas - p. é um meio para aumentar o conhecimento e alcançar maiores empresas Irlandesas publicidade nacional para a empresa / produtos e comunicar a imagem do produto e da empresa. - 75% das empresas referem a cobertura mediática como muito importante. - o envolvimento “ad-hoc” é claramente a razão mais indicada para a entrada no patrocínio. - 25% como resposta às solicitações das organizaç ões desportivas ou indivíduos; - 20.8% para melhorar / manter a imagem da empresa. Gross, Traylor N=148 - Imagem corporativa; Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 120 & Shuman (1987) Abratt, Clayton - Incentivos às vendas; Questionários - Notoriedade corporativa; do produto Foco: desporto e arte - Relações Governamentais; Financeiras; Empregados; - Vendas ou sampling; - Motivação dos empregados; - Entretenimento dos clientes. Investigaram os principais motivos para as - Promoção da imagem da empresa; empresas patrocinarem grandes eventos. - Potencial da cobertura mediática; - Possibilidade da cobertura mediática pela rádio e jornais. N=45 & Pitt, B. (1987) Armstrong N=17 (1988) Investigaram junto de grandes empresas Os motivos estavam relacionados com: do sector da indústria electrónica de - Melhoramento e suporte da imagem grande consumo, dos Estados Unidos e da - Notoriedade dos produtos e da marca. Europa os motivos para o envolvimento no As empresas admitiram que o p. foi utilizado em praticamente patrocínio. exclusividade. Constatou-se que apenas algumas empresas promoveram acções de suporte com publicidade e promoções ao seu patrocínio. Witcher, N=140 Investigaram os motivos mais importantes - Promoção da imagem da empresa Craiger, para o envolvimento das empresas em - Cobertura pela televisão, rádio e jornais Culligan & patrocínios. - Promoção do conhecimento da marca Witcher et al. Investigaram sobre os objectivos do - 69% das empresas citavam o objectivo da construção da imagem (1991) patrocínio ao desporto. da empresa. Marshall & Verificaram as razões centrais para as - Criar uma boa imagem da empresa; Cook (1992) empresas estarem envolvidas em - Alcançar um público alvo, patrocínio ao desporto, utilizando a lista - Potencial da cobertura televisiva e jornalística. Analisadas empresas Australianas com um - Cobertura mediática; orçamento publicitário superior a 6.500 - Promoção do conhecimento da empresa e dos produtos. - 22% dos inquiridos referem objectivos de imagem da Harvey (1991) “The Times Top 1000 Companies 1989” Scott & N=512 Suchard (1992) contos, por forma a determinar os objectivos mais importantes que esperavam alcançar. Morgan (1992) empresa; - 42% no que toca à notoriedade; - 32% à combinação da imagem com a notoriedade. Gross, Javalgi - 41% citaram construção da imagem de marca & Traylor - 44% citaram a imagem corporativa. (1992) Stotlar & Conduziram um inquérito por telefone Primeiras razões. Kadlecek sobre as empresas envolvidas no programa - benefícios da afiliação empresarial com o desporto (1993) de patrocínio do torneio de NCAA para - acesso a eventos atléticos “intercollegiate”. identificar as razões porque as empresas - Exposição dos media através da sinalética “compram” patrocínios desportivos. - Exclusividade nos produtos/serviços em eventos desportivos. Razões suplementares. Kuzma & N=261 patrocinadores da Shanklin (1993) “Sponsors of 1991 Int. Special Olympics” - desejo de aumentar a base de consumidores - habilidade para desenvolver programas - melhoria de imagem corporativa Num estudo sobre a importância relativa “Fortune 1000 Companies”: dos vários tipos de objectivos definidos - Aumentar a notoriedade do nome da empresa por patrocinadores, retirados da lista - Melhorar a imagem da empresa no sua audiência alvo “Fortune 1000 Companies” relativamente Para os patrocinadores do “Sponsors of 1990 U. S. Olympic a 2 eventos: “Sponsors of 1990 U. S. Festival” e o “Sponsors of 1991 International Special Olympics”: Olympic Festival” e o “Sponsors of 1991 - Demonstração da responsabilidade comunitária; International Special Olympics” Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 121 International Special Olympics” Irwin, D. & N=200 empresas Investigaram empresas Americanas Sutton, B. Americanas envolvidas em patrocínios ao desporto (1994) com o objectivo de verificar a importância - Aumento da notoriedade; - Melhoramento da imagem da empresa. - Objectivos orientados para as vendas e para especificidade do mercado, como objectivos mais importantes; - atribuída por essas empresas a cada Objectivos filantrópicos e de responsabilidade social da empresa, foram considerados como não importantes. objectivo. Javalgi, Traylor, Investigaram empresas do sector do - Exposição nos media; Gross & vestuário, alimentação e de viagens e - Melhoria da Imagem; Lampman turismo envolvidas em patrocínio, para - Posicionamento; (1994) saber quais os objectivos para este - Aumentar a notoriedade; envolvimento. - Aumentar as vendas; Analisaram a avaliação do patrocínio - Aumento da notoriedade e posicionamento do produto; desportivo em Desportos Motorizados da - Melhorar a campanha de publicidade; Foram analisados por Austrália, estabelecendo níveis dos - Motivação dos Empregados; observação pessoal de acordos realizados, os mecanismos de - Incentivo às Vendas; TV, fotografias dos patrocínio utilizados, os objectivos - Entretenimento dos clientes, media, anúncios e traçados e formas de avaliação empregues. - Interesse dos gestores; identificação dos - Melhorar imagem corporativa patrocinadores pelas org. - Atingir um mercado específico; desp. - I & D. Pope, N. & N=87 N=16 empresas Voges K. (1994) Renaud, F. Foram questionadas empresas anunciantes - 58.5% das empresas firmam patrocínios por razões institucionais (1994 cit. por em França sobre os objectivos do - 25% das empresas afirmam que os seus objectivos dos quais 13% Silva, 1998) patrocínio pela “Union des Announceurs” estão ligados aos produtos ou 12% às suas marcas. - Objectivos tinham a ver com a imagem da empresa, dos seus produtos ou marcas. - Os públicos para os quais se dirige são principalmente exteriores à empresa. Ziegchang, K. Investigaram os patrocinadores de corridas (1994) de Automóvel - 84% das empresas esperavam alcançar um aumento do conhecimento dos consumidores em relação aos seus produtos McCarville & Prescritivo Copeland 80% procurava atingir a transferência de imagem. Tentarem compreender o fenómeno do A teoria da troca é de que ambas as partes oferecem algo em troca patrocínio desportivo através da teoria da para cada um. Estes alcançam os seus resultados desejados. Os troca. marketeers do desporto devem encontrar prémios que os potenciais (1995) patrocinadores tentam alcançar mas que não conseguem obter sozinhos. Oferecendo uma variedade de benefícios ajuda a manter estas boas relações. Os gestores de desporto devem compreender o que as empresas estão à procura no patrocínio desportivo. Augustyn & N=30 (20 PME e 10 Investigaram as grandes e pequenas Empresas Multinacionais apresentam dois tipos de objectivos: Janusz (1995) multinacionais) empresas da Polónia sobre a forma como - Questionário utilizam as acções de patrocínio dos produtos da empresa entre os consumidores; melhoria ou desportivo em termos de objectivos, criação de uma nova imagem da empresa e os seus produtos; estratégias e eficácia. Objectivos Psicográficos – desenvolvimento da notoriedade aumento do prestígio do patrocinador. - Objectivos Económicos – aumento do retorno do investimento; aumento dos lucros; aumento da vontade de aquisição por parte dos consumidores. Thwaites, D. & N=102 Investigaram empresas patrocinadoras do - Envolvimento da empresa na comunidade Aguillar- Canadá, a partir da lista “Financial Post - Melhoria da imagem da empresa Manjarrez, R. Top 500 for 1995” pertencentes ao sector - Aumento da notoriedade da empresa (1996) industrial e comercial, t entando verificar os objectivos do patrocínio ao desporto mais frequentes. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 122 Thwaites, D. & Analisaram junto dos gestores de Razão para a escolha do Rugby foi a correspondência demográfica Carruthers N=53 marketing das empresas patrocinadoras da entre o alvo de mercado e o perfil do espectador. (1996) liga profissional de clubes da “Rugby - Union” e de clubes amadores da “Rugby Os objectivos Institucionais precedem em termos de preferência os ligados aos produtos. League” sobre a razão para a escolha da Utilizando uma escala de 7 pontos e uma taxonomia de objectivos modalidade e sobre os objectivos para o pré-definida, os gestores afirmaram por ordem de importância: envolvimento com estes clubes. - Aumento regional da notoriedade pública; - Melhoria da imagem da empresa; - Aumento da atenção dos media e hospitalidade para os convidados; - Envolvimento com a comunidade e construção de relações de negócios; Cingiene, N=60 empresas Kavaliauskas & Sukys (1997) Aumento das vendas; - Aumento da notoriedade junto do mercado alvo; - Alterar percepção pública da empresa; - Melhorar relações e motivação dos empregados. Identificaram a situação corrente da Patrocínio fornecido em dinheiro (41%), vários serviços (23%) e 3 grupos de empresas: forma como as empresas usam o produtos (23%) ou disponibilidade gratuita de instalações - National Olympic patrocínio desportivo; desportivas (7%). determinar os motivos das empresas Os desportos mais patrocináveis são: Basquetebol, corridas de em acções de patrocínio desportivo; automóveis, futebol e andebol. descobrir a significância do Os motivos para o envolvimento em patrocínio desportivo são o (EOD) patrocínio desportivo na estratégia desejo de ajudar o desporto (75% em NOC; 58% EOD); Reforçar a - empresas que não usam de marketing da empresa. imagem da empresa (79% em NOC, 71% EOD); Experiência Sponsors (NOC) - - - - Empresas de outras organizações desportivas - patrocínio pessoal no desporto e notoriedade de problemas do desporto da director da empresa (50% em NOC; 54% em EOD Factores determinantes para um desenvolvimento efectivo do patrocínio desportivo: - desenvolvimento da legislação (79% NOC; 64% EOD) grande iniciativa das organizações desportivas (33% em NOC; 21% em EOD) 4. Patrocínio em Pequenas e Médias Empresas Tabela 17. Estudos sobre o patrocínio em pequenas e médias empresas. Autores e Amostra e Ano de Metodologia Estudo Resultados mais significativos Publicação Slack, T. & N=16 Cousens (1994) Entrevistas Foco: equipas e Investigaram os objectivos dos - Melhoria da imagem da empresa franchises de “fast food” do Canadá - Demonstração da responsabilidade social da empresa para um envolvimento em - Generalizar a visibilidade da empresa - Melhorar a fidelidade e a relação com os clientes eventos desportivas actividades de patrocínio. Augustyn & N=30 (20 PME e Janusz (1995) 10 multinacionais) empresas da Polónia sobre a forma patrocínio ao desporto nas restantes iniciativas do Questionário Investigaram as grandes e pequenas - 85% das PME não confere importância à integração do como utilizam as acções de marketing. patrocínio. desportivo em termos de - O patrocínio é ocasional mais do que uma actividade objectivos, estratégias e eficácia. planeada. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 123 objectivos, estratégias e eficácia. planeada. - Não estabelecem objectivos claros nem uma estratégia. - Não consideravam os grupos alvo dos consumidores nem tinham uma ideia clara sobre os benefícios do patrocínio. - Concluíram que às PMEs falta profissionalismo e conhecimento na utilização eficaz do patrocínio. Bentz & Slack, N=12 Pretendiam analisar os objectivos - Melhoramento da imagem da empresa; T. (1995) Entrevista semi- definidos por pequenas empresas - Dar-se a conhecer aos consumidores; estruturada com menos de 50 trabalhadores do - Construção da cultura da empresa (meio para ramo do comércio a retalho de desenvolver espírito de camaradagem, mostrando que artigos desportivos, seguros, a empresa se preocupava com os seus empregados. joalharia e restaurantes sediadas - Influenciar o público não-consumidor (políticos relação aos patrocínios. locais, media locais, instituições financeiras). - Silva, (1998) N=48 empresas do Pretendiam analisar os objectivos sector do comércio definidos por pequenas e médias e serviços. Responsabilidade social da empresa. numa cidade do leste Canadiano em - empresas região da Lezíria e Alto Tejo na concessão de patrocínios desportivos. Anular as iniciativas aos concorrentes. Os motivos mais importantes foram os conhecimentos pessoais do gestor e o seu relacionamento próximo, com os dirigentes desportivos. Os motivos mais importantes para o envolvimento no patrocínio estão orientados para aspectos exteriores à empresa, que não têm a ver directamente com os seus benefícios directos, nem tão pouco, com a política de comunicação convencional das empresas. Cerca de 3 em cada 10 empresas, só se envolveram no patrocínio, porque foram solicitadas para isso, através de iniciativas e pedidos oriundos dos clubes e equipas desportivas. Um primeiro grupo de objectivos mais citados, prendeu-se com a integração da empresa na comunidade e com a responsabilidade social da empresa. Um segundo grupo de objectivos, está orientado para o domínio da comunicação. Foram o aumento da notoriedade da empresa/marca/produto e a melhoria da imagem. As empresas procuraram sobretudo, dar-se a conhecer aos públicos e passar uma imagem de prestígio para consumidores em geral e para o público não consumidor, entre os quais, os políticos locais, os media locais, as instituições financeiras e os líderes de opinião. Um terceiro grupo de vários objectivos, também orientados numa perspectiva de comunicação e numa linha de benefícios para a própria empresa, enquanto organização. Esses objectivos estão relacionados com as vendas/negócio, construção da cultura de empresa, obter deduções fiscais e influenciar o público nãoconsumidor. Um quarto das empresas inquiridas, não utiliza critérios nas opções que toma, para decidir patrocinar o desporto. Pela análise da tabela 16 e 17 facilmente se constatam três níveis diferentes de objectivos que os patrocinadores perseguem num programa de patrocínio. Ajudados pela sistematização de Silva (1998), destacamos no primeiro grupo de objectivos mais citados, aspectos relacionados com a comunicação. Aqui concorrem aspectos como o aumento da notoriedade da empresa/marca/produto e a melhoria da imagem, procurarando dar-se a conhecer aos públicos e passar uma imagem de prestígio para consumidores em geral e para o público não consumidor, entre os quais, os políticos locais, os media locais, as instituições financeiras e os líderes de opinião. Uma segunda Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 124 gama de objectivos ligados com o envolvimento da empresa na comunidade e com a responsabilidade social da empresa. Um terceiro e último grupo de vários objectivos, orientados numa perspectiva de comunicação e numa linha de benefícios para a própria empresa, enquanto organização. São disso exemplo o aumento das vendas/negócio, construção da cultura de empresa, obtenção de deduções fiscais e a influência do público não-consumidor. 5. Avaliação da Efectividade do Patrocínio Tabela 18. Estudos sobre a avaliação de efectividade do patrocínio. Autores e Amostra e Ano de Metodologia Estudo Resultados mais significativos Publicação Gross, Traylor N= & Shuman Questionários (1987) Foco: desporto e arte Stotlar & - 47% não realizaram qualquer forma de avaliação. - 77% dos fans do futebol e 62% dos fans do basquetebol Johnson (1989) identificaram correctamente anúncios logo após a conclusão dos jogos. - Houve evidência de que a publicidade aumentou as vendas dos produtos disponíveis no local. Cuneen & N= 451 sujeitos Investigaram sujeitos presentes no torneio - 98% notaram a publicidade Hannan (1993) Questionários de golfe do LPGA sobre a publicidade que - 91% dos sujeitos não estava a ver conscienteme nte Feitos durante 3 tardes viram no local, os sítios onde viram os - Os sinais mais visíveis estavam nas áreas concessionadas do campeonato. anúncios, os seus estilos enquanto (74%), espectador, quais dos produtos/ serviços - Seguido pelas zonas “tees” (56%) dos patrocinadores é que são utilizados por - Os patrocinadores que tinham produtos/serviços disponíveis os sujeitos e quais eles usariam após ver os no local foram reconhecidos em maiores frequências do que anúncios no torneio. Pope, N. & N=16 empresas os que não tinham. Analisaram a avaliação do patrocínio - Auditoria aos media (+utilizado); Voges, K. desportivo em Desportos Motorizados da - Sample surveys; (1994) Austrália, estabelecendo níveis dos - Inquéritos por telefone; acordos realizados, os mecanismos de - Análise de vendas; - 3 ou 4 locais de sinalética são mais benéficos para efeitos de patrocínio utilizados, os objectivos traçados e formas de avaliação empregues. Pope, N. & N=180 Analisaram teste de recordação e Voges (1995) Sondagem reconhecimento em jogos televisionados recordação e reconhecimento na televisão de eventos da “State of Origin Rugby League” desportivos de estádio. - Os anúncios e as interrupções comerciais tiveram um impacto reduzido ou quase nulo. Shilbury & Analisaram testes de recordação e Berriman reconhecimento aos patrocinadores e (1996) anunciantes do clube de Futebol - Observaram que os testes de recordação e reconhecimento do patrocínio demoram o seu tempo. Australiano Sta Kilda. Quester, P. N=16 empresas Um número de hipóteses relacionadas com - Poucas empresas planearam actividades de auditoria em Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 125 (1997) objectivos da empresa e práticas de gestão 2 estudos = 250 como também percepções que os relação ao investimento em patrocínio. - inquiridos em inquéritos consumidores tinham dos patrocinadores por telefone específicas por forma a alcançar objectivos relacionados com no Grand Prix de Formula 1 em Adelaide. N=165 por Questionário A maioria dos patrocinadores afirmaram algumas intenções notoriedade. - Do inquérito com as empresas e do outro com os consumidores mostraram, como era esperado, os patrocinadores avaliaram objectivos de notoriedade bem alto mas eles normalmente falham na medição da performance desta dimensão adequadamente. - Os nomes dos patrocinadores, a assistência dos consumidores ao evento e o tempo foram encontrados como influenciando significativamente ambas a notoriedade assistida e não assistida dos consumidores com pequenos efeitos de interacção. - Os não-patrocinadores pode também ganhar através do evento em termos da notoriedade mas isto pode resultar numa errada atribuição genuína, sugerindo que os efeitos acidentais de “ambush” podem existir. Quester, P. N=297 Investigaram-se largas amostras antes e - (1998) e depois do Grand Prix de Formula 1 em A notoriedade assistida foi sempre significativa. Isto i ndica N=206 Adelaide 1994 gerando informação para Análise feita por analisar usando a “Hierarquical Log Telefone Linear Analysis” por forma a avaliar a surpreendente uma vez que o número de inquiridos antes do conveniência desta abordagem em evento foi muito parecido com o da pós evento; Só foi instâncias similares da pesquisa em significativo quando houve interacção significativa com a que os número de inquiridos atentos não se equivaliam ao número de inquiridos que não estavam atentos. - marketing Tempo nem sempre foi significativo. Isto não é notoriedade assistida. - A assistência só foi significativa quando houve interacção significativa com a notoriedade assistida. - Tempo e assistência não interagiram (excepto a Castrol) - Não h ouve interacções de três formas. A notoriedade assistida, o tempo e a assistência não interagiram simultaneamente - os efeitos do tempo e da assistência foram independentes. Os estudos sobre a avaliação do retorno de efectividade dos programas de patrocínio desmonstraram que muitas empresas não realizam qualquer forma de avaliação (Gross, Traylor & Shuman,1987; Gilbert, 1988). Poucas empresas planearam actividades de auditoria em relação ao investimento em patrocínio embora seja referenciado por aquelas que as fazem (Pope & Voges, 1994; Quester, 1997). Observamos também que no decorrer destes estudos os testes de recordação e reconhecimento do patrocínio são os mais utilizados. A maioria dos patrocinadores afirmaram algumas intenções específicas por forma a alcançar objectivos relacionados com a notoriedade. Dos inquéritos com as empresas e dos outros com os consumidores mostram que os patrocinadores avaliaram objectivos de notoriedade mas normalmente Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 126 falham na medição de performance desta dimensão. Os nomes dos patrocinadores, a assistência dos consumidores ao evento e o tempo foram encontrados como influenciando significativamente ambas a notoriedade assistida e não assistida dos consumidores (Quester, 1998). 6. Patrocínio em instalações desportivas Tabela 19. Estudos sobre o patrocínio em instalações desportivas. Autores e Ano de Amostra e Publicação Metodologia Estudo Resultados mais significativos Irwin & Sutton Estudo exploratório acerca das relações - proporcionar um serviço público (1995) entre um inventário de critérios de - melhorar a posição de mercado da pat rocínio e os objectivos de patrocínio. empresa patrocinadora. Schlossberg - marketing directo (1996) - "comunity goodwill" Friedman (1998) Elaboração de objectivos a serem atingidos - "naming rights" é a ferramenta de pelas empresas que integram o patrocínio a marketing menos utilizada. instalações desportivas. McCarthy & Irwin (1998) N=8 empresas Descobrir os motivos fundamentais para o Quasi-case study patrocínio de instalações / "naming rights", a vendas/ share de mercado como os implementação destes arranjos, os procedimentos objectivos para este tipo de patrocínio. Entrevista de avaliação da efectividade do patrocínio. - - Cidadania comunitária e aumento de Poucas empresas possuem formas de avaliar a efectividade do patrocínio. - Níveis de satisfação expressos sugerem continuidade no uso deste tipo de patrocínio. Os resultados sobre as investigações aos "naming rights" em instalações desportivas (tabela 19) revelam que os patrocinadores com elevados níveis de interesse em acções de patrocínio deste tipo demonstraram grande interesse em atingir objectivos de mercado como também proporcionar um serviço público à comunidade através desta acção específica. Apesar da dificuldade em avaliar o impacto deste tipo de patrocínio, os níveis de satisfação expressos pelos patrocinadores sugerem uma continuidade no uso do patrocínio às instalações desportivas. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 127 7. Patrocínio e os Jogos Olímpicos Tabela 20. Estudos sobre o patrocínio e os Jogos Olímpicos. Autores e Ano de Amostra e Publicação Metodologia Stotlar, D. (1994) Estudo N=1620 sujeitos Avaliaram a habilidade dos consumidores nos Abordagem por Estados Unidos para identificar os patrocinadores intercepção dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1992 e para diferenciar entre tipos de envolvimento. Questionário Resultados mais significativos - Não conseguiram distinguir entre os diferentes envolvimentos dos patrocinadores do COI e do COEU. - Análises adicionais não revelaram qualquer Aspectos específicos foram postos no que respeita variação significativa no que toca à idade, sexo, o nível no qual os consumidores recordam e ou em relação ao rendimento do sujeito. reconhecem patrocinadores Olímpicos, e se distinguem entre patrocinadores do COI e do COEA. Sandler, D. & Shani, N=189 Investigação preliminar do patrocínio durante os D. (1993) Questionário dividido Jogos Olímpicos de Verão em 1992, com o intuito - publicidade adicional ou promoções para em 4 partes de reconhecer e recordar patrocinadores, com informar os consumidores do estatuto de também as atitudes dos consumidores em relação ao patrocínio. O estudo fazia parte de um projecto Sugerem que a efectividade do patrocínio requer patrocinador. - Os consumidores aparentam ser ambivalentes de patrocínio desenhado para seguir os esforços sobre o patrocínio, apoiando o conceito mas não do fenómeno e desenvolver um modelo do permitindo que este afecte as suas decisões de patrocínio. compra imediatas. Os estudos versando o fenómeno dos Jogos Olímpicos e o patrocínio vêm adicionar que a boa efectividade do patrocínio requer publicidade adicional ou promoções para informar os consumidores do estatuto dos patrocinadores (Sandler, D. & Shani, D., 1993). Apesar dos consumidores (em alguns estudos) aparentarem ser ambivalentes sobre o patrocínio, apoiam o conceito mas não permitem que este afecte as suas decisões de compra imediatas Stotlar, D., 1994). 8. Patrocínio e Publicidade Tabela 21. Estudos sobre o patrocínio e a publicidade. Autores e Ano de Publicação Hoek, Gendall, Amostra e Estudo Resultados mais significativos Metodologia N=151 distribuídos Analisaram o contexto behavorístico do - os estímulos de publicidade nem os do Jeffcoat, Orsman, por 4 grupos - patrocínio e usaram o modelo de Ehrenberg patrocínio aumentaram as probabilidades de (1997) Estudantes da “Notoriedade-Tentativa-Reforço” para Universidade de comparar os efeitos de determinados compra dos usuários e dos não usuários. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 128 Universidade de comparar os efeitos de determinados Massey estímulos de patrocínio e publicidade (da Snickers no Campeonato do Mundo em 1994) 9. Patrocínio por Especificidade de Desportos Tabela 22. Estudos sobre o patrocínio por especificidade de desportos. Autores e Ano de Amostra e Publicação Metodologia Estudo Corridas de Cavalo Resultados mais significativos Thwaites, D., Aguillar- N=24 Manjarez & Black, A. “Major Sponsor of (1997) HorseRacing in 1995” Algumas empresas melhoram a efectividade dos seus programas de patrocínio Questionário através da adopção de técnicas sugeridas na literatura. no Reino Unido A maioria dos patrocinadores têm uma visão positiva acerca desta experiência. Identifica o advento do “owner sponsorship” como a potencial causa de preocupação na até agora existência de patrocinadores de corridas que vêm isto como um mecanismo no qual se dilui a efectividade das suas mensagens de comunicação. Thwaites, D. (1995) N=13 da Premier League e Liga de Futebol 17 da Division One Profissional Inglesa Questionário Caramez, R. P. (1998) N=15 Liga de Futebol Questionário Profissional Portuguesa Thwaites, D. & N=18 Carruthers, J. (1996) Questionário Rugby Union O Co n s el h o d e A d mi n i s t ração e o Ch efe E xecu t i v o são os elementos - chave no processo de selecção de patrocínios no Futebol Profissional. Uma abrangência de o b j ect i v o s que incluem a notoriedade pública, o reforço da percepção da marca ao mercado, o aumento das vendas, melhorar a imagem da empresa, e atenção dos media. Os clientes potenciais e os existentes são as mais importantes au d i ên ci as al v o para as empresas. A av al i ação d a efect i v i d ad e do patrocínio no Futebol Profissional é muito difícil de determinar por causa dos problemas que existem no cruzamento entre as diferentes ferramentas de comunicação. Apesar de tudo isto, as empresas usam métodos de avaliação sugerindo abordagens diferentes. Os b u d g et s definidos para apoiar as acções de patrocínio não foram realçadas o que nos causou alguma estranheza, aparecendo a contrariar estudos anteriores. Cri t éri o s d e s u ces s o em p ro g ramas d e p at ro cí n i o mencionado no ponto 3 A tabela 22 apresenta dados de investigações anteriores que se apoiam na análise de objectivos dos patrocinadores que estão por detrás dos contractos de patrocínio em modalidades desportivas específicas. Além dos objectivos são analisados tópicos como a avaliação da efectividade do patrocínio, audiências-alvo, processos de decisão e selecção. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 129 Segunda Parte Resultados Second Part Results Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 130 CAPÍTULO I CHAPTER I Metodologia Methodology and Procedures This chapter tries to define the analysis model and the methodological procedures for the data collection. The Content analysis is a set of techniques about communication analysis that with objective and systematic procedures describe the messages’ content in the way to inferring knowledge related to their own characteristics (Bardin, 1977). In the last part of this chapter we focus on the sample of our survey. 1. Analysis model; 1.1 Definition of "unities analysis; 1.2 Definition of the rules of counting; 1.3 Definition of categories; 2. Interview; 3. Sample; 3.1 Sellection and characterization of the sport organizations 1. Modelo de análise A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análises das comunicações, que descreve, segundo procedimentos objectivos e sistemáticos, o conteúdo manifesto das mensagens com vista à inferência de conhecimentos relativos às suas características (Bardin, 1977). As entrevistas semi-dirigidas foram as ferramentas que escolhemos como fonte de informação para o objectivo que suscita esta análise. Esta opção surge no termo de um trajecto metodológico preliminar, desenhado por um conjunto de outras opções, as quais passamos de seguida a expôr. A análise de conteúdo possui duas funções que na prática podem ou não dissociar-se: a função heurística e a função de confirmação. A primeira serve-se dos procedimentos analíticos para “ver o que há” (Bardin, 1977), enriquecendo a tentativa exploratória. A segunda parte, de um corpo de hipóteses que servem de directrizes e faz apelo aos procedimentos de análise para verificar no sentido de uma confirmação ou não. Servindo-se da análise de conteúdo, o estudo posiciona-se numa abordagem Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 131 exploratória, isto é, sem ter como guia um corpo de hipóteses, segue um percurso de descoberta ao longo do corpus, deixando que as entrevistas falem por si. A fase seguinte da análise é o tratamento do material, o que corresponde à sua codificação. A codificação é “o processo pelo qual os dados brutos são transformados sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exacta das características pertinentes do conteúdo (Holsti, cit. por Bardin, 1977). A organização da codificação compreende três escolhas: a escolha das unidades de análise, a escolha das regras de enumeração e a escolha das categorias. 1.1 Definição das unidades de análise. Unidades de registo (U. R.): é a unidade de significação a codificar e corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando a categorização e a contagem frequencial. A unidade de registo pode ser de natureza e dimensões variáveis. Para o estudo em questão a unidade de registo seleccionada para análise é o tema. Através da análise temática, descobrimos fragmentos de texto (após descodificação das entrevistas) portadores de significação, podendo estes ser uma frase, um resumo, uma afirmação. Unidade de Contexto (U.C.): é a unidade de compreensão para codificar a unidade de registo e corresponde ao segmento da mensagem, cujas dimensões (superiores às da U.R.) são as melhores para que se possa compreender a significação exacta da U.R.. Assim, foi seleccionado como U. C. a totalidade da entrevista que está a ser submetida a análise, por se entender que a U. R. só é compreendida no seu verdadeiro sentido, se for referenciada ao contexto alargado constituído pela própria entrevista. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 132 1.2 Definição das regras de enumeração. A definição das regras de enumeração corresponde à escolha das regras ou modos de contagem das unidades de registo. Em função dos objectivos de análise, definimos como regras de enumeração as seguintes: - a presença (ou ausência) das unidades de registo. (A presença de temas ou itens de sentido funcionará como um indicador, susceptível de permitir inferências). - A frequência de aparição das unidades de registo. (Esta regra assenta no seguinte postulado: a importância de uma unidade de registo aumenta com a frequência de aparição). 1.3 Definição das categorias. As categorias são rubricas ou classes, que reúnem os elementos de significação constituintes das mensagens, sob um título genérico, agrupamento esse efectuado em função dos caracteres comuns desses elementos. Classificar as unidades de registo em categorias exige a investigação do que cada uma delas tem em comum com as outras, já que é a parte comum existente entre elas que vai permitir o agrupamento. A categorização comporta duas etapas. O inventário, onde se procede ao isolamento dos elementos de significação e a classificação, que consiste em repartir os elementos e, portanto, impor uma certa organização à mensagem. O procedimento de repartição pode-se fazer por dois processos inversos: - o sistema de categorias é determinado a priori e em seguida repartem-se, da melhor forma possível, os elementos de significação à medida que vão sendo encontrados no corpus; - o sistema de categorias não é fornecido, resultando da classificação progressiva e analógica dos elementos de significação. O título de conceptual de cada categoria só é definido no final deste procedimento. Neste caso, o sistema de categorias é definido a posteriori. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 133 No nosso estudo, a categorização é feita a priori. Partindo do quadro teórico de referência e de acordo com o problema e o percurso teórico, o objecto de estudo desta investigação é a identificação e análise dos tipos de abordagem dos organizações desportivas às entidades patrocinadoras. Antes de estruturar o modelo de análise, houve necessidade de formular hipóteses explicativas do objecto de estudo em causa. O estudo foi construído a partir do método hipotético-indutivo uma vez que tentamos, a partir de dimensões e indicadores no que toca à abordagem dos clubes desportivos aos eventuais patrocinadores, alcançar um modelo conceptual que será submetido ao teste dos factos. Este ou qualquer outro modelo, como afirma Quivy & Campenhoudt (1998), comporta elementos de estruturação dedutiva, mas também indutiva (na selecção das dimensões e indicadores de abordagem aos eventuais patrocinadores). Com base na problematização atrás referida, apresenta-se o modelo de análise. Tabela 23. Modelo de análise da investigação. Tema Estrutura orgânica Sub-temas Responsabilidade funcional Indicadores Departamento de marketing, conselho de administração, secção Envolvente organizacional Estratégia Estilo de decisão Centralizada / Descentralizada Envolvente organizacional interna e Forças e fraquezas externa Oportunidade e ameaças Factores críticos de sucesso Descobrindo ao longo do corpus Dimensões da plataforma atlética Imagem Dimensão dos agentes envolvidos Objectivos destas associação Objectivos relacionados com a Compreensão do Empresa fenómeno na perspectiva Objectivos relacionados com o do patrocinador produto/ marca da Empresa Avaliação da efectividade Descobrindo ao longo do corpus Análise aos potenciais patrocinadores Objectivos; Interesses, posição de Processo de pesquisa do mercado; implantação de mercado; patrocinadores públicos-alvo Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 134 Questões contratuais Critérios de selecção do patrocinador Descobrindo ao longo do corpus Estratégia de abordagem Descobrindo ao longo do corpus Contrapartidas Descobrindo ao longo do corpus Periodicidade contratual Anual, plurianual, pontual Deveres e responsabilidades de ambas Descobrindo ao longo do corpus as partes Quantificação das Valor de quantificação das propostas propostas Valor de custo Valor de mercado competitivo Valor relativo Proposta de patrocínio Conteúdo genérico Descobrindo ao longo do corpus A análise das entrevistas realizou-se através da análise de conteúdos temática do tipo "lógico-semântica" como é proposto por Bardin (1977) com a categorização a ser feita pela combinação do processo à priori e à posteriori através da indução analítica (Vala, 1990). Utilizou-se o método qualitativo da análise de conteúdo em que a inferência é baseada na presença do tema e não na frequência do seu aparecimento. A utilização deste método qualitativo surge na sequência de outras investigações na área do patrocínio que suportam esta metodologia dadas as suas inerentes vantagens (Weppler & McCarville, 1995; Arthur, Scott & Woods, 1997; Aguillar-Manjarrez, Thwaites & Maule, 1997; Aguillar-Manjarrez, Thwaites & Maule, 1998). Desta forma, as vantagens incluem a capacidade de ganhar um maior aprofundamento num fenómeno que ainda não foi muito estudado; a melhoria no entendimento e uma maior clareza na informação que está a ser recebida; o desenvolvimento de uma rede de contactos que pode ser útil se houver necessidade de clarificar alguns aspectos ou se mais investigações forem necessárias a outros níveis. 2. Entrevista Os instrumentos metodológicos não podem ser escolhidos independentemente das referências teóricas da investigação. Por conseguinte, o método de recolha de dados deve ser adaptado ao tipo de dados a investigar (Ruquoy, 1997). Os objectivos postulados no início do nosso estudo conjuntamente com a natureza da investigação em Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 135 causa fez com que optássemos por conduzir entrevistas alicerçadas em princípios próprios. A realização da entrevista semi-dirigida às organizações desportivas teve por base um conjunto de assunções de Wilkinson (1993); Stotlar (1994); Irwin & Sutton (1994); Brooks (1994); Cervera & Cuadrado (1995); Campos (2000). Antes de toda esta preocupação metodológica, foram realizadas algumas entrevistas exploratórias que ajudaram a constituir a problemática, alargando desta forma o nosso campo de investigação. Para conseguirmos atingir os objectivos a que nos propusemos, traçamos um programa de trabalho onde se cumpriam determinadas tarefas: 1ª fase: 1º- Elaboração de um guião de entrevista sobre o tipo de abordagem que os clubes desportivos adoptam para os eventuais patrocinadores. 2º- Consulta dos sites www.paginasamarelas.pt e www.infordesporto.pt para recolha de endereços e contactos pessoais com os clubes / equipas desportivas; Foram também abordados os directores técnicos nacionais (no caso do hóquei em patins) para obtenção de contactos mais directos com as entidades dirigentes dos clubes / equipas desportivas. 2ª fase: 1º- Telefonar ao clube ou ao seu presidente (ou responsável pela área do patrocínio desportivo) dando a informação do dia e hora da nossa deslocação; 2º- Realizar pessoalmente as entrevistas ajuizando e questionando sempre que possível, o presidente ou os serviços administrativos sobre os dados recolhidos ou possíveis respostas incompletas. 3. Amostra As vinte (20) organizações desportivas seleccionadas para participarem no nosso trabalho integravam as respectivas ligas profissionais (nos casos do Futebol e Basquetebol) e os campeonatos nacionais das respectivas modalidades na época Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 136 desportiva 1999/2000. Destas 20 organizações, 11 (6 profissionais e 5 não profissionais) completaram a segunda fase do program de trabalho estabelecido. Optamos por escolher estas equipas desportivas através do processo de amostragem não probabilística – amostragem por conveniência ou intencional (Reis & Madureira, 1993) e também porque responderam a um conjunto de indicadores estipulados no quadro-critério que a seguir se apresenta (tabela 24). Este processo foi o mais adequado para o nosso estudo uma vez que o estabelecimento destes critérios e o método de recolha das informações fez com que se compilassem os dados da forma mais fidedigna. 3.1. Selecção e caracterização das organizações desportivas patrocinadas. A metodologia utilizada procurou acompanhar os clubes ou equipas desportivos que na zona Norte do país, se envolvem com o fenómeno do patrocínio desportivo e que contribuem de certa forma para o seu desenvolvimento no quadro do movimento associativo desportivo federado. As modalidades desportivas de natureza profissional (basquetebol e futebol) ou semi-profissional (andebol) seleccionadas são as modalidades existentes no nosso país já quanto às modalidades não profissionais designamos o hóquei em patins por demarcarmos alguma tradição desta modalidade no nosso país. No nosso estudos incluímos o andebol no conjunto de organizações desportivas não profissionais. Tabela 24. Quadro-critério para selecção da amostra do estudo. Critério Modalidades desportivas de natureza semi-profissional (andebol) Modalidades desportivas de natureza profissional (futebol, basquetebol) Modalidades desportivas de grandes tradições no nosso país (hóquei em patins) Níveis competitivos elevados Escalão etário mais elevado (séniores) Zona geográfica do Norte do país Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 137 CAPÍTULO II CHAPTER II Resultados Results This chapter presents and discusses the data collection. Through the use of a qualitative methodology, differences were therefore perceived between professsional and non-professional organizations in several areas. So, the registered differences were analysed in the perceived strengths, weaknesses, threats and environmental opportunities, the sponsor's objectives in sponsorship programs, the sponsor categories, the sponsorship's quantification methodology, the counterparts offered to sponsors, the duties and responsibilities of sponsored organizations, the analysis to potential sponsors. The results also indicate that the periodicity of sponsorship programs and the importance of sponsorship in the organization's general budgets were not significantly different between professsional and non-professional organizations. 1. Presentation and discussion of results; 1.1 Organizing struture; 1.2 Organizational environment: internal and external; 1.3 Strategy; 1.3.1 Sport organization's image public opinion from a public opinion point of view; 1.3.2 Spectators dimension and televised games; 1.3.3 Law on Patronage; 1.4 Understandment of sport sponsorship as a potential sponsor's strategic marketing tool; 1.4.1 Sponsor's objectives perceived by sport organizations; 1.4.2 Assessing sponsorship effectiveness; 1.4.3 Critical success factors; 1.5 Contratual clauses; 1.5.1 Contractual counterparts "offered" to sponsors; 1.5.2 Contracts periodicity; 1.5.3 Sport organizations' duties and responsibilities in sponsorship contracts; 1.6 Quantification of sponsorship proposals; 1.7 Seeking process to potential sponsors; 1.8 Generic content of sponsorship proposals; 2. Conclusions 1. Apresentação e discussão dos resultados Na apresentação dos resultados desta investigação, iremos analisá-los e discuti-los sobre os diferentes tópicos: estrutura orgânica; envolvente organizacional; ambiente externo; compreensão do fenómeno na perspectiva do patrocinador; quantificação das propostas; questões contratuais; proposta de patrocínio. Neste aspecto discorremos sobre as organizações desportivas profissionais (futebol e basquetebol) com a designação de "P..." e as organizações desportivas não profissionais (andebol e hóquei em patins) com a designação de "NP...". Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 138 1.1 Estrutura Orgânica. P1 Presidente Chefe do Departamento de Futebol Director Desportivo Director Futebol Profissional P2 Presidente Dep. de Marketing Chefe do Departamento de Futebol Director Desportivo Director Futebol Profissional P3 Presidência do clube Modalidades Departamento Profissional Amadoras de Basquetebol Administrativa Desportiva P4 Direcção do clube Dep. de Marketing e Publicidade Chefe do Departamento de Futebol Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 139 Director Desportivo P5 Direcção da S.A.D. Futebol X , S.A. Chefe do Departamento de Futebol P6 Direcção da S.A.D Departamento de Marketing Director Desportivo NP1 Presidência do clube Vice- presidente Vice- Presidente para as actividades desportivas financeiro Administrativa Técnica NP3 Direcção do clube Vice-Presidente desportivo - Andebol Secretário Técnico NP4 Andebol Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 140 Presidência do clube Outras Modalidades VicePresidente Director Hóquei em Patins Formação Profissional NP5 Presidência do clube Outras Modalidades VicePresidente Director Hóquei em Patins Seccionista Departamento de Marketing De destacar nestas configurações sobre a estrutura orgânica das organizações desportivas os casos de P2, P4 e P6, que integram na sua estrutura um departamento de marketing e publicidade com ligação directa ao conselho de administração ou presidência do clube, e também para a situação de NP5, que no departamento específico para a modalidade tem uma secção de marketing. Em todas as organizações desportivas, independentemente do seu estatuto profissional, verificou-se total centralização de decisões que envolvem o fenómeno do patrocínio desportivo por parte do conselho de administração. Dos departamentos de marketing existentes em três organizações da nossa amostra (P2, P6 e NP5), estes demonstram-se apenas como órgãos meramente consultivos não tendo influência nas Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 141 decisões de patrocínio a implementar. Enquanto P4 tem total autonomia sobre a política de patrocínios operada no clube. No caso do NP1 para além do conselho de administração assumido pela presidência do clube, também o vice-presidente financeiro integra o grupo de tomada de decisões para as questões do patrocínio. O caso de P5 é singular uma vez que a organização possui uma empresa adstrita à organização que tem como objectivo a comercialização dos direitos de imagem, sponsorização e licenciamento de merchandising. A área do patrocínio está a cargo do seu departamento de publicidade, sponsorização e negócios, sendo da sua directa responsabilidade. No que respeita à percentagem do orçamento total proveniente dos contratos de patrocínio atente-se para a tabela 25. Tabela 25. Percentagem do orçamento geral que advém dos contratos de patrocínio. ID % de patrocínio no orçamento geral P1 25% P2 20% - 30% P3 80% - 85% P4 20% P5 10% - 15% P6 20%* NP1 15% NP2 15% NP3 80% NP4 20% NP5 20% - 30% * A organização revelou ter grande dificuldade em quantificar todos os programas de patrocínio e o que estes representam no orçamento total da organização. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 142 Da tabela - atrás referida - merece destaque o valor elevado de patrocíniodependência por parte de duas das organizações e o padrão mais ou menos constante de 15%-25% do orçamento derivado dos contratos de patrocínio. O valor relativamente baixo de incidência dos contratos de patrocínio nos orçamentos globais das organizações surge fruto da capacidade das organizações de gerar outros proveitos, nomeadamente ao nível das transferências de jogadores, bilheteiras, transmissões televisivas, merchandising, quotizações, publicidade e outras formas diversas. 1.2 Envolvente organizacional: ambiente interno e ambiente externo. Uma das formas correntes mais utilizadas para análise das organizações e muito factível de aplicar em organizações desportivas é a metodologia FFOA, acrónimo dos conceitos fundamentais: forças (pontos fortes da organização), fraquezas (debilidades da organização), oportunidades (aspectos externos que podem afectar positivamente) e ameaças (aspectos externos à organização que podem afectar negativamente). Por forma a identificar as forças e fraquezas da organização, estas devem ser capazes de examinar os aspectos internos que poderão ter impacto na capacidade de venda do seu produto (programa de patrocínio) aos patrocinadores. Esta metodologia ajuda-nos a compreender as organizações desportivas na concepção que têm não só do que os rodeia externamente como também as características positivas ou negativas que edificam a sua identidade, dando a entender a forma como percepcionam o valor do seu próprio produto. Por forma a facilitarmos a análise destes elementos, pedimos às organizações desportivas entrevistadas que listassem (no máximo) três pontos fortes e três pontos débeis da sua organização, primeiro enquadrada na sua modalidade desportiva e segundo no que diz respeito à organização desportiva propriamente dita. Estes pontos tentaram transmitir as mais valias importantes ou não na fase de concretização de um contrato de patrocínio. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 143 Assim, P1 referiu que, no que concerne à modalidade desportiva em que estão inseridos, esta revela como pontos fortes uma grande massa adepta e o facto de terem um grande espaço de transmissões televisivas da sua modalidade. No entender dos seus responsáveis, a organização desportiva sustenta as suas mais valias pela grande tradição na modalidade, pelo facto de possuírem uma boa organização e estarem constituídos como S.A.D., o que poderá denotar já de si um "notório factor de competitividade". Por outro lado, destacaram as quezílias presidenciais como factores destabilizadores da modalidade desportiva e, no que respeita à organização desportiva, mencionaram os problemas de ordem de financeira e os passivos anteriores que em muito debilitam a actual direcção. A realidade de P2 refere-nos que a grande força da modalidade surge no volume de massa adepta que a segue e no volume de transmissões televisivas concedidas para a modalidade. Quanto á sua entidade desportiva, esta denota vários pontos fortes que derivam da história da organização, do "bairrismo que se sente pelas cores do clube", da "mística à volta do presidente do clube" e do "orgulho que as pessoas têm pelo clube". No que corresponde às fraquezas que rodeiam a modalidade, P2 não soube destacar qualquer ponto fraco. Já no que depende da sua organização destacou a falta de um maior associativismo uma vez que como nos referiu, "de 20.000 sócios só 10.000 são pagantes". O facto de possuírem uma "gestão ultrapassada" e do ambiente que se "vive ainda ser de muita carolice nas pessoas que dirigem os destinos do clube". O caso de P3 destaca como ponto forte da modalidade a "sua natureza de desportoespectáculo muito associado à imagem da liga de basquetebol profissional americana [NBA], o facto de "68,4% da população ver basquetebol (ao vivo ou pela TV) e pelo "facto de ter uma Liga profissional". A sua organização denota uma grandes forças através da "forte divulgação pelo facto de integrar a liga profissional - denunciando ainda uma boa mais valia para patrocinadores" - e o facto de "ser também o único clube de Gaia em termos profissionais". No que responde às fraquezas apontadas à modalidade desportiva, realçam a "falta de uma estrutura sólida quer em termos federativos quer em termos dos clubes" e o facto de ser ainda uma "liga profissional muito recente". Os grandes pontos fracos que apresentam como organização desportiva Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 144 parecem ser as "instalações insuficientes e já pouco apropriadas para uma equipa profissional", "a grande rotatividade do plantel" e "a fraca assistência aos jogos". O P4 destaca como pontos fortes da modalidade a grande difusão nacional e a forte imagem associada ao futebol da Primeira Liga porque, e de acordo com o entrevistado, "a Segunda Liga não tem uma imagem tão credível, podendo ameaçar alguns potenciais programas de patrocínio". No que respeita à organização desportiva quiseram destacar claramente o "não endividamento do clube em comparação com outros clubes", os "projectos futuros que demonstram capacidade empreendedora da organização", o "novo estádio do clube", o "grande historial do clube com o peso que tem" e também "a grande estabilidade que o clube atravessa através da sua direcção". Foi referido também o surgimento de "uma gestão de patrocínio por objectivos" que pretende ser assinalada como um factor de mais valia da organização. Na percepção dos pontos fracos da modalidade, a organização referiu-se "à desacreditação e à pouca seriedade dada às questões do futebol por parte da opinião pública". No que toca à organização desportiva, um problema destaca-se em relação aos demais e tem a ver com a flutuação dos resultados desportivos. A organização manifesta "esta autêntica corda na garganta em relação aos seus resultados desportivos que pode apoquentar o clube embora nem sempre isso aconteça". O P5 discorreu sobre as mais valias que possuem em termos da sua modalidade. Assim, destaque para a massa adepta (90% da população) que segue ou pelo menos se interessa pela modalidade, o número de transmissões televisivas de jogos ou outras actividades relacionadas com a modalidade e os meios de comunicação social existentes no nosso país. A organização indicou que "em Portugal vive-se uma situação muito particular uma vez que é o único país da Europa que tem 3 jornais desportivos diários que como é sabido dão bastante visibilidade à modalidade". No que concerne à sua organização, foi referido que esta detém "um potencial de 2 milhões de adeptos (entre sócios e simpatizantes) que se interessam pelo clube e uma liderança inquestionável na região norte do país". Por outro lado, a organização avaliou como grandes fraquezas para a modalidade, o facto desta possuir estruturas físicas muito débeis e de, em termos desportivos, a liga profissional não ter uma forte Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 145 competitividade dado ser polarizada, nas últimas décadas, em apenas três clubes. Outro aspecto e com associação directa aos restantes tem a ver com o fraco espectáculo desportivo proporcionado por todos os agentes envolvidos e que afasta ou poderá afastar cada vez mais pessoas para assistir a estes eventos. No que diz respeito à organização desportiva, foram referidos unicamente alguns problemas relacionados com as estruturas físicas ao nível do seu estádio. O P6 destaca como pontos fortes da modalidade, o facto de ser "um desporto sem agressividade, com um público de características diferentes das restantes modalidades, com o facto de ser jogada em instalações desportivas cobertas e num recinto que pode proporcionar muito mais imagens numa dinâmica onde a captação de imagem é repetida por um espaço mais pequeno (visibilidade maior do recinto e partes envolventes) e o facto da modalidade estar enquadrada como liga profissional". No que diz respeito à própria organização, esta "tem uma grande notoriedade quer em termos nacionais e internacionais, tem o estatuto de campeão tendo conquistado nos últimos anos títulos nacionais o que demonstra também o forte espírito competitivo". Por outro lado, a "polarização dos meios de comunicação por parte do futebol inviabiliza a propagação da imagem da modalidade o que acarreta ou pode acarretar grandes prejuízos a todos níveis". Em termos da organização, esta atentou como pontos fracos "a forma amadora com que a parte administrativa da organização opera e as instalações do clube" (de notar que o clube não tem um espaço próprio e utiliza instalações camarárias). O NP1 ressalta como pontos fortes da modalidade, "a televisão, os jornais e revistas na forma como a tentam divulgar e o facto do andebol ser a segunda maior modalidade em termos de praticantes". No aspecto particular da organização desportiva, esta realça como pontos fortes o "elevado leque de atletas de formação", a "própria organização" e a "massa adepta" que os acompanha. Por outro lado, embora também o assumam como ponto forte, a projecção dos media não é a melhor para a modalidade. A estrutura semi-profissional em que a modalidade se encontra também contribui para que esta organização considere estes aspectos como pontos de alguma debilidade que podem eventualmente contribuir para a dificuldade na angariação de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 146 patrocinadores. No seu caso particular, a organização possui ainda uma estrutura amadora e não é de facto um clube de topo apresentando desta forma uma fraqueza evidente. O NP2 mantém as considerações das organizações anteriores e revela que "a televisão e a imprensa desportiva" assumem-se como pontos fortes da modalidade contribuindo também "a sua larga cobertura geográfica". A sua organização encerra em si "um certo bairrismo" e um "grande fomento da modalidade no clube" como seus pontos fortes. As fraquezas manifestadas em relação à modalidade destacam-se "no seu carácter organizativo, na classe dirigente, no reduzido financiamento pelos organismos estatais, e no estatuto semi-profissional". No que diz respeito à organização desportiva, esta mencionou a "falta de apoio da direcção" uma vez que esta organização se assume como um departamento específico e autónomo em relação ao clube, "a falta de programas de patrocínio" e o "problema das instalações". O NP3 refere no que respeita aos pontos fortes da modalidade, o facto de ser a segunda modalidade do nosso país em praticantes, a larga profusão de transmissões televisivas e de, a nível competitivo, Portugal ter alcançado o 7º lugar no último Europeu. No que toca à organização desportiva foram considerados como pontos fortes, o "facto de se posicionar quase sempre nos primeiros lugares da classificação (crónicos campeões nos últimos dez anos)", a "presença anual nas competições Europeias", o facto do "clube possuir apenas uma única modalidade" e a "existência de um continuum ao nível da formação que permite melhores resultados desportivos". As maiores fraquezas percepcionadas quanto à modalidade surgem do "demasiado poder existente na federação" e as "fracas infra-estruturas existentes no nosso país para a prática da modalidade". No que toca à organização desportiva, esta destacou o facto "de ser um clube pequeno" e de "possuir deficiências ao nível das infra-estruturas". O NP4 cita, como grandes baluartes da modalidade, o facto de serem vencedores de competições europeias e mundiais, o facto de ser uma modalidade tradicional no nosso país, de ser a segunda modalidade desportiva em termos de audiências televisivas e ser também a segunda modalidade em termos de público. No que toca à organização Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 147 desportiva, esta auto-intitula-se como tendo uma "organização altamente profissional" e ter uma "grande massa adepta". As grandes fraquezas da modalidade surgem do facto de ser uma "modalidade não olímpica", as "cúpulas da modalidade serem amplamente amadoras" e o "facto da comunicação social não dar a cobertura desejada". A maior fraqueza apresentada no que respeita à própria organização desportiva prende-se com o facto "da freguesia em que o clube está inserido ter pouca indústria", tornando difícil a angariação de contractos de patrocínio. O NP5 ressaltou como pontos positivos da modalidade, a "extensa cobertura televisiva", a "tradição" e os "bons resultados da nossa selecção tanto a nível europeu como a nível mundial. No que concerne a organização desportiva, esta destacou "os êxitos nacionais e internacionais do clube" e a "grande percentagem de jogos que são televisionados". Quanto às fraquezas apresentadas, a organização mencionou apenas que a "modalidade tem uma estrutura complexa ao nível dos seus órgãos federativos". Apesar de várias vezes solicitado, a organização não conseguiu referir pontos negativos podendo-se atestar talvez da falta de reconhecimento importante acerca dos aspectos menos positivos da sua agremiação. Sumariando os pontos registados, as organizações desportivas profissionais indicaram como pontos fortes da modalidade em que estão inseridas, aspectos ligados com o volume de massa adepta que se interessa pela modalidade, o grande espaço de transmissões televisivas, a natureza do desporto espectáculo e o facto da modalidade ter uma liga profissional. No caso das organizações desportivas não profissionais, estas destacaram como pontos fortes da modalidade, os resultados desportivos a nível internacional, a extensa cobertura televisiva, o número de praticantes da modalidade e a tradição da modalidade no nosso país. Por outro lado, as organizações desportivas profissionais destacaram como pontos fracos das respectivas modalidades, a falta de solidez nas estruturas federativas, a debilidade das estruturas físicas associando-se a isto um fraco espetáculo desportivo, a Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 148 falta de competitividade das ligas profissionais e uma certa polarização dos media em termos desportivos. No que respeita às organizações desportivas não profissionais, estas revelaram em relação à sua modalidade, problemas ao nível federativo, o reduzido financiamento pelos organismos competentes, as fracas infra-estruturas existentes no país. No caso de uma das organizações, foi mencionado o facto de participarem numa modalidade não olímpica, e o facto de, em alguns casos, as organizações considerarem que a cobertura feita pelos órgãos de comunicação social não é mais desejada. As organizações desportivas profissionais postas perante uma auto-análise em relação aos pontos fortes que apresentavam para a obtenção de contratos de patrocínio referiram, por um lado, aspectos ligados à estrutura da organização (SAD's, estabilidade directiva, o historial, o não endividamento das organizações) como também factores competitivos importantes, a grande notoriedade nacional e internacional das organizações, uma certa primazia de posicionamento em termos regionais levando à exaltação de outros valores (bairrismo, mística), as novas estruturas físicas de algumas organizações e, por fim, referência para a aplicação de uma gestão de patrocínios por objectivos. As organizações desportivas não profissionais mencionaram os seus pontos fortes associados ao vasto leque de oferta em termos da formação dos atletas, a massa adepta que segue as organizações, os êxitos nacionais e internacionais que cultivam motivações várias (bairrismo) nos seus seguidores e o facto da organização assumir predominância numa única modalidade. Por outro lado, as organizações desportivas profissionais indicaram os seus pontos fracos relacionados com a estrutura orgânica em alguns casos ultrapassada e com muito trabalho benévolo associado, a existência de problemas de ordem financeira ou de passivos anteriores, a existência de instalações insuficientes, em alguns casos foi referida a fraca assistência aos jogos directamente aliado a falta de associativismo de algumas organizações. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 149 As organizações desportivas não profissionais revelaram os seus pontos fracos ao nível da sua estrutura amadora derivando em muitas situações na falta de apoio dos órgãos directivos (em caso de secções/departamentos), o problema das instalações (deficiências), a falta de parceiros económicos na região. Depois desta exposição sobre os pontos fortes e fracos da modalidade e da própria organização, realizamos idêntico processo tendo em conta a avaliação das suas ameaças e a detecção de oportunidades ambientais tanto no âmbito das organizações como em referência à modalidade. O P1 avaliou como uma grande ameaça para a modalidade, o facto de "se poder assistir a uma renovação e reforma de fundo nos órgãos que a dirigem. Por sua vez, e no que à organização desportiva diz respeito, a ameaça mais vinculada surge da "não capitalização da dinâmica imposta pelo clube" e "da dependência do clube por forças externas". Na detecção de oportunidades ambientais, a organização destacou "a realização no nosso país do EURO2004 - potenciando a visibilidade não só da modalidade como também do próprio clube" - e o "apoio mais forte na formação tanto ao nível da modalidade de uma maneira geral como a nível do clube de uma maneira específica". O P2 veiculou unicamente como ameaças mais preocupantes para o clube, os resultados desportivos que são ponto importante na construção da sua imagem", referindo apenas que "a modalidade pode enfrentar problemas advindos da falta de transparência em relação à sua situação financeira". A organização ressaltou oportunidades ambientais importantes na obtenção de contractos de patrocínio e que são resultantes de um "maior rigor sobre as contabilidades dos clubes", da "realização do EURO2004 em Portugal", "da maior espectacularidade da primeira Liga". A organização desportiva detectou como oportunidades advindas do seu próprio ambiente interior, "a nova imagem do clube", a passagem do clube a sociedade anónima desportiva" e "a construção do novo estádio para o EURO2004" - como factores que lhes parecem bastante importantes na realização de novos contratos de patrocínio. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 150 O P3 revelou a "falta de espectadores nos pavilhões", em termos da modalidade, e os "resultados desportivos" e "a cobertura televisiva", em termos da organização desportiva, como aspectos eventualmente ameaçadores na angariação de patrocinadores. As oportunidades ambientais que mereceram destaque vão para o "recente campeonato do mundo de basquetebol em Juniores que decorreu em Portugal" e pelo "facto do basquetebol ser de acordo com uma sondagem recente, a modalidade que tem a imagem mais positiva (79%) contra 71% do futebol". No que diz respeito à organização, destaque para a "boa selecção de plantel" e para "a construção de novas instalações desportivas já adjudicadas". O P4 mencionou que uma das grandes oportunidades ambientais relacionadas com a modalidade passa pela "profissionalização dos árbitros - constituindo um passo importante para o desenvolvimento do espectáculo desportivo". Ao nível da organização desportiva, esta assume como grandes oportunidades a "implementação de todo um conjunto de projectos futuros que em 5 a 6 anos farão com que a organização tenha instalações desportivas com condições competitivas para empreender novos desafios em diversas actividades desportivas", a "constituição da S.A.D." . Por outro lado, a modalidade "corre eventualmente alguma ameaça se não for regulamentado o excesso de publicidade e direitos de imagem". De outra forma, a maior ameaça percepcionada para a sua organização, tem a ver precisamente com os resultados desportivos. O P5 revelou que uma das grandes ameaças que a modalidade pode incorrer vai para o excesso de transmissões televisivas que, põe em causa a qualidade do próprio espectáculo desportivo, como também, satura o consumidor de informações ou acontecimentos relacionados com a modalidade. A nível da sua organização, um aspecto domina as suas preocupações - o resultado desportivo. A organização tem uma perspectiva ganhadora, podendo assegurar através do bom desempenho desportivo mais valias importantes em termos de sponsorização que, doutro modo, poderá pôr em causa. Por conseguinte, a organização percepcionou algumas oportunidades que se advinham não só para a modalidade, como também, para a própria organização. Assim, a Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 151 "construção de novas infra-estruturas por todo o país (EURO2004) como também no próprio clube irão certamente ser a tão esperada alavanca do desenvolvimento da modalidade no nosso país". O P6 salientou o aumento da competitividade e o investimento equilibrado entre clubes como uma oportunidade necessária e até decisiva para o sucesso da modalidade. No caso concreto da organização, realce para a construção de novas instalações desportivas que, em muito poderiam contribuir para aumentar a sua visibilidade e melhorar as suas condições de trabalho. Por outro lado, a organização frisou que, a não potencialização da formação, a forte competição entre mercados concorrenciais (outras modalidades desportivas) e as áreas geográficas com forte investimento ao nível desportivo (que podem acentuar um desnívelamento competitivo exagerado), aparecem como grandes ameaças ao desenvolvimento da modalidade. Em relação à organização, destaque para a importância dos resultados desportivos. O NP1 destacou o "aparecimento da liga profissional, apostando numa maior projecção da modalidade como oportunidade mais importante numa situação a médio longo prazo". A melhoria dos resultados desportivos aparece também mencionada como potencial oportunidade, aumentando a probabilidade de novos patrocinadores. A organização não destacou qualquer ameaça, quer na perspectiva da modalidade, nem da sua própria organização. O NP2 começou por referir que, "nesta relação de ameaças/oportunidades o clube adquire mais proveito do que prejuízo" embora apenas tenha indicado que, quanto às ameaças da sua organização, realce para "a inoperância de qualquer orientação estratégica no que respeita à política de patrocínios". No que respeita às oportunidades da modalidade, destaque para "o previsível aparecimento da liga profissional" e "o aparecimento das sociedades anónimas desportivas nos clubes de andebol". No que toca à organização, foram salientadas oportunidades que tinham a ver com a "maior publicidade ou projecção da organização" e "um maior tempo de exposição na televisão". Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 152 O NP3 analisou que as maiores ameaças da modalidade podem surgir da deficiente formação dos jovens, prejudicando a imagem do andebol e, consequentemente, os seus resultados desportivos, as limitações regulamentares ao nível dos estrangeiros, impedindo a participação de mais valias importantes no campeonato e o facto de se continuar no impasse da profissionalização da modalidade. No que toca à organização desportiva, destaque para as condições em alguns casos deficitárias que o clube apresenta e pode continuar a apresentar no futuro. As oportunidades ambientais percepcionadas pela organização advogam para a "profissionalização da modalidade e para a criação de um novo espaço para a prática da modalidade, recebendo mais condignamente tanto clubes desportivos como espectadores". O NP4 mencionou algumas preocupações que, são também ameaças que a modalidade incorre, como seja "o facto da sua extinção dos quadros competitivos (aspecto este pouco previsível no entanto nunca se sabe...)" e a "manutenção da modalidade em moldes puramente amadores". No que toca a ameaças advindas da organização, esta revelou "sem qualquer chauvinismo que a possível demissão ou destituição do presidente pode ser encarado como um factor ameaçador para a política de patrocínios e não só...". As oportunidades ambientais percepcionadas pela organização surgem "da crescente procura da modalidade e da própria organização pela vertente da profissionalização". O NP5 não conseguiu discorrer qualquer ponto acerca das ameaças que podiam envolver tanto a modalidade, como a sua organização. Já no respeitante às oportunidades, fez apenas referência "à inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos como um possível agente impulsionador". Sumariando os pontos indicados, as organizações desportivas profissionais avaliaram como possíveis ameaças à modalidade em que estão inseridas, problemas relacionados com a falta de transparência para situações de ordem financeira; reformas de fundo de órgãos directivos; imposições regulamentares derivadas pelo excesso de publicidade e em relação ao direitos de imagem; a forte competição entre mercados concorrenciais; o excesso de transmissões televisivas que possam afectar a qualidade Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 153 do espectáculo (organizações desportivas relacionadas com o futebol); a falta de espectadores; o desnivelamento de investimentos ao nível desportivo pelas diferentes áreas geográficas. Em relação às organizações desportivas não profissionais, estas avaliaram como possíveis ameaças da modalidade aspectos relacionados com a deficiente formação dos jovens; as limitações regulamentares ao nível dos estrangeiros; o impasse da modalidade para a profissionalização; a possível extinção da modalidade dos quadros competitivos (no caso de uma organização desportiva); a manutenção da modalidade em moldes amadores. De destacar, que duas organizações não profissionais, não mencionaram qualquer ameaça à sua modalidade aparentando demonstrar falta de sentido crítico face à relação entre obtenção de contratos de patrocínios / possíveis limitações da modalidade. As organizações desportivas profissionais avaliaram como potenciais oportunidades ambientais da sua modalidade para a melhoria na obtenção de contractos de patrocínio, a realização em Portugal do campeonato Europeu de futebol em 2004 (organizações desportivas relacionadas com o futebol) e a realização de anteriores campeonato mundiais no nosso país (caso do Basquetebol), o consequente apetrechamento de novas instalações desportivas por todo o país, uma maior espectacularidade da liga profissional fruto também de um aumento da competitividade entre clubes, a profissionalização dos árbitros, um rigor redobrado sobre a contabilidade das organizações, um investimento mais equilibrado entre organizações e uma melhoria da imagem da modalidade junto da opinião pública. As organizações desportivas não profissionais avaliaram como potenciais oportunidades ambientais da sua modalidade, a criação (previsível) de uma liga profissional, o aparecimento das sociedades anónimas desportivas em clubes (caso concreto do andebol), a crescente procura e interesse pela modalidade e finalmente a sua inclusão nos Jogos Olímpicos (no caso do hóquei em patins). Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 154 As organizações desportivas profissionais avaliaram as suas potenciais ameaças à obtenção de contratos de patrocínio, indo ao encontro da não capitalização da dinâmica imposta pela organização, da dependência das organizações por forças externas, do decréscimo da cobertura televisiva e principalmente os resultados desportivos, aspecto este mencionado por quase todos inquiridos. As organizações desportivas não profissionais avaliaram as suas ameaças em relação à total inoperância de orientações estratégicas no que respeita à política de patrocínios, a destituição dos órgãos directivos da organização, às condições deficitárias (em alguns casos) e aos resultados desportivos. Duas das organizações não percepcionaram qualquer ameaça. As organizações desportivas profissionais avaliaram as suas potenciais oportunidades ambientais através de um apoio mais forte na formação, a imagem renovada da organização, a passagem do clube para sociedade anónima desportiva, novas infra-estruturas e uma melhor selecção dos jogadores que constituem a equipa. As organizações desportivas não profissionais avaliaram as suas potenciais oportunidades ambientais através da melhoria e/ou manutenção dos resultados desportivos, uma maior publicidade ou projecção da organização, um maior tempo de exposição nos meios de comunicação social, novos espaços para a prática da modalidade e uma maior vertente profissional da organização. 1.3 Estratégia. Tentando definir a estratégia seguida pelas organizações desportivas, estas devem ter a capacidade de gerar informação através de aspectos tangíveis e intangíveis. Assim, devemos tentar compreender qual a imagem que passa para a opinião pública e qual o tamanho do seu mercado de participantes, ou seja, as pessoas que assistem aos seus espectáculos desportivos. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 155 1.3.1 A imagem da organização desportiva na opinião pública. Foi solicitado às organizações desportivas que mencionassem três tópicos sobre a imagem com que a opinião pública os reconhece. Estes aspectos intangíveis parecemnos importantes não só para um posicionamento da organização face à realidade, tornando-a ou não num agente diferenciador, podendo também servir-se destas mais valias qualitativas aquando da negociação com novos parceiros económicos. O P1 aludiu que, o clube tem uma imagem face à opinião pública de uma "transparência credibilizadora", possuindo do "clube uma ideia positiva" e a "imagem de um clube simpático". O P2 citou que "o clube tem uma imagem de um certo bairrismo", a sua equipa tem uma atitude guerreira talvez em paralelo com a história da cidade". O P3 referiu que "a imagem que passa é a da Gaia como equipa em alta competição", são considerados como portadores de um certo bairrismo (não só mas talvez derivado ao facto de estarem incluídos numa zona habitacional) e "a própria associação do nome do emblema à cidade, passando a imagem do clube que representa a cidade". O P4 destacou a "alma, o arreganho e o espírito guerreiro do clube" como prenúncio da imagem da sua organização desportiva. O P5 salientou como grandes epítetos à imagem da sua organização, por parte da opinião pública, o facto do clube ser portador de uma voz única, ou seja, com uma grande coerência de discurso por parte de todos os elementos da organização, ser considerado um clube regional, um clube muito narcisista e com uma imagem de forte liderança em termos desportivos e não só. O P6 fez menção para "a seriedade, o rigor e a ambição comedida" como grandes símbolos percepcionados pela opinião pública. O NP1 revelou que a imagem que passa é "a de uma organização credível" e com um "forte investimento na formação desportiva". O NP2 indicou que a imagem que passa "é a de um clube com tradição" e que se "apresenta aos jogos com humildade". O NP3 fez referência para o "facto de serem considerados como um clube simpático (derivado o facto de não pertencer aos chamados três grandes FCPorto, SLBenfica, SportingCP)", e de ser compreendido como um grupo coeso, seguro e com objectivos e Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 156 ideias bem definidas e delineadas". O NP4 fez referência ao "facto de ser considerada a segunda maior força regional em termos de hóquei em patins", ser "um clube com qualidade em termos dos escalões de formação" e uma "equipa respeitada em termos competitivos". O NP5 destacou que a organização tem uma "imagem de entidade com muita credibilidade", "com larga tradição" e "associada ao êxito desportivo." De uma maneira geral, as organizações desportivas profissionais discorreram sobre a imagem que o clube tinha na opinião pública. Assim, foram destacados aspectos relacionados com a organização em si, como portadoras de uma transparência credibilizadora, com uma grande coerência de discurso entre todos os elementos da organização, a seriedade, o rigor e a ambição comedida, uma imagem de liderança em termos desportivos e a imagem de uma organização regional. Por outro lado, foram realçados aspectos que são fruto de sensações transmitidas pelos jogadores ou pela forma de actuar dos clubes apenas em termos desportivos (alma, espírito guerreiro, arreganho, humildade, simpatia, bairrismo). No que respeita às organizações desportivas não profissiona is, estas também apresentaram duas linhas distintas ao nível da imagem de veiculam. Assim, por um lado foi focado em menor preponderância o aspecto da sua própria orgânica (apenas uma organização inquirida) em relação à sua credibilidade enquanto organização e ao forte investimento em termos de formação dos atletas. No que toca à vertente desportiva, as organizações mencionaram aspectos como o respeito em termos competitivos, os êxitos desportivos, a coesão e segurança do grupo, a forte tradição do clube na modalidade e a simpatia e humildade das organizações. 1.3.2 Dimensão dos espectadores, jogos televisionados. A referência a estes aspectos tangíveis mereceu-nos algum interesse uma vez que são normalmente requisitos imprescindíveis na elaboração de propostas de patrocínio. Tabela 26. Número de espectadores e número de jogos televisionados. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 157 ID Nº de Nº de jogos televisionados espectadores P1 4.000/5.000 3 a 4 jogos canal aberto; 5 a 6 jogos em canal codificado P2 10.000 28 jogos repartidos pela RTP1 e SportTV 700.000 a 1.000.000 de telespectadores P3 250 a 300 6 jogos (1 - RTP2; 5- SportTV). P4 4.000 a 4.500 6 jogos (5- RTP1; 1- SportTV). P5 30.000 48 a 50 jogos repartidos pela RTP1 e SportTV 1.200.000 de telespectadores P6 500 75% dos jogos são televisionados RTP2 e Sportv NP1 400 a 500 2 jogos na RTP2 NP2 200 3 jogos na RTP2 NP3 1.000 60% a 70% dos jogos são televisionados SportTV (um dos patrocinadores do clube) ou RTP2 NP4 1500 2 jogos na RTP2 NP5 1000 60% a 70% dos jogos são televisionados na RTP2 ou na SportTV. Das organizações acima referidas, há a destacar alguns aspectos. Primeiro, realce para a diferença avassaladora do futebol em relação às outras modalidades, no número de espectadores e no número de jogos televisionados. Duas das organizações profissionais, especificamente da modalidade do futebol, fizeram inclusivamente menção ao número de telespectadores que presenciam os seus jogos pela televisão através da análise aos "shares" de audiência. Uma das organizações desportivas profissionais da modalidade do futebol, afirmou por outro lado que "o número de espectadadores não é o seu mercado preferencial, preferindo apenas a grande Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 158 visibilidade organizações proporcionada de outras pelos meios de comunicação social". Segundo, as modalidades desportivas apenas vêm os seus jogos televisionados em canais com menos audiência embora NP5 tenha referido que, "a audiência aos jogos de hóquei em patins já ultrapassou muitas vezes algumas modalidades profissionais". 1.3.3 Lei do Mecenato. Solicitamos ainda às organizações que indicassem quais pareciam ter sido os benefícios que a nova lei de Mecenato (Dec.-Lei 73/99, 16 de Março) trouxe não só a alguns dos parceiros económicos como também à própria organização. O P1 referiu que, "pelo menos até á presente data não foi encontrado nenhum benefício. As empresas parecem ainda não saber os reais benefícios desta ferramenta embora haja depois algumas limitações para o exercício desta lei". A organização "questionou também o problema da regulação e fiscalização deste instrumento como aspectos que dificultam o exercício da lei". O P2 referiu não conhecer bem as regalias que esta lei promove. O P3 referiu desconhecer os seus benefícios "embora a Fundação da CM Gaia tenha presente que esta lei pode vir a aumentar o número de patrocinadores. Para já, e dada a situação peculiar desta Fundação, não se sabe ao certo da efectividade deste instrumento". O P4 mencionou que alguns dos patrocinadores com menor visibilidade foram informados pelo clube sobre a nova lei do mecenato e as contrapartidas que deste decreto podiam advir. Desta forma, alguns destes patrocinadores foram abrangidos por este diploma. O P5 frisou que a lei de mecenato não tem aplicação na sua organização uma vez que é estabelecida uma relação "business-to-business" com os seus patrocinadores, não tendo esta qualquer associação com exercícios de natureza filantrópica ou com a ausência de qualquer visibilidade preoconizada neste acordo de patrocínio. O P6 referiu que nenhum dos acordos estabelecidos se encontra abrangido por esta lei nem tão pouco foi soliticado pelos patrocinadores ("não foi absorvido por estas entidades"). O NP1 refere que quanto a esta nova lei, "já foram solicitados por parte de algumas empresas patrocinadoras para analisar quais os mecanismos para accionar esta Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 159 ferramenta mas para já não conhecem benefícios evidentes". O NP2 referiu não estar dentro do enquadramento jurídico desta lei, desconhecendo as regalias que esta promove. O NP3 referiu que fazem a apresentação deste normativo aos eventuais patrocinadores e, em alguns casos, (parceiros com menor visibilidade) apontam os diferentes passos a tomar. No entender desta organização, existem claramente novos benefícios mas que ainda não foram totalmente percebidos pelas entidades patrocinadoras. O NP4 bem como NP5 indicaram não terem havido grandes benefícios com o aparecimento desta lei. De uma maneira genérica, das organizações desportivas profissionais inquiridas, apenas uma (1) revelou utilizar este normativo para o caso dos patrocinadores com menor visibilidade. As restantes organizações destacaram a falta de clarividência nos benefícios que pode trazer e outras demonstraram inclusivamente desconhecer o normativo. Uma outra organização referiu que esta lei não se aplica no seu caso concreto uma vez que é estabelecida uma relação pressupondo sempre uma certa visibilidade por parte da entidade patrocinadora. No caso das organizações desportivas não profissionais, uma apresenta o normativo nas suas propostas de patrocínio e uma outra organização foi solicitada pelos parceiros económicos. As restantes organizações afirmaram não estar dentro do enquadramento jurídico desta lei, desconhecendo as suas regalias ou benefícios. 1.4 Compreensão do patrocínio desportivo como uma ferramenta de marketing estratégica do potencial patrocinador. Primeiro de tudo, tentamos fazer uma pequena caracterização dos patrocinadores das organizações desportivas. Tabela 27. Número de patrocinadores envolvidos com as organizações desportivas. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 160 ID Nº de patrocinadores P1 4 P2 10 P3 4 P4 6 + 11 P5 4 + 13 + 30 + 46 P6 1+10 NP1 3 NP2 2 NP3 4+20 NP4 3 NP5 10 Da tabela - atrás referida - devemos considerar a possível categorização de patrocínios ou não que as organizações desportivas contemplaram para a sua época desportiva. Assim, o P1 sistematiza uma categorização em dois níveis: patrocinadores oficiais e fornecedor oficial. O P2 divide em patrocinadores oficiais (neste caso, dois) e sponsors que podem ser entre 4 a 8 que normalmente prestam os seus serviços em cachet, neste caso 3 mil contos - patrocínio primário. Existem também os patrocinadores que fazem prestação de serviços como são o caso das áreas da limpeza, águas, tintas e jardins, flores e plantas, assumindo exclusividade nas suas áreas de intervenção - patrocinadores subsidiários. O P3 tem apenas duas categorias diferentes: a de fornecedor oficial e a de patrocinador primário, ou seja, o facto do patrocínio estar repartido por três empresas. O P4 tem uma categorização em três níveis: a de patrocinador primário (neste caso são dois), a de fornecedor oficial e os patrocínios subsidiários que assumem alguns das prestações de serviços ou fornecimento de produtos. Esta distinção surge das diferentes exigências financeiras acordadas. O P5 tem uma categorização diferente dos restantes alicerçada em três categorias: os "official sponsors" (4), os "official partners" (13), os "official suppliers" (21). Para lá desta Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 161 categorização prevêm também outros grupos denominados de "season companies" (46) e "business companies" (PME's). O P6 possui duas categorias: a de patrocinador exclusivo que, assume também uma associação à denominação da organização "abbinamento" - e os patrocinadores subsidiários que, detêm o exclusivo do seu sector de actividade através essencialmente da prestação de serviços. O NP1 referiu em relação à categorização de patrocínios alguns reparos. Primeiro, indicou que possuem três tipos de figuras: os patrocinadores, os anunciantes e os mecenas. No caso que aqui se retracta esta organização possui dois tipos de patrocinadores: o fornecedor oficial e o patrocínio primário (neste caso dois). O NP2 possui apenas um patrocinador exclusivo. O NP3 possui duas categorias: a de um patrocinador primário que, assume uma associação à denominação da organização "abbinamento" - e mais dois patrocinadores primários (embora nestes dois casos apenas haja a diferência de não integrarem o nome do clube), os patrocinadores subsidiários, cerca de vinte, que detêm o exclusivo do seu sector de actividade através essencialmente da prestação de serviços e o fornecedor oficial do equipamento técnico. O NP4, na entrevista, apenas referiu que só concebem a categoria de fornecedor oficial, não contemplando mais nenhuma categoria de patrocínio. O NP5 apresenta três categorias distintas: o patrocínio primário (definido pelo maior montante financeiro e que lhe advém posteriormente mais regalias), o fornecedor oficial e o patrocínio subsidiário. Constata-se de facto que existem já algumas preocupações em categorizar os patrocínios, permitindo com esta acção diferenciar os diversos tipos de patrocinadores sendo posteriormente mais acessível conferir contrapartidas e regalias para estes parceiros. As organizações desportivas profissionais demonstram de facto um maior cuidado. Gostavamos de mencionar que, apenas uma das organizações profissionais apresentou a categorização do patrocínio a priori fazendo-a constar inclusivamente em vários documentos da sua organização (programa de jogos, placards e no meios de transporte da equipa profissional). Em relação às restantes, a maioria assume não o patrocínio exclusivo (que foi verificado apenas numa organização) mas consagra o patrocínio primário, dividindo-o por vários patrocinadores (em alguns casos assumindo Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 162 parte integrante na designação da organização). Três das organizações inquiridas manifestaram a existência de patrocinadores subsidiários perfeitamente reconhecidas como tal. O caso das organizações desportivas não profissionais, embora com uma categorização definida, não vincaram grandes comentários sobre as vantagens desta sectorização nem tão pouco quadros de contrapartidas para estas mesmas divisões. Destaques especiais para uma organização que, apenas mencionou um patrocinador exclusivo e um fornecedor exclusivo, outra que fez referência para três categorias claramente diferentes: patrocinadores primários (sendo um destes parte integrante da designação da organização), fornecedor oficial e patrocinadores subsidários que detêm o exclusivo nas mais diversas áreas tanto ao nível de serviços como produtos. Nas outras organizações não profissionais, esta divisão foi feita a posteriori, em função do grau de preponderância que os patrocinadores tinham com a organização. No que diz respeito aos sectores económicos a que pertencem os patrocinadores, estes são muito variados. Todas as organizações desportivas, à excepção de NP5, possuem um fornecedor oficial de equipamentos desportivos, daí o facto de este ser um dos principais sectores económicos apresentados. Tabela 28. Sectores económicos dos patrocinadores envolvidos com as organizações desportivas. ID Sectores económicos dos patrocinadores P1 Distribuição; Material Desportivo; Mobiliário; Construção Civil P2 Ind. Farmacêutica; Mat. desportivo P3 Camarário; Mat. Desportivo P4 Têxtil; Construção Civil. P5 Mat. Desportivo; Banca, Telecomunicações; agências de viagens, sector imobiliário, construção civil, seguros, informática, automóvel, cerâmica, têxtil * Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 163 P6 Banca, automóvel, seguros, agências de viagens, equipamentos desportivos, gráficas. NP1 Construção Civil; Obras públicas; Mat. Desportivo. NP2 Construção Civil. NP3 Bancário; Mat. Desportivo; Telecomunicações NP4 Gráfica; Mat. Desportivo NP5 Médica; Oculista; Mat. Desportivo; Alimentação; Lojas comerciais * Dada a grande quantidade de patrocinadores que a organização desportiva apresenta, decidimos apenas apresentar os sectores económicos dos patrocinadores envolvidos como "official sponsors" e "official partners". 1.4.1 Objectivos dos patrocinadores percepcionados pelas organizações. Este tópico pretendia compreender quais as percepções das organizações quanto ao tipo de objectivos que os patrocinadores perseguiam em acções de patrocínio. Baseados em Irwin & Asimakopoulus (1994), foram apresentados 12 objectivos divididos em duas perspectivas diferentes mas de certa forma relacionadas entre si: os objectivos da empresa e os objectivos relacionados com o produto ou marca. Assim, solicitou-se que fizessem referência aos três objectivos mais relevantes. O P1 salientou os objectivos por patrocinador uma vez que "cada um tenta atingir objectivos distintos em relação aos outros". Assim, o "seu patrocinador A teve como objectivos, o aumento da notoriedade geral da empresa e o desenvolvimento da imagem da empresa a nível regional. O patrocinador B, fornecedor oficial, assumiu como objectivo a criação de uma cota de penetração no mercado. Os restantes dois Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 164 patrocinadores tentaram atingir, essencialmente, objectivos de aumento de notoriedade e desenvolvimento da imagem da empresa". O P2 indicou que, quanto aos seus patrocinadores, estes perseguem objectivos de desenvolvimento da imagem da empresa a nível regional, o envolvimento com a comunidade e a identificação ou construção da imagem junto da população-alvo. Num dos casos concretos, o patrocinador perspectivou o acordo de patrocínio para assegurar a credibilidade da marca. O P3 generalizou as assunções quanto aos objectivos dos patrocinadores referindo que estes têm perspectivas em relação ao desenvolvimento da imagem da empresa, de um certo envolvimento com a comunidade e um aumento da notoriedade geral da empresa. O P4 aludiu objectivos como o desenvolvimento da imagem da empresa local e regional, à construção de relações empresariais e um aumento da notoriedade geral da empresa e o aumento de vendas. Quanto ao aumento das vendas, a organização referiu que o departamento de marketing e publicidade preocupa-se com estes índices junto das empresas. Estas já referiram que, após a implementação do programa de patrocínio com a organização desportiva, verificou-se um crescimento embora esta quantificação não tenha sido divulgada pelos patrocinadores. O P5 referiu objectivos como o aumento da notoriedade geral das empresas envolvidas, o desenvolvimento da imagem das empresas a nível nacional, o envolvimento com a comunidade, a construção de relações empresariais e ainda a possibilidade de realizarem publicidade e a potenciação da comunicação institucional das empresas. O P6 fez menção a objectivos ligados com o aumento da notoriedade geral da empresa, o desenvolvimento da imagem das empresas a nível local e até nacional, a construção de relações empresariais, o aumento da notoriedade junto dos públicos-alvo, a identificação ou construção da imagem dentro da população alvo. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 165 O NP1 indicou que os seus patrocinadores têm intuitos de desenvolvimento da imagem da empresa localmente e fazem-no também para obter algum envolvimento com a comunidade. O NP2 referiu que o acordo de patrocínio foi firmado com objectivos políticos, só depois tendo em atenção objectivos do desenvolvimento da imagem da empresa e a construção de relações empresariais e de boa vontade. O NP3 fez menção que, os objectivos das empresas para esta associação, estão ligados com o aumento da notoriedade geral da empresa, o desenvolvimento da imagem das empresas a nível local e regional, o envolvimento com a comunidade, a construção de relações empresariais, o aumento da notoriedade dos seus produtos junto dos públicos-alvo, a identificação ou construção da imagem da empresa dentro da população alvo. O NP4 fez referência, num primeiro plano, que o grande motivo dos seus patrocinadores tem a ver com o envolvimento na comunidade. Depois, em segundo plano, aparecem aspectos ligados com o aumento da notoriedade junto dos públicos alvo e a identificação / construção da imagem dentro da população alvo (posicionamento). O NP5 mencionou que, de uma maneira geral, os seus patrocinadores procuram o aumento da notoriedade geral da empresa, o envolvimento com a comunidade, o aumento da notoriedade junto dos públicos alvo e a identificação / construção da imagem dentro da população alvo (posicionamento). No caso específico de um dos patrocinadores, o seu objectivo tinha relação com a alteração da percepção pública da empresa na região. De uma maneira geral, as organizações desportivas profissionais destacam como objectivos mais citados, aspectos principalmente relacionados com a comunicação. Aqui concorrem aspectos como o aumento da notoriedade da empresa/marca/produto e Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 166 a desenvolvimento / melhoria da imagem (cinco das organizações), procurando dar-se a conhecer aos públicos de nível regional e também nacional (duas das organizações) e passar uma imagem de prestígio para os consumidores em geral. Uma segunda gama de objectivos, ligados com o envolvimento da empresa na comunidade (três das organizações). Um terceiro e último grupo de vários objectivos, orientados numa perspectiva de comunicação e numa linha de benefícios para a própria empresa, enquanto organização. São disso exemplo o aumento das vendas/negócio e a construção de relações empresariais da empresa. No que toca às as organizações desportivas não profissionais, estas destacam como objectivos mais citados uma gama de objectivos ligados com o envolvimento da empresa na comunidade da empresa (cinco das organizações). Numa segunda linha de objectivos, prendem-se aspectos relacionados com a comunicação como o aumento da notoriedade da empresa/marca/produto e a desenvolvimento / melhoria da imagem (quatro das organizações), procurarando dar-se a conhecer aos públicos de nível regional. Um terceiro grupo de objectivos, orientados numa perspectiva de comunicação e numa linha de benefícios para a própria empresa como, por exemplo, o aumento das vendas/negócio e a construção de relações empresariais da empresa. 1.4.2 Avaliação da efectividade do patrocínio. A avaliação da efectividade do patrocínio tem sido envolvida de muita controvérsia devido às dificuldades que rodeiam a avaliação deste fenómeno isolado do resto das ferramentas do "mix" de comunicações. Foi solicitado às organizações entrevistadas que referissem se fazem alguma tentativa para colaborar nesta avaliação. O P1, antevendo "a necessidade de renovar contratos", realiza uma espécie de "clipping" onde envia a todos os seus patrocinadores um "portfolio" com diferentes documentos, atestando da visibilidade do seu patrocínio. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 167 O P2 afirmou que não colaboram com os patrocinadores na avaliação do patrocínio embora tenha feito referência que, quando "uma das empresas passou a patrocinar o clube as vendas do seu produto aumentaram cerca de 110%". O P3 referiu que pelo menos no documento que fazem chegar aos patrocinadores, anexam um conjunto de recortes de jornais para atestar a projecção do clube nos media desportivos. O P4 referiu que colaboram numa aproximação aos patrocinadores na avaliação do patrocínio embora esta colaboração seja feita através de uma apreciação pessoal sem qualquer envio de documentação a não ser os boletins semanais que são entregues nos jogos (estes incluem toda a publicidade dos patrocinadores). Ao patrocinador principal é fornecida uma documentação de apoio, nomeadamente, ao nível de recortes de jornais e revistas e alguns excertos de jogos televisionados. O P5 referiu que a todos os patrocinadores é fornecido um "clipping" periódico com toda a visibilidade nos meios de comunicação social ou noutros documentos passíveis de transmitir esta mesma visibilidade. A organização indicou que quanto a este processo de colaboração na avaliação de retorno do patrocínio, irá a partir do próximo ano desportivo contratar os serviços de uma empresa para realizar a quantificação dessa mesma efectividade de uma forma mais rigorosa. O P6 afirmou que, pese embora não tenham colaborado com os patrocinadores na avaliação deste retorno, já foi feito pela organização um estudo através da comparação entre a publicidade tradicional - anúncios - e a publicidade estática ou de outro género feita durante os jogos televisionados. Apesar da aparência pouco profissional do estudo, este serviu para avaliar de forma qualitativa a taxa de efectividade do patrocínio e tentar demonstrar às empresas a validade deste instrumento de comunicação. No entanto, e como já foi referido, a organização não envia qualquer dossier aos seus patrocinadores acerca da visiblidade do seu patrocínio. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 168 O NP1 afirmou que colaboram em parte com os patrocinadores na avaliação do patrocínio embora esta colaboração seja unicamente feita através do envio de documentação de apoio, nomeadamente, recortes de jornais e revistas. O NP3 referiu que tentam colaborar na avaliação do retorno do patrocínio através de um documento que fazem chegar aos patrocinadores, anexando um conjunto de informação que permita depois atestar a projecção do clube, da sua aliança ou até da própria nos órgãos de comunicação social. O NP2, NP4 e NP5 afirmaram que não colaboram com os patrocinadores na avaliação do patrocínio. De uma forma geral, 5 das 6 organizações desportivas profissionais colaboram na avaliação da efectividade do patrocínio. Das organizações que afirmaram colaborar nesta avaliação, umas fazem-no de forma muito pouco formal apenas com uma apreciação pessoal, mas as restantes indicaram o envio de um"clipping" periódico com toda a visibilidade dos seus patrocinadores nos meios de comunicação social ou noutros documentos passíveis de transmitir esta mesma visibilidade. Três das cinco organizações desportivas não profissionais não colaboram na avaliação da efectividade do patrocínio. Das restantes organizações, uma faz apenas o envio de documentação de apoio, enquanto outra organização envia um conjunto de informação que permita depois atestar a projecção do clube, da aliança clubepatrocinador. 1.4.3 Factores críticos de sucesso. Na negociação de programas de patrocínio existem determinados factores que são decisivos para a sua concretização. Assim, pedimos às organizações desportivas que mencionassem quais foram os seus três factores críticos de sucesso mais importantes no estabelecimento dos contratos de patrocínio. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 169 O P1 indicou que os factores críticos de sucesso com os patrocinadores "surgem da vantagem recíproca", "da facilidade na passagem da marca" e "da afectividade emocional à região". O P2 indicou que os factores críticos de sucesso passam por "serem um clube de referência", pelo tipo "de contrapartidas oferecidas pelo clube"; e pelo "relacionamento entre ambas as partes". Foi repisada a grande importância que este último factor possui uma vez que, a título de exemplo, "um dos patrocínios desta época desportiva irá ser terminado dada a ausência de qualquer tipo de relacionamento". O P3, antes de mais, fez referência que "o fruto desta política de patrocínio vem muitas das vezes por parte da Fundação (organismo camarário que preconiza uma boa parte dos patrocínios do clube)" embora lhes pareça que os factores primordiais vão para "a tentativa de ir ao encontro das necessidades da empresa" e "para o relacionamento entre ambas as partes". O P4 indiciou o factor da amizade, e o facto de terem "ido mais além da exposição normal, com outras formas de publicitar a empresa criando uma motivação para o patrocinador". O P5 indicou claramente que os grandes factores de sucesso surgem da "forte liderança do presidente do clube, da sua estrutura altamente organizada, do profissionalismo, da imagem de marca do clube e o conceito de uma "brand" internacional de prestígio". O P6 afirmou que os pontos críticos de sucesso na sua ligação aos patrocinadores prendiam-se com "a amizade entre as partes, o nome da organização que já por si tem uma imagem forte e saliente no panorama desportivo português levando em muitos dos casos os patrocinadores a ganharem bastante só pela associação a esta organização e a forte divulgação da organização essencialmente pelos meios de comunicação". Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 170 O NP1 citou que o aspecto fulcral de sucesso vem da partilha do meio envolvente dos patrocinadores e da amizade que existe entre organização desportiva e patrocinadores. O NP2 disse que as motivações políticas estiveram na base deste acordo com o patrocinador, tendo o elemento crítico de sucesso sido o factor de oportunidade da organização desportiva e o pretenso interesse deste agente patrocinador. O NP3 destacou "que, para lá do factor amizade que existe entre o clube e alguns patrocinadores, a forte visibilidade do clube nos media e a manutenção de excelentes resultados desportivos (nacional e internacional) contribuíram como factores críticos de sucesso nesta ligação do clube com as entidades patrocinadoras". O NP4 fez menção "à amizade com o patrocinador, ao tratamento personalizado e a boa comunicação entre ambos". O NP5 fez referência que, "um dos factores cruciais, tem a ver com o êxito desportivo da equipa", "o tratamento personalizado dado a cada um dos patrocinadores", e "a boa comunicação estabelecida entre ambas as partes". De uma maneira geral, as organizações desportivas profissionais mencionaram, por um lado, factores críticos de sucesso relacionados com a estrutura altamente organizada, o profissionalismo demonstrado, a imagem de marca do clube e a facilidade de propagação da marca/produto/serviço, as contrapartidas oferecidas pela organização, as vantagens recíprocas indo muitas vezes ao encontro das necessidades dos patrocinadores, o relacionamento entre ambas as parte no decurso do poder negocial, a afectividade emocional à região e por último e, em nosso entender o mais desprezível, o factor da amizade entre ambas as partes. Já no que respeita às organizações desportivas não profissionais, um dos principais factores de sucesso está relacionado com a amizade entre ambas as partes o que, como fizemos referência anteriormente, pode eventualmente descredibilizar todo o processo Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 171 de patrocínio. Outros factores prendem-se com os êxitos desportivos, a partilha do meio envolvente dos patrocinadores, a forte visibilidade da organização nos media, o tratamento personalizado e a boa comunicação entre ambas as partes. 1.5 Clausulas contratuais. 1.5.1 Contrapartidas "oferecidas" aos patrocinadores. As organizações desportivas foram questionadas para referir que contrapartidas "ofereciam" aos seus patrocinadores. O P1 "oferece" exclusividade total ao patrocinador no seu sector económico, a disponibilização de camarotes, e o cumprimento de um regulamento interno com alguns direitos sobre a imagem dos atletas, conferindo uma possível utilização para eventos do patrocinador. O P2 disponibiliza aos seus patrocinadores várias contrapartidas, entre outras, podem-se contar os convites por jogo – 200 aos patrocinadores principais, a publicidade na camisola – ao patrocinador principal e ao fornecedor oficial, camarotes ao patrocinador principal e ao fornecedor oficial, a possibilidade de estarem presentes nas deslocações do clube, a utilização da imagem deles em associação a imagem do clube. O patrocinador principal pretende que um determinado nome seja utilizado no campeonato nacional e outra denominação mais internacional seja usada quando o clube participa nas competições europeias (publicidade da camisola). O P3 prevê a utilização dos equipamentos devidamente publicitados (fato de treino, camisola de aquecimento, calções e camisola de jogo). Os jogadores como agentes de promoção dos produtos dos patrocinadores. As “cheer leaders” utilizam equipamentos com publicidade. A realização de concursos patrocinados: 3 pontos – lances livres – 3x3. Terem uma área reservada aos seus convidados VIP. A possibilidade de emitirem convites patrocinados para escolas e liceus. A utilização de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 172 painéis publicitários. No caso do fornecedor oficial, todas as equipas (camadas jovens) do clube usam o exclusivo da marca. Apesar da grande visibilidade que tentam conferir aos patrocinadores, em todos os equipamentos deverá existir o nome Gaia, por prévias imposições contratuais. O P4 destacou como contrapartidas contratuais, a camisola (no caso dos patrocinadores primários) e todos os equipamentos necessários à actividade, a sala de imprensa (placard de imprensa), o marcador electrónico de tempo e substituições, a publicidade estática (da responsabilidade do clube. Um dos patrocinadores primários tem no interior do estádio um placard luminoso) e o boletim semanal do clube. O placard da sala de imprensa foi dividido em 60 espaços. Baseado depois na categoria do patrocínio, o clube prevê x, x-2, x-4, x-6 presenças neste placard. O P5 destacou como contrapartidas contratuais a camisola (no caso dos official sponsors) e todos os equipamentos necessários à actividade (patrocinador técnico), a sala de imprensa (placard de imprensa) para todos os patrocinadores, a publicidade estática (da responsabilidade do clube) e o boletim quinzenal do clube para os jogos em casa, camarotes, integrar a comitiva em jogos internacionais e ainda, para os official partners, a presença em zonas mistas e nas lojas comerciais do clube. O P6 divide a análise das contrapartidas entre as duas categorias que possui. No que reporta ao patrocinador exclusivo, a associação com o nome do clube abbinamento, a visibilidade na parte da frente da camisola, a presença no placard dos flash-interview, a imagem veiculada em toda a documento do clube e a publicidade estática e o acompanhamento em deslocações para competições europeias. Os patrocinadores subsidiários têm como contrapartidas gerais a publicidade estática, a sua imagem veiculada em cartazes e bilhetes. O NP1 atesta para a disponibilização de todo o equipamento através da camisola, do fato de treino, os sacos de treino. No caso do fornecedor oficial, todas as equipas (camadas jovens) do clube deverão usar o exclusivo da marca por imposição Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 173 contratual). Existem também espaços nas instalações desportivas para a colocação de cartazes publicitários. O NP2 refere apenas a utilização da camisola para inserção do nome do patrocinador. O NP3 destaca como principais contrapartidas oferecidas a disponibilidade de alguns dos seus atletas para colaborarem em acções promocionais dos patrocinadores (p.ex. festas da empresa), a publicidade estática dentro do pavilhão, a publicidade nas camisolas ou equipamentos do clube (em alguns dos casos), a possibilidade de utilizarem os jogos do clube para entrega de material promocional aos espectadores e a entrega de convites (cartões cativos) para cada patrocinador. O NP4 faz menção à camisola, a utilização de publicidade estática, e a entrega de convites aos patrocinadores. O NP5 apenas faz referência para a camisola e para a utilização de publicidade estática nas instalações desportivas. As organizações desportivas profissionais definem várias contrapartidas associadas às diferentes condições contratuais estabelecidas, assumindo desde logo a exclusividade nos sectores de actividade dos patrocinadores (comum a todas as organizações). Assim, merece destaque a publicidade estática e a publicidade na camisola (no caso dos patrocinadores exclusivos ou primários), a associação na designação da organização - abbinamento (no caso do Basquetebol), a presença no placard dos flash-interview (obrigatório nas ligas profissionais), a disponibilização de convites ou camarotes, a imagem em documentação diversa (da organização ou do patrocinador), o acompanhamento em deslocações previstas pelas organizações, os jogadores serem agentes de promoção dos produtos dos patrocinadores, concursos patrocinados e o cumprimento de um regulamento interno com imposições dos patrocinadores (no que respeita a equipamentos ou afins). Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 174 As organizações desportivas não profissionais mencionaram muito menos contrapartidas destacando apenas a publicidade estática, a publicidade nas camisolas ou equipamentos do clube, e numa das organizações a disponibilidade de atletas para colaborarem em acções promocionais dos patrocinadores (p.ex. festas da empresa), a possibilidade de utilizarem os jogos do clube para entrega de material promocional aos espectadores e a entrega de convites (bilhetes) ou camarotes. 1.5.2. Periodicidade dos contratos. Tabela 29. Periodicidade dos contractos. Organização Periodicidade Obs. anuais e por época desportiva e não por ano plurianuais civil P2 anuais época desportiva e não por ano civil P3 anuais -- P4 anuais época desportiva e não por ano civil P5 anuais Época desportiva P6 2 a 3 anos época desportiva e não por ano civil desportiva P1 NP1 O patrocinador principal tem contracto a três anos. NP2 anuais -- NP3 anuais época desportiva e não por ano civil NP4 anuais e plurianuais Os fornecedores oficiais têm contractos anuais e os restantes têm contractos plurianuais NP5 anuais por Esta periodicidade advém da temporada dinâmica da organização A maioria das organizações desportivas profissionais referiram que os seus contratos têm uma periodicidade anual embora uma das organizações estabeleça Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 175 contratos de 2 a 3 anos por considerarem que a efectividade do patrocínio só surge através de uma associação mais prolongada em detrimento à tradicional duração anual dos contratos. Esta organização ainda afirmou que, em muitos casos, o estabelecimento de contratos anuais não atinge os objectivos propostos pelo acção de patrocínio. Das organizações desportivas não profissionais, três delas estabelecem contractos anuais tendo inclusivamente uma delas advertido que a razão de ser desta duração prendia-se com uma dinâmica da organização. Uma outra organização definiu um contrato de três anos enquanto outra estabeleceu com os fornecedores oficiais contractos anuais e com os restantes contractos plurianuais. 1.5.3 Deveres e responsabilidades das organizações desportivas em contractos de patrocínio. O P1 referiu como grande responsabilidade da sua organização desportiva, a garantia de exclusividade aos patrocinadores. Os deveres enquanto entidade patrocinada são o de fazer cumprir um regulamento interno estabelecido para diversas situações (ex. conferências de imprensa, treinos, jogos, etc.). O P2 referiu que no que respeita às suas responsabilidades para com os patrocinadores têm de disponibilizar 3 ou 4 áreas do campo para publicidade estática, 2 panos na bancada central e topo, no painel publicitário para as "flash-interviews" (70% com logotipo do patrocinador, 30% do clube) e antes dos jogos e nos intervalos a colocação de um pano no centro do terreno de jogo. No que se refere aos seus deveres, a organização "não tem grande obrigação para mostrar a imagem do patrocinador". No entanto fez referência ao facto de "os jogadores apenas poderem ter e, no que refere ao equipamento, luvas ou chuteiras de outras marcas uma vez que um dos patrocinadores é está ligado a indústria desportiva". O P3 indicou como responsabilidades mais significativas a utilização do equipamento desportivo de acordo com a empresa patrocinadora. Os deveres enquanto entidade patrocinada passam pela colocação dos painéis publicitários ao redor do campo e em locais estratégicos aquando das transmissões televisivas. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 176 O P4 referiu que as suas responsabilidades têm a ver com a realização e colocação dos páineis publicitários, a utilização do material desportivo advindo do contrato de patrocínio, cumprimento da exclusividade nos sectores de produtos e prestação de seviços. O P5 referiu que as suas responsabilidades têm a ver com a realização e colocação dos painéis publicitários e o compromisso de exclusividade nos sectores de produtos e prestação de seviços do domínio dos seus patrocinadores. De salientar que algumas das contrapartidas referidas pela organização, nomeadamente as viagens em jogos internacionais, não são da sua responsabilidade ou competência mas que são acrescidas ao programa de patrocínio por mote próprio da organização. O P6 fez referência às suas responsabilidades contratuais mais significativas passando pela colocação dos cartazes publicitários ao redor do recinto de jogo, a apresentação dos equipamentos ou material de apoio (cartazes, cartas, faxes, etc.) com a respectiva imagem dos patrocinadores. O NP1 indicou como responsabilidades mais significativas, a utilização do equipamento desportivo (camisola, fato de treino, sacos) de acordo com a empresa patrocinadora. Os deveres enquanto entidade patrocinada passam pela colocação dos cartazes publicitários ao redor do recinto de jogo. O NP2 indicou como responsabilidades mais significativas a apresentação do equipamento desportivo com o logotipo da empresa patrocinadora. De acordo com a organização desportiva, estas não possuem qualquer tipo de deveres enquanto entidade patrocinada. O NP3 mencionou que as grandes responsabilidades passam pela regulação de um contracto por objectivos nos casos dos dois grandes patrocinadores, a colocação de publicidade estática (embora nem sempre seja da responsabilidade do clube) e o Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 177 cumprimento de um regulamento interno para a utilização do equipamento (em jogos, treinos, viagens). O NP4 indicou como responsabilidades mais significativas, a utilização do equipamento desportivo de acordo com a empresa patrocinadora. Os deveres enquanto entidade patrocinada passam pela colocação dos painéis publicitários ao redor do pavilhão. O NP5 indicou como responsabilidades mais significativas o cumprimento de um regulamento interno para jogadores e técnicos para diversas situações (ex. conferências de imprensa, treinos, jogos, etc.). As organizações desportivas profissionais reportaram responsabilidades a diferentes níveis. Por um lado, relacionadas com a realização e colocação de publicidade estática ao redor do local de competição. Por outro lado, com o compromisso de exclusividade nos sectores de produtos e prestação de seviços do domínio dos seus patrocinadores e a utilização e o cumprimento de um regulamento interno estabelecido para diversas situações (ex. conferências de imprensa, treinos, jogos, etc.). As organizações desportivas não profissionais fizeram referência ao cumprimento de um regulamento interno para jogadores e técnicos para diversas situações (ex. conferências de imprensa, treinos, jogos, etc.) e à colocação de painéis publicitários ao redor do espaço de competição. 1.6 Quantificação das propostas de patrocínio. Tentando compreender de que forma é que as organizações desportivas quantificam as suas propostas de patrocínio, indicámos três métodos diferentes de quantificação (ver explicação dos métodos na página 78) dos quais as organizações seleccionariam um como o método usualmente utilizado. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 178 Assim, o P1 reportou a utilização de uma estratégia pelo método competitivo e pela sensibilidade da própria organização. No que diz respeito à permissão dos eventuais patrocinadores para a quantificação da proposta, a organização aludiu que não deixam que esse procedimento se realize. O P2 indicou a estratégia pelo método competitivo embora tenha dito que "depende com quem estiverem a negociar. Para as multinacionais fazemos uma proposta diferente em relação ao que podem oferecer às empresas regionais". No que respeita à permissão dos eventuais patrocinadores para a quantificação da proposta, a organização aludiu que não deixam que esse procedimento se realize. O P3 reportou a utilização de uma estratégia pelo método competitivo e disse que "as propostas de patrocínio não apresentam números, mas sim ideias. Estas são discutidas posteriormente com as duas partes e sobre qual pode ser o valor da proposta dependendo da análise das oportunidades de visibilidade, etc. Mas apenas de referir que o patrocínio da camisola tem um valor bastante superior aos restantes e o contrato de “abbinamento” será também outra proposta com uma quantificação distinta". Depreendendo destas palavras, a organização permite que os eventuais patrocinadores colaborem para a quantificação da proposta. O P4 revelou a utilização de uma estratégia de mercado competitivo enquadrado numa perspectiva de um desporto profissional conjuntamente com a estratégia de valor relativo. Apesar destas estratégias, a organização prevê também uma base de entendimento em que tenta fazer compreender a estratégia de quantificação da proposta. A organização permite uma base negocial em que os eventuais patrocinadores colaborem para a quantificação da proposta. O P5 reportou a utilização de uma combinação de estratégias tanto pelo método competitivo como pelo valor de custo inerente à própria organização. No que diz respeito à permissão dos eventuais patrocinadores para a quantificação da proposta, a organização aludiu que permitem que esse procedimento se realize e que depois é discutido numa base negocial. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 179 O P6 frisou a utilização do método de valor relativo dada a análise anteriormente citada que a organização empreendeu, entendendo muito melhor o processo de quantificação dos seus programas de patrocínio para com as entidades patrocinadoras. No que diz respeito à permissão dos eventuais patrocinadores para a quantificação da proposta, a organização referiu que não permitem que esse procedimento se realize. O NP1 reportou a utilização de uma estratégia pelo método de valor de custo (em função das necessidades reais da organização). No que diz respeito à permissão dos eventuais patrocinadores para a quantificação da proposta, a organização aludiu que não deixam que esse procedimento se realize. O NP2 reportou não utilizar uma estratégia definida, não concebendo qualquer método de quantificação. Sendo assim, a organização permite que os eventuais patrocinadores colaborem para a quantificação da proposta. O NP3 reportou a utilização de uma combinação de estratégias tanto pelo método competitivo como pelo valor de custo como também pelo método de valor relativo em que estão inseridos. No que respeita à permissão dos eventuais patrocinadores para a quantificação da proposta, a organização aludiu que permitem que esse procedimento se realize e que depois é discutido numa base de poder negocial. O NP4 como também o NP5 reportaram não utilizar uma estratégia definida, não concebendo qualquer método de quantificação. Desta forma, as organizações em causa permitem, em alguns dos casos, que os eventuais patrocinadores colaborem para a quantificação da proposta. A maioria das organizações desportivas profissionais (5 das 6) quantificaram os seus programas de patrocínio pela utilização da estratégia de método de valor competitivo. Em duas destas organizações, houve lugar a uma combinação de estratégias (uma pelo método de valor competitivo/ valor relativo e outra pelo método competitivo / valor de custo inerente à própria organização). Apenas uma outra Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 180 organização utilizou o método de valor relativo, uma vez que empreendeu uma avaliação à visibilidade da sua organização nos media e ao valor de custo das empresas pelos métodos tradicionais de publicidade, aferindo posteriormente a sua quantificação. A maioria das organizações profissionais (4 das 6) não permite que os eventuais patrocinadores colaborem para a quantificação da proposta. A maioria das organizações desportivas não profissionais (3 das 5) não estabeleceu qualquer método de quantificação dos programas de patrocínio. Houve um dos casos que procedeu à quantificação através do método de valor de custo e uma outra que utilizou uma combinação de estratégias tanto pelo método competitivo como pelo valor de custo como também pelo método de valor relativo. As organizações em causa permitem, na maioria dos casos (4 das 5), que os eventuais patrocinadores colaborem para a quantificação da proposta. 1.7 Análise aos potenciais patrocinadores. O P1 referiu fazer alguma análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores que podem interessar à organização tanto ao nível das entidades privadas e instituições públicas. Esta análise foi realizada a nível dos públicos-alvo, da implantação de mercado nacional ou regional e também pela afirmação do potencial patrocinador. O P2 referiu que não fazem análises ou pesquisas aos potenciais patrocinadores que podem interessar à organização, uma vez que esperam que sejam eles a estabelecerem o contacto. A continuação para um possível contrato é depois feita mediante uma "triagem" ao nível dos seus públicos-alvo, da implantação em mercado nacional dos potenciais patrocinadores. Questionados sobre se faziam alguma selecção de potenciais patrocinadores para o seu projecto, referiram que sim baseados em critérios de imagem e credibilidade. O P3 referiu fazer alguma análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores que podem interessar à organização tanto ao nível das entidades privadas e instituições públicas. Esta análise foi realizada ao nível dos interesses comuns e da implantação de Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 181 mercado. Referiram também que faziam uma selecção dos potenciais patrocinadores mas apenas para o patrocínio à camisola (considerado o patrocinador principal). Este critério prende-se unicamente com o factor financeiro que o agente patrocinador está disposto a negociar. O P4 referiu fazer alguma análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores que podem interessar à organização tanto ao nível das entidades privadas como públicas. Esta análise foi realizada a nível dos objectivos, dos interesses comuns, da implantação de mercado e da compensação financeira que pode disponibilizar para o programa de patrocínio. Foi indicado também que faziam uma selecção dos potenciais patrocinadores para o seu projecto. Estes são contactados de forma individualizada, depois é apresentado o projecto de patrocínio, com todas as perspectivas de visibilidade, e só após resolução ou não de cada projecto é que o clube orienta os seus processos de pesquisa para outros potenciais patrocinadores. O P5 referiu fazer alguma análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores que podem interessar à organização ao nível das entidades privadas de carácter regional. Esta pesquisa apenas é conduzida quando se perspectivam acções de marketing directo que podem cobrir até 70% do mercado regional. Existem também alguns casos em que os potenciais patrocinadores procuraram o clube para acções de patrocínio. A organização apontou que normalmente fazem uma selecção dos potenciais patrocinadores para o seu projecto que, de entre vários critérios para escolha partindo da sua base de dados de empresas que possuem, é utilizado o critério relacionado com o volume de negócios que a empresa movimenta. O P6 referiu fazer alguma análise ou pesquisa um pouco intuitiva aos potenciais patrocinadores que podem interessar à organização tanto ao nível das entidades privadas e instituições públicas. Esta análise foi realizada ao nível da implantação de mercado regional, ao nível dos seus próprios interesses. Indicaram posteriormente, que não faziam qualquer selecção dos potenciais patrocinadores para o seu projecto, embora o fizessem para o patrocinador principal. Este integrará o nome da equipa, mediante o tipo de compensação financeira atribuída. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 182 O NP1 referiu fazer alguma análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores que podem interessar à organização tanto ao nível das entidades privadas e instituições públicas. Esta análise foi realizada ao nível da implantação de mercado regional e também da afectação de um público-alvo semelhante. Indicaram, posteriormente, que não faziam qualquer selecção dos potenciais patrocinadores para o seu projecto. O NP2 referiu que não fazem análises ou pesquisas aos potenciais patrocinadores que podem interessar à organização, esperando que sejam os patrocinadores a estabelecerem o contacto. Referiram também que não faziam selecção aos potenciais patrocinadores para o seu projecto. O NP3 referiu que não fazem qualquer tipo de análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores que podem interessar à organização, uma vez que esperam que sejam estes a estabelecer o contacto. Apesar disso, após este processo de contacto, a organização faz uma selecção em função da posição de mercado que estes patrocinadores ocupam e que públicos-alvo pretende atingir com esta acção. O NP4 não faz uma análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores que poderão interessar ao clube/ equipam, referindo que "apenas existe preocupação de lutar pelos apoios camarários e pelo aumento deste subsídio sem qualquer tentativa de possível pesquisa". Refere ainda que "a pouca pesquisa que eventualmente se faz é feita ao nível dos interesses comuns a ambas as partes". Mencionaram também que não faziam selecção aos potenciais patrocinadores, apenas os atingindo através do contacto personalizado (amizade). No que respeita à tentativa de enquadrar os objectivos, interesses ou públicos-alvo do potencial patrocinador com os da organização, foi referido que "os patrocinadores não são enquadrados nem tão pouco à tentativa de pensarem nos interesses de ambos e em que medida poderão ser encaixados para usufruto próprio da imagem das duas partes". O NP5 referiu fazer alguma análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores que podem interessar à organização tanto ao nível das entidades privadas e instituições Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 183 públicas. Esta análise foi realizada ao nível dos objectivos e também da afectação de um público-alvo semelhante. Indicaram, posteriormente, que não faziam qualquer selecção dos potenciais patrocinadores para o seu projecto uma vez que optavam por estabelecer um contacto personalizado baseado na amizade com os responsáveis dos potenciais patrocinadores. A organização disse inclusivamente que "os patrocinadores, regra geral, são do conhecimento de alguns elementos do clube pelo que não existem grandes estratégias concertadas para contactar os patrocinadores". As organizações desportivas profissionais na sua grande maioria (5 das 6) fazem análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores. Esta análise foi realizada principalmente ao nível da implantação de mercado nacional ou regional e pelos interesses comuns ao potencial patrocinador e pelos públicos-alvo. As organizações desportivas não profissionais na sua grande maioria (3 das 5) não fazem qualquer análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores. A análise que é feita pelas orgnanizações minoritárias é realizada principalmente ao nível dos públicos-alvo e pelos interesses comuns ao potencial patrocinador. 1.8 Conteúdo genérico da proposta de patrocínio. O conteúdo genérico das propostas de patrocínio torna-se importante de analisar uma vez que é sabido o reduzido período de tempo que os administradores dos potenciais patrocinadores têm para analisar, debater e decidir tantas propostas que muitas vezes lhes chegam. Desta forma, o P1 referiu que, no que toca à informação confiada ao potencial patrocinador, esta reveste-se de uma "forte componente pessoal" mas em traços gerais é constituída por uma carta de apresentação e posteriormente com a exposição dos respectivos benefícios ao patrocinador. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 184 O P2 referiu no seu caso particular enviam um "mailing" extenso para os eventuais patrocinadores, de seguida aguardam por contacto da empresa, e por fim estabelecem ou não contrato. No que respeita à informação confiada ao potencial patrocinador, esta reveste-se, em linhas gerais, por uma carta de apresentação, os preços para publicidade estática, os preços para publicidade sonora, o mapa do Estádio com as zonas para publicidade, os preços para publicidade no pavilhão do clube, preços para publicidade na "homepage" da internet do clube. Para além destas indicações, complementam a informação com dados respeitantes ao número de adeptos, número de telespectadores, número de transmissões televisivas. O P3 confia na sua proposta ao patrocinador os seguintes dados: uma breve apresentação da modalidade, algumas considerações gerais sobre a modalidade em Portugal, análise ao fenómeno do patrocínio, a actividade promocional do clube pelas entidades patrocinadoras, dados estatísticos respeitantes à época desportiva, as transmissões televisivas da época anterior, quadros de sondagens sobre basquetebol e ainda um "clipping" de jornais diários e desportivos com notícias sobre a sua organização desportiva. O P4 indicou que "apresentam a imagem do clube e a sua direcção, mencionam o número de jogos em canal aberto (normalmente 3, com os clubes grandes) juntamente com uma análise do tempo médio de exposição da imagem comparado com os anúncios de televisão e os custos associados a esta meio de publicidade tradicional, as vantagens da acção do programa de patrocínio e os locais para dar visibilidade e este patrocínio não só no estádio como também nos órgãos de comunicação social. O P5 referiu que a maioria dos actuais contractos de patrocínio é estabelecida através de relações "business-to-business" ou então, se for caso disso, relações de "business-to-consumer" entre os patrocinadores e a organização. Sendo assim, não efectuam uma proposta clara a confiar ao potencial patrocinador. Pese embora estas assunções, há alguns aspectos a realçar no domínio da acção de patrocínio como uma perspectiva de negócio e a da comparação do programa de patrocínio com os tradicionais meios de comunicação, para lá obviamente da imagem da sua organização. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 185 O P6 referiu que após a conversa com o patrocinador e da análise quanto à sua sensibilidade, é apresentada uma proposta personalizada com os pontos chave do potencial acordo nomeadamente as grandes vantagens como possíveis patrocinadores e as contrapartidas que o clube pode prestar. O NP1 referiu que, no que toca à informação confiada ao potencial patrocinador, esta é revestida dos seguintes aspectos: breve percurso histórico, algumas considerações sobre o presente, referências a objectivos de médio e longo prazo para a organização, as vantagens como possíveis patrocinadores e as contrapartidas que o clube pode prestar. O NP2 e o NP4 não apresentaram propostas de patrocínio daí não terem indicado o seu conteúdo genérico embora como é óbvio façam os seus contactos numa relação business-to-business. O NP3 apresenta nas suas propostas de patrocínio a visibilidade dos patrocinadores actuais, as transmissões televisivas que o clube tem ou eventualmente terá, os valores para o custo da publicidade estática e por último a própria imagem do clube (historial, etc.). O NP5 referiu que "têm uma documentação relativa ao historial do clube e que é apresentada nas conferências de imprensa, servindo para mostrar aos patrocinadores". No que diz respeito às organizações desportivas profissionais, duas d elas priveligiam as acções ao nível do marketing directo em que como já vimos anteriormente enviam uma proposta única para todos os potenciais patrocinadores. As outras três estabelecem uma relação de business-to-business com uma muito maior personalização das propostas de patrocínio. Apenas uma outra organização contempla nos seus planos de acção, estratégias ao nível do marketing directo e do business-tobusiness com o seu mercado alvo (potenciais patrocinadores). Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 186 Por outro lado, as organizações desportivas não profissionais adoptaram acções de marketing directo - situação verificada em duas delas, e uma outra organização que estabeleceu relações business-to-business. As duas organizações restantes apenas indicaram que não forneciam qualquer tipo de informação ao patrocinador o que demonstra desde logo falta de mecanismos de acção para a prossecução de contratos de patrocínio. 2. Conclusões As hipóteses levantadas no início deste estudo foram de certa forma confirmadas pelas apreciação dos factos embora seja necessário realçar que não é nossa intenção relativizar estes resultados para o universo das organizações desportivas. Assim, das hipóteses básicas indicadas, apenas uma delas não se confirmou uma vez que não se encontraram diferenças entre organizações desportivas profissionais e não profissionais no que diz respeito à preponderância dos contratos de patrocínio nos orçamentos gerais das organizações. Os resultados mais significativos demonstraram que existe um padrão mais ou menos constante entre as organizações (profissionais e não profissionais) de 15%-25% do orçamento derivado dos contratos de patrocínio assumindo ainda como se compreende uma importância relativa. Sumariando a análise FFOA realizada tanto no âmbito das organizações como da apreciação feita acerca das próprias modalidades, as organizações desportivas demonstraram um conhecimento relativo sobre as forças e fraquezas da sua envolvente organizacional interna e sobre as ameaças e oportunidades ambientais da envolvente organizacional externa. As organizações desportivas profissionais discorreram sobre a imagem que tinham na opinião pública destacando aspectos relacionados com a organização em si como portadoras de uma transparência credibilizadora. No que respeita às organizações Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 187 desportivas não profissionais, estas apresentaram unicamente características associadas com a vertente desportiva como o respeito em termos competitivos, os êxitos desportivos, a coesão e segurança do grupo, a forte tradição do clube na modalidade e a simpatia e humildade das organizações divergindo claramente em relação às estruturas profissionais. A maioria das organizações desportivas profissionais quantificaram os seus programas de patrocínio pela utilização da estratégia de método de valor competitivo, não permitindo, na sua maioria, que os eventuais patrocinadores colaborassem para a quantificação da proposta. Por outro lado, a maioria das organizações desportivas não profissionais não estabeleceu qualquer método de quantificação dos programas de patrocínio permitindo, na maioria dos casos, que os eventuais patrocinadores colaborem para a quantificação da proposta. De uma maneira geral, as organizações desportivas profissionais destacam como objectivos mais importantes dos seus patrocinadores em programas de patrocínio aspectos relacionados com a comunicação. No que toca às organizações desportivas não profissionais, estas destacaram como objectivos mais citados uma gama de objectivos ligados com o envolvimento da empresa na comunidade. Constata-se, de facto, que existem já algumas preocupações em categorizar os patrocínios permitindo com esta acção diferenciar os diversos tipos de patrocinadores sendo posteriormente mais acessível conferir contrapartidas e regalias para estes parceiros. As organizações desportivas profissionais demonstram de facto um maior cuidado. O caso das organizações desportivas não profissionais, embora com uma categorização definida, não vincaram grandes comentários sobre as vantagens desta sectorização nem tão pouco quadros de contrapartidas para estas mesmas divisões. As organizações desportivas profissionais colaboram na avaliação da efectividade do patrocínio, umas fazendo-o de forma muito pouco formal apenas com uma apreciação pessoal (algo intuitiva como é afirmado pela literatura) mas as restantes indicaram o envio de um "clipping" periódico com toda a visibilidade dos seus Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 188 patrocinadores. Em relação às organizações desportivas não profissionais, estas não colaboram na avaliação da efectividade do patrocínio. As organizações desportivas profissionais mencionaram factores críticos de sucesso associados a características positivas das organizações e das vantagens da patrocínio e do relacionamento entre ambas as parte no decurso do poder negocial, a afectividade emocional à região e por último e, em nosso entender o mais desprezível, o factor da amizade entre ambas as partes. Já no que respeita às organizações desportivas não profissionais, um dos principais factores críticos de sucesso está relacionado com a amizade entre ambas as partes o que, como fizemos referência anteriormente, pode eventualmente descredibilizar todo o processo de patrocínio. Outros factores prendem-se com os êxitos desportivos, a partilha do meio envolvente dos patrocinadores, a forte visibilidade da organização nos media, o tratamento personalizado e a boa comunicação entre ambas as partes. As organizações desportivas profissionais definem várias contrapartidas associadas às diferentes condições contratuais estabelecidas, assumindo desde logo a exclusividade nos sectores de actividade dos patrocinadores entre outras. As organizações desportivas não profissionais mencionaram muito menos contrapartidas destacando apenas as mais tradicionais (publicidade estática, a publicidade nas camisolas ou equipamentos). Quanto à periodicidade dos contratos de patrocínio, não se verificaram grandes diferenças entre as organizações desportivas. A maioria das organizações desportivas profissionais referiram que os seus contratos têm uma periodicidade anual. Neste aspecto, somos de opinião que uma periodicidade mais prolongada torna-se mais vantajosa por se considerar que uma maior efectividade do patrocínio só surge através de uma associação mais prolongada. As organizações desportivas profissionais reportaram responsabilidades a diferentes níveis. Por um lado, relacionadas com a realização e colocação de publicidade estática ao redor do local de competição. Por outro lado, com o Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 189 compromisso de exclusividade nos sectores de produtos e prestação de seviços do domínio dos seus patrocinadores e a utilização e o cumprimento de um regulamento interno estabelecido para diversas situações. As organizações desportivas não profissionais fizeram apenas referência ao cumprimento de um regulamento interno para jogadores e técnicos para diversas situações e à colocação de painéis publicitários ao redor do espaço de competição. As organizações desportivas profissionais, na sua grande maioria, fazem análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores principalmente ao nível da implantação de mercado nacional ou regional, pelos interesses comuns ao potencial patrocinador e pelos públicos-alvo por outro lado as organizações desportivas não profissionais não fazem qualquer análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores. A análise que é feita é realizada principalmente ao nível dos públicos-alvo e pelos interesses comuns ao potencial patrocinador. As organizações desportivas profissionais priveligiam acções ao nível do marketing directo em que, como já vimos anteriormente, enviam uma proposta única para todos os potenciais patrocinadores e outras estabelecem uma relação de businessto-business com uma maior personalização das propostas de patrocínio. Apenas uma outra organização contempla nos seus planos de acção, estratégias ao nível do marketing directo e do business-to-business com o seu mercado alvo (potenciais patrocinadores). Por outro lado, as organizações desportivas não profissionais adoptaram acções de marketing directo - situação verificada em duas delas, e uma outra organização que estabeleceu relações business-to-business com os seus parceiros económicos. As duas organizações restantes apenas indicaram que não forneciam qualquer tipo de informação ao patrocinador o que demonstrou desde logo falta de mecanismos de acção para a prossecução de contratos de patrocínio. As organizações desportivas tanto profissionais como não profissionais devem perspectivar cada vez mais as acções de patrocínio através do marketing one-to-one em que estas se voltam para o cliente individual (potencial patrocinador), conhecendo-o melhor e de uma forma contínua. Por meio de interacções com o cliente, as Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 190 organizações devem aprender como este deseja ser tratado, diferenciando o tratamento dos demais clientes. No entanto, o one-to-one marketing não significa que cada necessidade exclusiva do cliente deva ser tratada de maneira exclusiva. Em vez disso, significa que cada cliente tem uma colaboração directa na maneira como a organização se comporta em relação a ele. Peppers & Rogers (1999) desenvolveram uma metodologia de quatro etapas (identificação dos clientes, a sua diferenciação, a interacção com eles e a personalização dos produtos e serviços) para implementação de relações one-to-one com os clientes que pode e deve efectivamente ser aplicada pelas organizações desportivas na angariação de programas de patrocínio. 3. Recomendações Finalmente, sugerem-se algumas indicações conceptuais e metodológicas julgadas importantes no desenvolvimento de estudos no âmbito do patrocínio desportivo em organizações desportivas. A continuação desta linha de estudos apresenta-se de grande importância embora as múltiplas influências internas e externas possam dificultar a programação de acções de patrocínio e, por conseguinte, tornar difícil a sua análise. Considerando-se o modelo desenvolvido para a interpretação e análise dos programas de patrocínio, torna-se necessário aprofundar o modo como as organizações se apresentam no processo negocial. Além dos estudos centrados no desenvolvimento dos programas de patrocínio, será também pertinente observar a forma como as organizações dão continuidade (ou o chamado follow-up) às acções de patrocínio. No que respeita à concepção metodológica, a entrevista permitiu recolher afirmações circunstânciais, embora limitativa, em alguns casos, à obtenção dos dados. Desta maneira, será importante potenciar outras ferramentas para recolha de informações, no caso da observação participante. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 191 Orientações bibliográficas 1. Abratt, R. & Clayton, B. & Pitt, L. (1987). Corporate objectives in sport sponsorship, International Journal of Advertising, 6, pp.299-311. 2. Abratt, R. & Grobler, P. S. (1989). The evaluation of sports sponsorship. International Journal of Advertising, 8, pp. 354-362. 3. Aguilar-Manjarrez, A., Thwaites, D. & Maule, J. (1997). The apllication of organizational buyer behaviour theory to sport sponsorship selection decisions. Comunicação apresentada no Quinto Congresso Europeu de Sport Management. Glasgow, Escócia, pp. 1-13. 4. Amaro, C. & Vasco, R. S. (1999, Agosto). Patrocino, logo sou visto, in Exame, nº55. Retirado do site [www.centroatl.pt/exame] em 20 de Janeiro 2000. 5. Anne, F. (1992). 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Senhor ASSUNTO: ESTUDO SOBRE AS ORGANIZAÇÕES DESPORTIVAS / PATROCÍNIO DESPORTIVO No âmbito da tese de dissertação do I Mestrado em Gestão Desportiva da Faculdade Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto, estamos a desenvolver um estudo sobre a problemática do patrocínio desportivo, com o objectivo de determinar as variáveis que devem orientar os dirigentes de organizações desportivas para a obtenção de contractos de patrocínio desportivo. Contudo, o estudo só se revelará possível com a colaboração das organizações desportivas. Tendo conhecimento que a organização desportiva que Vª Exa. dirige já firmou contractos de patrocínio (actual ou anteriormente) vimos solicitar a melhor cooperação neste estudo, através da realização de uma entrevista em data e hora a marcar oportunamente. Certos de uma resposta breve, agradecemos antecipadamente a atenção dispensada. Com os melhores cumprimentos, O co-orientador do Estudo, (Prof. Doutor José Pedro O Responsável pelo Estudo (Dr. Rui Pedro Caramez) Sarmento) Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 204 Anexo 2: Guião da entrevista. GUIÃO DA ENTREVISTA Esta entrevista é efectuada no âmbito da dissertação com vista à obtenção do grau de Mestre em Gestão Desportiva pela Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física da Universidade do Porto e tem por objectivos: 1. Determinar as variáveis que devem orientar os dirigentes de organizações desportivas para a obtenção de contratos de patrocínio desportivo. Patrocínio Desportivo – Definição É a relação de cooperação entre uma entidade (pública ou privada) e uma organização desportiva, com o objectivo de obterem benefícios mútuos. O patrocínio desportivo constitui uma importante fonte de rendimento para as organizações desportivas, fazendo com que estas se estruturem para o estabelecimento de contractos de patrocínio. Identificação da Organização Desportiva :___ Sede Modalidade desportiva A 1- Nº de patrocinadores envolvidas com a equipa/ clube. 2- Sectores económicos a que pertencem os seus patrocinadores. 3- Percentagem do Orçamento total proveniente dos contractos de Patrocínio. 4- Departamento dentro do equipa / clube que controla toda a política de patrocínios. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 205 Departamento de Marketing, Departamento de patrocínios, Conselho de Administração, Nenhum, outro. 5- Estrutura do departamento / estrutura orgânica ? B 1 - Compreensão do patrocínio desportivo como ferramenta na estratégia de marketing de um potencial patrocinador 1.1 Objectivos dos patrocinadores que poderão estar na base desta associação com o clube. Indique Objectivos relacionados com a Empresa 1. Aumentar a notoriedade geral da empresa 2. Desenvolver a imagem da empresa (local e regional) - um dos pat. 3. Alterar a percepção pública da empresa 4. Envolvimento com a comunidade 5. Construir relações empresariais e de boa vontade 6. Melhorar as relações dos trabalhadores e a sua motivação Objectivos relacionados com o produto/ marca da Empresa 1. Aumentar a notoriedade junto dos públicos –alvo 2. Identificar/ Construir imagem dentro da população alvo (posicionamento) 3. Aumentar as vendas 4. Bloquear a competição OUTROS: Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto três Patrocínio Desportivo 206 1.2 Avaliação de retorno do patrocínio. 1.3 Factores críticos de sucesso no estabelecimento desta ligação entre o seu clube/ equipa e as entidades patrocinadoras. 2 – A organização e o seu envolvimento 1. As forças que a sua modalidade, equipa / clube desportivo apresenta para a obtenção ou não de contratos de patrocínio ? mod- eq.cd- 2. As fraquezas que a sua modalidade, equipa / clube desportivo apresenta para a obtenção ou não de contratos de patrocínio ? mod- eq.cd- 3 – As estratégias 1. Imagem que a equipa/ clube tem junto da opinião pública. 2. Dimensão dos espectadores aos vossos jogos. Médias por jogo. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 207 3. Dimensão dos telespectadores que assistem aos vossos jogos. 4 – Categorias do patrocínio 1- Definição de categorias de patrocínio nos seus contratos - programas. 2- Categorias. c Patrocínio Exclusivo c Patrocínio Primário c Fornecedor Oficial c Patrocínio Subsidiário c Outros: _____________ 5 – Clausulas contratuais 1- Contrapartidas que “oferecem” para os diferentes patrocinadores. Patrocínio 2- Contratos anuais ou plurianuais 3- Deveres e responsabilidades enquanto patrocinados. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 208 Patrocinados Responsabilidades Deveres 6 – Relação ameaças / oportunidades 1. As ameaças que a sua modalidade, equipa / clube desportivo apresenta para a obtenção ou não de contratos de patrocínio. mod- eq.cd- 2. As oportunidades que a sua modalidade, equipa / clube desportivo apresenta para a obtenção ou não de contratos de patrocínio. mod- eq.cd- 3. Benefícios da nova lei de mecenato. 7 – Quantificação das propostas de patrocínio 1- Método para quantificar as suas propostas de patrocínio. c Cost-value c Mercado Competitivo c Valor Relativo 2- Ou que os eventuais patrocinadores façam a sua própria quantificação ? Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 209 8 – Análise aos potenciais patrocinadores 1. Análise ou pesquisa aos potenciais patrocinadores que poderão interessar ao clube/ equipa. 2. A que níveis. Objectivos; Interesses; Posição de mercado; Implantação de mercado Nacional; Públicos-alvo. 3. Selecção de potenciais patrocinadores do projecto. 4. Critérios. 5. Estratégia para contactar os patrocinadores. 9 – A implementação 1. Conteúdo genérico da informação que confiam ao potencial patrocinador. Fim ! Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 210 Anexo 3: Lista das modalidades, níveis de competição e as respectivas equipas seleccionadas. Tabela 30. Modalidades, níveis de competição e as respectivas equipas seleccionadas. Futebol Basquetebol Andebol Hóquei em Patins Liga Liga 1ª Divisão 1ª Divisão F. C. Porto F. C. Porto Banco F. C. Porto TV Cabo F. C. Porto Mello Boavista F.C. Ovarense Aerosoles F. C. Maia Óquei de Barcelos S. C. Salgueiros F.C.Gaia ABC Montepio Barcelinhos Geral S. C. Braga Illiabum Clube Boavista F.C. Ac Espinho V. C. Guimarães Oliveirense Águas Santas Gulpilhares Caçarola Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 211 Anexo 4: Código Internacional do Patrocínio. CÓDIGO INTERNACIONAL DO PATROCÍNIO, DA ICC [CÂMARA INTERNACIONAL DE COMÉRCIO] Este Código tem os seus direitos reservados pela Câmara de Comércio Internacional. A Desejo sem Limites obteve a autorização para a sua primeira publicação em Português tendo gentilmente dado permissão para a sua reprodução nesta dissertação. [www.desejosemlimites.pt/codigo.htm] ). Introdução O patrocínio tem-se transformado numa das maiores fontes de financiamento de acontecimentos de âmbito nacional e internacional na área dos desportos, arte, ambiente, meios de comunicação, projectos humanitários e comunitários, educação e ainda em diversos outros domínios. O patrocínio representa igualmente um instrumento útil para as sociedades e organizações transmitirem uma mensagem genérica associada ao evento em causa, de uma maneira aceitável para os consumidores dos seus produtos. Embora o patrocínio constitua parte integrante da estratégia de marketing, difere da publicidade e do mecenato no tocante aos objectivos, mensagem e poder de controlo. O patrocínio beneficia o público em geral, ao possibilitar a ocorrência de eventos e actividades que, de outro modo, poderiam não ser viáveis. Por conseguinte, um patrocínio bem sucedido traz vantagens para todas as partes envolvidas, incluindo as próprias entidades patrocinadoras, os organizadores, os meios de comunicação e os artistas e, bem assim, o público em geral. O Código do patrocínio elaborado pela ICC tem por finalidade estabelecer os princípios básicos e as linhas de orientação da boa prática e da concorrência leal neste campo, de modo a que o patrocínio possa desempenhar devidamente o seu papel na defesa dos interesses de todas as partes envolvidas. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 212 Este Código foi concebido em primeira linha como um instrumento autodisciplinador, no âmbito da legislação nacional e internacional aplicável, pretendendose igualmente que complemente a auto-regulamentação já existente no país ou países em causa. No entanto, o Código foi igualmente pensado para servir como meio auxiliar de interpretação, do qual as partes se poderão servir para o esclarecimento de dúvidas que possam surgir quanto ao modo como o patrocínio é exercitado, bem como instrumento de referência para tribunais ou árbitros na resolução de disputas relacionadas com o mesmo. Âmbito de aplicação do Código O Código aplica-se a todo o patrocínio referente à imagem, marcas, produtos, serviços das sociedades, bem como a actividades e eventos de qualquer espécie. Contudo, as suas normas não são aplicáveis à publicidade, promoção de vendas, marketing directo ou outras áreas já cobertas por outros Códigos da ICC, assim como não se aplicam a nenhum tipo de financiamento que não tenha fins comerciais ou de comunicação, como é o caso das doações. Definições No contexto do Código do patrocínio da ICC certos termos essenciais terão os seguintes significados: Patrocínio: Qualquer comunicação mediante a qual um patrocinador, para benefício mútuo deste e da entidade patrocinada, fornece financiamento e outros apoios ao abrigo de um contrato, com o fim de estabelecer uma associação positiva entre a imagem, marcas, produtos ou serviços da entidade patrocinadora e o evento, actividade, organização ou indivíduo que esta patrocina. Entidade patrocinadora: Toda a sociedade ou pessoa colectiva que forneça financiamento ou preste outro tipo de apoio englobado no conceito de patrocínio Entidade patrocinada: Toda a pessoa singular ou colectiva que receba, da parte de um patrocinador, apoio directo ou indirecto relacionado com qualquer actividade ou evento. Audiência: Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 213 O público, as pessoas singulares ou as organizações a quem o patrocínio visa chegar. Os restantes termos de marketing utilizados neste Código deverão ser entendidos na acepção que lhes foi conferida por Códigos ICC já anteriormente entrados em vigor. Princípios básicos Todo o patrocínio deve ser honesto e verdadeiro, bem como ser A. legal e estar em conformidade com princípios geralmente aceites de concorrência legal nos negócios. Os termos e a prática do patrocínio devem reger-se por B. princípios de equidade e de boa-fé entre todas as partes nele envolvidas. O patrocínio deve basear-se em obrigações contratuais mútuas C. das partes. O patrocínio deve ser publicamente reconhecido e não tendente a induzir em erro. Todas as categorias de entidade patrocinadoras legalmente D. habilitadas a levar a cabo actividades comerciais têm liberdade para patrocinar qualquer actividade, evento ou programa, independentemente da sua natureza e, bem assim, para definir um conjunto de objectivos para o seu patrocínio, desde que o mesmo seja compatível com os princípios de equidade e boa-fé contemplados neste Código e noutros Códigos de autoregulamentação. Regras Transparência e Verdade Artigo 1 O patrocínio, assim como todas as comunicações com ele relacionadas, deverá estar sujeito ao princípio da transparência e verdade relativamente a todas as pessoas e organizações que nele participem, bem como aos direitos e outros privilégios concedidos à entidade patrocinadora. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 214 Autonomia e auto-determinação Artigo 2 O patrocínio deve respeitar os direitos de autonomia e autodeterminação da entidade patrocinada quanto à gestão das actividades e bens próprios, desde que esta cumpra os objectivos fixados no contrato de patrocínio. Quando do contrato do patrocínio fizerem parte os dons intelectuais ou criativos da entidade patrocinada, deve respeitarse especialmente a sua liberdade criativa. Imitação e Confusão Artigo 3 As entidades patrocinadoras e patrocinadas, bem como as restantes partes envolvidas em determinado patrocínio, devem tentar evitar a imitação da representação de outros patrocínios quando tal imitação seja susceptível de induzir em erro ou de gerar confusão, ainda que respeitando a produtos, empresas ou eventos não-concorrentes. Partes do Contrato de patrocínio Artigo 4 A entidade patrocinadora deve colocar um cuidado especial na protecção do conteúdo artístico, cultural, desportivo ou outro inerente à actividade ou organização que patrocina e evitar qualquer abuso da sua posição que possa prejudicar a identidade, dignidade ou reputação da entidade patrocinada. A entidade patrocinada nunca deverá obscurecer, deformar ou contestar a imagem ou marcas de indústria ou comércio da entidade patrocinadora, nem colocar em risco a boa reputação ou apreciação pública de que os mesmos já gozem. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 215 Audiência do patrocínio Artigo 5 A audiência deve ser claramente informada da existência de um patrocínio relacionado com determinado evento, actividade, programa ou pessoa, e a mensagem da entidade patrocinadora não deve procurar ofender deliberadamente as convicções de cariz religioso, político ou social nem a ética profissional dos membros que a compõem. O acima disposto não implica qualquer restrição quanto ao facto de a entidade patrocinadora poder apoiar actividades artísticas ou culturais vanguardistas ou potencialmente controversas, nem fica pelo mesmo a entidade patrocinadora obrigada ou incentivada a exercer censura sobra a mensagem da entidade patrocinada Público infantil e juvenil Artigo 6 O patrocínio especialmente orientado para um público infantil ou juvenil, ou susceptível de os influenciar não deve ser concebido de molde a tirar proveito da sua juventude ou inexperiência. Além disso, tal patrocínio não deve ser apresentado de maneira a prejudicar mental, moral ou fisicamente crianças ou jovens, nem a colocar à prova o seu sentido de lealdade relativamente aos pais ou tutores. Objectos de arte e de valor histórico Artigo 7 O patrocínio nunca deve ser exercitado de modo a crianças em risco objectos de arte ou de valor histórico. O patrocínio que visar proteger, restaurar ou conservar aspectos culturais, artísticos ou históricas, ou a respectiva divulgação, deve respeitar o interesse público com elas relacionadas. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 216 Patrocínio múltiplo Artigo 8 Sempre que uma actividade ou evento exigir ou permitir a coexistência de várias entidades patrocinadoras, os contratos e acordos individuais devem estabelecer claramente quais os direitos, limites e obrigações que competem e incumbem a cada uma delas (e deles informar as entidades patrocinadoras). A entidade patrocinada deve estar consciente da importância de se manter um equilíbrio adequado entre as entidades patrocinadoras. Cada membro de uma associação de entidades patrocinadoras deve observar escrupulosamente as áreas de patrocínio definidas e as tarefas de comunicação respectivamente atribuídas, devendo ainda abster-se de qualquer interferência que possa afectar o equilíbrio entre as contribuições de cada uma dessas entidades. A entidade patrocinada deve informar as eventuais futuras entidades patrocinadoras de quaisquer outros patrocinadores que já participem no patrocínio. A entidade patrocinada não deve aceitar nenhuma nova entidade patrocinadora sem a aprovação dos patrocinadores que já o tenham contratado. Patrocínio televisivo, radiofónico e cinematográfico Artigo 9 O teor e programação dos programas patrocinados não deve ser influenciado pela entidade patrocinadora de forma a anular a responsabilidade, autonomia ou independência editorial da entidade transmissora ou do produtor dos mesmos. Os programas patrocinados devem ser identificados como tal mediante a exibição da denominação e/ou logotipo da entidade patrocinadora no início e/ou final do programa. Deve empregar-se particular zelo para garantir que não subsiste confusão entre o patrocínio de determinado evento ou actividade e o da transmissão televisiva, radiofónica ou cinematográfica desse mesmo evento ou actividade. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto Patrocínio Desportivo 217 cinematográfica desse mesmo evento ou actividade. Patrocínio ambiental Artigo 10 Tanto as entidades patrocinadoras, como as patrocinadas, devem ter em consideração o potencial impacto ambiental do patrocínio ao planearem, organizarem e levarem a cabo as actividades inerentes ao mesmo. Qualquer mensagem de patrocínio total ou parcialmente baseada num impacte ambiental positivo (ou menos negativo) deverá ser comprovada em termos de benefícios reais a obter. As partes contratantes do patrocínio devem respeitar os princípios estabelecidos na Carta do Desenvolvimento Sustentável, da ICC. Quando for efectuada publicidade ao patrocínio, tais anúncios deverão estar conformes com os princípios estabelecidos no Código de Publicidade Ambiental da ICC. Implementação Artigo 11 O presente Código de auto-disciplina deve ser aplicado, a nível nacional, pelos órgãos já existentes ou especialmente criados para o efeito e, a nível internacional, pelo Conselho Internacional para as práticas de Marketing da ICC, sempre que: A. não existir um orgão nacional competente, B. as Partes assim o acordarem ou C. as Partes pertencerem a países diferentes. International Chamber of Commerce, The World Business Organization Copyright © 1996. All rights reserved. Faculdade de Ciências Desporto e Educação Física – Universidade do Porto