Dissertacao Liz Renata Lima Dias
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Dissertacao Liz Renata Lima Dias
54 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS GESTÃO PÚBLICA E PRIVADA NO PÓLO TURÍSTICO DA CHAPADA DAS MESAS: uma avaliação da atividade turística na perspectiva da sustentabilidade Liz Renata Lima Dias São Luís 2011 55 LIZ RENATA LIMA DIAS GESTÃO PÚBLICA E PRIVADA NO PÓLO TURÍSTICO DA CHAPADA DAS MESAS: uma avaliação da atividade turística na perspectiva da sustentabilidade Dissertação apresentada ao programa de PósGraduação em Sustentabilidade de Ecossistemas da Universidade Federal do Maranhão, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas. Orientador: José Policarpo da Costa Neto Co-orientador: Cláudio Urbano Pinheiro Agência Financiadora: REUNI São Luís 2011 56 Dias, Liz Renata Lima Gestão Pública e Privada no Pólo Turístico da Chapada das Mesas: uma avaliação da atividade turística na perspectiva da sustentabilidade. / Liz Renata Lima Dias. - - São Luís: 2011. 107 f. Orientador: José Policarpo Costa Neto Co-orientador: Cláudio Urbano Pinheiro. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Maranhão, Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas, 2011. 1.Turismo. 2.Sustentabilidade. 3.Chapada das Mesas. 4.Carolina. 5.Gestão Turística. I. Título CDU 502.131.1:338.48 (812.1) 57 LIZ RENATA LIMA DIAS GESTÃO PÚBLICA E PRIVADA NO PÓLO TURÍSTICO DA CHAPADA DAS MESAS: Uma Avaliação da Atividade Turística na Perspectiva da Sustentabilidade Dissertação apresentada ao programa de PósGraduação em Sustentabilidade de Ecossistemas da Universidade Federal do Maranhão para obtenção do título de Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas. Orientador: Prof. Dr.José Policarpo da Costa Neto Co-orientador: Prof. Dr.Cláudio Urbano Pinheiro Aprovada em / / BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. José Policarpo Costa Neto (Orientador) Universidade Federal do Maranhão Profª. Drª Rozuíla Neves Lima Universidade Federal do Maranhão Prof. Dr. Antônio Carlos Leal de Castro Universidade Federal do Maranhão 58 A minha família À cidade de Carolina (MA). 59 AGRADECIMENTOS A Deus, por ter transformado o impossível em possível. Aos meus pais, pelo incentivo. Ao professor Policarpo, pela paciência, motivação e por ter sido além de orientador um grande amigo. Ao professor Cláudio Urbano, pelas ricas contribuições e apoio desde o início do mestrado. Aos professores Antônio Carlos e Ricardo Barbieri, pelo acompanhamento na última pesquisa de campo e pelas sugestões oferecidas. A Karina Waleska, pela compreensão. A Simão e Fernanda, moradores de Carolina e colaboradores para a construção deste trabalho. A amiga Karoliny, Ediane e Gercilane, pelas ajudas de diversas formas. Aos meus colegas do mestrado, pelo acompanhamento e apoio nas alegrias e sufocos. A REUNI pelo não atraso e não burocracia na disponibilização da bolsa de estudos. Aos moradores, turistas e gestores que possibilitaram a realização deste estudo. 60 “A transição para a sustentabilidade é mobilizada por valores e não só por objetivos materiais.” 61 (Leff) RESUMO O pólo turístico da Chapada das Mesas, centralizado atualmente no município de Carolina - MA (07º19’58” S e 47º28’08” W), localizado na região Sul do Estado, vem buscando sua consolidação e reconhecimento no âmbito nacional como destino para o ecoturismo e turismo de aventura. A ampliação do turismo na região é acompanhada de impactos ambientais, econômicos e socioculturais que podem ou não inviabilizar o alcance da sustentabilidade do destino. Neste trabalho, foi feita uma avaliação sobre como o turismo tem sido conduzido em Carolina, pelos gestores públicos e privados. Nesse contexto, procurou-se identificar se a forma como o turismo está sendo administrado configura-se ou não para uma atividade sustentável. A metodologia utilizada incluiu a etapa de levantamentos de informações relativas à região, e a etapa de campo, onde se procurou conhecer e avaliar a forma de gerenciamento turístico e ambiental dos gestores públicos de Carolina e das principais áreas de visitação do pólo da Chapada das Mesas (Pedra Caída, Itapecuru e Cocais). Além da observação direta dos espaços privados que recebem turistas, foram avaliados o estado da infra-estrutura como vias públicas, saneamento, e as condições da oferta turística do município, como também a constatação ou não de possíveis impactos ambientais, sociais, econômicos e culturais que o turismo já esteja promovendo na região. Além da observação direta, foram obtidas informações através do contato direto com os gestores públicos e privados, com os turistas e a comunidade de Carolina. A coleta de dados junto aos gestores foi realizada por meio de entrevistas gravadas. Já no que diz respeito à comunidade e turistas houve a aplicação de questionários semi-estruturados. Os resultados da avaliação indicam que essa atividade ainda é incipiente em todos os seus aspectos, embora confirmem um elevado potencial, cuja exploração para ser maximizada de forma sustentável requer especial atenção por parte dos gestores públicos e privados, os quais, todavia, atuam ainda de forma pouca profissionalizada, apesar do grande interesse e iniciativa em expandir e fortalecer o turismo na região. A preocupação com a sustentabilidade da atividade também se mostrou presente nos discursos, embora em termos práticos as ações sejam muito limitadas. Palavras-chave: Turismo. Sustentabilidade. Chapada das Mesas. Carolina. Gestão Turística. 62 ABSTRACT The tourist center of the Chapada das Mesas, currently centered in the town of Carolina - MA (07°19'58" S and 47º28'08" W), located in Southern State, is seeking to consolidate with its recognition nationally and destination for ecotourism and adventure tourism. The expansion of tourism in the region is accompanied by environmental, economic and sociocultural factors that may or may not derail the scope of the sustainability of the destination. In this work, an assessment was made on how tourism has been conducted in Carolina, by public and private managers. In this context, we sought to identify how tourism is being given or not is configured for a sustainable activity. The methodology included surveys of the stage of information concerning the region, and field stage, where they sought to understand and evaluate the form of tourism and environmental management of public managers Carolina and the main pole visiting the Chapada das Mesas (Pedra Caída, Itapecuru and Cocais). Besides the direct observation of private areas that receive tourists, we assessed the state of infrastructure such as public roads, sanitation, and the conditions of tourism in the city, but also whether or not the finding of possible environmental, social, economic and cultural that tourism is already promoting the region. Besides direct observation, information was obtained through direct contact with the public and private managers, with the tourists and the community of Carolina. Data collection was performed with the managers through recorded interviews. In what concerns the community and tourists was the application of semi-structured questionnaires. The evaluation results indicate that this activity is incipient in all its aspects, although confirming a high potential, the exploitation of which to be maximized in a sustainable manner requires special attention from public and private managers, which, however, work still professionalized so little, despite the great interest and initiative to expand and strengthen tourism in the region. Concern about the sustainability of the activity was also reported, although in practical terms the actions are very limited. Keywords: Tourism. Sustainability. Chapada Das Mesas. Carolina. Tourism Management. 63 LISTA DE SIGLAS ACATUR Associação Carolinense de Turismo APL Arranjo Produtivo Local CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente EIA Estudo de Impacto Ambiental EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMBIO Instituto Chico Mendes de Biodiversidade IDH Índice de Desenvolvimento Humano MINTUR Ministério do Turismo OMT Organização Mundial de Turismo PCH’s Pequenas Centrais Hidrelétricas PNUMA Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente RESEX Reserva Extrativista RIMA Relatório de Impacto Ambiental SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio a Empresas SEMA Secretaria de Meio Ambiente SEMA MA Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Maranhão SETUR Secretaria de Turismo SETUR MA Secretaria de Turismo no Estado do Maranhão UC Unidade de Conservação UHE Usina Hidrelétrica 64 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------- 11 2 REVISÃO DE LITERATURA---------------------------------------------------------------- 15 2.1 Considerações iniciais sobre planejamento e gestão no turismo--------------------- 15 2.2 A sustentabilidade no turismo--------------------------------------------------------------- 20 2.3 Turismo: transformações no ambiente e na sociedade--------------------------------- 25 2.4 A gestão turística na ótica da sustentabilidade------------------------------------------ 31 3 METODOLOGIA-------------------------------------------------------------------------------- 40 3.1 Área de estudo---------------------------------------------------------------------------------- 40 3.1.1 O Pólo Turístico da Chapada das Mesas – Carolina----------------------------------- 40 3.1.2 Empreendimento Turístico de Pedra Caída---------------------------------------------- 42 3.1.3 Empreendimento Turístico de Itapecuru------------------------------------------------- 44 3.1.4 Empreendimento Turístico dos Cocais---------------------------------------------------- 44 3.2 Levantamento de Fontes Secundárias----------------------------------------------------- 45 3.3 Trabalho de Campo--------------------------------------------------------------------------- 46 3.3.1 Delineamento da amostra------------------------------------------------------------------- 47 3.3.2 Descrição das etapas do trabalho de campo--------------------------------------------- 49 3.3.3 Plano de Análise dos Dados---------------------------------------------------------------- 50 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES------------------------------------------------------------- 54 4.1 Considerações gerais-------------------------------------------------------------------------- 54 4.2 Perfil dos gestores de turismo e comunidade em Carolina---------------------------- 54 4.3 Caracterização do turismo no pólo turístico da Chapada das Mesas-Carolina--- 57 4.3.1 A Demanda Turística------------------------------------------------------------------------ 57 4.3.2 A Oferta Turística---------------------------------------------------------------------------- 60 4.3.2.1 Atrativos Turísticos------------------------------------------------------------------------ 65 4.4 Caracterização ambiental e sócio-econômica da região-------------------------------- 68 4.5 Gestão pública e Privada do Turismo na região sob a ótica da sustentabilidade- 73 4.5.1 Gestão Pública do Turismo em Carolina------------------------------------------------- 74 65 4.5.2 Gestão Privada do Turismo em Carolina------------------------------------------------- 78 4.6 O turismo em Carolina e o Parque Nacional da Chapada das Mesas--------------- 83 4.7 Cenários possíveis de um turismo sustentável na região------------------------------- 88 5 CONCLUSÃO------------------------------------------------------------------------------------ 96 REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------------------ 100 APÊNDICES---------------------------------------------------------------------------------------- 106 APÊNDICE A---------------------------------------------------------------------------------------- 107 APÊNDICE B---------------------------------------------------------------------------------------- 109 APÊNDICE C---------------------------------------------------------------------------------------- 110 APÊNDICE D---------------------------------------------------------------------------------------- 112 66 1 INTRODUÇÃO A utilização dos recursos naturais enquanto instrumento de lazer e descontração para os seres humanos vem impulsionando, há algumas décadas, a atividade turística, à medida que transforma tais recursos em atrativos voltados para atender às necessidades físicas e psicológicas dos indivíduos. Com a urbanização crescente e um ritmo de vida acelerado, a demanda por ambientes naturais tem crescido exponencialmente e o turismo faz-se cada vez mais presente nesses espaços, tornando-os conhecidos e comercializáveis. Contudo, a relação entre o turismo e os ambientes naturais não se deve basear apenas no viés de consumo, mas na concepção de que, atrelado ao retorno econômico pode-se obter um maior desenvolvimento social e garantir a conservação da biodiversidade e dos ecossistemas em si. Assim, o turismo tem sido apontado, com freqüência, como alternativa para a sustentabilidade nesses ambientes, na medida em que pode promover a exploração econômica, melhorias sociais, fortalecimento cultural e conservação dos recursos ambientais. Apesar desse discurso corrente e da inegável capacidade que o turismo apresenta de fortalecer as economias locais e gerar benefícios sociais, os impactos negativos sobre os espaços naturais, decorrentes da atividade turística, superam bastante os benefícios apontados pela atividade, como destacam autores como Ruschmann (2001) e Solha (2010). Dentre os fatores que induzem a esta realidade, destaca-se a ausência de planejamento turístico para ambientes naturais, considerando as especificidades de cada local e uma gestão pública deficiente, na medida em que esta, geralmente, se restringe a uma gestão turística isolada e não integrada a outras importantes ferramentas no processo de gerenciamento dos espaços. Soma-se, ainda, a atuação da iniciativa privada, cujo gerenciamento das atividades muitas vezes é limitado à obtenção do lucro. No Maranhão, este cenário é perceptível principalmente no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, onde a atividade turística é mais presente, considerando outras regiões do estado, onde, embora o Parque Nacional dos Lençóis constitua a sua referência turística, já 67 são reconhecidos outros pólos com grande potencial para o aproveitamento turístico, como a Floresta dos Guarás, o Delta das Américas, a Chapada das Mesas, dentre outros. O primeiro e o último abrangem unidades de conservação (UC’s) na modalidade de Parques Nacionais, o que tem significado apenas legal de proteção, constituindo-se, em ambos, um grande desafio a efetivação da sustentabilidade nas dimensões socioeconômica, ambiental, cultural e institucional esperada. O pólo turístico da Chapada das Mesas é representado principalmente pelos municípios de Carolina e Riachão, nos quais ainda não apresente um grande desenvolvimento turístico, apesar de tais cidades já recebem fluxos turísticos consideráveis nas épocas de férias e feriados. É relevante observar que a nomeação do pólo coincide com a denominação do Parque - Chapada das Mesas – embora as áreas não sejam equivalentes, já que o pólo é mais abrangente. A Unidade de Conservação, criada no ano de 2005, ao mesmo tempo em que constitui uma tentativa de resguardar o ecossistema local, torna-se um difusor para o interesse de visitação para a área. Embora os principais atrativos turísticos (ou mais visitados) do pólo da Chapada das Mesas estejam na área de entorno do Parque, um mau gerenciamento do turismo pode atingir a Unidade de Conservação, haja vista que o turismo é concebido como uma ferramenta de fortalecimento econômico da região, indutor de desenvolvimento social, o que inclui as comunidades inseridas na UC) e uma ferramenta de conservação ambiental. A ausência de uma gestão turística e ambiental no pólo da Chapada das Mesas permite antever a repetição de cenários já percebidos em outros espaços naturais, incluindo unidades de conservação: a degradação do ambiente para atender aos interesses lucrativos do turismo e a exclusão das comunidades locais como beneficiárias da atividade turística. A discussão da gestão turística enquanto promotora ou aniquiladora da sustentabilidade dos principais pontos de visitação do pólo Chapada das Mesas e a importância de ela estar integrada a uma gestão mais ampla entre poder público, iniciativa privada e comunidade local, constituem a essência do problema que este estudo pretendeu compreender, para o que, algumas questões o nortearam: Quais os gestores do turismo no Pólo turístico da Chapada das Mesas? Como os gestores de turismo vêm atuando no Pólo Turístico da Chapada das Mesas? Essa atuação é compatível com a proposta de sustentabilidade sócio-econômica e ambiental? 68 Como vêm sendo gerenciadas as áreas onde se verifica a presença da iniciativa privada? Como os gestores turísticos e ambientais pretendem atuar para evitar a repetição de problemas verificados em outras áreas naturais? Tais questões assentam-se nos seguintes pressupostos: O atual modelo de gestão turística (público e privada) nas principais áreas de visitação da Chapada das Mesas põe em risco a sustentabilidade social e ambiental do pólo, considerando a perspectiva de expansão da atividade turística na região. A identificação e a compreensão antecipadas dos limites, entraves e caminhos para a sustentabilidade do turismo no pólo da Chapada das Mesas, podem constituir a base para um processo de planejamento e para a implementação de um modelo que possibilite a gestão integrada da área, considerando os seus aspectos sociais, ambientais, econômicos, culturais e institucionais, garantindo, dessa forma, um cenário turístico sustentável a médio e longo prazos. Entendendo que a gestão do turismo é um elemento imprescindível na transformação dos ambientes em destinos turísticos sustentáveis, este estudo objetivou avaliar a forma como está sendo feita a gestão pública e privada da atividade turística no pólo da Chapada das Mesas e as implicações sobre a sustentabilidade. Para tanto, buscou-se caracterizar a oferta e demanda turística em Carolina, cidade considerada portão de entrada do pólo turístico da Chapada das Mesas; avaliar as condições ambientais e socioeconômicas atuais no município de Carolina; verificar se o modo de gestão pública e privada vigente funciona como fator preventivo, mitigador ou provocador de impactos; avaliar a relação entre a atividade turística desenvolvida na área do entorno do Parque Nacional da Chapada das Mesas com a Unidade de Conservação, tendo em vista as especificidades da UC, além de gerar cenários considerando a relação gestão turística e sustentabilidade. A escolha da temática deste estudo e da área decorreu da carência de pesquisas voltadas para o turismo no sul do Maranhão. Assim, o presente estudo aborda não apenas as ações de âmbito público e privado em torno do turismo e do ambiente, como também os impactos oriundos ou estimados com a gestão turística desenvolvida, as perspectivas da comunidade local para a região e os entraves para o fortalecimento turístico, considerando os aspectos de infra-estrutura, qualidade dos atrativos e distância em relação a centros emissores de turistas. Além disso, estuda-se a sustentabilidade ambiental na área, pela necessidade de fortalecer e ampliar o mercado turístico no pólo da Chapada das Mesas e assegurar a 69 conservação ecológica na Unidade de Conservação. Embora os principais atrativos da região (os quais são objetos deste estudo) não estejam dentro do Parque, a proximidade entre os mesmos enseja cuidado no gerenciamento da atividade turística próxima a UC. Portanto, deste estudo, podem-se esperar como produtos: informações para o melhor gerenciamento turístico da área, subsídios apontando mecanismos de redução de impactos negativos gerados pela atividade turística sobre o ambiente, identificação de mecanismos de fortalecimento turístico da região e a elaboração de um modelo de geração de cenários para a atividade turística na região. Este estudo mostra-se relevante na medida em que aborda uma temática em crescente discussão – turismo e sustentabilidade em áreas naturais. Pode dessa forma, contribuir para a adoção de um processo de planejamento do turístico sustentável na região, que inclua a adoção de uma gestão mais eficaz e não restrita ao aspecto econômico, além de poder estimular a adoção de políticas públicas responsáveis nesse ramo de atividade. . 70 3 METODOLOGIA 3.1 Área de Estudo 3.1.1 O Pólo Turístico da Chapada das Mesas: Carolina sob enfoque O pólo turístico da Chapada das Mesas é resultado do Plano Integral de Desenvolvimento do Turismo no Estado do Maranhão – Plano Maior, criado no ano 2000. Localizado no sul do estado do Maranhão, fisiograficamente abrange a região de Planalto e a bacia do Tocantins. Na região, encontram-se espécies arbóreas típicas do cerrado e cerradão, mas de acordo com Albino (2005), a Chapada das Mesas é uma área de transição entre três biomas: Cerrado, Amazônia e Caatinga, abrigando várias espécies da fauna, como o “jacupeba (Penelope superciliaris), a ema (Rhea americana), o tatu-peba (Euphractus sexcinctus), o bicho-preguiça (Bradypus sp) e da flora como a caroba (Jacaranda brasiliana), o murici (Byrsonima sp), o pau-d’arco-amarelo (Tabebuia sp), o buriti (Mauritia flexuosa), dentre outras”. 71 Carolina Riachão Figura 2: Mapa de identificação de Carolina e Riachão no estado do Maranhão Fonte: Mochila Brasil® 1999/2011 - TWD/BRASIL A formação geográfica intitulada chapada é definida por Cunha e Guerra (1995) como um planalto sedimentar típico, com grandes superfícies horizontais em formato de mesa. Aziz AB' Sáber (2003) acrescenta que se situam em altitudes variáveis, formando superfícies mais ou menos planas, nas quais os processos de erosão superam os de sedimentação. Situam-se acima de 200m de altitude, podendo esta ultrapassar 2000m. O processo erosivo, marcante na estrutura geológica das chapadas, possibilita não apenas a constituição de platôs (morros em forma de mesa), como também outras formações rochosas esculpidas. No pólo turístico da Chapada das Mesas, além das paisagens impressionantes criadas pelo processo erosivo das rochas, a beleza cênica da região e a riqueza de aspectos geográficos são complementadas pela presença de florestas de buritizais, cerrado, cavernas, praias de água doce, inúmeros rios e riachos, além de 33 (trinta e três) cachoeiras descobertas até o momento, com considerável volume de água durante o ano todo e temperatura agradável em torno de 22º. Tal variedade de elementos geográficos propicia o aproveitamento pelo turismo em diferentes atividades, tais como observação, caminhadas, aventura, lazer e etc. A maioria dos atrativos turísticos da região, como o santuário de Pedra Caída, o Morro do Chapéu, o Poço Azul, as cachoeiras de Itapecuru, São Romão e Prata encontra-se nas proximidades da sede dos municípios de Carolina e de Riachão, respectivamente a primeira e a segunda cidades mais importantes do pólo, o qual ainda abrange as cidades de Imperatriz, Balsas, Estreito, Porto Franco, São João do Paraíso e Tasso Fragoso (ISSA, 2007). 72 Carolina (07º19’58” S e 47º28’26” W), é considerada o portão de entrada do pólo, já que reúne no seu entorno uma quantidade maior de atrativos e também uma infra-estrutura básica e turística melhor. Situa-se a 897Km de São Luís, a 225Km de Imperatriz, e possui uma população de 23.979 habitantes (IBGE, 2010). A cidade surgiu como povoado, por volta de 1809 com o nome São Pedro de Alcântara, tendo assumido em 1832 o nome de Carolina, em homenagem à imperatriz Carolina Leopoldina, esposa de D. Pedro I. Em 1959, assumiu a categoria de cidade e como está situada às margens do rio Tocantins, já obteve grande destaque no estado quando a navegação era o principal meio de transporte que interligava a região central do país à cidade de Belém no Pará. Ressalta-se que a cidade tem a sua área central tombada como patrimônio histórico estadual (IBGE, 2009). Figura 3: Centro de Carolina – área tombada a nível estadual. Fonte: Foto de Liz Renata Dias, 2010. Com clima quente e úmido, a temperatura é elevada durante o ano todo na cidade e no seu entorno. O período chuvoso estende-se de novembro a abril e o período de estiagem de maio a outubro. Nesse sentido, o melhor período para visitação dos atrativos turísticos é de junho a outubro. A pluviosidade média anual é de aproximadamente 1.600mm. No que diz respeito às atividades econômicas de Carolina prevalece o comércio, a pecuária extensiva, a agricultura de subsistência e o turismo. (IBGE CIDADES, 2009.) A atividade turística na região surgiu a partir da descoberta de cachoeiras pelos moradores locais, denominados desbravadores e caçadores. Dentre os locais com atrativos que se destacam na região, por já disporem de uma infra-estrutura turística básica estão os 73 empreendimentos: Pedra Caída, Itapecuru e Cocais. Os dois primeiros estão localizados a 30Km da sede do município de Carolina, enquanto o último, pertencente a Riachão, está situado a 30 Km da sede e a 130 km da cidade de Carolina, segundo informações fornecidas no próprio empreendimento. 3.1.2 Empreendimento Turístico de Pedra Caída Com uma área de 6.500 hectares, o empreendimento de Pedra Caída está localizado nas margens da BR-010. Reúne uma considerável diversidade paisagística, favorecendo o desenvolvimento de atividades de lazer e aventura no local. A vegetação de cerrado aliada a árvores de grande porte típicas da floresta amazônica, a presença de morros, cachoeiras e a existência de um grande cânion por onde fluem as águas contribuem para a beleza cênica do local. Embora ainda não seja explorada e conhecida toda a extensão da área, atualmente são exploradas 7 cachoeiras para visitação turística: Santuário, Caverna, Capelão, Pedra Furada, Garrote, Ilia e da Lua, principalmente as quatro primeiras. Além das cachoeiras que são os principais atrativos, o local conta ainda com duas piscinas naturais e área para a prática de arvorismo, caminhada e tirolesa. O empreendimento dispõe ainda de uma boa infra-estrutura com estacionamento, banheiros, recepção, restaurante, bar, chalés e uma loja de artesanato. O atual proprietário é natural de Carolina (MA) e adquiriu a propriedade em 2006, de acordo com o gerente do local. É um reconhecido empresário na região e além do trabalho com o turismo, através da unidade de Pedra Caída, atua no ramo do transporte fluvial e no setor de infra-estrutura de aviação. 74 Figura 4: Santuário de Pedra Caída Fonte: Paulo Ledo, 2008 Figura 5: Caminho para o Santuário de Pedra Caída Fonte: Liz Renata Dias, 2010. 3.1.3 Empreendimento Turístico de Itapecuru Localizado no distrito de São João da Cachoeira, a 30Km de Carolina, a unidade turística de Itapecuru tem o acesso pela BR-230. A grande atração do local consiste em duas cachoeiras localizadas uma ao lado da outra, com altura média de 12 metros e grande volume de água. As cachoeiras formam uma grande piscina natural, de água transparente, circundada por rochas. O rio Itapecuru, que forma as cachoeiras, é um afluente do rio Tocantins, cuja nascente fica na própria região. Sob a administração direta do proprietário, que adquiriu a área em 1994, o local tornou-se referência de lazer na cidade de Carolina. Atualmente conta com serviços de hospedagem, por meio de chalés, e alimentação, com bar e restaurante. 75 Figura 6: Cachoeiras de Itapecuru. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. 3.1.4 Empreendimento Turístico dos Cocais O empreendimento turístico dos Cocais, localizado em Riachão, também é uma importante referência na área do turismo e lazer da região. Integram-no a cachoeira de Santa Bárbara, de 75 metros de altura, considerada uma das atrações principais do local, além de duas quedas d’água de menor porte, Santa Paula e Cachoeira dos Namorados. Soma-se ainda a esse acervo, uma piscina natural de água cristalina, denominada poço Azul. O nome Cocais é em referência ao rio que corta a propriedade e forma as cachoeiras. Compartilhando da infra-estrutura das demais propriedades turísticas apresentadas, este empreendimento disponibiliza chalés e serviço de bar e restaurante, além de estacionamento. A partir de 2004, já sob a administração do atual arrendatário, passou a receber visitantes, procurando atuar como uma empresa ligada ao turismo. Antes disso, o secretário de turismo de Riachão que é também filho do arrendatário, informou que a propriedade tinha um caráter eminentemente familiar, onde as pessoas usufruíam das cachoeiras, mas sem qualquer tipo de exigência. 76 Figura 7: Cachoeira de Sta Bárbara Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Figura 8: Poço Azul Fonte: Liz Renata Dias, 2010. 3.2 Levantamento de Fontes Secundárias Diante de escassas pesquisas em torno do pólo turístico da Chapada das Mesas, em especial Carolina e entorno, as fontes secundárias levantadas partiram de estudos envolvendo turismo e gestão em outras localidades. Considerando a visão inicial e as primeiras ações de planejamento no âmbito do poder público para o turismo na região foi realizada uma análise do Plano Maior de Turismo do estado do Maranhão. Já a caracterização ambiental da área partiu de um relatório técnico de implantação do Parque Nacional da Chapada das Mesas elaborado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – IBAMA, o qual era o órgão responsável na época pela criação e implantação de unidades de conservação. Outra relevante fonte secundária que compõe o estudo, foi da pesquisa de satisfação turística de Carolina, promovida pela Secretaria de Turismo do Estado no período de baixa e alta estação no ano de 2009. Através desta pesquisa foi possível obter dados do perfil dos turistas que visitam a região, contribuindo para o diagnóstico da atividade turística desenvolvida atualmente na cidade. Já a caracterização social e econômica do município 77 fundamentou-se em dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2009). 3.3 Trabalho de Campo A pesquisa de campo foi realizada objetivando verificar e avaliar a forma de gerenciamento turístico e ambiental das principais áreas de visitação do pólo da Chapada das Mesas, considerando a existência de infra-estrutura turística. Neste sentido foram escolhidos os empreendimentos de Pedra Caída, Itapecuru e Cocais. Para que fosse possível avaliar a atuação dos entes privados com as ações de planejamento e gestão dos entes públicos, entendeu-se que os trabalhos deveriam centralizar-se na cidade de Carolina, considerada o portal do pólo da Chapada das Mesas, o que permitiria obter uma visão macro em termos de gestão turística nessa unidade turística. Além da observação direta dos espaços privados para onde afluem costumeiramente visitantes, percorreram-se as principais áreas por onde os turistas passam no município de Carolina. Isto inclui ruas, avenidas, áreas de alimentação, praças, o Beira-Rio, além de outros logradouros, possibilitando a verificação das condições da oferta turística do município, como também a constatação ou não de possíveis impactos que o turismo já esteja promovendo na região. Além da observação direta, foram obtidas informações através do contato direto com os gestores públicos e privados, com os turistas e com a comunidade de Carolina. A coleta de dados junto aos gestores foi realizada por meio de entrevistas gravadas. Já no que diz respeito à comunidade e turistas houve a aplicação de questionários semi-estruturados. 3.3.1 Delineamento da amostra Grupo 1: Gestores As entrevistas realizadas com os gestores foram gravadas e posteriormente transcritas. Todas foram semi-estruturadas, ou seja, a partir de um roteiro previamente 78 elaborado (APÊNDICE A) foram realizadas as perguntas, possibilitando o direcionamento para os temas investigados e evitando desvios desnecessários durante a fala. Ao todo foram realizadas 8 entrevistas (quadro 01): Local/Instituição Cargo/ Função Data da Entrevista Complexo de Pedra Caída Gerente 08/04/10 Complexo de Itapecuru Proprietário 06/04/10 Complexo dos Cocais e SETUR de Riachão Secretaria de Turismo (SETUR) e Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) de Carolina Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento Turístico do Estado do Maranhão (SETUR MA) Serviço Brasileiro de Apoio a Empresas (SEBRAE) Carolina Secretário de Turismo de Riachão e filho do proprietário dos Cocais. 24/07/10 Secretário de Turismo e Meio Ambiente de Carolina. 06/04/10 25/07/10 Superintendente de Turismo do Estado 23/03/10 Instituto Chico Mendes (ICMBIO) Associação Carolinense de Turismo (ACATUR) Coordenador do SEBRAE em Carolina Técnico do Instituto Chico Mendes – Parque Nacional da Chapada das Mesas. Presidente da ACATUR 06/04/10 08/04/10 06/04/10 Quadro 01: Identificação dos entes entrevistados Fonte: Liz Renata Dias, 2010. As entrevistas com os gestores privados buscaram verificar o histórico do complexo turístico, a forma de gerenciamento do local, a visão para o turismo e o meio ambiente e os projetos e perspectivas para o futuro. As que foram realizadas com as Secretarias de Turismo do estado e município de Carolina, SEMA, ACATUR e SEBRAE procuraram identificar as ações de planejamento e gestão e os entraves no gerenciamento dessas duas esferas, permitindo analisar se o modelo de gestão reduz ou estimula impactos negativos e positivos sobre o turismo e o meio ambiente. Já a entrevista realizada com o representante do Parque Nacional da Chapada das Mesas teve como foco obter a visão a respeito da relação entre o turismo e a unidade de conservação, na perspectiva atual e futura, bem como considerando possíveis conflitos e também benesses que já estejam ou que possam vir a ser produzidos. Grupo 2: Comunidade de Carolina Com os moradores de Carolina foram aplicados questionários fechados contendo em média 20 questões. Estas tinham por objetivo obter a visão da comunidade local em torno do turismo da região. A população de Carolina é em torno de 23.000 habitantes, contudo foram aplicados questionários baseados em uma amostra estratificada e não baseados na 79 amostra total da população. Os estratos foram definidos, levando em consideração três categorias: moradores diretamente envolvidos com o turismo: profissionais de meios de hospedagem, do setor de alimentação, meios de transporte, agência de turismo e guias; comerciantes indiretamente envolvidos com o turismo: em farmácias, lojas de variedades, roupas, comércio informal; pessoas ligadas à educação: professores e alunos da rede pública e privada de ensino. Para cada estrato foram aplicados em média de 23 a 25 questionários, número em que se constatou haver repetição de respostas, totalizando 74 questionários aplicados com os moradores. Grupo 3: Turistas Os questionários aplicados com os turistas seguem a mesma estrutura daqueles aplicados com a comunidade: fechados e constituídos de 20 questões. Os mesmos foram utilizados a fim de se obter a avaliação dos turistas em relação aos atrativos e à infra-estrutura dos empreendimentos turísticos, além da visão deles em torno do gerenciamento do turismo na região. Os questionários com os turistas foram disponibilizados nos meios de hospedagem de abril a setembro de 2010 e foram também aplicados nos complexos turísticos em julho e setembro de 2010. Em virtude de não ter sido informado pelo SEBRAE e SETUR MA dados específicos sobre o número de turistas que visitam o pólo, utilizou-se uma amostra por exaustão. Da mesma forma que na amostra estratificada, a quantidade foi definida quando se percebeu a repetição de respostas pelos turistas. Assim, foram aplicados 80 questionários com os turistas. 3.3.2 Descrição das etapas do trabalho de campo Para a execução dos trabalhos de campo foram necessárias quatro viagens à região (quadro 02), com estada mínima de quatro dias cada, tendo a última delas contado com a presença de uma equipe de professores do Mestrado em Sustentabilidade, o que ensejou a 80 realização de discussões de aprofundamento e de esclarecimento de muitas das questões identificadas nas viagens anteriores. Etapa 1ª viagem de estudo. 2ª viagem de estudo. Objetivos Realizar uma observação geral das áreas para estudo; Aplicar um pré-teste com moradores e turistas. Período 09/10/09 Aplicar questionários com a comunidade; Realizar entrevistas com gestores públicos e privados. 04/04/10 10/04/09 Pedra Caída. Complexo de Itapecuru. Restaurantes. Pousadas. 20/07/10 Carolina: 3ª viagem de estudo. Receber e aplicar questionários referentes aos visitantes. Finalizar as entrevistas com os gestores públicos e privados. a 13/09/09 a a 25/07/10 Locais Visitados Carolina: Complexo de Pedra Caída. Complexo de Itapecuru. Cachoeira do Dodô. Queda d’Água Centro da cidade. Restaurantes. Pousadas. Riachão: Estância dos Cocais. Encanto Azul. Carolina: Complexo de Pedra Caída. Complexo de Itapecuru. Restaurantes. Pousadas. Lixão. Estação de Tratamento de Água. Riachão: Sede da cidade; Estância dos Cocais. Ações Desenvolvidas Observação geral da cidade e dos atrativos turísticos; Reconhecimento da localização dos órgãos públicos; Aplicação de 25 questionários com moradores; Aplicação de 15 questionários com turistas; Registro fotográfico dos locais visitados. Aplicação de 74 questionários com a comunidade; Entrevista com: o Secretário de Turismo e Meio Ambiente de Carolina, o técnico do ICMBIO, o coordenador do SEBRAE em Carolina, o presidente da Associação Carolinense de Turismo, o gerente do complexo de Pedra Caída e o proprietário do complexo de Itapecuru. Disponibilização de pastas com 80 questionários no total para turistas em seis pousadas de Carolina: pousada Candeeiros, hotel Lírio, hotel Rilton, pousada Morro do Chapéu, Pousadinha e pousada A Grande Família. Registro fotográfico. Recebimento de 20 questionários das pousadas; Disponibilização de mais 80 questionários em nove meios de hospedagem: pousada Candeeiros, hotel Lírio, hotel Rilton, pousada Morro do Chapéu, pousada Rocha’s, pousada Terra do Sol, pousada do Lajes e em dois dormitórios. Recolhimento e aplicação de 30 questionários, totalizando 50 nesta viagem. Finalização da entrevista com o Secretário de turismo e Meio Ambiente de Carolina. Realização de entrevista com o Secretário de Turismo de Riachão e representante da propriedade dos Cocais. Contato com Simão, estudante e 81 morador de Carolina para dar continuidade à aplicação de questionários. Registro Fotográfico. 4ª viagem de estudo Recolher os últimos questionários de turistas. Obter considerações de pesquisadores da área ambiental. 21/10/10 a 23/10/10 Carolina: Pedra Caída. Cachoeiras de Itapecuru. Parque Nacional da Chapada das Mesas Visita aos locais de estudo. Recolhimento de informações, principalmente referente à construção da Usina Hidrelétrica de Estreito (UHE Estreito) e à criação do Parque Nacional da Chapada das Mesas. Riachão: Estância dos Cocais Quadro 02: Etapas de trabalho de campo Fonte: Liz Renata Dias, 2010. 3.3.3 Plano de Análise dos Dados As entrevistas realizadas com os gestores públicos e privados, após transcritas, foram estudadas a partir de uma análise comparativa, considerando as respostas dos entrevistados, da comunidade e turistas (para os quais, o instrumento utilizado foi o questionário), bem como os dados coletados pela observação direta. Os questionários aplicados com a comunidade e turistas foram categorizados, codificados e tabulados. O software utilizado para o processamento dos dados coletados foi o excel e jmp1.5. A partir dos métodos e instrumentos utilizados, foi construído um modelo para a geração de cenários que de acordo com Wright e Spers (2006) consiste em uma importante ferramenta metodológica para a análise dos aspectos positivos e negativos em uma realidade regional, a partir do levantamento de componentes que melhor representam ou apontam para futuros campos de atuação/intervenção. Doll et al (2009) compartilha com os autores, explicando da seguinte forma: Os cenários integrados são importantes ferramentas para o planejamento regional sustentável. Eles combinam uma grande quantidade de conhecimento quantitativo e qualitativo, transmitem os resultados de uma análise integral de forma transparente e compreensível. Ao mesmo tempo, a geração de cenários contribui para estimar como um futuro incerto pode reagir e como este poder ser influenciado pelas decisões feitas hoje. Idealmente, derivam-se cenários através dos grupos de cientistas, de administradores públicos e das partes interessadas. (DOLL et al, 2009, p.1). 82 Neste sentido, o modelo proposto neste estudo consiste em uma adaptação do modelo apresentado pelo Centro de investigação de sistemas ambientais da Universidade Kassel da Alemanha, o qual aplica cenários no planejamento regional, juntamente com uma proposta de matriz elaborada por Arcade (2003). Partindo dessa integração, a modelo foi composto pelas seguintes etapas: Planejamento Regional para o desenvolvimento sustentável Identificação da área problema Definição do sistema Indicadores Matriz conflitos X potencialidades Cenários qualitativos Sugestões Figura 09: Modelo de Cenários voltada para o Planejamento Regional considerando o Desenvolvimento Sustentável. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. A identificação da área do problema consiste na abordagem da problemática estudada. A definição do sistema compreende a identificação dos principais componentes e processos do sistema, direcionando para a área de estudo. Os indicadores consistem na identificação dos entraves reais e/ou potenciais causadores do problema. Neste estudo esta etapa será realizada através de uma matriz para a projeção de cenários, seguindo o modelo de Arcade (2003). Esta matriz consiste no cruzamento de conflitos e potencialidades de uma atividade, podendo ser aplicado em destinos turísticos para a formulação de cenários no planejamento regional. Partindo do modelo, a matriz é estruturada da seguinte forma (quadro 03): 83 Potencialidades A B C D X Nulo (0) Médio (2) Baixo (1) Alto (3) 6 Y Baixo (1) Baixo (1) Nulo (0) Nulo (0) 2 Z Nulo (0) Médio (2) Alto (3) Alto (3) 8 SOMA 1 5 4 6 Problemas SOMA Quadro 03: Adaptação do modelo de matriz Conflitos X Potencialidades para a geração de cenários de Arcade (2003) Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Consideram-se “x”, “y” e “z” os problemas levantados e “a”, “b” e “c” e “d” as potencialidades constatadas. A “soma” consiste no somatório de pontos a partir da seguinte valoração: nulo – zero; baixo – um; médio – dois; alto – três. A análise é realizada, segundo Arcade (2003), por meio dos seguintes questionamentos: quanto incide negativamente o problema “x” sobre a potencialidade “a” ou quanto o conflito “x” diminui a força da potencialidade “a”. Na leitura horizontal é possível identificar através do resultado das somas quais os problemas que mais afetam ou reduzem as potencialidades e na leitura vertical tem-se a indicação da potencialidade mais afetada pelos problemas. A definição de problemas e potencialidades, bem como a própria valoração, serão realizadas a partir da análise direta resultante da pesquisa de campo, bem como através da percepção obtida nas entrevistas realizadas com gestores, turistas e comunidade sobre o turismo em Carolina (MA). Dessa forma, pretende-se reduzir o caráter de subjetividade inerente à elaboração da matriz, ressaltando que a construção pelas pessoas da própria cidade seria mais adequada. Assim, através desse modelo é possível melhor analisar as relações entre os problemas e potencialidades existentes para o turismo na perspectiva da sustentabilidade em 84 Carolina e posteriormente gerar cenários qualitativos. Estes se estruturam a partir de tendências atuais. Por fim, são dadas sugestões para viabilizar o alcance do cenário prospectivo mais adequado ao contexto da sustentabilidade. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Considerações gerais Os resultados da avaliação da gestão do turismo em Carolina indicam que essa atividade ainda é incipiente em todos os seus aspectos, embora confirmem um elevado potencial, cuja exploração para ser maximizada de forma sustentável requer especial atenção por parte dos gestores públicos e privados. Embora estes, em grande parte, ainda estejam 85 atuando de forma pouco profissionalizada, notou-se um grande interesse e iniciativa em expandir e fortalecer o turismo na região. A preocupação com a sustentabilidade da atividade também se mostrou presente nos discursos, embora em termos práticos as ações sejam muito limitadas. Como a avaliação da gestão turística em regiões onde se verifica a presença desta atividade é freqüentemente realizada de forma inconsciente por turistas no decorrer da visitação e naturalmente observada pelos moradores e pelos prestadores de serviços que atuam no setor, as observações por parte destes públicos são essenciais para uma melhor visualização do tipo de turismo que vem sendo estimulado pelos gestores públicos e privados ligados ao turismo. Sendo assim, segue o perfil dos entrevistados na comunidade, dos gestores públicos representantes do turismo na região e dos gestores privados, lembrando que foram identificados como os mais importantes atrativos turísticos da região, as unidades turísticas de Pedra Caída, Itapecuru e Cocais. 4.2 Perfil dos gestores de turismo e comunidade em Carolina O atual secretário de turismo de Carolina assumiu o cargo de Secretário Adjunto em 2007, e desde então vem respondendo pela prefeitura no que tange às ações municipais ligadas à atividade turística, acumulando também as funções de secretário de meio ambiente e esportes. A Prefeitura tem o SEBRAE como principal parceiro, cujo coordenador de turismo passou a atuar na região, a partir de 2006. Outra importante representação ligada ao turismo é a associação dos empresários de turismo de Carolina, a ACATUR, sendo representada pelo presidente. Já no plano estadual, as ações de turismo no pólo estão a cargo da Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento Turístico. O Superintendente de Turismo do estado foi o entrevistado por ser um dos responsáveis pelas ações direcionadas para o pólo turístico da Chapada das Mesas. O Instituto Chico Mendes, ICMBIO, embora não seja um órgão diretamente ligado ao turismo, foi inserido no grupo de entrevistados por ter uma atuação efetiva e importante em relação ao ambiente da região, inclusive em áreas externas à delimitação do Parque da Chapada das Mesas, além da grande possibilidade de fortalecimento 86 da ligação do turismo desenvolvido fora e dentro do Parque. O entrevistado, representando o órgão, foi um técnico do ICMCIO, no referido Parque. Já em relação à comunidade, prevaleceu o seguinte perfil de entrevistados. Estes foram divididos entre profissionais que trabalham direta ou indiretamente com o turismo e profissionais ligados à área de educação. A maior parte declarou residir em Carolina desde o nascimento e 37,84% moram há mais de dez anos (figura 10). 47,30% 37,84% 50,00% 2,70% 5,40% 6,76% 0,00% Desde que nasceu Menos de um ano Entre seis e dez anos Acima de dez anos Entre um e cinco anos Figura 10: Tempo de vivência da população entrevistada em Carolina Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Observa-se que a prevalência de moradores com um elevado tempo de vivência no município contribui para o estabelecimento do vínculo de identidade com o local, favorecendo a preocupação e ações para a proliferação de benefícios de forma contínua. (VIGNATI, 2008). Aproximadamente 53% dos entrevistados foram do sexo masculino e 47% do sexo feminino. Este equilíbrio favorece a percepção compartilhada sobre o turismo. Já em relação ao grau de escolaridade, observou-se a preponderância de pessoas com ensino médio e superior (figura 11), refletindo a elevação do nível de escolaridade que se vem observando por todo o Brasil (PAULI, 2010) e contribuindo para uma percepção mais crítica sobre o processo de estruturação do turismo na região. 87 25,68% 27,03% 20,27% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 12,16% 8,11% 5,40% Figura 11: Grau de escolaridade da população entrevistada Fonte: Liz Renata Dias, 2010. No que diz respeito à faixa etária, destacaram-se principalmente as pessoas das faixas etárias entre 10 e 20 e 31 e 40 anos (figura 12) Acima de 70 anos Entre 61 e 70 anos Entre 51 e 60 anos 1,35% 2,70% 12,16% Entre 41 e 50 anos Entre 31 e 40 anos Entre 21 e 30 anos Entre 10 e 20 anos 16,22% 21,62% 20,27% 25,68% Figura 12: Faixa etária da população entrevistada Fonte: Liz Renata Dias, 2010. A faixa etária de 10 a 20 anos, na realidade compreende jovens a partir de 16 anos. O destaque desta faixa justifica-se em razão do direcionamento de parte das entrevistas para aplicação nas escolas com professores e alunos. Em relação à renda mensal das pessoas entrevistadas, as faixas compreendidas entre 1 e 3 salários mínimos e 4 e 6 salários mínimos concentraram, respectivamente, 51,35% e 21,62%. As ocupações de 59,46% dos entrevistados concentraram-se nas categorias profissionais de: comerciantes, estudantes e educadores. Observe-se que as categorias de 88 profissionais que atuam diretamente com o turismo somam 29,78% e os seus quantitativos não apresentaram diferenças expressivas. Estão distribuídos principalmente entre profissionais que atuam no setor de alimentação, hospedagem, transporte e agências de turismo (figura 13). 10,81% Outros Proprietário de restaurante e… Motorista/mototáxi e frete de… Guia de Turismo Gerente/Garçom e Caixa de… 2,70% 5,41% 2,70% 8,11% 18,92% Estudante Empresário/Agência de Turismo Empresário/ Recepcionista/Pousadas Educadores 4,05% 6,76% 13,51% Comerciante/vendedor 27,03% Figura 13: Principais ocupações da população entrevistada Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Das 51 pessoas entrevistadas que não trabalham em atividades ligadas diretamente ao turismo, 82,35% afirmaram não ter qualquer envolvimento com a atividade turística. Nota-se, portanto, que apenas uma minoria visualiza a extensão de benefícios do turismo na sua profissão. 4.3 Caracterização do turismo no pólo turístico da Chapada das Mesas – Carolina. 4.3.1 A Demanda Turística As entrevistas realizadas com os turistas durante a pesquisa de campo nos anos de 2009 e 2010 confirmam os dados oficiais obtidos pela secretaria de turismo do estado/SETUR MA, em relação à demanda atual na cidade de Carolina. O turismo na cidade portal de entrada do pólo da Chapada das Mesas encontra-se na fase inicial, na qual o destino está se estruturando e os visitantes são oriundos principalmente das regiões mais próximas, caracterizando-o como turismo regional, como se observa no gráfico seguinte (figura 14). 89 36,25% 22,50% 16,25% 2,50% 3,75% 7,50% 1,25% 3,75% 2,50% 3,75% Figura 14: Origem dos visitantes Fonte: Liz Renata Dias, 2010. O predomínio do turismo regional influencia no transporte utilizado para se chegar à cidade de Carolina, na qual 57,70% dos turistas têm acesso através de automóvel, 27,50% de ônibus e apenas 10% utiliza avião conjugado com outro meio de transporte. Outro aspecto que merece atenção é o tempo de estada na região, cuja permanência de 38,75% dos turistas é de 3 dias (figura 15). Em todas as pesquisas realizadas até o momento constatou-se que a maior parte dos visitantes pernoita no local, ou seja, são turistas propriamente ditos. Este aspecto estimula o crescimento do turismo na cidade, no âmbito econômico, tendo em vista que favorece o retorno dos investimentos empreendidos na cidade para o setor e amplia paralelamente os gastos deixados pelos visitantes. 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 36,25% 38,75% 12,50% 5% 7,50% 0% 1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias acima de 6 dias Figura 15: Tempo de permanência dos turistas na região Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Dos 80 turistas entrevistados 53,75% já estiveram em Carolina, ou seja, não se trata de uma primeira visita. Tal aspecto se justifica pela elevada quantidade e nível de atratividade dos recursos naturais da região, além da ausência de destinos turísticos com notoriedade nas proximidades dessa área. É importante ressaltar que, ao contrário de destinos 90 massificados ou predominantemente de lazer, onde prevalecem pessoas com baixo nível de escolaridade e renda (RUSCHMANN, 2001), 55% dos turistas que visitam Carolina possuem curso superior e de acordo com as pesquisas da SETUR MA mais da metade tem renda acima de 3 salários mínimos. O alto nível de escolaridade e renda média tendem a implicar em turistas mais sensibilizados e conscientes sobre a conservação do meio ambiente e dos atrativos, ao mesmo tempo em que são mais exigentes também quanto à qualidade do destino, em termos de serviços, equipamentos e atratividade (VIGNATI, 2008). O turismo de terceira idade compõe a parcela mínima da demanda em Carolina e não constitui público alvo dos gestores públicos e privados, uma vez que não há infraestrutura voltada para tal público e se almeja a consolidação do turismo de aventura e ecoturismo para a região. A própria faixa etária predominante, entre 20 e 40 anos, correspondendo a 75%, potencializa a perspectiva de tornar Carolina um destino, cujo foco maior seja o público jovem e adulto (figura 16). Figura16: Turistas em Pedra Caída – Carolina Fonte: Liz Renata Dias, 2009 Assim, depreende-se que mesmo prevalecendo o turismo regional as condições estruturais e turísticas do pólo da Chapada das Mesas conduzem ao predomínio de uma demanda com médio poder econômico, bom nível de escolaridade e motivada principalmente pela busca de descanso e lazer. 91 4.3.2 A Oferta Turística Do ponto de vista da oferta turística, observam-se como aspectos mais relevantes a carência de equipamentos e serviços turísticos qualificados e capazes de atender a demanda no período de alta estação. Somam-se, ainda, os usuais problemas de infra-estrutura básica, comuns a maior parte das cidades brasileiras, que interferem consideravelmente na elevação da qualidade turística do nível local ao nacional. Nas entrevistas realizadas com turistas ao longo de 2009 e 2010, apontaram como aspectos que mais precisam de investimentos e melhorias os serviços de alimentação, seguido de transporte e hospedagem (figura 17). 26,25% 30,00% 21,87% 25,00% 20,00% 20,62% 14,37% 15,00% 10,00% 5,00% 4,38% 6,88% 4,38% 1,25% 0,00% Figura 17: Aspectos que mais precisam de investimentos e melhorias, de acordo com os turistas. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Este resultado demonstra a carência nos elementos primordiais de sustentação da atividade turística. Os serviços de transporte são ineficientes desde o acesso à cidade até o deslocamento dentro do município. A localização de Carolina, distante das capitais, inclusive do Maranhão, é um entrave reconhecido por parte dos gestores da atividade na região, como destacou o coordenador do SEBRAE: “Um dos nossos principais entraves é a distância em relação aos principais centros emissores e estamos tentando quebrar com planejamento”. 92 Além da distância, a dificuldade de acesso ocorre pela inexistência de um transporte regular direto da própria cidade de São Luís, capital do estado, para Carolina. Por via rodoviária leva-se mais de 12 horas de viagem, uma vez que é necessário trocar de veículo na cidade de Imperatriz ou Estreito. Há a opção de se deslocar até Imperatriz e utilizar o transporte informal de vans, contudo há o incômodo das inúmeras paradas, da superlotação e da insegurança. O acesso por via ferroviária também demanda paciência, uma vez que o deslocamento ocorre apenas até a cidade de Açailândia, sendo necessário deslocar-se até Imperatriz por meio terrestre e novamente mudar de transporte para chegar à Carolina. O acesso mais rápido ocorre por via aérea até a cidade de Imperatriz ou Araguaina no Tocantins e fretamento de um veículo até a cidade de Carolina. Ressalta-se que existe uma pista de pouso de excelente qualidade no aeroporto de Carolina, contudo atualmente o seu uso está restrito a aeronaves particulares, uma vez que os aeroportos mais próximos que recebem vôos regulares são: o Guilherme Cortez em Imperatriz e o Araguaina no Tocantins. Pela dificuldade de acesso e pela predominância de turistas regionais, a maior parte opta pelo uso de veículo particular (figura 18). 57,50% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 27,50% 20,00% 10,00% 0% 5% 10% 0% 0,00% Figura 18: Transporte utilizado para acesso à Carolina. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Dentro dos 10% que apontaram outros meios estão a utilização do veículo aéreo somado ao transporte terrestre (van ou ônibus). A infra-estrutura rodoviária da cidade, localizada na entrada da sede, é precária e não atende adequadamente aos visitantes, seja esteticamente ou na prestação de serviços (figura 19). 93 Figura 19: Rodoviária de Carolina Fonte: Liz Renata Dias, 2010 O transporte para os atrativos turísticos da região são apenas fretados, principalmente veículos 4x4. Embora as vias de acesso da sede de Carolina para os atrativos estejam em boas condições, não existe transporte regular. Este foi um aspecto destacado principalmente pela comunidade, a qual reclama da inviabilidade de acesso em decorrência do alto valor cobrado pelo aluguel de veículos no acesso aos atrativos turísticos. No que diz respeito à necessidade de aumento em número e qualidade dos meios de hospedagem também foi ressaltado por turistas e moradores. Alguns são impelidos a se hospedarem em Filadélfia, no Tocantins, por conta da superlotação nos meses de alta estação. Algumas pousadas só realizam reservas para grupos, principalmente no mês de julho. É interessante ressaltar que a procura por meios de hospedagem é alta, em decorrência do número de dias que os visitantes permanecem na região. Predominam pousadas familiares, sendo que poucas realizam reserva por meio virtual e oferecem mais de uma forma de opção de pagamento. Já em relação ao setor de alimentação, apontado pelos turistas como o aspecto que mais necessita de investimento, destaca-se a existência de apenas três restaurantes na sede da cidade com carência de pessoal qualificado, variedade de cardápios e infra-estrutura (figura 20). Embora a comunidade reconheça esse problema e se mostre sensibilizada com os turistas, a maior parte não se interessa em investir no setor, seja por desconhecimento, ausência de recursos ou não identificação. 94 Figura20: Restaurante na sede da cidade de Carolina Fonte: Liz Renata Dias, 2009 A divulgação do destino foi um aspecto levantado por todos os entrevistados: comunidade, turistas e gestores. Tanto no nível estadual como municipal, os gestores destacaram como ações principais das secretarias de turismo a divulgação em eventos de nível nacional. “Nós temos estado presente nas principais feiras de turismo divulgando os pólos do estado”, destacou o superintende da SETUR MA. O coordenador do SEBRAE afirma que “as viagens realizadas para outros destinos permitem trazer aproveitamentos”. Para a comunidade e os visitantes, contudo, os resultados oriundos da divulgação turística do Pólo Chapada das Mesas, e Carolina em especial, são incipientes. Ambos os grupos de entrevistados destacaram como sugestão para melhorar a gestão do turismo na região o investimento em divulgação. Mesmo prevalecendo no turismo os comentários de parentes e amigos como principal motivação para conhecer um destino (em Carolina são 70% dos visitantes, de acordo com pesquisa de avaliação do destino da SETUR MA/2009), turistas e moradores salientaram nas entrevistas a importância de ampliar a propaganda do destino. Os serviços de telecomunicações e internet funcionam bem na cidade, estando presentes as quatro principais operadoras de telefonia móvel do país. Embora já se encontre uma relativa quantidade de informações sobre a cidade de Carolina em sites da internet, são poucas as empresas que disponibilizam serviços, tais como atendimento on line e reservas, utilizando esse meio. 95 Em relação à infra-estrutura básica destaca-se que as principais vias de acesso à cidade, a BR-230 e BR-010, encontram-se em bom estado de conservação, contudo carecem de iluminação e sinalização. A ausência de placas e outros sinais indicativos no âmbito do trânsito e do turismo é outro aspecto a melhorar, uma vez que dificulta o acesso aos atrativos turísticos da região. Já a cidade de Carolina é bem servida de comércios, possui hospital com capacidade de atendimento para casos de média complexidade e escolas de âmbito público e privado. Ainda assim, são necessários maiores investimentos em educação e saúde, paisagismo e abastecimento de água, já que nos meses de alta estação sempre ocorrem situações constrangedoras por não atender a demanda de consumo. Apesar da notória carência de uma oferta turística de qualidade, tendo em vista que o destino ainda se encontra em fase de estruturação, os atrativos turísticos têm compensado as dificuldades de acesso e estada no local. O crescimento do fluxo turístico para a região não acompanha a expansão, diversificação e potencialização da oferta turística local, embora existam indicadores que revelem a expansão do turismo tanto em relação ao público como em relação à sua oferta. “A oferta em número de unidades habitacionais saltou, de 168 em 2005, para 225 apartamentos em 2007. Já a taxa de ocupação-cama aumentou de 28% para 37% e a entrada de turistas teve crescimento de 31,5% no mesmo período”. (ECOVIAGEM, 2009). Todos os gestores privados entrevistados também destacaram a ampliação da infra-estrutura de turismo nos seus espaços como proposta de execução a curto prazo. “Temos a proposta de expandir as instalações...” (proprietário de Itapecuru). “Hoje já iniciamos um projeto que é um resort onde você vai ter 70 acomodações, são 36 chalés e 24 apartamentos com Centro de Convenções, recepção, restaurante e que deve estar pronto nesses dois anos”. (Gerente da Pedra Caída). Ainda estamos estruturando porque é um processo longo, mas por conta do fluxo está se tornando mais profissional. Estamos pensando em construir outros chalés para atender públicos específicos como pessoas em luas de mel. Será construído um outro restaurante e o atual servirá de apoio a alimentação. (Proprietário dos Cocais). Mais de 90% dos turistas que visitaram Carolina em 2009, de acordo com a pesquisa da SETUR/MA, consideraram válido o investimento na viagem, mostraram intenção de retorno e certamente indicariam o destino para outras pessoas. Alguns turistas entrevistados comentaram achar interessante a hospedagem de caráter familiar por contribuírem com os moradores, contudo, os valores cobrados seriam muito altos, 96 considerando os serviços prestados nos estabelecimentos. Muitos também destacaram que as dificuldades e falhas encontradas no decorrer da viagem são compensadas pela beleza dos atrativos turísticos, em especial as cachoeiras da região. 4.3.2.1 Atrativos Turísticos A diversidade e a beleza de recursos naturais no pólo da Chapada das Mesas, em especial em Carolina e Riachão, constituem a principal motivação de deslocamento das pessoas que visitam essas cidades. Apesar do reconhecido potencial de atratividade, para os recursos naturais se transformarem em atrativos turísticos de fato torna-se necessário a existência de uma mínima infra-estrutura turística, a qual está ligada principalmente ao deslocamento (vias de acesso e meios de transporte), hospedagem e alimentação (BENI, 2002). Este fato justifica a freqüência maior de visitação em torno de três locais no pólo da Chapada das Mesas, considerando a existência das várias possibilidades de atrativos na região. Ressalta-se que no processo de elaboração da pesquisa já se verificava a maior presença de turistas nesses três espaços, a partir de visitas prévias realizadas nos locais. A questão sobre os locais visitados na região foi proposta apenas para confirmar a dedução já constatada. Figura 21: Locais visitados no pólo da Chapada das Mesas Fonte: Liz Renata Dias, 2010. O complexo de Pedra Caída e Itapecuru, localizados a 35Km da sede de Carolina, são os espaços com maior facilidade de acesso (figura 22). A estância dos Cocais, localizada na cidade de Riachão, recebe um considerável número de visitantes, embora a maior parte se hospede em Carolina. A porcentagem de visitas não é maior em decorrência da distância, são 97 130Km da sede de Carolina à unidade dos Cocais em Riachão. Além disso, o acesso da sede de Riachão a Estância é em estrada de chão (figura 23). Figura 22: BR 010 - acesso à Pedra Caída Fonte: Liz Renata Dias, 2009 Figura 23: Estrada de acesso a propriedade dos Cocais em Riachão Fonte: Liz Renata Dias, 2010 Pedra Caída foi apontado por 40% dos turistas entrevistados como o local que despertou maior interesse em decorrência da beleza cênica e variedade de atrações, embora muitos tenham ressaltado que cada local tem seu atrativo em particular. Já quando questionados sobre o local que exerceu menor atratividade 26,25% não apontaram escolha e 25% indicaram as cachoeiras de Itapecuru. Entre os principais motivos que determinaram o menor interesse sobre os locais estão a má prestação dos serviços turísticos e a maior interferência humana no ambiente natural (figura 24). 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 25,53% 27,66% 19,15% 12,76% 10,64% 4,26% Ausência de infra-estrutura básica Ausência de infra-estrutura turística Maior Má prestação de interferência serviços humana no turísticos ambiente natural Beleza cênica inferior Outros Figura 24: Motivo sobre o local que despertou menor interesse Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Embora a má prestação dos serviços turísticos tenha sido o principal alvo de reclamações dos visitantes tanto nos locais onde estão os atrativos como na cidade de Carolina, as secretarias de turismo do município e estado, além do SEBRAE e proprietários dos estabelecimentos destacaram as capacitações como ações efetivas e permanentes 98 desenvolvidas. Em virtude dessa necessidade e da ausência de maiores recursos financeiros, os gestores públicos tem investido principalmente nessa área. Ainda assim, a principal dificuldade apontada no gerenciamento das propriedades “[...]sem dúvida é a falta de mão-deobra qualificada[...]” (gerente do complexo de Pedra Caída). Os principais atrativos dos locais de visitação sem dúvida são as cachoeiras, utilizadas principalmente para banho, mas também já sendo incorporadas nos roteiros de aventura para a prática de rapel e cachoeirismo. As condições ambientais existentes, possibilitando usufruir das quedas d’ água em espaços naturais com pouca presença de elementos artificiais também contribuem para elevar de forma positiva a percepção sobre os locais. Pedra Caída tem a vantagem de reunir várias cachoeiras na mesma propriedade e já introduzir atividades de aventura (figura 25). Figura 25: Complexo de Pedra Caída Fonte: Liz Renata Dias, 2009 e 2010 Na estância dos Cocais na cidade de Riachão também existe uma variedade de atrações, mais restritas a diversas quedas d’água, um poço de águas cristalinas e já se vêm planejando a introdução de atividades de aventura também. Dos turistas entrevistados que visitaram a estância dos Cocais apenas dois não consideraram como o local mais atrativo. Pedra Caída e Itapecuru tiveram porcentagem maior em decorrência de terem recebido um maior número de visitantes (figura 26). 99 Figura 26: Estância dos Cocais em Riachão Fonte: Liz Renata Dias, 2009 e 2010 O empreendimento Itapecuru firma-se mais como um ambiente de lazer, cuja atração se restringe a duas cachoeiras paralelas e tendo o banho como principal e única atividade. É muito freqüentado por grupos em família, excursionistas e moradores da própria localidade (figura 27). Figura 27: Cachoeiras de Itapecuru Fonte: Liz Renata Dias, 2009 4.4 Caracterização ambiental e sócio-econômica da região Carolina e Riachão integram o complexo biológico que abrange o Parque Nacional da Chapada das Mesas, refletido principalmente no bioma cerrado. Por estarem em uma área de transição (ALBINO, 2005), além das variações do próprio cerrado, é marcante a presença das matas de galerias e de vegetação característica da região amazônica, já que também sofre influência desse bioma. Isso favorece a distribuição de comunidades com elevada heterogeneidade além de ecossistemas compostos por mosaicos vegetacionais com gradientes que variam desde campos abertos até formações florestais mais densas, muito embora o cerrado sensu stricto represente o padrão mais generalizado, uma vez que sua feição recobre extensas áreas. Ocorrem ainda outros subtipos de vegetação associada ao cerrado, entre os quais destacam-se cinco fisionomias principais designadas regionalmente como: chapada, cerradão, mata, mata seca e brejo. (ALBINO, p.17, 2005). 100 As principais ameaças ao meio ambiente da região não são provenientes do turismo, mas principalmente de outras atividades. De acordo com o ICMBIO, é comum a ocorrência de queimadas acidentais na região ocasionadas pela cultura da queima para a preparação de roça. A secretaria de meio ambiente do município acrescenta também que “a preocupação está voltada para as áreas do leste do município onde 80% já foi tomada pela monocultura da soja e também os herbicidas nas lavouras que vão descampar no rio Manoel Alves Grande. Há denúncias de veneno, herbicidas que são despejados no rio”. (SECMA Carolina). O maior problema ou ameaça ambiental para a região, compartilhado por gestores e pela comunidade trata-se da construção da Usina Hidrelétrica em Estreito – UHE Estreito, cujos impactos sobre o ecossistema, a cidade e os próprios moradores ainda não são conhecidos na sua totalidade, de acordo com a SECMA Carolina e moradores entrevistados. Entre os impactos já previstos, segundo o relatório de impactos ao meio ambiente elaborado pela CNEC Engenharia (2009), estão a inundação de municípios, entre os quais se inclui Carolina, deslocamento de famílias e impactos sobre tribos indígenas e comunidades quilombolas; elevação do lençol freático acarretando na formação de áreas úmidas e alagáveis, contaminação de águas subterrâneas, instabilização e erosão de encostas marginais; alagamento das terras mais agricultáveis, afetando o modo de sobrevivência das populações ribeirinhas; alteração sobre o ciclo de reprodução dos peixes, afetando comunidades indígenas, entre outras mais. O documento da CNEC Engenharia (2005) aponta que a barragem inundará 6.600 ha de uma Área de Preservação Permanente, além de provocar o desaparecimento de algumas áreas utilizadas para o lazer: 4 praias, Filadélfia, Babaçulândia, Palmeirante e Barra do Ouro; e uma Ilha, dos Botes. Também serão inundadas 2,6 km de estradas, 6 portos de balsa e 1 atracadouro de barcos. Sete espécies animais, ameaçadas de extinção, serão afetadas (macaco-de-ordem, cachorro-do-matovinagre, cachorro-do-mato-comum, guariba-preto, sagüis, veado-campeiro, e a arara-azul-grande). (CNEC ENGENHARIA, 2009). Sobre o turismo, acrescenta-se como impacto, além do desaparecimento de praias fluviais e da Ilha dos Botes (figura 28), “inúmeros riachos e quedas d’água fora da UC que ainda não são conhecidos pelo turismo, mas com grande potencial para o aproveitamento nesta atividade”. (ICMBIO). Soma-se também o desaparecimento de botos, uma vez que “no encontro do rio Tocantins com o Manoel Alves Grande há um verdadeiro berçário. Os pescadores não utilizam rede nesse local, sendo possível observá-los, principalmente na 101 vazante”, o que constituiria em mais um atrativo turístico para o pólo e com baixo impacto. (SECMA Carolina). Moradores receiam ainda que a área de inundação prevista seja maior e chegue a atingir parte do Centro Histórico de Carolina, tombado como patrimônio no nível estadual. Figura 28: Ilha dos Botes em Carolina (MA) que irá desaparecer com a construção da barragem de Estreito Fonte: Antonio Cunha, 2003. . Os impactos sobre as populações ribeirinhas, indígenas e quilombolas poderão acarretar na formação de um cinturão de pobreza, levando grupos de pessoas a um processo de marginalização social, insurgindo ao aparecimento de pedintes, mendigos, prostituição, drogados e aumento da violência, cenário ainda inexistente em Carolina. Os impactos poderão reduzir a taxa de IDH do município que é de 0,658 - média acima do IDH do estado, do nordeste e pouco abaixo do IDH nacional que é de 0,699. (PNUD, 2000). Conseqüentemente, a emergência e o agravamento de problemas sociais no município poderão intervir no processo de desenvolvimento turístico sustentável almejado para a cidade e entorno, já que há uma grande probabilidade de surgirem novos problemas não tendo sido solucionados nem os que já existem a mais tempo na localidade. A água utilizada para o abastecimento é oriunda do rio Tocantins, havendo duas estações de tratamento que não estão funcionando na sua plenitude (figura 29). Apenas as residências da sede recebem água tratada, contudo as áreas mais afastadas não sofrem com a falta e qualidade, pois segundo a SECMA de Carolina há 409 nascentes catalogadas e 22 rios perenes na região. É certo que, de acordo com a EIA-RIMA (CNEC ENGENHARIA, 2009), a instalação da UHE Estreito promoverá uma alteração na qualidade da mesma, tanto nos aqüíferos como em alguns rios. 102 Figura 29: Estação de tratamento de água em Carolina (MA) Fonte: Liz Renata Dias, 2010. De acordo com a SECMA de Carolina, não há rede de esgoto no município, contudo a maior parte das residências tem fossas e caneletas para o escoamento das águas pluviais. Destaca-se que segundo dados do IBGE (2010) “Só 44% dos domicílios do País tinham acesso à rede geral de esgoto em 2008. Em apenas 28,5%, o que é coletado recebe tratamento”. A região nordeste ocupa o segundo patamar no quadro das áreas com maiores problemas envolvendo saneamento básico, ficando atrás somente da região norte. (IBGE, 2010). Outro aspecto que merece atenção refere-se à coleta de lixo da cidade. Antigamente se carregava o lixo no caminhão aberto, até que se contratou uma empresa para empacotar o lixo e levar para o lixão. Apesar das dificuldades, dos problemas mecânicos nos caminhões se atende direitinho. Passa em todas as ruas do Centro da cidade e é regular, três dias na semana. (SECMA Carolina). O lixão se localiza na saída do município e é despejado em um terreno baldio pelas transportadoras (figura 30). Apesar de não haver coleta seletiva e nem separação do lixo pela empresa contratada, observou-se a reserva de materiais em ferro e alumínio em sacos grandes no lixão (figura 31). Embora se desconheça a existência de empresas de reciclagem que utilize esse tipo de material, em Imperatriz existe a empresa Recimar Reciclagem Maranhão Ltda que trabalha com materiais não ferrosos, tais como papel e plástico. Um agravante em torno do tratamento do lixo da cidade, ou melhor, da ausência de tratamento refere-se à sua queima realizada no terreno de despejo. “A poluição do ambiente por metais 103 pesados e por dioxinas resulta em grande parte da queima descontrolada de resíduos. O hábito de destruir o lixo pelo fogo sem controlo tem de ser combatido”. (CAVALHEIRO, p.1, 2010). Figura 30: Lixo no aterro de Carolina (MA). Ao fundo a paisagem de cerrado. Fonte: Liz Renata Dias, 2010 Figura 31: Aterro de Carolina (MA) tendo ao fundo queimada e na lateral sacos com lixo em alumínio. Fonte: Liz Renata Dias, 2010 Nota-se, portanto, que alguns problemas ambientais, sociais e econômicos do município de Carolina não deturpam de outras cidades do estado, contudo, apresenta uma riqueza ambiental imensurável, com uma das maiores áreas de preservação do cerrado do Brasil. Dispõe de indicadores sociais positivos e uma economia de subsistência favorável à concepção de sustentabilidade, além do comércio e turismo. Futuramente são esperados sérios impactos de âmbito social, econômico e ambiental em decorrência da hidrelétrica de Estreito, atingindo inclusive a atividade turística local, de forma que irá receber mais impactos do que causar. O turismo poderá tanto reduzir os impactos oriundos desse empreendimento como agravá-los. Para tanto, a ação dos gestores locais é imprescindível para evitar danos maiores e o comprometimento do cenário turístico de Carolina. 4.5 Gestão pública e Privada do Turismo na região sob a ótica da sustentabilidade 104 O aumento do número de visitantes, meios de hospedagem, leitos e agências de turismo em Carolina, bem como a oferta de cursos ligados à atividade, inclusive um curso técnico de turismo e hospedagem, constituem em indicadores do crescimento do turismo na cidade, comemorado tanto por gestores públicos como privados. Cientes do potencial turístico representado pelo pólo da Chapada das Mesas, em especial Carolina, os gestores entrevistados revelaram estar trabalhando para expandir o mercado de turismo na localidade e estão buscando firmar a imagem de destino sustentável ligado à natureza e aventura. Percebe-se, assim, que os gestores compartilham da corrente de estudiosos como Ruschmann (2001), Dias (2003) e Magalhães (2002) que acreditam que a atividade turística pode ser sustentável, mesmo estando fundamentada em um mercado econômico. Assim, é interessante analisar as ações que vêm sendo empreendidas pelos gestores públicos e privados, enquanto práticas inovadoras e comprometidas com a concepção de sustentabilidade ou simplesmente reproduções de práticas voltadas para o crescimento turístico local. De acordo com Sachs (2004) o planejamento para atividades sustentáveis devem estar pautadas em seis dimensões: econômica, social, ecológica, espacial, política e cultural. Nesse sentido, segue abaixo um quadro explicitando a idéia de cada dimensão e o reflexo sobre o destino turístico de Carolina, a partir de avaliação graduada de ruim a ótimo. Dimensão Conceito geral Proteção Ecológica e mitigação Situação atual Conceito no turismo em Carolina dos Capacidade de carga do danos aos elementos naturais ecossistema para ruim uso turístico Social Equidade social Equidade na distribuição Acesso a bens e direitos dos benefícios bom trazidos pelo turismo Cultural Identidade local Respeito às diferenças regular Valorização cultural Valorização das minorias Integração cultural Democratização e participação Política Participação da comunidade local e dos visitantes nas decisões regular 105 Econômica Equilíbrio no crescimento Desenvolvimento econômico bom econômico dos destinos turísticos Espacial Distribuição equilibrada uso do território do Uso adequado dos bom territórios turísticos Quadro 04: Dimensões da sustentabilidade e seus reflexos no turismo de Carolina (MA). Fonte: Adaptação de Anjos e Rados, 2010. 4.5.1 Gestão Pública do Turismo em Carolina A gestão pública de turismo em Carolina, envolvendo secretarias de turismo, SEBRAE e ACATUR, está pautada prioritariamente na consolidação da atividade turística na região, sobrepondo inicialmente à dimensão econômica (SACHS, 2004) sobre as demais. O SEBRAE embora não configure um órgão público e sim um serviço social autônomo detém a postura de liderança sobre o gerenciamento do turismo na cidade, embora trabalhe em parceria com os demais. Dencker (2004) chama a atenção para a necessidade do estado conduzir as políticas públicas que irão orientar as ações de planejamento, o qual deve ser realizado de forma compartilhada. Embora o estado do Maranhão apresente o Plano Maior de Turismo como norteador da política de turismo do estado e das suas ações de planejamento, verifica-se uma maior referência e conhecimento sobre a existência do plano em si do que os resultados do planejamento de fato, revelando uma discrepância entre plano e planejamento, a qual é discutida por Sansolo e Da Cruz (2004). “Planejamento é um processo contínuo de tomada de decisões, voltado para o futuro e para a perseguição de um ou mais fins. Como processo, o planejamento tem um forte sentido de intangibilidade e não pode, portanto, ser confundido com um plano, que é um documento que reúne um conjunto de decisões sobre determinado tema/área/setor. Planejamento governamental nada mais é do que o planejamento que se faz no âmbito das administrações públicas, considerando-se suas diferentes escalas de gestão. (SANSOLO;Da CRUZ, 2004, p.2). Nesse sentido, observa-se uma atuação tímida da SETUR MA no pólo da Chapada das Mesas. Além de ações de divulgação em feiras nacionais, a sua atuação no pólo está direcionada para o apoio a formação de um Arranjo Produtivo Local (APL) em Carolina, articulado pelo SEBRAE em parceria também com a ACATUR e SETUR municipal. “Os APLs representam redes de empresas ligadas pela mesma cadeia produtiva, fortemente interdependentes e intensamente articuladas. Essas empresas são integradas em sistemas 106 colaborativos de produção e inovação, formando parcerias e alianças estratégicas”. (BRAGA e MAMBERTI, 2004, p.3). Dessa forma, as empresas se fortalecem mutuamente e elevam o seu desempenho competitivo, em menor potencial quando desenvolvido individualmente pelas empresas. (BRAGA e MAMBERTI, 2004). Os autores explicam que quando a atividade turística é bem integrada os benefícios econômicos gerados pelos APLs estendem-se das empresas para os turistas e para a economia local. Estaria, portanto, favorável à dimensão econômica da sustentabilidade proposta por Sachs (2004). O SEBRAE informou que o APL na Chapada das Mesas iria até o ano de 2011 e que o projeto estaria voltado para 4 municípios: Imperatriz, Carolina, Riachão e Tasso Fragoso. Dentre as ações do APL desenvolvidas tem-se: atração de investimento para o setor do turismo, eventos de mercado, estudo de mercado, capacitações técnicas, gestão da qualidade, incentivo à cultura e promoção de eventos. O SEBRAE e a SETUR de Carolina afirmam que o turismo em Carolina, no âmbito da gestão pública, só teve início em 2005, já que antes disso as ações eram pontuais e não existia qualquer diagnóstico do destino. A preocupação em desenvolver ações baseadas em um diagnóstico participativo mostra-se também um ponto positivo na perspectiva da sustentabilidade. As ações desenvolvidas pela SETUR municipal incluem, além da parceria na formação de APLs e divulgação, o apoio nos eventos culturais da cidade como carnaval, São João, aniversário da cidade, dentre outros. Revelou também conhecer o papel do poder público dentro do turismo. “Ao poder público cabe melhorar a cidade, deixar a cidade limpa, melhorar a segurança; o setor privado é quem comanda as áreas de atrativos naturais e culturais, então eles têm que fazer a parte deles e nós as nossas.” (SETUR Carolina). Os gestores públicos entrevistados mostraram-se conhecedores também dos impactos negativos causados pelo turismo quando em estágio de maior desenvolvimento. Como forma de tentar impedir que os aspectos negativos sobreponham-se aos positivos em Carolina os gestores buscam conhecer outras localidades turísticas, fortalecer o empresariado local, já sabendo que futuramente há uma grande probabilidade da chegada de empresas externas, e sensibilizar a comunidade carolinense para ser também fiscalizadora da atividade. A qualidade turística requer a capacitação e a educação da comunidade, do reconhecimento e conservação do patrimônio e do entorno, da melhoria da imagem urbana e das relações entre os diferentes espaços orientados por uma política de planejamento e gestão cuja cultura envolva empresários, trabalhadores, turistas e hospedeiros, atentando igualitariamente às necessidades de todos. (DENCKER, 2004, p.22). 107 Compartilhando da concepção de Dencker (2004), Vigati (2008) acrescenta que a tarefa de atender múltiplas necessidades dentro do planejamento turístico embora não seja fácil é imprescindível para uma gestão sustentável. A população de Carolina mostrou-se muito interessada e receptiva em relação ao turismo, destacando como os principais benefícios gerados pelo turismo a geração de emprego, renda e o contato com pessoas de outras localidades. Aproximadamente 63% da população entrevistada não visualiza problemas gerados pelo turismo, mas apenas 28% considera o gerenciamento do turismo em Carolina bom, apontando como principais entraves a atuação não integrada com outras áreas (infraestrutura, saúde, educação...). Os moradores entrevistados (51,35%) ressaltaram que em ordem de importância a gestão turística deve priorizar a área ambiental, tanto pelos atrativos naturais serem a referência da região, como também pelas ameaças em torno da instalação da UHE – Estreito e a presença do Parque Nacional da Chapada das Mesas. Destaca-se que o ICMBIO tem dado grandes contribuições e apoio no tocante às questões ambientais da região, inclusive fora da UC, ou seja, da sua esfera de competência e responsabilidade. A Secretaria estadual de Meio Ambiente - SEMA é ausente no local, refletindo que a sustentabilidade ambiental na área necessita de maior intervenção. No âmbito social, o turismo começa a estimular investimentos na infra-estrutura, como, por exemplo, a oferta de vôos regulares de âmbito regional no aeroporto de Carolina (figura 32). Este é um esforço que vem sendo trabalho pelos gestores estaduais do Maranhão e municipais de Carolina. As negociações tiveram início em 2010. Figura 32: Aeroporto Brigadeiro Lysias Augusto Rodrigues em Carolina Fonte: CFN, 2010 108 Em relação à dimensão espacial (Sachs, 2004), o turismo deve favorecer a desconcentração populacional e de atividades na área urbana, já que a maior parte dos atrativos turísticos não está localizada na sede, mas em áreas mais afastadas. Já a dimensão cultural (SACHS, 2004) carece de intervenção, uma vez que o patrimônio histórico e cultural não vem sendo trabalhado pelo turismo. Mesmo prevalecendo os atrativos naturais como principal motivação do deslocamento turístico para a região, o patrimônio histórico e as manifestações culturais podem agregar valor à oferta turística da cidade. Carolina compartilha dos grandes desafios envolvendo a gestão pública para tornar o destino sustentável, apontados por Solha (2010, p.42): [...] Apesar da mudança nas relações entre o setor público e turismo, verifica-se, ainda, a existência de sérias dificuldades relacionadas tanto ao entendimento das questões conceituais sobre turismo sustentável e as estratégias para promover a aplicação desse conceito. A isso se associa a incapacidade do poder público em gerir a atividade turística, em decorrência dos escassos recursos financeiros e da baixa qualificação dos gestores públicos. A ausência de pessoal qualificado foi um ponto recorrente nas entrevistas, contudo nota-se que esta realidade não está ligada apenas aos locais envolvendo visitação e as empresas ligadas ao turismo, mas as próprias secretarias carecem de funcionários qualificados, principalmente a SETUR de Carolina. Outro aspecto destacado por todos os gestores entrevistados diz respeito aos poucos recursos direcionados ao turismo, o que inviabiliza o desenvolvimento de mais ações voltadas para o setor, incluindo a necessidade de melhorar a infra-estrutura. 4.5.2 Gestão Privada do Turismo em Carolina Nas entrevistas realizadas com os gestores privados, especificamente dos complexos turísticos de Itapecuru, Pedra Caída e Cocais, destaca-se que as propriedades foram adquiridas por meio hereditário, compra e arrendamento, respectivamente. Há muitos anos essas áreas recebem pessoas e inicialmente constituíam em espaços principalmente de lazer e sem qualquer organização e infra-estrutura. O crescimento do número de visitantes, incluindo de cidades mais distantes ensejou a alocação de uma pequena infra-estrutura turística que vem se expandindo. 109 As normas e exigências de visitação estão vinculadas ao pagamento de uma taxa de entrada em torno de dez reais, sendo que em Pedra Caída, somam-se ainda taxas para visitar cada atrativo. Neste complexo há o acompanhamento de guias de turismo ou monitores ambientais, fato que já não se verifica no complexo de Itapecuru e Cocais. Mais da metade dos turistas entrevistados informaram terem tido o acompanhamento de um guia de turismo ou monitor ambiental, sendo muito mais reflexo da presença dos monitores em Pedra Caída. Destes, porém, 24% não ficaram satisfeitos com o trabalho dos guias e/ou monitores. Os motivos expostos foram: (figura 33). 33,33% 33,33% 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 25% 8,34% Falta de conhecimento Falta de conhecimento sobre os atrativos sobre o ambiente turísticos Falta de educação Outras falhas Figura 33: Motivo de insatisfação em relação ao guia de turismo ou monitor ambiental Fonte: Liz Renata Dias, 2010. As ações para evitar a degradação ambiental causada ou estimulada pelo turismo são realizadas através de “[...]orientação das pessoas pelos próprios funcionários.” (proprietário do complexo de Itapecuru). Já em Pedra Caída há a proposta de implementar um sistema de reciclagem do lixo e tratamento de água. No complexo dos Cocais existe a proposta de restringir a visitação ao acompanhamento por guias de turismo e elaborar um estudo de capacidade de carga turística. Não existem estudos de capacidade de carga e nem uma avaliação contínua das condições ambientais nos três complexos estudados. A principal dificuldade apontada no gerenciamento das propriedades “[...] sem dúvida é a falta de mão de obra qualificada...” (Gerente do complexo de Pedra Caída). De uma forma geral, notou-se que os proprietários de Pedra Caída e Cocais possuem uma visão mais empresarial do turismo, inclusive considerando a idéia do ecoturismo. Em Itapecuru a existência de apenas um atrativo e o público prevalecente de famílias, além da alta freqüência de pessoas da própria comunidade, favorece a percepção do turismo de uma forma mais simples e não sistemática. A prestação de serviços nestes espaços 110 deixa muito a desejar ainda e embora nas entrevistas haja menção sobre a preocupação ambiental, poucas ações práticas são implementadas para evitar impactos ambientais. Em Cocais não é permitida a descida para as cachoeiras com alimentos e bebidas (figura 34), contudo não há fiscalização e já se verifica a presença de lixo no ambiente, ainda que em pequena proporção. (figura 35). Figura 34: Placa informativa nos Cocais. Fonte: Liz Renata Dias, 2009. Figura 35: Garrafas plásticas descartadas próximas às cachoeiras. Fonte: Liz Renata Dias, 2010 Em Pedra Caída, embora se exija o acompanhamento de monitores ambientais do complexo para os principais atrativos no período de alta estação é comum haver dispersão e um número superior a 20 pessoas, quantidade máxima para a descida em grupos informada pelo complexo. A entrega de pequenos sacos plásticos para os visitantes que queiram levar máquinas fotográficas para as cachoeiras é realizada com o pedido de não deixarem o saco no local, porém não há controle e fiscalização efetiva. Materiais deixados pelos turistas, incluindo lixo, são recolhidos pelos monitores a qualquer momento, contribuindo assim para a educação ambiental. Somam-se, ainda, como aspectos positivos uma apresentação prévia do complexo e das normas de visitação antes da descida às cachoeiras e a instalação de rampas suspensas, evitando impactos no solo (figura 36). Já a proposta de implantação de um resort ecológico é marcadamente comercial e a expansão das instalações como chalés de concreto contradizem a idéia de ecoturismo divulgada (figura 37). Não há o acompanhamento de um especialista na área ambiental na execução deste empreendimento, o que pode acarretar em sérios impactos no ambiente. No âmbito social as ações se restringem a contratação de pessoal da própria localidade, fato que decorre muito mais por falta de opção do que preocupação social. 111 Figura 36: Rampa de acesso ao Santuário de Pedra Caída. Fonte: Liz Renata Dias, 2009 Figura 37: Chalés sendo construídos em Pedra Caída para o ecoresort. Fonte: Liz Renata Dias, 2010 No complexo dos Cocais em Riachão também existem sérios problemas em torno do gerenciamento turístico local, contudo tende a se tornar uma referência mais próxima de destino turístico sustentável pela alta receptividade em torno de sugestões de melhorias, formação de parcerias, pelo nível de conhecimento do filho do proprietário do complexo dos Cocais que é o atual secretário de turismo de Riachão, bem como por não dependerem economicamente do turismo nos Cocais. A propriedade era familiar e tornou-se um atrativo turístico, ao contrário de Pedra Caída e Itapecuru que foram adquiridas com fins econômicos. Em Itapecuru foi onde se observou menor organização da visitação. Além do impacto visual oriundo de um aterro em cimento nas margens do rio, é permitida a entrada com mesas, cadeiras, bebidas e alimentos no rio (figura 38). 112 Figura 38: Complexo de Itapecuru em Carolina (MA). Fonte: Liz Renata Dias, 2009 Outro aspecto que merece atenção dos gestores tanto privados quanto públicos é a relação da comunidade com o turismo na região. Deve-se pensar na dimensão social não apenas no que tange aos benefícios materiais como geração de emprego e renda, mas tendo o cuidado de não promover a exclusão da comunidade em relação ao seu ambiente, seja no nível espacial ou cultural. Verifica-se, por exemplo, que os locais mais freqüentados pela comunidade não coincidem com os locais mais freqüentados por turistas, com exceção das cachoeiras de Itapecuru, como se observa na figura 39. Outros 4,73% Cachoeira de São Romão 1,35% Cachoeira do Dodô 1,35% Complexo dos Cocais em Riachão Praiolandia Pedra Caída Ilha dos Botes Praias do Tocantins 2,03% 8,78% 9,46% 14,19% 20,95% Cachoeiras de Itapecuru 37,16% Figura 39: Atrativos turísticos mais freqüentados pela comunidade. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Nota-se que Pedra Caída e Cocais já estão promovendo um impacto usual dentro da atividade turística: a apropriação dos espaços pelo turismo e exclusão da comunidade local. Durante as entrevistas com os moradores houve destaque para a perda do acesso às cachoeiras onde antes eram habitualmente visitadas, principalmente em Pedra Caída, cujas taxas estabelecidas para visitação inviabilizaram grande parte da comunidade ao acesso aos atrativos da propriedade. “Antes era possível ter acesso à cachoeira de capelão e caverna por um caminho fora da propriedade de Pedra Caída, mas o ‘proprietário’ mandou quebrar as pontes de acesso e destruir as trilhas”. (morador de Carolina). Destaca-se, ainda, a grande quantidade de nascentes e riachos na propriedade, implicando na perda de acesso não apenas ao lazer como também no desenvolvimento de outras atividades que porventura fossem de interesse da comunidade. 113 Leuzinger (2010) explica que a água é assegurada pela constituição brasileira como um bem de domínio público de uso comum do povo, mas o decreto de 24.643 de 34 referente ao código de águas determina no Art. 8º que “são particulares as nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas não estiverem classificadas entre as águas comuns de todos, as águas públicas ou as águas comuns”. No caso específico dos rios pertencem à União quando atingem mais de um estado ou estão em zonas limítrofes, sejam nacionais ou internacionais. (LEUZINGER, 2010). No caso específico dos rios que cortam as propriedades estudadas, os mesmos pertencem ao estado do Maranhão. Logo, a legislação assegura a apropriação dos recursos naturais em terrenos particulares pelos proprietários, mas determina também que o mesmo se responsabilize pela não degradação, como se observa no artigo 1.228, § 1º, do código civil brasileiro: O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas finalidades econômicas e sociais e de modo a que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e a patrimônio histórico e artístico, bem como a evitar a poluição do ar e das águas. Já os aspectos na cidade de Carolina e nos atrativos turísticos privados que mais necessitam de investimentos e melhorias, de acordo com os turistas são: (figura 40). 30,00% 26,25% 21,87% 25,00% 20,00% 20,62% 14,37% 15,00% 10,00% 5,00% 4,38% 6,88% 4,38% 1,25% 0,00% Figura 40: Aspectos que mais necessitam de investimentos e melhorias em Carolina (MA), de acordo com os turistas. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Logo, a concepção de turismo sustentável requer também a estruturação dos aspectos primordiais da atividade que giram em torno dos serviços de alimentação, transporte e hospedagem, na medida em que a existência do turismo depende desses elementos. 114 4.6 O turismo em Carolina e o Parque Nacional da Chapada das Mesas De acordo com o ICMBIO o processo de criação do Parque Nacional da Chapada das Mesas começou no início da década de 60 quando houve um estudo de mapeamento nacional pelo projeto RONDON do exército para a identificação de áreas para preservação. Arrastou-se então da década de 60 ao ano de 2003 quando foi solicitado ao IBAMA um estudo para identificar a possibilidade e viabilidade de se criar nessa região uma unidade de conservação, já sob pressão dos estudos da barragem de Estreito e de mais duas outras barragens propostas para o rio Farinha, duas PCH’s (pequenas centrais hidrelétricas). A sociedade civil se organizou e conseguiu que o IBAMA fizesse uma vistoria na área para a criação da unidade. No estudo técnico se identificaram muitas potencialidades tanto biológicas como físicas e antropológicas. Foi constatada a existência de muitos atrativos que deveriam ser protegidos por conta da pressão das PCH’s e das fronteiras agrícolas que vinham se expandindo. O cultivo da soja e do eucalipto é bem forte na região. (ICMBIO). A partir de então o IBAMA indicou a criação do Parque da Chapada das Mesas, sendo instituído pelo decreto de 12 de dezembro de 2005, art.1º, p.1. Fica criado o Parque Nacional da Chapada das Mesas, nos Municípios de Carolina, Riachão e Estreito, no Estado do Maranhão, com o objetivo básico de preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. O turismo é usualmente apresentado como alternativa para a sustentabilidade dos Parques, enquanto unidades de conservação, por ser mais restritivo e ter suas atividades monitoradas por um viés legal de proteção. Kinker e Passold (2010, p.389) acrescentam que “os recursos advindos da visitação nas UCs” poderão auxiliar na gestão de outros programas que fazem parte das unidades. Embora ainda não tenha sido implementado o plano de manejo no Parque Nacional da Chapada das Mesas o mesmo já recebe visitantes, revelando que a relação com o turismo já se faz presente ao período anterior de criação da UC. Além da influência na nomeação do pólo turístico “Chapada das Mesas”, pessoas de Carolina, dentro e fora do 115 Parque, são beneficiadas com o turismo, não apenas no âmbito econômico, como também social e cultural. A infra-estrutura básica e turística do Parque é ainda mais precária do que em outros locais turísticos da região. O acesso só é realizado através de carros traçados e o percurso dura em média 3 horas para os dois principais atrativos da região: a cachoeira da Prata e São Romão (figuras 41 e 42). Figura 41: Cachoeira da Prata no Parque da Chapada das Mesas. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Figura 42: Cachoeira de São Romão. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. O Parque Nacional da Chapada das Mesas conta ainda com inúmeras quedas d’água, de menor volume, 434 nascentes descobertas até 2008, uma considerável área do rio Farinha e espécies endêmicas da vegetação de cerrado, além de animais ameaçados de extinção. (ICMBIO). As propriedades turísticas em estudo, Pedra Caída, Itapecuru e Cocais, não foram inseridas no Parque propositadamente e considerá-las como pertencentes à área de entorno da UC tende a gerar controvérsias em virtude de não estarem inseridas na zona de amortecimento e nem na área circundante. De acordo com a Lei n. 9.985/2000 (art. 2º, XVIII) zona de amortecimento corresponde ao “entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”. Nesse sentido, esta zona seria definida a partir do plano de manejo, o qual ainda não foi estabelecido no Parque Nacional da Chapada das Mesas. Já Maia (2010) explica que a resolução do CONAMA 13/1990 (art.2º) destaca que “nas áreas 116 circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota, deverá ser obrigatoriamente licenciada pelo órgão ambiental competente”. Nenhum dos complexos turísticos em estudo estão localizados num raio de 10km da borda da Unidade de Conservação, mas ainda assim estas propriedades merecem atenção, considerando a relação de influência que podem vir a exercer sobre o turismo na UC. Considerando a inviabilidade de existir e trabalhar dois mercados turísticos na região do pólo turístico da Chapada das Mesas, em torno de Carolina e Riachão, a gestão turística dentro e fora da UC deve compartilhar o mesmo foco, como estratégia de fortalecimento do turismo e melhor preservação dos recursos e atrativos. Para Kinker e Passold (2010) uma das fragilidades envolvendo o turismo nas UC’s consiste na focalização exclusiva sobre a UC e seus atrativos turísticos, desconsiderando o público. Os turistas que visitam Itapecuru, Pedra Caída e Cocais são os mesmos que visitam o Parque (no que tange ao perfil). Assim, não se deve esperar que se desenvolva o turismo ecológico e ecoturismo dentro da UC, com um público massivo e descomprometido com o meio ambiente, as pessoas e a cultura local que porventura venha a se desenvolver nas áreas adjacentes. Tais quais outras áreas turísticas, como a Chapada dos Guimarães e Diamantina, os atrativos internos e externos aos Parques são integrados em roteiros turísticos. Mesmo que ocorram maiores restrições às visitas na unidade de conservação, o destino turístico é um só. Carolina não apenas constitui portão de entrada para o pólo turístico como também é o principal portão de entrada utilizado pelos visitantes para o Parque da Chapada das Mesas (figura 43). Alguns atrativos reais, como Pedra Caída, e potenciais, como a cachoeira do Dodô e Mansinha estão localizados na margem da BR 230 que dá acesso ao Parque. Figura 43: Entrada pela BR 230 que dá acesso ao Parque nacional da Chapada das Mesas. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. 117 Aproximadamente 48% da comunidade carolinense entrevistada informou que o motivo de criação do Parque foi para a preservação do ecossistema e 12,16% associou a finalidade de criação à atividade turística. Embora durante as entrevistas a maior parte da população tenha se mostrado sensibilizada em relação à necessidade de preservação ambiental dos recursos naturais da sua região, fazendo inclusive referência à criação da UC, em contraposição ressaltaram também os conflitos sociais originados com a criação do Parque. Dada a restrição de atividades humanas nas unidades de proteção integral, dentro das quais se incluem os Parques, 400 famílias que vivem no interior do mesmo e se mantêm através de atividades ligadas ao extrativismo, criação de animais e agricultura de subsistência estão na iminência de serem despejadas. Além do impacto social há também o impacto cultural, já que as práticas dos moradores são tradicionais, passadas hereditariamente e a relação destes com a terra transcende um simples meio de sobrevivência. O próprio ICMBIO reconhece que o processo de criação do Parque foi falho, uma vez que a comunidade do interior da UC não foi consultada. Reconhecendo a injustiça social, mas também sendo responsável pelo cumprimento da lei n. 9.985/2000 que rege o sistema de unidades de conservação, o ICMBIO em Carolina vem tentando mediar os conflitos entre a perspectiva ecológica e sociocultural. Então as atividades que eram praticadas antes da criação do Parque ainda são autorizadas mediante algumas restrições de legislação ambiental mesmo, por exemplo, para desmatar você tem que ter autorização, mas autorização do Parque você não consegue, então tem esse tipo de coisa, eles ficam restrito ao uso, o que acaba gerando esse conflito. (ICMBIO). Soma-se ainda a incredibilidade em relação ao governo federal, no que tange ao pagamento de indenizações para a desapropriação. De acordo com o entrevistado do ICMBIO: [...] eles serão obrigatoriamente indenizados e desapropriados, mas aquele morador tradicional da área não vai ser retirado. Ele tem o direito de permanecer até cessar a vida dele. Não vai ter o direito de transmitir a propriedade para os herdeiros dele. Então a partir do momento que o patriarca, a matriarca da família falecer, eles terão que ser retirados, logo porque já foram indenizados. A gente procura conscientizálos sobre isso também, mas sempre será um conflito. Como alternativa para reduzir os conflitos foi proposto o projeto de lei nº 6.927 de 2010 na câmara dos deputados para alterar a categoria da unidade de conservação Parque 118 Nacional da Chapada das Mesas para Reserva Extrativista Chapada das Mesas. Esta mudança implica na preservação dos elementos naturais e também culturais. Na Reserva Extrativista da Chapada das Mesas é possível a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelas populações tradicionais que lá moram e trabalham, desde que não comprometam a preservação da fauna e da flora associadas e da paisagem, conforme o disposto no Plano de Manejo da unidade. (LEI Nº 6.927, Parágrafo único). A implicação dessa mudança para o turismo não deixa de ser favorável, tendo em vista que a presença de moradores no Parque e as suas práticas tradicionais podem complementar as atrações da UC. Sendo unidade de proteção integral (Parque) ou de uso sustentável (reserva extrativista), é importante fazer cumprir os objetivos que norteiam essas categorias. O ICMBIO informa que os sertanejos (como são conhecidos os moradores no interior do Parque) às vezes pedem ajuda para evitar a sobrelotação de visitantes e danos ambientais. “Eles ficam temerosos que os danos provocados pelos visitantes sejam revertidos em sanções para eles”. (ICMBIO). O uso desordenado do Parque pelos visitantes, desmatamentos e queimadas no interior da unidade revelam que mesmo diante da existência de uma lei de proteção a área do Parque está ameaçada (figuras 44 e 45). É essencial otimizar programas de educação ambiental para os sertanejos, moradores externos à UC e visitantes, além de ampliar a fiscalização. O ICMBIO reconhece que a ausência de pessoal é um dos maiores entraves no gerenciamento da UC. Atualmente há 4 técnicos para realizarem a fiscalização e outras atividades de competência do instituto. Figura 44: Queimada e desmatamento no Parque Nacional da Chapada das Mesas. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Figura 45: Madeira amontoada no Parque Nacional da Chapada das Mesas. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. 119 Nesse sentido, a forma de gerenciamento da atividade turística dentro da área de proteção e nas proximidades é determinante para o agravamento dos conflitos socioambientais, como pode também contribuir para a superação dos mesmos e otimização da funcionalidade enquanto área de proteção ou de uso sustentável. 4.7 Cenários possíveis de um turismo sustentável na região A projeção de cenários tem se mostrado cada vez mais presente nas estratégias de avaliação e intervenção sobre determinada situação no presente para o alcance de uma perspectiva futura no entendimento de Brasil (2002). Os mesmos podem ser definidos como caminhos possíveis em direção ao futuro (RATTNER apud BRASIL, 2002), ou seja, tratam de contextos gerados a partir de eventos potenciais e políticas atuais. Segundo a autora a projeção de cenários tem por finalidade analisar os impactos de políticas atuais no futuro e a influência de futuros alternativos no presente. Doll, Fuhr e Mediondo (2009) acrescentam que a antevisão de um cenário futuro contribui para a definição de um planejamento mais eficiente. Dessa forma, este estudo se baseia em uma análise de impactos cruzados, ou seja, de inter-relações entre aspectos favoráveis e desfavoráveis (BRASIL, 2002). Sua aplicação no contexto turístico de Carolina (MA) visa à formulação de ações para a construção de um futuro adequado à idéia da sustentabilidade e à compreensão dos fatores existentes que influenciam a construção de uma realidade não sustentável. Para tanto, o modelo apresentado corresponde à incorporação da matriz de cenários, proposta por ARCADE (2003), no exemplo em que se estrutura o centro de pesquisa de sistemas ambientais, da universidade alemã Kassel. A partir da observação direta das condições socioambientais do município de Carolina e das considerações obtidas nas entrevistas com os gestores públicos e privados, além das que foram realizadas com moradores e turistas, destacaram-se os principais aspectos que influenciam o turismo na região na ótica da sustentabilidade. Inicialmente expõem-se a problemática em torno da sustentabilidade em Carolina (MA), seguida dos componentes do sistema na cidade. Na terceira etapa é apresentada uma matriz baseada no cruzamento do grau de incidência dos problemas sobre as potencialidades 120 em torno do turismo na região. Posteriormente aos resultados e análises tem-se a construção de dois cenários prospectivos, sendo o primeiro reflexo de um contexto em que se desconsideram os impactos turísticos e outro a partir das intervenções que deveriam ser realizadas, baseando-se nas necessidades detectadas. Finalmente conclui-se com algumas sugestões para viabilizarem a consolidação de um turismo mais próximo da concepção de sustentabilidade em Carolina (MA). 121 Planejamento regional para o desenvolvimento sustentável 1 Definição da área do problema O turismo no pólo da Chapada das Mesas, destacando-se Carolina, vem crescendo sem ações priorizando o alcance da sustentabilidade nas suas variadas dimensões. A atividade turística está baseada em um ecossistema frágil e está passível de repetir outros cenários turísticos, cuja evolução da atividade representa apenas crescimento econômico, mas gera conflitos ambientais e socioculturais. 2 Definição do sistema Componentes: ambiente, cultura, população, atividades econômicas, recursos naturais, atrativos turísticos, infra-estrutura, qualidade da experiência turística e da vivência com o turismo. Forças principais: acessibilidade, nível de atratividade, população, políticas públicas, ferramentas de gestão ambiental e cultural, divulgação. Extensão espacial: Sede de Carolina e entorno com atrativos turísticos. Extensão espacial: 2005 a 2025 3 Indicador Matriz de cruzamento de impactos (Jacques, 2005). Quadro 05: Planejamento regional para o desenvolvimento sustentável Fonte: Liz Renata Dias, 2010. 122 Potencialidades Entraves Situação geográfica: longe dos principais centros emissores de turistas. Poucos recursos financeiros destinados para o turismo. Infra-estrutura básica e turística precária. Perda do acesso aos recursos naturais e atrativos turísticos pela comunidade, induzindo a divisão de espaços entre moradores e visitantes. Atuação incipiente das secretarias de meio ambiente do estado e município. População desqualificada para o turismo. Pouca utilização de ferramentas da gestão ambiental nos empreendimentos turísticos, tais como fiscalização, estabelecimento de capacidade de carga. Gestão focada apenas na expansão econômica do turismo na região. Impactos de outros elementos, como a construção da UHE Estreito e os conflitos sociais criados com o estabelecimento da UC, sobre a economia, o meio ambiente, a cultura e as relações sociais do município. SOMA Elevada quantidade e variedade de recursos naturais passíveis de tornarem-se atrativos turísticos. Alto nível de atratividade dos recursos naturais. Receptividade da população local para o turismo. Aproximação entre gestores públicos e privados de turismo no município. Fortalecimento da iniciativa privada ligada ao turismo. Existência de Unidade de Proteção Soma Baixo (1) Médio (2) Nulo (0) Nulo (0) Nulo (0) Nulo (0) 3 Alto (3) Médio (2) Baixo (1) Alto (3) Médio (2) Nulo (0) 11 Alto (3) Alto (3) Baixo (1) Médio (2) Alto (3) Alto (3) 15 Nulo (0) Baixo (1) Alto (3) Baixo (1) Nulo (0) Nulo (0) 5 Médio (2) Baixo (1) Nulo (0) Nulo (0) Nulo (0) Alto (3) 06 Nulo (0) Médio (2) Baixo (1) Baixo (1) Médio (2) Nulo (0) 06 Médio (2) Médio (2) Nulo (0) Baixo (1) Baixo (1) Médio (2) 08 Nulo (0) Baixo (1) Médio (2) Baixo (1) Baixo (1) Alto (3) 08 Médio (2) Baixo (1) Médio (2) Alto (3) Baixo (1) Alto (3) 12 12 10 14 13 15 10 Tabela 01: Impactos cruzados Fonte: Liz Renata Dias, 2010. 123 A leitura horizontal revela que os três principais entraves para operar a sustentabilidade turística na região está ligada à ausência de infra-estrutura básica e turística, aos conflitos gerados por outras atividades e em decorrência da ausência de recursos financeiros destinados ao turismo. O primeiro e o terceiro aspecto mantêm uma relação intrínseca, uma vez que a precariedade da infra-estrutura básica na maior parte das vezes está ligada aos limitados recursos disponibilizados para as prefeituras municipais menores e o desconhecimento para captar recursos em outras esferas. Já alocação e melhoria da infraestrutura turística, cuja responsabilidade cabe à iniciativa privada, é reflexo tanto da ausência de recursos financeiros (principalmente em cidades onde o turismo é comandado por pequenos e médios empresários, como é o caso de Carolina) como da desqualificação profissional. (SOLHA, 2010). A ausência ou deficiência na infra-estrutura básica de Carolina afeta economicamente, ambientalmente e socialmente o destino, gerando transtornos não apenas para os visitantes, mas principalmente para a população residente. É um dos aspectos que mais comprometem a qualidade turística de uma localidade (SOLHA, 2010) e tem elevada influência sobre a sustentabilidade de municípios. “Praticamente 80% dos municípios turísticos do país são carentes em gestão pública, não têm legislações específicas para o setor turístico e hoteleiro, nem possuem infraestruturas básicas ou específicas. Por essas razões, é preciso que o especialista em gestão de destinos turísticos tenha capacidade organizacional forte, pois precisa facilitar a entrada de investimentos e o desenvolvimento sustentável” (VIGNATI, p.19, 2008). A infra-estrutura básica também é determinante nos investimentos turísticos por parte dos empresários. Carolina ainda não conta com investimentos de empresas externas ao estado do Maranhão, porém os empresários locais reconhecem que esta realidade não está distante, considerando o crescimento da divulgação do pólo da Chapada das Mesas e da demanda na região. Já os impactos oriundos da instalação da UHE Estreito e os conflitos sociais no Parque da Chapada das Mesas podem vir a comprometer a perspectiva de sustentabilidade turística na região por conta das transformações que irão acarretar no meio ambiente e na sociedade local. A ausência de recursos financeiros, por sua vez, afeta investimentos nos mais variados setores do município, não apenas no que diz respeito à infra-estrutura como também na adoção de instrumentos da gestão ambiental e cultural de forma eficiente, na qualidade das capacitações e na própria divulgação do destino. 124 Já a leitura vertical possibilita a percepção das potencialidades mais afetadas pelos problemas, entre as quais estão: a atratividade dos recursos naturais e o Parque nacional da Chapada das Mesas. Os problemas ligados à infra-estrutura reduzem a atratividade do destino a partir das insatisfações causadas nos turistas. Em relação ao Parque a perspectiva da infraestrutura nos arredores do Parque servirem como apoio à UC deixa de existir, comprometendo a proposta de um turismo sustentável na área. Da mesma forma, a ausência de investimentos reduz o nível de competitividade do destino, afetando a atratividade local. Considerando, então, a sobreposição dos problemas sobre as potencialidades no município de Carolina ou vice-versa e a condução do gerenciamento turístico no pólo da Chapada das Mesas, tem-se a projeção de dois cenários: CENÁRIO DESFAVORÁVEL À CENÁRIO FAVORÁVEL À SUSTENTABILIDADE SUSTENTABILIDADE Crescimento do turismo no pólo da Chapada das Mesas sem a melhoria da infra-estrutura da cidade; Alocação e expansão de empreendimentos turísticos sem o acompanhamento dos órgãos ambientais; Especulação Imobiliária sem controle; Priorização da quantidade de visitantes sobre a qualidade do processo de visitação; Crescimento da demanda sem o acompanhamento da oferta. Nessas condições, Carolina (MA) será apenas mais um destino turístico que utiliza o rótulo de ecoturismo, mas que promove na verdade o turismo de massa. Ocorrerá a redução do poder de atratividade do destino e a visitação estará cada vez mais reduzida ao turismo regional. Regulamentação da apropriação dos espaços urbanos e rurais; Implantação de mecanismo de controle de visitantes; Estabelecimento de capacidade de carga turística e ambiental nas propriedades privadas com atrativos; Alteração da categoria de Parque para RESEX desde que haja garantia de uso sustentável dos recursos pela comunidade; Maior inserção e envolvimento da população local com o turismo, principalmente na atuação direta. Nesse contexto, os impactos da atividade turística sobre o ecossistema e a população serão mais reduzidos e melhor controlados. O crescimento do número de visitantes não afetará a qualidade da experiência turística, tendo o perfil de visitantes mais preocupados com o meio ambiente e a cultura local. Quadro 06: Cenários de sustentabilidade em Carolina MA. Fonte: Liz Renata Dias, 2010. Nesse sentido, entre as propostas para fomentar a evolução do turismo na região de forma sustentável, destacam-se: 125 A formação de parcerias com universidades, a fim de viabilizarem estudos multidisciplinares capazes de apresentar estratégias específicas para a solução de entraves que carecem de mecanismos integrados; Buscar a captação de recursos junto aos órgãos nacionais e internacionais que investem em infra-estrutura básica; Aumentar a fiscalização ambiental na área, inclusive dentro das propriedades turísticas, adotando ferramentas da gestão ambiental para a redução ou impedimento de impactos. É necessário sensibilizar e preparar a população local e os próprios visitantes para contribuírem na fiscalização, já que os órgãos ambientais carecem de funcionários; Avaliar os programas de capacitações que vêm sendo realizados e promover a qualificação dos serviços turísticos de forma contínua. É necessário implementar novas metodologias e desenvolver programas permanentes; As propriedades turísticas devem buscar o apoio da comunidade e não a sua exclusão. É interessante disponibilizar um período ou um dia para facilitar o acesso da comunidade aos atrativos reduzindo as taxas de visitação (caso específico de Pedra Caída atualmente); Buscar alternativas para os impactos já previstos com a instalação da UHE Estreito e com a manutenção da categoria de proteção integral: Parque Nacional da Chapada das Mesas; Estabelecer um controle de visitação nas propriedades turísticas; Fomentar os recursos culturais da região para integrarem os atrativos turísticos da cidade; Investir na sinalização e informação do destino, além de estimularem os pequenos empreendimentos a disponibilizarem serviços virtuais; Buscar formas de garantir a continuidade das políticas públicas de turismo na região; Logo, os gestores públicos e privados, no âmbito do pólo da Chapada das Mesas, terão um papel determinante sobre o cenário que prevalecerá. Os desafios em torno da sustentabilidade no turismo em Carolina transcendem a própria atividade e não se mostra diferente em relação à maioria dos destinos. Assim, para contrapor a avaliação regular da gestão turística no município e nas propriedades, estimada pela comunidade e pelos turistas, é necessário ter a capacidade de conduzir os problemas e implantar soluções, cujos resultados 126 venham atender aos interesses da comunidade, dos turistas, dos empresários, do próprio governo e do meio ambiente. 127 5 CONCLUSÃO O turismo no pólo da Chapada das Mesas, especialmente em Carolina (MA), encontra-se em processo inicial de estruturação mais profissional da atividade, sendo realizados esforços conjunto dos gestores públicos e privados do município para a consolidação turística do destino. Entre os fatores que retardam ou dificultam esse processo destaca-se a situação geográfica (distante dos grandes centros emissores), as condições de acessibilidade (inexistência de transporte aéreo direto) e a precária infra-estrutura turística. Para sanar esses entraves, gestores públicos e privados do turismo do estado e município já estão articulando a introdução de vôos regionais no aeroporto de Carolina e são realizadas constantemente capacitações para estimular o empreendedorismo na comunidade e a maior profissionalização dos serviços turísticos já existentes. Torna-se necessário, contudo, rever as metodologias das capacitações ou introduzir programas de qualificação em longo prazo, uma vez que os resultados ainda são incipientes. Embora a hospitalidade seja marca da população Carolinense, os serviços turísticos deixam muito a desejar. A introdução do aeroporto certamente irá reduzir o problema de distância e acessibilidade, contudo é preciso discutir melhor os impactos desse aeroporto na região, uma vez que a infra-estrutura básica e turística atual já não atende em quantidade e qualidade a demanda no período de alta estação. Mesmo nos dias atuais em que prevalece o turismo regional, o tipo de turista que visita o destino tem alta escolaridade e uma renda média, tornando-se mais exigente. Paralelamente ao crescimento do turismo na região, já constatado no aumento do número de visitantes, de agências de turismo, de pousadas e quantidade de leitos, os gestores públicos e privados almejam que o tipo de turismo desenvolvido no pólo atenda aos princípios da sustentabilidade, por meio do ecoturismo e turismo de aventura. Nota-se, contudo, que não estão sendo operacionalizadas ações específicas para esta finalidade. Os aspectos culturais da localidade ainda não foram incorporados no âmbito do turismo, o que reflete a concretização de um destino ecológico e não ecoturístico. A qualidade e variedade dos atrativos turísticos, focados estritamente nos atrativos naturais, reflete que ainda não se apresentam impactos negativos graves oriundos do turismo no meio ambiente, mas nas principais propriedades turísticas do pólo da Chapada das Mesas: Cocais, Itapecuru e Pedra Caída, a expansão das instalações pode vir a provocar interferências 128 no ambiente. Não há acompanhamento de profissionais da área ambiental na ampliação dos empreendimentos, não existem diretrizes, normas e fiscalização para a ocupação e utilização das áreas com recursos naturais externos à unidade de conservação. Inexiste atuação da secretaria estadual de meio ambiente, como reconhece a própria secretaria municipal de meio ambiente. Nas propriedades privadas não existe controle de visitantes, exceto o pagamento de taxas para visita aos atrativos. As iniciativas para evitar impactos em Itapecuru e Cocais limitam-se à alocação de placas informativas e restritivas, e no caso de Pedra Caída, nota-se que é ao mesmo tempo a propriedade que mais tenta minimizar os impactos e onde mais se verificam interferências sobre o meio ambiente. Uma prévia apresentação do complexo antes da visita aos atrativos, a colocação de trilhas suspensas e a exigência de acompanhamento de guias ou monitores ambientais do próprio estabelecimento na visita aos atrativos mostram-se ações positivas de minimização dos impactos pelo turismo. A instalação de estruturas para tratamento de resíduos líquidos e sólidos no ecoresort que está sendo construído também constitui uma iniciativa favorável. Contrapondo-se, tem-se a instalação de um elevado número de chalés em concreto, a construção de uma pista de asa delta e da maior tirolesa da América latina na propriedade sem averiguação de impactos biológicos. O lixo é um problema que merece atenção nas propriedades porque embora sejam pouco visíveis nos atrativos, enquanto poluidores, a sua produção dentro das propriedades tem aumentado exponencialmente ao crescimento dos turistas. Tanto por parte da comunidade quanto dos turistas o gerenciamento do turismo em Carolina e nas propriedades privadas foi considerada regular. A qualidade da infraestrutura e dos serviços foi a principal justificativa, contrapondo os gestores que ressaltaram haver maior profissionalização dos empresários na região. A comunidade se mostrou mais beneficiada indiretamente do que diretamente ao turismo e os impactos econômicos e sociais do turismo na localidade mostram-se mais positivos do que negativos. A pouca profissionalização dos gestores de turismo em Carolina, o direcionamento de ações voltadas apenas para a esfera econômica e a ausência de ferramentas e estratégias focadas para a sustentabilidade comprovam a hipótese de que a forma de condução do gerenciamento turístico nos dias atuais não garante a sustentabilidade no futuro. Esta, contudo, mostra-se muito mais ameaçada ou mesma configurada utópica considerando a realidade de Carolina a partir da construção da barragem para a instalação da usina 129 hidrelétrica de Estreito, cujos impactos gerados na esfera social, cultural e ambiental são gravíssimos como revelados no estudo e relatório de impacto ambiental. A relação entre o turismo e o Parque Nacional da Chapada das Mesas no momento está restrita ao aproveitamento de duas cachoeiras pelos turistas, mas tende a se ampliar com a expansão da atividade no município de Carolina. Um gerenciamento ineficaz nas áreas turísticas do entorno da unidade de conservação, como dela própria, tendem a afetar negativamente os recursos naturais e culturais pelo seu uso indiscriminado (na medida em que o tipo de turista para a região é um só) e não atender aos objetivos da UC. A proposta de mudança de categoria de parque para reserva extrativista a fim de sanar os conflitos sociais que passaram a existir com o estabelecimento da UC, tende a favorecer o turismo no maior usufruto dos recursos culturais e no contato com os moradores da área. Por outro lado, o turismo perde em imagem, já que a concepção de parque e a divulgação já existente são mais atrativas do que a RESEX. De qualquer forma, mantendo-se unidade de proteção integral ou transformando-se em unidade de uso sustentável é importante que as normas e os objetivos que regem essas categorias sejam atendidos, até para determinar o tipo de impacto que prevalecerá com o turismo. Apesar desses entraves elencados, ressalta-se que a percepção de problemas gerados pelo turismo na cidade de Carolina e na propriedade dos Cocais em Riachão é mínima, destacando-se o conflito por recursos entre turistas e comunidade no município estudado. Ainda assim, o interesse dos moradores, dos gestores públicos e privados em torno do turismo na região, bem como a parceria verificada entre ambos e o fortalecimento dos empresários locais constituem diferenciais competitivos enquanto destino turístico e podem facilitar a adoção de um modelo sustentável. Esta perspectiva decorre da possibilidade de organização da ocupação dos espaços pelo turismo, controle de visitantes e das mudanças no ambiente resultantes do fluxo de turistas, utilização dos recursos naturais de acordo com a sua capacidade, manutenção da qualidade ambiental e da experiência turística, envolvimento das comunidades locais na atividade, bem como ampliação dos benefícios para a mesma. Será, então, a forma de gerenciamento do turismo no pólo que determinará o tipo de cenário que prevalecerá futuramente: favorável ou desfavorável à sustentabilidade. Dessa forma, entende-se que embora seja possível promover um turismo próximo à concepção de sustentabilidade, desde que a gestão pública e privada no pólo busque esse fim em ações práticas, os impactos oriundos de outras atividades econômicas, como a UHE 130 Estreito e a expansão da soja, afastam cada vez mais a perspectiva de sustentabilidade em Carolina e no pólo turístico como todo. Novos desafios estão na iminência de surgirem sem a solução dos que já vigoram na região. Assim, talvez o maior desafio do turismo para essa área não seja promover a sustentabilidade, mas reduzir os danos econômicos, sociais, ambientais e culturais causados por outras atividades. 131 REFERÊNCIAS ABREU, Miriam Santini de. Quando a palavra sustenta a farsa: discurso jornalístico do desenvolvimento sustentável. Florianópolis, UFSC, 2006. 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