Dissertacao Liz Renata Lima Dias

Transcrição

Dissertacao Liz Renata Lima Dias
54
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS
GESTÃO PÚBLICA E PRIVADA NO PÓLO TURÍSTICO DA CHAPADA DAS
MESAS: uma avaliação da atividade turística na perspectiva da sustentabilidade
Liz Renata Lima Dias
São Luís
2011
55
LIZ RENATA LIMA DIAS
GESTÃO PÚBLICA E PRIVADA NO PÓLO TURÍSTICO DA CHAPADA DAS
MESAS: uma avaliação da atividade turística na perspectiva da sustentabilidade
Dissertação apresentada ao programa de PósGraduação em Sustentabilidade de Ecossistemas
da Universidade Federal do Maranhão, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas.
Orientador: José Policarpo da Costa Neto
Co-orientador: Cláudio Urbano Pinheiro
Agência Financiadora: REUNI
São Luís
2011
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Dias, Liz Renata Lima
Gestão Pública e Privada no Pólo Turístico da Chapada das Mesas:
uma avaliação da atividade turística na perspectiva da sustentabilidade. / Liz
Renata Lima Dias. - - São Luís: 2011.
107 f.
Orientador: José Policarpo Costa Neto
Co-orientador: Cláudio Urbano Pinheiro.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Maranhão,
Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas, 2011.
1.Turismo. 2.Sustentabilidade. 3.Chapada das Mesas. 4.Carolina.
5.Gestão Turística. I. Título
CDU 502.131.1:338.48 (812.1)
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LIZ RENATA LIMA DIAS
GESTÃO PÚBLICA E PRIVADA NO PÓLO TURÍSTICO DA CHAPADA DAS
MESAS: Uma Avaliação da Atividade Turística na Perspectiva da Sustentabilidade
Dissertação apresentada ao programa de PósGraduação em Sustentabilidade de Ecossistemas da
Universidade Federal do Maranhão para obtenção
do título de Mestre em Sustentabilidade de
Ecossistemas.
Orientador: Prof. Dr.José Policarpo da Costa Neto
Co-orientador: Prof. Dr.Cláudio Urbano Pinheiro
Aprovada em
/
/
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. José Policarpo Costa Neto (Orientador)
Universidade Federal do Maranhão
Profª. Drª Rozuíla Neves Lima
Universidade Federal do Maranhão
Prof. Dr. Antônio Carlos Leal de Castro
Universidade Federal do Maranhão
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A minha família
À cidade de Carolina (MA).
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter transformado o impossível em possível.
Aos meus pais, pelo incentivo.
Ao professor Policarpo, pela paciência, motivação e por ter sido além de orientador um
grande amigo.
Ao professor Cláudio Urbano, pelas ricas contribuições e apoio desde o início do mestrado.
Aos professores Antônio Carlos e Ricardo Barbieri, pelo acompanhamento na última pesquisa
de campo e pelas sugestões oferecidas.
A Karina Waleska, pela compreensão.
A Simão e Fernanda, moradores de Carolina e colaboradores para a construção deste trabalho.
A amiga Karoliny, Ediane e Gercilane, pelas ajudas de diversas formas.
Aos meus colegas do mestrado, pelo acompanhamento e apoio nas alegrias e sufocos.
A REUNI pelo não atraso e não burocracia na disponibilização da bolsa de estudos.
Aos moradores, turistas e gestores que possibilitaram a realização deste estudo.
60
“A transição para a sustentabilidade é
mobilizada por valores e não só por objetivos materiais.”
61
(Leff)
RESUMO
O pólo turístico da Chapada das Mesas, centralizado atualmente no município de
Carolina - MA (07º19’58” S e 47º28’08” W), localizado na região Sul do Estado, vem
buscando sua consolidação e reconhecimento no âmbito nacional como destino para o
ecoturismo e turismo de aventura. A ampliação do turismo na região é acompanhada de
impactos ambientais, econômicos e socioculturais que podem ou não inviabilizar o alcance da
sustentabilidade do destino. Neste trabalho, foi feita uma avaliação sobre como o turismo tem
sido conduzido em Carolina, pelos gestores públicos e privados. Nesse contexto, procurou-se
identificar se a forma como o turismo está sendo administrado configura-se ou não para uma
atividade sustentável. A metodologia utilizada incluiu a etapa de levantamentos de
informações relativas à região, e a etapa de campo, onde se procurou conhecer e avaliar a
forma de gerenciamento turístico e ambiental dos gestores públicos de Carolina e das
principais áreas de visitação do pólo da Chapada das Mesas (Pedra Caída, Itapecuru e
Cocais). Além da observação direta dos espaços privados que recebem turistas, foram
avaliados o estado da infra-estrutura como vias públicas, saneamento, e as condições da oferta
turística do município, como também a constatação ou não de possíveis impactos ambientais,
sociais, econômicos e culturais que o turismo já esteja promovendo na região. Além da
observação direta, foram obtidas informações através do contato direto com os gestores
públicos e privados, com os turistas e a comunidade de Carolina. A coleta de dados junto aos
gestores foi realizada por meio de entrevistas gravadas. Já no que diz respeito à comunidade e
turistas houve a aplicação de questionários semi-estruturados. Os resultados da avaliação
indicam que essa atividade ainda é incipiente em todos os seus aspectos, embora confirmem
um elevado potencial, cuja exploração para ser maximizada de forma sustentável requer
especial atenção por parte dos gestores públicos e privados, os quais, todavia, atuam ainda de
forma pouca profissionalizada, apesar do grande interesse e iniciativa em expandir e fortalecer
o turismo na região. A preocupação com a sustentabilidade da atividade também se mostrou
presente nos discursos, embora em termos práticos as ações sejam muito limitadas.
Palavras-chave: Turismo. Sustentabilidade. Chapada das Mesas. Carolina. Gestão Turística.
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ABSTRACT
The tourist center of the Chapada das Mesas, currently centered in the town of
Carolina - MA (07°19'58" S and 47º28'08" W), located in Southern State, is seeking to
consolidate with its recognition nationally and destination for ecotourism and adventure
tourism. The expansion of tourism in the region is accompanied by environmental, economic
and sociocultural factors that may or may not derail the scope of the sustainability of the
destination. In this work, an assessment was made on how tourism has been conducted in
Carolina, by public and private managers. In this context, we sought to identify how tourism
is being given or not is configured for a sustainable activity. The methodology included
surveys of the stage of information concerning the region, and field stage, where they sought
to understand and evaluate the form of tourism and environmental management of public
managers Carolina and the main pole visiting the Chapada das Mesas (Pedra Caída, Itapecuru
and Cocais). Besides the direct observation of private areas that receive tourists, we assessed
the state of infrastructure such as public roads, sanitation, and the conditions of tourism in the
city, but also whether or not the finding of possible environmental, social, economic and
cultural that tourism is already promoting the region. Besides direct observation, information
was obtained through direct contact with the public and private managers, with the tourists
and the community of Carolina. Data collection was performed with the managers through
recorded interviews. In what concerns the community and tourists was the application of
semi-structured questionnaires. The evaluation results indicate that this activity is incipient in
all its aspects, although confirming a high potential, the exploitation of which to be
maximized in a sustainable manner requires special attention from public and private
managers, which, however, work still professionalized so little, despite the great interest and
initiative to expand and strengthen tourism in the region. Concern about the sustainability of
the activity was also reported, although in practical terms the actions are very limited.
Keywords: Tourism. Sustainability. Chapada Das Mesas. Carolina. Tourism Management.
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LISTA DE SIGLAS
ACATUR
Associação Carolinense de Turismo
APL
Arranjo Produtivo Local
CONAMA
Conselho Nacional de Meio Ambiente
EIA
Estudo de Impacto Ambiental
EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo
IBAMA
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBIO
Instituto Chico Mendes de Biodiversidade
IDH
Índice de Desenvolvimento Humano
MINTUR
Ministério do Turismo
OMT
Organização Mundial de Turismo
PCH’s
Pequenas Centrais Hidrelétricas
PNUMA
Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
RESEX
Reserva Extrativista
RIMA
Relatório de Impacto Ambiental
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio a Empresas
SEMA
Secretaria de Meio Ambiente
SEMA MA
Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Maranhão
SETUR
Secretaria de Turismo
SETUR MA
Secretaria de Turismo no Estado do Maranhão
UC
Unidade de Conservação
UHE
Usina Hidrelétrica
64
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------------------
11
2 REVISÃO DE LITERATURA----------------------------------------------------------------
15
2.1 Considerações iniciais sobre planejamento e gestão no turismo---------------------
15
2.2 A sustentabilidade no turismo--------------------------------------------------------------- 20
2.3 Turismo: transformações no ambiente e na sociedade---------------------------------
25
2.4 A gestão turística na ótica da sustentabilidade------------------------------------------
31
3 METODOLOGIA-------------------------------------------------------------------------------- 40
3.1 Área de estudo----------------------------------------------------------------------------------
40
3.1.1 O Pólo Turístico da Chapada das Mesas – Carolina-----------------------------------
40
3.1.2 Empreendimento Turístico de Pedra Caída----------------------------------------------
42
3.1.3 Empreendimento Turístico de Itapecuru-------------------------------------------------
44
3.1.4 Empreendimento Turístico dos Cocais---------------------------------------------------- 44
3.2 Levantamento de Fontes Secundárias-----------------------------------------------------
45
3.3 Trabalho de Campo---------------------------------------------------------------------------
46
3.3.1 Delineamento da amostra-------------------------------------------------------------------
47
3.3.2 Descrição das etapas do trabalho de campo---------------------------------------------
49
3.3.3 Plano de Análise dos Dados----------------------------------------------------------------
50
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES-------------------------------------------------------------
54
4.1 Considerações gerais--------------------------------------------------------------------------
54
4.2 Perfil dos gestores de turismo e comunidade em Carolina----------------------------
54
4.3 Caracterização do turismo no pólo turístico da Chapada das Mesas-Carolina--- 57
4.3.1 A Demanda Turística------------------------------------------------------------------------
57
4.3.2 A Oferta Turística----------------------------------------------------------------------------
60
4.3.2.1 Atrativos Turísticos------------------------------------------------------------------------
65
4.4 Caracterização ambiental e sócio-econômica da região-------------------------------- 68
4.5 Gestão pública e Privada do Turismo na região sob a ótica da sustentabilidade- 73
4.5.1 Gestão Pública do Turismo em Carolina-------------------------------------------------
74
65
4.5.2 Gestão Privada do Turismo em Carolina------------------------------------------------- 78
4.6 O turismo em Carolina e o Parque Nacional da Chapada das Mesas--------------- 83
4.7 Cenários possíveis de um turismo sustentável na região------------------------------- 88
5 CONCLUSÃO------------------------------------------------------------------------------------
96
REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------------------
100
APÊNDICES----------------------------------------------------------------------------------------
106
APÊNDICE A----------------------------------------------------------------------------------------
107
APÊNDICE B----------------------------------------------------------------------------------------
109
APÊNDICE C----------------------------------------------------------------------------------------
110
APÊNDICE D----------------------------------------------------------------------------------------
112
66
1 INTRODUÇÃO
A utilização dos recursos naturais enquanto
instrumento
de
lazer
e
descontração para os seres humanos vem impulsionando, há algumas décadas, a atividade
turística, à medida que transforma tais recursos em atrativos voltados para atender às
necessidades físicas e psicológicas dos indivíduos. Com a urbanização crescente e um ritmo
de vida acelerado, a demanda por ambientes naturais tem crescido exponencialmente e o
turismo faz-se cada vez mais presente nesses espaços, tornando-os conhecidos e
comercializáveis.
Contudo, a relação entre o turismo e os ambientes naturais não se deve basear
apenas no viés de consumo, mas na concepção de que, atrelado ao retorno econômico pode-se
obter um maior desenvolvimento social e garantir a conservação da biodiversidade e dos
ecossistemas em si. Assim, o turismo tem sido apontado, com freqüência, como alternativa
para a sustentabilidade nesses ambientes, na medida em que pode promover a exploração
econômica, melhorias sociais, fortalecimento cultural e conservação dos recursos ambientais.
Apesar desse discurso corrente e da inegável capacidade que o turismo apresenta
de fortalecer as economias locais e gerar benefícios sociais, os impactos negativos sobre os
espaços naturais, decorrentes da atividade turística, superam bastante os benefícios apontados
pela atividade, como destacam autores como Ruschmann (2001) e Solha (2010).
Dentre os fatores que induzem a esta realidade, destaca-se a ausência de
planejamento turístico para ambientes naturais, considerando as especificidades de cada local
e uma gestão pública deficiente, na medida em que esta, geralmente, se restringe a uma gestão
turística isolada e não integrada a outras importantes ferramentas no processo de
gerenciamento dos espaços. Soma-se, ainda, a atuação da iniciativa privada, cujo
gerenciamento das atividades muitas vezes é limitado à obtenção do lucro.
No Maranhão, este cenário é perceptível principalmente no Parque Nacional dos
Lençóis Maranhenses, onde a atividade turística é mais presente, considerando outras regiões
do estado, onde, embora o Parque Nacional dos Lençóis constitua a sua referência turística, já
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são reconhecidos outros pólos com grande potencial para o aproveitamento turístico, como a
Floresta dos Guarás, o Delta das Américas, a Chapada das Mesas, dentre outros. O primeiro e
o último abrangem unidades de conservação (UC’s) na modalidade de Parques Nacionais, o
que tem significado apenas legal de proteção, constituindo-se, em ambos, um grande desafio a
efetivação da sustentabilidade nas dimensões socioeconômica, ambiental, cultural e
institucional esperada.
O pólo turístico da Chapada das Mesas é representado principalmente pelos
municípios de Carolina e Riachão, nos quais ainda não apresente um grande desenvolvimento
turístico, apesar de tais cidades já recebem fluxos turísticos consideráveis nas épocas de férias
e feriados. É relevante observar que a nomeação do pólo coincide com a denominação do
Parque - Chapada das Mesas – embora as áreas não sejam equivalentes, já que o pólo é mais
abrangente. A Unidade de Conservação, criada no ano de 2005, ao mesmo tempo em que
constitui uma tentativa de resguardar o ecossistema local, torna-se um difusor para o interesse
de visitação para a área.
Embora os principais atrativos turísticos (ou mais visitados) do pólo da Chapada
das Mesas estejam na área de entorno do Parque, um mau gerenciamento do turismo pode
atingir a Unidade de Conservação, haja vista que o turismo é concebido como uma ferramenta
de fortalecimento econômico da região, indutor de desenvolvimento social, o que inclui as
comunidades inseridas na UC) e uma ferramenta de conservação ambiental. A ausência de
uma gestão turística e ambiental no pólo da Chapada das Mesas permite antever a repetição de
cenários já percebidos em outros espaços naturais, incluindo unidades de conservação: a
degradação do ambiente para atender aos interesses lucrativos do turismo e a exclusão das
comunidades locais como beneficiárias da atividade turística.
A discussão da gestão turística enquanto promotora ou aniquiladora da
sustentabilidade dos principais pontos de visitação do pólo Chapada das Mesas e a
importância de ela estar integrada a uma gestão mais ampla entre poder público, iniciativa
privada e comunidade local, constituem a essência do problema que este estudo pretendeu
compreender, para o que, algumas questões o nortearam:

Quais os gestores do turismo no Pólo turístico da Chapada das Mesas?

Como os gestores de turismo vêm atuando no Pólo Turístico da Chapada das Mesas?
Essa atuação é compatível com a proposta de sustentabilidade sócio-econômica e
ambiental?
68

Como vêm sendo gerenciadas as áreas onde se verifica a presença da iniciativa
privada?

Como os gestores turísticos e ambientais pretendem atuar para evitar a repetição de
problemas verificados em outras áreas naturais?
Tais questões assentam-se nos seguintes pressupostos:
O atual modelo de gestão turística (público e privada) nas principais áreas de
visitação da Chapada das Mesas põe em risco a sustentabilidade social e ambiental do pólo,
considerando a perspectiva de expansão da atividade turística na região. A identificação e a
compreensão antecipadas dos limites, entraves e caminhos para a sustentabilidade do turismo
no pólo da Chapada das Mesas, podem constituir a base para um processo de planejamento e
para a implementação de um modelo que possibilite a gestão integrada da área, considerando
os seus aspectos sociais, ambientais, econômicos, culturais e institucionais, garantindo, dessa
forma, um cenário turístico sustentável a médio e longo prazos.
Entendendo que a gestão do turismo é um elemento imprescindível na
transformação dos ambientes em destinos turísticos sustentáveis, este estudo objetivou avaliar
a forma como está sendo feita a gestão pública e privada da atividade turística no pólo da
Chapada das Mesas e as implicações sobre a sustentabilidade. Para tanto, buscou-se
caracterizar a oferta e demanda turística em Carolina, cidade considerada portão de entrada do
pólo turístico da Chapada das Mesas; avaliar as condições ambientais e socioeconômicas
atuais no município de Carolina; verificar se o modo de gestão pública e privada vigente
funciona como fator preventivo, mitigador ou provocador de impactos; avaliar a relação entre
a atividade turística desenvolvida na área do entorno do Parque Nacional da Chapada das
Mesas com a Unidade de Conservação, tendo em vista as especificidades da UC, além de
gerar cenários considerando a relação gestão turística e sustentabilidade.
A escolha da temática deste estudo e da área decorreu da carência de pesquisas
voltadas para o turismo no sul do Maranhão. Assim, o presente estudo aborda não apenas as
ações de âmbito público e privado em torno do turismo e do ambiente, como também os
impactos oriundos ou estimados com a gestão turística desenvolvida, as perspectivas da
comunidade local para a região e os entraves para o fortalecimento turístico, considerando os
aspectos de infra-estrutura, qualidade dos atrativos e distância em relação a centros emissores
de turistas.
Além disso, estuda-se a sustentabilidade ambiental na área, pela necessidade de
fortalecer e ampliar o mercado turístico no pólo da Chapada das Mesas e assegurar a
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conservação ecológica na Unidade de Conservação. Embora os principais atrativos da região
(os quais são objetos deste estudo) não estejam dentro do Parque, a proximidade entre os
mesmos enseja cuidado no gerenciamento da atividade turística próxima a UC.
Portanto, deste estudo, podem-se esperar como produtos: informações para o
melhor gerenciamento turístico da área, subsídios apontando mecanismos de redução de
impactos negativos gerados pela atividade turística sobre o ambiente, identificação de
mecanismos de fortalecimento turístico da região e a elaboração de um modelo de geração de
cenários para a atividade turística na região.
Este estudo mostra-se relevante na medida em que aborda uma temática em
crescente discussão – turismo e sustentabilidade em áreas naturais. Pode dessa forma,
contribuir para a adoção de um processo de planejamento do turístico sustentável na região,
que inclua a adoção de uma gestão mais eficaz e não restrita ao aspecto econômico, além de
poder estimular a adoção de políticas públicas responsáveis nesse ramo de atividade. .
70
3 METODOLOGIA
3.1 Área de Estudo
3.1.1 O Pólo Turístico da Chapada das Mesas: Carolina sob enfoque
O pólo turístico da Chapada das Mesas é resultado do Plano Integral de
Desenvolvimento do Turismo no Estado do Maranhão – Plano Maior, criado no ano 2000.
Localizado no sul do estado do Maranhão, fisiograficamente abrange a região de Planalto e a
bacia do Tocantins. Na região, encontram-se espécies arbóreas típicas do cerrado e cerradão,
mas de acordo com Albino (2005), a Chapada das Mesas é uma área de transição entre três
biomas: Cerrado, Amazônia e Caatinga, abrigando várias espécies da fauna, como o “jacupeba (Penelope superciliaris), a ema (Rhea americana), o tatu-peba (Euphractus sexcinctus),
o bicho-preguiça (Bradypus sp) e da flora como a caroba (Jacaranda brasiliana), o murici
(Byrsonima sp), o pau-d’arco-amarelo (Tabebuia sp), o buriti (Mauritia flexuosa), dentre
outras”.
71
Carolina
Riachão
Figura 2: Mapa de identificação de Carolina e Riachão no estado do Maranhão
Fonte: Mochila Brasil® 1999/2011 - TWD/BRASIL
A formação geográfica intitulada chapada é definida por Cunha e Guerra (1995)
como um planalto sedimentar típico, com grandes superfícies horizontais em formato de
mesa. Aziz AB' Sáber (2003) acrescenta que se situam em altitudes variáveis, formando
superfícies mais ou menos planas, nas quais os processos de erosão superam os de
sedimentação. Situam-se acima de 200m de altitude, podendo esta ultrapassar 2000m. O
processo erosivo, marcante na estrutura geológica das chapadas, possibilita não apenas a
constituição de platôs (morros em forma de mesa), como também outras formações rochosas
esculpidas.
No pólo turístico da Chapada das Mesas, além das paisagens impressionantes
criadas pelo processo erosivo das rochas, a beleza cênica da região e a riqueza de aspectos
geográficos são complementadas pela presença de florestas de buritizais, cerrado, cavernas,
praias de água doce, inúmeros rios e riachos, além de 33 (trinta e três) cachoeiras descobertas
até o momento, com considerável volume de água durante o ano todo e temperatura agradável
em torno de 22º. Tal variedade de elementos geográficos propicia o aproveitamento pelo
turismo em diferentes atividades, tais como observação, caminhadas, aventura, lazer e etc.
A maioria dos atrativos turísticos da região, como o santuário de Pedra Caída, o
Morro do Chapéu, o Poço Azul, as cachoeiras de Itapecuru, São Romão e Prata encontra-se
nas proximidades da sede dos municípios de Carolina e de Riachão, respectivamente a
primeira e a segunda cidades mais importantes do pólo, o qual ainda abrange as cidades de
Imperatriz, Balsas, Estreito, Porto Franco, São João do Paraíso e Tasso Fragoso (ISSA, 2007).
72
Carolina (07º19’58” S e 47º28’26” W), é considerada o portão de entrada do pólo,
já que reúne no seu entorno uma quantidade maior de atrativos e também uma infra-estrutura
básica e turística melhor. Situa-se a 897Km de São Luís, a 225Km de Imperatriz, e possui
uma população de 23.979 habitantes (IBGE, 2010). A cidade surgiu como povoado, por volta
de 1809 com o nome São Pedro de Alcântara, tendo assumido em 1832 o nome de Carolina,
em homenagem à imperatriz Carolina Leopoldina, esposa de D. Pedro I. Em 1959, assumiu a
categoria de cidade e como está situada às margens do rio Tocantins, já obteve grande
destaque no estado quando a navegação era o principal meio de transporte que interligava a
região central do país à cidade de Belém no Pará. Ressalta-se que a cidade tem a sua área
central tombada como patrimônio histórico estadual (IBGE, 2009).
Figura 3: Centro de Carolina – área tombada a nível estadual.
Fonte: Foto de Liz Renata Dias, 2010.
Com clima quente e úmido, a temperatura é elevada durante o ano todo na cidade
e no seu entorno. O período chuvoso estende-se de novembro a abril e o período de estiagem
de maio a outubro. Nesse sentido, o melhor período para visitação dos atrativos turísticos é de
junho a outubro. A pluviosidade média anual é de aproximadamente 1.600mm. No que diz
respeito às atividades econômicas de Carolina prevalece o comércio, a pecuária extensiva, a
agricultura de subsistência e o turismo. (IBGE CIDADES, 2009.)
A atividade turística na região surgiu a partir da descoberta de cachoeiras pelos
moradores locais, denominados desbravadores e caçadores. Dentre os locais com atrativos que
se destacam na região, por já disporem de uma infra-estrutura turística básica estão os
73
empreendimentos: Pedra Caída, Itapecuru e Cocais. Os dois primeiros estão localizados a
30Km da sede do município de Carolina, enquanto o último, pertencente a Riachão, está
situado a 30 Km da sede e a 130 km da cidade de Carolina, segundo informações fornecidas
no próprio empreendimento.
3.1.2 Empreendimento Turístico de Pedra Caída
Com uma área de 6.500 hectares, o empreendimento de Pedra Caída está
localizado nas margens da BR-010. Reúne uma considerável diversidade paisagística,
favorecendo o desenvolvimento de atividades de lazer e aventura no local. A vegetação de
cerrado aliada a árvores de grande porte típicas da floresta amazônica, a presença de morros,
cachoeiras e a existência de um grande cânion por onde fluem as águas contribuem para a
beleza cênica do local.
Embora ainda não seja explorada e conhecida toda a extensão da área, atualmente
são exploradas 7 cachoeiras para visitação turística: Santuário, Caverna, Capelão, Pedra
Furada, Garrote, Ilia e da Lua, principalmente as quatro primeiras.
Além das cachoeiras que são os principais atrativos, o local conta ainda com duas
piscinas naturais e área para a prática de arvorismo, caminhada e tirolesa. O empreendimento
dispõe ainda de uma boa infra-estrutura com estacionamento, banheiros, recepção,
restaurante, bar, chalés e uma loja de artesanato.
O atual proprietário é natural de Carolina (MA) e adquiriu a propriedade em 2006,
de acordo com o gerente do local. É um reconhecido empresário na região e além do trabalho
com o turismo, através da unidade de Pedra Caída, atua no ramo do transporte fluvial e no
setor de infra-estrutura de aviação.
74
Figura 4: Santuário de Pedra Caída
Fonte: Paulo Ledo, 2008
Figura 5: Caminho para o Santuário de Pedra Caída
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
3.1.3 Empreendimento Turístico de Itapecuru
Localizado no distrito de São João da Cachoeira, a 30Km de Carolina, a unidade
turística de Itapecuru tem o acesso pela BR-230. A grande atração do local consiste em duas
cachoeiras localizadas uma ao lado da outra, com altura média de 12 metros e grande volume
de água. As cachoeiras formam uma grande piscina natural, de água transparente, circundada
por rochas. O rio Itapecuru, que forma as cachoeiras, é um afluente do rio Tocantins, cuja
nascente fica na própria região. Sob a administração direta do proprietário, que adquiriu a área
em 1994, o local tornou-se referência de lazer na cidade de Carolina. Atualmente conta com
serviços de hospedagem, por meio de chalés, e alimentação, com bar e restaurante.
75
Figura 6: Cachoeiras de Itapecuru.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
3.1.4 Empreendimento Turístico dos Cocais
O empreendimento turístico dos Cocais, localizado em Riachão, também é uma
importante referência na área do turismo e lazer da região. Integram-no a cachoeira de Santa
Bárbara, de 75 metros de altura, considerada uma das atrações principais do local, além de
duas quedas d’água de menor porte, Santa Paula e Cachoeira dos Namorados. Soma-se ainda
a esse acervo, uma piscina natural de água cristalina, denominada poço Azul. O nome Cocais
é em referência ao rio que corta a propriedade e forma as cachoeiras.
Compartilhando
da
infra-estrutura
das
demais
propriedades
turísticas
apresentadas, este empreendimento disponibiliza chalés e serviço de bar e restaurante, além
de estacionamento. A partir de 2004, já sob a administração do atual arrendatário, passou a
receber visitantes, procurando atuar como uma empresa ligada ao turismo. Antes disso, o
secretário de turismo de Riachão que é também filho do arrendatário, informou que a
propriedade tinha um caráter eminentemente familiar, onde as pessoas usufruíam das
cachoeiras, mas sem qualquer tipo de exigência.
76
Figura 7: Cachoeira de Sta Bárbara
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Figura 8: Poço Azul
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
3.2 Levantamento de Fontes Secundárias
Diante de escassas pesquisas em torno do pólo turístico da Chapada das Mesas,
em especial Carolina e entorno, as fontes secundárias levantadas partiram de estudos
envolvendo turismo e gestão em outras localidades. Considerando a visão inicial e as
primeiras ações de planejamento no âmbito do poder público para o turismo na região foi
realizada uma análise do Plano Maior de Turismo do estado do Maranhão. Já a caracterização
ambiental da área partiu de um relatório técnico de implantação do Parque Nacional da
Chapada das Mesas elaborado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – IBAMA, o qual
era o órgão responsável na época pela criação e implantação de unidades de conservação.
Outra relevante fonte secundária que compõe o estudo, foi da pesquisa de
satisfação turística de Carolina, promovida pela Secretaria de Turismo do Estado no período
de baixa e alta estação no ano de 2009. Através desta pesquisa foi possível obter dados do
perfil dos turistas que visitam a região, contribuindo para o diagnóstico da atividade turística
desenvolvida atualmente na cidade. Já a caracterização social e econômica do município
77
fundamentou-se em dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE (2009).
3.3 Trabalho de Campo
A pesquisa de campo foi realizada objetivando verificar e avaliar a forma de
gerenciamento turístico e ambiental das principais áreas de visitação do pólo da Chapada das
Mesas, considerando a existência de infra-estrutura turística. Neste sentido foram escolhidos
os empreendimentos de Pedra Caída, Itapecuru e Cocais. Para que fosse possível avaliar a
atuação dos entes privados com as ações de planejamento e gestão dos entes públicos,
entendeu-se que os trabalhos deveriam centralizar-se na cidade de Carolina, considerada o
portal do pólo da Chapada das Mesas, o que permitiria obter uma visão macro em termos de
gestão turística nessa unidade turística.
Além da observação direta dos espaços privados para onde afluem
costumeiramente visitantes, percorreram-se as principais áreas por onde os turistas passam no
município de Carolina. Isto inclui ruas, avenidas, áreas de alimentação, praças, o Beira-Rio,
além de outros logradouros, possibilitando a verificação das condições da oferta turística do
município, como também a constatação ou não de possíveis impactos que o turismo já esteja
promovendo na região.
Além da observação direta, foram obtidas informações através do contato direto
com os gestores públicos e privados, com os turistas e com a comunidade de Carolina. A
coleta de dados junto aos gestores foi realizada por meio de entrevistas gravadas. Já no que
diz respeito à comunidade e turistas houve a aplicação de questionários semi-estruturados.
3.3.1 Delineamento da amostra
Grupo 1: Gestores
As entrevistas realizadas com os gestores foram gravadas e posteriormente
transcritas. Todas foram semi-estruturadas, ou seja, a partir de um roteiro previamente
78
elaborado (APÊNDICE A) foram realizadas as perguntas, possibilitando o direcionamento
para os temas investigados e evitando desvios desnecessários durante a fala. Ao todo foram
realizadas 8 entrevistas (quadro 01):
Local/Instituição
Cargo/ Função
Data da Entrevista
Complexo de Pedra Caída
Gerente
08/04/10
Complexo de Itapecuru
Proprietário
06/04/10
Complexo dos Cocais e SETUR de
Riachão
Secretaria de Turismo (SETUR) e
Secretaria de Meio Ambiente
(SEMA) de Carolina
Secretaria Extraordinária de
Desenvolvimento Turístico do
Estado do Maranhão (SETUR
MA)
Serviço Brasileiro de Apoio a
Empresas (SEBRAE) Carolina
Secretário de Turismo de Riachão e
filho do proprietário dos Cocais.
24/07/10
Secretário de Turismo e Meio
Ambiente de Carolina.
06/04/10
25/07/10
Superintendente de Turismo do
Estado
23/03/10
Instituto Chico Mendes (ICMBIO)
Associação Carolinense de
Turismo (ACATUR)
Coordenador do SEBRAE em
Carolina
Técnico do Instituto Chico Mendes –
Parque Nacional da Chapada das
Mesas.
Presidente da ACATUR
06/04/10
08/04/10
06/04/10
Quadro 01: Identificação dos entes entrevistados
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
As entrevistas com os gestores privados buscaram verificar o histórico do
complexo turístico, a forma de gerenciamento do local, a visão para o turismo e o meio
ambiente e os projetos e perspectivas para o futuro. As que foram realizadas com as
Secretarias de Turismo do estado e município de Carolina, SEMA, ACATUR e SEBRAE
procuraram identificar as ações de planejamento e gestão e os entraves no gerenciamento
dessas duas esferas, permitindo analisar se o modelo de gestão reduz ou estimula impactos
negativos e positivos sobre o turismo e o meio ambiente.
Já a entrevista realizada com o representante do Parque Nacional da Chapada das
Mesas teve como foco obter a visão a respeito da relação entre o turismo e a unidade de
conservação, na perspectiva atual e futura, bem como considerando possíveis conflitos e
também benesses que já estejam ou que possam vir a ser produzidos.
Grupo 2: Comunidade de Carolina
Com os moradores de Carolina foram aplicados questionários fechados contendo
em média 20 questões. Estas tinham por objetivo obter a visão da comunidade local em torno
do turismo da região. A população de Carolina é em torno de 23.000 habitantes, contudo
foram aplicados questionários baseados em uma amostra estratificada e não baseados na
79
amostra total da população. Os estratos foram definidos, levando em consideração três
categorias:
 moradores diretamente envolvidos com o turismo: profissionais de meios de
hospedagem, do setor de alimentação, meios de transporte, agência de turismo e
guias;
 comerciantes indiretamente envolvidos com o turismo: em farmácias, lojas de
variedades, roupas, comércio informal;
 pessoas ligadas à educação: professores e alunos da rede pública e privada de
ensino.
Para cada estrato foram aplicados em média de 23 a 25 questionários, número em
que se constatou haver repetição de respostas, totalizando 74 questionários aplicados com os
moradores.
Grupo 3: Turistas
Os questionários aplicados com os turistas seguem a mesma estrutura daqueles
aplicados com a comunidade: fechados e constituídos de 20 questões. Os mesmos foram
utilizados a fim de se obter a avaliação dos turistas em relação aos atrativos e à infra-estrutura
dos empreendimentos turísticos, além da visão deles em torno do gerenciamento do turismo
na região.
Os questionários com os turistas foram disponibilizados nos meios de
hospedagem de abril a setembro de 2010 e foram também aplicados nos complexos turísticos
em julho e setembro de 2010. Em virtude de não ter sido informado pelo SEBRAE e SETUR
MA dados específicos sobre o número de turistas que visitam o pólo, utilizou-se uma amostra
por exaustão. Da mesma forma que na amostra estratificada, a quantidade foi definida quando
se percebeu a repetição de respostas pelos turistas. Assim, foram aplicados 80 questionários
com os turistas.
3.3.2 Descrição das etapas do trabalho de campo
Para a execução dos trabalhos de campo foram necessárias quatro viagens à região
(quadro 02), com estada mínima de quatro dias cada, tendo a última delas contado com a
presença de uma equipe de professores do Mestrado em Sustentabilidade, o que ensejou a
80
realização de discussões de aprofundamento e de esclarecimento de muitas das questões
identificadas nas viagens anteriores.
Etapa
1ª
viagem
de
estudo.
2ª
viagem
de
estudo.
Objetivos
 Realizar uma
observação geral
das áreas para
estudo;
 Aplicar um
pré-teste com
moradores e
turistas.
Período
09/10/09
 Aplicar
questionários com
a comunidade;
 Realizar
entrevistas com
gestores públicos e
privados.
04/04/10
10/04/09
 Pedra Caída.
 Complexo de
Itapecuru.
 Restaurantes.
 Pousadas.

20/07/10
Carolina:

3ª
viagem
de
estudo.
Receber e
aplicar
questionários
referentes aos
visitantes.
Finalizar as
entrevistas
com os
gestores
públicos e
privados.
a
13/09/09
a
a
25/07/10
Locais Visitados
Carolina:
 Complexo de
Pedra Caída.
 Complexo de
Itapecuru.
 Cachoeira do
Dodô.
 Queda d’Água
 Centro da
cidade.
 Restaurantes.
 Pousadas.
Riachão:
 Estância dos
Cocais.
 Encanto Azul.
Carolina:
 Complexo de
Pedra Caída.
 Complexo de
Itapecuru.
 Restaurantes.
 Pousadas.
 Lixão.
 Estação de
Tratamento de
Água.
Riachão:
 Sede da cidade;
 Estância dos
Cocais.
Ações Desenvolvidas
 Observação geral da cidade e dos
atrativos turísticos;
 Reconhecimento da localização dos
órgãos públicos;
 Aplicação de 25 questionários com
moradores;
 Aplicação de 15 questionários com
turistas;
 Registro fotográfico dos locais
visitados.
 Aplicação de 74 questionários com a
comunidade;
 Entrevista com: o Secretário de Turismo
e Meio Ambiente de Carolina, o técnico do
ICMBIO, o coordenador do SEBRAE em
Carolina, o presidente da Associação
Carolinense de Turismo, o gerente do
complexo de Pedra Caída e o proprietário
do complexo de Itapecuru.
 Disponibilização de pastas com 80
questionários no total para turistas em seis
pousadas de Carolina: pousada Candeeiros,
hotel Lírio, hotel Rilton, pousada Morro do
Chapéu, Pousadinha e pousada A Grande
Família.
 Registro fotográfico.
 Recebimento de 20 questionários das
pousadas;
 Disponibilização de mais 80
questionários em nove meios de
hospedagem: pousada Candeeiros, hotel
Lírio, hotel Rilton, pousada Morro do
Chapéu, pousada Rocha’s, pousada Terra do
Sol, pousada do Lajes e em dois
dormitórios.
 Recolhimento e aplicação de 30
questionários, totalizando 50 nesta viagem.
 Finalização da entrevista com o
Secretário de turismo e Meio Ambiente de
Carolina.
 Realização de entrevista com o
Secretário de Turismo de Riachão e
representante da propriedade dos Cocais.
 Contato com Simão, estudante e
81
morador de Carolina para dar continuidade
à aplicação de questionários.
 Registro Fotográfico.

4ª
viagem
de
estudo

Recolher os
últimos
questionários
de turistas.
Obter
considerações
de
pesquisadores
da área
ambiental.
21/10/10
a
23/10/10
Carolina:
 Pedra Caída.
 Cachoeiras de
Itapecuru.
 Parque
Nacional da
Chapada das
Mesas
 Visita aos locais de estudo.
 Recolhimento de informações,
principalmente referente à construção da
Usina Hidrelétrica de Estreito (UHE
Estreito) e à criação do Parque Nacional da
Chapada das Mesas.
Riachão:
 Estância dos
Cocais
Quadro 02: Etapas de trabalho de campo
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
3.3.3 Plano de Análise dos Dados
As entrevistas realizadas com os gestores públicos e privados, após transcritas,
foram estudadas a partir de uma análise comparativa, considerando as respostas dos
entrevistados, da comunidade e turistas (para os quais, o instrumento utilizado foi o
questionário), bem como os dados coletados pela observação direta. Os questionários
aplicados com a comunidade e turistas foram categorizados, codificados e tabulados. O
software utilizado para o processamento dos dados coletados foi o excel e jmp1.5.
A partir dos métodos e instrumentos utilizados, foi construído um modelo para a
geração de cenários que de acordo com Wright e Spers (2006) consiste em uma importante
ferramenta metodológica para a análise dos aspectos positivos e negativos em uma realidade
regional, a partir do levantamento de componentes que melhor representam ou apontam para
futuros campos de atuação/intervenção. Doll et al (2009) compartilha com os autores,
explicando da seguinte forma:
Os cenários integrados são importantes ferramentas para o planejamento
regional sustentável. Eles combinam uma grande quantidade de
conhecimento quantitativo e qualitativo, transmitem os resultados de uma
análise integral de forma transparente e compreensível. Ao mesmo tempo, a
geração de cenários contribui para estimar como um futuro incerto pode
reagir e como este poder ser influenciado pelas decisões feitas hoje.
Idealmente, derivam-se cenários através dos grupos de cientistas, de
administradores públicos e das partes interessadas. (DOLL et al, 2009, p.1).
82
Neste sentido, o modelo proposto neste estudo consiste em uma adaptação do
modelo apresentado pelo Centro de investigação de sistemas ambientais da Universidade
Kassel da Alemanha, o qual aplica cenários no planejamento regional, juntamente com uma
proposta de matriz elaborada por Arcade (2003). Partindo dessa integração, a modelo foi
composto pelas seguintes etapas:
Planejamento Regional para o
desenvolvimento sustentável
Identificação da
área problema
Definição do
sistema
Indicadores
Matriz
conflitos X potencialidades
Cenários
qualitativos
Sugestões
Figura 09: Modelo de Cenários voltada para o Planejamento Regional considerando o Desenvolvimento
Sustentável.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
A identificação da área do problema consiste na abordagem da problemática
estudada. A definição do sistema compreende a identificação dos principais componentes e
processos do sistema, direcionando para a área de estudo.
Os indicadores consistem na identificação dos entraves reais e/ou potenciais
causadores do problema. Neste estudo esta etapa será realizada através de uma matriz para a
projeção de cenários, seguindo o modelo de Arcade (2003). Esta matriz consiste no
cruzamento de conflitos e potencialidades de uma atividade, podendo ser aplicado em
destinos turísticos para a formulação de cenários no planejamento regional. Partindo do
modelo, a matriz é estruturada da seguinte forma (quadro 03):
83
Potencialidades
A
B
C
D
X
Nulo (0)
Médio (2)
Baixo (1)
Alto (3)
6
Y
Baixo (1)
Baixo (1)
Nulo (0)
Nulo (0)
2
Z
Nulo (0)
Médio (2)
Alto (3)
Alto (3)
8
SOMA
1
5
4
6
Problemas
SOMA
Quadro 03: Adaptação do modelo de matriz Conflitos X Potencialidades para a geração de cenários de Arcade
(2003)
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Consideram-se “x”, “y” e “z” os problemas levantados e “a”, “b” e “c” e “d” as
potencialidades constatadas. A “soma” consiste no somatório de pontos a partir da seguinte
valoração:
 nulo – zero;
 baixo – um;
 médio – dois;
 alto – três.
A análise é realizada, segundo Arcade (2003), por meio dos seguintes
questionamentos: quanto incide negativamente o problema “x” sobre a potencialidade “a” ou
quanto o conflito “x” diminui a força da potencialidade “a”. Na leitura horizontal é possível
identificar através do resultado das somas quais os problemas que mais afetam ou reduzem as
potencialidades e na leitura vertical tem-se a indicação da potencialidade mais afetada pelos
problemas.
A definição de problemas e potencialidades, bem como a própria valoração, serão
realizadas a partir da análise direta resultante da pesquisa de campo, bem como através da
percepção obtida nas entrevistas realizadas com gestores, turistas e comunidade sobre o
turismo em Carolina (MA). Dessa forma, pretende-se reduzir o caráter de subjetividade
inerente à elaboração da matriz, ressaltando que a construção pelas pessoas da própria cidade
seria mais adequada.
Assim, através desse modelo é possível melhor analisar as relações entre os
problemas e potencialidades existentes para o turismo na perspectiva da sustentabilidade em
84
Carolina e posteriormente gerar cenários qualitativos. Estes se estruturam a partir de
tendências atuais. Por fim, são dadas sugestões para viabilizar o alcance do cenário
prospectivo mais adequado ao contexto da sustentabilidade.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Considerações gerais
Os resultados da avaliação da gestão do turismo em Carolina indicam que essa
atividade ainda é incipiente em todos os seus aspectos, embora confirmem um elevado
potencial, cuja exploração para ser maximizada de forma sustentável requer especial atenção
por parte dos gestores públicos e privados. Embora estes, em grande parte, ainda estejam
85
atuando de forma pouco profissionalizada, notou-se um grande interesse e iniciativa em
expandir e fortalecer o turismo na região. A preocupação com a sustentabilidade da atividade
também se mostrou presente nos discursos, embora em termos práticos as ações sejam muito
limitadas.
Como a avaliação da gestão turística em regiões onde se verifica a presença desta
atividade é freqüentemente realizada de forma inconsciente por turistas no decorrer da
visitação e naturalmente observada pelos moradores e pelos prestadores de serviços que
atuam no setor, as observações por parte destes públicos são essenciais para uma melhor
visualização do tipo de turismo que vem sendo estimulado pelos gestores públicos e privados
ligados ao turismo.
Sendo assim, segue o perfil dos entrevistados na comunidade, dos gestores
públicos representantes do turismo na região e dos gestores privados, lembrando que foram
identificados como os mais importantes atrativos turísticos da região, as unidades turísticas de
Pedra Caída, Itapecuru e Cocais.
4.2 Perfil dos gestores de turismo e comunidade em Carolina
O atual secretário de turismo de Carolina assumiu o cargo de Secretário Adjunto
em 2007, e desde então vem respondendo pela prefeitura no que tange às ações municipais
ligadas à atividade turística, acumulando também as funções de secretário de meio ambiente e
esportes. A Prefeitura tem o SEBRAE como principal parceiro, cujo coordenador de turismo
passou a atuar na região, a partir de 2006. Outra importante representação ligada ao turismo é
a associação dos empresários de turismo de Carolina, a ACATUR, sendo representada pelo
presidente.
Já no plano estadual, as ações de turismo no pólo estão a cargo da Secretaria
Extraordinária de Desenvolvimento Turístico. O Superintendente de Turismo do estado foi o
entrevistado por ser um dos responsáveis pelas ações direcionadas para o pólo turístico da
Chapada das Mesas. O Instituto Chico Mendes, ICMBIO, embora não seja um órgão
diretamente ligado ao turismo, foi inserido no grupo de entrevistados por ter uma atuação
efetiva e importante em relação ao ambiente da região, inclusive em áreas externas à
delimitação do Parque da Chapada das Mesas, além da grande possibilidade de fortalecimento
86
da ligação do turismo desenvolvido fora e dentro do Parque. O entrevistado, representando o
órgão, foi um técnico do ICMCIO, no referido Parque.
Já em relação à comunidade, prevaleceu o seguinte perfil de entrevistados. Estes
foram divididos entre profissionais que trabalham direta ou indiretamente com o turismo e
profissionais ligados à área de educação. A maior parte declarou residir em Carolina desde o
nascimento e 37,84% moram há mais de dez anos (figura 10).
47,30%
37,84%
50,00%
2,70%
5,40%
6,76%
0,00%
Desde que nasceu
Menos de um ano
Entre seis e dez anos
Acima de dez anos
Entre um e cinco anos
Figura 10: Tempo de vivência da população entrevistada em Carolina
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Observa-se que a prevalência de moradores com um elevado tempo de vivência
no município contribui para o estabelecimento do vínculo de identidade com o local,
favorecendo a preocupação e ações para a proliferação de benefícios de forma contínua.
(VIGNATI, 2008).
Aproximadamente 53% dos entrevistados foram do sexo masculino e 47% do
sexo feminino. Este equilíbrio favorece a percepção compartilhada sobre o turismo. Já em
relação ao grau de escolaridade, observou-se a preponderância de pessoas com ensino médio e
superior (figura 11), refletindo a elevação do nível de escolaridade que se vem observando por
todo o Brasil (PAULI, 2010) e contribuindo para uma percepção mais crítica sobre o processo
de estruturação do turismo na região.
87
25,68% 27,03%
20,27%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
12,16%
8,11%
5,40%
Figura 11: Grau de escolaridade da população entrevistada
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
No que diz respeito à faixa etária, destacaram-se principalmente as pessoas das
faixas etárias entre 10 e 20 e 31 e 40 anos (figura 12)
Acima de 70 anos
Entre 61 e 70 anos
Entre 51 e 60 anos
1,35%
2,70%
12,16%
Entre 41 e 50 anos
Entre 31 e 40 anos
Entre 21 e 30 anos
Entre 10 e 20 anos
16,22%
21,62%
20,27%
25,68%
Figura 12: Faixa etária da população entrevistada
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
A faixa etária de 10 a 20 anos, na realidade compreende jovens a partir de 16
anos. O destaque desta faixa justifica-se em razão do direcionamento de parte das entrevistas
para aplicação nas escolas com professores e alunos. Em relação à renda mensal das pessoas
entrevistadas, as faixas compreendidas entre 1 e 3 salários mínimos e 4 e 6 salários mínimos
concentraram, respectivamente, 51,35% e 21,62%.
As ocupações de 59,46% dos entrevistados concentraram-se nas categorias
profissionais de: comerciantes, estudantes e educadores. Observe-se que as categorias de
88
profissionais que atuam diretamente com o turismo somam 29,78% e os seus quantitativos
não apresentaram diferenças expressivas. Estão distribuídos principalmente entre profissionais
que atuam no setor de alimentação, hospedagem, transporte e agências de turismo (figura 13).
10,81%
Outros
Proprietário de restaurante e…
Motorista/mototáxi e frete de…
Guia de Turismo
Gerente/Garçom e Caixa de…
2,70%
5,41%
2,70%
8,11%
18,92%
Estudante
Empresário/Agência de Turismo
Empresário/ Recepcionista/Pousadas
Educadores
4,05%
6,76%
13,51%
Comerciante/vendedor
27,03%
Figura 13: Principais ocupações da população entrevistada
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Das 51 pessoas entrevistadas que não trabalham em atividades ligadas diretamente
ao turismo, 82,35% afirmaram não ter qualquer envolvimento com a atividade turística.
Nota-se, portanto, que apenas uma minoria visualiza a extensão de benefícios do turismo na
sua profissão.
4.3 Caracterização do turismo no pólo turístico da Chapada das Mesas – Carolina.
4.3.1 A Demanda Turística
As entrevistas realizadas com os turistas durante a pesquisa de campo nos anos de
2009 e 2010 confirmam os dados oficiais obtidos pela secretaria de turismo do estado/SETUR
MA, em relação à demanda atual na cidade de Carolina. O turismo na cidade portal de entrada
do pólo da Chapada das Mesas encontra-se na fase inicial, na qual o destino está se
estruturando e os visitantes são oriundos principalmente das regiões mais próximas,
caracterizando-o como turismo regional, como se observa no gráfico seguinte (figura 14).
89
36,25%
22,50%
16,25%
2,50% 3,75%
7,50%
1,25% 3,75% 2,50% 3,75%
Figura 14: Origem dos visitantes
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
O predomínio do turismo regional influencia no transporte utilizado para se
chegar à cidade de Carolina, na qual 57,70% dos turistas têm acesso através de automóvel,
27,50% de ônibus e apenas 10% utiliza avião conjugado com outro meio de transporte.
Outro aspecto que merece atenção é o tempo de estada na região, cuja
permanência de 38,75% dos turistas é de 3 dias (figura 15). Em todas as pesquisas realizadas
até o momento constatou-se que a maior parte dos visitantes pernoita no local, ou seja, são
turistas propriamente ditos. Este aspecto estimula o crescimento do turismo na cidade, no
âmbito econômico, tendo em vista que favorece o retorno dos investimentos empreendidos na
cidade para o setor e amplia paralelamente os gastos deixados pelos visitantes.
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
36,25%
38,75%
12,50%
5%
7,50%
0%
1 dia
2 dias
3 dias
4 dias
5 dias
acima de
6 dias
Figura 15: Tempo de permanência dos turistas na região
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Dos 80 turistas entrevistados 53,75% já estiveram em Carolina, ou seja, não se
trata de uma primeira visita. Tal aspecto se justifica pela elevada quantidade e nível de
atratividade dos recursos naturais da região, além da ausência de destinos turísticos com
notoriedade nas proximidades dessa área. É importante ressaltar que, ao contrário de destinos
90
massificados ou predominantemente de lazer, onde prevalecem pessoas com baixo nível de
escolaridade e renda (RUSCHMANN, 2001), 55% dos turistas que visitam Carolina possuem
curso superior e de acordo com as pesquisas da SETUR MA mais da metade tem renda acima
de 3 salários mínimos. O alto nível de escolaridade e renda média tendem a implicar em
turistas mais sensibilizados e conscientes sobre a conservação do meio ambiente e dos
atrativos, ao mesmo tempo em que são mais exigentes também quanto à qualidade do destino,
em termos de serviços, equipamentos e atratividade (VIGNATI, 2008).
O turismo de terceira idade compõe a parcela mínima da demanda em Carolina e
não constitui público alvo dos gestores públicos e privados, uma vez que não há infraestrutura voltada para tal público e se almeja a consolidação do turismo de aventura e
ecoturismo para a região. A própria faixa etária predominante, entre 20 e 40 anos,
correspondendo a 75%, potencializa a perspectiva de tornar Carolina um destino, cujo foco
maior seja o público jovem e adulto (figura 16).
Figura16: Turistas em Pedra Caída – Carolina
Fonte: Liz Renata Dias, 2009
Assim, depreende-se que mesmo prevalecendo o turismo regional as condições
estruturais e turísticas do pólo da Chapada das Mesas conduzem ao predomínio de uma
demanda com médio poder econômico, bom nível de escolaridade e motivada principalmente
pela busca de descanso e lazer.
91
4.3.2 A Oferta Turística
Do ponto de vista da oferta turística, observam-se como aspectos mais relevantes
a carência de equipamentos e serviços turísticos qualificados e capazes de atender a demanda
no período de alta estação. Somam-se, ainda, os usuais problemas de infra-estrutura básica,
comuns a maior parte das cidades brasileiras, que interferem consideravelmente na elevação
da qualidade turística do nível local ao nacional.
Nas entrevistas realizadas com turistas ao longo de 2009 e 2010, apontaram como
aspectos que mais precisam de investimentos e melhorias os serviços de alimentação, seguido
de transporte e hospedagem (figura 17).
26,25%
30,00%
21,87%
25,00%
20,00%
20,62%
14,37%
15,00%
10,00%
5,00%
4,38%
6,88%
4,38%
1,25%
0,00%
Figura 17: Aspectos que mais precisam de investimentos e melhorias, de acordo com os turistas.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Este resultado demonstra a carência nos elementos primordiais de sustentação da
atividade turística. Os serviços de transporte são ineficientes desde o acesso à cidade até o
deslocamento dentro do município. A localização de Carolina, distante das capitais, inclusive
do Maranhão, é um entrave reconhecido por parte dos gestores da atividade na região, como
destacou o coordenador do SEBRAE: “Um dos nossos principais entraves é a distância em
relação aos principais centros emissores e estamos tentando quebrar com planejamento”.
92
Além da distância, a dificuldade de acesso ocorre pela inexistência de um
transporte regular direto da própria cidade de São Luís, capital do estado, para Carolina. Por
via rodoviária leva-se mais de 12 horas de viagem, uma vez que é necessário trocar de veículo
na cidade de Imperatriz ou Estreito. Há a opção de se deslocar até Imperatriz e utilizar o
transporte informal de vans, contudo há o incômodo das inúmeras paradas, da superlotação e
da insegurança. O acesso por via ferroviária também demanda paciência, uma vez que o
deslocamento ocorre apenas até a cidade de Açailândia, sendo necessário deslocar-se até
Imperatriz por meio terrestre e novamente mudar de transporte para chegar à Carolina.
O acesso mais rápido ocorre por via aérea até a cidade de Imperatriz ou Araguaina
no Tocantins e fretamento de um veículo até a cidade de Carolina. Ressalta-se que existe uma
pista de pouso de excelente qualidade no aeroporto de Carolina, contudo atualmente o seu uso
está restrito a aeronaves particulares, uma vez que os aeroportos mais próximos que recebem
vôos regulares são: o Guilherme Cortez em Imperatriz e o Araguaina no Tocantins.
Pela dificuldade de acesso e pela predominância de turistas regionais, a maior
parte opta pelo uso de veículo particular (figura 18).
57,50%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
27,50%
20,00%
10,00%
0%
5%
10%
0%
0,00%
Figura 18: Transporte utilizado para acesso à Carolina.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Dentro dos 10% que apontaram outros meios estão a utilização do veículo aéreo
somado ao transporte terrestre (van ou ônibus). A infra-estrutura rodoviária da cidade,
localizada na entrada da sede, é precária e não atende adequadamente aos visitantes, seja
esteticamente ou na prestação de serviços (figura 19).
93
Figura 19: Rodoviária de Carolina
Fonte: Liz Renata Dias, 2010
O transporte para os atrativos turísticos da região são apenas fretados,
principalmente veículos 4x4. Embora as vias de acesso da sede de Carolina para os atrativos
estejam em boas condições, não existe transporte regular. Este foi um aspecto destacado
principalmente pela comunidade, a qual reclama da inviabilidade de acesso em decorrência do
alto valor cobrado pelo aluguel de veículos no acesso aos atrativos turísticos.
No que diz respeito à necessidade de aumento em número e qualidade dos meios
de hospedagem também foi ressaltado por turistas e moradores. Alguns são impelidos a se
hospedarem em Filadélfia, no Tocantins, por conta da superlotação nos meses de alta estação.
Algumas pousadas só realizam reservas para grupos, principalmente no mês de julho. É
interessante ressaltar que a procura por meios de hospedagem é alta, em decorrência do
número de dias que os visitantes permanecem na região. Predominam pousadas familiares,
sendo que poucas realizam reserva por meio virtual e oferecem mais de uma forma de opção
de pagamento.
Já em relação ao setor de alimentação, apontado pelos turistas como o aspecto que
mais necessita de investimento, destaca-se a existência de apenas três restaurantes na sede da
cidade com carência de pessoal qualificado, variedade de cardápios e infra-estrutura (figura
20). Embora a comunidade reconheça esse problema e se mostre sensibilizada com os turistas,
a maior parte não se interessa em investir no setor, seja por desconhecimento, ausência de
recursos ou não identificação.
94
Figura20: Restaurante na sede da cidade de Carolina
Fonte: Liz Renata Dias, 2009
A divulgação do destino foi um aspecto levantado por todos os entrevistados:
comunidade, turistas e gestores. Tanto no nível estadual como municipal, os gestores
destacaram como ações principais das secretarias de turismo a divulgação em eventos de nível
nacional. “Nós temos estado presente nas principais feiras de turismo divulgando os pólos do
estado”, destacou o superintende da SETUR MA. O coordenador do SEBRAE afirma que “as
viagens realizadas para outros destinos permitem trazer aproveitamentos”. Para a comunidade
e os visitantes, contudo, os resultados oriundos da divulgação turística do Pólo Chapada das
Mesas, e Carolina em especial, são incipientes. Ambos os grupos de entrevistados destacaram
como sugestão para melhorar a gestão do turismo na região o investimento em divulgação.
Mesmo prevalecendo no turismo os comentários de parentes e amigos como principal
motivação para conhecer um destino (em Carolina são 70% dos visitantes, de acordo com
pesquisa de avaliação do destino da SETUR MA/2009), turistas e moradores salientaram nas
entrevistas a importância de ampliar a propaganda do destino.
Os serviços de telecomunicações e internet funcionam bem na cidade, estando
presentes as quatro principais operadoras de telefonia móvel do país. Embora já se encontre
uma relativa quantidade de informações sobre a cidade de Carolina em sites da internet, são
poucas as empresas que disponibilizam serviços, tais como atendimento on line e reservas,
utilizando esse meio.
95
Em relação à infra-estrutura básica destaca-se que as principais vias de acesso à
cidade, a BR-230 e BR-010, encontram-se em bom estado de conservação, contudo carecem
de iluminação e sinalização. A ausência de placas e outros sinais indicativos no âmbito do
trânsito e do turismo é outro aspecto a melhorar, uma vez que dificulta o acesso aos atrativos
turísticos da região. Já a cidade de Carolina é bem servida de comércios, possui hospital com
capacidade de atendimento para casos de média complexidade e escolas de âmbito público e
privado. Ainda assim, são necessários maiores investimentos em educação e saúde,
paisagismo e abastecimento de água, já que nos meses de alta estação sempre ocorrem
situações constrangedoras por não atender a demanda de consumo.
Apesar da notória carência de uma oferta turística de qualidade, tendo em vista
que o destino ainda se encontra em fase de estruturação, os atrativos turísticos têm
compensado as dificuldades de acesso e estada no local.
O crescimento do fluxo turístico para a região não acompanha a expansão,
diversificação e potencialização da oferta turística local, embora existam indicadores que
revelem a expansão do turismo tanto em relação ao público como em relação à sua oferta. “A
oferta em número de unidades habitacionais saltou, de 168 em 2005, para 225 apartamentos
em 2007. Já a taxa de ocupação-cama aumentou de 28% para 37% e a entrada de turistas teve
crescimento de 31,5% no mesmo período”. (ECOVIAGEM, 2009). Todos os gestores
privados entrevistados também destacaram a ampliação da infra-estrutura de turismo nos seus
espaços como proposta de execução a curto prazo. “Temos a proposta de expandir as
instalações...” (proprietário de Itapecuru). “Hoje já iniciamos um projeto que é um resort onde
você vai ter 70 acomodações, são 36 chalés e 24 apartamentos com Centro de Convenções,
recepção, restaurante e que deve estar pronto nesses dois anos”. (Gerente da Pedra Caída).
Ainda estamos estruturando porque é um processo longo, mas por conta do fluxo
está se tornando mais profissional. Estamos pensando em construir outros chalés
para atender públicos específicos como pessoas em luas de mel. Será construído um
outro restaurante e o atual servirá de apoio a alimentação. (Proprietário dos
Cocais).
Mais de 90% dos turistas que visitaram Carolina em 2009, de acordo com a
pesquisa da SETUR/MA, consideraram válido o investimento na viagem, mostraram intenção
de retorno e certamente indicariam o destino para outras pessoas. Alguns turistas
entrevistados comentaram achar interessante a hospedagem de caráter familiar por
contribuírem com os moradores, contudo, os valores cobrados seriam muito altos,
96
considerando os serviços prestados nos estabelecimentos. Muitos também destacaram que as
dificuldades e falhas encontradas no decorrer da viagem são compensadas pela beleza dos
atrativos turísticos, em especial as cachoeiras da região.
4.3.2.1 Atrativos Turísticos
A diversidade e a beleza de recursos naturais no pólo da Chapada das Mesas, em
especial em Carolina e Riachão, constituem a principal motivação de deslocamento das
pessoas que visitam essas cidades. Apesar do reconhecido potencial de atratividade, para os
recursos naturais se transformarem em atrativos turísticos de fato torna-se necessário a
existência de uma mínima infra-estrutura turística, a qual está ligada principalmente ao
deslocamento (vias de acesso e meios de transporte), hospedagem e alimentação (BENI,
2002). Este fato justifica a freqüência maior de visitação em torno de três locais no pólo da
Chapada das Mesas, considerando a existência das várias possibilidades de atrativos na
região. Ressalta-se que no processo de elaboração da pesquisa já se verificava a maior
presença de turistas nesses três espaços, a partir de visitas prévias realizadas nos locais. A
questão sobre os locais visitados na região foi proposta apenas para confirmar a dedução já
constatada.
Figura 21: Locais visitados no pólo da Chapada das Mesas
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
O complexo de Pedra Caída e Itapecuru, localizados a 35Km da sede de Carolina,
são os espaços com maior facilidade de acesso (figura 22). A estância dos Cocais, localizada
na cidade de Riachão, recebe um considerável número de visitantes, embora a maior parte se
hospede em Carolina. A porcentagem de visitas não é maior em decorrência da distância, são
97
130Km da sede de Carolina à unidade dos Cocais em Riachão. Além disso, o acesso da sede
de Riachão a Estância é em estrada de chão (figura 23).
Figura 22: BR 010 - acesso à Pedra Caída
Fonte: Liz Renata Dias, 2009
Figura 23: Estrada de acesso a propriedade dos
Cocais em Riachão
Fonte: Liz Renata Dias, 2010
Pedra Caída foi apontado por 40% dos turistas entrevistados como o local que
despertou maior interesse em decorrência da beleza cênica e variedade de atrações, embora
muitos tenham ressaltado que cada local tem seu atrativo em particular. Já quando
questionados sobre o local que exerceu menor atratividade 26,25% não apontaram escolha e
25% indicaram as cachoeiras de Itapecuru. Entre os principais motivos que determinaram o
menor interesse sobre os locais estão a má prestação dos serviços turísticos e a maior
interferência humana no ambiente natural (figura 24).
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
25,53%
27,66%
19,15%
12,76%
10,64%
4,26%
Ausência de
infra-estrutura
básica
Ausência de
infra-estrutura
turística
Maior
Má prestação de
interferência
serviços
humana no
turísticos
ambiente natural
Beleza cênica
inferior
Outros
Figura 24: Motivo sobre o local que despertou menor interesse
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Embora a má prestação dos serviços turísticos tenha sido o principal alvo de
reclamações dos visitantes tanto nos locais onde estão os atrativos como na cidade de
Carolina, as secretarias de turismo do município e estado, além do SEBRAE e proprietários
dos estabelecimentos destacaram as capacitações como ações efetivas e permanentes
98
desenvolvidas. Em virtude dessa necessidade e da ausência de maiores recursos financeiros,
os gestores públicos tem investido principalmente nessa área. Ainda assim, a principal
dificuldade apontada no gerenciamento das propriedades “[...]sem dúvida é a falta de mão-deobra qualificada[...]” (gerente do complexo de Pedra Caída).
Os principais atrativos dos locais de visitação sem dúvida são as cachoeiras,
utilizadas principalmente para banho, mas também já sendo incorporadas nos roteiros de
aventura para a prática de rapel e cachoeirismo. As condições ambientais existentes,
possibilitando usufruir das quedas d’ água em espaços naturais com pouca presença de
elementos artificiais também contribuem para elevar de forma positiva a percepção sobre os
locais. Pedra Caída tem a vantagem de reunir várias cachoeiras na mesma propriedade e já
introduzir atividades de aventura (figura 25).
Figura 25: Complexo de Pedra Caída
Fonte: Liz Renata Dias, 2009 e 2010
Na estância dos Cocais na cidade de Riachão também existe uma variedade de
atrações, mais restritas a diversas quedas d’água, um poço de águas cristalinas e já se vêm
planejando a introdução de atividades de aventura também. Dos turistas entrevistados que
visitaram a estância dos Cocais apenas dois não consideraram como o local mais atrativo.
Pedra Caída e Itapecuru tiveram porcentagem maior em decorrência de terem recebido um
maior número de visitantes (figura 26).
99
Figura 26: Estância dos Cocais em Riachão
Fonte: Liz Renata Dias, 2009 e 2010
O empreendimento Itapecuru firma-se mais como um ambiente de lazer, cuja
atração se restringe a duas cachoeiras paralelas e tendo o banho como principal e única
atividade. É muito freqüentado por grupos em família, excursionistas e moradores da própria
localidade (figura 27).
Figura 27: Cachoeiras de Itapecuru
Fonte: Liz Renata Dias, 2009
4.4 Caracterização ambiental e sócio-econômica da região
Carolina e Riachão integram o complexo biológico que abrange o Parque
Nacional da Chapada das Mesas, refletido principalmente no bioma cerrado. Por estarem em
uma área de transição (ALBINO, 2005), além das variações do próprio cerrado, é marcante a
presença das matas de galerias e de vegetação característica da região amazônica, já que
também sofre influência desse bioma.
Isso favorece a distribuição de comunidades com elevada heterogeneidade além de
ecossistemas compostos por mosaicos vegetacionais com gradientes que variam
desde campos abertos até formações florestais mais densas, muito embora o cerrado
sensu stricto represente o padrão mais generalizado, uma vez que sua feição recobre
extensas áreas. Ocorrem ainda outros subtipos de vegetação associada ao cerrado,
entre os quais destacam-se cinco fisionomias principais designadas regionalmente
como: chapada, cerradão, mata, mata seca e brejo. (ALBINO, p.17, 2005).
100
As principais ameaças ao meio ambiente da região não são provenientes do
turismo, mas principalmente de outras atividades. De acordo com o ICMBIO, é comum a
ocorrência de queimadas acidentais na região ocasionadas pela cultura da queima para a
preparação de roça. A secretaria de meio ambiente do município acrescenta também que “a
preocupação está voltada para as áreas do leste do município onde 80% já foi tomada pela
monocultura da soja e também os herbicidas nas lavouras que vão descampar no rio Manoel
Alves Grande. Há denúncias de veneno, herbicidas que são despejados no rio”. (SECMA
Carolina).
O maior problema ou ameaça ambiental para a região, compartilhado por gestores
e pela comunidade trata-se da construção da Usina Hidrelétrica em Estreito – UHE Estreito,
cujos impactos sobre o ecossistema, a cidade e os próprios moradores ainda não são
conhecidos na sua totalidade, de acordo com a SECMA Carolina e moradores entrevistados.
Entre os impactos já previstos, segundo o relatório de impactos ao meio ambiente elaborado
pela CNEC Engenharia (2009), estão a inundação de municípios, entre os quais se inclui
Carolina, deslocamento de famílias e impactos sobre tribos indígenas e comunidades
quilombolas; elevação do lençol freático acarretando na formação de áreas úmidas e
alagáveis, contaminação de águas subterrâneas, instabilização e erosão de encostas marginais;
alagamento das terras mais agricultáveis, afetando o modo de sobrevivência das populações
ribeirinhas; alteração sobre o ciclo de reprodução dos peixes, afetando comunidades
indígenas, entre outras mais.
O documento da CNEC Engenharia (2005) aponta que a barragem inundará 6.600
ha de uma Área de Preservação Permanente, além de provocar o desaparecimento de
algumas áreas utilizadas para o lazer: 4 praias, Filadélfia, Babaçulândia, Palmeirante
e Barra do Ouro; e uma Ilha, dos Botes. Também serão inundadas 2,6 km de
estradas, 6 portos de balsa e 1 atracadouro de barcos. Sete espécies animais,
ameaçadas de extinção, serão afetadas (macaco-de-ordem, cachorro-do-matovinagre, cachorro-do-mato-comum, guariba-preto, sagüis, veado-campeiro, e a
arara-azul-grande). (CNEC ENGENHARIA, 2009).
Sobre o turismo, acrescenta-se como impacto, além do desaparecimento de praias
fluviais e da Ilha dos Botes (figura 28), “inúmeros riachos e quedas d’água fora da UC que
ainda não são conhecidos pelo turismo, mas com grande potencial para o aproveitamento
nesta atividade”. (ICMBIO). Soma-se também o desaparecimento de botos, uma vez que “no
encontro do rio Tocantins com o Manoel Alves Grande há um verdadeiro berçário. Os
pescadores não utilizam rede nesse local, sendo possível observá-los, principalmente na
101
vazante”, o que constituiria em mais um atrativo turístico para o pólo e com baixo impacto.
(SECMA Carolina). Moradores receiam ainda que a área de inundação prevista seja maior e
chegue a atingir parte do Centro Histórico de Carolina, tombado como patrimônio no nível
estadual.
Figura 28: Ilha dos Botes em Carolina (MA) que irá desaparecer com a construção da barragem de Estreito
Fonte: Antonio Cunha, 2003.
.
Os impactos sobre as populações ribeirinhas, indígenas e quilombolas poderão
acarretar na formação de um cinturão de pobreza, levando grupos de pessoas a um processo
de marginalização social, insurgindo ao aparecimento de pedintes, mendigos, prostituição,
drogados e aumento da violência, cenário ainda inexistente em Carolina. Os impactos poderão
reduzir a taxa de IDH do município que é de 0,658 - média acima do IDH do estado, do
nordeste e pouco abaixo do IDH nacional que é de 0,699. (PNUD, 2000). Conseqüentemente,
a emergência e o agravamento de problemas sociais no município poderão intervir no
processo de desenvolvimento turístico sustentável almejado para a cidade e entorno, já que há
uma grande probabilidade de surgirem novos problemas não tendo sido solucionados nem os
que já existem a mais tempo na localidade.
A água utilizada para o abastecimento é oriunda do rio Tocantins, havendo duas
estações de tratamento que não estão funcionando na sua plenitude (figura 29). Apenas as
residências da sede recebem água tratada, contudo as áreas mais afastadas não sofrem com a
falta e qualidade, pois segundo a SECMA de Carolina há 409 nascentes catalogadas e 22 rios
perenes na região. É certo que, de acordo com a EIA-RIMA (CNEC ENGENHARIA, 2009),
a instalação da UHE Estreito promoverá uma alteração na qualidade da mesma, tanto nos
aqüíferos como em alguns rios.
102
Figura 29: Estação de tratamento de água em Carolina (MA)
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
De acordo com a SECMA de Carolina, não há rede de esgoto no município,
contudo a maior parte das residências tem fossas e caneletas para o escoamento das águas
pluviais. Destaca-se que segundo dados do IBGE (2010) “Só 44% dos domicílios do País
tinham acesso à rede geral de esgoto em 2008. Em apenas 28,5%, o que é coletado recebe
tratamento”. A região nordeste ocupa o segundo patamar no quadro das áreas com maiores
problemas envolvendo saneamento básico, ficando atrás somente da região norte. (IBGE,
2010).
Outro aspecto que merece atenção refere-se à coleta de lixo da cidade.
Antigamente se carregava o lixo no caminhão aberto, até que se contratou uma
empresa para empacotar o lixo e levar para o lixão. Apesar das dificuldades, dos
problemas mecânicos nos caminhões se atende direitinho. Passa em todas as ruas do
Centro da cidade e é regular, três dias na semana. (SECMA Carolina).
O lixão se localiza na saída do município e é despejado em um terreno baldio
pelas transportadoras (figura 30). Apesar de não haver coleta seletiva e nem separação do lixo
pela empresa contratada, observou-se a reserva de materiais em ferro e alumínio em sacos
grandes no lixão (figura 31). Embora se desconheça a existência de empresas de reciclagem
que utilize esse tipo de material, em Imperatriz existe a empresa Recimar Reciclagem
Maranhão Ltda que trabalha com materiais não ferrosos, tais como papel e plástico. Um
agravante em torno do tratamento do lixo da cidade, ou melhor, da ausência de tratamento
refere-se à sua queima realizada no terreno de despejo. “A poluição do ambiente por metais
103
pesados e por dioxinas resulta em grande parte da queima descontrolada de resíduos. O hábito
de destruir o lixo pelo fogo sem controlo tem de ser combatido”. (CAVALHEIRO, p.1, 2010).
Figura 30: Lixo no aterro de Carolina (MA). Ao
fundo a paisagem de cerrado.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010
Figura 31: Aterro de Carolina (MA) tendo ao fundo
queimada e na lateral sacos com lixo em alumínio.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010
Nota-se, portanto, que alguns problemas ambientais, sociais e econômicos do
município de Carolina não deturpam de outras cidades do estado, contudo, apresenta uma
riqueza ambiental imensurável, com uma das maiores áreas de preservação do cerrado do
Brasil. Dispõe de indicadores sociais positivos e uma economia de subsistência favorável à
concepção de sustentabilidade, além do comércio e turismo.
Futuramente são esperados sérios impactos de âmbito social, econômico e
ambiental em decorrência da hidrelétrica de Estreito, atingindo inclusive a atividade turística
local, de forma que irá receber mais impactos do que causar. O turismo poderá tanto reduzir
os impactos oriundos desse empreendimento como agravá-los. Para tanto, a ação dos gestores
locais é imprescindível para evitar danos maiores e o comprometimento do cenário turístico
de Carolina.
4.5 Gestão pública e Privada do Turismo na região sob a ótica da sustentabilidade
104
O aumento do número de visitantes, meios de hospedagem, leitos e agências de
turismo em Carolina, bem como a oferta de cursos ligados à atividade, inclusive um curso
técnico de turismo e hospedagem, constituem em indicadores do crescimento do turismo na
cidade, comemorado tanto por gestores públicos como privados. Cientes do potencial turístico
representado pelo pólo da Chapada das Mesas, em especial Carolina, os gestores entrevistados
revelaram estar trabalhando para expandir o mercado de turismo na localidade e estão
buscando firmar a imagem de destino sustentável ligado à natureza e aventura. Percebe-se,
assim, que os gestores compartilham da corrente de estudiosos como Ruschmann (2001), Dias
(2003) e Magalhães (2002) que acreditam que a atividade turística pode ser sustentável,
mesmo estando fundamentada em um mercado econômico. Assim, é interessante analisar as
ações que vêm sendo empreendidas pelos gestores públicos e privados, enquanto práticas
inovadoras e comprometidas com a concepção de sustentabilidade ou simplesmente
reproduções de práticas voltadas para o crescimento turístico local. De acordo com Sachs
(2004) o planejamento para atividades sustentáveis devem estar pautadas em seis dimensões:
econômica, social, ecológica, espacial, política e cultural. Nesse sentido, segue abaixo um
quadro explicitando a idéia de cada dimensão e o reflexo sobre o destino turístico de Carolina,
a partir de avaliação graduada de ruim a ótimo.
Dimensão
Conceito geral
Proteção
Ecológica
e
mitigação
Situação atual
Conceito no turismo
em Carolina
dos Capacidade de carga do
danos aos elementos naturais
ecossistema
para
ruim
uso
turístico
Social
Equidade social
Equidade na distribuição
Acesso a bens e direitos
dos
benefícios
bom
trazidos
pelo turismo
Cultural
Identidade local
Respeito às diferenças
regular
Valorização cultural
Valorização das minorias
Integração cultural
Democratização e participação
Política
Participação
da
comunidade local e dos
visitantes nas decisões
regular
105
Econômica Equilíbrio
no
crescimento Desenvolvimento
econômico
bom
econômico dos destinos
turísticos
Espacial
Distribuição
equilibrada
uso do território
do Uso
adequado
dos
bom
territórios turísticos
Quadro 04: Dimensões da sustentabilidade e seus reflexos no turismo de Carolina (MA).
Fonte: Adaptação de Anjos e Rados, 2010.
4.5.1 Gestão Pública do Turismo em Carolina
A gestão pública de turismo em Carolina, envolvendo secretarias de turismo,
SEBRAE e ACATUR, está pautada prioritariamente na consolidação da atividade turística na
região, sobrepondo inicialmente à dimensão econômica (SACHS, 2004) sobre as demais. O
SEBRAE embora não configure um órgão público e sim um serviço social autônomo detém a
postura de liderança sobre o gerenciamento do turismo na cidade, embora trabalhe em
parceria com os demais. Dencker (2004) chama a atenção para a necessidade do estado
conduzir as políticas públicas que irão orientar as ações de planejamento, o qual deve ser
realizado de forma compartilhada.
Embora o estado do Maranhão apresente o Plano Maior de Turismo como
norteador da política de turismo do estado e das suas ações de planejamento, verifica-se uma
maior referência e conhecimento sobre a existência do plano em si do que os resultados do
planejamento de fato, revelando uma discrepância entre plano e planejamento, a qual é
discutida por Sansolo e Da Cruz (2004).
“Planejamento é um processo contínuo de tomada de decisões, voltado para o futuro
e para a perseguição de um ou mais fins. Como processo, o planejamento tem um
forte sentido de intangibilidade e não pode, portanto, ser confundido com um plano,
que é um documento que reúne um conjunto de decisões sobre determinado
tema/área/setor. Planejamento governamental nada mais é do que o planejamento
que se faz no âmbito das administrações públicas, considerando-se suas diferentes
escalas de gestão. (SANSOLO;Da CRUZ, 2004, p.2).
Nesse sentido, observa-se uma atuação tímida da SETUR MA no pólo da
Chapada das Mesas. Além de ações de divulgação em feiras nacionais, a sua atuação no pólo
está direcionada para o apoio a formação de um Arranjo Produtivo Local (APL) em Carolina,
articulado pelo SEBRAE em parceria também com a ACATUR e SETUR municipal. “Os
APLs representam redes de empresas ligadas pela mesma cadeia produtiva, fortemente
interdependentes e intensamente articuladas. Essas empresas são integradas em sistemas
106
colaborativos de produção e inovação, formando parcerias e alianças estratégicas”. (BRAGA
e MAMBERTI, 2004, p.3). Dessa forma, as empresas se fortalecem mutuamente e elevam o
seu desempenho competitivo, em menor potencial quando desenvolvido individualmente
pelas empresas. (BRAGA e MAMBERTI, 2004).
Os autores explicam que quando a atividade turística é bem integrada os
benefícios econômicos gerados pelos APLs estendem-se das empresas para os turistas e para a
economia local. Estaria, portanto, favorável à dimensão econômica da sustentabilidade
proposta por Sachs (2004). O SEBRAE informou que o APL na Chapada das Mesas iria até o
ano de 2011 e que o projeto estaria voltado para 4 municípios: Imperatriz, Carolina, Riachão e
Tasso Fragoso. Dentre as ações do APL desenvolvidas tem-se: atração de investimento para o
setor do turismo, eventos de mercado, estudo de mercado, capacitações técnicas, gestão da
qualidade, incentivo à cultura e promoção de eventos.
O SEBRAE e a SETUR de Carolina afirmam que o turismo em Carolina, no
âmbito da gestão pública, só teve início em 2005, já que antes disso as ações eram pontuais e
não existia qualquer diagnóstico do destino. A preocupação em desenvolver ações baseadas
em um diagnóstico participativo mostra-se também um ponto positivo na perspectiva da
sustentabilidade.
As ações desenvolvidas pela SETUR municipal incluem, além da parceria na
formação de APLs e divulgação, o apoio nos eventos culturais da cidade como carnaval, São
João, aniversário da cidade, dentre outros. Revelou também conhecer o papel do poder
público dentro do turismo. “Ao poder público cabe melhorar a cidade, deixar a cidade limpa,
melhorar a segurança; o setor privado é quem comanda as áreas de atrativos naturais e
culturais, então eles têm que fazer a parte deles e nós as nossas.” (SETUR Carolina).
Os gestores públicos entrevistados mostraram-se conhecedores também dos
impactos negativos causados pelo turismo quando em estágio de maior desenvolvimento.
Como forma de tentar impedir que os aspectos negativos sobreponham-se aos positivos em
Carolina os gestores buscam conhecer outras localidades turísticas, fortalecer o empresariado
local, já sabendo que futuramente há uma grande probabilidade da chegada de empresas
externas, e sensibilizar a comunidade carolinense para ser também fiscalizadora da atividade.
A qualidade turística requer a capacitação e a educação da comunidade, do
reconhecimento e conservação do patrimônio e do entorno, da melhoria da imagem
urbana e das relações entre os diferentes espaços orientados por uma política de
planejamento e gestão cuja cultura envolva empresários, trabalhadores, turistas e
hospedeiros, atentando igualitariamente às necessidades de todos. (DENCKER,
2004, p.22).
107
Compartilhando da concepção de Dencker (2004), Vigati (2008) acrescenta que a
tarefa de atender múltiplas necessidades dentro do planejamento turístico embora não seja
fácil é imprescindível para uma gestão sustentável. A população de Carolina mostrou-se
muito interessada e receptiva em relação ao turismo, destacando como os principais
benefícios gerados pelo turismo a geração de emprego, renda e o contato com pessoas de
outras localidades. Aproximadamente 63% da população entrevistada não visualiza problemas
gerados pelo turismo, mas apenas 28% considera o gerenciamento do turismo em Carolina
bom, apontando como principais entraves a atuação não integrada com outras áreas (infraestrutura, saúde, educação...).
Os moradores entrevistados (51,35%) ressaltaram que em ordem de importância a
gestão turística deve priorizar a área ambiental, tanto pelos atrativos naturais serem a
referência da região, como também pelas ameaças em torno da instalação da UHE – Estreito e
a presença do Parque Nacional da Chapada das Mesas. Destaca-se que o ICMBIO tem dado
grandes contribuições e apoio no tocante às questões ambientais da região, inclusive fora da
UC, ou seja, da sua esfera de competência e responsabilidade. A Secretaria estadual de Meio
Ambiente - SEMA é ausente no local, refletindo que a sustentabilidade ambiental na área
necessita de maior intervenção. No âmbito social, o turismo começa a estimular investimentos
na infra-estrutura, como, por exemplo, a oferta de vôos regulares de âmbito regional no
aeroporto de Carolina (figura 32). Este é um esforço que vem sendo trabalho pelos gestores
estaduais do Maranhão e municipais de Carolina. As negociações tiveram início em 2010.
Figura 32: Aeroporto Brigadeiro Lysias Augusto Rodrigues em Carolina
Fonte: CFN, 2010
108
Em relação à dimensão espacial (Sachs, 2004), o turismo deve favorecer a
desconcentração populacional e de atividades na área urbana, já que a maior parte dos
atrativos turísticos não está localizada na sede, mas em áreas mais afastadas. Já a dimensão
cultural (SACHS, 2004) carece de intervenção, uma vez que o patrimônio histórico e cultural
não vem sendo trabalhado pelo turismo. Mesmo prevalecendo os atrativos naturais como
principal motivação do deslocamento turístico para a região, o patrimônio histórico e as
manifestações culturais podem agregar valor à oferta turística da cidade.
Carolina compartilha dos grandes desafios envolvendo a gestão pública para
tornar o destino sustentável, apontados por Solha (2010, p.42):
[...] Apesar da mudança nas relações entre o setor público e turismo, verifica-se,
ainda, a existência de sérias dificuldades relacionadas tanto ao entendimento das
questões conceituais sobre turismo sustentável e as estratégias para promover a
aplicação desse conceito. A isso se associa a incapacidade do poder público em gerir
a atividade turística, em decorrência dos escassos recursos financeiros e da baixa
qualificação dos gestores públicos.
A ausência de pessoal qualificado foi um ponto recorrente nas entrevistas,
contudo nota-se que esta realidade não está ligada apenas aos locais envolvendo visitação e as
empresas ligadas ao turismo, mas as próprias secretarias carecem de funcionários
qualificados, principalmente a SETUR de Carolina.
Outro aspecto destacado por todos os gestores entrevistados diz respeito aos
poucos recursos direcionados ao turismo, o que inviabiliza o desenvolvimento de mais ações
voltadas para o setor, incluindo a necessidade de melhorar a infra-estrutura.
4.5.2 Gestão Privada do Turismo em Carolina
Nas entrevistas realizadas com os gestores privados, especificamente dos
complexos turísticos de Itapecuru, Pedra Caída e Cocais, destaca-se que as propriedades
foram adquiridas por meio hereditário, compra e arrendamento, respectivamente. Há muitos
anos essas áreas recebem pessoas e inicialmente constituíam em espaços principalmente de
lazer e sem qualquer organização e infra-estrutura. O crescimento do número de visitantes,
incluindo de cidades mais distantes ensejou a alocação de uma pequena infra-estrutura
turística que vem se expandindo.
109
As normas e exigências de visitação estão vinculadas ao pagamento de uma taxa
de entrada em torno de dez reais, sendo que em Pedra Caída, somam-se ainda taxas para
visitar cada atrativo. Neste complexo há o acompanhamento de guias de turismo ou monitores
ambientais, fato que já não se verifica no complexo de Itapecuru e Cocais. Mais da metade
dos turistas entrevistados informaram terem tido o acompanhamento de um guia de turismo
ou monitor ambiental, sendo muito mais reflexo da presença dos monitores em Pedra Caída.
Destes, porém, 24% não ficaram satisfeitos com o trabalho dos guias e/ou monitores. Os
motivos expostos foram: (figura 33).
33,33%
33,33%
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
25%
8,34%
Falta de conhecimento Falta de conhecimento
sobre os atrativos
sobre o ambiente
turísticos
Falta de educação
Outras falhas
Figura 33: Motivo de insatisfação em relação ao guia de turismo ou monitor ambiental
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
As ações para evitar a degradação ambiental causada ou estimulada pelo turismo
são realizadas através de “[...]orientação das pessoas pelos próprios funcionários.”
(proprietário do complexo de Itapecuru). Já em Pedra Caída há a proposta de implementar um
sistema de reciclagem do lixo e tratamento de água. No complexo dos Cocais existe a
proposta de restringir a visitação ao acompanhamento por guias de turismo e elaborar um
estudo de capacidade de carga turística. Não existem estudos de capacidade de carga e nem
uma avaliação contínua das condições ambientais nos três complexos estudados. A principal
dificuldade apontada no gerenciamento das propriedades “[...] sem dúvida é a falta de mão de
obra qualificada...” (Gerente do complexo de Pedra Caída).
De uma forma geral, notou-se que os proprietários de Pedra Caída e Cocais
possuem uma visão mais empresarial do turismo, inclusive considerando a idéia do
ecoturismo. Em Itapecuru a existência de apenas um atrativo e o público prevalecente de
famílias, além da alta freqüência de pessoas da própria comunidade, favorece a percepção do
turismo de uma forma mais simples e não sistemática. A prestação de serviços nestes espaços
110
deixa muito a desejar ainda e embora nas entrevistas haja menção sobre a preocupação
ambiental, poucas ações práticas são implementadas para evitar impactos ambientais. Em
Cocais não é permitida a descida para as cachoeiras com alimentos e bebidas (figura 34),
contudo não há fiscalização e já se verifica a presença de lixo no ambiente, ainda que em
pequena proporção. (figura 35).
Figura 34: Placa informativa nos Cocais.
Fonte: Liz Renata Dias, 2009.
Figura 35: Garrafas plásticas descartadas próximas
às cachoeiras.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010
Em Pedra Caída, embora se exija o acompanhamento de monitores ambientais do
complexo para os principais atrativos no período de alta estação é comum haver dispersão e
um número superior a 20 pessoas, quantidade máxima para a descida em grupos informada
pelo complexo. A entrega de pequenos sacos plásticos para os visitantes que queiram levar
máquinas fotográficas para as cachoeiras é realizada com o pedido de não deixarem o saco no
local, porém não há controle e fiscalização efetiva. Materiais deixados pelos turistas,
incluindo lixo, são recolhidos pelos monitores a qualquer momento, contribuindo assim para a
educação ambiental. Somam-se, ainda, como aspectos positivos uma apresentação prévia do
complexo e das normas de visitação antes da descida às cachoeiras e a instalação de rampas
suspensas, evitando impactos no solo (figura 36).
Já a proposta de implantação de um resort ecológico é marcadamente comercial e
a expansão das instalações como chalés de concreto contradizem a idéia de ecoturismo
divulgada (figura 37). Não há o acompanhamento de um especialista na área ambiental na
execução deste empreendimento, o que pode acarretar em sérios impactos no ambiente. No
âmbito social as ações se restringem a contratação de pessoal da própria localidade, fato que
decorre muito mais por falta de opção do que preocupação social.
111
Figura 36: Rampa de acesso ao Santuário de Pedra
Caída.
Fonte: Liz Renata Dias, 2009
Figura 37: Chalés sendo construídos em Pedra
Caída para o ecoresort.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010
No complexo dos Cocais em Riachão também existem sérios problemas em torno
do gerenciamento turístico local, contudo tende a se tornar uma referência mais próxima de
destino turístico sustentável pela alta receptividade em torno de sugestões de melhorias,
formação de parcerias, pelo nível de conhecimento do filho do proprietário do complexo dos
Cocais que é o atual secretário de turismo de Riachão, bem como por não dependerem
economicamente do turismo nos Cocais. A propriedade era familiar e tornou-se um atrativo
turístico, ao contrário de Pedra Caída e Itapecuru que foram adquiridas com fins econômicos.
Em Itapecuru foi onde se observou menor organização da visitação. Além do
impacto visual oriundo de um aterro em cimento nas margens do rio, é permitida a entrada
com mesas, cadeiras, bebidas e alimentos no rio (figura 38).
112
Figura 38: Complexo de Itapecuru em Carolina (MA).
Fonte: Liz Renata Dias, 2009
Outro aspecto que merece atenção dos gestores tanto privados quanto públicos é a
relação da comunidade com o turismo na região. Deve-se pensar na dimensão social não
apenas no que tange aos benefícios materiais como geração de emprego e renda, mas tendo o
cuidado de não promover a exclusão da comunidade em relação ao seu ambiente, seja no
nível espacial ou cultural. Verifica-se, por exemplo, que os locais mais freqüentados pela
comunidade não coincidem com os locais mais freqüentados por turistas, com exceção das
cachoeiras de Itapecuru, como se observa na figura 39.
Outros
4,73%
Cachoeira de São Romão
1,35%
Cachoeira do Dodô
1,35%
Complexo dos Cocais em Riachão
Praiolandia
Pedra Caída
Ilha dos Botes
Praias do Tocantins
2,03%
8,78%
9,46%
14,19%
20,95%
Cachoeiras de Itapecuru
37,16%
Figura 39: Atrativos turísticos mais freqüentados pela comunidade.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Nota-se que Pedra Caída e Cocais já estão promovendo um impacto usual dentro
da atividade turística: a apropriação dos espaços pelo turismo e exclusão da comunidade local.
Durante as entrevistas com os moradores houve destaque para a perda do acesso às cachoeiras
onde antes eram habitualmente visitadas, principalmente em Pedra Caída, cujas taxas
estabelecidas para visitação inviabilizaram grande parte da comunidade ao acesso aos
atrativos da propriedade. “Antes era possível ter acesso à cachoeira de capelão e caverna por
um caminho fora da propriedade de Pedra Caída, mas o ‘proprietário’ mandou quebrar as
pontes de acesso e destruir as trilhas”. (morador de Carolina). Destaca-se, ainda, a grande
quantidade de nascentes e riachos na propriedade, implicando na perda de acesso não apenas
ao lazer como também no desenvolvimento de outras atividades que porventura fossem de
interesse da comunidade.
113
Leuzinger (2010) explica que a água é assegurada pela constituição brasileira
como um bem de domínio público de uso comum do povo, mas o decreto de 24.643 de 34
referente ao código de águas determina no Art. 8º que “são particulares as nascentes e todas as
águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas não estiverem
classificadas entre as águas comuns de todos, as águas públicas ou as águas comuns”. No caso
específico dos rios pertencem à União quando atingem mais de um estado ou estão em zonas
limítrofes, sejam nacionais ou internacionais. (LEUZINGER, 2010). No caso específico dos
rios que cortam as propriedades estudadas, os mesmos pertencem ao estado do Maranhão.
Logo, a legislação assegura a apropriação dos recursos naturais em terrenos
particulares pelos proprietários, mas determina também que o mesmo se responsabilize pela
não degradação, como se observa no artigo 1.228, § 1º, do código civil brasileiro:
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas finalidades
econômicas e sociais e de modo a que sejam preservados, de conformidade com o
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
ecológico e a patrimônio histórico e artístico, bem como a evitar a poluição do ar e
das águas.
Já os aspectos na cidade de Carolina e nos atrativos turísticos privados que mais
necessitam de investimentos e melhorias, de acordo com os turistas são: (figura 40).
30,00%
26,25%
21,87%
25,00%
20,00%
20,62%
14,37%
15,00%
10,00%
5,00%
4,38%
6,88%
4,38%
1,25%
0,00%
Figura 40: Aspectos que mais necessitam de investimentos e melhorias em Carolina (MA), de acordo com os
turistas.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Logo, a concepção de turismo sustentável requer também a estruturação dos
aspectos primordiais da atividade que giram em torno dos serviços de alimentação, transporte
e hospedagem, na medida em que a existência do turismo depende desses elementos.
114
4.6 O turismo em Carolina e o Parque Nacional da Chapada das Mesas
De acordo com o ICMBIO o processo de criação do Parque Nacional da Chapada
das Mesas começou no início da década de 60 quando houve um estudo de mapeamento
nacional pelo projeto RONDON do exército para a identificação de áreas para preservação.
Arrastou-se então da década de 60 ao ano de 2003 quando foi solicitado ao IBAMA um
estudo para identificar a possibilidade e viabilidade de se criar nessa região uma unidade de
conservação, já sob pressão dos estudos da barragem de Estreito e de mais duas outras
barragens propostas para o rio Farinha, duas PCH’s (pequenas centrais hidrelétricas).
A sociedade civil se organizou e conseguiu que o IBAMA fizesse uma vistoria na
área para a criação da unidade. No estudo técnico se identificaram muitas potencialidades
tanto biológicas como físicas e antropológicas. Foi constatada a existência de muitos atrativos
que deveriam ser protegidos por conta da pressão das PCH’s e das fronteiras agrícolas que
vinham se expandindo. O cultivo da soja e do eucalipto é bem forte na região. (ICMBIO). A
partir de então o IBAMA indicou a criação do Parque da Chapada das Mesas, sendo instituído
pelo decreto de 12 de dezembro de 2005, art.1º, p.1.
Fica criado o Parque Nacional da Chapada das Mesas, nos Municípios de Carolina,
Riachão e Estreito, no Estado do Maranhão, com o objetivo básico de preservar
ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando
a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação
e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico.
O turismo é usualmente apresentado como alternativa para a sustentabilidade dos
Parques, enquanto unidades de conservação, por ser mais restritivo e ter suas atividades
monitoradas por um viés legal de proteção. Kinker e Passold (2010, p.389) acrescentam que
“os recursos advindos da visitação nas UCs” poderão auxiliar na gestão de outros programas
que fazem parte das unidades.
Embora ainda não tenha sido implementado o plano de manejo no Parque
Nacional da Chapada das Mesas o mesmo já recebe visitantes, revelando que a relação com o
turismo já se faz presente ao período anterior de criação da UC. Além da influência na
nomeação do pólo turístico “Chapada das Mesas”, pessoas de Carolina, dentro e fora do
115
Parque, são beneficiadas com o turismo, não apenas no âmbito econômico, como também
social e cultural.
A infra-estrutura básica e turística do Parque é ainda mais precária do que em
outros locais turísticos da região. O acesso só é realizado através de carros traçados e o
percurso dura em média 3 horas para os dois principais atrativos da região: a cachoeira da
Prata e São Romão (figuras 41 e 42).
Figura 41: Cachoeira da Prata no
Parque da Chapada das Mesas.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Figura 42: Cachoeira de São Romão.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
O Parque Nacional da Chapada das Mesas conta ainda com inúmeras quedas
d’água, de menor volume, 434 nascentes descobertas até 2008, uma considerável área do rio
Farinha e espécies endêmicas da vegetação de cerrado, além de animais ameaçados de
extinção. (ICMBIO).
As propriedades turísticas em estudo, Pedra Caída, Itapecuru e Cocais, não foram
inseridas no Parque propositadamente e considerá-las como pertencentes à área de entorno da
UC tende a gerar controvérsias em virtude de não estarem inseridas na zona de amortecimento
e nem na área circundante.
De acordo com a Lei n. 9.985/2000 (art. 2º, XVIII) zona de amortecimento
corresponde ao “entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão
sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos
negativos sobre a unidade”. Nesse sentido, esta zona seria definida a partir do plano de
manejo, o qual ainda não foi estabelecido no Parque Nacional da Chapada das Mesas. Já Maia
(2010) explica que a resolução do CONAMA 13/1990 (art.2º) destaca que “nas áreas
116
circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilômetros, qualquer atividade
que possa afetar a biota, deverá ser obrigatoriamente licenciada pelo órgão ambiental
competente”. Nenhum dos complexos turísticos em estudo estão localizados num raio de
10km da borda da Unidade de Conservação, mas ainda assim estas propriedades merecem
atenção, considerando a relação de influência que podem vir a exercer sobre o turismo na UC.
Considerando a inviabilidade de existir e trabalhar dois mercados turísticos na
região do pólo turístico da Chapada das Mesas, em torno de Carolina e Riachão, a gestão
turística dentro e fora da UC deve compartilhar o mesmo foco, como estratégia de
fortalecimento do turismo e melhor preservação dos recursos e atrativos. Para Kinker e
Passold (2010) uma das fragilidades envolvendo o turismo nas UC’s consiste na focalização
exclusiva sobre a UC e seus atrativos turísticos, desconsiderando o público.
Os turistas que visitam Itapecuru, Pedra Caída e Cocais são os mesmos que
visitam o Parque (no que tange ao perfil). Assim, não se deve esperar que se desenvolva o
turismo ecológico e ecoturismo dentro da UC, com um público massivo e descomprometido
com o meio ambiente, as pessoas e a cultura local que porventura venha a se desenvolver nas
áreas adjacentes. Tais quais outras áreas turísticas, como a Chapada dos Guimarães e
Diamantina, os atrativos internos e externos aos Parques são integrados em roteiros turísticos.
Mesmo que ocorram maiores restrições às visitas na unidade de conservação, o
destino turístico é um só. Carolina não apenas constitui portão de entrada para o pólo turístico
como também é o principal portão de entrada utilizado pelos visitantes para o Parque da
Chapada das Mesas (figura 43). Alguns atrativos reais, como Pedra Caída, e potenciais, como
a cachoeira do Dodô e Mansinha estão localizados na margem da BR 230 que dá acesso ao
Parque.
Figura 43: Entrada pela BR 230 que dá acesso ao
Parque nacional da Chapada das Mesas.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
117
Aproximadamente 48% da comunidade carolinense entrevistada informou que o
motivo de criação do Parque foi para a preservação do ecossistema e 12,16% associou a
finalidade de criação à atividade turística. Embora durante as entrevistas a maior parte da
população tenha se mostrado sensibilizada em relação à necessidade de preservação ambiental
dos recursos naturais da sua região, fazendo inclusive referência à criação da UC, em
contraposição ressaltaram também os conflitos sociais originados com a criação do Parque.
Dada a restrição de atividades humanas nas unidades de proteção integral, dentro
das quais se incluem os Parques, 400 famílias que vivem no interior do mesmo e se mantêm
através de atividades ligadas ao extrativismo, criação de animais e agricultura de subsistência
estão na iminência de serem despejadas. Além do impacto social há também o impacto
cultural, já que as práticas dos moradores são tradicionais, passadas hereditariamente e a
relação destes com a terra transcende um simples meio de sobrevivência. O próprio ICMBIO
reconhece que o processo de criação do Parque foi falho, uma vez que a comunidade do
interior da UC não foi consultada.
Reconhecendo a injustiça social, mas também sendo responsável pelo
cumprimento da lei n. 9.985/2000 que rege o sistema de unidades de conservação, o ICMBIO
em Carolina vem tentando mediar os conflitos entre a perspectiva ecológica e sociocultural.
Então as atividades que eram praticadas antes da criação do Parque ainda são
autorizadas mediante algumas restrições de legislação ambiental mesmo, por
exemplo, para desmatar você tem que ter autorização, mas autorização do Parque
você não consegue, então tem esse tipo de coisa, eles ficam restrito ao uso, o que
acaba gerando esse conflito. (ICMBIO).
Soma-se ainda a incredibilidade em relação ao governo federal, no que tange ao
pagamento de indenizações para a desapropriação. De acordo com o entrevistado do
ICMBIO:
[...] eles serão obrigatoriamente indenizados e desapropriados, mas aquele morador
tradicional da área não vai ser retirado. Ele tem o direito de permanecer até cessar a
vida dele. Não vai ter o direito de transmitir a propriedade para os herdeiros dele.
Então a partir do momento que o patriarca, a matriarca da família falecer, eles terão
que ser retirados, logo porque já foram indenizados. A gente procura conscientizálos sobre isso também, mas sempre será um conflito.
Como alternativa para reduzir os conflitos foi proposto o projeto de lei nº 6.927 de
2010 na câmara dos deputados para alterar a categoria da unidade de conservação Parque
118
Nacional da Chapada das Mesas para Reserva Extrativista Chapada das Mesas. Esta mudança
implica na preservação dos elementos naturais e também culturais.
Na Reserva Extrativista da Chapada das Mesas é possível a utilização da terra e dos
recursos naturais do local pelas populações tradicionais que lá moram e trabalham,
desde que não comprometam a preservação da fauna e da flora associadas e da
paisagem, conforme o disposto no Plano de Manejo da unidade. (LEI Nº 6.927,
Parágrafo único).
A implicação dessa mudança para o turismo não deixa de ser favorável, tendo em
vista que a presença de moradores no Parque e as suas práticas tradicionais podem
complementar as atrações da UC. Sendo unidade de proteção integral (Parque) ou de uso
sustentável (reserva extrativista), é importante fazer cumprir os objetivos que norteiam essas
categorias. O ICMBIO informa que os sertanejos (como são conhecidos os moradores no
interior do Parque) às vezes pedem ajuda para evitar a sobrelotação de visitantes e danos
ambientais. “Eles ficam temerosos que os danos provocados pelos visitantes sejam revertidos
em sanções para eles”. (ICMBIO).
O uso desordenado do Parque pelos visitantes, desmatamentos e queimadas no
interior da unidade revelam que mesmo diante da existência de uma lei de proteção a área do
Parque está ameaçada (figuras 44 e 45). É essencial otimizar programas de educação
ambiental para os sertanejos, moradores externos à UC e visitantes, além de ampliar a
fiscalização. O ICMBIO reconhece que a ausência de pessoal é um dos maiores entraves no
gerenciamento da UC. Atualmente há 4 técnicos para realizarem a fiscalização e outras
atividades de competência do instituto.
Figura 44: Queimada e desmatamento no Parque
Nacional da Chapada das Mesas.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Figura 45: Madeira amontoada no Parque Nacional
da Chapada das Mesas.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
119
Nesse sentido, a forma de gerenciamento da atividade turística dentro da área de
proteção e nas proximidades é determinante para o agravamento dos conflitos
socioambientais, como pode também contribuir para a superação dos mesmos e otimização da
funcionalidade enquanto área de proteção ou de uso sustentável.
4.7 Cenários possíveis de um turismo sustentável na região
A projeção de cenários tem se mostrado cada vez mais presente nas estratégias de
avaliação e intervenção sobre determinada situação no presente para o alcance de uma
perspectiva futura no entendimento de Brasil (2002). Os mesmos podem ser definidos como
caminhos possíveis em direção ao futuro (RATTNER apud BRASIL, 2002), ou seja, tratam
de contextos gerados a partir de eventos potenciais e políticas atuais.
Segundo a autora a projeção de cenários tem por finalidade analisar os impactos
de políticas atuais no futuro e a influência de futuros alternativos no presente. Doll, Fuhr e
Mediondo (2009) acrescentam que a antevisão de um cenário futuro contribui para a definição
de um planejamento mais eficiente.
Dessa forma, este estudo se baseia em uma análise de impactos cruzados, ou seja,
de inter-relações entre aspectos favoráveis e desfavoráveis (BRASIL, 2002). Sua aplicação no
contexto turístico de Carolina (MA) visa à formulação de ações para a construção de um
futuro adequado à idéia da sustentabilidade e à compreensão dos fatores existentes que
influenciam a construção de uma realidade não sustentável.
Para tanto, o modelo apresentado corresponde à incorporação da matriz de
cenários, proposta por ARCADE (2003), no exemplo em que se estrutura o centro de pesquisa
de sistemas ambientais, da universidade alemã Kassel. A partir da observação direta das
condições socioambientais do município de Carolina e das considerações obtidas nas
entrevistas com os gestores públicos e privados, além das que foram realizadas com
moradores e turistas, destacaram-se os principais aspectos que influenciam o turismo na
região na ótica da sustentabilidade.
Inicialmente expõem-se a problemática em torno da sustentabilidade em Carolina
(MA), seguida dos componentes do sistema na cidade. Na terceira etapa é apresentada uma
matriz baseada no cruzamento do grau de incidência dos problemas sobre as potencialidades
120
em torno do turismo na região. Posteriormente aos resultados e análises tem-se a construção
de dois cenários prospectivos, sendo o primeiro reflexo de um contexto em que se
desconsideram os impactos turísticos e outro a partir das intervenções que deveriam ser
realizadas, baseando-se nas necessidades detectadas. Finalmente conclui-se com algumas
sugestões para viabilizarem a consolidação de um turismo mais próximo da concepção de
sustentabilidade em Carolina (MA).
121
Planejamento regional para o desenvolvimento sustentável
1 Definição da área do problema
O turismo no pólo da Chapada das Mesas, destacando-se Carolina, vem
crescendo sem ações priorizando o alcance da sustentabilidade nas suas variadas dimensões.
A atividade turística está baseada em um ecossistema frágil e está passível de repetir outros
cenários turísticos, cuja evolução da atividade representa apenas crescimento econômico,
mas gera conflitos ambientais e socioculturais.
2 Definição do sistema
Componentes: ambiente, cultura, população, atividades econômicas, recursos naturais,
atrativos turísticos, infra-estrutura, qualidade da experiência turística e da vivência com o
turismo.
Forças principais: acessibilidade, nível de atratividade, população, políticas públicas,
ferramentas de gestão ambiental e cultural, divulgação.
Extensão espacial: Sede de Carolina e entorno com atrativos turísticos.
Extensão espacial: 2005 a 2025
3 Indicador
Matriz de cruzamento de impactos (Jacques, 2005).
Quadro 05: Planejamento regional para o desenvolvimento sustentável
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
122
Potencialidades
Entraves
Situação geográfica: longe dos
principais centros emissores de
turistas.
Poucos
recursos
financeiros
destinados para o turismo.
Infra-estrutura básica e turística
precária.
Perda do acesso aos recursos naturais
e
atrativos
turísticos
pela
comunidade, induzindo a divisão de
espaços entre moradores e visitantes.
Atuação incipiente das secretarias de
meio ambiente do estado e
município.
População desqualificada para o
turismo.
Pouca utilização de ferramentas da
gestão
ambiental
nos
empreendimentos turísticos, tais
como fiscalização, estabelecimento
de capacidade de carga.
Gestão focada apenas na expansão
econômica do turismo na região.
Impactos de outros elementos, como
a construção da UHE Estreito e os
conflitos sociais criados com o
estabelecimento da UC, sobre a
economia, o meio ambiente, a cultura
e as relações sociais do município.
SOMA
Elevada quantidade e
variedade de recursos
naturais passíveis de
tornarem-se atrativos
turísticos.
Alto nível de
atratividade dos
recursos
naturais.
Receptividade
da população
local para o
turismo.
Aproximação entre
gestores públicos e
privados de turismo
no município.
Fortalecimento
da iniciativa
privada ligada
ao turismo.
Existência de
Unidade de
Proteção
Soma
Baixo (1)
Médio (2)
Nulo (0)
Nulo (0)
Nulo (0)
Nulo (0)
3
Alto (3)
Médio (2)
Baixo (1)
Alto (3)
Médio (2)
Nulo (0)
11
Alto (3)
Alto (3)
Baixo (1)
Médio (2)
Alto (3)
Alto (3)
15
Nulo (0)
Baixo (1)
Alto (3)
Baixo (1)
Nulo (0)
Nulo (0)
5
Médio (2)
Baixo (1)
Nulo (0)
Nulo (0)
Nulo (0)
Alto (3)
06
Nulo (0)
Médio (2)
Baixo (1)
Baixo (1)
Médio (2)
Nulo (0)
06
Médio (2)
Médio (2)
Nulo (0)
Baixo (1)
Baixo (1)
Médio (2)
08
Nulo (0)
Baixo (1)
Médio (2)
Baixo (1)
Baixo (1)
Alto (3)
08
Médio (2)
Baixo (1)
Médio (2)
Alto (3)
Baixo (1)
Alto (3)
12
12
10
14
13
15
10
Tabela 01: Impactos cruzados
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
123
A leitura horizontal revela que os três principais entraves para operar a
sustentabilidade turística na região está ligada à ausência de infra-estrutura básica e turística,
aos conflitos gerados por outras atividades e em decorrência da ausência de recursos
financeiros destinados ao turismo. O primeiro e o terceiro aspecto mantêm uma relação
intrínseca, uma vez que a precariedade da infra-estrutura básica na maior parte das vezes está
ligada aos limitados recursos disponibilizados para as prefeituras municipais menores e o
desconhecimento para captar recursos em outras esferas. Já alocação e melhoria da infraestrutura turística, cuja responsabilidade cabe à iniciativa privada, é reflexo tanto da ausência
de recursos financeiros (principalmente em cidades onde o turismo é comandado por
pequenos e médios empresários, como é o caso de Carolina) como da desqualificação
profissional. (SOLHA, 2010).
A ausência ou deficiência na infra-estrutura básica de Carolina afeta
economicamente, ambientalmente e socialmente o destino, gerando transtornos não apenas
para os visitantes, mas principalmente para a população residente. É um dos aspectos que
mais comprometem a qualidade turística de uma localidade (SOLHA, 2010) e tem elevada
influência sobre a sustentabilidade de municípios.
“Praticamente 80% dos municípios turísticos do país são carentes em gestão pública,
não têm legislações específicas para o setor turístico e hoteleiro, nem possuem infraestruturas básicas ou específicas. Por essas razões, é preciso que o especialista em
gestão de destinos turísticos tenha capacidade organizacional forte, pois precisa
facilitar a entrada de investimentos e o desenvolvimento sustentável” (VIGNATI,
p.19, 2008).
A infra-estrutura básica também é determinante nos investimentos turísticos por
parte dos empresários. Carolina ainda não conta com investimentos de empresas externas ao
estado do Maranhão, porém os empresários locais reconhecem que esta realidade não está
distante, considerando o crescimento da divulgação do pólo da Chapada das Mesas e da
demanda na região.
Já os impactos oriundos da instalação da UHE Estreito e os conflitos sociais no
Parque da Chapada das Mesas podem vir a comprometer a perspectiva de sustentabilidade
turística na região por conta das transformações que irão acarretar no meio ambiente e na
sociedade local. A ausência de recursos financeiros, por sua vez, afeta investimentos nos mais
variados setores do município, não apenas no que diz respeito à infra-estrutura como também
na adoção de instrumentos da gestão ambiental e cultural de forma eficiente, na qualidade das
capacitações e na própria divulgação do destino.
124
Já a leitura vertical possibilita a percepção das potencialidades mais afetadas pelos
problemas, entre as quais estão: a atratividade dos recursos naturais e o Parque nacional da
Chapada das Mesas. Os problemas ligados à infra-estrutura reduzem a atratividade do destino
a partir das insatisfações causadas nos turistas. Em relação ao Parque a perspectiva da infraestrutura nos arredores do Parque servirem como apoio à UC deixa de existir, comprometendo
a proposta de um turismo sustentável na área. Da mesma forma, a ausência de investimentos
reduz o nível de competitividade do destino, afetando a atratividade local.
Considerando, então, a sobreposição dos problemas sobre as potencialidades no
município de Carolina ou vice-versa e a condução do gerenciamento turístico no pólo da
Chapada das Mesas, tem-se a projeção de dois cenários:





CENÁRIO DESFAVORÁVEL À
CENÁRIO FAVORÁVEL À
SUSTENTABILIDADE
SUSTENTABILIDADE
Crescimento do turismo no pólo da
Chapada das Mesas sem a melhoria
da infra-estrutura da cidade;
Alocação
e
expansão
de
empreendimentos turísticos sem o
acompanhamento
dos
órgãos
ambientais;
Especulação
Imobiliária
sem
controle;
Priorização da quantidade de
visitantes sobre a qualidade do
processo de visitação;
Crescimento da demanda sem o
acompanhamento da oferta.
Nessas condições, Carolina (MA)
será apenas mais um destino turístico
que utiliza o rótulo de ecoturismo,
mas que promove na verdade o
turismo de massa.
Ocorrerá a
redução do poder de atratividade do
destino e a visitação estará cada vez
mais reduzida ao turismo regional.

Regulamentação da apropriação dos
espaços urbanos e rurais;
 Implantação de mecanismo de
controle de visitantes;
 Estabelecimento de capacidade de
carga turística e ambiental nas
propriedades privadas com atrativos;
 Alteração da categoria de Parque para
RESEX desde que haja garantia de
uso sustentável dos recursos pela
comunidade;
 Maior inserção e envolvimento da
população local com o turismo,
principalmente na atuação direta.
Nesse contexto, os impactos da atividade
turística sobre o ecossistema e a população
serão mais reduzidos e melhor controlados.
O crescimento do número de visitantes não
afetará a qualidade da experiência turística,
tendo o perfil de visitantes mais preocupados
com o meio ambiente e a cultura local.
Quadro 06: Cenários de sustentabilidade em Carolina MA.
Fonte: Liz Renata Dias, 2010.
Nesse sentido, entre as propostas para fomentar a evolução do turismo na região
de forma sustentável, destacam-se:
125
 A formação de parcerias com universidades, a fim de viabilizarem estudos
multidisciplinares capazes de apresentar estratégias específicas para a solução de entraves que
carecem de mecanismos integrados;
 Buscar a captação de recursos junto aos órgãos nacionais e internacionais que
investem em infra-estrutura básica;
 Aumentar a fiscalização ambiental na área, inclusive dentro das propriedades
turísticas, adotando ferramentas da gestão ambiental para a redução ou impedimento de
impactos. É necessário sensibilizar e preparar a população local e os próprios visitantes para
contribuírem na fiscalização, já que os órgãos ambientais carecem de funcionários;
 Avaliar os programas de capacitações que vêm sendo realizados e promover a
qualificação dos serviços turísticos de forma contínua. É necessário implementar novas
metodologias e desenvolver programas permanentes;
 As propriedades turísticas devem buscar o apoio da comunidade e não a sua
exclusão. É interessante disponibilizar um período ou um dia para facilitar o acesso da
comunidade aos atrativos reduzindo as taxas de visitação (caso específico de Pedra Caída
atualmente);
 Buscar alternativas para os impactos já previstos com a instalação da UHE
Estreito e com a manutenção da categoria de proteção integral: Parque Nacional da Chapada
das Mesas;
 Estabelecer um controle de visitação nas propriedades turísticas;
 Fomentar os recursos culturais da região para integrarem os atrativos turísticos
da cidade;
 Investir na sinalização e informação do destino, além de estimularem os
pequenos empreendimentos a disponibilizarem serviços virtuais;
 Buscar formas de garantir a continuidade das políticas públicas de turismo na
região;
Logo, os gestores públicos e privados, no âmbito do pólo da Chapada das Mesas,
terão um papel determinante sobre o cenário que prevalecerá. Os desafios em torno da
sustentabilidade no turismo em Carolina transcendem a própria atividade e não se mostra
diferente em relação à maioria dos destinos. Assim, para contrapor a avaliação regular da
gestão turística no município e nas propriedades, estimada pela comunidade e pelos turistas, é
necessário ter a capacidade de conduzir os problemas e implantar soluções, cujos resultados
126
venham atender aos interesses da comunidade, dos turistas, dos empresários, do próprio
governo e do meio ambiente.
127
5 CONCLUSÃO
O turismo no pólo da Chapada das Mesas, especialmente em Carolina (MA),
encontra-se em processo inicial de estruturação mais profissional da atividade, sendo
realizados esforços conjunto dos gestores públicos e privados do município para a
consolidação turística do destino. Entre os fatores que retardam ou dificultam esse processo
destaca-se a situação geográfica (distante dos grandes centros emissores), as condições de
acessibilidade (inexistência de transporte aéreo direto) e a precária infra-estrutura turística.
Para sanar esses entraves, gestores públicos e privados do turismo do estado e município já
estão articulando a introdução de vôos regionais no aeroporto de Carolina e são realizadas
constantemente capacitações para estimular o empreendedorismo na comunidade e a maior
profissionalização dos serviços turísticos já existentes.
Torna-se necessário, contudo, rever as metodologias das capacitações ou
introduzir programas de qualificação em longo prazo, uma vez que os resultados ainda são
incipientes. Embora a hospitalidade seja marca da população Carolinense, os serviços
turísticos deixam muito a desejar. A introdução do aeroporto certamente irá reduzir o
problema de distância e acessibilidade, contudo é preciso discutir melhor os impactos desse
aeroporto na região, uma vez que a infra-estrutura básica e turística atual já não atende em
quantidade e qualidade a demanda no período de alta estação. Mesmo nos dias atuais em que
prevalece o turismo regional, o tipo de turista que visita o destino tem alta escolaridade e uma
renda média, tornando-se mais exigente.
Paralelamente ao crescimento do turismo na região, já constatado no aumento do
número de visitantes, de agências de turismo, de pousadas e quantidade de leitos, os gestores
públicos e privados almejam que o tipo de turismo desenvolvido no pólo atenda aos princípios
da sustentabilidade, por meio do ecoturismo e turismo de aventura. Nota-se, contudo, que não
estão sendo operacionalizadas ações específicas para esta finalidade. Os aspectos culturais da
localidade ainda não foram incorporados no âmbito do turismo, o que reflete a concretização
de um destino ecológico e não ecoturístico.
A qualidade e variedade dos atrativos turísticos, focados estritamente nos atrativos
naturais, reflete que ainda não se apresentam impactos negativos graves oriundos do turismo
no meio ambiente, mas nas principais propriedades turísticas do pólo da Chapada das Mesas:
Cocais, Itapecuru e Pedra Caída, a expansão das instalações pode vir a provocar interferências
128
no ambiente. Não há acompanhamento de profissionais da área ambiental na ampliação dos
empreendimentos, não existem diretrizes, normas e fiscalização para a ocupação e utilização
das áreas com recursos naturais externos à unidade de conservação. Inexiste atuação da
secretaria estadual de meio ambiente, como reconhece a própria secretaria municipal de meio
ambiente.
Nas propriedades privadas não existe controle de visitantes, exceto o pagamento
de taxas para visita aos atrativos. As iniciativas para evitar impactos em Itapecuru e Cocais
limitam-se à alocação de placas informativas e restritivas, e no caso de Pedra Caída, nota-se
que é ao mesmo tempo a propriedade que mais tenta minimizar os impactos e onde mais se
verificam interferências sobre o meio ambiente. Uma prévia apresentação do complexo antes
da visita aos atrativos, a colocação de trilhas suspensas e a exigência de acompanhamento de
guias ou monitores ambientais do próprio estabelecimento na visita aos atrativos mostram-se
ações positivas de minimização dos impactos pelo turismo. A instalação de estruturas para
tratamento de resíduos líquidos e sólidos no ecoresort que está sendo construído também
constitui uma iniciativa favorável. Contrapondo-se, tem-se a instalação de um elevado número
de chalés em concreto, a construção de uma pista de asa delta e da maior tirolesa da América
latina na propriedade sem averiguação de impactos biológicos. O lixo é um problema que
merece atenção nas propriedades porque embora sejam pouco visíveis nos atrativos, enquanto
poluidores, a sua produção dentro das propriedades tem aumentado exponencialmente ao
crescimento dos turistas.
Tanto por parte da comunidade quanto dos turistas o gerenciamento do turismo
em Carolina e nas propriedades privadas foi considerada regular. A qualidade da infraestrutura e dos serviços foi a principal justificativa, contrapondo os gestores que ressaltaram
haver maior profissionalização dos empresários na região. A comunidade se mostrou mais
beneficiada indiretamente do que diretamente ao turismo e os impactos econômicos e sociais
do turismo na localidade mostram-se mais positivos do que negativos.
A pouca profissionalização dos gestores de turismo em Carolina, o
direcionamento de ações voltadas apenas para a esfera econômica e a ausência de ferramentas
e estratégias focadas para a sustentabilidade comprovam a hipótese de que a forma de
condução do gerenciamento turístico nos dias atuais não garante a sustentabilidade no futuro.
Esta, contudo, mostra-se muito mais ameaçada ou mesma configurada utópica considerando a
realidade de Carolina a partir da construção da barragem para a instalação da usina
129
hidrelétrica de Estreito, cujos impactos gerados na esfera social, cultural e ambiental são
gravíssimos como revelados no estudo e relatório de impacto ambiental.
A relação entre o turismo e o Parque Nacional da Chapada das Mesas no
momento está restrita ao aproveitamento de duas cachoeiras pelos turistas, mas tende a se
ampliar com a expansão da atividade no município de Carolina. Um gerenciamento ineficaz
nas áreas turísticas do entorno da unidade de conservação, como dela própria, tendem a afetar
negativamente os recursos naturais e culturais pelo seu uso indiscriminado (na medida em que
o tipo de turista para a região é um só) e não atender aos objetivos da UC. A proposta de
mudança de categoria de parque para reserva extrativista a fim de sanar os conflitos sociais
que passaram a existir com o estabelecimento da UC, tende a favorecer o turismo no maior
usufruto dos recursos culturais e no contato com os moradores da área. Por outro lado, o
turismo perde em imagem, já que a concepção de parque e a divulgação já existente são mais
atrativas do que a RESEX. De qualquer forma, mantendo-se unidade de proteção integral ou
transformando-se em unidade de uso sustentável é importante que as normas e os objetivos
que regem essas categorias sejam atendidos, até para determinar o tipo de impacto que
prevalecerá com o turismo.
Apesar desses entraves elencados, ressalta-se que a percepção de problemas
gerados pelo turismo na cidade de Carolina e na propriedade dos Cocais em Riachão é
mínima, destacando-se o conflito por recursos entre turistas e comunidade no município
estudado. Ainda assim, o interesse dos moradores, dos gestores públicos e privados em torno
do turismo na região, bem como a parceria verificada entre ambos e o fortalecimento dos
empresários locais constituem diferenciais competitivos enquanto destino turístico e podem
facilitar a adoção de um modelo sustentável.
Esta perspectiva decorre da possibilidade de organização da ocupação dos espaços
pelo turismo, controle de visitantes e das mudanças no ambiente resultantes do fluxo de
turistas, utilização dos recursos naturais de acordo com a sua capacidade, manutenção da
qualidade ambiental e da experiência turística, envolvimento das comunidades locais na
atividade, bem como ampliação dos benefícios para a mesma. Será, então, a forma de
gerenciamento do turismo no pólo que determinará o tipo de cenário que prevalecerá
futuramente: favorável ou desfavorável à sustentabilidade.
Dessa forma, entende-se que embora seja possível promover um turismo próximo
à concepção de sustentabilidade, desde que a gestão pública e privada no pólo busque esse
fim em ações práticas, os impactos oriundos de outras atividades econômicas, como a UHE
130
Estreito e a expansão da soja, afastam cada vez mais a perspectiva de sustentabilidade em
Carolina e no pólo turístico como todo. Novos desafios estão na iminência de surgirem sem a
solução dos que já vigoram na região. Assim, talvez o maior desafio do turismo para essa área
não seja promover a sustentabilidade, mas reduzir os danos econômicos, sociais, ambientais e
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131
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