Semana 4 – Abraço festivo
Transcrição
Semana 4 – Abraço festivo
Semana 4 – Abraço festivo A oração começa na Igreja junto ao Círio Pascal. É importante criar um clima favorável para a oração. Cântico: à escolha. Num momento de silêncio, respira a frase ‘eu creio’. Agora, vamos professar juntos a nossa fé no Cristo Ressuscitado, Luz do nosso caminhar. Acender a tocha no Círio e, com a tocha acesa, vamos até o local da reunião cantando. A tocha ficará no centro da sala. É a Luz de Cristo que ilumina a caminhada. Introdução: A meio da quaresma uma parábola que desconcerta. Um convite a um olhar novo sobre Deus, sobre a vida e o próprio coração e o semelhante. Afinal, todos carregamos um pouco destes dois filhos que não sabem viver em casa com um pai que oferece tudo o que tem. Ambos perderam o caminho de um coração que se dá em excesso. E com isso o coração de um perde-se em liberdades fora de casa. O do outro endurece-se com a certeza do bom comportamento. O excesso de ordem. E ambos sem pai. Porque também não são filhos. Verdadeiramente. Leitura: Lc 15, 1-3.11-32 “Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai:‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».” Reflexão individual: Um filho mais novo que sai para longe. Longe de casa resolverá a vida por si mesmo. Ainda não saiu de casa e já está longe. Longe do próprio coração, longe do coração do pai. Habita-o o não ser capaz de perceber a lonjura de si e de um coração paterno que o deixa livre. Como é difícil permanecer em casa. Permanecer dentro de si, caminhando na interioridade. Aceitando o desafio de se alimentar de tantos dons e tantos olhares, de tanta intimidade. Prefere partir. E ficar longe. E alimentar-se das coisas de fora. Daquilo que não sacia e empurra o coração para mais longe ainda. Um dia a fome aperta. Dentro e fora. E sente-se exilado. Descentrado. Ferido. Ofendido. Quando em casa há excesso de pão. E de tudo. Procura olhar para a tua vida fazendo memória de momentos, situações, lugares em que desejaste partir para longe. Para longe de um pai (Deus) e para longe de tudo. De ti também. Estando longe, este filho mais novo, decide regressar. Fazer o caminho para o coração. De si próprio e da casa paterna. Regressa de um exílio. Regressando ao centro. Cai em si, voltando-se para dentro. A saudade do pão, talvez também do calor, da intimidade, dos afectos, dos sorrisos, da alegria verdadeira impõe um regresso. Talvez possa ser tratado como servo. Cair em si e descobrir o caos interior. Encontrar-se consigo mesmo para refazer-se e refazer todos os caminhos. Cair em si para voltar à fonte. Mesmo que ainda só acredite que essa fonte lhe dará o pão dos servos. Cair em si e regressar. O silêncio do longe por onde andou permite escutar tantas vozes. As de dentro e as de fora. O silêncio cura tantas feridas e faz desejar ser cuidado apenas pelo olhar de um dono. Cair em si. Tomar consciência de tantas ausências, de tantos silêncios não tocados. De tantos caminhos longe de casa. Revê no silêncio do teu coração o mesmo despertar do filho mais novo que, caindo em si, decide regressar. “Pequei”! Um olhar interior que solta um grito, igualmente interior, silencioso: “Pequei!” Uma descoberta começa a acontecer. Um olhar livre e transparente sobre si mesmo. Sem desculpas, sem algozes interiores e exteriores. Apenas um brado libertador: “Pequei!” Nascido do silêncio que revela a verdade do coração. A verdade que empurrará um filho para um regresso. “Pôs-se a caminho de regresso à casa do Pai!” A verdade que o empurrará para um abraço. Que porventura deseja. Um coração maltrapilho mendiga pão. E receberá de presente uma fornada de afecto e de liberdade. Irá viver uma experiência tão transformadora que nunca mais desejará partir para longe. Deixa-se abraçar por um pai que sempre esperou um regresso. Não resiste ao dom de tanto Amor. De tanto abraço. De tantos beijos. O coração cura-se. A vida cura-se. O olhar sobre si e sobre um pai outrora juiz e carrasco mas sempre cheio de compaixão, transfigura-se. A festa acontece agora dentro e fora. E eterniza um abraço e um coro de beijos. Recorda nos teus “regressos a casa” o mesmo abraço e o mesmo beijo que um pai bom e terno te concedeu. O que neste momento te impede de fazer a mesma experiência libertadora do filho mais novo desta parábola? Permite que um olhar interior e silencioso prepare o teu coração para esse reencontro no sacramento da reconciliação. Organiza o teu tempo quaresmal para que isso aconteça dentro e fora de ti. Partilha em grupo da reflexão individual Fazer síntese da reflexão e escolher uma palavra. Cântico: à escolha do grupo Pai Nosso São João