O Manualda - centro de documentación del programa urbal
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O Manualda Cooperação Internacional www.municipiodequeretaro.gob.mx e Políticas Locais do Combate Contra Da Pobreza URBAL RED 10 LUCHA CONTRA LA POBREZA URBANA O MANUAL DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E POLÍTICAS LOCAIS DO COMBATE CONTRA DA POBREZA CONTEÚDO PRÓLOGO CAPITULO 1. A COOPERAÇAO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 1.1 A NECESSIDADE DA COOPERAÇÃO 1.2. ALGUNS ANTECEDENTES SOBRE A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 1.3. MUDANÇAS NOS CONCEITOS DA COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO 1.4. MODALIDADES DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA O DESENVOLIMENTO 1.5. A COOPERAÇÃO DESCENTRALIZADA 1.6. O ÂMBITO LOCAL DO DESENVOLVIMENTO 1.7. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A POBREZA EM ESCALA MUNICIPAL CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 2.1. A POLÍTICA DE COOPERAÇAO PARA O DESENVOLVIMENTO DA UNIÃO EUROPÉIA 2.2. PROPÓSITOS BUSCADOS PELOS GOVERNOS E AS ORGANIZAÇOES NA COOPERAÇAO DESCENTRALIZADA COM A AMÉRICA LATINA 2.3. CRITÉRIOS DA COOPERAÇAO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL ENTRE EUROPA E AMÉRICA LATINA. ATIVIDADES E TEMAS SUBVENCIONAIS 2.4. ORGANISMOS PÚBLICOS E PRIVADOS DE COOPERAÇÃO DESCENTRALIZADA NA AMÉRICA LATINA I) URB-AL Objetivos Organização Participantes Balanço da primeira fase de URB-AL Redes temáticas Os projetos comuns Quando e como se participava Avaliação e seleção de propostas II) AL-INVEST DA UNIÃO EUROPÉIA III) EUROsociAL 2.5 AGÊNCIAS E MINISTÉRIOS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO O Manual da Cooperação Internacional III Alemanha Austrália Bélgica Canadá Chile Coréia Dinamarca Espanha Estados Unidos da América Finlândia França Holanda Irlanda Islândia Italia Japão Noruega Nova Zelândia Reino Unido Da Grã Bretanha E Irlanda Do Norte Suécia Suíça CAPITULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 3.1 O CICLO DO PROJETO E O EML 3.2 ALGUNS ASSUNTOS PRÁTICOS NA APLICAÇÃO DO EML 3.3 DOIS PASSOS FUNDAMENTAIS 3.4 A FASE DE ANÁLISE 3.4.1 Análise preparatória 3.4.2 Análise dos participantes a. Propósito e passos fundamentais b. Nota sobre a terminologia c. Ferramentas para executar a análise de participantes IV O Manual da Cooperação Internacional 1. Matriz da análise de participantes – Que tanto é afetado pelo problema geral ou pela oportunidade? 2. Análise FDOA 3. Diagramas de Venn – relação entre grupos e organizações participantes 4. Diagramas de aranha –capacidade dos participantes d. Vinculação da análise de participantes aos passos subseqüentes 3.4.3 Análise do problema 3.4.4 Análise dos objetivos 3.4.5 Análise de estratégias 3.5. A ETAPA DE PLANEJAMENTO 3.5.1 O formato, terminologia e processo de preparação da Matriz do Marco Lógico a. Introdução b. Formato e terminologia c. Seqüência de cumprimento 3.5.2 Primeira coluna: a lógica da intervenção a. Casualidade “sim-entao” b. Influência da direção c. Compromissos contraídos e resultados do projeto d. Componentes do projeto e. Árvores de objetivos e números de referência f. Apresentar um relatório claro e evitar problemas lógicos que se apresentam de maneira comum 3.5.3 Quarta Coluna: Suposições a. Como se identificam as suposições? b. O que fazemos com as suposições iniciais? 3.5.4 Segunda e terceira coluna: indicadores e fonte de verificação a. Indicadores b. Fonte de verificação c. Indicadores e fontes de verificação ao nível de Objetivo principal do projeto 3.5.5 Para completar o esboço da MML 3.6 CALENDÁRIO DE ATIVIDADES, RECURSOS E CUSTOS 3.6.1 Uma olhada 3.6.2 Lista de verificação para preparar um calendário de atividades Passo 1 Lista de atividades principais Passo 2 Atividades de recesso dentro de temas manejáveis Passo 3 Aclaração de seqüências e relações de dependências Passo 4 Estimação do começo, duração e término das atividades Passo 5 Calendário resumo das atividades mais importantes O Manual da Cooperação Internacional Passo 6 Definir os acontecimentos importantes Passo 7 Definir perfis de especialidade Passo 8 Distribuição de tarefas entre a equipe 3.6.3 Preparação de calendários de recursos e custos 3.7 USO DO ENFOQUE DO MARCO LÓGICO DURANTE A FORMULAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO, AVALIAÇÃO E AUDITORIA 3.8 UMA NOTA SOBRE O ENTRELAÇAMENTO COM O MARCO DE OBJETIVOS PRÉ-DETERMINADOS ANEXO CAPITULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 4.1 INTRODUÇÃO 4.1.1 Propósito 4.1.2 Definições Supervisão Revisão Avaliação Verificação 4.1.3 Princípios de boas práticas Ter claramente presentes os usuários da informação Estrutura dos sistemas e fontes de informação Arrecadar somente a quantidade de informação mínima Triangulação Deve haver um plano contra o qual o funcionamento pode ser determinado 4.1.4 Principais passos no desenvolvimento de um projeto baseado em um sistema de supervisão 4.2. FERRAMENTAS 4.2.1 O enfoque do Marco Lógico 4.2.2 Gestão de riscos 4.2.3 Análise de dados básicos para criar informação do desempenho 4.2.4 Lista para uma curta visita de supervisão 4.2.5 Uso de listas de verificação para entrevistas semi- estruturadas 4.2.6 Exame de expedientes administrativos e de gerência 4.2.7 Lista de comprovação para controlar reuniões regulares de revisão Preparação A reunião de revisão Seguimento 4.2.8 Relatórios sobre a marcha dos trabalhos e planos atualizados Descrição VI O Manual da Cooperação Internacional Principais tipos de relatórios Formatos de relatórios e conteúdo 4.2.9 Formato do “Relatório inicial” CAPITULO 5. PARTICIPAÇÃO E FACILITAÇÃO 5.1 PROMOVER A PARTICIPAÇÃO E A APROPIAÇÃO 5.1.1 Objetivos da estratégia de participação Empoderamento Desenvolvimento de capacidades Efetividade Eficiência 5.1.2 Princípios 5.1.3 Enfoque 5.1.4 Intensidade da participação 5.1.5 Promovendo a apropriação 5.2 TAREFAS DE FACILITAÇÃO 5.2.1 Como aprendemos e o que recordamos 5.2.2 Aprendizagem nos adultos 5.2.3 O que faz uma boa participação do instrutor 5.2.4 Preparação da oficina Preparativos básicos Propósito da oficina Objetivos da capacitação/oficinas Conhecendo aos participantes Itinerário e duração Lugar da capacitação, mobiliário e equipamentos Disposição de lugares Materiais Planejamento detalhado das seções ANEXOS Anexo 1. Melhores práticas de cooperação internacional do que participando membros no projeto Anexo 2. Leis Municipais de cooperação internacional do que participando membros no projeto Anexo 3. Links BIBLIOGRAFÍA O Manual da Cooperação Internacional VII VIII O Manual da Cooperação Internacional PRÓLOGO Como profissionais na área da cooperação internacional, seja no papel de funcionários públicos municipais, de agentes independentes ou consultores, contar com uma ferramenta como o presente manual, que contém os principais elementos em matéria de cooperação internacional, resulta um grande benefício no desempenho e na gestão do tema. Especialmente em projetos e programas relacionados ao combate à pobreza, seja em ações provenientes do setor público ou de agencias não governamentais. A Unidade de assuntos Internacionais do município de Querétaro, através do Plano Municipal de Desenvolvimento, busca contribuir ao êxito dos projetos estratégicos da administração mediante o aproveitamento de oportunidades de cooperação internacional com outras instâncias que oferecem estes apoios. Tem-se buscado desenvolver as habilidades necessárias aos funcionários de tal Unidade para iniciar programas e projetos que sejam coordenados pelo município de Querétaro. Esta inquietude por ter funcionários capacitados para executar projetos de cooperação que auxiliem no cumprimento dos grandes desafios do município, que a princípio acreditávamos ser uma preocupação só nossa, resultou ser uma necessidade generalizada em outros municípios da América Latina, descoberta no momento de compartilhar experiências durante a II Reunião da RED 10: Luta Contra a Pobreza Urbana do Programa URB-AL, em São Paulo em 2004, na qual tivemos oportunidade de participar. URB-AL é um programa de cooperação descentralizada da Comissão Européia que favorece o intercâmbio entre cidades da União Européia (UE) e da América Latina (AL). A finalidade do mesmo é desenvolver alianças diretas e duradouras entre os diferentes agentes locais por meio de encontros, intercâmbios e transferência de conhecimento e experiências. Por meio deste programa, pretende-se estabelecer um intercâmbio permanente entre os municípios das duas regiões ao redor de temas de interesse mútuo. Este manual forma parte de um projeto realizado dentro do programa URB-AL, intitulado “Formação de funcionários municipais para utilizar os programas de cooperação internacional como ferramenta de combate à pobreza em seus projetos locais”. Tal projeto foi desenhado e coordenado pelo Município de Querétaro. Os municípios com os quais originalmente se conformou são: São Bernardo do Campo e Guarulhos no Brasil, Junín e Pergamino na Argentina, São Xavier na Bolívia, Arica no Chile. Por parte do Continente Europeu estiveram Milão e Padova na Itália, San Sebastián na Espanha e dois membros externos: a Câmara Ítalo Brasileira de Comércio e Indústria e o Fundo Andaluz de Municípios para a Solidariedade Internacional (FAMSI). O objetivo do projeto foi brindar aos municípios participantes as ferramentas necessárias para que desenhassem projetos de cooperação internacional como um meio para cobrir as necessidades de sua população, contribuindo assim à luta contra a pobreza. As principais atividades contempladas foram: um diagnóstico sobre a situação de pobreza em cada localidade; um seminário onde o participante compartiram experiências sobre a aplicação de programas municipais para o combate à pobreza e a participação de organismos internacionais em tais programas, assim como a maneira em que se O Manual da Cooperação Internacional desenvolveram as diretrizes de cooperação para a América Latina; uma oficina prática que lhes capacitava para formular projetos que contribuam à luta contra a pobreza; a elaboração deste manual com toda a informação necessária para desenvolver um projeto de cooperação internacional e, por último a reprodução da oficina e difusão do manual por parte dos destinatários em suas localidades. Estamos convencidos de que na medida em que os governos municipais tenham maior capacidade na formulação e gestão de projetos de cooperação poderão contar com mais apoio para atender as necessidades da população e que seus programas tenham maior impacto. A apresentação de propostas de projetos utilizando a metodologia adequada é um requisito indispensável para a formulação de projetos financiáveis por instituições internacionais ou por outros municípios interessados em proporcionar cooperação. Vincular seus projetos estratégicos com a cooperação internacional (seja técnica, tecnológica ou financiamento a fundo perdido) permitirá aos governos locais não somente conhecer as melhores práticas para solucionar problemas concretos como também cometer menos erros. Por isto, o objetivo específico do projeto em geral, e deste manual em específico, é dotar os governos locais de ferramentas suficientes para converter uma necessidade em projeto de cooperação estruturado metodologicamente. Como se apresentou à Comissão Européia na Solicitação Final do Projeto, o manual cumpre com o seguinte conteúdo: - os distintos tipos de cooperação que existem para a luta contra a pobreza; - quem são os organismos públicos e privados que dão preferência a este tema em projetos; - quais são os procedimentos institucionais e os protocolos para dirigir-se a estas instâncias; - a metodologia para desenhar um projeto (o marco lógico), com casos práticos, guias didáticas e formulários com exemplos resolvidos. Os temas específicos a serem desenvolvidos no manual foram combinados durante o Seminário de Cooperação Internacional para a Luta Contra a Pobreza, que aconteceu em Querétaro, México, em fevereiro de 2006. Nesta ocasião, os membros do projeto estabeleceram os temas e os anexos a serem incluídos, levando em conta as recomendações daqueles municípios com maior experiência e tam O Manual da Cooperação Internacional bém as necessidades dos municípios menores e novos no tema de cooperação internacional. Posteriormente se pediu ao coordenador do Grupo de Expertos da URB-AL que nos apoiasse com a enorme tarefa de fazer o manual. Esta pessoa foi escolhida por ter experiência em cooperação internacional descentralizada entre Europa e América Latina com a Comissão Européia. Considerou-se que era a pessoa adequada para executar este trabalho de maneira profissional, considerando que também poderia aportar parte do conhecimento que havia transmitido a URB-AL neste tema tão complexo que é a Cooperação Descentralizada entre Europa e América Latina. O manual, em seus primeiros dois capítulos, analisa o tema da pobreza, estreitamente relacionado com a desigualdade; os principais conceitos e definições da cooperação internacional, sua origem e evolução até os dias de hoje, e a maneira através da qual tem vinculado-se com a América Latina; os programas e políticas da EU assim como os objetivos, prioridades e temas subvencionáveis dos principais países que realizam cooperação internacional com a América latina. O objetivo é dar uma introdução geral aos conceitos teóricos mais representativos da cooperação internacional e apresentar os principais organismos e programa que trabalham este tema. Dentro do esforço para proporcionar as ferramentas necessárias para vincular os projetos locais com a cooperação internacional, é de grande importância a metodologia a seguir no momento de desenhar e apresentar as propostas de projetos, cumprindo também com os requerimentos dos editais de concursos. No capítulo três estudamos detalhadamente a metodologia do marco lógico, a qual, se bem é a mais complexa, também é a mais utilizada pelas principais instituições que se dedicam à cooperação, além de que cada vez existem mais pessoas adotando esta maneira de apresentar propostas. Outro tema fundamental é o monitoramento que se dá aos projetos para verificar que os objetivos propostos estão sendo cumpridos. Por isto, o capítulo quatro trata da revisão, supervisão e dos relatórios de trabalho que se tem que realizar para executar o monitoramento adequado ao momento da prestação de contas perante as diferentes instituições internacionais. Sendo o município a instância na qual se expressam as demandas da população de maneira direta e, portanto, cujas ações incidem claramente na problemática, a apropriação, por parte dos grupos beneficiados, do projeto é de vital importância. Por isto, dedicamos o último capítulo para apoiar aos governos locais a incorporar a sociedade civil nesta discussão. A apropriação dos projetos por parte dos cidadãos é tão importante como os próprios resultados, já que disto depende a sustentabilidade dos benefícios obtidos. Quando se vem de uma entidade do governo, onde existe uma mudança de administração a cada determinado tempo, é comum ver que todo o trabalho realizado para conseguir um propósito se perde de um Prefeito para outro. O compromisso que significa um contrato internacional, com fundos alheios e a incorporação do maior número de atores permitiunos casos de nossos projetos com URB-AL – que os projetos continuassem seus cursos através de três Prefeitos. Na revisão do manual contamos com o apoio de Marco Grandi, responsável pelo Escritório de Cooperação Internacional da cidade de Milão; de Mônica Dragone, colaboradora deste mesmo Escritório; de Marlene Bueno Zola, diretora da Fundação para Crianças, de São Bernardo do Campo, e da equipe coordenadora do projeto. Sabemos que este manual é um primeiro esforço para poder proporcionar ajuda aos municípios pequenos e médios da América Latina e da Europa. Esperamos que sirva como base para versões mais exaustivas e inclusivas para que melhores práticas de cooperação internacional de outros países possam ver-se refletidas e sirvam como exemplo para outros. Este projeto contou com 15 meses para executar todas as suas atividades, incluindo a elaboração deste manual. Por esta razão é um documento muito enfocado aos integrantes deste projeto e trata de cobri, na medida do possível, suas necessidades locais. Esperamos que este manual seja de utilidade para todos vocês e que as experiências bem sucedidas dos membros participantes no projeto lhes resultem práticas para poder fomentar novos projetos valiosos de cooperação internacional a favor da luta contra a pobreza. . Daniela Calderón Uribe Beverly Velázquez Romero Sandra Schumacher Maurer O Manual da Cooperação Internacional O Manual da Cooperação Internacional 1 O MANUAL DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E POLÍTICAS LOCAIS DO COMBATE CONTRA DA POBREZA A Cooperação Internacional no combate à pobreza CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 1.1. A NECESSIDADE DA COOPERAÇÃO A cooperação internacional surge da atual situação social que existe no mundo. Entre uma série de distorções dessa situação social, a que mais sobressai é a condição de pobreza que afeta grande parte da população. Este é um fenômeno que os modelos de crescimento econômico e de desenvolvimento que se aplicam não podem superar, assim como a maneira como se conduz o processo de globalização. O Relatório sobre o Desenvolvimento Humano do PNUD na sua edição de 2005, exibe a enorme desigualdade social que prevalece no mundo e sua relação com a pobreza. Aponta a existência do prejuízo na expectativa de vida, como por exemplo: um habitante da Zâmbia tem menos probabilidades de chegar aos 30 anos, que um indivíduo nascido na Inglaterra, em 1840. E estes problemas continuam aumentando. Hoje, o vírus HIV e a AIDS são considerados tema central e em Botswana na África, a esperança de vida é de 31 anos, como conseqüência desta doença. As diferenças nas oportunidades em relação aos indicadores do desenvolvimento humano podem ser observadas nos indicadores da mortalidade infantil. Apesar da taxa de óbito entre as crianças estar diminuindo, a tendência é mais lenta na medida em que a distância entre países ricos e pobres aumenta. Se o progresso alcançado nos anos 1980 houvesse se mantido durante o decênio seguinte, este ano teriam morrido 1,2 milhões de crianças a menos. A participação da África subsaariana na mortalidade infantil mundial está aumentando: a região representa uma quinta parte dos nascimentos mundiais e 44% das mortes de crianças. Mas o ritmo do progresso, não só esta diminuindo nessa região, como também, em países que se tornaram exitosos no campo da globalização, como a China e a Índia. Estes países não conseguem converter este aumento da riqueza em uma queda mais rápida da mortalidade infantil, indicando o forte arraigo da desigualdade no planeta. O relatório do PNUD observa que a renda total dos 500 indivíduos mais ricos do mundo é superior a renda dos 416 milhões mais pobres. Além destes extremos, os 2.500 milhões de pessoas que vivem com menos de dois dólares por dia (40% da população mundial) representam somente 5% da renda total. Por outro lado, os 10% mais ricos, quase todos eles habitantes dos países de alta renda, concentram a metade. Somente uma alteração radical na distribuição da renda teria um efeito significativo nas condições de pobreza. O mesmo relatório indica com base nos dados de distribuição da renda global, que a quantidade de recursos necessária para que milhões de pessoas possam superar o umbral da pobreza extrema, que é uma renda de um dólar por dia é estimado em 300 bilhões de dólares. Uma quantidade que representa 1,6% da renda da décima parte da população mais rica do mundo. Adverte-se para que haja uma redução sustentável da pobreza, a necessidade de gerar um processo dinâmico, assentado no empoderamento familiar e comunitário, que possibilite às pessoas pobres saírem da pobreza por seus próO Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA prios meios, embora, se reconheça que qualquer melhoria na equidade atualmente é um catalisador para redução da pobreza. Esta é uma referência mínima para situar o fenômeno da desigualdade e da pobreza no mundo que contribui para fundamentar os objetivos de desenvolvimento do milênio. Estes compreendem em: reduzir à metade a pobreza extrema e a fome; assegurar a educação básica universal e a igualdade entre os sexos; reduzir a mortalidade de menores de 5 anos e a mortalidade materna, em duas terceiras partes e em três quartas partes, respectivamente; deter a propagação do vírus HIV da AIDS e da malária e, garantir a sustentabilidade do meio ambiente. Também têm como objetivo, fomentar uma associação mundial para o desenvolvimento, com metas para a assistência, o comércio e o alívio da carga da dívida dos países. No entanto, o Relatório do PNUD, considera que no ano de 2015, quando deveriam cumprir-se as metas indicadas, se for mantido a tendência atual, a diferença entre o planejado e o obtido será muito grande. A projeção indica que não será cumprida a meta de reduzir a mortalidade das crianças com menos de 5 anos e haverá mais de 4,4 milhões de mortes que poderiam ser evitadas. Esta cifra equivale a três vezes o total de crianças menores de 5 anos de Londres, Nova York e Tóquio. No seguinte decênio, a diferença entre a meta e a tendência atual somará 41 milhões de crianças que morrerão antes do quinto ano de idade da doença mais fácil de curar: a pobreza. Com relação à meta de redução da pobreza à metade, a situação indica que a quantidade de pessoas que vivem com um dólar diário ou menos terá aumentado para 380 milhões, em 2015. E, finalmente, o objetivo de atingir a educação básica universal tão pouco se cumprirá, sendo previsto que em 2015, ainda haverá 47 milhões de crianças fora da escola. A desigualdade da renda se articula com outras formas de iniqüidade e oportunidades que a produzem. Nascer em um lar pobre reduz as opções de vida de uma pessoa, inclusive num sentido estrito. As crianças que nascem em lares localizados na quinta parte mais pobre da população, em países como Gana ou Senegal, têm duas ou três vezes mais possibilidades de morrer antes de completar 5 anos que as crianças nascidas nos lares da quinta parte mais rica. As disparidades regionais em um país também são fontes de desigualdade. As falhas do desen O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA volvimento humano se observam tanto em zonas urbanas como rurais, entre as ricas e as pobres. No México, as taxas de alfabetização em alguns estados se comparam com as dos países de rendas altas, enquanto nos municípios com população indígena e nas zonas rurais de estados do sul, como Guerrero, as taxas de alfabetização das mulheres são similares às de Mali. A condição de gênero é fonte de desvantagens, tanto em termos de sobrevivência como de oportunidades de educação. Na Índia, a taxa de mortalidade das meninas entre um e cinco anos é 50% superior à dos meninos. No Paquistão, se existisse a igualdade de gênero, com relação à assistência à escola, dois milhões a mais de meninas, teriam a oportunidade de ter educação. Reversão esta ocorrida no Brasil, onde nas últimas duas décadas a escolarização feminina é maior que a masculina, assim como a expectativa de vida. Quadro 1 Metas de desenvolvimento do milênio Na Conferência do Milênio realizada em setembro de 2002, os líderes mundiais fixaram sete metas para a comunidade Internacional a serem cumpridas até o ano 2015 e que determinam uma ambiciosa agenda para reduzir a pobreza, suas causas e suas manifestações. Uma oitava meta se acrescentou no ano seguinte. O avanço para o cumprimento das metas tem sido misto até agora por diversas razões que incluem: gasto público insuficiente e ineficaz, a carga que representa o endividamento externo de muitos países em desenvolvimento, o inadequado acesso a exportações aos mercados dos países industrializados e pela redução da assistência pública para o desenvolvimento. Meta 1—Erradicar a pobreza extrema e a fome Meta 2—Alcançar uma educação básica universal Meta 3—Promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres Meta 4—Reduzir a mortalidade infantil Meta 5—Melhorar a saúde materna Meta 6—Combater o vírus HIV da AIDS, a malária e outras doenças Meta 7—Assegurar a sustentabilidade ambiental Meta 8—Desenvolver uma sociedade global para o desenvolvimento Uma conferência auspiciada pelo PNUD, com funcionários dos governos do mundo e representantes das instituições financeiras internacionais para debater sobre o incremento do financiamento para o desenvolvimento, se levou a cabo em Monterrey, México, em março de 2002. Fonte: PNUD Deste modo, a cooperação é um instrumento valioso na atenção aos graves problemas da desigualdade e da pobreza que caracterizam a situação mundial. A cooperação internacional se propõe a atuar no campo do desenvolvimento humano e representa um investimento na prevenção de doenças e mortes, que podem ser evitadas pelo acesso à educação, superação das desigualdades de gênero e criação de condições para conseguir um crescimento econômico sustentável e com melhor distribuição de renda. A assistência para o desenvolvimento padece ainda de duas grandes deficiências: a insuficiência crônica de financiamento e a má qualidade com a qual é exercida. Esta questão está estreitamente associada com as concepções prevalecentes sobre o funcionamento da economia mundial, à relação existente entre os países e às visões sobre o fenômeno de desenvolvimento e, em contrapartida, ao atraso que caracteriza muitas sociedades. Enfrentar estas situações e superar os conflitos que provocam, requer a cooperação internacional em âmbitos muito diversos da economia, da política e da ordem social e cultural. No começo deste século a cooperação para o desenvolvimento exibia muita diversidade, haviam mais agentes envolvidos e eram numerosas as entidades de natureza oficial, privadas e não governamentais que participavam, assim como as ações que se realizam na cooperação para o desenvolvimento. A atenção deste manual está centrada na cooperação internacional para o desenvolvimento, em uma das suas vertentes associadas à cooperação descentralizada e, em particular, para a atenção e combate à pobreza. Por isso é relevante que as entidades e instituições que participam destas atividades contêm uma série de fundamentos teóricos e práticos para estabelecer as pautas, instrumentos e mecanismos para o desempenho mais eficiente da cooperação descentralizada, tendo acesso às fontes de financiamento e os critérios fixados em cada caso. Em termos gerais, a cooperação para o desenvolvimento envolve distintos processos e mecanismos de transferência de recursos, seja de forma gratuita ou por meio de concessões, com origem em uma entidade internacional e dirigida a outra, para fins que se definem como de desenvolvimento social e econômico. Neste terreno, a cooperação para combater a pobreza é uma das modalidades relevantes na atualidade e na qual participam um amplo conjunto de governos e instituições públicas e privadas. A cooperação internacional para o desenvolvimento pode considerar-se, em um sentido particular, como um instrumento político dos países ou organismos que a realizam. Por isso, para localizá-la e compreendê-la deve-se levar em conta seu desenvolvimento nos anos recentes, tanto do ponto de vista dos objetivos da política externa dos doadores, como dos fins que buscam os cooperadores, incluindo, é claro, aos receptores. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 1.2. ALGUNS ANTECEDENTES SOBRE A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Desde a perspectiva da política exterior, pode-se apreciar diversas concepções sobre a cooperação internacional a partir da segunda metade do século XX, ou seja, ao final da Segunda Guerra Mundial. Na década de 1950, a cooperação internacional para o desenvolvimento se vinculou com a necessidade de impulsionar a reconstrução européia. Desta maneira, foi identificada primordialmente com o fomento do crescimento econômico para superar os danos causados pela guerra, reordenar o mercado mundial e reconfigurar a estrutura política da região em um entorno geopolítico caracterizado pela existência de regimes ideologicamente opostos. O Plano Marshall, chamado oficialmente Programa de Recuperação Européia, foi o instrumento utilizado para alcançar este objetivo. Aplicado durante quatro anos fiscais, assentou as bases de um largo período de expansão produtiva, ao qual inclusive se denominou como a Época Dourada do Capitalismo, e se estendeu até inícios dos anos 70. Neste mesmo período aparecem as primeiras fases de cooperação com as regiões menos desenvolvidas (ou em condições de desenvolvimento, segundo a terminologia usada nesta época) e que seguiu as premissas básicas do Plano Marshall. Tanto no caso da reconstrução aplicada na parte ocidental da Europa, como no impulso do desenvolvimento, o enfoque básico da cooperação na primeira década de sua implementação se orientou ao apoio do crescimento econômico. O traço fundamental das ações empreendidas neste terreno era o da assistência técnica para aumentar e fortalecer a capacidade produtiva e o nível do investimento nos países, além de transferir recursos financeiros mediante uma série de instrumentos de fomento. Na década de 60 a cooperação internacional para o desenvolvimento adota as teorias do desenvolvimento (e a superação do subdesenvolvimento), em voga nesta época e que seguia de modo essencial, o conceito da modernização. Pensava-se que o desenvolvimento constituía um processo de caráter contínuo e, por isto, as economias subdesenvolvidas deveriam superar uma série de obstáculos de tipo estrutural, para transitar de maneira eficaz para uma situação de desenvolvimento semelhante à que haviam conseguido as nações desenvolvidas e modernas. Estas exibiam altas taxas de crescimento econômico, investimento, inovações tecnológicas e melhores condições de equidade social. Considerava-se que havia uma defasagem histórica entre as situações de desenvolvimento e de subdesenvolvimento que exigiam aplicação da cooperação para poder ser superada. Além disso, nos países “subdesenvolvidos” se registravam processos bruscos de mudança social como movimentos de independência, autonomia e revolucionários. Portanto, se propunha a noção de modernização para colocar estes países no caminho do desenvolvimento, que estava em maior concordância com os mecanismos convencionais de uma economia de tipo capitalista, com mercados mais eficientes. Nesta época se utilizava o termo “Terceiro Mundo” para referir-se de modo geral aos países subdesenvolvidos que requeriam um impulso para a modernização. Esta era não somente uma aproximação simplificada aos processos sociais envolvidos, mas também, se aplicava de maneira equivalente para um conjunto bastante díspar de sociedades. Fossem estas as que já eram independentes há um século e meio, como passava com a América Latina ou as que apenas houvessem saído do Regime Colonial, como era o caso da Ásia ou da África. A modernização se associava com a concepção de Terceiro 10 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA Mundo e as agências de cooperação usavam seus recursos para estes países de maneira praticamente indiferenciada com respeito a seu grau de desenvolvimento: a designação dependia essencialmente da vontade de fazer reformas que expressavam os governos. Em 1961 foi criada a Aliança para o Progresso, como um dos principais programas da recém constituída Agencia para o Desenvolvimento Internacional de Estados Unidos (USAID) e que contemplava a destinação de recursos para fomentar o crescimento econômico e diminuir a desigualdade social na América Latina. As atividades de rebelião e guerrilha na região fizeram com que este conceito de assistência interna fosse adaptando-se às condições existentes e o acesso aos recursos adotou de maneira relevante um critério estratégico de índole política e de segurança nacional norte-americana: a vontade de implementar reformas significava acesso aos recursos. Quadro 2 Cooperação para o desenvolvimento na América O Congresso norte-americano aprovou a Ata de Assistência Externa em setembro de 1961 e criou uma agência para administrar a ajuda para o desenvolvimento econômico e social. Neste mesmo ano, o presidente Kennedy instituiu a Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Esta iniciativa surgiu das limitações da estrutura de ajuda externa que deixou a operação do Plano Marshall, no qual a política de assistência extrema e a própria USAID têm suas raízes. Quando o presidente Kennedy propôs criar um novo programa de assistência externa, o justificou afirmando que os programas existentes não estavam bem adaptados às necessidades dos Estados Unidos e dos países em desenvolvimento. E que o colapso econômico destes países seria desastroso para os interesses da segurança nacional norte-americana e causaria danos à prosperidade em termos comparativos e que a década de 60 representava a oportunidade histórica para que as economias industrializadas impulsionassem às nações menos desenvolvidas em direção ao crescimento auto-sustentável. A ajuda para o desenvolvimento consistia primordialmente de dois programas. O primeiro era o Fundo de Empréstimos para o Desenvolvimento, cujo objetivo era fomentar planos e programas para criar recursos econômicos e incrementar as capacidades produtivas mediante uma maior infra-estrutura. O segundo era o Fundo de Ajuda ao Desenvolvimento enfocado na assistência para produzir recursos humanos mediante programas de cooperação técnica e em países menos desenvolvidos. Somado a estes programas havia outros três mais que estavam orientados a proteger as empresas norte-americanas contra certos riscos ao fazer negócios com o exterior, a apoiar e promover a estabilidade econômica e política dos países receptores e a criar um fundo de contingência. As novas diretrizes enfatizavam a promoção do desenvolvimento como um grande esforço a longo prazo que requeria planejamento em cada país e aportar recursos de maneira multianual. A nova perspectiva sobre o desenvolvimento implicava alcançar o crescimento econômico, a estabilidade política e a democracia em um mundo em desenvolvimento, para combater os riscos ideológicos que representava o comunismo e o perigo da instabilidade que surgia da pobreza. A teoria de desenvolvimento econômico formulada por autores como W.W. Rostow, que propunha uma série de etapas do desenvolvimento econômico como uma decolagem rumo ao crescimento proveram as premissas para boa parte do planejamento de desenvolvimento da USAID. Um dos primeiros programas que laçou a Agencia foi a Aliança para o Progresso (ALPRO). Conceitualmente fixou-se em 1960, mediante a Ata de Bogotá e confirmou-se na Carta de Punta del Este a princípios de 1961. A Aliança era um compromisso hemisférico para destinar recursos para o desenvolvimento dos países da América Latina. A ALPRO se orientava a conter o atrativo da política revolucionária como a de Fidel Castro em Cuba, bem como a influência que exercia a China para a expansão do comunismo e que a levou a estabelecer grandes programas de assistência baseados na contra-revolução e no desenvolvimento econômico e democrático, como ocorreu no Vietnã e que se estendeu até a retirada das tropas norte-americanas em 1975. A Aliança demandava amplos programas de tipo multilateral para aliviar a pobreza e a desigualdade social no continente, o que se expressava nas metas: incremento anual de 2,5% na renda por habitante, estabelecimento de governos democráticos, uma distribuição de renda mais eqüitativa, uma reforma agrária e um planejamento econômico e social. Até o final dos anos 60 as preocupações externas dos Estados Unidos se concentravam na Ásia e na Guerra do Vietnã e, deste modo, seus compromissos com a América Latina se reduziram. Muitos países da região não prosseguiram com a implementação das reformas e, posteriormente, a Organização dos Estados Americanos (OEA) não prosseguiu com o compromisso para implementar a Aliança em 1973. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 11 1.3. MUDANÇAS NOS CONCEITOS DA COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO N a década seguinte mudaram as prioridades da política exterior dos Estados Unidos e, também, a dos organismos internacionais e das agências de cooperação. Com estas mudanças se alteraram também as condições de destinação dos recursos. Fez-se evidente que a cooperação não tinha diminuído a brecha econômica e social entre os países desenvolvidos e os menos desenvolvidos. Haviam sido realizadas importantes tarefas de construções institucionais, especialmente em alguns países da América Latina e também em alguns países da Ásia. Aportou-se uma quantidade importante de recursos para a cooperação internacional (ainda que tenha sido muito menos do que foi prometido), neste cenário de auge da cooperação nos anos 60. Entretanto, finalmente, o instrumento não parecia ter tido o impacto que se buscava, ao menos em algumas regiões do mundo. Neste mesmo período surgem novos fenômenos na área internacional que reclamam atenção sobre diferentes atores que surgem nos países em desenvolvimento. Estes passam a ser tanto sujeitos como receptores da cooperação e a dispor de abundantes recursos financeiros para que eles próprios impulsionem este processo. Este é o período da Crise Petroleira, dos grandes excedentes disponíveis nos países do Oriente Médio exportadores de petróleo bruto, do surgimento dos países denominados de “industrialização recente” e da consolidação das condições econômicas na América Latina, que inclusive apresentavam altas taxas de crescimento do PIB. Portanto, vários estudiosos do processo de desenvolvimento argumentavam que se deveria superar a noção de um Terceiro Mundo basicamente homogêneo em suas condições, e que esta fosse a base para seu protagonismo na cooperação internacional. Roger Hansen, por exemplo, criticava a postura daqueles que confundiam os países em desenvolvimento com possibilidades de viabilidade econômica e que estavam propriamente em vias de desenvolvimento, com outros que não possuíam estas condições. No caso de existir ajuda, esta deveria ser para aqueles que não contavam com as condições de viabilidade econômica e nem de adquirir a capacidade de transitar de maneira efetiva ao desenvolvimento. Deste modo, de maneira implícita se descarta a noção de subdesenvolvimento como uma das etapas do crescimento e se situa o caso das nações mais pobres e atrasadas, a quem deveria dirigir-se a cooperação internacional. Este cenário persiste até a metade dos anos 80, expressado em uma restrição dos fundos destinados à cooperação para o desenvolvimento, quando muitos países, em função disto, os destinam aos países que conformam o grupo dos mais pobres do mundo. Esta questão se manifesta também na distribuição dos recursos perante o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que enfatiza este tipo de ajuda sob concessão e relega em grande medida a cooperação para os países que começam a chamar-se “em vias de desenvolvimento”, e que têm uma maior viabilidade econômica. Os critérios seguidos para definir as políticas da cooperação internacional para o desenvolvimento têm sofrido relevantes modificações, bem como as regras de destinação dos recursos entre os distintos países receptores. No entanto, existem algumas constantes. A continuidade se dá na manutenção da concepção de que os fluxos de cooperação devem contribuir, decisivamente, a potencializar o desenvolvimento e com isto, a satisfação das necessidades básicas de sua população. Um exame dos recursos canalizados para a cooperação, por parte dos governos dos países desenvolvidos e os organismos multilaterais, indica que na sua grande maioria destinam-se ao conjunto de 12 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA Quadro 3 Consenso de Washington Este termo “Consenso de Washington” foi criado por John Willianson em 1990 para referir-se ao mínimo denominador comum das recomendações de política que eram feitas pelas instituições financeiras internacionais com sede em Washington para os países da América Latina. Estas políticas consistiam em: - Disciplina Fiscal - Reformulação das prioridades do gasto público direcionando-o para aqueles campos que oferecem maiores rendimentos econômicos e o potencial de melhorar a distribuição de renda (atenção médica básica, educação básica e infra-estrutura); - Reforma impositiva para reduzir as taxas marginais de tributação e ampliação da base de arrecadação; - Liberalização da taxa de juros; - Estabelecimento de um tipo de cambio competitivo; - Liberalização comercial; - Liberalização dos fluxos de investimento estrangeiro direto; - Privatização das empresas públicas; - Desregulamentação dos mercados para aumentar a competitividade; - Garantia dos direitos de propriedade. As recomendações de políticas que foram acrescentadas às do consenso original incluem: - Aplicação de fórmulas de governo corporativo; - Combate à corrupção; - Flexibilização dos mercados laborais; - Negociações comerciais internacionais; - Aplicação de códigos e padrões financeiros; - Abertura prudente dos fluxos de capitais; - Independência do banco central e fixação de objetivos de inflação; - Criação de redes de proteção social; - Redução da pobreza. Fonte: Center for International Development, Harvard University nações mais atrasadas. Não obstante, existem modificações relevantes que se situam em torno à condicionalidade, que constitui um instrumento de gestão da ajuda ao desenvolvimento aplicado já na década de 60. Para alguns, este é um aspecto negativo que limita o alcance da assistência recebida. Para os doadores, ao contrário, é uma forma de conseguir uma maior eficácia no uso dos recursos em função dos resultados esperados das ações de cooperação internacional. Existem experiências neste terreno, ocorridas na década de 70, indicando que os desembolsos de fundos de ajuda aos países menos desenvolvidos, que foram feitos sem fixar condições para sua recepção e uso, provocaram um conjunto amplo de projetos não concluídos. Atualmente, se tende a considerar, ainda sem questionar os objetivos centrais dos projetos de desenvolvimento, que os fundos da cooperação devem servir para consolidar modos de operação eficientes. Deste modo, as sociedades devem reunir certas características de maneira que as ações de cooperação contem com condições mínimas de aplicação, além da existência da transparência necessária para avaliá-las. Estes fundos também estão associados aos processos de consolidação das estruturas sociais voltadas à construção de um entorno mais democrático e participativo. Assim como, dirigidos a reduzir a iniqüidade social e econômica utilizando mecanismos como a abertura e liberalização comercial, a desregulamentação dos mercados de bens e a redefinição do papel do Estado. A condicionalidade da primeira época da cooperação internacional, que se expressava de maneira simples, na premissa de que aquele que estava disposto a fazer reformas econômicas e políticas recebia os recursos, aparece de novo, em outra forma, desde a segunda metade da década de 80 e durante a década de 90. Nos documentos produzidos pela Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (OCDE) se assinala que a cooperação deve associar-se com a disposição dos países receptores para colocar em prática transformações relevantes, tanto no terreno da abertura democrática e da equidade, como em relação aos critérios e instrumentos da política econômica para promover o crescimento do PIB e o desenvolvimento. Dentro destes parâmetros, os recursos da cooperação se canalizarão a países com níveis de desenvolvimento muito diversos, preferentemente para criar e fortalecer as estruturas e capacidades institucionais. Este objetivo abarcou campos como, por exemplo: a gestão econômica, a administração fiscal e monetária, o fortalecimento dos regimes de propriedade, a reforma dos sistemas judiciais e educativos, a modernização dos processos legislativos e a promoção dos direitos humanos, a conservação do meio ambiente e dos recursos naturais. Resumindo, consolidar as condições de governabilidade dos países. Boa parte deste conteúdo de políticas e reformas se expressou no que se conhece como o Consenso de Washington, uma série de lineamentos e recomendações que guiaram a política econômica dos países em desenvolvimento de modo influente nos anos 90. Influenciaram também a relação destes países com os organismos multilaterais (como o Fundo Monetário Internacional e o O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 13 Banco Mundial) e com as agências que administram fundos de cooperação internacional. origem orgânica e que são cultivados por grupos étnicos. A cooperação internacional para o desenvolvimento esteve convencionalmente associada com o setor público, tanto do lado dos doadores como dos receptores. Assumia-se inclusive como um instrumento da política exterior e os governos a recebiam (inclusive em termos operativos), como uma forma de fortalecer as capacidades próprias para atingir as metas fixadas nos planos nacionais de desenvolvimento. Do ponto de vista econômico, as empresas privadas têm na rentabilidade seu objetivo maior, mas em alguns casos tendem a transpor este horizonte para considerar processos de mais longo prazo que abarcam a participação da sociedade, em particular, das comunidades nas quais estão inseridas. Pode-se destacar também uma preocupação do setor privado pelo entorno geral no qual desenvolvem suas atividades. Isto se relaciona com a existência de um ambiente social e político estável, em um cenário pacífico e de segurança não só publica, mas também no qual prevaleça o cumprimento das leis e a obrigatoriedade dos contratos. No entanto, o setor privado também tem investido de maneira crescente neste campo, superando as limitações que impunha o modelo tradicional. A participação das organizações privadas, muitas delas sob a forma das organizações não governamentais (ONG), acontece em âmbitos específicos da cooperação. A cooperação ao desenvolvimento com participação do setor privado ocupa um lugar relevante no trabalho das agências internacionais especializadas e nas instituições de cooperação internacional, seja em caráter bilateral ou multilateral. Atuam também em relação direta com as instituições do setor privado dos países em desenvolvimento que recebem os fundos. Igualmente, as agências de cooperação internacional dos países em desenvolvimento usam as instâncias privadas como contraparte e como componentes de seus programas em escala nacional. Nos últimos quinze anos se observa uma participação maior do setor privado nas atividades de cooperação internacional. Considera-se que este fenômeno se associa com o surgimento e expressão de novos valores e princípios que se integram às preocupações da sociedade e às formas que se abrem para a participação de organizações e empresas. Entre estes valores e princípios se costuma ressaltar aqueles de índole ética, relacionados com aspectos da equidade social e da transparência na gestão pública e das corporações. No que se denomina como governo corporativo igualmente aparece o aspecto da prestação de contas, não só para os acionistas e proprietários, mas também para os funcionários públicos. Uma questão que tem concentrado a atenção se refere às condições de trabalho que prevalecem em muitos países, associada com o processo de globalização. Isto tem a ver com o trabalho infantil ou com a exploração de certos grupos da população. Também se valoriza, em termos das condições de produção, por exemplo, os produtos agrícolas de 14 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 1.4. MODALIDADES DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO O s diversos tipos de cooperação existentes não têm um caráter excludente e, em alguns casos, se combinam em sua execução prática. Por exemplo, no caso dos governos municipais se realiza uma cooperação de índole norte-sul e de caráter descentralizado, podendo-se também aplicar ações de natureza direta ou indireta de tipo internacional. O quadro seguinte mostra diferentes modos de realizar cooperação internacional, destacando os agentes que participam: Quadro 4 Tipos e Agentes da Cooperação Tipo Agentes de cooperação Governamental As condições são fixadas a partir do conteúdo, do financiamento, da operação e avaliação por organismos oficiais (internacionais, nacionais, regionais e locais). Não governamental Promovida, coordenada e avaliada por organizações não governamentais (ONG) cujos fundos podem ser provenientes de fontes públicas e privadas. Bilateral Ações exercidas de maneira direta pelos governos para outro governo ou organização que as recebe. Multilateral Relações entre estados mediante os organismos internacionais, com participação de vários atores que promovem e financiam e outros que recebem para realizar ações que eles mesmos gerenciam. Norte-Sul Ocorre entre países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento para incidir em problemas comuns. Sul-Sul Ocorre entre países em vias de desenvolvimento para enfrentar situações de interesse comum. Direta Ações promovidas por instituições oficiais sejam internacionais, nacionais ou locais. Indireta Ações promovidas por instituições oficiais que são executadas por ONG, fundações ou outras organizações. Centralizada Implementação das ações por distintos poderes públicos e a partir das agências nacionais de cooperação. Descentralizada Realizada por instâncias de gestão diferentes do governo central (como são governos autônomos, entidades provinciais, prefeituras, fundos de cooperação etc.). A cooperação internacional também se estabelece em função das situações sobre as quais se propõe atuar e as ações que se aplicam para isso. De tal maneira, podem-se destacar vários âmbitos a serem considerados, entre eles: - Alimentar: transferência de recursos a certos países em forma de alimentos, seja de maneira gratuita ou concessões incluindo as contribuições em dinheiro ou crédito para sua compra; - Emergenciais: transferência de fundos ou envio de materiais para atender catástrofes, usualmente de tipo natural; - Humanitária: fundos e materiais destinados a cobrir as necessidades básicas de um grupo de pessoas que não podem fazê-lo por si mesmas. Isso ocorre, O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 15 por exemplo, em situações de devastação como penúrias alimentares prolongadas ou por efeitos da violência ou de conflitos armados; - Financeira: concessão de recursos para financiar atividades associadas à promoção do desenvolvimento, inclui créditos e doações de dinheiro ou de mercadorias e serviços sob alguma forma de gratuidade ou concessão; - Técnica: se orienta ao intercâmbio de conhecimentos de tipo técnico e administrativo para aumentar as capacidades de pessoas e instituições e reforçar as ações orientadas ao desenvolvimento. No quadro seguinte se apresenta uma outra maneira de apreciar a natureza e as modalidades da cooperação para o desenvolvimento, considerando os instrumentos utilizados, os atores que participam e os destinos dos fundos empregados: Quadro 5 Modalidades da Cooperação Recursos y fondos Pública Administrações nacionais, regionais e locais de países doadores. Privada Recursos próprios de particulares, empresas e/ou associações etc. Multilateral Agências, instituições e organizações governamentais autônomas. Bilateral Administrações Públicas e/ou Organizações de Desenvolvimento sem caráter oficial. Descentralizada Administrações Regionais e Locais Públicas. Não-governamental Organizações Não Governamentais de Desenvolvimento (ONGD). Empresarial Empresas que prestam assistência técnica e transferência de tecnologia. Reembolsável A cooperação deve ser devolvida em forma de dinheiro ou em espécie. Não Reembolsável A cooperação se faz a fundo perdido. Ajuda Ligada Condiciona o receptor à compra exclusiva de bens e serviços do país doador. Ajuda Não Ligada Não condiciona o receptor à compra exclusiva de bens e serviços do país doador. Financeira Transferência real de fundos ao receptor. Não Financeira Transferência de conhecimentos, tecnologia, materiais, intercâmbios culturais, esportivos etc. Origem Tipos de Cooperação e Atores Implicados Características dos fundos Grau de Concessão Natureza da Cooperação Instrumentos e destinos Cooperação Econômica Fortalecimento do setor produtivo, infra-estrutura institucional, desenvolvimento de serviços. Preferências Comerciais Eliminação total e parcial das barreiras comerciais às exportações dos países do Sul. Ajuda Financeira Facilitar o acesso a capitais, investimentos produtivos, linhas de crédito preferencial para a importação, trocas, recompra ou perdão da dívida. Assistência Técnica Fortalecimento das habilidades e capacidades técnicas presentes nos países do Sul, intercâmbio de experiências e conhecimentos entre países. Ação Humanitária Ajuda alimentar, socorro, proteção de direitos humanos, acompanhamento às vítimas, pressão política, denúncia, preparação, prevenção e mitigação de desastres naturais, epidemias, conflitos armados e guerras. Cooperação Científica e Tecnológica Transferência e intercâmbio de tecnologias aplicadas aos serviços básicos de educação, saúde e saneamento. Investigações compartilhadas. Fonte: HEGOA, Instituto de Estudios sobre Desarrollo y Cooperación Internacional, Universidad del País Vasco. (2000) DICCIONARIO DE ACCIÓN HUMANITARIA Y COOPERACIÓN AL DESARROLLO. Karlos Pérez de Armiño (director) Icaria Editorial. Agencia Española de Cooperación Internacional. Plan Director de la Cooperación Española 2001-2004 16 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA Dentro dos processos da cooperação internacional para o desenvolvimento nas diversas modalidades descritas anteriormente, nota-se que as entidades locais têm características que as tornam funcionais para receber a ajuda, encaminha ao fortalecimento da gestão institucional, por exemplo, no caso dos municípios. Da mesma maneira, a cooperação humanitária dirigida a atender situações relacionadas com a pobreza e, também, que a cooperação técnica para elevar a capacidade e a qualidade e da gestão dos programas em escala local se constituíram em áreas favorecidas da cooperação que contribuem ao criar um entorno de maior eficácia. Além disso, são áreas de maior presença dos agentes que operam as ações nos municípios. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 17 1.5. A COOPERAÇÃO DESCENTRALIZADA E xistem diferenças significativas na forma em que os diferentes agentes envolvidos na cooperação fazem a gestão dos recursos dos quais dispõe. Estas diferenças são observadas nas diversas etapas que vão desde a formulação dos projetos que são financiados ou apoiados mediante a cooperação, até a sua execução e avaliação (isto é o que compreende a Gestão do Ciclo do Projeto). O modo convencional como a cooperação para o desenvolvimento é operada se distingue por seu caráter vertical, quer dizer, por estar formada por projetos que se concebem e se avaliam pela parte que aporta os recursos e que, inclusive, se mantém próxima de sua execução. Esta modalidade se denomina Modelo de Cooperação Vertical e pode ser reconhecido nos planos surgidos na origem da cooperação, ao fim da Segunda Guerra Mundial. Em muitos casos se mantêm, como ocorre com as ações emolduradas no chamado Consenso de Washington e em suas diversas vertentes. Este modelo inclui diferentes graus de condicionalidade. Existem outras modalidades que são concebidas como cooperação horizontal e que contemplam as relações de trabalho conjunto das partes em um marco de maior entendimento entre doadores e receptores, desde as etapas de fixação do projeto até sua execução e avaliação. Isso supõe um compromisso maior dos agentes locais e pode adquirir uma natureza de tipo descentralizado. O Quadro 6 mostra os modelos de cooperação de tipo vertical e horizontal e suas características essenciais. As entidades locais têm uma melhor disposição para ser contraparte eficaz da cooperação horizontal. Podem vincular-se de maneira mais natural com outras instâncias de natureza similar, contam com maior capacidade de manobra, podem tomar decisões políticas de forma mais flexível, estão mais perto da população e propiciam uma participação mais ampla. Desta maneira podem cumprir as pautas da descentralização que caracterizam muitas ações da cooperação internacional. A cooperação descentralizada concebida pelos agentes que participam se entende como aquela que se realiza por instâncias que não são do Estado ou do governo central, mas sim por entidades municipais, provinciais ou bem, por fundações, fundos especiais de cooperação ou organizações sociais não governamentais (de cidadãos, trabalhadores ou outras). Cabem pois, nesta acepção, entidades oficiais e não oficiais. Desde o ponto de vista da intervenção das entidades locais na cooperação descentralizada, esta pode adotar várias modalidades, já que existem aquelas que se limitam a financiar projetos que desenham e excutam as ONG e outras organizações públicas ou privadas. Para tanto, têm que eleger o intermediário adequado conforme determinados critérios estratégicos e estabelecer os meios idôneos de seguimento e avaliação. Em outros casos, a entidade local opera como um agente de cooperação mais completo, ou seja, assume diretamente a gestão de ciclo dos projetos ainda que estes possam ser levados a cabo por esta mesma entidade ou encomendados a outros agentes. Desta maneira e de acordo com as funções que realizam, é estabelecida uma distinção adicional entre o “enfoque administrativo” e o “enfoque de tipo integral”, que abrange a articulação dos participantes nos projetos de cooperação internacional descentralizada. A cooperação descentralizada é um modelo que oferece vantagens do ponto de vista do envolvimento dos atores, da divisão de funções, da especialização, 18 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA Quadro 6 Modelos de Cooperação COOPERAÇÃO VERTICAL COOPERAÇÃO HORIZONTAL Os projetos são desenhados pelos agentes doadores, tendo como objetivo final seguir as mesmas pautas de desenvolvimento dos países industrializados. Os objetivos de desenvolvimento em geral, e dos projetos em particular, são estabelecidos pelos beneficiários em função de suas características, necessidades e possibilidades. Os projetos de cooperação possuem objetivos de caráter fundamentalmente econômicos. A cooperação adquire objetivos mais amplos, além dos estritamente econômicos; os objetivos políticos, sociais e culturais são igualmente relevantes. As modalidades da cooperação e suas diferentes maneiras de execução estão claramente estabelecidas e definidas. A diversificação dos objetivos da cooperação internacional implica na ampliação de ações em dito campo. A variedade de métodos e modalidades de cooperação alcança, desde esta perspectiva, dimensões ilimitadas, dando vez a um espírito inovador e criativo em matéria de cooperação. Os procedimentos administrativos se destacam por sua rigidez na determinação dos objetivos, na sua temporalidade e em seu financiamento, não existindo a possibilidade de inovar e adaptar-se às necessidades e circunstancias tão mutáveis dos países menos desenvolvidos. Existe flexibilidade tanto nos procedimentos administrativos da cooperação, como nos programas e projetos, de tal maneira que existe uma margem de manobra para redefinir objetivos, desenhar novas ações, revisar pressupostos. Ou seja, para adequar em maior medida as ações de cooperação em função da acelerada e mutável realidade dos países do Sul. As avaliações dos resultados da cooperação são realizadas por agentes internacionais do Norte e em raras ocasiões participam os agentes receptores. Assim, a determinação das causas dos êxitos ou fracassos da cooperação internacional fica limitada à perspectiva dos doadores. O desconhecimento da complexa realidade dos países do Sul e das causas do subdesenvolvimento facilita que em numerosas ocasiões se encontrem as razões dos fracassos dos projetos nos agentes receptores, sem chegar a proporse que talvez os planos elaborados e desenhados tenham sido incorretos e inadequados. O seguimento e a avaliação dos projetos são realizados fundamentalmente pelos agentes dos países do Sul. Isto, em primeiro lugar, possibilita a elaboração de projetos mais adequados a cada situação e às necessidades reais. Em segundo lugar, permite realizar avaliações mais acertadas em torno ao fracasso ou êxito destes. Prevalecem os projetos Norte-Sul perpetuando-se a relação doador-receptor. Os projetos regionais são muito relevantes, dando prioridade à cooperação Sul-Sul. Este tipo de relação tem una enorme transcendência ao possibilitar soluções conjuntas e coordenadas entre os países mais desfavorecidos. Existência de condicionalidade nas ajudas dos agentes doadores. Estas incluem: aplicação de programas de ajuste estrutural, cuidado do meio ambiente, respeito à igualdade de gênero, democracia, contribuição à luta anti-terrorista, controle das fronteiras para impedir os movimentos migratórios e outras que costumam ser de difícil cumprimento em conjunto. Aliás, o termo “ajuda oficial ao desenvolvimento” (AOD), que se iniciou nos anos 1960 denota que desde seu nascimento a cooperação ao desenvolvimento não se caracterizou pelos princípios da igualdade e colaboração mútua. Não existe condicionalidade da ajuda na hora de financiar os projetos de cooperação internacional. Os agentes doadores e os receptores determinam seu envolvimento nos projetos de cooperação em função dos objetivos e resultados que estes perseguem e não por condições previamente estabelecidas. Fonte: Manual para la cooperación internacional descentralizada desde Canarias, Fundescan, Las Palmas, 2005. da capacidade administrativa e de operação e da consecução de uma maior transparência no uso dos recursos e na gestão das ações. As entidades locais podem funcionar de maneira separada das entidades que financiam, ou bem, aparecer como agentes institucionais da cooperação. Das experiências de aplicação deste tipo de projetos de cooperação internacional para o desenvolvimento derivaram formas diferentes de concebê-la e de realizá-la. A partir da perspectiva da União Européia, a cooperação descentralizada é uma maneira específica de cooperar, de localizar aos O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 19 distintos participantes em posições relevantes do processo, envolvendo-os nas diferentes fases do ciclo de execução, definindo de modo mais preciso as funções e responsabilidades de cada um. Deste modo, os agentes descentralizados adquirem uma relevância particular orientada a promover as estratégias e objetivos dos que se convertem em seus sócios em diferentes projetos, como podem ser as ONG e as associações de base. Este enfoque está ordenado em torno da descentralização das iniciativas, que se assenta nas transformações de índole democrática e de maior participação produzidas em inúmeros países. Este processo conta com a presença de novos agentes que representam a sociedade e que são de origem oficial e privado. A cooperação descentralizada busca incorporar e integrar estes agentes e promover também seu próprio desenvolvimento e capacidade de ação (se trata de órgãos das administrações públicas descentralizadas, sindicatos, empresas, universidades, ONG, fundações entre outras, com participação em atividades ligadas ao desenvolvimento social e econômico dos países). Quadro 8 Cooperação descentralizada e cooperação técnica A cooperação realizada de maneira descentralizada, ou seja, fora do âmbito dos governos centrais, como ocorria nas formas mais convencionais da assistência internacional, significa modificar e adaptar a concepção participativa no processo de desenvolvimento e a atenção a problemas como a pobreza. No entanto requer, igualmente, fortalecer as capacidades de organização, administrativas e de operação das entidades locais, como é o caso dos municípios. Para tanto, se faz uso da cooperação técnica. Deste processo pode derivar a relação de tipo horizontal entre estas entidades locais para compartilhar experiências e ampliar as capacidades de gestão e estender as formas da participação cidadã na resolução de seus problemas. Ao mesmo tempo em que, na cooperação técnica se destaca o papel que desempenha a entidade receptora, se estabelecem ações mediante o princípio da participação no processo de desenvolvimento, incluindo o das próprias instituições que o promovem; se definem e se aplicam programas de tipo compreensivo; se atende aos problemas de gestão em termos dos custos e benefícios dos projetos, com melhor coordenação entre os doadores e entre estes e os receptores dos fundos e, finalmente, se identificam as necessidades de distintos participantes dos programas. Formas de cooperação técnica Quadro 7 Assessoria política: dirigida aos processos de descentralização administrativa dos governos locais. Características da cooperação descentralizada Assistência: trabalho técnico dirigido a um aspecto específico da gestão. Pode incluir o intercâmbio de experiências em torno da organização e estruturação das prefeituras. • Favorece a aproximação das organizações sociais e dos governos locais promovendo uma maior participação democrática; • Fortalece as instituições públicas e privadas com o intuito de que realizem atividades que favoreçam o desenvolvimento das comunidades e o seu próprio; • São instâncias de defesa dos direitos individuais e coletivos, mediante a aplicação de políticas que fomentam a igualdade e a equidade; • Apóiam iniciativas a favor do desenvolvimento sustentável; • Fomentam o desenvolvimento local como instrumento de uma globalização que reconheça e faça operativa a diversidade. A cooperação descentralizada constitui uma maneira nova e diferente de administrar os recursos e realizar as atividades, o que incide na prática da cooperação internacional e, de maneira relevante, também na definição dos objetivos que se perseguem. Isso significa uma forma diferente de propor e realizar a gestão do ciclo de projetos. Esse tipo de cooperação atua de modo relevante em projetos de desenvolvimento humano e sustentável com participação da sociedade, promovendo a satisfação das necessidades básicas e os direitos da população, baseando-se nas iniciativas locais e 20 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA Provisão de serviços: para o apoio da criação de capacidades locais. Transferência de conhecimento mediante o envio de recursos humanos e materiais. Assistência operativa: assessoria técnica para a prestação de serviços públicos e gestão de serviços sociais. Educação formal: cursos de especialização para a formação de pessoal especializado em gestão local. Facilitação de recursos: configuração de redes de comunicação entre instituições como, por exemplo, entre prefeituras de distintos países. Vigilância: provisão de pessoal para ajudar nas operações que se realizam a nível local. Fonte: Adaptado de Alonso, J. A. Desarrollo y promoción de capacidades: luces y sombras de la cooperación técnica, Cuadernos de Hegoa, Bilbao, 2001 aplicando uma gestão conjunta dos projetos. As entidades locais tendem, de tal maneira, a estabelecer suas próprias pautas de cooperação para fortalecer o desenvolvimento das comunidades. Quadro 9 Aspectos da cooperação privada para o desenvolvimento no Peru Existem mais de uma centena de organizações privadas estrangeiras que canalizam recursos de cooperação técnica, que têm em comum contribuir principalmente com o desenvolvimento e bem-estar da população de menores recursos. Diferem em questões como sua inspiração doutrinária, a origem de seus recursos e as metodologias de cooperação. Várias das instituições estão vinculadas às igrejas: MISEREOR de Alemanha, BILANCE de Holanda, Catholic Relief Service dos Estados Unidos (Católica). EZE e Pão para o Mundo de Alemanha, ICCO de Holanda, Christian Aid do Reino Unido, DIAKONÍA da Suécia, Lutheran World Relief e ADRA dos Estados Unidos (Evangélica). Outras entidades estão inspiradas em uma orientação humanista, como: CARE dos Estados Unidos, Associação Intervida, NOVIB, HIVOS, OXFAM (Estados Unidos e Grã Bretanha), Ajuda em Ação e redes como Terra de Homens e Médicos Sem Fronteiras. A origem dos fundos é diversa. Algumas vezes provêm do trabalho voluntário, ou bem, de um amplo grupo de contribuintes regulares para manter suas atividades. Crescentemente as organizações de cooperação privada recebem também recursos dos governos, como na Alemanha e na Holanda, e parte dos fundos da cooperação técnica se canaliza a entidades vinculadas com as igrejas ou associações humanitárias. Constituíram-se também redes para criar plataformas de ação mais coordenadas. Um exemplo é a família OXFAM Internacional, que agrupa além das diversas organizações OXFAM nacionais (América, Austrália, Bélgica, Canadá, Grã Bretanha, Hong Kong, Irlanda, Nova Zelândia, Québec) a NOVIB de Holanda e INTERMON de Espanha. Também se estabeleceu uma rede denominada “Aliança” que agrupa diversas entidades de Ajuda em Ação da Espanha, França, Grécia, Irlanda, Itália e Reino Unido. As organizações católicas da Holanda e as organizações eclesiásticas da Alemanha se fusionaram entre elas. EUROSTEPS é uma rede que agrupa no âmbito europeu organizações não governamentais de cooperação para o desenvolvimento de caráter não confessional. Em quanto à forma de operação, algumas organizações financiam projetos de desenvolvimento conduzidos por organismos locais, outras executam diretamente seus projetos e mais de uma usam fórmulas mistas. Algumas organizações operam basicamente mediante o envio de técnicos ou voluntários e em alguns casos têm oficinas de representação nos países em que trabalham. Fuente: M. Valderrama et.al., Contribución de la cooperación internacional privada al desarrollo del Perú; Coordinadora de Entidades Extranjeras de Cooperación internacional (COEECI), Lima, 2000. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 21 1.6. O ÂMBITO LOCAL DO DESENVOLVIMENTO O entorno local pode ser identificado a partir da consideração de aspectos tais como a população que conforma a comunidade, a aglomeração das atividades produtivas e também as autoridades políticas estabelecidas. Isso significa que o âmbito local tem uma expressão multidimensional que não pode ser reduzida a uns quantos elementos. Contudo, é possível aproximar-se à análise do desenvolvimento em nível local a partir de certos componentes. O âmbito local costuma ser associado, em uma primeira instância, com o âmbito territorial e desde este ponto com uma comunidade, uma vila, uma cidade ou inclusive a uma zona metropolitana, e até com uma região. Considera-se, também, a população que a compõe, ainda que neste caso não deva restringir-se ao tamanho dos núcleos que conformam. A maneira como se aglutina a população e em que se configura a proximidade na qual vivem, não somente se remete à densidade dos lugares onde se concentram (o número de habitantes em uma área determinada), senão que podem integrar também outros elementos como podem ser: os valores que compartem, a forma como se interrelacionam em quanto às atividades produtivas que realizam e os intercâmbios que estabelecem. Pode-se tomar em conta também a maneira como cooperam para manter e melhorar suas condições de vida. Igualmente se pode conceber o âmbito local de uma maneira ampla com base na cultura, nas tradições e nas práticas da comunidade, que costumam variar de modo significativo entre as regiões. Estes são elementos da identidade compartilhada que conformam redes sociais com as quais se enfrentam problemas de diferentes naturezas: econômica, política e das condições que caracterizam o bem-estar. Deste modo, a noção de comunidades locais e as características de sua população (número, estrutura de idades, condição, capacidades, necessidades, entre outras coisas) servem como critério para delimitar o âmbito local e distinguir aos atores que participam nos processos de desenvolvimento. Não obstante, isto não é necessariamente suficiente para estabelecer com claridade os limites de uma comunidade e propô-la como uma unidade válida de análise, ou para reconhecê-la como um espaço concreto de aplicação de políticas e programas de desenvolvimento social e de atenção a problemas específicos como pode ser, concretamente, a pobreza. Em cada país difere a delimitação possível das distintas unidades de tipo geográfico, econômico e social que constituem as demarcações locais e que contam com suas próprias dotações de fatores, recursos e modos de pensamento que não se pode transferir de uma localidade a outra de maneira mecânica. Existem, então, fatores fixos como podem ser o clima, a extensão e qualidade da terra, os recursos de água e do meio ambiente. Outros fatores estão relacionados ao acervo de capital físico e à força de trabalho. Neste caso, a mobilidade pode representar desvantagens uma vez que no caso dos trabalhadores existe, em muitas comunidades, o deslocamento físico em direção a outras zonas do país e, cada vez mais, ao exterior. O fenômeno da migração reduz a capacidade endógena de desenvolvimento, ainda que os recursos que recebe esta comunidade pode ser um fator de resistência contra a pobreza. Quando se trata das condições de bem estar da população que se atende mediante ações de cooperação descentralizada, não é suficiente considerar o âmbito de ação com referência primordial às estruturas políticas de natureza local e suas formas particulares de exercer suas responsabilidades, ou seja, o marco institucional e jurídico que prevalece. É necessário também, delimitar as unidades de tipo territorial nas quais se formulam, aplicam, avaliam e se dão continuidade às políticas de desenvolvimento local, bem como às enfocadas a atender a pobreza. De maneira mais integral, ao que se considera como os 22 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA parâmetros do desenvolvimento humano. distribuição e intercâmbio. A intenção é fazer a opção de modo operativo e funcional pelas unidades de referência local mais adequadas para o êxito das medidas de desenvolvimento apoiadas pela cooperação descentralizada. O entorno local é variável, não permanece estático em um sentido econômico e social e algumas vezes tampouco no marco das decisões políticas que se tomam no nível do Estado ou do governo. Esta marginação pode ocorrer no âmbito da região à qual pertencem, no marco do país em seu conjunto e, claro, no entorno global. A partir disto podese pensar que a globalização é um processo que tem duas forças que tendem a opor-se mutuamente. Por um lado, uma força de atração que atua sobre certas partes do território (e que por isso tem uma expressão local) e sobre determinados setores ou atividades produtivas e, portanto, sobre certos segmentos da população. Por outro lado, uma força de deslocamento que coloca determinados espaços territoriais, atividades econômicas e grupos populacionais fora dos circuitos globais, com conseqüências negativas para o bem-estar e a possibilidade de superar a pobreza. Existem, em termos territoriais, espaços que podem ser considerados como vazios no marco da globalização e, também, no âmbito do desenvolvimento em escala nacional, cada vez mais afetado por esta dimensão global. A partir disto surge a necessidade de recuperar a noção do âmbito local e seu significado social. Para adotar uma unidade local apropriada podem considerar-se conceitos como os de comunidade, área econômica (que pode associar-se com os espaços nos quais se realiza o trabalho) ou a zona de exercício da autoridade política e administrativa. Uma referência conveniente de análise e de operação em termos territoriais é o município. No município confluem as instâncias administrativas e de gestão política com as atividades da cidadania e é neste espaço que podem se concentrar os diversos recursos (humanos, monetários e materiais) para realizar programas de desenvolvimento e onde se expressam as necessidades e os interesses de diferentes grupos. É em nível municipal que se concentra boa parte da informação pública utilizável nestes programas, e que servem de base para a comparação de dados e sua agregação em unidades territoriais mais extensas (uma região) para efeito de análise das pautas dos projetos e sua aplicação eficaz. O âmbito local, como uma unidade básica de referência da cooperação descentralizada, deve apreciar-se em sua relação com outras escalas de análise sobre as políticas públicas e o processo de desenvolvimento econômico. A dimensão local é o suporte do desenvolvimento, portanto, é aí onde radicam as atividades produtivas, o emprego da força de trabalho e dos recursos naturais e finalmente, é aí onde se expressam as condições de bem-estar das famílias. Neste sentido, deve-se ter presente o modo pelo qual se articula a escala de referência local com outras escalas de representação dos fenômenos econômicos e de sua expressão política e social como são: a regional, a nacional, a internacional e a global. Esta articulação não ocorre de maneira homogênea nem se conforma de modo mecânico. Existem localidades que contam com vantagens para participar das atividades que geram riqueza, emprego (ou ocupação) e renda e, por isto, ampliam as oportunidades das pessoas. Outras localidades, ao contrário, tendem a marginar-se enquanto à sua capacidade de participar de modo dinâmico e favorável no curso dos processos de produção, A localização pode entender-se como a demanda de autonomia e de expressão das regiões e das comunidades. Esta parte da insatisfação com a incapacidade do governo para cumprir as ofertas e as necessidades de bem estar da população. Também incidem questões como o acesso às comunicações e a maior concentração da população em zonas urbanas. A mesma globalização tende a emparelhar as diferenças culturais ao mesmo tempo em que ressalta suas características próprias e o desejo de aprofundar em um certo sentido de pertencer a um lugar, a uma base local. Além do mais, existe uma crescente competitividade pelos recursos e as oportunidades entre unidades territoriais como são os municípios e regiões em um ambiente mais aberto. Outra forma pela qual se expressam os interesses e as necessidades locais é a que deriva das ações de descentralização promovidas pelos governos federais. Os países que exercem ações de descentralização política e administrativa provocam também o desenvolvimento de mais responsabilidades de tipo funcional para as localidades. A cooperação internacional enfatiza o apoio à capacidade endógena do desenvolvimento. No caso que nos ocupa, partindo da unidade demográfica territorial que constituem os municípios e com um enfoque no combate à pobreza. Isto significa uma participação efetiva da parte receptora nos processos que integram dita cooperação para fortalecer as capacidades humanas, tecnológicas e institucionais. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 23 Quadro 10 Promoção do desenvolvimento local Os municípios devem assumir um papel ativo no fomento do desenvolvimento produtivo e das atividades que produzam renda e permitam combater e superar as situações de pobreza em uma comunidade. Para tanto, é muito favorável a aliança com as iniciativas da cooperação internacional. Para atingir este objetivo devem orientar suas ações no entorno local a: • Facilitar as iniciativas e formas de gestão que se integrem de maneira vertical e abarquem uma dimensão setorial, de modo que uma certa especialização produza seus frutos em matéria de ocupação e acesso às fontes de renda. • Prevenir a atomização dos atores econômicos e sociais que usualmente estão desagregados e mantêm uma posição de desconfiança contra os projetos associativos. • Prover uma liderança institucional para pôr em marcha ações de tipo econômico assentado claramente nas especificidades e nas necessidades a escala local. • Criar instrumentos de planificação territorial baseada nas localidades e nos seus recursos humanos e materiais para gerar atividade econômica e atrair recursos. A cooperação é uma atividade que envolve de maneira conjunta as entidades do setor público e do setor privado, o Estado, as regiões e os municípios, os empresários, as organizações de trabalhadores, as universidades, os centros acadêmicos e demais expressões da cidadania organizada. Isto significa desenhar novas modalidades de gestão e de participação e reformular a estrutura e os procedimentos de trabalho. As instituições de cooperação dos Estados, da parte doadora e receptora, devem ter uma organização muito mais flexível e contar com possibilidades de vincular-se com a sociedade civil para o cumprimento das atividades que empreendem. Em terceiro lugar, devemos romper a tendência que considera a cooperação para o desenvolvimento como uma espécie de subvenção e, em lugar disto, entendê-la como uma forma em que ambos atores cooperam para o desenvolvimento de um projeto comum. É certo que, por um lado, cooperação é uma instância de apoio vinculada a atores que produzem recursos, mas por outro, também é certo que ela gera benefícios para ambas as partes. Este fato, assim considerado é o que potencializa as capacidades, fortalece aos quadros dirigentes, melhora as relações internacionais, capacita pessoas para trabalhar em ambientes distintos. Permite também aplicar a criatividade em outras áreas, precisamente por serem inovadoras ou pouco conhecidas. 24 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 1.7. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A POBREZA EM ESCALA MUNDIAL O município é a unidade territorial onde se expressam de modo mais direto as demandas da população associadas com suas condições de vida e seu nível de bem-estar. Em muitos deles, dentro do conjunto de países menos desenvolvidos, se manifestam situações de pobreza que exigem a atenção das autoridades, instituições e organizações no marco da cooperação internacional descentralizada. Apesar das políticas que aplicam os governos para combater a pobreza, um dos principais desafios que enfrentam os municípios se refere à maneira de aproximar-se às múltiplas expressões da pobreza e da exclusão social que se manifesta de modo diferente em termos demográficos e territoriais. O combate à pobreza, sem falar em sua erradicação, é uma tarefa que transcende em muito as capacidades econômicas, materiais e administrativas dos municípios. No entanto, sua proximidade com a comunidade e seu conhecimento das situações que contêm a pobreza em escala social são bases para acrescentar seu papel na aplicação das políticas sociais e, também, em uma gestão mais ampla nesta área e espaço. Este último, dilatado pela prática da cooperação. Este novo papel requer estabelecer pautas de inovação na gestão social dos municípios para modificar o fenômeno da pobreza ao nível urbano e rural, superar a vulnerabilidade social e suas particularidades territoriais e alterar a dinâmica social que a produz. Desta maneira, foram surgindo em alguns países agendas locais para a superação da pobreza como parte dos programas de governo dos municípios. Uma agenda deste tipo costuma ter vários componentes através dos quais se busca um efeito integral no desenvolvimento local, quer dizer, em relação às capacidades da população, à atenção de suas necessidades de saúde, à integração social das pessoas que vivem em condições de pobreza e uma maior participação coletiva na tomada de decisões. Estes constituem os eixos temáticos dos quais derivam as estratégias e ações de promoção do desenvolvimento e combate à pobreza. A gestão participativa requer uma base material para sua operação. Trata-se de criar os mecanismos e espaços adequados às distintas realidades comunitárias que tornem possível potencializar a participação e a tomada de decisões por parte da população, em especial dos setores em situação de pobreza. Além disto, deve atuar no desenvolvimento de práticas de seguimento e controle cidadão da gestão social municipal. Para tanto, é necessário ampliar o acesso à informação relevante para a comunidade além de incorporar o uso de novas tecnologias da informação e formas efetivas de prestação de contas. A descentralização deve abranger, igualmente, as formas de funcionamento comunitário, o que inclui a elaboração de planos onde participe a comunidade e se identifique com eles (com o desenho, a execução e avaliação das ações que sejam instrumentadas) em um entorno local e também em uma escala mais reduzida como a das vizinhanças. Para edificar e implementar uma agenda municipal de combate à pobreza é necessária a proposição de medidas específicas que assegurem, de maneira prioritária, o uso dos recursos disponíveis para financiar as diversas ações que contemplem os projetos de cooperação internacional. Esta questão envolve um conjunto de medidas que devem integrar-se aos marcos particulares de gestão orçamentária dos municípios, considerando uma visão de conjunto e de médio prazo que dê consistência aos projetos de assistência. Desta maneira poderão desenvolver instrumentos de governo local, em um sentido político e técnico, para alcançar os objetivos previstos, sobretudo na atenção aos grupos mais O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 25 vulneráveis da população. um certo entorno. Para tornar os municípios atores e promotores efetivos do desenvolvimento local, é necessária a resolução de um conjunto de condicionantes de ordem legal-normativa, financeira e de recursos humanos, entre outros, que atuam como fatores limitantes para uma gestão municipal mais adequada às necessidades locais. A base da atuação das entidades municipais é o seu papel como administrador e executor, como um agente ativo do desenvolvimento e propulsor das medidas de superação da pobreza nas demarcações que lhe correspondem. Isto significa avançar em um processo de descentralização baseado no fortalecimento dos municípios como gestores do desenvolvimento em escala local, atendendo às condições de pobreza nas suas múltiplas dimensões. Muitos fatores que identificam a pobreza estão interconectados. Essa afirmação fica ilustrada com a situação das mulheres que sofrem de disparidades A pobreza é um fenômeno que deriva da marginação do acesso aos recursos e se manifesta na carência ou insuficiência de renda. Esta condição é resultado de diferentes fatores que atuam de modo conjunto e tendem a tornarem-se acumulativos. Entre eles se destacam: a desigualdade, a exclusão social, a falta de capacidade de ação das mulheres e a fragilidade do cumprimento dos direitos humanos. Definir e medir a pobreza, assim como estimar a proporção da população pobre de um país ou região, não é apenas um assunto estatístico. Existe, igualmente, uma dimensão ética associada com a pobreza. A esta situação se deve aproximar a partir de uma perspectiva social distinta à que prevalece convencionalmente nos critérios de natureza puramente econômica. De acordo com Amartya Sen, um dos principais estudiosos do tema, a pobreza representa um universo complexo e multifacético que requer uma análise de suas diferentes dimensões. Não é possível traçar uma linha que separe os pobres dos que não o são e aplicá-la de maneira generalizada à todas as populações sem levar em conta as características e circunstâncias particulares. Existem fatores de natureza social, biológica e geográfica que tendem a aumentar ou reduzir o impacto sobre os indivíduos e os grupos. Os pobres necessitam geralmente de um conjunto de elementos tais como: educação, acesso a terra, saúde, justiça e suporte comunitário e de oportunidades. Ser pobre não significa viver abaixo de uma linha imaginária, como pode ser a que representa uma renda de um par de dólares, ou menos, por dia. Significa ter um nível de renda que não permite a um indivíduo cobrir certas necessidades básicas, tomando em conta as circunstâncias sociais requeridas por 26 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA Quadro 11 Posición frente a la pobreza Agencia Internacional de Cooperação do Japão (JICA) Estima-se que 1,3 bilhões de pessoas vivam em situação de pobreza. Isto equivale a uma quinta parte da população mundial. Nos países em desenvolvimento uma de cada três pessoas é pobre. Definição da pobreza Usualmente este conceito se usa em um sentido econômico, mas outras questões são associadas à pobreza, como são: • Acesso limitado à educação; • Acesso limitado à atenção médica ou aos serviços de saúde; • Oportunidades limitadas para a participação social e política; • Repressão política e discriminação; • Uma tendência à precariedade nas condições de vida, agravada pelas situações de conflitos e desastres. No campo da cooperação internacional, existe una aproximação à pobreza de modo compreensivo, que abrange uma ampla gama de problemas. Na Guia para a redução da pobreza, compilado pelo Comitê de Assistência ao Desenvolvimento da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento, se defina a pobreza como: “uma falta de capacidades econômicas (renda, condições de vida e empregos de qualidade), humanas (saúde e educação), políticas (empoderamento, direitos e expressão), sócio cultural (status e dignidade) e de proteção (insegurança, risco, vulnerabilidade)”. Nesta definição, a carência de capacidades econômicas é somente uma dimensão da pobreza, de modo que a noção de capacidades de proteção se refere especificamente à capacidade de suportar contingências de diversos tipos. O objetivo da redução da pobreza é que as pessoas superem as situações nas quais estão privados de todas estas capacidades. O círculo vicioso da pobreza Um baixo nível de renda pode ser o início de uma reação em cadeia que gera sérios problemas. Por exemplo, a insuficiência de renda se expressa em falta de comida. Isso pode resultar em desnutrição e a partir daí, em doenças e mortandade. Quando as pessoas não podem trabalhar, a renda se reduz ainda mais. O círculo vicioso que desta maneira se produz não ocorre somente nos lares empobrecidos, mas também ao longo de regiões completas de alguns países. Já que este ciclo tende a agravar-se, a redução da pobreza deve ser enfrentada como uma prioridade urgente, que requer um tratamento compreensivo com iniciativas que atendam às condições sociais que a produzem. sistemáticas na condição de liberdade que gozam em diferentes sociedades. Uma mulher com mais educação tende a ter um melhor emprego, mais controle sobre sua fertilidade e melhores condições de saúde para ela e para sua família. Existem distintas expressões das diferenças de gênero, como são: a divisão do trabalho nos lares, o acesso à educação e as oportunidades que enfrentam. Mais que medir a pobreza somente pelo nível de renda, pode-se estimar quanto um indivíduo pode conseguir com a renda que dispõe, levando em consideração que estes logros variam entre os indivíduos de distintos lugares. A pobreza deve ser analisada em relação ao potencial individual requerido para funcionar em sociedade. Os esforços para promover o crescimento da produção e o sucesso individual, assim como ocorre em muitas sociedades, não têm conseguido reduzir os níveis de pobreza em muitos países e o que tem faltado é a criação de estruturas de suporte social e uma democracia genuína. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO COMBATE À POBREZA 27 2 O MANUAL DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E POLÍTICAS LOCAIS DO COMBATE CONTRA DA POBREZA A Cooperação Internacional descentralizada entre américa latina e europa CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 2.1 A POLÍTICA INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA. El artículo 177 del tratado que creó la Comunidad Europea establece tres objetivos en materia de la política de asistencia para el desarrollo: a) el desarrollo económico y social sustentable de los países en vías de desarrollo y, particularmente, de los más pobres entre ellos; b) la inserción armoniosa y progresiva de dichos países en la economía mundial; y, c) la lucha contra la pobreza. O artigo 177 do tratado que criou a Comunidade Européia estabe- lece três objetivos em matéria de política de assistência para o desenvolvimento: a) o desenvolvimento econômico e social sustentável dos países em vias de desenvolvimento com prioridade para os mais pobres; b) a inserção harmoniosa e progressiva de tais países na economia mundial; c) a luta contra a pobreza. Este mesmo artigo ressalta a importância fundamental da dimensão política das relações exteriores da Europa comunitária. Retoma o objetivo geral do desenvolvimento e a consolidação da democracia e do Estado de Direito, assim como, a meta específica de cumprir com os direitos do homem e as liberdades fundamentais. Por outra parte, assinala a importância do diálogo político multilateral nas relações internacionais. O projeto da Constituição Européia reafirma que a cooperação para o desenvolvimento é uma política comunitária e que a Comunidade dispõe de competências compartilhadas neste tema. Da mesma maneira, declara a erradicação da pobreza como um dos principais objetivos de política exterior da União Européia. Quadro 2.1 Setores prioritários da cooperação para o desenvolvimento, da União Européia 1. Democracia e os direitos do homem 2. Integração e cooperação regionais 3. Saúde 4. Educação 5. Transporte, segurança alimentar e desenvolvimento rural sustentável 6. Melhoria das capacidades institucionais e do Estado de Direito Reporte Anual 2005 de la Oficina de Ayuda para el Desarrollo, EuropeAid de la Comisión Europea A declaração comum do Conselho da Comissão (de novembro de 2000) assumiu os objetivos de desenvolvimento comunitário e definiu os setores prioritários da cooperação desta instância, visando alcançar efetivamente os Objetivos do Milênio das Nações Unidas de uma maneira programática – setorial. Os setores prioritários assinalados são: O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 31 Desta maneira e devido à necessidade de integrar temas transversais nas diferentes etapas do desenvolvimento das atividades, nos seis setores definidos como prioritários, a Comissão Européia incorporou três temas com estas características à sua política de desenvolvimento: 1) Igualdade de gênero 2) Meio ambiente 3) Prevenção de conflitos A Comissão estabeleceu os novos eixos estratégicos para enfrentar a pobreza que são: • As práticas de bom governo e a aceitação por parte dos governos de sua responsabilidade política e de seu dever de prestar contar em caso de apropriações devidas às políticas de desenvolvimento que envolva os órgãos democráticos nacionais, os poderes públicos, a sociedade civil e o setor privado; • O desenvolvimento institucional e o fortalecimento das capacidades e dos sistemas nos setores público e privado e nas organizações não-governamentais; • A promoção do setor privado como fonte principal de crescimento da atividade produtiva, de emprego e de renda e a partir daí, da redução da pobreza; • A integração dos objetivos de desenvolvimento duradouro e de boa gestão do entorno macroeconômico, tudo vinculado com a prioridade do desenvolvimento dos serviços sociais e o acesso aos bens coletivos fundamentais; • A promoção da igualdade dos sexos e a eliminação de todas as formas de discriminação e de exclusão; • A gestão sustentável dos recursos naturais e do meio ambiente; • A promoção da paz, da segurança, da estabilidade política e a redução dos conflitos armados nacionais e regionais, a atenuação dos efeitos das catástrofes naturais e a transformação das condições posteriores a tais catástrofes em oportunidades de desenvolvimento . A cooperação para o desenvolvimento que exerce a União Européia com os países da América Latina está especificamente normalizada pelo Regulamento 443/92, o qual define dois grandes eixos de ação para os países membros e as atividades da EuropeAid na região . Veja-se o seguinte quadro: 32 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA Quadro 2.2 Cooperação Européia para o desenvolvimento na América Latina Eixos de ação na América Latina a) Assistência técnica e financeira destinada ao desenvolvimento social; b) Financiamento das ações de fortalecimento e melhoria das capacidades institucionais dos setores econômicos dos países beneficiados. Objetivos da Cooperação Européia para o desenvolvimento na América Latina a) A luta contra a pobreza e a aproximação dos países e regiões da América Latina com a União Européia, bem como a relação global. b) Uma cooperação dinâmica nos setores estratégicos, particularmente nas áreas educativa, social, cultural, desenvolvimento científico e tecnológico e, em geral, a luta contra a pobreza e a exclusão social. Atividades do escritório de EuropeAid a) Apoiar a definição da estratégia de cooperação comunitária com os países em desenvolvimento e com as organizações regionais de América Latina. b) Pôr em marcha os instrumentos de cooperação a fim de administrar “o ciclo do projeto”, desde a identificação até a avaliação. Fonte: EuropAid. América Latina en la Ayuda para la Cooperación para en Desarrollo. 2.2. PROPÓSITOS BUSCADOS PELOS GOVERNOS E PELAS ORGANIZAÇÕES NA COOPERAÇÃO DESCENTRALIZADA COM A AMÉRICA LATINA. “As comunidades locais constituem a sede natural onde os compromissos de cooperação internacional podem colocar-se em prática. Representam a instância na qual, as administrações públicas estão mais perto da população, onde podem funcionar métodos de trabalho para facilitar a participação dos diferentes atores sociais em todas as etapas dos processos de desenvolvimento que os concernem, onde todos podem responsabilizar-se pela promoção de um desenvolvimento sustentável, onde melhor se pode lutar contra a pobreza, o desemprego e a exclusão social, onde pode ser promovida uma cultura da convivência civil, pacífica e democrática”. Carta aberta ao Secretario Geral das Nações Unidas por ocasião do Evento Especial sobre a Cooperação ao Desenvolvimento Humano no marco da Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Social (Copenhague + 5). Genebra 28 de junho de 2000 A área da cooperação para o desenvolvimento, ocupa um lugar cada vez mais importante na agenda internacional e se associa de maneira muito relevante com o fenômeno da exacerbação das condições de pobreza, desigualdade e exclusão social no mundo. Isto ocorre, particularmente, nos países em desenvolvimento e em países com atrasos econômicos e sociais notórios e aos quais, somente a União Européia destina cerca de metade de toda a ajuda pública internacional[1]. Os governos e as organizações européias dedicadas às atividades da cooperação internacional, estão motivados pelo declarado propósito comunitário de promover e estender, a partir das coletividades locais, o desenvolvimento social e humano de caráter sustentável, igualitário e participativo. Desta maneira, enfatizam a necessidade de que seus programas de assistência externa constituam uma resposta efetiva, às condições concretas de natureza adversa que afetam o conjunto do planeta. Entre elas destacam: a pobreza, os conflitos e a violência, a instabilidade social e política e a miséria humana[2]. Em virtude destas condições que se estenderam em grande parte do mundo de maneira endêmica, os programas de cooperação descentralizada estabelecidos entre os países europeus e os países em desenvolvimento, particularmente aqueles dirigidos à América latina e ao Caribe, se centram nos seguintes propósitos básicos: • Redução e, eventualmente, erradicação da pobreza extrema e das desigualdades sociais; • Promoção da coesão social territorial; • Construção de capacidades institucionais locais. As iniciativas que foram estabelecidas no campo da cooperação descentralizada para alcançar tais propósitos estão concebidas, de maneira tal, que os agentes locais contribuam de acordo com suas próprias capacidades e disponibilidade de recursos. Além disso, se busca que insiram em um marco de desenvolvimento integral do território, quer dizer, com base no respeito da ordem administrativa dos países receptores. The European Community’s Development Policy –Statement by the Council and the Commission. http://www.europa.eu/comm/development/body/legislation/docs/council_statement.pdf, Annual Report 2005 on the European Community’s Development Policy and the Implementation of External Assistance. Annual Report 2003 on the European Community’s Development Policy and the Implementation of External Assistance. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 33 Desta maneira, os sujeitos da cooperação descentralizada podem ser protagonistas e responsáveis pelas decisões que se toma e das ações que se empreendem, mantendo certa harmonia com os critérios, os programas e os planos governamentais (tanto à escala federal, estatal e local) e com os sócios que operam em escala internacional. Assim mesmo, as iniciativas se desenvolvem no plano das ações setoriais e prioritárias, orientadas a dar sustento ao desenvolvimento local de caráter integral e a criar um ambiente favorável ao desenvolvimento, além de atender aos problemas sócio-econômicos específicos das comunidades com as quais se trabalha. A definição das diversas estratégias de intervenção, de identificação e formulação das iniciativas de cooperação que conduzam a resultados considerados satisfatórios, requer a compreensão conceitual da natureza multidimensional, do significado da pobreza. A superação desta condição, que tende a tornar-se crônica em certos setores da população e em determinadas localizações geográficas, supõe a compreensão da pobreza como um assunto multifacetado e que se manifesta em situações sociais marcadas pela heterogeneidade. Derivada de um processo de crescimento econômico e de desenvolvimento diferenciado das localidades. De tal maneira, o enfrentamento da pobreza envolve atenção às condições muito variadas de natureza institucional que não se reduzem ao combate deste problema mediante ações dispersas descontínuas e desvinculadas entre si, demandando planos que estejam de acordo com estratégias efetivas e duradouras de desenvolvimento integral. Neste marco de complexidade que caracteriza a situação de pobreza, a cooperação descentralizada se constitui em uma forma de ação e em uma metodologia efetivas para o combate à pobreza e à desintegração social. Suas estratégias se alimentam e se beneficiam dos avanços cognitivos, culturais e sócio-organizacionais, derivados das realidades específicas das localidades . A cooperação descentralizada para o combate da pobreza supõe, necessariamente, o reconhecimento da participação tanto dos órgãos públicos locais ou municipais, como dos governos doadores e os diferentes grupos organizados da sociedade civil (organizações não governamentais, cooperativas, sindicatos, organizações de mulheres e jovens, instituições de ensino e pesquisa, etc.). São considerados como atores fundamentais do ciclo de intervenção, de apropriação, territorialização e gestão dos programas de cooperação. Deve-se enfatizar que a essência da cooperação descentralizada é a criação de redes de ação que 34 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA consistem basicamente na vinculação, inserção e participação dos atores locais nos programas de atenção e combate da pobreza e, dos obstáculos que enfrenta o desenvolvimento em escala local. Em virtude disso, esta modalidade de cooperação se baseia em um conjunto de pilares que são apresentados no quadro seguinte. Quadro 2.3 Pilares da Cooperação Descentralizada 1. Participação ativa e “responsabilidade” por parte do conjunto dos atores; 2. Busca de acordo e complementaridade entre os diferentes atores; 3. Gestão descentralizada, incluindo a delegação de responsabilidade de gestão, inclusive financeira, ao nível mais próximo dos atores envolvidos; 4. Adoção de uma metodologia-processo que permite inscrever a cooperação descentralizada como algo permanente 5. Prioridade do fortalecimento das capacidades e do desenvolvimento institucional. Fuente: Marie, Virapatirin, Estado de situación de la cooperación descentralizada: Análisis comparativo de la oferta y las perspectivas. En. V. Godínez y M. del Huerto, op. Cit. 2005 2.3. CRITÉRIOS DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL ENTRE EUROPA E AMÉRICA LATINA. ATIVIDADES E TEMAS SUBVENCIONAIS. A inda que os critérios da cooperação descentralizada para o desenvolvimento sejam definidos em função das demandas locais, a experiência da aplicação deste tipo de programa na América Latina permite identificar as prioridades gerais derivadas de cooperação na região, ou seja, as coletividades locais. Entre estas prioridades da cooperação no campo do combate à pobreza e do fortalecimento da coesão social pode-se destacar os seguintes: 1. A construção de capacidades institucionais locais que estejam de acordo com as estratégias definidas para fomentar o desenvolvimento humano e social sustentáveis; 2. A configuração de programas sócio-econômicos multifacetados focados nas necessidades que se identificam à escala das localidades, particularmente em relação à geração de emprego, à articulação produtiva, ao acesso aos recursos e outros de caráter similar. As prioridades que regem os programas específicos da cooperação internacional descentralizada estão determinadas, como já se indicou, pelas condições, necessidades e especificidades que prevalecem nas localidades e que afetam as condições de vida dos agentes, aos quais, finalmente se destinam os recursos da cooperação. Desta maneira, as estratégias para enfrentar a pobreza, a exclusão social e a desigualdade supõem a realização de estudos que abarcam diversas dimensões dos problemas e as situações que determinam e afetam as condições da localidade em questão, o município ou a população que solicita a cooperação. É desta maneira, que as prioridades da cooperação se definem, essencialmente pelas circunstâncias locais[1]. Existe um marco de prioridades gerais que estão propostas, por exemplo, nos princípios e objetivos da Cooperação para o Desenvolvimento da União Européia e nos Objetivos do Milênio. Destas fontes se adotaram critérios programáticos, com base na experiência para a gestão dos programas de cooperação descentralizada. Desta maneira, se propõe facilitar a coerência entre as estratégias de cooperação e as realidades observáveis nas localidades onde se trabalha; promover a complementaridade dos e entre, os distintos serviços existentes; facilitar a organização entre os atores locais e as agências ou organismos de cooperação e tornar eficaz a gestão dos programas. Entre os critérios estabelecidos pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional, bem como os temas subvencionais específicos, considerados para América Latina e Caribe, estão: Agencia Española de Cooperación Internacional. SGPEPD – SECI “Herramienta para la elaboración de los Documentos de Estrategia País (DEP) de la Cooperación Española”. 16 de mayo del 2005. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 35 Quadro 2.4 Critérios e Temas da Cooperação Internacional Descentralizada na América Latina Aumento das capacidades institucionais e sociais: • Promoção da democracia, representativa e participativa, do pluralismo político • Fortalecimento do Estado de Direito • Desenvolvimento da Administração ao serviço da cidadania e boa gestão dos assuntos públicos Aumento das capacidades humanas: • Fortalecimento da soberania alimentar nos âmbitos micro e local (familiar, comunidade e município) • Fortalecimento institucional dos sistemas públicos de saúde • Melhoria da saúde sexual e reprodutiva e redução da mortalidade materna • Melhoria da saúde infantil • Linha Estratégica - Luta contra doenças prevalecentes (HIV/AIDS, a Malária e a Tuberculose) • Melhoramento de áreas rurais precárias ou bairros periféricos • Acesso à água potável e saneamento básico • Contribuição à melhoria da qualidade da educação • Melhoria do acesso universal à educação • Contribuição à finalização efetiva dos estudos: redução das taxas de repetência e abandono • Contribuição à equidade educativa • Direitos da Infância • Atenção à juventude • Outras atuações relacionadas Aumento das capacidades econômicas: • Apoio à micro, pequena e média empresa, no âmbito dos setores produtivos • Dotação de Infra-estruturas Aumento das capacidades para a melhoria da sustentabilidade do meio ambiente: • Conservação e gestão sustentável da biodiversidade e dos ecossistemas vulneráveis • Produção sustentável de recursos básicos • Fortalecimento institucional em matéria de gestão do meio ambiente • Reduzir a vulnerabilidade das pessoas em situação de pobreza com relação ao seu entorno ambiental • Participação cidadã, fortalecimento do capital social e educação ambiental Aumento da liberdade e das capacidades culturais: • Cooperação cultural para o desenvolvimento • Apoio aos processos de auto-desenvolvimento e respeito aos direitos dos povos indígenas • Apoio aos meios de comunicação alternativos, com especial atenção ao radio à televisão local e comunitária e o acesso à novas tecnologias de informação Aumento das capacidades e da autonomia das mulheres: Promoção de uma maior representação das mulheres e participação paritária em todos os espaços sociais e políticos. • • Fortalecimento das políticas e mecanismos institucionais de igualdade de gênero • Melhoria de oportunidades das mulheres no âmbito econômico • Formação em valores cidadãos Prevenção de conflitos e construção da paz Adaptado de AECI, SGPEPD – SECI. “Herramienta para la elaboración de los Documentos de Estrategia País (DEP) de la Cooperación Española”. 36 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA Para apreciar a orientação das atividades de cooperação internacional descentralizada em setores prioritários pode-se considerar que, em 2003, os programas setoriais na América Latina se distribuíram da seguinte forma: - O setor social cobriu 56% dos programas setoriais, dirigidos basicamente a temas fundamentais como a educação, infra-estrutura de tipo social, sustentação a grupos desfavorecidos e luta contra a pobreza; - Uma parte relevante da programação das atividades e a destinação dos recursos foram direcionadas ao apoio da organização da sociedade civil. Outra parte se centrou na melhoria das capacidades institucionais dos governos; - Finalmente, destacaram-se as ações de apoio aos mecanismos da integração regional, ao desenvolvimento de processos comerciais e, de projetos de investimento, conforme a situação prevalecente e às necessidades territoriais, em vinculação com as populações locais. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 37 2.4. ORGANISMOS PÚBLICOS E PRIVADOS DE COOPERAÇÃO DESCENTRALIZADA NA AMÉRICA LATINA. A s políticas e estratégias de corte setorial devem apoiar-se em uma visão de articulação setorial. Uma aproximação setorial tem que integrar as contribuições de todas as partes que intervém e que são compostas: pelos setores público e privado, pelas organizações sem fins lucrativos, pela sociedade civil, pelas instituições de educação superior e pelos usuários dos serviços governamentais. Um aspecto relevante é a definição precisa das prerrogativas e das funções das partes e, a implementação de mecanismos apropriados de consulta e de tomada de decisões de cada participante. 2.4.1 Alguns programas públicos regionais de Cooperação Descentralizada entre a União Européia e América Latina[1]. I) URB-AL O objetivo do programa URB-AL da União Européia consiste em desenvolver redes de cooperação descentralizadas entre coletividades locais sobre temas e problemas concretos de desenvolvimento local urbano. Lançado em 1995, URB-AL reuniu até 2005, mais de 430 coletividades locais ao redor de projetos direcionados a distintos temas como: o meio ambiente, a participação cidadã, a luta contra a pobreza, o transporte, a segurança, o urbanismo, o desenvolvimento econômico, a sociedade da informação e a democracia[2]. URB-AL desempeñó un papel preponderante en el refuerzo de las relaciones entre los miembros de la Unión Europea y los países de América Latina favoreciendo el intercambio directo de experiencias entre concejales y técnicos territoriales de los dos continentes. URB-AL tem desempenhado um papel preponderante no fortalecimento das relações entre os membros da União Européia e os países da América Latina, favorecendo o intercambio direto de experiências entre gestores, assessores e técnicos territoriais dos dois continentes. Nos seus 10 anos de existência, se organizaram cerca de 40 reuniões internacionais, reunindo um total de mais de 10 mil pessoas, 14 redes temáticas que coordenaram mais de 2500 coletividades locais, associações, ONG, sindicatos, universidades e empresas, com mais de 140 projetos realizados e com uma soma total, de vários milhões de euros. Estes projetos comuns implicam em mais de 1250 participações[3]. El 30 de abril de 2006 tuvo lugar la última convocatoria de propuestas del programa URB-AL. Con esto, el programa finaliza definitivamente al término de dicho año. Sendo URB-AL[4] um programa de cooperação descentralizada da Comissão Européia: Ao final deste capítulo se inclui uma lista de agências e departamentos de cooperação internacional para o desenvolvimento de um conjunto de países e a forma de contatálas. Segundo dados do ano 2005. Comisión Europea, EuropeAid, Oficina de Cooperación, http://ec.europa.eu/comm/europeaid/projects/urbal/index_es.htm idem URB-AL Europa-América Latina, Guía del Programa II° Fase, Comisión Europea, EuropeAid Oficina de Cooperación http://ec.europa.eu/comm/europeaid/projects/urbal/program/ guide_mep_es.pdf 38 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA • Abrange os principais âmbitos das políticas urba- • Desenvolver a capacidade de ação das pequenas nas; e médias cidades (PMC) no marco da internacionalização de suas relações; • Está dirigido tanto às coletividades locais da União Européia e da América Latina, como a outros seto- • Promover as “boas práticas” de desenvolvimento res do setor urbano; local, européias e latino-americanas, respeitando suas especificidades locais. • Opera de maneira descentralizada e as atividaOrganização des são definidas, propostas e colocadas em prática pelos mesmos participantes; A primeira fase do programa URB-AL foi resultado das decisões da Comissão Européia de 20 de dez• Está baseado no intercâmbio de experiências en- embro de 1995 e de 19 de fevereiro de 1998 e se tre os participantes, o que redunda em um beneficio organizou em torno dos oito seguintes temas: para as partes. • Droga e cidade; • Conservação dos contextos históricos urbanos; As entidades participantes nestes programas se agru- • A democracia na cidade; pam livremente, segundo suas afinidades, ao redor • A cidade como promotora do desenvolvimento de um ou vários temas relacionados com a vida na econômico; cidade. Isto já permitiu aos participantes, o aces- • Políticas sociais urbanas; so a múltiplos contatos internacionais, mediante os • Meio ambiente urbano quais se estabeleceram relações duradouras, entre • Gestão e controle da urbanização diferentes comunidades locais européias e, latinoamericanas. Também facilitou o estabelecimento de • Controle da mobilidade urbana. outras iniciativas frutíferas, através do financiamento com recursos da Comissão Européia e, contribuiu A segunda fase do programa foi resultado das depara concretizar várias prioridades definidas pelos cisões da Comissão de 29 de dezembro de 2000 chefes de Estado e de governo dos países da União e de 31 de julho de 2001 e se estendeu até abril Européia, América Latina e do Caribe que se reuni- de 2006. Referiam-se à seleção de novos projetos ram no Rio de Janeiro em 1999. Desde então, estas e à gestão de suas atividades operativas, caracteprioridades foram constantemente reafirmadas até rizando-se a URB-AL II, por seis novos temas, que a Quarta Conferência da União Européia, América complementam os da primeira fase e são: Latina e Caribe, celebrada em Viena em maio de • Financiamento local e o orçamento participativo 2006. Atendeu, em especial, aspectos relaciona- • A luta contra a pobreza urbana dos com a luta contra a pobreza e os desequilíbrios • Habitações na cidade sociais como a promoção e a proteção dos direitos • Promoção das mulheres nas instancias de decisões humanos e, encorajado as pautas da sociedade locais da informação.. • Cidade e sociedade da informação Objetivos Desenvolver relações diretas e duradouras entre as coletividades locais européias e latino-americanas, através da difusão, aquisição e aplicação das melhores práticas no âmbito da gestão das políticas urbanas. Em particular, se propõe a: • Reforçar as capacidades de ação das coletividades locais no desenvolvimento social, econômico e cultural das zonas urbanas, incluindo a implantação de equipamentos coletivos; • Desenvolver as capacidades estruturais das autoridades locais, em especial, da formação de recursos humanos; • Promover a associação entre coletividades locais e representantes da sociedade civil; • Segurança cidadã na cidade Cada um dos 14 temas do programa URB-AL corresponde uma rede temática, coordenada por uma única coletividade local. A rede temática agrupa os participantes que tenham o interesse em cooperar com o tema, em questão. O coordenador da rede deve assegurar a difusão da informação entre os participantes, organizar reuniões periódicas de trabalho entre eles e lhes possibilitar o contato. A rede constitui também, um espaço de reflexão conjunto sobre o determinado tema correspondente. No marco de cada uma destas redes temáticas foram concebidos e colocados em prática projetos comuns entre os participantes da rede, com temas específicos de interesse a serem aprofundados, sendo também, concretizados os intercâmbios de experiências produzidas nas redes temáticas. Suas atividades buscaram, em especial, identificar soluções aos problemas comuns propostos pelos parO Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 39 ticipantes e propor respostas aos mesmos, mediante a adoção dos meios concretos, sempre respeitando as especificidades de cada um. Participantes i) A promoção da saúde: um instrumento de cidadania ativa. Balanço da segunda fase de URB-AL Foram constituídas seis novas redes temáticas para a segunda fase do programa URB-Al, agrupando em cada rede um máximo de 200 participantes. O critério de financiamento concedido à coordenação de cada rede e a cada projeto, foi no máximo de B) As outras entidades (membros externos) como, 70% , sendo o coordenador responsável por 30% por exemplo: associações, fundações, universida- dos custos. des, empresas, sindicatos e organizações não governamentais. O número de participantes em um projeto comum pode variar entre cinco e quinze, sendo 40% de Balanço da primeira fase de URB-AL membros da União Européia e 60% dos membros URB-AL envolveu mais de 1200 participações (uma da América Latina, visando assegurar um equilíbrio mesma coletividade pode participar em várias de geográfico entre participantes. suas atividades) e constituiu um campo de investigação relevante das problemáticas urbanas con- Os projetos comuns foram definidos em dois tipos: temporâneas. Projetos comuns de tipo A, direcionados a desenvolver intercâmbios de experiências entre os partiAlém dos intercâmbios de experiências, se estabe- cipantes e permitir a difusão das melhores práticas, leceram relações inter-regionais entre os coletivos possibilitaram a realização de diagnósticos e estulocais europeus e latino-americanos, gerando múl- dos de viabilidade, seminários de formação, constiplos intercâmbios. trução de metodologias e publicações diversas. Os Projetos comuns de tipo B, direcionados a concretiOs oito coordenadores das redes temáticas da pri- zar os resultados dos intercâmbios de experiências. meira fase foram: Deveriam necessariamente derivar: • Santiago do Chile (Chile) – “Droga e cidade” • Província de Vicenza (Itália) – “Conservação dos • De um projeto comum da primeira fase do Procontextos históricos urbanos” grama URB-AL cujas atividades tenham sido con• Issy-les-Moulineaux (França) – “A democracia na cluídas; cidade” • Madrid (Espanha) – “A cidade como promotora • De um projeto comum de tipo A da segunda fase de desenvolvimento econômico” do Programa URB-AL cujas atividades tenham sido • Montevidéu (Uruguai) – “Políticas sociais urba- concluídas; nas” • Málaga (Espanha) – “Meio ambiente urbano” • De uma experiência acumulada durante as ativi• Rosário (Argentina) – “Gestão e controle da urba- dades de coordenação de uma rede temática da nização” primeira ou da segunda fase do Programa URB-AL. • Stuttgart (Alemanha) – “Controle da mobilidade urbana” As seis coordenadoras das redes temáticas foram: A) As coletividades locais, quer dizer, as cidades, aglomerações urbanas, províncias e regiões cujas autoridades tenham sido eleitas democraticamente; Entre os quase cinqüenta projetos implementados, podem-se destacar: a) O sistema de informação sobre as drogas; b) O manual para a gestão municipal do impacto do turismo nos centros históricos; c) O acesso e a mobilidade nos contextos históricos d) A consulta como mecanismo para reforçar a democracia na cidade e) A criação de escolas democráticas e participativas para os jovens f) A cidade como promotora dos Intercâmbios entre PME latino-americanas e européias g) A agencia transnacional de emprego h) A economia solidária: um setor em desenvolvimento 40 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA • Porto Alegre (Brasil) – “Financiamento local e orçamento participativo” • São Paulo (Brasil) – “Luta contra a pobreza urbana” • “Habitação na Cidade” • Barcelona (Espanha)– “Promoção das mulheres nas instâncias de decisão local” • Bremen (Alemanha) – “Cidade e sociedade da informação” • Valparaiso (Chile) – “Segurança na cidade” Entre os vários projetos, destacamos: a) Formação de técnicos dos municípios para utilização dos programas de cooperação internacional como ferramenta de combate à pobreza. b) Os pobres negligenciados pela pobreza: situação de abrigamento e desabrigamento de crianças e adolescentes II) AL-INVEST DA UNIAO EUROPÉIA Este programa foi lançado em 1993 e está especialmente destinado às pequenas e médias empresas (PeMEs) da América Latina e dos países da União Européia, com a finalidade de fortalecer suas alianças estratégicas e o desenvolvimento de associações conjuntas. AL-INVEST é uma rede de operadores de ambas as regiões que cooperam na organização de encontros (também conhecidos como “encontros setoriais”) entre empresas do mesmo setor. a formação de alianças estratégicas. Os encontros são abertos às empresas de todos os setores como: a agricultura, a indústria automotiva, a fabricação de móveis, passando pelo meio ambiente, incluindo também a sub-contratação. Todos os custos de organização, principalmente aqueles relacionados à preparação de contato direto entre empresas européias e latino-americanas, que são chamadas de “agendas”, são cobertos pela Comissão. Os empresários interessados em participar nos encontros setoriais devem entrar em contato com as organizações (também conhecidas como “operadoras”) selecionadas pela Comissão na Europa e na América Latina. A maneira mais fácil de proceder é visitar a página intitulada “Calendário” e selecionar o encontro setorial previsto que seja de interesse. Seleciona-se então um operador para captar os dados (código postal, telefone, fax, e–mail) e posteriormente o contato pode ser feito diretamente com o operador selecionado. III) EUROsociAL O programa busca alcançar os seguintes objetivos: • Contribuir com a internacionalização das empresas das duas regiões, estimulando às PeMEs européias para que invistam na modernização tecnológica e de gestão das PeMEs latino-americanas que assim o requeiram; • Reforçar as relações inter-regionais mediante a transferência de tecnologia e dos conhecimentos técnicos europeus para as empresas latino-americanas; • Manter uma cooperação sustentada e de interesse mútuo entre as empresas de ambas as regiões, limitando a contribuição pública ao papel de catalisador. O A.R.I.E.L. (Active Research in Europe and LatinAmerica) é um instrumento de cooperação do Programa AL-INVEST que oferece às empresas do setor das tecnologias emergentes um serviço de busca ativa de sócios potenciais no outro continente. AL-ASOCIAÇOES promove, a diferença dos encontros setoriais, encontros multi-setoriais (de três a cinco setores diferentes) que aderem a centenas de empresas da Europa e de uma determinada região latino-americana. Nestes encontros se reúnem em torno de mil empresas, das quais, 250 são PeMEs européias. Este é um programa da União Européia de caráter regional para promover a coesão social na América Latina. Seu objetivo geral consiste em contribuir para o aumento do grau de coesão social das sociedades latino-americanas, atuando sobre as políticas públicas nas áreas de educação, saúde, administração da justiça, da fiscalização e do emprego, para que passem a ser autênticos vetores de integração. A troca de experiências entre as administrações dos países da União Européia e a América Latina constitui a atividade principal de EURO sociAL. A Comissão Européia selecionou, em maio de 2005, quatro consórcios encarregados de implementar o programa durante os quatro anos disponíveis para sua execução. Estes quatro consórcios e os setores onde atuam são: Setor Educação Coordenação: Centre International d’Etudes Pédagogiques (CIEP) – França Sócios: • Fundação Ibero-americana para a Educação, a Ciência e a Cultura - OEI (Espanha) • Comitato Internazionale per lo Sviluppo dei Popoli (Itália) • Ministério da Educação (Brasil) • Ministério da Educação (El Salvador) • Secretaria de Educação Pública (México) Entre os benefícios destes encontros, podem des- • Ministério da Educação (Peru) tacar-se: acordos de distribuição, empresas mistas, • Instituto Internacional para o Desenvolvimento e transferências de tecnologia avançada, ou simples- Cooperação (Venezuela) mente de informações sobre o setor, o que facilita O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 41 Setor Fiscalização Coordenação: Instituto de Estudos Fiscais (IEF) – Espanha Setor Emprego Este setor particular do programa EUROsociAL está a cargo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) - Agências de Torino e Lima. Sócios: A coordenação geral do programa está a • Fundação Centro de Educação a Distancia para o Desenvolvimento Econômico e Tecnológico (Es- cargo também da FIIAPP-Espanha. panha) • Association pour le Développement des Echanges en Technologie Economique et Financière (França) • InWEnt Capacity Building International (Alemanha) • Institute of Fiscal Studies (Reino Unido) • Centro Interamericano de Administrações Tributárias (Multinacional) • Administração Federal de Ingressos Públicos (Argentina) • Secretaria da Receita Federal (Brasil) • Direção de Impostos e Alfândegas Nacionais (Colômbia) • Serviço de Administração Tributária (México) Setor Justiça Coordenação: Fundação Internacional para a Ibero-América de Administração e Políticas Públicas (FIIAPP) – Espanha Sócios: • Conselho do Poder Judicial (Espanha) • Escola Nacional da Magistratura (França) • Fundação Alemã para a Cooperação Jurídica Internacional (Alemanha) • Escritório do Conselho Nacional da Justiça da Hungria (Hungria) • Secretaria de Reforma do Poder Judiciário (Brasil) • Poder judicial (Costa Rica) • Conselho Superior de Judicatura (Colômbia) • Centro de Estudos de Justiça das Américas (Chile) • Instituto Tecnológico y de Estudos Superiores de Monterrey (México) Setor Saúde Coordenação: Instituto de Recherche pour le Développement (IRD) – França Sócios: • Instituto de Saúde Carlos III (Espanha) • Organização Mundial da Saúde (Internacional/ Dinamarca) • Fondazione Angelo Celli per una Cultura della Salute (Itália) • Organização Ibero Americana de Previdência Social (Espanha) • Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Brasil) • Fundo Nacional de Saúde do Chile (Chile) • Instituto Nacional de Saúde Pública (México) • Fundação ISALUD (Argentina) 42 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 2.5 AGÊNCIAS E MINISTÉRIOS DE COOPERAÇAO INTERNACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO E m seguida , é relacionada uma série de agências e departamentos de cooperação internacional de diversos países, tendo como referência as áreas nas quais trabalham e formas de contatos. A apresentação se faz por ordem alfabética por país. ALEMANHA AGENCIA ALEMA DE COOPERAÇAO TÉCNICA (Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammen¬arbeit GTZ GTZ é uma agência de cooperação internacional para o desenvolvimento que apóia os poderes públicos locais (municípios, coletividades locais) e nacionais, as pequenas e médias empresas, as organizações não governamentais e os coletivos locais. O apoio é feito através de financiamento, da assessoria e elaboração do desenho de projetos, focado na criação de condições para o desenvolvimento integral dos países da região. A GTZ apóia reformas complexas e processos de transformação institucional, inclusive em condições adversas. Seu principal objetivo é melhorar as condições de vida da população. Ainda que na Alemanha existam vários organismos que se ocupam de administrar a política de ajuda, a agência responsável pela cooperação técnica é a GTZ, que tem como sócio a República Federal da Alemanha, representada pelo Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) e pelo Ministério Federal de Fazenda. A GTZ colabora também com outros sócios do setor público e do privado, nacionais, como os municípios ou governos sub-estatais e internacionais, como a União Européia, o Banco Mundial, as Nações Unidas (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) e empresas do setor privado (Ver exemplo no anexo, de um projeto de cooperação descentralizada na Nicarágua). A GTZ mantém relações de cooperação em todas as regiões do mundo. Entretanto, a América Latina ocupa um lugar privilegiado nos seus programas devido à extrema polarização social e a pobreza que existem na região, bem como, a persistência de deficiências institucionais em matéria de aplicação da justiça e de segurança jurídica, apesar dos processos de democratização regional. Da mesma maneira a cultura da participação democrática está pouco desenvolvida entre a população, de modo que a modernização do Estado e da sociedade para obter êxito na América Latina, dependerá do nível da participação cidadã. Temas fundamentais como o combate da pobreza, a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais, a modernização do Estado e da sociedade, constituem os temas de cooperação de GTZ para a região. Para execução de seus projetos de cooperação, a GTZ trabalha em redes setoriais, constituídas por projetos vinculados por algum tema em comum. As redes setoriais são parte importante das divisões setoriais da GTZ. Sua principal finalidade é contribuir com a gestão do conhecimento e com a garantia da qualidade. Para isto, assumem cinco funções fundamentais, consideradas tarefas obrigatórias: • Facilitar o intercâmbio regional de experiências, entre os colaboradores no estrangeiro que prestam assessoria em áreas idênticas, similares ou complementarias e, o Departamento de Planejamento e Desenvolvimento; • Registrar e avaliar experiências específicas de projetos do ponto de vista da concepção, de maneira sistemática e por temas; O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 43 • Discutir e difundir uma política empresarial uniforme no setor respectivo, assim como temas trans-setoriais; • Discutir e difundir experiências e conhecimento internacionais; • Observar como se modifica a demanda de serviços técnicos em uma região e identificar os conhecimentos necessários para atender a estas mudanças. Deste modo, as redes setoriais contribuem para o empenho da GTZ em aumentar a eficácia de seus enfoques de assessoria, melhorar o profissionalismo dos colaboradores que prestam serviços de assessoria e fortalecer o posicionamento técnico da cooperação alemã para o desenvolvimento, no contexto regional. As redes setoriais foram desenvolvidas em torno de temas ambientais, desenvolvimento rural, governabilidade, saúde e proteção social, desenvolvimento econômico e emprego, desenvolvimento social e temas transversais. Exemplo de uma rede setorial: Rede Setorial para o Desenvolvimento Econômico e a Promoção de Emprego na América Latina (WBF LAK, por seu nome em alemão). Esta rede setorial consta de dezenove projetos em onze países de América do Sul e Central. Seu objetivo principal é promover um crescimento econômico que beneficie a amplos setores da população, a fim de contribuir com a redução da pobreza. Para alcançar este objetivo, GTZ facilita o intercambio de experiências através da cooperação regional e multi-setorial e, contribui para melhorar a capacidade institucional direcionada ao planejamento e a implementação de projetos e programas. CONTATO E ENDEREÇOS DOS ESCRITÓRIOS CENTRAIS: Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ) GmbH Dag-Hammarskjöld-Weg 1-5 65760 Eschborn TEL +49 6196 79-0 Fax +49 6196 79-1115 Correio eletrônico: [email protected] Página eletrônica em inglês: http://www.gtz.de/en/ Página para localizar os endereços e contatos dos escritórios da GTZ na América Latina e Caribe: http://www.gtz.de/en/weltweit/lateinamerika-karibik/573.htm AUSTRÁLIA AGÊNCIA DE COOPERAÇAO INTERNACIONAL DA AUSTRÁLIA (AusAID) AusAID é a principal agência encarregada da cooperação internacional da Austrália. Depende administrativamente do Ministério de Assuntos Exteriores e do Ministério de Comércio. As operações da AusAID nos países em desenvolvimento e nos organismos públicos multilaterais estão apoiadas por pessoal contratado localmente, assim como por um número reduzido de técnicos australianos deslocados em vinte e cinco missões humanitárias no mundo todo. A AusAID oferece cooperação multilateral para o desenvolvimento através do Sistema das Nações Unidas como o Banco Mundial, ou a nível regional, através do Banco Asiático de Desenvolvimento, principalmente. No nível bilateral colabora fundamentalmente com os países da região da Oceania, da região do Oceano Índico e do Sudeste Asiático. No nível descentralizado trabalha 44 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA com os governos locais, as ONG e o setor privado. A AusAID é uma das agências que ganha cada vez mais importância para a região do Pacífico latinoamericano devido às estreitas relações de cooperação entre Austrália e América Latina, resultantes de sua aproximação bilateral e regional através do Fórum de Cooperação da Ásia- Pacífico (APEC, por seu nome em inglês). A cooperação para o desenvolvimento de AusAID é canalizada através de vários programas, a maioria dos quais, consiste em um conjunto de iniciativas para o desenvolvimento econômico, político e social que são desenhados e postas em execução, de acordo com as especificidades de cada país em desenvolvimento. A AusAID também presta ajuda humanitária através do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em casos de desastres naturais, ainda que seu trabalho tenha se concentrado principalmente na região da Oceania, Ásia-Pacífico e Sudeste Asiático, dado a sua proximidade geográfica com a Austrália. de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Humanas, a importância da cooperação com os países solicitantes, o impacto e a visibilidade da cooperação belga, a qualidade dos projetos de desenvolvimento, a qualidade do diálogo com o país solicitante, entre outros fatores. Países como Equador, Bolívia e Peru são beneficiários da cooperação governamental para o desenvolvimento. CONTATO: SPF Affaires étrangères, Comerse extérieur et Cooperation au Developpement – DGCD Rue des Petits Carmes, 15 B-1000 Bruxelles TEL : + 32 2 501-81-11 Formulário para solicitar informaçao: http://www. diplomatie.be/fr/contact/ Página eletrônica: http://www.dgdc.be/fr/index. html CANADÁ CONTATO E ENDEREÇOS DOS ESCRITÓRIOS CENTRAIS: AusAID 62 Northbourne Avenue Canberra ACT 2601 Australia TEL: +61 2 6206 4000 Fax: +61 2 6206 4880 Página: http://www.ausaid.gov.au/ BÉLGICA BELGIAN DEVELOPMENT COOPERATION DIREÇAO GERAL DE COOPERAÇAO PARA O DESENVOLVIMENTO (DGCD) A cooperação entre os países em desenvolvimento e o Governo da Bélgica e suas Comunidades realizada através da Direção Geral de Cooperação para o Desenvolvimento, se desenvolve principalmente no marco de convênio específicos de cooperação entre estas entidades e os governos estrangeiros, agências, ONG, organismos públicos locais, entre outros agentes. A assistência belga se divide em cinco programas: programas de cooperação governamentais, programas especiais (como programas de ajuda humanitária), programas não governamentais, programas multilaterais e europeus, programas de sensibilização da sociedade civil. As Embaixadas da Bélgica contam com pessoal especializado em cooperação com status diplomático (Agregados de Cooperação) que se encarregam de informar acerca das políticas e procedimentos da solicitação de cooperação belga, para o desenvolvimento. Não obstante, a Bélgica foca seus programas de cooperação governamental, unicamente aos dezoito países mais pobres do mundo que solicitam assistência. Tem como referência, o Índice AGENCIA CANADENSE DE DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL (ACDI) – CANADIAN INTERNATIONAL DEVELOPMENT AGENCY (CIDA) A Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional (ACDI) é o principal organismo público do Canadá voltado à cooperação para o desenvolvimento e está presente no mundo todo. Tem como objetivo reduzir a pobreza e contribuir para fazer do mundo um lugar mais seguro, menos desigual e próspero. A ACDI oferece ajuda humanitária em situações de emergência para qualquer parte do mundo e, coopera com iniciativas, programas e projetos de desenvolvimento nos países pobres e em desenvolvimento. A ACDI trabalha com os seguintes tipos de sócios: os governos, a sociedade civil (ONGs. grupos comunitários, instituições, associações), o setor privado, outras agências de cooperação e organismos internacionais CONTATO: Embaixadas do Canadá no mundo, ou no seguinte endereço de seus escritórios centrais:: Agence Canadienne de Développement Internacional / Canadian International Development Agency 200, promenade du Portage Gatineau (Québec) K1A 0G4 TEL: (819) 997-5006 Ligação gratuita: 1-800-230-6349 Fax: (819) 953-6088 Correio eletrônico: [email protected] Página eletrônica da ACDI: http://www.acdi-cida. gc.ca/index.htm O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 45 CHILE CORÉIA AGENCIA DE COOPERACIÓN INTERNACIONAL DE CHILE (AGCI) AKOREA INTERNATIONAL COOPERATION AGENCY (KOICA) AGÊNCIA DE COOPERAÇAO INTERNACIONAL DA CORÉIA) A Agência de Cooperação Internacional do Chile é um serviço público especializado na cooperação internacional oferecido pelo Governo do Chile, sob o auspício do seu Ministério de Relações Exteriores. Seu trabalho se traduz na gestão da cooperação que o Chile recebe, na gestão das oportunidades de formação e aperfeiçoamento dos chilenos no exterior e na execução do Programa Chileno de Cooperação Técnica entre Países em desenvolvimento. Este programa está dividido em: um Programa de Assistência Técnica, que consiste na prestação de assessoria técnica à países da América Central, do Caribe e da América do Sul; e um Programa de Bolsas para realizar estudos em Universidades Chilenas, destinado aos países da América Latina e do Caribe. A cooperação que o Chile outorga no exterior é executada dentro de um esquema de cooperação horizontal, com países de igual ou menor desenvolvimento relativo, como uma forma de contribuir para os processos de desenvolvimento e integração econômica, política e cultural, com os países da região da América Latina e do Caribe, de acordo com a política exterior de cada país. As prioridades da AGCI são: a modernização do Estado, a descentralização e o desenvolvimento regional, a gestão dos recursos naturais e do meio ambiente, o fomento produtivo, o desenvolvimento social, a ciência e a tecnologia, entre outras. Os beneficiários da AGCI são: A Agência de Cooperação Internacional da Coréia (KOICA), administrada pelo Ministério de Relações Exteriores e Comércio, se encarrega da ajuda oficial Governo da Coréia para os países em desenvolvimento, com a missão de: estreitar as relações da Coréia com o exterior; contribuir com o fortalecimento da ordem internacional; promover as relações cooperativas e os intercâmbios mútuos e, proporcionar o desenvolvimento sócio-econômico dos países receptores da cooperação, mediante assistência técnica e financeira. O Ministério de Relações Exteriores e Comércio do Governo da Coréia planeja e programa as linhas estratégicas de assistência técnica e financeira, as quais são delegadas à KOICA, para que seu pessoal se encarregue da definição de projetos e programas anuais de cooperação. Estes são desenhados a partir do estudo das necessidades dos países que solicitam cooperação. As solicitações de cooperação dos países em desenvolvimento, assim como das organizações internacionais, são encaminhadas ao Ministério de Relações Exteriores e Comércio através dos canais diplomáticos. Posteriormente, a KOICA delineia junto com o Ministério e o solicitante, um programa específico de cooperação nos moldes das possibilidades financeiras do Governo da Coréia. A KOICA empreende projetos de cooperação no mundo todo e, no que concerne à América Latina sua atenção se concentra nos países mais pobres, aos quais, assiste com programas para o desenvolvimento econômico e industrial. • Ministérios, serviços públicos, universidades, go- CONTATO E ESCRITÓRIOS CENTRAIS: vernos regionais, municipalidades, associações do setor público e privado e unidades de gestão de Korea International Cooperation Agency projetos. 110-782 # 128, Yunkun-dong, Jongno-gu, Seoul, Republic of Korea • Cidadãos chilenos. TEL: + 82 2 740 5114 Fax: + 82 2 740 1092 • Governo do Chile, Governos da América Central, Contatos por correio eletrônico: do Caribe, da América do SUL, México e outros Project Aid: [email protected] países. NGO Support: [email protected] CONTATO E ENDEREÇO DOS ESCRITÓRIOS CENTRAIS Agência de Cooperação Internacional do Chile Teatinos 180, piso 8 teléfono (56 2) 3990900 Fax (56-2) 3990992 Santiago de Chile Correio eletrônico: [email protected] Página eletrônica: http://www.koika.or.kr/ DINAMARCA AGÊNCIA DINAMARQUESA DE COOPERAÇAO INTERNACIONAL (DANIDA) - DANISH INTERNATIONAL DEVELOPMENT AGENCY Página eletrônica: http://www.agci.cl/ DANIDA é uma instância pública, dependente do 46 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA Ministério de Assuntos exteriores, encarregada • Lineamentos de avaliação de projetos e prograpelo Governo da Dinamarca para realização da mas: [email protected]; cooperação internacional. Esta agência tem uma estrutura institucional bastante ampla, visando faci- • Para informação sobre o pessoal a quem contatar litar o acesso à assistência dinamarquesa em qual- e quando: [email protected] quer parte do mundo. Assim como, em todos os temas que concernem ao combate da pobreza, como CONTATO E ENDEREÇO DOS ESCRITÓRIOS a exclusão social, ao desenvolvimento econômico, CENTRAIS: a construção e melhoria das capacidades institucio- Royal Danish Ministry of Foreign Affairs nais dos países e localidades receptores da assis- Asiatisk Plads 2 tência, aos direitos humanos, igualdade de gênero, DK 1448 Copenhague, Dinamarca. meio ambiente, entre outros. Tel: +45 33 92 00 00 Fax: +45 32 54 05 33 A atenção de DANIDA para a América Latina e Ca- Correio eletrônico: [email protected] ribe se centra no desenho, financiamento, execução e supervisão. Atua junto aos poderes públicos re- Página eletrônica: http://amg.um.dk/en/ gionais e locais, sociedade civil organizada e setor privado, através de projetos e programas para o ESPANHA combate da pobreza e da desigualdade social. AGÊNCIA ESPANHOLA DE COOPERAÇAO INDANIDA prepara suas estratégias de intervenção TERNACIONAL (AECI) de acordo com as necessidades das regiões, nações e coletivos locais. Canaliza a ajuda para o A Agência Espanhola de Cooperação Internaciodesenvolvimento através de instituições multilaterais nal (AECI) foi criada em novembro de 1998, como como o Banco Mundial e o Banco Interamericano um órgão de gestão da política espanhola de code Desenvolvimento, ou ainda, através das relações operação internacional para o desenvolvimento. A bilaterais e sub-nacionais. AECI é um organismo autônomo, subordinado ao Ministério de Assuntos Exteriores e de Cooperação, Os organismos públicos locais, organizações não através da Secretaria de Estado para a Coopegovernamentais e setor público podem entrar em ração Internacional (SECI). contato nas embaixadas de Dinamarca, com o pessoal especializado da DANIDA. A Agência é responsável pelo desenho, pela execução e pela gestão dos projetos e programas de Contato para dúvidas e perguntas sobre: cooperação para o desenvolvimento, seja de maneira direta, com seus próprios recursos, ou median• As modalidades de assistência, gestão e de pro- te a colaboração com outras entidades nacionais e gramas e projetos, administração financeira, relató- internacionais e organizações não governamentais. rios, manual da organização, sistema de avaliação Para realizar este trabalho, a AECI tem uma estrue estratégias de organização para organizações tura exterior muito ampla, formada por trinta e seis multilaterais: [email protected]; Escritórios Técnicos de Cooperação, doze Centros Culturais e três Centros de Formação, situados nos • As políticas de DANIDA, incluindo temas transver- países onde a Agência desenvolve seus principais sais de cooperação, anticorrupção, povos indíge- projetos de cooperação. As áreas prioritárias para nas, jovens, crianças e cultura, lineamentos para o a cooperação espanhola foram estabelecidas pelo desenho de estratégias nacionais, consultas de alto Plano Diretor 2005-2008. nível e local grant autority: [email protected]; A AECI participa nos programas de combate à • Políticas setoriais e documentos sobre as best prac- pobreza por meio da cooperação multilateral, reatices: [email protected]; lizada em colaboração com os Organismos Internacionais e a União Européia, ou seja, através da • Contratos, solicitações, assistência técnica, progra- cooperação bilateral. Esta modalidade de coopema para o Setor Privado, esquema de Crédito Mis- ração é realizada diretamente com o país recepto, programa Public-Private Partnership, promoção tor e utilizando distintos instrumentos, como são: a) de importações e garantias de investimento: erh@ financiamento e execução direta de programas e um.dk; projetos; b) subvenções para ONG de Ajuda Alimentar e de Emergência; c) Fundos para a Conces• Lineamentos para ONG, apoio à sociedade civil e são de Micro créditos. assistência humanitária: [email protected]; Segundo prevê seu próprio Estatuto (Art. 4), a O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 47 Agência Espanhola de Cooperação tem os seguintes fins: • Contribuir ao crescimento econômico e ao progresso social, cultural, institucional e político dos países em desenvolvimento e, em especial, dos países de ascendência espanhola; • Fomentar a cooperação cultural e científica com os países em desenvolvimento; • Assegurar a existência de conformidade com as políticas de desenvolvimento dos países desenvolvidos, especialmente no âmbito da União Européia. Para o cumprimento destes fins, a AECI esta facultada para exercer as seguintes funções: • Apoiar à Secretaria de Estado de Cooperação Internacional na definição e execução da política de cooperação para o desenvolvimento; • Fomentar a cooperação cultural e a promoção da cultura espanhola com os países em desenvolvimento. Desenhar, coordenar e executar programas e projetos de cooperação para o desenvolvimento no campo econômico, social, cultural, educativo, científico e técnico; • Assegurar e coordenar a presença institucional da Espanha em organismos internacionais não financeiros de desenvolvimento; • Apoiar e incentivar as iniciativas públicas ou privadas que contribuam à consecução dos fins da Agência; • Realizar e difundir estudos relevantes para o progresso dos países menos desenvolvidos; • Prestar apoio e colaboração a outros departamentos ministeriais no desenvolvimento de programas e projetos de cooperação internacional Programa Araucária O Programa Araucária nasceu em 1998 a partir dos compromissos adquiridos por Espana na Conferência da Terra, no Rio de Janeiro em 1992, para colaborar com a Ibero-américa em matéria de desenvolvimento sustentável. garantindo uma melhor formação da população em questões de conservação da biodiversidade, favorecendo o planejamento estratégico por parte dos gestores locais, regionais e estatais, com o uso sustentável dos recursos naturais, não prejudicando o futuro dos ecossistemas. O Programa Araucária é administrado pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional (AECI), através da Direção Geral de Cooperação com Ibero américa. Conta com um Comitê Reitor Interinstitucional constituído por quatro ministérios espanhóis, que assinaram um Convênio Marco de Colaboração: o Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperação, o de Educação e Ciência, o de Economia e Fazenda e o do Meio Ambiente. Também participam cinco Comunidades Autônomas espanholas: Aragon, Astúrias, Galícia e La Rioja. Araucária concede financiamento, subvenções e ajudas a projetos de diversas organizações não governamentais para o desenvolvimento (ONGD), como: administrações locais, universidades, fundações e outros grupos sociais que tenham como meta potencializar o desenvolvimento sustentável da Ibero américa. A convocatória é permanente e os projetos podem ser apresentados em qualquer momento. Alguns pontos de contato para ampliar a informação são: embaixadas e consulados da Espanha, Escritórios Técnicos de Cooperação e Centros de Formação e Culturais, nos países do âmbito das diferentes Convocatórias. Puntos de contacto para ampliar la información: Embajadas y Consulados de España, Oficinas Técnicas de Cooperación y Centros de Formación y Culturales en los países del ámbito de las diferentes Convocatorias. CONTATO E ENDEREÇO DOS ESCRITÓRIOS CENTRAIS: : AGENCIA ESPANHOLA DE COOPERAÇAO INTERNACIONAL Av. Reyes Católicos 4- 28040 Madrid, ESPAÑA Telefones:+34 91 583 81 00/01/02 Fax: +34 91 583 83 10 /11/13 http://www.aeci.es/ Página para solicitar informaçao: http://www.aeci. es/buzon.htm Página de contatos e endereços de: Com este programa se busca dar uma resposta direta e eficaz às necessidades dos setores mais pobres • Escritórios Técnicos da Cooperação Espanhola da sociedade ibero-americana, melhorando suas (OTC) no mundo: http://www.aeci.es/enlaces/ condições de vida, ao mesmo tempo em que se pre- 2aeci/1otc.asp serva o equilíbrio do meio ambiente dos países. Trata-se, pois, de ajudar ao desenvolvimento equilibra- • Centros Culturais da Cooperação Espanhola no do da Ibero américa, apoiando os projetos locais, mundo (CCCE): http://www.aeci.es/enlaces/ 48 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 2aeci/2cc.asp • Centros de Formação da Cooperação Espanhola (CFCE): http://www.aeci.es/enlaces/2aeci/3cf. htm gina: http://www.usaid.gov/locations/missiondirectory. html FINLÂNDIA ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA AGENCIA PARA O DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL DOS ESTADOS UNIDOS U.S. AGENCY FOR INTERNATIONAL DEVELOPMENT (USAID) A Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos é uma agência pública independente que oferece assistência econômica, cooperação para o desenvolvimento e ajuda humanitária no mundo todo. Sua missão está delineada de acordo com as diretrizes da Política Exterior determinada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e, constitui um dos mecanismos para estender o livre mercado e a democracia no mundo, assim como, o desenvolvimento e a melhoria das condições de vida nos países em desenvolvimento. As prioridades da USAID são: • Desenvolvimento econômico, a agricultura e o comércio; • Saúde ; • Democracia, prevenção de conflitos e assistência humanitária. A USAID trabalha de maneira estreita com organizações da sociedade civil, grupos locais, empresas norte americanas, agências internacionais, outros governos e com outras agências norte-americanas de cooperação. DDEPARTAMENTO PARA A COOPERAÇAO INTERNACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO MINISTÉRIO DE ASSUNTOS EXTERIORES DA FINLÂNDIA O Ministério de Assuntos Exteriores da Finlândia através do Departamento para a Cooperação Internacional para o Desenvolvimento é a instância encarregada das relações de cooperação com os países em desenvolvimento em qualquer parte do mundo. Suas atividades consistem em desenhar, financiar, executar e supervisionar, em colaboração com as instâncias públicas locais, setor privado e organizações não governamentais, os projetos de desenvolvimento destinados a combater a pobreza, a promoção dos direitos humanos e a democracia, prevenção de problemas ambientais e a promoção de desenvolvimento sócio-econômico sustentável. A forma de solicitar cooperação da Finlândia e conhecer os procedimentos é através de suas embaixadas e seus Departamentos de Cooperação Internacional. CONTATO E ENDEREÇO DOS ESCRITÓRIOS CENTRAIS: Ministry for Foreign Affairs of Finland Development Policy Information Unit Kanavakatu 4 a 00160 Helsinki P.O.Box 176, FIN-00161 Helsinki, Finlandia. Tel. +358 9 1605 6370, 1605 6349 Fax +358 9 1605 6375 E-mail: [email protected] Página eletrônica: http://global.finland.fi/ CONTATO E ESCRITÓRIOS CENTRAIS: USAID Ronald Reagan Building, 1300 Pennsylvania Avenue, NW Washington, D.C. 20523 TEL: + 292-712-0000 Página eletrônica: http://www.usaid.gov/ Para solicitar assistência do exterior dever-se-á contatar o pessoal da USAID nas embaixadas dos Estados Unidos, em qualquer parte do mundo. Os endereços e contatos para América Latina e Caribe se encontram relacionados na seguinte pá- FRANÇA AGÊNCIA FRANCESA PARA O DEENVOLVIMENTO (AFD) - AGENCE FRANÇAISE DE DÉVELOPPEMENT A Agência Francesa para o Desenvolvimento (AFD por seu nome em francês) é uma instituição financeira que está no centro das instituições da França de ajuda pública, para os países pobres. Sua missão é participar financeiramente para o desenvolvimento de tais países. Graças a sua ampla gama de instrumentos finanO Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 49 ceiros, a AFD apóia os poderes públicos, o setor privado e as redes locais, na execução de projetos econômicos e sociais bastante diversos. Suas ações em favor do crescimento econômico e da preservação do meio ambiente se inscrevem no marco dos objetivos do Milênio das Nações Unidas e, têm como objetivo, reduzir a pobreza no mundo. Da mesma maneira, a AFD contribui para a preservação dos bens públicos mundiais e oferece ajuda em situações de emergência. Também desenvolve parcerias financeiras e intelectuais com outros sócios e está comprometida com a defesa da influência francesa em matéria de desenvolvimento. A AFD tem uma variedade de instrumentos de financiamento de acordo com as necessidades de cada região, país e localidade. Nos países pobres, a AFD intervém através de subvenções. Do mesmo modo, oferece empréstimos com condições muito favoráveis aos Estados, aos organismos públicos, aos coletivos locais e ao setor privado. No que concerne à região latino americana, a AFD trabalha principalmente no Caribe e atualmente mantém projetos de desenvolvimento e combate à pobreza nos seguintes países: Antiga e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Brasil, Haiti, Jamaica, Martinica, Santa Lucia, St Christophe e Neves, St Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago. CONTATO E ESCRITÓRIOS CENTRAIS: AGENCE FRANÇAISE DE DÉVELOPPEMENT 5, rue Roland Barthes 75598 PARIS Cedex 12 FRANCE TEL. 01 53 44 31 31 TEL INT. + 33 1 53 44 31 31 FAX 01 44 87 99 39 FAX INT. + 33 1 44 87 99 39 Correio eletrônico: [email protected] Página eletrônica: http://www.afd.fr HOLANDA DIREÇAO GERAL DE COOPERAÇAO INTERNACIONAL (DGIS) DA HOLANDA MINISTÉRIO DE ASSUNTOS EXTERIORES DA HOLANDA O Ministério de Assuntos Exteriores da Holanda, através de sua Direção Geral e Cooperação Internacional (DGIS), é a instância que se encarrega da cooperação internacional para o desenvolvimento, tanto multilateral, como bilateral e descentralizada. A cooperação para o desenvolvimento da Holanda é executada a partir de uma ampla gama de mecanismos institucionais que vão desde a coope50 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA ração descentralizada com governos locais, a desenvolvimento de parcerias com organizações não governamentais e setor privado, até atividades de desenvolvimento do Banco Mundial. A forma de solicitar cooperação da Holanda e conhecer seus procedimentos é através de suas embaixadas e Departamentos de Cooperarão Internacional. CONTATO E ENDEREÇO DOS ESCRITÇORIOS CENTRAIS: Bezuidenhoutseweg 67, The Hague Postal Address: PO Box 20061, 2500 EB La Haya, Holanda. Tel: +31 70 3486486 Fax: + 31 70 3484848 Página eletrônica: http://www.minbuza.nl/ IRLANDA IRISH AID - DEPARTAMENTO DE RELAÇOES EXTERIORES Irish Aid é o programa oficial do Governo da Irlanda destinado a canalizar a assistência oficial desde país, para os países em desenvolvimento. O programa é administrado pelo Departamento de Relações Exteriores e suas prioridades básicas são: a redução da pobreza, da desigualdade e da exclusão nos países pobres. Irish Aid colabora estreitamente com os governos locais e nacionais, organizações civis e com outras agências de cooperação, entre outros agentes, a fim de atingir os objetivos de cooperação internacional estabelecidos nas Metas do Milênio das Nações Unidas. Desta maneira, a cooperação e a responsabilidade entre a Irlanda e os países sócios são executadas a partir de uma aproximação aos problemas e circunstâncias locais, de maneira que o desenho, a execução e a avaliação dos projetos, programas e estratégias se definem e se avaliam em função das particularidades nacionais e locais. CONTATO E ESCRITÓRIOS CENTRAIS: Irish Aid Department of Foreign Affairs Bishops Square Redmond Hill Dublin 2 TEL: + 353 1 408 2000 Fax: + 353 1 408 2880 Página eletrônica: www.dci.gov.ie/index.asp Página para enviar mensagem: www.dci.gov.ie/ about_email.asp Contato local: nas respectivas Embaixadas da Irlanda. ISLÂNDIA AGÊNCIA INTERNACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA ISLÂNDIA ICELANDIC INTERNATIONAL DEVELOPMENT AGENCY (ICEIDA) A Agência Internacional para o Desenvolvimento da Islândia (ICEIDA) é uma pequena instância administrada pelo Ministério de Relações Exteriores que se encarrega de oferecer a Assistência Pública da Islândia aos países em desenvolvimento. Trabalha baseada em acordos bilaterais com os países em desenvolvimento e, sua missão é corroborar com a redução dos índices de pobreza, de desigualdade social e subdesenvolvimento econômico no mundo. ICEIDA trabalha com outras agências de cooperação, governos e organismos internacionais. Atualmente têm em execução, acordos de cooperação no setor pesqueiro com Malawi, Moçambique, Namíbia, Uganda e Siri Lanka. Seus projetos são desenhados tendo como referencia as particularidades dos países, mas especificamente, do setor e grupo ao qual se destinará a assistência. Considerando que ICEIDA é uma agência relativamente pequena, os projetos nos quais intervém são adequados aos recursos do Governo da Islândia. Não obstante, os procedimentos para solicitar estão abertos a todos os países em desenvolvimento, através de suas respectivas missões diplomáticas. Quando a ICEIDA não conta com os recursos técnicos e financeiros para executar um programa, outras agências de cooperação com as quais ela trabalha se encarregam de fazê-lo. CONTATO E ENDEREÇO DOS ESCRITÓRIOS CENTRAIS: ICEIDA Thverholt 14, 2n floor, 105 Reykjavík, Iceland. TEL: + 354 545 8980 Fax: + 354 545 8985 Correio eletrônico: [email protected] Página eletrônica: http://www.iceida.is/english/ about-iceida ITALIA Finalidades, objetivos e organização da cooperação para o desenvolvimento na Itália. a uma reorganizaçao total da Lei no. 49 de 1987 que identificam a cooperação para o desenvolvimento como parte integrante da política exterior. Este ordenamento ainda está vigente. A direção Geral para a Cooperação ao Desenvolvimento do Ministério de Assuntos Exteriores (DGCS) é o órgão competente para aplicar esta política, junto com a Lei no. 49/87. a DGCS opera através de 13 escritórios e a ela corresponde a Unidade técnica Central (UTC) e 20 unidades técnicas centrais distribuídas nos países prioritários para a cooperação italiana. A Direção Geral de Cooperação para o Desenvolvimento programa, elabora e aplica as diretrizes da política de cooperação e das políticas setoriais entre as quais está a de saneamento, ambiente e desenvolvimento da empresa local. Promove iniciativas e projetos nos países em vias de desenvolvimento (PVD), intervenções de emergência e entrega de ajuda alimentar. Gestionar a cooperação financeira, mantém a empresa privada e a balança de pagamentos dos PVD. A Direção Geral se encarrega também das relações internacionais que operam no setor e com a União Européia, com quem colabora já seja financeira ou operativamente para a realização de programas específicos. Da mesma maneira, se encarrega também das relações não governamentais e com o voluntariado. Promove e realiza a cooperação universitária também através da formação e da entrega de bolsas de estudo a cidadãos provenientes dos PVD. No contexto da Direção Geral ademais operam três coordenadoras em matéria de meio ambiente, cooperação descentralizada e multilateral/de emergência. Os objetivos gerais da cooperação italiana para o desenvolvimento são fixados no quadro bilateral, multilateral (Nações Unidas, Banca Mundial, OCSE) e comunitário. A Declaração do Milênio, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em setembro de 2000, é um ponto de referência fundamental. Itália coopera com os outros sócios europeus para orientar a ação da Comissão no tema do desenvolvimento. Prioridades da Cooperação Italiana De maneira coerente com os princípios já enunciaNa experiência histórica italiana, a cooperação dos, a cooperação italiana segue um método diripara o desenvolvimento nasce a partir de uma série gido a: de intervenções de assistência técnica e econômica realizadas esporadicamente a partir dos anos • Convalidação dos princípios do “bom cinqüenta e sessenta em alguns países de recente governo” (respeito aos direitos humanos, estado de independência ligados a Itália por vínculos colo- direito e transparência administrativa); niais anteriores e, como no casa de Somália, de um mandato da Onu e administração fiduciária. • Coerência entre as diversas políticas relacionadas com o desenvolvimento:regras comerciais Durante os anos 80, o crescimento qualitativo e e plena abertura dos mercados em benefício do quantitativo das iniciativas de ajuda para o desen- PVD (segundo a iniciativa adotada pela UE e pevolvimento nas diferentes áreas geográficas levou los PMA “Everything but Arms”), dívida sustentável, O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 51 fluxos públicos de ajuda, promoçao do investimento estrangeiro direto; • Coordenação entre os doadores nacionais e multilaterais para evitar decisões contraditórias na concessão dos recursos; • Complementaridade entre as atividades de apoio sanitário, de educação e de formação de recursos humanos, de assistência alimentar, de desenvolvimento rural, da Pequena e Média Empresa (PYME) e a infra-estrutura, da tutela do patrimônio cultural; • Colaboração entre as instituições, países e, em particular, com as organizações não governamentais (cooperação horizontal), com as instituições locais (cooperação descentralizada), com as empresas (multinacionais, mas sobre tudo as PYMES), com as instituições universitárias (cooperação interuniversitária) para transferir know-how nos PVD e para levar ao terreno recursos humanos preciosos, com relação à formação e para o “bom governo”. Canais de concessão de financiamentos Los dois principais sujeitos que concedem ajuda para o desenvolvimento italiano são o Ministério de Assuntos Exteriores (MAE) e o Ministério de Economia e Finanças (MEF), com aproximadamente um terço cada um. No que se refere à relação dos fundos diretamente administrados pelo MAE, nos últimos três anos, mais ou menos 60% foi aportado por um canal bilateral e 40% por um canal multilateral. Com base na prioridade cada vez mias definida pelo Ministério de Assuntos Exteriores, a ajuda italiana se reparte geograficamente da seguinte maneira: • África Sub-saariana: 40% • Oriente Médio e norte da África: 25% • Europa Balcânica: 12% • América Latina: 15% • Asia: 8% Al redor de 40% da ajuda italiana é repartida entre os 49 países classificados como menos avançados (Least Developed Countries) da Nações Unidas. Com relação ao tipo de renda, 60% se dirige aos países com renda baixa (renda per capita inferior a $745 por ano); 30% daqueles com renda médiobaixa (com renda per capita compreendida entre $746 e $2975 por ano); 10 % daqueles com renda médio-alta (com renda per capita compreendida entre $2976 e $ 9205 por ano). Parcerias Internacionais A parceria com os PVD é o princípio guia da Cooperação Italiana, segundo o modelo oferecido 52 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA pelo acordo de Cotonou UE/ACP (África, Caribe, Pacífico) assinado em junho de 2000, respeitando inteiramente os princípios de coerência das políticas e da coordenação dos doadores. Itália se ajusta aos seguintes princípios guia: a) o esforço da apropriação (“owership”) da ajuda de partes dos PVD; b) a promoçao da participação das instituições não estatais (ONG, sociedade civil); c) a coordenação e a complementaridade das atividades da Comissão e dos Estados membros; d) a melhoria da coerência das políticas (de desenvolvimento, agrícola, comercial, de imigração); e) melhoria da qualidade das ajudas (descentralização, concentração, por parte dos doadores, de suas ajudas em um limitado número de setores por país, a simplificação dos procedimentos, a utilização de indicadores que possibilitem avaliar melhor os resultados). A ajuda italiana para combater a Pobreza na América Latina O governo italiano fixou desde sua constituição o objetivo de seguir, em relação á América Latina, uma política caracterizada por “fatos concretos”. Esta política resulta da vontade de responder às exigências de países tradicionalmente ligados à Itália e que merecem hoje mais do que nunca, ser mantidos apesar de perdurar uma conjuntura internacional e regional desfavorável. Desta maneira foi posta em execução uma política modulada sobre as diferentes situações apresentadas por cada um dos países da área caracterizada pelo denominador comum da luta contra a pobreza. Em menos de dois anos foi cancelada a dívida bilateral que se tinha com Bolívia e que estava ao redor de 69 milhões de dólares. Converteu-se em programas sociais parte da “dívida concessional” que se tinha com Peru (129 milhões de dólares) e de Equador (25 milhões de dólares). São interesses que prevêem a conversão da dívida em fundos para financiar projetos de desenvolvimento social e de proteção ambiental com um forte compromisso da sociedade civil na seleção e monitoramento dos projetos. Ademais, se prosseguiu com os programas de Cooperação ao Desenvolvimento com os países andinos. A disponibilidade italiana foi oferecida para programas em favor da pequena e média empresa na Colômbia. Além disso, a Itália abriu, depois da crise na Argentina, uma linha de crédito de ajuda, por um valor de 100 milhões de euros, em favor das PMI (empresas pequenas e medias) e para o setor sanitário. Outros financiamentos foram sido concedidos também através do canal bilateral: ILO, UNIDO e pelo BID. A luta contra a pobreza na América Central se concretiza através do APPI (Antipoverty Partnership Inititive). Trata-se de um fundo global instituído no ano 2000 de parte do PNUD com o objetivo de promover e realizar estratégias que, em estreita relação com os processos de desenvolvimento local e com as políticas nacionais, tratam de reduzir a pobreza nos países da América Central. Em particular, aos beneficiários do programa se outorga apoio técnico e financeiro em três níveis: territorial, nacional e internacional. Recentemente a Itália tem intensificado suas relações com a França e com a Espanha para identificar sinergias e colaborações nas atividades de cooperação com a América Latina. Os próximos compromissos incluem a preparação com a França e com a Espanha do encontro sobre as relações de cooperação entre a União Européia e a América Latina que se realizará em fevereiro de 2007 em Paris e a participação na Cúpula Ibero Americana que se realizará no Uruguai em 2007. Endereço: DGCS Ministero degli Affari Esteri Piazzale della Farnesina, 1 - 00194 Roma Tel: +390636911 consegue conhecer as necessidades reais da população e contribui com o planejamento, a execução, o financiamento, a supervisão ou modificações, juntamente com as organizações ou autoridades locais, projetos de desenvolvimento. CONTATO E ENDEREÇO DOS ESCRITÓRIOS CENTRAIS: JAPAN INTERNATIONAL COOPERATION AGENCY 6th–13th floors, Shinjuku Maynds Tower 2-1-1 Yoyogi, Shibuya-ku, Tokyo 151-8558 Japan TEL: +81-3-5352-5311/5312/5313/5314 Correio eletrônico: [email protected] Lista disponível de todos os contactos e endereços de JICA na América Latina e no Caribe: http:// www.jica.go.jp/english/contact/america.html NORUEGA AGÊNCIA NORUEGUESA DE COOPERAÇAO PARA O DESENVOLVIMENT NORWEGIAN AGENCY FOR DEVELOPMENT COOPERATION (NORAD) Página web - http://www.esteri.it JAPÃO AGÊNCIA DE COOPERAÇAO INTERNACIONAL DO JAPAO JAPAN INTERNATIONAL COOPERATION AGENCY (JICA) A Agência de Cooperação Internacional do Japão se dedica a oferecer assistência técnica e financeira, direcionada ao desenvolvimento sócio-econômico sustentável. Suas atividades centram-se principalmente na construção de capacidades institucionais, no fortalecimento da organização e no desenvolvimento de recursos humanos. O trabalho da JICA é amplo e se reflete nas preocupações internacionais e nas necessidades mutáveis dos países em desenvolvimento. Além de destinar assistência aos setores tradicionais como agricultura e infra-estrutura social, JICA tem se dedicado a: combater as doenças como o vírus HIV, a AIDS e SARS; apoiar aos países cuja economia está transitando ao livre mercado; fortalecer seus sistemas legais; contribuir com a construção da paz e ajudar na reconstrução de países como Afeganistão e Timor Oriental. A JICA desenha seus projetos e programas de intervenção com base nas particularidades do país ou da região. Para isto, colabora diretamente com os países e os governos locais através de uma ampla rede de oficinas no mundo todo. Com este sistema A Agência Norueguesa de Cooperação Internacional (NORAD) é o organismo público, subordinado ao Ministério de Relações Exteriores, encarregado de administrar a ajuda oficial da Noruega, aos países em desenvolvimento. A cooperação para o desenvolvimento que oferece NORAD, consta de planejamento, execução, financiamento e avaliação junto com os sócios receptores, de programas e projetos destinados a combater a pobreza, a exclusão social, a desigualdade social, a iniqüidade de gênero, a insalubridade, a corrupção, a degradação ambiental e o subdesenvolvimento econômico. NORAD tem como sócios os governos nacionais e locais, as ONGs, os sindicatos, empresas privadas, instituições culturais e educativas, outras agências de cooperação, organismos internacionais, entre outros. Assim como outras agências européias de cooperação, a solicitação de assistência se realiza através das respectivas embaixadas da Noruega.. CONTATO E ESCRITÓRIOS CENTRAIS: NORWEGIAN AGENCY FOR DEVELOPMENT COOPERATION Ruselokkveien 26 Postboks 8034 Dep 0030 Oslo, Noruega. TEL: + 22 24 20 30 Fax: + 22 24 20 31 Correio eletrônico: [email protected] Endereço para contatar missões diplomáticas da Noruega na América Latina e no Caribe: http:// www.norway.info/america.htm O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 53 Página eletrônica de NORAD em inglês: www.norad.no/default.asp?V_ITEM_ID=1139&V_LANG_ ID=0 NOVA ZELÂNDIA NZAID NZAID é uma agência do governo da Nova Zelândia encarregada de executar a política de cooperação internacional para o desenvolvimento e de administrar a Ajuda Oficial para o Desenvolvimento desse país. Desde sua criação, no ano de 2002, a eliminação da pobreza no mundo tem sido uma de suas missões que são realizadas através de associações e parcerias na região da Ásia, da América Latina e África, com os quais executa, financia e supervisiona os projetos e programas para o desenvolvimento. ponsável por projetos direcionados a redução da pobreza nos países em desenvolvimento. A maior parte da assistência do DFID se concentra nos países mais pobres do mundo ou em países em desenvolvimento e, se canaliza através de iniciativas internacionais multilaterais, com o Banco Mundial, ou através de programas e projetos bilaterais e regionais. No caso da América Latina e do Caribe, a atenção do DFID se centra nos seguintes objetivos: • Erradicar a pobreza • Alcançar as metas de educação universal • Promover a igualdade de gênero • Reduzir a mortalidade infantil • Melhorar a saúde materna NZAID prioriza a organização de associações • Combater o vírus HIV/CIDA, a malária e outras com agências locais, ONGs e governos locais e doenças municipalidades, além de concentrar sua assistência em longo prazo, para o desenvolvimento de • Assegurar o desenvolvimento ambiental sustenatividades que contribuam com a eliminação da tável pobreza; com o desenvolvimento sócio-econômico sustentável; com o desenvolvimento das capacida- • Promover o desenvolvimento econômico des institucionais dos poderes públicos; com o fortalecimento dos processos democráticos e os direitos A DFID tem seus escritórios centrais em Londres, mas humanos, assim como, com a criação de socieda- conta com sedes, em muitos países em desenvolvides articuladas e inclusivas. mento, assim como, pessoal de assessoramento nas Embaixadas do Reino Unido. CONTATO E ENDEREÇO DOS ESCRITÓRIOS CENTRAIS: Página eletrônica de DfID: http://www.dfid.gov. NZAID uk/ 195 Lambton Quay Para compactar por correio eletrônico: Private Bag 18-901 [email protected] o [email protected]. Wellington, New Zealand uk Tel: 64 4 439 8200 Fax: 64 4 439 8515 SUÉCIA Para maior informação entre em contato aterdes deste correio eletrônico: [email protected] AGÊNCIA SUECA DE COOPERAÇAO AO DESPágina eletrônica: http://www.nzaid.govt.nz/ ENVOLVIMENTO (ASDI) - SWEDISH INTERNAOu bem, nas Embaixadas da Nova Zelândia. TIONAL DEVELOPMENT AGENCY (SIDA) REINO UNIDO DA GRA BRETANHA E IRLANDA DO NORTE DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL DO REINO UNIDO (DfID) - DEPARTMENT FOR INTERNATIONAL DEVELOPMENT MINISTÉRIO DE ASSUNTOS EXTERIORES DO REUNIO UNIDO O departamento de Desenvolvimento Internacional (Department for International Development, DFID) antes ODA, é a unidade do governo britânico res54 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA A Agência Sueca de Cooperação para o Desenvolvimento é uma agência governamental a cargo do Ministério de Assuntos Exteriores. Sua meta é contribuir para a melhoria das condições de vida da população mundial que vive em condições de pobreza e subdesenvolvimento. A ASDI está presente em 50 países do mundo e suas oficinas se localizam nas sedes das Embaixadas da Suécia. Na América Latina e no Caribe, a ASDI está presente na Guatemala, em Honduras, na Nicarágua, em Cuba, na Bolívia e na Colômbia. Em matéria de cooperação internacional descen- tralizada, a ASDI apóia aos organismos públicos nacionais ou sub-nacionais dos países em desenvolvimento, com projetos de cooperação que podem durar até dez anos, para atingir seus objetivos, ou estender-se por mais tempo. A ASDI contribui para o combate da pobreza, apoiando milhares de projetos diversos no mundo todo, desde apoio a salvamento em situações de emergência, até programas de desenvolvimento a longo prazo. Federal de Assuntos Exteriores (DFAE). Junto com outras oficinas da Confederação, a COSUDE é responsável pela coordenação geral da cooperação para o desenvolvimento e da cooperação, com os países do Oeste, assim como dos programas de ajuda humanitária, suíços. Para realização dos seus trabalhos, a COSUDE conta com 550 colaboradores que trabalham tanto na Suíça, como no exterior e, dispõe de um orçamento anual de 1,3 milhões de francos suíços (2005). Além de ter seus próprios projetos, a COSUDE apóia programas de outros organismos multilaterais e co-financia programas de cooperação de agências, tanto suíças, como estrangeiras, nos seguintes campos: • Cooperação bilateral e multilateral ao desenvolvimento; • Ajuda humanitária, incluído o Corpo Suíço de Ajuda Humanitária (CSA); A ASDI tem um departamento especial para a América Latina na sua sede de Estocolmo, o qual é responsável pelas atividades de cooperação da região. O departamento formula os objetivos e estratégias para a região, assim como, os planos de ação e as políticas de cooperação para o desenvolvimento da América Central e da América do Sul. Também é responsável pelo planejamento, execução e avaliação dos programas e projetos a partir das estratégias nacionais e regionais. Tais projetos focalizam essencialmente, temas como, governabilidade e democracia, direitos humanos, igualdade de gênero, desenvolvimento sócio-econômico sustentável e pre- • Cooperação com a Europa do Leste. venção de conflitos. A cooperação para o desenvolvimento tem por A cooperação para o desenvolvimento da América objetivo a luta contra a pobreza, impulsionando a Latina e do Caribe está dividida em duas partes: auto-ajuda nos países contrapartes. Tal cooperação uma para a América Central e o Caribe, e outra promove principalmente a autonomia econômica para a América do Sul, que inclui também estra- e estatal; contribui com a melhoria das condições tégias específicas para Colômbia e Bolívia. Os de produção; ajuda na solução de problemas ecosócios, que mais recebem assistência da ASDI na lógicos e aos grupos da população excluídos de região, são: Guatemala, Honduras, Nicarágua, El acesso à informação, aos serviços de saúde básica Salvador, Bolívia e Colômbia. Atualmente a ASDI e à cultura. mantém projetos de cooperação com os seguintes países da região: México, Costa Rica, El Salvador, A cooperação bilateral direcionada ao desenvolviGuatemala, Honduras, Nicarágua, Cuba, Repúbli- mento se concentra em 17 países prioritários e conca Dominicana, Haiti, Jamaica, Argentina, Bolívia, ta com oito programas especiais na África, na Ásia Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, e na América Latina. Cerca de 750 projetos estão Peru, Uruguai e Venezuela. em execução. CONTATO E ENDEREÇO DOS ESCRITÓRIOS CENTRAIS: SWEDISH INTERNATIONAL DEVELOPMENT AGENCY Sveavägen 20, 105 25 Stockholm TEL: + 46 8 698 50 00 FAX: +46 8 20 88 64 E-MAIL: [email protected] Departamento para América Latina y el Caribe: Responsável: Göran Holmqvist E-mail: [email protected] Phone: +46 8 6985000 SUIÇA AGENCIA SUIÇA PARA EL DESENVOLVIMENTO E COOPERAÇAO -COSUDE A Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação (CONSUDE) é a entidade encarregada da cooperação internacional dentro do Departamento No plano multilateral, a COSUDE colabora principalmente com os organismos do sistema das Nações Unidas, com o Banco Mundial e com os bancos regionais de desenvolvimento. As novas formas de cooperação internacional (por exemplo, a participação em programas setoriais ou, a coordenação de programas locais, regionais, setoriais ou nacionais) requerem o fortalecimento das comunidades locais a partir de uma nova percepção de seu próprio papel. Uma das tarefas mais importantes dos escritórios de coordenação é promover a articulação horizontal (atores com papéis similares em distintas áreas geográficas) e vertical (atores do mesmo setor em distintos níveis). COSUDE - Sede central Freiburgstrasse 130, 3003 Berna ++41 31 322 34 75 ++41 31 322 34 75 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 55 [email protected] http://www.cosude.admin.ch/ COSUDE Ayuda humanitaria y CSA Sägestrasse 77 Köniz, 3003 Berna ++41 31 322 34 75 ++41 31 322 34 75 [email protected] Países de prioridade da COSUDE na América Latina e no Caribe: • Nicarágua: Semanário de análise jornalístico na Nicaragua Confidencial: www.confidencial.com.ni • Honduras: Centro de Documentação e Análise da Imprensa em Honduras: www.cedoh.hn2.com • Bolívia: Centro de Documentação e Informação Bolívia: www.cedib.org • Peru: Centro de Estudo e Promoção do Desenvolvimento (DESCO): www.desco.org.pe • Equador: Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais: www.flacso.org.ec • Sistema Integrado de Indicadores Sociais do Equador: www.siise.gov.ec Os lugares dos programas por país/região da COSUDE: • Divisão América Latina: www.deza.admin.ch (países) • Bolívia: www.cosude.org.bo • América Central: www.cosude.org.ni • Peru: www.cosude.org.pe • Equador: www.cosude.org.ec 56 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DESCENTRALIZADA ENTRE AMÉRICA LATINA E EUROPA 3 O MANUAL DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E POLÍTICAS LOCAIS DO COMBATE CONTRA DA POBREZA O enfoque do marco lógico CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO O Enfoque do Marco Lógico (EML) foi desenvolvido no final dos anos 60 na Agência Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos para melhorar seu sistema de planejamento e programação de projetos. Desde então, o EML foi progressivamente adotado como uma ferramenta de planejamento e gestão de projetos, pela maioria das agências bilaterais e multilaterais de ajuda ao desenvolvimento. A União Européia instaurou, desde 1993, o uso do EML como parte de seu sistema de Gestão de Ciclo de Projetos. O conhecimento dos princípios do EML é considerado essencial para todos aqueles que estão envolvidos na administração dos projetos de ajuda ao desenvolvimento, da União Européia. O EML utiliza uma série de conceitos úteis para o desenvolvimento e análise estruturada e sistemática de um projeto, ou idéia de projeto. O usual é distinguir entre EML[1] e a Matriz de Marco Lógico (MML)[2]. A MML inclui a identificação de requerimentos (ou insumos) e custos (orçamento) do projeto. 3.1. O CICLO DO PROJETO E O EML. O EML é uma caixa de ferramentas a ser utilizada ao longo do ciclo do projeto. • Na fase de identificação, o EML ajuda na análise da situação e da relevância da proposta de projeto, ao mesmo tempo em que auxilia a identificar objetivos e estratégias possíveis; • Na fase de formulação o EML é utilizado como um suporte para a preparação de um plano de projeto, com objetivos claros e resultados, com uma estratégia de administração de riscos e níveis de gestão e de responsabilidade, bem definidos; • Na fase de implementação trata dos instrumentos fundamentais de gestão no apoio das tarefas de contratação, planejamento do trabalho operativo e implementação dos sistemas de monitoramento e acompanhamento; • Na fase da avaliação, a EML proporciona um sumário do planejado (objetivos, indicadores e suposições fundamentais) de grande utilidade para a análise de desempenho do projeto e seu impacto; 3.2 ALGUNS ASSUNTOS PRÁTICOS NA APLICAÇAO DO EML. Este enfoque de trabalho não prevê soluções simples, mas quando é aplicado de maneira inteligente, se torna um instrumento realmente efetivo de análise e gestão. De nenhuma maneira pode ser considerado como um substituto da experiência profissional e do bom senso. Sua utilização deve ser complementada com outras ferramentas, tais como a capacidade institucional instalada, a análise econômica e financeira, manifestações de impacto ambiental, entre outras. Que é um processo analítico no qual se identificam problemas, fixam-se objetivos e selecionam-se estratégias A MML exige um aprofundamento da análise dos objetivos, da identificação dos meios para alcançá-los e os riscos potenciais do projeto. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 59 Aplicar o EML no marco de um processo participativo é muito relevante, particularmente no contexto dos projetos de desenvolvimento, nos quais a apropriação da idéia do projeto por parte de todos os agentes envolvidos é aspecto decisivo para a implementação bem sucedida do projeto e da sustentabilidade de seus benefícios. Figura 3.1 Estrutura típica da Matriz do Marco Lógico. Descrição do Projeto Objetivo geral Contribuição do projeto às políticas ou aos objetivos do programa Propósito Benefícios diretos para o (os) grupo (s) Resultados Produtos tangíveis ou serviços proporcionados pelo projeto Atividades Tarefas que devem ser empreendidas para gerar os resultados desejados Indicadores Fontes de verificação Suposições Como é medido o Objetivo Geral em quantidade, qualidade e tempo. Como, onde e por quem será obtida a informação. Como é medido o propósito em quantidade, qualidade e tempo. Como, onde e por quem será obtida a informação. Se o propósito é alcançado, que suposições devem ser consideradas para obter o objetivo geral? Como são medidos os resultados em quantidade, qualidade e tempo. Como, onde e por quem será obtida a informação. Se o propósito é alcançado, que suposições devem ser consideradas para obter o propósito? Se o propósito é alcançado, que suposições devem ser consideradas para obter os resultados? Um trabalho efetivo em equipe também é crucial. Algumas das dificuldades potenciais que se associam com o uso do EML se resumem na figura 3.2. Para evitar os problemas mais comuns a respeito, é oportuno examinar as seguintes recomendações: • Assegurar que os envolvidos tenham um conhecimento comum dos princípios analíticos fundamentais e da terminologia utilizada; • Enfatizar a importância do processo associado ao EML, assim como os produtos da MML; • Assegurar que o EML seja utilizado como um instrumento para promover a relação dos participantes, o diálogo e o consenso sobre o alcance do projeto, e não como um instrumento para impor conceitos e prioridades “externos”; • Impedir que a matriz seja utilizada como um mecanismo por meio do qual se exerça um controle externo sobre o projeto; • Afinar e revisar a matriz na medida em que surjam novas informações. É de suma importância reconhecer que, enquanto os conceitos básicos do EML são relativamente simples, a qualidade do produto depende diretamente da capacidade e experiência de quem está comprometido com sua aplicação. informazioni. 60 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO Figura 3.2 Pontos fortes e problemas comuns na aplicação do Marco Lógico. Elemento Propriedades • Requer una análise sistemática dos problemas, incluindo as relações de causas e efeito. Análise de problemas e definição de objetivos Problemas e dificuldades comuns • Alcançar consensos em torno dos problemas prioritários • Cria vínculo lógico entre meios e fins • Alcançar consensos sobre os objetivos do projeto • Localiza o projeto em um contexto amplo de desenvolvimento (objetivo • Reduzir os objetivos a uma simples geral e propósito) cadeia linear • Estimula a análise de riscos, a • Um nível inadequado de detalhes gestão e prestação de contas em prol (em excesso ou pequeno) dos resultados. • Requer uma análise de como medir a realização dos objetivos, tanto em qualidade como em quantidade. Indicadores e fontes de verificação • Ajuda a esclarecer e especificar os objetivos • Ajuda a estabelecer um marco de seguimento e avaliação • Vincular a análise dos problemas com a identificação de objetivos Formato e solicitação • Enfatizar a importância da análise dos participantes, para determinar ‘quais são os problemas’ e ‘quem são os beneficiários’ • Apresentação visual, acessível e relativamente fácil de entender. • Identificar indicadores práticos e mensuráveis dos objetivos de mais alto nível, para projetos com objetivos de “processo” e de “construção institucional” • Estabelecer metas não realistas nas primeiras fases do processo • Tomar os ‘relatórios do projeto’ como a principal ‘fonte de verificação’ e não detalhar de onde provém a informação requerida, quem deve obtê-la e com que freqüência. • Preparação mecânica, burocrática de uma ação, não vinculado à análise do problema, à fixação de objetivos ou à seleção de uma estratégia. • Utilizá-lo como um meio de controle de “cima para baixo” aplicado rigidamente • Preconceito dos membros da equipe que não estão familiarizados com os conceitos fundamentais O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 61 3.3 . DOIS PASSOS FUNDAMENTAIS. Este método de trabalho se compõe de dois grandes passos: a análise e o planejamento. Ambos devem empreender-se progressivamente durante as fases de identificação e formulação do ciclo de projeto. Na fase de análise, podem-se destacar quatro elementos principais: • Análise dos participantes, incluindo a estimativa preliminar da capacidade institucional, a análise de gênero e as necessidades de outros grupos vulneráveis como o das pessoas com necessidades especiais (perfil dos principais atores); • Análise do problema (perfil dos principias problemas incluindo as relações de causa e efeito); • Análise dos objetivos (imagem de uma melhor situação no futuro); • Análise de estratégias (comparação das diferentes opções para enfrentar certa situação). A análise deve ser realizada como um processo de aprendizagem interativo, mais do que como um simples conjunto de “medidas” lineares. Por exemplo, enquanto a análise dos participantes deve ser feita no início do processo, é necessário revisá-la e refiná-la conforme vão surgindo novas interrogações e novas informações a respeito do projeto. Durante a fase de planejamento, os resultados da análise se traduzem em um plano prático e operacional pronto para ser implementado. Nesta etapa: • Prepara-se o modelo do marco lógico, que vai requerer uma análise posterior um refinamento das idéias propostas; • Definem-se e programam-se as atividades e os requerimentos de recursos; • Prepara-se o orçamento. Uma vez mais, trata-se de um processo interativo, já que pode ser necessário repassar e revisar o alcance das atividades do projeto e dos resultados esperados, uma vez que os recursos e o orçamento vão sendo definidos. Na figura 3.3 são resumidas as duas principais fases do EML. Figura 3.3 Fases do enfoque do marco lógico FASE DE ANÁLISE fase de planejamento Análise de participantes Identificação e caracterização dos principais participantes potenciais e identificação de suas capacidades Desenvolver a Matriz do Marco Lógico Definir a estrutura do projeto, provar sua lógica interna e seus riscos; formular indicadores de sucesso que possam ser medidos; Análise de problemas Identificação dos problemas, restrições e oportunidades fundamentais, de suas causas e relações determinantes Análise de objetivos Desenvolvimento de soluções dos problemas identificado e identificação de meios e relações Análise de estratégias Identificação de diferentes estratégias para obter soluções e selecionar a estratégia mais apropriada 62 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO Programação da atividade Determinar a seqüência e a dependência das atividades, estimando sua duração e delegando responsabilidades Programação de recursos De acordo com a programação de atividades, programar necessidades de insumos e orçamentos 3.4 A FASE DE ANÁLISE 3.4.1 Análise preparatória Antes de começar um trabalho analítico detalhado com os grupos participantes (trabalho de campo), é importante que os envolvidos na identificação e formulação do projeto conheçam o contexto político, setorial e institucional no qual vão realizar seu trabalho. Dentre os documentos fundamentais a serem consultados deve-se incluir os estudos de estratégia dos países do Conselho Europeu e os documentos relevantes de política de desenvolvimento de governo associado. Também os do receptor da assistência ou cooperação, bem como sua estratégia para a redução da pobreza e os documentos aplicados a este assunto. O alcance e a profundidade do estudo preliminar dependerão, primeiramente, da quantidade e qualidade da informação a que se tem acesso. Em termos gerais, este trabalho consiste em ter acesso à informação existente e então trabalhar para assegurar que o desenvolvimento da idéia do projeto considere os aspectos político, institucional e operativo. 3.4.2 Análise dos participantes (agentes envolvidos) a. Propósito e passos fundamentais Qualquer indivíduo, grupo de pessoas, instituição ou empresa que tenha um interesse significativo no sucesso de um projeto ou, inclusive, em sua realização (seja na implementação, por se beneficiarem dele ou que se oponham a ele) define-se como “participante”. Uma premissa básica da análise dos participantes é que diferentes grupos têm diferentes inquietudes, capacidades e interesses e que estes devem ser explicitamente compreendidos e reconhecidos no processo em que se estabelecem os objetivos do projeto e se define a estratégia de operação. As principais perguntas que se fazem aos participantes são: “Estamos analisando os problemas ou as oportunidades de quem? E “Quem se beneficiará ou sairá prejudicado e de que forma com a intervenção proposta por esse projeto”?” O propósito final é maximizar os benefícios sociais, econômicos e institucionais do projeto para os grupos e beneficiários finais e minimizar seus potenciais impactos negativos (incluindo os conflitos entre as diferentes partes). Os principais passos envolvidos na análise de participantes são: 1. Identificar o problema geral de desenvolvimento ou a oportunidade a qual se deve dirigir; 2. Identificar os diferentes grupos que têm um interesse significativo no projeto que se propõe; 3. Investigar seus respectivos papéis, diferentes interesses, poder relativo e capacidade de participação (propriedades e debilidades); 4. Identificar o grau de cooperação ou conflito na relação entre os participantes; 5. Interpretar os resultados da análise e incorporar as informações relevantes para a elaboração do desenho do programa e desta maneira assegurar que: (I) os recursos têm sido focalizados apropriadamente para alcançar os objetivos de distribuição, equidade e as necessidades dos grupos prioritários; (II) os arranjos da gestão e da coordenação sejam apropriados para promover o empoderamento e as ações dos participantes; (III) os conflitos de interesses dos participantes sejam reconhecidos e explicitamente levados em conta para O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 63 o desenho do projeto. No contexto dos projetos de desenvolvimento, um propósito fundamental de análise dos participantes é entender e considerar as inquietudes referidas à distribuição e equidade, particularmente levando em conta de forma efetiva às necessidades dos grupos vulneráveis (como os pobres, mulheres, crianças e portadores de necessidades especiais). A análise de gênero é então um elemento central de análise, cujo objetivo é ajudar a promover o acesso eqüitativo aos benefícios do projeto. dados. Neste caso, o uso efetivo de métodos de planejamento participativo e de ferramentas de facilitação de grupo, contribui para assegurar que os pontos de vista e as perspectivas dos diferentes grupos participantes sejam adequadamente representados e compreendidos. Os exemplos mostrados abaixo, desenvolvidos através das etapas subseqüentes do EML nesta seção de pautas, estão baseados em um assunto referente à contaminação da água de rio e seu impacto na saúde e na renda. B. Nota sobre a terminologia 1. Matriz da análise de participantes – Que tanto é afetado pelo problema geral ou pela oportuniExiste uma grande variedade de termos fundamen- dade? tais utilizados para diferenciar os diferentes tipos de participantes. Um sumário da terminologia usada O tipo de informação copilada, analisada e apreno contexto da Comissão Européia se encontra sentada nas colunas de uma matriz como esta, abaixo: pode ser adaptada para cobrir as necessidades em diferentes circunstâncias. Por exemplo, podemse agregar colunas adicionais para trabalhar os 1. Participantes: Indivíduos ou instituições que podem diferentes interesses de homens e mulheres. Da mes– direta/indiretamente, positiva ou negativamente - afema maneira, quando se analisam os objetivos de tar ou ser afetados pelo projeto/programa. um projeto potencial com maior detalhe (em uma 2. Beneficiários: Aqueles que se beneficiam de qualetapa posterior do planejamento do projeto), devequer forma da implementação do projeto. A distinção se focalizar a análise dos custos e benefícios potenpode fazer-se entre: ciais, com a intervenção proposta pelos diferentes (a) Grupo (s) alvo: O grupo ou entidade que será digrupos participantes. reta e positivamente afetado pelo nível de Proposta de Projeto. Isto talvez inclua o pessoal das organizações associadas; (b) Beneficiários finais: Aqueles beneficiários do projeto em longo prazo que fazem parte da sociedade ou no maior setor, por exemplo, as crianças, em função do incremento no gasto de saúde e educação, os ”consumidores” devido à melhoria na produção e comercialização agrícola. 3. Sócios do Projeto: Aqueles que implementam projetos no país (que também são participantes, e talvez sejam “grupos alvo”). c. Ferramentas para realizar a análise dos participantes. As ferramentas que podem ser utilizadas para realizar esta análise são diversas. Algumas delas são: 1. Matriz de análise de participantes 2. Análise PDOA (propriedades, debilidades, oportunidades e ameaças) A análise PDOA é utilizada para analisar propriedades e debilidades internas de uma organização e as oportunidades e ameaças externas às quais se enfrenta. Pode ser usada como ferramenta de análise geral ou para abordar um problema ou desafios específicos. A qualidade da informação derivada do uso desta ferramenta depende de quem está envolvido e como será administrado o processo. Basicamente possibilita uma estrutura e um enfoque para a discussão. A análise PDOA se realiza em três etapas principais: a. Produzem-se idéias sobre as propriedades e debilidades internas de um grupo ou organização e das oportunidades e ameaças internas; 4. Diagramas de aranha b. Analisa-se a situação, buscando formas de que as propriedades do grupo ou organização possam ser apoiadas para superar as debilidades identificadas, e que as oportunidades possam ser aproveitadas para minimizas as ameaças; Ao usar qualquer destas ferramentas, a qualidade da informação produzida será significativamente influenciada pelo processo de recopilação dos c. Formula-se uma estratégia para realizar melhorias (que subsequentemente se desenvolve, utilizando ferramentas adicionais de planejamento). 3. Diagramas de Venn 64 2. Análise PDOA O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 3. Diagramas de Venn – relação entre grupos e or- Esta análise envolve três grandes passos: ganizações participantes 1. Definição do marco e do sujeito de análise; 2. Identificação dos principias problemas que são Os diagramas de Venn foram criados para analisar enfrentados pelos grupos (Quais são os problemas? e ilustrar a natureza das relações entre os grupos De quem é o problema?) participantes fundamentais. O tamanho do círculo 3. Visualização dos problemas em forma de diagrautilizado pode indicar o poder e a influência rela- ma, chamado “árvore de problema” ou “hierarquia tiva de cada grupo ou organização, enquanto a de problemas” para ajudar a analisar e clarificar separação espacial se usa para indicar os pontos as relações de causa-efeito. fortes e fracos das relações e interações de trabal- A análise busca identificar os verdadeiros obstácuho entre os diferentes grupos e organizações. los aos quais os participantes dão prioridade e que desejam superar. Uma boa análise do problema Os diagramas de Venn são normalmente utilizados possibilita fundamento para desenvolver um conjuncomo uma ferramenta de planejamento participati- to de objetivos relevantes do projeto. vo com o público alvo para ajudá-los a definir seu conceito destas relações. Os diagramas de Venn também podem ser usados para analisar e localiComo estabelecer uma “árvorezar conflitos potenciais entre diferentes grupos parproblema” ticipantes. 4. Diagramas de aranha – capacidade dos participantes Os diagramas de aranha podem ser usados para ajudar a analisar e prover um sumário visual da capacidade institucional da qual de dispõe. A copilação de informação relevante pode ser feita por meio do uso de uma grande variedade de ferramentas, incluindo a inspeção de registros administrativos e relatórios gerenciais, entrevistas com o pessoal e a observação das operações e atividades. d. Vinculação da análise de participantes aos passos subseqüentes. A análise dos participantes e do problema está estreitamente conectada e forma parte da “análise da situação” inicial. Todos os passos subseqüentes requeridos para preparar a Matriz do Marco Lógico (MML) deverão estar relacionados à análise dos participantes, de modo que seja um ponto contínuo de referência. A análise é um processo interativo que evolui durante as etapas do EML, assim como a partir das decisões informativas em todas as outras etapas (planejamento e desenho). Quando a MML necessita ser revisada, a análise dos participantes também deve ser reconsiderada, já que o panorama das partes envolvidas no projeto evolui com o tempo. Em conseqüência, a análise dos participantes não é um passo analítico isolado, mas sim um processo. 3.4.3 Análise do Problema A análise do problema identifica os aspectos negativos de uma situação existente e estabelece as relações de “causa e efeito” entre os aspectos identificados. A criação de uma árvore-problema poderia ser ideal para se considerar em um evento de participação de grupo Requer o uso de papel ou cartões para escrever a lista de problemas individuais, que podem ser classificados em relações de causa e efeito de uma maneira visual. Passo 1: O propósito do primeiro passo é precipitar uma chuva de idéias dos problemas que os participantes consideram como prioritários. Este primeiro passo pode ser completamente aberto (sem noções pré-concebidas como: quais problemas/interesses devem ser prioritários para os participantes), ou mais diretamente, por meio da ordem específica do problema e objetivo (por exemplo, melhorar a qualidade da água do rio) baseado em uma análise preliminar da informação existente e nas consultas iniciais com os participantes. Passo 2: Identificação do problema por meio de chuvas de idéias, selecionando um problema específico inicial; Passo 3: Observar os problemas relacionados com o problema inicial; Passo 4: Começar a estabelecer uma hierarquia das causas e efeitos: • Problemas que são causas diretas do problema inicial são colocados em baixo; • Problemas que são efeitos diretos do problema inicial são colocados em cima. Passo 5: Todos os demais problemas são classificados da mesma maneira – a pergunta guia deve ser “O que causa o que”?. Se duas ou mais causas combinadas produzem um efeito, tomam lugar no mesmo nível dentro do diagrama; Passo 6: Conectar com flechas os problemas com a causa-efeito. Isto permite ver claramente relações fundamentais; Passo 7: Revisar o diagrama e verificar sua validez e integridade. Perguntar a si mesmo/grupo: “Os problemas mais importantes foram mencionados?”. Se assim for, especificar os problemas e incluí-los em um lugar apropriado dentro do diagrama; Passo 8: Copiar o diagrama em um papel para mantêlo como arquivo e distribuí-lo (como seja mais apropriado) para ampliar comentários /informação. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 65 Pontos importantes a considerar quando se usa a ferramenta da árvore do problema: • A qualidade do resultado será determinada por quem está envolvido na análise e pelas habilidades do facilitador. Para isso, é crucial envolver representantes das partes com um conhecimento apropriado e habilidades; • Uma oficina que envolva grupos de mais de 25 pessoas que analisem os resultados e proponham novos passos é um fórum apropriado para o desenvolvimento das árvores de problemas; • Pode ser útil realizar exercícios de análise da árvore do problema separadamente com diferentes grupos de participantes, para determinar as diversas perspectivas e a maneira como variam as prioridades; • O processo é tão importante como o resultado. O exercício deve ser visto como uma experiência de aprendizagem para todos os envolvidos, além de ser uma oportunidade de expressar diferentes pontos de vista e interesses; • O resultado do exercício (a árvore do problema) deve fornecer uma versão da realidade que seja ao mesmo tempo sólida e simplificada. Se for demasiadamente complicada, pode ser pouco útil para a análise. Uma árvore do problema não pode (e não deve) conter ou explicar as complexidades de cada relação causa-efeito identificável; Uma vez terminada, a árvore do problema representa uma imagem concisa da situação negativa existente. Em muitos sentidos, a análise do problema é a etapa mais importante do planejamento do projeto, na medida que dirige as prioridades das análises subseqüentes e da tomada de decisões. 3.4.4 Análise dos objetivos A análise dos objetivos é um enfoque metodológico empregado para: • Descrever a situação no futuro, uma vez que estejam resolvidos os problemas identificados; • Verificar a importância dos objetivos; • Ilustrar as relações entre meios e fins em forma de diagrama. As “situações negativas” da árvore do problema se convertem em soluções, expressadas como “conquistas positivas”. Por exemplo, “a qualidade da água do rio está deteriorando-se” se converte em “a qualidade da água do rio melhorou”. Estas conquistas positivas são na verdade objetivos, e são apresentados em um diagrama de objetivos que mostra a importância dos meios/fins. Este diagrama projeta uma clara visão da situação futura des66 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO ejada. Os principais passos do processo estão sintetizados abaixo: Passo 1: Reformular todas as situações negativas da análise do problema dentro de situações positivas, que são: • Desejáveis • Que possam ser alcançadas de maneira realista Passo 2: Verificar as principais relações meios/fins para assegurar a validez e a integridade da hierarquia; Passo 3: Se é necessário: • Revisar o relatório • Acrescentar novos objetivos se estes parecem ser relevantes e necessários para alcançar o objetivo do seguinte nível mais alto • Eliminar objetivos que não parecem ser desejáveis ou necessários Uma vez mais, a análise dos objetivos deve ser posta em prática mediante a consulta aos grupos participantes fundamentais. A informação acumulada previamente à análise dos participantes (incluindo a contribuição de caráter institucional) deve ser igualmente levada em consideração. Isto é útil em termos de: • Considerar as prioridades estabelecidas; • Avaliar o quão realista é o cumprimento de certos objetivos; • Identificar os meios adicionais que se requerem para atingir os fins desejados. Uma vez completa, a árvore objetivo dá uma imagem concisa da situação futura desejada, incluindo os meios pelos quais os fins podem ser conseguidos. Da mesma maneira que ocorre com a árvore do problema, a árvore dos objetivos deve oferecer uma visão sólida e simplificada da realidade. Esta é simplesmente uma ferramenta para ajudar na análise e apresentação das idéias. A maior propriedade da análise dos objetivos é que esta baseada fortemente nos problemas prioritários, previamente identificados. 3.4.5 Análise de estratégias Durante o processo de análise dos participantes, ou seja, de análise do problema e identificação dos objetivos do projeto potencial, os pontos de vista acerca dos méritos ou dificuldades possíveis, associados aos problemas expostos, deverão ser discutidos de diversas maneiras. Estes temas e opções necessitam ser examinados com maior profundidade para ajudar a determinar o enfoque adequado do projeto antes de empreender um trabalho de desen- ho mais detalhado. bilidade local para afrontar os custos recorrentes; As questões que devem ser resolvidas nesta etapa • Estimativa de relação entre os custos e os benefídevem incluir: cios financeiros e econômicos; • Todos os problemas e objetivos devem ser aborda- • Contribuição ao fortalecimento da habilidade insdos ou somente alguns? titucional; • Quais são as oportunidades positivas que podem • Viabilidade técnica; aproveitadas (análise PDOA)? • Impacto ambiental. • Qual é a combinação de intervenções mais adequada para atingir os resultados desejados e promo- O uso destes critérios pode ajudar a determinar o ver a sustentabilidade dos benefícios alcançáveis? que pode ser incluído no enfoque previsto. A estratégia selecionada será então utilizada para formu• Qual a melhor maneira para o empoderamento lar a primeira coluna do Marco Lógico, ajudando local, incluindo o desenvolvimento das habilidades em particular a identificar o objetivo, propósito e das instituições locais? resultados potenciais do projeto em seu conjunto. • Qual é o capital disponível e as implicações dos custos recorrentes das diferentes intervenções possíveis e quais podem ser realmente enfrentadas? • Qual é a opção mais efetiva em termos dos custos? • Qual estratégia teria um impacto mais positivo para cobrir as necessidades dos grupos pobres e de outros grupos vulneráveis que tenham sido identificados? • Como pode os impactos ambientais negativos ser reduzido ou evitado? Esta etapa analítica é, em alguns casos, a mais difícil e desafiante, já que envolve uma quantidade significativa de informação para formar um juízo completo da melhor estratégia de implementação a seguir. Na prática, se costuma fazer muitos compromissos para mediar os diferentes interesses, as demandas políticas, as limitações práticas dos participantes e a disponibilidade de recursos. No entanto, a tarefa se simplifica quando existe um conjunto de critérios decididos por consenso com o qual se podem avaliar os méritos das diferentes opções de intervenção. Os critérios fundamentais para a seleção da estratégia incluem: • Contribuição esperada aos objetivos fundamentais, como a redução da pobreza, a coesão social ou a integração econômica; • Benefícios para os grupos alvo; • Complementaridade com outros programas ou projetos em andamento ou planejados; • Implicações de custos de capital e operativos e haO Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 67 3.5 A ETAPA DE PLANEJAMENTO 3.5.1 Formato, terminologia e processo de preparação da Matriz do Marco Lógico a. Introdução Os resultados das análises dos participantes, do problema, dos objetivos e da estratégia se utilizam como a base para preparar a Matriz do Marco Lógico (MML). A matriz deve proporcionar um resumo do desenho do prometo e, de maneira geral, tem uma extensão de uma a quatro páginas. A “extensão” da matriz dependerá da escala e complexidade do projeto, assim como de quantos níveis “objetivos” estão incluídos na mesma. Em geral, se recomenda que a matriz somente inclua o objetivo, o propósito e os resultados do projeto em seu conjunto e que as atividades sugeridas sejam descritas e documentadas a parte (por exemplo, usando um calendário de atividades). As principias razões para fazer o anteriormente sugerido são: • Manter a MML focalizada nos resultados, propósitos e objetivos em conjunto (baseados nos resultados); • As atividades devem ser sujeitas a revisão e mudanças periódicas (uma gestão responsável progressiva) e sua inclusão na matriz significa que esta deve ser revisada mais frequentemente para mantê-la “atualizada e relevante”; • As atividades sugeridas com freqüência se apresentam de modo separado, utilizando o formato do diagrama de Gantt ou uma descrição narrativa das atividades do texto que se anexa ao mesmo. No entanto, as atividades sugeridas devem ficar claramente vinculadas aos resultados planejados por meio do uso apropriado de números de referência (exemplo proporcionado na figura 3.7); Da mesma maneira, se recomenda que os custos (os detalhes dos gastos e o orçamento) não sejam incluídos no formato da matriz. Esta é uma alteração com respeito à prática da Comissão Européia no passado. No entanto, é cada vez mais aceito que o formato da matriz em si não está feito para proporcionar o resumo dos meios e custos, e que existem formas mais apropriadas de apresentar esta informação. Ainda assim, se recomenda que nenhuma das atividades, meios, recursos e custos incluam-se na matriz. Deve permanecer a importância do processo, ou seja, os resultados de vinculação lógica das atividades aos recursos e custos. O ponto crítico que se deve ter presente é que a qualidade da análise é o relevante, mais que aderir-se a algum formato em particular. b. Formato e terminologia A matriz básica consiste em quatro colunas e algumas filas (normalmente três ou quatro). Uma descrição do tipo de informação proporcionada na MML se mostra na figura 3.4 (incluindo atividades neste exemplo). 68 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO Figura 3.4 Informação contida no Marco Lógico Descrição do projeto Indicadores Fontes de verificação O impacto global de desenvolvimento do projeto, seja em nível nacional ou setorial (proporciona o vínculo com o contexto da política ou os programas do setor) Mede a dimensão em que tal impacto contribui para atingir os objetivos. Utiliza-se durante a avaliação. Fontes de informação e métodos de coleta, incluindo: quem o faz, onde e com que freqüência Propósito: Ajuda a responder a pergunta: Como saber se os propósitos foram alcançados? Deve incluir detalhes apropriados de quantidade, qualidade e tempo. Fontes de informação e métodos de coleta, incluindo: quem o faz, onde e com que freqüência Suposições (fatores externos ao controle dos operadores do projeto) que podem afetar o nexo propósitoobjetivo Ajuda a responder a pergunta: Como saber se os propósitos foram alcançados? Deve incluir detalhes apropriados de quantidade, qualidade e tempo Fontes de informação e métodos de coleta, incluindo: quem o faz, onde e com que freqüência. Suposições (fatores externos ao controle dos operadores do projeto) que podem afetar o nexo resultadopropósito (algumas vezes se proporciona neste espaço um resumo de recursos e meios) (algumas vezes se proporciona neste espaço um resumo de custos e orçamento) Suposições (fatores externos ao controle dos operadores do projeto) que podem afetar o nexo atividaderesultado Objetivo geral: O resultado esperado em termos de desenvolvimento para o final do projeto. Em específico, benefícios esperados para os grupos objeto do projeto Resultados: Resultados diretos ou tangíveis (bens e serviços) que proporcionam o projeto, e que estão sob o controle do gestor do projeto Atividades: Tarefas (programa de trabajo) que devem ser realizadas para produzir os resultados planejados Suposições c. Sequenza d’attuazione La preparazione di una MQL è un lavoro in progress, non solo un insieme lineare di passi. Quando nuove parti della matrice vengono tracciate, l’ informazione, precedentemente riunita, deve essere analizzata e, se necessario, rivista. Esiste comunque una sequenza generale utilizzabile per completare la matrice. Tale sequenza comincia con la descrizione del progetto ( dall’alto, verso il basso) seguita dall’ipotesi (dal basso verso l’alto), successivamente vengono gli indicatori ed in fine le fonti di verifica ( lavoro di copertura). Questa sequenza è illustrata nella figura 3.5. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 69 Figura 3.5 Matriz do Marco Lógico – Seqüência geral Descrição do projeto Indicadores Fontes de verificação * ( BL BM & BN BO ^ Não incluir Não incluir Objetivo geral ! Propósito @ Resultados # Suposições Atividades $ (inclusão opcional) % (inclusão opcional) 3.5.2 Primeira coluna: a lógica da intervenção a. Casualidade “se-então” A primeira coluna da matriz resume a lógica que deriva de “meios-fins” do projeto proposto (também conhecido como a “lógica da intervenção”). Quando a hierarquia objetiva é tomada de baixo para cima, pode-se expressar em termos de: SE os investimenti/risorse são adequadamente aplicados, ENTÃO as atividades podem ser executadas; SE as atividades são executadas, ENTÃO os resultados podem ser produzidos; SE os resultados se produzem, ENTÃO o propósito será alcançado; SE o propósito é alcançado, ENTÃO isto poderia contribuir o objetivo geral. Vista de forma contrária, podemos dizer que: SE deseja-se contribuir ao objetivo geral, ENTÃO deve-se alcançar o propósito; SE deseja-se alcançar o propósito, ENTÃO deve-se confirmar os resultados específicos; SE deseja-se confirmar o resultados, ENTÃO as atividades específicas devem ser implementadas; SE deseja-se implementar a atividades específicas, ENTÃO deve-se aplicar os insumos/ recursos identificados. Esta lógica está provada e refinada pela análise de conclusões da quarta coluna da matriz, descrita no Quadro 3.5. Matriz do Marco Lógico – Seqüência Geral. b. Influência da direção O marco lógico ajuda a indicar o grau de controle que a gestão do projeto tem sobre os diferentes níveis dos objetivos fixados. Os gestores devem ter um 70 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO controle direto sobre os gastos, as atividades e a entrega de resultados, além de serem considerados confiáveis para administrar efetivamente os elementos do projeto. Os gestores só podem exercer influência sobre a realização do propósito do projeto afetando a forma da entrega de resultados. Geralmente os gestores do projeto, não têm influência direta sobre a contribuição que o projeto aporta ao objetivo, em seu conjunto. Por isso, somente se pode esperar que eles vigiem os aspectos amplos das ações e preparem o ambiente para assegurar que o projeto mantenha sua relevância. Outra maneira de aproximar o tema da gestão é por meio das condições necessárias e suficientes na lógica vertical. Estas condições indicam que: • Conseguir o propósito estabelecido é necessário, mas não suficiente pra alcançar o objetivo final; • Produzir os resultados do projeto é necessário, mas pode não ser suficiente para conseguir o propósito; • Executar as atividades do projeto pode ser necessário e suficiente para dar resultados; • Os gastos podem ser necessários e suficientes para implementar as atividades planejadas. No entanto, ao aplicar esta lógica geral, deve reconhecer-se que as responsabilidades da gestão em vários projetos de desenvolvimento são compartilhadas entre os participantes. Enquanto, de alguma forma, esta é a essência do enfoque de “associação”, as responsabilidades reais da direção devem ser as mais claras possíveis e devem residir nas agências locais que as implementam. c. Compromissos contraídos e resultados do projeto No âmbito da influência da gestão, pode ser útil distinguir entre os resultados do projeto e os compromissos contraídos. Um resultado de projeto (como se mostra na MML) é geralmente o produto das ações e atividades de diferentes participantes (como pode ser o caso, por exemplo, do Ministério de Saúde do governo associado, as mesas diretivas locais de saúde e os serviços de pessoal de assessoria técnica apoiada por um doador). Nestas circunstâncias, é normalmente inapropriado que a Comissão Européia mantenha compromissos de gestão e responsabilidade final no projeto, são preferíveis os resultados contratados. Estes definem de modo específico o que um contratista deve entregar (e que fica sob o seu controle), conforme a sua contribuição para alcançar os resultados do projeto. Este conceito é mostrado na Figura 3.6. d. Componentes do projeto Pode ser útil relacionar um grupo de resultados estreitamente relacionados com o projeto, atividades e resultados entre seus componentes, particu- O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 71 Figura 3.6 Relazione tra i risultati ottenuti e gli impegni assunti. Objetivos do Marco Lógico Propósito do projeto Contratos/Termos de Referência para a Uniao Européia Propósito do projeto Propósito do projeto Propósito do projeto Propósito do projeto Especifica quais participantes se comprometem na implementaçao Especifica o que a Comissao Européia se compromete a subministrar por meio dos T. de R. ou Contrato larmente quando estes são de grande alcance e com alto grau de complexidade. Os componentes podem ser identificados com base em um conjunto de possíveis critérios, incluindo: • Enfoque Técnico: um componente de busca, um componente de formação e um componente de organização dentro da linha de controle do projeto; • Responsabilidades e estruturas organizacionais: componentes de extensão, busca de crédito de um projeto específico para refletir a estrutura de uma área associada de gestão governamental; • Localização geográfica: um componente para cada um dos participantes do projeto; • Ajuste das atividades fundamentais do projeto: um componente para cada uma das principais etapas do projeto, que podem requerer de um estudo sobre a possibilidade de execução, uma prova piloto e a fixação das etapas de implementação e manutenção. A identificação e o acordo sobre quais deveriam ser os componentes úteis e apropriados em um projeto deve ser feito em função dos objetivos e da análise estratégica, de consultas com os principais participantes e considerando o “que tem sentido”desde a perspectiva de coordenação do projeto. Para projetos grandes nos quais se tem mais de uma componente, se considera que pode haver mais de um propósito (um por componente). Isto pode ser uma maneira prática de desagregar e distribuir um número significativo de diferentes tarefas para alcançar os resultados. e. Árvores de objetivos e números de referência Quando se considera a estrutura lógica da primeira coluna da MML, muitas vezes é mais fácil apresentá-la em forma de uma árvore de objetivos. Isto ajuda a expressá-los em termos hierárquico e, desta maneira, determinar a importância relativa dos componentes. O uso de números de referência na MML (e nas atividades associadas, o plano 72 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO dos recursos e o orçamento), para relacionar claramente os produtos, atividades e resultados, é também um recurso extremamente útil. Um exemplo de numeração de referência se mostra na Figura 3.7. Figura 3.7 Albero degli obiettivi con numero di riferimento Objetivo Geral Propósito Componente 2 Componente 1 Resultado 1.1 Resultado 1.2 Resultado 1.3 Atividade 1.1.1 Atividade 1.2.1 etc. Atividade 1.1.2 Atividade 1.2.2 Atividade 2.1.2 Atividade 1.1.3 Atividade 1.2.3 Atividade 2.1.3 etc. etc. etc. Resultado 2.1 Atividade 2.1.1 Componente 3 Resultado 2.2 etc. Resultado 3.1 etc. f. Apresentar um informe claro e evitar problemas lógicos que se apresentam de maneira comum Os objetivos na matriz devem manter-se tão claros e concisos quanto seja possível. Também é de utilidade apontar a maneira em que se descreve a hierarquia dos objetivos do projeto. Um acordo útil para seguir nesta consideração consiste em: (I) o Objetivo Geral deve ser expresso como “Para contribuir com...”; (II) o Propósito deve ser expresso em termos de benefícios ao público alvo “incrementou ou melhorou de...”; (III) os resultados devem ser expressos em termos de medidas tangíveis (entregue, produzido, realizado, conduzido); (IV) as Atividades devem ser apresentadas no princípio da oração como um verbo ativo, tal como: preparar, designar, construir, buscar....”. Um exemplo é mostrado no Quadro 3.1: O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 73 Quadro 3.1 Redação de informes de objetivos Hierarquia do objetivo Exemplo de como redigir informes Objetivo geral Contribuir para melhorar a saúde da família (em particular dos menores de 5 anos) e o estado do ecossistema da hidrografia local Resultados 1.1 Reduzir o volume de água contaminada que depositam as casas e fábricas diretamente no rio local 1.2 Instauração e aplicação efetiva de padrões de tratamento de água contaminada 1.1.1. Conduzir linhas básicas de estudo das casas e das fábricas 1.1.2. Completar especificações de Engenharia para expandir a rede de esgotos Atividades 1.1.3. Preparar documentos de licitações e seleção do contrato 1.1.4. Identificar os incentivos apropriados para que as fábricas usem tecnologias limpas 1.1.5. Preparar e entregar informação pública e programa de conscientização Um problema comum na formulação de relatórios objetivos é quando estes são apresentados com um relatório do relatório, com a soma dos resultados, em lugar de apresentar uma conquista de nível mais alto. Por exemplo: PRÁTICA NÃO RECOMENDADA PRÁTICA RECOMENDADA O propósito é a soma dos resultados: O propósito é a conseqüência dos resultados: “O tratamento da água está melhorando e igualando as reduções das descargas diretas dentro do rio” “Melhoramento da qualidade da água do rio” Resultados: 1.1 As descargas diretas de dejetos dentro da água foram reduzidas 1.2 Os padrões do tratamento de dejetos na água melhoraram e se reforçaram 1.3 A consciência pública sobre as responsabilidades da gestão ambiental melhorou 3.5.3 Quarta Coluna: Suposições As suposições são fatores externos que têm influência potencial (ou inclusive determinante) no êxito de um projeto, mas que estão fora de controle direto dos coordenadores do projeto. Eles devem perguntar-se: Quais fatores externos poderiam influir na implementação do projeto, em seus benefícios e sua sustentabilidade em longo prazo? As suposições são parte da lógica vertical da MML e são consideradas da seguinte maneira: • Uma vez que as atividades tenham sido empreendidas e as suposições se mantenham, os resultados poderiam ser alcançados; • Uma vez que os resultados e as suposições neste nível tenham sido cumpridos, 74 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO o propósito do projeto será atingido; • Uma vez que o propósito tenha sido alcançado e as suposições neste nível se cumpram, a contribuição para a realização dos objetivos principais derivará do projeto. Esta relação está ilustrada pela Figura 3.8: Figura 3.8 Relação entre suposições e hierarquia de objetivos. Se as atividades são executadas e as suposições se mantêm como verdadeiras, então os resultados podem ser alcançados. Objetivo geral Propósito + Resultados + Atividades + Insumos Suposições Suposições Suposições Condições prévias: é necessário conhecê-las antes que os recursos estejam contratados e as atividades iniciadas. a. Como as suposições são identificadas? As suposições usualmente são identificadas progressivamente durante a fase de análise. Desta maneira, pode-se encontrar um grande número de problemas (por exemplo: assuntos políticos, institucionais, técnicos, sociais e econômicos) que terão influência sobre o “ambiente” no qual se realiza o projeto, sobretudo naquelas dimensões sobre as quais os projetos não têm controle direto. Na seleção de uma estratégia, usualmente enfrentam-se também alguns problemas que foram identificados durante a análise e a fixação dos objetivos, que não estão diretamente relacionados com a estratégia de implementação, mas os que poderiam ou não, ter um impacto potencial no sucesso do projeto. Algumas suposições adicionais poderiam também ser identificadas ao promover os acordos entre os participantes, como ocorre com a hierarquia dos objetivos que é discutida e progressivamente analisada com mais detalhes. b. O que fazemos com as suposições iniciais? A probabilidade de que as suposições adotadas sejam verdadeiras deve ser considerada para ajudar a alcançar a possibilidade de realizar o projeto (e seu sucesso). Não existe um conjunto de fórmulas para fazer este trabalho, sem contar, que certo grau de subjetividade sempre está envolvido. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 75 Uma maneira útil de valorizar a importância das suposições durante o desenho é a elaboração de um mapa de fluxo, como mostra a Figura 3.9: Figura 3.9 Avaliação de Suposições A suposição é importante? Sim Não Se manterá como verdadeira Quase indiscutivelmente Não se incluem no marco teórico Possivelmente Incluir como uma suposição Pouco provável É possível redesenhar o projeto em ordem de influência de fatores externos? Sim Redesenhar o projeto adicionando atividades ao resultado; reformular o propósito do projeto se é necessário Não Provavelmente o projeto não é possível de ser realizado Uma vez que a suposição tenha sido analisada e provada, assume-se que o projeto continua sendo possível de realizar, as suposições que devem permanecer como verdadeira serão somente as da MML. Contudo, é preciso ter cuidado para supervisioná-las durante a implementação do projeto. Poderiam, desta maneira, se converter em parte do plano da direção de supervisão ou risco do projeto. Um exemplo de suposições que deveriam ser incluídos na matriz de MML se mostra na Figura 3.10. 3.5.4 Segunda e terceira coluna: indicadores e fonte de verificação. Uma vez que se tem o rascunho da descrição e as suposições do projeto (colunas1 e 4 da matriz), o seguinte passo é identificar os indicadores que se poderia usar para medir, informar o alcance dos objetivos (coluna 2) e a informação das fontes (coluna 3). Uma vez que se cruza a matriz, quando se analisam os indicadores e a forma de verificação se faz referência a uma “lógica horizontal”. a. Indicadores 76 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO Os Indicadores Objetivamente Comprováveis descrevem os objetivos previstos em termos de sua medição operacional (quantitativo, qualitativo, tempo). Especificar os indicadores objetivamente comprováveis ajuda a verificar a possibilidade de realizar os objetivos, contribuem com a supervisão do projeto e com o sistema de avaliação. Estes são formulados como resposta à pergunta: “Como poderíamos saber se o que está sendo planejado atualmente está sucedendo ou já sucedeu? Como verificamos o sucesso?”. Os indicadores objetivamente comprováveis devem possibilitar a medição de maneira consistente e com um custo aceitável. Um bom Indicador Objetivamente Comprovável também deve ser inteligente, congruente e também: • Específico ao objetivo • Sujeito à medição (de qualquer forma, quantitativamente ou qualitativamente) • Disponível a um custo aceitável • Relevante para as necessidades de informação dos coordenadores om limite de tempo, desta maneira se pode saber quando esperar para que os objetiC vos sejam alcançados. • Além disto, os indicadores devem ser independentes uns dos outros, cada um deve ser relacionado somente a um objetivo, em termos de intervenção lógica, ou seja, para qualquer objetivo geral, o projeto deve propor um resultado. Por exemplo, indicadores do nível de resultado não devem resumir o que passou no nível da atividade, mas devem descrever a conseqüência quantificável das atividades de implementação. Muitas vezes é necessário estabelecer mais de um indicador para cada objetivo declarado. De tal maneira, um indicador poderia ser proveniente de boa informação quantitativa (tal é o caso das opiniões dos grupos objetivos). Ao mesmo tempo, deve-se evitar a armadilha de fixar muitos indicadores. Os princípios que servem de guias devem arrecadar a mínima quantidade de informação requerida para ajudar aos diretores e avaliadores do projeto, a determinar se os objetivos foram alcançados ou não. O significado de indicador objetivamente verificável é que a informação arrecadada deve ser a mesma, ainda que proceda de atores distintos (não está aberto às opiniões subjetivas de uma pessoa). Isto é mais fácil de fazer para medidas quantitativas do que para aquelas que buscam uma mudança na dimensão qualitativa O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 77 Figura 3.10 Exemplo de suposições Objetivo principal Para contribuir com a melhoria da saúde familiar particularmente dos menores de 5 anos e, na saúde geral do eco sistema. Propósito Melhorar a qualidade da água Resultado 1 Redução da carga de desperdícios no rio por casas e fábricas Suposições Campanhas de conscientização pública pelos governos locais com impacto positivo na saúde e sanidade das famílias pobres. Suposições O fluxo de água se mantém por cima de X mega litros por segundo nos últimos 8 meses do ano. Sucesso na redução dos níveis de descarga de desperdícios sólidos, de X a X toneladas por ano. Os Indicadores Objetivamente Comprováveis devem ser definidos durante a etapa de formulação (e algumas vezes de maneira preliminar durante a identificação), mas muitas vezes necessitam ser especificados com detalhes durante a implementação, quando as necessidades de informação dos diretores e sua arrecadação torna-se mais evidentes. A figura 3.11 esclarece de maneira simples, a relação entre os níveis de hierarquia dos objetivos e a terminologia utilizada no Guia da Comissão Européia para o uso de indicadores de alcance de desempenho. Figura 3.11 Exemplo da relação entre o Marco Teórico e os Indicadores. 78 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO Terminologia do marco teórico Indicador Objetivo geral Indicadores de impacto Propósito Indicadores de efeito Resultado Indicadores de rendimento b. Fonte de verificação A fonte de verificação deve ser considerada e especificada no mesmo tempo que a formulação dos indicadores. Isto ajudará a provar se os indicadores podem ser medidos de maneira real, em relação a um contexto razoável de tempo, recursos e esforço. A fonte de verificação deve especificar: • Como a informação deve ser obtida (de arquivos administrativos, estudos espaciais, mostras, observação, entre outros) e se a fonte dos documentos está disponível (relatórios do progresso, contas do projeto, estatísticas oficiais, certificados de conclusão organizacional, entre outros); • Quem deve coletar ou prover a informação (executores da ação, equipe de monitoramento, equipe de direção do projeto); • Quando e com que regularidade deve ser fornecida. Para reforçar os objetivos institucionais deve-se evitar a criação de sistemas de informação paralela e minimizar os custos adicionais. O primeiro ponto a ser levado em conta é se a informação requerida pode ser arrecadada através de sistemas já existentes, ou ao menos, por meio de melhorias dos sistemas existentes. No nível local, as organizações civis, agências de governos locais e outras agências de serviço são as que provavelmente devam manter os arquivos que possam prover informação relevante, para os executores do projeto. O ponto central é trabalhar sobre sistemas e fontes existentes (quando é possível e apropriado) e só depois estabelecer novas fontes. Muitas vezes existe uma relação direta entre a complexidade das fontes de verificação (para facilitar a arrecadação e análise dos dados) e seu custo. Se um indicador objetivamente comprovável é muito custoso ou complicado de ser conseguido, deve-se substituí-lo por um mais simples, mais barato e muitas vezes indireto (aproximado). Uma pergunta fundamental que se deve fazer quando se especificam os indicadores e as fontes de verificação é: “Quem vai usar a informação?”. Já que os projetos devem ser apropriados pelos participantes locais e pelos sócios que o implementam, as necessidades de informação devem ser de importância primária. Os indicadores não devem refletir somente o que o doador da cooperação gostaria de saber, mas também o que os gestores locais necessitam. A melhor maneira de determinar isso é entender como os sistemas locais de informação são operados, além de assegurar-se que os participantes locais estão à frente na definição dos indicadores objetivamente verificáveis e das fontes de verificação. c.Indicadores e fontes de verificação de Objetivo Geral do projeto Os objetivos principais do projeto devem estar relacionados com a intervenção específica no marco político ou contexto e devem indicar o desenvolvimento dos objetivos para os quais, contribui o projeto em longo prazo. Isso geralmente não é responsabilidade do projeto, ainda que seja útil para os planejadores do projeto, determinar quais indicadores estão sendo usados e, como esta informação foi arrecadada (fontes de verificação). Isso pode ajudar os gestores do projeto, a entender o contexto da política na qual estão trabalhando e mantê-los focalizados em uma visão de longo prazo. Sob a perspectiva dos gestores do projeto, os resultados e os indicadores propostos, assim como as fontes de verificação, são os de maior importância. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 79 Um exemplo de possíveis indicadores e fontes de verificação para o exemplo mencionado, de redução da contaminação no rio, se observa no Quadro 3.2: Quadro 3.2 Exemplo de Indicadores e fontes de verificação Descrição do projeto Indicador Fonte de verificação Propósito O indicador: concentração de metais pesados (Pb, Cd, Hg) e de águas negras que não podem ser tratadas. Os exames semanais da qualidade da água, conjuntamente conduzidos pela Agência de Proteção Ambiental e as Autoridades do rio, assim como os relatórios mensais do Ministério do Governo Local do Meio Ambiente (dirigido pelo Comitê dirigente do Projeto). Melhorar a qualidade da água do rio A quantidade: é reduzida em 25%, comparado com os níveis de 2003. A qualidade: se reúnem as informações de controle nacionais estabelecidos de saúde / contaminação O tempo: final de 2006 3.5.5 Para completar o esboço da MML Enquanto a MML é apresentada (por razões de simplicidade) como uma série de “passos”, na prática é um processo interativo, com ferramentas de análise revisadas e aplicadas cada vez que uma nova informação vem à tona. A lista de atividades, recursos e análise de custos não pode ser detalhada até que os objetivos, suposições e indicadores/fontes de verificação tenham sido consideradas. Não obstante, deve-se trabalhar de maneira preliminar sobre as atividades, os recursos e custos ao mesmo tempo em que se analisam o propósito e os resultados do projeto. Um exemplo de como devem ser vistos os elementos fundamentais do esboço da MML (nesta etapa de preparação) para Projeto de Redução da Contaminação da água se mostra no Quadro 3.3. Como se pode ver, a MML pode ou não incluir atividades indicativas para cada resultado. No entanto, qualquer que seja a escolha, existe a necessidade de pensar como devem ser as atividades fundamentais, pois de outra maneira a possibilidade de realizar o plano pode não ser alcançada, particularmente com respeito ao tempo, implicações de recursos e custo. A conseqüência é que não importa se as atividades são ou não consideradas, senão simplesmente onde e quando são documentadas. 80 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO Quadro 3.3 Exemplo de elementos fundamentais no desenho de objetivos do marco lógico Descrição do projeto Indicadores Princípios de Verificação Objetivo Geral Redução de 50% para 2008 da incidência de doenças malignas da água, infecções na pele e desordens no sangue causado por metais pesados. Redução de 50% para 2008, especialmente em famílias de baixos recursos que vivem nas margens do rio. Arquivos de hospitais e clínicas municipais, incluindo arquivos de maternidade e infantis arrecadados por equipes móveis MCH. Resumo de resultados em um Relatório Anual de Meio Ambiente Concentração de componentes de metais pesados (Pb, Cd , Hg) e de águas negras; redução de 25% (comparado aos níveis de 2003) e estabelecimento de níveis de controle nacional de saúde/ contaminação ao final de 2007 Exame semanal da qualidade da água, conduzido conjuntamente pela Agência de Proteção ao Meio Ambiente e autoridades do rio, e relatório mensal do Ministério do Governo Local para o Meio Ambiente (dirigido pelo Comitê diretivo do Projeto) Campanha pública de conscientização dirigida pelo governo local com impacto positivo na sanidade das famílias e práticas de higiene 70% dos dejetos produzidos por fábricas e 80% de dejetos produzidos pelas casas são tratados em estações em 2006 Exame da mostra anual de residências e indústrias dirigido pelas municipalidades entre 2003 e 2006 Manutenção do fluxo do rio em X mega litros por segundo ao menos por 8 meses no ano 4 estações de tratamento de dejetos reúnem os níveis de qualidade (incluindo metais pesados e águas negras) em 2005 Auditoria de EPA (usando níveis revisados e melhoria de métodos de auditoria), dirigido trimestralmente e apresentado pelo Comitê diretivo do Projeto Contribuir com a melhoria da saúde das famílias, particularmente dos menores de 5 anos, e melhorar a saúde geral do ecossistema do rio. Propósito Melhorar a qualidade da água do rio Resultado 1 Redução do volume de descarga direta de dejetos no rio por residências e indústrias Resultado 2 Estabelecimento de níveis de tratamento de dejetos e melhoramento efetivo Suposições Cooperativas de pesca como limitantes efetivas na exploração de peixe em áreas de reserva A qualidade da água do rio acima se mantém estável A EPA tem sucesso na redução dos níveis de descarga de dejetos sólidos por fábricas de X a X toneladas por ano Etc O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 81 3.6 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES, RECURSOS E CUSTOS. 3.6.1 O que é. Um cronograma de atividades é um formato para a apresentação analítica e gráfica das atividades do projeto. Ajuda a identificar sua seqüência lógica, duração esperada e qualquer dependência que exista entre as atividades. Também ajuda a ter base para uma distribuição adequada das responsabilidades da coordenação. A adoção de um cronograma de atividades permite uma melhor especificação de recursos e custos. Os cronogramas de atividades e recursos são definidos durante a elaboração do projeto. Sem esta informação, a análise custo-benefício, pode não ser alcançada adequadamente. O nível de detalhe requerido dependerá da natureza e da escala do projeto, de seu lugar no ciclo de projeto e das modalidades de implementação esperadas. Durante a etapa de planejamento, a especificação de atividades deve ser indicativa. Não é apropriado tratar e especificar em detalhe, particularmente quando a implementação do projeto não será imediata (devido ao tempo que leva aprovar o financiamento, concluir um acordo de financiamento e, realizar um consenso sobre os resultados esperados). O cronograma de atividades deve estar claramente relacionado com a entrega dos resultados obtidos do projeto (como se especifica na MML), assim como com a cronograma de desembolso físico-financeiro. 3.6.2 Lista de verificação para preparar um cronograma de atividades. Uma vez que a MML esteja completa, é possível fazer uma identificação das atividades ( o qual pode ou não ser incluído na matriz) para favorecer a análise das questões de tempo, dependência e responsabilidades utilizadas no formato de cronograma das atividades. O formato pode ser adaptado para adequá-lo com a experiência de duração do projeto em questão e com o nível de detalhe que é útil e prático prover. As atividades do primeiro ano podem ser especificadas com mais detalhes (i.e. mostrando o começo indicado e o término das atividades dentro de uma semana ou mês do tempo esperado). A lista dos anos subseqüentes deve ser mais indicativa (dentro de um mês ou um trimestre). Estas são estimativas preliminares que subsequentemente serão revisadas pelo gestor do projeto, uma vez iniciada a implementação (no relatório inicial) e depois devem ser continuamente revisadas durante o desenvolvimento, à luz do desempenho real da implementação. Uma sugestão à preparação passo a passo do cronograma de atividades pode ser a seguinte: Passo 1 - Lista de atividades principais As atividades principais identificadas através da análise do MML estão resumidas no que o projeto deve realizar para atingir os resultados esperados. Isto pode ser utilizado como base para a preparação do cronograma de atividades, que ajuda a especificar a seqüência e a duração das atividades principais. Passo 2 - Atividades de recesso dentro de temas que podem ser manejados A finalidade é dividir as atividades em sub-atividades ou tarefas e fazê-las su82 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO ficientemente simples para organizar-se e administrar-se do modo mais fácil. A técnica consiste em dividir uma atividade em seus componentes por subatividades e, logo, tomar cada uma destas e dividilas em componentes por tarefa. Cada tarefa pode, então, ser delegada a um indivíduo e se converte em sua meta a curto prazo. tanto, muitas vezes não é possível estimar o tempo com certeza. Para assegurar-se que as estimativas sejam realistas, deve-se consultar quem tenha conhecimentos técnicos ou a experiência necessária. O problema mais comum na preparação do cronoO principal objetivo é conseguir um nível de detal- grama de atividades é subestimar o tempo requerihe correto. A divisão deve parar tão logo o plane- do. Isto pode acontecer por inúmeras razoes: jador tenha material suficiente para estimar o tempo e os recursos requeridos e, a pessoa responsável • Omissão das atividades essenciais e temas; de levá-los a cabo tenha, por sua vez, instruções suficientes sobre o que tem que fazer. • Omissão na delegação suficiente de atividades inter-dependentes; Este passo pode não ser apropriado até que o financiamento esteja aprovado e a fase de imple- • Falhas na destinação de recursos (listado pela mentação tenha começado. mesma Pessoa ou parte da equipe que faz duas ou mais coisas ao mesmo tempo); Passo 3 - Clarificação de seqüências e relações de dependências • Desejo de impressionar com promessas de resultados rápidos. Uma vez que as atividades tenham sido suficientemente detalhadas, devem ser relacionadas com Passo 5- Calendário resumo das atividades mais cada uma das outras para determinar: importantes • Seqüência: Em que ordem devem relacionar-se? • Relação de dependência: A atividade depende do começo ou da finalização de qualquer outra atividade? Isto pode descrever-se de melhor maneira com um exemplo. A construção de uma casa consiste em um número de atividades separadas, mas inter-relacionadas: escavação e colocação da fundação; construção de paredes; instalação de portas e janelas; construção do teto; instalação dos canos. A seqüência ditada da escavação e da colocação da fundação depois se converte na construção de paredes. As relações de dependência implicam que não se pode começar a instalação das portas e das janelas até as paredes serem levantadas a certa altura, ou que não pode terminar de cobrir as paredes, até que a colocação dos canos tenha sido concluída. As relações de dependência também podem ocorrer entre atividades que não estão relacionadas, mas que serão levadas a cabo pela mesma pessoa (a pessoa pode não estar disponível para completar mais de um tema ao mesmo tempo). Passo 4 - Estimação do começo, duração e término das atividades Tendo especificado o itinerário temporal das tarefas individuais e das atividades principais, é útil preparar um resumo do mais importante da fase inicial, da duração e da obtenção das atividades principais em si. Passo 6- Definir os acontecimentos importantes Os acontecimentos importantes podem prover uma base por meio da qual a implementação do projeto possa ser supervisionada e dirigida. Existem eventos fundamentais que fornecem uma medida de acompanhamento do progresso do projeto. Os acontecimentos importantes mais simples são a estimativa de datas de término de cada atividade ( por exemplo: “as necessidades de capacitação se completaram em janeiro de 2002”.). Passo 7- Definir perfis de especialidades Quando as tarefas são conhecidas é possível especificar o perfil de especialidades requeridas. Com freqüência se conhece o tipo de especialidades disponíveis, mas este passo é uma boa oportunidade para verificar se o plano de ação é passível de ser realizado dada a disponibilidade de recursos humanos. Passo 8 - Distribuição de tarefas entre a equipe As especificações de tempo implicam em fazer uma estimativa realista da duração de cada tarefa que deve transformar-se logo em um cronograma de atividades com datas de começo e término. No en- Isto é muito mais que somente dizer quem faz o que. A distribuição de tarefas implica na responsabilidade de alcançar as metas do projeto. Em outras paO Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 83 lavras, isto significa definir a contribuição de cada membro da equipe. Quando se delegam temas aos membros da equipe é importante assegurar-se que todos entendem o que se espera deles. Caso contrário, o nível de detalhamento de cada tarefa relevante especificada, talvez não se incremente. 3.6.3 3 Preparação de calendários de recursos e custos A estimativa de custos deve basear-se em uma cuidadosa e profunda preparação do orçamento. Tal estimativa terá uma influência significativa tanto nas decisões de investimento como na implementação do projeto. Novamente, o cronograma de atividades deve ser copiado dentro de uma lista pró-forma de recursos. Cada atividade deve ser utilizada para verificação de que todos os recursos/insumos necessários para a atividade são fornecidos. Não se deve esquecer a preparação do orçamento das atividades da gestão nesta etapa. Uma vez que as atividades formam parte do cronograma, os recursos necessários para levar a cabo as atividades devem ser especificados. Também será necessário agregar ou resumir a informação de custos. Os recursos devem ser liberados de acordo com a categorização de custos. É possível programar os custos para o período de planejamento, usando uma fórmula simples para dividir o custo anual pelos custos unitários. Uma vez que os custos totais tenham sido calculados, é importante recordar que a agência de implementação deverá cobrir qualquer custo recorrente para manter a provisão dos serviços além da vida do projeto. Se este é ou não o caso, é importante que as implicações resultantes dos custos recorrentes do projeto sejam especificadas de maneira clara de modo que o impacto futuro no orçamento das agências de implementação possa ser determinado. 84 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 3.7 USO DO ENFOQUE DO MARCO LÓGICO DURANTE A FORMULAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO, AVALIAÇÃO E AUDITORIA. Um breve resumo de como o enfoque do marco lógico (particularmente a matriz e os calendários de atividades e recursos) pode ser usado durante a formulação, implementação e avaliação do projeto: Fase do ciclo do Projeto Uso do marco lógico • A matriz do marco lógico fornece um resumo dos elementos fundamentais do projeto que ajuda os responsáveis a avaliar o alcance e a lógica ou o investimento proposto. Formulação • As ferramentas que conformam o enfoque do marco lógico podem ser aplicadas para decompor a proposta do projeto e desta maneira provar sua relevância e sua provável capacidade de ser executada. • Os objetivos específicos do marco lógico, combinados com os calendários de atividades, recursos e custos, fornecem informação para apoiar a análise de custo benefício. • Os calendários de custos permitem considerar as implicações do fluxo de dinheiro (incluindo as contribuições dos diferentes participantes), além de determinar o alcance dos acordos de financiamento. • Os objetivos do marco lógico fornecem uma base para preparar os contratos – estabelecendo de modo claro os objetivos antecipados e o nível de responsabilidade e prestação de contas dos diretores do prometo e outros participantes. • A matriz do marco lógico e os calendários associados fornecem a base para uma formulação mais detalhada dos planos operativos de trabalho. Implementação • Os indicadores e meios de verificação fornecem a base para um detalhado Plano de Monitoramento e Avaliação que deve ser desenhado e aplicado pelos diretores do projeto. • As suposições fornecem a base para um plano operativo de gestão de riscos. • Os resultados, indicadores e meios de verificação (mais as atividades, recursos e custos) fornecem uma base para a preparação de relatórios sobre o progresso do projeto (para comparar o que foi planejado com o que foi alcançado). Avaliação e auditoria • Os objetivos do marco lógico fornecem uma base para a avaliação, posto que especificam de modo claro o que deve ser cumprido (resultados e propósitos), como é que estas metas serão verificadas (indicadores de meios de verificação) e quais foram as principiais suposições. • A matriz fornece a estrutura para preparar os termos de referência dos estudos de avaliação e as auditorias de desempenho. A relação entre os níveis de hierarquia dos objetivos do marco lógico e os critérios fundamentais da avaliação se resumem assim: Figura 3.12 Critério de avaliação e uso do Marco Lógico. Propósito do Projecto Impacto Efetividade Resultados Atividades Meios Eficiência Sustentabilidade Objetivo Geral Relevância Situaçao Problemática O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 85 3.8 UMA NOTA SOBRE O ENTRELAÇAMENTO COM O MARCO DE OBJETIVOS PRE-DETERMINADOS. O conceito de entrelaçamento com o marco de objetivos pré-determinados pode ser útil para mostrar os vínculos entre os objetivos de uma política, um programa setorial e um projeto específico. Isto se ilustra no Quadro 3.4, usando um exemplo do Conselho de Pesquisa Nacional de Agricultura: Quadro 3.4 Objetivos Pré-determinados (política, programa e projeto). Política (Conselho de Pesquisa Nacional de Agricultura) Programa Projeto (Centros de Pesquisa) (Equipes de Pesquisa) Objetivo geral: Contribuir com a melhoria do nível de vida das famílias agrícolas Propósito: Incrementar a produção, a produtividade e a renda das famílias agrícolas. Objetivo geral: Contribuir ao incremento da produção, da produtividade e da renda das famílias agrícolas. Resultado: Uso de tecnologias agrícolas melhoradas entre os agricultores-objetivo Propósito: Incrementar o uso de tecnologia melhorada pelos agricultores, por exemplo, no cultivo de arroz. Objetivo geral: Contribuir para o maior uso das melhores tecnologias recomendadas Resultado: Recomendações para agricultores-objetivo Propósito: Recomendações para melhorar as tecnologias apropriadas para os agricultores-objetivo Resultados possíveis: 1. Identificação de tecnologias baseadas nas prioridades dos agricultores 2. Produção e adaptação de tecnologia 3. Verificação de tecnologias nos campos dos agricultores 86 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO ANEXO As diferentes agências de cooperação internacional denominam algumas vezes com outros termos os elementos constitutivos da Matriz do Marco Lógico. O seguinte quadro estabelece a equivalência entre tais elementos no caso de algumas das mais importantes agências de cooperação. Deve-se destacar que estas diferenças remetem a um assunto meramente terminológico que não afeta o conteúdo dos conceitos. Quadro 3.5 Equivalências Terminológicas da Matriz do Marco Lógico. BID União Européia GTZ NORAD AECI JICA UNESCO Resumo narrativo de objetivos Lógica da intervenção Resumo descritivo XXXXX Lógica da intervenção Resumo narrativo Hierarquia dos elementos do projeto Indicadores verificáveis objetivamente Indicadores verificáveis objetivamente Indicadores verificáveis objetivamente Indicadores Indicadores objetivamente verificáveis Indicadores objetivamente verificáveis Critérios de sucesso Meios de Verificação Meios de Verificação Fontes de verificação XXXXX Fontes de verificação Fontes de verificação Fontes de verificação Suposições Hipótese Suposições Fatores externos Hipótese Hipótese ou suposição Fatores externos XXXXX Condições prévias XXXXX XXXXX Condições prévias Condições prévias XXXXX Fim Objetivo geral Objetivo superior Objetivo global Objetivo geral Objetivo Objetivo de desenvolvimento Propósito Objetivo específico Objetivo do projeto Objetivo específico Objetivo específico Objetivo específico Objetivo imediato Componentes Resultados Resultados e produtos Resultados Resultados Resultados Produto Atividades Atividades Atividades Atividades Atividades Atividades Atividades Orçamento Meios e custos Insumos Insumos Recursos e custos Insumos e custos Insumos O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 87 88 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 3. O ENFOQUE DO MARCO LÓGICO 4 O MANUAL DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E POLÍTICAS LOCAIS DO COMBATE CONTRA DA POBREZA Supervisão, revisão e relatório CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 4.1 INTRODUÇÃO 4.1.1 Propósito A supervisão, a revisão e a divulgação são responsabilidades da célula gerencial e envolvem a coleta, a análise, a comunicação e o uso de informações sobre o progresso físico e financeiro do projeto e sobre os resultados obtidos. A supervisão, revisão e a divulgação permitem, entre outras coisas:: • Identificar os sucessos e problemas durante a implementação do projeto; • Tomada de decisões informadas e oportunas por parte dos encarregados do projeto para sua implementação; • Responsabilidade pelos recursos usados e pelos resultados alcançados; • Tomar consciência do impacto e da participação; • Avaliação dos resultados obtidos e auditoria das atividades e finanças. 4.1.2 Definições Supervisão A supervisão implica a coleta, a análise, a comunicação e o uso da informação do projeto em andamento. Os sistemas e os procedimentos de supervisão devem proporcionar mecanismos através dos quais as informações mais relevantes sejam proporcionadas às pessoas adequadas, no tempo correto para ajudar na tomada de decisões. A supervisão deve: destacar forças e debilidades na implementação do projeto; permitir ao pessoal responsável ocupar-se com os problemas; melhorar o funcionamento; acumular sucessos e adaptar-se às mudanças. A supervisão deve focar-se na arrecadação e análise de informação sobre: • O progresso físico (insumos, atividades empreendidas e resultados entregues) e a qualidade do processo (i.e. inclusão ativa dos participantes e criação de capacidade local); • Progresso financeiro (pressupostos e gastos); • A resposta preliminar de grupos objetivos em atividades do projeto (i.e. o uso de serviços ou instalações e alterações nos conhecimentos, atitudes ou práticas); •Razoes pelas quais qualquer grupo objetivo responde de maneira inesperada ou adversa, assim como ações que devem ser feitas para resolvê-los. Revisão As revisões regulares proporcionam a oportunidade aos implementadores do projeto e a outros participantes de: analisar a informação coletada com a supervisão; conhecer suas implicações; tomar decisões informadas e decidir sobre a ação de gestão apropriada para apoiar sua efetiva colocação em prática. Isto significa que o propósito da revisão é o de compartilhar informações, tomar decisões coletivas e rever o planejado, ajustando ao programa apropriado. As revisões regulares podem conduzir a diferentes níveis entre a estrutura da direção (a nível de campo e de instâncias diretas) em diferentes tempos e com freqüência variada. No entanto, o ponto central deve ser regular (pré-planejada) e deve ter-se uma agenda clara e estruturada. Avaliação O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 91 A avaliação pode distinguir-se da supervisão e das revisões regulares por: • Seu alcance (seu amplo interesse, tenham sido ou não eleitas as estratégias corretas); • Sua oportunidade (é menos freqüente, usualmente ao final); • As pessoas que nela estão envolvidas (de maneira geral envolverá o pessoal externo/independente para assegurar objetividade de isenção); • Os usuários dos resultados (incluindo os planejadores, os executores, os usuários, em lugar dos diretores responsáveis de tarefas de implementação). Auditoria A Auditoria pode distinguir-se das revisões, das avaliações regulares e da avaliação por: • Sua objetividade (para fornecer garantia independente); • Sua oportunidade (enfocada ao financeiro ou à eficiência, à economia e à eficácia das atividades); • As pessoas que nela estão envolvidas (auditores qualificados independentes); • Os usuários dos resultados (para a Comissão Européia e para outros doadores, autoridades de países sócios e chefes de projetos). 4.1.3 Princípios de boas práticas Ter claramente presentes os usuários da informação. Ao desenhar ou dirigir a supervisão de um projeto e os sistemas de revisão, é de vital importância considerar as necessidades dos usuários e qual informação se necessita. Isto é particularmente importante no contexto da hierarquia de direção, onde o nível do pessoal vai requerer mais atenção (enfocado em insumos/atividades), comparado com o dos dirigentes, que se interessam mais pela efetividade de resultados (ou seja, a entrega do resultado e obtenção do propósito). Se isto não se faz, corre-se o risco de obter informações não relevantes ou que sejam inúteis para os respectivos interessados. está a definição de como esta informação deve ser arrecadada, analisada e usada. Quando seja possível, os sistemas de informação existente devem ser utilizados como apoio para evitar a criação de estruturas paralelas, além de ajudar na construção da capacidade local. Arrecadar somente a quantidade de informação mínima Um sistema eficaz de supervisão somente deve arrecadar a informação suficiente para alimentar de maneira tangível a tomada de decisões. Mais informação não é melhor informação, se esta, não se usa com eficiência. Os sistemas devem ser simples e práticos. Arrecadar, analisar e utilizar informação toma tempo e consome recursos escassos. Triangulação Na medida do possível e do rentável, a qualidade de informação pode ser realçada recolhendo a informação de mais de uma fonte e com mais de um método. Por exemplo, se alguém deseja saber sobre os resultados das atividades da construção de capacidades no sistema de justiça, é útil buscar evidência de mais de uma fonte (ou seja, dos funcionários do fórum, advogados, vítimas do crime) e com mais de um método de arrecadação (expedientes da corte, entrevistas com empregados/juizes e observação dos procedimentos das diversas varas envolvidas). Deve haver um plano para controle Sem uma supervisão (física e financeira) do plano, a avaliação e a intervenção chegam a ser difíceis. Requer um plano para servir como base sobre o qual se possa fazer um juízo do desempenho (incluindo eficácia e eficiência). Um plano documentado é, por tanto, um requisito prévio para um processo eficaz de supervisão, revisão, avaliação e auditoria. 4.1.4 Principais passos no desenvolvimento de um projeto Estabelecer simplesmente um “relatório” da superem um sistema de visão do sistema é um perigo que deve também ser baseado supervisão evitado. A identificação de qual informação arrecadar determina-se por meio da análise dos seguintes elementos: (i) objetivos do projeto; (ii) interesses e capacidade dos participantes; (iii) responsabilidades na tomada de decisões. A principal ênfase deve ser posta nas necessidades de informação dos implementadores do projeto. Existem seis etapas principais que necessitam ser cobertas quando se desenvolve um projeto baseado no sistema de supervisão. Estes são: 1. Esclarecer o alcance do projeto – participantes, Estrutura dos sistemas e fontes de in- capacidade institucional, objetivos do projeto e reformação cursos; 2. Entender a natureza das relações da organiLigado à avaliação de qual informação coletar, zação, dos arranjos da gerência e dos resultados 92 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO esperados; 3. Determinar as necessidades de informação dos executores do projeto e outros participantes relevantes; 4. Os sistemas e procedimentos existentes de coleta da informação; 5. Desenvolver e documentar as pautas do sistema de supervisão e abrangência; 6. Proporcionar o treinamento e os recursos necessários para o desenvolvimento e implementação. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 93 4.2. FERRAMENTAS 4.2.1 O enfoque do Marco Lógico. O Marco Lógico é uma ferramenta extremamente útil para apoiar o desenho e o estabelecimento de um efetivo sistema de supervisão, revisão e divulgação. Já se fez uma descrição completa deste enfoque no Capítulo 2. A seguir se destacam somente os elementos fundamentais das funções de apoio à supervisão, revisão e divulgação. Análise da situação existente • Uma análise dos interesses dos participantes e da capacidade institucional, incluindo necessidades de informação; • Evidências de forças e debilidades dos sistemas de supervisão, revisão e divulgação existentes. A matriz do Marco Lógico Proporciona: • Um marco de objetivos e indicadores, assim como das fontes de informação que devem ser usadas para um maior desenvolvimento e implementação dos sistemas de supervisão, revisão e divulgação; • Uma lista das principais suposições que devem ser revisados como parte das medidas de risco gerencial de projeto; • Um claro e consistente ponto de referência e a estrutura dos relatórios finais de progresso. Cronograma de atividades Proporciona: • Uma estrutura para a preparação operacional dos planos de trabalho (pelo menos anualmente) na qual o progresso da implementação pode ser determinado periodicamente (controles principais, duração e responsabilidades); • Uma apresentação visual facilmente compreensível das tarefas principais que pode ser usada para promover o planejamento participativo e a revisão do progresso físico; • Uma oportunidade para destacar os temas de supervisão, revisão e divulgação dentro do programa de trabalho. Cronograma de recursos e orçamentos (cronograma físico-financeiro) Proporciona: • Um formato claro para a preparação operacional do orçamento, ligado especificamente às atividades e resultados planejados; • Um ponto de referência para supervisão dos recursos e do financiamento, permitindo que se faça uma comparação entre a utilização planejada e real, dos recursos e gastos (incluindo uma análise da variação do custo); • Um marco para a identificação dos recursos e custos requeridos para a implementação dos sistemas de supervisão, revisão e divulgação. Relação entre os objetivos e supervisão, revisão, avaliação e intervenção A figura seguinte resume a relação entre a hierarquia dos objetivos e o enfoque elementar da supervisão, revisão, avaliação e divulgação. 94 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO Relação entre objetivos, supervisão, revisão e avaliação. Approccio Enfoque e coerência de objetivos Avaliação Objetivos globais Avaliação e revisão Propósito Supervisão, revisão e análise Resultados Supervisão e análise Atividades e recursos 4.2.2 Gestão de riscos. O Alcance dos objetivos do projeto está sempre sujeito as influências, fora do controle direto do coordenador de projeto (suposições e fatores de risco). Por conta disto, é importante analisar os fatores “externos” ao avaliar se as suposições podem ser realistas ou não, assim como prever novos riscos e ações para controlar ou atenuar os riscos, na medida do possível. 4.2.3 Análise de dados básicos para produzir informação do desempenho. Coletar dados é uma coisa, analisá-los com eficácia e converte-los em informação útil é outra. Uma grande produção de informação através das atividades de supervisão pode ser desperdiçada, quando não analisada e apresentada apropriadamente. Por definição, os dados quantitativos implicam números e pode conter várias formas de análise estatística. Por outro lado, os dados qualitativos proporcionam geralmente opiniões das pessoas e muitas vezes se apresentam (pelo menos inicialmente) em uma forma narrativa[1]. Inversamente, a análise estatística dos dados quantitativos, pode ajudar a confirmar ou a sugerir hipóteses. A seguir se apresenta uma descrição de alguns dos principais métodos que se pode utilizar para analisar e apresentar dados quantitativos úteis para a gestão do projeto. Na maioria dos casos, não é necessário nenhuma análise estatística complexa. No entanto, é possível transformar a informação qualitativa (observações e opiniões das pessoas) em uma forma quantitativa, como é o caso do uso de questionários para categorizar as preferências, prioridades, interesse, etc. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 95 Tipo de análise Descrição Planejado vs registrado A supervisão consiste fundamentalmente em comparar o que foi planejado originalmente e o que acontece realmente. Esta análise deve formar a base de qualquer sistema de supervisão, revisão e divulgação. Por exemplo, se apreendemos dos expedientes administrativos, que 1.500 professores de escolas primárias receberam um programa de capacitação, necessitamos saber como comparar isto, com o que foi planejado, para fazer uma avaliação do funcionamento. Se o plano fosse proporcionar a capacitação para 3 mil professores e, todos os recursos/custos previstos no orçamento tenham sido aplicados/gastos, isto indicaria um problema da execução ou do plano e do orçamento originais. Os planejadores e os encarregados teriam que analisar as causas do problema e determinar as ações necessárias para reparar a situação. Porcentagens/taxas Calcular porcentagens e taxas é uma maneira particularmente útil de apresentar a informação do que esta sendo realizado. Definindo-se quais quocientes se pretende atingir, nos ajuda a analisar o alcance previsto. Se, por exemplo, compararmos o planejado com o real e imediatamente ressaltarem áreas com porcentagens baixas, poderão ser analisadas as causas e tomadas medidas para reparar a situação. Tendências de tempo e comparação entre períodos Variação geográfica Desvios Uma análise dos dados disponíveis em diferentes períodos de tempo pode ser extremamente útil para revelar como o projeto está sendo realizando. Isto pode nos ajudar a ver se estamos obtendo “o melhor” ou “o pior” (ou seja, no campo do alcance das porcentagens), assim como permitir que as variáveis sejam identificadas. A comparação com períodos anteriores pode também ser útil quando não existem objetivos atuais claros para a atividade que é supervisionada ou repassada. O uso de um sistema constante de indicadores (medir a mesma coisa em diversos pontos em um período de tempo) é essencial. Os projetos que estão sendo executados (ou proporcionam suporte) em diversas localizações geográficas, ao serem identificados, possibilitam informações para uma análise comparativa de resultados. Indicadores agregados de resultados podem demonstrar se os objetivos previstos foram alcançados, embora, não revelem os problemas específicos de localização, que necessitam ser tratados. Uma análise de dados de diversos distritos, províncias ou regiões pode, portanto, revelar aspectos que requerem a atenção da gerência. Também pode ser importante supervisionar a variação nos resultados entre diversos grupos sociais. Por exemplo, uma importante preocupação para muitos será o impacto do projeto, em relação a mulheres e homens. Isto requer que os dados sejam relacionados por gênero e então, ser realizada a analise sistematicamente, sobre uma base regular. Também é importante averiguar se o projeto está incluindo, grupos vulneráveis específicos, como por ex. as pessoas deficientes. Os projetos de auxílio à pobreza também serão direcionados a identificar quais grupos dentro da comunidade estão beneficiando-se das intervenções do projeto. Um projeto de crédito rural, por exemplo, no qual o objetivo são os produtores de baixa renda ou mulheres chefe de família, deve coletar os dados que permitirão a análise destes perfis. Normas e rotinas de trabalho 96 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO Muitas das atividades de avaliação de resultados podem ser supervisionadas proveitosamente e, a partir delas, obter informações para padronização e estabelecimento de normas de trabalho. Por exemplo, o tempo de reação de uma agência aos pedidos de ajuda, a lista de espera para cirurgia de menor importância, o número de presos esperando para ir ao tribunal e a duração de sua detenção antes da sentença, ou a proporção de estudantes/professor, são dados que podem ser analisados e comparados de acordo com normas ou rotinas de trabalho existentes, para aperfeiçoar o funcionamento do sistema de trabalho. 4.2.4 Lista para uma curta visita de supervisão. A supervisão inclui muitas vezes fazer visitas curtas ao lugar do projeto (qualquer que sejam, as atividades do projeto podem ser observadas em primeira mão). Uma forma de incrementar o valor das visitas é dedicar certo tempo e esforço ao seu planejamento e preparação. A seguir se proporciona uma lista simples para planejá-las: No. Lista de coisas a fazer ou a considerar 1 Arrecadar documentos de respaldo, que incluam (segundo o caso): (i) Proposta financeira, (ii) Matriz do Marco Lógico, (iii) o plano de trabalho mais recente, a atualização e o orçamento, (iv) relatórios (s) documentos prévios de supervisão e progresso; (v) aspectos financeiros relevantes. 2 Familiarizar- se com o conteúdo dos documentos e discutir pontos com colegas que poderiam estar trabalhando no mesmo projeto ou outro similar. Foi feito? Ter claro o propósito da visita: 3 4 Qual trabalho se levará a cabo na visita?, Qual é seu principal objetivo: examinar/revisar ou ajudar/assessorar? Identificar os pontos fundamentais que necessitam ser revisados com detalhe na visita (revisar o plano, os principais suposições e qualquer relevo em relatórios prévios de progresso). Desenvolver uma lista preliminar de questões fundamentais que seria útil perguntar e responder. 5 Ter claro quem participará ou deveria participar na visita, ou com quem se deseja reunir na “equipe de supervisão”. Pensar e ter claro os métodos que serão utilizados para arrecadar, sistematizar e analisar a informação: 6 Com quem, onde e quando serão feitas as reuniões? Deseja-se realizar entrevistas grupais ou individuais? Deseja-se entrevistar em separado a homens e mulheres? O Que se deseja observar? Quais expedientes administrativos se deseja revisar? 7 Fomentar o desenvolvimento de listas de supervisão com questões fundamentais. 8 Desenvolver um itinerário para a visita e confirmá-lo com quem seja necessário. 9 Identificar os recursos requeridos, quem os proverão/ pagarão. Confirmar que estes recursos estejam disponíveis (transporte/gasolina, hospedagem, salas de reunião, etc.). 10 Identificar quais resultados se esperam da visita, incluindo os requerimentos de divulgação e como a informação será proporcionada a quem a necessite. 11 Fazer una confirmação final para as reservas de viagem, itinerário, etc. 4.2.5 Uso de listas de verificação para entrevistas semiestruturadas. As listas de verificação com roteiros e perguntas, são ferramentas relativamente simples e prática, que podem fazer das visitas de campo uma atividade mais estruturada. Quando as visitas de campo regulares estão sendo conduzidas como parte da supervisão do projeto, a lista de verificação também pode ajudar na arrecadação de informação que pode ser comparada, em diferentes períodos de tempo ou entre diferentes localizações. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 97 As principais vantagens potenciais do uso de listas de verificação são: • Ajudam a assegurar que as questões fundamentais sejam cobertas durante a supervisão da visita de campo; • Ajudam a manter certa consistência e comparabilidade da informação, particularmente quando certas pessoas distintas realizam visitas em diferentes períodos de tempo e localizações; • A disciplina para o acompanhamento através de listas de verificação ajuda a institucionalizar um sistema de supervisão, que possibilita uma familiarização mais rápida do projeto, assim como a análise de processo; • As perguntas complementares à lista de verificação, algumas vezes podem proporcionar informação complementar para a análise posterior, se as perguntas estão adequadamente estruturadas. As aplicações do alcance estatístico devem, no entanto, ser entendidas ou determinadas pela maneira como é eleita a mostra para a entrevista/observação. Deve-se ter presentes os seguintes princípios quando se prepara um projeto supervisionado por uma lista de comprovação (particularmente quando a lista de comprovação será usada por um número de pessoas em diferentes períodos de tempo). • Os responsáveis de conduzir a supervisão das vistas/entrevistas devem fazer o rascunho da lista de supervisão; • A ou as listas de comprovação devem ser revisadas por responsáveis de nível superior para assegurar claridade, brevidade e especificação em relação aos objetivos do projeto e necessidades de informação da gerência; • Devem fazer-se provas de campo (pré-teste) da lista de comprovação pelos que farão uso delas; • As listas de comprovação devem ser breves e específicas no tema. Devem preparar-se diversas listas de comprovação para cobrir diferentes assuntos; • As listas de comprovação geralmente devem ser usadas como guia e não restringir o entrevistador sobre certos assuntos pertinentes; • As listas de comprovação podem ser mais ou menos estruturadas. Algumas perguntas altamente estruturadas (ou seja, aquelas que requerem sim /não como resposta, ou para coletar dados especificamente quantitativos) podem ser úteis se o objetivo é empreender certa análise quantitativa. Um exemplo de lista de comprovação na supervisão de campo, tomando como exemplo um hipotético projeto de apoio a uma Clínica de Saúde Infantil, se mostra na página seguinte: 98 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO Lista de supervisão - Clínicas de saúde materno-infantil Nome da clínica: Data da visita: Distrito: Visitada por: Pergunta 1. O auxiliar de enfermaria esteve presente durante a visita? Marque Comentário Sim / Não Se não, escreva a razão: 2. Os auxiliares de enfermaria tiveram capacitação nos passados seis meses? Sim / Não 3. Os equipamentos e os seguintes insumos se encontram disponíveis na clínica? Sim / Não Balança para bebês Balança para adultos Recipientes de medidas para a distribuição de rações Soros orais Refrigeração de gás/querosene Provisões suficientes para o programa de vacinação 4. Os seguintes registros se mantém em forma apropriada? Sim / Não Lista de atenção clínica Quadros de crescimento, idade e peso Registro de nascimentos Relatórios mensais atualizados 5. As instalações de armazenamento e limpeza são adequadas? Sim / Não 6. Os auxiliares de enfermaria recebem a tempo seu salário? Sim / Não 7. Outras observações 4.2.6 Exame de expedientes administrativos e de gerência. Dentro da maioria das organizações é um requisito guardar expedientes administrativos básicos diários, semanais ou mensais. Estes expedientes são resumidos periodicamente em um informe gerencial. A informação que poderá ser registrada como parte destes arquivos administrativos deve incluir: • Informação financeira: entradas e gastos • Do pessoal: números, localização, designação, capacitação recebida e desempenho • Expedientes de aquisições, inventário e ativos • Expedientes de entregas/provisão: número de produtores que receberam créditos ou outras saídas, número de crianças vacinadas, número de crianças atendidas em escolas, número de enfermeiras-assistentes que receberam treinamento, número de casas que tem energia elétrica, entre outros. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 99 Uma grande vantagem do uso de arquivos administrativos como fonte de verificação é que tendem a ser institucionalizados. A manutenção de registros administrativos também costuma ser parte integral das responsabilidades • Os expedientes são mantidos apropriadamente e se de trabalho de alguém mantém atualizados? e, portanto, não requer • Quem tem a responsabilidade de manter os expedienum gasto adicional. tes tem claras suas responsabilidades e conhecem os sistemas de manutenção? Os projetos que apóiam o desenvolvimento da capacidade institucional podem ser apontados especificamente para melhorar a qualidade da manutenção de registros, análise de dados e de mecanismos para o uso eficiente da informação necessária para a tomada de decisões. As perguntas fundamentais para examinar o conteúdo e a claridade dos expedientes administrativos se enumeram no quadro da direita: • Encontram-se apropriadamente documentados os sistemas e procedimentos de manutenção de expedientes (em um manual/guia)? • A qualidade da informação é verificada periodicamente? • Capacita-se apropriadamente ao pessoal em níveis e tipos de sistemas de manutenção? • Usa-se a tecnologia adequada para gravar, analisar e apresentar a informação? • Os recursos disponíveis são adequados para ajudar na efetiva manutenção dos expedientes e da informação da direção? • Os expedientes e relatórios se encontram armazenados de maneira segura e facilmente recuperáveis? • A informação é resumida e apresentada com periodicidade, está disponível para os diretores e quem tomam decisões em um formato claro e útil? • A informação é apresentada a tempo e é usada pelos diretores para a tomada de decisões informadas? 4.2.7 Lista de comprovação para controlar reuniões regulares de revisão. As reuniões regulares de revisão são mecanismos extremamente úteis para: • Refletir sobre o progresso do projeto • Intercambiar informação e idéias • Construir equipes • Resolver problemas • Planejar perspectivas As revisões podem ser empreendidas mais ou menos regularmente, e ser mais ou menos formais - dependendo de seu objetivo e de quem se espera que participem. São de utilidade para ter uma revisão interna do progresso do projeto (implica as pessoas diretamente envolvidas na implementação do projeto) pelo menos a cada seis meses. Em seguida se proporciona uma lista de aspectos a considerar na organização e gestão das revisões regulares: Preparação Antes de conduzir uma reunião de revisão, deve-se considerar os seguintes aspectos: • Confirmar quem participará e quem presidirá a reunião; • Confirmar com os participante data, hora e localização da reunião; • Preparar um esboço da agenda e distribuí-lo para comentários/ adições (ver o próximo quadro); 100 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO • Reunir dados/informações relevantes (incluindo relatórios de direção/supervisão) e distribuir cópias com antecedência a quem presidirá a reunião; • Organizar outros aspectos logísticos para a reunião (secretaria, transporte, lugar, requerimentos de equipamento/materiais para a apresentação, lanches, se necessário) A reunião de revisão A condução da reunião de revisão é precisamente responsabilidade de seu “presidente”. O presidente deve assegurar-se de: • A administração efetiva do tempo disponível, baseado na agenda/horário combinado; • O manejo efetivo do tempo disponível, baseado na agenda/ horário combinado; • Que cada participante tenha a oportunidade adequada de compartilhar seus pontos de vista (a reunião não deve ser dominada pelo que mais fale ou pelo que o faça mais alto); • Que os pontos fundamentais sejam esclarecidos; • Que os desacordos sejam cordialmente resolvidos; • Que se realize uma aproximação à solução dos problemas; • Que se logre um acordo (por consenso ou votação) sobre as ações primordiais que devem ser decididas; • Que se faça um expediente exato sobre a discussão e as decisões tomadas Encaminhamentos As principais ações de encaminhamentos devem incluir: • Concluir e difundir um expediente com as decisões fundamentais tomadas e os acordos alcançados • Revisão dos planos (moniroramento) em função dos acordos alcançados Agenda para Revisões Regulares: um exemplo Hora Tema 9.00 – 10.30 Recepção e apresentação. Estabelecer o propósito da reunião. Revisão da agenda-temas, tempos, responsabilidades das apresentações, etc. Resumo dos pontos apresentados na reunião anterior, ações tomadas e responsabilidades. Informes escritos dos participantes sobre o progresso das ações seguidas. 10.30 - 12.30 Intervalo 11.00 – 12.30 Revisão do plano de trabalho e orçamento do período correspondente, incluindo aspectos fundamentais, indicadores e objetivos (usando a matriz do Marco Lógico, catálogo de atividades e recursos/orçamento). Apresentação dos dados/informação disponível do progresso de execução implementado no plano de trabalho e os resultados alcançados. Destacar áreas de êxito e interesse. Apresentação do resumo do expediente financeiro. 12.30 – 1.30 Almoço 1.30 – 3.00 Promoção da decisão sobre temas de desempenho (comparação do planejado com o desempenho real) e identificação das razoes que explicaram os desvios mais significativos. Revisão de risco/expectativas e das diretrizes adotadas durante o período Destacar as áreas que requerem diretrizes e/ou mudanças significativos. 3.30 – 4.00 Intervalo 4.00 – 5.30 Acordo do programa de ações a seguir. O que, quem e quando? O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 101 4.2.8 Relatório sobre o monitoramento dos trabalhos e atualização dos planos. Descrição. Os planos devem ser previstos e atualizados regularmente. A preparação de um plano anual proporciona esta oportunidade para os projetos com duração de mais que um ano. Nos projetos realizados no marco da cooperação européia, é importante considerar as seguintes prioridades da Comissão Européia: • Construir a apropriação local dos projetos; • Assegurar que os sócios tomem a responsabilidade pela implementação do projeto; • Procurar a harmonização com outros doadores. Os requerimentos específicos para o relatório de progresso (evolução) devem ser estabelecidos considerando o anterior exposto e o paralelismo e a duplicação dos sistemas de divulgação e de procedimentos devem ser evitados na medida do possível [1]. Existem alguns requisitos básicos de “boa prática” que devem ser considerados ao abordar o relatório, que recomendamos a seguir: • Concentrar-se em progressos encaminhados para a realização dos resultados (resultados e propósitos do Marco Lógico) e, não somente enumerar as atividades empreendidas e os insumos utilizados; • Comparar progressos contra o planejado, de maneira que se possa realizar um exame de desempenho; • Explicar brevemente os desvios do plano e as principais ações tomadas ou requeridas para remediá-las (recomendações); • Ser claro e conciso, de maneira que a informação seja facilmente entendida e acessível. A respeito, será útil consultar o documento ‘Harmonising Donor Practices for Effective Aid Delivery, OECD 2003’ 102 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO Principais tipos de relatório. Os coordenadores/sócios de projeto usualmente querem que lhes sejam proporcionados os seguintes tipos de relatório Os coordenadores/sócios de projeto usualmente querem que lhes sejam proporcionados os seguintes tipos de relatório: Tipo de Relatório Descrição Relatório Inicial (incluindo o primeiro plano anual) Um relatório inicial é altamente recomendado para todos os projetos. Usualmente se realiza três meses depois do lançamento do projeto (financiamento e recursos humanos fundamentais do lugar). Um relatório inicial proporciona aos coordenadores do projeto a oportunidade de revisar o desenho em conjunto com outros participantes fundamentais, atualizar o primeiro plano anual de trabalho para assegurar sua importância e viabilidade. Isto é particularmente importante em situações onde a maior parte do desenho tenha sido empreendido por “outros” (por aqueles que não são membros da equipe que tem como tarefa a implementação). Quando o desenho tenha sido preparado há mais tempo (em muitos casos pode haver um lapso de mais de um ano entre o término dos estudos de viabilidade e financeiros e a implementação do projeto). Relatório de Progresso (evolução) Os relatórios de progresso devem ser realizados e implantados pelos sócios ou coordenadores do projeto sobre uma base regular (como se especifica nos convênios respectivos com a Comissão Européia). Saturar os diretores do projeto com relatórios pode ser inútil e deve evitar-se. Os formatos e os tempos devem ser realizados com os sistemas existentes, em lugar de duplicar. Como requerimento formal, muitas vezes é melhor um relatório de não mais de três a cinco laudas e com periodicidades de seis meses. É tarefa dos diretores preparar com regularidade um resumo de relatório/atualização de cada projeto (cada 4 meses) mediante o “Relatório de Implementação”. Isto proporciona um resumo de cada passo do projeto em um formato padrão. Plano Anual e Relatório de Progresso Todos os projetos que abrangem diferentes anos requerem planos anuais. O tempo dos relatórios anuais deve estar, de preferência, de acordo com o planejamento local e o calendário do orçamento, mais que estar de acordo com os doadores. Os relatórios anuais devem enfocar-se em progressos realizados para a obtenção dos resultados planejados e os propósitos do projeto. Como condição deve-se fazer uma comparação com o desenho original do projeto (ou com a atualização do relatório inicial) e o último plano de trabalho anual. O relatório anual não deve focalizar somente o projeto em si, também, qualquer mudança significativa no entorno “externo”. É também necessária a revisão dos benefícios e a sustentabilidade esperados. O informe anual também inclui uma atualização do plano proposto para o ano seguinte. Esta condição oferece a oportunidade de executar a implementação de um programa de resultados, atividades e recursos requeridos de acordo com a experiência e com as lições aprendidas. Relatório final Este tipo de relatório é requerido ao finalizar o período financeiro. Proporciona uma versão reduzida da avaliação formal (ex post) dos projetos e pode ser a última oportunidade de documentar e comentar (i) os resultados obtidos em contraste com o plano original; (ii) as expectativas de sustentabilidade dos benefícios; (iii) as principais lições aprendidas. Serve também para fazer recomendações sobre o seguimento de qualquer ação posterior requerida. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 103 CONTEÚDOS SUGERIDOS PARA OS PRINCIPAIS RELATÓRIOS PREPARADOS POR LAS AGÊNCIAS/SÓCIOS. Relatório Inicial (Primeiro Plano Anual) Relatório de Progresso e Plano Anual Relatório Final Tabela de conteúdos e lista de abreviaturas Tabela de conteúdos e lista de abreviaturas Tabela de conteúdos e lista de abreviaturas 1. Introdução 1. Introdução 1. Introdução 1 página de resumo (i) dados básicos do projeto (nome, localização, duração, valor, principais participantes, propósitos e principais resultados, etc); (ii) estado do projeto no momento da divulgação; e (iii) quem preparou o relatório, porque e como. 1 página de resumo (i) dados básicos do projeto (nome, localização, duração, valor, principais participantes, propósitos e principais resultados, etc); (ii) estado do projeto no momento da divulgação; e (iii) quem preparou o relatório, porque e como 1 página de resumo (i) dados básicos do projeto (nome, localização, duração, valor, principais participantes, propósitos e principais resultados, etc); (ii) estado do projeto no momento da divulgação; e (iii) quem preparou o relatório, porque e como 2. Resumo executivo e recomendações 2. Resumo executivo e recomendações 2. Resumo executivo e recomendações Um resumo conciso (3-5 páginas) dos aspectos principais e recomendações para tomada de decisões. Um resumo conciso (3-5 páginas) dos aspectos principais e recomendações para tomada de decisões. Um resumo conciso (3-5 páginas) dos aspectos principais e recomendações para tomada de decisões. 3. Revisão da proposta de desenho e financiamento (relevância, possibilidade de execução e qualquer mudança que se requeira no desenho) (mais de 10 páginas) 3. Revisão do progresso e desempenho dos dados (comparação com o plano – eficiência e eficácia) (mais de 10 páginas) 3. Revisão do progresso e desempenho dos dados (comparação com o plano – eficiência e eficácia) (mais de 10 páginas) 3.1 Contexto de política e programa, incluindo a relação com outras operações ou atividades em processo 3.1 Contexto de política e programa, incluindo a relação com outras operações ou atividades em processo 3.2 Objetivos a alcançar (objetivo principal, propósitos, resultados) 3.2 Progresso em direção ao alcance de objetivos (objetivo principal, propósitos, resultados) 3.2 Progresso em direção ao alcance de objetivos (objetivo principal, propósitos, resultados) 3.3 Atividades 3.3 Atividades 3.3 Atividades realizadas 3.4 Recursos e orçamento 3.4 Recursos e orçamento 3.4 Recursos e orçamento utilizados 3.5 Expectativas e riscos 3.5 Expectativas e riscos – estado/atualização 3.5 Expectativas e riscos – estado/atualização 3.6 Acordos de direção e coordenação 3.6 Acordos de direção e coordenação 3.6 Acordos de direção e coordenação 3.7 Acordos de supervisão, revisão e avaliação 3.7 Acordos financeiros 3.7 Acordos financeiros 3.8 Temas de qualidade/sustentabilidade (atualizados) 3.8 Principais temas de qualidade/ sustentabilidade 3.8 Principais temas de qualidade/ sustentabilidade 4. Plano de trabalho para o período seguinte (Plano Anual) 4. Plano de trabalho para o período seguinte (Plano Anual) 4. Lições apreendidas 4.1 Resultados entregues – quantitativos, qualitativos e de tempo 4.1 Resultados entregues – quantitativos, qualitativos e de tempo 4.2 Lista de atividades – incluindo datas importantes e responsabilidades 4.2 Lista de atividades – incluindo datas importantes e responsabilidades 4.3 Lista de recursos e orçamento 4.3 Lista de recursos e orçamento 4.3 Alcances do projeto (objetivos, recursos, orçamento, etc.) 4.4 Atualização do plano de riscos 4.4 Atualização do plano de riscos 4.4 Expectativas e riscos 4.5 Atividades especiais para ajudar à sustentabilidade 4.5 Atividades especiais para ajudar à sustentabilidade 4.5 Acordos de direção e coordenação e inclusão de participantes 3.1 Contexto de política e programa, incluindo a relação com outras operações ou atividades em processo 4.1 Contexto de política e programa, incluindo capacidade institucional 4.2 Processo de planejamento e desenho do projeto 4.6 Acordos para o término do projeto 4.7 Sustentabilidade • Anexo • Atualização da matriz do Marco Lógi- Anexo • • Anexo Atualização da matriz do Marco Lógi- co co • Atualização da matriz do Marco Lógico do último Relatório Anual • Plano de Supervisão e Avaliação, incluindo a revisão dos objetivos principais • Plano de Supervisão e Avaliação, incluindo a revisão dos objetivos principais • Atualização do Plano Anual de Trabalho para o primeiro ano • Resumo de desempenho e dos dados principais (propósitos, resultados e gastos acumulados até o momento) ho • Atualização da lista de recursos e de orçamento • Atualização da lista de recursos e de orçamento • 104 • Outros O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO • Atualização do Plano Anual de Trabal- • • Outros Outros EXEMPLO DE FORMATO DA TABELA PARA DIVULGAR DE FORMA NARRATIVA O PROGRESSO FÍSICO – BASEADO NA ESTRUTURA DO MARCO LÓGICO. No. Ref 1.1 Descrição de resultados e indicadores Incremento da cobertura do sistema de drenagem Objetivo planejado/ alcançado no período Progresso 400 casas (50%) estão conectadas à drenagem principal e todas as fábricas (100%). 800 casas e 10 fábricas Número de casas e fábricas conectadas Principais dificuldades que se teve: (i) disponibilidade ou capacidade das casas para pagar os direitos de conexão; e (ii) atrasos no trabalho de engenharia em áreas residenciais por disputas de trabalho. Ações requeridas Investigação da disponibilidade ou capacidade de pagamento das casas. Deve ser executada com urgência pela direção de águas ou pelo governo. Disputas de trabalho requerem de ações da direção de construção. As cláusulas contratuais de penalização devem ser aplicadas. 4.2.9 Formato do “Relatório inicial” A informação de ajuda principal no “Relatório Inicial” do Common Relex Information System (CRIS) é: As seções preenchidas no início da operação estão registradas no CRIS, se por acaso o contexto, os objetivos e os resultados considerados se modificam durante a execução. Cabeçalho Descrição de conteúdos 1. Descrição A descrição do projeto inclui: (i) objetivos, proposta e resultados; (ii) atividades principais (iii) localização e duração; (iv) custos e principais insumos. ( Máximo de 25 parágrafos) 2. Origem, contexto e principais avaliações Um resumo escrito que descreva: a) Racionalidade ou justificativa do projeto, a vinculação com as políticas da Comissão e com os documentos programados e com qualquer complementaridade, assim como com outras iniciativas em processo ou planejadas. b) Principais conclusões levantadas na avaliação do prometo, mencionando: (i) a vinculação com as políticas prioritárias dos sócios; (ii) análise dos participantes, incluindo a capacidade institucional levantada; (iii) problemas de análise; (iv) análise estratégica. ( Máximo 30 parágrafos). Seções que devem ser atualizadas regularmente (ao menos a cada quatro meses) Cabeçalho Descrição de conteúdos 3. Resumo da execução do projeto Resumo das características principais da execução do projeto, destacando as principais ações desenvolvidas, problemas e soluções encontradas, assim como as lições apreendidas. (15 parágrafos) 4. Mudanças no contexto e nas principais áreas de avaliação Resumo de mudanças (positivas e negativas) no ambiente ou contexto de operação do projeto desde seu início, os quais poderiam afetar sua relevância e/ou a possibilidade de ser realizado, mencionando quais foram os maiores avanços desde o último relatório. Deve-se fazer referência às expectativas/riscos e à qualidade da direção do projeto, destacando qualquer implicação para modificar os planos do projeto. (Máximo 25 parágrafos) 5. Progresso na obtenção de objetivos Resumo do progresso (evolução) desde o início até o alcance dos propósitos do projeto. Resultados obtidos e as ações principais executadas, mencionando os maiores avanços desde o último relatório. Comparação do progresso com o planejado (usando os indicadores apropriados do Marco Lógico). Enfocando-se nos resultados positivos e expectativas para a sustentabilidade dos benefícios. (Máximo 25 parágrafos). 6. Desempenho financeiro Indicar o tempo transcorrido como porcentagem do tempo total de duração do projeto, assim como, os compromissos contraídos no projeto. Resumo escrito das causas de possíveis desvios do planejado e, se é necessário, indicar medidas corretivas. (Máximo 10 parágrafos). 7. Aparição de problemas e ações requeridas Quais problemas/contratempos aparecem com freqüência? Quais ações foram tomadas, por quem e em que direção? Quais ações futuras são requeridas para apoiar a efetiva execução, por quem e quando? (Máximo 25 parágrafos) O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 105 106 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 4. SUPERVISÃO, REVISÃO E RELATÓRIO 5 O MANUAL DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E POLÍTICAS LOCAIS DO COMBATE CONTRA DA POBREZA Participaçao e facilitaçao CAPÍTULO 5. PARTICIPAÇAO E FACILITAÇAO 5.1 PROMOVER A PARTICIPAÇAO E A APROPRIAÇAO (EMPODERAMENTO). A apropriação local , dos programas de desenvolvimento e dos projetos é tema dominante da política de desenvolvimento da Comissão Européia. Esta parte das Linhas Gerais do projeto proporciona uma breve introdução ao conceito de “participação” e perfila brevemente as questões fundamentais, associadas ao apoio dos objetivos para apropriação. A participação e a apropriação são fundamentais para a assegurar a relevância, a eficiência e a sustentabilidade. 5.1.1 Objetivos da estratégia de participação. Empoderamento A descentralização é uma diretriz fundamental e possibilita a participação. Oferece uma distribuição mais eqüitativa do poder, incrementando o conhecimento, o poder político à grupos vulneráveis e o apoio para que se fortaleçam e passem a ter maior controle de seu futuro. Desenvolvimento de capacidades As pessoas aprendem melhor se fazem as coisas por si mesmas. Se as pessoas recebem ajuda para planejar e gestionar seus assuntos, é mais provável que satisfaçam suas reais necessidades. A maior aproximação dos participantes possibilita o desenvolvimento das capacidades dentro dos grupos e das comunidades/municípios, sendo o desenvolvimento das capacidades uma condição prévia, para a sustentabilidade das iniciativas desenvolvidas. Efetividade A participação pode ser veículo para incrementar a efetividade no desenvolvimento de projetos e programas. Se as pessoas se comprometem no desenvolvimento da atividade e se envolvem ativamente na tomada de decisões, é mais provável que haja um alto grau de adesão e que os objetivos compartilhados sejam alcançados. Eficiência Enquanto a efetividade se relaciona com o grau de satisfação dos objetivos principais (fazendo uso de qualquer recurso necessário), a eficiência incorpora uma condição adicional de custo. As atividades do projeto podem ser executadas de maneira mais rápida, através do enfoque participativo e isto irá melhorar a eficiência nas operações. . O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 5. PARTICIPAÇAO E FACILITAÇAO 109 5.1.2 Princípios Os seguintes pontos são os princípios fundamentais do enfoque participativo: • Envolver as pessoas como sujeitos e não como obje- • Respeitar os conhecimentos e habilidades locais tos • Influir no desenvolvimento das decisões, e não simplesmente implicar-se • Apreender com o processo, como do resultado E nfoque e atitude são preferíveis a um conjunto de habilidades técnicas específicas • 5.1.3 Enfoque • Compartilhar informação: este é o nível mínimo de participação e muitas vezes consiste somente em manter as pessoas informadas – é uma maneira de fazer fluir a informação; • Consultiva: significa que existem dois níveis de participação, flui a informação e consulta expectativas e proposições. Apesar do diálogo, não necessariamente este diálogo, tem impacto no processo decisório; • Processo decisório: o alcance da participação tem um nível mais alto quando envolve indivíduos ou grupos (particularmente aqueles que usualmente se encontram excluídos) no processo decisório. Eles terão a autoridade e a responsabilidade de tomar parte; O enfoque participativo enfatiza princípios de • Iniciando a ação: o nível mais alto de participação conduta. Isto inclui: é o enfoque das pessoas quando estas tomam por si mesmas a iniciativa de novas ações. Fazer isto indica um nível significativo da própria consciência, • Mudar os papéis tradicionais de “especialistas” (mudar a aprendizagem de aquisição de poder) do poder e do estabelecimento da capacidade organizacional e de direção • Apoiar as pessoas para que executem sua própria análise • Ser autocrítico • Compartilhar idéias e informação • Iniciando a ação As técnicas de participação não são só ferramentas. O enfoque participativo também é um estado mental, uma atitude. Trata-se de ter genuína consciência e respeito pelos valores, habilidades e necessidades de outros, particularmente dos que estão em desvantagens. Ativo/Alto nível de participação • Processo decisório • Consultiva • Compartilhar informação Passivo/Baixo nível de participação 5.1.4 Intensidade da participação A participação pode fazer-se de várias formas e intensidades, dependendo da natureza da atividade, do papel e responsabilidades das pessoas ou grupos envolvidos. Os membros ou grupos da comunidade podem ser simplesmente os que contribuem com o trabalho, com o dinheiro, ou ser representados em um comitê diretivo, ou tomar a direção completa, tendo a responsabilidade e a autoridade no processo decisório. A natureza, a escala e o alcance do projeto serão influenciados pelo nível de participação prática e, possível, assim como, uma avaliação realista das ferramentas e capacidades das comunidades e grupos participantes. A construção de tal capacidade é, muitas vezes, um objetivo específico do enfoque participativo. Pode-se distinguir quatro níveis de intensidade (que não são excludentes): 110 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 5. PARTICIPAÇAO E FACILITAÇAO 5.1.5 Promovendo a apropriação As formas práticas no qual, a Comissão Européia, seus agentes e os gestores diretos dos projetos de cooperação podem promover a apropriação aos projetos, por indivíduos locais, ou comunidades, podem incluir as seguintes ações: Processo de • Uso de técnicas de participação e o respeito aos identificação e conhecimentos e habilidades locais formulação do projeto • Assegurar-se de que os participantes locais assumam um papel de direção nas etapas de identificação e formulação, incluindo o uso de especialistas locais, quando possível. • Dar tempo para que possam consultar e chegar a um consenso – não forçar o passo • Promover uma apropriada distribuição de recursos • Vinculação dentro do planejamento e dos calendários orçamentários locais • Apresentar propósitos e custos do projeto utilizando as diretrizes locais do orçamento/custo • Assegurar que a apresentação dos documentos principais seja clara/concisa e com uma linguagem apropriada Acordos da direção do projeto • É melhor utilizar as estruturas de direção ou coordenação já existentes do que estabelecer estruturas separadas ou paralelas • Assegurar que os sócios locais tenham um papel de guia no processo decisório, incluindo-os como parte da estrutura do comitê de direção/coordenação. Arranjos de financiamento do projeto • Canais estabelecidos através de sistemas apropriados de direção financeira e contábil. • Descentralização de responsabilidades e autoridade para o uso de fundos pelos sócios locais • Estabelecer uma clara contabilidade local • Manter arranjos de financiamento tão simples quanto possível Requerimentos de supervisão e relatório do projeto • Construir sistemas locais de arrecadação, registro e processamento da informação • Priorizar as necessidades de informação dos diretores locais • Promover a supervisão como um processo de aprendizagem, e não como ferramenta de auditoria • Manter os mínimos requerimentos necessários da divulgação • Assegurar que a carga da divulgação é realista e razoável Avaliação do projeto • Preparar conjuntamente com os sócios os termos de referência para estudos • Plano de avaliação/colaboração conjunta, envolvendo os membros parceiros O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 5. PARTICIPAÇAO E FACILITAÇAO 111 5.2 TAREFAS DE FACILITAÇAO[1] 5.2.2 Aprendizagem nos adultos Existem muitas dimensões para o trabalho de des- • Os adultos são aprendizes voluntários. Têm um envolvimento. Um elemento crítico é a maneira melhor desempenho quando estão decididos a caatravés da qual as pessoas “externas” (pessoal da pacitar-se por uma razão particular. Têm o direito Comissão Européia, consultores, organizações não de saber por que o tema é importante para eles; governamentais internacionais e oficiais do governo local) podem facilitar eficientemente a aprendi- • Os adultos usualmente têm a intenção de aprender. zagem e a compreensão entre as pessoas com as Quando não se estimula esta motivação deixarão quais trabalham. de se interessar, ou já não comparecerão; Na continuação, se oferece uma breve olhada a al- • As experiências dos adultos podem ajudar outros guns dos princípios para a aprendizagem dos adul- a aprender; tos e as listas de verificação, dos aspectos importantes a considerar quando planeja e dirige oficinas • Os adultos aprendem melhor em um ambiente ou eventos de capacitação, de menor escala. com relação ativa e participação; 5.2.1 Como aprendemos recordamos. o que • Os adultos aprendem melhor quando o contexto da capacitação é claramente próximo a seus Muito do que aprendemos não o fazemos através próprios temas, ou trabalhos, ou seja, através das da educação formal, mas sim através de um aproximações com a realidade; processo de auto-desenvolvimento e também • Tudo se aprende melhor mediante uma particiatravés da experiência. pação ativa e o processo de aprendizagem muitas vezes importa mais, que o conteúdo real. Aprendemos: • 1% através do paladar Para estimular a aprendizagem através da participação dos adultos na capacitação ou oficinas: • 2% através do tato • 3% através do olfato • 11% através da audição • 83% através da vista • Assegurar-se de que o sintam necessário, relacionado ou importante. Isto lhes dará a motivação necessária para a aprendizagem; • Comunicar claramente o que o programa de capacitação abarcará. Devem estar convencidos de que será relevante e que as habilidades já aprendidas serão necessárias; Recordamos: • 10% do que lemos • 20% do que ouvimos • 30% do que vemos • 50% do que vemos e ouvimos • 80% do que dizemos • 90% do que dizemos e fazemos • Assegurar-se de que existe uma quantidade suficiente de exercícios, procurando que incrementem sua capacidade de adaptar o que estão aprendendo, à suas próprias circunstâncias; • Respeito e motivação individual, já que as pessoas aprendem com velocidade diferente e tem estilos diferentes; • Continuar relacionando o novo material com a informação e as habilidades já adquiridas. Isto implica que devemos usar ajuda visual como 5.2.3 Características para boa parte de qualquer atividade de aprendizagem e participação do facilitador. dar às pessoas oportunidade de articular e por em prática o que aprendeu. • Uma personalidade amena, com habilidade de mostrar aprovação e adaptação aos integrantes do grupo; Este material foi tomado de ‘Bridging the Gap: A guide to monitoring and evaluating development projects’, by Bernard Broughton and Jonathan Hampshire (published by ACFOA, 1997). Some materials were originally sourced (with permission) from ‘Participatory Learning and Action – A Trainers Guide (Pretty et al), published by the IIED, London, 1995. 112 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 5. PARTICIPAÇAO E FACILITAÇAO • Habilidade social para brindar ao grupo unidade e controle sem que seja prejudicial; • Produzir e fazer uso das idéias e habilidades dos participantes como fazem os professores; O conjunto de objetivos é útil e deve estabelecer objetivos gerais e específicos. • Habilidade de organização, de maneira que, os recursos e a disposição logística sejam facilmente • Objetivos Gerais: geralmente descrevem o que administráveis; se espera obter depois de que se complete e capacitação (por exemplo, adquirir a qualidade de • Habilidade para identificar e resolver problemas supervisionar os relatórios do projeto elaborados dos participantes; pelo pessoal de campo). No entanto, tais objetivos são difíceis de avaliar, particularmente durante as • Entusiasmo pelo tema e capacidade para transmiti- atividades da oficina ou capacitação. lo de uma maneira interessante; • Por tanto, é de utilidade contar com um grupo de • Flexibilidade na resposta às alterações de necessi- objetivos específicos acerca do que se espera que dades dos participantes; os participantes aprendam durante a capacitação. Quais novas habilidades específicas se espera, que • Conhecimento do tema. os participantes obtenham? Como exemplo poderiam incluir-se coisas como: 5.2.4 Preparação da oficina. A seguinte seção discute o papel do facilitador e algumas maneiras de preparar a oficina. - O participante será capaz de completar os requerimentos do formato do relatório mensal? Preparativos básicos. - Os participantes serão capazes de desenhar e conduzir as taxas de adoção de tecnologia de um produtor? Antes de começar deve-se ter claro os objetivos da oficina: • Qual é o papel do facilitador? • Quem é o grupo alvo? • Qual é o tema principal que se espera comunicar? - O participante será capaz de preparar programas trimestrais e orçamentos? Estes tipos de objetivos podem ser alcançados mais facilmente tanto pelos participantes como pelos sócios externos. Conhecendo aos participantes Propósito da oficina Uma oficina pode ter diferentes propósitos, como são: Se a oficina ou a atividade a ser feita é breve, é necessário saber: • Quantas pessoas estarão presentes? • Induzir uma mudança de conduta • Persuadir as pessoas • Por que estão participando da oficina, por escolha própria ou foram indicados? • Informar • O que esperam e quais são suas expectativas? • Estimular • Quais são seus temores e interesses? • Motivar a ação • Que classes de experiência, idade, gênero e posição estarão representados? O propósito determinará a maneira como se conduzirá a oficina e a informação que nela será apre- • Existe qualquer conflito no grupo que pode ser sentada. uma discrepância no projeto? Objetivos da capacitação/oficinas É importante ter um conjunto de objetivos para as atividades de capacitação ou da oficina, de maneira que os instrutores e os participantes não percam de vista o que se está fazendo e o que se pretende ao terminar. • Quais conhecimentos deve-se ter acerca do tema que será apresentado? Estas perguntas podem ajudar a determinar o tipo de programa que deverá ser preparado, os materiais de apoio e as ajudas didáticas selecionadas. No entanto, muitas vezes só é possível responder O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 5. PARTICIPAÇAO E FACILITAÇAO 113 algumas destas perguntas, depois que a capaci- • Facilidades sanitárias para homens e mulheres tação tenha começado. A natureza da oficina e a disponibilidade do orçaItinerário e duração mento serão determinados entre o que é desejado e o que se pode executar. Quando se está planejando uma oficina ou uma seção de capacitação, é importante considerar os Disposição de lugares seguintes pontos: A disposição de lugares dependerá da maneira em • O que é que limita o tempo? Quem o administra? que inter-atuem os participantes e o instrutor. • Selecionar tempos de começo e final apropriados para cada dia de trabalho, através da consulta com os colegas, contrapartes ou participantes. Existe um número de opções possíveis. A seleção da mais apropriada dependerá de: • Métodos planejados para a capacitação (particu• Ser tolerante com o fato de que talvez se tenha larmente os referentes ao trabalho em equipe); que começar mais tarde do que foi planejado e estar preparado para este inconveniente. • O tamanho e a orientação externa do lugar; • Que as seções de apresentação verbal ou de lei- • O número de participantes tura não durem mais de 30 minutos para incorporar atividades participativas. • O apoio e as expectativas dos participantes • Dependendo da resposta dos participantes, ser flexível com a duração das seções individuais, embora relembre que as restrições de tempo, seguem presentes. Lugar da capacitação, mobiliário e equipamentos É aconselhável evitar uma sala de aula tradicional (filas de cadeiras e carteiras viradas para frente) a menos que a oficina se baseie exclusivamente na leitura. Materiais O tipo de materiais que serão requeridos dependeA eleição do lugar pode influir no sucesso ou fra- rá da natureza da oficina e dos participantes. A secasso da oficina. Talvez a margem de escolha seja guir alguns conselhos gerais para os participantes pequena, mas deve-se lembrar que é importante de oficinas, os quais poderão ler e escrever: visitar o lugar ao menos um dia antes do início da oficina. Se isto não é possível, assegurar-se de dis- • Preparar materiais escritos e visuais – incluindo por do lugar ao menos algumas horas antes que a cópias; capacitação comece. • Se tiver em mente, o uso de transparências ou As considerações fundamentais incluem: projeções por meio de um data-show, fazer cópias em papel para todos os participantes, assim como, • Luz, ventilação e acústica quando usá-las como referência, fazer notas adicionais diretamente nos quadros; • Espaço para trabalho em equipe • Assegurar-se de que o texto seja feito com um ta• Disponibilidade de cadeiras e mesas manho de letra suficientemente grande, para que os participantes possam lê-lo com facilidade; • Espaço para exibições • Identificar com antecedência se é possível com• Disponibilidade de quadros brancos ou negros prar os materiais, próximo do lugar. Se existe alguma dúvida, levar as provisões necessárias; • Disponibilidade de copiadora no próprio lugar ou perto • Se as respostas dos participantes às perguntas ou temas estão sendo anotadas, é melhor registrá-las • Proximidade a distrações potenciais (telefone, es- em papel ou fichas, que no quadro branco ou necritórios, caminhos ruidosos, bares) gro. Assim não será necessário apagá-las quando o quadro estiver cheio. • Lugar de fácil acesso (É difícil chegar?) • Dedicar tempo para organizar e divulgar a oficina 114 O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 5. PARTICIPAÇAO E FACILITAÇAO e seus objetivos antes que comece desta maneira, o acesso será mais rápido; • Não proporcionar material de leitura demais durante as seções da oficina. Isto pode sobrecarregar o participante e distraí-lo para ocupar-se de atividades mais participativas. Se a oficina for executada em uma cidade pequena, com participantes que não necessariamente lêem e escrevem, as necessidades de material serão consideravelmente diferentes, as habitualmente utilizadas para oficinas baseadas em salas de aulas. Planejamento detalhado das seções Cada seção da oficina deve ser planejada com detalhes. Um formato de planejamento de seções é uma ferramenta útil para assegurar-se de que os temas estão sendo executados sistematicamente. Em seguida apresentamos um exemplo. Seção 1.4 Participantes Responsável Rómulo Vértiz – Sandra López Duração 9.40 – 10.40 Propósito Identificar os principais grupos com direitos sobre (ou com interesse no) o uso da terra sob arrendamento pastoral da localidade. Temas (60 minutos) • Deseja-se identificar os envolvidos. Este é um importante ponto de começo na compreensão dos temas, para então desenvolver um plano coerente; • Dois grupos de interesse principal; • Quem são as famílias principais com direitos sobre a terra arrendada? • Quantas pessoas têm cada família? (aproximadamente) • Quais são os principais interesses externos? Por exemplo: governamentais ou empresariais • Quais são seus interesses principais? O que querem? • Quais destes grupos externos são os principais participantes? • Uma vez que o perfil foi desenvolvido e registrado, enfatize a importância do desenvolvimento e compreensão de outros grupos de interesse, assim se poderá negociar estando em uma posição bem informada; Sugestão para a seguinte seção: agora se verão especificamente os interesses/objetivos dos participantes da oficina (os donos tradicionais), entre outros. Método Apresentação de um resumo verbal para explicar o propósito da seção e consultar os participantes sobre a concordância de pauta. Perguntar aos participantes da oficina questões principais acerca dos participantes do projeto. Registrar as idéias em um quadro branco ou em fichas. Breve comentário sobre as idéias. Encorajar a reflexão e as novas idéias dos participantes. Repassar o que foi registrado para assegurar-se de que os presentes tenham em mente o que foi dito (particularmente para aqueles que não lêem). Materiais e folhetos Quadro branco e/ou fichas, canetas, marcadores, etc. O Manual da Cooperação Internacional CAPÍTULO 5. PARTICIPAÇAO E FACILITAÇAO 115 116 O Manual da Cooperação Internacional ALLEGATO 1. MELHORES PRÁTICAS ALLEGATO 1. Melhores práticas de cooperação internacional do que participando membros no projeto Arica Nossa Prefeitura participou, junto com o Governo da República Federal da Alemanha no projeto denominado “Centro Multimidiático Arica”, com um financiamento de 6000 euros. A subvenção foi destinada exclusivamente para cobrir os gastos (materiais e equipamentos, não foi utilizado para pagar honorários, mão de obra e outros) relacionados com o projeto mencionado. A descrição do projeto é a seguinte: OBJETIVO GERAL Inserir socialmente, através da inclusão no âmbito laboral a jovens e adultos portadores de necessidades especiais (mental, sensorial ou física) aproveitando suas capacidades. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Fomentar a autogestão e iniciativas empreendedoras como este projeto que permite inserir no mercado de trabalho as pessoas portadoras de necessidades especiais. - Elevar a qualidade de vida das pessoas por meio da inserção social. PROJETO (BREVE DESCRIÇÃO) O projeto permitirá realizar ações que buscam potencializar, coordenar e facilitar iniciativas e esforços para incorporar as pessoas portadoras de necessidades especiais ao processo de integração social, que pode tornar-se realidade através da integração laboral efetiva na área de entrega de serviços técnicos computacionais relacionados com a Internet (desenho de páginas web, desenho de cd multimídia, cópias de cd, entre outras). Estes serviços estarão direcionados a satisfazer a demanda existente no mercado local e se implementará a nível nacional. Nesta iniciativa interagem diferentes unidades municipais, dentro de suas respectivas competências, as quais conformarão o suporte técnico do Centro Multimidiático. CONTRIBUIÇAO DA INSTITUIÇÃO A Ilustre Prefeitura de Arica (IMA) proporcionará um espaço físico para que o Centro Multimediático possa instalar-se e iniciar suas atividades. Além disso, conseguirá os móveis que se necessitem. O valor da contribuição da IMA é de 7648 euros. AJUDA SOLICITADA A ajuda solicitada se traduz ao valor de 6000 euros do valor total do projeto que ascende a 13648 euros, que serão utilizados para a aquisição de equipamentos computacionais software e hardware. O Manual da Cooperação Internacional ALLEGATO 1. MELHORES PRÁTICAS 117 Cámara Italo - brasileña ESPERIENZE INTERNAZIONALI DI TELEMEDICINA Locais pela Inclusão Social, que realiza os eventos do FAL junto aos Fóruns Sociais Mundiais (FSM); d) a Comissão Organizadora do Fórum de Autoridades Locais de Periferia – Metrópolis Solidárias (FALP). Este é um projeto coordenado pela Câmara Italiana de São Paulo para análise de experiências e Junín boas práticas em telemedicina na Itália, bem como entre as Câmaras de Comércio parceiras sendo O governo local de Junín participa em redes de estas: na Austrália - CCIE de Sydney; nos USA cooperação internacional e foros internacionais de - CCIE de Houston; na ’Europa – Espanha - CCIE maneira ativa. de Barcelona, França - Lion, na Itália - CCIE de Torino, CCIA de Roma, CCIA de Nápoles e CCIA de A melhor prática em cooperação foi a execução Milão – PROMOS, também faz parte ao projeto do Projeto Comum Tipo B “Observanet”, da Rede a Câmera de comércio Ítalo Russa. O custo total 4 do Programa URB-AL. O objetivo do projeto foi é de Euros 177.767,35. Os beneficiários são os instalar observatórios territoriais nos municípios operadores técnicos de telemedicina vinculados às para organizar estatisticamente toda a informação Câmaras participantes, bem como centros de pes- socioeconômica da cidade. quisas e universidades. Os benefícios alcançaram toda a população, em Guarulhos particular os setores produtivos, empresariais e de trabalhadores. A cidade de Guarulhos iniciou seu trabalho de relações internacionais a partir de 2001-2002. A O valor da subvenção foi de 900.000 euros para Coordenadoria de Relações Internacionais da Pre- todos os sócios. feitura de Guarulhos foi criada em abril de 2005, tendo como uma de suas prioridades coordenar A duração do projeto foi de 2 anos. três projetos URB-AL de Tipo A, até 2007, totalizando mais de 700 mil euros: Rede 10 “Poten- Os resultados são: a instalação do Observatório na cialização do Uso de Sistemas Georreferenciados Direção de Produção da Prefeitura, a criação do nos Projetos de Combate à Pobreza de Jovens Serviço de Intermediação Laboral, a instalação do da Periferia Urbana”; Rede 12 “Metodologias software para a inserção dos dados, o lançamento de Microcrédito como Instrumento de Fomento à do Boletim “Junín Produtivo”, a assistência técnica Emancipação Econômica e à Inclusão Social das a empresários e empreendedores locais e a assisMulheres”; Rede 14 “O Protagonismo do Gover- tência a desempregados e pessoas com problemas no Local como Articulador na Integração de Políti- trabalhistas. cas Públicas Participativas de Segurança Cidadã”. Além da coordenação desses projetos, Guarulhos Latina participou ativamente das atividades das Redes 9 e 10, coordenadas respectivamente pelas cidades As instâncias dentro das quais as entidades locais de Porto Alegre e São Paulo. na Itália tem que mover-se para tratar temas de cooperação descentralizada são: o acordo entre Na Rede 10 também estamos participando do pro- o Ministério de Assuntos Exteriores e a Associação jeto coordenado pela cidade de Querétaro, “For- de Prefeituras Italianas (ANCI), a legislação em mación de Personal de Municípios para Utilizar matéria de “cooperação ao desenvolvimento das Los Programas de Cooperación Internacional como regiões e ao estatuto ordinário e especial e das proHerramienta de Combate a la Pobreza em sus Pro- víncias autônomas”, as políticas e lineamentos em yectos Locales”. matéria de cooperação descentralizada redigidas pela EU e pela ONU. O Prefeito de Guarulhos assumiu, recentemente, a vice-presidência de Relações Internacionais da Uma das características da cooperação descentraFrente Nacional de Prefeitos (FNP) do Brasil. lizada da cidade de Latina é a de incluir não só a população das cidades receptoras, mas também Guarulhos integra ativamente várias redes regio- aquelas que são doadoras através, por exemplo, nais e internacionais de cidades: a) Rede Mercoci- de viagens, shows e iniciativas de educação para a dades; b) Conselho Mundial da CGLU (sendo res- paz nas escolas, contribuindo assim para o diálogo ponsável pela Presidência da Comissão de Inclusão intercultural. Social e Democracia Participativa); c) a Comissão Coordenadora da Rede do Fórum de Autoridades Os dois maiores projetos de cooperação de Latina 118 O Manual da Cooperação Internacional ALLEGATO 1. MELHORES PRÁTICAS são com entes locais de América Latina e se chamam “MANDU” e “OSIRIA”. O primeiro dos dois projetos, MANDU, com um orçamento total de 216.894,67 euros permite, por meio da cooperação, da identificação de barreiras arquitetônicas e da formação de técnicos locais para administrar o entorno urbano de uma maneira mais apropriada às necessidades das crianças. O projeto, com relação às boas práticas contempla melhorias e novas alternativas na administração de uma política pública relativa ao tema. Com relação à questão acadêmica, o projeto espera que os técnicos e os empregados das administrações associadas, assim como os participantes locais das administrações associadas e das entidades, possam ser multiplicadores potenciais assim como os que apresentem os resultados e a experiência do projeto em comum em congressos, seminários e fóruns, nacionais ou internacionais. O segundo, OSIRIA, com um orçamento total de 37.142,00 euros de subvenção, prevê como objetivo criar um centro de observação e de análise temática e dos aspectos relacionados aos direitos das mulheres solteiras, por meio de ações de sensibilização com a finalidade de promover a igualdade de oportunidades em todos os âmbitos do contexto local. Um dos aspectos mais importantes relativo às boas práticas consiste em incluir aos funcionários dos coletivos locais sócios do projeto. Por isto, se organizam intercâmbios de funcionários dentro desta iniciativa para fomentar a difusão de experiências na problemática em questão. Estes funcionários têm, por sua vez, a tarefa de formar o conjunto do pessoal das administrações locais, assim como de representar um ponto de referência dentro das correspondentes coletividades. Dentro desta atividade, os representantes das cidades sócias trabalham uma semana na administração de uma cidade européia sócia do projeto, e outra semana em uma cidade latino americana. Durante este período de trabalho coletivo, os expertos municipais examinarão as boas práticas desenvolvidas pelas outras cidades no campo da participação das mulheres solteiras cabeças de família nas instâncias de decisão local, tratando de adaptá-la da melhor maneira com as correspondentes realidades locais. Milão TÍTULO DO PROJETO: “Pré- afirmação dos “micro jardins” para a melhoria da segurança alimentar da Cidade de Dakar (Senegal)”. PROMOTORES: FAO, Ministério de Relações Exteriores Italiano, Governo do Senegal, Prefeitura de Milão, Prefeitura de Dakar, Direção de Horticultura do Ministério da Agricultura do Senegal, Faculdade de Agronomia da Universidade dos Estudos de Milão, Ong´s milanesas COOPI e ACRA. DESCRIÇÃO: difusão de uma técnica de cultivo de legumes em ambientes urbanos, para o qual se necessita um espaço mínimo e que é excelente em quanto a resultados pois consegue integrar de maneira auto-suficiente a alimentação da população e constituir-se em uma pequena fonte de renda para as famílias mais pobres e com problemas. Esta técnica, aliás, se adapta muito bem à população feminina e pode ser praticada também por pessoas portadoras de necessidades especiais. ATIVIDADES: formação e assistência no campo agro-alimentício, administrativo, distributivo, comercial e de micro-crédito. BENEFICIÁRIOS: 5 mil famílias dos bairros mais marginados de Dakar. RECURSOS: 450 mil dólares. DURAÇÃO : 2 anos (2005/2006) RESULTADOS: o projeto ainda está sendo realizado, mas nos parece que, de qualquer maneira, é bastante significativo pois há interesse por parte dos sócios de todos os níveis. Pergaminho Projeto “PRATICAR”- Laboratório de práticas para o fortalecimento das políticas locais de luta contra a nova pobreza urbana. Coordenado pela Comuna de Roma. Rede 10 do Programa URB-AL. A operação é executada pela Europa e pela América Latina. A finalidade é contribuir com a melhoria da qualidade das políticas públicas locais de luta contra a pobreza urbana, através da capacitação de recursos humanos das instituições locais e a elaboração e difusão de novos instrumentos e boas práticas (best practises) de luta contra a nova pobreza urbana. Especificamente o projeto está destinado a: a) Capacitar aos administradores e técnicos locais que podem ter incidência na tomada de decisões urbanas no tema da luta contra a nova pobreza; b) Elaborar e divulgar instrumentos inovadores e boas práticas para fortalecer as políticas públicas locais de luta contra a “nova pobreza” urbana e reforçar a capacidade de atuação das coletividades locais latino americanas e européias; c) Colocar as bases técnicas e metodológicas para a implementação de um processo de atuação de políticas públicas O Manual da Cooperação Internacional ALLEGATO 1. MELHORES PRÁTICAS 119 locais de luta contra a nova pobreza urbana, transferíveis a outras cidades da Europa e da América Latina, contribuindo para transformar os gastos públicos de assistência aos “novos” pobres em investimentos para o desenvolvimento. O projeto se encontra em sua etapa final, tendo obtido até agora os seguintes resultados: - linhas guias para o diagnóstico inicial sobre a situação de cada cidade “sócia” sobre o fenômeno dos “novos pobres”; - relatório sobre o fenômeno dos “novos pobres” nas cidades membros do projeto; - edição e publicação das “boas práticas” de luta contra a nova pobreza urbana selecionadas (principais experiências das cidades sócias e dos organismos internacionais realizadas na América Latina e na Europa), utilizadas também como “casos de estudo” nas atividades de capacitação; - capacitação de recursos humanos que formam parte das estruturas públicas locais na elaboração e gerências de programas e projetos de luta contra a nova pobreza urbana através da realização dos encontros locais, das atividades de capacitação/ informação, de elaboração de acordos e participação nas cidades sócias. - Relatórios (um por cidade) sobre os resultados dos seminários/oficinas; - Relatórios (um por cidade) sobre as “práticas” elaboradas por cada cidade, como resultado dos encontros entre os técnicos e administradores e com a participação de representantes dos atores. Pergaminho realizou três encontros locais, segundo o previsto pelo projeto. O primeiro foi realizado nos dias 15 e 16 de setembro de 2005 com a participação de uma média de 30 agentes municipais. O segundo se realizou em 25 de outubro, com 5º participantes da Prefeitura e de ong´s locais. O último fórum foi dia 22 de novembro com a presença dos coordenadores romanos e dos agentes municipais que estiveram participando desde o primeiro seminário, as ong´s locais e pessoas que trabalham com a comunidade e foi aberto ao público em geral. No site do projeto- www.practicar.it – se pode encontrar os relatórios sobre os encontros e todos os documentos referentes ao projeto em geral e ao que foi realizado em Pergaminho. Nota: a melhor prática para a cooperação internacional é direcionar seus esforços a limitar a nova pobreza que surge das classes médias que passam a ser pobres, através da capacitação e instrução 120 O Manual da Cooperação Internacional ALLEGATO 1. MELHORES PRÁTICAS dos mecanismos e políticas locais para atender suas necessidades. Querétaro Gestão Ambiental e Equilíbrio Ecológico através da Secretaria de Serviços Municipais e sua Direção de Limpeza e Iluminação Pública Sabemos que o equilíbrio ecológico é um tema de interesse e repercussão global. Por esta razão, retomamos nosso compromisso com a Campanha de Cidades para a Proteção do Clima como membros do International Concil Local Environmental Initiatives (ICLEI). Também nos incorporamos ao programa “Promovendo um Setor Público Eficiente”, patrocinado pela Associação Mexicana de Municípios A.C. (AMMAC), pelo ICLEI e Lorens Berkley Laboratórios, para a aquisição de equipamento de computação e instrumentos eletrônicos com selos Energy Star e FIDE, bem como para definir critérios de compras ecológicas e energeticamente eficientes. Desta maneira, o município de Querétaro se posiciona a nível nacional e internacional no tema ambiental. Participamos no projeto GEO – Querétaro, financiado pelo programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, com o propósito de definir uma agenda urbano-ambiental da zona conurbada do município. Em todo país, somente a Cidade do México e Querétaro são parte deste projeto. Hoje, Querétaro é uma das 16 cidades do país participantes no Programa de Cidadania Ambiental Global, auspiciado pelo programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a AMMAC. O objetivo deste programa é promover a participação social organizada a partir da compreensão dos direitos e das responsabilidades cidadãs e fomentar a mudança na conduta das pessoas com relação ao meio ambiente. Graças ao apoio da secretaria de energia, se logrou conseguir o financiamento do Banco Mundial de cerca de 700 mil dólares para o Estudo de Perfeitabilidade para o Aproveitamento do Biogás no aterro sanitário. O objetivo de tal estudo é utilizar o gás metano que produzem os resíduos sólidos armazenados para gerar energia elétrica e diminuir a emissão de gases de efeito invernadeiro. Acerca do projeto de produção de energia elétrica com o biogás gerado no aterro sanitário, em novembro de 2004 ingressamos à primeira fase do programa para a América Latina do Banco Mundial, que consistiu em estudos de possibilidade de execução para quinze cidades desta região. De México foram selecionados Chihuahua e Querétaro, pois ambas cumpriam com a normatividade nacional e internacional, possuíam potencial de gerar biogás e a adequada manutenção do aterro sanitário. Derivado do anterior, na segunda fase de 11 a 31 de março de 2005, se realizou um estudo com provas de campo, cujos resultados se entregaram em julho do mesmo ano na Expo Latino Americana de Projetos GRS 2005, que teve sede em Montevidéu, Uruguai. Tais resultados estimam que se possa recuperar o biogás suficiente para manter uma planta geradora de eletricidade de 2.12 mega-watts, com possibilidade de crescimento a 3.18 mega-watts, e com vida útil até 2019. to de recursos humanos e a complementação da infra-estrutura. O Programa intitulado Bairros Ecológicos prevê o desenvolvimiento socio-ambiental contemplando a urbanização de habitações precárias, a recuperação ambiental de áreas degradadas, a proteção dos mananciais e o estímulo a organização comunitária. Atualmente são avaliadas diversa possibilidades de investimento e financiamento para instalar a planta de energia elétrica, assim como de celebrar um contrato de compra e venda com empresas que desenvolvem projetos de aproveitamento de biogás de aterros sanitários. San Sebastián Entre os anos de 2000 e 2005, a Prefeitura de Sán Sebastián – Fomento de Sán Sebastián S.A. desenvolveu o programa de cooperação anual “Gestor de Projetos de Desenvolvimento Local”. Através deste programa se selecionaram 8 jovens com título universitário com o objetivo de formar-lhes em desenvolvimento local e gestão de projetos para posteriormente serem deslocados para América Latina e Índia e colaborar com instituições e prefeituras na coordenação e gestão de projetos (implementação de escritórios de emprego, desenho e execução de sistemas de informação, Escolas Oficina, Estudos de mercado, assistência técnica e formação de técnicos municipais, entre outros). Este deslocamento teve duração de 4 a 10 meses de colaboração e principalmente foram executados projetos em colaboração com as Prefeituras de Tal Tal, Tocopilla, Pudahuel, Lo Prado, Quinta Normal, Limari e FOSIS no Chile; Trelew, Bell Ville, La Rioja e Comodoro e IFAM na Argentina; Cuenca no Equador; Santiago de Veraguas, Penonome, Chitre e a Procuradoria de Administração no Panamá; Bucaramanga e CORPLAN na Colômbia e Bangalore na Índia. O orçamento anual do programa era de 15 mil euros aproximadamente. Sao Bernardo do Campo Estudo sobre o Plano Integrado de Melhoria Ambiental na Área de Mananciais da Represa Billings no Município de São Bernardo do Campo em parceria com a JICA - Japan International Cooperation Agency, orgão vinculado ao Ministério de Negócios Estrangeiros do Japão, prevê a utilização de consultoria especializada, a formação e treinamenO Manual da Cooperação Internacional ALLEGATO 1. MELHORES PRÁTICAS 121 122 O Manual da Cooperação Internacional ALLEGATO 1. MELHORES PRÁTICAS ANEXO 2. Leis Municipais de cooperação internacional do que participando membros no projeto Arica Documento No. do Artigo Resumo (3 linhas) Lei Nº. 18.695, ORGÂNICA Artigo 65 O orçamento municipal incluirá os seguintes anexos informativos: CONSTITUCIONAL DE PREFEITURAS 3) Os projetos apresentados a outras Ãinstituições nacionais ou internacionais. Artigo 135 As associações de prefeituras poderão ter como objeto: f) a ação coordenada com instituições nacionais e internacionais, a fim de aperfeiçoar o regimemunicipal. LEI NUM. 19.886 DE BASES SOBRE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS DE SUBMINISTRO E PRESTAÇAO DE SERVIÇOS Artigo 3 Identificação da Norma : LEI-18834 Artigo 10 As instituições executarão os programas de capacitação preferentemente em forma territorialmente desconcentrada. Artigo 24 Poderão celebrar-se convênios com organismos públicos ou privados, nacionais, estrangeiros ou internacionais. Artigo 69 Os funcionários públicos poderão ser designados pelo chefe superior da respectiva instituição, em comissão de serviço para o desempenho de funções alheias ao cargo, no mesmo órgão ou serviço público ou em outro distinto, tanto no território nacional como no estrangeiro. Artigo 70 Os funcionários não poderão ser designados em comissão de serviço, durante mais de três meses, em cada ano calendário, tanto no território nacional como no estrangeiro. Data de Publicação: 23.09.1989 - os contratos efetuados de acordo com o procedimento específico de um organismo internacional, associados a créditos ou apartações que este outorgue. Data de Promulgação: 15.09.1989 Organismo : MINISTERIO DEL INTERIOR Ultima Modificação : LEY19921 20.12.2003 ESTATUTO ADMINISTRATIVO c) Ficam excluídos da aplicação da seguinte lei: O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 2. LEIS MUNICIPAIS 123 Junín Documento No. de Artigo Resumo (3 linhas) Documento No. de Artigo Resumo (3 linhas) Regulamento de execução DPR n.177 de 12 abril de 1988 Artigo 7 Constituição Nacional da República Argentina Constituição da Província de Buenos Aires Lei Orgânica de Prefeituras Latina Lei n° 49 de 26 de fevereiro de 1987 Lei n° 68 de 19 março de 1993 124 O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 2. LEIS MUNICIPAIS A cooperação descentralizada é a capacidade da administração sub-estatal de definir e concordar com um sócio de outro país (uma prefeitura, uma cidade) um acordo quadro de recíproco interesse coordenado e governado pela administração pública e executado pelas forças presentes no território, ONG, empresas sociais, ASL, pequenas e médias empresas, associações de imigrados, os que atuam com base em suas competências. Artigo19 Dá possibilidade Prefeituras e estados de destinar um importem não superior a 0,80% da suma dos primeiros três títulos das entradas correntes dos mesmos balanços de previsão para sustentar programas de cooperação ao desenvolvimento e às intervenções de solidariedade internacional. Milano Documento No. de Artigo Resumo (3 linhas) Constituição da República Italiana 117° Relações internacionais como matéria de lei do Estado e das Regiões. Lei do Estado n 49 /1987: Nova disciplina da cooperação da Itália com os PVD Artigo 2, incisos 4 e 5. O Ministério de relações exteriores pode utilizar em atividades de cooperação as estruturas das Regiões e das instituições locais Lei estatal n 68/ 1993: Conversão em lei com modificações, do decreto lei 18 de Janeiro 1993 n. 8, que contém disposições urgentes em matéria de finanças derivadas de contabilidade pública. Artigo 19 Regulamento CEE sobre a cooperação descentralizada n.1659/98 y Promulgação de 2004 (Prefeituras e governos dos estados). As regiões e as outras instituições locais podem propor projetos e realizar convênios com o ministério. Municipalidades e províncias podem destinar até 0,8 % das entradas correntes de seu orçamento para realizar projetos de cooperação ao desenvolvimento e atividades de solidariedade internacional. (apontada também no TUELtexto único das leis sobre as instituições locais, decreto legislativo 267/2000, Artigo 272) Deliberação n. 12/1989 do CICS - Comitê interministerial para a cooperação ao desenvolvimento (atualmente invalidado) Linhas de direção para o desenvolvimento de atividades de cooperação ao desenvolvimento de parte das regiões, das províncias autônomas e das outras instituições locais reconhecidas como sujeitos promotores. Documento de UCD - Unidade de Coordenação para a Cooperação Descentralizada da DGCSMAE (Março 2000) Linhas guias de direção e de formas de atuação da cooperação descentralizada ao desenvolvimento no quadro da cooperação italiana com os PVD Acordo marco entre a DGCS-MAE e o ANCI (Associação Nacional das Municipalidades Italianas (maio de 2001)). Prevê a constituição de um arquivo de dados sobre as atividades de cooperação das instituições locais e a execução de atividades conjuntas de informação, formação contínua e permanente das prefeituras associadas Estatuto da Prefeitura de Milão (norma fundamental da instituição local), adotado pelo Conselho Municipal na seção de 3 de outubro 1991, deliberação n. 653 Artigo 3, inciso 4 Regula a distribuição de contribuições para atividades sociais, culturais, formativas, etc. e também para aquelas de cooperação internacional. O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 2. LEIS MUNICIPAIS 125 Querétaro Documento No. de Artigo Constituição Política dos Estados Unidos Mexicanos Artigo 115° Constituição Política do Estado Livre e Soberano de Querétaro Arteaga Resumo (3 linhas) O prefeito tem a faculdade de celebrar convênios internacionais. Lei sobre a Celebração de Tratados Lei para a organização política e administrativa do município livre do Estado de Querétaro Regulamento para a celebração de acordos interinstitucionais do Município de Querétaro San Sebastián Documento No. de Artigos No. de Artigo Âmbito Estatal Lei 38/2003, de 17 de novembro, geral de Subvenções (BOE 18.11.2003) Esta lei tem por objeto regular o regime geral de subvenções outorgadas pelas administrações públicas. Lei 23/1998, de 7 de julho, de Cooperação internacional para o desenvolvimento (BOE 8.7.1998) A presente lei tem por objeto a regulação do regime jurídico da política espanhola de cooperação internacional para o desenvolvimento, Plano Diretor da Cooperação Espanhola 2005-2008 (http://www. aeci.es/03coop/6public_ docs/2seci/2doc_coop_ esp/index.htm) Elemento básico de planificação quadrienal que determina as linhas gerais e diretrizes básicas, destacando objetivos e prioridades e avançando os recursos orçamentários indicativos para este período. Âmbito Autonômico Decreto 53/1998 de 24 de março, pelo que se cria o Conselho Assessor de Cooperação ao Desenvolvimento de Euskadi (BOPV 18.4.1998) Constituiu-se como órgão colegiado de assessoramento e promotor da participação das Administrações públicas, ONG e outros agentes sociais da Comunidade Autônoma do País Vasco, nas políticas sobre cooperação ao desenvolvimento a ser executados nos países do Terceiro Mundo Plano Diretor de Cooperação ao Desenvolvimento 20052008 Determina as linhas estratégicas de cooperação internacional impulsionadas pelo Governo Vasco para o período destacado. Sao Bernardo do Campo Documento No. de Artigos No. de Artigo Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988 Artículo 52 inciso V Cabe ao Senado Federal autorizar a União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Territórios e aos Municípios, operações financeiras externas. Lei Organica do Municipio de São Bernardo do Campo 126 O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 2. LEIS MUNICIPAIS Autoriza o Prefeito Municipal celebrar convênios externos de natureza internacional. ANEXO 3. LINKS AGÊNCIAS DE COOPERAÇÃO BILATERAL Agencia Alemana de Cooperación Internacional (GTZ) www.gtz.de Agencia Australiana de Cooperación Internacional (AUSAID) www.ausaid.gov.au Agencia Canadiense de Cooperación Internacional (CIDA) www.acdi-cida.ca Agencia de Cooperación Internacional del Gobierno de Chile (AGCI) www.agci.cl Agencia Danesa de Cooperación Internacional (DANIDA) www.um.dk/udenrigspolitik/udviklingspolitik/ Agencia Española de Cooperación Internacional (AECI) www.aeci.es Agencia de los Estados Unidos para el Desarrollo Internacional (USAID) www.usaid.gov Agencia Francesa de Desarrollo (AFD) www.afd.fr Agencia Japonesa de Cooperación Internacional (JICA) www.jica.go.jp Agencia Noruega de Cooperación para el Desarrollo (NORAD) www.norad.no Agencia Suiza para el Desarrollo y la Cooperación (COSUDE) www.sdc-gov.ch Agencia Sueca de Desarrollo Internacional (ASDI) www.sida.se Agencia Holandesa para el Desarrollo Internacional www.novib.nl Departamento para el Desarrollo Internacional (DFID) www.dfid.gov.uk Dirección General de Cooperación Internacional de los Países Bajos (DGIS) www.bz.minbuza.nl/English/f_sumdevelopment_X.html Departamento para la Cooperación Internacional para el Desarrollo de Finlandia global.finland.fi Ministerio de Asuntos Exteriores de Italia www.esteri.it/ita/index.asp AGÊNCIAS DE COOPERAÇÃO MULTIILATERAL Banco de Desarrollo de América del Norte (BDAN) www.nadbank.org Banco Interamericano de Desarrollo (BID) Red de Desarrollo Municipal (RDM) www.aidb.org/rdm Banco Mundial (BM) www.worldbank.org World Bank Projects - Country Assistance Strategies (CAS) www.worldbank.org/cas/ O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 3. LINKS 127 Banco Mundial, Agencia para Colombia y México www.bancomundial.org Banco Asiático de Desarrollo (ADB) www.adb.org Fondo Monetario Internacional www.imf.org Corporación Financiera Internacional (CFI) www.ifc.org Centro Iberoamericano de Desarrollo Estratégico Urbano (CIDEU) www.cideu.org Centro Latinoamericano de Administración Pública (CLAD) www.clad.org.ve Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económico (OCDE) www.oecd.org.mx Agencia Interamericana para la Cooperación y El Desarrollo (AICD) www.iacd.oas.org Red Interamericana de Alto Nivel sobre Descentralización, Gobierno local y Participación Ciudadana (RAID) www.ddpa.oas.org/opd/riad Unidad para la Promoción de la Democracia (UPD) www.ddpa.oas.org Comité Consultivo de Autoridades Locales de las Naciones Unidas (UNACLA) www.unhabitat.org/unacia/default.asp Comisión Económica para América Latina y El Caribe (CEPAL) www.cepal.un.org.mx Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo (PNUD) www.undp.org SOCODEVI - Sociedad de Cooperación para el Desarrollo Internacional www.socodevi.org Red para La Administración Pública y las Finanzas para El Desarrollo (UNPAN) www.unpan.org/index.asp Consejo de Europa (COE) www.coe.int Comité de Regiones de la UE www.cor.eu.int Programa URB-AL europa.eu.int/comm/europeaid/projects/urbal/index_es.htm Asociación para el Corredor Internacional de Comercio de América del Norte (NAITCO) www.naitcp.org Ciudades Hermanas Internacional (SCI) www.sister-cities.org Cities Alliance www.citiesalliance.org Agencia Evangélica de Cooperación para el Desarrollo www.ekd.de/agked/eze.html 128 O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 3. LINKS FUNDAÇÕES INTERNACIONAIS Fundación Canadiense para las América www.focal.ca Fundación CODESPA (Cooperación al Desarrollo y Promoción de Actividades Asistenciales) www.codespa.org/extranet/start.html Fundación Friedrich Ebert (FES) www.fesmex.org Fundación Ford www.fordfound.org Fundación Friedrch Naumann (FNN) www.fnst-mexico.org Fundación Kellog www.wkkf.org Fundación Rockefeller www.rockfound.org Fundación Interamericana www.iaf.gov/index/index_en.asp Fundación Konrad Adenauer (KAS) www.kasmex.org.mx Fundación Compton www.comptonfoundation.org Fundación Kettering www.kettering.org Fundación para el Desarrollo de la Iniciativa Local www.iniloc.org.mx Fundación Avina www.avina.com Fundación Charles Stewart Mott www.mott.org Fundación Ecología y Desarrollo (ECODES) www.ecodes.org Fundación Pathfinder International www.pathfind.org Fundación Soros www.soros.org Fundación Aetna www.aetna.com/foundation Fundación Alcoa www.alcoa.com/global/en/community/info_page/foundation.asp Fundación Alfred P. Sloan www.sloan.org Fundación Ashland Inc. www.ashland.com/community/index.asp Fundación Bill & Melinda Gates www.gatesfoundation.org Global Fund for Women www.globalfundforwomen.org Fundación International Community www.icfdn.org O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 3. LINKS 129 Fundación John D. and Catherine T. MacArthur www.macfound.org Fundación Nathan Cummings www.nathancummings.org Novartis Foundation for Sustainable Development www.novartisfoundation.com PTM - Paz y Tercer Mundo www.ptmmundubat.org Red de Fondos Ambientales de Latinoamérica y el Caribe www.redlac.org Sabre Foundation www.sabre.org Fundación David and Lucile Packard www.packfound.org Fundación General Service www.generalservice.org Fundación Jhon D. and Catherine T. Macarthur www.macfdn.org Fundación Angélica www.angelicafoundation.org/sguidelines1.html Movimondo www.movimondo.org Acra www.acra.it Oxfam www.oxfam.org ActionAid www.actionaid.org Altromercato www.altromercato.it CARE www.care.org Cooperativa Chico Mendes www.chicomendes.it CRS - Catholic Relief Services (org. de la Conferencia Católica de Estados Unidos) www.crs.org The Christian Aid www.christian-aid.org.uk Cultural Survival www.cs.org Intermon www.intermon.org AKTIONSGEMEINSCHAFT SOLIDARISCHE WELT (ASW) www.aswnet.de Fondo Católico para el Desarrollo en Ultramar (CAFOD) www.cafod.org.uk European Fair Trade Association www.european-fair-trade-association.org Network of European Worldshops www.worldshops.org 130 O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 3. LINKS Womenwatch www.un.org/womenwatch ASSOCIAÇÕES REGIONAIS Federación Latinoamericana de Ciudades, Municipios y Asociaciones www.flacma.org Federación de Municipio del Istmo Centroamericano www.femica.org Mercociudades www.mercociudades.org Consejo de Municipios y Regiones de Europa www.ccre.org Eurociudades www.eurocities.org Corporación Andina de Fomento (CAF) www.caf.com Asociación Latinoamericana de Organizaciones de Promoción www.alop.or.cr Unión Iberoamericana de Municipalistas www.uimunicipalistas.org ASSOCIAÇÕES NACIONAIS EM EUROPA Associazione Nazionale Comuni d’Italia www.anci.it Federación Española de Municipios y Provincias www.femp.es Cités Unies France - Site Web de la cooperation décentralisée www.cites-unies-france.org Association of Netherlands Municipalities www.vilanova.cat FUNDOS Españoles: Euskal Fondoa www.euskalfondoa.org Fons Valencia www.fonsvalencia.org Fondo Mallorquí www.confederacionfondos.org Fondo Menorquí menorca.infotelecom.es/fmc Fondo Gallego www.aytolacoruna.es/1home/directorio.htm Fondo Pitius www.igadi.org/index.html Fondo Andaluz www.andaluciasolidaria.org Fondo Extremeño www.felcode.org O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 3. LINKS 131 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS Organización para la Cooperación y Desarrollo Económico (OCDE) www.oecd.org Links De la OCDE: - Comité de Ayuda al Desarrollo (CAD) www.oecd.org/dac/ Grupo de Expertos en Evaluación del CAD: http://www.oecd.org/dac/Evaluation/index.htm - Centro de Desarrollo www.oecd.org/dev/ - Documentos de Trabajo (Working Papers) www.oecd.org/dev/wp - Indicadores de Desarrollo www.oecd.org/dac/indicators/ Informes y Publicaciones www.oecd.org/dac/Evaluation/htm/reports.htm Organización de las Naciones Unidad para la Educación www.unesco.org.es Organización Mundial de la Salud www.who.int/es United Nations Institute For Training and Research www.unitar.org Programa de Naciones Unidas sobre Asentamientos Humanos www.unhabitat.org International Council for Local Environmental Initiatives www.iclei.org FORUNS Foro Social Mundial www.forosocialmundial.org.br Foro de Federaciones (FOF) www.forumfed.org PRÊMIOS A PRÁTICAS BOAS Best Practises in Local Governments www.sustainabledevelopment.org/bip/ Best Practices Website www.bestpractices.org Premio de Experiencias Exitosas de Dubai dubai-award.m.gov.ae Premio Gobierno y Gestión Local del Centro de Investigación y Docencia Económicas (CIDE) www.premiomunicipal.org.mx The best Practices Foundation www.bestpracticesfoundation.com OUTROS A-Regional www.aredional.com Banco de Datos de Códigos Municipales www.municode.com Base de Datos Políticos de las Amétricas www.georgetown.edu/pdba/ Gobiernos en la Red www.gksoft.com/govt/ 132 O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 3. LINKS Mundo Municipal www.municipalworld.com Political Resources on the Net www.politicalresources.net Forum de autoridades locales www.bcn.es/fal/ Euforic www.euforic.org Centro Iberoamericano de Desarrollo Estratégico Urbano (CIDEU) www.cideu.org Unión Iberoamericana de Municipalistas www.uimunicipalistas.org Centro de Estudios Municipales y de Cooperación Internacional (Cemci) www.cemci.org Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA) www.iica.ac.cr Directorio de Cooperación Internacional para el Desarrollo biblioteca.udg.es/ coopera/altres.htm#ONGD Institute for Human Studies www.theihs.org Observatorio de la Cooperación Descentralizada Local UE-AL www.observ-ocd.org Red Interamericana para la Democracia (RID) www.redinter.org Unión Iberoamericana de Municipalidades (UIM) www.uimunicipalistas.org Urbared www.urbared.ungs.edu.ar O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 3. LINKS 133 BIBLIOGRAFIA. Agencia Española de Cooperación Internacional (1999), Metodología de proyectos de cooperación para el desarrollo, Madrid, AECI. Ander-Egg, E. y Aguilar Idáñez, M. J. (1998), Como elaborar un proyecto, Buenos Aires, Lumen. Banco Interamericano de Desarrollo ((1997), Evaluación: una herramienta de gestión para mejorar el desempeño de los proyectos, Washington, BID. Comisión Europea (2001), Manual. Gestión del ciclo d un proyecto, Bruselas, CE/Europaid. Gómez Galán, M. y Sáinz Ollero, H. (2003), El ciclo del proyecto de cooperación al desarrollo. La aplicación del marco lógico, Madrid, Fundación Cideal. GTZ (1987), Materiales de trabajo: ZOPP. Una introducción al método. Cuadros y presentación, Franfurt, GTZ. Instituto Latinoamericano de Planificación Económica y Social (1981), Guía para la presentación de proyectos, México, Siglo XXI. MAE-SECIPI (2001), Metodología de Evaluación de la Cooperación Española II, Madrid, AECI. Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo (1997), Monitoreo y evaluación orientados a la obtención de resultados: Manual para los administradores de programas, PNUD, Nueva York. 134 O Manual da Cooperação Internacional ANEXO 3. LINKS 2006. Derechos Reservados. Municipio de Querétaro, México. REGISTRO EN TRÁMITE. Este documento ha sido elaborado con la ayuda financiera de la UE. Su contenido es responsabilidad de “Formación de personal de municipios para utilizar los programas de cooperación internacional como herramientas de combate a la pobreza en sus proyectos locales”, y en ningún caso se debe considerar que refleja la opinión de la Unión Europea. Este manual foi elaborado com a contribuição de o Dr. Víctor Godínez Zúñiga, M. em C. Beverly Velázquez Romero, Lic. Daniela Calderón Uribe e a Municipalidade de Querétaro durante as administrações do Presidente Municipal Lic. Armando Rivera Castillejos 2003-2006 e do Presidente Municipal Lic. Manuel González Valle 2006-2009.