TV Escola.p65

Transcrição

TV Escola.p65
No 33 OUTUBRO/NOVEMBRO 2003
O CANAL DA EDUCAÇÃO
Experiência
UM PÉ NA ALDEIA
OUTRO NO
NA MUNDO
Entrevista
MARIA JOSÉ FÉRES
Professora Casarine,
diretora da Escola Estadual
Parque Piratininga II.
Itaquaquecetuba
Itaquaquecetuba, Grande São Paulo
VITÓRIA DA EDUCAÇÃO
TV ESCOLA
OUTUBRO/NOVEMBRO 2003
Í
N
D
I
C
E
4 CARTAS
6 MINHA EXPERIÊNCIA
CARO PROFESSOR
9 INTERNET NAS RUAS DE RECIFE
10 DESTAQUES
10
A
escola sempre foi uma ameaça para as culturas indígenas brasileiras. Em sala de aula, índio era visto como primitivo e conhecedor de
inutilidades; sua língua, silenciada no momento em que pisava no colégio.
Nas periferias das grandes cidades, as escolas também discriminavam o que vinha da realidade local. Poucos perdiam tempo ouvindo o que os alunos e a comunidade tinham a dizer.
Agora tudo está mudando. Em todo Brasil, escolas
procuram integrar os costumes e conhecimentos locais
aos disciplinares, criando didáticas não-excludentes, mas
construtoras de um saber
multicultural.
Nossos repórteres foram a
Carmésia (MG) visitar a Escola
Estadual Indígena Pataxó
Bocumux, onde conhecimentos brancos e indígenas integraram-se de tal forma que foi
possível criar um calendário
escolar “etnoambiental”.
PROFESSORA
Em Goiás, a repórter RosanFÁTIMA ZEIN CASARINE
gela Guerra, visitou um NTE
(Núcleo de Tecnologia do ProInfo) dentro de um centro
escolar indígena. Ali, a decoração homenageia a deusa
Aruanã da tradição Karajá e a internet traz assuntos de
interesse da comunidade.
Na preferia de São Paulo, a diretora Fátima Zein
Casarini, mostrou que valorizar o jovem e seu contexto
social pode trazer benefícios surpreendentes.
Preocupar-se com as dificuldades dos alunos mais
que com o ponto da lousa pode ser a diferença que
motiva o aluno a ser parte da escola ou preferir se ver
fora dela.
Em todas as experiências, um novo olhar educacional desponta pelo Brasil. Com respeito às diferenças e
somando o regional ao capital, o tecnológico ao tradicional, talvez encontremos aí o que há de mais original
em nosso país: o multiculturalismo.
Os Editores
GEOGRAFIA
CAMISETAS VIAJANDO
11
ARTE
PROJETANDO PORTINARI
12
MEIO AMBIENTE
HERANÇA DA GUERRA: POLUIÇÃO
13
ÉTICA
GRUPO DOS CINCOS
14
SAÚDE
UMA GERAÇÃO EM PERIGO
16
GEOGRAFIA
A LINHA FINAL: PRIVATIZANDO
O MUNDO
17
HISTÓRIA
NO CAMINHO DA EXPEDIÇÃO
LANGSDORFF
18
ACERVO: VER CIÊNCIA
19
COMO FAZER?
21
SALTO PARA O FUTURO
22
OUTRAS ATRAÇÕES
23 EXPERIÊNCIA
EDUCAÇÃO INDÍGENA
34 CAPA
ITAQUAQUECETUBA: A VITÓRIA DA
EDUCAÇÃO
43 EXPEDIÇÃO VAGA-LUME
44 ENTREVISTA: MARIA JOSÉ FÉRES,
SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO INFANTIL E
FUNDAMENTAL
48 E TEM MAIS
50 LER E ESCREVER - É PRECISO APRENDER
cartas
C A R T A S
PROGRAMAÇÃO ESPECIAL
Sou professor responsável pela
TV Escola e percebo que muitos colegas
que gravam os vídeos dão pouca importância à Programação Especial (segunda a sexta) e à Escola Aberta (sábados,
domingos e feriados) Provavelmente
não se dão conta de que essas programações oferecem a oportunidade de
rever vídeos que, por algum motivo, não
pudemos gravar.
Irineu Januário
E.E Padre João Tomes
Três Lagoas/MS
“
A qualidade dos
programas da TV Escola,
principalmente a seriedade e o estilo das discussões da série Letramento e leitura da literatura, de Salto para o
Futuro, nos inspiraram a
criar em nossa biblioteca o “Bate Papo Literário”. Reunimo-nos semanalmente com um grupo
de trinta alunos, para desenvolver estudos significativos com as
mais variadas formas de leitura. Contos,
trechos literários, poesias, biografias,
músicas, e alguns assuntos polêmicos publicados em revistas e jornais, são a matéria de nossos encontros. Promovemos
debates, discussões, dramatizações e recitais de poesia, a fim de despertar nos
alunos o gosto e o hábito da leitura diária, como fonte de conhecimento.
Leonildes Carlos W. Neto
Biblioteca Monteiro Lobato
Colégio Estadual João Dias Sobrinho
Divinópolis do Tocantins/TO
TEATRO DE FANTOCHES
As edições da revista TV Escola
têm tido grande influência em minha
ação pedagógica. Um dos projetos que
consegui realizar este ano foi o da cria-
4
TV ESCOLA
ção e apresentação de
pequenas peças de teatro de fantoches. A atividade promove a integração do pessoal da escola e dos alunos com
seus familiares, que são
convidados a participar
das apresentações. As
mensagens positivas e
lúdicas ajudam as crianças a superar alguns de
seus problemas, ao vivenciarem as posições
das personagens diante
de determinadas situações, enfrentando desafios e definindo
conceitos de moral e ética pessoal.
Dália Alcina Alves de Lima
Escola Estadual Braulino Mamede
Tupaciguara/MG
AS MENSAGENS
POSITIVAS E LÚDICAS
AJUDAM AS CRIANÇAS A
SUPERAR ALGUNS DE SEUS
PROBLEMAS, AO
VIVENCIAREM AS
POSIÇÕES DAS
PERSONAGENS DIANTE
DE DETERMINADAS
SITUAÇÕES,
ENFRENTANDO DESAFIOS
E DEFININDO CONCEITOS
DE MORAL E ÉTICA
PESSOAL.
“
É POSSÍVEL
FAZER
ACONTECER
VISITAS À TELESSALA
Os vídeos da TV Escola são fundamentais na aprendizagem dos educandos e enriquecem o currículo dos docentes! Entusiasmados com esse material, resolvemos criar o projeto “Trabalhando com a tecnologia”. Acompanhamos toda a programação, gravamos, catalogamos e divulgamos para os professores. Nosso objetivo é repassá-la a todos, para que a utilizem em sua prática
pedagógica como complementação do
ensino regulamentar. Os programas são
aproveitados realmente, no empenho de
se criar novas formas de trabalho, tanto
para cada disciplina, como de maneira
interdisciplinar. Graças a esse projeto, os
vídeos da TV Escola se incorporam ao
planejamento de nossos professores e
enriquecem o trabalho de professores
da zona rural e de escolas de educação
infantil, que visitam periodicamente a
telessala.
Clara Rodrigues do Carmo
Escola Municipal Domingos Valente Barreto
Mazagão/AP
BIBLIOTECA PÚBLICA
Sou diretor da biblioteca pública de um município do brejo paraibano, sempre conduzindo meu trabalho
no sentido de bem servir à causa da
educação e procurando melhorar nosso pequeno acervo para atender à comunidade estudiosa e ao público em
geral. Elaborei o esboço de um projeto
que chamei “Cultura na praça”, para
envolver a clientela estudantil de 1° e
2° graus e pessoas interessadas na divulgação de atividades que explorem a
potencialidade cultural da população
em arte, literatura, poesia, música, teatro, esportes e cidadania. Espero que
essa iniciativa venha oferecer subsídios e alternativas educacionais para a comunidade.
Araken Brasileiro Dias
Biblioteca Pública Municipal
Dr. Antônio Dias de Freitas
Jacaraú/PB
Comentários, críticas, dúvidas, sugestões, relatos de experiências,
propostas de intercâmbio com seus colegas...e muito mais!
GRUPO DE VOLUNTÁRIOS
A TV Escola tem sido o eixo de
apoio e o incentivo de meu trabalho e
dos companheiros. A revista TV Escola,
o Guia de Programas e os “Cadernos da
TV Escola” servem de roteiro para nossos encontros e debates, na alfabetização de jovens e adultos. Somos um
pequeno grupo de professores voluntários, alguns com conhecimentos pedagógicos e outros não ligados à área
da educação. Trabalhamos em um bairro extremamente pobre, em salas emprestadas por uma igreja. A comunidade e o grupo de professoma bastante amigável e com uma vares têm crescido e aprenria ter acesso à revisSOMOS UM
riedade de recursos, mas é caro. Uma
dido muito com os exemta TV Escola, mas não
PEQUENO GRUPO DE
alternativa mais econômica é o Sisplos trazidos pela revista
sabia como fazê-lo,
PROFESSORES
tema Operacional Dosvox, desenvolviTV Escola.
pois sou cega. Entrei
VOLUNTÁRIOS, ALGUNS
do pelo Núcleo de Computação EletrôClaudete Maria
em contato com os
COM CONHECIMENTOS
nica da Universidade Federal do Rio
Coutinho
editores e me inforPEDAGÓGICOS E OUTROS
de Janeiro. É um sistema acessível e
Divinópolis/MG
maram que poderia
NÃO LIGADOS À ÁREA
didático, porém, mais limitado. Por
acessar a revista peDA EDUCAÇÃO.
exemplo: para baixar os arquivos com
“MÃOS QUE
la internet, em forTRABALHAMOS EM
a extensão pdf, torna-se necessário
FALAM”
mato pdf (no endeUM BAIRRO
convertê-los em formato doc ou txt.
Fiquei alegre e
reço www.mec.gov.
EXTREMAMENTE POBRE,
Outro programa largamente utilizado
emocionada ao ver a mabr/tvescola/
EM SALAS EMPRESTADAS
é o Virtual Vision, concebido pela
téria “Mãos que falam”,
publicacoes.shtm).
POR UMA
Micropower.
na seção Minha experiênAgora, estou empolIGREJA
Elizabet Dias de Sá
cia, da revista TV Escola nº
gada com minhas
[email protected]
31. Quando solicitamos a
incursões pelos links
Coordenadora do Centro de Apoio
publicação do projeto da Escola Munida revista TV Escola. Utilizo para isso
Pedagógico
cipal Professora Senhorinha Mendes, dio Jaws, software com leitor de tela e
Belo Horizonte/MG
rigi-me ao Editorial da revista como
síntese de voz. Trata-se de um prograprofissional da escola. Hoje falo como
mãe e expresso os meus mais sinceros
agradecimentos à direção da revista TV
RECEBEMOS TAMBÉM, E AGRADECEMOS,
Escola pelo interesse em publicar uma
CARTAS E E-MAILS DE:
matéria que leva a sociedade a refletir
Alberto Baganha de Oliveira, [email protected]; Arinete
sobre a inclusão. A publicação nos faz
acreditar que nós, pais de pessoas porFerreira da Silva, Natividade/RJ; Diogo Braz Pagano, Teófilo Otoni/MG; Gleice
tadoras de necessidades educativas esOlivieri, Rio de Janeiro/RJ; Helder Leonardo de Souza, Viana/ES; Josenilson
peciais, não estamos sozinhos na luta
Antônio da Silva, São Joaquim do Monte/PE; Jucelino Nóbrega da Luz, Inpela integração e inclusão.
confidentes/MG; Maria Ozzores Marchiori, Coordenação Estadual da TV
Jerci Polo Fortunato
Escola/PR; Napoleão Oliveira, [email protected]; Raimundo Henrique de
Mãe da instrutora da disciplina de Libras
Meireles, Mata Roma/MA; Rosalina Andrade da Silva, Lagarto/SE; Sávia
Palmas/PR
Alves Ferreira Pinheiro, Felixlândia/MG; Simão Pedro dos Santos,
[email protected]; Simônia Lopes, Conceição da Barra/ES e Vera CláuREVISTA PARA CEGOS
dia Marques Veloso, Montes Claros/MG.
Agradeço-lhes pela pronta res-
“
“
posta e orientação. Há tempos eu que-
TV ESCOLA
5
cartas
C A R T A S
MINHA EXPERIÊNCIA4
4
disciplinar. Em História, foram abordados conceitos
como cidadania,
participação política, democracia,
civismo; em Matemática, conceitos
de geometria; em
Educação Artística, a harmonia entre a forma, as cores e as idéias do
artista. Todos os
alunos criaram
suas versões da
PARTICIPAÇÃO DE TODOS NA ESCOLHA DA BANDEIRA
bandeira e os professores selecionaram três das proposNOSSA BANDEIRA
tas. Foi feita uma votação com a particiNossa escola tem procurado depação dos alunos e da comunidade. Disempenhar um papel acadêmico e socivulgado o resultado, todos comemoraal de forma paralela, já que não é possíram com fogos de artifício e muita alevel desvincular os conteúdos das transgria a criação de nossa bandeira.
formações por que passa a sociedade.
Genilda Leite Chalegre de Freitas
Era sonho nosso criar a bandeira da es(Diretora)
cola. Mas, queríamos envolver os alunos
Escola Newton Guimarães
no projeto, levantando reflexões e comJaguapitã/PR
partilhando conquistas. Algo que abordasse valores, que fizesse os alunos refletirem sobre sua realidade e lhes ensinasCINEMA NA ESCOLA
se o caminho da participação coletiva na
Com o intuito de estimular o uso
transformação da realidade. Justificado
da sala de vídeo da escola, que se eno projeto e definidos seus objetivos e
contrava desativada por problemas de
conteúdos, os professores desenvolveestrutura, professores orientadores da
ram aulas com discussões, fitas de vídeo
TV Escola, supervisores e demais profese outros recursos, em um trabalho intersores, elaboraram o projeto “Cinema na
Escola”. Exibidos durante uma semana,
com temas e gêneros variados, os filmes
foram transformados em ferramentas de
trabalho pelos educadores, que os exploraram de acordo com as necessidades de suas disciplinas. Foram incluídos
no planejamento com critérios que pudessem atender aos aspectos criativo,
afetivo, ético e cognitivo dos alunos, fugindo da banalização das aulas e precedidos de uma boa preparação, segundo
o objetivo de cada professor.
Ailton Fernandes (Diretor)
Escola Municipal de 1o Grau
Edinor Avelino
Macau/RN
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Cristovam Buarque
Secretário-Executivo
Rubem Fonseca Filho
Secretário de Educação a Distância
João Carlos Teatini
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Secretaria de Educação a Distância
Esplanada dos Ministérios, Bloco L – sala 100
Brasília/DF 70047-900
Tel.: (61) 410-8592 Fax: (61) 410-9178
E-mail: [email protected]
[email protected]
Internet:<http://www.mec.gov.br/seed/tvescola>
PROGRAMA TV ESCOLA
Conselho Editorial
João Carlos Teatini, Américo Bernardes, Maria José
Féres, Laura Maria G. Duarte, Carmen Moreira de
Castro Neves, Márcia Serôa da Motta Brandão,
Renata Maria Braga Santos, Jean Claude Frajmund,
José Roberto Neffa Sadek, Maria Suely Carvalho Berto,
Joyce Del Frari Coutinho, Luiz Motta e Paulo Speller.
6
TV ESCOLA
Chefe da Assessoria de Comunicação Social:
Joyce Del Frari
Editores: Gustavo Tapioca, Luiz Motta e
Elzira R. Arantes
Reportagem: Rosangela Guerra, Tânia Nogueira e
Teresa Mello
Fotografia: Nair Benedicto, Juca Martins e Ana Galluf
Edição de arte, diagramação, editoração eletrônica
e produção gráfica: Primeira Página Comunicação
Revisão: Márcia Marques
Produção: Camila Araújo e Agnaldo Pereira
A revista TV ESCOLA é uma publicação bimestral da
Secretaria de Educação a Distância do MEC
Tiragem desta edição: 450 mil exemplares
FORMANDO AUTORES
Com o incentivo do teleposto da
cidade, venho desenvolvendo há três
anos o projeto “Formando Autores”.
Nosso objetivo é despertar o interesse
dos alunos pela literatura, incentivar a
criação de textos, ampliar e aprimorar
o vocabulário e estimular a escrita e a
leitura. Estamos muito felizes porque,
ano a ano, vamos conseguindo prosseguir com sucesso, atingindo os objetivos propostos no projeto. Montamos
em sala de aula uma estante com os livros de que dispomos e que estamos
sempre consultando, tirando idéias
para atividades diversificadas. Além
disso, cada aluno é convidado a elaborar, ilustrar e confeccionar seus própri-
Secretaria de Educação a Distância
Comentários, críticas, dúvidas, sugestões, relatos de experiências,
propostas de intercâmbio com seus colegas...e muito mais!
os livros de histórias ou poesias, o que
já resultou em inúmeros livros infantis,
com temas variados. Fomos convidados
pelo teleposto de Maricá (onde freqüento as aulas de capacitação), a expor nossas “obras literárias” na Bienal
do Livro do Rio de Janeiro/2003. Ficamos orgulhosos em representar o município de Maricá e a escola num evento tão importante, uma vez que somos
uma pequena unidade de 1a a 4a série
do ensino fundamental.
Luiza Helena Nascimento Dias
Escola Estadual Cônego Batalha
Maricá/RJ
PRIVILÉGIO DA NATUREZA
ALUNOS E PROFESSORA EM PASSEIO PELA PRAIA
Trabalhando em conjunto com a
telessala da escola, a equipe pedagógica, os alunos e seus pais, organizaram
um passeio ecológico, para observar na
prática o meio ambiente. Depois de assistir a um programa de vídeo, fomos
até um rio próximo, que está bastante
poluído e lá tivemos a oportunidade de
desenvolver uma aula sobre poluição,
com o objetivo de conscientizar nossos
alunos para a preservação de rios e florestas. A coleta do lixo e o processo de
reciclagem também foram abordados.
Visitamos nossa praia, que é maravilhosa e sem poluição. O mar fornece o pescado, o caranguejo, a ostra, o búzio e o
melhor camarão do país. Nosso manguezal também ainda é bem preservado.
Sou professora de português e
literatura. Sempre trabalhei com o ensino médio, mas este ano assumi duas
Escreva
Ligue para o
carta,
fax ou e-mail
TV Escola
Caixa Postal 9659
Brasília/DF 70001-970
Fax (61) 410-9178
E-mail: [email protected]
Fomos ao local chamado Porto da Pescaria, onde os pais de nossos alunos pescam para manter suas famílias. A água
dessa área é muito salgada e dela é colhido e industrializado o melhor sal do
mundo. Uma curiosidade é que o solo
de nossa cidade também é muito salgado, porém toda semente nele plantada
germina e dá bons frutos.
Naura Siqueira de Medeiros
Escola Estadual Donana Avelino
Macau/RN
CRIANDO E RECRIANDO
classes de 7ª série
do ensino fundamental. No primeiro bimestre
consegui detectar os problemas
que mais afetavam o desenvolvimento dos alunos na produção
de texto. Preocupada, desenvolvi
diversas atividades para melhorar seu desempenho. A que surtiu
bom resultado
foi um trabalho
em grupo, baseado em ilustrações realizadas pelos próprios alunos, com colagens. Apresentei-lhes várias imagens, retiradas de calendários, e propus que recortassem figuras e construíssem uma
nova ilustração. Sobre a obra resultante, cada grupo produziu seu texto. O
mais interessante nessa experiência foi
que os alunos conseguiram utilizar seus
conhecimentos multidisciplinares na elaboração dos textos e não cometeram
muitos erros em relação à norma culta
da língua.
Neila Maria Mariano
Colégio Estadual Professora
Ângela Sandri Teixeira
Almirante Tamandaré/PR
Fala Brasil
0800-616161 Ligação gratuita
Visite
a TV ESCOLA
na internet
<http://www.mec.gov.br/seed/tvescola>
TV ESCOLA
7
cartas
C A R T A S
44
MINHA EXPERIÊNCIA
AULAS
CONTEXTUALIZADAS
A professora da 1ª série de nossa escola, idealizou e realizou um projeto que teve como ponto de partida o
cotidiano das crianças, levando-as a obter um aprendizado facilitado e inovador. Trabalhar a leitura e a escrita, despertar o interesse pelo aprendizado, elevar a auto-estima, despertar a criatividade e permitir a ampliação dos conhecimentos gerais, foram os objetivos propostos pelo projeto. Entre as atividades
desenvolvidas extra-classe, os alunos tiveram momentos na cozinha da escola,
visitas a supermercados, ao correio, à
Apae, ao terminal rodoviário, a casas comerciais... Em sala de aula, escreveram
cartas, elaboraram cartazes com preços
pesquisados, copiaram receitas, trabalhando a produção de textos e a oralidade, sempre em um contexto prático.
A aula prática é muito bem recebida
pelos alunos, pois aprendem de forma
dinâmica e descontraída, integrando
esse conhecimento ao percurso escolar,
de forma definitiva e vivenciando o significado de cada conteúdo. Assim, nossa 1ª série foi levada a conhecer o mundo das letras de maneira natural, dinâmica e evoluída. Temos hoje alunos alfabetizados e felizes.
Waldirene Pereira da Silva
(Coordenadora pedagógica)
Giovana Rodrigues Freitas Pina
(Professora da 1ª série)
Escola Estadual Deputado Federal
José Alves de Assis
Araguaína/TO
ATENÇÃO AO IDOSO
Quando tomamos conhecimento do tema da Campanha da Fraternidade 2003, tivemos a certeza de que este
era o momento ideal para a realização
de um trabalho de reflexão e conscientização dos alunos e da comunidade sobre a situação do idoso na sociedade
atual. Para dar início ao projeto, os alunos entrevistaram pessoas idosas, orien-
8
TV ESCOLA
VISITA A UMA CASA COMERCIAL
tados pelos professores. Depois, houve
exibição de vídeos seguida de debate;
elaboração de cartazes, discussão e reflexão sobre as mensagens expostas;
confecção de lembrancinhas, na aula de
Artes; produção de textos e apresentação teatral. Convidados, alguns idosos
participaram de várias atividades. Além
disso, graças a parcerias conseguidas
pela escola, receberam doses de vacina
contra gripe, tiveram sua pressão verificada e assistiram à palestra feita por
uma médica da comunidade. Ao final do
evento, várias pessoas nos procuraram
para elogiar nosso trabalho, o que nos
deu muito orgulho, pois tivemos a sensação de estar contribuindo para uma
sociedade mais justa.
Maria Paula Viana Santos
Escola Municipal Virgílio de Melo Franco
Nova Iguaçu/RJ
FEIRANTES
Sou professora de Língua Portuguesa e realizei com os alunos da 8ª série do ano passado um projeto intitulado
“Registro biográfico de feirantes”. Não
faltaram conversas e discussões sobre a
importância da feira livre para o comércio local, mas o foco principal foi um olhar
minucioso sobre as pessoas que vendem
na feira. A turma realizou uma pesqui-
sa, partindo da aplicação de um pequeno
questionário para entrevistar alguns feirantes, enquanto passeávamos pela feira. Resolvemos utilizar filmadora e máquina fotográfica para registrar
com mais fidelidade esses momentos. Em sala
de aula, vimos as imagens gravadas e, com
os questionários respondidos, construímos
uma pequena biografia dos feirantes entrevistados, ilustrando em
um cartaz as primeiras impressões sobre a feira e seus personagens. Marcarmos o dia da apresentação dos trabalhos em sala de aula e foi com orgulho
que cada aluno leu a biografia do feirante escolhido, discutindo com a turma a importância e o pioneirismo dessa
pesquisa. Na época, eu estava participando do curso TV na Escola e os Desafios
de Hoje e o que aprendi sobre o uso da
tecnologia no trabalho pedagógico foi
decisivo para a realização do projeto. Na
Feira de Ciência e Cultura da escola,
realizada no final do ano letivo, para a
qual toda a comunidade foi convidada, mostramos o resultado de nosso trabalho. Levamos um dia inteiro arrumando a sala de aula com objetos vendidos
na feira, trazidos pelos alunos. Organizamos as biografias em forma de livros,
pregamos os desenhos nas paredes,
montamos um mural com fotos, e deixamos a fita de vídeo pronta para ser
exibida aos visitantes. Assim, pudemos
valorizar o trabalhador da feira e desenvolvemos nos alunos a capacidade
de produção textual biográfica, tão importante no processo de ensino-aprendizagem.
Claudete Medeiros
Escola Estadual Senador José Bernardo
São João do Sabugi/RN
EXCLUSÃO DIGITAL
COM LABORATÓRIOS
ITINERANTES, A INFORMÁTICA CHEGA À PERIFERIA DO RECIFE E CRIA
NOVAS PERSPECTIVAS
DE INCLUSÃO SOCIAL
INTERNET NAS
RUAS DE RECIFE
S
ão seis unidades móveis totalmente equipadas: em cada
uma, treze computadores conectados em rede à in-ternet,
além de impressoras, scanner, quadro
branco, televisor, videocassete e equipamento de som. Nelas funcionam as
pioneiras Escolas Itinerantes de Informática, criadas com recursos da prefeitura pela Secretaria Municipal de
Educação do Recife, dentro do projeto recife.com.jovem.
Os principais objetivos do projeto
JOVENS TÊM ACESSO A CURSOS DE INFORMÁTICA BÁSICA E ACESSO Ä INTERNET PERTO DE CASA
são combater a exclusão digital e dar
de é um local tombado pelo patrimôaos jovens melhores oportunidades
colas Itinerantes tenham sido pensanio histórico, onde são desenvolvidos
de formação e mais recursos para se
das especialmente para atender aos
projetos de cultura popular. Nessa
inserir no mercado de trabalho, ao
jovens, também são procuradas por
Utec estão instalados um Núcleo de
proporcionar maior familiaridade com
adultos, sempre bem-vindos.
Tecnologia na Educação (NTE) do
as novas tecnologias.
Visando a inclusão de todos os ciProInfo e uma biblioteca virtual.
A própria população do município
dadãos, os veículos dispõem de eleA Unidade Cristiano Donato fica
ajuda a definir as comunidades a sevador para permitir o acesso de porem um bairro central do Recife, o da
rem atendidas. A Escola Itinerante se
tadores de deficiência. E já está senBoa Vista, em uma rua comercial exinstala durante dois meses em uma
do desenvolvido um projeto de capaclusiva para pedestres. Ali funcionam
rua ou praça da comunidade escocitação de professores para garantir
cursos de tecnologia semelhantes
lhida e oferece cursos de informática
o atendimento a deficientes auditivos.
aos das unidades móveis e um núcleo
básica e acesso à internet, possibiliA preocupação com o uso de node idiomas, com cursos de inglês, estando o contato com novas técnicas
vas tecnologias na educação se reflepanhol, francês, italiano, alemão, hede informação e comunicação. O conte em outras políticas públicas, como
braico e grego. É freqüentada por um
teúdo dos cursos de informática é
as sete Unidades de Tecnologia na
público eclético, no qual predomidirecionado para atividades profissiEducação e Cidadania (Utec) distribunam os desempregados (40%), enonais, levando em conta a realidade
ídas pela cidade. Praticamente metacaminhados pela bolsa de empregos
sociocultural dos alunos.
de dos usuários é constituída de aluda prefeitura. Além destes, há aluDesde sua crianos encaminhados
nos da rede municipal (30%), encação, em agosto de
pelas escolas da reminhados pelas escolas; trabalhado2002, o projeto já
gião, e o restante
Para saber mais
res da indústria e do comércio (20%),
atendeu a 18 covem
da
população
E-mail:
encaminhados pela associação de
munidades distriem
geral.
Desta<[email protected]>
lojistas e sindicatos correspondentes;
buídas por toda a
cam-se
as
Utec
SíInternet: <http://
e servidores da prefeitura (10%), encidade e capacitou
tio
Trindade
e
Criswww.recife.pe.gov.br/
caminhados pela Secretaria de Admais de 4.700 alutiano Donato.
urbis2003/informatica.html>
ministração.
nos. Embora as EsO Sítio TrindaTV ESCOLA
ESCOLA
TV
99
programação
DESTAQUES DA
GEOGRAFIA
OUTUBRO
7
CAMISETAS VIAJANDO
A história das roupas
de segunda mão e a dívida do
Terceiro Mundo
DIREÇÃO: Shantha Bloemin
REALIZAÇÃO: CS Associates,
Estados Unidos, 2001
DURAÇÃO: 55’16”
Série selecionada na grade de
programação do ensino
fundamental. Indicada para
atividades com alunos de 8a
série do ensino fundamental e
também para o ensino médio.
ÁREAS CONEXAS: Ética; História
RESUMO
Na Zâmbia, na África, roupas usadas provenientes de outros países movimentam um grande e incomum comércio. Examinando esse mercado, o documentário discute as conseqüências do endividamento externo e dos ajustes estruturais na economia do país a partir dos anos 90 e examina as crescentes desigualdades entre o Terceiro Mundo e os países desenvolvidos.
ATIVIDADES
Objetivos e habilidades
n Adquirir conhecimentos sobre a África subsaariana.
n Reconhecer o padrão assimétrico de desenvolvimento nas eco-
nomias capitalistas e a natureza dos ajustes estruturais introduzidos a partir dos anos 80 e 90.
n Estimular a sensibilidade crítica dos alunos e desenvolver a
capacidade de pesquisa, interpretação e análise de dados e
de textos.
n Elaborar gráficos e material cartográfico.
Trabalho com a classe
Antes de exibir o vídeo, apresente aos alunos os indicadores
socioeconômicos de alguns países, destacando as desigualdades existentes. Oriente a localização, em um atlas, dos principais bolsões de pobreza e das diferenças na concentração de
riquezas.
Depois que a classe houver assistido ao programa, retome a
conversa anterior e encomende uma pesquisa a respeito da situação socioeconômica da Zâmbia. Discuta as condições de trabalho informal retratadas no documentário e os motivos de sua
disseminação na Zâmbia. De que forma essa questão denuncia
a distribuição desigual de riqueza?
Organize os dados com a classe, estruturando um amplo painel que sirva para refletir sobre o endividamento externo e as
10
TV ESCOLA
reformas econômicas a que se submeteram os países altamente
dependentes de ajuda externa. Examine o conjunto de mudanças exigidas pelos organismos internacionais nos anos 90 e os
impactos causados nas economias menos desenvolvidas. Retome o conteúdo do documentário para enfatizar as conseqüências da abertura acelerada do mercado, do processo de
privatização e da redução ao acesso de bens e de serviços.
Interdisciplinaridade
n HISTÓRIA: Aprofundar o estudo do processo de
descolonização da África e da Ásia, os movimentos nacionalistas no Terceiro Mundo e as guerras na África.
n MATEMÁTICA: Elaboração de gráficos a partir de indicadores sociais e econômicos (IDH, desemprego, evolução da
dívida externa).
Veja na internet
<http://www.clubemundo.com.br/revistapangea/>
Site da revista Pangea, publicação de política, economia e
cultura.
<http://educaterra.terra.com.br/vizentini/artigos/
index.htm>
Textos de Paulo Fagundes Vizentini, diretor do Instituto
Latino-Americano de Estudos Avançados da UFRGS, sobre
relações internacionais.
<http://www.un.org/esa/africa/>
Site em inglês do Programa das Nações Unidas para a África, com muitos links relacionados ao assunto.
<http://www.undp.org/hdr2003/other_languages.html>
Apresenta o Relatório de Desenvolvimento Humano 2003
da ONU.
Leia também
“O balanço do neoliberalismo”
Perry Anderson, em Pós-neoliberalismo. As políticas sociais e
o Estado democrático, de Emir Sader & Paulo Gentili (orgs.).
São Paulo, Paz e Terra, 1995.
A bolsa ou a vida – a dívida externa do Terceiro Mundo:
as finanças contra os povos
Eric Touissant. São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2002.
“O papel do Estado e as políticas neoliberais”
Paul Singer, em Globalização, metropolização e políticas
neoliberais, de Regina Maria A. Fonseca (org.). São Paulo,
Educ, 1997.
A armadilha da dívida
Reinaldo Gonçalves & Valter Pomar. São Paulo, Fundação
Perseu Abramo, 2002.
Veja também, da TV Escola
“Comércio”, da série Ecce Homo
n Exercitar a observação e a fruição, comparando obras diver-
sas do mesmo autor.
Elementos a destacar
n MEMÓRIA. O empenho mostrado no vídeo para resgatar a
obra e a memória de Portinari serve como ponto de partida
para uma discussão sobre a importância do trabalho de documentação. Proponha aos alunos que desenvolvam um projeto semelhante em torno de outro artista – podem escolher alguém de seu estado, ou mesmo da cidade onde está a escola.
n PINTURA COMO MEIO. As obras mais importantes de Portinari
O LAVRADOR DE CAFÉ, 1939, ÓLEO SOBRE TELA
ARTE
PROJETANDO
PORTINARI
OUTUBRO
23
DIREÇÃO: Marcello Dantas
REALIZAÇÃO: Magnetoscópio/
Petrobras, Brasil, 1997
DURAÇÃO: 17’47’’
Série selecionada na grade de
programação do ensino
fundamental. Indicada para
atividades com alunos de 7ª e 8ª
séries do ensino fundamental e
também para o ensino médio.
ÁREAS CONEXAS:
História, Literatura
RESUMO
O programa mostra o trabalho desenvolvido pelo Projeto
Portinari, que reúne documentos e informações sobre o artista e
prepara homenagens para o centenário de seu nascimento, em
dezembro de 2003. Aborda também aspectos gerais da obra de
Cândido Portinari e procura contextualizar a produção deste que
é um dos mais representativos pintores brasileiros do século 20,
evitando a mera enumeração de fatos e de dados biográficos.
ATIVIDADES
Objetivos
n Expor aos alunos a necessidade da catalogação da obra de
um artista.
n Propor uma aproximação entre as artes (pintura e literatura)
e a política.
possuem um cunho humanista e político. O estilo e o assunto
de seus trabalhos são muitas vezes confrontados com o espírito do Estado Novo getulista (1935-1945). Em colaboração
com o professor de História, organize um debate sobre as
semelhanças e diferenças existentes nos modos como Vargas
(governando) e Portinari (pintando) pensavam o país. Esta
atividade pode oferecer desdobramentos interessantes com
as turmas do ensino médio:
* É possível dizer que o populismo de Vargas tem um paralelo com
certas obras de Portinari?
* E o elogio do trabalho e do trabalhador, sobretudo braçal, que
vemos em pinturas de Portinari da década de 30?
* O nacionalismo é uma questão presente na obra do pintor?
n LITERATURA E PINTURA. Alguns temas inspiram tanto os pin-
tores quanto os escritores. Em um trabalho conjunto com Língua Portuguesa, distribua trechos ou capítulos de obras de
Graciliano Ramos (Vidas secas, São Bernardo), José Lins do Rego
(Menino de engenho) e Carlos Drummond de Andrade
(Boitempo), por exemplo, e mostre aos estudantes reproduções de pinturas. O poema “Brincar na rua”, de Drummond,
lembra muito as pinturas de Portinari sobre crianças brincando. Depois, levante um debate sobre as diferenças entre as
representações feitas por Portinari e pelos escritores.
n UM ARTISTA, VÁRIOS ESTILOS. Uma das características de
Portinari é transitar por vários estilos. A abertura do filme é
composta por uma série de pinturas. Após a exibição do vídeo,
reapresente esse trecho, fazendo pausas. Se possível, mostre
reproduções de outras obras, para que os alunos possam
cotejá-las, procurando discutir as razões do artista ao pintar
cada quadro de um modo diverso. Por exemplo, compare os
estilos de cinco obras: O lavrador de café, O pranto de Jeremias,
Retrato de Felipe de Oliveira, São Francisco e Retirantes. Esses quadros estão no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e há reproduções deles no site do museu, na internet e também no site
do Projeto Portinari.
Portinari ilustrador
O pintor ilustrou edições, hoje raras, de Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis), Dom Quixote
(Miguel de Cervantes), além de outros livros.
Em Portinari devora Hans Staden, organizado por Mary
Lou Paris e publicado pela editora Terceiro Nome (1998),
estão reunidas 26 ilustrações feitas pelo artista, em uma
releitura das gravuras publicadas na obra de Hans Staden.
TV ESCOLA
11
programação
DESTAQUES DA
ATIVIDADES
Veja na internet
<http://www.portinari.org.br>
Site do projeto Portinari, com biografia, reprodução de
obras, documentos e referências bibliográficas.
<http://www.casadeportinari.com.br/>
Site do Museu Casa de Portinari, na antiga residência do
artista, na cidade paulista de Brodowski. Conserva os
afrescos e murais ali pintados por ele, além de outras
obras, desenhos, documentos e até poesias.
<http://www.masp.art.br/
default.asp?PG=MOS&Loc=1&art=34>
Obras de Portinari no site do Museu de Arte de São
Paulo (Masp).
Leia também
Cândido Portinari
Annateresa Fabris, São Paulo, Edusp, 1996.
Alegorias do Brasil
Tadeu Chiarelli. São Paulo, MAM, 2003.
Veja também, da TV Escola
“Portinari, traços do Brasil”, da série O mundo da arte
MEIO AMBIENTE
NOVEMBRO
3
HERANÇA DA
GUERRA: POLUIÇÃO
Objetivos
n Ler e interpretar textos de interesse científico e tecnológico.
n Interpretar e utilizar diferentes formas de representação (ta-
belas, gráficos, expressões, ícones etc.).
n Associar conhecimentos e métodos científicos com a
tecnologia do sistema produtivo e dos serviços.
n Entender a relação entre o desenvolvimento tecnológico e
as ciências naturais.
Trabalho com a classe
Antes de exibir o vídeo, faça um levantamento do conhecimento prévio dos alunos acerca dos efeitos da radioatividade.
Verifique se têm informações a respeito de Hiroshima, Chernobyl
ou o acidente com césio em Goiânia.
Selecione previamente alguns momentos do filme para fazer pausas estratégicas durante a exibição, a fim de ampliar as
informações ou chamar a atenção para determinados pontos.
Explique de onde provêm as radiações e a interação das partículas nucleares com a matéria, sobretudo com os seres vivos.
Depois da apresentação, organize a classe em duplas e peçalhes uma pesquisa sobre as aplicações da energia radioativa. Os
dados podem servir para construir painéis ilustrados, indicando
os diversos campos em que a radiação é utilizada: telecomunicações, paleontologia, antropologia, fisiologia, medicina, agricultura, geração de energia, esterilização de objetos, indústria
alimentícia, genética, ecologia, zoologia, botânica, geologia etc.
Interdisciplinaridade
O professor de Geografia pode aproveitar o vídeo para discutir o papel das grandes potências no conflito bósnio e em
outros conflitos regionais.
Veja na internet
Direção: Thomas Wedmann
Realização: La Sept Arte,
França, 2001
DURAÇÃO: 25’41”
Programa selecionado na grade
de programação do ensino
fundamental. Indicada para
atividades com alunos de 7a e 8a
séries do ensino fundamental e
também para o ensino médio.
ÁREAS CONEXAS: Ética; Saúde
RESUMO
Alerta sobre as conseqüências da chamada “guerra de
Kosovo”, em que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico
Norte) atacou a Federação Iugoslava. Os armamentos à base
de urânio usados no conflito contaminaram as reservas de água
e o solo da região, provocando câncer e outros problemas de
saúde na população. Além disso, os bombardeios atingiram
refinarias de petróleo e usinas de produtos químicos, provocando a liberação de gases tóxicos no ar e a contaminação do
solo por metais pesados.
12
TV ESCOLA
<http://www.scite.pro.br/emrede/fisicamoderna/radioatividade/principal.html>
Site com textos sobre radioatividade, as características
das partículas nucleares e seus efeitos biológicos.
<http://www.energiatomica.hpg.ig.com.br/uran.htm>
Site que explica a utilização do urânio com funções
bélicas, incluindo o caso de Kosovo.
Leia também
A radioatividade e o lixo nuclear
Maria Elisa Marcondes Helene. São Paulo, Scipione, 1996.
A desintegração do Leste – URSS, Iugoslávia, Europa
Oriental
Nelson Bacic Olic. São Paulo, Moderna, 1993.
Veja também, da TV Escola
“A energia nuclear”, da série Desafios tecnológicos
Energia nuclear, Ética na ciência
ÉTICA
OUTUBRO
6
GRUPO DOS CINCO
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DIREÇÃO: Nick Hilligoss
REALIZAÇÃO: ABC International,
Austrália, 1997
DURAÇÃO:
5 episódios de 5’
Série selecionada na grade de
programação do ensino fundamental. Indicada para atividades com alunos da 5ª à 8ª série
do ensino fundamental e também para o ensino médio.
ÁREAS CONEXAS: Ciências;
Meio Ambiente
CLASSES INFERIORES
l
RESUMO
Os desenhos de animação dessa série superpremiada em
festivais do mundo inteiro tratam de maneira metafórica e crítica diversos temas relacionados à ação humana sobre a natureza e os demais seres vivos. Em cada episódio, os personagens questionam a razão dominadora, normativa e repressiva,
bem como procuram achar meios de superá-la.
ATIVIDADES
Após a exibição de cada episódio, convide os alunos a formar uma roda de discussão, incentivando todos a manifestar
suas impressões sobre a história narrada. Proponha questões
que contribuam para a melhor compreensão dos conceitos envolvidos e oriente a sistematização dos argumentos propostos.
Habilidades a serem desenvolvidas
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para orientar o pensamento centrado em valores éticos.
humana sobre a natureza e a própria humanidade.
O MUNDO DA TARTARUGA
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O vídeo mostra a divisão Social como forma de organização
produtiva na sociedade dos macacos, representando a ruptura do equilíbrio primordial. Oriente a discussão com algumas perguntas; para encerrar, proponha um julgamento da
atitude dos macacos e da saída da tartaruga para sobreviver.
O que os macacos e a tartaruga representam no mundo real?
Por que a história termina com um macaco sobrevivente?
Como a história poderia continuar?
Quem poderia ficar no lugar do macaco que comunicou aos
conselheiros a possibilidade da morte da tartaruga?
Quem os alunos colocariam no lugar dos conselheiros que não
quiseram ouvir, ver e falar?
O que representa o totem que desmorona diante da atitude dos
conselheiros?
A CELA
Os temas a serem abordados são a existência da liberdade
Aqui são ressaltadas a amizade, a cooperação e a solidariedade como valores e a necessidade de estratégias coletivas
de sobrevivência nas classes inferiores. Oriente a observação
crítica da exigência ideológica de sacrifício do indivíduo para
a conservação do grupo ou da ordem social.
Por que mosca, rato e barata representam aqui a classe inferior?
São inferiores em relação a quê?
Qual a estratégia do grupo de bichos para sobreviver? E qual
valor está em jogo?
Por que a mosca morre no final do episódio? Poderia ser diferente?
OS SAPOS CANTORES
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O episódio possibilita a reflexão sobre o reconhecimento de
habilidades diferentes para a composição do grupo.
Como acontece o encontro da rã que sobreviveu à máquina de
compactar lixo com o grupo de sapos cantores?
Qual a solução encontrada pela rã para se integrar ao grupo dos
sapos? E por que é excluída?
O que permite a recomposição do grupo?
Quem já vivenciou um fato semelhante em suas relações?
O DESCANSO DO GAMBÁ
n Relacionar metáforas com a realidade e utilizar as metáforas
n Elaborar coletivamente julgamentos éticos a respeito da ação
em qualquer circunstância e o valor da atividade imaginativa e artística para a preservação da liberdade no ser humano, em oposição à racionalidade normativa e repressiva.
Por que o personagem é preso?
O que significa para ele o ato de pintar?
Por que o outro prisioneiro se encontra como um esqueleto na
cela vizinha?
Por que, ao final do episódio, o personagem acaba outra vez atrás
das grades?
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Aqui se retoma o tema da relação entre homem e natureza,
sugerindo que cabe à nova geração a tarefa de superar essa
oposição.
Quem resolve a oposição entre a família invasora e o gambá?
Por que não é um adulto?
O que esse fato representa se pensarmos na oposição entre atividade industrial e natureza?
O que nós podemos fazer para alterar essa oposição?
Interdisciplinaridade
O professor da área de Ciências pode fazer um estudo sobre
a origem da vida no planeta, convidando os alunos a levantar
hipóteses e discutir a pertinência de cada uma em relação às
teorias evolucionistas e criacionistas. Também pode ser proposto um debate sobre a atividade industrial humana analisando,
por exemplo, as conseqüências da fabricação de papel ou da
exploração do petróleo.
Veja na internet
<http://www.abc.net.au/abcinternational/s33559.htm>
Contém informações a respeito da série e dos prêmios internacionais conquistados por vários dos episódios.
TV ESCOLA
13
programação
DESTAQUES DA
DESTAQUE ESPECIAL / DESTAQUE ESPECIAL / DESTAQUE E
SAÚDE
OUTUBRO
1
UMA GERAÇÃO
EM PERIGO
DIREÇÃO: Paer Lorenzon
REALIZAÇÃO: TV4, Suécia, 2001
DURAÇÃO: 20’59”
Série selecionada na grade de
programação do ensino
fundamental. Indicada para
atividades com alunos de 7a e
8a séries do ensino fundamental e também para o ensino
médio.
ÁREAS CONEXAS: Ética;
Geografia
RESUMO
Botsuana é vítima de um dos mais elevados índices de
contaminação pelo vírus da aids do mundo. A riqueza desse país africano, cuja economia está centrada nas jazidas
minerais e na pecuária, contrasta com os problemas na área
de saúde. Cerca de 25% dos habitantes de 15 a 49 anos
estão ameaçados pela doença. O documentário analisa a
questão do ponto de vista socioeconômico, político, religioso e científico.
ATIVIDADES
O documentário propicia um trabalho interdisciplinar envolvendo todas as séries, abordando a aids e as doenças sexualmente transmissíveis (DST) como tema transversal, explorando aspectos históricos, geográficos e culturais da África (e
de Botsuana, em particular) e traçando um paralelo com a
situação brasileira.
Competências a serem desenvolvidas
n Utilizar conhecimentos científicos para explicar questões
sociais e de saúde.
n Conhecer o próprio corpo e sua sexualidade para fortale-
cer a auto-estima e valorizar a saúde.
n Tomar atitudes individuais que afetam a saúde coletiva.
Aquecimento
Como ponto de partida, faça um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos sobre a aids. Graças às cam-
14
TV ESCOLA
panhas de conscientização, é provável que eles já disponham
de um bom volume de informações, mas vale a pena esclarecer eventuais equívocos e mal-entendidos. Assim, organize na
lousa uma tabela com duas colunas – verdadeiro e falso – para
registrar as opiniões, fornecendo explicações quando for o caso.
As respostas certamente serão variadas, mas podem ocorrer,
por exemplo, afirmações equivocadas de que a doença seja exclusiva de homossexuais masculinos, se transmita pelo uso de
maconha ou possa ser evitada com a interrupção do coito. Por
isso, procure induzir a classe a falar o máximo possível.
Ao exibir o filme, proponha que os alunos anotem os conteúdos dos depoimentos que considerarem úteis para completar a tabela do quadro-negro. Ao terminar a apresentação, corrija ou complete a tabela com a classe, iniciando mais
uma vez o debate.
Em seguida, passe novamente a fita, sugerindo agora que
os alunos procurem identificar os aspectos socioeconômicos e
culturais. Esse trabalho pode ser feito em conjunto com o professor de Geografia, para inserir Botsuana no cenário da África atual, complementando as informações dadas no vídeo. Os
alunos devem ser informados sobre o tipo de regime, a situação da economia, as condições de acesso da população à educação e à saúde, a distribuição de renda e outros dados
socioeconômicos. Se for o caso, peça-lhes para fazer uma pesquisa em livros ou na internet.
O papel da informação
O filme destaca os contrastes entre uma classe socioeconômica mais rica e culta, e outra, pobre e analfabeta. Peça
aos alunos para comparar as taxas de incidência entre os dois
grupos. Ficará evidente que a ocorrência da aids é menor entre os universitários, sugerindo que o nível de instrução faz
alguma diferença, embora não seja determinante.
Num trabalho interdisciplinar com Geografia, procure fazer um paralelo com a população brasileira. Diga aos alunos
para identificar as políticas preventivas do governo de
Botsuana e compará-las com as iniciativas brasileiras, em suas
várias instâncias – municipal, estadual e federal. Comente o
fato de que as principais campanhas ocorrem por ocasião do
Carnaval.
Explique que no Brasil o número de novos casos de aids
vem decrescendo em quase todas as classes sociais e idades,
exceto entre mulheres de 13 a 19 anos, faixa em que a taxa
aumentou. É provável que boa parte das alunas se encaixe
nessa faixa etária. Assim, peça aos alunos que procurem especular sobre os motivos desse aumento.
Apresente mais uma vez o trecho do filme em que a estudante universitária entrevistada retrata um pouco do comportamento e da atitude de seus colegas. Qual a importância
dessa informação para a discussão da aids?
UE ESPECIAL / DESTAQUE ESPECIAL / DESTAQUE ESPECIAL
Atividade
JOGO DA EPIDEMIA
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Prepare cartões (ou folhas de papel), um para cada
aluno, marcando em um deles um símbolo de que o
portador está “contaminado” pelo HIV.
Em outros três, desenhe um sinal que identificará uma
pessoa que faz sexo seguro, ou seja, que usa camisinha. Assim, no total do grupo, um será portador de
HIV, três farão sexo seguro e os demais, não.
Escolha uma música bem animada para os jovens dançarem.
Distribua os papéis aleatoriamente, um para cada aluno – só você deve saber o significado dos quatro símbolos marcados –, e explique as “regras” do jogo.
Cada participante deve escolher uma pessoa para dançar e anotar o nome do parceiro em seu papel.
Interrompa e recomece a dança cinco ou seis vezes,
pedindo que troquem de parceiros e anotem os novos nomes no papel.
Se algum aluno não quiser participar, poderá apenas
assistir, com seu papel na mão – certifique-se de que
o cartão dele não é um dos marcados e, se for, troque-o por um em branco. Se houver número desigual de alunos e alunas, permita casais do mesmo
sexo. E se houver algum casal de namorados na sala,
sugira que comecem juntos e que também se juntem
na última rodada.
Essa atividade inevitavelmente gera um certo tumulto. Após a brincadeira, procure fazer com que a classe se tranqüilize e dê início à discussão, questionando: E se, em vez de dança, tivessem sido relações sexuais?
Localize o “aluno-portador” e explique o que significa o símbolo do papel. Pergunte quem dançou com
ele na primeira rodada e peça que ambos mantenham
a mão levantada; continue identificando os sucessivos parceiros, que ficarão com a mão erguida até terminar o levantamento. Pergunte, então: A partir de
um aluno, quantos foram contaminados? (Explique que,
para efeito didático, todo aluno que passa pelo parceiro contaminado é considerado infectado, embora
na prática isso não seja necessariamente verdade).
Repita o procedimento em relação aos portadores do
papel com o segundo símbolo, explicando seu significado. Estes fizeram sexo seguro e, portanto, não
estarão contaminados. E os alunos que ficaram de
fora? Eles não estão contaminados, mas seus papéis
estarão em branco.
Atitudes de risco
O vídeo insinua que o consumo de álcool leva os jovens a se
descuidar do sexo seguro. Discuta essa hipótese, levando os alunos a comentar também o uso de drogas, em particular as
injetáveis, e a contaminação hospitalar pelo sangue doado.
Explique que atualmente a idéia de “grupos de risco” está
ultrapassada, que o que existe de fato são atitudes de risco.
Os mais expostos à doença são pessoas com vida sexual ativa,
com mais de um parceiro, que praticam sexo sem proteção –
independente da orientação sexual.
Cite como exemplo dois casais hipotéticos. O primeiro, dois
homossexuais masculinos – digamos, um administrador de empresas e um dono de salão de beleza –, mantêm uma relação
fiel há mais de quinze anos. O segundo, um casal heterossexual, é formado por um empresário e uma médica. A mulher
viaja muito, participando de congressos, e com freqüência
mantém relações extraconjugais. Debata com os alunos quais
dessas pessoas eles achariam mais propensas a desenvolver a
doença e por quê.
Interdisciplinaridade
O jogo da epidemia oferece ao professor de Matemática
um bom ponto de partida para trabalhar probabilidades.
As áreas de Língua Portuguesa e Arte podem analisar as
campanhas já realizadas, os slogans que aparecem no vídeo e
até propor algum trabalho de esclarecimento na escola e na
comunidade.
As discussões permitem desdobramentos na área de Ética,
para examinar o papel da mulher na sociedade atual e a importância da confiança nas relações afetivas.
Veja na internet
<http://www.aidsnews.org.il/>
Site do Jerusalem Aids Project, que trabalha mundialmente (inclusive no Brasil) com o combate à aids nas
escolas.
<http://www.aids.gov.br>
Site do Ministério da Saúde. Traz inúmeros dados, que
podem ser usados para pesquisa e para a construção de
tabelas e gráficos.
Veja também, da TV Escola
DST/Aids
O sistema imunológico
TEXTO ELABORADO POR MARCOS ENGELSTEIN, PROFESSOR DE CIÊNCIAS
DO COLÉGIO SANTA CRUZ – SÃO PAULO/SP
TV ESCOLA
15
programação
DESTAQUES DA
GEOGRAFIA
OUTUBRO
7
A LINHA FINAL:
PRIVATIZANDO
O MUNDO
Direção: Carole Poliquin
Realização: Filmoption,
Canadá, 2002
DURAÇÃO: 53’
Série selecionada na grade de
programação do ensino
fundamental. Indicada para
atividades com alunos de 7ª e 8ª
séries do ensino fundamental e
também para o ensino médio.
ÁREAS CONEXAS: Ética; História
RESUMO
O documentário aborda o choque entre os interesses
coletivos da população e os de grandes conglomerados
transna-cionais, potencializado pelos acordos internacionais
de libera-lização comercial, especialmente a partir da década de 80.
Objetivos e habilidades
n Desenvolver e aprofundar conceitos relativos à mundialização
da economia, enfatizando:
a expansão dos conglomerados multinacionais;
l o processo de liberalização comercial e o aumento da circulação de bens e de capital no mundo;
l o papel das agências e dos organismos internacionais e os
acordos bilaterais e multilateriais de comércio;
l os ajustes estruturais nas economias.
n Estimular a sensibilidade crítica e desenvolver a capacidade
de pesquisa, interpretação e análise de dados e textos.
n Exercitar a troca de informações e o debate em sala de aula.
l
ATIVIDADES
Antes de exibir o vídeo, analise com a classe alguns textos
sobre as mudanças estruturais na economia mundial no último século: reestruturação produtiva, desenvolvimento
tecnológico, liberalização comercial e produção concentrada
de riquezas. Proponha que façam então um levantamento dos
principais organismos internacionais, dos acordos de
liberalização comercial, dos blocos regionais e dos acordos econômicos intra e extra-regionais. Discuta o resultado das pesquisas e exiba a seguir o documentário, que permitirá
aprofundar o debate sobre esses temas.
Analise a relação da saúde pública com a questão do acesso à água e com a privatização do Estado quando se transfere
um serviço público para o setor privado. Enfatize que, como a
água é um recurso natural, também pode ser examinada sob
16
TV ESCOLA
uma perspectiva análoga à do controle da produção de sementes por empresas transnacionais.
Chame a atenção para os trechos do vídeo que abordam as
leis de patente que controlam a biotecnologia aplicada aos setores agrícola e farmacêutico. Também pode ser proposta uma
pesquisa sobre a Alca, sugerindo as questões:
n Em que contexto surgiu a proposta de criação de uma zona
de livre comércio no continente americano?
l
Como estão se processando as discussões?
Em que termos esse acordo está sendo negociado?
l
Na discussão posterior à pesquisa, procure levar os alunos
a descobrir a afinidade entre os temas tratados no documentário e os pontos envolvidos na implementação desse acordo
comercial.
Interdisciplinaridade
HISTÓRIA: Estudar o desenvolvimento econômico do pós-guer-
ra, a formação dos organismos internacionais, a evolução
do capitalismo financeiro, a expansão das empresas
transnacionais e a hegemonia dos Estados Unidos.
ÉTICA: Engenharia genética e biotecnologia, temas presentes
em diversos acordos internacionais, podem ser discutidos
do ponto de vista dos aspectos éticos envolvidos.
Veja na internet
<http://www.mre.gov.br/>
Relações bilaterais. Site do Ministério das Relações
Exteriores.
<http://www.mdic.gov.br/comext/default.htm>
Informações sobre comércio exterior, no site do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior.
<http://www.ftaa-alca.org/alca_p.asp>
Site oficial da Alca – Área de Livre Comércio das
Américas.
<http://www.ilea.ufrgs.br/nerint/>
Núcleo de Estudo em Relações Internacionais e Integração.
Leia também
“O balanço do neoliberalismo”, em Pós-neoliberalismo.
As políticas sociais e o Estado democrático
Perry Anderson. São Paulo, Paz e Terra, 1995.
Por uma outra globalização – do pensamento único à
consciência universal
Milton Santos. Rio de Janeiro, Record, 2000.
O que é capital internacional
Rabah Benakouche. São Paulo, Brasiliense, 1992.
Alca: quem ganha e quem perde com o livre comércio nas
Américas
Kjeld Jakobsen & Renato Martins. São Paulo, Fundação Perseu
Abramo, 2002.
HISTÓRIA
NOVEMBRO
18
NO CAMINHO
DA EXPEDIÇÃO
LANGSDORFF
DIREÇÃO: Maurício Dias
REALIZAÇÃO: Grifa
Cinematográfica, Brasil, 2000
DURAÇÃO: 48’21”
Série selecionada na grade de
programação do ensino
fundamental. Indicada para
atividades com alunos de 7a e 8a
séries do ensino fundamental e
também para o ensino médio.
ÁREAS CONEXAS: Arte e
Geografia
RESUMO
Documentário apresentado pela artista plástica Adriana
Florence, tataraneta do artista francês Hercule Florence, que
participou como desenhista da expedição promovida pelo cônsul alemão George von Langsdorff no século 19. Acompanhada de uma equipe de pesquisadores, Adriana refez o percurso
da missão pelo interior do Brasil, percorrendo cerca de 17 mil
quilômetros, de São Paulo até a Amazônia.
Proposta interdisciplinar
SELEÇÃO DO TEMA - Em um trabalho conjunto, os professo-
res de História, Arte e Geografia podem organizar um estudo comparativo entre quatro expedições empreendidas em
momentos distintos: Langsdorff (1821-1829); Roncador-Xingu
(de 1945 até a década de 60); Jacques Cousteau (1982-1983);
e a realizada pela equipe do documentário (1999).
Ao retomar o percurso da expedição Langsdorff, os viajantes que fizeram o documentário também participaram de
uma expedição que, tal como as outras, produziu novos conhecimentos, o que torna extremamente rica a comparação
com as demais expedições.
A proposta é verificar, de acordo com as especificidades
de cada disciplina, as idéias de “natureza” e de “índio” produzidas pela fala do outro – estrangeiro ou brasileiro – durante os séculos 19 e 20.
TRABALHO COM O VÍDEO - Os professores das três áreas fa-
zem a apresentação do vídeo em conjunto, chamando a atenção dos alunos para aspectos específicos de cada disciplina.
Ao final, propõem uma discussão global, levando-os a comentar os aspectos que consideraram mais interessantes. Um dos
três professores deve organizar as informações na lousa, de
modo a compor um quadro-resumo do documentário. A seguir, podem ser organizados quatro grupos, cada um encarregado de estudar uma das expedições, sob vários aspectos:
n
n
n
roteiro pretendido pelos viajantes;
objetivos da montagem da expedição;
contexto do país na época, favorável ou incentivador do empreendimento;
n exemplos de representações dos grupos indígenas
contatados e da natureza local, por escrito e em imagens.
Proponha a formação de um painel informativo do material
colhido pelos vários grupos, a fim de servir de referência para o
estudo comparativo das expedições. Quando terminar a coleta
do material, os professores devem promover a análise dos resultados, sob a perspectiva de cada uma das três áreas.
Encerramento e avaliação
Para finalizar, os professores podem orientar a organização
de uma “expedição” de grupos de alunos, que decidirão os objetivos a alcançar e a função de cada participante. A primeira
etapa é a escolha do local, que pode ser um bairro da cidade. Os
registros – que devem incluir roteiro, mapa, diário de anotações, descrições, ilustrações e fotografias – servirão para compor uma amostra de documentação histórica.
Veja na internet
<http://www.uol.com.br/novaescola/ed/112_mai98/html/
multi.htm>
“Arte e ciência em cinco séculos de expedições”, artigo publicado na revista Nova Escola, 112, maio 1998, que trata de várias
expedições.
<http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/
viajantes.html>
Página que trata da corte portuguesa no Rio de Janeiro, com
comentários sobre as expedições da época.
<http://www.uol.com.br/cienciahoje/chmais/pass/ch146/
emdia.pdf>
“De volta ao coração do Brasil”, artigo sobre a expedição
Langsdorff publicado em Ciência Hoje, jan.-fev. 1999.
<http://www.zaz.com.br/almanaque/indios_3.htm>
Artigos sobre a Expedição Roncador-Xingu.
Leia também
Os diários de Langsdorff
D. G. Bernardino da Silva (org.). Fiocruz, São Paulo, 1998.
Expedição Langsdorff – Acervo e fontes históricas
B. Komissarov. Unesp/Langsdorff, São Paulo,1994.
A Marcha para Oeste: epopéia da Expedição Roncador-Xingu
Orlando Villas Bôas e Cláudio Villas Bôas. Globo, São Paulo,
1994.
Artigos sobre a expedição registrada no documentário
Correio Braziliense, 14 nov. 99; Diário do Grande ABC, 9 out. 99;
Diário de Cuiabá, 31 out. 99; O Estado de S.Paulo, 2 nov. 99; Época, 8 nov. 99; IstoÉ, 10 nov. 99; Terra, fev. 2000
TV ESCOLA
17
programação
DESTAQUES DA
ACERVO ESPECIAL / ACERVO ESPECIAL / ACERVO ESPECIAL / A
U
VER CIÊNCIA
ma seleção especial da série Ver Ciência reúne
filmes premiados no festival francês Image et
Science, considerado o mais importante evento
mundial de divulgação científica e tecnológica. São
documen-tários sobre diversos temas produzidos em
vários países, com os mais elevados padrões de
qualidade, competência técnica e rigor científico,
abordando temas atuais e instigantes.
Os episódios compõem um amplo painel das
conquistas científicas e tecnológicas dos últimos anos:
máquinas mais eficientes, energia limpa, recursos
naturais renováveis e proteção ambiental, a bioengenharia capaz de recompor órgãos danificados etc.
Ao mesmo tempo, subprodutos do conhecimento
aplicado, como a poluição e os microrganismos
resistentes a vacinas e antibióticos, põem em xeque
os benefícios desses avanços. Assuntos polêmicos, que
prometem instigar valiosos debates em sala de aula.
Atrito zero:
quebrando as
barreiras da
resistência
OUTUBRO
3
e
DEZEMBRO
5
DURAÇÃO: 60’
17
PRODUÇÃO: NHK / Japão, 2001
DIREÇÃO: Toshifumi
Kataoka
O empenho de um cientista japonês que, depois de
vinte anos de pesquisa, desenvolveu um câmbio de
automóveis que dispensa o tradicional sistema de
engrenagens.
DURAÇÃO: 60’
TV ESCOLA
7
PRODUÇÃO: NHK / Japão, 2001
DIREÇÃO: Osamu Monden
DURAÇÃO: 60’
O Sasi é um sistema de proteção ambiental considerado antiquado
e retrógrado por muitos, mas que há trezentos anos garante o uso
sustentável dos recursos naturais no povoado de Haruku, na
Indonésia. Uma polêmica que merece ser acompanhada e
discutida.
A criação
OUTUBRO
31
DURAÇÃO: 50’
Produção: BBC / Grã-Bretanha,
2002
Direção: John Lynch
A primeira clonagem de um embrião humano, passo decisivo para
o desenvolvimento das células-tronco, representa a esperança de
muitos que dependem da reconstituição de tecidos e órgãos para
uma vida normal. Tema polêmico, pois para uma parcela da
sociedade essa tecnologia esbarra em questões éticas.
NOVEMBRO
21
DURAÇÃO: 50’
PRODUÇÃO: BBC /
Grã-Bretanha, 2002
DIREÇÃO: John Lynch
Episódio que apresenta a formulação de uma nova droga
destinada a aumentar o ciclo de vida do ser humano, agindo sobre
os efeitos do oxigênio, gás responsável também pelo
envelhecimento.
O segredo do sexo
PRODUÇÃO: NHK / Japão, 2001
DIREÇÃO: Toshihiro Matsumoto/
Kazuhiro Kitano
Os inúmeros asteróides que caíram sobre a Terra desde sua
formação há bilhões de anos podem ter trazido as sementes que
deram origem aos primeiros seres vivos. A panspermia e a origem
extraterrestre da vida são as hipóteses abordadas neste
documentário.
18
NOVEMBRO
Vivendo
para sempre
O berço cósmico
da vida
OUTUBRO
Sasi: uma
esperança para a
floresta e o mar
OUTUBRO
10
DURAÇÃO: 50’
Produção: BBC / Grã-Bretanha,
2002
Direção: John Lynch
Microfotografias e gravações no interior do corpo humano
desvendam os mecanismos da reprodução e o papel dos
hormônios na definição da sexualidade.
L / ACERVO ESPECIAL / ACERVO
Pestes do futuro
COMO FAZER?
Índios no Brasil
NOVEMBRO
OUTUBRO
24
DURAÇÃO: 50’
Produção: BBC /
Grã-Bretanha, 2002
Direção: Becky Jones
Evolução: grandes
transformações
14
DURAÇÃO: 60’
a
Realização: TV Escola-CTI,
Brasil, 1999
Direção: Vincent Carelli
NOVEMBRO
Com vacinas e antibióticos, o ser humano imaginava que a vitória
contra vírus e bactérias estava próxima, mas adaptações nesses
organismos vêm representando uma nova ameaça de epidemias
para a humanidade.
NOVEMBRO
17
PRODUÇÃO: WGBH / Estados
Unidos, 2001
DIREÇÃO: Joel Clicker
19
1. QUEM SÃO ELES? (17’38”)
2. NOSSAS LÍNGUAS (19’16”)
3. UMA OUTRA HISTÓRIA (15’31”)/
NOSSOS DIREITOS (17’08”)
Três programas da série Índios no Brasil apresentam
um panorama das etnias existentes no país, mostrando
as diferenças de língua, cultura e tradições e a
evolução da luta pelos direitos dos povos indígenas.
Chama a atenção para o preconceito e a discriminação
de que são vítimas, a exclusão social e o processo de
preservação e revalorização das tradições culturais.
Cada um dos episódios é comentado por professores
de três disciplinas.
Complexas e extremamente diversas, as formas de vida no planeta
têm, no entanto, uma história evolutiva que converge no passado
remoto para uma única árvore genealógica.
Mais do que os
olhos podem ver
Hidrogênio:
a fonte de energia
do futuro
NOVEMBRO
28
DURAÇÃO: 50’
NOVEMBRO
PRODUÇÃO: Deutsche Welle/
Alemanha, 2001
DIREÇÃO: Stefan Gabelt
Ciborgues,
seres híbridos
28
DURAÇÃO: 30’
DURAÇÃO: 24’04” COLORIDO
Comentado por professores de
LÍNGUA INGLESA, ARTE E FILOSOFIA
A energia do futuro, que já movimenta os primeiros veículos
automotores, é limpa e renovável: o hidrogênio, que se converte
em água e pode ser obtido dos oceanos.
NOVEMBRO
10
REALIZAÇÃO: BBC / Open
University, Grã-Bretanha, 1995
DIREÇÃO: Rissa de La Paz
Produção: Deutsche Welle/
Alemanha, 2002
Direção: Arno Klothen
Avanços da eletrônica já permitem substituir nervos por
dispositivos implantados no organismo. Uma esperança de
aperfeiçoar a vida, fundindo homem e máquina num novo ser.
Documentário da série Quem Somos Nós, que focaliza
o drama das pessoas que tiveram seus rostos
desfigurados. Vítimas de acidentes ou de doenças, elas
contam suas experiências na luta para reconstituir a
identidade e a auto-estima.
O tema possibilita trabalhos específicos em Língua
Inglesa, Arte e Filosofia e uma atividade
interdisciplinar envolvendo essas áreas. Os
comentaristas sugerem que se comece o trabalho em
sala de aula com uma seleção de termos em inglês
usados no documentário que têm profundo
significado em Filosofia, para analisar como as
diferenças individuais e sociais são tratadas por todos
nós. A proposta culmina com a criação de uma
instalação, um espaço especialmente projetado para
que os alunos passem por uma experiência sensorial
baseada na discussão levantada pelo documentário.
TV ESCOLA
19
programação
DESTAQUES DA
SALTO PARA O FUTURO / SALTO PARA O FUTURO / SALTO PARA
S
alto para o Futuro é mais do que um programa de televisão. É um espaço de formação continuada de
professores e de estudantes de Magistério. Abordando temas relacionados às práticas pedagógicas, estes
programas se destinam ao diálogo com professores de todo o país, que se reúnem em telessalas nos diferentes estados, têm acesso a material impresso e participam por meio de questionamentos durante o programa.
Os programas são transmitidos ao vivo, diariamente, das 19 às 20 horas e reprisados em outros horários.
OUTUBRO
6
a
EDUCAÇÃO PARA UM BRASIL
SUSTENTÁVEL: FORMAÇÃO DE AGENTES
EDUCATIVOS EM AGENDAS 21 LOCAIS
OUTUBRO
Parceria com o Ministério do Meio Ambiente
para discutir diversos aspectos relativos à Agenda
21 – como a Agenda 21 global e nacional e a
importância das Agendas 21 locais sob a óptica
socioambiental –, com foco nas experiências na área da
educação. INÉDITO
10
OUTUBRO
15
ESPECIAL DO DIA
DO PROFESSOR
OUTUBRO
OUTUBRO
OUTUBRO
OUTUBRO
13 e 14
DESAFIOS DA ESCOLA:
UMA CONVERSA COM OS
PROFESSORES
Tem por eixo temas específicos da
profissão de professor – formação inicial
e continuada, condições de trabalho nas
escolas, remuneração, prática docente
etc. -, apresentando alternativas para o enfrentamento de
algumas dessas questões. REPRISE
16 e 17
20
SAEB – TODA CRIANÇA
APRENDENDO
a
Estimula um debate entre diferentes atores do processo educacional – gestores, técnicos, diretores, professores –, a fim de esclarecer o significado da avaliação de
sistemas, da sistemática do Saeb, dos instrumentos
aplicados, entre outros temas. Pretende, ainda, reforçar a
necessidade da contribuição de todos para uma melhor
qualidade da educação em cada escola. INÉDITO
OUTUBRO
24
20
20
27
TRABALHO, CIÊNCIA E CULTURA:
DESAFIOS PARA O ENSINO MÉDIO
a
OUTUBRO
Focaliza, numa perspectiva crítica, a construção de práticas
educativas voltadas para a valorização das concepções
histórico-sociais do ser humano. Propõe-se a discutir com o
professor os fundamentos teóricos e metodológicos de um
novo projeto curricular interdisciplinar para o ensino médio, visando
compreender a articulação entre os conceitos de trabalho,
ciência e cultura, sobretudo a partir da prática docente. INÉDITO
31
NOVEMBRO
3
EDUCAÇÃO ALGÉBRICA E
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
a
Homenagem aos professores, enfocando a escola como espaço
privilegiado para a formação de leitores. A leitura como prática
social é um tema que, por sua complexidade, tem sido objeto de
investigação nas diferentes áreas do conhecimento. INÉDITO
OUTUBRO
OUTUBRO
TV ESCOLA
ESCOLA
TV
NOVEMBRO
Objetiva fomentar um processo de discussão do
ensino da Matemática, por meio de questões suscitadas
pelo ensino da álgebra. Enfoca a relação entre a
aritmética, a álgebra e a geometria, bem como as
atividades específicas para o desenvolvimento do pensamento
algébrico. REPRISE
7
NOVEMBRO
10
a
PROFISSIONALIZAÇÃO: ALTERNATIVA
PARA O DESENVOLVIMENTO E A
CIDADANIA
NOVEMBRO
Experiências de instituições que atuam na educação
profissional – privadas e públicas, de nível federal e
estadual. Entre outras questões, são discutidas a inserção profissional e social de jovens e adultos; a formação
empreendedora; o desenvolvimento regional; a sustentabilidade
social; e a educação continuada. INÉDITO
14
NOVEMBRO
17
a
NOVEMBRO
LETRAMENTO E LEITURA DA
LITERATURA
Discute com os professores o trabalho com a leitura e a
escrita na perspectiva do letramento, fazendo um
contraponto às práticas leitoras tradicionais, muitas
vezes mecanizadas e distanciadas do universo social.
Também propõe perspectivas metodológicas para a prática
alfabetizadora e para o trabalho com a linguagem literária
na escola. REPRISE
21
ARA O FUTURO / SALTO PARA O...
OUTRAS ATRAÇÕES
E
stes são alguns dos programas que você
não pode deixar de assistir e gravar.
Consulte a grade da programação e verá
que muitos outros também despertarão seu
interesse.
NOVEMBRO
24
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA
UNIVERSIDADE DO SÉCULO 21
a
NOVEMBRO
Aborda aspectos pedagógicos, legais e de gestão da
educação a distância nos cursos de graduação. Para o
Ministério da Educação e numerosas instituições brasileiras, a educação a distância na universidade do século
21 é uma estratégia educacional comprometida tanto com a democratização da oferta quanto com a qualidade do processo
educacional. INÉDITO
28
DEZEMBRO
o
1
ESPAÇOS DE PROTEÇÃO À
CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
a
DEZEMBRO
Os debates colocam em foco o novo paradigma de uma
sociedade de direito que busca a construção de uma
cultura de proteção e respeito aos direitos humanos de
crianças e adolescentes. Essa postura implica tecer relações de trocas afetivas e de aprendizagens que estruturam uma
rede de proteção, da qual a escola é um dos elos. INÉDITO
5
DEZEMBRO
8
CIÊNCIA E VIDA COTIDIANA:
PARCERIA ESCOLA E MUSEU
a
Procura trazer a ciência para o cotidiano da escola e
contribuir para a construção de uma cultura científica.
Aborda o museu de ciências como espaço de formação
continuada para o professor; o museu ligando escola e
comunidade à pesquisa; o museu itinerante; o museu onde não há
museu; e o museu e o professor. REPRISE
12
8
a
DEZEMBRO
CARTOGRAFIA
NA ESCOLA
Relatos de trabalho em sala de aula com mapas, atlas,
imagens de satélite e outros recursos da cartografia.
Discute a relação entre o desenho do espaço e a aquisição de conceitos cartográficos; a linguagem cartográfica;
a cartografia indígena; o ensino com mapas; a produção de atlas
municipais e gerais; e o uso de tecnologias modernas, como
imagens de satélite e fotografias aéreas. REPRISE
19
4
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Autismo: um mundo à parte
Documentário sobre o mundo solitário dos autistas e os
conflitos e as dificuldades enfrentadas pelos pais de crianças
portadoras do problema. Constitui um valioso instrumento
para professores e outros profissionais da educação
identificarem transtornos de conduta e de desenvolvimento
cognitivo, afetivo e social associados à doença.
OUTUBRO
20
ESCOLA / EDUCAÇÃO
O uso da TV Escola
Série de nove episódios que explicam o funcionamento da TV
Escola e a melhor forma de utilizá-la – como ferramenta em
sala de aula, na capacitação de professores e na integração
da comunidade.
OUTUBRO
13
e
DEZEMBRO
DEZEMBRO
NOVEMBRO
HISTÓRIA
500 ANOS - O Brasil
Império na TV
A série de oito programas aborda a história do
Brasil desde o início do processo de independência
até as crises que puseram fim ao período imperial.
A narração dos fatos, realizada por atores caracterizados com roupas de época, funciona como suporte para
diálogos protagonizados por bonecos representando personagens e situações históricas.
OUTUBRO
14
OUTUBRO
13
e
HISTÓRIA
500 ANOS - O Brasil
República na TV
Com os mesmos recursos cênicos utilizados nos
programas dedicados ao período imperial,
essa série cobre o período da história brasileira
que se estende desde a proclamação da
República até a comemoração dos quinhentos anos do
Descobrimento.
OUTUBRO
14
TV ESCOLA
ESCOLA
TV
21
21
EXPERIÊNCIAS
EDUCAÇÃO IN
UM PÉ NA ALDEIA
E OUTRO
NO MUNDO
22
TV ESCOLA
DÍGENA
A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA DÁ AMPLOS SINAIS DE
VITALIDADE. O BRASIL, ENFIM, MOSTRA A SUA CARA E
ASSUME A DIVERSIDADE, SUA
GRANDE RIQUEZA CULTURAL
REPORTAGEM: ROSANGELA GUERRA
E
FOTOS: JUCA MARTINS
m São Gabriel da Cachoeira, cidade
às margens do rio Negro, no Amazonas, é possível ouvir nada menos do
que quinze línguas diferentes, além
do português. Cerca de 92% da população (de 29.994 habitantes) são
índios, pertencentes a 23 grupos étnicos, como Tukano, Yanomami,
Tariano, Pira-Tapuya, Baniwa, Baré, Tuyuca e
outros. Este ano, a câmara dos vereadores de
São Gabriel da Cachoeira aprovou o projeto de
lei que admite como línguas co-oficiais do município o tucano, o baniwa e o nheengatu, a chamada língua geral.
A diversidade é a cara do Brasil. Aqui há cerca de 217 grupos étnicos, que falam 180 línguas,
muitas tão diversas e incompreensíveis entre si
quanto o português e o chinês. Cada povo tem
sua história, sua forma de contato com outros
índios e não-índios, sua organização social, econômica e política, suas concepções de vida,
morte, tempo, espaço e natureza.
Os 350 mil indígenas brasileiros, que representam apenas 0,2% da população, vivem espalhados por todo o território nacional. Cresce entre eles a demanda por uma educação específica, diferenciada e de qualidade. Em julho último, como em outros períodos de férias escolares, muitos professores indígenas se dedicaram
a estudar. No Mato Grosso e em Roraima, freqüentaram as universidades em busca de cursos
de licenciatura específicos para a formação de
professores indígenas. E outras centenas se mobilizaram para fazer cursos de magistério indígena, em diversos estados – como Tocantins,
Bahia, Amazonas e Rondônia.
Sem esquecer que ainda há muito trabalho
TV ESCOLA
23
EXPERIÊNCIAS
LIVROS INDÍGENAS:
O DIFERENCIAL
BRASILEIRO
LIVROS DIDÁTICOS FEITOS PELOS PROFESSORES MACUXY
FAZEM SUCESSO PELA QUALIDADE
a ser feito, a educação indígena avança no Brasil. Cresce o volume
de materiais didáticos e paradidáticos e multiplicam-se experiências educacionais desenvolvidas por universidades, secretarias de
educação e organizações não-governamentais. Muitas dessas experiências, realizadas em escolas de várias regiões do Brasil, serviram
como subsídio para a elaboração do Referencial Curricular Nacional para
as Escolas Indígenas (RCNE/I), documento lançado em 1998 pela Secretaria de Educação Fundamental do Ministério da Educação. Foi
um trabalho escrito a muitas mãos. Dos 300 professores convidados
para elaborar o documento, 160 são índios, alguns dos quais discutiram em suas comunidades a primeira versão do material.
Como coordenadora do trabalho de construção do RCNE/I, a professora Nietta Lindenberg Monte, com sua experiência de mais de
20 anos dedicados à formação de professores índios na Amazônia,
teve a difícil missão de juntar textos e chegar a um consenso. Para
isso, ela trabalhou a distância, comunicando-se pela internet com
educadores de diversas regiões. “O texto do RCNE/I resulta não só
de um sonho, mas de uma ação guerreira de escritura”, diz Nietta.
Na esteira dos Referenciais veio o Programa Parâmetros em Ação
– Educação Escolar Indígena, lançado em 2002 pela Secretaria de
Educação Fundamental (SEF/MEC). Ainda em 2002, a SEF lançou
Referenciais para a Formação de Professores Indígenas, com o objetivo
de sistematizar e divulgar experiências que se mostraram eficazes
para propiciar uma formação intercultural de qualidade.
Em parceria com a Comissão Nacional de Professores Indígenas,
a SEF vem definindo as matrizes para o Exame de Certificação de
Professores Indígenas, cuja realização está prevista para janeiro de
2004. O objetivo do exame é identificar as eventuais deficiências existentes na formação desses professores e atuar no sentido de superálas, por meio de programas de formação inicial e continuada.
Conheça as publicações do MEC sobre educação indígena no
site: <http://www.mec.gov.br/sef/indigena/materiais.shtm>
24
TV ESCOLA
N
ão é exagero dizer que o
mundo está de olho nos belos livros indígenas publicados no Brasil. Tudo começou em
1983, com o trabalho pioneiro da
organização não-governamental
Comissão Pró-Índio, do Acre, que
publicou cartilhas de alfabetização
e livros sobre temas culturalmente
relevantes, em dez línguas indígenas. O material foi elaborado coletivamente, durante cursos de formação de professores na Amazônia
ocidental.
Nos últimos sete anos foram
editados, com o apoio do MEC, 52
livros de autoria de 83 povos indígenas, produzidos com a assessoria
de universidades, organizações
não-governamentais e associações
indígenas. As publicações, que fazem sucesso pela qualidade do texto, das imagens e do projeto gráfico, trazem registros históricos da
luta pela posse da terra, lendas e
mitos e conhecimentos tradicionalmente trabalhados na escola.
A autoria dos livros valorizou o
papel dos professores indígenas no
processo de construção do projeto
educacional de suas comunidades.
Além disso, deu visibilidade ao enorme acervo cultural dos índios tendo
como meio este objeto especialmente valorizado no mundo dos brancos: o livro.
DE VOLTA ÀS
ORIGENS
O
s índios Karajá, que moram na aldeia Buridina, no
município de Aruanã, em
Goiás, passaram pela notável experiência de redescobrir sua própria língua e sua cultura. Já não
falavam a língua-mãe, nem praticavam os rituais de seus antepassados. Mas tudo começou a mudar em 1993, com o Projeto de
Educação e Cultura Indígena
Maurehi, que nasceu da parceria
entre a Associação da Aldeia dos
Karajá de Aruanã, a Fundação Nacional do Índio, a Secretaria de
Estado da Educação e a Universidade Federal de Goiás.
Na ilha do Bananal, em
Tocantins, há uma outra aldeia na
qual estão preservadas as tradições dos Karajá. Antigamente, os
Karajá de Buridina mantinham relações sociais estreitas com esse
grupo de sua etnia. A equipe do
projeto Maurehi restabeleceu
esse contato e os Karajá de
Buridina foram para a ilha do Bananal, onde participaram de uma
cerimônia Hetohok, o principal
ritual de iniciação masculina. Esse
evento reacendeu neles o orgulho
por sua cultura e sua língua; o próximo passo consistiu em criar, na
aldeia Buridina, a Escola Indígena
Maurehi. Nos períodos em que
não estão na escola da cidade, os
alunos aprendem em sua aldeia a
língua e as tradições de seu povo.
ÍNDIOS KARAJÁ E PATAXÓ VIVENCIAM A MESMA ALEGRIA DE APRENDER
Além disso, atendendo a uma reivindicação da comunidade, a escola oferece um curso de alfabetização de adultos em português.
Os professores trabalham diversas
disciplinas, utilizando vídeos da TV
Escola, como os da série Índios no
Brasil e outros sobre Língua Portuguesa e Meio Ambiente, procurando melhorar o desempenho dos
alunos na escola da cidade.
O Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE), do ProInfo, da cidade de Goiás implantou em 2001
um laboratório de informática na
Escola Indígena Maurehi, com
quatro computadores conectados
na internet, impressora e scanner.
A construção foi decorada pelos
índios com pinturas da deusa
Aruanã e outros motivos da tradição Karajá. Divina Irene Ferreira
Magalhães, coordenadora do NTE,
se entusiasma com o trabalho de-
senvolvido. Ela conta que os índios reproduzem as pinturas corporais Karajá na tela do computador,
usando o paint-brush com uma facilidade impressionante. Digitam
textos sobre lendas e mitos na sua
língua e fazem pesquisas na
internet sobre assuntos de interesse da comunidade, como saúde da
mulher, prevenção de aids, drogas, alcoolismo e a preservação
do rio Araguaia, que faz parte da
história do povo Karajá.
Fascinado com o conhecimento a que se pode ter acesso por
meio do computador, o cacique
da aldeia Buridina, Raul
Hawakati, 47 anos, disse: “O computador é como o avô”. Para os
índios, o avô representa o grande mestre, responsável pela preservação e pela transmissão do conhecimento de seu povo às gerações mais jovens.
TV ESCOLA
25
EXPERIÊNCIAS
TEMPO DE APRENDER
OS PROFESSORES PATAXÓ DESENVOLVEM SEUS PRÓPRIOS MATERIAIS DIDÁTICOS
N
os anos 70, algumas famílias
de índios Pataxó deixaram
suas terras ancestrais no sul da
Bahia e chegaram ao município de
Carmésia, em Minas Gerais, dispostos a lutar pela sobrevivência, numa
região com sérios problemas ambientais causados pelo desmatamento. Hoje, o orgulho das 93 famílias que vivem no município é a
Escola Estadual Indígena Pataxó
Bocumux , de pré-escola a 5ª série.
“Nossa escola é uma casa que pertence a todos”, costumam dizer os
Pataxó. A escola é um espaço aberto para a realização de jogos e brincadeiras, manifestações artísticas e
culturais e discussões sobre os interesses dos índios Pataxó das comunidades Retirinho, Imbiruçu e
Córrego do Engenho.
Em 2001, os professores deram
início a um minucioso trabalho para
elaborar um calendário etnoambiental. Os líderes da comunidade,
as merendeiras da escola, os alunos
e seus pais foram chamados para
ajudar. O que eles queriam era ter
26
TV ESCOLA
um pé na aldeia e outro no mundo:
cultivar o conhecimento dos velhos,
conhecer o mundo dos brancos e
trocar experiências educacionais.
Em seu projeto, os professores
escreveram: “Devemos fortalecer
nossas memórias de como os antigos cuidaram da terra, como cuidamos hoje e como nossos filhos e netos irão cuidar, preservando assim os
ciclos da vida na terra”. Esses ciclos
foram usados na construção do calendário etnoambiental Pataxó, que
abre espaço para o estudo interdisciplinar dos problemas ambientais.
O calendário etnoambiental
Pataxó, que revela a veia poética do
povo, é assim dividido:
Tempo de voltar para a escola e
de comer o que plantou: fevereiro.
Tempo da brisa leve e de lutar
por nossos direitos: março, abril.
Tempo da seca e do frio: maio,
junho, julho, agosto.
Tempo das águas: setembro,
outubro, novembro, dezembro,
janeiro.
No tempo das águas, os alunos
estudam, entre vários outros temas,
a poluição dos rios nas terras Pataxó,
no Brasil e no mundo, os sinais e
avisos dos bichos que anunciam a
chuva, as atividades econômicas
nessa época do ano, a origem dos
raios e trovões segundo a tradição
do povo e os conhecimentos nãoindígenas.
Os professores Pataxó cursaram
o magistério, oferecido pelo Programa de Implantação das Escolas Indígenas de Minas Gerais, iniciado em
1996, e responsável pela mudança
da educação indígena no estado. A
coordenadora do programa, Macaé
Evaristo, conta que o curso de magistério já formou 64 professores e
outros 70 concluirão o curso no final deste ano. As escolas das oito
etnias que vivem em Minas
(Xakriabá, Maxakali, Krenak, Pataxó, Xukuru-Kariri, Pankararu, Kaxixó e Aranã) têm projetos pedagógicos adaptados à sua realidade e
os professores desenvolvem seus
próprios materiais didáticos.
OS INDÍGENAS TÊM CURSO DE LICENCIATURA DIFERENCIADO
O CASCO DO JABOTI NO MAPA-MÚNDI
O
s professores indígenas
do Projeto Açaí, em
Rondônia, se encantaram com a construção de mapas
da aldeia, do estado, do país e
do mundo. “Um dia, um deles
descobriu que o mapa de Rondônia parecia o casco do jabuti”,
conta Meiry Gonçalves Fonseca,
professora do Projeto Açaí.
Desenvolvido pela Secretaria de Educação de Rondônia
desde 1998, o Projeto Açaí é
destinado à formação de professores indígenas do próprio
estado e também de áreas vizinhas, que estão situadas em
Mato Grosso. Atualmente, cerca de 120 professores de 32
etnias estudam magistério – eles
são escolhidos em sua aldeia e
vão fazer o curso em uma cida-
de próxima, durante as férias escolares.
Armando Jabuti, da etnia
Jabuti, leciona na aldeia Bahia
das Onças, no município de
Guajará-Mirim. Para ensinar geografia, ele reúne os conhecimentos de seu povo com o que
aprendeu na escola do Projeto
Açaí – nem parece, mas antes de
fazer o curso de magistério indígena, ele não valorizava o saber de seus ancestrais. Em sua
aula, Armando explica que a lua
nasceu de um amor impossível
entre um irmão e uma irmã. Encantado pela moça, o rapaz foi
para o céu iluminar a noite que
é de todos: índios e não-índios.
Seus alunos desenham os limites da aldeia e o caminho do rio
Guaporé.
ELES CHEGARAM
À UNIVERSIDADE
E
m 1997, durante a Ameríndia –
Conferência Latino-Americana
de Educação Escolar Indígena,
realizada em Cuiabá, as lideranças
indígenas reivindicaram do governo
do Mato Grosso um curso superior
diferenciado. Tempos depois, em julho de 2001, começavam as aulas do
primeiro curso de licenciatura específico para a formação de professores indígenas, criado pela parceria
entre a Secretaria de Estado da Educação, a Universidade do Estado de
Mato Grosso (Unemat) e a Funai.
Com duração de cinco anos, o
curso principia com um currículo
geral único e no último ano o aluno
escolhe uma área específica: ciências da matemática e da natureza; ciências sociais; línguas, arte e literatura. Os encontros presenciais acontecem no período de férias escolares no campus da universidade, em
TV ESCOLA
27
EXPERIÊNCIAS
Barra do Bugres, a 160 quilômetros de Cuiabá. Em janeiro de 2006
deverá se formar a primeira turma – com duzentos índios de 36
etnias e 14 estados.
O aluno Lucas Ruriõ Xavante, 41 anos, conta que os encontros presenciais representam uma oportunidade rara de intercâmbio entre povos que não se conheciam. Ruriõ foi escolhido por
sua comunidade para fazer o curso superior e assumiu o compromisso de “ensinar para os alunos o conhecimento da aldeia e do
mundo”. Orgulhoso de seu papel, e de participar do processo de
mudança, diz: “O curso me fez acordar. Aprendi a valorizar a língua Xavante e a característica guerreira do meu povo”.
Este ano foi criado em Roraima o curso de Formação Superior Indígena Intercultural, resultado de uma parceria entre a Organização dos Professores Indígenas de Roraima (Opir), a Universidade Federal de Roraima (UFRR), a Fundação Nacional do
Índio (Funai) e o governo do estado. O curso tem a duração de
cinco anos e as aulas acontecem em janeiro e julho. As lideranças indígenas do estado participaram ativamente da elaboração do currículo. Cerca de 270 professores das 13 etnias que vivem em Roraima fizeram o vestibular, disputando as 60 vagas
do curso.
No Mato Grosso do Sul, a primeira turma de professores das
etnias Terena e Kadiweu já está fazendo o curso Normal Superior Indígena. Criado por iniciativa dos Terena, o curso é oferecido
pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em
Aquidauana.
OS ENCONTROS DE PROFESSORES SÃO UMA OPORTUNIDADE RARA DE
INTEGRAÇÃO ENTRE OS POVOS
28
TV ESCOLA
UM SALTO
DO PASSADO
AO FUTURO
R
eunidos no Instituto Superior
de Educação, em Boa Vista,
Roraima, professores de diversas etnias do estado participaram,
em maio último, de um debate sobre a educação indígena, logo após
terem assistido a um vídeo do Salto
para o Futuro sobre o tema. O desaparecimento de muitas línguas, as
idéias errôneas sobre os índios –
como seres primitivos, do passado e
sem história – esquentaram a discussão. Eles disseram que, durante muito tempo, a escola foi uma ameaça
para a cultura indígena, porque desconhecia sua língua e negava o conhecimento dos povos.
Conscientes do que aconteceu
no passado e interessados num futuro melhor, os professores indígenas mostram que já sabem por onde
começar. Enilton André da Silva,
professor da etnia Wapixana, lembra que a escola deve valorizar as
tradições, o conhecimento do pajé
e a religião dos ancestrais, e cultivar
a língua materna que, para ele, é
“o segredo da vida na aldeia por ser
uma forma de comunicação com a
natureza”. Em sua escola isso já
acontece: os alunos têm aulas de artesanato e também de língua materna. Os professores presentes concordam que exercer o magistério é
uma missão difícil. A comunidade
exige compromisso e responsabilidade na luta pelos direitos de todos,
e não apenas dos alunos. Além de
VÍDEO NAS
ALDEIAS
N
REUNIDOS EM BOA VISTA (RR), OS ÍNDIOS DESTACARAM A IMPORTÄNCIA DE
PRESERVAR SUA HISTÓRIA E SEUS VALORES CULTURAIS
ENILTON ANDRÉ DA SILVA,
PROFESSOR DA ETNIA
WAPIXANA, EM RORAIMA
ensinar os mais jovens a falar a língua de seus ancestrais, os professores de língua materna têm a
missão de passar para o papel línguas que até pouco tempo só existiam na tradição oral.
Uma das principais demandas
das comunidades indígenas é a
oferta de cursos específicos para
formação e titulação de professores. Natalina da Silva Messias, da
etnia Makuxi, coordenadora de
educação indígena da Secretaria
de Educação de Roraima, explica
que o curso de magistério está sendo reavaliado pela Secretaria de
Educação, que irá discutir a proposta curricular com as lideranças de
diversas etnias do estado, assim
como foi feito para a criação, este
ano, do superior indígena.
O ensino médio diferenciado
e itinerante começou também
este ano, a partir de uma parceria entre o estado e as organizações indígenas, e já atende trezentos alunos. Agora, os que
completam o ensino fundamental não precisam mais ir para a cidade, o que sempre traz muitas
dificuldades para as famílias. No
total, 26 professores circulam pelas aldeias, revezando-se de maneira que cada um passe de duas
a três semanas na mesma escola.
O ensino médio diferenciado é
multilíngüe (português, Makuxi,
Wapixana e Taurepang) e segue
um calendário adaptado a cada
comunidade; Antropologia e Educação Ambiental são disciplinas
que fazem parte do currículo.
o início houve quem pensasse que seria uma interferência cultural colocar uma câmara de vídeo nas mãos de índios.
Mas a idéia deu certo. Em atuação
há 15 anos, a organização não-governamental Vídeo nas Aldeias criou
um acervo com duas mil horas de
imagens de 30 povos indígenas brasileiros e produziu uma coleção de
50 vídeos, vários deles premiados internacionalmente. Quem coordena
o trabalho da ONG é o antropólogo
Vincent Carelli, que dirigiu a série
Índios do Brasil, produzida pela TV
Escola.
Os líderes indígenas se entusiasmaram com a possibilidade de registrar rituais, festas e reuniões da comunidade, vendo aí uma nova maneira de transmitir os conhecimentos tradicionais para as gerações futuras, e também para outros povos.
Na aldeia, a comunidade escolhe
quem irá participar das oficinas para
aprender a fazer o roteiro, captar
imagens, analisar e editar o material. Os vídeos são comprados por
museus, centros culturais e universidades, e as comunidades indígenas
recebem o pagamento pelos direitos de imagem e de autor. As fitas
são também distribuídas em várias
aldeias para promover o intercâmbio entre os povos. Muitos professores indígenas aproveitam o material em suas escolas. Saiba mais sobre Vídeo nas Aldeias no site: <http:/
/www. videonasaldeias.org.br>
TV ESCOLA
29
ESPECIAL
A ESCOLA É O CENTRO DA VIDA DA COMUNIDADE
KARIPUNA DA ALDEIA MANGA, EM OIAPOQUE, NO
AMAPÁ. AGORA QUE A TV ESCOLA CHEGOU, ALI TAMBÉM ACONTECEM AS SESSÕES DE VÍDEO.
TV ESCOLA NO
OIAPOQUE
N
ovidade na aldeia
Manga, no Oiapoque,
Amapá, onde vivem
cerca de 600 índios
Karipuna. O equipamento para recepção
da TV Escola, enviado
pelo governo do estado, acaba de ser instalado no novo
prédio da Escola Estadual Jorge
Iaparra. E sem hesitar, todos sabem
o que vão assistir primeiro: “As nossas olimpíadas”, diz o cacique
Luciano dos Santos, mostrando a fita
gravada por um antropólogo que
trabalhou na região.
A comunidade se reúne e, atentos, homens, mulheres e crianças vibram ao ver as imagens na tela: subida em árvores, corrida com toras
e outras competições. O cacique explica que as Olimpíadas Indígenas
são aguardadas ansiosamente du-
30
TV ESCOLA
rante o ano inteiro, por toda a população da Reserva Indígena Uaçá
– das etnias Karipuna, Palikur, Galibi
e Galibi Marworno.
O diretor da escola, Jonas
Ferreira Aguiar, conta que estudam
ali 263 alunos de ensino fundamental e médio. “Já temos nosso projeto educacional no sistema de ciclos
de formação (por idade dos alunos),
e não em séries”, diz. A escola tem
um calendário próprio, leva em conta as festas tradicionais e o período
de plantio da mandioca, da banana
e do cupuaçu. Os alunos estudam a
história de seus ancestrais Karipuna,
que fugiram do Pará por causa da
cabanada, por volta de 1835. E acabaram se instalando ali, no extremo
norte do país, onde moram até hoje
– separados da Guiana Francesa
pelo rio Oiapoque.
Como a vizinha Guiana France-
sa é um département francês, faz
parte da União Européia e, por isso,
tem como moeda nacional o euro.
Assim, os Karipuna vendem farinha
de mandioca do outro lado do rio
e recebem o pagamento em euro.
A professora Sônia Anika tirou daí
um bom assunto para suas aulas.
Começa com uma aula na casa de
farinha, onde os alunos ficam conhecendo o processo de fabricação
da principal fonte de renda da aldeia e aprendem a valorizar o produto da sua terra. Famosa pela qualidade, a farinha dos Karipuna é
feita com a mandioca que fica mergulhada durante dias nas águas do
rio. Para continuar, a professora desenvolve atividades de cálculo tendo por centro a economia da aldeia
e discute a organização social e econômica do povo. A escola também
ensina a preservar o meio ambien-
PROFESSORES REUNIDOS ASSISTEM AO VÍDEO NA ESCOLA ESTADUAL JORGE IAPARRA
JONAS FERREIRA AGUIAR, DIRETOR DA ESCOLA DO OIAPOQUE
te. Rios e cachoeiras ganharam placas educativas para que os turistas
que freqüentam a região aprendam a preservar o patrimônio natural dos povos que habitam o
Oiapoque.
O professor Estácio dos Santos
é o responsável pela revivescência
da língua, o crioulo Karipuna, de
raiz francesa. “Depois que aprendi
na escola, passei a conversar com a
minha avó em nossa língua”, con-
ta Anatana dos Santos, 14 anos,
aluna da 8ª série. Os adolescentes
conversam entre si em crioulo e
com isso estimulam os mais velhos
a fazer o mesmo. Na escola, o pajé
Manoel Felipe, 62 anos, explica aos
alunos a importância do Turé, a
principal festa indígena do
Oiapoque, realizada na primeira
lua cheia de outubro.
Para a comunidade Manga, a
TV Escola chegou em boa hora. A
professora Sônia Anika aprendeu a
gravar e a utilizar a programação
com Dulce Facchinetti, da gerência
de apoio aos programas TV Escola
e ProInfo, da Secretaria de Educação do Amapá. Sônia já tem planos:
além de usar os vídeos com os alunos na sala de aula e na capacitação
dos professores, quer que a comunidade assista à programação da
Escola Aberta, no final de semana.
TV ESCOLA
31
ESPECIAL
TURÉ COM
VIDA NOVA
O
projeto Turé, criado em 1998 para qualificar professores
indígenas, capacitando-os a atuar num processo educativo
bilíngüe, intercultural e específico, está em plena fase de
revitalização. A atual coordenadora do Núcleo de Educação Indígena (NEI) da Secretaria de Educação do Amapá é a professora
Eclemilda Macial Silva, índia da etnia Galibi Marworno. Indicada
para o cargo pelos próprios índios, ela começou o trabalho visitando as comunidades para fazer um levantamento da educação indígena no estado.
No Amapá vivem 6.700 índios de oito etnias – Galibi, Galibi
Marworno, Karipuna, Palikur, Aparai-Waiana, Tiriyó, Kaxuyana
e Waiãpi –, algumas delas em lugares distantes das cidades e de
difícil acesso. Tudo isso dificulta a capacitação e o acompanhamento do trabalho dos professores nas aldeias. Convidados pelo
NEI, professores indígenas de diversas etnias se reuniram em junho último em Macapá para participar da construção de um plano de ação que inclui a realização de um curso sobre o Referencial
Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (RCNE/I), ainda em
2003. Também está planejado, um curso para a capacitação dos
professores que irão atuar como formadores no projeto Turé. O
que se deseja é que cada etnia, assim como já fizeram os Karipuna
e os Galibi Marworno, crie seu projeto pedagógico e produza
seus materiais didáticos.
PROFESSORES ÍNDIOS DE DIVERSAS ETNIAS REUNIDOS EM MACAPÁ
NO MÊS DE JUNHO
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TV ESCOLA
FUNDEF,
NA LÍNGUA TICUNA
U
m dos grandes problemas enfrentados pela educação escolar indígena no país é a falta de condições materiais em muitas das 1.724 escolas indígenas cadastradas no censo escolar de 2002.
Faltam cadernos, lápis, carteiras...
No entanto, embora nem sempre as
escolas conheçam como isso funciona, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério
(Fundef/MEC) dispõe de recursos específicos para financiar a educação
fundamental.
O coordenador geral de apoio às
Escolas Indígenas da Secretaria de
Educação Fundamental do MEC,
Kleber Gesteira Matos, considera
essencial que os professores e as lideranças indígenas entendam como
é o financiamento da educação pública e o que devem fazer para ter
o efetivo controle da aplicação dos
recursos. Eles precisam ser preparados para isso.
Em julho último, cerca de 450
professores Ticuna e de outras sete
etnias participaram de um seminário com esse objetivo, realizado no
município de Benjamim Constant,
na região do Alto Solimões, no Amazonas. Os professores traduziram
para a língua Ticuna o cartaz do
Fundef, com um resumo didático do
que pode e do que não pode ser
feito com o dinheiro disponível para
a escola.
TRIBO KARIPUNA, QUE VIVE ÀS MARGENS DO RIO OIAPOQUE, NO AMAPÁ
A ESCOLA QUE
OS ÍNDIOS DO BRASIL
QUEREM
COMUNITÁRIA
Conduzida pela comunidade
indígena, com autonomia na
organização do currículo, do
calendário e da administração.
INTERCULTURAL, BILÍNGÜE
OU MULTILÍNGÜE.
A PROFESSORA SÔNIA LEVA SEUS ALUNOS PARA UMA AULA NA CASA DE
FARINHA, ONDE ELES APRENDEM A VALORIZAR O PRODUTO
Que valorize a diversidade
cultural e lingüística e promova
entre os povos o intercâmbio de
experiências socioculturais,
lingüísticas e históricas.
ESPECÍFICA E DIFERENCIADA
Concebida e planejada de acordo
com as aspirações de cada povo.
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C
A
P
A
ITAQUAQUECETUBA
SUPERANDO O
REPORTAGEM: TÂNIA NOGUEIRA
FOTOS: NAIR BENEDICTO
Q
uando Fátima Zein Casarini
assumiu a direção da Escola
Estadual Parque Piratininga
II, o lugar era o pesadelo de
professores e administradores. Localizada na violenta
periferia de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo,
a precária construção de madeira em que funcionava – toda depredada, com pichações e banheiros quebrados – era com freqüência invadida por
usuários de drogas e desocupados. A situação chegara a extremo tal que a diretora anterior se afastara após sofrer
uma tentativa de assassinato por parte
de um aluno.
Hoje, a escola tem 1.028 alunos – da 5ª
série do ensino fundamental à 3a do ensino médio –, funciona em um prédio de
alvenaria e é exemplo de ensino de qualidade. Em 2000, recebeu o Prêmio Gestão Escolar, concedido pelo Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação). Ao chegar à Parque Piratininga II, o
visitante percebe que está diante de uma
escola especial. Suas novas instalações,
bonitas e bem conservadas, contrastam
com a precariedade das moradias que co-
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TV ESCOLA
FÁTIMA CASARINI (ACIMA), AUXILIADA POR UMA EQUIPE
ENGAJADA DE PROFESSORES, COMO ELI DAS GRAÇAS SANTOS
(DIR.) RECEBEU O PRÊMIO GESTÃO ESCOLAR 2000 POR SUA
ATUAÇÃO À FRENTE DA ESCOLA ESTADUAL PARQUE
PIRATININGA II
EQUIPE DE UMA ESCOLA ESTADUAL NA PERIFERIA DE SÃO PAULO PROVA
QUE É POSSÍVEL TRANSFORMAR A COMUNIDADE POR MEIO DA EDUCAÇÃO
PESADELO
brem os morros em torno. Lá dentro,
é tudo limpo e arrumado. Há quadros
nas paredes e nenhum lixo no chão.
A aparência dos estudantes
tampouco se encaixa no que se espera de uma região carente. Todos estão bem arrumados, com aspecto saudável, demonstram desembaraço e
alegria. Em qualquer sala de aula que
se entre, acontece alguma atividade
especial, com professores e alunos intensamente envolvidos. A biblioteca,
pequena mas organizada, tem movimento constante. Entre os autores
mais solicitados estão Castro Alves,
Machado de Assis e Eça de Queirós.
“Todos diziam que eu não agüentaria”, conta Fátima. “Eu vinha de
Poá, uma cidade um pouco mais
elitizada, tinha carro novinho, parecia frágil. Nos primeiros tempos, sempre que ia à diretoria de ensino, me
perguntavam se já desistira.” As histórias da época de sua chegada são
assustadoras.
Eli das Graças Santos, então professora de Língua Portuguesa e hoje
coordenadora do período noturno,
conta que tinha medo de trabalhar.
A sala dava para um terreno baldio,
TV ESCOLA
35
C
A
P
e o esporte preferido de um grupo de rapazes era fazer bagunça
em frente às janelas. “Falavam
palavrões, mexiam com as meninas. Não tinha como dar aula, fingir que aquilo não estava acontecendo. Às vezes invadiam a escola
e queriam entrar na sala atrás de
uma menina. Uma professora que
decidiu enfrentá-los foi ameaçada
de morte”, conta Eli. Sob o comando de Fátima, formou-se gradativamente uma equipe comprometida com a educação, capaz de
combinar firmeza, afetividade e
delicadeza nas doses certas para
ensinar cidadania a esses jovens,
alunos ou não, deixando de encará-los como marginais e fortalecendo sua sociabilidade.
Mas levou algum tempo até as
coisas serenarem. Um grande passo nesse sentido consistiu em cuidar do equipamento físico da escola. “Alguém pichava a parede, nós
pintávamos”, conta Fátima. “Quebravam uma pia, nós consertávamos.” A escola ficou bonita e todos começaram a respeitar o bem
comum. Isso se refletiu também na
atitude dos alunos. “No começo,
muitos vinham sujos”, lembra Fátima. “Quando pintamos a escola,
passaram a tomar banho, pentear
o cabelo, vestir-se melhor, usar perfume para vir à aula.” E também
se instituiu o uso obrigatório de
camisetas com mangas, como uma
espécie de “uniforme”. Até então,
as meninas vestiam miniblusas e
decotes pronunciados, e não era
raro os pais reclamarem que suas
filhas estavam sendo desrespeitadas no ambiente escolar. Isso tudo
ocorreu mesmo antes de o novo
prédio ser construído, em 1999.
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TV ESCOLA
A
ESTÍMULO PARA PROFESSORES E ALUNOS
A
principal transformação
aconteceu dentro das salas de aula. Ao tornar a
aprendizagem um processo prazeroso, a equipe do Parque Piratininga II conseguiu motivar os alunos e fazer com que determinados professores abandonassem
práticas pedagógicas ultrapassadas. Quem estava acostumado a
passar o ponto na lousa para ser
copiado começou a buscar mais
participação e a tentar conhecer
as dificuldades dos alunos, ajudando-os a superá-las. Aqueles que já
possuíam idéias inovadoras, por
sua vez, encontraram espaço e
estímulo para desenvolver seus
projetos.
Nesse processo, segundo Fátima, os programas da TV Escola
foram fundamentais. “Eles estão
em todo o embasamento teórico
da escola”, diz. “A sala de televisão é o santuário pedagógico,
onde os professores dão sempre
uma paradinha para ver o que
está passando.” A televisão fica
ligada o tempo todo na programação da TV Escola, e todos utilizam os materiais impressos. Em
2002, por exemplo, a coordenadora pedagógica propôs aos professores que lessem a revista e apresentassem projetos inspirados em
seu conteúdo.
OS ALUNOS RECEBEM AULAS
PRÁTICAS DE CIÊNCIAS E QUÍMICA,
TORNANDO O APRENDIZADO UM
PROCESSO PRAZEROSO QUE MOTIVA OS
ALUNOS A PARTICIPAR
O dinamismo das atividades didáticas salta aos olhos, conforme
os repórteres da revista TV ESCOLA
testemunharam nos dias em que
visitaram a Parque Piratininga II.
Em uma 5ª série, alunos montam figuras geométricas tridimensionais de cartolina, para estudar faces, ângulos e vértices. Em
uma sala de ensino médio ensaiam uma peça de teatro e a professora de Língua Portuguesa,
Lilian Patrícia de Lucena, explica:
“Estamos trabalhando gêneros literários. Os estudantes escolheram uma história infantil e fizeram a adaptação do gênero narrativo para o dramático”.
CRIATIVIDADE
Outra turma de 5ª série prepara trabalhos de História para a
mostra que acontecerá dali a uma
semana, sobre os mais variados
temas – de vasos gregos a expedições dos bandeirantes. A professora de História, Isabel Manoel,
começou este ano a trabalhar na
Parque Piratininga II, e está feliz
de poder desenvolver aulas
participativas. “Aqui senti a tranqüilidade e a firmeza que todo
professor precisa para fazer um
bom trabalho”, diz. “Não dou
uma aula comportada, porque a
história não é comportada. O aluno que só copia é aluno robocópia. E aqui eu tive incentivo para
fazer com que trabalhassem sobre
documentos, percebessem a liga-
ção da história com seu dia-a-dia.”
Garotos e garotas da 8ª série
debatem sexualidade na aula de
Ciências. A professora Lucilene
Marins, que já leciona ali desde
1998, explica que essa discussão
sobre comportamento abre caminho para aulas de Biologia, sobre
o aparelho reprodutor, e de Orientação Sexual, sobre formas de
se prevenir contra doenças sexualmente transmissíveis.
No pátio, o professor de Química, Valdemir Pereira da Silva,
montou um pequeno laboratório
e ensina a preparar sabonete líquido. A aula prática faz parte de
seu projeto “No vaivém das reações químicas”, que ganhou o prêmio Projeto Nota Mil, da diretoria de ensino de Itaquaquecetuba
e Poá. Enquanto preparam o sabonete – que será usado nos banheiros da escola – os alunos fazem uma revisão de conceitos
(mistura homogênea, ácidos, bases etc.) e já pensam numa possível profissionalização. “Em algumas indústrias cosméticas, um técnico pode ganhar até 3 mil reais”,
diz o professor. Ele conta que, ao
chegar pela primeira vez à Parque
Piratininga II, teve a impressão de
que “estava numa escola particular” e logo se entusiasmou com as
perspectivas de trabalho. “Entre
outras coisas, este ano já dei aula
sobre átomos na quadra de esportes, com música, ensinei os alunos
a traçar o diagrama de Linus
Pauling usando cordas etc.”.
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P
A
A VALORIZAÇÃO DA CIDADANIA
A PROFESSORA LUCILENE DISCUTE SEXUALIDADE, ENQUANTO A ALUNA AMANDA (DIR.) MOSTRA INTERESSE PELO COMPUTADOR
O
s professores aproveitam
suas aulas para passar noções de ética e cidadania.
A coordenadora do noturno lembra que antigamente o objetivo
principal do educador era transmitir conteúdo. Hoje, acredita que
é fundamental também ensinar
princípios básicos sobre esses temas. “Isso não quer dizer que vamos deixar de passar o conteúdo”,
diz Eli. “Não damos uma aula específica sobre ética ou cidadania,
esses conceitos devem estar presentes em todas as aulas.” Numa
aula de tênis de mesa, por exemplo, os alunos aprendem a respeitar os limites de cada um e a competir sem agressividade.
A arte é outro instrumento,
conforme explica Fátima: “A arte
que eles conhecem gira muito em
torno da violência. São filmes de
bandido, músicas sobre o cotidiano da periferia. A gente respeita
essa arte, mas apresenta coisas
novas. Outro dia levamos um grupo para assistir a um concerto na
Sala São Paulo. Na volta, um ga-
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TV ESCOLA
roto disse que queria ser violinista, que nunca tinha visto uma coisa tão bela na vida”.
O senso crítico e o espírito de
contestação também são valorizados. “O cotidiano desses jovens
praticamente não tem saída”, diz
a professora de Língua Portuguesa, Celsa Aparecida de Pastorelli
Lopes, que está desenvolvendo o
projeto Fanzine, de uma revista
literáriano estilo dos fanzines alternativos. “Depois que saem do
ensino médio, acabou-se a vida
cultural para eles. A revolta é natural. Logicamente, não se pode deixar as coisas como estão. Procuro
enfatizar, tanto em aula quanto
nesse projeto, que para se protestar tem de se pensar muito, ter uma
posição, saber o que se está fazendo. Quebrando e pichando, eles
perdem a razão. Tento ensiná-los
que é possível usar a rebeldia para
fazer algo melhor para eles mesmos e para o mundo a seu redor.”
TUDO LIGADO
Para incentivar a permanente
interdisciplinaridade, todos os
professores preparam cartazes
com a relação de seus conteúdos
e os colam na sala de professores.
A partir daí, trocam idéias para integrar suas aulas. Segundo Eliane
Cristina Oliveira Silva, coordenadora do diurno, o trabalho conjunto às vezes parte do planejaNUMA AULA DE TÊNIS DE MESA,
OS ALUNOS APRENDEM A COMPETIR
SEM AGRESSIVIDADE
mento, mas com freqüência acontece de modo espontâneo, nas
conversas do Horário de Trabalho
Pedagógico Coletivo (HTPC).
No Parque Piratininga II, por sinal, o HTPC é levado muito a sério. Na sala de televisão, os professores se reúnem para ver
vídeos, ler textos e, principalmente, debater questões diretamente
ligadas a sua prática pedagógica.
Esse trabalho é especialmente importante porque, todos os anos,
o contingente de professores novos é muito grande, e os recémchegados precisam se adaptar ao
estilo da escola.
A integração do trabalho dos
professores é também um dos objetivos da mostra que acontece
todo final de semestre. Nela é
apresentada a produção das salas
de aula: desenhos, cenários de
peças de teatro, trabalhos de artesanato, maquetes, cartazes, figuras geométricas e até redações,
que podem ser lidas por todos.
“Isso dá idéias e instiga os professores novos a dar aulas mais dinâmicas”, diz a diretora.
FÁTIMA INCENTIVA AS CONQUISTAS DOS ALUNOS POR MEIO DE CONDECORAÇÕES
TRABALHO DE PENÉLOPE
“E
sta escola que vocês
estão vendo, não é a
mesma que ganhou o
Prêmio Gestão Escolar”, conta
a diretora Fátima. Segundo ela,
houve substituição de 95% do
corpo docente, pois apenas três
dos professores são efetivos. Os
que vão chegando, e assumem
as aulas pela primeira vez, com
freqüência estão habituados a
um ensino mais convencional.
Para contornar essa dificuldade,
a escola capricha nas reuniões
do HTPC e no uso dos progra-
mas de capacitação da TV Escola; além disso, promove palestras e debates com especialistas em várias áreas.
O trabalho com os alunos
precisa ser continuamente retomado, já que a escola, cercada de favelas e terrenos invadidos, recebe a cada ano um
grande volume de alunos – e
de problemas – novos. Mas a
equipe está sempre atenta
para enfrentar a situação, pois
Fátima alerta: “Eu digo para os
professores: educar o aluno
bonzinho, que já vem pronto,
é fácil. Nosso papel é educar
justamente aquele mais problemático”.
E ela inventa estratégias
para conquistar os jovens e suas
famílias, como aconteceu, por
exemplo, com as aulas de reforço, que mudaram de nome:
“Agora, a gente diz que eles
vão ganhar aulas particulares,
e todo mundo fica contente”.
A TELEVISÃO DA ESCOLA FICA O
TEMPO TODO LIGADA NA
PROGRAMAÇÃO DA TV ESCOLA
TV ESCOLA
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C
A
P
A
A ETERNA PROFESSORA
T
odos que conhecem a diretora Fátima Zein Casarini
sabem o quanto seu jeito
afetuoso mas determinado é responsável pela situação atual da escola Parque Piratininga II. Está sempre preocupada em oferecer algo
mais a seus alunos e a dar orientação e apoio aos professores, e para
ela, a população carente tem todo
direito a “luxos” como conhecimento e arte. Sua história de vida,
sem dúvida, contribuiu para essa
atitude pedagógica.
Quando a menina Fátima entrou na escola, já sabia que só iria
estudar até “se formar no grupo
escolar”. Vivendo com a mãe, ajudante de cozinha em um restaurante do Ipiranga, em São Paulo,
e os irmãos menores, não tinha
como escapar das obrigações domésticas. “Na 4ª série, eu não queria passar de ano, de desespero de
ter de largar a escola”, lembra.
Mas não teve jeito. Boa aluna,
Fátima tirou o diploma do primário e começou a cuidar da casa –
cozinhar, lavar, passar e olhar os
irmãos. Para reforçar o orçamento familiar, também tomava conta de filhos de vizinhas.
Aos 15 anos, morando em Poá,
cidade vizinha a Itaquaquecetuba,
arrumou um emprego como balconista no centro de São Paulo.
“Então, falei com minha mãe: já
que eu ia até aquela lonjura trabalhar, podia também estudar”,
conta. Conseguiu completar o ginásio, no período noturno. Mas só
depois de casada, já com três fi-
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TV ESCOLA
lhos, teve condição de fazer magistério, começar a lecionar e ainda se formar em pedagogia.
Segundo ela, jamais pensara
em ser diretora – que imaginava
como a megera de professores e
alunos. Na faculdade, uma professora de administração escolar mostrou-lhe que não precisava – e não
devia – ser desse jeito. Assim, foi
mudando de idéia. Ocupou cargos
de coordenadora, vice-diretora,
assistente de apoio pedagógico e,
por fim, surgiu a oportunidade de
ser diretora no Parque Piratininga,
um bairro distante, acessível apenas por uma estrada de terra que
inundava em dias de chuva. Assumiu o desafio.
Começou a aplicar o que tinha
aprendido na prática e na teoria.
“Henri Wallon diz que o aprendizado só se processa por meio da
afetividade”, diz Fátima. “Acho
que isso vale para todo o ambiente educacional. Precisa haver laço
afetivo entre diretor e professor,
entre coordenador e professor,
entre diretor e aluno. Para muita
gente, a escola é a diretora. Se as
pessoas não gostassem de mim,
por que iriam preservar a escola?”
AS TRÊS ELIS
Fátima conta com três fiéis
escudeiras: as coordenadoras
Eliane Cristina Oliveira Silva e Eli
das Graças Santos e a vice-diretora, Elisabeth Neves da Cunha, sempre atentas ao competente exército de professores e funcionári-
O JEITO AFETUOSO MAS
DETERMINADO DE FÁTIMA ZEIN
É RESPONSÁVEL PELA QUALIDADE
DO ENSINO DA ESCOLA PARQUE
PIRATININGA II
os. Além do apoio pedagógico, as
três Elis foram fundamentais na
cruzada sem armas, que Fátima
empreendeu contra a violência.
Quem vê as moças de aparência
frágil não imagina sua coragem
para enfrentar situações de risco
e resgatar a cidadania.
A primeira a chegar foi Eli,
como professora de Língua Portuguesa – em 1995, antes mesmo de
Fátima. Nascida no interior do
Paraná, morava na região de
Itaquaquecetuba desde pequena,
mas teve medo quando precisou
dar aula na pior escola do município: a Parque Piratininga II. Durante dois ou três anos, teve de lidar
com a violência dentro da escola
e nos arredores. Mas com seu jeito calmo e sossegado conseguiu
conquistar a simpatia e o respei-
to. Eli conta: “Lembro-me bem de
um aluno da 6ª série, de uns 15
anos, que estava envolvido com o
pessoal da rua e, evidentemente,
usava drogas e prejudicava o andamento da aula. Aos poucos lhe
mostramos que havia outros caminhos. Hoje, ele é um ótimo rapaz,
trabalha e ajuda a família”.
Em 1999, chegou Eliane, também para lecionar Língua Portuguesa, já no prédio novo. Embora
tivesse cursado dois anos de Letras,
nunca havia dado aula. Vivia de
fazer e vender artesanato. Um dia
foi levar uma encomenda para
uma amiga, na Parque Piratininga
II, e se apaixonou pela escola. Logo
quis ir trabalhar com Fátima. “Minha amiga falava que a Fátima
gostava de trabalho dinâmico, envolvia as pessoas, tinha amor pelo
que fazia. Eu pensei: é em um lugar assim que quero trabalhar.” Na
primeira oportunidade, concorreu
a uma vaga e conseguiu entrar.
“A Fátima é uma eterna professora”, diz Eliane. “Desde que
coloquei os pés aqui eu comecei a
aprender. As pessoas não trabalham por dinheiro, trabalham por
paixão. Hoje, por exemplo, faz
dez horas que cheguei e nem percebi o tempo passar.”
Por fim, veio Elisabeth. No início do ano 2000, formada em História, dava umas poucas aulas no
centro de Itaquaquecetuba. Ao
saber que havia um número razoável de aulas disponíveis na Parque
Piratininga II, resolveu tentar. “Peguei um ônibus e vim para a atribuição”, lembra Elisabeth. “O ônibus andava, andava, e nada de
chegar. Perguntei para o motorista se não tinha passado. Ele disse
que ainda ia demorar. Mas quando cheguei fiquei impressionada
com a beleza e a ordem da escola.” Elisabeth conseguiu vinte aulas de Geografia, no período noturno. Teve medo, mas precisava
do dinheiro e resolveu encarar.
Acabou se envolvendo tanto que
abandonou as aulas na escola do
centro para ficar somente ali.
ELIZABETH NEVES DA CUNHA E ELIANE CRISTINA OLIVEIRA SILVA SÃO COORDENADORAS
DA ESCOLA, E AJUDARAM A REALIZAR AS MUDANÇAS PARA MELHOR
JOSÉ ALVES TEIXEIRA, DE ALUNO
A INSPETOR DA ESCOLA
UM AMOR
DE ESCOLA
Q
uando concluiu o ensino
médio, no fim de 2001, José
Alves Teixeira não deixou
de freqüentar o colégio. Todos os
dias aparecia na Parque Piratininga II e ajudava a organizar a
biblioteca ou resolver o que estivesse a seu alcance. Acabou sendo convidado a trabalhar como
inspetor de alunos e aceitou na
hora. Hoje, aos 19 anos, planeja
entrar na faculdade de Letras e se
orgulha de integrar uma equipe
pedagógica exemplar. Circula sorridente pelos corredores e pátios,
atento a todas as necessidades de
alunos e professores.
A Parque Piratininga II mais de
uma vez já foi assunto de reportagens da grande imprensa pela
qualidade do ensino que oferece,
mas a maior prova de seu sucesso
é o apego dos alunos. Tal como José, vários jovens formados não quiseram deixar a escola que mudou
suas vidas. Uma ex-aluna é funcionária da secretaria. No laboratório
de informática, um ex-aluno atua
como professor voluntário.
TV ESCOLA
41
C
A
P
A
QUE LUGAR É ESSE ?
PASSADO COLONIAL
Itaquaquecetuba foi fundada
em 8 de setembro de 1560, na região do Alto Tietê, pelo jesuíta
José de Anchieta. Construída no
alto de um morro, para permitir
ampla visão e evitar ataques indígenas, era um ponto de saída de
bandeiras em direção a Minas
Gerais. No início, chamava-se
Taquaquecetuba, o que significa
“taquarais que cortam como faca
em abundância”. De seu passado
colonial, guarda algumas construções como a Igreja da Matriz, de
1624, que recentemente foi restaurada; diante dela, o cruzeiro da
fundação da cidade, um pequeno
anfiteatro e a casa de cultura,
onde funciona um museu com
peças da história local.
SATÉLITE DE METRÓPOLE
A cidade cresceu desordenadamente e hoje, com quase 300 mil
habitantes, está na área metropolitana da Grande São Paulo. Tem
muitas indústrias, uma pequena
área rural, um centro comercial movimentado e áreas residenciais muito pobres. O bairro Parque Piratininga, distante cerca de 10 quilômetros do centro de Itaquaque-
cetuba, é uma região carente, com loteamentos populares, áreas invadidas, muitas
ruas de terra e altos índices de
violência. Com poucas opções
de lazer, muita gente vai se
divertir em São Paulo ou nos
municípios vizinhos.
BRILHO PRÓPRIO
As coisas têm melhorado
no Parque Piratininga, pelo menos em torno da escola. Como fruto de uma campanha escolar e da
sociedade de amigos do bairro, o
córrego que passava pela avenida principal e sempre transbordava foi canalizado. Hoje, há transporte público para Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Guarulhos
e São Paulo. Algumas ruas foram
asfaltadas e até o valor dos imóveis subiu. “Não há dúvida de que
a mudança na comunidade está
muito ligada à mudança na escola”, diz Edgar Maurício Santana,
dirigente regional de ensino.
PARQUE ECOLÓGICO
Nos fins de semana de sol, os
moradores passeiam pelo Parque
Ecológico, uma área verde de 1,2
milhão de metros quadrados, com
A PRAÇA, A IGREJA MATRIZ E UMA VISTA GERAL DA CIDADE
42
TV ESCOLA
lagos, minifazenda e estrutura
para piquenique. No parque, funcionam também uma escola municipal e uma biblioteca.
CATEQUESE PELA DANÇA
A cidade mantém pelo menos
uma tradição do período da colonização: a dança da Santa Cruz. Segundo Angelo Guglielmo, diretor
de cultura do município, a dança foi
criada pelos jesuítas como estratagema para catequizar os índios. O
ritmo cadenciado pela batida dos
pés no chão em volta da cruz atraía
os nativos para o símbolo do cristianismo. A tradição se estabeleceu,
primeiro em torno do cruzeiro da
praça e, depois, em volta de cruzes
enfeitadas por flores, nas portas dos
fiéis. O costume se mantém, com as
cruzes nos espaços públicos.
EXPEDIÇÃO VAGA-LUME
LEITURA QUE
ILUMINA
REPORTAGEM: TÂNIA NOGUEIRA
cias foi fundamental para construir
o projeto. Planejamento pronto,
AS CRIANÇAS ENCANTAM-SE COM OS
DESENHOS E CAPAS DOS LIVROS
partiram para sua primeira expedição, viajando de barco, camiTRÊS JOVENS EXPEDICIONÁnhão, ônibus e carona para chegar
RIAS LEVAM A MAGIA DOS
às comunidades escolhidas. Os liLIVROS PARA COMUNIDAvros chegavam pelo correio, arruDES LONGÍNQUAS.
mados em dois caixotes – fabricados por presidiários do Pará – adaptáveis como estantes.
ylvia Guimarães, 26 anos,
A biblioteca se compõe de 300
Laís Fleury, 29, e Maria Terelivros – literatura infantil e juvenil
sa Meinberg, 26, gostavam
e obras de apoio para os professode viajar e sonhavam com
res –, selecionados com apoio de
uma grande aventura na Amazôconsultores especializados. Todos
nia. Ou, mais que uma aventura,
os livros são novos. Sylvia explica
queriam dar sua contribuição soque a criança precisa ser atraída
cial. Assim, pensaram em visitar as
pelo objeto, como um convite para
comunidades trabalhando com a
entrar no mundo mágico da leituquestão do lixo, ou algo na área
ra. As crianças das comunidades
de saúde. Depois de muita converamazônicas ficam deslumbradas
sa, tiveram a idéia da leitura. Descom as capas novas, os desenhos,
se modo, nasceu a Expedição Vagaas dobraduras. “É um parque de
lume, que entre março e dezemdiversões para elas.”
bro de 2002 implantou 32 biblioNa escola que recebe a bibliotecas em comunidades rurais da
teca, a equipe organiza oficinas
Amazônia Legal e, em cada lugar,
para preparar mediadores da leipreparou professores para atuar
tura – reunindo professores daquecomo mediadores da leitura.
la escola e de outras do entorno.
Sylvia é a
Durante esses
única educadodias, desenvolConheça melhor o projeto
ra do grupo.
vem atividades
Rua Purpurina, 155, cj. 46
Laís é formada
com as famílias
Vila Madalena, São Paulo/SP
em administrae as crianças.
05435-030
ção de empreUma das princiTelefone: (11) 3032-6032
sas e Maria Tepais preocupaE-mail:
resa, em relações consiste
<[email protected]>
ções públicas.
Internet: <http://
em estimular
www.expedicaovagalume.org.br/>
Essa diversidauma nova relade de experiênção com o livro.
S
SYLVIA, LAÍS E MARIA TEREZA: AS
TRÊS VAGA-LUMES
Segundo Sylvia, a maioria dos professores se acostumou, em seu tempo de estudante, a ler apenas por
obrigação, e não por prazer.
Associar a leitura ao prazer é o
que a Expedição Vaga-lume propõe como a chave para transformar
as crianças brasileiras em leitoras.
Por isso, os mediadores são orientados para desenvolver as atividades de leitura em um lugar agradável, em que todos se sintam à vontade – por exemplo, estender uma
lona embaixo de uma árvore, espalhar os livros e ler alto as histórias que as crianças escolherem.
DE VOLTA À ESTRADA
No próximo ano, as três “vagalumes” pretendem pôr de novo a
mochila nas costas e viajar para dez
das comunidades onde implantaram bibliotecas. Querem avaliar o
trabalho que está sendo feito pelos mediadores, os progressos das
crianças em relação à leitura, e
também, aproveitar para ampliar
o acervo das bibliotecas.
Essa etapa já começou, com
uma campanha de arrecadação de
livros em colégios particulares.
TV ESCOLA
ESCOLA
TV
43
43
ENTREVISTA / MARIA JOSÉ FÉRES
O DESAFIO NÃO É ENSINAR; É FAZER APRENDER, AFIRMA A
PROFESSORA MARIA JOSÉ FÉRES, SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO
INFANTIL E FUNDAMENTAL, À REPÓRTER TERESA MELLO.
FAZER APRENDER É certo que o Ensino Fundamental
vai ficar com nove anos?
Esta é uma das medidas do programa Toda Criança Aprendendo. Foi
pensada a partir dos resultados do
Sistema de Avaliação da Educação
Básica: 59% das crianças da 4a série não adquiriram as competências básicas de leitura e letramento;
e o índice é de 52% para matemática. Não adianta remendar isso, é
preciso impedir que volte a acontecer. Você tem de fechar a torneira.
Mas o programa também tem medidas emergenciais, para que essas crianças possam sair da escola
com um grau de letramento eficaz. Há por exemplo a chamada
aceleração de aprendizagem, destinada a turmas especiais para crianças de 10 a 12 anos e no mínimo quatro anos de escolaridade
básica. Todas essas iniciativas têm
em vista garantir que, ao terminar o Ensino Fundamental, as crianças tenham aprendido o que é
importante. Agora, nós não podemos passar o resto da vida fazendo essa reintegração, e por isso há
medidas estruturais.
44
TV ESCOLA
Que medidas, por exemplo?
A ampliação do Ensino Fundamental para nove anos. Tem de
ficar claro que não é uma substituição da pré-escola. A pré-escola
é para crianças de 4 e 5 anos. Aos
6 anos, ao entrar no Ensino Fundamental, as crianças terão melhores condições de alfabetização.
Esta é uma reivindicação antiga e
que consta do Plano Nacional de
Educação. Portanto, já é uma lei
no Brasil. O Plano estabelece metas para inclusão das crianças de 6
anos e ampliação do Ensino Fundamental para nove anos. E nós
estamos perseguindo essa meta.
De que maneira isso será feito?
Estamos fazendo um levantamento nas redes estaduais e municipais para saber as condições em
cada estado e nos municípios. As
questões a resolver são as mais
variadas: desde o espaço físico, até
a contratação de professores e a
disponibilidade de recursos pedagógicos. Temos de ter um quadro
da situação nacional para fazer
um planejamento. Nossa meta é
que isso aconteça até 2007, começando já no ano que vem.
Por onde vai começar a ampliação
do Ensino Fundamental?
Por Minas Gerais, onde a rede estadual já previu essa ampliação
para o ano que vem. Pelos dados
do censo, 500 mil dessas crianças
estão fora da escola e, embora
boa parte delas seja admitida no
sistema de ensino, a duração continua a ser de oito anos. Por outro lado, há municípios, como Belo
Horizonte, em que o Ensino Fundamental já tem nove anos.
Como fica a questão pedagógica?
Ganha-se um tempo a mais para
preparar o processo de alfabetização. Não significa adiantar a 1a
série e incluir nela as crianças de 6
anos. Não se trata de substituir diretrizes curriculares, que são do
Conselho Nacional de Educação.
Nós vamos discutir amplamente as
diretrizes político-pedagógicas –
por exemplo, a questão de avaliação do aluno na escola, da progressão automática ou continuada.
MARIA JOSÉ VIEIRA FÉRES, mineira de Juiz de Fora,
é Secretária de Educação Infantil e Fundamental do
Ministério da Educação. Formou-se normalista em
1967, quando a carreira tinha prestígio e importância. E faz questão de recuperar esse valor. Formada
em História pela Universidade Federal de Juiz de
Fora (UFJF), sempre esteve ligada à educação. Foi
pró-reitora de Assuntos Comunitários e Extensão
da UFJF; coordenadora da Comissão Nacional de
Avaliação das Universidades Brasileiras; secretária
da Criança e Assistência Social do Distrito Federal e
secretária-adjunta de Educação de Minas Gerais.
- O GRANDE DESAFIO
E como é essa progressão continuada?
A progressão continuada não é automática. Ela se transforma em automática quando não são usados os
instrumentos necessários para trabalhar com as diferenças dos alunos e fazer a progressão continuada. A progressão automática é o
outro lado da repetência. A repetência é uma perversidade: ela diz
que o aluno não aprendeu e por
isso ele repete o ano. A progressão automática é um pouco pior:
ela diz que o aluno não aprendeu,
mas mesmo assim permite que ele
siga em frente e lhe dá o diploma.
O grande desafio hoje é garantir
que as crianças aprendam. Todas
as crianças podem aprender e têm
esse direito. Mas nem todas aprendem do mesmo jeito, no mesmo
tempo. Nosso desafio é trabalhar
a dificuldade na aprendizagem.
Trabalhar com essa dificuldade
está de acordo com os padrões
tradicionais de ensino?
Durante muito tempo, a escola
brasileira não enfrentou esse de-
safio. Quando o aluno não aprendia, o problema era dele, ele era
mandado embora da escola. O eixo
era ensinar. Agora, o eixo é aprender. O desafio não é ensinar; é fazer aprender. Como fazer aprender? Essa é a questão essencial. A
discussão é melindrosa, porque
para muitos a alternativa à progressão automática – e, portanto,
à dificuldade de aprendizagem –
é a volta da reprovação. Isso é um
absurdo, porque a reprovação não
é instrumento de aprendizagem,
não faz ninguém aprender. Se é
assim, a reprovação não tem sentido numa concepção em que
aprender é o centro da escola. Mas
não tampouco tem sentido a progressão automática. Então, nosso
desafio é conseguir trabalhar as diferenças individuais dos alunos,
entender e enfrentar suas dificuldades de aprendizagem. A organização mais flexível do tempo vai
contribuir.
Quais são as experiências do sistema de progressão continuada?
O sistema já funciona em alguns
estados, como São Paulo e parte
de Minas Gerais, mas com situações
diferentes: São Paulo adota dois
ciclos de formação, de quatro em
quatro anos; Minas adota três ciclos: três, três e dois anos. O mecanismo da progressão continuada faz parte da concepção de organização do tempo escolar, que
é o ciclo de formação. Não faz
parte da concepção seriada. A
questão faz parte da discussão
nacional sobre diretrizes políticopedagógicas da ampliação do Ensino Fundamental: a seriação, o
ciclo de formação, o desenvolvimento curricular, a inserção da
escola na comunidade.
Como fica a exigência de curso superior para professores de 1a a 4a
série?
Está aí uma grande polêmica. Não
existe isso. A Lei de Diretrizes e Bases nunca exigiu o curso superior
para professores que estão trabalhando nos quatro primeiros anos
do ensino fundamental e na educação infantil. No artigo 62 – que
faz parte do corpo da lei desde sua
TV ESCOLA
45
ENTREVISTA / MARIA JOSÉ FÉRES
Por que surgiu essa confusão sobre a exigência de curso superior?
Nas disposições transitórias da lei
– disposição transitória, que não
é permanente –, o parágrafo 4,
do artigo 87, diz o seguinte:
“Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço”. Além de ser
uma disposição transitória, é dúbia: e quem já é professor? Formados em quê? Em nível superior? Já o artigo 62, que está no
corpo da lei, é claro, cristalino.
Então, não existe essa exigência
legal. Pode vir a acontecer? Pode.
Desde que a gente mude a lei. A
lei do Plano Nacional de Educação,
promulgada em 2001, tem como
meta que, nos próximos dez anos,
pelo menos 70% dos professores
sejam formados em curso superior. Isso é o ideal, é o que nós queremos e estamos perseguindo.
Agora, a lei não obriga a ter curso superior.
46
TV ESCOLA
“
“
promulgação, em 1996 –, a lei
deixa claro o seguinte: “A formação de docentes para atuar na
educação básica far-se-á em nível
superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores
de educação, admitida, como formação mínima para o exercício
do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries
do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal”.
59% DAS
CRIANÇAS DA
4a SÉRIE NÃO
ADQUIRIRAM
AS COMPETÊNCIAS
BÁSICAS DE LEITURA
E LETRAMENTO
E quanto às reivindicações dos
professores, como piso salarial,
plano de carreira...
Para conseguir ter todas as crianças na escola, aprendendo, que é
nosso eixo central, dependemos
da valorização e da formação dos
professores, os grandes agentes
dessa mudança. Sem eles, não tem
mudança. Para isso, criamos um
programa de valorização e forma-
ção. O primeiro ponto abordado
é o piso salarial. É preciso pactuar
com estados e municípios um piso
salarial que seja nacional. Não vai
ser fácil, é polêmico, mas é preciso ter um piso salarial para os professores, independente do local
onde ele mora. Ele faz parte desta nação. Tem de ter acesso a livro, a biblioteca, a cultura, ao teatro, a viagem, e portanto, é preciso melhorar as condições salariais. E a gente também está discutindo a possibilidade de transformar diretrizes de carreira em
projeto de lei. O terceiro ponto se
refere ao Sistema Nacional de
Formação Continuada e de Certificação de Professores, que começa a ser implantado no ano que
vem, com os professores dos quatro primeiros anos do ensino fundamental.
O que é esse sistema?
Estamos planejando a Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação. Ainda este ano,
convocaremos as universidades,
formadoras de professores, para
constituir essa rede nacional. Queremos que desenvolvam estudos
e pesquisas, aplicados a cursos de
formação continuada em algumas
áreas de ensino: alfabetização e
letramento, língua portuguesa,
matemática, ciências humanas, ciências da natureza, gestão da
educação e avaliação educacional.
A idéia é constituir, em todo o
país, centros de referência para
cursos de formação continuada de
professores nessas áreas. Cursos
E a certificação dos professores?
Isto será o resgate da identidade
nacional dos professores e, ao
mesmo tempo, da identidade nacional do magistério. O Estado
brasileiro se compromete com os
professores, por meio de um certificado nacional. Os professores
serão submetidos a um exame nacional de certificação. Não é a licença para lecionar, que continua
sendo dada pela instituição formadora. Basicamente, haverá dois
tipos de prova: uma sobre conhecimentos e saberes, que todos os
professores devem ter, independentemente do nível em que atuam. Por exemplo: como planejar
uma aula, como ler corretamente um texto. E a outra prova sobre conhecimentos específicos
daquele nível de ensino. Esse exame nacional é voluntário, para os
professores em exercício – o professor só faz se quiser. Se for
aprovado, recebe o Certificado
Nacional de Docência, conferido
pelo MEC, e uma bolsa federal de
formação continuada durante
cinco anos, também paga pelo
Ministério. É um incentivo em forma de bolsa. Para renovar a bolsa, por mais cinco anos, ele tem
de se submeter a novo exame de
certificação. E os estados e municípios poderão usar o certificado
nacional para a progressão na
carreira. É uma forma de valorizar a formação continuada.
E quem não for aprovado nesse
exame?
Teremos também um planejamento especial de formação continuada para esses professores,
que poderão fazer novamente o
exame todos os anos. Começaremos no ano que vem, com professores de 1a a 4a série, mas nosso
objetivo é que todos os professores tenham acesso ao Certificado
Nacional e à bolsa federal.
“
“
que devem ser em serviço e utilizar instrumentos de educação a
distância.
REPROVAÇÃO
NÃO É
INSTRUMENTO DE
APRENDIZAGEM,
NÃO FAZ
NINGUÉM
APRENDER
Qual a política em relação ao livro didático?
Uma das exigências do Programa
Nacional do Livro Didático é que
os livros não sejam portadores de
qualquer tipo de preconceito: de
raça, religião, sexo... Todas as minorias têm de ser respeitadas. A
educação escolar indígena, por
exemplo, tem diretrizes curriculares específicas. Em algumas aldeias são faladas quatro línguas,
além do português; em outras, o
português e mais uma língua. Essa
cultura tem de ser respeitada.
Também temos no Departamento de Política do Ensino Fundamental uma área específica para
os remanescentes de quilombos.
Que lembranças a senhora tem da
sua alfabetização?
Eu sempre gostei da minha escola.
Minha alfabetização foi ótima. Vivi
num tempo em que a escola era para poucos, não era de massa. Estudei em colégio de freiras, em Juiz
de Fora. Aprendi a ler pela cartilha
da Lili. Lembro-me com carinho das
minhas professoras do primário,
que eram irmãs carmelitas. Foi uma
boa fase da vida. E eu também sou
normalista, formei-me professora
e depois fui para a universidade.
Em 1967, ainda dava muito prestígio ser normalista Esse prestígio da
profissão precisa voltar. Não se ganhava muito, época, mas você merecia respeito social, um respeito
nacional. A formatura era com beca, anel de grau, tudo que se tinha
direito. Ser professor era muito importante, e isso tem de voltar.
TV ESCOLA
47
e tem
e tem mais
Dinheiro Direto
na Escola
n
Já está na internet (no site
<www.fnde.gov.br>) a lista dos
municípios que receberão os recursos do Programa Dinheiro Direto
na Escola (PDDE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), bem como as escolas atendidas e a quantia destinada a cada uma. Se a sua cidade
está cadastrada no programa, não
deixe de consultar a relação, pois
vale lembrar que as verbas a serem
repassadas, com teto anual de 19
mil reais, significam muitos benefícios às unidades de ensino, como
compra de material, manutenção
das instalações, capacitação e aperfeiçoamento dos profissionais, avaliação de aprendizagem, etc.
Jogada de
mestre
n Uma parceria entre os ministérios da Educação e do Esporte vem
sendo firmada para implantar o
ensino do xadrez nas escolas de cinco cidades brasileiras. O ensino do
jogo, além de desenvolver a capacidade intelectual das crianças e
melhorar o desempenho nas demais disciplinas, pode aumentar a
participação do Brasil no cenário
mundial de competições, formando mais mestres enxadristas. Por
seu caráter lúdico extremamente
rico, o xadrez tem tudo para agradar as crianças, que vão aprender
brincando.
48
TV ESCOLA
A Turma da Mônica
dando uma força
n O Programa de Conservação da Escola vai chegar neste
semestre a mais 1.200 escolas das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste atendidas pelo Fundo de Fortalecimento da
Escola (Fundescola/MEC), para ajudar professores e diretores
a tratar de um tema muito importante: a conservação dos
prédios e equipamentos escolares. O material para a
implementação do programa foi elaborado numa parceria
do MEC com o Instituto Cultural Maurício de Sousa e já vem
sendo utilizado em outras regiões desde 2001. A campanha
“Entre pra nossa turma: cuide bem da sua escola” cativou a
atenção das crianças com seu jeito leve e bem-humorado de
trabalhar a conservação do prédio e dos materiais, além de
abordar também noções de higiene pessoal, merenda, livros
didáticos e outros assuntos. O kit, uma autêntica “cartilha
multimídia”, inclui gibis, cartazes, CDs de música e muitos
outros recursos que tornam o aprendizado uma diversão.
Essa turminha está de “palabéns”!
NÃO PERCA NA GRADE DE PROGRAMAÇÃO
Centenário Portinari
n
Há cem anos nascia em uma
fazenda de Brodowski, no interior de São Paulo, um dos pintores
mais importantes da arte brasileira no século 20: Cândido Portinari.
Os professores de Arte, História e
Literatura não devem deixar de
assistir ao programa que documenta o Projeto Portinari e mostra a trajetória de vida do artista,
bem como detalhes de sua obra,
caracterizada pelos diversos estilos estéticos aos quais se voltou o
pintor, mas sempre permeada por
suas preocupações humanistas e
políticas.
PROJETANDO PORTINARI,
DIA 23 DE OUTUBRO, DESTAQUE DA
PROGRAMAÇÃO: LEIA NA PÁGINA 11.
mais
Todo mundo
na escola
n Cabo de Santo Agostinho, em
Pernambuco, é o primeiro município nordestino a atingir a meta de
déficit escolar zero para crianças
com idade entre 7 e 14 anos. Para
conseguir esse feito memorável,
desde 1997, com o programa Escola para Todos, a prefeitura reuniu a população e outros setores
do poder público para levar à escola mais de dez mil crianças que
estavam à margem do sistema de
ensino. Finalmente, seis anos depois, o censo educacional e a
implementação do sistema Busca
Ativa detectaram e integraram o
reduzido contingente de 450 crianças que ainda permanecia fora
da escola.
Videoteca da
TV Escola
n
Na Escola Municipal Corsina
Braga, em Cachoeirinha, a 170 quilômetros do Recife, a programação
da TV Escola é um complemento
indispensável da prática pedagógica, compondo praticamente a
totalidade de sua videoteca. Para
viabilizar o projeto, alunos e professores arrecadaram dinheiro com
rifas e bingos e compraram as fitas
virgens para o acervo e todo o
equipamento necessário, que hoje
são emprestados para outras escolas, públicas e particulares. A experiência representou um sucesso tão
grande que virou tema de um programa da série Como Fazer? A Escola. A reprise vai ao ar no dia 30 de
outubro.
Literatura na casa
de jovens e adultos
Agora, os formandos da Educação de Jovens e Adultos
também vão receber os livros distribuídos pelo MEC na
campanha Literatura em Minha Casa, via o Programa
Nacional Biblioteca da Escola (PNBE): para as 4as séries,
obras de poesia, conto, novela brasileira, clássico
universal e peça teatral; para as 8as séries, poesia, crônica e
conto, romance e peça teatral; e para os alunos de EJA,
ensaio ou reportagem, crônica e conto, prosa ou verso,
poesia, peça teatral e biografia ou relato de viagens. A
escolha dos títulos é feita por uma comissão com base na
qualidade literária e gráfica, representatividade
dos autores e outros critérios, visando ainda a adequação
a cada faixa etária. As novas coleções chegam às escolas
até dezembro, então os alunos já podem ir se
preparando!
Uma idéia na
cabeça e…
n Com poucos recursos mas muita criatividade é possível chegar a
grandes resultados. Isso ficou comprovado mais uma vez graças a um
grupo de alunos de escolas públicas de Vitória, no Espírito Santo, cujo curta de animação Mangue e tal,
exibido nas sessões infantis do festival Anima Mundi 2003, recebeu
amplo destaque na
imprensa pela originalidade e pela escolha do tema, fiel
à identidade cultural das crianças. Produzido nas oficinas
de animação do Instituto Marlin Azul e com trilha sonora composta de um ritmo local
tradicional, o congo, executada
pelos próprios alunos, o filme reflete iniciativas semelhantes ocorrendo hoje em diversas partes do
país, como o projeto Anima Escola, implantado na rede municipal
do Rio de Janeiro. Por isso, a partir
deste ano, o Anima Mundi abriu
uma seção intitulada “Animação
em Curso”, para divulgar os resultados desse tipo de trabalho.
Para mais informações, visite os
sites <www.animamundi.com.br>
e <www.animaescola.com.br>.
TV ESCOLA
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INOVAÇÃO
LER E ESCREVER
É PRECISO APRENDER
REPORTAGEM: TÂNIA NOGUEIRA
FOTO: NAIR BENEDICTO
PREOCUPADA AO VER QUE
MUITOS ALUNOS CHEGAM
À 8A SÉRIE SEM SABER LER E
ESCREVER, A PROFESSORA
ELIASIB CRIOU UMA ESTRATÉGIA INOVADORA: O PROJETO ALFA-5.
A
especialidade de Eliasib
Souza Borges é a alfabetização. Durante 20
anos, trabalhou como
professora, depois coordenadora
pedagógica e, por fim, diretora.
Há seis anos atua como assistente
técnico-pedagógica da Diretoria
de Ensino da Região de Itaquaquecetuba, da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Em
seu trabalho de apoio a professores de 5a a 8a série identificou uma
dificuldade inusitada. Eram muitos os alunos que não conseguiam acompanhar os conteúdos desenvolvidos em aula porque eram
incapazes de ler e escrever até
mesmo frases simples.
Analisando o problema, Eliasib
concluiu que esses alunos precisariam, antes de tudo, aprender a
ler e escrever. E começou a planejar um curso que pudesse ajudar
os professores do primeiro ciclo,
sem formação de alfabetizadores,
a desenvolver a capacidade leito-
50
TV ESCOLA
ra de seus alunos. Baseou-se nos
métodos e materiais que utilizava em suas aulas de alfabetização
e nas técnicas utilizadas em classes de aceleração – criadas para
ajudar alunos mais velhos a acompanhar as aulas regulares, quando enfrentam dificuldades.
AS PROFESSORAS SÃO ORIENTADAS A
Quando Eliasib terminou de
DESENVOLVER COM OS ALUNOS O
PROJETO QUEM SOU EU?
montar seu projeto e o apresentou
aos diretores de escolas da região,
no de 5ª série, alguma coisa ele
a idéia pareceu excelente e comesabe. Só que tem medo de mosçou a ser implantada. Em abril de
trar, porque tem medo de errar.
2003, foram criadas oficinas para
Então, o primeiro passo é descoatender a 32 escolas da região –
brir o que eles sabem”.
cada uma das quais mandou dois
O projeto Alfa-5 apresenta diprofessores, de várias disciplinas. A
versas atividades que o professor
idéia é que, após esse trabalho, os
pode desenvolver com grupos de
profissionais possam atuar como
alunos, ou com a classe toda,
multiplicadores, na equipe pedadirecionadas para a leitura e a esgógica a que pertencem.
crita. Acima de tudo, é valorizada
Nas oficinas, os professores são
a atitude do professor, que preciorientados para, inicialmente, desa estar atento a cada um des seus
senvolver com a classe o projeto
alunos e às diferenças entre eles,
“Quem sou eu?”. É um ponto de
cobrando de cada um de acordo
partida para irem conhecendo os
com suas características pessoais.
alunos e identificarem suas dificulPara Eliasib, é indispensável acomdades. Essa discussão é útil tampanhar de perto o
bém para levanmomento da estar a auto-estima
Diretoria de Ensino da
crita, observando
dos estudantes,
Região
de
Itaquaquecetuba
o que cada um
ajudá-los a penestá fazendo e sosar em si mesmos
Secretaria de Educação do
correndo quem
e perceber que
Estado de São Paulo
precisa de ajuda.
há muitas coisas
Avenida Presidente Tancredo
Após duas oficidas quais são cade Almeida Neves, 261
nas, os professopazes. Segundo
Itaquaquecetuba –
res já começaram
ela, “por maior
São Paulo – 08571-000
a lhe trazer um
que seja a dificulTel.: (11) 4640-4246
retorno positivo.
dade de um alu-