Da nota de rodapé ao monte de lastro - ARQUA

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Da nota de rodapé ao monte de lastro - ARQUA
Da nota de rodapé ao monte de lastro:
naufrágios ibéricos na área dos Açores (1526-1906)
Paulo Alexandre Monteiro
Referência bibliográfica: MONTEIRO, Paulo (2008) “Da nota de rodapé ao monte de
lastro: naufrágios ibéricos na área dos Açores (1526-1906)”, in Symposium Os
Naufrágios Portugueses e Espanhóis no Arquipélago dos Açores/Naufragios de Buques
Españoles y Portugueses en el Archipiélago de las Azores, co-organizado pelas
Academia de Marinha e Fundácion Iberoamericana para el Fomento de la Cultura y
Ciencias del Mar. Lisboa, 04 a 07 de Novembro de 2008, pp. 43-97.
2
ABREVIATURAS
Arquivos
AAE - Archives des Affaires Etrangères (Paris/Nantes, França)
AAPD – Arquivo da Alfândega de Ponta Delgada (São Miguel, Açores, Portugal)
AGM- Arquivo Geral da Marinha (Lisboa, Portugal)
AGI – Archivo General de Indias (Sevilha, Espanha)
AGS – Archivo General de Simancas (Valladolid, Espanha)
AHU - Arquivo Histórico Ultramarino (Lisboa, Portugal)
ANTT - Arquivo Nacional Torre do Tombo (Lisboa, Portugal)
AP -Archivo de Protocolos (Sevilha, Espanha)
BA – Biblioteca da Ajuda (Lisboa, Portugal)
BNL – Biblioteca Nacional de Lisboa (Lisboa, Portugal)
BPADAH – Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Angra do Heroísmo (Terceira,
Açores, Portugal)
BPARH – Biblioteca Pública e Arquivo Regional da Horta (Faial, Açores, Portugal)
PRO – Public Record Office (Kew, Surrey, Inglaterra)
Periódicos
AA – Arquivo dos Açores
BIHIT – Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira
GL – Gazeta de Lisboa
3
It is probable that a greater number of monuments of the skill and industry of man
will, in the course of the ages, be collected together in the bed of the ocean than
will exist at any other time on the surface of the continents.
Charles Lyell
Situadas a meio do Atlântico, na confluência dos ventos dominantes, as ilhas dos Açores
foram consecutiva ou simultaneamente escala, porto de abrigo e local de perdição dos
mais diversos navios que sulcaram o Mar Oceano desde o dealbar da Idade Moderna.
Paradoxalmente, se das viagens que tiveram sucesso pouco reza a história, é da sucessão
de erros de navegação, do uso reiterado de deficientes técnicas de construção naval e do
encadear das derrotas militares no mar que surge o tema principal desta comunicação: os
naufrágios ocorridos nas águas dos Açores Com efeito, os mais diversos factores temporais, corsários, piratas, cronómetros defeituosos, quebras de regimento, arrogância,
inexperiência – contribuíram para que as águas que banham este arquipélago servissem
como cemitério para mais de meio milhar de navios.
Os Açores
Embora, à semelhança do que aconteceu com as ilhas Canárias, as ilhas pudessem ter
sido conhecidas pelos antigos navegadores romanos, o arquipélago dos Açores só foi
oficialmente descoberto por volta de 1427, quando os marinheiros portugueses de retorno
da costa de África avistaram ilhas densamente arborizadas, por cima das quais pairavam,
em grandes bandos, aves de rapina.1 Rapidamente povoado durante a terceira década do
século XV, este grupo de colónias portuguesas situadas no limiar do mundo conhecido
constituiu durante os sessenta anos seguintes a possessão mais ocidental da Europa.
Nos finais do século XV, duas monumentais viagens de descoberta ocasionaram uma
alteração profunda no papel desempenhado pelas ilhas até então.
A primeira destas viagens foi a de Cristóvão Colombo que, em 1493, desembarcou na
ilha de Santa Maria naquela que era a viagem de retorno da descoberta das Américas; a
segunda viagem foi a realizada por Vasco da Gama, aquando da descoberta do caminho
marítimo para a Índia.
1
Carta de D. Afonso V, de 2 de Julho de 1439, concedendo autorização ao Infante D. Henrique para
mandar povoar as 7 ilhas dos Açores até então descobertas e onde ele já tinha mandado deitar ovelhas.
4
A expansão extraordinária que a Europa conheceu, no tocante ao comércio, à navegação
e à colonização, transformou os Açores numa encruzilhada do Atlântico. Assim, durante
os 400 anos seguintes ancoraram nos portos açorianos navios à vela de todo o tipo,
incluindo-se neste tráfego as pequenas caravelas dos exploradores ibéricos, as naus
portuguesas da Carreira das Índias com os têxteis, porcelanas e especiarias da Ásia, os
galeões espanhóis com o ouro, a prata e outros bens das Américas e os navios mercantes
de todas as nações marítimas da Europa. A acompanhá-los, mau grado a sua vontade,
gravitaram igualmente em torno das ilhas os mais diversos corsários e piratas, também
eles afundando ou afundando-se nas águas dos Açores.
A Carta Arqueológica Subaquática dos Açores
Se há uma década atrás, o conhecimento que existia sobre o número, tipo e distribuição
destes naufrágios era muito escasso, hoje em dia, fruto de um trabalho de levantamento
de arquivo2 - complementado no terreno por pontuais acções de prospecção arqueológica
– tem-se uma noção muito clara sobre qual o potencial arqueológico de que se reveste
cada trecho da costa de cada uma das nove ilhas dos Açores.
Conforme seria de esperar, a percentagem de naufrágios acompanha de perto o
desenvolvimento económico de cada ilha o que, por sua vez, determina o fluxo marítimo
que a elas se dirige. Assim, São Miguel tem 28% dos naufrágios ocorridos no
arquipélago, seguindo-se a Terceira (25%), o Faial (18%), São Jorge (8%), as Flores
(5%), o Pico (4%), a Graciosa (3%), Santa Maria (2%) e Formigas (1%).3
O caso da Terceira e o do Faial é particular. Sendo base de apoio à navegação das Índias
e estando dotada de um porto relativamente seguro, Angra reclama a grande quota parte
dos naufrágios ocorridos nos séculos XVI e XVII, uma tendência que se começa a esbater
a partir de 1663, ano em que aportando ao porto terceirense onze navios da frota de
Francisco Freire de Andrade, general dos estados do Brasil, a maior parte destas
embarcações naufraga por descuido dos officiaes de cada uma dellas: o que deu motivo a
passasse uma ordem para que os navios de uma tal importancia não tomassem este
porto: e assim findou a navegação das frotas por esta ilha, que tanto a enriqueciam , e
faziam distinguir das outras da sua dependencia.4 Com efeito, alterados os regimentos,5
o porto da Horta passa a receber a navegação de longo curso, navegação essa que passa,
por sua vez, a naufragar ocasionalmente na ilha do Faial a partir dos finais do século
XVII. A preponderância do Faial em termos de naufrágios irá manter-se durante todo o
século XVIII, século a partir do qual a ilha de São Miguel irá deter essa primazia.
2
MONTEIRO, Paulo (2000) "Carta Arqueológica Subaquática dos Açores: metodologia, utilização e
resultados na gestão do património cultural subaquático". in Actas do 3º Congresso de Arqueologia
Peninsular, vol. VIII. Porto: ADECAP/Universidade de Trás-os-Montes, pp. 497-523.
3
Os naufrágios ocorridos em lugar incerto são 6% do total.
4
DRUMMOND, Francisco (1981) Anais da Ilha Terceira, vol. II, p. 144 Angra: DRAC.
5
BA 51-IX-33, n.º 38, fl. 187-188, de 17/10/1674, Razões pelas quais parece se devem mudar os
Regimentos das naus da Índia em lugar de atravessarem a Baía virem á ilha do Faial.
5
É, aliás, no século XIX que se dá uma explosão no número registado de perdas de navios,
fruto quer de um incremento na navegação transatlântica quer na fiabilidade do registo
documental, que passa a ser mais detalhado e frequente, ou numa combinação destes dois
factores.6
Em todo o caso, não há dúvida em se afirmar que não existe nos Açores um bom porto
natural. Mesmo Angra, que é abrigada dos ventos de quase todos os quadrantes, se torna
numa armadilha mortal quando o vento sopra de sudeste. Em 1615, chegada defronte do
porto a nao são phellipe sao tiago, num estado miserável e em risco de se perder, falta de
mantimentos e gente, fazendo muita agoa, a tripulação sem obedecer ao capitão, com
muita gente morta, e a viva tam doemte que não vinha de prestar asim no serviso
continuo da bomba, como no ordinario da Nao. Amotinada, a tripulação quis por força
ancorar a nau no porto de Angra e desembarcar o mais rápido possível. No entanto, o
Provedor das Armadas achou que, se a nau entrava, não podera tornara a sair segundo
os temporaes correrão, e se perdera, pelo que, por sua ordem, usou o patrão da ribeira de
Angra de huma cautella, que fingindo os vinha anchorar, dobrou a nao fora da ponta de
Santo Antonio e descahiu de modo, que logo ficou gilaventeada do porto. No dia seguinte
deu Deus huma calma, e tempo tam quieto, que Manuel do Canto de Castro pôde prover a
Nao de muitos mantimentos e refresco, saindo do porto de Angra, ao meio dia, um barco
com 23 homens pera o serviso da náo, e a tarde outro em que foi o escrivão da náo e
despinseiros satisfeitos com os mantimentos que levavão.7
A juntar-se à perigosidade dos portos, adicionava-se a inconstância do tempo. Consultado
o patrão do porto de Angra sobre a bondade de se abrigar na baía o galeão Santo André,
arribado à Terceira em Setembro, este respondera em conselho que era contra, por ser
nessas ilhas o primeiro de Agosto o primeiro de Inverno. Com efeito, muitos furacões
terminavam a sua vida nas ilhas, já sob a forma de tempestades tropicais. Tal ocorreu, por
exemplo, em 1651, em que se levantou huma tormenta na altura das ilhas e com tanta
furia combateo o vento os navios da Armada, que unindose contra elles todos os
elementos, desapareceo o galeão Santa Margarida, que governava o Capitão Chamissa,
sem se saber a altura em que se perdera, São Pantalião governado por D. Fernando
Telles mestre de campo da Armada, se perdeo na ilha de S. Miguel.8 Affogouse a mayor
parte da gente, perdendose muitos officiaes, e soldados, que pelo seu merecimento fora
grande fortuna salvaremse, e salvouse D. Fernando Telles, que pelo desconcerto das
acçoens que executou, fora grande felicidade perderse.9
6
Perdas em todas as ilhas, do total de naufrágios ocorridos nos Açores: século XVI (19%), século XVII
(13%), século XVIII (9%), século XIX (48%) e século XX (11%).
7
AHU, Açores, caixa 1, docs. 8 e seguintes.
8
Esparteiro diz, surpreendentemente, que o São Pantaleão se perdeu na Terceira. Cf. ESPARTEIRO,
António (1976) Catálogo dos Navios Brigantinos (1640-1910). Lisboa: Centro de Estudos da Marinha, p.
2.
9
Dom Fernando Teles de Faro viria a ser o representante dos interesses portugueses em Haia a partir de
1658. No ano seguinte, refugiou-se em Espanha, onde Filipe IV lhe deu um título e uma recompensa
monetária. Lisboa, em represália, arrasou-lhe as casas e salgou-as colocando no local um padrão
comemorativo do crime. O traidor ausente foi queimado em efígie na praça pública; MELO, Francisco
Manuel de (1660) Epanaphoras de varia historia portugueza em cinco relaçoens de sucessos pertencentes
a este reyno por Dom Francisco Manuel. Lisboa: Officina de Henrique Valente de Oliveira.
6
Se, por um lado, os naufrágios eram uma tragédia para quem neles perdia vida, fazenda e
honra, para quem estava em terra eram muitas vezes uma oportunidade. O caso da fragata
inglesa HMS Pallas, encalhada na Calheta de São Jorge a 12 de Fevereiro de 1783, com a
sua tripulação desesperada pela água aberta que mal conseguia combater havia quase uma
semana, é paradigmático.10
Os salvados da fragata – vinho, aguardente, breu, ferro, cobre e pipas vazias – foram
arrematados em 1786 a requerimento do sargento-mor das Velas, João José de
Bettencourt. Entretanto, muitos outros pertences do navio foram desaparecendo, à socapa,
e pela boca da noite.11 Especialmente apetecidos eram os paralelepípedos de ferro que
compunham o lastro da fragata, pesando alguns mais de 270 quilos, e dos quais foram
recuperados cerca de 200, retirados do fundo da baía até mesmo 70 anos após o naufrágio
da Pallas.12 Para além do ferro, algo mais ficou da memória da Pallas em São Jorge: um
prisioneiro francês que vinha a bordo, o médico François Louis Pinot acabou por ficar na
Calheta, onde veio a exercer medicina e onde contraiu matrimónio com a velense Ana da
Silveira Pereira de Lacerda, filha do capitão Diogo António da Silveira.
Também em São Jorge há a registar o caso do navio das chitas. Na madrugada do dia 26
de Dezembro de 1870, António de Matos, morador na Fajã de Cima, ilha de São Jorge,
acordou com umas pancadas na porta da sua casa. Estando a noite escuríssima, invernosa
em chuva e ventania, António deve ter tido algum receio em abrir a porta. Quando se
decidiu a fazê-lo, deparou com dois estrangeiros, em lastimoso estado que, falando
inglês, não eram percebidos. António de Matos achou por bem encaminhá-los para a
casa de João Teixeira Luis, que tendo estado vários anos nos Estados Unidos, perceberia
talvez a língua que falavam. Foi este emigrante que conseguiu finalmente decifrar o
mistério daqueles homens aparecidos a meio da noite, numa ilha perdida no meio do
Atlântico. Os dois homens, um inglês e o outro irlandês, eram náufragos. Eram os dois
únicos sobreviventes da tripulação de nove homens do lugre inglês Spindrift, uma
embarcação de casco de ferro saída de Liverpool com destino às Antilhas. No dia de
Natal, o lugre - que tinha a bordo um importante carregamento de tecidos e mercearias aproximara-se perigosamente da costa da ilha de São Jorge, sem que a tripulação de tal se
desse conta.
10
HEPPER, D. (1994) British Warship Losses in the Age of Sail: 1650 - 1859. Paris: Jean Boudriot
Publications, p. 126.
11
Extractos de uma Portaria do Capitão-General ao juiz capitão Manuel de Azevedo Machado para
abertura de uma devassa relativa aos desmandos verificados com o salvamento da fragata Pallas in
CUNHA, M. (1981) Notas Históricas I: estudos sobre o Concelho da Calheta (S. Jorge). Recolha,
introdução e notas de Artur Teodoro de Matos. Ponta Delgada: Universidade dos Açores, p. 488-489.
12
E que levaram a que o naufrágio da Pallas fosse conhecido entre os jorgenses como o barco das açafras.
Vocábulo de etimologia árabe, uma safra é uma bigorna em ferro, de forma quadrada, uma definição que se
aplica particularmente bem aos paralelipípedos de ferro que serviam de lastro à fragata.
7
Muita cerração, mau tempo e divergências a bordo entre os oficiais, proveniente da
embriaguez dos mesmos, foram as causas da tragédia. Impelido pelo mar, o Spindrift e a
sua tripulação embriagada e quase que amotinada, tocou na Baixa do Meio, rodando para
o sítio da Eirinha - longe de terra, por ser de mui pouca profundidade o mar daquela
costa - encalhando e abrindo-se em duas metades em coisa de minutos, a cerca de 300
metros a leste da lagoa da Caldeira de Santo Cristo
Os dois sobreviventes de que falamos foram então arrojados à costa onde, com essa
fleuma que caracteriza os nossos fieis aliados (ou talvez sob o efeito anestésico do
brandy ingerido) se deixaram dormir sobre os pedregulhos da costa. Ao acordarem e
ignorando onde se achavam e para onde se dirigiriam, a fim de obter algum socorro de
vestuário e de alimentação, viram por sua fortuna, tremeluzir no alto, ao longe, uma
luzerna. Puseram-se a caminho em direcção ao alto da falésia onde chegaram, através de
precipícios, e bateram, como já vimos, à porta de António Matos.
Quando o dia clareou os destroços do navio foram vistos, debatendo-se nas ondas. Pela
manhã estava o litoral cheio de fardos de chita, de uma estamparia muito arregalada e
estravagante, algodões, paninho, cotins, pano fino, guarda sóis, lenços, carros de linha,
loiça, garrafões, conservas, temperos e muitos outros objectos.
Acorreram à praia primeiro os moradores da beira mar, depois os que habitavam a parte
média da escarpa, e por fim de todos os pontos da ilha, onde a noticia do sinistro
rebentou com velocidade telegraphica. Entretanto, alguns dos cadáveres dos sete
membros da tripulação deram à costa na preia-mar, sendo sepultados num campo
chamado Relvão, de Manuel Joaquim.
Mas não era só curiosidade que o que atraía a população ao local do naufrágio do
Spindrift. Sem sombra de caridade, de magoa, de compaixão n’aquelles rostos
assombrados pela cobiça, iluminados pelo delirio da rapina, os jorgenses formaram uma
multidão que fervilhava indistinctamente na arrebentação do mar.
Todo aquele bando de homens, de mulheres, e creanças, alagados, seminus, em cynica
promiscuidade de sexos e edades, agarrava-se aos fardos de fazenda, que se
desmanchavam ao contacto das pedras, envolvendo-se nas peças de chita que boiavam á
tona d’agua, disputando-se tenazmente um farrapo cortado ao mesmo tempo por muitas
facas, e subtrahido aos que o cortavam por outros que lhes espreitavam a operação,
acotovelando-se, empurrandos-se n’um tiroteio mutuo de injurias, gargalhadas, risos e
emprecações, entregues, corpo e alma, a uma rapina nojenta, obscena, inconcebivel.
A cobiça causou até mortes - uma rapariga da Ribeira da Areia que se aproximou do
embrulho de panos e fazendas foi arrebatada pelas ondas que também envolveram uma
irmã dela que pretendeu acudir-lhe. Houve igualmente maos mutiladas, pernas e braços
golpeados, calças e saias cortadas por equívoco, lenços bifados da cabeça do dono,
enquanto este disputava ao mar um farrapo, que não valia metade do lenço.
8
Na ânsia do saque, as peças de pano eram atadas a cordas que depois eram puxadas pela
falésia acima só para serem roubadas pelos retardatários. Ao que parece, depois da
rapina á beira mar, veio a rapina em terra. Os ultimos concorrentes achando poucos
despojos no campo da batalha, cahiram a passo de carga, sobre as bagagens dos
primeiros possuidores, fazendo n’ellas perfeito alimpamento. Mas, numa justiça poética,
os que assim empolgavam com pouco trabalho o que outros haviam subtrahido a custo,
eram depois despojados de tudo por terceiro bando que, occulto nas quebradas e
desfiladeiros da encosta, cahia d’improviso sobre os segundos ratoneiros.
Contra tudo isto se insurgiu uma testemunha ocular do sucedido que invectivou a já
costumeira rapacidade dos seus conterrâneos em ocasiões de naufrágio (o mesmo
fenómeno se verificara aquando do naufrágio do brigue francês Rosélie, que deu à costa
da Calheta a 26 de Janeiro de 1867, tendo a população enterrado nos quintais grande
parte do mogno que o brigue transportava).13
Se praticamente todas as grandes potências marítimas europeias encontraram lugar para
inscrever os seus navios no registo de naufrágios ocorridos nos Açores, com a parte de
leão a caber à península ibérica - enquanto 29% dos navios perdidos eram portugueses,
18% eram espanhóis14 - a sua história trágico-marítima nestas ilhas está praticamente por
escrever.
Tal deve-se a vários factores. Em primeiro lugar, é preciso não esquecer que muitos
naufrágios terão ocorridos com a perda total da tripulação e passageiros. Ora, sem
sobreviventes, não há testemunhas que contem a história. Tal ocorreu com os dois navios
de Duguay-Trouin, o Magnanime e o Fidéle, perdidos provavelmente nas Formigas com
parte do saque do Rio de Janeiro a bordo.15
Depois, muita documentação se terá perdido, entre guerras, terramotos e incêndios.
Finalmente, muitos navios que aparentemente naufragaram nos Açores não se terão
perdido de todo – foram arrematados, postos a flutuar de novo ou até fazem parte neste
momento das estruturas de conventos, igrejas e outros edifícios monumentais do
arquipélago. Tal foi o caso da galeota prussiana Eins Gesundheit.
No início do ano de 1801, a galeota comandada pelo Mestre Bartels Fanssen Freemann,
foi fretada em Lisboa, à consignação de Diogo Cockburn e Companhia. Como plano de
viagem, a galeota fazia intenção de seguir em lastro até à ilha de São Miguel onde
procederia ao carregamento de laranja, destinada ao porto de Londres, para onde
prosseguiria em direitura.
13
O Fayalense, de 4/01/1871 e PRO, Foreign Office and predecessor: Political and Other Departments:
General Correspondence, FO/63, wreck of the Spindrift at the Azores, duty levied on goods saved. Foreign
Office and predecessor: Political and Other Departments: General Correspondence before 1906, Portugal
Date range: 1871-1872.
14
22% dos naufrágios ocorridos nos Açores pertencem a nacionalidade desconhecida ou incerta. As
restantes nacionalidades conhecidas são as seguintes: inglesa (14%), francesa (6%), americana (4%), alemã
(2%), italiana, holandesa e norueguesa (1% cada), outras (2%).
15
LIZÉ, Patrick (1991) Épaves d'or: Les secrets des tresors sous la mer. Paris: JC Lattes.; GUAYTROUIN, René du (1829) Mémoires de Duguay-Trouin. Paris: Ed. Foucault.
9
No entanto, a galeota, ao se encontrar ancorada no porto de Ponta Delgada, foi impellida
das tempestades proprias do inverno do prezente Anno, e encalhara no Areal aonde se
acha, em termos de não poder seguir viagem. De acordo com uma provisão de 1766 - que
foi, aliás, actualizada nesse mesmo ano de 180116 - o naufrágio foi inspeccionado pelo
Juiz da Alfândega de Ponta Delgada bem como pelo Cônsul prussiano na ilha, Carlos
Strebe.
Em Junho de 1801, o Juiz da Alfândega verifica que a galeota não está em termos de
navegar e faz publicar, então, os editais para a sua arrematação. Pelo inventário realizado
na altura, verifica-se que a galeota tinha 21,95 metros de comprimento total e media 5,30
metros de largura máxima, de bordo a bordo. A embarcação era toda construída em
carvalho – como era típico da construção naval da Europa Setentrional – e tinha um forro
duplo como protecção contra o teredo. As pranchas de tabuado exterior, de que se
compunha a primeira fiada, possuíam uma espessura de 5 centímetros, enquanto que a
segunda camada – a que era renovada regularmente – possuía uma espessura de cerca de
3,8 centímetros.
Em boas condições estavam os mastros, com seus apparelhos, bem como as velas.
Destas, salvaram-se a vela da giba, duas polacas, duas grandes, uma do joanete, um pano
redondo e uma de mezena. Todas elas vinham com o seu apresto completo.Juntamente
com as velas, salvaram-se dois ferros grandes, um pequeno, uma fateixa com duas
amarrinhas e duas amarras das quais huma está arrebentada. Arrematado foi também o
bote do navio, com vela grande e duas velazinhas de prôa, leme, 2 remos e cadeia. Do
equipamento de navegação, salvou-se a bitácula, com 4 agulhas, um candieiro de latão,
uma bozina, duas ampulhetas, de 4 e de 1 hora e três prumos com corda de 80 brassas.
As três bombas da embarcação, com as guarnições dobradas, foram retiradas para venda
bem como os dois sacanabos, uma patesca, um farol com vidro, uma pedra de amolar
com seus preparos, uma fornalha de ferro, três barris para agua com arcos de ferro, dois
barris com arcos de pao bem como varios preparos da embarcação.17
Concluindo: como tantas outras embarcações naufragadas nos Açores, da Eins
Gesundheit pouco resta. A escassez de materiais e a facilidade de salvamento deste tipo
de naufrágio fez com que estas embarcações tivessem sido totalmente desmanteladas e
vendidas pela melhor oferta. Ao investigador, resta apenas usar do seu sentido critico
para determinar que naufrágios existem que têm, eles sim, potencial arqueológico
bastante que justifique uma intervenção arqueológica.
16
“Providencias interinas, que Sua Magestade foy servido dar para as Alfandegas das Ilhas dos Açores” in
LEITE, J., 1988, “O Códice 529 - Açores do Arquivo Histórico Ultramarino - A Capitania-Geral dos
Açores Durante o Consulado Pombalino”, Universidade dos Açores/Centro de Estudos Gaspar Frutuoso,
SREC/DRAC. Angra do Heroísmo.
17
BPADAH, correspondência do Juiz da Alfândega de Ponta Delgada, Capitania Geral dos Açores, A30,
M8, P10, docs. 38 e 39 e 40, “Requerimento de Bartels Fanssen Freemann; 25 de Junho de 1801” e
“Inventário da galiota prussiana denominada de Eins Gezindheit, mestre Bartels Fanssen Freemann,
encalhada no Areal; 25 de Junho de 1801”.
10
Tentemos então elencar exaustivamente a ocorrência de naufrágios ibéricos,
cronologicamente balizados entre as datas extremas de 1526 (ano em que se regista o
naufrágios mais antigo) e 1906 (data antes da qual, de acordo com a Convenção da
UNESCO para a Protecção do Património Cultural Subaquático, que entra em vigor em
Portugal18 e Espanha a 2 de Janeiro de 2009, todos os navios afundados nas águas
portuguesas passam a integrar o património cultural subaquático).
18
Decreto-Lei nº 65/2006, de 18 de Julho, publicado em Diário da República, 1ª série, nº 137.
11
NAUFRÁGIOS IBÉRICOS NOS AÇORES (1526 – 1906)
SÉCULO XVI
1526
1. Açores
Santa Maria
Nau espanhola.19
1529
2. Ilha das Flores
La Trinidad
Nau espanhola, capitão Diego Sanchez Colchero.20
1539
3. Ilha do Faial
Nau espanhola, de Alonso Delgado, provinda de de Hispaniola, recuperou-se a carga.21
1542
4. Ilha de São Miguel
San Juan
Nau espanhola de Juan Hurtado, provinda da Tierra Firme.22
5. Ilha Terceira.
Grifo
Nau portuguesa, da Carreira da Índia, capitão Baltazar Jorge. Perdeu-se sobre a âncora.23
19
APS, oficio I, livro I.
APS, oficio I, livro II.
21
AGI, Indiferente General, m. 423
22
AGI, Indiferente General, m. 1093, f. 9
23
ALBUQUERQUE, Luís (1989) Relações da carreira da Índia - contém navios da carreira da Índia
(1497-1653), códice anónimo da British Library e Governadores da Índia pelo Pe. Manuel Xavier. Lisboa:
Alfa, pp. 29 e122.
20
12
1549
6. Santa Barbara
Nau espanhola24
1550
7. Ilha Terceira, na Praia.
Santa Maria de la Flor de la Mar
Nau espanhola, de Sebastian Quesada.
8. Ilha Terceira
Santa Maria de la Piedad
Nau espanhola, provinda de Hispaniola25
1551
9. San Anton
Nau espanhola, provinda de Puerto Plata, de Juan Basquero.26
1552
10. La Magdalena
Nau espanhola.27
11. Ilha Terceira, porto de Angra
Santiago
Nau espanhola, provinda do México, de Miguel de Oquendo, já descarregada.28
12. Nau espanhola, de Santiago de Vain.29
24
AGI, Contratación, 2898.
idem.
26
AGI, Indiferente 2000.
27
AGI, Contratación, 2898.
28
AGI, Indiferente 1093.
29
AGI, Contratación 4339 e Indiferente General 2000.
25
13
1554
13. Ilha Terceira
Nau espanhola almiranta, de Bartolomé Carreño, da frota de Juan Tello de Guzman.30
14. Ilha de São Jorge
Nuestra Señora de Guadalupe
Nau espanhola.31
15. Ilha do Pico
La Maria
Galeão espanhol, com dois milhões de pesos.32
1555
16. Ilha Terceira, deu à costa
Ascensão (Algarvia Velha)
Nau portuguesa da Carreira da Índia, capitão Jácome de Mello.33
17. San Medel y Celedón
Nau espanhola, provinda do México.34
1559
18/19/20. Ilha do Faial
Três navios espanhóis: duas naus (uma delas de Gregorio de Espinosa) e um patacho (de
Francisco Nuñez), todos os três provindos de Puerto Plata.35
30
AGI, Contratación, 4339; FERNANDEZ DURO, Cesareo (1904) Naufragios de la Armada Espanhola,
vol. I. Madrid, p. 12.
31
AGI, Contratación 2898.
32
AGI Indiferente 1561.
33
ALBUQUERQUE, op. cit., pp. 34 e 127; QUINTELLA, Ignácio da Costa (1839) Annaes da Marinha
Portugueza. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa, p. 467; MALDONADO, M. (1985) Relação das
Náos e Armadas da Índia Com os sucessos dellas que se puderem saber, Para Noticia e instrucção dos
curiozos, e amantes Da Historia da Índia (British Library, Codice Add. 20902): Leitura e anotações de
Maria Hermínia Maldonado. Coimbra: Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.
34
AGI, Contratación 2898.
35
AGI, Consulados, L. 48 e Contratación. 5104/06.
14
1560
21. Ilha do Faial
Santa Maria de Begoña
Nau espanhola.36
22/23/24. Três navios espanhóis provindos de Santo Domingo.37
25. Ilha Terceira
Nau espanhola, de Bartolomé Perez.38
26. Ilha Terceira
Concepcion
Nau, espanhola, de Pedro Roelas.39
1563
27. Ilha Terceira, perto do Monte Brasil
Nuestra Señora de la Luz
Nau, espanhola, por mau tempo, capitão Juan Garcia, provinda de Santo Domingo.40
28. Ilha de São Jorge
El Espiritu Sanctu
Nau espanhola.41
29. Ilha Terceira, porto de Angra, a 28 de Novembro
Caravela espanhola, provinda da Jamaica.42
1566
30. Nau portuguesa, de 300 toneis, com 60.000 cruzados.43
36
AGI Contratación 2898.
AGI Contratacion 5104.
38
AGI, Consulados, L. 48.
39
FERNANDEZ DURO, op. cit., vol II, p. 494.
40
AGI, Contratación 5104.
41
AGI, Contratación 2898.
42
AGI, Contratación, 5167.
43
GIL, Maria Olímpia (1979) O arquipélago dos Açores no século XVII: aspectos sócio- económicos
(1575-1675). Edição da autora: Castelo Branco, p. 349.
37
15
1567
31. Ilha de São Miguel
La Concepción
Nau espanhola, provinda de Havana, capitão Luis de Alcalá, parte da carga salvada.44
1568
32. Ilha de São Miguel, na Relva, Ponta Delgada, a 17 de Fevereiro
Caravela portuguesa, com trigo, deu à costa após ter estado 8 dias virada no mar.45
33. A 4 de Agosto, também na ilha de São Miguel, a 3 léguas de Vila Franca
Nau espanhola almiranta, deu de través.46
34. Ilha Terceira
Caravela espanhola, provinda do México.47
1576
35. Ilha de Santa Maria
Nuestra Señora de la Concepción
Nau espanhola, provinda de San Domingo, capitão Bartolome de Espinar.48
1580
36. Ilha de São Miguel, a 24 de Janeiro
Santa Catalina
Nau espanhola, da Armada Real de las Indias, capitão Luis de Villalobos.49
1582
37/38. Ilha de São Miguel, a 4 de Agosto
Duas naus espanholas da armada do Marquês de Santa Cruz deram à costa.
44
AGI, Indiferente 1093.
GIL, op. cit., p. 120.
46
MENESES, Avelino de Freitas de (1987) Os Açores e o domínio filipino, vol. I. Angra do Heroísmo:
Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1987, p. 64.
47
AGI, Contratación 5168.
48
AGI, Contratación 5105.
49
AGI, Contratación 4683 e Indiferente 1096.
45
16
1583
39/40/41. Ilha Terceira, baía de Angra, a 21 de Outubro
3 patachos espanhóis, deram à costa por mau tempo.
42. Ilha de São Miguel, próximo de Vila Franca, em Setembro
Catalina
Nau espanhola, deu à costa provinda da Nova Espanha, salvou-se a artilharia50
1585
43. Ilha do Corvo
Nau de aviso, portuguesa.51
44/45/46/47/48. Ilha de São Miguel
Cinco navios portugueses afundados por dois navios ingleses.52
1586
49/50/51/52. Ilha Terceira, na baía de Angra, a 17 e 18 de Setembro
Quatro naus espanholas: Santa Maria de Tomala (provinda de Santo Domingo, deu de
través num baixio), Nuestra Señora de los Remédios (capitania com 30 canhões de
bronze), Santa Maria del Juncal ( alguma carga recuperada) e Nuestra Señora de la
Concepción (de Juan de Guzman).53
1587
53. Ilha Terceira, baía de Angra
Santiago
Nau portuguesa da Carreira da Índia, capitão Francisco Brito Lobato, perdeu-se sobre a
amarra, salvou-se a gente e a fazenda.54
54. Perto da ilha Terceira
Nau espanhola da Nova Espanha, salvaram-se 56000 escudos.55
50
MENESES, op. cit., p. 64.
ANTT, maço 112, parte 1.
52
ANDRADE, Luís (1988) “Alguns tópicos sobre as relações entre os Açores e o Reino Unido”, in
Arquipélago - Edição Especial. Ponta Delgada: Revista da Universidade dos Açores, 1988, pp. 195-201.
53
AGS G. y M. m. 188; AGI Contratación 4375 e 5108; AGI Indiferente General m.1805; MENESES, op.
cit.
54
BA Cod. 44-XIV-4, fl. 286 v. – 287; ALBUQUERQUE, op. cit., pp. 46 e 138.
55
MENESES, op. cit., p. 312.
51
17
1588
55. Ilha Terceira
Nuestra Señora del Rosario
Nau espanhola.
56. Ilha Terceira
Santiago
Nau espanhola.56
57. Ilha do Faial
Nau de Pedro Yllanes, de 100 toneladas.57
1589
58. Terceira, na baía de Angra, a 4 de Agosto
Galeão português com seda, ouro, prata, porcelana, provindo de Malaca.58
59. Ilha Terceira, perto da ilha, a 20 de Outubro
Nuestra Señora de la Guia
Nau espanhola, com 200.000 ducados em ouro, prata, pérolas atacada por inglês.59
60. Ilha Terceira
Nuestra Señora del Rosario (I)
Nau espanhola.
61. Terceira, na baía de Angra
Nuestra Señora del Rosario (II)
Nau espanhola.
62. Ilha do Faial
Nuestra Señora del Loreto
Nau espanhola.
63. Ilha do Faial
San Juan
Nau espanhola.
56
AGI, Contratación 2899.
AGI, Contratación 5106-B
58
LINSCHOTEN, Jan.(1609) Histoire de la Navigation. Amsterdam: Jean Evertz Cloppenburch;
AFONSO, João (1984) “O galeão de Malaca no Porto de Angra em 1589: um processo judicial –
Linschoten”, in Os Açores e o Atlântico (Séculos XIV-XVII). Angra do Heroísmo: Instituto Histórico da Ilha
Terceira, pp. 177-205.
59
AGI, Contratación 2449.
57
18
64. Ilha do Faial
El Espiritu Sanctu
Nau espanhola.
65. Ilha do Faial
San Cristobal.
Nau espanhola. 60
1590
66. Ilha de São Miguel
Nuestra Señora de Begoña
Nau espanhola.61
67. Ilha Terceira, na baía de Angra, em Janeiro
Navio da armada da Biscaia, despedaçou-se.62
1591
68. Ilha das Flores, a 9 de Julho
Santa Cruz
Nau portuguesa da Carreira da Índia, de António Teixeira Macedo, foi queimada pelos
ingleses numa baía, salvou-se a gente.63
69. Ilha das Flores, 30 de Agosto
Assunción
Galeão espanhol de 530 toneladas e 17 canhões, em combate com o galeão inglês
Revenge.
70. Ilha das Flores, 31 de Agosto
La Serena
Flibote espanhol, almiranta do esquadrão de Luís Coutinho, por danos sofridos em
combate com o galeão inglês Revenge.
71. Ilha do Pico, Setembro
Nau espanhola.
60
AGI Contratación 731A, 2899, 2949, 5108/9, Indiferente 1100 AGS, G. y M., m. 417; “A cruising
Voyage to the Azores in 1589, by the Earl of Cumberland,” in KERR, Robert (1824) A general history and
collection of voyages and travels, arranged in systematic order: forming a complete history of the origin
and progress of navigation, discovery, and commerce, by sea and land, from the earliest ages to the present
time. Vol. VII. Edinburgh: William Blackwood.
61
AGS, G. y M., m. 417.
62
LINSCHOTEN, op. cit.; FERNANDEZ DURO, op. cit., vol II, p. 498.
63
BNL, Reservados; caixa 26, doc. 153.
19
72/73. Ilha de São Jorge, junto ao Topo, Setembro
Duas naus espanholas da frota das Indias, uma de Juan Antonio.
74. Perdeu-se em alto-mar, entre as ilhas, Setembro
Vegoña
Nau espanhola de Sevilha, do esquadrão de Sancho Pardo, 70 mortos.
75. Nas cercanias dos ilhéus das Formigas, avistada aqui pela última vez, Setembro
San Medel y Celedón
Nau espanhola da Frota das Indias.
76. No mar alto, entre as Flores e a Terceira, a 17 de Setembro
Espiritu Sanctu
Nau espanhola, provinda de Santo Domingo, só 1 sobrevivente.
77. Terceira, costa norte da ilha, Setembro
Nau espanhola capitana do México, com tesouro.
78. Ilha Terceira, em Setembro
Magdalena
Nau espanhola do esquadrão de Urquiola, deu à costa na ilha.
79. Terceira, em Setembro, a 2 léguas de Angra, na costa sul
Santa Maria del Puerto
Nau espanhola, a tripulação abandonou-a.
80. Ilha Terceira, em Setembro
Nau espanhola de Pedro Marin.
81. Ilha Terceira, em Setembro
La Milanesa
Nau espanhola.
82. Ilha de São Miguel, em Setembro
Nau espanhola de Venero.
83. Ilha de São Miguel, em Setembro
Espiritu Sanctu
Nau espanhola.
84. Ilha Graciosa, Setembro
Patacho espanhol, do esquadrão de Urquiola, deu à costa, salvou-se artilharia e
tripulação.
20
85. Ilha de Santa Maria, em Setembro
La Campechana
Nau espanhola.64
1592
86. Ilha do Faial, ao largo
Chagas
Nau portuguesa da Carreira das Índias, perseguida, atacada e incendiada por navios
ingleses.65
1593
87. Ilha de São Miguel
La Encarnación
Nau espanhola.
88. Ilha de São Miguel
Nuestra Señora de los Remedios
Nau espanhola.
89. Ilha de São Miguel
La Magadalena
Nau espanhola.66
64
AGI Contratación 2899, 2949, 5108/9, 5187. Indiferente 1101/1969; AA, Vol. II, 1880, Ponta Delgada;
AGS GA l.326, d. 21, d. 29, d. 36, d. 44, d. 45, d. 57, d. 202, GA l.626, Consiglio de Guerra; AGS GA
341, d. 331; FALCÃO, André (1981) “Do Sucesso da Armada que foi às Ilhas Terceiras no anno de
1591”, in AA, vol. VI, Instituto Cultural de Ponta Delgada, Ponta Delgada; LINSCHOTEN, op. cit.;
MARTINEZ, R. (1988) Las Armadas de Felipe II. Madrid: Editorial San Martin; RALEIGH, Walter
(1904) “A report of the trues of fight about the Isles of Açores, the last of August 1591, betwixt the
Revenge, one of her Majesties shippes, and an Armada of the King of Spaine” in The Principal
Navigations, Voyages, Traffiques & Discoveries of the English Nation: Made by Sea Or Over-land to the
Remote and Farthest Distant Quarters of the Earth at Any Time Within the Compasse of These 1600
Yeeres by Richard Hakluyt. London: J. MacLehose and Sons; ROWSE, A. (1937) “Sir Richard Grenville
of the Revenge”. Londres: Jonathan Cape. TEIXEIRA, M. (1971) A batalha da ilha das Flores - Sir
Richard Grenville e o Revenge, BIHIT vol. XXV-XXVI, Angra do Heroísmo.
65
AMARAL, Melchior Estácio do (1604) Tratado das batalhas, e sucessos do galeam Santiago com os
Olandezes na Ilha de Santa Elena, E da nao Chagas com os Inglezes entre as Ilhas dos Açores: ambas
Capitanias da carreyra da India, & da causa, & desastres, porque em vinte annos se perdêraõ trinta, &
oyto naos della. Escrito por Melchior Estacio do Amaral, na officina de Antonio Alvares. Lisboa.
66
AGI Contratación. 1014, 4386, 5101. Ind. 742, 1103, 1108 e 1115.
21
1597
90. Ilha de São Miguel
São Francisco
Nau portuguesa da Carreira da Índia, de Vasco da Fonseca Coutinho, encalhou para fugir
a ingleses.67
SÉCULO XVII
1603
91. Ilha de São Miguel
Nuestra Señora de los Reyes
Nau espanhola, provinda de San Domingo, capitão Luis de Acosta.68
1605
92. Ilha de São Miguel
El Unicornio
Navio espanhol.69
1606
93. Ilha de Santa Maria
La Gracia de Dios
Nau espanhola, capitão Alonso Valenzuela, provindo do México.70
94. Ilha Terceira, Angra
São Jacinto
Nau portuguesa da Carreira da Índia, de Pedro da Silva71
67
BA, 51-VIII-19, n.º 108, fl. 69 - 69 v.; ALBUQUERQUE, op. cit. p. 143
AGI, Consulados, Leg. 836, 837-A.
69
AGI, Contratación 2899.
70
AGI, Indiferente 1122.
71
BNL, Reservados; caixa 26, doc. 153; DRUMMOND, op. cit., vol. I; BA 51-VIII-9, Copias das cartas
d’el rei para vários vice-reis de Portugal e outras pessoas, n.º 21 e 22.
68
22
1608
95. Ilha Terceira
Nau espanhola, capitana de Juan de Salas Valdez, provinda do México.72
1611
96. Ilha de São Jorge
Galeão português, artilharia salva.73
1615
97. Ilha de São Miguel
Nau portuguesa.74
98. Ilha do Faial, 7 de Novembro, na Carrasca de Porto Pim
Nossa Senhora da Luz
Nau-capitânia da Carreira da Índia, deu à costa, salvou-se parte da carga.75
99. Ilha do Faial, 9 de Novembro, na costa de Porto Pim
Navio português provindo de São Tomé.76
1625
100. Ilha do Faial
Nau almiranta da esquadra Portugal, salvou-se a gente.77
72
FERNANDEZ DURO, op. cit. vol. III, p. 484; AGI, Indiferente 1135.
BIHIT, vol. XLI, 1983, p.150.
74
idem.
75
MONTEIRO, Paulo (1999) O naufrágio da nau da Carreira da Índia Nossa Senhora da Luz,Relatório dos
trabalhos de monitorização do sitio do naufrágio da Nossa Senhora da Luz (Horta, Açores). Angra:
CNANS/DRAC; AHU, Açores, caixa 1, docs. 8 e seguintes; AGS, Secretarias Provinciales, livro 1473, fl.
64; AHU, Livro em que se escrevem os caixões novos que se usam para o embarque das fazendas tiradas
do naufragio da nau capitania. Códice 2045; BULHÃO PATO, R (1893) Documentos remettidos da India
ou Livro das Monções publicados de Ordem da Classe de Sciencias Moraes, politicas e Bellas-Lettras da
Academia Real das Sciencias de Lisboa e sob a direcção de Raymundo Antonio de Bulhão Pato socio da
mesma Academia. Lisboa: Typographia da Academia Real das Sciencias. Tomo IV; GUEDES, Ana Maria,
“Viagem da Birmânia aos Açores Filipe de Brito de Nicote e o naufrágio, no Faial, da nau capitania Nossa
Senhora da Luz”, O Faial e a periferia Açoriana nos sécs. XV a XIX, pp.141-160; BETTENCOURT, José
(2002) Projecto de caracterização arqueológica do sitio do naufrágio da nau portuguesa Nossa Senhora da
Luz, Porto Pim da Horta. Trabalhos da Arqueonova, Lisboa.
76
AHU, Açores, caixa 1, doc. 10/11/1615.
77
FERNANDEZ, Duro, op. cit., p. 449.
73
23
101. Ilha do Corvo
Nau espanhola, provinda do Porto Rico, capitão Sebastian Hidalgo.78
1633
102. Ilha de Santa Maria
San Antonio y Buena Esperanza
Nau espanhola, provinda do México, capitão Francisco de Goycoechea.79
1634
103. Ilha de Santa Maria, a 16 de Maio
Santo António
Caravela portuguesa, vinda da India.80
1642
104. Ilha Terceira, em Abril, na baía de Angra, junto ao forte dos Dois Paus
Navio português, afundado por artilharia e temporal.
105. Ilha Terceira, em Outubro
Deu à costa, em São Mateus
Nau portuguesa almiranta dos rebeldes, de 250 ton., comandante Domingos Aguiar.81
1644
106/107/108. Três galeões portugueses, provindos do Brasil.82
1649
109/110/111/112. Ilha Terceira, na baía de Angra, a 12 de Fevereiro
Quatro navios portugueses, com a morte da maior parte dos marinheiros.83
78
AGI, Contratación 5116.
AGI, Consulados, Leg. 466.
80
Anais Clube Militar Naval, XCIC, t. 1-3.
81
MALDONADO, Manuel Luís (1990) Fenix Angrence vol. II - Parte Histórica, transcrição e notas de
Helder Fernando Parreira de Sousa Lima. Angra do Heroísmo: Instituto Histórico da Ilha Terceira.
82
BIHIT, vol. XLI, 1983, p.161.
83
DRUMMOND, op. cit., vol. II. P. 98
79
24
113. Ilha Terceira, em Novembro, nas cercanias
Fragata portuguesa, foi a pique em luta com um corsário.84
1650
114. Ilha Terceira, na costa
Santo António
Navio português, vindo de São Cristóvão, salvou-se a mercadoria.85
1651
115. Ilha de São Miguel, na Ponta da Galé
São Pantaleão
Galeão português da Armada do Brasil, 300 mortos, 30 sobreviventes.
116. Ilha Terceira, na vila da Praia
São Pedro Hamburgo
Galeão português de 600 toneladas, vindo do Brasil.86
1654
117. Ilha do Corvo, nas cercanias, em Novembro
Navio português, provindo do Brasil, onde estava embarcado o Padre António Vieira.87
84
MALDONADO, op. cit., pp. 324-325.
GIL, op. cit., p. 399.
86
AAPD, Livro de Registo da Alfândega de Ponta Delgada, 1638-1654, fls. 546 e 546v; MONTEIRO,
Paulo (2000) "A perda do galeão São Pantaleão (1651): um naufrágio da Companhia Geral do Comércio
do Brasil nos Açores". in As ilhas e o Brasil - Actas do VI Colóquio Internacional das Ilhas Atlânticas.
Funchal: Centro de Estudos de História do Atlântico/Secretaria Regional do Turismo e Cultura, pp. 215240; BA, Códice 51-VIII-32. Governo do Visconde de Vila Nova da Cerveira, Copiador de Cartas,
Patentes, Bandos, Ordens, 16/9/1650 a 15/2/1651, tomo III, fls. 232v.-233v; BA, Códice 52-X-2, doc. 85 e
MELO, Francisco (1977) Relaçam dos sucessos da Armada, que a Companhia geral do Comercio expedio
ao estado do Brasil o anno passado de 1649. de que foi Capitão General o Conde de Castel Melhor in
Epanáforas de vária história portuguesa por Dom Francisco Manuel de Melo. Introdução e apêndice
documental por Joel Serrão. Lisboa: Imprensa Nacional -Casa da Moeda, p. 541; BOXER, Charles (1950)
Blake and the Brazil fleets in 1650. In The Mariner’s Mirror, vol. 36, no. 3, July; MENEZES, Luís (1945)
História de Portugal Restaurado, vol. II. Porto: Livraria Civilização, pp. 340-341.
87
BARROS, André, S.J. (1746) Vida do Apostólico Padre António Vieira. Lisboa: Nova Oficina Sylviana.
85
25
1659
118. Ilha do Pico, no porto da Vila da Madalena, a 17 de Fevereiro
Barco português, com 9 pessoas, mestre Manuel Sousa.88
1660
119. Ilha do Faial
Nossa Senhora da Boa Memória
Caravela portuguesa, da India.89
1663
120/121/122/123/124/125/126/127. Ilha Terceira, na baía de Angra
Dão à costa oito navios portugueses de uma frota de 11, comandada por Francisco Freire
de Andrade e provinda do Brasil.90
1690
128. Ilha Terceira, a 26 de Março, na baía de Angra
Navio português para Cabo Verde, com sinos e cal para a Sé.91
1691
129. Ilha Graciosa
Patacho português.92
88
BPARH, manuscrito de Francisco Garcia do Rosário (1850-1851), “Memória Genealógica das Famílias
Faialenses”, f. 7.
89
GUINOTE, P., FRUTUOSO, E. & LOPES, A. (1998) Naufragios e outras perdas da Carreira da India,
Lisboa: Edição do Grupo de Trabalho do Ministério da Educaçãoo para as Comemorações dos
Descobrimentos.
90
DRUMMOND, op. cit., vol. II, p. 144.
91
MONTE ALVERNE, Agostinho de O.F.M. (1986) Crónicas da Província de São João Evangelista das
Ilhas dos Açores, vol. III. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada; GIL, op. cit., p. 21.
92
MALDONADO, op. cit.
26
1695
130. Ilha de São Jorge, a 15 de setembro, na Ponta do Topo
Barco do Pico, deu à costa acossado por mouros.93
1697
131/132/133/134/135. Ilha Terceira, em Novembro, na baía de Angra
Cinco navios portugueses, carregados com trigo, deram à costa por tempestade.94
SÉCULO XVIII
1700
136. Ilha do Corvo
Nuestra Señora de la Providencia
Galeão espanol, de Santo Domingo, há um mapa feito pelo Coronel Afonso Chaves.95
137. Ilha de São Jorge, na ponta do Galeão, Monteiros
Galeão português, do Brasil.96
1706
138. Ilha de Santa Maria
Nuestro Señor y San José
Navio espanhol, vindo da Tierra Firme, de 100 toneladas97
1717
139. Ilha Terceira, na baía de Angra, Monte Brasil
Navio português.98
93
CUNHA, Manuel Azevedo (1981) Notas Históricas I – Estudos sobre o concelho da Calheta (São
Jorge), II – Anais do Município da Calheta (S. Jorge). Ponta Delgada: Universidade dos Açores, p. 472.
94
MONTE ALVERNE, op. cit., p. 180.
95
Diário Insular, 22 Outubro 1972.
96
CUNHA, op. cit., p. 15.
97
AGI, Contratación 2901.
98
CORDEYRO, Antonio (1717) Historia insulana das ilhas a portugal sugeytas no oceano occidental,
composta pelo Padre Antonio Cordeyro da Companhia de Jesus, Insulano tambem da Ilha Terceyra, & em
idade de 76. annos, para a confirmaçam dos bons costumes, assim moraes, como sobrenaturaes, dos
nobres antepassados Insulanos, nos presentes. Lisboa: Officina de Antonio Pedrozo Galram.
27
1719
140. Ilha do Faial, na ilha ou sua vizinhança
Navio português, vindo do Maranhão.99
1727
141. Ilha das Flores
Nuestra Sra. de las Angústias y San José
Galeão espanhol, capitão Juan Fernandez Arnal, sem artilharia, salvada metade da carga
de um milhão de piastras.100
1770
142. Ilha do Corvo, em Dezembro
Nau espanhola, com anil, ouro e pedras preciosas.101
1778
143. Ilha Terceira, 31 de Dezembro
Nuestra Señora de la Concepción
Polaca espanhola, abandonada pela tripulação após ter sido bombardeada pela fortaleza de
São Brás e pelo corsário inglês Retaliation, dando à costa na ilha Terceira com carga no valor
de 111.261 pesos fortes, dos quais 43.629 em dinheiro. Capitão Narciso Plá.102
1779
144/145/146/147. Ilha de São Miguel, a 25 de Agosto, na costa leste, baía do Forte da
Salvação, Ponta Delgada
Quatro navios portugueses deram à costa com temporal.103
99
GL, nº 28, 1719.
PRO SP 89/34, 23/05/1727, f. 146; AAE B1.66, f.191; AGI Consulados leg 836, 856, Contratación
2902; AGI Cons. 836, 856 e. 2902; Anais Mun. Flores, p 39; GOMES, Francisco (2003) A Ilha das Flores:
da Redescoberta à Actualidade (Subsídios para a sua História): Lajes das Flores: Câmara Municipal de
Lajes das Flores, 2.ª edição, 2003, p. 130; MACEDO, A., 1981, História das Quatro Ilhas que Formam o
Distrito da Horta, vol. I, Fac-símile da edição de 1871, SREC/DRAC, Porto; SILVEIRA, J. (1969) Anais
do Município de Lajes das Flores, Anotados por Pedro da Silveira e Jacob Tomaz, Edição da Câmara
Municipal de Lajes das Flores, Lajes das Flores.
101
MACEDO, op. cit. vol 1, p. 257.
102
AHU, Açores, caixa 15, doc. 6.
103
MONTE ALVERNE, op. cit.; GL, nº 40, 8/10/1779.
100
28
148. Ilha das Flores, a 28 de Agosto
Poderoso
Navio espanhol de 74 canhões.104
149. Ilha de São Miguel, em Janeiro
Dois navios espanhóis
150. Ilha do Faial, a 31 de Outubro
Navio português
151. Ilha do Faial, a 31 de Outubro
Nuestra Señora del Carmen
Fragata espanhola, 7 mortos.105
1782
152. Ilha do Faial
El Rosario
Navio espanhol106
1786
153. Ilha do Faial
Nuestra Señora. del Rosário
Navio espanhol.
1788
154. Ilha do Corvo
San Fernando
Navio espanhol, com pau campeche.107
104
FERNANDEZ DURO, pp. 46-50.
AGS, Leg. 7319
106
BERNAL, Antonio (1992) “La Financiacion de la Carrera de Indias 1492 – 1824: Dinero y credito en el
comercio colonial español con America”. Fundacion El Monte., p. 465.
107
ANTT, Maço 71.
105
29
1796
155. Ilha Terceira, a 30 de Junho, a 9 léguas da ilha
São José
Bergantim português, queimado por corsários franceses.108
SÉCULO XIX
1803
156. Ilha de São Miguel, em Agosto, Ponta Delgada
Galera espanhola
157. Ilha de São Miguel, em Agosto, Ponta Delgada
Navio português109
158. Ilha de São Miguel
Amizade
Bergantim português, com contrabando, vindo da Madeira.110
1807
159. Ilha Graciosa, no Porto de Santa Cruz
Nossa Senhora do Rosário
Bergantim português, salvado.111
1810
160. Ilha do Faial
Susana
Galera portuguesa.112
108
AA, vol. XI, pp. 449.
BPADAH, A.30, M.8, P.14, doc. 13.
110
BPADAH, A.30, M.5, P.6, doc. 10.
111
BPADAH, A.30, M.23, P.10, docs. 2 e3.
112
BPADAH, A.30, M.18, P.2, doc. 30.
109
30
1811
161/162/163/164/165/166/167. Ilha Terceira, na baía de Angra
Deu à costa frota de 7 navios portugueses, com tempestade de sudoeste.113
1812
168. Ilha de São Miguel, Ponta Delgada, em Maio
América e Providência
Bergantim português, deu à costa.114
1813
169. Ilha do Faial
Delphim
Bergantim português.115
170. Ilha de São Miguel, no ilhéu de Vila Franca, a 1 de Fevereiro
Restaurador
Brigue português.116
1815
171. Ilha de São Miguel
América
Bergantim português, salvado.117
1817
172. Ilha Terceira, num recife da costa de São Mateus
São José do Bonfim
Navio português, um morto, perdeu-se a carga.118
113
DRUMMOND, op. cit., vol. III, p. 221.
BPADAH, A30, M9, P5, doc. 3.
115
BPADAH, A.30, M.19, P.1, doc. 3.
116
BPADAH, A.30, M.9, P.19, docs. 7 e 8.
117
BPADAH, A.30, M.9, P.5, Doc. 3.
118
AA, vol. XIII, p. 489.
114
31
1818
173/174. Ilha das Flores, a oeste
Dois navios portugueses, um do Paraíba e outro do Rio de Janeiro, afundados por
corsários sul americanos.119
1821
175. Ilha de São Jorge, no Cais da Calheta, a 2 de Março
Conceição e Almas
Brigue de Ponta Delgada.120
1825
176/177/178. Ilha do Faial, a 22 de Janeiro
Três navios portugueses.121
179. Ilha de São Jorge, a 22 de Setembro, nas Velas, praia da Areia das Caravelas
Navio português, salvou-se a carga e a tripulação.
180. Ilha do Faial, a 23 de Setembro, na praia do Almoxarife
Navio português, onze mortos
181. Ilha de São Jorge, a 23 de Setembro, no Juncal de São Tiago
São Bartolomeu
Navio português, partiu-se em dois, salvou-se a popa.122
1831
182. Ilha de São Miguel, no porto de Ponta Delgada, a 10 de Agosto
Paquete pe Pernambuco deu à costa, morrendo todos os oficiais.123
119
BPADAH, Capitania Geral dos Açores, Ilha do Faial, Correspondência do Governador do Faial, 1811 –
1821, M9.
120
AA, vol. XIII, p. 489.
121
BPADAH, A.30, M.20, P.2, doc. 15.
122
MACEDO, op. cit., vol. I, pp. 500-502.
123
Diário dos Açores, 10/08/1831.
32
1832
183. Ilha de São Jorge, na Fajã das Almas, a 27 de Janeiro
Barco da Calheta, com cereal.124
184. Ilha Terceira, a 18 de Fevereiro
Nerco
Iate português.125
1841
185. Ilha Terceira, a 21 de Janeiro, encalhou no Porto Novo
Dona Clara
Escuna portuguesa.126
1843
186. Ilha de São Miguel, a 10 de Abril, em Ponta Delgada, sobre a bateria Duque de
Bragança
Paquete dos Açores
Iate português.127
1844
187. Ilha de São Miguel, a 15 de Fevereiro, em Ponta Delgada, na ponta do paredão do
areal de São Francisco
Nova Sociedade
Iate português.128
1845
188. Ilha de São Miguel, a 21 de Abril, no areal de Rosto de Cão, São Roque
Melitão
Iate Costeiro.129
124
AA, Vol. XIII, p. 493.
AGM, caixa 457.
126
Angrence nº 225.
127
Persuasão, nº 1606.
128
idem, nº 1666
129
idem, nº 1696.
125
33
1846
189. Ilha Terceira, a 8 de Janeiro
Duqueza da Terceira
Patacho português.130
1847
190. Ilha de São Miguel, a 30 de Janeiro
Tio e Sobrinhos
Iate português.131
1849
191. Ilha de São Miguel, a 30 de Dezembro, nos calhaus do mercado do Corpo Santo,
Ponta Delgada
Novo Viajante
Patacho português.132
1851
192. Ilha do Faial, em Novembro, na baía da Horta
Cruz
Brigue português, de Francisco Silva Reis.133
1853
193. Ilha de São Miguel, a 4 de Maio, na praia de Vila Franca do Campo
Boa Esperança
Iate português.134
130
Angrence nº 502.
Persuasão nº 1783.
132
idem nº 1796.
133
MACEDO, op. cit., vol II, p. 210.
134
Persuasão, nº 1918.
131
34
1856
194. Ilha de São Jorge, a 6 de Janeiro, no Porto das Velas, frente ao Espigão
Leonor
Escuna portuguesa, num temporal, morreu toda a tripulação.135
195. Ilha de São Miguel, a 14 de Março, no Castelinho de São Pedro
Tino
Brigue português, foram arrematados os salvados.136
196. Ilha do Pico, a 9 de Maio
Pombinha
Barca portuguesa.137
1857
197. Ilha Graciosa, a 4 de Maio
Bernardo
Iate português.138
198. Ilha de São Miguel, nos rochedos de Santa Clara, em Ponta Delgada
São Salvador
Palhabote português.139
1858
199. Ilha do Faial, 17 de Janeiro, baía da Horta:
Jupiter
Escuna portuguesa, em lastro, nos rochedos canto da Alfândega
200. Ilha do Faial
Margarida Leonor
Brigue português, junto à muralha
135
Jornal de Comércio, 28/03/1856.
idem, 06/06/1856.
137
idem nº 923, 1856.
138
Angrence nº 977.
139
Persuasão nº 1993.
136
35
201. Ilha do Faial
Nereida
Escuna portuguesa, na pedra dos Frades.140
202. Ilha Terceira, na baía de Angra, a 19 de Janeiro
Desengano
Patacho português
203. Ilha Terceira, na baía de Angra, a 19 de Janeiro
Palmira
Escuna portuguesa.141
204. Ilha de São Miguel, a 30 de Novembro
Três Amigos
Iate, abalroado por King Arthur.142
205. Ilha do Faial, a 31 de Dezembro
Joven Fayalense
Barca portuguesa, de saída para Lisboa.143
1859
206. Ilha do Pico, a 16 de Abril, defronte do cais do Pico
Caridade
Iate português, de 100 tons, oito mortos.
207. Ilha de Santa Maria, contra rochedos
Falcão
Patacho português, provindo de São Miguel.144
1860
208. Ilha de São Miguel, a 21 de Maio, no calhau do Laguim, em Ponta Delgada
Liberdade
Patacho português, capitão Urbano José Teles.145
140
DABNEY, R. 1895, Annals of the Dabney Family in Fayal compiled by Roxana Lewis Dabney, Press of
Alfred Smudge & Son, Boston.
141
Jornal Angrence nº 1006, 1858.
142
Angrence nº 1030.
143
MACEDO, op. cit., vol II, p. 259.
144
AA, vol. XIII, p. 494.
145
Persuasão nº 2014.
36
1861
209. Ilha Terceira, a 26 de Janeiro, na baía de Angra
Micaelense
Patacho português de 111 toneladas
210. Ilha Terceira, a 26 de Janeiro, na baía de Angra
Destro Açoriano
Lugre português de 224 toneladas146
211. Ilha de São Miguel, a 12 de Outubro, no calhau do Laguim
Rainha dos Açores
Escuna portuguesa.147
212. Ilha do Faial, a 28 de Dezembro, na baía da Horta, junto ao Monturo
Brazileira-Açoreana
Barca que deu à costa pelas 18 horas da noite.148
1863
213. Ilha do Pico, a 23 de Maio, na costa sul da ilha
Garibaldi
Patacho português.149
214. Ilha do Pico, a 23 de Dezembro, no porto da Feteira, Calheta
São Bernardo.150
1864
215. Ilha de São Jorge, a 22 de Março, no baixio entre a Fajã Rasa e a Fajã de Vasco
Martins
Algorta
Brigue espanhol, com 9 tripulantes e carga de algodão.151
146
Registo de Entradas Capitania, BIHIT, vol. XVII, 1959, p.241.
Persuasão nº 2044.
148
Persuasão nº 2044; Fayalense, nº 22, 29/12/1861.
149
Angrence nº 1219.
150
Jornal de Comércio, nº 3056, 22/01/1864.
151
Aurora dos Açores, nº 584.
147
37
1865
216. Ilha de São Miguel, a 4 de Janeiro, em Ponta Delgada, no cais da Alfândega
Constante
Iate português.
217. Ilha de São Miguel, a 5 de Janeiro, Ponta Delgada
União Vencedora
Escuna portuguesa. 152
218. Ilha de São Miguel, no Calhau do Laguim, a 21 de Dezembro
São José 2º
Patacho português, 1 morto.153
1867
219. Ilha de São Jorge, a 10 de Outubro, nos Monteiros, a embicar com a Ribeira das
Agulhas
São João
Vindo do Pico, vento NNE, 35 mortos.
220. Ilha do Faial, a 29 de Novembro, no Porto Pim
Santa Cruz
Iate português154
221. Ilha de São Miguel
Oliveira
Iate português, deu à costa.155
1868
222. Ilha do Faial, a 8 de Dezembro, na baía da Horta, no areal defronte do Castelo Novo
Firmeza
Barca baleeira, de 224 tons, capitão Antonio Bixo, das Flores, com 23 tripulantes.156
152
Persuasão nº 2163.
idem nº 2209.
154
idem, nº 3000.
155
Jornal de Comércio, nº 4303, 1868.
156
MACEDO, op. cit., vol II, p 345, Fayalense nº 17, 13/12/68.
153
38
1871
223. Ilha de Santa Maria, a 13 de Novembro, na baía da Praia, a 50 metros da costa
Canarias
Vapor espanhol, voltou-se e incendiou-se.157
224. Ilha de São Miguel, em Vila Franca do Campo
Sympathia
Iate, português.158
225. Ilha de São Jorge, em Dezembro
Dias
Escuna, de São Miguel, de Domingos Dias Machado, deu à costa com laranja.
226. Ilha do Faial, Janeiro
Maria da Glória
Barca portuguesa.159
1873
227. Ilha das Flores, próximo das Lajes
Georgina
Patacho português.160
1877
228. Ilha do Pico, a 18 de Agosto, a algumas milhas do cais do Pico
Estrela de Caminha
Iate português, com sal e telha para Flores.161
1883
229. Ilha de São Miguel, a 18 de Julho, em Lagoa, no Porto dos Carneiros
Luso
Vapor português, de 1071 toneladas, encalhou por cerração.162
157
Diário Governo, nº 101, 1872; Fayalense 25/09/71.
Jornal de Comércio, nº 5455, 1872; Diário do Governo, nº 101, 1872.
159
Jornal de Comércio, 19/01/1871.
160
MACEDO, op. cit., vol.I, p. 521.
161
Jornal Comércio, nº 7145; Fayalense 26/8/1877.
162
O Occidente, nº 172, de 1/10/1883.
158
39
230. Ilha do Pico, a 28 de Julho
Pimpão
Lugre português, 15 mortos.163
1884
231. Da Terceira para São Miguel, em Abril
União
Iate português.164
1888
232. Ilha de São Jorge, a 9 de Novembro, Calheta
Amizade
Falucho português, a 400 metros a leste do porto da Calheta, no baixio das "três
pedras".165
1892
233. Ilha de São Miguel, a 19 de Março, na baixa de São Pedro, em Ponta Delgada
São Tomé
Brigue português.166
234. Ilha das Flores, a 19 de Dezembro
Maria
Barca espanhola, de 259 toneladas.167
1893
235. Ilha Terceira, a 28 de Agosto, no Areal do Porto Novo
Segredo dos Açores
Patacho português, deu à costa por ciclone.
236/237. Entre Angra e Pico
Duas embarcações portuguesas, Santa Cruz (iate) e São Bernardo (caíque).
163
Persuasão nº 3202.
AA, vol. XIII, p. 496.
165
CUNHA, op. cit.
166
Persuasão nº 3575.
167
AA, vol. XI, p. 4.
164
40
238/239. Ilha do Faial, dentro da doca
Dois navios portugueses.168
1896
240/241/242.. Ilha Terceira, na baía de Angra, a 13 de Outubro:
Três navios portugueses desfeitos por temporal: Fernão Magalhães (patacho de 180
toneladas), Príncipe da Beira (lugre de 275 toneladas) e Costa Pereira (lugre de 196
toneladas).169
1899
243. Ilha de São Jorge, a 17 de Outubro, nas Velas, na “areia do poço de beber”
Velense
Vapor português.170
245. Ilha de São Miguel, a 3 de Setembro, em Ponta Delgada
Helena
Barca portuguesa.171
SÉCULO XX
1905
246. Ilha de São Miguel, a 2 de Março, na baixa do Tufo, entre a Vila e a Ribeira Quente
Maria Amélia
Vapor costeiro, de LaurénioTavares.172
168
AGOSTINHO, José (1953) “O ciclone de 28 de Agosto de 1893”, sep. da. Açoriana, vol. 5 (I ). Angra do
Heroísmo: Sociedade de Estudos Açorianos Afonso Chaves e A União, 28/08/1945.
169
União nº 852, 13/10/1896.
170
AVELAR, José Cândido (1902) Ilha de São Jorge (Açores) - Apontamentos para a sua História. Horta:
Typographia Minerva Insulana.
171
Persuasão nº 3964.
172
Diário dos Açores, s.4, nº 4144.
41
247. Ilha Graciosa, a 12 de Outubro, no porto de Santa Cruz
Julia
Escuna portuguesa, capitão Tobias da Costa Biáia.173
1906
248. Ilha Terceira, a 30 de Setembro, garrou sobre o baixio do Porto Novo
Rio Lima
Iate, capitão Custódio de Paula Carvalho.174
173
174
idem, s.4, nº 4323.
Diário dos Açores, s.4, nº 4610.