Música em Aulas de Química: Uma Proposta para

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Música em Aulas de Química: Uma Proposta para
Música em Aulas de Química: Uma
Proposta para a Avaliação e a
Problematização de Conceitos.
pelos participantes.
Palavras-chave: música, atividades lúdicas, ensino
de química.
Wilmo Ernesto Francisco Junior
Leidiane Caroline Lauthartte
Introdução
Parece não haver discordância de que o livro didático é
Resumo
A diversificação no uso dos recursos didáticos é uma
tentativa de superar o desinteresse pela Química e
promover
expressividade em público, tendo ótima receptividade
a
reorganização
em
conteúdos.
Uma
um material de forte influência nas salas de aula brasileiras.
Muitas vezes, este é o único instrumento didático do qual os
professores
fazem
uso
para
buscas,
dúvidas
conceituais,
planejamento, apresentação de exercícios, etc, o que pode
alternativa promissora é o uso de músicas na
resultar em seu uso de maneira indiscriminada e acrítica. Por
educação
sua vez, isso pode acarretar certa rotina em sala de aula e a
científica,
o
que
pode
favorecer
a
aprendizagem, além de seu caráter lúdico. Neste
trabalho é descrita uma atividade desenvolvida com
estudantes de ensino médio de uma escola pública
da cidade de Porto Velho/RO em que, após o estudo
de funções orgânicas, foram solicitadas paródias
falta de diversidade de recursos didáticos.
Não
se
deve
esquecer
também,
concordando
com
Silveira e Kiouranis (2008), que os alunos dos diversos níveis de
aprendizagem estão imersos em novas tecnologias e novas
linguagens,
informações.
decorrentes
Ainda
da
assim,
vasta
no
e
ensino
irrestrita
de
difusão
Química,
de
aulas
como forma de avaliação. Os resultados mostraram
tradicionais, onde o professor somente repassa conhecimento
uma elevada criatividade na elaboração das paródias,
não são novidades. A utilização de novos materiais e estratégias
que por sua vez são fontes potenciais para a
problematização
de
conceitos.
Além
disso,
a
estratégia favoreceu o desenvolvimento de questões
de
ordem pessoal
como
trabalho
em
grupo
e
de ensino, apesar de amplamente difundida, não é ainda,
amplamente praticada, sobretudo em escolas públicas. Torna-se
relevante, no contexto atual, que as aulas sejam dinamizadas a
partir de diferentes ferramentas pedagógicas, uma vez que o
1
fluxo de informações e as possibilidades de interações pessoais
à construção do caráter, da consciência e da inteligência
já são altamente dinâmicos.
emocional do indivíduo, além de favorecer o aprendizado
Entretanto, o trabalho de maneira diversificada em sala
científico, uma vez que aborda assuntos com grande potencial
de aula exige que o professor reflita e reconstrua a sua prática
de problematização devido à presença significativa na vida do
pedagógica, o que não é algo tão elementar, abarcando
aluno
inúmeras outras questões como disponibilidade de tempo,
coloca Cardoso (1995, p. 67):
incentivo, oportunidades, etc. Isso pode provocar ainda um
mudança aliado ao receio de tal mudança.
Trabalhar de forma contextua¬lizada pode tirar o aluno
posição
de
espectador
passivo,
aumentando
as
possibilidades de aprendizagens. Quando não está associada ao
contexto dos alunos, o estudo da Química normalmente não é
motivante, justamente pela inexistência de relações com a vida
pessoal e com a sociedade (SÁ; VICENTIN; CARVALHO, 2010).
Chassot (1995) enfatiza que deve haver uma renovação crítica
do ensino de Química, buscando-se fugir dos conteúdos apenas
descritivos, para criar com a Química uma consciência com
responsabi¬lidades social e política. Daí ser, boa parte do que é
atualmente ministrado, inútil para a maioria dos estudantes
(CHASSOT, 1995).
Além de uma reorganização do conteúdo em si, a
diversificação dos recursos didáticos é uma tentativa de superar
o desinteresse pela Química no ensino médio, mostrando que
essa disciplina vai muito além de cálculos, memorização de
fórmulas e nomenclaturas. Uma alternativa promissora, mas
também pouco praticada, é o uso de músicas na educação
científica. A música pode ser uma atividade divertida, assistindo
KIOURANIS,
2008).
Ademais,
conforme
“É fundamental manter um ambiente de alegria e de
ludicidade na classe. Sem humor, o educador não
experiência o encontro existencial com o educando e
bloqueia
o
próprio
processo
de
ensinoaprendizagem. A educação tradicional colocou as
virtudes: atenção, dedicação e responsabilidade
como incompatíveis com a alegria e descontração.”
sentimento de inquietação, ansiedade e necessi¬dade de
da
(SILVEIRA;
A música, portanto, pode ser um elemento motivador e
facilitador do processo de ensino aprendizagem de conceitos
científicos, também pelo seu caráter lúdico. As atividades
lúdicas em sala de aula podem despertar o interesse dos alunos
na busca de soluções e alternativas que resolvam e expliquem o
tema proposto (OLIVEIRA; SOARES, 2005). O lúdico é um
importante instrumento de trabalho a partir do qual o professor
pode
oferecer
possibilidades
para
a
elaboração
do
conhecimento, respeitando as singularidades existentes.
Segundo Santana (2008), as atividades lúdicas acionam
o pensamento e a memória, geram oportunidades para a
expansão das emoções, bem como das sensações de prazer e
da criatividade, uma vez que as condições de seriedade,
compromisso e responsabilidade, ao invés de perdidas passam
a ser sentidas. Deste modo, como atividades prazerosas ao
organismo, as atividades lúdicas facilitariam a aprendizagem,
2
pois os mecanismos para os processos de descoberta são
Metodologia.
intensificados.
Em trabalho realizado por Pye (2004), a participação dos
alunos melhorou significativamente por meio do uso de paródias
sobre letras de músicas conhecidas. Em estudo de Martins et al.
(2009), alguns professores foram entrevistados quanto à
utilização de músicas para ensinar. Para esses educadores, o
trabalho com a linguagem musical deve ser interessante, tanto
para os professores como para os alunos. Todavia, isso só
acontecerá se existir consciência da expressividade individual do
aluno e o respeito pela capacidade de criação, de dinamização
com esse instrumento em sala de aula. Frente à música, o
aluno pode tornar-se mais espontâneo, sendo esta uma
excelente ferramenta para o desenvolvimento motor, afetivo e
cognitivo. Silveira e Kiouranis (2008) reportam a possibilidade
de situar a música na realidade dos estudantes, assim como
problematizar tal realidade. Por outro lado, chamam a atenção
de
que
esta
não
pode
ser
uma
atividade
de
simples
memorização.
O presente estudo foi desenvolvido com três turmas (77
participantes) do 3º ano do ensino médio do Colégio Tiradentes
da Polícia Militar, no município de Porto Velho (RO). As
atividades foram conduzidas em três etapas:
1.
Desenvolvimento
do
conteúdo
sobre
funções
orgânicas no formato de aulas expositivas (seis aulas de uma
hora).
2.
incumbido
Problematização/Avaliação:
de
criar
e
apresentar
cada
uma
grupo
paródia
ficou
utilizando
conceitos de química sobre os seguintes conteúdos: Aldeídos,
Cetonas, Ácidos carboxílicos, Ésteres, Éteres, Sais orgânicos e
Fenóis (extra-classe). As paródias elaboradas foram entregues
para avaliação e correção pela professora-investigadora de
possíveis erros conceituais antes da apresentação aos colegas.
Cada grupo deveria corrigir os aspectos apontados antes da
apresentação.
3. Apresentação das paródias desenvolvidas (duração de
duas aulas com uma hora cada).
Ao encontro desses apontamentos, este trabalho relata
As apresentações aconteceram dentro das próprias salas
uma atividade na qual o uso da música funcionou de forma
de aula das turmas em questão e os alunos poderiam utilizar
avaliativa, como possibilidade de problematização de conceitos
instrumentos musicais ou playback. Outra exigência para que a
já estudados. A proposta central foi inserir os estudantes em
atividade acontecesse é que os grupos tinham que distribuir
um
para toda classe, panfletos com a letra da paródia.
processo
avaliativo
diferenciado,
que
permitisse
uma
participação mais ativa ao mesmo tempo em que a avaliação
Como fonte de dados para este trabalho foram utilizadas
propiciasse novos momentos de aprendizagem a partir de
as letras das paródias e observações de campo, sobretudo em
reflexões acerca das letras produzidas.
relação à participação dos alunos na criação das paródias, assim
como na organização de cada grupo durante a apresentação.
3
Como forma de avaliar a opinião dos estudantes sobre a
também melhorou bastante, assim como a afetividade e o
atividade,
trabalho em grupo com regras pré-estabelecidas.
a
professora-pesquisadora
solicitou
uma
carta
contendo os aspectos positivos e negativos, bem como as
impressões
pessoais
e
o
aprendizado
na
elaboração
e
de envolverem conteúdos de português (produção textual das
Resultados e Discussão.
letras),
A realização desta dinâmica apresentou vários benefícios
no processo educativo, sobretudo quanto ao trabalho coletivo,
melhorando a relação pessoal entre os alunos, mas também em
à
aprendizagem.
Além
disso,
o
ensaio
para
a
apresentação das paródias exigiu certo grau de organização ao
qual não estavam habituados.
As paródias desenvolvidas foram as mais diversificadas
possíveis, abarcando gêneros musicais como o sertanejo, a
MPB,
músicas
infantis,
rap,
axé
e
gospel.
Para
as
apresentações, alguns alunos levaram instrumentos musicais
como violão e pandeiro. Também utilizaram celulares ou
aparelhos MP3 como playback.
Os demais alunos que assistiam
as apresentações
ajudavam batendo palmas ou gesticulando. Todas as paródias
foram apresentadas duas vezes, sendo que na segunda vez, a
classe toda acompanhava em coro. Durante a atividade, foi
observado,
de
uma
forma
geral,
que
alguns
alunos
apresentavam os mais diversos sentimentos, como alegria,
euforia e apreensão, questões em muito envolvidas com o fato
da
expressividade
em
contextualizar interdisciplinarmente o conteúdo, haja vista que
as letras podem abordar diversos assuntos do cotidiano, além
apresentação das paródias.
relação
A proposta de elaboração de paródias é uma forma de
público.
A
relação
professor-aluno
artes
(gêneros
musicais),
geografia
e
sociologia
(gêneros musicais típicos de dadas regiões ou manifestações de
grupos sociais) entre outras. De tal forma, essas atividades não
levam à simples memorização de conteúdos, mas podem
auxiliar o aluno a pensar criticamente, ao mesmo tempo em
que desenvolve outras habilidades (de comunicação e produção
textual). Em sala de aula, a música pode ir além de um simples
instrumento, sendo “capaz de promover o desenvolvimento do
ser humano por meio da conscientização da interdependência
entre corpo e mente razão e sensibilidade, entre ciência e ética;
e não por meio do adestramento e da alienação” (MARTINS et
al., 2009, p. 82). Além disso, pode mediar o desenvolvimento
de habilidades como percepção, imaginação, análise crítica
entre outras.
Os Quadros 1 e 2
ilustram duas letras de paródias
compostas pelos alunos. Observam-se muitos aspectos do
cotidiano em que os alunos estão inseridos. A primeira paródia
foi produzida para o conceito de aldeídos a partir de um famoso
hit de axé, enquanto a segunda é um rap que se refere aos
ésteres, cuja música e intérpretes não foram apresentados pelo
grupo de estudantes.
Vale ressaltar que tais paródias se referem a canções
atrativas ao público jovem, gerando interesse e motivação na
4
medida em que utilizam melodias conhecidas e apreciadas pelo
público em questão (SILVEIRA; KIOURANIS, 2008).
Quadro 1. Paródia apresentada para o conceito de aldeídos.
Cantor: Jamil e uma noites
Música: Tchau, I have to go now
É um dos responsáveis pela ressaca do outro dia.
É um dos responsáveis pela ressaca, é.
Aldeídos são compostos orgânicos que possuem
O grupo funcional denominado formila
Junto com a acetona o aldeído é chamado
Composto carbonílico, cabonílico.
AL é a terminação segundo o novo IUPAC
É cadeia principal a mais longa com o CHO
O grupo funcional também é conhecido
Como aldoxila e metanoila.
Refrão:
Se liga no que vamos dizer
A função dos aldeídos
Também estão presentes em nossas vidas.
É um dos responsáveis pela ressaca do outro dia.
É um dos responsáveis pela ressaca, é.
Estão presentes como na limpeza da casa
Com os desinfetantes também em medicamentos
Em conservação com o conhecido formol
E na fabricação de espelhos comuns.
E agora para acabar eu vou afirmando que são
Um dos piores poluentes do ar
Já vimos um pouco sobre os aldeídos
E pra não esquecer basta cantar e escutar.
Refrão
Quadro 2. Paródia apresentada sobre ésteres.
Cantor: não identificado
Música: não identificada
Os ésteres estão presentes sempre em nossa vida
Seja na natureza, ou lá na sua cozinha,
Na forma de cera ou de uma gordurinha.
Mas o que é um éster agora eu vou te explicar;
Então pegue uma bala ou goma de mascar:
São compostos orgânicos com um carbono e 2 oxigênios
São insolúveis em água e não tem pontes de hidrogênio,
Por isso tem ponto de ebulição menor
Do que os álcoois e ácidos que estão ao seu redor.
Vou citar uns exemplos pra ninguém mais esquecer
Que os ésteres estão perto de você,
Tá no óleo de soja e também na margarina
Na graxa do sapato e no azeite de oliva,
Na cera de abelha e na produção de sabão
Esses ésteres já estão enchendo o cabeção.
Agora que eu já expliquei
Vou já me despedir
Junto com os amigos meus
Outra vez nóis volta aqui.
5
Os alunos responsáveis pela paródia ilustrada no Quadro 2
processo de aprendizagem. As músicas, portanto, podem
entregaram, antes da apresentação, para todos os alunos da
adquirir uma função avaliativa diagnóstica, permitindo corrigir,
sala, duas balas mastigáveis. Pode-se inferir, com isso, que os
ainda no processo, possíveis problemas. O Quadro 3 apresenta
próprios estudantes entendem que para atrair a atenção dos
um exemplo de paródia que necessitou de problematização com
estudantes é preciso fazê-los ficar curiosos em descobrir o que
os estudantes.
a bala tem a ver com a paródia que seria apresentada.
A letra e a música motivam, podendo despertar o interesse e
proporcionar
uma
discussão
interdisciplinar
(SILVEIRA;
KIOURANIS, 2008), uma vez que envolve questões econômicas
e científicas, assim como suscita do ponto de vista da
interpretação da realidade a necessidade de compreensão de
conhecimentos químicos. Por exemplo, os produtos alimentícios
e de limpeza fornecidos pelas indústrias e, também, os produtos
que a própria natureza fabrica como no caso da cera produzida
pelas abelhas.
As duas paródias foram bem elaboradas quantos aos conceitos
químicos. Destaca-se a linguagem utilizada que é comum entre
os jovens, apresentando até, algumas gírias. Tais aspectos
podem ser aproveitados pelos professores de diferentes áreas
para a problematização de outros aspectos. Especificamente no
caso do professor de Química, o foco pode ser a rigorosidade da
linguagem química e dos conceitos e informações presentes na
letra.
Apesar da correção das paródias antes das apresentações,
alguns grupos não fizeram as correções devidas. Esses erros
devem ser levados em consideração para a verificação do
Quadro 3. Paródia apresentada para o conceito de sais
orgânicos.
Cantor: Bruno e Marrone
Música: Dormi na praça
Caminhei sozinho pela rua
Falei com o potássio e com o nitrito
Disseram que iam se juntar, e assim
Formar um nitrito de potássio.
Um mês depois veio a notícia
Que iam provocar a evaporação
Que restava apenas um sólido branco ou coisa branca
Dita então assim.
Seu sal eles não são vagabundos, não são delinquentes
São apenas carentes
Procurando apenas um soluto e um solvente
Seu sal, o senhor sendo um elemento básico
Entenderá esse caso
Não sendo tão bruto com o ânion ácido.
aprendizado e servem para demonstrar coletivamente onde está
o erro, retomando discussões e corrigindo problemas do
6
Na paródia elaborada para sais orgânicos (Quadro 3),
verificam-se alguns aspectos importantes que podem, se não
aprendizado, elaborar uma paródia tornou os conteúdos mais
interessantes.”
debatidos, promover obstáculos epistemológicos. Por exemplo,
“A atividade paródias de química orgânica foi muito
no trecho “Falei com o potássio e com o nitrito, Disseram que
interessante,
iam se juntar, e assim, Formar um nitrito de potássio”, os
estudados e aplicá-los sobre a letra da música escolhida. Só foi
elementos químicos ganham vida própria, o que caracteriza o
um pouco difícil porque o assunto é bem complexo e ruim de
animismo.
rimar.”
pois
nós
podemos
sintetizar
os
assuntos
O animismo é, segundo Bachelard, a razão de formação
“A paródia de química foi bem legal pois nunca tinha
de obstáculos animistas. De acordo com Lopes (1992), isso é
feito algo parecido, foi uma experiência bastante legal e
muito comum em livros didáticos de química e, portanto, este é
divertida que fez também que aprendêssemos além do nosso
um momento que pode ser utilizado para problematizar tal
tema como também o dos outros colegas. Nos dedicamos muito
questão. Dessa forma, a professora-investigadora debateu com
a paródia que fez com que aprendêssemos com bastante
os alunos que os fundamentos químicos não podem ser tratados
interesse.”
como características humanas, tais quais sentimentos ou
capacidade de comunicação e de decisão sobre fatos.
Pode-se perceber que tal atividade é pouco comum nas
salas
de
aula,
independente
da
disciplina.
Ademais,
a
Essas características também foram atribuídas por outros
criatividade foi um aspecto bastante positivo na proposta aqui
grupos e parecem ser comum entre os estudantes. Assim, é
apresentada, uma vez que os alunos parecem ser instigados a
fundamental que o professor dedique um espaço que promova
produzir
reflexões sobre isso, aproveitando inclusive exemplos que por
apontamentos vão ao encontro do que sinalizaram Silveira e
ventura apareçam em livros didáticos.
Kiouranis (2008). O caráter lúdico do uso das paródias também
Após o fim das apresentações, visando à análise da
algo
a
partir
de
conhecimentos
químicos.
Tais
mereceu grande destaque por parte dos estudantes.
receptividade da proposta pelos alunos, foram solicitadas cartas
“As paródias foi uma idéia inovadora e um meio divertido
que deveriam descrever aspectos positivos e negativos. Alguns
e descontraído de aprender a matéria adotada, e um meio mais
trechos de algumas cartas relatando sobre a atividade foram
fácil também de memorizar o assunto. Essa idéia com certeza é
enunciados a seguir.
uma idéia produtiva e satisfatória para todos pois química tem
“A avaliação sobre as paródias foi um modo de avaliação
uns nomes meio difíceis de ser aprendidos e com isso
bem diferente, mas que foi muito proveitoso para o nosso
aprendemos a falar e decorar as funções de um meio divertido.”
7
“As paródias que a professora teve idéia de fazer com
ao seu caráter lúdico. Foi possível depreender problemas
nós alunos para mim só tem aspectos positivos pois com
conceituais, assim
certeza o assunto de uma matéria produzido dentro de uma
substâncias,
paródia facilita muito mais o aprendizado de um aluno, facilita a
problematização do conhecimento e posterior aprendizagem.
memorização do assunto. Há também o lado divertido disso
Além disso, foi possível verificar a busca de informações acerca
tudo, não só o de aprender, mas também os alunos se soltar
de aplicações, assim como a elevada criatividade na elaboração
mais uns com os outros. Digo com todas as letras que foi uma
de algumas paródias e o aumento da expressividade para a
das melhores idéias que um professor poderia ter.”
apresentação em público.
Descontração e alegria foram verificadas durante a
o
que
como a
torna
animalização de elementos
tais
aspectos
boas
fontes
e
de
aplicação da atividade e foram relatadas pelos participantes. A
Referências bibliográficas
carta como função avaliadora foi de extrema valia para que a
CARDOSO, C. M. A canção da inteireza: uma visão holística da
professora-investigadora
educação. São Paulo: Summus, 1995.
compreendesse
ainda
melhor
os
sentimentos envolvidos no processo.
Verifica-se, também, no último relato, uma concepção
que aprender parece ser sinônimo de memorização. Nesse
sentido é importante destacar que o intuito das músicas
enquanto instrumento de ensino é despertar o interesse do
aluno
pela
disciplina,
tornando-a
mais
próxima
de
sua
realidade, sem a intenção de memorizar conceitos e fórmulas
como as paródias utilizadas nos cursos pré-vestibulares.
Conclusões.
A música parece ser pouco utilizada como ferramenta
CHASSOT, A. Pra que(m) é útil o ensino. 2ª Ed. Canoas: Ed da
ULBRA, 2004.
LOPES, A. R. C. Livros didáticos: obstáculos ao aprendizado da
ciência química I – Obstáculos animistas e realistas. Química
Nova, v. 15, n. 3, p. 254-281, 1992.
MARTINS, N. B.; SCHUTZ, M. D.; RIGO, M.; TROIAN, A.;
RANGEL, E. F. M. A utilização da música como prática de ensino
nos livros didáticos. Vivências: Revista Eletrônica de Extensão
da URI. v. 5, n.8, p.77-83, 2009.
OLIVEIRA, A. S.; SOARES, M. H. F. B. Júri químico: uma
atividade lúdica para discutir conceitos químicos. Química Nova
para o ensino de Química, conforme os poucos trabalhos
na Escola, n. 21, p. 18-24, 2005.
encontrados sobre o tema. Ao mesmo tempo, parece ser bem
PYE, C. C. Chemistry and song: a novel way to educate and
aceita entre a comunidade escolar por ter a capacidade de
entertain. Journal of Chemical Education, v. 81, n. 4, p. 507-
despertar interesse, motivação e aprendizado, sobretudo devido
508, 2004.
8
SANTANA,
E.
M.
A
Influência
de
atividades
lúdicas
na
aprendizagem de conceitos químicos. In: SENEPT, 1, 2008, Belo
Horizonte,
MG.
Anais...,
2008.
Disponível
em:
<http://www.senept.cefetmg.br/galerias/Arquivos_senept/anais
/terca_tema1/TerxaTema1Artigo4.pdf> Acesso em 06 de abril
Music in Chemistry Classroom - A proposal
for the assessment and problematization of
science concepts.
de 2010.
Abstract
SILVEIRA, M. P.; KIOURANIS, N. M. M. A música e o ensino de
Diversification of didactic recourses is an attempt to
química. Química nova na escola, n. 28, p. 28-31, 2008.
overcome lack of interest in chemistry and to promote the
SÁ, M. B. Z.; VICENTIN, E. M.; CARVALHO, E. A História e a
Arte Cênica como Recursos Pedagógicos para o Ensino de
Química - Uma Questão Interdisciplinar. Química Nova na
reorganization of science contents. Music is a promising
alternative that can enable learning and motivation due its
ludic aspect. This paper describes an activity conducted in
Escola, v. 32, n. 1, p. 9-13, 2010.
a public high school in the city of Porto Velho, Rondônia
Sobre os autores
elaboration of popular song parodies was solicited as a
Wilmo Ernesto Francisco Junior - Bacharel e Licenciado em
in parodies’ elaboration and suggested that they are a
State, Brazil. After the study of organic functions, the
form of assessment. The results indicated high creativity
Química pelo Instituto de Química da UNESP de Araraquara,
potential source for enabling concept problematization.
mestre em Biotecnologia pelo IQ-UNESP, mestre em Educação
Besides, the strategy had a good receptivity by students
(Metodologia de Ensino) pela UFSCar e doutor em Química (tese
and facilitated group work and public expression on their
em
part.
Educação
Química)
UFAL/Campus
Arapiraca
Departamento
de
pelo
IQ-UNESP.
É
e
professor
colaborador
Química
da
Universidade
professor
Federal
da
do
de
Keywords: music, ludic activity, chemistry teaching.
Rondônia/UNIR. E-mail: [email protected].
Leidiane Caroline Lauthartte - Licenciada em Química pela
Universidade Federal de Rondônia – UNIR. É mestranda em
Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela UNIR. Exprofessora de Química da rede estadual em Porto Velho – RO.
E-mail: [email protected].
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