Risco biológico
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Risco biológico
Experiência na Implementação de Medidas de Controle em Ambientes de Trabalho de Marmorarias Érica Lui Reinhardt Pesquisas da Fundacentro • Exposição ocupacional à sílica e silicose entre os trabalhadores de marmorarias no município de São Paulo. http://www.fundacentro.gov.br/CTN/teses_conteudo.asp?retorno=155 Ana Maria Tibiriçá Bon – [email protected] • Exposição ocupacional a poeiras em marmorarias: tamanhos de partículas característicos http://www.fundacentro.gov.br/CTN/teses_conteudo.asp?retorno=120 Alcinéa Meigikos dos Anjos Santos – [email protected] • Exposição ocupacional à vibração em mãos e braços em marmorarias no município de São Paulo: proposição de procedimento alternativo de medição. http://www.fundacentro.gov.br/CTN/teses_conteudo.asp?retorno=156 Irlon de Ângelo da Cunha – [email protected] Exemplo de Situação Encontrada • Concentração de sílica = 0,41mg/m³ – 8 vezes o VR (= 0,05 mg/m³ ) Histórico do GT-Marmorarias • 1996-2002 Projeto Marmoristas coordenação do Ministério Público do Estado de São Paulo • 22/09/04 Montagem do Grupo Técnico de Marmorarias no Setor Mineração e Beneficiamento do Programa Nacional de Eliminação da Silicose – Representantes de Governo: Fundacentro,MTE/SRTE, MPT, PMSP (CRST, COVISA) – Representantes dos Trabalhadores: SITIMAGRAN e FETICOM – Representantes dos Empregadores: SIMAGRAM e ABIROCHAS – Representantes de instituições de pesquisa e serviços: SESI; SENAI; SEBRAE; UFSCAR Portaria no 43/2008 do MTE • “Proíbe o processo de corte e acabamento a seco de rochas ornamentais e altera a redação do anexo 12 da Norma Regulamentadora Nº15”. – Insere o item 8 - “As máquinas e ferramentas utilizadas nos processos de corte e acabamento de rochas ornamentais devem ser dotadas de sistema de umidificação capaz de minimizar ou eliminar a geração de poeira decorrente de seu funcionamento.” • Ficam proibidas adaptações de máquinas e ferramentas elétricas que não tenham sido projetadas para sistemas úmidos. Fundamentos da Portaria • A sílica cristalina é carcinogênica para humanos: IARC – Grupo 1 • A silicose é considerada um problema de Saúde Pública [(OMS/OIT- Programa Global) – (BRASIL Programa Nacional de Eliminação da Silicose – Grupo Técnico de Marmorarias)] • Os resultados de pesquisas indicam que os trabalhadores estão expostos a sílica cristalina em concentrações de até 42 vezes o limite do NIOSH de 0,05 mg/m³ Fundamentos da Portaria • A prevalência de silicose entre os trabalhadores de marmorarias em média é de 4% • Altos custos morais, sociais e econômicos associados à silicose, que oneram o setor público • Necessidade de legislação nacional diante da possibilidade de migração do risco para municípios onde o acabamento a seco era permitido, causando distorções em âmbito municipal e estadual Resultados Esperados • Melhoria das condições de saúde e segurança, em especial nas marmorarias cuja condição atual é precária • Redução das taxas de doenças ocupacionais e de acidentes de trabalho • Melhoria do patamar tecnológico do processo produtivo devido à introdução de novas ferramentas (principalmente pneumáticas que trabalham com água e insumos), resultando em produtos acabados brasileiros de boa qualidade • Maior envolvimento dos atores sociais relacionados com a resolução do problema • Adaptação do modelo utilizado para o controle da exposição à sílica cristalina para o controle de outras substâncias químicas e outros agentes ambientais Exemplo após a Umidificação • Concentração de sílica = 0,05mg/m³ (granito) – Menor que o VR (= 0,05 mg/m³ ) Medidas Complementares • Além da umidificação, são necessárias medidas complementares para o controle da sílica – limpeza do ambiente de trabalho (incluindo equipamentos) – remoção adequada dos resíduos: sólidos e lama – capacitação dos trabalhadores – EPIs Manual de Referência • Marmorarias: Manual de Referência: Recomendações de Segurança e Saúde no Trabalho Lista de Verificação para as marmorarias implantarem o processo de corte e acabamento a úmido. Link: http://www.fundacentro.gov.br/dominios/CTN/seleciona_livro.asp?C od=233 Ações Educativas • Seminário Nacional – “Prevenção e Controle da Exposição aos Agentes Ambientais em Marmorarias”, em julho de 2008 – empregadores, trabalhadores, instituições de governo e outros atores envolvidos – www.fundacentro.gov.br/conteudo.asp?D=CTN&C=15 91&menuAberto=345 Ações Educativas • Projeto: Trabalho e Subjetividade dos Marmoristas – Em desenvolvimento – Equipe responsável: Vanda Deli de Sousa Teixeira, Tereza Luiza Ferreira dos Santos e Leila Cristina Alves Lima – Objetivo: apreender a subjetividade do marmorista de modo a levantar subsídios para definição de ações educativas para a categoria – Relatório final, previsto para 2011, estará disponível no site da Fundacentro A intervenção muda os riscos • Modificação no processo requer reavaliação de possíveis riscos • Tendência a se reutilizar a água do processo • Práticas de reuso sem controle da qualidade da água • Possibilidade de exposição a bioaerossóis, além da exposição química Formação de aerossol • Utiliza ferramentas e máquinas como lixadeiras, politrizes, serra-mármores, boleadeiras e fresas que funcionam com abastecimento contínuo de água, produzindo uma névoa de gotas e gotículas no ar • Gotículas menores que 100 micrometros tendem a permanecer no ar, podendo transportar partículas sólidas presentes na água de origem, nas superfícies em geral, ou podem agregar as partículas sólidas já suspensas no ar, formando aerossóis • Aerossol: mistura de partículas sólidas e líquidas em suspensão no ar (de 0,002 a >100 micrometros) Qualidade da água Fonte da água: • rede pública de abastecimento (em geral, potável) • captação de águas subterrâneas (poços) ou superficiais • água de reuso (tanques de armazenamento) Qualidade do ar Possível composição da água de reuso • microrganismos vivos ou mortos, produtos de sua decomposição ou metabolismo, substâncias e fragmentos derivadas de animais ou vegetais • substâncias químicas • resíduos da atividade humana (esgoto doméstico) Riscos biológicos Bioaerossóis • aerossol que contém material biológico tais como: – vírus – bactérias – protozoários – helmintos – fragmentos ou produtos de microrganismos • estudos publicados: – poeiras orgânicas (agroindústria) – compostagem e processamento de resíduos sólidos – tratamento de águas residuais Vias de exposição • • • • contato com olhos inalação deglutição dérmica (pele íntegra ou não) • • • • • • mucosa ocular mucosa respiratória mucosa gastrointestinal pulmões Pele outros órgãos Contato indireto: deposição de aerossóis sobre superfícies e roupas (incluindo EPI) Efeitos à saúde • Doenças infecciosas – microrganismo vivo • Doenças não infecciosas (reações imunológicas ou tóxicas) – fragmentos, toxinas, produtos metabólicos Doenças infecciosas • Doença dos legionários (pneumonia), ou febre de Pontiac (sintomas de gripe): Legionella pneumophila • Leptospirose: Leptospira interrogans • Gastroenterite: Helicobacter spp e outras • Ascaridíase: Ascaris lumbricoides • Giardíase: Giardia spp • doenças virais: hepatite A • piodermites (umidade): Staphylococcus, Streptococcus • infecções fúngicas da pele (umidade) Doenças não infecciosas • bronquite crônica, asma (endotoxinas, ovos de helmintos) – doenças respiratórias (inflamação das vias aéreas) • intoxicações (endotoxinas) – náusea, vômito, diarréia, fadiga, febre, dores musculares/articulações, calafrio, dor de cabeça • dermatoses (umidade) – maceração da pele, descolamento das unhas Recomendações Vigilância da saúde dos trabalhadores • investigações periódicas de sintomas – doenças gastrointestinais – inflamações de vias aéreas • Anexo I Recomendações Infraestrutura • abastecimento de água • rede de distribuição • escoamento do efluente • tanques de decantação • descarte de efluente e lama Recomendações Qualidade da água de reuso • Não há regulamentação brasileira a respeito • Mas, há a NBR 13.969/2005 – parâmetros para reuso local do esgoto tratado Recomendações Parâmetros da NBR 13.969/2005 • Para chegar a eles... – tratamento aeróbio (filtro aeróbio submerso* ou LAB**) – + filtração convencional (areia e carvão ativado); pode ser substituída por membrana filtrante – + cloração • $$$ * Filtro aeróbio submerso: reator biológico aeróbio e uma câmara de sedimentação **LAB: lodo ativado por batelada Recomendações Reuso em marmorarias • Assim, só para o reuso não potável da água (e sem formação de névoas) – descarga de sanitários – lavagem de pisos • Para os processos operacionais, sistemas públicos de abastecimento ou outras fontes de água potável Conclusões • Mais investigações para estabelecer o risco real • Avaliação dos sintomas de doenças gastrointestinais e respiratórias • Reuso somente após tratamento adequado, dimensionado por especialista • No momento, recomenda-se a não reutilização nos processos operacionais Material para Consulta • Relatório: A Qualidade da Água no Processo a Úmido em Marmorarias e os Riscos à Saúde dos Trabalhadores – Autoras: Elayne De Fátima Maçãira, Érica Lui Reinhardt, Ana Maria Tibiriçá Bon – http://www.fundacentro.gov.br/dominios/CTN /relatorios_conteudo.asp?retorno=213 Risco biológico Vírus • tamanho: 0,02-0,25 micrometros • não se multiplicam no meio hídrico • dose infectante em geral é baixa • exemplo: vírus da Hepatite A – grande capacidade de transmissão pela água – persistência ambiental: na água, até 12 semanas a 25oC – dose infectante desconhecida, mas acredita-se que 10100 partículas virais possam causar a doença Risco biológico Bactérias • tamanho: 0,3-15 micrometros • podem se multiplicar na água • as condições ambientais podem limitar seu crescimento • animais podem ser fonte de contaminação da água • exemplos: – bactérias intestinais em geral: Salmonella, Shigella – algumas não intestinais: • Legionella spp • Mycobacterium spp (exceto M.tuberculosis) • Leptospira interrogans Risco biológico Legionella pneumophila • sistemas de contenção e distribuição de água • inalável: aerossolização • surtos: locais de trabalho com sistemas de umidificação, ou turbilhonamento e aspersão de água: – estocagem de frutas e vegetais – balneários Risco biológico Leptospira interrogans • risco: ocupações com exposição à água contaminada com urina de rato • penetra através da pele (íntegra ou não) e mucosas oculares, nasais e boca • manifestação clínica variável: assintomática à fatal Risco biológico Protozoários • tamanho dos cistos: 5-30 micrometros • formas inativas (cistos) não se reproduzem na água • muito persistentes no meio ambiente • dose infectante baixa • vários animais podem abrigá-los • mais comuns em águas residuais ou recicladas: – Entamoeba histolytica – Giardia lamblia – Cryptosporidium parvum Risco biológico Helmintos • tamanho dos ovos: 30-150 micrometros • não se reproduzem na água • transmissão: inalação ou ingestão de ovos, ou pela penetração das larvas pela pele • capacidade infectante: latente por anos • OMS: <1 ovo de nematoide/L* • Nematoides comuns em águas recicladas: – – – – Ascaris lumbricoides Trichuris trichiura Ancylostoma duodenale (penetração da larva pela pele, fezes de cães) Necator americanus (penetração da larva pela pele) * Limite de exposição de trabalhadores na irrigação de culturas agrícolas com águas residuárias Risco biológico Fungos • tamanho: 1-50 micrometros • hifas crescem no meio ambiente (incluindo-se excretas de animais como morcegos e aves), e formam esporos • transmissão: inalação de esporos ou hifas • umidade aumenta a liberação de esporos • Possíveis patogênicos fungos em águas de reuso: – – – – – Aspergillus spp Cryptococcus nerformans Paracoccidioides brasiliensis Histoplasma capsulatum Blastomyces dermatitidis Risco biológico Fragmentos ou produtos de microrganismos Endotoxinas • produzidas por bactérias gram-negativas, predominantes em águas residuais • permanecem no meio hídrico mesmo após a morte do microrganismo • fortes estimulantes do sistema imune – capacidade eliminada só após tratamento a altas temperaturas (160oC por 4 horas) • outros: peptidoglucanas, betaglucanos Micotoxinas • produzidas por fungos • imunossupressoras(?): favorecem outras infecções? Obrigada!
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