Anais IIICBAA (comunicações)
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Anais IIICBAA (comunicações)
A AVENTURA DO HERÓI NO SURFE DE TOW-IN EM ONDAS GIGANTES. MSDO.NEY FELIPPE DE BARROS RODRIGUES COCCHIARALE MSDO. SÉRGIO LUIZ GOMES DE AZEVEDO PROFA. DRA. VERA LÚCIA DE MENEZES COSTA LIRES-LEL – UNIVERSIDADE GAMA FILHO, RIO DE JANEIRO – RJ RESUMO O esporte contemporâneo vem testemunhando o crescimento de atividades físicas realizadas na natureza, que têm como características marcantes a aventura e o risco. Alavancadas pelo avanço da tecnologia que possibilitou uma melhor segurança, previsibilidade, planejamento e cálculo do risco, essas atividades expandiram os seus limites ao ponto de alguns aventureiros lidarem com situações extremas onde o preço a pagar pode ser a própria vida. O surfe de tow-in em ondas gigantes estabelece uma relação intensa com a natureza que adquire e produz significados. O OBJETIVO deste estudo foi analisar a presença do mito do herói no imaginário dos praticantes desse esporte, expressos nos relatos presentes no filme Tow In Surfing (2005), sendo utilizada a análise do discurso de Orlandi (2003) para a sua interpretação. As imagens capturadas desses discursos conduzem a uma idéia geral de luta heróica dos surfistas, numa relação de ambivalência entre o homem e a natureza. INTRODUÇÃO O esporte contemporâneo vem testemunhando o crescimento de atividades físicas realizadas na natureza, que têm como características marcantes a aventura e o risco. O homem procura por elas motivado pelo desafio, testando e ampliando seus limites num jogo com forte valor simbólico, em uma relação com o meio natural que ora tende para o enfrentamento, ora para a comunhão. Costa (2000) diz que essa aventura é carregada de sentidos lúdicos, com riscos espontaneamente assumidos num jogo de auto-superação, confiantes na sua capacidade técnica e na segurança propiciada pelo uso de equipamentos desenvolvidos pela tecnologia. Por trás das atitudes desses aventureiros encontramos mitos, um dos alicerces do imaginário, que dão sentido a suas vidas. Assim, o que motiva esses esportistas a buscarem III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 desafios cada vez maiores não se explica apenas pela razão. Fatores subjetivos têm um apelo significativamente maior nas suas decisões, impulsionando seus estilos de vida na busca de sensações cada vez mais extremas. O mito do herói talvez seja o que mais influencia nas decisões desses esportistas, independente da sua cultura, pois o ser humano que se arrisca no desconhecido e realiza façanhas extraordinárias sempre desperta o interesse e admiração de todos nós (MÜLLER, 1997). O surfe vem tendo destaque na mídia pela beleza e plasticidade dos movimentos realizados pelos surfistas deslizando por uma parede de água. Quanto maior é a onda, maior parece ser o seu fascínio e a capacidade de atrair a atenção pelo sentimento do perigo iminente que desperta. A busca da onda perfeita parece estar impregnada no imaginário dos surfistas (CHALITA, 2006). Mas, não basta ser a melhor, tem que ser a maior! Conseguir pegar a maior onda do dia, deslizar em sua parede e sair vitorioso parece trazer um sentimento de auto-realização, de superação e de orgulho que não só desperta no surfista uma satisfação indescritível, como atrai a admiração e o respeito dos demais. Esse desejo impulsionou alguns surfistas a testar suas habilidades em condições de ondas cada vez maiores. O sucesso de alguns e a tragédia de outros foram empurrando seus limites para outro nível, marcado pelo fisicamente possível de ser realizado com o equipamento disponível. Ondas que podiam chegar a 30 metros de face atraíam a atenção desses esportistas, mas eram impossíveis de serem surfadas devido ao seu tamanho e a então atual construção das pranchas. Com o desenvolvimento tecnológico e o surgimento de veículos aquáticos mais velozes e versáteis, aliado ao uso equipamentos de segurança, o tamanho e a velocidade da onda não são mais obstáculos intransponíveis. A constante evolução desses equipamentos parece que rompeu as barreiras do possível e expandiu os limites do imaginável. O surfe de Tow-in em ondas gigantes requer o uso de um jet-ski, equipamentos de segurança e pranchas com alças para os pés. Diferente do surfe tradicional, é um esporte de equipe onde a interação piloto do jet-ski/surfista é determinante para o resultado, sendo imprescindível que ambos sejam surfistas experientes de ondas grandes. Os pilotos procuram posicionar o surfista na parte certa da onda que se movimenta rapidamente, possibilitando que ele tenha condições de pegar ondas que geralmente seriam impossíveis de se conseguir pela remada. Sendo um esporte perigoso, estabelece compromissos entre III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 os parceiros, pois a vida do surfista depende da habilidade de seu parceiro em pilotar o jetski, ajudar nas escolhas de ondas e entrar na zona de impacto para o resgate antes que a próxima montanha de água role sobre eles. OBJETIVO Analisar a presença do mito do herói no imaginário dos praticantes de surfe de tow-in em ondas gigantes, expressos nos relatos coletados no filme Tow In Surfing (2005). MÉTODO Foi feita a transcrição dos relatos presentes no filme Tow In Surfing (2005) que é um documentário sobre a modalidade narrado pelos próprios surfistas. Embora, o filme se organize a partir da representação sobre o que foi editado por quem o produziu, podendo não ser o pensamento dos atores, mas a imagem que desejam veicular, causa impactos sobre a imaginação humana, o que constrói e difunde um imaginário no público de praticantes e simpatizantes desse esporte. Para a sua interpretação, foi utilizada a análise do discurso de Orlandi (2003). CONSIDERAÇÕES FINAIS As imagens selecionadas conduzem a uma idéia geral de luta heróica dos surfistas, numa relação de ambivalência entre o homem e a natureza. O surf de ondas gigantes parece trilhar por duas vias que se entrelaçam: a do sagrado e a da estética. Neste sentido, a imagem é subjetividade humana de viagem interior, representação do sensível (WUNENBURGER, 2001). O praticante de Tow-in em ondas gigantes estabelece uma relação intensa com a natureza em que os componentes de risco e aventura estão presentes nos níveis mais elevados, onde encontramos os elementos presentes na jornada do herói: separação – iniciação – retorno, cuja jornada é personificada por esses esportistas do extremo. REFERÊNCIAS III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 About Towsurfing. Disponível em: <http://www.towsurfer.com/about.asp>. Acessado em 24/11/2006. CAMPBELL, J. O herói de mil faces. São Paulo: Cultrix / Pensamento, 2006. CHALITA, Marcos. A. O imaginário do surfista: uma aventura no mar. Dissertação (Mestrado em Educação Física) PPGEF, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2006. COSTA, Vera L. de M. Esportes de aventura e risco na montanha – um mergulho no imaginário. São Paulo: Manole, 2000. FERREIRA, Nilda T. Olhares sobre o corpo e imaginário social. In: VOTRE, S. J. (Org.). Imaginário & representações sociais em educação física. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2001. p. 13-43. LE BRETON, David. A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes, 2006. _____. Playing symbolically with death in extreme sports. In: Body and Society, Vol 6, No. 1: 1-11. 2000. MÜLLER, Lutz. O herói – todos nascemos para ser heróis. São Paulo: Cultrix, 1997. WUNENBURGER, Jean-Jacques. Philosophie des imagens. Paris: PUF, 2001. _____________________ Ney Felippe de Barros Rodrigues Cocchiarale - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 A CANOAGEM E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL PROF. ÁLAN A. SCHMIDT PROFA DRA. ELINE T. R. PORTO UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA NUCORPO – NÚCLEO DE PESQUISA EM CORPOREIDADE E PEDAGOGIA DO MOVIMENTO RESUMO O objetivo deste estudo, o qual está em andamento, é de observar, analisar e compreender as ações corporais das pessoas com deficiência intelectual, suas interrelações pessoais e com o ambiente, no aprendizado da canoagem. Participam da pesquisa 11 alunos de uma escola de canoagem. O metodologia utilizada é a pesquisa qualitativa, a partir da observação sistemática, com o uso de diário de campo, para efetuar as análises e discussões dos resultados preliminares apresentados. INTRODUÇÃO Navegar por águas desconhecidas, motivados pelo desafio de encontrar algo nem bom, nem ruim, apenas diferente do que estamos acostumados a vivenciar no nosso cotidiano. Esse é o norte que buscamos em nosso trabalho, observar e revelar as relações existentes da pessoa com deficiência intelectual e a prática da canoagem. Entendemos por canoagem o simples ato de conduzir uma embarcação com o auxílio de remos (TEREZANI, 2004). A problematização desse estudo surge de algumas dúvidas freqüentes: Quais as estratégias usadas pelo professor durante a aula? Como se dá o aprendizado da canoagem pelo aluno com deficiência intelectual? Quais as ações corporais manifestadas pelos alunos na prática da canoagem? Como acontecem as relações interpessoais no grupo e com o ambiente? OBJETIVO Observar, analisar e compreender as ações corporais das pessoas com deficiência intelectual, suas interrelações pessoais e com o ambiente, no aprendizado da canoagem. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 MÉTODO Estamos realizando pesquisa bibliográfica a partir das técnicas propostas por Severino (2000) consultando livros, periódicos científicos e, pesquisas on line sobre atividade física adaptada e por plavras chaves referentes ao estudo. A pesquisa de campo está acontecendo em uma escola de canoagem, existente em Piracicaba/SP e conta com 11 alunos com mais de 12 anos de idade. Esta iniciou-se em março de 2008, a partir da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa- CEPE da UNIMEP/Piracicaba, sob o protocolo no. 49/07. A coleta dos dados está sendo realizada a partir da observação sistemática das aulas de canoagem as quais são anotadas em diário de campo, o qual apresenta os seguintes tópicos: 1) estratégias, procedimentos e materiais utilizados pelo professor; 2) desempenho dos alunos nos aspectos cognitivo, motor, afetivo e social; 3) relações estabelecidas entre alunos; entre aluno e professor e entre alunos e o ambiente. Os resultados e discussões serão realizados a partir da elaboração de unidades de registro que de acordo com Minayo (1996), para examinarmos o conteúdo das mensagens do texto. RESULTADOS E DISCUSSÕES PRELIMINARES Por se tratar de um estudo em andamento, os resultados apresentados são preliminares. Mediante eles observamos que alguns alunos apresentam dificuldades para compreender, imitar e realizar movimentos de alongamentos e de equilíbrio mais complexos, que segundo Rodrigues (2006, p. 55) a pessoa com deficiência intelectual tem “dificuldade em processar muita quantidade de informação e usar símbolos a adaptação ao desempenho”. Mesmo com dificuldades na realização dessas tarefas, os alunos procuram sempre se ajudar, dão dicas de como fazer, fazem brincadeiras positivas, criando vínculos nas relações o que facilita a aprendizagem. Para França e Zuchetto (2006, p. 226), a necessidade de se comunicar e se ajudar evidenciam que a atividade motora “proporciona aos indivíduos o engajamento nas atividades de forma a estabelecerem interações sociais positivas”. Durante as atividades, notamos grande interesse em relação a natureza. Alguns alunos sempre observam e tecem comentários sobre árvores, pássaros e a água. Para Schwartz e Carnicelli Filho (2006) esse envolvimento pode ser entendido como a necessidade de se aproximar da natureza e também, vivenciar novas emoções diferentes das do cotidiano. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 CONCLUSÃO Observando e considerando o ser humano como um ser complexo e individual, os alunos se revelam e mostram onde, como e quando nós, professores, temos possibilidades para entendermos cada um, dentro do grupo, no aprendizado da canoagem. Pois, como sugere Rodrigues (2006), a atividade motora, como qualquer outro tipo de atividade, pode ser observada especificamente, contudo ela sempre será a expressão multifacetada que se exprime numa unidade. REFERÊNCIAS FRANÇA, C. ; ZUCHETTO, A. T. Comportamentos esperados e ocorridos por pessoas com síndrome de Down em sessí es de atividade motora adaptada. XI Congresso Ciências do Desporto e Educação Física dos Países Língua Portuguesa. Revista brasileira de educação física e esporte, v. 20, p. 226-34, suplemento 5, São Paulo, 2006. MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 1996. RODRIGUES, D. As dimensões de adaptação de actividades motoras. XI Congresso Ciências do Desporto e Educação Física dos Países Língua Portuguesa, Revista brasileira de educação física e esporte. v. 20, p. 53-58, suplemento 5, São Paulo, 2006. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho cientifico: Aspectos técnicos da redação. 21° ed. São Paulo: Cortez, 2000. SCHWARTZ, G. M.; CARNICELLI FILHO S. (Desin) Formação profissional e atividades de aventura: Focalizando os guias de rafting. XI Congresso Ciências do Desporto e Educação Física dos Países Língua Portuguesa, Revista brasileira de educação física e esporte. v. 20, p. 53-58, suplemento 5, São Paulo, 2006. TEREZANI, D. R. A popularização da canoagem como esporte e lazer- O caso de Piracicaba. [Dissertação]. Programa de Mestrado em Educação Física, Universidade Metodista de Piracicaba. Piracicaba, 2004. _____________________ Álan Annibal Schmidt - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 A ESCALADA INDOOR E O MUNDO DA CRIANÇA PROFA. DRA. ELIETE MARIA SILVA CARDOZO RESUMO O objetivo deste estudo é conhecer a escalada indoor, atividade de aventura desenvolvida por crianças e buscar caminhos para compreender como o lúdico se manifesta neste espaço. A escalada indoor está associada à idéia de fruição corporal, carregada de um inesgotável valor simbólico, o reflexo da experiência lúdica que existe nessa atividade, remetendo a criança a uma vertigem imaginária que a faz flutuar ao sabor das emoções. A escalada indoor se apresenta como uma manifestação da subjetividade humana que alimenta a fantasia e os sonhos, produzindo significações e sentidos que se encontram implícitos; e também como uma atividade que se configura a partir de um conjunto de símbolos e pressupõe uma trilha imaginária. A ESCALADA COMO LAZER NO MUNDO DA CRIANÇA Na última década o espaço do lazer ampliou seu campo de atuação e a partir do lugar de destaque que o lazer vem ocupando temos a intenção de lançar um breve olhar sobre as práticas de aventura desenvolvidas por crianças nesses espaços. Para iniciar essa trajetória elegemos a escalada indoor1 sendo entendida como uma manifestação cultural que envolve uma rede de sentidos, associada à idéia de fruição corporal, e carregado de um inesgotável valor simbólico. A fruição corporal é o reflexo da experiência lúdica e remete a criança a uma vertigem imaginária que a faz flutuar ao sabor das emoções. A escalada só produz sentidos reais e imaginários quando a parede de escalada e a criança se unem como um amálgama, quando a parede de escalada e a criança se confundem no vaivém da brincadeira. Corpo e parede passam a dançar ao som da música dos anjos. . Esse tipo de atividade esta começando a fazer parte do cotidiano das crianças que estão na faixa etária entre sete e doze anos. A escalada indoor se constrói a partir da interação entre a criança e a parede de escalada. E nessa interação os objetos que fazem 1 A Escalada Indoor é uma modalidade do Alpinismo praticada normalmente em pequenas (vias curtas, raramente com mais de 30 metros de extensão e na maioria das vezes negativas). (site da Academia Estação do Corpo, 2003). III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 parte do seu mundo real também estão nessa relação e são imagens formadas por um conjunto de símbolos, que para Mircea Eliade (1999), revela sempre, qualquer que seja o contexto, a unidade fundamental de várias zonas do real. Podemos assim dizer que a escalada é vivida real e imaginariamente, e que a relação existente entre a criança e a parede de escalada nos remete a dois pontos importantes: a escalada como uma imagem constituída a partir de um conjunto de símbolos presentes na cultura e a relação da criança com a parede de escalada pressupondo uma trilha imaginária. Essas duas situações estão relacionadas com a experiência lúdica e com um sistema simbólico. Para tentar compreendê-las, a trama desse artigo segue procurando fazer uma aproximação com o mundo lúdico na perspectiva de Callois (1990). O JOGO DA ESCALADA INDOOR A PARTIR DO OLHAR DE ROGER CAILLOIS O mundo é explorado pela criança através do seu corpo. O adulto que acompanha uma criança desde o nascimento, ensinando-lhe que a bola é para ser jogada com as mãos ou com os pés, que o chapéu é para ser colocado na cabeça, passa a observar que agora ela é capaz de penetrar no lado invisível do seu mundo simbólico, utiliza a bola como um amigo, o chapéu como uma cabana e aquele momento de escalar a parede pode ser vivido como a escalada de uma grande montanha, enfrentando o frio, o vento forte e a chuva. Ao começar interagir com o lado invisível de seu mundo simbólico ela vive o seu mundo lúdico. O olhar de V. L. M. Costa (2000) sobre o lúdico nos diz que o que é fundamental na atividade lúdica parece ser o trabalho da transformação simbólica a que se submete o ator, elaborando a experiência na fantasia lúdica (p.111). A criança quando transforma a parede de escalada numa grande rocha está elaborando essa fantasia na experiência lúdica. É um jogo entre o objeto simbólico parede de escalada e o corpo da criança, produzindo prazer, alegria, emoção, enfim, fruição corporal. O corpo e o objeto neste jogo se unem e explodem numa inesgotável vertigem imaginária. O jogo, para Caillois (1990), é uma atividade livre em que o homem se encontra liberto de qualquer apreensão a respeito de seus gestos. Ele define-lhe o alcance. Define igualmente as condições e as finalidades (p.158). O mesmo parece acontecer com a escalada. Quando ela conquista a liberdade para organizar a brincadeira, distante das regras que socialmente são impostas, a sua movimentação corporal passa a fluir de forma livre, e ela vai negociando consigo mesma até onde quer ir, como e por que. É uma trilha imaginária III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 construída ao sabor dos seus interesses, desejos e necessidades, como mostra Duvignaud (1997): Uma brecha que se abre na continuidade real de um mundo estabelecido e desemboca num vasto campo de combinações possíveis distintas da configuração sugerida pela ordem comum (p.86). É o espaço em que a criança desprende-se de um cotidiano cercado de normas e regras construídas desde a sua chegada ao mundo. Ela acaba descobrindo essa brecha que existe em seu ser e que lhe permite transitar pelo mundo lúdico e depois retornar ao seu cotidiano, com sua alma renovada, com paz, alegria e tranqüilidade. Esses dois espaços em que a criança transita, o mundo lúdico e o seu cotidiano, podem ser comparados aos dois pólos que Caillois (1990) define para o jogo: a paidia e o ludus. A paidia está ligada à diversão, à turbulência, à improvisação, às proezas, às manifestações espontâneas do jogo e à expansão; o caráter desregrado e inesperado. É o momento em que a criança se transforma em um escalador de montanhas e caminha nessa brecha que lhe permite alcançar o mundo do improviso, da negociação consigo mesma, da espontaneidade, da fruição. O ludus é um complemento da paidia, são as normas e as regras. Nesse momento a parede de escalada é utilizada conforme é conhecida socialmente, ótima forma de lazer e uma alternativa para o bom condicionamento físico, trazendo também noções de responsabilidade e trabalho em equipe, como também, técnica, coordenação, equilíbrio, concentração e coragem. A atividade acontece subordinada às regras predeterminadas. E assim, as brincadeiras transitam através da paidia e do ludus. Complementando o entendimento sobre jogo, Caillois propõe a sua divisão em agon, alea, mimicry e ilinx. Na categoria agon predominam as características da competição, na alea as da sorte ou azar, na mimicry a simulação e na ilinx a vertigem. Na escalada indoor as categorias que mais se destacam são: agon e mimicry. Na categoria agon observa-se o lado competitivo da escalada indoor, o OBJETIVO é cumprir as regras da modalidade e ser o melhor para vencer a competição. Um exemplo de mimicry pode ser visto quando a criança transforma a parede de escalada numa grande rocha e representa este papel, mergulha nesse contexto social e procura representá-lo, fazendo com que as pessoas e ela própria acredite que realmente está vivendo essa aventura. Contudo, observamos que essa brecha que se abre no cotidiano das crianças que praticam escalada indoor precisa de maior atenção, pois já foi comprovado que a parte lúdica da experiência humana tem sido ocultada pelos historiadores, sociólogos, antropólogos e que III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 tem passado de forma despercebida por eles. E, por outro lado, a filosofia não dá importância e os psicólogos e psicanalistas se interessam por ela, mas em relação exclusiva com a infância (Duvignaud, 1997, p.13). ALGUNS CAMINHOS Percebemos que a escalada indoor foi entendida como uma atividade lúdica, carregada da fruição corporal, que se manifesta através da subjetividade humana, alimentando a fantasia e os sonhos das crianças, produzindo significações e sentidos que se encontram implícitos; e também como uma atividade que se configura a partir de um conjunto de símbolos e pressupõe uma trilha imaginária. REFERÊNCIAS BROUGÈRE, Gilles. (2000). Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez. CAILLOIS, Roger. (1990). Os jogos e os homens: A máscara e a vertigem. Lisboa: Cotovia. COSTA, V. L. M. (2000). Esporte de aventura e risco na montanha. Um mergulho no imaginário. São Paulo: Manole. DUVIGNAUD, J. (1997). El juego del juego. Colômbia: Fondo de Cultura Econômica Ltda. ELIADE, Mircea. (1999). O sagrado e o profano – A essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes. GRAVIDADE, Z. [on line]. Disponível: http;// www.verticalindoor.com.br. [capturado em 22 de março de 2003]. SANTIN, Silvino. (1996). Educação Física: Da alegria do lúdico à repressão do redimento. Porto Alegre: EST/ESEF-UFRGS. _____________________ Eliete Maria Cardozo Coelho - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 A EXPERIÊNCIA DOS CURSOS DE CAMPO EM ECOLOGIA DE DOSSEL DA PÓS-GRADUAÇÃO DA UNICAMP PARA AS ATIVIDADES DE AVENTURA EM COPAS DE ÁRVORES Ms. MARCIAL COTES234 Dra. MÁRCIA ALEXANDRA ROCCA135 IVAN GUSTAVO PINHEIRO SOLER36 Ms. BENJAMIM BORDALO DA LUZ37 Ms. MARCIA MOREL12 Dra. TALITA FONTOURA134 RESUMO O dossel florestal – a última fronteira entre as copas das árvores e a atmosfera – contém uma grande diversidade de organismos e de interações ainda a serem estudadas. Durante os Cursos de Campo de Ecologia de Dossel da Pós-Graduação em Ecologia da Unicamp, através do método parcial os alunos aprenderam a técnica denominada de ascensão em “single rope” com “back-up” e descenso com auxílio de aparelhos auto-blocantes. A ausência de publicação de norma técnica no turismo de aventura, por parte do ministério do turismo, permiti sugerir está técnica que capacitou pesquisadores no acesso às copas de árvores, para ser implementada na escalada de árvores dentro do mercado das atividades físicas de aventura na natureza. Porém, é importante ressaltar que, visando aventura, turismo ou ecoturismo, o guia deve ser experiente e dominar as técnicas de escalada, além de realizar um monitoramento constante das pessoas envolvidas. INTRODUÇÃO A tecnologia tem viabilizado possibilidades de acesso às copas de árvores e pesquisas no dossel8 florestal, desde o alpinismo adaptado às copas das árvores até balões, dirigíveis, 2 Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC – BA) Departamento de Ciências da Saúde (UESC – BA) 4 Grupo de Pesquisa em Biologia de Dossel / CNPq 5 Departamento de Ciências Biológicas (UESC – BA) 6 Graduando em Engenharia Florestal Universidade Federal do Amazonas (UFAM – AM) 7 Ibama – Supes (RR) 3 III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 plataformas, passarelas e outros equipamentos (LOWMAN; WITTMAN, 1996), que têm contribuído para novas descobertas sobre a diversidade de organismos e de interações na camada superior das florestas (LOWMAN; WITTMAN, 1996; ROCCA; SAZIMA, 2008). Como as normas técnicas para o turismo de aventura do Ministério do Turismo não abordam a escalada em árvores, este ensaio sugere que a técnica single rope com back-up (COTES; LUZ; SOLER, 2006), seja utilizada para ascensão em copas de árvores. Esta atividade pode ter potencial no mercado das atividades físicas de aventura na natureza (AFAN) (BETRÀN; BETRAN,1995) no Brasil. OBJETIVO Ao analisarmos os dois métodos de alpinismo adaptado à escalada em árvores, o double rope (DIAL; TOBIN, 1994; JEPSON, 2002; LILLY, 2006) e o single rope (PERRY, 1981), concluímos que a última técnica é a mais adequada para capacitar pesquisadores no acesso ao dossel, devido à sua menor complexidade. Todavia, ciente da possibilidade de falhas, adotamos o sistema de back-up (COTES; LUZ; SOLER, 2006). A experiência mostra que o tempo de cinco dias é suficiente para o aprendizado nos Cursos de Campo de Ecologia de Dossel. Como na pesquisa em ecologia de dossel, a técnica de ascensão de single rope com backup poderia ser utilizada por instrutores/escaladores para orientar o público para ascender em árvores nas áreas de reservas de uso público para lazer, ecoturismo e turismo. MÉTODO A metodologia dos Cursos de Campo de Ecologia de Dossel (CCED) da PósGraduação em Ecologia da Unicamp (FONTOURA; SANTOS; RIBEIRO, 2007) foi baseada em etapas nas quais dúvidas ou falhas no aprendizado eram imediatamente detectadas e corrigidas. Este MÉTODO é denominado de MÉTODO Parcial na área de conhecimento da Educação Física (DIETRICH; DÜRRWÄCHTER; SCHALLER, 1984). A técnica vertical de ascensão empregada foi a single rope com back-up (COTES; LUZ; SOLER, 2006). Esta técnica foi discutida e referendada durante o workshop de 8 Conjunto das copas das árvores, abrangendo grande diversidade de interações biológicas, físicas e químicas, e sendo a porção receptora da maior parte da energia que sustentam esses ecossistemas (GCP, 2004). III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Projetos em Ecologia de Longa Duração (PELD) para pesquisa no dossel florestal que, entre outros objetivos, recomendou “buscar e estimular a partilha de benefícios oriundos do dossel como, por exemplo, o uso sustentável de seus recursos e o ecoturismo (GCP, 2004).” RESULTADOS O sistema é montado com a ponta da corda estática no tronco de uma árvore utilizando o nó volta do fiel. A segunda ancoragem fica em outra árvore com fita tubular e um aparelho descensor auto-blocante, denominada ancoragem dinâmica que possibilita o segurador, o qual está no chão, descer o escalador pela própria corda estática (COTES; LUZ; SOLER, 2006). Para a ascensão em single rope foi utilizado o método sapo (BECK, 1995) e para o descenso de iniciantes se recomenda a utilização de aparelhos auto-blocantes (COTES; LUZ; SOLER, 2006). Além da segurança da corda dinâmica, indica-se a utilização de um sistema denominado de auto-segurança (FASULO,1995). CONCLUSÃO Nas três edições do CCED o resultado foi positivo (FONTOURA; SANTOS; RIBEIRO, 2007), pois discentes que fizeram o curso continuam utilizando as técnicas para desenvolverem suas pesquisas, principalmente em Pós-Graduações. Sugerimos que os discentes que passaram pelos cursos continuem exercitando as técnicas visando o aprimoramento. É importante ressaltar que o guia de AFAN em copas de árvores visando aventura, turismo ou ecoturismo, deve ser experiente e dominar as técnicas de escalada, além de realizar um monitoramento constante durante a ascensão, ancoragem na copa e descenso. Para isso, indicamos a técnica de single rope com back-up para ser implementada em AFAN no dossel florestal. REFERÊNCIAS BECK, Sérgio. Com Unhas e Dentes. São Paulo: ed. independente, 1995. BETRÁN, J. O.; BETRÁN, A. O. Las crisis de la modernidad y el advenimiento de la III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 posmodernidad: el deporte y las prácticas físicas alternativas en el tiempo de ocio activo. Apunts: Educación Física y Deportes. Barcelona, n. 41, p. 10 – 29, 1995. COTES, M.; LUZ, B.B.; SOLER, I. MÉTODO de acesso ao dossel em pesquisa de Harpia harpyja. 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SAMUEL GONÇALVES PINTO FACULDADES SUDAMÉRICA-CATAGUASES-MG GRADUANDA MARIE LUCE TAVARES - UFV GRADUADO DIOGO SANTOS SILVA GRADUADO WESLEY JOSÉ COCATI RESUMO A preocupação com questões relativas ao meio ambiente se relaciona de maneira íntima com a questão da experiência, ou seja, as práticas corporais ganham determinados sentidos a partir do contato com determinadas realidades, onde a questão da sensibilização pode ser apresentada. As atividades desenvolvidas pelos indivíduos no seu tempo livre, revela gostos e preferências, o contato dos mesmos com o espaço, promove diferenciadas sensações, as intervenções podem se mostrar como possibilidades educativas no que se refere à essa produção de sentidos. Esses sujeitos trazem consigo seus ideais, crenças, valores, modos de conduta, identidades que refletem e se deixam refletir pelo contato com a realidade social. Dessa forma o objetivo do presente estudo é perceber a relação existente entre Cultura, Meio Ambiente e Sensibilização, a partir de propostas de intervenções no âmbito do lazer. INTRODUÇÃO Acerca da temática do lazer, e dentre os diversos estudos que o abordam, percebemos que o mesmo em nossa sociedade ainda é influenciado pela lógica do liberalismo, representado pela indústria do entretenimento, na ótica do individualismo e do consumismo. Dessa maneira, o lazer vem sendo tratado de modo a ocupar o tempo disponível das pessoas, sem a preocupação de propiciar criatividade e vivências que colaborem para a formação da identidade cultural a partir de atividades que refletem interesses e ideologias. Os momentos de lazer podem ser uma possibilidade de intervenção onde novos vínculos sociais podem ser formados, surgidos a partir da emoção compartilhada ou do sentimento coletivo, estabelecendo conexões entre a ética e a estética (MAFFESOLI, 1996). A presença dessa “ética da simpatia” entre a contemplação da natureza e do corpo fortalece a III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 ligação social através da comunhão com o meio ambiente e permite compreender situações de fusão e momentos de êxtase, caracterizadores do clima contemporâneo. APROXIMAÇÕES ENTRE CULTURA, LAZER E MEIO AMBIENTE Não é possível pensar em lazer sem passar pelo mundo da cultura, uma vez que as pessoas têm modos diferentes de ver a realidade, incluindo gostos, preferências e modos de conduta que vão interferir na forma como as pessoas apresentam seu momento de lazer. A sociedade impõe como certos ou errados as atitudes e os comportamentos dos indivíduos que a compõem, sendo passados de geração para geração. Esses comportamentos e atitudes transmitidos incluem, além de lutas para a sobrevivência, o modo como a ocupação do tempo livre com atividades recreativas é encarado, considerado para alguns como fuga da realidade e um equilíbrio para o trabalho, já para outros como algo desnecessário para a sobrevivência. A relação com o outro passa pela relação com o seu entorno, o contato com o espaço físico, o meio ambiente e a Natureza, no sentido de respeito, valorização e cuidado, desenvolvendo a percepção de se sentir fazendo parte de um todo maior. A ecologia é em si mesma a percepção da Natureza exterior, incluindo a percepção da Natureza interna do homem, construindo a noção de pertencimento a humanidade, a própria cultura e ao seu local de habitação (CRUZ, 2005). Para Mascarenhas (2002), conceber o lazer como prática social e pedagógica é ver no conjunto de suas atividades a possibilidade de produção e construção de um conhecimento que, em seu caráter crítico e emancipador, guarda estreita ligação com o real. Sua ação educativa deve, portanto, ser vista como um constante teorizar a prática, cuja exigência de processos organizados de abstração nos permite torná-la instrumento concreto de aproximação e transformação da realidade. Toda e qualquer oportunidade cultural que venha a instrumentalizar novos olhares, possibilitando o redimensionar da educação, pode produzir mudanças de atitudes e valores referentes ao envolvimento do indivíduo com o meio, as noções impressas pelas atividades em contato com a natureza propiciam, momentos de formação da identidade do sujeito. CONSIDERAÇÕES FINAIS III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 A relação entre identidade do sujeito e realidade cultural pode se mostrar enquanto alternativa interessante para o tratamento de questões relativas ao meio ambiente. Através da expressão da leitura do indivíduo sobre o meio a partir da experiência, posicionamentos, ações, valores e atitudes podem ser redimensionadas, ou seja, as marcas inscritas nesse corpo, expressam sentidos, num processo de transformações constantes. Dessa forma percebe-se que vivencias lúdicas no âmbito do Lazer relacionados a temática meio ambiente, contextualizadas com propostas em educação ambiental podem se apresentar segundo pressupostos para sensibilização com o controle e preservação do meio onde os atores se inserem, contribuindo para mudança de comportamentos, atitudes e valores. REFERÊNCIAS CRUZ, M. C. M. T. Para uma Educação da Sensibilidade: a experiência da Casa Redonda Centro de Estudos. Dissertação (mestrado) Escola de Comunicações e Artes/USP. São Paulo, 2005. MAFFESOLI, M. (1996). No Fundo das Aparências. Petrópolis: Vozes. MASCARENHAS, F. Lazer, Educação e Grupos Sociais: Pressupostos TeóricosMetodológicos. Coletânea do III Seminário O Lazer em Debate, UFMG: Belo Horizonte, 2002. MARCELLINO, Nelson C. Estudos do lazer: uma INTRODUÇÃO. Campinas: Papirus, 1996. _____________________ [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 ATIVIDADES DE AVENTURA: A PRESENÇA FEMININA NO PÁRAQUEDISMO PROFA. DRA. RUTH FRANÇA CIZINO DA TRINDADE UFAL DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE PÁRA-QUEDISMO DO AEROCLUBE DE ALAGOAS RESUMO Este trabalho é um estudo de coorte cuja população-alvo foi composta por mulheres páraquedista, cujo OBJETIVO é de apresentar um perfil das mulheres de pára-quedismo, assim como suas motivações para fazê-lo, dificuldades e facilidades para praticá-lo. A média de idade das mulheres pára-quedista é de 33 anos; 55% são solteiras, 98% tem nível universitário e 90 % exercem trabalho remunerado. A modalidade esportiva da maioria das mulheres (53%) é o trabalho relativo-TR. O que as levou a prática do PQD, entre outras, foi à adrenalina e vontade de voar. A dificuldade de se manter no esporte esta relacionada ao financeiro, ao ambiente ser mais masculino, à situação conjugal e ao preconceito. A maioria das mulheres que praticam PQD é adulta, tem nível universitário, são solteiras e independentes financeiramente o que segundo elas é um dos fatores que facilita e ao mesmo tempo dificulta a presença feminina no esporte. INTRODUÇÃO As práticas esportivas surgiram entre as mulheres no final do século XIX na Europa, e focalizavam principalmente as caminhadas, a prática de bicicleta e do tênis (MESSNER, 1995 APUD SALLES-COSTA, 2003). Del Priore (2000, p.62), ressaltou que o comportamento de mulheres praticantes de atividade física no século XIX era visto como “uma novidade imoral, uma degenerescência e até mesmo pecado”. Nesta época, contestava-se tudo que pudesse desviar o sexo feminino do papel de mãe dedicada exclusivamente ao lar. Desde o século passado às mulheres vem conquistando espaço na vida pública e o direito de se expressar e escolher as experiências que querem viver e desta forma elas vêm a cada dia conquistando um espaço maior no mercado dos esportes radicais III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 e das aventuras. O pára-quedismo – PQD é um esporte de aventura e predominantemente masculino, como podemos observar pelos dados da Confederação de Brasileira de Páraquedismo que em 31 de maio de 2008, tinha cadastrado 1776 atletas, destes 1599 (90,01%) são do sexo masculino e 177 (9,99%) são do sexo feminino; assim sendo nos interessa saber quem são estas mulheres que fazem parte deste esporte. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é apresentar um perfil das mulheres praticante de PQD, assim como suas motivação para fazê-lo, dificuldades e facilidades para praticá-lo. MÉTODO Este trabalho é um estudo de coorte cuja população-alvo foi composta por mulheres páraquedista presentes em uma atividade de PQD no Centro Nacional de Pára-quedismo localizado em Boituva no Estado de São Paulo. Este local foi escolhido porque na data da pesquisa estava ocorrendo um treinamento para quebra de recorde feminino de queda livre com a presença de PQD de todo o Brasil. Os dados coletados por meio de questionário, aplicado no local da atividade, respondidos por 28,8% das mulheres cadastradas na Confederação Brasileira de Pára-quedismo. Para avaliar as características de praticantes do PQD na população de estudo, foram utilizadas as seguintes variáveis sócio-demográficas: idade (anos completos), escolaridade, situação conjugal, profissão, trabalho remunerado As outras variáveis foram: modalidade que pratica no esporte, tempo de prática, saltos realizados, motivação, facilidade e dificuldade de praticar o esporte tomando como base o fato de ser mulher. RESULTADOS Analisando as variáveis estudadas verificamos que a média de idade das mulheres páraquedista é de 33 anos, variando de 18 a 49 anos de idade. Destas 98% tem nível universitário e 47% tem pós-graduação, 55% são solteiras, 33% são casadas ou vivem em união estável e 76.5% não tem filhos. Das mulheres PQD 90,2% exercem trabalho remunerado. A média de tempo que as mesmas praticam o esporte é de 7,66 anos, apenas 29% praticam o esporte a 10 anos ou mais. Media de saltos que as mulheres tem é de 74, com uma mediana de 220, sendo que variou de 01 a 7.000 saltos. Existem várias as III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 modalidades praticadas no esporte, sendo o trabalho relativo – TR o mais comum, praticado por 53% das mulheres. De acordo com Adelman (2003) com a ruptura ou declínio da domesticidade feminina, o padrão da fragilidade começa a ceder terreno a um novo ideal, mais adequado à noção da ‘mulher ativa’ que começa a construir-se. Neste sentido, o pára-quedismo entrou na vida das mulheres por vários motivos: pela busca do novo, da adrenalina, vontade de voar, gosto por esporte, desafio, entre outras razões. O que facilita a se manter no esporte também varia; amor pelo esporte é o principal, independência financeira também, pois PQD é um esporte caro. Quanto à dificuldade apresentada por elas da presença feminina no esporte, as respostas estão ligadas às questões financeiras, o ambiente ser mais masculino, situação conjugal. O preconceito também foi citado, mas sem explicitar a natureza do mesmo. CONCLUSÃO Verificamos que a maioria das mulheres que praticam PQD é adulta, tem um nível de escolaridade superior à maioria das mulheres brasileiras, são solteiras e tem independência financeira o que segundo elas é um dos fatores que facilita e ao mesmo tempo dificulta a presença feminina no esporte. Os resultados encontrados sugerem que o PQD é praticado por mulheres que se encontram ema situação de independência financeira ou maturidade emocional que conseguem superar as dificuldades de praticar um esporte caro, cujo ambiente é predominantemente masculino. REFERÊNCIAS DEL PRIORE, M.. Corpo a Corpo com a Mulher:Uma Pequena História das Transformações do Corpo Feminino no Brasil. São Paulo: Editora Senac. 2000. SALLES-COSTA, Rosana, HEILBORN, Maria Luiza, WERNECK, Guilherme Loureiro et al. Gênero e prática de atividade física de lazer. Cad. Saúde Pública, 2003, vol.19 supl.2, p.S325-S333. ALDEMAN, M. Mulheres atletas: re-significações da corporalidade feminina. Rev. Estudos Feministas, 2003. 11(2):360. julho- dezembro. p.445-465. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 ATIVIDADES DE AVENTURA NA NATUREZA: REFLETINDO SOBRE A INTENCIONALIDADE DAS PRÁTICAS GRADUADA KARLA RAPHAELA DA SILVA RAMOS FREITAS UFV PROF. MS. SAMUEL GONÇALVES PINTO FACULDADES SUDAMÉRICA RESUMO O contato com o meio natural de maneira equilibrada e orientada, pode trazer ao indivíduo uma melhor compreensão das necessidades de preservação deste ambiente e a educação ambiental surge como um possível meio para se entender as relações aí estabelecidas, indo saciar esta necessidade a partir da consciência de cuidados a serem tomados quando se pretende usar ambientes naturais para a prática do lazer. O OBJETIVO do presente artigo é discutir essas as nuances da intencionalidade do sujeito sobre a presença em atividades de aventura. ADENTRANDO NOS TERMOS... A procura pelo novo, pela aventura, são fatores que apresentam relevância na escolha das atividades junto à natureza, podendo ser também fonte de reflexão a respeito das questões ambientais vistas hoje em nossa sociedade. Normalmente as práticas de tais atividades trazem junto o conhecimento de princípios de ecologia e desenvolvimento sustentável, já que no inicio e em grande parte de sua história, esteve ligado a grupos de defesa do meio ambiente. “Talvez a opção pelos denominados esportes de aventura, possa ser traduzido através do desejo de uma reconciliação com a natureza, expressa numa experiência antes nunca vivenciada” (BRUHNS, 1997, p.90). Apesar da aventura apresentar uma grande relevância durante as atividades, este contato com o meio natural, esta interação entre o comportamento corporal humano e os elementos naturais, estão sempre sendo associados a um processo de conscientização a respeito dos danos ocasionados ao meio ambiente, onde esse experiência corporal é a mais direta e imediata, sendo que esse receptáculo de sentidos e significados, o corpo, seria o III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 primeiro referencial do homem no mundo BRUHNS (2003). Assim, as atividades de aventura contém elementos suficientes, embora nem sempre considerados pelos praticantes, de propiciarem esta reaproximação esperada com a natureza, sendo relacionados aqui ao turismo de aventura, anteriormente definido e popularmente chamados de esportes de aventura, merecendo nossa atenção, pois assumem como características manifestações corporais. MASCARENHAS (2003) coloca que as atividades de aventura tendem a buscar áreas praticamente intocadas (picos elevados, vertentes íngremes, vales e gargantas, corredeiras e cachoeiras e o ambiente submarinho), que podem ser amplamente vistas no território nacional e que ganham destaque em sites e outras mídias de empresas nacionais ou internacionais. O elemento natureza ambiente destas atividades de aventura, possibilita enriquecimento das habilidades sensíveis, uma vez que proporciona maior interação entre o ser humano e o meio natural, valorizando a percepção por meio do desenvolvimento das potencialidades táteis, auditivas e olfativas, proporcionando ao ser humano a sensação de fazer parte de algo grande e coletivo, requerendo senso de responsabilidade. Diferentemente do cotidiano urbano onde se valorizam a visão e conseqüentemente o distanciamento, a agilidade e o individualismo. O tato, a audição e o olfato permitem maior interação e aproximação, dependendo da disponibilidade de tempo (MACHADO; SCHWARTZ, 2003). Principalmente por suas características de estímulo a cooperação, negociação e liberdade expressiva, estas atividades de aventura vêm demonstrando importante representação no imaginário social, capaz de gerar condições favoráveis à identificação de qualidade de vida, ao mesmo tempo, simbólica. Estas formas simbólicas que jogadas em situações adversas podem, ao contrário da idéia real, podem gerar conceitos relacionados ao consumismo e status que distorçam todo o discurso empregado. Neste sentido as questões referentes a usos desta simbologia e sustentabilidade das atividades de aventura, merecem ser consideradas. Faz-se necessário que o prazer em vivenciar seja fator determinante destas práticas, objetivando interações de ética, afetividade e sensibilidade nas atividades de aventura, as quais se diferenciam em relação às práticas convencionais, segundo TAHARA (2004), muitas vezes taxadas por não provocarem essa suposta ruptura com o cotidiano. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Podemos assim considerar, segundo o autor supracitado, que estas atividades se caracterizam como práticas alternativas, manifestações, principalmente no tempo de lazer, as quais necessitam dos espaços naturais para se desenvolver, dando início a um novo processo de percepção, de novos estilos e qualidade de vida, numa incessante busca por vivências de novas sensações e emoções. REFERÊNCIAS BRUHNS, Heloisa Turini. Lazer e Meio Ambiente: Corpos Buscando o Verde e a Aventura. 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Rio Claro, 2004. _____________________ [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA NA NATUREZA ENQUANTO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM PROJETOS REALIZADOS PELA ESCOLA SUPERIOR SÃO FRANCISCO DE ASSIS GRADUANDO MICHEL BINDA BECCALLI PROFA. MS. ANDREIA SILVA ESFA/NUAR RESUMO O presente artigo busca refletir sobre as potencialidades de transformações e limitações dos projetos ESFA na minha escola e Portas abertas os quais pautam-se nas Atividades Físicas de Aventura na Natureza como possibilidades pedagógicas. Para tanto, foi utilizada uma pesquisa exploratória com procedimento de pesquisa de campo. Após análise dos dados podemos concluir que os projetos possibilitam vários aprendizados atitudinais e motrizes, necessitando, porém, serem perpetuados no cotidiano escolar através de seu Projeto Pedagógico. INTRODUÇÃO Atualmente a educação passa pela necessidade de reformular-se e reorganizar-se, buscando metodologias inovadoras que tragam resultados efetivos no sentido de dar aos educandos subsídios para que possam agir socialmente em seu meio, de forma crítica e criativa. Assim, torna-se necessário segundo Morin (2000), desenvolver uma ética do gênero humano, para que possamos superar esse estado de caos e começar, talvez, a civilizar a terra. Nessa perspectiva, as atividades físicas de aventura na natureza (AFAN) têm sido apontadas como meio promissor no espaço educacional, devido à sua potencialidade enquanto instrumento pedagógico, podendo assumir um caráter inter e transdisciplinar, contribuindo segundo Marinho (2003), no processo de construção de um conhecimento mais amplo e mais facilmente assimilável, dado seu pragmatismo, criando laços mais estreitos entre ser humano e natureza. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Nesse momento, destacamos a Escola Superior São Francisco de Assis (ESFA) e os trabalhos realizados pelo Núcleo Universitário de Ar Livre (NUAr), os quais trabalham na execução dos projetos Portas Abertas e ESFA na minha escola, que visam potencializar e disseminar as AFAN às escolas da região, na tentativa de auxiliar no processo educativo e sensibilizar para as questões ambientais. Diante disso, o presente artigo tem por objetivo refletir sobre tais projetos, apontando suas potencialidades de transformações e limitações. METODOLOGIA A pesquisa foi de caráter qualitativo, do tipo exploratória utilizando o procedimento de pesquisa de campo (GIL, 1996). Como instrumentos de coleta, foram adotadas a observação participante, entrevistas semi-estruturadas e grupo focal. Para a análise de dados utilizamos a análise de conteúdo proposta por Minayo (2001). A amostra da pesquisa corresponde a jovens e crianças atendidas por tais projetos nos anos de 2006 a 2007. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS Nos anos de 2006 e 2007, cerca de 2000 pessoas foram atendidas pelo projeto Portas Abertas e 8000 pelo projeto ESFA na minha escola. As atividades desses projetos são realizadas por alunos do curso de Educação Física da ESFA, devidamente orientados e supervisionados por seus professores responsáveis. Observamos que as atividades realizadas nos projetos possuem caráter social capaz de gerar transformações significativas no que tange as relações interpessoais. Essas possibilidades educativas foram verificadas em atividades como trekking, corrida de orientação e trilhas interpretativas promovidas às escolas. Tais atividades vão ao encontro do debate de Coimbra (2006), a qual destaca as AFAN enquanto uma nova forma de adquirir conhecimentos relacionados ao meio ambiente, através de informações corporais, que possibilitam uma rica experiência de sensação e valores, além da construção de uma ética baseada no respeito e no redescobrimento. Essas mudanças são uma rica possibilidade no que tange o caráter atitudinal, o qual é debatido por Schwartz (2006), a qual atenta para a importância de se refletir sobre essa formação de atitudes de forma séria III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 e comprometida, uma vez que, geralmente não se dá o devido valor, ou não se considera, adequadamente, suas possibilidades de transformação. Podemos destacar as intervenções desses projetos como potencializadoras da criação de laços mais estreitos indivíduo-indivíduo, podendo gerar relações de amizade pelo processo de identificação com o outro. Tal constatação vai ao encontro das considerações de Campagna (2006) o qual elucida que o que está em jogo, diferentemente das competições acirradas do dia-a-dia, não é outra coisa, senão, a satisfação única e intransferível de sentirse em “sintonia fina” consigo mesmo e com o outro que, como “parceiro” na aventura, igualmente, busca, nestas atividades, sensações, expectativas, sentimentos de alegria e prazer similares à sua”. Essa relação de amizade também é debatida por Villaverde (2003), que aponta para a presença de contradições e tensões da condição humana, podendo haver autotransformação, através da incitação recíproca. A possibilidade de enriquecimento do fator motriz em tais atividades também está presente, por exemplo, nas atividades de rapel, escalada e pistas de corda, possibilitando ao praticante um acervo de padrões motores amplos e enriquecedores. O nível de trabalho segundo Schwartz (2006), exigido na prática de algumas AFAN é alto, sendo necessário o apuramento das capacidades físicas e das habilidades motoras para sua realização, o que promove um desenvolvimento global. Uma das limitações encontradas nos projetos é a inexistência, nos municípios, de políticas públicas de lazer, que garantam o direito à prática periódica e orientada dessas atividades. Outro fator igualmente limitante é o não planejamento das escolas, dentro de seu projeto político pedagógico, das propostas trabalhadas nas intervenções. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ambos os projetos desenvolvidos pela ESFA são iniciativas louváveis, não só pela quantidade de pessoas atendidas, mas por extrapolar o espaço da instituição. Estes projetos conferem à ESFA pioneirismo no que tange o desenvolvimento desse tipo de atividades a nível regional. Além de criar espaços para que os acadêmicos do curso de Educação Física possam aplicar os conhecimentos adquiridos na graduação, proporcionam aos indivíduos atendidos a possibilidade de vivenciar um ambiente educacional diferenciado, podendo contribuir na formação tanto de conteúdos atitudinais quanto procedimentais. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Contudo, embora louváveis e ricas potencialidades, essas atividades deparam-se com limitações como, por exemplo, a falta de políticas públicas voltadas para o lazer nos municípios atendidos, bem como a falta de continuidade do trabalho com as questões geradas no decorrer das atividades, nas escolas. Entretanto, é importante ressaltar que as transformações sociais, a nível regional, podem ocorrer e o primeiro passo já foi dado. 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A QUESTÃO DO AMBIENTE Atualmente as questões sobre o meio ambiente se apresentam como um dos problemas urgentes a serem resolvidos nos novos tempos que se aproximam, a fim de que a vida do homem na face da terra seja preservada saudável, digna e produtiva. A leitura dessas questões realizada hoje em dia pela perspectiva da Ciência revela e destaca o aspecto das avarias e danificações físico-químicas sobre a natureza por interferências inadvertidas e até impensadas do ser humano. O ser humano sempre utilizou os recursos naturais em seu beneficio. Estes recursos sempre pareceram inesgotáveis e acessíveis a todos, mas com os abusos iniciados com a Revolução Industrial, acentuando-se nos séculos XIX e XX e o aumento populacional, provocaram mudanças nesta relação. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE Ribeiro (2001) nos apresenta que ao passo que o desenvolvimento sustentável tem como princípio conciliar crescimento e conservação ambiental, o seu conceito, por sua vaguidade, passou a servir a interesses diversos. De nova ética do comportamento humano, passando pela proposição de uma revolução ambiental até considerado um mecanismo de ajuste da sociedade capitalista (capitalismo soft), o desenvolvimento sustentável tornou-se III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 um discurso poderoso promovido por organizações internacionais, empresários e políticos, repercutindo na sociedade civil internacional e na ordem ambiental internacional. No que diz respeito a essa rentabilidade e lucro, ponderações necessitam ser feitas. Pellegrini Filho (1993) coloca o termo lucro como perigoso, pois tanto no turismo quanto no âmbito da preservação ambiental devem enfatizar mais o valor de uso que o de troca, e define estes valores de uso e troca, reportando-se a Gonçalves (1989), onde o primeiro privilegia o prazer e a utilidade que o artefato permite ao seu proprietário, e o segundo baseando-se na possibilidade de o artefato trocado por moeda ou por outro artefato, ser vendido. Completa ainda relatando que as disciplinas ecologia e economia parecem não se compreenderem, ou como o diz o autor parece haver um dialogo de surdos entre elas. Assim a ecologia se renderia ao valor de uso enquanto a economia se beneficiaria do valor de troca, mas deixa implícito que o mais acertado para o momento seria uma interação entre uso e troca, que poderia gerar benefícios para ambos os lados, se é que existem lados distintos. O que se sabe hoje é que toda esta preocupação com o meio, a procura aumentada, a atuação da mídia na venda destas idéias e o grande potencial turístico nesta área, associado à grande biodiversidade que o país possui e aos incentivos por parte do governo, vêm atraindo muitos investimentos ligados ao ecoturismo ou turismo ecológico, e as atividades de aventura, dentro do que se chama de turismo de aventura, passa a ser uma opção rentável para se desenvolver economicamente uma região. Observa-se a área, faz-se o levantamento de suas possibilidades, desenvolve-se um programa que ajude a trazer o turista para aquela região, com a melhoria do transporte, da rede hoteleira, enfim, organizase uma infra-estrutura que se acredita necessária para oferecer ao turista o máximo de conforto e de satisfação. O ecoturismo praticado no Brasil pode ser considerado uma atividade desordenada, impulsionada quase que exclusivamente, pela oportunidade mercadológica, deixando a rigor, de gerarmos benefícios socioeconômicos e ambientais esperados e comprometendo, não raro, o conceito e a imagem do ecoturismo. Considerando então as práticas de atividades de aventura a natureza, questões contraditórias também podem ser observadas. É considerável e, acredito, inegável a expansão destas atividades na escala nacional e mundial. Associada hoje ao que se denomina ecoturismo ou turismo ecológico, não desconsiderando os diferentes pontos de vista no que se refere à nomenclatura, mas achando que esta discussão não nos cabe no III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 momento, estas atividades buscam transmitir a idéia de sustentabilidade tão almejada, seja pela mudança de paradigma, pela idéia de falta em um futuro próximo ou simplesmente por modismo, ou seja, uma ruptura com as formas tradicionais de visitar a natureza, mostrando o interesse pela preservação dos ecossistemas e sustentabilidade da atividade, tomada inclusive como forma de viabilizar economicamente a própria preservação ecológica. Quando fazemos um recorte ressaltando as questões financeiras destas práticas, encontramos muitos valores que não condizem com a idéia preservação/conservação ou sustentabilidade colocadas nas propagandas. Por exemplo: muitas vezes a população local não é envolvida; os valores a serem pagos pela atividade não estão em ajuste com as reais condições da maioria da população brasileira, incluindo também pontos como o deslocamento e a permanência no local, preços de equipamentos, entre outros; modificações no espaço que retiram o “natural” ou acrescentam algo de “artificial” no espaço às vezes sem necessidade; acúmulo de visitantes em um mesmo espaço e muitos outros fatores que são justificados na intenção de gerar mais lucro. Estes fatores acima citados podem ser ainda observados sob outros parâmetros. Será que as questões financeiras envolvidas escondem um desequilíbrio ecológico ou realmente ajudam na manutenção deste? O desenvolvimento pessoal e social é realmente alcançado ou será defeito quando a moda passar? Sendo desfeito, quais as interferências desta re-transformação do que foi inicialmente modificado para atender a outras necessidades? Quais as interferências disto para o equipamento e para o próprio lazer? E para a administração local ou para o meio ambiente? REFERÊNCIAS GONÇALVES, Carlos Walter. Os (des) Caminhos do Meio Ambiente. São Paulo: Contexto, 1989. PELLEGRINI FILHO, Américo. Ecologia, Cultura e Turismo. Campinas: Papirus, 1993. RIBEIRO, Wagner Costa. A Ordem Ambiental Internacional. São Paulo: Contexto, 2001. _____________________ [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 CARACTERIZAÇÃO DA DEMANDA POTENCIAL POR ATIVIDADES DE AVENTURA EDUARDO GARCIA LEAL DE ALMEIDA BOLSISTA DO PET/UEM PROF. DR. GIULIANO GOMES DE ASSIS PIMENTEL UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CAROLINE FAMA SAITO BOLSISTA PIBICJR/CNPQ/UEM/FA RESUMO Esta pesquisa, do tipo survey, buscou caracterizar a demanda potencial e o interesse pela prática de atividades de aventura. É significativo o não-interesse, embora a maior parte da amostra tenha noção de quais são as principais atividades de aventura. No campo esportivo, pára-quedismo, surf e vôo livre são os mais citados e desejados, evidenciando uma afinidade entre conhecer e interesse. Citam como as características mais marcantes dos praticantes de esportes de aventura: possuir recursos econômicos; estar entediado com a rotina; e ter condicionamento físico. Ao imaginar essas características como realidade, as pessoas comuns tendem à auto-exclusão na prática das aventuras de lazer. INTRODUÇÃO Segundo Betrán e Betrán (1998), a partir dos últimos 20 anos as sociedades avançadas experimentam o auge de atividades de aventura no tempo livre com impactos econômicos, culturais, sociais e ambientais. Dada a possibilidade dos recursos não serem suficientes à demanda, inviabilizando um crescimento sustentável, se faz necessário identificar a demanda potencial (não-praticantes) e real (praticantes). É importante conhecer o aventureiro, ao mesmo tempo em que se identificariam os contornos para potencializar esse tipo entre futuros aventureiros de lazer. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 A presente pesquisa analisou a percepção de pessoas do cotidiano sobre as atividades de aventura, mensurando as manifestações mais conhecidas e desejadas, além da idéia que fazem sobre o perfil do aventureiro e dos ganhos (reais ou simbólicos) que este tem com seus lazeres. MATERIAIS E MÉTODOS Entre abril e junho de 2007, por meio de entrevista estruturada, foram inquiridas 207 pessoas com idades variantes entre 10 e 78 (idade modal 18 anos e média 34 anos), residentes em três cidades na região metropolitana de Maringá, norte do Paraná. RESULTADOS E ANÁLISE Entre a amostra, quando indagados sobre quais atividades de aventura conheciam, apenas 03,3% respondeu não conhecer nenhuma. Ao todo, foram lembradas 40 práticas corporais. As atividades de aventura mais conhecidas foram as ‘esportivizadas’: Pára-quedismo foi lembrado por 58,93% das pessoas. Na seqüência tem-se surf (53,14%), vôo-livre (52,17%), rapel (50,72%), skate (50,72%), trekking (42,51%), motocross (42,02%), balonismo (40,57%), rodeio (39,61%) e raffiting (32,85%). Em média cada pessoa recordou-se de 6,32 atividades. Quando questionados sobre quais práticas demandariam interesse, a ordem inicial de interesse se manteve com pára-quedismo (18,84%), surf (12,07%), vôo-livre (11,59%) e rapel (9,17%); sendo seguidos por balonismo (8,69%) e montanhismo (5,31%). Em estudo desenvolvido na região da Catalunha, as aventuras mais desejadas foram: ciclismo de montanha e escalada (terra), mergulho e jet ski (água) rope swing, pára-quedismo e vôo livre (ar), conforme Betrán (2003) e Betrán e Betrán (1998). Logo, se percebe que, mesmo existindo anseios comuns, a demanda por aventura é variável. Segundo a amostra, as características mais marcantes dos praticantes de atividades de aventura são: possuir recursos econômicos (17,01%), condicionamento físico (14,93%), estar entediado com a rotina (15,62%), ser turista, estar em férias (12,84%), personalidade desequilibrada (9,72%) e gostar do contato com a natureza (3,12%). Se forem enfocados os respondentes, vê-se que 23,1% das pessoas abordadas associam as atividades de aventura a dimensões privilegiadas, com a da juventude, em respostas do tipo possuir tempo livre e, principalmente, “condicionamento físico”. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Interessante notar que a média e mediana etária de quem se pronunciou a respeito do condicionamento coincide com 32 anos, enquanto aqueles que acreditam serem as atividades de aventura algo para pessoas não ocupadas com o mundo do trabalho (desocupados) estão na faixa dos 41 anos. Da mesma forma, há mais escolaridade superior e menor idade entre sujeitos com visão favorável ao lazer com aventura. Em relação aos benefícios supostos a esse tipo de esporte/lazer, as repostas mais recorrentes são: intensificação das emoções (30,83%), qualidade de vida (33,53%), sair da rotina (18,26%) e rejuvenescer (13,77). A respeito do suposto rejuvenescimento, observouse que a média etária do respondente foi de 40 anos, possibilitando intervir que as práticas de aventura apresentam o estereotipo de maior vitalidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em análise preliminar, os resultados apontam que a compreensão firma-se, sobretudo, no reconhecimento da desigualdade de acesso à prática. Esta é justificada em termos de condição econômica, antropomórfica e disponibilidade de tempo, fatores que em si remetem ao padrão consumidor jovem burguês dessas práticas. Enfim, a maior parte da população atenta a esse fenômeno não se afasta dele por ser preconceituosa em relação ao mesmo, mas por entender não se enquadrar nas condições concretas para sua fruição. Por fim, o estudo mostrou que o entendimento de atividade de aventura está majoritariamente circunscrito ao que é institucionalizado: os esportes e turismo de aventura. Por outro lado, em diferentes contextos é plausível encontrar novos dados e representações. Neste sentido, é recomendada a realização de estudos em outras regiões. REFERÊNCIAS BETRÁN, J. O. Rumo a um novo conceito de ócio ativo e turismo na Espanha: as atividades físicas de aventura na natureza In: MARINHO, A.; BRUHNS, H. T. (Orgs.). Turismo lazer e natureza. Barueri- SP: Manole, 2003, p. 182-189. BETRÁN, A. O.;. BETRÁN, J. O. análisis de la demanda potencial de las actividades físicas de aventura en la naturaleza em la ciudad de Barcelona. Apunts. Barcelona (España). n. 52, p. 92-102, 1998. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 _____________________ GEL – Grupo de Estudos do Lazer - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 CONTANDO A NOSSA HISTÓRIA - PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: ÊNFASE EM AVENTURA E LUDICIDADE PROFA. DRA. ELIETE MARIA SILVA CARDOZO PROF. MS. JULIO VICENTE DA COSTA NETO UNESA RESUMO O curso de Pós-Graduação em Educação Física Escolar: Ênfase em Aventura e Ludicidade tem como OBJETIVO especializar profissionais da Educação Física para o ensino e a pesquisa na área do jogo, da aventura e da ludicidade, do ensino infantil ao ensino médio. O jogo, a aventura e a ludicidade se configuram como princípio metodológico. São ministradas aulas práticas em todas as disciplinas da parte específica e os professores dessas disciplinas vão sugerindo no decorrer das disciplinas as atividades de aventura pertinentes ao conteúdo que está sendo desenvolvido, tais como: o arvorismo, a escalada, a corrida de orientação, o caiaque, o rapel e o trekking. Mesmo estando no oitavo mês de funcionamento do curso, tanto os professores quanto os alunos demonstram satisfação e interesse em continuarem os estudos e trabalhos que estão sendo desenvolvidos, procurando valorizar e divulgar o Esporte de Aventura da Escola. INTRODUÇÃO O curso de Pós-Graduação em Educação Física Escolar: Ênfase em Aventura e Ludicidade faz parte dos cursos de pós-graduação da Universidade Estácio de Sá, localizada na cidade do Rio de Janeiro. Iniciamos a nossa primeira turma em outubro de 2006 contando com 15 alunos e logo chegamos aos 22, que freqüentam as aulas com assiduidade. O curso tem a duração de 18 meses e a proposta foi elaborada compreendendo a Educação Física como componente curricular tem procurado desenvolver uma prática corporal que possibilite ao indivíduo ser educado para a vida, no sentido de favorecer-lhe a descoberta de múltiplas possibilidades de se expressar corporalmente, de forma crítica, no mundo. Consideramos que o corpo carrega em si as marcas culturais da sociedade em que está inserido, sendo de fundamental importância que, ao desenvolver o processo pedagógico em Educação Física, entendamos o movimento corporal como foco principal. O mundo do jogo é apresentado na trajetória real e imaginária, e a relação existente entre o sujeito e o III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 jogo remetendo a dois pontos importantes: o jogo como uma imagem constituída a partir de um conjunto de símbolos presentes na cultura e a relação do sujeito com o jogo pressupondo uma trilha imaginária. Essas duas situações estão relacionadas às questões da ludicidade e da aventura, partindo da idéia de que o mundo é explorado pelo indivíduo através do seu corpo e pouco a pouco ele vai interagindo com os diferentes símbolos e decifrando-os a seu modo. Esse jogo, que é real e imaginário, encaminha a ludicidade e a aventura. A ludicidade é entendida no viés de Duvignaud (1995), como uma brecha que se abre no interior do ser e desemboca num vasto campo de combinações possíveis, distintas da ordem comum. Em relação à aventura seguimos Le Betron (1996), quando nos diz que a aventura “desperta a infância: sonhos imemoráveis de partida, explorações impensáveis, explorações inusitadas contrapostas a batalhas imaginárias; desejo de se livrar de si para ascender à plenitude, à incandescência de existir” (p.10). Assim, jogo, aventura e ludicidade se configuram como princípio metodológico do curso. OBJETIVOS Especializar profissionais da Educação Física para o ensino e a pesquisa na área do jogo, da aventura e da ludicidade, do ensino infantil ao ensino médio. Aprofundar o conhecimento de diversas possibilidades de intervenção pedagógica da Educação Física Escolar. Subsidiar o profissional de Educação Física para planejar, executar e avaliar atividades de ordem prática do jogo, da aventura e ludicidade, considerando a diversidade do ambiente e dos alunos em que se dá a aprendizagem no ensino da educação básica. Propiciar investigações técnico-científicas e discussões sobre os aspectos didáticometodológicos do jogo, da aventura e ludicidade, possibilitando a produção de novos conhecimentos na área. MATRIZ CURRICULAR A nossa matriz curricular é composta de dois núcleos, o comum e o específico. O núcleo comum é partilhado com alunos de outros cursos e são elas: Redação e Textos Acadêmicos, Tecnologia da Informação e da Comunicação, Metodologia da Pesquisa. O III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 núcleo específico comporta as seguintes disciplinas: Fundamentos da Educação Física Escolar, Transversalidade da Educação Física Escolar, Didática da Educação Física, Inclusão no Contexto Escolar, Jogo e Imaginário Social, Jogos Populares e Cooperativos, Jogos de Corrida, Jogos na Sala de Aula, Ginástica, Dança, Badmington, Metodologia da Capoeira, Metodologia do voleibol, Metodologia do Futsal, Metodologia do Basquete, Metodologia do Handebol, Esporte de Aventura e Tópicos Especiais em Educação Física. METODOLOGIA Está centrada no aluno e no professor que assumem novos papéis neste processo. O aluno passa a ter novo perfil de comportamento: auto-disciplina, iniciativa para pesquisa e questionamentos. Obviamente, tais características são adquiridas a partir da convivência com o professor e com o grupo. Quando o aluno compartilha conhecimentos, posicionamentos e até sentimentos, quando participa com o grupo para a solução de um problema ou mesmo quando aprofunda um conhecimento, há um enriquecimento pessoal. A postura do professor exige permanente pesquisa, intimidade com o conhecimento a ser discutido, comprometimento, interesse e orientação da aprendizagem do estudante com vistas despertar o interesse pela busca de novos conhecimentos. São ministradas aulas práticas em todas as disciplinas da parte específica e os professores vão sugerindo, no decorrer das aulas, as atividades de aventura pertinentes ao conteúdo que está sendo desenvolvido, tais como: o arvorismo, a escalada, a corrida de orientação, o caiaque, o rapel e o trekking. RESULTADOS Chegamos ao oitavo mês do nosso curso contando com a ativa atuação dos professores e alunos. Durante esse período o grupo vivenciou algumas atividades de aventura, entre elas o arvorismo, a escalda, a atividade de orientação e a oficina de atividades de aventura. O arvorismo aconteceu no espaço Floresta Aventura, localizado no bairro do Joá, a escalada ocorreu no Campo Escola do Complexo de Escalada da Urca, a atividade de orientação e a oficina de vivência de atividades de aventura foram desenvolvidas no Campus da Universidade. Essas atividades foram vivenciadas, registradas através de fotografias e III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 relatos de experiências, e também foram elaborados planos de aula, contendo a reinvenção desses esportes de aventura para o contexto das aulas de Educação Física. CONCLUSÃO Mesmo estando no oitavo mês de funcionamento do curso, tanto os professores quanto os alunos demonstram satisfação e interesse em continuarem os estudos e trabalhos que estão sendo desenvolvidos. O grupo está participando do III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura, planejamos o envio de trabalhos para o FIEP – Rio e também para o FIEPFoz do Iguaçu, procurando valorizar e divulgar o Esporte de Aventura da Escola. REFERÊNCIAS CAILLOIS, R. O homem e o sagrado. Lisboa: Cotovia, 1998. CARDOZO, Eliete Maria Silva. Os sentidos da aventura no lazer de caminhantesperegrinos do Caminho do Sol. (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: PPGEF / Universidade Gama Filho, 2006. COSTA NETO, J. V. (2005). O jogo do jogo do futvôlei como lazer na praia de Copacabana no Rio de Janeiro (Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: PPGEF / Universidade Gama Filho, 2005. COSTA, V. L. de M. Esportes de aventura e risco na montanha: um mergulho no imaginário social. São Paulo: Manole, 2000. LE BRETON, D. L’aventure: la passion des detours. Paris: Autrement, 1996. _____________________ Julio Vicente da Costa Neto - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 CORPO, ALMA E ONDA ESP. MARÍLIA MARTINS BANDEIRA, CENTRO DE ESTUDOS SOCIOCULTURAIS DO MOVIMENTO HUMANO – USP ESTE ESTUDO CONTOU COM APOIO DO CNPQ PARA SUA REALIZAÇÃO RESUMO Este estudo relata a trajetória do surfista e os sentidos de uma prática esportiva na natureza. Na aquisição de gestos, na experimentação da ação, no apreender da lógica do surfe tornou-se essencial considerar a prática corporal da pesquisadora como instrumento para fixar o fenômeno investigado em texto. O OBJETIVO deste trabalho foi descrever no habitus surfístico a construção do valor de retorno do homem à natureza e sua relação com as sensações corporais do praticante. Concluindo que há sentidos atribuídos a este retorno que tangem a linguagem e que podem ser acessados na dimensão carnal da existência. E que, portanto, a consideração do corpo pesquisador pode ser um procedimento válido de pesquisa. INTRODUÇÃO Como parte de um estudo mais amplo da cultura do surfe, no qual investigamos o fenômeno social da busca da natureza para a prática esportiva, uma trajetória resumida como praticante (destacando a condição ideal de noviça) é apresentada aqui em consonância com a trajetória de pesquisadora (interpretação dos acontecimentos sociais próprios da realidade investigada). Inspirado na experimentação científica de Corpo e alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe, este estudo procurou retraçar uma “experiência pessoal de iniciação a um ofício do corpo”, e afirmar a necessidade de um esforço maior por parte das abordagens humanas em pesquisa para capturar o que o autor chama de “a dimensão carnal da existência”. OBJETIVOS III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 O objetivo geral deste trabalho foi descrever no habitus surfístico amador a construção do valor de retorno do homem à natureza e deste texto, em específico, sustentar a discussão iniciada por Wacquant (2002) sobre o desenvolvimento teórico-metodológico das relações entre sociedade, corpo e cultura na produção acadêmica. Tal como o autor, pretendemos com este estudo demonstrar a consideração não só teórica, mas metodológica e, ainda, retórica, do agente social e do pesquisador como possuidores de um corpo, mas que também o são (um corpo). Corpo sensível e significante que, até então, as ciências humanas acabavam por suprimir ao favorecer a esfera cognitiva das elaborações culturais e sociais. MÉTODO O fazer etnográfico foi o método deste trabalho e corresponde á observação participativa, engajamento total da pesquisadora na modalidade e experimentação de todas as fases do percurso surfístico, culminando com a capacidade adquirida de passar a rebentação sem ajuda e da execução do drop. Entendemos durante o trajeto investigativo a experiência corporal da própria pesquisadora como indispensável para a apreciação da prática do surfe. Nossa iniciação nesta modalidade foi, então, o meio encontrado para apreender esta dimensão dos aspectos materiais e simbólicos que se esperava descrever e analisar. RESULTADOS Aperfeiçoar a condição física, adquirir os gestos, sentir a dor da ação, o gosto do afogamento, as torções do caldo, a aspereza da areia, incorporar as representações de oceano, saber ler a onda, entender os ventos, experimentar a tática surfística, aprender na prática a lógica do surfe tornou-se essencial para fixar o fenômeno investigado em texto. Nossa decisão, por sua vez, foi tomada após o reconhecimento da presença no “outside” porção do mar, após a rebentação, na qual o surfista deve posicionar-se para ser impulsionado por uma onda antes que ela se quebre, o que permite sua surfabilidade como único meio aceitável de convivência com o grupo estudado, permitindo estruturar relações de respeito e confiança mútuos para possibilitar a realização do trabalho de pesquisa. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Ao expor nosso próprio organismo ao treinamento e entendimento do surfe, buscamos estruturar uma relação de identificação com os praticantes para acessar certos códigos de conduta interditados aos espectadores. Claro que há um trânsito de significados do surfe na praia e dos esportes na natureza na esfera social mais ampla, mas é inegável que somente depois da rebentação acontecem as ações mais fundamentais do surfe. Num primeiro momento, pensávamos que seria importante observar os surfistas no “outside” para registro, ouvir o que diziam uns aos outros e como se dava a interação entre eles. Mas o processo de aprendizado e de aquisição de autonomia para alcançar o “outside” por parte da pesquisadora, trouxe, ele mesmo, elementos centrais para a análise. No compartilhar da ação, no exercício social da atividade, surfando ao lado dos sujeitos pode ser conferido a nós um sentido de comunhão com o oceano muito particular construído pelos surfistas investigados. Talvez, de forma semelhante á que fez com que os balineses olhassem efetivamente para Clifford Geertz após a fatídica fuga da briga de galos, os surfistas passaram a trocar impressões conosco e a incluir-nos em situações antes inacessíveis, porta de entrada para as elaborações mais íntimas dos significados do surfe. Diz-se que é preciso saber dar um “joelhinho”, para passar a rebentação quando as ondas estão maiores, por exemplo. Mas, compreender que a importância do “joelhinho” como superação da ameaça da queda violenta da parede de água diretamente contra nosso corpo pela fusão com o fundo, seguida da liberação do mesmo propiciada pela flutuação do equipamento, é vislumbrar o sentido de interação com a natureza implícito nesta técnica corporal, que encontramos em nosso próprio corpo em apnéia, após inúmeras tentativas sufocantes, no fundo do mar. Saber mergulhar com a prancha por debaixo do turbilhão de água que se forma com o quebrar da onda sem ser arrastado por ela, ou seja, deslizar harmoniosamente sob a espuma revolta e ser impulsionado para adiante pelo empuxo é necessário para sentir-se à vontade com a ondulação incessante, submergindo e emergindo tranquilamente entre remadas até o ponto em que não somos mais acertados agressivamente pela água para descansar. E usufruir da técnica de equilíbrio, balançando suavemente sentados, com a prancha pressionada entre os joelhos, é possível contemplar o horizonte e a formação das ondas que chegam. Um retrato da praia e do cenário natural simbolicamente reservado aqueles que são bem sucedidos nesta empreitada corporal de retorno á natureza. O sol, os reflexos, as cores, vistas de um outro ângulo, outro lugar, o “outside”, que é o lugar do surfista, fabricam novas formas e leituras da realidade. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 CONCLUSÃO Encerrando, buscamos traduzir em linguagem antropológica uma compreensão dos sentidos, entendendo que foi imprescindível para a descrição das dinâmicas da prática do surfe, neste trabalho, estar depois da rebentação. E afirmamos a contribuição da dimensão corporal do pesquisador como mais um instrumento possível na investigação das lógicas da cultura corporal. REFERÊNCIAS GEERTZ, C. A interpretação das Culturas. Rio de janeiro: LTC, 1989. MAUSS, M. Técnicas Corporais. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo: Casac Naify, 2003. SPRADLEY, J. Participant Observation. San Francisco: Holt, Rinehart and Winston, 1980. WACQUANT, L. Corpo e Alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe. Rio de Janeiro: Relume Cumará, 2002 _____________________ [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 CORRIDAS DE AVENTURA: POSSÍVEIS FATORES DE ATRATIVIDADE E DEPENDÊNCIA MSDA. ELISANGELA BORTOLETTI DE OLIVEIRA UNIMONTE, SANTOS/SP. MS. FLÁVIO ANTÔNIO ASCÂNIO LAURO UNIFESP RESUMO A partir de observações, experiências e desta revisão bibliográfica sobre as provas de corrida de aventura (CA), questões relacionadas aos possíveis fatores externos (sócioambientais) e internos (fisiológicos) que envolvem e atraem os indivíduos para as CA começaram a emergir. Por que será que tantas pessoas (os atletas amadores) têm sido atraídas pelas corridas de aventura no mundo? E, por que será que também tantas pessoas são praticantes determinadas e assíduas (os atletas profissionais), mesmo sendo provas extremamente estressantes e exaustivas (física e cognitivamente)? INTRODUÇÃO As provas de corrida de aventura (CA), se iniciaram em 1989 na Nova Zelândia. No Brasil, a primeira corrida de aventura foi realizada em 1998: a Expedição Mata Atlântica (CAMPELLO, 2003). A maioria das provas de CA são formadas com quatro (4) competidores cada; sendo, em sua maioria, equipes mistas com uma mulher e três (3) homens. São competições de algumas horas e/ou alguns dias e que têm percursos que variam de 50 a 800 quilômetros com modalidades variadas, dentre elas: trekking, mountain bike, canoagem, técnicas verticais. O percurso é divulgado somente horas antes da prova e deve ser seguido por meio de mapas e bússolas (CAMPELLO, 2003). O OBJETIVO comum das equipes e que todos cruzem a linha de chegada e no menor tempo possível. Apesar das CA serem competições extremamente estressantes (física e psicologicamente), mesmo assim os atletas têm um enorme prazer em participar delas (MARINHO, 2001). OBJETIVO III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Verificar alguns dos possíveis fatores de atratividade das corridas de aventura. METODOLOGIA Nosso trabalho está pautado em uma revisão bibliográfica. RESULTADOS Pode-se perceber que esses possíveis fatores de atratividade podem estar relacionados à busca do risco, da aventura, dos desafios aos limites físicos e de habilidades, de acordo com Spink (2005). A aproximação com a natureza pelo simples prazer de estar em contato com ela; em muitas situações, pode levar as pessoas a práticas físicas arriscadas e perigosas, podendo colocar em risco a integridade física delas (MARINHO, 2001). Entretanto, as sensações de prazer, paz, encontro e relaxamento proporcionados pelo contato com a natureza parecem ser alguns dos principais atrativos para a prática das CA e outras atividades em ambientes naturais (BRUHNS, 1997; MARINHO, 2001). Outro fator relevante apontado por Antunes e colaboradores (2006), refere-se à possibilidade de alterações neuroquímicas causadas pelos exercícios físicos realizados durante a CA.; como o aumento da liberação do neurotransmissor beta-endorfina e dopamina, (analgésicos e antidepressivos) que são responsáveis por áreas do cérebro referentes ao prazer e a satisfação (HARTE, 1995; GOLDFARB, JAMURTAS, 1997). Ou ainda, a serotonina e a anandamida, os quais estão ligados ao relaxamento, prazer, calma e humor (DIETRICH , McDANIEL, 2004). Isso ajudaria a explicar como os atletas se superam constantemente nos treinos e em competições sem apresentarem “distúrbios de humor”. Já num estudo com maratonistas, que têm a prática excessiva da corrida, foi verificado um comportamento “compulsivo” destes indivíduos em relação ao exercício (ROSA et al., 2003). É possível que, o aspecto ambiental (ambientes abertos, de alta diversidade e com o contato direto com a natureza) e o tipo de prática que é a CA (arriscada, não monótona, em equipe e composta por diversas modalidades) influenciem o humor e atraiam estes indivíduos à prática. Conclusão – Não são muitos os estudos científicos que foram publicados sobre as CA (ANTUNES et al., 2006; TOWNES et al., 2004; SEJVAR et al., 2003; FOURNIER et al., 1998). Todavia, segundo o Atlas do Esporte no Brasil (DaCOSTA, 2005), existem III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 aproximadamente 23.000 praticantes de corrida de aventura no Brasil com cerca de 800 somente em São Paulo. Portanto, nosso trabalho tem procurado dar um passo importante para a evolução desta área tão rica que é a aventura; através desta revisão bibliográfica e de observações empíricas. REFERÊNCIAS ANTUNES, H., K. M.; ANDERSEN, M.L.; TUFIK, S.; DE MELLO, M.T.; O estresse físico e a dependência de exercício físico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, n. 5, set./out., 234-238, 2006. BRUHNS, H.T. Lazer e meio ambiente: corpos buscando o verde e a aventura. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 18, n. 2, p. 86-91, jan. 1997. CAMPELLO, L. Esportes de aventura. In: COHEN, M.; ABDALLA, R.J. (Org.). Lesões nos esportes: diagnóstico, prevenção, tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2003. p. 860-9. DaCOSTA, L. Atlas do esporte no Brasil: atlas do esporte, educação física, e atividades físicas de saúde e lazer no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2005. 832 p. DIETRICH, A.; McDANIEL, W.F. Endocannabinoids and exercise. Br J Sports Med, v. 38, p. 536-41, 2004. FOURNIER, P.E.; ROUX, V.; CAUMES, E.; DONZEL, M.; RAOUL, D. Outbreak of rickettsia africae infections in participants of an adventure race in South Africa. Clin Infect Dis, v. 27, n. 2, p. 316-23, 1998. GOLDFARB, A.H.; JAMURTAS, A.Z. Beta-endorphin response to exercise: an update. Sports Med, v. 24, p. 8-16, 1997. HARTE, J. L.; EIFERT, G.H.; SMITH, R. The effects of running and meditation on betaendorphin, corticotropin-releasing hormone and cortisol in plasma, and on mood. Biological Psychology, v. 40, p. 251-65, 1995. MARINHO, A. Lazer, natureza, e aventura: compartilhando emoções e compromissos. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 22, n. 2, p. 143-53, jan. 2001. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 ROSA, D. A.; MELLO, M.T.; FORMIGONI, M. L. O. S.; Dependência da prática de exercícios físicos: estudo com maratonistas brasileiros. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo SP, v. 09, n. 01, p. 01-06, 2003. SEJVAR J.; BANCROFT, E.; WINTHROP, K.; BETTINGER, J.; et.al.; Eco-Challenge Investigation Team. Leptospirosis in "Eco-Challenge" athletes, Malaysian Borneo, 2000. Emerg Infect Dis, v. 9, n. 6, p. 702-7, 2003. SPINK M.J.P.; ARGAKI, S. S.; ALVES, M. P; Da exacerbação dos sentidos no Encontro com a natureza: contrastando esportes radicais e turismo de aventura; Psicologia Reflexão e Crítica, 18(1), p. 26-38, 2005. TOWNES, D.A.; TALBOT, T.S.; WEDMORE, I.S.; BILLINGSLY, R. Event medicine: injury and illness during an expedition-length adventure race. J Emergency Med, v. 27, p. 161-5, 2004. _____________________ Elisangela Bortoletti de Oliveira – [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 ESCALADA ESPORTIVA E EDUCAÇÃO FÍSICA: EM BUSCA DO EQUÍLIBRIO FÍSICO – EMOCIONAL PROF. TANIA BROTTO HADDAD PROFª. MS. JANE ROLDAN PINTO DE LIMA UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES RESUMO A pesquisa mostra uma Educação Física com caráter humanista, preocupada com o desenvolvimento bio-psicossocial do homem pós-moderno. Na parte I foram abordados conceitos de Inteligência Múltipla e Emocional (a intrapessoal e a interpessoal), além das características da utilização do tempo livre do homem pós-moderno através dos esportes de aventura. O foco foi a Escalada Esportiva não competitiva. Na parte II, por sua vez, foi realizada a tabulação dos dados e, conclusões. INTRODUÇÃO A Escalada Esportiva faz parte do que hoje se conhece como esportes de aventura, ou esportes radicais. Trata-se de uma modalidade cada dia mais, praticada entre os brasileiros. Estamos na Era da Pós–Modernidade, em que o desenvolvimento tecnológico vem desvalorizando cada dia mais o trabalho em série quantitativo e valorizando o trabalho qualitativo, promovendo assim o surgimento de um conjunto de práticas corporais mais individualizadas e pouco competitivas – as quais envolvem novos valores que disputam com o esporte o uso do tempo denominado ócio ativo (SERRANO, 2000; BRUHNS, 1997). O corpo e a mente são partes inseparáveis de um mesmo ser. Logo, ambos têm que estar saudáveis, para que cada um faça bem a sua parte, ou seja, “Mente Sã em Corpo São). (BARBANTI, 2002). Na área da educação, as escolas buscam desenvolver nos alunos uma visão mais filosófica e social (CHAUÍ, 1995) , ou seja, o conceito de inteligência está se plurificando. O QI (Quociente de Inteligência), não é mais parâmetro para considerar um indivíduo inteligente ou não. Atualmente já se usam termos como Inteligências Múltiplas, Inteligência III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 intra/interpessoal e Inteligência Emocional (GARDNER,1994, 1995, 1998; GOLEMAN, 1995). Estas inteligências valorizam não só o raciocínio lógico – matemático, mas também o raciocínio emocional (GOLEMAN, 1995; GARDNER, 1995). O projeto dá ênfase às inteligências intrapessoal e interpessoal que seriam, respectivamente, a capacidade do indivíduo autoconhecer-se e relacionar-se, ou seja, a inserção do Eu e do Nós, o que pode ser desenvolvido por meio da escalada. OBJETIVOS Mostrar que a escalada esportiva não competitiva, dentro do esporte de aventura, tem condições de colaborar física e emocionalmente contribuindo assim para que cada ser humano encontre dentro dele sua verdadeira razão de ser Verificar o conceito de Inteligência Emocional e Múltiplas Identificar as dificuldades e benefícios físicos e emocionais dos escaladores e verificar se a escalada de alguma forma contribui para desenvolver a inteligência intrapessoal e interpessoal Relacionar os OBJETIVOs descritos acima. MATERIAL E MÉTODO Um questionário que aborda dados pessoais, questões específicas referentes à escalada (abertas semi-abertas e fechadas) foi aplicado a uma amostra de 23 indivíduos adultos com faixa etária entre 24 e 34 anos, sem distinção de sexo, praticantes de Escalada Esportiva de Dificuldade não competitiva Indoor e Outdoor, há pelo menos 6 meses. A aplicação foi feita individualmente. RESULTADO Os dados obtidos foram analisados quantitativamente e qualitativamente, de acordo com o tipo da questão e objetivos propostos. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 O motivo principal dos sujeitos pela Escalada Esportiva foi o fato de ser mais acessível à prática diária referente à localidade, pois se encontra próxima de São Paulo Houve ainda o desejo de superar os limites físicos e psicológicos. A Escalada esportiva exige menos equipamentos e menos tempo disponível como o montanhismo ou outras modalidades e os objetivos tornam-se visíveis e mais rápidos de serem atingidos (UVINHA, 2001). Considerando os benefícios emocionais respondidos na questão 9: “O que você sente Emocionalmente na escalada esportiva?:, ficou claro que há um desenvolvimento de capacidades introspectivas inteligência intrapessoal. O autocontrole e o autoconhecimento superaram as respostas Apontaram também que a escalada tem como benefício emocional a descarga dos problemas do cotidiano e melhora da concentração assim como a auto-satisfação. Desenvolvimento intrapessoal, e interpessoal, além da melhora do condicionamento físico foram expressos em mais de 50% das respostas, a capacidade de equilíbrio e controle corporal representou mais de 25%. CONCLUSÃO Conclui-se que é possível relacionar e interligar os conceitos Educação Física, Homem Moderno, Inteligências Múltiplas e Emocionais, ao esporte de aventura e à Escalada Esportiva. Pois, a mesma, além de desenvolver capacidades Intra e interpessoais, desenvolvem também capacidades necessárias para o equilíbrio físico e emocional Como um bem cada vez mais disputado no mundo moderno, o equilíbrio físico e emocional, por serem requisitos básicos geradores de oportunidades, fica a Escalada Esportiva como uma sugestão para se alcançá-los. REFERÊNCIAS Barbamti, V. J Esporte e Interação entre rendimento e saúde física. São Paulo: Manole, 2002. Bruhns, H. T. Lazer e Meio Ambiente. Revista Brasileira de Ciências do Esporte 18 (2): 86 – 91, 1997. Chauí, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995 III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Gardner, H. A Estrutura da mente. A Teoria das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. Gardner, H. Inteligência, Múltiplas– A Teoria na Prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. Gardner, H. Inteligência, Múltiplas Perspectivas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. Goleman, D. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva ltda – 39º ed., 1995 Serrano, C. A Educação pelas pedras: ecoturismo e educação ambiental. São Paulo: Chronos Comercial ltda, 2000. Uvinha, R. R. Juventude, lazer e Esportes Radicais. São Paulo:Manole, 2001. Veloso, A. F. A teoria das Múltiplas Inteligências & Distúrbios de Aprendizagem. Psicopedagogia: 14 (34), 1995. _____________________ Tania Brotto Haddad - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 INSERÇÃO E PERCEPÇÃO DO RISCO IMAGINÁRIO ENTRE ALUNOS DA 4˚ SÉRIE DA CIDADE DE SANTA MARIA DE JETIBÁ GRADUANDA NAYARA DE CASTRO VARGAS TONANE GRADUANDA ROMILDA BASILO DE SOUSA DE AGUIAR GRADUANDA ZIANE CRISTINA PIMENTA GOMES ESFA/NUAR RESUMO Este artigo buscou inserir as práticas das AFAN’s nas aulas de Educação Física, focando o risco imaginário. A pesquisa caracterizou-se como sendo qualitativa, tendo como procedimento a pesquisa de campo. Para isso, foram realizadas intervenções nas aulas de Educação Física ministrando assim aulas de Escalada e Rapel em diferentes espaços e através dos dados coletados a partir de entrevistas e questionários como alunos da 4˚ série, nos permitiram concluir que o risco imaginário influencia de modo positivo para a formação integral do aluno. INTRODUÇÃO Este artigo busca fundamentar estas Práticas de Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN’s) nas aulas de Educação Física, focando o risco imaginário. Nosso interesse nessa pesquisa foi devido ao fato de que nas escolas geralmente a quadra é pensada como espaço físico para as aulas de Educação Física. Acreditamos a partir de observações que alguns professores da rede municipal de Santa Maria de Jetibá não incluem as práticas das AFAN’s nas aulas de Educação Física, por não saberem ministrar o conteúdo proposto. Talvez o motivo dessa não apropriação das III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 AFAN`s nas aulas de Educação Física deve-se ao desconhecimento do professor no que se refere a questões pedagógicas e técnicas e, também ao pseudo risco inerente a esse conteúdo. Nossa problemática assim consistiu no seguinte questionamento: Como inserir as práticas de Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN’s) nas aulas de Educação Física, focando o risco imaginário em uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “São Luis” com alunos da 4° série? Assim, trouxemos como objtivo geral, inserir a prática de atividades físicas de aventura na natureza, focando o risco imaginário. Os objetivos específicos buscaram refletir sobre as AFAN’s e o risco imaginário como conteúdo nas aulas de Educação Física, levantamos junto aos alunos a questão do risco imaginário “existentes” nas AFAN’s, experimentamos a prática de atividades físicas de aventura na natureza, focando o risco imaginário, seus fatores influenciadores, suas possibilidades pedagógicas e seus fatores limitantes. METODOLOGIA Nossa pesquisa caracterizou–se quanto a sua natureza como sendo qualitativa, do tipo pesquisa exploratória e descritiva. O procedimento adotado foi pesquisa de campo. Para fazermos nossa pesquisa, fizemos nosso estágio em uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “São Luis” do município de Santa Maria de Jetibá, com alunos da 4ª série. Para a realização de coleta de dados foram utilizadas, primeiramente, técnicas específicas como, a entrevista coletiva com os alunos e, posteriormente questionários abertos, após as intervenções. Para análise dos dados coletados usamos a técnica da análise dos conteúdos. ANÁLISE DE DADOS Em um primeiro momento, foi aplicado um questionário concluímos que desenvolveríamos nas aulas de Educação Física as seguintes atividades físicas de aventura: A escalada e o rapel. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Com base em tais modalidades de aventura, iniciamos nossa intervenção, onde os alunos ao vivenciarem a escalada, relatavam as sensações 9 sentidas durante este processo. A insegurança no início da atividade foi sendo vendida por relatos de outros colegas que obtinham êxito, sendo destacado a aventura inerente à atividade. Essa aventura sentida é debatida por Le Breton (1996) apud Margotto et al (2006), que atribui a ela um caráter mágico no imaginário humano, apresentando-se carregada de uma percepção de riscos e de incertezas. A questão da superação do medo através da vivencia verificada nas falas dos alunos foi compreendida com a possibilidade de auto-superação implícita nessas atividades físicas, (COSTA, 2000). As sensações provocadas pelo novo, pela satisfação do êxito também foram verificadas nas vivencias e são debatidas por Marinho (2006) a qual relata que as AFAN`s possibilitam emoções dificilmente explicáveis, mais que podem ser verificadas pela ansiedade do praticante em experimentar outra vez aquela sensação. Essa atitude contrafóbica, segundo Le Breton (1995) apud Margotto et al (2006) seria a atitude em que o individuo, ao invés de evitar ou fugir de situações de risco, lança-se em sua direção. Trata-se de uma maneira refinada de lutar contra a angústia, atirando-se de encontro a ela. No dia 04 de abril de 2008, os alunos da 4° série, juntamente com o professor de Educação Física e a professora da turma, nos acompanharam a Santa Teresa, na Faculdade ESFA. Percebemos que na primeira intervenção o local utilizado foi adaptado para que os alunos pudessem ter a oportunidade de vivenciá-la na própria escola sendo um local conhecido por todos. Na segunda intervenção, porém, os alunos puderam vivenciar a atividade na rampa artificial, que por ser um local não familiar gerou uma certa insegurança em alguns alunos. Quando questionamos a sensação que eles haviam sentido na realização dessa atividade, todos disseram que gostariam de praticar mais vezes por ser uma atividade legal. Esse legal verificado em seus relatos pode ser compreendido devido segundo Santos (2006) ao fato dessas práticas estarem inseridas dentro de um universo lúdico, o qual faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana. 9 Segundo Costa (2000) sensação é lidar com a profundidade, com a vertigem, com a altura, com a imersão e com as pistas de variação das condições ambientais que a natureza fornece, exigindo uma produção de pensamento complexo por parte do praticante. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 As crianças percebem o risco real10 nas vivencias ao dizerem que o local era alto sendo, porém, o equipamento seguro e os monitores capacitados. Essa questão de segurança é debatida por Felipe (2005) afirmando que o risco pode ser controlado e aproveitado, sendo associado as características nessas práticas de lazer, proporcionando sensações, emoções e percepções que podem contribuir para uma formação integral quando bem direcionadas. (Margoto et. al, 2006). Quanto ao risco no espaço escolar destacamos que as AFAN’s são imprescindíveis para tal formação. Margoto et. al (2006) contribui dizendo que os praticantes das AFAN`s, ao defrontar-se com os desafios característicos desse tipo de prática como o risco (controlado), a proeza, a surpresa, as incertezas das conseqüências, a adrenalina; pode explorar toda a sua potencialidade fazendo uso de suas capacidades cognitivas, afetivas e sociais na busca da superação de situações-problema e limites. CONSIDERAÇÕES FINAIS O risco imaginário compreendido por muitos como um fator limitante para o desenvolvimento das AFAN’s nas aulas de Educação Física, pode contribuir quando bem direcionado, no processo educativo, reforçando nos alunos, valores e reflexões, uma vez que as sensações originadas dessas vivências desencadeiam reflexões e mudanças de atitudes que podem influenciar na sua formação integral. Dessa forma, o rapel torna-se um meio e não um fim do processo educacional, onde o educador atua como um interlocutor de suas sensações e emoções focando para debates direcionados visando abordar temas como a auto-superação, a questão do desafio dentre outros. É preciso salientar que a inclusão das AFAN’s enquanto conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de Educação Física faz-se relevante à medida que se propõe dar novos significados ao universo da Cultura Corporal. 10 O risco real existe, mas é superado através de equipamentos, normas de segurança e profissionais capacitados, isto é controlado, por maior o risco que exista em uma prática de Rapel ao ar livre, o mesmo pode ser superado se seguirmos normas de segurança. (Costa, 2000) III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 REFERÊNCIAS COSTA, V. L. de M. Esporte de aventura e risco na montanha: um mergulho no imaginário. Barueri: Manole, 2000. FERNANDES, L. G. Práticas Corporais de Aventura na Natureza: Reflexões quanto à formação didática – pedagógica. 2006. Monografia (Educação Física com licenciatura Plena) – ESFA, 2006. FELIPE, G. R. Atividade física de aventura na natureza: Sensações, emoções e possibilidades educativas do grupo de excursionismo da ESFA. 2005. Monografia (Educação Física com licenciatura plena) – ESFA, 2005. MARGOTO, G. T. Práticas corporais de aventura na natureza e o risco imaginário: Reflexão na Educação Física Escola. 2006. Monografia (Educação Física com licenciatura Plena) – ESFA, 2006. MARINHO, A; BRUNHS, H. T. Viagens, lazer e esporte: o espaço da natureza. Barueri; Manole, 2006. SANTOS, G. R. Os aspectos educacionais do rapel. 2006. Monografia (Educação Física com licenciatura plena) – ESFA, 2006. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 LAZER, MEIO AMBIENTE, POLÍTICAS PÚBLICAS: AÇÕES DESENVOLVIDAS PELA PREFEITURA MUNICIPAL DE VIÇOSA-MG GRADUANDA DANIELA GOMES ROSADO GRADUANDA VALDILENE ALINE NOGUEIRA GRADUANDA MARIE LUCE TAVARES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFV PROF. MS. SAMUEL GONÇALVES PINTO FACULDADES SUDAMÉRICA RESUMO Ao longo do ano de 2006 foram realizadas ruas de lazer na cidade de Viçosa-MG. Esses eventos foram realizados em cada bairro da cidade, por iniciativa da prefeitura Municipal de Viçosa juntamente com o SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto, ainda havia o apoio de atores locais e acadêmicos do curso de Educação Física. O objetivo dessas intervenções era a conscientização da população quanto ao uso racional dos recursos advindos do meio ambiente, através de vivências lúdicas. INTRODUÇÃO No decorrer das ultimas décadas, as discussões sobre as políticas públicas de lazer também vêm ganhando destaque como temática ligada aos debates sobre cidadania, participação popular, reivindicações sociais e como uma possibilidade de contribuição na superação das desigualdades sociais. Em geral, as discussões sobre as políticas de lazer emergem agregadas aos projetos anunciados e desenvolvidos para o setor esportivo. No entanto, apesar da reivindicação a participação popular nas ações governamentais de esporte e lazer é relativamente pequena, já que essas questões se apresentam, ainda, em posições secundárias frente a outras esferas da vida social como a moradia e saneamento. Pensar o Lazer enquanto direito social é pensar o mesmo enquanto constituinte de Políticas Públicas, parte do cotidiano do indivíduo, entendido como necessidade, como prática de livre escolha, relacionado a liberdade, a democratização e principalmente a acessibilidade. O objetivo do Programa “Ruas de Lazer SAAE” foi de incrementar e diversificar as opções de lazer, a partir da potencialização do sentimento de pertencimento do indivíduo com o meio, com sua realidade social. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 O Programa se constituía em ações desenvolvidas em diferentes pontos do município, no período de fevereiro a dezembro de 2006. Atendendo a diferentes faixas etárias, com atividades temáticas, desenvolvidas através de um planejamento periódico, por uma equipe pedagógica. Os temas geradores dos eventos, eram relativos a questões que permeassem o manejo e conservação do meio, em espaços públicos, democratizando e possibilitando o acesso a opções lúdicas diferenciadas. As ruas de Lazer ocorriam em praças públicas ou em pátios de colégios estaduais e municipais, e a estrutura era montada contando com a criatividade dos colaboradores, devido a escassez de recursos, a estrutura para realização era organizada através da criatividade dos organizadores. O evento contava com: palcos, que ocorriam shows e teatros relacionados à questão ambiental, estande de pintura de rosto, quadras de voleibol e peteca, espaços de leitura, espaço de pintura à mão, espaços para jogos tradicionais e estafetas. LAZER, MEIO AMBIENTE, POLÍTICAS PÚBLICAS Para Marcellino (1987), o lazer vem ganhando grande espaço nas últimas décadas como problema social e como objeto de reivindicação, ligados à qualidade de vida nas cidades, e ao mesmo tempo “não vem sendo acompanhada pela ação do poder público com o estabelecimento de políticas setoriais na área devidamente articuladas com outras esferas de atuação, vinculadas com as iniciativas espontâneas da população e com parcerias junto à iniciativa privada”. O autor pondera que “as diretrizes gerais de uma política municipal de lazer não podem se restringir apenas a uma política de atividades, mas contemplar também questões relativas à formação e reciclagem de quadros para atuação, os espaços e equipamentos, e critérios de ordenação do tempo.” Há, portanto, na atualidade, um amplo arco de políticas, articuladoras de um expressivo contingente de atores e recursos, contemplando a família. Essas políticas, por sua vez, assumem não só a forma de provisão de benefícios e serviços, mas também de tributos, seja para arrecadar recursos, e criar fundos públicos, seja para promover subsídios e isenções físicas; de leis ou normas referentes ao casamento, divórcio, comportamento sexual, controle da natalidade, aborto; e de segurança social, relacionadas à saúde, à educação, à habitação e ao emprego. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 A articulação entre lazer, meio ambiente e a questão da política se fazem presente no nosso cotidiano de modo a possibilitar ou impedir relações entre os indivíduos, onde através de intencionalidades diversas a ocorrências das vivências vão sendo traçadas, interferindo na realidade na qual os indivíduos se inserem. A relação entre Consumo e Lazer, fornece impactos diretos no cenário e nas relações entre os indivíduos. Interesses clientelistas podem colocar em risco a potencialidades do contato das pessoas com o meio ambiente. O problema é que espaços e opções mais democráticos como praças, parques, ruas de lazer e festas populares não são privilegiados. Aí é que entra a questão, essa carência pode ser diminuída através de políticas publicas de lazer, ou seja, atos que o governo faz ou deixa de fazer, e os efeitos que a implantação ou ausência destas provocam na cidade. Ressaltando nessas políticas, a ligação existente entre lazer e educação, ou seja, as vivências de lazer produzindo e ressignificando sentidos, contribuindo para o aprendizado a partir de possibilitar inserção de valores e atitudes, influenciando na dinâmica da sociedade onde o mesmo se insere. Durante esse trabalho, percebeu-se a que a agregação das questões do meio ambiente e vivências lúdicas a partir das ações do Departamento de Esportes da Prefeitura Municipal de Viçosa –Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Patrimônio, geraram resultados satisfatórios no que se refere a reflexões sobre o tratamento do espaço público. REFERÊNCIAS BRUHNS, Heloisa Turini. Meio Ambiente. In: GOMES, Christianne Luce (org). Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte, 2004, p. 152 – 158. LINHALES, M. A.(Orgs.) Sobre lazer e política. Maneiras de ver, maneiras de fazer. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006, MARCELLINO, N. C. Lazer e Educação. Campinas, SP: Papirus, 1987. MELO, V. A. Lazer, Meio Ambiente e Envolvimento Comunitário. XI Encontro Nacional de Recreação e Lazer. Foz do Iguaçu, 1999. _____________________ Email: [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: A PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA GRADUADA MARIA EUNICE DE PAIVA FREITAS PROF. MS. SAMUEL GONÇALVES PINTO FACULDADES SUDAMÉRICA PROFA. MS.FABIANE APARECIDA SILVA BORTONE – UFV RESUMO A questão central do presente estudo é investigar a forma como os alunos do curso de licenciatura em Educação Física, perceberam o tratamento da questão do meio ambiente nas aulas de educação física escolar. A forma como esses atores sociais percebem a relação entre meio ambiente e Educação Física durante sua formação acadêmica pode refletir de maneira significativa na sua atuação profissional, revelando a partir de sua prática valores e atitudes frente a questões relativas a manejo e conservação do meio. A INTERFACE MEIO AMBIENTE - EDUCAÇÃO FÍSICA Atualmente as questões sobre o meio ambiente se apresentam como um dos problemas urgentes a serem resolvidos nos novos tempos que se aproximam, a fim de que a vida do homem na face da terra seja preservada, saudável e produtiva. A leitura dessas questões realizadas hoje em dia revela e destaca o aspecto das avarias e danificações sobre a natureza por interferências inadvertidas e impensadas do ser humano. Nos últimos anos a necessidade de resolver os inúmeros problemas ambientais, gerou-se propostas diferenciadas, partindo de atitudes corretivas até preventivas, passando por uma abordagem da consciência ambiental que inter-relaciona conhecimentos de ecologia, economia, espiritualidade, ética e educação. Torna-se necessário que a população adquira consciência e compromisso de mudanças de atitudes e de valores, sendo capaz de gerar oportunidades de vivenciar experiências significativas e prazerosas, além da possibilidade de poder experimentar novas percepções e sensações atreladas ao meio natural, experiências estas que podem interferir nos níveis qualitativos da vida (TAHARA, 2006). Se tratando dessa busca por mudança de atitudes e inserção de valores, a educação ambiental tem-se III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 mostrado como um instrumento de ensino nas escolas. A questão do meio ambiente segundo PCN’S-Parâmetros Curriculares Nacionais, deve ser tratado como Tema Transversal, ou seja, fazendo parte do planejamento das diferentes disciplinas do currículo escolar. METODOLOGIA Fizeram parte da amostra do estudo 25 estudantes do 5º período, do curso do educação física de uma instituição privada de ensino superior, matriculados na disciplina Estágio Supervisionado na Escola. A referida disciplina consiste no acompanhamento por parte do estudante das aulas de educação física numa escola pública de ensino fundamental e médio, ministradas por um professor habilitado na área. O curso de educação física dessa instituição oferece habilitação em Licenciatura, tendo o início de suas atividades em fevereiro de 2002. Foram aplicados questionários semi-estruturados aos estudantes, no mês de dezembro de 2007, momento onde o estágio tem seu término. Esse instrumento foi aplicado no último dia de aula da disciplina como parte do processo avaliativo da mesma. Com os dados encontrados, estabelecemos uma relação com a literatura na área de Meio Ambiente, Educação e Educação Física. RESULTADOS A apreciação dos dados permitiu a sistematização de três categorias de.análise: Planejamento do Professor – didática de ensino, conteúdos trabalhados, Relação entre educação física e meio ambiente e Relação entre a aula de educação física, as outras disciplinas do currículo escolar e Meio Ambiente. Na primeira categoria detectamos que grande parte dos alunos não percebem um planejamento estruturado por parte do professor, percebendo a inexistência de ligação entre as aulas, o tratamento da educação física como pressupostos de performance e rendimento, a separação entre meninos e meninas nas atividades e o tratamento da disciplina com um fim em sim mesma, ou seja, sem relação com questões travadas na sua relação com a sociedade. No que se refere à segunda categoria, detectamos a ausência do tratamento dessa temática nas aulas do professor. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Como o planejamento do professor era desprovido de uma reflexão dentro do seu próprio objeto de estudo, o mesmo, não a relacionava com as outras áreas do conhecimento. Sendo relatado pelos alunos que existiam na escola atividades de outras disciplinas relacionadas à questão do meio ambiente, tais como: feiras, palestras e exposições de cartazes. CONCLUSÕES Podemos perceber no estudo que a ligação entre meio ambiente e educação física na escola se mostra de maneira discreta e desprovida de um planejamento estruturado e sem objetivos bem definidos. O professor em questão estabelece o seu planejamento voltado diretamente para os aspectos técnicos dos esportes, não estabelecendo uma relação com as situações cotidianas do aluno, minimizando a possibilidade do aluno relacionar o fenômeno esportivo com as mudanças na sociedade. Esse trabalho deve ser pautado de intervenções nas diferentes áreas do conhecimento, mediante um planejamento da escola e não em ações isoladas, possibilitando as trocas de experiências entre as disciplinas, professores e alunos, estabelecendo uma ligação entre os diferentes enfoques necessários a serem dados no tratamento da questão do meio ambiente. É possível, com este estudo percebermos a necessidade do trabalho entre meio ambiente e educação física bem como repensar o comportamento do profissional de educação física nas instituições de ensino fundamental e médio, bem como refletir sobre a formação no ensino superior, questionando até que ponto as disciplinas da grade dos cursos de graduação contemplam o tratamento desse tema nas unidades didáticas. REFERÊNCIAS CRUZ, M. C. M. T. Para uma Educação da Sensibilidade: a experiência da Casa Redonda Centro de Estudos. Dissertação (mestrado) Escola de Comunicações e Artes/USP. São Paulo, 2005. REIGOTA, M., (1999), "Uma educação ambiental pós-moderna". Cortez Editora, 167 p., São Paulo. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília . MEC-SEF, 1997. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 TAHARA, A. K; DIAS, V. K; SCHWARTZ, G. M. A aventura e o lazer como coadjuvantes do processo de educação ambiental. Pensar a Prática 9/1: 1-12, Jan./Jun. 2006 Tema Transversal: meio ambiente/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília . MEC-SEF, 1997. _____________________ [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 O COLÉGIO SION DO RIO DE JANEIRO, REINVENTANDO OS ESPORTES DE AVENTURA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA. MS. COSTA NETO, J. VICENTE – COLÉGIO SION MS. SANTOS, SIDNEY – COLÉGIO SION. EDNEY, FELIPE M. MARTINS. GRADUANDO UNESA RESUMO O Colégio Sion é uma tradicional instituição educacional que presta serviços na cidade do Rio de Janeiro. A educação, a exemplo do que pregava o fundador da Congregação, Padre Théodore Ratisbonne, continua sendo instrumento para os jovens adquirirem o conhecimento necessário dos verdadeiros valores humanos e cristãos, em especial o acolhimento do "outro", sem discriminações. No decorrer deste ano a Educação Física, no segmento da educação Infantil, está desenvolvendo suas aulas fundamentadas nas atividades de aventura. A reinvenção dos esportes de aventura acontecem na quadra esportiva, utilizando cordas para a construção de várias estações de arvorismo , tais como a falsa baiana, travessia de toras, travessia de cordas, equilíbrio com corrimão, a escalada com as estações de escada de quebra peito e escada com pneus para ascensão. O presente estudo se propõe a demonstrar o caminho que os esportes de aventura percorrem para serem reinventados nas aulas de Educação Física. Apresentaremos a realidade do colégio, o entendimento que se tem sobre o esporte educacional, o esporte de aventura e a educação infantil. O Colégio Sion, com mais de cem anos no Brasil é uma tradicional instituição educacional que presta serviços na cidade do Rio de Janeiro. A educação, a exemplo do que pregava o fundador da Congregação, Padre Théodore Ratisbonne, continua sendo instrumento para os jovens adquirirem o conhecimento necessário dos verdadeiros valores humanos e cristãos, em especial o acolhimento do "outro", sem discriminações. O esporte desenvolvido no contexto da escola, também chamado de esporte educacional, deve contribuir para o processo educativo de formação dos jovens, uma preparação para o exercício da cidadania, que tem caráter formativo; é baseado em princípios educacionais, segundo Tubino (dicionário do Esporte, 2007, p.41): Inclusão, participação, cooperação, co-educação, co-responsabilidade. Os esportes de aventura, por sua vez, são concebidos como diversas práticas corporais realizadas junto à natureza, que representam formas alternativas e criativas de expressão humana. Neste sentido, tais esportes podem se tornar um meio privilegiado para se III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 trabalhar a motricidade das crianças e de contribuir com mudanças de valores e atitudes referentes ao lazer e aos ambientes naturais. O arvorismo foi uma das atividades reinventadas para as nossas aulas. Este esporte de aventura teve início com a dificuldade de biólogos em estudar a fauna e a flora que habitam as copas das árvores. Começou como uma verdadeira escalada nas árvores, utilizando as técnicas cada vez mais avançadas e inventadas por escaladores. A escalada, outro esporte de aventura utilizado, que consiste em progredir por uma parede de rocha utilizando somente os apoios naturais (agarras) da pedra, com equipamentos específicos da atividade usados para proteger em caso de uma queda. No processo de desenvolvimento humano, o aspecto motor se revela principalmente através de mudanças no comportamento motor. Uma variedade de fatores cognitivos, afetivos e motores influenciam e são influenciados pelo desenvolvimento das habilidades de motoras. A marca característica da criança é a intensidade da atividade motora e a fantasia. O conhecimento do mundo na primeira infância depende das relações que a criança vai estabelecendo com o outro e com os objetos que a cercam. Por isso, sugere-se que a aula de educação física deva ter como OBJETIVO aprimorar a estruturação espacial, a orientação temporal das crianças, pois através de determinadas atividades a criança tem a possibilidade de se locomover e conhecer o espaço, utilizando esses conhecimentos no futuro, para situações da vida real. Assim, a Educação Física na educação infantil deve contribuir com situações que levem as crianças a agir e a se relacionar com o ambiente, pois é através dessas experiências que elas irão se constituir como sujeito. A Educação Física no decorrer deste ano está desenvolvendo suas aulas através da reinvenção das atividades de aventura, utilizando o alambrado, tela que cerca o espaço da quadra esportiva, para montar, com cordas, várias estações de arvorismo. Assim, as crianças têm oportunidade de percorrer o trajeto da falsa baiana, uma estação que consta uma corda esticada aproximadamente a uns cinqüenta centímetros acima do solo e uma outra acima da altura das crianças. A segurança é feita pelo professor que acompanha cada criança e no chão são colocados colchões, para amortizar as possíveis quedas. Entendemos que por ser um equilíbrio acima do solo, algumas crianças ficariam com medo, mas para a nossa surpresa, elas superaram as expectativas e, a partir daí, começamos III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 a elaborar novas estações, como: o equilíbrio com corrimão, a travessia de cordas e a travessia de toras. Como este trabalho está sendo construído a partir das vivências das crianças, as estações vão surgindo de acordo com a criatividade, aceitação e interesse das próprias crianças e dos professores. Neste sentido, ainda são oferecidas a travessia de pneus e a travessia da ponte com uma escadinha. Para que as crianças vençam seus medos e superem os obstáculos, a escalada é trabalhada de maneira que elas tenham que subir uma escada de quebra-peito, fixada na haste do basquetebol, construída com cordas e degraus de madeira. As crianças fazem ascensão utilizando as técnicas da escalada como a negativa e a positiva. Outra estação de escalada é a ascensão com pneus, uma corda é lançada na viga do ginásio e a partir dela monta-se uma escada com pneus, para que as crianças executem as mesmas técnicas de subida e de descida. Concluímos que os esportes de aventura ao serem trabalhados nas aulas de educação física do Colégio Sion, levam os alunos a situações de desafio que com o desempenho dos mesmos os direcionam aos momentos de superação e elevação de auto-estima. Neste mesmo foco os Parâmetros Curriculares Nacionais ajudam no desenvolvimento global do aluno, na formação cristã, cidadã e crítica do aluno Sionense. REFERÊNCIAS CAILLOIS, R. O homem e o sagrado. Lisboa: Cotovia, 1998. COSTA NETO, J. V. (2005). O jogo do jogo do futivôlei como lazer na praia de Copacabana no Rio de Janeiro (Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: PPGEF / Universidade Gama Filho, 2005. Digital, Buenos Aires, ano 10, n. 88, set/2005. Disponível em: http://www.etdeportes.com, acesso em 27.abr.2008. MARINHO, ALCYANE E SCHWARTZ, GISELE MARIA. Atividades de aventura como conteúdo da educação física: reflexões sobre seu valor educativo. Revista _____________________ Julio Vicente da Costa Neto - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 O CONDUTOR DE ESPORTE DE AVENTURA NO BRASIL: IDENTIDADE, SABERES E COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS A SUA ATUAÇÃO PROFISSIONAL. JAIRO ANTÔNIO DA PAIXÃO VERA LUCIA DE MENEZES COSTA LIRES – LEL – PPGEF/UGF RIO DE JANEIRO – BRASIL RESUMO A prática de esporte de aventura suscita pré-requisitos específicos se comparado com àquelas relacionadas às modalidades de esporte ditas convencionais (como as modalidades de esportes coletivos, natação, tênis dentre outras). Dentre essas especificações encontra-se o fator de risco que requer uma série de procedimentos de seus praticantes como a manutenção de sua integridade física e mental, o condicionamento físico, o desenvolvimento de habilidades necessárias à modalidade de aventura em questão e estratégias que visem ainda à preservação do meio ambiente. Este fato somado à indefinição do tipo de formação e competências necessárias à atuação do profissional que conduz as práticas de esporte de aventura e risco na natureza no Brasil. Ao focalizarmos tal problemática no âmbito do esporte de aventura no Brasil, constituem-se objetivos desse trabalho que se encontra em execução: analisar o processo de construção da identidade profissional dos condutores de esportes de aventura no Brasil; identificar as competências e saberes necessários à atuação profissional dos condutores de esportes de aventura; conhecer como se dá de fato, a apreensão por parte desses profissionais, do conhecimento necessário para a sua atuação como condutores desta especialidade de esportes. Ou seja, seu processo de formação. INTRODUÇÃO O surgimento de novas modalidades de atividades físicas é um fenômeno que vem se dando num ritmo acelerado tanto em ambientes urbanos como em rurais. No entanto, aquelas modalidades ligadas à natureza crescem numa proporção maior devido a diferentes fatores: a necessidade de o homem afastar-se do estresse das grandes cidades; a ruptura com os esportes convencionais olímpicos e aqueles veiculados pelo esporte espetáculo; a retomada do espírito aventureiro que encaminha o homem a um ambiente selvagem, carregado de incertezas, permitindo-lhe jogar com as chances de conquistar, jogar com as adversidades; a íntima ligação com a lógica atual da sociedade, que interage diretamente com o aumento da incerteza política, econômica, social e cultural; o desenvolvimento tecnológico que proporcionou mais segurança e a vivência da ousadia; e a emergência de III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 um sentimento ecológico e de preservação da natureza como condição de sobrevivência no planeta (COSTA, 2000; 2007). A prática das diversas modalidades de esporte de aventura coloca os praticantes numa maior situação de risco se comparado com o esporte convencional (peculiaridade esta que lhe dá o status de esporte de risco calculado). Assim, ao se considerar a inexistência, no Brasil, de um perfil do profissional que atua no âmbito do esporte de aventura, incluindo o tipo de formação e ou habilitação do mesmo, bem como as implicações e especificações que perpassam o processo ensino aprendizagem das modalidades de esporte de aventura nos leva a enveredar pelo caminho de uma investigação. OBJETIVOS • Analisar o processo de construção da identidade profissional dos condutores de esportes de aventura no Brasil. • Identificar as competências e saberes necessários à atuação profissional dos condutores de esportes de aventura. • Conhecer como se dá de fato, a apreensão por parte desses profissionais, do conhecimento necessário para a sua atuação como condutores desta especialidade de esportes. Ou seja, seu processo de formação. METODOLOGIA O presente estudo será desenvolvido de acordo com os princípios e características de uma abordagem qualitativa de pesquisa. O design metodológico assemelha-se aos estudos do tipo survey, além de ser um estudo descritivo de natureza qualitativa, na medida em que se constitui numa espécie de diagnóstico sobre as variáveis formação, tempo de atuação e experiência na atividade, a compreensão de risco e de segurança, os principais motivos que influenciam os indivíduos a aderirem e a permanecerem orientando profissionalmente as atividades esportivas na natureza e os saberes necessários para tal finalidade. Este momento da pesquisa objetiva conhecer a realidade a partir das informações dos atores envolvidos diretamente no III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 processo educacional e de condução das atividades. Desta forma se descreve o status atual do ponto de vista desses atores. Para os fins específicos de desenvolvimento desta pesquisa, a população será constituída por condutores dos sexos feminino e masculino, atletas ou não de uma das modalidades praticadas na natureza, que realizam esse tipo de intervenção regularmente em grupos situados na cidade de Governador Valadares, MG que oferecem a possibilidade de aprendizagem e/ou de prática continuada de tais atividades físico-esportivas na natureza. O tamanho da amostra será arbitrado pelo pesquisador, não havendo a pretensão de se assegurar uma dimensão de modo a torná-la representativa da população alvo. Este fato se justifica pela inexistência de informações confiáveis sobre o número de pessoas atletas ou não atletas condutores da atividade, independentemente da faixa etária. Portanto, o tamanho da amostra será dimensionado de modo a viabilizar sua estratificação em termos de gênero e tipo de organização a que servem. Os resultados encontrados serão analisados de forma descritiva através do uso de ferramentas estatísticas. ÂMBITO DO ESTUDO Através de observações empíricas e da literatura que trata desta temática, percebe-se que não há no Brasil um curso de formação especifica para o profissional que conduz o esporte de aventura como ocorre, por exemplo, com a Educação Física. Como afirma Costa (2005), “esses condutores se autoformam ou recebem um curso de mínima duração de algumas confederações esportivas ou de associações internacionais certificadoras. Ou seja, não temos formação oficial a oferecer para essa especificidade”. A análise de modalidades de esporte de aventura praticadas no Brasil revela que durante um tempo considerável aspectos ligados ao tipo de formação do condutor esportivo de aventura não constituiu preocupação no contexto da formação profissional em Educação Física, no âmbito acadêmico-cientifico ou ainda por órgãos representativos da referida área do saber. Recorre-se à Educação Física pela sua vinculação histórica com o esporte, e o fato, no Brasil, dessa prática física, estar sob a responsabilidade de um profissional da referida área. Note-se que o processo ensino aprendizagem e as discussões referentes às dimensões que perpassam o esporte mantém-se por longos tempos atrelada à referida área do conhecimento. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Não há dúvidas que o aprendizado do trabalho docente não passa somente pela formação acadêmico-profissional na qual são fornecidos conhecimentos teóricos e técnicas para o exercício da docência. Tardif e Raymond (2000), explicam que, além dos referidos conhecimentos, as experiências (práticas) diretas com o fazer do próprio trabalho são fundamentais, pois é nesta instância que serão aprendidos e produzidos saberes práticos essenciais ao exercício da prática profissional. Um outro aspecto a ser considerado sobre a atuação do condutor de esportes de aventura, que não possui uma formação especializada, é a relação que se estabelece entre conhecimentos acadêmicos e as práticas docentes estabelecidas (ou não) por esses indivíduos. RESULTADOS E CONCLUSÃO Trata-se de uma pesquisa de doutoramento que se encontra em fase inicial. Tal fato não nos permite ainda uma apresentação definitiva dos resultados e conclusão. REFERÊNCIAS Costa, V. L. M. (2007). Aventura e risco na natureza: Símbolos e mitos presentes nos discursos do ecoturismo esportivo. In A. C. P.C. Almeida & L. P. Costa (Eds.). Meio ambiente, esporte, lazer & turismo. Rio de Janeiro: Editora Gama Filho. Tardif, M. & Raymond, D. (2000) Saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no magistério. Revista Educação e Sociedade, Campinas, 73 (21) 209-244. _____________________ Jairo Antonio da Paixão - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 O SKATE ASSOCIADO ÀS DIMENSÕES EDUCACIONAIS PROF. MS. IGOR ARMBRUST UNICASTELO – UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO RESUMO Os esportes radicais estão sendo cada vez mais abordados em cursos e palestras devido ao interesse dessas novas práticas que surgem como meio de lazer, esporte e educação. Todavia, há um despreparo profissional para atender essas atividades, o que dificulta implantar tais práticas nos âmbitos educacionais. Como é o caso do skate que se observa um crescimento no número de praticantes, mas que a atividade em si é pouco vista dentro das escolas. É necessário respeitar as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais para que o ser humano possa se desenvolver socialmente e experimentar diferentes estímulos motores. Este artigo possibilitou refletir sobre as ações emergentes que tanto os graduandos e profissionais de educação física precisam se atentar às novas práticas corporais e quanto às universidades necessitam reformular suas grades e oferecer cursos para atender a necessidade real dos esportes contemporâneos. INTRODUÇÃO Atualmente o skate é um dos esportes mais praticados no Brasil. Tendo em vista a educação física que se renova, recria e aprimora seus conceitos, conteúdos e didáticas, é preciso se atentar para a educação física contemporânea e propiciar novas atividades no âmbito educacional. Se faz emergente essas reflexões e discussões acadêmicas, com estudiosos e colegas de profissão compromissados com as crianças e jovens e com a educação de maneira holística, que visa propiciar novas atividades sobre a ótica dos esportes radicais, de ação e de aventura, fenômeno reconhecido pelos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), mas que não se encontram no âmbito escolar. Tais atividades sofrem pré-conceitos negativos por transgredir o que há de proposto, onde muitas vezes, o praticante não encara o ambiente como um ser pacato, mas como um ser ativo que interage com o meio, experimenta, reinventa, dá novo significado e aprende. OBJETIVO Promover reflexões sobre os processos de iniciação a modalidade skate aplicados às dimensões educacionais. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 MÉTODO Foi utilizada a pesquisa exploratória (GIL, 2002) devido aos seus objetivos de proporcionar maior familiaridade com o fenômeno, no caso o skate e sua ação educativa. RESULTADOS Atrelado a vertente educacional, os (PCNs) destacam um recorte realizado na cultura corporal, sendo conhecido como cultura corporal de movimento, explicitando a intenção de trabalhar com práticas como os jogos, as lutas, as atividades rítmicas e danças, os esportes e as ginásticas como produções culturais versando ensino e aprendizagem (BRASIL, 1998). Essa cultura que procura analisar todo o contexto histórico da educação física, sob a ótica das práticas corporais, deve-se renovar constantemente. A cultura é polissêmica, elemento fundamental a educação física, pois, todas as manifestações corporais humanas são geradas na cultura dinâmica que se relacionam ao corpo e ao movimento (DAOLIO, 2004; GALVÃO et al., 2005). Sendo assim, é importante frisar que essas práticas seriam os delineamentos de conteúdos para o ensino. Que são seleções de formas ou saberes culturais, cuja assimilação é considerada essencial para que se produzam desenvolvimento e socialização adequados no aluno. (COLL et al., 2000 apud DARIDO, 2005, p. 64). Desta forma, para se referir aos conteúdos, se faz necessário englobar as dimensões de conceitos, atitudes e procedimentos (DARIDO, 2005). Sendo esse o grande norte para o profissional que deseja melhorar qualitativamente suas práticas. As dimensões conceituais procuram abordar informações acerca do esporte, da cultura e as transformações sociais (DARIDO, 2005). A cerca da modalidade skate, poderiam se informar os diferentes tipos que existem, suas respectivas partes, quando e onde iniciou essa modalidade. Pode ainda, ampliar informações de como se constrói um shape, do que são feitas as rodinhas, entre outras idéias. Nas dimensões procedimentais, os alunos experimentam alguns fundamentos básicos dos conteúdos, dentre eles, o esporte em si. Por exemplo, realizar a impulsão no skate, descobrir a perna de base, executar manobras básicas do tipo slide, entre outras. Por fim, as dimensões atitudinais buscam valorizar os jogos e as condutas de respeito. Pensando no skate, propiciar jogos de pega-pega no skate, jogos de equipes para atravessar de um lado da quadra ao outro utilizando o skate individualmente ou cooperativamente, entre outras propostas. Conclusão - Essas ações III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 podem contribuir para as aulas de educação física escolar ou em atividades extracurriculares, não sendo necessário abordá-las separadamente, mas num conjunto harmonioso e que haja reflexão dos acontecimentos. Cabe ao professor de educação física se atualizar e se capacitar em cursos para elaborar seqüências pedagógicas de novas práticas corporais e reformular as atividades e conteúdos nos âmbitos educacionais. As instituições universitárias devem oferecer cursos e disciplinas voltadas aos esportes radicais, de aventura e de ação para atender esse mercado promissor. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PCN: Educação Física/ Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/ SEF, 1998. COLL. C. et al. Os conteúdos na reforma. Porto Alegre: Artmed, 2000. DAOLIO, J. Educação física e o conceito de cultura. Campinas: Autores associados, 2004. DARIDO, S. C. Os conteúdos da Educação Física na escola, In: ________; RANGEL, I. C. A. Educação Física no ensino superior: Educação Física na Escola. Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2005. cap.5 p. 64-79. GALVÃO, Z.; RODRIGUES, L. H.; NETO, L. S. Cultura corporal de movimento. In DARIDO, S.C.; RANGEL, I.C.A. Educação Física no ensino superior: Educação Física na Escola. Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2005. cap. 2 p. 25-36. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. _____________________ Igor Armbrust: Rua: Iguaré - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPORTE DE AVENTURA: ATUAÇÕES E ENCENAÇÕES TIAGO NICOLA LAVOURA, PROF. MS. UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO FÍSICA - NEPEF RESUMO O objetivo desta pesquisa foi analisar de que forma se materializam as políticas públicas de esporte de aventura, em esfera governamental. Utilizou-se a pesquisa documental, a qual permitiu identificar ações políticas do Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Turismo e Ministério do Esporte. Notam-se, ainda, as tímidas ações ocorrentes neste segmento, visto que demoram a aparecer políticas setoriais que abordem a questão da democratização e da sociabilização do esporte de aventura. INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem como objetivo analisar de que forma se materializam as políticas públicas de esporte de aventura, na esfera governamental federal, permitindo a democratização destas práticas, na apropriação do tempo disponível, cujas experiências possibilitem o desenvolvimento pessoal e social dos seres humanos. Como forma de procedimentos metodológicos, este estudo, de caráter exploratórioanalítico (GIL, 1995), utilizou-se da pesquisa documental, a qual permitiu identificar ações políticas do Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Turismo e Ministério do Esporte, sobretudo, analisando a lei n° 9.985 de 18 de julho de 2000 (SNUC); o Plano Nacional de Turismo (2003-2007), e a Política Nacional de Esporte. POLÍTICAS PÚBLICAS E ESPORTE DE AVENTURA As atividades ecoturísticas recebem atenção especial, por parte do Ministério do Meio Ambiente, ao ser instituída a lei n° 9.985 de 18 de julho de 2000, que faz alusão aos critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação, instituindo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, o qual, em seu artigo 4°, define como um dos seus objetivos: “[...] favorecer condições e promover a [...] recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico”. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Em seu artigo 5° também é instituído que, no âmbito de suas diretrizes, o SNUC buscará: “[...] o apoio [...] práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico [...]”. Em que pese a alusão às atividades ecoturísticas, como forma de recreação, lazer e turismo citadas, no que toca à discussão da relação do ser humano com meio ambiente, observa-se a ausência dos setores e entidades ligados às atividades físico-esportivas, de lazer e turismo, no escopo da política ambiental. Concomitantemente, o setor do turismo também vem desenvolvendo ações e articulando uma movimentação, no que tange à prática do ecoturismo e do turismo de aventura. Em 2003, é criado o Ministério do Turismo, e elaborado o Plano Nacional de Turismo (2003-2007), estabelecendo diretrizes, objetivos, metas e programas em prol do desenvolvimento e consolidação do turismo no Brasil. Criou-se os Grupos Técnicos Temáticos – GTTS, dentre os quais surgiu o GTT de aventura, também, o Programa de Certificação em Turismo Sustentável, assim como, o GTT de Certificação em Turismo de Aventura, que vem articulando e executando as movimentações do Projeto de Normalização do Turismo de Aventura (FARAH, 2005). Não obstante, evidencia-se o caráter comercial e de produto que ganham tais práticas na natureza, aos olhares dos envolvidos com o segmento turístico nacional. Além disso, não se verifica a aproximação deste com todos os setores que atuam com tais práticas. No dia 14 de junho de 2005 é aprovada a Política Nacional de Esporte, por meio da resolução n° 5 do Conselho Nacional de Esporte, mesmo ano em que é instituída a Comissão de Esporte de Aventura no âmbito do CNE, por meio da resolução n° 9 do CNE de 11 de novembro de 2005. Entram em cena, assim, atores dos setores governamentais que atendem aos interesses da construção de políticas públicas voltadas às práticas corporais na natureza, ao passo que a Comissão de Esporte de Aventura passou a ser composta por um representante do Ministério do Turismo e um representante do Ministério do Meio Ambiente, dentre todos os outros vinculados ao Ministério do Esporte e suas respectivas Secretarias, assim como, representantes do esporte nacional, entidades científicas, dirigentes esportivos do esporte de aventura e ligados à natureza, entre outros. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Não obstante, notam-se, as tímidas ações ocorrentes no âmbito da CEA, visto que demoram a aparecer políticas setoriais que abordem a questão da democratização e da sociabilização. CONSIDERAÇÕES FINAIS Propõem-se, aqui, discussões e iniciativas que visem ações governamentais no sentido de democratizar o acesso às práticas corporais na natureza, sejam elas no âmbito do setor turístico (turismo de aventura e ecoturismo), ou no âmbito do esporte e da atividade física (esporte de aventura). Talvez, o primeiro empecilho para tal seja a falta de compreensão e consenso quanto à questão conceitual destas práticas, além do corporativismo dos setores envolvidos e a falta de solidariedade de cunho profissional. Por fim, pode-se destacar, também, a incompatibilidade ideológico-política dos atores governamentais, assim como, o descompromisso, em alguns casos, no que tange às suas responsabilidades, em um processo de continuidade de programas e iniciativas. REFERÊNCIAS BRASIL. Comissão de Esporte de Aventura – Resolução n° 9 do CNE. Brasília, Ministério do Esporte, 2005. BRASIL. Conselho Nacional de Esporte. Brasília, Congresso Nacional, 2002. BRASIL. Plano Nacional do Turismo: diretrizes, metas e programas. Brasília, Ministério do Turismo, 2003. BRASIL. Política Nacional de Esporte. Brasília, Ministério do Esporte, 2005. BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – Lei n° 9.985. Brasília: Congresso Nacional, 2000. FARAH, S. D. Políticas de incentivo ao turismo de aventura no Brasil: o papel do Ministério do Turismo. In: UVINHA, R. R. (Org.). Turismo de aventura: reflexões e tendências. São Paulo: Aleph, 2005. p. 25-42. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA NA NATUREZA: O OLHAR DA COMUNIDADE DE SANTA TERESA/ES GRADUANDO FELIPE MACHADO PROFA MS. ANDRÉIA SILVA ESFA - NUAR RESUMO Atualmente, faz-se imprescindível discutir três instâncias: turismo, lazer e natureza, haja vista a aproximação humana ao meio ambiente. As práticas corporais de aventura na natureza inserem-se nesse contexto como uma expressão desse retorno a natureza, sendo foco das mais diversas áreas de pesquisa. Observa-se, no entanto, que tais práticas muitas vezes são apropriadas sem uma maior compreensão da totalidade em que estão inseridas. Diante disso, o projeto visa refletir e analisar sobre as práticas corporais de aventura na natureza através do olhar da comunidade de Santa Teresa/ES, articulando seu desenvolvimento com as interpretações acerca do meio ambiente e do corpo elaboradas por essa população. A pesquisa será de cunho qualitativo, do tipo exploratória e com procedimento de pesquisa se campo. Serão utilizados como instrumentos entrevistas e observação participante e a análise conteúdos para análise dos dados. INTRODUÇÃO Atualmente verifica-se uma crescente procura por vivências de Lazer em ambientes naturais a qual está pautada em desejos de reaproximação ao mundo natural, até ao risco e aventura proporcionados por essas. Paralelamente a esse processo, cresce a preocupação pelas questões referentes ao meio ambiente (SILVA, 2003) e o número de profissionais envolvidos nessa temática. É imprescindível atentar, no entanto, para a necessidade de uma formação teórico/prática condizente com o viés mercadológico/educacional dessas atividades, uma vez que, quando essas são realizadas de forma irrefletida causam profundos impactos no meio ambiente (BRAGA, 2000). III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Nesse contexto, voltamos nossos olhares para a cidade de Santa Teresa, a qual possui cerca de 40% de sua cobertura natural preservada, o que atribui a ela uma condição ímpar para o desenvolvimento de atividades de lazer ao ar livre. Porém, como chamamos atenção anteriormente é necessária uma formação consciente e comprometida com os agentes envolvidos nessa área. Atrelada a essa discussão, torna-se preciso igualmente, implementar vivências de qualidade para os sujeitos participantes (BRUHNS, 1999b). Diante disso, a Escola Superior São Francisco de Assis, através de seu curso de Educação Física e do Núcleo Universitário de Ar Livre/NUAr à partir de 2003 buscou propiciar diversas vivências em ambientes naturais para seu corpo discente e a comunidade teresense, além do curso de Pós-graduação justamente na área de Lazer e meio ambiente proposto pelo curso de Educação Física. Verificamos, no entanto, a necessidade de um melhor entendimento de como essas práticas se constituíram ao longo dos anos nessa localidade, bem como, o olhar de seus praticantes e observadores no que tange as suas interpretações sobre o meio ambiente e do corpo. Visamos com isso compreender de forma mais aprofundada o contexto na qual as mesmas estão inseridas, para a partir daí, criar formas autênticas de desenvolve-las. Assim, a problemática norteadora do presente projeto de pesquisa constitui-se no seguinte questionamento: Como as práticas corporais de aventura na natureza se constituíram ao longo do anos na cidade de Santa Teresa e quais as relações criadas com a comunidade? Nosso objetivo geral é analisar as práticas corporais de aventura na natureza através do olhar da comunidade de Santa Teresa/ES, articulando seu desenvolvimento com as interpretações acerca do meio ambiente e do corpo elaboradas por essa população. E os objetivos específicos: Tecer considerações sócio-históricas sobre a constituição das Práticas Corporais de Aventura na natureza na cidade de Santa Teresa; refletir sobre a noção de corpo e meio ambiente presente nessa população; analisar sua percepção (ou a ausência da mesma) sobre as práticas corporais de aventura na natureza; verificar os impasses, conflitos e contradições presentes no desenvolvimento de tais práticas, os quais revelam ou podem revelar, atitudes e comportamentos incompatíveis com o nível de expectativa da população local; repensar a forma como estão sendo desenvolvidas tais atividades com vistas a dar subsídios para a implementação de políticas de lazer ao ar livre que levem em consideração as especificidades dessa população. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois a relação lazer e as práticas corporais de aventura na natureza, foco do presente estudo, dificilmente é quantificável (MINAYO, 1994, p. 22). Será realizado inicialmente um levantamento bibliográfico e aprofundamento teórico, permitindo articular conceitos e sistematizar a produção na área do Lazer e as práticas corporais de aventura na natureza. Optamos por adotar uma pesquisa exploratória e o procedimento utilizado será o de pesquisa de campo, por proporcionar um estudo profundo, amplo e detalhado de nossa temática (GIL, 1996). Será utilizada a observação participante e as entrevistas. Em relação aos procedimentos e cuidados gerais na entrevista, tomaremos mais uma vez as instruções de Bruyne et. al. (1991): breve início introdutório a respeito do procedimento e do tema, perguntas claras e objetivas quando previamente formuladas, não influenciar com opiniões particulares ou tendencionistas. A análise de dados utilizada será a Análise de Conteúdo – Modalidade Temática. Proposta por Minayo (1994), esta modalidade de análise e tratamento de dados qualitativos busca a compreensão de sentido que se dá na comunicação, e para tanto leva em extrema consideração o contexto histórico social no qual o indivíduo e os fenômenos estudados se inserem. REFERÊNCIAS BRAGA, V. Possibilidades de impacto do ecoturismo. Rio de Janeiro: Viva Terra, 2000. Disponível em: < http://www.ecoevolunteer.org>. Acesso em: 15 jun.de 2002. BRUHNS, H. T. Lazer e Meio Ambiente: a natureza como espaço de experiência. Revista Conexões, Campinas, n. 3, p. 07–25, 1999b. BRUYNE, P. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais. 5. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo, SP: Atlas, 1991. MINAYO, M. C. de S. et.al. Pesquisa social – Teoria, MÉTODO e criatividade. 20. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 SILVA, A A natureza visitada um estudo de caso na cidade de Santa Teresa/ES, 2003. Dissertação (mestrado em Lazer) – Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NO PÁRA-QUEDISMO PROFA. DRA. RUTH FRANÇA CIZINO DA TRINDADE INSTRUTORA JM - ASL DE PÁRA-QUEDISMO AMARILDO TOZZI – INSTRUTOR ASL DE PÁRA-QUEDISMO, PILOTO TANDEM RESUMO Este é estudo descritivo que teve como objetivo identificar qual o enfoque teórico de aprendizagem e ensino mais se aproxima da dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender aplicado nos cursos de formação de atletas para o esporte de pára-quedismo. O processo de ensino aprendizagem do pára-quedismo se apóia na percepção, motivação e auto-avaliação e utiliza para o processo de ensinamento da base teórica do páraquedismo, explicação, demonstração, treinamento, revisão e avaliação. O enfoque teórico identificado no processo de ensinar e apreender foi o comportamentalista e humanista. Neste processo de instrução supõe que o comportamento que o aluno demonstrar inclui dar respostas que podem ser observadas pelo instrutor como também são valorizados o pensamento, sentimentos e ações que o aluno expressa no decorrer do curso. INTRODUÇÃO O conceito de aprendizagem apresenta definições que incluem: condicionamento, aquisição de informação, mudança comportamental, uso do conhecimento na resolução de problemas, construção de novos significados e estruturas cognitivas e revisão de modelos mentais. Estes conceitos de aprendizagem e ensino são expressos em três principais enfoques teóricos: Comportamentalista, Cognitivista e Humanista. (STAUB, 2004). A familiarização com as principais teorias de aprendizagem pode contribuir com uma formação mais adequada de todos aqueles que participam do sistema de formação de novos atletas para o pára-quedismo. É importante compreender o modo como as pessoas aprendem e as condições necessárias para a aprendizagem, bem como identificar o papel do instrutor nesse processo. Estas teorias são importantes porque possibilita ao mesmo III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 adquirir conhecimentos, atitudes e habilidades que lhe permitirão alcançar melhor os objetivos do ensino. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é identificar qual o enfoque teórico de aprendizagem e ensino mais se aproxima da dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender aplicado nos cursos de formação de atletas para o esporte de pára-quedismo (PQD). MÉTODO Este é um trabalho descritivo cujo alvo do estudo foi analisar o MÉTODO utilizado para ensinar e aprender utilizado nos cursos de formação de atletas para o esporte de PQD e comparar com os enfoques de ensino aprendizagem. Utilizamos o material disponibilizado pela Confederação Brasileira de Pára-quedismo – CBQp( s/d a, s/d b) para os instrutores de PQD, assim como analisamos a forma como ministramos os cursos de PQD. RESULTADOS O processo de ensino/aprendizagem do esporte para alunos se dá através da teoria do PQD; explicação e demonstração de toda a seqüência do trabalho a ser realizado durante o salto (CBPQ, s/d a). Depois o aluno será treinado para que alcance um bom condicionamento técnico, aqui o trabalho será feito em número suficiente de repetições, para que aluno e instrutor se sintam satisfeitos com o desempenho alcançado. Caso seja necessário, o instrutor deverá dar novas explicações e fazer novas demonstrações. Nesta parte do processo de ensino do PQD quem trabalha é o aluno, com o OBJETIVO condicionar toda a seqüência do salto. Por fim o instrutor faz uma revisão e avaliação. Analisando o processo de ensinar e aprender aplicado nos cursos de formação de atletas para o esporte de PQD descrito acima identificamos dois enfoques da teoria de aprendizagem que são aplicados ao ensino deste esporte: 1. o enfoque comportamentalista por que o mesmo provê uma base para o estudo de manifestações que produzem mudanças comportamentais, sendo o aluno o ser que responde a estímulos fornecidos. Para Skinner (1980) a aprendizagem seria basicamente uma mudança de comportamento. Neste contesto o mais importante seria, III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 depois de se ensinar, pedir que o aluno execute o que se ensinou e corrigi-lo imediatamente. Apesar de ser uma abordagem muito controvertida, ela é bastante atual, e aplicada na formação destes atletas. 2. o enfoque humanístico porque segundo Staub (2004) a idéia que norteia esta teoria está baseada no princípio do ensino centrado no aluno. Este possui liberdade para aprender, e o crescimento pessoal é valorizado. O pensamento, sentimentos e ações estão integrados. Desta forma como na teoria humanista no processo de ensino no pára-quedista os instrutores buscam ver o aluno que aprende primordialmente como pessoa, busca valorizar a auto-realização e o crescimento pessoal; sendo o aluno um indivíduo responsável pelos seus atos e livre para fazer escolhas, pois este não é um esporte praticado por todos. CONCLUSÃO O processo de ensino aprendizagem de formação de atletas pára-quedistas busca preparálos para se desenvolverem em um esporte que é visto como um desafio e praticado por poucos. Assim no seu processo de instrução o comportamento que o aluno demonstrar pode ser observado pelo instrutor e relacionado com os conhecimentos adquiridos através de estímulos oferecidos e com consciência das conseqüências de suas ações, como também são valorizados o pensamento, sentimentos e ações que o aluno expressa no decorrer do curso. REFERÊNCIAS CBPQ. Melhor aproveitamento na sua Avaliação. Confederação Brasileira de Páraquedismo.(material instrucional para instrutor). s/d,. SKINNER, B. F. Contingências do reforço: Uma análise teórica. (R. Moreno, Trad.). Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural. 1980. STAUB. A. L. P. TEORIAS DE APRENDIZAGEM. UFRGS. 2004. Disponível em http://www.ufrgs.br/tramse/med/textos Acessado em 31 de maio de 2008 _____________________ Ruth França Cizino da Trindade - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 PROPOSTA DE ACAMPAMENTO COM ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA NA NATUREZA (AFAN) ESP. ROMULO LUIZ DA GRAÇA PROF. MS. ANTONIO ALBERTO DE LARA JÚNIOR UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA (UNISUL) RESUMO O acampamento é umas das atividades realizadas ao ar livre, vividas junto à natureza, ao mar, a montanha ou ao campo, que podem fazer com que o homem traga benefícios para sua saúde. As atividades físicas de aventura na natureza (AFAN) cada vez mais ganham adeptos e sua prática atende todas as classes sociais. Os objetivos deste trabalho foram: Conhecer teoria e prática das técnicas das atividades de aventura e conhecer a estrutura organizacional de um acampamento. O acampamento foi realizado a beira mar, em dois dias, com participação de estudantes do curso de educação física. Através de estatística descritiva obtiveram-se percentuais de aceitação acima de 90% (excelente e muito bom) nas atividades. Diante de tais resultados e pelos relatos dos participantes conclui-se que: os objetivos propostos pelo acampamento foram alcançados com grande êxito, demonstrando que as AFAN devem fazer parte de um programa de acampamento. INTRODUÇÃO O acampamento é umas das atividades realizadas ao ar livre, vividas junto à natureza, ao mar, a montanha ou ao campo, que pode fazer com que o homem traga benefícios para sua saúde. Segundo Cavallari e Zacharias (2003, p.39) “O acampamento deve propiciar integração com a natureza, desenvolver a sociabilidade, consciência dos seus direitos e deveres e aquisição de autoconfiança”. Conforme Betrán (1995, in Marinho e Bruhns, 2003),as AFAN constituem um conjunto de práticas recreativas que surgiu nos paises desenvolvidos na década de 1970, embora este termo ainda nos dias de hoje não seja definitivo como ocorre no “esporte”, cuja utilização léxica é universal e seu significado quase unânime. Porem, contrariando o que pensa a maioria da população são práticas de “risco controlado”, transformando a aventura num conceito mais fictício que real, mas que III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 podem por bem sinalizar o espírito que norteia a busca de sensações e emoções junto à natureza. OBJETIVO Conhecer as teorias técnicas das atividades de aventura, participar das aulas práticas, bem como conhecer a estrutura organizacional de um acampamento. MÉTODO O acampamento foi realizado em dois dias, com a participação de 45 alunos do Curso de Educação Física, da Universidade do Sul de Santa Catarina, tendo como local o Camping Lagoamar, situado na cidade de Garopaba – SC. A comissão organizadora foi constituída por professores, acadêmicos, equipe de enfermagem, cozinha e salvamento. As atividades iniciaram com a chegada dos alunos no período da manhã. Em seguida, foram orientados em: como proceder na escolha do local para colocação e montagem da barraca; com relação à prevenção de acidentes com animais peçonhentos; e sobre noções básicas de procedimentos em caso de mudanças climáticas. Após esta etapa, cada aluno escolheu o local mais adequado para montar sua barraca. Na tarde do primeiro dia, os alunos foram divididos em dois grupos. O grupo A participou da oficina de iniciação ao surf. Aproveitando o local escolhido, a beira mar, optou-se por uma atividade na água. Constaram desta oficina orientações teóricas sobre procedimentos para entrada no mar, escolha da onda, posicionamento em cima da prancha, segurança, preparação física e preservação ambiental. Em seguida, cada dupla de alunos devidamente equipados com roupa de borracha e uma prancha de iniciação, começaram a prática. Devido à extensão e o relevo do camping, foi desenvolvido uma corrida de orientação pedestre, realizada pelo grupo B. Optou-se pelo processo bússula-terreno para o desenvolvimento da atividade, e com a utilização de azimutes diversas pistas foram demarcadas antecipadamente para a realização. Cada dupla de alunos deveria cumprir seu percurso de aproximadamente mil e duzentos metros no menor tempo. A noite, todos os alunos participaram de um jogo noturno intitulado “enigma da pirâmide”, onde puderam vivenciar desafios e superar seus próprios limites numa pista de obstáculos temática. Estes foram divididos em três equipes e munidos com uma lanterna. Orientadas separadamente e estando de posse de um enigma colorido, percorreram uma III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 série de obstáculos que continham tarefas como criptografia, transporte de um dos componentes da equipe por entre arcos (bamboles) a um metro e meio de altura e uma distancia de dois metros. Na seqüência, com os olhos vendados e seguindo um barbante, ultrapassavam desníveis no terreno e no final deste percurso recebiam um “walkie talkie” e com ele utilizam o alfabeto fonético para decifrar a mensagem que os mandava de volta a base. No segundo dia, grupo A participou de um trekking - tal atividade foi realizada com os alunos devidamente trajados, sendo escolhida uma trilha fora do camping, que proporcionou a passagem por areia, pedra, com descidas e subidas em terreno acidentado, e teve a duração de setenta minutos. O grupo B participou de uma oficina de nós e amarrações - sob orientação de um especialista e munidos de corda, puderam conhecer diversos tipos de nós e amarrações e sua utilidade no dia-a-dia de um aventureiro. Em seguida foi realizado um rodízio como no primeiro dia. Resultado – Utilizou-se uma ficha de avaliação com conceitos quantitativos de 0 à 5, sendo divididos os questionamentos por atividade. Após tabulação e através de estatística descritiva foram obtidos os seguintes valores: as atividades montagem de acampamento, iniciação ao surf e jogo noturno apresentaram um percentual de 72% de conceito 5 e 21% de conceito 4, demonstrando grande nível de aceitação dos participantes. Isto vem corroborar Lettieri (1999) que afirma que o sucesso na elaboração de uma programação esta no alcance dos seus objetivos através das atividades que atendam ao interesse do público. O trekking e a corrida de orientação alcançaram um percentual de 75% de conceito 5 e 15% de conceito 4, o que vai de encontro a Zimmermann (2005), que cita que “no contato intenso com a natureza, ou no contato íntimo, o homem se sente bem consigo mesmo”. A atividade de nós e amarrações obteve um percentual de 48% de conceito 5 e 39% de conceito 4, demonstrando que os participantes entenderam a importância do tema no contexto de uma AFAN. CONCLUSÃO Conclui-se que através dos resultados obtidos pela ficha de avaliação e pelos relatos dos participantes que os objetivos propostos pelo acampamento foram alcançados com grande êxito sendo considerados excelente e muito bom, demonstrando que as AFAN devem fazer parte de um programa de acampamento. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 REFERÊNCIAS CAVALARI, V.; ZACHARIAS, Z. Trabalhando com Recreação. 2. ed. São Paulo: Manole, 1989. LITTIERI F. Acampando com a garotada. São Paulo: Ícone, 1999. BETRAN, J.O . Rumo a novo Conceito de Ócio Ativo e Turismo na Espanha: as atividades físicas de aventura na natureza. In: MARINHO A.; BRUHNS H.T. Turismo lazer e natureza. Barueri, SP: Manole, 2003. ZIMMERMANN, A.C. Atividades de Aventura e Qualidade de Vida Revista digital, Joinville, ano 1, nº 1, 2005 Disponível em: http://www.ielusc.br/ _____________________ Romulo Luiz da Graça - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 REFLEXÕES INICIAIS ACERCA DAS PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA NA NATUREZA E SUA INFLUÊNCIA DA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA EM INDIVÍDUOS DE TERCEIRA IDADE DA CIDADE DE SANTA TERESA/ES. ESP. POLLYANA HOFFMANN GUMS PROFA. MS. ANDREIA SILVA ESFA/NUAR RESUMO O presente artigo busca debater sobre a influência das Práticas Corporais de Aventura na Natureza de indivíduos de Terceira Idade, desde a época da imigração italiana nessa localidade até os dias atuais. Para tanto, utilizamos uma pesquisa do tipo exploratória, com procedimento bibliográfico e documental. O estudo encontra-se em fase de análise de documentos que evidenciam essas práticas através dos tempos, buscando traçar um paralelo com a atualidade. Inicialmente podemos concluir que tais atividades sempre estiveram presentes na vida dessa população, não estando necessariamente ligadas à busca da melhoria da qualidade de vida. INTRODUÇÃO A população de idosos no Brasil segundo Corazza (2001) ultrapassará 30 milhões de pessoas nos próximos 20 anos. Tal evento está relacionado, segundo Alves (2007) com as contribuições da melhoria das condições sanitárias, do progresso da ciência, dentre outros fatores. Esse crescimento determinou o aumento de estudos nessa área, sendo fundamentais para a compreensão do processo do envelhecimento como multifatorial atravessado pelos aspectos bio-psico-sociais (TRIBESS , VIRTUOSO, 2005). III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 O envelhecimento necessita de alguns cuidados básicos como a adoção de práticas de atividades físicas, a fim de garantir a melhoria da qualidade de vida11. Tal melhoria pode ser conseguida através das Práticas Corporais de Aventura na Natureza – PCAN’s12, as quais constituem-se como atividades de lazer, que propiciam bem estar físico e mental, em meio à natureza. Na cidade de Santa Teresa, essas atividades sempre estiveram presentes no cotidiano dessa população, em especial ao público de terceira idade, o que nos induz a pesquisar sobre a influência que essas práticas têm em sua qualidade de vida, estabelecendo como objetivo geral analisar e refletir a influenciada das PCAN’s na qualidade de vida de indivíduos de terceira idade. Tendo como objetivos específicos tecer considerações sócio-históricas sobre indivíduos de terceira idade e suas práticas corporais; refletir sobre as influências, contradições e avanços da utilização das PCAN’s com tal população e repensar a prática pedagógica do profissional de Educação Física em relação a tais populações. METODOLOGIA A pesquisa se caracteriza como qualitativa, do tipo exploratória, com procedimento bibliográfico e documental (GIL, 1996). Como instrumentos de coleta foram adotadas a leitura seletiva, seguida da analítica e interpretativa. Na apresentação e análise de dados estamos buscando desenvolver um exercício exegese textual, extraindo dos artigos e documentos analisados os elementos que se aproximam de nossa temática de pesquisa, aproximando tais contribuições da realidade verificada nessa região (GIL, 1996). PCAN’s E TERCEIRA IDADE: OLHARES GERAIS Observando a relação do homem com a natureza de nossos antecedentes, nos deparamos com os estudos de Hébert (1992) apud Soares (2007), o qual já se preocupava com a 11 De acordo a OMS (Organização Mundial de Saúde, 1994) trata-se da percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. 12 As PCAN’s são quaisquer atividades físicas realizadas em ambiente natural que proporcionam sensações de liberdade, momento de reflexão, incertezas, riscos, aventura, superação de desafios, integração entre o homem e a natureza e até mesmo o encontro consigo mesmo (INÁCIO, et. al., 2005). III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 educação pela natureza e seus benefícios, reforçando a dependência que os humanos sempre tiveram com tal ambiente: Assim, o meio ambiente, ao longo da história da humanidade, teve diferentes formas de apreciação, passando de adoração para utilitarismo. Nos dias atuais verificamos o retorno ao ambiente natureza em busca de uma qualidade de vida, seja ela pela prática de esportes que resultem em adrenalina ou simplesmente pelo prazer do contato. Piucco (2005) acredita que as atividades ligadas à natureza vêm se tornando uma nova perspectiva no âmbito do lazer, preenchendo a inquietação humana em busca da melhoria da qualidade existencial. Nesse sentido, conforme evidencia Marinho (1999), as pessoas sentem-se atraídas pelo entretenimento, emoções, aventura, buscando práticas alternativas e criativas de manifestação do lazer, tais como as atividades de aventura, que requerem o meio natural como cenário principal para sua realização. No entanto, há ainda uma tímida produção das PCAN’s e a terceira idade o que segundo Gama, et. al (2007), se afirma em função de preconceitos e do estigma que envolve esta população e os mitos relacionados com estas atividades. Porém, a possibilidade de experimentação de emoções mais significativas e de satisfação pessoal, profissional e social, já não é mais exclusivamente de uma faixa etária específica, mas estende-se ao longo de todo o ciclo vital (DIAS, 2006). ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A busca da atividade física com o objetivo da melhoria da qualidade de vida nas populações de terceira idade constituem-se como um fato concreto em nossa atualidade. Observamos que PCAN’s se configuram como ótimas oportunidades frente a tais anseios por suas potencialidades intrínsecas. Na cidade de Santa Teresa, essas práticas sempre estiveram presentes na vida da população, por serem uma forma particular de responder as questões exigidas na época: sobrevivência, adaptação ao meio, local de reencontro, dentre outros. Essa relação pode ser compreendida como uma atitude a princípio de amizade, a qual, posteriormente, foi te tornando, devido ao contexto sócio-histórico da época, em uma relação de exploração. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Assim, os indivíduos que hoje constituem parte do público de terceira idade dessa cidade, trazem duas grandes vertentes dessa relação: uma que mostra a cumplicidade com a natureza e outra que reafirma o processo de exploração sobre a mesma. Podemos concluir que a chamada prática de algumas atividades que hoje podem se aproximar das atuais PCAN’s, não eram vivenciadas com o intuito de melhoria de qualidade de vida e sim, parte integrante de um quadro maior a que os imigrantes foram submetidos. REFERÊNCIAS ALVES, E. D. Envelhecendo sem tropeço. Programa esporte e lazer da cidade. 2007. CORAZZA, M. A. Terceira Idade e atividade física. São Paulo: Phorte, 2001. DIAS, V. K. As atividades físicas de aventura na natureza e o idoso: redimensionando o lazer. In: SCHWARTZ, G. M. (orgs.) Aventuras na natureza: consolidando significados. Jundiaí: Fontoura, 2006. GAMA, R. S, et al. Condições e significados das práticas corporais de aventura na natureza para grupos de terceira idade. Monografia apresentada na conclusão de licenciatura em Educação Física da faculdade ESFA, Santa Teresa, 2007. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo. Atlas, 1996. INÁCIO, H. D. et.al. Bastidores das práticas de aventura na natureza. In: SILVA, A. M.; DAMIANI, I. R. (org.). Práticas Corporais – volume II. Florianópolis: Navemblu Ciência e Arte, 2005. MARINHO, A. Natureza, tecnologia e esportes: novos rumos. Campinas: Conexões: 1999. Organização Mundial de Saúde – O.M.S. Disponível em: <htpp://ufrgs.br/psiq> Acesso em: 10 de abril de 2008. PASCOAL, M.; et al. Qualidade de vida, terceira idade e atividades físicas. Rio Claro: Motriz, 2006. PIUCCO, T. A sociedade capitalista e a crescente busca pelas atividades naturais de lazer. Buenos Aires: Revista Digital, 2005. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 TRIBESS, S.; VIRTUOSO, J. Prescrição de exercícios físicos para idosos. Revista Saúde, 2005. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 RISCO, AVENTURA E IMAGINAÇÃO CRIADORA NO VÔO LIVRE MSDO. SERGIO L. GOMES DE AZEVEDO MSDO. NEY FELIPPE DE BARROS RODRIGUES COCCHIARALE PROFA. DRA. VERA L. DE M. COSTA LIRES – LEL – PPGEF/UGF RIO DE JANEIRO – BRASIL RESUMO Este estudo pretende compreender o risco-aventura de voar revelado nos discursos dos praticantes de vôo livre. Para isso, examinamos, a partir do MÉTODO de análise de discursos de Eny Orlandi, os depoimentos de uma lista de discussão da Internet, publicada no livro Parapente Brasil: histórias e aventuras do vôo livre. Trata-se de um estudo descritivo exploratório, com abordagem qualitativa. Podemos considerar que o risco-aventura presente na prática do vôo livre permite que os atores explorem a imaginação e o conhecimento do próprio potencial. Nessa exploração o homem se aventura, rompe a rotina dos dias, imprimindo sentidos às ações que executa. Sentidos estes que fomentam a imaginação criadora, como diz Bachelard (1994). Permite ainda, uma intervenção ativa e modificadora das condições a que está submetido, transformando impossíveis em possíveis, sonhando e realizando seus desejos, transformando a vida em instantes de emoção. Palavras-chave: vôo livre, risco-aventura, imaginário social. INTRODUÇÃO O vôo livre apresenta um valor estético de apreciação e de fusão com a beleza das paisagens desfrutadas. Arriscar-se no vôo apresenta significados distintos para indivíduos que preferem seus pés colados ao chão (Azevedo, 2007). Correr riscos de forma voluntária, neste caso, é uma aventura com sentidos lúdicos (Costa, 1999; 2000). Trata-se de uma prática esportiva contemporânea em que, por meio da aventura, os limites humanos são III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 explorados. Essa aventura, revestida de um forte valor simbólico, é responsável por mobilizar o imaginário de quem pretende desafiar os céus. Ritos e mitos são celebrados nessas aventuras. Os ritos, segundo Segalen (2002) são “caracterizados por conjuntos fortemente institucionalizados ou efervescentes, manifestados como um conjunto de condutas individuais ou coletivas relativamente codificadas, com suporte corporal (verbal, gestual e de postura), caráter repetitivo e forte carga simbólica para atores e testemunhas” (p.31-32). Esses aventureiros ritualizam suas práticas mantendo o mito dos seres alados. Mas para isso é preciso que existam operações, gestos, palavras e objetos, a crença numa espécie de transcendência. Voar com e como pássaros faz parte do universo desses atores. Tentando encontrar sentidos para a existência (Le Breton, 1996), o homem abandona a ordem, o controle, as regras e o excesso de seriedade do cotidiano, e se aventura nos mais diferentes ambientes, como os praticantes de vôo livre que ousam voar em um local destinado aos seres portadores de asas. Apesar da liberdade, elemento fundamental e determinante do nível de ludicidade, por ser de risco, este esporte exige o cumprimento de normas que limitam o potencial de criação. Entretanto, em determinadas situações, a ausência de controle e de normas, faz com que o mito de Dioniso, com sua efervescência e poder transgressor, aflore, tornando sem limites as asas de quem se aventura no espaço, dando origem a atitudes transgressoras como voar em locais proibidos, executar manobras arriscadas, enfim a sentir-se com a potencialidade da natureza de um pássaro. Fernandes (2003) em suas reflexões sobre os vôos diz que “[...] Verdadeiros pássaros não seguem regras. Eles seguem seus instintos, sua interpretação do ar em torno, obedecendo apenas os estímulos oferecidos pela natureza [...] Nesta hora o piloto de vôo livre não se sente humano, é um ser híbrido e inebriado, em tão e total sintonia com o meio, que esquece das regras estabelecidas [...]” Inebriado pela fusão com a natureza e pela potência de sua vontade e ação, o ator desliza pelo ar. Mas a realização de um vôo, seguro ou perigoso, tranqüilo ou turbulento, breve ou duradouro, de curta ou longa distância, está diretamente ligada ao cumprimento do ritual que lhe antecede: a observação. Observar nuvens, vento e vôo de pássaros, é cumprido à risca pelo praticante de vôo livre, permitindo uma análise superficial, porém, confiável das condições de vôo. A entrada no ambiente aéreo, assim como o retorno seguro ao ambiente terrestre, representando o rito de passagem (Pimentel, 2006), depende da sensibilidade do piloto no cumprimento deste ritual. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 A renovação, outro ritual ali encontrado, se desenvolve por meio dos cerimoniais de separação, a passagem pelo limiar de terra-céu, das provas de competências e de habilidades, do casamento sagrado da alma-herói com a rainha-deusa do mundo, que segundo Campbell (2006), é o êxtase, a apoteose e finalmente, o retorno renovado ao mundo dos mortais. A busca de boas térmicas, de lugares belos e agradáveis é desencadeado pelo desejo de errância, manifestado na expressão de revolta, segundo Maffesoli (2001) contra a ordem estabelecida. É a expressão de uma outra relação com os outros e com o mundo, menos ofensiva, mais carinhosa e lúdica. Estes atores, conscientes ou não, desafiam o ideal de segurança do vôo, acreditando no imponderável. É a razão, o esforço e o controle vencendo os limites do medo. Seus discursos apontam também para Ícaros modernos. CONSIDERAÇÕES FINAIS O risco-aventura, presente na prática do vôo livre, permite que os atores explorem a imaginação e o conhecimento do próprio potencial. Nessa exploração o homem se aventura, rompe a rotina dos dias e provoca o espanto, a surpresa, o memorável, imprimindo sentidos às ações que executa. Sentidos estes que fomentam a imaginação criadora de que trata Bachelard (1994). Permitem ainda, uma intervenção ativa e modificadora das condições a que está submetido, transformando impossíveis em possíveis, sonhando e realizando seus desejos, transformando a vida em instantes de emoção. REFERÊNCIAS AZEVEDO, Sergio L. Gomes. (2007). O corpo em risco socializado pelo vôo livre. In: XV Congresso Brasileiro de Ciência do Esporte e II Congresso Internacional de Ciências do Esporte, 2007, Recife. Livro de RESUMOs e programação. Recife : Edupe - Editora da Universidade de Pernambuco, v. 15, p. 260. BACHELARD, G. (1994). O direito de sonhar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. CAMPBELL, J. (2006). O herói das mil faces. São Paulo: Cultrix/Pensamento. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 COSTA, Vera Lucia de Menezes. (1999). Esportes de aventura e risco na montanha: uma trajetória de jogo com limites e incertezas. (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: PPGEF/UGF. ___________________________. (2000). Esportes de aventura e risco na montanha: um mergulho no imaginário. São Paulo: Manole. LE BRETON, D. (1996). L’aventure – la passion des détours. Paris: Autrement MAFFESOLI, M. (2001). Sobre o nomadismo: vagabundagens pós-modernas. Rio de Janeiro: Record. ____________. (2003). O instante eterno: o retorno do trágico nas sociedades pósmodernas. São Paulo: Zouk. ____________. (2004). Notas sobre a pós-modernidade: o lugar faz o elo. Rio de Janeiro: Atlântica. PIMENTEL, G. G. de Assis. (2006). Risco, corpo e socialidade no vôo livre. (Tese de Doutorado). Campinas: UniCamp. Acesso http://www.marcelomelo. com/Textos.asp? CodTexto=195 em 16 de agosto de 2007. SEGALEN, M. (2002). Ritos e rituais contemporâneos. Rio de Janeiro: FGV. _____________________ Sérgio Luiz Gomes de Azevedo - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 SAPATILHA ROSA OU PRANCHA DE SKATE: MENINA TAMBÉM PODE. MS.MARIA REGINA M.COSTA, LIRES-LEL, PPGEF-UGF, FAMATH DR. VERA L.M.COSTA, SERGIO LIMA TRINCHÃO, LIRES-LEL, PPGEF-UGF RESUMO O presente trabalho de natureza qualitativa, tem por objetivos: (a) discutir a presença da tribo das meninas que optaram por pranchas de skate e freqüentam um cenário dominado por meninos; e (b) evidenciar os elementos simbólicos que emergem dos discursos veiculados na internet em blogs de meninas skatistas. Os discursos foram analisados mediante a Análise de Discurso de Orlandi (2001) e coletados no primeiro trimestre de 2008. Concluiu-se que as meninas skatistas, ao invés de sapatilhas rosa de ballet, sonhos de muitas mães, aderem ao deslize em pranchas de skate por rampas e ruas da cidade. Tal atração se assemelha a uma aventura, na qual as praticantes imprimem a seus atos o verdadeiro sentido desafiador, superando inclusive todas as barreiras que a sociedade lhes impõe. Abençoadas por Ártemis são dotadas de grande força: a independência, a autonomia e a vontade de realizar coisas. Palavras-chaves: skateboard, gênero, aventura, imaginário social. Na sociedade pós-moderna há uma reorganização nos sistemas esportivos produzindo uma mudança simbólica que constitui o imaginário desta época. É neste contexto que desencadeia o surgimento e a difusão dos esportes de aventura e risco quer no meio urbano ou na natureza. Os esportes praticados no meio urbano envolvem os praticantes em alguns sentidos distintos dos esportes institucionalizados, desencadeando um fascínio pela incerteza. Tal procedimento vem sendo adotado pela juventude na pós-modernidade (MAFFESOLI, 2001). O presente trabalho de natureza qualitativa, tem por objetivos: (a) discutir a presença da tribo das meninas que optaram por pranchas de skate e freqüentam um cenário dominado por meninos; e (b) evidenciar os elementos simbólicos que emergem dos discursos veiculados na internet em blogs de meninas skatistas. A metodologia utilizada foi análise de tais discursos mediante a Análise de Discurso de Orlandi (2001), coletados no primeiro trimestre de 2008. O skatebord, surgido na década de 60 na Califórnia, evoluiu possibilitando a experimentação de manobras corporais mais ousadas acolhendo inúmeros adeptos. Maffesoli (2001), diz que no tempo da pós-modernidade o homem vivencia o drama de um paradoxo contemporâneo entre a aceitação do mundo como ele é e a recusa dos valores III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 estabelecidos. Desse modo a tribo das meninas skatistas busca renovação de sentidos para suas práticas esportivas alcançando horizontes dominados por meninos. Diante de um universo de hostilidade no ambiente urbano, com inúmeros desafios, a esportista aventureira se lança em vias de superação de obstáculos, desencadeando em si uma agradável sensação de prazer. É a Ártemis heroína guerreira vencedora, cujo lado forte poderia equivocadamente ser chamado de masculino: o seu amor intenso pela liberdade, pela independência e autonomia. Segundo Le Breton (1996), o aventureiro abandona os alicerces seguros da vida cotidiana para mergulhar no universo da incerteza, o autor diz que a aventura opõe-se aos dias banais vividos sem nenhum incômodo, sem o inesperado. Para Simmel (1988), a vida do aventureiro só pode ser vivida como aventura, carregada de emoção, plena de eternidade. A aventura se assemelha a conquista, ao aproveitamento rápido da oportunidade e o que pode parecer absurdo é apenas um desafio, uma brincadeira. Os praticantes dos esportes de aventura e risco calculado formam laços entre si, mais pelo afeto do que pelo contrato, elaboram relações por um processo complexo de atrações, de repulsões, de emoções e de paixões (MAFFESOLI, 2001). Essa socialidade, busca a centralidade subterrânea em que prevalecem as relações com o meio ambiente e com o outro social. Maffesoli (2000) enfatiza a identificação do grupo em vez da individualização, um sentimento comunal, um paradigma estético no qual as massas se agregam em comunidades emocionais temporárias que ele denomina “tribos”. Contribuindo com a tribo nos últimos anos surgiram muitas meninas no cenário do skate em todo o Brasil. Tais práticas abalaram as estruturas da hegemonia masculina aumentando a cada ano o número de campeonatos femininos. Antigamente havia resistência em relação à adesão das meninas. Alguns garotos não aceitavam dividir “seu espaço” com elas. É através dessa prática cultural do skate que identificamos alguns processos discriminatórios relativos no relacionamento entre meninos e meninas. Existe, segundo depoimento em alguns blogs de meninas que muitas vezes, essa escolha do esporte significa passar a milhas de distância dos sonhos que uma mãe tem para filha. “Os pais sempre perguntam se as filhas não preferem arrumar um esporte mais levinho, tipo ioga e balé” (http://meu-mundinho.zip.net, 2004). Como Ártemis, as diferenças de gênero passam despercebidas para essas skatistas, mas é a confiança que possuem em sua feminilidade que as faz explorar com tanto vigor sua masculinidade, o seu lado que ama a liberdade, a ousadia, a aventura. Müller (1997) enfatiza o drama da pessoa heróica, que tem coragem para vencer as adversidades e os III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 medos, e se arrisca no novo apesar dos perigos a que está sujeito ao penetrar em esferas desconhecidas. O viés trilhado pelo autor possibilita dizer que a skatista que se lança nas esferas do desconhecido dos esportes de aventura e risco transita pelo inusitado, evoca situação de bravura em seus momentos de lazer, transcende os valores da vida e mergulha no universo da trajetória heróica. Essas meninas mergulham em situações que ultrapassam o desafio da natureza humana, enfrentam barreiras sociais que exige audácia e coragem, que as leva ao fascinante, momento das manobras nas rampas da cidade em seus carrinhos riscando as rampas com uma coreografia rítmica digna de admiração no bailado que pode caracterizar a liberdade. Conclusão: A tribo de meninas skatistas acredita na liberdade e invadiu o universo antes exclusivamente masculino para a prática do skate na hora do lazer. Ao invés de sapatilhas rosa de ballet, sonhos de muitas mães, com a maior naturalidade, aderem ao deslize em pranchas por rampas e ruas da cidade. Podemos crer que a atração das meninas pelo skate se assemelha a uma aventura, na qual as praticantes imprimem a seus atos o verdadeiro sentido desafiador, superando inclusive todas as barreiras e preconceitos que a sociedade lhes impõe. Abençoadas por Ártemis (WOOLGER, WOOLGER, 2000) são dotadas de grande força: a independência, a autonomia e a vontade de realizar coisas. REFERÊNCIAS MÜLLER, L. O herói: todos nascemos para ser heróis. 10 ed. São Paulo: Cultrix, 1997. ORLANDI, E. Análise do discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2001. LE BRETON. L’aventure – la passion des détours. Paris: Autrement, 1996. SIMMEL, G. Sobre la aventura: ensayos filosóficos. Barcelona: Editions 62, 1988. http://meu-mundinho.zip.net WOOLGER, Jenifer B.; WOOLGER, R. J. A deusa interior – um guia sobre os eternos mitos femininos que moldam nossas vidas. São Paulo: Cultrix, 2000. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 TREKKING DE REGULARIDADE: NOVAS VIVÊNCIAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PROF. DOUTORADO VALDO VIEIRA UNISUAM/RJ – LABORATÓRIO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E LAZER (LEEFEL) GRADUADA ANA PAULA COSTA MENDES RESUMO As novas diretrizes propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais apontam para a necessidade de se ampliar e enriquecer o conteúdo das aulas de Ed. Física possibilitando aos alunos conhecer diversas manifestações da cultura corporal. Os esportes de aventura são manifestações que possuem inúmeras possibilidades de exploração na área educacional, havendo modalidades como o Trekking, que podem ser facilmente levadas às aulas, devido a sua simplicidade de execução, a fácil adaptação aos locais e ao baixo custo dos materiais utilizados. A partir de uma abordagem qualitativa, o presente estudo analisa como o Trekking pode ser inserido na Ed. Física Escolar relacionando-se com as diretrizes propostas pelos PCN’s. O trabalho apresenta também algumas sugestões de atividades para aplicação nas aulas. Conclui-se que o Trekking pode ser uma prática facilmente explorada nas aulas de Ed. Física conforme as diretrizes dos PCN’s, diversificando seu conteúdo e trazendo novas possibilidades de vivências para os alunos. INTRODUÇÃO As novas diretrizes propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) apontam para a necessidade de se ampliar e enriquecer o conteúdo das aulas de Ed. Física, possibilitando aos alunos conhecer as variadas manifestações da cultura corporal. Trata-se de atender ao princípio da diversidade onde “busca-se legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos.” (PCN’s, 1998, p.19) Dentre as inúmeras manifestações da cultura corporal, destacam-se nos dias atuais, os esportes de aventura, que apresentam extensas possibilidades de exploração na área educacional. De acordo com Pereira e Monteiro (1995 apud SCHWARTZ; MARINHO, III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 2005), o potencial educativo dessas atividades de aventura pode ser muito extenso, principalmente porque facilitam situações educativas com experiências pouco habituais, apresentando um forte caráter motivador, favorecendo situações carregadas de emoção, de significado e de intenção. Há modalidades, como o Trekking, que podem ser facilmente levadas às aulas, devido a sua simplicidade de execução, a fácil adaptação aos locais e ao baixo custo dos materiais utilizados na prática. O Trekking pode ser praticado de várias maneiras, como lazer ou competição. Na década de noventa foi criado no Brasil o Trekking de Regularidade, também conhecido como Enduro a Pé. Trata-se de uma competição em equipes, realizada principalmente em ambientes naturais, onde o objetivo não é percorrer a trilha no menor tempo, mas sim, manter a regularidade ao longo do percurso. Cada equipe recebe uma planilha contendo as informações necessárias para a interpretação do caminho a ser seguido, tais como: as distâncias, a descrição do ambiente, direções e velocidades médias em metros por minuto. Durante o trajeto há postos de controle (Pc´s) onde os competidores têm seu tempo aferido pela organização. A cada segundo adiantado ou atrasado, são perdidos determinados números de pontos. Desta forma, a equipe vencedora, será a que passar pelos postos de controle no tempo mais próximo do ideal, somando a menor pontuação. Em geral, o uso de uma bússola, calculadora e relógio são suficientes para a prática do Enduro a Pé, o que o torna bastante acessível. (VIEIRA; MAROUN, 2006). Na equipes há 3 funções básicas: • a contagem de passos, onde a distância percorrida é marcada através da medição da amplitude da passada de um dos componentes; • a marcação de ritmo, necessária para que a equipe se desloque na velocidade média indicada no trecho; • a navegação, onde se realiza a leitura das informações contidas na planilha para conduzir a equipe pelo trajeto correto. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 O Trekking não necessita de habilidades motoras complexas e grande desempenho físico, sendo de fácil execução. Desta maneira pode-se evitar a exclusão dos menos habilidosos, atendendo ao princípio da inclusão, que norteia a concepção e ação pedagógica dos PCN’s, promovendo a efetiva participação e interação de todos os alunos na atividade. Os temas transversais propostos nos PCN’s também podem ser abordados através da prática do Trekking. A temática meio ambiente pode ser trabalhada trazendo às aulas debates sobre as questões ambientais emergentes, levando a uma reflexão crítica sobre a prática de esportes na natureza. A temática referente a orientação sexual pode estar presente na divisão das equipes, que podem ser mistas, possibilitando aos alunos de ambos os sexos conviver e participar das mesmas atividades. O tema ética pode ser abordado ao se discutir os valores envolvidos na competição e entre os próprios integrantes da equipe. A temática saúde pode ser abordada ao se analisar os inúmeros benefícios que a prática regular de atividades físicas pode trazer, traçando-se uma relação entre o sedentarismo e estresse da vida moderna, com a busca cada vez maior por modalidades que oferecem emoções e contato com a natureza. O Trekking traz também às aulas a possibilidade de se trabalhar a interdisciplinaridade. Ao conhecer as direções cardeais e entender os cálculos de velocidade média, os alunos envolvem-se com diversos campos do conhecimento, trabalhando com conceitos matemáticos, noções de geografia e física. Apresenta-se a seguir algumas sugestões de atividades para que o Trekking de Regularidade possa ser aplicado nas aulas. Atividade 1 – Aprendendo a contar os passos III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Os alunos tentam percorrer uma distância anunciada pelo professor, contando os próprios passos. Com uma trena e uma calculadora, o professor demonstra o quanto cada um se aproximou da distância correta. Fig 1 – Atividade 1: aprendendo a contar os passos Atividade 2 – Andando na velocidade Média Os alunos tentam cruzar a quadra obedecendo a velocidade média determinada pelo professor, procurando manter o ritmo proposto. Fig 2 – Atividade 2: andando na velocidade média Atividade 3 – Navegando Os alunos podem elaborar legendas próprias, representando elementos comuns encontrados pela escola. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Fig 4 – Legendas elaboradas pelos alunos e exemplo de percurso determinado Atividade 4 – Conhecendo a Bússola Os alunos podem confeccionar uma bússola caseira e realizar atividades pela quadra onde devem seguir as coordenadas dadas pelo professor. Fig 5 – Bússola caseira e bússola com limbo móvel Após terem aprendido as funções básicas de uma equipe de Trekking, os alunos estarão aptos a participar de pequenas competições pela escola. As regras podem ser adaptadas para facilitar a compreensão e o desenvolvimento da atividade. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Pode-se considerar que o Trekking pode ser uma prática facilmente aplicada e explorada nas aulas de Educação Física conforme as diretrizes propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais, diversificando seu conteúdo e trazendo novas possibilidades de vivências para os alunos. REFERÊNCIAS BITENCOURT, Valéria; AMORIM, Simone. Trekking – Enduro / Rally a Pé. Atlas do Esporte no Brasil, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em:<http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/116.pdf >. Acesso em: 27 Julho 2007 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Parâmetros Curriculares Nacionais – Educação Física, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf>. Acesso em: 24 setembro 2006. SCHWARTZ, Gisele Maria; MARINHO, Alcyane. Atividades de aventura como conteúdo da Educação Física: reflexões sobre seu valor educativo. Revista Digital, Buenos Aires, ano 10, n. 88, Setembro de 2005. Disponível em:< http://www.efdeportes.com/efd88/avent.htm>. Acesso em: 14 novembro 2006. VIEIRA, Valdo; MAROUN, Kalyla. Enduro a pé: o esporte de aventura como aliado na adesão à prática de atividade física. Revista Digital, Buenos Aires, ano 11, n.102, Novembro de 2006. Disponível em:< http://www.efdeportes.com/efd102/enduro.htm>. Acesso em: 28 Novembro 2006. _____________________ Valdo Vieira - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 O ESPORTE DE AVENTURA NO COLÉGIO MAGNO PROF. ESP. DIMITRI WUO PEREIRA UNINOVE PROF. ESP. DENIS PRADO RICARDO COLÉGIO MAGNO RESUMO As atividades de aventura já descritas por diversos autores, como Bruhns; Marinho (2003), são possibilidades educacionais reais e parecem estar relacionadas a valores necessários de serem resgatados na sociedade globalizada em que vivemos, como apontam Uvinha (2004) e Coimbra (2006). A proposta de Esportes de Aventura Escolar pesquisada nesse estudo parece conter os elementos essenciais nessa perspectiva e se enquadra no que a literatura e a experiência internacional mostram como fatores importantes, dentre eles: proporcionar desafios com segurança, levar a pessoa a autonomia, praticar atividades físicas, desenvolver habilidades motoras, preservar o meio ambiente, ser cooperativo, desenvolver uma aprendizagem interdisciplinar, entre outros . INTRODUÇÃO A aventura tornou-se parte da cultura brasileira, envolvendo a educação física, o esporte e o meio ambiente (BRUHNS; MARINHO, 2003). A origem da palavra é latina e significa: o que está por vir com sentido de imprevisível, incerto, e perigoso. As atividades ligadas à aventura surgiram de expedições ou explorações militares, científicas e políticas, mas foi o fator econômico que as popularizou. Esse crescimento causa preocupações com relação à integridade física dos praticantes, porque essas atividades estão sendo reinventadas com um caráter lúdico e um risco aparente, graças ao avanço tecnológico. Para Uvinha (2004), a sistematização e a transmissão de conhecimentos e informações na aventura tornam essas novas práticas acessíveis como produtos de consumo, porém o risco real de acidentes existe. Isso ocorre pela pouca cultura de atividades físicas ao ar livre. Hoje com a veiculação na mídia dessas atividades estamos oferecendo um “produto” que as pessoas III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 não estão preparadas para usufruir. A modificação dessa situação depende da difusão de conceitos coerentes e estruturados sobre os esportes de aventura. OBJETIVOS E MÉTODOS O OBJETIVO desse estudo é apresentar um programa de ensino em aventura e as vantagens que esse tipo de aprendizagem pode trazer a formação dos educandos. Essa pesquisa do tipo descritiva, utilizou-se da revisão de literatura comparada ao programa de ensino de Aventura do Colégio Magno. A instituição se situa no município de São Paulo, é de origem privada e desenvolve há quatro anos um programa extracurricular com aulas uma vez por semana. Os professores que lecionam tal disciplina, são formados em Educação Física e os grupos de contém em média 15 alunos cada. RESULTADOS E CONCLUSÃO O Programa de Esporte de Aventura. Filosofia: O século 21 é o prenúncio de uma nova era. A preocupação com o meio ambiente e com a melhoria da qualidade de vida tornou-se questão de sobrevivência. A aventura, nesse contexto é a busca por atividades com risco calculado. Em nossa perspectiva as atividades de aventura são uma nova forma do esporte ser encarado. Valores: Interagir cooperativamente. Preservar o meio físico. Criar e difundir a cultura dos esportes de aventura. Levar as pessoas à autonomia. Proporcionar desafios respeitando os indivíduos. Objetivos Gerais: Desenvolver as habilidades necessárias e capacidades. Compreender os aspectos ambientais, fisiológicos, geográficos e éticos das modalidades. Participar cooperativamente. Compreender e executar as técnicas com segurança. Conteúdos: Atividades aquáticas (mergulho, surf e canoagem). Atividades terrestres (escalada, acampamento, mountain bike, skate, le parkour e orientação). Estratégias: jogos, brincadeiras, vídeos e vivências externas. (PEREIRA, 2007). Uvinha (2004) ressalta a importância em se abordar essas novas práticas na escola, pois acredita nos aspectos positivos como: inovação, liderança, consciência ambiental, senso de responsabilidade e espírito de equipe nessas atividades. Coimbra (2006) aponta aprendizados na Aventura como: gerar conhecimentos geográficos e biológicos da fauna a III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 flora; apurar as capacidades físicas e habilidades motoras, levando ao autoconhecimento; uso de técnicas e de equipamentos específicos; desencadear a consciência ecológica. No auge da industrialização e do capitalismo, a sociedade atual não só perdeu as relações significativas entre homens, mas também, as relações do homem com a natureza. Ele se afastou dos ambientes, da comida e da vida mais natural. Este se afastou dos ambientes , da comida e da vida mais natural. Ibid. Na Inglaterra a utilização de atividades de aventura como meio educacional é antiga, Segundo Hahn, apud OBB (2007) “O propósito da educação é impelir as pessoas a experiências formadoras de valores”. A OBB, Outward Bound, é uma organização que desenvolve Educação ao Ar Livre, desde 1941, tendo formado mais de 2 milhões de pessoas. Outward Bound, significa deixar o porto seguro em direção ao mar aberto. Tem como missão ajudar as pessoas a desenvolverem e descobrirem seu potencial, para cuidarem de si próprias, dos outros e do mundo a sua volta, valorizando a coragem, a confiança, a solidariedade, a integridade e a cooperação. Entre os objetivos estão: desenvolver jovens em atividades desafiadoras em locais naturais, aprender pela experiência e ter responsabilidade social e ambiental, Ibid. Educar na natureza é criar valores humanos necessários à vida em sociedade. Notamos que o programa de Esportes de Aventura do Colégio Magno contém elementos abordados na literatura e se assemelha à proposta da O B B. Essa relação positiva confirma a possibilidade de se criarem aulas de aventura que contribuam na educação das futuras gerações.. REFERÊNCIAS BRUHNS, Heloisa Turini.; MARINHO, Alcyane. Paulo: Manole, 2003. Turismo, Lazer e Natureza. São COIMBRA, Daniele Alves. A. Atividades Físicas de Aventura na Natureza e possíveis aprendizados. In: Aventuras na Natureza: consolidando significados. / SCHWARTZ, G. M. (org.). Jundiaí, SP: Fontoura, 2006. HAHN K. apud OBB. História. On Line. Disponível em: <http://www.obb.org.br> Acesso em 20 de abril de 2008. PEREIRA, D. W. Planejamento de Aventura. In: Programa de Ensino do Full Time. São Paulo: Colégio Magno, 2007. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 UVINHA, Ricardo Ricci. Esportes Radicais nas aulas de Educação Física no ensino fundamental. In: Educação Física escolar: desafios e propostas / MOREIRA, E. C. (org.). Jundiaí, SP: Fontoura, 2004 (p. 99 – 111). _____________________ Dimitri Wuo Pereira - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 CORRIDA DE ORIENTAÇÃO: CONHECENDO PARA TRILHAR NOVOS CAMINHOS PROF. ESP. LUCIANO DE ALMEIDA FEITOSA UNESA RESUMO A atividade se assemelha as brincadeiras de caça ao tesouro, onde o atleta deve percorrer por um caminho determinado no mapa em ordem crescente passando por todos os pontos que são sinalizados no terreno por prismas. A prática acontece em ambientes naturais que cada vez mais são utilizados para práticas de atividades, sendo pontos positivos: não requerer altos investimentos de tempo e dinheiro, aliando atividade física e cognitiva, podendo ser praticado por grupos desde crianças a idosos e também cadeirantes. INTRODUÇÃO Os ambientes naturais são cada vez mais procurados para práticas de atividades, sejam elas em prol do lazer ou da melhoria da qualidade de vida, no entanto parte dessas atividades necessita de equipamentos, cursos de habilitação e como fator de segurança a prática com pessoas mais experientes. Assim encontramos o montanhismo, o rafiting, o vôo de asa delta e parapente, entre outros. Nesse cenário surge a Corrida de Orientação como uma prática acessível unindo a atividade física como lazer e qualidade de vida, além dos fatores cognitivos como inteligência, percepção, entre outros, que são solicitados a todo o momento durante a leitura e interpretação do mapa, localização e escolha do melhor caminho a seguir, assim podemos suscitar DAVIDOFF (2001) nos processos de percepção e inteligência. O esporte se assemelha as brincadeiras de caça ao tesouro com a possibilidade de ser praticado por diversos grupos, respeitando suas limitações, como: crianças, homens, mulheres, idosos e cadeirantes. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Na atividade é necessário que o praticante, valendo-se do ambiente natural conhecido ou não por ele, se lança em busca de prismas, “bandeirinha” por assim dizer, traçando um percurso determinado e ordenado no mapa dispondo de alguns materiais como: mapa, bússola, cartão de controle e cartão de descrição (ou sinalética), registrando sua passagem no cartão de controle que carrega consigo, através de um alicate (picotador) que marca um código em forma de furos, onde o picotador fica junto a cada prisma1. A atividade ocorre da seguinte forma: - as categorias são feitas de três formas simultâneas: gênero, idade e experiência; - a largada é intercalada, com não menos que 3 minutos; - o mapa é entregue faltando 1 minuto; - ao receber o mapa o atleta dirige-se ao ponto indicado no mapa com um triângulo, neste ponto é o início do percurso, - percorre todos os pontos indicados com círculos, na ordem crescente em que estão numerados; - encerra no ponto indicado com dois círculos concêntricos. O atleta com completar o percurso em menor tempo passando por todos os pontos na ordem determinada vence a prova2. Nota-se então que do início ao final do percurso o praticante tem de interpretar o mapa, ou seja, identificar cada símbolo ali fornecido para que assim possa fazer sua co-relação com o ambiente em que se situa, observando onde se encontra no mapa, onde se encontra no terreno. Assim ao observar no terreno uma lagoa ele deve de imediato saber qual sua simbologia e localizá-la no mapa, norteando-o e assim observar quais a possibilidades de caminhos a seguir e optar pela mais adequada. O ato de se orientar é tão antigo quanto o homem primitivo, quando sai à busca de alimento e precisa retornar. Especula-se que a atividade surgiu quando um matemático e maratonista, para ocupar a monotonia de suas corridas, decidiu criar problemas matemáticos que levassem muito tempo para serem resolvidos, então, enquanto corria passava o tempo tentando resolvê-los para ocupar sua mente. Podemos datar, de acordo com PASINI (2004, p. 26), por volta de 1850 na Escandinávia, como entretenimento de tropas, “mais de três séculos após as aventuras de navegação surge, em 1850, na Escandinávia, a Orientação como desporto. Sua prática começou a ser inserida pelos militares que utilizavam como meio de entretenimento para suas tropas.” III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Através do manual da EsEFEx (1984) observamos que foi através do Major Killander, em 1 Encontrado no site www.narotaventura.com 2 Estas e demais informações são obtidas nos sites www.cbo.org.br da Confederação Brasileira de Orientação (CBO) e www.forj.com.br da Federação de Orientação do Rio de Janeiro (FORJ), ambas disponíveis em meio eletrônico 1918, que o esporte começou a apresentar maiores características, quando como solução para os jovens que se evadiam do atletismo, aperfeiçoou, criou mapas e incentivou a sua prática. A prática dessa modalidade requer algumas habilidades, dentre as quais observo como essenciais, e corroborando PASINI (2007), as motoras, conhecimentos básicos sobre cartografia (simbologia, relevo, escala, vegetação, etc.), consciência ambiental e ética, não descartando outras não citadas. Possibilidade de intervenção: a) o uso da Corrida de Orientação como ferramenta de ensino nas aulas de Ed. Física Escolar num trabalho multidisciplinar com as disciplinas Geografia, História, Matemática, Português, Ciências, adequando e sistematizando a cada situação, b) o trabalho em parques naturais como uma forma diferente de se conhecer/explorar o local atraindo-os a uma conscientização da preservação do local para uso comum e legado a gerações vindouras. OBJETIVO Expor o esporte a comunidade científica na perspectiva de alcançar, através do conhecimento, novos adeptos e estudos na área. MÉTODO O presente estudo foi realizado através de revisão bibliográfica qualitativa. Resultados Não há como estabelecer resultados, haja vista o objetivo do trabalho, sendo assim subjetivo e inestimável. Conclusão Tendo em vista o objetivo e não havendo resultado plausível, espera-se que este sirva de referência a novos estudos e alcance novos adeptos da modalidade. III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 REFERÊNCIAS CONFEDEREÇÃO BRASILEIRA DE ORIENTAÇÃO. Disponível em: < http://www.cbo.org.br/site/index/index.php >. Acesso em: maio. 2008. DAVIDOFF, Linda L. INTRODUÇÃO à Psicologia geral, editora Makron Books, 3º edição 2001. ________. ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO EXÉRCITO (EsEFEx). Orientação. Rio de Janeiro: EGGCF, 1984. FEDERAÇÃO DE ORIENTAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: Disponível em: < http://www.forj.com.br >. Acesso em: maio. 2008. NAROTAVENTURA. Disponível em: < http://www.narotaventura.com >. Acesso em: maio. 2008. PASINI, Carlos Giovani Delevati. Corrida de orientação. esporte e ferramenta pedagógica. Estado: Minas Gerais gráfica Excelsior, 2004. PASINI, Carlos Giovani Delevati. Corrida de orientação. pedagogia, técnica e tática. Estado: Minas Gerais gráfica Excelsior, 2007. _____________________ Luciano de Almeida Feitosa – [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 O SKATE EM SÃO BERNARDO DO CAMPO DIMITRI WUO PEREIRA ESPECIALISTA EM ADMINISTRAÇÃO ESPORTIVA UNINOVE EVELYN DE MENEZES GRADUADA EM EDUCAÇÃO FÍSICA FEFISA RESUMO O skate é uma prática de esportes de aventura que tem grande aceitação entre os jovens. Seu surgimento relaciona-se com a contra cultura dos anos de 1960-70, tendo sido fortemente influenciado pelo rock, pela rebeldia jovem, além das drogas e violência marcantes nesse período de contestação. Atualmente é muito mais aceito na sociedade e inclusive recebe crédito de formação social e educacional. Nesse sentido, o envolvimento de políticas públicas foi o alvo desse estudo e pudemos concluir que o skate pode ser uma ferramenta de aproximação entre a cultura jovem e a cidadania. INTRODUÇÃO O Skate surgiu na Califórnia nos anos 50. A influência do surf o tornou uma atividade de desocupados. No Brasil teve a mesma origem, sendo chamado de surfinho. O filme Lords of Dog Town retrata esse cenário. Adolescentes viviam em meio ao rock’n’roll, a violência, as drogas e as bebidas contestando valores sociais. Assim surgiu um esporte informal e sem regras. Com o advento da tecnologia nas rodas de poliuretano em 1970, que possibilitaram o aumento de velocidade sem perder aderência, o skate passou a voar (PEREIRA, 2007) OBJETIVO III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 Esse estudo pretende revelar a importância do Skate no município de São Bernardo do Campo e sua influência na cultura esportiva dos jovens da região. MÉTODO Será usado o método descritivo exploratório com uma entrevista aberta nessa pesquisa, demonstrando a trajetória do skate na cidade, os impactos sociais e a importância na política pública municipal. O estudo se baseará na pista de Skate de São Bernardo do Campo, onde foi inaugurado em 2007, o maior parque de esportes radicais do Brasil denominado Parque Cidade Escola da Juventude - Cittá di Maróstica. A entrevista foi realizada com o administrador do parque, no próprio local em 02 de maio de 2008. A técnica de pergunta aberta possibilitou ao entrevistado falar com liberdade para expressar suas opiniões (THOMAS; NELSON, 2002: 281) sobre a criação do parque desde o início da primeira pista no local. A entrevista foi gravada e transcrita para aumentar a fidedignidade dos dados. RESULTADOS A pista de skate existente no parque atual manteve características originais desde a década 80, quando foi construído o bowl, espécie de piscina em cimento, com rampas que possibilitam deslizar em velocidade, semelhante às encontradas na Califórnia no mesmo período. Outra formação que se juntou ao bowl antigo e que persiste na pista é o three banks, uma rampa que pela sua qualidade técnica ainda preserva seu formato original. No início, apesar de ser palco da aparição de profissionais consagrados como Mineirinho, a pista abrigava skatistas, patinadores e bikers e o uso de drogas e brigas entre os freqüentadores era grande. No final do século XX, surge o programa municipal Juventude Cidadã com propostas de esporte e cultura. Iniciando uma discussão com os skatistas sobre a criação de um parque de esportes radicais. Das conversas entre os esportistas e os órgãos públicos iniciou-se o processo de implantação do parque, sendo a participação dos skatistas fundamental desde o planejamento até a execução da infra-estrutura e do funcionamento. O parque além da pista de skate que é considerada uma das maiores do mundo, tem half pipe profissional, pista de dirt jump para bikes, paredes de escalada, tirolesa, pista para III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 caminhada e concha acústica para espetáculo, numa área de 15.000 metros quadrados, sendo 5.000 metros de pista de skate. A contratação de profissionais por concurso público e a estruturação do uso do parque com normas e regras de segurança e convívio, a princípio recebeu resistência dos próprios participantes das modalidades radicais, mas hoje com um trabalho de conscientização feito principalmente pelos skatistas mais experientes e famosos, o parque é um local onde o esporte radical é referência como atividade de lazer, competição e educação, pois as ações públicas com aulas de esportes radicais, proibição de consumo de bebidas e drogas e a presença da guarda metropolitana possibilitam que o espaço seja uma conquista dos cidadãos sobre o bem público e sobre a cidadania. CONCLUSÃO Os resultados da entrevista com relação à apropriação do espaço pela cultura do skate afirmado pelo entrevistado se reafirmam em Venini (2007), valorizando os significados encontrados nessa pesquisa. Percebemos que esse tipo de ação pública, compreendendo os esportes radicais como uma forma de sociabilidade e conquista da cidadania, tende a se espalhar pelo país, mas é preciso sensibilizar-se, como fez a administração de São Bernardo do Campo, para perceber na atitude e no comportamento dos jovens a formação das tribos como as existentes no parque de esportes radicais, entendendo seus símbolos, sua linguagem, sua vestimenta e seu comportamento, como propõe Uvinha (2001), pois só assim visualizaremos os elos de ligação com a sociedade do futuro. Entendemos também que o processo de decisão ouvindo os integrantes dessa comunidade skatista foi fundamental para a execução de um espaço público que respeitasse a cultura dessa comunidade. REFERÊNCIAS PEREIRA, D. W. Perfil de Skatistas do Parque da Juventude em São Paulo. In: Anais do 2º Congresso Brasileiro de Atividade de Aventura. UNIVALE, Governador Valadares, MG, 5 a 7 de julho de 2007. VENINI, A. Cultura radical no Skate Park em Sobral. Sobral - Ceará: Funcap, 2007. Relatório do Curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual Vale do Acaraú, - III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008 FUNCAP. On Line: Disponível em: <http://cienciadoskate.com/paper/0197.htm> Acesso em 20 de abril de 2007 THOMAS, Jerry, R.; NELSON, Jack K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. (p. 281) UVINHA, Ricardo Ricci, Juventude, lazer e esportes radicais. São Paulo: Manole, 2001. _____________________ Dimitri Wuo Pereira - [email protected] III Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura “Conquistando Novas Vias” Santa Teresa/ES 03 a 05 de julho de 2008