precisamos nos educar financeiramente

Transcrição

precisamos nos educar financeiramente
1
2
3
carta ao leitor
tempo de
renovação
M
ais um ano se inicia, e com ele, novas formas de encarar desafios.
É com este espírito que a ANEFAC ingressa nesta nova jornada. O
encerramento da gestão para o biênio 2013-2014 dá espaço à renovação para adicionar aos feitos já realizados outras visões e novos
projetos, além de continuidade aos planejamentos já propostos.
A gestão para o biênio 2015-2016 encontra um cenário de grandes perspectivas
não somente no que diz respeito aos planos da ANEFAC, mas à direção tomada pelo
mercado como um todo. Uma época marcada pela expectativa de mudanças
na condução da política econômica para a retomada dos pilares macroeconômicos acrescenta ao início do novo biênio contornos ainda mais estimulantes. Assim
como os desafios propostos pela constante evolução das normas e regulações
que provocam movimentação no dia a dia dos profissionais das áreas financeiras,
administrativa e contábil.
Por isso, iniciamos o ano com enfoque em temas caros aos executivos, entre eles,
fechamento das demonstrações financeiras, corrupção, variação salarial e cases de
“O encerramento da
gestão 2013-2014 dá
espaço à renovação
para adicionar aos
feitos já realizados
outras visões e
novos projetos”
sucesso de grandes empresas em diferentes
abordagens para inspirar um ano de árduo
trabalho e muito sucesso. É isso o que desejamos a você, caro leitor.
Boa leitura!
Amador Alonso Rodriguez, presidente da ANEFAC
para o biênio 2013-2014
Antonio Carlos Machado, presidente da ANEFAC
para o biênio 2015-2016
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sumário
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13
14
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26
Homenagem
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32
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40
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52
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Inside
58
Giro Diretor
Giro Anefac
Giro do mercado
Pesquisa de juros
Evento
ESPECIAL
Panorama
Ideias e Inteligência
Finanças
Administração
Contabilidade
28
Carreira
Perfil
Jovem Executivo
tecnologia
6
reuniões técnicas
turismo de negócios
ENTREVISTA
Artigo
Gil Castelo Branco, fundador e secretário-geral da
Associação Contas Abertas,
fala sobre corrupção e
transparência
Fazendo contas
Ponto de vista
Revista ANEFAC
Uma publicação da Associação
Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade
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e Jennifer Almeida
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inteira responsabilidade de seus autores.
5
KPMG
“O corrupt
entrevista
6
7
Em pleno início do
segundo período
do governo Dilma,
com expectativas
de mudanças
significativas na
condução da
economia e maior
rigor contra a
corrupção, Gil
Castelo Branco,
fundador e secretáriogeral da organização
não-governamental
Associação Contas
Abertas, fala sobre as
consequências da
interferência política
nas empresas estatais.
Explicando por que
estas companhias são
alvo preferencial de
grandes esquemas
envolvendo
partidos políticos,
o economista dá
noções realistas
sobre como esta
relação prejudica o
funcionamento das
próprias companhias e
da economia brasileira
como um todo
“
Revista ANEFAC: Como a interferência
G.C.B.: De fato, as empresas estatais são
política prejudica o funcionamento
hoje figurinhas carimbadas no álbum da
das estatais?
corrupção. Ao meu ver, são três os fato-
Gil Castelo Branco: As estatais se torna-
res que atualmente tornam mais fácil o
ram a Disneylândia dos políticos. Afinal,
desvio de recursos nas empresas estatais
parafraseando Milton Nascimento na
do que nos órgãos da administração di-
canção “Nos bailes da vida”, o corrupto
reta. Em primeiro lugar, volume elevado
vai onde o dinheiro está. O ex-deputado
de recursos para investimentos. Para se
e hoje condenado Roberto Jefferson, no
ter uma ideia, em 2013, na União, se
seu livro “Nervos de aço”, referindo-se aos
considerarmos os investimentos de todos
Correios, confessa: “... é evidente que as
os ministérios, as obras do Judiciário e
nomeações feitas pelo PTB se prendiam,
as do Legislativo, os gastos somaram R$
sim, a uma estratégia de captação de
47 bilhões, enquanto nas estatais só os
recursos eleitorais. Nunca neguei isso”.
investimentos da Petrobras foram R$ 99,2
Essa lógica parece ser a mesma da
bilhões. Considerando as estatais como
camarilha infestada na Petrobras para
um todo, excluindo as do sistema finan-
intermediar negócios entre empreiteiras,
ceiro (Banco do Brasil e Caixa Econômica,
prestadoras de serviços e políticos. A
entre outras), os investimentos chegam a
cada contrato, 3% para a patota. Se as
R$ 113 bilhões. O segundo fator é a in-
devoluções de recursos admitidas pelos
gerência política com pouca exposição.
delatores da operação Lava Jato se
Todos sabem quem são os ministros, mas
aproximam de meio bilhão de reais, dá
são desconhecidos os nomes, por exem-
para imaginar o tamanho do rombo, que
plo, do diretor de Serviços da Petrobras ou
provavelmente tem vertentes nas demais
do diretor financeiro da Eletrobras. Por fim,
empresas estatais.
pouca transparência, o principal antídoto
contra a corrupção.
R.A.: Estatais têm estado no foco de
grandes escândalos de corrupção re-
R.A.: Este é um fenômeno recente ou
centes. Por que isso acontece? Ou seja,
agora é que se está buscando maior
quais são os fatores que favorecem a
transparência e, com isso, desencobrin-
existência de esquemas justamente
do esquemas históricos?
neste tipo de empresa?
G.C.B.: Dizem que o primeiro “desvio” da
to vai onde o dinheiro está”
8
entrevista
tória do Brasil teve essa dimensão. Basta
presa negou sob a alegação de que “a
lembrar que o mensalão, segundo levan-
informação não podia ser fornecida por
tamento do Ministério Público, envolveu
comprometer a competitividade, a go-
R$ 145 milhões. Agora fala-se em R$ 10
vernança corporativa e/ou os interesses
bilhões ou R$ 20 bilhões. Este volume
dos acionistas minoritários”. O próprio
por si só já mostra as proporções em re-
governo federal enviou-nos os dados.
lação a situações anteriores. Estudo da
Na verdade, o que hoje compromete
Fiesp (Federação das Indústrias do Esta-
a governança das estatais é, justamente,
do de São Paulo), de agosto de 2011,
a falta de transparência. Os investimentos
estimou que a corrupção anual no Brasil
das estatais em novembro, por exemplo,
estaria entre R$ 50,8 bilhões a R$ 84,5
só serão conhecidos no fim de janeiro
bilhões, o que representaria de 1,4% a
de 2015. Sequer existe um portal com
2,3% do PIB. Na melhor das hipóteses,
informações atualizadas e detalhadas
se a corrupção anual do Brasil fosse
sobre esse segmento.
história do Brasil foi o de Pedro Álvares
de R$ 50,8 bilhões, corresponderia às
Cabral, que ia para a Índia e acabou
ações concluídas do PAC 1 (2007/2010).
R.A.: Como garantir que a transpa-
atracando na costa brasileira (risos). De lá
Seria equivalente também à construção
rência seja praticada pelas empre-
para cá, os escândalos foram sucessivos.
de 918 mil casas populares ou a 57.600
sas, especialmente as estatais, de
Na década de 1980, já se cogitava no
escolas do ensino fundamental.
forma eficiente?
G.C.B.: Está claro que é preciso rever os
Congresso Nacional a realização da “CPI
das Empreiteiras”, que nunca foi para
R.A.: A transparência é um tema que
controles das estatais, aumentando a
frente. Irregularidades em obras públicas
tem ganhado cada vez mais destaque
transparência em relação à gestão e aos
são descobertas quase que diariamente
e importância, e sobre o qual muito se
valores. No escândalo da Petrobras, cha-
pelos órgãos de controle federais, estadu-
evoluiu em questões normativas e de
ma a atenção o fato de que estamos
ais e municipais. A novidade neste caso é
regulação. Em sua visão, esta evolu-
falando de um crime sistematizado há
a existência de uma estrutura sistematica-
ção tem reflexo eficiente nas práticas
aproximadamente dez anos ou mais. É
mente organizada, com percentuais de
e, principalmente, na consciência e
impressionante que o fato tenha passado
propina estipulados para cada diretoria
proatividade das empresas, sejam elas
despercebido pelos órgãos de controle
da Petrobras, inclusive com regras para
privadas ou estatais?
interno da Petrobras, pelos órgãos de
o “campeonato”, como se as empresas
G.C.B.: As estatais fogem da transparên-
auditoria externa, pelo Conselho Fiscal,
fossem clubes de futebol.
cia como o diabo da cruz. Incluídas na
pelo Conselho de Administração, pela
Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527),
CVM (Comissão de Valores Mobiliários),
R.A.: O que este cenário representa para
pressionaram o governo e foram pratica-
pelo Dest (Departamento de Coordena-
o país, especialmente diante da atual
mente excluídas da obrigatoriedade de
ção e Governança das Empresas Esta-
economia e baixo crescimento do PIB?
prestarem informações à sociedade pelo
tais), pela CGU (Controladoria-Geral da
G.C.B.: Sem dúvida, é o maior escândalo
decreto 7.724. Algumas situações beiram
União) e pelo TCU. Ainda que eles tenham
de corrupção que o Brasil já teve. Além
o ridículo. No primeiro dia da vigência da
levantado – sobretudo o TCU (Tribunal de
dos valores vultosos, este episódio envolve
Lei, a Associação Contas Abertas solicitou
Contas da União) – várias situações de
as maiores empreiteiras do Brasil, as maio-
à Petrobras o PDG (Programa de Dispên-
irregularidade em obras específicas e
res doadoras de campanha, três partidos
dios Globais), conjunto de informações
jamais havia sido mencionada a existên-
da base governista e ainda dezenas de
relacionado às receitas, dispêndios e
cia de uma organização criminosa, de
políticos citados. Até agora, nada na his-
necessidades de financiamento. A em-
um cartel atuando dentro da Petrobras.
9
A primeira conclusão é que vamos
máquina. É muito mais fácil agir com ele
precisar rever os sistemas de controle por-
do que com alguém que caia de para-
que até então as estatais se escondiam
quedas sem conhecer o funcionamento
atrás do mantra de que não poderiam
da burocracia. Este, ao contrário, custa a
ser mais transparentes porque isso iria
se ambientar, até porque encontra certa
prejudicar a atuação delas no mercado.
resistência dos demais. Assim sendo, além
No organograma da Petrobras não exis-
das nomeações por mérito, é relevante
tia diretoria dedicada à governança, o
aprimorar os sistemas de controle e a
que agora, depois da porta arrombada,
transparência. O governo como acionista
será criada. Desconheço qual órgão na
majoritário tem essa obrigação.
Petrobras fazia trabalho de inteligência,
de prevenir a corrupção, de compliance,
R.A.: Reforma política seria uma saída
que é praticado internacionalmente.
eficiente, ou seria suficiente apenas
A Petrobras não tinha até o momento
o cumprimento da lei de acesso à
nenhum órgão que claramente tivesse
informação, sem diferenciação entre
0,71% do Produto Interno Bruto (0,09%
essa preocupação.
privadas e estatais?
para a Eletrobras e 0,68% para a Petro-
G.C.B.: A reforma política dificilmente irá
bras). Em conjunto, investiram 2,2% do
R.A.: Se a interferência do governo nas
resolver a questão da influência política
PIB, mas tomaram 1,58% do mesmo
estatais pode prejudicá-las, qual seria
desmedida nas empresas estatais. Ape-
em operações de crédito. Se fossem
a solução para fugir deste cenário?
sar do escândalo da Petrobras, políticos
empresas privadas, quebrariam.
“
G.C.B.: Curiosamente, enquanto
continuam a ser cogitados para diretorias
O cumprimento pleno da Lei de Acesso
muitos falam que é preciso valorizar o
de empresas estatais. Há tempos, pra-
à Informação ampliaria a transparência
quadro de funcionários da empresa
ticamente todos os cargos de direção
das empresas estatais. No entanto, o
– com o que concordo - vemos que
nas empresas estatais são ocupados
Decreto que regulamentou a Lei pratica-
esta não é a única solução. Nos últimos
por indicações políticas. Essa prática
mente excluiu a obrigação das estatais
episódios de corrupção, casualmente ou
politiza a atuação das empresas, muitas
serem transparentes e, portanto, deveria
não, como nos Correios que detonou o
vezes fazendo com que haja desvios em
ser alterado. Por falar em legislação, a
escândalo do mensalão, o estopim foi
relação aos compromissos estratégicos
Petrobras tem um decreto próprio, de
um funcionário de carreira, o (Maurício)
e ao interesse público. Como consequência,
1998, que rege as suas licitações, com
Marinho, flagrado em vídeo colocando
a Petrobras e a Eletrobras apequenaram-se
diversas brechas para as irregularidades.
a mão no dinheiro. No caso do Visanet,
como “autarquias” vinculadas ao Minis-
Com base no decreto, mais de 60% das
do Banco do Brasil, o diretor de Marketing
tério da Fazenda, reféns da política eco-
contratações de bens realizadas nos últi-
era o (Henrique) Pizzolato, funcionário de
nômica. Na Petrobras, a contenção dos
mos quatro anos pela Petrobras foram sem
carreira do Banco do Brasil. E agora, no
preços dos combustíveis, para empurrar
licitação, segundo o TCU. Tudo isso precisa
caso da Petrobras, a ponta do iceberg foi
a inflação com a barriga até depois das
ser revisto. Ficou absolutamente clara a
o Paulo Roberto Costa, que também era
eleições, afetou o caixa e a rentabilidade
falência dos sistemas de controle das em-
funcionário de carreira. Isso leva a crer
da empresa. As ações da Eletrobras vira-
presas estatais.
que para os partidos políticos talvez seja
ram “mico” após o subsídio ao uso das
mais conveniente cooptar os funcioná-
usinas térmicas e a redução das tarifas
rios de carreira, que muitas vezes já têm
de energia. Em 2013, segundo cálculos
ligações com os partidos. O funcionário
do economista José Roberto Afonso, as
“da casa” já conhece a engrenagem da
duas estatais tiveram déficit primário de
10
homenagem
Masayuki
Nakagawa:
“incansável aprendiz e realizador”
N
o ano de 2014 a contabilidade
Era 1944 e ele voltou no dia seguinte para limpar o
brasileira perdeu um de seus gran-
chão. “Depois de três anos na empresa me passaram
des colaboradores. Faleceu, aos 86
para a metalúrgica, estamparia, prensa de 100 tone-
anos, o professor titular aposentado
ladas, 200 toneladas, politriz de pano para dar brilho
do Departamento de Contabilidade
nas peças metálicas. E eles perceberam que eu era
e Atuária da Universidade de São Paulo, Masayuki
muito bom de cálculo”, contou em 2009 em projeto
Nakagawa, reconhecido como um mestre por refe-
de História Oral do Departamento de Contabilidade
rências do universo acadêmico contábil e atuarial.
da Universidade de São Paulo.
Dono de uma biografia surpreendente, ingressou
Quando ia prestar vestibular, ouviu do chefe que,
na Contabilidade quase por acaso. Filho de japo-
se estudasse contabilidade, teria um sucesso grande
neses, o professor nasceu em São Paulo e lembrava
na empresa. Como não sabia nada do assunto,
da infância vivida em dias de guerra. Depois de
só decidiu deixar a ideia da Engenharia de lado
trabalhar em uma carvoaria e em uma perfumaria
depois de testar a Contabilidade em um curso por
entre os 13 e os 15 anos, bateu na porta de uma
correspondência. Foi parar na primeira turma do
empresa para pedir emprego:
Curso de Ciências Contábeis e Atuariais da Fecap
- Vim de uma carvoaria e de
uma perfumaria. O que o
senhor faz aqui?
- Aqui é uma metalúrgica.
- De metalúrgica não
entendo nada, mas estou
disposto a aprender.
(Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) e,
para garantir que o curso não fecharia, insistiu que
os colegas não desistissem, oferecendo um curso
de matemática aos amigos em sua própria casa
para ajudar a turma a acompanhar a complexidade
das matérias. Não só conseguiu que o curso fosse
mantido como formou-se com medalha de honra.
Já na década de 1970, fez “Especialização em
Mercado de Capitais” na FEA e depois de alguns
anos tornou-se auditor independente. Mais tarde,
11
giro diretor
convidado pelo então chefe do Departamento de Contabilidade e Atuária, professor Antonio Rodrigues Perez,
para ser professor, relutou. Os convites se repetiram e só
um ano depois aceitou experimentar a profissão que
não abandonaria mais.
Nakagawa acompanhou a evolução da Contabilidade no Brasil e colaborou para seu desenvolvimento com
um perfil de “incansável aprendiz e realizador”, como
definiram seus colegas em homenagem publicada no
portal da FEA/USP em outubro de 2014.
Nós, da ANEFAC, encerramos nossa homenagem
compartilhando com o leitor a sua compreensão sobre
Contabilidade e Controladoria - visão que procurou
passar para seus alunos durante toda a vida docente:
“Ciências Contábeis é contabilização; fazer o registro
Acompanhe as atividades
dos diretores da ANEFAC em
representação à entidade
A
ndrew Frank Storfer e
Roberto Vertamatti,
membros do Conselho de
Administração e diretores
de Economia da ANEFAC,
do que está acontecendo no mundo real dos negó-
participaram como pales-
cios. Tudo que acontece, ele registra, mas esse registro
trante e moderador, respec-
contábil, que é a contabilização, tem que ser fidedigno,
tivamente, no painel “Econo-
fiel aos fenômenos no mundo real. É uma questão de
mia e Futuro”, durante o 2º
semiótica, você tem que fazer essa representação bem
feita, de forma que quem leia o balanço compreenda
totalmente o que aconteceu. Isso é transparência. Outro
Fórum de Desenvolvimento
Econômico e Inovação de
braço de Ciências Contábeis é a Contabilidade, que
Atibaia, realizado no dia 21
é interpretar esses números, esses dados dentro de um
de novembro.
cenário do mundo real, colocar em nota explicativa,
fazer os arranjos que o balanço precisa ter, os ajustes
para uma boa comunicação do que aconteceu. Então
Contabilidade é interpretação e comunicação, o resto
é registro, é contabilização.
A Controladoria gira no âmbito da interpretação desses
N
o dia 2 de dezembro,
Ana Cristina França, dire-
tora executiva de Avaliações
da ANEFAC Rio de Janeiro,
registros, dos lançamentos. O contador experiente come-
representou a Associação no
ça a enxergar através de inúmeros fenômenos do mundo
evento de lançamento do
real, da fabricação, das transações que ocorreram nas
livro Brasil S/A - Guia de Aces-
vendas, as compras. Então, esse contador experiente
so ao Mercado de Capitais
passa a criar uma metodologia para análise dos fenômenos que estão no mundo real. (...) A controladoria
é o estudo de como tornar a empresa mais eficiente,
para Companhias Brasileiras,
produzido pela RR Donnelley
portanto, mais lucrativa, mais competitiva no mercado
em parceria com advoga-
e mais propensa a atender realmente a expectativa do
dos de vários dos principais
consumidor do produto da empresa. Visa à sustentabi-
escritórios de advocacia
lidade e, ao longo do tempo, tornar-se cada vez mais
do Brasil especializados em
atrativa aos acionistas e ao mercado de capitais. Essa
mercados de capitais.
é a visão resumida da Controladoria.”
(Nota da Redação: Conteúdo produzido com trechos extraídos de
documento de 25 de agosto de 2009, parte do Projeto: História
Oral do Departamento de Contabilidade da Universidade de São
Paulo, disponível em http://bit.ly/1xVgzPD)
12
giro anefac
MOMENTO ECONÔMICO
E
ntre novembro e dezembro de 2014, o programa
“Momento Econômico”, produzido pela ANEFAC, vei-
culado ao vivo na TV Geração Z e armazenado no Portal
UOL, abordou assuntos de relevância para o dia a dia
dos executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. No dia 3 de novembro, Amador Alonso Rodriguez
apresentou o programa, que contou com a presença do
sócio de Tax da PwC, Edinilson Apolinário, para falar sobre
Guerra Fiscal. No dia 10, Roberto Vertamatti entrevistou
Reinaldo Domingos, presidente da DSPO Educação Financeira, sobre planejamento financeiro para 2015. O diretor
de Controladoria da Localiza, Edmar Vidigal Paiva, falou,
ANEFAC
no dia 17, sobre o mercado de aluguel de carros no Brasil
e a melhoria do negócio com a contabilidade gerencial.
No dia 28 de novembro, governança e melhores práticas
ANEFAC
nas corporações foi o tema da entrevista com o diretor
do Crowe Horwath, Francisco D’ Orto.
ANEFAC Brasil
Em dezembro, Ailton Leite abordou o mercado internacional e a legislação tributária brasileira em entrevista com o
@Anefac_Brasil
sócio da consultoria tributária da BDO, Hugo Amano, no
dia 1º, e o desenvolvimento econômico de Sorocaba
em conversa com o presidente do CMDES (Conselho
Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social
de Sorocaba), Sidney Matos, no dia 8. Acompanhe o
programa ao vivo toda segunda-feira, às 10h, em www.
tvgeracaoz.com.br, ou assista as edições em www.tvuol.
com.br e www.anefac.com.br.
NA REDE
A
ANEFAC mantém contato com executivos de Finanças, Administração
e Contabilidade, associados ou não,
também nas redes sociais. No LinkedIn,
o Grupo ANEFAC está com debates em
AGENDA
Confira a programação de eventos e reuniões
Maio
técnicas da ANEFAC para os próximos meses:
14
a 17
17º Congresso ANEFAC 2015, em Buenos Aires
aberto: “Pensando em empreender?”;
“Melhora dos resultados através da produtividade e crescimento das receitas
- mais um exemplo de sucesso da Vale”;
“Os empregos que você não vê”; “As
desculpas que damos a nós mesmos”;
“Pis Cofins: TRF 4ª Região mantém decisão do Carf”; entre outros. Acompanhe
Agenda sujeita a alterações
www.anefac.com.br
a ANEFAC no LinkedIn, Facebook, Twitter
e YouTube.
13
giro do mercado
CONVÊNIO
e Aplicação do Método de Equivalência
Os bancos centrais do Brasil e do Uruguai
Patrimonial; nº 730/14 que aprova a In-
assinaram convênio para estabelecimen-
terpretação Técnica ICPC 19 – Tributos; e
to de SML (Sistema de Pagamentos em
a nº 731/14 que aprova a Interpretação
Moeda Local) visando facilitar e incre-
Técnica ICPC 20 – Limite de Ativo de
mentar o comércio de bens e serviços
Benefício Definido, Requisitos de Custeio
entre os dois países. Em operação desde
(Funding) Mínimo e sua Interação. No dia
o dia 1º de dezembro, o SML permite aos
10 de dezembro, editou a nº 732/14, que
importadores e exportadores brasileiros e
aprova a Orientação Técnica OCPC 08 -
uruguaios a realização de pagamentos e
Reconhecimento de Determinados Ativos
requerimento mínimo de capital, das
recebimentos em suas respectivas moe-
ou Passivos nos relatórios Contábil-Finan-
normas sobre auditoria e governança e
das, dispensando contrato de câmbio.
ceiros de Propósito Geral das Distribuidoras
das condições para que as cooperativas
de Energia Elétrica emitidos de acordo
atuem como Sociedades Garantidoras de
com as Normas Brasileiras e Internacionais
Crédito para micro e pequenas empresas,
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
de Contabilidade. E, por fim, no dia 23 de
serão submetidas à audiência pública.
editou no dia 12 de novembro a Delibe
dezembro a Deliberação nº 733/2014,
ração nº 727/14 , que aprova a Orientação
que aprova o Documento de Revisão de
EDITADAS
Técnica OCPC 07 - Evidenciação na Divul-
Pronunciamentos Técnicos nº 07.
A CVM editou duas instruções no dia
DELIBERAÇÕES CVM
gação dos Relatórios Contábil-Financeiros
17 de dezembro. A primeira substitui a
de Propósito Geral. No dia 27 de novem-
COOPERATIVAS DE CR ÉDITO
bro, foram editadas quatro deliberações:
​O CMN (Conselho Monetário Nacional)
constituição, administração, funciona-
nº 728/14 que aprova o Documento de
e o Banco Central aprovaram normas e
mento e divulgação de informações
Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº
propostas de Resoluções que aprimoram
dos fundos de investimento; e a segunda
06; nº 729/14 que aprova a Interpretação
a regulamentação das cooperativas
introduz o novo conceito de investidor
Técnica ICPC 09 (R2) – Demonstrações
de crédito. As medidas, que tratam da
qualificado e de investidor profissional,
Contábeis Individuais, Demonstrações Se-
melhora das condições de acesso a
que passam a estar previstos na Instrução
paradas, Demonstrações Consolidadas
fontes de financiamento, das regras sobre
CVM nº 539/13.
Instrução CVM nº 409/04, que trata da
indicadores
(Fonte: BM&FBOVESPA)
Nota da Redação:
As informações
contidas nesta seção
consideram dados
divulgados pelo
mercado até a data de
fechamento da edição
14
pesquisa anefac
Por Miguel Oliveira, sócio-diretor da Ribeiro de Oliveira Consultores
Associados e diretor executivo de Estudos Financeiros da ANEFAC
análise do crédito no Brasil em 2014
O
por conta dos fatores listados abaixo
dito no país contra 32% das instituições
tivemos o pior desempenho desde 2003,
privadas nacionais e 14% das instituições
último ano que o crédito cresceu abaixo
estrangeiras.
ano de 2014 foi pautado
de dois dígitos. Este cenário só não foi
Hoje, o crédito representa 58% do PIB
por maior seletividade e
pior pela atuação mais forte dos bancos
contra 56% em dezembro de 2013 e
restrições das instituições
públicos nas concessões de financia-
55,1% em novembro do mesmo ano.
financeiras no crédito, o
mento, apresentando um crescimento
Entretanto, vale destacar que o volume
que acabou provocan-
de 14,1% no ano até novembro de 2014,
total do crédito no país ainda é baixo
do sua desaceleração. Vale destacar
contra um crescimento de 3,8% nas
quando comparado às principais eco-
que o volume total de crédito do sistema
instituições privadas nacionais e de 4,2%
nomias, onde este número atinge mais
financeiro vinha crescendo ao longo dos
nas instituições estrangeiras, fazendo com
de 100% do PIB. Isso demonstra que
anos de forma consistente sempre acima
que os bancos públicos tenham hoje um
temos ainda um ambiente favorável à
de dois dígitos, porém, no ano passado,
volume de 54% do volume total de cré-
expansão de crédito.
• Retração econômica e expectativas de
Taxas de juros
Volume Total de Crédito • Geral
A desaceleração do crédito se deu
pelos seguintes motivos:
baixo crescimento para 2015.
As taxas de juros das operações de
• Inflação maior e taxas de juros das ope-
Diante de todos estes problemas,
crédito e respectivos spreads bancários
rações de crédito maiores na economia;
aumenta consideravelmente o risco
apresentaram piora no período, com
• Elevações da taxa básica de juros
de elevação dos índices de inadim-
elevação de ambos. No caso dos spre-
(Selic) promovida pelo Banco Central ao
plência, uma vez que estes fatores
ads, o crescimento se deu pelo fato das
longo dos últimos meses, com elevação
aumentam o endividamento das famí-
taxas de juros das operações de crédito
de 7,25% ao ano em abril de 2013 para
lias, enquanto o ambiente econômico
terem sido elevadas em percentual
11,75% ao ano em dezembro de 2014;
mais restritivo aumenta igualmente o
superior à elevação da Selic, motivado
• Sinalizações do Banco Central de conti-
risco de crescimento nos índices de
pelo maior risco da inadimplência. Hoje,
nuidade na elevação da taxa básica de
desemprego, fazendo com que as
tanto as taxas de juros das operações de
juros para trazer a inflação para o centro
instituições financeiras apertem o rigor
crédito como os spreads são os maiores
da meta;
no crédito.
desde 2012.
15
Projeções para 2015
Taxa de Juros Média • Geral
Considerando expectativas de uma situação econômica mais difícil este ano do
que a verificada em 2014, com inflação
alta, elevação da Selic e das taxas de juros
das operações de crédito, elevação nos
índices de desemprego e inadimplência,
além de crescimento econômico próximo
de zero com possibilidade de retração
dependendo das medidas fiscais e monetárias a serem implementadas pela nova
equipe econômica, acredita-se que as
Spread • Geral
instituições financeiras continuarão muito
seletivas e restritivas no crédito em 2015.
Isso faz com que as projeções para
este ano repitam o verificado no ano
passado, ou seja, baixo crescimento no
volume de crédito, maiores taxas de juros
das operações de crédito, elevação dos
spreads bancários, redução dos prazos
de financiamento e aumento dos índices
de inadimplência. Em resumo, esperamos para 2015 uma piora em todos os
indicadores de crédito.
Outro item que apresentou piora foi o
prazo médio dos financiamentos, que
Prazo Médio dos Financiamentos • Geral
no ano apresentou uma redução de 1,2
meses. Já a inadimplência apresentou
pequena elevação, passando de 4,7%
em dezembro de 2013 para 4,9% em novembro de 2014. Vale destacar, entretanto, que por conta do cenário econômico
atual, com inflação alta, elevação das
taxas de juros e baixo crescimento econômico afetando a renda do consumidor,
poderemos ter elevação nos índices de
inadimplência, não obstante o fato de
que tanto consumidores como bancos
têm sido mais cautelosos na tomada e
concessão de crédito.
Assim sendo, a análise de todos estes
indicadores demonstram que os cinco
principais indicadores analisados apresentaram piora no ano de 2014 quando
comparados ao período anterior.
Inadimplência • Geral
16
evento
São Paulo
fechamento das
demonstrações financeiras
exige cada vez mais atenção
17
Da esq. para a dir., Evany
Oliveira, ANEFAC e PwC;
Ricardo Corrêa; Roberto
Melo Franco Corrêa; e
Nelson Alves, todos PwC
“N
Mudanças trazidas
pela lei 12.973/14
e alterações
nas normas IFRS,
especialmente
relacionadas aos
aspectos tributários,
são foco de atenção
para exercício 2014
Por Jennifer Almeida
unca se preci-
ou não a antecipação da lei”, comentou.
sou saber tanto
Na visão de Ricardo Corrêa, sócio da
de contabilidade
área de Tax da PwC Brasil e palestrante
para lidar com o
no evento de Ribeirão Preto, as empresas
imposto de renda,
ainda precisam se preparar mais para
principalmente a partir da lei 12.973/14”,
se adequarem à lei, principalmente na
enfatizou Evany Oliveira, diretora de
questão tributária. “A Receita Federal
Tributário da ANEFAC e diretora da área
acabou adiando muito as alterações.
de Consultoria Tributária da PwC Brasil,
Algumas definições saíram na última hora
durante o seminário “Temas críticos para
e muito já se aplica em 2015”, observou,
o fechamento das DFs 2014 e últimas
reforçando a necessidade de rápida
alterações tributárias relevantes”, reali-
adequação das empresas para atender
zado no dia 27 de novembro, em São
todas as obrigações exigidas.
Paulo. O evento aconteceu também em
Roberto Melo Franco Corrêa, sócio de
Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre,
Tax da PwC Brasil e palestrante de Belo Ho-
Curitiba, Salvador, Florianópolis, Ribeirão
rizonte, sugeriu que as empresas façam um
Preto e Belo Horizonte entre os dias 1 e 10
diagnóstico destes efeitos em cada uma
de dezembro de 2014.
das suas operações para dimensionar qual
A lei 12.973/14 é um marco legal e foi
é o real impacto da lei em suas operações.
editada em maio de 2014, tendo revoga-
Em sua visão, faz parte da cultura brasileira
do o RTT (Regime Tributário de Transição)
deixar tudo para a última hora. “Infelizmente
e incorporado a legislação tributária às
são poucas as empresas que se planeja-
novas normas contábeis. Evany mencio-
ram para fazer uma adequação da sua
nou a Instrução Normativa IN 1515/14,
operação à lei”, opinou.
que disciplinou os artigos da lei que entra
Nelson Alves, sócio da PwC Brasil e
em vigor a partir de 2015. A lei permitia
palestrante do evento em Campinas,
a possibilidade dos contribuintes anteci-
citou como tema importante de 2014
parem os efeitos da adoção para 2014,
a oportunidade que as empresas tive-
no entanto, a lei trouxe também uma
ram para liquidar débitos com prejuízos
regra de isenção para os dividendos em
fiscais anteriores, o que, de acordo com
excesso apurados e pagos até 2013, mas
ele, causou intensa movimentação nos
deixou de fora o ano de 2014.
escritórios de consultoria para identificar
“Se a empresa não antecipar os efeitos
quais eram as vantagens de se fazer a
da lei para 2014 e pagar dividendos em
liquidação, visto que o prazo para as
excesso, na visão da Receita Federal isso
empresas decidirem foi bem curto.
deveria ser tributado, o que tem sido leva-
Do ponto de vista de Sergio Bento,
do em conta pelas empresas para definir
sócio da PwC Brasil e palestrante em São
18
evento
Belo Horizonte
Campinas
Salvador
Paulo e Belo Horizonte, a parte tributária
Foco nas notas explicativas
depende de critérios e da visão de um
Na área contábil, o grande tema do ano
identificar aquilo que é qualitativamente
especialista, visto que há divergências
de 2014 para Tadeu Cendón, sócio da
importante. “É preciso divulgar as informa-
de opiniões. “Sempre há divisão de con-
área de Risco e Qualidade da PwC e pa-
ções relevantes que são importantes para
ceitos e opiniões sobre o mesmo tema e
lestrante em São Paulo e Belo Horizonte, foi
a demonstração financeira e eliminar as
o que recomendo na parte tributária é o
a campanha iniciada pelo CPC (Comitê
menos importantes e que dificilmente
enfoque de duas ou mais pessoas, o que
de Pronunciamentos Contábeis) para
levariam o investidor a uma tomada de
sempre leva à melhor administração do
enxugar as demonstrações financeiras e
decisão diferente”, disse.
risco ou ao melhor aproveitamento de
deixá-las mais objetivas, o que resultou na
Patrícia Agostineto, diretora da área
oportunidades”, analisou.
emissão da Orientação Técnica OCPC
de Risco e Qualidade da PwC Brasil e
A questão tributária e a implementação
07 – Evidenciação na Divulgação dos
palestrante em São Paulo e Ribeirão
da ECF (Escrituração Contábil Fiscal) exigi-
Relatórios Contábil-Financeiros de Propó-
Preto, ressaltou que, desde a ado-
rá atenção redobrada, de acordo com
sito Geral. O OCPC 07 trata das melhorias
ção das normas internacionais de
Samuel Rodrigues Guilger, coordenador
das notas explicativas nas demonstrações
contabilidade, os preparadores das
contábil da Brasil Kirin. “Para o próximo ano,
financeiras, o que coloca em debate a
demonstrações adotaram o checklist
serão necessários ajustes nos sistemas de
questão da materialidade, um conceito
e, muitas vezes, por medo de serem
escrituração contábil das empresas com a
subjetivo. Mas, para Cendón, mesmo
questionadas pelo regulador, acabam
finalidade de atender novas obrigações”,
assim é possível aplicar alguns critérios
divulgando informação em excesso. “É
destacou. Para ele, as empresas devem
objetivos para determinar materialidade
preciso fazer uma avaliação criteriosa
avaliar a diferença entre sua base atual e
do ponto de vista quantitativo e, assim,
qualitativa e incluir o que é realmente
a base necessária, se preparar e realizar as
eliminar informações irrelevantes.
relevante para a tomada de decisão
implementações necessárias para atender
as exigências fiscais e contábeis.
Em sua opinião, a administração deveria ter suficiente discernimento para
do usuário da demonstração financeira”, salientou.
19
Florianópolis
Porto Alegre
Mudanças para
os próximos anos
Além de atentar para as mudanças com
as normas que entram em vigor nos próximos anos, Myrian Buenos Aires Moutinho,
sócia da PwC Brasil e palestrante em
Belo Horizonte, alertou que as empresas
devem solidificar todas as alterações de
2014 que já estão valendo. “Não temos
tanta novidade na área contábil como
na área fiscal, mas existem alguns conceitos de 2014 que estamos reforçando
para que as empresas apliquem adequadamente e estejam atentas ao que
será obrigatório em 2015”, informou.
Acima, da esq. para a
dir., Tadeu Cendón; Sérgio
Bento; Patrícia Agostineto;
e Myrian Buenos Aires
Moutinho, todos PwC
Adriano Machado, sócio de Assurance
de mudar a forma de fazer negócio,
da PwC Brasil e palestrante em Porto
ou seja, mudar os contratos para evitar
Alegre, lembra que algumas normas
esses impactos”, concluiu.
emitidas que ainda não estão vigentes
Para Douglas Cardoso, gerente execu-
já devem gerar algum tipo de impacto
tivo e controller da Georadar, foi bastante
nas demonstrações financeiras das em-
oportuna a discussão sobre as mudanças
presas. Uma delas é o IFRS 15 – Receita
para os próximos anos, especialmente
de contratos com clientes, que entra em
as relativas ao IFRS 15. “Isso pode trazer
vigor em 2017. Para ele, é importante
profundas alterações no reconhecimen-
que as empresas comecem a quantificar
to de receita da minha empresa, que é
os impactos da adoção, pois quando a
uma empresa de serviços e adota o POC
norma for obrigatória, os resultados dos úl-
(Percentage of Completion), pois tem con-
timos três anos deverão ser apresentados.
tratos de longo prazo com características
Ele aconselha verificação dos con-
bastante distintas”, mencionou.
tratos e da forma como as empresas
Acyr Curty, supervisor de Contabilidade
realizam suas operações para saber se
da Embraer, comentou que o IFRS 15 e o
a norma impactará de forma negativa
IFRS 9 impactam bastante as atividades
ou não o negócio. “A partir disso, é
da empresa. “São pontos que considera-
possível avaliar melhor a necessidade
mos cruciais”, acrescentou. Segundo ele,
Ao lado, Acyr
Curty, Embraer;
e Adriano
Machado, PwC
20
evento
Foto: Andre Telles
Ribeirão Preto
Rio de Janeiro
mento do balanço, evitando conflito de
interesses e erros no final do exercício.
Fernando Matias, da Aché Laboratórios,
acredita que a troca de experiências em
eventos ajuda a aprimorar e melhorar
os controles exigidos pelas normas. Ele
Curitiba
Recomendações
dos especialistas
contou que a empresa costuma fazer um
diagnóstico de como as normas contábeis
afetarão as operações da empresa, revisar
antes de publicar o balanço, além de
Christiano Santos, sócio da PwC e pales-
contar com ajuda de uma auditoria para
a estrutura contábil da Embraer é dividida
trante no Rio de Janeiro, e Cáren Maco-
avaliar quais são os impactos das normas
no centro de serviços, onde ficam as
hin, sócia da PwC na área de auditoria e
para a empresa no futuro. “Meu conselho é
operações contábeis e as elaborações
palestrante em Curitiba, mencionaram
sempre antecipar as discussões e consultar
das notas explicativas; e na área cor-
a preocupação dos participantes com
os assuntos complexos ou com os quais
porativa, responsável por analisar cada
relação ao acompanhamento das mu-
a companhia não esteja confortável”,
norma e destrinchar como ela vai refletir
danças do ambiente contábil e fiscal,
concluiu Christiano Santos.
na operação contábil. “Nosso preparo
especialmente com o fim do RTT e a apre-
começa bem antes do fechamento do
sentação das demonstrações financeiras.
exercício e já iniciamos trabalhando nas
Atualização é o caminho sugerido pelos
notas, num draft da demonstração finan-
especialistas para evitar erros e cumprir
ceira e no impacto com as mudanças
todas as normas. Para isso, Cáren sugere
legais”, contou.
acompanhamento pelo site do CPC e
Ainda na área contábil, Rodrigo Furlan,
mídia especializada, além de participa-
sócio de auditoria da PwC Brasil e pa-
ção em eventos especializados. Marco
lestrante em Ribeirão Preto, considerou
Antonio Papini, da Map Auditoria, reforça
como maior impacto a alteração trazida
que as empresas precisam atentar para
pelo IAS 41 e pelo IAS 16, respectivamente
os impactos da lei 12.973/14 e dos novos
os CPCs 29 – Ativo Biológico e Produto
CPCs. De acordo com ele, as empresas
Agrícola; e 27 – Ativo Imobilizado, que
também podem utilizar a auditoria para
alteram a norma de ativos biológicos.
fazer uma consultoria e ajudar no fecha-
Acima, Rodrigo
Furlan, PwC. Ao
lado, Fernando
Matias, Aché
21
22
especial
Prêmio ANEFAC Profissional
E
m três décadas do Prêmio ANE-
Nilmar Sisto Foletto,
Cristina Palmaka
e Pedro Melo são
reconhecidos por
suas histórias de
liderança, trabalho
árduo e superação
de desafios
Por Jennifer Almeida
FAC Profissional do Ano, mais
de 60 profissionais foram premiados nas áreas de Finanças,
Administração e Contabilidade
pela significativa contribuição ao mercado e o desenvolvimento das empresas
onde atuavam. Em 2014, ano em que a
premiação completou 30 anos, Nilmar
Sisto Foletto, diretor de Finanças de Fur-
das, levando em conta que ser executivo
nas; Cristina Palmaka, presidente da SAP
dentro de uma economia tão adversa
Brasil; e Pedro Melo, presidente da KPMG
como a nossa não é fácil”, mencionou
Brasil, receberam o Prêmio nas categorias
Andréia Fernandez, vice-presidente de
Finanças, Administração e Contabilidade,
Eventos da ANEFAC e gerente corporati-
respectivamente, durante cerimônia
va da Serasa Experian. Ela lembrou que
realizada no dia 25 de novembro, em
2014 foi um ano desafiador para o Brasil
São Paulo.
e cheio de incertezas, o que fez com que
Amador Alonso Rodriguez, presidente
o mercado se comportasse de maneira
da ANEFAC, ressaltou a necessidade de
peculiar. “A situação econômica do país
destacar executivos que sirvam de exem-
interfere diretamente nas decisões que
plo para os profissionais mais jovens, prin-
são tomadas nas empresas e em 2014
cipalmente aqueles em início de carreira
foi necessário reforçar os aspectos de
que estão em busca de boas referências.
gestão para apresentar resultados satis-
A escolha dos vencedores é feita por livre
fatórios”, apontou.
indicação dos associados da ANEFAC e
Contar com profissionais diferenciados
posteriores reuniões do Comitê do Prêmio.
requer constante preparo e atualização
“Quando temos a lista dos profissionais in-
técnica, além de sintonia fina com o que
dicados pelos associados, levamos para
há de mais atual e moderno em termos
o Comitê e difíceis decisões são toma-
de gestão. Em 30 anos, o mercado de
23
do Ano celebra 30 anos
24
especial
Da esq. para a dir., Zelda
Melo; Cristina Palmaka, SAP
Brasil; Pedro Melo, KPMG
Brasil; e Flávio Eustáquio
Ferreira Martins, Furnas
Competências profissionais
trabalho evoluiu e acompanhou os mo-
determinantes para suas atuações.
Finanças, Administração e Contabilidade.
vimentos da economia, os profissionais
A seriedade e a persistência são as
“Essas três categorias profissionais são
se adaptaram às novas exigências e de-
características que mais chamam aten-
extremamente importantes para que a
senvolveram habilidades que antes não
ção dos colegas de Nilmar Sisto Foletto,
gestão administrativa e financeira das
faziam parte de seu escopo. “A cada dia
segundo Flávio Eustáquio Ferreira Martins,
empresas seja referência”, destacou
os profissionais precisam aprender a prio-
diretor de Engenharia, Meio Ambiente,
Amador Alonso Rodriguez. Para que a
rizar assuntos críticos e importantes. Hoje
Projeto e Implantação de Empreendi-
gestão da empresa destaque-se no mer-
o acesso à informação é muito grande,
mentos de Furnas. “A seriedade com que
cado, determinadas posturas profissionais
consequentemente, os assuntos perdem
ele encara os problemas e a persistência
dos executivos são decisivas. Para Nilmar
a validade rapidamente”, destacou Ama-
em solucioná-los sempre o fizeram des-
Sisto Foletto, o executivo de Finanças deve
dor Alonso Rodriguez.
pontar como um profissional extrema-
pensar no longo prazo, desenvolver sua
mente competente”, enfatizou.
liderança, saber conduzir uma equipe, ter
Para os profissionais se diferenciarem,
ele sugere um pouco de previsibilidade
Luciana Coen, diretora de Comunica-
consciência do custo de capital, aplicar
para evitar dedicação a questões que
ção e Responsabilidade Social da SAP Bra-
bem os recursos, focar nos problemas e
não vão trazer resultado. Os vencedores
sil, destacou a resiliência e a enorme visão
ter sempre uma visão para resultados.
do Prêmio ANEFAC Profissionais do Ano
de governança de Cristina Palmaka como
O executivo também acredita que o
2014 destacaram-se ao longo de suas
características marcantes da premiada
profissional de Finanças precisa ter, em
vidas profissionais por buscar novos de-
na categoria Administração. Enquanto
primeiro lugar, formação técnica sólida, e
safios, aprender com as experiências e
Zelda Melo, esposa de Pedro Melo, citou
então desenvolver tranquilidade e sereni-
estabelecer uma constante conexão
a determinação e a paixão pela profissão
dade para não se atrapalhar nos momen-
com o mercado. Mas também cultivaram
como as características determinantes do
tos em que os mercados ficam instáveis.
paralelamente características pessoais
premiado na categoria Contabilidade.
“É preciso tomar medidas que protejam e
Da esq. para a
dir., Amador Alonso
Rodriguez, ANEFAC;
Nilmar Sisto Foletto,
Furnas; e Andréia
Fernandez, ANEFAC e
Serasa Experian
25
Inspirações
blindem a empresa”, acrescentou.
Duas coisas inspiram Nilmar Sisto Foletto:
Na visão de Cristina Palmaka, o profissio-
primeiro, o dever de atuar e desem-
nal de Administração deve estar conec-
penhar bem sua função; e segundo,
tado com o que acontece no mercado,
as experiências e ensinamentos que
especialmente nos dias de hoje, em que
recebeu no passado das pessoas com
o cenário é mais dinâmico. “Comecei
quem trabalhou. “Os exemplos me
a trabalhar há 30 anos. O mercado
inspiraram a segui-los”, declarou. Em
era outro, com outra velocidade. Saber
sua visão, os profissionais sempre vão
acompanhar as tendências e inovações
aprender lições porque cada experi-
e poder antecipar essas tendências é
ência traz alguma coisa. “Se aprender
muito bom não só para empresa, mas
bem, isso vai formando um cabedal de
também para os clientes”, sugere.
experiências que proporciona o bom
Para que um profissional de Administra-
desempenho”, compartilhou.
ção se destaque na área de Tecnologia,
O legado é o que mais inspira Pedro
Cristina diz que ele precisa agregar valor,
Melo, que acredita no reconhecimento
encontrar uma forma de ser mais pro-
daqueles que, de alguma forma, planta-
dutivo e gerar valor para seus clientes.
ram uma semente em cada profissional.
que consegue traduzir tecnologia e seus
benefícios para seus clientes, sempre vai
se destacar. Outro ponto ressaltado pela
executiva é a capacidade de trabalhar
em equipe e manter o que determinou
como “equipes fantásticas”. “Durante a
carreira você vai passando por várias fases, depende da maturidade. Atualmente
estou na SAP, é um grande prazer e um
desafio liderar uma empresa de tecnologia líder de mercado”, apontou Cristina.
Para Pedro Melo, o profissional de Contabilidade evoluiu muito em seu escopo
e hoje atua inclusive como presidente de
empresa, bem como na área financeira.
De acordo com ele, este profissional ampliou seu espectro ao participar de outras
atividades dentro das organizações. “Diria
que hoje ele não é mais o técnico restrito
em sua área de atuação, mas tem uma
amplitude muito maior. O contador evoluiu
muito no seu portfólio de trabalho”, analisou. Ele mencionou ainda os momentos
de perseverança da profissão contábil
e de auditoria vivenciados ao longo de
2014, especialmente no engajamento
com a lei anticorrupção (Lei 12.846/13).
“
“Mas o que me apaixona na Contabilidade é o processo evolutivo. Por meio dela,
entendemos melhor as organizações,
como elas contribuem para a economia
e o fortalecimento de um país”, refletiu.
Há 15 anos atuando na área de
Adoro
trabalhar com
pessoas. O que
me dá prazer não
é ver apenas o
meu crescimento
profissional, mas
fico lisonjeada de
ver que minha equipe
está crescendo
junto e que podemos
desenvolver outros
líderes que vão
acabar levando este
legado
Tecnologia, Cristina Palmaka passou por
Cristina Palmaka
na jornada”, concluiu.
“
Desta forma, ela afirma, o profissional
empresas de renome, como Microsoft e
HP, e acredita que a tecnologia é uma
ferramenta que ajuda os negócios. Segundo ela, sua maior inspiração é montar equipes com grandes capacidades.
“Adoro trabalhar com pessoas. O que me
dá prazer não é ver apenas o meu crescimento profissional, mas fico lisonjeada
de ver que minha equipe está crescendo
junto e que podemos desenvolver outros
líderes que vão acabar levando este
legado”, disse.
Cristina recomenda aos jovens executivos muito trabalho, “porque nada vem
de graça”, e identificação daquilo que
dá prazer profissional porque fazer melhor é consequência de trabalhar com
o que faz brilhar os olhos. “Fazer o que
se gosta e traduzir isso em benefício das
empresas é o que proporciona sucesso
26
panorama
Diretoria da gestão 2013-2014
gestão da ANEFAC encerra
E
xperiência acumulada em mais
de 30 anos de carreira na Serasa Experian e a constante busca
por melhorias e conhecimento
foram características facilitado-
ras para que Amador Alonso Rodrigues
conduzisse a ANEFAC nos últimos dois
anos. Sua diretoria encerrou, em dezembro de 2014, mandato de dois anos para
o biênio 2013-2014. “Foi com extremo
Diretoria comandada
por Amador Alonso
Rodriguez deu
continuidade à
missão de promover
conteúdo técnico
e networking
Experian (Troféu Transparência), que
reconhece as melhores demonstrações
financeiras das empresas nas categorias
Capital Fechado, Capital Aberto com
faturamento até R$ 5 bilhões, e Capital
Aberto com faturamento Acima de R$ 5
bilhões. Além de estimular a transparência
das informações, inclusive na comunicação com o mercado, o prêmio é cada
vez mais disputado, com novas empresas
orgulho que presidi a ANEFAC nos últimos
despontando na lista das mais transparen-
dois anos. Dediquei-me muito em levar
tes a cada ano.
inovação e modernidade para enfrentar
Nos meses de novembro de 2013 e
os desafios da entidade nas diversas áreas
2014 aconteceram também as edições
de atuação”, resume.
do Prêmio ANEFAC Profissional do Ano,
Outro fator que contribuiu na condução
que reconhece profissionais de destaque
da Associação foi a experiência acumula-
e esclareceu dúvidas sobre questões crí-
nas três categorias que a Associação
da em mais de 20 anos de trabalho com
ticas para o desenvolvimento do estado.
congrega. Outro importante evento
profissionais das áreas que se relacionam
O evento de lançamento do framework
aguardado pelos associados e seus fa-
com executivos das categorias profissionais
do Relato Integrado em português, ocor-
miliares é o Congresso da ANEFAC, que
congregadas e apoiadas pela ANEFAC. A
rido em 22 de maio de 2014, em São
prioriza atividades de conteúdo técnico
diretoria se esforçou em fortalecer o nome
Paulo, também marcou época. O evento
enquanto agrega diversão e lazer sempre
da Associação pela geração de conteúdo
organizado pela ANEFAC em parceria
em lugares agradáveis para associados e
por meio de eventos, cursos, workshops,
com a Febraban (Federação Brasileira
seus familiares. Em 2013, o 15º Congresso
seminários e reuniões técnicas, produção
de Bancos) que trouxe Paul Druckman,
ANEFAC aconteceu em abril, em Cama-
de conteúdo para a imprensa, bem como
diretor executivo do IIRC (International
çari, na Bahia, sob o tema “Execução
ampliar o networking entre seus associados
Integrated Reporting Council), também
Inteligente, Resultado Surpreendente: Do
e com as entidades de mercado.
marcou o início de uma nova fase para
Planejamento à Ação”. Ano a ano a comis-
Durante o período, ele destaca a reali-
as empresas brasileiras, especialmente
são organizadora do evento propõe-se a
zação de eventos memoráveis, como o
aquelas comprometidas em desenvolver
promover atividades diferenciadas, como
jantar com Geraldo Alckmin em abril de
um olhar diferente sobre sua gestão.
aconteceu em maio de 2014, em Atibaia,
2014, quando o governador de São Paulo
Eventos consagrados ao longo dos anos
na 16ª edição do Congresso, realizado
conversou com empresários sobre cená-
pela ANEFAC também destacaram-se. É
com o tema “O Balanço do sucesso – vida
rios e ações para o estado de São Paulo
o caso do Prêmio ANEFAC-Fipecafi-Serasa
profissional e pessoal”.
27
ciclo de trabalho 2013-2014
Ao dar continuidade no processo de
ções estreitas com empresas e entidades
entidade sempre foi de uma associação
ampliação do alcance geográfico da
parceiras de renomada competência
de extrema confiabilidade e seriedade.
Associação, foram inauguradas duas
para garantir a qualidade de todas as
“Estou certo de que foi uma experiência
regionais. A de Salvador, liderada por
ações da associação, tudo isso liderado
ímpar e de grande responsabilidade
Leandro Ardito, foi lançada em abril de
por diretores e vice-presidentes engaja-
quanto às decisões tomadas diariamente,
2013 durante o 15º Congresso ANEFAC,
dos à causa da entidade”, comenta.
pois envolvem o nome da Associação,
realizado na Bahia. Já a regional de Curi-
Antes de presidir a Associação, Amador
uma reputação de 46 anos e um suporte
tiba, com Leandro Camilo como diretor
Alonso Rodriguez atuou por cerca de
à gestão administrativa e financeira das
executivo, foi inaugurada em junho de
oito anos como diretor e vice-presidente
empresas cujos executivos são associa-
2014, com a realização de evento sobre
da ANEFAC, e conta que sua visão da
dos”, conclui.
as leis 12.973/14 (que colocou fim ao Regime Tributário de Transição) e 12.846/13
(anticorrupção).
Há algum tempo, a Associação identificou a necessidade de expandir para
outras regiões além do eixo Rio – São
Paulo, considerando outros polos de desenvolvimento com a presença de um
crescente número de executivos das áreas
de Finanças, Administração e Contabilidade. “Todos os nossos comitês técnicos
tiveram atuação destacada, com recordes de reuniões. Para concluir, definimos
12 frentes que resultarão em dezenas de
ações a serem executadas nos próximos
anos”, acrescenta Rodriguez.
Em sua visão, uma entidade do porte
da ANEFAC tem desafios em diversas
frentes, desde gestão orçamentária, que
garante a continuidades das ações em
prol dos associados, até a estruturação
de projetos com o objetivo de continuar
diferenciando a associação no futuro.
“Destaco a responsabilidade de ter rela-
ANEFAC lança Relatório da Gestão 2013-2014
A Associação lançou em janeiro o Relatório da Gestão 2013-2014, material inédito que contempla as realizações, eventos, parcerias, estudos
e crescimento durante o último biênio, comandado por Amador Alonso
Rodriguez e toda a diretoria executiva.
O Relatório Bienal da ANEFAC visa informar associados, profissionais e
pesquisadores de Finanças, Administração e Contabilidade, imprensa e
público geral sobre as conquistas da última gestão e a influência na conjuntura econômica do Brasil. A publicação também propõe que a entidade,
junto aos associados, reflita sobre a economia do país, sempre buscando
estimular a produção e compartilhamento do conhecimento financeiro.
Durante os dois últimos anos, a entidade aumentou sua atuação junto
aos executivos brasileiros, expandiu o número de regionais, promoveu
encontros fundamentais para o networking e reiterou sua posição de referência em suas áreas de atuação por meio da divulgação de estudos
inéditos e condizentes com a situação econômica do Brasil e do mundo.
Para visualizar o relatório na íntegra e conhecer os detalhes da gestão
2013-2014, acesse relatoriobienal.anefac.com.br.
28
inside
Sheraton Libertador
Buenos Aires, onde
será realizado o 17º
Congresso ANEFAC
Ao lado, Rubens
Lopes da Silva,
ANEFAC e M/Legate.
Abaixo, Clóvis Ailton
Madeira, ANEFAC e
Grant Thornton
17º Congresso
ANEFAC, em Buenos
Aires, abordará
desafio da América
Latina para retomar
crescimento e
combater corrupção
inovar para crescer,
crescer para liderar
A
pesar de não ser exclu-
de fundos públicos com objetivo de obter
do estagnação, o que não é um bom
sividade dos países em
ganhos pessoais, segundo o presidente
sinal. Para os países da América Latina,
desenvolvimento, a corrup-
da ONG Transparência Internacional, José
a estagnação é resultado da falta de
ção mina o crescimento
Ugaz, durante lançamento da edição
progresso no combate à corrupção e
econômico destes países e
2014 do ranking mundial da corrupção.
de grandes escândalos em países como
os esforços para impedi-la desvanecem
De acordo com o ranking, os países das
Brasil e México.
quando líderes ou funcionários de alto
Américas não mostraram significativo
“O que faz um país crescer é a econo-
nível abusam do poder para se apropriar
movimento quanto ao assunto, indican-
mia, mas é preciso ter bons fundamentos
29
apoiando-a. Crescimento é um desafio
“Temos muitos desafios econômicos
para a América Latina e a corrupção
e políticos, pois encerramos um ano
tem muito a ver com este cenário,
eleitoral no Brasil com muitas expecta-
haja vista que ela é comum em quase
tivas. Não podemos nos distanciar do
todos os países da região”, destaca
contexto mundial, ou não consegui-
Clóvis Ailton Madeira, diretor executivo
remos manter nossa liderança”, opina
do Congresso ANEFAC e Sócio na Grant
Andréia Fernandes, vice-presidente de
Thornton, ao adiantar que o tema será
Eventos da ANEFAC. Para as empresas
explorar a cidade e seus atrativos”, revela
debatido em um dos painéis da 17ª
manterem a liderança, Rubens Lopes da
Rubens Lopes da Silva. O hotel escolhido
edição do evento, que será realizado de
Silva, membro do Conseho de Adminis-
fica localizado no coração de Buenos
14 a 17 de maio, no Sheraton Libertador,
tração da ANEFAC e Sócio na M/Legate,
Aires e próximo de várias atrações e pon-
em Buenos Aires, Argentina.
acredita que é preciso inovar e crescer
tos turísticos da cidade. No primeiro dia,
interna e externamente.
após check-in e jantar, os participantes
No Congresso ANEFAC será realizado
um painel sobre corrupção, que vai
Aprender com a experiência alheia,
terão a noite livre. Na sexta-feira após as
abordar as leis anticorrupção brasileira
manter abertura para novas ideias e
palestras, haverá city tour com duração
(Lei nº 12.846/13) e norte-americana. No
oportunidades são formas de identificar
de quatro horas para visitar os principais
mesmo painel, um professor argentino
o que funciona ou não para determina-
pontos turísticos de Buenos Aires, e a noite
comentará como o tema está sendo
do negócio. Por isso, uma das propostas
também será livre. Aqueles que optarem
tratado na Argentina.
desta edição do Congresso é contar
por não fazer o passeio terão também a
Com o tema central “Inovar para cres-
com um empresário da região onde será
tarde livre. No sábado após as palestras,
cer, crescer para liderar – O Desafio da
realizado o evento para apresentar um
o city tour será pelos famosos outlets, pelo
América Latina”, o Congresso ANEFAC
case de sucesso.
bairro de Palermo e, à noite, um jantar
contará com debates conduzidos por
profissionais brasileiros e argentinos. No
com show de tango em Puerto Madero.
Com o domingo livre, a sugestão de
painel “Projeto no Brasil e na Argentina:
Tour por Buenos Aires
Madeira é conhecer a famosa feira de
Como é a gestão da inovação nas
“O Congresso busca sempre inovar e
San Telmo, localizada na Plaza Dorrego
empresas?”, André Coutinho, diretor da
quebrar paradigmas. Realizar o evento
e conhecida pela venda de antigui-
Symnetics, e Luis Dambra, da IAE Busi-
fora do Brasil é algo que vinha sendo
dades e curiosos artigos. Desde 1970 a
ness School, apresentarão um modelo
discutido há algum tempo”, conta Lopes.
feira atrai cerca de dez mil pessoas todo
de inovação que está sendo testado
Segundo Madeira, os participantes dos
domingo, onde também é possível ver a
em empresas brasileiras e argentinas e,
Congressos da ANEFAC têm se sensibili-
performance de artistas de rua e shows
em breve, será testado em empresas
zado mais por eventos realizados fora de
de tango. Nas ruas circundantes, muitas
do México, Peru e Colômbia. O modelo
São Paulo, como os que aconteceram
opções de souvenirs, pinturas e retratos,
é baseado em quatro elementos que
em Angra dos Reis, Foz do Iguaçu e
pulseiras, artesanatos e livros. Para quem
interagem entre si: gestão, organização,
Salvador. Do ponto de vista logístico, no
desejar esticar a visita, o bairro de San
processos e cultura da inovação.
entanto, percebeu-se mais facilidade
Telmo também abriga igrejas e museus.
Produzido por meio de estudo de
para promover o evento em Buenos Aires
Um conceito experimentado na última
campo com base nas melhores práticas
do que em cidades como Natal, Recife
edição do Congresso e que será mantido
inovadoras, o modelo é fruto dos esforços
ou Fortaleza.
devido ao sucesso do formato é o de
do Ciel (Centro de Estudos de Inovação e
“Teremos alguns passeios, estamos
tratamento a todos como congressistas,
Estratégia para Latinoamérica), formado
fechando algumas atividades para que
evitando distinção entre participantes e
pela Symnetics (Brasil), pela IAE Business
todos possam desfrutar”, adianta Andréia
acompanhantes. “As atividades são fei-
School (Argentina), pela InterCement Brasil
Fernandez. As atividades do Congres-
tas para todos e não há diferença entre
(Grupo Camargo Corrêa) e pelo Scotia-
so serão diferentes das realizadas em
os congressistas. Desta vez, ao ritmo de
bank Group (Uruguai).
edições anteriores. “Desta vez, vamos
Buenos Aires”, encerra Andréia.
30
ideias e inteligência
transformar dados em
informações é desafio
para área financeira
para a empresa, na área de negócio e
para a comunidade financeira. Para isso,
eles valorizam o que chamam de três Ps:
pessoas da organização; “prioritização”,
U
m dos principais desafios dos
executivos financeiros, na
visão de Marc Reguera, CFO
mundial da Microsoft, é converter dados em informação,
tarefa difícil nos dias de hoje devido ao
volume de dados com que estes executivos trabalham diariamente. “No final do
dia temos o importante trabalho de extrair
o que é importante para o negócio com
objetivo de tomar as decisões certas”,
em termos de desenvolvimento de pro-
Case Microsoft
mostra como insights
financeiros podem
transformar a rotina
diária dos executivos
e otimizar a tomada
de decisões
Por Jennifer Almeida
cessos; e parceria.
“Eficiência não é somente pensar o
que a pessoa pode fazer para entregar
mais, mas pensar como a organização
pode ser montada, como podemos fazer
o processo de decisão e organização
financeira mover-se de forma mais rápida
e quantos níveis precisamos dentro da
nossa pirâmide de funcionários”, exemplificou. Dentro da área de processos,
segundo Garone, um dos focos da em-
destacou durante o workshop “Reimagine
presa é controle e compliance. “Nosso
sua empresa com Insights Financeiros –
objetivo é fazer com que eles sejam visí-
case Microsoft”, realizado pela ANEFAC
veis dentro da organização não só para
no dia 18 de dezembro, em São Paulo.
a área de Finanças, mas também para
Reguera observou que o desafio torna-se
as outras áreas de negócios”, esclareceu.
ainda maior quando os dados não são de
De acordo com ele, existe o compro-
boa qualidade, ou seja, quando não fo-
metimento entre os gerentes e líderes
ram registrados de maneira exata. “Prova-
financeiros de olhar os processos a cada
velmente gastamos 80% do nosso tempo
ano e descobrir maneiras de fazê-los mais
limpando dados, mas se eles forem ruins,
simples ou de forma automática.
este trabalho é inútil”, acrescentou. Para
No suporte para área de negócios (par-
ele, é preciso investir na obtenção de
cerias), uma das prioridades da Microsoft
qualidade de dados e nas habilidades
é garantir que as subsidiárias no mundo
dos executivos de Finanças, como, por
possam gerar recursos que proporcionem
exemplo, a de sumarizar e interagir com
crescimento da receita. “Temos uma
o negócio com mais facilidade.
disciplina muito grande com budget
Wilson Garone, vice-presidente corpo-
para cada subsidiária, mas flexibilizamos
rativo e CFO de Sales, Marketing & Ser-
para que eles possam investir acima do
vices Group da Microsoft, enfatizou que
budget se conseguirem dar um retorno
o profissional financeiro da companhia
para a empresa de dez vezes o valor do
preocupa-se em como gerar impacto
investimento”, explicou.
31
Incentivo à inovação
“A Microsoft está sempre pensando
em inovação, na tendência do futuro
e onde podemos buscar crescimento
através de outros produtos ou entrando
em novos mercados”, destacou Wilson
Garone. Para isso, a equipe financeira é
peça-chave, inclusive ao conduzir as mudanças culturais dentro da organização,
visto que algumas vezes há resistências
dentro do próprio time.
Para Roberto Palmaka, CFO da Microsoft Brazil, o desafio da inovação no país
passa pela educação. “Neste momento,
a grande aposta que estamos fazendo
é na criação de centros de tecnologia”,
De cima para baixo, da
esq. para a dir., Roberto
Palmaka; Gustavo
Nascimento, ambos
Microsoft Brazil; Wilson
Garone; e Marc Reguera,
ambos Microsoft
conta. De acordo com ele, a Microsoft
tem mais de 30 centros de tecnologia
no Brasil em parceiras com universidades
para fomentar a educação, considerada
pela companhia a base da inovação.
Já na área de negócio, o grande de-
Profissional de Finanças em
transformação
safio em sua visão é o desenvolvimento
de serviços de cloud computing, mer-
Em muitas empresas é comum, ao
atividades operacionais, diminuição de
cado no qual a Microsoft ingressou. “As
longo de sua existência, redirecionar ou
riscos, entre outros. “Não existe impacto
empresas estão caminhando para uma
ajustar o rumo do negócio para garantir
sem bons dados por trás e a parceria
estratégia de TI ligada à nuvem e dentro
a perenidade e abraçar novos mercados.
com TI é fundamental”, enfatizou. Marc
da Microsoft entendemos que o desafio
Foi o que aconteceu com a Microsoft,
Reguera mencionou que, até dois anos
é justamente mostrar para as pessoas um
que ampliou de seu negócio tradicional,
atrás, a transformação de dados em in-
bom local para armazenar seus dados”,
de software, para serviços na nuvem ou
formação representava uma dificuldade
afirmou. Um dos exemplos é a parceria
com devices. Segundo Garone, é preciso
muito grande. “Utilizávamos muito as teclas
entre Microsoft e o time de futebol Real
focar em como o profissional financeiro
copiar e colar para manusear e obter as
Madrid. Utilizando a nuvem, 450 milhões
entende a mudança de negócio. “O
informações”, comentou ao mencionar a
de fãs do clube ao redor do mundo esta-
profissional que não entende o que está
revolução proporcionada pelas ferramen-
rão conectados através da informação.
acontecendo no negócio dificilmente vai
tas de BI (Business Inteligence). Dentro da
“Queremos facilitar a conexão entre os
agregar valor”, opinou.
Microsoft, por exemplo, o uso da ferra-
fãs ao construir uma plataforma digital
Gustavo Nascimento, diretor de pla-
menta Power BI, que possibilita acesso aos
onde eles podem interagir com dados,
nejamento financeiro da Microsoft Brazil,
dados necessários para tomar decisões
vídeos e visualizar informações do time
revelou que o papel de Finanças na
bem fundamentadas sem necessidade
instantaneamente”, contou Marc Regue-
companhia é gerar impacto, o que pode
de dominar TI, foi uma solução que permi-
ra, lembrando que o desafio de atingir
significar gerar aumento de receita, re-
tiu ao time investir mais tempo em análise
novos mercados depende do suporte
dução de custos e tempo gasto com as
do que gerando relatórios.
dos insights financeiros.
32
finanças
N
o início do capítulo quatro
do livro “The Big Switch –
Rewiring the World, from
Edison to Google”, o autor
Nicholas Carr transcreve
trechos de um memorando que Bill Gates
enviou para altos executivos e engenheiros da Microsoft em outubro de 2005.
No memorando, ele chamava atenção
para algo que ameaçaria ou até destrui-
Utilização de
serviços na nuvem
gera eficiência,
escalabilidade e
economia, inclusive
para pequenas e
médias empresas
é social”, destacou José Rubens Tocci,
presidente da Tech Trends Soluções em
Tecnologia, durante café da manhã
“Melhor escolha nos investimentos em
TI: Transformar despesas de capital em
operacionais”, realizado pela ANEFAC em
13 de novembro, em São Paulo.
De acordo com Tocci, uma das vantagens do cloud computing é proporcionar às empresas de pequeno e médio
ria o seu negócio tradicional. “Esta nova
porte os mesmos softwares que rodam
onda será muito perturbadora”, avisava.
em grandes empresas, visto que já é
A onda a que Gates se referia era o cloud
possível encontrar softwares de solução
computing, que na época ainda não ti-
empresarial na nuvem. Segundo ele, o
nha essa denominação. “Realmente ela
Gartner Group, empresa líder de pesqui-
seria muito perturbadora, principalmente
sa e consultoria em TI, afirma que SaaS
porque a onda do cloud computing
(Software as a Service) e cloud baseados
33
a eficiência operacional
do cloud computing
como serviço é o que tem maior pene-
empresas é comum que os custos com
tração, com 88% de utilização. Dentre
infraestrutura e aluguel do espaço físico
as soluções mais usadas pelas empresas
sejam superiores ao de uma solução na
está o e-mail, seguida por software para
nuvem, segundo Tocci. “Algumas empre-
planejamento de recursos empresariais
sas gastam mais com aluguel e infraes-
(ERP) e para gestão do relacionamento
trutura da sala onde estão os servidores
com o consumidor (CRM).
do que com a solução em si”, revelou.
O presidente da Tech Trends revelou
Ações como desenvolver, compilar,
que já é possível encontrar no mercado
debugar, deploy e test em uma apli-
em negócios são percebidos como uma
soluções que oferecem infraestrutura
cação passaram a ser executadas na
alternativa para tornar a implementação
computacional como um serviço, ge-
nuvem por meio do conceito de PaaS
mais fácil, além de gerar potencialmente
ralmente em ambientes virtualizados.
(Plataform as a Service). De acordo
um menor custo.
Este é o conceito de IaaS (Infrastructure
com ele, a vantagem deste serviço é
Tocci afirmou que a modalidade
as a Service), que permite ao cliente a
poupar custos, não alocar hardware
SaaS proporciona economia de tempo,
possibilidade de, ao invés de comprar
desnecessariamente e escalar dados
implementação mais rápida, custo sob
servidores para uma determinada aplica-
de forma simples, sem ter que lidar
demanda, escalabilidade e a transforma-
ção, contratar dentro de um data center
com o ambiente físico diretamente. No
ção de Capex (despesas de capital) em
o serviço proporcional aos seus requisitos
entanto, ela ainda tem apresentado o
Opex (despesas operacionais). “SaaS é o
de infraestrutura, tendo acesso completo
menor número de adoção no mercado
mesmo que alugar o uso”, explicou. De
à plataforma e ao software.
brasileiro, segundo o estudo da Frost &
acordo com dados de estudo realizado
Por meio das soluções de infraestrutura
Sullivan. Apenas 31% das empresas que
em 2012 pela Frost & Sullivan em parceira
na nuvem é possível hospedar websites,
adotaram alguma solução na nuvem
com a SAP para analisar a maturidade da
como já fazem 43% das empresas que
utilizam PaaS, sendo ferramentas de
adoção de computação em nuvem no
o estudo analisou. É possível também
colaboração, teste e desenvolvimento
Brasil, entre as empresas que já adotaram
fazer armazenamento, hospedagem
de aplicações os serviços de PaaS mais
alguma solução na nuvem, o software
de intranet e e-commerce. Em muitas
adotados pelas empresas brasileiras.
34
finanças
Da esq. para a dir.,
Rejane Rapanelli; e
Andrea Hosne, ambas
Serasa Experian
empresa no Brasil, visto que para este ano
o grupo projeta superar a marca de mil
lojas e faturamento de R$ 1 bilhão, 30%
a mais do que o ano anterior.
“Nosso plano de negócios para este
ano prevê grande crescimento. Necessitávamos aprimorar a gestão, otimizando
os processos padronizados e tornando-os
o mais transparente possível para termos
todo o suporte de back office necessário
para a expansão da empresa. Optamos
pelos benefícios do modelo SaaS”, conDa esq. para a dir., Luiz
Carlos Zavata, Tech
Trends; e José Rubens
Tocci, Tech Trends
Automatização dos
processos do negócio
tou o vice-presidente de finanças do
Grupo CRM, Fernando Vichi.
O controller da Tech Trends, Luiz Carlos
O Grupo CRM, proprietário das marcas
Zavata, aponta governança e investi-
Kopenhagen, Chocolates Brasil Cacau e
mento inicial como os benefícios da
responsável pela operação das boutiques
adoção do software empresarial na nu-
de chocolate Lindt no Brasil, tomou a
vem. “Quando se utiliza o ERP na nuvem,
importante decisão para o negócio de
consegue-se fazer com que as pessoas
implementar o sistema de gestão empre-
que trabalham nas áreas financeira e
sarial SAP Business All-in-One, hospedado
contábil deixem de fazer um trabalho
em ambiente de cloud computing da
operacional ou muito braçal para realizar
IBM. A decisão possibilitará aprimorar e
um trabalho mais analítico. Conseguimos
automatizar todos os processos de ne-
elevar o nível das pessoas, o que gera
gócios, proporcionando a expansão da
desenvolvimento humano”, avalia.
35
O papel da TI neste cenário
“Não há funcionário na empresa que
orbita por tantas áreas quanto o pessoal de TI”, enfatizou Tocci, destacando
a importância do trabalho conjunto
entre as áreas de TI e financeira. Para
ele, as empresas brasileiras precisam
investir mais na TI, visto que a média de
investimento por ano na área no Brasil
não chega a 2% do faturamento anual,
enquanto o ideal sugerido pelo Gartner
Group é de 6%. “Baixo investimento
nesta área põe a empresa em risco”,
argumentou Tocci.
Para Rejane Rapanelli, gerente de
projetos de TI da Serasa Experian, é
preciso haver sinergia entre as áreas de
TI e Finanças, pois ao trabalhar com as
questões contábeis, certamente a área
as empresas
brasileiras precisam
investir mais na TI,
visto que a média
de investimento
por ano na área
no Brasil não
chega a 2% do
faturamento anual
de Finanças dependerá da TI. Andrea
Hosne, especialista em risco da Serasa
Experian, acredita que o profissional de TI
terá que mudar sua postura, deixando de
lado o olhar técnico vinculado somente
a programação. Com esta mudança
de paradigma, ela acredita que outras
áreas da empresa passem a contar com
o profissional de TI como apoio em soluções, ou seja, oferecendo melhorias no
dia a dia, sempre com suporte de uma
ferramenta eficiente.
36
administração
empresas preparadas
para mudar
PADRONIZAÇÃO DA
GESTÃO DE MUDANÇAS
É CADA VEZ MAIS
ADOTADA POR EMPRESAS
E INSTITUIÇÕES
Por Carlos Eduardo Batista
E
star preparado para mudan-
zinhos. Hoje existem importantes estudos
ças que surgem no ambiente
na área de Gestão de Mudanças que
externo é uma necessidade
compartilham experiências sobre o tema
de sobrevivência para em-
e mostram resultados práticos e positivos
presas e profissionais. Novos
entre aqueles que optam por gerenciá-las
concorrentes, novos mercados, novas
a partir de uma metodologia.
tecnologias, escassez de recursos
Esse é um dos trabalhos desenvolvidos
naturais são exemplos de fatores que
pela ACMP (Association of Change Ma-
ensejam mudanças internas. Entretanto,
nagement Professionals – Brazil). Segun-
implantá-las de forma eficiente não é
do o presidente da entidade, Fabiano
tarefa fácil e tem se mostrado um de-
Sannino, durante palestra realizada pela
safio para muitas organizações.
ANEFAC no dia 2 de dezembro, em São
Profissionais das áreas de recursos hu-
Paulo, a ACMP é sediada nos Estados
manos, tecnologia e PMO (Project Ma-
Unidos e atualmente tem cerca de dois
nagement Office), gerentes de projetos
mil membros em mais de 50 países. No
e de portfólios, contudo, não estão so-
Brasil, a ACMP iniciou suas atividades em
37
Cases Itaú Unibanco
O Itaú Unibanco é uma das maiores instituições financeiras no país. Seus números
tornam realmente grandes os processos
de mudanças pelos quais ele passa,
como demonstrou Maria Efigênia Amoro2014. De acordo com Sannino, a criação
dança de uma forma rápida também
so, superintendente do escritório de pro-
da Associação surgiu da necessidade de
buscaram um padrão estruturado e
jetos e PMO da área de tecnologia do
desenvolver um padrão em Gestão de
comprovado por benchmarks e experi-
Itaú Unibanco, ao apresentar o case de
Mudanças que pudesse, inclusive, certifi-
ência de outras empresas”, afirmou. “A
transferência do data center do banco,
car profissionais. “A jornada da criação da
Gestão de Mudança mostra um resulta-
que atualmente fica na capital paulista,
certificação nasceu com 28 voluntários
do para o negócio”, completou.
para Mogi Mirim. Para se ter uma ideia
que retrataram dez anos de experiências
De acordo com Sannino, a pesquisa
da magnitude do projeto, o novo data
de Gestão de Mudanças em diversas
apurou que a Gestão de Mudanças ain-
center terá o tamanho de 120 estádios
empresas do mundo”, contou.
da é uma atividade bastante terceiriza-
de futebol, consumindo mais energia
A partir de uma ampla pesquisa que
da a consultores externos. Por outro lado,
elétrica do que todas as cidades da re-
explorou experiências em 20 áreas dife-
há um aumento no número de pessoas
gião. Com isso, terá 25 vezes mais ca-
rentes, desde ONGs até empresas de ge-
dentro das organizações com conhe-
pacidade do que o sistema atual para
ração de energia, a ACMP desenvolveu
cimento na área. Outra característica
alocação de dados.
uma metodologia e um padrão próprio
apontada pelo estudo é que 50% das
Efigênia explicou que o PMO teve parti-
de Gestão de Mudanças. A amplitude e
organizações que aderiram à Gestão
cipação ativa desde a definição do pro-
a profundidade do levantamento, segun-
de Mudança têm mais de dez mil fun-
jeto, criando metas e indicadores para
do Sannino, dão a certeza de que a me-
cionários. “A Gestão de Mudança é mais
garantir que as pessoas continuassem
todologia e o padrão desenvolvidos pela
utilizada nas empresas de grande porte.
motivadas e engajadas ao desenvolver
ACMP podem ser utilizados por qualquer
Empresas de pequeno e médio porte
o sentimento de pertencimento àquele
empresa ou instituição, independente do
ainda não têm a visão da necessidade
projeto. “Desenvolver este sentimento é
ramo ou de suas características organiza-
do acompanhamento da mudança or-
um dos maiores desafios em um projeto
cionais, para a obtenção de maior suces-
ganizacional”, observou.
longo”, afirmou. Para cada um dos en-
A pesquisa demonstra que diversos ti-
volvidos, foi elaborada uma matriz entre
O desenvolvimento do padrão possibi-
pos de projetos utilizaram a Gestão de
o que havia de “interesse” e o que ha-
lita ainda o avanço da disciplina na Ges-
Mudanças e que as maiores demandas
via de “poder”, o que resultou em uma
tão de Mudança, dando ao profissional
decorreram de mudanças em processos
estratégia de comunicação para levar
um direcionamento único na área, com
de RH, de tecnologia e organizacionais.
a informação devidamente gerenciada
benchmark, metodologia e visão inter-
Segundo Sannino, no mercado brasileiro
na periodicidade correta.
nacional. “O padrão cria uma consistên-
a maior parte das mudanças decorre de
Algo semelhante ocorreu no processo
cia no mercado. Você sabe que a sua
processos tecnológicos que exigem pos-
de migração para o interior, quando al-
empresa, independente de usar uma
teriores mudanças organizacionais.
gumas pessoas tiveram que mudar de
so em um processo de mudança.
metodologia A ou B, estando dentro dos
Reino Unido e Estados Unidos são os pa-
cidade. Neste caso, houve uma divisão
padrões ACMP Standart, consegue se-
íses com maior número de praticantes da
das pessoas envolvidas em quatro áreas
guir as mesmas direções”, disse.
Gestão de Mudanças, não só por serem
– banco, área de tecnologia, migradores
Sannino explicou que as dificuldades
países onde se deu a origem dessa discus-
e migrados (pessoas que de fato se mu-
encontradas na implantação de mu-
são, mas também pelo fato de ser uma
daram) - e para cada um dos públicos
danças anteriores foram responsáveis
prática adotada pelos governos britânico
era dado um tipo de documentação e
por levar pessoas e empresas a busca-
e norte-americano. O evento apresentou
disponibilizado um nível de informação,
rem um padrão de Gestão de Mudan-
cases para mostrar a importância de tratar
um nível de comprometimento, com a
ças. “As pessoas que precisam de mu-
estes processos com metodologia.
periodicidade devida. “Estamos há 24
38
administração
Case Caterpillar
Até anos atrás, a Caterpillar não tinha conAo lado, Daniel Druwe
Araujo, T2People. Abaixo,
à esq., Pamela Rampazi,
JSL; e Maria Efigenia
Amoroso, Itau Unibanco
correntes à sua altura na fabricação de
maquinários de grande porte. Hoje, mais
de dezenas de empresas disputam o mercado no país. Durante os anos 1990, a empresa quase encerrou as suas atividades
no Brasil. Só não o fez porque adotou uma
metodologia para gerenciar as suas mudanças internas e voltou a obter resultados
positivos. Gyorgy Henyei Júnior é gerente
de inovação e de sistema de produção
da Caterpillar no Brasil, onde trabalha desde 1984. No evento, ele compartilhou um
pouco da experiência da empresa após
adotar a metodologia LaMarsh.
De acordo com ele, o segredo para
gerenciar mudanças é pensar de maneira simples. “Impactar primeiro as pessoas,
depois a organização, e não deixar ninguém de fora”, ensinou. Segundo disse,
o resultado de uma mudança pode ser
medido pela qualidade da solução multiplicado pela sua aceitação.
Na visão de Henyei, os cinco principais
obstáculos para que uma mudança seja
bem-sucedida são falta de efetividade
Da esq. para a dir., Ricardo
Motz Lubachescki, ANEFAC;
Fabiano Sannino, ACMP; e
Gyorgy Henyei Júnior, Caterpillar
do responsável pela mudança; resistên-
meses trabalhando na parte sistêmica e
boas-vindas com objetivo de exercitar
e quem vai ser o agente da mudança; e
estamos todos bem”, disse, referindo-se
o sentimento de pertencimento para re-
resistência dos staffs. “O sponsor tem que
inclusive à famílias impactadas pelo pro-
ter os colaboradores com expertise. “A
estar no processo de mudança o tempo
cesso de mudança.
ideia era demonstrar aos colaboradores
todo. Ele é o dono da mudança”, disse,
Outro case apresentado por Efigênia
que eles estavam saindo de uma estru-
explicando que sem a participação des-
foi a compra da rede Credicard pelo Itaú
tura conhecida para uma companhia
te chefe, as mudanças não ocorrem.
Unibanco, o que tornou o banco deten-
muito mais revitalizada”, comentou.
cia dos funcionários; recursos insuficientes; má divisão entre quem vai gerenciar
Henyei explicou que, ao adotar a metodo-
tor do maior market share de cartões de
Em relação aos clientes, foram ado-
logia LaMarsh, a Caterpillar desenvolveu seu
crédito da América Latina. O projeto en-
tadas medidas para que não houvesse
CGCM (Caterpillar Global Change Manage-
volveu escritórios no Brasil, Estados Unidos,
qualquer sensação de quebra ou de
ment). “Com uma metodologia consistente
Índia, México e Cingapura. A diversidade
impacto. “Trabalhamos com as áreas
e a participação de todos é possível aumen-
entre todos os envolvidos no projeto, com
de marketing, tecnologia e de negócios
tar a produtividade, acelerar o processo de
hábitos, idiomas e horários diferentes foi
para trazer um ‘Look and Feel’ que fos-
mudança, fazer com que esse crescimento
um dos desafios a serem superados.
se amigável, para que a imagem não
seja superior ao que teria sido obtido sem a
tivesse quebra e para que fosse muito
adoção da metodologia e, o mais importan-
próximo do que já existia”, explicou.
te, sustentar os resultados”, concluiu.
Efigênia contou que, inicialmente,
foi realizado um workshop com kit de
39
Subcomitê de Gestão
de Mudanças
um gerador de conteúdo e de informa-
cias de empresas renomadas e vi que, de
ção para o mercado”, afirmou.
fato, não estamos sozinhos”, comentou.
Nos últimos 15 anos, o número de falhas
Para Pâmela Siqueira, da SAP, oportuni-
Para Daniel Druwe Araujo, da T2Peo-
na implantação de projetos vem dimi-
dades de reunir grandes profissionais de
ple, representante da LaMarsh Global
nuindo devido à prática da Gestão de
Change Management e abordar a ACMP
nas Américas do Sul e Central, o que as
Mudança. Seu uso vem crescendo e
devem ter continuidade, proporcionando
empresas precisam é de pessoas que
hoje é um dos pontos principais de um
difusão e integração do conhecimento
tenham disposição, na condição de
projeto, afirmou Ricardo Motz Lubaches-
entre participantes, palestrantes e repre-
chefes, a uma disciplina tática para to-
cki, diretor executivo de Tecnologia da
sentantes de diversas organizações, e
mar aquilo que foi decidido na gestão
ANEFAC, sobre a criação de um subco-
explorando novos temas relacionados à
estratégica da empresa e fazer aconte-
mitê de Gestão de Mudanças.
Gestão de Mudança organizacional.
cer em todos os níveis da organização.
“Quase todos os grandes projetos têm
Pâmela Rampazi, da JSL, comentou
“Queremos ter chefes nas diversas po-
Gestão de Mudanças, mas muitas em-
que a companhia vive atualmente a se-
sições que entendam as mudanças a
presas ainda não a utilizam. Nosso objeti-
gunda onda de um projeto de mudança
serem feitas, os níveis de desempenho a
vo com a criação desse subcomitê den-
do sistema operacional. “Vai haver um
serem alcançados, que entendam seu
tro da ANEFAC é justamente trabalhar na
processo de mudança muito abrangen-
papel na estrutura para obter isso dos
elaboração de conteúdo para mostrar
te. Diante disso, é fundamental ter uma
seus funcionários e que consigam fazer o
aos nossos executivos as vantagens da
visão mais geral do que é a Gestão de
coaching dessas diretrizes junto aos fun-
Gestão de Mudança. Queremos montar
Mudança. Aqui pude conhecer experiên-
cionários”, disse.
40
contabilidade
alta complexidade para
adaptação às novas
obrigações acessórias
Implementação da ECF
e do bloco “K” demanda
integração de diversas
áreas nas empresas
O
Brasil é o país com
é a ECF (Escrituração Contábil Fiscal), um
maior número de obri-
dos mais novos projetos do Sped (Sistema
gações acessórias a
Público de Escrituração Digital) que subs-
serem prestadas pelas
tituirá a DIPJ (Declaração de Informações
empresas aos órgãos
Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica). “É
governamentais, o que tem aumentan-
uma nova obrigação que vai revolucionar
do a burocracia e tornado a rotina de
o cotidiano das empresas no que diz
trabalho das organizações cada vez mais
respeito à compliance e controles. Ela re-
complicada. Segundo estudo realizado
quer preocupação com relação ao que
pelo Banco Mundial em conjunto com a
as companhias já vinham declarando
PwC, as companhias gastam mais de 2,6
nas suas obrigações”, observou.
mil horas por ano no cumprimento destas
obrigações e com compliance.
Apesar de substituir a DIPJ, a ECF não
será igual à antiga Declaração, pois traz
“Não há mais espaço para a Receita
informações mais detalhadas, como a
Federal aumentar a carga tributária no
recuperação do plano de contas contá-
Brasil, por isso ela vem trabalhando em
bil e saldos de contas (Escrituração Con-
melhoria e eficiência de controles, o que
tábil Digital e ECF entregues no mesmo
significa dizer que as obrigações aces-
período); detalhamento das adições e
sórias serão cada vez mais sofisticadas”,
exclusões do lucro real (Lalur); registro de
ressaltou Edinilson Apolinário, diretor exe-
todos os valores a excluir, adicionar ou
cutivo de Estudos Tributários da ANEFAC
compensar em exercícios subsequentes,
e sócio de Tax da PwC, durante café da
inclusive prejuízos fiscais (parte B do Lalur),
manhã “Guerra Fiscal, SPED Bloco ‘K’ e
entre outras.
ECF, Lei 12.973/14, Pis e Cofins: Cenário
A entrega da ECF ocorrerá em julho
atual e perspectivas para 2015”, realizado
de 2015 (ano calendário 2014). Portanto,
pela ANEFAC no dia 2 de dezembro, em
antes deste prazo as empresas devem
São Paulo.
estar com todas as informações de es-
Na definição de Raquel Ramos, gerente
crituração contábil, imposto de renda,
de Tax da PwC, o novo vilão das empresas
contribuição social e demais obrigações
41
que a impactam em ordem. Até dezem-
demais obrigações que teoricamente
eles equiparados pela legislação federal
bro de 2014, a Receita Federal ainda não
impactariam na ECF, para então analisar
e para os estabelecimentos atacadistas,
havia liberado o manual definitivo, o que
a qualidade da informação. “Assim, elas
podendo, a critério do Fisco, ser exigida
causa entrave ao trabalho das empresas
entram em 2015 com as informações
de estabelecimentos de outros setores.
especializadas em oferecer soluções ERP
‘redondas’”, concluiu.
“Com a inclusão do registro 0210, os
(Enterprise Resource Planning), pois so-
Outra obrigação acessória que tem
contribuintes industriais (ou equiparados)
mente com a versão final elas consegui-
gerado preocupação é o Bloco “K” da
devem informar o consumo específico
rão adequar as ferramentas que auxiliam
Escrituração Fiscal Digital (EFD – Sped
padronizado e a perda normal percentual
na importação das informações, “visto
Fiscal), destinado à prestação de informa-
de um insumo/componente para se pro-
que a maioria das informações está em
ções mensais da produção e respectivo
duzir uma unidade de produto resultante”,
formato txt”, acrescentou Raquel.
consumo de insumos, bem como do
apontou Dalcin. Estes dados deverão
De acordo com ela, em dezembro
estoque estruturado. Orlando Dalcin,
ser informados segundo as técnicas de
podia-se observar que as empresas já
gerente de Tax da PwC, lembrou que foi
produção de sua atividade referente
estavam mexendo em controles. Em
prorrogada para 1º de janeiro de 2016 a
aos produtos que foram fabricados pelo
seguida deveria-se revisitar o que decla-
obrigatoriedade da entrega do Bloco “K”
próprio estabelecimento ou por terceiro.
raram em DIPJ e ECD, DCTF e todas as
para os estabelecimentos industriais ou a
“A empresa deverá ter o controle e acom-
42
contabilidade
Fim da guerra fiscal
“Cogita-se no mercado alguma modificação na norma do Pis (Programa de
Integração Social) e Cofins (Contribuição
para Financiamento da Seguridade
Social) como um todo, podendo passar
a ser um tributo e ter alguns efeitos um
pouco diferentes com relação à tomada
de débito e crédito. Possivelmente teremos alguma novidade em 2015 além da
Lei 12.973/14, vigente a partir de 1º de
janeiro”, declarou Eduardo Silva, diretor
de Tax da PwC.
De cima para baixo, da esq.
para a dir., Carlos Alberto
Silva, Cordeiro & Associados;
Alessandra Mazzali, C&A;
Orlando Dalcin, PwC;
Edinilson Apolinário, ANEFAC
e PwC; Raquel Ramos, PwC;
e Eduardo Silva, PwC
Sobre a Lei 12.973/14 e a tributação das
contribuições para o Pis e a Cofins, Silva
esclareceu que um dos efeitos da lei foi
o alargamento da base de cálculo, principalmente para Pis e Cofins acumulativo.
“O que as empresas podem esperar para
panhar o processo produtivo de suas
teio, etc) e a retomada das discussões
esse ano é muito aperto porque temos
terceirizadas no mesmo nível de detalhe
acerca da inconstitucionalidade da
um novo governo começando, prova-
que o seu”, mencionou.
apresentação ao Fisco dos dados sobre
velmente com alguns ajustes fiscais”,
De acordo com ele, os atacadistas não
consumo específico padronizado com
analisou. Carlos Alberto Silva, consultor da
estão obrigados a apresentar esse registro
a divulgação de fórmulas, o que seria
Cordeiro & Associados, apontou o impac-
e as informações só deverão ser prestadas
segredo industrial, sendo as indústrias
to do despreparo dos fiscais da Receita
em relação aos produtos enquadrados
farmacêuticas e de refrigerantes as
Federal quanto ao funcionamento dos
como “produto em processo” ou “produto
mais impactadas.
procedimentos, o que acaba gerando
acabado”. Segundo Dalcin, para se ade-
Para Alessandra Mazzalli, coordenado-
quar às exigências do Bloco “K”, as áreas
ra tributária da C&A, além da leitura da
Para ele, isso ocorre por conta da for-
de Contabilidade, Finanças, Tecnologia da
legislação, é muito importante que os
mação destes profissionais, a qual muitas
Informação, Tributos, Supply Chain, Processo
profissionais da área troquem experiência
vezes não está ligada às áreas de Con-
Produtivo e Terceiros serão impactadas.
autuações para as empresas.
e conhecimento para sanar as dúvidas
tabilidade e Finanças. Segundo Eduardo
Entre os pontos de atenção, ele apon-
que surgem. “Precisamos trabalhar forte
Silva, até dois anos atrás a realidade era
tou dificuldade na geração das informa-
na otimização dos processos e aperfei-
de fiscais com formação muitas vezes
ções exigidas (ambientes de cadastro
çoar os mecanismos de apuração para
não ligada às áreas de Contabilidade e
de mercadorias, formalização de etapas
atender toda essa demanda que vem
Finanças. “Agora a Receita Federal está
do processo produtivo, sistema de cus-
pela frente”, destacou.
investindo em treinamento e fornecendo
43
Há anos se discute o fim da guerra fiscal
sem chegar a um acordo. No entanto,
para este ano há boa chance de evoluir a discussão. “O STF (Superior Tribunal
Federal) já sinalizou que, se os Estados e
o Legislativo não se movimentarem, ele
tratará o assunto via súmula vinculante
69”, apontou Edinilson Apolinário.
De acordo com ele, a proposta da súmula diz que qualquer isenção, redução
de alíquota ou base de cálculo, crédito
presumido, dispensa de pagamento ou
outro benefício fiscal relativo ao ICMS
(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) concedido
“
“
informação para os fiscais”, considerou.
Há anos
se discute o fim
da guerra fiscal
sem chegar a
um acordo. Para
este anos há boa
chance de evoluir
a discussão
sem prévia aprovação em convênio
celebrado no âmbito do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) é
inconstitucional. Apolinário mencionou
o convênio ICMS n° 70/2014, no qual 20
Estados mais o Distrito Federal se comprometem a tomar medidas específicas
visando acabar com a guerra fiscal.
Dentre as medidas propostas pelo
convênio, ele citou remissão e anistia
de créditos, redução gradativa da
alíquota do ICMS, plano de transição
para a fruição dos benefícios existentes,
plano de adesão aos incentivos pré-existentes e vedação à concessão de
novos benefícios.
44
foto: Mathias Cramer
carreira
Ao lado, de cima para
baixo, Edmar Paiva, Localiza;
Fernando Sérgio Lopes
Rosa, Furnas; e Francisco
Deppermann Fortes, Gerdau.
Acima, Marcela Esteves,
Robert Half
guia salarial aponta principais
faixas de remuneração em 2015
P
eríodos de desaceleração
econômica podem despontar
como oportunidade de destaque aos profissionais das áreas
de Finanças, Administração e
Contabilidade. Com novas demandas,
em que a otimização de custos e processos são palavras de ordem, as empresas
têm buscado profissionais integrados
com outras áreas do negócio, flexíveis e
com habilidade de trabalho em equipe,
Busca por otimização
de custos e
processos aumentou
a importância
dos profissionais
de Finanças e
Contabilidade
Por Jennifer Almeida
Marcela Esteves, gerente de Divisão da
Robert Half, aponta a valorização dos profissionais de Controladoria, Planejamento
Financeiro e Custos, “uma vez que as
empresas passarão a olhar mais essas áreas para otimizar os negócios”, afirma. O
cargo de gerente de Tesouraria/Financeiro
registrou um aumento de 14% e chegou
à faixa salarial de R$ 8 mil a R$ 24 mil.
“O cargo de gerente Contábil/Fiscal, por
exemplo, teve aumento de 7% (R$ de 8
como identificou a 7ª edição do Guia
mil a R$ 26 mil) e é uma área que com
Salarial da Robert Half. Por conta deste
certeza está demandando”, analisou.
cenário, alguns cargos apresentaram
jamento Financeiro e Controladoria – a
O guia destaca a busca por profissio-
aumento na faixa salarial projetada para
remuneração desse profissional está en-
nais que se destaquem não apenas pelo
2015. Um dos destaques de variação
tre R$ 9 mil e R$ 27,5 mil, um incremento
conhecimento técnico, mas que também
salarial é o cargo de gerente de Plane-
de 10,5% em relação a 2014.
transitem bem por todas as áreas do
45
negócio, com facilidade de comunica-
seu desenvolvimento profissional e cresci-
transição, pois é raro encontrar mudan-
ção, negociação e trabalho em equipe.
mento na carreira”, indica Rosa.
ças de emprego com drástico aumento
O domínio do idioma inglês também é
Na Gerdau, os profissionais também
um diferencial importante. O guia da
precisam ter sólida formação técnica e
Para manter seus colaboradores mo-
Robert Half sugere que as indústrias mais
perfil alinhado à cultura empresarial e ao
tivados e não perdê-los para a concor-
aquecidas para a área de Finanças e
modelo de competências da empresa,
rência, é cada vez mais comum que as
Contabilidade são a farmacêutica e a
que leva em conta aspectos como
empresas ofereçam benefícios atrativos
de bens de consumo.
orientação para os resultados, empre-
e alinhados com as expectativas dos
Marcela acredita que em um cenário
endedorismo, colaboração e gestão
profissionais, “como participação nos
adverso como o atual, o comportamental
de pessoas. “Além disso, os profissionais
resultados, programas de stock options,
é ainda mais valorizado. “O profissional
das áreas de Finanças e Contabilidade,
previdência privada e incentivos para
que consegue fazer mais por menos
mais especificamente, devem saber lidar
pós-graduação”, enumera Paiva.
e que se destacar perante os outros é
com uma organização presente em 14
“Temos notado que os colaboradores
aquele que vai ficar”, comenta. Para ela,
países, com moedas, negócios diferentes
têm valorizado os benefícios indiretos ofe-
profissionais de destaque são aqueles
e outras complexidades que impactam
recidos pelas empresas, além do salário
que demonstram potencial para abraçar
a gestão financeira das operações”,
e dos outros benefícios”, complementa
mais tarefas, flexibilidade e capacidade
explica Francisco Deppermann Fortes,
Marcela. De acordo com ela, é cada vez
de fazer além do que está sendo pedido.
vice-presidente de Pessoas, Inovação e
mais comum que os funcionários obser-
“A melhor forma de se preparar para este
Gestão da companhia.
vem o clima e a cultura da organização
na remuneração.
momento é fazer uma autoavaliação de
Edmar Paiva, diretor de Controladoria
quanto se está disposto a enfrentar novos
da Localiza, revela que a empresa va-
Segundo Fortes, a Gerdau acredita que
desafios, o que quer dizer colocar mais
loriza profissionais com conhecimentos
a reconhecida valorização dos profissio-
a ‘mão na massa’ e contar com menos
das normas contábeis internacionais
nais e as oportunidades de desenvolvi-
ajuda”, conclui.
(IFRS) e de gestão de custos, orçamento
mento na carreira têm grande impacto
Apesar do destaque para característi-
e tributos. Com relação às expectativas
na atração e na retenção de talentos.
cas comportamentais, as empresas não
de atuação profissional, Paiva destaca a
Por isso, a empresa busca criar constan-
deixaram de valorizar a formação técni-
antecipação em entender os reflexos de
tes desafios e oferece possibilidades de
ca dos profissionais, segundo Fernando
normas específicas que afetem a com-
crescimento e reconhecimento, além de
Sérgio Lopes Rosa, superintendente de
panhia. “É importante que o colaborador
apostar fortemente no desenvolvimento
Contabilidade de Furnas. Entre as carac-
desta área esteja antenado para captar
de seus profissionais de carreira técnica
terísticas técnicas mais reconhecidas,
qualquer sinal que possa gerar algum
e gerencial.
ele cita sólida formação profissional, es-
reflexo na empresa”, acrescenta.
pecialização na área de conhecimento
e se ela oferece plano de carreira.
Oferecer oportunidades de desenvolvimento profissional e técnico também é
cia em empresas de porte semelhante.
Empresas estão se
reinventando
Para se destacarem ainda mais, ele
Segundo Marcela Esteves, para reter fun-
nos e a retenção de profissionais de alta
acredita que os profissionais devem ser
cionários, especialmente os talentos de
produtividade. Além disso, a empresa uti-
dedicados, inovadores, flexíveis, proativos,
Finanças e Contabilidade, as empresas
liza uma grade de benefícios. “Atualmen-
saber trabalhar em equipe e apresentar
têm buscado se reinventar quando o
te está em fase de desenvolvimento uma
espírito colaborativo. “O profissional ideal
assunto é contratação. Segundo infor-
prática sistemática de reconhecimento e
é aquele que trabalha com ética, trans-
mações do guia salarial, os processos
recompensa que busca envolver todos
parência e dedicação, que responde à
de seleção se alongaram, com a parti-
os empregados nas ações da empresa
altura aos desafios, adaptável a novas
cipação de mais tomadores de decisão
para recompensar os funcionários que
situações e que contribui na busca de
na escolha do candidato. Essa cautela
tenham tido sucesso na implementação
soluções. Também é imprescindível que
revela-se também na concessão de
de projetos de relevância”, conta Fernan-
se mantenha atualizado, interessado em
aumentos salariais para profissionais em
do Sérgio Lopes Rosa.
específico e preferencialmente experiên-
uma estratégia em Furnas, com objetivo
de otimizar a gestão dos recursos huma-
46
perfil
carreira construída com
escolhas certas
E
spírito de luta, perseverança,
Paulista. Em 1984, quando cursava Ad-
honestidade e princípios éticos.
ministração de Empresas no Instituto de
Para Cecilio Schiguematu, sócio
Ensino Superior Senador Flaquer, ingres-
líder da área de Impostos da
sou como consultor tributário júnior na
KPMG Brasil, estes valores que
Peat Marwick Mitchell, atual KPMG, onde
aprendeu com seus pais foram respon-
construiu praticamente toda sua carreira.
sáveis pela pessoa que é hoje. “Sempre
Mais tarde, em 1988, formou-se também
os admirei, pois vieram da lavoura para
em Ciências Contábeis pelo Instituto de
a cidade quando eu ainda era criança
Ensino Superior Santo André.
com objetivo de propiciar aos filhos a
Entre 1986 e 1987, liderou o setor fiscal
oportunidade de estudar e buscar um fu-
na Prensas Schuler, onde teve a oportu-
turo melhor”, conta. Talvez tenha sido esta
nidade de praticar todo conhecimento
experiência que o fez, desde muito cedo,
adquirido até então. “Pude vivenciar
incorporar o desejo de avançar nos estu-
as dificuldades das empresas em lidar
dos e se desenvolver profissionalmente.
com as diversas normas e regulamentos
Ainda adolescente, Schiguematu
fiscais existentes”, recorda. Em janeiro de
teve contato com temas relacionados
1988, o executivo retomou a carreira na
às áreas administrativa, contábil e tribu-
KPMG como consultor sênior e, em 1995,
tária quando começou a trabalhar em
foi convidado a integrar o quadro de
um escritório de contabilidade no ABC
sócios da empresa.
47
No ano de 2011 Schiguematu assumiu
a liderança da área de impostos da KPMG
no Brasil e, no ano seguinte, de toda a
região latino-americana. Para ele, trabalhar com diferentes culturas e cenários
político-econômicos mantendo consistência entre as diversas firmas-membro
no que tange aos aspectos operacionais,
abordagem de mercado e de qualidade
tem sido um dos maiores desafios de sua
carreira. “Tem sido uma experiência nova,
desafiadora, de grande aprendizado e,
acima de tudo, gratificante”, afirma.
Schiguematu acredita que os profissionais mais bem-sucedidos têm algo em
comum: paixão pelo que fazem, automotivação e interesse por buscar formas
mais inteligentes de se fazer as coisas.
Em sua opinião, para ter sucesso na área
tributária é preciso “pensar fora da caixa”
o tempo todo, principalmente no Brasil,
onde há burocracia, alta carga tributária
e normas tão complexas.
Natural de Ibiúna, interior de São Paulo,
Schiguematu sente-se plenamente rea-
“
lizado não pelas conquistas em si, que
foram muitas, mas por ter feito escolhas
de carreira e empresa certas. “Ao longo
de quase 30 anos na KPMG, tenho vivido novos e diferentes desafios todos os
“
Família
Cecilio
Schiguematu com
a esposa Graça e
os filhos, Felipe e
Julia, em Nova York
Os profissionais
mais bem-sucedidos
têm algo em comum:
paixão pelo que fazem,
automotivação
e interesse por
buscar formas mais
inteligentes de se fazer
as coisas
dias, onde tenho exercitado todo o meu
conhecimento, experiência e competência”, observa. Foi na empresa que conheceu seus melhores amigos e a esposa,
Graça, com quem tem dois filhos, Felipe
e Julia, de 12 e 14 anos, respectivamente.
Para manter a saúde em dia, apesar de
nunca ter sido afeito a qualquer esporte,
o executivo começou a praticar tênis aos
35 anos por recomendação médica e
desde então nunca parou. “Encontrei no
tênis uma maneira prazerosa de melhorar
o meu condicionamento físico e descarregar o estresse do dia a dia”, conclui.
48
jovem executivo
controller precisa
ser especialista
em relações
interpessoais
Vivência com diversas
áreas da organização
proporciona benefícios
para o profissional
U
ma das visões da área de Controladoria
de qualquer empresa é ser o parceiro
preferencial das áreas de negócios ao
oferecer insights para os processos decisórios com a precisão e pontualidade
exigidos, superando os padrões de excelência em
tituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras)
no dia 18 de novembro, em São Paulo.
seu respectivo setor de atuação. Esta visão, no entan-
Severini ponderou que a visão de parceria prefe-
to, não leva em conta problemas que podem surgir
rencial faz muito sentido quando o controller trabalha
neste relacionamento entre as áreas, muitas vezes
em ambiente e cultura participativos, onde o corpo
resultantes de especificidades de suas próprias fun-
gerencial como um todo entende as limitações e obri-
ções. Imagine, por exemplo, um controller tentando
gações de cada uma das partes. Ele comentou que
convencer um executivo para o qual precisou vetar
o controller deve buscar interação harmoniosa com os
determinado projeto por falta de orçamento ou outra
diversos profissionais da empresa, lembrando-se sem-
razão relacionada à sua função, de que pretende ser
pre que cada profissional vive em um mundo com
seu parceiro preferencial dentro da empresa. Esta é
diferentes visões, pontos de vista e amplitudes. “Na
uma das situações mencionadas por Marcus Severini,
prática, esta convivência não é tão pacífica como
diretor de Controladoria da Vale, durante o evento
imaginamos que possa ser”, acrescentou. Para atingir
“Controladoria – Qual é seu papel nesse universo?”,
o equilíbrio, o caminho é longo.
realizado pela ANEFAC e pela Fipecafi (Fundação Ins-
Uma das funções do profissional de Controladoria
49
é atender públicos internos e externos da companhia
questões sobre bonificações ou participações nos
e, segundo Severini, relacionar-se com o primeiro
resultados. Além disso, o controller precisa saber que
público é mais complicado e demanda habilidade.
atuar globalmente para definir normas, procedimen-
Para atender o público externo (instituições financeiras,
tos e controles para viabilizar a gestão é um processo
governo, analistas e investidores) existem padrões e
longo que requer boa formação.
relatórios pré-definidos. Já com os públicos internos
A Vale possui 322 empresas espalhadas pelo
(alta administração, nível gerencial e funcionários),
mundo, o que significa dizer que sua Controladoria
Severini adverte que o controller deve trabalhar com
precisa interagir harmoniosamente com diferentes
três situações: abastecer a alta administração com
pessoas, fusos horários, idiomas e culturas contá-
informações sempre ciente de que ela está pensando
beis. “Se compararmos a controladoria brasileira
no longo prazo; aos colaboradores de nível gerencial
com a americana ela está bem distante do ideal,
é preciso ter em mente que eles desejarão saber se
mas exemplos como o case da Vale mostram que
o que estão fazendo perante a alta administração
estamos indo no caminho certo”, avaliou Ronnie de
está correto ou não; enquanto a interação com os
Sousa, profissional de Contabilidade da TBE – Trans-
outros funcionários, geralmente, demanda responder
missão Brasileira de Energia.
50
jovem executivo
Iran Siqueira
Lima, Fipecafi;
Marcus Severini,
Vale; Carlos
Ribeiro, ANEFAC;
e Rubens Lopes
da Silva, ANEFAC
Acima, André
Paulo Machado,
Buscapé. Ao
lado, Ronnie de
Souza, TBE
“Além de toda a formação técnica que precisam
ter, devem começar a estudar diversos aspectos
da vida empresarial, inclusive o relacionamento
humano”, ensinou. O relacionamento interpessoal
é, na visão do diretor de Controladoria da Vale, um
aspecto primordial na formação do controller, visto
que faz parte da rotina de trabalho conviver com
todos os colaboradores da organização, desde altos
executivos até colaboradores do chão de fábrica.
Para o professor Iran Siqueira Lima, presidente da
Recado para geração Y
Fipecafi, é papel do controller também conversar
“Os profissionais da geração Y costumam contar
e motivar o time, pois os funcionários só se sentirão
com boa formação, mas ainda pensam muito so-
confortáveis e parte do time ao saberem que seu
mente em débito e crédito e não conhecem a ope-
superior é seu colega. “Nem todas as empresas têm
ração contábil por trás”, salientou Marcus Severini, ao
este tipo de pensamento, mas aquelas que têm se
comentar sobre as carências que têm percebido nos
desenvolvem bastante”, comentou.
recém-formados e jovens profissionais. Segundo o
Severini mencionou que a formação do controller
executivo, a Vale resolve esta carência por meio da
deve englobar conhecimentos em Contabilidade,
provocação, ou seja, abrindo a mente dos profissio-
Finanças, Economia, gestão, sistemas, entendi-
nais para entenderem a origem das coisas.
mento sobre a legislação tributária do país em
51
que se está atuando, além de conhecimento
transformar os números em uma linguagem que os
específico do negócio no qual a empresa opera
donos da empresa e as outras áreas reconhecem.
(produção, mercado consumidor, alavancagem
Para ele, é importante saber quais informações são
financeira, riscos operacionais, etc). Rubens Lopes
válidas para a empresa, bem como aquilo que é
da Silva, membro do Conselho de Administração
fundamental para a organização, especialmente
da ANEFAC, enfatizou que, ao entender o negócio,
onde nascem as transações.
o controller conseguirá compreender a lógica dos
“Toda vez que entrarem em uma empresa, não
resultados, assim como apresentá-los adequada-
achem que a conhecem porque leram informa-
mente. “Se ao longo da carreira o controller con-
ções no seu website ou conversaram com algumas
seguir conviver com todas as áreas da empresa e
pessoas. Só se conhece bem uma organização
absorver conhecimento de cada uma delas, ele
convivendo com ela”, ensinou Severini. Ele sugeriu
terá uma excelente formação”, observou.
cuidado com os modismos, especialmente a cons-
Do ponto de vista pessoal, o profissional deve ser
tante mudança de emprego, tão comum nos dias
curioso e humilde para reconhecer que não sabe
de hoje. Para ele, a troca de emprego deve estar
tudo, buscar o conhecimento e saber gerenciar a
alinhada com os objetivos profissionais. “Cuidem
ansiedade, tão característica desta geração.
da carreira de maneira consciente e não pensem
André Paulo Machado, gerente contábil do Buscapé, disse que ao conhecer bem o negócio é possível
apenas no lado financeiro. Pensem no médio e longo
prazo”, aconselhou.
52
tecnologia
O poder transformador
da TI nos negócios
Inserir área de
TI no desenho
da estratégia
do negócio é
fundamental para
perenidade das
empresas
“A
s informações sobre um
pacote são tão importantes quanto o pacote
ras esta ainda não é uma realidade, visto
em si”, disse Fred Smith,
que alguns gestores não dão a devida
fundador e chairman
importância para a área. “Em um primeiro
da FedEx. A crença de Smith sobre o
momento, a TI é vista como suporte. Muitos
poder do acesso às informações e dados
acreditam que ela só deve oferecer a
vem sendo seguida por muitas organiza-
garantia de que o sistema vai funcionar”,
ções. A revolução digital impôs um novo
mencionou Sergio Lozinsky, fundador da
ritmo na maneira de pensar a estratégia
SLozinsky Consultoria de Negócios.
do negócio e de tomar decisões. “Agora
Taurion aponta um descompasso entre
é tarde demais para se ter uma estraté-
a visão que a área de TI tem sobre suas
gia digital. O que você precisa é uma
funções e atividades e as expectativas
estratégia de negócios que inclui digital”,
dos administradores. O executivo citou
destacou Cezar Taurion, sócio-fundador e
que uma pesquisa da IBM realizada
CEO da Litteris Consulting, citando o IFTF
há dois anos demonstrou que fatores
(Institute For The Future) durante evento
tecnológicos são considerados pelos
sobre “Transformação digital: O impacto
CEOs como os fatores externos que mais
da internet nos negócios e na socieda-
afetarão seus negócios nos próximos
de”, realizado pela ANEFAC no dia 28 de
anos. “TI está tendo que se reposicionar
outubro, em São Paulo.
completamente”, disse. Para ele, a TI
O executivo focou na necessidade de
do passado que apenas desenvolvia e
traçar uma estratégia de negócio onde a
entregava sistemas tende a desaparecer.
TI esteja inserida e sugeriu que não se dese-
Com objetivo de mapear a TI das mil
nhe mais nenhuma estratégia de negócio
maiores empresas brasileiras, Lozinsky e a
isolada da TI. Em muitas empresas brasilei-
IT Mídia realizam há quatro anos o estudo
53
Da esq. para a
dir., Sérgio Lozinsky,
SLozinsky Consultoria
de Negócios; e
Cezar Taurion, Litteris
Consulting
.tif
nosticar problemas com profundidade
o espaço estratégico ao qual seu papel
e resolvê-los rapidamente; e profissionais
no negócio se destina.
capazes de monitorar o ambiente de
Aline Alves de Aquino, gerente de Ensino
processamento, identificar os sinais de
Superior da DSOP Educação Financeira,
problemas e agir preventivamente.
e Del Ribeiro Borges, gestora corporativa
É importante ainda ter um service desk
da instituição, acreditam que é urgente a
preparado para resolver a maior parte
necessidade de destacar a importância
dos chamados na primeira ligação. “A
da área de TI dentro das empresas. “Mui-
boa prática é de que 70% a 75% dos
tas vezes ela passa despercebida, mas é
chamados sejam resolvidos no primeiro
uma área muito mais importante do que
telefonema”, acrescentou. É preciso
se imagina”, analisa Del Ribeiro.
também ter especialistas em segurança
Um dos obstáculos que o Brasil preci-
de dados com visão técnica e visão estra-
sa superar no médio e longo prazo é a
tégica que contribuam para a educação
conectividade, principalmente em áreas
da empresa em relação ao assunto.
rurais. Márcio Barion, gerente de Administração de Projetos da Baldan Implementos
TI que contribui para o negócio
Agrícolas, mostrou preocupação de que a
falta de conectividade no campo atrase
Grau de automação insuficiente, proces-
o desenvolvimento e competitividade do
sos dependentes de pessoas, integração
agronegócio brasileiro. “Este é um dos
inadequada dos sistemas, muitas planilhas
grandes entraves para o desenvolvimento
para dar conta das informações são indí-
do país porque tem nos deixado aquém
cios, segundo Lozinsky, de que a empresa
de outros países”, analisou. De acordo
está com problemas de arquitetura de
com ele, a Baldan tem se questionado
processos. Para ele, se a empresa preten-
como será o desenho do negócio em
de garantir uma arquitetura de sistemas
2028, ano do centenário da empresa.
que agregue valor, a área de TI precisará
“Será que continuaremos produzindo
entender as estratégias de negócios e suas
máquinas ou passaremos a oferecer solu-
implicações em TI, ter visão de negócios
ções para o homem do campo? Estamos
“Antes da TI, a estratégia”. A edição de
e processos, capacidade de relaciona-
preocupados o quanto isso pode ser pre-
2014 detectou que as empresas brasileiras
mento e de negociação interna e externa.
judicado pela conectividade”, concluiu.
À esq., Marcio Barion, Baldan
Implementos Agricolas.
Acima, Aline Alves de Aquino
e Del Ribeiro Borges, ambas
DSOP Educacao Financeira
estão investindo no básico, ou seja, em
A área de TI deverá também ser pro-
Cezar Taurion concordou que a conec-
desempenho, continuidade, segurança e
ativa para pesquisar novas soluções, ter
tividade no Brasil é ruim, cara e, em áreas
contingência. Há quatro anos, mobilidade,
entendimento dos conceitos de gover-
rurais oferece ainda mais barreiras, como
segurança da informação e sistemas de
nança, apresentar ideias para melhorar os
a ausência de rádio base e cabeamento,
gestão; e backup de site, data center e
negócios e processos, e ter capacidade
o que exige tipos de conectividade mais
contingências mantêm-se no topo da lista
de posicionar a empresa como um target
caras, como satélite. Ele acredita que a
de investimentos das empresas.
dos fornecedores de TI.
conectividade deveria ser encarada pelos
Uma das conclusões apontada por
Outros componentes importante são
governos como algo essencial. Ao consta-
ele é que o básico nunca acaba. Isso
maturidade dos serviços de TI, equipe
tar que não há perspectiva de melhorias
significa que sempre há novidades e um
de TI interna e estendida, e governança
nesta questão dentro dos próximos quatro
volume enorme de ações a serem reali-
de TI. O estudo detectou que mais da
ou cinco anos, Taurion considera este um
zadas dentro das atividades básicas da TI.
metade das empresas precisa aumen-
gargalo da economia brasileira, assim
Lozinsky enfatizou o valor de contar com
tar a maturidade de seus processos de
como logística e infraestrutura. “É preciso
perfis de profissionais especialistas em
governança de TI e melhorar o perfil da
agir rápido, pois o futuro se torna passado
tecnologias diversas capazes de diag-
área de tecnologia para que ela ocupe
rapidamente”, encerrou.
54
reuniões técnicas
CBAN
Relacionamento entre avaliadores e auditores
N
as discussões para a preparação da
Orientação Técnica OCBAN 03 sobre
avaliação do valor justo, o CBAN (Comitê
Brasileiro de Avaliadores de Negócios) da
ANEFAC identificou duas dificuldades:
tabular a parte de metodologia e tratar
a questão do relacionamento dos avaliadores com os auditores. Com o objetivo
de avançar nas discussões e finalizar o
material, na reunião técnica do dia 13
de outubro, o grupo analisou documento
lançado pelo IVSC (International Valuation
Standards Council): A Guide to the audit
process for professional valuers, que fornece orientação para o relacionamento
entre auditores, avaliadores e gestores.
O documento aponta que os preparadores das demonstrações financeiras,
auditores ou avaliadores profissionais
precisam, de igual modo, entender as
exigências da contabilidade relacionadas à mensuração de avaliação para
propósitos contábeis diferentes, incluindo
as divulgações necessárias, e para dar
consideração apropriada para a sua
aplicação. “O guia do IVSC sugere que
o avaliador deixe claro o escopo do trabalho, comprove sua experiência para
realizar o trabalho e domine o padrão
de valor exigido pelas demonstrações financeiras”, destacou Ana Cristina França,
diretora executiva responsável. A partir do
documento do IVSC, o CBAN vai preparar
um roteiro mais simplificado e circular
entre os participantes para que ele faça
parte da Orientação OCBAN 03 – Mensuração do Valor Justo.
NORMAS INTERNACIONAIS E CPC – RIO DE JANEIRO
Preparação para o IFRS 15
D
urante reunião técnica realizada no
dia 26 de novembro, a diretoria de
Normas Internacionais e CPC da ANEFAC
Rio de Janeiro discutiu a importância de
preparação para o IFRS 15 - Receitas
de contratos com clientes, que passa a
valer a partir de 1º de janeiro de 2017
e muda conceitualmente a maneira
como se encara o reconhecimento de
receita. Christiano Santos, diretor executivo
responsável, destacou a importância de
antecipar a preparação para adequação à norma principalmente devido às
informações comparativas.
“Muitas empresas acham que o prazo
de adoção obrigatória ainda está longe,
mas ao apresentarem as informações
em 31 de dezembro de 2017, as empresas devem compará-las com as informações de 31 de dezembro de 2016”,
enfatizou o palestrante Roberto Lembo,
gerente sênior da PwC. O executivo suge-
re que as empresas façam um diagnóstico dos impactos potenciais da norma e
verifiquem os contratos comerciais para
verificar se o IFRS 15 causará impacto
na forma de reconhecer a receita. De
acordo com ele, já existem algumas empresas no mundo que estão adotando
o IFRS 15 antecipadamente. Com isso,
logo será possível verificar quais são as
principais dificuldades encontradas na
adoção da norma.
Avaliação do impairment: o que divulgar?
A
avaliação de impairmet ou teste de recuperabilidade ainda gera dúvidas entre administradores, acionistas, stakeholders
e auditores, em especial sobre as exigências do regulador. Durante reunião técnica
da diretoria de Normas Internacionais e CPC
da ANEFAC Rio de Janeiro, realizada em 15
de outubro, Christiano Santos destacou que
para maior efetividade do teste é preciso
garantir que a informação seja consistente
com as projeções e com o entendimento
prospectivo dos negócios. “A administração
deve confrontar as premissas internas com
as externas”, comentou, reforçando que
a empresa precisa racionalizar bem as
expectativas da organização e alinhá-las
com as do mercado.
De acordo com Vera Elias, diretora de
Normas Internacionais e CPC da ANEFAC
Rio de Janeiro, as empresas não sabem
exatamente sobre o que os reguladores
estão questionando-as, o que gera erros
ou falta de detalhamento de informações. Além disso, muitas vezes, a empresa
considera confidencial a informação a
ser prestada. “A divulgação de assuntos
relacionados ao impairment envolve
divulgar dados como projeção de crescimento, introdução de novos produtos,
margens, dentre outros, o que, para
muitos, é estratégico”, explicou Santos.
“Mas no caso das companhias abertas
deve haver um equilíbrio entre o que
é estratégico e o compromisso com a
governança corporativa assumido pela
empresa”, destacou.
55
PROCESSOS E RISCOS
Transformar dados em informação para tomada de decisões
Cristiane salientou que a contabilidade
deve ser vista como um instrumento que
auxilia a administração na tomada de
decisão. No entanto, sua opinião é de
que a maioria das empresas não a percebem como essencial para o negócio.
Erich Rodrigues de Castro, executivo da
Improve-up, apresentou a ferramenta
Gestão Financeira, que pode ser personalizada a todo tipo e porte de empresa
“A
boa contabilidade é aquela
dezembro, em São Paulo, sobre gestão
capaz de transformar dados
de riscos mais eficaz por meio de ferra-
em informações úteis para tomada
menta de gestão financeira. Eduardo
de decisões visando o crescimento
Nunes de Carvalho, diretor executivo de
da organização”, destacou Cristiane
Processos e Riscos da ANEFAC, indicou
Motta de Almeida, sócia-fundadora
a dificuldade de comunicação entre as
da Improve-up Serviços Institucionais e
áreas operacionais e contábil devido à
Contábeis, durante reunião técnica de
existência de relatórios gerenciais des-
Processos e Riscos realizada no dia 8 de
centralizados.
para atender as boas práticas de governança, possibilitando a implantação de
um planejamento com monitoramento
efetivo mensal do negócio. De acordo
com ele, os benefícios de contar com
uma ferramenta eficaz passam por alavancar os resultados da empresa, obter
confiança, agilidade e eficiência nas informações, além de melhor governança
corporativa a custo acessível
PERÍCIAS CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E ARBITRAGEM
Efeitos da falência e recuperação judicial na arbitragem
A
reunião técnica realizada pela Dire-
arbitral não perde a jurisdição. “O proce-
elas, observar a estratégia da outra em-
toria de Perícias Contábeis, Econô-
dimento arbitral só pode ser suspenso se
presa envolvida no processo; desviar das
micas e Arbitragem da ANEFAC no dia 26
assim os árbitros determinarem”, afirmou.
estratégicas conhecidas como “táticas
de novembro, em São Paulo, coordenada
Para evitar surpresas em meio ao
de guerrilha”; ter atenção com as custas
pela diretora responsável Glades Chuery
processo, ele indica questões de ordem
do processo e com o prazo para entrega
Ferreira, abordou a interface entre a ar-
prática que devem ser reforçadas. Entre
de provas.
bitragem e os institutos da falência e da
recuperação judicial.
O palestrante Gustavo Ramos, membro
da ABEArb (Associação Brasileira de Estudantes de Arbitragem) e assistente jurídico
do Marques Rosado, Toledo Cesar & Carmona Advogados, alertou para casos em
que uma das partes solicita falência ou
processo de recuperação no decorrer do
processo de arbitragem. Mesmo se isso
acontecer, ele destacou que o tribunal
56
reuniões técnicas
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE - SALVADOR
Mudanças trazidas pelo IFRS 15
de Normas Internacionais da ANEFAC
de outras interpretações que tratavam de
Salvador promovida no dia 31 de outubro.
como reconhecer receita em programas
partir de janeiro de 2017 entra em
A norma foi publicada em conjunto
de milhagem, programas de bonifica-
A
vigor mais uma norma IFRS sobre o
pelo IASB (International Accounting Stan-
reconhecimento de receitas. Esta norma
dards Board) e FASB (Financial Accounting
Segundo ele, a norma sai de um mo-
substitui a maior parte da orientação
Standards Board) e será aplicável a quase
delo em que se reconhecia receita com
detalhada sobre o reconhecimento de
todas as empresas que preparam rela-
base na transferência de riscos e bene-
receita que existe atualmente em IFRS
tórios em IFRS e US GAAP. Rego explicou
fícios para um terceiro, passando a usar
e US GAAP. “A norma muda conceitu-
que no passado existia uma norma que
o conceito de controle. “No momento
almente a maneira como se encara o
tratava do reconhecimento de receitas
em que não se tem mais controle sobre
reconhecimento de receita”, apontou
de venda de produtos e prestação de
o produto ou serviço, é quando se deve
Vinícius Rego, diretor de Normas Interna-
serviços e outra que reconhecia receitas
reconhecer a receita”, descreveu. Dentre
cionais da ANEFAC Salvador e sócio de
no contexto de construção de ativos de
os setores mais afetados pela norma, ele
Auditoria da PwC, durante reunião técnica
longo prazo. “Tinha também uma série
apontou o de incorporação imobiliária.
ções, dentre outros”, complementou.
CONTROLADORIA
Contabilidade gerencial negligenciada
O
IMA (The Association of Accountants and Financial Professional in
Business) analisou como as empresas
tratam suas informações e concluiu que
empresas medianas gastam mais tempo
coletando informações do que analisando-as, enquanto as empresas de classe
mundial gastam mais tempo analisando-as do que coletando. Esta informação
foi apresentada durante reunião técnica
de Controladoria, realizada no dia 13 de
novembro, em São Paulo.
Isso acontece porque a contabilidade
gerencial no Brasil vem sendo negligenciada pelas empresas e pelos profissionais da área. “As pessoas ainda não se
deram conta de sua importância para o
negócio”, afirmou Marcus Beszile, diretor
executivo de Controladoria da ANEFAC.
Management Accountant), oferecida
tes para o negócio. Mas na maioria das
Um fato que demonstra isso é a falta de
pelo IMA. Em sua visão, é fundamental
empresas, segundo ele, a falta de alinha-
adesão brasileira à certificação destinada
conscientizar profissionais e empresas
mento entre as áreas é um obstáculo que
aos contadores gerenciais, CMA (Certified
sobre a relevância dos relatórios inteligen-
gera ineficiência para o negócio.
57
CBAN
Orientação técnica sobre Instrumentos Financeiros
O
CBAN (Comitê Brasileiro de Ava-
uma discussão sobre macro hedge, mas
a ser aplicado a todos os instrumentos
liadores de Negócio) da ANEFAC
com relação à Instrumentos Financeiros,
financeiros, removendo uma fonte de
produzirá uma orientação sobre instru-
o IASB deu por finalizada a discussão”,
complexidade associada com os requi-
mentos financeiros, de acordo com Ana
mencionou Amato.
sitos contábeis anteriores.
Cristina França, diretora executiva do
Segundo ele, a norma introduz uma
A demora no reconhecimento de per-
CBAN e sócia-diretora da Apsis. Por isso,
abordagem lógica para a classificação
das de crédito era um dos pontos fracos
na última reunião técnica realizada pelo
dos ativos financeiros de acordo com suas
da norma antiga. Segundo ele, o IFRS 9
Comitê em 2014, no dia 26 de novembro,
características de fluxo de caixa e para
introduz um modelo de impairment de
Rodrigo Martins Amato, diretor do CBAN
ativos classificados como “mantidos até
perdas esperadas que deve se traduzir
São Paulo e da Mark2Market, coordenou
o vencimento”. “Ela substitui requisitos ba-
em maiores provisões. Com a nova
a discussão sobre IFRS 9 – Instrumentos Fi-
seados em regras complexas e de difícil
norma, espera-se que as práticas de
nanceiros, que substitui o IAS 39 e foi divul-
aplicação anteriormente”, comentou. De
gestão de risco sejam melhor refletidas na
gado pelo IASB (International Accounting
acordo com ele, a nova norma resulta
contabilidade, promovendo maior trans-
Standards Board) em julho. “Ainda existe
em um único modelo de impairment
parência às demonstrações financeiras.
CONTROLADORIA
As novas formas de fazer negócio no mundo digital
ntre 2008 e 2013 o acesso à internet
E
vez mais por novos clientes e ganho de
informação ao dia a dia do cliente; o
cresceu 143% no Brasil. Restou às em-
escala. Dentre as principais tendências
remarketing, utilização de cookies para
presas adaptarem-se ao mundo digital,
nesta área, ele citou o content marke-
rastrear o potencial cliente; e o mobile
especialmente ao observar que a nova
ting, estratégia baseada na produção
marketing, campanhas com suporte para
geração, considerada nativa digital, é a
de conteúdos que agregam valor e
dispositivos móveis.
que ditará as tendências de consumo
daqui para frente. Por isso, a reunião
técnica de Controladoria realizada no
dia 9 de dezembro, em São Paulo, sob
coordenação do diretor executivo Marcus Beszile, destacou o tema. Segundo o
palestrante Stanlei Bellan, CEO da Money
Guru, o Brasil é o 5º país mais conectado
do mundo. Para ele, isso tem impactado
de maneira positiva a forma como as
empresas fazem negócio.
Segundo Bellan, entre os motivos por
que o setor financeiro deve investir em
marketing digital, estão a existência de
muitos produtos, diferentes públicos, novas necessidades e múltiplos canais. Além
disso, as empresas estão brigando cada
58
turismo de negócios
Escócia:
sem independência,
com mais autonomia
R
ecentemente, um plebiscito
movimentou fortemente a
população escocesa, que
decidia pelo sim – continuar
fazendo parte do Reino Unido,
ou não – separar o país. Dias depois da
decisão, Ailton Leite, vice-presidente de
Finanças da ANEFAC e associado da BDO
RCS Auditores Independente, chegou à
Escócia e pôde sentir o clima de divisão
que ainda pairava entre as gerações.
Acima, Edimburgo, capital
da Escócia; Ao lado, pôneis
vestidos com malhas de lã
para promover o turismo
59
De acordo com ele, o sentimento es-
em abrir uma empresa com sócio local.
competividade no mercado internacio-
cocês, principalmente dos mais jovens,
As reuniões e relatórios aconteceram na
nal”, constata.
estava voltado para a separação, uma
capital inglesa e, segundo ele, a facilida-
Sobre Edimburgo, capital da Escócia,
vez que, na opinião deles, toda a riqueza
de com que se analisa um negócio por
Leite a define como uma cidade antiga
do Reino Unido está localizada na Escó-
lá é impressionante. “A burocracia para
e moderna ao mesmo tempo. Combina
cia, mas as diretrizes e comando tem
abrir uma empresa é menos complicada
edifícios centenários com construções
sido tarefa dos ingleses há quase 300
e demanda um tempo extremamen-
modernas e apresenta um turismo muito
anos. “Prevaleceu o bom senso, onde a
te menor se compararmos ao Brasil”,
intenso, assim como o clima frio. “Re-
insegurança do que poderia acontecer
observa. Ele destacou ainda a taxa de
comendo percorrer os castelos e fazer
numa eventual separação deixou os
juros definida pelo Banco Central da
o ‘turismo dos fantasmas’, em que guias
escoceses de faixa etária acima dos 50
Inglaterra, de 0,5% ao ano, enquanto a
locais conduzem grupos a pé e sempre à
anos decididos a continuar fazendo parte
Selic é de 11,75% ao ano. “Já dá para
noite por ruelas e casarões supostamente
do Reino Unido”, constatou.
perceber a expressiva diferença para as
habitados por fantasmas”, conta. Os guias
O executivo esteve no Reino Unido
empresas captarem recursos no merca-
fantasiados de fantasmas e o bom humor
por 45 dias, a maior parte do tempo
do financeiro”, destaca. A inflação anual
tornam a experiência fabulosa, segundo
em Londres em função de um business
lá está abaixo de 2%, enquanto a brasi-
ele. “Rever a história deles e perceber a
plann que estava desenvolvendo para
leira passa de 6%. “Combinando esses
beleza das edificações impecavelmente
dois investidores brasileiros interessados
fatores de juros e inflação baixa, mais
conservadas fica na lembrança para
a certeza de uma politica econômica
sempre”, complementa. Leite destacou
firme e duradoura, sem intervenções do
ainda o conforto, rapidez e praticidade
governo na economia, pode-se com-
do transporte através de trem, com esta-
preender a enorme desvantagem das
ções sempre limpas, práticas e de uma
empresas brasileiras e a razão da pouca
segurança impecável.
Castelo Eilean Donan
60
artigo
Dual Zone
no veículo, reflexões
sobre liderança
Por Emerson Weslei Dias*
L
iderança Dual Zone. Que raios seria isso? Bom,
mutável? Ele é flexível? Ele é Dual Zone? Ou você trata
vou contar uma história que começa quando
todos os problemas com a mesma solução? Cada
eu adquiro um carro com ar-condicionado
vez que muda de ambiente, leva o mesmo time de
Dual Zone. Sinceramente, nunca fui muito
sempre. Existe então a panaceia, podemos aplicar
apreciador de tecnologia, então não sabia
o mesmo estilo gerencial para qualquer cenário?
da existência de mais essa. Mas usando o carro com
Vamos avaliar.
esse sistema, pude observar que, de fato, quando
No cenário onde o clima está ruim, o que preva-
você tem um ar-condicionado que pode ser regula-
lece é a desunião, pessoas que não trabalham num
do para obter de um lado do carro uma temperatura
propósito comum. Talvez os resultados corroborem
e, do outro, temperatura diferente, o ambiente fica
com o clima e também estejam péssimos. Que
muito mais tranquilo.
tipo de líder precisaríamos? Um líder harmonizador
Afinal de contas, homens e mulheres sentem de
poderia ajudar?
forma diferente a temperatura. Há que se lembrar
Como nos mostrou Pitágoras, 500 a.C, a harmonia
em qualquer reunião da sua empresa quem é que
matemática e música é o que trás a beleza. Tudo
reclama quando está frio na sala. Já viveu uma
que é harmônico, é belo. E se estamos num ambien-
situação assim no carro, no escritório, num teatro
te totalmente harmonizado, onde as pessoas se en-
num cinema? Pois bem, existe explicação fisiológica.
tendem, se conhecem, têm muito companheirismo
Pelos, gordura corporal, hormônios, inúmeros fatores
- e talvez falta de críticas porque, afinal de contas,
influenciam na sensação térmica.
são todos muito amigos - , então que tipo de líder
E o que isso tem a ver, então, com uma liderança?
precisaríamos ter? Talvez um líder questionador? Afinal
A liderança Dual Zone é aquela em que você
de contas num ambiente muito harmônico, pode-
aplica determinadas características para o geren-
mos achar que o jogo está ganho, mas é sempre
ciamento de uma situação e outras características,
bom estar alerta: a crítica provoca e nos dá visões
muitas vezes até opostas, para outras situações.
diferentes, nos prepara para o mundo competitivo.
“Ah, isso é simples. Todo mundo faz”.
“Discordância construtiva e cortês produz criativida-
Será mesmo? Será que seu estilo de liderança é
de, progresso e produtividade”, disse Paul J. Meyer.
61
Harmonizador e questionador
Segundo a teoria dos tipos psicológicos de Carl
Liderança Dual Zone. Para cada lado, uma
Jung, harmonizador e questionador estão em lados
temperatura. Para cada lado, uma característica,
opostos. O harmonizador está para aquele que toma
andando no mesmo carro, indo para o mesmo
decisões com base em valores, sentimentos, pesso-
destino, caminhando juntos, porém, em graduações
as, que customiza soluções individuais, faz exceções
diferentes. Lidere a si para liderar os outros e, juntos,
e concessões. O questionador está para aquele
liderarem o negócio. Essa é a minha reflexão sobre
que toma decisões com base na lógica dos fatos,
liderança a partir da tecnologia do ar-condicionado
na objetividade, com base na justiça – aquele que
do meu carro.
não customiza soluções, que diz que a lei é essa e
ela vale para todos, sem exceção.
Então, como é que você vai conseguir perceber
e poder usar os dois estilos de liderança, um para
cada situação?
É mais ou menos como pensar entre um estilo
general e um estilo messiânico, ou numa similaridade
entre o Capitão Nascimento – o personagem do
filme, e um monge tibetano.
Conheci pessoalmente dois ex-capitães do Bope
(Batalhão de Operações Especiais) que foram referência para a criação do personagem Capitão
Nascimento, do filme Tropa de Elite. Também estive
no Butão e Nepal, onde conheci monges tibetanos
e líderes espirituais, e posso dizer que, logicamente,
eles não têm nada em comum. São dois estilos
de liderança completamente diferentes, mas que
servem para os fins a que se propõem. A empresa
não é um batalhão e nem um templo, mas, às vezes,
parece ou poderia ser um ou outro.
E como você vai conseguir trabalhar uma liderança Dual Zone?
A partir do momento que você adquire autoconhecimento, quando você passa a se conhecer
profundamente, reconhece onde estão os seus gaps
e as suas forças, é muito mais fácil perceber os outros. Passa a ser mais tranquilo exercer um papel que
talvez não seja o seu por essência, não seja a sua
onda, a sua praia, mas conseguirá transitar por ele
porque o momento e o ambiente assim necessitam.
* Emerson Weslei Dias é coach, consultor e palestrante.
Autor do livro “O inédito Viável”.
artigo
62
63
um pequeno balanço
dos últimos quatro anos
de governo federal
Por Andrew Frank Storfer*
V
ivemos um período de transição.
Chega ao fim o primeiro período do
governo Dilma e se inicia o segundo,
para o qual boa parte da sociedade
espera mudanças significativas na
condução da economia. Espera-se também muito
mais rigor contra a corrupção.
Nestes quatro anos recentes, o país viu a degradação de pilares macroeconômicos que culminaram
com inflação muito alta, crescimento muito baixo,
desempenho muito ruim da balança comercial,
uma crise fiscal sem precedentes, queda de produtividade, perda de confiança de empresários e
investidores e, mais recentemente, também perda
de confiança de consumidores. Enfim, desconten-
a inflação; a uma intervenção no câmbio, com a
tamento geral. Quase nada se salva quando se
manutenção do real apreciado artificialmente; e a
analisa os aspectos econômicos. Talvez o nível de
uma certa aversão do governo ao capital privado.
emprego, e mesmo assim há controvérsias, como
Para completar o quadro, as denúncias de corrupção
críticas à metodologia do cálculo e a controvérsia
nas estatais atingiram níveis nunca antes vistos. Somam,
do recorde de auxílio-desemprego.
até o momento, dezenas ou talvez centenas de bilhões
A crise fiscal resultou no descumprimento da lei
de reais. Começamos o segundo período do governo
orçamentária mesmo com todos os artifícios criativos,
Dilma com falta de infraestrutura, falta de investimentos,
forçando a um acordo no último mês de 2014 para
estoques altos e falta de confiança generalizada.
que o Congresso alterasse a lei. O culpado foi o
Por mais que, publicamente, a cúpula do governo
governo federal, que gasta muito e gasta mal, man-
não admita a situação crítica do país, são evidentes
tendo uma máquina cara e ineficiente, devolvendo
os sinais de que percebem a crise. O mais evidente
para a sociedade muito pouco quando comparado
destes sinais é o fato de buscar novos ministros,
com o que arrecada. Com os agravantes de que
mais alinhados com o pensamento do mercado,
investe quase nada e de que, com sua intervenção,
para tentar resgatar credibilidade. Alinhados com o
afasta o capital privado, além de drenar recursos da
pensamento do mercado, neste caso, significa dar
sociedade que poderiam ser investidos.
uma guinada na condução econômica para o que
O país assistiu durante estes anos a experiências
efetivamente dá certo.
com juros básicos, que desceram a níveis que o
mercado considerou irrealmente baixos em determinados momentos; a uma complacência com
* Andrew Frank Storfer é membro do Conselho de
Administração e diretor de Economia da ANEFAC, e CEO da
Interacta Participações.
64
fazendo contas
A
absoluta maioria dos brasileiros continua não se dando conta de que precisa cuidar
melhor de suas finanças pessoais e familiares. Inúmeras razões concorrem para
este meu alerta. A maioria dos erros cometidos ocorre por absoluta falta de planejamento prévio ou por expectativas demasiadamente otimistas quanto ao futuro.
O conhecido psicólogo econômico Daniel Kahneman comprovou em suas
pesquisas que temos predominante tendência em acreditar que nossos investimentos e empreendimentos serão sempre triunfantes, enquanto inúmeros estudos nacionais e internacionais
revelam diametralmente o oposto.
Façam um rápido retrospecto mental procurando relembrar quantos dos objetivos financeiros
que colocaram ante si mesmos acabaram não sendo atingidos anos depois. É fácil encontrarmos
razões para não atingirmos metas sonhadas. Algumas delas certamente não dependem da
gente. Porém outras, talvez a maioria, sim!
Por sermos seres humanos e bastante conscientes, geralmente procuramos colocar a culpa
de nossos fracassos nos outros, invocando razões nem sempre realistas ou racionais. A seguir,
alguns conselhos pertinentes que podem atenuar algumas de nossas frustrações em potencial:
Tenha uma vida compatível com seu orçamento e não se deixe impressionar pela maneira
como seus familiares, vizinhos ou companheiros de empresa consomem, gastam dinheiro em
extravagâncias ou outras pavonices. (A psicologia usa o termo “comportamento de manada”.)
precisamos nos educar financeiramente
Em virtude do conselho anterior, obrigue-se a criar a conta “reservas” em seu orçamento mensal
ou anual e a alimente régia e periodicamente. Esta medida pode se tornar a tábua de salvação de
sua vida em período de grave desequilíbrio pelo qual geralmente passamos em algum momento.
“Investimentos” designam a ampliação de nossas “reservas” e devem ter continuidade durante
todo o período em que ainda estivermos ativos física ou mentalmente para tornarem-se fontes
seguras de receitas alternativas suficientemente poderosas na época da aposentadoria.
Interesses mesquinhos de algumas pessoas e empresas (creia, elas existem) que você, leitor,
certamente irá encontrar no decorrer de sua vida, farão você se envolver fatalmente em negócios
obscuros e fantasiosos que não lhe serão favoráveis. Em razão deste fato, sugiro muito cuidado
com estes indivíduos (ou empresas), pois agem egoisticamente e de nenhuma maneira levarão
em conta seu bem-estar e interesses.
Em razão da experiência adquirida durante 40 anos atuando como consultor de finanças pessoais, posso afiançar com razoável grau de certeza a quem ainda está formando ou já possuí
três, quatro ou cinco fontes de receita diferentes, de que existe boa probabilidade de que pelo
Louis Frankenberg é diretor
executivo de Finanças
Pessoais da Anefac
e diretor da Personal
Financial Planning
[email protected] •
www.seufuturofinanceiro.
blogspot.com
menos uma delas não dê os frutos desejados ou quebre em algum momento. Apesar de esta
afirmação ser temerária, acredito que você, leitor, deveria levá-la em consideração.
Decorrente do conselho anterior, diversificação é um dos fatores mais importantes para a
criação de fontes alternativas de renda para o dia de amanhã. Ela amplia o nível de segurança
do conjunto de seus investimentos ou negócios e deve o quanto possível evitar a correlação
entre os ativos.
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66
ponto de vista
V
ez ou outra ouço alguém questionando uma matéria lida em
algum lugar: “Os artigos desse cara são muito legais, muito
bem escritos, mas não conseguem fazer ninguém mudar
de comportamento”. Ouço, fico quieto, mas não deixo de
pensar: Graças a Deus que assim é! Se isso fosse possível,
quão fácil seria manipular as pessoas através de um simples texto...
Talvez falte ao autor daquele comentário o conhecimento dos reais
objetivos das matérias que lhe chegam às mãos. O que um artigo, um
romance, filme ou espetáculo teatral se propõe é principalmente estimular
o leitor ou espectador a fazer uma reflexão diante das tramas apresentadas.
É essa reflexão, se profunda e sincera, que poderá desencadear em
alguém o desejo de repensar suas crenças e conceitos e, a partir daí,
decidir mudar de comportamento – até mesmo por uma questão de
necessidade para ser mais feliz.
De certa forma, é o mesmo trabalho que faz o psicoterapeuta. Não é
ele, por mais competente que seja, que faz o cliente (ou paciente, como
diriam os antigos) mudar. Ele apenas sugere outras opções de paradigmas,
pensamentos e atitudes, mas, a todo momento, o livre arbítrio do cliente
é que decidirá se mudanças efetivas ocorrerão.
afinal, artigos
mudam pessoas?
O conhecimento intelectual e operacional torna as pessoas mais hábeis
e competentes, mas o amadurecimento emocional advém das vivências
e experiências individuais. São elas que tornam a pessoa mais estruturada,
focada e dona do seu destino.
Portanto, é a mensagem absorvida através de textos e espetáculos que
Floriano Serra é psicólogo,
palestrante, consultor
e diretor-executivo da
Somma4 Gestão de
Pessoas. É autor de
mais de 15 livros e de
300 artigos sobre o
comportamento humano
pode motivar o leitor ou espectador a conhecer ou pelo menos tentar
outros comportamentos, estilos de vida e relacionamentos.
Ou seja, não faz nenhum sentido culpar recursos externos pela inexistência
de mudanças comportamentais, se a própria pessoa não tiver suficiente
humildade para reconhecer que está dentro dela os muros e as correntes
que a impedem de caminhar e crescer.
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