CENÁRIO-2: BOLSA SOBE, APESAR DO EXTERIOR, E

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CENÁRIO-2: BOLSA SOBE, APESAR DO EXTERIOR, E
CENÁRIO-2: BOLSA SOBE, APESAR DO EXTERIOR, E DÓLAR VOLTA A R$ 2,36
O mau humor externo quase estragou a recuperação do Ibovespa, mas, no fim do pregão,
após tocar as mínimas do dia no meio da tarde, o índice se consolidou em alta, com a ajuda
dos papéis da Petrobras. Os negócios hoje foram pautados pelo ajuste ante a baixa da
véspera, quando a Bovespa havia terminado no menor patamar desde julho de 2013. De
qualquer forma, o movimento foi contido e o Ibovespa encerrou com ganho de 0,36%, aos
45.697,62 pontos. Mesmo porque, as preocupações com a economia chinesa e com a
situação na Ucrânia continuam no radar dos investidores. Não por acaso, os índices
acionários norte-americanos voltaram a cair, enquanto o dólar subiu ante a maior parte das
moedas emergentes e o cobre chegou a tocar na mínima em quatro anos. O Dow Jones
encerrou com baixa de 0,41%, aos 16.351,25 pontos, o S&P 500 cedeu 0,51%, para
1.867,63 pontos, e o Nasdaq recuou 0,63%, aos 4.307,19 pontos. A moeda dos EUA ante o
real teve um comportamento bastante semelhante ao da véspera, operando em baixa na
maior parte da manhã - sob a influência dos leilões de swap do Banco Central e pela
expectativa de entrada de recursos da captação da Petrobras - e se firmando em alta do
meio da tarde para frente, em linha com o que acontecia no exterior. No fim, o dólar à vista
no balcão terminou com valorização de 0,47%, de volta à casa de R$ 2,36, cotado a R$
2,3630. Esse movimento do dólar teve influência nos juros, favorecendo a queda das taxas
pela manhã e desacelerando-as à tarde. Além disso, operadores disseram que investidores
estrangeiros se desfizeram de juros longos e compraram títulos prefixados, o que resultou
em um ajuste ao avanço das taxas visto ontem. Esse movimento de baixa dos juros ocorreu
a despeito de alguns números positivos de atividade. O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) informou hoje que a produção da indústria em janeiro cresceu 2,9% na
margem (mediana das estimativas em 2,5%) e caiu 2,4% na comparação com igual mês de
2013 (mediana de -3,4%). Alguns agentes, no entanto, notaram que a produção de
dezembro foi revisada para queda de 3,7%, ante leitura original de -3,5%, o que acabou
minimizando o otimismo que o dado de janeiro poderia ter sobre o mercado.
BOLSA
MERCADOS INTERNACIONAIS
CÂMBIO
JUROS
BOLSA
A Bovespa teve um pregão de recuperação nesta terça-feira, depois de ter voltado ontem ao
menor nível em oito meses. A alta não foi consistente e tampouco uniforme: o índice passou
vários momentos do dia em queda, puxada por Petrobras e Vale, entre outros papéis. As
ações da petrolífera, no entanto, conseguiram se recuperar depois de também terem
recuado ontem aos menores níveis desde 2005.
O Ibovespa terminou a sessão em alta de 0,36%, aos 45.697,62 pontos. Na mínima,
registrou 45.401 pontos (-0,29%) e, na máxima, 46.050 pontos (+1,13%). No mês, acumula
perda de 2,97% e, no ano, de 11,28%. O giro financeiro totalizou R$ 5,656 bilhões.
Na avaliação de Hersz Ferman, da Elite Corretora, o mercado abriu com cara de
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recuperação, mas o investidor não anda muito animado a ficar comprado e o ritmo diminuiu
quando Wall Street piorou. "O cenário para o Brasil continua fraco. Nem os dados de
produção industrial ajudaram. Até animaram um pouco no começo do dia, mas, apesar de
um pouco melhores do que o esperado, foram fracos", comentou.
Ele destacou ainda que, não bastassem os dados de atividade ainda fracos, o risco de
apagão também está fazendo preço. "Tem muito investidor preocupado com a falta de
energia, que pode diminuir a intenção de investimentos das empresas, enquanto o custo da
energia já está mais alto. Hoje o sistema é mais interligado e tem as térmicas, o que coloca o
Brasil em situação melhor do que em 2001, quando teve o racionamento, mas a questão
preocupa", destacou ao acrescentar que o governo repassou R$ 1,2 bilhão para as
distribuidoras para ajudar a pagar a conta com a compra de energia mais cara, mas outros
R$ 600 milhões ficaram nas mãos das empresas e devem ser repassado para os
consumidores na época de reajuste das tarifas.
Herman e um outro profissional da mesa concordaram que não há investidor de longo prazo
no mercado doméstico. As operações são curtas, para repor carteiras ou para aproveitar
algum preço baixo. Mas elas podem ser desmontadas a qualquer momento, como quando
as bolsas norte-americanas pioram e o esse investidor quer vender emergente.
Petrobras oscilou muito entre altas e baixas ao longo da sessão. Apesar da autuação da
Receita Federal em mais de R$ 8 bilhões - multa que a empresa alegou já ter recorrido e
não espera perder -, muito investidor acabou olhando os preços - os menores desde 2005 para recompor um pouco da carteira. "Acho que essa autuação ainda está no começo, a
empresa avisou que recorreu e nem há provisionamento para ela. Isso pode pegar lá na
frente, mas hoje foi o movimento do mercado que conduziu os papéis", comentou Ferman.
Ele lembrou que a emissão fechada ontem foi positiva do ponto de vista da captação. "A
empresa conseguiu emitir com uma facilidade grande e isso é positivo", destacou. Por outro
lado, a questão do endividamento continua como um pano de fundo negativo para o papel,
juntamente com a ausência de perspectiva para um aumento da gasolina e o elevado
volume de investimentos que a empresa tem que fazer.
Petrobras ON terminou estável e a PN subiu 0,77%.
Vale, siderúrgicas e outras empresas de commodities continuam se ressentindo da
economia chinesa, hoje um pouco melhores em razão das quedas de ontem. Vale ON caiu
1,63% e Vale PNA, 1,02%. O preço do minério de ferro exibiu ligeira alta hoje, de 0,2%, após
ter caído para o menor preço desde outubro de 2012 ontem.
Gerdau PN, +1,03%, Metalúrgica Gerdau PN, +0,12%, Usiminas PNA, +0,57%, e CSN ON,
-2,26%, esta a terceira maior baixa do índice.
A lista de maiores baixas do Ibovespa teve ainda All ON (-2,60%), na primeira posição,
seguida por Eletropaulo PN (-2,58%). A de maiores altas foi liderada por EcoRodovias ON
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(+4,57%), CPFL ON (+3,86%) e Cia. Hering ON (+3,56%).
Nos EUA, o dia foi de agenda esvaziada de indicadores, mas os investidores adotaram a
cautela em meio às preocupações com a Ucrânia. Os dados conhecidos lá hoje foram os
estoques no atacado (+0,6% em janeiro ante dezembro, com previsão de +0,4%), e o índice
de otimismo das pequenas empresas (recuou a 91,4 no mês passado, de 94,1 em janeiro,
abaixo da previsão de queda a 93).
Hoje, o parlamento regional da Crimeia aprovou declaração de independência da Ucrânia
para se juntar ao território russo. A decisão emergencial ocorre antes do referendo marcado
para o dia 16 de março, no próximo domingo, que vai consultar a população sobre a decisão.
Na semana passada, o mesmo parlamento já havia votado a favor da separação.
O Dow Jones caiu 0,41%, aos 16.351,25 pontos, o S&P recuou 0,51%, aos 1.867,63 pontos,
e o Nasdaq cai 0,63%, aos 4.307,19 pontos. (Claudia Violante [email protected])
17:24
Índice Bovespa Pontos
Var. %
Último
45697.62 0.361099
Máxima
46049.65
+1.13
Mínima
45401.10
-0.29
Volume (R$ Bilhões)
5.65B
Volume (US$ Bilhões)
2.41B
18:03
Índ. Bovespa Futuro INDFUTJ14 Var. %
Último
46095
0.42
Máxima
46415
+1.12
Mínima
45695
-0.45
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Volta
MERCADOS INTERNACIONAIS
As Bolsas dos EUA fecharam em queda pelo segundo dia consecutivo, em dia de volume
reduzido de negócios. "Estamos nesse período em que estamos esperando para ver qual
será a próxima grande coisa", disse Ian Winer, diretor de operações com ações da Wedbush
Securities. Outros traders falaram em duas preocupações no mercado: os sinais de
desaceleração da economia chinesa, que causou queda forte dos preços do cobre e de
outras commodities, e a crise na Ucrânia.
Ações de empresas do setor de commodities estavam entre as que mais caíram, como
FreeportMcMoRan Copper & Gold (-2,14%). As ações da DuPont caíram 1,99%, depois de a
empresa fazer um alerta de queda nos lucros; as da FuelCell Energy recuaram 17%, em
reação a seu informe de resultados.
O índice Dow Jones fechou em queda de 67,49 pontos (0,41%), em 16.351,19 pontos. O
Nasdaq fechou em baixa de 27,26 pontos (0,63%), em 4.307,19 pontos. O S&P-500 recuou
9,55 pontos (0,51%), para fechar em 1.867,63 pontos.
Os preços dos títulos do Tesouro dos EUA subiram, com correspondente queda nos juros.
Traders disseram que ressurgiram as preocupações quanto à perspectiva da economia da
China, provocadas pelo primeiro default no mercado chinês de bônus corporativos, na última
sexta-feira. "Aquilo levantou questões mais amplas sobre a demanda global e as
commodities ficaram pressionadas. A aversão ao risco afetou os Treasuries", disse o
estrategista Ian Lyngen, do CRT Capital Group.
No leilão de US$ 30 bilhões em T-notes de 3 anos, a demanda foi considerada "morna". O
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Tesouro vai leiloar US$ 21 bilhões em T-notes de 10 anos nesta quarta-feira.
No fechamento em Nova York, o juro projetado pelos T-bonds de 30 anos estava em
3,707%, de 3,721% ontem; o juro das T-notes de 10 anos estava em 2,764%, de 2,781%
ontem; o juro das T-notes de 2 anos estava em 0,378%, de 0,366% ontem.
O dólar subiu diante do euro, do franco suíço e da libra, depois de o vice-presidente do
Banco Central Europeu (BCE), Vitor Constâncio, dizer que o mercado tem interpretado mal
as comunicações da instituição e que ela poderá implementar medidas como relaxamento
quantitativo da política monetária ou compras de ativos, caso haja uma deterioração da
perspectiva da economia da zona do euro. A libra recuou em reação ao informe de que a
produção industrial do Reino Unido cresceu 0,1% em janeiro, ficando abaixo da expectativa.
O iene, por sua vez, está em alta frente ao dólar e ao euro, depois de o Banco do Japão
(BoJ) manter sua política inalterada. O presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, "reiterou que a
desvalorização do iene é instrumental para a elevação da inflação e reafirmou mais uma vez
que o BoJ não vai hesitar em ajustar sua política se surgirem obstáculos ao cumprimento de
sua meta", disse Boris Schlossberg, da BK Asset Management.
No fim da tarde em Nova York, o euro estava cotado a US$ 1,3863, de US$ 1,3877 ontem; o
iene estava cotado a 102,93 por dólar, de 103,29 por dólar ontem. Frente à moeda japonesa,
o euro estava cotado a 142,71 ienes, de 143,31 ienes ontem. O franco suíço estava cotado a
0,8781 por dólar, de 0,8779 por dólar ontem, e a 1,2175 por euro, de 1,2180 por euro ontem.
A libra estava cotada a US$ 1,6619, de US$ 1,6646 ontem. O dólar australiano estava
cotado a 0,8979 por dólar, de 0,9024 por dólar ontem.
Entre as moedas de países emergentes,o dólar subia 0,53% frente ao peso mexicano, para
13,276; o dólar subia 0,33% diante do won sul-coreano, para 1.070,10; o dólar ganhava
1,36% diante da lira turca, para 2,2475; o dólar subia 0,15% frente à rupia indiana, para
60,955; o dólar subia 1,09% diante do rand sul-africano, para 10,862; o dólar subia 0,27%
diante do rublo, para 36,437.
Os preços do petróleo caíram em Nova York e subiram na Europa. Segundo analistas do
Commerzbank, os preços do petróleo Brent, produzido no Mar do Norte e mais consumido
na Europa, subiram devido a preocupações sobre a oferta global, diante da possibilidade de
os EUA e seus aliados imporem sanções econômicas contra a Rússia por causa da crise na
Ucrânia. Eles também disseram que o bloqueio das exportações da Líbia, onde os terminais
de embarque estão ocupados há meses por militantes da oposição, também preocupa os
participantes do mercado.
Em Nova York, os preços caíram devido às preocupações com a economia chinesa,
motivadas pelos dados fracos das exportações da China, divulgados no fim de semana.
Outro fator foram apostas de que o relatório semanal do Departamento de Energia dos EUA
(DoE), que sai nesta quarta-feira, mostre crescimento dos estoques norte-americanos.
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Na New York Mercantile Exchange (Nymex), os contratos de petróleo bruto para abril
fecharam a US$ 100,03 por barril, em queda de US$ 1,09 (1,08%). Na Intercontinental
Exchange (ICE), os contratos do petróleo Brent para abril fecharam a US$ 108,55 por barril,
em alta de US$ 0,47 (0,43%).
Os preços do ouro subiram, com os investidores mostrando preocupação com a crise política
na Ucrânia e buscando ativos considerados mais seguros. "A questão da Ucrânia ainda é
uma preocupação entre os traders e os investidores, e moveu-se mais para o centro das
atenções", disse o analista Jim Wyckoff, da Kitco Metals.
Na Comex, em Nova York, os contratos do ouro para abril fecharam a US$ 1.346,70 por
onça-troy, em alta de US$ 5,20 (0,39%).
Os preços do cobre tiveram uma queda forte, refletindo as preocupações crescentes dos
investidores com a desaceleração da economia chinesa. "Os investidores estão deprimidos e
não sabem quais são os planos da China. A mentalidade é de esperar para ver o que
acontece em seguida", disse Ira Epstein, do Linn Group.
Na sessão viva-voz da tarde da LME, os contratos do cobre para três meses fecharam a
US$ 6.648,50 por tonelada, em queda de US$ 174,00 (2,62%). Na Comex, os contratos de
cobre para maio fecharam a US$ 2,9520 por libra-peso, em baixa de US$ 0,0795 (2,62%).
As Bolsas de Londres, Paris e Madri fecharam em baixa, mas as de Frankfurt, Milão e
Lisboa subiram. Os investidores mostraram cautela diante da crise na Ucrânia e dos sinais
de desaceleração da economia da China. "Os mercados não vão correr para nenhum lugar
antes do referendo na Crimeia. Os investidores estão esperando para ver a reação dos
governos em todo o mundo", disse o estrategista Christian Stocker, do UniCredit. Depois do
golpe que derrubou um presidente ucraniano pró-Moscou, o Parlamento da república
autônoma da Crimeia marcou um referendo para o próximo domingo, para decidir sobre a
proposta de separar a região da Ucrânia e reintegrá-la à Rússia.
O índice FT-100, da Bolsa de Londres, fechou em baixa de 3,93 pontos (0,06%), em
6.685,52 pontos. O Xetra-DAX, da Bolsa de Frankfurt, subiu 42,29 pontos (0,46%), para
9.307,79 pontos. O CAC-40, da Bolsa de Paris, fechou em queda de 21,12 pontos (0,48%),
em 4.349,72 pontos. O FT-Mib, da Bolsa de Milão, avançou 80,56 pontos (0,39%) e fechou
em 20.833,92 pontos. O Ibex-35, da Bolsa de Madri, fechou em baixa de 31,30 pontos
(0,31%), em 10.163,30 pontos. O PSI-20, da Bolsa de Lisboa, avançou 73,79 pontos
(0,98%), para 7.641,78 pontos. (Renato Martins - [email protected])
Volta
CÂMBIO
O dólar repetiu nesta terça-feira o comportamento observado na sessão anterior: caiu
durante a manhã, pressionado pelos leilões de swap do Banco Central, e passou a subir na
segunda metade da sessão, alinhando-se ao exterior. Os receios com a crise na Ucrânia e a
desaceleração da China continuam no radar, o que impulsiona o dólar em função do seu
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status de "porto seguro", apesar de não haver novidades nesse front hoje. No fim, o dólar à
vista registrou alta de 0,47%, a R$ 2,3630. Este é o maior patamar de fechamento desde 20
de fevereiro (R$ 2,3740). No mercado futuro, o dólar para abril subiu 0,55%, a R$ 2,3780.
Na segunda etapa da rolagem de um pacote de contratos de swap cambial que vence no
início de abril, o BC vendeu hoje 10 mil contratos (US$ 492,8 milhões) para 02/01/2015 e
02/03/2015. Segundo uma compilação da corretora H.Commcor, após essa operação a
instituição ainda precisa rolar 182.950 contratos. Com mais 14 dias úteis até o fim do mês,
nesse ritmo o BC não teria condições de rolar todo o pacote.
Ontem, em entrevista para a Dow Jones Newswire, o diretor de Política Monetária do BC,
Aldo Medes, disse que a autoridade ainda não decidiu se vai rolar todos os swaps que
vencem no início de abril. "O Banco Central poderá, ou não, renovar todos eles; nós temos
essa escolha", afirmou. Segundo ele, o objetivo do programa de swaps, que era fornecer
hedge ao mercado e diminuir a volatilidade, foi alcançado.
De acordo com o economista Alfredo Barbutti, da BGC Liquidez Partners, houve uma
mudança na comunicação implícita do BC na atual rolagem dos swaps, já que em ocasiões
anteriores o ritmo dos leilões e o número de dias úteis permitia prever que os pacotes seriam
rolados inteiramente. Um cenário possível é que o BC esteja contando com a internalização
de captações de empresas brasileiras no exterior para pressionar o dólar. Após a Petrobras
ter vendido US$ 8,5 bilhões em bônus ontem, o Daycoval deve fechar amanhã uma emissão
de até US$ 500 milhões e há rumores de que a Marfrig poderia reabrir um título para maio
de 2020 para captar mais US$ 150 milhões.
Barbutti explica que não é possível saber se a Petrobras vai trazer todo o dinheiro para o
País de uma vez. Em janeiro, quando a companhia levantou pouco mais de US$ 5 bilhões,
os dados do fluxo cambial sugerem que esse montante foi internalizado aos poucos. "Essas
captações de empresas impactam mais o câmbio em dias de giro baixo. Com um volume
maior, isso não pesa tanto", comenta Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV
Corretora.
O dólar à vista no balcão oscilou entre a mínima de R$ 2,3400 (-0,51%) e a máxima de R$
2,3660 (+0,60%). O giro à vista foi maior do que nos últimos dias e somou US$ 1,523 bilhão
(sendo US$ 1,419 bilhão em D+2), segundo dados da clearing de câmbio da BM&FBovespa.
No mercado futuro, o volume de negociação do dólar para abril era de cerca de US$ 16
bilhões. O dólar também subiu ante as principais moedas emergentes e de países
exportadores de commodities, como o peso mexicano (+0,59%) e o dólar australiano
(+0,52%).
Bergallo diz que não se surpreenderá se o dólar superar R$ 2,40 nos próximos dias.
Segundo ele, até R$ 2,45 o BC deve observar o câmbio sem interferir. "O governo não faz
mais questão de um dólar baixo, até porque o efeito na inflação já está sendo resolvido com
a alta nos juros. Então há um certo ceticismo sobre as ferramentas que o BC poderia usar
para segurar a cotação do dólar", argumenta.
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Os analistas apontam que a tendência de dólar ainda é de alta, em função da retirada dos
estímulos monetários nos EUA e da deterioração dos indicadores econômicos no Brasil.
Segundo eles, os dados melhores do que o esperado sobre a produção industrial em janeiro,
divulgados hoje, tiveram efeito nulo no câmbio. A produção subiu 2,9% ante dezembro,
acima das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, de 2,5%. (Álvaro Campos [email protected])
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Dólar (spot e futuro)
Último
Var. %
Máxima
Mínima
Dólar Comercial (Balcão) 2.36300
0.47 2.36600 2.34000
Dólar Comercial (BM&F)
2.36450
0.58 2.36450 2.36450
DOLFUTJ14
2378.000
0.55 2382.500 2353.000
DOLFUTK14
2394.000
0.34 2400.000 2370.500
Volta
JUROS
O resultado consistente da produção industrial em janeiro, divulgado pela manhã, tinha tudo
para impulsionar as taxas dos contratos futuros de juros na sessão de hoje. Mas o viés
durante a manhã e mesmo à tarde foi de baixa, com profissionais do mercado citando vários
motivos para isso. Entre eles, a forte atuação de investidores estrangeiros na venda de
taxas, a melhora do IPCA ponta coletado pela FGV e o fato de a produção industrial, apesar
de positiva, não ter vindo fora do esperado, além de ter sido acompanhada por uma revisão
em baixa em dezembro. Ao mesmo tempo, se pela manhã a queda do dólar contribuiu para
a baixa dos juros, à tarde o avanço da moeda americana no Brasil conduziu certa
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recuperação também nos prêmios dos DIs, que ainda assim terminaram em queda.
No fim da sessão estendida, a taxa do contrato futuro de juros com vencimento em julho de
2014 (67.555 contratos) ficou em 10,79%, ante 10,81% do ajuste de ontem. Já a taxa do DI
para janeiro de 2015 (250.680 contratos) marcou 11,11%, ante 11,17% do ajuste anterior e
11,11% da mínima desta terça-feira. Na ponta mais longa da curva a termo - onde os
estrangeiros costumam atuar e a influência do dólar também é maior -, a taxa do vencimento
para janeiro de 2017 (390.980 contratos) fechou a 12,47%, ante 12,60% de ontem e 12,42%
da mínima de hoje. O contrato para janeiro de 2021 (42.750 contratos) registrou 12,92%,
ante 12,98% da véspera e 12,84% da mínima de hoje.
Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção
industrial subiu 2,9% em janeiro ante dezembro e recuou 2,4% ante janeiro de 2013. Os
resultados, tanto na margem quanto na comparação anual, vieram melhores que as
medianas projetadas pelo mercado, de +2,50% em janeiro ante dezembro e de -3,40% em
janeiro ante o mesmo mês de 2013.
"Produção industrial é juros para cima", comentou Paulo Petrassi, sócio gestor da Leme
Investimentos. "Só que eles não subiram", completou. De fato, a reação dos juros aos
números de produção industrial foi reduzida e, ao contrário do que o resultado poderia
sugerir, o viés foi de baixa.
Um analista citou que o dado de janeiro foi "inflado pelo item caminhões", enquanto outro
lembrou que o número de dezembro foi revisado em baixa (de -3,5% para -3,7%). Além
desta leitura mais negativa, o dólar recuava pela manhã ante o real, o que contribuía para
uma redução de prêmios na curva a termo. Para Petrassi, no entanto, estes fatores não
justificavam uma queda tão consistente dos juros na primeira metade dos negócios. A taxa
do vencimento para janeiro de 2017, por exemplo, chegou a cair 17 pontos-base durante a
sessão, enquanto a do contrato para janeiro de 2021 cedia 14 pontos-base na mínima do
dia.
Dois profissionais ouvidos pelo Broadcast justificaram o movimento citando a atuação dos
estrangeiros na renda fixa. "Eles estão vendendo taxa", comentou um operador. "Mas a
queda foi muito relevante e pode ter havido certo exagero".
"Está havendo fluxo forte de estrangeiros, que estão vendendo taxa para aplicar em títulos
prefixados", disse profissional de uma gestora de recursos. "Eles compram prefixados
porque as taxas no Brasil estão atrativas, elas têm gordura", acrescentou.
Outro fator para o viés de baixa dos juros foi a coleta diária da Fundação Getúlio Vargas.
Segundo apurou a jornalista Renata Pedini, o IPCA ponta saiu de uma alta de 0,65% no dia
7 de março para 0,55% ontem, sendo que houve arrefecimento em Alimentação e Bebidas
(de 1,52% para 1,46%).
À tarde, o cenário mudou um pouco. O fato de o dólar ter passado a subir e a renovar as
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cotações máximas do dia ante o real, em sintonia com o que era visto no exterior, fez as
taxas de juros desacelerarem a queda. Na ponta longa da curva, o movimento foi mais
nítido, com o juro para janeiro de 2021 se reaproximando do ajuste de ontem. O dólar à vista
no balcão terminou com alta de 0,47%, a R$ 2,3630.
Além disso, o "exagero" de baixa que pode ter ocorrido pela manhã, como citou um
profissional, favoreceu a correção de alta à tarde, sendo que o mercado aguarda com
ansiedade a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de
fevereiro, que sai amanhã. Se a inflação se mostrar acomodada, o viés para os juros será de
baixa. Do contrário, pode haver pressão de alta. De acordo com levantamento do AE
Projeções, o IPCA de fevereiro deve ficar entre 0,58% e 0,72%. A mediana projetada é de
0,65%. Em janeiro, a inflação oficial foi de 0,55%.
Além dos números de produção industrial, o mercado acompanhou hoje os dados de venda
de papelão ondulado em fevereiro (-5,36% na margem e +5,09% na comparação anual); de
produção de veículos em fevereiro (+18,7% na margem e +16,9% na comparação anual); e
de utilização da capacidade instalada na indústria de transformação em janeiro (82,7%, ante
82,1% em dezembro e 83,5% em janeiro de 2013). Os resultados, no entanto, não
influenciaram de forma decisiva o movimento dos juros.
Também hoje, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, afirmou que "o emprego está
garantido este ano", sinalizando que o Caged de fevereiro pode apresentar a sétima alta
consecutiva na geração de postos de trabalho. "O resultado não será pior do que foi em
janeiro", indicou. Naquele mês, o Brasil criou 29.595 empregos com carteira assinada.
O leilão de títulos do Tesouro realizado hoje também teve influência apenas marginal nos
negócios com taxas futuras. Na operação, o Tesouro vendeu 433.750 NTN-B para
15/5/2019, 57.450 NTN-B para 15/5/2023, 129.250 NTN-B para 15/8/2030, 21.250 NTN-B
para 15/8/2040 e 235.500 NTN-B para 15/8/2050. O volume financeiro da operação como
um todo somou R$ 2,123 bilhões.
No exterior, os yields dos Treasuries também cediam, em meio ao movimento de maior
busca por segurança. No fim da tarde em Nova York, o T-Bond de 30 anos marcava 3,707%,
ante 3,721% ontem, enquanto o T-Note de 10 anos registrava taxa de 2,764%, ante 2,781%.
(Fabrício de Castro - [email protected])
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Operação
Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a)
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Capital de Giro (%a.a)
13.91
Hot Money (%a.m)
1.20
CDI Over (%a.a)
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Over Selic (%a.a)
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Volta
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