Jornal Alavanca setembro
Transcrição
Jornal Alavanca setembro
Jornal Espírita USE Intermunicipal de Campinas Alavanca Edição N. º 511 - Ano 52 União das Organizações Espíritas Intermunicipal de Campinas - USEIC Cristo, com ponto de apoio no amor divino, fez-se ALAVANCA viva e renovou o mundo Agosto-Setembro de 2015 Casamento Gay Não temos a posição do Espiritismo sobre o casamento gay, porquanto o assunto não foi abordado na Codificação, mas podemos, com base na liberdade de consciência preconizada pela Doutrina, considerar o elementar: não há por que opor-se a duas pessoas do mesmo sexo que decidam viver juntas, independente do fato de manterem ou não uma comunhão sexual. Observemos as questões abaixo, de O Livro dos Espíritos: Questão 200. Pergunta Kardec: Os Espíritos têm sexo? Responde o mentor: Não como o entendeis, porque o sexo depende da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos. Questão 201. Pergunta Kardec: O Espírito que animou o corpo de um homem pode animar, em nova existência, o de uma mulher e vice-versa? Responde o mentor: Sim, são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres. Se os Espíritos não têm sexo como morfologia, podendo reencarnar como homem ou mulher; se o que há entre eles é amor e simpatia, baseados na afinidade de sentimentos, o que os impede de cultivar um relacionamento afetivo com alguém do mesmo sexo? Qualquer par de homossexuais, masculino ou feminino, indagado quanto à natureza de seu relacionamento, nos dirá que é muito mais uma questão de comunhão afetiva do que carnal. Não fosse por isso, não haveria razão para viverem juntos. Nessa condição, têm o direito de formalizar em cartório a decisão, até por uma questão prática, envolvendo sucessão, herança, pensão, bens adquiridos em comum… Antes a lei determinava que esse contrato fosse celebrado por um casal. Hoje, em muitos países, inclusive no Brasil, essa exigência foi abolida. Considerando a semântica, há quem não admita a definição casamento para esse contrato social. Não vejo por quê. A língua portuguesa é muito generosa com relação às suas expressões. Frequentemente apresentam vários significados, não raro até aparentemente contraditórios. O dicionário Houaiss diz, dentre outras acepções, que casamento pode ser uma associação ou uma aliança. Essas expressões, por extensão, contemplam a união entre duas pessoas do mesmo sexo, registrada em cartório para os fins legais. Só não podemos admitir um casamento espírita, nos moldes das religiões tradicionais, já que a Doutrina não tem ritos nem rezas, nem ofícios nem oficiantes. Aprendemos que todo ato de comunhão com a espiritualidade é eminentemente único e pessoal, um assunto entre nós e a divindade. Por isso, quem deseje pedir as b ê n çã o s d i v i n a s p a ra u m a u n i ã o matrimonial, para um filho que nasce ou um familiar que desencarna, deve fazê-lo pessoalmente, sem intermediação, elevando o pensamento na prece contrita. Demonstrando que o casamento gay transcende a mera questão sexual, não raro os parceiros, sejam do sexo feminino ou masculino, adotam filhos, formando uma família. Há quem não aceite, sob a alegação de que dois pais ou duas mães irão confundir a cabeça da criança. Atendendo a essa objeção, perguntase: o que é preferível, a criança experimentar o trauma de crescer num orfanato ou, pior, na rua, ou ser cuidada e educada num lar formado por dois pais ou duas mães? Considere, prezado leitor, algo ponderável: pesquisas com crianças educadas por gays revelam que não apresentam dificuldades no relacionamento Profissionais Librais, Empresários Espíritas e Leitores: o ALAVANCA precisa de vocês! Estudos de marketing mostram que profissionais e empresas ligadas ao Espiritismo são vistos como sérios e confiáveis, mesmo por pessoas não espíritas. Da mesma forma, espíritas são tidos como bons clientes. O Jornal Espírita ALAVANCA conta com vocês para continuar a divulgar o Espiritismo. • se você é profissional liberal que atua em advocacia, psicologia, fisioterapia ou outras atividades liberais • se você é empresário de setores como informática, contabilidade, odontologia, salões de beleza, farmácias homeopáticas, Nesta Edição produtos naturais, óticas e outros setores Anuncie no Alavanca e ajude a divulgar a Doutrina. O seu retorno será duplo: primeiro, trabalhar com clientes responsáveis; segundo, a satisfação de contribuir com o melhoramento da sociedade através da divulgação do Espiritismo. Para maiores detalhes entre em contato com o ALAVANCA através do e-mail [email protected] ou a USE Intermunicipal de Campinas: [email protected] ou ainda pelo celular (19) 98152-9260 social. Muitas se saem até melhor nos estudos. Tudo o que a criança precisa é de um lar ajustado, onde receba muito amor, não importando se é educada por homo ou heterossexuais. Richard Simonetti [email protected] http://www.noticiasespiritas.com.br/2015/J ULHO/08-07-2015.htm Este artigo do nosso estimado Richard Simonetti despertou várias dúvidas que ele mesmo tratou de esclarecer no texto abaixo: Alavanca - Considerando a liberdade que temos de escolher o sexo antes da reencarnação, não teria sido melhor escolher o que evitaria aquele conflito (mulher com mulher, homem com homem)? Simonetti - A inversão psicologia/morfologia é uma escolha do Espírito, por entender essa experiência necessária ou pode ser uma imposição da Lei de Causa e Efeito para aqueles que se transviaram. Admissível, também, que Espíritos que mudam de sexo ao reencarnar, após várias experiências como homem ou mulher, podem encontrar dificuldade para ajustar-se a essa mudança. A - Não poderia essa atração por pessoas do mesmo sexo ser uma tentação a ser vencida pelo espírito reencarnante, a título de prova ou expiação? S - A pergunta está comprometida com a ideia de que é um desafio ou pecado sentir atração por alguém do mesmo sexo. O que se condena é a promiscuidade, igualmente condenável no heterossexual. A - Além da afinidade espiritual, não haveria, na maioria dos casos, um desejo sexual? S - Se for por tendência viciosa, sim. Não é quando se trate de legítimo conflito entre a morfologia e a psicologia. Acredito que está segunda possibilidade é a mais numerosa. A - No estágio físico e humano em que nos encontramos, a comunhão de duas pessoas do mesmo sexo não seria contrária à organização natural engenhada e materializada por Deus para a multiplicação dos seres? S - Sim, se lidássemos apenas com seres biológicos, não com Espíritos encarnados que sempre enfrentarão problemas de adaptação quando a morfologia não corresponder à psicologia. Consideremos, para efeito de entendimento, que o Espírito tem sexo quanto à psicologia, eminentemente masculino se nele prevalecerem as características de masculinidade ou feminino se prevalecerem características fe m i n i n a s , n o d e s d o b ra m e nto d e experiências que levem à angelitude. O anjo, espírito superior não tem sexo nem como psicologia nem como morfologia. Nele há o perfeito equilíbrio entre o melhor da masculinidade e da feminilidade. A - E se cada caso for um caso, ou seja, se em alguns realmente se tratar de expiação/provação e em outros não... S - Realmente, cada caso é um caso, mas dentro dos limites que envolvem a evolução a partir de experiências reencarnatórias em ambos os sexos. Conviver é necessário A co nv i vê n c i a é u m a d a s necessidades do ser humano que mais proporciona oportunidade de desenvolvimento moral. Conviver bem com as pessoas que nos amam é fácil. O desafio está em conviver bem com pessoas que agem de forma contrária aos nossos princípios, nos ofendem e nos entorpecem com atitudes desagradáveis, não demonstrando qualquer desejo de mudança. Entretanto, conviver é necessário. Fomos estrategicamente inseridos em nossos meios familiares, educacionais, sociais, religiosos e profissionais para convivermos com pessoas que julgamos difíceis. Somente assim obteremos as experiências importantes para a nossa bagagem existencial. Com o tempo, passamos a compreender que as divergências, que são comuns em todos os relacionamentos, contribuem com o nosso crescimento espiritual, pois desenvolvem virtudes fundamentais para o nosso processo evolutivo. Diversas são as oportunidades oferecidas e renovadas por Deus, em nosso dia a dia, para efetivação desse progresso. Por isso precisamos estar atentos para não as desperdiçarmos. Pesquisas têm apresentado surpreendente crescimento das crises nos relacionamentos conjugais, profissionais, políticos, sociais e até religiosos. Qual seria a maior causa dessa realidade desastrosa? Talvez a falta de compreensão por cada um de nós a respeito da premissa de que as •Em Nome de Kardec , pág. 3 •Pesquisa sobre a Sobrevivência da Alma, pág. 4 •Precisamos de Inovação, pág. 6 dificuldades em nossas vidas não existiriam se não necessitássemos delas. Portanto, é imperioso que as aceitemos e as aproveitemos, como o doente aceita o medicamento amargo para sua cura. Em nosso lar, no trabalho, em todos os lugares, analisemos profundamente se não somos nós que mais contribuímos com a m a n i p u l a ç ã o m e n ta l d e e n e rg i a s enfadonhas, que desarmonizam e entristecem pessoas, prejudicando a convivência sadia e amorosa. Enxergamos facilmente os defeitos e limitações dos outros, mas nos esquecemos de que também somos imperfeitos. Vamos agir diferente? Dentre as virtudes que precisamos desenvolver, há uma que, se bem compreendida e praticada, impulsiona a convivência pacífica: É a Alteridade. Além de virtude, alteridade é a atitude de aceitar os hábitos, costumes, ideias ou desejos do próximo, contrários ou diferentes dos nossos, envidando esforços para que a convivência seja cada vez mais harmoniosa. Um dia, todos seremos perfeitos e totalmente felizes, esse é o nosso destino. Então, para que nos atrasarmos? Nesse contexto, compreendemos que conviver bem com todos deve fazer parte dos nossos planos! Portanto, aceleremos nossa marcha rumo à redenção. James Warley Pereira Ribeiro [email protected] •Espiritismo e Política, pág. 6 •Cuidadeos Paliativos, pág. 7 •A Degeneração do Espiritismo, pág. 8 2 USE-Campinas Jornal Espírita Alavanca Crise...de novo! Editorial O Brasil parece se especializar em crise: ou ele é afetado por crises mundiais ou elas são criadas aqui mesmo, como a atual. Parece que nossos administradores são bebês deitados eternamente em berço esplêndido que não sabem que mecanismos administrativos utilizar para o engrandecimento da nação e o bem estar de seu povo. A impressão que temos ´que o futuro do país é um constante revivescer do velho passado de dificuldades ou, em outras palavras, o passado tenebroso é sempre o nosso presente. Será ele também o nosso futuro como nação? Vamos vivendo a passos de caranguejos, um à frente dois atrás, embora os bondosos espíritos nos estimulem a ter fé e a acreditar que o futuro será melhor. Precisamos de paciência? Precisamos ter fé em Deus? Precisamos amar mais este país? Precisamos de mais trabalho? Precisamos de mais civismo? Precisamos de mais ética? Precisamos de mais fraternidade? Sim, precisamos de tudo isso para não desapontarmos os espíritos dirigentes deste país e implantarmos aqui, em nome do Mestre Jesus, a Pátria do Evangelho. Como as vezes anteriores, o ALAVANCA se vê afetado por mais uma crise econômica. E mais uma vez, nos vemos privados do apoio financeiro para divulgarmos esta Doutrina Consoladora. Dirigentes, trabalhadores e simpatizantes em geral, já sobrecarregados com as despesas de seus Centros ou projetos assistenciais, esquecem-se que a Doutrina precisa ser levada a todos os cantos do planeta, seja pelos meios digitais modernos, seja pelos meios tradicionais de mídia, como jornais, revistas, boletins etc. E, em qualquer caso, é necessário um aporte financeiro que deveria vir através de todos aqueles que se dizem espíritas. Agora modificamos o formato do jornal. Desta vez reduzimos o número de páginas e a qualidade do papel. Se o jornal ficou menor em tamanho, a Doutrina Espírita continua engrandecida, bela, admirável, consoladora e racional como sempre foi nestas páginas direcionadas à comunidade espírita. Assim, trazemos ao leitor o esclarecimento de importantes assuntos que têm suscitado muitas dúvidas e perguntas, como a União Homoafetiva ou Casamento Gay - como popularmente ficou conhecido, Outro assunto de extrema importância que trazemos é sobre os cuidados que devemos ter contra a descaracterização da Doutrina em artigo à página 8, A Degeneração do Espiritismo; Na página 4, Alexandre F. da Fonseca aborda as pesquisas sobre a sobrevivência da alma; Completamos a edição trazendo Espiritismo e política; cuidados paliativos pré-morte e outros assuntos não menos importantes e atuais. Continuando com a mesma filosofia anterior, a USEIC – União das Sociedades Espíritas Intermunicipal de Campinas – continua a prestar auxílio e orientações doutrinárias e administrativas aos Centros que a procuram, bem como promovendo eventos, cursos, seminários e palestras com a finalidade de trazer novos estudos – ou reciclar antigos - a toda comunidade espírita da região. A USEIC existe para promover e divulgar o Espiritismo. Venha e faça parte dessa corrente de Paz e Amor. os acontecimentos não foram premeditados ou planejados por qualquer corrente contrária ao Espiritismo. O mesmo número ainda fala de Parnaso de Além Túmulo e traz uma breve biografia de Chico Xavier. No número seguinte, nº 4131, de setembro de 2015, a revista relata o caso da carta psicografada por Chico Xavier e que foi aceita num Tribunal como prova que inocentou José Divino Nunes, acusado de matar Maurício Garcez Henrique em 8 de maio de 1976. Na próxima edição, nº 4132, de outubro de 2015, a Psychic News trará o estudo das cartas psicografadas por Chico Xavier pela AMESP. Na Seara A revista inglesa Psychic News (www.psychicnews.org.uk), fundada em 1932, edição de agosto de 2015, nº 4130, trouxe matéria sobre o ataque ao túmulo de Chico Xavier e a morte do médium Gilberto Arruda. A revista deixa claro que Fale com o ALAVANCA: [email protected] Dúvidas sobre Espiritismo: doutriná[email protected] Leia e baixe a edição eletrônica do ALAVANCA para PC, Tablet e Smartphones em www.alavanca.net.br - USECampinas: [email protected] Expediente Comissão Executiva da União das Organizações Espíritas Intermunicipal de Campinas (USEIC) Presidente: Cristina Helena Neves Bertuzzi S.E.E. A Caminho da Luz 1° Vice-Presidente: Carlos de Paula – AJE-Campinas 2° Vice-Presidente: Paula Pilizario S.E.E. A Caminho da Luz Secretario Geral: Cláudio Silva – CEAK Campinas 1° Secretário: Luciano Mancilha – CEAK Campinas 2° Secretário: Valmir Vianna – CEAK Campinas 1° Tesoureiro: Genivaldo A. Gasparini G.E. Nosso Cantinho-Paulínia 2° Tesoureiro: Maria Jose Antonietto – N.A.E. Maria de Nazaré Diretor de Patrimônio: Vitor Ferreira – C.C. Vovô Nestor Diretoria dos departamentos Assessoria Adm.Jurídico: Carlos de Paula – AJE Campinas Assessoria de Comunicação: Valmir Vianna – CAK Campinas – Maria José Antonietto N.A.E. Maria de Nazaré Depto Ensino: Luciano Mancilha – CEAK Campinas Depto Assistência Espiritual: Cláudio Silva CEAK Campinas Depto Mediunidade: Silvia H. B. Guimarães Casa de Jesus Depto Infância e Família: Paula Pilizario S.E.E. A Caminho da Luz Depto ESDE: James Harley – C.C. Vovô Nestor Depto Livro: Giovanni Bruno – E.E. Armida Landini Depto Eventos: Elaine Costa – C.E. Nosso Lar e Genivaldo A. Gasparini – G.E. Nosso Cantinho Depto Mocidade: Davyn Guimarães – C.E. Vovô Nestor – Cristiane Kasi – C.E. Vovô Nestor Depto Assistência Social – Yara Cecília Lopes Jornal Alavanca – Editor – Giovanni Bruno C.E. Arminda Landini Apoio Organizacional: José Hélio – C.E. Nosso Lar Rua Pedro Braga, 130 - Parque Itália CEP 13036-315 Campinas - SP Fone: 19 3028-7881 www.usecampinas.com.br [email protected] ALAVANCA Órgão de Comunicação Oficial da USEIC Registrado sob o nº 1945, Liv. A-2, Fls. 447, de 17/06/1971, no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas de Campinas Editor: Giovanni Bruno Jornalista Resp.: Jeverson Barbieri (MTb 26774) Expedição: Francisca Dicena Dúvidas, comentários e sugestões: [email protected] Website: www.alavanca.net.br Tiragem: 1.500 exemplares Aceitamos colaborações. Não devolvemos originais enviados por escrito ou e-mail. Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da USEIC. Todos os colaboradores deste jornal, escritores ou não, são voluntários e não recebem nenhuma remuneração. GEEU – Grupo de estudos Espíritas da Unicamp No segundo semestre de 2015, as reuniões do GEEU acontecem às quintas-feiras, na sala SM01, das 12:00 às 13:30 hs. Contra os Príncipes e as Potestades O mais novo livro de Richard Simonetti, Contra os Príncipes e as Potestades, editora CEAC, relata de maneira direta e numa linguagem simples, como é característica do escritor, os mecanismos sutis de ataque que o plano espiritual inferior se utiliza para desestabilizar os trabalhos espirituais das casas espíritas. “As experiências ali registradas constituem estudo obrigatório para grupos mediúnicos, estendendo-se a pessoas interessadas em disciplinar a própria sensibilidade, em favor de uma existência equilibrada e feliz, isenta de perturbadoras influências espirituais.” https://sites.google.com/site/jeespiritas/ Jornal Espírita Alavanca USE-Campinas 3 Livro Em Nome de Kardec O livro Em Nome de Kardec, lançado em julho de 2015 pela Vivaluz Editora e de autoria do comunicador Adriano Calsone, é uma obra que merece a atenção de todo pesquisador espírita. Em um bem executado projeto gráfico, a obra é um convite para se conhecer aspectos pouco discutidos sobre o movimento espírita francês após o desencarne de Allan Kardec e oferece elementos essenciais para se compreender o porquê da fragilização e drástica redução do número de adeptos do Espiritismo na França. O prefácio atribuído ao Espírito Camille Flammarion é de excepcional profundidade e coerência doutrinária. As três páginas dessa mensagem já deveriam ser, por si mesmas, objeto de criteriosa e ponderada reflexão. Ao incitar aqueles que se dizem espíritas para que realmente o sejam, dimensiona-se a responsabilidade que cabe aos adeptos conscientes contra o misticismo, as distorções sincréticas e os desvirtuamentos em nome de uma pretensa e subversiva modernização do Espiritismo. Nessas poucas linhas, captura-se o cerne do livro e abrilhanta-se a obra. Com uma redação fluente e agradável, Calsone conduz o leitor por cerca de 280 páginas a uma instigante viagem ao final do século XIX, com ênfase no período de 1873 a 1883. Descortinando fatos históricos fundamentados em adequada pesquisa bibliográfica, o autor descreve a infiltração das ideias teosóficas de Blavatsky e de outros místicos no movimento espírita francês e os re s p e c t i vo s d e sv i o s c o n c e i t u a i s provocados. Na era pós-Kardec, o envolvimento com linhas ocultistas pelo editor da Revista Espírita, Pierre Gaétan Leymarie, favoreceu a disseminação de conceitos esdrúxulos e contribuiu para macular a própria identidade espírita dessa publicação em nome da tolerância à Te o s o f i a e a o e c u m e n i s m o espiritualista. Calsone pontua a luta de Amélie Gabrielle Boudet, a respeitável viúva do professor Rivail, para manter a integridade da Revista Espírita. Nessa empreitada, a Sra. Kardec contou com o apoio de sua valorosa e combativa amiga, Berthe Fropo, a qual publicou em 1883 um corajoso opúsculo intitulado Beaucup de Lumiére (Muita Luz), no qual denunciou a descaracterização da Revista Espírita e questionou a lisura intelectual de seu editor, Leymarie, cada vez mais místico e adepto da deturpação roustainguista. Um dos argumentos habilmente utilizados pelos místicos para justificar as adulterações doutrinárias foi uma suposta necessidade de atualização dos princípios e informações apresentados pela equipe do Espírito da Verdade à Kardec. Segundo os místicos, uma década (!) após o desencarne do Codificador, o Espiritismo deveria dar um passo além e não se dogmatizar abrindo-se à modernidade representada pela Teosofia. Esse argumento, entretanto, esbarrava em uma contradição lógica, pois os místicos queriam que os adeptos abraçassem antigos conceitos típicos de escolas orientalistas iniciáticas como se fossem novos, justamente os ultrapassados e nebulosos conceitos que a clareza e a objetividade do Espiritismo haviam pulverizado! A influência teosófica e de outras linhas espiritualistas em diferentes adeptos auxiliam o leitor a seguir as pistas que contribuíram, ainda que não exclusivamente, para dividir, enfraquecer e esvaziar o movimento espírita francês. Em uma época marcada pela enxurrada de lançamentos com questionável conteúdo doutrinário, o livro Em Nome de Kardec vem em boa hora, não somente pela ótima pesquisa histórica feita por Adriano Calsone de uma fase muito pouco estudada do Espiritismo, mas por colaborar diretamente para a compreensão de seus reflexos até hoje. Certamente, é u m a l e i t u ra re co m e n d a d a a o s pesquisadores e aos espíritas em geral. Marco Milani Diretor do Departamento do Livro da USE – Estado de São Paulo http://educadorespirita1.blogspot.com.br/ Papiros importantes Um livro de Herminio C. Miranda que gostei muito foi o “EVANGELHO DE TOMÉ – Texto e Contexto”, da Editora Arte e Cultura, Rio de Janeiro, 1991. Posteriormente, ele foi publicado por outra editora com uma leve alteração no título – O EVANGELHO GNÓSTICO DE TOMÉ. Assevera Miranda que os manuscritos do Mar Morto foram descobertos em uma caverna, na Judeia, em 1947, pertenciam a uma comunidade essênia estabelecida em Q u m ra m , s e n d o a n t e r i o re s a o nascimento de Cristo. Esses manuscritos versam sobre as crenças, rituais, hábitos e costumes dos essênios. Há quem afirme que Jesus pertencia a essa sociedade secreta, mas isto nunca foi comprovado. No entanto, os documentos mais polêmicos não são os do Mar Morto, mas aqueles encontrados em Nag-Hammadi, no Egito, em uma urna de barro. Esses sim são polêmicos. Os textos, chamados de logion (plural de logia – lembretes – num total de 52), foram escritos em língua copta, pertenciam eles a uma comunidade gnóstica e são contemporâneos à fase formadora das doutrinas cristãs, porém há controvérsias quanto à data precisa. Talvez eles tenham sido enterrados às pressas por causa das invasões persas, pois estes já haviam destruído uns s e i s c e nto s m o ste i ro s p e r to d e Alexandria. Foi a partir de 1955 que começaram a ser editados livros sobre os tais manuscritos. O documento mais importante é, sem dúvida, o Evangelho de Tomé (não aquele que duvidou do Mestre, mas outro Tomé, talvez irmão de Jesus). Já se conheciam alguns fragmentos desse evangelho em grego, descobertos em 1890. Trata-se de lembretes para serem utilizados em palestras ou debates, são destinados a um grupo menor de pessoas e com preparo suficientes para entendê-los. Em muitos trechos percebemos que o Cristo fala na condição de espírito, após a morte na cruz. Possui o Evangelho de Tomé símbolos e imagens secretas ou iniciáticas e Miranda fornece-nos algumas chaves para se entender certas partes, no entanto, tem ele a humildade de dizer quando não consegue, realmente, compreendê-los. Afirma ele algo muito interessante: é mister levar em conta que as línguas envelhecem e o copta, por exemplo, nem é usado mais. Pergunta Miranda: será que daqui a uns dois milênios o povo entenderá as expressões que usamos hoje? O texto ainda não está estabilizado numa tradução definitiva e possui, infelizmente, mutilações irrecuperáveis como, por exemplo, falta de palavras, frases e até páginas inteiras. Sofreu, com o tempo, modificações, interpolações e amputações e Miranda nos aponta quais são eles. O interessante na obra de Hermínio C. de Miranda é que acabamos entendendo melhor as palavras de Jesus (que muitas vezes nos parecem estranhas), ajuda-nos ela a entender os símbolos que o Mestre utilizava e fica claro que Jesus sempre falou em dois níveis, a saber: numa linguagem exotérica (para o povo, exterior) e numa linguagem esotérica (fechada), isto é, endereçada aos iniciados. Há algumas logion (lembretes) que são bastante semelhantes a trechos dos evangelhos que conhecemos. A obra de Hermínio de Correa Miranda nos dá uma boa noção do que foi o movimento gnóstico. Durou ele cerca de um século e meio – 120 a 240 d.c. Os gnósticos desafiavam a autoridade dos bispos (houve 13 em Jerusalém antes do bispado ser estabelecido em Roma) e também contestavam aspectos doutrinários. Gnose é sinônimo de conhecimento, visto como um processo permanente de autoiluminação, que não pertence nem se subordina à nenhuma corrente filosófica ou religiosa, porque as transcende. O termo gnose é encontradiço em muitas civilizações antigas, no entanto, gnosticismo já se refere a um movimento particular. Os gnósticos, por exemplo, identificaram em Jesus Cristo o ser que já havia chegado aos patamares superiores da autoiluminação. Qual era o objetivo precípuo desses chamados gnósticos? Era um retorno a Deus, isto é, um retorno às origens, à luz de onde saímos. O conhecimento é um instrumento da perfeição e deve ser visto como algo que cobriu-se com o véu do esquecimento quando o ser humano deixou de ser um com Deus para mergulhar na matéria (batismo de água). O que é esse batismo da água? Trata-se da união do ser ao corpo físico, gerado no organismo feminino por meio do mergulho na água (líquido amniótico). Já o batismo do espírito é o mergulho do ser na própria intimidade mais profunda, uma redescoberta de seu próprio ser, em outras palavras, uma autognose. Miranda afirma que para os gnósticos, os seres humanos dividem-se em três categorias, que são a saber: os hílicos ou materiais, para estes é utilizado o termo “filho da mulher”. Notem que Jesus também utilizava esse termo; em segundo lugar, os chamados psíquicos e, finalmente, os pneumáticos ou espirituais ou “Filho do Homem”. Termo também bastante utilizado pelo Mestre. O Cristo, por exemplo, encontra-se nesta categoria. Mas, por que esses manuscritos de Hag-Hammadi provocarão tanta polêmica? Miranda assevera que justamente porque revelam coisas que muita gente insiste em não aceitar, como por exemplo a reencarnação, e, outrossim, os chamados fenômenos parapsicológicos, a comunicação com os mortos, a mediunidade e, muitas vezes, o sentido verdadeiro das palavras de Jesus. No decorrer do livro, Miranda cita quais foram os catedráticos que escreveram sobre este assunto e mostra também onde ele, o autor, concorda ou não com eles. A obra discorre também sobre outros textos, afora os de Tomé. Sabiam, caros leitores, que Maria Madalena também escreveu um evangelho? Os apóstolos, ciumentos, machistas, não deram muita atenção a ele. À guisa de conclusão diria que os manuscritos de Nag-Hammadi e os do Mar Morto certamente provocarão uma revolução nos meios religiosos. São eles, de fato, um achado arqueológico muito importante. Fabiano Possebon ([email protected]) Comece pelo Começo Conheça o Espiritismo, pélas obras básicas da Codificação de Allan Kardec. Desde 1857, revelando com bom senso. Entidade Federativa, Coordenadora e Representativa do Movimento Espírita Estadual no Conselho FederativoNacional da Federação Espírita Brasileira INFORMAÇÕES - BANCA DO LIVRO ESPÍRITA "CHICO XAVIER" RUA BARÃO DE JAGUARA,1205 - CENTRO - CAMPINAS TEL.: (19) 3237-1608 E-MAIL: [email protected] USE Intermunicipal de Campinas USE-Campinas 4 Jornal Espírita Alavanca O que o email, as redes sociais e a sobrevivência da alma têm em comum? Estamos vivendo a era da informação[1]. Assim como aqueles que nasceram nas décadas de 60 e 70 achariam estranho viver num mundo sem geladeira, aqueles que nasceram nas últimas duas décadas achariam igualmente estranho viver num mundo sem a internet. Os avanços da tecnologia levaram ao desenvolvimento de aparelhos que processam, armazenam e transmitem uma grande quantidade de informação. Como consequência, a comunicação entre pessoas distantes se tornou algo comum e fácil. Como toda ferramenta de natureza material, essa facilidade de acessar informação tem um lado positivo e negativo. O lado positivo é em si o acesso mais fácil à informação e a facilidade de se comunicar com quem está distante. O lado negativo consiste da existência e facilidade de acesso à informação enganosa e uma certa invisibilidade de nossos interlocutores na internet. Mas, o que isso teria a ver com a sobrevivência da alma? Por incrível que pareça, existem alguns aspectos em comum entre os meios de comunicação modernos como o email e as redes sociais, e a forma de comprovação da existência e sobrevivência da alma. Quando nos comunicamos com uma pessoa por email ou através das redes sociais, podemos perguntar o que garante que a pessoa com quem estamos nos comunicando é, de fato, quem pensamos que seja? O que nos dá certeza de que quem assina o email ou dá nome à uma página da rede social é quem achamos que seja? Da mesma forma, podemos perguntar o que garante que um nome que assina uma mensagem mediúnica é, de fato, da personalidade que, quando encarnada, respondia pelo mesmo? Veremos que a resposta para esses dois tipos de questionamento é essencialmente a mesma: através da análise do conteúdo da comunicação. Para embasar nosso estudo, citamos um importante trabalho de pesquisa espírita que foi apresentado no 9º Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores Espíritas[2] (9º ENLIHPE) em Agosto de 2013. Para quem não conhece, existe um grupo formado por vários estudiosos e pesquisadores espíritas chamado Liga de Pesquisadores Espíritas3 (LIHPE), que anualmente realiza um encontro onde estudiosos do Brasil inteiro podem apresentar trabalhos de pesquisa espírita ou de interesse espírita. Não é um encontro grande como os congressos espíritas mais conhecidos pois o número de pessoas que realizam pesquisas espíritas ainda é bem pequeno em nosso movimento. Quem quiser conhecer melhor a LIHPE e os trabalhos apresentados, são convidados a visitar o site do grupo[3]. O trabalho a que nos referimos é i nt i t u l a d o “O q u e é p e s q u i s a r a sobrevivência?”, de autoria de Silvio S. Chibeni. Um artigo[4] (em inglês) e um vídeo[5] da apresentação de Chibeni sobre o tema podem ser acessados através dos links das refererências 4 e 5 deste artigo. Basicamente, Chibeni esclarece que as evidências sobre a sobrevivência da alma não podem se basear em elementos de natureza material, que são efêmeros e se transformam segundo as leis da matéria, mas sim em características inteligentes associadas à personalidade desencarnada. Para explicar isso, Chibeni descreve as definições de vários filósofos do passado para o conceito de “identidade pessoal”. O que determina que uma pessoa é ela e não outra? Não se trata de definir um número para cada cidadão como o Registro Geral ou Cadastro de Pessoa Física. Se trata do reconhecimento de características que podemos chamar de espirituais, que pertencem ao ser inteligente e não dependem do seu corpo como seus pensamentos, sentimentos, emoções, personalidade, etc. Vejamos como isso se aplica ao reconhecimento de uma mensagem por email. Ao recebermos um email, a primeira coisa que fazemos é identificar o emissor através do nome ou do código que representa seu endereço de email. Se é um nome ou endereço de pessoa conhecida, criamos uma expectativa natural de encontrar um determinado assunto no conteúdo. Daí, abrimos o email e lemos a mensagem. O que nos dá certeza de que, de fato, a mensagem é da pessoa conhecida? Afinal, ela não está presente, não está visível, e o acesso que temos é apenas ao pensamento codificado por ela na linguagem usada na mensagem. Ao ler a mensagem, interpretamo-la de acordo com o conhecimento que temos da pessoa. Isso é bem óbvio mas para deixar claro a ideia que pretendemos ressaltar, considere uma situação muito comum. Um dos problemas da internet é a existência de vírus e programas de computador maliciosos. Alguns deles, se apoderam de alguns endereços de email e, automaticamente, enviam mensagens para a lista de contato desses endereços. Suponha que nosso endereço esteja na lista de contatos de uma pessoa conhecida que teve seu computador infectado com esse tipo de programa malicioso. Ao recebermos a mensagem enviada pelo virus, identificamos a origem da mensagem pelo nome ou código do email da pessoa conhecida. Mas ao abrir o email e observar o conteúdo da mensagem com atenção, na grande maioria dos casos, identificamos que ela não foi emitida pela pessoa conhecida, muito embora o endereço de email seja dele(a). Ao ler emails, portanto, nós identificamos o emissor não apenas pelo nome ou código de email, mas pela coerência entre o conteúdo da mensagem e o que conhecemos da pessoa. Nas redes sociais, a mesma coisa acontece. Quando uma pessoa conhecida posta uma notícia, uma mensagem, uma foto, etc. analisamos o conteúdo da postagem e verificamos se está coerente com a personalidade da pessoa. Mas, como programas maliciosos também agem nas redes sociais, quando uma postagem em nome da pessoa conhecida é estranha, conseguimos inferir que a postagem não é dele(a). No caso da verificação da sobrevivência da alma, Kardec foi o pioneiro no reconhecimento da importância de se realizar esse mesmo tipo de análise. O capítulo XXIV de O Livro dos Médiuns[6] (LM) é dedicado ao estudo da identidade dos Espíritos. Já no primerio item (255), Kardec afirma que “A questão da identidade dos Espíritos é uma das mais controvertidas, mesmo entre os adeptos do Espiritismo. É que, com efeito, os Espíritos não nos trazem um ato de notoriedade e sabe-se com que facilidade alguns dentre eles tomam nomes que nunca lhes pertenceram. Esta, por isso mesmo, é, depois da obsessão, uma das maiores dificuldades do Espiritismo prático.” Notem que, em poucas palavras, Kardec enumera problemas semelhantes aos que facilmente podem ocorrer no recebimento de emails e mensagens pelas redes sociais, através da internet. Ao dizer que os Espíritos “não nos trazem um ato de notoriedade” Kardec se refere à dificuldade de identificar um Espírito da mesma forma como identificamos as pessoas. Afinal, não nos é sempre possível “ver” o Espírito e mesmo quando podemos vê-lo, através da mediunidade, nem sempre a visão mediúnica é garantia de identificação. Aproveitando a analogia com a informática, alguns Espíritos, assim como os chamados hackers, tentam se fazer passar por outrem em razão de interesses menos dignos. No item 257 do LM Kardec comenta: “Muito mais fácil de se comprovar é a identidade, quando se trata de Espíritos contemporâneos, cujos caracteres e hábitos se conhecem, porque, precisamente, esses hábitos, de que eles ainda não tiveram tempo de despojar-se, são que os fazem reconhecíveis e desde logo dizemos que isso constitui um dos sinais mais seguros de identidade.” (Grifos em negrito, meus). Aqui vemos Kardec utilizar o conceito de “identidade pessoal” que os filósofos estudaram no passado. Kardec foi o primeiro pesquisador a aplicar isso na investigação da sobrevivência da alma[4]. Os caracteres e hábitos pessoais da pessoa que desencarnou é que permitirão ser ele(a) reconhecido(a) pelas pessoas que o(a) conheciam. Como Kardec diz, esses sinais são os “mais seguros de identidade”. Para Kardec, os elementos de “identidade pessoal” são mais importantes que detalhes de natureza material nas comunicações, como a caligrafia ou assinatura idênticas as da pessoa desencarnada: “Igualmente se pode incluir entre as provas de identidade a semelhança da caligrafia e da assinatura; mas, além de que nem a todos os médiuns é dado obter esse resultado, ele não representa, invariavelmente, uma garantia bastante. Há falsários no mundo dos Espíritos, como os há neste. Aí não se tem, pois, mais do que uma presunção de identidade, que só adquire valor pelas circunstâncias que a acompanhem. O mesmo ocorre com todos os sinais materiais, que algumas pessoas têm como talismãs inimitáveis para os Espíritos mentirosos. Para os que ousam perjurar ao nome de Deus, ou falsificar uma assinatura, nenhum sinal material pode oferecer obstáculo maior. A melhor de todas as provas de identidade está na linguagem e nas c i r c u n s t â n c i a s f o r t u i t a s .” (Grifos em negrito, meus). A caligrafia e a assinatura são marcas de natureza material. Assim como há pessoas que são capazes de imitá-las com perfeição, Espíritos existem que também podem fazer isso. Kardec não considera, portanto, a caligrafia e a assinatura como provas absolutas de identidade, e diz que elas têm valor somente quando os critérios de “identidade pessoal” acompanham a mensagem. O mesmo ocorre com os métodos de comunicação pela internet. Mensagens maliciosas podem chegar em nome dos nossos conhecidos, sem que eles as tenham enviado. Mas, cabe a nós o cuidado com todas as mensagens que recebemos por emails e outros meios de comunicação. Voltando ao começo do capítulo XXIV do LM, há uma obser vação interessante de Kardec com relação à identificação de Espíritos de personalidades antigas: “A identidade dos Espíritos das personagens antigas é a mais difícil de se conseguir, tornandose muitas vezes impossível, pelo que ficamos adstritos a uma apreciação puramente moral. Julgam-se os Espíritos, como os homens, pela sua linguagem. Se um Espírito se apresenta com o nome de Fénelon, por exemplo, e diz trivialidades e puerilidades, está claro que não pode ser ele. Porém, se somente diz coisas dignas do caráter de Fénelon e que este não se furtaria a subscrever, há, se não prova material, pelo menos toda probabilidade moral de que seja de fato ele. Nesse caso, sobretudo, é que a identidade real se torna uma questão acessória. Desde que o Espírito só diz coisas aproveitáveis, pouco importa o nome sob o q u a l as diga.” (Item 255, Grifos e m negrito, meus). Suponha que um professor se utilize da internet para encaminhar mensagens e textos a seus alunos. Se o conteúdo das mensagens for estranho, pueril, ofensivo, certamente que os alunos considerarão que a mensagem não pode ter sido enviada pelo professor, mas sim por a l g u m h a c ke r. D a m e s m a f o r m a procedemos com relação à mensagens assinadas por personalidades antigas. Assim como os alunos não tem informação sobre a vida pessoal do professor, não temos acesso aos dados da vida e identidade pessoais de determinados Espíritos que nos enviam mensagens. Mas, como esclarece Kardec, numa mensagem instrutiva, o importante é a natureza do conteúdo. Sobre os Espíritos superiores, Kardec diz: “À medida que os Espíritos se purificam e elevam na Jornal Espírita Alavanca hierarquia, os caracteres distintivos de suas personalidades se apagam, de certo modo, na uniformidade da perfeição; nem por isso, entretanto, conservam eles menos suas individualidades. É o que se dá com os Espíritos superiores e os Espíritos puros. Nessa culminância, o nome que tiveram na Terra, em uma das mil existências corporais efêmeras por que passaram, é coisa absolutamente insignificante. (...) Porém, como de nomes precisamos para fixarmos as nossas idéias, podem eles tomar o de uma personagem conhecida, cuja natureza mais identificada seja com a deles.” (Item 256, grifos em negrito, meus). Aproveitando o exemplo do professor que envia mensagens aos alunos, pode acontecer dele precisar viajar e, para não deixar os alunos sem tarefa, pedir para um colega, também professor, enviar outros textos aos seus alunos em seu nome. Na medida que o colega souber o que deve ser enviado aos alunos, não há problema ele fazer isso em nome do professor. Assim ocorre com relação aos Espíritos superiores. Seus pensamentos se tornam tão afins USE-Campinas entre si que se um deles toma um nome conhecido para nós para assinar uma mensagem, se o conteúdo da mensagem tiver a coerência e a qualidade que se espera da personalidade vinculada ao nome assinado, então não há problema. Kardec esclarece ainda mais a questão: “O mesmo ocorre todas as vezes que um Espírito superior se comunica espontaneamente, sob o nome de uma personagem conhecida. Nada prova que seja exatamente o Espírito dessa personagem; porém, se ele nada diz que desminta o caráter desta última, há presunção de ser o próprio e, em todos os casos, se pode dizer que, se não é ele, é um Espírito do mesmo grau de elevação, ou talvez até um enviado seu. Em resumo, a questão de nome é secundária, podendo-se considerar o nome como simples indício da categoria que ocupa o Espírito na escala espírita.” (Item 256, grifos em negrito, meus). Assim, vemos que a mediunidade apresenta a intrigante questão da identidade dos Espíritos que assinam as mensagens. Ao centralizar essa questão na análise do conteúdo das mensagens mediúnicas, Kardec nos apresenta a forma Campinas sedia 9º Festival do Livro do Centro Espírita Allan Kardec Livros, CDs e DVDs terão descontos de até 80%, com mais de 1.800 títulos à venda O Centro Espírita Allan Kardec (CEAK), de Campinas, realiza a nona edição do Festival do Livro Espírita no dia 3 de outubro de 2015 (sábado). Com o tema “A Transformação Através do Conhecimento” a feira deste ano terá mais de 1.800 títulos divididos entre livros, CDs, e DVDs, e com até 80% de desconto. A divulgação da doutrina espírita é o principal objetivo do evento, que tem ainda o propósito de promover o encontro entre colaboradores e frequentadores do CEAK e outras casas espíritas do estado de São Paulo e região. O evento também incentiva o voluntariado, a solidariedade e o trabalho em equipe. Todo o lucro da venda dos produtos no Festival será revertido às obras assistenciais do CEAK: creche Mãe Luiza, no Educandário Eurípedes; Creche Gustavo Marcondes, em Sousas; Casa de Apoio à Vida; e Instituto Popular Humberto de Campos. O evento acontece no Ginásio de Esportes do Educandário Eurípedes, anexo à Panificadora Bambini, no bairro Vila Nova. Haverá recreação infantil, espaço kids e praça de alimentação. Os visitantes vão poder participar de um café literário e escritores autografarão livros no evento. O festival do livro espírita acontece das 9h às 18h. A entrada é franca e haverá estacionamento gratuito no local. O evento é bianual, a última edição foi realizada em 2013. Mais Informações: (19) 2514-8763 ou www.ceak.org.br/festivaldolivro 5 mais segura de trabalharmos a mediunidade para nossa instrução e para auxílio aos desencarnados sofredores. De modo simples, basta agirmos da mesma forma como com o recebimento de mensagens eletrônicas: analisando o seu conteúdo! A importância da análise do conteúdo das mensagens como forma de reconhecimento da identidade de uma pessoa, vai além da questão das mensagens recebidas por vias eletrônicas. Uma pessoa pode, através de técnicas de desfarce, se fazer passar por outra, como nos trabalhos dos dublês nos filmes. Ou, também, no caso de gêmeos univitelinos. Nesses casos, a aparência material pode nos enganar facilmente. Só a aparência, portanto, não permite distinguir quem a pessoa de fato é. Apenas quando interagimos com elas através da troca de ideias, analisando seus pensamentos e o modo como se expressa, é que podemos constatar quem ela é. Enquanto alguns pensam que a sobrevivência da alma é algo que a Ciência ortodoxa um dia irá descobrir, a grande verdade é que o Espiritismo já demonstrou a existência e sobrevivência da alma. Como? Aplicando esses critérios de reconhecimento de identidade que hoje aplicamos às diferentes formas de comunicação eletrônica, Kardec foi capaz de mostrar que a alma dos ditos mortos, permanece viva e é capaz de se comunicar com os ditos vivos. Alexandre Fontes da Fonseca Campinas – SP Referências: [1] Fonte: Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Era_da_inf orma%C3%A7%C3%A3o Acessado em 21 de Junho de 2015. [2] Fonte: http://www.espiritualidades.com.br/Liga /9_ENLIHPE_2013/9_ENLIHPE_2013_com o_foi.htm Acessado em 21 de Junho de 2015. [3] Link: www.lihpe.net Acessado em 21 de Junho de 2015. [4] S. S. Chibeni, “Spiritism: An experimental approach to the issue of personal post-mortem survival”, artigo apresentado no 9o ENLIHPE, São Paulo, 24 de Agosto de 2013. Link: https://drive.google.com/file/d/0BzdGM 5lC6GhJdFFyMVhMOGJLVzg/edit?usp=sha ring Acessado em 21 de Junho de 2015. [5] Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=GH5 cP0NeBlY [6] A. Kardec, O Livro dos Médiuns, Editora FEB, 62ª Edição, Rio de Janeiro (1996). Aparências e maledicências A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz . (Mateus, 6:22) A maledicência e a crítica dura e destrutiva são inadmissíveis no comportamento do homem de bem. Mesmo a simples discordância ou a mera manifestação ruidosa em relação a pessoas e ideias, devem ser conduzidas com muito cuidado. Não estamos falando, naturalmente, do pensamento divergente que, sinceramente, visa o aperfeiçoamento, com base na excelência e no mérito. Ainda nesses casos, espíritos e l eva d o s co st u m a m reve st i r s u a s observações com o algodão da tolerância e a mansuetude da prudência. Falta-nos autoridade moral para apontarmos defeitos alheios. Além disso, quantas vezes nos deixamos levar pelas aparências? E como as aparências nos enganam... Muitas vezes fazemos mau juízo do próximo, julgamo-lo por seus erros e, não raramente, nós é que estamos errados. ***** A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo. Apesar de ter sido chamada semana, o evento ocorreu em três dias - 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922 -, no Teatro Municipal de São Paulo. O evento marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos. No dia 17, o público presente, em número reduzido, portava-se com respeito. Até que o Maestro Villa-Lobos adentrou o recinto... Entrou de casaca, mas com um pé calçado com um sapato e outro com chinelo. O público e a crítica interpretaram a atitude como desrespeitosa. Vaiaram impiedosamente o grande maestro. Mais tarde, quando já não se podia mais consertar o grande estrago, o maestro explicaria que não se tratava de modismo. Era apenas um calo inflamado. ***** Como se reconhece um homem de bem? Na resposta da questão 918 - uma das mais importantes de O Livro dos Espíritos -, Allan Kardec registra que o homem de bem é indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que também precisa da indulgência dos outros e se lembra destas palavras do Cristo: – Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado. ***** A respeito da maledicência, geralmente revestida da inocente fofoca, Chico Xavier recomendava: Devemos efetuar campanhas de silêncio contra as chamadas fofocas, cultivando orações e pensamentos caridosos e otimistas em favor de nossa união e de nossa paz. No livro Por uma vida melhor, Richard Simonetti adverte que indo pelas aparências, em direção à maledicência, agentes das sombras agem de forma sofisticada. Pa ra i m p e d i r q u e a a ç ã o saneadora do Espiritismo progrida, semeiam a discórdia e a separação a partir da aparentemente despretensiosa fofoca, a maledicência veiculada sem compromisso, assim como quem vende pelo preço que comprou. ***** Aparência e maledicência andam de mãos dadas, ainda mais se inspiradas pela leviandade ou pela má intenção. Espírita que sinceramente deseje lutar contra suas más tendências deve precaver-se contra esses perigos, ainda mais se considerar que são armas prediletas da espiritualidade inferior. O que faria Chico em meu lugar? Silêncio, orações, pensamentos caridosos e otimistas previnem a desunião e nos mantêm nossa consciência tranquila. Finalmente, é preciso lembrar das dores que já passamos simplesmente porque outras pessoas foram movidas pela necessidade de autoafirmação. Se doeu em nós, doerá no outro! Que tal nos lembrarmos da norma básica que nos aconselha a fazer ao próximo exatamente o que gostaríamos que fizessem conosco? Lembremo-nos do mandamento maior que nos aconselha: Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem. Lucas, 6:31 Sidney Fernandes [email protected] 6 USE-Campinas Jornal Espírita Alavanca Precisamos de inovação O grande pintor espanhol Pablo Picasso costumava dizer: “eu começo com uma ideia e aí ela se torna algo diferente”, em uma clara demonstração que transformações são inevitáveis – algumas vezes difíceis de serem assimiladas e praticadas, porém quase sempre necessárias para nos adequarmos aos novos tempos. Centros Espíritas são instituições que, de modo geral, têm uma tendência a se manter dentro de padrões já existentes, repetindo formatos muitas vezes criados em época e realidade diferentes. Po r m o t i vo s va r i a d o s o s trabalhadores acabam (quase sem querer) por entrar na rotina existente na instituição. Em algumas situações as fórmulas se repetem porque foram criadas por alguém considerado muito importante para a Casa (como o fundador, um médium reconhecido), constituindo-se um “sacrilégio” alterá-la. Em outros momentos a repetição ocorre porque os colaboradores não têm permissão de opinar. Quando isso acontece podemos observar duas situações: a primeira delas é quando as pessoas não se sentem mal com isso e até preferem esse tipo de estrutura. Conheço uma pessoa que não gosta de Casas Espíritas onde os participantes são convidados a dar ideias, preferindo aquelas em que os Dirigentes ditam as normas e ela só tem que obedecer – aliás, quando tentou fazer parte de uma organização com administração mais participativa, sentiuse mal e foi embora. Pessoas assim dão continuidade à rotina já existente sem questionar e/ou dar sugestões. Claro que não há nada de mal nisso, se todos estão felizes e satisfeitos. Contudo, sempre fico pensando nos possíveis talentos que deixamos de descobrir e utilizar. Mas, enfim, não deixa de ser uma forma meritória de trabalho. Quando a pessoa não pode emitir opinião, existe também a possibilidade de sentir-se incomodada com a falta de espaço para participação e, nesse caso, simplesmente ir embora, buscando um outro local de trabalho ou, em casos mais raros, continuar na organização aguardando por um momento onde poderá ser escutada e, quem sabe, auxiliar em transformações positivas para todos – já vi isso ocorrer, com resultados muitos satisfatórios também. Além do que já foi exposto anteriormente, a manutenção de padrões nas instituições espíritas também está associada ao fato do ser humano ter uma grande tendência ao comodismo gerando como resultado muitos Centros Espíritas funcionando com uma estrutura criada em (e para) tempos passados. É inegável o esforço de todos os envolvidos para manter uma instituição em funcionamento e é fato que a maioria, dentro de suas possibilidades e objetivos, obtém resultados satisfatórios. Mas isso não significa que devemos nos fechar para novas ideias. As ideias são uma espécie de semente para mudanças que podem ser, sim, muito positivas. Sem elas não podemos criar nada, mas o fato de ter uma ideia na cabeça não garante resultados. É necessário compartilhar as ideias, deixar que sejam fertilizadas com o pensamento dos demais companheiros, complementando-as e deixando-as prontas para se tornarem realidade. Esse processo de troca poderá revelar a qualificação de cada membro da equipe, seus estilos e capacidades, usando-as em benefício do coletivo. Mudar não significa que o que foi feito anteriormente não era bom ou não serve mais. Significa apenas que podemos usar a experiência já adquirida para alcarmos voos mais altos. Ademais, só podemos mudar algo que já existe – e se existe é porque foi e é importante. Ou seja, não é desprestigiar o que já foi, mas valorizar o que poderemos conquistar. Com trabalho e tempo, o que era apenas uma ideia poderá se transformar em um projeto real que trará resultados positivos a muitas pessoas, incluindo os colaboradores e a instituição que teve coragem de abrir espaço para a inovação. Martha Rios Guimarães Espiritismo e Política O Espiritismo não possui dogmas. Não no sentido de que se possa definir, categoricamente, pontos incontroversos ou incontestáveis no cotidiano humano. E isso não possui relação com ser melhor ou pior co m p a ra d o à s o u t ra s d o u t r i n a s religiosas. É apenas diferente. Por ter sido ditada pelos Espíritos Superiores, tendo como codificador o professor Allan Kardec, seus ensinos partem das Leis Naturais, criadas por DEUS, para que seja mantido o equilíbrio na criação. E com relação à parte moral, o Mestre Jesus é o guia e modelo a ser seguido(1). A fo r m a m a i s s i m p l e s e complexa de resumir o Cristianismo e, por consequência, a parte religiosa e moral do Espiritismo se resume no seguinte: amar a DEUS sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Nesse ensinamento está a máxima religiosidade (busca do Divino) e também uma forma adequada de se viver em sociedade para que se possa evoluir, progredir. Não sem razão, a primeira Lei Natural é a de Adoração(2), a qual explica a possibilidade de elevação a DEUS. Já a Lei do Progresso(3) demonstra que uns auxiliam os outros pelo contato social(4). Por todas as razões acima, o verdadeiro Espírita, resumidamente, é um religioso mais tolerante; se esforça para fazer o bem e reprimir as suas más tendências(5); é um ser que busca o bem, se esforçando para fazer todo o bem que podia, tentando levar consolação aos aflitos; é o que busca perdoar e relevar as ofensas; não abusa dos bens que lhe são concedidos; usa sua autoridade para tornar menos penosa a situação dos subalternos; como subordinado, tenta cumprir com seus deveres etc(6). Ou seja, tem como objetivo uma postura melhor na sociedade, buscando aplicar o que aprende em todos os momentos da vida, não apenas na casa religiosa. É o ideal de evoluir individualmente e ta m b é m co nt r i b u i r p a ra co m a sociedade. Veja-se que mesmo com todos os ensinos claros e firmes, muitos ainda afirmam que alguns assuntos da Doutrina Consoladora não devem se “misturar” com assuntos puramente “humanos”. A maior controvérsia? Política... todavia, Bezerra de Menezes, grande Espírita, médico e político, ensina: “A política, como eu compreendo não é uma especulação dos homens, é uma religião. A religião da pátria, tão sagrada e obrigatória como o culto das verdades eternas que constituem a religião de Deus”. essalta-se que em momento algum está se defendendo o debate político-partidário, esse sim tão pernicioso porque envolve sentimentos e/ou interesses, por vezes, completamente opostos. E isso deve ser evitado para que não sejam criadas vibrações desequilibradas. Mas alguns questionamentos p a ra q u e m e st i ve r l e n d o e s s a s despretensiosas linhas: você sabe quais são os três poderes da República? E o que faz cada um deles? Sabe quais são as quatro funções que integram o legislativo nacional? As três funções que compõe o executivo? Qual o número de vereadores de sua cidade? E de deputados estaduais e federais? O q u e c a u s a v e r d a d e i ra estranheza é o posicionamento de alguns Espíritas na atualidade, transformando debates que poderiam ser saudáveis, em uma contenda puramente sectária. Exemplo: discursos de que os políticos/partidos são todos iguais e que sempre foram corruptos e que, por isso, não se pode questionar os atuais representantes. Ora, esse pensamento não poderia encontrar guarida entre aqueles que pugnam, que trabalham pelo progresso. Se estivéssemos na época da escravatura, diriam que a mesma não poderia ser abolida porque todos sempre foram escravocratas? Se estivéssemos na época da Independência iriam contra porque o país sempre foi uma simples colônia? O debate que poderia ser saudável é aquele proposto por Bezerra de Menezes: algo cívico, em benefício do país, da sociedade. É buscar uma conduta na contramão dos desvios éticos e morais; é buscar a satisfação e o bem estar da sociedade e não apenas de seus pares... é, enfim, melhorar e fazer progredir os valores atuais, tão em desequilíbrio, para algo superior. Disso tudo surge uma postura/conduta que está sendo questionada por muitos: seria c o n v e n i e n t e a l g u m a s associações/sociedades Espíritas aderirem publicamente a ações da sociedade que visam combater a corrupção? Oficialmente, alguns órgãos de unificação declararam apoio às 10(dez) medidas contra a corrupção criada pelo Ministério Público Federal(7). Primeiro ponto: parece lícita a participação de Espíritas em questões sociais. Segundo ponto: como a iniciativa do Ministério Público é política (solução de certos problemas sociais) e não partidária (que segue um partido), objetivando efetivamente um fim específico (fim da corrupção), também parece não existir qualquer vedação para o apoio dos Espíritas. Terceiro ponto: os meios são adequados? Aqui entra o ponto mais controverso, pois a causa é válida e a consequência (resultado) é necessária... mas são os meios que causam maior preocupação. Explica-se. As garantias Constitucionais são primordiais para salvaguardar o Estado Democrático de Direito. E suprimir direitos para buscar um resultado i m e d i a t i s t a p o d e t ra ze r g rav e s consequências no futuro. Aqui é necessário estudar com calma quaisquer medidas para que os fins não justifiquem os meios, os quais podem ocasionar certos abusos para com os direitos individuais. Lembre-se que deve existir sempre isonomia, ou seja, a legislação é aplicada a todos. Assim sendo, o mesmo rigor que se deseja para o outro pode recair sobre si mesmo no caso concreto. Não é raro que alguns operadores do Direito tenham condutas e pensamentos meramente punitivistas, buscando uma espécie de vingança estatal. E talvez seja esse o principal ponto de debate entre os Espíritas: uma análise que vise não causar desequilíbrios nos meios utilizados para alcançar determinados fins (leis), pois isso poderia trazer prejuízos à sociedade ao invés de se alcançarem benefícios. Porém, uma ressalva não pode deixar de ser feita: quem participa desses movimentos visando uma sociedade melhor são os adeptos e não a Doutrina Espírita. Uma coisa não pode ser confundida com a outra. Quando qualquer órgão de unificação ou associação Espírita participar desse tipo de movimento, deve restar bem claro que o fazem por vontade própria e não representando o Espiritismo. O fazem porque são Espíritas e não em nome do Espiritismo. São coisas distintas. Portanto, salvo melhor juízo, não parece existir impedimento sobre a participação de grupos Espíritas na vida social do país, salvo em questões partidárias e sectárias, pois o objetivo deve ser o bem social, o progresso. Mas seria importante um amplo debate sobre como fazer isso e os meios sobre essa participação, tudo para que qualquer decisão não vise gerar medidas imediatistas que possam desrespeitar direitos individuais, causado ainda maiores prejuízos no futuro. Carlos de Paula (1) O Livro dos Espíritos, questão 625. (2) O Livro dos Espíritos, Terceira Parte, Capítulo 2. (3) O Livro dos Espíritos, Terceira Parte, Capítulo 8. (4) O Livro dos Espíritos, questão 779. (5) O Livro dos Médiuns, Parte Primeira, Capítulo 03 – “Método”, item 28, 3.a divisão. (6) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo 17 – “Sede Perfeitos”, item “O homem de bem”. (7) Sítio eletrônico do MPF: <http://www.combateacorrupcao.mpf.mp. br/10-medidas>. Acesso em 30/08/2015. Jornal Espírita Alavanca USE-Campinas 7 Cuidados paliativos: cuidando na morte, humanizando o fim da vida. No imaginário humano desencarne é morte. Por mais que avance o conhecimento da realidade espiritual, a humanidade hoje vive o sonho da vida eterna na estrutura física, sonho este acalentado pelo desenvolvimento da ciência, grande triunfo do renascimento e do iluminismo que ao longo de quatro séculos a partir do século XIV descaracterizaram a finitude como certeza, substituindo-a pela possibilidade do prolongamento da vida ou adiamento da morte. Os hospitais que hoje assistem a luta pela vida são a evolução de instituições que na idade média acolhiam os doentes pobres ou abandonados e os assistiam no seu desencarne, já que os nobres desencarnavam em suas residências assistidos pelos seus entes queridos. Com o desenvolvimento da ciência médica o desencarne cuidado aos poucos se transformou no desencarne medicado, encarado como algo a ser curado. A busca da cura como prêmio possível relegou a morte à condição de problema a ser vencido. O ser fragmentado nos seus diversos sistemas físicos a serem tratados viu a sua essência resumida ao que fosse tecnicamente acessível e modificável. Perdeu a sua importância e passou a representar no seu momento final o incômodo fracasso que teima em ter necessidades etéreas. Vários relatos de desencarnes e sua problemática em relação à realidade espiritual foram descritos nas obras de André Luiz pela psicografia de Chico Xavier. O caso de Cavalcante em Obreiros da Vida Eterna publicado em 1946 ilustra com detalhes este descompasso entre as necessidades do doente que agoniza, os critérios de valores adotados pela equipe de encarnados e as dificuldades da equipe espiritual no auxílio ao desencarnante. Cavalcante na visão dos benfeitores espirituais “perseverante trabalhador no bem”, pressentindo o próprio desencarne “experimentava funda sede de consolo, necessitava coragem que lhe viesse do exterior”. Atemorizado frente à morte, num momento de lúcida análise de sua trajetória naquela existência, buscava o perdão da esposa que embora não soubesse já se encontrava desencarnada. Pelo péssimo estado vibratório em que se encontrava não percebia a assistência espiritual de Jerônimo e Bonifácio, amigos espirituais que se desdobravam para diminuírem o seu sofrimento. Ainda em possibilidade de contato com o médico e os religiosos encarnados que o assistiam tudo o que obteve foi aflição e desrespeito. Por fim, tamanho prejuízo vibratório definiu a sintonia com as imagens infernais sob a visão das quais agonizou e desencarnou. A despeito de todo o desenvolvimento da ciência continuamos desencarnando. Demoramos mais no processo de doença e tanto a dor quanto as possibilidades de crescimento espiritual no período final da experiência física se encontram ampliadas, mas mudanças vão ocorrendo e respondem aos novos tempos. Em 22 de junho de 1918 encarnou em Barnet no Reino Unido o espírito carismático que veio a chamarse Cicely Saunders. Na Inglaterra póssegunda grande guerra, esta senhora inicialmente enfermeira, formou-se em assistência social e posteriormente em medicina e através do seu trabalho com pacientes no fim da vida cunhou as bases do que hoje é conhecido como Cuidados Paliativos ou Filosofia dos Hospices. Esta nova abordagem se fundamenta na visão multidimensional da dor, no seu aspecto emocional, social, físico e espiritual, na caracterização da unidade a ser acolhida e atendida como composta por paciente e familiares, e no trabalho multiprofissional e interdisciplinar. Desencarnou em 14 de julho de 2005, após longa vida de trabalho e dedicação à causa da humanização do fim da vida. Seu trabalho é mundialmente conhecido e os Cuidados Paliativos são reconhecidos como política pública de saúde para acompanhamento de pacientes em condição de terminalidade e seus familiares pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1990, recomendado e implantado em todos os continentes. Em 2002 a OMS ampliou o conceito dos Cuidados Paliativos abrangendo pacientes ainda em fase de tratamento de doenças potencialmente fa t a i s , r e c o n h e c e n d o a g ra n d e importância da visão holística do ser durante todo o processo de adoecimento. São princípios dos Cuidados Paliativos: Promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis, afirmar a vida e considerar a morte um processo normal da vida, não acelerar nem adiar a morte, integrar aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente, oferecer suporte que permita ao paciente viver tão ativamente quanto possível até o momento de sua morte, oferecer suporte para os familiares durante a doença do paciente e luto e oferecer abordagem multidisciplinar a paciente e familiares. Deve ser iniciado o mais precocemente possível junto a outras medidas de prolongamento da vida como quimioterapia e radioterapia e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreensão e manejo dos sintomas. Cicely Saunders nunca aceitou o velho e surrado bordão “não há mais o que fazer”, mas ao contrário, provou que com amor há muito que fazer. Ao considerar os familiares como componentes do processo de adoecimento e sofrimento nos abriu a perspectiva de atuar de forma positiva não apenas em relação ao doente, mas também contribuir para o fortalecimento dos laços de amor no núcleo familiar através do apoio ao cuidador, prevenindo o surgimento de novos doentes da alma. Enfim Cicely Saunders trouxe a ciência até o último instante da vida e nos ensinou que ela é benéfica, enquanto houver em nós respeito, compaixão e acima de tudo amor. Eliane Sampaio Vieira de Castro Médica Cardiologista, Intensivista e Paliativista. Hospital Unimed Jundiaí. Associação Médico Espírita de Campinas. Jesus extraterrestre. E irmão maior de todos nós Perdidos em um planeta azul e pequenino no infinito do espaço, nós, terráqueos, adoramos fantasiar sobre seres extraterrestres. Remonta há tempos imemoriais o primeiro homem a erguer os olhos ao céu pontilhado de estrelas e se perguntar se estaríamos sozinhos nessa vastidão sem fim. Mais recentemente, literatura, cinema, televisão e internet se encarregaram de dar asas à nossa imaginação. Por vezes, ficamos extasiados com seres estranhamente simpáticos, como o personagem do filme ET, o extraterrestre, de Steven Spielberg. Noutras, nos assustamos com criaturas aterrorizantes, como o Predador que dá nome ao filme estrelado por Arnold Schwarzeneg ger. Seja amando ou morrendo de medo, fato é que somos fascinados por aliens. C o l o ca n d o a fa nta s i a e o entretenimento de lado, o Espiritismo lança luz nova à escuridão sideral. Sem se furtar de uma de suas principais características, desmistifica a figura dos seres de outros planetas. Do espaço não virão monstrinhos s i m p á t i c o s c o m o E .T, n e m fe r a s aterrorizantes como o Predador. Muito menos anjos alados, de auréola sobre a cabeça e harpa debaixo do braço. O Cosmo é, sim, habitado e cheio de vida, conforme atesta a Terceira Revelação. Contudo, nas estrelas residem seres como nós, humanos. Filhos de Deus. Segundo lições dadas pelos espíritos superiores ao codificador Alan Kardec, na vastidão do espaço e seus incontáveis mundos vivem nossos irmãos. Alienígenas? Sim, podemos chamá-los assim, visto que não habitam a Terra, mas ainda filhos do mesmo Pai, como todos nós, em marcha evolutiva rumo a purificação, de acordo com as imutáveis, divinas e justas leis do Criador. Para quem ainda acredita na ilusão de que Deus criou as estrelas e os planetas para encher o céu de luz e entreter o olhar dos humanos de nosso planetinha, vale citar Kardec. Na pergunta 54 de O Livros dos Espíritos, o codificador questiona os espíritos superiores: "Todos os globos que circulam no espaço são habitados?" A resposta: "Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como crê, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição. Todavia, há homens que se creem muito fortes, que imaginam que somente seu pequeno globo tem o privilégio de abrigar seres racionais. Orgulho e vaidade! Julgam que Deus criou o universo só para eles”. Sorte a nossa sermos filhos de um Pai de infinito amor e bondade. Deus envia seus filhos mais evoluídos, irmãos mais velhos, para auxiliar a ascensão das crianças espirituais. E quem são esses irmãos senão habitantes de outros mundos? Em sua misericórdia absoluta, Ele faz desse intercâmbio a possibilidade de duplo aprimoramento, pois aqueles destinados a ensinar também aprendem. Não nos esqueçamos que foram os degredados de Capela os 'missionários' nos primórdios da civilização terráquea. Seres de inteligência desenvolvida e moral necessitada de elevação, se viram obrigados a estagiar em zonas inferiores até equilibrarem a balança entre mente e coração. Há, e sempre houve, entre nós, os missionários na completa essência da p a l a v ra . Ve r d a d e i r o s a b n e g a d o s , mergulham na carne sem a necessidade de expiação. Deixam mundos onde a felicidade alcança patamares sequer sonhados por nós, pequeninos terráqueos na infância perante o infinito, por amor. São eles, essas entidades superiores, os alienígenas os responsáveis pela condução da Terra. E o maior desses extraterrestres é Jesus. Para clarear esse ponto de vista, Joanna de Ângelis, no livro Jesus e o Evangelho - À luz da Psicologia Profunda psicografado por Divaldo Franco, explica com clareza singular. "Jesus Homem, que nunca se reencarnara antes na Terra, apresenta-se-nos como o Ser integrado, que houvera adquirido conhecimento e amor e viera experimentar provações e ultrajes, a fim de conseguir êxito a fim na tarefa que Lhe fora confiada por Deus, como administrador e condutor do Planeta em que se hospedava." Jesus, o mestre por excelência, é filho de Deus como todos nós. Veio, após cumprir todas as etapas de sua jornada evolutiva, executar a missão de amor designada pelo Pai. Veio para governar nosso pequeno planeta azul, escondido na Via Láctea, e conduzir seus jovens irmãos na mesma trilha que ele mesmo traçara com sucesso em outros mundos. Essa verdade diminui a grandeza de nosso maior irmão maior? Jamais! Jesus não aportou ao nosso mundo em uma nave intergaláctica. Em sublime prova de amor e renúncia, reduziu a própria luz e mergulhou nas sombras densas da Terra para ser a luz do exemplo vivo da Boa Nova. Com a simplicidade dos sábios, revelou nossa origem divina e a infinita bondade do Pai. Pregou o amor ao próximo como o caminho para a felicidade da vida eterna, a qual todos estamos destinados. Para ensinar o amor, viveu o amor incondicionalmente. Passados mais de 2 mil anos, ainda cambaleamos na estrada evolutiva. Trôpegos em nossa própria sombra, ensaiamos viver plenamente sob a luz das verdades trazidas pelo Cristo. Aceitamos seus ensinamentos, sim. Reconhecemos as belezas do Evangelho. Mas árdua é a tarefa de colocar o amor pleno no dia a dia. Racionalmente, nenhum Cristão refuta a verdade da irmandade em Deus. Duro é conseguir perdoar nosso irmão quando ele nos pisa os calos. “Perdoar 70 vezes 7 vezes”, como ensinou o Messias. A mudança em nós, a autoiluminação é a prova que devemos vencer para evoluir. Para quem adora histórias de aventura, com heróis lutando contra criaturas de outros planetas, voltem a atenção para as lições do extraterrestre Jesus. Pois não existe maior prova de coragem do que enfrentar o monstro que reside em cada um nós. E quando a batalha contra si mesmo parecer perdida, lembrese que Ele, o ser mais perfeito a pisar nesse planeta, está, ainda hoje, ao seu lado. Ainda hoje, enverga apenas a arma do amor. Ainda hoje, como sempre, ama a todos, os melhores e, especialmente, os piores. Ama a todos porque somos irmãos, todos iguais perante Deus, tenhamos nascido no planeta Terra ou nas estrelas. Rafael De Marco 8 USE-Campinas Jornal Espírita Alavanca A degeneração do Espiritismo Comparando a história do Espiritismo com a do Cristianismo Primitivo, podemos tirar algumas conclusões importantes para a o futuro da nossa doutrina e o do seu movimento social. O Cristianismo, cuja pureza doutrinária do Evangelho e simplicidade de organização funcional dos primeiros núcleos cristãos foi conquistando lenta e seguramente a sociedade de sua época, sofreu com o tempo um desgaste ideológico. Corrompeu-se por força dos interesses políticos, financeiros e institucionais. Os novos adeptos e seus líderes, não conseguindo penetrar na essência do Evangelho, que é regeneração, ou seja, o mergulho doloroso no mundo interior e a reversão das atitudes exteriores, adaptaram o mesmo às suas conveniências psicossociais, atacando suas ideias mais contundentes à moral animalizada, alimentando os mecanismos de defesa da mente, fazendo concessões às fraquezas dos adeptos e desviando-os para o comodismo dos disfarces rituais exteriores. Repressão de forças espirituais espontâneas e ideias consideradas ameaçadoras ao clero, como a mediunidade e a reencarnação; a falsificação de tradições e a adoção do sincretismo dos costumes bárbaros, foram as principais estratégias dessa clericalização do cristianismo. O resultado de tudo isso é bem conhecido: dois milênios de intolerâncias, violências, atraso espiritual, perpetuação das injustiças sociais, agravamento de compromissos com a lei de ação e reação e forte comprometimento da regeneração do nosso planeta. Com o Espiritismo não está sendo muito diferente. Apesar das advertências dos Espíritos e do próprio Allan Kardec quanto aos períodos históricos e tendências do movimento, os espíritas insistem em cometer os mesmos erros do passado. Os mesmos erros porque provavelmente somos as mesmas almas que rejeitaram e desviaram o Cristianismo da sua vocação e agora posamos de puristas ortodoxos, inimigos ocultos do Espírito da Verdade. Negligentes com a oração e a vigilância, cedemos constantemente aos tentáculos do poder e da vaidade. Desprezamos a toda hora a ideia do “amai-vos e instruívos”, entendendo-a egoisticamente, ora como fortalecimento intelectual competitivo, ora como o afrouxamento dos valores doutrinários. Não conseguindo nos adaptar ao Espiritismo, compreendendo e vivenciando suas verdades, vamos aos poucos adaptando a doutrina aos nossos limites, corrompendo os textos da codificação, ignorando a experiência histórica de Allan Kardec e dos seus colaboradores, trazendo para os centros espíritas p rát i ca s d o g m át i ca s d a s n o s s a s preferências religiosas, hábitos políticos das agremiações que frequentamos e mais comumente a interferência negativa dos nossos caprichos e vaidades pessoais. Como os primeiros cristãos, também lutamos pelo crescimento de nossas instituições, deixando-nos seduzir pelo mundo exterior e imitando os grupos já pervertidos, construindo palácios arquitetônicos, cuja finalidade sempre foi causar impressão aos olhos e a falsa ideia de prestígio político; e dentro deles praticamos as mesmas façanhas da deslealdade, das rivalidades, das p e rs e g u i çõ e s a o s d e s afeto s , d a autoafirmação e liderança autoritária, de crítica e boicote às ideias que não concordamos. E, finalmente, cultivamos uma equívoca concepção de unificação, esperando ingenuamente que a nossas ideias e grupos sejam majoritários num Grande Órgão Dirigente do Espiritismo Mundial, do nosso imaginário, e muitas outras tolices e fantasias que nem vale a pena enumerar aqui. E assim caminhamos, unidos em nossas displicências e divididos nas responsabilidades. Preferimos esquecer figuras exemplares que atuaram na Sociedade Espírita de Paris quando ignoramos nossa história sabiamente registrada na Revista Espírita. Deixamos de lado líderes agregadores – ainda que divergências normais e toleráveis existissem entre eles – para ouvir e nos deixar dominar por um disfarçado clero institucional, comando por vozes medíocres e ciumentas, figueiras estéreis, sofistas encantadores e improdutivos, enfim, velhas almas e velhas tendências, vinho azedo e frutas podres em nossos mais caros celeiros doutrinários. Mas como evitar esse processo de corrupção e, em alguns casos notórios, de contaminação e má conduta? Como reverter a situação para reconduzir essas experiências para os rumos verdadeiramente espíritas? O que fazer com as más instituições, com os maus dirigentes, os maus médiuns, maus comunicadores, enfim os maus espíritas? Devemos identificá-los e expulsá-los dos nossos quadros? Devemos denunciá-los e discriminá-los como fazia a Inquisição com os acusados de heresia? O que fazer com os livros que consideramos impuros ou inconvenientes ao movimento: devemos queimá-los em praça pública, censurá-los em nossas bibliotecas ou então deixar que a própria comunidade espírita pratique o livre arbítrio e aprenda a fazer escolhas corretas e adequadas às suas necessidades? O Espiritismo foi certamente uma doutrina elaborada por Espíritos Superiores e isto nos deixa tranquilos quanto ao seu futuro doutrinário. Mas o seu movimento vem sendo feito por seres humanos, espíritos ainda imaturos e inexperientes. Isso realmente tem nos deixado muito preocupados, pois sabemos que, hoje, os inimigos do Espiritismo estão entre os próprios espíritas. Dalmo Duque dos Santos http://www.espirito.org.br/portal/artigos/ dalmo/a-degeneracao.html Onde está Deus que permite atrocidades, como a que ocorreu com o menino Aylan? Associação de Divulgadores do Espiritismo Rádio e TV Espírita www.adecampinas.org.br Irena Sendler, mais conhecida como o anjo do gueto de Varsovia, salvou da morte mais de 2.500 crianças condenadas pela insanidade de Adolf Hitler e seus lunáticos aliados. A polonesa abrigava crianças que fugiam da guerra. Criativa, dizia aos alemães que os pequenos estavam com doenças contagiosas, como os guerreiros não queriam conversa com enfermidades, as crianças ficavam em paz. E ai Irena agia. Um saco de batata, cesto de lixo ou caixa de ferramentas em suas mãos eram abrigo para esconder as crianças dos nazistas. Um exemplo de amor em meio aos tiros e granadas daquela nefasta guerra... Por isso, quando perguntam onde está Deus que permite tamanha atrocidade, como no caso do garoto Aylan Kurdi, morto afogado após infrutífera tentativa de fugir do caos de seu país com a família, costumo dizer que Deus manifesta-se pelo Homem. Deus vive no coração de pessoas como Irena Sendler, que fazem a diferença neste mundo tão carcomido pelo ódio e as guerras. Pena que Aylan não encontrou nenhuma Irena pelo seu caminho... Sabem por que as guerras e o mal triunfam neste mundo? Sabem por qual razão crianças como Aylan sucumbem? Simples a resposta, que é dada pelos Espíritos superiores: Pela omissão dos "ditos" bons. Enquanto nos permitirmos, seja pelo motivo que for, as guerras, crianças como Aylan morrerão vitimadas pelo ódio. Talvez em nossos tempos modernos faltem Irenas para salvar Aylans. Wellington Balbo