Jornal da Alerj - Governo do Estado do Rio de Janeiro
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Jornal da Alerj - Governo do Estado do Rio de Janeiro
JORNAL DA ALERJ A S S E M B L É I A L E G I S L AT I VA D O E S TA D O D O R I O D E J A N E I R O Ano VI N° 177– Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 Arte sobre foto de Carol Garbiano/SXC Armadilhas do lar l NESTE NÚMERO Banco do Brasil recebe homenagem na Alerj pelos seus 200 anos PÁGINA 3 Minissérie Maysa transforma Palácio Tiradentes em cenário dos anos 60 PÁGINAS 4 e 5 Gerson Bergher fala sobre discriminação e justiça social PÁGINA 12 Quedas, intoxicações, queimaduras e asfixias são os acidentes mais comuns dentro de casa e motivaram deputado a criar lei para a prevenção dos casos S ala, cozinha, quarto e banheiro são espaços da casa onde o conforto e a segurança parecem imperar. Mas o que muita gente ainda não se dá conta é de que essa aparente tranqüilidade pode esconder vários perigos. Pensando nisso, o deputado Chiquinho da Mangueira (PMDB) quer promover no estado uma campanha de prevenção de acidentes domésticos – a idéia virou lei sancionada pelo governador Sérgio Cabral em julho. “O que se quer é aumentar a segurança no ambiente familiar por meio da divulgação dos principais causadores de acidentes no próprio lar, um lugar onde, geralmente, acreditamos estar seguros”, explica o parlamentar. Mas a iniciativa do peemedebista não é a única ação do Parlamento fluminense para diminuir a incidência de acidentes domésticos, que, entre janeiro de 2006 e dezembro de 2007, registrou 3.666 casos, com 35 vítimas fatais. Algumas delas sofreram intoxicação por gás e, para evitar mais situações dessa natureza, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Casa realizou audiências para colocar frente a frente a população e os dirigentes da Companhia Estadual de Gás. A Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso também resolveu se engajar na luta pela prevenção aos acidentes domésticos e, para isso, irá disponibilizar, no Disque Idoso, informações sobre os perigos de uma casa. Algumas dessas importantes dicas o leitor também encontra na matéria central desta edição. PÁGINAS 6, 7 e 8 2 Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 Consulta popular Frases “ O Vasco me ajudou em tudo o que conquistei. Minha vida é fruto do trabalho como atleta profissional e jogador de futebol. Na relação com os jogadores, dirigentes e torcedores, aprendi a ouvir e ser ouvido e a conviver com um grupo coeso ” Roberto Dinamite (PMDB), sobre os 110 anos de fundação do Clube de Regatas Vasco da Gama. “ Esse projeto vem ao encontro da nossa luta, justo agora na Semana Nacional do Excepcional, de 21 a 28 de agosto. Ele vai beneficiar uma grande parcela de pessoas portadoras de deficiência ” Sheila Gama (PDT), sobre a aprovação de projeto que estende a isenção de IPVA aos PPDs que jamais poderão conduzir os próprios veículos. Rafael Wallace Expediente l Gostaria de saber se existe alguma lei que proíba as empresas de telemarketing de ligarem para os consumidores freqüentemente. Nancy Fagundes, Anil, Jacarepaguá, Rio de Janeiro Deputado Marcelo Freixo (PSol) l Nancy, o debate sobre este tema entre alguns deputados desta Casa já acontece. Inclusive há um projeto de lei de minha autoria sobre esse assunto, que ainda está tramitando. Ele cria o cadastro Não importune!, para consumidores que não queiram receber esse tipo de ligação, que, muitas vezes, vai Alô, Alerj além de apenas oferecer um serviço e se transforma numa dor de cabeça. As empresas de telemarketing ou qualquer empresa que se utiliza desse serviço vão ter que consultar primeiro esta lista e não poderão ligar para usuários cadastrados, ou pagarão multa de R $ 10 mil por ligação efetuada. O estado do Rio não pode se omitir na defesa dos usuários face ao abuso que vem sendo praticado por parte das empresas de call center. Queremos muito que este projeto vire lei o mais breve possível. “Descobri uma forma de ser ouvida” ALERJ Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro Presidente Jorge Picciani 1ª Vice-presidente Coronel Jairo 2º Vice-presidente Gilberto Palmares 3º Vice-presidente Pedro Fernandes 4º Vice-presidente Gerson Bergher 1ª Secretária Graça Matos 2º Secretário Zito 3º Secretário Dica 4ª Secretário Fabio Silva 1a Suplente 2 o Suplente Armando José 3º Suplente Pedro Augusto Érika de Oliveira Barata, 42 anos, moradora de Guadalupe e professora de dança, obteve resposta mais rápida pelo Alô, Alerj 4º Suplente Edino Fonseca JORNAL DA ALERJ Publicação quinzenal da Diretoria Geral de Comunicação Social da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro Jornalista responsável Fernanda Pedrosa (MT-13511) “ Retorno ao Parlamento para aprender com meus amados companheiros. Vou para meu quarto mandato consecutivo, ainda que com uma pequena interrupção. Com a mesma humildade de sempre, conto com o apoio dos colegas para ajudarmos o povo mais sofrido do estado do Rio ” Renato de Jesus (PMDB), em seu primeiro discurso no plenário após retornar ao Poder Legislativo. “Em 2007 percebi a eficiência e a rapidez com que se podem resolver os problemas enfrentados pelo cidadão. Eu e minha família sofríamos com inconvenientes provocados pelo funcionamento ilegal de uma oficina de instalação de condicionadores de ar automotivos, bem ao lado da nossa casa. O som alto que eles emitiam com o barulho de equipamentos ruidosos e o cheiro de materiais tóxicos que vinha de lá não nos permitiam dormir. Era insuportável conviver com tudo aquilo. Minha mãe, que sofre de rinite alérgica, tinha ainda mais dificuldade. O funcionamento dessa oficina, que não tinha horário e nem dias especiais para folgar, feria a lei orgânica do município. Sabendo disto, fui cobrar os meus direitos de cidadã na subprefeitura da zona Norte, que mandou um fiscal para avaliar a situação. Porém foram três meses esperando uma resposta, até que descobri uma ótima maneira de ser ouvida. Quando recorri ao Alô, Alerj, graças à indicação de um amigo, a Comissão de Defesa do Meio Ambiente e a subprefeitura, setores encarregados de cuidar da minha reclamação, responderam prontamente.” Dúvidas, denúncias e reclamações: 0800 22 00 08 Coordenação: Beth Esteves e Everton Silvalima Reportagem: Fernanda Porto, Luciana Ferreira e Marcela Maciel Estagiários: Ana Beatriz Couto, Camila de Paula, Carla Boechat, Érica Ramalho, Karina Moura, Natalia Alves e Zô Guimarães Fotografia: Rafael Wallace Diagramação: Daniel Tiriba Telefones: (21) 2588-1404/1383 Fax: (21) 2588-1404 Rua Primeiro de Março s/nº sala 406 CEP-20010-090 – Rio de Janeiro/RJ Email: [email protected] www.alerj.rj.gov.br Impressão: Gráfica da Alerj Coordenação: Leandro Pinho Montagem: Bianca Marques e Rodrigo Graciosa Tiragem: 2 mil exemplares 3 Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 Homenagem O Banco do João e do futuro Fotos: Rafael Wallace Uma das instituições mais antigas do País, Banco do Brasil ganha medalha no bicentenário de sua fundação Q E verton S ilvalima uando chegou ao Brasil, há 200 anos, D. João VI resolveu instalar no País aquilo que os historiadores chamam de Quinto Império e, para isso, fez questão de dotar a nova pátria de instituições que ajudariam a fortalecer o seu reinado. Uma dessas instituições foi lembrada, no dia 27, no plenário da Assembléia Legislativa do Rio, com a entrega, pelo deputado Luiz Paulo (PSDB), da Medalha Tiradentes ao Banco do Brasil. O vice-presidente de Varejo e Distribuição do BB, Milton Luciano dos Santos, recebeu a honraria em nome do banco. “Sempre considerei a chegada de D. João VI um divisor de águas na história do Brasil. O BB foi uma das conquistas mais representativas desse monarca empreendedor e astuto”, discursou Luiz Paulo. O tucano falou da evolução do Banco do Brasil ao longo do bicentenário de sua existência, desde a transformação promovida pelo Visconde de Mauá, em 1851, à abertura da primeira agência em Nova Iorque, em 1960, e à consolidação como instituição financeira com maior presença na internet. “Não se pode dissociar a grandeza econômica do País sem nos lembrarmos da contribuição do BB ao longo dos anos”, afirmou o parlamentar do PSDB. O vice-presidente de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental do banco, Luiz Oswaldo Sant’iago Moreira de Souza, que trabalha na instituição desde 1972, também partilha da mesma opinião do deputado. “O Brasil como Estado começa a plantar suas raízes com a vinda da Família Real Portuguesa para o Rio, e o BB nasceu carioca”, lembrou Souza. Representando o governador Sérgio Cabral, o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, Christino Áureo, que entrou como aprendiz no Banco do Brasil aos 14 anos de idade, revelou que a passagem pela O vice-presidente de Varejo e Distribuição, Milton dos Santos (esq.), recebe das mãos do deputado Luiz Paulo a maior honraria concedida pelo Legislativo fluminense, em noite onde o plenário foi decorado com banners em comemoração aos 200 anos do BB instituição foi uma das etapas em que mais teve contato com valores importantes para toda a sua vida. “Aprendi a lidar com o amor, a vocação e o sentimento. É uma empresa cujo legado é o de possibilitar a todos um bem maior que é poder desfrutar do conhecimento, independentemente de sua origem, sua classe social. Soube que o banco acaba de admitir, por concurso, alguém que vivia nas ruas de Recife”, revelou. Áureo destacou ainda a parceria do BB com a secretaria que originou o projeto de crédito rural Moeda verde. “Foram R$ 17 milhões utilizados em 1999 e, em 2008, tenho a garantia de que ultrapassaremos os R$ 200 milhões”, informou o secretário. O vice-presidente de Varejo declarou que a homenagem ao Banco do Brasil “tem um simbolismo especial porque este estado é o nascedouro de nossa instituição”. Durante seu discurso na tribuna do plenário da Casa, Milton Luciano dos Santos elegeu os 20 milhões de correntistas do banco que ganham entre R$ 1 e R$ 415 como aqueles que “muito orgulham a instituição”. “O BB tem 35 milhões de clientes, mas nossas ações são direcionadas com muito carinho para os que ganham até um salário mínimo e, dentre esses, encontram-se sete milhões de aposentados”, anunciou. Santos citou o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Centro do Rio, como um dos símbolos de identidade do banco com a cidade e o estado. “Aqui nascemos e aqui temos que preservar nossa história”, finalizou. O superintendente estadual do BB, Paulo Roberto Meinerz, e o diretor de Finanças da instituição, William Bezerra Cavalcanti, também compuseram a mesa de cerimônia. Participaram ainda do evento o deputado Marcus Vinícius (PTB), o subsecretário de Estado da Casa Civil, Marco Antônio Horta, e o presidente da Brasilcap Capitalização, Márcio Lobão. 4 Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 cultura Um cenário dos sonhos Fotos: Rafael Wallace Jayme Monjardim (de colete) dirige atores da minissérie Maysa em um canto de corredor da sede da Alerj transformado em quarto de hospital Arquitetura do Palácio Tiradentes inspira produções para a TV, o cinema e a publicidade L Beth E steves e Natalia A lves uz, câmera, ação! O Palácio Tiradentes vai estar mais uma vez nas telas. Agora, na minissérie sobre a vida da cantora Maysa, de autoria de Manoel Carlos, que a TV Globo pretende pôr no ar em janeiro de 2009. O local é um dos preferidos de Jayme Monjardim, responsável pela direção da obra, que também gravou na sede da Alerj novelas e filmes. “Esta é uma locação que me dá sorte. O prédio é lindíssimo. Adoro seus elementos arquitetônicos, como a escadaria, colunas e pisos. A luz também é ótima”, revelou. No histórico e imponente palácio, Monjardim já contou várias histórias, como a da revolucionária Olga Prestes – um privilégio que não é apenas do homem por trás das idílicas cenas de Pantanal e Terra nostra, já que outros diretores também se encantaram com a arquitetura clássica e filmaram nos corredores, salas e escadarias históricos (ver box). Para aproveitar os raios de sol que entravam pela janela lateral e iluminavam o piso em mosaico, a gravação de Maysa se estendeu pela tarde do dia 16. Corredores, saguão e elevador viraram um verdadeiro set de filmagem, que serviu de base para uma equipe de 60 pessoas, dirigida por um orgulhoso Monjardim, filho único da cantora com o empresário André Matarazzo. Ao lado da Sala das Comissões, a produção fez milagre e, de um canto de corredor, improvisou um quarto de hospital. Sobre a cama, uma estreante, a atriz Larissa Maciel, gaúcha de 30 anos, escolhida entre 200 candidatas, vivia a personagem-título, que, naquele instante, era atendida após um acidente de carro, ao mesmo tempo em que recebia a visita dos pais e do marido. Maca, medicamentos, uma persiana, médicos e enfermeiras da ficção ocuparam o local e movimentaram uma tarde nada comum de sábado na sede do Parlamento. Mas o que faz do Palácio Tiradentes um objeto do desejo de cineastas e publicitários, que também já filmaram diversos comerciais de TV no local? O prédio de 1926 tem o ar imponente e majestoso de uma construção que foi feita para abrigar a Câmara dos Deputados enquanto o Rio ainda era a capital do Brasil. Antes disso, no local havia a Cadeia Pública, palco por onde passou um dos mais importantes personagens da história do País, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes – por conta disso, uma grande estátua do herói da Inconfidência Mineira ainda zela pelo local. Entre tantos detalhes, também chamaram a atenção dos diretores de arte e produtores de Maysa a mescla entre os estilos renascentista italiano, francês e neoclássico, presentes nos afrescos e esculturas, além dos vitrais dos irmãos Chambelland e de uma pintura de Eliseu Visconti (1866-1944) numa das paredes. Na Biblioteca Dona Maria Portugal Duque Costa da Alerj, mais detalhes que serviram para transformar o prédio em cenário dos sonhos de muitas produções: paredes cobertas com enormes estantes de madeira, esculpidas com grãos e folhas de café, uma referência ao período áureo do País; cristais que ornamentam algumas das portas, e, no teto, gesso trabalhado e grandes lustres pendentes. “Este é um dos lugares que tenho como ‘carta na manga’ para gravar uma próxima produção que vier a dirigir”, segredou Monjardim. Detalhista, o diretor também notou as belezas do Salão Nobre, com 5 Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 Cabeleireiros, maquiadores e enfermeiras fictícias preparam-se em camarim improvisado próximo à Sala das Comissões, no terceiro andar uma pintura de Timóteo da Costa no teto, as escadas interna e externa e o plenário circular, testemunha de 82 anos de história política. Tanto que, em Olga, o diretor aproveitou o alto da escadaria, na entrada do prédio, para rodar uma das cenas mais importantes do filme: a despedida de Luiz Carlos Prestes e sua esposa, a personagem-título. A conservação do prédio, onde a cada dia circulam até 300 visitantes, é mais um item à parte. O administrador do palácio, César Castro, destacou que a madeira, o mármore italiano, as pastilhas francesas e todos os outros materiais, de boa qualidade e a maioria importada, são mais fáceis de serem mantidos com produtos adequados, facilmente adquiridos no mercado. “Foi a partir da administração do atual governador Sérgio Cabral como presidente da Casa, e do deputado Jorge Picciani (PMDB), como secretáriogeral, que se intensificou a preocupação em manter a beleza do palácio. Nessa época foi feita uma restauração geral. Está provado que, quando uma pessoa encontra um local limpo e conservado, tende a mantê-lo assim, ou seja, respeita”, resumiu Castro. A conservação fez com que não só Monjardim percebesse as belezas do prédio. Wolf Maya rendeu-se à imponência do Salão Nobre da Casa e filmou, no local, o velório de Josefa, personagem de Marília Gabriela em Senhora do destino. Já a mi- nissérie JK, dirigida por Denis Carvalho, levou os espectadores para dentro do Plenário Barbosa Lima Sobrinho. Esses tempos, no entanto, parecem ter ficado para trás, pois deram lugar ao que há, hoje, de mais moderno tecnologicamente no mundo do audiovisual. As tomadas sobre a vida da cantora Maysa, a intérprete de sucessos com Ouça, Exaltação ao meu amor (Por toda minha vida), A noite de nós dois e a clássica Meu mundo caiu, foram captadas em alta definição (HDTV) pelo diretor de fotografia Afonso Beato. O esmero e o cuidado com as locações se explicam: a produção vai contar a história da dona de uma voz triste e melancólica, que embalou corações e mentes das décadas de 60 e 70, por cantar o gênero que ficou mais conhecido como “fossa” ou “dor-de-cotovelo”. Maysa morreu em janeiro de 77, no primeiro acidente automobilístico grave ocorrido na recém-inaugurada Ponte Rio-Niterói. Para Nelson Barkueville, ator que representa o pai da cantora na produção, ela foi um mito, teve grande importância para a música brasileira e influenciou tantas cantoras da atualidade. “A minissérie resgata esta mulher e a torna mais conhecida por outras gerações. Gravar neste palácio lindo tornou mais fácil para a equipe se ambientar com a época em que a história se passou”, resumiu o ator. Algumas gravações na Alerj 1999 - Novela Força de um desejo, de Gilberto Braga 2000 - Programa Muvuca, com Regina Casé 2001 - Minissérie Os Maias, de Maria Adelaide Amaral 2003 - Filme Olga, de Jayme Monjardim 2003 - Novela Celebridade, de Gilberto Braga 2004 - Filme Chatô, de Guilherme Fontes 2004 - Novela Senhora do destino, de Aguinaldo Silva 2004 - Minissérie Um só coração, de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira 2005 - Filme O coronel e o lobisomem, de Guel Arraes 2005 - Documentário O petróleo é nosso, de Uriel Pereira 2006 - M inissérie JK, de Maria Adelaide Amaral, Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro 2006 - Novela Páginas da vida, de Manoel Carlos 2008 - Documentário História do Legislativo no Brasil, produção da TV Cultura 6 Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 11 7 Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 capa Todo cuidado em casa é pouco Fotos: Rafael Wallace Deputados aprovam lei para alertar sobre os acidentes domésticos, que mataram 35 pessoas entre 2006 e 2007 D Carla Boechat, K arina Moura e Natalia A lves uas mil crianças de zero a nove anos sofreram algum tipo de acidente doméstico entre janeiro de 2006 e dezembro de 2007. Os dados são da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat), criada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Saúde. Preocupado em diminuir estes índices, o deputado Chiquinho da Mangueira (PMDB) elaborou a Lei 5.291/08, sancionada pelo governador Sérgio Cabral em julho, que institui a Campanha Estadual de Prevenção ao Acidente Doméstico. “O que se quer é promover o aumento da segurança no ambiente familiar por meio da divulgação dos principais causadores de acidentes domésticos em escolas, creches e unidades de saúde públicas e privadas”, disse o parlamentar. Segundo a coordenadora da Renaciat no Rio de Janeiro, Lília Ribeiro Guerra, que trabalha no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), em Niterói, das 1.517 crianças de um a quatro anos de idade acidentadas, três morreram por ingestão de gasolina ou querosene. “Desde que a criança começa a engatinhar não se pode mais descuidar”, alerta. Para o vice-presidente da Comissão de Saúde da Alerj, deputado Wilson Cabral (PSB), que é médico, a conscientização deve estar presente, sobretudo, dentro das escolas. A dona de casa Maria Cristina Botelho (esq.) vivenciou duas situações de acidentes domésticos: sofreu queimadura após derramar óleo quente no pé e seu filho Luigi, de quatro anos, cortou-se com uma faca. Já a pensionista Margarida Dantas (alto) escorregou na escada e quebrou o braço “As crianças costumam imitar os mais velhos e, por isso, elas precisam de bons exemplos não apenas em casa, mas também no colégio”, explica o parlamentar. Os pais de Juan Pablo Oliveira, de seis anos, levaram um susto quando, ao completar um ano e meio, o menino ingeriu álcool combustível que estava acondicionado em uma garrafa de refrigerante. “Tirei a garrafa com o combustível do porta-malas para lavar o carro e a deixei na varanda perto de onde Juan estava brincando. Em segundos, vi meu filho beber o combustível pensando que fosse refrigerante”, relatou o pai Pablo Oliveira, acrescentando que levou Juan ao hospital e que os exames não mostraram nenhuma conseqüência devido à pequena quantidade ingerida. Casos como o de Juan são comuns. Queda, intoxicação por vazamentos de gás, envenenamento por substâncias tóxicas, choque elétrico e queimadura também figuram entre os acidentes domésticos corriqueiros. Segundo dados da Renaciat, uma das poucas entidades que possuem índices sobre acidentes domésticos, 481 crianças abaixo de nove anos ingeriram produtos de limpeza ou combustíveis de janeiro de 2006 a dezembro de 2007. O principal causador de intoxicação infantil é o uso indevido de medicamentos: no mesmo período, 1.431 crianças foram vítimas desse tipo de acidente em casa. Maria Cristina Botelho, 41 anos, conta que, além de já ter se queimado com óleo quente, seu filho de quatro anos cortou-se brincando com uma faca. “Estava fritando salgadinhos no fogão industrial da casa de um amigo, quando pisei em falso, me apoiei na panela e derramei a gordura fervendo no meu pé. Precisei fazer raspagem na queimadura e fiquei um mês sem poder pisar. É necessário conscientizar a população sobre as conseqüências de um descuido”, relata a dona de casa, moradora da Pavuna, zona Norte do Rio. Em agosto de 2007, a morte das irmãs Kawai e Keilua, de 12 e cinco anos, respectivamente, por intoxicação com gás enquanto tomavam banho em seu apartamento, na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio, originou duas audiências públicas da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Casa. Para o presidente da comissão, deputado Alessandro Molon (PT), as reuniões foram positivas porque proporcionaram o encontro da família das vítimas com representantes da Companhia Estadual de Gás, a CEG. “Foi possível discutir o projeto de lei 762/07, de minha autoria, que propõe a vistoria anual dos equipamentos e instalações de gás pela concessionária. A regulamentação prevista no projeto cria uma inspeção preventiva que aponta, num acidente futuro, o responsável”, afirma o parlamentar. Ciente da gravidade deste problema, a CEG tem disponibilizado um número para emergências: 0800 240 197, que funciona 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana – a partir do momento em que a empresa é acionada, funcionários vão imediatamente ao local solucionar o problema. Além das crianças, os idosos e os jovens entre 20 e 29 anos, com, respectivamente, 112 e 394 casos, figuram na pesquisa da Renaciat. Com a sanção da lei do deputado Chiquinho da Mangueira, a Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso, presidida pelo deputado Mário Marques (PSDB), também vai entrar na luta para diminuir a incidência de acidentes domésticos no estado. “Vamos disponibilizar informações sobre os cuidados a serem tomados, principalmente por pessoas da terceira idade, através do Disque Idoso, que atende no número 0800 23 91 91, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h”, informa o tucano, comentando que o serviço também divulga especialidades de hospitais e postos de saúde e informa telefones de entidades médicas, vigilância sanitária e órgãos específicos de atendimento ao idoso. A pensionista Margarida Dantas, 79 anos, quebrou o braço ao escorregar na escada de casa. “Levantei de madrugada para entregar uma chave ao meu neto e caí. Na hora não me queixei, mas, pela manhã, vi que o braço estava fora do lugar. Precisei ficar três meses com ele engessado. É importante uma campanha como esta, principalmente para nós, idosos, pois somos mais frágeis”, comenta Margarida, que mora em Ipanema, zona Sul do Rio. “Passei a me prevenir mais e, por conta do acidente, não tenho mais tapetes em casa e, para ir ao banheiro ou à cozinha, contratei uma pessoa para me acompanhar”, acrescenta Dantas. Algumas dicas de segurança Guarde os produtos de limpeza e outros produtos tóxicos na dispensa Não deixe panelas ao fogo com o cabo virado para fora Nunca deixe crianças sozinhas perto de uma piscina Medicamentos devem ser guardados fora do alcance de crianças Nunca coloque detergentes, água sanitária, inseticidas ou pesticidas em garrafas de plástico Instale protetores adequados em todas as tomadas da casa Cuidado com líquidos quentes na cozinha As escadas devem ter um corrimão de apoio e o piso não deve ser escorregadio Sacolas, fios, almofadas e travesseiros podem causar asfixia Acenda o fósforo antes de abrir o gás Nunca deixe o ferro ligado, com o fio desenrolado e ao alcance das crianças Coloque grades ou redes de proteção em todas as janelas e varandas 8 Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 capa l Parlamentares acreditam que campanha diminuirá número de acidentes Fotos: Rafael Wallace “Nos últimos anos, presenciamos inúmeros acidentes com gás canalizado e essas ocorrências envolvem vazamentos, incêndios e, em alguns casos, até explosões. Muitos cidadãos fluminenses perderam suas vidas em alguns desses acidentes e isso deve ser discutido. Campanhas como essa servirão para alertar a população para os cuidados que se deve ter com a manutenção da casa.” “Os acidentes domésticos têm se tornado, ao longo dos anos, um grande problema de saúde pública. A incidência dos acidentes de um modo geral, e na infância em particular, tem sido objeto de muitos estudos em diversas partes do mundo. Portanto, vale ressaltar a importância de uma assistência de qualidade à população e de informar sobre os meios de prevenir acidentes em casa.” “O deputado Chiquinho da Mangueira está de parabéns pela iniciativa. Estamos adaptando a Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso, que presido, para informar, através do Disque Idoso, medidas de prevenção e de primeiros socorros em casos de acidentes domésticos. Esta campanha será mais um instrumento para mantermos a nossa terceira idade bem informada.” “Esta lei foi sancionada num momento muito oportuno. A maioria dos casos é registrada na faixa pediátrica e com idosos. Estes acidentes são muito freqüentes. Por isso, é importante que a campanha seja implantada em escolas e hospitais, para que os dados estejam ao alcance de todos. Orientar e prevenir deixa as pessoas mais atentas e diminui bastante a possibilidade de haver mais vítimas.” Deputado Alessandro Molon (PT) Deputado Chiquinho da Mangueira (PMDB) Deputado Mário Marques (PSDB) Deputado Wilson Cabral (PSB) Aprender como aplicar os primeiros socorros pode salvar vidas A campanha estadual para prevenção de acidentes domésticos deverá disponibilizar, ainda, instruções para primeiros socorros, o que, segundo a coordenadora da Renaciat, é fundamental para se evitar o pior, pois, de janeiro de 2006 a dezembro de 2007, dos 3.666 casos registrados nos 37 centros da rede espalhados pelo País, 35 foram fatais. Lília Guerra reforça a necessidade de uma campanha. “Gasta-se um dinheirão com a imunização contra sarampo, por exemplo, que não registra morte há anos e, enquanto isto, os acidentes domésticos fazem vítimas e não há informação sobre o assunto”, atenta. Para a diretora do Departamento Médico da Alerj, Mônica Antun Maia, é preciso redobrar a atenção dentro de casa, principalmente, com idosos e crianças. “O escorregão no banheiro ou em tapetes são os mais freqüentes na terceira idade. Já entre crianças, é comum a queimadura na cozinha, pois elas têm curiosidade em saber o conteúdo de panelas que estão em cima do fogão”, afirma a médica. A Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (Sesdec) disponibiliza em seu site (ver box) providências a serem tomadas nos casos de queimaduras em casa. Outras informações Renaciat 0800 722 6001 CEG 0800 240 197] Disque Idoso 0800 23 9191 Site da Coordenação Estadual de Queimaduras www.saude.rj.gov.br/queimaduras/ primeiros_socorros.shtml Site de prevenção a intoxicações www.fiocruz.br/sinitox 9 Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 direito do consumidor Sem lugar para preconceitos Daniel Tiriba Cidinha (dir.) inspirou-se na funcionária de seu gabinete Rosângela Costa, a Chiquita Lei obriga cinemas, teatros e casas de show a disponibilizar, pelo menos, dois assentos para obesos C A na Beatriz Couto inemas, teatros e demais casas de shows do estado terão que disponibilizar, pelo menos, dois assentos para obesos. A determinação consta da Lei 5.288/08, de autoria da deputada Cidinha Campos (PDT), que foi promulgada pelo governador Sérgio Cabral no mês passado. A aprovação da idéia pelo Executivo pôs fim a uma luta da parlamentar, que se inspirou em uma funcionária de seu próprio gabinete para redigir o texto do projeto votado na Alerj. “Muitos gordinhos deixam para entrar nos cinemas, por exemplo, depois que as luzes já estão apagadas. Eu vou muito ao cinema e vejo a dificuldade que essas pessoas têm. Existe um preconceito muito grande. O que eu quero com essa lei é entrar nesses locais e ver que todos estão sendo respeitados e, principalmente, estão cobrando seus direitos”, explica a parlamentar, que também é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor da Casa. “ Existe um preconceito muito grande. O que eu quero com essa lei é entrar nesses locais e ver que todos estão sendo respeitados e, principalmente, estão cobrando seus direitos ” Deputada Cidinha Campos (PDT) A deputada explica que a quantidade dos assentos varia de acordo com o tamanho das casas, pois os estabelecimentos que dispuserem de número superior a 200 lugares deverão disponibilizar 1% de seu total para os obesos, e os de número inferior precisam dispor de, no mínimo, duas cadeiras para essa parcela da população. “A lei oficializa o posicionamento de que a gordura não pode ser obstáculo para o conforto. Além disso, reforça o amplo acesso à cultura”, defende a pedetista, observada por Rosângela Carneiro Costa, “musa legislativa do projeto”. Chiquita, como a funcionária é conhecida, afirma que nunca passou nenhum constrangimento, mas que, mesmo assim, sente-se desconfortável ao ter que assistir a uma peça, filme ou a qualquer espetáculo no estado. “As cadeiras são muito pequenas e, por isso, a lei é muito boa. Não assumimos que deixamos de ir a algum lugar porque não há assentos específicos, mas é o que acontece. Não tem como a gente assistir a alguma apresentação de forma desconfortável”, discorre. Segundo o produtor e diretor dos teatros Grandes Atores, na Barra da Tijuca (zona Oeste do Rio), e Belas Artes, na Gávea (zona Sul do Rio), Fernando Gomes, de 43 anos, os estabelecimentos, inaugurados há 14 e 13 anos, respectivamente, já estão sendo adaptados à nova lei. Para ele, toda lei que visa a beneficiar uma minoria é sempre muito importante, pois, ainda de acordo com Gomes, o próprio público tem muito preconceito. “O que acontece é que os obesos não exigem seus lugares porque parece que têm vergonha. De qualquer forma, estamos sempre buscando o conforto para todo tipo de público. Estamos reformando os dois teatros e, assim sendo, aproveitaremos para nos adaptar também a esta lei”, afirmou o produtor, que está na direção dos teatros há dois anos. A deputada Cidinha Campos não é a única a pretender normatizar a venda de ingressos nos estabelecimentos culturais fluminenses. Existe outro projeto, aprovado na Casa em junho de 2008, que aguarda a sanção do governador Cabral. É o 1997A/04, de autoria do deputado Paulo Melo (PMDB), que torna obrigatória a numeração das cadeiras nas salas de cinema. “O projeto parte de uma premissa simples: o consumidor tem o direito de saber o que está comprando. Precisa saber se ficará bem ou mal posicionado e se vai poder, ou não, sentar com seus acompanhantes. E, de posse destas informações, deve ter o direito de escolher se quer ou não assistir a uma sessão ou esperar pela seguinte”, argumenta. 10 l curtas Globo e JB Um profissional que soube utilizar os meios de comunicação de forma rara, motivando através do esporte e solidificando a cidadania. Esta foi a definição que o deputado João Pedro (DEM) deu ao diretor da Central de Pesquisa de Audiência, Recursos Artísticos, Finanças e Controle da Rede Globo, Érico Magalhães, homenageado no dia 29 com a Medalha Tiradentes. No dia 22, foi a vez do diretor-geral do Jornal do Brasil, Marcos Prado Troyjo, receber, das mãos do deputado Átila Nunes (DEM), o título de Benemérito do Estado do Rio de Janeiro. Mãe coragem Mão determinada, batalhadora e guerreira, Cleyde Prado Maia, que, há cinco anos, perdeu a filha única Gabriela Prado Maia Ribeiro, vítima de bala perdida em uma troca de tiros na estação São Francisco Xavier do metrô, recebeu, no dia 29, a maior honraria concedida pelo Parlamento, a Medalha Tiradentes. “Em dois anos, ela recolheu mais de um milhão de assinaturas e entregou um projeto de iniciativa popular ao Congresso para alterar seis itens do Código Penal Brasileiro, diminuindo brechas que promovem a impunidade”, comentou o autor da homenagem, deputado Gilberto Palmares (PT). Bolívar A crítica à influência econômica e cultural dos Estados Unidos na América Latina deu o tom da solenidade em comemoração aos 225 anos de nascimento do estadista venezuelano Simón Bolívar, realizada no dia 28, sob o comando do deputado Paulo Ramos (PDT). Em seu discurso, o pedetista desaprovou a política imperialista norte-americana e louvou a atitude de líderes nacionalistas da Venezuela e do Equador. “Precisamos manter o ideal defendido por Bolívar, de libertação e de afirmação da soberania latinoamericana. Só assim alcançaremos o sonho bolivariano de independência real”, defendeu. Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 saúde Médicos sem faltas Subsecretário não soube informar quais foram os equipamentos hospitalares comprados em 2007 A Carla Boechat profissionais no estado. “Retirar esta responsabilidade do estado ajudaria a melhorar a situação das faltas. Os médicos receberiam melhores salários, o que os estimularia e, se faltassem um dia de trabalho, seriam penalizados, o que não tem acontecido atualmente”, explicou o parlamentar. De acordo com Júlio Moreira Noronha, representante do Sindicato dos Médicos, 16 integrantes da classe já pediram demissão no Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Bonsucesso, zona Norte do Rio, e existe o risco de haver uma demissão em massa até o fim desta semana. O motivo para o abandono seria a falta de segurança nos arredores do hospital, o que teria provocado, no último dia 7, a morte de um funcionário, atingido após um tiroteio na frente do HGV. Para Nunes, esta informação apenas confirma a idéia de que a questão da violência e da criminalidade também é um dos graves problemas que afligem os médicos. O subsecretário estadual de Atenção à Saúde, Manoel Roberto Santos, acrescentou que o HGV e o Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, zona Oeste do Rio, são as unidades que apresentam os quadros mais escassos de profissionais. Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa do Rio solicitou à Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil, durante audiência pública realizada no dia 19, uma relação dos hospitais e das datas em que essas unidades hospitalares irão receber os novos equipamentos que serão usados para melhorar o atendimento à população. O encontro foi realizado para discutir um dos principais problemas que afetam o setor da Saúde no estado: a falta de médicos nos hospitais públicos. “Além das precárias condições de trabalho, os salários baixos e o fato de muitos hospitais se localizarem em áreas de risco desestimulam aqueles que estudam durante quase dez anos para se graduar e se especializar”, expôs o vice-presidente da comissão, deputado Wilson Cabral (PSB), que sugeriu a convocação da reunião. A solicitação da relação foi feita pela comissão após o subsecretário estadual de GesRafael Wallace tão do Trabalho, Miguel Gonçalves, informar que a secretaria comprou, em 2007, equipamentos novos com a finalidade de substituir os antigos, que, segundo ele, “atrapalham o bom atendimento nos hospitais”. Gonçalves afirmou, Representantes dos médicos reúnem-se com deputados da comissão no entanto, que No final, o deputado Átila Nunes precisaria fazer um levantamento para comentou que irá realizar uma nova informar que equipamentos seriam esses e quanto eles teriam custado. audiência, em data a ser confirmada, Para o presidente da comissão, depupara continuar debatendo o tema. O tado Átila Nunes (DEM), terceirizar a deputado Nelson Gonçalves (PMDB), mão-de-obra dos médicos seria uma membro efetivo da Comissão de Saúsolução para melhorar o quadro desses de, também participou do encontro. 11 5 Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 educação Temas inéditos em discussão Érica Ramalho Em audiência realizada para discutir a situação dos grêmios estudantis, Comte (centro) apresentou relatório de prestação de contas da comissão (detalhe) Animadores culturais e estudantes solicitaram encontros com deputados para avaliar decisões do Governo A Natalia A lves Comissão de Educação da Alerj iniciou o segundo semestre de 2008 com o lançamento de um relatório de prestação de contas das atividades desenvolvidas durante todo o ano de 2007 e com o debate de dois temas ainda não discutidos nesta Legislatura: os problemas enfrentados pelos animadores culturais que prestam serviço para a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) e a implantação dos grêmios estudantis. “Esse relatório demonstra que a comissão funciona e que a Casa está presente no debate do tema da Educação em todo o estado do Rio. Essa é uma forma de materializarmos nossas ações e seus resultados e de compartilharmos com todo o conjunto de deputados e com a sociedade”, informou o presidente da comissão, deputado Comte Bittecourt (PPS), acrescentando que as audiências realizadas em agosto foram propostas pelas próprias entidades que representam as categorias envolvidas. Sobre os novos temas debatidos pela comissão o parlamentar explicou que as audiências foram realizadas para atender as demandas dos animadores e dos estudantes. “Estes eram dois temas que já estavam em nossa pauta, mas que ainda não tínhamos discutido. Tenho certeza que, em ambas as reuniões, tivemos um debate enriquecedor. No caso dos animadores culturais, a própria secretária de Estado de Educação, Tereza Porto, já encaminhou uma resposta sobre o pleito dos servidores. Em relação aos grêmios estudantis, vamos atender a sugestão dos estudantes e editaremos uma cartilha sobre a implantação dos grêmios”, afirmou Bittencourt. Ele frisou que o deputado Marcelo Freixo (PSol) lembrou que a Casa já fez uma cartilha sobre o tema nos anos 90. “Vamos atualizá-la e produzi-la em breve. Também continuaremos lutando pela eleição direta para dirigentes escolares”, afirmou Bittencourt. Durante a reunião com os animadores culturais no dia 20, os representantes da classe expuseram suas dificuldades que, segundo eles, existem desde a criação da função, através da Lei 2.162/93, pelo então governador Leonel Brizola. De acordo com a categoria, quando a atividade foi regulamentada no estado, havia um quadro de 1.500 profissionais. A má gestão-pública, os baixos salários e a ausência de capacitação foram apontados como os principais fatores que reduziram esse número para 500 animadores. “Existe uma grande dificuldade em se conseguirem licenças médicas e aposentadorias, os salários estão congelados há uma década e meia, além de haver uma ausência total de capacitação e renovação dos trabalhadores. Não agüentamos mais esperar por uma solução que nunca vem. Precisamos de uma regulamentação da nossa profissão”, reivindicou o animador cultural Ricardo Fonseca. Já na reunião do dia 27, as representações estudantis reivindicaram a edição de uma cartilha sobre a implantação e as atribuições dos grêmios estudantis, a criação de mecanismos para garantir a livre circulação das entidades estudantis nas escolas e a eleição direta para dirigentes das unidades escolares. “A legislação não só resguarda o direito à instituição de grêmios estudantis livres, como também a presença das entidades estudantis nas escolas. Na prática, contamos com a boa vontade de algumas diretoras para isso. Em alguns casos temos que chamar a Polícia para garantir nosso direito. É fundamental que as diretoras sejam eleitas pela comunidade estudantil para acabar com esse problema”, defendeu o secretário-geral da Associação Municipal de Estudantes Secundaristas (Ames-RJ), William Rodrigues. A vice-presidente da comissão, deputada Sheila Gama (PDT), que solicitou a realização da audiência, ressaltou que a instituição de grêmios estudantis nas unidades escolares contribui não só para a melhoria na qualidade de vida, mas também para o desenvolvimento político dos jovens. “Estou muito orgulhosa, enquanto educadora, de ver a qualidade do debate travado pelas representações estudantis”, declarou a parlamentar, que lembrou que tramita na Alerj projeto de lei 3.130/06, de autoria do deputado Marco Figueiredo (PSC), que institui uma campanha de incentivo aos grêmios estudantis. 12 Rio de Janeiro, de 16 a 31 de agosto de 2008 l ENTREVISTA Gerson Bergher (psdb) ‘Está faltando tolerância, solidariedade e amor entre os homens’ P Camila de Rafael Wallace Paula restes a completar 82 anos, o deputado Gerson Bergher (PSDB) iniciou sua vida pública em 1960. Ainda adolescente já mostrava vocação política ao participar de grêmios esportivos e liderar iniciativas em seu bairro. Quando optou pela medicina, o então psiquiatra conviveu de perto com as dificuldades das comunidades carentes, o que fez com que entrasse para a vida pública. Desde então, tem abraçado propostas populares e centralizado seus mandatos (já foi eleito três vezes vereador do Rio e duas vezes deputado estadual) no combate às discriminações sociais e religiosas. Sua trajetória é lembrada não só por lutar contra o anti-semitismo, mas também pelo trabalho desenvolvido junto aos mais pobres do estado. “Minha vida sempre foi pautada pela luta contra a discriminação e o xenofobia, pela igualdade de direitos. Chegamos e saímos deste mundo no mesmo trem”, sentencia o tucano. Mesmo antes de optar pela Política, o senhor sempre foi engajado. As iniciativas comunitárias ajudaram-no na vida pública? Sim, claro. Desde a adolescência participei de fundações e agremiações esportivas, mas acabei optando pela carreira de médico. Fui designado para trabalhar no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande. Acho que aí começou minha luta contra as desigualdades. O prefeito da época nomeou médicos interinos sem concurso. Revoltado com aquele “apadrinhamento”, que não beneficiava os melhores, entrei com um mandado de segurança solicitando o concurso. Ganhei a causa e, então, fui aprovado em segundo lugar. Decidi trabalhar no hospital e, vendo as dificuldades da população local, abri um consultório para atender pessoas carentes. Após algum tempo fui transferido para o Hospital São Sebastião, no Caju, onde ficavam os tuberculosos. Foi a punição que recebi por ter desafiado a prefeitura. Mas racismo no Brasil? Entendo que o racismo no Brasil ainda existe, sim, Esse início na Política, cermas de forma velada. O tamente, teve influência que só posso lamentar, pois em toda a sua trajetória. existe apenas uma raça: Sem dúvida. Minha vida a raça humana. Viemos sempre foi pautada na luta a este mundo cada um pela igualdade de direitos. A com sua missão, mas sodesigualdade social sempre mos todos absolutamente me incomodou e ainda me iguais, filhos de um único incomoda. Naquele início, Deus. Repilo qualquer tipo fui convidado por lideranças de preconceito, de xenofojudaicas para ser bia e de racismo. o presidente da Qs valores têm Chegamos a este Organização Sio- se deteriorado e mundo no mesmo nista do Rio, pois vêm mudando, trem e partimos havia um movi- principalmente todos também no mento muito ativo. de acordo com mesmo vagão. Até então, eu não a ganância da pensava em políÉ verdade que o humanidade tica. No entanto, senhor pretende fui convidado pelo criar um memofundador e primeiro ministro rial às vítimas do holode Israel, David Ben Gurion, causto no Rio? para visitar o país. Foi GuO memorial é de fundarion quem me incentivou a mental importância para a ser político, quando, então, vocação turística da cidade dei prosseguimento à minha do Rio. Todas as grandes luta pela igualdade social cidades do mundo têm um e contra qualquer tipo de monumento ou um memorial discriminação. às vítimas do holocausto. Deve-se lembrar desse epiComo o senhor enxerga o sódio para que ele jamais aquele trabalho foi uma escola para mim. “ ” seja repetido. Minha mulher, a vereadora Teresa Bergher, já apresentou um projeto que foi aprovado na Câmara Municipal e agora é lei. Com isso, o Aterro do Flamengo terá um memorial em homenagem a essas vítimas. O que mudou de 60, quando o senhor começou na Política, até hoje? A vida é dinâmica e o mundo está constantemente em mudança. Infelizmente os valores têm se deteriorado e vêm mudando, principalmente de acordo com a ganância da humanidade. Está faltando tolerância, solidariedade e amor entre os seres humanos. Qual a mensagem que o senhor deixaria para o jovem político? Que ele coloque a ética, a dignidade e a honestidade acima de qualquer outro valor e tenha muita coragem em enfrentar as inúmeras dificuldades e tentações que vão surgir na vida pública. Não desanime nunca.
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