O LIVRO ELETRÔNICO NA PRÁTICA CIENTÍFICA

Transcrição

O LIVRO ELETRÔNICO NA PRÁTICA CIENTÍFICA
VIII ENANCIB – Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação
28 a 31 de outubro de 2007 • Salvador • Bahia • Brasil
GT 7 – Produção e Comunicação da Informação em CT&I
Pôster
O LIVRO ELETRÔNICO NA PRÁTICA CIENTÍFICA:
estratégia metodológica
E-BOOK & SCIENTIFIC PRACTICE: METHODOLOGICAL STRATEGY
Juliana Velasco (PPGCI/UFBA, [email protected])
Nanci Oddone (PPGCI/UFBA, [email protected])
Resumo: A informação digital constitui uma realidade como meio de registro e disseminação do conhecimento.
Nesse contexto, diferentes suportes e produtos estão sendo criados para facilitar o acesso, a transferência e a
circulação do saber. O artefato do conhecimento que se discute neste estudo é o livro eletrônico escrito e
publicado como obra completa em suporte digital. Planeja-se averiguar as alterações que o uso dos livros
eletrônicos vem impondo ao comportamento informacional dos pesquisadores que integram o corpo permanente
dos programas de pós-graduação do país, credenciados pela CAPES. O estudo avalia o impacto desse objeto no
ambiente e nas rotinas do trabalho científico. A metodologia empregada neste estudo é o survey e o instrumento
de coleta de dados escolhido é o questionário. O presente texto aborda a atividade exploratória que antecedeu a
definição da população, da amostra e dos critérios para o desenvolvimento da pesquisa. Concluiu-se que para
esta análise a população deve ser imparcialmente equilibrada, incluindo todas as variáveis que caracterizam o
universo: conceito da CAPES, programa novo ou consolidado, região, mestrado ou doutorado, programas
grandes ou pequenos e todas as áreas do conhecimento.
Palavras-chave: Livro eletrônico. Comportamento informacional. Amostra censitária. Pesquisadores brasileiros.
Abstract: The digital information constitutes a reality as a means of registration and dissemination of knowledge. In this context, different supports and products are being created to facilitate access, transfer and circulation of knowledge. The artifact that is discussed here is the electronic book published as a complete work in digital support. This study plans to discover the changes that the use of the electronic books is imposing to the informational behavior that of the researchers the permanent faculty of programs Brazilian graduate, accredited
by CAPES. The study evaluates the impact of e-book in the academic environment and in the routines of the scientific work. The methodology used in this study is the survey and the instrument of data collection is the questionnaire. The present text approaches the exploratory activity that preceded the definition of the population, the
sample and the criteria for the development of the research. Results showed that for this analysis the population
should be balanced, including all the variables that characterize the universe: CAPES, level of the programs,
their stage, size, region and area of knowledge.
Keywords: Electronic book. Information behavior. Census. Brazilian researchers.
1 Introdução
A informação digital constitui uma realidade como meio de registro e disseminação do
conhecimento. Nesse contexto, diferentes suportes e produtos estão sendo criados para
facilitar o acesso, a transferência e a circulação do saber. Parece complicado orientar-se num
momento como este, em que as tecnologias eletrônicas ameaçam substituir os antigos padrões
do trabalho científico. Mas as dificuldades de adaptação ao novo são históricas. Invenções
como o telefone, a ferrovia e a imprensa de Gutenberg são exemplos de inovações que
incomodaram, alteraram comportamentos informacionais e, no final, se tornaram
indispensáveis ao desenvolvimento da cultura e da ciência.
Já é mais do que patente que os hábitos informacionais das comunidades acadêmicas
continuam sendo alterados pelo uso do computador que, conectado à internet, introduz
possibilidades ilimitadas. Lev Manovich (2001) afirma que o computador é um processador
de mídias que atua como mediador da nova revolução. O surgimento da mídia impressa no
século XV e a fotografia no século XIX, segundo ele, tiveram um impacto idêntico. Mas este
autor avalia que os equipamentos eletrônicos atuais oferecem uma revolução provavelmente
mais profunda do que as primeiras. A internet, por exemplo, rompe barreiras geográficas,
abrigando novos produtos e serviços: as bibliotecas virtuais e o livro eletrônico.
O tipo de registro do conhecimento que se discute neste estudo é o livro eletrônico
escrito e publicado como obra completa sobre suporte digital. Esta pesquisa pretende analisar
e discutir o livro eletrônico no meio acadêmico, avaliando seu impacto no ambiente e nas
rotinas de trabalho dos docentes/pesquisadores que integram o corpo permanente dos
programas de pós-graduação reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES). Tal tema foi escolhido após verificar que não há muitas
pesquisas sobre o assunto na literatura da área, embora essa literatura apresente um número
crescente de estudos sobre mudanças no comportamento informacional provocadas pelas
tecnologias eletrônicas (GOMES, 1999; GUEDES, 2002; VERGUEIRO; CARVALHO,
2003; CUENCA; TANACA, 2005; MARTÍNEZ-SILVEIRA, 2005; OLIVEIRA, 2005; REIS,
2005).
2 O livro eletrônico na sociedade contemporânea
Gama Ramírez ressalta que as coleções digitais transformaram os serviços
bibliotecários tradicionais. O livro eletrônico, segundo ele, faz parte desse novo cenário e
possui um custo muito menor que o impresso. Assim,
“[...] os bibliotecários e outros profissionais da informação devem redobrar
esforços para conhecer melhor, refletir e avaliar as ferramentas disponíveis
no mercado da indústria da informação como forma de aperfeiçoar a
administração, o controle e o uso dos chamados livros eletrônicos” (GAMA
RAMÍREZ, 2006, p. 64).
Tal observação complementa o que afirma Lévy sobre o surgimento de novas
maneiras de pensar e de conviver: “escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem
estão sendo capturados por uma informática cada vez mais avançada” (LÉVY, 1993, p. 4). É
impossível não refletir sobre essas mudanças que abrem a possibilidade de possuir uma vasta
biblioteca pessoal, constituída por livros necessários ao estudo e à profissão ou de ter acesso a
longas estantes de bibliotecas virtuais tão extensas quanto a Biblioteca de Alexandria.
Inicialmente, porém, é preciso conceituar melhor esse objeto. O livro em formato
eletrônico é aquele que, sob a forma de um arquivo digital, pode ser baixado via internet para
o computador por meio de download. Alguns autores também atribuem essa denominação ao
aparelho que permite a leitura deste arquivo longe do computador, um e-reader (leitor de
livros eletrônicos). Ramírez traz uma definição de livro eletrônico como um complemento das
obras impressas resguardadas no sistema bibliotecário:
“[...] O livro eletrônico se refere a uma publicação digital não periódica, quer
dizer, que se completa em um único volume ou em um número
predeterminado de volumes e que pode conter textos, gráficos, imagens
estáticas e em movimento, assim como sons. Também se nota que é uma
obra expressa em várias mídias (multimídia: textos, sons e imagens)
armazenadas em um sistema de computação. Em suma, o livro eletrônico se
explica como uma coleção estruturada de bits que pode ser transportada e
visualizada em diferentes dispositivos de computação” (GAMA RAMÍREZ,
2006, p. 12).
O livro eletrônico oferece vantagens aos usuários que podem ter acesso às novas
formas de transmissão da escrita, sobretudo em relação a recursos multimídia cujo uso seria
impossível no meio impresso. A esse respeito, o historiador Roger Chartier afirma:
“O texto eletrônico pode dar realidade aos sonhos, sempre inacabados, de
totalização do saber que o precedeu. Tal como a biblioteca de Alexandria,
ele promete a universal disponibilidade de todos os textos escritos, de todos
os livros publicados. Como a prática de lugares comuns à Renascença, ele
chama a colaboração do leitor que pode, a partir de agora, escrever no
próprio livro, portanto, na biblioteca sem muro da escrita eletrônica”
(CHARTIER, 2004, p. 3).
Entretanto, a literatura mostra que há questionamentos sobre a ameaça que o livro
eletrônico representa ao codex impresso. Roger Chartier descarta essa hipótese. Ele defende
“a coexistência entre as duas formas do livro e os três modos de inscrição e de comunicação
de textos: o manuscrito, o impresso e o eletrônico” (CHARTIER, 2004, p. 5). Como se
depreende, portanto, o processo de ruptura/continuidade que envolve o futuro do livro não se
esgota na sua portabilidade ou na forma de sua produção e organização.
3 Estratégia metodológica
Para delinear os objetivos da pesquisa buscou-se descobrir na literatura relatos sobre as
necessidades informacionais manifestadas por docentes/pesquisadores. Verificou-se que esta
população anseia manter-se atualizada em relação ao desenvolvimento das publicações
científicas e das tecnologias que as operacionalizam, embora existam dificuldades que
acabam por impedi-los de atingir seus objetivos acadêmicos. Interessa saber, neste caso, se os
sujeitos pesquisados são bem sucedidos em suas tentativas de acesso à informação científica;
se utilizam as tecnologias eletrônicas para se manterem atualizados; se conhecem e fazem uso
do livro eletrônico e, ainda, se este artefato auxilia ou dificulta os pesquisadores a se
manterem informados. Sobre esse aspecto específico, espera-se analisar os hábitos de uso do
livro eletrônico. Para atingir essas metas, foram estipulados os seguintes objetivos
específicos:
1. Levantar o universo de doutores/pesquisadores que integram o corpo docente
permanente dos programas de pós-graduação do país, credenciados pela CAPES;
2. Identificar os hábitos informacionais desses pesquisadores quanto às tarefas
relacionadas à pesquisa acadêmica;
3. Avaliar o uso do livro eletrônico escrito e publicado em formato de obra completa
em suporte digital nas atividades acadêmicas;
4. Definir hábitos de pesquisa relativos à aquisição de material bibliográfico.
A metodologia a ser empregada é o survey e o instrumento de coleta de dados a ser
adotado é o questionário. Construído como um formulário de quarenta questões relacionadas
aos livros eletrônicos e aos hábitos dos usuários, o questionário deverá ser preenchido e
devolvido por meio eletrônico, sem necessidade de fazer download do arquivo para o
computador. Uma carta com todas as informações sobre a pesquisa, inclusive o link com o
endereço onde o questionário estará hospedado, será enviada por correio eletrônico aos
sujeitos da pesquisa. Planeja-se verificar as alterações que os livros eletrônicos vem impondo
ao ciclo da comunicação científica e ao comportamento informacional dos
docentes/pesquisadores brasileiros (BABBIE, 2005).
Neste contexto, o que se pretende discutir no presente artigo é a atividade exploratória
que antecedeu a definição da população a ser estudada e que ajudou a desenhar a estratégia
metodológica que definiu a amostra, os critérios e as variáveis escolhidas para o
desenvolvimento da pesquisa. Ao cabo do exercício de exploração aqui relatado optou-se por
levantar o universo de doutores/pesquisadores que integram o corpo docente permanente dos
programas de pós-graduação credenciados pela CAPES. A preferência pelo exame de uma
população exclusivamente acadêmica decorreu de dois fatores principais: o primeiro é a
crescente disponibilização de fontes de informação científica em meio eletrônico, em todas as
áreas do conhecimento. O segundo é a facilidade que os docentes encontram de publicar
livros no cenário da cultura digital, já que o ambiente acadêmico oferece indicadores de
qualidade que são facilmente apropriados pela indústria editorial, tornando menores os custos
relacionados à avaliação das obras e à edição (VILLAÇA, 2002; EARP; KORNIS, 2005).
Quanto à sua caracterização, os sujeitos investigados possuem titulação de doutor ou
pós-doutor, são responsáveis por ministrar disciplinas e estão qualificados como orientadores
em cursos e programas de mestrado e doutorado, conduzem projetos de pesquisa e publicam
resultados em veículos científicos qualificados. A alternativa de não considerar professores
colaboradores ou visitantes deriva do fato de que em geral nessas duas categorias encontramse docentes classificados como permanentes em outros programas, o que acabaria resultando
em duplicidade de dados.
4 Procedimentos, resultados e discussão
Nesta seção descrevem-se as etapas da pesquisa exploratória realizada para definir a
população e a amostra do estudo. O projeto inicial previa desenvolver a pesquisa apenas no
âmbito da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Esperava-se fazer um estudo de caso como
os já existentes na literatura da área (MAIA, 2005; REIS, 2005). Nesta intenção protocolou-se
um ofício junto à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPPG) da UFBA solicitando
a relação de nomes e endereços de correio eletrônico dos docentes/pesquisadores permanentes
dos programas de pós-graduação da instituição, em todas as áreas do conhecimento. Só após
muitas tentativas, contudo, obteve-se uma listagem desses docentes e a despeito do que se
esperava era uma lista única de nomes, sem qualquer ordem aparente e sem menção aos
endereços eletrônicos. Aqui surgiu o primeiro obstáculo, ao concluir que o levantamento teria
que ser processado manualmente. Passou-se a analisar então qual seria o procedimento mais
fácil e metodologicamente correto para a organização e o recorte de uma listagem daquela
natureza, identificando docentes lotados nos programas de pós-graduação da UFBA.
Havia uma alternativa já utilizada na literatura: a base do Currículo Lattes. A
dificuldade cogitada em relação a usar os dados do Lattes decorria do tempo que se levaria
para extraí-los. Esse raciocínio fez emergir um fator que começou a mostrar-se preocupante: a
quantidade de sujeitos. A população da UFBA pode ser observada na Tabela 1.
Tabela 1. Professores Doutores da UFBA
Ano
Doutores (DE)
% DO TOTAL DE DOCENTES
1999
491 (???)
29,0
2000
552 (458)
32,8
2001
585 (484)
35,0
2002
700 (584)
41,3
2003
753 (627)
44,8
2004
845 (712)
50,0
2005
900 (765)
53,0
2006
952 (793)
55,7
Fonte: Superintendência de Pessoal (SPE) – Sistema Integrado de Pessoal (SIP) julho 2007, apud CONCEIÇÃO, 2007.
Após essa constatação pensou-se na possibilidade de reduzir a amostra, porém isso
traria outras dificuldades metodológicas. Assim, refletiu-se sobre recortar um segmento de
população que reunisse somente alguns dos programas de pós-graduação da UFBA, de acordo
com critérios pré-estabelecidos. Naquele momento vários fatores se mostraram importantes e
possibilitaram análises interessantes. Por exemplo, quais seriam os melhores indicadores para
escolher a população e a amostra? Os critérios poderiam ser os quesitos de avaliação da
CAPES que determinam a qualidade dos cursos e programas brasileiros. Em vista da situação,
buscou-se verificar os indicadores de avaliação dos docentes e dos programas, especialmente
aqueles que receberam notas seis e sete.
Quanto ao corpo docente, a CAPES analisa a formação, incluindo titulação, origem de
formação, aprimoramento e experiência, além das atividades de ensino, pesquisa e orientação.
Do ponto de vista da produção intelectual, a agência avalia o número de publicações
qualificadas por docente permanente. No que concerne aos critérios para avaliação dos
Programas com conceitos 6 e 7, a CAPES avalia diferenciais de qualificação e liderança em
nível internacional, consolidação e liderança nacional e inserção do Programa na sociedade.
Com base nesses diferentes critérios, confirmou-se a idéia inicial de que quanto maior a nota
do Programa, melhores condições os atores teriam para responder às questões colocadas por
este estudo e mais facilmente seus objetivos seriam alcançados. As tabelas apresentadas a
seguir ilustram essas reflexões (Tabelas 2 e 3).
Tabela 2. Programas Brasileiros com Conceito 7
Conceito: 7
Programas e Cursos
de pós-graduação
REGIÃO
Centro-Oeste
Nordeste
Norte
Totais de Cursos de pós-graduação
Total
M
D
F
M/D
Total
M
D
F
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
0
2
2
0
1
1
0
1
1
0
0
0
0
Sudeste
Sul
BRASIL
56
4
62
0
0
0
0
0
0
0
0
0
56
4
62
112
8
124
M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional.
A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES.
56
4
62
56
4
62
0
0
0
Tabela 3. Programas Brasileiros com Conceito 6
REGIÃO
Centro-Oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
Sul
BRASIL
Conceito: 6
Programas e Cursos
de pós-graduação
Total M
D
F
M/D
3
0
0
0
3
7
0
0
0
7
1
0
0
0
1
111
0
3
0
108
23
0
0
0
23
145
0
3
0
142
Totais de Cursos de pós-graduação
Total
6
14
2
219
46
287
M
3
7
1
108
23
142
D
3
7
1
111
23
145
F
0
0
0
0
0
0
M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional.
A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES.
Seguindo esta argumentação, procedeu-se à identificação dos Programas da UFBA que
detinham conceitos 6 e 7. Dos sete programas de pós-graduação da região Nordeste que
possuem conceito 6 na CAPES, apenas dois pertencem à UFBA, como mostra a Tabela 4. Os
dados apresentados na Tabela 6, por sua vez, evidenciaram que a UFBA não abriga nenhum
curso com nota 7. Contatou-se, portanto, que os dois cursos da instituição que possuem
conceito 6 (Tabela 5) não poderiam ser considerados representativos para uma pesquisa como
a que desejava desenvolver: a amostra resultaria muito pequena e pouco significativa,
reduzida a duas áreas do conhecimento. Refletiu-se então na possibilidade de ampliar o
recorte, definindo a amostra da população segundo dois critérios concomitantes: o conceito do
Programa na CAPES e a região geográfica. Pensava-se em investigar os Programas com
conceito 6 e 7 localizados no Nordeste.
Tabela 4. Programas Nordestinos com Conceito 6
CONCEITO: 6
REGIÃO: Nordeste
Programas e Cursos
Totais de Cursos de
de pós-graduação
pós-graduação
UF
IES
Total M
D F M/D Total M
D
F
BA Universidade Federal da Bahia – UFBA
2
0
0
0
2
4
2
2
0
CE Universidade Federal do Ceará – UFC
2
0
0
0
2
4
2
2
0
Universidade Federal de
PB
1
0
0
0
1
2
1
1
0
Campina Grande – UFCG
Universidade Federal
PE
2
0
0
0
2
4
2
2
0
de Pernambuco – UFPE
Nordeste
7
0
0
0
7
14
7
7
0
M - Mestrado Acadêmico, D- Doutorado, F - Mestrado Profissional.
A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES.
Tabela 5. Programas da UFBA com Conceito 6
Conceito: 6
REGIÃO: Nordeste
UFBA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA / BA
PROGRAMA
Artes Cênicas
Saúde Coletiva
ÁREA (ÁREA DE AVALIAÇÃO)
Artes (artes / música)
Saúde Coletiva (saúde coletiva)
CONCEITO
M
D
F
6
6
6
6
-
M - Mestrado Acadêmico, D- Doutorado, F - Mestrado Profissional.
A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES.
7
Tabela 6. Programas Nordestinos com Conceito 7
CONCEITO: 7
REGIÃO: Nordeste
UF
Programas e Cursos
de pós-graduação
IES
Total M
PE
Universidade Federal
de Pernambuco – UFPE
Nordeste
D
F
Totais de Cursos de
pós-graduação
M/D Total M
D
F
1
0
0
0
1
2
1
1
0
1
0
0
0
1
2
1
1
0
M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional.
A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES.
As Tabelas 4 e 6 sugerem, ainda mais uma vez, que esse novo duplo critério
apresentava desvantagens: a) a pesquisa iria reduzir-se a oito programas de pós-graduação da
região Nordeste, sendo apenas um com nota 7; b) considerando as disciplinas nas quais os
oito programas pesquisam e produzem – Física (2), Psicologia Cognitiva, Engenharia Elétrica,
Farmacologia, Química, Saúde Coletiva e Artes Cênicas – a experiência cognitiva dos atores, o
vocabulário e o ambiente de trabalho seriam bem distintos, o que eventualmente poderia levar
a inferências incorretas no momento de interpretar e comparar os dados; c) a taxa de retorno
poderia ser baixíssima, invalidando a investigação. Logo, realizar a pesquisa apenas com os
programas da região Nordeste já não parecia factível ou, por outro lado, parecia indicar um
recorte restritivo: e por que só a região Nordeste?
“[...] A taxa geral de resposta é um guia da representatividade dos
respondentes na amostra. [...] Uma taxa de resposta de pelo menos 50% é
geralmente considerada adequada para análise e relatório. Uma taxa de
resposta de pelo menos 60% é considerada boa, e uma taxa de 70% ou mais
é muito boa. Mas estas são regras rudimentares e sem base estatística, e uma
falta de viés de resposta demonstrada é muito mais importante do que uma
alta taxa de resposta” (BABBIE, 2005, p. 253).
Diante desse cenário, pensou-se por fim em selecionar somente algumas áreas do
conhecimento, ou seja, pesquisadores de alguma das disciplinas contidas em cada uma das
cinco grandes áreas da UFBA: Exatas, Biológicas, Sociais, Humanas, Letras & Artes, que
mantivessem conceitos quatro, cinco e seis. No caso dos cursos novos com nota quatro só
entrariam aqueles que tivessem um triênio completo. Percebeu-se, porém, que isso ainda
configuraria um estudo de caso com variáveis complexas. Além disso, a amostra não
representaria a tendência de uso do livro eletrônico no meio acadêmico e científico brasileiro.
Para culminar, esse recorte evidenciava um pensamento elitista e preconceituoso ao eliminar
os programas de nota três. Que parâmetros seriam suficientemente rigorosos para afirmar que
os pesquisadores dos cursos três não fazem uso do livro eletrônico? De repente, vislumbrouse que o conceito do Programa na CAPES poderia não ser o critério mais representativo para
avaliar o uso do livro eletrônico. Nesse sentido seria mais equilibrado constituir uma amostra
na qual estivessem presentes todos os tipos de conceito, do três ao sete. Desta forma,
poderiam ser reunidos elementos diversificados e heterogêneos.
Na verdade, cada uma das possibilidades de agrupamento analisadas até então levava a
um estudo de caso diferente, sem possibilidade de obter resultados comparáveis e
8
generalizáveis. Após proceder a todas essas sondagens, o caminho que se apresentava como o
mais acertado do ponto de vista metodológico era o de abranger os docentes/pesquisadores de
todos os programas de pós-graduação brasileiros: uma amostra censitária. A alternativa
parecia temerária. Não havia precedente para essa abordagem na literatura e, além disso, não
existe, até onde se sabe, uma base de dados com a relação de e-mails dos docentes que atuam
na
pós-graduação. Esta base teria que ser construída e junto com ela toda a metodologia utilizada na coleta
de dados. As Tabelas sete e oito delineiam a última opção: um total 2.452 Programas.
Tabela 7. Programas Reconhecidos pela CAPES, por Conceito
Conceito
3
4
5
6
7
Todos
Detalhar por
Área
Região
Área
Região
Área
Região
Área
Região
Área
Região
Área
Região
Programas e Cursos
Totais de Cursos de pósde pós-graduação
graduação
Total
M
D
F M/D Total
M
D
F
1.061
861
5
123
72
1.141
941
77 123
725
135
22
44
524
1.222
632
546 44
459
7
8
34
410
889
437
418 34
145
0
3
0
142
287
142
145
0
62
0
0
0
62
123
61
62
0
2.452
1.003
38
201 1.210 3.662
2.213 1.248 201
M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional.
A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES.
Tabela 8. Programas Reconhecidos pela CAPES, por Região
REGIÃO
Centro-Oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
Sul
Brasil:
Programas e Cursos
de pós-graduação
Total M
D
F
M/D
173
89
417
229
104
67
1.264 381
494
237
2.452 1.003
2
12
2
18
4
38
17
35
6
105
38
201
65
141
29
760
215
1.210
Totais de Cursos de pós-graduação
Total
M
D
238
154
67
558
370
153
133
96
31
2.024 1.141 778
709
452
219
3.662 2.213 1.248
F
17
35
6
105
38
201
M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional.
A tabela acima apresenta dados atualizados em 8 de agosto de 2007. Fonte: CAPES.
5 Conclusão
Conclui-se que para que o estudo sobre o uso do livro eletrônico no âmbito acadêmico
seja representativo é indispensável que a população estudada seja imparcialmente equilibrada,
incluindo representantes de todos os possíveis segmentos que caracterizam esse universo: con9
ceito CAPES, programa consolidado ou novo, região, mestrado ou doutorado, programas grandes ou pequenos e de todas as áreas do conhecimento. Não há um recorte possível dessa
população que ainda assim mantenha a integridade das variáveis discutidas no texto. A única
forma é convidar toda comunidade científica nacional para responder ao formulário eletrônico
e deixar que a amostra se defina por si mesma, em termos do ato voluntário de cada sujeito ao
registrar seus dados. Assim, espera-se atender os melhores requisitos metodológicos em
termos de imparcialidade e abrangência da amostra, acreditando que a taxa de retorno desta
pesquisa fique dentro dos padrões aceitáveis pelo rigor científico.
Referências
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CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: UNESP, 2004.
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