Revista FINAL.indd - João Paulo de Oliveira
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PARVEL PARVEL EDITORIAL Marcos Monteiro Diretor da Trópico Propaganda Fazer um projeto editorial como o que está em suas mãos, apesar de muito árduo, foi também muito apaixonante. O conteúdo que queríamos trazer para esta revista nos fez mergulhar no mundo da gastronomia e de universos ainda desconhecidos para nossa equipe. Fruto de uma mistura de dois ingredientes, nasce aqui a Assunta Mag. Dois ingredientes básicos: Paixão e Coragem, palavras que andaram de mãos dadas, tanto na construção da Assunta Forneria, como na edição dessa revista. Paixão por Juiz de Fora, por viver esta nova fase do desenvolvimento de nossa cidade, que cada dia ganha mais vida. Coragem em acreditar e jogar a desconfiança para escanteio. Um projeto arquitetônico belíssimo e arrojado, assinado por um grande expoente da arquitetura nacional. Um ambiente inovador, uma gastronomia diferenciada e empreendedores com a cultura e o expertise de investimentos em entretenimento. É isso que você vai encontrar na Assunta Forneria, uma experiência inovadora. E, para esta ocasião, tínhamos que lançar algo para encher os olhos de nossos clientes, além dos pratos da casa. Lançar uma revista que ficasse à altura de um empreendimento como a Assunta Forneria foi um desafio e tanto. Então, depois de misturarmos nesta receita jornalistas, fotógrafos, editores, designers e vendedores, só nos faltava o toque final, o fermento que fez crescer esta ideia: sabor. É isso que colocamos em tudo que fazemos! Caro leitor, assim gostaríamos que você saboreasse a leitura dessa revista, tanto quanto saboreamos fazê-la. Boa leitura! EXPEDIENTE ÍNDICE Editores: João Paulo de Oliveira e Mônica Machado Paixão e saúde: O fabuloso mundo dos vinhos Pág. 7 Turismo: Roteiro gastronômico Pág. 38 Comportamento: Passado composto Pág. 12 Cinema: Comendo com os olhos Pág. 42 Entrevista: Hélio Pellegrino Pág. 16 Literatura: Dicas de livros Pág. 45 Comportamento: A amizade está no ar Pág. 21 Alimentação: Culinária e desperdício Pág. 49 Decoração: Adesivo de parede Pág. 25 Entretenimento: Culinária na TV Pág. 51 Saúde: Medicina alternativa Pág. 28 Produtos: A hora e a vez do aço inoxidável Pág. 54 Institucional: Assunta Forneria Pág. 32 Curiosidade: Trufas – O diamante negro da gastronomia Pág. 57 Chope artesanal: Antuérpia Pág. 36 Coordenação: Marcos Monteiro Conselho Editorial: Vinicius Zaghetto, Marcos Monteiro, João Paulo de Oliveira, Mônica Machado e Célio Oliveira Reportagens: João Paulo de Oliveira, Mônica Machado, Márcia Carneiro, Juliana Araújo e Caroline Farinazzo Fotos reportagens: João Schubert Foto capa: João Schubert Revisão: Mônica Machado, Sarah Daibert Couri e Vinicius Zaghetto Projeto gráfico: Cleber “Kureb” Horta, Mauro Mendes Direção de Arte: Cleber “Kureb” Horta, Mauro Mendes Direção de Criação: Vinicius Zaghetto Marketing: Marcos Monteiro Opine ou Escreva: [email protected] Anuncie: [email protected] Jornalistas Responsáveis: João Paulo de Oliveira - MG.10.586 Mônica Machado - MG.09189 Impressão: D. I. Gráfica e Editora CAPA Hélio Pellegrino fala sobre arquitetura, amor e reciclagem Assunta Forneria Ladeira Alexandre Leonel, 221, loja 301, Spazio Design Juiz de Fora (MG) Realização 4 GARRAFARIA Por João Paulo de Oliveira O fabuloso mundo dos vinhos Acesse este link da ABS/SP: www.abs-sp.com.br O médico juizforano e presidente da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) de São Paulo, Gustavo Andrade de Paulo, presenteou nossos leitores com informações valiosas para quem já apreciava ou quer começar a entender um pouco mais do maravilhoso mundo do vinho. O enófilo esclareceu pontos importantes sobre comércio vinícola, conservação do produto, taças e mais sobre esse instigante e aromático universo. Ele aponta que tudo depende do gosto pessoal e do quanto a pessoa se envolve com a enologia, a ciência experimental que aprecia e estuda os vinhos. Segundo o especialista, cada um terá sua relação com as formas de consumo e os tipos da bebida, entretanto uma coisa é certa: não há nada mais agregador que uma garrafa de vinho, criada para ser apreciada em comunhão e na presença de boas companhias. O consumo de vinho no Brasil é pequeno em relação a outros países como Argentina, Portugal e Itália. Na França, são 50 litros por pessoa ao ano. Aqui, com o aumento da produção e do consumo no sul e sudeste, chegamos a 2 litros por pessoa ao ano, enquanto na vizinha Argentina são mais de 20 litros per capita, anualmente. Entretanto, no Brasil é possível encontrar os mais variados vinhos do mundo. Gustavo afirma que o país é um dos poucos lugares no mundo, onde é possível comprar um bom vinho francês, um grande vinho espanhol, um português, um italiano ou ainda, todos juntos. Isso porque, nestes países, há uma forte relação cultural entre o vinho e a identidade nacional, regional. “Se você for para a Itália, você tomará, principalmente, vinhos italianos; se for para a França, vinho francês, e Portugal a mesma coisa. Isso porque o vinho local é muito bom e as pessoas são muito ligadas à pátria e por isso, querem tomar o vinho de lá”, completa. Muitos brasileiros ainda consomem vinhos de baixa qualidade. O mercado nacional, por muito tempo, priorizou as uvas que compensavam a produção, e não a qualidade das mesmas. Entretanto, o cenário tem mudado consideravelmente. O sul do país e o Vale do São Francisco são dois exemplos. Ambos estão despontando com vinhos sofisticados, mantendo a assinatura regional ou local, para atestar sua originalidade. 7 QUALIDADES QUE ATESTAM UM BOM VINHO O médico acredita que um bom vinho tem que ter equilíbrio, maciez, complexidade e, acima de tudo, tem que ser prazeroso. “Existem vinhos para cada momento, ocasião e prato. Para celebrar, nada melhor que um champanhe. Em um almoço à beira da piscina, um branco, no máximo um rosé. Em um jantar mais sofisticado, com predomínio de carnes vermelhas, um bom tinto”. Gustavo afirma que um bom vinho é aquele que dá prazer a quem toma, ponto final. É preciso, então, a pessoa definir qual o seu gosto, independente da origem do vinho, e de qual uva é elaborado. A primeira coisa é tentar perceber se o estilo pessoal é mais propenso ao vinho mais leve ou ao mais encorpado. Em seguida, procurando por informação e experimentando, passa a descobrir quais são as uvas, onde são encontradas, quais as melhores safras e, assim, aos poucos, vai refinando o próprio gosto. Gustavo aprecia um bom vinho branco alemão, mas admite que muitas pessoas não gostam deste tipo, portanto, o melhor é algo muito particular. Beber vinho é muito mais que um prazer gastronômico, é um ato de comunhão. Gustavo lembra a frase de um grande crítico do vinho, que uma vez atestou de forma espirituosa: “Uma garrafa de vinho pede para ser compartilhada. Nunca conheci um amante de vinho que fosse mesquinho”. O produto também é ilustrado nas maiores religiões ocidentais, cada uma conferindo ao vinho uma função mística e um significado simbólico próprio. Até entre os mulçumanos, para os quais é proibido o consumo de vinho na vida terrena, o néctar dos deuses tem sua adoração. Entre os cristãos, ele simboliza o sangue de Cristo e é retratado na última ceia como a aliança entre Deus e o homem. Segundo a mitologia greco-romana, Dionísio, único filho de Zeus com uma humana, teria criado o vinho ao tocar as uvas de uma videira e ter compartilhado sua descoberta com ninfas e outros seres que o acompanhavam na Terra. A partir daí, o vinho se tornou tanto o bálsamo do homem, curando-o de várias enfermidades, como seu veneno, devido aos impulsos desenvolvidos pelo excesso. O vinho tem oito mil anos de história, e há seis já são conhecidos seus benefícios medicinais. Ele faz bem ao organismo em geral - para o cérebro, coração, estômago, sangue, ossos e para quase todos os sistemas - desde que consumido com moderação. A dose diária por pessoa, recomendada pela medicina, é de duas taças de vinho para o homem e uma para a mulher, desde que não haja nenhuma restrição médica. Uma garrafa por dia seria muito para qualquer um. Na verdade, meia garrafa seria a “dose mágica” do casal por dia. O médico e enófilo aponta que o mocinho da história é o álcool, que faz bem para a saúde. O vinho é melhor que a cachaça, que a cerveja, e 8 que as outras bebidas, porque, além do álcool, ele tem os polifenóis que possuem ação antioxidante, antiagregante plaquetária e uma ação antitumoral. No coração, tem ação vasodilatadora; no cérebro, ajuda a memória; também é eficaz no combate, prevenção e tratamento de doenças como diabetes, osteoporose, câncer, anemia, úlcera e derrames, segundo dados de revistas médicas indexadas, oficiais. De acordo com Gustavo, existem pesquisas que comprovam estes benefícios. Entretanto, ele alerta que o vinho não pode ser receitado genericamente nos consultórios médicos. “É preciso saber se a pessoa tem ou não alguma restrição ao consumo de álcool e, a partir daí, orienta-se pela moderação e pela regularidade, mas com doses e frequências subjetivas, dependendo das características de cada indivíduo”, ressalta. Dicas do Sommelier: PERCEBENDO DESCRITORES AROMÁTICOS E PRINCIPAIS UVAS Segundo o crítico Robert Parker, existem, pelo menos, 10 mil aromas identificados no vinho até hoje, com descritores dos mais básicos aos mais sofisticados. Avalia-se primeiro o aspecto visual do vinho, depois o olfativo, com famílias de aromas como fruta, flor, animal, mineral e madeira. Depois, com o vinho na boca, apreciase o corpo, a acidez, o equilíbrio e a qualidade. Não existem descritores fixos ou imutáveis, cada vinho terá um perfil aromático diferente do outro. Algumas cepas são internacionais, como as tintas Cabernet Sauvignon e Merlot, e Chardonnet e Sauvignon Blanc, entre as brancas. Estas são originariamente francesas, mas produzidas no mundo inteiro. A Malbec e a Shiraz estão, aos poucos, despontando no mercado. ENOGASTRONOMIA Vinho e Gastronomia: A harmonização de vinhos com comidas vai depender muito do que se está comendo e qual o objetivo que se quer alcançar. A regra básica é: molhos e carnes vermelhas, vinhos tintos; molhos e carnes brancas, vinhos brancos. Entretanto, não é uma regra estática, ela pode sofrer variações e licenças. É possível servir um peixe com um vinho tinto leve, e também, ter à mesa, uma carne com molho branco, acompanhada de um vinho branco mais encorpado. Chocolate, doces e queijos combinam bem com vinhos doces, como o do Porto. O sommelier deve também entender de cozinha. Se ele quer ser um profissional de verdade, deve saber exatamente como harmonizar a comida e o vinho. Compras pela Internet: Procure sempre consumir as marcas com uvas que você já conhece, e dê preferência para lojas com adegas na hora de comprar vinhos sofisticados. Apesar de prática e fácil, a Internet tira um pouco do charme de ir à loja, pegar na garrafa, olhar o produto, e ter a oportunidade de conversar sobre vinhos com alguém e aprender sempre mais. A vantagem é comprálos em viagens internacionais, quando produtos que não são encontrados no Brasil podem ser pesquisados e garantidos facilmente pela rede eletrônica, através de contatos por e-mail, por exemplo. Serviço do Vinho: Observe sempre se a garrafa está sendo aberta na hora em que é servida. Geralmente, tira-se a rolha, ou na própria mesa ou em uma mesinha móvel que fica ao lado, transportada para ali, especialmente para a ocasião. Do ponto de vista da etiqueta e do tradicional, o serviço de vinho é feito todo na frente do cliente. 9 Passado composto Encontros de automóveis antigos em Juiz de Fora exibem raridades e resgatam histórias Por Márcia Carneiro E nquanto, a cada ano, o mercado automobilístico é abastecido por novos modelos, um seleto grupo se mantém fiel às antiguidades do gênero. Muitos dos chamados “antigomobilistas” conciliam a paixão por carros antigos com a praticidade das novas produções, mas há aqueles que não dão a mínima para tecnologia e designs inovadores. É o caso do estudante Sérgio Henrique Rocha Maini que, com apenas 21 anos, é um aficionado por veículos do passado. “Não me interesso por carros novos”, declara. Cheio de entusiasmo, o estudante conta que está restaurando um Opala Comodoro, 1978, que foi do seu avô. “Ele me aconselhou a desfazer daquele carro, dizendo que me ajudaria a comprar um moderno. Retruquei, alegando que investiria o dinheiro que me desse no Opala”, lembra. Paixão semelhante é observada em eventos como o 8º Encontro da Associação de Veículos Antigos (AVA), realizado no pátio do Carrefour, nos dias 27 e 28 de junho deste ano e o 17º Encontro do Automóvel Antigo, promovido pelo Veteran Car Club do Brasil, em Juiz de Fora, no Expominas, nos dias 31 de julho, 01 e 02 de agosto. Os encontros reúnem anualmente raridades produzidas entre as décadas de 20 e 80 do século XX, como os famosos Fords Tudor e Phanton de 1929, os Cadillacs da GM e o Mercury Cougar, releitura luxuosa do Mustang. O objetivo de clubes, associações e eventos do gênero - segundo o presidente do Veteran Car Club, Maurílio de Almeida Alvim - é preservar a memória do veículo antigo. “Esse é um hobby praticado no Brasil e no mundo, e quem começa a cultivá-lo jamais o abandona”, afirma Alvim. O encontro da AVA, que começou com 170 participantes, nesta edição contou com 402 inscritos de 41 cidades de Minas, Rio de Janeiro e São Paulo. “O evento não tem fins lucrativos. Os participantes apenas contribuem com um quilo de alimento não perecível, destinado às instituições sociais”, informa seu organizador e presidente da Associação, Jorge Levi Mendes Coelho ou Jorge Borboleta, como é conhecido. Túnel do tempo D esta vez, difícil foi eleger o veículo de destaque das mostras. Uma profusão de estilos, detalhes, cores e modelos tomou conta do espaço, atraindo a curiosidade dos visitantes, muitos deles equipados com máquinas fotográficas e filmadoras. Acompanhado por mulher e filhos, o comerciante Luiz Carlos Novais chamava a atenção da família para os detalhes que diferenciam os veículos antigos dos novos no pátio do Carrefour. “Os carros do passado eram mais trabalhados”, observa Novais. 12 Foto: João Schubert Jorge Borboleta exibe orgulhoso o Bel Air Chevrolet (1959). À direita, detalhe do painel. Um dos carros mais elaborados em exposição do 8º Encontro da AVA era o Bel Air Chevrolet, de 1959, azul e branco, de propriedade do organizador do evento, Jorge Borboleta. Com traseira em forma de asas de gaivota, estofados brancos e até persianas, a última versão Bel Air dos anos 50 esbanja sofisticação. “Aquele foi o ano em que as indústrias automobilísticas exageraram em tudo, como na cromagem e no estilo”, informa Borboleta. Foto: João Schubert Ao lado do Chevrolet 1938, Cezar Prata coleciona carros antigos e raros. À direita, interior do Chevrolet. Tão elegante quanto o Bel Air, é o Chevrolet 1938, do empresário juizforano Cezar Prata, cujo capô aberto também faz lembrar uma gaivota. O carro importado dos Estados Unidos, avaliado em R$ 100 mil e, segundo o empresário, exclusivo, foi adquirido há seis anos do antigo proprietário, Juarez Toledo, um dos maiores restauradores de automóveis da cidade. “O veículo tem sua estrutura preservada, mas a mecânica é moderna”, informa Prata, ressaltando suas viagens no Chevrolet para participar de outros encontros no país. “Gosto de carros novos, mas os antigos são meus xodós”, derrete-se. O empresário expôs ainda no pátio do Carrefour seis fuscas originais produzidos entre os anos de 1959 e 1980. O mais antigo da coleção traz setas nas colunas laterais do veículo, uma raridade e, ao mesmo tempo, um charme à parte. Feitos para durar Foto: João Schubert O Impala vermelho, GM, ano 1967, do funcionário público Ricardo França, foi outro grande destaque do 8º Encontro. “Eu o trouxe de Belo Horizonte há nove anos em estado precário e fui restaurando aos poucos. Pronto, no ano passado, ele ganhou prêmio no Encontro Nacional de Carros Antigos em Águas de Lindóia (SP)”, comenta França. Ricardo França e seu Impala O interesse de França por carros antigos passa, entre outras coisas, pela qualidade. “Os veículos eram feitos para durar. Hoje, são descartáveis, consumíveis.” O funcionário público ressalta ainda a potência, o design e o conforto das produções do passado. E, ao ser indagado sobre o preço do Impala, França foi categórico: “não há dinheiro que pague o seu valor sentimental. Tem que achar um mais maluco que eu para comprar esse carro.” De acordo com Jorge Borboleta, são as características acima citadas que mantêm o interesse dos antigomobilistas e que os unem em eventos como esses. “Carro é uma paixão nacional e faz parte das nossas vidas, daí o interesse de muitos pelos veículos do passado.” Em outras palavras, para a grande maioria dos aficionados por carros antigos, de alguma forma, o que está em jogo é a preservação das nossas histórias, mas a paixão de todos por esses automóveis é inegável. 13 Foto: João Schubert Hélio Pellegrino “O que justifica nossa passagem no planeta é o encontro com o outro” Por Márcia Carneiro M esmo se não fosse arquiteto, Hélio Pellegrino jamais passaria anônimo pela vida. Sua personalidade expansiva, temperada por raciocínio rápido e sensibilidade, com certeza o faria uma figura de destaque em qualquer área de atuação. Ainda bem, no entanto, que seu potencial criativo foi canalizado para construções. Não apenas de prédios, mas de arte, móveis e ideias. Com seu trabalho, quem diria, Pellegrino sonha mudar o mundo e, com esse propósito quixotesco, consegue suscitar reflexões ao mesmo tempo urgentes e ignoradas, como as dicotomias sustentabilidade x consumismo, afeto x lucro, generosidade x individualismo. Autor do projeto arquitetônico da Assunta, o arquiteto em visita à cidade conversou com a Assunta Mag em uma tarde atípica de inverno com temperatura elevada. Ao mesmo tempo simples e intenso, Pellegrino falou sobre vários temas, em especial, sobre o respeito à natureza. Daí sua obsessão pela reciclagem, cuja ideia, claro, foi aplicada na forneria, totalmente construída com produto de demolição, do tijolo e da ferragem ao mais fino acabamento. A Assunta Forneria, na visão do arquiteto, contribuirá para a aproximação das pessoas, na medida em que facilitará encontros. O restaurante, inclusive, foi batizado com o nome de sua “nona” paterna. Nascido em Belo Horizonte e transferido com os pais ainda criança para o Rio de Janeiro, ele lembra de suas passagens por Juiz de Fora, onde a família administrava a fábrica de tecidos Ferreira Guimarães. “Quando íamos do Rio para Belo Horizonte, dormíamos na casa onde hoje é o Privilège e 16 que pertencia à família.” Agora, Pellegrino retorna à cidade para deixar frutos. Bons frutos, diga-se de passagem. Assunta Magazine: Como surgiu a parceria com o empreendimento em Juiz de Fora? Hélio Pellegrino: Nasceu há oito anos, quando eu construí uma casa para Luiz Alfeu, em Búzios, meu reduto. Começamos a fazer algumas coisas juntos, como quadros, quando ele iniciou as obras do Spazio Design e me chamou para dar algumas sugestões de como aproveitar a pedra que existia no fundo da construção. Percebi que daria para fazer uma parceria bacana, com o estacionamento e o espaço, e aí nasceu a ideia de fazer o restaurante, exatamente se adequando à superfície da pedra, que é muito linda. Ela é quase um museu de história natural e resolvemos aproveitá-la como um painel. E assim foi feito. O restaurante é todo virado para a pedra, para aproveitarmos suas lições, já que ela está acompanhando o crescimento do planeta há muito tempo. E é uma sabedoria fantástica: a pedra irradia uma energia maravilhosa. Para construir o restaurante, contei com a ajuda fundamental do arquiteto de Juiz de Fora, Álvaro Giannini. AM: O que você destacaria nesse projeto como diferencial dos demais restaurantes? HP: O espaço é todo baseado em material reaproveitado. Comecei a perceber que os verdadeiros terroristas islâmicos somos nós. A partir disso, tudo o que eu pego para fazer tem o tempero da reciclagem. Na medida em Foto: João Schubert HP: Pode sim. Eu, cada vez mais, entendo que esse é o caminho. Agora estou fazendo casas completamente sustentáveis, com telhado de garrafa PET, com papel moeda fora de circulação picado, fralda descartável e palha de coco. Misturo tudo e faço a madeira empregada em vigas de telhados. Ou seja, a questão é uma guinada na lente do caleidoscópio, porque tudo o que se pensar em termos de conforto térmico e acústico é possível com material reciclado. A questão é ser menos voraz em termos de consumo e começar a pensar na nossa natureza e na própria natureza do planeta. AM: E quando lhe surgiu essa epifania? A responsabilidade ambiental está sempre presente nos projetos de Hélio Pellegrino que você recicla e bota em cada projeto esse princípio, você envolve mais as pessoas. Sempre trabalho com reciclagem, porque acho que aumenta a autoestima. Quando chegamos a algum lugar com material reciclado, nos sentimos bem, porque no meu entender, no nosso inconsciente coletivo, isso soa como uma parceria com a mãe natureza. Você deixa de pasteurizar e deixa de consumir o planeta para começar a usar esse lixão que a gente produz todo dia. Nessa medida, fizemos o restaurante só com a matéria que iria para o lixo. Tijolos são de demolição, todo o ferro é de caminhões-tanques cortados, o piso é feito com placa de cerâmica... AM: Entre os arquitetos mais renomados do país, você se destaca como um dos maiores defensores da utilização da sustentabilidade em seus projetos. Acha que ainda falta muito para que as pessoas se despertem para a questão ambiental? HP: Com certeza. Acho que está faltando essa consciência, na medida em que cada vez mais vemos pessoas se afastando da própria essência. Quando você traz a dignidade como baluarte da arquitetura, está poupando algo que ia ser destruído. Dessa maneira, acho que essa é uma equação muito lógica. A gente precisa reverter isso. No sistema consumista onde vivemos, temos a voracidade predatória de estar sempre querendo vender. As coisas não podem esquentar na sua mão, porque precisam sempre ser negociadas para darem lucro. Acho que devemos nos voltar muito mais para o amor e a compreensão, que para a pedra angular que é o dinheiro. AM: Pode-se dizer que a fusão de consciência ambiental e estética é uma marca do seu trabalho arquitetônico? HP: Foi por acaso. Eu me formei e o meu primeiro projeto de casa foi encomendado pela minha mãe. Aquela coisa de mãe valorizando a cria. Mas se ela valorizava por um lado, por outro ela cobrava. No meio da obra, ela estava achando que estava tudo muito caro, que eu não estava sabendo levar. Eu comecei a ficar angustiado com isso, e para fazer a vontade dela eu disse: “então está bom, minha mãe, eu achei uma sapataria na Rua da Passagem, com mármore muito bonito e outros materiais, que está sendo vendida por R$ 5 mil. Vamos comprá-la e fazemos a casa inteira.” Peguei a sapataria e com tudo o que estava lá, fiz os pisos e os móveis. Então, descobri que com pouco dinheiro e criatividade é possível construir. Ou seja, a necessidade faz o sapo pular. Comecei a reciclar e descobri que é sensacional porque, primeiro, o material reciclado vibra, é vivo. Segundo, a criatividade fica realmente em alta. Terceiro, o próprio material de demolição tem um diálogo com você. Ele pede para ser o que quer ser. Quarto, ele está encardido de vida, envelhece como nós, criando em nós uma identificação grande. “Tudo o que eu pego para fazer tem o tempero da reciclagem” AM: Filho do escritor, médico psicanalista e intelectual humanista Hélio Pellegrino, você sofreu alguma influência ou ele te inspirou de alguma forma? De que maneira? HP: Cresci com aquela figura maravilhosa todo dia conversando comigo e fazendo a barba. O que principalmente aprendi com ele foi o respeito pelo próximo. Isso é muito importante. Os valores humanos sempre estiveram acima de qualquer outra coisa. AM: Muitos arquitetos lhe têm como referência. Você possui alguma? HP: Tenho algumas, como Sérgio Bernardo, Cláudio Bernardo, Oscar Niemeyer, Lê Corbusier e Affonso Reidy. Mas sou muito autodidata, porque no meu trabalho eu sou solitário. As coisas nunca aconteceram desta forma, o mundo só precisa da reciclagem agora. Nessa medida, 17 Fotos: João Schubert O piso criado pelo arquiteto é uma das atrações da Assunta as referências são pequenas. AM: Assunta, o nome da nova forneria, é também o nome de sua avó paterna... HP: Fui eu que escolhi. Fiz a homenagem, porque ela era italiana e fazia uma pizza maravilhosa. Era minha “nona” querida. Também, a gente sempre vai a algum lugar procurando assunto. Já tem uma ligação nesse sentido. E assunta é ascensão aos céus, é coisa divina. que nos salva. A vida é a arte do encontro e por isso mesmo, ela tem que ser pautada no amor. O que justifica a nossa passagem pelo planeta é o encontro com o outro. E o encontro é a possibilidade do amor existir. Mas estamos passando essa lama grossa e pegajosa que é o vil metal e perdemos o encantamento, inclusive pelo outro. O outro virou potencialmente um ser perigoso. No Rio, eu fiz a experiência de cumprimentar as pessoas na calçada e elas atravessavam e fugiam, como que se perguntando, que doido é esse? “A arquitetura traduz o tempo, a época e a vida das pessoas” AM: Qual a importância da arquitetura na vida das pessoas? HP: A Arquitetura traduz o tempo, a época e a vida das pessoas. Você vai, por exemplo, em Pompéia e consegue perceber a vida, o cotidiano, o momento, até as frases das pessoas de muitos séculos atrás. Daí, começa a entender toda a trajetória do ser humano. AM: O filósofo Allain de Botton escreveu o livro “Arquitetura da felicidade”. O que isso significa para você? HP: A arquitetura é ampla, geral e irrestrita. Arquitetar é planejar e transcende o tijolo sobre tijolo. E “Arquitetura da felicidade” significa que, para sermos felizes, é preciso primeiramente fazer a arquitetura do amor, a única coisa 18 Célio Oliveira e Hélio Pellegrino em visita à construção da Assunta Forneria AM: Sua arquitetura é também política? HP: Sim, tudo o que fazemos é um ato político. Tudo o que se coloca no ar, além dos aviões da Varig, é político. Quando utilizo material que aparentemente é lixo e as pessoas começam a gostar, faço com que elas pelo menos tenham a seguinte reflexão: “Esse negócio é bacana!” Fotos: João Schubert A amizade está no ar! Reuniões semanais buscam descontração e união entre adeptos. Por Caroline Farinazzo C Ângela Moreira omo num ritual, sempre na segunda quarta-feira de cada mês, treze amigas de longa data se reúnem. É o chamado Grupo D’Ellas, formado por mulheres de diferentes personalidades e profissões, mas com um compromisso bem estabelecido: a amizade. A intenção é que possam se divertir juntas, dividir experiências, serem ouvidas. O D´Ellas atual é a segunda formação de um grupo maior de amigas e, há aproximadamente nove anos, conta com Ana Léia Salomão e Ribeiro, Ângela Moreira, Cida Delmonte, Cristiane Monteiro, Denise Drummond, Irene Barros, Leila Bellei Leite, Lena Cruz, Lucinha Silva, Maria Helena Castro, Maria Pires, Sandra Pereira e Valéria Pestana Marques. Normalmente, os ambientes para as reuniões variam entre restaurantes de grande prestígio e a residência de alguma das amigas. E os assuntos em pauta são variados, envolvendo moda, vaidade, gastronomia, cuidados com a saúde, família, dentre outros. Maria Pires garante que o único tema do qual elas não falam é sobre maridos! “Apenas eu e mais uma amiga somos solteiras. Logo, se deixarmos que elas fiquem falando sobre seus maridos, não teremos o que falar”, conta. Apesar de serem reuniões exclusivamente “D’Ellas”, as mulheres garantem que maridos e filhos não se incomodam, pois todos se conhecem e são muito amigos também. Durante um agradável bate-papo na Churrasqueira, foi possível perceber alguns “encantos místicos” no grupo. A força que as une realmente impressiona e o número 13 se tornou uma referência marcante. “ Através dos encontros, permanecemos mais próximas, pois compartilhamos os acontecimentos com as amigas ” Lena Cruz ressalta que as pessoas presentes na formação atual não estão ali por acaso. “O 13 é um número de sorte, do bem. É até engraçado, sempre que tentamos colocar mais gente, não deu certo. Sempre acabávamos voltando para a mesma numeração: 13!”, completa. 21 Fotos: João Schubert “ Em nossos encontros, só não falamos sobre maridos ” 22 Fotos: arquivo pessoal “ Um grupo exclusivamente masculino, conhecido como “Turma de Toda Sexta” também se encontra periodicamente, com o objetivo de, segundo os próprios integrantes, “tomar cerveja, falar mal dos outros e cobiçar a mulher do próximo!” Brincadeiras à parte, a turma possui a mesma filosofia em relação à amizade. O grupo existe há aproximadamente trinta anos e já contou com diversos adeptos, também de diferentes idades e profissões. Inicialmente, a formação continha apenas engenheiros civis. Hoje, apesar de continuarem sendo a maioria, ainda participam advogados e representantes comerciais. Eles se encontram sistematicamente toda sexta-feira, às 18h, sempre no mesmo estabelecimento, que possui um cantinho com placa confeccionada especialmente para demarcar território. Durante a entrevista com a equipe da Assunta, estavam presentes Carlos Henrique Januzzi (vulgo Banana), José Ricardo Bilheiro, Lessandro Hebert, Luiz Tadeu Batista Campos, Paulo Barcellos, Ricardo Kamil Malta e Renê Vieira Filho. E a propósito, todos devidamente uniformizados com camisas que têm uma frase temática, elaborada ano a ano para oficializar as reuniões. Renê conta que essa tradição surgiu há algum tempo, quando os integrantes da Turma instituíram que o bar que mais frequentassem, teria que oferecer algum patrocínio. Assim, a utilização do uniforme tornou-se regra. Aquele que vier sem a camisa na sexta ou convidar alguma pessoa para se sentar à mesa, está fadado ao pagamento de uma multa, que tem como finalidade viabilizar uma bacalhoada de final de ano para todos. E é justamente no dia da bacalhoada, que as camisas do ano seguinte são entregues, já com a frase escolhida numa prévia votação. Ao serem questionados sobre o possível ciúme das É sempre interessante ver a amizade, o companheirismo e o ombro amigo presentes até hoje ” esposas, Lessandro afirma que as reuniões passaram a ser tão automáticas que se tornaram “uma das coisas mais seguras para as mulheres!”. Renê reforça essa segurança e afirma: “Elas se acostumaram, todas se conhecem, as famílias saem juntas e, fora isso, se elas quiserem falar com a gente, sabem exatamente onde estamos! É uma tranquilidade total!”. Porém, Tadeu revela que a história não foi sempre assim. “A princípio, até havia uma intenção delas em cortar o nosso barato, mas na época éramos solteiros e as mulheres não conseguiam impor a situação, daí, depois que casou não teve mais jeito!”, brinca. Em Juiz de Fora, todos se divertem bastante. A Turma de Sexta está junta em vários eventos, como carnaval, aniversário de filhos, viagens para a praia, cruzeiros. E muitos desses momentos estão registrados em álbum, que contém fotografias e ata de várias reuniões. Grupos de amigos são uma verdadeira fonte de inspiração para todos nós. É sempre interessante ver a amizade, o companheirismo e o ombro amigo presente até hoje. E em tempos de Internet, encontrar amigos do presente e do passado tornou-se uma facilidade a mais. Não é difícil reunir grandes companheiros por listas de e-mail ou mesmo, encontrá-los no Orkut. De toda forma, fica o exemplo de que através de atitudes simples é possível cultivar a amizade, regá-la sempre com dedicação, semana a semana. Portanto, nada de perder tempo. Agrupe-se! 23 Fotos: divulgação Adesivos decorativos: O charme das paredes com mais versatilidade Por Juliana Araújo N o escritório, no quarto das crianças, na cozinha, em todos os cômodos da casa. Com formas, cores e tamanhos diferentes, os adesivos de parede são a grande sensação do momento. Não é mais aquele papel de parede que ainda encontramos em muitos lares. Agora, a criatividade evoluiu e criou espaço para um trabalho feito com vinil. De rápida aplicação e preço acessível, essa nova tendência tem conquistado decoradores de interiores, designers e, é claro, consumidores. Mais do que escolher móveis, tecidos ou acessórios para a decoração, personalizar desenhos ou fotos é criar intimidade com o ambiente. Não é preciso realizar uma obra ou quebrar paredes para renovar o local. Pequenos detalhes fazem a diferença. O designer de interiores, Ronaldo Campos, explica que essa técnica surgiu como opção alternativa e econômica, ao mesmo tempo. “Começou com as aplicações em carros, como meio de comunicação visual e difundiu para a decoração de interior”, explica. Mesmo com a novidade, Ronaldo não vê isso como a substituição dos papéis de parede, pois apresentam ideias e estilos completamente diferentes. A vantagem dessa nova forma de decorar é a garantia que o adesivo não danifica a parede do ambiente. Quando cansar de ver o mesmo desenho ou figura, a pessoa pode tirar e colocar outro, dando sempre uma cara nova ao espaço. Outra vantagem das peças é a possibilidade de personalização, algo individual. 25 Fotos: divulgação Mercado Em Juiz de Fora, a mania já pegou. Personagens de desenhos animados, árvores e até frases são algumas das opções que o cliente pode encontrar no mercado. “Desenhos estilizados, galhos com folhas e formas geométricas para o quarto do casal. Borboletas, flores e carrinhos caem bem em quartos de crianças”, sugere o designer. A técnica utilizada pode ser vinil com recorte eletrônico, vinil digital com impressão em policromia ou adesivos em silk screen encontrados Aplicação Para aplicação dos adesivos, a superfície deve estar limpa e pintada há pelo menos 15 dias. É aconselhável passar um pano umedecido com álcool e esperar secar. Na posição certa e correta que deseja dispor o desenho, a pessoa deve iniciar a retirada do papel branco que acompanha o adesivo, fixando-o na superfície e deixando-o colado apenas no papel transparente. Ele deve ser aplicado em superfícies lisas, sem irregularidades, livres de qualquer sujeira como poeira e gordura. Vale lembrar que a aplicação deve ser feita em locais que estejam livres da exposição direta ao sol e em superfícies sujeitas à umidade ou ao calor. Além disso, o conhecimento do produto e mão-de-obra qualificada para a retirada do adesivo são fundamentais, caso o cliente tenha dúvidas. 26 em gráficas especializadas. Segundo Lamir Ramos, proprietário de uma gráfica da cidade, os adesivos em vinil são gerados partindo de desenhos vetorizados em arquivos digitais através de um programa específico. “A própria pessoa pode produzir seu desenho e levantar o astral do ambiente, sem gastar muito, mas existem profissionais especializados que podem ajudar e orientar”, afirma Lamir. Neste caso, a consultoria para quem está em dúvida é essencial. O importante é trocar ideias e analisar a melhor forma e o melhor lugar para se aplicar o adesivo. Medicina Alternativa: Uma nova opção para combater as atribulações do dia-a-dia Por Juliana Araújo H á quem diga que o brasileiro é um indivíduo feliz e despreocupado com a vida. Não deixa de ser verdade, mas esse pensamento não é o que bem explica a grande demanda pela procura de alternativas que possam diminuir a ansiedade e o estresse de todos os dias. Contas a pagar, filhos para criar, o chefe com a cobrança diária e os diversos obstáculos enfrentados na volta para casa, com um trânsito cheio de problemas e imprudentes na direção. Haja fôlego para tudo isso. Possibilidades e opções são o que não faltam no mercado da medicina alternativa no combate do estresse e cansaço, por exemplo. Segundo o Naturopata, Acupunturista e Professor de Ashtanga e Hatha Yoga, Gilberto Coutinho Rodrigues, a expressão “alternativa” é empregada no sentido de informar e esclarecer a respeito da existência de outras formas também efetivas, seguras, naturais e não invasivas no tratamento da saúde e no combate às doenças, além das alopáticas convencionais. A medicina alternativa é norteada por três ideais muito importantes: (1) terapêutica natural e preventiva (atóxica e menos invasiva possível), (2) visão holística da saúde e do ser humano, (3) promoção do bem-estar e da saúde. No mundo inteiro, a medicina alternativa vem tornando-se cada vez mais popular em todas as classes sociais, sendo inclusive uma grande aliada à medicina alopática. 28 Terapias A profissional formada em Educação Física, com curso em Yoga Integrativa e pós-graduada em Acupuntura, Viviane Pereira Mendes, explica que a acupuntura é um ramo da Medicina Tradicional Chinesa de aproximadamente 4.500 anos. A prática tem a finalidade de prevenir e tratar diversas patologias. “Atualmente, em todo o mundo, pesquisas científicas trazem cada vez mais detalhes sobre sua eficácia. Estudos comprovam que a acupuntura age não somente como um potente analgésico, mas também como uma forma de curar diferentes doenças”, esclareceu a acupunturista. A grande vantagem é apresentar brandos efeitos colaterais. A acupuntura age através do estímulo de pontos ao longo de todo o corpo. Estes pontos encontram-se nos chamados meridianos ou canais de energia. Seu estímulo pode ser feito através de inserção de agulhas, pressão, laser, aquecimento de moxabustão, sangria, entre outros. No caso da utilização de agulhas, por ser um método invasivo, é importante ressaltar o uso de agulhas descartáveis, tornando mais seguro o tratamento e evitando contaminações. Yoga Coutinho lembra que o Ayurveda é a milenar e sábia medicina tradicional da Índia. Composta de oito ramos ou especialidades, trata a pessoa integralmente na sua singularidade, levando em consideração o aspecto físico, mental e espiritual. Viviane ressalta, assim, o interesse pela Yoga por pessoas que antes nem acreditavam que funcionava realmente como método contra o estresse. De acordo com ela, o praticante pode beneficiarse através de posturas, técnicas de respiração, relaxamento, meditação como uma forma de aliviar o estresse e o cansaço do dia-a-dia. “A prática também se torna um momento para desacelerar”, explica Mendes. O Yoga, nos dias de hoje, pode ser considerado como uma importante ferramenta no tratamento e na prevenção de “doenças modernas” como o estresse, a hipertensão, cardiopatias e depressão. Terapia Holística Para esquecer as atribulações do cotidiano e controlar o estresse nos dias atuais, a terapia holística é também uma boa opção. De natureza predominantemente preventiva, trata o paciente num todo, levando em consideração o seu aspecto físico, emocional, psicológico, energético e espiritual, mediante procedimentos naturais, atóxicos e não invasivos. O tratamento holístico leva em conta a orientação total do paciente em relação à vida e não apenas à doença localizada em algum ponto do corpo. Procura enxergar o ser humano de uma forma ampla e se interessa por todas as abordagens terapêuticas que o tornem não apenas mais saudável, mas também mais feliz e realizado. Massoterapia Outra prática também procurada é a Massoterapia, na qual a massagem é a grande aliada. Com origens orientais e ocidentais, proporciona grandes virtudes terapêuticas, relaxantes, antiestresse, emocionais e desportivas. A massagem é uma das mais antigas e simples formas de terapia para tocar, pressionar e amassar diversas regiões do corpo para aliviar a dor. Relaxa, tonifica e estimula, por exemplo, a circulação do sangue, melhorando a eliminação de detritos ao longo do corpo. Não precisa estar doente para participar de uma sessão de massagens, basta estar disposto a se sentir mais relaxado, harmônico e com mais energia, enfim, com mais saúde. Musicoterapia Música para esquecer de tudo em volta, meditar e fazer terapia. Aqui está uma forma de aliar prazer e cuidado com a saúde. A música na medicina alternativa também é usada com objetivos terapêuticos. Ela utiliza sons, ritmos e harmonias para trabalhar a comunicação, a expressão, a timidez, a coordenação motora e até mesmo para tratar estresse e depressão. Até distúrbios do sono e da fala podem ser minimizados com a musicoterapia. O processo compreende a escuta, o canto, a execução de instrumentos e a movimentação corporal. Através de um ambiente propício, chamado de ‘setting terapêutico’, o objetivo é facilitar, através da música, a troca de ideias, emoções e sentimentos entre paciente e terapeuta, para que este possa conhecer e entender seu objeto de estudo. 29 Assunta Afago aos sentidos Forneria alia sofisticação e preços razoáveis às opções gourmets da cidade, imprimindo um novo conceito de restaurante Por Márcia Carneiro Fotos: João Schubert Célio Oliveira, um dos idealizadores da Assunta Forneria 32 A essência da vida não se esconde em objetos, espaços e aromas. Mas a combinação desses elementos estimula afetos, emoções e memórias. E se o conjunto estiver associado ao sabor e à prosa, bingo: é matéria-prima para total ativação dos sentidos e, por tabela, um afago na autoestima, tão carente do prazer da convivência em tempos frenéticos. Para valorizar a “arte do encontro”, substância da vida, segundo o arquiteto Hélio Pellegrino, foi criada a Assunta, forneria que traz um novo conceito de restaurante à cidade. “A ideia é proporcionar uma gastronomia de qualidade a preços razoáveis”, explica Célio Oliveira, um dos sócios. Pratos à base de pizza e sanduíche feitos em forno à lenha, e levados à mesa somente após a aprovação do chef executivo, são a atração principal da forneria. A criação das iguarias, no entanto, estarão a cargo do chef consultor, Pedro Siqueira, que participa da equipe culinária do conceituado Hotel Fasano do Rio de Janeiro. Além da concepção dos diversos sabores das especialidades principais, Siqueira é o responsável pela invenção das sobremesas, criadas especialmente para a casa. “Em Juiz de Fora, apenas pequenos restaurantes oferecem esse tipo de gastronomia. Agora, disponibilizamos o mesmo serviço em grandes dimensões”, observa Oliveira, referindo-se à Assunta, que possui nada menos que 400 lugares. Distribuído em três pavimentos, o restaurante destina o primeiro “ A ideia é proporcionar uma gastronomia de qualidade a preços razoáveis ” andar ao bar, ambiente mais descontraído. O segundo piso acolhe o salão principal, bem dividido em dois ambientes, e o mezanino é reservado aos eventos. Como é impossível reportar-se ao restaurante sem mencionar a bebida como complemento do cardápio, a Assunta possui sugestões atraentes. Traz o chope artesanal Antuérpia e uma extensa variedade de vinhos em adega climatizada, além de contar com o serviço especializado de sommelier para a melhor harmonização entre massas e vinhos. A carta de vinhos, aliás, será elaborada pelo juizforano Gustavo Andrade de Paulo, médico, sommelier e presidente da ABS/São Paulo. Os antepastos são um capítulo à parte. Para começar, pães artesanais preparados na própria casa, além de produtos comuns e sofisticados, como presunto de Parma, queijos importados e legumes grelhados. Oliveira lembra que o restaurante pretende se destacar pela excelência. “Tudo será de primeiríssima qualidade”, ressalta. 33 Toque inspirador Obras a todo vapor transformando a Assunta em uma obra de arte Mas o cardápio não é o único atrativo. Para imprimir singularidade à forneria, cada detalhe foi milimetricamente planejado, seguindo uma tendência de restaurante de design, onde todos os lugares, objetos e serviços são escolhidos e pensados pelos seus aspectos estéticos e funcionais. Conceito, aliás, que multiplica o glamour de qualquer lugar. E charme é algo que não falta à rotina da Assunta. A dimensão sensorial da comida afeta ainda a atmosfera do espaço, cujo projeto arquitetônico, desenhos do piso e lustres levam assinatura de Hélio Pellegrino. O imenso paredão de pedra do próprio terreno serviu de inspiração ao arquiteto, que utilizou a natureza como estrutura do restaurante. Oliveira ressalta o uso do material de demolição na obra como uma demonstração de respeito ambiental. E, no interior, mais novidades: elevador especial para cadeirantes, pé direito alto para ventilar e proporcionar a sensação de amplitude, além do reforço do arcondicionado, caso seja necessário. “Cada ambiente ganha piso exclusivo, com mosaicos criados por Pellegrino”, observa Oliveira. As mesas têm arte assinada pela designer Carina Bokel Becker e para não perder o tom, o requinte se estende a todo o enxoval do restaurante, como talheres, taças e louças. O equipamento da cozinha conta com tecnologia de ponta e todos os profissionais foram treinados para o melhor atendimento, com capacitação contínua. O aroma, como o cliente poderá perceber, também varia de ambiente para ambiente. E para completar o mimo aos sentidos, os ouvidos ganham a nobreza musical da Rádio Ibiza Carioca, empresa especializada em sonoridade ambiental, contratada para ajudar a compor o clima propício aos prazeres sensoriais. Além disso, o amplo estacionamento à frente anula uma das mais frequentes dificuldades verificadas em restaurantes. Como se vê, sobram razões para provar as delícias que a arte do encontro pode reservar aos clientes mais exigentes, mesmo aqueles acostumados aos melhores ambientes gastronômicos internacionais. Ladeira Alexandre Leonel, 221 - lj 301 Bairro São Mateus | CEP 36033-240 Juiz de Fora/MG 34 Lapidando o sabor: Agora, em Juiz de Fora, o saboroso diamante dourado das montanhas Por João Paulo de Oliveira O mundo moderno é feito de cidades, locais de encontros afetivos e mercantis. Uma das mais prósperas da Europa, agora está mais perto de nós. Antuérpia é uma cidade da Bélgica que junta duas das maiores especiarias de nosso tempo: os diamantes mais valiosos da Terra e as melhores cervejas do mundo. O maior município da região de Flandres é destaque nestas atividades desde o século XVI. Por volta de 1910, Juiz de Fora despontava com mais de mil empresas e pela vasta produção industrial têxtil, por isso, ficou conhecida como Manchester Mineira. Muito tempo se passou e, depois de alguns anos em turbulência, os bons ventos voltaram a soprar sobre a cidade, justamente na primeira década do novo milênio: novos e modernos shoppings, centro de convenções, crescimento do turismo de negócios, faculdades e cursos profissionalizantes, uma ótima qualidade de vida e, claro, a ascensão da gastronomia local, cada vez mais rica e reconhecida além de nossas fronteiras. E eis que, em agosto de 2009, o diamante dourado da Antuérpia passa a fazer parte do cotidiano da renascida Manchester. Juiz de Fora ganha a Antuérpia, sua primeira indústria de cerveja artesanal, totalmente profissionalizada, utilizando avançadas técnicas de preparo e equipamentos eletrônicos de última tecnologia. Fotos: João Schubert O mestre-cervejeiro Mathias Reinold com Célio Oliveira As “microcervejarias” pertencem a um ramo empresarial em rápida expansão, principalmente, no sul e no sudeste do país, onde o consumo e a produção cada vez mais crescem, ganhando mais fãs e adeptos. Quem garante isso é Matthias Reinold, um dos maiores incentivadores da produção reduzida, formado em Tecnologia de Cerveja e Gestão pela Qualidade Total em universidades da Alemanha e do Japão, respectivamente. “Hoje, no Brasil, são 70 microcervejarias, portanto, uma ótima oportunidade para agregar valor ao produto. Quem aprecia, passa a 36 consumir só cerveja ou chope artesanal”, afirma. Reinold é considerado um dos maiores mestres-cervejeiros do Brasil, graças a décadas de dedicação e estudo da arte de preparar com carinho o malte, escolher a medida certa para o lúpulo e aguardar pacientemente pela ação orgânica da levedura, além de conhecer o maquinário e a tecnologia que garantirá toda a qualidade do processo. É ele quem comanda o início da nova estrela da cidade, a Antuérpia, chope lançado no restaurante Churrasqueira de São Mateus, e que também fará parte da rotina da Assunta Forneria. A fábrica, instalada ao lado da Churrasqueira (na Rua Manoel Bernardino), pode ser vista através de uma nova área anexada ao restaurante. Com capacidade para produzir cerca de 20 mil litros de cerveja artesanal por mês, a princípio, serão três tipos de chope: o Pilsen tradicional, o Premium - um pouco mais encorpado - e o Black, chope escuro. Quem for à Churrasqueira poderá conferir um pouquinho da produção, ao vivo. O sistema - formulado pela empresa gaúcha Egisa e supervisionado pelo Mestre Matthias - está interligado desde a brassagem ou cozimento (primeira parte do processo) à máquina, que permite servir o chope na hora e no ponto. O empreendimento é uma iniciativa do empresário Célio Oliveira, que antes pensava em trazer para a cidade uma adega de vinhos. Entretanto, percebendo uma oportunidade mais auspiciosa para as microcervejarias, tratou de pesquisar fornecedores renomados e mão-de-obra especializada. Em pouco mais de três meses, tudo resolvido: investimento em maquinário, escolha do mestre-cervejeiro e seus assistentes. Agora, só faltava a adaptação do local que iria receber as ferramentas necessárias para a fabricação de um verdadeiro diamante dourado das montanhas. mostura é encaminhada para o tanque de fermentação que, em aproximadamente 12 dias, irá transformar os açúcares em álcool e gás carbônico (CO²). O composto, então, vai para a etapa de maturação que leva mais 5 ou 6 dias. Neste momento, a Antuérpia passa por um arredondamento de substâncias e paladar, o toque final para encontrar sabor e ponto desejáveis. Assim, após estes preparos, há a filtração, entra a água cervejeira e o CO² da fermentação é dispensado. A partir daí, a Antuérpia está pronta para ser Mathias Reinold na nova microcervejaria Antuérpia envasada e servida ao público. Segundo Petrônio Bozzobon, cervejeiro que guiará a produção diária da Antuérpia, a receita clássica da cerveja artesanal é composta por quatro ingredientes: água, malte (define o sabor e o tipo de cerveja), lúpulo (o grau de amargor e o aroma, além de conservar o produto) e, por fim, a fermentação da levedura que garante o álcool no processo. “Temos que ficar atentos ao controle de qualidade, fazendo provas em todas as etapas e enviando para análises laboratoriais. Antes, é preciso certificar-se que todas as etapas estão de acordo com a receita preparada pelo mestre-cervejeiro”, conclui. Mestre Matthias completa afirmando que “a qualidade da cerveja é assegurada pelo controle das variáveis do processo (máquina, método, matéria-prima, meio ambiente, mão-de-obra e medida), através de procedimentos e de modernas práticas de fabricação cervejeira utilizadas no processo de produção e envasamento. Esses procedimentos são baseados na teoria e na prática da tecnologia cervejeira e da qualidade total”. A microcervejaria Antuérpia ocupa uma área de 250m², com dois andares e ainda uma parte do sótão utilizada para receber a caldeira. No andar inferior, uma geladeira própria para a estocagem do produto na temperatura certa. Na parte principal da planta, temos praticamente todo o procedimento feito pela ação humana em confluência com a tecnologia eletrônica para um controle mais eficaz de qualidade. A produção atinge cerca de mil litros por dia. Entretanto, para que a primeira leva fique pronta, são aproximadamente 21 dias. Ou seja, o trabalho é tão específico que há a necessidade de tempo e paciência para que o chope saia realmente perfeito. Após a moagem e seleção do malte, temos a brassagem, uma espécie de cozimento que irá separar a parte sólida do mosto, o ingrediente principal no preparo da bebida. Em seguida, a O primor pela qualidade garante muito mais que um sabor especial. É também um dos maiores diferenciais para as cervejas de massa que, por questões produtivas, colocam alguns ingredientes a mais na mistura (o malte, o lúpulo e a levedura são quase 100% importados) e muitos deles são os responsáveis por disfunções, dores de cabeças e outros mal-estares provenientes do consumo. Além da primazia no gosto e na textura, as cervejas artesanais não causam azia, efeitos colaterais ou reações bioquímicas depois de consumidas, além de serem produzidas de acordo com o perfil do público. As três versões da Antuérpia (pilsen, premium e black) estão disponíveis sempre em forma de chope, ressalta Reinold. Sendo assim, desejamos que o diamante dourado esteja presente entre nós por muitos e muitos anos, nos trazendo alegria, convivência e, claro, muita prosperidade para Juiz de Fora. 37 Fotos: divulgação Roteiro Gastronômico Brasil Por João Paulo de Oliveira U m provérbio budista ensina que “na hora de estudar, estudar”, “na hora de trabalhar, trabalhar” e também, claro, “na hora de comer, comer”. Ou seja, quando em uma atividade, seja ela física ou mental, é preciso concentração nos sentidos estimulados para que a comida seja apreciada de forma satisfatória pelo indivíduo, traduzindo ao espírito prazer e aprendizado. Entretanto, o mundo se torna cada vez mais rápido e complexo, não permitindo tanto a exclusividade de atenção para uma coisa apenas. Enquanto se alimentam, as pessoas pensam em seus problemas, compromissos, satisfações. Apesar de toda correria e tensão, muita gente tem conseguido reservar um tempinho em sua agenda para preparar viagens e dar uma folga para toda a confusão do dia-a-dia nas cidades. O turismo gastronômico, segundo dados da FIPE , é o terceiro maior motivo de deslocamento dentro do Brasil. Muitos turistas escolhem os destinos a partir do que irão encontrar de experimentação gastronômica em uma região, e sabem como é prazeroso aproveitar os sabores peculiares do lugar. E nessa hora, gastam com satisfação o dinheiro e o tempo sagrados para degustar os diferentes e diversificados sabores da culinária brasileira. Em viagens turísticas, quando se experimenta uma refeição típica, não se leva à boca somente uma mistura de ingredientes, e sim uma rica experiência cultural, aprimorada há anos, passando de geração em geração, até chegar ao tu38 rista. Assim, o prazer gastronômico se sofistica e se assemelha à leitura de um bom livro ou à ida a um ótimo filme ou peça de teatro. O Brasil é um mundo inteiro de sabores e formas de apreciação degustativas e não são apenas as viagens paradisíacas para o litoral ou interior que compensam os sentidos do paladar. Ir ao Rio de Janeiro ou a São Paulo, mesmo a negócios, também pode ser uma ótima opção para este tipo de prazer. Encontramos nas principais cidades do país, uma rica carta, com restaurantes dos mais diversos sabores, preços e serviços. Estas duas metrópoles brasileiras, além de reservarem aos visitantes uma variedade de opções de diversas regiões do nordeste ao sul, também possuem uma excelente rota de cozinhas internacionais, com renomados chefs e ótimas alternativas para o prazer gastronômico. A associação de métodos, alimentos e temperos africanos, portugueses e das demais imigrações, trouxeram um mundo de opções que a própria característica antropofágica do nosso povo fez questão de misturar e criar uma típica forma de se servir e se alimentar. Do tradicional arroz com feijão ao prato mais fino, a cultura culinária do Brasil encanta estrangeiros e brasileiros que, por sinal, podem cada vez mais se darem o luxo de viajar pelo país, à procura dos melhores roteiros gastronômicos que dizem muito da história, dos modos e tradição, da moda e da cultura em geral da região que se visita. NORDESTE Os portugueses influenciaram na elaboração de cozidos, “caldeiradas” e doces. A África trouxe o tempero e o preparo de comidas com o azeite de dendê e leite de coco. Já da herança indígena, temos o uso do milho, da mandioca (macaxeira) e da abóbora (jerimum). Todos os estados são banhados pelo Atlântico, o que propicia uma culinária marítima das mais fartas, com o consumo de peixes, camarão, lagostas, siris e lulas. Em mangues e rios, diversidade de caranguejos e crustáceos, destacando o camarão pitu de água doce e os sururus. No interior da região, o costume culinário está em torno da carne de animais como o bode, o carneiro e o boi, esta última, em especial, a carne-de-sol (menos salgada) e a carne-seca (com mais sal e conhecida como charque ou jabá), ambas preparadas ao ar livre no sol, ou em estufas. NORTE E CENTRO-OESTE Nestas duas regiões, temos a forte influência da culinária indígena, com pratos feitos a partir da rica agricultura, dos frutos e animais da floresta amazônica e do pantanal. No Pará, temos a castanha e a mandioca como bases para diversas iguarias como beijus, pirões e mingaus. Na região norte, temos uma grata proliferação de sucos naturais da floresta amazônica, como o açaí, a graviola e o próprio cupuaçu. No centro-oeste, destaque para o pintado, o caldo de piranha e o pacu; a rã frita e a carne de jacaré; e caçados como carne de capivara, paca e aves no espeto, como o jaó e todos animais da fauna do cerrado e do pantanal. Vale destacar também Goiás, estado com influência de diversas regiões e que assimila características mineiras e paulistas, além da pantaneira. No estado goiano encontramos galinhada, empadão goiano, tutu, linguiça, couve, torresmo e quiabo refogado de grande qualidade. SUDESTE No Espírito Santo, temos a cultura indígena influenciando a culinária da região. As refeições são preparadas à base de peixes e frutos do mar, como a moqueca capixaba, a muma de siri e o peroá frito. O Rio de Janeiro apresenta um cardápio com várias opções nacionais e internacionais, com restaurantes famosos no mundo inteiro, que servem desde os mais tradicionais aos mais exóticos pratos. Temos como destaque a famosa feijoada completa, o caldo verde e o bacalhau, influência significativa de Portugal na cidade maravilhosa. São Paulo é conhecida como uma das principais capitais gastronômicas do mundo. Lá é possível encontrar representantes de quase todas as culinárias do mundo, como a japonesa, a italiana, e a do Brasil. Apesar disso, a tradicional cozinha paulista tem como base o arroz e o feijão e, como prato principal, bife, carne moída ou assada, frango, linguiça, batata frita e salada de alface com tomate. Em Minas Gerais, a carne de porco pode ser encontrada em diversos pratos e não apenas em restaurantes, mas também na imensa e diversificada cultura de bares e botequins que oferecem dobradinhas, linguiça, feijão amigo, costelinha e outras variedades. A carne suína é acompanhada de feijão, farinha, couve, mandioca, etc. Em Minas, ainda existem muitas opções gastronômicas deliciosas como o pão de queijo, o próprio queijo minas, o feijão tropeiro, o tutu à mineira e, claro, uma infinidade de doces como, goiabada, doce de leite, ambrosia, quindim e outras gostosuras. SUL Destacam-se o carneiro no buraco (Paraná), os peixes catarinenses - como linguado, garoupa, namorado, robalo e anchova, frutos do mar - como camarão, lagosta, lula e ostra, além do típico churrasco de boi e o arroz de carreteiro do Rio Grande do Sul. 39 Gastronomia por aí... Luís Alfeu - Engenheiro “Foi incrível o bacalhau assado acompanhado com uma pasta de espinafre que degustei durante uma viagem que fiz a Portugal. O azeite servido junto ao bacalhau tinha um sabor maravilhoso e inesquecível”. Marcos Neves - Executivo “Um prato que marcou quando degustei pela primeira vez foi o cassoulet, quando estive na cidade de Carcassonne, no sul da França. Um prato delicioso que tenho a oportunidade de saborear em casa, preparado por minha esposa”. André Pavan – Empresário “Tudo na vida é feito de momentos. Assim é quando estou na cidade de Búzios/RJ, onde sempre às 17h, com o pôr-do-sol bem pertinho, vou degustar um pargo assado com molho de ervas em um restaurante da cidade. É um prato que mexe com os sentimentos de qualquer um”. Ana Paula Ribeiro – Oficial de Justiça “Um prato inesquecível que já degustei foi um camarão na moranga com arroz selvagem em um antigo restaurante da cidade. Um molho leve e delicado acompanhado de uma mini-abóbora. Nunca comi algo parecido”. Vivian Werneck Alvim – Psicóloga “Em 2006, fui à Costa do Sauípe e comi uma comida típica espanhola, uma verdadeira paella. Já tinha degustado outras, mas aquela realmente superou minhas expectativas”. Manoel Resende - Empresário “Não me esqueço quando em 2006, em uma confraria na qual estavam reunidos alguns amigos, provei um steak au poivre, da cozinha francesa, preparado pelo chefe Otávio Bedinele, em sua casa no Parque Imperial. Um prato de carne acompanhado com molho e pimenta (poivre), extremamente gostoso e com um sabor único”. DI Cinema e gastronomia se juntam para dar mais sabor ao entretenimento. Muita gente pensa que o encontro entre o cinema e a gastronomia se dá através de balas, chicletes, pipoca e refrigerante e, quase sempre, deixando uma baita sujeira nas salas de exibição. Entretanto, a mesa e a telona têm cada vez mais se aproximado, seja por roteiros em que a comida é tema ou participante importante, seja por eventos inusitados que juntam as duas artes. Por João Paulo de Oliveira R emy é um ratinho simpático e muito inteligente. Ele foi agraciado com um faro espetacular para aromas e um paladar super refinado, além disso, consegue entender e ler o que os humanos escrevem e dizem. O ratinho vive em um pequeno vilarejo do interior da França e divide o seu tempo entre detectar eventuais venenos colocados para os ratos e aprender lições do Chef Gusteau em um programa de TV. Após uma tremenda confusão, Remy chega a Paris guiado pelo espírito do chef, que morrera de desgosto por seu restaurante ter perdido uma estrela em uma importante avaliação gastronômica. Na “Cidade Luz”, Remy se torna amigo de Linguini, um jovem iniciante na cozinha, e os dois passam a viver o cotidiano de um restaurante em provação depois que seu principal “ingrediente” havia desaparecido. Ratatouille é um desenho animado da Disney que encanta não só pelo lado cômico, mas também pelas saborosas sopas preparadas pela dupla. A história do ratinho é contemporânea, mas o cinema já retratou com dramaticidade a vida daqueles que se sentiram acuados por uma decepção culinária. Em Vatel – um banquete para o Rei, Gérard Depardieu interpreta o personagem título, um mestre-cozinheiro a serviço de um general aposentado que irá receber a visita do rei Luiz XIV e, assim, deseja impressioná-lo da melhor maneira possível. O filme é um bálsamo para quem aprecia a culinária do século XVI, da era dos palácios e do Antigo Regime na França. Nem o mais novo Maria Antonieta conseguiu retratar a cozinha de época tão bem quanto Vatel. Sua narrativa é provocadora e discute temas que hoje em dia ainda têm sua validade. 42 O filme mostra com riqueza os detalhes e a precisão dos bastidores de uma cozinha. Porém, o perfeccionista personagem histórico, em uma crise, acabou por se suicidar devido à insuficiência de peixes para os convidados. Exageros à parte, o cinema e a comida sempre estiveram lado a lado. Entretanto, se em um primeiro momento, a comida simbolizava o sexo, nos últimos tempos, ela tem sido o banquete principal nas salas de cinema. Um dos mais novos da atual safra é o brasileiríssimo Estômago. O filme é dirigido por Marco Jorge e, através de uma poética que mistura música e comida, faz da obscuridade de uma penitenciária, um formidável pano de fundo para a reverência à gastronomia. O personagem principal, um nordestino que chega a São Paulo, leva à dureza da vida na cadeia, os encantos da culinária brasileira. No excelente livro O cinema vai à mesa – histórias e receitas – (Melhoramento), o crítico Rubens Ewald Filho e Nilu Lebert trazem aos fãs da gastronomia e da sétima arte, uma seleção das mais saborosas películas, que misturam sabores, aromas e fortes emoções. Segundo os autores, a reunião destas duas iguarias da inteligência humana é caso recente. Até bem pouco tempo havia certo preconceito, pois imperava um sentido muito sexual à mistura de comida e cenas dramáticas. Apenas nos anos 80 e 90 é que aparece o conceito food film, no qual a comida surge não somente em poucas cenas, tais como dos suculentos morangos agraciados por Kim Basinger e Mickey Rourke em 9 ½ Semanas de Amor (1986) e da clássica manteiga do filme O último tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci. Cinema vai à mesa retrata com detalhes as experiências gastronômicas e seus desenvolvimentos em diversos filmes como Dona Flor e seus Dois Maridos, Festa de Babete, Comer, Viver, Beber, O Filho da Noiva, Chocolate, O Tempero da Vida, entre outros. Além da ficha completa dos filmes, o cinéfilo-gastronômico ainda encontrará as receitas dos pratos que aparecem sendo servidos ou comentados nas cenas. Uma delícia de opção para quem gosta de viver um ótimo momento, comendo bem, acompanhado de um bom vinho, uma ótima companhia, e ainda assistindo a um estimulante a mais para o paladar. A parceria é tão forte que há dois anos acontece em São Paulo a Virada Cine-Gastronômica, na qual são exibidos, durante 24 horas, filmes que têm a comida como temática ou ingrediente indispensável. Além de poder assistir às apetitosas obras, o público também participa de degustações durante os intervalos das exibições, uma maneira um tanto quanto coerente para um evento que busca unir estas duas paixões e, inspiradas, claro, nos filmes que acabam de passar. 43 Fonte: Livraria Saraiva DICAS DE LIVROS e o requinte de chefs - pratos de culinária internacional salpicados com a criatividade e o tempero brasileiro. Reunidas neste livro estão 100 receitas selecionadas desse rico cardápio. E, como é na cozinha que se contam as melhores histórias, aqui se reúnem também registros da glamourosa trajetória dos hotéis, que o Senac São Paulo traz para o público nas páginas de um atraente projeto gráfico. São sabores e delícias da melhor tradição gastronômica. Um repasto de aguçar os sentidos. Aquim - Uma Família Apaixonada Pela Gastronomia Autor: Aché, Suzete; Landau, Alexander Editora: Senac, Rio de Janeiro R$ 115,00 Apaixone-se você também pela gastronomia, lendo a história de uma família empreendedora e feliz. Conheça os mistérios de sua cozinha e se delicie com o texto de Suzete Aché e as fotos de Alexander Landau. Este livro tem tudo para deixar você com água na boca. Descubra os ingredientes do sucesso da Família Aquim e regale-se com sua arte. A Dieta do Chef Alta Gastronomia de Baixa Caloria Autor: Villard, Roland Editora: Senac, São Paulo R$ 80,00 Gastronomia & História dos Hotéis Escola Senac São Paulo Autor: Barreto, Ronaldo Lopes Pontes; Santos, Antonino Malaquias dos; Gomes, Fábio de Freitas Roland Villard é um chef renomado, e recebeu alguns dos mais importantes prêmios culinários do mundo, entre os quais se destaca o de único chef na América Latina a fazer parte da Academia de Culinária Francesa. Seu diferencial está nos pequenos detalhes, em sua percepção aguçada de como agradar aos clientes e na ousadia de suas criações. Decidido a entrar em forma, Roland emagreceu 30kg ao adotar um menu de pratos leves e com poucas calorias, mas que mantêm o visual, a textura e o sabor da alta gastronomia pela qual ficou conhecido. Neste livro, o leitor encontrará as receitas clássicas e as versões light da cozinha estrelada de Roland Villard. E poderá emagrecer em altíssimo estilo. Editora: Senac, São Paulo R$ 160,00 Das cozinhas dos hotéis Senac saem finas iguarias que agradam hóspedes e visitantes de todos os lugares. São produções preparadas com o cuidado 45 Delicioso Brasil - Gastronomia e Turismo Delicious Brazil - Gastronomy And Tourism Autor: Bogosian, Francy Soares Revolução na Cozinha Editora: Entrelivros Autor: Oliver, Jamie R$ 70,00 A Culinária Brasileira é deliciosa e nutritiva. É também, fácil de preparar. Muitos alimentos brasileiros são exportados, e muito apreciados no exterior. Por exemplo: pão de queijo, farinha de mandioca, colorífico de urucu, caldo de cana, etc. Produtos, como o artesanato, a arte cênica e o turismo estão em destaque por causa da sua exuberância natural. A mistura indígena, africana e européia (mais especificamente a portuguesa) resultou nas diversidades regionais, com seus sabores exóticos, afrodisíacos e belos de nossa culinária. Editora: Editora Globo R$ 78,00 Jamie Oliver é um dos mais famosos chefs da Grã-Bretanha, não somente por causa dos seus programas de televisão, mas também por iniciativas como o projeto do restaurante Fifteen - quando treinou quinze jovens carentes para se tornarem chefs - ou a campanha contra alimentos processados servidos em escolas. O seu mais recente desafio é o novo lançamento da Editora Globo, “Revolução na Cozinha”, também uma série televisiva exibida no canal GNT. Dicionário Tradutor de Gastronomia em Seis Línguas Autor: Saldanha, Roberta Malta Editora: Superbrands Chefs - Segredos e Receitas R$ 68,00 Autor: Norman, Jill O Dicionário Tradutor de Gastronomia tem como objetivo auxiliar e facilitar a leitura, compreensão e estudo do vasto mundo da gastronomia. Seus procedimentos, termos, modos de preparo e ingredientes. Publicação inédita no Brasil, foi redigida em 6 línguas - Português, Inglês, Francês, Alemão, Italiano e Espanhol - dividida em 32 categorias, e conta com mais de 19.000 termos, além de índice remissivo em cada idioma para agilizar a pesquisa. 46 Editora: Melhoramentos R$ 157,00 Gastronomia é sabor, paixão e um tema cada vez mais valorizado. Ela está no aroma irresistível do pão caseiro, na lagosta fresca preparada no ponto exato, na leveza das espumas e musses e no tempero inusitado de carnes servidas em estrelados restaurantes internacionais. Em “Chefs - Segredos e Receitas”, esses e muitos outros requintes são revelados por 18 dos mais renomados mestres de culinária internacional. Por Caroline Farinazzo Antigamente, a vida no campo permitia um conhecimento empírico a respeito dos alimentos e suas propriedades. A culinária não contava com ingredientes contaminados por agrotóxicos e as pessoas aproveitavam as matérias-primas orgânicas que hoje normalmente vão para o lixo, como sobras, folhas, cascas, talos e até sementes. Devido à industrialização e à migração da população para os centros urbanos, a qualidade de vida foi prejudicada, principalmente em relação à prática diária da boa alimentação, fundamental para o bem-estar do ser humano. A cultura capitalista popularizou os fast foods e estabeleceu o hábito de consumo rápido, geralmente com poucos nutrientes e a um custo relativamente baixo. Mesmo quando se busca uma alimentação benéfica e variada, o desperdício é praticamente inevitável em função da falta de informação quanto ao preparo dos pratos. Através de atitudes práticas, é possível evitar o desperdício, aproveitar integralmente os alimentos, elaborar refeições saborosas, nutritivas e também baratas. Diversas empresas e organizações já apresentam programas educativos para incentivar a mudança de hábitos alimentares de todos os indivíduos. O canal Futura exibe a série “Alimente-se Bem”, que engloba programetes para estimular a utilização de ingredientes pouco empregados na culinária familiar. Esses produtos apresentam alto valor nutritivo e podem ser preparados através de receitas rápidas e criativas, desenvolvidas por nutricionistas do Serviço Social da Indústria - SESI. Outro programa interessante é o “Mesa Brasil”, do Serviço Social do Comércio - SESC. Através de diversas cartilhas educativas, a instituição contribui para a disseminação das receitas com aproveitamento integral. Veja ao final da matéria, algumas formas de utilização desses alimentos que erroneamente são vistos como “pouco nobres”. O Instituto Akatu - Pelo Consumo Consciente - também desenvolve projetos de comunicação e educação focados na mudança comportamental do consumidor. Em um caderno temático intitulado “A nutrição e o consumo consciente”, o Instituto sugere ações simples que, desde o momento da compra, auxiliam na elaboração de um cardápio diversificado, evitando a aquisição de excedentes e garantindo produtos de boa qualidade. Dentre essas atividades, está a elaboração de um cardápio semanal, baseado na preferência e na necessidade alimentar de toda a família. Isso diminui os gastos financeiros e de tempo, facilitando as refeições diárias, uma vez que ficam pré-determinadas. Antes de sair às compras, também é importante observar o que ainda resta na despensa e na geladeira, para preparar corretamente uma lista dos produtos que estão em falta. No supermercado, deve-se 49 sempre ficar atento à validade dos alimentos e à forma correta de armazenamento dos mesmos. Além disso, os produtos perecíveis devem ser retirados por último, pois assim permanecem por menor período de tempo na temperatura ambiente, conservando suas propriedades. Comprar hortaliças, frutas frescas e produtos da safra, semanalmente, também garante o frescor dos alimentos e evita o desperdício em função da deteriorização. Sugestões de receitas: Farofa com casca de abacaxi e talos Ingredientes • 1/2 xícara de óleo • 1 cebola picada • 2 dentes de alho amassado • 100g de bacon ou toucinho picado (opcional) • 2 xícaras de talos ou verduras picadas Para mais informações sobre dicas, programas e receitas, acesse: • 1 xícara de cenoura ralada • sal e pimenta a gosto • 1 xícara de casca de abacaxi batida no liquidificador Instituto Akatu: www.akatu.org.br Programa Alimente-se Bem, Canal Futura: www.futura.org.br • 1/2 kg de farinha de mandioca crua Modo de Preparo Levar ao fogo para refogar o óleo, cebola, alho e o bacon. Depois acrescentar aos poucos as verduras, legumes e deixar refogar. Colocar o abacaxi, temperar e, por último, vá acrescentando a farinha de mandioca mexendo sempre, para ficar uma farofa bem solta. Programa Mesa Brasil: www.mesabrasil.sesc.com.br Panqueca verde Conheça alguns alimentos que podem ser aproveitados integralmente: Massa Ingredientes • 1 xícara (chá) de talos e folhas (espinafre, cenoura, beterraba) cortados e cozidos • 1 xícara (chá) de leite • 2 ovos • 1 xícara (chá) de farinha de trigo • 1/2 colher (chá) de sal • Folhas de: cenoura, beterraba, batata-doce, nabo, couve-flor, abóbora, mostarda, hortelã e rabanete. • Cascas de: batata inglesa, banana, tangerina, laranja, mamão, pepino, maçã, abacaxi, berinjela, beterraba, melão, maracujá, goiaba, manga e abóbora. • Talos de: couve-flor, brócolis e beterraba. • 1 colher (sopa) de margarina Recheio • 2 colheres (sopa) de óleo • 1 cebola picada • 1 dente de alho picado • Sementes de: abóbora, melão e jaca. • 6 xícaras (chá) de talos e folhas bem lavados e picados • Nata. • Sal a gosto • Pão amanhecido. Modo de Preparo Massa Saiba o que é possível fazer com as sobras de: • Carne assada: croquete, omelete, tortas e recheios. Colocar os talos no liquidificador, acrescentar o leite e bater até a mistura ficar homogênea. Passar a massa por uma peneira. Devolver a massa para o liquidificador e acrescentar os ovos. Adicionar farinha, sal e margarina e reservar a massa. Recheio Colocar o óleo numa panela. Acrescentar a cebola e o alho e deixar dourar. Acrescentar os talos e as folhas e água se necessário. Juntar o sal, tampar a panela e deixar cozinhar. Montagem da panqueca Colocar a massa na frigideira, espalhar bem e deixar fritar dos dois lados. Rechear as panquecas. • Carne moída: croquete, recheio de panqueca e bolo salgado. *As dicas e receitas foram retiradas das cartilhas educativas do Instituto Akatu e do SESC. • Arroz: bolinho, arroz de forno, risotos. • Macarrão: salada ou misturado com ovos batidos. • Hortaliças: farofa, panquecas, sopas e purês. • Peixes e frango: suflê, risoto e bolo salgado. • Aparas de carne: molhos, sopas, croquetes e recheios. • Feijão: tutu, feijão tropeiro, virado e bolinhos. • Pão: pudim, torradas, farinha de rosca e rabanada. • Frutas maduras: doces, bolo, sucos, vitaminas e geléia. • Leite talhado: doce de leite. 50 Por Mônica Machado Gastronomia em alta Com novos formatos, programas do gênero ganham espaço na televisão, conquistando apreciadores no mundo inteiro. H á muitos anos, os programas de culinária fazem parte da programação das emissoras do Brasil, principalmente, na parte da manhã, cujo público-alvo é a dona de casa. Quem não se lembra da Maravilhosa Cozinha da Ofélia, na Rede Bandeirantes, ou do Forno, Fogão e Cia, na TV Gazeta, multiplicadores de inúmeras receitas presentes em cardápios caseiros de centenas de famílias. Com o tempo, programas femininos ganharam novos formatos e espaço na televisão, dando destaque para os quadros do gênero que se tornaram sensação, tanto para quem assiste, como para quem faz. Mais Você, Receita Minuto, Hoje em Dia, Todo Seu e Tv Culinária são alguns exemplos do canal aberto, que além de manterem a tradição de ensinar receitas simples ou sofisticadas, convidam chefs de cozinha renomados e, por muitas vezes, charmosos, para alavancar a audiência e atrair o público-alvo, como o chef Edu Guedes, que apresenta um quadro no programa “Hoje em Dia”, da Record. Com o advento da TV a cabo, outros programas do ramo começaram a ser produzidos no Brasil e no exterior, porém, com um toque a mais. A culinária ganha um aspecto mais cultural, como, por exemplo, o “Planeta Comida”, na Discovery Travel, que explorava um país e seus hábitos gastronômicos, e ensinava a preparar um prato típico do local visitado. Uma fórmula perfeita que conquistou um público bem diferente do convencional, os amantes da gastronomia e do turismo. Usando o mesmo ingrediente, o famoso chef e padeiro, Olivier Anquier apresentava na GNT, um programa onde viajava com seu fusca 62 para lugares inusitados do Brasil, descobrindo receitas tradicionais e curiosas, além de ensinar ao telespectador uma maneira mais simples de cozinhar, quebrando a rigidez e a técnica profissional de muitos chefs; e mostrando o momento mágico de comer e proporcionar o prazer com a comida. Hoje, Olivier disponibiliza programas em vídeo em seu site (www.olivieranquier.com.br), uma produção independente para quem ainda continua acompanhando as aventuras do apresentador pelas regiões brasileiras, em busca de novidades da culiária nacional. Ao contrário da simplicidade e da regionalização explorada por Olivier Anquier, o programa “50 por 1”, exibido aos sábados na Record, apresentado pelo milionário e playboy Álvaro Garnero, une também o turismo à gastronomia, porém com sofisticação e requinte. Além disso, mostra outras particularidades de países exóticos e tradicionais que ganham uma leitura pessoal ao relatar “50 experiências essenciais” que devem ser feitas antes de morrer, através de suas viagens pelo mundo. Apreciador da boa gastronomia e frequentador dos melhores restaurantes internacionais e nacionais, o apresentador faz questão de participar de degustações, evidenciando o prato preparado especialmente para o programa. Chefs famosos, como Claude Troisgros e Deise Novakoski, comandam o “Menu Confiança”, uma combinação 51 perfeita entre vinhos e alta gastronomia. Outro chef renomado, Jamie Oliver, ensina receitas simples com produtos naturais no “Em casa com Jamie Oliver”. O programa já acabou, mas quem assistiu pôde acompanhar a preparação de pratos com ingredientes básicos e acessíveis, através de receitas simples, mas de uma maneira relaxante e divertida de cozinhar. Com um detalhe: o cenário era sua própria cozinha. O chef Anthony Bourdin é outro amante da alta gastronomia e do turismo. No programa “Sem Reservas”, experimenta diferentes pratos viajando por vários países. Destrincha lugares, descobre segredos, sem usar clichês, em busca da essência e da origem de cada sabor, de cada ingrediente. Olivier Anquier Fotos: divulgação No Brasil, os respeitados Alex Atala e Flávia Quaresma, juntos pela primeira vez na televisão, apresentam o “Mesa para Dois” na GNT. Enquanto Flávia explora os temperos e receitas regionais, e suas influências na gastronomia nacional, Atala transforma as descobertas da chef carioca em maravilhosos e exuberantes pratos, revolucionando o paladar brasileiro. Edu Guedes Hell’s Kitchen Diferente de todos, “Hell’s Kitchen” é o reality show mais famoso do gênero na TV por assinatura. O Chef escocês Gordon Ramsay conduz 12 jovens aspirantes a Chef, dos quais somente um será escolhido como o melhor de todos. Durante a competição, os participantes sofrem pressão psicológica, sendo humilhados sempre quando algo sai errado. Severo, rígido e nada simpático, Gordon é a principal atração do programa, um verdadeiro sucesso de audiência no exterior. “O ato de cozinhar é mágico, é uma arte, a essência da busca das misturas perfeitas que, reunidas de uma certa maneira e numa determinada proporção, traz um prazer fantástico para quem faz e, principalmente, para quem come. Um bom prato é uma obra de arte.” Alex Atala 52 Alex Atala Com certeza, a ascensão da gastronomia proporcionou a produção de inúmeros programas de televisão. Simples ou sofisticados, estão atraindo públicos diversificados e disseminando a cultura gastronômica de países, desvendando origem, influências e segredos de um dos maiores prazeres da vida: o ato de comer um bom e belo prato. Fotos: divulgação A hora do Aço O universo gastronômico é amplo e cada vez mais fascinante, com uma infinidade de ingredientes e produtos dos mais variados tipos. Diante de tantas opções, o aço inoxidável volta ao mercado conquistando o posto de estrela da gastronomia. Ele está presente tanto nos utensílios como nas utilidades domésticas. Com design mais moderno, os produtos em inox são práticos, versáteis, seguros e resistentes, além de dar um toque mais sofisticado à decoração de cozinhas domésticas e gourmets. Além disso, a aplicação do aço inoxidável nos projetos de cozinhas profissionais e particulares se torna um instrumento de garantia para a qualidade na manipulação dos alimentos, pois impede a transmissão de substâncias tóxicas, odores ou gosto devido à superfície lisa, além de atender às exigências das legislações atuais, nacionais e internacionais. 54 a e a vez o Inoxidável Por Mônica Machado Principais Atributos do Aço Inox Resistência à corrosão • Resistência mecânica superior aos aços de baixo carbono • Facilidade de limpeza, baixa rugosidade superficial • Aparência higiênica • Material inerte: não modifica cor, sabor ou aroma dos alimentos • Facilidade de conformação • Facilidade de soldagem, união • Mantém suas propriedades numa faixa muito ampla de temperatura, inclusive muito baixas (criogênicas) • Acabamentos superficiais variados • Forte apelo visual (modernidade, leveza e prestígio) • Relação custo/benefício favorável • Baixo custo de manutenção • Material 100% reciclável • 55 Por Mônica Machado A trufa é um gênero de fungo subterrâneo da família Tuberaceae, formado em simbiose com as raízes das árvores. Nasce sob a terra, a uma profundidade de 20 a 40 centímetros, próximo às raízes de castanheiras e carvalhos. Com aspecto de mármore negro e bege, sua principal característica é o perfume. As trufas podem ser encontradas nas regiões de Alba e Piemonte (Itália) e de Périgord (França). Sua procura é uma verdadeira caça ao tesouro, e geralmente a colheita é realizada por homens e cães. Os bons farejadores conseguem sentir o cheiro a uns 70 metros de distância da trufa enterrada. é recente. O aroma inigualável da trufa é o segredo de pratos sofisticados que podem ser encontrados somente em alguns restaurantes de São Paulo e de Petrópolis (RJ). Em Juiz de Fora, a Assunta Forneria elaborou um cardápio especial com os cobiçados ingredientes gastronômicos. Devido à sua raridade, as trufas, são consideradas os “diamantes negros” ou “fungos de ouro” da culinária, o que justifica o preço dessa especiaria de sabor refinado e sutil. Antigamente, dizia-se que há duas espécies de apreciadores de trufas: os que acreditam que as trufas são boas porque são caras e os que sabem que No Brasil, a utilização dessa iguaria elas são caras porque são boas. 57 Fotos: divulgação 58