ano de conquistas

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ano de conquistas
INFORMAÇÃO E DEFICIÊNCIA
N°7 - 2008 - ANO II
abril/maio
Estamos no 7º número, comemorando um ano de sucesso, e
nos sentimos gratificados pela repercussão do nosso informativo,
reconhecido como a publicação
que realmente chega ao públicoalvo, seja por mala-direta – recente e atualizada – ou por “corpo-acorpo”. Fazemos questão de estar
nos eventos, entregar exemplares
do informativo de mão em mão
e conversar com nossos leitores
de forma personalizada. Este é o
nosso diferencial.
A você, leitor, nosso muito obrigado.
Esperamos
continuar
contando com a sua participação e apoio. Sinta-se parte do
“Na Luta”!!!
Beatriz Pinto Monteiro
Supervisão Editorial e Comercial
Coordenação da Publicação
ano de conquistas
ESPECIAL
PAC e a Acessibilidade
O Programa de Aceleração do Crescimento, PAC, bandeira
desenvolvimentista do Governo Federal, além de vir numa
hora política e economicamente oportuna, não tem deixado
de considerar importantes fatores sociais no desenvolvimento
de suas ações e estratégias.
Deixando de lado as questões macroeconômicas pelas quais
perpassa o PAC, devemos nos focar, nesse breve comentário,
a questões de ordem social importantes.
A primeira dela diz respeito à ampliação de vagas no
mercado de trabalho. Já a segunda refere-se a construções e
urbanização em comunidades carentes.
Como pleito envolvendo o seguimento de pessoas com
deficiência, no que se refere à criação de postos de trabalho,
deve-se buscar, junto aos organismos e entes públicos que
executam ações do PAC, a observância da “lei de Cotas”,
ampliando o mercado de trabalho das pessoas com algum
tipo de deficiência.
O desenvolvimento, base do plano, leva em consideração
aspectos mais amplos do que aqueles vinculados somente ao
crescimento econômico. O bem estar social e a melhoria das
condições de vida de grande parcela da população brasileira
são uma dívida que pode e deve ter no PAC o início de um
resgate que já se faz tardiamente.
A busca pela cidadania plena envolve trabalho, moradia e
acessibilidade, no bojo de uma gama de direitos e deveres
constitucionais e humanistas.
No que tange à acessibilidade física dos projetos urbanísticos
e de construção de moradias em comunidades consideradas
carentes, urge uma preocupação com a supressão de
barreiras arquitetônicas e a utilização de preceitos do
desenho universal.
Nessas comunidades existe um grande número de moradores
com deficiências físicas que têm o direito absoluto por
usufruírem dessas adequações urbanísticas.
O direito à educação, à saúde pública, ao mercado de
trabalho, ao lazer, à cultura e a outros serviços oferecidos
não pode ser cerceado pela inviabilidade de locomoção,
como no caso de uma pessoa usuária de cadeira de rodas
que more em um morro e não tenha condições de acessar as
oportunidades apresentadas no “asfalto”.
Soma-se a esse contingente expressivo as pessoas idosas e
aquelas com dificuldades em sua locomoção.
A hora é essa. Planejar já levando em consideração a
universalização da acessibilidade, privilegiar pessoas com
deficiência e idosos na re-locação de suas moradias nessas
comunidades e atentar para que o planejamento não deixe
de considerar a acessibilidade em todas as ações do PAC.
“Na Luta” comemora seu primeiro aniversário
A Reatech 2008 foi palco de uma comemoração muito especial. Exatamente nesta
mesma feira, há um ano, era lançada a primeira edição do jornal Na Luta, com a presença
mais que carismática do nosso patrono Herbert Vianna, guitarrista e líder dos Paralamas do
Sucesso.
Confira abaixo alguns depoimentos sobre a importância deste primeiro aniversário:
“Ter um veículo de comunicação como o Na Luta, que fale a respeito das nossas necessidades e interesses é um grande avanço. Torço para que continue crescendo.”
Antonia Yamashita, autora do livro “A Trajetória de uma mãe especial”.
“O Na Luta é um veículo fundamental. Ele mostra à sociedade tudo que é feito em prol dos deficientes
e, faz com que ela perceba que eles não são casos isolados. Além disso, mostra o que realmente é a
superação das pessoas portadoras de deficiências”.
Sandro Russil, Gerente de Recursos Humanos do HSBC
“O público portador de deficiência é muito carente de informação. O Na Luta é hoje, um dos pioneiros
nesse tipo de divulgação, o que é importantíssimo, tanto para nós, empresários, quanto para o público
que ele atinge“.
Aparecido Pereira, diretor técnico da Basic Elevadores
“O Movimento SuperAção apóia o Na Luta desde a sua segunda edição. Ele é fundamental porque traz
informação sobre os direitos e sobre serviços para as pessoas portadoras de deficiências”.
Luis Mauch, Coord Administrativo / Financeiro da Mais Diferença
“O mundo visto de um ponto de vista um pouco mais baixo, mas muito mais amplo. Parabéns ao Na
Luta por seu 1°. ano.”
Herbert Vianna, músico e patrono do Na Luta
EXPEDIENTE
EDITORIAL
2 NA LUTA
Ass: Os Editores
NA LUTA - n° 7 – ABRIL/MAIO 2008
Supervisão Editorial , Administrativo e
Comercial: Beatriz Pinto Monteiro
Coordenação da Publicação:
Beatriz Pinto Monteiro
Tel.: 21- 2204-3960
e-mail: [email protected]
Projeto Gráfico e Editoração:
Roberto Tostes Cel 21-9263-5854
Jornalista responsável:
João Menescal: MTB 27988/RJ
Jornalistas matéria Reatech e Depoimentos primeiro
aniversário do “Na Luta”:
Eduardo Lemos e Rafael Michalawski
Consultores:
Antônio João Menescal Conde
Jefferson Maia
Lia Likier Steinberg
Teresa Taquechel
Fotos:
“Os raros do Teatro Mágico” - Vinicius Campos; “Parada Gay
2008” – Ynaiê Dawson ; “Às vésperas de Beijing 2008” - CPB;
“Mesquita comemora semana do deficiente com os Paralamas
do Sucesso” - José Egídio; “Município do Rio de Janeiro tem
primeiro cadeirante em posto do alto escalão”, “Um outro
Olhar” e “Um olhar especial para a arte” - Equipe “Na Luta”;
“Reatech - Equipe “Na Luta” e HSBC; Demais Fotos: Arquivos
Pessoais
Apoio: Mais Diferenças Educação e Inclusão Social
Agradecimentos:
Instituto Unibanco – Distribuição Nacional
As matérias e conteúdos deste informativo podem
ser reproduzidos, desde que citada a fonte.
As opiniões expressas são transcrições literais dos depoimentos
prestados, não representando, em sua totalidade, necessariamente
a opinião e a linha editorial desta publicação.
Visite também a página da internet: Site Paralamas Oficial -http://www2.uol.com.br/paralamas/na_luta/index.htm
ASSINATURA GRATUITA DO “NA LUTA”
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A vitória da lucidez
NA LUTA
STF vota pela manutenção das pesquisas com células-tronco embrionárias
FOTO: O GLOBO
O Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 29 de maio, tomou a heróica e histórica decisão de manter, na íntegra, a Lei de Biossegurança, que permite pesquisas
com células-tronco embrionárias. A legislação havia sido aprovada no Congresso
Nacional em 2005, mas impedida de ser posta em prática em virtude de uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade (Adin), interposta pelo então procurador-geral da
República, Cláudio Fonteles.
Retomadas as votações, após o pedido de vista, em março, do ministro Carlos
Alberto Direito, o STF levou dois dias debatendo para que, finalmente, o Tribunal
resolvesse pela aprovação integral da lei. Foram seis votos a favor, dos ministros
Carlos Ayres Britto (relator), Ellen Gracie, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Joaquim
Barbosa, Marco Aurélio de Mello e Celso de Mello. Votaram contra ou tentaram
impor restrições à lei os ministros Carlos Alberto Direito, Ricardo Lewandowski,
Eros Grau, Cezar Peluso e Gilmar Mendes.
De acordo com a Lei de Biossegurança, que agora passa a vigorar, é permitida a
manipulação de células-tronco embrionárias para fins terapêuticos, desde que essas
estejam há pelo menos três anos congeladas nas clínicas de fertilização. Esses embriões não seriam utilizados e, por conseguinte, seriam descartados, jogados fora.
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
(SEDH/PR) e o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade) divulgaram nota na qual afirmam que a ADIN foi um atraso para
as pesquisas. A Coordenadoria Nacional de Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência (Corde) também aprovou a decisão do STF.
Maioria da população favorável – Nestes últimos meses, durante os quais houve
intenso debate sobre a utilização de células embrionárias em pesquisas científicas, a maioria da população brasileira tomou uma posição: a de que esses
estudos representam uma esperança para milhares de pessoas com deficiência
ou doenças degenerativas, e que, portanto, tais pesquisas deveriam continuar.
Um dos grandes defensores da Lei de Biossegurança é o brigadeiro Hermano
Vianna, pai de nosso patrono e incentivador, Herbert Vianna. Ele classificou a
decisão do STF como uma “vitória da lucidez sobre o obscurantismo”. Embora
tenha achado a vitória no tribunal apertada, o brigadeiro disse que a manutenção da lei foi o mais importante. “A nossa grande vitória foi em 2005, quando a lei
foi aprovada no Congresso Nacional. O Supremo somente derrubou uma Adin
injustificada”, defendeu.
Agora, a expectativa é a de que o Brasil invista nessas pesquisas, para que
todo o debate não tenha sido em vão. Diversos cientistas de ponta já demonstraram que os resultados obtidos em pesquisas com células-tronco adultas não
têm os mesmos resultados daqueles com células-tronco embrionárias. A lei está
em vigor e investimentos no setor serão bem-vindos. “Eu espero que o governo e a iniciativa privada invistam pesado nessas pesquisas”, afirmou Hermano
Vianna.
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4 NA LUTA
Reatech atrai mais de 37 mil pessoas a São Paulo
Terceira maior feira de Reabilitação do mundo tem crescimento de quase 35% em sua área e conta com público 15% maior em relação à edição de 2007.
por Eduardo Lemos e Rafael Michalawski
Equipe Mais diferença
Pelo 7o ano consecutivo, a cidade de São Paulo foi
sede da Reatech – Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade. O evento aconteceu no Centro
de Exposições Imigrantes, zona sul da cidade, entre os dias 24 e
27 de abril. Segundo os organizadores, a feira recebeu ao todo
mais de 37 mil pessoas, entre visitantes, profissionais da área e
expositores, um crescimento de quase 15% em relação ao ano
passado. Além disso, houve um incremento de 35% na área vendida (na comparação com o ano anterior). Esses números consolidam a Reatech como a terceira maior feira de reabilitação e
acessibilidade do mundo.
Segundo Rodrigo Rosso, diretor da feira, “o objetivo da
Reatech é levar ao visitante um mundo novo em reabilitação, inclusão e acessibilidade”. Rosso afirma ainda que o crescimento
desta edição superou todas as expectativas. “Foi surpreendente
[o crescimento], tanto em número de visitantes quanto em investimento e quantidade de expositores. Isso nos leva a crer que a
feira já tem seu espaço consolidado no mercado, o que também
é reflexo da maior conscientização do papel das pessoas com
deficiências enquanto cidadãos e consumidores em potencial e
da aposta da indústria voltada a esse público”, conclui.
A estrutura da feira foi completamente voltada ao público com deficiência. A começar pelo transporte gratuito (ida e
volta), dotado de veículos adaptados, que saíam do metrô Jabaquara direto para o evento. Na chegada, o visitante era recebido
por profissionais surdos ou mudos, que gentilmente encaminhavam as pessoas para o local correto do credenciamento. Vale
lembrar que o acesso à feira era gratuito e aberto a todos.
Além da exposição comercial de produtos voltados ao
público com deficiência (camas, cadeira de rodas, elevadores,
automóveis, entre outros), a Reatech contou com uma variada
programação de artes cênicas, cantores, músicos e grupos de
dança compostos por artistas com deficiências, eqüoterapia; galeria de arte; parque infantil adaptado; quadras para a prática
de esportes; test-drive de carros adaptados e de cadeiras de rodas motorizadas e scooters; mini-fazendinha com animais para
terapia; além de palestras e congressos, com destaque para o
SEMINEDI, voltado para a educação inclusiva.
A coordenadora e supervisora do “Na Luta”, Beatriz
Pinto Monteiro, esteve na Feira acompanhada pela conselheira
Lia Steinberg, quando fez, no estande do HSBC, sorteio de camisetas e CDs da banda Paralamas do Sucesso. O evento foi uma
grande e animada festa, com a presença de muitos visitantes da
Reatech.
Para Sandro Russil, gerente de recursos humanos do
Banco HSBC, a importância da Reatech é enorme. “A Reatech
tem como principal foco mostrar que as pessoas com deficiência
física não são apenas mais uma tendência de mercado e, sim,
uma realidade. Isto faz com que todas empresas se prepararem
a estar com produtos prontos e diferenciados para esse público.
Neste ano especificamente, o HSBC veio com uma campanha
social voltada ao público com deficiência”, afirmou à reportagem do Na Luta.
Além de destacar o evento, Sandro explicou o objetivo do HSBC na Feira. “O HSBC tem um programa diferenciado no mercado para contratração de portadores de deficiência,
para que eles sejam treinados e qualificados para entrar no mercado de trabalho. Este programa tem duração de 8 meses. Após
esse período, é feita uma avaliação. Aqueles que não estiverem
aptos ao trabalho do banco são encaminhados a uma empresa
parceira, ou seja, nenhum participante fica sem emprego. Hoje,
aproveitamos mais de 80% dos participantes”, explicou.
Estande do livro “A Trajetória de uma mãe especial”
Na área literária, o destaque foi o livro “A Trajetória de uma mãe
especial”, escrito por Antonia Yamashita, mãe de um menino
com paralisia cerebral, o Lucas. Segundo ela, “o livro contribui
para que outros pais, a sociedade e, especialmente os profissionais da área da saúde possam fazer uma reflexão. É um livro
também de esperança, pois mostra que é possível superar situações dramáticas e dolorosas, criadas a partir da dor e assim
ajudando a si mesmo e aos outros. Sobre a
Reatech, Antônia é só elogios. “A feira cria
um verdadeiro mundo despido de preconceitos e tabus a respeito do deficiente.
Quando estou lá, me sinto com se estivesse em casa. Ela nos prova que é possível
uma sociedade justa onde haja lugar para
todos”.
Luis Mauch, da Mais Diferença,
acredita que a Reatech tem muito a crescer. “Além do propósito comercial, a feira
ainda busca sua identidade na parte social
e informativa. As pessoas portadoras de
deficiência estão aumentando seu potencial de compra, justamente pelo aumento
do acesso à informação”, afirmou.
A coordenadora e supervisora do “Na Luta”, Beatriz Pinto Monteiro, esteve na Feira acompanhada pela conselheira Lia Steinberg,
quando fez, no estande do HSBC, sorteio de camisetas e CDs da banda Paralamas do Sucesso. O evento foi uma grande e animada festa,
com a presença de muitos visitantes da Reatech
Um local para informar e conscientizar. Assim muitas pessoas
vêem a Reatech. “A Reatech é muito importante não só pelo lado
comercial, mas também, na sua abrangência em conscientizar
e oferecer às pessoas o que elas podem adquirir e dos direitos
que elas possuem para que possam cobrar os órgãos fiscalizadores da sua região”, lembra Aparecido Pereira, 43 anos, diretortécnico da Basic Elevadores. Pereira contou um pouco sobre seu
trabalho na feira. “A Basic Elevadores trouxe diversos tipos de
produtos como as plataformas verticais e inclinadas, cadeiraelevador, equipamentos para pequenos elevadores residenciais,
atentendo a toda linha de transporte vertical”, disse.
Não é todo mundo, porém, que não tem reclamações para fazer.
O empresário Luiz Borges, de 43 anos, mora em Franca (400 km
de São Paulo) e todo ano visita a Reatech. Para ele, ainda faltam
alguns ajustes no conceito do evento. “Moro no interior de São
Paulo e visito a Reatech desde 2003. A feira é o local onde busco informações e novidades dos produtos que podem ser úteis
ao meu dia-a-dia. Acredito apenas que falta um leque maior de
opções e produtos que sejam personalizados para cada tipo de
deficiência”, disse.
A Reatech é um evento organizado pelo Grupo Cipa
Feiras & Congressos em parceria com a Revista Nacional de Reabilitação e patrocínio do Banco HSBC. A edição de 2009 já tem
data marcada: será realizada entre os dias 02 e 05 de abril, no
mesmo local, o Centro de Exposições Imigrantes. Os organizadores esperam um crescimento de 15% em relação aos números
deste ano. Mais informações no site oficial da Reatech: www.
reatech.tmp.br
NA LUTA
Uma inovadora em busca
da qualidade de vida
A norte-americana Marylin Hamilton deixou a sua
marca no mundo dos negócios, da tecnologia médica e dos esportes. Ao ficar paraplégica, ela desenvolveu, em conjunto com amigos, uma cadeira de
rodas revolucionária, a Quickie, representada no
Brasil pela Tokleve Indústria e Comércio de Orto-
125 milhões de clientes.
125 milhões de pontos
de vista. Com certeza,
diversidade é algo que
o HSBC valoriza.
pedia Ltda., que mudou para melhor a qualidade de
vida das pessoas cadeirantes.
Atualmente, Marylin viaja pelo mundo como consultora de negócios e palestrante, incentivando mentes
empreendedoras. Consultora do “Na Luta”, Lia Li-
kier Steinberg encontrou Marylin na Reatech 2008,
em São Paulo, e fez a seguinte entrevista:
NA LUTA – Conte aos nossos leitores um pouco de sua história.
Marilyn Hamilton - Você conhece a minha história? Vou te fazer
um breve resumo: até os 29 anos de idade, passei a minha vida
experimentando todas as emoções e aventuras que ela poderia
me proporcionar, dividindo meu tempo entre a carreira de professora, a prática de esportes e viagens. Eu vivia intensamente.
Então, um erro durante um vôo de asa delta me deixou paraplégica. Durante a reabilitação, aprendi tudo muito rapidamente,
aprendendo em três semanas o que costumava levar de três a
seis meses. Minha sorte foi ter sido rodeada em minha vida por
pessoas exemplares. Uma dessas pessoas foi meu tio Bill, que
ficou tetraplégico em um acidente de carro antes da 1a Guerra
Mundial; numa época onde pessoas com esse tipo de lesão não
conseguiam sobreviver poucos dias, ele conseguiu vencer todas
as adversidades, e nunca deixou a lesão impedi-lo de participar das coisas e de contribuir. Ele praticava diversos esportes,
como esqui sentado. Quando eu estava na UTI, logo após meu
acidente, percebi ele sentado em um canto do quarto com lágrimas nos olhos e, instantaneamente, me senti muito ligada a
ele. Meu tio me olhou e sussurrou: “Nunca deixe morrer o seu
espírito aventureiro”. Desse dia em diante, ele passou a me dar
esperanças e coragem para que eu continuasse buscando os
meus sonhos. Pelas suas palavras e pelo seu exemplo, tio Bill
me inspirou a querer mais e a desafiar os meus limites.
NA LUTA – E quais foram esses limites?
Marylin Hamilton - O primeiro limite veio logo após a alta do
centro de reabilitação: seria impossível aproveitar a vida tendo
que me locomover num “dinossauro de aço de 30 quilos”, como
eu costumava chamar as cadeiras de rodas disponíveis no mercado naquela época. Chamei meus vizinhos e companheiros,
que estavam construindo asas delta na garagem de casa e pedi
socorro. Precisava urgentemente de uma cadeira leve, funcional e bonita. Assim surgiu a nossa empresa, Motion Design, e
a Quickie.
NA LUTA - Como você se sente, tendo transformado a indústria
de cadeira de rodas e a vida de milhões de pessoas?
Marylin Hamilton - Foi uma época extraordinária, tudo aconteceu de forma bem rápida. Na mesma época, outras pessoas
tentavam construir cadeiras de rodas mais leves para seu pró-
prio uso. Nós acreditamos no potencial de mercado deste novo
produto. E, realmente, um ano após meu acidente, fundamos a
Motion Designs e ainda em 1979 começamos a vendê-la. O sucesso foi imediato; participávamos de campeonatos esportivos
para portadores de deficiência e todos queriam uma cadeira
igual à minha. O mais importante era a mensagem de que a
cadeira de rodas podia ser divertida em seu visual e funcional
para permitir que a pessoa pudesse buscar outras formas de
diversão.
NA LUTA - Quais foram as chaves para o sucesso da revolucionária cadeira de rodas Quickie?
Marylin Hamilton - Em primeiro lugar, o privilégio de ter trabalhado, junto com meus amigos Jim Okamoto e Don Helman,
em uma equipe sensacional. Para criar um produto inovador
é preciso arriscar e tentar coisas diferentes; a cada dia alguém
trazia uma novidade, e o espírito da equipe era surpreender os
colegas, e não superá-los.
Outro fator foi nosso público-alvo inicial, os atletas, que são, por
natureza, pessoas que arriscam. Viajávamos por toda parte e
ouvíamos nossos consumidores com atenção, tanto os portadores de deficiência como os terapeutas e técnicos. Outra decisão
importante foi quanto à estratégia de lançamento dos nossos
produtos: desde 1980 o protótipo da cadeira dobrável já estava
pronto, porém se ela fosse lançada no mercado, não teríamos
a mínima condição de atender à demanda. Optamos então por
fortalecer nossa marca paulatinamente, junto aos distribuidores
e clientes. Nós nos preocupamos não só com o design da Quickie, mas também com a aparência e ajustabilidade. Através de
128 milhões de clientes. 128 milhões de pontos de vista.
Com certeza, diversidade é algo que o HSBC valoriza.
Conheça o programa do HSBC para valorizar a diversidade na
sociedade por meio da capacitação, desenvolvimento e inclusão de
pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
www.hsbc.com.br
HSBC Bank Brasil S.A. - Banco Múltiplo
Ouvidoria: 0800 701 3904 – [email protected]
nossas campanhas de marketing e patrocínios, nosso objetivo
foi mudar as atitudes e percepções sobre as pessoas com deficiência, mostrando pessoas em cadeira de rodas fazendo alguma
coisa, indo atrás de seus sonhos. Foi um processo sofisticado de
aprender fazendo.
NA LUTA - Como foi o desenvolvimento de marcado de cadeiras
de rodas para crianças?
Marylin Hamilton - A cadeira de rodas infantil foi lançada no
mercado em 1984. O aspecto mais difícil foi perceber que a
criança com deficiência aprendia o comportamento de impotência ao longo de sua vida. Fundei um programa de escotismo infantil, chamado “Vencedores sobre Rodas” para oferecer
desafios e melhorar a auto-estima de crianças em cadeiras de
rodas. A criança deve construir uma estrela de seis pontas, e
cada uma é um dos objetivos que ela define para si mesma.
“Eu conheço os obstáculos e os tremendos desafios que essas
crianças encaram. Mas eu também sei que não há problemas
que não possam ser transformados em oportunidades quando
existe alguém lhe dizendo: “Você é capaz disso!”.
NA LUTA - E quais os seus planos para o futuro?
Marylin Hamilton - Eu acredito na vida como elos em uma corrente, unindo as pessoas para construir uma vida melhor. Tenho
quase 60 anos, 29 anos como andante e 29 anos na cadeira
de rodas. Meu objetivo é continuar construindo. Criei recentemente uma nova empresa, Envision, e tem sido ótimo estar em
toda parte, como consultora de negócios e palestrante. Como
eu sempre gosto de dizer: “não limite seus desafios… desafie os
seus limites, concebendo, acreditando e realizando”
5
6 NA LUTA
Município do Rio de Janeiro tem primeiro
cadeirante em posto do alto escalão
O advogado Geraldo Nogueira, de 49 anos, assumiu em maio
o posto de subsecretário da Secretaria Municipal de Trabalho e
Emprego do município do Rio de
Janeiro. Esse fato poderia passar
despercebido ao “Na Luta”, não
fosse Geraldo a primeira pessoa
em cadeira de rodas a ocupar um
cargo do alto escalão do governo
municipal.
Especialista em direito para
deficientes físicos, o novo subsecretário é formado pela Faculdade Brasileira de Ciências Políticas
e doutorando em ciências jurídicas pela Universidade do Museu
Social Argentino. É também um
militante da causa da pessoa com deficiência. Além de diversas consultorias à órgãos específicos voltados para o assunto, ele também é
consultor da ONU no assunto.
Antes de assumir a subsecretaria, Geraldo era responsável pela coMATERIA_JORNAL_IU:Layout 1
6/2/08
4:20 PM
ordenação técnica da empregabilidade da pessoa com deficiência da
secretaria, cargo que ocupava desde o ano passado. “É uma secretaria
do Trabalho. E isso é o mais importante, pois você mostra para as empresas, para o mercado de trabalho, que a pessoa com deficiência pode
ocupar um lugar de destaque, tem competência para cumprir determinadas funções”, defendeu Geraldo.
Ele já tem alguns desafios pela frente. Um deles é a criação de mais
Centros de Oportunidade pela cidade – unidades que reúnem os serviços prestados pela secretaria: intermediação de mão-de-obra e cursos
de qualificação profissional, ambos gratuitos. “Eu tenho a responsabilidade por todos os programas da secretaria do Trabalho. Há programas
para universitários, para recém-saídos da faculdade, para outras minorias como negros, mulheres, homossexuais etc. Eu vou lidar com todos
esses programas dentro da secretaria, pensando sempre na sociedade
como um todo”, explicou.
Quanto à inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, Geraldo Nogueira afirma que o Brasil já avançou bastante, mas que
ainda é preciso melhorar. “Quanto à inclusão, sempre haverá algo por
fazer, pois a sociedade passou a se conscientizar disso de uns dez anos
para cá. Você mudar um hábito social pela conscientização é demorado. Mas nós estamos no caminho certo, ganhamos muito espaço em
muito pouco tempo”, afirmou.
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Instituto Unibanco realiza no Rio de Janeiro projeto pioneiro para a
formação profissional de jovens com deficiência.
O
Instituto Unibanco lançou em março de
2008, em parceria com a ONG CEACA
Vila e as Secretarias Municipais da Pessoa
com Deficiência e de Trabalho e Emprego do
Rio de Janeiro, o Projeto Jovens Aprendizes
com Deficiência, uma iniciativa que tem o objetivo de formar jovens com deficiência para a
inserção no mercado profissional.
Desde 2004, o Instituto Unibanco tem promovido diversas iniciativas em todo o Brasil, e um
projeto social próprio, denominado Jovens
Aprendizes, visando ao cumprimento da Lei da
Aprendizagem, a Lei 10.097/2000, que determina que as empresas com mais de 100 funcionários contratem de 5% a 15% do número
de seus funcionários, entre jovens sem experiência profissional, na condição de
aprendizes.
O objetivo do Instituto nestes projetos é criar oportunidade de desenvolvimento econômico para a juventude, aliando a colocação dos jovens no mercado de trabalho à permanência na escola e à conclusão do Ensino Médio.
Utilizando-se de sua experiência bem sucedida
nos projetos sociais de formação de aprendizes, o Instituto decidiu estender a iniciativa aos
jovens com deficiência, que atuarão na condição de aprendizes em áreas de apoio aos setores administrativos do próprio Unibanco.
A metodologia do projeto prevê qualificação
profissional no período de 12 meses. A aprendizagem teórica será realizada na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e na Secretaria do Municipal do Trabalho e Emprego, e a
aprendizagem prática, no Unibanco. Todos os
Aprendizes serão contratados nos termos da
Lei da Aprendizagem, com carteira assinada e
benefícios, incentivando sua permanência na
escola e a conclusão dos estudos.
Este projeto reforça o compromisso do Instituto Unibanco com as premissas
de investimento na juventude, inclusão social e sustentabilidade. Para saber
mais sobre o Projeto Aprendiz com Deficiência e o Instituto Unibanco, acesse
o site www.institutounibanco.org.br.
Lia Likier Steinberg
Às vésperas de Beijing 2008, mais
três recordes mundiais para o Brasil
Em maio, no Campeonato Internacional de Natação Paraolímpica, na Alemanha, o nadador Daniel Dias quebrou mais
dois recordes mundiais, nos 200m medley e 100m livre. Daniel
é uma das maiores promessas do Brasil para os Jogos de Beijing 2008, e provou com as novas marcas que está em excelente forma. “Eu nadei forte, mas não achava que ia ganhar, me
dei um presente de aniversário, estou muito feliz”, comemora
o atleta, que comemorou 20 anos durante a competição.
Daniel quebrou sua própria marca nos 200m medley com
o tempo de 02m54s47 e surpreendeu com uma medalha de
ouro na prova que foi multi-classe. Nesse tipo de competição,
atletas de classes diferentes nadam juntos e o resultado é proporcional ao recorde mundial de cada categoria.
Nos 100m, ele fez o tempo de 01m13s32, baixando a marca do espanhol Sebastian Rodriguez, que era de 01m13s39.
Daniel já tinha batido esse recorde em dezembro de 2007, no
Meeting Paraolímpico no Rio de Janeiro, mas o mesmo não
chegou a ser homologado. Dessa vez, o nadador terá os dois
recordes reconhecidos pelo IPC (Comitê Paraolímpico Internacional).
Outra marca mundial conquistada por um brasileiro foi no
atletismo. O velocista Lucas Prado, da classe T11, para atletas
totalmente cegos, baixou o seu próprio recorde na prova dos
100m, nos VII Jogos Brasileiros da CBDC, em São Caetano do
Sul. Ele fez o tempo de 11s23, três centésimos abaixo da sua
marca anterior, obtida duranto os Jogos Mundiais de Cegos da
IBSA, em 2007. Infelizmente, o recorde não pôde ser homologado, pois a velocidade do vento estava um pouco maior do
que o permitido Pelo Comitê Paraolímpico Internacional.
”Estou muito feliz porque baixei minha marca. Finalmente
o recorde saiu. Se não fossem algumas lesões eu tinha baixado mais. Agora é continuar o treinamento pra Pequim. O meu
objetivo é diminuir os meus recordes nos 100 e 200 metros e
correr abaixo de 49 segundos nos 400 metros, que é a única
marca que eu não tenho”, disse o atleta que também é o atual
recordista dos 200m livre, com 22s70.
Entre os dias 06 e 08 de junho, Daniel Dias, Lucas Prado entre outros grandes nomes do esporte paraolímpico disputam
a etapa nacional do Circuito Brasil Paraolímpico de Atletismo
e Natação em Uberlândia (MG).
BASQUETE – A Federação internacional de Basquetebol em
Cadeira de Rodas divulgou o calendário dos jogos das equipes
brasileiras nas paraolimpíadas. No masculino, o Brasil estréia
no dia 7 de setembro contra a Austrália. Também fazem parte
desse grupo as seleções dos Estados Unidos, Israel, Grã-Bretanha e a anfitriã, China. A estréia do feminino acontecerá no
mesmo dia, contra a Alemanha. Em seguida, as brasileiras enfrentarão Austrália, Grã-Bretanha e os Estados Unidos.
Daniel Dias,
esperança de medalha
O ESFORÇO DA EQUIPE DIVERSIDADE MICHELIN
A Michelin está de volta nessa edição para contar um pouco mais do nosso esforço em atrair pessoas com deficiência e mulheres para nossas
equipes. Do segundo semestre de 2006 até hoje, tivemos uma evolução de 440% na contratação de pessoas com deficiência, dado que representa
uma grande evolução dentro dos objetivos fixados pela empresa em seu Programa Diversidade. Mais do que cumprir a lei que estabelece cotas,
nossa preocupação está voltada para a qualidade de trabalho das pessoas que integrarão as nossas equipes. Não podemos somente contratar
novos talentos para cá sem provê-los todo tipo de cuidados necessários para sua adaptação e seu conforto.
Para integrá-los da melhor maneira possível, a Equipe Diversidade da Michelin América do Sul vem trabalhando continuamente e já apresentou
importantes conquistas:
1) Parcerias com Instituições:
Estabelecemos diversas parcerias com instituições
como a FENEIS (Federação Nacional de Educação e
Integração dos Surdos), INES (Instituto Nacional de
Educação de Surdos), FUNLAR (Fundação Municipal
para pessoas com deficiência), o complexo de educação
industrial SENAI e o IBDD (Instituto Brasileiro dos
Direitos das pessoas com deficiência). Essas parcerias
rendem bons frutos. A Michelin inclusive patrocinou o
Guia de Acessibilidade IBDD para os Jogos ParapanAmericanos no ano passado. O guia indica e informa
sobre diversos locais, como hotéis e meios de transporte, adaptados para pessoas com deficiência, e está
sendo muito utilizado até hoje. Uma versão completa
do guia está disponível no site www.ibdd.org.br. Com
a FENEIS foram realizados cursos de libras em nossas
unidades. Doamos também camisas em competições
esportivas para deficientes e para a ABBR (Associação
Brasileira Beneficente de Reabilitação).
2) Revisão das nossas instalações visando aumentar a
acessibilidade:
Repensamos a própria estrutura da
empresa para atender as necessidades básicas de locomoção e acesso
dessas pessoas. Já em 2006 foram
construídos rampas de acesso, portas automáticas e banheiros adaptados em nossas unidades. No ano
passado, foram totalmente desobstruídas as passagens nos andares da
empresa e incluídas vagas específicas com suas devidas demarcações
regulamentadas no estacionamento.
Os postos de trabalho foram individualmente modificados e avaliados
para atender às necessidades de seus
novos ocupantes.
3) Eventos Internos de sensibilização:
Para integrar nossos funcionários, realizamos também diversos eventos internos para a sensibilização do tema, como o Dia da Diversidade, que trouxe
palestras e debates para todos os funcionários da Michelin ou eventos direcionados para um público específico, como chefias, por exemplo, para permitir a
troca de experiências.
Existe um site interno voltado para o tema com o objetivo de tornar a comunicação acessível a todos, além da continua produção de folder, seminários e
notas nos quadros de aviso, sempre mantendo a idéia viva na empresa. Nossos
intérpretes de libras estão sempre disponíveis para reuniões e programas.
Tentamos, na medida do possível, patrocinar iniciativas e participar de eventos buscando a troca de experiências com outras empresas.
Todas essas ações representam a preocupação da Michelin em suportar esses
novos funcionários que com seu esforço e sua competência tanto contribuem
para o sucesso da empresa. Sabemos que podemos contar com eles para garantir o futuro da Michelin e temos que garantir, em retorno, seu bem-estar
dentro dela. É com essa via de mão dupla que conseguimos a melhor maneira
de ir cada vez mais longe.
7
ESPORTE
NA LUTA
CRÔNICA
8 NA LUTA
CAMINHOS E SOLUÇÕES
Por um momento pode-se pensar que não dá, que não é possível, que não tem nada de fácil e que
ninguém consegue. Essa nossa justificativa tende a ser, quase sempre, um tanto complacente em excesso e
bisonha no que tange ao nosso próprio ‘umbigo’, num tipo de autocomiseração ante as dificuldades impostas
pela deficiência. É o período das lamúrias e das dificuldades; reclamações constantes, e, conseqüentemente,
da negação! Podendo-se até, ao chegarmos nessa fase crítica, sem nos darmos muito em conta, inclusive,
negar para nós mesmos o que nos foi dado ao nascermos e nos é de grande valor: o direito à vida.
Não obstante, vez ou outra, serem esses tristes momentos passíveis a quaisquer indivíduos, por vários motivos, sejam deficiências e fases da vida, independentemente da razão em si, porque, infelizmente,
depressão também é característica humana.
Mas, assim como dizemos no jargão popular que tudo passa, passam-se também essas etapas, e
com elas podemos ver o que é garantido e certo para todos: o pulsar; pois viver é isso, é o vai-e-vem, o ir-e-vir
etc. Com a inconstância da vida, é preciso saber escolher a onda certa; e se o swell passou, é só esperar com
calma que logo poderá vir uma oportunidade melhor.
Quando se trata da questão do momento, podemos por um imediatismo embotado relativizar uma
limitação qualquer no que em tese tangeria ao fator limite. Digo isto assim, no futuro do pretérito, pela demonstração do poderia ser – mas não é! Isso porque limite pode até ser na maioria das vezes praticamente
definitivo, mas como diz uma amiga: a limitação não define isso.
Podemos concluir da nossa predisposição à adaptabilidade diante da deficiência – isto deixando de
lado a ‘resistência sofredora’ - pela simplicidade do que ouvimos por aí na sabedoria popular, onde repetidamente se diz que ‘pra tudo tem jeito’! – O importante é crer que podemos mesmo. Se resolvermos ir em frente,
a equação da ‘deficiência x adaptação’ pode nos remeter à simples condição de fazer diferente, e conseguir.
Esta acaba sendo a solução que em grande parte da nossa vida nem percebemos estar ali, bem perto, ao
nosso lado.
Ter uma deficiência pode até ser sinônimo de dificuldades pela frente – isso é bem claro e todos
sabem; mas cabe a nós darmos uma parada avaliativa, antes da desistência vergonhosa. Perceber que é hora certa, o momento, num tipo de ‘auto-desmistificação’. Isto pode ser singularmente num momento exclusivo e solitário, ou lançando mão da ajuda certa, de alguém que possa ser este facilitador.
Para depois sim, em situação fortalecida, poder esclarecer o outro, ou a sociedade.
E assim se faz o nosso papel, nos retroalimentando sempre para poder passar à frente. Seja nas relações ou pelo simples fato de tocar a vida.
Buscar a informação certa, qual o melhor equipamento, como usar, o que se pode fazer, como conseguir, quais são os direitos, aonde ir, quando
e como fazer! Estas entre tantas outras questões fazem parte de um arcabouço de demandas e soluções que estão aí para se usar e abusar, venham
elas dos pares ou profissionais, do mundo virtual, de bibliografia de consulta etc. São muitas as opções! O importante é se permitir e vislumbrar que o
caminho adaptado pode estar lá, e ainda, se o mesmo ainda não estiver pronto, o importante é não desistir, não esmorecer. A solução já pode até mesmo
estar conosco e certamente a transformação nos espera.
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NA LUTA
9
Nove cidades receberão workshop de adequação corporal
A Convaid/ProAid realizará em agosto o seu segundo Workshop de Adequação Postural.O mês
de agosto foi escolhido por causa da Feira Reintegra, que acontecerá no Rio de Janeiro (informações pelo site http://www.reintegra.com.br/Default.aspx?pP=42), e também pela realização
de um simpósio de adequação postural, organizado pela AACD e pela Cavenaghi, que acontecerá de 28 a 30 de agosto, em São Paulo.
O workshop colocará sempre uma terapeuta especialista em contato com profissionais e pacientes. O roteiro do evento está sendo planejado, mas já se sabe que nove cidades receberão
o workshop: Rio de Janeiro/RJ; Curitiba/PR; Porto Alegre/RS; Joinville/SC; São Paulo, Santos,
Campinas e Guarulhos, em São Paulo; e uma cidade do sul de Minas Gerais a ser definida. As
inscrições ocorrerão sob responsabilidade de cada representante local da Convaid, ou instituição, nas cidades em que ocorrerá o evento, com confirmação de presença, devido a vagas
limitadas.
“Um evento como esse workshop é importante porque nós apresentaremos um produto, a Profiller, voltado para adequação postural. No mercado, nós não vemos muita coisa voltada para
adequação postural”, disse Carlos Roberto (Beto) Souza, um dos organizadores do evento, em
conjunto com Cavenaghi & Cavenaghi Cia. Ltda. Em São Paulo e LM Criações e Adaptações
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Vale ressaltar também que o workshop terá a presença da responsável técnica da empresa, a
alemã radicada nos Estados Unidos Barbel Hauber-Wheeler. Terapeuta ocupacional e industrial, ela se especializou em lesões medulares, doenças progressivas e atrasos de desenvolvimento. Em 2004, juntou-se à Convaid como terapeuta e consultora para o desenvolvimento de novos produtos; ela é encarregada dos eventos e treinamentos aos distribuidores estrangeiros sobre os produtos da empresa.
Mais informações sobre o workshop pelo telefone (21)3087-5290.
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São Paulo:
Cavenaghi (São Paulo e Região) - 11.3719-3739
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Clínica Nova Era (São Paulo e Região) - 11.3467-2592
Dra. Mônica Branbilla (Santos e Região) - 13.3225-313
Rio de Janeiro:
LM Rio (Rio de Janeiro e Região) 21.2234-1351
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Égualité (Sul de Minas) - 35.3425-6781
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OLHAR
Um
10 NA LUTA
“Programa Especial”, atração da TV Brasil, mostra o deficiente e suas potencialidades
O “Na Luta” tem um forte aliado na divulgação de informações relevantes sobre deficiências. É o “Programa Especial”, exibido pela TV Brasil, que
traz à telinha, sempre com um olhar positivo, personagens e notícias relacionadas ao dia-a-dia dos deficientes.
Uma produção da “No Ar Comunicação”, com co-produção da TV Brasil, o programa abrange temas variados, sobre os diversos tipos de deficiência.
E foi no estúdio da produtora que nossa equipe foi recebida para esse bate-papo com a diretora do “Programa Especial”, Ângela Patrícia Reiniger, e
com a apresentadora, Juliana Oliveira.
“A intenção é manter sempre um enfoque bastante positivo (...) lutar sim, mas enaltecendo o positivo e não criticando o negativo”, explicou Ângela.
Juliana, por sua vez, afirmou que o público tem recebido bem uma apresentadora com deficiência (ela é tetraplégica). Falou ainda tanto sobre a sua
vida profissional como pessoal, com a intenção de incentivar outras pessoas deficientes a serem mais ativas e independentes.
O “Na Luta” já foi inclusive tema do programa, que fez uma excelente entrevista com nossa coordenadora e supervisora Beatriz Pinto Monteiro.
O “Programa Especial” é apresentado todas as terças, às 12h, quintas, às 19:30h, e aos sábados, às 12h. A seguir, o bate-papo com a diretora, Ângela,
e com a apresentadora, Juliana.
NA LUTA – Como surgiu a idéia de um programa de televisão que trate de temas
ligados à deficiência?
Ângela Reiniger - O programa, na verdade, foi concebido nove anos antes de ele
ir ao ar, idéia de uma jornalista que tem um filho com síndrome de Down. Ela
dizia que, mesmo sendo jornalista e trabalhando em um órgão de informações
(IBGE), tinha poucas notícias sobre questões ligadas à deficiência. Então, ficamos imaginando o quanto o público em geral devia desconhecer sobre o assunto. Nove anos após a idéia ter surgido, eu e minha equipe vimos que havia uma
abertura para esse tipo de programa e resolvemos fazer o piloto.
NA LUTA – E qual é o conceito do “Programa Especial”?
Ângela Reiniger – Foi uma posição editorial, até porque não teria sentido você
fazer uma denúncia de algo que no dia seguinte poderia ser sanado. Como nós
reprisamos o programa, preferimos não fazer denúncias. Então, normalmente a
gente só faz matérias em lugares que são adaptados, por exemplo. A nossa intenção é de lutar sim, mas enaltecendo o positivo e não criticando o negativo.
NA LUTA – Vocês produzem o programa aqui, na “No Ar”, e o vendem para a TV
Brasil. Qual tem sido a recepção por parte da emissora?
Ângela Reiniger –A TV Brasil tem nos dado uma abertura muito grande, ela tem
tido consciência do papel do programa, da importância. A emissora percebeu
que o programa tem uma função social muito grande. É gratificante fazer uma
coisa em que você acredita e ver que ela está dando resultados. Eu acho que a
função tanto do “Programa Especial” quanto do “Na Luta” é tratar com naturalidade o assunto deficiência. Despertar no público em geral que uma pessoa deficiente também pode ser feliz. Eu sempre falo na naturalidade das crianças. Eu
acho que as crianças se identificam muito quando vêem que a Juliana é tetra.
NA LUTA – E o público? Vocês têm recebido cartas, e-mails? O que os telespectadores estão achando?
Ângela Reiniger – As pessoas se relacionam muito com o programa. Recebo
muitos e-mails de pais, por exemplo, que têm filhos com síndrome de Down,
e eles me dizem o quanto aprenderam a lidar com as crianças. Uma vez, nós
recebemos um e-mail de uma mãe, pessoa humilde, que descobriu o que o filho
tinha – uma síndrome rara - por meio do nosso programa. Isso é, para a gente,
uma realização inenarrável.
NA LUTA – Como vocês descobriram a apresentadora do programa?
Ângela Reiniger – Nós realizamos testes com diversas meninas indicadas por
instituições, pois havia a exigência de ser uma pessoa com deficiência. Era necessário termos uma pessoa que tratasse do assunto com conhecimento de causa. No final, sobraram três, sendo que a Juliana Oliveira acabou ficando com a
vaga. Descobrimos a pessoa certa, com jeito para ser a cara do programa.
NA LUTA – Você acha que a Juliana poderia estar à frente de um programa que
não fosse direcionado para questões sobre deficiência?
Ângela Reiniger – Eu, particularmente, acho. Não sei se a sociedade como um
todo já entende assim, mas eu acredito que sim, pois ela tem competência.
NA LUTA – Além do “Programa Especial”, a “No Ar Comunicação” lançou recentemente em vídeo uma produção sua de grande sucesso. Fale um pouco sobre
o filme “Três Irmãos de Sangue”.
Ângela Reiniger – É um documentário sobre os irmãos Netinho, Henfil e Chico
Mário, que esteve em cartaz por dois meses nos cinemas no ano passado, e que
agora está disponível em DVD, com extras, making of etc. Nossa produtora
segue sempre essa linha de preocupação social, e o documentário mostra
como os três irmãos hemofílicos morreram de Aids devido à precariedade
das transfusões. O filme ganhou o Festival de Cinema de Nova Iorque, o
que foi uma surpresa, porque concorríamos com produções mais caras e
mais famosas.
”
A gente procura valorizar o ser
humano. Essa é uma linha que a
gente tem muito aqui na produtora. A intenção do nosso programa é manter sempre um enfoque
bastante positivo.
Ângela Reiniger
NA LUTA – Antes de ser convidada para apresentar o “Programa
Especial” você esperava um dia trabalhar na televisão?
Juliana Oliveira – Nunca! Eu fui convidada a participar do programa dois anos antes de ele começar. Eu nunca havia pensado em
trabalhar em tevê, mas acabei passando nos testes para ser a apresentadora. Na verdade, quando finalmente me chamaram dizendo que o programa iria mesmo ao ar, eu já estava até pensando
em outras coisas, já havia começado o mestrado. Mas tudo deu
certo e eu fiquei muito feliz.
NA LUTA – E o que mudou na sua vida a partir de então?
Juliana Oliveira – Hoje eu me sentiria mais segura para trabalhar
em outros tipos de programas, porque eu aprendi muito com o
“Programa Especial”. Mas como eu não tenho nenhuma formação
de apresentadora, fui aprendendo na prática. Por causa do programa, fui procurar um fonoaudiologista, por exemplo, e isso é uma
coisa que eu agradeço muito, pois melhorei muito a minha capacidade respiratória.
NA LUTA – O que você tem achado da recepção do público a uma
apresentadora tetraplégica?
Juliana Oliveira – A recepção é muito boa. As pessoas se surpreendem quando percebem que a apresentadora é tetraplégica. Como
eu fico sentada ou na cadeira ou na poltrona, algumas pessoas demoram a perceber. Mas quando finalmente percebem, a recepção
é sempre positiva, o público nota que a pessoa tem propriedade
para falar sobre esse tema. É capaz até de as pessoas aceitarem
melhor aquela informação por ela ter sido transmitida por alguém
com deficiência. O que mais me surpreende pessoalmente são as
pessoas na rua que não têm deficiência e que, me reconhecendo,
vêm falar comigo, ou aquelas que mandam e-mails. Algumas vezes são pessoas que não têm nenhuma relação direta com a deficiência.
NA LUTA – Explique um pouco mais aos nossos leitores a linha editorial que o programa segue.
Juliana Oliveira – O programa nunca foi voltado só para pessoas com
deficiência, mais sim para o público em geral. Tanto que há uma preocupação estética como, por exemplo, na escolha da legenda de Libras.
Nós temos o cuidado de, por exemplo, ao apresentar uma pessoa, dizer
primeiro o nome e área e atuação dela, para somente depois contar
qual a deficiência que ela tem. Não é fulano que é cadeirante, é fulano
que é, por exemplo, jornalista e cadeirante. Mas procuramos sempre
o enfoque positivo. Os jornais e telejornais sempre trazem notícias tão
tristes, por que então nós iríamos abordar esse assunto que já é difícil de
uma maneira negativa?
NA LUTA – Você acredita que o programa auxilia a quebra de preconceitos?
Juliana Oliveira – Sim. O importante é que os nossos telespectadores
vejam que pessoas com deficiência podem estar ali, na televisão, esse
veículo tão mágico. Quantas crianças, por exemplo, com alguma deficiência que, me vendo ali, vão pensar “que legal, eu também posso”;
por outro lado, crianças não deficientes vão olhar e dizer “olha, que bacana”. Uma vez, no check in no aeroporto, uma menininha ficou me
olhando e eu sorri para ela também. Aí a mãe chamou a atenção da
filha, mandando ela parar de ficar encarando. Então, eu cheguei na
mãe e falei para deixá-la olhar, porque é uma coisa diferente mesmo. O
importante é agir com naturalidade.
NA LUTA – Conte-nos um pouco da sua história antes de ingressar no
“Programa Especial”.
Juliana Oliveira - Eu sofri um acidente de carro em 1998, que me deixou
tetraplégica. Eu estava terminando a faculdade de Comunicação Social
e fazia estágio como redatora publicitária. Com o acidente, tive que dar
uma parada em tudo por um ano, pois tive uma lesão bem séria. Terminei o curso universitário em casa, e a minha monografia foi sobre
marketing pessoal de pessoas com deficiência. E foi daí que eu comecei
Ângela Reiniger
Passei então a tomar mais iniciativa, a
mostrar para o meu paquera o meu interesse e que a cadeira de rodas não impede nada. As meninas cadeirantes devem ser um pouco mais pró-ativas, que
não fiquem esperando!
Juliana Oliveira
11
DEFICIÊNCIA
sobre a
NA LUTA
a ter contato com outros deficientes. Após um ano de reabilitação, eu
consegui voltar ao mercado de trabalho, um estágio na área de comunicação interna, o que foi muito importante para mim, pois consegui
provar a mim mesma que ainda era capaz.
NA LUTA – Você se casou recentemente, não é verdade?
Juliana oliveira - Eu me casei há pouco tempo, meu marido não tem
deficiência e a gente está muito feliz. Nós nos conhecemos por acaso
nesses táxis adaptados para cadeiras de rodas. Eu comecei a andar
sempre com ele, e já o paquerando de leve. Depois foi tudo muito rápido – começamos a namorar e não demorou muito para nos casarmos.
NA LUTA – E como você vê os relacionamentos amorosos entre uma
pessoa não deficiente e um cadeirante?
Juliana Oliveira - Eu acho que uma menina em cadeira de rodas assusta um pouco os homens, pois eles têm uma coisa de querer exibir suas
namoradas. As mulheres, creio eu, são diferentes. Eu percebi ao longo
desses dez anos “de cadeira” que os meus amigos homens cadeirantes se dão muito melhor do que as garotas, têm mais relacionamentos.
Eu percebia em algumas meninas, muitas vezes, um olhar de paquera
para algum garoto, olhar de desejo, mas via que elas não conseguiam
chegar, tinham receio. Passei então a tomar mais iniciativa, a mostrar
para o meu paquera o meu interesse e que a cadeira de rodas não impede nada. Se eu pudesse dar uma dica às meninas cadeirantes seria
para que elas fossem um pouco mais pró-ativas, que não fiquem esperando.
NA LUTA – Que mensagem você gostaria de deixar aos leitores do “Na
Luta” que possuem algum tipo de deficiência?
Juliana Oliveira - É importante sair da casa, fazer a sua parte. Muitas vezes a pessoa fica em casa se queixando de que ninguém a chama para
sair. Mas os amigos não chamam para sair porque não sabem que você
é capaz. Nós precisamos mostrar as nossas potencialidades – mostrar
que podemos sair, trabalhar, namorar, casar.
12 NA LUTA
Fotos: Ynaiê Dawson
ParadaGay2008
Domingo, 25 de maio, dia de sol, dia de festa.
O colorido das fantasias e roupas compunha em perfeição com as estruturas de balões multicoloridos em
arco. Por volta das 13h, os trios elétricos ligaram o som.
A música eletrônica tomou conta da Avenida Paulista,
embalando corpos e empolgando àqueles que se soltaram desejando que o corpo falasse no lugar das vozes
inaudíveis.
Os números são estratosféricos: estima-se que em torno de 3,5 milhões de pessoas participaram do evento;
os investimentos na organização ultrapassam R$ 1 milhão; 350 mil turistas visitaram a cidade neste fim de
semana procedentes do exterior e de outras cidades
brasileiras; algo próximo de R$ 300 milhões foram incorporados à economia paulistana; os postos médicos
espalhados ao longo do trajeto da parada atenderam
500 pessoas e até a manhã de segunda-feira foram recolhidos pela prefeitura 38.500 kg de lixo.
Não devemos, no entanto, limitar a festa somente aos
aspectos mundanos. A defesa de direitos esteve fortemente presente nesta 12a Parada do Orgulho GLBT da
cidade de São Paulo. Esteve também na maioria dos
trios elétricos e principalmente no slogan escolhido
pela organização do evento, a Associação da Parada
do Orgulho GLBT de São Paulo, “Homofobia mata! Por
um Estado laico de fato”.
Nas palavras dos organizadores e promotores do evento, “após dez anos, a Parada do Orgulho GLBT de São
Paulo passou de uma manifestação social de 2.000 pessoas realizada em 1997, para uma manifestação de 3,5
milhões de participantes em 2007. É inegável o reflexo
dessa trajetória no aumento do respeito à diversidade,
numa manifestação que é considerada marco para os
movimentos sociais no Brasil e prova de que é possível
fazer política sem perder a irreverência e a responsabilidade”.
Com o espírito de luta e de festa, e pelo segundo ano
consecutivo, o Trio do Acesso Universal esteve na Avenida Paulista levando o slogan: “Incluindo diferenças...
em defesa dos direitos humanos!”
O Trio do Acesso Universal - produzido pela Mais Diferenças e pela 3IN, com o apoio das organizações Movimento Superação, Dá Pra Ir, Centro de Vida Independente Araci Nallin e pela empresa LeBomi Uniformes
e Eventos -, tem por objetivos celebrar a diversidade,
dar visibilidade à inclusão das pessoas com deficiência
e apoiar o movimento GLBT. O trio acessível foi montado com uma plataforma elevatória para dar acesso
a todos - cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida -, e teve intérprete de LIBRAS. Segundo Renato
Laurenti, cadeirante, “Dupla emoção: poder subir num
trio elétrico e ver um mar de gente sem o menor preconceito”.
Em 2007, propagamos nossa luta de mobilização e fomento à discussão sobre a importância da Convenção
da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
e de seu Protocolo Facultativo e seu processo
pró-ratificação no Brasil.
Neste ano, continuamos
a dar visibilidade ao movimento, repercutindo a
aprovação pela Câmara
dos Deputados, no dia
13/05, em primeira instância, da mensagem
do Executivo que propõe
a ratificação da Convenção da ONU com o
quorum qualificado de
três quintos. O quorum
qualificado foi considerado importante, pelo
movimento pelos direitos
das pessoas com defi-
http://www.maisdiferencas.org.br/
ciência, pois desta forma a Convenção assume status
de Emenda Constitucional. Isto significa que nenhuma
lei que contrarie o texto da Convenção poderá vigorar
no Brasil. A mesma Câmara dos Deputados, em 28/05,
aprovou em segundo turno a mensagem do executivo.
A matéria, aprovada segue para análise do Senado em
duas votações.
Sobre as entidades organizadoras do Trio do Acesso
Universal
A Mais Diferenças - Educação e Inclusão Social - e a 3IN
- Inclusão, Integridade e Independência - são as duas
ONGs responsáveis pela idealização do Trio do Acesso
Universal. Ambas são instituições que têm como plataforma comum a construção, articulação, promoção e
implementação de práticas e políticas inclusivas, com os
diversos setores da sociedade, para garantir os direitos
humanos, prioritariamente das pessoas com deficiência.
Sobre os apoiadores
O Movimento Superação, a Dá Pra Ir e o Centro de Vida
Independente Araci Nallin também são ONGs que promovem a defesa dos direitos e o exercício da cidadania das pessoas com deficiência, de modo que estas
pessoas conquistem um estilo de vida independente
assumindo o controle de suas vidas. A LeBomi, empresa especializada na criação e confecção de uniformes
de eventos e promoções, trabalha com uma linha de
camisetas com estampas exclusivas criadas através
de uma fusão de imagens com forte influência do candomblé e elementos de nossa cultura.
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Voando
NA LUTA
13
sobre mitos e barreiras
“Pode isso?”, ”Como pode?”, “Mas você consegue?”.
Não raro deficientes são indagados quando estão em uma atividade que foge aos mitos que lhe
foram aferidos. A incapacidade ainda acompanha, infelizmente, a deficiência para uma parcela mal
informada da população.
E aqui estamos nós, na luta pela informação correta. E para desmistificar, nada melhor do que inaugurar essa seção com o Marcos Nunes, o Marquinhos, um apaixonado por vôo livre.
Prepare-se para grandes aventuras...
NA LUTA – Pode causar surpresa em muita gente o fato de você, por ser
paraplégico, praticar vôo livre, o que é importante para quebrar
mitos. Como foi que você iniciou no esporte?
Marcos Nunes - Eu comecei no vôo livre em 1988 e sofri um acidente de asa delta, em 1990, no Parque da Cidade, em Niterói,
que me deixou paraplégico. Passados dez anos, eu descobri o
parapente e percebi que poderia voltar a voar. Eu sou apaixonado pelo vôo livre e quando fiquei sabendo que poderia voltar
a praticar o esporte, não pensei duas vezes. Lá em cima, você
enxerga o mundo por outro ângulo. Não há, por exemplo, as
barreiras arquitetônicas que existem aqui em baixo, que atrapalham e atrasam a nossa locomoção. É, acima de tudo, uma
sensação muito boa e prazerosa. Eu acho que voar faz bem
para a mente da pessoa, para o ego, para tudo. É muito bom
mesmo.
NA LUTA – Você sentiu alguma dificuldade para voltar a voar,
algum trauma?
Marcos Nunes – Não fiquei com traumas após o acidente e já
voei muitas outras vezes naquele mesmo parque. Eu tenho
dois irmãos que também voam: um de asa delta e outro de
parapente. Eu acompanhei o curso de parapente do meu irmão
e vi que, nesse esporte, a gente voa sentado. Foi quando eu me
dei conta da possibilidade de voltar a voar. Então, eu passei a
me interessar mais, contratei um instrutor que topou me ensinar. Para mim, aprender foi mais fácil, pois eu já voava de asa
delta. Só precisei mesmo pegar as manhas do parapente. Foi
apenas uma questão de adaptação à nova modalidade de vôo,
principalmente às maneiras de decolar e pousar.
NA LUTA – E você recomenda a prática de parapente às pessoas com deficiência? Como o interessado pode aprender o
esporte?
Marcos Nunes - Com certeza. Eu tenho um amigo que faz vôo
duplo com pessoas deficientes e é uma atividade que eu recomendo a todos. Já levei vários amigos meus e incentivo a
quem quiser sentir o prazer de voar que tente de verdade. É
preciso procurar um instrutor de parapente e ver com ele as
possibilidades de se fazer um vôo adaptado ao tipo de deficiência do interessado. É importante que o instrutor habilitado pela
Associação Brasileira de Vôo Livre (ABVL) e de preferência que
tenha experiência em lidar com pessoas com deficiência.
NA LUTA – Há competições de parapente?
Marcos Nunes - Há competições, sim. Mas elas não são específicas para pessoas com deficiência. Nós as chamamos de
competições de vôo duplo, quando há sempre um piloto e um
co-piloto. Eu participo de algumas delas com um amigo, não
deficiente, que pilota e eu faço o trabalho de navegador, cuidando dos instrumentos. Já estive, por exemplo, em Itamontes,
Minas Gerais, Atibaia, em São Paulo, e Castelo, no Espírito Santo, aonde houve inclusive um parapan de vôo-livre.
NA LUTA – Na prática, quais as diferenças do parapente adaptado?
Marcos Nunes – Em geral, só há diferença na decolagem e no
pouso. A gente faz a decolagem com duas pessoas me lançando e o pouso é feito com o auxílio de uma cadeira com air bags,
que suavizam o impacto.
NA LUTA – Você já praticou outros esportes?
Marcos Nunes - Já pratiquei vários outros esportes após o meu
acidente: kart, basquete, mergulho adaptado, tênis, atletismo.
Hoje, porém, me dedico só ao parapente. Eu adorava guiar kart
adaptado, mas tive que parar porque os kartódromos de Niterói, onde moro, fecharam. Ah, também pratico dança. Faço
parte da Cia. Paula Nóbrega de dança. Sempre achei o esporte
e a atividade física questões fundamentais. Mas de todas as
modalidades que já pratiquei, o vôo livre é mesmo a que eu
mais gosto.
NA LUTA – Quanto ao lazer em geral, você encontra muitas dificuldades com barreiras arquitetônicas?
Marcos Nunes - Barreiras arquitetônicas ainda existem muitas.
A gente tenta, com a luta, com a união, tentar amenizar essas
barreiras. Mas em todo lugar a gente encontra barreiras, não
podemos desistir por causa disso, temos que tentar chegar ao
local ao qual pretendemos ir. No mais, é preciso reivindicar ao
poder público e aos donos de estabelecimentos melhorias nos
acessos, para que todos possam ter o direito de ir e vir. Já fui a
cachoeiras horríveis de se chegar. Eu sempre pensava assim:
“Ah, não vou”. E os meus amigos diziam: “Vai, sim”. Aí juntava
um, juntava outro, e eles acabavam me levando. Eles me jogaram embaixo da cachoeira. Qualquer lugar que você tenha
vontade de ir, o esforço é válido.
NA LUTA – Como é a reação das pessoas ao ver um cadeirante
praticando esportes radicais, freqüentando cachoeiras de difícil
acesso?
Marcos Nunes – Alguns ficam admirados, até um pouco espantados por ver um cadeirante fazer as coisas que eu faço. Mas
quando eles percebem que a vontade sai da pessoa, isso ajuda mais ainda a quebrar todas as barreiras. Eu faço isso tudo
mesmo para desbravar e mostrar que dá para se fazer tudo
quando há vontade. Primeiro você tem que querer. Se a pessoa
já tem uma barreira dentro dela mesma, aí é que não vai conseguir. Quando você demonstra que não é de vidro, que está
a fim de fazer determinada coisa, as pessoas percebem e se
prontificam a te ajudar no que for necessário. Meus amigos são
um exemplo. Eles sabem das coisas que eu gosto e me levam
aonde for. Nenhum deles se preocupa se o lugar é adaptado ou
não. Eles me levam aonde forem. Quando se quer de verdade,
é possível.
Serviço – O interessado em praticar parapente adaptado pode
procurar, por exemplo, o instrutor César “Pipoca”, amigo e parceiro de vôo do Marquinhos, pelo telefone (21)8877-7096 ou
pelo endereço eletrônico www.cesarpapara.com.
14 NA LUTA
Amor
de mãe
OPINIÃO
Eu engravidei e fiquei muito feliz. A partir de então, passei
a imaginar como seria bom ser mãe, imaginava o rosto do
meu filho, como ele seria fofinho, gordinho...
Seis meses de gestação e ele nasceu, mas morreu. Morreu o Lucas que eu esperava quando engravidei. Morreu
o Lucas dos meus sonhos. Aquele que iria correr e dançar
comigo. O que iria falar e me deixar boba de cara.
E o que dei a luz? É, o meu Lucas havia morrido, mas eu
não pude ficar de luto, pois havia um outro Lucas na UTI
da maternidade esperando pelo meu carinho, meu amor,
meu leite materno. Mas como eu vou amar um ser tão feio?
Esse é meu filho? Eu perguntei com lágrimas nos olhos.
Voltei para o meu quarto e fiquei o resto do dia. À noite,
desci para UTI, meus seios estavam cheios e eu precisava
esvaziá-los. Meus passos se estenderam até a incubadora
onde aquele estranho, que tomou o lugar do meu Lucas,
estava. Olhei-o um pouco mais pra me acostumar, mas
não era fácil vê-lo tão frágil e com tantos aparelhos.
Cheguei despreparada àquele novo mundo e nem sabia
direito pra onde olhar e nem o que pensar.
Quando me dei conta, vi que o amava muito e que seu
sofrimento causava muita dor em mim. Percebi que ele
precisava de muito amor e sem perceber fui me enchendo
desse amor forte. Como posso amá-lo? Ele está ocupando
o lugar do filho que tanto esperei, daquele bebê gordinho
que iria correr e dançar comigo.
Mesmo sem saber a resposta, eu fui aprendendo que aquilo era bom. E fui aprendendo muito com essa criança “diferente”, amando-a cada vez mais. Não esqueci meu Lucas
gordinho, fofinho, com boa saúde. Às vezes me pego chorando sua perda e tem dias que estou de luto.
Mas quando olho pro sorriso do meu “novo” filho eu me
encho de forças para continuar.
E quando estou sem forças, ele me ajuda a enfrentar as
dificuldades.
Demorou um pouco, mas foi bom ver que Deus levou o filho que eu tanto esperava e me deixou um dos seus anjos.
E foi bom dar a esse anjo o mesmo nome do meu filho que
“morreu”. Seu nome, Lucas!
Eu te amo meu querido e estarei sempre ao seu lado...
Mamãe.
Antônia Yamashita
www.umamaeespecial.com.br
A figura materna em sua relação
com filhos deficientes
Lilia Pinto Martins - Presidente do CVI-Rio
O núcleo familiar é o espaço primordial no qual se processam as relações básicas para a formação e estruturação
psico-social das pessoas em geral. A família forma uma estrutura única e singular pela qual vai responder à realidade
que vivencia, apresentando possibilidades múltiplas de interpretá-la e representá-la emocionalmente, servindo como
base para a constituição dos sujeitos.
A família, ao mesmo tempo em que se constitui como o
núcleo básico de formação da estrutura psíquica das pessoas que a compõem, é a representante de um contexto
social mais amplo, sendo transpassada por valores, mitos
ou crenças que cercam a sociedade como um todo. A família absorve idéias em relação a inúmeros fatos da
realidade que a cerca, sofrendo a influência, mantendo e
repassando uma cultura que tende a ser transmitida para
gerações posteriores.
Uma cultura pode formar-se em torno de idéias preconcebidas, que são transmitidas e incorporadas no âmbito
familiar. Neste contexto, inclui-se a questão da deficiência,
que acaba absorvendo conceitos prévios (pré-conceitos)
que antecedem a situação em si, e que começam a influir
na rede de relações familiares, assim que a deficiência
se instala em um de seus integrantes, marcando a forma
como uma determinada família reage e representa emocionalmente a deficiência neste âmbito particular.
A família, transpassada por esta concepção social mais
ampla, e ao mesmo tempo estruturada de modo único e
particular, vai apresentar respostas específicas à situação
de deficiência de um de seus membros, não se repetindo
em outros contextos familiares.
A figura materna, dentro do núcleo familiar, surge como
elemento essencial na formação e constituição bio-psicosocial do sujeito, assumindo um papel preponderante na
representação emocional da deficiência, principalmente
quando a deficiência ocorre precocemente em crianças,
por fatores hereditários, congênitos ou adquiridos.
A mulher é naturalmente investida para a maternidade que começa a ser antecipada na mais remota infância
da menina, ao brincar de “mamãe” com suas bonecas. É
curioso observar a brincadeira de uma menina com suas
bonecas, repetindo os comentários que ouve de sua mãe,
ao ralhar, zangar-se ou acalentar suas “filhas”. Esta brincadeira é muito séria porque traz em si as vivências que
experimenta em suas relações com a própria mãe, e ao
mesmo tempo antecipa e estrutura a forma como vai vivenciar uma maternidade futura, com todas suas nuances
e significados.
Quando a gravidez acontece realmente na vida de uma
mulher, ela está investindo em um desejo que experimenta
há longo tempo, projetando no
bebê que está por vir, uma série
de fantasias e expectativas alimentadas desde sua infância,
em torno de um filho muito idealizado. Acontece que, ao lado
de sentimentos positivos de
afeição, amor e desejo, neste
processo de criação, a mulher
também experimenta sentimentos ambivalentes de medo,
ansiedade e insegurança diante de um ser que ainda não é
conhecido, e sobre o qual se
formam mil fantasias, trazendo
a marca do novo, da mudança,
e de um espaço que ainda não
é reconhecido: o de ser mãe.
Entre o desejo e o medo, a
gravidez transcorre, culminan-
do no ato do nascimento, onde todas as expectativas da
mulher vão ser satisfeitas ou não. Para isto, decorre uma
série de fatores emocionais, influindo na apreciação deste
fato tão impregnado de fortes significados. Este momento
torna-se particularmente diferenciado, quando a expectativa se transforma numa frustração, frente à constatação de
que algo não vai bem com o bebê, que a partir deste momento, vai ser separado da mãe para intervenções médicas
de urgência, permanecendo por períodos em incubadeiras
ou em outros procedimentos indispensáveis. Tais ações
antecedem, por vezes. A notícia de que o bebê apresenta
distúrbios orgânicos, que podem gerar deficiências físicas,
sensoriais, ou intelectuais.
A mãe geralmente experimenta enorme sentimento de
frustração que pode vir associado à idéia de que fracassou
em seu investimento afetivo, causando, inconscientemente,
danos e prejuízos a seu bebê, por conta dos sentimentos de
ambivalência que vivenciou durante a gravidez.
A culpa que é gerada pode manifestar-se em torno de
um excesso de proteção em relação à criança, por representar, muitas vezes, uma defesa compensatória para encobrir a desvalorização ou rejeição que a mãe pode experimentar, por ter sido frustrada em suas fantasias e desejos
mais profundos.
Cria-se um vínculo muito forte entre mãe e criança, formando uma dupla simbiótica, que se nutre entre si, dificultando a vinculação com a figura de terceiros. Por um lado,
isto serve a uma série de motivações maternas, principalmente àquelas dificuldades em preservar-se como pessoa
com vida própria - relacionando-se à criança, mas também
ao marido, ou demais filhos - e com desejos distintos aos
da criança. Por outro lado, uma relação que se forma nestes
moldes, oferece poucas oportunidades de desenvolvimento emocional para a criança, fragilizando-a e mantendo-a
regredida e dependente, ao inibir suas potencialidades e
restringir sua capacidade de crescimento.
A atitude materna, de privilegiar o filho com deficiência,
seja pela necessidade real da criança em receber cuidados
específicos, seja pelas necessidades emocionais da mãe
em dedicar-se a um filho normalmente identificado como
frágil, carente e dependente, pode trazer desequilíbrio à
família.
A criança com deficiência que é superprotegida, pode
fazer disso um ganho secundário, manipulando a mãe e o
ambiente familiar, para não perder este privilégio. No entanto, o que pode inconscientemente ser experimentado como
um privilégio, acaba trazendo enormes prejuízos para a
criança, ao mantê-la infantilizada, regredida e dependente
da figura materna, não a estruturando para a vida adulta.
Além do mais, este “privilégio” estimula a rivalidade entre
os irmãos, que se sentem lesados ou carentes em função
de não receberem o mesmo olhar da figura materna, com
a conseqüente disputa por sua posse.
Nem sempre as vivências acompanham este modelo.
Apesar dos sofrimentos, inseguranças e ansiedades em
decorrência de um filho que frustra os desejos mais profundos e remotos de uma mulher - que espera desse filho
a concretização de um ideal - podemos perceber um movimento positivo em direção a uma nova postura da mãe,
dentro da família, em relação ao filho com deficiência.
Cada vez mais constatamos casos em que, ao lado do sofrimento, há um investimento saudável dos pais e da família em relação a fortalecer a criança com deficiência para
o desenvolvimento e o crescimento, dando-lhe condições
para uma vida digna e de qualidade, apesar das limitações
existentes. Esta é uma postura que vem ganhando consistência, na medida em que caminhamos para a concepção
de uma sociedade inclusiva, que contempla a diversidade
humana.
Os
raros
do
Teatro
Mágico
Fotos: Vinicius Campos
O que estaria fazendo uma matéria do “O
Teatro Mágico” no “Na Luta”, um informativo voltado a assuntos ligados à deficiência?
Uma trupe que é pura arte: música, teatro,
dança, circo, mas que vai muito além disso.
Esta matéria torna-se relevante pela defesa da inclusão. Palavras como “respeito” e
“agregar” são faladas durante as apresentações do grupo, cujo sucesso vem crescendo
nacionalmente, como comprovado por nossa equipe no show realizado no Circo Voador, na Lapa, Rio de Janeiro, no dia 23 de
maio, ao qual estivemos presentes. Cerca de
2.500 pagantes cantaram a plenos pulmões
e se emocionaram com as performances do
“O Teatro Mágico”.
O que dizer das letras do Fernando Anitelli,
líder, cantor e compositor da trupe? São
dele versos como: ”Enchendo a minh’alma
d’aquilo que outrora eu deixei de acreditar”,
ou “De um lado a poesia, o verbo, a saudade/Do outro, a luta, a força e a coragem pra
chegar no fim”, ou ainda “Viva a tua maneira/Não perca a estribeira/Saiba do teu
valor/E amanheça brilhando mais forte”.
E o livro da escritora, compositora e assessora de imprensa do grupo, Maira Viana,
chamado “O Teatro Mágico em Palavras”?
Como é bom ler frases raras como:”O diálogo mudo dos olhares” ou então “Agia sempre como se fosse um patinho feio de penetra no banquete dos cisnes”. Todos os textos
da autora são baseados em músicas do “O
Teatro Mágico”.
Esses mágicos raros não ficam só nas palavras. No DVD da trupe, cadeirantes participam agregados de forma alegre e bonita;
nos shows, há língua de sinais, acreditando
ser mais uma maneira de interagir com a
platéia. O público raro (no sentido de diferente, especial) que acompanha a trupe afirma que se interessou em aprender LIBRAS
após assistir ao show; fisioterapeutas
e fonoaudiólogos se dizem impressionados com a reação dos
pacientes, principalmente os
paralisados cerebrais, às musicas do grupo.
Será que toda essa magia vem
da sensibilidade do Fernando
Anitelli? Do violino do Galdino?
Acho que “tem hora que se junta
tudo numa coisa só”.
Mas vamos lá, a entrevista foi
feita após a apresentação no
Circo Voador, por mim, Beatriz Pinto Monteiro, e por
João Menescal.
“Sem horas e sem dores”,
com vocês, O Teatro Mágico.
Transformando
música em literatura
Letrista de algumas canções, em parceria com Fernando Anitelli, e assessora
de imprensa da trupe, Maira Viana é
também uma escritora de mão cheia.
Por sugestão de Anitelli, ela começou a
escrever textos baseados em canções
do grupo, que mais tarde resultaram
no livro “O Teatro Mágico em Palavras”.
“O grupo todo me deu muito apoio
para a publicação desse livro, e o Anitelli ainda falou que nas próximas
apresentações eles farão encenações
de algumas histórias minhas no palco”, disse Maira.
Quem estiver interessado em adquirir
o livro, o CD “O Teatro Mágico – Entrada para raros”, e/ou o DVD da trupe
pode visitar o site do grupo, no endereço eletrônico www.oteatromagico.
mus.br, ou ainda comparecer a uma
das lojas que eles montam nos locais
de apresentação. Quem estiver sem
grana para comprar o CD, por exemplo, pode baixá-lo no endereço acima,
comportamento incentivado pelo próprio Anitelli durante o show. Sua intenção é atingir o maior número possível
de pessoas com a sua música.
NA LUTA
15
NA LUTA – Por ser um informativo voltado para questões ligadas
à deficiência, nós ficamos surpresos e encantados ao descobrir
que, no DVD do “O Teatro Mágico”, houve espaço para performances de cadeirantes. Como surgiu essa idéia?
Fernando Anitelli – O trabalho do “O Teatro Mágico” é justamente, e sempre foi, o de trazer para o palco as coisas que aconteciam dentro de um sarau, que eram as diferenças se encontrando. Então, misturava-se a poesia, timbres de instrumentos,
música, dança etc. E a mesma coisa acontece com o ser humano, pois quando você vai fazer um trabalho de arte, não pode
julgar assim: este é um cadeirante, aquele tem deficiência visual.
Todo mundo tem o direito de ser um personagem maior, um personagem disposto a participar dessa comunhão, dessa celebração. Então, como eu sabia que
no Teatro Dias Gomes, lá em São Paulo, o pessoal fazia teatro em cadeiras de rodas, fui até lá
e convidei-os a participar de alguns shows nossos, declamando poesias. Isso nos palcos nos
quais havia acesso para esse pessoal, pois muitos locais ainda não têm a estrutura necessária
para receber artistas cadeirantes. Muitas vezes não há acesso nem nas ruas, nas calçadas.
NA LUTA – E o que vocês acham dessa falta de preocupação com a acessibilidade?
Fernando Anitelli - Isso é uma falta de democracia, né? Atenta contra o ir e vir das pessoas. A
acessibilidade tem que existir, é necessário adaptar
esses espaços, criar rampas. Então, sempre que a
gente conseguia lugares acessíveis, nós levávamos
esses artistas cadeirantes. Há um rapper que também usa cadeira de rodas que subia comigo no
palco para cantarmos juntos. Também trouxemos,
uma vez, uma menina cega que tem uma voz lindíssima.
NA LUTA – Todas as letras são de sua autoria? Quais
são as influências musicais do “O Teatro Mágico”?
Fernando Anitelli - A maioria das letras são minhas,
mas algumas são em parceria com a Maira Viana.
Quanto as nossas influências, eu ouvi muito Jim
Morrison, mas também muito Renato Russo, Raul
Seixas, Cazuza, Ney Matogrosso, Zeca Baleiro, Secos e Molhados. Então, tudo isso são referências
para “O Teatro Mágico”, pois são artistas que se
relacionam de verdade com o trabalho deles, e que
não estão apenas fazendo coisas para entreter o
povo.
NA LUTA – Nós sabemos que parte do público ainda
tem preconceito ao ver uma pessoa com deficiência
no palco. Você chegou a pensar nisso antes de abrir
espaço para artistas deficientes?
Fernando Anitelli - Eu não pensei nisso porque, se
eu parasse para pensar no que as pessoas poderiam pensar, talvez eu não fizesse nada disso que
a gente está vendo hoje. Eu consegui juntar um DJ
que é da periferia de Carapicuíba com um violinista, juntei um especialista em maracatu com um
saxofonista. São timbres diferentes, artistas com
histórias diferentes, de classes diferentes, lutas distintas. Mas todos entenderam que a idéia do “O
Teatro Mágico” era somar, agregar, criar o diálogo
entre diferentes. A pessoa com qualquer deficiência, seja física,
visual, auditiva, precisa também ser incluída na arte. Nós temos uma
música em que, durante nossas apresentações, o Will, um dos
nossos integrantes, faz os sinais em LIBRAS, para que os surdos
possam entender o que eu estou cantando. Então, quando
as pessoas que vão às nossas apresentações vêem isso,
eles falam “Caramba, isso é fantástico”. E é isso que nós
queremos – agregar. Não podemos achar que está tudo
ótimo, que podemos somente deixar um donativo para
determinada instituição que fica tudo bem. Não é isso.
Nós temos que trabalhar diariamente pela inclusão.
NA LUTA – Nós achamos a atuação dos cadeirantes
no DVD de muito bom gosto.
Fernando Anitelli - Nós quisemos fazer uma coisa forte, corajosa. O que a gente não pode é usar a atuação dos deficientes como um momento que gere sentimentos de pena no público. Ali está todo mundo feliz,
pois estamos realizando, estamos produzindo, fazendo
teatro, arte. Dá para todo mundo participar, portanto vamos aumentar essa ciranda, vamos agregar.
DEPOIMENTOS
16 NA LUTA
“Na Luta” procurou alguns profissionais gabaritados em assuntos relativos à deficiência e fez a seguinte pergunta:
Qual a importância do treinamento das atividades de vida diária para pessoas com deficiência:
Rejane Laeta Galvão de Brito – terapeuta ocupacional
Flávia Steinberg, fisioterapeuta
“Todo ser vivo realiza atividades para a preservação de
sua espécie em um determinado ambiente, necessitando para tal de habilidades específicas. Estas atividades
diferem em sua forma e complexidade entre as espécies,
considerada sua posição na cadeia evolutiva.
O homem foi além. Por possuir uma característica que o
distingue dos demais seres, a inteligência, foi capaz de
transformar o ambiente e os materiais para sua melhor
adaptação e qualidade de vida, criando diversos instrumentos que facilitaram a realização de suas atividades
cotidianas de forma independente e autônoma. Quando,
entretanto, o indivíduo se vê diante de alguma alteração
em seu estado de saúde, este seu fazer diário se altera e
ele poderá ter dificuldade na execução destas atividades no dia-a-dia.
Denominamos atividades de vida diária (AVD) aquelas que permitem ao indivíduo atingir a sua independência pessoal e a perda desta capacidade pode resultar em perda da auto-estima e no isolamento
social.
As atividades de vida diária fazem parte das áreas de desempenho ocupacional e compreendem as
atividade básicas de vida diária (AVD) e as atividades instrumentais de vida diária (AIVD).
As AVD requerem capacidades básicas e incluem as atividades de mobilidade funcional, cuidados pessoais (alimentar-se, vestir-se, arrumar-se, higiene oral, lavar-se, higiene no toalete, etc.), comunicação
funcional, administração de hardware e dispositivos funcionais e a expressão sexual.
As AIVD exigem habilidades mais avançadas de solução de problemas e incluem o uso de materiais,
fazem parte ás atividades de administração doméstica e as capacidades para a vida em comunidade
(usar o telefone, preparar refeições, ingerir adequadamente medicamentos, administrar dinheiro, utilizar meios de transporte, etc.).
A avaliação das AVD e das AIVD abrange uma avaliação de desempenho específica, avaliação dos
componentes de desempenho e dos ambientes psicossocial e físico do paciente. A partir desta são
traçadas metas de estimulação que incluem o treino nas atividades prejudicadas e no uso de equipamentos facilitadores, a prescrição e confecção de dispositivos assistivos e a adaptação ambiental. Os
componentes de desempenho físicos (força, amplitude, sensação, etc.), perceptivos e cognitivos são
avaliados para determinar o potencial do indivíduo e a necessidade de equipamentos adaptativos
e são estimulados para facilitar a participação do indivíduo. O ambiente deve ser, da mesma forma,
considerado.
A Terapia Ocupacional tem há muito tempo desempenhado o papel de proporcionar ao indivíduo, de
acordo com suas capacidades e potencialidades e, apesar de sua doença ou incapacidade, a reconstrução da sua história ocupacional e a participação nas atividades significativas e importantes para sua
autonomia, independência, auto-estima e participação. Faz, portanto, parte das funções do terapeuta
ocupacional a avaliação e a estimulação das atividades de vida diária, atividades profissionais e produtivas e atividades de divertimento e lazer que tornam o cotidiano do sujeito repleto de significados
e satisfação pessoal”.
“Qual o preço da independência?
Quanto custa você poder ir ao banheiro sozinho? Quanto você pagaria para conseguir se vestir sozinho?
Quão importante é para você entrar
no seu carro e ir passear no shopping
center sozinho a hora que você quiser?
Estas perguntas parecem ser simples
para uma pessoa que consegue realizar todas as pequenas coisas da
vida sem ajuda nem muito gasto de
energia. Mas infelizmente para algumas pessoas com uma incapacidade motora ou cognitiva, estas pequenas atividades triviais da vida podem ser um
grande desafio.
Atividades de vida diária ou AVD são um grupo de atividades que realizamos
dia a dia sem pensar, são parte integral da nossa vida como por exemplo ir ao
banheiro e poder se limpar sozinho, tomar banho, vestir e trocar todos os tipos
de roupa, cozinhar e limpar a casa, lavar e passar roupa, lavar a louça, entre
outras atividades.
Dependendo da incapacidade, estas atividades podem ser um grande desafio
diário e muitas vezes impossíveis de serem cumpridas sem ajuda. Conseguir
ou não conseguir realizá-las significa qualidade de vida. Para alguns, comer
sozinho, e para outros, trabalhar, já é um grande passo.
O principal objetivo do tratamento de reabilitação é desenvolver as habilidades necessárias para a autonomia da pessoa com deficiência. Quando a realização de determinada atividade não for possível devido ao tipo de lesão, é
muito importante que a pessoa saiba como orientar os outros sobre o tipo de
ajuda que necessita.
É um trabalho em equipe, que inclui fisioterapeuta, terapeuta ocupacional,
enfermeira, médico e, é claro, o próprio deficiente e familiares. Exige treinamento diário e intensivo. Muitas vezes, solucionar uma dificuldade em AVD
requer análise das necessidades individuais da pessoa e soluções criativas.
Equipamentos e espaços adequados também interferem muito na autonomia
da pessoa.
Muitas vezes, alguma coisa que a pessoa consegue fazer sem problemas em
sua própria casa, por exemplo, pode ser impossível de conseguir em um quarto
de hotel não adaptado de forma adequada. É um treino e aprendizado para
toda a vida, sempre em busca de maneiras mais eficazes de realizarmos as
tarefas do dia-a-dia”.
Elisabeth Ferreira de Jesus – Pedagoga e Coordenadora do Programa Educacional Alternativo do Instituto Benjamin Constant
“Ao nascer, a criança depende de outras pessoas para satisfazer as suas necessidades. À medida que vai crescendo, adquire de
modo gradual uma maior independência de acordo com o seu desenvolvimento. Na fase pré-escolar, espera-se que a criança seja capaz
de alimentar-se sozinha, despir e vestir-se, ir ao banheiro, lavar-se e escovar os dentes, sem necessitar de ajuda ou apenas de ajuda
parcial.
Na educação da criança cega ou de baixa visão, destacamos a Atividade de Vida Diária como área especifica de atendimento, que
tem como objetivo proporcionar à criança condições para que dentro de suas potencialidades possa formar hábitos de auto-suficiência
que lhe permitam participar ativamente do ambiente em que vive.
Se os hábitos à mesa, a postura, a adequação para se vestir e a higiene pessoal são comportamentos adaptativos, há necessidade
de um treinamento intensivo, pois a criança cega pode apresentar atitudes inadequadas em algumas dessas situações.
A criança só aprende aquilo que vive concretamente. É importante que ela faça suas próprias descobertas através da manipulação
e exploração do ambiente. Por isso podem e devem ser exploradas situações referentes à alimentação, higiene pessoal, vestuário, saúde,
segurança e atividades domésticas.
Assim, através do treinamento nas Atividades de Vida Diária, a criança cega e de baixa visão aprende, entre outras coisas, a localizar
os alimentos no prato; cortar alimentos; controlar a quantidade de comida do prato, sem derramar; cozinhar; vestir-se adequadamente;
cuidar de sua aparência pessoal, prevenir-se contra acidentes e remediá-los.
E a situação do indivíduo com deficiência visual adquirida na idade adulta? Por vezes, a perda da visão é gradativa, dando condições
ao indivíduo de, aos poucos, ir processando a sua readaptação. No entanto, não são raros os casos de cegueira súbita, por acidentes ou
etiologias diversas.
Como tais pessoas nada sabem sobre a cegueira, não compreendem como podem continuar a viver no mundo que eles aprenderam
a construir e entender através dos olhos.
A reabilitação dessas pessoas é um desafio para elas, familiares e educadores, no sentido do ajustamento à sua nova condição de
vida, visando minimizar os efeitos psicossociais causados pela perda visual”.
NA LUTA
17
Cadeirante Viajante
Uma das melhores coisas para mim é poder viajar, Seja
para uma cidadezinha pequena perto de casa, seja
para uma praia mais afastada, ou para um lugar mais
distante, daqueles que a gente sonha muito em que
chegue o dia de se finalmente conhecer.
Sendo cadeirante, já deixei de fazer boas viagens, pois sei
que há lugares onde se chegar é muito difícil e permanecer
no lugar, pior ainda. Viagem de férias, no meu ponto de vista,
deve ser para te dar prazer, e nunca para ficar apontando
para as suas limitações. Mas ainda bem, que para longe ou
para perto, sempre há de se encontrar um lugar onde você
possa desfrutá-lo, com todo prazer do mundo.
Nas minhas últimas férias, fiz uma viagem que já sonhava
fazê-la há muito tempo, e que por isso foi cuidadosamente
estuda, para que não houvesse furos. Deu certo e, a convite
do “NA LUTA”, vou dividir com vocês essa experiência, desejando que assim você sinta vontade de também botar seu pé
ou suas “rodas” na estrada.
Minha primeira parada foi em Paris! Já tinha ido lá há mais
de 10 anos, mas dessa vez pude de verdade desfrutar de tudo
de bom que a cidade tem para oferecer. Paris, como muitas
cidades européias, não prima pela acessibilidade, são cidades muito antigas, que mantêm prédios de 4 ou 5 séculos
atrás e que, conseqüentemente, apresentam barreiras arquitetônicas. Porém dessa vez me surpreendi.
Não vou aqui discorrer sobre as belezas da cidade, que isso
seria redundante. Quero passar para vocês a minha alegria
de poder curtir a cidade, de forma inclusiva. Como disse, os
prédios são antigos, mas normalmente não há escadas ou
degraus nas portas dos principais restaurantes, o que garante
a nossa entrada. O charme de Paris está em se tomar um
café ou mesmo fazer uma pequena refeição, nos inúmeros
Cafés com mesas nas calçadas, espalhados pela cidade.
As ruas já estão todas com guias rebaixadas, e as calçadas
são largas e você não vai encontrar camelôs e barraquinhas
para atrapalhar a sua caminhada. Não há buracos nas calçadas, e nas guias além do rebaixamento, há também o piso
tátil para facilitar o deslocamento dos deficientes visuais. Os
Museus, como o D’ Orsay, Louvre, Rodin, Centro de Cultura
Arte Georges Pompidou entre outros, têm acesso. A famosa
Torre Eiffel também dispõe de elevadores que vão até o 2º
andar, suficiente para se ver lá de cima toda a beleza da cidade.
As principais igrejas também dispõem de acessibilidade,
como a Basílica de Sacré-Coeur. O melhor de tudo isso é que
80% dos ônibus em Paris já estão adaptados e nós só pegamos táxi para ir do aeroporto para o hotel e vice-versa. Para o
restante dos lugares que fomos, usamos somente ônibus de
rua, onde os deficientes pagam meia entrada, ou seja 1 Euro.
O melhor é que são ônibus novos, com chassi baixo e não se
fica horas esperando o tal elevador de plataforma descer ou
subir. Quem preferir, pode por 16,00 Euros pegar um ônibus
de turismo, desses de dois andares, que também permite a
entrada da cadeira de rodas no primeiro andar, e fazer um
tour por toda a cidade.
Minha única frustração foi não poder ter subido no Arco do
Triunfo, verdadeiro símbolo da nacionalidade francesa. Lá só
se chega atravessando a rua por baixo, pelo metrô, e o metrô
de Paris, um dos primeiros do mundo, não tem acesso.
Mas outro passeio que não se pode deixar de fazer é o de
barco pelo Rio Sena. É necessária uma certa ajudinha para
descer as rampas que vão do cais até o barco, mas vale a
pena. Se estiver acompanhada (o), beije (o/a) quando atravessar as pontes que cruzam a cidade. Vão ser muitos beijos,
pois Paris é cheia de pontes que permitem o acesso entre os
dois lados do Rio Sena. Muitos dos prédios históricos e turísticos estão na sua beira. Além disso, você pode passear pelas
margens do Sena, que é um programa gratuito, lindo e completamente acessível. Só tem uma coisa que realmente fica a
desejar em termos de acessibilidade, são os banheiros!
Os restaurantes, que como disse são acessíveis, têm na sua
quase totalidade banheiros subterrâneos, ou seja, só se chega
lá através de escadas. Você pode se programar e usar o banheiro quando for aos museus, pois esses lugares dispõem de
banheiros acessíveis, mas que nem sempre são bem adaptados - em alguns, faltam inclusive barras de apoio. Ou fazer o
que eu fiz em um dia em que já andava há horas pelas ruas,
usar o banheiro de um McDonalds! No mais, é só torcer para
não estar chovendo e aproveitar as belezas da cidade.
A segunda e última parada foi em Madri. Nossa, que cidade
limpa, moderna e segura. Além disso, Madri é alegre, os espa-
nhóis são barulhentos como nós e adoram uma festa. As noites em Madri são animadíssimas e aos sábados, a partir das
7h da noite, a cidade fica totalmente engarrafada de carros e
de gente, indo para os restaurantes, bares, parques e etc.
Em termos de acessibilidade, Madri está bem próxima dos
EUA, não só as adaptações são em sua quase totalidade perfeitas, como tudo funciona muito bem. Depois do atentado
terrorista ao Metrô de Madri, em maio de 2003, os sistemas
de segurança nos museus passaram a ser muito rigorosos.
Por muitas vezes temos que ser acompanhados pelos seguranças para termos acesso aos elevadores, já que em alguns
casos o acesso para o público em geral é feito por escadas,
mas nem por isso há esperas. Há sempre alguém pronto para
te acompanhar.
Em Madri, desde os museus mais famosos, como o do Prado, Centro de Arte Reina Sofia, Museu Thyssen-Bornemisza,
estão totalmente adaptados, assim como os menores, como
o Museu de Cera. Se em Paris foi fácil andar de ônibus de
rua, em Madri foi melhor ainda, pois 100% da frota está totalmente acessível. Madri também dispõe de algumas linhas
de Metrô adaptadas, mas eu não aconselharia a usá-lo, pois
você corre o risco de entrar em uma estação adaptada e não
conseguir sair na outra, por falta de acesso.
Além disso, andando por algumas ruas de Madri, que devem
ter surgido há mais de 10 séculos, com seus casarios antigos
e muito bem cuidados, se constata que nada impede que
esses lugares possam ser totalmente acessíveis. Ruas com
calçamentos de pedras, idênticas as de Parati no Rio de Janeiro, estão totalmente adaptadas, facilitando a vida de todo
mundo. E para quem acha que acessibilizar esses lugares é
descaracterizá-los, Madri mostra que isso é uma grande bobagem, fruto de falta de conhecimento e de preconceito.
No mais é aproveitar as férias e sair para perto ou para longe,
aproveitando tudo de bom que se tem por aí. E com acesso
então, é o paraíso.
Maria Paula Teperino
[email protected]
“O bom é aproveitar as férias e sair para perto ou para longe, aproveitando
tudo de bom que se tem por aí. E com acesso então, é o paraíso.”
NOTAS
18 NA LUTA
ERRATA - EMBAIXADORES DA ALEGRIA
Em nossa edição anterior, de número 6, “Na Luta” pisou na
bola e trocou o nome da primeira escola de samba do mundo voltada exclusivamente para pessoas com deficiência, a
EMBAIXADORES DA ALEGRIA. No primeiro parágrafo da matéria, que teve o título de “No Ritmo da Alegria”, redigimos
Embaixadores da Folia, que é o nome de um bloco carnavalesco carioca que nada tem a ver com a agremiação a
qual estávamos nos referindo. Em outro trecho da matéria e
também na legenda das fotos, o nome da escola, EMBAIXADORES DA ALEGRIA, saiu corretamente.
Outra falta de atenção foi quanto à grafia do nome do
criador da Embaixadores, que se chama Paul Davies, e não
Davis. Pedimos desculpas a Paul e a todos da agremiação e
desejamos a eles muito mais sucesso.
E uma prova de que a EMBAIXADORES DA ALEGRIA
está mesmo na crista da onda foi a participação de alguns
de seus integrantes no Programa do Jô, em maio, quando
puderam mostrar a milhares de telespectadores o seu belo
trabalho. Participaram da entrevista o fundador Paul Davies,
Felipe Nogueira e Caio Leitão.
ERRATA -Clínica de rúgby adaptado
Em nossa edição anterior, publicamos que o atleta Brian
Muniz, que ministrou no Rio de Janeiro a 1ª Clínica de
Rugby Adaptado, pertence à liga profissional de futebol
americano dos Estados Unidos. Na verdade, é claro, o
atleta do Chicago Bears atua na liga profissional de rugby
adaptado daquele país.
Niterói realiza encontro de dança e educação
A Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (ANDEF) e o
CETEP Armando Valle Leão (FAETEC) realizarão o I Encontro de Dança e Educação do município de Niterói. O evento
vai acontecer no dia 21 de junho, nas instalações da ANDEF,
e terá palestras, festival de dança, oficinas, entre outras atrações. Maiores Informações pelo telefone (21) 2718-2580, pelo
e-mail [email protected], ou ainda pelo site
http://www.andef.org.br
Rodas da Inclusão prossegue luta
pelo esclarecimento
Em abril, o grupo Rodas da Inclusão, em parceria com o
Colégio Pedro II, organizou mais um evento sobre inclusão.
Desta vez o tema abordado foi deficiência física, e o encontro
contou com palestras e workshop de dança. Entre os palestrantes, por exemplo, estiveram presentes a professora Maria
Aparecida Ivas, chefe do setor de Educação Especial do Colégio Pedro II, o Terapeuta Ocupacional Sérgio Orlando Dejar e
a integrante do grupo Rodas da Inclusão Kelem Zapparoli.
Câmara aprova Convenção dos
Direitos dos Deficientes
Sociedade Beneficente de Anchieta
comemora 30 anos
Foi aprovado na Câmara dos Deputados, no dia 13 de
maio, a ratificação da Convenção Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, do qual o Brasil é signatário. A convenção estabelece diversas obrigações para os Estados signatários,
na forma de diretrizes e garantias com o objetivo de assegurar, à pessoa com deficiência, igualdade de oportunidades e adaptações necessárias a seu livre acesso a bens, a
Em 1988, nascia uma das instituições mais sérias e
respeitadas do município do Rio de Janeiro, no bairro de
Anchieta, zona norte da cidade. Desde então, a Sociedade
Beneficente de Anchieta dedica-se a habilitação, reabilitação e promoção social de crianças e adolescentes com
diferentes tipos de deficiência, assim como àquelas que
apresentam distúrbios na área da comunicação, da aprendizagem e do comportamento. Há 30 anos, a SBA tem promovido um auxílio valioso a milhares de crianças entre 0 e
18 anos, residentes em um dos grandes bolsões de pobreza localizadoentre a zona norte e a baixada fluminense.
serviços e a direitos.
Governo de São Paulo cria secretaria
para a pessoa com deficiência
O governador do Estado de São Paulo, José Serra,
criou a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com
Deficiência, empossando a nova secretária, doutora Linamara Rizzo Battistella. Serra também anunciou a criação do ”Centro de Informação sobre Deficiência - Rui
Bianchi do Nascimento”, convidando para participar do
empreendimento a diretora executiva do Cedipod, Elza
Torneio de dança em cadeira de rodas
A cidade de Santos, em São Paulo, receberá, de 16 a 20
de julho, o 7º Campeonato Brasileiro de Dança Esportiva em
Cadeira de Rodas, que acontecerá em conjunto com a 7ª
Mostra Nacional de Dança Artística para Pessoas com Deficiência e a 1ª Copa Santista de Dança de Salão. Informações
pelo site www.cbdcr.org.br ou pelos telefones (13)3202-1880
Ambrósio.
e (13)3028-0957.
Juventude e deficiência em debate
COMDEF tem novo conselheiro na
área de múltiplas deficiências
Entre 27 e 30 de abril, aconteceu, em Brasília (DF), a I
Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude da
história do país. No endereço eletrônico www.juventude.
org.br, o interessado pode conferir todas as informações
sobre o evento. A intenção é de que essa mobilização culmine com a II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiência, em dezembro deste ano. Mais informações podem ser obtidas no e-mail conferencia.juventude@
planalto.gov.br ou pelos telefones (61) 3411-3548 / 3549.
“Na Luta” marca presença na UERJ
A professora de Educação Física da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Jacqueline Dourado Penafort, tem organizado palestras para seus alunos da disciplina “Esporte Adaptado”. No dia 8 de maio, foi a vez de
nossa coordenadora e supervisora, Beatriz Pinto Monteiro,
falar sobre o “Na Luta”. Os alunos, muito interessados e
participativos, fizeram muitas perguntas, e enviaram seus
dados para assinatura gratuita do informativo. A professora já agendou nova palestra para o próximo semestre.
Arte e diversão nas férias de julho
De 12 a 23 de julho, o projeto integrarte realizará a
sua 2ª Temporada de Férias para crianças e adolescentes
com deficiência. Serão desenvolvidas atividades recreativas e lúdicas, tais como: gincanas, jogos cooperativos,
dramatizações, jogos de quadra e salão, danças, aulas
de culinária com cozinheira local, ginásticas rítmicas com
profissional de educação física, dinâmicas em grupo, relaxamento, trilhas ecológicas, trilhas noturnas, passeios
e oficinas de artesanato. Informações no site www.projetointegrarte.com.
O Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência do município do Rio de Janeiro (COMDEF-Rio) elegeu em maio
novo conselheiro na área de múltiplas deficiências. Tratase de Wilson Lobão, da Associação dos Amigos do Deficiente Físico (AADEF). Com isso, fica pendente apenas a
vaga de conselheiro na área de ostomia, sendo que a única entidade do Rio na área não quis participar do pleito.
.
Surda é segunda colocada no
Miss Brasil 2008
A beleza, o carisma e a simpatia da cearense Vanessa Vidal
lhe valeram o segundo lugar no concurso para Miss
Brasil 2008. Até aí, o
fato não valeria notícia
do “Na Luta”, não fosse Vanessa surda Além
do vice-campeonato, a
Miss Ceará deste ano
cursa duas faculdades:
Ciências Contábeis e
Letras, com especialização em Libras. Em
54 anos do concurso de Miss Brasil,
nunca houve uma
candidata com deficiência. Parabéns,
Vanessa!
NA LUTA
Um olhar especial
para a arte
A fotógrafa Cintia Girelli e o modelo fotográfico Stefanio Vieira
Grupo da Andef
Fred Carvalho, fotógrafo
Marcus Scarpa do
Instituto Muito Especial
“Às Vezes, em plena tarde, uma face nos observa
do fundo do espelho; a arte deve ser como esse espelho, que nos revela a própria face”. Essa frase, do
escritor argentino Jorge Luis Borges, está na orelha do
recém-lançado livro “Arte – Um Olhar Muito Especial
II”, uma iniciativa do “Instituto Muito Especial”, que
busca apresentar ao leitor o trabalho de artistas com
diversos tipos de deficiência. Assim como na frase da
Borges, os deficientes revelam suas faces, personalidades e trajetórias, exibindo ao público suas habilidades artísticas.
“Na Luta” marcou presença no lançamento do segundo número da publicação, que
aconteceu em maio, na Livraria da Conde, no Leblon, Rio de Janeiro. Estiveram presentes
no evento alguns artistas que participaram da edição como os pintores Luciano Alves, Carlos Franca e Rita Boz; a ceramista Rose Queiroz; os fotógrafos Cíntia Girelli e Fred Carvalho;
entre outros talentos que fizeram parte do projeto.
O livro “Arte Um Olhar Muito Especial II” é o segundo volume da coleção, e apresenta 28 artistas brasileiros, dos quais um deles radicado no exterior, a pintora Débora
Pedroso, que reside em Miami, nos Estados Unidos. A publicação é uma edição de luxo com
texto bilíngüe português-inglês.
“O intuito do livro é o de mostrar que as pessoas com deficiência são tão capazes
quanto nós”, disse Marcus Scarpa, presidente do Instituto Muito Especial, responsável pela
publicação. Segundo ele, já estão a pleno vapor os trabalhos de garimpagem de artistas
para o terceiro volume da coleção, previsto para ser lançado em dezembro. “A Arte, assim
como o esporte, são veículos de superação para a pessoa com deficiência”, define Scarpa.
A fotógrafa Cintia Girelli, cadeirante, gaúcha radicada no Rio de Janeiro, está presente no livro. Apaixonada pela fotografia, a autora espera que o livro abra as portas para
que ela prossiga na arte e, quem sabe, para que faça exposições no futuro.
O grupo de dança “Corpo em Movimento”, da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (ANDEF), também esteve no lançamento do livro. “A arte é essencial. Uma
pessoa com deficiência já tem tantas barreiras a vencer no dia-a-dia. Eu acho que a arte
mostra mais claramente que os deficientes são pessoas como outras quaisquer”, disse Camila Rodrigues, coreógrafa do grupo que conta com dez componentes, dos quais cinco
cadeirantes.
“A iniciativa do Instituto Muito Especial é excelente, porque abre espaço para muita
gente, muitos artistas com deficiência que não encontram espaço para divulgar o seu trabalho”, diz o paraibano Fred Carvalho, paraplégico, fotógrafo cujo trabalho também é exibido
no livro.
Já a escultora Rose Queiroz não gosta de falar sobre o seu trabalho. Deficiente
visual, ela prefere que o público diga o
que acha. “Eu achei o livro maravilhoso, com uma plástica excelente”, disse.
O projeto “Arte -Um Olhar Muito Especial II” é patrocinado pelas empresas
OI, Amil e Souza Cruz, com o apoio do
Ministério da Cultura, Lei de Incentivo
à Cultura e Oi Futuro. O Instituto Muito
Especial já está trabalhando na seleção dos artistas para terceiro volume
da coleção. Informações pelo e-mail
[email protected].
A escultora Rose Queiroz
19
20 NA LUTA
CULTURA E INTEGRAÇÃO
CIÊNCIA
Mesquita comemora
semana do deficiente com
os Paralamas do Sucesso
Durante aquela semana, a cidade viveu uma série de eventos em prol da
inclusão social, incluindo seminário de acessibilidade, futebol beneficente
com artistas, atos ecumênicos e música, muita música. Além dos Paralamas,
marcou presença nos palcos de Mesquita, entre outros, o sambista prodígio
Gabrielzinho do Irajá, ainda um menino, deficiente visual, mas que conhece
samba como ninguém.
De acordo com José Egídio, ex-presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e um dos organizadores da semana festiva, o saldo do
evento foi bastante positivo. Segundo ele, não foi apenas pelos shows que a
cidade inteira se mobilizou, mas sim pela causa.
Para o organizador, o show dos Paralamas do Sucesso veio coroar o
sucesso de uma boa iniciativa. “O show foi dez! Melhor não poderia ter sido.
Foi um dia marcante para o município e nós ficamos todos encantados com
o Herbert Vianna, que após o show ainda ficou uns 40 minutos conversando
conosco, esbanjando simpatia”, afirmou.
Egídio, que é cadeirante, afirma que mais de duas mil pessoas estiveram
presentes ao show e que toda a estrutura foi oferecida para que as pessoas
com deficiência pudessem comparece. “Nós tivemos muitos deficientes presentes. Instalamos palanques reservados para o pessoal ter uma boa visão
do palco”.
Ainda de acordo com o organizador, marcaram presença pessoas em
cadeiras de rodas,
deficientes visuais
e, sobretudo, surdos, que também fizeram
questão de assistir ao show
dos Paralamas. “Aqui no
município, nós temos três
associações de surdos, e
felizmente muitos deles puderam comparecer”, disse.
“Na Luta” parabeniza a
iniciativa do município de
Mesquita e torce para que a
idéia se espalhe por outras
cidades brasileiras.
O município de Mesquita, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, realizou entre os dias 21
e 28 de abril a Semana de Integração da Pessoa
com Deficiência. E o ponto alto do evento foi a
apresentação dos Paralamas do Sucesso, banda
do patrono e incentivador do “Na Luta”, Herbert
Vianna, que atraiu um grande público.
Membros da Comunidade “Na Luta” no Orkut continuam participando e opinando!
Nossa Comunidade no Orkut continua agitada! Fizemos uma enquete com a seguinte pergunta:
“Qual matéria você mais gostou no nº 6 do “Na Luta”?”
Vejam o resultado disputado:
Debates: Células-tronco “Por trás do óbvio” - 11% dos votos
Fãs do cidadão Herbert Vianna - 11% dos votos
Debates: Células-tronco “Células tronco” - 9% dos votos
Passeata pelos Direitos Humanos, Na Luta contra a dor e Preconceito, parasita da alma - 7% dos votos
Todas as matérias obtiveram votos, confira, nosso endereço
é: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=31216821
Faremos uma nova enquête sobre as matérias desse sétimo
número, junte-se a nós e participe!
“Na Luta” também em sua versão integral no site oficial da
banda Paralamas do Sucesso, divulgue:
http://www2.uol.com.br/paralamas/na_luta/index.htm.

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