Receita com exportação de carne de frango é recorde nos primeiros

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Receita com exportação de carne de frango é recorde nos primeiros
Ano 1 - Edição 2 - Outubro de 2015
Receita com exportação de carne de frango é recorde
nos primeiros oito meses de 2015
Por Prof. Dr. Sergio De Zen, Camila Brito Ortelan e Marcos Debatin Iguma e Equipe Aves/Cepea
Nos primeiros oito meses de 2015,
exportadores brasileiros de carne de
frango acumularam a maior receita em
reais obtida para o período, R$ 14,8
bilhões, quando comparada com o
mesmo período de anos anteriores. O
montante supera em 26% o obtido em
igual período do ano passado, segundo
dados da Secretaria de Comércio
Exterior (Secex), órgão do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC) (Gráfico 1).
Além da valorização do dólar frente ao
Real, os casos de influenza aviária nos
Estados Unidos, principal concorrente
do Brasil nesse mercado, favoreceram
ainda mais os embarques nacionais
da carne. As perspectivas seguem
positivas no curto prazo.
O dólar valorizado permite que
exportadores brasileiros recebam mais
pelo produto em moeda nacional. Na
média de janeiro a agosto, o valor da
tonelada da carne de frango (in natura,
salgadas e industrializadas) em reais foi
de R$ 5,7 mil, aumento de 17,7% em
relação ao mesmo período de 2014, de
R$ 4,9 mil/tonelada, segundo dados da
Secex. Já em moeda norte-americana,
o preço médio da tonelada de carne na
parcial de 2015 foi de US$ 1,9 mil, queda
de 12% no comparativo anual – de
janeiro a agosto de 2014, era de US$ 2,1
mil (Gráfico 2).
Saudita, que, no acumulado de janeiro
a agosto já havia importado 512 mil
toneladas, 78 mil a mais que em 2014;
China (aumento de 58 mil toneladas,
totalizando 206 mil toneladas em
2015); África do Sul (aumento de 52
mil toneladas, para 155 mil toneladas);
Coreia do Sul (aumento de 36 mil
toneladas, para 74 mil toneladas) e
Cuba (aumento de 31 mil toneladas,
para 52 mil toneladas) (Gráfico 3).
Gráfico 1: Volume e receita acumulados das exportações de carne de frango (in natura, salgadas e industrializadas), de janeiro a agosto de 2014 e 2015. | Fonte: MDIC/Secex. Elaborado pelo Cepea/Esalq-USP.
Em volume, os embarques brasileiros de
carne de frango totalizaram 2,77 milhões
de toneladas nos oito primeiros meses de
2015, a maior quantidade para o período
e uma alta de 6,2% em relação às vendas
externas acumuladas de janeiro a agosto
de 2014, que foram de 2,6 milhões de
toneladas.
Os países que mais aumentaram as
compras do Brasil em 2015 foram: Arábia
Gráfico 2: Preço médio, de janeiro a agosto de 2014 e 2015, da carne de frango (in natura, salgadas e
industrializadas) exportada. | Fonte: MDIC/Secex. Elaborado pelo Cepea/Esalq-USP.
Ano 1 - Edição 2 - Outubro de 2015
Com esses números, a Arábia Saudita
se mantém como o principal comprador
da carne de frango brasileira, seguida
pelo Japão, que já importou 266,4 mil
toneladas do produto neste ano, 3
mil a menos que no mesmo período
de 2014 (Tabela 1). O terceiro lugar
é da União Europeia, com 260,8 mil
toneladas, mesmo tendo reduzido suas
importações em 16 mil toneladas. A
2
China, com aumento de 58 mil toneladas
de um ano para outro, assume a quarta
posição, indo para 206,3 mil toneladas.
Os Emirados Árabes é o quinto maior
comprador, com 198,6 mil toneladas
importadas até agosto.
A África do Sul também ganha destaque,
como sexto maior comprador da carne
de frango brasileira, superando Hong
Kong, que reduziu as aquisições em 58
mil toneladas de um ano para outro,
totalizando 153,5 mil toneladas e caindo
da terceira para a sexta colocação. A
redução das compras pelo país asiático
está atrelada ao aumento das compras
feitas diretamente pela China, dado que
reduz a triangulação das negociações
antes feita por Hong Kong, que atuava
como entreposto comercial.
Gráfico 3: Aumentos e reduções mais expressivos das exportações de carne de frango (in natura e industrializados) por país, do acumulado jan-ago de 2014 para
jan-ago de 2015. | Fonte: MDIC/Secex. Elaborado pelo Cepea/Esalq-USP.
Outro país que perdeu posição foi a
Venezuela, com 76 mil toneladas a
menos nos primeiros oito meses de 2015,
comparado ao mesmo período do ano
passado, totalizando 82,6 mil toneladas.
Para a Angola, a redução nos embarques
foi de 23 mil toneladas e para o Iêmen,
de 20 mil toneladas, somando respectivos
34,8 mil toneladas e 26,7 mil toneladas.
PERSPECTIVAS – Para os próximos meses, os
embarques brasileiros de carne de frango
devem seguir aquecidos. Tradicionalmente,
as vendas externas aumentam no segundo
semestre, em relação ao primeiro. Além
disso, seguem como fatores positivos às
exportações o dólar alto.
Arábia Saudita
Japão
União Europeia
China
Emirados Árabes Unidos
África do Sul
Hong Kong
Venezuela
Kuweit
Coreia do Sul
2015 (mil toneladas)
512,0
266,4
260,8
206,3
198,6
155,3
153,5
82,6
82,4
73,6
Tabela 1: Ranking dos maiores compradores de carne de frango brasileira, acumulado de janeiro a agosto
de 2015. | Fonte: MDIC/Secex. Elaborado pelo Cepea/Esalq-USP.
Energia elétrica sobe 58%, em média, nos estados de
Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo
Por Prof. Dr. Sergio De Zen, Marcos Debatin Iguma, Camila Brito Ortelan e Equipe Aves/Cepea
O preço da tarifa de energia elétrica
subiu 58,2% de 2014 a 2015 na média
das três regiões pesquisadas pelo Centro
de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea/Esalq/USP) em parceria
com a Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA). As áreas
pesquisadas foram Uberlândia (MG),
Lucas do Rio Verde (MT) e Amparo (SP).
O maior aumento foi registrado na praça
paulista, de 77,8%, com o valor da tarifa
passando de R$ 0,18/Kwh em 2014 para
R$ 0,32/Kwh em 2015. Em segundo lugar,
aparece a região mineira, com aumento
de 59,4% em igual comparativo, de R$
0,32/Kwh para R$ 0,51/Kwh. Em Mato
Grosso (MT), o aumento foi de 37,5% (de
R$ 0,39/Kwh para R$ 0,54/Kwh) (Gráfico 4).
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Em termos de consumo, a região de
Lucas do Rio Verde segue liderando o uso
de energia elétrica, com média de 14.826
Kwh/mês (177.912 Kwh/ano), na média
de 2015. Em Uberlândia, o consumo
médio fica em 6.806 Kwh/mês (81.672
Kwh/ano) e, em Amparo, em 4.100 Kwh/
mês (42.200 Kwh/ano). Em relação a
2014, esses valores praticamente não se
alteraram.
3
conta com dois galpões, sendo um
convencional (com acionamento de
cortinas e ventiladores) e outro no
sistema de pressão negativa. Na região
mineira, cada galpão tem, em média,
1.500m² e, em São Paulo, 1.080m².
Assim, o consumo médio por ave em um
lote de MT corresponde a 0,2767 Kwh,
valor 41,3% maior que o registrado em
Minas Gerais (0,1958 Kwh/ave.lote) e
O maior consumo de energia em Lucas do
Rio Verde se deve à estrutura empregada
na criação de aves daquela região,
com um número superior de animais
em relação às demais praças, além de
um sistema produtivo avançado. Na
propriedade mato-grossense, há quatro
galpões de 2.073m² cada, todos com
sistema de pressão negativa, ou seja, com
isolamento de ar e iluminação (galpões
climatizados no modelo “dark house”).
Esse sistema demanda naturalmente
mais energia para proporcionar um
ambiente térmico agradável às aves.
Já nas outras duas regiões analisadas
(Amparo e Uberlândia), cada propriedade
53,9% superior ao de São Paulo (0,1797
Kwh/ave.lote).
INSUMO – A energia elétrica é um
importante insumo para a avicultura,
podendo
ser
empregada
no
funcionamento de painéis controladores
de climatização, acionamento de
nebulizadores, ventiladores, comedouros,
bebedouros,
painéis
evaporativos,
iluminação e aquecimento dos animais,
entre outras atividades da granja.
Gráfico 4: Preço da tarifa média de energia elétrica e o consumo em MG, MT e SP em 2014 e 2015.
Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA.
Rio Verde lidera investimentos na avicultura
Por Prof. Dr. Sergio De Zen, Marcos Debatin Iguma, Camila Brito Ortelan e Equipe Aves/Cepea
Os investimentos realizados na avicultura
da região de Rio Verde (GO) somam R$ 3,23
milhões, distribuídos entre benfeitorias,
equipamentos, máquinas e implementos
da granja típica local. Trata-se do maior
valor entre as regiões acompanhadas pelo
Cepea (que englobam, ainda, UberlândiaMG, Amparo-SP, Lucas do Rio Verde-MT
e Feira de Santana-BA). Em relação à
média das praças pesquisadas, de R$ 1,75
milhão, os investimentos em Rio Verde são
85% superiores. Na outra ponta, a praça
baiana fica com o menor valor investido na
atividade, de R$ 572,7 mil (Gráfico 5).
As benfeitorias correspondem à maior parte
dos investimentos de uma propriedade
avícola (Gráfico 5). Em Rio Verde, esse
valor chega a R$ 2,66 milhões, seguido
de Lucas do Rio Verde (R$ 1,9 milhão),
Uberlândia (R$ 1,3 mi), Feira de Santana
(R$ 475 mil) e Amparo (R$ 446 mil). Esse
montante pode ser aplicado na construção
de galpões de criação (parte civil e
cortinas, desconsiderando equipamentos),
escritórios, arcos de desinfecção e portarias,
além de eventuais garagens, almoxarifados,
casas de máquinas, entre outras estruturas.
Em segundo lugar no ranking de
investimentos na avicultura, aparecem
os equipamentos: no caso de São Paulo
a participação é de 36,87% do total
investido na atividade. Já em Mato Grosso
o índice é de 17,11%. E, em Minas Gerais
15,04%, seguem a Bahia, 14,49%, e Goiás,
12,82%. Nessa categoria, encontram-se
os comedouros, bebedouros, sistemas
de nebulização, ventiladores industriais,
sistemas de aquecimento, exaustores,
iluminação e geradores de energia.
Gráfico 5: Distribuição dos custos opercaionais (COE e COT) e produção anual de aves. | Fonte: Cepea/
Esalq-USP e CNA.
MANUTENÇÃO – Os custos com a
manutenção de benfeitorias são superiores
aos de equipamentos, máquinas,
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implementos e utilitários em todas as
regiões, principalmente pelo fato de
representarem os maiores montantes de
investimento nas propriedades avícolas.
Em contrapartida, a maior demanda por
4
reparos e correções ao longo do ano, em
relação aos outros itens, torna os custos
com manutenção de equipamentos
significativamente representativos: em MG
participam com 32,02% desses custos, em
MT, com 36,47%, em SP, com 53,25%, em
GO, com 34,15% e na BA, com 31,05%. Em
Lucas do Rio Verde e Amparo, inclusive, esse
custo supera o referente à manutenção
de benfeitorias (34,37% e 13,51% do
total dos custos com manutenções,
respectivamente) (Gráfico 6).
No total, os gastos com manutenção em Rio
Verde somam R$ 61,9 mil ao ano, seguido
pelas regiões mato-grossense, com R$ 55,3
mil ao ano, mineira (R$ 33,2 mil por ano),
paulista (R$ 33 mil ao ano) e baiana (R$
11,1 mil por ano).
Gráfico 6: Distribuição dos custos com manutenção de benfeitorias, máquinas, equipamentos, implementos
e utilitários nas propriedades típicas da avicultura em MG, MT, SP, GO e BA. | Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA.
A seguir vem a distribuição dos custos com
manutenção dos itens de investimento nas
propriedades avícolas. Vale salientar que
as propriedades avícolas típicas das regiões
de Uberlândia e Feira de Santana não
possuem máquinas próprias (tratores) para
as atividades cotidianas. Nessas regiões, a
limpeza dos galpões e a capina - principais
operações que demandam apoio de
máquinas - são realizadas manualmente.
Insumos avícolas: preço da maravalha sobe
13% de janeiro a agosto de 2015
Por Prof. Dr. Sergio De Zen, Marcos Debatin Iguma, Camila Brito Ortelan e Equipe Aves/Cepea
No acumulado dos oito primeiros meses
de 2015, o preço da maravalha subiu
12,6% na média das regiões pesquisadas
pelo Cepea, em parceria com a CNA
(Uberlândia/MG, Amparo/SP e Lucas
do Rio Verde/MT). Proveniente do
beneficiamento da madeira, a maravalha
é utilizada na composição da cama de
frango em aviários.
A maior alta nos preços da maravalha
entre janeiro e agosto ocorreu em
Uberlândia, de 17,47%, seguida por
Lucas do Rio Verde, com elevação de
14,07% e Amparo, de 6,3% (Gráfico 7).
O encarecimento deste insumo se deve
principalmente à valorização do frete,
que influencia a cotação do produto
colocado nas granjas (em função da
distância para entrega). Além disso, o
mercado de madeiras (eucalipto e pinus),
amplamente impactado por setores
como o da construção civil, carvão, papel
e celulose, moveleiro, entre outros,
também afeta os valores da maravalha.
Portanto, o desaquecimento desses
setores resultou na menor produção e
oferta do produto.
Nas propriedades típicas das regiões
mineiras e mato-grossenses pesquisadas,
avicultores utilizam a maravalha em
100% da composição da cama de frango.
Em São Paulo, produtores também
fazem uso de materiais como casca de
arroz, amendoim e café para mesma
finalidade, mas a tendência é a utilização
integral de maravalha.
Gráfico 7: Evoluções dos preços da maravalha nas regiões de pesquisa, entre 2014 e 2015.
Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA.
Por se tratar de um material volumoso,
demanda muito espaço nos caminhões
durante o transporte, bem como,
Ano 1 - Edição 2 - Outubro de 2015
cuidados especiais com a umidade.
Atualmente, produtores de maravalha
têm
comercializado
o
insumo
ensacado ou em fardos, facilitando
o manejo na granja (carregamento
e descarregamento) e reduzindo
desperdícios (comprando a “granel”,
pode haver sobra ou falta de material ao
distribuir nos galpões de criação).
Boletim Ativos da Avicultura é um boletim
elaborado CNA em parceria com o Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea/Esalq-USP).
Reprodução permitida desde que citada a fonte
5
UBERLÂNDIA – Na região de Uberlândia,
especificamente, avicultores encontram
maior
dificuldade
em
adquirir
maravalha, dada a concorrência com
a indústria cerâmica regional, que
também utiliza o insumo (na forma de
conglomerado) para “alimentar” as
fornalhas. Pela indústria, esse material é
comprado em grandes quantidades dos
fornecedores locais, em um consumo
constante durante o ano. Já no setor
avícola, a demanda pelo insumo ocorre
somente na etapa de limpeza dos
aviários, geralmente realizada a cada 18
meses, em média.
CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E
PECUÁRIA DO BRASIL
SGAN - Quadra 601 - Módulo K - Brasília/DF
(61) 2109-1419 | [email protected]

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