Psicoterapia de grupo e papel do terapeuta - Cybele

Transcrição

Psicoterapia de grupo e papel do terapeuta - Cybele
Psicoterapia de Grupo e
Psicodrama:
A seleção dos pacientes,
a transferência,
a tele
e o papel do terapeuta.
A seleção dos pacientes: de
olho no desenvolvimento da Matriz de
Identidade.
  “
Uma boa terapia de grupo começa
com uma boa seleção de pacientes.
  Objetiva-se
 1)
 
não está mais na fase simbiótica ou da relação em
corredor;
 2) se está
  do Tu;
 3)
verificar se o cliente:
em processo avançado do reconhecimento do Eu e
se já consegue circularizações e inverter papéis.
  DEPENDE
do tipo específico de terapia de grupo considerado.
  Efetividade da terapia.
Critérios de Exclusão
 
Como se selecionam pacientes para
a psicoterapia
de grupo?
OBS: Quase todos os pacientes se
encaixam em algum grupo terapêutico..
  Candidatos fracos:
  Pacientes
  Pacientes
  Pacientes
  Pacientes
  Pacientes
  Pacientes
  Pacientes
com lesões cerebrais;
paranóides;
hipocondríacos;
drogaditos;
psicóticos agudos;
sociopatas;
que se encontram no meio
de uma crise aguda;
•  Pacientes suicidas, profundamente
deprimidos;
•  Pacientes que, por alguma razão, não
possam participar regularmente..
 Conseqüências da seleção de pacientes
inadequados:
  Resistência interpessoal e evasão.
  Pacientes
que desistem da terapia
  Desistência
  “Efeito
precoce.
onda”
  Pacientes que abandonam a terapia de grupo
prematuramente, apresentam na triagem inicial uma ou mais
das seguintes características:
 
 
 
 
 
 
 
Menor disponibilidade psicológica;
Capacidade reduzida de pensar sobre as
emoções sem agir;
Menor motivação;
Ser mais reativos do que reflexivos;
Menos emoções positivas;
Maior negação;
Maior somatização;
 
 
 
 
 
Abuso de substâncias;
Maior raiva ou hostilidade;
Afetividade social inferiores;
Inteligência inferior;
Falta de compreensão de como a terapia de
grupo funciona;
OBS: Tais características devem ser
  Paradoxo
vistas como precauções e não como
contra-indicações absolutas.
  Razões para que os pacientes abandonem a terapia:
1. Fatores externos;
2. Desvios de comportamento no grupo;
3. Problemas / conflitos de intimidade;
4. Medo do contágio emocional;
5. Incapacidade de dividir o terapeuta (querem
uma relação em corredor);
6. Complicações das terapias individual e de
grupo concomitantes;
7. Provocações precoces;
8. Orientação inadequada do terapeuta;
9. Complicações que surgem pela formação de
subgrupos.
  Condições de satisfação dos pacientes
com seus grupos:
 
 
 
 
Necessidades pessoais
(objetivos) do paciente;
Relacionamento com os outros
membros satisfatório;
Participação de tarefas no grupo.
Orgulho por participar do grupo.
As metas de uma psicoterapia
psicodramática de grupo:
•  “Ultrapassar os domínios da ab-reação
emocional e dos discursos verbais e
criar, vivências interiores e exteriores,
um projeto e uma produção
psicodramáticas” (Moreno).
•  “O psicodrama é terapia profunda
•  de grupo” (Moreno, 1974).
Cinco instrumentos básicos do Psicodrama:
 
 
 
 
 
Platéia /grupo.
Protagonista.
Diretor / terapeuta.
Ego-auxiliar.
Cenário.
Indicação mais habitual para a Psicoterapia de grupo:
Pacientes em que foi insuficiente a terapia individual (mas,
para Moreno, um processo terapêutico seria mais profundo num
grupo).
OS CONTEXTOS:
  1) Social.
  2) Grupal.
  3) Psicodramático (como se).
 
As Etapas da sessão:
  1) Aquecimento.
  2) Dramatização.
  3) Compartilhar.
 
 
 
 
“A psicoterapia de grupo é um processo
consciente, desenvolvido sistematicamente,
que consiste no tratamento dos problemas
psicossociais do grupo. A estrutura teórica
é centrada no grupo, na interação e
relacionamento interpessoal. Aspira o
melhor agrupamento terapêutico de seus
membros, respeitando os motivos e
tendências espontâneas de cada um.
Não trata só de indivíduos que se
encontrem no centro da atenção de um
grupo, mas do grupo como um todo e de
todos os indivíduos em relação” (MORENO, 1974,
p.77).
O terapeuta:
Transferência e Tele
O Psicoterapeuta e a Tele-Transferência:
 
A transferência é um mecanismo criador
de obstáculos - para Moreno, quando a
Tele adoece, gera-se a transferência.
Fator “curativo”: o relacionamento
autêntico e a sintonia empática – o fator
Tele.
Condução da transferência :
Leva à promoção da Tele.
 
Cuidado com sua expressão e manejo..
 
 
 
  A Transferência nos grupos de psicoterapia:
  Interpessoal
  Distorções
– se dá entre os membros.
perceptivas.
  Transferência
negativa e
  positiva.
  O
terapeuta também é afetado.
  Como resolver as distorções causadas pela
transferência?
  Validação
  Maior
consensual no grupo.
transparência do terapeuta – a
relação recíproca da TELE.
 
Papéis,funções e habilidades do terapeuta de
grupo:
 
Papéis: Cuidador, analista social, coordenador de
grupo.
 
Funções: Dar e receber, estimular, empatizar,
 
 
facilitar a emergência de temas protagônicos
grupais.
Habilidades: Conhecimento teórico e técnico,
evitar o favoritismo, sensibilidade para
acolher (expansão emocional ampla),
capacidade para encenar e dirigir e coragem
para colocar em jogo toda a sua pessoa real.
Ideais: espontaneidade, criatividade, abertura
para mudanças, acreditar na soberania do
grupo e na construção coletiva, reconhecer a
influência dos princípios existenciais e
estéticos sobre a terapia.
  Transparência
e Tele-relação:
 
Transparência e Mudança – Visando
o Encontro Existencial Eu-Tu.
 
Transparência indiscriminada
X
Auto-revelação do Terapeuta.
  Os Fatores terapêuticos do Psicodrama
grupal:
 
O princípio da interação terapêutica – cada membro
é um agente terapêutico dos demais.
A prova de realidade (confrontos diretos).
Igualdade de status de todos os membros.
 
Maior liberdade de interação espontânea.
 
 
Instalação da esperança,
cooperação e altruísmo.
 
A aprendizagem interpessoal.
 
A experiência emocional
corretiva do grupo familiar.
 
 
 
O desenvolvimento de relações mais télicas e
menos transferenciais..
A desconstrução de ilusões sobre si e
sobre os outros.
  A promoção de encontros existenciais.
  A promoção de catarses de integração.
  A maior socialização e promoção de um
clima espontâneo-criador.
 
Abordagem do Grupo Triádico:
Dinâmica de Grupo (Kurt Lewin), Freud
(psicanálise) e Moreno ( psicodrama):
Pierre Weil e Anne Ancelin Schutzenberger.
O Manejo da resistência:
 
O papel do terapeuta, embora centrado no
grupo e no cliente, às vezes será ativo e
diretivo. Vence a resistência graças às técnicas
de aquecimento.
  Como
se manifesta a resistência?
  No silêncio.
  Atraso ou ausência.
  Esperar o fim da sessão pra falar algo
valioso.
  “O problema dos outros é mais importante”.
  Expressões corporais de resistência.
  Feddback
X Loveback.
  Dores de cabeça, sono e outras manifestações
psicossomáticas.
  O alhures, o passado e o futuro X o aqui e
agora.
  Resistência ao sonho e sonhos de resistência.
  Acting out (expressão de sentimentos e de
decisões importantes fora das sessões).
  “Tenho um segredo, mas não tenho o direito
de trair o outro ausente”.
  Comportamento estereotipado (queixas repetitivas
dos outros).
  Os entendidos em Psicanálise (intelectuais).
Resistências a Dramatizar:
  Método
clássico de análise da resistência :
abordar os afetos penosos que provocam
resistência, sua história e intenções
inconscientes; investigar como resiste,
dentro e fora da terapia.
  Abordagem psicodramática da resistência:
  1) Aquecimento do grupo (criar o clima).
  2) Escolha do protagonista (e aquecê-lo).
  3) Escolha dos egos auxiliares (e aquecêlos).
“O protagonista está resistindo quando
prefere fazer muitos solilóquios” (Moreno)
  “Distingo
resistência intra psíquica de extra
psíquica. A primeira existe entre o doente e o
analista, e é negativa. No psicodrama, pelo
contrário, o paciente pode expressar aquelas
resistências na ação, o que lhes dá um caráter
positivo. A resistência extra psíquica consiste
na intervenção de um auxiliar, testando a
capacidade do indivíduo para enfrentar uma
situação. Permite também explorar o
psiquismo do doente” ( Moreno).
O aquecimento inicial evita as constantes interrupções em
solilóquios, manifestações da resistência do protagonista.
Técnicas que diminuem a resistência:
  Duplo.
  Improvisação
de diversas situações da sua
vida, nas quais tem dificuldades.
  Cadeira vazia.
  Distância simbólica ( trazer uma cena
imaginária e representar).
  Insistência no “sentir” e não no “pensar”.
  Expressão não verbal das emoções (imagens
corporais ou com tecidos e miniaturas).
O Psicoterapeuta e a Transparência
O Psicoterapeuta,
a Tele,
a Transferência e a
Catarse de
Integração.
Tele é o fundamento de todas as relações sadias,
pois consiste no sentimento e conhecimento
recíproco da “situação real” do outro.
  É
difícil conceituar o que seja uma
percepção realista, sem distorções
projetivas ou transferenciais, uma vez
que uma percepção é sempre tingida de
afetos e juízos de valor.
  E a auto tele?
 
Apesar das dificuldades em encontrar uma tele
pura (assim como uma transferência pura,
pois ambos os processos são simultâneos e se
contaminam mutuamente), Moreno afirma que,
num grupo terapêutico, a transferência gera
percepções distorcidas.
No vínculo terapêutico, grupal ou não,
inicialmente opera a relação transferencial
mais predominante, embora certa dose de
Tele já esteja atuando.
  Cabe ao processo terapêutico possibilitar
diferenciar, progressivamente, o que é télico
do que é transferencial em nossas relações,
incluindo isto dentro do modelo relacional
terapeuta-cliente.
 
  Para Bustos (1979), “tanto o fator tele como
o de transferência são passíveis de
bilateralidade, cujos limites entre ambos não
são nítidos”. “Tele implica um conceito
existencial e totalizador, intelectivo, afetivo,
biológico e social”.
 
A tele é a empatia em dupla direção, sentida
com reciprocidade, não um simples “sentirse com o outro”.
 
“Se nos encontramos no mesmo sinal e nos
reconhecemos, o fator Tele está em ação”.
  Moreno afirma que o objetivo último do
Psicodrama seria possibilitar, ao final do
processo, que “o terapeuta se tornasse
paciente e o paciente, terapeuta”.
 
Preconiza, com Martin Buber, o efeito
terapêutico de uma relação dialógica Eu-Tu,
não a relação de investigação Eu-Ele (que é
transferencial).
Como reconhecer uma
transferência?
  Impropriedade.
  Intensidade.
  Ambivalência.
  Reação
Inconstante.
  Tenacidade.
  O elemento não transferencial é que cria
uma “aliança de trabalho” – um
relacionamento sadio, promovido pelo fator
Tele (levando a uma relação autêntica,
espontânea).
Toda transferência é, ao mesmo tempo,
acompanhada de resistência. Analisar a
transferência reduz a resistência.
  Na
transferência há uma repetição da
situação arcaica, dos vínculos primários.
Leva o cliente a recuperar a memória do
passado recalcado.O grupo se transforma
em célula social e, particularmente , célula
familiar. Os membros se transformam em
irmãos, colegas de escola, pais, mães, etc.
tornando-se alvo das pulsões repetitivas
das experiências passadas.
Comportamento caloroso e quente
(psicodrama) X neutralidade benévola e fria
(psicanálise).
  O
psicodrama favorece a análise e diluição da
transferência e pode provocar regressões
(cenas do passado e identificações com os
egos auxiliares, trazem à tona transferências).
  Aspectos
positivos (simpatia, admiração,
apego, ternura, erotismo, etc) e negativos
(rancor, ciúmes, desconfiança, silêncio hostil,
resmungos, etc).
Moreno dispensa a análise clássica da
transferência. Desvia a transferência para os
egos auxiliares, no trabalho grupal. Ela tem um
papel secundário no processo.
  Balint
e Greenson: na fase regressiva é
necessário que o terapeuta “compense a
ausência real de afeto da vida do paciente”.
  Ele
substitui, conscientemente, pai ou mãe
deficientes, para ajudá-lo a sair do estágio em
que estava bloqueado. Se permite ser
caloroso.
 
No grupo Triádico, inicialmente o terapeuta pode
ter a “neutralidade benevolente”, mas vai se
tornando, gradativamente, mais autêntico e
caloroso.
 
Pode ser maternal, para quem precisa, mas evita toda
manipulação e dependência, reforça o “eu consciente” e
interpreta as principais manifestações de transferência.
Mantém, paralelamente, uma atitude de observador
imparcial do relacionamento transferencial e uma atitude
de intimidade e de sintonia, num plano adulto.
 
Deve ser cautelosos e alerta quanto às próprias
reações transferenciais e contra-transferenciais.
Transferência, para Moreno:
 
Moreno considerava que seus aspectos
ficcionais e distorcidos foram demasiadamente
enfatizados na Psicanálise e, que os aspectos
de realidade, do Encontro, que têm lugar no
aqui-e-agora, foram vistos muito
superficialmente.
 
Quanto mais desenvolver a espontaneidadecriatividade no vínculo terapeuta-cliente, mais
é facilitado o desenvolvimento da Tele e não se
incrementa o vínculo transferencial, mas
elucida-se este.
Segundo Moyses Aguiar (1990), a Transferência
freudiana é fenômeno intrapsíquico e a Tele é
relacional, portanto, um não é o “oposto” do
outro.
  Mas, o que é transferencial é “pouco
espontâneo”.
  A relação télica é o encontro de
espontaneidades. O indivíduo se encontra
numa situação de plena liberdade e presença,
de tal modo que sua relação se estabelece sem
amarras, sem alienação.
  Para Aguiar, “o evento télico é a articulação
criativa entre parceiros de um mesmo ato (é
uma co-criação)”.
 
 
Para Moreno,
quanto mais télico
se torna este
vínculo, mais
saudável e realista
esta relação, seria
melhor
desenvolvido um
efeito terapêutico
rumo à Catarse de
Integração e ao
Encontro
Existencial.
 
“Simultaneamente ao fato de o
paciente deslocar,
inconscientemente, suas
fantasias sobre o terapeuta,
ocorre um outro processo ativo.
Uma parte do ser do paciente
não regride, mas percebe,
intuitivamente, o terapeuta tal
como este é realmente, no
presente. Mesmo que não se
mostre tão forte ao início da
terapia, a transferência diminui
e é substituída por esta
percepção verdadeira“
 
(MORENO, apud KELLERMANN,
1998:115).
 
O terapeuta é confrontado no processo
psicoterápico no seu próprio ser, questionado
na sua capacidade de confrontar-se com seu
próprio inconsciente.
 
Defende uma relação dialética com o cliente,
cabendo a ELE, terapeuta, a responsabilidade
de estabelecer uma espécie de aquecimento ou
“tensão no campo da consciência do seu
cliente e entrar em intercâmbio com ele, de
modo que se constituam dois sistemas
interligados na intuição, intencionalidade e
inter-subjetividade, que possam possibilitar um
relacionamento humano genuíno” (RAMALHO,
2002).
 
Na terapia, emergem o que PERAZZO
conceitua como os EQUIVALENTES
TRANSFERENCIAIS: são os sinais indiretos
que aparecem na cadeia associativa do
trabalho psicoterapêutico e na
movimentação corporal do cliente. É “a
fumaça que indica que há fogo”.
 
Num cliente, existem PERSONAGENS
CONSERVADOS, que aparecem em várias
relações – é a transferência que migra em
diferentes papéis ( indicando uma Lógica
Afetiva de Conduta).
 
Os papéis conservados escondem um
PAPEL IMAGINÁRIO, que precisa ser atuado
no contexto psicoterapêutico e
transformado em PAPEL
PSICODRAMÁTICO.
 
Daí, surge a construção de um status
nascendi relacional novo.
 
A construção da realidade suplementar é a
re-construção do locus da transferência.
 
Para Fonsêca, o “Duplo” verdadeiro acontece
quando o terapeuta entra em estado
modificado de consciência (estado mágico
entre o Consciente e o Inconsciente), um
estado aberto de comunicação com o
Inconsciente e o Consciente do seu cliente.
 
Na incorporação de papéis, se estabelece o
“dentro-fora” (estado modificado de
consciência, fora do cotidiano – a
incorporação não permite tempo para pensar).
Toda Transferência provoca respostas
transferenciais e toda Tele provoca respostas
télicas.
 
Ao publicar “O Teatro da
Espontaneidade” (1923), Moreno já fala de uma
certa “compreensão mediúnica” – um sexto
sentido que é desenvolvido ( a alma comum) na
relação terapêutica.
 
A origem da TELE-TRANSFERÊNCIA é a
SOCIOMETRIA INTERNA.
  Nas
psicoterapias em geral pede-se
que o psicoterapeuta “siga”, por assim
dizer, o cliente e suas emoções. Nem
sempre este é o melhor caminho no
psicodrama.
  Às
vezes é necessário que o terapeuta
intervenha ativamente, propondo
técnicas e jogos exploratórios que
liberem a sua espontaneidade
criadora.
Postura do terapeuta:
  Uma
postura dialética - age como um
parteiro.
  Sua
presença ajuda o paciente a dar à
luz a nova vida que brota de si mesmo.
O terapeuta intensifica um processo
que é, fundamentalmente, do cliente.
  A
técnica é sempre um esquema sem
alma e, quem considera a psicoterapia
como simples técnica corre, no
mínimo, o perigo de cometer erros
irreparáveis.
  Um
terapeuta consciencioso deve ser
capaz de duvidar de todas as suas
técnicas e teorias. Muitas vezes é
indiferente qual técnica ele emprega; o
importante não é a técnica, mas a
pessoa que usa determinado método.
 O
que o
terapeuta
não
suporta, o
seu
paciente
não vai
poder
suportar.
 
 
Todo psicoterapeuta não só tem o seu
método: ele próprio é esse método (a arte
exige o homem todo, requer o homem inteiro,
diz um velho mestre).
O grande fator de cura na psicoterapia é a
personalidade do terapeuta – esta não é dada
“a priori”; conquista-se com muito esforço; a
psicoterapia não é um esquema doutrinário.
  As teorias são inevitáveis, mas não passam
de meios auxiliares.
 
  Cada
cliente e cada grupo exige o
emprego de uma linguagem diversa e
singular.
  A
regra fundamental do
psicoterapeuta é considerar cada
caso como novo e único. Assim se
chega mais próximo da verdade.
Como terapeuta, só posso
oferecer o que eu sou.
Devo deixar ao outro a
oportunidade de apresentar
seu material o mais
completamente possível,
sem limitá-lo pelos meus
pressupostos.
  Os
desafios exigem que o terapeuta
estude. Deve saber como colocar o
subjetivo dentro de um contexto
psicológico objetivo, do contrário fica
preso a insignificâncias.[...] O
conhecimento de um terapeuta é tomado
da filosofia, da etnologia, das artes, da
religião e da mitologia, porque esses
campos apresentam as formulações do
inconsciente coletivo. “Relatam como a
alma encara e experimenta a vida e a
morte.” (J. HILLMAN. Suicídio e Alma. p.173).
  “Costumo
dizer aos jovens terapeutas:
Aprendam o máximo e, depois, esqueçam
tudo quando chegarem ao paciente.
Ninguém é bom cirurgião pelo fato de
saber de cor um livro sobre o assunto.”
 
(JUNG,C. G. Civilização em Transição).
  Espera-se,
que o terapeuta esteja, no
mínimo, a par dos efeitos do inconsciente
sobre a sua pessoa. Todo aquele que se
dispõe a dedicar-se à psicoterapia deve
se submeter previamente a uma
psicoterapia.
  A
terapia do cliente começa, na pessoa
do terapeuta. Na psicoterapia do
terapeuta, este deve aprender a se
conhecer para que o cliente possa fazer o
mesmo.
  Significa que deverá conhecer-se
primeiro a si mesmo, para tornar-se
um instrumento.
  Deve perceber que a psicoterapia lhe diz
respeito, que ela é uma parte de sua vida
real e não um método aprendido de cor.
 
A exigência de psicoterapia:
  Aquilo
que não está claro para nós,
porque não queremos reconhecer em nós
mesmos, nos leva a impedir que se torne
consciente no paciente, naturalmente em
detrimento do mesmo.
  Só
ao se debruçar sobre si
mesmo, o terapeuta pode
propiciar o debruçar do seu
cliente.
Viver é afinar o instrumento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro...
Walter Franco (Serra do Luar)
  “Cuidado
com o entusiasmo
terapêutico. O trabalho com a alma
pertence às coisas mais difíceis. A
ignorância certamente nunca foi
recomendada, mas muitas vezes, nem
mesmo o maior saber é suficiente. Por
isso, é bom que não se passe um único
dia sem que o psicoterapeuta se lembre
humildemente de que ainda tem tudo a
aprender.”
 
JUNG,C.G. Ab-reação, Análise dos Sonhos e
Transferência. (p.464)
A necessidade as Supervisão
clínica:
  Todo
terapeuta deve ter a supervisão de um
terceiro terapeuta, para que haja sempre a
possibilidade de um outro ponto de vista.
  O
paciente é impregnado pelo que o
terapeuta é – pelo seu ser real – e presta
pouca atenção ao que ele diz.
  As
técnicas podem estar a serviço de não
promover o encontro existencial e télico,
sendo utilizadas defensivamente, por um
TERAPEUTA inseguro, temeroso de uma
relação verdadeira.
  Ao mesmo tempo, o psicodrama propõe
técnicas criativas, não como técnicas
vazias; são utilizadas também para
favorecer a relação terapeuta-cliente e
necessitam da participação ativa do cliente.
Inclusive, lida-se com algo já produzido por
ele: seu sonho, sua fantasia – suas
imagens.
  O
terapeuta deve fantasiar junto com o
paciente. Toda obra humana é fruto da
fantasia criativa. Ela sempre chega a
propósito.
  O
poder da imaginação, com sua atividade
criativa, liberta o homem da prisão da sua
pequenez, do ser “só isso”, e o eleva ao
estado lúdico.
  O homem, como diz Schiller, só é
totalmente homem, quando brinca...
Cada paciente é uma nova
teoria.A estrada se desenha à
medida que caminhamos.
“E o final de vossa viagem será chegar ao lugar de onde partimos. E
conhecê-lo então pela primeira vez” (T. S. Eliot)
  Indicações
Bibliográficas.
É no grupo que o psicodrama foi
criado e se expressa com maior
qualidade.

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