o paraíso dois mundos
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o paraíso dois mundos
Esta revista é distribuída a nivel nacional com o jornal Público de 21.01.09 e não pode ser vendida separadamente. Janeiro 2009 Edições AÇORES A meteorologia engana O PARAÍSO ENTRE DOIS MUNDOS AÇORES www.inedia.net 04 Editorial Carlos César: Açores, terra de oportunidades 06 Destaque1 Açores: o paraíso entre dois mundos Nove memórias açorianas para a vida 14 Destaque2 As Portas do Mar: a entrada da Europa 18 Turismo Um mundo de turismos de natureza Marinas de eleição Golfe: passear, descobrir... e jogar Açores: um paraíso subaquático Centro de interpretação do vulcão dos Capelinhos 25 Cultura Vinhas do Pico: da pedra se fez vinho Angra do Heroísmo: aristocrática, culta e bela 30 Artesanato Marca certificada 32 Entrevista Noé Rodrigues: produtos únicos com as qualidades da natureza 34 Produtos regionais Viagem por paladares inéditos Loja Açores: sabores genuinos com espaço em Lisboa 38 Alojamento Distinção e diversidade Bensaude Turismo: espaços diferentes... o mesmo conceito: qualidade! Edições Inédia. Propriedade, direcção, redacção, design e publicidade: Inédia, Rua 25 de Abril, n.º35 - 1º - 2665-201 Malveira Tel.: 217 718 030 – www.inedia.net – [email protected] Páginação electrónica: Full Design • Impressão: Multiponto Tiragem de 65.000 exemplares com o jornal Público AÇORES Açoreseditorial terra de oportunidades As ilhas açorianas são nove mundos diferentes. Quem visita uma delas está longe de conhecer os Açores. Esta diversidade torna a Região Autónoma dos Açores num dos destinos que tem vindo a alcançar o justo reconhecimento internacional que merece. A classificação, pela UNESCO, do centro histórico de Angra do Heroísmo como Património da Humanidade, da Vinha do Pico como Paisagem Protegida, das ilhas do Corvo e Graciosa como Reservas da Biosfera, ou a atribuição da distinção de segundas melhores ilhas do mundo pela revista National Geographic Traveler, demonstram bem o investimento que tem vindo a ser feito para que os Açores se afirmem como uma referência ao nível da protecção ambiental e da preservação do seu amplo património natural, histórico e cultural. Mas, não é só nestes campos que os Açores têm vindo a obter o reconhecimento internacional. Por exemplo, no aproveitamento das energias alternativas, a nossa Região ultrapassou já as metas a que a União Europeia se propõe para daqui a uma década, sendo o melhor exemplo o profundo impacto da produção de energia geotérmica na ilha de S. Miguel e, no futuro próximo, na ilha Terceira, ou o aproveitamento da energia hídrica na ilha das Flores, local onde está a ser desenvolvido, em cooperação com o MIT Portugal, o projecto “Green Islands”. Sendo a região mais jovem do país, os Açores de hoje afirmam-se, igualmente, como um porto seguro para a captação de investimento exterior e para o estabelecimento de negócios em áreas científicas inovadoras, casos da investigação marinha ou do projecto de instalação de uma estação de rastreio de satélites, na ilha de Santa Maria, em cooperação com a Agência Espacial Europeia. O crescimento económico sustentado que temos vindo a conhecer, a existência de políticas públicas direccionadas para o apoio e incentivo ao investimento privado, a disponibilidade de mão-de-obra jovem e cada vez mais qualificada, constituem, igualmente, uma referência para quem, nos nossos dias, procura um local seguro para os seus negócios. É verdade que a distância entre as diversas ilhas tem sido um obstáculo ao desenvolvimento da nossa Região, mas faz parte do património açoriano tornar as dificuldades em vantagens. Em termos turísticos, esta mesma distância preservou “habitats” naturais e permitiu que as ilhas se diferenciassem, na sua tipificação, hábitos e tradições, o que acaba por se constituir como uma importante mais-valia para a maior diversificação, numa perspectiva multipolar, da actividade turística. Além disso, o forte investimento que tem vindo a ser feito na construção de infra-estruturas como as Portas do Mar, em Ponta Delgada, recentemente classificadas como a terceira melhor estrutura portuária de 2008 pela Seatrade Insider Cruise Awards, a construção de núcleos de recreio náutico em diversas ilhas, o reordenamento do porto da cidade da Horta, a construção de novas aerogares na Terceira e no Pico, ou as obras de melhoria na aerogare da Graciosa e a intervenção, brevemente, no aeródromo de S. Jorge, vão permitir que a Região fique dotada de infra-estruturas que contribuirão, estou certo, para o reforço do destino Açores no panorama nacional e internacional. Hoje, existem, seguramente, uns novos Açores por descobrir. São esses novos Açores que irá conhecer nas páginas desta revista. Espero que a informação aqui disponibilizada faça com que queira vir descobri-las por si próprio. 4 Carlos César Presidente do Governo dos Açores Açoresdestaque1 AÇORES O Paraíso entre NO MEIO DO VASTO ATLÂNTICO, AS 9 ILHAS DOS AÇORES PROLONGAM A EUROPA QUE ALI, EM ALTO-MAR, ENCONTRA A SUA MAIS LONGÍNQUA E OCIDENTAL FRONTEIRA NA ILHA DAS FLORES, JÁ A MEIO CAMINHO DAS AMÉRICAS. UMA FRONTEIRA NASCIDA DAS TUMULTUOSAS ENTRANHAS DE FOGO E LAVA, FORJADA NO IMAGINÁRIO DE ETERNAS VIAGENS, FEITA DE MUITO IR E VOLTAR, SEMPRE TRAZENDO NA BAGAGEM, DE NOVOS E VELHOS MUNDOS, ALGUMA COISA DIFERENTE – PRODUTOS, SABERES E ARTES QUE ENRIQUECIAM AS TRADIÇÕES E A HISTÓRIA DAS TERRAS E DAS GENTES. 6 Nascidas das entranhas de fogo e lava da Terra, a sua origem tumultuosa é recordada por centenas de crateras vulcânicas, que o tempo converteu num dos mais avassaladores fenómenos paisagísticos de Portugal e, mesmo, do Mundo. A era da serenidade faria aparecer lagos esplendorosos, rios tremeluzentes em vales e encostas, cascatas impetuosas, vegetação exuberante, mantos de flores. A vida fervilharia nas águas costeiras visitadas pelos gigantes dos mares. Uma natureza generosa na beleza das paisagens de espanto, sempre diferenciadas, forjou as personalidades distintas e únicas de cada uma das ilhas. Certamente ali o caprichoso ente criador dedicou-se a exercitar a palete de tons verdes, ali absolutamente únicos, com tal riqueza de matizes que esgotam a imaginação do mais criativo dos artistas. Açoresdestaque1 Foto: Inédia/Carlos Duarte dois mundos sões vulcânicas e pela água são um património comum, cada uma das ilhas é única, diferenciando-se de todas as restantes. Reflectindo a diversidade geográfica, de clima, de solo e as heranças diferenciadas de um povoamento feito com comunidades de múltiplas origens, cada ilha dos Açores tem para oferecer uma valiosa e orgulhosa herança paisagística, histórica, patrimonial e cultural própria, individualizada, feita de diferenças complementares, que se espelha nas nuances das tradições, da gastronomia, do artesanato, do traçado das cidades e, muito especialmente, nas atitudes das respectivas gentes. A marca mais evidente e imediata desta heterogeneidade está, sem dúvida, na diversidade de sotaques e pronúncias das AÇORES – 9 MUNDOS COM PERSONALIDADE Se a beleza natural, a vegetação luxuriante, a omnipresença ilhas – e mesmo dentro de uma mesma ilha. do mar e uma geografia marcada pelas extravagantes depres... À majestade da caprichosa natureza, a mão do homem dedicou-se, ao longo de 500 anos, a juntar as suas marcas. Traçou estradas e caminhos bordejados de hortênsias, arquitectou casas populares e aristocráticas e cidades, ergueu crentes igrejas e construiu austeras fortalezas sobre promontórios de onde espreitam as intermináveis águas, montando silenciosa guarda às baias e urbes, reunindo para a história uma herança de incontáveis testemunhos do melhor da tradicional arquitectura colonial portuguesa, naquelas paragens sempre bordejada pela personalidade marcante da pedra negra vulcânica. A beleza natural, a vegetação luxuriante, a omnipresença do mar e uma geografia marcada pelas extravagantes depressões vulcânicas e pela água são um património comum às nove ilhas dos Açores 7 ... o espantoso Parque do “Terra Nostra”, um jardim botânico de uma beleza excepcional onde apetece ficar Foto: Inédia/Carlos Duarte ... Daí, que em termos turísticos, existam 9 diferentes Açores para descobrir e usufruir, com cada ilha a oferecer uma diferente perspectiva de paraíso natural, com propostas turísticas em termos de paisagem, natureza, património e actividades de lazer significativamente distintas. Assim, para conhecer os Açores, não basta visitar uma Ilha. Cada pedaço de terra esconde um paraíso natural intocado, ambientalmente sustentável, à espera de ser descoberto, e presenteia cada visitante com uma rica e diversificada oferta que responde a diferentes preferências, estilos e atitudes de vida e estados de alma. Mas sempre mantendo aquela que é a matriz comum que faz do arquipélago um destino exclusivo a nível mundial: a opção por um turismo não massificado, em que cada pessoa encontra a sua receita para “lavar a alma” nos silêncios de deslumbradas paisagens e em contacto com a generosa exuberância daquelas 9 diversas naturezas. Nessa oferta destaca-se, ainda, propostas do mar imenso, que ali desvenda os seus mistérios e promete sensações únicas, seja em passeios de barco na companhia irrequieta de amigáveis golfinhos e dóceis baleias gigantescas ou em aventurosas pescarias de mar alto, seja, para os que se atrevem ao mergulho, revelando os tesouros arqueológicos ciosamente guardados no fundo das suas baías ou dando a ver a biodiversidade e fenómenos vulcânicos submarinos que as oceânicas profundidades escondem. E na costa, múltiplas actividades desportivas e de lazer prometem excitação e adrenalina: desde as praias, de areia negra, ou as piscinas naturais, de mar, passando surf, windsurf, parapente. Para quantos cruzam o mar em pequenos iates de recreio, não faltará um porto de abrigo e de refúgio em cada ilha e várias marinas. Foto: Inédia Açoresdestaque1 8 Calheta na Ilha de S. Jorge S. MIGUEL EM CASA, NA NATUREZA Em S. Miguel ainda é possível escutar o estranho silên- cio da natureza que se desdobra numa simbiose perfeita dos azuis do mar, com a beleza misteriosa de lagoas únicas e os verdes de infindáveis prados que marcam a paisagem. O sol radioso e o cheiro do mar pela manhã, em Ponta Delgada, convidam à descoberta da ilha mais populosa dos Açores (com 131 609 habitantes), prometendo momentos inolvidáveis. Esqueça o mapa e perca-se no caminho à descoberta dos encantos desta ilha de natureza exuberante. Os passos vão conduzi-lo, à lagoa das Sete Cidades, onde vai perceber o porquê do encanto que ecoa cada vez que se fala deste destino exótico. Da Vista do Rei, os olhos deleitam-se com a beleza desta dupla lagoa que se desdobra numa simbiose do azul e verde das águas desvendadas pelo sol, separadas por uma deserta ponte. O verde, sempre presente, sempre diferente, recobre as encostas de elegantes criptomérias, com as hortênsias a delimitarem campos, a ladearem estradas. Aproveite ainda para apreciar, nas proximidades, as lagoas de Santiago e do Canário em toda a sua inesgotável beleza. Quase no centro da ilha, aproveite o sol da manhã para espreitar a lagoa do Fogo. «É a natureza no seu melhor», afirma um guia turístico para a lagoa classificada, em 1974, como reserva natural. Seguindo para Oriente chegará à lagoa das Furnas, com a sua solitária igreja de estilo gótico a adensar o ar de mistério daquele local mítico. O cheiro intenso a enxofre alerta para o cenário com tanto de belo como inquietante das caldeiras, onde em buracos abertos no solo brotam fumos em que se confecciona o saboroso “Cozido das Furnas”. Ali, não deixe de visitar a localidade das Furnas e as suas imponentes caldeiras, nem o espantoso Parque do “Terra Nostra”, um jardim botânico de uma beleza excepcional onde apetece ficar. E não deixe de experimentar as ricas águas termais ali existentes. Seguindo a estrada que nos leva até ao Nordeste, encontramos algumas das mais belas paisagens da ilha, feitas de serranias e vales com densas vegetações. Aqui os miradouros sucedem-se, alguns enquadrados por cuidados jardins que florescem em mil cores, convidando o olhar ao deslumbramento de horizontes de mar infindável e costa rochosa escarpada. As nascentes e quedas de água são igualmente um ponto de paragem obrigatório. Por aqui ou por ali, o caminho segue sempre junto ao mar por entre paisagens que não cansam. Só o cair da noite lembra que amanhã é um novo dia. Visite a capital do Norte, a Ribeira Grande, com os seus jardins e passeios e não perca uma saltada a Vila Franca, com o seu Ilhéu - também conhecido “anel da princesa” - a pedir visita. O destino é perfeito para umas férias de sonho. Uma estranha saudade instala-se ainda antes da partida, sempre feita com a promessa de voltar, na certeza de que muito ainda ficou por ver e de que vale a pena, sempre, retornar ao que já se viu. Açoresdestaque1 SANTA MARIA ILHA DO SOL ... caminhadas ou passeios nas meticulosas ruas de Angra do Heroísmo, cidade , a Ilha Terceira entrelaça com Património da mestria a riqueza natural com a história documentada por um Humanidade TERCEIRA PATRIMÓNIO E SERENIDADE Bela e pitoresca ... um rico património de fortalezas, igrejas, conventos e casas solarengas narra a história da ilha, primeira dos Açores a ser tocada pelas naus quinhentistas. Foto: Inédia/Carlos Duarte com o já mítico festival das Marés de Agosto, que arrasta à Praia Formosa milhares de jovens de todo o arquipélago para vários dias de intermináveis festas, com pausas para mergulhos nas límpidas ondas atlânticas e surf – desporto para o qual Santa Maria oferece condições de excepção. Esta ilha é o destino de férias de eleição para muita da juventude açoriana. Encostas descendo em socalcos cobertos por mantos de vinhedos, belas praias de areia clara, recortadas baías profundas e transparentes, ondulantes extensões verdes de montes e vales que contrastam com a extensão de solos de ocres de ar desértico, marcam a paisagem da ilha. Na Baía de São Lourenço, assiste-se a uma paisagem impressionante: desde os topos de escarpados montes resvalam até bem próximo das águas uma imensa escadaria de socalcos em que se dispõem vinhedos geometricamente contidos por pedras negras, formando um gigantesco mosaico de quadrículas verdes tracejadas a preto. Em Vila do Porto – capital da ilha e primeira vila dos Açores –, Santo Espírito, São Pedro e Anjos, um rico património de fortalezas, igrejas, conventos e casas solarengas narra a história da ilha, primeira dos Açores a ser tocada pelas naus quinhentistas. O Forte de S. Brás, o Convento de S. Francisco, a Igreja Matriz – provavelmente a primeira do arquipélago –, a que se junta, em Santo Espírito, a Igreja de Nossa Senhora da Purificação, com a sua insólita e densa fachada barroca, assim como uma pequena ermida onde Cristóvão Colombo terá rezado na viagem de regresso da descoberta da América, localizada em Anjos, são exemplares de património a ter em atenção. A sua gastronomia local, com as saborosas lapas e cracas arrancadas à rocha, a lagosta e o cavaco com sabor a maresia, o bolo da panela, a caçoila, o molho de fígado, a sopa e a caldeirada de peixe são propostas tentadoramente saborosas da sua rica gastronomia, a que se junta a “Meloa de Santa Maria” e o famoso «vinho de cheiro» de S. Lourenço. Foto: ATA No Verão Santa Maria rejubila de vida e animação património de excepção. Às paisagens de encanto e à arquitectura distinta, Angra aliou uma atmosfera de charme culto e sereno. Aqui, a vida corre de mão dada com a história e com o mar. Há ilhas assim, que enfeitiçam pela imponência das suas memórias documentadas na pedra das cidades e vilas. Testemunho de história e de arte, esta ilha representa, num perímetro de 126km, um refúgio natural de serenidade e beleza para umas férias diferentes e completas. Reúne, para isso, um sem-fim de motivos que justificam uma visita. Depois da distinta e aristocrática Angra, com os seus firmes pergaminhos de Heroísmo, último reduto de Portugal aquando da invazão espanhola, o caminho a seguir é em direcção ao interior da ilha, uma paisagem feita do verde intenso dos cerrados (nome ali dado aos pedaços de terra divididos geometricamente por pequenos muros de pedra vulcânica). Continuando a digressão pela natureza, rumamos ao Algar do Carvão. É a única chaminé vulcânica oca visitável em todo o mundo. Pelo caminho, os coloridos Impérios, guardiões da coroa do Espírito Santo, marcam a passagem por cada freguesia. Não passe a localidade de Biscoitos sem provar o afamado “verdelho” ou “vinho de cheiro”, nascido de vinhas abrigadas entre muros de pedra solta. E aproveite para dar um salto ao Museu do Vinho. Despeça-se das proximidades com uma ida à zona balnear, com piscinas naturais formadas pela lava e siga pelo lado Ocidental da ilha, com paragens na Praia da Vitória e São Sebastião. Com o cair da tarde, os ponteiros do relógio alteram o compasso e é tempo para desfrutar do pôr-do-sol no Monte Brasil, de caminhadas ou passeios nas meticulosas ruas de Angra do Heroísmo, cidade Património da Humanidade, admirando a aristocrática traça de cada cuidado edifício. Com o passado e o presente de mãos dadas com a tradição, a Terceira é ainda conhecida pelas touradas à corda. Na gastronomia terceirense é inevitável degustar a alcatra de vaca e a doçaria de excepção. 9 Açoresdestaque1 GRACIOSA BELA E CONTRASTANTE Sta. Cruz da Graciosa Algumas das fajãs, com os seus pequenos núcleos habitacionais, convidam a passeios pedestres pelos inúmeros trilhos existentes. Foto: Inédia/Carlos Duarte 10 Foto: ATA O verde viçoso das videiras e pastagens em contraste com o branco das casas isoladas e povoações, o ambiente bucólico, a beleza e tranquilidade da paisagem, transportamnos para uma envolvência onde nenhum pormenor é deixado ao acaso. É oficial: estamos na Graciosa, uma ilha que induz a estados de alma. Todos, sem excepção, se fascinam com a descoberta da Ilha Graciosa. Neste recanto dos Açores, Santa Cruz é a primeira surpresa agradável da ilha, lugar de encanto pela arrumação cuidada de aristocráticas casas senhoriais do séc. XVIII e XIX, que nos fazem recuar a tempos nostálgicos do passado. O ambiente bucólico leva-nos a passear até ao interior da ilha, em direcção aos vales extensos entre as colinas suaves dos vulcões adormecidos da Serra Branca, Serra Dormida e Serra das Fontes. Inspire-se a graciosa beleza das paisagens dolentes no sossego cerrado de verde e siga-se para oriente, numa visita quase obrigatória à Furna do Enxofre. Situada no interior de uma caldeira, é uma gruta revestida de estalactites e com um grande lago subterrâneo, de água fria e sulfurosa, que mostra as entranhas de um vulcão adormecido há séculos. A descoberta da Graciosa não fica concluída sem admirar a beleza da vegetação luxuriante da vasta caldeira e sem conhecer as magníficas termas do Carapacho. Pacata e serena, a ilha faz jus ao seu nome pela oportunidade de uma estadia revigorante que proporciona a quem por lá passe actividades como a pesca desportiva e o mergulho. SÃO JORGE UM «BARCO» ESGUIO NO ATLÂNTICO Comprida e estreita – 56 Km por 8 Km –, S. Jorge parece um esguio baleeiro navegando o Atlântico, desdobrando-se num manto de matizes do verde que recobre vales e montes. Ao longe, ali na vizinhança marítima, espreita a majestosa montanha do Pico. A sua marca distintiva são as famosas Fajãs – terrenos planos e férteis junto ao mar, formados pelas derrocadas das altas escarpas. Tranquila, a ilha de São Jorge transborda de natureza. Os seus campos escorregam suavemente das montanhas até à beira-mar ou terminam abruptamente no cimo de acentuadas escarpas de rocha negra fustigadas pelas persistentes vagas. As povoações dispersamse pela costa, adormecidas nas fajãs, acedidas por serpenteantes descidas que oferecem vistas de inesperada beleza. As vilas das Velas, do Topo e da Calheta exigem ser descobertas, num passeio sempre pela beira-mar. Entre o casario das Velas emerge a Torre Sineira da Igreja de São Jorge, tendo por anexo o Museu de Arte Sacra. A Igreja de Santa Bárbara, com a sua longa escadaria exterior e cujos interiores refulgem pelas magníficos altares em talha dourada merece atenção. Algumas das fajãs, com os seus pequenos núcleos habitacionais, convidam a passeios pedestres de exploração pelos inúmeros trilhos existentes. Outras, reconvertidas ao Turismo Rural, apresentam propostas de irrecusável tranquilidade na vizinhança serena e inquieta do mar. Na Fajã da Caldeira de Santo Cristo – com a sua lagoa junto ao mar, a sua igreja e meia dúzia de casas – encontram-se a paz e as únicas amêijoas dos Açores. A Fajã dos Vimes é conhecida pelas suas colchas de tear. Na Fajã dos Bodes a azenha com pás de rodízio em basalto teima em continuar a moer o milho. A Fajã dos Cubres atrai na sua solitária beleza. A Fajã de S. João é o pomar da ilha, onde até o ananás se cultiva. A Fajã João Dias, com a sua pequena praia, convida a um mergulho. Os microclimas das fajãs até permitem o cultivo do café. Os afamados queijos de São Jorge, de 10 a 12 quilos, são embaixadores da ilha. O peixe fresco e a carne de vaca de excelência pontuam na gastronomia. A paciência das gentes alimenta a arte das mantas de lã feitas em antigos teares de madeira e as colchas de ponto alto. Açoresdestaque1 O IMPONENTE PICO A PAIRAR NAS NUVENS No meio do oceano O cosmopolitismo é a marca da Horta no Verão, convertida em Babel de iatistas e viajantes de todo o Mundo, particularmente nos festivos dias da Semana do Mar. Ao desembarcar no Pico tem-se a sensação de que se está a entrar num lugar de culto. Fotos: Inédia/Carlos Duarte , uma visão pouco comum capta o olhar à distância, não deixando ninguém indiferente. Uma beleza esmagadora e inquietante ergue-se do mar até ao céu, impondo-se, dominante, ao espanto do olhar. O imponente Pico é o ponto mais alto de Portugal com 2351 metros de altitude e a segunda maior ilha dos Açores. Ao desembarcar no Pico tem-se a sensação de que se está a entrar num lugar de culto. Por entre mantos de densa vegetação, estende-se um planalto tornado irregular por cones vulcânicos e pequenas lagoas. A paisagem é o sinal mais evidente da imponência desta ilha montanha. O Pico, que foi o centro da indústria baleeira durante a maior parte do século XX, é tão singular que não faltam motivos para viajar até lá. E torna-se mesmo irresistível se o objectivo é desfrutar da beleza natural, do ambiente calmo, do exotismo e da sua autenticidade. A verdade é que não há nada mais emocionante que observar golfinhos no seu meio natural (é, por natureza, a ilha mais propícia à observação de golfinhos e baleias – Whale Watching), escalar à montanha mais alta de Portugal e ver, de uma só vez, todos os horizontes, ou tão simplesmente poder desfrutar de locais de interesse turístico e cultural, como as localidades à beira-mar de Cabrito, Arcos, Lajido e Cachorro, que têm o encanto das casas com paredes em pedra forjada pela lava, dos núcleos de velhas adegas. Autênticos locais de verdadeiro deleite para a alma. Continuando junto ao mar, é obrigatório parar nas zonas da Candelária e da Criação Velha, cuja paisagem vinhateira foi classificada pela UNESCO como Património da Humanidade. Ali, das pedras nascem uvas. Ao cair do dia, o descanso merecido para o mais ambicionado dos desafios na ilha, a escalada ao Pico da ilha do Pico. No dia seguinte, quando, por fim, subir ao planalto e passar entre as lagoas, que reflectem a beleza ímpar da montanha, na memória ficará a certeza do «estranho poder de atracção» da «mais bela das ilhas dos Açores», assim considerada por Raul Brandão. No cimo, toma-nos o corpo e cala-nos a voz o mais puro Espanto...Alguns sentirão a presença próxima do seu Deus. FAIAL ILHA DE MARINHAGEM A Horta , a cidade capital do Faial, abre-se ao mar olhando o imponente Pico. Os mastros das dezenas de iates e veleiros pontuam na sua marina cujo molhe, pacientemente decorado pela arte dos alegres murais deixados por quantos iatistas ali aportam, parece um imenso museu a céu aberto. As hortênsias emolduram casas e jardins, recortam o verde dos campos, delineando as estradas e caminhos do Faial. O Pico, majestoso, irrompe imponente, incontornável, oferecendo uma paisagem irrequieta, sempre diferente, mesmo mágica, orquestrada pelos mil tons de luz e sombra – gravando na memória dos viajantes uma imagem indelével. No final da tarde, cumprindo um ritual obrigatório, vai-se em peregrinação ao Peters, onde, dizem os velejadores, “se bebe o melhor Gin do Mundo”. O cosmopolitismo é a marca da Horta no Verão, convertida em Babel de iatistas e viajantes de todo o Mundo, particularmente nos festivos dias da Semana do Mar. A cidade, com a maioria das suas belíssimas igrejas de frente para o mar – parecendo escutar as preces que chegam do oceano – oferece um espólio histórico e arquitectónico de considerável riqueza, com o Museu da Horta a exigir visita. No artesanato pontua o «Scrimshaw» – arte de esculpir dentes de baleia. A apreciar, o Museu de Scrimshaw, inaugurado em 1986, possui uma interessante colecção de dentes de Baleia e Cachalote esculpidos. Uma volta pela ilha leva à descoberta de tesouros surpreendentes e panoramas inesquecíveis. No Cabeço Gordo, a 1043 metros de altitude, a Caldeira – o cone de um velho vulcão com 400 metros de profundidade, totalmente revestida por cedros, zimbros, faias, fetos e musgos – revela-se ao espanto. O Pico, sempre presente. Uma ida aos Capelinhos convida ao silêncio abismado enquanto se percorre aquela fina areia cinza deixada pela erupção de 1957, originando aquela silenciosa e persistente paisagem árida. Aí há que visitar o Centro de Interpretação dos Capelinhos, uma obra de arquitectura e modernidade impressionante que, discretamente, se soterra sob o pó vulcânico para não ferir a paisagem. Pejada de miradouros a Ilha oferece cenários de espanto e meditação, quase sempre com o Pico em pano de fundo. A Praia do Almoxarife, ao lado da Horta, convida a um mergulho. 11 Açoresdestaque1 ILHA DAS FLORES UM MAR IMENSO DE TODAS AS FLORES 12 O impacto da paisagem deslumbrante de dezenas de cascatas de águas cristalinas que parecem cair do cimo do mundo em pequenos lagos idilicamente aconchegados por uma vegetação exuberante de beleza Foto: Grupo Ocidental cos? Olhar a paisagem e perder-se no tempo…e num imenso mar de todas as flores? A Ilha das Flores responde, exuberante, ao sonho. Envolvida pelos azuis do mar e do céu, a ilha é uma aguarela viva, com os azuis turquesa das suas lagoas e o verde viçoso de paisagens deslumbrantes, envoltas em horizontes de flores de cores intensas até ao mar. É como se a ilha chorasse a beleza da sua natureza. O impacto da paisagem deslumbrante de dezenas de cascatas de águas cristalinas que parecem cair do cimo do mundo em pequenos lagos idilicamente aconchegados por uma vegetação exuberante de beleza, faz a extraordinária viagem valer bem a pena. A Cascata da Ribeira Grande, na Fajãzinha, é talvez a mais impressionante da ilha. A densa vegetação que se faz acompanhar de caminhos ladeados de hortenses, convida, de forma sublime, a um passeio por todos os inesgotáveis recantos e encantos da ilha. Aqui, nas lagoas da ilha, a beleza adquire novos sentidos e a realidade parece converter-se em obras-primas do mestre da criação. Vale a pena conhecer a caldeira funda (105 metros de profundidade), uma lagoa com alma, de um azul-turquesa sereno e irresistível. O tempo parece ficar suspenso nesta ilha. E se as lagoas são um pretexto para descobrir uma ilha de mil verdes, as flores, essas, são uma passagem para aquela outra margem, do imaginário. As muitas flores, as formas estranhas dos rochedos vulcânicos cobertos por um manto verde, as dezenas de quedas de água, os vales, as falésias, o perfil recortado da costa e as lagoas, criam um manto de encanto...molha-se o olhar...calam-se as palavras...soltam-se, incontidas, emoções...São momentos mágicos de reconciliação com o Mundo, nas Flores. Foto: Grupo Ocidental Quem nunca sonhou passear por locais idíli- CORVO PARA “PERDER-SE DO TEMPO” A mais pequena ilha do arquipélago dos Açores, com cerca de 400 habitantes no seus 17 Km2, é um lugar ainda mágico, que revela um universo social inesquecível, marcado pelo ritmo calmo de um tempo sem pressas e pelo ambiente comunitário que ainda reina. Demandado pelos viajantes mais curiosos, a aproximação de barco à costa em dias nublados adensa o ar de mistério da ilha, cujos contornos sombrios se revelam entre as brumas oceânicas. Os dias de sol acentuam os verdes declives dos seus morros, ora pontuados pelo rendilhado dos muros de pedra escura que seguram verdejantes quadrículas, ora desdobrando as fachadas brancas do casario da Vila do Corvo, que desce a encosta mostrando portas e janelas debruadas pelo negro da pedra. Pode chegar-se de avião ou de barco tendo por ponto de partida a vizinha ilha das Flores. A travessia marítima do canal que separa as duas ilhas demora uma hora e vale bem a pena. Em dias de céu limpo, o Corvo emerge ao longe, no mar, em tons de verde brilhante das pastagens que recobrem as íngremes encostas. A visita a esta ilha onde o tempo não falta faz-se a pé. Os transportes motorizados ali perdem qualquer sentido. Além do convívio inevitável e sempre agradável com as gentes, muito há a ver. A Igreja de Nossa Senhora dos Milagres, com a sua imagem flamenga do séc. XVI, os moinhos de pedra negra e velas triangulares, as fechaduras de madeira das portas – peças originais de um artesanato muito próprio –, despertam curiosidade. E é imperdível uma visita ao Caldeirão, situado no Monte Grosso – uma imensa cratera de 300 metros de profundidade, o que ficou do vulcão que deu origem à ilha, e onde repousam duas tranquilas lagoas. É um destino ideal para quem queira, verdadeiramente, “desligar do mundo” ou “perder-se do tempo”. Além dos passeios pode nadar-se no Portinho da Areia, pescar e praticar mergulho na reserva natural que abrange a envolvente marinha da ilha. Será, certamente, uma experiência única. Nove memórias açorianas para a vida Enfim, a vida que vale a pena viver. Do azul do mar ao azul do céu, embarque num voo com destino a uma experiência inesquecível, onde se lava a alma….Abrace o mar e o vento e espreite um mundo de sensações para descobrir a dois, numa oportunidade de partilhar momentos únicos e reunir memórias eternas. Momentos alimentados por cenários inspiradores que convidam a esquecermos o quotidiano, a entregarmo-nos ao silêncio do mar, à brisa que sopra no meio dos arvoredos luxuriantes e a nós próprios - que por instantes parece que retornamos ao paraíso das origens. O destino é perfeito para esquecer que o resto do mundo existe e ideal para as sonhadas férias diferentes. Mas não se esqueça, só uma volta sabe a pouco, é preciso repetir. Foto: Inédia/Carlos Duarte Aqui ficam nove – ou mais - propostas marcantes, das que fazem memória para a vida: • Mergulhar no silêncio de um Museu sub-aquático da Baía de Angra • Perder-se nos encantos das míticas lagoas de S. Miguel • Passar um dia em cálidas águas no Ilhéu de Vila Franca do Campo. • Viajar no embalo do mar, a caminho do Pico • Caminhar pelo mar de flores nas Flores, em direcção ao imenso mar • Escalar a ilha Montanha e olhar o espanto do mundo do cimo do Pico • Descer à solitária beleza de uma Fajã em S. Jorge • Entregar-se à dolência nas isoladas praias de Santa Maria • Tomar um Gin ao fim da tarde no Peters • Passear nas ondas ao lado dos golfinhos na Horta • Visitar as entranhas da terra no Algar do Carvão, na Terceira • Deambular pela monumentalidade aristocrática das ruas de Angra Açoresdestaque2 AS PORTAS DO A entrada O EMPREENDIMENTO DAS PORTAS DO MAR, EM PONTA DELGADA, RECEBEU O TÍTULO DE TERCEIRO MELHOR PORTO DE 2008, ATRIBUÍDO DURANTE A CONVENÇÃO DE TURISMO DE CRUZEIROS NA EUROPA, REALIZADA RECENTEMENTE EM VENEZA, ITÁLIA. PARA PONTA DELGADA, AS PORTAS DO MAR ASSUMEM-SE COMO UM CORREDOR LITORAL DE NOVAS OPORTUNIDADES E UMA EXCEPCIONAL INFRA-ESTRUTURA, GERADORA DE NOVAS CENTRALIDADES, COM BENEFÍCIOS PARA A CIDADE, PARA A ILHA E PARA OS AÇORES. UM EMPREENDIMENTO, COM ALTO VALOR REPRODUTIVO, QUE MARCA UM NOVO CICLO DE DESENVOLVIMENTO, EM QUE A INDÚSTRIA DO TURISMO E DOS SERVIÇOS ASSUME, CADA VEZ MAIS, UM PAPEL FUNDAMENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DO ARQUIPÉLAGO. Mas a grande obra de arquitectura veio também conferir uma nova visão de modernidade urbana à frente marítima da cidade de Ponta Delgada, com efeitos de atracção que estão já a criar novas centralidades urbanas, criando na cidade novos fluxos de circulação em direcção aos seus belíssimos espaços de lazer, animação e restauração. Mas, mais importante, este investimento de 53 milhões de euros do Governo Regional têm um papel qualificante e estruturante fundamental no reforço da capacidade de atracção de 14 MAR Açoresdestaque2 da Europa da pela totalidade dos mais de 15,5 mil passageiros que até Dezembro de 2008 acostaram nas Portas do Mar representa uma receita global da ordem dos 620 mil euros, não contando com os gastos de mais de 7.000 tripulantes envolvidos. Como explica o responsável pelas Portas do Mar, Adalberto Silva, nos últimos anos, por falta de qualidade das estruturas de atracagem e acolhimento para os grandes paquetes de cruzeiros estavam a levar muitos cruzeiros a não passarem pelos Açores”. Com a inauguração das Portas do Mar, em Julho de 2008, começou a inverter-se. Em 2008, até à entrada em funcionamento das Portas do Mar, Ponta Delgada recebera 32 paquetes de passageiros. Entretanto, entre 29 de Agosto, data de atracagem do primeiro cruzeiro, o “Amadea”, até 15 de Dezembro, o novo terminal acolheu 16 paquetes - alguns dos quais há muito não escalavam os Açores -, o que equivale a 15.589 passageiros e 7.839 tripulantes. Entretanto, para 2009, “estão até ao momento agendadas 47 escalas”, informa o administrador do terminal, indicando que “os efeitos da promoção e de atracção das Portas do Mar junto de empresas e armadores só se fará sentir plenamente a partir de 2011, pois esta é uma indústria cujo planeamento de rotas decorre a dois ou três anos”. ... Foto: Inédia/Carlos Duarte um novos e importantes fluxos internacionais no segmento do Turismo de Cruzeiros, não só para a Ilha de S. Miguel, mas também para o arquipélago. "Os Açores, como fronteira mais Ocidental da Europa, são a natural porta de entrada no «Velho Continente» para quem venha do Continente Americano, o principal emissor de turistas para a indústria de cruzeiros", aponta o responsável pelas Portas do Mar, Adalberto Silva. “O Turismo de Cruzeiros deve ser encarado complementarmente à restante oferta turística da região”, refere o responsável pelas Portas do Mar, adiantando que neste segmento os picos de escalas se verificam entre Março e Maio e, depois, entre Outubro e Dezembro, que são os meses de reposicionamento sazonal das rotas dos navios do Continente Americano para o Europeu e vice-versa. Estes picos, explica o gestor, “compensam as quebras sazonais do turismo tradicional, cuja procura tem o seu ponto alto nos meses de Verão”, adiantando estimar-se que, “a partir de agora, dada a proximidade à cidade e ao comércio, a despesa média realizada de cada passageiro dos cruzeiros em S. Miguel ronde os 40 euros”. “Um paquete com 3.000 passageiros e a respectiva tripulação – e os tripulantes são bons compradores – deixa mais de 120 mil euros na ilha”. Esta estimativa multiplica- 15 Foto: Inédia/Carlos Duarte Açoresdestaque2 Replicar procura para outras ilhas Os Açores têm uma enorme potencial para captação de cruzeiros temáticos, como tem demonstrado a crescente procura dos últimos anos. Os impactos das Portas do Mar também se poderão traduzir na maior captação desses cruzeiros, mais pequenos, transportando turistas com interesses por produtos e actividades específicas – mergulho, pesca, património, natureza, entre muitos outros - e por destinos mais exóticos ou diferenciados, perfil em que os Açores se encaixam. Os cruzeiros temáticos, também operados pelas grandes empresas de cruzeiros, além de normalmente permanecerem mais tempo no destino, podem representar também uma oportunidade para outras ilhas, já que a menor dimensão dos navios permite a acostagem em portos mais pequenos. Este poderá ser outro resultado indirecto do investimento nas Portas do Mar. 16 ... O Governo dos Açores com entusiasmo tem promovido internacionalmente as Portas do Mar junto de armadores e nos principais eventos de Turismo e de Portos de Cruzeiros, “a estratégia de promoção passa por divulgar a qualidade e excelentes serviços e funcionalidades operacionais do terminal, mas sempre associado ao destino Açores, esse sim muito, com características absolutamente diferenciadoras”. Explica que “a indústria dos cruzeiros é extremamente competitiva, procurando constantemente itinerários que levem a destinos novos e originais”, e aí os Açores estão excelentemente posicionados. Mas alerta que “escalas bem sucedidas e a qualidade dos serviços disponíveis são factores determinantes para a construção de itinerários que passem pelos Açores, e isso avalia-se pelo grau de satisfação dos passageiros e dos comandantes e depende, em muito, também do desempenho e qualidade dos serviços fornecidos pelos operadores turísticos locais e não apenas do terminal”. A qualidade do terminal e o potencial do destino estão a ser rapidamente reconhecidos internacionalmente. A atestá-lo está “o positivo testemunho pessoal dos comandantes dos cruzeiros, cuja opinião é decisiva para as alteração de rotas, assim como as reacções obtidas nos eventos internacionais em que as Portas do Mar se têm promovido e, ainda, as opiniões muito positivas, tanto por parte da influente imprensa internacional especializada, como de alguns dos mais conceituados armadores e nomes de referência da indústria”. “Logo neste primeiro ano de actividade fomos distinguidos com o título 3º «Melhor Foto: APSM Porto de 2008» na «Categoria de Cruzeiros», atribuído no âmbito do Seatrade Insider Cruise Awards, promovido pela influente Seatrade Med-Cruise” revela Adalberto Silva, destacando constituir o prémio “uma oportunidade de divulgação do destino Açores, potenciadora do aumento de escalas de navios de cruzeiro”. MAIS-VALIAS DO COMPLEXO Entre as mais-valias das Portas do Mar destaca-se a sua proximidade ao centro histórico da cidade – e a beleza da própria cidade –, a cerca de 3 minutos a pé do ponto de desembarque dos passageiros. Esta proximidade, não só convida os passageiros a visitarem a cidade, como também os tripulantes, que não podem afastar-se dos seus deveres a bordo por demasiado tempo, que assim conseguem descer a terra por curtos períodos para fazerem as suas compras. O comércio e restauração de qualidade instalados no próprio complexo – com destaque para a Loja dos Açores, que oferece produtos regionais representativos de todo o arquipélago – são potenciadores de compras e consumo. No campo da infra-estruturas portuárias, o terminal oferece uma capacidade logística moderna, permitindo uma rápida atracagem e o desembarque passados 10 a 15 minutos. A qualidade, estética, comodidade, funcionalidade e limpeza do terminal de desembarque, bem como a extrema organização do estacionamento dos autocarros de excursão, são igualmente elementos muito apreciados. O complexo Portas do Mar O destino valerá pela experiência que proporcionar, mas o seu sucesso dependerá, fundamentalmente, daquilo que somos como empresários, como cidadãos e como anfitriões. (Adalberto Silva) As Portas do Mar são um grande e integrado complexo, em que além do moderno e funcional terminal de Ferries Cruzeiros, modernamente equipado em termos de serviços e logística – um navio atraca em cerca de 20 minutos e dez minutos depois os passageiros começam a sair – inclui uma moderna marina de recreio náutico, uma nova piscina oceânica, um novo passeio marítimo ajardinado conquistado ao mar, um parque de estacionamento subterrâneo com 204 lugares, 26 lojas e restaurantes, o Pavilhão do Mar com 2.500 m2 de área para eventos e exposições, sobre o qual existe uma promenade que liga um grande anfiteatro ao ar-livre para espectáculos. Um completo conjunto de equipamentos com um enorme poder de atracção para eventos, feiras, congressos, espectáculos, compras e actividades de lazer que, certamente, criam uma nova centralidade social e urbana. Açoresdestaque2 Açores Uma ZEE de cerca de 1 milhão de Km2 Foto: APSM Portugal, com a plataforma Continental, os Açores e a Madeira, detém a 11ª maior ZEE do Mundo e a segunda maior da Europa. Entretanto, os Açores, só por si, representam uma área de ZEE maior que a soma da plataforma Continental e da Madeira juntas. Aliás, isoladamente, o arquipélago dos Açores representa a 17ª maior ZEE do Mundo no quadro de referência das 200 milhas. Entretanto o arquipélago Atlântico é peça central nas pretensões portuguesas de extensão da Plataforma Continental – solo e subsolos marinhos – do actual limite de 200 milhas, coincidente com a ZEE, para as 600 milhas, num processo que tem nos últimos meses justificado a realização de extensos estudos do fundo marinho do arquipélago dos Açores pela navio hidrográfico D. Carlos, com o objectivo de recolher documentação científica e um conhecimento exaustivo dos fundos marítimos açorianos no sentido de fundamentar a pretensão de ampliar a jurisdição portuguesa sobre os fundos oceânicos até às ilhas Canárias, constituindo aquilo que será, provavelmente, o mais rico reservatório europeu de recursos inexplorados para o futuro. Uma indústria em expansão Com as Portas do Mar, os Açores posicionam-se para o futuro nas rotas dos cruzeiros. “Esta é uma indústria em rápida expansão”, adianta Adalberto Silva, avançando que “nos próximos 3 a 4 anos vai crescer 25%, estando encomendados 43 novos navios até 2012, 40% dos quais para o mercado europeu, estimando-se que o total de camas disponíveis em cruzeiros se venha a situar em 450 mil”. A indústria de turismo de cruzeiros tem sido um dos segmentos da actividade turística que apresenta as melhores taxas de crescimento nos últimos anos. De cerca de meio milhão de passageiros de cruzeiro em 1970, em 2007 já ascendiam a 16.4 milhões, na maioria norte-americanos. Por cada 1 milhão de euros de investimento pela indústria de cruzeiros são gerados 2.2 milhões de euros em outras actividades económicas e criados cerca de 21 empregos líquidos. Números interessantes... 17 Açoresturismo Um mundo de turis Fotos: Inédia/Carlos Duarte O TURISMO DE NATUREZA ENCONTRA NOS AÇORES CONDIÇÕES ÚNICAS PROPÍCIAS AO SEU DESENVOLVIMENTO, NOMEADAMENTE, A ABUNDÂNCIA E POTENCIALIDADES DE UM PATRIMÓNIO NATURAL E CULTURAL ÍMPAR EM PORTUGAL E, MESMO, NO MUNDO. Com uma riquíssima e diversificada oferta paisagística, ambiental e de natureza em ambientes 18 terrestres, marinhos e aéreos, os Açores apresentam uma crescente oferta em turismo de natureza e activo, respondendo à procura com objectivos lúdico-recreativos e educativo-culturais. O exotismo do rico património natural classificado e preservado, a biodiversidade marinha (ex: baleias), a fauna e flora, as lagoas, os vulcões, as grutas, a tipicidade das povoações, os parques naturais e jardins botânicos e demais especificidades de cada ilha, permitem um leque de oferta em Turismo da Natureza com uma Foto: APSM amplitude sem rival no país e, mesmo, na Europa. Não admira, pois, que osAçores sejam o destino português em que este tipo de turismo assuma maior relevância, com o PENT (Plano Estratégico Nacional do Turismo) a definir o arquipélago como a região prioritária para o desenvolvimento desta oferta (36%). Nestas ilhas de natureza mágica existem condições de excepção para a prática do Turismo de Natureza e regista-se uma aposta forte na consolidação dos requisitos essenciais à exploração das heranças culturais – passadas e presentes. Refira-se, para citar apenas alguma da oferta: a existência de várias rotas temáticas (Rota do Vinho, Rota das Baleias e a Rota dos Vulcões); um sem número de percursos pedestres em todas as ilhas, devidamente documentados e sinalizados, que levam a pontos e miradouros que proporcionam paisagens naturais deslumbrantes e únicas; a oferta de um conjunto diversificado de actividades nos Parques Naturais de Ilha, que aglutinam as jonas ambientalmente mais cativantes ou sensíveis um vasto e diverso conjunto de locais Foto: Inédia/Carlos Duarte Açoresturismo mos de natureza Foto: ATA identificados para mergulho; idílicos campos de golfe com vista sobre o mar. Grande tem sido o investimento na criação de condições de acesso pelos turistas a reservas naturais sem prejudicar o ambiente – desenvolvendo rotas específicas e centros de interpretação, como a Casa da Montanha e a Gruta das Torres, na ilha do Pico, ou o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, no Faial. Sem dúvida, factores que valorizam significativamente a oferta da região em Turismo de Natureza. Por oposição ao turismo de massas, o turismo de natureza assume-se como respeitador do meio ambiente e garantia de preservação da natureza, associando-se-lhe as vertentes de observação e conhecimento e a prática de actividades recreativas e desportivas, algumas das quais ditas radicais. O Turismo Activo, modalidade de turismo enquadrada no Turismo de Natureza, conhece nos Açores condições singulares de perfeita simbiose com o meio envolvente. As ilhas proporcio- Foto: Nuno SÁ Foto cedida por: Verde Golfe nam experiências activas únicas em terra, mar e ar. Múltiplas são as ofertas de Montanhismo, Pedestrianismo, Orientação, Escalada, Manobras de corda (ex: slide e rappel), Hipismo, BTT e Espeleologia. No mar, há uma panóplia de propostas possibilitando emoções intensas e inesquecíveis, envolvendo actividades como Surf, Windsurf, Bodyboard, Vela, “jet-ski”, Pesca desportiva, Passeios de barco, Whale Watching e diversos tipos de Mergulho. No ar, encontramos nos Açores belíssimas condições para a prática das actividades de Parapente eAsa Delta, em “voos” que permitem olhares únicos sobre a beleza das ilhas. O local muito utilizado para a prática desta actividade é a Serra do Cume, na Praia da Vitória. No arquipélago, os turismos de natureza – no plural, tantas são as alternativas – proporcionam a descoberta de patrimónios vários, tanto culturais como naturais, estando disponíveis actividades lúdico-desportivas e educativo-culturais para todas as bolsas, estilos de vida, idades e preferências. Com condições de exotismo de grande beleza natural, os Açores oferecem uma diversidade extraordinária de experiências e sensações 19 Açoresturismo AS ILHAS DOS AÇORES, PELA SUA LOCALIZAÇÃO NO MEIO DO ATLÂNTICO ESTÃO NAS ROTAS DA NAVEGAÇÃO INTERNACIONAL, OFERECENDO DESDE SEMPRE PORTO DE ABRIGO PARA EMBARCAÇÕES DE TODO O TIPO. NO MUNDO DO IATISMO DE RECREIO O ARQUIPÉLAGO SEMPRE FOI MARCO DE REFERÊNCIA, COM A MARINA DA HORTA A CONSTITUIR-SE, MESMO, COMO PORTO MÍTICO, DE PASSAGEM OBRIGATÓRIA, “POR DAR SORTE”. Marinas de eleição Hoje os Açores dispõem de uma rede de marinas de recreio que cobre praticamente todas as ilhas, desta- cando-se, pela sua modernidade, condições e dimensão a tradicional marina da Horta, a que se juntam a de Angra do Heroísmo e a de Ponta Delgada, todas dando acesso directo às respectivas cidades e ostentando a Bandeira Azul Europeia. MARINA DA HORTA A Marina da Horta, mantendo a tradição, continua a ser a mais importante dos Açores – acolhe mais de 50% dos iates estrangeiros que rumam aos Açores – e a quarta mais visitada em todo o Mundo. Com 300 lugares de amarração tem uma localização que oferece excelente abrigo contra os ventos de todas as direcções e, ali, mercê da hospitalidade, os iatistas sentem-se em casa. Assim, é escala quase obrigatória para embarcações que fazem a rota das Caraíbas para o Mediterrâneo. É uma marina mítica entre os homens do mar, que acreditam dar “boa sorte” passar por ali. Com naturalidade a Horta é um ponto de encontro e de passagem para muitas das mais lendárias regatas internacionais, algumas das quais têm mesmo o nome da cidade na sua designação. Oferecendo uma valioso conjunto de infra-estruturas de apoio de qualidade e preços de atracagem atractivos é um destino que conhece grande procura, representando uma parte importante da receita do turismo do Faial. Como referia um conhecedor, “os velejadores dos nossos dias são gente com poder de compra, que já gastam, vão a restaurantes, passeiam pela ilha e, muitos deles, permanecem por vários dias, mesmo semanas”. A marina é uma verdadeira galeria de arte ao ar livre. A totalidade dos seus muros está recoberta por pinturas murais deixadas pelos iatistas de diferentes origens, que dão continuidade a uma tradição que diz dar boa sorte para a viagem deixar ali a sua marca. Em torno da Marina desenvolvem-se importantes festividades, com destaque para a Semana do Mar, no Verão. MARINA D’ANGRA Fotos: APSM Localizada na Baía de Angra, é uma das mais recente das marinas dos Açores, distinguindo-se pelos serviços complementares de bem-estar que oferece aos velejadores, proporcionando-lhes possibilidades de repouso e bem-estar após as longas travessias marítimas, incluindo jacuzzi e hidromassagem. Às excelentes infra-estruturas e serviços, este porto de iates, com 260 lugares de amarração, proporciona uma oferta ímpar, quer em termos de lazer, quer, como seria natural numa cidade Património Mundial, em termos culturais. Ao lado da Marina uma pequena praia e, do lado oposto, na linha de Costa do fronteiro Monte Brasil, estão visitáveis os Parques Arqueológicos Subaquáticos de Angra, nos quais se destaca o “Cemitério das Âncoras” e os destroços do “Lidador”. Destaca-se a preocupação ambiental em toda a operação e serviços prestados pela Marina d’Angra. MARINA DE PONTA DELGADA É uma nova e grande marina, com 640 lugares de amarração, abrigada junto ao elegante pontão das Portas do Mar, o belíssimo terminal cruzeiros inaugurado o ano passado em Ponta Delgada. Oferece das mais modernas infra-estruturas e serviços personalizados de apoio aos navegantes. Caracterizase por dar acesso directo ao centro histórico da cidade, a 3 minutos a pé, e à fervilhante animação do complexo das Porta do Mar, com as suas lojas, restaurantes e bares, bem como a um vasto conjunto de espaços com oferta de produtos e informação turística. Esta nova estrutura, de qualidade, reforça a capacidade de atracção e acolhimento de iates pela ilha de S. Miguel. O complexo das Portas do Mar permite a atracação de veleiros e mega-iates, oferecendo serviços muito atractivos. Passear, descobrir… e jogar A prática do golfe nos Açores oferece cenários naturais de beleza ímpar no país, acrescentando novas motivações a quem encontra no golfe a sua opção de lazer, bemestar e paixão pela competição. Com grande desenvolvimento e expansão nos Açores nos últimos anos, o Golfe constitui-se numa das grandes apostas turísticas da região. As condições de excelência dos modernos e bem equipados campos do Arquipélago, enquadrados por paisagens exuberantes que ao verde do green acrescentam ainda mais verdes, da natureza. Nos Açores existem, actualmente, três campos de Golfe: dois em S. Miguel – o Campo de Golfe das Furnas e o Campo de Golfe da Batalha - , e um na Terceira, o Clube de Golfe da Terceira. O primeiro, situado no cimo dos montes envolventes do mítico vale das Furnas, a cerca de 40 Km de Ponta Delgada, surgiu na primeira metade do século XX - em 1939 -, tendo sido desenhado por Mackenzie Ross, um famoso arquitecto escocês. Em 1986 foi ampliado com destreza e harmonia por Cameron Powell para 18 buracos, preservando o seu carácter original. Situado no meio das montanhas (500 metros de altitude), ali joga-se a paixão do Foto cedida por: Verde Golfe GOLFE jogo, entre bonitos lagos, “fairways” ladeados por cedros (árvores de grande porte oriundas do Japão) e greens ondulados de pequenas dimensões. O Campo de Golfe da Batalha, nas Capelas, em S. Miguel, igualmente idealizado por Cameron Powell, em 1996, dispõe de 27 buracos que podem ser jogados em diferentes combinações de 18 buracos. Com longos fairways, greens de grandes dimensões e pitorescos cenários sobre o mar, o campo da Batalha é magicamente diferente. Finalmente há o Clube de Golfe da Terceira, com 18 buracos. Localizado a Norte de Angra do Heroísmo, desdobra-se por montes e vales, numa paisagem deslumbrante com vista para o mar, com o green delimitado por hortensias e azáleas.. Actualmente estão em perspectiva 3 novos campos, cuja concretização colocará as ilhas, a médio/longo prazo, no circuito internacional do golfe. Açoresturismo NA BAÍA DE ANGRA Fotos: Nuno SÁ Um museu arqueológico subaquático Um espólio arqueológico submerso é ciosamente Açores: destino de Whale Watching Com 25 espécies de cetáceos identificadas, as águas dos Açores são um ver- dadeiro paraíso para o Whale Watching, uma actividade de grande emoção e momentos inesquecíveis com a observação próxima destes gigantes do mar. A experiência de observação da fauna marinha é uma actividade de reinvenção e alternativa sustentável à realidade da Caça à Baleia. A época de maior actividade de observação de baleias e golfinhos é entre Abril e Setembro, contudo já se efectuam saídas para o mar ao longo de todo o ano, sempre que existam pessoas interessadas e as condições climatéricas o permitam. A percentagem de observação de baleias e/ou golfinhos por saída de mar ronda os 95%, sendo o Pico e o Faial onde se registam os índices mais elevados. A espécie de baleias que se observa com maior frequência é o emblemático cachalote. Em praticamente todas as ilhas existem empresas especializadas em Whale Watching. Um paraíso subaquático Os Açores são, hoje, um paraíso subaquático de nível mundial. As águas costeiras de todas as ilhas, azul cristalinas e permitindo visibilidade até 30 metros, com temperaturas entre 17º e 27º C, a enorme diversidade de inesperados cenários, em associação com a existência de clubes de mergulho e clubes náuticos credenciados em todo o arquipélago, a facilidade de aluguer de equipamento e de contratação de guias, são factores que convidam à pratica do mergulho, proporcionando experiências inesgotáveis e um mundo de descobertas intermináveis. O património subaquático identificado e disponível nos Açores desdobra-se em múltiplas propostas: visitas a bancos oceânicos – picos rocho22 guardado pelas águas do Atlântico no leito da Baía de Angra do Heroísmo, que, desde o século XV, foi porto de escala nas rotas da Costa de África, do Oriente e das Américas. No Parque Arqueológico visitável destaca-se o “Cemitério das Âncoras”, que se estende por 500 metros ao longo da costa oriental do Monte Brasil, na cota dos 15 a 35 metros de profundidade, reunindo diversos tipos de âncoras ali deixadas pelos navios ali naufragados ou pelos muitos outros, mais afortunados, que logravam cortar amarras em desesperadas manobras de fuga ao traiçoeiro vento Sueste, também conhecido como “vento carpinteiro”, por lançar à costa os destroços de madeira das infortunadas naves afundadas pela tempestade que era utilizada pelos carpinteiros locais na construção dos edifícios da cidade. Criado por iniciativa da Direcção Regional da Cultura dos Açores, este Parque Arqueológico reúne, também, os vestígios de várias embarcações ali afundadas, sendo visitáveis os destroços do «Lidador», um navio a vapor naufragado em 1873, que descansa a 50 metros da costa à profundidade de 8 metros. O inédito Parque Arqueológico da Baía de Angra corresponde a um projecto que visa divulgar e partilhar a herança arqueológica e histórica depositada naqueles fundos marinhos. E digam que a visita a um museu não pode ser excitante...nos Açores. sos que emergem dos fundos até próximo da superfície - onde é possível observar desde a actividade vulcânica (Banco de D. João de Castro) até uma enorme e colorida diversidade de espécies marinhas; mergulho costeiro, em diversas enseadas e baías; mergulho nocturno em que se revela um mundo cromático ocultado pela luz do dia; mergulho em grutas em que, pela ausência de luz, se forma um universo paralelo recheado de exóticos espécimes; mergulho em campos arqueológicos submersos, como na Baía de Angra do Heroísmo, com o seu “Cemitério de Âncoras” e destroços de navios na proximidade da costa de diversas ilhas. FÉRIAS PARA QUEM TEM O AMBIENTE EM MENTE Ilha de São Miguel Açores A Ilha de São Miguel também é conhecida por Ilha Verde. Tal não acontece por acaso mas porque do mar azul sobressai uma ilha de extravagante beleza, com um tom predominante de verde mas pintalgada pelas diversas cores das flores que a enfeitam. Terra fértil apresenta os sinais de uma actividade intensa do sector primário cortada pela ocupação vasta de solos onde predomina uma natureza intensa e magníficas lagoas. A presença de zonas com actividade vulcânica traz os fumos e os aromas exóticos do interior da Terra conferindo-lhe uma feição mágica. No litoral, vêem-se aqui e ali povoados com acesso ao mar através de pequenos ou grandes portos, marinas, piscinas ou praias. Nesta ilha pode-se desfrutar de cultura e património construído bem preservado que conta a história do engenho do homem através dos tempos. Mas para aqueles que gostam de caminhadas e passeios pela natureza, de contactar com ribeiras e lagoas ou de ver baleias, golfinhos, peixes em geral ou aves encontrarão soluções adequadas a cada actividade. Os desportos relacionados com o mar e com a natureza são os mais tentadores. É possível jogar golfe em dois excelentes campos, jogar ténis, aceder a piscinas de água quente natural, nadar, fazer sky, windsurf, barco à vela, mergulho de garrafas ou mergulho de apneia. A ILHA DE SÃO MIGUEL É UM PARAÍSO A POUCAS HORAS DE VIAGEM. Açoresturismo CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO VULCÃO DOS CAPELINHOS Submerso na paisagem No horizonte, uma paisagem árida e lunar assalta o olhar num deslumbramento inquietante. De fenómeno devastador, o Vulcão dos Capelinhos transformou-se, nos nossos dias, numa das mais impressionantes atracções dos Açores, originando aquela que porventura será uma das mais significativas obras recentes do milénio no arquipélago: o novíssimo Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, um espaço arquitectonicamente inesquecível pela sua originalidade. O projecto de arquitectura que se ergueu no subsolo, da autoria de Nuno Lopes, é a nova casa do Vulcão dos Capelinhos e foi pensado, tendo como propósito manter a poesia da paisagem do vulcão adormecido. Encontra-se, por isso, submerso nas cinzas vulcânicas, o que lhe dá um encanto extraordinário e minimizou o impacto da paisagem, que o arquitecto, felizmente, bem soube respeitar. É uma obra sugestiva e impressiva no seu interior, cheia de amplos espaços dominados por misteriosos efeitos de luz e sombra, recriando com mestria ambiências que remetem para um imaginário associado à paisagem desoladora deixada pelo vulcão. Trata-se de um espaço de memória e um veículo difusor de conhecimento científico, relacionando o passado – histórico do vulcão e dos fenómenos geológicos associados – e o presente, com diversas ferramentas expositivas e interpretativas. Dispõe também de um auditório, onde são exibidos filmes sobre os Açores e o Vulcão, “com capacidade para, num futuro próximo, poder acolher reuniões, seminários e congressos”, realça a directora do centro, Andrea Porteiro. Estas potencialidades, associadas à envolvente de um vulcão e de uma paisagem única no arquipélago, reconhecem a obra como Centro de Ciência e espaço de excelência para a atracção turística no âmbito do turismo cultural, de ciência, ambiental, de natureza e oferecendo, no seu anfiteatro um espaço absolutamente diferenciador também para utilizações no âmbito do turismo de negócios. Considerando a riqueza de conteúdos e equipamentos, a própria infra-estrutura do Centro de Interpretação, a sazonalidade turística que caracteriza a ilha do Faial e a sua missão como centro de ciência, são desenvolvidas, ao longo do ano, diversas acções que proporcionam actividades de exploração que enriqueçam as vivências dos mais novos, fomentando a cultura científica e tornando as aprendizagens mais significativas. Esta estrutura pertence à Secretaria Regional do Ambiente e do Mar do Governo Regional dos Açores e foi inaugurada a 17 de Agosto de 2008 tendo, nesse ano de estreia, uma média de dois mil visitantes por mês. Uma visita imprescindível. CASA DE APOIO À MONTANHA Arquitectura e valores naturais tura recentemente construída, inaugurada em Junho de 2008, com atenções voltadas para o apoio à subida da montanha, bem como à informação e preservação do património natural. Explorar o ponto mais alto de Portugal (2351m) é agora mais seguro e informado. A arquitectura define-se pelo respeito aos lugares em que se enquadra. Assim acontece com a Casa de Apoio à Montanha, no Pico, em que o arquitecto Nuno Lopes projectou, em conceito e estrutura, uma obra que reflecte a imponência e natureza circundante. A casa de dois pisos que, replica com um rasgo de modernismo as construções tradicionais da Ilha, o que justifica a utilização de materiais e técnicas ancestrais de construção. A casa de apoio à Montanha define-se por um carácter informativo/formativo, preventivo e de segurança. Infra-estrutura normalmente presente em regiões classificadas, onde são comuns desportos de montanha, tem como principal objectivo fornecer informação sobre as condições climatéricas e normas comportamentais. O pacote informativo disponibiliza as regras de conduta a manter num cenário natural delicado. Para além do registo dos dados pessoais de quem se fizer às 24 Fotos: Inédia A Casa de Apoio à Montanha do Pico é uma infra-estru- alturas, dispensa, ainda, um sistema de monitorização através de GPS dos que se aventuram na escalada , reforçando a segurança da actividade. Inaugurada, em Junho passado, por ocasião das celebrações do dia do ambiente, encontra-se, ainda em fase de operação experimental, devendo abrir ao público em breve. Perspectiva-se «2010 como o ano da montanha», antecipa Fernando Luís Oliveira, Director do Parque Natural da Ilha do Pico. VINHAS DO PICO Açorescultura Da pedra se fez vinho “Pedra era, e pedra ficou…e da pedra brotou o vinho” in: Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, Património Mundial classificado pela UNESCO Na união perfeita de videiras e solos vulcânicos….de rochas duras e terra de lava brotam videiras que pro- duzem vinho…o tão afamado vinho de verdelho que chegou às ementas de vários cantos do Mundo. “…da pedra brotou o vinho”…e do vinho brotou o reconhecimento do valor da pedra. Em Julho de 2004, uma área significativa da Paisagem protegida da Cultura da Vinha da Ilha do Pico foi inscrita na lista do Património Mundial da UNESCO, como Paisagem Cultural, uma paisagem que é resultado da relação ao longo dos tempos do Homem com a Natureza. A Paisagem da Cultura da Vinha não é somente constituída por campos de lava, cobertos por muros, engenhosamente, construídos pelo Homem de forma a delimitar os extensos currais de vinha e protege-los da água, do mar e do vento, permitindo, ao mesmo tempo, a entrada de inclinados raios solares. Também é paisagem da Cultura da Vinha os solares, silencio- sos testemunhos da influência da nobreza faialense no incremento dado à viticultura; as ermidas e as casas conventuais, que atestam o saber fazer das ordens religiosas; as pequenas adegas e alambiques que povoam os diferentes núcleos edificados; os rola-pipas e portinhos, primeiros cais de embarque do vinho com destino ao Faial, de onde era exportado para o Mundo e reais casas; as relheiras dos carros de bois, marcas permanentes deixadas pelos rodados no duro manto de lava; é ainda a imensidão de poços de maré, que abundam numa área da ilha onde não havia outra forma de encontrar água potável. A partir dos «valores que brotam da pedra», cria-se um espírito de lugares, regido por um Plano Especial de Ordenamento, que visa recuperar, reabilitar e conservar a paisagem da cultura tradicional da vinha em currais, promover o crescimento da actividade vitivinícola, incentivar a complementaridade com o turismo e outras actividades económicas e, ainda, promover uma gestão aberta e integrada da área. O Gabinete Técnico da Paisagem da Cultura da Vinha adianta que são estes os factores determinantes para garantir um futuro equilibrado, com turismo de qualidade. A paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico é o exemplo de uma política ambiental e cultural de mãos dadas, focalizada na protecção, requalificação e valorização do património comum. Foto: Gab. técnico da vinha do Pico PEDRAS DE ONDE BROTA O VINHO... ESTA É, SEM SOMBRA DE DÚVIDAS, MAS À SOMBRA DE EXTENSOS MUROS DE PEDRA NEGRA QUE PROTEGEM OS CURRAIS DE VINHA, UMA DAS MAIORES RIQUEZAS DA ILHA DO PICO E ORGULHO NACIONAL. Fotos: Inédia/Carlos Duarte Açorescultura ANGRA DO HEROÍSMO Aristocrática, ANGRA DO HEROÍSMO, FELIZMENTE, É UMA DAS RARAS CIDADES QUE SOUBE MANTER-SE IGUAL A SI PRÓPRIA, FIEL AOS PERGAMINHOS DA SUA HERANÇA ARQUITECTÓNICA. OS TRAÇOS DE MODERNIDADE QUE ALI CHEGARAM FORAM CONTIDOS, PRESERVANDO-SE A HARMONIA DAS TRAÇAS ARISTOCRÁTICAS QUE EXALAM DAS FACHADAS IMPECAVELMENTE CUIDADAS DOS EDIFÍCIOS QUE ORGULHOSAMENTE SE HARMONIZAM AO LONGO DAS RUAS EMPRESTANDO AO CENTRO HISTÓRICA DA CIDADE UMA PERSONALIDADE ABSOLUTAMENTE ÍNTEGRA E ÍMPAR. A cidade terceirense, aninhada na Baía de Angra à sombra protectora de duas fortalezas 26 em cada uma dos extremos, resplandece de história, cultura e tradição, num ambiente em que se evidencia a nobreza aristocrática com que cada pedra do seu belíssimo património edificado parece justificar a atribuição da classificação de Património Mundial pela UNESCO, em 1983. Contrariando a austeridade e dignidade do preto e branco característico da arquitectura tradicional das outras ilhas, Angra empresta, com grande frequência às fachadas dos seus incontáveis palácios, solarengas casas e igrejas, cores que dão à cidade um tom de alegria que a faz distinta e única entre as urbes do resto dos Açores. Um reflexo da personalidade culta, extrovertida e alegre das suas gentes. É evidente em toda a cidade um genético culto pelo bomgosto, por uma estética aristocrática, pela orgulhosa história que justifica o Heroísmo do seu nome. Por toda a cidade Solares, Igrejas e palácios blasonados por escudos de armas, perpetuam páginas de glória, resistência e vitória da história nacional. Ali Portugal resistiu ao domínio filipino, convertendo-se a cidade na sede do governo do reino entre 1580 e 1583, merecendo a atribuição, por D. João IV, do título de “mui nobre e sempre leal”. Depois, em 1766, o Marquês de Pombal faz de Angra sede da Capitania Geral dos Açores e centro político e militar do arquipélago. No século XIX, a cidade torna-se capital da liberdade como palco central dos acontecimentos que levam à vitória do movimento liberal e à independência do Brasil, tendo sido Açorescultura Sé Catedral de Angra do Heroísmo culta e bela sede da Junta Provisória e capital constitucional do Reino. É dali que partem as tropas que rumarão ao Porto para derrubar o miguelismo. Esse envolvimento, que deixou testemunhos, hoje bem documentados em dezenas de edifícios do centro histórico – o Roteiro do Liberalismo – valer-lheá a atribuição do título “do Heroísmo”. Assim ficou como a “mui nobre e sempre leal” cidade a Angra do Heroísmo, com o “sempre” a marcar uma diferença significativa de lealdade relativamente aos títulos ostentados por outras cidades portuguesas. O seu vasto património de traçado predominantemente renascentista, ciosamente preservado, testemunha na pedra dos edifícios e nos riquíssimos espólios que abrigam, cada vez mais e melhor estudados, os seus encontros e reencontros sempre marcantes com a história de Portugal. É uma cidade que merece ser visitada em cada pedaço e detalhe do seu centro histórico. Nem mesmo o grande sismo de 1980 impediu de reerguerse das ruínas, retomando a traça da sua planta do século XV e a arquitectura dos seus monumentos e edifícios, alcançando 3 anos depois o título de Património da Humanidade. CENTRO DE CONHECIMENTO DOS AÇORES Por iniciativa da Direcção Regional da Cultura dos Açores surgiu o Centro de Conhecimento dos Açores, através do qual é partilhada e acedida a rica e vasta informação patrimonial disponível nos múltiplos espólios dos organismos governamentais tutelados, principalmente os museus de Ponta Delgada, Angra, Horta, Pico, Santa Maria, Graciosa, São Jorge e Flores, bem como nas bibliotecas públicas e arquivos regionais das três principais cidades açorianas. Na Internet, o Centro de Conhecimento dos Açores disponibiliza já um vasto conjunto de recursos, sendo visitável em: http://pg.azores.gov.pt/drac/cca A Sé Catedral dos Açores, como é conhecida, é a sede do Bispado de Angra, que engloba o arquipélago das ilhas dos Açores. Foi mandada edificar em 1570, por ordem do Cardeal D. Henrique e data do século XVI. É pelas suas características um monumento único nos Açores. O seu interior assenta em enormes colunas de pedra que se elevam à procura do céu. É majestosa, silenciosa, sublime. Embora em local incerto, nesta catedral está sepultado Pero Anes do Canto, que foi o Provedor das Armadas e o maior impulsionador ao cultivo do vinho verdelho na Terceira e em outras ilhas dos Açores. Tem a particularidade de ter as portas voltadas a norte, posicionamento muito raro e que originou algumas disputas entre a população, já que havia quem preferisse a orientação a sul, ao mar, como acontece com a maioria das Igrejas das cidades açorianas. A Sé de Angra do Heroísmo tem um vasto repositório histórico e artístico, nomeadamente: o frontal e os lampadários de prata da capela do Santíssimo, executados pelos artesãos de Angra. Destruída pelo sismo de 1980, foi meticulosamente reconstruída nos mais infímos detalhes, sendo uma das jóias da Angra patrimonial. Açorescultura Museu da Horta O Museu da Horta, fundado em 1977, é formado por um Terceira Liberal Um roteiro do Heroísmo e da Vitória A ilha Terceira guarda nas suas melhores memórias o tempo em que foi palco determinante de diversos acontecimentos políticomilitares decisivos para o rumo de Portugal. Nesse tempo, vulgarmente conhecido por lutas liberais, esta ilha viveu momentos de intensa e frenética agitação social e política, que lhe conferiram o estatuto de bastião da liberdade. Os seus habitantes ostentam-no com orgulho e as duas cidades exibem nos seus nomes adjectivos que esse tempo lhes conferiu: Angra do Heroísmo e Praia da Vitória. Os terceirenses eram partidários de D. Miguel e avessos às novas ideias liberais personificadas na figura de D. Pedro –, o certo é que por via desse período, a Terceira ficou inscrita na História de Portugal como um dos territórios que mais contribuiu para a vitória do Liberalismo. Hoje é possível ao visitante percorrer três dezenas de lugares e sítios da ilha através do roteiro Terceira Liberal, que registou em MUPIs e numa edição em papel (com versão bilingue) uma síntese da memória de cada um destes lugares no contexto deste período. 28 conjunto heterogéneo de colecções, em várias áreas disciplinares, de valor patrimonial muito significativo, abrangendo um período que vai do século XVI à actualidade. Instalado na ala sul de um dos edifícios mais significativos da arquitectura setecentista da cidade, o Colégio dos Jesuítas, reúne um vasto espólio de arte sacra, de etnografia e de escultura em miolo de figueira, única no mundo, dedicada aquela arte local de que o museu apresenta os expoentes mais brilhantes. Agrega um pólo situado na freguesia do Capelo, do outro lado da ilha – Núcleo Museológico dos Capelinhos –, que documenta a grandiosidade da erupção vulcânica de 1957. As suas colecções contemplam, ainda, etnografia, com peças ligadas a antigos ofícios e à agricultura tradicional, do linho, da lã e cerâmica; tecnologias relativas à história do Porto da Horta e às estações cabotelegráficas do século XIX a XX; artes plásticas; documentos fotográficos, impressos e manuscritos; exemplares de história natural, mineralogia e geologia. De visita Obrigatória! IGREJA DO COLÉGIO Museu Carlos Machado O Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, é um dos mais emblemáticos museus do arquipélago. A sua criação reflectiu a mentalidade científica do século passado e o fascínio que as ilhas açorianas despertaram aos naturalistas da segunda metade do século XIX. Fundado em 1876, pelo professor e naturalista Carlos Maria Gomes Machado, e então denominado Museu Açoriano, reunia, inicialmente, colecções de Ciências Naturais dos Açores (zoologia, botânica, geologia, mineralogia), hoje consideradas históricas. Concentra e conserva, até hoje, o melhor do espírito do enciclopedismo, patente no vasto rosário de saberes e artes que as suas distintas colecções preservam e estudam. Presentemente é um dos museus de âmbito regional sob administração do Governo dos Açores, contando com um valioso espólio que inclui colecções etnográficas, arte sacra, de História Natural (botânica e zoologia), de escultura e pintura. É um lugar de confluências culturais, tendo por propósito o estudo e preservação do património, cultura e identidades das memórias e gentes açorianas. O seu acervo tem aquela rara capacidade de atrair as atenções de miúdos e graúdos. Merece, pelas melhores razões que nos percamos, por horas... Igreja de Todos os Santos A Igreja que pertenceu ao antigo Colégio dos Jesuítas de Ponta Delgada integra, desde 1953, a lista de imóveis de Interesse Público. Obra de meados do séc. XVIII, é considerada um exemplar raro da arquitectura portuguesa, dada a monumentalidade da fachada e a dimensão e riqueza da talha dourada que reveste todo o seu interior. Considerada pelos especialistas como um dos mais excepcionais conjuntos do barroco no território nacional, possui uma fachada com três portais, janelas e óculos com pesada decoração. O interior, com uma ampla nave, contém sumptuosos exemplos da arte da talha barroca no altar-mor, arco triunfal e retábulos laterais, além de azulejos historiados e de figura avulsa. Do espólio da Igreja do Colégio, faz parte uma colecção de valiosas pinturas dos séculos XVII e XVIII. Desde 1996, após obras de recuperação, aquele monumento constitui o Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado, oferecendo magnífica colecção permanente composta por imagens, pintura, escultura, peças de ourivesaria e azulejos, destacando-se dois conjuntos de tábuas com imagens da coroação da Virgem e dos Santos Mártires de Lisboa. Um espaço de fruição cultural, de estudo e conhecimento de visita imprescindível. Poucos serão os locais que em Portugal reúnam tanta história, engenho e arte. Museu do Pico O Museu do Pico assume-se como uma peça importan- te de valorização do património mais identificativo da personalidade muito própria da ilha do Pico, das suas memórias colectivas, associadas aos históricos ciclos regionais da baleação e da vitivinicultura, duas marcas distintivas da memória do imaginário da ilha. Enquadrado na categoria de Museu Regional, o Museu do Pico reúne as extensões do Museu dos Baleeiros, na vila das Lajes, do Museu da Indústria Baleeira, na vila de São Roque e do Museu do Vinho, na vila da Madalena. Instalado nas três casas originais de botes do séc. XIX, o Museu dos Baleeiros, na vila das Lajes, é actualmente um espaço de referência no panorama cultural da região, acolhendo já 30 mil visitantes por ano, constituindo-se como um dos pontos mais procurados na Ilha do Pico, no Verão, estando entre os 10 museus mais visitados de Portugal, segundo Manuel Costa, director daquela estrutura. O Museu dos Baleeiros é o único existente na Europa e conta-se entre as 100 marcas do Portugal Genial de Carlos Coelho. O PATRIMÓNIO DA ADMINISTRAÇÃO REGIONAL Açorescultura Recuperar e preservar A recuperação e preservação do património histórico edificado é um dever cul- tural de qualquer administração pública. Mas, particularmente onde esse património é abundante, como nos Açores, representa um investimento pesado para o orçamento público. Felizmente, nos Açores, o património edificado mais relevante e os núcleos históricos das cidades está, de um modo geral, bem conservado. Para isso terá contribuído uma inteligente política, deliberada ou não, das autoridades regionais, que tem sabido reconverter muito dos importantes edifícios históricos e de arquitectura tradicional em instalações da própria administração regional, conseguindo, assim, evitar o que poderiam ser duas despesas indeclináveis – recuperar e conservar o património e dotar os serviços do governo de instalações. Talvez por isso, ou também por isso, os centros históricos de praticamente todas as cidades açorianas possam hoje ser apontados como exemplos de uma política patrimonial responsável, tirando daí vantagens para a afirmação da sua identidade cultural e uma maisde Angra do Heroísmo foi fundado em 1949 por valia para a sua oferta turística. É provável que nenhuma outra administração do país tenha um grupo de personalidades ligadas ao Instituto Histórico da Ilha em seu poder tão vasto património histórico tão bem preservado e utilizado. Terceira, não fora Angra uma cidade de firmadas tradições culturais. A exposição permanente do museu, situado desde 1969 no antigo Convento de S. Francisco - orgulhosamente bem-conservado - oferece aos visitantes uma panorâmica sobre a histórica dos Açores nas suas múltiplas relações com o Mundo. Do povoamento das ilhas até à actualidade, narra um percurso que acompanha a odisseia portuguesa no Atlântico. A exposição está estruturada em quatro grandes áreas temáticas: o conhecimento das ilhas dos Açores; Angra, os Açores e o Mundo; da Capitania Geral ao Liberalismo; a formação do Contemporâneo. Expõe extensas colecções de etnografia, história natural, armamentos e fardas militares (de que possui a melhor colecção existente fora dos museus militares) e de arte. Fotos: Inédia/Carlos Duarte Museu de Angra do Heroísmo O Museu Lajes GRUPO OCIDENTAL Corvo Sta. Cruz ILHAS DAS FLORES E CORVO Distando 15 milhas entre si, as Ilhas das Flores – o extremo mais Ocidental da Europa - e do Corvo formam o Grupo Ocidental do Arquipélago dos Açores. As Flores caracterizam-se pela costa recortada e muito escarpada, abrigando em sete antigas crateras vulcânicas outras tantas deslumbrantes lagoas que formam uma das grandes atracções turísticas, constituindo-se como um paraíso para todos os amantes da natureza. Na Ilha do Corvo - a mais pequena do Arquipélago, com uma população que ronda os 400 habitantes -, emerge a Vila do Corvo, pitoresca pela tipicidade das suas casas, todas com o mesmo traçado, ladeando ruas estreitas designadas por “canadas”. Com encostas escarpadas, picos e morros e uma imponente cratera extinta do velho vulcão que deu origem à ilha, com 300 m de profundidade e 3.400m de perímetro, abriga hoje uma belíssima lagoa. O Grupo Ocidental, formado por estas duas isoladas ilhas, distantes de tudo e de todos, distinguindo-se pelo mar azul imenso que o rodeia, parece ser o último paraíso à face da terra, oferecendo paisagens e locais de calmo repouso e meditantes silêncios que dão novo sentido à vida, ali ainda bela. Uma visita com alma, de reconciliação com o mundo. Por tudo isto, impõe-se visitar as Flores e o Corvo! 29 ARTESANATO DOS AÇORES Açoresartesanato Marca certificada A DIVERSIDADE GEOGRÁFICA DO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES RESULTA NUMA MULTIPLICIDADE CULTURAL QUE EM SIMULTÂNEO UNE E SEPARA AS 9 ILHAS, QUE NO ARTESANATO SE EXPRESSA NUMA VASTA E RICA MULTIPLICIDADE DE PROPOSTAS, IDENTIFICATIVAS DE IDENTIDADES CULTURAIS, TRADIÇÕES DIVERSAS E RICAS RESULTANTES DAS SINGULARIDADES DE CADA ILHA. No sentido 30 das às ilhas, nomeadamente criando motivos decorativos inspirados nas realidades insulares. O resultado foi um património artesanal genuíno e com personalidade, que hoje importa preservar e salvaguardar, garantindo a fidelidade à tradição. RENDAS E BORDADOS Os Bordados dos Açores, totalmente executados à mão, com paciente mestria, surgem em declinações de materiais, técnicas, desenhos e motivos decorativos que variam de acordo com as tradições das diferentes ilhas: Bordados de S. Miguel, em tons de azul, executados com linhas de algodão; Bordados da Terceira predominantemente em branco ou cru, com linha de algodão ou seda; Bordado a Palha sobre Tule, do Faial, que recorre à palha de trigo para efeitos decorativos. As Rendas do Pico e do Faial, por seu turno, apresentam elementos decorativos muito característicos. Todos têm diferentes aplicações, originando centros de mesa, camilhas, cortinas, golas, blusas, dobras de lençol, panos de tabuleiro, entre outras. de preservar esse rico património, o Governo dos Açores, através do Centro de Apoio ao Artesanato tem desenvolvido um trabalho pioneiro, nomeadamente de um política de certificação de origem e qualidade dos produtos e artes artesanais, designadamente através de uma marca colectiva de origem: “Artesanato dos Açores”. A paciência e o engenho de artífices, ao longo de décadas e séculos, foi criando artes que se fizeram tradição, ora recorrendo às matérias-primas, por vezes inusitadas, que a nature- TECELAGEM za disponibilizava – caso do miolo de figueira, de hortenses A tecelagem típica dos Açores, inteiramente confeccionada à ou das escamas de peixe – ora recorrendo a técnicas adapta- mão, com utilizações que vão desde xailes de romeiros a trajes regionais, até colchas, mantas, toalhas e centros de mesa – é outra arte protegida, com produtos certificados. Recorre, de acordo com as respectivas técnicas e tradições, a diferentes matériasprimas – lã de ovelha, algodão, linho e retalhos – sendo sempre realizada em tear manual. MIOLO DE FIGUEIRA A actividade artesanal em Miolo de Figueira originou pequenos e delicados arranjos florais e ornamentais – e outros motivos figurativos da cultura dos Açores - , de grande minúcia e perfeição, recorrendo ao miolo extraído dos rebentos das figueiras das ilhas - também das hortenses, da azálea e do girassol - que são cortados em finíssimas lâminas com as formas desejadas e pacientemente agrupadas com cola de goma-arábica. Uma arte única, dos Açores. REGISTOS DO SENHOR SANTO CRISTO DOS MILAGRES Com origem na ilha de S. Miguel, onde nasceu o culto do Santo Cristo, ainda em princípios do século XVII, são peças decorativas e de devoção religiosa, normalmente sob a forma de quadros de parede emoldurados. OUTRAS ARTES Muitas outras são, entretanto, as expressões de artesanato dos Açores, todas apresentando características e personalidades muito típicas. Há as famosas “lapinhas” – pequenos presépios nos quais se utilizam elementos decorativos originários do mar, como conchas e pequenos búzios. Há as já muito conhecidas bonecas em folha de milho. Nas loiças sobressaem as da Lagoa, em S. Miguel, banhadas a branco, na qual são pintados à mão motivos regionais em azul, a que se juntam as miniaturas de loiças de barro da Vila Franca e as bonitas peças de olaria de Santa Maria. No Faial e Pico, arte única no Mundo é o Scrimshaw, arte nascida das solitárias esperas dos baleeiros, que consiste em desenhar ou esculpir em dente ou osso de baleia, apenas com um canivete, conferindo-lhe formas ou traçandolhe desenhos de motivos ligados ao mar e à arte da baleação. Muito difundida no arquipélago é também a arte de produção de pequenas figuras artesanais em barro, pintadas à mão, para os presépios. Pela paciência e inesperado da matéria-prima merecem particular destaque as flores em escamas de peixe, arte apreciada e rara. Fotos: Inédia/Carlos Duarte Foto: ATA Açoresartesanato A paciência e o engenho de artífices, ao longo de décadas e séculos, foi criando artes que se fizeram tradição, ora recorrendo às matérias-primas, por vezes inusitadas, que a natureza disponibilizava 31 Açoresentrevista NOÉ RODRIGUES, SECRETÁRIO Produtos únicos com as qualidades POSSUINDO UM LARGO LEQUE DE PRODUTOS REGIONAIS ABSOLUTAMENTE DISTINTIVOS E EXCLUSIVOS NO PAÍS E ÚNICOS NA EUROPA E, MESMO, NO MUNDO, OS AÇORES DESENVOLVEM UMA ACTIVA ESTRATÉGIA DE DEFESA, PROMOÇÃO, QUALIFICAÇÃO DAS SUAS PRODUÇÕES GENUÍNAS. DOS PRODUTOS E DAS POLÍTICAS PARA A SUA PROTECÇÃO, FALA, COM EVIDENTE ORGULHO, NOÉ RODRIGUES, SECRETÁRIO DA AGRICULTURA DO GOVERNO DOS AÇORES, PARA QUEM “OS AÇORES NÃO SÃO SÓ A MARCA DE QUEM VIVE E TRABALHA NO ARQUIPÉLAGO, MAS UMA MARCA NACIONAL QUE OFERECE AOS CONSUMIDORES PRODUTOS DE EXCELÊNCIA, A COMEÇAR, DESDE LOGO, PELAS PRÓPRIAS ILHAS”. Temos planos estratégicos de valorização e promoção dos inúmeros produtos regionais menos conhecidos, colocando-os à boleia de produtos com imagem já consolidada. Em simultâneo, apostamos no reforço da qualidade dos produtos mais conhecidos – ananás, chá, ou queijo de S. Jorge – aumentando a sua capacidade de “arrastamento” dos menos conhecidos. 32 O que distingue os produtos regionais dos Açores? Noé Rodrigues – A produção com maior expressão económica e social nos Açores é de carne e produtos lácteos: carne e produtos lácteos. No entanto, as condições naturais e ambientais de excepção vocacionam os Açores para muitas e variadas outras produções típicas que se diferenciam dos seus concorrentes de outras regiões. Muitos dos produtos das ilhas são verdadeiramente “gourmet”. Para potenciar essas produções o Governo dos Açores tem estratégias de apoio às associações de produtores, visando organizar e valorizar o que é mais típico, investindo, entre outros aspectos, na Denominação de Origem ou Identificação Geográfica Protegida. Na maioria dos casos, com produções em pequena escala, é fundamental reforçar o associativismo e organização e capacidade de gestão dos produtores, conferir dimensão crítica às produções e desenvolver estratégias de qualidade, promoção e colocação nos mercados. Há que tirar partido e reforçar o prestígio de conotação com a “Marca Açores”. O ananás ou o chá devem ser olhados como “rebocadores” para o acesso ao mercado de outros produtos de excelência menos conhecidos. Salvo raras excepções, temos pequenas dimensões em todas as cadeias de valor, embora possuindo produtos vendáveis, muitos dos quais eram comercializados como “marca branca”, sem referência às suas características diferenciadoras nem aos Açores como região de origem. Agora temos planos estratégicos de valorização e promoção dos inúmeros produtos regionais menos conhecidos, colocando-os à boleia de produtos com imagem já consolidada. Em simultâneo, apostamos no reforço da qualidade dos produtos mais conhecidos – ananás, chá, ou queijo de S. Jorge – aumentando a sua capacidade de “arrastamento” dos menos conhecidos. Quer dar um exemplo ilustrativo dessas políticas de qualidade? Noé Rodrigues – A carne, agora certificada, é um caso exemplar. Até há dois anos eram exportados animais vivos. A alimentação nas últimas semanas é determinante para a caracterização da carne, pelo que o gado exportado vivo não poderia ser “Carne dos Açores”, uma vez que ficava à volta de 3 semanas em áreas de acabamento, a recuperar da viagem. Assim, criámos uma rede regional de abate e salas de desmanche que nos permitem, desde há dois anos, colocar no mercado nacional “Carne dos Açores” de qualidade certificada, ora em carcaça, ora em formato de consumo. Também os lacticínios mudaram de paradigma, apresentando novos produtos e beneficiando de incentivos para produtos de maior valor acrescentado. Aliás, estamos a incentivar projectos e investimentos que tragam aos Açores produções com maior incorporação de valor e maior diferen- REGIONAL DA AGRICULTURA Açoresentrevista da natureza competitiva. O consumidor do Continente faz uma apreciação muito positiva da região dos Açores e dos seus produtos, reconhecendo-nos a mais-valia do equilíbrio ambiental e de métodos de produção muito próximos do natural. Nós produzimos quase tudo a céu aberto. Estamos a desenvolver um plano operacional de marketing que passa por uma campanha institucional de promoção e notoriedade dos”Açores” como marca. Essa “Marca Açores” poderá, com vantagens, ser complementar às marcas dos produtos. Estamos a desenvolver um plano operacional de marketing que passa por uma campanha institucional de promoção e notoriedade dos”Açores” como marca. Essa “Marca Açores” poderá, com vantagens, ser complementar às marcas dos produtos. Que outros produtos regionais mais emblemáticos e diferenciadores merecem certificação? Noé Rodrigues – Em cada ilha há diversos produtos referenciados para certificação ou já certificados. No caso de Santa Maria, há a meloa de Santa Maria, certificada, de enorme genuinidade e qualidade. Em breve haverá carne IGP de Santa Maria, o mesmo se aplicando ao mel daquela ilha. Apoiamos as organizações de produtores locais e um plano estratégico de valorização destes produtos com uma imagem de marca comum que já aparece no mercado. Em S. Miguel temos o ananás e o maracujá, ambos DOP e estamos a desenvolver o processo para certificação do chá. Na Graciosa também há uma meloa de excepcional qualidade, assim como o alho, ambos já dispondo de um plano estratégico. No que se refere aos queijos temos uma oferta muito diversificada, que abrange praticamente todas as ilhas. Para além dos certificados de São Jorge e do Pico, temos muitos outros queijos de qualidade e personalidade. A que mercados chegam estes novos produtos? Noé Rodrigues – Para as produções de pequena escala Foto: Inédia/Carlos Duarte estamos a desenvolver contactos com nichos de maior presciação de mercado no Plano de Desenvolvimento Rural dos tígio, abordando, por exemplo, as lojas gourmet. É um Açores aprovado, estes são os investimentos com apoios canal adequado e que valoriza as pequenas produções de majorados e mais significativos. Pretendemos potenciar e qualidade. Entretanto, procuramos assegurar que as campanhas promocionais se orientam para mercados em que os valorizar, em todas as vertentes, a “Marca Açores”... produtos dos Açores estão garantidamente disponíveis. A “Marca Açores” ou as marcas dos Açores? Noé Rodrigues – Durante muitos anos raras eram as pro- A certificação dos frutos, alguns dos quais tropicais, dos duções de lacticínios dos Açores com marca própria. Nos Açores já se traduz em maior procura? queijos, o único que se afirmou a nível nacional como Noé Rodrigues – Não nos falta variedade nem qualidade – marca individualizada foi o “Terra Nostra”. As grandes antes pelo contrário –, mas as características de certos frucadeias de distribuição privilegiaram sempre as suas mar- tos, desde logo as suas dimensões superiores ao standard de cas próprias – as “marcas brancas” - fazendo com que as compra pelo mercado, têm condicionado a sua exportação. unidades industriais dos Açores, tal como as do resto do Isso acontece, por exemplo, com as anonas, que aqui tem país e da Europa - vocacionassem a sua produção para as excepcional qualidade. Mas na Terceira temos já casos de “marcas brancas”, que não conotam os produtos com a res- sucesso com as maçãs golden e as maçãs reinetas. E já estão em processo de certificaçao as meloas de Santa Maria, os pectiva região de origem. No caso dos Açores, a ligação à região dá uma vantagem alhos da Graciosa, o ananás e o maracujá de S. Miguel.... 33 Açoresprodutos regionais GASTRONOMIA Viagem por pala A GASTRONOMIA, DE PALADAR ÍMPAR NO QUADRO NACIONAL, É RICA E TENTADORA, PROPORCIONANDO UMA VIAGEM DE DESCOBERTA POR UM MUNDO DE NOVOS SABORES AOS APRECIADORES DO MELHOR DAS ARTES E TRADIÇÕES CULINÁRIAS DO PAÍS. Abunda a carne de bovino de qualidade certificada, tenra e suculenta. Não falta uma infindável variedade de peixes Fotos: Inédia/Carlos Duarte Os iogurtes da natureza Apareceram no mercado novos iogurtes fresquíssimos e de sabor inigualável, produzidos na ilha Terceira pela Lactilhéu. A matéria-prima vai directamente da ordenha para a linha de produção, conservando todas as características naturais do leite. O leite utilizado é de animais alimentados nas pastagens naturais – que, graças à luzerna dispensam fertilizantes químicos – da bacia leiteira do Paúl, classificada pela União Europeia como zona de pastagens com características excepcionais para a produção de leite. Com pedaços de amora silvestre, de pêssego, de maracujá dos Açores, de cereja e de framboesa, em versões magro, sem adição de açúcar e com aromas . 34 e diversidade de marisco com a frescura do mar. A doçaria regional é rica e imaginativa, com proposta sem paralelo. Em matérias de queijos afamados e de forte personalidade o arquipélago não tem paralelo. No que toca aos produtos regionais, a oferta é CHÁ DOS AÇORES BIOLÓGICO E REQUINTADO Na costa Norte da Ilha de S. Miguel acolhem-se, desde o final do século XIX, as únicas plantações de chá da Europa, actualmente, com duas marcas – “Gorreana” e “Porto Formoso”. As condições de clima, solo e geográficas da região, associadas à pureza ambiental, conferem ao chá ali cultivado particularidades exclusivas, tornando-o num produto regional muito apreciado. A planta do chá terá vindo do Brasil para S. Miguel, em cujo solo vulcânico se “deu bem”, com o seu cultivo a ganhar relevância após a chegada à ilha de dois “mestres” chineses no último quartel do século XIX com a missão de ensinar “os segredos” do seu cultivo e produção. Em resultado da política do Estado Novo de protecção ao chá de Moçambique, as mais de uma dúzia de plantações que chegaram a pontuar em S. Miguel foram decaindo ao longo do século XX até restar apenas a “Gorreana”, que se manteve ininterruptamente deste a fundação em grande e diversificada, desde logo a começar pela “pimenta da terra”, pelo inhame. Em matéria de frutas, reina uma oferta de frutos tropicais, que ali bafejados pela generosidade do solo e pelo clima, adquirem sabores de uma excelência distintiva. Todos esses produtos foram, com a arte, o tempo e o apurar do paladar convertidos em pratos de uma gastronomia regional típica e cheia de personalidade, com declinações em cada ilha. Um cardápio que se desdobra em mil opções: sopas e caldeiradas de peixe; polvo guisado – com variantes à moda de cada ilha – mas sempre bem condimentado; a excelência das lapas grelhadas na chapa com manteiga ou o hoje já raro arroz de lapas; a inconfundível e generosa Alcatara de Peixe; as incomuns Ameijoas de S. Jorge, única ilha em que “se dão”; as 1883. Nos princípios do século XXI, surgiu o “Porto Formoso”, que recuperou as antigas plantações e tradições. São diversas as variedades produzidas por ambas as marcas: o “orange pekoe”, o “pekoe” ou o “broken leaf”, apreciadas pela personalidade e sabor refinado, a que se junta o famoso chá verde “Hysson”, exclusivo da “Gorreana”, afamado pelo seu paladar suave e propriedades terapêuticas: como anti-oxidante, anti-cancerígeno, antiinflamatório e purificador do organismo. Com produção artesanal, orgânica e inteiramente biológica – não são usados fertilizantes nem aditivos químicos – está patenteado no INPI como “Chá dos Açores – o chá europeu”, decorrendo o processo para a sua certificação. “ALHO DE NOIVAS” Até o alho aqui ganha qualidades de excepção. O alho da Graciosa , disponível nas variedades branca e vermelha, distingue-se pela maior intensidade do sabor e por demorar mais tempo a espigar, sendo hoje comercializado, sob marca “Pedras Brancas”, em embalagens próprias, uma delas inesperada: uma espécie de ramalhete de noiva contituído por uma cartolina redonda, com um orifício ao meio, pelo quel passam as ramas de meia dúzia de cabeças de alho. A Graciosa, por seu turno, ensaia este ano a exportação do seu apreciado alho, com sabor marcante, para as restantes ilhas. ANANÁS DOS AÇORES COM CORÔA E É REI...DOS FRUTOS Começou por ser uma planta ornamental trazida da América Central em meados do séc. XIX. Com o tempo e laboriosa arte, transformou-se num suculento fruto, de características ímpares, sem rival noutras paragens. É o «Ananás dos Açores», artesanal, muito apreciado e considerado internacionalmente como o «melhor do Mundo», que na ilha de S. Miguel se cultiva em estufas, de vidros pintados a branco, que se alinham, ordenadamente, umas ao lado das outras. De crescimento lento e laborioso, o ana- Açoresprodutos regionais dares inéditos afamadas Cracas, com sabor a maresia; os grandes caranguejos de fundo, apaladados e bem condimentados; os cavacos e lagostas que desconhecem viveiros. O menú regional de carnes é interminável, contando com propostas de personalidade únicas no panorâma nacional, todas de degustação obrigatória: o incontornável “Cozido das Furnas”, de S. Miguel, cozinhado em buracos nos vulcânicos vapores exalados da terra; a famosa Alcatara da Terceira, com diversas suculentas carnes demoradamente cozinhadas em alguidar de barro; a Molha de Carne do Pico e do Faial, com um ineludível travo a canela; a linguíça de carne de S. Miguel, bem condimentada com “pimenta da terra”; as morcelas – de sabor intenso da pimenta em S. Miguel e cheiran- nás, para que tenha qualidade, exige enormes cuidados e muita e dedicada mão-de-obra para “fazer a cama” (a terra preparada em camadas de matéria orgânica), proceder a sucessivos transplantes, «fumar» os frutos – durante nove noites são submetidos ao fumo para que as plantas floresçam todas ao mesmo tempo, num conjunto de trabalhos que duram os 18 meses que medeiam entre o momento em que o fruto é plantado até que esteja em condições de ser colhido. O ananás, em S. Miguel, come-se com tudo e de todas as maneiras. Dulcissímo, com um contrastante travo ligeiramente ácido, tem um sabor incomparável. É apreciado ao natural, como sobremesa – simples ou regado com vinho do Porto –, e muito usado na confecção de doces e bolos ou como acompanhamento privilegiado de certos enchidos e carnes gordas. Quando associado à deliciosa morcela dos Açores, picante, revela-se em esplendor «gourmet». A imagem deste fruto artesanal foi recentemente renovada, passando a apresentarse nas tradicionais caixas de madeira ou do a canela na Terceira; a carne de torresmos, de porco, generosamente apaladada; a pasta de pé de torresmo, a convidar ao petisco. Nos vinhos sobressaem os afamados verdelhos do Pico, mas já complementados por interessantíssimas propostas em brancos e tintos. A tradição doceira, pródiga em compotas de frutos exóticos, como o maracujá ou os «capuchos», diferencia-se em cada ilha, em S. Miguel com as queijadas da Vila Franca, no Pico e S. Miguel com a massa sovada, na Graciosa com as queijadas e em Santa Maria com as cavacas. São Miguel é a única parcela do território europeu onde se cultiva chá, um exclusivo a que se associa o Café numa das fajãs de São Jorge. cartão, agora com a designação de King – numa alusão a este fruto, com corôa, que nos Açores é mesmo Rei. MELOA DE SANTA MARIA Polpa alaranjada, suculenta, muito doce e aromática, são características que dão fama à meloa de Santa Maria. O fruto, de uma variedade que se distingue de todas as outras pelo aroma e sabor, justifica a designação IGP (Indicação Geográfica Protegida) que hoje já ostentam. Fruta do Verão por excelência, rica em vitamina C, as meloas são plantadas entre Abril e Maio e colhidas entre Julho e Setembro. A especificidade do sabor da meloa de Santa Maria, de casca amarelada e reticulada, resulta do clima e propriedades do solo seco, argiloso e rico em potássio – responsável pelo intenso doce dos frutos. A variedade com coloração laranja é mais rica em vitamina C do que as que apresentam cor mais clara. Mas ambas são deliciosamente doces. Uma produção que já começa a aparecer no mercado nacional. ENCHIDOS AÇORIANOS SEM RIVAL NO PAÍS Sem rival no resto do país, as morcelas açorianas, com um destaque muito particular para as micaelenses, são uma especialidade tradicional que reúne todas as qualidades para se constituir como um produto «gourmet». Igualmente notável entre os enchidos açorianos são as linguiças e chouriços ricos em carne, também temperados com malagueta, que se apresentam numa grande variedade quanto à intensidade de picante, constituindose como excelentes, sejam para assar, fritar ou, ainda, cozer - isoladamente ou conjuntamente com as carnes do cozido a que emprestam um paladar inédito. Chouriços e linguiças, além da «pimenta da terra» são também temperados com alho, colorau, vinho branco e limão galego (uma espécie de limão particularmente «azeda», excelente para utilização culinária). Verdeiramente a não perder! Pimenta da Terra Marca de personalidade da cozinha açoriana é o uso imaginativo das especiarias, uma herança de tempos em que os navios das rotas de África, da Índia e das Américas aportavam os Açores. Pimentas preta e da Jamaica, noz-moscada, cravinho e canela ou erva-doce, marcam presença nos pratos açorianos.Especialmente típica de S. Miguel – e provavelmente relacionado com o regresso dos navegantes na volta da Guiné – é a malagueta ou “pimenta da terra”, cujas origens estarão nas costas africanas da Guiné, de uso generalizado pelos micaelenses e em muito responsável pelo picante paladar distintivo da cozinha tradicional da ilha. Produzem-se em toda a ilha de S. Miguel. São uma espécie de malaguetas, com um picante menos intenso, emprestando um sabor único. Ainda hoje se vendem inteiras, no fim do Verão, para quem se atreva a “amanhá-las” em casa. Tradicionalmente conservavam-se inteiras, em salmoura ou em curtume de vinagre. Ou eram guardadas em calda, moídas ou picadas. Hoje são comercializadas em frascos, inteiras, moídas ou em calda. O seu picante, ora mais intenso, ora ligeiro, confere um paladar ímpar aos pratos. E em S. Miguel entra em praticamente tudo, sendo mais comedida a sua utilização nas outras ilhas. 35 Açoresprodutos regionais QUEIJO DE S. JORGE O segredo está na cura OS GRANDES QUEIJOS DE SÃO JORGE, PRODUZIDOS ARTESANALMENTE A PARTIR DE LEITE CRU – NÃO PASTEURIZADO - DE GADO ALIMENTADO NATURALMENTE, EXCLUSIVAMENTE COM ERVA, SÃO REFERÊNCIA PELO SEU INIMITÁVEL TRAVO “PICANTE”, ADQUIRIDO NOS LONGOS MESES DE CURA. AS CONDIÇÕES NATURAIS DA ILHA – COMPRIDA E MUITO ESTREITA – TERÃO INFLUÊNCIA NAS PASTAGENS E NAS CARACTERÍSTICAS DO LEITE USADO NA SUA PRODUÇÃO, CONFERINDO-LHES UMA TIPICIDADE ÚNICA. Queijadas da Graciosa Tradição com sabor De tradição secular, é um doce regional da Ilha Graciosa divulgado em todo o arquipélago dos Açores e, há mais de uma década, exportados para fora da Região – do Continente aos EUA. De sabor delicado, tem forma de estrela e a sua massa exterior fina e estaladiça acolhe um recheio de ovos e leite. A sua confecção cinge-se à freguesia de S. Mateus onde, vai para vinte anos, a sua artesã, fundou a primeira e única fábrica de covilhetes de leite da ilha, que tornou conhecidas como Queijadas da Graciosa. Um doce pecado irrecusável! 36 “O queijo de São Jorge é, seguramente, uma das melhores marcas nacionais de lacticínios, só ultrapassado pelo queijo da Serra e como queijo daquele formato é, seguramente, a melhor marca nacional”, afirma, convicto, Noé Rodrigues, responsável pela pasta da Agricultura no Governo dos Açores. Embora todo produzido da mesma maneira – cumprindo as exigências de qualidade e higieno-sanitárias europeias -, um sistema de provas protagonizado pela Confraria do Queijo de S. Jorge distingue, hoje, os que alcançaram o patamar da excelência, merencendo ostentar o certificado DOP (Denominação de Origem Protegida). O queijo certificado tem uma rotulagem muito específica, visível na côdea, que o diferencia de todos os demais produzidos em São Jorge. “Hoje, todo o queijo é produzido em S. Jorge sensivelmente da mesma maneira, tendo qualidade, mas o certificado é , seguramente, aquele que corresponde às elevadas expectativas de tipicidade do consumidor” diz Noé Rodrigues, que convida os compradores a atentarem “ao selo de DOP, pois nem todo o queijo é certificado e as superfícies comerciais frequentemente não diferenciam os que o são dos que não são”. O governante adianta, ainda, que “o segredo da genuinidade deste queijo está nas condições e duração da cura, alcançando-se a excelência naqueles com mais tempo de cura – algum chegam aos nove meses”. Adianta que, para garantir a qualidade deste produto, o Governo dos Açores “investiu seriamente no apoio aos produtores, dotanto a ilha de S. Jorge e uma rede de recolha de leite e de modernas câmaras de frio para cura, assim como na qualidade, através da definição de critérios de certificação e da majoração da subsidiação aos exemplares com mais tempo de cura”. QUEIJOS – VARIEDADE E PERSONALIDADE Muitos, diversos, apaladados e cheios de personalidade são os queijos produzidos em todas as ilhas dos Açores. O “tipo ilha” não é exclusivo de S. Jorge, tendo produção com personalidades muito próprias –, embora não certificada – nas outras ilhas: na Graciosa, no Faial, nas Flores e em S. Miguel. Santa Maria também pontua, oferecendo queijo DOP. Nos últimos anos surgiu o Queijo Velho – com uma pasta mais consistente que o ilha, um excelente travo picante natural, que faz lembrar certas variedades do melhor parmesão italiano. Na Terceira inúmeras são as propostas. De S. Miguel, chega, ainda, uma das mais conhecidas marcas nacionais de queijo tipo “bola”, o afamado “Terra Nostra”. Típico, ainda, em todo o arquipélago, é o “queijo fresco”, feito a partir de leite cru de vaca, tradicionalmente consumido localmente com “pimenta da terra”, sendo uma entrada obrigatória em qualquer restaurante das ilhas. QUEIJO DO CORVO – UMA RARIDADE Diferenciador é o queijo do Corvo, de produção muito limitada, grandemente apreciado, sendo talvez, segundo o Secretário da Agricultura do Governo dos Açores, “o mais valorizado queijo do arquipélago, que se esgota no mercado local”, adiantando que o governo da região está a desenvolver medidas de apoio ao aumento da produção de leite visando reforçar a quantidade e qualidade deste queijo do Corvo. QUEIJO DO PICO O queijo “S. João”, do Pico – redondo, com cerca de 20 cm de diâmetro, e baixo –, produzido artesanalmente, em pequenas quantidades, em queijarias tradicionais a partir de leite cru, também é um produto com grande personalidade. Com tempos de cura curtos, este queijo apaladado, de pasta semi-mole, surge esporadicamente à venda no Continente, merecendo ser degustado. Foto: Inédia/Carlos Duarte Foto: Inédia/Carlos Duarte LOJA AÇORES Sabores genuínos com espaço em Lisboa A PARTIR DE FEVEREIRO DE 2009, OS MUITOS E INCONDICIONAIS APRECIADORES DOS MAIS GENUÍNOS E RAROS PRODUTOS REGIONAIS AÇORIANOS VÃO PODER ENCONTRÁ-LOS E DEGUSTÁ-LOS EM LISBOA, NUM ESPAÇO QUE SE VAI INSTALAR NA AV. ELIAS GARCIA N.º 57, ALI PERTO DO SALDANHA. Visando Neste espaço dos Açores em Lisboa está prevista a realização de provas de degustação ou pequenos encontros gastronómicos, entre outras iniciativas, sempre associadas, também, à promoção, divulgação e informação turística e cultural dos Açores. a valorização e notoriedade dos produtos tradicionais do arquipélago o Governo dos Açores, em parceria com empresas e associações empresariais da Região, investiu na criação da “Loja dos Açores” como espaço vocacionado para a divulgação, comunicação, promoção e comercialização do melhor e mais genuíno que a região tem para oferecer aos consumidores externos, funcionando também como uma plataforma de difusão turística, cultural e das actividades e iniciativas dos agentes económicos e empresarias da região. Reunindo produtos, artesanato e informação de todas as ilhas do arquipélago, o primeiro desses espaços surgiu em Ponta Delgada, nas Portas do Mar, ponto privilegiado de entrada e de atracção de um número muito significativo de turistas. Seguese, em Fevereiro de 2009, a abertura de uma “Loja Açores” em Lisboa, esta com mais valências e funções estratégicas ampliadas. A componente de exposição e comercialização dos produtos regionais é ali complementada com talho, para venda da Carne dos Açores e da grande diversidade de enchidos da região, contemplando, ainda um serviço de balcão centrado na disponibilização de produtos e de gastronomia açoriana. Esta iniciativa, que promete trazer a Lisboa os mais genuínos produtos dos Açores, constitui-se, ainda, numa mais-valia comercial para a divulgação das pequenas produções e produtos locais, muitos dos quais já ostentam os selos de certificação comunitária como DOP (Denominação de Origem Protegida) ou IGP (Indicação Geográfica Protegida), permitindo reforçar a imagem da “Marca Açores”. Neste espaço dos Açores em Lisboa está prevista a realização de provas de degustação ou pequenos encontros gastronómicos, entre outras iniciativas, sempre associadas, também, à promoção, divulgação e informação turística e cultural dos Açores. A nova Loja dos Açores em Lisboa será, assim, uma plataforma global de apoio à “Marca Açores”, constituindo-se como um espaço de referência para a afirmação da imagem do arquipélago no Continente, bem como um centro de facilitador de contactos e uma plataforma de negócios para as empresas e produtores açorianos no seu desenvolvimento de estratégias para abordagem dos consumidores e do mercado nacional. “Uma espécie de representação económica e cultural de tudo o que de bom a região tem para oferecer em todas as áreas”, explica o Secretário da Agricultura, Noé Rodrigues, adiantando que a Loja dos Açores “passa a ser uma plataforma de comunicação com os mercados e de suporte às estratégias de valorização e de divulgação das produções regionais promovidas pelos agentes económicos regionais”. “Desejamos que a loja se converta num centro de difusão da realidade açoriana, quer dinamizando e promovendo iniciativas de divulgação dos Açores noutros espaços, quer indo ao encontro dos públicos interessados nas múltiplas áreas da vida açoriana”, acrescenta o governante, adiantando que “não vai ser um espaço do Governo dos Açores, mas sim um espaço onde também o governo desenvolverá algumas iniciativas de divulgação do arquipélago, esperando-se que os agentes económicos da região saibam utilizar as possibilidades que a loja lhes disponibiliza”. 37 O ALOJAMENTO Açoresalojamento OS AÇORES ABREM AS PORTAS DE UMA OFERTA DE ALOJAMENTO HOSPITALEIRA E, HOJE, DE GRANDE REQUINTE. Actualmente dispondo vários empreendimentos hoteleiros de quatro e três estrelas e casas de turismo rural nas ilhas, a aposta é na qualificação, diversidade e sofisticação do conforto. No âmbito de uma estratégia turística, verifica-se nos últimos anos um forte crescimento e requalificação diferenciadora da oferta hoteleira açoriana, de especial sensibilidade arquitectónica, urbanística e paisagística. A ampliação da capacidade e qualidade do alojamento turístico, principalmente na ilha de São Miguel, Terceira e Faial, veio potenciar o surgimento de novas oportunidades turísticas, dotando a região com a capacidade para acolher grandes eventos e um turismo de negócios que procura requinte e diferenciação. A generalidade da hotelaria, independentemente da tipologia e da classificação, oferece distinção, charme e um bom gosto muito próprio das ilhas. Distinguem-se, pelo que de genuíno tem a propor nas diversas ilhas, as Casas Açorianas, designação local para um turismo de habitação e rural de excepcional qualidade que se tem expandido e afirmado em todas as ilhas, com propostas absolutamente paradisíacas. No Pico, velhas adegas restauradas e convertidas em verdadeiros paraísos do turismo rural são um bálsamo para umas férias de sonho no meio da calma e beleza da ilha. Junto ao mar, casas de pedra negra enquadradas por uma decoração de culto e charme proporcionam um conforto em paisagens de cortar a respiração. Ao longo da costa entre as vinhas e o mar, pitorescas e tradicionais casas de basalto impõe-se, ao olhar e convidam à descoberta. CASA DOS BARCOS (S. MIGUEL – FURNAS) Margem Sul da Lagoa das Furnas – Furnas Telefone: 296285895 www.casadosbarcos.com Um ambiente sereno e repousante, resultado da harmonia de uma vista intensa sobre a lagoa das Furnas e uma imensidão de verde luxuriante, com o charme de aposentos de sonho e sensações únicas. CASA DO NORTE GRANDE (S. JORGE) Velas – Calheta Telefone: 295 416 608 www.ccnortegrande.com Respire a tranquilidade e Bem-estar num ambiente rural de beleza singular. “Na casa” a História, na paisagem o embalo do mar, numa atmosfera única que se vê e sente. HOTELARIA TRADICIONAL Inúmeras são as unidades disponíveis nas diversas ilhas. A qualidade é crescente. Em comum, quase todas oferecem as paisagens ímpares e deslumbrantes. Destaque para a oferta do Grupo Bensaúde, com os seus hotéis fronteiros ao mar na marginal de POCINHO BAY (PICO - MADALENA) Ponta Delgada e da Horta, a que se junta a ímpar unidade das Pocinho Monte Furnas, com o seu jardim botânico – um lugar de paraíso, belo Telefone: 292628460 de morrer, de onde não apetece não mais voltar. Em várias das www.pocinhobay.com Antiga quinta vinhateira, convertida num verdadeiro oásis de ilhas, a capacidade de alojamento já alcançou uma dimensão charme e conforto, com piscina natural e paisagens deslum- crítica para acolher eventos de grande e média dimensão, abrinbrantes sobre o mar, onde não se olha a luxos para que a nossa do as ilhas ao turismo de negócios com a oferta mais diferenciadora do país. estada se torne, verdadeiramente, memorável. CASAS AÇORIANAS 38 Foto: Inédia/Carlos Duarte Distinção e diversidade BENSAUDE TURISMO Açoresalojamento Espaços diferentes… o mesmo conceito: qu Fotos: Grupo Bensaude A BENSAUDE TURISMO, HOLDING ESPECIALIZADA EM HOTELARIA E TURISMO, ENGLOBA UMA CADEIA HOTELEIRA DE NOVE HOTÉIS, DISTRIBUÍDOS PELAS PRINCIPAIS ILHAS DO CIRCUITO AÇORIANO. Na ilha 40 de S. Miguel, o Hotel Marina Atlântico de, 4 estrelas, situa-se em plena avenida marginal de Ponta Delgada, enquadrado pela marina e Portas do Mar, tendo como pano de fundo um imenso mar azul sempre presente, sempre diferente. A arquitectura, moderna, destacam-se os variados castanhos, as madeiras ou as pedras escuras que marcam a traça, numa composição de estilo náutico, profusamente envidraçado e refulgindo o brilho da luz que atravessam as distintas transparências de enormes vidraças. O Hotel dispõe de capacidade para acolher diversos eventos em salas com luz natural e é dotado dos mais modernos equipamentos audiovisuais. A sofisticação do conforto traduz-se em aposentos de luxo e espaços de requinte. Os quartos, espaços públicos e business center são equipados com sistema wi-fi. No Health Club TopFitness Mar encon- tra-se um ginásio, com sala para aulas de grupo, piscina interior aquecida, sauna, jacuzzi, banho turco, massagens, esteticista e cabeleireiro, dispondo de parque de estacionamento privativo. O piso executivo do hotel faculta uma sala lounge e elevador privativo. O mar, em pano de fundo, é o primeiro deslumbramento do Hotel Marina Atlântico. Na ilha Terceira, no centro histórico de Angra do Heroísmo, cidade Património da Humanidade, um verdadeiro resort de arquitectura clássica abre portas ao conforto e ambiente caloroso. No Terceira Mar Hotel, igualmente de 4 estrelas, junto ao mar, frontal à Baia de Angra, destaque para os jardins, a piscina interior, sauna, jacuzzi, banho turco, massagens, sala de jogos, sala de leitura e dois Courts Ténis. O conforto estendese aos quartos, espaços públicos e business centers, com sistemas de wi-fi. Para eventos e festividades, o Hotel é dotado de uma sala de conferências com modernos equipamentos de audiovisual e capacidade máxima, em plateia, para 230 pessoas. A par da tranquilidade e conforto, disponibiliza uma atraente e enorme piscina exterior, de água salgada, que parece fundir-se com o oceano. alidade! Na frente marítima da Horta, na ilha do Faial, junto ao cais de embarque para as outras ilhas do triângulo e com uma deslumbrante vista sobre a montanha do Pico, o Hotel do Canal. De 4 estrelas, proporciona uma estadia revigorante, na tranquilidade do mar. Neste Hotel boutique, os motivos marítimos, os veleiros, os bacalhoeiros e os hidroaviões, contam a história da ilha, onde a tradição manda que haja sempre um porto seguro. O Hotel do Canal apresenta-se, assim, como um excelente “porto de abrigo” na ilha do Faial, na rota do Oceano Atlântico. Dispõe de 103 quartos, jardim de Inverno, ginásio, sauna, jacuzzi, banho turco, terraço com vista sobre o mar, garagem privativa, e à semelhança dos outros hotéis do grupo, está equipado com sistema wi-fi. No conforto tradicional da rede de Hotéis Bensaude, é possível descobrir a natureza, o mar, os trilhos, as lagoas, os sabores, as gentes, os cheiros e as tradições das ilhas dos Açores. Para mais informações e contactos visitar: www.bensaude.pt Saltar entre Ilhas é fácil e económico Porque os Açores não se esgotam numa ilha, há que descobri- las a todas. Sabia que deslocar-se de uma ilha para outra nos Açores pode ser mais económico do que uma ida e volta entre Lisboa e Porto, ou do Porto ao Algarve? Viajar entre ilhas decerto não esgota o cartão de crédito. A Sata – Air Açores, liga as diversas ilhas do arquipélago e pratica uma politica de pacotes promocionais aliciantes com vários tarifários consoante a altura do ano e disponibilidade de voos. Se o objectivo for um percurso pela magia das ilhas de S. Miguel e Terceira conte 97.47 euros mais taxas (tarifa para não residentes). Valor que pode baixar mediante as tarifas especiais existentes no momento. Ou, em alternativa, cruze as águas e embarque num dos barcos ou Ferry que ligam as diversas ilhas. Um opção que até pode ser um encontro com golfinhos no silêncio do mar. A Transmaçor, Lda. assegura, durante todo o ano, o transporte marítimo de passageiros entre as ilhas Faial, Pico e S. Jorge, utilizando quatro embarcações. Entre Junho e Setembro, estende as suas ligações também à ilha Terceira. Por 3,40euros viaja do Faial para o Pico. Do Pico para S. Jorge a viagem tem o valor de 10,90 euros e de S. Jorge se pretender rumar à Terceira são 44,75 euros. A Atlânticoline, SA, por sua vez, vai assegurar em 2009, a partir de Maio e durante todo ano, o transporte marítimo de passageiros e viaturas entre todas as ilhas dos Açores, utilizando dois Ferry. A verdade é que, sem grandes despesas, até pode descobrir novos mundos em cada ilha. Para mais informações consulte as páginas online: www.atlanticoline.pt; www.transmacor.pt; www.sata.pt A meteorologia engana Embora não se engane, a Meteorologia induz quem não seja dos Açores a enganos. As previsões meteorológicas diárias nas televisões nacionais, com frequência, indicam “chuvas” ou “aguaceiros” nos Açores, referindo-se a algum dos três grupos de ilhas. Mas, o certo, é que apesar das previsões, é frequente o sol brilhar e até fazer calor, mesmo em pleno Inverno. Os Açores estendem-se por uma vasta extensão marítima, distando as ilhas nos extremos do arquipélago mais de 600 km entre si. Por isso, mesmo que se verifiquem “períodos de chuva” ou “aguaceiros”, as probabilidades de que isso possa acontecer no oceânico são grandes. E, mesmo quando acontecem “aguaceiros” em terra, estamos perante aquela chuva miudinha, passageira, que rapidamente cede lugar ao sol. Em Dezembro último, por exemplo, ao longo de 12 dias, alguns dos quais em que se regelava no Continente, a verdade é que nas ilhas, tirando dois dias de chuva mais persistentes, nos restantes não só não choveu como o sol até brilhou, havendo em alguns deles gente a mergulhar e nadar nas águas do Atlântico e uma intensa actividade de pequenos barcos à vela. Para quem queira comparar as previsões com a realidade basta observar as imagens do dia, nas diversas ilhas, disponibilizadas por câmaras de vídeo alcançáveis através do site: www.climaat.angra.uac.pt/WebCams/ ATÉ 2013 Fotos: Inédia Açoresa fechar Energias alternativas respondem 50% das necessidades Os Açores, apostados num modelo de desenvol- vimento económico ambientalmente sustentável, verão 50% das suas necessidades satisfeitas por energias alternativas dentro de 5 anos, em 2013. Hoje as renováveis respondem a 28% do consumo da região – 22% geotérmica, 4% eólica e 2% hídrica – evitando a emissão de 145 mil toneladas de CO2 para a atmosfera. Pioneiros a nível nacional nas energias renováveis, encontra-se nos Açores a única central geotérmica de produção de energia eléctrica do país, construída em 1980, em S. Miguel. Ali surgiu o primeiro Parque Eólico português, na Ilha de Santa Maria, em 1988. O arquipélago foi pioneiro também na energia das ondas, com a construção no Pico, em 1999, da primeira central de carácter experimental por iniciativa da EDA (Electricidade dos Açores), hoje nas mãos da “Wave Energy Centre” para investigação. Em resposta à crise dos preços dos combustíveis fósseis o Grupo EDA antecipou investimentos, destinando às energias renováveis nas diversas ilhas cerca de 112,5 milhões de euros para a construção de novas infra-estruturas de aproveitamento dos recursos geotermais, eólicos e hídricos, cujo resultado será o aumento em 120% da capacidade de produção destas energias nos próximos cinco anos. Presentemente existem parques eólicos em sete das 9 ilhas, representando já 15% da energia eléctrica consumida na Graciosa e das Flores. Foi aina inaugurado em 2008 na Ilha Terceira o maior parque eólico da empresa, que já significa a duplicação da produção de energia com base neste recurso renovável. Ao mesmo tempo a EDA investe na eficiência do seu sistema eléctrico combatendo as perdas, verificando-se que nos últimos dez anos, embora a procura média anual tenha aumentado 7,3%, a produção apenas cresceu 6,6%. Assinalável é o projecto “Ilhas Verdes” que a EDA, em cooperação com o Governo dos Açores, está a desenvolver em parceria com o MIT-Portugal e cujo objectivo é maximizar a utilização de energias renováveis a um custo economicamente viável. A EDA está ainda deligenciar para que, em poucos anos, as ilhas das Flores e Graciosa sejam auto-suficientes com base nas energias renováveis. Os Açores constituem-se, assim, num exemplo de economia ambientalmente sustentável, com a EDA a reunir conhecimentos, experiência e know-how inovador nas renováveis para reforçar a sua capacidade de enfrentar os desafios do futuro.