Book Folha Carioca_112.indb

Transcrição

Book Folha Carioca_112.indb
SAÚDE &
BEM-ESTAR
A multa para o lixo
na rua e os prejuízos
do acúmulo em casa
garimpo
cultural
Monólogos, teatro
infantil e o Festival
do Rio de cinema
POR DENTRO
DA FOLHA CARIOCA
12 anos de vida
e 1 ano de nosso
novo projeto
Jam Session durante o
show "Rock pela Paz",
no Teatro Odisséia, em
destaque o vocalista
Geffe Greco
EDITORIAL
&
SUMÁRIO
COLUNAS &
ARTIGOS
Homenagens
ao universo
masculino
4
05 Arlanza Crespo
Todo dia
é dia de
Qem é Quem
Nesta edição, a Folha fala de
roqueiros, amantes do gênero
musical, e, como a cidade tem muitas
surpresas, não é nada impossível o
leitor encontrar lugares em que só se
toca ou se faz rock. Nosso jornalista
Fred Alves apresenta boas dicas de
lugares na cidade onde o rock é
som nas caixas e nas veias. Nossos
colunistas dão o que falar. Iaci Malta,
agora se chama Maria e numa ideia,
inspirada num hóspede, que de tempo em tempos muda de nome, se
rebatiza! Lilibeth divide, em Os Sustos
e Delícias de ser avó, a emoção de
um momento feminino cada vez mais
comum ás mulheres que estão longe
de ser as vovozinhas das ilustrações
dos livros infantis.
Alexandre Brandão, em sua
crônica faz com muito humor, um
aconselhamento que qualquer leitor
vai adorar guardar para, quem sabe,
um dia seguir. A Samantha Quintans,
atualíssima, escreve sobre como se
pode, organizando e acariciando,
não fazer de nossas casas um lixo,
evitando multas bem mais altas que
aquelas do lixo jogado nas ruas.
Falando em gastronomia esta
edição está saborosa.
Tem poesia, literatura e olho na
mídia.
NA WEB
CAPA:
06 Sandra Jabour
10 Samantha Quintans
11 Lilibeth Cardozo
26 Oswaldo Miranda
27 Gisele Gold
28 Tamas
30 Iaci Malta
32 Haron Gamal
33 Alexandre Brandão
Reunir os amigos para ouvir um som. Este é o espírito
presente em quase todas as casas e espaços da cidade
dedicados ao bom, velho e (de preferência) alto rock’n’roll.
No Osso
ARTE &
CULTURA
POR DENTRO
DA FOLHA
12 anos de estrada e
1 ano do novo projeto
25
ESPECIAL ROCK´N´ROLL CARIOCA
•
•
•
•
18
Galeria de imagens
Banda Calibre Zero na luta
contra a violência urbana
Endereços e contatos dos bares de rock
Galeria de vídeos antológicos
24
GARIMPO CULTURAL
Teatro e cinema para
adultos e para a criançada
COMES
BEBES
&
GOSTO CARIOCA:
Uma fábrica de
delícias
12
A RLANZA CRESPO | QUEM É QUEM
[email protected]
Quero dar a volta ao mundo
Foto: Arthur Moura
Engraçado como nós cariocas não conhecemos nossa cidade. Lembro que em 1968 conheci Grumari levada por dois primos paulistas.
Eu (mais carioca impossível) nunca tinha ouvido falar dessa praia.
Assim foi também com o Cristo, onde só fui três vezes. Mas porque
estou falando tudo isso? É que quando minha filha começou a fazer
uns cursos na Faetec, que fica no Morro do Cantagalo, eu lembrei
que era no mesmo prédio onde,em 1970 eu ia namorar na boite
Berro D'Agua, do extinto Panorama Palace Hotel.
Me bateu a maior saudade e resolvi ir até lá para rever o lugar. Acabei
me inscrevendo no curso de Francês.
A professora é ótima e a turma muito
interessante. Logo na primeira aula
conheci o Cleidiston, e a professora
disse que ele era da comunidade, e se
precisássemos de ajuda para conhecer
os vários caminhos de acesso era só
falar com ele. Fui logo me apresentando e uma semana depois já éramos
amigos de infância. .
Cleidiston Celeres dos Santos
nasceu no dia 7/7/77 em Brasília.
O pai é militar e a mãe médica. Ele
resolveu morar sozinho e alugou um
apartamento bem no alto do morro
com uma vista indescritível de 360º.
Está lá há 4 anos e não pretende sair
mais. Se formou em Letras (Português/
Inglês) e está se formando no momento em logística. Tentei acompanhar a
descrição do seu dia a dia mas fiquei
cansada só de ouvir. O homem não
para! No momento estuda Inglês, Espanhol, Francês, informática, Autocad
e teatro. Faz também yoga, tai chi
chuan e um pouco de boxe. Fora isso
é agente de turismo e trabalha no Hotel Marina como "order taker", ou seja,
aquele que comanda o hotel todo nos
pedidos (logística administrativa). Tudo
isso somado às duas horas diárias de
internet e às 8 horas imprescindíveis
de sono, é um pequeno resumo do
dia a dia a do Cleidiston, que ainda
visita todas as exposições e vê todos
os filmes e peças de teatro que pode.
Se ele fica cansado? Claro que não! Ele
ama trabalhar e ele mesmo se define
como um "workholic".
Conversamos também sobre a
comunidade, onde ele se entrosou
com facilidade e que conhece como
a palma da mão.
Me falou do MUF (Museu da Favela), que conta a história da comunidade
e dá curso de capacitação;falou do
Criança Esperança,da Faetec, que oferece cursos e faculdade gratuitos. Falou
da Nobrearte, uma escola de boxe
profissional, dos vários hostels, do
ecoturismo, do famoso Bar da Gilda
(é só acessar a internet), do Meninos
de Luz, da creche, do Afroreggae,
do CRJ, com cursos de manequim e
modelo. Falou também do hospital da
família, do dentista gratuito, das igrejas.
Falou também da acessibilidade mais
moderna de todas as comunidades: o
elevador panorâmico da Barão da Torre. Além dos acessos pela Sá Ferreira,
Sain Romain, Alberto de Campos e
Arpoador. Ele, que trabalha na Delfim Moreira, vai todo dia a pé para o
trabalho. "Fui educado com qualidade
de vida", me disse ao final do nosso
papo super-rápido num intervalo entre uma aula e outra. O orgulho com
que ele descreveu a comunidade me
emocionou. Com certeza vou querer
que ele seja meu guia assim que der.
Cleidiston já conhece o Brasil
todo (foi fuzileiro naval), mas quer
viajar muito mais. Seu primeiro destino vai ser a Austrália. Por que? É
o desafio do outro lado do mundo.
Quer também conhecer o Japão e a
China. Esqueci de dizer que ele também vai estudar Mandarim. Sonho?
Ser dono de uma agência de viagem
e também de ter um albergue. Título
que daria para sua vida? Quero dar a
volta ao mundo!
5
S
ANDRA JABUR
[email protected]
Osteopenia, osteoporose
x atividades aquáticas
6
A osteopenia é a percussora da
osteoporose, que é uma perda óssea
mais grave. Diversos fatores favorecem ao aparecimento da osteopenia:
falta de vitamina D, cálcio, café, mate,
chá preto, refrigerantes, alimentação
rica em açúcar refinado, carboidratos
pobres e cigarro – o grande vilão.
Vários fatores são importantes para
prevenção da doença como o sol, a
alimentação e exercício físico.
A exposição ao sol, desde que
não exagerada, é muito importante.
Devemos nos expor aos raios solares
pelo menos três vezes por semana
durante 20 minutos, sem protetor
solar. A presença do sol sintetiza a
vitamina D e consequentemente a
absorção do cálcio.
Existe uma polêmica quanto à
eficácia do exercício físico na água e no
solo. O importante para formação de
células ósseas – os ostereblastos - é o
exercício de força resistência muscular, é
o flexionar e estender o músculo, utilizar
os diferentes tipos de contração muscular
e a tensão provocada sobre os ossos.
Na água temos maior facilidade
para realizar os exercícios devido a
diminuição de carga sobre as articulações por causa do empuxo, a
força que vem de baixo para cima.
Pode-se correr, saltar, chutar e realizar
movimentos que fora d’água seriam
impossíveis por muitos alunos que
tem artrose nas articulações, excesso
de peso e outras incapacidades. Em
contra partida a água em movimento
oferece resistência 14 vezes maior
que o ar. É necessário realizar bastante
força para vencer a turbulência criada
pelo movimento.
Durante as aulas de hidroginástica
utilizamos implementos como jump
que é o trampolim, step, halteres de
EVA que são resistidos com o objetivo
de aumentar o impacto e a resistência.
Variam-se os ritmos, quanto mais rápido
maior dificuldade. Na água trabalha-se
dos 4 meses aos 100 anos, do bebê ao
adolescente, adulto, idoso, sedentário e
até o atleta. É só tirar partido das propriedades físicas da água e saber utilizar
os diferentes implementos.
De acordo com a pesquisa do
Kruel, pesquisador do laboratório em
exercícios aquáticos, o saltar na água
equivale a saltar no solo sem tênis, há
muito impacto também.
Sofre-se a ação da gravidade o
tempo todo em nossa vida diária de ir
ao banco, ao supermercado, à feira, e
se complementarmos com a atividade
física estaremos nos protegendo dos
osteoclastos, que são os destruidores
das células ósseas.
Os exercícios aquáticos favorecem
o aumento das células ósseas comprovadamente através da densitometria
óssea realizada pelos alunos após 3
meses de atividade exclusiva na água
pelo menos 2 vezes semanais. O
melhor seria 3 vezes por semana.
Quando o aluno puder complementar
com caminhadas, pilates, musculação,
caso contrario a água é suficiente.
A medida que envelhecemos é
muito importante realizarmos atividades na água como natação, hidroginástica, hidropilates, hidro running
(corridas dentro d’água) para protegermos as articulações. É necessário
executarmos movimentos variados
das articulações, contrações variadas
da musculatura, trabalhar equilíbrio
e dar estimulo ao cérebro para criar
novas estratégias de movimento e
reações reflexas.
É muito importante coordenar os
exercícios respiratórios com os movimentos, eles se tornam mais eficazes,
mais intensos e contribuem para o
aumento progressivo da capacidade
cardio respiratório.
A água é um ambiente instável é
necessário equilibra-se o tempo todo.
O que resulta no fortalecimento da
musculatura do “core” – casa de força,
da musculatura abdominal transverso
(músculo abdominal mais profundo),
para vertebrais, multifidos, glúteos,
etc... São músculos que protegem a
coluna, evitando dores.
O mito que as atividades aquáticas podem provocar desmineralização, ou seja, perda óssea não é
comprovado.
Os astronautas fazem treinamento
no fundo da piscina com gravidade zero
porque precisam treinar para quando
estiverem no espaço. Não é o caso das
atividades aquáticas que usamos a resistência e as propriedades físicas da água,
os implementos e a respiração para
estimular a formação de células ósseas.
Venham experimentar e testar a
eficácia, o prazer e a motivação de se
exercitar na água.
SAÚDE
& BEM-ESTAR
Publieditorial
O que aprendemos em 15 anos de
ablação de fibrilação atrial – parte 2
Valendo-se de um sistema de
mapeamento eletroanatômico
chamado CARTO, cujas primeiras
publicações em humanos data
de 1996, o grupo de Milão, Itália
(Pappone et al., 1999) publicou
o seu primeiro trabalho no qual
utilizava esta técnica para ablação
de fibrilação atrial.
A proposta dos trabalhos de
Pappone é o mapeamento tridimensional do átrio esquerdo em
tempo real e a identificação das
veias pulmonares e de seus óstios.
A partir deste momento é iniciada
a aplicação de radiofreqüência de
forma circular aos óstios, porém,
distante destes alguns milímetros.
Quando a circunferência é completada, a voltagem elétrica dentro da
área ablacionada cai drasticamente,
criando uma zona eletricamente
inativa ou de pouquíssimo potencial
elétrico. Assim, os focos existentes
dentro das veias pulmonares não
conseguem ativar o átrio e a área
atrial livre de barreiras elétricas ou
anatômicas é reduzida, motivo
pelo qual a técnica é chamada
de remodelamento atrial ou eletroanatômico, e não desconexão
de veias (Pappone et al., 2000;
Pappone et al., 2001).
No Brasil, o primeiro trabalho
sobre ablação da FA, utilizando
o sistema CARTO® (Atié et al.,
2001), foi apresentado no XVIII
Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de
Washington Maciel
Mestre e Doutor em Cardiologia
Médico do Serviço de Eletrofisiologia
da Clinica São Vicente
Janeiro, que originou uma Tese de
Doutorado e foi publicada nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia (Maciel
et al, 2007).
Desde então todos os procedimentos destinam-se a isolar as veias
pulmonares, o que é completamente
satisfatório nos casos de fibrilação atrial
paroxística, alcançando índices de
sucesso entre 60 e 80%. Todavia os
casos de fibrilação atrial persistente,
devido ao remodelamento atrial, inicialmente elétrico, passando por uma fase
estrutural com fibrose e dilatação atrial,
chegando até a mudança no DNA dos
miócitos atriais, tem sido um desafio aos
procedimentos de ablação, com resultados piores á medida que o tempo em
fibrilação atrial se alonga, o volume atrial
cresce, a idade do paciente aumenta e
nos pacientes com síndrome metabólica ou co-morbidades.
Deste modo, a última Diretriz da
Sociedade Européia de Cardiologia,
coloca a ablação da FA como classe
I, com nível de evidência A, para os
pacientes com recorrências sintomáticas de FA a despeito do tratamento
farmacológico e como IIa, com nível
de evidência B, para os pacientes
sintomáticos, como primeira linha de
terapia, em substituição ao tratamento
antiarrítmico.
A ablação não é recomendada, nas
diretrizes, para assintomáticos, nem
para permitir a suspensão da terapia
anticoagulante.
A mudança conceitual quanto
à anticoagulação é um dos maiores
avanços vista nos últimos anos. Os
trabalhos mostrando que o ácido
acetilsalicílico protege pouquíssimo,
que a Warfarina, usada há mais de
50 anos, só consegue manter seu
nível terapêutico adequado, na
melhor das hipóteses, em 60% do
tempo e o surgimento dos novos
anticoagulantes, tem revolucionado
a visão terapêutica atual. Neste
cenário, os novos anticoagulantes,
mais seguros e eficazes que a
Warfarina tem ocupado um espaço
crescente.
Outra terapia, para prevenção
exclusiva dos AVE, foi introduzida
recentemente, o oclusor de auriculeta, que fecha a entrada da
principal área trombogência atrial.
Nossa experiência inicial com estes
dispositivos, nos pacientes com
contra-indicação à anticoagulação,
apresenta resultados muito promissores.
O melhor tratamento da FA
é, na verdade, a sua prevenção. A
mudança de hábitos de vida, com
adoção de um estilo mais ativo,
controle adequado da pressão arterial e redução do peso corporal são
fatores essenciais para diminuição
destes números epidêmicos de FA
e, para aqueles que não conseguirem o controle clinico, a ablação
é um tratamento consolidado e
altamente eficaz.
EMERGÊNCIA
GERAL
Tel.:2529-4505
Tel.:2529-4422
7
SAÚDE
& BEM-ESTAR
Publieditorial
O peso das emoções
A importância da abordagem psicoterápica no processo de emagrecimento, para uma mudança
de estilo de vida baseado no tripé saúde emocional, atividade física e reeducação alimentar
TEXTO _
8
MARY SCABORA*
Vários são os fatores que levam
ao aumento de peso e consequentemente à obesidade. Porém maus
hábitos alimentares, sedentarismo
e implicações psicológicas estão
entre os maiores responsáveis. As
dificuldades emocionais podem
precipitar em algumas pessoas alteração no comportamento alimentar, levando-as a comer de forma
inadequada, além do necessário
ou até compulsivamente. Pessoas
ansiosas, depressivas e estressadas,
que se sentem sozinhas, que sofrem
perdas ou passam por algum conflito
emocional, como frustrações ou
insatisfações, são mais propensas a
sofrer aumento de peso. As tentativas para emagrecer e conseguir
manter o peso adequado em muitos
casos são frustrantes. Na ilusão
do emagrecimento rápido alguns
recorrem a dietas e medicamentos que na maioria das vezes não
trazem resultados de longo prazo.
Em alguns casos, mesmo depois de
intervenções mais invasivas como
na cirurgia bariátrica, depois de um
tempo, a pessoa volta a engordar.
Emagrecimento deve estar ligado
à saúde e ao bem estar. Emagrecer é
só a consequência de um estilo de vida
saudável. Exige autoconhecimento,
ação e empenho.
Não se trata de conquistar o
corpo perfeito ou ceder às imposições de padrões estéticos propostas
pela industria da beleza, mas, sim, de
buscar o ponto ideal de cada indivíduo
em suas possibilidades.
É um processo que exige comprometimento, mas não cobra sacrifícios
extremos de curto prazo e sim uma
mudança comportamental em busca
de um equilíbrio entre os prazeres
da vida e o bem-estar emocional e
consequentemente o físico.
A psicoterapia com foco no emagrecimento trata da dificuldade de
perder peso como um sintoma gerado por outras questões de ordem
emocional. São trabalhadas questões
como ansiedade, depressão, com-
pulsão, auto-estima e outros conflitos
emocionais geradores de angústia
que levam à compulsão e consequentemente ao aumento de
peso. Colabora ativamente para
que o indivíduo se reestruture emocionalmente e aprenda a desenvolver
recursos para lidar com seus conflitos
internos, tornando-o mais potente e
mais reflexivo diante das dificuldades
e na busca por soluções. Colabora para
ampliar a consciência
sobre si mesmo, detecta o ativador
da ansiedade que leva a compulsão.
O trabalho em equipe multidisciplinar é fundamental para o sucesso
do tratamento. Emagrecimento se
baseia num tripé: Nutrição adequada
que envolve reeducação alimentar,
atividade física e equilíbrio psicológico.
*Mary Scabora
é psicóloga clínica e coordenadora
do Projeto IntegrAÇÃO
CRP: 05/36742
[email protected]
Projeto Integra-Ação: Tratamento Multidisciplinar do Emagrecimento
Psicoterapia:
Orientação para a prática de atividade física:
Com foco no emagrecimento
Com foco na manutenção do corpo integrando e adequando os
sistemas respiratório e cardiovascular.
Adequar atividade ideal para o estilo de vida de cada um com
acompanhamento nas atividades e criação de séries.
Nutricionista / Personal Diet:
www.scabora.com.br
21. 2547.0230
21 . 9372.65511
Orientação compatível com o estilo de vida, com a realidade, as
necessidades e preferências do paciente para que ele possa reaprender
a comer. Reeducação alimentar e manutenção do peso.
Ensina trocas inteligentes, substituindo ingredientes de formas
saudáveis sem comprometer o sabor das receitas.
Coordenação: Mary Scabora
Psicóloga clínica CRP: 05/36742
Intervenção estética:
Como complemento, colabora significativamente para a redução
de medidas, combate a celulite, ajuda a aliviar a ansiedade além
dos benefícios que proporciona ao corpo.
Daniele Guimares Peres: Nutricionista CRN: 10100626
Professora de educação física Cref: 017463- G/RJ
Calaboração: Espaço Cuid´arte
Estética e Massoterapia
SAÚDE
& BEM-ESTAR
Massagem relaxante (sessão) - R$ 80,00
Escalda Pés com Quick Massage - R$ 50,00
Reiki (sessão) - R$ 30,00
Quick Massage (sessão) - R$ 25,00
Acupuntura - R$ 70,00
*Informe-se sobre cursos livres de massagem.
9
SAÚDE
& BEM-ESTAR
TUDONOVODENOVO
Posso ajudar?
SAMANTHA QUINTANS*
Manchete de jornal: Lixo Zero aplica 121 multas no primeiro
dia. Povo mal-educado? Governos gulosos e negligentes?
Papo para muito chopp...
Para além da educação sabidamente carente da nossa gente,
que ignora a regra básica de cuidar do coletivo e o exagero de
levar à delegacia, o cidadão flagrado jogando na rua uma guimba
de cigarro.
10
O acúmulo de lixo dentro de casa
leva a desequilíbrios sociais, físicos e
emocionais, podendo desestabilizar o
convívio familiar. Em casa as multas são
aplicadas de formas diferentes, porém
não menos punitivas. Pais e filhos deixam de conviver, crianças são poupadas da poeira que provoca problemas
respiratórios, em contrapartida, são
afastadas impiedosamente da companhia de parentes amados, gerando
tristeza e frustração. O acumulador
não somente retém o que pode vir
a servir, apegado a roupas, objetos
de valor monetário ou emocional. O
acumulador não se desfaz dos seus
restos, guarda sobra de embalagens,
muitas vezes higienizadas e empilhadas, jornais velhos, eletro-eletrônicos
sem serventia, todos os potes de
sorvete consumidos e trata os copos
de requeijão como taças de cristal.
Os resíduos do que foi usado
e consumido convivem com os
moradores da casa depositados
em mesas, entulhados em gavetas,
obstruindo passagens e, como não
poderia deixar de ser, causando um
aspecto desanimador de desordem e
sujeira. Qualquer consultor baseado
na arte milenar chinesa de organizar
espaços, feng shui, tem um chilique,
diagnosticando tanta energia parada!
Astrólogos e arquitetos vão concordar: impedir que portas e janelas
exerçam suas funções básicas de
abrir e fechar trará desconforto ao
ambiente, fatalmente refletido na vida
dos moradores da casa.
O que fazer?
Pedir ajuda, buscar informação,
consultar médicos especialistas se for
o caso...
A profissional organizadora ajuda,
ajuda muito. Somos profissionais,
a bagunça alheia não nos intimida;
comove, emociona e inspira.
A multa por dispensar na rua uma
guimba de cigarro arrecadará para os
cofres da prefeitura do Rio R$157,00,
paciência. Um dia, (quem sabe?) o
homem nascido livre, romperá com
o nefasto hábito escravocrata de deixar para outros, a função de destinar
o próprio lixo. Assim se cumprirá a
logística reversa com responsabilidade e civilidade. Bom reiterar que só
será conduzido à delegacia quem se
recusar a fornecer documento de
identificação para a aplicação da de-
vida multa. E em casa, quais serão os
critérios para restabelecer o convívio
social saudável? Quais serão e como
serão aplicadas as “multas”?? Cada casa
é um caso, cada família escreve seus
próprios mandamentos. Sei que nada
sei, mas li em um livro sagrado que o
amor é capaz de transformar. E ontem, assistindo inebriada a palestra de
Nélida Piñon, concordei quando ela,
sabiamente, elegeu Compaixão como
sua palavra preferida. Só a compaixão,
como principal olhar, poderá tornar
tudo novo de novo.
*Samantha Quintans é
personal organizer
L
ILIBETH CARDOZO
[email protected]
Sustos e delícias de ser avó
Gente, virei avó! E é tudo mentira que já se sai da maternidade
“melada de tanto doce”. Deixar aquela menina, sua filha, com
o filhinho dela, seu neto, no hospital dá a maior confusão na
cabeça. É “depressão pós-avó”?!
Quando a sua menina vira mãe,
nasce um filho da filha, é pior que aquelas emoções de ter parido duas vezes,
amamentar, não dormir, não ter tempo
nem de sentir a maternidade: a gente
vai pra casa sem criança. Dá tempo de
pensar, de sentir, de chorar, de dormir...
Dá tempo de ficar relendo o nosso próprio livro de história, lembrando nossa
avó, nossa mãe (avó também teve mãe
e avó, sabiam?), duas vezes grávida, dois
partos e no tempo em que a gente era
a mulher que amamentava. Tempo de
pensar no que é ser mulher, profissional,
ter casa, carreira, namoros, casamento,
separação, outros namoros, novas alianças, solidões, dívidas, decepções, festas,
alegrias, fins de festas, reinícios... E, com
tudo isso, assim, antes de ficar velhinha,
se vira avó! Antigamente avó só aparecia
nesse papel no último ato do espetáculo.
Agora, no meio do espetáculo, sem
aquele figurino de xale, óculos e cabeça
branca, estamos nós, no papel de avó.
Não tem cadeira de balanço, bordado
no colo, conversas na varanda e cozinheira oferecendo um chazinho. Tem é
trabalho, contas pra pagar, o mundo de
cabeça pra baixo, internet, corrupção,
manifestações públicas, gente que só se
fala virtualmente...
Nossa filha, aquela menininha, fica
feito bicho: agarrada ao filhote e rosnando pra protegê-lo. Daí, dizer que
não mexe com tudo na nossa existência
e é só alegria, sei não, acho pouco!
Olhamos no espelho e vemos rugas e
manchas da velhice. Até aí, evidência da
idade. Ninguém fica jovem a vida inteira.
Não existe mesmo avó garotinha! Mas
aquela criança nos seus braços parece
recomeçar assim, de repente, tudo que
já foi vivido, com menos tempo pra viver, muito menos tempo... Com quase
60 anos, sem ter o trabalho marcando
seus horários e mesmo assim não ter
tempo de nada, se arranja muitos
compromissos e enche a vida. Ter o
primeiro neto não faz só “cair a ficha”
de se estar ficando velha, cai um cassino
inteiro de fichinhas: menopausa, rugas,
manchas, cansaço. Depois que nasce o
neto e passa o susto, alivia a depressão
pós-avó, vem um ‘pacote” pra nossa
mão: um netinho e a mãe dele; a filha
de volta. Volta pedindo socorro (mas já
sabe tudo!). Pronta para o ataque, geme
na dor, mas afia as garras (igualzinho
você afiou para protegê-la). O nosso
netinho, crescendo saudável, passa a
ser a pessoa mais importante da nossa
vida, até porque sua existência nos
devolve a filha, que há muitos anos
nos tinha empurrado fora de sua vida.
Com o nascimento do seu próprio
filho, a filha se dá conta de que você
pode ser mãe dela, para que ela possa
ser mãe do seu bebezinho com mais
dedicação. Assim, ficamos mais perto
uma da outra. Eu, agora avó, tranquilamente, e não abrindo mão de minha
liberdade ( minha maior aquisição na
vida), tenho curtido muito ter minha
filha de volta. Uma experiência muito
forte, intensa, marcante em nossas
biografias: minha e dela. Ser avó não
é esse "melado" todo que dizem, não!
É um choque, um susto que faz umas
rugas novas, mas também estica a
pele. É uma paixão que também nos
rouba no primeiro momento, depois
vai crescendo, crescendo.... e vira
amor! Acho que neto é que é fruto.
Filho é raiz!
11
COMES
&
BEBES
CONTEÚDO PATROCINADO
Uma fábrica de delícias
12
restaurantes e hotéis do Rio de
Janeiro. Marcos Sá, um dos idealizadores que trabalha há 27 anos no
ramo, formou sua equipe de confeiteiros cuidadosamente: “Conheço
alguns colaboradores há 17 anos e
todos aprenderam comigo. E conto
também com a nutricionista Roberta
Nogueira, meu braço direito”.
As receitas foram desenvolvidas
e adaptadas ao longo do tempo
para o paladar e para a saúde do
carioca. Os croissants integrais
feitos com farinha de banana, por
exemplo, são um lançamento rico
em fibras, carboidratos, vitaminas e
sais minerais que contribuem para
prevenir diabete, câncer intestinal,
colesterol alto e osteoporose. Além
disso, essas especialidades têm 37%
a menos de gorduras totais, 26% a
menos de calorias e 75% a menos
de sódio do que a receita tradicional
francesa.
O “comer com os olhos” também é levado a sério pela Gosto
Carioca: é a Arte na Massa, uma
ornamentação especial em seus
produtos com cores e texturas variadas e personalizações inspiradas
em cinema, futebol, cartões- postais
ou qualquer outra preferência para
a sua comemoração. A utilização
da farinha argentina ou uruguaia e
do trigo com padrão internacional
demonstram a rigorosa escolha
das matérias-primas que mantêm
a qualidade e a perfeição de cada
produto, inclusive da linha sem glúten que será lançada para atender
a uma procura em crescimento
constante na Cidade
Maravilhosa.
Do granel ao
varejo
Os produtos da
Gosto Carioca já
circulam por buffets
institucionais e residenciais, cozinhas industriais, restaurantes como o Albamar, hotéis
como o Sheraton Barra e Marriot,
e também pelas cozinhas do Villa
Riso e do Gávea Golf Club. E para
a felicidade dos muitos amantes
dessas excelentes massas, a panificadora vai estender, em breve, seu
atendimento à pessoa física, principalmente com o Toquinho, uma das
novidades da casa feita com massa
de biscoito e cobertura de gergelim,
cujo segredo merece ser desvendado. Consulte, prove
e aproveite
a praticidade
de ter delícias
saudáveis em sua
casa.
Marcos Sá, 27 anos de
experiência em panificação, exibe
uma de suas criações
Croissants, mini vol au vent, barquetes,
quiches, grissinis. Produtos personalizados
com formatos e cores, como os nossos
famosos peixeis ou formas da cidade do
Rio de Janeiro.
Tel./Fax: (21) 3104-6547
Praia de Inhaúma 73, Bonsucesso,
Rio de Janeiro, RJ - 21042-130
Fotos: Jackeline Nigri
A panificadora Gosto Carioca
combina sabor e leveza em massas
de croissants, folhados e grissínis
com grande variedade de sabores.
Essas maravilhas são o resultado da
união entre a experiência e a paixão
pela culinária de quatro sócios que
produzem assados e congelados,
artesanalmente, de acordo com a
necessidade dos grandes buffets,
G ASTRONOMIA CARIOCA
13
G ASTRONOMIA CARIOCA
14
Anuncie no guia
G ASTRONOMIA CARIOCA
(21) 2253-3879
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15
G ASTRONOMIA CARIOCA
Que tal almoçar em Penedo?
Que tal aproveitar um fim de semana
para almoçar em um maravilhoso ambiente natural? Considerado o maior parque
gastronômico entre Rio de Janeiro e São
Paulo, Penedo possui grande variedade
de restaurantes, espalhados desde a entrada da colônia até as áreas próximas as
reservas florestais, que oferecem massas,
frutos do mar, foundues de carne, queijo
e chocolate, sanduíches e ainda comidas
mineira, japonesa, alemã e finlandesa,
entre outras opções. Para completar o
cardápio, divirta-se escolhendo algumas
especialidades como doces feitos na
fazenda, sorvetes artesanais, geleias ou
os deliciosos chocolates das conhecidas
fábricas locais.
Até a Pequena Finlândia, como o lugar
também é conhecido, são 160 quilômetros pela Rodovia Presidente Dutra e as
paisagens durante o percurso relaxam o
corpo e a mente. É uma viagem curta e
agradável que pode ser feita até mesmo
em um único dia. Mas se a preguiça
“bater” depois de provar tanta coisa
boa, aproveite as pousadas e os hotéis
da cidade cercados de tranquilidade e
de natureza exuberante que compõem
um clima bastante convidativo a uma
deliciosa sesta.
Venha provar os sabores da Escandinávia e conhecer o incrível
trabalho em madeira do escultor Martti Vartia.
16
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Estrada Três Cachoeiras, 3.935 – Penedo – Itatiaia (em frente à Pousada Suarez)
A Mineirinha de Penedo é um restaurante especializado em comida mineira self-service. São 47 tipos
diferentes de pratos, além de variedades de saladas,
massas e deliciosos doces feitos na fazenda.
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17
CAPA
foto: Fred Pacífico
No mês em que
a cidade recebe
dezenas de atrações
internacionais,
mapeamos os
principais points
de resistência do
rock´n ´roll carioca
18
Zeca Urubu (na moto),
dono do Heavy Duty
Beer Club, é figura
mitológica no cenário
do rock carioca. O bar
é palco para bandas de
rock de todos os cantos
do Rio
Todo dia
é dia de
TEXTO _ FRED PACÍFICO
FOTOS– ARTHUR MOURA
de qualquer primeira impressão
errônea que um visitante desavisado possa ter, o local agrada,
pois os frequentadores sabem
que lá a cerveja é gelada, o preço
é justo e, principalmente, o som
é bom. Tanto nas caixas, quanto
no palco, que recebe bandas
de rock de todos os cantos do
estado.
Shows são, inclusive, comuns em quase todos os lugares
onde o rock é o som nas caixas
e nas veias. Nas redondezas
da Tijuca também está outro
bom destino do rock, o bar
Calabouço (www.calabouco-bar.com.br), que de quinta a
domingo atrai bandas de dentro
e fora do Rio, que tocam, desde
repertórios próprios, até tributos
às grandes bandas ou épocas
do ritmo. Moradores da região,
como o casal Luís Fernando
Taylor, 37, e Juliana Araújo, 35,
apontam também o Botto Bar
(www.bottobar.com.br) como
outro bom destino no entorno
para se beber bem e ouvir um
som. “Já estou na fase de querer
ouvir o que gosto, mas podendo
conversar com quem estou. O
Botto é bom para isso. A carta
de cerveja e o som são excelentes. Nas terças rola show com
alguns dos integrantes do Blues
Etílico, que vale o programa.
Agora, faltam mais espaços na
cidade, pois público tem e, os
que existem, vivem cheios”,
explica Taylor.
Uma cena que podia
ser melhor
A reclamação sobre a cena
do rock no Rio deixar ainda
muito a desejar é outra constante entre os entrevistados.
O designer Leandro Brasil, 35,
da agência Huge Inc., concorda
com o casal. “O rock no Rio, na
verdade, já foi bem melhor. O
pessoal tem que deixar o amadorismo de lado, voltar a comer
mais feijão e entender que não
dá pra agradar todo mundo.
O importante é ser autêntico”,
afirma. Led, como é conhecido
entre os amigos, diz que quando quer ouvir um som costuma
frequentar o Saloon 79 (www.
saloon79.com) e, dependendo
da programação, a Casa da
Matriz (www.casadamatriz.
com.br), ambos em Botafogo.
“Costumava frequentar o Empório, em Ipanema, quando o
Vicente [*falecido gerente da
casa*] era vivo e eu morava
mais perto. Agora já faz uns três
anos que frequento o Saloon
e recomendo”, diz o designer.
Detalhes da decoração do
Heavy Duty (acima), na Tijuca,
e a fachada do Saloon 79
(abaixo), em Botafogo. Redutos
do bom Rock'n'Roll na cidade
O Saloon 79 é hoje um
destino certo no mapa dos
roqueiros cariocas. Criado em
2002 pelo Harley's Dogs Moto
Clube, o bar já passou por algumas mudanças, inclusive de
donos, mas sempre manteve o
estilo e a proposta rock’n’roll. O
atual gerente da casa, Tony Ro-
19
Foto: Raul Aragão/Divulgação
Reunir os amigos para ouvir
um som. Este é o espírito presente em quase todas as casas e
espaços da cidade dedicados ao
bom, velho e (de preferência)
alto rock’n’roll. Prática, inclusive, repetida e propagada pelos
amantes do gênero. E não me
venha com a velha história de
que o Rio de Janeiro é a cidade
do samba, da bossa nova etc.
e tal. Um lugar que lançou no
cenário nacional nomes como
Cazuza, Cássia Eller, Lobão
e várias bandas importantes
como Barão Vermelho, Paralamos do Sucesso, o Rappa,
Planet Hemp, e que abriga este
mês mais uma edição do Rock
´n´Rio, não pode ser limitado a
apenas alguns ritmos. Pensando
nisso, procuramos os destinos
preferidos de quem gosta de
escutar um bom rife de guitarra,
em suas mais variadas vertentes,
e, de preferência, sem muita
aporrinhação.
Citado quase por unanimidade pelos entrevistados, o
Heavy Duty Beer Club (www.
heavydutybeerclub.com), na
Praça da Bandeira, tem seu
espaço garantido no imaginário
dos roqueiros. Consagrado pelo
clima sem muita frescura, no
melhor estilo “seja bem vindo,
faça você mesmo o serviço e
não me encha a paciência”, o bar
ficou famoso por propagandear
ter o pior atendimento da cidade
e, mesmo assim, viver cheio.
Quer sentar? Encontre seu
espaço ou monte sua própria
mesa. Quer alguma coisa para
beber ou comer? Levante da
cadeira e vá pegar no balcão. O
dono do bar, conhecido como
Zeca Urubu, é figura mitológica
no cenário e consegue manter
um público fiel desde que abriu
o espaço, em 1997. À margem
CAPA
20
cker, 32, já frequentava o espaço
antes de começar a trabalhar por
ali. “Muitos dos funcionários da
casa, assim como eu, eram frequentadores ou mesmo já tocaram aqui, antes de entrarem para
equipe. Isso é muito comum,
pois acaba sendo uma grande
família unida pelo som. Quem
gosta, sempre retorna. Quando
me convidaram para assumir o
bar, aceitei sem pensar muito”,
conta. O barman da casa, Enio
Vieira, guitarrista da banda Enio
& Black Mamba, dedicada ao
rock e ao blues, é outro que
de frequentador virou parte do
time. “Já toco aqui há pelo menos
oito anos e, há pouco mais de
um ano, passei a trabalhar no
espaço. Acho que falta opção no
rio, principalmente na Zona Sul,
e aqui é um dos poucos lugares
onde é possível viver o rock”,
afirma o guitarrista.
Para Tony, a cena do rock
no Rio já foi bem melhor e
há muito espaço para voltar a
crescer. “Ainda tento entender o
que aconteceu, pois nas décadas
de 80 e 90 a cidade transpirava
rock. Não só a cidade, como o
país. A mídia parou de vender o
gênero e, consequentemente,
o povo saiu do rock. Mas para
quem realmente gosta, não há
isso. É um ritmo que seduz todas
as idades. Temos aqui um bar
de adulto, onde é comum ver
pais e filhos juntos para curtir
o som. O Saloon é um espaço
que, além de ser palco certo no
circuito musical da cidade, se
propõem em manter a cultura,
a estética e tudo relacionado ao
Pista cheia no Saloon 79 em típica noite de
rock (no alto); A performer burlesca e DJ,
Ludmila Houben, e o músico Daniel Abud
percorrem grandes distâncias para ir aos bares
que tocam o som que gostam (embaixo)
bom rock’n’roll”, explica.
A performer burlesca e
DJ, Ludmila Houben, 26,
concorda que a cena roqueira
carioca poderia ser melhor.
Natural de Belo Horizonte
e atualmente morando em
Niterói, a mineira percorre
grandes distâncias na cidade
só para poder ouvir o som
que curte. “Estou acostumada
com BH e São Paulo que têm
muitas opções para os roqueiros de todos os segmentos.
Aqui ainda são poucas, por
isso fazemos qualquer esforço
para vir até Botafogo”, afirma.
Ideia compartilhada por seu
parceiro na cruzada atrás de
bares de rock, o vocalista da
banda punk The Knutz (www.
theknutz.com), Daniel Abud,
25. “Niterói também possui
algumas poucas opções. Por
isso despencamos, muitas
vezes, para o Rio para curtir a
noite. Destaco por lá o Espaço
Maestrina (www.espacomaestrina.com.br), em Icaraí, e
o Convés Rock Clube, perto
da Cantareira, que são locais
onde ainda é possível tocar
ou ouvir um som”, sugere o
músico.
Um estilo de vida
O fotógrafo Vitor Malheiros, 33, é outro que, apesar
de acreditar que a cena do
rock na cidade ainda tem
muito que melhorar, procura
conhecer e estar onde o som
pega e o mosh come solto.
Tanto, que fez da paixão pela
música sua profissão. Malheiros fotografa desde 2011
para o site PUNKnet (www.
punknet.com.br), uma revista
online especializada em cobrir
e acompanhar a cena punk rock
nacional e internacional, mas
que prestigia também, como
a própria publicação se apresenta, “o rock e suas vertentes,
afinal, sem o rock não existiria
o punk rock e sem o punk rock
não existiria a PUNKnet”.
Para Malheiros, a cena rock
do Rio atualmente é bem underground. “O rock fica muito
ofuscado pela cultura do samba
e da música brasileira em geral,
e funciona fundamentalmente na
base do 'do it yourself'. Felizmente, mesmo nesse panorama,
existem muitas bandas boas, e
um bocado de gente ralando pra
produzir bons eventos, sejam
eles de pequeno, médio ou
grande porte. Em minha opinião
também, eventos como o Rock
in Rio não refletem bem a realidade cotidiana de quem trabalha
e vive o rock’n’roll no Rio”, diz.
Os locais preferidos do fotógrafo também se concentram
em Botafogo. Bairro que, por
sinal, tem certa diversidade
O fotógrafo Vitor
Malheiros se
especializou em
show, unindo a
profissão à paixão
pelo rock
(no detalhe) Neon,
o cão de estimação
do Estúdio Audio
Rebel, é figura
conhecida na cena
musical
de opções para os roqueiros.
“Gosto de ir à Matriz e ao
Saloon, mas o meu local preferido é o estúdio Audio Rebel
(www.audiorebel.com.br).
Curto a quantidade e variedade
de sons que passam por lá, fora
o clima do lugar. Tenho uma
ótima amizade com o pessoal
e sinto o espaço como uma
segunda casa, onde posso ouvir
um bom som e encontrar com
os amigos”, conta Malheiros.
O músico e técnico de som
Pedro Torres, 30, é um dos
sócios da casa, que funciona
como estúdio de ensaio e gravação. “Quando eu e o Daniel
criamos o Audio Rebel, queríamos ter um local para o rock
independente. Conseguimos e,
atualmente, somos o primeiro
palco de muitas bandas, além
de estarmos no circuito musical
da cidade e conseguirmos trazer bons nomes para tocar. O
estúdio é um espaço comercial,
muito bem equipado, aberto
para qualquer ritmo, sem distinção. Temos também uma loja
para atender aos músicos, com
equipamento
e produtos
relacionados.
Agora, regularmente, o
estúdio abre
para shows
e a programação é
marcada pelas vertentes
do rock, hard
core, punk
rock e sons
do gênero,
que é o que
gostamos e
de onde vie-
Jimmy Hendrix divide
o balcão do OsBar
com engravatados no
fim do expediente
mos”, explica Torres.
Além dos locais já citados, há
também no bairro, não muito
longe dali, o Bar Bukowski
(www.barbukowski.com.br),
destinado exclusivamente ao
ritmo desde quando abriu, em
1997. Ampliando ainda mais
o radar, vela a pena listar também: o bar Garagem do Rock
(facebook.com/GaragemDoRockRealengo), em Realengo;
o Planet Music (facebook.com/
planetmusicrj), em Cascadura; o
Barulho Café e Pub (facebook.
com/BarulhoCafe), na Pedra
de Guaratiba, em Santa Cruz;
e o Bar do Turco, em Icaraí.
Do blues ao metal, ou do punk
ao rockabilly, tem para todos e
todo mundo se entende. Afinal,
como bem disse o professor
Ciro Mestroff, 59, “roqueiro
só quer sossego para escutar o
som que gosta, de preferência
tomando umas e outras com
os amigos, sem aporrinhação.
O rock é mais que um som, é
um estilo de vida.”
Terreiro de roqueiro
“Cerveja? Só vale gelada./
Em copos limpos... e gelados!/
(...) Claro, há de ter boa músi-
ca!/ Rock, blues, jazz, samba.
Só clássicos eternos./ Quem
vem ao OsBar não tem pretensões./ Sabe que é um boteco,
alma boêmia,/ boa conversa,
celebração.”
Os versos ilustram o cardápio do OsBar, que faz a alegria
do happy hour dos roqueiros
que trabalham no centro do
Rio. A decoração segue o melhor estilo dos clássicos botecos
[de verdade] da cidade, com
balcão grande, paredes de
azulejo, prateleiras repletas de
garrafas e, seu lado roqueiro,
é composto por retratos de
grandes ídolos do rock espalhados por todos os cantos e pelo
som ambiente. “Não há melhor
lugar no centro para se tomar
uma cerveja verdadeiramente
gelada, ouvindo um som. Está
sempre rolando Beatles, Led
Zeppelin, Jimmy Hendrix etc.
O lugar é bem frequentado,
tem um público equilibrado,
gente bonita, o sanduíche de
filé com queijo é excelente e,
principalmente, tem mesa na
calçada, que é algo importante
para um fumante como eu,
apreciador de um bom boteco.
Gosto também que o OsBar
não se prende a um movimento
21
O músico BNegão no palco do Teatro
Odisséia, participando da noite "Rock
pela Paz", organizada pelos integrantes
CAPA
da banda Zero Calibre
O típico boteco OsBar faz a
alegria do happy hour dos
roqueiros que trabalham no
centro do Rio
22
único, dá uma passeada por
outras misturas ligadas ao rock e
não fica preso ao [Eric] Clapton.
É destino certo para uma pausa
após o trabalho”, diz o jornalista
Nicola Pamplona, 38.
Natural de Juiz de Fora,
Pamplona conta que nos seus
primeiros anos no Rio, pelos
idos de 1998, costumava frequentar o bar Empório, em Ipanema, outro reduto rock’n’roll
muito famoso na Zona Sul. “Na
época, morava em Botafogo e
o Empório era o meu bar da
cidade. Podia chegar lá e ouvir
Orgasmatron (Motörhead), ou
Sepultura, no talo. Isso não tem
preço. Posso dizer que deixava
metade do meu salário lá, mas
valia muito a pena. Muito tem-
po se passou, casei, tive filhos
e mudei para Niterói. Afinal,
a vida agora é outra, mudou
o ritmo, mas o rock continua.
Atualmente gosto de ir ao
OsBar e ao Rio Rock & Blues
(www.riorockebluesclub.com.
br), que fica na Lapa”, conta.
E por falar na Lapa, o mais
famoso reduto boêmio da
cidade, ao contrário do que
possa pensar muita gente, não
restringe o terreiro ao tradicional dueto samba e chorinho.
Claro que os ritmos são onipresentes, mas os roqueiros
sempre tiveram o pé fincado
ali, tanto que a região possuiu
até um, chamado, quarteirão
do rock e um museu dedicado
ao gênero, localizado no Rio
Rock & Blues. O dono do espaço, o guitarrista e empresário
Marcelo Reis, 47, abriu a casa há
seis anos, depois de tocar por um
tempo a proposta na Barra da
Tijuca, onde mora. “Eu e alguns
amigos queríamos ter um espaço
descontraído para tocar, que nos
desse prazer e pudéssemos fazer
sempre uma jam [session], tipo
um clube para roqueiros. Mantivemos por dois anos um lugar
na Barra, que revolucionou a vida
de todos os envolvidos”, conta.
O clube nasceu depois que Reis,
próximos aos 40, ganhou uma
guitarra da esposa, a jornalista
Érica Reis, após passar quase 20
anos distante dos amplificadores.
A força do rock
A força da revolução do rock
foi tamanha, que o guitarrista
deu uma quinada de 180 graus
na própria vida. “Toco desde
novo, mas na juventude larguei
o sonho para me dedicar à
carreira de publicitário, na qual
tinha mais perspectiva financeira
na época. Para isso, vendi tudo
que possuía relacionado a música, para não perder o foco.
Tive minha empresa e era bom
no que fazia, mas não era feliz.
Com o tempo a coisa foi ficando
tão séria, que acabei tendo um
colapso por estresse e fui parar
na CTI de um hospital. Quase
morri e, nesse momento, decidi
que se saísse daquela situação,
iria fazer o que amo e parar de
desperdiçar minha vida”, relembra. Reis sobreviveu e cumpriu
sua promessa. A chama reacendida pela esposa tomou outra
proporção. O ex-publicitário se
desfez do escritório que tinha e
se aventurou em abrir o espaço
que há hoje na Lapa.
A experiência não só trouxe
melhorias visíveis à saúde e
fisionomia do roqueiro, como
resultou em um livro, lançado
este ano, chamado “Até que enfim é segunda-feira. Apaixone-se pelo trabalho e transforme
sua vida”, que traz histórias e
experiências de pessoas que
trabalham, ou não, com o que
amam e apresenta como isso
afeta suas vidas. Reis realizou
quase 500 entrevistas com
profissionais de diversas áreas
para o projeto.
A paixão pelo rock foi tam-
bém o que possibilitou a abertura do espaço e a criação do
Museu do Rock no casarão histórico de quatro pavimentos na
Lapa, com dois ambientes para
shows que têm programação
intensa. “O clube que montamos na Barra foi crescendo e
acabou ficando grande demais
para o local. Com o apoio dos
amigos, passei a procurar um
imóvel em que coubesse a
proposta. Nada melhor do que
um desses casarões antigos aqui
do centro. Os amigos passaram
a doar objetos relacionados ao
ritmo e, somando as contribuições, conseguimos montar o
museu. Nossa homenagem ao
ritmo que tanto amamos. Nele,
inclusive, está exposta a guitarra
que ganhei da minha esposa e
que influenciou positivamente
minha vida, a qual chamo de
número um”, diz.
Muitos bares do ritmo já
abriram e, infelizmente, fecharam por ali, mas mesmo assim,
há boas opções. Na região está
também o Irish Pub, que funciona desde 2009 tocando rock
no talo. Outros destinos por
ali que, apesar do ecletismo,
costumam também ter noites
dedicadas aos roqueiros são
o Teatro Odisséia (www.teatroodisseia.com.br) e o Teatro
Rival (www.rivalpetrobras.com)
mas é preciso ficar de olho na
programação para não ir atrás
da guitarra e acabar no surdo.
E para finalizar este humilde roteiro dedicado ao rock,
não podemos deixar de fora
outros dois pontos sagrados
da Lapa, a Fundição Progresso
(www.fundicaoprogresso.com.
br) e o Circo Voador (www.
circovoador.com.br), ambos
palcos consagrados da cidade
que, por mais que também
recebam os mais variados gêneros musicais, nunca deixam
de presentear a plateia com
memoráveis shows de rock.
O Circo, inclusive, tem sua
origem e trajetória fincada no
ritmo, desde os tempo da praia
do Arpoador, e compõe a alma
roqueira do Rio.
Se você possui outras sugestões de lugares onde vale
a pena ir para curtir um som
com os amigos, entre em
nossa página na web (www.
folhacarioca.com.br) ou em
nossas redes sociais e deixe sua
indicação. A Folha Carioca e o
Rock’n’roll agradecem.
NA WEB
• Matéria e galeria de imagens
do evento "Rock pela Paz",
organizado pelos integrantes da banda Zero Calibre,
vítmas recentes de uma
tragédia da violência urbana. Imagens do evento e
das participações especiais,
como a presença de Lenine
e B. Negão.
23
• Galeria de imagens dos
bares de Rock citados na
matéria.
• Serviço: lista completa dos
bares de Rock com telefone,
site e endereços.
• Uma seleção de vídeos
sobre o Rock carioca.
Detalhes de peças do Museu do
Rock no bar Rio Rock and Blues
Club, na Lapa. Um casarão de quatro
pavimentos dedicados ao estilo,
que transformou a vida do roqueiro
Marcelo Reis (retrato) e de seus
amigos
ARTE
&
CULTURA
GARIMPO CULTURAL
TEXTO_JULIANA
MARQUES ALVES
Para a
criançada
O“Nadistas e Tudistas”, um lindo
espetáculo infantil, leva ao tablado a
formação da consciência crítica e humanista pela ampliação das fronteiras
da imaginação. A história fala sobre dois
O cinema
invade a
cidade
24
Entre os dias 26 de setembro
e 10 de outubro, cerca de
300 filmes de diversos países
serão exibidos em mais de 20
pontos da cidade. Além das
mostras tradicionais como Panorama Expectativa, Première
Brasil e Latina etc, o público
vai poder participar de debates com diretores, atores e
produtores no Cine Encontro,
que acontecerá no RioMarket. Prepare-se para assistir
aos destaques das telas de
Cannes a Vezeza, de Berlim a
Sundane, Toronto, Locarno e
San Sebastián.
Acesse
www.festivaldorio.com.br
e programe-se.
povos com ideologias extremistas: os
nadistas, que não sabiam usufruir da abundância que a terra tinha a lhes oferecer e
mantinham-se em inércia constante, e os
tudistas, sempre insatisfeitos, no afã constante de querer mais do que possuíam. A
partir do amor entre Nadinha e Tutano,
representantes dos grupos inimigos, surge
um novo povo que consegue romper as
barreiras e aceitar as diferenças como par-
te fundamental para uma nova sociedade,
que respeita o meio-ambiente e pratica o
real significado da palavra sustentabilidade.
A narrativa é passada de avó para neta e é
através dos olhos de Luiza, uma menina
inquieta e questionadora, que o público
começa a encontrar respostas para tantas
perguntas sobre o mundo.
Local: Oi Futuro Flamengo
‘Causos’ com sotaque
mineiro em Botafogo
O Centro de Inclusão, Arte e
MeiSucesso absoluto de público e
crítica, Calango deu! – Os causos
da Dona Zaninha, é um espetáculo
teatral baseado na cultura popular
mineira.O monólogo foi construído
ao longo de cinco anos através de
uma pesquisa que abrange vocabulário, hábitos, histórias, músicas,
crenças etc. Além de contar surpreendentes causos de amor, de
assombração, de padres e beatas,
de “semvergonhice”, a personagem
também convida a plateia a cantar
com seu bandolim, enquanto ensina
receitas e simpatias. Entre um cafezinho e uma boa cachaça mineira,
Dona Zaninha, a guardiã desses ricos
acervos, conduz o público a outras
paragens, verídicas ou fantasiosas,
mas recheadas de humor, poesia e
memória.
Temporada: De 29 de agosto até 22
de setembro
Local: Teatro Poeirinha - Rua São
João Batista, 104. Botafogo – Telefone 2537 - 8053
Horário: Quinta a sábado 21h e
domingo, 20h
Duração: 80 min.
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 40 (inteira) / R$ 20
(meia) para estudantes e idosos
Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63
- Flamengo - (21) 3131-3060
Temporada: 24 de agosto a 20 de
outubro – sábados e domingos
Não haverá apresentações em 21 e 22
de setembro
Horário: 16h
Preço: R$ 15,00
Capacidade: 63 lugares
Classificação: Livre
Monólogo
“Olga no
Jardim das
Cerejeiras”
(Única Apresentação)
O espaço CIAMA Cultural (Centro de
Inclusão, Arte e Meio Ambiente) realiza
única apresentação do monólogo “Olga
no Jardim das Cerejeiras”. A peça conta a
história de uma mulher da aristocracia russa,
da sua família e de como, após retornarem
à propriedade da família, vê-se obrigada a
vender a casa para pagar a hipoteca. Após o
monólogo, o ator Felipe Pedrini falará sobre
o desenvolvimento do processo de montagem do monólogo. A peça será no dia
14 de setembro, às 20h, em Copacabana.
Temporada: 14 de setembro (sábado)
Local: CIAMA Cultural – Rua Raimundo
Côrrea, 60 Copacabana
Telefone: 2549-6376
Horário: 20h
Ingressos: R$ 10,00
P
OR DENTRO DA FOLHA
Folha Carioca: 12 anos de
vida e 1 ano de renovação
Doze anos e mais de uma centena de edições separam a Folha
da Gávea, jornal da associação de
moradores do bairro, da hoje Folha
Carioca, importante publicação da
Zona Sul carioca. Dentro deste período, o último ano foi, em especial,
um momento marcante em nossa
história. Estamos comemorando
o primeiro aniversário de nosso
novo projeto que elevou a revista a
um novo patamar: papel couchê e
alta qualidade de impressão, muito
mais conteúdo, projeto gráfico modernizado e a renovação de nossa
distribuição. Com isso, chegamos a
maturidade lançando um novo conceito no mercado editorial, de uma
revista gratuita, mas de alto valor para
quem lê e quem anuncia.
Não somos somente um “rostinho bonito”: nossas matérias vão a
fundo para mostrar a alma da cidade
e de seus personagens, discutir as
questões da cidadania e sustentabilidade e mostrar a vida cultural
da cidade fugindo dos assuntos em
voga na grande mídia. Nosso time
de colunistas completa o conteúdo,
sempre pronto para entrar em campo
e dividir seu conhecimento com todos
os leitores, nas mais diversas áreas.
É encantador ver a riqueza de
detalhes em cada tema abordado
por Oswaldo Miranda, conhecer
experiências exemplares de outras
pessoas com Arlanza Crespo em
Quem é Quem, organizar-se melhor com Samanta Quintans, criticar
a programação da telinha brasileira
com Bijux in thebox, descomplicar o
português com Carmem Pimentel,
acompanhar as novidades literárias
através das resenhas de HaronGamal,
tornar-se mais humano (a) lendo Ana
Flores, pensar um pouco mais sobre
o ser humano com Alexandre Brandão, divertir-se com a simplicidade
de Gisela Gold, poetizar a vida com
Tamas e vive-la melhor com Lilibeth
Cardozo. E tantos outros, que como
colunistas convidados trazem a qualidade de seus textos para nossa revista.
Nossos repórteres, fotógrafos,
designers e desenvolvedores completam a equipe e trabalham sempre preocupados em entregar um material de
grande beleza, digno do povo carioca.
25
As transformações no impresso
e a ampliação de nossa presença na
web (seja em nosso site ou na página
do facebook) continuarão sendo
feitos pensando em aproximar-se,
cada vez mais, do nosso público, e
o conteúdo vai continuar trazendo
aquela visão diferenciada de sempre.
Garanta o seu exemplar nos pontos
de distribuição, confira os extras no
+NAWEB e curta a nossa fanpage
para estarmos juntos... Sempre.
Theatro Net Rio e Folha Carioca premiam vencedores do concurso
No dia 21 de agosto, a revista
Folha Carioca e o Theatro Net Rio
estiveram juntos, no próprio teatro,
para entregar os certificados aos vencedores do concurso cultural Sua Frase
Vale Um Ano de Teatro Grátis.
Maria Luiza Panno Vieira, ganhadora de um ano de teatro com
a frase “Ser carioca é interpretar no
teatro da vida o papel de levar, com
alegria, as tristezas do Rio, de janeiro
a dezembro”, celebrou a vitória.
“Minha família inteira adorou. Existem
algumas opções na Zona Norte, mas
a maioria dos grandes espetáculos está
na Zona Sul”.
Antônio Cesar Pereira foi o segundo colocado ganhando oito meses de
teatro grátis com a frase “O carioca
vive no palco do teatro mais bonito do
mundo: o Rio”. “Não costumo participar de concursos, mas como gosto
muito de teatro, resolvi tentar. Elaborei
a frase sem pensar muito; foi mais
intuição”, afirma nosso antigo leitor.
Yonne da Silva, medalha de bronze, ganhou seis meses de teatro grátis
com a frase “O teatro do Rio nos faz
aprender e amar o jeito carioca de ser”.
Ela conta: “Fiz um esboço, revi e enviei.
Achei a proposta do concurso excelente por ser uma maneira de despertar as
pessoas para a cultura e também para
o desenvolvimento da escrita”.
A Folha Carioca e nosso parceiro,
Theatro Net Rio, se orgulham de
poder oferecer a nossos leitores a possibilidade de acessar a um verdadeiro
banho de cultura através de nossos
prêmios, promovendo o teatro e a
música e estreitando ainda mais nossos
laços com os leitores.
OSWALDO MIRANDA
[email protected]
Por quem os sinos dobram...
O Dr. Ulysses e os Três Patetas
26
“A história de Mora. A saga
de Ulysses Guimarães” foi das
melhores coisas acontecidas na
imprensa nestes últimos anos.
Trabalho excelente do confrade
Jorge Bastos Moreno, que assina o
Nhenhenhem, coluna do O Globo
aos sábados, que não perco. Tudo
foi resumido num livro que teve
lançamento concorrido na Livraria
da Travessa, Shopping Leblon.
Eu começava a escrever quando
Cecília me telefonou avisando que
Moreno estava no programa Sem
Censura. Peguei um bom pedaço. Dizia ele que Ulysses queria
por que queria ser presidente da
República, sua obsessão. Que ele
teve um tempo que ficou louco,
mas se recuperou, que com seu
olhar paralisava um político, que foi
o político mais importante em seu
tempo, fazendo campanha para as
eleições diretas até para cinco, dez
pessoas, na sua luta contra a ditadura que o poupou, que foi teimoso
ao querer voar de helicóptero com
tempo ruim, morrendo no mar,
onde ficou para sempre...
Ulysses foi anticandidato à
presidência da República, com
Barbosa Lima Sobrinho como vice.
Afrontou, corajoso e desafiador, a
generalada que tomara conta do
país. Mas o que quero mesmo
lembrar, segundo o Nhenhenhem
do moreno, era sua dura aversão
aos milicos, coisa de macho.
Quando morreu o ditador Costa
e Silva, havia um vice-presidente,
o deputado Pedro Aleixo, a quem
fora confiada a redação de um
novo texto constitucional. Lógico,
ele assumiria. Coisa nenhuma! Um
civil, um paisano na presidência?
Instituíram, então, uma junta
militar que durou até que viesse
um novo ditador, os três idiotas
a serviço do melhor humorismo.
Em tempo: foi Ulysses que falou...
Esse que foi um dos maiores políticos que o país já conheceu, e cuja
vida é livro, vai virar filme e novela
a ser apresentada possivelmente
na CBN, tendo a atriz Mariana Ximenes vivendo Dona Mora. É pra
lá de bom que as novas gerações
saibam quem foi o Dr. Diretas, o
homem que apresentou ao país
a Nova Constituição Brasileira,
1988. A capa do livro de Jorge
Bastos Moreno é a reprodução
de uma fotografia de Ulysses, em
silhueta, na capa da revista Veja,
da época, com o título Por quem
os sinos dobram...
Primavera
21 de setembro, Dia da Árvore, ops! Dia do toco...
G ISELA GOLD
[email protected]
BAND NEWS: “Fazendo propaganda de TV a cabo, produtos para
cabelo, pasta de dentes etc., Gisele
Bundchen (entre as 100 mulheres
mais influentes do mundo segundo a Forbes) está
faturando sete vezes mais do que Neymar”. E olha que o craque
também faz vários comerciais na TV.
GERAL: “Cesar Cielo trimundial nos 50m livre. O primeiro homem a obter essa
marca na prova que é uma das mais tradicionais da natação.” Na piscina não tem para
ninguém para lhe passar a bola... É ele e só ele!
RECORD NEWS: “Polícia Civil quer ouvir todas as pessoas que negociaram imóveis com o provedor
da Santa Casa de Misericórdia, Dahas Zarur.” Por ora, prefiro ficar de atalaia...
SUPER INTERESSANTE: “Enfim, a cura da Aids. Dezessete pacientes venceram o HIV. É um
remédio capaz de curar todos os outros testados em humanos, com resultados excelentes.
Conheça os bastidores da descoberta médica mais importante das últimas décadas. “ Que
melhor notícia do que essa, meu Deus?
TROVAS: “Enquanto em casa de areia/ panelas e limpa o chão/ a sua esposa passeia/ com seu primo – Ricardão.”
Osmar de Guedez Vas, saudoso amigo, o maior bloguer que conheci.
A ÚLTIMA DO MOMENTO: “O senador Lobão Filho é contra a ética na política.” Ruy Barbosa
e Joaquim Nabuco nele!
O GLOBO: “Produtores brasileiros de banana temem importação da fruta do Equador. Pode
derrubar preços e causar desemprego no setor.” Banana do Equador? Aqui, ó!
A BÍBLIA – UM DIÁRIO DE LEITURA: Sentimento geral pela morte de Luiz Paulo
Horta, o religioso, o escritor, o pianista, e muito mais.” Agora, imortal de verdade,
ele poderá verificar in loco o que dizia nas entrevistas sobre seu livro, comentando
a Arca de Noé e Jonas, por exemplo, viajando dentro de uma baleia fugindo a não
cumprir penitência de Deus, não passava de mitos. Imagine, dizia Horta, um só homem
colcando numa embarcação casais de todos os animais para salvá-los do dilúvio, e
outro que, para se livrar da tempestade em alto mar viu-se recolhido na barriga de
uma baleia que o salvou, vomitando-o adiante num porto seguro. Mitos, na bíblia de
Horta, um valor que se foi tão cedo...
GERAL: O carioca David Miranda ficou detido por 9 horas no aeroporto de Heathrow, Londres, por que é marido de Glenn Greewald, que entrevistou para o
“The Guardian” Edward Snowden, o cara que revelou o sistema de espionagem
dos EUA. Marido.. mais uma mancadinha da Scotland Yard... vide Jean Charles de
Menezes que levou sete balas na cabeça, de graça...
A Minha
Amelinha nunca gostou de relógio.
Sempre preferiu anéis e pulseiras da gaveta
da mãe. Quando ia dar bronca na menina,
no mesmo minuto ela gritava: “paieeeeeeeeeeeeeee!” O sujeito ouvia o grito de sua
princesinha e em cinco minutos lá estava a
bicicleta, o sorvete de chocolate, o jogo de
bonecas, a viagem para Disney.
Amelinha nunca olhou para o relógio,
afinal seus desejos eram realizados num
piscar de olhos. Até o dia em que ouviu seu
primeiro “não”.
Era seu primeiro dia de trabalho e chegou
atrasada. Nunca soube o que era ser atrasada; todo mundo reclamava, mas nada que
uma gracinha de Amelinha não comprasse
um sorriso no minuto seguinte.
Estava meia hora atrasada e não entendia
como alguém podia não rir de sua gracinha.
O chefe não perdoou, e Amélia, foi assim
que a chamou, não conseguiu a vaga na
livraria dos seus sonhos.
A vaga foi para Mário, que tinha a idade
de Amélia e também já quis bicicleta, sorvete de chocolate, bonecos, viagem para
Disney. Ao invés disso, seu pai lhe deu
um relógio velho e disse: “Menino,
seu pai não tem dinheiro para
essas coisas da televisão,
mas tome isso aqui. Era
de seu avô. Com ele
nunca perdi as chances que o mundo
me deu. É seu”.
Mário recordava o feito, quando
o dono da livraria
perguntou-lhe as
horas. “É a minha
hora, Seu Décio,
é a minha hora”.
Beijou o vidro
onde os ponteiros batiam seis
horas e seguiu
viagem.
27
T AMAS
[email protected]
Instante Fugaz
- Êta, quanta fumaça preta.
Puseram fogo no matagal.
Vieram vizinhos, curiosos,
o bombeiro e a força policial.
Na busca do culpado,
perguntas ao deus dará.
Um falatório enorme.
- Quem será, quem será?
Será ponta de cigarro incandescente?
Será um mau elemento inconsequente?
Será o sol escaldante e o calor indecente?
Ou será brincadeira de adolescente?
Fogo extinto e fim do rebuliço.
A busca do culpado sem solução.
Todos de volta para as casas,
foi embora a corporação.
28
Brincar de índio, com flechas incendiárias,
é muito perigoso.
Amanhã, acho que vou brincar
de pique esconde.
Pensamentos Poeta
Convidado
Pró-fundos
Sandra Martins de
-Um ponto
visto de perto
pode ser um universo
cheio de pontos.
-Desejos desencontrados
acordam com a solidão.
-As palavras também me enganam.
-Um instante depois de agora
continua sendo agora.
-Cedo ou tarde
todo império acaba.
Souza
Vago Urca
Num frêmito
Senti a língua molhada
Da onda do Mar
Lamber, vibrar
Em sons e murmúrios
Lenta, leve, cálida
No corpo denso
Da areia da praia...
EDUCAÇÃO
&
CONHECIMENTO
Publieditorial
Colégio Stockler:
crescendo junto
com nossos alunos
de. Em maio deste ano, o colégio
inaugurou uma unidade, também
na Rua General Rabelo, totalmente
especializada em educação infantil e
o atendimento foi ampliado para os
pequenos que ainda estão no berçário. O ambiente foi cuidadosamente
preparado durante quase um ano e
conta com salas de pintura e brinquedos recreativos de acordo com
cada idade, berçário e espaço com
piso almofadado para os primeiros
passos, biblioteca que inclui tablets
para acesso virtual monitorado e uma
maravilhosa área de recreação. Em
2014, a educação infantil será integrada ao Projeto Bilíngue, que irá até o
5º ano: a partir do momento em que
o aluno aprender a falar, ele passará a
ouvir o idioma Inglês com o método
e o material da Cultura Inglesa.
“Os alunos são distribuídos
em pequenas turmas, e tratamos
cada um de forma única, pelo
nome e sobrenome. E os alunos
do ensino médio são preparados
para enfrentar os vestibulares mais
concorridos. Aplicamos duas provas
e um simulado semanalmente e as
aprovações comprovam a eficácia
desse sistema”, afirma Vera Lúcia.
Durante o ano letivo os pais são
convidados a participar de reuniões
periódicas para conhecer futuros
projetos e temas abordados, discutir
sobre processos de adaptação e
também conversar com professores
de sua preferência.
Informe-se e garanta já a sua vaga.
Fotos: Arthur Moura
Há 46 anos, o Colégio Stockler, uma das instituições educacionais mais respeitadas do Rio
de Janeiro, cumpre a missão de
educar e formar cidadãos desde a
infância até a fase adulta. Localizada
na Gávea, a equipe de educadores,
renovada em 2010 após a fazer
parte do grupo Dínamis, mantém
a tradição de especializar-se a todo
instante: “O aprendizado constante
é a nossa prioridade, principalmente nos últimos tempos em que as
mudanças comportamentais têm
acontecido rapidamente. Isso exige
um atento acompanhamento e
uma adequação perfeita do melhor
e mais importante que houver em
cada metodologia”, explica Vera
Lúcia Gomes, diretora da unida-
R. General Rabelo, 51/56 - Gávea
Rio de Janeiro,- CEP 22451-010
(21) 2274-1121
29
I ACI MALTA
[email protected]
Maria
Eu nunca dei atenção a conexões entre fases da vida e idade cronológica, no que diz respeito a
mim mesma. Estou me referindo àquela estória bem conhecida de crise dos trinta, quarenta, cinquenta... Talvez por ter começado minha vida adulta muito precocemente e, fisicamente, sempre
me atribuírem uma idade bem, bem menor que a real.
30
Mas agora, começo a pensar que
estar próxima dos setenta anos de
vida está mexendo comigo de alguma maneira (boa), já que depois de,
recentemente, descobrir o mundo
mágico, resolvi me rebatizar: vou me
chamar Maria.
A ideia de mudar de nome eu sei
de onde veio: recebi um hóspede que
se disse chamar Inefavel, ou Ine ou
Favel, e que atualmente esse era seu
nome. Ao notar meu olhar de curiosidade ou de quem não está entendo
nada ele explicou: “De tempos em
tempos eu mudo de nome. O último
que escolhi foi esse, Inefavel”.
Ocorreu que poucos dias depois,
eu acordei com essa ideia na cabeça
(como se ideia pudesse estar em outro lugar que não na cabeça...), isto é,
“vou mudar de nome, vou me chamar
Maria. Vou me rebatizar no dia do meu
aniversário que é em agosto”.
As reações em casa, quando
anunciei a novidade, foram variadas:
um achou que eu gostava de nomes
simples, outra que eu devia mesmo
me chamar Maria porque era uma
‘grande mãe’, no sentido de carregar
muitos ‘filhos’. Meu netinho de sete
anos perguntou: “Mas eu não mais vou
ter uma vó Iaci?”.
Alguém até observou que a escolha do nome denunciava o quanto “eu
me achava”, isto é, tão maravilhosa,
que até podia me chamar Maria, simplesmente Maria. Outros, ao contrário,
disseram que a escolha refletia minha
modéstia.
O mais engraçado da experiência
é que ninguém questionou a mudança
em si (quase como se isso fosse ‘normal’), ninguém disse que eu estava maluca ou gagá, todos se concentraram
ou na lamentação da perda da Iaci ou
na escolha do nome.
Por que Maria?
Isso eu já não sei, mas me lembrei
de dois fatos da minha história. Minha
avó paterna, que foi minha avó-mãe,
se chamava Maria Lia e, minha mãe
conta a estória de que quando nasci
com o cordão umbilical enrolado no
pescoço, alguém disse a ela que, já
que havia sobrevivido ao nascimento
numa situação desfavorável, eu deveria
me chamar Maria.
Já uma amiga muito querida disse
que um novo nome cria uma nova
persona e, portanto, mexe com as
expectativas depositadas na persona
antiga. Quem sabe...?
Penso que essa é uma experiência
que só pode ser entendida depois de
vivida e eu estou me dando a oportunidade de vivê-la.
Enfim, não sei por que, mas a partir
do próximo dia 16 de agosto, meu
nome é Maria, só Maria.
31
H ARON GAMAL
[email protected]
“Hanói”, o novo romance
de Adriana Lisboa
32
“Elefantes não deveriam morrer,
não é verdade? Elefantes deveriam viver para sempre.” Embora no começo
do seu mais recente romance, “Hanói”
(Alfaguara, 238 páginas), Adriana
Lisboa use a metáfora desse grande
e belo animal, ela vai tratar mesmo é
de seres humanos e da precariedade
de suas existências. A autora estreou
na literatura no final dos anos noventa,
e “Sinfonia em Branco” (2001), seu
segundo livro, abriu caminho para que
ela recebesse muitos elogios e alguns
dos principais prêmios concedidos pela
crítica especializada. “Sinfonia” acabou
também por marcar a sua literatura,
porque mesmo hoje, morando nos
Estados Unidos desde 2007 e com
vários livros publicados, para muitos
leitores é ainda o seu melhor trabalho.
Com “Hanói”, seu sexto romance,
talvez alguns já possam afirmar que há
algo de novo não apenas na literatura
de Adriana Lisboa, mas também no
horizonte da literatura brasileira. O
primeiro ponto é que se trata de uma
história totalmente ambientada fora
do Brasil, restando nela de brasileiro,
além da referência ao já falecido pai
do personagem principal – nascido em
Governador Valadares e tendo emigrado jovem para os Estados Unidos – a
circunstância de ter sido escrita em
português. David, o filho, é americano;
e sua mãe, uma emigrante mexicana.
No livro seus pais aparecem apenas
como lembrança. O segundo ponto é
que o romance traz como tema principal algo difícil de ser abordado: a dor e
a consequente proximidade da morte.
O que fazer quando alguém sabe que
já não lhe resta mais do que seis meses
de vida? Adriana desenvolve bem o
tema sem resvalar na pieguice ou no
melodramático.
David, um homem de 32 anos, é
músico amador, toca trompete, mas
tem câncer. O médico lhe assegura
que sua doença só possui tratamentos
paliativos e que lhe resta apenas uma
sobrevida. Mas o personagem, de
modo surpreendente, não se deixa
abater, cria um objetivo para si, e até
arranja uma namorada. Assim como os
elefantes citados lá no início separam-se da manada quando sentem a
morte próxima (é a própria narradora
que nos alerta), David deseja viajar
para bem longe, quem sabe Hanói. A
capital do Vietnã será o motivo para a
entrada em cena das consequências
dessa guerra americana.
Talvez muitas pessoas não saibam
que a guerra do Vietnã produziu uma
horda de deserdados dentro da própria sociedade vietnamita. Enquanto
durou, muitos soldados americanos
geraram filhos em mulheres vietnamitas. Com o término da guerra,
depois que os soldados partiram, essas
crianças foram discriminadas e atiradas
numa espécie de limbo, não podendo
nem mesmo frequentar a escola. Nos
anos 1990, os Estados Unidos decidiram receber em seu solo essas pessoas, uma espécie de resgate à tragédia
que causaram no extremo oriente.
Na América, receberam cidadania e
começaram a ser preparadas para a
integração na vida social e profissional.
O romance é muito bem sucedido ao expor as duas vertentes a que
se propõe. A dor física, incluindo aí a
proximidade irremediável da morte,
e as feridas ainda não cicatrizadas de
todo oriundas de uma guerra que
além de mortos e feridos produziu
gente proibida de existir como ser
humano, outro tipo de sentença de
morte.
Embora o romance não possua
o mesmo requinte narrativo de
“Sinfonia em Branco”, “Hanói” é um
bom motivo de comemoração para
aqueles que gostam de ousadia. Assim como a experiência americana
dos exilados vietnamitas gerou mudança no conceito racial do que é ser
americano nos dias de hoje, o exílio
voluntário de Adriana Lisboa nos Estados Unidos está gerando uma bem
sucedida literatura brasileira, mesmo
escrita fora do Brasil e distante dos
problemas brasileiros.
A LEXANDRE BRANDÃO
| NO OSSO
[email protected]
Conselhos (quase)
inconsequentes
Desarme a polícia.
Libere as drogas.
Proíba a publicidade governamental.
O poder não legisla, julga ou administra em nome de Deus (ou de
Deuses). O bagulho é entre nós.
Rir pelo menos três vezes ao dia
é bom para a saúde. Rir do governo,
do vizinho ou de nós mesmos — não
necessariamente nessa ordem. O governo também deve ser saudável, assim
deve rir do governo, por óbvio, de
outro governo, por exemplo, o nosso
poderá rir do americano ou do russo.
No caso do vizinho, o governo não
reservará seu riso apenas para a fronteiriça Argentina, devendo contemplar
do mesmo modo andinos, caribenhos
e platinos. Numa coletiva o governo
rirá de si mesmo.
Reuniões entre agentes do governo
e entre eles e agentes não governamentais poderiam ser filmadas, transmitidas ao vivo e mantidas na internet por
tempo indeterminado. Nada de edição.
São péssimas as soluções de emergência, logo que se faça uso delas
apenas quando de fato houver urgência
(desastre natural, invasão das fronteiras). Diante das manifestações populares, o governo decide... Nada disso:
diante das manifestações populares, o
governo ouve antes de sugerir.
Incentivar artista, empresário, agitador cultural, enfim, todo
aquele que receber dinheiro
público (ainda que por renúncia
fiscal) a escrever e tornar público
um texto com críticas ao governo (seu mecenas). Construtivas,
se achar por bem. Se optar
por crítica leve, um senão à
roupa usada pelas autoridades,
que, em seguida, aponha outra
mais contundente, que ajude o
governo e o próprio estado a
serem mais justos.
Uma vez por mês, formar
uma mesa de biriba com os
chefes do Executivo, do Legis-
lativo e o do Judiciário. Transmitida ao
vivo, claro. Depois de um ano, aquele
que fizer mais pontos terá direito a
um mimo do Estado: uns dias mais de
poder, isenção de imposto de renda ou
qualquer coisa que faça os jogadores
lançarem mão de todas as suas artes e
artimanhas para ser o vencedor.
O presidente, pelo menos duas vezes por ano, os governadores, quatro
vezes, e os prefeitos, doze, bem que
poderiam passar um dia inteiro na rua
olhando as modas. As escolhas de por
onde flanar respeitariam a diversidade:
um dia de Leblon e outro de sertão
sem chuva. Durante esse dia, o chefe
do Executivo estaria obrigado a entrar
num boteco, pedir um café, contar
uma piada. E ouvir, ouvir muito.
Abrir as seções eleitorais para
o eleitor arrependido justificar seu
arrependimento e deseleger o antes
eleito. Como consequência, a prática
de desvoto de cabresto seria crime.
33
O NDE ENCONTRAR
www.folhacarioca.com.br
Ações de Rua • Livrarias
• Bancas • Cafés • Restaurantes
• Espaços Culturais • Lojas • Academias
34
BOTAFOGO
Budha Spa Botafogo
Av. Lauro Sodré, 445/G3 e G4
– Shopping Rio Sul
Tel.: 2295-7941
OX Fitness Club Mourisc
Praia de Botafogo 501
OX Fitness Club Praia
Praia de Botafogo, 488
Tel.: 2295-2211
Restaurante Manakish
Rua Cesário Alvim, 03 lj C
Tel.: 2530-4117
COPACABANA
Banca do Babau
Rua Inhangá esquina c/ NSC
Banca Tia Vânia
Rua Xavier da Silveira, 45
Banca Xavier da Silveira
Rua Xavier da Silveira, 40
Empório Occhiali
Rua Siqueira Campos,
143 – Loja 141-142
Espaço Brechicafé
R. Siq. Campos 143 - loja 31
Tel: 2497-5041
Graça Brechó
Av. N.S.Copabana 959 - Loja E
Ao lado do Cine Roxy
Le Chic Optique
Av. N.S.Copa., 267
Livraria Nobel
Rua Barata Ribeiro, 135
Tel.: 2275-4201
Helena's Studio
R. Siqueiro Campos, 143/lj 25
Rest. Príncipe de Mônaco
Rua Miguel Lemos, 18- Loja A
Shopping 195
Av. N.S.Copacabana, 195
Sorveteria Lopes
Av. N.S.Copa., 1.334 - loja A
Theatro Net
Rua Siqueira Campos - N° 143
- 2º Piso. Copacabana
GÁVEA
15ª DP – Gávea
R. Major Rubens Vaz, 170
Tel.: 2332-2912
Banca da Bibi
Shopping da Gávea 1º piso
Tel.: 2540-5500
Banca da Gávea
R. Prof. Manoel Ferreira, 89
Tel.: 2294-2525
Banca Dindim da Gávea
Av. Rodrigo Otávio, 269
Tel.: 2512-8007
Banca Feliz do Rio
Rua Arthur Araripe, 110
Tel.: 9481-3147
Banca New Life
R. Mq. de São Vicente,140
Tel.: 2239-8998
Banca Planetário
Av. Vice Gov. Rubens Berardo
Tel.: 9601-3565
Banca Speranza
Praça Santos Dumont, 140
Tel.: 2530-5856
Banca Speranza
Rua dos Oitis esq. Rua José
Macedo Soares
Casa da Táta
R. Prof. Manoel Ferreira,89
Tel.: 2511-0947
Chaveiro Pedro e Cátia
R. Mq. de São Vicente, 429
Tels.: 2259-8266
Igreja N. S. da Conceição
R. Mq.de São Vicente, 19
Tel.: 2274-5448
Menininha
Rua José Roberto Macedo
Soares, 5 loja C t. 3287-7500
Posto BR – loja de
conveniência
Rua Mq. São Vicente, 441
Restaurante Villa 90
Rua Mq. de São Vicente, 90
Tel.: 2259-8695
FLAMENGO
República Animal
R. Marquês de Abrantes, 178 lj. B
Tel.: 2551-3491 / 2552-4755
HUMAITÁ
Banca do Alexandre
R.Humaitá esq. R.Cesário Alvim
Tel.: 2527-1156
IPANEMA
Armazem do Café
Rua Maria Quitéria, 77
Banca do Renato
Rua Teixeira de Mello, 30
Budha Spa Ipanema
Rua Visconde de Pirajá, 365/B,
Sobreloja 201
Tel: 2227-0265
Centro Cultural Laura Alvim
Av. Vieira Solto, 176)
Mundo Verde
Rua Visconde de Pirajá, 35
Supervídeo
Rua Visconde de Pirajá, 86 lj.C e D
21 2522-6893
Via Verde
R. Vinicius de Moraes, 110, LJ. C
Wash Club
Visconde de Pirajá, 12, loja D
JARDIM BOTÂNICO
Carlota Portella
Rua Jardim Botânico, 119
Tel: 2539-0694
Le pain du lapin
Rua Maria Angélica, 197
Tel: 2527-1503
Posto Ypiranga
Rua Jardim Botânico, 140
Tel:2540-1470
Supermercado Crismar
Rua Jardim Botânico, 178
Tel: 2527-2727
LAGOA
Bistrô Guy
Rua Fonte da Saudade, 187
LARGO DO MACHADO
Shopping Sáo Luiz
Rua do Catete 311
LARANJEIRAS
Barraca de CDs Raros Marcelo
Praça São Salvador
(21) 9973-6021
Casa da Leitura
Rua Pereira da Silva, 86
Mundo Verde
Rua das Laranjeiras, 466 – loja D
Tel.: 3173-0890
LEBLON
Armazém do Café
Rua Rita Ludolf, 87
Tel.: 2259-0170
Banca Canto Livre
Rua Gen. Artigas, s/nº
Tel.: 2259-2845
Banca do Mário
Rua Gen. Artigas, 325
Tel.: 2274-9446
Banca do Vavá
Rua Gen. Artigas, 114
Tel.: 9256-9509
Banca Rainha
R. Rainha Guilhermina,155
Tel.: 9394-6352
Banca Scala
Rua Ataulfo de Paiva, 80
Tel.: 2294-3797
Banca Top
Rua Ataulfo de Paiva, 900
esq. Rua General Urquisa
Tel.: 2239-1874
Budha Spa Leblon
Rua General Urquiza, 102/
6º andar
Tel.: 2249-5647
Café com Letras
Rua Bartolomeu Mitre, 297
Café Hum Leblon
Rua Gen. Venâncio Flores, 300
Tel.: 2512-3714
Central de Compras do
Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 556
Centro Empresarial Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 204
Cidade do Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 135
Entreletras
Shopping Leblon nível A 3
Embalo Bar
R Dias Ferreira, 113
Fotografia Digital
Av. Afranio de Melo Franco, 310
Rio Flat - Apart Hotel
Rua Almirante Guilhem, 332
Vitrine do Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 1079
LAPA
Bar da Nalva
Rua Silvio Romero, 3 - Esquina
com Rua do Riachuelo
LEME
Maison 25 Haute Coiffeur
Rua Roberto Dias Lopes, 25
Quiosque Espaço OX
Av. Atlântica, Posto 1
SANTA TERESA
Banca Chamarelli
Rua Áurea, 02
Banco do Lgo. dos Guimarães
Largo dos Guimarães s/nº
Bar do Gomes
Rua Áurea, 26
Esquina de Santa
Rua Monte Alegre, 348
Tel.: 2508-7112
URCA
Banca da Deusa
Banca da Teca
Banca do Círculo Militar
em frente ao Círculo Militar
Banca do EPV
Banca Ernesto e Bia
Av. Portugal, 936
Banca Garota da Urca
Av. João Luíz Alves, 56
Bar Belmonte
Av. Portugal 986
Bar e Restaurante Urca
Rua Cândido Gafrée, 205
[email protected]
Fundadora
Regina Luz
Conselho Editorial
Paulo Wagner (editor executivo)
Lilibeth Cardozo (editora de
conteúdo)
Vlad Calado
Arquimedes Celestino
Fred Alves
Jornalista responsável
Fred Alves (MTbE-26424/RJ)
Design e Criação
www.Ideiatrip.com.br
Projeto gráfico
Vlad Calado
Capa
foto de Arthur Moura
Diagramação e Ilustração
Carlos Pereira, Marcela da
Fonseca, Olavo Parpinelli, Yuri
Bigio
Fotografia
Arthur Moura, Fred Pacífico
Revisão
Luiza Mirian Martins, Marilza
Bigio e Carmen Pimentel
Colaboradores
Alexandre Brandão,
Ana Flores, André Leite,
Arlanza Crespo, Carmen
Pimentel, Fred Alves, Gláucia
Pinheiro, Gisela Gold, Haron
Gamal, Iaci Malta, Juliana Alves,
Lilibeth Cardozo, Marilza
Bigio, Oswaldo Miranda,
Renato Amado, Sérgio Lima
Nascimento, Suzan Hanson,
Tamas
Desenvolvimento web
Bruno Costa
Mídias Sociais
Juliana Alves, Marcela da
Fonseca
Distribuição
Gratuita
Publicidade
Verônica Lima, Angela
Bittencourt, Solange Santos,
Verônica Vidal
(21) 2253-3879
[email protected]
Uma publicação:
www.arquimedesedicoes.com.br
Av. Marechal Floriano, 38 / 705
Centro – Rio de Janeiro – RJ
CEP.: 20080-007

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