cultura visual - Ser Designer», um livro de Armando VILAS-BOAS

Transcrição

cultura visual - Ser Designer», um livro de Armando VILAS-BOAS
10.03
cultura visual
Armando Vilas Boas
www.avbdesign.com
5
newsletter APOGESD
O que se pretende com este tópico?
Esta pequena crónica tentará cumprir uma função
educativa no seio dos associados da Apogesd. Neste
espaço debruçar-me-ei sobre as múltiplas vertentes
do fenómeno da comunicação visual. A comunicação
visual é aquilo que se designa vulgarmente por
“imagem”: a imagem de uma pessoa, de uma marca,
de uma instituição... Sendo a minha área o Design
Gráfico, abordarei não o lado comercial do fenómeno
comunicativo (reservado aos profissionais do marketing)
mas sim a vertente cultural que rege a nossa percepção
visual do mundo.
O papel pedagógico que pretendo exercer com esta
crónica vai em duas direcções: mostrar a importância
da comunicação visual na actividade do gestor
desportivo, bem como contribuir para a formação do
gestor na sua percepção qualitativa do desempenho
da eficácia comunicativa da organização que representa.
Para este duplo objectivo recorrerei à apresentação
de exemplos concretos, e tendo em atenção que a
condição de associado da Apogesd obriga pelo menos
à frequência universitária, abordarei também a
exploração de temáticas do foro conceptual. Creio
que da mescla destas duas abordagens poderá obter-se uma boa dosagem de conteúdo prático e teórico.
Contemplação/Imaginação
Este texto será sempre ilustrado com uma imagem. A
imagem deste número não tem aparentemente nada
a ver com a gestão desportiva, mas tem muito a ver
com a eficácia da comunicação visual: o equilíbrio
entre o explícito e o implícito. Nesta fotografia de Tono
Stano intitulada «Sense», de 1992 (cuja ideia foi
repescada para a promoção de um filme americano),
o balanço entre o que se vê e o que é sugerido não
só é delicado — estimulando o observador através da
sugestão —, como também cumpre uma função
sedutora (exactamente porque não é tudo visível). Em
suma, a fotografia estimula a imaginação e educa a
observação, tudo isto com uma simplicidade formal
desconcertante. De resto, a cena foi despojada de
todos os elementos distractores, precisamente para
focar a atenção do observador no essencial.
Numa só penada, podemos aqui registar dois dos
factores que mais contribuem para a eficácia de
uma qualquer mensagem visual, seja ela uma
fotografia, uma mascote, um cartaz ou um spot
publicitário: simplicidade gráfica e espaço para a
imaginação do observador.
Continuaremos a desenvolver este tema no próximo
número.