TCC01 - Faculdade de Biomedicina

Transcrição

TCC01 - Faculdade de Biomedicina
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
FACULDADE DE BIOMEDICINA
DIEGO SIQUEIRA SANTOS
AVALIAÇÃO DO EFEITO INIBITÓRIO DA ATIVAÇÃO MICROGLIAL DO
ÓLEO-RESINA DE Copaifera reticulata DUCKE APÓS ISQUEMIA
ESTRIATAL POR ENDOTELINA-1 EM RATOS ADULTOS
BELÉM
2012
2
DIEGO SIQUEIRA SANTOS
AVALIAÇÃO DO EFEITO INIBITÓRIO DA ATIVAÇÃO MICROGLIAL DO
ÓLEO-RESINA DE Copaifera reticulata DUCKE APÓS ISQUEMIA
ESTRIATAL POR ENDOTELINA-1 EM RATOS ADULTOS
Trabalho de Conclusão de
Curso
apresentado
à
Faculdade de Biomedicina da
Universidade Federal do Pará,
como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel
em Biomedicina.
Orientador: Prof. Dr. Walace Gomes Leal.
Co-orientador: Msc. Adriano Guimarães Santos.
BELÉM
2012
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DIEGO SIQUEIRA SANTOS
AVALIAÇÃO DO EFEITO INIBITÓRIO DA ATIVAÇÃO MICROGLIAL DO
ÓLEO-RESINA DE Copaifera reticulata DUCKE APÓS ISQUEMIA
ESTRIATAL POR ENDOTELINA-1 EM RATOS ADULTOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Faculdade de
Biomedicina
da
Universidade
Federal do Pará, como requisito
parcial para a obtenção do grau de
Bacharel
em
Biomedicina,
aprovado
com
o
conceito
__________________.
Belém (PA), 14 de Dezembro de 2012.
Banca Examinadora:
_________________________________
Prof. Dr. Walace Gomes Leal
ICB – UFPA
(Orientador)
_________________________________
Prof. Dr. Rafael Rodrigues Lima
(ICB-UFPA)
__________________________________
Prof. Dr. Ênio Mauricio Nery dos Santos
(ICB-UFPA)
__________________________________
Prof. Msc. Rômulo Augusto Feio Farias – suplente
(ICB-UFPA)
4
‘’O sucesso nasce do querer,
da determinação e persistência
em se chegar a um objetivo.
Mesmo não atingindo o alvo,
quem busca e vence obstáculos,
no mínimo fará coisas admiráveis."
José de Alencar
5
Aos meus pais que sempre me ofereceram o seu melhor,
ensinaram-me a ter foco e a ser persistente.
Aos meus amigos pelo apoio e dedicação.
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus por sempre me mostrar o caminho certo e colocar pessoas
boas no meu caminho. Obrigado Senhor!
Aos meus pais pela dedicação, afeto e principalmente pela oportunidade de poder
sonhar.
Ao Prof. Walace Gomes Leal pela orientação, paciência, pela compreensão nos
momentos de ausência e principalmente por me ensinar a caminhar livre pelos
caminhos do conhecimento.
Ao Adriano Guimarães pela dedicação, amizade, por ter me ensinado as técnicas
experimentais do trabalho e principalmente por ter me apresentado o mundo
científico.
Ao Ijair Rogério pela amizade, pela ajuda nos experimentos e por ter tornado essa
caminhada mais divertida e alegre.
Aos membros do Laboratório de Neuropreteção e Neurorregeneração Experimental
que ajudaram diretamente ou indiretamente no processo experimental do trabalho.
Aos professores da faculdade de Biomedicina, pela dedicação, pelo conhecimento
passado e pela construção do profissional.
Aos meus amigos de faculdade pela cumplicidade, pelos momentos alegres, pela
partilha de conhecimento e principalmente por terem tornado esses 4 anos, os
melhores da minha vida.
Muito obrigado a todos!
7
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES..................................................................................9
RESUMO............................................................................................................10
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................11
1.1.
O ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE).....................................11
1.2.
FISIOPATOLOGIA DO ACIDENTE VASCULAR ENFEFÁLICO
ISQUÊMICO.............................................................................................13
1.2.1. Glutamato e Excitotoxicidade...............................................................14
1.2.2. Despolarização Peri-infarto...................................................................15
1.2.3. Estresse Oxidativo.................................................................................16
1.2.4. A Ruptura da BHE..................................................................................16
1.2.5. Resposta Inflamatória............................................................................17
1.2.5.1.
Resposta Molecular............................................................................17
1.2.5.2.
Resposta Celular................................................................................19
1.2.6. Apoptose.................................................................................................21
1.3.
REGIÃO ESTRIATAL..............................................................................22
1.4.
COPAÍBA, SUAS APLICAÇÕES FITOTERÁPICAS E O PARADIGMA
EXPERIMENTAL......................................................................................24
1.5.
OBJETIVOS.............................................................................................26
1.5.1. Geral........................................................................................................26
1.5.2. Específicos.............................................................................................26
2. MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................................27
2.1. ANIMAIS E GRUPOS EXPERIMENTAIS..................................................27
2.2. MODELO DE ISQUEMIA FOCAL POR INJEÇÃO DE ENDOTELINA-1...27
2.3. TRATAMENTO DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS...................................28
2.4. PERFUSÃO...............................................................................................29
2.5. ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E IMUNOISTOQUÍMICA........................29
2.5.1. Análise Histopatológica Geral.............................................................29
2.5.2. Imunoistoquímica.................................................................................30
2.6. ANÁLISE QUALITATIVA...........................................................................32
2.7. ANÁLISE QUANTITATIVA.......................................................................32
8
2.7.1. Método de Contagem.............................................................................32
2.7.2. Análise Estatística..................................................................................33
3. RESULTADOS.............................................................................................34
3.1.
PERDA TECIDUAL COM CARACTERISTICAS NECRÓTICAS E INTENSA
RESPOSTA INFLAMATÓRIA TRODUZIDA POR ET-1 NO CORPO ESTRIATAL
SÃO MINIMIZADAS PELO TRATAMENTO COM COPAÍBA............................34
3.2.
PERDA NEURONAL TRODUZIDA POR ET-1 NO ESTRIATO É MINIMIZADA
PELO TRATAMENTO COM COPAÍBA.............................................................34
3.3.
O TRATAMENTO COM ÓLEO-RESINA DE COPAÍBA INIBE ATIVAÇÃO
MICROGLIAL APÓS LESÃO EXITOTÓXICA ESTRIATAL POR ET-1.............37
4. DISCUSSÃO...............................................................................................39
5. CONCLUSÃO.............................................................................................43
6. REFERÊNCIAS...........................................................................................44
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1. Principais mecanismos envolvidos com a morte celular isquêmica e a
instalação de déficits neurológicos.............................................................................12
FIGURA 2. Representação temporal dos principais eventos envolvidos com a morte
celular isquêmica........................................................................................................14
FIGURA 3. Resumo esquemático dos principais passos envolvidos na transmigração
celular
mediada
pelas
moléculas
de
adesão
em
resposta
ao
dano
tecidual.......................................................................................................................19
FIGURA 4. Apresentação fenotípica da microglia em condições normais e
patológica...................................................................................................................21
FIGURA 5. Imagem anatômica do cérebro humano..................................................23
FIGURA 6. Análise histopatológica em coloração com violeta de cresila.................35
FIGURA 7. Análise imunoistoquímica para células NeuN+ e representação
gráfica.......................................................................................................................36
FIGURA 8. Análise imunoistoquímica para células ED1+ e representação
gráfica.......................................................................................................................38
10
RESUMO
No cenário nacional, onde o uso de plantas medicinais também é intenso,
o óleo-resina de copaíba se destaca por seu amplo uso, e os múltiplos efeitos
terapêuticos registrados desde o século XVI, e alguns dos efeitos fitoterápicos
disseminados pela cultura popular como a atividade antiinflamatória têm sido
comprovados cientificamente. Muitas doenças do Sistema Nervoso Central (SNC)
envolvem a inflamação sugerindo uma participação nos danos em tecidos
periféricos. No AVE (Acidente Vascular Encefálico), ocorre resposta inflamatória
caracterizada pela intensa presença de macrófagos ativos, pela ausência de corpos
neuronais e pela grande perda tecidual da zona de lesão. O presente estudo tem o
objetivo de Investigar o possível efeito inibitório da ativação microglial por injeções
intra-peritoniais do óleo-resina de copaíba (C. reticulata) após lesão isquêmica
aguda no estriato de ratos adultos induzida por micro-injeções de endotelina-1.
Utilizamos os efeitos vasoconstritores do peptídeo endotelina-1 para induzir
isquemia focal no corpo estriado de ratos machos adultos da raça Wistar, no tempo
de sobrevida de 7 dias. Os grupos (N=5) foram tratados com 200mg/Kg de Copaíba
ou Tween. Foi realizada técnica histológica de violeta de cresila para identificar a
região de lesão e técnicas de imunohistoquímica para NeuN e ED1 para avaliação
de presença de corpos celulares e ativação microglial, respectivamente. O grupo
Tween apresentou ausência de corpos celulares no centro da lesão e intensa
ativação microglial, em contrapartida, o grupo tratado com Copaíba apresentou
maior presença de corpos células no centro da lesão e menor ativação microglial.
Estudos futuros devem ser estabelecidos para melhor compreender os mecanismos
de ação desta planta no SNC.
Palavras-Chave: Copaíba, Tween, Endotelina-1, Estriato, Ativação Microglial.
11
1. INTRODUÇÃO
1.1.
O ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE)
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o acidente vascular
encefálico (AVE) é definido como déficit súbito focal ou global da função neurológica
de duração superior a 24 horas ou que leve a óbito, cuja única causa reside na
origem vascular (WOLFE, 2000; MARKUS, 2008), tal distúrbio possui origens
isquêmica ou hemorrágica, sendo, o AVE isquêmico o mais comum, cerca de 87%
dos casos (ROSAMOND et al., 2008). O Brasil ocupa a sexta posição entre os
países com maior índice de acometimentos por AVE (OMS), contudo, o maior da
América latina chegando aproximadamente 90 mil óbitos por ano (LOTUFO, 2005;
ABRAMCZUK & VILLELA, 2009). O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou no ano
de 2008 cerca de 200 mil internações por AVC, que resultaram em um custo de
aproximadamente R$ 270 milhões para os cofres públicos. Desse total, 33 mil casos
evoluíram para óbito (ABRAMCZUK & VILLELA. 2009). No Pará 9.686 pessoas
morreram desde janeiro de 2006 até agosto de 2011 por AVE (Sespa).
O AVE hemorrágico ocorre devido à ruptura do vaso sanguíneo no
parênquima cerebral, provocando extravasamento e acumulo de sangue no tecido
cerebral, ocorre principalmente pelo rompimento de aneurismas (CAPLAN et al.,
2009). O AVE isquêmico é provocado pelo bloqueio do vaso sanguíneo que pode
ser de caráter trombolíticos (acúmulo de placas de ateroma na parede interna do
vaso e posterior entupimento) ou embólicos (placa de ateroma se soltam e obstruem
a luz vascular seguinte), tal fato provoca a não irrigação das áreas adjacentes ao
bloqueio (CAPLAN et al., 2009).
Entre os fatores de risco para o AVE, estão: tabagismo, obesidade,
diabetes, dislipidemia e hipertensão (PETTY et al., 1999; SCHULZ & ROTHWELL,
2003; MARKUS, 2008). A hipertensão arterial sistêmica é o principal fator de risco
preditivo para AVE isquêmico, pois está presente em cerca de 70% dos casos;
Cardiopatias são consideradas o segundo fator de risco mais importante para AVE,
cuja freqüência é 41,9%; Diabete melito é fator de risco importante para AVE
isquêmico, uma vez que acelera o processo aterosclerótico, cerca de 23% de
pacientes com AVE isquêmico são diabéticos (PIRES et al, 2004). O AVE incide com
12
maior frequência na idade avançada período de vida em que se observam as
maiores taxas de óbito e seqüelas. O doente idoso, comparado ao doente jovem,
possui algumas características próprias em relação à etiologia e prevenção desta
doença, há nítida predominância da aterosclerose como causa do AVE, ao contrário
dos jovens, entre os quais prevalecem condições hereditárias, malformações e uso
de drogas ilícitas (PIRES et al, 2004).
AVE
FIGURA 1. Principais mecanismos envolvidos com a morte celular isquêmica e a instalação de
déficits neurológicos. Modificado de Brouns e De Deyn (2009).
13
1.2.
FISIOPATOLOGIA DO ACIDENTE VASCULAR ENFEFÁLICO ISQUÊMICO
Eventos isquêmicos cerebrovasculares desencadeiam uma série de
mecanismos fisiopatológicos que culminam com a instalação de danos espaciais e
temporais que duram desde algumas horas, até vários dias no parênquima cerebral
(Figura 1). Tais danos, ocorrem nos primeiros momentos do AVE com a
hipoglicemia, anóxia ou hipóxia da região lesionada, esses fenômenos provocam à
morte celular por necrose, mediada por mecanismos citotóxicos (LO et al., 2003;
DOYLE et al., 2008; BROUNS & DE DEYN, 2009). Do ponto de vista morfológico
são estabelecidas duas regiões distintas na área de lesão: o centro isquêmico e a
zona periférica, chamada de penumbra isquêmica.
Após a isquemia, no centro da lesão observam-se os seguintes
fenômenos que comprometem o tecido nervoso: despolarização peri-infarto,
excitotoxicidade, necrose e morte celular programada, os quais também constituem
os principais mecanismos presentes na degeneração neuronal secundária. A
penumbra isquêmica sofre conseqüências moderadas, todavia, em uma janela
temporal maior, diversos mecanismos secundários, tais como apoptose, inflamação
e estresse oxidativo, podem promover o avanço da lesão, com comprometimento da
penumbra isquêmica (LO et al., 2003; DOYLE et al., 2008; KAUFMANN et al., 1999;
BROUNS & DE DEYN, 2009). Dias após o início da lesão, a penumbra isquêmica
pode ser ainda mais afetada pelos mecanismos anteriormente citados (BROUNS &
DE DEYN, 2009), juntamente com o aumento da intensidade do processo
inflamatório devido à ruptura da barreira hematoencefálica (BHE) e falência na rede
microvascular (Figura 2).
14
FIGURA 2. Representação temporal dos principais eventos envolvidos com a morte celular
isquêmica. Modificado de Brouns e De Deyn (2009).
A seguir são apresentados os principais mecanismos celulares envolvidos
com a fisiopatologia do AVE isquêmico.
1.2.1. Glutamato e Excitotoxicidade
O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório dos mamíferos, é
essencial para o desenvolvimento e envelhecimento do cérebro, interação entre
estruturas cerebrais, comunicação cerebral e processo de aprendizagem e memória.
O mesmo exerce suas ações através da ativação dos seus receptores ionotrópicos
N-metil-D-aspartato
(NMDA),
ácido
2α-amino-3-hydroxi-5-metil-4-
isoxazolepropiônico (AMPA), kainato e/ou receptores metabotrópicos acoplados a
proteínas G. Em condições fisiológicas, o glutamato é liderado na fenda sináptica,
onde se liga aos seus receptores, tal ligação resulta na propagação de potencial de
15
ação
nos
neurônios
glutamatérgicos.
A
regulação
da
neurotransmissão
glutamatérgica envolve a remoção do glutamato da fenda sináptica por
transportadores específicos, modulando o equilíbrio do tônus fisiológico e toxico da
sinapse glutamatérgica (HOSSMANN, 2006; GANZELLA, 2010).
A excitotoxicidade
glutamatérgica
ocorre
decorrente
ao
aumento
excessivo de glutamato na fenda sináptica, provocando hiper estimulação dos
neurônios glutamartérgicos, tal fato é extremamente prejudicial ao cérebro. Logo
após o AVE isquêmico, neurônios e células gliais entram em falência bioenergética
com desequilíbrio do gradiente iônico. Esses fatores comprometem a remoção do
glutamato da fenda sináptica por ATPases removedoras que levam o glutamato até
aos receptores pré-sinápticos para sua reabsorção (HOSSMANN, 2006; GANZELLA,
2010). O acúmulo extracelular de glutamato excita continuamente a célula póssináptica até a morte. Os receptores glutamatérgicos: AMPA, kainato e NMDA
promovem a entrada exagerada dos íons sódio, cloreto e cálcio que conduz ao
edema citotóxico, ativação de endonucleases e à liberação de radicais livres. Isso
culmina com a morte celular por necrose induzida por mecanismo excitotóxico
(DOYLE et al., 2008; BROUNS & DE DEYN, 2009).
1.2.2. Despolarização Peri-infarto
A anóxia e a despolarização excitotóxica de neurônios e células gliais,
provocam no centro isquêmico o aumento da concentração extracelular de
glutamato e K+ que podem se difundir para área de penumbra que envolve o centro
da lesão. Esses fatos levam a despolarização eletroquímica e excitatória de mais
neurônios e células gliais, as quais também liberam mais glutamato e K + dispersando
a onda despolarizante até áreas mais distantes do centro isquêmico, tal fenômeno é
chamado de despolarização peri-infarto. Como o processo de repolarização
depende de energia, e as células da penumbra apresentam comprometimento
metabólico, a despolarização peri-infarto pode contribuir para o alastramento da
lesão primária do centro isquêmico para a região da penumbra (HOSSMANN, 1996;
MERGENTHALER et al., 2004).
16
1.2.3. Estresse Oxidativo
Os neurônios possuem mecanismos antioxidantes endógenos suficientes
para degradar a demanda de radicais livres produzidos. Entretanto, em condições
patológicas, tais mecanismos são ínfimos para conter a exacerbada produção de
radicais livres (DOYLE et al., 2008). A perda da polaridade da membrana celular
provoca um grande distúrbio, onde ocorre o excessivo influxo de íons cálcio e sódio
na célula. Este acúmulo iônico induz a mitocôndria a produzir quantidades
prejudicais de espécies reativas derivadas do oxigênio. A liberação de superóxido
(O2-) da mitocôndria para o citoplasma leva à produção de peróxido de hidrogênio
(H2O2) e radical hidroxidrila (OH-). Tais radicais ativam cascatas enzimáticas que
destroem macromoléculas na célula e a levam à morte. Paralelamente, no
citoplasma, o íon cálcio promove a produção de óxido nítrico (NO) que, em níveis
elevados, também tem efeito deletério (BROUNS & DE DEYN, 2009; KNOTT et al.,
2008; PRADEEP et al., 2012).
1.2.4. A Ruptura da BHE
A produção de NO pela parede neurovascular promove vasodilatação e
apresenta efeito antiinflamatório. Contudo, a liberação exacerbada, além de
promover danos à integridade celular, pode ainda avariar a parede endotelial e
comprometer a permeabilidade vascular pela ativação de metaloproteinase de matriz
extracelular (MMP, do inglês, matrix metaloproteinases), em particular a MMP-9. A
MMP é uma enzima proteolítica que degrada a laminina e fibras colágenas da
lâmina basal. Esta protease prejudica a coesão entre as células endoteliais,
aumentando a permeabilidade local e favorece o extravasamento de plasma,
transmigração de leucócitos e eventuais hemorragias (LO, 2008; BROUNS & DE
DEYN, 2009).
17
1.2.5. Resposta Inflamatória
O isolamento anatômico e fisiológico e seu sistema imune próprio
garantiram ao encéfalo o chamado ‘’privilégio imunológico’’, haja vista, que o mesmo
possui uma escassa rede de drenagem linfática, a falta de células apresentadoras
profissionais de antígenos como as células dendríticas, além do filtro imposto pela
BHE e a suposta ausência do Complexo de Histocompatibilidade Principal Classe I
(MHC-I, do Inglês: Major Histocompatibility Complex) (BARKER & WIDNER, 2004;
BOULANGER & SHATZ, 2004). Atualmente, todavia, sabe-se que moléculas e
células do sistema imune têm trânsito de entrada e saída do encéfalo e medula
espinhal tanto em condições normais quanto patológicas (GALEA et al., 2007; KRIZ
& LALANCETTE-HEBERT, 2009).
De acordo com Cardoso et al. (2012), a resposta inflamatória ocorre da
seguinte forma na isquemia: inicia pela liberação de mediadores inflamatórios, tais
como as citocinas – interleucina-1 (IL-1, do Inglês: interleukin-1), fator-α de necrose
tumoral (TNF-α, do Inglês: tumor necrosis factor alpha), interleucina-10 (IL-10, do
Inglês: interleukin-10) e o fator-beta de crescimento transformador (TGF-beta, do
Inglês: transforming growth factor beta); e quimiocinas – destaque para a proteína-1
quimiotática de monócito (MCP-1, do Inglês: monocyte chemotactic protein 1). Estes
mediadores inflamatórios ativam células imunes e induzem a expressão de
moléculas de adesão na parede endotelial, entre as quais seletinas, integrinas e
imunoglobulinas.
1.2.5.1.
Resposta Molecular
As
citocinas
são
proteínas
solúveis
que
causam
modificações
comportamentais nas células do sistema imune (microglia e linfócitos), astrócitos e
neurônios. Essas mudanças podem ser de caráter morfológico, expressão de
moléculas de adesão, produção de radicais livres e liberação de mais citocinas. As
citocinas podem ser agrupadas em moléculas pró-inflamatórias e antiinflamatórias
(WANG et al., 2007; LIMA et al., 2007; MAGNUS et al., 2012).
18
Entre as citocinas pró-inflamatórias estão presente a IL-1 e o TNF-α, onde
a concentração de ambas modula a intensidade da lesão, as quais são importantes
para a ativação de células imunes periféricas e residentes e contribuem para a
expressão de moléculas de adesão celular e NO. Em contrapartida, citocinas como a
IL-10 e TGF-β possuem ação antiinflamatória. A IL-10 inibe a atuação próinflamatória da IL-1 e TNF-α, o mesmo é liberado por leucócitos mononucleares
como os monócitos/macrófagos, contudo, em condições patológicas graves estas
células manifestam fenótipo prejudicial. O TGF-β é liberado por células
mononucleares periféricas e residentes (microglia e astrócitos) e possui ação
sinérgica a IL-10 (WANG et al., 2007).
Outro grupo de moléculas que atuam na inflamação são as quimiocinas,
que são um grupo de família de macromoléculas com propriedade de comunicação
e recrutamento celular que podem afetar a permeabilidade da BHE e são
consideradas pró-inflamatórias, como exemplo a MCP-1 que pode ser liberada
através da indução por TNF-α (WANG et al., 2007).
A sinalização de citocinas e quimiocinas altera o comportamento celular e
induz a expressão de moléculas de adesão na superfície de células residentes e
leucócitos que favorecem o contato celular e a migração aos sítios de lesão
(CARDOSO et al., 2012).
As moléculas de adesão favorecem a migração trans-endotelial de
leucócitos para o parênquima neural e possuem três tipos: seletinas, integrinas e
imunoglobulinas, as mesmas medeiam os seguintes eventos: rolamento, adesão e
transmigração (Figura 3) (WANG et al., 2007; WITTCHEN, 2009).
19
FIGURA 3. Resumo esquemático dos principais passos envolvidos na transmigração celular mediada
pelas moléculas de adesão em resposta ao dano tecidual. Modificado de Wittchen (2009).
1.2.5.2. Resposta Celular
Na fase aguda, os neutrófilos são as primeiras células recrutadas,
seguido pelos linfócitos (DOYLE et al., 2008; LIMA et al., 2008; SOUZARODRIGUES, 2008). As células microgliais/macrófagos ativados dominam a cena
lesiva nos tempos de sobrevida mais tardios após desordens neurais agudas,
incluindo AVE, trauma cerebral e da medula espinhal (CLARK et al., 1993).
Os neutrófilos são células fagocitárias que atuam na remoção de
detritos teciduais após desordens neurais. Seu recrutamento tem inicio 30 minutos
após o insulto isquêmico e com pico máximo 24 horas após AVE. O acúmulo de
neutrófilo no sítio isquêmico é considerado prejudicial ao tecido pela quantidade de
radicais livres, enzimas proteolíticas e citocinas inflamatórias liberadas por estes
granulócitos (BOLTON & PERRY, 1998; CHOU et al., 2004; GOMES-LEAL et al.,
2005; LIMA et al., 2008; SOUZA-RODRIGUES et al., 2008; DOYLE et al., 2008).
Os linfócitos originam-se de precursores presentes na medula óssea,
os quais se dividem em linfócito T e B, com atuação no sistema imune adaptativo e
no armazenamento da memória imune, respectivamente. A migração e o acúmulo de
linfócitos nos tecidos são mediados por seletinas e integrinas, nas lesões isquêmicas
eles podem ser substancialmente prejudiciais, exercendo um papel importante na
resposta inflamatória pela liberação de citocinas pró-inflamatórias (IL-1 e TNF-α) e
por promover quimiotaxia para outros leucócitos, além do efeito citotóxico mediado
pelo MHC classe I (PERRY, V. H., 1998; ABBAS & JANEWAY, 2000; SCHWAB et al.,
2001; CABARROCAS et al., 2003).
20
As
células
microgliais
são
os
macrófagos
residentes
do
SNC,
correspondendo a cerca de 20% da população celular do encéfalo (RANSOHOFF
and PERRY 2009). A origem desta célula é controversa. Estudos, contudo, indicam
que a microglia deriva de linhagem hematopoiética durante o período embrionário e
pós-natal inicial (PERRY & GORDON, 1991). Demonstrou-se através de microscopia
bifotônica que, em situações fisiológicas, estas células fazem uma varredura
completa do tecido neural movimentando estocasticamente suas ramificações,
provavelmente
como
um
mecanismo
para
manter
a
integridade
tecidual
(NIMMERJAHN et al., 2005).
Em desordens neurais agudas e crônicas, incluindo lesão cerebral e da
medula espinhal, AVE, doenças de Alzheimer, Parkinson e Huntington, células
microgliais são ativadas, o que é refletido em alterações morfológicas, onde antes a
forma de latência apresentava-se como uma célula de corpo celular pequeno, com
pouco citoplasma em torno do núcleo e numerosas ramificações, passa a apresentar
ramos curtos e grossos e, finalmente, a uma morfologia arredondada fagocítica de
macrófagos ativados, ocorrem também mudanças bioquímicas no estado de
ativação ou não da microglia (Figura 4) (BLOCK et al., 2007; GOMES-LEAL et al.,
2004; GOMES-LEAL et al., 2005).
Além da atuação benéfica como fagócitos, células microglais ativadas
poderiam liberar neurotoxinas, como NO, aminoácidos excitatórios e citocinas próinflamatórias (por exemplo, TNF-α e IL-1) que poderiam contribuir para a morte
neuronal
(LIPTON,
1999;
SUGAWARA et
al.,
2004).
Existem evidências
experimentais que uma ativação microglial descontrolada poderia dificultar a
neurogênese endógena que ocorre durante doenças neurodegenerativas (EKDAHL
et al., 2003; MONJE et al., 2003). No AVE isquêmico, acredita-se que a ativação
microglial contribua tanto para neuroproteção como para a exacerbação do processo
lesivo, o que os autores chamam de a face de Janus da função microglial
(SCHWARTZ et al., 2006).
21
FIGURA 4. Apresentação fenotípica da microglia em condições normais e patológica. A. Morfologia e
ontogenética do estágio de ativação e origem da microglia. B. Representação esquemática da escala
de ativação da microglia em função da severidade ou tipo de insulto. À esquerda: microglia em
repouso (resting); à diteita: microglia ativada e; no centro: microglia reativa. Modificado de Soulet e
Rivest (2008) e McColl; Allan e Rothwell (2009).
1.2.6. Apoptose
Fenômenos lesivos como Excitotoxicidade, produção de radicais livres,
danos ao DNA, desequilíbrio iônico, danos a membrana mitocondrial e resposta
imune não controlada são fatores que estão envolvidos na morte celular por
apoptose, tal desequilíbrio pode envolver a via mitocondrial intrínseca ou estímulos
extrínsecos à célula (DOYLE et al., 2008; BROUNS & DE DEYN, 2009).
22
A Via Intrínseca independe de sinalizações de receptores de
membrana celular. No caso da isquemia, ocorre desequilíbrio da membrana
mitocondrial que transloca para o citoplasma a enzima mitocondrial constituinte da
cadeia respiratória citocromo-C e Smac/Diablo, inibidores de proteínas antiapoptóticas citoplasmáticas (IAPs). No citosol, a citocromo-C reage com Apaf-1 e
dATP (moléculas pró-apoptóticas citoplasmáticas) para ativar a caspase-9, a qual
aciona a caspase-3 que degrada o citoesqueleto celular e ativa endonucleases que
danificam o DNA nuclear e levam a célula invariavelmente à morte (VILA &
PRZEDBORSKI, 2003; SUGAWARA et al., 2004; DOYLE et al., 2008).
No caso da via extrínseca que pode ser mediada por caspase efetora
independentemente da presença de citocromo-C no citoplasma. Esta via depende
de membros das famílias Fas/CD-95 e TNF-R1, e seus respectivos ligantes de morte
FAS (FasL) e TNF-alfa, uma vez, estabelecida a ligação entre receptores e ligantes,
uma proteína adaptadora intracelular é acionada e ativa a caspase-8, a qual pode
ativar a caspase-3 efetora que aciona a poli(ADP-ribose)polimerase (PARP), que em
excesso leva à depleção de NADP e ATP que, respectivamente, causam dano ao
DNA e aumento da falência energética. Também pode haver a ativação da enzima
desoxirribose nuclease ativada por caspase (CAD) que pode danificar o DNA
nuclear. A caspase-8 também pode provocar o truncamento da proteína Bid
citoplasmática, um membro da família Bcl pró-apoptótica, que em conjunto com Bax
e Bak, formam poros na membrana mitocondrial com vazamento de citocromo-C, o
que leva à morte celular mediada por caspase-3 (VILA & PRZEDBORSKI, 2003;
SUGAWARA et al., 2004; DOYLE et al., 2008).
1.3.
REGIÃO ESTRIATAL
Os núcleos da base são o núcleo caudado, putâmen, globo pálido, núcleo
subtalâmico e a substância nigra, por sua vez, os mesmos são alvo do córtex
cerebral, particularmente dos córtices frontal, pré-frontal e parietal. Assim, temos
uma alça na qual a informação vai do córtex aos núcleos da base e ao tálamo e de
volta para o córtex, em especial para a área motora suplementar, uma das funções
23
dessa alça parece ser a de escolha e iniciação de movimentos voluntários (BEAR et
al., 2008).
O caudado e o putâmen, em conjunto, são chamados de estriado ou
estriato, que é alvo da aferência cortical aos núcleos da base. Com adição do globo
pálido, o qual é a origem das eferências ao tálamo, formam o corpo estriado ou
estriatal (Figura 5). Os neurônios do estriato parecem estar espalhados
aleatoriamente, contrapartida, em relação aos neurônios do córtex que estão
organizados de forma ordenada. Contudo, essa aparência esconde um grau de
complexidade na organização dos núcleos da base, ao quais participam de um
grande número de circuitos paralelos, sendo apenas alguns poucos de função
estritamente motora, outros estão envolvidos em certos aspectos da memória e da
função cognitiva (BEAR
et al., 2008).
FIGURA 5. Imagem anatômica do cérebro humano, com destaque para as regiões do núcleo caudado,
putâmen
e
globo
pálido
(corpo
estriado
ou
estriatal).
Disponível
em:
http://mindasks.blogspot.com.br/2012/09/neurociencia-16-area-da-inveja.html.
Acessado
em:
20/11/20012.
1.4.
COPAÍBA, SUAS APLICAÇÕES FITOTERÁPICAS E O PARADIGMA
EXPERIMENTAL
O uso de plantas medicinais para fins terapêuticos tanto para o tratamento
quanto para a prevenção de doenças é uma das praticas humanas mais antigas, e
até o início da década de 1990 por volta de 65-80% da população dos países em
24
desenvolvimento dependia dessa pratica terapêutica como única forma de acesso a
cuidados básicos de saúde (VEIGA JUNIOR & PINTO, 2005). No cenário nacional,
onde o uso de plantas medicinais também é intenso, o óleo-resina de copaíba se
destaca por seu amplo uso, e os múltiplos efeitos terapêuticos registrados desde o
século XVI (VEIGA JUNIOR & PINTO, 2002).
De acordo com a edição de 1996 do Index Kewensis, Copaifera L. possui
72 espécies, sendo que dezesseis existem somente no Brasil. Sendo encontradas
facilmente na Região Amazônica, principalmente a espécie C. reticulata Ducke. São
popularmente conhecidas como copaibeiras, ou pau d’óleo (LEITE & LLERAS, 1993;
MORS & RIZZINI, 1976; PIO CORRÊA, 1931). A C. reticulata Ducke pertence ao
gênero Copaifera L., a qual pela classificação de Engler, pertence à família
Leguminosae Juss., subfamília Caesalpinoideae Kunth. Todavia, pelo sistema de
classificação de Cronquist pertence à família Caesalpiniaceae R. Br. A classificação
apenas como Fabaceae também é encontrada em alguns livros (HARBORNE et al.,
1971).
O óleo da copaíba é utilizado como antiinflamatório e cicatrizante pela
medicina popular. Existem evidências científicas de efeitos antiinflamatórios,
cicatrizantes e anti-proliferativos do óleo de copaíba em tecidos não neurais, como
os do fígado, intestino e estômago (PAIVA et al., 2002; PAIVA et al., 2004; PAIVA et
al., 1998; VEIGA JUNIOR et al., 2007). O componente mais abundante do óleoresina de C. Reticulata é o β-cariofileno, que corresponde a mais de 30% do óleoresina, sendo, apontado como agente responsavel pela ação antiinflamatória da
copaíba (GUIMARÃES-SANTOS et al., 2012).
O tratamento com óleo de copaíba parece induzir proteção tecidual apos
lesão isquêmica do mesentério e este efeito parece estar relacionado á diminuição
da peroxidação lipídica e resposta inflamatória (PAIVA et al., 2004). Há apenas o
trabalho de Guimarãe-Santos et al., (2012), sobre o possível papel neuroprotetor do
óleo de copaíba após lesão aguda do SNC.
No presente estudo, investigamos experimentalmente os possíveis efeitos
neuroprotetores do óleo resina de C. reticulata, que é popularmente usado como
antiinflamatório e cicatrizante, em um modelo experimental de desordem neural
aguda induzida por micro-injeções de endotelina-1 no estriato de ratos adultos.
25
1.5.
OBJETIVOS
1.5.1. Geral
Investigar o possível efeito inibitório da ativação microglial pelo óleo-resina
de copaíba (C. reticulata) após lesão isquêmica aguda no estriato de ratos adultos
induzida por micro-injeções de endotelina-1.
1.5.2. Específicos
 Descrever
qualitativamente
e
quantitativamente
os
padrões
histopatológicos após isquemia estriatal focal, nos grupos tratados com Copaíba e
Tween no tempo de sobrevida de 7 dias.
 Descrever os padrões de ativação microglial após isquemia estriatal
focal, nos grupos tratados com Copaíba e Tween no tempo de sobrevida de 7 dias.
26
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. ANIMAIS E GRUPOS EXPERIMENTAIS
Foram utilizados 10 ratos Wistar, machos adultos, pesando entre 250300g, provenientes do Biotério da Universidade Federal do Pará (UFPA), foram
mantidos em condições padronizadas de temperatura, exaustão, ciclo de luz
claro/escuro de 12 horas, água e comida ad libitum.
Para este estudo foram planejados dois grupos experimentais. O grupo
isquêmico tratado com óleo-resina de C. reticulata (N=5) e o grupo controleisquêmico tratado com Tween (N=5), ambos com tempo de sobrevida de 7 dias.
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Neuroproteção e
Neurorregeneração
Experimental
do
Instituto
de
Ciências
Biológicas
da
Universidade Federal do Pará.
2.2. MODELO DE ISQUEMIA FOCAL POR INJEÇÃO DE ENDOTELINA-1
Em estudos prévios ou de nossos colaboradores, determinamos o
modelo experimental proposto (HUGHES et al., 2003; COSTA, 2006). Utilizamos os
efeitos vasoconstritores do peptídeo endotelina-1 (ET-1) para induzir isquemia focal
no corpo estriatal de ratos adultos, segundo protocolo adaptado de Hughes et al.,
(2003). Os animais foram profundamente anestesiados com injeção intraperitoneal
(i.p) de cloridrato de cetamina (72 mg/ Kg) e Xilazina (9 mg/ Kg). Os reflexos
corneanos e de retirada das patas por estimulo à dor foram testados antes dos
animais serem posicionados no aparelho estereotáxico (Insight, Brasil). A
estereotaxia e a cirurgia foram iniciadas somente quando estes reflexos foram
abolidos pela anestesia. Uma pequena abertura foi realizada no crânio dos animais
com auxilio de um motor de baixa rotação para cirurgias odontológicas, sendo
utilizadas as seguintes coordenadas estereotáxicas para injeções de ET-1 (40 pmol
27
diluídos em 1 µl de solução salina estéril) no corpo estriado, em relação ao Brégma:
Antero-posterior: 1,0; médio-lateral: 2,0; dorso-ventral: 4,0 (Paxinos, 1982). O
corante azul de colanil foi adicionado a endotelina-1 para a identificação do epicentro
da lesão.
Após a cirurgia, os animais foram mantidos com água e comida à vontade
durante o tempo de sobrevida 168h (7dias). Todos os experimentos foram realizados
de acordo com as normas sugeridas pelo Comitê de Ética Em Pesquisa Com
Animais de Experimentação da UFPA (CEPAE) e de acordo com normas
internacionais da Society for Neuroscience and National Institutes of Health.
2.3. TRATAMENTO DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS
Neste presente estudo, utilizamos o protocolo descrito por GuimarãesSantos et al., (2011) para a inibição da ativação microglial. O óleo-resina de C.
reticulata foi diluído em Tween (detergente não iônico para uso em laboratório), a
5% e aplicado no grupo tratado com copaíba, já o grupo controle recebeu apenas
Tween a 5%, ambos os grupos receberam os tratamentos de forma intraperitoneal
(i.p).
Os animais experimentais e controles isquêmicos receberam duas
injeções diárias (i.p) de 100 mg/kg de copaíba ou Tween de 12 - 12h, totalizando
200mg/kg por dia, durante os seis dias de tratamento e no sétimo dia os animais
foram perfundidos.
28
2.4. PERFUSÃO
Os
animais
foram
profundamente
anestesiados
com
injeção
intraperitoneal (i.p) de uma mistura de cloridrato de cetamina (Vetanarcol®, König.
72mg/kg) e Xilazina (Kensol®, König. 9mg/kg). Abolidos os reflexos de retirada da
pata e corneano, os mesmos foram perfundidos através do ventrículo esquerdo do
coração com 250-300 ml de tampão fosfato salina (PBS 0,1M; 0,9%; pH 7,2 – 7,4)
heparinizada, seguido de 250-300 ml de paraformaldeído a 4% em tampão fosfato
(PB 0,1M; pH 7,2 – 7,4).
Após a craniotomia, os encéfalos foram pós-fixados por 24h no mesmo
fixador. Em seguida, os encéfalos foram crioprotegidos em soluções com
concentrações crescentes de sacarose diluída em mistura de glicerina com tampão
fosfato 0,05M pH 7,2 – 7,4.
Os encéfalos foram embebidos em Tissue Tek para congelamento à –
55°C em câmara de criostato (Microm HM 505 E). Secções coronais com 30μm de
espessura foram obtidas após corte no criostrato e colocadas diretamente em
lâminas gelatinizadas, as mesmas foram armazenadas em um freezer à temperatura
de –20 ºC aguardando a realização dos procedimentos histológicos.
2.5. ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E IMUNOISTOQUÍMICA
2.5.1. Análise Histopatológica Geral
A análise histopatológica foi realizada pela coloração violeta de cresila.
Esta coloração permite a visualização de corpos celulares e a perda dos mesmos
em situações patológicas (DOS SANTOS et al., 2007; LIMA et al., 2008;
GUIMARAES et al., 2009). A técnica nos permite identificar o epicentro da lesão
isquêmica provocada pela injeção de endotelina-1. Secções mais próximas ao
epicentro lesivo foram escolhidas para análise histopatológica.
29
2.5.2. Imunohistoquímica
A
ativação
microglial/macrófagica
foi
identificada
através
da
imunomarcação pelo anticorpo ED1 (1:200; Sorotec), que reconhece um epítopo na
membrana de lisossomas de macrófagos ativados (ROBINSON et al., 1986). Os
corpos neuronais foram marcados pelo anticorpo anti-NeuN (1:100, ChemiconMillipore), o qual marcada um epítopo específico no núcleo de neurônios maduros
(MULLEN et al., 1992).
O protocolo utilizado para técnica de imunohistoquímica foi adaptado de
Gomes-Leal et al., (2002). Antes de passar pelo processo de imuno as secções
sofreram pré-tratamento com o objetivo de recuperar sítios antigênicos e bloquear
enzimas endógenas. As secções passaram pelos seguintes processos:














PRÉ-TRATAMENTO:
Estufa à 40ºC - 30 min;
Lavadas em PBS - 3 min;
Tampão Borato (65ºC) – 30 min;
Lavadas em PBS - 3 min;
Metanol + Peróxido de Hidrogênio – 20 min;
Lavadas em PBS/Tween – 3 min (X3);
Incubadas em soro normal de cavalo a 10% - 1h;
Incubadas em Anticorpo Primário (ED-1 ou NeuN) – over night;
Lavadas em PBS/Tween – 3 min (X3);
Incubadas em Anticorpo Secundário Anti-Camundongo feito em Cavalo - 2h;
Lavadas em PBS/Tween – 3 min (X3);
Incubadas no Complexo Avidina-Biotina Peroxidase – 2h;
Revelação utilizando Diaminobenzidina – DAB.
Após o término da revelação, as secções foram lavadas em PB 0,1 M (pH
7,2 – 7,4), desidratadas em gradientes de álcool (70%, 80%, 90%, Absoluto I e
Absoluto II),
lamínula.
xileno I e II para posterior montagem com Entellan® (Merck) e
30
2.6. ANÁLISE QUALITATIVA
As secções marcadas pelos diferentes métodos de imunoistoquímica
foram inspecionadas em microscópio óptico (Nikon® – ECLIPSE 50i). As imagens
foram captadas por câmera fotográfica (Moticam® – 5500 – 5 MPixels) acoplada a
microscópio óptico (Nikon® – ECLIPSE 50i) com os aumentos 10X e 40X da área de
lesão.
2.7. ANÁLISE QUANTITATIVA
2.7.1. Método de Contagem
Contou-se o número de micróglias ativadas (células ED1+) e corpos
neuronais (células NeuN+) de todos os grupos experimentais, utilizando-se uma
objetiva de 40X, com o uso de uma gradícula de área 0.0625 mm2 acoplada à ocular
de um microscópio óptico (Nikon® – ECLIPSE 50i). Utilizou-se nas contagens 3
secções por animal, 25 campos por secção, e 5 animais para cada grupo
experimental.
2.7.2. Análise Estatística
Foi utilizado o teste t de student para amostras independentes para
comparação entre o grupo tratado com Copaíba e o com Tween, com nível de
significância p<0,05. Os resultados foram expressos em gráficos como média (± erro
padrão da média). A construção gráfica e a análise estatística foram realizadas no
programa BioEstat 5.0.
31
3. RESULTADOS
3.1.
O TRATAMENTO COM COPAÍBA REDUZ A PRESENÇA DE CÉLULAS
POLIMORFONUCLEARES EM LESÃO ESTRIATAL ISQUÊMICA.
A injeção de 40 pmol de et-1 no estriato de ratos wistar adultos induziu o
surgimento de células polimorfonucleares na região isquêmica, tal fenômeno ocorre
em células lesadas, após lesão isquêmica estriatal. Tais células são reveladas pela
coloração violeta de cresila (Figura 6). As células estão mais presentes nos animais
tratados com Tween (Figura 6 A-B), e com menor presença nos animais tratados
com copaíba (Figura 6 C-D). Estes resultados estão de acordo com estudos prévios
(GOMES-LEAL et al., 2005; LIMA et al., 2008; SOUZA-RODRIGUES et al., 2008).
3.2.
PERDA NEURONAL TRODUZIDA POR ET-1 NO ESTRIATO É MINIMIZADA
PELO TRATAMENTO COM COPAÍBA.
Para avaliar a presença de corpos neuronais no estriato lesado, foi
realizado imunoistoquímica para NeuN (Figura 7), o qual marca um epítopo
específico no núcleo de neurônios maduros (GOMES-LEAL et al., 2002). A injeção
de ET-1 no estriato induziu intensa perda neuronal no tempo de sete dias de
sobrevida, tal fato ficou mais notório no grupo tratado com Tween (Figura 7A), com
pouca presença de corpos neuronais no centro da lesão (Figura 7B). Entretanto, no
grupo tratado com copaíba houve maior presença de corpos neuronais (Figura 7C),
com presença de células no centro da lesão (Figura 7D). Estes resultados foram
confirmados por análise quantitativa com média de 8,66 para o grupo Tween e 24,09
para o grupo Copaíba (Figura 7E).
32
Endotelina 1 - Tween
A
B
*
VL
Endotelina 1 - Copaíba
C
D
*
VL
▬
FIGURA 6. Análise histopatológica em coloração com violeta de cresila. Presença de
▬
células polimorfonucleares em animais
injetados com ET-1 e tratados com Tween (A-B) ou Copaíba (C-D). Houve diminuição na presença de
células
polimorfonucleares após o tratamento com copaíba (C-D). O asterisco indica o epicentro da lesão. VL corresponde ao
ventrículo lateral. Escalas: A,C (300µm); B,D (50µm).
33
Endotelina 1 - Tween
A
B
→
*
→
VL
Endotelina 1 - Copaíba
C
D
→
→
→
*
VL
▬
E
▬
Células / campo (Média)
Células NeuN +
35
*
30
25
20
15
10
5
0
Tween
Copaíba
FIGURA 7. O tratamento com copaíba aumenta o número de corpos celulares após lesão estriatal (C), como revelado por
imunoistoquimica para células NeuN +. Animais tratados com Tween houve redução drástica de neurônios (A),
principalmente no centro da lesão (B), já no grupo Copaíba ocorre maior presença de corpos neuronais no centro da lesão
(D). Densidade de corpos neuronais examinada 7 dias após lesão isquêmica (E). Notar que o grupo tratado com Copaíba
exibiu maior quantidade de corpos neuronais maduros no estriato lesado (E). Os asteriscos mostram o epicentro da lesão.
As setas apontam para neurônios maduros. VL para ventrículo lateral. Escala: A, C = 300 µm; B, D = 50 µm.
34
3.3.
O TRATAMENTO COM ÓLEO-RESINA DE COPAÍBA INIBE ATIVAÇÃO
MICROGLIAL APÓS LESÃO EXITOTÓXICA ESTRIATAL POR ET-1.
Realizamos imunoistoquímica para ED-1, um anticorpo que marca
microglia ativada, ou seja, microglia com formato amebóide e ação fagocitária
(GOMES-LEAL et al., 2005). A injeção de ET-1 no estriato promoveu a esperada
infiltração intensa de microglia ativada no centro e na periferia da lesão isquêmica
(Figura 8). Contudo, o grupo tratado com óleo-resina de Copaíba apresentou uma
drástica diminuição do recrutamento de microglia ativada (Figura 8C-D), em relação
ao grupo tratado com Tween (Figura 8A-B). Esta relação demonstrou-se mais
evidente através da analise quantitativa com média de 53,74 para o grupo Tween e
26,67 para o grupo Copaíba (Figura 8E).
Endotelina 1 - Tween
A
35
B
*
VL
→
→
→
→
Endotelina 1 - Copaíba
D
C
→
*
VL
→
→
*
▬
Células / campo (Média)
E
70
▬
Células ED-1 +
60
50
40
30
20
10
0
Tween
Copaíba
FIGURA 8. Cérebros de animais tratados com Tween (A-B) ou Copaíba (C-D). Houve diminuição na ativação de células
microgliais no grupo tratado com copaíba (C-D), em relação ao tratado com Tween (A-B), o qual houve intensa ativação
microglial. Esta relação ficou bem nítida na analise quantitativa (E). Notar que o grupo Copaíba apresentou menor ativação
microglia no estriato. Asteriscos = epicentro da lesão; Setas = microglias ativadas; VL = ventrículo lateral. Escalas: A,C =
300 µm (10X); B,D = 50 µm (40X).
36
4. DISCUSSÃO
No presente estudo, foram realizadas microinjeções do agonista
glutamatérgico ET-1 no estriato de ratos adultos com o objetivo de induzir lesão
neuronal
aguda.
Este
modelo
de
lesão
isquêmica
possui
características
histopatológicas, incluindo perda tecidual necrótica e intensa inflamação, similar aos
modelos experimentais de trauma e isquemia, tais eventos são similares aos que
ocorrem em humanos após trauma e AVE (GOMES-LEAL at al., 2004, 2005;
SOUZA-RODRIGUES et al., 2008; DOS SANTOS et al., 2007; LIMA et al., 2008).
Esta associação está ligada ao fato de existir forte evidência experimental que o
acúmulo de aminoácidos excitatórios é um evento fisiopatológico comum a diversas
desordens neurais, tanto em animais de experimentação quanto em humanos
(MELDRUM, 1994).
Neste estudo, foram analisados os efeitos de injeções intraperitoniais de
200 mg/kg do óleo-resina da C. reticulata sobre ratos adultos submetidos a lesão
excitotóxica induzida por ET-1 e analisados sete dias após a lesão, com o objetivo
de avaliar a ativação microglial/macrofágica (GOMES-LEAL at al., 2004, 2005; LIMA
et al., 2008; GUIMARÃES-SANTOS et al., 2012).
Apesar do uso tradicional da Copaíba na medicina popular como
antiinflamatório e cicatrizante de alto desempenho, e das evidências científicas
disponíveis na literatura sugerindo estes efeitos em tecidos não neurais, o potencial
terapêutico da mesma foi pouco investigado em modelo de lesão aguda do SNC,
havendo apenas o trabalho de Guimarães-Santos et al. (2012). A concentração do
óleo-resina da C. reticulata usada na presente investigação, foi baseada em
investigação prévia que mostrou um claro efeito antioxidante, antiinflamatório e
neuroprotetor do óleo-resina de Copaíba na concentração de 400 mg/Kg em lesão
excitotóxica por NMDA no córtex motor de ratos adultos (GUIMARÃES-SANTOS et
al., 2012). Todavia, nosso estudo avaliou a ação terapêutica da Copaíba em
concentração inferior (200 mg/Kg), com obtenção de resultados semelhantes a
concentração de 400 mg/Kg.
A injeção de ET-1 no estriato de ratos adultos induziu intensa perda
neuronal no tempo de sete dias de sobrevida, tal fato foi comprovado através da
37
quantificação de células NeuN positivas (GOMES-LEAL at al., 2004, 2005; LIMA et
al., 2008). O grupo tratado com Tween apresentou baixa densidade celular na região
estriatal lesionada por ET-1, caracterizando um quadro de perda celular intensa,
principalmente no centro da lesão. Contudo, o grupo tratado com Copaíba
apresentou maior quantidade de corpos neuronais (NeuN +) no estriato lesionado,
com zona sub-ventricular mais populosa de células Neun +, em relação ao grupo
tratado com Tween.
Os mecanismos pelos quais a Copaíba atua na preservação tecidual após
lesão estriatal aguda são desconhecidos. Especula-se que componentes do óleoresina inibam a liberação de citocinas pró-inflamatóriais (VEIGA JUNIOR et al.,
2007), bem como aumentam os níveis de neurogênese endógena (GUIMARÃESSANTOS et al., 2012).
O tratamento diário de ratos com lesão isquêmica por ET-1 durante seis
dias com 200 mg/Kg de Copaíba diminuiu significativamente (em torno de 60%) a
ativação microglial/macrofágica após lesão aguda do estriato. A comparação com
outros estudos demonstraram que esta redução foi mais intensa que a obtida pela
minociclina, uma tetraciclina semi-sintética que comprovadamente inibe a ativação
microglial após isquemia, lesão da medula espinhal e outras desordens neurais
agudas (YRJÄNHEIKKI et al., 1999; HAYAKAWA et al., 2008; CARDOSO et al.,
2012). Tal ativação ocorre em torno da 1-2 semana após desordens agudas
(MORIOKA et al., 1993; CLARK et al., 1993; GOMES-LEAL et al., 2004, 2005;
THORED et al., 2009), incluindo lesão excitotóxica (BOLTON &PERRY, 1998; LIMA
et al., 2008), e perdura por vários dias após a lesão (THORED et al., 2009).
A
ativação
microglial
após
desordens
neurais
agudas
está
fisiologicamente relacionada aos eventos fagocitários, os quais são importantes para
remoção de restos celulares de células mortas por necrose e/ou apoptose (STREIT,
1999). Essa ação é benéfica e contribui para o controle do processo inflamatório,
favorecendo a regeneração e a neuroproteção (PERRY et al., 1987; NEUMANN et
al., 2006, 2009). Entretanto, inúmeras evidências experimentais sugerem que a
ativação
microglial
excessiva,
não
controlada
das
células
microgliais
é
extremamente deletéria e intensifica o processo lesivo do AVE (YRJÄNHEIKK et al.,
1999; BLOCK, 2007; HAYAKAWA et al., 2008).
38
Células ED+ são macrófagos extremamente ativados, derivados tanto da
microglia residente quanto das células hematogênicas (POPOVICH & HICKEY,
2001). A considerável diminuição do número destas células após tratamento com
Copaíba pode ter contribuído para a neuroproteção observada no presente estudo.
Os mecanismos pelos quais o tratamento com Copaíba diminui a ativação microglial
e induz neuroproteção são desconhecidos. No entanto, alguns estudos mostram
uma grande concentração de sesquiterpenos e outros terpenos no óleo-resina de
Copaíba (PEDREIRA, 2007; GOMES et al., 2006; VEIGA JUNIOR et al., 2007;
SANTOS et al., 2008; GUIMARÃES-SANTOS et al., 2012). Entre os sesquiterpenos,
o β-cariofileno representa 40 a 86% do total da constituição química, sendo o
principal componente químico de C. reticulata (PEDREIRA, 2007; GOMES et al.,
2006; VEIGA JUNIOR et al., 2007; SANTOS et al., 2008; GUIMARÃES-SANTOS et
al., 2012). Os altos teores de β-cariofileno presente na Copaíba são indicativos de
que o mesmo possa ser o possível princípio ativo, responsável pela diminuição da
ativação microglial e neuroproteção.
Não existem estudos que tenham investiga o papel do β-cariofileno no
tratamento de AVE experimental. Todavia, sua propriedade canabinóide restrita ao
receptor CB(2), o qual é antiinflatamatório e não psicoativo, já foi avaliado como
estratégia terapêutica para o tratamento de processos inflamatórios, dor,
aterosclerose e osteoporose (GERTSCH et al., 2008). O uso oral de β-cariofileno
reduz intensamente a inflamação causada pela carregenina em camundongos do
tipo selvagem, no entanto, não em nocautes para CB(2), propondo uma
dependência do CB(2) para a atividade do β-cariofileno (GERTSCH et al., 2008). É
sugerido que o mecanismo envolve a inibição da expressão de citocinas próinflamatórias no sangue periférico e também a redução do fosforilamento de Erk1/2
e JNK1/2 em monócitos, ambas estimuladas por LPS e responsáveis pelos fenótipos
microglial considerado prejudicial (GERTSCH et al., 2008).
Outra possibilidade de ação antiinflamatória do receptor CB(2) envolve a
inibição do TNF-α, o qual parece possuir tanto efeitos benéficos quanto prejudiciais
na lesão neural. Os receptores TNF-p55 são considerados pela maioria dos autores
como benéficos em caso de lesão aguda, em paralelo com a tolerância isquêmica
neuronal induzida pelo TNF-α em episódios de curta duração de hipóxia ou anóxia
(TAOUFIK et al., 2009; LAMBERTSEN et al., 2009). Outros autores consideram o
TNF-α como lesivo, através da ação nos receptores TNFR1 (WANG et al., 2004). A
39
atividade supressora do β-cariofileno sobre o TNF-α de papel lesivo poderia estar
envolvida nos efeitos neuroprotetores descritos anteriormente.
A inibição de TNF-α causada por agonistas de CB(2), observada em
culturas de parede vascular aórtica, indica que através de um mecanismo indireto,
componentes do óleo-resina de Copaíba podem suprimir moléculas de adesão
celular, a proteína quimioatratora de monócitos e, portanto, interferir com a migração
e adesão de monócitos e outros leucócitos (RAJESH et al., 2007).
40
5. CONCLUSÃO
O tratamento com óleo-resina de Copaíba C. reticulata, na concentração
de 200 mg/kg, diminui consideravelmente a ativação microglial/macrofágica, em
torno de 60% em relação ao grupo tratado com Tween. O tratamento com Copaíba
diminuiu o processo de perda neuronal no centro e em torno da área da lesão em
ratos adultos no tempo de sete dias de sobrevida após lesão estriatal por ET-1. Os
efeitos do tratamento com Copaíba, com diferentes concentrações e tempos de
sobrevida, sobre outras células inflamatórias, bem como os eventos moleculares
envolvidos, devem ser investigados em estudos futuros para a compreensão dos
mecanismos de ação desta planta no SNC lesado.
41
6. REFERÊNCIAS
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