Clipping Fenep 15-01 Clipping 15/01

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Clipping Fenep 15-01 Clipping 15/01
Clipping Nacional
de
Educação
Quinta-feira, 15 de Janeiro de 2015
Capitare Assessoria de Imprensa
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Valor Econômico
15/01/15
POLÍTICA
PMDB endossa
"candidatos das bancadas"
Por Raquel Ulhôa e Raphael Di
Cunto
Em reação às articulações do
Palácio do Planalto e do PT para
enfraquecer o PMDB no Congresso
Nacional, a Comissão Executiva
Nacional do partido aprovou ontem,
durante reunião em Brasília, nota de
apoio unânime às candidaturas do
deputado Eduardo Cunha (PMDBRJ) à Presidência da Câmara dos
Deputados e, no caso do Senado,
do nome que for escolhido pela
bancada - o favorito é o atual
presidente, Renan Calheiros (AL).
A nota tem apenas cinco linhas,
mas a cúpula do PMDB espera que
o Palácio do Planalto entenda o
recado: qualquer ação política contra
o partido vai provocar reação contra
o governo. Isso inclui o lançamento
da candidatura do deputado Arlindo
Chinaglia (PT-SP) para disputar
contra Cunha e a articulação atribuída a setores do governo - para
estimular a criação e fusão de novos
partidos aliados pelos ministros das
Cidades, Gilberto Kassab (PSD), e
da Educação, Cid Gomes (Pros).
Esse movimento, negado pelo
ministro Pepe Vargas (Relações
Institucionais), teria o objetivo de
reduzir a dependência do governo
do PMDB no Congresso.
"O gesto do PMDB hoje fala por
si só. O partido deixou claro que o
candidato que foi escolhido pela
unanimidade da bancada na Câmara
e o que será escolhido no Senado
serão os candidatos oficiais do
partido. O que significa dizer que o
PMDB, que na sua maioria é aliado
do governo, vai olhar com lupa para
ver se o governo está tratando o
PMDB com aliado ou não", afirmou
o ex-ministro Geddel Vieira Lima,
integrante da Executiva do PMDB.
A iniciativa da cúpula do partido,
inédita, de manifestar publicamente
unidade absoluta em torno de seus
candidatos às presidências das
Mesas Diretoras das duas Casas do
Congresso foi articulada na véspera
pelo vice-presidente da República,
Michel Temer, presidente nacional do
PMDB, em conversas com
lideranças da legenda. O ato foi
informado ao núcleo político do
Planalto para que o governo não
soubesse pela imprensa.
Na reunião ontem, segundo
relatos, Temer argumentou que o
partido historicamente é dividido por
questões regionais e que o diretório
nacional tem até dificuldade de fazer
suas decisões serem cumpridas, mas
que o PMDB tem um histórico no
comando da Câmara e do Senado e
que precisa marchar unido para
vencer as disputas e se fortalecer.
A declaração foi entendida
também como um recado para que a
bancada de senadores, apesar das
alas independentes, siga unida. A
oposição estimula a candidatura de
um dos pemedebistas não alinhados
a Renan - provavelmente o senador
Ricardo Ferraço (ES) para tentar
derrotar o atual presidente do
Senado.
Para não desagradar os
senadores, a nota da Executiva não
cita os nomes de Cunha - já
escolhido pela bancada - e de Renan
Calheiros (PMDB-AL), que protela
o anúncio de sua candidatura à
reeleição para evitar os ataques
adversários. "O governo está
estimulando a dobradinha Gilberto
Kassab e Cid Gomes para prejudicar
o PMDB. Mas o tiro pode sair pela
culatra", disse o deputado Darcísio
Perondi (PMDB-RS).
Geddel alertou que o governo
deve ter "cuidado" com a relação ao
PMDB. "Não há nada de concreto
que mostre que estão usando
ministério para cooptar quem quer
que seja. É absolutamente legítimo
que tenham posições políticas. Os
ministros do PMDB também devem
tê-las também. O governo como um
todo é que deve ter cuidado para que
isso não represente uma divisão, que
possa lhe ser prejudicial num futuro
próximo. Logo ali, quando reabrir o
Congresso", disse.
Após a reunião da Executiva,
Temer leu a nota aprovada.
Questionado sobre eventual
envolvimento de Cunha ou Renan no
esquema de corrupção da Petrobras,
investigado pela Polícia Federal na
Operação Lava-Jato, o vicepresidente disse que, "se houver
algum problema, cada um vai se
explicar, como já vem se
explicando". Não respondeu sobre
a eventual troca de candidato, caso
surja um comprometimento maior:
"O partido não discute hipóteses".
A eleição das mesas diretoras da
Câmara e Senado ocorrerá no dia 1º
de fevereiro, após a posse dos novos
parlamentares.
Valor Econômico
15/01/15
EMPRESAS
Presidente da Estácio
explica Fies a funcionários
Por Ana Paula Ragazzi
O presidente da Estácio,
Rogério Melzi, escreveu
mensagem aos funcionários sobre
os impactos das mudanças no Fies
(Fundo de Financiamento
Estudantil) para a empresa, uma
das maiores do setor de ensino
superior do país. Ele procurou
manter elevado o ânimo da equipe.
O ponto principal que as empresas
do setor tentam renegociar, diz, é
a mudança na forma de
pagamentos determinada pelo
governo.
"Estamos agindo da melhor
maneira possível na defesa dos
nossos
interesses
e
particularmente para a manutenção
das regras previstas na Lei do
Fies", escreveu Melzi. Depois de
uma primeira conversa com
técnicos do Ministério da
Educação (MEC) na semana
passada, as empresas aguardam
reunião com o ministro Cid
Gomes. Isso pode ocorrer ainda
nesta semana.
Melzi frisou na mensagem que
não está em discussão, em seu
ponto de vista, a determinação do
MEC de exigir uma pontuação
mínima no Enem para que o aluno
possa pleitear o Fies. Para Melzi,
o Fies faz parte de uma relação
entre o governo e o aluno que não
tem recursos para estudar. "Nesse
contexto, cabe ao MEC a
definição das regras para que essa
relação ocorra (...). Assim, não
podemos questionar se o MEC
decidir aumentar a taxa de juros,
reduzir a carência, ou colocar uma
nota de corte, simplesmente porque
isso não é da nossa conta".
"Pode
ocorrer
um
estrangulamento no nosso caixa...,
o que causa enorme incerteza em
todos", diz Melzi
Por conta desse entendimento,
Melzi diz que jamais permitiu que
a Estácio ficasse exposta demais
ao Fies. "Sempre imaginei que em
algum momento essas regras
poderiam mudar e assim dificultar
a nossa vida mais do que nós
gostaríamos".
Já com relação à mudança nos
pagamentos, o entendimento é
outro. "Uma vez inseridas no
contexto do programa, as
instituições fazem a sua parte
esperando que os parâmetros
definidos pela Lei do Fies sejam
efetivamente cumpridos, o que
vinha acontecendo regularmente
até o dia 30 de dezembro", diz
Melzi.
Foi quando o governo informou
que em vez de fazer os pagamentos
dos alunos do Fies mensalmente,
irá agora fazer após 45 dias o
pagamento referente a 30 dias.
Dessa forma, a cada ano, as
empresas vão receber por 8 meses.
E 4 meses ficarão para o ano
seguinte, o impacta o capital de
giro.
"A consequência é que, como
temos que honrar todas as
despesas (inclusive impostos)
referentes aos 12 meses, e ainda
realizar os investimentos para
podermos receber esses alunos
todos, pode ocorrer um
estrangulamento no nosso caixa ao
longo desses anos, o que causa
enorme incerteza em todos", afirma
Melzi. Ele também criticou a
divulgação
da
medida
"praticamente no reveillón",
período onde não há como obter
explicações e fazer análises", com
um texto que deixou dúvidas,
"inclusive
permitindo
interpretação de que o que estava
ocorrendo na realidade era um
calote (o que não é verdade)".
Ele diz que as empresas
solicitaram ao MEC que algumas
melhorias sejam implementadas na
regra, e que diversos aspectos da
portaria sejam melhor explicadas
ao mercado". Ele diz que ainda é
cedo para dizer "quais resultados
vamos obter", mas "certamente
estamos agindo da melhor maneira
possível na defesa dos nossos
interesses e particularmente para
a manutenção das regras".
Em paralelo, a empresa analisa
como agir para preparar-se para
"para qualquer nova realidade".
Melzi escreveu que 1 a cada 3
15/01/15
alunos presenciais captados vem
do Fies. Relata que a empresa fez
uma análise amostral e identificou
que "uma boa parte" dos seus
alunos alcança a média agora
exigida no Enem. "Nossa
expectativa é que esse impacto não
seja superior a 5% da nossa
captação".
Ele pontua diferenças entre a
Estácio e empresas do setor.
Afirma que a empresa manteve "a
firmeza e a disciplina" e ainda
emitiu uma debênture em 2014 para
estar "pronta para aguentar
qualquer mudança que pudesse
ocorrer". Destacou que buscou a
diversificação, sem aumentar a
dependência do ensino presencial,
investindo no segmento a a
distância.
Por fim, ele afirma que somente
quando tiverem um entendimento
completo das mudanças e puderem
quantificar os impactos causados
pelas mesmas é que a diretoria da
empresa poderá trabalhar em
conjunto para poder propor um
plano de ação eficaz, "capaz de
nos levar adiante em qualquer
contexto".
Valor Econômico
15/01/15
EMPRESAS
Universo potencial do
programa cai 70%, diz Semesp
Por João José Oliveira
O diretor-executivo do
Sindicato
das
Entidades
Mantenedoras
de
Estabelecimentos de Ensino
Superior no Estado de São Paulo
(Semesp), Rodrigo Capelato,
disse que as mudanças nas regras
do financiamento estudantil do
governo federal (Fies) vão reduzir
em cerca de 70% o universo
potencial de jovens que poderiam
requerer matrículas no ensino
superior usando o crédito. O
Semesp enviou ontem ofício ao
Ministério da Educação pedindo
a revisão das alterações, que
foram divulgadas pelo governo
nos últimos dias de 2014.
O principal ponto questionado
pela entidade é a exigência de que
o estudante faça ao menos 450
pontos no Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) para
requerer o financiamento. Antes,
não havia nota mínima. Segundo o
Semesp, pelos critérios anteriores,
de cada 100 alunos que faziam o
Enem, 57 eram potenciais
candidatos a vagas em
universidades particulares usando
o Fies. Esse grupo inclui os jovens
que atendem as exigências de renda
do programa, não optaram por
universidades públicas, nem
obtiveram bolsas de estudo pelo
Prouni. "Com as novas regras, esse
universo cai para 16 alunos", disse
Capelato.
Além da nota mínima, as
faculdades também querem revisão
da medida que eleva de 30 para
45 dias o prazo do governo para
repassar os recursos do Fies para
as instituições. "A escola vai
acabar recebendo o recursos, mas
com o prazo maior haverá impacto
no caixa e isso significa menos
investimentos", afirmou Capelato.
O Semesp representa 500
instituições de ensino, que atendem
2,4 milhões de alunos.
Valor Econômico
15/01/15
EU & CARREIRA
Câmbio desfavorável não impede
brasileiros de estudar no exterior
Por Adriana Fonseca
Apesar
do
câmbio
desfavorável para quem viaja ao
exterior, os brasileiros vêm
mantendo sua escolha por cursar
MBAs em escolas internacionais
de primeira linha. De acordo com
especialistas, cerca de 400
pessoas no país carimbam o
passaporte por ano com esse
propósito, e esse público é pouco
afetado pelo dólar e euro mais
caros.
"A alta da moeda americana não
afetou essa procura. Se há alguns
que desistem, isso é compensado
por outros, com maior poder
aquisitivo, que acabam indo da
mesma forma", afirma Ricardo
Betti, sócio da MBA Empresarial,
consultoria que ajuda na
preparação dos candidatos que
desejam fazer esse tipo de curso
fora do país. Há 25 anos nesse
mercado, Betti afirma que a
decisão de estudar fora não é
sensível à variação do câmbio.
"Atendemos cerca de 70 pessoas
por ano, nossa capacidade
máxima, e esse número se mantém
estável", diz.
Leonardo Levy, que está
fazendo um MBA na Haas School
of Business, da Universidade da
Califórnia, Berkeley, é um
exemplo. Quando ele começou a
pensar em estudar fora, no começo
de 2012, o dólar valia R$ 1,80.
Em sua primeira semana de aula
nos Estados Unidos, em agosto de
2013, a moeda já estava em R$
2,43. Mas ele não abriu mão da
oportunidade. "Como nem todas as
minhas economias estavam
protegidas contra a flutuação
cambial, tomei um susto muito
grande", conta. "Como toda a
minha vida já estava planejada
para o MBA, não cheguei a pensar
em desistir, mas fiquei bem
preocupado se teria condições
financeiras de fazer o curso até o
final."
Para cursar o MBA, Levy usou
suas economias e conseguiu uma
bolsa de estudos parcial do
Instituto Ling - instituição que
fornece bolsas para estudantes
admitidos nas melhores escolas de
negócio do mundo. Além disso,
tomou um empréstimo em dólar nos
Estados Unidos que cobriu parte
dos custos acadêmicos. "Apesar de
não precisar de avalista, as taxas
de juros cobradas são altas, em
torno de 7% ao ano. Ainda assim,
são bem melhores do que eu
conseguiria no Brasil."
Ele deve concluir o curso, que
tem duração de 21 meses e requer
dedicação exclusiva, em maio de
2015.
Assim como Levy, a maioria dos
brasileiros que saem do país para
fazer um MBA paga o curso e sua
estada com diversas fontes de
recursos. "O mais comum é reunir
o dinheiro em um mix de opções",
afirma Patrícia Volpi, sócia da
consultoria de recrutamento e
seleção GNext. Ela é responsável
pela identificação, avaliação e
recrutamento de alunos dos
principais cursos de MBA dos
Estados Unidos e Europa para
recolocação no meio empresarial.
Um levantamento organizado
pela GNext que retrata o perfil
desses brasileiros mostra que, no
período de 2013/2014, 77%
disseram ter usado recursos
próprios,
27%
fizeram
empréstimo estudantil em banco,
26% conseguiram uma bolsa da
própria escola, 21% usaram uma
linha de financiamento da
instituição de ensino e 5%
conquistaram bolsa de alguma
organização que apoia brasileiros
que querem estudar fora do país.
Como se vê, a soma de todas as
opções supera os 100% e revela
que as pessoas usam diferentes
fontes para bancar seus gastos no
exterior.
Essa ampla oferta de opções
ajuda os brasileiros a manter a
decisão de estudar no exterior
mesmo
com
o
câmbio
desfavorável. De acordo com
Patrícia, desde que o Brasil
melhorou seu nível de investimento
e passou a ser uma economia
reconhecida internacionalmente, há
muitas escolas oferecendo linhas
15/01/15
de crédito específicas para os
latinos, o que não era comum alguns
anos atrás. "As instituições se
sentem mais seguras hoje, pois
conhecem nosso mercado de
trabalho e sabem que o aluno estará
bem empregado após o MBA para
pagar o empréstimo e contribuir
financeiramente com a escola no
futuro", diz. Em sua opinião, o
câmbio adverso pode até fazer as
pessoas repensarem o MBA no
exterior, mas no fim percebem que
vale fazer o investimento.
As escolas de negócios da
Europa e dos Estados Unidos
consultadas pelo Valor corroboram
as afirmações de Patrícia, da
GNext, e de Betti, da MBA
Empresarial. É possível notar,
inclusive, que a presença dos
brasileiros nos MBAs dessas
instituições está aumentando nos
últimos anos.
Na Tuck School of Business,
dos Estados Unidos, 43 brasileiros
se inscreveram no processo
seletivo em 2013, 49 para a turma
de 2014, e 62 para a de 2015. O
número dos que conseguiram a
vaga foi, respectivamente, de 10,
13 e 21. "Uma das razões para isso
é que temos trabalhado duro para
manter uma presença constante no
Brasil, por exemplo, por meio de
eventos de recrutamento e do
aumento no número de ex-alunos
trabalhando no país", afirma
Dawna Clarke, diretora de
admissões da Tuck School of
Business.
Segundo Dawna, a América
Latina é estratégica para a escola
e, desse modo, a instituição vem
investindo para estreitar conexões
e atrair os estudantes mais
qualificados da região. Entre as
principais iniciativas estão a
criação, em 2012, do Comitê de
Aconselhamento para a América
Latina da Tuck, a presença de um
representante da escola na região
- que assessora no recrutamento de
candidatos - e uma linha de crédito
dedicada aos latinos para que
financiem o MBA.
A IMD Business School, da
Suíça, também viu o número de
alunos brasileiros crescer de dois,
em 2012, para oito, em 2014. Ralf
Boscheck, professor da escola,
acredita que o aumento é
consequência do reconhecimento
da força do programa e da
crescente presença do IMD no país
com pesquisas e expedições. Em
sua opinião, atualmente há uma
necessidade no mercado de líderes
com visão global baseada em um
ambiente complexo e instável. "Os
executivos precisam estar
preparados para prever e adaptar
situações ambíguas. Essas
competências
são
mais
frequentemente desenvolvidas em
uma experiência internacional, com
um bom curso executivo", diz.
Também na Europa, a
espanhola Iese Business School
registrou um aumento considerável
de brasileiros em seus programas
de MBA. A média da escola
sempre ficou em seis ou sete alunos
do país. Em 2012, no entanto, o
número passou para 15 e, em 2014,
para 26. Essa quantidade de
estudantes brasileiros fez com que
o país representasse a terceira
nacionalidade mais presente no
curso deste ano.
Itziar de Ros, diretora de
admissões do MBA da escola,
afirma que o salto é consequência
de diversos fatores, como a
presença de um representante da
escola em São Paulo, responsável
pelas admissões do curso. "Um
programa de MBA é uma aposta e
um grande investimento. Oferecer
essa atenção personalizada para
que o candidato conheça a escola
e o programa é fundamental",
afirma Itziar.
Além disso, ela cita o fato de o
Iese estar cada vez mais conhecido
no Brasil, muito por conta da
presença constante da escola em
rankings como o do "Financial
Times", e a atividade forte da
instituição no país com programas
mais curtos, como o Executive
MBA (Emba) que é ministrado em
São Paulo. "Ao consolidar nossa
presença no Brasil com o Emba
temos mais oportunidade de tornar
conhecido o MBA, o que se traduz
em mais inscrições e estudantes
brasileiros nas turmas do programa
ministrado em Barcelona",
ressalta.
Roberto Fontana Pusset é um
dos brasileiros que optaram pela
escola espanhola para cursar seu
MBA "full-time", que requer
dedicação exclusiva e tem 19
meses de duração. Ele escolheu a
Europa porque nos cursos dos
Estados Unidos, de forma geral,
80% da turma é formada por
americanos. "As discussões ficam
muito direcionadas pelo jeito deles
de pensar e fazer negócios. Na
Europa, a diversidade enriquece
15/01/15
os debates. Podemos ver algo que
talvez não funcione nos Estados
Unidos, mas seja bem-sucedido na
Índia, por exemplo", explica o
brasileiro, que começou as aulas
em setembro do ano passado.
Com 30 anos de idade e uma
boa bagagem profissional, Pusset
decidiu que agora era a hora certa
de voltar à sala de aula. Para se
proteger da flutuação cambial,
começou a comprar euro logo que
tomou sua decisão de sair do país
para estudar. "Vendi o carro e
algumas ações que eu tinha, peguei
minhas economias e comecei a
comprar a moeda aos poucos. Não
queria depender da variação
cambial para poder fazer o MBA",
afirma ele, que está custeando os
estudos com recursos próprios e
ajuda da família.
Mesmo sendo um investimento
elevado - somente o curso custa •
74.500 -, Pusset acredita que o
MBA vale a pena tanto pela parte
acadêmica como pela experiência
de morar no exterior e ter contato
com pessoas de todo o mundo. "É
um aprendizado para a vida."
O ESTADO DE S. PAULO 15/01/15
NOTAS & INFORMAÇÕES
O Enem e a Pátria educadora
Os números do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) de 2014 mostram a importância do slogan
escolhido pela presidente Dilma Rousseff para seu
segundo mandato - "Brasil, Pátria Educadora" - e, ao
mesmo tempo, são reveladores do fracasso de seu
primeiro mandato no campo da educação.
conceitos fundamentais de ciência e sem saber aplicar o
que aprendem na resolução de problemas práticos da
vida cotidiana. "Não dá para fugir ou camuflar", disse o
ministro da Educação, Cid Gomes, depois de reconhecer
que a qualidade da rede de ensino público está "aquém
do desejável".
Ao todo, 8,7 milhões de alunos da última série do
ensino médio inscreveram-se no Enem de 2014, mas só
6,2 milhões compareceram às provas. Em matemática, a
média foi de 476,6 pontos, ante 514,1 pontos na prova
de 2013 - queda de 7,3%. Em redação, a situação foi
ainda pior. Na prova de 2013, a média foi de 521,2 pontos
e, em 2014, de 470,8 pontos (menos da metade da nota
máxima), com queda de 9,7%.
Apesar de retratar um quadro trágico, os resultados
do Enem não são novidade. A perda de qualidade da
educação brasileira já atingiu todos os níveis de ensino,
como comprovam mecanismos nacionais de avaliação e
rankings comparativos dos organismos multilaterais. No
Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa),
que é coordenado pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico, tanto em leitura e
linguagem quanto em matemática e em ciências o Brasil
tem ficado no batalhão dos piores classificados entre
mais de 65 países.
Além disso, 529.374 alunos - ou 8,54% dos
participantes do Enem - tiveram nota zero em redação,
cujo tema tratou da ética na publicidade infantil.
Entregaram a prova em branco 280.903 estudantes. São,
em grande parte, analfabetos funcionais, que não
conseguiram sequer entender o enunciado da prova. Dos
6,2 milhões de participantes, só 250 conseguiram obter
a pontuação máxima. Na prova de 2013, cujo tema dizia
respeito às restrições impostas pela lei seca, 106.742
receberam nota zero.
Em Ciências da Natureza, Ciências Humanas e
Linguagens e Códigos, as médias foram um pouco
superiores às registradas em 2013. As variações foram
de 2,3%, 5,4% e 3,9%, respectivamente. No quadro geral,
considerando as cinco provas aplicadas, a média de 2014
foi de 499 pontos, ante 504,3 pontos na prova anterior uma queda de 1%.
Na prática, os números do Enem - que serão utilizados
para ingresso no ensino superior - apontam as deficiências
dos alunos da 3.ª série do ensino médio em capacidade
de leitura e escrita e no domínio de técnicas matemáticas
elementares. Mostram ainda que, além de não saber
escrever e compreender o que leem e de conhecer pouco
mais do que as quatro operações aritméticas, os
estudantes chegam ao fim do ensino básico sem dominar
Como consequência, o Brasil não produz o capital
humano necessário à redução da pobreza e ao
crescimento econômico. Permanece, assim, muito abaixo
dos padrões necessários a uma economia competitiva e
capaz de conquistar espaços no mercado mundial.
Nossos principais competidores no comércio
internacional têm padrões educacionais muito melhores.
Nos últimos anos, o governo da presidente Dilma
deixou-se levar pela ilusão de que esse quadro poderia
ser revertido com aumento dos recursos para o setor
educacional, graças aos royalties do petróleo e aos
ganhos do pré-sal. Mas o que a educação precisa é de
gestão competente e de um conjunto integrado de ações
que envolvam planejamento, metas realistas, prêmios para
os melhores professores, remuneração atraente e melhor
avaliação de resultados. A escolha do slogan "Brasil,
Pátria Educadora", feita por Dilma para marcar seu
segundo mandato, não significa necessariamente que ela
conseguirá promover essas ações. Mas é uma forma
indireta de reconhecer a maneira inepta com que
administrou o setor em seu primeiro mandato, quando
teve três ministros da Educação, dos quais só um era
especialista na área.
O ESTADO DE S. PAULO 15/01/15
ESPAÇO ABERTO
Desafios para a educação em 2015
CLAUDIA COSTIN
Findo o processo eleitoral e
definido o ministro da Educação,
o Brasil precisa agora pisar no
acelerador. Estamos atrasados na
agenda educacional e, embora
passos importantes tenham sido
dados, há correções de rumo a se
fazer e temos de, certamente,
enfrentar sem medo a necessidade
de transformar mais rapidamente
a nossa ainda precária educação.
Nunca é demais lembrar:
somos a sétima economia do
mundo e estamos em 57.º lugar no
ranking do Pisa, teste internacional
da educação aplicado a jovens de
15 anos, em 2012, entre 65 países
participantes. Assim, para dar um
sentido de urgência vale a pena
refletir sobre os desafios não para
a década, e sim para 2015, para
começar. Não por isso, é bom
lembrar
que
2015
é,
emblematicamente, um ano em que
teremos uma nova edição do Pisa.
O novo ministro apresenta
credenciais
relevantes.
Desenvolveu com sucesso em seu
Estado uma proposta séria de
alfabetização, a Alfabetização na
Idade Certa, que inspirou
iniciativa nacional equivalente.
Melhorou, de forma importante, o
Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb) de seu
Estado, tanto no 5.º quanto no 9.º
anos. Abordou em seu discurso de
posse, ao definir prioridades, a
urgente reforma do ensino médio,
o que faz muito sentido.
pedagógicas em escolas públicas,
é um bom começo, mas aí também
precisamos avançar mais.
Mas há certamente muito ainda
a fazer.
É preciso definir um currículo
nacional. Como podemos
assegurar uma melhora de
qualidade e equidade na
aprendizagem dos alunos se não
definimos o que eles devem
aprender? Não há no Brasil uma
especificação
clara
das
expectativas de aprendizagem,
apesar de isso estar prescrito no
artigo 210 da Constituição da
República. "Como consequência",
diz Francisco Soares, presidente
do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) e uma das
melhores cabeças em avaliação
educacional do País, "cada rede,
cada escola escolhe o que seus
alunos irão aprender. Infelizmente
essas
escolhas,
muito
frequentemente, contemplam
apenas parte dos conhecimentos e
habilidades esperados. Esta é uma
grande explicação para as
diferenças educacionais".
Em primeiro lugar, há a questão
do acesso à escola. Finalmente
revolvemos a questão da entrada
das crianças na escola, mas muitas
não permanecem. A taxa de
abandono, especialmente a partir
do 6.º ano, é alta para um país no
estágio de desenvolvimento em que
nos encontramos. Além disso, a
aprendizagem, como vimos acima,
deixa a desejar. Na última Prova
Brasil os resultados mostraram
uma piora tanto no 9.º ano do
ensino fundamental quanto no 3.º
ano do ensino médio.
Para mudar esse quadro muita
coisa pode ser feita. Repensar a
formação inicial do professor é
certamente uma delas. Nos países
com bons sistemas educacionais,
a prática de sala de aula e as
didáticas específicas são
valorizadas no currículo das
universidades e a observação de
aulas de colegas mais experientes
e mentoria são estratégias
importantes na formação
continuada. O Pibid, um programa
de iniciação à docência, que
oferece bolsas para que alunos de
licenciatura exerçam atividades
Somos um país desigual
também em educação, entre outros
motivos, porque não tivemos a
coragem ainda de definir um
currículo nacional. Com isso
prejudicamos o acesso ao direito
à educação. Todos os países que
garantem o direito à educação têm
15/01/15
uma especificação clara do que se
espera que os alunos aprendam, o
que é fundamental para garantir
equidade e uma definição mais
precisa da qualidade que se quer
alcançar. Há dois anos começaram
as primeiras conversas sobre a
chamada Base Curricular
Nacional, mas os avanços ainda
são lentos. Esperemos que em
2015 se conclua a sua elaboração.
O Brasil não pode mais esperar.
No ensino médio é preciso
definir trajetórias alternativas, aos
moldes do que fizeram alguns
países, como a Alemanha ou a
Polônia. Todos os caminhos hoje
levam à universidade, numa
formação frágil e enciclopédica.
Tenta-se cobrir disciplinas demais
com carga horária de menos,
muitas vezes com aulas noturnas (e
jornadas menores ainda) para
jovens de apenas 14 a 16 anos.
É importante também reforçar
o ensino médio profissionalizante,
em associação com o Pronatec ou
os institutos técnicos estaduais e
federais, e definir um currículo
mais centrado em competências e
menos em disciplinas estanques,
algo que vem sendo tentado, mas
precisa ser acelerado e não ser
restrito a algumas escolas piloto.
Finalmente, quando se fala de
ensino médio e mesmo do chamado
fundamental II, é importante
combinar excelência acadêmica
com uma proposta de escola
pensada para adolescentes, onde
eles podem ser tratados como
protagonistas do seu processo
escolar - como o que ocorre na
Finlândia e em alguns outros
países - e da sua vida futura.
Um dos grandes avanços
verificados no País é o da
educação infantil. Pouco se tem
falado nisso, mas nos últimos anos
conseguimos colocar um grande
número de crianças na pré-escola
pública e ampliamos de forma
importante as vagas em creches.
Ainda falta dar prioridade, nessa
modalidade, às crianças que mais
podem beneficiar-se dessa
atenção, que são as que estão
abaixo da linha da pobreza e entras
elas, as crianças com deficiência.
Contar
com
professores
qualificados para a educação
infantil integra a agenda das
urgências educacionais.
Há muito o que fazer e a
consolidação dessas tarefas
levará, é claro, bem mais do que
um ano, mas há que ter a coragem,
a ousadia e a liderança para
começar. O ministro mostrou
coragem para fazê-lo em seu
Estado, como mostram os avanços
logrados na alfabetização e no
Ideb, agora cumpre fazê-lo no País,
tarefa bem mais ampla e complexa.
Mas o Brasil certamente merece!
*Claudia Costin é diretora
global de educação do Banco
Mundial
O ESTADO DE S. PAULO 15/01/15
METRÓPOLE
15/01/15
O ESTADO DE S. PAULO 15/01/15
METRÓPOLE
15/01/15
O GLOBO
15/01/15
EDITORIAL
A educação não para de preocupar
Há duas explicações para a nomeação do exgovernador do Ceará Cid Gomes ministro da
Educação, uma função estratégica. Uma, o interesse
do Planalto em dar espaço ao PROS para
contrabalançar a dependência que tem em relação ao
PMDB no Congresso. Outra, devido a experiências
bem-sucedidas na política educacional de Cid,
principalmente na sua base eleitoral, a cidade de
Sobral.
Seja válida uma ou outra, ou mesmo a mistura das
duas, Cid Gomes recebe o MEC num momento difícil.
Consta até que ele preferiria passar um período
distante da política brasileira, em alguma instituição
multilateral em Washington. Mas terminou ministro
da Educação quando vários indicadores apontam para
a enorme dificuldade de o país transferir para o ensino
médio os avanços, ainda tímidos, conquistados na
fase inicial do ciclo básico, o fundamental.
Com poucos dias no MEC, Cid Gomes tem diante
de si o péssimo resultado na prova de redação do
último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), de
2014, em que houve uma queda de 9,7% da nota média
em relação ao exame anterior, e com o recorde de
529 mil candidatos, 8,5% do total, com o conceito
zero. Mesmo que a dificuldade do tema - "publicidade
infantil" - tenha contribuído para isso, trata-se de mais
um alerta ao MEC e à sociedade sobre a qualidade
do ensino. Em Matemática também houve queda (de
7,3%), preocupante dada a importância da disciplina
para áreas de que qualquer país depende, a fim de se
desenvolver de maneira equilibrada - tecnologia,
pesquisas etc. A melhoria em Ciências Humanas,
Ciências da Natureza e Linguagens não compensa a
má avaliação em Matemática.
Cid Gomes teve êxito, no seu estado, ao aprimorar
a qualidade do ensino fundamental. Há avanços em
várias outras regiões, e eles se traduzem no
atingimento de metas parciais pactuadas entre
governos e organizações da sociedade, um projeto
cujo objetivo final é se chegar em 2022 à nota média
(6,0) no ensino básico que têm hoje os países mais
desenvolvidos, congregados na Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Mas , sem melhorar o ensino médio, o Brasil não
atingirá o alvo. Um problema que abrange as escolas
particulares, também mal avaliadas quando
comparadas com o mundo desenvolvido.
Cid defende, e é correto, um currículo nacional,
bem como a revisão do ciclo médio, no qual as
disciplinas seriam divididas em "exatas" e "humanas",
como nos antigos clássico e científico, para o jovem
se adequar à carreira que pensa em seguir. O
enciclopedismo tem mesmo levado à superficialidade
no aprendizado.
Enquanto se faz o necessário debate, os consensos
mínimos precisam se implementados, porque a
percepção é que as melhorias estancaram, enquanto
o tempo passa. Mas o pior que pode acontecer é o
MEC ser apenas uma base para o exercício de política
partidária.
O GLOBO
15/01/15
SOCIEDADE
Leitura, o segredo da redação nota mil no Enem
LAURO NETO
lauro. neto@ oglobo.com. br
Candidatos que gabaritaram
comentam prova e dizem que tema
foi mesmo mais difícil
“O tema de 2014 foi mais
complexo por não ter sido tão
trabalhado pela mídia. Requeria
uma bagagem cultural maior e um
nível mais intenso de reflexão.”
Maria Eduardo Correa Ilha
Candidata que tirou mil
Estar entre os 250 felizardos
que obtiveram a nota máxima (mil)
na redação do Enem 2014, num
universo de 5,9 milhões de
candidatos que tiveram seus textos
corrigidos, surpreendeu muitos
deles. Os cariocas Carlos Eduardo
Lopes Marciano, de 19 anos, e
Maria Eduarda de Aquino Correa
Ilha, de 18, conseguiram o feito.
Ambos fizeram o exame pela
segunda vez, apesar de já terem
sidos aprovados para cursos da
Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) com as notas do
Enem 2013. Ao GLOBO, ambos
analisaram seu desempenho e
arriscaram explicações para o bom
sucesso mesmo diante de um tema
que professores consideraram
“árido”: publicidade infantil.
Aluno do 2º período de
Engenharia Elétrica na UFRJ,
Carlos Eduardo fez o exame no ano
passado pensando em trocar sua
habilitação para Engenharia
Química ou da Computação. Em
2013, ele havia tirado 960 na
redação. Agora, gabaritou. Mesmo
sem estudar.
— Sempre tive o dom de
escrever. Escrevia poemas e
outros textos e gostava de redação
argumentativa. Tive uma
professora muito boa de redação,
chamada Marilene Tinoco, que me
ajudou muito — conta o estudante,
que chegou a cursar o primeiro
semestre de Direito na
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro ( Uerj), em 2014, mas não
gostou do curso.
‘TIVE DE PENSAR MAIS’
Carlos Eduardo também tentou
vaga na Universidade de São Paulo
(USP) e leu os nove livros
indicados pela Fuvest, realizadora
do exame paulista. Ele concorda
que o tema da redação do Enem
em 2014 foi mais difícil que o do
ano anterior (Lei Seca):
— Tive que pensar mais para
desenvolver o texto. Lei Seca era
algo mais debatido. Estudei muito
durante 2013. Então, essas coisas
ficaram fixadas na minha cabeça.
Tenho lido menos do que gostaria
agora. Mas adoro Jorge Amado.
Como ele, Maria Eduarda
também atribui ao amor pelos
livros parte do repertório que
acumulou e foi fundamental ao
argumentar sobre prós e contras da
publicidade infantil no país. O
texto de apoio e o senso crítico que
ela desenvolveu também ajudaram.
Com o desempenho no Enem
2013, ela já havia passado para o
curso de Direito na UFRJ, no turno
da noite. Mas fez o exame de novo
a fim de garantir uma vaga no
período integral (matutino e
vespertino).
— Em 2013, tirei 840 na
redação. Passei para o noturno da
UFRJ e da UFF (Universidade
Federal Fluminense), mas resolvi
tentar de novo. Aprendi a escrever
com meus professores do cursinho
— ela brinca. — O tema de 2014
foi mais complexo por não ter sido
tão trabalhado pela mídia. Já o de
2013 se refere ao cotidiano dos
candidatos, pelo menos nas
metrópoles, e foi tratado de
diversos pontos de vista em
diferentes veículos, inclusive no
Twitter, uma rede social bastante
utilizada pelos jovens. Portanto,
para se sair bem eram necessários
uma bagagem cultural maior e um
nível mais intenso de reflexão.
PROFESSORES AVALIAM
QUEDA
A queda de 9,7% na média da
nota de redação dos concluintes
(de 521,2, em 2013, para 470,8,
em 2014) é explicada por
professores de diferentes formas.
Para o coordenador de redação do
curso _A_Z, Bruno Rabin, ela está
relacionada à aplicação de um
tema mais árido, que exigia uma
formação cultural mais ampla e
uma maior recepção prévia de
informações.
15/01/15
Além disso, de acordo com
Rabin, é importante lembrar que o
texto é feito juntamente com as
provas de linguagens e matemática.
Levando-se em conta que o
desempenho nesta última
disciplina também caiu, é possível
inferir que o segundo dia de
provas foi mais duro:
— Os alunos provavelmente
ficaram pressionados com o tempo,
e isso influiu.
Soma-se a isso, segundo diz, o
fato de o exame ter sofrido um
aumento considerável no número
de candidatos.
—
Essa
elevação
provavelmente diz respeito a um
novo grupo de estudantes que
passou a enxergar o Enem como
caminho para a universidade. É
possível que eles tenham mais
dificuldade e acabem puxando a
nota para baixo — avalia. — O
número de apenas 250 redações
com
nota
máxima
é
espantosamente baixo. Acho
improvável que só 250 estudantes,
num universo de 6 milhões, tenham
proficiência máxima em redação.
Isso pode ser reflexo de um
cuidado excessivo para que a
avaliação não volte a enfrentar
críticas, como já aconteceu em
edições anteriores.
Filipe Couto, coordenador de
Língua Portuguesa e Literatura do
curso pH, também diz que o tema
“Publicidade infantil em questão
no Brasil” exigia um repertório
cultural que, segundo ele,
“infelizmente, muitos alunos não
têm”:
— O que chama a atenção
também é que temos quase 50%
dos candidatos com nota até 500,
e apenas 0,5% acima de 900. Ou a
orientação que eles dão aos
corretores está equivocada, ou
quase nenhum aluno do Brasil tem
proficiência máxima em redação.
Se uma turma inteira vai mal, é de
se pensar se o problema está com
o avaliado ou com a forma de
avaliação.
Das 529.374 redações que
tiraram zero, 217.339 receberam
a nota por fugir ao tema, segundo
o Ministério da Educação. Entre
os que tiveram o texto anulado
porque copiaram trechos da
coletânea motivadora, estão
13.039 candidatos. Já 7.824
escreveram menos de sete linhas,
daí a anulação.
‘QUESTIONO
SE
CORRETORES TIRARIAM MIL’
Professor de redação do curso
Descomplica, Rafael Cunha tem
explicação diferente para o
recorde de notas mínimas:
— A nota zero me parece clara.
A quantidade grande já devia ter
acontecido antes, mas, na tentativa
de não fazer a média cair muito,
eles (corretores) acomodaram.
Agora, parece que se determinou
que notas mil têm que ser poucas,
mesmo que (as redações) atendam
aos critérios. Afunilaram de outra
forma e, na dúvida, diminuíram a
nota e tiraram algum ponto.
Questiono se todos os corretores
seriam capazes de tirar nota mil se
fizessem a prova.
O GLOBO
15/01/15
OPINIÃO
O GLOBO
15/01/15
OPINIÃO
FOLHA DE SÃO PAULO
15/01/15
COTIDIANO
Lista de demissão na USP tem 1.472 técnicos
Programa teve a adesão de 8%
dos
funcionários
da
universidade; hospital é a
unidade mais atingida com cortes
Estimativa era que 1.700
aderissem à medida, que visa
reduzir deficit; dados são
preliminares
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
A USP informou nesta quartafeira (14) que seu programa de
demissão voluntária teve 1.472
funcionários aceitos -- equivalente
a 8% do total de 18 mil da
universidade.
O resultado ficou 13% abaixo
da previsão inicial.
A iniciativa é a principal aposta
da reitoria para diminuir o deficit
da universidade. Em 2014, a
instituição gastou com folha de
pagamento 106% do que recebeu
do Estado (dado de novembro).
O objetivo primordial do
programa
de
demissões
voluntárias é reduzir essa folha
entre 6,5% e 7,5%.
A reitoria disse que a lista,
publicada no "Diário Oficial", é
preliminar --por isso, não está
definida qual será a exata
economia-- e que não comentaria
o resultado.
Os interessados ainda poderão
apresentar recurso.
Projeção feita pela Folha, com
base nos salários de setembro,
aponta que a redução será de cerca
de 4%.
A avaliação da reitoria era que,
a partir de 3,25% de corte, a ideia
já era vantajosa.
Mas redução abaixo dos 6,5%
poderia retardar o fim do deficit,
previsto para 2018.
FUTURO
Quando o plano demissão
voluntária foi aprovado, em
setembro, estimava-se que 1.700
funcionários poderiam fazer a
opção.
Docentes estavam vetados, pois
a avaliação da administração era
que o quadro de técnicosadministrativos é que possuía
"gordura".
O reitor da USP, Marco Antonio
Zago, afirmou, ao apresentar a
proposta, que o sucesso da
iniciativa determinaria se seriam
necessárias medidas adicionais de
forte redução de despesas.
Mesmo
que
atingida
15/01/15
integralmente a meta de demissões,
a previsão era que as reservas da
universidade caíssem de R$ 1,7
bilhão no ano passado para R$ 540
milhões, até o deficit acabar.
É dessa poupança que sairão os
recursos para o pagamento das
rescisões aos funcionários.
Estavam reservados R$ 400
milhões. A avaliação é que a
redução da folha compensará essa
despesa.
O CORTE
Tabulação feita pela Folha
aponta que o salário médio dos
funcionários que entraram no
programa é de R$ 7.500 (só
podiam participar técnicos com
mais de 55 anos de idade e 20 anos
na USP).
ensino, a pesquisa e a prestação
de serviços. Já a reitoria diz que
há margem para enxugamento,
mantendo o padrão de qualidade.
O Hospital Universitário é a
unidade com mais funcionários nos
cortes (209), seguido da reitoria
(123) e da Faculdade de Medicina
(80).
Para atrair os funcionários, foi
estipulado que o participante do
programa de demissão poderia
ganhar até 20 salários extras de
indenização (com teto de R$ 400
mil), entre outras vantagens.
As funções dos profissionais
que mais apareceram são: técnico
de assuntos administrativos (131),
auxiliar de serviços gerais (95) e
técnico de laboratório (83).
O sindicato dos funcionários
diz que os cortes prejudicarão o
Outra ação que está em curso
para aliviar o deficit é a venda de
imóveis que a universidade possui,
principalmente no centro da
capital.
FOLHA DE SÃO PAULO
15/01/15
COTIDIANO
Paixão por livros une alunos 'nota mil' no Enem
Jovens tiveram total de pontos
na redação
COLABORAÇÃO PARA A
FOLHA, EM CAXIAS DO SUL
(RS)
DE SÃO PAULO
A paixão pelos livros é uma
característica em comum de
estudantes que conseguiram tirar
a nota máxima na redação do Enem
em 2014.
Ao todo, apenas 250 obtiveram
os mil pontos da prova, entre os
mais de 6 milhões de candidatos
em todo o país. Cerca de 1 em
cada 25 mil.
Curiosamente, esse é o número
de habitantes da pequena
Veranópolis (a 126 km de Porto
Alegre), de onde saiu um dos
textos "impecáveis".
A autora dele é Taiane Cechin,
17. Filha de uma professora de
português, a jovem se formou no
colégio privado Regina Coeli no
ano passado, mas fez o ensino
fundamental em uma escola
municipal, a Irmão Artur Francisco.
Incentivada pela mãe, Taiane se
apaixonou pela leitura. "Adquiri
esse prazer por frequentar a
biblioteca da escola. Mas não só
em busca do conteúdo das aulas,
mas de conhecimentos gerais",
conta ela, que quer ser médica.
Entre os livros preferidos da
garota estão as séries "O Senhor
dos Anéis" e "Crônicas de Gelo e
Fogo".
Por coincidência, os autores J.
R. R. Tolkien e George R. R.
Martin também são os favoritos de
Luis Arthur Novais Haddad, 19,
que escreveu outra redação nota
mil.
Morador de Juiz de Fora (a 255
km de Belo Horizonte), ele sempre
estudou em escola particular (o
Santa Catarina) e, agora, tentará
uma vaga em engenharia elétrica
em instituições federais.
Além de ler bastante, "para ter
vocabulário", o jovem se preparou
para o exame com aulas extras de
redação. Com as tarefas do
colégio, fazia dois textos por
semana.
"Diziam que eu escrevia bem.
Mas, quando soube que foram só
250 [pessoas com a nota máxima],
não esperava estar entre elas",
conta.
Em São Paulo, o estudante Luiz
Montenegro, 19, aluno do colégio
Bandeirantes (zona sul), chegou
muito perto da nota máxima: fez
980.
"Sempre li bastante e tive
facilidade para escrever. Sei que,
como médico, a escrita será muito
importante para mim", diz o fã de
Dan Brown ("O Código Da
Vinci").
(PAULA SPERB E DANIELA
MERCIER)
15/01/15
conhecimento que qualquer aluno
de ensino médio tem, desde que
possua um bom nível de leitura e
conviva num ambiente de reflexão
e debate”, diz Eli Guimarães. O
professor também destaca que a
proposta deve respeitar os direitos
humanos. “Ele não vai resolver o
problema do menor abandonado
matando a todos eles”,
exemplifica. No momento de fazer
a revisão, recomenda um
distanciamento. “O aluno pode
corrigir aspectos gramaticais e
ficar atento à ideia: se a solução
que propõe apresenta, por
exemplo, quem vai fazer, como vai
fazer e com qual finalidade”,
completa.
21 e recebeu 560 pontos.
Rafael Riemma, coordenador de
português em uma instituição
privada, recomenda que os
candidatos fiquem de olho nos
critérios de correção. “O aluno não
vai ter a nota máxima, por mais que
a redação esteja excelente. A
redação tem que cumprir cada
quesito exigido.” Riemma indica
que a prática é o melhor caminho
para se aprimorar. “Não há
segredo. Uma boa redação se faz
com muita repetição: se você quer
escrever bem, escreva muito. Não
há outra estratégia ou fórmula
mágica.”
Os itens avaliados
Os avaliadores do Enem
também não podem tolerar textos
com trechos deliberadamente
desconectados com o tema
proposto e reincidências de erros
gramaticais e ortográficos. Além
disso, discrepâncias maiores de
100 pontos na nota final implicarão
em uma terceira correção. Se o
terceiro corretor não chegar a um
acordo com os outros dois
avaliadores, a redação será
verificada por uma banca composta
por três pessoas, presidida por um
doutor. Essa banca também é
acionada para examinar as
redações com nota máxima.
Para especialistas, houve uma
queda no número de estudantes que
atingiram 1.000 pontos porque
aumentou o rigor desde a edição
de 2012, quando um candidato
resolveu descrever como preparar
um miojo no meio do texto, que
tinha como tema o movimento
imigratório para o Brasil no século
No Enem, cada uma das
redações é avaliada por dois
corretores entre os mais de 4 mil
contratados para isso. Os
avaliadores têm a função de
atribuir uma nota de 0 a 200 pontos
em cada uma das cinco situações
abaixo:
1) Domínio da norma padrão da
língua portuguesa;
2) Compreensão da proposta de
redação;
3) Seleção e organização das
informações;
4)
Demonstração
de
conhecimento da língua necessária
para argumentação do texto;
5) Elaboração de uma proposta
de solução para os problemas
abordados, respeitando os valores
e considerando as diversidades
socioculturais.
O edital do Enem prevê sete
situações em que a redação do
participante pode ser zerada ou
anulada. São elas:
1) Fuga total ao tema;
2) Não obediência à estrutura
dissertativo-argumentativa;
3) Texto com até sete linhas;
4) Impropérios, desenhos e
outras formas propositais de
anulação ou parte do texto
deliberadamente desconectada do
tema proposto;
5) Desrespeito aos direitos
humanos;
6) Redação em branco, mesmo
com texto em rascunho;
7) Cópia do texto motivador.
Confira rascunho de uma das
250 redações nota mil no Enem
2014
Mídia infantil
Oriundo de paradigmas
capitalistas, o incentivo ao
consumo, em especial pela mídia,
é bem presente no Brasil. O
estabelecimento de nichos
econômicos baseados em parcelas
da população é comum, mas tendo
em vista o grande contingente de
crianças na sociedade brasileira,
é natural o questionamento do
apelo comercial feito a estas, uma
vez que determinados produtos ou
serviços ofertados podem ter
implicações negativas nos hábitos
de vida deste grupo, protegido por
incipientes legislações, ainda
carentes de força prática.
O mercado, no Brasil e no
mundo, transformou os jovens,
especialmente crianças, em nicho
econômico. Lojas especializadas
nas necessidades dessa parte da
população, como em roupas e
15/01/15
lazer, assumem a fatia expressiva
do comércio, influenciando
fortemente, por vezes de forma
negativa, os hábitos da vida da
juventude. A famosa rede de
lanches rápidos “McDonald's”
popularizou-se entre os jovens pelo
uso de personagens carismáticos,
como estímulo no consumo de
sanduíches, inclusive através da
distribuição de brindes. A
consequência de tal marketing é o
incontestável crescimento da
obesidade infantil, realidade que
atesta para as necessidades da
redução do apelo comercial, por
meio de legislações.
A coibição da publicidade
infantil abusiva tornou-se legal em
abril de 2014, por meio de uma
resolução aprovada pelo Conanda.
A medida tem boas intenções,
tendo em vista a necessidade de
regulamentar o marketing infantil,
mas, ainda incipiente, a legislação
enfrenta vários obstáculos, em
especial na sua atuação prática. A
ausência de mecanismos eficientes
de fiscalização e de efetivas
punições permite a manutenção do
excesso de apelo comercial às
crianças, o que inviabiliza uma
imersão do quadro.
* Rascunho da redação de
Matheus Andrade Figueiras, de
São Luís, no Maranhão.
O exemplo mineiro
A ansiedade pela espera da nota
do Enem valeu a pena para o
estudante Luis Arthur Haddad, de
19 anos, de Juiz de Fora, na Zona
da Mata de Minas Gerais. O jovem,
que fez o exame pela primeira vez,
não só se saiu bem, entrou no seleto
grupo de 250 candidatos, em todo
o país, que alcançaram mil na
redação, a mais alta do exame.
Chegar
à
tão
sonhada
classificação, no entanto, não foi
fácil. O estudante, que busca uma
vaga no curso de engenharia
elétrica na Universidade Federal
de Juiz de Fora (UFJF), afirma que
foram muitas horas de estudo
diário. “Sempre estudei bastante,
mas, no 3º ano, intensifiquei a
rotina de estudo no colégio e,
principalmente em casa”, lembra.
Ao todo, eram pelo menos 15 horas
de dedicação por dia, de segunda
a sexta-feira. O brilhante
desempenho na redação tem ainda
outra explicação. Luis Arthur
passou 2014 inteiro treinando
produção de texto de temas
diversos para aprimorar a prática.
Eram duas redações por semana no
colégio e mais treinamento em um
curso particular de redação.
“Também li muito, me inteirei dos
assuntos da atualidade e estudei
muito geografia e história. Para
uma boa redação, é preciso ter
muito conhecimento”, destaca.
(Valquíria Lopes)
“Eu leio, pelo menos, dois
livros por mês. E passei a ler
revistas semanais para me
informar sobre atualidades”
Matheus Andrade Figueiras,
estudante de São Luís que
tirou nota máxima na redação
CORREIO BRAZILIENSE
15/01/15
ARTIGO »
Texto beleza
por Dad Squarisi
Redação é habilidade. Joga no
time da natação, do salto, da
corrida. A gente só se torna
campeão nas águas se treinar. Só
salta como Maurren Maggi se
praticar. Só corre 10km em 20
minutos se se exercitar. Só escreve
um texto nota 10 se escrever muito
e sempre. A ordem é treino, treino,
treino.
O treino faz bruxarias. Acorda
palavras adormecidas. Estimula
estruturas enferrujadas. Cria
intimidade com os temas. Convoca
argumentos perdidos. Fixa grafias
ardilosas. Melhor: planta
confiança e espanta o medo.
Adeus, mãos geladas. Adeus,
coração disparado. Adeus, baldes
de suor.
Sobre o que escrever? Sobre
BRASIL
qualquer assunto. Você pode fazer
o resumo do noticiário da tevê.
Comentar uma nota do jornal.
Criticar cena da novela. Elogiar o
corte de cabelo da amiga. Sugerir
ao governador medidas para tornar
a cidade mais limpa. Ou mais
segura. Ou mais bonita.
Ninguém precisa corrigir.
Escreva e jogue no lixo ou guarde
numa pasta. Em um mês de treino,
oba! Você será outro. Com o medo
chutado para escanteio, deite e
role. Mostre seu texto para o
professor. Peça-lhe sugestões.
Lembre-se: é sempre possível
melhorar.
Regra de ouro: seja natural.
Imagine que o leitor esteja a sua
frente ou ao telefone conversando
com você. Fique à vontade.
Espaceje suas frases com pausas.
Sempre que couber, introduza uma
pergunta direta. Confira a seu texto
um toque humano. Você escreve
para pessoas — gente igualzinha a
nós.
CORREIO BRAZILIENSE
15/01/15
BRASIL
EDUCAÇÃO »
Reflexo da leitura dinâmica
Professores avaliam que a
geração atual de estudantes, que
se desenvolveu conectada à
internet e às redes sociais, tem
uma dificuldade maior com textos
mais extensos. No Enem 2014,
529 mil alunos tiraram zero na
redação
» ÉTORE MEDEIROS
» DANIELA GARCIA
Guimarães: "O aluno muitas
vezes lê o que está em negrito e
não lê a coletânea de textos. É um
problema de leitura"
Dos 529 mil alunos que tiraram
zero na redação do Exame
Nacional do Ensino Médio
(Enem), a maioria (53,1%) deixou
a folha destinada à dissertação em
branco. Entre outros 248 mil que
obtiveram a pontuação nula,
87,5% tiveram a prova anulada
por fugirem do tema proposto:
“Publicidade infantil em questão
no Brasil”. Chama a atenção que
três de cada quatro candidatos que
se submeteram ao Enem têm até 24
anos. Criada não só na internet,
mas também sob a ágil dinâmica
de interações pelas redes sociais,
a juventude teria uma dificuldade
especial para chegar ao fim da
leitura de um texto um pouco mais
extenso, avaliam os especialistas.
detentores de conhecimentos para
avançar com qualidade os seus
estudos e pesquisas na graduação
e na pós”, defende.
“Estarão os nossos jovens
excessivamente plugados em
multimídias instantâneas, apenas
com manchetes de notícias? Ou
pior: ainda usando excessivamente
as redes sociais sem se importar
com a cultura e o aprofundamento
de temas? Como nossas escolas
estão preparando os nossos alunos
nessa questão? Parece que muito
mal”, observa, preocupada, Vivina
Balbino, professora aposentada da
Universidade Federal do Ceará. A
mestre em educação vê a enxurrada
de zeros como comprovação da
falta de leitura dos jovens e da
busca de informações longe do
conhecimento aprofundado.
“Temos que ensinar os meninos
a ler, a escrever, a compreender o
mundo”, complementa Riemma.
Parece inacreditável, mas mesmo
em um exame tão importante, que
abre as portas para o ensino
superior, especialistas ouvidos
pelo Correio acreditam que muitos
dos jovens não leram os textos
complementares ao enunciado da
redação do Enem, fundamentais
para a compreensão do que era
pedido como dissertação.
“Um ponto pesado que essa
quantidade de zeros traz é a
qualidade do ensino. Ela se
evidencia pela comparação das
notas dos alunos de escolas
públicas e privadas. É muito
triste”, lamenta Rafael Riemma,
coordenador de Português de um
colégio particular da Asa Sul. A
precariedade do ensino médio não
deve ser tratada como isolada na
educação, alega Vivina, uma vez
que a má qualidade da fase escolar
afetaria diretamente a qualificação
dos profissionais formados no
ensino superior. “O ensino superior
precisa receber alunos cultos e
“O aluno, muitas vezes, lê o que
está em negrito e não lê a coletânea
de textos, é um problema de
leitura”, analisa Eli Guimarães,
coordenador de redação de uma
escola particular de Brasília. “O
aluno precisa se inserir no mundo
lendo revistas, jornais, editoriais,
resenhas. É preciso ampliar o
leque de leitura, que não pode ser
tratada como uma obrigação
acadêmica, mas sim como parte da
formação enquanto pessoa,
enquanto cidadã crítica”, defende
o professor.
Riemma ressalta que, mais do
que ler, é preciso estimular a
juventude a escrever mais. “Quem
leu mais sobre o tema vai ter mais
facilidade para argumentar. Mas,
mesmo os alunos que adoram
15/01/15
debater, falar, dar opinião, é
impressionante a resistência que
têm a escrever: parece que
escrever é um peso. Há medo de
se expor, de errar”, observa.
Problemas detectados
Muito além da baixa qualidade
do ensino público, especialistas
apontam o que falta para que a
atual geração consiga superar as
dificuldades para ler, compreender
e escrever bem
Leitura precária
» Acostumados a assimilar
conteúdos de forma fragmentada
— em fontes como a enciclopédia
on-line Wikipedia, por exemplo —
, muitos jovens não conseguem
chegar ao fim de textos mais
longos: se cansam, deduzem o que
não leram e tiram conclusões
precipitadas. Muitas vezes, os
estudantes leem somente o que
aparece em negrito ou em destaque,
ignorando partes importantes do
texto.
Esforço unidisciplinar
» Sozinho, o professor de
redação não consegue dar ao aluno
as habilidades e os conhecimentos
necessários para o bom domínio
da leitura e da escrita. É preciso
que os mestres de outras
disciplinas que têm alta carga de
textos, como história e geografia,
cobrem
respostas
bem
argumentadas, com início, meio e
fim. Dar nota máxima a uma prova
de sociologia respondida em
tópicos, por exemplo, deseduca o
aluno, ainda que o conteúdo esteja
adequado.
De olho no próprio umbigo
» Faltam a muitos estudante a
leitura de opiniões diversificadas
e a busca por fontes alternativas
para entender bem uma mesma
situação. Livros, revistas, jornais
até mesmo blogs devem estar mais
presentes no cotidiano da
juventude. A cada dia, inclusive no
Enem, a reflexão sobre um
problema e a proposição de
soluções possíveis são mais
cobradas em diferentes avaliações.
Falta de hábito
» A máxima de que a repetição
leva à perfeição também vale para
a produção textual. A escrita de
textos dissertativos deve ser parte
do dia a dia. Mesmo os alunos que
se engajam em acalorados debates
em sala de aula — ou nas redes
sociais —, com boa argumentação,
devem ser estimulados a passar as
ideias para o papel. Soltar amarras
como a vergonha, o medo e a
insegurança é benefício trazido
pela prática constante.
Correção distanciada
» Mesmo os profissionais mais
carismáticos e esforçados podem
deixar a desejar na hora de corrigir
os textos produzidos pelos alunos.
Mais do que receber uma nota ou
elogio, é preciso que o aluno tenha
alguém que o oriente e explique as
principais falhas ou acertos da
redação. É melhor ter cinco textos
bem corrigidos e analisados ao
longo de um ano, do que 50
escritos e devolvidos somente com
uma avaliação genérica.
CORREIO BRAZILIENSE
15/01/15
EDITORIAL
Enem: crônica da tragédia anunciada
Assusta, mas não surpreende o anúncio de que 529
mil estudantes tiraram zero na redação do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem). Maus
desempenhos têm se sucedido ano após ano. A
diferença é que o mal se agrava. Em 2013, 106 mil
estudantes não pontuaram, cinco vezes menos que na
edição de 2014.
Não é outra a razão por que universidades de norte
a sul do país anunciaram o fechamento das faculdades
que preparam docentes. Algumas mantêm apenas o
ensino a distância. Resultado: faltam professores.
Escolas passam meses e meses sem oferecer
disciplinas das áreas biológicas ou exatas por não
conseguirem atrair interessados nas vagas.
Os números do Enem nada mais são do que o
retrato da degradação do ensino ao longo dos anos.
Apesar de o diagnóstico ser amplamente conhecido,
não se adota nenhuma medida eficaz para evitar o
avanço da doença. Esperar resultado diferente com o
mesmo jogo e as mesmas regras é acreditar em
milagre ou em Papai Noel.
Da engrenagem que compõe o sistema de ensino,
o professor ganha relevo. Dele depende não só o
encaminhamento da aula mas também a seleção do
conteúdo, a escolha do livro didático e o preparo
dos recursos necessários à aprendizagem. Aí reside
a maior tragédia da tragédia em que se transformou a
educação nacional.
A dificuldade não se restringe às escolas públicas.
Atinge também as particulares. O problema exige
medidas urgentes e sérias sob pena de comprometer
— ainda mais — o futuro nacional. Profissional
incapaz de entender um manual de instrução ou de se
expressar oral e por escrito com correção e clareza
não tem vez no mercado de trabalho. Nem o país tem
vez no disputado clube globalizado.
Décadas de negligência tornaram o magistério
carreira de segunda classe. Os talentos que
sobressaem no ensino médio fogem dos cursos de
letras, história, geografia, matemática. Com raras
exceções, só se candidata a uma vaga nessas
especialidades quem fracassa nas demais. A demanda
diminui a cada semestre.
Impõe-se atrair as melhores inteligências para o
magistério. O ímã vai além de salário similar ou
superior ao pago às mais promissoras carreiras de
nível superior. Passa, necessariamente, por plano de
carreira que estimule a constante qualificação e
premie resultados. Sem encarar com firmeza a questão,
continuaremos o jogo do faz de conta.
É o caso do exame on-line anunciado pelo ministro
da Educação. Fazer o teste no papel ou na tela equivale
a substituir o livro pelo tablet. Com os mesmos
professores, mesmos alunos, mesmo ensino, mesmo
material didático, atualiza-se a frase de Albert
Einstein. “Loucura”, disse o criador da teoria da
relatividade, “é fazer tudo do mesmo jeito e esperar
resultado diferente.”
CORREIO BRAZILIENSE
15/01/15
OPINIÃO
Caiu na conta
SÍLVIO RIBAS
A frase mais ansiada por
milhares de servidores do governo
do Distrito Federal neste começo
de ano mostra bem o quão longe a
irresponsabilidade fiscal pode
chegar. Isso tudo sem falar das
filas em hospitais e do adiamento
do calendário escolar. A minha
esperança, contudo, é que, logo
após funcionários ouvirem de
colegas ou da imprensa o tão
esperado “caiu na conta”, pela
primeira vez e também quando
isso voltar a ser rotina, também
caia a ficha do povo sobre as
razões de tanto sofrimento com
salários e outros pagamentos
atrasados.
Gastar o que arrecada e
somente o que arrecada, incluindo
empréstimos tomados à luz do
planejamento, é o mínimo a exigir
do gestor público. Para o
contribuinte, o mínimo que se
espera é que ele exija bom uso dos
pesados impostos pagos e saiba
identificar qual gestão fez isso e
qual não fez. Mas, como estamos
no Brasil, onde o surreal invade
todas as instâncias de poder e da
disputa política, as duas premissas
parecem ter dificuldade de
amadurecer.
Basta ver a desenvoltura com
que governantes chamam as contas
públicas
arrumadas
da
administração anterior de “herança
maldita” e os que já saíram
deixando rombos ao sucessor
evocam “heranças benditas”. A
mentira desavergonhada nesses
dois casos insulta a inteligência do
público, mas, de tão repetida,
acaba até dando o resultado
esperado pelos mentirosos. Para
completar, temos as limitações da
Justiça e a militância quase
religiosa dos defensores dos
malfeitores da República.
Enquanto perdurar o discurso
falacioso em torno da coisa
pública, continuaremos assistindo
ao disparate de políticos com
mandato desfilarem livremente
pelo país e ameaçados de prisão
no exterior ou de ministros
francamente patrimonialistas
tomarem posse em função de cotas
partidárias do governo de coalizão.
Há muita ficha para cair até que o
dinheiro público passe a cair com
regularidade nas contas certas e
não nas erradas.
Não é por acaso que o trabalho
do ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, tenha uma demanda
simbólica tão ou mais importante
que os cortes de gastos e o aumento
de impostos em preparação por
ele. Se não criar barreiras aos
desvios e abrir as portas do
racionalismo, o país pagará cada
vez mais caro pela lambança ética.
Por isso, quando chegar a hora de
votar, o eleitor terá de se lembrar
dos momentos bons e ruins que
teve na relação com os serviços
estatais. E mais: identificar quem
foi o responsável por eles.
CORREIO BRAZILIENSE
15/01/15
Desabafo
Um país em que 529 mil
estudantes de 2º grau
tiram zero na prova de
redação não tem futuro.
Gilberto Martins Melo — Lago Sul
Com o pessoal do ABC
no poder, o ensino deveria
estar uma maravilha!
Não entendo...
Vera Lúcia de Oliveira — Park Way
Mais de 500 mil estudantes
tiraram zero na
redação do Enem.
Explicação: faltou a opção
copiar e colar.
Murilo Coura Brito — Águas Claras
Ficaram alarmados
porque 10% dos candidatos
ao Enem tiraram
zero na redação?
Que esperar quando
a chefa da nação se
autointitula presidenta?
Sergio Pereira — Cond. Ouro vermelho 1
Quando a governante
é chamada de presidenta,
meio milhão de notas zero em
redação do Enem ainda é pouco.
Luiz Filipe Medeiros — Asa Norte
Resolvido o desafio do ensino médio que
entrega à sociedade meio
milhão de zeros: prova on-line.
Paula Nunes — Guará
DESABAFO
CORREIO BRAZILIENSE
15/01/15
CIDADES
Pedido de ajuda até ao TCU
ALMIRO MARCOS
A base de apoio ao governo
Rodrigo Rollemberg (PSB) não
desistiu de tentar antecipar
recursos do Fundo Constitucional
do Distrito Federal (FCDF) para
melhorar a situação financeira
nesse início de 2015. Ontem, o
deputado distrital Joe Valle e o
senador Cristovam Buarque
(ambos do PDT) deram entrada a
uma representação, no Tribunal de
Contas da União (TCU), pedindo
que o órgão determine ao
Ministério da Fazenda que
antecipe, pelo menos, três parcelas
do fundo. Ao todo, o DF tem
direito a R$ 12,4 bilhões este ano
— os recursos são destinados
para as áreas de segurança,
educação e saúde.
“Não é um empréstimo.
Estamos apenas pedindo a
antecipação de recursos aos quais
o Distrito Federal tem direito. É
uma situação emergencial.
Queremos que o fundo possa
cumprir um de seus papéis, que é
fazer a saúde e a educação
funcionarem na capital do país. E
todo mundo está vendo que o
momento é caótico”, explicou o
distrital, que protocolou o pedido
pessoalmente e foi recebido pelo
presidente da Corte, ministro
Aroldo Cedraz.
No início do mês, Rollemberg
solicitou ao ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, que fizesse a
antecipação de cerca de R$ 412
milhões, relativo à parte do
duodécimo de fevereiro do FCDF.
A transferência, no entanto, foi
negada. Técnicos da pasta
afirmaram que havia vedação legal
para a atividade, pois a lei que
criou o fundo diz que ele deve ser
repassado uma vez a cada mês.
“No entanto, a legislação não diz
qual é o valor. Não estabelece
limite, então, a quantia pode ser
alterada”, afirmou o advogado
Melillo Dinis, que também assinou
a petição.
Resposta
O TCU está em recesso. O
ministro Cedraz disse a Valle que
vai se esforçar para tentar resolver
a situação. Há uma dúvida sobre a
autonomia dele para despachar
monocraticamente. Caso o
regimento interno da Casa permita,
ele pode tomar uma decisão nos
próximos dias. Caso contrário,
pode levar a plenário na primeira
sessão após o retorno, em 21 de
janeiro. Rollemberg ficou sabendo
sobre a ação dos pedetistas no fim
da tarde. “Qualquer atitude para
ajudar o DF é bem-vinda. Esse é o
pacto que a cidade espera”, disse.
CORREIO BRAZILIENSE
15/01/15
CIDADES
ENTREVISTA// RODRIGO ROLLEMBERG »
"Apostar no caos piora a situação"
“As pessoas dizem: você recebeu uma bomba. E eu tenho dito
que é uma bomba de efeito continuado”
Governador critica sindicatos,
detalha medidas de economia e
afirma que vai reduzir até os
gastos com alimentação em Águas
Claras
Matheus teixeira
e almiro marcos
Em meio a “maior crise que a
cidade já viveu”, como define o
governador Rodrigo Rollemberg
(PSB), ele recebeu o Correio para
expor a posição do Governo do
Distrito Federal em relação às
paralisações de servidores e à
crise financeira. O chefe do
Executivo fez críticas aos
sindicatos que declararam greve
nos últimos dias e classificou as
decisões da gestão anterior com
uma “corrupção de prioridades”.
Mais uma vez, ele pregou a
necessidade de fazer um “pacto por
Brasília”, envolvendo toda a
população e as instituições, a fim
de recuperar a cidade. Para
melhorar a situação financeira, ele
elencou uma série de ações que
vêm sendo adotadas e antecipou:
na próxima semana, serão
anunciadas novas medidas para
“contribuir na melhoria da
arrecadação de recursos do DF”.
O socialista afirmou que trabalha
com cenários possíveis, mas evitou
falar em aumento de impostos e da
tarifa de transporte público.
Como o senhor avalia o atual
cenário do Distrito Federal, com
atrasos salariais e paralisações?
Vejo a cidade como cidadão que
sou e também como governador,
com toda a responsabilidade que
tenho. Como pessoa comum,
compartilho a indignação com a
irresponsabilidade, com o
descaso, com a incompetência,
com o conjunto de atitudes ou da
falta de atitudes que levaram
Brasília à pior crise da sua
história. Como governador, fico
aflito, porque é impossível
resolver todos os problemas em um
passe de mágica. Tenho convicção
que será preciso muita paciência,
perseverança, trabalho e
compreensão da população para
que possamos efetivamente, na
prática, fazer um pacto pela
cidade. Nós só vamos sair desse
caos se todas as pessoas e
instituições compreenderem a
gravidade da situação. Todos nós
temos devemos ter participação na
construção das soluções para a
crise.
O
senhor
imaginava
encontrar um quadro assim?
Só tivemos a dimensão da
profundidade da crise quando
tivemos acesso aos números
exatos. A cada dia aparece uma
novidade, porque tínhamos
identificado cerca de R$ 3,1
bilhões em dívidas. Mas há
15/01/15
empenhos que foram feitos, e
posteriormente cancelados, ainda
não identificados. Há um esforço
na
redução
de
cargos
comissionados
de
livre
provimento, no cancelamento de
licitações que estavam em
andamento. Estamos fazendo
também um movimento para
reduzir os gastos com salários. Por
exemplo, pretendemos entregar um
prédio na Asa Norte que custa R$
970 mil mensais em aluguel.
Como o senhor tem sentido o
clima das ruas?
Tenho andado na cidade e
procurado estar perto da
população. É o momento que
conseguimos energia para enfrentar
os
problemas.
Recebo
manifestações de orações. Eu
digo: reze mesmo, pois precisamos
de muita oração e energia positiva.
Estamos trabalhando até 18 horas
por dia.
A situação pode melhorar em
um ano?
Eu diria que a gravidade é tal
que, se conseguirmos, será uma
grande vitória. Fomos ao Tribunal
de Justiça e conversamos sobre um
Fundo de Depósitos Judiciais ao
qual outros estados já têm acesso
para pagamento de precatórios.
Estamos tentando uma solução
jurídica para garantir isso no DF,
pagar precatórios e aliviar o caixa.
Lutamos para resolver problemas
deixados pelo governo anterior,
como,
por
exemplo,
a
inadimplência no CAUC
(Cadastro Único de Convênios) —
(sem a regularidade nesse
instrumento, o ente federativo deixa
de ter acesso a vários tipos de
financiamentos públicos).
Qual a previsão que o senhor
faz para 2015?
Será um ano difícil e duro. Mas
esperamos que, em 2016, Brasília
já tenha saído dessa situação muito
delicada e dramática. O que anima
a gente é a solidariedade da
população. As pessoas dizem:
você recebeu uma bomba. E eu
tenho dito que é uma bomba de
efeito continuado. Eles dizem
assim: tenho pena de você. Mas eu
digo: não tenha pena, quero que
você nos ajude a enfrentar a crise
e a superá-la.
Como o senhor avalia o
posicionamento dos sindicatos e
servidores nas paralisações?
É do processo democrático que
ocorram mobilizações. Quando
falo em pacto por Brasília, é um
chamamento para as pessoas
compreenderem o papel de cada
instituição nesse momento. O caos
não interessa a ninguém. Estamos
nos esforçando para construir uma
solução. Mas é claro que algumas
são impossíveis, porque não temos
dinheiro. Um exemplo: tomamos a
decisão difícil, mas corajosa, de
pagar a saúde primeiro. O dinheiro
entrou na manhã de sexta e, à noite,
já estava na conta dos servidores.
Aí, na mesma sexta-feira o
sindicato decide declarar greve.
Foi uma grande decepção para um
governador que está dialogando
com as categorias. O que a cidade
ganha com isso? A saúde já está
precária e então vira um caos.
Pagamos
os
salários,
reconhecemos as dívidas
anteriores. Não tinha como fazer
mais do que a gente fez.
Esperava mais compreensão
dos servidores?
Esperava e espero. Apostar no
caos só piora a situação. Estamos
discutindo com as categorias 13º
salário de dezembro, antecipação
de férias de dezembro, salário de
dezembro, horas extras do ano
passado… Eram recursos para
terem sido deixados em caixa pela
administração passada. E estamos
buscando alternativas para quitar
os compromissos. Agora, se não há
possibilidade de fazer isso nesse
momento, por que entrar em greve?
Por que prejudicar a cidade? Por
que penalizar a população? Tenho
confiança de que as categorias
terão bom senso em compreender
o nível de dificuldade que
herdamos.
O que o GDF está fazendo
para buscar recursos?
Temos a tentativa de
antecipação de parte do Fundo
Constitucional (ver texto abaixo).
Junto ao Ministério da
Previdência,
tentamos
o
pagamento de uma compensação
previdenciária ao qual o Distrito
Federal tem direito, de cerca de
R$ 600 milhões. Outra é a que
tentamos no Tribunal de Justiça do
DF, relativa aos precatórios.
Estamos também estudando
alternativas para melhorar a
arrecadação.
15/01/15
Podemos ter aumento de
tarifas e impostos?
Estamos estudando cenários.
Não é nosso objetivo aumentar a
carga tributária e isso não é
prioridade.
Melhorar
a
arrecadação
não
indica,
necessariamente, aumento de
impostos.
Os gastos com as reformas da
Residência Oficial de Águas
Claras, feitos no governo
passado, eram necessários?
Ainda estamos avaliando o
papel que a residência oficial terá.
Continuo morando na minha
própria casa. Mas temos um
grande investimento em Águas
Claras, que precisa ser bem
utilizada. Qualquer que seja o uso,
é importante que sejam reduzidos
drasticamente os custos com
pessoal e alimentação.
Quando serão indicados os
administradores
regionais
definitivos?
Até fevereiro nós devemos
anunciar. Continuamos o processo
de ouvir a comunidade. Os
administradores interinos estão
fazendo um levantamento das
regiões. Quando o processo estiver
amadurecido, vamos divulgar os
nomes.
Como fica a situação do novo
centro administrativo?
Estamos fazendo um estudo
profundo. Queremos mudar, mas
em situações adequadas. Vamos
fazer uma negociação justa dentro
das condições legais e ocupar o
centro administrativo, pois não
podemos abrir mão de um
investimento daqueles. O Buriti
não vai ser desativado. O Centro
Administrativo cabe 15 mil
servidores e o GDF tem 145 mil
funcionários.
JORNAL DE BRASÍLIA
15/01/15
MINO PEDROSA
JORNAL ALÔ BRASÍLIA-DF 15/01/15
BRASÍLIA

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