Deficiências Vitamínicas em Bovinos de Corte Vitamina E A

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Deficiências Vitamínicas em Bovinos de Corte Vitamina E A
Deficiências Vitamínicas em Bovinos de Corte
Vitamina E
A vitamina E atua como antioxidante natural no organismo animal, impedindo a
formação de peróxidos, que resultam na oxidação "in vivo'" de certos ácidos
graxos. O tocoferol é o principal antioxidante lipossolúvel biológico em tecidos
animais, sendo esta ação é muito importante no metabolismo dos ácidos
graxos essenciais (Andriguetto et al. 1993).
Existem cerca de 10 tocoferóis, sendo que o mais ativo é o alfa-tocoferol, com
100% de atividade biológica relativa à vitamina. Já o zeta-2-tocoferol tem 50%
de atividade do alfa-tocoferol, e o Beta-tocoferol com 35%, sendo a atividade
dos demais bastante pequena. São encontrados comercialmente sob a forma
de acetato oleoso ou como pó estabilizado. Já o d-alfa-tocoferol, é um óleo
amarelo pálido, altamente viscoso, solúvel em gorduras, óleos, acetona, álcool
e outros solventes de gorduras.
A absorção da vitamina E está ligada à formação de micelas no intestino, e seu
transporte sanguíneo se dá através de lipoproteínas (Andrigueto et al., 1990). A
vitamina E é encontrada em pequenas quantidades em muitas plantas,
sementes de oleaginosas, leite integral (gordura e seus subprodutos), gema de
ovo, algumas vísceras animais (hipófise, adrenais e baço) e na gordura
corporal. A vitamina E não é sintetizada no rúmen, devendo ser fornecida ao
animal através dos alimentos da dieta, ou suplementada via oral ou injetável
(Andriguetto et al., 1993).
A avitaminose E pode ser confundida com deficiência de Selênio, isto porque
apesar da vitamina E e o Selênio possuírem funções distintas, algumas
doenças como a distrofia muscular nutricional pode ser causada pela
deficiência de vitamina E e/ou Selênio. Distúrbios reprodutivos como retenção
de placenta, infecções uterinas, cistos ovarianos e mastite são moléstias
associadas à deficiência de vitamina E e Selênio. Em vacas adultas, também
pode ocorrer diarréia e abortos, principalmente entre 2 e 12 semanas de idade
(Fox, 1992).
A deficiência de vitamina E causa a "doença do músculo branco", uma
condição degenerativa que afeta especialmente os músculos, causando
fraqueza muscular, calcificação, rigidez no andamento, incoordenação de
movimentos e em casos severos, morte devido à flacidez do músculo cardíaco.
Esta fraqueza muscular pode ser observada na musculatura dos membros
posteriores, sendo que em bezerros, a musculatura da língua pode ser afetada
dificultando o ato de mamar (Lucci, 1995). Em casos menos severos, os
bezerros podem apresentar crescimento retardado, degeneração dos músculos
esqueléticos e cardíacos.
Tabela 1: Sintomas de avitaminose E
Dentre os fatores que podem influenciar as exigências de vitamina E, a baixa
estabilidade dos tocoferóis nas matérias primas e rações completas é um fator
importante, sendo sensíveis ao calor, presença de oxigênio, umidade, gorduras
e minerais. Os tocoferóis podem perder sua atividade durante o período de
estocagem e processamento dos alimentos.
As quantidades de alfa-tocoferol são baixas em forragens verdes,
predominando as demais formas do elemento, e em conjunto com solos pobres
em selênio (níveis abaixo de 0,45 ppm), pode haver armazenamento
insuficiênte de vitamina E, ocasionando aparecimento de sintomatologia
carencial (Andriguetto et al. 1993).
Durante a fenação, a exposição demasiada da planta ao sol, proporciona
perdas de tocoferóis, que continuam a ocorrer durante armazenagem.
(Andriguetto et al. 1993). As forragens ensiladas contém aproximadamente um
quinto do conteúdo de vitamina E das forragens frescas, e rações baseadas em
fenos maduros, palhas, silagem de milho, raízes e cereais tendem a ter níveis
baixos de vitamina E.
Existe grande relação da vitamina E com outros compostos, principalmente
aminoácidos e selênio. Este, juntamente com a vitamina E, previne a diátese
exsudativa, um severo edema produzido por aumento da permeabilidade
capilar. Em conjunto com os aminoácidos sulfurados, a vitamina E previne o
aparecimento das miopatias (Andrigueto et al., 1990). Em relação a vitamina A,
ocorre melhora na absorção e estocagem no fígado, sendo que a deficiência de
vitamina E pode levar também a deficiência de vitamina A, mesmo em dietas
contendo níveis adequados desta (Fox, 1992).
No verão as forragens verdes apresentam níveis de aproximadamente 100
mg/Kg de matéria seca, assim 2,5 Kg de matéria seca de uma boa pastagem é
suficiente para atender as necessidades de uma vaca leiteira. Para avaliar o
atendimento das exigências da vitamina E, devemos considerar dois aspectos:
o tipo de tocoferol e o teor de selênio no solo.
Goff & Stabel (1990), trabalhando com uma dieta com alta porcentagem de
grãos encontraram níveis plasmáticos médio-baixos de alfa-tocoferol em vacas
no período peri-parto. Tais autores sugeriram que a alta porcentagem de grãos
pode ter aumentado a oxidação de alfa-tocoferol no rúmen, desse modo a
suplementação seria interessante para animais de corte confinados com alto
teor de grãos (Andriguetto et al. 1993). É sabido também que a suplementação
pré-abate de animais de corte, permite um aumento no tempo de prateleira dos
cortes, devido à ação anti-oxidante dos tocoferóis. No caso de animais em
crescimento e terminação em confinamento recomenda-se de 25 a 50 UI /kg
MS ração total (McDowell, 1996).
Uma UI de Vitamina E é definida como 1 mg de acetato de dl-alfatocoferil,
sendo possível proceder conversões de outras formas de vitamina E em UI
como se segue: d-alfatocoferol, 1,49, acetato de d-allfacotoferil, 1,36; succinato
ácido de d-alfatocoferil, 1,21 (McDowell, 1996).