Casa do baile / 2011 Concepção e Curadoria Fernando
Transcrição
Casa do baile / 2011 Concepção e Curadoria Fernando
Casa do baile / 2011 co arquitetura Instalações temporárias, exposição de projetos, palestras e oficina Concepção e Curadoria Fernando Maculan co arquitetura Instalações temporárias, exposição de projetos, palestras e oficina Temporary installations, exhibit of projects, lectures and workshop Concepção e Curadoria Conception and curatorship Fernando Maculan índice / index 10 Projetos / Projects 44 Instalações / Installations 60 Oficina / Workshop 84 Palestras / Lectures 120 Biografias / Biographies 126 Ficha técnica / Credits Coarquitetura Projeto: Instalação Temporária na Casa do Baile Duração: 2 módulos bimestrais (PFLEX) Fernando Maculan Concepção e curadoria Pequena escala, liberdade para a formulação de um programa e, principalmente, a articulação necessária com uma obra preexistente foram os pontos de partida para o tema Instalação temporária na Casa do Baile. Esta publicação apresenta os registros do projeto cultural Coarquitetura, que reuniu exposição de projetos arquitetônicos, instalações temporárias, oficina e palestras na Casa do Baile, entre 18 de junho e 21 de agosto de 2011. Coarquitetura foi contemplado pelo Fundo de Projetos Culturais e foi também selecionado através do Edital de Ocupação da Casa do Baile, ambas iniciativas da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Origem Com o breve relato que se segue, deixo desde já explícito o meu agradecimento aos colegas aqui mencionados, pela sua valiosa contribuição para a formulação do projeto Coarquitetura. As origens desta iniciativa coincidem com o período em que substituí o prof. Carlos Alberto Maciel no curso de Projeto para alunos da graduação da Escola de Arquitetura da UFMG, em 2010. Na mesma ocasião, cursei a disciplina do mestrado ministrada pelo prof. Stéphane Huchet - Arte e arquitetura: lugares de convergência, cuja abordagem foi seminal para a elaboração do tema que apliquei em seguida nos módulos do curso de Projeto. Também nesta época, iniciei uma colaboração com a artista Rivane Neuenschwander, que por sempre me alertar para a urgência de nós, arquitetos, ocuparmos a Casa do Baile, acabou contribuindo decisivamente para a escolha do local em que seria desenvolvido o tema dos módulos da disciplina de Projeto. A disciplina teve como objetivo a elaboração de intervenções que pudessem ampliar o potencial de uso dos espaços internos e externos da Casa do Baile e assim contribuir para sua afirmação como Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte - instituição ali abrigada desde 2002. Ao mesmo tempo, esperava-se que os alunos explorassem novas configurações espaciais, em caráter experimental e temporário, do conjunto edificado e paisagístico. A inexistência de um programa predeterminado para os projetos permitiu que os alunos se detivessem prioritariamente na interpretação do lugar e em sua nova configuração espacial a partir da intervenção, além da experiência sensorial proporcionada pela escolha e aplicação dos materiais. O curto período dos módulos nos induziu a um processo de trabalho semelhante ao de um workshop, com ênfase nos processos de representação manuais - experimentos, maquetes físicas, desenho e colagens - conjugados ao uso de recursos digitais. Projetos e obras do artista dinamarco-islandês Olafur Eliasson e do escritório de arquitetura colombiano Paisajes Emergentes foram adotados como referências para a formação de uma consciência crítica em relação à possibilidade de aproximação dos campos da arquitetura e artes plásticas, tanto para o processo criativo, quanto para a formulação dos trabalhos propriamente. O tema foi desenvolvido em dois módulos consecutivos, por dois grupos distintos. No primeiro módulo, três projetos – Soma, Penrose e Semi – foram destacados como matrizes conceituais a serem criticadas, adaptadas e desenvolvidas pela turma seguinte. Após o segundo módulo, foram escolhidos os projetos a serem executados como instalações temporárias na Casa do Baile: Soma, Deriva e Fluido. Participaram da banca os professores Carlos Alberto Maciel e Diogo Carvalho. 6 7 A construção das instalações temporárias Soma e Deriva foi posteriormente viabilizada Entre os trabalhos apresentados por Carlos Teixeira em sua palestra na Casa do Baile, pelo projeto cultural, elaborado em conjunto com os alunos. é selecionada para esta publicação a cenografia criada para o espetáculo Transtorna, da Companhia de Dança do Palácio das Artes (2006). Uma intervenção radical no espaço Exposição de Projetos e Instalações Temporárias do teatro é proposta, com a remoção das poltronas do Setor 1 e construção de uma Um grupo de alunos desenvolveu a expografia para a apresentação de 13 projetos na extensão do palco em direção à plateia. A relação entre público e bailarinos é revista Casa do Baile. Dois destes projetos foram contruídos: Soma, através do qual revela- com a perda da referência do que está à frente ou atrás da linha da cortina. se o paradoxo entre a preservação do edifício e o caráter público pretendido para sua utilização atual; e Deriva, que proporciona uma nova condição de apropriação do espaço Marcelo Drummond apresenta o tema Arquitetura gráfica: espaços de inflexão, e analisa externo pelos visitantes. o Palácio dos Projetos (1995-1998), de Ilya e Emilia Kabakov. Nos sete projetos aqui publicados em destaque, o edifício criado por Oscar Niemeyer As obras de Rivane Neuenschwander selecionadas para esta publicação tem como em 1940 e a pequena ilha que o acolhe tem seu equilíbrio compositivo colocado à elemento comum a integração da arquitetura que acolhe a obra como sua parte prova pelas intervenções, que com eles estabelecem uma relação de influência mútua, indissociável, o que já se percebe na obra Sob Medida (2002), que adota a rampa do simbiótica – origem do termo coarquitetura. Museu da Pampulha como instrumento de medida e convida o público a uma experiência corporal do espaço. É nas obras Suspension Point (2008), Digressões Palatáveis e Ex- Oficina e Palestras votos Expandidos (ambos de 2010), entretanto, que se mostra mais enfática a construção O escritório de arquitetura colombiano Paisajes Emergentes é convidado para de uma nova estrutura em interdependência com o espaço expositivo. elaborar uma oficina de projetos, tomando como sítio a Casa do Baile e seu entorno imediato. A estratégia de trabalho proposta, derivada da prática projetual do escritório, Frutos fundamenta-se na apropriação da paisagem e dos elementos naturais como A realização das instalações mostrou-se um rico processo de aprendizado que se desenvolveu componentes ativos da arquitetura. além das atividades acadêmicas mais convencionais - um ciclo iniciado com a interpretação do lugar, passando pela identificação de eventuais lacunas programáticas e pela exploração de A partir da proposição do arquiteto Edgar Mazo, a área de atuação dos participantes é espacialidades possíveis, elaboração de propostas arquitetônicas conceituais, desenvolvimento expandida para todo o contexto da lagoa, para a elaboração de soluções arquitetônicas e técnico, definição de processos construtivos em contato direto com os executores, paisagísticas para três programas possíveis: piscinas públicas, jardim botânico ou aquário. acompanhamento da construção e, finalmente, utilização do espaço pós-intervenção. Edgar é também um dos palestrantes, cuja apresentação reúne processos e resultados Para aqueles alunos que se engajaram na elaboração e realização do projeto cultural, ficou da oficina, assim como projetos do escritório Paisajes Emergentes. a certeza de um grande passo na construção de sua autonomia como futuros profissionais. Na abertura do ciclo de palestras, o Prof. Stéphane Huchet aborda os lugares de convergência de arte e arquitetura, abrindo uma discussão importante para a quebra de preconceitos, ainda comuns, com relação à aproximação dos campos. O texto é publicado na íntegra nesta edição. 8 9 Coarquitetura Exhibit of Projects and Temporary Installations A group of students developed the exhibition design to the presentation of the 13 projects of Casa do Baile. Two of Fernando Maculan these were constructed: Soma, through which was revealed the paradox of the preservation of the building, in contrast Conception and curatorship to the public character intended to its current use; and Deriva, which reveals a new condition of appropriation of the external space by the visitors. This publication presents the records of the cultural project Coarquitetura, which has gathered exhibit of architectural projects, temporary installations, workshop and lectures at Casa do Baile, between June 18th and August 21st of 2011. On the seven projects here published in highlight, the building created by Oscar Niemeyer in 1940 and the little island on which it is implanted have its compositive balance challenged by the interventions, which establish, with the Coarquitetura has received contributions from the Cultural Projects Fund, and was also selected through the formers, a relation of mutual and symbiotic influence – which originated the term Coarquitetura [Coarchitecture]. Edital de Ocupação da Casa do Baile (Edictal of occupation of Casa do Baile), both pertaining to Belo Horizonte’s Town Culture Foundation. Workshops and Lectures The Colombian architecture office Paisajes Emergentes is invited to elaborate a projects workshop, having Casa do Baile Origin and its surroundings as their base area. The proposed work strategy, which is derived from the design practice of the With the brief report that follows, I hereby express my acknowledgements and thanks to my colleagues here office, is based on the appropriation of the landscape and its natural elements as active components of the architecture. mentioned, for their valuable contribution on planning Coarquitetura project. Through the proposition of the architect Edgar Mazo, the acting area of the participants is expanded to all the context The origins of this initiative concurs with the period in which I have replaced Professor Carlos Alberto Maciel in Project course of the lake, in a way to allow the elaboration of architectonical solutions to three possible programs: public pools, for the undergraduate students at the School of Architecture of Federal University of Minas Gerais, in 2010. In the same occasion, botanical gardens, or aquarium. I took the masters degree discipline of Professor Stephane Huchet, Art and architecture: places of convergence, of which approach was of major importance to the elaboration of the theme on which I applied in the modules of the Project course. Edgar is also one of the lecturers, whose presentation gathers processes and results of the workshop, as well as projects of Paisajes Emergentes office. Also back then, I started a contribution with the artist Rivane Neuenschwander, who, by always alerting me of the urgency of the occupation of Casa do Baile by our class of architects, ended up contributing decisively to the choice of In the opening of the lectures circuit, Professor Stéphane Huchet talks about the places of convergence in art and the place where we would develop the theme of the modules of the Project course. architecture, opening and leading an important discussion to the break of pre-established concepts, still common when the two fields are put close to each other. His text is fully published in this edition. Project: Temporary Installation at Casa do Baile / Duration: 2 bimonthly modules (PFLEX) Small scale, freedom for formulating a program, and, mainly, the necessary articulation with a pre-existing piece of work Among the works presented by Carlos Teixeira in his lecture at Casa do Baile, the scenography created to the were the starting points to the theme Temporary Installation at Casa do Baile. spectacle Transtorna, of Palácio das Artes’ Dance Company (2006) is selected to this edition. A radical intervention in the theater space is proposed, with the removal of the Sector 1 seats and the construction of an extension of The discipline aimed for the elaboration of interventions which could amplify the potential use of the internal and external the stage, towards the public. The relation between public and dancers is reviewed with the loss of reference of spaces of Casa do Baile and, thus, contribute to its affirmation as a Center of Reference in Urbanism, Architecture and what is in front and what is behind the curtains. Design in Belo Horizonte – institution there installed since 2002. Concurrently, we hoped that the students would explore new spatial configurations, in experimental and temporary character, of the whole constructed and natural elements. Marcelo Drummond presents the theme Graphic Architecture: spaces of inflexion, and analyses Palácio dos Projetos [Palace of Projects] (1995-1998), of Ilya e Emilia Kabakov. The non-existence of a predefined program to the projects allowed the students to primarily attend to interpreting the area and its new spatial configuration through the intervention, besides the sensorial experience which could be The works of Rivane Neuenschwander selected to this publication have, as a common element, an integration of achieved through the choice and application of the materials. The short duration of the modules has inducted us to a architecture, which shelters the work as an indissociable part of itself, as perceived in the work Sob Medida (2002), work process similar to those in a workshop, with emphasis in the processes of manual representations – experiments, which takes the ramp of Pampulha Museum as a measure instrument and invites the public to a corporal experience of physical models, drawings and collages – all allied with the usage of digital resources. the space. It is, however, in the works Suspension Point (2008), Digressões Palatáveis and Ex-votos Expandidos (both of 2010), that is revealed the most emphatic construction of a new structure, in interdependence with the exhibit space. Projects and works of the Danish-Irish artist Olafur Eliasson and of the Colombian architecture office Paisajes Emergentes were adopted as references to the formation of a critical conscience when relating to the possibility of the Results approximation of architecture and arts fields, both concerning creative process and the proper formulation of the works. Building the installations have shown to be a rich learning process, which developed itself beyond the conventional academic activities – a cycle, which started with the interpretation of the place, going to the identification of occasional The theme was developed in two consecutive modules, by two distinct groups. In the first module, three projects – programmatic gaps, and to the exploration of possible spatialities, elaboration of conceptual architectonic propositions, Soma, Penrose, and Semi – were highlighted as conceptual matrixes to be criticized, adapted and developed by the technical development, definition of constructive processes in direct contact with the executors, supervision of the following class. After the second module, the projects to be executed as temporary installations at Casa do Baile were building process and, eventually, the use of the space post-intervention. chosen: Soma, Deriva, and Fluido. Among the examiners, were the professors Carlos Alberto Maciel and Diogo Carvalho. To those students who were engaged in the elaboration and realization of the cultural project, there is the certainty of The construction of the temporary installations Soma and Deriva was, afterwards, made possible through the cultural a great step towards the construction of their autonomy as future professionals. project, elaborated along with the students. 10 11 01 Projetos 14 15 Soma Cecília Reis e Débora Andrade. 1º módulo / 1st module A partir de uma leitura e interpretação do material histórico, os traços da intervenção se sobressaíram, compondo com o original e dando unidade à composição criada. Analogia e contraste Através da manipulação controlada de similaridade e diversidade, estabeleceu-se uma relação Uso e Preservação O projeto Soma propõe uma reflexão sobre o conflito existente entre uso e preservação do patrimônio cultural edificado. O tombamento da Casa do Baile nos âmbitos nacional e estadual restringe a relação do visitante com a arquitetura visando a conservação. A maior autonomia de apropriação espacial e engajamento corporal propostos pela instalação poderá tornar as pessoas naturalmente mais respeitosas e conscientes com relação ao objeto arquitetônico. estética de analogia com a Casa do Baile. A correspondência figurativa, dimensional e tipológica explorou as potencialidades de interação do objeto arquitetônico proposto com o preexistente. A intervenção se desenvolveu ao longo da marquise para reforçar a assimilação do ritmo e a analogia figurativa. A sobreposição material e temporal foi feita resguardando uma delicadeza nas conexões e leveza do conjunto. A organização espacial existente na Casa do Baile foi também adotada na intervenção. A marquise e a mureta propostas fizeram a ligação longitudinal dos dois volumes expandidos nas extremidades da Use and Preservation intervenção. No espaço adjacente ao salão de exposições foi proposta uma câmara escura, na qual Soma project proposes a reflection on the conflict between usage and preservation of the há um controle da iluminação natural. Outro ponto previsto foi a livre apropriação da nova mureta. built up cultural heritage. The official declaring of Casa do Baile as part of national and provincial historical heritage has restricted the relation between the visitor and the architecture, as meaning to ensure the preservation of the latter. The greater autonomy of spatial appropriation, along with the corporal interaction proposed by the installation, may induce people to be Through the process of studying and interpreting the historical material, the traces of the intervention came naturally more respectful and more conscientious about the architectonic object. along, composing themselves with the original and giving unity to the architectonical complex. Analogy and contrast Through the controlled manipulation of similarity and diversity, it was established an aesthetical analogical relation with Casa do Baile. The figurative, dimensional and typological correspondence explored the interaction potential of the proposed architectonical object with the pre-existing one. The intervention was developed along the marquee, in a way to reinforce the understanding of the rhythm and the figurative analogy. The material and temporal overlapping was made in a way to keep the delicacy in the connections and lightness of the whole. The spatial organization existent in Casa do Baile was also adopted in the intervention. The proposed marquee and small wall made the longitudinal connection between the two expanded volumes in the extremities of the intervention. In the space adjacent to the exhibit room, it was proposed a dark camera, in which there is a Estudo de sombras / Shadow study 16 natural lighting control. Another proposed aspect was the free appropriation of the new small wall. 17 Isométricas dos elementos / Isometric of the elements Reversibilidade Os materiais foram escolhidos levando em conta a reversibilidade da construção por se tratar de uma intervenção provisória. Nas vedações laterais, na mureta e na marquise foram usadas placas de MDF pintadas. Os pilares foram feitos com tubos de PVC e preenchidos internamente por areia, para aumentar sua estabilidade. Adotou-se o preto como a cor de toda a intervenção para contrastar e ao mesmo tempo complementar as cores claras predominantes na Casa do Baile. Câmara escura / Dark chamber Reversibility The materials were chosen keeping in mind the reversibility of the construction, being this a provisional intervention. On the lateral walls, on the small wall, and on the marquee, painted MDF panels were used. The pillars were made with PVC tubes, internally filled with sand, to increase their stability. The color black was applied in all the intervention to contrast and, concurrently, complement the Ocultamento Sendo a Casa do Baile um ícone arquitetônico muito assimilado pela predominant clear colors of Casa do Baile. população, o ocultamento gerado pela intervenção mudará sua forma de se Partes da instalação / Installation parts revelar e de ser apreendida. Espera-se com esse projeto revitalizar a Casa do Planta Baixa / Ground Floor Baile no contexto urbano, ou seja, fazê-la Marquise / Marquee Câmara Escura Marquise ser vista com novos olhos. Mureta Occultation Since Casa do Baile is an architectonic icon very assimilated by the population, the occultation generated by the intervention will change the way at which it is revealed and aprehended. The aim of this project is to revitalize Casa do Baile in the urban Mureta / Small wall 18 context, i.e., make it be seen with brand-new eyes. Planta de Cobertura / Site Plan 19 Parasita Estevam Gomes e Vitor Lagoeiro. 1º módulo / 1st module A proposta de intervenção visa instigar, então, a ponte como ponto de observação, de onde a percepção da Casa do Baile como objeto de valor arquitetônico e artístico pode ser efetivada. As estratégias para o alcance desse objetivo se baseiam na quebra do percurso linear criado pela ponte, bem como na criação de pontos de observação dos fragmentos de paisagem que a estrutura vermelha enquadra. Em Parasita, a ponte que liga a Casa do Baile à Avenida Otacílio Negrão de Lima é o ponto de partida para a intervenção. Ao mesmo tempo em que prepara o visitante para a Casa do Baile, ao distanciá-lo dos ruídos da avenida, a ponte promove visadas estratégicas para a arquitetura ali presente, evidenciando um diálogo preciso com a paisagem artificial onde se insere. A condição de espaço transitório da ponte coexiste com sua potencialidade para permanências. Thus, the intervention proposal aims to explore the bridge as an observation point, from which the perception of Casa do Baile, as an object of high architectonical and artistical value, may indeed become real, actual. The strategies to accomplish this goal are based on breaking the linear course created by the bridge, as well as creating observation points of the fragments of the landscape which are framed by the red structure. In Parasite, the bridge connecting Casa do Baile to Otacílio Negrão de Lima Avenue is the starting point to the intervention. While preparing the visitor to experience Casa do Baile, by withdrawing them from the Avenue’s noises, the bridge also promotes strategical scapes to the actual Architecture, enhancing the precise dialogue of this Architecture to the artificial landscape in which it is planted. A transitory-space condition of the bridge coexists with its potentiality to permanencies. 20 21 A forma e a a cor escolhidas para a The color and the form chosen for the intervention contrast directly with Casa do Baile, making clear its intervenção contrastam diretamente com a parasite and transitory presence, when facing the Casa do Baile, deixando claro sua presença 129,086º persistence of Niemeyer’s architecture. parasita e transitória, frente à persistência da P64 P63 141,576º P62 arquitetura de Niemeyer. 156,957º P61 154,825º P59 169,091º Diagrama de planificação da intervenção / 137,558º P57 P58 134,099º P56 122,802º P52 168,017º P53 133,333º P55 P51 166,711º P38 139,976º 136,124º 177,600º 119,726º P37 P48 179,225º P33 110,626º P46 P45 154,459º P34 154,350º 161,887º P31 P30 159,842º P29 145,592º 129,953º P41 P28 139,009º P24 P25 142,420º 135,000º 129,590º 129,590º 136,021º P23 154,705º P22 P21 P39 P38 P37 P66 150,264º 163,006º P67 144,326º P68 P69 137,431º 169,870º P70 P71 162,358º 100,493º P72 154,565º P73 104,489º P74 153,161º 144,102º P75 P76 163,220º P82 P81 165,801º 154,482º 180,000º P40 160,846º 112,484º 168,079º P26 P27 117,703º P66 P42 147,456º 75,896º 139,555º P43 168,367º 137,544º 116,037º P44 P32 P50 P49 178,489º P65 P54 P47 172,719º P36 P35 136,020º P54 136,010º 171,152º 157,766º P60 151,925º Diagram of the Intervention Planning 161,030º 172,764º P77 P79 P78 P52 128,916º P80 154,390º 174,696º P53 149,104º 153,797º 146,179º P20 172,435º P19 129,59º P18 106,448º P17 67,145º P16 139,161º P15 140,216º P14 126,963º P12 168,032º P10 154,407º P08 100,364º P06 P09 P07 175,187º P05 P03 179,670º 67, P02 P04 167,840º P11 143,662º P01 176,967º P13 427 º 127,312º 100,106º 22 23 Penrose Ana Paula Emídio, Gabriel Jota e Natália Freitas. 1º módulo / 1st module Buscou-se com a forma espiral contínua da escada a criação de novas visadas panorâmicas do entorno, além da enquadrada pelos elementos construtivos da Casa. A proposta vertical da estrutura contrapõe com o caráter panorâmico predominante da Casa e busca estabelecer um novo diálogo entre usuário e edificação, permitindo novos olhares e experiências. Sua altura final, nivelada com a marquise, confere ao usuário um novo referencial para perceber as peculiaridades do lugar. Outra função da Penrose é suprir a carência de assentos verificada no local, uma vez que os visitantes podem apropriar-se dos pisos da escada e acompanhar os eventos realizados na Casa através da permeabilidade visual que lhe é conferida. A paisagem cortada em fragmentos pelos próprios elementos da Penrose varia a experiência do observador, possibilitando múltiplas visadas e garantindo uma fruição única e inesquecível da Arquitetura da Casa do Baile. The thought of a spiral staircase is to permit new panoramic views of the surroundings, in addition to the ones framed by the constructive elements of Casa do Baile. The verticality of the proposed staircase goes against the panoramic character which prevails at the building, and pursues the establishment of a new dialog between user and building, allowing new views and experiences. Its final height, leveled with the marquee, gives the user a new referential to apprehend the peculiarities of the place. Another purpose of Penrose stems from the lack of seats, once the visitors can appropriate of the stair’s floor and follow the events in Casa do Baile through the visual permeability conferred. The landscape cut in fragments by the elements of Penrose diversifies the experience of the viewer, making possible several sights and assuring an unique and unforgettable fruition of Casa do Baile’s Architecture. A Proposta A construção de um anexo da Casa do Baile deve atuar de forma potencializadora das características do local, estabelecendo uma vista aérea que permita ao visitante perceber o espaço em sua totalidade, revelando as sutilezas de sua composição. A intervenção Penrose valoriza inúmeros aspectos da Casa do Baile, como os contrastes entre os materiais do piso, jardins e espelhos d’água, a delicadeza da escala e a harmonia da imagem do edifício com o cenário da região. The Proposition We believe that the construction of an annex to Casa do Baile should act in a way to potentiate the place’s characteristics, establishing an aerial view that should allow the visitor to apprehend the space in its full totality, revealing the subtleties of its composition. With this intervention, we want to emphasize certain aspects such as the contrasts between the flooring materials, the gardens, the water surfaces, the delicacy of the scale and the harmony of the image of the building with the region’s scenery. 24 25 Penrose A Montagem Penrose é o sobrenome do físico A montagem da Penrose é executada no matemático inglês que criou uma escada próprio local. Todas as peças - com na qual a relação início-fim e exceção do corrimão - são pré-fabricadas. subida-descida se confundem. Além Destaca-se que as cantoneiras metálicas disso o nome também faz referência a são fixadas previamente aos montantes de uma rosácea, cujo formato remete ao madeira. A escada é facilmente desmontável desenho espiralado do objeto criado. e as dimensões de suas peças permitem um fácil transporte. Penrose Penrose is the surname of the English physicist and Assembly mathematical who created a staircase in which the Penrose’s assembly is made on-site. All parts – except beginning-ending, and the ascent-descent relation, the handrail – are prefabricated. Yet, the metallic get mixed up. Moreover, the name also alludes to a gussets are also previously attached to the wood rosette, which form goes back to the spiraled design stanchions. The staircase can be easily disassembled and of the created object. the dimensions of its parts allow an easy transportation. Diagrama de alturas / Heights Diagrams Materiais / Materials 01 02 01 madeira / wood 02 aço galvanizado / galvanized steel 26 27 Madeira Alice Nogueira e Juliana Drummond. 1º módulo / 1st module Foram considerados como principais valores da arquitetura a relação do usuário com o objeto e também a materialidade, já que é através do manuseio de materiais que geramos espaço. A intervenção Madeira investiga a relação entre esses dois valores, de uso e materialidade. Geramos assim um espaço externo, de estar, e um interno, para visitar. A materialidade será observada à medida que ocorre o uso - o qual, juntamente com os agentes ambientais, irá causar desgaste e modificação da estrutura proposta. Nesta proposta, o objeto é constituído de madeira. Propomos a utilização de sua superfície externa como um espaço de estar e, se escalada, The main values of Architecture may be put as the relation of the user with the object, as well as with the materiality, since it is through the handling of the materials that we genuinely generate space. For this intervention, we studied the relations between these two values, of usage and materiality. Therewith, we created an external space, for living, and an internal space, também como um meio de se ter diferentes visadas da Casa e da lagoa. O espaço for visiting. The materiality will be observed through the course of the usage, which will, along externo utiliza formas triangulares, criando uma superfície irregular, convidativa para a with the environmental agents, cause the wear and the modification of the proposed structure. apropriação pelo usuário de diversas formas. No interior, vê-se a superfície inversa da casca vista no exterior. A topografia gerada pela composição de triângulos, aliada à iluminação, tanto natural quanto artificial, produz um espaço dramático e faz uma alusão a formas naturais, como no interior de uma gruta. Ainda há, no interior, pilares também de madeira e reforçados por dentro com uma estrutura de metalon. A iluminação natural do espaço é possível graças à própria abertura para o acesso ao ambiente, assim como pela supressão de algumas faces laterais. A iluminação artificial proposta vem de baixo, com pontos de LED embutidos no piso. A presença de anteparos de madeira, que suportam a casca da estrutura, bloqueia certas visadas do interior da intervenção, o que instiga o visitante a mover-se no seu interior para visualizar todo o espaço. Com essas considerações, espera-se que o espaço interno da intervenção desperte a curiosidade do visitante, convidando-o a entrar. 28 29 In this proposal, the object is constructed in wood. We propose the utilization of its external surface as a living Lógica construtiva: as três camadas / Constructive Scheme space and, when correctly scaled, as a means to obtain different sights of Casa do Baile and Pampulha Lake. The external space uses triangular forms, creating an irregular surface, which is inviting for the appropriation by the user in various ways. Acrílico transparente In the interior, there can be seen the inverse surface of the external casing. The topography obtained with the Transparent plexiglass composition of the triangles, allied to the lighting – both natural and artificial - , produces a dramatic space, and alludes to the natural forms, as in the interior of a grotto. There is, also, in the interior, wooden pillars, internally reinforced with galvanized metal plaques. Natural lighting enters through the entrance opening of the space, as well as through some lateral faces, which shall be constructed in acrylic; artificial lighting enters from below, created by built-in LED bulbs on the flooring. The presence of wooden screens, which support the structure’s casing, block certain views from the interior of the intervention, what instigates the visitor to move inside its interior to properly visualize all the space. With these considerations, it is expected that the intervention’s inner LED space shall arouse the visitor’s curiosity, inviting them to enter. Tinta Epoxi preta sobre tábuas de pinus Diagramas Explicativos / Diagrams Black epoxy painting over wooden floor Malha 1x1m 1x1m grid 30 Altimetria da Superfície / Surface Heights Espaço Interno / Internal Space Acrílicos e pilares / Plexiglass and structure Tablado e LEDS / Floor and LEDS Aproveitamento das placas de madeira / Wood panels application Mapeamento das peças / Mapping the parts 31 Semi A Instalação O resultado dessas primeiras proposições culmina em uma membrana translúcida composta Ana Luiza Magalhães e Thomas Whyte. 1º módulo / 1st module por módulos de metalon de medidas 1,0mx3,0m que se articulam por meio de dobradiças e são envelopados com tule de filó grafado. A Proposta Esse biombo situa-se no interior do lago, tornando esse espaço bastante peculiar, no sentido O projeto propõe a criação de um espaço visitável sobre o lago, antes inacessível. em que possibilita ao observador uma interação diferenciada tanto com a Casa do Baile A concepção formal surgiu da criação de um volume verticalizado do lago e a quanto com a paisagem do entorno. O tecido promove uma semi- transparência e convida o existência do ambiente interno seria viabilizada por um piso de vidro sobre a água. público a explorar o que vê de modo velado no ambiente interior à intervenção. Almeja-se valorizar ainda mais a Casa do Baile, ao oferecer ao patrimônio cultural novas possibilidades de uso do espaço estabelecendo um contraste ao propor a convivência de uma intervenção contemporânea sobre a obra modernista de The installation The result of these first propositions culminates in a translucent layer composed of galvanized iron modular structures measuring 1,0m x 3,0m, which articulate themselves through hinges, and are folded in written-on phyllo tulle. Oscar Niemeyer e os jardins de Burle Marx. This folding screen is situated in the interior of the lake, turning the place into a especially peculiar space, as it enables the observer a different interaction with Casa do Baile, as well as with the surrounding landscape. The fabric promotes a semi-transparency and invites the public to explore the interior of the intervention because of what they see in a veiled way . The Proposition The project proposes the creation of a visitable space over the lake, so far inaccessible. The idea to extrude the borders of the lake is the base to the formal conception of the work, and the proposition of glass flooring over the water permits the existence of the internal environment. It is pursued to increase even more the value of Casa do Baile, by offering to this cultural heritage new possibilities of the use of the space, by establishing a contrast with the proposition of the coexistence of a contemporary intervention over the modernist Oscar Niemeyer work and the Burle Marx gardens. 32 33 Mais do que paredes que separam os ambientes externo e interno, os módulos revestidos com tule podem conformar um outdoor ou um anteparo pra exposições digitais e projeções que complementem as exposições temporárias da Casa. Surge, assim, uma nova possibilidade More than just walls that separate the external and 2. Fechamento e superfície 2. Sealing and surface internal sites, the tulle covered module-structures may conform either an outdoor billboard or a screen to the digital exhibitions and projections that complement the temporary exhibits at Casa do Baile. Thus, a new possibility of divulging the internal events arises, contributing to strenghten its position as a Center of Reference in Urbanism, Architecture and Design. - Tulle fabric with a width of 3,0m. -Tecido tule de filó com largura de 3 m. - Velcro fixado com fita dupla face na superfície metálica e por meio de costura no tecido. - Velcro fixed to the metallic surface with double-sided tape and sewing to the fabric. - Lighting through RGB LED tapes fixed with doublesided tape in the border of the rectangular modules - Iluminação por fitas de led RGB fixadas por fita dupla face na borda das molduras. para divulgação dos eventos que ocorrem ali, auxiliando em sua consolidação como Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design. Estrutura e Materiais Structure and Materials 1. Armação - Cinquenta molduras compostas por barras de metalon. A moldura possui dois 3. Piso Elevado montantes de três metros cada e duas guias de um metro cada. - Dobradiça do tipo cachimbo, que permite giro amplo e a possibilidade de solda ou parafuso para fixação na moldura de aço. 3. Elevated flooring - Framing in carbon steel. - Moldura de metalon. - Módulos de armação de aço sustentando - Modules of steel framing, sustaining three glass screens each. -Supporting truss suspended by pins. três placas de vidro cada um. - Armação suspensa por pinos. 1. Supporting systems: - Fifty frames composed of carbon steel bars. Each frame has two stanchions of 3,0m each, and two leads with 1,0m each. - Pipe hinges, which allow a wide spin, and the possibility of welding or screwing to the fixing of the steel framing. 34 35 Deriva The Concept Deriva installation is located in the patio of Casa do Baile, next to the Burle Marx gardens, with which it establishes a special and chromatic dialog. The intervention has as main concept to provide new ways to Lucas Durães e Rafael Gil. 2º módulo / 2nd module appropriate the external space of Casa do Baile. The strategy is to dislocate the height of the observer’s point of view, which arranges a new situation when facing the prevailing horizontality of Niemeyer’s architecture. The intervention was conceived as a topographic variation over the existing flooring through means of the continuity of its colors. This artificial topography also works beneficially as element of easy and free appropriation, creating new resting and prolonged stay spaces. It is used as a supporting structure to whichever events that may occur during the period of stay of the object at Casa do Baile. The structure is demountable and composed of standardized pieces, which permits its reassembly in other places and occasions, with different conformations, in order to follow each place’s specificities. A Forma A concepção da nova topografia inicia-se com a definição de uma superfície orgânica complexa pensada a partir das curvas que configuram o limite entre o piso de calçada portuguesa e os jardins. São dois estudos de forma: o primeiro parte de uma superfície gerada a partir do levantamento apenas das bordas do piso junto ao jardim, criando um movimento sempre ascendente a partir do pátio e linhas de topo de até 2 metros de O Conceito altura na porção posterior. Esse conceito é mais dramático quanto à variação altimétrica e A instalação DERIVA localiza-se no pátio da Casa do Baile junto ao jardim busca dialogar apenas com o piso, e não com o jardim. de Burle Marx, com o qual estabelece um diálogo espacial e cromático. A intervenção tem como conceito principal proporcionar novas maneiras de se apropriar do ambiente externo da Casa. A estratégia é deslocar a altura do ponto de vista do observador, o que configura uma nova situação frente a horizontalidade da arquitetura de Niemeyer. Pensa-se a intervenção como uma variação topográfica sobre o piso existente e, ao mesmo tempo, uma extensão imagética dos jardins de Burle Marx, alcançada por meio da continuidade de suas cores. Tira-se proveito dessa topografia artificial também como elemento de fácil e livre apropriação, criando novos espaços de descanso e permanência prolongada. Serve como estrutura de suporte a quaisquer eventos que Na segunda forma, deixam-se as bordas sempre baixas de modo a oferecer continuidade com o chão - um convite à subida - e definem-se dois cumes e um vale. Mais baixa, essa conformação tem pontos máximos à distância de 1,20 metros do piso. Dialoga não só com a calçada portuguesa, mas também com o jardim, uma vez que suas bordas estão à mesma altura. ocorram durante o período de permanência do objeto na Casa. A estrutura é desmontável e composta por peças padronizadas, o que permite sua remontagem em outros locais e ocasiões, com diferentes conformações que atendam às especificidades de cada lugar. 36 37 The conception of the new topography begins with the definition of a complex organic surface, elaborated from H=120 the curves that configure the border between the Portuguese pavement and the gardens. There are two form Quadro composto por cantoneiras 1”, junção em meia esquadria e 8 orifícios para parafusação studies: the first one is based on a surface created from the raising of the borders of the floor adjacent to the 15 gardens, creating an ascending movement from the patio and top lines, up to 2 meters high in the posterior H=105 5 not with the gardens. In the second study and form, the borders are always kept in a low level, in order to offer continuity with the floor – an invitation to the ascent movement – and two peaks and a valley are defined. Being Prj. placa h=140 Prj. placa h=90 Pilar ‘cruzeta’ composto por 4 cantoneiras de 1” cada 15 limestone flooring, but also with the gardens, considering its borders are always at the same height. Compensado naval 15mm; H=100 lower, this conformation has top points 1,20m high from the floor. It dialogues not only with the Portuguese 45˚ H=85 Prj. placa h=125 portion. This concept is more dramatic as the height varies, and seeks to dialogue only with the flooring, and Perfil ‘T’ 1” com ponta chanfranda para parafusação no pilar Prj. placah=115 The Form A Pilar ‘cruzeta’ composto por 4 cantoneiras de 1” cada Chapa metálica para arremate da base do pilar; Previsão de calços de madeira para compensar desníveis do piso A 85 120 Planta Seção Pilar H15 - h=120cm / Horizontal pillar section H15 - h=120cm 50 Projeção quadro Travamentos de piso: perfil ‘T’ 1” com ponta chanfrada para parafusação no pilar Corte AA - Pilar H15 / Section AA - Pillar H15 50 Planta Placa / Panel View Itinerância Intervenções temporárias são muitas vezes estruturas construídas para serem usadas por períodos demasiado pequenos para seu tamanho e complexidade. A inquietação com esse fato leva DERIVA a ser pensada como uma instalação que possa ser reutilizada em outros lugares e ocasiões e que necessite do mínimo possível de adequações para isso. A viabilização da itinerância comparece durante todo o desenvolvimento técnico do projeto, sempre pensado como uma estrutura de fácil montagem e desmontagem e que ocupe o mínimo de espaço quando fora de uso, facilitando transporte e armazenagem. Materialização Como estratégia para viabilização física de uma ideia inicialmente complexa, submetese a superfície a um processo de racionalização que tem como fim simplificá-la construtivamente. Esse processo consiste em inserir a superfície em uma malha quadriculada que a reduz em planos de altimetria igual à da interseção entre si mesma e o ponto médio de cada quadrado. Obtém-se daí um conjunto de planos de altura variadas que, graças à sua organização complexa, continua a demonstrar a plasticidade da situação anterior. Itinerancy Temporary interventions are many times structures designed to be used through far too little time to its size and complexity. The discomfort with this fact leads to thinking Deriva as an installation that can be reused in other places and occasions Materialization which might need minimum effort and work to its realization. As a strategy to make physically possible an initially complex idea, the surface is submitted to a process of rationalization that has the purpose of simplifying it constructively. This process consists in inserting the surface 38 The actual itinerancy possibility of Deriva is observable in the whole technical developing of the work, which was thought in a checkered mesh that reduces it in altimetric plans equal to the one of the intersection with itself and the to be, always, as a structure of easy assembly and disassembly and that occupies minimum space when not used, making medium point of each square. Thence, a set of plans of various heights is obtained and, thanks to their complex transportation and storage easier. organization, they keep demonstrating the plasticity of the previous situation. 39 Fluido Cibele Eller Rodrigues, Jéssica Passos e Thomas Whyte. 2º módulo / 2nd module A Casa do Baile, parte do complexo arquitetônico da Pampulha, é hoje um centro dedicado ao Urbanismo, Arquitetura e Design. A Casa é um espaço de exposições e debates, com realização de eventos abertos ao público em geral. A conformação da Casa se dá de maneira bastante horizontal, tanto o jardim quanto os volumes construídos estão sempre limitados por planos horizontais. Partindo do conceito inicial do projeto matriz, de criar um volume verticalizado do lago, o projeto consiste na montagem de um inflável cuja geometria é definida pelo perímetro que limita o espelho d’água. O inflável é um tipo de estrutura que sempre tende à esfera. Assim, esse efeito foi utilizado como recurso para quebrar a organização em planos da Casa do Baile. O inflável tem ainda outro propósito: criar um espaço que proporciona, por si só, uma experiência. The conformation of Casa do Baile occurs in a fairly horizontal manner. Both the gardens and the constructed volumes are always limited by horizontal plans. Stemming from the initial concept of the main project, of Casa do Baile, part of the Pampulha Architectural Complex is, today, a facility dedicated to creating a verticalized volume of the lake, it was decided to create an inflatable installation of which geometry Urbanism, Architecture and Design. It is a space to exhibits and debates, where a series of would be defined by the perimeter that bounds the water surface. The installation is a structure that generally public events take place. tends to acquire a spherical form. Thus, this effect was used as a way to break Casa do Baile’s organization in plans. It also has another purpose: of creating a space which would provide, in itself, an experience. 40 41 Proposta O inflável proposto tem uma conformação bastante suave, formada por arcos e circunferências, para dar a impressão de que o próprio lago ficou cheio de ar. Seu interior é acessível, criando-se ali um espaço aparentemente sem função. No chão, uma fina camada de água dá ao visitante a ideia de que está de fato entrando no lago e cercado por ele. À noite é acionada uma iluminação externa que dá destaque ao objeto. Também faz parte da proposta que, em caso de visita noturna, cada visitante use uma pequena lanterna em sua cabeça, criando assim efeitos de luz e sombra em movimento. Esquema de fixação (em corte) / Assembly scheme (section) Esquema de fixação [em corte] alça feita do tecido do próprio inflável alça feita do tecido do próprio inflável estaca barraca estaca de de barraca Proposition The inflatable installation has a quite smooth conformation, formed by arcs and circles, in order to give the impression that the lake became full of air. Furthermore, its interior is accessible, creating in there a space apparently with no function. On the floor, a thin layer of water gives the visitor the idea that they are, in fact, costurado costurado amarrado amarrado entering the lake and are sorrounded by it. In the evening, an outdoor lighting is powered, giving prominence to the object. It is also part of the proposal, in case of an evening visit, that each visitors uses a small torch in their head, creating effects of light and shadow in movement. 42 43 Projetos expostos 1. Ana Luiza Magalhães e Thomas Whyte. Semi 2. Estevam Gomes e Vitor Lagoeiro. Parasita 3. Alice Nogueira e Juliana Drummond. Madeira 4. Cecília Reis e Débora Andrade. Soma 5. Eric Crevels. Vazio 6. Natália Duarte e Rafaela Helena Aguiar. Comboio 7. Ana Paula Emídio, Gabriel Jota e Natália Freitas. Penrose 8. Fernanda Campos, Marco Furtado e Renata Bottoni. Semi 2 9. Luiz Felipe Brito e Natália Duarte. Penrose 2 10. Cibele Eller Rodrigues, Jéssica Passos e Thomas Whyte. Fluido 11. Carolina Rocha e Tais Soki. Soma 2 12. Lucas Durães e Rafael Gil. Deriva 13. Luiza Silva, Maria Clara Cerqueira e Mateus Jacob. Piso 11 44 2 4 3 8 1 5 6 9 10 12 7 13 45 02 Instalações Paisagem e Sombra Carlos Alberto Maciel. Arquiteto e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG. O ensino da arquitetura costuma ser mediado pela simulação de situaçõesproblema em geral pautadas por algum componente funcional, um Universal e específico, reprodutível e singular, Deriva e Soma se completam dialeticamente. Constituem potentes artefatos que, mirando o uso informal de um espaço re-significado, acabam por constituir discursos críticos sobre a difícil conciliação entre preservação e apropriação de espaços e edifícios públicos, revelando os limites de uma e a virtualidade transformadora de outra. Landscape and Shadow programa de necessidades, um tipo edilício específico. Em oposição a Carlos Alberto Maciel is an architect and professor at the School of Architecture of UFMG. isso, as intervenções que habitaram temporariamente o espaço da Casa The teaching of architecture usually happens through a process of simulating problem situations, generally following do Baile resultaram de um processo inverso, em que se propôs aos some functional component, a program of needs, a specific type of building. Opposing to this, the interventions estudantes uma interpretação crítica do lugar e, a partir do reconhecimento students to establish a critical interpretation of the place and, from the recognition of its specificity, invent and produce de sua especificidade, a invenção e a produção de uma intervenção que an intervention that should modify it. Invention and product, with no pre-established program circumstances, came to which temporarily indwelled the space of Casa do Baile followed the reverse process, in which it was proposed to the reveal the place’s potential, by the means of its temporary transformation. o modificasse. Invento e produto, sem a circunstância de um programa, revelam a potência do lugar ao transformá-lo temporariamente. Redesigning Casa do Baile’s landscape is one of the keys to comprehend Deriva. On the one hand, a reinvention of the topography, geometrized in platforms that distort the smoothness of the contour lines into pixels. On the other hand, a new wavy element – bench, stage, public, bleachers: support to the free appropriation of the terrace. Redesenhar a paisagem da Casa do Baile é uma das chaves para It raises the floor and allows new views of Casa do Baile and Pampulha Lake. It inserts, in the territory of Casa compreender Deriva. Por um lado, uma reinvenção da topografia, original composition – flooring and the concrete slab. geometrizada em plataformas que distorcem a suavidade de curvas de do Baile, a tridimensional component – a surface – to the human scale which contraposes to the flatness of the Establishing a critical dialog with both the architectural work and its history is the reasoning underlying the strict nível em pixels. Por outro, um novo elemento ondulado - banco, palco, geometry of Soma. At this point, the original building informs the intervention, which, concurrently, completes it, plateia, arquibancada: suporte à apropriação livre do terraço. Eleva o chão being subject to the use and wear – which are prevented in the original work due to conservation issues – and it e permite visadas novas da Casa e da Lagoa. Insere no território da Casa constituted as a critical commentary to such preservation process which mummifies and hampers an actual do Baile um componente tridimensional – uma superfície - à escala humana appropriation of the space, saving the matter, but eliminating its existence’s meaning: to shelter life. que se contrapõe à planaridade da composição original – chão e laje. Universal and specific, reproducible and unique, Deriva and Soma complete themselves in a dialectical manner. contraposes to the previous, as an amorphous body, a critical shadow that occults in order to reveal. It is eventually They form powerful artifacts that, aiming for an informal usage of a re-signified space, end up producing critical dialogs on the hard conciliation that exist between preservation and the appropriation of public spaces and Estabelecer um diálogo crítico com a obra e sua história é o discurso buildings, revealing, with this, the limitations of the first, and the transforming virtuality of the latter. subjacente à rigorosa geometria de Soma. Aqui a obra original informa a intervenção, que a um só tempo a completa, oferecendo-se ao uso e ao desgaste – evitado no original devido a questões de conservação -, e a ela se contrapõe como matéria amorfa, sombra crítica que oculta para revelar. Constitui-se, ao fim, como um comentário crítico em relação à preservação que mumifica e impede a apropriação, salva a matéria, mas elimina a razão de sua existência: abrigar a vida. 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 03 Oficina Paisagens inventadas Edgar Mazo Em seu livro Tres sospechas sobre el próximo milenio1, o arquiteto Antônio Armesto enuncia: “todo arquiteto deve lidar com três elementos: o lugar, o homem e a técnica”2, elucidando aspectos básicos de seu ofício. Ao questionar o sentido dessas palavras, deduzo várias coisas: com relação ao lugar, a paisagem nos remete a um procedimento de inserção em um meio, sendo sua apreensão ou captura variáveis e dependentes de um processo de objetivação. Tal processo questionamento acerca da natureza. Com relação à palavra técnica, surge a ideia de um conhecimento passível de ser transmitido de geração a geração, conformando uma base de domínio de procedimentos que permitem a evolução e a transformação das construções humanas. Nos interessa portanto, neste momento, indagar o estado particular no qual a arquitetura brasileira propôs a dissolução do limite interior e exterior. Esperamos que a realização desses projetos na lagoa da Pampulha seja uma oportunidade para formular perguntas sobre a importância do estudo da paisagem, entendida como um campo dinâmico em que o projeto se insere. Da força presente nas diversas interpretações da paisagem dependerá a formulação do projeto. permite ao observador designar os elementos que o impactam e emoldurá-los de forma que os mesmos possam alcançar a condição de paisagem. Entre suas Invented Landscapes In his book Tres sospechas sobre el próximo milenio1, the architect Antônio Armesto states: “every architect must características fundamentais, é importante que estudemos o caráter mutável e deal with three elements: the place, the man and the technique”2, elucidating basic aspects of the work of an insubstituível da paisagem, suas condições atmosféricas próprias da latitude architect. By questioning the meaning of these words, I deduct many things: concerning to place, the landscape onde o exercício é realizado, sua luz, vegetação, fauna e flora. Nos deparamos objectivization process. Such process allows the viewer to designate the elements that impact him and to frame também com questões culturais e formas particulares, sob a luz das quais o them so they can reach the condition of landscape. Among its fundamental characteristics, it is important for homem desenvolve atividades nos territorios, que posteriormente serão latitude where the exercise takes place, its light, vegetation, fauna and flora. We also encountered cultural issues abrigadas pela arquitetura. É a relação coerente de todos esses elementos que and particular forms, in light of which man develops his activities in the territories, which will be, afterwards, permitirá uma arquitetura que, de fato, sugere uma ideia de lugar. in fact, suggests an idea of place. leads us to a procedure of insertion in a midst, being its apprehension or capture variable and dependent on a us to study the changing and irreplaceable character of the landscape, its atmospheric conditions typical of the embraced by the architecture. It is the coherent relation of all those elements that will allow an architecture that, The workshop at Casa do Baile, in the margins of Lagoa da Pampulha, starts with a procedure in which the O workshop realizado na Casa do Baile, às margens da lagoa da Pampulha, landscape is redefined through its exaltation and the perception of basic aspects of Brazilian geography; besides começa a partir de um procedimento no qual a paisagem é redefinida através de a process of re-contextualization, in which other landscapes are imported and readily inserted in this territory. This way, the aim is to generate exuberant conditions which may provide the appearing of the Architecture itself. sua exaltação e da percepção de aspectos básicos da geografia brasileira; além de um processo de recontextualização, no qual outras paisagens são importadas The enunciated programs have a public character (public pools, botanical gardens, aquarium), taking our gaze to e prontamente inseridas neste territorio. Dessa forma, busca-se gerar condições nature. Concerning to the word technique, the idea of an inheritably transmittable knowledge emerges, forming exuberantes que propiciem o surgimento da Arquitetura propriamente dita. a base of domain of procedures which allows the evolution and transformation of human buildings. It is our the Brazilian man, with the purpose to establish relations between human activities and a questioning towards interest, at this point, to inquire the particular state in which the Brazilian architecture proposed the dissolution of the interior and exterior limit. Os programas enunciados são de caráter público (Piscinas Públicas, Jardim about the importance of studying the landscape, understood as a dynamic field in which the project is inserted. propósito de estabelecer relações entre as atividades humanas e um From the strenght in the interpretations of the landscape, comes the formulation of the project. 1 Três suspeitas sobre o próximo milênio. 1 Three suspicions about the next millenium. 2 “Todo arquitecto a de vérselas con tres elementos: el lugar, el hombre y la técnica”. 2 “Todo arquitecto a de vérselas con trés elementos: el lugar, el hombre y la técnica”. Tradução livre do texto, publicado originalmente em espanhol. 64 We hope that the realization of these projects in Pampulha Lake becomes an opportunity to formulate questions Botânico e Aquário) remetendo o nosso olhar ao homem brasileiro, com o Free translation of the text originally published in Spanish. 65 66 67 Lençóis Paisagem referência: Lençóis Maranhenses / Reference landscape: Lençóis Maranhenses Gabriel Jota e Natália Freitas. Piscinas públicas / Public Swimming Pools O projeto consiste na criação de piscinas públicas na Lagoa da Pampulha, considerando a existência da Lagoa desde sua construção, até sua evolução ao longo dos anos. Uma nova topografia é instaurada a partir Evolução do projeto na Lagoa da Pampulha / Project evolution da introdução de uma malha metálica ondulada, que cria ilhas, espaços de convivência e piscinas públicas. Imagina-se que com o passar dos anos uma nova paisagem surgirá com a deposição de sedimentos e o crescimento de vegetação. The project consists in the creation of public pools in Pampulha Lake, considering the Início / Current situation Depois de 5 anos / After 5 years Depois de 15 anos / After 15 years existence of the Lake from its construction to its evolution throughout the years. A new topography is created with the introduction of a wavy metallic mesh, which creates islands, socializing spaces and public pools. It is expected that, through the years, a new landscape will be shaped with the deposition of sediments and the growth of the vegetation. piscina artificial ocupando área interna da Casa do Baille 68 piscina lava-pés profundidade 20 cm piscina infantil profundidade 1 m piscina mergulho água tratada profundidade 5 m revestimento da malha com plástico transparente sistema de abastecimento da água das piscinas piscina artificial profundidade 5 m 69 S/n Guilherme Peluci. Piscinas públicas / Public swimming pools para a degradação da Lagoa. Tomando a Casa do Baile como ponto de partida, vemos uma possível multiplicação destas “piscinas-bolhas” ao longo dos anos através de três Fazendo uma analogia à água, podemos ver em suas bolhas uma forma de reativar o uso da Lagoa da Pampulha. Em se tratando de piscinas públicas, temos como proposta uma estrutura translúcida que comporta o usuário tanto para o nado quanto para a observação da condição degradada do fundo tipologias distintas, que variam de acordo com o tamanho e o uso. A ideia de construir peças individuais e móveis traz a este projeto uma mobilidade estética e orgânica, fazendo com que as piscinas se mesclem com o meio uma vez que podem transitar e se agrupar de acordo com o movimento da água. da lagoa, mostrando o contraste entre os meios limpo e poluído e alertando Making an analogy to water, we can see in its bubbles a way to reactivate the use of Pampulha Lake. When it comes to public pools, we have as proposal a translucent structure which allows the user for both swimming and observing the degraded bottom of the Lake. It shows the contrast between the clean and the polluted environments and alerts to the degradation of the Lake. Taking Casa do Baile as a starting point, we can see a possible multiplication of these bubble-pools over the years, through three distinct types varying in accordance with their size and use. The idea of constructing individual and mobile pieces provides to this project an organic and aesthetical mobility, causing the mix of the pools with the environment, since the pieces are able to transit and be grouped following the water movement. 70 71 Humedales Henrique Amin e Marcos Franchini. Piscinas Públicas / Public swimming pools Ocupação a partir da topografia / Occupation through topography Situação atual / Current situation Topografia submersa / Underwater topography Termas e piscinas / Swimming pools and therme Alteração topográfica / Changed topography Intervenção / Intervention Passarela / Footbridge Cachoeira / Waterfall Em uma etapa seguinte, sugerimos outros focos ao longo da orla, nos quais essa intervenção poderia ser reverberada de acordo com o potencial de cada local. Nossa Humedales é um conceito de intervenção que busca intensificar e resgatar a memória da paisagem na lagoa da Pampulha com a construção de piscinas públicas. A partir da leitura da topografia existente, propusemos diferentes usos de acordo com a interação entre os equipamentos a serem implantados, a água e o terreno natural. proposta busca redescobrir a ideia de paisagem na cultura urbana. Humedales is a concept of an intervention that pursues to intensify and bring back the memory of the landscape of Pampulha Lake with the construction of public pools. Through the understanding of the existent topography, we proposed different uses, in accordance with the interaction between the equipments to be implanted, the water, and the natural terrain. We established sector areas for contemplation, practice of extreme sports, swimming, thermal baths and waterfalls through the whole water surface. This network of paths, uses and interactions conform a kind of built marsh, a humedales. In a next step, we suggest other focuses along the edge in which this intervention might be reverberated in Setorizamos áreas de contemplação, prática de esportes radicais, accordance to the potential of each place. Our proposal is to rediscover the idea of landscape in the urban culture. natação, banhos termais e cachoeira por todo espelho d’água. Essa rede de caminhos, usos e interações conformam uma espécie de pântano construído, um humedales. 72 73 Sem título Renata Soares Lacerda. Jardim Botânico / Botanical garden Interessa-me o extraordinário. Lugares e seres mágicos, de uma fantasia infantil. O projeto, que ainda não tem nome (porque lugares encantados ganham nomes de acordo com suas estórias), consiste em construir vários labirintos de jardins e piscinas em diversos locais da Lagoa da Pampulha. O projeto conta com diferentes etapas: Em um primeiro momento essas construções seriam feitas a partir de ruínas, fragmentos de colunas, escadas, coretos, esculturas pontes (porque me interessa a memória das coisas), além de piscinas com tratamento de limpeza das águas, flora plantada em locais pré-definidos e algumas variedades de animais. Ao passar do tempo, esses lugares seriam naturalmente ocupados por diferentes espécies plantas e bichos, modificando continuamente os caminhos e as paisagens. Alguns labirintos de jardins e piscinas estariam localizados à beira da Lagoa da Pampulha, permitindo que fossem locais frequentados cotidianamente enquanto outros labirintos seriam feitos no interior da lagoa. Para estes não haveria translados para facilitar o seu acesso. As pessoas curiosas por conhecê-los deveriam encontrar meios para chegar até eles, ou apenas deixar que o imaginário construísse esses labirintos ilhados. Pouco frequentados, esses lugares seriam talvez abrigos seguros para os monstros e vidas mutantes da lagoa, para as aventuras e histórias de corajosos pescadores. The extraordinary instigates me. Magical places and creatures, of a childish fantasy. The project, which has no name yet (once enchanted places are named after their stories), consist in constructing many garden labyrinths and swimming pools in various places of Pampulha Lake. The project has different stages: In a first moment, those constructions would be made from ruins, fragments of columns, stairways, bandstands and bridge sculptures (once the memory of things instigates me), in addition to swimming pools with treatment for water cleaning, flora planted in pre-defined places and some varieties of animals. Through the time, these places would naturally be occupied by different species of plants and animals, continually modifying the routes and the landscapes. Some garden labyrinths and swimming pools would be located on the margins of Pampulha Lake, allowing those places to be daily visited, while other labyrinths would be made in the middle of the lake. It wouldn’t exist transportation to ease the access to them. People who are curious to see them should find the means to get there, or just let their imaginary construct those islanded labyrinths. Sparsely attended, those places would possibly be safe shelters for the monsters and mutant lives of the lake, for the adventures and stories of bold fishermen. 74 75 Panorama Cecília Reis e Débora Andrade. Jardim Botânico / Botanical garden A proposta relaciona a arquitetura e a natureza brasileira a fim de reconstruir a paisagem da Lagoa da Pampulha. A flora adicionada à superfície e ao entorno da Lagoa é permeada por passagens sinuosas em diferentes níveis. A experiência do visitante com a vegetação se intensifica devido à possibilidade de tocar e ver a natureza em diferentes alturas e proximidades. O trânsito de veículos é transferido para as vias paralelas à orla, eliminando o conflito atual existente entre transeuntes e automóveis. Além disso, exemplares de diferentes biomas passam a abrigar o interior da Casa do Baile, trazendo toda a dinamicidade do entorno para a Arquitetura. The proposal relates architecture and Brazilian nature in a way to reconstruct the landscape of Pampulha Lake. The flora added to the surface and to the surroundings of the Lake is filled with sinuous passages in different levels. The visitor’s experience with the vegetation is increased due to the possibility to touch and see nature in different heights and proximities. The car traffic is transferred to routes parallel to the margin, eliminating the current conflict between pedestrians and cars. Besides, examples of different biomes may come to shelter inside Casa do Baile, bringing all the dynamicity of the surrounding inside the Architecture. 76 77 Mitose Kiné Giuliano Camatta e Guilherme José Rocha. Jardim Botânico / Botanical Garden Bruna Pontes de Gioia. Aquário / Aquarium A lagoa da Pampulha se caracteriza como um elemento de grande Para tornar um aquário possível na Lagoa da Pampulha, é essencial importância na paisagem de Belo Horizonte. No contexto atual, o carro é reestabelecer as condições do ambiente para uma vida aquática saudável. privilegiado em relação aos pedestres, assim como em toda a cidade. As Um processo de tratamento, limpeza e manejo da água e das espécies áreas verdes se encontram restritas e de forma pontual. culmina na implementação de um aquário que funciona à noite como discoteca, com acessos por túneis localizados em diversos pontos da Lagoa. A pista de dança e os túneis absorvem movimento das pessoas e dos peixes, gerando energia e tornando a manutenção do equilíbrio ecológico vantajosa e de interesse para a cidade. Década de 40 / 40´s Estado atual / Current situation Após 10 anos / After 10 years Após 30 anos / After 30 years Após 50 anos / After 50 years A proposta consiste na multiplicação dos espaços verdes identificados por toda a orla. Estes espaços são considerados fundamentais para intensificar aspectos como o convívio entre as pessoas, o caráter contemplativo da To make an aquarium possible in Pampulha Lake, it is essential to re-establish life conditions. lagoa e a experiência de suas possibilidades. A treatment process of water cleaning and species management leads up to the implementation of an aquarium that serves as a disco at night, with accesses by tunnels located in several spots around the Lake. The dancefloor and the tunnels absorb movement from people and fish, generating eletricity and making the ecological balance interesting and beneficial to the city. Situação atual / Current situation Proposta / Proposal Pampulha Lake is characterized as an element of great importance in the landscape of Belo Horizonte. In the current context, the car has prevalence over the pedestrians, as it is in the whole city. The green 1958 areas are currently restricted in specific points. The proposition consists in multiplying the identified green spaces around the margins of the Lake. Theses spaces are fundamental to intensify aspects such as people spending time together, the contemplative character of the lake and the experimenting of its possibilities. 2011 78 79 Antevasin Ana Paula Emídio e Anna Lobato. Aquário / Aquarium Assumindo a Lagoa da Pampulha como um ecossistema aquático em potencial, o projeto visa conectar os quatro pontos do complexo arquitetônico de Niemeyer através de uma topografia artificial que permite ao observador um novo ponto de vista da Lagoa. Através de diferentes texturas sobre a superfície que, ora submerge, ora desponta na paisagem, foi criado um novo espaço passível de apropriação e permanência, tendo como cenário o aquário natural. Assuming Pampulha Lake as a potential aquatic ecosystem, the project aims to connect the four points of the Niemeyer’s architectonical complex through an artificial topography which allows the observer a new point of view of the Lake. Through different textures over the surface which alternately submerges and appears in the landscape, it was created a new space, where people could appropriate and stay, having the natural aquarium as their scenery. 80 Edifícios a serem conectados / Buildings to be connected Referência: Grand Canyon / Reference: Grand Canyon Sobreposição de paisagens / Overlapping landscapes Topografia gerada / Created topography Suavização da topografia. Referência dunas / Topography smoothing. Dunes reference 81 Vácuo Jéssica Passos e Núria Manresa. Aquário / Aquarium O assoreamento é um processo natural através do qual os sedimentos carregados Siltation is a natural process by which the sediments carried through a course of water are deposited in its channel, decreasing its capacity. por um curso d’água são depositados em seu leito, diminuindo sua capacidade. In Pampulha Lake, this process is clear, such as in areas like the Ecological Park and the area across the Zoo. The aquariums proposed here take advantage of this Na Lagoa da Pampulha esse processo é process. There are two types of reservoirs: positive evidente, sendo que existem áreas de negative reservoirs, full of air, and inserted in the lake. destaque, como a do Parque Ecológico e a reservoirs, full of water, and inserted in the scape, and Initially, the negative aquariums show the big aquarium, área em frente ao zoológico. Os aquários which is the lake, full of water. Simultaneously, the aqui propostos tomam partido desse positive aquariums are almost empty. Through the processo. São dois tipos de reservatórios: becoming shallower, and the water excess is slowly reservatórios positivos, cheios de água, stored in the positive aquariums. Concurrently, the inseridos na paisagem, e reservatórios permitting the sight of the earth layers prevailing negativos, cheios de ar, inseridos na lagoa. over the water layer. years, the lake increasingly loses its capacity, view through the negative aquariums is modified, Inicialmente, os aquários negativos mostram o grande aquário que é a própria lagoa, cheia d’água. Ao mesmo tempo, os aquários positivos encontram-se quase vazios. À medida em que passam os anos, a lagoa vai perdendo sua capacidade e ficando mais rasa, e o excesso de água é armazenado nos aquários positivos. Ao mesmo tempo, a vista dos aquários negativos é modificada, podendo-se ver as camadas de terra tomando conta da de água. 82 83 La Grieta Flávia Lutkenhaus e Flávia Giordana. Aquário / Aquarium Frente à proposta de se pensar a paisagem conformada pela Lagoa da Pampulha fundida ao tema “Aquário”, tornou-se impossível ignorar a paisagem 1 2 3 já existente no entorno, composta por uma faixa de terra e verde no horizonte, circundada por grandes preenchimentos azuis de céu e água. Qualquer forma 4 que rompesse com essa imagem seria agressiva e demasiado densa. A partir desta concepção, surge o conceito de um aquário que possui rasgos internos na lagoa como meio de acesso, tangendo a superfície até o fundo, antes 5 Imagem interna ao aquário / Interval view of the aquarium inacessível. Esses rasgos funcionam como uma rachadura que permite ao homem adentrar no universo da lagoa. 6 Através desses rasgos-percursos são distribuídos vários aquários artificiais, que abrigam peixes de pequeno a grande porte, de acordo com a profundidade 7 do terreno nos pontos em que se inserem. Além disso, o espectador é convidado a caminhar por esses corredores 8 translúcidos e experimentar variados níveis do relevo da lagoa, percebendo visadas e feixes de luz característicos a cada ponto específico. Dessa forma, a 9 Lagoa da Pampulha se revela ao usuário como um grande aquário natural. Seções em diferentes trechos do percurso / Sections in different parts of the route Planta do aquário / Aquarium plan Facing the proposition of thinking the landscape formed by Pampulha Lake merged with the Aquarium theme, it was impossible to ignore the already existent surrounding landscape, composed of a strip of land and green in the horizon, encompassed by great blue fillings of sky and water. Any form that would, in any way, break this image, would be aggressive and too dense. Through this conception, the concept of an aquarium with internal rips in the lake as a means of access arises, emcompassing from the surface to the bottom, previously inaccessible. These rips work as a crack which allows the visitor to enter the universe of the Lake. Through these rip-ways several artificial aquariums are distributed, which shelter from small to big-sized fishes, in accordance to the depth of the terrain where they are inserted. Besides, the spectator is invited to walk through these translucent corridors and experiment various levels of the Lake’s terrain, perceiving views and light strips characteristics of each point. In this way, Pampulha Lake is revealed to the user as a great natural aquarium. 84 85 04 Palestras 86 87 Carlos M Teixeira Transtorna Distorções do uso de um espaço são críticas sobre a imobilidade da arquitetura e sua indiferença às atividades que ela induz, sobre a inércia da profissão e sua lentidão em acompanhar as artes não-industriais. Dança e arquitetura são o meio de demonstrar como a mobilidade total da primeira pode apontar outros sentidos para a institucionalidade da segunda. Foi num corredor qualquer da Cia. de Dança Palácio das Artes – esse lugar onde as pessoas são encorajadas a não ficar – que qualquer coisa espacialmente estimulante me ocorreu quando começamos os ensaios da peça Transtorna. Pois foi no corredor que os bailarinos da Companhia deitavam-se e sentavamse, acotovelando-se todos juntos em situações insólitas num local onde espaço e programa são, em tese, indissociáveis; onde a arquitetura funciona como um diretor restringindo as atividades possíveis; onde a ação esperada sempre é o percurso de um cômodo a outro. Até o momento em que esse determinismo é quebrado: os bailarinos agindo como barricadas que bloqueiam a passagem, dificultando a circulação dos funcionários, desempenhando ações que distorcem o que foi designado em projeto, usando o corpo para emprestar um outro sentido para o corredor. O cenário de Transtorna – peça da Cia. De Dança coreografada por Cristina Machado e da qual fui cenógrafo – parte do uso corrupto do espaço arquitetônico (ou do funcionalismo da arquitetura moderna) e simula uma paisagem urbana feita de cubos de papelão. A progressão da peça pode ser resumida à “coreografia da maquete”: um espetáculo onde o corpo e o movimento dos bailarinos desmancha a paisagem do cenário com mergulhos do corpo, culminando na última cena onde tudo que separa e marca – tudo que determina, tudo que enclausura, tudo que exclui, todas as paredes; enfim tudo que é arquitetura – é destruído para a cena final: o gran finale sem cubos, sem cenário, sem paisagem, sem nada – e só com a liberdade do movimento dos bailarinos em meio a um teatro absolutamente vazio. Fotografia por / Photo by Paulo Lacerda 88 89 90 Fotografia por / Photo by Carlos Teixeira 91 Transtorna Distortions in the use of a space are critics on the immobility of the architecture and its indifference to the activities it induces, and critics on the inertness of the profession, and its backwardness in following the nonindustrial arts evolution. Comparing dance and architecture come as a meaning to demonstrate how the total mobility of the first can point out other meanings to the institutionalism of the latter. It was in a random corridor of Companhia de Dança Palácio das Artes (Dance Company of theater and entertainment-venue Palacio das Artes) – one of these places where people are encouraged not to be – that some indiscriminate and spatially stimulating thing occurred to me as we started rehearsing for the play Transtorna. For it was in the corridor that the dancers of the Company laid down and sat down, elbowing each other, all together, in unheard-of situations, in a place where space and program are, theoretically, indissociable; where architecture works as a director who restrains all possible activities; where the expected action is always the course from one room to the other. Up to the moment when this determinism is broken, with the dancers acting as barricades, blocking the passage, hindering and obstructing the circulation of the staff, interpreting actions that distort what was designed in the project, using the body to unwillingly lend some other meaning to the corridor. The scenario of Transtorna – a play, of which I was the scenographer, performed by Cia. da Dança (Dance Company) and choreographed by Cristina Machado – was built upon the corrupt use of the architectural space (or the functionalism of modern architecture) and simulates an urban landscape made of cardboard cubes. The evolution of the play may be described as “the choreography of the scale model”: a spectacle where the body and the movement of the dancers break the scape of the setting with the diving movement of the body, culminating on the last scene, where everything that separates and marks – everything that determines, enclosures, excludes, all the walls; ultimately, all that is architecture – is destroyed to the final scene: the grand finale with no cubes, no settings, no scape, nothing – but only the freedom of the movement of the dancers, surrounded by an absolutely empty theater. Fotografia por / Photo by Paulo Lacerda 92 93 94 Fotografia por / Photo by Jomar Bragança 95 Stéphane Huchet « Ficção » e sintomas arquiteturais ou o recalcamento, hic et nunc, do sensível – a construção civil, que representa de maneira hegemônica o que o mercado produz –, continua a veicular uma visão da arquitetura totalmente estrangeira a todo tipo de abordagem mais culta e crítica. Os critérios de formação da maioria dos arquitetos que saem das escolas levam a esse tipo de arquitetura. A construção civil representa uma Como professor numa escola de arquitetura, tentei desde o início do meu arquitetura que segue diretrizes que não permitem uma renovação dos modelos. Me trabalho estabelecer para os alunos um diálogo entre as artes plásticas e a pergunto se a denúncia da ditadura desses modelos está hoje fadada ao fracasso, porque arquitetura através da categoria « práticas espaciais ». Me pareceu que, enquanto a luta se revela impotente contra essa máquina institucional e politicamente potente. historiador da arte, a melhor maneira de me aproximar de uma questão central na arquitetura deveria acontecer através daquilo que ela compartilha com as artes Quando comecei a falar para pesquisadores da pós-graduação no final dos anos 1990, me plásticas: o espaço, a concepção do espaço, a relação crítica com o espaço. O perguntei: o que acontece para que as experiências, reflexões e produções dos artistas que que me motivou na época foi notadamente certa ignorância que meus colegas, estabelecem de dentro das artes plásticas um diálogo sério e criticamente instigante com a exceto alguns, tinham das questões artísticas mais recentes, esses se recusando arquitetura entendida como disciplina do espaço, sejam tão pouco conhecidas e tão sujeitas a conceder qualquer abertura do campo da arquitetura para o campo da arte. a uma visão negativa? Me pareceu que a primeira coisa que caracterizava o arquiteto, Muitas vezes, essa abertura era vista por eles como um risco de contaminação agente no caso bem genérico, que eu conhecia através daquilo que ergue de prepotente no da arquitetura por algo que viria perturbar sua pretensa pureza enquanto ofício. seio da natureza selvagem da cidade, era uma falta tremenda de sensibilidade artística. Isso me pareceu perigoso: se os professores não acreditam que as artes plásticas As categorias arquiteturais em jogo nos edifícios que configuram a cidade me pareciam tem alguma pertinência para pensar a produção do espaço, o que podem estanques, repetitivas, fossilizadas. Continuam a me espantar todo dia. O cenário da ensinar ou deixar de ensinar aos alunos? O que é um arquiteto sem cultura construção civil parece não ter saído ainda da ideologia concretista paulistana, a ideologia artística? Um ninguém, como tantos e tantos atuando hoje como donos do que venceu todas as outras, que rege todos os empreendimentos construtivos com a mercado da (grande) construção. No entanto, eu não defendo a ideia de que o cumplicidade tremendamente inculta das autoridades administrativas. Não se trata mais de arquiteto deva se tornar artista. Quem não entende isso aproveita para dizer que um « brutalismo » estético, mas de « brutalidade » tectônica. Configura o verdadeiro as aproximações necessárias entre as duas disciplinas levariam a uma derrota da patrimônio genético do ofício, com sua ideologia tecnicista, historicista. arquitetura frente a uma arte conquistadora que viria inocular alguma bactéria no seu corpo saudável… Não se trata disso. O diálogo fecundo entre Acredito que existe um elo forte entre os critérios mercadológicos mais assumidos e a arquitetura e artes implica que as duas áreas sejam firmes, isto é, que cada adesão aos critérios do modernismo mais engessado – no meio dos quais as raras vozes uma possa ao mesmo tempo ser ela mesma e ter uma interlocução direta e que tentam reorientar as perspectivas do fazer arquitetura são, repito, minoritárias e clara com as disciplinas afins, sem se esconder em posições de medo. Os toleradas com condescendência – e a situação da arquitetura ao nosso redor. Minha artistas, por exemplo, têm uma facilidade muito maior de instituir uma relação pergunta é a seguinte – e peço a vocês que me respondam: será que, assim como um com a arquitetura, mas vejo que são muito mais minoritários os arquitetos povo tem os representantes políticos que merece, temos a arquitetura que merecemos?; que conseguem ter uma relação séria e positiva com as artes plásticas. ou será que existe no começo do processo de formação uma massa virtual de futuros arquitetos provavelmente portadores das melhores intenções, dos mais belos desejos, das 96 Hoje, tem muito mais professores envolvidos numa formação aberta, mas, mais belas ideias, da mais comovente criatividade, mas que a máquina curricular instituída, se uma parte deles recorre às experiências artísticas para formar os futuros como máquina de formatação das mentalidades e das práticas, reprime rapidamente toda arquitetos às questões do espaço, a arquitetura que se faz ao nosso redor veleidade de liberdade e trava todo processo de emancipação? 97 E é precisamente nesse lugar que me pergunto: qual é o papel dos sonhos em a ficção. Mas ela é uma derrota. Até um tempo relativamente recente, os tratados de arquitetura? Pergunto isso porque penso que a arquitetura é dividida entre os fazedores arquitetura – o último da história sendo o de Koolhaas, S, M, X, XL –, sabiam equilibrar sistemáticos, insistentes, em perpétuo movimento de cobiça espacial, atrapalhando os perspectivas normativas e sonho, construtibilidade e utopia. Eles constituiram os lugares, comprando briga com os princípios de um crescimento razoável da cidade etc. manifestos da ficção histórica, mas nunca uma derrota. Hoje, a ficção é o que resta aos Estes que são maioritários e os outros, legião fascinante, na qual me situo quando se trata arquitetos. Só os arquitetos-enquanto-arquitetos (e não os construtores ou engenheiros) de arquitetar uma abordagem da arquitetura em termos de sensibilidade, sabendo do sabem ficcionar. É com relação a isso que entendo as propostas expostas no hall da Casa anacronismo intenso dessa abordagem frente ao mercado da construção que avança com do Baile ou a duplicação preta da marquise. Fazer uma linha que redobra. Fazer forma. suas tropas potentes acima dos terrenos arrasados da urbanidade. Erguer uma forma, levantar uma forma... Isso é interessante porque, além da noção hoje corriqueira de intervenção – por que querer intervir dentro de uma construção já bem Tem os sonhos e tem a realidade. A realidade da construção não deixa frestas para o sucedida através de uma estrutura complementar? – o mais importante me parece o fato sonho, já que os determinantes econômicos regem de cabo a rabo o circuito da de retomar a arquitetura de dentro, desde seu dentro, seu corpo já existente, para lançar construção, com a cumplicidade de uma clientela que, grosso modo, quer o « belvedere » mão de uma certa despesa formal, de um certo dispêndio formal, inútil e efêmero. Hoje, é mais « vip » que puder, com o « lazer completo » dos autárcicos e dos segregadores… precisamente na ordem da forma que as mudanças podem acontecer, ou pelo menos, o Se a gente olha bem, existe uma esquizofrenia entre o conteúdo da formação e os sonhos arquiteto deveria sempre se defrontar com o problema da forma, desvinculando-a de todo dos arquitetos. Todo ano penso abrir minha disciplina histórico-crítica com o levantamento tipo de preconceito. A arquitetura « informe », por exemplo, é a forma como sintoma. desses sonhos. De certo, os arquitetos sempre sonharam. Os arquitetos sonham com Todas as propostas de arquiteturas ficcionais quase inconstrutíveis, tão mal vistas pelos quê? Não sendo analista, não posso saber, mas o que sei é o sucesso junto a muitos conservadores da corporação, devem ser entendidas como aproximações críticas de um membros dessa profissão e sobretudo na família dos pesquisadores, das noções ou núcleo formal desativando a programação hegemônica da arquitetura para reinformá-la no categorias de leveza, de imponderabilidade, de « indeterminação ». Para mim, os sonhos paradoxo. A forma é uma categoria mal vista porque é restrita aos modelos tectônicos de uma arquitetura atectônica, « corpos sem órgãos », de arquiteturas flexíveis, aéreas, pré-padronizados ou à busca do efeito visual do aspecto, uma espécie de, nas palavras de flutuantes, irrealizáveis, nãoconstrutíveis, sem lugar, atópicas, desafiando as leis da Georges Didi-Huberman definindo o fotograma de um objeto em movimento, « objeto gravidade, fantasiando sua desmaterialização, metamorfoseando-se, envolvendo o exato e esqueleto de movimento (uma forma absolutamente vazia, desencarnada, uma passante em cenários multi-mídia em perpétuo processo performativo etc., correspondem, abstração) », a arquitetura ficcional informe correspondendo àquilo que Didi-Huberman sem juízo de valor da minha parte, à produção de um campo de compensação psíquico, chama de « série de instantâneos (…) a curva tangível do movimento, mas um fantasma sensível, emocional, às vezes espiritual, frente à ditadura funcionalista e tecnicista que de objeto desfocado »1. A forma, podemos entendê-la também como aquele precipitado determina a arquitetura a nosso redor. Penso que só isso deveria ser trabalhado pelos espacial capaz de pôr em obra, de fazer existir um núcleo performativo de experiência. críticos: o sonho dos arquitetos. Só interessam as « fantasias ». Por quê? Porque elas são Para mim, forma significa isso e não algo que levaria do lado de um mito das aparências os sintomas da arquitetura. Só interessam os sintomas, já que a arquitetura sofre de ou da poesia visual do invólucro pós-moderno. Aliás, tem que ser um arquiteto com uma tetânio. Da arquitetura civil hegemônica, nenhum processo de subjetivação sai. Nenhum. relação bem mal resolvida com a categoria de forma, tem que ser inclusive cheio de má- Ela repousa sobre a satisfação de identidades, de perfis de compradores e de moradores consciência para rejeitá-la em primeira instância sem mais nem menos. Nunca entendi pré-existentes, pré-fabricados. A construção civil pré-fabrica seus clientes num círculo isso. Ficcionar, portanto, inventar formas sim, no mesmo patamar de envolvimento que fechado de identidades previamente fichadas onde todo mundo é igual. Nesse contexto – aquele que motiva a invenção dos programas, das funções… O ódio suscitado pelos nesse contexto no qual nossos mais radicais adversários são os urbanistas, e os professores de urbanismo que se contentam em analisar os fatos para melhor solidificá-los –, só resta 98 1 DIDI-HUBERMAN, Georges, Devant l’image, Paris: Minuit, 1990, p.43 99 mestres da arquitetura globalizada, de franquia internacional ou não, é muitas vezes simplesmente dito, referências sucetíveis de mostrar que a arquitetura enquanto produção motivado pela rejeição da cooptação pelo Capital, mas a escolha da forma para motivar de espaço pode ser pensada de maneira não tecnicista ou funcionalista e que muitas uma desqualificação esconde também uma incapacidade de solucionar de maneira crítica reflexões e produções realizadas no âmbito das artes plásticas do século XX podem trazer a relação com o conceito de forma. A complacência para com, o imenso silêncio para elementos de abertura e de renovação. Na verdade, só se trata de « rememoração », de com, o recalcamento da função crítica perante a feiúra dos edifícios que surgem numa « Errinnerung », de « resgate » etc. velocidade imparável das mãos dos profissionais encontram como se redimir no ataque contra aqueles que ousam pensar na ordem da experimentação. A crítica acerca dos Tornar o arquiteto sensível ao sensível e à noção de experiência sensível, tátil, de outras arquitetos que têm uma proposta inventiva, criativa, experimental, remete a muitos níveis geometrias etc., é tarefa idealista, mas urgente. Já que para mim a fenomenologia é a inconscientes, nos quais a inveja não conta por pouco. E sua expressão é a critica ridícula primeira filosofia moderna da virtualidade inerente à experiência espacial, comecei a de que os arquitetos fariam arquitetura para sair nas revistas. A crítica do querer-aparecer introduzir problemáticas fenomenológicas nas minhas aulas. Tratava-se de pensar as é a mais boba que eu já vi, já que a arquitetura existe sim para ser vista, para aparecer, condições de possibilidade teóricas de uma abordagem do corpo nas questões espaciais, sim. Agora, a leitura de um texto rápido de Guilherme Visnik nos seminários da 27ª Bienal compartilhadas pela arquitetura e pelas artes. É interessante identificar nos primórdios da de São Paulo me parece propor uma chave: a partir dos anos 1960-70, a arte remanejou modernidade a existência de uma vertente de pensamento que soube se contrapor à completamente suas categorias críticas e práticas, seus procedimentos, seu caráter predominância da ideologia industrial, engenherística etc. em plena ascensão em meados experimental. Nisso, uma disciplina como a escultura evoluiu tanto que ela desapareceu do século XIX. Encontrei Semper e Loos, Santa Dualidade de uma arquitetura pensada em parte. É na mesma época que a arquitetura teria começado a dar ênfase a suas como epiderme… Depois, me interessa ver como um pintor como Malevitch coloca, categorias formais, à autonomia da experiência formal. A crítica endereçada por certos a através da leitura do cubismo, a questão da evolução da arte rumo a um espaço concreto uma arquitetura que se preocuparia mais em ser escultura do que arquitetura deve muito e como essa ampliação e expansão implica uma inter-relação entre disciplinas artísticas. ao fato de que a arquitetura, num plano metalinguístico, parece ter recolhido, contra seu Mas além desse problema de linguagens entrelaçadas, sempre me pareceram grado?/voluntariamente?/por determinação translinguística?, certos elementos próprios à exemplares de uma postura crítica imanente os arquitetones e planitas do mesmo escultura. Que a arquitetura se encontre de repente herdeira de processos e valores Malevitch, concebidos como projetos a-programáticos voltados para a sugestão do corpo externos deve ter incomodado muitos, mas cismar por causa de uma categoria não exime arquitetônico como bloco de sensação e vibração, desconectados de eventuais finalidades de entender e aprofundar o porque dessa translação de uma disciplina para outra ou, pragmáticas e utilitárias. A categoria malevitchiana de vibração não está sem melhor dito, o teor dos elementos em comum que elas sempre tiveram. E é precisamente correspondências secretas, muito secretas, com a metáfora, en Reyner Banham, do fogo por causa disso que a história da arte e da arquitetura entendidas como disciplinas do do nômade, visto por ele como célula de socialização e concentração das relações espaço oferecem as maiores chances de convergência. Mas exige muito trabalho. humanas. Mas ela tem a ver também com o conceito de um filósofo do século XVII, Leibniz, o conceito de « pequenas percepções » despercebidas que constroem nossa 100 Precisamente, como não arquiteto, desejo também contribuir a mudar um pouco as percepção da realidade. Se a arquitetura é um bloco de sensação, se o corpo arquitetural coisas, sabendo que não deve errar na escolha das estratégias críticas aquele que quer eterniza uma sensação, se a percepção do edifício ou da cidade se sustenta do acúmulo mudar um pouco o horizonte de pensamento dos arquitetos. Trabalho com instrumentos de pequenas percepções secretas e inconscientes que tecem-lhe o corpo, se a percepção históricos, fragmentários. Cheguei pouco a pouco a desacreditar que isso tudo pudesse que eu tenho disso e daquilo depende da lenta melodia que sobe em mim a partir das levar a um mínimo micro-deslocamento, já que não tenho poder, nenhum poder, mas pequenas e microscópicas sensações e percepções que tive e tenho de tudo com que tento sempre superar meu sentimento de desânimo perante a eventual ausência de estabeleço um contato sensível, vocês podem imaginar a responsabilidade do arquiteto inutilidade desse tipo de trabalho. Em que consiste? Em apresentar instrumentos, ou mais que constrói o cenário de nossa vida. A feiúra quase geral da arquitetura ao nosso redor, 101 seja média, seja de alto luxo, seja proletária, e que se manifesta em bairros inteiros através do estado de lepra visual e material dos edifícios, tem a ver para mim com um desprezo total, mantido, cultivado, das condições de surgimento e criação de uma arquitetura e de uma cidade capazes de propiciar um corpo de pequenas sensações construindo a percepção positiva que eu poderia ter dessa arquitetura e dessa cidade. A grande diferença entre a beleza e a feiúra à qual nos condenamos insistentemente, sem nunca problematizá-la, tem a ver com a ausência completa de noção qualitativa do cenário arquitetônico e urbano, de noção de arquitetura e cenário urbano « qualificantes ». Vejo nisso um imenso medo da beleza. A noção de beleza acabou reificada na interjeição cotidiana que cada indíviduo endereça ao outro como se confessasse inconscientemente a necessidade de invocá-la, enquanto ausente, já que a arquitetura, que as ruas, que as fachadas, que as calçadas, que as estradas definitivamente, não são « beleza ». O « beleza » e o « jóia » que proferimos cotidianamente nas nossas relacões cordiais, afetivas, afetuosas, amenas, é o ultimo sopro de algo que vemos morrer ao nosso redor cotidianamente. Vivemos numa sociedade que a exigência de beleza amedronta, faz enrubescer, porque ela foi recalcada, violentamente recalcada. A palavra não faz mais parte do vocabulário. É considerada « burguesa », « elistista », fora de moda, sem conteúdo. Vivemos agredidos permanentemente pela degradação visual, mas é isso que queremos porque o belo dá medo. Nos refugiamos atrás das eternas incantações sobre o dever-ético, a ética, a cidadania, a dignidade, mas quando um grupo de arquitetos (da univ. de São Carlos) projeta por exemplo uma moradia social um pouco bela para aqueles que moravam até então em habitações « mérdicas », porcas, sujas, insalubres, infiltradas, irrespiráveis, a pequena elite esclarecida neosituacionista critica-lhe a falsidade ideológica, arquitetura pós-moderna e que não entenderam que a arquitetura, submetida que é à engenharia, precisa de uma terapia para desfazer esse nó e esse bloqueio. O recalcamento da beleza significa para mim um pavor, um desconforto radical para com ela? Por quê? O ignoro. Interpelo os arquitetos. O medo do arquiteto se mostrar fraco, já que a arquitetura que se faz a nosso redor é falocrática até. Ela tem que pesar, que bater o solo, que esmagar, que lançar vozes arrogantes. Só uma artista, Mônica Nador, que trabalha nas comunidades periféricas já ousou usar esse conceito. Os outros falam em conscientizar, desalienar, mas ela disse, com seu projeto Jamac, que a beleza é fundamental. Não é uma diretriz, uma norma, mas o nome que engloba uma das condições de possibilidade da ética, da dignidade, da cidadania. Olhem. No âmbito das artes plásticas, podemos chegar a cansar de escutar falar de Richard Serra, dos minimalistas, dos neoconcretos etc. Mas, para trazer cultura artística, estética e crítica aos (futuros) arquitetos, as experiências artísticas dos anos 1960 e seguintes são fundamentais: o minimalismo, o neoconcretismo, a process art, a arte in situ, site specific, a land art, a performance, os environments, os ambientes, a arte « participativa », etc. Todas tem algo a dizer ao arquiteto, sobre a modificação, transformação, concepção do espaço. O leque de questões levantadas pelos artistas nesse âmbito é impressionante. Numa fórmula final, eu diria que tudo o que a arquitetura tem que reaprender, se chamar isso de beleza crítica, ou de beleza crítica dialeticamente motivada, cabe no que um filósofo chamou de « analysis situ », isto é, o que dentro, fora, encima, debaixo, em volta, entre, além, no meio de, etc., isto é, as dinâmicas do espaço significam e propiciam como experiência. a adoção alienada de modelos do Norte rico, um formalismo inaceitável para « ex-coitados » que precisariam, portanto, continuar morando como antes, já que o embelezamento de suas condições de vida feriria a necessária adequação de sua pobreza econômica e de 102 « Fiction » and architectural symptoms or the repression, hic et nunc, of the sensitive As a professor in an Architecture school, I’ve tried, from the beginning of my work, to establish with the students, sua pobreza residencial. Os pobres não querem morar em Parangolés. E quem sonha « a dialogue between the plastic arts and architecture, through the category spatial practices. It seemed to me that parangolizar » a existência quer que os « parangolizados » das comunidades continuem which that is shared with the plastic arts: the space, the conception of the space, the critical relation with the sendo seus bons pobres. A relação com a beleza é o ponto cego da nossa arquitetura space. What had motivated me at the time was, notedly, a certain level of ignorance of my colleagues, with a few hoje. Inclusive, a irritação geral contra Niemeyer e seus famosos esboços à mão, contra a in the Architecture field, to the Arts field. Many times, this acceptance was seen by them as a risk of infection of superficialidade de seus raros desenhos, testemunha para mim a irritação frente a um tipo the architecture by something that could come to disturb its so-called purity as a craft. This sounded to me as de gesto estético, inclusive estetizante, que seu recalcamento tornou o símbolo de uma production of the space, what can they teach or fail to teach the students? What is an architect with no artistic má-consciência. Cada véu que possa reerguer algo da ordem da beleza faz gritar os culture? A nobody, as so many acting, nowadays, as owners of the (big) construction market. However, I do not espíritos puritanos, os puritanos que condenaram o falso e triste tratamento da forma na say that any necessary approximations between the two disciplines would lead to a failure of Architecture against the best way to come closer, as an art historian, to a central question in Architecture, should happen through exceptions, concerning the most recent artistical issues, those were refusing to give any chance of acceptance, something dangerous: if the professors do not believe that the plastic arts have any pertinence to think the defend the idea that the architect should become an artist. Those who do not understand this, take advantage to 103 some conquering art that should come to inoculate some kind of bacteria in its healthy body. And this is not what Since I am not analyst, I cannot know, but what I know is about the notions or categories of lightness, the it is about. The fertile dialogue between Architecture and Art implies that both areas have to be firm, i.e., that is imponderability, the indetermination and the success along with many members of this profession, and above all that each one can simultaneously be themselves and also have a direct and clear dialogue with related disciplines, in the researchers’ family. To my mind, the dreams of an atectonical architecture, bodies with no organs, of without having to hide in fear. The artists, for example, have a much greater ease to institute a relation with flexible, aerial, floating, unachievable, not constructible, atopical architecture, defying the laws of gravity, architecture, but I see that the archictects capable of having a serious and positive relation with plastic arts are fantasizing its dematerialization, metamorphosing itself, involving the passer-by in multi-media sceneries in a the minority by far. perpetual performative process etc., correspond, with no valuing judgment of my part, to the production of a psychical, sensitive, emotional, and at times spiritual compensation field, in face of a functionalist and technicist Nowadays, there is a greater number of professors involved in an open academic education, but, if part of them dictatorship which determines the architecture that surrounds us. I think that nothing but this should be worked recur to artistical experiences to form future architects to spatial issues, the architecture surrounding us – civil on by the critics: the dreams of the architects. Only the fantasies are important. Why? Because they are the construction, which represents hegemonically the market’s production – continues to transmit a vision of symptoms of architecture. Only the symptoms are relevant, since architecture suffers from tetanus. From the architecture totally strange to any kind of approach more cult and critical. The academic background criteria of hegemonic civil architecture, no subjectivity process comes out. None. It rests on the satisfaction of identities, of most architects who leave architecture schools lead to this kind of architecture. Civil construction represents an buyers’ profiles and pre-existent and pre-fabricated inhabitants. Civil construction pre-fabricates its clients in a architecture that follows guidelines that do not permit a renewal of the models. I wonder if denouncing the closed circle of previously categorized identities where everybody is the same. In this context – the context where dictatorship of these models is, today, bound to failure, because this fight shows to be impotent against this our most radical enemies are the urbanists and the urbanism professors who are satisfied with analyzing the facts institutional and politically powerful machine. to better materialize them – there is nothing but fiction. But it is a failure. Until a relatively recent time, the architecture treatises – the last one being Koolhas’ S, M, X, XL – knew how to balance normative perspectives When I started to speak to post-graduation research professors at the end of the 1990s, I wondered: what is it and dreams, constructability and utopia. They built the historical fiction manifestos, but never a failure. Today, that happens so that the experiences, reflections and production of those artists who, inside the plastic arts, fiction is all that remains to architects. Only the architects-as-architects (and not the constructors or engineers) are capable of establishing an earnest and critically instigating dialogue with architecture as a spatial discipline, know how to fictionalize. It is in relation to this that I understand the propositions exposed in the hall of Casa do turn out to be so little known and so much subjected to a negative view? It seemed to me the first thing that Baile, or the black duplication of the marquee. Make a line that refolds. Make form. Lift a form, raise a form... This characterized the architect, a quite generic agent in the case, which I came to know through which that is interesting because, besides the notion, today, of the unexeptionality of the intervention – why is there the prepotently rises in the heart of the wild nature of the city, was a tremendous lack of artistical sensitivity. The desire to intervene inside an already successful construction through a complementary structure? – the most architectural categories at stake in the buildings that configure the city seemed to me as stationary, repetitive, important seems to be the fact that it retakes the inside architecture, from its insides, from its existent body, to fossilized. They keep astounding me each day. The scenery of civil construction doesn’t seem to have left the make use of a certain formal expense, a certain formal outlay, useless and ephemeral. Nowadays, it is precisely concretist ideology of São Paulo, the ideology that overcame above all others, that rules all constructive concerning to the form that changes may happen, or at least, the architect should always confront the problem of projects with the tremendously uncult complicity of the administrative authorities. It consistis no longer in an the form, detaching it from all kind of preconcept. The inform architecture, for instance, is the form as symptom. aesthetical brutalism, but in a tectonical brutality. It configures the true genetic heritage of the craft, with its All propositions of fictional architecture almost not constructible, so badly seen by the conservatives of the technicist and historicist ideology. corporation, must be understood as critical approximations of a formal core, deactivating the hegemonical programming of architecture, to re-inform it in the paradox. The form is a badly seen category, because it is I believe there is a strong link between the most frequently assumed market criteria and the adherence to the restricted to tectonic pre-standardized models or it is in pursue of the visual effect of the aspect, a kind of, in the stiffest modernist criteria – in the middle of which the rare voices that try to reorient the perspectives of the words of Georges Didi-Huberman defining the photogram of a moving object, exact object and movement architecture making are, I repeat, a minority, tolerated with condescendence – and the situation of the architecture skeleton (a absolutely empty form, disincarnated, an abstraction), the fictional inform architecture corresponding around us. My question is this – and I ask of you to answer me: is it that, as a people has the political representatives they deserve, do we have the architecture we deserve? Or is it that there is, in the beginning of the formation to what Didi-Huberman calls «series of instantaneous (…) the tangible curve of the movement, but a ghost of a blurred object».1 The form, we can also understand it as that spatial precipitate capable of making happen, making process, a virtual mass of future architects most probably carrying the best intentions, the best desires, the most real a performative core of experience. To my mind, this is what form means and not something that could be beautiful ideas, the most touching creativity, but the instituted curricular machine, as a machine that formats taken next to a myth of appearances or the visual poetry of the post-modern enclosure. In fact, only an architect mentality and practice, rapidly represses all freedom velleity and impairs the whole emancipation process? with a very unresolved relation with the category of the form and full of bad conscience could reject it in first instance, with no apparent reason. I have never understood this. Therefore, fictionalize, do invent forms, are at the It is precisely in this place that I wonder what is the role of dreams in Architecture? I ask myself this because I same level of involvement of the one that motivates the invention of programs, of functions… The hatred evoked feel that Architecture is divided between the systematical makers, insistent, in a perpetual movement of spatial by the masters of globalized architecture, of international franchising or not, is, frequently, motivated by the greed, disturbing the places, picking fights with the principles of a reasonable city growth, etc. In fact, those are rejection of the co-opting by the Capital, but the choice of the form to motivate a disqualification also hides an the majority. And others, fascinating legion, in which I place myself, when it comes to architect an approach of incapacitation to critically solve the relation between concept and form. The complacence, the enormous silence Architecture in terms of sensitivity, aware of the intense anachronism of this approach in face of the construction and the repression of the critical function in face of the ugliness of buildings that emerge in an irreparable speed industry that goes forward with its powerful troops above the ruined lands of urbanity. in the hands of professionals find their way to redeem themselves in attacking those who dare think about the order of the experimentation. The critic concerning architects with an inventive, creative and experimental There are dreams and there is reality. The reality of construction does not leave breaches to dreaming, since the proposition goes back to many unconscious levels, in which envy does not have a small part. And its expression economical determinants rule from the beginning to the end of the construction circuit, with the complicity of a is the ridicule critic that architects make architecture to be published in magazines. The criticism of the want-to- clientele that, roughly, wants their belvedere to be the most V.I.P. as possible, with the complete leisure area of be-in-a-magazine is the silliest I have ever come across, since architecture exists, in fact, to be seen, to be the autarkic and segregators… If we look closely, there is a schizophrenia between the content of the academic shown. Now, the reading of a quick excerpt from Guilherme Visnik in the seminars of the 27th São Paulo’s background and the dreams of the architects. Every year I think about starting a new historical-critical discipline with the approach to these dreams. Certainly, architects have always dreamt. What do architects dream about? 104 1 DIDI-HUBERMAN, Georges, Devant l’image, Paris: Minuit, 1990, p.43 105 Architecture Biennial seems to propose a key: from the 1960-1970s, art has rearranged completely its critical and practical categories, its procedures, its experimental character. Thereon, a discipline such as sculpture has evolved so much that it has, in part, disappeared. It’s at the same time when architecture would have started to emphasize its formal categories, the autonomy of formal experience. The critics made by some to an architecture that would be more concerned in presenting a sculptural character come much from the fact that architecture, in a metalinguistic plan, seems to have gathered, against its will, voluntarily¸ by translinguistic determination, certain sculptural elements. Architecture suddenly finding itself inheriting external processes and values must have bothered many, but brooding merely because of a category does not exempt from understanding and deepening in why this translation from a discipline to another has happened, or, rather, understanding and deepening in the content of the elements that they have always had in common. It is precisely because of that history of art and history of architecture, understood as disciplines of the space, offer the greatest converging chances. But it requires a lot of work. Precisely, as a non architect, I wish also to contribute to change things a little, knowing that one should not make mistakes when choosing the critical strategies, if one wants to change a little the horizon of thinking of the architects. I work with historical and fragmentary instruments. I came, little by little, to disbelieve that all this could lead to a minimum micro-displacement, since I have no power, no power at all, but I always try to overcome this discouraging feeling in face of the occasional absence of uselessness of this kind of work. What does it consist in? To present instruments, or rather, more simply saying, references susceptible to showing that architecture, as producer of the space, may be thought in a non-technicist and non-functionalist manner, and that many reflections and productions realized in the scope of the XX century plastic arts may bring elements of opening and renewal. In fact, it is just about recalling, about Errinnerung, about rescuing, etc. To make the architect sensitive to the sensitive and to the notion of the sensitive, tactile, and of other geometries experiences is an idealistic yet urgent task. Since, to my mind, phenomenology is the first modern philosophy concerning the virtuality inherent to the spatial experience, I started to introduce phenomenological questions in my classes. It consisted in thinking the conditions of theoretical possibilities of an approach of the body in the spatial issues, shared by architecture and arts. It is interesting to identify, in the primordium of modernity, the existence of a thinking current that knew how to contrapose itself to the preponderance of the industrial, engineering ideology, in plenum ascension in the middle of the XIX century. I found Semper and Loos, Saint Duality of and architecture thought as an epidermis. Later on, it instigates me to see how a painter like Malevitch inserts, through cubist interpretation, the issue of the evolving of art towards a concrete space and how this enlarging and expanding implies in an interrelation between artistic disciplines. But besides this problem of interlaced languages, the arquitetones and the planitas, of the very Malevitch, have always seemed to me as being models of an immanent critical posture, conceived as a-programmatic projects, concerning the suggestion of the architectonical body as a block of sensation and vibration, disconnected from casual pragmatic and utilitarian purposes. The malevitchian category of vibration is not without secret correspondences, very secret indeed, with the metaphor, in Reyner Banham, of the fire of the nomad, seen by him as a cell of socialization and concentration of the human relations. But it has also to do with the concept of a XVII century philosopher, Leibniz, the concept of small perceptions, which go unaware and build our perception of reality. If architecture is a block of sensation, if the architectural body eternalizes a sensation, if the perception of the building or of the city of qualifying architectural and urban scenery notions. I see in this an immense fear of beauty. The notion of beauty ended up reified in the daily interjection that each individual addresses to one another as if they unconsciously confessed the need to invoke it, while absent, since the architecture perceived in the streets, in the facades, in the sidewalks, in the roads, are definitely not beauty. The beautiful and the fine we utter daily in our cordial, affective, tender, pleasant relations is the last breath of something we watch dying around us every day. We live in a society in which the requirement of the beauty is frightening and intimidating for it was repressed, violently repressed. The word is no longer part of the vocabulary. It is considered bourgeois, haughty, old fashioned, with no content. We live permanently aggressed by visual degradation, but this is what we want, because we are frightened of the beautiful. We hide behind the endless incantations over the ethical duty, ethics, citizenship, dignity, but when a group of architects (of Sao Carlos University) designs, for instance, a social habitation a little more beautiful to those who had lived, up to that moment, in shitty, nasty, filthy, insalubrious, infiltrated,unbreathable homes, the small enlightened neo-situationist upper class comes presenting critics to its misrepresentation, its alienated adoption of the rich northern models, an unacceptable formalism to former pitiable individuals, who would need, therefore, to continue living as they did before, since the embellishment of their life conditions would harm the necessary adequacy to their economical and residential poverty. The poor do not want to live in Parangolés . And those who dream of parangolizing the existence wants to the parangolized of the communities to continue being the good poor people. The relation with beauty is the blind spot of our architecture today. In fact, the general irritation against Niemeyer and his famous hand-made sketches, against the superficiality of his rare drawings, testifies, to my mind, the irritation against a type of aesthetical and yet aestheticizing gesture, of which repression has become the symbol of a bad conscience. Each veil that might restore the beauty makes the puritan spirits scream, the same puritans who condemned the false and sad treatment of the form in post-modern architecture and who did not understand that architecture, as subdued as it is to the engineering, needs a therapy to be unleashed from these knots and blockages. The repression of the beauty means, as I see it, a dread, an extreme discomfort towards it. Why? I ignore it. I interpellate the architects. The fear of the architect of showing weakness, since the very architecture made around us is phallocratic. It has to weigh, to hit the ground, to crush, to launch arrogant voices. Only one artist, Mônica Nador, who works at peripheral communities, has dared use that concept. Others have already spoken about becoming conscious, becoming unalienated, but she, in her Jamac project, shows that beauty is fundamental. It is not a guideline, a norm, but the name that comprises one of the conditions of the possibility of the presence of ethics, dignity and citizenship. Look. In the scope of the plastic arts, we can even get tired of listening to the name of Richard Serra, of the minimalists, of the neoconcretists etc. But, to bring artistic, aesthetic and critical culture to the (future) architects, the artistic experiences of the 1960’s and following years are fundamental: minimalism, neoconcretism, process art, in situ art, site specific art, land art, performance, environments, participative art, etc. All of them have something to say to the architect, about modification, transformation and conception of the space. The sum of questions raised by artists in this scope is impressive. As a final formula, I would say that all that architecture has to re-learn, if it can be called critical beauty or dialectically motivated critical beauty, fits in what a philosopher called analysis situ, that is, what is inside, outside, above, under, around, between, beyond, in the middle, etc, in other words, what the dynamics of space mean and provide as experience. is sustained on the accumulation of little secret and inconsistent perceptions which weave its body, if the perception I get from this and that depends on the slow melody which arises in me from little and microscopic sensations and perceptions that I had and have from all that I establish a sensitive contact, you can imagine the responsibility on the shoulders of the architect, who builds the scenery of our lives. The almost general ugliness of our surrounding architecture, whether it is average, luxurious or proletarian, and that is manifested in entire neighborhoods through the state of material and visual leprosy, has to do, as I see it, with a total despise, sustained and cultivated, from the conditions of the rising and creation of an architecture and a city capable of propitiate a body of small sensations, building the positive perception I could attain from this architecture and this city. The great difference between beauty and ugliness which we insistently condemn, without everproblematizing it, has something to do with the sheer absence of qualitative notion of the architectural and urban sceneries, 106 107 Edgar Mazo (Paisajes Emergentes) A tarefa de agrupar o trabalho de Paisajes Emergentes a partir dos conceitos de forma - escala - programa - localização geográfica - materialidade - resultaria difícil e, a princípio, simplificadora, ao intentar elaborar uma síntese de elementos. Elementos que, mesmo sabendo que seriam úteis a um catálogo ou a uma revisão formal, possivelmente nos desassociariam do caráter inicial desta arquitetura. Quero propor um deslocamento à origem das formas, ao mundo que as circunda, ao campo que permite estabilidade conceitual e física aos elementos dinâmicos que, relacionados com diversas intensidades, construíram os projetos de Paisajes Emergentes. Complexo de Piscinas, 2008 / Swimming pool complex Paisagem Emergente Existem condições essenciais dos lugares, as condições variam de acordo com a objetivação do observador. O projeto de arquitetura não começa com uma folha em wbranco; existe uma história anterior à arquitetura: um lugar físico, geográfico, um relato, a memória, o usuário. Os projetos são mecanismos que complementam e revelam as forças do lugar, o caráter imprevisível da natureza, sua violência, a sutileza das horas. Algumas operações tendem à mimesis, e outras radicalmente se sustentam na diferenciação a partir de geometrias rígidas. Essa arquitetura se fortalece do que a antecede. Heathrow Airplot, 2010 108 Renovação do Estádio “El Campín”, 2009 / Renovation of “El Campin” Stadium 109 Ecossistemas por trás do programa Outro tipo de arquitetura da paisagem que nos interessa especialmente é aquela que tem por finalidade dissolver o programa em busca de um novo ecossistema. Ou seja, a que faz da arquitetura uma infraestrutura que possibilita dar suporte a ecossistemas que, de outro modo, não teriam como coexistir nesse território e que se tornam pertinentes, sobretudo em um meio urbano. Complexo de Piscinas, 2008 / Swimming pool complex Tempo atmosférico Não nos estabelecemos em um vazio; nos localizamos em espaços geográficos, carregados de elementos naturais. O projeto não se separa dos fenômenos atmosféricos: os incorpora como matéria cambiante da arquitetura. As delimitações formais são receptoras do tempo. Complexo de Piscinas, 2008 / Swimming pool complex 110 Venecia, 2007 111 Arte e arquitetura Elaboramos processos que possam ser atravessados pela arte, mas, ao fim, poucos produtos arquitetônicos ocupam essa circunstância. O resultado dos projetos se distancia da condição de obra de arte e busca o essencial do processo de elaboração. Temos afinidade com relação à necessidade de alcançar o sentido do mundo com nossas buscas. A arte também é uma maneira eficaz de construir uma ponte entre a arquitetura e outras disciplinas. Modelos As maquetes e os desenhos pretendem antecipar-se à realidade; reconhecemos ser inacessível o evento real ou concreto e trabalhamos com essas ferramentas buscando prever o tempo, as modificações dos lugares, os futuros comportamentos, a visualização. Complexo de Piscinas, 2008 / Swimming pool complex Não são imagens concretas, mas questionamentos, investigações espaciais. The task of grouping the work of Paisajes Emergentes from the concept of form – scale – program – geographic Ecosystems behind the program placing - materiality – would be difficult and, at first, too simple, as it would intend to elaborate a synthesis of Another type of landscape architecture that particularly interests us is that one which objective is to dissolve elements. Even knowing that those elements would be useful for a catalogue or a formal review, they would the program, in search of a new ecosystem. In other words, the one that turns architecture into infrastructure, possibly dissociate us from the initial character of this architecture. that supportd ecosystems which, otherwise, would not coexist in this territory, and which become pertinent, especially in the urban environment. I want to propose a displacement to the origin of the forms, to the world in which they are encircled, to the field that permits physical and conceptual stability to the dynamic elements which, linked to a number of intensities, Art and Architecture would build the projects of Paisajes Emergentes. We elaborate processes that can be crossed through the art but, at the end, very few architectural products are filled with this circumstance. The result of the projects becomes distant from the condition of work of art Emerging Landscape and pursues the essential in the elaboration process. We somehow connect to the need to achieve the world’s There are essential conditions of the places. The conditions vary according to the objective of the observer. meaning with our searches. The architectural project does not begin with a blank sheet; there is some prior history to the architecture: a Art is also an effective way to build a bridge between architecture and other disciplines. physical and geographic place, a story, the memory, the user. Models Projects are mechanisms that complement and reveal the forces of the place, the unpredictable character of The models and drawings try to anticipate the reality; we admit that the real or concrete event is inaccessible nature, its violence, the subtlety of the hours. and we work with these tools, trying to search for a way to predict time, the places’ modifications, future behaviors, visualization. Some operations tend to the mimesis and others are radically sustained in the differentiation of rigid geometries. This architecture is strengthened by what precedes it. They are not concrete images, but questionings, spatial investigations. Atmospheric weather We do not settle in an empty space; we are situated in geographic spaces loaded with natural elements. The project is not dissociated from the atmospheric phenomenon; it is incorporated as a mutable matter of the architecture. The formal delimitations are receptors of the weather. 112 113 Rivane Neuenschwander Digressões palatáveis / Palatable Digressions (2010) Placas de policarbonato, 16 tipos diferentes de temperos, fita adesiva Polycarbonate sheets, 16 kinds of different spices, adhesive tape 10 x 9.5 x 40 metros / meters Vista da instalação / Installation View, Malmö Konsthall, Malmö, Sweden Fotografia por / Photo by Rivane Neuenschwander Cortesia da artista; Galeria Fortes Vilaça, São Paulo; Stephen Friedman Gallery, Londres; Tanya Bonakdar Gallery, Nova Iorque / Courtesy the artist, Fortes Vilaça Gallery, São Paulo; Stephen Friedman Gallery, London; Tanya Bonakdar Gallery, New York. 114 115 Sob Medida / Custom made (2002) Vinil adesivo / adhesive vinyl Dimensões variáveis / Vista da instalação / variable dimensions installation view Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil Fotografia por / Photo by Eudardo Eckenfels Coleção / Collection Museu de Arte da Pampulha 116 117 Ex-votos expandidos / Expanded Ex-Votos (2010) Tinta acrílica sobre parede, sobre madeira / Dimensões variáveis / Vista da Instalação / Variable dimensions Installation View Sala Verónicas, Múrcia, Espanha / Fotografia por / acrylic paint on wall, on wood panels Photo by Rivane Murcia, Spain Neuenschwander Cortesia da artista; Galeria Fortes Vilaça, São Paulo; Stephen Friedman Gallery, Londres; Tanya Bonakdar Gallery, Nova Iorque / Courtesy the artist, Fortes Vilaça Gallery, São Paulo; Stephen Friedman Gallery, London; Tanya Bonakdar Gallery, New York. 118 119 Suspension Point (2008) Parede, pó da parede, chão de madeira / Dimensões variáveis / Wall, wall dust, wood floor Variable dimensions Vista da Instalação / Installation View South London Gallery, Londres, Reino Unido / South London Gallery, London, UK Cortesia da artista; Galeria Fortes Vilaça, São Paulo; Stephen Friedman Gallery, Londres; Tanya Bonakdar Gallery, Nova Iorque / Courtesy the artist, Fortes Vilaça Gallery, São Paulo; Stephen Friedman Gallery, London; Tanya Bonakdar Gallery, New York. Fotografia por / Photo by Andy Keate 120 Fotografia por / Photo by Rivane Neuenschwander 121 Biografias Foi bolsista do programa Virtuose do Ministério da Cultura e já expôs seus trabalhos no RIBA, Londres; Bienal de Arquitetura de Veneza, Victoria & Albert Museum, Londres; Fernando Maculan Pavillon de l’Arsenal, Paris; 29a Bienal de Arte de São Paulo; 5a Bienal de Arquitetura de Arquiteto formado pela Escola de Arquitetura da UFMG em 1997; Sócio- São Paulo, entre outros. Publicou os livros “Em Obras: História do Vazio em Belo fundador a Mach Arquitetos, com Mariza Machado Coelho, desde 2011. Horizonte” (CosacNaify, 1999), “O Condomínio Absoluto” (C/Arte, 2009), e é um dos Entre os projetos recentes da MACh destacam-se as novas sedes do organizadores de “Espaços Colaterais” (Cidades Criativas, 2008). Grupo Galpão e do Uakti, o Pólo de Audiovisual de Cataguases e o Parque Científico e Tecnológico de Itajubá (em parceria com BCMF Arquitetos). Stéphane Huchet Professor associado na Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Possui participações e premiações como arquiteto, cujos destaques são: Gerais. Pesquisador do CNPq e membro do Comitê Brasileiro de História da Arte. Vencedor do Concurso de Arquitetura para a Nova Sede e Centro Cultural Graduado em Histoire pela Université de Haute-Bretagne (1981), graduado em Histoire do IAB-MG, com Ana Cláudia Valle e Rafael Yanni em 1998; Sócio- de l´art et archéologie pela Université de Paris IV, Paris-Sorbonne (1982); mestre em fundador do escritório AUA – Arquitetos Urbanistas Associados, 1999- Artes pela Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne) em 1984, doutor em Histoire et 2004; Vencedor do Antwerp Diamond High Council Awards 2003 e do Théorie de l’art, Formation “Formes, Signes, Représentation”, pela École des Hautes Prêmio Innovation and Uniqueness in Design Hong Kong 2006 com a jóia Études en Sciences Sociales em 1990 e pós-doutor no tema “Documentar a arte, Hidra, em parceria com Adriano Mol; colaborador do escritório de uma investigação sobre os espaços e suportes de apresentação, documentação e arquitetura Hayano Gumi em Yamanashi em Tóquio, 2004-2005; Premiado construção da memória da arte”, pela Université de Haute-Bretagne, Rennes II, na XIII Bienal de Design Gráfico do Brasil – ADG, com o projeto de em 2008-2009. sinalização da Orla e Parque Ecológico da Pampulha, com Mariana Hardy, 2006; Integrante do Laboratório Piracema de Design, desde 2006; Tem experiência na área de Artes, com ênfase em História, Teoria e Crítica das Artes, Integrante do projeto Designing Across Boundaries, Londres 2007-2008; atuando principalmente nos seguintes temas: arte contemporânea, práticas espaciais Integrante da representação brasileira no London Festival of Architecture, tanto artísticas quanto arquitetônicas, exposição e museologia. 2008; Membro do juri do Design for our Future Selves Awards 2008 no Royal College of Art - Helen Hamlyn Centre; Colaborador do Grupo Corpo Edgar Mazo Companhia de Dança, desde 2008; Integrante da representação brasileira Arquiteto formado pela Universidad Nacional de Colombia, mestre em Arquitetura na Bienal de Arquitetura de Daejeon, Coréia, 2009. Em 2010 foi professor Moderna pela mesma instituição em 2006. Foi professor da Universidad Pontificia da disciplina Projeto na Escola de Arquitetura da UFMG. Bolivariana, em Medellín e um dos fundadores do grupo Paisajes Emergentes, juntamente com os arquitetos Sebastián Mejia e Luis Callejas em 2007. Carlos Teixeira 122 Arquiteto formado pela Escola de Arquitetura da UFMG em 1992 e mestre O grupo Paisajes Emergentes participou de diversos eventos internacionais, como a em Urbanismo pela Architectural Association de Londres em 1994. XVII Bienal do Chile; o congresso Arquine, no México; a segunda Bienal de Canárias em Fundador do escritório Vazio S/A Arquitetura e Urbanismo em 2002, da Barcelona, Espanha; a décima primeira Bienal de Veneza e a exibição Hidrocity, na produção de móveis Casa Design Brasileiro com Helena Teixeira Rios e da Galeria Livre de Toronto, Canadá. Os integrantes do grupo foram palestrantes associação “Arquitetos sem Fronteiras” em 2004 (já extinta). convidados da Havard University Graduate School of Design, Bauhaus Weimar, Arizona 123 State University (com o tema “Paisagens das Américas”), Universidade de Toronto, Universidade de Waterloo, Escola da Cidade em São Paulo, entre outros. Fernando Maculan Architect graduated at the School of Architecture of UFMG in 1997; founding partner of MACh Arquitetos, with Mariza Machado Coelho, since 2011. Recent projects of MACh include: the head offices of Grupo Galpão and Uakti, the Audiovisual Pole of Cataguases, and the Scientifical and Technological Park of Itajubá (in Dentre as premiações que o grupo Paisajes Emergentes possui, os destaques são: partnership with BCMF Arquitetos). Terceiro lugar no Centro de investigação marinha, Colômbia, 2010; Prêmio Iakov Fernando Maculan has realized partnerships and received many awards as an architect, including: winner of Chernikhov, 2010 - Top 10 indicados; XIII Lapiz de Acero, Bogotá, 2010; Segundo lugar the Architecture Contest for the New Head Office and Cultural Center of IAB-MG, with Ana Claudia Valle and no Townshift International Competition, Canadá, 2010; Primeiro lugar no projeto de Winner of the Antwerp Diamond High Council Awards 2003 and the Innovation and Uniqueness in Design renovação do Estádio El Campin, Bogotá, 2009; Terceiro lugar no projeto do parque Award, Hong Kong 2006, with the Hydra Jewel, in partnership with Adriano Mol; Collaborator in architecture cultural de Valparaíso, Chile, 2009; Segundo lugar no projeto La Aurora Jardim de Brazil – ADG, with the signalization project for the Border and Ecological Park of Pampulha, with Mariana Infância, Medellín, 2009; Menção honrosa no projeto do Centro Cultural Bicentenário de Hardy, 2006; Participant in the Laboratório Piracema de Design, since 2006; Participant in the project Bogotá, Colômbia, 2008; Segundo lugar no projeto de renovação do Centro Histórico de Festival of Architecture, 2008; Member of the jury of Design for our Future Selves Awards 2008 at Royal Barranquilha, Colômbia, 2008; Segundo lugar no projeto de transformação do aeroporto College of Art - Helen Hamlyn Centre; Collaborator in Grupo Corpo Companhia de Dança, since 2008; de Quito em parque urbano, Equador, 2008; Terceiro lugar no projeto Bowling Alley of Architectural Project at the School of Architecture of Universidade Federal de Minas Gerais, 2010. Building for the South American Sport Games, Colômbia, 2008; Projeto finalista do concurso internacional da revista G2: Venice Lagoon Park, Espanha, 2007 e segundo lugar no IX Arquine Competition, México, 2006. Rafael Yanni,1998; Founding partner of AUA Office – Arquitetos e Urbanistas Associados, 1999 - 2004; office Hayano Gumi in Yamanashi and Tokyo, 2004-2005; Awarded in the XII Biennial in Graphic Design of Designing Across Boundaries in London, 2007-2008; Constituent of the Brazilian representation in the London Participant of the Brazilian committee in the Biennial of Architecture in Daejeon, South Korea, 2009; Professor Carlos Teixeira Architect graduated at the School of Architecture of UFMG in 1992, Masters Degree in Urbanism at the Architectural Association of London, 1994. Carlos Teixeira was founder of Vazio S/A Arquitetura e Urbanismo in 2002, furniture production in Casa Design Brasileiro, with Helena Teixeira Rios, and also the Architects Without Borders Brazil in 2004 (already extinct). Rivane Neuenschwander Carlos Teixeira received a scholarship from the Virtuosa program, of the Ministry of Culture in Brazil, and has Artista plástica formada pela Escola de Belas-Artes da Universidade Federal de Minas exposed his works at the RIBA of London, the Venice Biennial of Architecture, the Victoria & Albert Museum, Gerais em 1994, foi artista residente no Royal College of Art de Londres em 1996-1998. in London, the Pavillon de l’Arsenal, in Paris, the 29th Biennial of Art in São Paulo, the 5th Biennial of Rivane realizou diversas exposições individuais, entre elas: A Day Like Any Other, New 1999), “O Condomínio Absoluto” (C/Arte, 2009), and is one of the organizers of “Espaços Colaterais” Museum, Nova York, EUA/ At a Certain Distance, Malmö Konsthall, Malmö, Suécia/ (Cidades Criativas, 2008). Dominó Caníbal [PAC MURCIA 2010]: Rivane Neuenschwander, Sala Verónicas, Múrcia, Stéphane Huchet Espanha (2010); Suspension Point, South London Gallery, Londres, Reino Unido (2008). Huchet is an Associated Professor at the School of Architecture of UFMG. He is a CNPq researcher and Architecture in São Paulo. Published the books “Em Obras: História do Vazio em Belo Horizonte” (CosacNaify, member of the Brazilian Committee of History of Art. Graduated in History, at the Université de HauteBretagne (1981); Graduated in History of Art and Archeology at the Université de Paris IV, Paris-Sorbonne As exposições coletivas de destaque são: In Living Contact, XXVIII Bienal Internacional (1982); Masters Degree in Arts at the Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne) (1984); doctorate degree in de São Paulo, São Paulo, Brasil (2008); Como viver junto (How to Live Together), XXVII Sociales (1990) and Post-doctorate degree in “Documenting art, an investigation on spaces and presentation Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil (2006); 51. Esposizione Internazionale d’Arte, supports, documentation and construction of the memory of the art”, at the Université de Haute-Bretagne, History and Theory of Art, “Formes, Signes, Représentation”, at the École des Hautes Études en Sciences Rennes II (2008-2009). Biennale di Venezia, Veneza, Itália (2005); Um e/entre outro/s, XXIV Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil (1998). 124 Huchet has experience in Arts, with emphasis in History, Theory and Art Criticism; his research focus is in contemporary arts, spatial practices, both artistic and architectonical, exhibits and museology. 125 Edgar Mazo Architect graduated at the the Universidad Nacional de Colombia, with Masters Degree in Modern Architecture at the Universidad Nacional de Bogotá, Colombia (2006). Mazo was professor at the Universidad Pontificia Bolivariana, in Medellín and one of the founders of the group Paisages Emergentes, with the architects Sebastián Mejia and Luis Callejas in 2007. Paisages Emergentes has participated in many international events, such as the XVII Biennal of Chile, the Arquine Conference, in Mexico, the 2nd Biennal of Canárias, in Barcelona, the 11th Biennal of Venice, and the exhibit Hidrocity, to the Free Gallery of Toronto, in Canada. The group has also been invited to speeches at Havard University Graduate School of Design, Bauhaus Weimar, Arizona State University (with the theme “Paisagens das Américas” [Landscapes of the Americas]), Toronto University, Waterloo University, Escola da Cidade (SP, Brasil), among others. The group has also won many awards, such as: third place in Center of Marine Investigation, Colômbia, 2010; Iakov Chernikhov award, 2010 – Top 10 nominated; XIII Lapiz de Acero, Bogotá, 2010; second place in Townshift International Competition, Canada, 2010; first place in the project of restoration of the El Campin Stadium, Bogotá, 2009; third place in the project of the cultural park in Valparaiso, Chile, 2009; second place in the project La Aurora Kindergarten, Medellín, 2009; honorable mention in the project of the Bicentenary Cultural Center of Bogota, Colombia, 2008; second place in the project of restoration of the Historical Center of Barranquilla, Colombia, 2008; second place in the project of transformation of Quito airport in an urban park, Equator, 2008; third place in the project Bowling Alley Building for the South American Sport Games, Colombia, 2008; finalist project of the International Contest of G2 magazine: Venice Lagoon Park, Spain, 2007 ad second place in the IX Arquine Competition, Mexico, 2006. Rivane Neuenschwander Artist graduated at the School of Beaux-Arts at the Universidade Federal de Minas Gerais (1994), was resident artist at the Royal College of Art of London (1996-1998). Rivane had made many individual exhibitions, among them: A Day Like Any Other, New Museum, New York, USA/ At a Certain Distance, Malmö Konsthall, Malmö, Sweden/ Dominó Caníbal [PAC MURCIA 2010]: Rivane Neuenschwander, Sala Verónicas, Murcia, Spain (2010); Suspension Point, South London Gallery, London, UK (2008). Neuenschwander has been part of collective exhibitions, including: In Living Contact, XXVIII Bienal Internacional de São Paulo, Sao Paulo, Brazil (2008); Como viver junto (How to Live Together), XXVII Bienal de São Paulo, Sao Paulo, Brazil (2006); 51. Esposizione Internazionale d’Arte, Biennale di Venezia, Venice, Italy (2005); Um e/entre outro/s, XXIV Bienal de São Paulo, Sao Paulo, Brazil (1998). 126 Concepção e Curadoria Tradução Prefeito de Belo Horizonte Conception and curatorship Diagramação da Publicação e Projeto Expográfico Translation Belo Horizonte’s Mayor Fernando Maculan Editorial and Exhibition design Rafael Fontenelle Marcio Araujo de Lacerda Revisão Revision Presidente da Fundação Municipal de Cultura Equipe realizadora Equipe Realizadora Coarquitetura team Projetos em Exposição Ana Luiza Magalhães Exhibited projects Fernanda Branco Polse Municipal Foundation of Culture President Ana Paula Emídio Alice Nogueira Multilínguas Cursos e Traduções Thaïs Velloso Cougo Pimentel Cecília Reis Ana Luiza Magalhães Débora Andrade Ana Paula Emídio Assessoria de Imprensa Gabriel Jota Carolina Gomes Press Release Diretoria de Políticas Museológicas Jéssica Passos Cecília Reis Pessoa Comunicação Directorate of Museological Policy Lucas Durães Cibele Eller Rodrigues Natália Freitas Débora Andrade Vídeos Rafael Gil Estevam Gomes Videos Thomas Whyte Eric Crevels 27frames Departamento do Museu de Arte da Pampulha Fernanda Campos Chá Gelado Department of Pampulha Art Museum Silvana Maria Leal Cóser Coordenação de Produção Gabriel Jota Production Coordination Jéssica Passos Fotografia das Instalações Aline X Juliana Drummond Installations photos Divisão da Casa do Baile Lucas Durães Gabriel Castro Casa do Baile’s division Tereza Bruzzi de Carvalho Autoria das Instalações Luiza Silva Installations Authors Luiz Felipe Brito Gestão Financeira SOMA Marco Aurélio Furtado Financial Management Cecília Reis Maria Clara Cerqueira Sinergia Gestão de Projetos Culturais Débora Andrade Mateus Jacob DERIVA Natália Duarte Cenotécnica Lucas Durães Natália Freitas Assembly team Rafael Gil Rafael Gil Ademir Agostinho Raphaela Helena Aguiar Joaquim Agostinho Conceito Gráfico Renata Bottoni Márcio Agostinho Graphic Concept Thais Soki Ricardo Januário Hardy Design Thomas Whyte Álvaro Américo Moreira Sales Vitor Lagoeiro 128 129 18 de junho de 2011 Evento de Abertura Opening Event 18 de junho - 21 de agosto de 2011 Exposição de projetos e instalações temporárias Exhibit of projects and temporary installations 23, 24, 25 e 26 de junho de 2011 Oficina com Paisajes Emergentes (Colômbia) Workshop with Paisajes Emergentes (Colombia) 28 de junho de 2011 Palestras com Stéphane Huchet e Edgar Mazo - Paisajes Emergentes Lectures with Stéphane Huchet and Edgar Mazo - Paisajes Emergentes Apoio Cultural / Cultural Support 30 de junho de 2011 Palestras com Carlos Teixeira, Marcelo Drummond e Rivane Neuenschwander Lectures with Carlos Teixeira, Marcelo Drummond and Rivanne Neuenschwander Apoio Institucional / Institutional Support Patrocínio / Sponsorship 14 de setembro de 2012 Lançamento deta publicação no evento Noite Branca no Parque, Parque Municipal de Belo Horizonte The Catalogue Launch in Noite Branca no Parque event, at Parque Municipal Esta publicação foi composta nas fontes Bodoni (em suas versões regular italic e demibold italic) e www.co.arq.br Univers (em suas versões light, light italic, roman, bold, bold italic e black). Foi utilizado papel offset alta alvura 90g para o miolo e papel offset alta alvura 240g para a capa. Impressão Rona Editora. ISSN 2316-1930