Nutrition for Tomorrow

Transcrição

Nutrition for Tomorrow
N˚ 05 - ANO 03
MARÇO/2011
A REVISTA DA PRODUÇÃO ANIMAL
Nutrition for
Tomorrow
COBERTURA
COMPLETA
Cooperativismo
CAPAL | Adilson Roberto Fuga
COOASGO | Jair Antonio Borgmann
COOPERALFA | Cládis Jorge Furlanetto
BATAVO | Jan Van Der Vinne
www.nftalliance.com.br
O ONTEM É
NOSSO ORGULHO.
1995. Nascia a Nutron.
Com o ideal de mudar a história
da nutrição animal, ousadia e
grande expertise, em apenas
3 anos a empresa já era líder
nacional em seu segmento.
O AMANHÃ É
NOSSO PRESENTE.
Nutron - 16 anos de história,
construindo o futuro da
nutrição animal.
Depois de 16 anos de inovação,
ao olhar para trás, você pode ver
que o objetivo de revolucionar o
mercado da nutrição animal foi
realizado. E, olhando para frente,
pode ver a Nutron já escrevendo
o futuro desta história.
shaping tomorrow’s nutrition
N˚ 05 I ano 03 I Março/2011
Expediente
A REVISTA NT é uma publicação
trimestral da Nutrition for Tomorrow
Alliance, distribuída gratuitamente para
a cadeia da produção animal.
Comitê NT Alliance
Nutron Alimentos – Alessandro Roppa
Valefert – Thais Martins
Jornalista responsável:
Riba Velasco - MTB 2368 - PR
ADRIANO MARCON
Diretor Presidente
Provimi Latin America
Redação:
Riba Velasco - MTB 2368 - PR
Revisão:
QUÊS – Ateliê de Comunicação
Foto da capa:
César machado - Agrostock
Projeto gráfico e diagramação:
Produção Coletiva
www.producaocoletiva.com.br
Impressão:
Silvamarts
Tiragem:
15 mil exemplares
Contato:
[email protected]
A revista em formato eletrônico pode ser
acessada no site www.nftalliance.com.br
Nutrition for Tomorrow Alliance é um
projeto, desenvolvido e administrado
pela Nutron Alimentos, que reúne
empresas do setor da produção
animal, concentrando o melhor capital
humano e fornecendo conteúdo
técnico para gerar e fortalecer a
sustentabilidade dos clientes.
A REVISTA NT é uma publicação
dirigida a produtores, empresários,
técnicos, pesquisadores e
colaboradores ligados à cadeia de
produção animal. Os artigos assinados
não expressam necessariamente a
opinião da revista. O conteúdo dos
artigos é de responsabilidade dos
autores. Não é permitida a reprodução
parcial ou total das reportagens e dos
artigos publicados sem autorização.
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NT #5
COMITÊ NFT ALLIANCE
ADRIANO MARCON,
Nutron Alimentos
VILSON ANTONIO SIMON
Intervet/ScheringPlough Animal Health
PAULO ROBERTO DE
CARVALHO E SILVA,
Serrana Nutrição Animal
Ter a resposta para perguntas que ainda não foram feitas. Partilhar
metas e conjugar resultados. A Nutrition for Tomorrow Alliance encerra
2010 depois de muito trabalho, diversas vitórias e comunhão com os
parceiros. Uma etapa intensa. Um ano de sucesso com nossa experiência de marketing corporativo no agronegócio. A cada desafio, uma
solução. www.nftalliance.com.br: a plataforma de comunicação que
cresce na rede mundial. A versão da revista que contempla o universo
latinoamericano. Avicultura, suinocultura, pecuária de corte e leite interligadas em eventos com os melhores profissionais do setor. Agora, a sua
Revista NT descortina mais uma etapa e de cara nova.
Uma identidade visual moderna para celebrar 2011 e deixar nossos amigos da cadeia produtiva com um conteúdo ainda mais atraente. Antecipar-se aos acontecimentos. Nosso negócio envolve uma
parte sensível da cadeia de carnes, que é a nutrição dos plantéis. O
futuro traz boas novidades no campo econômico, com previsão de
continuidade do crescimento, aumento da renda das famílias e do
consumo de proteína animal. Mas também um panorama de elevação no preço dos grãos, o que exige de todos os profissionais mais
criatividade para oferecermos soluções interessantes e lucrativas
para os clientes.
A nutrição do amanhã se faz com alianças estratégicas, novas
ferramentas, trabalho cooperativo, profissionalização, treinamento,
criação e difusão de boas ideias, dinamismo e tecnologia. Palavras
que fazem sentido para todos nós que integramos a Alliance. Conceitos que ganharam o Brasil, avançaram pelas Américas, chegaram
ao mundo.
Bem vindos ao futuro!
ÍNDICE
NT
Caros amigos,
O ano 2011 inicia-se com as atenções voltadas ao aumento dos
preços dos grãos e a nova inflação dos alimentos. Estes fatos têm
causado preocupação nas cadeias produtivas, principalmente de
aves e suínos. Embora os preços internacionais das carnes tenham
subido, a valorização do Real tem impedido que nossa indústria se
beneficie integralmente destas altas. Nos últimos dois anos, 40% do
aumento de preços das commodities tiveram seu impacto reduzido
pelo câmbio no Brasil. Assim, uma commodity cujo preço subiu 10%
no mercado internacional, teve alta de 6% em Reais.
O cenário de 2011 é promissor do ponto de vista da demanda
(país cresce, consumo de carnes cresce), mas desafiador do ponto
de vista dos custos de produção.
A Revista NT tem o propósito de difundir inovações nas áreas técnica e de negócios relacionadas à produção de aves, suínos,
bovinos de corte e bovinos de leite. Além disso, a Revista NT tem
dedicado uma atenção especial à área de negócios, com análises
de mercado, tendências na indústria e casos inspiradores de empreendedorismo. Com isso, a Revista NT também proporciona oportunidades de benchmarking e de expansão da rede de relacionamento
aos empresários.
Nesta edição, trazemos artigos técnicos que contribuem para
vencermos os desafios de custo através do aumento de produtividade. Além disso, temos a experiência de empresas vencedoras, cujos
líderes compartilham sua experiência e suas estratégias para 2011.
Encontramos na entrevista do amigo Cladis, os valores cooperativos
e a receita de sucesso que tem feito a Cooperalfa uma cooperativa
de referência pelo seu cuidado com o produtor e pela seriedade de
sua gestão. A Capal traz seu modelo de cooperativa – empresa que
se destaca pelos seus padrões de governança e gestão. A Batavo
mostra como o legado da cultura Holandesa, há 100 anos na região,
contribuiu para a criação de uma organização próspera e profissional. Finalmente, temos o exemplo da Cooasgo, cujos investimentos
na suinocultura têm agregado valor aos grãos do MS. Tem de fato
motivos para comemorar o Presidente Jair Borgman, após ter triplicado o faturamento da cooperativa nos últimos três anos.
Em 2011 continuaremos trazendo informações técnicas e cases
empresariais para fortalecer a competitividade de nossa comunidade de negócios.
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Giro na Produção Animal
GESTÃO
8 | IV WORKSHOP
18 | A VALORIZAÇÃO
DO AGRONEGÓCIO
GESTÃO ESTRATÉGICA DE
SUPRIMENTOS
NOTÍCIAS
20 | BALDEDE
26 | MARKETING
OUROANUNCIAOS
TRENDS APONTA
MAIORESPRODUTORES AS TENDÊNCIAS DO
DELEITEDOBRASIL
AGRONEGÓCIO
MERCADO
34 | PERSPECTIVAS
28 |
30 |
32 | NFT ASSINA
NFT E AS PARCERIA DE ALIANÇA COM
A COMPANHIA
REDES
CAMPEÕES
GLOBAL INTERVET/
SOCIAIS
SCHERING-PLOUGH
ANIMAL HEALTH
2011/2014
BOVINOS DE CORTE
38 | ALIANÇAS
40 | OTIMIZAÇÃO DE
MERCADOLÓGICAS NA
PECUÁRIA DE CORTE
PROCESSOS, FERRAMENTA
OU HÁBITO?
BOVINOS DE LEITE
44 | PROGRAMA
50 | NUTRIÇÃO
TANQUE CHEIO
X ALIMENTAÇÃO
PARTE 1
AVES
82 | POR QUE HORMÔNIOS
NÃO SÃO USADOS NA
ALIMENTAÇÃO DE FRANGO DE
CORTE
SUÍNOS
92 | MANEJO DE
VERÃO: CUIDADOS NA
LACTAÇÃO
54 | CADERNO
ESPECIAL NUTRON
TECNOLOGIA NA
PECUÁRIA LEITEIRA
86 | ESTRESSE CALÓRICO
E O EQUILÍBRIO ÁCIDOBÁSICO
96 | QUANDO INVESTIR
EM UM ADITIVO?
NUTRIÇÃO DO AMANHÃ
100 | NUTRIÇÃO E MEIO AMBIENTE: O
QUE DEVE MUDAR NA NUTRIÇÃO PARA
ATENDER ESTAS NOVAS EXIGÊNCIAS?
104
Cooperativismo
CAPAL
106
Cooperativismo
COASGO
108
Cooperativismo
COPERALFA
112
Alta Gerência e
Empreendedorismo
BATAVO
118 | Agenda
NT #5
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GIRO
NOVA LINHA
NUTRONNÚCLEO
PARA SUÍNOS.
na produção
animal
O que você está
vendo no seu dia
a dia referente à
produção animal?
“Para se vender mais carne suína a saída é investir dinheiro, muito dinheiro, e
ter comando unificado, nas mãos das entidades. Trabalho criativo, diferenciado.
Se não for assim, não façam. Guardem o dinheiro. Não existe problema para fazer
publicidade com o suíno. Sejam arrojados. Loucos. Surpreendam. Marquem posição. Enalteçam as qualidades. Brinquem com os mitos e as controvérsias. Ironizem
as contradições. Gastem dinheiro. Mantenham a carne no ar. Façam publicidade
e invistam em marketing. E aproveitem. Não existe problema algum para fazer
publicidade com o suíno”.
Três novos programas para uma escolha certeira.
Washington Olivetto
Publicitário
Altíssimo desempenho.
Para suinocultores exigentes
e tecnificados que desejam
explorar o máximo potencial
produtivo do plantel.
Alto desempenho técnico e
econômico. Para suinocultores
que estejam em uma trajetória
de ampliação sustentável
de seus negócios.
“Observando o plano internacional, o
ano de 2011 será marcado pela retomada
da produção mundial, firme, mas em níveis
mais discretos, confirmando que teremos
de conviver com taxas de crescimento mais
suaves. O positivo é que a retomada, tanto
de produção quanto de demanda, deverá
atingir inclusive os países desenvolvidos - mais
afetados pela crise - e que são extremamente
importantes para o Brasil do ponto de vista de
exportações. Quanto ao Brasil, os prognósticos
são de que cresça pelo menos o dobro das médias mundiais, graças ao binômio virtuoso de
retomadas das importações internacionais e
continuidade da firmeza da demanda interna.
Grãos terão seus preços mantidos, o que
refletirá nos das carnes, na rentabilidade dos
produtores e, a médio prazo, poderá afetar a
demanda. Os preços de bovino seguirão em
alta, favorecendo internamente a ingestão
da carne suína, já que a de frango (em 44 kg/
capita) já se aproxima dos níveis de saturação”.
Osler Desouzart
ODConsulting, Brasil
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NT #5
“A produção animal está ganhando novos formatos, ajustandose à demandas crescentes que
surgem de lados completamente
distintos. Na produção, nossos caminhos precisam atender tanto as
demandas do consumidor quanto a
lógica da competitividade de mercado, ao mesmo tempo em que não
podemos perder o foco sobre as
novas tecnologias aplicáveis à
produção animal. Muitas vezes, são
pressões antagônicas, e o sucesso
está na capacidade de equilibrar
essas forças. Na suinocultura moderna, vivemos isso a cada dia, de
forma irreversível. Meio-ambiente,
produtividade, bem estar animal e
competitividade técnico-econômica
precisam andar juntos, ao contrário
do que observávamos num passado não muito distante.”
Glauber Machado
Integrall Soluções em
Produção Animal
“A concentração no setor de
carnes tem o ponto muito favorável
de tornar as empresas brasileiras
globais, facilitando o acesso da
carne brasileira ao mercado
externo. Isso é algo muito positivo
e que pode mudar o tamanho da
suinocultura brasileira. O lado negativo é que toda concentração gera
desconfiança de que o produtor
pode perder margem. Isto é, que o
ganho desses mercados beneficie
mais as empresas em detrimento
do produtor. Pessoalmente, acredito que esse ganho será repassado
ao produtor, seja em volume ou em
preço. De maneira geral, acredito
que a formação desses players
globais vai favorecer a participação
brasileira no mercado internacional
de carnes.”
Alexandre Mendonça
de Barros
Escola de Economia de
São Paulo (FGV)
Efetivo e econômico.
Para a obtenção de um
bom desempenho técnico
com total aproveitamento
dos nutrientes.
Os conceitos
mais modernos e as
últimas pesquisas em nutrição de suínos,
em três programas totalmente novos.
NUTRONNÚCLEO SUÍNOS
Excelência mundial em nutrição, convertida
em benefício para o suinocultor.
WWW.NUTRON.COM.BR
GESTÃO
IV WORKSHOP
GESTÃO
ESTRATÉGICA
DE SUPRIMENTOS
NA PRODUÇÃO
ANIMAL
Ampliar os conhecimentos de compradores e profissionais das agroindústrias que atuam na gestão de suprimentos sob o ponto de vista de especialistas do segmento. Este foi o resultado alcançado pelo IV Workshop Gestão Estratégica de Suprimentos na Cadeia de Produção Animal, realizado no Hotel Plaza Itapema, em Itapema, litoral norte de
Santa Catarina, entre os dias 27 e 29 de outubro de 2010. Em sua quarta edição, o Workshop é promovido pela NFT
Alliance, em parceria com instituições de ensino renomadas, como a Fundação Dom Cabral, e já se consolidou como
um dos melhores e mais completos no setor de produção animal, além de promover o networking dos participantes.
A Nutrition For Tomorrow Alliance é o resultado de uma parceria entre as principais empresas que representam os
diversos elos da cadeia produtiva de proteína animal, cujo objetivo é fornecer conteúdo de relevância para garantir a
sustentabilidade da produção animal. Os temas discutidos foram: “Cenário Político Econômico, “Gestão Estratégica
de Estoques na Cadeia de Suprimentos”, “Estratégia de Excelência Operacional em Compras”, “Mercado de Grãos e
Carnes”, “Riscos de Contaminantes nas Exportações”, “Otimização do Valor das MP´s para Nutrição Animal e Atualização de Mercado”, “Case sobre Gestão de Grãos” e “Perfil do Atual Profissional de Suprimentos”.
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NT #5
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depoimentos
Cidinei Miotto
Milton Serapião
“Gostaria de falar um pouco sobre os bons momentos que vivemos aqui. Em
primeiro lugar, ressaltar a fala do Adalberto Pioto, que abordou uma visão própria, levando-nos a fazer algumas considerações bem interessantes sobre política
econômica brasileira e o futuro político do nosso País, que está diretamente ligado
ao dia a dia do nosso trabalho e do futuro.
Da Fundação Dom Cabral, os professores Robert, Alexandre e Bruno trouxeram
conceitos e dicas para exercitarmos o raciocínio de como aplicar nas empresas a
criação de demandas, visando a melhoria do trabalho e caminhando para a autoperformance.
Alexandre Mendonça de Barros fez uma análise muito interessante da nossa
situação neste ano e o que podemos esperar para este ano no mercado de grãos e
de carne, deixando temas para refletirmos
Precisamos ficar muito atentos à situação dos grãos, milho e soja principalmente. Teremos um ano de bastante trabalho.
Gustavo Penz nos deixou uma visão interessante sobre o mercado mundial
de microingredientes, pois todo mundo fala em economia globalizada, do grande
parceiro comercial do mundo que é a China, porém sabemos que ninguém fica sem
comprar produtos chineses. E por isso, Penz destacou a importância de avaliar
com muito critério os fornecedores além mar. Ele também reforçou dois pontos
de preocupação para 2011, relacionados à Metionina e a Lisina, ambos produtos
importantes da nossa indústria.
Nosso amigo, Flávio - colega da CVale explanou sob o exemplo de empresas
globalizadas, preocupadas com qualidade e no binômio eficiente-eficaz. Eficiente
no que faz e eficaz no sentido de segregar grãos. Provavelmente ele tem vários
outros exemplos interessantes para ouvirmos no futuro.
Do Sindicado das Indústrias de Alimentação Animal – Sindirações, Ariovaldo falou das preocupações e das responsabilidades de cada um de nós. Todos que fazem
parte desta cadeia forte e importante para o Brasil precisam ter responsabilidade.
Fechando o evento, o professor Mandelli falou sobre empresas de alta performance: o que nós estamos tentando atingir. Todos que estão aqui, certamente querem transformar suas empresas em unidades profissionais de alta performance. E
realmente é esta a ideia. Juntando tudo isso, temos nossa organização que tentou
trazer o máximo de confraternização, momentos de conversa, troca de ideias e
intercâmbio de experiências, dando bastante tempo entre os intervalos para que
tivéssemos uma profunda integração.
Agradeço aos parceiros da NFT Alliance. E sem dúvida nenhuma, agradecer a
vocês que fizeram o sucesso do evento, ao pessoal da América Latina que esteve
conosco - muitos deles pela primeira vez – pois vieram de longe e esperamos que
voltem. Obrigado também a todas as empresas do Brasil que tiveram o prazer de
estar aqui conosco.”
“Este 4º Workshop foi um grande desafio. Principalmente para a gente, que acompanhou o primeiro, lá em Indaiatuba, com a participação de 80 pessoas e um programa muito
interessante. Foi ali que lançamos a ideia de reunir fornecedores, pessoas ligadas à área de
decisão de produto. Naquela ocasião, tivemos que montar uma agenda de apresentações
que provesse a essas pessoas algo de valor, que oferecesse capacitação para informações e
dados suficientes para a tomada de decisão. Então, a partir dessa época, o número de participantes só aumentou. E foi fácil alcançar isso. Afinal, temos conseguido um magnífico lugar
para o evento, uma excelente agenda de temas e palestrantes cada vez mais ilustres.”.
Diretor Comercial da Nutron
Esperamos todos no evento de 2011, com o desejo de que seja melhor ainda!
Obrigado!
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Elanco
Ilmo Welter
Presidente da Primato
“Foi um prazer participar do evento porque a Nutron representa nossa principal parceira, muito aberta em questão de qualidade, dos serviços prestados e dos produtos.
Nossa área de suínos conta hoje com 8.430 matrizes, distribuídas em 42 propriedades.
E nós temos nesse setor, focados na indústria, produtos 100% Nutron. Em conjunto
com a assistência técnica, a campo, dá uma representação de faturamento da cooperativa
em torno de 62%. Um resultado que ocorreu em decorrência deste trabalho desenvolvido
com a Nutron, que é uma empresa parceria não só na venda do produto, mas também na
assistência técnica, que é o foco bem representativo da cooperativa”.
Lourenço Lovatel
Gerente Comercial da Coperalfa
“É sempre um prazer e uma experiência muito grande estar aqui, porque, a cada evento,
podemos incrementar conhecimentos ao nosso meio, o que é uma das prioridades da Cooperalfa. Buscar inovação, novas tecnologias, novos trabalhos e até novos princípios de avaliação do
negócio. É um evento muito oportuno. Sem falar que o relacionamento com a Nutron vem de
anos, desde Indaiatuba, no primeiro evento, dez anos atrás. Nossa relação comercial não é mais
uma parceria e sim uma cadeia. A Nutron tem agentes junto dos nossos, produtos associados e,
da mesma forma, estamos agora aqui, para nos congraçarmos em novas tecnologias e a base
que motiva tudo”.
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depoimentos
Jair Meyer
Cooperativa Agroindustrial Lar
“Como sempre, todo ano é surpreendente. Tivemos boa recepção, palestras de alto nível
que, com certeza, vem agregar a nós, que somos a parte da cadeia que busca os componentes
da alimentação animal e as outras empresas que fazem parte deste conjunto. Na verdade,
a Nutron e a Lar têm um trabalho conjunto há muitos anos. Nós estamos inseridos na cadeia avícola há mais de dez anos. Trabalhamos com bovinos, suínos, produzindo ração para
o sistema de integração que temos com a Cooperativa Central Frimesa. O trabalho é sempre
muito profissional entre as empresas. A cooperativa atua com outras empresas do setor, mas
sempre preocupada com a qualidade dos produtos. E a Nutron é uma das empresas que prima
pelo padrão elevado de qualidade, vindo com toda uma assistência técnica ligada aos produtos. Por trás disto tem um trabalho muito sério, de toda a equipe técnica designada”.
Flávio Paulert
Gerente de Produção Avícola de CVale
“O Worksop foi muito movimentado, a participação é grande, gente do país inteiro,
congregando 70% da produção de frangos do Brasil. Aqui estão as pessoas que fazem as
compras para as empresas e eles estão aprendendo a fazer isso da melhor maneira possível. E destaco que a CVale e a Nutron são parceiros de longa data. Produzimos frango
e a Nutron produz micronutrientes e premix. É uma união profícua e que se solidifica a
cada ano que passa”.
Marcos Farah
Coordenador de Confinamiento da
Brasil Foods
“Ótimo! O local é muito bom, o pessoal da Nutron é muito atencioso e fez uma pauta muito
interessante. Quer ajudar a gente, agregar valor à nossa cadeia, auxiliando nosso comprador a
ter uma noção melhor do negócio. A Nutron é uma empresa bem focada nos objetivos, que é
reduzir custos e garantir qualidade e segurança alimentar para seus clientes. É uma empresa
muito profissional, muito focada mesmo”.
Fábio Maia
Gerente da Veracruz Agropecuária
“Foi extremamente enriquecedor em termos de conteúdo. O foco das palestras foi excepcional, muito valioso para mim como experiência e conhecimento adquiridos. Coisas extremamente práticas, para implementação imediata. Para nós, que lidamos com compras de insumos e
precisamos tomar decisões rápidas, as ferramentas apresentadas vão ser de suma importância
num ambiente econômico de preços elevados nos insumos, quando é necessário manter a competitividade. A Nutron está com a gente desde 2005, sempre atuando como parceiro, não só
com produtos, mas tendo foco nos negócios. Estamos cada vez mais juntos em todas as ações,
incluindo este workshop”.
Eduardo Fernandes
Coordenador de Compras da Cobb
“Não é o primeiro evento que participo, pois fui a todos. E é sempre um prazer ser chamado
pela Nutron. E também agradeço à Cobb por me liberar. O workshop traz um quadro de docentes muito bom. Foram dois dias com palestras que só acrescentam em nosso currículo e em
nossa sabedoria. E falar da Nutron é mais fácil ainda porque é uma parceria que nos transmite
confiança, tanto no produto como na entrega. É uma honra para uma empresa que precisa
desta qualidade. Principalmente com os colaboradores que nos atendem. São pessoas que podemos contar sempre e nos dão grande confiabilidade no produto.
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depoimentos
Ivan Vallon
Gerente de Compras da Noelma (Argentina)
“O encontro foi muito bom. Construtivo, interessante, com temas muito positivos e produtivos. E a nossa vinculação com a Provimi já tem aproximadamente oito anos. Trabalhamos
com muita energia e planejamento nessa união”.
Emílio Cura
Solla (Colombia)
“Acho que é um evento de grande magnitude e muito interessante pelo enfoque das palestras. Nossa empresa é muito importante na Colômbia e a Provimi é uma das principais
empresas de aditivos do mundo. O relacionamento existe faz tempo e podemos ampliar ainda
mais essa parceria”.
Andrez Luz
Solla (Colombia)
“Nossa participação foi muito boa. As conferências são atuais e eventos assim são muito
importantes para a América Latina, para conhecermos o que está se passando no mercado.
A relação da empresa com a Provimi é muito boa, faz muitos anos e estamos exatamente
tentando fortalecê-la e ampliá-la ainda mais”.
Pablo Millauro
Pacuca S/A (Argentina)
“Nossa participação no evento foi muito interessante. E ainda tivemos uma jornada em
Campinas, além de visitar a instalação da Provimi, em Itapira. É uma unidade de alto nível,
muito interessante. Foi uma viagem inteira muito proveitosa. Temos uma relação direta com a
Provimi, eles são os nossos maiores provedores. E temos ainda um contrato de ida e volta, já
que em uma de nossas instalações elaboramos produtos da Provimi para outras empresas”.
Felipe Pardo
Itacol (Colombia)
“Foi um evento muito importante, sobretudo para estreitar ainda mais o vínculo entre nossa companhia e a Provimi. Conheci a fábrica e o laboratório, que são impressionantes. Mantive
contato com todos que fazem compras, pois é minha atividade principal na empresa e, assim,
vou conseguir ajudar ainda mais nessa parceria. Estamos juntos há três anos e sabemos da
excelência de todos os aditivos comercializados e estamos fazendo esforços conjuntos para
nossa ligação ser ainda maior”.
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Daniel Dagiovani
Globoaves (Argentina)
“É um evento muito importante para nós, pois estamos conseguindo ter uma boa visão do
que está sendo feito fora do nosso país. Assim, podemos levar para aplicarmos lá, melhorando
a nossa produção. A Globoaves e a Provimi estão trabalhando diretamente há dez anos, com
aves reprodutoras. São ações conjuntas, fortes, comuns, integradas. E ambas estão crescendo
muito graças a isto”.
Julian Rengifo
Cercafé (Colombia)
“É minha primeira vez em eventos assim. E ficou muito acima de minhas expectativas por
tudo o que se falou sobre alimentos concentrados, que é a base do meu trabalho em minha empresa. Foi surpreendente conhecer as unidades de Campinas e Itapira. Eu não tinha ideia das dimensões, apenas referências. O laboratório é definitivamente espetacular. E uma das coisas que
mais chamou atenção é a forma com que fazem a auditoria em todo o processo. A telemetria foi
muito interessante de conhecer. Vai ajudar demais, depois que fizermos os primeiros contatos
com a Provimi da Colômbia. Atuamos em suinocultura e deixamos claro aos nossos produtores
o tipo de resultado que podemos alcançar usando a tecnologia da Provimi”.
Rafael Reyes
Meria (México)
“Foi um evento muito interessante. Gostamos de estar neste país, compartilhando com gente que trabalha com frangos. As questões vividas pela avicultura brasileira são muito semelhantes às do México. Os temas também. É claro que também temos diferenças na produção, mas,
em termos gerais, consideramos interessante conhecer o que se passa aqui. E as instalações
que conhecemos são de um nível tecnológico altíssimo, as condições de bioseguridade também.
A Provimi tem uma qualidade muito grande nas misturas. Somos clientes da Provimi e creio termos uma relação limpa, sã e cordial. E estamos satisfeitos com os produtos oferecidos. Espero
que a relação dure muito tempo”.
Gabriel Perez Valadez
Guadalupe (México)
“Foi um evento que nos enriqueceu muito. Conhecemos mais detalhes da produção brasileira, que é referência mundial, com grande produção e tecnologia. Um modelo para seguirmos.
No mesmo sentido, a Provimi, que está chegando ao México, pode nos dar segurança em levar
adiante algum tipo de negócio por sabermos do que podem fazer ao atuar em mercados sofisticados como o brasileiro. E as instalações que vistamos só confirmam os métodos e procedimentos que garantem tanta qualidade na nutrição oferecida pela empresa, essencialmente no
quesito segurança alimentar”.
NT #5
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depoimentos
Roberto Otero
Las Camélias (Argentina)
“Um evento muito interessante e produtivo para todos que participaram. Alto nível de palestras e temas. Além disso, o local é muito bonito e fomos muito bem tratados. Um relacionamento tão bom quanto a associação que temos com a Provimi, na Argentina, que nos fornece
núcleos vitamínicos para reprodutoras“.
Julio Dassar
Pollos Vencedor (Colombia)
“Um evento muito bem organizado. Definitivamente, promove a integração entre os
parceiros das outras indústrias. O que me marcou foi o impacto de conhecer as instalações
de Campinas e Itapira. O laboratório é espetacular. A automatização, os relatórios. Tudo muito
bem organizado. Temos uma relação com a Provimi que nunca tivemos com outra empresa.
Os técnicos atuando diretamente em nossas granjas, trabalhando para melhorar os processos
e a produção de alimento balanceado, dando-nos um valor agregado que apreciamos muito.
Por isso, temos o maior prazer em trabalhar com a Provimi”.
Leonardo Cotamo
Avidesa (Colombia)
“Trabalhamos com matrizes e reprodutoras de frangos e viemos conhecer mais a Provimi.
As exposições no evento foram muito interessantes. E conhecemos também o desempenho
do setor avícola brasileiro, que é bastante satisfatório. A Provimi é um dos nossos maiores
provedores e nossa relação é marcada pela qualidade”.
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GESTÃO
A Valorização do
Agronegócio
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NT #5
Marcos Fava Neves
é Professor Titular de Planejamento na Faculdade de Economia e Administração
da Universidade de São Paulo (FEA/USP) em Ribeirão Preto, autor de 22 livros
publicados em 5 países e Coordenador Científico do Markestrat.
O vencedor das eleições presidenciais não atingiu 50% dos eleitores totais e a diferença final de
11 milhões de votos foi pequena ante 37 milhões de abstenções, nulos e brancos. As urnas das regiões
da agricultura, do agronegócio e da produção impuseram forte derrota ao Governo. E aí existe uma
importante reflexão para os vencedores, se humildes forem. O primeiro discurso da Presidente eleita foi
inspirador. Falou-se em reforma e eficiência do Estado, controle da divida pública, respeito a contratos,
fortalecimento das agências reguladoras, redução de tributos, meritocracia, combate aos juros e câmbio, medidas anti-dumping, punição a corruptos e liberdade de imprensa. Intriga esta guinada em relação
aos últimos oito anos, em que a Presidente eleita foi figura central de um Governo que não se comportou
como poderia nos aspectos acima citados e foi omisso com relação às reformas estruturantes, mesmo
lastreados por um cacife de 80% de aprovação. Pela maioria considerável no Congresso e no Senado,
espera-se que o novo Governo realize definitivamente as reformas que o Brasil precisa para ficar mais
competitivo. O país precisa ter velocidade na questão da infraestrutura para remover custos das cadeias
produtivas brasileiras, acertar rapidamente a questão das dívidas dos produtores, a questão ambiental
e trabalhista, além da política de juros e câmbio, que faz nossos agricultores perderem a já pequena
margem. O agronegócio, se estimulado, será um setor que mais rapidamente responderá ao Governo,
gerando exportações e renda para ser distribuída nos mais diversos tipos de “bolsas”.
Ao entrar agora na fase de composição de seus quadros e de planejamento estratégico para as mais
diversas áreas, o novo Governo que assumiu em janeiro de 2011 terá que buscar os melhores exemplos
mundiais e perseguir implacavelmente indicadores de desenvolvimento “classe mundial”. Na busca de
simplificação e reforma do Estado, como mostrou o discurso inicial da Presidente eleita, deve-se incluir a
criação de um super Ministério. Um Ministério para agregar pequena, média e grande agricultura, pesca,
extração, bioenergia, biodiversidade, entre outros. Tudo isto com coordenação única e uníssona. Afinal,
este Ministério representa um terço do PIB e o país coloca-se como o principal fornecedor mundial de
alimentos, num mundo que terá demanda explosiva nos próximos anos. Prova disso é que a cada hora,
22 hectares de terras brasileiras são compradas por estrangeiros... Portanto, esta valorização do agronegócio será o melhor investimento do novo Governo.
NT #5
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NOTÍCIAS
Balde de
Ouro
anuncia os maiores
produtores de leite do Brasil
O Troféu “Balde de Ouro”, pioneiro no setor ao homenagear os pecuaristas de leite do Brasil,
premiou os criadores mais produtivos do segmento em 2009, na noite do último dia 10 de novembro, durante a 4ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva do Leite (Feileite 2010). O evento foi
promovido pela Nutron Alimentos, em parceria com a Feileite e apoio das empresas Bayer, CRV
Lagoa, Serrana, Zinpro, Mineração & Pesquisa Brasileira e Milkworld, e tem o objetivo de reconhecer as fazendas e os produtores nacionais por seu trabalho e representatividade no mercado do
país. Na solenidade, foram premiados cinquenta dos maiores e mais representativos produtores
das raças Gir Leiteiro, Guzerá, Holandês, Girolando, Jersey e Pardo Suiço. Todas as fazendas participantes inscreveram-se antecipadamente, enviando a quantidade de litros produzida no período, o que determinou o ranking dos criadores. O Troféu Balde de Ouro também enalteceu o
número expressivo de 400 milhões de litros de leite produzidos por esses produtores em 2009.
Os dez primeiros colocados foram Fazenda São José, Fazenda Santa Rita, Fazenda São João – True,
Fazenda Colorado (Lair Antonio de Souza), Fazendas Reunidas ACP e Filhos, CIALNE XVI, XVII e
XVII (CIALNE – Companhia de Alimentos do Nordeste), Fazenda Palma e Fazenda Fini. A proposta
do Troféu Balde de Ouro é homenagear e reconhecer os maiores produtores de leite do Brasil,
que além de grande representatividade no cenário nacional, também são exportadores de conhecimento e detentores de novas tecnologias na produção de leite, contribuindo consideravelmente pelo crescimento do setor no Brasil. “A ideia foi criar um evento que reconheça e premie
as pessoas que fazem do nosso país uma potência do agronegócio mundial. Nossa ambição é
fazer do Balde de Ouro o “Oscar do Leite” no Brasil. Para isto, esperamos em 2011 mais de 200
produtores inscritos e 100 homenageados”, explica Alessandro Roppa, da Nutron Alimentos. A
Feileite 2010 - 4ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva do Leite foi realizada 9 a 13 de novembro, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, Capital.
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NT #5
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Celso Mello – Presidente da Nutron Alimentos Ltda
“Para nós, o Balde de Ouro é a realização de um sonho. Há
alguns anos, tivemos esta ideia, mas por várias razões não
conseguimos realizar. Mas hoje, com o aceite do pessoal
da Feileite, conseguimos materializar este sonho. É uma
oportunidade de ajudar a cadeia toda do leite a se reunir. A
confraternização, a receptividade dos produtores, o contentamento do evento e poder comemorar o Troféu Balde de
Ouro, certamente tornarão o evento uma tradição”.
Cidinei Miotto – Diretor Comercial da Nutron
Alimentos Ltda
“Para a Nutron, é uma honra poder participar e
homenagear a cadeia produtiva do leite e todas as
pessoas que estão presentes aqui. Para nós, que temos
grande parceria com produtores de leite e estamos
presentes em várias das grandes fazendas brasileiras,
é uma honra poder contribuir e colaborar nesta
homenagem com eles. Atingimos nossos principais
objetivos e deixo duas mensagens principais: o aceite
dos produtores em receber esta homenagem e a
parabenização e este produtor, que é um empreendedor,
um lutador. Só quem participa da lida diária sabe das
dificuldades. Parabéns a todos e quero dizer que a
Nutron está sempre com eles, juntos, no que precisar,
para atingir os objetivos de cada um em sua atividade.”
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NT #5
Rogério Isler – Nutron Alimentos Ltda
“O Balde de Ouro, o “Oscar do leite” como chamamos,
era um sonho nosso. Um evento mais para o lado social,
já que promovemos muitos eventos técnicos. E fazemos
bem. Mas percebemos um buraco na cadeia do leite. Com
o Top Cem - os maiores produtores do país - resolvemos
fazer um evento, entregando um quadro às fazendas do
país e aos produtores, e hoje eles fazem coleção do quadro
nos escritórios da fazenda. O evento é uma realidade, e
para os próximos anos a expectativa é conseguir mais
produtores presentes entre os mais eficientes. O que não
é fácil, mas nossa taxa de sucesso é sempre larga. É ótimo
quando conseguimos reunir e transmitir essa mensagem,
uma coisa que o produtor entende, ele que trabalha sete
dias por semana, sabe o reconhecimento de algo
diferenciado. Parabéns à Nutron e a todos os parceiros”.
Fernando Agropecuária Carola
“Na verdade, estou
representando meu
avô, Spólito Sebastian Antonio, que
trabalhou durante
sessenta anos. Ele
morreu em 2007 e
agora estamos nós,
os netos, assumindo
essa responsabilidade grande demais,
que é estar entre os maiores produtores de leite. É
uma honra ser chamado para este evento e participar,
substituindo meu avô”.
Roberto Jank –
Agrindus
“Para mim, estar entre
os cem maiores significa
que temos conseguido
manter a escala, a
produção alta e a viabilidade do negócio. Além
do reconhecimento
das empresas que são
nossas fornecedoras.
Estou muito feliz de
estar aqui.”
Carlos Zeraick Fazenda Marajoara
“É uma satisfação
muito grande poder
alimentar 20 milhões
de crianças no Brasil
por ano. É uma satisfação muito grande.
Este evento é muito
importante para a
confraternização dos
produtores, de toda a
cadeia. A valorização
do trabalho de um ano todo. Não só da gente, mas de
toda a equipe da fazenda”.
Lair Antonio de
Souza – Fazenda
Colorado
”A satisfação é muito
grande. Gostaria que
meus funcionários
estivessem aqui para
receber o prêmio,
porque eles foram os
que tiveram o maior
trabalho. Estamos
fazendo novos investimentos na fazenda
para o maior conforto das vacas e espero em três ou
quatro anos estar em primeiro lugar.”
Francisco Galvão –
Fazenda Pedroso
“Isto é muito importante para a pecuária
nacional porque hoje,
a cada dia que passa,
estamos procurando
produtividade e uma
produção maior. Sendo que a maior parte
está abandonando o
ramo devido aos problemas de campo, o
êxodo rural, etc. Isto, para a gente, é o fruto que estamos
colhendo, há anos atrás. Estou completando 30 anos de
pecuária de leite. É um trabalho muito importante que
vocês estão reconhecendo. Muito obrigado”.
Felipe Machado –
Fazenda São Pedro
“É muito importante estar entre
os cem. Primeiro,
porque leite é
uma cultura muito
difícil de tocar,
administrar. E ser
reconhecido como
um dos cem, numa
gama de milhões
de produtores, não
tem como mensurar a importância. Muito obrigado à
Nutron e Lagoa pelo evento.”
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Gina Crema –
Fazenda Escala
“Para a gente, é
muito importante este
evento porque somos
uma empresa familiar,
mas temos escala,
somos reconhecidos
no Brasil e podemos
transformar tudo isso
num produto. Estar
aqui com vocês é
muito importante e é
a primeira vez. Estou muito feliz de estar aqui hoje”.
Mauro Ribeiro –
Fazenda São José
“É uma luta já que a
gente trabalha com
leite desde 1960,
um trabalho árduo
e difícil. Realmente,
a gente tem que
gostar de leite”.
Odilon Barboza –
Fazendas Reunidas
HH
“É uma grande
satisfação para nós.
Estamos representando aqui o senhor
Horácio Moreira Dias.
Este prêmio é um
reconhecimento, pois
estamos numa região
difícil, na Zona da
Mata. É um resultado
de mais de 30 anos de seleção, um trabalho árduo, contando sempre com a equipe da fazenda, que é a grande
responsável por este resultado.”
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NT #5
Jorge Rodrigues –
Fazenda Cabaña CR
“Para a gente é o
resultado de um
trabalho. É sempre
importante ser
reconhecido, principalmente na Feileite,que
é a maior exposição
do gado leiteiro do
país. Um estímulo ao
trabalho que estamos
realizando.”
Ulisses – Vale do
Leite
“Este reconhecimento representa
um trabalho bem
feito, há dois
anos, com crescimento ao lado da
bacia leiteira do
município onde
estamos, em Goiás.
Importante esta
premiação, um
verdadeiro incentivo para o produtor de leite.”
Rogério Diniz –
Fazenda São José
da Mangabeira
“É uma vitória, um
reconhecimento que
faz com que a gente
dê continuidade a
este trabalho. Vitória
esta que procuramos
há 35 anos, pois é a
propriedade que meu
pai tem há todo esse
tempo. Obrigado”.
Maurício Silveira
Coelho – Fazenda
Santa Luzia
“Enquanto produtor,
é sempre importante
ter este reconhecimento. É o que
norteia e orienta
nosso caminho,
nosso trabalho. Vimos
conquistando nossas
posições, acima dos
anos anteriores, o que
é muito interessante. É uma grata satisfação, enquanto
fazenda, estar neste grande evento.”
Jonadan Mada Fazenda Boa Fé
“Não é apenas uma
motivação. É um
alento para nossa
atividade, dia e noite,
365 dias por ano.
Trabalhar motivado,
com resultado, é o
melhor de tudo. E ter
este reconhecimento
é melhor ainda.”
Paulo Henrique –
Fazenda São João
True Type
“Para a gente é muito importante este
reconhecimento.
Agradeço ao evento
por prestigiar tudo o
que a gente faz”.
Rafael Carneiro –
Fazenda Cialne
“É fruto de muito
trabalho que a
gente desenvolve.
E este evento é o
reconhecimento,
um Oscar, uma
festa importante,
onde todos se
confraternizam, se
conhecem e trocam
conhecimentos.
Aprovei e achei muito boa a festa.”
Reinaldo Figueiredo
– Fazenda Figueiredo
“Para nós, é uma
satisfação. A primeira
vez que estamos
entre os cem maiores.
Eu, que sou produtor
e filho de produtor,
estudo há muito tempo este ramo. E nós,
com nosso projetinho,
pequeno, humilde,
estamos aos poucos
subindo, crescendo. Os desafios do leite são muito fortes.
Mas é uma satisfação para mim e para a minha equipe.
Uma força. Espero que possamos contribuir bem mais
com a pecuária leiteira do país.”
Equipe realizadora do Balde de Ouro
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NOTÍCIAS
Marketing Trends
aponta as tendências do
Agronegócio
Empresários, especialistas, executivos e representantes de veículos de comunicação participaram no início de
novembro de 2010, em São Paulo (Capital), do Marketing
Trends “Tendência de Marketing para o Agronegócio”,
promovido pela Nutrition For Tomorrow Alliance (NFT). O
evento ocupou a sala da Escola de Negócios B.I. International, no World Trade Center, na capital paulista e teve como
objetivo disseminar o conceito de “comarketing”, trazendo
para um contato direto os executivos de comunicação das
empresas de agronegócio e os representantes das editoras e produtoras que trabalham com revistas, criação de sites, participação em eventos, etc. Na primeira etapa do encontro, que contou também com a presença do presidente
da Nutron, Celso Mello, foram realizadas três palestras. O
vice presidente da Feed Solutions mundial, a área de inovação e tecnologia da Provimi, Luciano Roppa, falou sobre
o comércio mundial de carnes, destacando o avanço que o
setor terá nos próximos anos e o papel que cabe às empresas do segmento e aos países produtores. “Temos no planeta hoje mais obesos (1,3 bilhão) do que pessoas famintas
(1 bilhão). Produzimos alimentos em quantidade suficiente,
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NT #5
mas existem problemas de distribuição. Só que a população mundial vai saltar para 9 bilhões em 2050. Gente
que vai precisar de carne, pois a proteína animal precisará
ter a produção incrementada em 23%. E a participação do
Brasil vai ser decisiva. Mas precisamos de investimentos em
produtividade e contínuas e novas soluções de eficiência,
principalmente na área de nutrição”, resumiu Luciano. Nas
outras duas intervenções, os assuntos foram o detalhamento da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), que pode ser
usada por pessoas físicas e jurídicas para aplicar parte do
imposto de renda devido em ações culturais, e as tendências
da Internet e dos negócios corporativos na rede mundial de
informação. Na sequência, depois de umcoffee break, os
participantes acompanharam a apresentação dos pacotes
de Marketing Cooperado, feito por Alessandro Roppa, do
Comitê NFT Alliance. Por fim, foram realizadas as rodadas
de negócios, quando as empresas “visitaram” as mesas dos
parceiros que ofereciam os pacotes de comarketing. O Marketing Trends “Tendência de Marketing para o Agronegócio” terminou com a realização de um coquetel para todos
os participantes.
NOTÍCIAS
NFT E AS
REDES SOCIAIS
Por Erica Rabecchi
A Internet é a mais atual forma de comunicação. Além
do alto potencial de reverberação de informações pelas
possibilidades de acesso, o mundo digital estabeleceu
uma nova forma de relação entres as pessoas e marcas,
e é por isso que hoje é peça chave nos planejamentos de
comunicação e de negócios das empresas.
Para dimensionar o poder desta rede mundial, um a
cada três brasileiros já está conectado à internet, somando
70 milhões de internautas em terras nacionais. O brasileiro
gasta cerca de 23 horas e doze minutos por mês na internet e 79% dos habitantes do país fazem parte das redes
sociais, que agregam mais de 55 milhões de usuários.
Neste cenário, as redes sociais figuram como ferramentas estratégicas e poderosas de comunicação, marketing e negócios. Utilizá-las sob um bom planejamento
e manejo oferece como resultado, os benefícios decorrentes deste novo formato.
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NT #5
Ferramentas on-line de disseminação de conteúdo e
troca de informações diminuem, portanto, as distâncias
entre consultores e produtores, colocando os assuntos
mais relevantes no centro de discussões dos colaboradores do Canal NFT.
Clientes, parceiros, seguidores, profissionais do mercado, estudantes, imprensa e todo o tipo de público que
integra este universo pode acessar, seguir e comentar
tudo o que acontece nas redes sociais NFT.
O Canal NFT - site oficial da aliança: www.nftalliance.com.br
- concentra toda a atuação da NFT no universo digital e
sua presença nas redes sociais. Neste endereço é possível
acessar links com palestras online, e-books, versão digitalizada da revista NT e acompanhar o caminho de atuação
da NFT nas redes sociais.
São cinco ferramentas principais: blog, facebook,
twitter, flickr e linkedin. Em cada uma, as notícias são abor-
dadas de uma maneira única, mas convergem no mesmo
objetivo de gerar e disseminar conteúdo e de possibilitar
a interação com o mercado, por meio de artigos, entrevistas, fóruns de discussão, divulgação de eventos e de
novas parcerias estabelecidas, entre outros.
Além disso, e conhecendo a carência por informações sobre determinado assunto, a NFT disponibiliza
discussões sobre temas entre os colaboradores e seguidores destas ferramentas. Trata-se de uma consultoria
em tempo real, com troca de informações, experiências
e conteúdo que auxiliam a sanar essa demanda.
A NFT Alliance gera conteúdo 360º: recebe a opinião dos colaboradores das empresas parceiras que
representam os diversos elos da cadeia de produção
de proteína animal sobre um determinado assunto,
promovendo discussão sobre o tema em questão, com
transparência e idoneidade de informações a respeito
do que está em debate.
Um dos grandes diferencias, é que não é mais um
informativo comum visto no mercado e em mídias convencionais. A inovação está na possibilidade do internauta interagir com os colaboradores (especialistas em seus
segmentos) e com outros usuários, enviando e recebendo
informações através dessas ferramentas.
Ao mapear a atuação da NFT nas redes sociais, uma
resposta imediata a esta visão inovadora e atualizada da
aliança aparece, dando a certeza de que seguir neste caminho transformará a NFT, cada vez mais, num modelo
de referência para o agronegócio no que diz respeito à
produção e distribuição de conteúdo.
Acompanhando diariamente os temas mais acessados e mais comentados, a equipe de conteúdo do Canal
NFT busca mais informações e contribuições sobre esses assuntos.
“O que observamos em outros canais de informações
é publicação de notícias e conteúdos estáticos, sem a interação com o público. Sem a preocupação pela real necessidade do mercado, e com foco em quantidade de notícias
e informações. No Canal NFT pode-se realmente interagir
com outras pessoas, com especialistas, com técnicos reconhecidos, trocando informações e levando discussões
a níveis mais profundos” diz Alessandro Roppa, responsável pelo projeto NFT Alliance.
Segundo Celso Mello, presidente do comitê NFT
Alliance, os objetivos do projeto são acelerar a troca de
informações, gerar conteúdo de referência e auxiliar na
sustentabilidade econômica de toda cadeia produtiva.
Com apenas quatro
meses “no ar”, os
números são mais
do que expressivos
Resultados Outubro 2010 a Janeiro 2011
O número de followers (seguidores) do
twitter dobra a cada mês.
Comunicação direta com profissionais
e empresas do agronegócio,
veterinários, zootecnistas e estudantes.
196 seguidores
Comunicação com o público-alvo
no perfil da NFT e comunidades
relacionadas ao agronegócio.
Cobertura de eventos da NFT
e parceiros.
4.828 exibições das palestras on-line
pelo You Tube.
Cobertura de eventos e palestras da
NFT e parceiros.
Grupo com profissionais de
empresas da área para troca de
ideias e sugestões.
72% dos visitantes vindos
do Google
2.424 palavras-chave
14.434 novos visitantes (público-alvo)
Mais de 33.000 page views
Crescimento de 82% em novas visitas
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NOTÍCIAS
Parceria de
campeões
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Barretos, no norte do Estado de São Paulo, a “capital localizados estrategicamente e hoje exporta para 100
brasileira do rodeio”, assistiu no segundo semestre de países. A compra de oito caminhões foi realizada com o
2010 a um casamento que também pode ser apontado Minerva usando créditos do Imposto sobre a Circulação
como simbólico. A união de dois grupos empresariais de Mercadorias e Serviços (ICMS). O restante dos veícuvencedores. De um lado, o Minerva, composto por sete los foi financiado pela Agência Especial de Financiamencomplexos industriais que empregam sete mil pessoas to Industrial (FINAME), uma linha de crédito com recure desossam até 24.800 quartos de bovinos por dia. De sos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
outro, a Pedro Monteleone Veículos e Motores LTDA, e Social (BNDES). “Foi o primeiro negócio fechado com o
concessionária da Mercedez-Benz com mais de 50 anos Minerva. Uma parceria que muito nos honra. Que seja a
de atuação, atendendo quarenta municípios do noroeste primeira de uma série de ações no segmento das carnes
do estado e que chega a comercializar 250 caminhões e com essa empresa tão vitoriosa”, concluiu Amarildo
por ano. A nova parceria foi concretizada com a venda Gazola. Já o presidente do Frigorífico Minerva, Edivar
de treze caminhões para o Minerva, um negócio de R$ Vilella de Queiroz, dono do Frigorífico Minerva, disse que
3,6 milhões. “A sede da Monteleone fica em Catanduva a marca e a localização da concessionária fizeram a difee nossa nova unidade chegou a Barretos há dois anos e rença. “A marca é mundialmente famosa e trabalhamos
meio. Como trabalhamos numa região marcada funda- há muito tempo com a Mercedes, desde a época da Exmentalmente pela atuação de usinas de cana de açúcar presso Barretos. Sabemos de sua eficiência e confiamos
- são quinze usinas - o acordo feito com o Minerva signi- no trabalho da concessionária. O atendimento é muito
fica um trabalho pioneiro de
bom, não temos nenhum tipo de
captação de um cliente difereclamação. E ainda a compra foi
O acordo feito com o
rente e diferenciado, o que é
feita aqui no estado porque soMinerva significou um
muito importante para nós”,
mos credores de ICMS e fizemos
trabalho pioneiro de
explicou o gerente geral de
como pagamento a transferência
Barretos, Amarildo Gazola.
deste imposto”, contou.
captação de um cliente
O grupo trabalha com camiO Minerva S.A. é um dos lídiferente e diferenciado.
nhões, ônibus (chassis), sprinderes no Brasil na produção e
ter, equipamentos e consórcomercialização de carne bovicio, tudo ligado à marca Mercedes-Benz.
na, couro e exportação de boi vivo e está entre os três
O equipamento adquirido pelo Minerva sobressai maiores exportadores brasileiros do setor em termos
pela diversidade e capacidade. Oito caminhões modelo de receita bruta de vendas. Presente nos estados de
ATEGO-2425, com terceiro eixo e capacidade para até 15 São Paulo, Rondônia, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do
toneladas receberam câmaras frias para trabalho dentro Sul e no Paraguai, opera plantas de abate e desossa,
do frigorífico, no carregamento de carne. Seis veículos conta com curtume e centros de distribuição, além de
modelo 2726-K, com capacidade de tração máxima de atuar também no segmento de Food Services, produzin123 toneladas, estão sendo usados para transporte inter- do alimentos à base de carne bovina, suína e de aves.
no nas fazendas. Quatro unidades modelo 1718-FPM, para Possui uma receita líquida de R$ 909,9 milhões (terceiro
operação dentro da área de confinamento. Dois modelos trimestre de 2010), 31,2% acima do mesmo período do
L-1620, usados na distribuição de ração dentro do confi- ano passado. De setembro de 2009 a setembro de 2010,
namento. E um modelo 2644-S utilizado para transporte a receita cresceu 35,9%, alcançando R$ 3,232 bilhões.
dos animais. Trabalho é o que não vai faltar para essas No mesmo período, o Ebitda atingiu R$ 227,2 milhões,
máquinas. O Minerva abate e industrializa carne bovina avanço de 43,6%. “Tanto o negócio como o equipamene derivados, oferecendo produtos de qualidade para os to agradaram muito”, sintetizou animado Edivar Vilella
cinco continentes. Possui quatro centros de distribuição de Queiroz.
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NOTÍCIAS
NFT assina aliança com
a companhia global
Intervet/ScheringPlough Animal Health
Por Erica Rabecchi
Neste início de 2011 a NFT Alliance ganhou mais um
parceiro internacional, a Intervet – que está presente em
mais de 50 países, incluindo o Brasil. Posicionada no ranking, desde 2008, entre as três primeiras indústrias de
medicamentos veterinários brasileira, a Intervet viu na
NFT a grande responsabilidade da aliança em fornecer
a seus parceiros conteúdo de relevância e serviços segmentados, para garantir a sustentabilidade da pecuária
brasileira. “Os nossos clientes buscam soluções globais,
ou seja, que sejamos capazes de entregar programas e
serviços com competência em melhorias significativas
de produtividade e ganho de eficiência. Considerando
esta premissa, a entrada da Intervet na
pro
NFT tem como objetivo final prover soluções completas para os
nossos clientes, buscando parce
parcerias que complementem nossa
competência em saúde animal.
E isto é uma tendência sem
retorno, pois o Co-Marketing é
uma forma de inteligência de
negócios que reúne diferentes
ne
disciplinas, com o foco nas ne-
cessidades de cada cliente”, diz Vilson Antonio Simon
diretor-presidente da Intervet/Schering-Plough.
Ainda buscando a nutrição do futuro e assegurando a produção de alimentos seguros de forma sustentável, sempre com a premissa de garantir fornecimento à população crescente, a empresa viu na nova
parceria um grande potencial para o complemento
de seus serviços. “A cadeia produtiva esta cada vez
mais integrada e empresas de referência em seus
segmentos têm a grande responsabilidade de disseminar o conhecimento, agregando valor à produção
animal, suportando e fortalecendo a sustentabilidade
do setor. Este conceito está integrado aos valores da
Intervet/Schering-Plough Animal
Health e vislumbramos na NFT
a oportunidade de promovêlo, de forma mais consistente
e abrangente , integrando as
nossas sinergias e fortalezas
para este objetivo comum”,
conclui Rudy Claure, diretor da
unidade de avicultura da companhia, sobre a nova parceria.
Rudy Claure
Vilson Antonio
Simon
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Diretor-presidente
da Intervet/
Schering-Plough
Diretor da unidade
de avicultura da
Intervet/ScheringPlough
Amir Khair
é Engenheiro e Mestre em Finanças Públicas pela Fundação Getúlio Vargas,
foi secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo no período 1989/92 e
atualmente é Consultor na Área Fiscal, Orçamentária e Tributária.
MERCADO
Perspectivas
2011/2014
Elas são favoráveis, desde
que não se adote a política
de “pé no freio da economia”
por Amir Khair
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Nos próximos anos, o desenvolvimento mundial
pliados. Outra medida de caráter geral, atingindo todo
será puxado pelos países emergentes, com destaque
o mercado de consumo é a redução dos juros cobrados
para a China e o Brasil. Os países desenvolvidos ainpelo sistema financeiro e comércio. Para isso, deve ser
da deverão continuar em ritmo lento de crescimento
dada continuidade à política de fortalecimento do Baneconômico. Os Estados Unidos ainda deverão sofrer as
co do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF)
consequências dos seus déficits gêmeos, dos elevados
para ampliar suas penetrações no mercado via oferta
níveis de desemprego, endividamento público e das
de taxas de juros mais atraentes do que as oferecidas
pessoas. Os países da zona do euro terão de resolver
pelo sistema financeiro privado. Infelizmente, o Brasil é
os graves problemas fiscais e de perda de competitivio país que cobra as mais altas taxas de juros do mundo
dade externa para a agressividade comercial chinesa. O
aos seus tomadores. Mas não basta essa ação do BB e
Japão deverá continuar patinando, fugindo da ameaça
CEF. O governo pode estabelecer a regra de graduar o
da deflação. O comércio internacional deve crescer em
percentual de depósitos compulsórios de acordo com
ritmo lento e ser caracterizado por forte disputa para
as taxas de juros cobradas pelo banco. Serve ao mesampliação e conquista de mercados, especialmente
mo tempo, de estímulo ou punição aos bancos, confordevido às novas camadas da pome sua política de juros. Outras
pulação incluídas no mercado de
regras voltadas ao tempo de
consumo dos países emergentes.
retenção do depósito compulExistem experiências de
Todos precisando exportar e consório e sua remuneração pelo
sucesso em prefeituras que
ter importações. É uma equação
Banco Central (BC) podem ser
deveriam ser difundidas para aplicadas com vistas à reduque não fecha e que pode trazer
serem aplicadas em outros
como consequência, elevação do
ção da taxa de juros das opeprotecionismo, guerra cambial e
municípios. É a aproximação rações do sistema financeiro.
estabilização ou redução dos prePara implantar essas medidas,
do produtor ao consumidor.
ços em escala global. Dentro desbasta resolução do Conselho
te cenário, será difícil ampliar as
Monetário Nacional (CMN), que
exportações, especialmente de produtos industrializadepende só do governo, não tendo de passar pelo
dos. Devem ser exceção as commodity e os alimentos,
Congresso Nacional.
também puxados pelo aumento do consumo interno
Políticas de alto poder estimulador do consumo
dos países emergentes. Esse é o cenário externo que
estão na redução do custo da reprodução da mão de
considero mais provável para os próximos quatro anos.
obra. Além dos estímulos à produção de alimentos,
Face a esse quadro, o que deveríamos fazer? Como
seus custos para o consumidor podem ser reduzidos
prioridades absolutas, continuar a desenvolver o merao minimizar os custos de intermediação, com vantacado interno e procurar reduzir o custo Brasil. O Brasil
gens ao produtor e consumidor. Existem experiências
possui um imenso potencial ainda inexplorado no seu
de sucesso em prefeituras que deveriam ser difundidas
mercado interno, fruto da má distribuição de renda,
para serem aplicadas em outros municípios. É a aproxique impede que amplas camadas da população particimação do produtor ao consumidor. Os custos para isso
pem do mercado de consumo e ampliem o consumo de
são reduzidos. Despesas com transporte coletivo pobens e serviços cujo consumo é restrito devido à baixa
dem ser reduzidas ao rebaixar os preços do óleo diesel,
renda. Para isso, várias políticas já implantadas devem
eliminar tributos sobre a fabricação de ônibus, ampliar
ser ampliadas nos seus alcances. A mais importante
a rede de metrôs e trens. É preferível jogar recursos
é a regra de correção do salário mínimo, que deveria
em transporte de massas financiados do que para o
continuar crescendo e acompanhando o crescimento
transporte individual. Os sistemas de metrô e trens nas
do Produto Interno Bruto (PIB). Em seguida, considegrandes metrópoles estão mais de 30 anos atrasados
ro necessário ampliar o valor a ser destinado ao Bolsa
como meio de transporte de massas. As despesas com
Família. Atualmente, a despesa deste programa é de R$
habitação podem ser reduzidas com a ampliação do
13 bilhões, que corresponde a 0,4% do PIB, ou 1,4% da
programa “Minha Casa, Minha Vida”, conforme proreceita do governo federal. Existem vários outros promessa governamental. As despesas com medicamengramas de redistribuição de renda que devem ser amtos podem ser reduzidas pela gratuidade e/ou redução
NT #5
35
externos e de lançamentos de debêntures. Quanto ao
de preços em farmácias populares para um conjunto
capital de giro, as linhas oficiais de crédito seguem a
de medicamentos de maior uso da população. Investiorientação do governo para redução gradual, e valem
mentos em saneamento básico reduzem sobremaneiaqui as mesmas observações feitas sobre a política dira as despesas com a saúde. Devem ser ampliados e
ferenciada
de depósitos compulsórios.
ocupar posição de destaque nos financiamentos das
Na
redução
de tributos, merece destaque a plefontes oficiais de crédito. Essas são apenas algumas
na desoneração dos investimentos e a redução do
sugestões que contribuem para diminuir as despesas
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para
forçadas da população, especialmente de menor poder
setores que interessam estimular devido ao poder
aquisitivo. Com menores despesas, sobram mais recurda cadeia produtiva envolvida, de gerar empregos e
sos para serem usados em consumo e lazer.
estimular a competição. A elevação do imposto de
Costuma-se definir o custo do país como sendo a
importação, estabelecimento de preço mínimo ou
sobrecarga de custos para as empresas trazida por
cota de importação são necessários para os produtributos, logística, infra-estrutura, juros e burocracia.
tos importados com características de dumping, esTodos esses custos podem impedir a competitividade
pecialmente provenientes do leste asiático. Falta a
interna e externa das empresas. O Programa de Acetransparência na informação do peso de cada tribuleração do Crescimento (PAC) contribui para atacar
to sobre o preço dos produtos. Pouco se informa que
parte dos problemas de logística e infraestrutura. Seu
o Imposto sobre Circulação de
alcance, no entanto, ainda é limitaMercadorias e Serviços (ICMS),
do. Sabe-se que a participação de
de responsabilidade exclusiva
Costuma-se
definir
o
custo
recursos do Tesouro Nacional nesdos Estados, é responsável por
te programa é da ordem de 13%,
do país como sendo a
metade dos custos do consuficando o restante por conta das
sobrecarga de custos para
mo. Além disso, suas alíquotas
estatais e do setor privado, auxias empresas trazida por
para o mesmo produto variam
liado ou não pelo Banco Nacional
tributos, logística, infrade estado para estado, sendo
de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES). O governo deverá
estrutura, juros e burocracia. fundamental a comparação
entre essas alíquotas para eviaumentar gradualmente os recurdenciar os estados que mais
sos próprios ao PAC e, ao mesmo
abusam
da
tributação
do ICMS e quais os que procutempo, é possível que ocorra pelas estatais, pelo setor
ram
estimular
as
atividades
em seu território. Quanprivado e BNDES. Além dessa evolução do volume de
to à burocracia, há muito o que fazer para simplificar
recursos em ascensão pelo PAC, outras medidas podem
a vida das pessoas e das empresas, a começar pela
ser tomadas para reduzir o custo Brasil. Uma delas, de
redução das exigências de excesso de documentação
forte impacto, é na redução dos custos de transporte.
para obter qualquer autorização ou comprovação por
Além das novas estradas e ferrovias em construção, o
parte dos órgãos públicos. Conforme pregava o saupreço do diesel pode ser reduzido em subsídio cruzado
doso Hélio Beltrão, deve-se partir do princípio de que
com a gasolina, que atende ao transporte individual.
os cidadãos são honestos salvo prova em contrário.
Deveriam ficar isentos do pedágio e do Imposto sobre
Como isso não ocorre, cria-se um cipoal de controles
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) os veíque punem o conjunto da sociedade devido a uma
culos para transporte de carga. Parte dessa isenção
minoria que transgride, pois sempre acha um jeito
depende dos governos estaduais, os quais poderiam
de livrar-se desses controles e a impunidade garante
ser estimulados pelo governo federal na política de
isso. Nos países com maior nível de cidadania, os que
transferência de recursos voluntários aos Estados. Na
delinquem têm punição dura. Aqui, escapam pela lerquestão relativa aos juros, o BNDES já cumpre função
deza da Justiça. Creio que, trilhando esse caminho
importante na oferta de taxas de juros atrativas aos
de fortalecimento do mercado interno e de redução
investimentos de longo prazo e o governo já deu forte
do custo Brasil, o país tem condições de manter nível
impulso para a ampliação do volume das operações
elevado de crescimento sem riscos de inflação. Vejo
deste banco de fomento. Enquanto o setor financeiperspectivas favoráveis. Desde que não se adote a
ro privado não aumentar sua oferta de créditos de
política de pé no freio da economia motivada por relongo prazo, as empresas terão de investir com receio da inflação e déficit externo.
cursos próprios da Bolsa de Valores, de empréstimos
36
NT #5
Sabrina Marcantonio Coneglian
é Zootecnista Doutora em Nutrição de Ruminantes
pela Universidade Estadual de Maringá e integrante do
Departamento Técnico da Serrana Nutrição Animal.
BOVINOS DE CORTE
Alianças
mercadológicas na
PECUÁRIA DE CORTE
mente seus anseios chegam ao frigorífico. Menos ainda
ao pecuarista. Somente analisando a cadeia produtiva
como apresentada em sua totalidade (Figura 1), fica evidente seu nível de complexidade e pode-se constatar que
as poucas modificações alcançadas devem-se à estratégias setoriais de curto prazo, sem aplicação de conceitos
modernos visando à diminuição das tensões entre os elos
e maximização do poder de adaptação às mudanças de
mercado (Lazzarini et al, 1996). As alianças na cadeia da
carne bovina são estratégias comerciais utilizadas em vários países. Tanto na Austrália quanto nos Estados Unidos,
na França e Inglaterra, esta iniciativa é feita na maioria das
vezes em conjunto com associações de raças e com apoio
do governo. Na Austrália, basta existir relacionamento
em apenas dois elos da cadeia para ser considerada uma
aliança, ou seja, uma iniciativa em conjunto com produtores e supermercado ou qualquer canal de distribuição
pode-se enquadrar no conceito.
Uma estratégia através da aliança mercadológica
visa trazer vantagens a todos os segmentos que a compõem. Para o pecuarista, participar de um programa de
Figura 1
Tabela 1
Na última década, o consumo de carne bovina sofreu
profundas alterações relacionadas com as mudanças
nos padrões alimentares da sociedade, ocasionados pelo
crescimento da renda, pela mudança nos preços relativos de outras carnes e a preocupação com a saúde e a
conservação do meio ambiente. De modo a encarar estes
desafios, o ambiente das empresas está cada vez mais
competitivo. Firmas locais e globais estão competindo
pelo tempo, dinheiro e atenção dos clientes. Aliança mer-
38
NT #5
cadológica no sistema da carne bovina é definida como
uma iniciativa conjunta de supermercados, frigoríficos e
pecuaristas, objetivando levar ao consumidor uma carne
de origem conhecida e qualidade assegurada. Entretanto,
não há porque não ampliar esta definição de modo a incluir outros agentes como açougues e serviços de alimentação. Alianças estão surgindo, pois clientes finais que
consomem a matéria prima carne recebem na maioria
das vezes um produto tratado como commodity e rara-
Cadeia Produtiva da Carne Bovina
Possíveis vantagens e
desvantagens das alianças estratégicas
qualidade, aumentar o giro de capital dentro da sua propriedade devido ao fato de estar trabalhando com uma
matéria prima mais precoce, e também pela possibilidade de haver uma remuneração extra pela qualidade de
seu produto. A indústria terá a garantia do fornecimento
de sua matéria prima em quantidade e qualidade, com
regularidade, pré determinada entre as partes. O varejo
poderá promover aproximação entre o consumidor e o
produto garantido. Algumas vantagens e desvantagens
gerais são descritas na Tabela 1.
Existem muitos desafios que poderiam ser traduzidos
em incertezas ligadas ao ambiente e ao comportamento
dos agentes: os pecuaristas encontram dificuldade em
trabalhar com oferta concentrada de novilhos ou bois
para obter melhor fluxo de oferta, forçando as alianças
a criar uma estratégia operacional, determinando um
fluxograma ou programação de produção mensal/anual
de novilhos acabados de acordo com os padrões estabelecidos para o abate e, com relação ao peso das carcaças,
os quais afetam diretamente a produtividade industrial
e padronização dos cortes. O custo operacional onera o
produto, motivo pelo qual os pesos das carcaças são tão
relevantes. Outra das principais dificuldades do sistema
de alianças é promover uma harmonia de interesses dos
participantes, que muitas vezes são conflitantes e requer
transparência do processo de coordenação dos objetivos
e das etapas a serem cumpridas por cada parte. Existe
uma enorme diferença entre o poder de barganha dos
distintos agentes. Segundo Perosa (1999), este poder de
barganha ora se apresenta maior para o pecuarista, ora
pelos frigoríficos e, mais recentemente, para os distribuidores varejistas, observando ainda hoje a postura oportunista dos elos quando diz respeito a ganhos momentâneos. Tal postura dificulta estabelecer um planejamento e
uma modernização ao longo da cadeia. Adiciona custos
de transação e reduz a confiança das partes na relação.
Para obtenção de sucesso entre os relacionamentos
organizacionais, alguns aspectos devem ser levados em
consideração. A excelência individual de cada participante, com adequado padrão produtivo e tecnológico que
possam realmente contribuir para a produção de um
produto diferenciado, pronto a atender as exigências dos
consumidores, torna-se importante para a parceria. As relações entre os participantes devem ser congruentes com
objetivos estratégicos a fim de beneficiar todos os parceiros, devendo haver dependência mútua.
NT #5
39
BOVINOS DE CORTE
Otimização
de processos,
ferramenta ou
hábito?
40
NT #5
Lucas Lobo Bianconi
é do SGA – Programa Tomorrow.
Recentemente, a arroba do boi gordo esteve em seus melhores preços, dentro de uma curva histórica relativamente grande, fato este que trouxe para os empresários ligados ao setor um momento
de otimismo em relação ao negócio. No entanto, o momento revela-se ótimo para uma análise e
reflexão sobre o seguinte ponto: o custo de produção. Sabemos que a alta da arroba vem associada
a uma elevação de custos da atividade e em patamares que não declinam após a redução do valor
pago pela arroba. Diante desta premissa, é o momento de avaliar friamente dentro do negócio a
matriz do custo de produção. Quando coloco a matriz do custo de produção, refiro-me à análise de
processos de uma empresa, pois, como muitos de nós nos deparamos, não são poucos os estudos
que fazemos que evidenciam Taxas Internas de Retorno acima dos valores de referência. No entanto,
quando operacionalizamos o projeto, também não são poucas as vezes que o extrato negativo do
banco nega todo um planejamento traçado.
À esta diferença, que em grande parte das vezes nos leva a crer que determinadas tecnologias
NT #5
41
não são viáveis ou que a atividade não traz lucros como
em outros segmentos, devemos nos atentar ao escopo
principal deste texto: a análise crítica dos processos, buscando a sua otimização. Um processo consiste em um
conjunto de atividades que necessitam para a sua realização dos seguinte itens: insumos e mão de obra e, como
conseqüência, teremos o produto deste processo. A nossa
matriz de custo, que consta nos orçamentos das fazendas de forma ampla, engloba estes itens. Quando discriminamos custos com mão de obra, óleo diesel, vacinas e
serviços de terceiros, estamos colocando os números que
representam o processo macro da empresa. Estes números, com certeza, são fundamentais e nos dão um norte
de qual lugar devemos priorizar para realizar cortes sem
afetar a produtividade da empresa.
No entanto, aqui vem a sugestão deste texto, uma
setorização de processos permite que a empresa promova cortes de custos em função da otimização de cada
uma das etapas de seu processo produtivo. Em resumo,
ao rastrearmos e identificarmos os processos da empresa, criamos uma poderosa ferramenta de mensuração
de atividades que não geram valor nenhum ao produto,
portanto, totalmente passiveis de serem retiradas da empresa. Como exemplo, para facilitar o entendimento da
ideia, segue a análise de um processo de uma empresa
produtora de bois gordos. Avaliando-se o confinamento
de uma empresa, notamos a existência de mão de obra,
máquinas e insumos. Neste momento, devemos começar
a nos perguntar: como funciona a logística do meu trato?
A mão de obra que tenho está sub ou superutilizada?
Existe variação significativa na qualidade do trato entre
os funcionários?
Em propriedades de Mato Grosso do Sul, realizamos
algumas análises em seus confinamentos avaliando-se a
matriz de mão de obra, logísitica e os insumos. O primeiro item avaliado foi a mão de obra. No dia da avaliação,
conferimos com um funcionário recém contratado, que
apresentou o seguinte gráfico de desempenho referente
ao tempo de execução do trato dos animais:
42
NT #5
Notamos, então, que a variação era muito grande e o
impacto desta afetava o tempo de fornecimento de dieta
dos animais e, por conseguinte, o seu desempenho. A medida tomada imediatamente foi promover a capacitação
deste funcionário e o acompanhamento direto do chefe
do setor, que possuía uma curva padrão com baixa variação no item.
Um segundo ponto avaliado foi a questão do tempo
do processo e, utilizando a metodologia do benchmark,
chegamos ao seguinte gráfico:
Verificada a necessidade de aumentar o tempo nas
atividades que agregam valor, ou seja, no caso do confinamento, o tempo de arraçoamento e a redução de itens
que só aumentam o custo como o trânsito. Iniciou-se a
implantação de medidas como alterações de rota de distribuição, padronização dos funcionários através da qualificação do chefe de setor ao folguista.
No Ano 02 de avaliação, o gráfico apresentou a seguinte composição
Ano 02 de avaliação do trabalho, após a implantação
das mudanças.
Avaliando-se todas as etapas do processo nas duas
empresas, percebemos uma grande variação no tempo
de trato destinado aos animais, com diferenças no tempo
de deslocamento e arraçoamento. Criado o indicador de
minutos/cabeça, conseguimos objetivar a mensuração de
quanto poderíamos melhorar o desempenho da organização. A melhoria da empresa com pior desempenho passou pela setorização do processo no qual identificamos a
seguinte curva de distribuição no Ano 01.
Ano 01 de avaliação do trabalho
O aumento percentual de 5% no tempo de arraçoamento significa, nesta situação, que reduziu-se uma hora
de trato no dia. Devemos ressaltar que esta empresa possuía cinco funcionários no confinamento e a hora reduzida era a nona da jornada de trabalho, ou seja, a hora extra.
Em análise financeira de impactos das medidas, concluímos que houve uma redução de 2.700 diárias de confinamento, considerando-a mesma com valor de
R$ 5,00/cabeça/dia, o que pode representar um ciclo
de confinamento de 30 cabeças. Perguntas como estas
permitirão ao empresário detectar algumas deficiências
em seu processo e, em grandes partes dos casos, simplesmente com a mudança do método, ou seja, trabalhando
somente o comportamento de sua organização, sem
custos iniciais com nenhum tipo de investimento, será
possível reduzir o custo do produção. Fato este que terá
repercussão no número macro presente no orçamento
com menores gastos em mão de obra, combustível entre
os outros itens.
Com este último parágrafo, fica a questão macro do
texto: otimização de processos, ferramenta ou hábito?
Pois, a partir do momento que for hábito em todos os
níveis da organização avaliar os processos, com certeza,
esta ferramenta será de grandes impactos para que a arroba do boi seja interessante a R$ 100, R$ 90, R$ 80,00...
NT #5
43
Leonardo Marçal da Silva
é Médico Veterinário e Gerente de Negócios
Bovinos de Leite da Nutron Alimentos para as
Regiões CO, NO e NE.
BOVINOS DE LEITE
Programa
Tanque Cheio
Iniciativa de sucesso promove assessoria
técnica, mudança de comportamento e tem
reconhecimento da Fundação Getúlio Vargas
A Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Vale
do Paranaíba (Agrovale), fundada em 1976, sempre ofereceu assessoramento técnico às famílias integrantes
do seu quadro de associados. Porém, enxergou a necessidade de criar um programa que estabelecesse a
construção, manutenção e o desenvolvimento de uma
rede de assistência técnica e comportamental para as
famílias de produtores rurais da cadeia produtiva do
leite, integrando os sistemas de geração de tecnologias, consultores técnicos e produtores rurais. Foi
escolhida a atividade leite, pois é a cadeia produtiva
mais didática para trabalhar com assessoramento. Desenvolveu-se então, a partir do ano de 1998, o Programa Tanque Cheio, cujo principal objetivo é fazer com
que as propriedades leiteiras cooperadas à Agrovale
aumentem a produtividade, produção, lucratividade
e, principalmente, a qualidade de vida das pessoas
envolvidas na atividade. “Estamos iniciando um novo
período na Agrovale. A Cooperativa está focando seus
esforços em reuniões com os cooperados e familiares,
como o Programa Tanque Cheio, que foi classificado
pela Fundação Getúlio Vargas como um dos melhores trabalhos de cooperativas desenvolvidos no Brasil.
Assim, conhecemos quais são seus anseios e onde a
Agrovale poderá ajudá-los, pois somente uma cooperativa preocupada com o cooperado e seus familiares
contribuirá para que eles possam vencer seus desafios, por meio da união de forças e de conhecimentos.
Na Agrovale, os técnicos estão sempre buscando co-
44
NT #5
nhecimentos e inovações para levar aos cooperados,
de maneira simples e objetiva, de tal forma que a vida
do cooperado torne-se mais fácil e produtiva, trazendo resultados para o seu bolso”, explicou o Presidente
da Agrovale, Antônio Carlos Borges.
O Programa Tanque Cheio, inicialmente formado
por 12 famílias de produtores rurais do município de
Quirinópolis (GO), conta hoje com aproximadamente
200 famílias, organizadas em treze comunidades, presentes não só em Quirinópolis, mas em Cachoeira Alta,
Caçu, Gouvelândia, Paranaiguara e Rio Verde, todos no
sudoeste goiano. O Programa Tanque Cheio visa consolidar mecanismos que agreguem valor às pessoas e
instituições. Promover a geração de renda e melhoria
da gestão da propriedade, culminando no fortalecimento e na melhoria da qualidade de vida de todas as
pessoas envolvidas na atividade”, salientou Alex José
Gonçalves, coordenador de desenvolvimento de capital social da Agrovale. A eficiência do programa está
ligada à sua metodologia, que se baseia na formação
de grupos constituídos por aproximadamente 15 famílias, que são atendidas permanentemente por um
Técnico em Nível Médio (agrícolas ou em agropecuária), que por sua vez é coordenado por um núcleo de
Técnicos em Nível Superior (agrônomos, veterinários
e zootecnistas) e por Técnicas em Desenvolvimento
Humano que, integrados, formam uma rede de assessoramento profissional “do” produtor.
Nessa rede, treze Técnicos em Nível Médio, qua-
NT #5
45
tro Técnicos em Nível Superior e duas Técnicas em
Desenvolvimento Humano atuam permanentemente
nas propriedades assistidas, sendo que, para realizar
qualquer intervenção, jamais desconsideram o conhecimento da família do produtor, embasado no seu
“senso comum”, ou seja, no conhecimento que já se
encontra instalado na propriedade. O objetivo, como
já foi evidenciado, não é tornarem-se solucionadores
de problemas, mas sim facilitadores do crescimento
e da emancipação da família do produtor rural, proporcionando o desenvolvimento da consciência de comunidade, que é a percepção da interdependência, ou
seja, que juntos e somados são mais fortes que atuando individualmente. “É preciso que, primeiramente, as
famílias percebam e socializem os seus conhecimentos para que, a partir daí, os técnicos façam o reforço
positivo por meio do assessoramento. Porque mesmo
a ciência, com conhecimento investigado e com metodologia, sem contar com esse conhecimento tácito, apresenta uma limitação no processo evolutivo”,
apontou Alex José Gonçalves. A ideia é conectar essa
rede de profissionais, capacitados, que envolvem aspectos que estão fundamentados em quatro pilares
do Programa Tanque Cheio, com esse universo de
famílias de produtores rurais existentes. Aí sim, multiplicam-se as possibilidades de sucesso em todos os
aspectos.
São pilares norteadores do Programa Tanque
Cheio: o COMPORTAMENTO, partindo do princípio
de que se faz necessária uma mentalidade aberta e
46
NT #5
receptiva para receber conhecimentos, assumir competências e adotar tecnologias; a COOPERAÇÃO,
estimulando o caminhar juntos, até o ponto de fixar
no inconsciente o raciocínio cooperativo, o raciocínio
associativo; o PLANEJAMENTO E A GESTÃO, oferecendo condições para que as famílias tenham o conhecimento necessário para planejamento e gestão
de sua propriedade rural, tomando decisões baseadas
em dados e fatos concretos; e a TECNOLOGIA, que
muitas vezes é vista como algo sofisticado e caro, o
que nem sempre é verdade. Esta pilar mostra-se importantíssimo para a sustentabilidade, é a coisa certa,
na hora certa e na quantidade certa. Ao final de cada
mês, ocorre uma reunião em cada grupo, com todas
as famílias que o compõe, coordenada por uma das
Técnicas em Desenvolvimento Humano, que cumpre
o papel de estimular a organização e o relacionamento entre as famílias participantes. É um esforço conjunto com as famílias e a equipe técnica no sentido
de equilibrar a transformação do comportamento, a
adoção das práticas do dia a dia e a apropriação das
tecnologias necessárias. “Para que haja uma correta
apropriação de tecnologia por parte de uma família,
é necessário que ela tenha atitudes proativas, visão
de mundo e, principalmente, que perceba que aquilo
pode ser importante para ela. Sendo assim, toda decisão passa por uma relação comportamental. E isto as
Técnicas em Desenvolvimento Humano trabalham de
modo uniforme, atuando em parceria com os Técnicos
em Nível Superior e com os Técnicos em Nível Médio
na operacionalização do Programa”, reforça o Coordenador da Agrovale. Com esse trabalho, estimula-se
uma mudança de atitudes das famílias de produtores
rurais, tornando-as agentes de transformação de suas
próprias realidades e, em conseqüência, agentes de
transformações sociais. Formando indivíduos, esperase transformar a sociedade.
A Agrovale mantém-se sempre aberta à ampliação de parcerias que sejam complementares para a
emancipação social e econômica das famílias integrantes do Programa Tanque Cheio. Este núcleo de
parcerias é composto por instituições públicas – no
âmbito político-institucional e no âmbito técnico-científico – e privadas, em qualquer âmbito, desde que necessário ao desenvolvimento e evolução do trabalho.
Instituições dão as mãos e mostram para a sociedade
o objetivo comum que as une, por meio desse exercício da cooperação. Com este exemplo, dizem para
a sociedade, com muita humildade: “eu sozinha, não
sou capaz de enfrentar um desafio tão grande”. Mas,
ao mesmo tempo, a sociedade devolve o reconhecimento de dizer: “mas você é fundamental e essencial
nessa parceria”. E aí nós buscamos duas relações
fundamentais, a complementaridade e a facilitação
de um processo de construção do desenvolvimento.
Constrói-se um laço de interdependência. No primeiro
momento, de dependência. No segundo, de um processo de emancipação, de independência institucional, onde cada uma trabalha no seu dia a dia para o
fortalecimento dessa Nação. E, no terceiro momento,
de mãos dadas, consolidando o terceiro e maior estágio da cooperação, que é a interdependência. Esse é
o espírito que se está construindo e se exercitando no
Programa Tanque Cheio. Um processo de corresponsabilidades, de estratégias e agendas comuns, ou seja,
a prática de um dos princípios da parceria, que é o da
unicidade das ações, economizando esforços e recursos, e colocando o foco das instituições parceiras dentro de um projeto comum. É o início da materialização
de um grande sonho. Que começou lá nas propriedades rurais, e que caminha de volta para lá. Todos os
parceiros têm uma missão: a de contribuir com todos
os seus esforços, dentro das organizações que representam, para que esses caminhos sejam consolidados
e construídos da melhor maneira possível.
Na gestão destas parcerias, é feita a identificação
da demanda das famílias inseridas no Programa, a
identificação do perfil dos parceiros e a prospecção
dos mesmos. Para formalizar as parcerias institucionais é firmado um Termo de Cooperação, em que
cada instituição compromete-se a disponibilizar produtos e/ou serviços pertinentes à sua área de atuação. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), Federação da Agricultura e Pecuária de
Goiás (FAEG), Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de Goiás (FETAEG), Instituto Federal Goiano (IFGoiano/RV), Instituto INOVAR Goiás,
Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado
de Goiás (OCB-GO), Secretaria da Agricultura Pecuária e Abastecimento (SEAGRO - GO), Secretaria da
Ciência e Tecnologia (SECTEC), Secretaria de Educação do Estado de Goiás (SEE), Serviço de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Goiás
(SEBRAE-GO), Serviço Nacional de Aprendizagem do
Cooperativismo (SESCOOP-GO), Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (SENAR/AR-GO) e Universidade
Federal de Goiás (UFG) criaram e desenvolvem o Projeto Sinergia, que tem no Tanque Cheio sua unidade
piloto, com o propósito de, num futuro próximo, multiplicar essa experiência por todo o Estado de Goiás.
NT #5
47
No caso das parcerias comerciais, o processo não é
diferente das demais, ou seja, abrem-se as portas do
Programa Tanque Cheio às empresas interessantes
ou interessadas para conhecimento de todo o trabalho. Em seguida, essas empresas podem “enxergarse” como parte do mesmo, pois ninguém melhor
do que ela própria para identificar quais as contribuições estratégicas que pode oferecer e, também,
como podem agregar aos seus os valores já existentes no Tanque Cheio. Em seguida, concebe-se essa
identificação numa proposta de parceria, que depois
de discutida e, se for o caso, adequada, será validada pelas partes, transformando-se em um Termo de
Cooperação que será firmado, consolidando assim a
parceria.
Uma das primeiras parcerias estabelecidas e que
continua evoluindo é com a Nutron. O cooperativismo,
movimento criado com o objetivo de fortalecimento
mútuo dos seus criadores, tem como princípios básicos a autossustentação, o equilíbrio financeiro, social
e ético entre os membros que o praticam. Desde o
início de sua prática no Brasil, esse movimento vem
crescendo em diversos setores, com um destaque
especial no ramo agropecuário. Nesse cenário, é interessante destacar a participação de empresas parceiras das cooperativas cujos princípios vão de encontro
dos seus valores. A Nutron Alimentos vem, ao longo
de sua história, aperfeiçoando-se na valorização do
atendimento de seus clientes. Hoje, o fato de 80%
das cooperativas agropecuárias brasileiras serem
atendidas pela Nutron comprova que seus valores
(NUTRIÇÃO RESPONSÁVEL/ EVOLUÇÃO CONSTANTE/ ALTA PERFORMANCE) estão aliados aos valores
cooperativos:
48
NT #5
VALORES
COOPERATIVOS
VALORES DA
NUTRON
AUTOSSUSTENTAÇÃO
NUTRIÇÃO
RESPONSÁVEL
PRINCÍPIOS SOCIAIS
E ÉTICOS
EVOLUÇÃO
CONSTANTE
EQUILÍBRIO
FINANCEIRO
ALTA
PERFORMANCE
Projetos como SINERGIA e GERARENDA, apoiados, respectivamente, pelas cooperativas AGROVALE
(Cooperativa Agropecuária do Vale do Paranaíba), de
Quirinópolis (Goiás), e COAPRO (Cooperativa Mista dos
Produtores Rurais de Orizona), de Orizona (Goiás), são
atitudes autossustentáveis que têm apoio e aval direto
da Nutron Alimentos. Procurar iniciativas inovadoras e
criar soluções autossustentáveis fazem parte da ideologia da Nutron Alimentos. Temos a missão de trazer
aos nossos clientes os valores que extrapolem o simples fato de nutrir animais. Um exemplo dos resultados
já alcançados pelo Programa Tanque Cheio é o da família Martins Pinto, formada pelo Antônio, a Lucimar e os
filhos Flávio, Flaviene e Luciene. Ela estava, há quatro
anos, de malas prontas para buscar outros horizontes.
Embora não tivesse definido o lugar, acreditava na impossibilidade de continuar vivendo em um pequeno
pedaço de terra, de aproximadamente vinte e cinco
hectares, na Região da Cachoeirinha do Rio Preto, no
município de Quirinópolis. As quatro vacas emprestadas eram insuficientes para suprir precariamente as
necessidades básicas da família. A única fonte de renda, cerca de dezoito litros de leite por dia, proporcionava um rendimento de apenas R$ 300,00 (trezentos
reais) por mês. Antônio foi convidado para uma reu-
nião do Programa Tanque Cheio e informado que, se
tirasse leite das vacas duas vezes por dia, a produção
aumentaria. Essa foi apenas a primeira de muitas intervenções. Atualmente, são 37 matrizes, oito novilhas já
inseminadas e outras sem inseminação. Nenhuma emprestada. A produção de leite atual é de 300 litros por
dia, com uma renda mensal média acima de R$ 6.000.
Um trator com implementos, o carro, computador com
internet na fazenda e a moto exemplificam o sucesso. A
médio prazo, pretendem alcançar a produção de cerca
de um mil litros por dia. Para isto, as filhas Flaviene e
Luciene ajudam no manuseio do rebanho e na retirada
do leite. Engana-se quem acredita que esse é o ponto
de partida da conversa. Todos da família Martins Pinto são orgulhosos de dizer, de antemão, que os bons
resultados só podem ser alcançados graças a um trabalho consistente de união, autoconhecimento e transformação comportamental, garantido pelas visitas
frequentes do técnico em agropecuária, do engenheiro
agrônomo e da médica veterinária. Além das reuniões
mensais, conduzidas por técnicas em desenvolvimento
humano da Agrovale. “Enquanto estamos reunidos, eu
quero agradecer mais uma vez a todos, aproveitando
para deixar um recadinho bem simples: que vocês continuem acreditando no ser humano, pois este crédito
vale a pena. A prova é o resultado da comparação de
quem nós éramos antes do Tanque Cheio e o que somos hoje. Só a gente, que está vivendo tudo isso, sabe
a mudança que promovemos. Não só financeiramente
falando, mas também mental e espiritualmente. Nossa
mudança foi muito grande. Por isso, digo que vale a
pena acreditarem e continuarem estimulando esse trabalho. Quem tiver a oportunidade de investir em pessoas, invista! Porque daí virá um bom retorno. E não se
esqueçam de nós aqui no campo, viu?”, analisou brincando Lucimar Ferreira Martins.
O sucesso do Programa Tanque Cheio acontece, realmente, a partir do momento em que cada participante
entende o seu verdadeiro papel nessa vida, enquanto
pessoa, enquanto família, enquanto produtor rural e,
principalmente, enquanto parte integrante de uma comunidade. Quando o ser humano tem essa consciência,
automaticamente a sua atividade desenvolve-se favoravelmente. “Estamos muito satisfeitos com a orientação
dos técnicos da cooperativa da nossa região. Eles nos
ensinaram a fazer uma reforma de pastagens consorciadas com milho que deu certo e o capim está muito bom.
Nós estamos felizes com a troca de experiência. A pessoa
nunca aprende tudo. Queremos continuar os trabalhos e
contar com o acompanhamento da Cooperativa Agrovale na nossa vida. Sobre o trabalho de relacionamento
interpessoal, que é realizado dentro do Programa, quero
dizer que nós somos um casal que nunca tinha ouvido
uma palestra sobre família. Depois que a Eva (Técnica
em Desenvolvimento Humano do Programa Tanque
Cheio) passou a trabalhar conosco, acredito que o grupo completo, todos que participaram, cresceram demais
neste sentido, sabendo respeitar o direito do outro, aceitando o outro do jeito que ele é”, avaliaram José Ferreira
Pinto e Aparecida Pinto.
NT #5
49
Rogério Isler
é Médico Veterinário formado pela UFLA e
Gerente de Negócios de Bovinos de Leite da
Nutron Alimentos.
BOVINOS DE LEITE
Nutrição X
Alimentação
Parte 1
O adequado manejo da alimentação do rebanho leiteiro
possibilita o máximo desempenho produtivo das vacas
em lactação
Para conseguirmos o maior desempenho produtivo para rebanhos leiteiros temos que aliar uma
boa alimentação a boas práticas de manejo com os
animais. Os passos de um bom programa nutricional
são: garantir a qualidade dos alimentos que serão
oferecidos; elaborar um bom balanceamento da
dieta, assim como prepará-la de forma homogênea
e fidedigna conforme a proposta do especialista em
nutrição animal; e monitorar para que os animais não
selecionem os alimentos no momento da ingestão.
O nutricionista é o responsável por elaborar o balanceamento da dieta que melhor atenda as necessidades dos animais. Esse trabalho visa maximizar o
desempenho produtivo e a maior rentabilidade para o
produtor. Já o operacional da fazenda deve garantir o
preparo fidedigno da mistura elaborada pelo nutricionista, observar as variações que podem ocorrer, principalmente nos alimentos volumosos e no manejo de
cocho dos lotes. Garantir a homogeneidade da mistura
da dieta, assim como observar se as vacas estão selecionando os alimentos devem ser foco de atenção.
Por isso, dizemos que existem três dietas para a
mesma categoria animal dentro de uma fazenda:
- a elaborada pelo nutricionista.
- a preparada pelo tratador.
- a ingerida pelo animal.
50
NT #5
Na primeira, podemos ter a interferência dos valores dos alimentos que definimos para o programa de
formulação utilizado pelo nutricionista. Na segunda,
quando o tratador está preparando o que foi receitado, pode haver erros de pesagem dos alimentos e sair
diferente da formulada. Na terceira, a vaca seleciona
os alimentos na hora de comer, ou seja, a vaca não
está ingerindo a dieta correta. Isso afeta o resultado
na produção de leite esperado. Todos sabemos que
certa variação sempre vai ocorrer e o sucesso depende do envolvimento de todos. Portanto, todo esforço
deve ser aplicado para minimizar essas diferenças.
O papel do nutricionista
Para elaborar um bom programa alimentar o nutricionista deve estabelecer, junto com a fazenda, um
programa de controle de qualidade dos alimentos,
com análises visuais e laboratoriais. Em nutrição de
rebanhos leiteiros, sempre falamos em consumo de
matéria seca porque a forragem, que é o alimento
mais volumoso da dieta, tem grande variação no teor
de umidade. Por isso, é muito importante que a fazenda tenha um controle sistemático do teor de matéria
seca do volumoso para manter a dieta equilibrada.
Esse trabalho pode ser feito através do Koster, um
equipamento simples e de fácil manuseio.
O importante para o nutricionista é a quantidade
de nutrientes (proteína, energia, minerais, aminoáci-
NT #5
51
dos, entre outros) que o animal consome através da dieta.
A necessidade de nutrientes de uma vaca está relacionada ao seu peso corporal e à quantidade de leite produzido.
Assim, o nutricionista faz o balanceamento da dieta para
suprir essas necessidades e até desafiar o potencial produtivo dos animais.
Todo esse esforço visa aumentar o consumo de matéria seca para garantir a ingestão de uma maior quantidade de nutrientes. Além das características do próprio
alimento e do balanceamento correto de nutrientes, existem outros fatores que afetam o consumo. No início da
lactação, as vacas têm baixa capacidade de consumo para
atender a alta demanda de nutrientes para a produção de
leite. É o período em que a vaca está em balanço energético negativo, fator que exige um grande esforço para
minimizar os impactos nutricionais desse período. Por
isso, essa fase exige maior atenção do nutricionista e do
tratador.
Alimentos frescos estimulam o consumo do animal. Os
fermentados, as silagens e os pré secados exigem maior
atenção, pois a fermentação indesejável pode produzir
ácido butírico, mofos, fungos e micotoxinas que reduzem
a ingestão de matéria seca, a imunidade e até problemas
reprodutivos. Algumas características do cocho também
interferem na adequada alimentação do rebanho. Entre
elas está o barro, fator marcante nas fazendas que não
possuem calçamento próximo do cocho, o que dificulta a
chegada do animal ao local. Vacas preferem cocho com
superfície lisa, isso também facilita a limpeza reduzindo a
contaminação do alimento oferecido. A altura do fundo do
cocho deve estar entre 5 a 15 cm acima da sola do casco,
52
NT #5
isso aumenta a salivação e o tamponamento ruminal. O
espaço de cocho varia conforme seu tipo e a disponibilidade de alimento. Numa pista de trato, a recomendação
é que se tenha de 55 a 70 cm de cocho por animal. Naqueles com acesso aos dois lados essa recomendação
aumenta de 80 a 100 cm.
O tempo de acesso ao alimento também influencia no
espaço de cocho e no consumo. Vacas comem de 3 a 5h
por dia, fazendo de 9 a 13 refeições. Para motivar o máximo de ingestão os animais devem ter alimento disponível
20 horas por dia. Se o tempo para a disponibilização da
dieta for menor do que essa recomendação, o espaçamento de cocho deve ser aumentado para diminuir o efeito da competição por alimento.
O consumo é maior nos horários mais frescos do dia,
ou seja, início da manhã, final de tarde e início da noite.
Portanto, a disponibilidade de comida deve ser maior nesses horários. O efeito da dominância é marcante em lotes
de vacas multíparas e primíparas. Com a separação em lotes distintos, obtém-se um resultado positivo no consumo
das primíparas por diminuir a competição. O importante
é que o nutricionista conheça como esses fatores podem
prejudicar o desempenho das vacas e trabalhe junto ao
produtor e a equipe da fazenda para minimizar o impacto
desses aspectos no resultado produtivo do rebanho.
O papel do tratador
O tratador deve ser um funcionário muito bem preparado. Ele é responsável por manejar mais de 50% do custo variável de uma fazenda. Esse é um trabalho de grande
responsabilidade e que deve ser muito bem feito, pois as
falhas acarretam em grandes prejuízos econômicos para
a fazenda.
A pesagem correta dos ingredientes no preparo da
mistura do concentrado e da dieta é fundamental para
obter o equilíbrio nutricional prescrito pelo nutricionista.
Erros na adição dos ingredientes podem causar desde
um desbalanceamento nutricional, o que impossibilita às
vacas expressarem seu potencial produtivo, a deficiências
nutricionais, intoxicação e até a morte de animais.
Por ser a pessoa que está diretamente envolvida no
preparo e distribuição de alimentos, o tratador precisa ser
bem treinado. A adequada capacitação desse profissional vai permitir que, no dia a dia, ele esteja apto a fazer
os ajustes necessários da disponibilidade do alimento no
cocho e a evitar desperdícios na conta de maior impacto
no custo de produção de leite.
A seleção de alimentos pela vaca
A má qualidade de mistura da dieta oferecida aos
animais é o erro mais grosseiro do manejo nutricional do
rebanho, pois permite a seleção de alimentos pela vaca.
Atenção ao tamanho de partículas dos alimentos volumosos e a efetividade da fibra no rúmen da vaca são
fundamentais para manter a saúde ruminal e, consequentemente, a do animal. Quando se trabalha com volumosos
de partículas maiores corre-se o risco da vaca selecionar
o alimento que vai ingerir e, assim, modificar a dieta que
foi preconizada.
Rodelas de sabugo e palhas esgarçadas na silagem
de milho são alimentos facilmente separados pelo animal.
Quando feno é adicionado na dieta, o comprimento não
deve exceder o tamanho do focinho do animal para difi-
cultar que o mesmo selecione o alimento. Outro ponto
importante a ser avaliado é a qualidade da sobra de trato
que é recolhida no dia seguinte. Na gestão do manejo de
cocho deve sempre ser observado se a sobra de alimentos está semelhante à dieta oferecida. Caso contrário, o
nutricionista deve ser avisado para identificar os problemas e definir as mudanças necessárias.
Conclusão
Na prática, uma dieta pode funcionar muito bem em
uma fazenda e contribuir para acidose em outra (Firkins,
2002). A seleção dos animais contra a fibra longa ou diminuição do número de refeições com o aumento do tamanho das mesmas para compensar a ingestão total são dois
fatores que poderiam colocar uma quantidade razoável
de animais em acidose, mesmo que no computador esta
dieta esteja perfeitamente balanceada.
Em um próximo artigo abordaremos práticas fundamentais a serem observadas no dia a dia da alimentação
do rebanho. Por enquanto, lembre-se: a comunicação, o
envolvimento e a integração entre todos os envolvidos
no processo de manejo de animais, como nutricionistas,
técnicos e equipe da fazenda, são fundamentais para se
obter os melhores resultados produtivos dos animais, gerando economia e maior rentabilidade para o produtor.
Termino a primeira parte deste artigo com uma célebre frase de palestrante num congresso de nutricionista:
“Prestem atenção nas vacas!!!!
Só elas estão 100% certas sobre
produção de leite.”
NT #5
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CADERNO ESPECIAL NUTRON
Tecnologia
na pecuária
leiteira
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NT #5
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Renato Palma Nogueira
é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo de vacas
leiteiras, formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e
Consultor Técnico em Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.
TECNOLOGIA
CADERNO ESPECIAL NUTRON
NA PECUÁRIA
LEITEIRA
Até 2050, a produção de alimentos para erradicar a fome no mundo deverá aumentar em mais
de 70%, devido ao crescimento da população em
cerca de um bilhão de habitantes (relatório FAO). A
fome se torna cada vez mais inconveniente a todos.
De outro lado, teremos cada vez maior pressão ambiental para minimizar os impactos do aquecimento
global e pressões para que menos áreas sejam utilizadas ou destinadas para a agricultura e pecuária.
Esta luta, de forças de mesma intensidade e em sentidos opostos, coloca toda a expectativa do suprimento dessa quantidade total de alimentos necessária na utilização de tecnologias que aumentem e
intensifiquem a produtividade. Em recente evento,
um renomado palestrante disse que o mundo espera que 40% disto venha do Brasil. Como estamos
lançando uma nova linha de produtos, gostaríamos
de discutir pontos importantes sobre tecnologia na
atividade leiteira.
O que é tecnologia?
Tecnologia é um simples controle leiteiro mensal - a única forma de aplicarmos a “meritocracia”
na produção de leite. Sem ela, exigimos mais dos
melhores animais, sem nada a oferecer em troca,
diminuindo sua sobrevivência ao longo do tempo.
Dessa maneira, acabamos dando aos animais superiores menos oportunidades de deixar descendente, pois reprodução é uma das últimas prioridades
do uso dos nutrientes para bovinos leiteiros.
“Durante períodos de subnutrição, reprodução tem
sido sacrificada para manter a lactação.” Bauman et
al.(2004) University of Nottingham Conference.
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NT #5
No gráfico abaixo (Fonte: Elanco), temos a evolução da produtividade leiteira nos USA, em ordem
cronológica, associada com tecnologias reconhecidas na época como marco da evolução tecnológica.
Tecnologia é um termo que envolve o conhecimento
técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento.
(Wikipédia)
Tecnologia pode ser definida como eficiência: baixo
intervalo entre partos, mínimo de 4500 kg de leite por
vaca por lactação, baixa taxa de descarte, alta lotação
(litros de leite por hectare), baixa contagem de células
somáticas, e tantos outros parâmetros que possam ser
citados por todos dependendo do prisma de eficiência
que se deseja explorar. Na verdade, tecnologia são os
meios (aplicação de conhecimento, equipamentos, recursos e ferramentas) para se chegar aos parâmetros
de eficiência desejados: alta taxa de lotação, baixa contagem de células somáticas, alta produtividade, baixo
intervalo entre partos.
NT #5
57
Na atividade leiteira, podemos dividir a aplicação de
tecnologia em 4 grandes disciplinas:
Agronômica. Investimentos e conhecimentos fundamentais sobre fertilidade do solo, manejo das pastagens,
irrigação, cultura do milho e/ou cana-de-açúcar ou outros
alimentos forrageiros que serão à base da alimentação
forrageira do rebanho. Essa tecnologia é necessária para
que a qualidade e a quantidade destes alimentos nunca
sejam limitantes na produção de leite e para que sejam
produzidos a valores competitivos.
Estrutural. Ordenha alojamento dos animais, bebedouros, corredores, trilhas, caminhos, comedouros, maternidade, bezerreiro e outras partes estruturais que muitas
vezes são negligenciadas do ponto de vista de ciência na
atividade leiteira. Existem recomendações técnicas sobre
quantos centímetros lineares de bebedouro devem ter
uma vaca leiteira, onde ele deve estar colocado ou como
se fazer uma drenagem eficiente dos corredores que levam as vacas ao pastejo, e isto pode limitar a atividade
leiteira como um todo.
Zootécnica. Envolve genética, cruzamento entre
raças, alimentação do rebanho, registros, interpretação
dos índices produtivos, reprodutivos, manejo do rebanho,
entre outras disciplinas.
Sanidade. Relacionado com uma disciplina que garante que as três disciplinas acima irão ser executadas.
Controle da mastite, ausência de doenças, calendário de
vacinação, compra de animais sadios, qualidade da água
que os animais consomem, saúde de cascos, saúde no período peri parto e saúde na criação de bezerras são papéis
muito importantes nesta disciplina.
Qual é a mais importante? Para o produtor, a força de
uma corrente é a do seu elo mais fraco. Existem muitas
discussões no meio acadêmico sobre o assunto e por
mais que se tente achar uma disciplina mais importante,
o setor depende sempre de uma visão integrada de todos
os pontos para a eficiência do seu negócio.
Tecnologia é aplicação da ciência no campo. Estamos
lançando uma nova linha de produtos para nutrição de
vacas leiteiras, com três níveis distintos de aplicação de
tecnologias:
Linha Essencial – Nutrição focada para a exigência
do rebanho. Toda garantia em segurança alimentar, biodisponibilidade e bioeficacia das fontes tradicionais de
minerais e vitaminas da nutrição animal.
Linha Performa – Nutrição de resultados. Aditivos
consagrados com melhor custo/benefício para o desempenho do rebanho.
Linha Máxima – Nutrição para a MÁXIMA vida produtiva do rebanho. Focado nos pontos de pressão que um
rebanho pode apresentar ao longo do ano que podem
permitir produção e saúde dos animais.
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NT #5
O grande problema da tecnologia do setor é que ela
existe tanto para a melhora como para o lado ruim. O lado
bom mostra aquela tecnologia validada com pesquisas de
origem confiável, como em universidades conceituadas,
de renome e credibilidade. Essas tecnologias são aquelas
que estão publicadas em revista científica, que passaram
por uma banca avaliadora e que nos dá garantia de que
o número de animais é representativo. Com ela, a análise
estatística é confiável, feita com um grupo controle (que
não utilizou o fator avaliado) como parâmetro de comparação e que são conduzidas por pesquisadores qualificados. A ruim é aquela feita apenas a campo, sem grupo
controle, sem publicações. Seguem abaixo algumas dicas adaptadas de um artigo de Joe West para a Hords
Dairyman, a revista do produtor de leite nos USA( publicado na íntegra no site Milkpoint há alguns anos atrás )
que podem ajudar produtores e técnicos na tomada de
decisões quanto à tecnologias, parceiros e empresas na
adoção de tecnologia:
Fique atento para palavras genéricas e floreadas
como produto totalmente natural, que melhora a saúde
e alisa o pelo. A empresa tem que explicar exatamente
o que o produto faz como, por exemplo, se melhora a
produção de leite ou a reprodução ou diminui a contagem de células somáticas. A empresa deve ter uma
explicação lógica do mecanismo de ação, que deve ser
bem definido e razoável com a química, bioquímica ou
a fisiologia animal e alicerçado por boas pesquisas.
Produção de leite, reprodução, diminuição de mastites
são resultados diretos de algum efeito no animal. Caso
a empresa seja confiável e possua segurança no que
está falando, se sentirá totalmente satisfeita em passar informações detalhadas sobre o princípio ativo ou
conceito técnico do produto.
Fique atento para pesquisas de campo. Tome
cuidado: avaliação a campo é importante, porém não
deve ser a única fonte de informação sobre o produto.
Caso seja única, deve haver um grupo controle na sua
produção. O representante da empresa deve estar capacitado para fazer uma previsão e mostrar prazos para
que ocorram as respostas prometidas, baseadas nas informações sobre o seu produto a campo. Por exemplo, a
produção de leite aumentará em duas semanas ou ocorrerá redução de células somáticas em dois meses.
Fique atento: Tecnologias nutricionais (aditivos e
produtos) nunca devem ser utilizadas para corrigir falhas de manejo. Preste atenção com técnicos que lhe visitam para difundir tecnologia e que não se preocupam
com o seu rebanho. Um bom técnico sempre procura
conhecer o rebanho, a propriedade, sua rotina e sempre
se interessará por informações preciosas que o produtor possa passar em relação a problemas ou dificuldades
que o rebanho esteja passando. Fique atento, reconheça
um bom técnico pelo interesse dele no seu negócio.
Bons técnicos são focados nas vacas. Independente da
pressa que ele tenha, sempre dará um jeito de olhar para
as suas vacas. Caso você fale de mastite, ele certamente
fará perguntas sobre a sua ordenha. Caso fale sobre retenção de placenta, ele terá grande disposição para visitar o seu piquete maternidade, independente da chuva,
distância ou qualquer outro empecilho.
Existem ótimos produtos no mercado, como também
encontramos aqueles que fazem promessas impossíveis
de serem cumpridas. O mercado deve ser crítico e seletivo em relação à enorme diversidade de produtos disponíveis. Segundo Michael Hutjens, o produtor deve pensar
em quatro pontos na escolha de um aditivo: resposta,
retorno, pesquisa e resultado. Outro ponto importante a
ser considerado é a relatividade: Será que pode existir
outro tipo de manejo que substitui o produto? Exemplo:
Restrição de potássio (pastagens) elimina a necessidade
de uso de sais aniônicos ou parcelar a ração 3 vezes ao
dia pode diminuir consideravelmente o risco de acidose,
a ponto de tornar desnecessário o tamponante em certos casos.
“Ciência se faz com fatos (dados), assim como uma
casa se faz com pedras. Um monte de pedras não é uma
casa, da mesma forma que um monte de dados não é
ciência. ( Henri Poincaré)
Nutrição para a vida produtiva. Conheça a nova linha
de produtos da Nutron Alimentos. Ciência aplicada a todos os pontos de pressão do seu rebanho.
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CADERNO ESPECIAL NUTRON
Conceitos da nova
linha de produtos para
A FASE DE TRANSIÇÃO
DE VACAS LEITEIRAS
Introdução
O período de maior desafio para a vaca leiteira moderna é, sem sombra de dúvidas, o período compreendido
entre o pré e o pós-parto, que recebe o nome de período
de transição. Neste curto período de tempo (três semanas
antes e três semanas depois do parto) a vaca sofre sensíveis alterações de um dia para outro, como alterações hormonais, imunossupressão, crescimento fetal, produção de
colostro, início da lactação. Tudo isto acontece no momento em que repentina e consistentemente a vaca reduz o
consumo de alimentos. (Revista NT nº 1) .
“Talvez o maior avanço dos últimos 25 anos tenha
sido o foco da pesquisa no manejo do período de transição de vacas leiteiras e, em particular, no pré e pós parto.
Aproximadamente 75% das doenças nas vacas leiteiras
acontecem no primeiro mês após parto (Le Blanc, 2006).”
A afirmação do pesquisador acima reflete toda a nossa
60
NT #5
preocupação sobre a importância deste momento no
sistema de produção de leite. Consideramos a nutrição
na fase de transição, como o melhor momento para direcionar os investimentos de um rebanho em prol da melhoria conjunta de todos os seus resultados econômicos
e zootécnicos. Para nós da Nutron Alimentos esta fase é
inegociável para o sucesso de uma propriedade leiteira.
Verdadeiros desastres são vivenciados por nós no dia a
dia fruto das negligencias nesta fase tão importante para
o resultado. Melhorias fantásticas de problemas considerados sem solução são percebidas rapidamente quando
se acerta o manejo e a nutrição no período de transição.
Talvez seja o único momento da fase produtiva da vaca
leiteira onde uma simples ação pontual possa ser capaz
de aliar grandes respostas em aumentos de produção,
melhoria nos índices reprodutivos com aumento da imunidade e longevidade dos animais.
Diego Langwisnki
é Engenheiro Agrônomo com mestrado em
Nutrição de Ruminantes pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul e Consultor Técnico em
Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.
Renato Palma Nogueira
é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo
de vacas leiteiras, formado pela Universidade
Federal de Lavras (UFLA) e Consultor Técnico em
Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.
Objetivos do Programa Nutron de nutrição no período de transição são:
Produzir colostro de excelente qualidade, o ponto de partida para criar uma bezerra saudável. A primeira pesquisa que cita a importância do colostro na criação de bezerras data de 1912 e fará 100 anos no próximo ano;
Adaptar os microrganismos do rúmen para uma nova dieta, com participação significativa de grãos na alimentação dos animais;
Minimizar o risco das vacas apresentarem doenças metabólicas e infecciosas no pré e pós parto (hipocalcemia, mastite, retenção de placenta, metrite, cetose e outras);
Reforçar ao máximo o sistema de defesa dos animais (sistema imunológico) com a suplementação de microminerais e vitaminas específicos;
Evitar mobilização excessiva de reservas corporais antes e após o parto;
Reforçar a função hepática dos animais com a tecnologia “Liver Function Tecnology” da Provimi.
Programa Nutron de Nutrição no
período de transição
“Com grande freqüência a transição de uma vaca
não lactante para vaca lactante é uma experiência desastrosa para a vaca. A maioria das doenças metabólicas
ocorre nas duas primeiras semanas pós-parto e também
doenças infecciosas, como a mastite tornam-se clinicamente aparente nas duas primeiras semanas da lactação”
(Jesse Goff e Kayoto Kimura, 2008). Importante ressaltar
que essas grandes alterações desta fase são naturais e
inevitáveis e vão ocorrer sem que nós possamos evitá-las.
No entanto, podemos interferir na magnitude em que as
mesmas acontecem, diminuindo ou aumentando a ação
de alguma delas de acordo com o nosso interesse. Por
exemplo, podemos através de práticas de formulação e
balanceamento de dietas FAVORECER a mobilização do
cálcio ósseo, uma prática recomendável para evitar ou diminuir as chances dos animais apresentarem a febre do
leite. Em contrapartida, podemos manipular a dieta para
também diminuir a mobilização da gordura corporal, prática que diminui uma série de outras doenças metabólicas
e até mesmo infecciosas. Também podemos AUMENTAR
a exportação de gordura do fígado que é uma das mais
promissoras práticas para aumentar a saúde de vacas no
pós-parto. De uma forma resumida, um programa nutricional de transição deve considerar estas mudanças que
acontecem com a vaca e prepará-la de forma gradual
para a fase de lactação. Isso envolve conhecimento sobre
fisiologia, nutrição, manejo, imunidade, reprodução e uma
série de outras áreas inter relacionadas.
Talvez a questão mais preocupante deste período é
o reflexo das suas conseqüências em toda uma lactação.
Curtis et al. (1985) relataram ,por exemplo, que vacas que
apresentaram febre do leite foram 5 vezes mais propensas para contrair mastite clinica.
O programa de nutrição no período de transição buscou
os mais inovadores conceitos de balanceamento de dietas
e aditivos de última geração com resposta comprovada
neste período (Tabela 1). A Nutron está disponibilizando três
produtos para o produtor ou o nutricionista, baseados no
conhecimento dos seus desafios na fazenda, tenham a possibilidade de buscar a melhor solução nutricional (Tabela 2).
Os produtos terão as seguintes características:
NUTRONNUCLEO PERFORMA PP: produto recomendado para rebanhos que estejam em situações de baixo
desafio, que apresentem dieta total com potássio inferior a
1,5% da matéria seca e que tenham bom histórico de índices reprodutivos e de contagem de células somáticas ou
mastite. Possui na sua composição além de minerais e vitaminas que atendem as exigências nutricionais sugeridas
pelo NRC 2001, alguns aditivos importantes para esta fase;
NUTRONNUCLEO MÁXIMA PP ANIONICO: produto
recomendado para rebanhos submetidos a situações de
alto desafio com problemas de febre do leite, reprodução
e contagem de células somáticas ou mastite. Possui na
sua composição uma associação de aditivos para minimizar problemas relacionados com a mobilização da
gordura corporal e suas conseqüências. Estes aditivos
visam melhorar a digestibilidade dos alimentos e auxiliar
na função hepática. O produto também contém mineral
e vitaminas que atendem as exigências nutricionais sugeridas pelo NRC 2001, com exceção da vitamina E que
supera em 50% esta recomendação;
NUTRONNUCLEO MÁXIMA PP TRANSIÇÃO: produto recomendado para rebanhos que procuram maximizar a longevidade (máxima resposta e maior vida produtiva). É a melhor
associação de aditivos da pesquisa (desempenho x imunidade
x longevidade). Ele é recomendado para rebanhos que estejam em situações de alto desafio (alta contagem de células somáticas e desempenho reprodutivo crítico com vacas obesas
e alto histórico de problemas metabólicos) e que apresentem
dieta total com potássio inferior a 1,5% da matéria seca
NT #5
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Tabela 1
Caracterização das funções dos aditivos presentes
em cada produto da linha de nutrição para o período de transição
Aditivo
Função
PERFORMA PP MAXIMA PP
ANIONICA
MAXIMA PP
TRANSIÇÃO
Monensina
Evitar mobilização gordura corporal
sim
sim
sim
Minerais de alta perfor- Diminuir CCS, melhorar performance reprodutiva e saúde de casco
mance (zinco, cobre e
manganês e orgânicos)
sim
sim
sim
Biotina
sim
sim
sim
Microminerais e Vitami- Exigência nutricional
nas NRC 2001
atende
atende
atende
Vitamina E NRC
Sistema imune
atende
Supera 50%
Supera 50%
Leveduras vivas
Saúde ruminal e digestibilidade da fibra
não
sim
sim
Cromo metionina
Auxilia no metabolismo energético, consumo.
não
sim
sim
Probiótico
Saúde ruminal.Aumento rápido ingestão.
não
sim
sim
Colina Protegida
Proteção hepática
não
não
sim
Sais aniônicos
Evitar hipocalcemia
não
sim
não
Selênio orgânico
Sistema imune e mastite
sim
sim
sim
Proteção hepática e saúde de
casco,metabolismo glicose
Tabela 2
Modo de uso da linha de nutrição para o período de transição
Produto
Recomendação de uso
NUTRONNUCLEO PERFORMA PP
NUTRONNUCLEO MÁXIMA PP
TRANSIÇÃO
Produto de alta aceitabilidade pelos animais que pode ser usado na fabricação da
ração ou direto na dieta total. Usar 200 gramas/vaca/dia no período de pré-parto e
manter de 100 a 150 gramas/vaca/dia associado ao núcleo de lactação nas primeiras semanas pós-parto.
NUTRONNUCLEO MÁXIMA PP
ANIONICO
Produto que pode ser usado na fabricação da ração ou direto na dieta total.
Recomenda-se sempre misturar a ração com algum volumoso, pois os sais
aniônicos presentes no produto são de baixa palatabilidade. Usar 600 gramas/
vaca/dia no período de pré-parto, divididos em no mínimo dois tratos diários.
Não é indicado o seu fornecimento no período de pós-parto por possuírem sais
aniônicos. Neste caso, recomenda-se qualquer um dos outros dois produtos
desta fase.
O pré parto nas palavras de grandes especialistas
“É bem aceito que os distúrbios metabólicos pós parto estão associados com a fertilidade reduzida mais tarde durante a reprodução.” (R. Butler. 2005)
“Desordens metabólicas como a hipocalcemia e a cetose exacerbam a supressão do sistema imune neste período tão
crítico. Muitas vezes em mais de 60 a 80% de perda da resposta imune do animal.” (Golf. 2008)
“Pesquisas nos EUA sugerem que cerca de 5% das vacas desenvolvem a febre do leite e que a incidência da hipocalcemia subclínica seja próximo a 50% em vacas mais velhas.” (Golf. 2008)
“A transição aumenta consideravelmente o risco de doenças (metabólicas e infecciosas) e seus impactos negativos
na produção e reprodução.” (James Spain. 2009)
“A probabilidade da vaca ficar gestante quando desenvolve um quadro de cetode subclínica é reduzido em 50%.”
(S.J.Le Blanc)
“Pré parto e boa nutrição da vaca fresca para atingir altos níveis de ingestão durante todo o período de transição
deve ser sempre a primeira área de foco.” (R. Butler. 2005. Western Canadian Dairy Seminar Proc. 17:35-46.)
62
NT #5
De acordo com a citação dos pesquisadores acima, é
importante deixar bem claro que a fase de transição
não acaba no dia do parto. Da mesma forma que o
período que antecede o parto esta é uma fase em que
as vacas leiteiras passam por uma série de mudanças:
aumento de consumo, involução uterina, aumento na
produção de leite, dores, imunidade baixa, mudança
de lote e de dieta, entre outras. Uma oportunidade
muito grande de melhoria na saúde dos animais para
quem já faz manejo e nutrição diferenciados de transição no pré-parto é fazer o mesmo por 10 a 15 dias
após o parto, respeitando as características próprias
desta fase. É nesta fase que a maioria das doenças
metabólicas ocorre e que não devemos medir esforços para aumentar o consumo dos animais. Segundo
Santos (2006), uma vaca de alta produção nesta fase
pode estar perdendo 2 a 3 kg de peso diariamente
para sustentar a lactação que se iniciou.
Segundo pesquisadores de Minnesota, 25% das
vacas descartadas no estado, levantamento de
5 anos, ocorreu até 50 dias após o parto. Uma
em cada quatro vacas deixou o rebanho neste
momento!! (Thomas Overton, 2008)
O TRABALHO a seguir mostra alta
capacidade de resposta a uma dieta de
MÁXIMA concentração de nutrientes
de atuação antioxidante para aumento
da IMUNIDADE na TRANSIÇÃO.
Utilize o núcleo específico da transição associado com o núcleo da lactação em um lote pós-parto por no mínimo mais duas semanas. Consulte um técnico da Nutron para auxiliá-lo. Aumente a imunidade dos animais nesta fase tão crítica para os animais.
Programa Nutron de transição para vacas leiteiras: A saúde dos seus animais é o nosso futuro.
Conheça todos os serviços da Nutron para esta fase:
Check List de manejo no período de transição; 60 itens avaliados conjuntamente em um relatório de pontos
críticos com ordem de prioridades.
Monitoramento do cálcio sanguíneo no dia do parto;
Monitoramento da qualidade da água: água pode conter sódio e outros minerias, portanto pode ter DCAD !!!!
Monitoramento do nível de potássio dietético;
Palestras focadas sobre manejo e nutrição específicos para difusão da importância da TRANSIÇÃO como: “O
Contrato dos 100 dias” (Uma adaptação da Nutron da famosa palestra americana sobre o tema);
Treinamento técnico em manejo e programas nutricionais específicos para o período de transição;
Formulações de dietas comprovadas de alto sucesso para a transição pré e pós-parto.
Considerações Finais
O período de transição é uma fase chave dentro da nutrição de vacas leiteiras e traz consigo
uma importância econômica muito grande. Por isso ele vem sendo e continuara sendo alvo de
inúmeras pesquisas. A medida que elas foram trazendo informações concretas que possam
melhorar o resultado econômico e zootécnico dos animais na fazenda a Nutron estará disponibilizando estas para seus clientes, como vem fazendo desde a sua fundação.
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CADERNO ESPECIAL NUTRON
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Neto Carvalho
é Médico Veterinário, formado pela
Unifenas, especializado em Reprodução
Animal pela USP e Coordenador Técnico
de Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.
Renato Palma Nogueira
é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo de
vacas leiteiras, formado pela Universidade Federal de
Lavras (UFLA) e Consultor Técnico em Bovinos de Leite
da Nutron Alimentos.
ENTENDA COMO A
EFICIENCIA ALIMENTAR
É um ponto muito importante
na nutrição de vacas leiteiras
(Conceito digest)
Eficiência alimentar é a habilidade de a vaca transformar
os alimentos ingeridos em leite. Seria como a autonomia de
um carro. Quantos quilômetros meu carro faz com 1 litro de
combustível? Quantos litros de leite a vaca produz consumindo um kg de matéria seca da dieta. Como alimentação das va-
Existem três motivos principais para se olhar para a
eficiência alimentar, segundo Mike Hutjens da universidade americana de Illinois: Ferramenta de olhar econômico, maneira de avaliar fatores de manejo e monitoria da
função ruminal.
cas leiteiras representa o maior custo de produção da atividade
este número é muito importante. Mede a resposta fisiológica
da vaca submetida a uma dieta e a um manejo. Também pode
explicar muito da diferença e do benefício entre produtos, concentrados e minerais, com preços diferentes.
Exemplo de pontos críticos afetando a eficiência alimentar em um rebanho. Dentro de um rebanho com um
consumo médio de 20 kg de matéria seca e 1,5 de eficiência alimentar (EA). Simulação adaptada de uma apresentação do Dr. Mike Hutjens na Pensilvânia 2009.
Conceitos
Produção do Rebanho seria = 20 x 1,5 = 30 kg de leite/vaca/dia.
Matéria seca (MS) – Alimento menos a quantidade de água. Alimento desidratado. Exemplo: Se a vaca consumir 50
kg de um capim que tem 78% de água a vaca ingeriu em matéria seca apenas 11 kg de alimento na matéria seca (22%
MS e 78% água). 39 kg eram água.
Dieta – tudo que a vaca consumiu de alimentos na matéria seca em 24 horas. Pastejo + silagem + concentrado
Eficiência alimentar – Produção de leite dividido pela ingestão da dieta na matéria seca em 24 horas. Exemplo: Se um
grupo de vacas produz 20 kg de leite e consumindo 15 kg de matéria seca = 20/15 = 1,33. A eficiência alimentar deste
lote é 1,33. Significa que a cada 1 kg de alimentos na matéria seca que as vacas consomem se produz 1,33 kg de leite.
Se contagem de células somáticas subisse de 400.000 para 500.000 no tanque =rebanho perderia 0,06 unidades
de EA =20 x 0,06 - = menos1, 2 kg de leite na média do rebanho.
Se a temperatura média subir de 22° C para 32°C = - 0,3 unidades de EA = 20 x 0,3 = 6 kg de leite a menos na produção média do rebanho.
Se as vacas avançarem o DEL de 150 para 200 dias = - 0,15 unidades de EA = 3 litros de leite a menos na produção média.
Se as vacas tiverem acidose subclínica = -0,1 unidades de EA = 2 kg de leite a menos.
Se as vacas começassem a caminhar 500 metros/dia da ordenha ao pastejo nas duas ordenhas = -0,07 unidades =
1,4 litros de leite a menos por vaca/dia.
NT #5
NT #5
65
Lucro máximo ou custo mínimo?
Lembrem-se sempre: Quem paga tecnologia são as vacas. Dêem oportunidades para que isto ocorra,
vivemos do resultado do que o rebanho nos proporciona e não da economia em que deixamos de fornecer
na dieta das vacas. O que não se mede não se administra. Meça o consumo dos animais, a produção de leite e
avalie a condição corporal dos animais mensalmente. Podemos ter grandes oportunidades de aumentos na
eficiência com estas medidas e a certeza de tomar as decisões econômicas mais assertivas para o manejo e
nutrição do rebanho. Não se pode julgar dois produtos ou duas dietas ou dois manejos diferentes sem mensurar a respostas entre eles. Elas podem ser diferentes. Se você não estiver mensurando a resposta você
assume que a reposta será a mesma. Será mesmo? Como no começo do texto comentei que a eficiência
alimentar se compara com a autonomia de um carro, usarei este exemplo para ilustrar a definição de custo
mínimo x lucro máximo:
Dois combustíveis de dois postos de gasolina diferentes
Posto 1 = Gasolina R$2,45/litro.
Posto 2 = Gasolina R$2,69/litro.
Qual comprar? Se jamais mediu a eficiência ou desempenho dos dois combustíveis sua resposta será obviamente a gasolina do posto 1. Porém se você mensurou a autonomia com os
dois combustíveis e chegou ao seguinte resultado:
Gasolina do posto 1 = 7 km rodado com 1 litro de combustível.
R$2,45/7 km = R$0,35 km rodado.
Gasolina do posto 2 = 9 km rodado com 1 litro de combustível.
R$2,69/ 9 km = R$ 0,30 km rodado.
A gasolina do posto 2 é R$0,05 por km rodado mais barato comparado com o posto1. Isto significa
14,28% mais retorno em desempenho em ser utilizada comparada com a gasolina do posto 1,que sem ser
avaliado por desempenho em um primeiro momento se mostrava 8,92% mais barata.
A gasolina do posto 2 é o típico exemplo de produto de lucro máximo, onde foi avaliado o preço do
combustível comparado com a performance que ele proporciona.A gasolina do posto 1 é o exemplo da
opção pelo custo mínimo, quando se toma uma decisão por preço sem mensurar a performance, assumindo que todos os produtos são iguais.Não são. Deixe as vacas julgarem os produtos, afinal como se
diz em uma famosa palestra de vacas leiteiras, no negócio leite somente as vacas estão sempre certas,
portanto prestem atenção nas vacas !!!! São elas que mostrarão o caminho das melhores opções nutricionais e de manejo para o seu rebanho. Existe alguma dúvida que se a gasolina do posto 2 permitiu
melhor desempenho ela também permitirá uma maior vida útil do motor ???
Pontos que comprovadamente afetam a eficiência
alimentar: Mastite sub clínica, nitrogênio uréico no leite,
deslocamento dos animais, dias em lactação, digestibilidade/processamento dos carboidratos (Fibra e a fração
Carboidrato não fibroso), foto período, balanceamento
protéico, aditivos, estresse térmico, dias em leite, tamanho da vaca, acidose sub clínica, número de horas que as
vacas deitam por dia, teor de gordura no leite, ordem de
parto, condição corporal do rebanho e outras. A eficiência
alimentar (E A) reflete a saúde do rúmen, qualidade dos
alimentos, conforto (ambiência) e muitas outras práticas
de manejo e nutrição.Metas para eficiência alimentar em
um rebanho (padronizada para 3,5% de gordura):
ros fatores já comentados que irão atuar conjuntamente
para atingir estes resultados.
Monensina sódica: “A observação de que rebanhos
mantidos a pasto apresentaram maior resposta de produção de leite ao uso da monensina sódica é consistente com a conclusão de Ipharraguerre e Clark (2003) em
relação a dietas ricas em forragem (Duffield, 2008)”. “A
monensina sódica (Rumensin) aumenta a energia equivalente a fornecer mais 0,45 a 0,91 kg de milho a uma dieta.
(Randy Shaver, Universidade de Wisconsin)
Levedura viva e ativa no rúmen: dados exclusivos média dos experimentos da levedura utilizada pela Nutron.(
Fonte: Lallemand)
Eficiência alimentar em pastagens
tropicais
Excelente revisão do professor Flávio Portela Santos
da ESALQ-USP (Santos et al. 2003) que avaliaram a produção de leite de diversos trabalhos de vacas em sistemas
de produção exclusivamente em gramíneas tropicais a
eficiência alimentar média foi de 0,83. Significa que para
cada kg de matéria seca de pastagem tropical os animais
produziram 0,83 kg de leite. O consumo total de matéria
seca de pastagens foi de 10,95 kg e a produção de leite de
9,1 kg. Para a média de diversos trabalhos.
Conceito DIGEST.
A Nutron está lançando neste ano um conceito de aditivos
com o nome DIGEST. Trata-se de uma associação de uma leveduravivaativanorúmencomamonensinasódica.Esteconceito
fará parte de toda a família de produtos da linha, desde premix,
núcleos fresh foragem, núcleos linha normais e tamponados.
Toda vez que o produtor conter o nome DIGEST significa que ele
é focado em aditivos que melhorem a eficiência alimentar.
“Levedura ativa no rúmen melhora a eficiência alimentar em 0,1 unidades e a monensina sódica melhora a
eficiência alimentar em 0,06 unidades (M Hutjens, Universidade de Illinois.)”
Benefícios da linha DIGEST.
Aumento da produção de leite em dietas de fibra
alta ou restrição energética.
Pretendemos em vacas em pastejo estarmos próximos da relação de 1 kg de leite ara cada 1 kg de matéria
seca de pastagem consumida. Claro que existem inúme-
66
“Os produtos da nutrição animal podem ser consideradas commodities para quem os compra, porém
jamais serão para quem os consomem” (Antonio Mário Penz Jr – Diretor Técnico Mundial de avicultura do
Grupo Provimi)
“O fornecimento de levedura viva em dietas de vacas
lactação tem a probabilidade de se obter uma resposta
real acima do custo da levedura em mais de 91% dos casos. Média de 51 experimentos. (Mike Hutjens).”
Mesma produção de leite consumindo menos dieta e diminuindo o custo/vaca/dia em situações de regulação química de consumo ou onde energia não é limitante.
O que significa melhorar pontos de unidades de eficiência alimentar sem aumentar a produção de leite. Exemplo real. Rebanho
com35kgdeproduçãodeleiteeasvacasconsumindoemmédia
23,1 kg de matéria seca por dia. Se após algumas mudanças nutricionais as vacas permanecerem com 35 kg de leite, consumindo
agora apenas 20,9 kg de matéria seca.
Eficiência alimentar inicial = 35 kg leite/23,1 kg MS ingerida = 1,51
Eficiência Alimentar posterior = 35 kg leite/20,9 kg MS
ingerida = 1,67
Diferença em EA de 1,67 – 1,51 = 0,16 unidades.
Diferença em consumo de alimentos = 23,1 – 20,9 = 2,2
kg de matéria seca.
Se dividirmos o consumo de matéria seca da propriedade antes da alteração na dieta pelo resultado obtido
com a alteração (mesma produção consumindo 2,2 kg
MS a menos) = 23,1/2,2 = 10,5 pontos de economia. Isto
significa que a partir da alteração dietética a cada 10,5
vacas tem uma comendo inteiramente de graça comparado com a situação inicial.
NT #5
Conheça os produtos da linha Digest. Conheça nosso check list de avaliação do manejo e a eficiência
alimentar de vacas para observar todos os pontos do sistema de produção que podem estar afetando a
eficiência alimentar do seu rebanho.
Linha Digest = Alta eficiência alimentar é mais saúde no rúmen e dieta
equilibrada = Vaca saudável =Mais lucro para o produtor. Linha Nova
de Produtos Nutron para Bovinos de Leite. A saúde do seu rebanho é o
nosso futuro. Vacas saudáveis produzem mais leite.
NT #5
67
CADERNO ESPECIAL NUTRON
MICRO
INGREDIENTES,
Diego Langwisnki
é Engenheiro Agrônomo com mestrado em
Nutrição de Ruminantes pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul e Consultor Técnico em
Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.
Renato Palma Nogueira
é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo
de vacas leiteiras, formado pela Universidade
Federal de Lavras (UFLA) e Consultor Técnico em
Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.
MACRO
RESPONSABILIDADES
Jeremias 14:6 Os jumentos selvagens se põem nos desnudos altos e, ofegantes, sorvem o ar
como chacais; os seus olhos desfalecem, porque não há erva.(Bíblia)
Os primeiros relatos do reflexo da nutrição mineral na saúde dos animais foram feitos na Bíblia
(citação acima) A citação do Velho Testamento se refere à deficiência de vitamina A ocasionada
pela falta de pastagens na dieta de animais que vivem nas montanhas (pastagem é fonte de vitamina A). O objetivo deste artigo, é mostrar a importância dos microminerais e vitaminas para
vacas leiteiras nos processos fisiológicos que envolvem a saúde e desempenho dos animais. Os
microingredientes possuem macro responsabilidades e muitas vezes são deixados em segundo
plano na nutrição de vacas leiteiras.
A biodisponibilidade não é uma característica inerente de uma fonte específica de um elemento, mas um valor determinado experimentalmente que está relacionado à absorção e utilização
em condições de teste. Em outras palavras, a biodisponibilidade não é independente do animal
testado. Adaptado de Fairweather-Tait (1987)
Toda vez que falamos sobre nutrição mineral voltamos ao tema da biodisponibilidade ou coeficiente de absorção. Este conceito informa a proporção de um determinado elemento que após
a ingestão, é metabolizado pelo organismo animal, exercendo as suas funções metabólicas. Existe
uma série de fatores que afetam a biodisponibilidade dos minerais no trato digestivo dos animais,
como a interação entre os minerais e os outros componentes dos alimentos (Spears, 1989; Wapnir,
1998). Além disso, podemos somar a origem dos minerais (sulfatos, óxidos, carbonatos, proteinatos, complexos minerais aminoácidos, etc), estágio fisiológico, pH intestinal, idade e a presença de
agentes antagonistas. Dentre estes antagonistas os principais são:
68
NT #5
NT #5
69
Os próprios minerais suplementados de forma desbalanceada (ferro presente no solo, fósforo na forma fítica que
absorve outros microminerais);
Ingestão de solo (argilas) junto com as pastagens ou
quaisquer outros alimentos;
Qualidade da água (presença de sedimentos,
salinidade, etc).
Além das questões relativas à fonte dos minerais e as condições da dieta das vacas leiteiras, devemos levar em conta o
desafio a que elas estão sendo submetidas dentro do sistema
produtivo (produção de leite, condições de conforto, condições
de higiene), pois elas definem uma exigência que não está prevista no NRC (que basicamente leva em conta a excreção de
minerais via leite, crescimento, pêlos e urina). Vários trabalhos
relatam a diminuição de microminerais no sangue em fases
de maior desafio (periparto), como por exemplo, o zinco. Neste sentido, podemos definir a diferença entre requerimento
(NRC) e recomendação (J. Linn,Minesota):
Requerimento é a quantidade de um determinado nutriente necessária para manter o animal saudável, com bom
desempenho reprodutivo e para produzir determinada quantia de leite ou peso vivo sob condições ambientais específicas;
Recomendação é a quantidade de um determinado nutriente que para atender os requerimentos, sob condições ambientais menos favoráveis, inclui uma margem de segurança
para contabilizar variações no consumo, produção e disponibilidade do nutriente.
Vitamina A. Vitamina A está envolvida com a visão, imunidade, saúde da glândula mamária e fertilidade. Abortos,
retenção de placenta e problemas com doenças infecciosas
podem ser sinais de deficiência de vitamina A. A estabilidade
dos suplementos minerais vendidos é variável. Num estudo
com premix armazenado em ambiente quente e úmido por
três meses, a atividade da Vitamina A ficou com 30% a 80%
(Feeding 2007);
Vitamina D.Énecessáriaparamanteroequilíbriodecálcio
e fósforo do organismo, além de estar envolvida na atividade
imunológica. As vacas podem produzir a sua própria Vitamina
D quando expostas à luz do sol. Entretanto sua suplementação
é recomendada, devido à limitada armazenagem de vitamina
D pelo animal e pouca exposição dos animais todos os dias à
luz do sol (baixo custo de suplementação).
Vitamina E. iÉ necessária como antioxidante para manutenção da integridade celular, estando diretamente envolvida na imunidade e na reprodução. A relação entre suplementação de vitamina E e redução na incidência de mastite é
bem documentada em diversos estudos. A literatura também
traz muitas informações sobre a Vitamina E associada com o
selênio, na redução da incidência de retenção de placenta.
Em meados dos anos 1960, começou a terceira fase da
medicina veterinária preventiva, a grande evolução nesta
época foi o reconhecimento das doenças subclínicas como
um fator limitante na produtividade. (Le Blanc, 2006).
Vitaminas
Weiss (1998) sugeriu que o requerimento de vitamina
A e E para vacas leiteiras deveria ser aumentado de 50% a
500%, devido a resposta em função imune ser maior do que
as baseadas em produção;
Tenha certeza que a vitamina que você fornece às vacas
vai trabalhar para você (Mary Beth de Ondarza);
Micro minerais.
No futuro próximo, o aprimoramento na nutrição de
vitaminas e minerais provavelmente será a chave para
a ciência da nutrição, visando aumentar a produtividade
dos rebanhos em regiões tropicais e subtropicais (John
Arthington,Universidade da Flórida).
Algumas considerações sobre o importante papel de
alguns minerais traços.
Zinco. Palavras chaves: Síntese de queratina. Tecido
epitelial de produção e reparação. Função na saúde da
glândula mamária. O zinco ajuda a manter a saúde e a
integridade da pele devido ao seu papel na regeneração
celular e reparação. Ele também desempenha um papel crítico na formação do tampão de queratina no canal do teto,
onde as bactérias se alojam, impedindo-as de se mover
70
NT #5
retenção de placenta e metrite. Cio silencioso. Queda na
imunidade. Função na saúde da glândula mamária O selênio desempenha um papel fundamental na resposta imunitária e tem um papel associado à vitamina E na proteção da
glândula mamária. Selênio também permite influxo mais
rápido de neutrófilos (células somáticas) no leite, no combate de infecções intramamárias bacterianas. Função na
reprodução. Como o selênio tem um papel vital na resposta
imune e está associado com a vitamina E, é documentado
baixo teor corporal de selênio em degeneração embrionária, levando ao aumento da reabsorção fetal e mortalidade
precoce de bezerros. Teores corporais baixos de selênio
também foram associados com má involução uterina, retenção de placenta, metrite, redução da fertilidade e cios
fracos ou silenciosos;
para dentro da glândula mamária. Função na reprodução.
Foi demonstrado que a deficiência de zinco reduz a taxa de
concepção, aumenta a incidência de retenção de placenta,
distocia e leva a um cio anormal. A deficiência de zinco em
vacas gestantes pode resultar em aborto, mumificação de
fetos, menor peso ao nascer ou contratibilidade alterada do
miométrio com parto prolongado. Vacas com baixos níveis
séricos de zinco tiveram menor incidência de distocia quando suplementadas com zinco antes do parto;
Cobre. Palavras chaves: Síntese de queratina. Função
imune. Fertilidade. O cobre afeta a capacidade de defesa
dos glóbulos brancos do sangue, tais como neutrófilos (células somáticas) para matar agentes patogênicos. Função
na saúde da glândula mamária. É também necessário para
o desenvolvimento de anticorpos e replicação dos linfócitos (glóbulos brancos). Função na reprodução. Os problemas reprodutivos relacionados ao baixo status de cobre se
manifestam em inibição da concepção, mesmo que o cio
seja normal. Esta falha reprodutiva é causada por morte
embrionária precoce e reabsorção do embrião. Também
ocorre um aumento da retenção de placenta, com possível
necrose da placenta;
Manganês. Palavras chaves: Papel chave na manutenção de pernas e pés saudáveis, devido sua importância
na formação da cartilagem. Sistema Imune. Função na reprodução. Necessário para formação de colesterol que é
precursor da progesterona e do estrogênio. A deficiência
de manganês pode estar associada com a supressão do
cio e redução da taxa de concepção. Também vai contribuir
para retardo da ovulação e um aumento da incidência de
abortos. O cio silencioso é um sinal comum de deficiência
leve de manganês. Função na saúde da glândula mamária
O manganês ajuda a melhorar a função imunológica, por
meio de macrófagos (glóbulos brancos). Os macrófagos
são um dos tipos de células somáticas, liberados na glândula mamária em maior concentração para ajudar a proteger
contra infecções intramamárias;
Selênio. Palavras chaves: Aumento de incidência de
O conceito DEFENSE
O conceito DEFENSE na nova linha de produtos de alta
performance da Nutron Alimentos, foi formulado para rebanhos que necessitam de máximo investimento para alcançar
um status mineral e vitamínico ótimos, para que as células
de defesas possam construir um sistema capaz de superar
as adversidades que os animais são submetidos no seu sistema de produção. Sua formulação contém a tecnologia
dos minerais de alta performance da Zinpro (Cobre, Zinco,
Selênio e Manganês) associados a um blend de compostos
antioxidantes, que potencializam a ação das vitaminas Estas
tecnologia, associadas atuam na preservação da integridade
celular (sistema de defesa), mantendo um sistema de defesa
altamente eficiente. É importante ressaltar que todos estes
microminerais têm um coeficiente de absorção (biodisponibilidade) variáveis e desempenham um papel muito importante nesta difícil tarefa de proteger as células;
Os coeficientes de absorção aplicados aos micros minerais
são baseados em estado fisiológico limpo (sem doenças, desafios, bom ambiente e mínimo esforço). A variação que ocorre
na retenção de micromineral inorgânico a campo, por inúmeras razões é muito maior do que a diferença comparada entre
uma boa fonte orgânica de um micromineral e o coeficiente de
absorção de uma boa fonte inorgânica. Dois grandes motivos
fazem com que a biodisponibilidade de fontes inorgânicas sejam variáveis: estresse e antagonismos.
1-Estresse. Quando um animal esta sob estresse, o
cortisol é liberado na corrente sanguínea. A liberação de
cortisol altera o metabolismo do animal e os nutrientes necessários para o sistema imunológico (células do sistema
imunitário) combater a infecção, são redirecionados para
escapar do evento estressante ou manter a função do órgão para sobreviver ao desafio de estresse.O estresse também altera a forma como um animal absorve e retém os
nutrientes, como minerais, por exemplo.
2- Antagonismos. Os minerais podem interagir entre
si, com outros nutrientes e com fatores não nutritivos. Essas
NT #5
71
I sImpósIo InternacIonal
Leite
Integral
interações podem ser sinergéticas ou antagônicas, tomam
lugar no próprio alimento, no trato digestivo, nos tecidos e
no metabolismo celular. Animais a pasto consomem 10% da
matéria seca de solo, o que efetivamente reduz a disponibilidade de cobre pela metade (NRC 2001 – Tabela 3). As carências minerais são agrupadas como primárias e secundárias.
Primárias são as que não atendem os requerimentos do
animal pela sua suplementação. Secundárias são resultado
de uma avaliação correta da nutrição mineral do rebanho,
porém a presença de um antagonista diminui a disponibilidade do mineral e leva à deficiência. (Adaptado de John Artington Novos Enfoques na Prod. e Reprod. de Bovinos 2008).
A Tabela 4 mostra o efeito da fonte do fertilizante sobre as
concentrações hepáticas de cobre em bovinos.
28 a 30 de abril de 2011
Ouro Minas Palace Hotel - Belo Horizonte/MG
PROGRAMAÇÃO*
28/04 – Quinta-feira
07:00 às 08:00 – Credenciamento e entrega de
material
08:00 às 08:30 – Abertura
08:30 às 09:45 – Influência do manejo pré-parto
na qualidade do colostro e saúde das bezerras Dr. Jim Quigley (University of Tennessee, EUA)
09:45 às 10:15 – Milk Break
10:15 às 11:30 – Influência da nutrição e dos
métodos de aleitamento e desaleitamento na
saúde, desenvolvimento do rúmen e desempenho das bezerras - Dr. James Drackley (University
of Illinois, EUA)
11:30 às 12:45 – Avaliação do comportamento
das bezerras como indicativos de estresse e
doenças - Dr. Jeffrey Rushen (Pacific Agri-Food Research Centre, Agriculture and Agri-Food Canada
- University of British Columbia, Canadá)
12:45 às 14:00 – Almoço
14:00 às 15:15 – Como o manejo, a sanidade e
O ferro é o segundo metal traço mais freqüente na terra. Ele
é encontrado em quase todas as fontes de alimentos, inclusive
na água. O papel mais importante do ferro na nutrição de vacas
leiteiras é o seu antagonismo com outros minerais, principalmente o cobre e o zinco. Do ponto de vista da nutrição mineral,
a preocupação com a qualidade da água é muito importante
porque uma vaca facilmente estará ingerindo quantidades de
águas superiores a 100 litros por dia e ela pode ter grande impacto na absorção dos microminerais pelos animais. Na Tabela
5, assumindo uma vaca consumindo 23 kg de matéria seca por
dia e ingerindo 116 litros de água para produzir 40 kg de leite.
micro + vitaminas, núcleos da linha normal e núcleos tamponados. É indicado para situações de rebanhos com sistema imune e
sob grandes desafios como:
presença de micotoxinas nos alimentos;
alta contagem de células somáticas;
presenças de outros agentes infecciosos;
alta presença de abortos e/ou repetição de cios.
Outros fatores nas quais de a linha é indicada: estresse térmico, baixa qualidade da água ingerida pelos animais e rebanhos
com históricos de baixos índices reprodutivos e de sanidade do
rebanho, acidose e alta incidência de problemas metabólicos.
a nutrição da bezerra podem afetar parâmetros
como idade e ECC ao 1º parto e produção de leite
- Jud Heinrichs (Penn State University, EUA)
15:15 às 15:30 – Espaço empresarial Itambé
NT #5
29/04 – Sexta-feira
Vargem Grande, Monsenhor Paulo/MG)
16:15 às 16:45 – Milk Break
16:45 às 17:15 – Sistema de criação de bezerras
da Fazenda FINI - Hans Jan Groenwold (Fazenda
FINI, Castro/PR)
17:15 às 18:30 – Espaço empresarial Bayer Como reduzir a mortalidade por tristeza parasitária no pós-desaleitamento
30/04 - Sábado
08:00 às 09:15 – Desempenho de bezerros
manejados em alimentadores automáticos - Dr.
Jeffrey Rushen (Pacific Agri-Food Research Centre,
Agriculture and Agri-Food Canada - University of
British Columbia, Canadá)
09:15 às 09:30 – Espaço empresarial Itambé
09:30 às 10:45 – Requisitos nutricionais de bezerras e novilhas - Mark Hill (Provimi – EUA)
10:45 às 11:15 – Milk Break
11:15 às 12:30 - Causas, controle e prevenção da
mastite em novilha - Sarne De Vliegher (Faculty of
06:00 às 18:00 - Visita ao sistema de criação de
bezerras da Fazenda Santa Luzia e Leilão Girolando Santa Luzia
CURSOS PRÉ-SIMPÓSIO
Dia 26/04/2011 das 08:00 às 18:00
Nutrição e manejo de bezerras do nascimento
Veterinary Medicine, Gent University, Belgica)
aos 4 meses. - Dr. Jim Drackley (University of
Illinois, EUA)
12:30 às 14:00 - Almoço
14:00 às 15:15 - Efeitos da nutrição e ganho de
peso no desenvolvimento funcional da glândula
Dia 27/04/2011 das 08:00 às 18:00
mamária - Kristy Daniels (The Ohio State Univer-
15:30 às 16:00 - Sistema de criação de bezerras
da Fazenda Santa Luzia - Maurício Silveira Coelho
(Fazenda Santa Luzia - Passos/MG, Brasil)
sity - EUA)
15:15 às 15:30 – Espaço empresarial Milk Point
15:30 às 16:15 – Recria a pasto - Ronaldo Braga
16:00 às 16:30 – Milk Break
Reis (Escola de Veterinária da UFMG, Fazenda
Glândula Mamária - anatomia, desenvolvimento
funcional e impactos da nutrição nas diferentes
fases de crescimento. - Dra. Kristy Daniels (The
Ohio State University - EUA)
*Programação sujeita a alterações
infOrMações: www.simposioleiteintegral.com.br | [email protected] | 31 3281.5862
Patrocinadores Diamante:
72
16:30 às 17:00 - Sistema de criação de bezerras
da Fazenda Santa Maria - Menge Gado Holandês Armando Menge (Pouso Alegre/MG, Brasil)
17:00 às 17:30 – Sistema de criação de bezerras
da Fazenda Boa Vista - Soraia (Educampo e Faz.
Boa Vista – São José do Rio Pardo/SP)
17:30 às 18:00 – Espaço empresarial Nutron
Patrocinadores Platina:
Patrocinadores Ouro:
Renato Palma Nogueira
é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo de vacas
leiteiras, formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e
Consultor Técnico em Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.
CADERNO ESPECIAL NUTRON
RT – MINERAIS
BALANCEAMENTO
DE FÓSFORO
Pontos importantes
O potencial poluente do fósforo motivou um aprofundamento do estudo deste mineral nos últimos 15 anos.
Coeficiente de absorção do fósforo de fontes orgânicas é muito relevante para o balanceamento de fósforo.
Fósforo representa um custo muito alto dentro da composição de um núcleo e um suplemento mineral.
Coeficiente de absorção do fósforo é dinâmico.
Fósforo é um recurso natural finito e insubstituível.
Fósforo e a água potável.
O fósforo e o nitrogênio em excesso no meio
ambiente poluem as águas e causam um fenômeno
chamado eutrofização. Este fenômeno por sua vez,
é o maior causador da diminuição da qualidade da
água do planeta. Além disso, a pressão ambiental é o
maior motivador para repensar a nutrição de fósforos para vacas em lactação.
O grande questionamento.
Se as fazendas leiteiras estão jogando fósforo
no ambiente por meio do esterco e da urina, é muito provável que este nutriente esteja em excesso e
sua redução não afetará o desempenho dos animais,
além de representar um significativo potencial de reduzir os custos com mineralização.
Dúvidas, contas e perguntas
respondidas no NRC 2001.
“Estima-se que, nos EUA, a indústria leiteira
gasta desnecessários US$ 100 milhões anualmente com o fornecimento excessivo de fósforo. Fonte:
61st Cornell Nutrition Conference for Feed Manufacturers. October, 1999.” Esta frase retirada dos anais
de um congresso da época mostram como estavam
as discussões a respeito da nutrição do fósforo.
Acreditava-se que o fósforo teria efeito positivo na
reprodução. Porém, como pensar desta maneira se
o animal está excretando grande parte do fósforo
que consome? “Nove estudos, com a concentração
de fósforo dietético variando de 0,24 a 0,65% na
matéria seca foi alimentada para vacas em lactação
por um período variando das oito primeiras semanas
da lactação até estudos de 3 lactações consecutivas,
com a produção de leite média variando de 15 a 40
kg de leite para tentar responder esta questão. Fonte: NRC 2001” Baseada nos resultados dos nove estudos, a concentração de fósforo em uma faixa de 0,32
a 0,42% para vacas em lactação foi suficiente para
atender os requerimentos, ou seja, não há benefícios
na performance da lactação em suplementar acima
de 0,42% de fósforo.
Reprodução e fósforo no NRC 2001 –
trecho do NRC 2001, página 117. Capítulo 6
Publicações entre os anos 1923 e 1999 foram revi-
74
NT #5
sadas para avaliar o efeito do fósforo na performance reprodutiva.Em alguns estudos, mas não em todos, a severa deficiência de fósforo dietético causou
infertilidade ou reduziu a performance reprodutiva
de vacas leiteiras.(Alderman, 1963); Morrow, 1969;
McClure,1994). Normalmente a concentração de fósforo foi menor que 0,20 % na matéria seca, a dieta
foi alimentada por um longo período de tempo (1 a
4 anos) e quando medida, o consumo estava deprimido, causando deficiências coincidentes também
de energia, proteína e outros nutrientes. A condição
corporal era geralmente baixa, sendo considerada a
principal causa do desempenho reprodutivo reduzido
em vacas com deficiência de fósforo.(Holmes, 1981) .
Coeficiente de absorção do fósforo é
muito relevante de fontes orgânicas.
Trecho do NRC 2001, página 114.
Capítulo 6.
Cerca de 2/3 ou mais do fósforo em grãos de cereais, farelos de oleaginosas e grãos de subprodutos
estão ligados a fitato; caules e folhas. ( Nelson et al;
1976). Fósforo ligado a fitato é muito pouco ou tornase quase indisponível para não ruminantes (Soares,
1995b; NRC, 1998). Entretanto, a atividade de fitases
dos microorganismos do rúmen torna quase todo o
fósforo do fitato disponível para a absorção. (Reid et
al., 1947; Nelson et al., 1976; Clark et al., 1986; Morse et
al., 1992a; Ingalls e Okemo, 1994; Herbein et al., 1996).
NT #5
75
Coeficiente de absorção dinâmico.
O coeficiente de absorção do P na dieta também depende da porcentagem deste mineral na
mesma. Equações de regressão indicam que o coeficiente de absorção é 1,0 quando o P na dieta é
0,22% na matéria seca e 0,64 quando sua concentração é de 0,49% na matéria seca (NRC, 2001).
Coeficiente dinâmico. Quanto mais alto o fósforo,
menos eficiente se torna o animal.
Exigências atuais de fósforo em quatro diferentes
normas nutricionais. Vaca produzindo 45 kg de leite
com 23 kg de MS
A Nutron comparada com mais três
modelos americanos.
consumindo 15 gramas de núcleo por kg de leite produzido com os nossos núcleos. Apesar do
mercado nos enxergar como produtos de baixo
fósforo, estamos acima das recomendações mais
modernas de fósforo em todo o mundo.
0,86 gramas de P é excretado para cada grama extra
de fósforo ingerido. Digestibilidade do fósforo diminui
muito em altas suplementações.
Fósforo é da humanidade.
“O fosfato corre o risco de esgotar-se antes do
petróleo”, corroborou José Oswaldo Siqueira, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em um encontro
sobre Bioenergia, realizado no dia 26 de setembro, em
São Paulo. Uma forte expansão da agricultura com fins
energéticos aceleraria esse esgotamento, o que é um
dado a ser considerado “em uma visão estratégica”.
Marrocos possui cerca de 42% das reservas mundiais,
incluindo o Saara Ocidental, um território que luta por sua
independência. A China, com 26%, e os Estados Unidos,
com 8% são as maiores reservas mundiais de fósforo.
Balanceamento correto do fósforo:
conceito validado no mundo inteiro.
76
NT #5
Renato Palma Nogueira
é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo de vacas
leiteiras, formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e
Consultor Técnico em Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.
CADERNO ESPECIAL NUTRON
SAÚDE DOS CASCOS DE UMA
VACA LEITEIRA
UMA PREOCUPAÇÃO
DIÁRIA NA ROTINA DE
UM REBANHO LEITEIRO
Prejuízo com problemas de casco na
ponta do lápis.
César Machado - Agrostock
Existe um famoso ditado americano que diz o seguinte: “No foot, no horse”. Este ditado antigo expressa a sabedoria popular de que, sem a utilização plena e perfeita dos seus pés, o cavalo é inútil. Nosso entendimento portanto, é de que este ditado serve tanto para cavalos, como para vacas leiteiras.O
prejuízo de ter graus variáveis de claudicação no rebanho é muito maior do se pode imaginar, quando
se avalia o efeito na produção e na reprodução do rebanho da sanidade Quanto custa a unha de uma
vaca? Muitas vezes, custa à própria vaca. Porém, os prejuízos subclínicos são ainda maiores. Problemas
de cascos podem ser causados por injúrias físicas, problemas nutricionais, instalações, ambiência e
conforto inadequados. Ela resulta em aumento das despesas veterinárias e de mão de obra, aumento
dos descartes – é o maior sofrimento que uma vaca pode ter no rebanho –, além de diminuir a produção de leite e principalmente, a lucratividade da atividade.
78
NT #5
Europa: Claudicação ou vaca manca continua a ser
um grande problema em rebanhos leiteiros no mundo
inteiro. No Reino Unido, a incidência média é de cerca
de 50 casos por 100 vacas por ano. Devido ao seu efeito
subseqüente sobre fertilidade e produção, o custo de um
único caso de claudicação é estimado em cerca de 450
dólares, embora isto possa variar muito de caso a caso,
dependendo da gravidade. ”Roger Blowey, Inglaterra.
Estados Únidos: Claudicação é uma das principais causas de descarte prematuro e perda de leite
em rebanhos leiteiros. Diversos relatórios mostraram
que a claudicação está entre as três principais razões
para o descarte de vacas leiteiras nos E.U.A. Taxa de
incidência anual de claudicação em rebanhos leiteiros relatada varia de 15% a 50%. A claudicação pode
também ser sutil e intangível, as vacas podem apenas
apresentar aumentos das perdas de peso e escore
de condição corporal, redução da produção de leite,
prejudicado desempenho reprodutivo. As implicações
econômicas associadas a claudicação podem ser significativa e, muitas vezes, as perdas econômicas estão entre US$100 para mais de 300 dólares por caso.
(Fonte: Jose E.P Santos e Michael Overton, Escola de
Medicina Veterinária de Davis, Califórnia).
Brasil: Ferreira et al.(2003) estudando rebanho leiteiro em Minas Gerais (Pedro Leopoldo) encontraram
um custo relacionado a manqueiras de US$ 74,60 por
animal alojado e mais um custo de U$$44,68 de tratamento e não computando as perdas relacionadas a
diminuição na produção de leite.
Escore de locomoção: Maneira prática de se avaliar
a sanidade dos cascos em um rebanho leiteiro.
Há duas questões fundamentais relacionadas com claudicação. A primeira é para determinar a extensão do problema e avaliar o seu custo, e a segunda é determinar como
aliviar o problema, se ele for considerado grave o suficiente
para que seja rentável para o fazer. (Peter Robinson).
Para cada vaca manca que se consegue observar
(percepção) em um rebanho,o produtor possui no mínimo mais três vacas que lhe causam prejuízos subclinicos, devido a problemas subclínicos de saúde dos
cascos.(Whay ,2002.Proc. 12th Int’l. Symp. Lameness
in Ruminants).
Para isto foi criado o escore de locomoção, que é
uma ferramenta prática de avaliação. O escore de locomoção é um índice qualitativo que mede a capacidade
da vaca de caminhar normalmente. As vacas são pontuadas de 1 a 5 (veja tabela 1)
NT #5
79
A aplicação do escore de locomoção é fácil e permite
uma avaliação rápida de quanto sério e urgente é atacarmos os problemas de casco dentro do nosso rebanho.
Interpretação das perdas indiretas com a saúde dos
cascos utilizando o escore de locomoção.
Escore de locomoção e perda na produção de leite. (Tabela 2) Refletindo a dificuldade crescente da vaca em caminhar. A vaca com escore 1 é uma vaca que caminha normalmente e tem plena saúde dos
cascos e uma vaca com escore 5 é um animal extremamente manco
e que tem um grave problema em uma das patas, com apenas três
patas funcionais. Os escores 2, 3 e 4 medem graus subclínicos de
manqueiras, que acarretam grandes prejuízos no rebanho.
veis que sejam adequados para a melhor qualidade
dos cascos dos animais. Sempre que possível, utilize
uma dieta total e quando não conseguir minimize os
riscos de acidose com decisões nutricionais como:
utilização de gordura e/ou subprodutos substituindo parte do amido, redução da utilização de amido
de degradação mais rápida (grão úmido por exemplo), uso de aditivos comprovados que auxiliam na
manutenção do pH do rúmen em níveis saudáveis.
Vacas com um escore de locomoção maior que
dois possuem (Adaptado de Sprecher, 1997):
15,6 vezes mais chance de aumentar os dias em
abertos;
9,0 vezes mais chances de aumentar os serviços
por concepção;
8,5 vezes mais chances de serem descartadas;
2,8 vezes mais chances de aumentar o período
de serviços.
Se mais de 10% do rebanho estiver com escore
de locomoção acima de três, a saúde dos cascos
do rebanho deve ser uma prioridade.
Problemas de cascos são multifatoriais. Existem quatro linhas de frente do controle dos problemas de cascos. São elas: cuidados com os cascos, nutrição, transição e conforto de vacas.
Cuidado com os cascos:
Duas vezes por ano é o ideal de se fazer o casqueamento preventivo em todas as vacas adultas do rebanho. Toda vaca detectada com escore de locomoção
três ou mais, deve ser casqueada imediatamente. Estabelecer uma rotina de pediluvio é fundamental, bem
como o seu correto dimensionamento e utilização.
Manter os animais em ambientes limpos e caminhando com segurança em pisos adequados sem pedras e
quinas, são práticas extremamente importantes.
Unha lateral posterior em locomoção suporta
oscilações de apoio de 130 kg e 70 kg em uma vaca
de 700 kg (Antonio Ultimo de Carvalho, UFMG)
Transição:
Minimizar mudanças abruptas na dieta das vacas. Esforçar-se ao máximo para aumentar a saúde
das vacas neste momento. (veja artigo específico
sobre as vacas no período de transição).
80
NT #5
essencial para a formação e integridade dos tecidos queratinizados (pele, cabelo, unhas e pés) em
mamíferos e aves (Maynard et al.,1979). Resultado
de estudos histológicos e bioquímicos apontam
que suplementação de biotina melhora a estrutura
inter e intracelular do casco. (Hochstetter,1998).
Conceito Nutron de Saúde dos CASCOS.
Conforto das vacas:
Evitar super lotações. Minimize o estresse térmico. Lembre-se que uma vaca confinada deve
deitar-se 12 horas por dia e uma vaca em pastejo,
mais do que 10 horas por dia. Preocupe-se muito
em providenciar um local limpo, seco e sombreado
para as vacas deitarem. Vacas em ócio devem estar deitadas. O fato das vacas não deitarem é um
grande sinal de desconforto ao rebanho, sem falar
que o tempo prolongado em estação (em pé) é um
dos causadores de laminite (problema vascular),
diminuindo a integridade dos cascos e predispondo-o a lesões.
Cada hora que uma vaca deita a mais por dia
acima de 7 horas aumenta-se 1 kg de leite. (Rick
Grant, Miner Institute)
Nutrição:
Forneça uma dieta equilibrada, com adequados
teores de fibra efetiva. Minimize o risco de acidose.
Preste atenção ao manejo e oferecimento da dieta,
eles têm um peso tão grande quanto a nutrição no
potencial de causar acidose. Fique atento para o risco dos animais estarem selecionando a fibra longa
da dieta. Tenha sempre um nutricionista treinado
e prático, cuidando da nutrição e do manejo do rebanho. Forneça microminerais e vitaminas em ní-
A Nutron, em sua nova linha criou uma família de
produtos com o conceito CASCO. Premixes, núcleos
fresh forage, núcleos linha normais e tamponados fazem
parte desta família e terão em sua composição, uma associação de zinco metionia + biotina para maior integridade dos cascos e aceleração da recuperação de lesões.
O zinco metionina tem sido, há muito, associado
à melhor integridade do casco e da unha. Acreditase que ele melhora a integridade do casco, aumentando o teor de zinco, que por sua vez, aumenta
a velocidade da cicatrização de feridas, a taxa de
reparo do tecido epitelial e mantém a integridade
celular. O zinco também é necessário para a maturação da queratina. Existem 6 trabalhos(p<0,05)
comprovando melhoras na saúde do casco, por
meio da tecnologia de zinco metionina. Cobre, cálcio, fitato e ferro reduzem a absorção de zinco.
Considerando que o Zn é um componente de
mais de 200 sistemas enzimáticos, ele tem um
papel em três funções-chave no processo de queratinização: catalítica, estrutural e regulamentar
(Cousins, 1996).
O zinco tem sido identificado como um dos
principais minerais nos processos de queratinização (Smart e Cymbaluk, 1997).
A biotina.
A biotina é possivelmente a vitamina de maior
importância para o processo de queratinização. É
A maioria das lesões de casco é o resultado de, ou
estão associados com a pobre integridade do casco.
(Greenough,1991).
A suplementação de biotina cria uma estrutura mais
definida e coesa (Fritsche,1990).
Outros serviços em benefício da saúde
dos cascos do rebanho:
Check list DESAFIOS do rebanho;
Programa FIRST STEP – maior biblioteca e programa
gerenciador da saúde dos cascos do rebanho, criado por
Nigel Cook da Universidade de Wisconsin;
Avaliação do risco de acidose do rebanho;
Produtos de Linha formulados especificamente para
situações de extremo risco de acidose;
Palestras para difusão de informações sobre manejo e
atenção para a saúde dos cascos;
Avaliador de perdas subclínicas do rebanho com o escore de locomoção;
Aplicação do escore de locomoção no rebanho;
Capacitação de funcionários para realizar avaliação do
escore de locomoção (inclui manual e vídeos).
NT #5
81
Antônio Mário Penz Junior
é Engenheiro Agrônomo e Doutor em Nutrição Animal
(Universidade da Califórnia), Mestre em Zootecnia
(UFRGS) e Diretor Mundial de Aves do Grupo Provimi.
AVES
Por que
HORMÔNIOS
não são usados na
alimentação de frango de corte
Desde que a produção intensiva de aves teve seu início,
ainda na década de sessenta, os empresários e os técnicos
do setor têm convivido com a avaliação, geralmente de
leigos, de que estas aves, para serem produzidas, necessitam da adição de hormônios em suas dietas. Na realidade,
quando se trata de manifestações individuais e de pessoas de pouca representatividade pública, as consequências são irrelevantes. Entretanto, muitas considerações
têm sido feitas por médicos, nutricionistas e representantes de entidades que se preocupam com o bem estar
da sociedade e que repercutem mais significativamente.
Esta constatação é absurda e, em algumas circunstâncias,
tem comprometido o setor, que fica obrigado a justificarse, quando na verdade não há qualquer razão para tal,
uma vez que a avicultura brasileira e mundial não usam
deste expediente para ter o desempenho de suas aves favorecido. Este fantástico progresso no desempenho das
aves não está absolutamente sustentado na perspectiva
milagrosa de que um determinado produto (hormônio),
quando adicionado à alimentação daqueles animais, possa promover um rápido crescimento. Este progresso está
baseado fundamentalmente em uma intensa atividade de
pesquisa nas áreas de genética, nutrição, sanidade e no
entendimento das relações destes conhecimentos através do manejo da produção destes animais. As aves são
82
NT #5
os animais domésticos que têm um dos maiores grupos
de pesquisadores trabalhando para melhor conhecê-las e
melhor produzi-las. Inclusive é significativo o número de
informações que têm sido obtidas destes estudos e que
são aplicadas na produção de outros animais domésticos
e também para melhorar o bem estar dos seres humanos. Já no final da década de setenta, os pesquisadores,
a partir dos dados de desempenho observados no passado próximo, podiam prever que os frangos, a cada ano,
precisariam um dia a menos para atingir o mesmo peso
obtido no ano anterior. Esta estimativa vem se confirmando e tudo indica que, pelo menos por mais alguns anos,
estes valores continuarão sendo observados. Mais uma
vez insisto no questionamento de que todo este avanço
tecnológico não pode estar baseado na maior ou menor
quantidade de hormônio que as aves possam receber diariamente. Ou que elas dependem da adição de hormônios
para expressar seu potencial genético.
Tentando justificar o absurdo, gostaria, inicialmente,
de sustentar minha argumentação pelo lado legal do uso
de hormônios ou de substâncias citadas como quimicamente semelhantes aos hormônios. No Brasil, o emprego
destas substâncias em aves é formalmente proibido desde 2004 (Instrução Normativa 17, de 18.06.2004). Desta
forma, não há a possibilidade de livre comércio das mes-
NT #5
83
mas em nosso País. Sendo assim, o primeiro impasse que
a indústria avícola teria que superar seria o contrabando
contínuo e sistemático de produtos que tivessem hormônios em suas composições. Pelo tamanho da indústria
avícola brasileira e pelo volume de ração produzido para
frangos de corte no Brasil (previsão de 28 milhões de toneladas de ração em 2010), este comércio seria impossível de ser mantido sem que ocorresse qualquer denuncia
clara, objetiva e não as simples especulações levianas do
emprego sistemático dos mesmos. Claro que alguém mais
interessado em levar a discussão adiante poderia afirmar
que nem toda a indústria avícola poderia se valer deste
expediente. Isto seria outro absurdo, pois a maioria das
empresas avícolas brasileiras tem seus resultados de produção avaliados e comparados formal ou informalmente.
Como poderia uma determinada empresa satisfazer-se
com piores resultados sistemáticos sem tentar identificar
o que as demais estariam fazendo para ter melhores desempenhos de seus frangos? O grau de relacionamento
dos técnicos e empresários da avicultura brasileira, através de órgãos de classe e de sociedade científicas, é tão
intenso que este “segredo de Estado” seria impossível de
ser mantido pelas empresas conhecedoras desta tecnologia indevida.
Porém, ainda no campo da especulação, seria impossível o desconhecimento de qualquer benefício dos hormônios, pois a literatura técnica disponível é universal e de
livre acesso a qualquer técnico que tenha curiosidade ou
interesse em consultá-la. E aqui está o ponto mais importante. A maioria das informações disponível na literatura
internacional indica resultados controversos de qualquer
hormônio no beneficio do desempenho dos frangos de
corte. Nos últimos anos, têm sido estudadas drogas ditas
beta-adrenérgicas, também chamadas substâncias semelhantes a hormônios, na alimentação dos animais domésticos. Estas drogas, teoricamente, permitem a redução da
concentração de gordura a aumentam a concentração
de proteína nas carcaças de frangos de corte e de outros
84
NT #5
animais domésticos. Entretanto, resultados recentes têm
demonstrado que em frangos de corte os benefícios são
extremamente controversos onde, na maioria das vezes,
estas substâncias não têm promovido qualquer beneficio
quando usadas da forma recomendada. Insisto em dizer
que este tipo de informação não é privada. Encontra-se
perfeitamente divulgada na literatura científica internacional e, por consequência, disponível a qualquer indivíduo
que esteja interessado em ter informação sobre o assunto. Um outro fator complicador dentro deste tema é que
além dos resultados serem tremendamente contraditórios, os níveis que estes produtos deveriam ser utilizados,
para eventualmente responderem, fariam com que seus
custos de aplicação ficassem completamente inviáveis.
Mais uma vez, mesmo que a indústria avícola fosse, na
sua totalidade, inescrupulosa e que, coletivamente, não
tivesse qualquer sensibilidade com o bem estar do ser
humano, ela também não aproveitaria esta alternativa,
pois ela, comprovadamente, tem resultados contraditórios e é completamente impraticável sob o ponto de
vista econômico.
Outro aspecto importante e que não pode ser ignorado é que um número significativo de empresas avícolas
brasileiras exporta frangos de corte para mais de 100 países. A propósito, nosso País é o maior exportador mundial
de frangos, superando exportadores tradicionais como os
Estados Unidos da América e França. Como a indústria
brasileira poderia correr mais este risco de ter seu produto condenado pela presença de alguma substância que
viesse a comprometer a qualidade do produto exportador? Aliás, a cautela da indústria brasileira é muito grande
e várias substâncias, além de hormônios, não aceitas internacionalmente, não são usadas mesmo nas dietas de
frangos que serão consumidas no Brasil para evitar qualquer risco de contaminação cruzada e que poderia comprometer nossas relações comerciais com outros países.
Então, a pergunta que fica é por que as aves produzidas pela indústria avícola brasileira são tão precoces e tão
diferentes daquelas produzidas de forma extensiva, ou em
fundo de quintal (galinhas caipira)? Claro que a primeira
razão já foi abordada e está sustentada em uma pesquisa
extremamente progressista, voltada para o aprendizado
dos fundamentos básicos do desenvolvimento desta espécie e também com a aplicação prática destes conhecimentos ao nível de granja. Os frangos de corte produzidos
pela indústria avícola, embora da mesma espécie daqueles produzidos extensivamente, são oriundos de linhagens
comerciais, que vem sendo geneticamente desenvolvidas
ao longo dos anos, exatamente para ser mais precoces e
produzir carcaças de melhor qualidade. Dentro deste contexto, uma indagação frequente é aquela de por que as
carcaças dos frangos de corte, produzidos pela indústria
avícola, são muitas vezes menos amarelas, mais pálidas,
e têm uma gordura menos consistente do que aquela das
aves produzidas no fundo de quintal. A resposta para isto
é muito simples - mais uma vez nada tem a ver com o
emprego de hormônios. A pigmentação dos frangos tem
sido menos intensa pelo uso de alimentos que dispõem
de menos pigmentos naturais em suas composições e,
quando disponíveis, terminam sendo absorvidos pelas
aves, como aqueles que têm no milho, alfafa e nos pastos,
em geral. Entretanto, fazer um frango mais pigmentado é
muito fácil. Porém, a coloração amarela em nada altera a
qualidade nutricional da carcaça. Esta característica é puramente estética e há países, como o México, que preferem carcaças mais pigmentadas que aquelas produzidas
no Brasil e em alguns países europeus. Cabe ressaltar que
o Japão e a Comunidade Européia, no momento, são os
mercados importadores mais exigentes, e também procuram por frangos com carcaças pouco pigmentadas. Assim,
pigmentar as carcaças custa caro, não promove qualquer
benefício na sua qualidade e não está relacionado com o
tipo de linhagem genética que foi empregada. Se as galinhas caipiras fossem produzidas sem alimentos ricos nestes pigmentos, certamente também teriam suas carcaças
menos pigmentadas, menos amarelas. É importante que
seja dito que a cor amarela da carcaça não deve ser considerada como sinônimo de saúde do animal abatido.
A gordura também é um problema bastante discutido e os geneticistas e os nutricionistas têm trabalhado intensamente para reduzir a sua concentração nas
carcaças. Os avanços têm sido marcantes. Porém, a diferença da gordura das galinhas caipiras e dos frangos
de corte de linhagens comerciais está baseada em dois
aspectos essenciais. Inicialmente, as galinhas caipiras
são abatidas mais velhas e a relação de água:gordura na
carcaça é menor. Em outras palavras, aves mais velhas
têm, proporcionalmente, menos água na carcaça e mais
gordura e os pigmentos fixam-se fundamentalmente
no tecido adiposo. Assim, a gordura destas aves é mais
amarela e mais firme. Já os frangos de corte, de linhagens comerciais, são abatidos mais precocemente, onde
a relação água:gordura na carcaça é maior e, proporcionalmente, têm mais água na carcaça. Isto dá à gordura
da carcaça uma aparência menos firme e, eventualmente, menos amarela, quando menos pigmentos participaram da composição da dieta. Assim, todas estas diferenças de composição das gorduras das aves oriundas
de diferentes linhagens são devidas as suas diferenças
genéticas, período de criação e tipo de alimentação empregada. Mais uma vez, deve ser dito que estas características não são alteradas pelo uso ou não de hormônios
nas dietas. Desta forma, é importante ressaltar que toda
e qualquer acusação individual ou coletiva com relação a
qualidade da carcaça de frangos de corte deve ser reavaliada, pois tem sido feita de forma leviana e, via de regra,
sem fundamento. Confundir hormônio com nutrientes
como vitaminas, minerais, aminoácidos, etc. tem sido
muito comum. Estas ondas podem prejudicar um setor
dos mais modernamente desenvolvidos em nosso País
e que tem gerado emprego, alimento e riqueza e que
não pode ficar com a imagem de que está produzindo,
de forma irresponsável, alimento para os brasileiros e
indivíduos de outros.
NT #5
85
AVES
Paula Bastos Valeri
é Zootecnista pela UNESP Botucatu, com especialização
em Nutrição de Monogástricos na Texas A&M University e
Nutricionista de Aves da Nutron Alimentos.
Claudio R. F. Carvalho
é Zootecnista e Coordenador
Técnico Comercial da
Nutron Alimentos.
e o equilíbrio
ácido-básico
ESTRESSE
CALÓRICO
86
NT #5
Avicultura é uma das atividades agropecuárias
com maior evolução nas últimas décadas. Esta evolução teve como suporte a melhoria constante no
desempenho das linhagens, pela seleção genética e
pelo melhoramento nas condições de alimentação,
manejo, instalações, sanidade, etc. Desde o início do
moderno processo de melhoramento avícola, o objetivo principal a ser alcançado foi o aumento da taxa
de crescimento e eficiência dos frangos de corte. Por
sua intensidade, este processo terminou desencadeando alguns transtornos metabólicos relacionados
aos órgãos de suporte, além de uma menor resistência aos desafios sanitários de campo. Uma das
maneiras desenvolvidas para contornar estes trans-
tornos metabólicos foram os mecanismos de ajuste
do equilíbrio ácido-base. Um dos principais agentes
desencadeadores do desequilíbrio ácido-básico é
o estresse calórico. A susceptibilidade das aves ao
estresse calórico aumenta à medida que o binômio
umidade relativa e temperatura ambiente ultrapassa
a zona de conforto térmico. Sob estresse calórico, a
ave tem dificuldade de dissipar calor, incrementando
a temperatura corporal; com efeito negativo sobre o
desempenho.
A manutenção do equilíbrio ácido-básico do meio
interno tem grande importância fisiológica e bioquímica, visto que as atividades das enzimas celulares,
as trocas eletrolíticas e a manutenção do estado es-
NT #5
87
trutural das proteínas do organismo são profundamente influenciadas por pequenas alterações no pH
sanguíneo (Macari, 1994). O equilíbrio ácido-básico
pode influenciar o crescimento, o apetite, o desenvolvimento ósseo, a resposta ao estresse térmico e o
metabolismo de certos nutrientes como aminoácidos,
minerais e vitaminas (PATIENCE, 1990), assim como a
imunidade das aves (PIMENTEL e COOK, 1987). Sob
condições normais, a utilização dos alimentos leva a
uma produção contínua de metabólitos ácidos e básicos, que devem ser metabolizados e/ou excretados
para que a constância do pH seja mantida. Destes, o
mais abundante é o ácido carbônico (H2CO3); mas
também há a formação de ácidos provenientes da
oxidação incompleta de aminoácidos, carboidratos e
gorduras. Lembrando que as reações químicas que
geram ácidos têm como consequência a produção de
íons H+. As pequenas variações na concentração do
íon hidrogênio (mudanças de pH) em relação ao valor
Figura 1
normal podem causar mudanças acentuadas na velocidade dos processos orgânicos vitais. Por outro lado,
o balanço ácido-base não pode somente ser definido
em termos da concentração de íons hidrogênio no
sangue, pois a manutenção desse equilíbrio é complexa, havendo o envolvimento de substâncias tampões bem como o controle dos sistemas respiratório
e renal (Figura 1). Essas substâncias químicas são
encontradas nos fluidos do organismo e podem se
combinar com ácidos ou bases, com a finalidade de
prevenir as mudanças bruscas no pH. A essas substâncias dá-se o nome de tampões e sabe-se que o íon
bicarbonato (HCO3-) e o dióxido de carbono (CO2),
junto com os aminoácidos e proteínas circulantes,
constituem-se no mais importante sistema tampão
para todos os vertebrados. Portanto, o balanço entre
ácidos e bases é influenciado pela concentração de
anions e cátions da dieta, bem como por outros fatores ligados ao meio ambiente da produção avícola.
Figura 2
Resposta das aves à temperatura ao estresse calórico
Adaptado: Borges et al., 1999
Mecanismo de controle do equilíbrio ácido-básico
FISIOLOGIA DAS AVES X ESTRESSE
CALÓRICO
Fonte: Borges et al., 1999
88
NT #5
As aves, sendo animais homeotermos, dispõem de
um centro termorregulador localizado no hipotálamo.
Este centro é capaz de controlar a temperatura corporal através de mecanismos fisiológicos e respostas
comportamentais mediante a produção e liberação de
calor, determinando assim a manutenção da temperatura corporal normal (MACARI et al., 2002). Entre as
respostas fisiológicas compensatórias das aves, quando expostas ao calor, inclui-se a vasodilatação periférica, resultando em aumento da perda de calor não evaporativo. Assim, na tentativa de aumentar a dissipação
do calor, a ave consegue aumentar a área superficial,
mantendo as asas afastadas do corpo, eriçando as penas e intensificando a circulação periférica. A perda
de calor não evaporativo também pode ocorrer com o
aumento da produção de urina, se esta perda de água
for compensada pelo maior consumo de água “fria”.
Outra resposta fisiológica é o aumento na taxa respiratória. A ofegação permite que ave controle a temperatura do corpo pela evaporação da água das superfícies
respiratórias e sacos aéreos. A frequência respiratória
do frango de corte é em torno de 25 movimentos por
minuto em ambiente de conforto térmico. Mas, quando
submetidas ao estresse calórico agudo, as aves têm a
frequência aumentada para até 250 movimentos por
minuto (LINSLEY & BERGER, 1964).
A ave em estado de ofegação tem perdas excessivas
de dióxido de carbono (CO2). Assim, a pressão parcial
de CO2 (pCO2) diminui, levando à queda na concentração de ácido carbônico (H2CO3) e, consequentemente,
de hidrogênio (H+). Em resposta, os rins aumentam a
excreção de HCO3- (bicarbonato) e reduzem a excreção
de H+ na tentativa de manter o equilíbrio ácido-básico
da ave. Esta alteração do equilíbrio ácido-básico é denominada alcalose respiratória (Figura 2). Desta maneira,
os pulmões são fundamentais na regulação do equilíbrio ácido-base por meio da regulação da pCO2 no sangue, pois a taxa de ventilação alveolar (trocas entre o
ar atmosférico e o ar alveolar) é que irá determinar a
concentração de CO2 no organismo.
ESTRESSE CALÓRICO X ELETRÓLITOS
Eletrólito pode ser definido como uma substância química que se dissocia nos seus constituintes
iônicos, tendo como importante função fisiológica a
manutenção do equilíbrio ácido-básico corporal.
Função dos eletrólitos:
Sódio (Na+) – Principal cátion extracelular – Atua
na regulação da pressão osmótica, balanço hídrico,
NT #5
89
equilíbrio ácido-básico, manutenção dos potenciais
de membrana, absorção de monossacarídeos, aminoácidos e sais biliares.
Cloro (Cl-) – Principal ânion extracelular – Atua na regulação da pressão osmótica, balanço hídrico, equilíbrio ácido-básico, formação do HCl (ativação enzimática no estômago).
Potássio (K+) – Principal cátion intracelular – Atua
na regulação da pressão osmótica, despolarização
de membrana, síntese protéica e equilíbrio ácidobásico.
O sódio (Na+), o potássio (K+) e o cloro (Cl-) são
íons fundamentais na manutenção da pressão osmótica e equilíbrio ácido-básico dos líquidos corporais.
Assim, os efeitos do balanço iônico da dieta no desempenho das aves podem estar relacionados com
as variações no equilíbrio ácido-básico (MONGIN,
1981). Portanto, é de fundamental importância o conhecimento do balanço iônico (“número de Mongin”)
da dieta, demonstrado no cálculo abaixo:
A osmorregulação é conseguida pela homeostasia destes íons intra e extra celular. Em condições
ótimas, os conteúdos de água e eletrólitos são mantidos
dentro de limites estreitos. Mas a perda de eletrólitos (Na+ ou K+), sem alteração no conteúdo de água
do corpo, reduz a osmolalidade destes fluídos. Os níveis
de Na+, K+ e Cl- do plasma também são afetados pelo
estresse calórico. À medida que a temperatura aumenta, as concentrações de K+ e Na+ diminuem, enquanto
que o Cl- aumenta (BELAY & TEETER, 1993; BORGES et
al., 1999b). A alcalose respiratória provoca a redução da
competição entre H+ e K+ para excreção urinária e, portanto, aumenta a perda de K+ na urina. Este mecanismo
pode aumentar a necessidade de K+ durante o período
de estresse calórico. A taxa de excreção de K+ pela urina é variável, estando ligada à concentração plasmática
de Na+ e ao estado de hidratação da ave, sendo que as
perdas podem ser causadas por um aumento no consumo de água, já que o gradiente osmótico favorece o
movimento de água do fluído intracelular para urina,
podendo carrear o K+. Por outro lado o aumento na ingestão de K+ também resulta em maior perda urinária,
visto que a ave tem pouca capacidade de conservar o
K+ corporal. O nível sérico de K+ diminui durante o es-
90
NT #5
calórico, evitando a piora da qualidade da cama.
tresse (BORGES et al., 1999b; SALVADOR et al., 1999).
A diminuição dos níveis plasmáticos de K+ é atribuída a
um aumento na excreção deste íon durante o estresse
crônico e um aumento do K+ intracelular comumente
encontrado durante o estresse agudo.
BORGES (2001) concluiu que a resposta ao balanço eletrolítico da dieta depende da temperatura ambiente. A ingestão de água está na dependência direta
da idade da ave e da relação Na+K-Cl na ração, sendo
que o aumento na ingestão de água provocado pela
maior relação desses eletrólitos afeta diretamente
a umidade da cama e reduz a temperatura retal nas
aves. A relação eletrolítica da dieta interfere no desempenho das aves, sendo que a relação ideal variou
de 186 a 250mEq/kg. Balanço eletrolítico elevado
(340 e 360mEq) pode resultar em alcalose metabólica. A quantidade de eletrólitos excretados via urinária
depende da concentração destes na ração e da temperatura ambiente.
• Utilizar o balanço eletrolítico como um coadjuvante no processo de estresse calórico. É interessante entender o momento de fazer a utilização do
bicarbonato de sódio e/ou carbonato de potássio.
Em termos gerais, podemos dizer que em relação
a uma dieta a base de sal, o bicarbonato de sódio pode elevar o Número de Mongin em 30 a 40
meq/kg, já que o bicarbonato de sódio substitui o
cloro do cloreto de sódio. Entretanto, não devemos esquecer que existe um mínimo necessário
de cloro que deve ser respeitado na dieta. A partir
disto, temos que utilizar o carbonato de potássio
• Reduzir proteína das dietas (levemente) e se necessário adensar as rações de forma a reduzir o
volume ingerido, sem alterar a necessidade das
aves. Esta última medida deve ser feita com muito
cuidado, pois pode aumentar excessivamente os
custos das rações.
MEDIDAS DE CONTROLE
Algumas medidas podem ser tomadas para minimizar as perdas decorrentes do estresse calórico, podendo-se citar, entre outras, aclimatação das
aves, manipulação da proteína e energia da dieta,
utilização de antitérmicos, ácido ascórbico, eletrólitos, manejo do arraçoamento e da água de bebida.
A utilização de sais via água de bebida e/ou ração é
uma alternativa frequentemente empregada pelos
avicultores na tentativa de manter o equilíbrio ácidobásico e reduzir as perdas decorrentes do estresse
calórico. Dentre os sais utilizados, podemos citar o
carbonato de potássio (K2CO3), cloreto de potássio
(KCl), bicarbonato de sódio (NaHCO3). Considerando a abordagem teórica detalhada até o momento,
podemos concluir que em termos práticos a nutrição pode ajudar a contornar as situações adversas
de estresse calórico, porém os pontos mais importantes para evitarmos perdas de produtividade e de
aves são:
• Prover as aves uma ambiência adequada com as
condições climáticas de cada região. Em locais
muito quentes, é indicado prever a estrutura de
ambiente controlado, com adequada renovação
de ar, objetivando menor ofegação das aves e,
consequentemente, menor perda de CO2, na tentativa de evitar a alcalose respiratória.
• Manter a temperatura da água fresca para as
aves, nunca deixando canos expostos ao sol ou
próximos a locais quentes como telhados. Fazer
regularmente flushing da água parada nos canos,
lembrando que a temperatura adequada para
• Em dietas vegetais, pode haver excesso de potássio (proveniente do farelo de soja). Este problema pode ser contornado com redução da proteína ou com o uso de outra fonte protéica, como
o glúten 60.
• Outra possibilidade é a utilização de vitamina C
(125 ppm), podendo ser adicionada na água ou ração. Entretanto, é importante lembrar que a mesma deve ser administrada logo após o estresse
calórico para obtenção de bons resultados.
consumo pelas aves é ao redor de 24° C. E, quando a temperatura chega a 36° C, a ave cessa o
consumo de água, com impactos severos sobre o
ganho de peso.
• Evitar o manejo em períodos quentes e estimular
a alimentação das aves nos horários mais frescos.
Deve-se analisar a necessária iluminação nestes
horários (noite) e ter equipes treinadas para fazer
a distribuição de forma uniforme no caso de reprodutoras.
• Manter a cama seca, sendo que a movimentação
deve ser feita sempre nos horários mais frescos,
com boa ventilação. Lembrar que toda a água excedente consumida em condições de estresse calórico será eliminada e deverá ser removida do aviário.
Se as aves consomem água fresca necessitarão ingerir menor quantidade para redução do estresse
• Avaliar a qualidade da água. Lembrar que em regiões que possuem água “dura”, ou seja, rica em
minerais, força as aves a eliminarem esses minerais em excesso e estes, seguramente, carrearão
outros minerais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A exposição das aves a temperatura ambiente
elevada resulta em alcalose respiratória e, consequentemente, no desequilíbrio ácido-básico, afetando a produtividade por prejudicar a taxa de crescimento, produção de ovos, qualidade da casca do
ovo, além do aparecimento de problemas locomotores, etc. Quando os desequilíbrios não são compensados, determinam aumento na mortalidade. A formulação de rações com base no conceito de balanço
eletrolítico, a adição de sais na água e/ou na ração
e um manejo adequado são práticas que podem ser
adotadas para corrigir distorções no equilíbrio ácidobásico, com o objetivo de minimizar os prejuízos na
produção avícola.
NT #5
91
SUÍNOS
MANEJO
DE VERÃO:
cuidados na
lactação
Os avanços genéticos e nutricionais ocorridos na suinocultura possibilitaram um incremento significativo na
produtividade das matrizes. Leitegadas de 13 a 14 leitões estão cada vez mais presentes. Neste contexto, a fase de aleitamento tornou-se muito importante para compor o índice
de desmamados/porca/ano. A exigência sobre a matriz para
uma boa produção de leite aumentou. Conhecer e compreender os fatores associados à produção de leite e suas interferências é fundamental para alcançarmos os resultados
esperados e para traçar estratégias de trabalho eficazes. Entre os animais domésticos, os suínos são os mais sensíveis a
altas temperaturas.
Alisson Carlos Tedesco Schmidt
é Médico Veterinário formado pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) e Coordenador Técnico Comercial de
Suínos da Nutron Alimentos.
Esta característica deve-se ao metabolismo elevado e à espessa camada de tecido adiposo. Somase a estas a baixa capacidade para dissipar calor em
função de possuírem um sistema termorregulador
pouco desenvolvido. A elevação da temperatura retal
pode ser fatal quando atingir valores de 44,5°C, uma
vez que os suínos não têm a capacidade de sudorese
(Lee & Phillipis). Os suínos são animais homeotérmicos. Isto significa que a temperatura corporal mantém-se dentro de uma faixa (38 a 39°C), independentemente da oscilação da temperatura ambiental.
Para que esta necessidade seja atendida, o ambiente
em que os animais são alojados deve oferecer condições adequadas. Na tabela 1, está descrita a zona
de termoneutralidade para cada fase de produção,
demonstrando qual é a zona de conforto e as temperaturas críticas mínimas e máximas toleradas.
A maternidade é um setor diferenciado dentro
da granja no que diz respeito ao controle da temperatura. O desafio é fornecer temperatura adequada
tanto para os leitões quanto para as matrizes. Assim
sendo, é impossível manter um ambiente único que
seja agradável tanto para os leitões quanto para as
matrizes. Comumente, observa-se uma preocupação
em fornecer um ambiente agradável para os leitões
e deixa-se a desejar a preocupação com o conforto
das matrizes. A manutenção das matrizes lactantes
fora da zona de conforto térmico compromete a ingestão de alimento e a produção de leite. A produção
de leite é influenciada por diferentes fatores, entre
os quais podemos citar: tamanho da leitegada, frequência de mamadas, intensidade das mamadas,
tamanho do leitão, consumo de ração pela matriz,
qualidade da ração fornecida, temperatura ambiente, ordem de parto, fase da lactação e genética. Uma
das principais características climáticas no sul do
Brasil é a presença de invernos rigorosos e verões
com temperaturas elevadas. Neste cenário, a adoção
de estratégias de manejo e nutricionais apropriadas
para épocas quentes é fundamental. Dentre os fatores que influenciam a produção de leite, acima citados, abordaremos com mais detalhes o consumo de
ração pela matriz e a temperatura ambiente.
Consumo de ração - A alimentação das matrizes
em lactação tem como principal objetivo possibilitar
o desmame de uma leitegada numerosa e com bom
peso. O consumo, muitas vezes, é estimado, pois não
se realizam pesagens das quantidades de ração fornecida às porcas. Portanto, o primeiro passo para
certificarmo-nos de que as matrizes estão ingerindo a quantidade de ração desejada, é avaliarmos e
mensurarmos o desperdício de ração. Leitegadas
amamentadas por matrizes que apresentaram uma
queda no consumo de ração de no mínimo 1,6 Kg por
pelo menos 2 dias, tiveram menor peso ao desmame
em relação a leitegadas provenientes de matrizes
que apresentaram uma constância na ingestão de
ração durante a lactação (Koketsu, 1996). O efeito do
consumo de ração sobre a produção de leite tornase mais evidente de acordo com a progressão da
lactação, ou seja, ao passo que a lactação avança, o
impacto do aumento no consumo de ração torna-se
mais importante. De acordo com Koketsu (1997), um
incremento no consumo de 1 kg/dia durante a primeira semana de lactação resultou em um aumento de
0,33 Kg no peso da leitegada ao desmame, enquanto
que a segunda e terceira semana propiciaram um incremento de 0,51 e 0,74 Kg no peso da leitegada ao
desmame, respectivamente. A demanda energética
da matriz suína para a produção de leite pode chegar até 100% do total da energia consumida, isto é,
uma fêmea que consome 20.400 Kcal por dia pode
utilizar até 20.400 kcal por dia para produzir leite.
Esta característica demonstra a grande necessidade energética que uma matriz suína tem para produzir leite. Fica claro, desta forma, que a produção
Fonte: Silva (1999)
92
NT #5
NT #5
93
de leite é prioritária e que os demais tecidos ficam
em segundo plano. Mesmo ocorrendo um consumo
adequado de energia, ocorre uma mobilização de
reservas corporais. Outro ponto importante sobre o
consumo de ração na lactação é o efeito da ingestão
proteica e energética no crescimento e desenvolvimento do aparelho mamário. A ingestão de 16,9 Mcal
de energia metabolizável e 55 gramas de lisina por
dia é positiva para o desenvolvimento das glândulas
mamárias. Ao longo da lactação, com o aumento do
consumo energético, houve um maior crescimento
das glândulas mamárias. Fisiologicamente, o consumo de ração é menor após o parto e aumenta de
acordo com o passar da gestação. Além desta característica, o consumo pode ser afetado por demais
fatores, entre os quais, a temperatura ambiental é o
mais importante.
Temperatura ambiental - Nos períodos quentes
do ano, a alta temperatura ambiental é responsável
por grande parte dos problemas relacionados ao
consumo de ração na maternidade pelas matrizes.
Dados de literatura sugerem que, para cada grau acima da temperatura de conforto, o consumo diminui
de 300 a 400 Kcal de energia digestível por dia. Além
de afetar o consumo energético, altas temperaturas
interferem na produção de leite. A ingestão de água
também sofre influência da temperatura ambiental.
Animas sob estresse térmico (passando calor) podem aumentar a relação litros de água/kg de ração
ingeridos de 3:1 para 5:1. Quando matrizes suínas são
submetidas à ambientes com diferentes temperaturas, podemos notar diferenças nos pesos dos leitões
desmamados assim como diferença na quantidade
de ração consumida por estas matrizes (Messias de
Bragança) (Tabela 2). Comparando os grupos de matrizes que foram alojados em um ambiente com temperatura de 20°C (grupos 1 e 2), observa-se que, mesmo com um consumo de ração menor, as matrizes do
grupo 2 desmamaram leitões com peso semelhante
às leitões do grupo 1, que receberam ração à vontade. Isto foi possível graças a uma maior mobilização
de reservas corporais, que pode ser evidenciada pela
maior perda de peso e espessura de toicinho. Quando comparamos os grupos 2 e 3, observamos que,
mesmo com um consumo de ração muito parecido,
as matrizes que foram alojadas em um ambiente de
30°C (grupo 3) desmamaram leitegadas com menor
ganho de peso. Houve uma menor mobilização das
reservas corporais para a produção de leite.
Com base nos resultados deste autor, podemos
inferir que a temperatura ambiental tem um maior
impacto sobre a produção de leite do que propriamente o consumo de ração. Em uma situação de
94
NT #5
conforto térmico (20°C), as matrizes que consumiram pouca ração foram capazes de mobilizar as
reservas corporais para a produção de leite, contrapondo as matrizes que foram alojadas em ambiente
de estresse térmico (30°C), que mobilizaram reservas, mas não conseguiram manter o desempenho da
leitegada. Em suma, a produção de leite é prejudicada quando as matrizes estão sob estresse térmico
e também quando o consumo de ração é restrito.
Neste contexto, torna-se imprescindível, para que a
matriz tenha uma boa produção de leite, a adoção de
medidas para o controle da temperatura ambiente
nas salas de maternidade assim como um planejamento nutricional adequado para épocas quentes,
não esquecendo do fornecimento de água. Cada sistema, cada granja deve procurar avaliar o que pode
ser melhorado e implantado para que o controle da
temperatura dentro das salas de maternidade seja
mais eficiente e, desta forma, melhores resultados
neste setor possam ser alcançados.
Adaptado de Messias de Bragança et. al. (1998)
SUÍNOS
QUANDO
INVESTIR
EM UM
ADITIVO?
96
NT #5
Thomas Voorsluys
é Zootecnista, pós graduado em Negócios
Internacionais pela FAE Business School e Gerente
de Produtos da Nutron Alimentos.
Por tratar-se do setor primário da cadeia produtiva, a
suinocultura caracteriza-se por
margens relativas baixas, exigindo escala de produção. Além
disso, temos ainda as oscilações
de preços que representam um
fator de risco para a atividade.
Como já é de conhecimento
de todos que atuam neste segmento, os custos com alimentação dos animais representam
entre 60 e 70% do custo total
de produção, havendo, portanto, avaliação criteriosa no uso
dos ingredientes que compõem
a ração. Atualmente, o mercado
de aditivos tem disponibilizado alternativas que oferecem
possibilidades para melhorias
destas margens através do aumento da digestibilidade dos ingredientes, melhoria de desempenho zootécnico, entre outros
benefícios. Entretanto, é necessária uma avaliação criteriosa
afim de garantir o retorno sobre o investimento em relação
a estes aditivos. Normalmente,
utiliza-se o critério de retorno
mínimo de 10% sobre o investimento, ou seja, para cada R$
1,00 investido, aumento de receita em R$ 1,10. Produtores de
suínos e nutricionistas são abordados constantemente com ofertas e material técnico sobre diversos
aditivos, cada um mostrando seu alto retorno sobre o investimento. Mas
como nós podemos decidir qual aditivo escolher? Como nós avaliamos as
pesquisas que são apresentadas a nós? Parâmetros da ração, sanidade,
ambiência e manejo afetam as respostas aos aditivos?
NT #5
97
Mudanças podem ocorrer constantemente nas
granjas, incluindo clima, sanidade, dietas e práticas de
manejo. Isso torna difícil dizer se realmente um aditivo proporcionou uma melhora na produtividade. A
maioria dos aditivos poderá resultar numa pequena
melhora em ganho de peso diário (GPD) e conversão
alimentar (CA), e essa pequena melhora poderá também variar por diversas outras razões. Uma comparação feita entre períodos de tempo com o uso e não
uso de um determinado aditivo não seria apropriado
para auxiliar numa eventual decisão. Algumas avaliações são bem conduzidas a ponto de parecerem
pesquisas científicas com muitos números e gráficos
que podem em um primeiro momento nos causar
uma boa impressão do aditivo. Mas, novamente, como
excluir o efeito das variáveis clima, dieta, sanidade,
manejo, etc. Uma boa empresa, antes de lançar um
produto no mercado, deve fazer seu dever de casa,
ou seja, conduzir testes sobre a composição do aditivo em um laboratório qualificado e conduzir experimentos em granjas específicas para testes onde as
variáveis são conhecidas e controladas. Seu modo de
ação, embora muitas vezes de difícil compreensão,
deverá fazer sentido em função de conceitos nutricionais existentes. Compreender o modo de ação de um
determinado aditivo, sua consistência nos resultados,
irá ajudar a decidir melhor se os animais responderão
ao uso do aditivo. Antes que um aditivo seja incluído
na ração, é necessário ter segurança que existe uma
boa fundamentação de pesquisa e resultados, e que
este proporcionará margens positivas. As empresas
que conhecem o resultado de seus produtos em diversas circunstâncias saberão quando o emprego
Tabela 1
de um aditivo será mais beneficente, principalmente
para o incremento da lucratividade de uma operação.
Os nutricionistas deverão fazer recomendações de
dieta que maximizem o desempenho do animal, caso
se tome a decisão de testar um aditivo.
Análises estatísticas nos ajudam
a decidir quando um resultado
positivo de produtividade deve-se
efetivamente ao aditivo
Uma boa avaliação estatística, geralmente, apresenta um grupo controle (com a dieta normalmente
utilizada na granja) e um ou dois grupos tratamento
(com a adição do aditivo em avaliação). Para assegurar que o ambiente, a sanidade, as mudanças de dieta
e outros fatores não afetem o resultado da avaliação,
os animais recebem seus tratamentos “lado a lado”. O
grupo controle e o grupo tratamento devem ser submetidos ao mesmo ambiente (galpão), com o mesmo
manejo, mesma dieta, categoria animal e nas mesmas
condições sanitárias. Os grupos de animais devem ser
distribuídos de forma homogênea, antes que a avaliação comece. Isto significa que o peso médio inicial
seja similar em ambos os grupos, com e sem o aditivo.
Qualquer desvio (conhecido como desvio padrão) da
média dos grupos deverá também ser similar. O modelo estatístico a ser empregado na avaliação deve
ser definido antes que o experimento se inicie. Isto
possibilita um maior controle dos erros experimentais
e aumenta a eficácia com que o experimento será
conduzido. A estatística permite também alguns ajustes nos dados para que haja pouca interferência na
Resultado de avaliação de um aditivo na fase de crescimento e terminação.
Aditivo
Número de
Animais
Peso Médio
inicial
Ganho de
Peso Diário
Peso Médio
Final
Conversão
Alimentar
Mortalidade
Sim
4158
100,69%
107,79% A
102,96% A
96,25% B
81% b
Não
4473
100%
100% B
100% B
100% A
100% a
P
-
0,68
<0,01
<0,01
<0,01
<0,06
CV (%)
-
3,8
5,0
3,3
2,4
-
* A,B Médias de desempenho com letras diferentes na mesma coluna diferem (teste de Tukey, P<0,10);
** a,b Médias de mortalidade com letras diferentes na mesma coluna diferem (teste de Qui-Quadrado, P<0,10);
98
NT #5
variabilidade como, por exemplo, pesos iniciais diferentes entre os tratamentos. Considerar este peso inicial como covariável no modelo estatístico minimiza,
de forma matemática, a interferência desta diferença
e possibilita uma avaliação em maior grau de igualdade entre os tratamentos avaliados.
Normalmente, os resultados do desempenho dos
animais entre os grupos avaliados são reportados em
forma de tabelas, em que constam os valores de coeficiente de variação (CV) e de probabilidade (P). O
CV expresso na tabela é uma medida de dispersão
que representa a porcentagem da variação dos dados em relação à média, ou seja, quanto menor o CV,
maior confiabilidade teremos no dado obtido e, principalmente, no controle da condução do experimento
e da coleta dos dados. O valor de P, ou também conhecido como probabilidade, representa se a diferença
entre as médias é estatisticamente diferente. Mesmo
que as médias sejam numericamente diferentes, com
o valor de P é possível decidir se elas diferem o suficiente para poderem ser consideradas de importância
prática. Para dados de desempenho, de forma geral,
considera-se um P de 0,10 para avaliar as diferenças
estatísticas. Por exemplo, o valor de P<0,10 significa
que há 90 por cento de chance que a diferença em
produtividade entre os dois grupos (Controle X Tratamento) seja devido ao uso de um aditivo. O valor de
P de <0,10 algumas vezes é chamado de ”direção” ou
“tendência”.
A Tabela 1 ilustra o exemplo da avaliação de um
aditivo na fase de crescimento e terminação de suínos.
Os resultados foram expressos em porcentagem propositalmente para facilitar a compreensão da análise.
Seguindo a explicação sobre o CV é possível, primeiramente, afirmar que a variação do experimento foi bem
controlada (para experimentos de desempenho com
suínos, assuma-se um CV menor do que o de 10%,
para um bom controle dos dados). Já a probabilidade
indica que houve diferença significativa (P<0,10) entre
os dois tratamentos para as variáveis: ganho de peso
diário (GPD), peso médio final (PM Final) e conversão
alimentar (CA). Isto mostra que ha grandes chances
(90%) desta melhora ter sido pela a adição do aditivo. O teste aplicado para as variáveis (GPD, PM Final e
CA), apresentado na tabela 1, foi o teste T, que é o mais
apropriado para uma comparação entre duas médias.
Para a variável mortalidade foi utilizado o teste QuiQuadrado, mais indicado para esta variável. Existe
uma variedade de testes para comparação de médias,
entretanto, este tópico deve ser explorado mais detalhadamente em artigos futuros. Mesmo com as mel-
hores instalações de pesquisa e as análises realizadas
de forma correta, não se pode afirmar que a resposta
obtida em uma avaliação, em uma determinada situação, se repetirá em qualquer circunstância e em
qualquer propriedade. O ideal é que as empresas que
fornecem estes aditivos invistam suas pesquisas em
diferentes situações de sanidade, dietas, ambiente e
manejo, com o intuito de assegurar a bioeficácia deste
produto quando submetido a diversas situações. Se
o aditivo avaliado promover um resultado constante,
com uma quantidade representativa de pesquisas em
várias situações, é possível ter maior confiança de
que este produto irá desempenhar com sucesso nas
diferentes realidades de cada granja.
Existem diversos aditivos no mercado que são semelhantes. Algumas empresas usam isto como uma
vantagem e, muitas vezes, apropriam-se de pesquisas alheias ao invés de elas mesmas conduzirem os
experimentos. Como exemplo: produtos à base de leveduras diferem por serem originados de cepas diferentes, adsorventes apresentam estruturas químicas
diferentes. Portanto, não se pode ter certeza que um
produto de uma empresa seja igual ao de outra empresa. Existem também produtos que, por sua nítida
comprovação de melhora de resultados zootécnicos e
econômicos, são patenteados e de distribuição exclusiva, tornando o aditivo em um diferencial tecnológico.
Um aditivo pode também ser avaliado em condições
comercias de campo. Estas avaliações em granjas comerciais podem ser estatisticamente confiáveis e talvez próximas da real necessidade do que se busca na
prática em termos de custo: benefício. Uma avaliação
a campo com uma grande quantidade de animais, as
variáveis de manejo, instalações e outros fatores se
“diluem”, fazendo com que o coeficiente de variação
seja mais próximo do zero, dando confiabilidade para
a avaliação.
Considerações Finais
Ao mesmo tempo em que se buscam os benefícios
primários (melhor conversão alimentar e aumento de
ganho de peso) de algum aditivo, existem benefícios
secundários (melhor uniformidade, menor incidência
de distúrbios gastrointestinais) que também são interessantes de serem investigados. Na avaliação da eficácia de um aditivo, vários fatores devem ser considerados como o modo de ação, o número de pesquisas
realizadas em diferentes situações, a confiabilidade
dos dados, etc. Só desta forma será possível a tomada
de decisão em optar ou não pelo uso do produto em
uma granja.
NT #5
99
NUTRIÇÃO DO AMANHÃ
Nutrição e
O que deve mudar na
nutrição para atender estas
novas exigências?
100
NT #5
Daniel Gonçalves Bruno
é Médico Veterinário e trabalha
em Pesquisa e Desenvolvimento
no Grupo Provimi.
Antônio Mário Penz Junior
é Engenheiro Agrônomo e Doutor em Nutrição Animal
(Universidade da Califórnia), Mestre em Zootecnia
(UFRGS) e Diretor Mundial de Aves do Grupo Provimi.
meio ambiente
A produção de aves continua crescendo em ritmo acelerado, sobretudo devido ao crescimento da
população mundial. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO), em 2008, 56,8 bilhões de aves foram abatidas para o consumo humano. Este aumento na demanda tem exigido uma intensificação na produção de aves e, em contrapartida, tem se observado um
aumento na produção de dejetos por unidade de área. Por fim, estamos observando um rigor cada vez
maior nas legislações ambientais e um dos desafios da atividade avícola do século 21 será a diminuição
de seu impacto sobre o meio ambiente. É de conhecimento geral que uma nutrição otimizada diminui o
potencial poluidor da produção de aves. O objetivo deste texto é de sugerir estratégias do ponto de vista nutricional e de manejo alimentar que possam ser empregadas para minimizar a excreção excessiva
de nutrientes (poluentes) no ambiente.
NT #5
101
1. Estratégias para diminuir a excreção de
nutrientes de forma geral
De maneira geral, medidas que propiciem uma dieta com níveis nutricionais mais ajustados para
cada fase e categoria animal, evitando a formulação com amplas margens de segurança, implicam
em redução na excreção ambiental de nutrientes. Estas medidas estão relacionadas, por exemplo, à
formulação mais precisa das dietas, evitando margens de segurança muito amplas. Para tanto, é necessário ter dados precisos da composição nutricional das matérias-primas; que se obtenha os pesos
precisos dos ingredientes e das batidas, e que se formule as dietas com base nos valores disponíveis dos
nutrientes, e não somente com base nas análises químicas. Uma valiosa ferramenta que se apresenta
promissora para o futuro é a tecnologia NIRS, que dará a oportunidade de se obter a composição de
cada lote de ingrediente na fábrica de ração rapidamente, e a um baixo custo, permitindo ajustes nas
matrizes nutricionais antes da produção da ração. Outros conceitos, como a segregação de ingredientes nas fábricas de acordo com sua qualidade nutricional, também irão culminar na otimização destes
para as necessidades das aves e diminuição da sua excreção por excesso de ingestão. O aumento no
número de fases alimentares com a finalidade de diminuir a excreção de nutrientes está fundamentado
no conceito de que, conforme as aves crescem, suas exigências nutricionais mudam. Quando o programa nutricional está dividido em poucas fases, as aves passarão maior número de dias alimentando-se
com uma dieta cujos níveis nutricionais estão aquém ou além dos exigidos para a idade; no primeiro
caso, sua performance será menor do que seu potencial genético permite, enquanto que, no segundo
caso, a excreção de nutrientes para o ambiente é aumentada porque a ave não está sendo capaz de
utilizá-los totalmente em sua síntese de tecidos. A microbiota presente no trato gastrintestinal das aves
exerce pronunciado efeito sobre o seu crescimento e sua eficiência de utilização dos nutrientes, podendo afetar a morfologia do lúmen intestinal, alterando também a utilização de nutrientes exógenos
e endógenos no lúmen. Assim, caso a microbiota esteja desbalanceada, a retenção de nutrientes é
comprometida e a excreção de nutrientes ao ambiente é aumentada. Portanto, aditivos que possuem
ação benéfica sobre a microbiota diminuem a excreção de poluentes.
2. Estratégias específicas para diminuir a
excreção de nitrogênio
O nitrogênio dos dejetos animais apresenta-se, principalmente, como óxido nítrico (NO3) e amônia,
que são emitidos à atmosfera, e como nitrato que, através da penetração no solo e da lixiviação pela
água das chuvas, atinge as águas dos lençóis freáticos, rios e lagos. Na atmosfera, a amônia forma
aerossóis com propriedades ácidas e, ainda, é uma fonte de odores na avicultura, com implicações negativas sobre o bem estar das aves e críticas em algumas regiões em que há grande proximidade entre
as granjas e os centros urbanos. Uma das maneiras de reduzirmos a excreção deste nutriente é a diminuição da quantidade de proteína bruta da dieta, através da formulação com base na digestibilidade
dos aminoácidos e da relação entre eles, além da utilização de aminoácidos sintéticos nas fórmulas.
Pesquisadores australianos estão também tentando aplicar em frangos um conceito bem conhecido
entre os nutricionistas da espécie suína: o da formulação com base na energia líquida. Esta é definida
como a energia metabolizável menos a perda de energia causada pelo incremento calórico (ou calor
produzido durante a digestão do alimento, do metabolismo dos nutrientes e da excreção). Como as proteínas são substâncias que são submetidas à síntese e ao catabolismo, a sua metabolização acarreta
gasto energético. No sistema de energia líquida, o custo da energia ($/tonelada, dividido pela energia)
é diferenciado, de modo que o custo/kcal aumenta para alimentos ricos em proteínas, e é menor para
aqueles ricos em gordura, quando comparado com os sistemas que utilizam energia digestível ou energia metabolizável, forçando a limitação da utilização de ingredientes caros, ricos em proteína.
3. Estratégias específicas para diminuir a
excreção de fósforo
rrâneas. Assim, atualmente, é importante entender a forma com que o fósforo é excretado e/ou disponibilizado na natureza (solúvel ou insolúvel). Por fim, a otimização da utilização de fósforo possui um
impacto econômico bastante acentuado, sendo um dos nutrientes mais caros nas formulações, ficando
somente atrás da energia e da proteína. Cerca de 50 a 80% do fósforo presente nos cereais não está
disponível para os animais monogástricos, pois está complexado com o ácido fítico, sendo, consequentemente, excretado no ambiente. Assim, o uso de fitases exógenas, utilizadas para tornar o fósforo
fítico mais disponível aos frangos, é uma alternativa importante para diminuir a sua excreção e para
baratear o custo das fórmulas, diminuindo a inclusão de fontes inorgânicas de fósforo. Deve-se evitar,
no entanto, associar o uso de fitase à formulações com altas margens de segurança, pois há evidências
científicas de que, quando há excesso de fósforo na dieta, a utilização de fitase aumenta a eliminação
da forma solúvel do fósforo no ambiente. Além da fitase, há ainda outros aditivos que estão associados
a aumento na absorção de fósforo, tais como os ácidos orgânicos e a vitamina D3 e seus metabólitos
(1,25 dihidroxicolicalciferol (1,25-(OH)2D3), 1α colicalciferol (1α-OHD3), 25 hidroxicolicalciferol (25-OHD3)).
Importante também atentar para a relação entre cálcio e fósforo das dietas, uma vez que o primeiro
prejudica a absorção do segundo, sendo recomendado uma relação Ca:P de não mais que 2,2:1 para
frangos. Outras estratégias em termos de tecnologia na fabricação de alimentos podem ser empregadas ainda, destacando-se a utilização de dietas com maior tamanho de partícula, o que, segundo alguns
autores, aumentaria a absorção de fósforo e outros nutrientes, pois ficam retidas por mais tempo na
moela. No campo do melhoramento genético, o desenvolvimento de variedades de milho com baixa
presença de fitato já é uma realidade.
4. Estratégias específicas para diminuir a
excreção de microminerais
No caso dos microminerais, uma abordagem para minimizar a inclusão de fontes inorgânicas
de microminerais na dieta é a formulação baseada no conteúdo de minerais que os ingredientes
possuem. Para exemplificar, autores observaram que a disponibilidade de magnésio, manganês e
cobre no farelo de soja é de 50 a 78%; ainda, fosfatos defluorinados contém até 10.000 ppm de ferro, sendo este mineral, em média, 50% biodisponível. A forma na qual os minerais estão disponíveis
influencia sua absorção intestinal e, consequentemente, a excreção destes no meio ambiente. Em
geral, quando os minerais estão na forma de sulfatos são mais disponíveis do que na forma de óxidos.
Nas últimas décadas, vem também intensificando-se as pesquisas sobre outras fontes de minerais
teoricamente mais biodisponíveis que as inorgânicas, como as fontes orgânicas e básicas. Enquanto
as primeiras consistem, de maneira simplista, em moléculas de minerais complexadas a moléculas
orgânicas (aminoácidos, polissacarídeos e proteinados) e, por isso, mais facilmente absorvidas pelo
epitélio intestinal, os minerais básicos são menos reativos com os outros nutrientes nas condições
fisiológicas do trato gastrointestinal.
5. Conclusão
A busca por melhorias nas dietas pode ser uma maneira efetiva de diminuir a eliminação dos principais poluentes pelas excretas das aves, bem como a produção de odores. Princípios básicos de nutrição,
como a utilização de matérias primas de qualidade, a diminuição da amplitude das margens de segurança a partir do melhor conhecimento do teor nutricional dos ingredientes, bem como a utilização do
processamento e o conhecimento relativos ao tamanho de partícula dos ingredientes, irão permitir melhorar a retenção destes nutrientes pelas aves e diminuir sua excreção no meio-ambiente. Novas fontes
de minerais, com melhor biodisponibilidade, estão sendo pesquisadas. O advento das fitases é uma
tecnologia que permitiu a diminuição da inclusão de fontes inorgânicas de fósforo. Essas estratégias, se
bem empregadas, podem, além de diminuir o impacto ambiental da atividade avícola, trazer benefícios
econômicos ao produtor, que irá baratear o custo das dietas.
É um dos principais nutrientes que causam eutroficação, poluindo as águas superficiais e subte-
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NT #5
NT #5
103
COOPERATIVISMO
CAPAL
A Cooperativa Agropecuária Arapoti Ltda nasceu falando holandês. Fundada em setembro de 1960, os 21 sócios, todos de nacionalidade holandesa, só conversavam
no idioma do país onde nasceram. As primeiras reuniões
com sotaque verde-amarelo só começariam treze anos
depois, quando dois associados brasileiros foram eleitos
para a diretoria da cooperativa. Um processo de integração
rico e que deu ainda mais vigor à cooperativa. Em 1976,
foi criado o entreposto de Itararé e inaugurada a fábrica
de rações . Hoje, a cooperativa faz cinquenta anos, investindo em tecnologia e qualidade, trabalhando com grãos,
pecuária de corte e leiteira, além dos suínos. A matriz fica
em Arapoti, ponto que fecha a rota dos holandeses pelo
Paraná, a 170 quilômetros de Curitiba. A
Capal mantém sete unidades em Arapoti,
Itararé, Wenceslau Braz, Carlópolis, Taquarituba e Taquarivai, além de uma loja
agropecuária e um posto de combustíveis.
Fornece insumos agrícolas e pecuários,
assistência técnica, infraestrutura para receber, armazenar e comercializar a safra pelos melhores preços de mercado. Atende produtores de trinta municípios da Região
Nordeste do Paraná e sul de São Paulo, num raio de 160
quilômetros. Os cooperados têm à disposição armazenagem e secagem de grãos, venda de insumos para plantio
e manutenção das lavouras, sementes, produtos veterinários e equipamentos para ordenha, além de uma fábrica
de rações fareladas e peletizadas para bovinos, suínos,
aves e cães. “Atualmente, a produção está em aproximadamente 100 mil toneladas, mas queremos ampliar a ca-
pacidade desta fábrica para até 150 mil toneladas, com a
construção de mais uma unidade e ampliação dos setores
de expedição de rações, estocagem e produto acabado”,
adianta o Superintendente Adilson Roberto Fuga.
A Capal possui hoje 780 cooperados e uma produção
de 107 mil toneladas de soja, 150 mil toneladas de milho e
63 mil toneladas de trigo (safra 2009-2010). Nas contas
da administração, houve uma transferência de 20% do
milho para a soja na safra 2010-2011, mas a safrinha do
ano que vem deve voltar a brilhar por causa do aumento
nos preços internacionais e nacionais dos grãos. Na área
animal, são 8,2 mil toneladas de carne suína e 46 milhões
de litros de leite. O faturamento deve fechar 2010 em
340 milhões de toneladas. “Dois mil e dez
ainda foi um ano muito difícil, complicado
para a agricultura. Desde o fim de 2008,
enfrentamos contratempos, a cooperativa
teve redução de faturamento, mas agora as
perspectivas para 2011 são ótimas. Teremos
bons preços nos suínos, o leite está crescendo e os preços
serão melhores para os agricultores”, revê Adilson Fuga. A
cooperativa já investiu 40 milhões de reais na ampliação e
modernização do parque industrial desde 2004 e o câmbio não afeta a lucratividade porque a Capal não faz vendas externas, apenas comercializa com as tradings. “São
bons cenários para o futuro. E é com base neles que pretendemos seguir, investindo pesado e ampliando. Assim,
já em 2011, podemos pensar em voltar a registrar crescimento no faturamento. Nada mal para quem fez cinqüenta anos”, estimou brincando o Superintendente da Capal.
Cooperativa
faz 50 anos
POTÊNCIA ECONÔMICA
Cooperativas sustentam economia dos Estados e da União
Adilson Roberto Fuga
Superintendente da Capal
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O Brasil possui a 10ª economia do mundo e tem no cooperativismo uma contribuição decisiva por ter alcançado
essa posição e lutar agora, nos próximos vinte anos, para tornar-se a quinta maior potência econômica do planeta.
O setor representa 5,39% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, faturaram mais de R$ 88,5 bilhões em 2009 e
geram mais de 275 mil empregos diretos. Os principais produtos exportados pelo setor são sucos, álcool e soja. Os
mercados mais cativos são a Alemanha, China e os Países Baixos. E o maior número de trabalhadores empregados
está no ramo da agricultura. As vantagens da filiação envolvem a aprovação de negócios com órgãos públicos, capacitação profissional e diminuição de custos financeiros. A Organização e Sindicato das Cooperativas do Brasil (OCB/
Sescoop) é responsável por lutar pelos direitos dos associados, capacita e representa politicamente as cooperativas
no país. As principais metas da organização são fortalecer a economia das cooperativas, fomentar o crescimento
e desenvolvimento do setor nas regiões e promover negócios entre as economias locais. Conforme dados da OCB
nacional, há quase oito mil cooperativas em todo o país. O cooperativismo é um tipo de negócio coletivo em que o
lucro é igualitário, havendo o mesmo interesse e atividade comercial entre os membros. As vantagens envolvem
diminuição de custos, união de capitais, diminuição da concentração de renda e de desemprego.
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COOPERATIVISMO
Cooasgo
Jair Antonio Borgmann
Cooasgo
O faturamento quase triplicou nos últimos três
anos, atingindo no fim de 2010 perto de 150 milhões de reais. O número de funcionários saltou de
33 para 168. E somente na área de suínos, serão
mais três mil novas matrizes em 2011. O quadro e os
planos positivos pertencem à Cooperativa de São
Gabriel do Oeste (COOASGO), fundada em março
de 1993, na Câmara de Vereadores do município, no
interior de Mato Grosso do Sul, na presença de 25
associados fundadores, todos ligados à agricultura.
E um deles era Jair Antonio Borgmann, que comanda a COOASGO desde 2007, depois de ser reeleito.
“Passamos um período complicado, mas chegou a
hora de investir novamente. Vamos fechar este ano
com um faturamento 20% maior e novos projetos
para 2011”, afirma animado Jair Borgmann. A Cooasgo nasceu da necessidade de organização dos
106
NT #5
produtores, pois a agropecuária estava em fase de
crescimento no Estado e precisava absorver essa
demanda de produtos para a sua comercialização.
Hoje, são 236 cooperados em Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, que têm à disposição serviços como
assistência técnica veterinária e agronômica, armazenamento de grãos, pesquisa e experimentação
agropecuária, repasse de crédito, fornecimento
de matrizes e nutrição, assessoria administrativa,
reflorestamento, treinamento e aperfeiçoamento,
acompanhamento do processo de produção e programa de segurança do trabalho. O principal trabalho é com grãos em suínos. Em 2010, houve incremento de 15% nos resultados com milho, sorgo e
soja e a colheita deve chegar a 2,15 milhões de toneladas. “Foi um ano muito bom na área de grãos. No
primeiro semestre, os preços foram bem desanima-
dores, mas a segunda metade do ano trouxe uma
valorização maravilhosa, principalmente no milho
e na soja”, conta o presidente da cooperativa. Na
suinocultura, a COOASGO mantém parcerias com a
Aurora (1.300 suínos por dia) e o Frigorífico Agra,
de Rondonópolis, em Mato Grosso (500 suínos por
dia). Metade dos animais vem da associação com
criadores parceiros e a outra de suinocultores independentes, cuja maioria é
de São Gabriel do Oeste. Todos atuando em ciclo completo. E o segmento é
a “menina dos olhos” para os atuais investimentos.
Em 2007, foi iniciada a construção de uma Unidade
Produtora de Leitões (UPL) para cinco mil matrizes.
O projeto começou, mas foi brecado pela crise financeira do fim de 2008. “Já gastamos 12 milhões
de reais ali e agora vamos completar os 20 milhões
inicialmente previstos para concluir, a partir do ponto em que estacionamos”, relata Jair. A outra iniciativa na área é povoar com mil matrizes uma granja
comprada em 2009, em São Gabriel do Oeste, e que
estava funcionando apenas como creche. Um reforço de três mil matrizes em apenas doze meses. A
nutrição vem da fábrica que produz ração, núcleos
e premixes. São 230 toneladas por dia
e duas unidades de recebimento. “2010
foi muito bom para a suinocultura. Tanto em preços como em custos. Mas, de
maneira geral, nossa expectativa é muito favorável
por causa de todo o conjunto do trabalho. Só atuamos com sócios, nossos negócios estão sob inteira responsabilidade da cooperativa e voltaremos a
investir. Só podemos ter bons presságios, certo?”,
indaga otimista Jair Borgmann.
A ordem é
crescer
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107
COOPERATIVISMO
Cooperalfa
A Cooperativa Agroindustrial Alfa, a Cooperalfa, foi
fundada em outubro de 1967 e surgiu no mercado para
atender uma grande necessidade da época: que pequenos e médios produtores rurais tivessem uma remuneração mais justa e o trabalho fosse mais valorizado. Sua
atividade central é a comercialização e armazenagem
da produção de milho, soja, feijão e trigo dos associados.
Também atua na produção de sementes certificadas de
soja, feijão, trigo e coberturas de solo, além de desenvolver parcerias com indústrias do sistema cooperativo para
o beneficiamento de citros, suínos, aves e leite. Industrializa, ainda, trigo e soja e atua na fabricação de rações para
agregar valor à produção dos associados. São 15 mil famílias, sendo mais de 85% inseridas na economia familiar, distribuídas em 80 municípios de Santa Catarina e do Paraná. A Alfa
tem capacidade para armazenar 500 mil
toneladas de grãos, vai movimentar em
2010, 15 milhões de sacas de trigo soja e
feijão (dois milhões cima do valor alcançado em 2009) e conta com 2.100 funcionários.
Para elevar a qualidade de vida das famílias rurais,
melhorar o trabalho e a produção, a cooperativa investe continuamente em novas técnicas e tecnologias.
Agrônomos, veterinários e técnicos transmitem novos
conhecimentos, com o objetivo de conseguir melhores
resultados. A ideia é fortalecer e melhorar a renda média
das famílias, aperfeiçoando as condições sanitárias, a assistência técnica, produtividade e expectativa média de
vida. O trabalho consiste em receber, armazenar e classificar os grãos; produzir sementes certificadas de trigo,
soja, feijão e coberturas de solo; industrializar farinhas e
rações; produzir citros, suínos, aves e leite em parceria
com outras indústrias do sistema cooperativo; fornecer
insumos aos produtores associados; assistir tecnicamen-
te os agricultores na elaboração de projetos agropecuários e de crédito rural, além de revender combustíveis e
lubrificantes. Aliás, “Alfa” é a primeira letra dos alfabetos
grego e siríaco, significando princípio, início. Além disso,
é a principal estrela de uma constelação. Para entender
um pouco a história da Cooperalfa, é preciso voltar à
década de 60. O Banco do Brasil era responsável por financiar as operações através de Aquisições do Governo
Federal (AGF) e até mesmo armazenar a produção. Mas
a estrutura da instituição era insuficiente para a demanda da produção agrícola. Havia a necessidade de se criar
no Oeste de Santa Catarina um agente que organizasse os produtores rurais. Foi criada, então, a Cooperativa
Tritícola Oeste Catarinense Ltda, a primeira organização cooperativista em
Chapecó. Em outubro de 1967, é criada
a Cooperativa Mista Agropastoril de
Chapecó Ltda. Em 1974, surge a Cooperalfa, numa iniciativa de Aury Luiz Bodanese, Setembrino Zanchet e outros
35 agricultores. O principal ideal deu-se em função
das incertezas do mercado de grãos e, em seguida, do
avanço da produção animal em Santa Catarina. Com o
passar do tempo e a eminente expansão, a Cooperalfa
passou a desdobrar inúmeras atividades e serviu de pilar para a eclosão de outras cooperativas e sociedades
do mesmo gênero. A cooperativa atua nos segmentos
de suinocultura, avicultura, citricultura, bovinocultura
de leite, recebimento e industrialização de trigo, soja e
milho. As questões ambientais são obrigatórias. Assim
como os planos de expansão para a década que começa
agora. Foi justamente para falar sobre o ano que passou
e as projeções futuras que a Revista Nutrition for Tomorrow conversou com o 1º vice-presidente da Cooperalfa ,
Cládis Jorge Furlanetto. Acompanhe.
O princípio é
fortalecer a
família rural
Cládis Jorge Furlanetto
1º vice-presidente da Cooperalfa
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NT #5
NT #5
109
Revista Nutrition for Tomorrow – Como o senhor analisa
2010 para a cooperativa?
Cládis Jorge Furlanetto – Conseguimos aumentar
nosso faturamento em 5% sobre 2009 e fechamos
com algo perto de R$ 1,1 bilhão. Um número muito
satisfatório.
NT – Como vocês alcançaram este resultado?
Cládis Jorge Furlanetto - Analisando o ano inteiro na
área dos grãos, o primeiro semestre foi de muitas
dificuldades por causa dos preços baixos das commodity. Um período muito complicado para grãos
como milho, soja e feijão. No segundo semestre, em
compensação, a situação melhorou demais. Houve
valorização e os produtores tiveram um rendimento
bem favorável.
NT – E na área das carnes, como foi o ano?
Cládis Jorge Furlanetto – Os suínos tiveram um resultado muito semelhante aos grãos. Na primeira metade do ano, preços sofríveis, mas bons resultados no
segundo semestre. Na avicultura, o ano foi estável.
NT- Qual o volume de produção das duas carnes?
Cládis Jorge Furlanetto – Somos fornecedores da
Aurora. Devemos fechar 2010 com algo em torno
de 650 mil suínos e 32 milhões de aves. Uma performance muito parecida com o ano passado.
NT – E os grãos?
Cládis Jorge Furlanetto – Se formos contar nossa capacidade total de armazenagem, a própria e as instalações alugadas, estamos com aproximadamente
8 milhões de sacas.
110
NT #5
NT – Quais os planos para este ano?
Cládis Jorge Furlanetto – Nosso planejamento indica
que podemos faturar até 15% sobre 2010. E atingirmos R$ 1,23 bilhão. Apostaremos no incremento de
novos associados para a Cooperalfa e também no
aumento da área de cobertura. Queremos aumentar o volume de vendas e vamos concluir uma unidade que está sendo construída em Irienópolis, na
região do planalto de Santa Catarina, para armazenagem, secagem e limpeza. Terá capacidade para
600 mil sacas.
NT – O senhor imagina que cenário econômico para o
setor no ano que vem?
Cládis Jorge Furlanetto – Para nós, em 2010, a atividade industrial (soja e trigo) manteve-se estável
durante todo o ano. O que mudou foi a parte comercial e a de suínos. A gente vê um panorama
agora mais estável, mantendo-se por um período
maior, ao longo de 2011. No primeiro semestre,
a suinocultura deve permanecer bem, ajudando
no resultado líquido. Já os grãos devem ajudar o
ano inteiro.
NT – O problema do câmbio pode atrapalhar?
Cládis Jorge Furlanetto – Tanto o real valorizado como
a crise dos países europeus e Estados Unidos não
devem incomodar a economia brasileira. Nem a cooperativa. Praticamente não fazemos exportação,
apenas alguma coisa de grãos, mas com outras
empresas. Logo, não haverá interferência direta. Sem
falar que o mercado interno está valorizando-se demais. E produzir aqui dentro, para dentro, é o nosso
forte, o foco da Cooperalfa.
ALTA GERÊNCIA E EMPREENDEDORISMO
Batavo
Cooperativa
Agroindustrial
As primeiras famílias holandesas chegaram aos Campos Gerais em 1911, atrás de trabalho, e integraram o plano
de colonização da Brazil Railway Company, que vendia
terrenos a colonizadores com prazo de dez anos para pagar. O contrato incluía uma casa, dois bois, um arado, seis
vacas leiteiras, sementes e adubo. Quatorze anos depois,
os pioneiros criaram uma cooperativa
de produção pioneira no Brasil, com sete
sócios que tiravam 700 litros de leite por
dia, faziam manteiga e queijo para vender
em Ponta Grossa, Castro, Curitiba e São
Paulo. Surgia a Sociedade Cooperativa
Hollandesa de Laticínios. Três anos depois, a sociedade deu origem à marca Batavo, hoje uma
referência no ramo de laticínios e frios do Brasil. Depois
da Segunda Grande Guerra, chegaram novos imigrantes,
mais cooperados, a diversificação da produção pecuária
e a introdução da cultura mecanizada. Em 1951, o setor
de laticínios transformou-se na Cooperativa Central de
Laticínios (CCLPL), hoje Batávia S/A. Desde esta época, a
cooperativa centrou seus esforços na produção, buscan-
do atender seu quadro social na comercialização, compra
de insumos e assistência técnica. Estava criado um modelo de cooperativismo no país. O faturamento subiu de R$
157,5 milhões, em 1995, para R$ 771 milhões em 2009. Na
safra 2008/2009, saíram das lavouras 214 mil toneladas
de soja, 346 mil toneladas de milho e 105 mil toneladas de
trigo. Na área animal, outros excelentes
resultados: 96 milhões de litros de leite
em 2009 e nove mil toneladas de suínos.
Um segmento amparado pela indústria
de rações, totalmente informatizada,
que produz 290 mil toneladas ao ano de
produtos peletizados e farelados para bovinos, suínos, aves e outros. A unidade abastece mais de
500 associados, espalhados por trinta municípios, além
de terceiros. E no comando da Gerência de Divisão está
o holandês Jan Van Der Vinne de 61 anos, que chegou ao
Brasil em 1953 e trabalha com a área de nutrição da cooperativa há 35 anos. A Nutrition for Tomorrow conversou
com ele sobre economia, agronegócio, os resultados de
2010 e os planos para o futuro. Acompanhe.
Um pedaço da
Holanda no
Brasil
112
NT #5
Nutrition for Tomorrow : 2010 foi um bom ano para os
cooperados e, consequentemente, para a Batavo?
Jan Van Der Vinne: Foi bom, sim. Está certo que a princípio temos áreas diferentes de atuação, mas se formos
analisar de maneira geral, o saldo é positivo. Tanto em termos de produção, como venda e comercialização.
NT: A parte agrícola teve um ano de mudanças, não?
Jan Van Der Vinne: Sim. Os produtores começaram o
ano insatisfeitos com os preços que conseguiam na venda
dos grãos. Houve meses em que milho e soja realmente
estavam cotados em valores desanimadores diante dos
gastos e do planejamento das lavouras futuras. Mas veio
o segundo semestre e a reação dos preços internacionais
acabou trazendo ganhos na mesma medida para os agricultores.
NT: E a produção leiteira, como está o mercado do
setor?
Jan Van Der Vinne: Na média, 2010 também foi muito
bom. O preço pago ao produtor vinha com valores bastante interessantes. Chegou a cair, mas se recuperou aos
poucos de novo. Aliás, o produto vem com uma remuneração positiva desde 2007. Naquele ano, o preço pago
foi de 67 centavos. Em 2008, 68 centavos. Em 2009, 70
centavos. Fechamos 2010 com média de 74 centavos. Valor que tem compensado, cobrindo o custo de produção.
Pelo menos em nossa região de abrangência. No resto do
Paraná parece que os valores são menores.
NT: A alta nos preços do milho e da soja não atrapalha?
Jan Van Der Vinne: Atrapalha e bastante. São insumos
que encarecem a produção. Usamos concentrados de milho e soja na pecuária leiteira. O bovino produz bem com
forrageiros, mas apenas até 10 ou 12 litros por animal. A
partir daí, para ter um rendimento maior, é necessário
usar o concentrado. E a relação atual é de um quilo de
concontrado para produzir dois litros de leite. Para você
ter uma ideia, a média de produção dos cooperados da
Batavo é de 26 litros por vaca. Isto é, dezesseis litros têm
origem em pelo menos oito quilos de concentrados. Posso
dizer que concentrados e outros substitutos como oleaginosas na ração leiteira é responsável hoje por pelo menos
20% dos custos de produção.
NT: A alta no preço das commodity tem assustado
todo o setor. O senhor também acha que o panorama
não deve se alterar em 2011?
Jan Van Der Vinne
Gerente da Divisão de rações
Jan Van Der Vinne: Olhe, fazer estimativas com
base em movimentações internacionais futuras não é
muito fácil. Mas posso garantir que internamente os
valores permanecerão altos no ano que vem. A nova
safra de milho já foi plantada e não há mais de onde
tirar. Os bons preços certamente atrairão plantio na
safrinha, mas até julho a tendência é de preço caro. E
a soja deve ir junto, com um mercado muito parecido
ao do milho.
NT: Voltando à produção e a mais um setor que precisa
do binômio milho-soja. Como foi a suinocultura para os
cooperados em 2010?
Jan Van Der Vinne: Muito parecido com o pessoal dos
grãos. O início do ano foi ruim, com o preço pago ao pro-
NT #5
113
dutor muito depreciado. Mas o segundo semestre mudou
e os preços subiram bem e continuam valorizados.
NT: Mas os custos de produção também aumentaram,
certo?
Jan Van Der Vinne: Perfeitamente. Até porque neste
caso o milho e a soja representam a base da ração e custam ao criador até 70% de todas as despesas da granja.
Mas os ganhos têm valido à pena.
NT: Continuará assim?
Jan Van Der Vinne: Eu penso que sim. Não sabemos sobre oferta de suínos no mercado. Estão faltando animais.
No país inteiro. Houve uma combinação de abate de matrizes e aumento do consumo interno.
NT: O câmbio afetou de alguma maneira os negócios
da cooperativa?
Jan Van Der Vinne: A Batavo até exporta alguma coisa
de grãos, mas o impacto concreto vem mesmo por causa
da produção. O preço de milho, soja e das carnes é definido internacionalmente. Logo, se estamos com moeda valorizada também estamos com produtos mais caros para
atender nossos clientes já assegurados e uma dificuldade
a mais para conquistarmos novos compradores. Sem falar
114
NT #5
que já sofremos bastante com as alegadas “barreiras sanitárias”. O câmbio sempre vai ser uma pedra no sapato
quando tratamos de um produto que é cotado globalmente. Se o Real está barato demais, exportamos um monte
e os preços internos inflacionam. Se nossa moeda fica
cara, as vendas externas caem e o produto aqui dentro
fica desvalorizado. O ideal é ter um patamar de equilíbrio
nesta área.
NT: A cooperativa tem um perfil singular, de trabalhar
especificamente com o produtor. Como é atuar assim
numa economia globalizada, verticalizada e altamente
competitiva?
Jan Van Der Vinne: Nós trabalhamos dividindo as ações
pelas áreas agrícola e pecuária. A primeira negocia grãos
no mercado. Tem como meta conseguir o melhor preço
no mercado. Já a pecuária compra insumos. E a fábrica
vai atrás do que precisa no mercado. Às vezes compra da
própria divisão, outras vezes não.
Na maioria das vezes, é mais satisfatório comprar no mercado.
Até porque não fazemos estoques. Acompanhamos os preços
de mercado mesmo. Muitas vezes conseguimos aquisições
mais em conta no mercado. Tem a ver com volume, conhecimento de mercado. Por outro lado, a venda dos grãos é o produtor. É ele quem decide a quantidade, o preço, a data, etc.
NT: Muitos produtores, que não são cooperados, e empresas privadas usam o mesmo artifício de comprar
em grupos para conseguir melhores preços. É uma
tendência que veio para ficar?
Jan Van Der Vinne: Olhe, as cooperativas atuam assim
até porque é um dos conceitos básicos do cooperativismo. São operações que tem o objetivo de ajudar grupos
de produtores. Mas fora deste âmbito, existem exemplos,
mas acho que são poucos comprando de poucos grupos.
NT: Voltando à Batavo. O dia a dia dos negócios é bem
mais parecido com as empresas privadas, não?
Jan Van Der Vinne: A cooperativa é para os produtores,
mas realmente os negócios são tocados empresarialmente. Quem faz as coisas são os executivos contratados. Eles
tomam as decisões. Só que eles não são contratados por
tempo definido ou algo assim. São funcionários, têm profunda ligação com o negócio e com os propósitos. Temos
o gerente geral e os gerentes de divisões. Divisão agrícola,
administrativa e financeira, de rações e a pecuária.
NT: Quais os planos da cooperativa para este ano?
Jan Van Der Vinne: Estamos construindo uma nova unidade de laticínios, em Ponta Grossa, a uma hora de Curitiba. Com uma estimativa de produzir 400 mil litros por
dia. Se der tudo certo, começaremos a operar em maio ou
junho de 2011. Nosso objetivo é trabalharmos com concentrados de leite, abastecendo grandes indústrias consumidoras. Com produto a granel, essencialmente.
NT: 2011 começa com Dilma Rousseff na Presidência
da República e um novo Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O que o senhor mais espera
dessas duas pessoas?
Jan Van Der Vinne: Apenas que eles trabalhem bastante.
Façam o seu dever bem feito. Cuidem do controle sanitá-
rio no país. O resto pode deixar com o próprio mercado e
o segmento. Sabemos o que fazer.
NT: Nenhum pedido específico, nem mesmo na área
cooperativa?
Jan Van Der Vinne: Não mesmo. O mercado agropecuário
e cooperativista está bem, a economia está forte e estamos
crescendo, dentro do Brasil e internacionalmente. E quando
algo imprevisto ocorre, acabamos regulando tudo com as
regras do mercado. Agora, necessário mesmo é atender
uma reivindicação que é de todos os setores produtivos:
redução de impostos. Todos precisam da redução do custo
Brasil, de investimento nas estradas, portos, ferrovias e hidrovias, fretes e preços internos mais justos. Só isso.
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115
fotos: césar machado
100 anos de Holanda nos
Campos Gerais do Paraná
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O desenvolvimento urbano no segundo planalto do Paraná começou em 1778, com a fundação
da cidade de Castro. Depois, surgiram Ponta Grossa e Carambeí. Essa região histórica foi primeiramente utilizada pelos brancos e mestiços como área de parada tropeira de gado em trânsito, por
estar inserida no antigo “Caminho de Viamão”, que tinha como destino Sorocaba e Minas Gerais,
a partir do Rio Grande do Sul. Depois de 1853, o Paraná tornou-se caminho de muitos imigrantes,
como os holandeses, na periferia de Castro, nas áreas da histórica Fazenda Carambehy, como
resultado de um processo de adensamento econômico e populacional que tinha pouco mais de
meio século. Pode-se definir como Campos Gerais do Paraná a região situada no sul do Brasil,
denominada “segundo planalto”, que invade ao Norte o Estado de São Paulo e ao Sul o Estado de
Santa Catarina, característica por seus campos limpos permeados de matas de galeria e capões
esparsos de floresta onde aparece a Araucária angustifolia, árvore símbolo do Paraná. Esta região é a base de uma grande infra-estrutura agroindustrial e turística que em muito aproxima-se
dos padrões europeus de produção e cultura, sendo composto pelos municípios de Ponta Grossa,
Castro, Palmeira, Lapa, Arapoti, Campo do Tenente, Cândido de Abreu, Ipiranga, Jaguariaíva, Ortigueira, Piraí do Sul, Porto Amazonas, Reserva,Telêmaco Borba, Tibagi, Balsa Nova , Campo Largo,
Carambeí, Imbaú, Ivaí, Rio Negro, São João do Triunfo, São José da Boa Vista Teixeira Soares,
Ventania. A posição geográfica de Carambeí, as qualidades estratégicas e vantagens comparativas dos Campos Gerais permitiram o desenvolvimento de múltiplas vocações produtivas e culturais. Situada entre as cidades de Ponta Grossa e Castro, a 150km da capital, Curitiba, Carambeí
criou suas riquezas a partir das tradições das diversas etnias que formaram a sua atual matriz
social. Além dos pioneiros holandeses, indonésios, alemães, poloneses, italianos, suíços, belgas
e espanhóis contribuíram para a formação da sociedade local. Os povos indígenas originários,
portugueses, tropeiros e negros escravos completaram esse arranjo social. Estruturada economicamente através da gestão cooperativa de uma das maiores agroindústrias do país, Carambeí foi
emancipada em 1995. Mesmo sendo relativamente recente a institucionalização do município, sua
história é centenária. A consolidação da Cidade de Carambeí desenvolveu uma identidade local
e a continuada relação com suas origens manteve o intercâmbio de informação, conhecimento
e valores culturais com a Europa. Marco da história dos holandeses que iniciaram a colonização
em Carambeí, em 4 de abril de 2011 será comemorado o centenário da chegada dessas primeiras
famílias de pioneiros aos Campos Gerais. E a Associação do Parque Histórico de Carambeí, em
conjunto com a Batavo Cooperativa Agroindustrial, planejaram a constituição de um espaço cultural que seja símbolo da história e ferramenta do futuro. Em uma área de 100.000 m2, contínuo
ao espaço da Casa da Memória, que será seu ponto central, o Parque Histórico de Carambeí terá
uma infraestrutura cultural multiuso, que servirá como equipamento educativo para os cidadãos
da região, bem como destino turístico cultural para visitantes de todo o mundo.
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