Edição 330 - Folha do Fazendeiro

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Edição 330 - Folha do Fazendeiro
www.agroline.com.br
JUNHO DE 2011 • ANO XIII – Nº 330 | NAS BANCAS R$ 3,50 | EDIÇÃO ESPECIAL
Acrissul realiza eleição
no dia 7 de junho
Nesta edição
No dia 7 de junho, entre 19 e 22
horas, a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) realiza
assembleia geral para eleger a nova
diretoria, que irá dirigir os destinos da
entidade de 2011 a 2013. Duas chapas
concorrem ao pleito. ACRISSUL EM AÇÃO
Fazenda São Marcos
é um modelo em MS
Fazenda São Marcos do Riacho Fundo, em Corguinho, MS, é uma propriedade diferenciada por conta da tecnologia
empregada e o seu profissionalismo.
Com uma área de 2.149 hectares, georreferenciada, a fazenda tem números
que impressionam. É a personagem da
coluna Fazenda Modelo. PÁGINA 18
Izabella Costa é a nova
promessa do sertanejo
Natural de São Gabriel do Oeste, a cantora de 26 anos já emplaca seus sucessos no cenário
nacional. PAGINA 37
Pecuária de MS vive desafios
entre quantidade e qualidade
Com o 3º maior rebanho de corte do País, Mato Grosso do Sul permanece
sendo um gigante na produção de animais, genética e carne. Neste mês
eventos de grande relevância movimentam todo o setor. NESTA EDIÇÃO
Indústria chinesa ameaça
o mercado de máquinas
Indústria nacional critica a invasão
estrangeira de máquinas e implementos
agrícolas no país. PAGINA 13
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AANÁLISE AGRONEGÓCIO
Pecuária premia os produtores que investem em qualidade
PAULO DE CASTRO MARQUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA
O mercado da carne bovina está mudando. E para
melhor. Alguns indicadores comprovam que o
produtor que utiliza boa
genética obtém remuneração superior, compensando amplamente os
investimentos feitos, e
esse fator contribui para
o aumento da oferta de
proteína de qualidade.
O efeito multiplicador é claro, com
o consumidor final aceitando pagar
mais pelo produto que ele identifica
como diferenciado.
Está provado que, com preços favoráveis por seus animais, o pecuarista, no início dessa cadeia, aposta mais
no negócio, seja selecionando melhor
a base genética utilizada, seja cuidando com mais esmero da gestão -e isso
inclui o manejo sanitário e nutricional,
por exemplo. Há alguns dias, a Associação Nacional dos Confinadores divulgou levantamento apontando para
o aumento de 31% na expectativa de
confinamento em 2011.
Essa técnica é extremamente delicada e envolve uma série de riscos.
Ou seja, só profissionais investem no
confinamento.
Se a expectativa é positiva, significa que a perspectiva de remuneração
pelo boi gordo compensa.
A Associação Brasileira de Angus
também captou sinal verde do mercado de bezerros em vários leilões
realizados nas últimas semanas no
Rio Grande do Sul.
Além da grande procura, os animais angus foram bem comercializados, obtendo prêmios sobre os valores
médios praticados no Estado.
Avaliando com atenção o segmento de carnes, as grandes marcas têm
tido problemas em colocar à disposição dos consumidores seus produ-
rista irá em peso à feira e com dupla
disposição: mostrar seu investimento
em genética e comprar animais que o
ajudem a intensificar ainda mais seu
projeto.
Isso significa que os selecionadores que fizeram investimentos no
passado serão recompensados com
boas cotações.
O que é muito bom para renovar o
ânimo daqueles que já sofreram por
ser profissionais em uma atividade
em que, incrivelmente, os segmen-
tos de intersecção não se conversam
sempre. Pelo contrário, muitas vezes
seguem em posições diferentes.
Felizmente, a sensação é que essa
situação também está mudando. Não
no ritmo do mercado, mas já aparecem exemplos de parceria produtorindústria que renovam o otimismo.
PAULO DE CASTRO MARQUES É EMPRESÁRIO, PECUA
RISTA, PROPRIETÁRIO DA CASA BRANCA AGROPASTORIL,
ESPECIALIZADA NA CRIAÇÃO DE GADO ANGUS, BRAH
MAN E SIMENTAL SUL AFRICANO, E PRESIDENTE DA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS ABA .
Está provado que,
com preços favoráveis
por seus animais, o
pecuarista, no início
dessa cadeia,
aposta mais no negócio,
seja selecionando
melhor a base
genética utilizada
tos premium ou superpremium em
quantidade suficiente para atender à
demanda. Ou seja: há mais procura
do que oferta nesse nicho.
São elos que se encontram e ajudam a fortalecer a cadeia da carne
bovina. Em duas semanas, será realizada em São Paulo a Feicorte, uma
das mais importantes mostras pecuárias do país. De bom humor, o pecua-
EXPEDIENTE
A Folha do Fazendeiro é
uma publicação mensal
da Via Livre Comunicação e Agromarketing
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EDIÇÃO:
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TEXTOS:
Fabiano Reis e José Roberto dos Santos,
com Agência Folha
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JUNHO 2011
Em 2010, durante a primeira edição do Mega Leilão, foram comercializados cerca de 15 mil cabeças, diz Leiloboi
Leilão acontece dia 4 de junho no Confinamento Malibu, na Capital
No sábado do dia quatro de junho,
a partir das 10h, no Confinamento Malibu, em Campo Grande, acontece o
Mega Leilão Leiloboi 2011, o maior leilão de gado de corte de Mato Grosso do
Sul, realizado pela Leiloboi, com a expectativa de contar com 12 mil animais.
A transmissão é do Canal do Boi.
Encontra-se no Confinamento Malibu o número de 8.000 animais e a
expectativa é de contar com aproximadamente de 12 mil. “Por conta do
sucesso do ano passado, que comercializou cerca de 15 mil animais, contou
com mais de 2.000 pessoas, vamos fazer a segunda edição”, afirmou Carlos
Guaritá, diretor da Leiloboi.
Em sua segunda edição, a Leiloboi
conta mais uma vez com tradicionais
parceiros, entre eles, a empresa agropecuária Laranjeira Mendes S.A, que
confirmou sua participação com 2 mil
animais. Mais uma vez a leiloeira vai
oferecer uma grande estrutura para
receber os animais, vendedores e
clientes. Com foco na excelência e no
atendimento, está sendo montada uma
organização que vai desde reserva de
hotel, atendimento e apresentação da
cidade, aeroporto para pouso das aeronaves (Aeroporto Teruel), heliponto
dentro do Confinamento Malibu, além
de translado entre os aeroportos e hotéis, até o local do leilão.
A área utilizada para o leilão alcan-
ça 180 hectares, com grande estacionamento, heliponto, segurança e duas
grandes tendas, totalizando 2.200 metros quadrados de convivência. Um deles vai funcionar para demonstração de
produtos e serviços dos patrocinadores
e como praça de alimentação. Na outra
acontece o leilão, com uma pista para
demonstração dos lotes, contando ainda com telões e tv’s de plasma.
Para participar os criadores precisam estar atentos ao calendário de
vacinação, além de realizarem suas
inscrições com antecedência. Mais informações pelo telefone (67) 3342-4113
ou ainda pelo e-mail leiloboi@leiloboi.
com ou no portal www.leiloboi.com.
VIA LIVRE COM.
Mega Leilão é o maior evento
de bovino de corte de MS
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Pecuária de MS: Entre o desafio
U
ma pecuária que já ostentou alguns títulos, como a do maior
rebanho brasileiro, a maior
capacidade de abate instalada, de ter
mais desenvolvimento tecnológico e,
com isso, animais mais precoces e o
maior exportador de carne bovina do
Brasil. Mato Grosso do Sul não mantém
parte dos atributos citados, mas permanece sendo um gigante na produção de
animais, genética e carne.
Segundo os dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Mato Grosso do Sul tem o terceiro
maior rebanho bovino do Brasil, com
22.325.663 bovinos, com participação
de 10,9% no efetivo total. O número
fica atrás apenas do rebanho de Minas Gerais com 22.469.791 e do cam-
peão Mato Grosso com 27.357.089.
O rebanho do Estado de Mato
Grosso do Sul tem outras importantes
características, segundo os dados do
levantamento do IBGE, o município
de Corumbá tem o maior rebanho de
bovinos do Brasil, com um total de
1.973.275 de cabeças de gado. Ribas
do Rio Pardo fica na terceira posição
entre as cidades com maior efetivo com
1.161.329 cabeças, a segunda colocação é ocupada por São Félix do Xingu/PA. Este mesmo rebanho tem outra
forte caracte- rística comum, 90%
de todo o estoque de bovinos
tem sangue
zebuíno. “A maior
parte absoluta do
rebanho
sul-matogrossense
possui
sangue zebu, posso afirmar que é 90%.
O Estado tem também um forte número de registros de animais na ABCZ
(Associação Brasileira dos Criadores
de Zebu), são 70.000 por ano, sendo
que é 80% é da raça Nelore“, afirmou
Adriano Garcia, técnico da ABCZ.
Por outro lado, instituições como
o Centro Nacional de Pesquisa em
Gado de Corte da Embrapa, empresas
privadas, grandes propriedades e pesquisadores que investem em genética,
têm garantido o desenvolvimento da
pecuária sul-mato-grossense e de o
todo o país. Em outros aspectos, como
a manutenção e reforma de pastagem,
o Estado sofre com áreas degradadas,
com 15 milhões de hectares de área
total, nove milhões necessitam de al-
gum tipo de reforma e, em dois milhões, há urgência na recuperação, pois
estão totalmente improdutivas. “Teremos contemplado no Plano Agrícola
2011/12, uma ação para recuperação
de pastagens, com taxas subsidiadas
em 6,5% ao ano, com dois anos de carência e 12 anos para pagar. O programa é para ser utilizado principalmente
para emprego em Integração Lavoura
Pecuária e Integração Lavoura Pecuária
Floresta, em práticas conservacionista,
boas práticas, correção de fertilidade,
entre outros”, comentou Orlando Baez,
superintendente Federal da Agricultura
em Mato Grosso do Sul.
Uma vez com maior disponibilidade de pasto, de alimento, é possível
prever que o Mato Grosso do Sul terá
mais gado magro para disposição,
algo raro hoje em dia. Por conta
do preço elevado do boi gordo,
muitas fêmeas foram mandadas
para o frigorífico, em uma nova
onda de abate de matrizes, assunto já abordado na Folha do
Fazendeiro. “Estamos com um
cenário de pouca oferta de boi
gordo, automaticamente, temos
uma quantidade menor de gado
magro”, afirmou Carlos Dupas,
vice-presidente da BBM.
No melhoramento genético
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FOTOS ARQUIVO | VIA LIVRE
MS perdeu em tamanho do
rebanho para o Mato Grosso e
Goiás; em contrapartida detém o
título de melhor genética do País
da quantidade e da qualidade
há um forte trabalho desenvolvido pela
Embrapa Gado de Corte, “algo tão acessível quanto nutrição adequada, manejo
racional, boas práticas agropecuárias
e ambientais”, disse o pesquisador da
instituição, Antônio Rosa. No melhoramento animal, a estatal brasileira atua
com elaboração de Sumários de Touros
das Raças Zebuínas, Avaliação de Touros
Jovens, Programa de Melhoramento de
Gado de Corte/Geneplus, entre outros
trabalhos. O fator referência na produção
de carne bovina em Mato Grosso do Sul é
algo evidente, principalmente quando se
considera fatores com a implementação
do programa de Boas Práticas Agropecuárias, da realização de grandes feiras
como a Expogrande, o desenvolvimento
da pecuária orgânica no Pantanal, com
acordos firmados para fornecimento de
carne bovina para mercados exigentes,
como o da Itália e o Congresso Interna-
cional da Carne, um dos mais importantes eventos sobre a cadeia do setor em
âmbito mundial, que acontece neste mês,
nos dias oito e nove.
Produção desperta interesses
internacionais
A carne bovina sul-mato-grossense
desperta o interesse de diversos países e,
regularmente, o Estado recebe missões
estrangeiras, como as mais recentes da
União Européia, Rússia, Sudão, Hong
Kong e a China também já confirmou
que vem. O número de fazendas habilitadas para exportar para a União Européia, atinge 350 fazendas habilitadas.
“No momento estamos esperando que os
compradores passem a exigir garantias
de bem estar animal, principalmente por
parte do importador europeu, fator que
vai exigir uma melhor qualificação dos
trabalhadores rurais”, explicou Baez.
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Agronegócio teme ingerência do governo, diz oIcone
Agronegócio se une em torno de “rede de conhecimento”, a ser lançada em junho, para defender o setor
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
A ameaça recente de taxar as exportações de açúcar, em reação à alta
do preço do álcool, e as restrições
impostas à compra de terras por estrangeiros podem ser interpretadas
como sinais de maior ingerência política sobre o agronegócio.
A avaliação é de André Nassar,
diretor-geral do Icone (Instituto de
Estudos do Comércio e Negociações
Internacionais), coordenador de uma
“rede de conhecimento” sobre o agronegócio que será lançada em 9 de
junho. Representantes de vários segmentos do agronegócio, da celulose à
soja, também integrarão o grupo, que
mantém o nome em sigilo.
Além da possibilidade de o governo aumentar a sua presença no agronegócio em uma fase de valorização
dos produtos agrícolas, o movimento
pretende levantar outras discussões
pertinentes ao setor, como conservação ambiental, aumento da produção,
investimentos e questões trabalhistas
e indígenas.
Veja os principais trechos
de entrevista à Folha.
Brasil, celeiro do mundo?
Acho que há gente dentro do governo que considera que não é necessária uma grande expansão do setor
agrícola para atender à demanda
mundial (por alimentos). A avaliação
é que, para a economia brasileira, o
benefício é pequeno. Para o ambiente,
é ruim, e, para a geração de empregos, não é o setor mais empregador.
Restrição a estrangeiros
Segurar o capital estrangeiro pode
André Nassar, diretor-geral do Icone. Movimento quer rediscutir os grandes desafios do agronegócio brasileiro
ser uma forma de frear a expansão
agrícola. É problema para o fabricante de celulose, por exemplo, em que
o plantio é parte do negócio.
Se houver restrição ao investimen-
to, o crescimento será menor e ainda
seria bom para o país, porque o ideal
é que quem se aproprie do recurso
natural brasileiro seja o capital nacional. Acho que tem essa lógica por
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JUNHO 2011
trás. Esse é um debate para enxergar.
Ingerência política
Se a expansão agrícola for muito
forte nos próximos anos, o governo vai
querer taxar exportação, pela motivação arrecadatória e pela soberania e
agregação de valor. O discurso pode
ser que o setor está crescendo demais,
gerando impacto ambiental, ou que ele
está com uma margem de lucro enorme. Então, faria sentido abocanhar um
pedaço. Falou-se naquela história do
açúcar... Há setores que são energéti-
cos. O pré-sal não é todo regulado? O
governo pode dizer isso também.
Inflação
Veja qual é a justifi cativa para a
infl ação, hoje, do Ministério da Fazenda: commodities. Então pode-se
onde o rebanho está estimado em
133,6 mil cabeças. Em Rondônia, a
zona inclui o norte de Porto Velho e
parte dos municípios de Canutama
e Lábrea (localizados no Amazonas).
OIE declara zonas de proteção
livres de aftosa com vacinação
A Organização Mundial de Saúde
Animal (OIE, sigla em inglês) reconheceu, na quinta-feira, 26 de maio, o status de livres de aftosa com vacinação
das zonas de proteção da Bahia, do
Tocantins e de Rondônia. O anúncio
foi feito durante a 79ª Assembléia Geral de Delegados da OIE, que termina
nesta sexta-feira, 27 de maio, em Paris.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento é representado no encontro pelo diretor do Departamento
de Saúde Animal (DSA), Guilherme
Henrique Marques.
Segundo o coordenador-geral de
combate às doenças do Ministério da
Agricultura, Orasil Romeu Bandini, as
áreas já eram consideradas de proteção livres da doença com aplicação
de vacina pelo Ministério desde a
publicação da Instrução Normativa
nº 45, de 28 de dezembro de 2010,
mas ainda não tinham o aval internacional. Com a resolução da OIE, as
três unidades passam a ter o mesmo
status sanitário em todo o território,
sem restrições quanto ao comércio e
trânsito de animais.
“Antes, era preciso fazer quarentena e sorologia dos animais. Isso encarecia o processo e desestimulava a
pecuária nessas regiões. A partir da
declaração do governo brasileiro no
final do ano passado, o valor do bezerro quase dobrou em alguns desses
estados”, revela.
As áreas foram estabelecidas para
isolar parte da Bahia, do Tocantins e
de Rondônia – consideradas livres da
doença com vacinação pela OIE – de
áreas fronteiriças com estados que
têm status sanitário inferior, como
Pernambuco, Piauí, Maranhão e Amazonas.
Na Bahia, a zona abrange oito municípios – Casa Nova, Remanso, Campo Alegre de Lourdes, Pilão Arcado,
Buritirama, Mansidão, Santa Rita de
taxar exportação, para fazer o preço
cair. São temas que formam um novo
debate, e é um debate sofisticado.
Por isso, é preciso ter uma iniciativa global do agronegócio. E isso
está no coração das coisas que vamos fazer.
Classificação
Cássia e Formosa do Rio Preto –, com
cerca de 10 mil criadores e um rebanho
de aproximadamente 255 mil cabeças.
No Tocantins, os municípios que compõem a área são: Barra do Ouro, Campos Lindos, Goiatins, Lizarda, Mateiros,
Recursolândia e São Felix do Tocantins,
Hoje, 15 unidades da federação
são reconhecidas pela OIE como livres de febre aftosa com vacinação:
Acre, Bahia, Espírito Santo, Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São
Paulo, Sergipe, Tocantins e Distrito
Federal. Além disso, detêm esse status a região Centro-Sul do Pará e
os municípios de Guajará e Boca do
Acre, no Amazonas
O estado de Santa Catarina é
considerado pela OIE como livre da
doença sem vacinação. O Ministério
da Agricultura reconhece como risco
médio de febre aftosa os seguintes
estados: Alagoas, Ceará, Maranhão,
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
Norte, Piauí e a região Centro-Norte
do Pará. Em alto risco encontram-se
Roraima, Amapá e as demais áreas
do Estado do Amazonas.
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JUNHO 2011
FEVEREIRO 2011
N UTRIÇÃO
Carne vermelha
faz bem, sim!
Mas para
aproveitar
todos os seus
benefícios é
preciso escolher
os melhores
cortes e
evitar as altas
temperaturas
durante o
preparo
ARQUIVO
POR CRISTINA ALMEIDA
S
e Vinicius de Moraes fosse vivo e
nutrólogo, ele certamente diria:
os vegetarianos que me perdoem, mas comer carne é fundamental.
Embora esse alimento seja considerado rica fonte de proteínas e vitaminas,
seu consumo passou a ser evitado nos
últimos anos. A razão para isso era legítima. Com o aumento da frequência
de doenças cardiovasculares, que possuem entre suas causas as dietas ricas
em colesterol e gordura saturada, as
carnes deixaram de ser heroínas e se
transformaram nas vilãs dos cardápios.
Mas isso já é história. Segundo as mais
recentes pesquisas científicas, comer
carne vermelha não só faz bem à saúde,
como está relacionado ao menor risco
de doenças cardíacas e diabetes.
Essa foi a conclusão a que chegou
Renata Micha, pesquisadora do departamento de Epidemiologia da Escola de
Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA). Responsável por um estudo
publicado pela revista Circulation, em
maio de 2010, a epidemiologista declara
que os verdadeiros inimigos da saúde
são o bacon, as linguiças e os embutidos, alimentos capazes de aumentar o
risco de doenças cardiovasculares em
42%, e em 19% o diabetes do tipo 2.
“Para diminuir esse risco, as pessoas devem ficar atentas ao tipo de carne que
estão consumindo”, diz Renata. Licínia
de Campos, nutricionista e consultora
gastronômica do Serviço de Informação
da Carne (SIC), explica que o consumo
de carne vermelha diminuiu porque as
pessoas ficaram preocupadas com a
saúde.
Poucos, porém, sabiam que há mais
de 20 anos os cortes têm sido elaborados para oferecer ao consumidor partes
mais magras e saudáveis.
De olho nos nutrientes
A consequência da restrição da carne foi o declínio dos níveis de nutrientes
na alimentação diária, principalmente
minerais e vitaminas lipossolúveis.
“Carne vermelha é rica em ferro, zinco
e vitaminas B6 e B12”, esclarece Licí-
nia. “É verdade que o ferro pode ser
encontrado em fontes animais e vegetais. Contudo, aquele proveniente das
carnes (ferro heme) é mais facilmente
absorvido pelo organismo.”
“Outro macronutriente oriundo da
carne é a proteína de alto valor biológi-
Compare antes de consumir
Cerca de 40% dos cortes bovinos vendidos atualmente têm pouca gordura externa visível.
Escolha as carnes mais magras para fazer parte da sua dieta.
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JUNHO 2011
FEVEREIRO 2011
FOTOS FABIO MANGABEIRA
O ponto certo da sua carne
MALPASSADA
O consumo de carne bovina
ou suína malpassada deve
ser evitado, pois favorece
o surgimento de infecções
bacterianas e infestações
parasitárias no organismo.
AO PONTO
Não expõe a substâncias
cancerígenas e contribui
para a saúde por ser
uma excelente fonte de
proteínas e de ferro.
BEM PASSADA
Deve ser evitada quando estiver
tostada, pois aumenta a chance
de exposição a substâncias
cancerígenas. A carne bem cozida,
no entanto, apresenta menores
chances de contaminação
por infestações parasitárias
e infecções bacterianas, se
comparada à carne ao ponto.
co, também essencial na nossa alimentação”, observa Fernando Bahdur Chueire, médico nutrólogo
e diretor da Associação Brasileira de Nutrologia
(ABRAN). Essa proteína responde por grande
parte do peso do corpo humano, e seu valor nutricional depende dos aminoácidos essenciais que
fornece. “Só os produtos animais possuem todos
eles”, diz. Fadiga, anemia e dificuldade de cicatrização dos tecidos são alguns dos sintomas de uma
dieta desequilibrada, e essa é a razão por que a
vitamina B12, tida como essencial à maturação
das células vermelhas, tem especial importância
para os vegetarianos.
Alternativa branca
Para quem não gosta de carne vermelha, Chueire indica a substituição por peixe, frango ou carne
de porco, que possuem praticamente os mesmos
nutrientes. E se a frequência do consumo não for
diária, para garantir o consumo de ferro, o nutrólogo sugere o feijão, espinafre e couve. Mas adverte:
“Eles possuem menor concentração do nutriente”.
E, para substituir as proteínas, ovos e leite. Quanto
às quantidades mais indicadas, a dica dos especialistas é a moderação.
E isso significa pelo menos uma porção de 100
g ao dia, caso não sejam ingeridas outras fontes de
proteína de alto valor biológico. A ordem médica é
não abusar: “Excesso é todo consumo exagerado,
o que se caracteriza quando a carne passa a ser o
alimento predominante em duas ou mais refeições
diárias”, explica Chueire. E o cuidado deve ser
maior para aqueles com níveis de colesterol elevados porque, para eles, o consumo de alimentos
que contenham colesterol deve ser restrito.
Frita, grelhada ou assada?
Na hora do preparo, todo cuidado é pouco.
De acordo com Osman Gioia, médico nutrólogo
e membro da ABRAN, a carne pode se tornar perigosa se for exposta ao fogo alto e por tempo
excessivo. Para saber se ela chegou a esse ponto,
basta verificar se há uma crosta escura na superfície. Nesse caso, quando a aparência da carne
apresenta uma parte carbonizada e outra tostada, “há risco de câncer. Esse modo de preparo
produz substâncias da classe dos hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos, tais como o 3-4 benzopireno, considerado um dos mais potentes agentes
cancerígenos”, diz. Chueire declara que o modo
mais saudável de preparar carnes é grelhar, sem
adicionar óleos, azeites, manteigas e outras gorduras. “O ideal seria retirar a parte de gordura
visível da carne.” E aquela gordurinha que sobra
é proibida? “Para quem não possui colesterol elevado, ela está liberada, mas só esporadicamente”,
adverte o médico.
COLABOROU ROBERTO DITTMAN,
PUBLICADA NA REVISTA VIVA SAÚDE, ED. 93, JAN/11
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JUNHO 2011
FEVEREIRO 2011
MT precisa renovar máquinas agrícolas, aponta estudo
Manutenção dos níveis de produção no Estado depende de novo maquinário, que reduziria perdas e custos
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ – DA AGÊNCIA FOLHA
P
ara manter a ampliação nos índices de produção e produtividade
na agricultura, os produtores de
Mato Grosso terão de investir pesadamente nos próximos cinco anos na
renovação do maquinário usado na
lavoura.
Levantamento divulgado pelo Imea
(Instituto Mato-Grossense de Economia
Agrícola) estimou que a renovação de
100% da frota exigirá a compra de 25
mil máquinas agrícolas (15 mil tratores
e 10 mil colheitadeiras) até 2015.
“É fundamental a renovação do
parque de máquinas. As antigas geram
custos altos e perdas de produtividade”,
diz Otávio Celidonio, superintendente
do instituto.
Segundo o estudo, que considera dados de 1995 a 2009, o atual parque de
máquinas de Mato Grosso é composto
por 24.627 tratores e 10.797 colheitadeiras. Se considerado o cenário ideal
-que prevê renovar equipamentos com
mais de dez anos de uso e a expansão
da produção-, terão de ser comprados
por ano 3.169 tratores e 2.288 colheitadeiras.
O número foi baseado em uma estimativa de aumento de 2,5% na área
plantada com soja no Estado até 2015.
“Caso haja uma renovação “ideal” das
máquinas, as vendas em Mato Grosso
devem aumentar consideravelmente
para atender a demanda crescente”,
diz o estudo.
O levantamento mostra que, até a
crise de 2004, a comercialização de máquinas agrícolas seguia o ritmo do aumento da área de plantio: de 1995 até
2003, as vendas de tratores e colheitadeiras cresceram 532%, em média.
De 2004 a 2009, porém, houve queda de 43%, em média, nas vendas, em
razão da falta de liquidez no setor.
Na safra 2010/11, Mato Grosso
deverá bater recordes de produção e
produtividade na cultura de soja, segundo o instituto. A manutenção do
Mercado de máquinas agrícolas investe em biodiesel
No rastro da sustentabilidade,
a tendência de expansão do uso de
energia renovável no campo desafia
o setor. Diante do rigor na proteção
ambiental e da perspectiva de o agricultor produzir o próprio combustível
na propriedade, o mercado de motores prepara-se para uma revolução.
No Brasil, a aplicação do biodiesel traz
consigo o dilema de estimular a produção e difundir tecnologias sem provocar desequilíbrio econômico no campo.
Em desenvolvimento pela AGCO Sisu
Power, uma das recentes novidades é
o motor flex, que funciona com diesel
e etanol. Com parceria entre Brasil e
Finlândia, o equipamento deve chegar
ao mercado em 2012 para tratores e
ritmo, segundo Celidonio, depende de
novas linhas de crédito e também do
aumento na capacidade da indústria de
maquinário.
O diretor-executivo da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de
colheitadeiras Valtra e Massey Ferguson. O novo motor visa a atender a
demanda de países de clima quente,
como o Brasil. “Quem largar na frente,
terá vantagem”, afirma Cláudio Bier,
presidente do Sindicato das Indústrias
de Máquinas Agrícolas do Rio Grande
do Sul (Simers).
“No futuro, o biodiesel se tornará
mais competitivo e atraente. Como maquinário é um investimento duradouro,
o produtor avaliará essa tendência ao
investir”, afirma Carlito Eckert, diretor
comercial da Massey.Hoje, a adição de
5% de biodiesel no diesel é obrigatória
no Brasil. O índice ainda é baixo em
relação à Europa, por exemplo. (Com
informações do Zero Hora)
Mato Grosso), Seneri Paludo, defendeu incentivos governamentais para a
instalação de indústrias de máquinas
agrícolas no Estado. “Isso vai favorecer
redução de preços e vai gerar divisas
no Estado”, disse.
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JUNHO 2011
FEVEREIRO 2011
Máquina agrícola de fora representa 60% dos negócios
Segundo associação brasileira de fabricantes, em 2004 os equipamentos importados representavam 40%
SILVA JUNIOR/ FOLHAPRESS
VENCESLAU BORLINA FILHO
ANA SOUSA
DE RIBEIRÃO PRETO
A indústria nacional criticou a invasão
estrangeira de máquinas e implementos
agrícolas no país. Segundo a Abimaq (associação brasileira dos fabricantes), os
equipamentos importados já são maioria
no Brasil.
De acordo com o presidente da associação, Luiz Aubert Neto, apenas 40%
das máquinas do país são produzidas
aqui - ante 60% de 2004. “E, desses 40%,
metade conta com componentes importados”, disse, durante abertura da 18ª
Agrishow, em Ribeirão Preto.
Para ele, a junção de alta taxa de juros,
elevada carga tributária e desvalorização
do dólar ante o real favorecem a situação.
“É o famoso tripé do mal, que contribui
para a concentração da desindustrialização no Brasil.” Uma das preocupações é
com a indústria chinesa de máquinas e
equipamentos agrícolas. Segundo o setor,
é impossível concorrer com as empresas
da China por conta dos baixos custos de
produção que acabam influenciando no
preço final do produto.
“O Brasil já foi colônia de Portugal e
agora caminha para ser colônia da China.
A gente só exporta matéria-prima, quando deveríamos comercializar produto de
alto valor agregado. Isso pode acabar
com a indústria nacional”, disse Aubert
Neto. O presidente da Abimaq afirmou
Déficit no setor
preocupa Abimaq
Para a norte-americana John Deere a China é um investimento estratégico para competir no mercado local
que várias reivindicações de salvaguarda
de máquinas e equipamentos agrícolas
brasileiros já foram feitas ao governo
federal, mas que ainda não são solução
para o caso. “O governo só fica nas promessas.”
John Deere
Na contramão da China, a americana
John Deere, que tem fábricas no Brasil,
anunciou no fim do ano passado a quinta
fábrica no país asiático. O investimento é
de US$ 50 milhões na unidade de escavadeiras. Será a segunda fábrica da empresa no setor na China, que vive forte
expansão. Além disso, a John Deere tem
uma fábrica de colheitadeiras e duas fábricas de trator. A unidade administrativa
da empresa fica em Pequim.
“A China é um investimento estratégico por competir no mercado local
e também propiciar ferramentas para
competir com empresas chinesas fora
da China”, disse o presidente mundial
O déficit comercial do setor
de máquinas e equipamentos é
crescente no País. No primeiro
quadrimestre ele atingiu US$ 5,5
bilhões, acumulando uma perda
desde 2004 de US$ 50,7 bilhões.
O aumento do déficit comercial
em relação ao mesmo período
do ano passado foi de 33,3%, de
acordo com dados divulgados dia
25 pela Associação Brasileira da
Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
O presidente da Abimaq, Luiz
Aubert Neto, atribuiu grande
parte do desempenho deficitário
da balança comercial do setor
à concorrência “predatória” da
China que neste início de 2011 já
ocupou o segundo lugar, em valor, entre os principais mercados
exportadores para o Brasil. Em
2004, a China ocupava a décima
posição. Ele estimou que em até
2013, os chineses assumirão a liderança dos destinos importadores do Brasil.
da divisão de agricultura da empresa,
Mark von Pentz.
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JUNHO 2011
FEVEREIRO 2011
Final de maio trouxe clima de
“safra” para a pecuária de MS
E
m mês de escassez de chuva,
disponibilidade e qualidade de
pastagem diminuindo e animais
prontos para o abate, o gado gordo
apresentou leve recuo nas negociações no Mato Grosso do Sul. Os números apontam para uma média de
negociação na casa de R$ 89,00 (Cepea/USP) no mês de maio em todo o
Estado.
O fator climático é um dos maiores
responsáveis pela leve queda apresentada nos últimos dias do mês de
maio, resultando em números maiores
na oferta de gado gordo, mas pouco
expressivos, fator que deu um certo
clima de “safra”, algo que deve mudar
a partir do mês de junho. Atualmente
as médias de escalas nos frigoríficos
de todo o país está entre três e quatro
dias, segundo a Informa Economics
FNP. Em maio, o índice Esalq encerrou
o mês, dia 31, em R$ 98,95, com uma
queda mensal de 4,14%.
Quem subiu foi o preço da bezerra
desmamada Nelore, pesando 5@, no
Estado que segundo a Scot Consultoria, fechou o mês cotada em R$ 580,00,
apresentando um aumento de 7,4%.
Melhor do que isso, é que a falta de
gado magro verificado em todo Mato
Grosso do Sul mostra que os preços
devem seguir subindo em curto e médio prazo.
Por outro lado, a expectativa para o
boi gordo, no que se refere ao início do
mês de junho, deve ser de estabilidade
de preços, com uma recuperação a partir da segunda quinzena, de acordo com
a estratégia dos pecuaristas, uma vez
que a indústria segue tentando pressionar os preços para baixo.
Boi gordo terá preços estáveis em junho, dizem analistas de mercado consultados pela reportagem da Folha
A RTIGO
Consórcio milho-braquiária com sementes de alta qualidade
Gessi Ceccon
Na região Centro-Oeste do Brasil, região de clima tropical, a produção de grãos é sustentada pela
sucessão da soja e do milho safrinha. A soja é cultivada no verão, e
o milho safrinha, no outono-inverno, normalmente em plantio direto,
um sistema de cultivo que mantém
a cobertura do solo e a capacidade
produtiva das culturas.
O cultivo consorciado de milho
safrinha com braquiária pode proporcionar quantidade e qualidade
ideais de palha para cobertura do
solo, principalmente após a colheita do milho e até a semeadura da
soja, proporcionando benefícios às
culturas cultivadas em sucessão,
em especial à soja.
O correto estabelecimento do
consórcio depende de sementes de
boa qualidade. As sementes de milho são comercializadas com altos
padrões de germinação e isentas
de impurezas. Já no caso das braquiárias, são necessários maiores
cuidados, tendo em vista os baixos
padrões oficiais de comercialização
das sementes.
De acordo com as normas vigentes, um lote de sementes de braquiária deve ter, no mínimo, 60 % de
pureza e de germinação, ou seja, é
possível encontrar muitas impurezas, que podem ser contaminantes
não toleráveis para condições de
lavouras.
Além disso, o padrão de germinação das sementes é baseado
apenas em testes de viabilidade,
como o teste de tetrazólio, que indica se a semente é ou não viável.
No entanto, o agricultor precisa de
sementes que germinem em condições de campo, ou seja, que tenham
vigor para germinar em condições
adversas.
Com isso, normalmente os pa-
drões indicados no lote são menores do que os verificados em campo. Ironicamente isso foi benéfico
para o consórcio, pois o agricultor
implantava sua lavoura com menor
população de plantas de braquiária, diminuindo a competição com
o milho. A época de aquisição das
sementes deve ser antecipada para
agosto-setembro, tendo em vista
que próximo da implantação, em
janeiro-fevereiro, os valores são
maiores, onerando o custo de produção.
A relação entre pureza e germinação indica o valor cultural (VC)
das sementes, que associado à
quantidade de sementes é chamado
de pontos de VC. Utilizando os padrões mínimos de comercialização
significa dizer que um quilograma
de sementes com 60 % de pureza
e de germinação contém 36 pontos
de VC.
No entanto, isso não pode ser
aplicado de forma generalizada,
pois cada espécie, e até mesmo
cada lote de sementes, dentro da
mesma espécie, apresenta características particulares. Essas características podem significar diferentes
populações de plantas de braquiária
na lavoura de milho e até interferir
na produtividade da cultura e na
lucratividade do agricultor.
Ressalta-se que existem sementes com altos índices de germinação
e pureza, mas que eram direcionadas para exportação. Essas sementes devem ser preferidas pelos agricultores, pois eles têm máquinas
apropriadas para distribuição das
pequenas quantidades requeridas
no cultivo consorciado, e assim garantir a qualidade do consórcio.
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Agricultura, Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, BR
163, km 253, CEP 79840-970, Dourados, MS.
E-mail: [email protected]
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JUNHO 2011
FEVEREIRO 2011
Leilosat realiza grandes leilões em junho
Leilão em Cuiabá vendeu machos na média de R$ 966,00
O Grupo Estância Bahia promoveu
no último 21 de maio a segunda maior
venda de 2011, com 22.860 bovinos comercializados. Esta foi a segunda etapa do Mega Leilão 10.011 da Estância
Bahia, que há cinco anos é realizada na
capital mato-grossense, Cuiabá, e que
contou com a oferta de 15.789 machos
e 7.095 fêmeas divididos em 116 lotes.
O evento registrou faturamento de R$
19.685 milhões, com média geral de R$
796,00. Os machos foram negociados
pela média de R$ 966,00, enquanto as
fêmeas saíram por R$ 627,00.
Segundo Maurício Tonhá, diretor da
Estância Bahia, o leilão superou todas
as expectativas, com crescimento de
quase 20% em faturamento e 9% em
volume de animais, quantidade que garantiu novo recorde também nessa edição. “O Mega Leilão em Cuiabá contou
com a participação de 46 compradores
e 47 vendedores de Mato Grosso e de
outros estados. Além disso, novamente
a qualidade dos produtos foi reconhecida por nossos clientes”, explica.
Maior comprador do evento, Antônio Ronaldo Rodrigues da Cunha,
proprietário da Fazenda Aliança, de
Pontes e Lacerda (MT), confirma essa
tendência nos eventos comerciais da
empresa. “A qualidade do gado evoluiu
muito ao longo dos anos. Se pegarmos
a primeira edição do Mega Leilão, em
2007, por exemplo, cerca de 30% da
oferta se encaixavam no perfil de nossas atividades. Hoje, a realidade é totalmente diferente. Cerca de 80% são
bons animais, resultado de uma boa
seleção, com investimento em touro e
direcionamento de matrizes”, explica
Cunha, que há quatro anos confia a realização de seu leilão anual de touros
à Estância Bahia.
A Leilosat realiza grandes leilões no
mês de junho, participando de grandes feiras em Mato Grosso do Sul e de
leilões virtuais pelo Sistema Brasileiro
do Agronegócio. Durante a 10ª Expobrangus – Exposição Nacional da Raça
Brangus, a Leilosat realiza grandes
eventos transmitidos pelo portal da leiloeira www.leilosat.com.br. No dia 8 de
junho, quinta-feira, às 19h, acontece o
13º Leilão Nacional Brangus com oferta 50 touros 3/8 e 800 animais machos
e fêmeas Brangus e ½ sangue Angus.
No dia 9, sexta-feira, acontece o Leilão
Só Qualidade Gado de Corte, com oferta de animais para cria, recria e engorda. Os eventos acontecem no Parque
de Exposições Laucídio Coelho.
Outro grande trabalho da Leilosat é
o Leilão Virtual Leilosat, que acontece
todo domingo, a partir das 9h, no horário local, com grandes ofertas pelo
Novo Canal - Sistema Brasileiro do
Agronegócio. Também o trabalho na
comercialização de gado PO continua,
em maio aconteceu o Leilão da Ouro
Fino Genética, que vai contar com a
participação especial da Fazenda Cosmo, de Angelo Baldissera, no próximo
dia 19. Durante a 19ª Exposul – Exposição de Chapadão do Sul, acontece no
dia três, sexta-feira, o leilão da Fazenda Riacho Doce que faz uma grande
oferta em de machos e fêmeas da raça
Nelore. No próximo dia 4, sábado, a
Leilosat realiza o Leilão Fazenda Indaiá
com oferta de touros Angus e Brangus
e mais 1500 bezerros ½ sangue Angus.
Na mesma feira, a leiloeira já realizou
na quinta-feira, dia 2, o leilão da Fazenda Padrão, com animais frutos de
cruzamento industrial.
Informações sobre agenda e formas
de inscrições nos leilões podem ser obtidas pelo telefone (67) 3042-6300 ou
pelo site www.leilosat.com.br
VIA LIVRE COM.
Estância Bahia vende 22.860
animais em mega leilão no MT
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FEVEREIRO 2011
Recuperar pastagem é ponto crucial para pecuária de MS
A morte de pastagens é uma questão extremamente preocupante, alerta o pesquisador Armindo Kichel
A
manutenção do negócio é fundamental em todo e qualquer iniciativa empresarial. Entretanto,
talvez seja o quesito que a pecuária
sul-mato-grossense mais ignore, a alimentação para os animais, a pastagem.
Estimativas mostram que 63% das áreas com a finalidade no Estado estejam
degradadas.
“Temos uma grande movimentação
principalmente no Norte de Mato Grosso do Sul e também no Mato Grosso,
em relação à morte das pastagens, é
uma questão preocupante, vista desde
a região do Bolsão, incluindo Paranaíba,
Cassilândia, Água Clara, Figueirão, Camapuã, Rio Verde, Coxim e Rio Negro,
entre outras áreas. Acredito que área
com necessidade evidente de recuperação, apena na região do Bolsão e arredores, fique em torno de 10% a 15%,
cerca de 1 milhão hectares, superior
a toda a área plantada com cana-deaçúcar (450 mil) e eucalipto (550 mil)
somadas”, disse Armindo Kichel, pesquisador da Embrapa Gado de Corte.
Os números apontados por Armindo
Armindo Kichel é pesquisador da Embrapa-CNPGC
deixam a questão ainda mais preocupante. “Todo o Mato Grosso do Sul conta com 15 milhões hectares, sendo que
nove milhões estão com algum nível de
degradação e dois milhões têm necessidade real de recuperação”, explicou.
Segundo o pesquisador da Embrapa, o problema se potencializou no
final do ano passado, mas é o resultado de muitos anos sem reinvestir re-
cursos nas áreas de pastagens. “São
menos de 10% os produtores rurais
que cuidam do pasto, que fazem o investimento, integração lavoura pecuária, que devolvem para a terra o que
estão extraindo, são os empresários
que fazem isso, que trabalham com
assessoria, de forma profissional. A
maior parte, pelo menos 90%, não
faz nada, não tem o menor cuidado,
não entendem o pasto como cultura,
é necessário devolver de 20% a 30%
da receita bruta de uma propriedade
para a pastagem, de 30% a 40% são
para cobrir os custos e de 10% a 20%
é a retirada”, desabafou.
Kichel explicou que uma linha de
crédito no programa ABC – Agricultura
de Baixo Carbono, pode ser um caminho para a recuperação de pastagens.
“Com o programa teremos a possibilidade de implantação de sistemas de
integração lavoura-pecuária, lavoura,
pecuária-floresta, reflorestamento,
plantio de leguminosas e tratamento
de dejetos” disse.
Quem explicou o ABC foi o titular da
Superintendência Federal da Agricultura, Orlando Baez. “Teremos a linha ABC
no Plano Agrícola Pecuária 2011/12, os
recursos serão colocados para recuperação de pastagens. Vai funcionar com
taxas subsidiadas em 6,5% ao ano, com
dois anos de carência e 12 para pagar.
O programa é para ser utilizado em
ILP, ILPF, práticas conservacionista,
boas práticas, correção de fertilidade,
entre outros”, contou Baez, lembrando
de uma conversa que teve com ministro
da Agricultura Wagner Rossi. “Ele comentou comigo que vai haver também
linha de crédito para o pecuarista reter
matrizes e fazer aquisições, a intenção
é garantir o abastecimento interno de
carne bovina e também as exportações.
É uma antiga demanda da CNA, agora
atendida. Esses recursos serão aportados em até R$ 1 milhão para cada pecuarista, o que vai mudar positivamente
o cenário em médio e longo prazo”,
explicou.
Armindo Kichel lembra que a questão envolvendo a pastagem em Mato
Grosso do Sul é muito séria. “A nossa
experiência mostra que a pastagem no
Estado degrada 6% ao ano em média,
a recuperação média fica em torno de
1% a 1,5%, a defasagem fica na casa
de 4,5% na melhor das hipóteses. Com
isso, o rebanho tem que diminuir também”, alertou, dizendo que se nos próximos anos não houver uma mobilização dos responsáveis para incentivar a
recuperação e cultivo de pastagens, o
rebanho sul-mato-grossense será ultrapassado por outros estados.
Segundo pesquisas, cerca de 10% dos produtores rurais dão o devidamente tratamento que a pastagem merece
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PRÉ-SECA
O
período de tempo compreendido entre o final das águas e o início da seca
pode ser chamado de pré-seca. Caracteriza-se por uma pastagem de uma
tonalidade indecisa que não é nem verde exuberante nem amarelo ressecado. É aquele lusco-fusco vegetal que prenuncia tempos de vacas magras, mas
que ainda mantém o gado na boa aparência. É o que Guimarães Rosa chamou de
verde enganoso. Não é igual nem contemporâneo em todas as partes. Às vezes
varia dentro de uma mesma região. E esse pasto, assim meio enrustido, é capaz de
fazer um estrago dos grandes na microbiota ruminal.
Os micro-organismos do rúmen são como operários de uma fábrica, em cujo
“contrato” com o seu empregador, o Boi, consta que o “patrão” fica obrigado a
fornecer alimento, energia, temperatura controlada, pH adequado, remoção de
dejetos, reciclagem, especialização e garantia de reprodução aos seus empregados. Em contrapartida, aqueles “sensíveis operários”, por meio de ações muito
especiais, ficam responsáveis pela síntese de vitaminas e proteínas, produção de
ácidos graxos voláteis e, num gesto extremado de altruísmo, mesmo após a morte,
são prontamente digeridos e absorvidos como proteína bacteriana, de alto valor
biológico, capazes de atender algo entre 60 e 70% de toda a necessidade corporal.
Pois é justamente nesse tempo de transição seca/água que as relações biota/
hospedeiro ficam meio estremecidas. O bovino não consegue ingerir um alimento
de boa qualidade e o trabalho dos micro-organismos fica comprometido. O capim,
apesar da aparência, já não possui adequado nível de proteína. Envelheceu e está
cada vez mais fibroso. Por mais um pouco vira lenha. Sua digestibilidade já não é a
mesma. Perdeu até a palatabilidade. Nesse cenário, parte da biota rompe o “contrato” e se demite, quer dizer, para de multiplicar. O boi perde peso e aqueles que
ainda não dão importância a esse período de transição perdem dinheiro.
Fique atento! Aprenda como proceder nesse período tão especial da pecuária
de corte extensiva.
Paulo Cezar de Macedo Martins - Médico Veterinário – CRMV-MG 1431
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A ciência e a técnica
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Fazenda Modelo
Tecnologia e gestão a serviço da pecuária
Propriedade trabalha para tornar-se uma referência na produção rural, na atuação em Nelore PO e gado de corte
A
chegada à Fazenda São Marcos
do Riacho Fundo já é por si só um
convite ao bem-estar aos amantes
da pecuária. Foi em Corguinho, em uma
bela propriedade que o empresário Júlio
Inácio Corrêa, escolheu para dar início a
mais uma história de sucesso, o Nelore
Stampa.
Uma propriedade diferenciada por
conta da tecnologia empregada e o profissionalismo. Com uma área de 2.149
hectares, georreferenciada, a fazenda
tem números que impressionam. São
2.000 animais, sendo metade PO e a outra
metade de gado de corte, predominantemente Nelore. Conta com a utilização
de piquetes em sistema rotacionado de
até 25 ha, praças de alimentação com cochos grandes, água encanada, suplementação mineral e até um laboratório para
transferência de embriões e inseminação
artificial em tempo fixo, entre outros elementos. “Trabalhamos em um sistema
de empresa, fazemos aqui uma indústria
com objetivo de obter animais e carne
João Fontes, médico veterinário e gestor da fazenda
FOTOS MARCO MIATELO | VIA LIVRE
Vacada da Nelore Stampa apresenta excelentes resultados com índice de prenhes na ordem de 92%
de qualidade. Investimos em tecnologia
como uma forma de aporte, queremos ser
referência na produção pecuária, estamos
caminhando para isso”, disse João Luiz
Alves Fontes, médico veterinário, gestor
da propriedade.
Um dos fatores que mais impressionam ao chegar na propriedade é o cuidado e a reforma de pastagens, já ao
entrar na propriedade se percebe que
no Nelore Stampa pasto é tratado como
cultura, além de manter muitas árvores
em meio à pastagem, oferecendo sombra
ao gado. “O rendimento da propriedade
é aplicado nela mesmo, com isso, desde
que adquirimos a fazenda, há 18 meses,
temos recuperado as pastagens. Temos
um programa de trabalho que contempla
a adubação anual de 20% ao ano, recuperação de 10% no mesmo período, além da
correção do solo. A disponibilidade de alimentos é um diferencial”, explicou João,
lembrando que para fazer o trabalho são
feitas analises do solo.
As áreas de pastagens, verdes ainda
que com uma estiagem já de quase 30
dias, são uma espécie de cartão-postal,
um verdadeiro convite, para conhecer a
São Marcos. “Aqui temos área de pastagem com Massai, Brizantha, Estilosantes
Campo Grande e Tanzânia. Neste momen-
to, período de seca, nossa capacidade é
de 1,2 unidades animal por hectare, no
período das águas, chega 1,5 UA, nossa
previsão e objetivo é alcançar 2,2 UA/ha”,
definiu João.
Empresário de sucesso no Estado do
Paraná, Júlio Corrêa, atua com uma filosofia empresarial própria em sua propriedade. “Estamos fazendo agora um ajuste
fino na fazenda, a idéia é ir mais longe,
aumentar a produtividade, intensificar de
uma forma geral o trabalho”, contou explicando que todo o recurso apurado no Nelore Stampa é reaplicado na atividade.
Os resultados da fazenda de Júlio
Stampa, como é conhecido, trazem grande impacto. A desmama dos bezerros PO
acontece entre os sete e oito meses, com
média de 280 quilos. Com o bezerro comercial ocorre no mesmo período, com
250 kg,peso semelhante ao do gado tricross (Nelore + Guzerá + Brahman) trabalhado na São Marcos. O peso médio da
vacada PO atinge 600 quilos enquanto as
fêmeas comerciais 500kg, tudo isso somado a um impressionante índice de prenhes
Tratamento de pastagem como cultura é um dos diferenciais da Fazenda São Marcos do Riacho Fundo
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FOTOS MARCO MIATELO | VIA LIVRE
AZENDA MODELO
de 92%. A empresa faz também um severo investimento na suplementação dos
animais, fator considerado fundamental
para João Fontes. “Este é um ponto elementar em nosso trabalho, para cada
categoria e necessidade animal, neste
aspecto, a Alvorada é nosso grande parceiro, com ao fornecimento de produtos
que atendem a nossa necessidade, por vezes, bastante específica”. Quem destaca
também o trabalho é Júlio Stampa, afirma
que a empresa segue uma filosofia parecida com a empregada em sua empresa.
“Tenho o conhecimento que eles sempre
enxergam a necessidade do cliente lá na
frente, antecipa, proporcionando um melhor atendimento. Seguimos uma mesma
linha de pensamento”, afirmou Júlio. Para
Eduardo Faccione, zootecnista do departamento técnico da Alvorada, a atenção às
necessidades do cliente são trabalhadas
com acompanhamento da evolução do trabalho. “Atuamos aqui com suplementação
mineral e também com linhas de controle
químico nas pastagens”, disse.
Outro grande destaque no Nelore
Stampa é o modo de trabalho dos funcionários da fazenda. Quando na chegada
da equipe de reportagem da Folha Fazendeiro, a equipe fazia de maneira “silenciosa” o manejo dos animais para vacinação
contra febre aftosa, outros tratamentos e
um inventário do rebanho. “Temos aqui
um sistema de trabalho no qual não há
qualquer forma de maus tratos aos animais, com valorização dos funcionários,
aplicação de todos os conceitos de Boas
Nelore Stampa conta com um moderno laboratório de transferência de embriões e IATF
Práticas Agropecuárias, cuidado integral
do manejo, resfriamento contínuo de vacinas e utilização de luvas cirúrgicas por
quem faz a aplicação”, disse João, que
trouxe a experiência de diversas outras
fazendas, com observação de práticas
relevantes em cada um delas, aplicadas
na Fazenda São Marcos, de maneira combinada, além da qualificação e valorização
dos funcionários, ação chamada de “bom
investimento”. “Os funcionário recebem
boas moradias, treinamentos de manejo
sanitário e racional e também de inseminação. Todos são inseminadores, enten-
dem e participam dos processos”.
Investir em genética e evolução do rebanho é algo constante dentro da propriedade. João explica que na propriedade há
diversas linhagens na raça Nelore, entre
eles de reprodutores da atualidade como
Carvadi, Visual e 1646. Além de fazer
procedimentos de IATF e TE no laboratório localizado na própria propriedade,
a equipe da Nelore Stampa exerce uma
grande pressão de seleção nos animais,
através dos acasalamentos e descarte dos
animais pouco produtivos.
A propriedade participa também
do PMGZ, da Associação Brasileira dos
Criadores de Zebu, realiza os exames andrológicos em seus reprodutores, avalia
a libido dos touros, faz ultrassom testicular e degeneração, entre outros fatores.
“São ações que combinadas trazem maior
rendimento para a empresa, queremos diminuir custo e aumentar a rentabilidade”,
afirmou João.
Júlio ‘Stampa’: história de empreendedorismo e trabalho
Uma história de sucesso alicerçada
em um incondicional apoio familiar. A
frase escrita não pode e não tem a pretensão de resumir a história de um homem, mas pode explicar parte de uma
vida. Trata-se de Júlio Inácio Corrêa,
52 anos, da infância simples no interior
do Estado do Paraná até culminar em
uma das mais bem sucedidas carreiras
empresariais.
“Quando era criança via as fazendas, ficava impressionado, as propriedades, aos meus olhos, eram muito
grandes, mas deveriam ter no máximo
Júlio “Stampa” Inácio Corrêa, empresário e produtor
umas 200 cabeças”, lembra Júlio, ao
falar da infância simples no município
de Artorga, Paraná e da admiração pelo
vida rural.
Mais tarde, aos 13 anos, mudou
para cidade de Assis Chateaubriand/PR,
quando a família adquiriu uma pequena
olaria. “Era um trabalho bem pesado,
toda a família trabalhava no negócio”,
explicou, lembrando que era algo natural o trabalho com irmãos e pais. Outra lembrança curiosa, do menino do
interior do Paraná, que se tornaria um
grande empresário, era a dificuldade
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MARCO MIATELO | VIA LIVRE
F
AZENDA MODELO
de se fazer compras. “Era algo difícil
comprar uma vaca, uma cabra, quando
meu pai comprou uma carroça foi uma
festa, usávamos para o trabalho e para
passear”.
Júlio explica que a família logo vendeu a olaria e quem comprou possuía
uma fábrica de doces e ele foi lá trabalhar, “o período aconteceu entre os
meus 14 e 18 anos”, disse. O trabalho
foi interrompido quando o futuro empresário foi prestar o Serviço Militar.
“Lá me tornei atleta, eu corria, foi neste
tempo que, durante uma competição,
conheci Curitiba, decide que era lá que
eu queria morar”, disse ressaltando
que logo seus pais também foram para
capital paranaense.
“Foi um período diferente, fui procurar trabalho e não conseguia, fiz teste
para vendedor, não dava certo. Tentei
trabalho nos Correios e me disseram
que eu não tinha condição nem de entregar cartas. Eu não tinha formação na
época, curso de datilografia”, explicou.
Um dos pontos da virada foi quando um amigo, o mesmo da fábrica de
doces, foi para Curitiba e instalou uma
fábrica de pipoca doce. “Aprendi a fazer a pipoca e, mais tarde, houve uma
Boletim Informativo | JUNHO 2011
Mão-de-obra e serviços
SALÁRIO MÍNIMO RURAL: R$ 561,00
MÉDIA/R$ N° INFORMAÇÕES
Técnico Agrícola
1.053,60
02
Inseminador
609,50
02
Encarregado de Máquinas
693,16
01
Operador de Máquinas de Esteira
1.043,77
04
Tratorista - pneus
592,77
04
Motorista
673,75
02
Capataz de Campo
1.138,32
06
Retireiro
561,00
05
Peão Campeiro (tralha própria)
619,68
07
Praieiro/Caseiro (serviços manuais)
561,00
04
Cozinheira
561,00
04
Diária Bruta (empreiteiro)
25,70
02
'RPDGH&DYDORJUDWLÀFDomR
Aceiro Leve/KM (pé da cerca)
Aceiro Pesado/KM (1,5 mts cada lado)
Roçada de Pasto Pesado/Há (manual)
Roçada de Pasto Leve/Há (manual)
Tirar e Lampinar Poste
3,68
03
Tirar e Lampinar Firme
5,80
05
Tirar e Lampinar Palanque (3,20mts)
)LQFDU3RVWHÀRVFEDODQFLQV
)LQFDU3RVWHÀRVVEDODQFLQV
Trator de Esteira D-4 / hora
156,48
01
Trator de Esteira D-6 / hora
223,00
03
Trator de Pneu Traçado 140 CV acima/hora 124,28
01
Pá carregadeira W-20 / hora
111,14
01
Motoniveladora / hora
167,66
01
&DPLQKmR&DoDPED7UXFDGRKRUD
&DPLQKmR&DoDPED7RFRKRUD
Colheita de Grãos (mecanizada)
5 a 8% do Valor do Produto
FONTE: CONVENÇÃO COLETIVA JULHO 2010
http://www.ruraldemiranda.com.br/OBSERVAÇÕES:- TODOS O VALORES
CONSTANTES NESTE BOLETIM, SÃO VALORES BRUTOS SEM QUAISQUER
DESCONTOS, JÁ ACRESCIDOS DE TODOS OS BENEFÍCIOS.
Júlio Stampa: “Eu gosto de ser pecuarista, eu não sabia que era algo tão prazeroso”
situação em que fui vender a pipoca
no comércio dos bairros da cidade,
vendi muito rapidamente. Percebi que
poderia vender bem, chamei meu irmão
para trabalhar”, passado um tempo,
Júlio se casou aos 22 anos e resolveu
montar sua empresa. “Comprei uma
Kombi e com ela fazia a distribuição
de produtos, mais tarde troquei por um
caminhão”, lembrou Júlio, dizendo que
a troca pelo caminhão foi um momento fundamental para o crescimento do
negócio.
“Posteriormente, a empresa já estava estruturada e eu contava com 15
vendedores na época, foi quando a Nestlé me descobriu”, disse sorrindo Júlio,
lembrando de mais um momento marcante. “Depois de feito treinamentos,
cursos, percebo que eu já fazia marketing desde a época que comecei, merchandising, sempre apresentei e dei
oportunidade do cliente experimentar
o produto, fazia no instinto”, explicou
o quinto maior distribuidor do país da
marca Nestlé.
A pecuária sempre foi um sonho
antigo, realizado no último ano com a
aquisição da fazenda. “Tenho passado
cerca de uma semana por mês aqui, é
algo que traz muita satisfação”, disse,
citando que começou na pecuária antes
da aquisição da propriedade, através
da compra de gado PO, acompanhado
de amigos de Mato Grosso do Sul. “Comecei a frequentar leilões e a arrematar alguns animais, fui acompanhado
do amigo Roberto Bavaresco, a fazenda veio depois, gostei desde o primeiro
momento em que vi, me apaixonei pelo
Mato Grosso do Sul”, contou.
“As coisas começaram a acontecer
ao mesmo tempo, milha filha começou a
se interessar pelo assunto e foi estudar
Medicina Veterinária, depois começou
a namorar com o João, um jovem com
ótima formação, grande capacidade de
trabalho. E ele quem administra a propriedade, que possui bons funcionários.
Acredito que a diferença em uma boa
empresa é fazer boas contratações e
nossa idéia aqui na fazenda é ir mais
longe, aumentar a produtividade, continuar melhorando as pastagens, temos
um projeto de confinamento, gestão e
tecnologia”, afirmou Júlio.
Júlio Stampa, como é conhecido, define como se sente em ser pecuarista. “Eu
gosto de ser pecuarista, eu não sabia
que era algo tão prazeroso. Há 40 anos
visualizei aquela fazenda, em minha cidade natal, com uns 200 animais. Conseguimos, eu e minha esposa, com o apoio
da família, ter essa propriedade”, disse.
Consciente do exemplo que representa,
Júlio, mais uma vez, cita suas origens.
“Eu fui muito pobre, mas muito feliz, havia muita união familiar. Meu pai saiu de
Minas Gerais para trabalhar na abertura
de áreas agrícolas no norte do Paraná e
sempre sonhou em adquirir sua terra.
Ele faleceu há 10 anos, infelizmente não
viu a nossa fazenda, comprei para nós
dois”. (Por Fabiano Reis, da Redação)
24
JUNHO 2011
Integração e pesquisa são os caminhos para a recuperação de pastagens
Tecnologia que alia produção de grãos e pasto tem sido cada vez mais usada nas fazendas de Mato Grosso do Sul
C
om números cada vez maiores, a
degradação de pastagens pode
ser o principal fator limitante
para a pecuária sul-mato-grossense,
com estimativas que apontam nove
milhões de hectares em processo degenerativo e de dois a três milhões sem
condições de produção, fator que exige uma recuperação de pastagem em
regime de urgência. A necessidade de
atenção e investimentos é imperativa.
Segundo o pesquisador da Fundação
MS, Dirceu Luiz Broch, há técnicas que
bem aplicadas podem, além de recuperar as pastagens, trazer uma ótima lucratividade para o produtor rural e com
opções de produção capazes de melhorar a rentabilidade. “A melhor maneira
de fazer recuperação das pastagens e
ter retorno econômico mais rápido e
trazer a diversificação de culturas e
as soluções estão na silvicultura, integração lavoura pecuária, integração
lavoura pecuária floresta e adubação”,
disse Broch.
O pesquisador explica que há muita
informação no Estado de Mato Grosso
do Sul para que o pecuarista realize
este tipo de trabalho, inclusive de viabilidade econômica. “Temos centros de
referência, a Embrapa Gado de Corte,
universidades, a Fundação MS, não há
motivo para ter uma área improdutiva”,
afirmou.
Broch fala ainda que para a região
Integração lavoura-pecuária tem revelado-se uma excelente alternativa para recuperar áreas e produzir mais
do Bolsão, área bastante afetada com
a degradação e inclusive com morte
de pastagens, tem que ter uma atuação específica. “No Bolsão, por ter
uma terra mais arenosa, a solução de
integração com floresta é acertada,
recupera a pastagem, traz em médio
e longo prazo diversidade econômica
para o produtor e, ainda aproveita a
cadeia produtiva bem desenvolvida da
região”, disse, ressaltando que apenas
nesta região do estado, há 1 milhão de
hectares com necessidade urgente de
recuperação.
“Há três ou quatro formas interessantes para o desenvolvimento da
ação, pode ser via Integração Lavoura
Pecuária, Integração Lavoura, Pecuária
Floresta e adubação. É relevante para
o pecuarista procurar as instituições,
técnicos e empresas para iniciar o trabalho de recuperação o quanto antes”,
afirmou, ao lembrar que a Fundação
MS possui a Fazenda Modelo 2 no município de Ribas do Rio Pardo e que,
há oito anos trabalha com a Integração Lavoura e Pecuária e agora passa
a integrar também com floresta. “Estamos abertos para receber o produtor”,
disse.
Ao ser questionado sobre os principais obstáculos e desafios para a recuperação de pastagens em Mato Grosso
do Sul, Broch explica que a cultura de
alguns produtores é o principal dilema.
“Os desafios estão em questões culturais do pecuarista, alguns não investem no pasto a mais de 30 anos, não há
reposição de nutrientes, para muitos,
investir não faz parte de sua cultura.
Soma-se ao custo de se recuperar pastagens, que chega até R$ 1 mil por hectare.Entretanto, devemos ter um bom
incentivo do Governo Federal para iniciar a recuperação em massa”.
Iagro prorroga vacinação contra febre aftosa no Pantanal
Sindicato Rural de Corumbá reivindicou mais prazo com receio de não cumprir metas estabelecidas pelo Governo
Por solicitação do Sindicato Rural de Corumbá, o Governo do Estado publicou decreto no Diário Oficial
desta segunda-feira prorrogando a
vacinação contra a febre aftosa no
Pantanal até 15 de dezembro devido às dificuldades dos proprietários
rurais de manejar o gado durante
a enchente. O prazo da campanha
de imunização expiraria no próximo
dia 15 de junho.
Na semana passada o presidente
da entidade ruralista, Raphal Kassar, enviou expediente a diretora-
presidente da Iagro (Agência Estadual
de Defesa Sanitária Animal e Vegetal),
Maria Cristina Carrijo, expondo as razões de um adiamento da vacinação
devido ao risco de não cumprimento
as metas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Posteriormente, o assunto foi discutido com a secretaria estadual de
Desenvolvimento Agrário, Produção,
Indústria, Comércio e Turismo, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, que
concordou com as ponderações do
sindicato. “Tanto a secretaria como a
presidente da Iagro foram sensíveis ao
nosso pedido, entendendo que a prorrogação era necessária”, disse Kassar.
Declaração
O decreto da prorrogação, nº
13.208, assinada pelo governador
André Puccinelli e pelos secretários
Mário Sérgio Lorenzetto (Fazenda) e
Tereza Cristina, também adia para 15
de dezembro o prazo para entrega da
declaração de estoque de animais. Os
produtores terão que comparecer na
Iagro para justificar a impossibilidade de vacinar e planejar a sua
campanha.
Raphael Kassar explicou que a
planície pantaneira continua alagada, com previsão de vazão a partir
de meados de junho. Ele explicou
que os fazendeiros estão com dificuldades de acesso às propriedades
e de armazenagem das vacinas. “O
produtor tem agora a oportunidade
de reprogramar a vacinação sem
cometer riscos e prejuízos. Cada
fazenda é uma situação diferente”,
Canal 36 da NET Pela Agromix TV
BOLETIM DA ACRISSUL - ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE MATO GROSSO DO SUL - JUNHO DE 2011
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
ELEIÇÕES E REGISTRO DE CHAPA
Ficam convocados todos os Associados da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul – ACRISSUL, para:
1) – A Assembléia Geral Ordinária, a realizar-se-á no dia 07 de junho de 2011, no Auditório da Entidade, Recinto do
Parque de Exposições Laucídio Coelho, às 08:00 horas em 1ª Convocação e às 09:00 horas em 2ª Convocação, para a
realização da Eleição para Composição da Diretoria e Conselho Consultivo, que dirigirá os destinos desta Associação no
Biênio 2011/2013, nos termos do Estatuto, tendo seu encerramento às 15:00 horas, conforme Regulamento Eleitoral.
2) – Faz saber também, que o prazo para Registro das Chapas para a Eleição da próxima Diretoria para o Biênio
2011/2013, será até a data de 29 de maio de 2011, encerrando às 17:00 horas, na sede Social desta Associação, cientificando aos interessados que a Secretaria para o registro das Chapas tem seu funcionamento de 2ª a 6ª feira, das 07:30
as 11:30 e das 13:30 as 17:30 horas. O prazo para impugnação de Candidatura poderá ser feita no prazo de 05 (cinco)
dias a contar da publicação da relação das Chapas Registradas, conforme artigo 36º do Regulamento Eleitoral.
Campo Grande/MS,18 de maio de 2011.
Francisco José Albuquerque Maia Costa, Presidente Acrissul
RE-RATIFICAÇÃO DE EDITAL DE CONVOCAÇÃO
TV MS Record promove
debate entre candidatos à
presidência da Acrissul dia 5
Como uma oportunidade para a difusão de propostas, a TV MS Record,
Canal 11, promove no domingo, 5, a
partir das 8 horas, um debate entre os
candidatos à presidência da Acrissul,
Francisco Maia (atual presidente) e
José Lemos Monteiro, o Zeito, candidato da chapa “Força do Agronegócio”.
Na tarde do dia 30 a equipe da TV, responsável pela coordenação do programa, realizou uma reunião quando foram
definidas as regras do debate.
Os candidatos deverão chegar ao
local com meia hora de antecedência, sendo que em caso de ausência
de algum candidato, o programa será
realizado com o candidato que estiver
presente. Serão quatro blocos. No primeiro cada candidato terá três minutos
para apresentar suas propostas de administração. A ordem será definida em
sorteio prévio.
No segundo bloco os candidatos
farão duas perguntas entre si, intercaladas. No terceiro responderão a
quatro perguntas de pessoas ligadas à
agropecuária de Campo Grande, gravadas previamente pela equipe de re-
portagem da TV MS Record. No último
bloco os candidatos responderão a duas
perguntas formuladas pela produção da
TV, sobre temas de grande repercussão
e que só serão pelos candidatos e coordenadores de campanha no momento
do debate.
O debate será transmitido simultaneamente pela TV MS Record e pelas
rádios que compõem a Rede MS Integração de Rádio e Televisão.
Para o atual presidente da Acrissul,
Francisco Maia, o programa é uma
oportunidade democrática para que as
propostas dos candidatos sejam conhecidas pelos eleitores. A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso
do Sul) é a entidade ruralista mais antiga de Mato Grosso do Sul (fundada em
1931) e a segunda mais antiga do Brasil. Sua sede está localizada no Parque
de Exposições Laucídio Coelho, numa
área de 17 hectares, próximo ao centro
de Campo Grande, e realiza anualmente duas grandes feiras – a Expogrande,
que vai para sua 73ª edição e a Expo
MS, que está em seu terceiro ano de
existência.
Re-ratifica-se neste ato o Edital de Convocação da Assembléia Ordinária para Eleição da Diretoria e Conselho
Consultivo, publicado nos dias 19, 20 e 21 de maio de 2011, passando a constar da seguinte forma:
I - A Assembléia Ordinária para Eleição da Diretoria e Conselho Consultivo realizar-se-á no dia 07 de junho de 2011,
com a primeira chamada às 19hs e a segunda chamada às 20 hs, com encerramento às 22hs.
II – A Assembléia Ordinária para eleição da Diretoria e Conselho Consultivo acontecerá no Tatersal de Elite “Fábio
Zahran” e não mais no Auditório.
III – As demais disposições do Edital, publicado nos dias 19, 20 e 21 de maio de 2011, permanecem inalteradas.
Campo Grande-MS, 25 de maio de 2011.
Francisco José Albuquerque Maia Costa, Presidente da Acrissul
Acrissul agradece voto da bancada de
MS pela aprovação do Código Florestal
O presidente da Acrissul, Francisco Maia, comemorou a aprovação
do relatório do deputado federal Aldo
Rebelo, que modifica a lei que criou o
Código Florestal Brasileiro. Maia parabenizou e dirigiu agradecimentos à
bancada federal de Mato Grosso do Sul
que votou em peso pela aprovação. “Os
parlamentares entenderam que a aprovação era uma questão de segurança
alimentar nacional”, avaliou. O projeto
segue agora para a aprovação do Senado Federal e depois para a sanção da
presidente Dilma.
O Plenário aprovou, na terça-feira, 25, o novo Código Florestal (PL
1876/99), que permite o uso das áreas
de preservação permanente (APPs) já
ocupadas com atividades agrossilvipastoris, ecoturismo e turismo rural.
Esse desmatamento deve ter ocorrido
até 22 de julho de 2008. O texto, que
ainda será votado pelo Senado, revoga
o código em vigor.
Para Maia, valeu todo o esforço do
setor ruralista, que foi a campo, promoveu debates, manifestações públicas
e participou das audiências para apresentar suas reivindicações. E a bancada federal foi sensível, entendendo os
questionamentos e levando as mudanças para a proposta do novo Código
Florestal. Durante o lançamento da
Expogrande deste ano, em março, o
deputado federal Aldo Rebelo promoveu uma palestra no tatersal de elite
da Acrissu para 1.200 produtores.
O senador Jorge Viana (PT-AC) será
o relator do projeto de lei do Código
Florestal na Comissão de Meio Ambiente do Senado. O anúncio foi feito
na terça, dia 31, em plenário, pelo presidente da comissão, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
26
MAIO 2011
Palavra do Presidente
FRANCISCO MAIA, PRESIDENTE DA ACRISSUL
ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE MATO GROSSO DO SUL
Prezado empresário rural
Estamos vivendo um novo
tempo. Um tempo que pede
mais profissionalismo e menos
fisiologismo, mais ação e menos
conversa.
Aqui, na Acrissul, esse novo
tempo chegou para ficar. Há
dois anos, quando assumimos
a missão de liderar a entidade, fomos os únicos a aceitar o
desafio. Você deve se lembrar:
o parque estava decadente, as
contas no vermelho, os associados descrentes. Hoje, o cenário
é completamente diferente: o
parque reformulado, as contas
sanadas, e até antigos associados que haviam se ausentado da
instituição estão de volta para
prestigiar o trabalho que foi
feito.
Ironicamente, todos aqueles
que se recusaram a assumir a
Acrissul na última eleição, agora
estão de volta, querendo o seu
espaço. Sinal de que nosso trabalho deu resultado.
Se hoje a Acrissul voltou a ter
a antiga força no cenário estadual, é porque não descansamos
um minuto em resgatar o verdadeiro papel da entidade. Independentes de qualquer interesse
que não fosse o dos empresários
rurais, buscamos soluções inovadoras para sanar todas as dívidas da entidade – que não eram
poucas. Hoje, temos em mãos
todas as certidões que comprovam a boa situação financeira
da instituição. E basta dar uma
olhada nos quadros abaixo para
conferir os resultados alcançados com este verdadeiro choque
de gestão.
Se você frequenta o parque,
já viu com os próprios olhos as
mudanças realizadas. As ruas,
os alojamentos, os pavilhões:
tudo foi reformado, recapeado,
renovado. Se faz tempo que você
não vem, pergunte a qualquer
expositor que tenha participado
de nossas últimas exposições. A
opinião é unânime: a Acrissul
mudou muito, para melhor.
É nessa nova Acrissul, dinâmica, aberta e democrática, que
queremos continuar nosso trabalho. Já estamos implantando
o projeto Acrissul Amanhã, que
transformará o parque na Cidade do Agronegócio. Além disso,
já está definida uma parceria
com a Embrapa para a instalação de um parque tecnológico
onde serão realizadas feiras dinâmicas. Um espaço em que todos os conhecimentos científicos
da Embrapa serão transferidos
para os criadores.
Uma nova Acrissul, para um
novo tempo. É isso o que vimos
buscando, dia a dia, nos últimos
dois anos. E é o que queremos
continuar construindo, ao seu
lado, unicamente com o objetivo de fortalecer o agronegócio,
colocando-o no lugar do qual
nunca deveria ter saído: o de
protagonista da economia do
nosso Estado.
BOLETIM DA ACRISSUL - ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE MATO GROSSO DO SUL
A VOLTA DA IAGRO para o Parque
de Exposições Laucídio Coelho acabou
com o transtorno de quem precisava
tirar GTA e nota fiscal. Era uma reivindicação antiga de todos os pecuaristas, cansados das filas, do pouco espaço e da falta de estacionamento do
antigo escritório na avenida Ceará. No
parque tem estacionamento e todo o
conforto e agilidade necessários para
atender o criador com a dignidade que
ele merece. Uma conquista da atual
diretoria da Acrissul.
MAIO 2011
27
28
MAIO 2011
Chico Maia anuncia parceria com Embrapa
para criação de centro de tecnologia
O
presidente da Associação dos
Criadores de Mato Grosso do
Sul (Acrissul), Chico Maia anunciou na noite de segunda feira, 31, o
projeto de criação do Centro de Tecnologia da Pecuária. O empreendimento
vai funcionar em sistema de comodato
em 200 hectares de terra que ficam
dentro da sede da Empraba Campo
Grande.
O anúncio da criação do Centro
aconteceu durante reunião onde foi
apresentada a chapa encabeçada por
Chico Maia que tenta reeleição para
presidir a entidade por dois anos. O
líder ruralista adiantou que já está
com o compromisso de uma emenda
parlamentar na ordem de R$ 15 milhões para iniciar o projeto. “O senador Delcídio do Amaral assumiu este
compromisso. Está marcada uma audiência em Brasília com o presidente
nacional da Embrapa, Pedro Arraes,
onde vou mostrar os estudos e a planta do empreendimento”, disse.
“Presidir uma entidade da magni-
tos da Embrapa serão disponibilizados
para que os associados possam utilizar
suas técnicas para ganhar conhecimentos e possibilidades de ganhos.
Debate
Reunião apresenta a chapa “Gestão e Produção”
tude da Acrissul é um encargo para
quem tem outra atividade como eu tenho, mas nos dá momentos de alegria
com as conquistas como é este projeto
do centro de tecnologia”, destacou Chico Maia lembrando outras conquistas
como foi o caso da ação contra o pagamento do Funrural, onde até hoje os
sócios da entidade não estão pagando
o imposto.
Segundo Chico Maia o Centro vai
funcionar com a participação da Embrapa, entidades de pesquisa, universidades de maneira que todos os experimen-
No dia 5 de junho, domingo, os dois
candidatos que disputam a presidência
da Acrissul, Chico Maia e José Lemos
Monteiro, participam de um debate,
que será transmitido pela Rede Record,
a partir das 8h da manhã.
Chapa
Além de Chico Maia (presidente) encabeçam a diretoria executiva Jonathan
Barbosa (1º vice), Sérgio Dias Campos
(2º vice), Luiz Orcírio Fialho (3º vice),
César Machado (1º secretário), Luciano
Leite de Barros (2º secretário), Wilson
Martins Jallad (3º secretário), Luiz da
Costa Vieira Neto (1º tesoureiro), Alexandrina Marques Barbosa (2º tesoureiro), Rogério Zart (3º tesoureiro),
entre outros associados em diferentes
cargos.
A Acrissul esta mudando. Só não vê quem não quer
Desde o ano passado a atual diretoria da Acrissul vem preparando o Parque de Exposições
Laucídio Coelho para transformar-se na “Cidade do Agronegócio”. Veja como:
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Recapeamento de toda a malha asfáltica do Parque;
Reforma e reinauguração da sede da Iagro;
Instalação da Agência Fazendária (Agenfa);
Instalação de um posto de atendimento do Banco do Brasil;
Construção de refeitório para os funcionários da Acrissul;
Reforma de banheiros;
Reforma de tatersais;
Construção da “Praça da Sustentabilidade”
Instalação do Clube do Chamamé;
Construção do Espaço do Criador;
Readequação de pavilhões para animais de argola;
Reforma de pavilhões;
Instalação de reservatório de água.
Projeto de licenciamento ambiental do Parque de Exposições;
Projeto de instalação de rede de água e esgoto pela empresa Águas Guariroba;
Aquisição de máquinas e equipamentos para conservação do Parque.
Acrissul cumpre
exigências eleitorais
O vice-presidente da Acrissul, Jonathan Pereira Barbosa,
informou que a comissão eleitoral entregou na terça-feira,
31, pela manhã, para a chapa
“Força do Agronegócio”, liderada pelo engenheiro agrônomo José Lemos Monteiro,
a listagem dos associados da
entidade, cumprindo, desta
força, decisão judicial em medida cautelar tomada no dia 30
pela Justiça, antes mesmo de o
presidente Francisco Maia ter
sido citado para cumpri-la. Para
Jonathan, atendida essa exigência a data e horário das eleições
estão mantidos.
O horário para votação, segundo Jonathan também será
mantido - das 19 às 22 horas.
– e a eleição será por urna eletrônica. A comissão eleitoral é
presidida por Antônio Malvazo
de Moura e secretariada por
Leonardo Leite de Barros e por
Max Antônio de Souza Moraes.
29
JUNHO 2011
Indústria frigorífica não exportadora sofre com falta de crédito
Para Abrafrigo, situação do mercado local ficou bastante pressionada com quedas no volume das exportações e do câmbio
O
setor da indústria frigorífica, elo
fundamental dentro da cadeia produtiva da carne bovina, juntamente
com o segmento da produção rural, possui embates e diferenças. Fator que tem
alterado nos últimos anos por conta de
empresas que entraram em recuperação
judicial, por alianças mercadológicas que
garantem a entrada do produto brasileiro
em diversos nichos de mercados e todas
as situações que envolvem a cadeia.
Quando se fala de indústria deve-se
pensar em aspectos nacionais, por conta
das características de mercado. Segundo
Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo
- Associação Brasileira dos Frigoríficos,
as margens das indústrias que trabalham
voltadas para o mercado interno seguem
apertadas. “Em termos de situação econômico-financeira, os frigoríficos brasileiros
voltados exclusivamente ao mercado interno, continuam trabalhando com margens
muito apertadas”, afirmou Salazar.
Os problemas que atingem a pequena
e média indústria vêm se consolidando nos
Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo: “Frigoríficos exportadores trabalham com margens bem apertadas”
últimos três anos. “Devido a um conjunto
de circunstâncias de mercado que espremem os seus resultados operacionais,
como o preço do boi incompatível com
os preços recebidos do varejo, a reduzida
exportação que traz como consequência
maior oferta de carne no mercado interno, sendo que o mercado consumidor não
comporta este nível muito alto de disponibilidade, além dos preços recebidos pelos
subprodutos que se encontram defasados
em relação a sua média histórica normal,
causam transtorno para a indústria com
essas características”, afirmou Salazar.
Segundo o presidente da Abrafrigo, a
situação do mercado local, ficou bastante
pressionada por causa da diminuição no
volume das exportações e câmbio. “Com
relação aos frigoríficos exportadores, os
baixos preços internacionais e o Real valorizado contribuem para reduzir o nível
das exportações. Também as barreiras sanitárias e não sanitárias de alguns países
importadores contribuem para agudizar o
problema”, relacionou Salazar.
Outro problema que atinge a pequena
e média indústria frigorífica e não exportadores, é a grande dificuldade em obter
crédito para investir. “Temos ausência de
linhas de crédito de longo prazo para fins
de investimentos na planta física e em
máquinas e equipamentos. Soma-se a
reduzida rentabilidade do negócio, os pequenos e médios frigoríficos vão perdendo
poder de competição face não investirem
e inovarem em produtos de maior valor
agregado”, desabafou Péricles Salazar.
30
JUNHO 2011
Agro&Energia
Consórcio dá sobrevida a pequeno canavieiro
Produtores de Lençóis Paulista (SP) se unem para cortar custos; baixa escala de produção pode tirar muita gente da atividade
AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A LENÇÓIS PAULISTA (SP)
DA AGÊNCIA FOLHA
E
dson Gigioli, 49, é um pequeno
produtor rural do interior de São
Paulo. Dos 50 hectares da família brotam 4.000 toneladas de cana por
safra. É pouco.Para um setor capaz de
movimentar centenas de milhões de toneladas, a porção de 0,001% da cana
paulista entregue por Gigioli é um bocado modesta.
Num setor em que até petroleiras se
candidatam a participar, a baixa escala na produção de cana tem se tornado ameaça real de expulsão de muita
gente da atividade. Mas produtores de
Lençóis Paulista (287 km de São Paulo) estão conseguindo neutralizar, por
ora, esse risco. O segredo? Os condomínios e os consórcios de produtores,
uma moda que ganhou fama e adeptos
na região.
A pequena porção de Gigioli se soma
à de outras 55 propriedades no consórcio GFZ. Unidos, conseguiram juntar
volume de 78 mil toneladas de cana
para colheita. Com isso, conseguiram
reunir uma frente de 30 boias-frias que
rodam as propriedades cortando cana
para a usina.
“É a solução para quem acha que
arrendar a terra está fora de cogitação.
Sou produtor e quero continuar a ser
produtor”, diz Gabriel Fantini Ziviani,
líder do consórcio batizado com suas
iniciais. Todos os 500 fornecedores de
cana da região de Lençóis Paulista estão organizados em consórcios e condomínios, cada qual ao seu jeito. Juntos,
são responsáveis pela produção de 9
milhões de toneladas de cana.
Além da redução de custo nas frentes agrícolas, que chega a R$ 1,27 por
tonelada em termos de tributos e encar-
gos trabalhistas e R$ 0,62 por tonelada
no transporte, a formação de consórcios
para plantio e colheita está evoluindo
para a mecanização.
Até 2017, estará proibido o método
de queima da cana para colheita. O governo de São Paulo estima que 10% da
atual área de cana, algo como 500 mil
hectares, deixarão de produzir devido à
impossibilidade de uso de colhedoras.
São produtores que estão em áreas onde
a máquina não tem bom rendimento.
Os produtores rurais da região de
Lençóis estão atentos a isso. Hoje, cerca de 70% da área de produção já tem
corte mecanizado. A média no Estado
é de 20% das áreas dos produtores independentes. Em seis anos, terá de ser
zero.
Escala e mecanização
O modelo regional tem servido não
só para manter o pequeno produtor na
atividade como para dar condições eco-
31
JUNHO 2011
SILVA JUNIOR | FOLHAPRESS
A GRO&ENERGIA
nômicas de adquirir máquinas para a
mecanização. Uma frente mecanizada
para colheita (com colhedora, tratores,
treminhões) não custa menos do que
R$ 1,3 milhão. E não vale a pena empatar esse montante se o grupo tiver
menos de 100 mil toneladas de cana
para colher numa safra.
Pequenas propriedades como a de
Antônio Fortunato Boso, com 25 hecta-
res, e a de Sérgio Zilo Marun - ambos
reunidos num dos vários consórcios
que se formaram na região- jamais vão
gerar, sozinhas, volume suficiente para
justificar um investimento desse porte.
Marun, que descarta o arrendamento
de suas terras, está animado com o
consórcio. Acha que em pouco tempo
poderá ver uma máquina cortando o
canavial. “Não vejo a hora”, diz.
Modelo atual concentra
terra, diz entidade
DO ENVIADO A LENÇÓIS PAULISTA
A Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do
Brasil) está preocupada com o destino
de milhares de produtores que ainda
sobrevivem do plantio da cana-de-açúcar. “O modelo de produção de açúcar
e álcool está mudando a relação fundiária em São Paulo. Está havendo uma
concentração de terras nas mãos de
grandes grupos. Isso é preocupante”,
diz Ismael Perina Júnior, presidente da
organização. Segundo ele, o fim da regulação de preços do álcool combustível e a entrada das múltis aceleraram a
concentração da terra em São Paulo.
Agora, o projeto paulista que proíbe, a partir de 2017, a queima da cana
para facilitar a colheita pode ser o golpe definitivo em uma parcela dos pequenos produtores. Esse grupo não tem
condições financeiras de implementar
a colheita com máquinas e tampouco
de apostar no modelo de corte de cana
crua (sem a queima).
A Orplana tem apoiado a formação
de consórcios e condomínios em curso
na região de Lençóis Paulista, mas admite que o modelo lá deu certo, principalmente, em razão da decisão do
grupo Zilor (Zilo Lorenzetti).
Desde 2004, o grupo -dono das duas
usinas que recebem e processam a cana
que é produzida na região- transferiu a
produção agrícola para os produtores
rurais locais e se concentrou no setor
industrial.
Pequenos produtores ainda utilizam o tradicional corte manual na colheita da cana-de-açúcar, no interior de SP
Efeito local
A expulsão do pequeno produtor da
principal atividade agrícola do Estado
de São Paulo pode ter efeitos desastrosos para as economias regionais. A concentração de área nas mãos das grandes
usinas -hoje responsáveis pela produção
de 70% da cana que processam- tende
a reduzir a atividade econômica nas ci-
dades. “Lençóis Paulista é uma cidade
pequena, mas nós investimos tudo o
que ganhamos aqui”, diz José Adauto
Vasconcelos, um fornecedor de cana da
região de Lençóis. “O fim do pequeno
produtor rural é também o fim do fornecedor de peça, da oficina mecânica.
O dinheiro vai sair daqui”, afirma Vasconcelos. (AB)
Problemas com preço do etanol na entressafra vão continuar
A falta de incentivos poderá fazer
com que o país enfrente nos próximos
anos problemas no abastecimento de
etanol durante o período de entressafra da cana-de-açúcar. A previsão é do
diretor técnico da União da Indústria
da Cana-de-Açúcar (Unica), Antônio
de Pádua Rodrigues. “Não haverá
nada de diferente do que ocorre hoje,
e os problemas de estoque e de alta
nos preços do etanol continuarão a
ocorrer nos períodos de entressafra.
Se não houver incentivos, ficaremos
na mesmice de hoje, pelo menos, até
2015. Certamente não haverá oferta
para atender a demanda”, disse.
Pádua defendeu o controle do consumo do produto no período da safra e
a formação de estoques reguladores,
como forma de diminuir os problemas
de abastecimento e a alta do preço do
etanol nos períodos de entressafra. “A
falta de investimentos no setor nos
últimos anos para aumentar a oferta
de etanol, de maneira que a produção acompanhasse o crescimento da
demanda a partir de 2008, vai levar a
uma situação nos próximos três anos
em que o crescimento da oferta não
será suficiente para fazer frente ao
avanço esperado para a demanda”,
afirmou.
Na avaliação do diretor da Unica,
é necessário que o governo desenvolva um planejamento para controlar
o consumo no período da safra e incentive a formação de estoques para
viabilizar o abastecimento em níveis
satisfatórios durante a escassez do
produto. “Esse é um mecanismo
que visa a amenizar e não resolver
o problema, uma vez que a demanda
continuará a ser maior que a oferta,
mas não há outro jeito. Contraindo a
demanda na safra, evitando que os
preços caiam muito neste período,
dará maior disponibilidade do produto na entressafra”.
Segundo Pádua, entre 2005 e
2008, o volume de investimentos em
novas usinas de etanol girou em torno
dos US$ 60 bilhões.
“Desde então os investimentos
têm sido escassos, uma vez que não
há garantia de rentabilidade. E investidor não bota milhões em projetos
para produzir etanol se não houver
garantia de retorno do que foi investido. É o mercado, sem garantia de
rentabilidade não haverá recursos”.
32
JUNHO 2011
A GRO&ENERGIA
Moagem da cana é 40% abaixo do registrado na safra passada
O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio
de Padua Rodrigues, informou hoje que
a quebra de safra deve afetar a projeção
do setor de moer 568,50 milhões de toneladas de cana. Desde o início da safra
2011/2012, a moagem totalizou 56,66
milhões de toneladas, 39,51% abaixo
das 93,67 milhões de toneladas registradas na mesma data de 2010.
A Unica ressalva que a situação é atípica por causa da antecipação do início
das atividades das usinas em janeiro,
fevereiro e março, meses habitualmente observados como de entressafra. Na
primeira quinzena de maio, a moagem
de cana-de-açúcar das unidades produtoras da região Centro-Sul do país,
responsável por metade da produção
nacional, somou 32,77 milhões de toneladas. O volume foi 6,69% menor que
o registrado no mesmo período do ano
Antônio de Padua Rodrigues preside a Unica
passado (35,13 milhões de toneladas).
No comunicado divulgado pela entidade, ele afirma que “além da pior
qualidade da matéria-prima e do ritmo
de moagem mais lento nesse início de
safra, estamos observando uma redução
significativa da produtividade agrícola
do canavial”.
De acordo com Padua Rodrigues, a
produção de etanol tem sido priorizada
e os empresários estão preocupados em
evitar que se repita a volatilidade de
preços constatada no período de entressafra. Nos primeiros 15 dias de maio, a
fabricação de açúcar alcançou 1,54 milhão de toneladas ante 1,87 milhão de
toneladas no mesmo período de 2010.
Já o volume de etanol produzido somou
1,26 bilhão de litros, dos quais 506,9
milhões de etanol anidro (que é misturado á gasolina) e 756,30 milhões de
etanol hidratado (vendido nas bombas
diretamente ao consumidor).
No acumulado desde o início da
safra, 59,87% da cana-de-açúcar processada foi dirigida para a produção de
etanol, que atingiu 2,16 bilhões de litros. O volume de açúcar alcançou 2,36
milhões de toneladas.
Os dados divulgados hoje (26) pela
Unica indicam ainda que, entre 1º de
abril e 15 de maio, as usinas venderam
1,91 bilhão de litros de etanol, dos quais
51,80 milhões de litros foram destinados à exportação e o restante (1,86 bilhão de litros) escoado para o mercado
interno. Só o volume de etanol hidratado chegou a 934,72 milhões de litros.
Na primeira quinzena, foram vendidos
327,29 milhões de litros de álcool anidro, a mesma quantidade da quinzena
anterior. No mesmo período, as vendas
do álcool hidratado no mercado interno cresceram 37,71% com a comercialização de 419,85 milhões de litros.
Segundo a Unica, este aumento se deve
à “recomposição dos estoques operacionais pelos agentes de comercialização
e à recuperação da competitividade do
produto frente à gasolina”.
33
JUNHO 2011
Cooperativismo celebra Dia Internacional com
o tema “Juventude: o futuro do cooperativismo”
O Dia Internacional do Cooperativismo é comemorado
anualmente no primeiro sábado
do mês de julho, sendo dia 02
de julho. Esta data foi estabelecida em 1923, no Congresso
da Aliança Cooperativa Internacional - ACI, com o objetivo de
comemorar, a confraternização
de todos os povos ligados ao
Cooperativismo.
“Juventude: o futuro do
cooperativismo” será o tema
do 89º Dia Internacional do
Cooperativismo. O tema é definido pela
Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e
vem fundamentado por um conceito. “Este
é o momento de sensibilizarmos mais jovens sobre o caráter empreendedor e o
papel de inclusão social do cooperativismo.
Ao mesmo tempo, levaremos ao conhecimento de toda a sociedade os benefícios,
valores e princípios do movimento”, res-
salta o presidente da OCB, Márcio Lopes
de Freitas. Este tema é importante, pois
o fortalecimento do sistema cooperativista
passa, entre outras coisas, pelo desenvolvimento de novas lideranças no sistema
cooperativista, pela geração de novas
idéias e pelo surgimento de novas cooperativas conscientes da doutrina e filosofia
cooperativista, além da profissionalização
da gestão. Em comemoração a esta data,
o sistema OCB/MS realiza a Semana do
Cooperativismo, de 01 a 03 de julho, que
promove a integração entre as cooperativas de MS através de encontros, reuniões
e comemorações festivas, além do tradicional Ticoop- Torneio de Integração Cooperativista que está em sua 20ª edição.
Este ano, o XX Ticoop traz inovações,
para promover maior interatividade entre os participantes.
Nesta edição haverá novas modalidades como peteca, futsal,
futebol de sabão feminino e o
circuito cooperativo, dentre
outras novidades. Uma das
modalidades é arrecadação de
alimentos, que todos os anos
distribui toneladas de alimentos a instituições carentes do
Estado.
No sábado ocorrerá a noite
cultural com “leitão no rolete”,
cardápio consagrado pelos cooperativistas
de São Gabriel do Oeste, nesta noite, também haverá apresentações artísticas das
cooperativas.
Durante todo o torneio haverá atividades extras como jogos eletrônicos, piscina
de bolinhas e cama elástica. Todas as modalidades poderão ter disputas recreativas,
sem valer para a competição.
34
JUNHO 2011
Entrevista Orlando Baez
O superintendente Federal da Agricultura em Mato Grosso do Sul, Orlando
Baez, recebeu a equipe de reportagem da Folha do Fazendeiro e trouxe
informações importantes sobre a cadeia produtiva da carne bovina do Estado
e do País. Na oportunidade, ele adiantou dois pontos que serão contemplados
no Plano Agrícola Pecuário 2011/12, que será lançado na primeira quinzena de
junho: duas linhas de crédito, uma para recuperação de pastagens e outra para
aquisição e retenção de matrizes.
“Cadeia produtiva da carne bovina
deve registrar forte crescimento”
Folha do Fazendeiro: Como
se posiciona o Brasil e também
o Mato Grosso do Sul na exportação de carne bovina?
Orlando Baez – O Brasil é
hoje o maior exportador de carne
bovina do mundo e uma pesquisa
realizada pelo MAPA mostra que
o cenário será assim até 2020. A
situação de Mato Grosso do Sul
melhorou muito, hoje todo o Estado está liberado para exportar
carne bovina, acredito que com os
investimentos que vão vir, teremos
condições de voltar a ser o maior
exportador nacional.
Como estão os abates no Estado?
Na média geral deste ano, estamos com 250 mil cabeças por dia
sendo abatidas. As unidades do
Independência juntas, de Campo
Grande, Nova Andradina e Anastácio têm capacidade de 1.500 cabeças/dia.
Há uma situação diferente
agora, os pecuaristas estão
mais fortalecidos e, a estratégia do só à vista, trouxe uma
relação de maior pressão para
a indústria?
Sim. Para
mim, o setor
mais afetado
hoje na cadeia
produtiva é o da
indústria, os subÉ importante ressaltar
produtos como o
que nos anos 70 o
couro, miúdos e
Governo Federal
graxaria não esdesenvolveu o programa tão valorizados
no mercado inPólo Central que deu
ternacional, pelo
contrário, perdeuma grande força
ram muito valor.
para o agronegócio,
Além disso, o
principalmente na
câmbio da forma
que está, prejudiregião Centro-Oeste
ca os negócios.
Como está
a capacidade
de abate brasileira? Estamos
realmente com
apenas metade
em operação?
O Brasil tem
capacidade instalada para abater 6,2 milhões
de cabeças/ano,
em 2010 tivemos o abate de
3.104.603, a metade. Em Mato
Grosso do Sul a
situação não é diferente, entre os
frigoríficos com Sistema de Inspeção Federal – SIF, estamos com 38
plantas e 15% está totalmente fora
de funcionamento, tem um grande
peso neste caso as três plantas do
Independência.
Como está a
situação da produção pecuária
no momento?
Com o preço alto de machos,
as fêmeas voltaram a ser abatidas
e isso agrava a situação de pouco
oferta de gado para a reposição no
futuro, situação que já é difícil.
Mato Grosso do Sul é um Estado
com um condicionamento diferente, temos um forte melhoramento
genético, temos boa disposição de
animais castrados e animais de
alto padrão produtivo, resultado
do desenvolvimento das raças,
especialmente dos cruzamentos
industriais que trouxe precocidade para o rebanho sul-matogrossense, principalmente graças
aos trabalhos desenvolvidos pela
Embrapa.
O Plano Agrícola Pecuário que será lançado ainda na
primeira quinzena de junho
vai trazer algumas linhas de
financiamento diferenciadas,
para recuperar pastagem e reter matrizes. O que é possível
adiantar?
É importante ressaltar que nos
anos 70 o Governo Federal desenvolveu o programa Pólo Central que
deu uma grande força para o agronegócio, principalmente na região
Centro-Oeste, com abertura de novas áreas rurais com uma forte entrada de pastagens, de pecuaristas,
produção de soja e milho. Desde então, não temos nenhum incentivo e
a produção rural ficou bem descapitalizada. Hoje temos cerca de 50%
das pastagens comprometidas.
O programa dos anos 70 acabou saindo de cena, mas teremos
um excelente incentivo no PAP
2011/12, em forma de uma linha
que será colocada à disposição
para recuperação de pastagem.
Com o preço alto de
machos, as fêmeas
voltaram a ser abatidas
e isso agrava a situação
de pouco oferta de gado
para a reposição no
futuro, situação que já é
difícil.
Como vai funcionar a linha?
É a linha ABC – Agricultura de
Baixo Carbono. A linha funciona
com taxas subsidiadas em 6,5% ao
ano, com dois anos de carência e
12 anos para pagar. O programa é
para ser utilizado principalmente
para emprego nos programas de Integração Lavoura Pecuária e Integração Lavoura Pecuária Floresta,
em práticas conservacionista, boas
práticas, correção de fertilidade,
entre outros. O ministro Wagner
Rossi comentou comigo que vai haver também linha de crédito para
o pecuarista reter matrizes e fazer
aquisições. A intenção é garantir
o abastecimento interno de carne
bovina e também as exportações.
Demanda por este tipo de
ação já é antiga...
Sim. É uma antiga demanda da
CNA, agora atendida. Esses recursos serão aportados em até R$ 1
milhão para cada pecuarista, o que
vai mudar positivamente o cenário
em médio e longo prazo, fator que
nos faz acreditar que estaremos
em uma posição muito superior
na produção de carne bovina em
médio prazo.
35
JUNHO 2011
Pesquisa ressalta papel da carne na manutenção do peso
U
m estudo europeu publicado em
novembro de 2010, sobre hábitos
alimentares, revelou que a ingestão de carne pode ser uma aliada na
guerra contra a balança, principalmente
quando se trata de manter o peso, sem
engordar. A pesquisa foi conduzida por
oito centros de pesquisa europeus e liderada por pesquisadores da Universidade
de Copenhagen, na Dinamarca. Chamado
de Projeto Diogenes, o estudo envolveu
772 famílias com 938 membros adultos e
827 crianças. Os resultados desse estudo
foram comentados em artigo da pesquisadora dinamarquesa Grethe Andersen,
que estará em Campo Grande/MS, nos
dias 7, 8 e 9 de junho, para a palestra
“Benefícios do Consumo da Carne Bovina”, no Congresso Internacional da
Carne.
Os adultos em sobrepeso inicialmente seguiram uma dieta de 800 calorias
por dia durante oito semanas. A média
na perda de peso foi de 11 kg nesse período. Depois foram então divididos em
grupos que seguiriam diferentes tipos de
dieta com pouca gordura por seis meses.
“Durante o projeto, as famílias tiveram
acompanhamento nutricional e fizeram
exames de sangue e urina. O objetivo era
descobrir qual o tipo de dieta seria mais
eficaz na manutenção do peso”, explica
Andersen.
Como resultado, os pesquisadores
puderam perceber que aqueles que tinham alimentação com mais proteínas e
menos carboidratos de rápida absorção
(derivados de farinha branca e açúcar)
mantiveram o peso, enquanto quem consumiu mais carboidrato recuperou parte
do peso. De acordo com Andersen, isso
acontece porque a proteína, que pode ser
carne magra, carne de aves, peixes, ovos,
laticínios com pouca gordura, legumes e
castanhas, levam mais tempo para ser
digerida e não alteram radicalmente o
índice de glicose no sangue, fazendo com
que a fome demore a aparecer.
Durante o Congresso da Carne, a
pesquisadora também participará de
Pesquisadora Grethe Andersen, da Dinamarca
uma mesa redonda com a especialista
brasileira em nutrição, Silvia Cozzolino.
Ela fará palestra sobre “A importância da
carne para a nutrição humana” e ressalta que a carne é uma fonte de proteína
de alta qualidade, que oferece ao corpo
humano ferro e vitamina B 12. “Há na
carne, propriedades que só a proteína
animal fornece. Comparado com outras
Especialista afirma não existir “carne de segunda”
“Em boi de primeira, não existe
carne de segunda”. É com essa afirmação que o especialista em carnes,
Marcelo ‘Bolinha’, vem a Campo
Grande (MS) para a apresentação
da Vitrine da Carne. Em uma sala de
desossa, montada como uma vitrine,
Bolinha irá apresentar os cortes de
carne bovina e ovina, ensinando técnicas para o melhor aproveitamento do
animal. A apresentação faz parte da
programação do Congresso Internacional da Carne, que será realizado na
Capital nos dias 7, 8 e 9 de junho.
“Nosso objetivo é apresentar aos
participantes, principalmente os
estrangeiros, a qualidade da carne
brasileira. Hoje, já não existe mais
a denominação de carne de segunda, pois tudo pode ser aproveitado”,
enfatiza Bolinha. Ele concorda que
os cortes utilizados para churrasco
ainda são mais valorizados, mas que
Marcelo “Bolinha” estará em Campo Grande durante o Congresso Internacional para mais uma Vitrine da Carne
nem por isso há que ocorrer desperdício,
pois todo corte pode render pratos bem
saborosos e sofisticados.
O presidente da Federação de Agri-
cultura e Pecuária de MS (Famasul),
Eduardo Riedel, observa que o objetivo
da Vitrine da Carne no Congresso é evidenciar o valor que o corte pode agregar
proteínas é um alimento facilmente digerível e de alto valor biológico para nosso
organismo”, aponta.
A pesquisadora, que é professora doutora da Universidade de São Paulo (USP)
na área de nutrição, avalia como positivo
o hábito brasileiro de consumir arroz e
feijão acompanhando a carne. Segundo
ela, juntos, esses alimentos são capazes
de trazer benefícios nutricionais para a
saúde. Questionada sobre a vilania muitas vezes atribuída a carne vermelha para
saúde, ela esclarece: “Consumir carne
vermelha é muito importante, é necessário apenas optar mais vezes pela carne
magra e não consumir em exagero, assim
como qualquer outro alimento”, conclui.
O Congresso Internacional da Carne é
uma realização do International Meat
Secretariat (IMS/Opic) em conjunto com
a Famasul. O evento tem o apoio do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul,
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de MS (Senar/MS), Serviço de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas de MS
(Sebrae), Fundação Educacional para o
Desenvolvimento Rural – FUNAR , Fórum
da Permanente da Pecuária de Corte da
CNA e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
à carne brasileira, que pela prática da
pecuária já tem boa qualidade. “Os
participantes do Congresso terão
palestras com conteúdos pertinentes
e de interesse para toda a cadeia da
carne, inclusive para o consumidor. A
vitrine vai mostrar na prática como
valorizar ainda mais este produto,
fundamental na mesa do ser humano”, destaca.
Marcelo Bolinha trabalha há quatro anos com a Vitrine da Carne e já
realizou mais de 20 apresentações por
todo o País. Sua especialidade começou na casa de carnes da família, no
Rio Grande do Sul, onde passou por
todas as áreas da empresa e aprimorou sua técnica na lida com a carne.
Hoje, ele é dos poucos com essa expertise no Brasil e presta consultoria
para empresas da cadeia da carne. “A
ideia da vitrine surgiu para mostrar
ao produtor rural que o animal que
ele cria vale muito se for bem aproveitado”, completa. Com informações da
Sato Comunicação
36
JUNHO 2011
Crônica do mês
A espingarda que meu pai me deu
Há um equívoco comum entre as
pessoas que se sentem superiores às
outras. Curiosamente, o individualista se julga mais forte que o resto do
mundo. Mas é o contrário. Você se
fortalece muito mais quando assume
as limitações e é humilde o suficiente
para pedir ajuda. Para mim este é o
verdadeiro herói e sábio.
Depois de passar quase toda minha infância caçando com estilingue,
forcei a barra para meu pai dar-me,
de presente de Natal, uma espingarda de carregar pela boca, tipo pica
pau, como chamávamos. Com apenas onze anos de idade, pude sentir
o gosto de me diferenciar dos demais
primos da colônia do sítio onde morávamos. Afinal, portar uma arma
de fogo era coisa para adultos e não
para um pirralho como eu metido a
galã.
Como era praxe, nessas ocasiões,
antes da entrega definitiva do perigoso brinquedinho, havia a entrega téc-
nica – sempre acompanhada de muitas explicações quanto ao manuseio e
aos cuidados a serem tomados.
Meu velho pai confiava muito em
mim, mas a pressão dos tios, mãe e
primos para não me dar a tão sonhada espingarda, pesava muito em sua
consciência e na sua tomada de decisão, por isso tanta cautela. O gosto pelas armas devo ter herdado de
meu avô, que não largava sua velha
garrucha de dois canos, por nada
desse mundo. Dizia-me que pra ser
homem de verdade tinha que andar
armado.
Passei a caçar com adultos,
sempre nos finais de semana e me
sentia “o cara”. O prazer sentido
ao amanhecer, bem antes do sol
nascer, ainda com a relva molhada,
me causava uma sensação indescritível. Era a pica - pau atravessada
por uma correia de couro cru, nas
costas, e o embornal com as munições, no ombro. E lá íamos nós, com
Osvaldo Piccinin
[email protected]
extrema ansiedade, tentar encontrar
com alguém com o qual, nem encontro havíamos marcado. Nossos alvos
preferidos eram as ariscas pombas
e os tinhosos inhambus. As lavouras
de milho recém colhidas - era nosso
ponto de encontro. Dificilmente voltávamos para casa sem, pelo menos,
um troféu para exibir aos demais amigos e familiares.
Quando eu achava que já sabia
tudo sobre a arte de caçar e manusear minha espingardinha, dei um
vacilo que me custou um zumbido
no ouvido até hoje. Um amigo, que
por ingenuidade, ignorância ou maldade me sugeriu usar pólvora empregada em cartuchos, alegando ser
mais potente. E o velho caninho da
minha jóia preciosa não agüentou e
explodiu. Daí a seqüela do zumbido
no ouvido.
Meu pai, que ao ouvir sobre o
que havia acontecido, deu-me uma
explicação que jamais esqueci, em
linha com a introdução desta crônica, qual seja: - Você deveria ter me
consultado, antes de usar algo que
desconhecia. Você achou que já sabia tudo e se deu mal. Sabia que poderia ter sido pior? Sabe meu filho,
na vida a gente não sabe e não tem
a obrigação de saber tudo, por isso
temos que ter humildade suficiente
para perguntar a quem sabe. E agora
o que vamos falar para sua mãe? E
para seus tios e primos que tanto me
criticaram?
Depois de passado o susto e de ter
levado uma baita sabão, entendi que
ser humilde não significa ser trouxa,
mas sim sabido. Quanto mais um homem sabe e culto for, maior deverá
ser sua humildade. Suas boas qualidades naturalmente se aflorarão e
ele será admirado e respeitado como
ser humano pelos seus semelhantes.
Ao contrário do que acontece com o
prepotente e arrogante, onde a soberba funciona como viseira. O tipo
“eu me basto” padecerá pela vida
afora, culpando a todos pelo seu fracasso, como se o mundo contra ele
estivesse.
E VIVA A HUMILDADE!
Suplementação mineral é essencial para enfrentar a seca
Durante todo o ano o pecuarista
precisa estar preocupado e organizado para lidar com o momento de seca,
a realidade é que este planejamento
precisa contemplar a necessidade do
rebanho e impedir a perda de peso
dos animais.
Em um período pré-estação de
seca, no outono é bem visível, temos
um situação de diminuição de chuvas,
com as gramíneas tropicais em diminuição de crescimento por causa da
baixa temperatura durante a noite.
“Depois observamos a falta de água,
velocidade de crescimento menor,
aliada a perda de qualidade”, explica
Ricardo Fuchs – gerente Premix, em
Mato Grosso do Sul. É neste cenário
que os suplementos minerais se fazem
essências para evitar a perda de peso
e, principalmente, obter a oportunidade de ganhar. “Perder peso é algo
hoje inaceitável em uma pecuária moderna e produtiva, com isso, somado
a outros elementos importantes para
garantir a nutrição dos animais, o suplemento mineral pode garantir inclusive o ganho de peso no período da
seca, vai depender do planejamento
feito durante todo o ano para enfrentar o período”, disse Fuchs.
“O ideal para se realizar um bom
planejamento e execução, é que o
produtor busque um profissional
para orientá-lo no trabalho ou ainda
a empresa na qual confia para abastecimento deste tipo de produto”,
definiu Fuchs, ao citar a importância da orientação profissional. Fuchs
explicou também que cada categoria
animal e região merecem uma atenção especial, no que diz respeito à
suplementação animal. “A Premix é
líder de mercado de produtos tecno-
lógicos com mais de 20 produtos para
suplementação, para cada categoria e
ambiente há um produto correto. Outra preocupação é adequar o produto
correto para cada situação. O planeja-
mento e a velocidade de ação são fundamentais, o animal não pode chegar
a perder peso, a ação tem que ser de
acordo com a percepção da chegada
do frio”.
ELEIÇÕES NA ACRISSUL
Dia 7 de Junho de 2011
Das 19 às 22 horas
Local: Tatersal de Elite 1
Campo Grande – MS
Associado, não deixe de comparecer!
Informações
67 3345-4200
37
JUNHO 2011
Som de Cerrado
Izabella Costa é a nova promessa
da música sertaneja de MS
Com um timbre marcante e um carisma que ilumina os palcos onde pisa, a
cantora de São Gabriel do Oeste, Izabella
Costa, chega como a nova promessa do
sertanejo de Mato Grosso do Sul.
Izabella Costa tem 26 anos e uma
carreira musical que começou no seio
familiar, onde as serestas com os pais e
as rodas de tereré com os amigos foram
fundamentais para que seu dom artístico
aflorasse.
Recentemente esteve em São Paulo,
a convite do compositor Joel Marques,
na gravação do DVD de 30 anos de carreira dele, dividindo o palco com nomes
como Guilherme e Santiago e Chitaozinho e Xororó.
Atualmente, a música de trabalho
da cantora “Não sai de mim” está entre
as dez mais tocadas nas rádios campograndenses e seu videoclipe estourou no
site youtube ficando em 11º no ranking
de acessos na categoria música. Veja
o clipe em http://www.youtube.com/
watch?v=Ub-34Upn00w
Indagada a respeito de sua música
de trabalho, Izabella comenta que se
trata de uma composição que fala da
fragilidade do amor e das marcas que
a intimidade construída na vida a dois
deixa no coração e na memória.
O primeiro cd da carreira da cantora
deve ser lançado ainda neste mês e as
expectativas, de acordo com a cantora,
são as melhores já que inúmeros convites para shows estão surgindo.
Izabella por Izabella
Mulher de fibra. Izabella é do signo de Leão e honra as qualidades que
este signo lhe oferece. Perspicaz e de
uma sensibilidade única, a cantora faz
questão de atender a todos os fãs e de
manter contato via twitter e facebook. O
site da cantora já está no ar e pode ser
acessado pelo endereço www.izabellacosta.com.br
SERVIÇO
(67) 3295-6201 | (67) 9980-7112 –
São Gabriel do Oeste – MS
Pé na estrada
ARTISTAS
Luan Santana
12 Presidente Dutra
13 Imperatriz
14 Teresina
15 Fortaleza
18 Dourados
Jorge e Mateus
LOCAL
SP
MA
PI
CE
MS
12/05 - Presidente Prudente
13/05 - Cajamar
14/05 - Cuiabá
SP
SP
MT
Michel Telo
14 de maio - Presidente Prudente SP
19 de maio - Bebedouro
SP
20 de maio - Caçapava
SP
38
JUNHO 2011
Grandes ensinam gestão a pequenos fornecedores
Para atender à alta demanda, empresas de maior porte oferecem capacitação; na Vale, 60% dos fornecedores são de pequenas
C
om o aquecimento da economia, companhias de grande
porte deram início a programas de capacitação de fornecedores
“”em geral, micro e pequenas empresas.
O intuito das corporações é estar
em sinergia com os fornecedores.
Oferecer cursos é uma das maneiras
de garantir a entrega de produtos e
de serviços no prazo, evitando atrasos na produção.
A qualificação é feita por intermédio de instituições de ensino ou pelos
próprios gestores das companhias.
Na Vale, 60% dos fornecedores
são micro e pequenas empresas. Para
capacitá-los, a mineradora criou, em
2008, o projeto Inove, plataforma de
educação on-line. As aulas são oferecidas a todos os parceiros, que têm
de pagar mensalidades a partir de R$
26,90 por aluno. Há cursos oferecidos em conjunto com a Universidade
Harvard.
Aluno corporativo
Atender à alta demanda da companhia é o principal desafio dos fornecedores, aponta Leonardo Couto,
gerente de gestão e fornecedores da
Vale. A partir de agosto, a empresa
vai investir mais de R$ 7 milhões na
capacitação de micro e pequenas empresas, adiantou Couto à Folha.
A empresária Ana Cristina Lacerda, 39, foi uma das alunas desse
programa. Dona da agência de comunicação Planet, no Pará, ela pagou o
curso para 30 funcionários.
“Temos pouca estrutura aqui, e
essa foi uma das raras oportunidades
para aprimorar o trabalho e fornecer
serviços de qualidade”, afirma.
Diferentemente da Vale, a Odebrecht não tem projeto estruturado para
capacitação de fornecedores “”53%
deles de micro e pequeno portes.
Contudo, oferece consultoria pessoalmente e por telefone.
“A cadeia dos fornecedores está
totalmente ligada à nossa. Um atraso pode comprometer a entrega de
empreendimentos”, analisa Mauro
Rehm, gerente da Olex, empresa do
Grupo Odebrecht.
Fernando Antônio Forgerini,
presidente da Metrowatt Comércio
e Manutenção, de manutenção de
medidores de energia, participou de
curso para fornecedores pago pela
distribuidora CPFL Energia.
“Aumentamos a gama de clientes
em 20% e aprendemos a conduzir
melhor nossos processos internos.”
Experiência determina sucesso
Crescer com as grandes empresas exige mais prática do que
teoria, assinalam especialistas
DE SÃO PAULO
Embora os treinamentos fortifiquem
a relação entre as empresas e seus fornecedores, investir em qualificação não é
suficiente para micro e pequenos empresários que queiram crescer “na carona”
de grandes companhias, na avaliação de
especialistas.
“O pequeno empresário precisa de
prática para trabalhar para grandes
organizações, e isso não é aprendido
em sala de aula”, afirma Rose Lopes,
coordenadora do núcleo de empreendedorismo da ESPM (Escola Superior
de Propaganda e Marketing).
O empresário Ricardo Canevazzi, 46,
dono da SC Embalagens, fornecedora
de embalagens e produtos de limpeza,
concorda com Lopes. Ele foi convidado
por consultorias de negócios fazer cursos de aperfeiçoamento, mas recusou as
39
JUNHO 2011
M AIS NEGÓCIOS
FOTOS ISADORA BRANT/FOLHAPRESS
CNI cria site de
compras coletivas
específico para
a indústria
LUCIENE CRUZ
DA AGÊNCIA BRASIL
Ricardo Canevazzi é fornecedor de produtos de limpeza: “Vale mais a prática”
propostas. “Não quero mais estudar. A
prática é muito mais importante para o
negócio”, diz.
Ao contrário dele, a irmã Telma
Canevazzi, 40, também empresária,
acredita que cursos de capacitação são
fundamentais para o crescimento de
sua companhia, a Sinatec, de soluções
visuais.
“Comecei a gerir a empresa de casa
e agora tenho sete funcionários”, diz ela,
que participa do programa de qualificação “10 mil Mulheres”, do banco Gold-
Telma Canevazzi pensa o contrário e acredita na capacitação para o crescimento
man Sachs, em que aprende a fornecer
produtos e serviços para corporações de
maior porte.
A qualificação de micro e pequenos
fornecedores é importante e será mais
no futuro, na opinião de Renato Moraes,
diretor da Fundação Vanzolini, entidade
sem fins lucrativos do Departamento de
Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP.
“A demanda [por fornecedores] é
maior do que a oferta disponível no mercado. No entanto, a concorrência deve
acentuar-se em breve, quando a economia crescer de forma mais lenta e a procura por fornecedores cair”, afirma.
Para ter potencial competitivo, Caio
Lahr, 38, dono da Luciflex, empresa de
equipamentos elétricos, gastou R$ 3.000
em curso para fornecedores em uma instituição de ensino para executivos. Entretanto, diz não ter obtido os resultados
esperados.
“Fiquei frustrado porque o conteúdo
era fraco. Os bastidores das negociações
só são aprendidos na prática.”
Curso on-line pela FGV ensina fornecedores
a participar também de licitações pela web
Para as micro e pequenas empresas
que fornecem produtos e serviços para
o Estado, a FGV Online (Fundação Getulio Vargas; www.fgv.br/fgvonline) elaborou, no ano passado, um treinamento
com foco em licitações.
De acordo com João Adolfo Ponchio,
criador do curso, as aulas têm duração
de dois meses e objetivam preparar os
empresários para participar de pregões
pela internet. Nos módulos, há demonstrações do uso do sistema e simulações
de oferta de preços. “Muitos micro e
pequenos fornecedores podem participar de pregões, mas deixam de ganhar
dinheiro porque não conhecem o sistema”, avalia o professor.
A assistente administrativa Adriana Junko Ito (foto), 30, participou do
curso da FGV para ganhar agilidade ao
participar de licitações representando
a Pharmedic, fornecedora do setor farmacêutico.
ISADORA BRANT/FOLHAPRESS
lançar um curso básico gratuito pela
internet sobre comércio eletrônico e licitações”, adianta ele. Agência Folha
Itens avaliados em fornecedores
1
Folha de pagamento
Pagar funcionários na data correta é fundamental para a entrega do
serviço no prazo
“O conteúdo ajudou a entender também como funcionam outras modalidades de pregões públicos, mas poderia
abranger sites de compras governamentais de outros Estados”, sugere ela.
Para estar mais adequado à demanda de estudantes, de acordo com Ponchio, o conteúdo do treinamento passa
atualmente por reformulação e deve ser
oferecido novamente no ano que vem.
“A partir de agosto, a instituição vai
2
Controle de qualidade
Grandes empresas consultam
outras companhias para verificar a
qualidade do produto ou serviço
3
Problemas na Justiça
Pendências fiscais ou processos
trabalhistas mancham a imagem do
fornecedor
4
Compromisso social
Ações ambientais e sociais contam na contratação
Brasília – Seguindo a tendência dos sites de compras coletivas,
que reúne uma grande número de
compradores visando à redução de
preços, a Confederação Nacional
da Indústria (CNI) lançou dia 26
o Clube Indústria de Benefícios. O
site tem o mesmo princípio, mas é
voltado apenas para o segmento
industrial.
Pelo endereço eletrônico www.
clubeindustria.com.br, será possível
encontrar ofertas para a redução
de custos em diversos segmentos
como softwares, vale-alimentação,
planos de saúde, veículos, equipamentos, capacitação empresarial,
logística, transportadora, entre
outros.
Atualmente, 58 empresas estão
cadastradas para oferecer produtos
e serviços. A expectativa é que, em
60 dias, esse número aumente para
200 parceiros. Até o final deste
ano, estima-se que 800 companhias
ofertem promoções de produtos e
serviços.
A iniciativa é voltada às 600
mil empresas do setor industrial
de pequeno, médio e grande porte. Segundo o gerente executivo de
Relações do Trabalho e Desenvolvimento Associativo da CNI, Emerson Casali, o empresário deve usar
o portal como site de negócios e
relacionamento.
“Queremos usar o [site] coletivo
para fazer excelentes negociações
e ter ofertas especiais, seja com
desconto agressivo ou condição
especial de pagamento”, explicou
Casali.
Casali ainda ressalta que a iniciativa vai beneficiar principalmente as micro e pequenas empresas.
“Vamos propiciar ganhos econômicos, aumentando a competitividade, em especial, micro e pequenas
empresas que não têm muito poder
de barganha na hora de fechar negócios”, afirmou.
40
JUNHO 2011
Confinamento Malibu oferece soluções
lucrativas para produtores e investidores
Local será palco de mais um evento do Mega Leilão
promovido em Campo Grande pela Leiloboi
U
ma das ações que marcaram
a pecuária de Mato Grosso
do Sul e de todo o País em
2010 foi o Mega Leilão Leiloboi 25
anos, realizado a partir de uma parceria inédita entre o Confinamento
Malibu e a empresa leiloeira. No ano
passado, aproximadamente 15 mil
animais foram comercializados.
Nesta parceria o Confinamento
Malibu foi a sede do evento e responsável pela dieta, tratamento e
confinamento dos animais, já a Leiloboi pela realização e divulgação do
evento. “É uma parceria de sucesso
que se repete em 2011, na segunda
edição do leilão no dia 4, sábado,
entramos com nossa experiência de
mais de 10 anos em confinamento
e a Leiloboi com seus 25 anos em
realizações de leilões”, declarou Fernando Flores Correa Jr, Gerente do
Confinamento Malibu, médico veterinário e especialista em nutrição.
Uma das características mais
marcantes do Confinamento Malibu
e ser um prestador de serviço, tanto
para produtores rurais, quanto para
investidores. “No último ano muitos dos compradores mantiveram
seus animais para engorda dentro
do confinamento. Os resultados foram excelentes, uma vez que houve
aproveitamento dos melhores preços praticados pela arroba”, informou Fernando, lembrando que em
2010 o leilão marcou a inauguração
da estrutura em Campo Grande e os
seus 10 anos de atividades.
Em 2010 o Mega Leilão Leiloboi
atingiu quase 15 mil animais comercializados, contou com a presença
de cerca de 2.000 produtores rurais
no local e vendeu para nove estados
brasileiros, através do Canal do Boi.
Quem escolheu manter os animais
no confinamento, aproveitou a alta
no preço da arroba no último ano
em seu melhor momento e teve a
possibilidade de optar pelas duas
modalidades oferecidas pelo Malibu.
Na primeira, o boitel, os produtores
ou investidores pagam diárias pelo
gado confinado. Na segunda, há uma
parceria, não tem custo de produção
para o investidor ou produtor. Desta
forma, o parceiro do Malibu recebe
as arrobas entregues de gado magro, com preço de arroba de gado
gordo no período da entressafra.
Um fator importante a se ressaltado neste período do ano, com
uma estiagem que já dura cerca de
30 dias, é que o confinamento pode
ser uma solução lucrativa para o
pecuarista, uma vez que a disponibilidade de pastagens é menor e,
mesmo as que ainda estão disponíveis, perdem qualidade nutricional
com as alterações de temperatura.
“A seca começou em maio, de forma antecipada, com isso cresceu
a procura pelo confinamento, uma
ferramenta interessante para evitar prejuízos e ter rentabilidade”,
explicou Fernando.
O Confinamento Malibu está localizado na BR 163, na saída de São
Paulo, a 14 km da região central de
Campo Grande. Possui capacidade
para 50 mil animais de forma estática e 150 mil por ano. Além disso, a
empresa conta ainda com uma unidade em Andradina, no Estado de
São Paulo, cerca de 15km da cidade
de Três Lagoas/MS.
No próximo dia quatro, a partir
das 10h, o Confinamento Malibu
será palco do 2º Mega Leilão Leiloboi, dando seqüência na parceria de
sucesso entre as duas empresas.
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