diaguitas

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Quilmes: muito além de cerveja1 Os Quilmes foram uma tribo pré­hispânica e pré­incaica. Habitavam o que hoje corresponde aos arredores de Amaicha, Argentina. Faziam parte de um povo maior, o dos Vales Calchaquíes (região de montanhas e vales ao longo do norte andino da Argentina), os quais estavam espalhados entre as províncias de Tucumán, Salta e Catamarca. Estima­se que, na época de pico de população, chegaram entre sete e 10 mil habitantes. Localização da província de Tucuman, habitado pelos Quilmes “Kilmee”, em cácan (língua falada pelos Quilmes e atualmente extinta), significa “entre montes”. Os assentamentos de Quilmes no Valles Calchaquíes começaram a sua existência no século X (d.C), atingindo um alto desenvolvimento sociocultural e boa gestão dos sistemas agro­pastoris e de cultivo e complexo de irrigação. É importante dizer que índios Quilmes não eram nativos de Valles Calchaquíes, mas tinham migrado para lá em busca, talvez, de melhores condições de vida espiritual e material ou, como diz o padre historiador Pedro Lozano, talvez tenham saído da região de Norte Chico, no Chile, fugindo da expansão do império Inca. A verdade é que até o final do século XV, os Quilmes se instalaram na região dos Valles Calchaquíes, com sua cidade principal (Marka), no oeste da província de Tucumán. A região leva o nome de Juan Calchaquí, nome de um dos líderes das 1
Grupo: Aline Barberino; Ana Lídia; Camila Santos; Eduardo Couto; Estêvão Lima, Matheus Nunes e Stefanie Prandi ­ Matutino comunidades indígenas diaguitas, da qual os Quilmes faziam parte. As guerras entre os povos dessa etnia e o império espanhol também levaram seu nome. A densidade populacional extremamente elevada dos Quilmes permitia­lhes uma melhor distribuição de tarefas e uma maior exploração do ecossistema. As cidades formadas no Valle Calchaquíe possuíam tal índice de alta densidade que, atualmente, especialistas as consideram "as primeiras cidades pré­hispânicas na Argentina”. Os Quilmes foram dedicados ao cultivo de milho e quinoa, com um complexo sistema de plataformas e terraços dotado de um sistema de irrigação avançada. Guanacos, lhamas e vicunhas lhes ofereciam leite, além de lã, matéria­prima essencial para seus teares. Uma atividade mineira incipiente lhes forneceu vários metais para a fabricação de armas e ferramentas. Eles foram bem organizados, sob a direção de um cacique, e embora essencialmente pacíficos, sabiam como fazer uso da força militar, quando as suas propriedades ou territórios estavam em perigo. Se orgulhavam de nunca terem sido conquistados por qualquer povo, nem mesmo pelo impéio Inca Os Quilmes eram politeístas, adoravam os astros e acima de tudo à Pachamama (Mãe Terra na língua local) – que é uma adoração de todas as comunidades alto­andinas e que acontece em todo Andes. Trabalho, práticas religiosas e de guerra eram parte integrante de um território todo organizado e para além das suas conotações econômicas, foi considerado "um espaço sagrado”. Os diaguitas (nome este dado pelos Incas e logo adotado pelos conquistadores espanhóis) foram alguns dos povos que mais resistiram à invasão espanhola. A posição geográfica ­ entre montes, como já demonstrado na etimologia do povo quilme ­, a complexidade e desenvolvimento alcançado pelos povos e a alta densidade populacional dificultava a invasão e tomada das terras e de seus habitantes para o regime de ​
encomiendas​
. Após três grandes sequências de batalhas, que duraram um total avassalador e inacreditável de 107 anos (1560­1667), os espanhois liderados por Mercado y Villacorta, logo empossado governador de Tucumán, derrotaram e aprisionaram os povos diaguitas. Com o intuito de despovoar a região dos Valles e evitar revoltas, os quilmes foram “deportados” de suas terras e “transportados” por mais de 1200km desde a região de Tucumán até a região de Buenos Aires, onde foi criada a “Exaltación de la Santa Cruz de los Kilmes”, reserva indígena e também onde se instalará, com o tempo, a cidade de Quilmes, na região da Prata. O primeiro efeito da dura viagem e da chegada à ​
reducción foi a diminuição populacional, em cerca de 40%. Os povos tiveram que se acostumar as possibilidades produtivas locais: trigo e pecuária bovina, sob o regime de ​
encomienda​
. Além disso, eram submetidos a ​
mitas periódicas, isto é, períodos em que eram levados à extração de minérios. Recebiam salários em ambas atividades, e adentravam o mercado “formal” argentino também por ter de pagar impostos. Para além da entrada forçada na sociedade argentina que se desenhava por meios econômicos ­e a partir de uma escravidão menos branda [sic], também foram perdendo suas particularidades culturais: a língua se esvaiu, sobrando alguns traços do quechua (língua Inca) junto ao espanhol dos colonos; a indumentária, preservada em um primeiro momento, também se perdeu; a tal ponto que, no momento em que foram determinados como ​
pueblo libre em 1812, na ocasião da extinção da redução, acreditava­se que a ​
nación Quilme já estava extinta. Vista das Ruínas Quilmes, os restos do maior assentamento pré­colombiano na Argentina Há ainda hoje em dia, porém, um número estimado em 200 pessoas que sobreviveram ainda no espaço originariamente ocupado pelos quilmes, na região Oeste de Tucumán. Foram indígenas que resistiram à migração ao mesmo tempo que se uniram aos brancos. 

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