impressionismo - CCBB Educativo
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impressionismo - CCBB Educativo
Ministério da Cultura apresenta Banco do Brasil apresenta e patrocina I MPRESSIONISMO CCBB EDUCATIVO 2012 MODOS DE VER, DIÁLOGOS EM CONSTRUÇÃO :: 02 04 :: O RETRATO MODERNO: QUEBRA DOS VALORES ACADÊMICOS O IMPRESSIONISMO E A REVOLUÇÃO DO OLHAR :: 06 08 :: REFLEXOS DO INSTANTE: A ÁGUA COMO TEMA :: 10 12 :: O INSTANTE MODERNO: MONET E A PAISAGEM RENOIR E O COTIDIANO: PERSONAGENS EM MOVIMENTO O PÓS-IMPRESSIONISMO: :: 14 16 :: CÉZANNE: A COR CONSTRUINDO O MUNDO 20 :: TOLOUSE-LAUTREC E O MUNDO DO ESPETÁCULO 24 :: PROPOSTA DE VIVÊNCIA PARA PROFESSORES: IMPRESSIONISMO CAMPO ABERTO À EXPERIMENTAÇÃO VAN GOGH: A COR QUE FALA IMPRESSIONISMO NO BRASIL :: :: 18 22 S ão raros os movimentos artísticos que conquistaram o gosto popular de forma tão intensa ao longo da história como aconteceu com o Impressionismo. A combinação de temas de fácil compreensão e de uma forma que atrai o olhar com suas cores e pinceladas vibrantes colaborou para a sua aceitação. Mesmo com seu início conturbado, com críticas negativas em sua primeira aparição em 1874, o Impressionismo logo se tornaria um marco, uma porta aberta para a Arte Moderna. Ao encarar o fazer artístico como parte da ciência, artistas, como Claude Monet, Auguste Renoir, Alfred Sisley e Camile Pissarro, entre outros, estavam antenados com as pesquisas óticas que fervilhavam no século XIX. Para a leitura das obras, esta ligação com os saberes científicos oferece rico material para diálogos, sobretudo no que diz respeito ao entendimento sobre o fenômeno cromático. Assim, este material traz sugestões de leituras e atividades para a melhor aproximação entre alunos e obras. Por trás da aparente simplicidade do fazer impressionista, há uma pesquisa minuciosa da forma de ver o mundo, de como percebemos os fenômenos óticos e de como as cores se comportam quando postas lado a lado. Trata-se, então, de estilo que convida à investigação e à experimentação, material oportuno para a formação dos sentidos. E, pensando no papel da Arte como Educação, são os sentidos que alimentam a percepção e que geram conhecimento. MODOS DE VER, DIÁLOGOS EM CONSTRUÇÃO As características principais do Impressionismo são elementos ricos para propormos diálogos e reflexões com os alunos, visando despertar uma postura de investigação e participação. Consideramos alguns eixos como norteadores de ações que possam criar aproximações. São eles: Aproveitar a experiência e a realidade dos alunos. Cada pessoa traz consigo vivências culturais diferenciadas, o que oferece ricas possibilidades de reações e diálogos a partir das primeiras impressões. Geralmente o primeiro contato se inicia com reações como “gostar ou não gostar”. Investigar o objeto, a sua forma e aparência. No caso da pintura impressionista, pode-se analisar o modo como o artista trabalha as pinceladas, a combinação de cores, os processos de composição, a dimensão das obras e tudo o que a visão consegue captar. Vale mencionar a pesquisa impressionista de luz e cor e como os artistas captam o instante atmosférico. Explorar o tema e os seus significados. Os artistas impressionistas procuravam apresentar em suas pinturas temas cotidianos, com preocupação com a realidade e o instante. A cidade moderna, a vida burguesa e as paisagens são os principais motivos de suas composições. 02 Apresentar a contextualização histórica. As obras são produtos de seu tempo e, como atividade participante da vida social e cultural, a pesquisa sobre o espaço e a época em que se desenvolveram ajuda a compreendê-las melhor. As biografias dos artistas também oferecem rico material, sobretudo quando mostram a formação e o desenvolvimento do aprendizado artístico. Importante dizer que os eixos não possuem uma ordem específica e que, a cada momento, questões diversificadas podem aparecer, de acordo com os rumos do diálogo. No caso de uma pintura de retrato, por exemplo, a figura humana pode iniciar o processo de mediação. Manet: um precursor do Impressionismo A pintura francesa do século XIX foi marcada pela forte presença da Academia, uma instituição mantida pelo Estado. Os Salões anuais exibiam as obras realizadas a partir de rígidas regras de composição, como o desenho naturalista, o correto emprego das cores e, sobretudo, a narrativa de temas considerados nobres, como cenas históricas e religiosas, personagens da mitologia e retratos de nobres. Mas um pintor chocaria a sociedade parisiense em 1863: Edouard Manet. Rejeitado pelo júri do Salão oficial, participou do Salão dos Recusados, mostrando assuntos e personagens de seu tempo, ao invés de apresentar seres mitológicos tão queridos pela Academia. Proposta de mediação Tocador de Pífaro é uma obra que traz a característica de Manet de buscar referências no passado, neste caso no pintor espanhol Diego Velásquez, e dar uma roupagem atual. As pinceladas livres, que deixam marcas aparentes, e o fundo difuso, sem precisão, anunciam o que os impressionistas iriam desenvolver em seguida. Exercícios de investigação Como a figura do músico ocupa quase a totalidade da composição, as perguntas podem girar em torno da personagem – a postura, o semblante, o uniforme, o tipo de música, como seria o som, o lugar em que ele toca, a época. Quem seria o menino? Importante informar que a Academia costumava exibir retratos de pessoas conhecidas. Manet representa alguém desconhecido, um modelo qualquer. Investigação da forma: observar como a simplicidade do fundo não indica o que é chão ou parede claramente. A área negra não apresenta variações de tons, parecendo quase bidimensional. Veja que o vermelho da calça tem poucas referências dos dobrados do tecido. As pinceladas são aparentes, sem o tratamento acadêmico e naturalista. <Pífano> (em português brasileiro) ou pífaro (em português europeu) ou ainda pife é uma pequena flauta transversal aguda similar a um flautim. Os pífanos são originários da Europa medieval e frequentemente usados em bandas militares. O pífano é um instrumento tradicional do Nordeste do Brasil, onde ainda se encontram as "bandas de pífanos" ou "bandas de pife cabaçal". Com sete orifícios, um para soprar e seis para dedilhar, seus tocadores transmitem a cultura do pífano - tanto a confecção, quanto o repertório - pela tradição oral, que, em geral, dispensa a partitura, sendo tocado de ouvido. Edouard Manet Le Fifre (O tocador de pífaro), 1866 Óleo sobre tela, 161 x 97 cm © RMN (Musée d'Orsay) / Hervé Lewandowski 04 Edouard Manet (Paris, França, 1832 - 1883) O Artista - Retrato de Marcellin Desboutin, 1875 Óleo sobre tela, 195,5 x 131,5 cm Coleção MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand Foto João L. Musa O RETRATO MODERNO: QUEBRA DOS VALORES ACADÊMICOS Manet apresentou a obra O artista: retrato de Marcellin Desboutin ao Salão de 1875 e, como previsto, foi recusado. A tela, de grandes dimensões, retrata o pintor Desboutin, um boêmio do círculo dos impressionistas, em uma cena simples e despojada. Retratos deste formato eram destinados aos nobres e aristocratas, geralmente chamados de retratos de pompa. Aqui, Manet mais uma vez usa referência da arte tradicional, mas colocando em cena um frequentador de bares, gente comum da sociedade. Proposta de mediação Diferente das poses elegantes dos retratos de elite, Desboutin aparece descontraído, segurando um saco com um cachimbo. Atrás dele, um cachorro lambe um copo sem olhar para o espectador. A cena parece estranha quando sabemos da tradição ainda em voga do retrato de elite do século XIX. Exercícios de investigação Trabalho com símbolos: a composição é bem econômica, aparecendo, além do pintor, o cachimbo em sua mão e o cachorro com o copo. Qual seria a relação entre esses elementos? Mostrar que os símbolos pertencem ao seu tempo, como o cachimbo, que estava associado à boemia no final do século XIX. O cão, além de criar um contraste de sua pelagem clara em relação aos tons escuros do quadro, traz também uma sutil ligação com a figura do pintor. Repare que ele bebe em um copo típico de bares, uma clara referência ao personagem principal. Contextualizando O Naturalismo era uma forma de representação que buscava mostrar as coisas do mundo da maneira mais fiel, como os corpos perfeitos, as cores da pele parecendo reais, as texturas dos objetos, o volume, a profundidade e as corretas proporções. Em 1863, aconteceu algo tão estranho que chegou a chocar Napoleão III: os jurados recusaram 3.000 obras de outros artistas que não atingiram a qualidade desejada pela Academia. Impressionado por essa quantidade, Napoleão III exigiu que essas obras fossem expostas em um salão paralelo, que ficou conhecido como “Salão dos Recusados”. Manet sempre desejou ser aceito na Academia, buscando no passado modelos da tradição, como Rafael, Ticiano e Velásquez. O que faltava então para o sucesso? Manet causava polêmica por dar um tom atual, cotidiano e corriqueiro aos assuntos, além de desenvolver uma pintura com pinceladas pouco convencionais, consideradas “sujas” pelos acadêmicos. 05 O IMPRESSIONISMO E A REVOLUÇÃO DO OLHAR O século XIX foi o tempo das pesquisas visuais. Teorias da cor, estudos sobre a retina e o funcionamento do olho, análises sobre a percepção, invenção da fotografia e, mais tarde, do cinema são algumas das contribuições da época para o conhecimento sobre a imagem e a visão. O grupo dos impressionistas acompanhou de perto essas discussões, tratando a pintura como instrumento científico. 06 Os impressionistas queriam mostrar através da pintura que as cores dos objetos dependiam da qualidade da luz. O amanhecer torna as paisagens azuladas, enquanto o meio-dia de verão tende ao branco, por exemplo. As estações do ano possuem cores próprias e isso poderia ser comprovado através de variadas pinturas da mesma paisagem em diferentes épocas. O pintor não precisaria mais misturar as cores na palheta, preferindo usá-las puras na tela. De longe, a retina faria a mistura, dando a sensação do colorido. Para captar o instante, a pintura impressionista deveria ser rápida e ao ar livre, sem os acabamentos e retoques típicos de ateliê. Assim, o desenho prévio não era mais necessário. Os impressionistas perceberam que as sombras não são castanhas ou pretas, mas formadas pelas cores complementares das cores dos objetos. Daí o colorido intenso das paisagens. Edgar Degas Danseuses montant un escalier (Dançarinas subindo uma escada),1886-1888 Óleo sobre tela, 39 x 89,5 cm © RMN (Musée d'Orsay)/ Hervé Lewandoswski Claude Monet La gare Saint Lazare (Estação de Saint Lazare), 1877 Óleo sobre tela, 75,5 x 104 cm © RMN (Musée d'Orsay) / Hervé Lewandowski O INSTANTE MODERNO: MONET E A PAISAGEM O quadro A Gare Saint Lazare, de Claude Monet, apresenta as características básicas do Impressionismo. Monet não se preocupou com o desenho, preferindo eliminar os contornos para conseguir o efeito do instantâneo. Proposta de mediação Nesta obra, a vida moderna aparece bem visível na paisagem, como a novidade da locomotiva a vapor. A ligação entre as cidades passou a ser mais rápida e a velocidade começou a ser característica da modernidade. Além disso, Monet compôs quase uma dezena de quadros do mesmo ponto de vista, mostrando que a cada instante as cores mudam de acordo com a luz. Exercícios de investigação Quando estamos bem perto do quadro, por que a imagem fica mais desfocada, com borrões aparentes? Qual seria o motivo de vermos melhor, com maior nitidez, de longe? Quais as cores mais usadas por Monet nesta obra? Quando os alunos perceberem o intenso jogo entre azuis e laranjas, mostre o quanto o uso equilibrado de cores complementares colabora para harmonizar a composição. O contexto do século XIX: como seria a vida das pessoas sem os transportes velozes? Seria interessante aqui exemplificar o tempo gasto para ir a algum lugar usando diferentes meios de locomoção: a pé, de carro, de trem, de avião. Contextualizando A primeira exposição impressionista aconteceu no estúdio de um famoso fotógrafo de Paris, Félix Nadar, em 1874. Um crítico, ao ver com decepção aqueles quadros com manchas e borrões, aproveitou o título do quadro Impressão: sol nascente, de Claude Monet e denominou o grupo de “impressionistas”. Apesar do tom pejorativo, os artistas assumiram o nome para identificá-los como grupo. Para facilitar a rápida mudança de uma tela para outra, com a intenção de não perder o instante, Monet criou um tipo curioso de cavalete: fez uma estrutura horizontal para acomodar várias telas em sequência. Assim, a cada hora do dia, ele podia passar para o lado sem precisar parar para trocar as telas. As pinturas em série ficaram muito famosas e resumem a pesquisa impressionista da relação entre a luz e a cor. O Impressionismo aconteceu em uma época de crise da representação tradicional na arte. A fotografia havia ocupado um lugar de registro mais dinâmico e aparentemente verdadeiro, por necessitar do modelo para existir. A pintura, então, precisava encontrar uma função nova na sociedade industrial, um novo valor de representação. 09 REFLEXOS DO INSTANTE: A ÁGUA COMO TEMA Uma das grandes paixões de Monet era a pintura de paisagens com água, como rios e praias. Cada obra revela um tratamento específico da superfície, uma curiosidade para compararmos algumas telas. Proposta de mediação Várias obras de Monet apresentam a paisagem aquática como motivo de suas pesquisas visuais. Como o artista não seguiu somente uma técnica para compor os reflexos e os efeitos de movimento da água, podemos explorar um conjunto de trabalhos para exemplificar essa diversidade. 10 Claude Monet Régates à Argenteuil (Regatas em Argenteuil), c. 1872 Óleo sobre tela, 48 x 75,3 cm © RMN (Musée d'Orsay)/ Hervé Lewandoswski Claude Monet (Paris, França, 1840 - Giverny, França, 1927) A Canoa Sobre o Epte, c.1890 Óleo sobre tela, 133 x 145 cm Coleção MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand Foto João L. Musa Exercícios de investigação Sempre que aparecer uma tela de Monet que represente passagens com rios, lagos e praias, propor uma observação atenta de como ele produz os reflexos. Mostrar as diferenças de pinceladas nas partes da composição, como o tratamento do céu, da terra e da água. É importante manter as referências entre as telas vistas, para sugerir a diversidade de técnicas a partir da comparação. Como reconhecemos as áreas alagadas do restante da composição? Comparar as duas obras acima: a tranquilidade de Regates a Argenteuil e o turbilhão de Canoa sobre o Epte. Mostrar o quanto a segunda obra é ousada em termos de composição, com o corte abrupto da figura do lado esquerdo. Contextualizando Para que as paisagens aquáticas fossem percebidas com maior intensidade, Monet criou um ateliê improvisado em um barco. Assim, ele poderia estar dentro do tema, captando com maior proximidade a essência de cada efeito, de cada impressão atmosférica. O Impressionismo foi considerado um movimento artístico ligado aos progressos científicos do século XIX. Isso aparecia representado nos temas, mas, sobretudo, na forma dos artistas enxergarem o mundo. Todos os efeitos captados por Monet em suas paisagens têm como base as pesquisas sobre contrastes simultâneos, do químico Michel-Eugène Chevreul, entre outros estudos da época. O círculo cromático, exibindo as cores primárias e secundárias, era ferramenta indispensável ao artista impressionista. Com ele, a combinação harmônica entre os contrastes colaborava para criar reflexos, sombras coloridas e misturas entre tons colocados próximos. RENOIR E O COTIDIANO: PERSONAGENS EM MOVIMENTO Enquanto Monet perseguia as sensações de cor e luz na paisagem, fosse da moderna Paris ou das regiões mais afastadas do grande centro, Auguste Renoir preferia o retrato da sociedade de seu tempo, sobretudo, do feminino. Conhecido pelo seu colorido intenso e delicado, Renoir parecia um cronista da burguesia parisiense, mostrando o dia a dia através de cenas comuns. Acreditava que a pintura deveria ser bela sempre. Para ele, o mundo estava repleto de coisas feias e tristes, cabendo à arte o papel de espalhar a beleza. O conjunto de sua vasta obra pode ser resumido em duas palavras: cor e alegria. Renoir trabalhou, quando menino, em uma fábrica de porcelanas como decorador. Estudou os mestres franceses do século XVIII pertencentes ao estilo Rococó, de onde absorveu o uso delicado das cores, a alegria das composições e os efeitos brilhantes de certas pinceladas. Para ele, o preto não era cor, e sim um vazio que deveria ser evitado. 12 Pierre-Auguste Renoir (Limonges, França, 1841 - Cagnes, França, 1919) Rosa e Azul (As Meninas Cahen d´Anvers), 1881 Óleo sobre tela, 119 x 74 cm Coleção MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand Foto João L. Musa Exercícios de investigação: Quando a obra enfatiza a figura humana como elemento principal, é comum iniciarmos o diálogo observando as personagens em ação em um ambiente específico. Neste caso, trazer para a discussão como Renoir consegue captar um instante de forma tão natural. Quais sentimentos as duas figuras parecem transmitir? Explorar diferentes possibilidades: ansiedade, descontração, concentração, nervosismo, tranquilidade, desatenção. Sobre a forma: analisar as texturas, sobretudo dos tecidos. Há tapetes, cortinas e os brilhantes vestidos das meninas. Mostrar o quanto a composição do ambiente colabora para o sentido de acolhimento e conforto. Investigar o papel das pinceladas para conseguir tamanha variedade de efeitos. Observar também a delicadeza dos rostos, como se fossem de porcelana. Sobre a composição: falar de plano aberto, como algumas paisagens de Monet, e plano fechado, como esta imagem de Renoir. Importante mencionar a influência da fotografia para o uso de cortes da cena, como forma de mostrar melhor o fragmento de realidade escolhido pelo pintor. Pierre-Auguste Renoir Jeunes filles au piano (Moças ao piano), 1892 Óleo sobre tela, 116 x 90 cm © RMN (Musée d'Orsay) / Hervé Lewandowski O PÓS-IMPRESSIONISMO: CAMPO ABERTO À EXPERIMENTAÇÃO Se o Impressionismo havia mostrado que a arte poderia seguir um caminho próprio, sem necessariamente estar a serviço do Estado, da Igreja ou de qualquer outra instituição, havia também despertado o interesse pela experimentação. A tela virou um espaço de pesquisas e o Impressionismo acabou sendo apenas uma possibilidade, uma maneira de ver o mundo. No lugar de apenas um estilo dominante, vários “ismos” se desenvolveram em um curto espaço de tempo. 14 10 <Neo-Impressionismo> Também conhecido como Pontilhismo, buscou aprofundar o que os impressionistas faziam, mas detendo-se nas características da cor. Os artistas estavam interessados pelas descobertas da Física e da Química, aplicando na tela pequenos pontos que deveriam ser misturados diretamente no olho. Georges Seurat e Paul Signac foram os principais representantes do Pontilhismo. <Simbolismo> Toda grande inovação traz consigo movimentos de reação contrária, como foi o Simbolismo em relação ao Impressionismo. Os artistas simbolistas criticavam a filiação do estilo aos saberes científicos. Assim, defendiam uma pintura baseada no mundo dos sonhos e da fantasia, longe do realismo impressionista. <Sintetismo> Este movimento representado pelo pintor Paul Gauguin seguiu os princípios do Simbolismo, mas enfatizando elementos “primitivos” ou mesmo infantis. A arte deveria ser livre dos moldes da natureza para explorar a simplicidade, muito influenciada pela arte de povos considerados exóticos na época. Van Gogh e Cézanne - Os dois pintores são considerados marcos da Arte Moderna e suas pesquisas individuais dificultam a sua filiação a algum movimento. São precursores de grandes correntes de vanguarda do século XX, como o Expressionismo e o Cubismo. 15 Paul Gauguin Les Alyscamps (Alyscamps), 1888 Óleo sobre tela, 91,5 x 72,5 cm © RMN (Musée d'Orsay)/ Hervé Lewandoswski 16 Paul Cézanne Rochers près des grottes audessus de Château-Noir (Rochedos perto das grutas acima de Château-Noir), c. 1904 Óleo sobre tela, 65 x 54 cm © RMN (Musée d'Orsay) / Hervé Lewandowski CÉZANNE: A COR CONSTRUINDO O MUNDO Paul Cézanne herdou a maneira de pintar ao ar livre dos impressionistas, mas o seu interesse pela natureza era bem diferente. Ele achava que a pintura poderia ser muito mais que o registro dos fenômenos da natureza, podendo reconstruí-la através de formas simples, como cilindros, cones e esferas. Proposta de mediação A postura de Cézanne diante da natureza era uma novidade e uma ousadia. Se o Impressionismo formava borrões capazes de criar efeitos óticos atmosféricos, de certa forma ainda associado ao Realismo, Cézanne se afastou radicalmente de qualquer aspecto realista. Para a mediação, é fundamental propor a observação da estrutura formal do quadro, como o artista usa a cor para compor a paisagem. Exercícios de investigação Olhar bem de perto os detalhes da paisagem. Verificar os tons, as largas áreas de cor e o efeito quase quadriculado da superfície. A imagem é nítida de perto? Quais elementos aparecem visíveis que possam indicar que se trata de uma paisagem? Cézanne estava preocupado com o instante, com a atmosfera do lugar, conforme os impressionistas trabalhavam? Qual a principal diferença entre as pinceladas de Cézanne e as de Monet ou Renoir? Em relação ao espaço, há a sensação de profundidade? Como os elementos, rochas e árvores, estão organizados? Se conseguirmos ver profundidade, qual seria a técnica de Cézanne, pois não aparece nenhuma noção de perspectiva na composição? Contextualizando Cézanne sempre recebeu críticas negativas de seu trabalho, o que o chateava bastante. Por suas pinceladas grossas e sem aquele efeito ótico dos impressionistas e dos neoimpressionistas, sua obra era ainda mal compreendida. Porém, ele não precisava se preocupar em vender quadros, pois havia recebido uma generosa herança com a morte do pai. Cézanne pouco falava de arte e vivia isolado, imerso em sua pintura. Entretanto, o pouco que falou influenciou toda uma nova geração de artistas modernos, como Pablo Picasso e Henri Matisse. Ambos costumavam dizer que Cézanne era uma espécie de pai. Com Cézanne, a pintura se afasta de vez de qualquer relação de proximidade com a natureza, transformando-se em objetos autônomos e com realidades próprias. A representação em pintura se torna específica, existindo somente no espaço da tela, como se fosse um mundo particular, criado a partir da vontade do artista. 17 VAN GOGH: A COR QUE FALA Solitário como Cézanne, Vincent Van Gogh também trilhou um caminho de análise da cor, dandolhe um significado poético e expressivo. Ele queria uma pintura que pudesse gritar, falar ao próximo, tocar os sentidos e sentimentos. Passou a usar o gesto e as cores fortes para comunicar. Proposta de mediação Van Gogh costumava dar igual valor aos temas e à forma de executar a pintura. Para ele, o tema não era apenas o pretexto para compor o quadro, mas o meio simbólico de usar o conhecimento sobre cores, espaço e luz. Exercícios de investigação Após a análise de obras impressionistas que eliminaram o desenho, ou seja, o contorno das figuras, procure despertar nos alunos a percepção das linhas grossas usadas por Van Gogh. A imagem apresenta um salão de dança em Arles visivelmente lotado de pessoas. Proponha uma observação atenta para identificar alguma personagem que se destaque. Repare que, no lado direito, há uma figura feminina que parece olhar para o espectador, ou seja, o próprio pintor. Trata-se de Madame Roulin, esposa de um carteiro que morava próximo ao artista. 18 Contextualizando O que eu gostaria de descobrir é o efeito de um azul mais intenso no céu. (...) Meu Deus, sim, se pegarmos um punhado de areia seca, se a examinarmos de perto, a água também o ar, vistos desta maneira são todos incolores. Não há azul sem amarelo e sem alaranjado, e se colocarmos o azul, então temos de colocar o amarelo, e o alaranjado também, não é? Ah bem, você dirá que eu só escrevo banalidades. (Carta de Van Gogh ao pintor Emile Bernard, 1888). Ao intensificar o valor da cor, da textura e da linha com as pinceladas gestuais, Van Gogh abriu o caminho para o Expressionismo, movimento moderno que percebeu o quanto a pincelada tem o poder de comunicar. Van Gogh La salle de danse à Arles (Salão de dança em Arles), 1888 Óleo sobre tela, 65 x 81 cm © RMN (Musée d'Orsay) / Hervé Lewandowski 20 Henri de Toulouse-Lautrec (Albi, França, 1864 - Château de Malromé, França, 1901) A Bailarina Loïe Fuller Vista dos Bastidores (A Roda), 1893 Óleo e têmpera sobre cartão, 63 x 47 cm Coleção MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand Foto João L. Musa TOLOUSE-LAUTREC E O MUNDO DO ESPETÁCULO Henri de Toulouse-Lautrec viveu intensamente a vida noturna de Paris do fim do século XIX, frequentando cabarés e bares repletos de boêmios. Mas ele não estava por ali apenas para se divertir; pintou cenas inusitadas das personagens da noite, como dançarinas, prostitutas e uma multidão de anônimos em busca de prazer. Proposta de mediação Para captar instantes tão fugidios das cenas noturnas, Toulouse-Lautrec usou técnicas de pintura de feitura mais rápida, como o guache e o pastel. A obra A Roda, por exemplo, substituiu a tela pelo cartão, material fácil de transportar, apesar de o papel ser considerado, naquele tempo, inferior em relação aos meios tradicionais de pintura. Exercícios de investigação A primeira impressão da cena e que mais chama a atenção é a pose da dançarina. Com traços rápidos, como num esboço, Toulouse-Lautrec procura congelar um momento que durou frações de segundo. Instigar o aluno a perceber a cena como um todo, pois a dançarina parece desafiar a lei da gravidade. Mostrar a ousadia do artista ao registrar um instante deselegante, mas verdadeiro enquanto registro. 21 Reparar que, em grandes áreas do quadro, Toulouse-Lautrec aproveitou a cor do próprio cartão, como no piso e na saia da dançarina. Isso, além de economizar tempo, confere uma ideia de velocidade, combinando com a dinâmica da própria dança. Ao mesmo tempo, porém, o artista deixa a obra com uma sensação de inacabado. Toulouse-Lautrec trabalhou como ilustrador de revistas e também criando cartazes para shows, duas atividades diretamente ligadas à circulação cada vez maior da imagem. Mostrar o quanto o seu peculiar modo de pintar está inteiramente ligado ao seu tempo, principalmente ao mundo do espetáculo. Contextualizando A relação próxima entre Toulouse-Lautrec e os espetáculos noturnos de Paris deu ao artista a oportunidade de produzir diversos cartazes promocionais de teatros e cabarés. O seu desenho, que às vezes beira a caricatura, lançou moda na época, revolucionando a publicidade em plena ascensão. Toda a movimentação em torno do mundo do espetáculo aconteceu no período que chamamos de Belle Époque. Foi uma fase de progresso iniciado na França e que depois se espalhou pelo mundo, inclusive no Brasil. Na arte, houve a valorização dos elementos decorativos vindos do movimento Art Nouveau, o qual influenciou bastante a pintura de Toulouse-Lautrec. IMPRESSIONISMO NO BRASIL Paris era o centro cultural do Ocidente no final do século XIX. A moda, a arte e os costumes franceses influenciaram o gosto em quase toda grande cidade. Quando o Impressionismo venceu as críticas negativas das primeiras exposições e se tornou um sucesso na década de 1880, toda a sua pesquisa visual de cor e luz impregnou a mente de jovens pintores de várias nacionalidades. Foi assim também com os artistas brasileiros Eliseu Visconti e Belmiro de Almeida, originários da tradição acadêmica, mas tocados pelas experimentações modernas quando estiveram em Paris. ELISEU VISCONTI: ENTRE A ACADEMIA E O MODERNISMO Formado pela Academia Imperial das Belas Artes, Eliseu Visconti não ficaria restrito aos modelos tradicionais. Ele já possuía aquele espírito moderno da experimentação, da vontade de ver até onde a pintura poderia ir. Proposta de mediação Eliseu Visconti foi um dos primeiros pintores a apresentar o Impressionismo ao público brasileiro. A sua passagem pelo Impressionismo marcou uma fase de cores brilhantes, como observamos na obra Carrinho de criança. 22 Exercícios de investigação Quantos tons de verde o pintor usou? Qual a cor usada para intensificar ainda mais o verde? Mostrar o que os tons avermelhados colaboram para realçar os verdes, em uma pesquisa de cores complementares. Apesar de branco, o vestido da mãe reflete tons variados do ambiente. Bom momento para exercitar o olhar em relação às influências mútuas entre as cores, ou seja, o quanto a combinação interfere na nossa percepção. Contextualizando O Rio de Janeiro importou o clima da Belle Époque parisiense e, com o prefeito Pereira Passos, sofreu mudanças drásticas de urbanização, como a abertura da Avenida Central em plena área tipicamente barroca. O Modernismo havia chegado não apenas na pintura, mas em várias áreas sociais. A luz elétrica transformou os hábitos das pessoas, incluindo a noite como uma extensão do dia. Se antes da eletricidade a noite era apenas para os boêmios e vagabundos, passou a ser momento de diversão, tendo o cinema como principal atração. 23 Eliseu Visconti Carrinho de criança, c.1916 Óleo sobre tela 66 x 81 cm Coleção Museus Castro Maya / Ibram / MinC, RJ Foto Photo Síntese Fotografia PROPOSTA DE VIVÊNCIA PARA PROFESSORES: IMPRESSIONISMO Algumas especificidades da pesquisa impressionista são materiais ricos para desdobramentos em sala de aula, com o objetivo de apropriação dos valores do estilo. Pintura ao ar livre, com pinceladas soltas e luminosas, captação do movimento, uso de sombras coloridas e angulação vinda da linguagem fotográfica são algumas possibilidades de exploração. Abaixo, oferecemos algumas atividades para alunos, buscando ampliar o diálogo com as obras após a sua leitura e contextualização. Como exemplo, o professor pode aproveitar recursos disponíveis em sua sala e na própria escola, como: Usar a parte externa da escola – pátio, jardim, fachada, paisagem. Preferencialmente locais onde haja luz solar. 24 Em caso de turmas com horários noturnos, o professor pode utilizar as pesquisas de claro e escuro, sombras projetadas, pinturas em tons escuros, sem, no entanto, usar a tinta preta. Alunos que possuam celulares com recurso de câmeras fotográficas podem pesquisar na prática a escolha do recorte, o porquê de determinadas partes ficarem de fora, o enquadramento e a composição. O registro de personagens da própria escola, através de retratos que posteriormente podem ser transformados em telas. O importante nesse momento é estabelecer o diálogo entre o Impressionismo e a Arte Contemporânea, como se dá a abertura para o Modernismo e como os princípios adotados pelo estilo do “instante” influenciaram e continuam presentes na Arte de hoje. Então, mãos à obra! QUAL É A COR? Materiais Lanterna ou abajur. Lâmpadas nas cores vermelha, amarela e azul ou papel celofane nas mesmas cores. Objetos coloridos nas cores citadas (peças, brinquedos, canetinhas). Preparo Separe as peças coloridas em três grupos. Procure agrupar pela tonalidade das peças. Grupo 1 – peças vermelhas, luz vermelha. Grupo 2 – peças azuis, luz azul. Grupo 3 – peças amarelas, luz amarela. Acenda as lanternas (preferencialmente uma de cada vez e em uma sala escura) e observe as cores das peças. Proponha a troca das luzes e observe as cores que irão surgir. O objetivo desta atividade é observar e discutir um dos princípios do Impressionismo, no qual a luz incidente sobre os objetos pode alterar sua tonalidade. Como sugestão para o aprofundamento da reflexão, sugerimos a leitura de artigos sobre cores primárias e cores luz. 25 COR E FORMA Materiais Retroprojetor, recipiente raso e transparente, um pouco de água e pigmentos nas cores vermelha, azul, amarela. Acenda o retroprojetor e coloque sobre ele o recipiente, com uma fina lâmina de água. Divida os alunos em grupos. 26 Proponha que dois alunos respinguem pausadamente pigmentos de cor diferente, um de cada vez, nas extremidades opostas do recipiente. Um terceiro aluno, com um pincel, puxa ambos os pigmentos para o meio do recipiente, tentando criar linhas de movimento e misturando as cores. Os outros observam e anotam impressões sobre a interação das cores e formas. O objetivo desta atividade é observar e discutir os princípios de formação do pigmento de cor. Lembre-se que alguns impressionistas não misturavam suas cores, mas criavam camadas que, vistas a uma certa distância, eram “misturadas” pelo olhar. Perceba como a luz e os pigmentos alteram as cores. Como sugestão para o aprofundamento da reflexão, sugerimos a leitura de artigos sobre a cor-pigmento e os processos que a envolvem. FIGURA E FUNDO Materiais Revista, calendários, papéis coloridos, tesoura e cola. Inicialmente, peça que os alunos procurem figuras humanas. Em seguida, peça a eles que observem a relação entre as figuras e os fundos. Agora, com a tesoura, separe as formas do fundo. Procure estabelecer novas relações entre forma e fundo, substituindo-o. Como proposta de reflexão, proponha que os alunos reflitam sobre os próprios vestuários e as ocasiões em que são usados. Você pode começar pelo uniforme escolar. Em que local ele é usado? 27 CENAS COTIDIANAS Materiais Cartolina e giz (pode ser giz pastel ou cera). 28 Em uma conversa com seus alunos, estabeleça algumas cenas que façam parte do seu cotidiano (em casa, na rua, no clube, na escola). Divida os alunos em subgrupos. Cada um irá compor a cena escolhida como se fosse uma cena teatral. Disponha-os em um círculo, onde cada um irá registrar a cena de um ângulo diferente com a cartolina e o giz. É importante que a cena seja registrada da forma mais completa possível. Estimule os seus alunos a criarem um desenho para o corpo, evitando assim o famoso corpo de palito. Concluída essa fase, cada um irá terminar o seu desenho, dando volume e texturas variadas à cena. Exponha as imagens na sala e peça que busquem relações entre as imagens e a realidade. PATROCÍNIO EDUCADORES Banco do Brasil Alessandra Biá Carlos Lima Clara Santhana David Alfredo Felipe Capello Gaia Traverso Jaspe Mattos Marcelo Augustinho Mariana Paulse Sandne Paz Verônica Santos Wallace Berto REALIZAÇÃO Centro Cultural Banco do Brasil COORDENAÇÃO GERAL Daniela Chindler COORDENAÇÃO DE AÇÕES EDUCATIVAS Alexandre Diniz COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO Cristiane Leal Flávia Rocha COORDENAÇÃO ARTÍSTICA ARTES CÊNICAS E MÚSICA Gabriel Sant'Anna ASSISTENTE [Verso] Paul Gauguin Paysannes bretonnes (Camponesas bretãs), 1894 Óleo sobre tela, 66 x 92,5 cm © RMN (Musée d'Orsay) / Hervé Lewandowski DE PESQUISA Thiago Jatobá SUPERVISÃO OPERACIONAL Elaine de Souza Bruno Imenes Joubert Assumpçâo CADERNO ESTAGIÁRIOS DE DO CADERNO Gustavo Gavião COLABORAÇÃO Alexandre Diniz REVISÃO Tatiane Souza PROJETO GRÁFICO André Ferreira Lima EXPOSIÇÃO IMPRESSIONISMO PARIS E A MODERNIDADE OBRAS-PRIMAS MUSÉE D'ORSAY - PARIS, FRANÇA CURADORIA GERAL Camila Araújo Camilla Costa Camila Cunha Dally Velloso Fernanda Paixão Fernando Codeço Hugo Grativol Júlia Chindler Lorena Álvares Luisa Mendes Luisa Nolasco Manuel Thomas Mariana Leocádio Martha Soares Nívea de Santana Raísa Curty Ticiano Lima INTÉRPRETE REDAÇÃO Guy Cogeval Presidente dos museus d'Orsay e de l'Orangerie Pablo Jiménez Burillo Diretor-Geral do Instituto de Cultura da Fundacíon MAPFRE CURADORIA CIENTÍFICA Caroline Mathieu Conservadora-Chefe no Musée d'Orsay Rua Primeiro de Março, 66 Centro 20010-000 Rio de Janeiro, RJ Informações e agendamento Tels. 21 3808 2070 / 3808 2254 De segunda a sexta, das 9h às 17h bb.com.br/cultura LIBRAS Caroline Lucena CCBB EDUCATIVO – 1º andar Serviço de transporte gratuito para escolas públicas e ONG SAC 0800 729 0722 Ouvidoria BB 0800 729 5678 Deficientes Auditivos 0800 729 0088 Material elaborado para distribuição gratuita nos encontros Práticas e Reflexões com Educadores. facebook.com/ccbb.rj twitter.com/ccbb_rj Ministério da Cultura