resumos dos posters

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ANATOMIA PATOLÓGICA
0001
TUMOR MIOFIBROBLÁSTICO INFLAMATÓRIO DA MAMA - A PROPÓSITO DE UM
CASO CLÍNICO
Rita Medeiros, Olga Caramelo, Teresa Rebelo, Isabel Torgal
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal
Introdução: O tumor miofibroblástico inflamatório (TMI) ou pseudotumor inflamatório (PI) é
uma lesão benigna, de etiologia desconhecida, que pode atingir qualquer tecido e ser
confundido, clínica e imagiologicamente, com uma lesão maligna. São mais frequentes em
idades jovens atingindo preferencialmente o pulmão e vias aéreas, podendo também
ocorrer no trato gastro-intestinal, genitourinário, retroperitoneu, mesentério, mediastino,
fígado, órgãos pélvicos e sistema nervoso central. O envolvimento da mama é muito raro,
principalmente em idades pós menopáusicas, pelo que a sua história natural, recorrência e
potencial metastático permanecem mal definidos. O tratamento de escolha é a exérese da
lesão com margens livres.
Caso clínico: Doente de 61 anos enviada à consulta por apresentar em mamografia de
controlo uma zona nodular com espiculação e microcalcificações na união dos quadrantes
superiores da mama esquerda. Ao exame mamário apresentava apenas ligeiro
empastamento na referida região. A biopsia revelou nódulo fibro-inflamatório do tipo
citoesteatonecrose mas após discutido o caso com a Radiologia concluiu-se que a imagem
não era compatível com o diagnóstico pelo que a doente foi proposta para exérese da
lesão orientada por arpão. O estudo histológico revelou "Tumor miofibroblástico de baixa
agressividade biológica enquadrável em tumor miofibroblástico inflamatório da união dos
quadrantes superiores da mama esquerda, com 1,5cm, com margem livre de 1,5mm." A
doente permaneceu em vigilância clínica e imagiológica no nosso Serviço e dez meses
após a cirurgia a paciente encontrava-se bem e sem sinais de recidiva tumoral.
Conclusão: O tumor miofibroblástico inflamatório da mama representa uma entidade rara,
com um número reduzido de casos publicados na literatura. Apesar de ser uma lesão
benigna, a recorrência e o potencial metastático existem pelo que é imperativa uma
vigilância clínica e imagiológica regular após o tratamento cirúrgico da lesão.
Bibliografia:
1. Boss K., Ott C., Biegner T., et al. 23-year-old female with an inflammatory
myofibroblastic tumour of the breast: a case report and a review of the literature.
Geburtshilfe und Frauenheilhd. 2014 Fev; 74(2): 167-170.
2. Khanafshar E., Phillipson J., Schammel D.P., et al. Inflammatory Myofobroblastic Tumor
of the Breast. Ann Diagn Pathol. 2005 Jun; 9(3): 123-9.
3. Kim S.J., Moon W.K., Chang C.M., et al. Inflammatory Pseudotumor of the Breast: a
case report with imaging findings. Korean J Radiol. 2009 Sep-Oct: 10(5) 515-518.
4. Markopoulos C., Charalampoudis P., Karagiannis E., et al. Inflammatory Myofobroblastic
Tumor of the Breast. Case Resports in Surgery. 2015.
0002
LINFOMA MAMÁRIO: MIMETIZAÇÃO DE CARCINOMA INFLAMATÓRIO MAMÁRIO
Ana Melo, Cátia Ferreira, Luís Madureira, Ana Esteves, Herculano Moreira
Centro Hospitalar de Tras-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal
Introdução: O linfoma mamário é uma doença rara, constituindo cerca de 0,04 a 0,5% das
neoplasias mamárias malignas. O comportamento do linfoma mamário é semelhante ao
dos outros linfomas do mesmo tipo histológico. Mais de 80% são linfomas de células B,
sendo o principal tipo histopatológico o linfoma B difuso de células grandes (50%).
Geralmente apresenta-se como massa indolor no quadrante superior externo, com sinais
inflamatórios e adenopatias.
Os achados mamográficos são inespecíficos, sendo o diagnóstico realizado por biópsia
com exame histológico e imunohistoquímico.
Objetivo: apresentação de caso clínico.
Material e métodos: processo clínico do doente.
Desenvolvimento: Mulher de 81 anos, com mastalgia direita associada a sinais
inflamatórios com quinze dias de evolução, surgindo após traumatismo.
Ao exame objetivo, apresentava mama direita com sinais inflamatórios exuberantes, sem
identificação de outras lesões, e conglomerado adenopático axilar e supraclavicular
homolateral, sugerindo carcinoma inflamatório mamário.
O estudo mamográfico mostrou espessamento cutâneo e densificação do tecido mamário
envolvendo os quadrantes externos da mama direita e lesão volumosa associada. A
biópsia do tecido mamário diagnosticou Linfoma não Hodgkin de alto grau (linfoma difuso
de células grandes).
A doente foi encaminhada para Consulta de Hematologia e proposta terapêutica
combinada (quimioterapia e radioterapia).
Conclusão: Apesar de ser uma entidade rara, o linfoma mamário deve ser considerado
como diagnóstico diferencial aquando da presença de sinais inflamatórios mamários.
A orientação terapêutica adequada é a quimioterapia, radioterapia ou terapêutica
conjugada. A mastectomia não oferece benefício quer no tratamento quer na recorrência
da doença.
0003
CARCINOMAS NEUROENDÓCRINOS DA MAMA
Catia Ribeiro, João Lobo, Alexandre Sousa, Ana Ferreira, Pedro C. Martins, Pedro
Antunes, Conceição Leal, Fernando Castro, Joaquim Abreu
IPO, PORTO, Portugal
Introdução: Os Carcinomas Neuroendócrinos Primários da Mama (CNEPM) são
neoplasias raras, representando cerca de 0.1% das neoplasias mamárias. A classificação
da OMS 2012 subdivide o grupo dos carcinomas mamários com diferenciação
neuroendócrina em três categorias: tumor neuroendócrino bem diferenciado, carcinoma
neuroendócrino pouco diferenciado/carcinoma de pequenas células e carcinoma da mama
com diferenciação neuroendócrina. A expressão imunocitoquímica de marcadores
neuroendócrinos (geralmente cromogranina e/ou sinaptofisina) é necessária para o
diagnóstico. A ausência de caraterísticas clínicas e imagiológicas específicas e a
sobreposição de características morfológicas e imunocitoquímicas com carcinomas usuais
da mama (ductais, mucinosos e papilares sólidos mais frequentemente) pode levar ao
subdiagnóstico.
Material e Métodos: Análise retrospetiva dos casos com diagnóstico de CNEPM
diagnosticados no Instituto Português de Oncologia do Porto até Julho de 2015.
Resultados: Foram identificados 6 casos de CNEPM, todos em doentes do sexo feminino
com idades compreendidas entre os 42 e 65 anos. O tamanho das lesões variou entre 1340 mm. Todas as doentes foram submetidas a tratamento cirúrgico: 3 doentes submetidas
a mastectomia radical modificada, 2 a mastectomia total com biopsia de gânglio sentinela
e 1 doente a mastectomia parcial com biopsia de gânglio sentinela. Em 5 casos a
expressão de receptores de estrogéneo e progesterona foi positiva. Em 3 casos havia
metastização ganglionar e o número de gânglios positivos variou entre 2 e 24. A doente
com metastização ganglionar maciça apresentava metastização óssea no momento do
diagnóstico. Foi efectuado tratamento adjuvante com quimioterapia em 5 casos,
radioterapia em 4 casos e hormonoterapia em 3 casos. O intervalo de follow-up variou
entre 12 e 180 meses. Uma doente apresentou metastização hepática aos 60 meses.
Todas as doentes estão vivas e quatro destas sem evidência de doença.
Conclusão: O carcinoma neuroendócrino primário da mama é uma entidade rara e de
difícil caraterização. O seu diagnóstico definitivo implica a realização de imunocitoquímica
em casos morfologicamente suspeitos de diferenciação neuroendócrina. A existência de
carcinomas usuais da mama, (alguns de reconhecido bom prognóstico como carcinomas
mucinosos e papilares), com diferenciação neuroendócrina dificulta a individualização de
um “tipo” de carcinoma neuroendócrino da mama. Até à data foram publicados resultados
de pequenas séries e estes são discordantes quanto à influência da diferenciação
neuroendócrina no prognóstico e na eficácia das terapêuticas adjuvantes. Como em todos
os casos de neoplasias raras é fundamental o desenvolvimento de bases de dados multiinstitucionais, para uma melhor caraterização.
Bibliografia: Rosen PP; In: Rosen's breast pathology. New York: Lippincott-Raven; 4th
edition. p 667-687
Graça S, Esteves J, Costa S, et al. Neuroendocrine breast cancer. BMJ Case Rep. 2012
Aug 13;2012
0004
ANGIOSSARCOMA PRIMÁRIO DA MAMA
Cátia Ribeiro, Sonia Carvalho, Jose Carlos Pereira, Ana Mesquita, Pedro Antunes,
Mariana Afonso, Fernando Castro, Joaquim Abreu
IPO, PORTO, Portugal
Introdução: Os sarcomas mamários constituem um grupo heterogéneo de neoplasias e
representam 1% dos tumores malignos da mama. Os angiossarcomas da mama são
tumores de origem endotelial e podem ser primários ou secundários ao tratamento
adjuvante com radioterapia ou a linfedema crónico (Síndrome de Stewart-Treves). Os
factores de prognóstico clássicos, como o tamanho e o grau histológico, parecem não ter
uma correlação direta com o prognóstico. A metastização ganglionar ocorre em 10% dos
casos, habitualmente associada a metastização à distância. Na nossa instituição estão
registados, 11 casos de angiossarcoma da mama, 7 casos secundários a radioterapia, 1
caso associado ao Síndrome de Stewart- Treves e 3 casos de angiossarcoma primário da
mama.
Caso Clínico: Doente de 55 anos com antecedentes de excisão de fibroadenoma da
mama direita, aos 35 anos. Apresentava queixas de mastodinia e aumento do volume da
mama direita, no mês prévio à sua referenciação. Ao exame objetivo apresentava uma
assimetria de volume da mama direita, sem alterações cutâneas, com uma massa palpável
de 10 cm de diâmetro, ocupando a totalidade da transição dos quadrantes externos (TQE),
sem sinais de invasão da pele ou da parede torácica. Não apresentava adenopatias locoregionais palpáveis.
A mamografia e ecografia revelaram uma densidade assimétrica com distorção arquitetural
de limites mal definidos, que correspondia a uma massa sólida, heterogénea, localizada na
TQE da mama. A RM mamária revelou uma lesão tumoral com 9,5x 5,3 cm na TQE, com
intensa captação precoce e com curva cinética suspeita. O estudo anatomopatológico da
lesão obtida por microbiópsia foi compatível com angiossarcoma e a citologia aspirativa de
uma adenopatia axilar identificada por ecografia não revelou a presença de células
malignas. O estudo realizado para estadiamento não evidenciou sinais de metastização à
distância. Depois da avaliação multidisciplinar foi submetida a mastectomia total com
biopsia de gânglio sentinela em abril de 2015. O exame histológico definitivo confirmou
tratar-se de um angiossarcoma primário da mama, com aspetos variados de diferenciação
com predomínio de áreas bem/moderadamente diferenciadas, mas focalmente com áreas
pouco diferenciadas. Foram isolados dois gânglios axilares que não evidenciavam
metastização. Foi proposta em Consulta de Grupo Multidisciplinar para tratamento
adjuvante com Radioterapia (60 Gy).
Discussão: Os angiossarcomas da mama são neoplasias raras e de mau prognóstico,
não estando descritas diferenças morfológicas e/ou prognósticas entre tumores primários e
secundários. Dado o comportamento agressivo destas neoplasias, o diagnóstico precoce
e preciso são importantes factores de prognóstico. O tratamento recomendado é a
cirurgia. O número reduzido de casos limita a interpretação dos resultados, motivo pelo
qual não existe na literatura um consenso alargado relativamente ao melhor tratamento
adjuvante e as opções são limitadas. São essenciais estudos futuros para uma melhor
caracterização da biologia destes tumores, com identificação do perfil molecular e
genético, que permita desenvolver terapêuticas específicas e optimizar o tratamento deste
tipo de tumores.
Bubliografia: Schnitt S.J.; Collins C. L.; Biopsy interpretation séries, biopsy interpretation
of the breast, 2nd edition; Lippincott-Raven; p 419-429
Rosen PP; In: Rosen's breast pathology. New York: Lippincott-Raven; 4 th edition p 10951167
0005
TUMOR SÍNCRONO DA MAMA - CASO CLÍNICO E REVISÃO DA LITERATURA
Maria Inês Reis1, Ana Biatriz Facone2, Fernanda Barbosa2, Marcus Venicius Corpa2,
Monica Rodriguez2, Antonio Luiz Frasson2 ,3
1
Hospital de Cascais Dr. Josè de Almeida, Lisboa, Portugal, 2Hospital Israelita Albert
Einstein, Sao Paulo, Brazil, 3Faculdade de Medicina da PUCRS, Porto Alegre, Brazil
Introduction: Synchronous bilateral invasive breast carcinoma (SBIBC) accounts for 0.3%
to 12% of all breast cancers. Discrepant incidence rate might be explained on the basis of
its heterogeneous definition or mode of detection. A positive family history for breast
carcinoma is a well-established risk factor for bilateral breast carcinoma. The authors
present a clinical case to alert and keep in mind the importance of careful screening of all
patients with breast cancer.
Case Report: A 53-year-old women presented for pre-surgical evaluation for breast
prosthesis substitution. She had a palpable nodule in the right breast for one year, stable
ever since. Surgical history included bilateral mastopexy by the age of 23 and breast
augmentation with prosthesis 7 years ago. Family history revealed a sister, ant and
maternal grandmother with breast cancer at the age of 52, 60 and 80, respectively. Recent
mammography scan showed bilateral round calcifications and high dense breast tissue (BiRads 0). Breast ultrasound did not revealed relevant findings and the MRI showed a
heterogeneous enhancement type I curve, with 1,7X1,2 cm on SLQ in the right breast, a
homolateral axillary lymphadenopathy, and a complex cist with 1,8X1,2 cm on MSQ on the
left. She undertook other staging exams, which reported normal results.
Based on the findings, patient underwent bilateral core biopsy of both lesions, and axillary
lymph node fine needle aspiration, which revealed bilateral ductal invasive carcinoma and
the lymph node was negative for neoplastic cells.
A nipple and skin spearing mastectomy with bilateral sentinel lymph node biopsy and
immediate breast reconstruction with prosthesis was performed.
Histopathologic evaluation confirmed a bilateral carcinoma with concordant tumor size and
lymph node status. However, both tumors presented different histologic grade, proliferation
rate and ER and PgR levels.
Discussion: Literature reports a lively discussion on surgical management of patients with
SBIBC. Traditionally, most clinicians have approached bilateral disease more aggressively
than unilateral disease which would explain the higher incidence of bilateral mastectomies.
However, Intra et al. concluded that SBIBC has a less aggressive behavior and therefore,
whenever possible, a conservative surgery should be performed. In our case, a satisfactory
esthetic result would not be achieved with conservative surgery because of patients small
breast size. That was the main reason for bilateral mastectomy. We found histologic
concordance between both tumors that has been documented in multiple studies. Contrary
to other studies, the hormonal receptors concordance was not observed.
Conclusion: Despite conservative treatment does not affect overall disease-free survival
the patient cosmesis must be taken into account. Most physicians do not accumulate a
large personal experience on synchronic breast tumors. In uncommon conditions the best
way to make certain that the diagnosis is made is to be aware of its possible existence.
References
1. Metcalfe k, Lynch HT et al. Contralateral Breast Cancer in BRCA1 and BRCA2 Mutation
Carriers. J Clin Onc. 2004;12:2329-2335.
BIOLOGIA
0006
QUANTIFICAÇÃO DE MRNA DE CITOQUERATINA 19 E PRESENÇA DE
METASATASES NO ESVAZIAMENTO AXILAR DE DOENTES COM CARCINOMA DA
MAMA
Mariana Torres1, Helder Coelho2, Carla Antunes2, Ana Calderon2, Maria José Brito2, Marco
Vieira3
1
Serviço Ginecologia,Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal, 2Serviço Anatomia
Patologica, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal, 3Unidade Senologia, Hospital
Garcia de Orta, Almada, Portugal
Objetivos: A técnica de estudo do gânglio sentinela da mama utilizando a tecnologia de
análise de mRNA de citoqueratina 19 ("One-Step Nucleic Acid Amplification- OSNA") é
utilizada para a determinação da presença de metástases no gânglio sentinela e leva, no
caso de macrometastases, a uma cirurgia de esvaziamento ganglionar axilar em muitos
centros.
O objetivo deste estudo é analisar se a carga de mRNA de citoqueratina 19, determinada
no gânglio sentinela, se correlaciona com a presença de metástases no esvaziamento
axilar.
Material e Métodos: Estudamos 163 casos consecutivos de cirurgia por carcinoma da
mama operados pela mesma equipa cirúrgica e em que a positividade do gânglio sentinela
foi determinada por OSNA.
Resultados: Trinta e seis casos foram positivos para macrometasses em 1 ou mais
gânglios sentinela, dos quais 16 casos tinham apenas um gânglio sentinela positivo. Em 7
destes casos havia metástases no esvaziamento ganglionar e 9 casos tiveram um
esvaziamento axilar negativo.
A carga média de mRNA de citoqueratina 19 nos casos com um só gânglio sentinela
positivo e esvaziamento axilar negativo foi de 112 900 cópias/uL e nos casos com um só
gânglio sentinela positivo e esvaziamento axilar positivo a carga média de mRNA de
citoqueratina 19 foi de 1 618 514 cópias/uL.
Conclusão: Uma carga elevada de mRNA de citoqueratina 19 suporta a existência de
metástases no esvaziamento axilar ganglionar.
Estudos com maior número de casos são necessários para a obtenção de um limiar que
possibilite a aplicação do valor de carga de mRNA de citoqueratina 19 nas indicações para
possível esvaziamento axilar ganglionar, no caso de gânglio sentinela positivo.
Bibliografia
Sentinel node tumour burden quantified on cytokeratin 19 mRNA copy number predicts
non-sentinel node metastases in breast cancer. Osako T, Iwase T, Kimura K, Akiyama
F.Eur J Cancer 2013, 49(6): 1187-95.
0007
MUTAÇÃO DO GENE CDH1 E CARCINOMA LOBULAR DA MAMA, A PROPÓSITO DE
UM CASO CLÍNICO
Cristina Fernandes1, Susy Costa1, André Torres Magalhães1, Manuela Baptista1, Isabel
Amendoeira2, Sérgio Castedo3, Alda Correia4, Fernando Osório1, José Luís Fougo1, José
Costa-Maia1
1
Serviço de Cirurgia Geral, Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal, 2Serviço de
Anatomia Patológica, Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal, 3Serviço de Genética
Médica, Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal, 4Serviço de Ginecologia e
Obstetrícia, Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal
As mutações germinativas no gene que codifica a E-caderina (CDH1) estão na origem do
carcinoma gástrico difuso hereditário. O carcinoma lobular da mama é uma neoplasia
associada ao Síndrome do Carcinoma Gástrico Difuso Hereditário e pode ser a primeira
manifestação do mesmo. Os portadores desta mutação têm um risco significativo de
desenvolver carcinoma gástrico difuso e carcinoma lobular da mama - superior a 70% e
cerca de 40%, respectivamente.
Neste trabalho apresentamos uma doente de 59 anos de idade com antecedentes
familiares de carcinoma gástrico hereditário associado a uma mutação no gene CDH1
(c.1901C>T (p.Ala634Val), exão 12, gene CDH1), submetida a teste genético que
confirmou também ser portadora da mesma mutação pelo que foi referenciada à consulta
de Alto Risco de Cancro da Mama e de Tumores Digestivos. A Endoscopia Disgestiva Alta
revelou a presença de gastrite crónica. O estudo imagiológico da mama, que incluiu
Ressonância Magnética Mamária, detectou, no quadrante infero-externo da mama
esquerda, três lesões irregulares e contíguas, suspeitas, com cerca de 37mm (cT2N0).
Estas lesões foram alvo de microbiópsia e o resultado do exame histológico concluiu
tratarem-se de carcinoma lobular invasor. Após discussão do caso em Reunião de Grupo
Multidisciplinar foi decidida mastectomia com biópsia de gânglio sentinela bilateral e
gastrectomia total profiláctica. O exame histológico da peça de mastectomia esquerda
revelou a presença de carcinoma lobular invasor multifocal sem metástases ganglionares
(pT2(m) N0(sn) R0) e à direita não foi detectada malignidade. Na peça de gastrectomia
total foram detectados dois focos de carcinoma gástrico difuso intramucoso (pT1a N0 R0).
Posteriormente a doente foi submetida a quimioterapia adjuvante (5-FU, ciclofosfamida e
epirrubicina) e a hormonoterapia (anastrozol) por decisão do Grupo Multidisciplinar.
Actualmente a doente encontra-se assintomática e sem evidência de doença oncológica.
Este caso demonstra a importância da identificação dos portadores de mutação do gene
CDH1 para a detecção e tratamento precoces do carcinoma lobular da mama e do
carcinoma gástrico difuso. Nestes doentes a cirurgia profiláctica tem também destaque
dado o elevado risco do desenvolvimento destes carcinomas ao longo da vida. Por outro
lado, enfatiza o papel da consulta de Alto Risco de Cancro de Mama e de Tumores
Digestivos no seguimento destes doentes.
0008
O CANCRO DA MAMA NAS DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS - UM ESTUDO
RETROSPETIVO
Maria João Fonseca, Tânia Ascensão, Inês Gante, Diana Vale, Francisco Évora, Isabel
Henriques, Joana Belo
Maternidade Bissaya Barreto - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra,
Portugal
Objetivos: Avaliar as características clinicas, biologia tumoral e opções terapêuticas do
cancro da mama em mulheres pertencentes a 3 grupos etários distintos.
Material e métodos: Estudo retrospetivo comparativo através da análise dos processos
clínicos das mulheres com carcinoma da mama entre os anos 2009 e 2014. Foram
constituídos 3 grupos: mulheres com idade inferior a 35 anos (grupo 1), entre 35 e 69 anos
(grupo 2) e igual ou superior a 70 anos (grupo 3). Os dados foram analisados com o
programa SPSS versão 21.
Resultados: Foram analisados 614 casos de cancro da mama.
O grupo 1 correspondia a 1% dos casos (n=7) com uma idade média de diagnóstico de
29±3 anos. O grupo 2 correspondia a 87% dos casos (n=532) com uma idade média de
diagnóstico de 57±8 anos. O grupo 3 representa 12% dos casos (n=73), com idade média
de diagnóstico de 77±5 anos.
Em todas as faixas etárias, o diagnóstico foi feito predominantemente em nódulo da
mama, sendo o tumor inferior a 2cm na maioria dos casos. O subtipo histológico mais
frequente foi o de nenhum tipo especial.
Relativamente ao estudo imunohistoquímico encontrámos maior expressão de recetores
hormonais no grupo das mulheres mais velhas; o índice proliferativo - Ki67,apresentava-se
mais elevado no grupo das mulheres jovens.
No que diz respeito ao tratamento cirúrgico, 57% das mulheres do grupo 1 e 2 foram
submetidas a tumorectomia. No grupo 3, 56% das mulheres foram submetidas a
mastectomia.
Foi realizada quimioterapia adjuvante em 14% dos casos no grupo 1 versus 26% e 15% no
grupo 2 e 3 respetivamente.
Conclusões: No nosso estudo concluímos que, nos extremos das faixas etárias, os
tumores tendem a ser diagnosticados em estadios de doença mais avançados, com lesões
de maiores dimensões à data do diagnóstico. Com o avançar da idade os tumores tendem
a ser menos agressivos, verificando-se maior expressão de recetores hormonais e menor
índice proliferativo. Em idades mais avançadas recorre-se menos frequentemente a
terapêutica adjuvante com quimioterapia, dado o maior risco de complicações associadas.
Bibliografia: Alphonse Taghian, MD, PhD. Overview of the treatment of newly diagnosed,
non-metastatic breast cancer. UpToDate®. 2015.
0009
CANCRO DA MAMA TRIPLO NEGATIVO VERSUS EXPRESSÃO ISOLADA DE HER2
Maria João Fonseca, Diana Vale, Francisco Évora, Inês Gante, Tânia Ascensão, Isabel
Henriques, Joana Belo
Maternidade Bissaya Barreto - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra,
Portugal
Objetivos: Avaliar a biologia tumoral, características clinicas e prognóstico do cancro da
mama triplo negativo comparativamente a um grupo com características
imunohistoquímicas distintas.
Material e métodos: Estudo retrospetivo das mulheres com carcinoma da mama, no
nosso serviço, durante um período de 6 anos (2009 a 2014). Foram estudados os casos
de cancro da mama triplo negativo (Grupo 1) e efetuado estudo comparativo com outro
grupo (negatividade para recetores hormonais, com expressão de HER2) (Grupo 2). OS
dados foram analisados com o programa SPSS versão 21.
Resultados: De um total de 546 diagnósticos de cancro da mama invasivo, 8% dos
tumores (n=44) foram triplos negativos. Em 3% dos casos (n=16), os tumores
apresentavam negatividade para recetores hormonais, mas expressão de HER2.
A idade média de diagnóstico foi de 57 anos no grupo 1 e de 63 anos no grupo 2. O
diagnóstico foi feito predominantemente em nódulo mamário suspeito, tendo o subtipo
histológico mais frequente o tumor de nenhum tipo especial em ambos os grupos.
Verificou-se ainda um elevado índice proliferativo tumoral, com Ki67 superior a 20% na
maioria dos casos do grupo 1 e 2.
De entre as doentes submetidas a linfadenectomia, 13% (n=6) das do grupo 1
apresentavam metastização ganglionar axilar, versus 31% (n=5) no grupo 2.
À data do diagnóstico, 5% (n=2) dos casos do grupo 1 eram estadio IV versus 6% do
grupo 2.
Conclusões: Os tumores que não expressam recetores hormonais são, por definição,
tumores mais agressivos e com prognóstico mais sombrio do que nos restantes casos.
Este grupo pode ser dividido em tumores positivos e negativos para HER2. Apesar do mau
prognóstico associado a ambos os grupos, a existência de um anticorpo monoclonal que
tem como alvo o recetor de HER2 (trastuzumab), permite um maior leque de opções
terapêuticas no tratamento de cancros HER2 positivos, o que se traduz numa melhor
sobrevida global relativamente aos tumores triplos negativos.
Bibliografia: Carey K Anders, MD, et al. Management of the regional lymph nodes in
breast cancer. UpToDate®. 2015.
IMAGEM
0010
CARCINOMA DUCTAL IN SITU DA MAMA: AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA,
HISTOPATOLÓGICA E ANÁLISE DA RECORRÊNCIA
Elisa Melo Abreu, Mónica Coutinho, José Carlos Marques
Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, Lisboa, Portugal
Objetivos: Correlacionar as caraterísticas radiológicas e histopatológicas do CDIS,
aferindo o seu impacto na recorrência.
Material e métodos: Realizou-se análise retrospectiva de CDIS verificados entre 01/2008
e 12/2014. Diferenciaram-se aqueles com tradução clínica das lesões infra-clínicas e
registaram-se as caraterísticas imagiológicas.
Os parâmetros histopatológicos incluíram grau nuclear (baixo, intermédio, alto) e o subtipo
morfológico (comedo, cribiforme, micropapilar, papilar, sólido, misto).
Analisaram-se as recorrências na forma de CDIS e carcinoma invasivo, bem como as
recorrências locais, na mama contralateral e à distância.
Resultados: Obtiveram-se 810 casos, selecionando-se os que realizaram exames
radiológicos, cirurgia e follow-up na Instituição. Foram excluidos aqueles com
antecedentes de carcinoma invasivo ou com componente invasivo na peça operatória. A
idade média foi 58 anos. Na maioria dos casos a apresentação mamográfica revelou
microcalcificações pleomórficas, alteração frequentemente associada aos subtipos
morfológicos comedo e sólido. A RM demonstrou realce não nodular com diferentes
distribuições, mesmo na ausência de microcalcificações. As caraterísticas radiológicas e
histopatológicas pré-operatórias determinaram a abordagem terapêutica: mastectomia ou
tumorectomia com radioterapia adjuvante, verificando-se 18(2.6%) falecimentos durante o
follow-up.
Conclusão: A identificação e a extensão do CDIS é frequentemente subestimada na
mamografia, pelo que a RM é fundamental na avaliação abordagem terapêutica adequada.
O conhecimento de que uma percentagem de CDIS não progride para carcinoma invasivo
torna fundamentais estudos que relacionem as caraterísticas histopatológicas com o
decurso e recorrência da doença, factores que poderão influenciar a decisão terapêutica
num futuro próximo.
Bibliografia
1. Mossa-Basha M, Fundaro GM, Shah BA, Ali S, Pantelic MV (2010). Ductal
carcinoma in situ of the breast: MR imaging findings with histopathologic
correlation. 30:1673-1687.
2. Kerlikowske K (2010) Epidemiology of ductal carcinoma in situ. J Natl Cancer Inst
Monogr (41):139–41.
3. Collins LC, Achacoso N, Haque R, Nekhlyudov L, Fletcher SW, Quesenberry CP
Jr, Schnitt SJ, Habel LA (2013) Risk factors for non-invasive and invasive local
recurrence in patients with ductal carcinoma in situ. Breast Cancer Res Treat
139(2):453–60.
4. Donker M, Litiere S, Werutsky G, Julien JP, Fentiman IS, Agresti R, Rouanet P, de
Lara CT, Bartelink H, Duez N, Rutgers EJ, Bijker N (2013) Breast-conserving
treatment with or without radiotherapy in ductal carcinoma In Situ: 15-year
recurrence rates and outcome after a recurrence, from the EORTC 10853
randomized phase III trial. J Clin Oncol 31(32):4054-59.
5. Lakhani SR, Ellias IO, Schnitt SJ, Tan PH, van de Vijver MJ (2012) WHO
classification of tumours of the breast, 4th edn. IARC, Lyon.
0011
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA AVALIAÇÃO DE RESPOSTA À QUIMIOTERAPIA
NEOADJUVANTE EM DOENTES COM CANCRO DE MAMA
Luís Duarte Silva1 ,3, Rita Lucas2 ,3, José Carlos Marques3
1
Serviço de Radiologia, Centro Hospitalar do Algarve, Portimão, Portugal, 2Serviço de
Radiologia, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal, 3Serviço de Radiologia,
Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, Lisboa, Portugal
Objetivos: Avaliar o papel de Ressonância Magnética (RM) na determinação de resposta
tumoral à quimioterapia neoadjuvante, em doentes com cancro da mama.
Material e métodos: Num período de 2 anos e meio foram identificadas, através da
revisão do arquivo informático do serviço de Radiologia, 172 mulheres com tumores da
mama que realizaram quimioterapia neoadjuvante. Destas, 108 realizaram RM de
estadiamento nesta instituição. Cinco doentes foram excluídas do estudo por se
encontrarem a aguardar cirurgia e outras seis foram excluídas por terem realizado RM de
re-estadiamento (após quimioterapia neoadjuvante) noutra instituição. As 97 mulheres
restantes foram incluídas (idade média 50 anos, intervalo de idades 30-76).
Foram registados a idade, os subtipos tumorais determinados por imunohistoquímica, o
tipo e grau histológico.
As imagens foram avaliadas por um de dois especialistas em Radiologia em consenso
com dois internos de Radiologia, registando os seguintes parâmetros: diâmetro máximo da
lesão, forma, contorno e características do realce interno.
A documentação de resposta patológica foi feita na avaliação histopatológica da peça
cirúrgica, segundo o sistema de classificação de Miller-Payne, tendo sido consideradas
como resposta patológica as classes 4 e 5.
Resultados: 39,2% (n=38) das doentes evidenciaram na RM resposta completa à
quimioterapia neoadjuvante, enquanto 38,1% (n=37) das doentes evidenciaram resposta
patológica na avaliação histológica da peça cirúrgica. A maioria destas doentes tinham
tumores que se manifestavam como nódulos de forma e contorno irregular, com realce
interno heterogéneo, curva cinética tipo 2 e pertenciam ao subtipo Triplo Negativo.
Foi possível demonstrar uma correlação positiva e com significado estatístico entre a
resposta tumoral verificada por RM e a resposta patológica segundo a classificação MillerPayne (coeficiente de correlação Phi=0,5, p<0,001), com sensibilidade de 70,3%,
especificidade de 80%, valor preditivo positivo (VPP) de 68,4%, valor preditivo negativo
(VPN) de 81,4% e uma acuidade de 76,3% (Qui-quadrado, p<0,001).
Considerando os vários subtipos tumorais determinados por imunohistoquímica, apenas se
verificou a existência de uma associação com significado estatístico entre a resposta na
RM e a resposta na peça cirúrgica, no subtipo Triplo Negativo, com sensibilidade de
68,8%, especificidade de 88,9%, VPP de 84,6%, VPN de 76,2% e acuidade de 79,4%
(Qui-quadrado, p=0,002).
Conclusões: A RM é capaz de predizer a resposta tumoral à quimioterapia neoadjuvante,
nas doentes com cancro da mama, de forma mais significativa nos tumores triplo
negativos, sendo estes resultados concordantes com os estudos existentes na literatura.
Bibliografia
• Price ER, Wong J, Mukhtar R, Hylton N, Esserman LJ. How to use magnetic resonance
imaging following neoadjuvant chemotherapy in locally advanced breast cancer. World J
Clin Cases 2015;3(7):607-13.
• Marinovich ML, Houssami N, Macaskill P, et al. Meta-analysis of magnetic resonance
imaging in detecting residual breast cancer after neoadjuvant therapy. J Natl Cancer Inst
2013;105(5):321-33.
• McGuire KP, Toro-Burguete J, Dang H, et al. MRI staging after neoadjuvant
chemotherapy for breast cancer: does tumor biology affect accuracy? Ann Surg Oncol
2011;18:3149-54.
0012
BIRADS-4a: Quando o inesperado acontece - correlação anátomo-radiológica de
lesões classificadas como BIRADS-4a cujo resultado histológico revelou
malignidade.
Patricia Leitão, Bruno Araújo, André Carvalho
Centro Hospitalar São João, Porto, Portugal
Objectivos: O presente estudo tem como objectivos avaliar retrospectivamente a taxa de
lesões classificadas como tendo baixa probabilidade de malignidade ao estudo
mamográfico e ecográfico (BIRADS-4a) mas cujo resultado histológico revelou
malignidade, bem como correlacionar os achados histopatológicos e imagiológicos destas
lesões de forma a identificar potenciais características associadas à sua subestimação.
Material e métodos: O estudo incluiu 34 casos de lesões classificadas como BIRADS-4a
submetidas a microbiópsia no período de Maio de 2010 a Março de 2015 e que
apresentaram resultado histológico de malignidade, confirmado na peça cirúrgica. As
lesões foram retrospectivamente reclassificadas segundo os critérios do BIRADS (5a
edição) e foram analisadas as suas características imagiológicas e anátomo-patológicas.
Para o estudo das variáveis foi utilizado o teste X2 bem como coeficientes de correlação
de Spearman.
Conclusão: Embora as lesões classificadas como BIRADS-4a tenham baixa probabilidade
de malignidade, algumas lesões malignas podem apresentar características imagiológicas
pouco suspeitas, nomeadamente em lesões de alto grau e pacientes jovens. O radiologista
deve estar sensibilizado para estes factos, tentando eliminar possíveis falsos negativos.
Bibliografia:
1. D'Orsi CJ, Sickles EA et al. ACR BI-RADS Atlas, Breast Imaging Reporting and
Data System, American College of Radiology; 2013.
2. Mercado C. BI-RADS Uptodate, Radiol Clin N Am; 52 (2014) 481-487.
3. Malhotra GK, Zhao X et al. Histological, molecular and functional subtypes of
breast cancers, Cancer Biology & Therapy 10 (2010), 955-960.
Spitale A, Mazzola P et al. Breast cancer classification according to immunohistochemical
markers: clinicopathologic features and short-term survival analysis in a population-based
study from the South of Switzerland.
0013
CIRURGIA MAMÁRIA:ACHADOS IMAGIOLÓGICOS NO PÓS-OPERATÓRIO
Inês Rolla, Miguel Nogueira, Maria José Ribeiro, Jorge Machado
Serviço de Radiologia, Hospital Pedro Hispano - ULS Matosinhos, Porto, Portugal
Objetivos: Caracterização dos achados imagiológicos decorrentes de cirurgias
conservadoras da mama, em contexto neoplásico e não-neoplásico.
Material e métodos: Foram revistos os estudos de imagem em mulheres submetidas a
cirurgia mamária com o objectivo de caracterizar as alterações imagiológicas póscirurgicas e descrever estes achados em mamografia, ecografia e ressonância magnética.
Resultados: A excisão de tumores malignos ou lesões benignas causa alterações que se
podem apresentar com um amplo espectro de achados imagiológicos. Estes englobam
coleções líquidas, edema e espessamento cutâneo, áreas de ou distorção arquitectural e
cicatriciais, citoesteatonecrose e calcificações, que podem ser detectados na mamografia.
A ecografia desempenha também um importante papel, permitindo o estudo dirigido destes
achados e é o método de escolha para avaliação de coleções líquidas. A ressonância
magnética é utilizada para o diagnóstico diferencial (por exemplo área de cicatriz versus
recorrência).
As alterações pós-cirúrgicas agudas incluem a formação de hematoma, seroma, edema e
espessamento cutâneo, sendo esperado que reduzam de forma progressiva e sustentada,
habitualmente num período de 2-3anos.
As alterações tardias incluem a formação de cicatriz, distorção aquitectural, presença de
calcificações distróficas e citoesteatonecrose que, após um período inicial de alteração
morfológica, devem também atingir estabilização.
Após esta estabilização ser atingida, o aparecimento de uma nova massa,
microcalcificações, distorção arquitectural ou aumento da densidade no local da prévia
cirurgia merece investigação no sentido de excluir recorrência tumoral.
Assim, estes achados, embora esperados no contexto pós-cirúrgico, necessitam de
adequada caracterização e vigilância atenta, uma vez que se podem sobrepor e dificultar o
diagnótico de recorrência ou surgimento de novo tumor.
Tanto a comparação com exames prévios como a evolução temporal desempenham um
papel fundamental na caracterização imagiológica e atitudes diagnósticas (realização ou
não de biopsia).
Conclusões: A mama previamente submetida a cirurgia apresenta alterações
imagiológicas que vão desde a presença de coleções líquidas, geralmente no período pósoperatório precoce, a áreas de cicatriz, citoestatonecrose e calcificações distróficas, sendo
esperado que atinjam progressivamente estabilização imagiológica. É crucial a
familiarização com estes achados e a sua distinção com recorrência ou surgimento de
novo tumor, nomeadamente nas mulheres submetidas a cirurgia por patologia oncológica.
0014
Doença de Paget: Impacto da ressonância magnética mamária na abordagem
terapêutica e correlação anatomo-patológica
Elisa Melo Abreu, Mónica Coutinho, José Carlos Marques
Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, Lisboa, Portugal
Objetivos
 Avaliar as caraterísticas da doença de Paget da mama (DPM) em ressonância
magnética (RM) e analisar o impacto desta técnica na abordagem terapêutica.
 Correlacionar as caraterísticas do complexo areolomamilar (CAM), do parênquima
e das cadeias ganglionares em RM com o resultado anátomo-patológico.
Material e Métodos: Realizou-se uma análise retrospectiva dos casos de DPM verificados
entre Janeiro de 2008 e Dezembro de 2014. Dos 45 casos obtidos, selecionaram-se
aqueles que realizaram RM pré-operatória e terapêutica na Instituição.
Resultados: A idade média das 14 doentes analisadas foi de 57 anos. O padrão mamário
de densidades fibroglandulares dispersas foi o mais comum, observado em 7(14) doentes,
verificando-se realce parenquimatoso mínimo e simétrico em 13(14).
Observaram-se alterações morfológicas do CAM em 8(14) doentes, realce mamilar
assimétrico na totalidade dos casos e do complexo areolomamilar em 10(14). Das doentes
com realce suspeito do parênquima mamário, 7(14) revelaram realce não nodular
sugestivo de carcinoma ductal in situ e 3(14) demonstraram realce compatível com
carcinoma invasivo, um dos quais multifocal. As restantes doentes não tiveram alterações
suspeitas no parênquima. Apenas uma doente demonstrou adenopatias axilares.
Verificou-se que 8(14) doentes realizaram terapêutica conservadora, com um caso
convertido em mastectomia simples.
O resultado anatomopatológico revelou DPM em 12(14) doentes, carcinoma ductal in situ
em 9(14) e carcinoma invasivo em 3(14) doentes. A única doente que revelou
envolvimento axilar na RM, realizou quimioterapia neodjuvante que resultou resposta
patológica completa.
Conclusão: A terapêutica conservadora da mama constitui uma alternativa à mastectomia
nas doentes com DPM. A RM pré-operatória permite confirmar a sua extensão e excluir
lesões infra-clínicas do parênquima, permitindo uma abordagem terapêutica adequada.
Bibliografia
1. Zakaria S, Pantvaidya G, Ghosh K, Degnim AC. Paget’s disease of the breast:
accuracy of preoperative assessment. Breast Cancer Res Treat 2007; 102(2): 13742.
2. Capobianco G, Spaliviero B, Dessole S, et al. Paget’s disease of the nipple
diagnosed by MRI. Arch Gynecol Obstet 2006; 274(5): 316-18.
3. Frei KA, Bonel HM, Pelte MF, Hylton NM, Kinkel K. Paget disease of the breast:
findings at magnetic resonance imaging and histopathologic correlation. Invest
Radiol 2005; 40(6): 363-67.
4. Amano G,Yajima M, MoroboshiY, KuriyaY, Ohuchi N. MRI accurately depicts
underlying DCIS in a patient with Paget’s disease of the breast without palpable
mass and mammography findings. Jpn J Clin Oncol 2005; 35(3):149-53.
5. Morrogh M, Morris EA, Liberman L, Van Zee K, Cody HS 3rd, King TA. MRI
identifies otherwise occult disease in select patients with Paget disease of the
nipple. J Am Coll Surg 2008; 206(2): 316-321.
0015
MICABCAD - SISTEMA DE APOIO AO DIAGNÓSTICO BASEADO EM
MICROCALCIFICAÇÕES
Nelson Martins1, Diana Veiga2, Manuel Ferreira2, Manuela Delgado3
1
CCG - Centro de Computação Gráfica, Guimarães, Portugal, 2Enermeter, Sistemas de
Medição, Lda, Braga, Portugal, 3Dr.Campos Costa - Consultório De Tomografia
Computorizada, S.A, Porto, Portugal
Objetivos:Desenvolvimento de um sistema automático de identificação de zonas
suspeitas em imagens de mamografia, baseado na presença e no padrão radiológico das
microcalcificações (MC). A presença de MC’s em imagens de mamografia pode ser um
indicador precoce de malignidade, no entanto, a sua dimensão reduzida e baixo contraste
dificultam a sua identificação. Neste sentido, o primeiro objetivo deste estudo focou-se no
realce das MC’s para facilitar a sua visualização. O segundo objetivo consistiu na
identificação das MC’s pertencentes a aglomerados, selecionando automaticamente
aqueles que possuem características suspeitas. Por fim, procurou-se incorporar o sistema
num visualizador de imagens DICOM, tendo-se optado numa primeira fase pelo OSIRIX®.
Material e Métodos: No total foram utilizadas cerca de 600 imagens, das vistas crânio
caudal e medio lateral oblíqua, da mama direita e esquerda. Desta amostra, 400 casos
foram obtidos aleatoriamente e 200 casos foram selecionados por conterem algum achado
de interesse (patológico ou não). As imagens foram anotadas manualmente e validadas
por um especialista.
Utilizaram-se algoritmos avançados de processamento de imagem, baseados em filtros,
para o realce e identificação das MC’s. A identificação dos aglomerados foi realizada com
algoritmos de inteligência artificial (IA). Este tipo de abordagem incorpora uma fase de
aprendizagem na qual são apresentados, ao sistema, exemplos patológicos e não
patológicos. O sistema extrai características das MCs dos aglomerados, tais como, a sua
distribuição, morfologia, regularidade, dimensão média, textura, entre outros.
Resultados: Os resultados foram extraídos comparando os resultados do algoritmo
automático e as anotações validadas manualmente. As métricas escolhidas foram a
sensibilidade e a especificidade do algoritmo de IA. Desta forma consegue-se perceber
qual a sua capacidade em identificar corretamente um aglomerado suspeito e a sua
capacidade de descartar aglomerados não suspeitos. Os resultados apontam para uma
sensibilidade na ordem dos 96% e uma especificidade de 92%. De notar que se optou por
favorecer a sensibilidade, na medida em que se garante que um menor número de
aglomerados suspeitos sejam descartados.
Conclusões: Os resultados obtidos comprovam a capacidade do sistema proposto na
deteção de aglomerados suspeitos. No entanto ainda será necessário fazer uma validação
mais aprofundada, visto que a variabilidade neste tipo de imagens é elevada. De futuro
pretende-se fazer uma validação em ambiente clínico, de forma a recolher feedback da
fiabilidade do sistema e assim optimizar todos os parâmetros.
Bibliografia: N. Martins, D. Veiga, et al (2015). Microcalcification Segmentation in Full
Field Digital Mammography. In Proceedings of the V ECCOMAS Thematic Conference on
Computational Vision and Medical Image Processing: VipIMAGE 2015
0016
IMPACTO DA AVALIAÇÃO IMAGIOLOGICA E LOCALIZAÇÃO PRE-OPERATÓRIA
COM CARBONO, NA CIRURGIA CONSERVADORA DA MAMA
Eva Batista, Maria Antónia Vasconcelos, Celeste Alves
Centro Clinico Champalimaud, Lisboa, Portugal
Objectivos: Analisar retrospectivamente a avaliação imagiológica locorregional e
localização pré-operatória com carbono das lesões reintervencionadas; avaliar a taxa de
reintervenção na nossa instituição, após cirúrgica conservadora da mama; estabelecer a
correlação radio-patológica mamária e ganglionar axilar em todas as doentes operadas.
Material e métodos: Foi efectuada a análise retrospectiva das doentes submetidas a
cirurgia conservadora da mama, na nossa instituição, entre Janeiro de 2014 e Julho de
2015.. Foram incluídas as doentes com diagnóstico de carcinoma invasivo (CI) precoce e
de carcinoma ductal in situ (CDIS), tendo este subgrupo sido analisado separadamente.
Foi critério de inclusão a realização pré-operatória de revisão imagiológica locorregional
no nosso centro e localização com carbono, guiada por ecografia, ou estereotaxia das
lesões histologicamente confirmadas. Foram revistos os processos clínicos, exames de
imagem e registos anatomopatológicos.
Resultados: Entre Janeiro de 2014 e Julho de 2015, foram submetidas a cirurgia
conservadora da mama 292 doentes, (254 com CI e 38 com DCIS); Foram realizadas 7
reintervenções (2,4%), (5 alargamentos de margens e 2 totalizações de mastectomia) em
6 doentes, (4 por DCIS na margem cirúrgica e 1 por DCIS com elevado risco de recidiva).
Foi confirmado tumor residual em 3 das doentes reintervencionadas. Todas as lesões
reintervencionadas tinham sido previamente marcadas com carbono, verificando-se uma
correlação radio-patológica favorável.
Conclusões: Uma adequada avaliação imagiológica e localização pré-operatória das
lesões histologicamente confirmadas, com relevância para o plano terapêutico, é um
contributo essencial para um bom outcome da cirurgia conservadora da mama, com uma
reduzida taxa de reintervenção.
Bibliografia: N.Houssami, Macaskill,M. L.Marinovichet al., “Meta-analysis of the impact of
surgical margins on local recurrence in women with early-stage invasive breast cancer
treated with breast-conserving therapy,” European Journal of Cancer, vol. 46, no. 18, pp.
3219–3232, 2010.
U.Rudloff, E. Brogi, A. S. Reiner et al., “The influence of margin width and volume of
disease near margin on benefit of radiation therapy for women with DCIS treated with
breast-conserving therapy,” Annals of Surgery, vol. 251, no. 4, pp. 583–591, 2010.
Sakr RA, Poulet B, Kaufman GJ, Nos C, Clough KB. Clear margins for invasive lobular
carcinoma: a surgical challenge. EurJ Surg Oncol. 2011;37(4):350–6.
F. Corsi, L. Sorrentino, D. Bossi, A. Sartani, and D. Foschi. “Preoperative Localization and
Surgical Margins in Conservative Breast Surgery”, International Journal of Surgical
Oncology Volume 2013 (2013), Article ID 793819, 9 pages
D.J. Mullen, R.N. Elsen, R. D. Newman “The Use of Carbon Marking after Stereotactic
Large-Core Needle Breast Biopsy, Radiology 2001; 218:255-250
M. Martínez, M. Solà, A. Tudela “Radioguided Localization of Nonpalpable Breast Cancer
Lesions: Randomized Comparison With Wire Localization in Patients Undergoing
Conservative Surgery and Sentinel Node Biopsy”, AJR 2009; 193:1001–1009
N. Houssami, D. F. Hayes, Review of Preoperative Magnetic Resonance Imaging (MRI) in
Breast Cancer. Should MRI Be Performed on All Women with Newly Diagnosed, Early
Stage Breast Cancer? 2009 American Cancer Society. doi:10.3322/caac.20028. Available
online at http://cajournal.org and http://cacancerjournal.org
0017
IDENTIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DE MAMOGRAFIAS NORMAIS NO PROCESSO DE
RASTREIO DO CANCRO DA MAMA
Jaime Cardoso1, Sílvia Bessa2, Pedro Passarinho3, Pedro Cardoso3, Vítor Rodrigues4,
Fernando Lage5
1
INESC TEC, Porto, Portugal, 2University of Porto, Porto, Portugal, 3Emílio Azevedo
Campos, Matosinhos, Portugal, 4Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal, 5Liga
Portuguesa Contra o Cancro, Lisboa, Portugal
Objetivos: A mamografia é um dos meios recomendados para um diagnóstico precoce do
cancro da mama. No contexto de rastreio, e considerando a elevada percentagem de
diagnósticos negativos (>90%), a introdução de um sistema automático de identificação de
casos negativos permite acelerar o processo de decisão e retirar do fluxo de trabalho dos
radiologistas uma carga significativa de trabalho rotineiro, libertando a sua atenção para os
casos mais importantes.
Material e métodos : As mamografias utilizadas neste trabalho foram realizadas no
programa de rastreio de cancro da mama pelo Núcleo Regional do Sul da Liga Portuguesa
Contra o Cancro, entre 2008 e 2013. Recolheram-se 4485 casos, todos com duas
incidências (craniocaudal - CC e oblíquo mediolateral - MLO) de cada mama, traduzindose em 17940 mamografias FFDM no formato DICOM.
Partindo do princípio que, mesmo na mamografia de um caso suspeito ou positivo, a maior
parte do tecido mamário é normal, dividimos a mama em blocos e comparamos os blocos
aos pares. Se todos os blocos forem semelhantes entre si, assumimos que estamos na
presença de um caso negativo; se encontrarmos uma diferença significativa entre um par
de blocos, marcamos o caso para revisão pelo especialista. Ao comparar blocos da
mesma mamografia, a variabilidade devida a causas externas (e.g., diferenças entre
equipamentos) terá impacto sobre todos os blocos e o seu efeito tende a anular-se,
simplificando a tarefa de análise automática.
Usamos técnicas de análise automática de imagem para descrever cada bloco (descrição
obtida a partir do histograma) e algoritmos de inteligência artificial (support vector machine
- SVM) para avaliar a sua benignidade.
Resultados: A metodologia desenvolvida permitiu automaticamente classificar
corretamente 21% dos casos benignos sem nunca incorretamente marcar um caso
maligno como benigno.
Conclusões: As abordagens computacionais típicas para reconhecer casos negativos
dividem a região da mama em blocos, sendo cada bloco classificado individualmente como
benigno ou suspeito. A dificuldade nestas abordagens é projetar um modelo de avaliação
de blocos de imagem, que funcione de forma robusta perante a variabilidade inerente às
mamografias. Os trabalhos anteriores recorrem por isso a representações complexas da
imagem (Liu1998, Sun2004, Chiracharit2007), a uma pré-divisão das mamografias em
densas e não densas (Elshinawy2011), e a uma combinação não trivial de vários modelos
aplicados às duas vistas CC e MLO.
Os resultados obtidos são análogos aos obtidos nos trabalhos prévios com metodologias
mais complexas, o que sugere que descritores simples podem ser suficientes, desde que
se opte pela abordagem diferencial aqui proposta.
Bibliografia
[Liu1998] S. Liu, et al. Normal mammogram analysis and recognition. ICIP, 1998.
[Sun2004] Y. Sun, et al. Full-field mammogram analysis based on the identification of
normal regions. ISBI, 2004.
[Chiracharit2007] W. Chiracharit, et al. Normal Mammogram Detection Based on Local
Probability Difference Transforms and Support Vector Machines. IEICE TIS, 2007.
[Elshinawy2011] M. Elshinawy, et al. Effect of breast density in selecting features for
normal mammogram detection. ISBI, 2011.
0018
Utilidade da elastografia na diferenciação das lesões mamárias
Nuno Costa, Lúcia Fernandes, Paula Santos
Hospital São José, Lisboa, Portugal
Objectivos: Avaliar a utilidade diagnóstica da elastografia por compressão em tempo real
na diferenciação das lesões mamárias, benignas e malignas, em pacientes referenciados
para biópsia após realização da ecografia mamária convencional.
Ilustrar o sistema de score em 5 pontos de Itoh et al.
Material e métodos: Foram incluídos doentes com lesões mamárias referenciadas para
biópsia mamária com caracterização histológica.
A ecografia convencional e a elastografia foram realizadas em simultâneo.
Utilizamos os critérios BI-RADS na classificação ecográfica das lesões.
Para catalogar as imagens da elastografia avaliamos o padrão de cor quer da lesão quer
do tecido circundante e recorremos à escala de 5 pontos de Itoh et al. para definir a sua
aparência geral à elastografia.
Resultados: Obtivemos sensibilidade e especificidade superiores a 70% utilizando a
escala de elasticidade de Itoh ao assumirmos como cutoff o score 3-4.
Conclusões: A integração da elastografia na ecografia mamária convencional parece
melhorar a capacidade de distinguir as lesões benignas das malignas. Acreditamos que o
recurso à elastografia e a sua correta classificação tem o potencial de reduzir o número de
biópsias ao aperfeiçoar a seleção das lesões.
Bibliografia: Itoh A, Ueno E, Tohno E, et al. Breast disease: clinical application of US
elastography for diagnosis. Radiology 2006;239:341-350.
Burnside ES, Hall TJ, Sommer AM et al. Differentiating benign from malignant solid breast
masses with US strain imaging. Radiology 2007;245(2):401-10
Schaefer FK, Heer I et al. Breast ultrasound elastography-Results of 193 breast lesions in a
prospective study with histopathologic correlation. Eur J Radiol 2009.
Tardivon A, El Khoury C et al Elastography of the breast: a prospective study of 122
lesions. J Radiol. 2007;88:657-62
0019
BIÓPSIAS MAMÁRIAS GUIADAS POR RM - CORRELAÇÃO RADIO-PATOLÓGICA
Rita Lucas2, Mónica Coutinho1, José Carlos Marques1
1
Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, Lisboa, Portugal, 2Hospital de Santo
António dos Capuchos, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa, Portugal
Objetivos: Realizar a correlação radio-patológica das lesões mamárias submetidas a
biópsia assistida por vácuo, guiada por Ressonância Magnética (RM).
Material e métodos: Foram recolhidos os dados referentes a 87 biópsias guiadas por RM
realizadas na nossa instituição. Registaram-se a indicação para o procedimento,
características da lesão na RM diagnóstica (nódulo, realce não nodular, padrão de
distribuição do realce), avaliação histológica da biópsia e da peça de excisão cirúrgica, se
disponível.
Resultados: Num total de 87 mulheres, em 4 não foi possível realizar a biópsia por
ausência de acesso favorável à lesão (n=3) ou reação vagal intensa (n=1).
A maioria das mulheres realizou este tipo de biópsia no contexto de avaliação
ecográfica/mamográfica prévias inconclusivas (38,6%), sobretudo em examinadas de alto
risco que fazem vigilância anual com o protocolo RM + incidências mamograficas
oblíquas e após detecção de lesões adicionais em examinadas que realizaram RM para
estadiamento de neoplasia da mama (17,8%).
17% das lesões biopsadas eram nódulos enquanto 83% manifestavam-se por realce não
nodulares (40% destes focais, 34% tinham distribuição linear, 13% segmentar e 13%
multifocal ou regional).
No que diz respeito à avaliação histológica 16% eram lesões malignas (n=13) e destas
46% lesões in situ (33% de alto grau). 13% das lesões (n=11) eram lesões ditas B3, ou de
significado maligno incerto. 71% (n=59) eram lesões benignas e dentro das lesões
benignas a mais frequente foi a adenose esclerosante (36%).
Relativamente à taxa de subestimação histopatológica por biópsia assistida por vácuo
guiada por RM foi de apenas 3,6%.
No que respeita à taxa de complicações apenas 1 caso teve um hematoma valorizevel.
Conclusões: Com o número crescente de RM mamárias realizadas aumentou também a
proporção de lesões apenas identificadas na RM que requerem confirmação histológica,
pois em cerca de 1/5 dos casos representam lesões malignas.
A biópsia guiada por RM é um procedimento com especificidades técnicas importantes
e que justificam a sua concentração em um pequeno número de centros especializados.
Bibliografia: Mann et al. Breast MRI: guidelines from the European Society of Breast
Imaging. Eur Radiol 2008;18:1307–18.
Manion et al. MRI-Guided Breast Needle Core Biopsies: Pathologic Features of Newly
Diagnosed Malignancies. Breast J. 2014 Sep-Oct;20(5):453-60.
Chopier et al. Radiopathological correlations: Masses, non-masslike enhancements and
MRI-guided biopsy. Diagn Interv Imaging. 2014 Feb;95(2):213-25.
0020
BIÓPSIA MAMÁRIA ASSISTIDA POR VÁCUO VERSUS CIRURGIA: QUAL A
CONCORDÂNCIA HISTOLÓGICA?
Marta Palmeiro, Miguel Rito, Rodrigo Oom, José Carlos Marques, Saudade André
Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, Lisboa, Portugal
Objetivos: Analisar a acuidade diagnóstica e a concordância histológica da Biópsia
mamária Assistida por Vácuo (BAV) com a cirurgia.
Material e métodos: Efectuou-se um estudo retrospectivo das examinadas submetidas a
BAV seguida de cirurgia na instituição de trabalho dos autores entre 2003 e 2012. Foram
avaliadas as características demográficas, radiológicas e os resultados histológicos da
BAV e da cirurgia. Efectuou-se a análise da concordância histológica da BAV e da excisão
cirúrgica, aplicando-se o coeficiente Kappa de Cohen.
Resultados: De um total de 1566 BAV realizadas na instituição de trabalho dos autores
neste período, analisámos 432 casos que posteriormente foram submetidos a cirurgia na
mesma instituição. Destes, foram excluídos os que apresentaram resultado insatisfatório
na BAV, apenas 6, e os que não apresentaram lesão na análise histológica da cirurgia
posterior à BAV, 18 casos, pois a BAV permitiu a excisão completa desses tumores em 4,2
% dos casos. Assim, na análise dos 408 casos verificou-se uma concordância substancial
do resultado histológico da BAV com o da cirurgia posteriormente realizada, com um
coeficiente Kappa Cohen de 0,71 em um intervalo de confiança a 95% de 0,60-0,81. A
BAV demonstrou um elevado valor preditivo positivo de 98% para o diagnóstico histológico
de carcinomas in situ e invasivos, e de 84,4% para as lesões de natureza indeterminada.
Deste modo, a BAV associou-se a um baixo upgrade de lesões malignas de 2,7%, sendo
superior para as lesões de natureza indeterminada, de 24,7%, comparativamente com o
resultado histológico cirúrgico.
Conclusões: A BAV é um método de diagnóstico com elevado valor preditivo positivo para
os carcinomas in situ e invasivos, associando-se deste modo a um baixo upgrade de
lesões malignas. Contudo, apresenta um upgrade mais elevado nas lesões de natureza
indeterminada, como a Hiperplasia Ductal Atípica, reforçando a necessidade de excisão
destas lesões com potencial maligno indeterminado. Assim, a BAV permite em muitas
situações evitar a cirurgia em lesões benignas, e em outras antecipar o diagnóstico de
lesões malignas possibilitando terapêuticas mais conservadoras.
Bibliografia:
Park HL, Hong J. Vacuum-assisted breast biopsy for breast cancer. Gland Surg. 2014
May;3(2):120-7.
Park HL, Kim LS. The current role of vacuum assisted breast biopsy system in breast
disease. J Breast Cancer. 2011 Mar;14(1):1-7.
Park HL, Kwak JY, Lee SH, Jung HK, Kim JY, Shim JY, et al. Excision of benign breast
tumor by an ultrasound-guided hand held Mammotome biopsy device. J Breast Cancer
2005;8(3):92-8.
Johnson AT, Henry-Tillman RS, Smith LF, Harshfield D, Korourian S, Brown H, et al.
Percutaneous excisional breast biopsy. Am J Surg 2002; 184:550-4.
0021
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA MAMÁRIA DE ESTADIAMENTO NO CARCINOMA DA
MAMA E A SUA CORRELAÇÃO COM OS DIFERENTES SUBTIPOS MOLECULARES
Marta Morna Palmeiro, Ana Loureiro, José Carlos Marques
Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, Lisboa, Portugal
Objetivos: Analisar a correlação dos achados na RM mamária de estadiamento dos
carcinomas da mama com os seus diferentes subtipos moleculares, como possíveis
marcadores da extensão de doença clinicamente significativa.
Material e métodos: Efectuou-se um estudo retrospectivo dos achados imagiológicos e
histológicos das examinadas submetidas a RM mamária de estadiamento de carcinoma da
mama seguida de terapêutica cirúrgica na instituilção de trabalho dos autores entre Julho
de 2012 e Julho de 2013.
Resultados: No período de tempo avaliado, 500 examinadas foram submetidas a RM
mamária de estadiamento por carcinoma da mama. Foram excluídos os casos que
realizaram RM mamária de estadiamento fora desta instituição, operadas fora da mesma,
e com história e/ou terapêutica prévia de carcinoma da mama. Foram avaliados os
achados da mamografia/ecografia e os da RM e confrontados com as características
histológicas e subtipo molecular.
Os dados avaliados de RM foram: o maior eixo do tumor, doença multifocal ou
multicêntrica, doença bilateral, invasão da pele, da parede torácica ou do complexo areolomamilar, e gânglios axilares ou mamários internos suspeitos. Quanto aos critérios
histológicos avaliados foram o subtipo histológico do tumor, grau de diferenciação nuclear,
receptores hormonais, maior eixo, doença multifocal ou multicêntrica, doença bilateral,
invasão da pele, da parede torácica ou do complexo areolo-mamilar, e metástases
axilares.
Analisou-se a correlação dos diferentes subtipos moleculares dos carcinomas da mama
com os seus achados imagiológicos, determinando-se as características imagiológicas
mais frequentemente associadas a estes diferentes subtipos tumorais.
Conclusões: A RM mamária de estadiamento no carcinoma da mama fornece informação
adicional com impacto no planeamento terapêutico, com diferenças de acordo com os
vários subtipos moleculares e com maior impacto, designadamente no subgrupo ERBB2Positivo, reforçando o papel da RM de estadiamento nesses subgrupos.
Bibliografia:
Grimm LJ, Johnson KS, Marcom PK, Baker JA, Soo MS. Can breast cancer molecular
subtype - help to select patients for preoperative MR imaging? Radiology. 2015
Feb;274(2):352-8.
Ha R, Jin B, Mango V, Friedlander L, Miloshev V, Malak S, Wynn R. Breast cancer
molecular subtype as a predictor of the utility of preoperative MRI. AJR Am J Roentgenol.
2015 Jun;204(6):1354-60.
Wiechmann L, Sampson M, Stempel M, Jacks LM, Patil SM, King T, Morrow M. Presenting
features of breast cancer differ by molecular subtype. Ann Surg Oncol. 2009
Oct;16(10):2705-10.
0022
ACHADOS EXTRA-MAMÁRIOS INCIDENTAIS NA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DA
MAMA - UM ENSAIO PICTÓRICO
Ana Loureiro, Marta Palmeiro, João Niza, José Pedro Penedo, José Carlos Marques
Serviço de Radiologia, Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil,
Lisboa, Portugal
Objetivos: Rever e ilustrar achados incidentais extra-mamários nas examinadas
submetidas a ressonância magnética mamaria.
Material e métodos: Foram revistos os estudos de RM Mamária de Janeiro de 2013 a
Dezembro de 2014, que incluiu cerca de 700 RM mamárias, e selecionados os casos com
achados extra-mamários incidentais.
As indicações mais comuns para a realização dos exames foram o estadiamento préoperatório do cancro da mama, o seu follow-up e o rastreio de doentes de alto risco.
Os exames foram efectuados num aparelho de 1,5T.
Resultados: Na ressonância magnética mamária é usada uma antena de superfície
dedicada e é feita a avaliação de uma região corporal especifica. Apesar desta limitação
espacial é necessário avaliar todas as estruturas anatómicas contidas no campo de visão
(field of view – FOV) que incluem, para além da avaliação da glândula mamária e cadeias
linfáticas axilares e mamárias internas, a avaliação da pele e tecido muscular da parede
torácica, do pulmão, do mediastino, da coluna vertebral e do fígado.
Conclusões: A presença de achados incidentais extra-mamários na ressonância
magnética mamária é comum. Na literatura, cerca de 20% destas lesões incidentais são
malignas, aumentando para 80% nos casos em que a ressonância é realizada no
estadiamento pré-operatório do cancro da mama e no follow-up.
É de extrema importância que o radiologista faça uma avaliação cuidada dos órgãos
visualizados na ressonância mamária, já que a presença de lesões não conhecidas poderá
significar uma alteração no estadiamento à distância do cancro da mama.
Bibliografia
1) Moschetta M, Telegrafo M, Rella L, Stabile Ianora AA, Angelelli G. Let's go out of the
breast: prevalence of extra-mammary findings and their characterization on breast MRI.
Eur J Radiol. 2014 Jun;83(6):930-4. doi: 10.1016/j.ejrad.2014.02.022.
2) Niell BL, Bennett D, Sharma A, Gazelle GS. Extramammary Findings on Breast MR
Examinations: Frequency, Clinical Relevance, and Patient Outcomes. Radiology. 2015
Jul;276(1):56-64. doi: 10.1148/radiol.14141539.
3) Verslegers I, Van Goethem M, Hufkens G, Biltjes I, Parizel PM. Extramammary findings
in T2-weighted MR breast images. Eur J Radiol. 2012 Sep;81 Suppl 1:S181-2. doi:
10.1016/S0720-048X(12)70074-8.
0023
AS MÚLTIPLAS FACES DO CARCINOMA DA MAMA - ENSAIO PICTÓRICO
Raquel Lameiras1, Mariana Torres2, Diogo Gonçalves3, Cecília Bagulho1, Marco Aurélio
Vieira2, Maria José Brito3
1
Serviço de Radiologia, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal, 2Serviço de Ginecologia
e Obstetrícia - Unidade de tratamento da mama, Hospital Garcia de Orta, Almada,
Portugal, 3Serviço de Anatomia Patológica, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal
Objetivos: O objetivo deste trabalho é fazer uma descrição estatística dos vários tipos de
carcinoma da mama operados na nossa instituição e rever as suas características
imagiológicas e anatomo-patológicas.
Material e métodos: Os dados referentes aos carcinomas da mama operados na nossa
instituição foram obtidos no nosso sistema de registos. As imagens das diferentes técnicas
de imagiologia foram adquiridas a partir do nosso sistema de arquivo de imagens. As
imagens anatomo-patológicas ilustrativas dos casos foram obtidas no nosso arquivo.
Resultados: Com base na iconografia da nossa instituição fizemos a descrição estatística
e imagiológica das múltiplas formas de apresentação dos diferentes tipos de carcinoma da
mama operados na nossa instituição nos últimos anos. Foram apresentados os aspectos
radiológicos, ecográficos, e de ressonância magnética mamária mais frequentes por tipo
histológico bem como as respectivas imagens diagnósticas anatomo-patológicas. Foi feita
a correspondência dos aspectos encontrados com a bibliografia de referência.
Conclusões: O carcinoma da mama apresenta múltiplas faces, consoante o tipo
histológico de tumor. As características imagiológicas e anatomo-patológicas são
diferentes e o seu conhecimento é essencial.
Bibliografia:
Berg WA, Birdwell RL et al. Diagnostic Imaging: Breast. Amirsys, 1st edition, 2006
Fischer U. Practical MR Mammography: High-Resolution MRI of the Breast. Thieme, 2nd
edition, 2012
Ikeda D. Breast Imaging: The Requisites.Elsevier Mosby, 1st edition, 2004
Yamada T et al. Radiologic-Pathologic Correlation of Ductal Carcinoma in Situ.
RadioGraphics 2010; 30:1183-1198
Moon W et al. US of Ductal Carcinoma In Situ. RadioGraphics 2002; 22:269-281
Yoo J et al. Can MR Imaging Contribute in Characterizing Weel-circumscribed Breast
Carcinomas? RadioGraphics 2010; 30:1689-1704
Lopez J et al. Invasive Lobular Carcinoma of the Breast: Spectrum of Mammographic, US,
and MR Imaging Findings. RadioGraphics 2009; 29:165-176
Johnson K et al. Lobular breast cancer series: imaging. Breast Cancer Research (2015)
17:94
0024
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA DO CARCINOMA DA MAMA POR RESSONÂNCIA
MAGNÉTICA MAMÁRIA – ESTUDO RETROSPETIVO
Vanessa Monteiro, Isabel Estudante, Maria Monteiro, Maria João Barata, Lisa Agostinho,
Rita Cruz
Serviço de Radiologia - Departamento de Senologia, Hospital Beatriz Ângelo, Loures,
Portugal
Objetivos: Avaliar a acuidade da ressonância magnética mamária (RMM) na deteção de
lesão atípica através da correlação entre os achados imagiológicos por ecografia e RMM e
os resultados anátomo-patológicos identificados na peça operatória.
Material e métodos: Avaliação retrospetiva dos achados imagiológicos e anatomopatológicos de 135 casos de cancro da mama primário confirmado histologicamente por
biópsia percutânea. Foram selecionados os casos com avaliação quer por ecografia quer
por RMM e que foram posteriormente submetidos a cirurgia mamária conservadora ou
mastectomia. Os dados foram adquiridos num período de 2 anos.
Foi feita a comparação entre as dimensões da lesão obtidas por ecografia, por RMM e na
peça cirúrgica, utilizando como referência dimensional o maior eixo da lesão. Foi também
realizada a avaliação dos focos lesionais identificados primária e adicionalmente por RMM.
Resultados: Na comparação das dimensões lesionais entre ecografia e RMM, foi obtida
concordância em 56% e discordância em 44%. A discordância foi entre 0.5 a 1 cm em 67%
dos casos, com subestimação das dimensões lesionais na ecografia.
Na correlação das dimensões lesionais entre ecografia e anatomia patológica, foi obtida
concordância em 68% e discordância em 32%. A discordância foi entre 0.5 a 1 cm em 63%
dos casos, com subestimação das dimensões lesionais na ecografia.
Na correlação das dimensões lesionais entre RMM e anatomia patológica, foi obtida
concordância em 63% e discordância em 37%. A discordância foi entre 0.5 a 1 cm em 77%
dos casos, com sobrevalorização das dimensões lesionais na RMM.
Foram identificados, por RMM, focos lesionais adicionais em 18% dos casos. Estes foram
avaliados por ecografia de “second look” e confirmados histologicamente por biópsia
percutânea.
Conclusões:Os resultados obtidos são globalmente concordantes com os da literatura (12).
Observou-se correlação positiva entre as dimensões das lesões mamárias na RMM e na
anatomia patológica. A RMM permitiu determinar com acuidade o número, a localização e
as dimensões das lesões mamárias, constituindo uma excelente técnica no estadiamento
local do cancro da mama e contribuindo para a escolha do protocolo cirúrgico mais
adequado.
Bibliografia:
(1) Efficacy of MR Mammography (MRM) in Providing preoperative locoregional
information on breast cancer: correlation between MRM and histological findings (2002)
Kuroki Y, Nawano S; Hasebe T. Magnetic resonance in Medical Sciences vol.1: 73-80.
(2) Diagnostic Accuracy of Mammography, clinical examination, US, and MR imaging in
preoperative assessment of breast cancer (2004) Berg W, Gutierrez L, NessAiver M.
Radiology 233:830-849.
0025
FDG PET-TC NA AVALIAÇÃO IMAGIOLÓGICA DO CANCRO DA MAMA
Maria Antónia Vasconcelos, Eva Batista, Celeste Alves
Fundação Champalimaud, Unidade de Mama, Lisboa, Portugal
Objetivos: descrever o papel da FDG PET-TC na avaliação e estadiamento do cancro da
mama; discutir as limitações da FDG PET-TC na imagiologia do cancro da mama; rever os
cenários clínicos em que a FDG PET-TC é particularmente útil no estadiamento e
avaliação da resposta terapêutica.
Material e métodos: Com base em iconografia do serviço, os autores propõem-se a
apresentar de forma pictórica os diferentes cenários clínicos do papel da FDG PET-TC na
avaliação do cancro da mama.
Resultados: Na abordagem da avaliação e seguimento do cancro da mama a FDG PETTC demonstra as características metabólicas associadas à malignidade que precedem os
achados morfológicos. A FDG PET-TC tem sido avaliada para a deteção e diagnóstico do
cancro da mama, estadiamento locorregional e à distância, bem como para a
monitorização da resposta à terapêutica. Contudo, a FDG PET-TC não substitui a TC com
contraste de estadiamento, sendo considerada um complemento quando os restantes
métodos de imagem são equívocos e fornecendo informação adicional em casos clínicos
selecionados. Actualmente não existe base científica que suporte o papel da FDG PET-TC
no diagnóstico e na avaliação axilar em doentes com cancro da mama, embora estas
sejam áreas de investigação corrente.
Conclusões: As indicações clínicas da FDG PET-TC no âmbito do cancro da mama são
no estadiamento da recidiva e na avaliação do cancro da mama metastático bem como na
apreciação da resposta à terapêutica da doença localmente avançada e metastática. Em
perspectiva do futuro será espectável que outros marcadores para além do FDG, como
o 18F fluoroestradiol, poderão ser benéficos na imagiologia do cancro da mama
identificando a área mamária com expressão de recetores de estrogénio de modo a
abranger uma maior amplitude de características biológicas do tumor.
Bibliografia
Tatsumi M, Cohade C, Mourtzikos KA, Fishman EK, Wahl RL. Initial experience with
FDGPET/CT in the evaluation of breast cancer. Eur J Nucl Med Mol Imaging
2006;33(3):254 –262.
Samson DJ, Flamm CR, Pisano ED, Aronson N. Should FDG PET be used to decide
whether a patient with an abnormal mammogram or breast finding at physical examination
should undergo biopsy? Acad Radiol 2002;9(7):773–783.
Rosen EL, Soo MS, Baker JA. Positron emission mammography (PEM) evaluation of
nonpalpable imaging detected breast lesions [abstr]. In: Radiological Society of North
America scientific assembly and annual meeting program. Oak Brook, Ill: Radiological
Society of North America, 2006; 485.
Wahl RL, Siegel BA, Coleman RE, Gatsonis CG; PET Study Group. Prospective
multicenter study of axillary nodal staging by positron emission tomography in breast
cancer: a report of the Staging Breast Cancer with PET Study Group. J Clin Oncol
2004;22(2):277–285.
Gil-Rendo A, Zornoza G, Garcı´a-Velloso MJ, Regueira FM, Beorlegui C, Cervera M.
Fluorodeoxyglucose positron emission tomography with sentinel lymph node biopsy for
evaluation of axillary involvement in breast cancer. Br J Surg 2006.
Eubank WB, Mankoff D, Bhattacharya M, et al. Impact of FDG PET on defining the extent
of disease and on the treatment of patients with recurrent or metastatic breast cancer. AJR
Am J Roentgenol 2004;183(2):479 – 486.
0026
ACUIDADE DA RMN MAMÁRIA NA DETECÇÃO DE DOENÇA RESIDUAL APÓS
QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE
Marta Barros1, Tânia Ascensão2, Paulo Coelho1, Amélia Estêvão1, Isabel Henriques2,
Ângela Moreira1
1
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal, 2Maternidade Bissaya
Barreto, Coimbra, Portugal
Objetivos: Pretende-se demonstrar o papel da RMN na monitorização da resposta
terapêutica e na avaliação de doença residual após o tratamento com quimioterapia
neoadjuvante em pacientes com neoplasia da mama.
Material e métodos: Revisão e discussão dos procedimentos padrão e sequências de
ressonância na monitorização da resposta terapêutica à quimioterapia neoadjuvante na
neoplasia da mama.
Correlação dos diferentes subtipos de tumores da mama, atendendo aos seus recetores e
imunohistoquímica, com a resposta clínica e imagiológica (RM) ao tratamento
Resultados: Os estudos revelam que a avaliação, por RM, de doença residual após QT
neoadjuvante, tem boa acuidade, embora possa ser influenciada por diversos fatores,
como o subtipo de tumor e o tipo de tratamento efetuado. A avaliação da resposta
terapêutica é possível após 6 semanas desde o início da quimioterapia neoadjuvante e
tem um impacto clinico importante no paciente.
Muitos parâmetros foram anteriormente propostos para monitorizar precocemente a
resposta terapêutica da quimioterapia neoadjuvante por RM: o tamanho, o volume do
tumor, bem como o coeficiente de difusão aparente revelam ser promissores e apresentam
uma maior acuidade na avaliação de doença residual.
Conclusões: A RM mamária permite uma identificação precoce dos não respondedores e
pode predizer a presença de tumor residual após os ciclos de QT neoadjuvante. Como
resultado, poupa o doente a uma exposição adicional a um tratamento tóxico e ineficaz e
pode guiar a adaptação a novas armas terapêuticas.
A RM é o método de imagem com maior acuidade na monitorização de resposta à
terapêutica nos pacientes com neoplasia da mama submetidos a quimioterapia
neoadjuvante e na avaliação de doença residual. No entanto, ainda continuam a faltar
critérios de resposta bem definidos.
Bibliografia:
• Lobbes M., Prevos R., Smidt M. Response monitoring of breast cancer patients receiving
neoadjuvant chemotherapy using breast MRI - a review of current knowledge. Journal of
Cancer Therapeutics & Research 2012, doi: 10.7243/2049-7962-1-34.
• Pickles M.D., Lowry M., Manton D.J., Gibbs P., Turnbull L.W. Role of dynamic contrast
enhanced MRI in monitoring early response of locally advanced breast cancer to
neoadjuvant chemotherapy. Breast Cancer Res Treat, 91 (1) (2005), pp. 1-10
• Loo C.E. et al. Magnetic Resonance Imaging Response Monitoring of Breast Cancer
During Neoadjuvant Chemotherapy: Relevance of Breast Cancer Subtype. J Clin Oncol
29:660-666. 2011.
• Marinovich M.L. et al. Meta-analysis of magnetic resonance imaging in detecting residual
breast cancer after neoadjuvant therapy. J Natl Cancer Inst. 2013 Mar 6;105(5):321-33.
doi: 10.1093/jnci/djs528.
• Galbán C.J. et al. Multi-Site Clinical Evaluation of DW-MRI as a Treatment Response
Metric for Breast Cancer Patients Undergoing Neoadjuvant Chemotherapy. PLoS ONE
10(3): e0122151. doi:10.1371/journal.pone.0122151.
0027
CORPOS ESTRANHOS EM MAMOGRAFIA
Carolina Carneiro, Luís Duarte Silva, Jorge Brito, Francisco Aleixo
Serviço de Radiologia do Centro Hospitalar do Algarve, Portimão/Algarve, Portugal
Objetivos: Revisão pictórica de corpos estranhos observados em mamografia.
Material e métodos: Foi realizada a pesquisa no arquivo da instituição de mamografias
que demonstram a presença de corpos estranhos. Procedeu-se à análise das mesmas,
com categorização sistemática dos corpos estranhos identificados.
Resultados: Foram identificadas imagens de uma grande variedade de corpos estranhos
em mamografia, as quais foram categorizadas em 1) dispositivos médicos (por sua vez
divididos em a) mamários e b) extra-mamários); e 2) outros corpos estranhos. São
apresentados casos exemplificativos de cada um dos objectos identificados.
Conclusões: Uma grande variedade de corpos estranhos pode ser detetada em
mamografia. Alguns deles são expectáveis por corresponderem a dispositivos médicos
utilizados em diagnóstico e tratamento mamário. Outros, porém, são achados imprevistos.
As suas características radiológicas, frequentemente associadas à história clínica,
permitem geralmente ao radiologista determinar a sua natureza.
Bibliografia:
- Moon SJ, Park Y-M, Kim SJ, Jung HK, Lee SJ, Choo HJ. Various Foreign Bodies Seen
on Mammography. In: ECR 2014, e-Poster C-0930, EPOS online system. DOI:
10.1594/ecr2014/C-0930.
0028
TUMOR FILÓIDE GIGANTE DA MAMA MALIGNO - A PROPÓSITO DE UM CASO
CLÍNICO
Raquel Lameiras1, Mariana Torres2, Carla Antunes3, Nuria Correa1, Cecília Bagulho1,
Marco Aurélio Vieira2, Maria José Brito3
1
Serviço de Radiologia, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal, 2Serviço de Ginecologia
e Obstetrícia - Unidade de tratamento da mama, Hospital Garcia de Orta, Almada,
Portugal, 3Serviço de Anatomia Patológica, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal
Objetivos: Este trabalho tem como objetivo apresentar um caso clínico de tumor filóide
gigante da mama com características malignas diagnosticado e tratado na nossa
instituição e rever sumariamente os achados de diagnóstico.
Material e métodos: A história clínica foi obtida consultando o processo clinico registado
no sistema da nossa instituição. As imagens das diferentes técnicas de imagiologia foram
adquiridas a partir do sistema de arquivo de imagens da nossa instituição. A propósito do
caso clínico foram ilustrados os achados mais comuns desta patologia.
Resultados: Os tumores filóides da mama são tumores fibroepiteliais raros classificados
como benignos, malignos ou borderline. Este caso corresponde a uma apresentação
pouco frequente de tumor filóide gigante caracterizado pré-cirurgicamente por ecografia,
ressonância magnética e biópsia. Foi realizada mastectomia, que confirmou e re-estadiou
o tumor filóide. O resultado da reavaliação a um ano não demonstrou recorrência local.
Conclusões: Os tumores filóides necessitam de uma abordagem correta em termos de
diagnóstico por imagem assim como caracterização histológica, com confirmação précirúrgica com o objectivo de um melhor planeamento terapêutico cirúrgico no sentido de
minimizar as recorrências locais.
Bibliografia:
Berg WA, Birdwell RL et al. Diagnostic Imaging: Breast. Amirsys, 1st edition, 2006
Fischer U. Practical MR Mammography: High-Resolution MRI of the Breast. Thieme, 2nd
edition, 2012
Ikeda D. Breast Imaging: The Requisites. Elsevier Mosby, 1st edition, 2004
Chao TC et al. Sonographic features of phyllodes tumors of the breast. Ultrasound Obstet
Gynecol 2002; 20:64-71
Balaji R et al. Magnetic Resonance Imaging of a Benign Phyllodes Tumor of the Breast.
Breast Care 2009; 4:189-191
Yabuuchi H et al. Phyllodes Tumor of the Breast: Correlation between MR Findings and
Histologic Grade. Radiology 2006; 241(3): 702-709
Wurdinger S et al. Differentiation of Phyllodes Breast Tumors from Fibroadenomas on MRI.
AJR 2005; 185:1317-1321
Wiratkapun C et al. Fibroadenoma versus phyllodes tumor: distinguishing factors in
patients diagnosed with fibroepithelial lesions after a core needle biopsy. Diagn Interv
Radiol 2014; 20:27-33
Buchberger W et al. Phylloides Tumor: Findings on Mammography, Sonography, and
Aspiration Cytology. AJR 1991; 157:715-719
Feder JM et al. Unusual Breast Lesions: Radiologic-Pathologic Correlation. Radiographics
1999; 19:S11-S26
Liberman L et al. Benign and Malignant Phyllodes Tumors: Mammographic and
Sonographic Findings. Radiology 1996; 198:121-124
RADIOTERAPIA
0029
IRRADIAÇÃO NO CARCINOMA DA MAMA AVANÇADO
Carolina Carvalho1, João Casalta-Lopes1 ,2, Pedro Fernandes1, Ana Cleto1, Margarida
Borrego1
1
Serviço de Radioterapia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal,
2
Unidade de Biofísica, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra,
Portugal
Objetivos: O carcinoma da mama com doença local avançada (CMA), classificado
clinicamente em cT4, é identificado maioritariamente em doentes idosas, apresentando um
prognóstico habitualmente desfavorável. Está habitualmente associado a ulceração,
hemorragia e dor local, com evolução prolongada. A Radioterapia (RT) apresenta um
papel particularmente importante no controlo local e de sintomas. O esquema de
hipofracionamento com a dose de 13 Gy em 2 frações com 48h de intervalo (RT-FLASH)
permite obter resultados aceitáveis. Com este estudo pretendemos avaliar os resultados
de doentes tratadas com RT-FLASH por CMA.
Material e Métodos: Foram incluídas retrospectivamente as doentes com CMA tratadas
com RT-FLASH entre 2001 e 2015, com eventual repetição após avaliação às 3 semanas.
A resposta local foi avaliada clinicamente. As sobrevivências livre de progressão locoregional (LPFS) e global (OS) foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier. Erro tipo I
de 0,05.
Resultados: Foram incluídas 63 doentes, com idade mediana de 78 anos (39-92 anos),
índice Karnofsky ≤80% em 61,9% e tempo de evolução mediano de 13,5 meses (2-180
meses). O carcinoma sem outra especificação foi o tipo histológico mais frequente
(84,1%), com receptores de estrogénio positivos em 71,4%. A maioria dos tumores foram
estadiados em cT4b (50,8%) e cT4c (36,5%), com 60,3% com cN+ e 44,4% cM1. À
avaliação inicial 46,0% apresentavam lesões sangrantes
Foram realizados dois RT-FLASH em 65,1% das doentes. Durante o tratamento não houve
registo de toxicidade, verificando-se diminuição da hemorragia em 81,5%, da dimensão em
69,8% e da ulceração em 39,6%. Foram adquiridas condições cirúrgicas em 23,8%.
As doentes cM1 foram submetidas a quimioterapia mais frequentemente que as cM0
(57,7% vs. 17,6%; p=0,001). 63,9% efectuaram hormonoterapia (HT), das quais 77,5%
realizaram 2 RT-FLASH (p=0,002 vs. não HT), observando-se maior redução dimensional
nas doentes submetidas a HT (81,1% vs 43,8%, p=0,010).
A LPFS aos 2 e 5 anos foi 76,6% e 66,1%, respetivamente. A OS aos 2 anos foi 39,7% e
aos 5 anos de 19,5%, sendo superior nas doentes cM0 (p<0,001), submetidas a 2 RTFLASH (p=0,003), ou sob HT (p=0,001). Em análise multivariada, a HT e cM1 mantiveram
impacto significativo (p=0,018 com HR=0,593 e p=0,006 com HR=2,574, respectivamente).
Na análise multivariada da LPFS a realização de HT e de 2 RT-FLASH tiveram impacto
prognóstico (p=0,039 com HR=0,297 e p=0,036 com HR=0,257, respectivamente).
Conclusões: No contexto de CMA, com prognóstico reservado, a RT-FLASH permite
melhorar a qualidade de vida sem registo de toxicidade aguda, apresentando OS razoável.
A realização de HT e a ausência de metastização inicial tiveram impacto prognóstico
positivo na OS, de forma significativa. A LPFS foi significativamente superior nas doentes
que realizaram 2 RT-FLASH ou HT.
Bibliografia: Griscom NT, Wang CC, Radiation Therapy of Inoperable Breast Carcinoma,
Radiology 1962;79:18-23.
0030
ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES COM CANCRO DE MAMA
SUBMETIDAS A RADIOTERAPIA
Ana Calhelhas1, Carlota Canto1, Maria Gamboa1, Maria Monsanto1, Ana Sá1, Carina
Coelho1, Elisabete Carolino2
1
Área Científica de Radioterapia, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa,
Instituto Politécnico de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2Área Científica de Matemática, Escola
Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa, Lisboa,
Portugal
Objetivos: Analisar a qualidade de vida (QdV) de doentes com cancro de mama no final
do tratamento de radioterapia (RT).
Material e Métodos: 25 doentes que efetuaram RT em duas instituições da região da
grande Lisboa preencheram os questionários da EORTC QLQ C-30 e BR23, no último dia
de tratamento. Analisaram-se os dados com o software estatístico SPSS, versão 19.0.
Resultados: Verificou-se que sintomas associados à mama, como a dor, o edema e a
radiodermite alteraram de forma significativa a QdV das doentes. Por outro lado, os efeitos
secundários do tratamento, como a xerostomia, a alteração do paladar e as cefaleias
mostraram uma interferência na QdV das doentes.
Conclusões: Verificou-se que os fatores que apresentam uma maior influência na QdV
são a dor, a fadiga, os sintomas da mama e os efeitos secundários do tratamento.
Bibliografia:
1. Fangel LMV, Panobianco MS, Kebbe LM, Almeida AM, Gozzo T. Qualidade de vida e
desempenho de atividades cotidianas após tratamento das neoplasias mamárias. Acta
Paul Enferm. 2013;26(1):93-100.
2. Gomes JS, Lichtenfels H, Kolankiewicz ACB, Loro MM, Rosanelli CLSP, Stumm EMF.
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of women treated with radiotherapy for breast cancer. Support Care Cancer.
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4. Marín KCL, Martínez PDF, Vera PF, Echeverri RS, Muñoz UDM, Quelal AK et al.
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em tratamento quimioterápico adjuvante. Texto contexto - enferm. [Internet]. 2008 [cited
2015 Jul 8] ; 17( 4 ): 750-757
6. Miranda N, Nogueira PJ, Silva AJ, Rosa MV, Afonso D, Portugal AC, Portugal doenças
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7. Monsanto F, Lança C, Sá AC, Coelho CM, Carolino E. Influência do tratamento de
radioterapia na qualidade de vida dos doentes com cancro de mama. Saúde & Tecnologia.
2013; 9:40-4.
8. Patrão IAM, Leal IP, Maroco J. Modelos de equações estruturais: Estudo do impacto do
ciclo
psico-oncológico
do
cancro
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2012;1(1),33-5.
9. Reidunsdatter RJ, Rannestad T, Frengen J, Frykholm G, Lundgren S. Early effects of
contemporary breast radiation on health-related quality of life - predictors of radiotherapyrelated fatigue. Acta Oncol. 2011;50(8):1175-82.
10. Remondes-Costa S, Jimenéz F, Pais-Ribeiro JL. Imagem corporal, sexualidade e
qualidade de vida no cancro da mama. Psic., Saúde & Doenças. 2012;13(2):327-39.
11. Tan ML, Idris DB, Teo LW, Loh SY, Seow GC, Chia YY, Tin AS. Validation of EORTC
QLQ-C30 and QLQ-BR23 questionnaires in the measurement of quality of life of breast
cancer patients in Singapore. Asia Pac J Oncol Nurs. 2014; 1:22-32.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
0031
RELAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIO-DEMOGRAFICO DE UMA POPULAÇÃO
SUBMETIDA A CIRURGIA MAMÁRIA "NÃO ESTÉTICA" E AS COMPLICAÇÕES
CIRÚRGICAS
André T. Magalhães1, Eliana Sousa2, Susy Costa1, Fernando Osório1, José Luís Fougo1
1
Centro de Mama, Serviço de Cirurgia Geral - Centro Hospitalar São João, Porto, Portugal,
2
Departamento de Ciências da Informação e da Decisão em Saúde, Faculdade de
Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal
Objetivos: A morbilidade associada à cirurgia da mama reveste-se de especial
importância porque pode levar ao atraso dos tratamentos complementares. A
acessibilidade aos cuidados de saúde e o envolvimento das doentes na decisão
terapêutica podem influenciar o sucesso da cirurgia. O obetivo deste trabalho é avaliar a
relação entre o perfil sócio-demográfico de uma população submetida a cirurgia mamária
"não estética" e as complicações cirúrgicas.
Material e métodos: A população em estudo inclui doentes que foram operadas por cinco
cirurgiões especialmente dedicados à patologia mamária "não estética". Os dados sobre
as complicações cirúrgicas foram obtidos retrospetivamente e categorizadas em "sim" e
"não". Os dados sócio-demográficos estudados foram a escolaridade e a distância entre a
residência das doentes e o centro hospitalar; estes foram colhidos prospectivamente. Após
a cirurgia, os cuidados com as feridas cirúrgicas foram efetuados pela equipe de
enfermagem do centro hospitalar. Obtivemos dados sobre a escolaridade em 407 doentes
e em 330 doentes sobre a residência. Categorizamos a escolaridade em 4 grupos: < 6º
ano, < 9º ano, < 12º ano e licenciatura. Categorizamos a distância do local de residência
ao nosso centro em 3 grupos: <30Km, 30-50Km e >50Km. Realizada análise univariada
usando teste Qui2, SPSS v.22, significado estatístico com p<0,05.
Resultados:
Proporção de doentes com complicações:
- escolaridade: < 6º ano - 43%; < 9º ano - 27,9%; < 12º ano - 18,8% e licenciatura - 25,7%;
p<0,05
- localidade: <30Km - 38,5%, 30-50Km - 33,7%; >50Km - 36,2%; p>0,05
Conclusões: De acordo com os nossos resultados, as doentes com baixa escolaridade
merecem mais cuidados (por ex., mais tempo de consulta para explicar procedimentos e
cuidados, internamentos mais prolongados e vindas mais frequentes ao hospital). Pelo
contrário, a acessibilidade ao nosso centro parece ser adequada.
Bibliografia:
Therapeutic mammaplasty - Extending indications and achieving low incomplete excision
rates. M. V. Shaverien; EJSO 39 (2013) 329-333
Therapeutic mammaplasty - A systematic review of the evidence. J. McIntosh, J. M.
O'Donoghue; EJSO 38 (2012) 196-202
Breast cancer surgery without suction drainage: The impact of adopting a ‘no drains' policy
on symptomatic seroma formation rates J.C. Taylor et al. / EJSO xx (2013) 1e5
Socioeconomic deprivation and inpatient complication rates following mastectomy and
breast reconstruction surgery. Jeevan R Br J Surg. 2015 Aug;102(9):1064-70. doi:
10.1002/bjs.9847. Epub 2015 Jun 15.
0032
OSNA - NOVA "ARMA" NA ABORDAGEM DO GANGLIO SENTINELA
José Presa Fernandes1, Teresa Correia1, Tânia Lima2, Donzilia Silva1, José Davide1, José
Polónia1
1
Serviço Cirurgia Geral, Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto, Porto,
Portugal, 2Serviço Ginecologia-Obstetricia, Centro Materno-Infantil do Norte, Centro
Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
Em doentes com neoplasia da mama, a avaliação da cadeia ganglionar axilar é aceite
como um dos mais importantes preditores de sobrevivência e sobrevida livre de doença. A
biopsia do gânglio sentinela (BGS) é atualmente o gold standard dessa avaliação, sendo
um procedimento minimamente invasivo que evita esvaziamentos axilares desnecessários
e as comorbilidades associadas (linfedema, seroma, parestesias do membro superior, etc).
Existem métodos convencionais de avaliação do gânglio sentinela como citologia por
impressão e secção congelada, tendo recentemente surgido outros meios como a
avaliação molecular OSNA (one step nucleic acid amplification) que permite dosear a
carga tumoral do gânglio sentinela, sendo considerados positivos os valores de CK19
mRNA superiores a 250 cópias.
Com este trabalho pretendeu-se avaliar qual o valor de carga tumoral pelo método OSNA,
para o qual se considera haver uma probabilidade elevada de metastização nos gânglios
não sentinela e assim proceder ao esvaziamento axilar.
Material e métodos: Estudo retrospectivo de análise de mulheres que foram submetidas a
tratamento cirúrgico de cancro da mama com BGS e sua avaliação pelo método OSNA, de
Março 2014 a Maio 2015, centrando-nos nas pacientes com esvaziamento axilar após um
resultado positivo no OSNA. Foram excluídas doentes que tenham feito análise do gânglio
sentinela por outro método, ou que tenham feito esvaziamento axilar como abordagem
inicial.
Foram registados a idade, características do tumor (tamanho, recetores hormonais, status
Her-2, presença de infiltração linfo-vascular), número de gânglios sentinela detetados,
carga tumoral dos gânglios sentinela e resultado do esvaziamento axilar.
Os dados foram recolhidos através da análise dos processos dos doentes.
Análise estatística uni e multi-variável, recorrendo ao SPSS.
Resultados: No período em estudo, apuraram-se um total de 79 pacientes, com apenas
24 esvaziamentos axilares realizados, 6 destes a apresentarem metastização ganglionar.
O valor médio do OSNA foi 4,4 x105 cópias, com um valor mínimo de 260 e máximo de
1x106cópias, sendo que todas as doentes que apresentaram metastização nos gânglios
isolados no esvaziamento axilar tinham cargas tumorais > 3,2 x105.
Com este trabalho vemos que a taxa de esvaziamentos axilares “desnecessários” é
elevada, propondo-nos a aferir qual o melhor valor de OSNA, para a nossa população, que
evite esvaziamentos “desnecessários”, sendo que os nossos resultados poderão estar
enviesados pelo número reduzido da amostra.
Bibliografia:
- Milner et al. Breast cancer metastasis burden in sentinel nodes analysed using one-step
nucleic acid amplification predicts axillary nodal status; The Breast xxx (2015) 1-8
- A. Teramoto et al. One-step nucleic acid amplification assay for intraoperative prediction
of non-sentinel lymph node metastasis in breast cancer patients with sentinel lymph node
metastasisThe Breast 23 (2014) 579-585
- K. Jimbo et al. Sentinel and nonsentinel lymph node assessment using a combination of
one-step nucleic acid amplification and conventional histological examination; The Breast
22 (2013) 1194-1199
- A. Pinero-Madrona et al. Tumoral load quantification of positive sentinel lymph nodes in
breast cancer to predict more than two involved nodes; The Breast 23 (2014) 859-864
0033
QUANDO EVITAR A LINFADENECTOMIA AXILAR?
Rodrigo Oom, Catarina Rodrigues dos Santos, Francisco Cabral, Mariana Sousa, Ricardo
Nogueira, João Vargas Moniz, Antonia Santos, Rui Serra Alves, João Leal de Faria,
António Bettencourt
IPO LISBOA, LISBOA, Portugal
Objectivos:Os tumores da mama em estádios inicias (T1-T2) têm uma baixa taxa de
metastização ganglionar axilar e envolvimento de reduzido número de gânglios axilares.
A validação da biópsia do gânglio sentinela (BGS) permitiu poupar a grande maioria destes
doentes a linfadenectomia axilar (LA) e toda a morbilidade associada.
A incorporação dos critérios do estudo Z011, alarga ainda mais o grupo de doentes que
evitam LA, mesmo quando um a dois gânglios axilares apresentam envolvimento tumoral.
Estes critérios foram introduzidos no protocolo na nossa Unidade de Mama em 2012. Com
o objectivo de determinar a proporção de doentes em que a aplicação destes critérios
permitiu evitar linfadenectomias axilares, revimos a base de dados prospectiva desta
Unidade de Mama.
Material E Métodos: Estudo observacional dos doentes tratados numa Unidade de Mama
submetidos a cirurgia conservadora da mama com BGS de 2012 a 2014.
Resultados: Durante o período do estudo, foram registados 2431 doentes submetidos a
cirurgia oncológica da mama. 1406 (57,8%) foram sujeitos a tumorectomia e, destes, 1142
(81,2%) foram sujeitos a BGS simultaneamente. De todos os casos de tumorectomia com
BGS positiva, 90 doentes (57%) não realizaram a LA.
Todos os doentes são do sexo feminino com uma mediana de idades de 61 (p 2554-p7567).
O carcinoma invasivo sem outra especificação foi o mais frequente (76%). A mediana do
número de gânglios positivos foi de 1 (p251-p751) e a mediana do número de gânglios
retirados foi de 2 (p251-p752). (39%). Neste período de seguimento, foram registados um
caso de recidiva local (mama) e outro de doença metastática pulmonar. Os autores
descrevem as características histopatológicas, epidemiológicas, abordagem terapêutica
adjuvante e a taxa de recidiva e sobrevivência da população em estudo.
Conclusão: Os tumores da mama em estádios iniciais (T1-2) têm taxas de metastização
ganglionar inferior a 30 %. A incorporação desta evidência tem permitido poupar um
número crescente de doentes a LA desnecessárias e que provavelmente poderá ser
estendido um número ainda maior e independente da estratégia cirúrgica ou adjuvante.
A criação de protocolos e a sua avalição são necessárias para identificar que doentes não
beneficiam de LA. Estas medidas exigem um tempo de seguimento alargado e
documentado, que nos propomos a realizar prospectivamente.
Bibliografia:
Giuliano, Armando E., et al. "Locoregional recurrence after sentinel lymph node dissection
with or without axillary dissection in patients with sentinel lymph node metastases: the
American College of Surgeons Oncology Group Z0011 randomized trial." Annals of surgery
252.3 (2010): 426-433.
Gainer, Sarah M., et al. "Changing behavior in clinical practice in response to the ACOSOG
Z0011 trial: a survey of the American Society of Breast Surgeons." Annals of surgical
oncology 19.10 (2012): 3152-3158.
Caudle, Abigail S., et al. "Multidisciplinary considerations in the implementation of the
findings from the American College of Surgeons Oncology Group (ACOSOG) Z0011 study:
a practice-changing trial." Annals of surgical oncology18.9 (2011): 2407-2412.
Rao, Roshni, et al. "Axillary node interventions in breast cancer: a systematic
review." Jama 310.13 (2013): 1385-1394.
0034
REINTERVENÇÃO APÓS CIRURGIA CONSERVADORA DO CANCRO DA MAMA
Filipa Ferreira, Iolanda Ferreira, Barbara Moita, Teresa Rebelo, Cristina Frutuoso, Isabel
Torgal
Serviço de Ginecologia A do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra,
Portugal
Objectivos: Avaliação da taxa de reintervenção após cirurgia conservadora do cancro da
mama nos anos 2013/2014 e comparação com os 5 anos precedentes com o objectivo
secundário de avaliar a mudança de conduta; Avaliação de factores clínicos e patológicos
associados à presença de tumor residual na peça de reexcisão.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo dos 162 casos de mulheres submetidas a
cirurgia de reintervenção (alargamento de margens ou mastectomia total) por ausência de
margens de segurança/margens insuficientes após cirurgia conservadora como tratamento
inicial do cancro da mama, entre 2008 e 2014. Foram consideradas margens insuficientes
a presença de margens livres ≤ 2mm, margens positivas quando invadidas/tangenciais.
Analisaram-se 2 grupos consoante a ausência (G1) ou presença (G2) de tumor residual na
peça de reexcisão, incluindo carcinoma invasivo ou in situ. A análise estatística foi
realizada através do SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 20. Foi
utilizado o teste do Qui-quadrado para comparação de variáveis norminais e o teste t de
Student para comparação de médias das variáveis contínuas.
Resultados: A taxa de reintervenção global foi de 20.6% com uma redução da taxa de
reintevenção nos anos 2013/2014 (18.2%) em relação aos 5 anos precedentes (22.3%).
Nos anos 2013/2014 o tipo de reintervenção foi maioritariamente o alargamento de
margens (54.1%) enquanto nos 5 anos precedentes foi a mastectomia total (81.2%). A
idade média das mulheres (anos) foi de 54±11. Ao diagnóstico, 31.7% dos tumores eram
palpáveis. A maioria dos tumores era invasivo (74.7%) e destes, foi diagnosticado
carcinoma ductal invasivo (CDI) em 82.5% dos casos, com CDI in situ (CDIS) associado
em 63.9%. O G2 representa 55.3% dos casos com 67.2% apresentado apenas CDIS. O
tamanho médio do CDI (cm) foi diferente entre os grupos G1 e G2 (1.5vs1.9 p=0.012). A
presença de tumor residual na peça de reexcisão não se relacionou com a presença de
margens cirúrgicas positivas (62.0% em G1 vs 68.2% em G2) nem com a distância média
à margem nos tumores com margem cirúrgica negativa (1.0 em G1 vs 0.9 em G2). A
presença de ≥ 1 margem insuficiente associou-se à presença de tumor residual
(36.1%vs58.4%, p=0.005). Factores clínicos, como a idade e a presença de tumor
palpável, assim como as características histológicas e imunohistoquímica do tumor, não se
correlacionaram com a presença de tumor residual na peça de reexcisão.
Conclusões: Nos últimos 2 anos assistiu-se a uma diminuição da taxa de reintervenção
após cirurgia conservadora por ausência de margens de segurança e aumento da taxa de
alargamentos em relação às mastectomias. Na nossa amostra, os únicos factores
relacionados com a presença de tumor residual na peça de reexcisão foram o tamanho do
tumor e a presença de ≥ 1 margem cirúrgica insuficiente.
0035
ANÁLISE RETROSPECTIVA DA PESQUISA DO GÂNGLIO SENTINELA AXILAR EM
NEOPLASIAS DA MAMA, COM RECURSO AO VERDE DE INDOCIANINA E CORANTE
AZUL PATENTE.
Beatriz Mourato1, David Salvador1, Nuno Pratas1, Cristina Costa1, Marta Reia1, Guilherme
Fialho1, Daniela Rosado1, Erika Delgado1, Joaquina Dominguez2, Monica Guerrero1,
Miguel Angel Romero1, Amelia Coelho1, Vitor Silva2, Ilda Barbosa1
1
Serviço de Cirurgia do Hospital Doutor José Maria Grande, Portalegre, Portugal, 2Serviço
de Cirurgia do Hospital Santa Luzia de Elvas, Elvas, Portugal
Introdução: A pesquisa do gânglio sentinela axilar (GSA) em doentes com neoplasia da
mama em estádios precoces e com axilas clinicamente negativas, permite um
estadiamento adequado e uma redução da morbilidade associada à linfadenectomia axilar
(LA). Este procedimento pode ser realizado com recurso à injeção de radioisótopos,
corantes vitais, corantes fluorescentes e derivados do ferro, estando descrita na literatura
uma eficácia semelhante entre as diferentes técnicas. A nossa Unidade adotou a técnica
de fluorescência com verde de indocianina (VdI) e o azul patente (AP) como método de
pesquisa do GSA. Os objectivos deste trabalho são a apresentação da casuística desta
Unidade, verificação da segurança da não LA em doentes cuja pesquisa do gânglio foi
positiva e proceder à analise a relação custo-eficácia do procedimento.
Material e Métodos: Foi feita uma analise retrospectiva dos casos de pesquisa do GSA,
entre 01/07/2011 e 01/07/2015. A técnica consiste na injeção periareolar subcutânea dos
corantes VdI e AP, perioperatoriamente. De seguida, é feita detecção de fluorescência
com a Câmara Photodynamic Eye e excisão dos gânglios marcados. Foi também realizada
uma revisão de todos os casos cuja pesquisa do GSA foi positiva e se optou por não
proceder à LA. Procedeu-se ainda à analise dos custos deste procedimento, comparandoos com a técnica com radioisótopos. Resultados: No período referido foram realizadas 101
intervenções, obtendo-se marcação do GSA em 94% dos casos. Em média excisaram-se
3 gânglios. A histologia revelou 67 casos de negatividade, 2 caso de micrometastase
(MicM), 23 casos de macrometases (MacM) e 6 casos inconclusivos. Dos 25 casos em
que a pesquisa do GSA foi positiva, 10 (8 casos em 2014 e 2 em 2015) não foram
submetidos a LA, mantendo-se apenas vigilância e radioterapia tangencial. Destas 10
doentes, até à data desta pesquisa, não foi registado nenhum caso de recidiva ganglionar.
Os custos desta técnica incluem a aquisição do equipamento e consumíveis, sendo
significativamente mais económica do que a técnica por radioisótopos.
Conclusão: A pesquisa do GSA com VdI é uma técnica que revela uma boa relação
custo-eficácia, sendo uma válida opção para Unidades de Senologia que não dispõem de
Medicina Nuclear. Com recurso a esta técnica o gânglio sentinela foi identificado em 94%
dos casos, tendo sido possível poupar a LA em 78,2% dos casos. Verificámos ainda que
nenhuma das doentes mantida sob vigilância sem LA após pesquisa de GSA positiva teve
recidiva ganglionar, embora se admita que esse período de vigilância seja curto para
podermos tirar conclusões concordantes com o estudo ACOSOG Z011.
0036
CIRURGIA DO CANCRO DA MAMA: ESTAMOS A INCLUIR A PREFERÊNCIA DAS
DOENTES NO PROCESSO DE DECISÃO?
Cátia Teixeira Rodrigues1, Cláudia Araújo2, Joaquim Abreu de Sousa1 ,2
1
Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto, Porto, Portugal,
2
Clínica da Mama do Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, Entidade
Pública Empresarial, Porto, Portugal
Introdução: As taxas de sobrevivência proporcionadas pelas diferentes opções cirúrgicas
do cancro da mama inicial são idênticas, pelo que o processo de decisão da opção
cirúrgica é sempre individualizado. Na decisão partilhada é indispensável conhecer todos
os fatores que influenciam a preferência cirúrgica das doentes. A cirurgia ao cancro da
mama tem consequências a vários níveis psicossociais, nomeadamente na imagem
corporal e na sexualidade.
Objetivos: Os objetivos primordiais deste estudo foram: identificar os fatores motivadores
que suportam as preferências cirúrgicas das doentes com cancro da mama em estádio
inicial, determinar a satisfação das doentes com a cirurgia realizada e compreender os
efeitos das diferentes técnicas cirúrgicas sobre a imagem corporal e a sexualidade.
Material e métodos: Desenvolveu-se um estudo de coorte, observacional, descritivo, com
aplicação de questionários a uma amostra de 102 doentes, em 2 momentos diferentes:
antes e após a cirurgia da mama. O primeiro questionário pretendeu esclarecer a
preferência cirúrgica da doente e caracterizar a sexualidade antes da cirurgia. O segundo
questionário pretendeu avaliar o tipo de cirurgia realizada, os efeitos na imagem corporal e
na sexualidade com o tipo de cirurgia realizada.
Resultados: A maioria das doentes da amostra (63,7%) pretendia realizar cirurgia
conservadora da mama, sobretudo porque queriam preservar a mama, com o fim de
preservar a autoimagem. As doentes que preferiam mastectomia desejavam sobretudo
reduzir o risco de recorrência com o procedimento, evitar a radioterapia e reduzir o tempo
de tratamento. Não se observaram diferenças estatisticamente significativas entre a
preferência da doente e a cirurgia efetivamente realizada, 73,5% das doentes cumpriram o
seu desejo inicial. As doentes que foram submetidas a cirurgia conservadora da mama
referiram maior satisfação após a cirurgia. Este estudo não permitiu avaliar o impacto do
tipo de cirurgia na satisfação sexual.
Conclusão: Não se identificaram desvios importantes na imagem corporal pós-operatória.
Contudo a cirurgia conservadora da mama associou-se uma imagem corporal mais
positiva. Na maioria das doentes foi possível realizar a cirurgia de acordo com a sua
preferência.
Bibliografia: Katz SJ, Hawley ST. From policy to patients and back: surgical treatment
decision making for patients with breast cancer. Health Aff (Millwood). 2007;26(3):761-9.
Reefy S, Patani N, Anderson A, Burgoyne G, Osman H, Mokbel K. Oncological outcome
and patient satisfaction with skin-sparing mastectomy and immediate breast reconstruction:
a prospective observational study. BMC Cancer. 2010;10:171.
Moreira H, Canavarro MC. Tipo de cirurgia, adaptação psicossocial e imagem corporal no
cancro da mama. Psicologia, Saúde & Doenças. 2012;13(2):169-90.
Senkus E, Kyriakides S, Penault-Llorca F, Poortmans P, Thompson A, Zackrisson S, et al.
Primary breast cancer: ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and
follow-up. Ann Oncol. 2013;24 Suppl 6:vi7-23.
0037
STATE OF THE ART : ESTADIAMENTO AXILAR NO CANCRO MAMA
ESTUDO RETROSPECTIVO
Elizabeth Ordens Castelo Branco------ Grupo Mama
Serviço de Ginecologia, Instituto Português de Oncologia de Coimbra
Introdução: O estadiamento axilar é um dos principais factores de prognóstico no
carcinoma da mama inicial. A avaliação clínica não é sensível nem fiável, frequentemente
gânglios axilares metastizados não são palpáveis e a palpação de adenopatias podem ser
erradamente interpretadas como metástases. Adenopatias suspeitas clínica ou
ecograficamente devem ser submetidas a citologia- biópsia ecoguiada.
Objetivos: Analisar os resultados de citologias da axila em doentes com gânglios axilares
ecograficamente suspeitos e correlacionar esses resultados com o estadiamento clínico e
achados histológicos.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo, revisão de 94 processos referentes a pacientes
com diagnóstico de cancro de mama submetidas a citologia aspirativa ecoguiada de
gânglio axilar ecograficamente suspeito. Avaliou-se estadiamento clínico, características
do tumor, resultados citológicos,estadiamento posterior e resultado anatomo-patologico
final.
Resultados: 82 doentes submetidas a citologia ganglionar axilar em 2013 incluidas
revelaram:média de idade 59 anos. Histologia mais frequente : carcinoma ductal invasor
SOE--76 casos-(93%);Herb-2 negativo em 67 doentes (82%); recetores hormonais
positivos em 69 casos (84%); Grau 1(45%), grau 2 (39%) e grau 3 (16%). Das 38
doentes (46%) com citologia axilar positiva para células neoplásicas, 9 tinham sido
classificadas clinicamente como N0 (24%). Das 29 doentes (35%) com citologia axilar
negativa, 12 (41%) tinham sido classificadas clinicamente como N1 ou N2. Em15 doentes
o exame citológico foi inconclusivo. No estadiamento axilar definitivo foram
consideradas 32 doentes N0, das quais 23 (72%) eram classificadas como
clinicamente como N0 e 9 (28%) como N1. 23 doentes (77%) tinham citologia axilar
negativa. 20 tinham estudo anatomo-patológico definitivo, tendo esse confirmado o
resultado em 15 doentes (3 casos com PN1mic, 2 casos pN1), ecografia valor preditivo
negativo de 75%. 9 doentes clinicamente estadiadas como N1 (7 citologia negativa e 2
inconclusiva) apenas 2 (22%) apresentavam metastização ganglionar no estudo
anatomopatológico (1 pN1mic), o estudo citológico evitou a lindadenectomia axilar em 7
doentes.
Conclusões:Os achados deste estudo vem ao encontro das ultimas revisões
internacionais que referem que a avaliação clínica é um método pouco preciso no
estadiamento axilar, tem baixa sensibilidade, existe o risco de sobre-estadiar as doentes
,submetendo-as a cirurgias mais radicais-desnecessárias. A biópsia ecoguiada/ punção
aspirativa dos gânglios suspeitos é um procedimento eficaz e que deve ser realizado
sistematicamente -preditivo negativo de 75%.
Bibliografia: UPTODATE-dezember2014-35 articles.
0038
PESQUISA DO GÂNGLIO SENTINELA POR FLUORESCÊNCIA COM VERDE DE
INDOCIANINA - A EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL INSULAR
Ana Teresa Bernardo1, Maria Inês Leite1, Luis Bernardo1, Luis Amaral1, Victor Carneiro2,
António Silva Melo1
1
Hospital Divino Espírito Santo, Serviço de Cirurgia Geral, Ponta Delgada, Portugal,
2
Hospital do Divino Espírito Santo, Serviço de Anatomia Patológica, Ponta Delgada,
Portugal
O estado anátomo-patológico dos gânglios linfáticos axilares é essencial para o
estadiamento do carcinoma da mama e escolha da abordagem terapêutica.A pesquisa do
gânglio sentinela (PGS) é um procedimento standard em doentes sem evidência clínica de
metastização axilar.Na nossa instituição a PGS era realizada apenas pela técnica de
injeção subareolar de azul patente até Setembro de 2012,altura em que se associou a
injeção intratumoral do verde de indocianina para identificação do GS por fluorescência.
Material e Métodos: Revisão de 92 casos de PGS pela técnica combinada azul
patente/verde de indocianina entre Setembro de 2012 e Junho de 2015 em doentes com
estadiamento axilar clinicamente negativo,não submetidos previamente a tratamento
neoadjuvante.
Resultados: Foram analisado 92 doentes, com uma média de idades de 59,2 anos.Os
carcinomas dividem-se em ductal in situ (4), ductal invasivo (75), lobular in situ (1), lobular
invasivo (10), tubular (1) e papilar (1). O tratamento cirúrgico instituído foi a mastectomia
(30) e tumorectomia (60).Em 3 casos a PGS foi realizada previamente à QT neoadjuvante.
O GS foi identificado em 82 casos (taxa de detecção 89,1%), nos quais o exame
extemporâneo foi positivo (18), negativo (60) ou nconclusivo (4). Dos esvaziamentos
axilares realizados (32), apenas se verificou invasão ganglionar além do GS em 6 casos.
Conclusões: A PGS por fluorescência permitiu evitar 60 linfadenectomias axilares nas
doentes com GS negativo.Trata-se de uma técnica promissora com especial interesse em
instituições onde o recurso à medicina nuclear para pesquisa por radioisótopos se
encontra limitado.
Bibliografia: ABE H et al.Indocyanine Green Fluorescence Imaging System for Sentinel
Lymph Node Biopsies in Early Breast Cancer Patients. Surg Today. 2011; 41: 197-202.
MURAWA D et al. Sentinel lymph node biopsy in breast cancer guided by indocyanine
green fluorescence. British Journal of Surgery. 2009; 96: 1289-94. AHMED M et al. Novel
Techniques for sentinel lymph node biopsy in breast cancer: a systematic review. Lancet
Oncol. 2014; 15(8):351-62.KITAI T et al. Fluorescence Navigation with Indocyanine Green
for Detecting Sentinel Lymph Nodes in Breast Cancer. Breast Cancer. 2005;12(3):211-5.
POLOM K et al. Sentinel node biopsy in breast cancer using infrared laser system first
experience with PDE camera. Rep Pract Oncol Radiother. 2011;16(3):82-6. AOYAMA K et
al. Sentinel lymph node biopsy for breast cancer patients using fluorescence navigation
with indocyanine green.World J Surg Oncol. 2011; 9:157. SUGIE T et al. A novel method
for sentinel lymph node biopsy by green fluorescence technique in breast cancer. Cancers
(Basel). 2010; 2(2):713-20.
0039
NEOPLASIA DE COMPORTAMENTO INCERTO DA MAMA - PERSPETIVA DE 7 ANOS
DE EXPERIÊNCIA
José Miguel Raimundo, André Batista, Diana Grangeia, Inês Neves, Nuno Abreu, Pedro
Santos Ferreira, Luis Branco, Manuel Victor Rigueira
Centro Hospitalar de Setúbal, Setúbal, Portugal
Objetivo: Estudar a correlação entre o diagnóstico prévio de neoplasias de
comportamento incerto da mama e respetiva análise histopatológica pós cirúrgica.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo de mulheres submetidas a excisão de lesão da
mama com o diagnóstico ICD 9: 2383 - neoplasia de comportamento incerto da mama,
entre Janeiro de 2007 e Junho de 2015, numa unidade de senologia.
Resultados: Foram realizadas 96 excisões de lesões da mama com o diagnóstico ICD 9:
2383; destas o resultado histológico após a excisão foi: neoplasias benignas 32.29%
(31/96); lesões papilares 22.91% (22/96), outras lesões pré-malignas 17.7% (17/96);
carcinomas ductais in situ 7.29% (7/96); carcinomas ductais invasivos 19.79% (19/96). Dos
22 casos de lesões papilares da mama: 72.73% (16/22) papilomas intraductais; 27.27%
(6/22) papilomas intraductais com carcinoma invasivo.
Dos 25 casos com lesões invasivas, 10 foram submetidas a esvaziamento axilar; 12 foram
submetidas a biópsia do gânglio sentinela das quais 2 necessitaram de esvaziamento
ganglionar axilar e houve necessidade de efetuar alargamento da margem cirúrgica em 3
casos e mastectomia em 8 casos.
Conclusão: Neste estudo 26% das excisões de lesões da mama com o diagnóstico ICD 9:
2383 - neoplasia de comportamento incerto da mama tiveram o diagnóstico de carcinoma
invasivo reforçando a recomendação da realização de biópsia excisional com margens
aquando deste diagnóstico.
Bibliografia:
Classification of tumours of the breast: an update based on the new 2012 World Health
Organization Classification.
Ian O. Ellis Andrew H.S. Lee Sarah E. Pinder Emad A. Rakha; Tumors of the Breast;
CHAPTER 16, p1057-1145, 2014.
Aroner, S. A. et al. Columnar cell lesions and subsequente breast cancer risk: nested casecontrol study. Breast Cancer Res, v. 12, n. 4, p. R61, 2010.
Badve, S. et al. Basal-like and triple-negative breast cancers: a critical review with an
emphasis on the implications for pathologists and oncologists. Mod Pathol, v. 24, n. 2, p.
157-67, 2011.
Badve, S. et al. Basal-like and triple-negative breast cancers: a critical review with an
emphasis on the implications for pathologists and oncologists. Mod Pathol, v. 24, n. 2, p.
157-67, 2011.
0040
PASH NA INFÂNCIA - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
José Presa Fernandes1, Daniela Almeida2, Abel Mesquita3, José Polónia1
1
Serviço Cirurgia Geral, Hospital Santo António; Centro Hospitalar do Porto, Porto,
Portugal, 2Serviço Ginecologia-Obstetrícia, Centro Materno-Infantil do Norte, Centro
Hospitalar do Porto, Porto, Portugal, 3Serviço Cirurgia Plástica, Hospital Santo António;
Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal
A Hiperplasia Estromal Pesudoangiomatosa (PASH) é uma lesão benigna da mama, que
se caracteriza por uma proliferação estromal miofibroblástica.
É uma lesão pouco frequente e que foi descrita pela primeira vez por Vuitch em 1986. É
frequentemente descrito como uma massa indolor de crescimento lento em mulheres prémenopausicas entre a 3ª e 4ª décadas de vida, sendo raros os casos descritos em
mulheres adolescentes.
Com este trabalho propomo-nos a descrever um caso clínico de um PASH numa jovem do
sexo feminino de 11 anos, transplantada renal, que se apresentou com uma assimetria
marcada do desenvolvimento da mama direita, de crescimento rápido (3 meses) com um
tamanho cerca de 6 vezes a mama contra-lateral e alguns sinais inflamatórios locais.
O estudo radiológico pré-operatório foi inconclusivo, no entanto, dado o rápido crescimento
e a suspeita de malignidade, foi decidido tratamento cirúrgico – submetida a mastectomia
segundo técnica de Thorek, a 14 de Janeiro 2015. O procedimento decorreu sem
complicações assim como o período pós-operatório.
O estudo anatomopatológico mostrou um tumor benigno, com cerca de 1708g e com
características compatíveis com diagnóstico de PASH.
Até à data a doente encontra-se bem e sem sinais de recidiva da lesão.
Bibliografia
- Vuitch MF, Rosen PP, Erlandson RA. Pseudoangiomatous hyperplasia of mammary
stroma. Hum Pathol 1986;17:185-91
- S.S. Jaunoo et al. Pseudoangiomatous stromal hyperplasia (PASH): A brief
review; International Journal of Surgery 9 (2011) 20e22
- Michael Baker et al. Pseudoangiomatous stromal hyperplasia of the breast in a 10-yearold girl; Journal of Pediatric Surgery (2011) 46, E27–E31
- Christine Gresik et al.; Pseudoangiomatous stromal hyperplasia of the breast: A
contemporary approach to its clinical and radiologic features and ideal management;
10.1016/j.surg.2010.07.020
- Hollowaym et al. Tumorous PASH Presenting as Rapid Unilateral Breast Enlargement;
10.1016/j.mayocp.2013.02.014
0041
UTILIZAÇÃO DA TERAPIA DE PRESSÃO NEGATIVA EM FERIDAS MAMÁRIAS
COMPLEXAS - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
André Gonçalves1, André Magalhães2, Filipe Sala1, Luzia Garrido2, Manuela Silva2, José
Luís Fougo2
1
Serviço de Cirurgia Geral do Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal, 2Centro de
Mama do Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal
Objetivos: Demonstrar a aplicabilidade da terapia de pressão negativa no tratamento de
feridas complexas após cirurgia mamária oncoplástica
Material e métodos - Revisão de um caso clínico
Resultados: Doente do sexo feminino, com 59 anos de idade, com antecedentes de
obesidade e diabetes insulinotratada de difícil controlo, foi submetida a tumorectomia
alargada e biópsia de gânglio sentinela por carcinoma invasor NST com 26mm da mama
direita. O pós-operatório precoce foi complicado por abcesso da mama direita, com
necessidade de reinternamento, drenagem cirúrgica, antibioterapia, e realização de penso
com terapia de pressão negativa. Inicialmente os cuidados foram realizado em regime de
internamento com instituição de terapia de pressão negativa com sistema de irrigação e
posteriormente em ambulatório com sistema de pressão negativa portátil. Houve uma
evolução favorável com o tratamento instituído, com encerramento da ferida cirúrgica.
Conclusões: Apesar da inexistência de grandes estudos, os dados escassos existentes
na literatura sugerem que os sistemas de pressão negativa podem ser úteis na
cicatrização de feridas mamárias complexas. Este caso clínico ilustra uma aplicação com
sucesso da terapia de pressão negativa.
Bibliografia
1) Kostaras, E.K.; Tansarli, G.S., Falagas, M.E. (2014) Use of negative-pressure wound
therapy in breast tissues: evaluation of the literature. Surgical Infections Vol 15(6), págs.
679-685.
2) Richards, A.J.; Hagelstein, S.M.; Patel, G.K.; Ivins, N.M.; Sweetland, H.M.;Harding, K.G.
(2011) Early use of negative pressure therapy in combination with silver dressings in a
difficult breast abscess. International Wound Journal Vol 8(6), págs. 608-611
3) Piper, M.; Peled, A.W.; Sbitany, H. (2015) Oncoplastic breast surgery: current strategies.
Gland Surgery Vol4(2), págs. 154-163.
4) Luedders, D.W.; Bohlmann, M.K.; Hornemann, A.; Dittmer, C.; Diedrich, K.; Thill, M.
(2011) Successful application of vacuum-assisted closure therapy for treatment of mastitisassociated chronic breast wounds. Archives of Gynecology and Obstetrics Vol. 283(6),
págs.1357-1362
5) Harper, A.R.; Nguyen, D. (2014) Further success in the use of topical negative pressure
therapy in difficult breast wounds. International Wound Journal Vol. 11(3), pág. 338
0042
TUMOR FILÓIDE: DIAGNÓSTICO INCOMUM EM LOCALIZAÇÃO INCOMUM
Miguel Cunha, Diogo Veiga, João Melo, Victor Hugo, Juan Rachadell, Ana Fazenda,
Fernanda Bastos, Mahomed Americano
Centro Hospitalar do Algarver, Portimão, Portugal
Objectivos: O tumor filóide é um tumor mamário extremamente raro, que representa
menos de 1% de todos os neoplasmas mamários . É classificado em 3 graus distintos:
benigno, borderline ou maligno, de acordo com as suas características histopatológicas.
Ocorre preferencialmente em Mulheres entre a 3ª e a 4ª década de vida(1,2). Deste modo,
os autores propõem-se apresentar um caso raro de tumor filóide de localização atípica.
Material e Métodos: Trata-se de uma doente com 43 anos que recorreu à consulta de
senologia por suspeita imagiológica de 3 fibroadenomas, sendo que o mais volumoso se
localizava na mama direita e os restantes em tecido mamário ectópico, de localização
axilar( axila esquerda com 23 mm e contralateral com 15 mm).
Resultados: Foi proposta para intervenção cirúrgica, sob a hipótese diagnóstica de
fibroadenomas. Procedeu-se a exérese do nódulo da mama direita e mastectomia das
mamas acessórias. O exame anátomo-patológico revelou tumor filóide de baixo grau de
malignidade/borderline na mama direita e tumores filóides benignos em ambas as mamas
acessórias.
Conclusão: Existem relatos esporádicos de envolvimento patológico, tanto benigno como
maligno, de tecido mamário ectópico(3,4). No entanto, a descrição de tumor filóide numa
localização ectópica é rara, sendo descrita principalmente na região axilar e vulvar(5). Uma
revisão da literatura revelou apenas dois casos de localização axilar(3,4,5). Curiosamente
um dos casos referidos, apresenta a mesma localização (axilar bilateral e mama direita) do
caso apresentado(3).
Bibliografia:
1 - G. Spitaleri et al. Critical Reviews in Oncology/Hematology 88 (2013) 427-436
2 - Testori et al. World Journal of Surgical Oncology (2015) 13:81
3 - Saleh HA, Klein LH. Archives of Pathology & Laboratory Medicine [1990, 114(6):624626]
4 - Oshida K, Miyauchi M, Yamamoto N, et al. Breast Cancer 2003; 10: 82-4.
5 - Jai Hyang Go. The Korean Journal of Pathology 2013; 47: 583-586
0043
CIRURGIA CONSERVADORA DA MAMA E NECESSIDADE DE RE-INTERVENÇÃO
(ALARGAMENTO DE MARGENS)
Tatiana Semedo Leite1, Vera Ribeiro1, José Viana1, José Luis Enriquez2, António Lagoa1,
João Dias1
1
Centro Hospitalar do Algarve – Unidade de Faro – Serviço de Ginecologia, Faro, Portugal,
2
Centro Hospitalar do Algarve – Serviço de Anatomia Patológica, Faro, Portugal
Objetivos: Analisar os dados acerca das tumorectomias efectuadas neste centro por
cancro da mama da mulher, destacando os alargamentos de margem efectuados no
mesmo tempo operatório e as re-intervenções efectuadas para alargamento de margens e
respectivos estudos histológicos e resultados, com base numa revisão da literatura.
Material e métodos: Efectuou-se um estudo retrospectivo (Janeiro de 2009 a Dezembro
de 2012) das tumorectomias efectuadas no nosso centro, através da consulta de
processos clínicos. Avaliaram-se as pacientes quanto a: idade; factores de risco;
diagnóstico histológico e molecular; estadiamento; tratamento cirúrgico. O significado
estatístico foi avaliado com SPSS 20.0.
Resultados: As pacientes analisadas tinham uma média de idade ao diagnóstico de 57
anos. De entre as 265 cirurgias conservadoras da mama efectuadas, verificaram-se 85%
casos de carcinoma ductal invasivo, 6,1% de carcinoma ductal in situ, 3,9% de carcinoma
lobular invasivo, 2,6% de carcinoma mucinoso, 0,4% de carcinoma lobular in situ, 0,4% de
carcinoma medular e 0,4% de tumor filóides. Foram efectuadas 45 re-intervenções. O
significado estatístico foi avaliado com SPSS 20.0.
Conclusões: Nas últimas décadas, a cirurgia mamária por neoplasia tem-se tornado cada
vez menos radical. Actualmente a cirurgia conservadora da mama é o standard para
cancro da mama em estádio inicial, variando de acordo com o tipo histológico do tumor e
as características das pacientes.
As margens de ressecção livres de doença é um objectivo a atingir por serem um factor de
risco de recorrência local importante. Contudo a margem óptima parece estar ainda por
esclarecer, estando os resultados de muitos estudos em discordância, alguns sugerindo
diferentes margens para diferentes tipos histológicos e estádios.
Bibliografia
Heil J, Fuchs V, et al. Extent of Primary Breast Cancer Surgery: Standards and
Individualized Concepts. Breast Care 2012;7:364-369
Singletary SE. Surgical margins in patients with earlystage breast cancer treated with
breast conservation therapy. American Journal of Surgery, vol. 184, no. 5, pp. 383-393,
2002.
Houssami N, Macaskill P,Marinovichet M, et al. Meta-analysis of the impact of surgical
margins on local recurrence in women with early-stage invasive breast cancer treated with
breast-conserving therapy. European Journal of Cancer, vol. 46, no. 18, pp. 3219-3232,
2010.
Tartter PI, Bleiweiss I,Levchenko S. Factors associated with clear biopsymargins and clear
reexcision margins in breast cancer specimens from candidates for breast conservation.
Journal of the American College of Surgeons, vol. 185, no. 3, pp. 268-273, 1997.
Kurniawan ED, Wong M, Windle I, et al. Predictors of surgical margin status in breastconserving surgery within a breast screening program. Annals of Surgical Oncology, vol.
15, no. 9, pp. 2542-2549, 2008.
0044
ESTARÁ A MASTECTOMIA PROFILÁTICA CONTRALATERAL RECOMENDADA,
NUMA PACIENTE IDOSA, COM MUTAÇÃO BRCA1, ANOS APÓS DIAGNÓSTICO DE
CANCRO DA MAMA? REFLEXÃO BASEADA NUM CASO CLÍNICO
Maria Ines Reis1, Ana Biatriz Falcone2, Fernanda Barbosa2, Antonio Luiz Frasson2 ,3
1
Hospital de Cascais Dr. Josè de Almeida, Lisboa, Portugal, 2Hospital Israelita Albert
Einstein, Sao Paulo, Brazil, 3Faculdade de Medicina da PUCRS, Porto Alegre, Brazil
Introduction: Although the majority of breast cancers are sporadic, it is estimated that
between 5% and 10% of cases are hereditary and mostly associated with BRCA 1 and
BRCA 2 mutations. Women with these mutated genes present up to 95% increased risk of
breast cancer. Therefore, preventive risk-reducing strategies must be taken into
consideration, namely: surveillance, chemoprevention and risk-reducing surgery prophylactic mastectomy (PM) and prophylactic oophorectomy (PO). Decision-making must
be based on BRCA mutation, parity, age, family history and psicologic status toward the
risk of cancer. Despite well-established guidelines for young women under 40´s, there is
not much information about how to approach elderly mutated women.
Case Report: The authors present a case of a 55-year-old patient with a strong positive
family history for breast and ovarian cancer. In 2002, a left lumpectomy was performed with
sentinel lymph node biopsy. Histopathologic result revealed a triple negative carcinoma,
with 2,6 cm. The margins were positive for neoplastic cells and macro metastasis were
found in the sentinel lymph node. Therefore, she was submitted to a left Patey mastectomy.
Four cycles of adjuvant systemic chemotherapy with adriblastine plus cyclophosphamide
was given to the patient. Three years later, latissimus dorsi myocutaneous flap breast
reconstruction was performed. She maintained biannual medical evaluation and, in 2014, a
lesion in the medial quadrant, of right breast, with 1 cm, was detected. Core Biopsy showed
tumor cells and she was submitted to a conservative surgery. The histology revealed a
Luminal A carcinoma. Sentinel node was negative for neoplasic cells. Treatment was
complemented with 4 cycles of taxotere plus cyclophosphamide, radiotherapy and
hormonotherapy. In 2015, she finally accepted to see a geneticist who, upon her family and
personal history, conducted a genetic test that identified a BRCA1 mutation. She was
advised to undergo a prophylactic oophorectomy. Our Breast Unit was asked about the
possibility and importance of right prophylactic mastectomy.
Discussion: Literature shows that prophylactic mastectomy reduces breast cancer risk by
90%, prophylactic oophorectomy reduces ovarian cancer risk by 85% and breast cancer
risk by 50%, when performed between ages 40 and 50, in BRCA mutation carriers. A
recent study using a computer model - Monte Carlo - came to the conclusion that the most
effective strategy is prophylactic oophorectomy at age 40 plus prophylactic mastectomy at
age 25. This approach substantially improves survival of these patients.
Conclusion: Women with positive family history of breast or ovarian cancer must be tested
for genetic mutation. Early detection might identify potential affected individuals and
therefore implement surveillance and risk-reducing strategies which will significantly reduce
morbi-mortality. Studies prove that prophylactic mastectomy in this population has no
impact on breast cancer risk when performed at or after age 50.
REFERENCES
1.Allison W, Bronislava M et al. Survival Analysis of Cancer Risk Reduction Strategies for
BRCA1/2 Mutation Carriers.J Clin Onc;2010;28:222-230.
0045
CIRURGIA ONCOPLÁSTICA DA MAMA - TÉCNICAS UTILIZADASINSTITUIÇÃO:
UNIDADE DE MAMA (Coordenadores: Dra. Camila Coutinho, Dr. João Lima reis) /
Serviço de Cirurgia Geral do Hospital da Senhora da Oliveira (Diretor: Dr. Pinto
Correia)
Vânia Castro, Diana Brito, Hugo Mesquita, José Monteiro, Andreia Santos, João Lima Reis
Unidade de Mama (Coordenadores: Dra. Camila Coutinho, Dr. João Lima reis) / Serviço de
Cirurgia Geral do Hospital da Senhora da Oliveira (Diretor: Dr. Pinto Correia), Guimarães,
Portugal
A cirurgia conservadora clássica no tratamento do cancro da mama, para tumores com
uma relação dimensão/tamanho da mama ou localização desfavoráveis, condiciona
resultados estéticos, considerados hoje, inaceitáveis.
A cirurgia oncoplástica da mama combina técnicas de cirurgia plástica com os princípios
oncológicos no tratamento do cancro, permitindo a remoção de todo o tecido maligno com
margens livres e resultados estéticos favoráveis.
Os autores pretendem mostrar as técnicas cirúrgicas mais frequentemente utilizadas na
Unidade de Mama do Hospital da Senhora da Oliveira.
Bibliografia: Tuomo J. Merejota et al, Outcome of oncoplastic breast surgery in 90
prospective patients, The American Journal of Surgery (2010) 200, 224-228; Silverstein Mj
et al, Oncoplastic breast conservation surgery: the new paradigm, J Surg Oncol - July 1,
2014; 110 (1); 82-9; Bnigno Acea Nebril, Cirugía Oncológogica de la mama - Técnicas
Oncoplásticas y Reconstructivas, 3ª Edição 2013.
0046
TUMOR FILÓIDE DA MAMA - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
André Batista, José Raimundo, Pedro Vieira, Pedro Ferreira, Luís Branco, Vitor Rigueira,
Cecília Alves, Jorge Simões, Matilde Gonçalves, Luís Cortez
Centro Hospitalar de Setúbal, Setúbal, Portugal
Objetivo: Apresentação de um caso clínico sobre um tumor raro: tumor filóide da mama.
Material e Métodos: Apresenta-se um caso clínico de uma doente do sexo feminino, 18
anos, caucasiana, com antecedentes de excisão de lesão da mama esquerda classificada
como fibroadenoma juvenil 4 anos antes. Após um ano de follow-up sem recidiva clínica e
imagiológica teve alta da consulta de Senologia.
Em Janeiro de 2015 recorre novamente à consulta por aparecimento de nódulo volumoso
homolateral (10,8x6,9cm), tendo-se realizado biópsia cuja histologia revelou fibroadenoma
vs tumor filóide benigno. Em Maio de 2015 foi feita excisão dessa lesão.
Resultados: A histologia da peça confirmou tratar-se de um tumor filóide benigno da
mama (14x12x8cm e 788g) com margem cirúrgica de segurança. Dado o seu carácter
benigno e margens negativas, a doente não necessitou de tratamentos complementares,
estando actualmente em fase de follow-up.
Conclusão: Os tumores filóides são tumores fibroepiteliais raros que correspondem a 0.31% de todos os tumores primários da mama.
O tratamento passa pela ressecção cirúrgica completa com bom controlo da doença e da
sobrevida.
A Cirurgia conservadora com margens de segurança, veio substituir a mastectomia. Nos
tumores benignos e borderline, dado as recorrências locais serem bem tratadas com
cirurgia e o risco de progressão do tumor ser baixo, uma abordagem conservadora de
vigilância parece ser a mais correcta nos casos de tumores com margens positivas. Nos
tumores malignos, dada a sua mais elevada taxa de recidiva local e à distância, deve ser
realizada cirurgia com excisão completa do tumor e margens livres (1-2cm).
Os tumores filóides benignos e borderline têm um prognóstico excelente, sendo curados
com cirurgia. A maioria dos tumores filóides malignos apresenta também bom prognóstico,
consistindo o seu tratamento na excisão cirúrgica com margens negativas.
Bibliografia: Karim R, Gerega S, Yang Y, Spillane A, Carmalt H, Scolyer R, Lee C.
Phyllodes tumours of the breast: A clinicopathological analysis of 65 cases from a single
institution. The Breast 2009; 18: 165-170.
Singh G, Sharma R. Immediate breast reconstruction for phyllodes tumors. The Breast
2007; 17: 296-301.
Spitaleri G, et al. Breast phyllodes tumor: A review of literature and a single center
retrospective series analysis. Critical Reviews in Oncology/Hematology 2013; 88: 427-436.
Neto J, Terra R, Fernandez A, Rawet V, Jatene F. Full-Thickness Chest Wall Resection for
Recurrent Breast Phyllodes Tumor. Ann Thorac Surg 2007; 83: 2197-9.
Walravens C, Greef C. Giant phyllodes tumour of the breast. Journal of Plastic,
Reconstructive & Aesthetic Surgery (2008) 61, e9-e11.
0047
FIBROADENOMA GIGANTE: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Fernanda Santos2, Paulo Correia1, Rita Sousa1, Luís Sá1
1
Serviço de Ginecologia do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, Francisco Gentil
E.P.E., Coimbra, Portugal, 2Centro Hospitalar Leiria- Hospital Santo André E.P.E, Leiria,
Portugal
Introdução: O Fibroadenoma é um tumor sólido benigno frequente, com pico de
incidência entre a segunda e a terceira década de vida. 2 a 4 % têm mais de 5 cm de
diâmetro ou pesam mais de 500 g, sendo nestes casos denominados como
“fibroadenomas gigantes”. Este tipo de fibroadenoma caracteriza-se por um crescimento
rápido, sendo frequente a sua excisão, a qual tem como principais objetivos a confirmação
da benignidade, a diferenciação de tumores filoides e a prevenção de deformidades
estéticas da mama.
Objetivos: Descrição de um caso clínico de Fibroadenoma Gigante e breve revisão da
literatura atual.
Material e Métodos: Descrição de um caso clínico, tendo por base a consulta de dados
presentes no processo clínico e revisão do tema, usando como motores de busca
“Pubmed” e como palavras-chave: ”nódulo da mama” e “fibroadenoma gigante”
Resultados/Caso Clínico: Mulher de 41 anos, saudável, seguida em consulta de
ginecologia, desde 2011 por fibroadenomas, com documentação histológica. Em 2011,
apresentava quatro fibroadenomas na mama esquerda, o maior com 3 cm de diâmetro e
um no quadrante supero-externo (QSE) da mama direita, medindo 1,5 cm. Manteve
seguimento imagiológico e clínico. Em 2013 o nódulo sólido, duro-elástico e movél,
presente no QSE da mama direita apresenta um crescimento rápido, medindo na
totalidade 7 cm. Foi efetuada confirmação histológica, mantendo padrão de fibroadenoma,
tendo sido proposta remoção cirúrgica a qual foi recusada. Manteve seguimento apertado.
Em 2015, regista-se novo crescimento de aproximadamente 3 cm, imagiológicamente
mantem caracteristicas de nódulo sólido hipoecogénico, bem delimitado, ocupando
praticamente toda a mama direita, histologicamente, padrão de fibroadenoma e
clinicamente é evidente a assimetria mamária. Em reunião de decisão terapêutica, o grupo
propôs como tratamento mastectomia simples à direita associada a reconstrução imediata
com preservação do complexo arelo-mamilar, o que foi recusado pela doente. Em Maio de
2015 foi efetuada tumorectomia à direita, com remoção adicional de dois pequenos
nodulos, um à direita e outra à esquerda, sem incidentes. Histologicamente, todos foram
classificados como fibroadenomas, sendo que o maior, com 13.5 cm x 11.5 cm x 3 cm,
apresentava ainda extensa hiperplasia estrutural pseudoangiomatosa, sem atipia.
Dois meses após a cirurgia, constatou-se boa evolução cicatricial, sem assimetria mamária
evidente ou deformidade estética, tendo tido alta clínica, com indicação de manter
seguimento no seu médico de família.
Conclusões: O fibroadenoma gigante é uma entidade rara, maioritariamente unilateral,
habitualmente caracterizado por um crescimento rápido. O diagnostico diferencial é feito
com tumor filoide, um tumor fibroepitelial com comportamento biológico incerto, podendo
ser borderline ou maligno, com comportamento semelhante a sarcomas. O tratamento é
cirurgico, geralmente associado a um bom resultado estético.
Bibliografia: Celik MF et al; Giant juvenile fibroadenoma; 2015; Gata G et al; Differential
diagnosis between fibroadenoma, giant fibroadenoma and phyllodes tumour: sonographic
features and core needle biopsy. Radiology Med. 2011; Nazário A. et al; Nódulos benignos
da mama: uma revisão dos diagnósticos diferenciais e conduta; Rev Bras Ginecol Obstet.
2007; Sosin M; Giant juvenile fibroadenoma: a case and review of novel modalities in
treatment. Breast Disease 2012
0048
UM CASO RARO DE CARCINOMA INVASIVO
Marta Reia, David Salvador, Nuno Pratas, Cristina Costa, Beatriz Mourato, Filipa Taré,
Guilherme Fialho, Erika Delgado, Monica Guerrero, Amélia Coelho, Ilda Barbosa
Serviço de Cirurgia Geral, Hospital Dr. José Maria Grande, Portalegre, Portugal
Objetivo: Caso Clínico de um Carcinoma Invasivo em que se suspeitava inicialmente
tratar-se de um Sarcoma
Material e Método: Caso Clínico e revisão literatura
Resultados: O caso clínico relata uma mulher de 63 anos com uma lesão extensa e
sangrante da mama direita com 9 anos de evolução. A neoformação caracterizava-se por
uma assimetria mamária marcada com bordos irregulares e coloração azulada. À palpação
a lesão era heterogénea, com zonas duras, não aderente à parede torácica e sem gânglios
axilares palpáveis. Apresentava um orifício de drenagem com saída de sangue, coágulos e
tecidos necrosados. Por motivos pessoais, a doente nunca procurou ajuda médica.
Imagiologicamente, lesão de características malignas que ocupava todos os quadrantes da
mama direita com múltiplas calcificações suspeitas. A Ressonância Magnética Nuclear
revelou lesão atípica, plurifocal, móvel em relação à parede torácica, que ocupava toda a
mama. Sem envolvimento axilar ganglionar. Os exames de estadiamento não revelaram
lesões secundárias.
Clinica e imagiologicamente era suspeita de Sarcoma e a Biópsia Aspirativa de Agulha
Grossa foi inconclusiva. Foi enviada ao Instituto Português de Oncologia de Lisboa, onde
repetiu a Biópsia e foi sugerido Mastectomia Simples se mantivesse hemorragia
importante, uma vez que a suspeita de lesão sarcomatosa era muito evidente.
Submetida a Mastectomia Simples à direita com Reconstrução Imediata com TRAM no
Hospital de Portalegre. O exame histológico revelou Carcinoma Ductal Invasivo tipo
Mucinoso (Colóide) com 14 cm de maior diâmetro.
Após nova Consulta de Decisão Terapêutica no Hospital de Portalegre, realizou
Linfadenectomia Axilar (1 gânglio metastático em 13) - p(T3N1) M0. Fez Quimioterapia e
Radioterapia e encontra-se em tratamento com Hormonoterapia.
Seguida em Consulta de Senologia desde há 3 anos, sem evidência de doença.
Salienta-se boa evolução da doença, apesar de pelo menos 9 anos de início dos sintomas.
Conclusões: No Cancro de Mama sabe-se que quanto mais cedo for o diagnóstico e o
tratamento melhor o prognóstico.
Neste caso, a evolução arrastada (pelo menos 9 anos de evolução) associada a ausência
de lesões axilares ou à distância e aos exames imagiológicos, fizeram-nos pensar em
lesão sarcomatosa. Apesar disto o exame histológico revelou Carcinoma Ductal Invasivo.
Mostramos este caso por não ser uma forma habitual de apresentação destes tumores.
Bibliografia: Shabahang, M; Franceschi, D; et al; Surgical management of primary breast
sarcoma; The American Surgeon; 2002, Agosto, 68(8): 673-7. Wei Lum Y.; Jacobs, L.;
Primary Breast Sarcoma: Surgical Clinics of North American: 88; 2008; 559-570. Philippa
M. Lamb: et al; Correlation Between Ultrasound characteristics, Mamographic findings and
histological grade in patients with invasive ductal carcinoma of the breast; Clinical
Radiology; Janeiro 2000; volume 55, issue 1; pag 40-44. Rashmi Chugh; et al; Breast
Sarcoma Treatment; www.uptodate.com; (Maio 2015). National Comprehensive Cancer
Network, Guidelines: Breast Cancer. ESMO Guidelines 2014, European Society for
Medical Oncology - Breast Cancer.
TRATAMENTO MÉDICO
0049
CARCINOMA DA MAMA AVANÇADO EM DOENTES IDOSAS, ESTUDO DE UMA
COORTE
Ana Vitor Silva, Li Bei, Inês Sequeira, Ana Simas, Telma Costa, Ivo Julião, Inês Pousa,
Noémia Afonso
Serviço de Oncologia Médica do Instituto Português de Oncologia do Porto, Porto, Portugal
Introdução: O carcinoma da mama apresenta uma elevada incidência na população
idosa. Destacam-se com factores de mau prognóstico a metastização ganglionar,
carcinomas localmente avançados ou metastizados ao diagnóstico e ausência de
expressão de receptores hormonais.
Métodos: Coorte retrospectiva de doentes com mais de 75 anos com diagnóstico de
carcinoma da mama (CM) com metastização ganglionar (N+) ou estadio IV, diagnosticadas
entre Jan.2003 e Dez.2004. Colheita de dados demográficos, clínicos e de seguimento,
com recurso à revisão de processos clínicos. Foi efectuada análise descritiva com
avaliação da sobrevivência pelo método de Kaplan Meier. Avaliação de diferenças entre
sobrevivências pelo teste log rank.
Resultados: Em 134 doentes com mais de 75 anos foram identificadas 63 doentes do
sexo feminino, N+ (N1 a N3). A distribuição por estadio revelou: 45% (n=27) estadio II,
47% (n=28) estadio III e apenas 8% (n=5) estadio IV. 14 doentes (23.3%) apresentavam
carcinoma localmente avançado. A idade mediana foi de 77 anos (mín: 75, máx: 94). A
maioria (n=48, 90.6%) apresentava ECOG 0-1 ao diagnóstico. As co-morbilidades mais
frequentes foram: hipertensão arterial (50%, n= 26), cardiopatia isquémica (24.5%, n=13) e
diabetes mellitus tipo 2 (15.4%, n=8). A forma de detecção mais frequente foi através de
nódulo palpável (n=31). A maioria apresentava carcinoma ductal invasor (n=56, 88.9%) e
positividade para receptores hormonais (RH) (90.5%, n= 57). A cirurgia foi o tratamento
inicial realizado em 65.6% dos casos (n= 40). O tipo de cirurgia mais frequente foi a
mastectomia radical modificada (n= 43, 70.5%). Foi excisada uma mediana de 12 gânglios
(mín 4, máx 27), com mediana de 2 gânglios metastizados. Das doentes com expressão
de RH (n=57), 46 realizaram como tratamento sistémico único apenas hormonoterapia.
Dos doentes com mais de 3 gânglios isolados, 8 não fizeram quimioterapia. Das 15
doentes que realizaram quimioterapia (10 com RH + e 5 com RH-), 9 efectuaram esquema
baseado em antraciclinas. Das doentes que realizaram quimioterapia, 42.9% completaram
totalmente o tratamento. Na análise de sobrevivência global (SG) mediana por estadios:
estadio II, 70 meses, estadio III 63 meses, estadio IV 50 meses (p=0.131). Na avaliação de
acordo com expressão de RH verificou-se SG mediana para doentes com RH positivos de
71 meses, para RH negativos de 16 meses (p<0.01), com diferença estatisticamente
significativa. O tempo de seguimento das doentes foi 87 meses (IC 95%: 60-114) e a
sobrevivência global mediana foi 70 meses (IC 95%: 76-84).
Conclusão: A população de doentes com carcinoma da mama com mais de 75 anos
apresenta frequentemente expressão de RH, sendo este o grupo com melhor prognóstico
(SG mediana de 71 meses) comparativamente ao grupo com RH negativos (SG mediana
de 16 meses). Este facto alerta-nos para a necessidade de avaliar e tratar de forma
diferente as doentes com RH negativos.
0050
RELAÇÃO ENTRE A INTENSIDADE DE DOSE DE QUIMIOTERAPIA ADJUVANTE COM
FEC100-DOCETAXEL E O RISCO DE RECIDIVA EM DOENTES COM CARCINOMA DA
MAMA COM ENVOLVIMENTO GANGLIONAR
Mariana Brandão, Mário Fontes e Sousa, Sérgio Azevedo, Joana Savva-Bordalo, Noémia
Afonso
Instituto Português de Oncologia do Porto, Porto, Portugal
Introdução: As doentes com carcinoma da mama (CM) com envolvimento ganglionar (N+)
têm um risco maior de recidiva [1]. Classicamente, estas doentes são tratadas, em
contexto adjuvante, com esquema de quimioterapia (QT) que inclui antraciclina e taxano,
como o esquema FEC100-Doc [2]. No entanto, a toxicidade deste esquema poderá
condicionar redução da intensidade de dose (ID). O impacto da redução da ID no risco de
recidiva a longo prazo de CM é desconhecido.
Objetivo: Avaliação da relação entre a redução da ID da QT com FEC100-Doc e o risco
de recidiva de CM em doentes N+.
Métodos: Estudo retrospetivo de série de casos consecutiva, com revisão dos processos
clínicos de doentes com CM N+, submetidas a tratamento adjuvante com FEC100-Doc, em
2008. As doentes com sobre-expressão/amplificação HER2 receberam adicionalmente
trastuzumab. A avaliação demográfica e clinico-patológica foi efetuada através da
estatística descritiva. As doentes foram categorizadas nos grupos moleculares A) "triplo
negativo", B) sobre-expressão/amplificação HER2 ou C) recetores hormonais positivos
(RH) e HER2 negativo. A ID do esquema total foi categorizada em "adequada" ou
"inadequada" utilizando vários cut-offs (0.95, 0.90, 0.85, 0.80, 0.75). A relação entre a ID e
o risco de recidiva foi calculada usando a regressão logística, com ajuste para diferentes
variáveis, nomeadamente: grupo molecular, status N, status menopáusico e status
funcional ECOG.
Resultados: O estudo incluiu 255 doentes do sexo feminino. A mediana de idades foi 53
anos (amplitude 24 - 80). Duzentas e duas doentes (79%) apresentavam tipo histológico
ductal invasor. O grupo A) compreendeu 19 (8%), o B) 48 (19%) e o C) 188 (74%)
doentes. Em relação às restantes variáveis: 159 (62%) doentes eram N1, 103 (40%) prémenopáusicas e 237 (93%) apresentavam ECOG 0. Em termos de ID: 31% doentes
receberam ID<0.95, 15% ID<0.90, 12% D<0.85, 8% com ID<0.80 e 6% com ID<0.75.
Após 76 meses de seguimento mediano, 37 doentes (15%) apresentaram recidiva.
No modelo de regressão, as variáveis com associação significativa com a ocorrência de
recidiva foram o envolvimento ganglionar (N2/N3 vs. N1 - HR 4.3, IC95% 2.0-9.3) e o
ECOG (1 vs. 0 - HR 4.2, IC95% 1.2-15.2). Para os diferentes cut-offs de ID utilizados, a
relação com a ocorrência de recidiva não foi significativa: HR 0.40 (IC95% 0.11 - 1.47)
para ID<0.90 e HR 0.53 (IC95% 0.14-2.02) para ID<0.85.
Conclusão: As doentes com CM tratadas com FEC100-Doc não apresentaram diferenças
estatisticamente significativas relativamente à proporção de recidiva de acordo com a ID
de QT adjuvante efetuada. No entanto, dada a baixa taxa de recidiva nesta série, seria
necessário um período maior de seguimento para se avaliar o impacto da redução de ID
na recidiva a longo prazo de CM nas doentes com envolvimento ganglionar. Um período
de seguimento mais prolongado pode vir a demonstrar uma relação entre a ID e a
recorrência a longo prazo.
Bibliografia:
1. Senkus E. Ann Oncol. 2013 Oct;24 Suppl 6:vi7-23.
2. Roché H. J Clin Oncol. 2006 Dec 20;24(36):5664-71.
0051
A REALIDADE DO CARCINOMA DA MAMA EM MULHERES JOVENS: REVISÃO
CASUÍSTICA
Débora Cardoso, Marta Mesquita Pinto, Daniel Romeira, Mariana Malheiro, Helena
Miranda, Ana Martins
Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Hospital São Francisco Xavier, Lisboa, Portugal
Introdução: O cancro da mama (CM) em mulheres jovens (MJ) («35anos) é raro e o
diagnóstico requer elevada suspeição clínica. Os factores etiológicos, histopatológicos e
biomoleculares são diferentes, comparados com doentes pós-menopáusicas. O CM de
início precoce tem pior prognóstico, pelo estadio clínico inicial mais avançado e
agressividade da biologia tumoral. A estratégia terapêutica é diferente nas MJ.
Objectivo: Caracterização dos casos de CM em MJ («35anos), contemplando factores de
risco, características clínico-patológicas e prognóstico, num Serviço de Oncologia Médica
de um Hospital Central.
Métodos: Estudo observacional, retrospectivo de doentes com CM em idade jovem
(«35anos), seguidas num Serviço de Oncologia, de janeiro 2004 a junho 2015. Informação
colhida do processo clínico.
Resultados: Identificadas 50 doentes, com idade média 32 anos (26-35anos). O nódulo
mamário foi a principal manifestação clínica (n=29), seguido de mastalgia (n=8). Em 12 o
diagnóstico foi sugerido por achados imagiológicos suspeitos. Verificou-se história familiar
de CM em 24 doentes, sendo que 12 realizaram rastreio precoce; estudo genético para
mutações BRCA 1/2 realizado em 15, com presença de mutação em 3; 35 estavam sob
contracepção oral; 28 eram nulíparas e 1 estava grávida ao diagnóstico; 16 apresentavam
excesso ponderal. O tipo histológico mais frequente foi o carcinoma ductal invasivo (n=43);
maioritariamente tumores pouco diferenciados (G2=18; G3=17), com invasão linfática em
25 e permeação vascular em 15; subtipo triplo negativo em 15; 15 apresentavam sobre
expressão/amplificação Her-2. Constatou-se envolvimento ganglionar axilar em 27, sendo
o estadio II mais frequente. Três apresentavam metastização ao diagnóstico. A
mastectomia foi a abordagem cirúrgica mais frequente (n=30), em 20 mastectomia radical
modificada. Das doentes submetidas a tumorectomia (n=19) 7 fizeram esvaziamento
ganglionar axilar. Reconstrução mamária realizada em 24, sendo diferida em 18. A
quimioterapia adjuvante foi efectuada em 36 doentes; 10 realizaram terapêutica biológica
com trastuzumab. Nas doentes com expressão de receptores hormonais, a maioria fez
tamoxifeno (n=30) e análogo LHRH (n=27). Três fizeram switch para inibidor da
aromatase, após ooforectomia. Cinco foram submetidas a tratamento neoadjuvante.
Radioterapia complementar realizada em 30 doentes.
Foram propostas para preservação da fertilidade 3 doentes, sendo que1 recusou.
Verificou-se progressão à distância em 6 doentes. A sobrevivência livre de progressão foi
31 meses (±13,8) e a sobrevivência global 56,3 meses (±33,3). A taxa de mortalidade foi
de 5,4%.
Conclusão: O CM em MJ associa-se a características clínicas, patológicas, moleculares e
biológicas mais agressivas. O prognóstico desfavorável relaciona-se com o baixo índice de
suspeição clínica, maior densidade mamária e não realização do rastreio mamográfico
precoce, quando indicado.
A terapêutica sistémica preconizada acarreta maior toxicidade, com impacto na fertilidade,
menopausa e alterações ósseas precoces.
A abordagem deve ser cuidadosa e ter em consideração questões familiares, genéticas e
aspectos particulares, como intenção de gestações futuras, contracepção, autoimagem e
sexualidade.
Bibliografia: E.Senkys et al:Primary Breast Cancer:ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and
follow-up; Ann Oncol; 2013;
A.S. Coates et al:Tailoring therapies - improving the management of early breast cancer: St Gallen International Expert
Consensus on the Primary Therapy of Early Breast Cancer; Ann Oncol 2015.
0052
IMPACTO DA QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE NO TRATAMENTO CIRÚRGICO
CONSERVADOR DO CARCINOMA DA MAMA
Diana Melo Castro2, Nuno Barros1, Luis Castro1, Maria José Rocha1, Arlindo Ferreira1
1
Unidade de Senologia, Hospital de Braga, Braga, Portugal, 2Serviço de Ginecologia e
Obstetrícia, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal
Objectivos: O carcinoma da mama é o tumor com maior incidência na mulher e atinge
cerca de 690.000 novos casos/ano.
A quimioterapia neoadjuvante refere-se ao tratamento sistémico para carcinoma da mama
antes do tratamento cirúrgico definitivo. Começou por ser utilizada nos casos de carcinoma
da mama localmente avançado e inoperável, mas hoje em dia já é utilizado em doentes
com tumores operáveis. O seu principal objectivo é induzir a regressão tumoral e facilitar o
controlo local posterior por cirurgia e radioterapia, aumentado desta forma a taxa de
cirurgias conservadoras. Pode reduzir o tamanho do tumor em 80-90% da doentes com
carcinoma da mama e produzir resposta patológica completa (pCR) em 20%, o que está
associado a melhor prognóstico provavelmente relacionado com a erradicação da doença
micrometastática. Além disso, tem a vantagem de permitir a avaliação individual da
quimiossensibilidade tumoral.
O objectivo deste trabalho foi avaliar o impacto da quimioterapia neoajuvante nas
respostas patológicas completas e na conversão de cirurgia radical para cirurgia
conservadora.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo que inclui os casos diagnosticados entre
Janeiro de 2011 e Dezembro de 2013. Todos os doentes foram tratados com tratamento
neoadjuvante com doxorrubicina e ciclofosfamida (4 ciclos de 21/21 dias) seguido de
docetaxel (4 ciclos de 21/21 dias), com ou sem trastuzumab de acordo com o status Her2.
Deste estudo foram excluídos os doentes que fizeram quimioterapia neodajuvante por
carcinoma inflamatório ou por carcinoma multifocal. Foram revistos dados clínicos e
patológicos na biopsia efectuada ao diagnóstico e na peça cirúrgica.
Resultados: Foram incluídos no estudo 54 doentes. Em 98,2% dos casos tratavam-se de
doentes do sexo feminino e destas, 59,3% eram pré-menopausicas. A idade mediana ao
diagnóstico foi de 47 anos (25-76). 42,6% apresentavam doença em estadio II e 46,3% em
estadio III, apresentando os tumores um tamanho mediano ao diagnóstico de 38 mm (1100). 90,7% dos tumores correspondiam a carcinomas ductais invasores de grau
intermédio/alto.
Após a quimioterapia neoadjuvante foi observado pCR em 12 casos (22%) e 20 doentes
(37%) foram submetidos a tratamento cirúrgico conservador.
Conclusões: O tratamento cirúrgico após a quimioterapia neoadjuvante depende da
avaliação pré-tratamento, da resposta clínica e da preferência da doente.
Atualmente este é o tratamento recomendado para doentes com carcinoma da mama
localmente avançados. A sua principal vantagem é a potencial conversão de uma
mastectomia numa cirurgia conservadora, o que no nosso estudo aconteceu em 20 casos.
Sabe-se que o prognóstico destas doentes correlaciona-se não só com o estadio clínico e
as características do tumor, mas principalmente com a resposta patológica encontrada na
altura de cirurgia. No nosso estudo em 22%dos casos conseguiu-se obter a pCR (dados
semelhantes aos descritos na literatura), o que está associado a melhor prognóstico.
Bibliografia: Sikov WM, Wolf AC. Neoadjuvant therapy for breast cancer: ratinale,
pretreatment evaluation, and therapeutic options. Costa MADL, Chagas SRP.
Quimioterapia neoadjuvante no cancer de mama operável: revisão da literatura. Revista
Brasileira de Cancerologia 2015; 59(2):261-269. Mamounas EP. Impact of neoadjuvant
chemotherapy on locoregional surgical treatment of breast cancer. Ann Surg Oncol. 2015
May; 22(5):1425-33.
0053
RESPOSTA PATOLÓGICA COMPLETA NA QUIMIOTERAPIA NEOADJVANTE DO
CANCRO DA MAMA E RELEVÂNCIA DOS SUBTIPOS INTRÍNSECOS
Nuno Barros1, Diana Castro2, Ana Marques1, Arlindo Ferreira1, Maria José Rocha1, Luis
Castro1
1
Hospital de Braga, Braga, Portugal, 2Hospital São Pedro de Vila Real, Vila Real, Portugal
Objetivos: O objectivo do presente trabalho consiste em avaliar a taxa de resposta
patológica completa (pCR) à quimioterapia neoadjuvante numa população de doentes com
o diagnóstico de cancro da mama assim como analisar os diferentes subtipos intrínsecos
e a sua relação com a referida resposta.
Material e métodos: Foi conduzido um estudo retrospectivo de todas as pacientes com
diagnóstico cancro da mama entre Janeiro de 2011 e Dezembro de 2013, submetidas a
tratamento neoadjuvante com doxorrubicina e ciclofosfamida (4 ciclos de 21/21 dias)
seguido de docetaxel (4 ciclos de 21/21 dias), com ou sem trastuzumab de acordo com o
status Her2. A colheita dos dados foi realizada através da consulta dos processos clínicos.
Resultados: Um total de 65 casos foram incluídos na amostra.
Relativamente à caracterização da população 98,5% (N=64) eram do sexo feminino.
Quanto ao status hormonal 58,5% (N=38) estavam na pós-menopausicas, a idade
mediana ao diagnóstico era de 47 anos (25-76). 55,4% (N=36) apresentavam doença em
estádio II e 44,6% (N=29) em estádio III, apresentando os tumores um tamanho mediano
ao diagnóstico de 36 mm (1-100). 89,2% dos tumores (N=58) correspondiam a carcinomas
ductais invasores de intermédio/alto grau.
A pCR foi observada em 24,6% (N=16) dos tumores.
Já de acordo com o subtipo intrínseco, 7,7% (N=5) eram luminal A-like e 27,7% (N=18)
luminal B/Her2 negativo, sendo que nenhum apresentou pCR. 41,5% (N=27) eram luminal
B/Her2 positivo, dos quais 33,3% (N=9) apresentaram pCR. 13,8% (N=9) Her2 positivo
(não luminal) com 55,6% (N=5) dos casos com pCR e 9,2(N=6) triplos negativos com uma
taxa de pCR de 33,3% (N=2).
Quanto ao índice proliferativo (Ki-67), exceptuando o subtipo luminal A-like, todos os
restantes subtipos apresentavam KI-67 elevado em > 90% dos casos.
Não houve diferença estatisticamente significativa quando comparados os vários subtipos
intrínsecos relativamente à idade e tamanho mediano do tumor ao diagnóstico, grau
histológico e estadio clínico inicial.
Conclusões: Houve uma pCR em 24,6% dos casos submetidos a QTNA, em consonância
com a literatura publicada. Os subtipos luminal B/Her2 positivo, Her2 positivo (não luminal)
e triplos negativos apresentaram maior taxa de pCR (>33%), comparativamente ao luminal
A-like e luminal B/Her2 negativo que não revelaram nenhum caso de pCR.
Bibliografia: A. M. Thompson, S. L. Moulder-Thompson,“Neoadjuvant treatment of breast
cancer”, Annals of Oncology, vol 23, nº10, pp.231-236, 2012.
P. Gampenrieder, G. Rinnerthaler et al., “Neoadjuvant Chemotherapy and Targeted
Therapy in Breast Cancer: Past, Present, and Future”, Journal of Oncology, Article
ID 732047, 2013
0054
CARBOPLATINA E PACLITAXEL SEGUIDOS DE DOXORRUBICINA E
CICLOFOSFAMIDA 'DOSE-DENSE' COMO TERAPÊUTICA NEOADJUVANTE NO
CARCINOMA DA MAMA 'TRIPLO NEGATIVO' LOCALMENTE AVANÇADO:
EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO
Mário Fontes e Sousa1, Carolina Sales1, Telma Costa1, Ivo Julião1, Miguel Abreu1, Susana
Sousa1, Noémia Afonso1, Conceição Leal2, Deolinda Pereira1
1
Serviço de Oncologia Médica, Instituto Português de Oncologia do Porto, Porto, Portugal,
2
Serviço de Anatomia Patológica, Instituto Português de Oncologia do Porto, Porto,
Portugal
Introdução: O carcinoma da mama triplo negativo (CMTN), que não expressa receptores
hormonais nem sobreexpressa HER2, compreende 15-20% dos carcinomas da mama e
apresenta o pior prognóstico dos subtipos atualmente descritos. A sua biologia prediz uma
melhor resposta à terapêutica citotóxica comparativamente aos tumores luminais. No
estudo CALBG 40603, o esquema carboplatina AUC 6 associado a paclitaxel 80 mg/m2
(CP) seguido de Doxorrubicina e Ciclofosfamida ‘dose-dense' (AC dd), nos estádios II-III,
representou um aumento de 13% nas taxas de resposta patológica completa.
Objetivos: Os autores pretendem caracterizar a população de doentes submetidas ao
referido esquema num centro de referência de patologia mamária.
Material e métodos: Análise consecutiva das 20 doentes tratadas com o esquema
CP+AC dd, no período compreendido entre 01/01/14 a 10/08/15. Destas doentes, 3
apresentaram progressão da doença durante tratamento, 4 encontram-se presentemente
sob tratamento e 4 aguardam cirurgia pelo que, para a análise final, foram consideradas as
9 doentes já submetidas a cirurgia e por isso, com possibilidade de avaliação da resposta
patológica. Os dados clínico-patológicos foram recolhidos a partir dos registos informáticos
das doentes, utilizando-se o SPSS para a análise estatística.
Resultados: A idade média ao diagnóstico foi de 50 anos apresentando a maioria das
doentes carcinomas ductais invasores¸ clinicamente sob a forma de carcinomas
inflamatórios em 2 (22%); variando o estádio entre IIA e IIIC. O marcador CA 15.3 basal
estava elevado em mais de metade das doentes e o Ki67 foi descrito em 2/3 das doentes,
sendo >30% em todas. A principal toxicidade foi hematológica (nomeadamente
neutropenia), tendo obrigado a adiamentos/omissões (≥1 vez) em 7 (78%). Após o
tratamento neoadjuvante, 6 doentes foram submetidas a mastectomia radical modificada e
3 a mastectomia parcial com pesquisa de gânglio sentinela. Em 5 (56%) das doentes foi
obtida resposta patológica completa/parcial quase total (mama e axila) e em 4 (44%)
resposta parcial (1 doente com resposta completa na mama mas persistência de doença
ganglionar, 2 com resposta parcial marcada a moderada e 1 com resposta parcial fraca).
Foi diagnosticada uma recidiva, sob a forma de metástase cerebral única, durante o
seguimento pós-cirurgia; encontravam-se as restantes sem evidência de recidiva à data de
censura (mediana de follow-up de 3 meses).
Conclusão: Os autores pretendem salientar os bons resultados do esquema CP + AC dd
neoadjuvante nas doentes com CMTN localmente avançado considerando as respostas
patológicas obtidas, comparáveis ao descrito na literatura. A principal toxicidade,
hematológica, foi manuseável, e não condicionou a conclusão do tratamento. Apesar de
promissor, considera-se necessário mais tempo de seguimento e um maior número de
doentes para consolidar as conclusões.
Bibliografia:
[1] Sikov, W et al. JCO 33:13-21, 2015 (publicado online Agosto 2014)
0055
AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO MULTIMODAL DE CANCRO DA MAMA TRIPLO
NEGATIVO NÃO METASTÁTICO
Helena S. Gouveia1, Isabel Caldas2, Tiago Castro2, Silvia Lopes1, Sofia Oliveira1, João
Paulo Cunha1, Joana Godinho1, Joana Macedo1, Teresa Santos2, Emílio Macias-Bravo1
1
Serviço de Oncologia Médica, Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, E.P.E., Santa
Maria da Feira, Portugal, 2Serviço de Cirurgia Geral, Serviço de Oncologia Médica, Centro
Hospitalar de Entre Douro e Vouga, E.P.E., Santa Maria da Feira, Portugal
Objetivos: Caracterizar a população de doentes com CMTN não metastizado ao
diagnóstico quanto a variáveis demográficas, clínicas e anatomopatológicas e quanto ao
tratamento cirúrgico e médico instituído. Avaliar o impacto destas características na
metastização e mortalidade.
Material e Métodos: Estudo transversal retrospetivo. Foram incluídos os doentes
consecutivos com diagnóstico histopatológico de cancro da mama negativo para recetores
hormonais (<1%) e para a amplificação de HER2 de 01/01/2013 a 31/12/2014. Foram
excluídos doentes que apresentassem metastização óssea ou visceral em exames de
estadiamento. Mediante consulta de processo clínico, procedeu-se à caracterização
demográfica, clínica e terapêutica dos doentes. O objetivo primário consistiu em avaliar
diferenças na progressão de doença e mortalidade em relação às diferentes modalidades
terapêuticas (cirurgia, radioterapia e quimioterapia). A análise estatística foi efetuada em
IBM SPSS Statistics v17.0. Utilizou-se um nível de significância de 0,05.
Resultados: Dos 195 processos clínicos analisados, identificaram-se 28 CMTN (14%).
Foram excluídos 3 casos, por apresentarem metastização ao diagnóstico. O tempo médio
de seguimento foi de 12,4 ± 8,3 meses.
Todos os casos ocorreram em doentes do sexo feminino, com idade mediana de 66 anos.
A maioria apresentava carcinoma de tipo não especial (72%) e carcinoma medular (16%).
Seis eram localmente avançados ao diagnóstico, todos realizaram quimioterapia
neoadjuvante com resposta parcial em 2 casos e doença estável em 4. O esquema mais
frequentemente usado foi 4AC+12T. No que diz respeito a tratamento cirúrgico, 8
realizaram mastectomia total e 15 pesquisa que gânglio sentinela que foi negativa. Destes,
5 não apresentaram indicação para radioterapia adjuvante.
Verificou-se progressão da doença em 5 casos e óbito em 3. Não houve associação entre
idade das doentes e progressão da doença ou mortalidade (p>0,05). Analisando as
características histológicas do tumor, verificou-se associação entre tumores localmente
avançados e mortalidade (p=0,037). Nenhuma das características histológicas mostrou
associação com progressão da doença. Não se verificaram diferenças na sobrevivência
quanto ao esquema de quimioterapia ou tipo de cirurgia realizada (p>0,05). No entanto,
verificou-se maior mortalidade nos doentes que não receberam radioterapia adjuvante
(p=0,010). Não houve diferenças na sobrevivência de doentes quanto aos diferentes
tratamentos utilizados.
Conclusões: Os CMTN ocorreram numa proporção semelhante à dos estudos
disponíveis. Constituem um grupo com características biológicas e clínicas distintas da
maioria das neoplasias da mama. Apesar de não terem sido encontradas diferenças na
progressão de doença com o tratamento multimodal, os doentes submetidos a
mastectomia simples com pesquisa de gânglio sentinela e por isso não submetidas a
radioterapia tiveram maior mortalidade. A integração das características histológicas do
tumor na escolha de tratamento multimodal do cancro da mama tem cada vez mais
impacto na sobrevivência das doentes.
Bibliografia: [1] Anders CK, et al.- The management of early-stage and metastatic triple-negative breast cancer: a
review. Hematol Oncol Clin North Am. 2013; 27(4):737-49, viii. [2] Perez EA, et al.- Adjuvant therapy of triple negative
breast cancer. Breast Cancer Res Treat (2010) 120:285-291. [3] Lehmann BD, et al.- Identification of human triplenegative breast cancer subtypes and preclinical models for selection of targeted therapies. J Clin Invest. (2011); 121(7):
2750-2767.
0056
CARDIOTOXICIDADE INDUZIDA PELO TRASTUZUMAB (CIT) DURANTE
TRATAMENTO (NEO)ADJUVANTE DO CANCRO DA MAMA HER2+
Filipa Ferreira da Silva1, Francisco Paralta Branco2, Elisa Silva2, João Moreira Pinto2, Luis
Sargento2, Fabio Cassiano Lopes2, Mónica Nave1, José Luis Passos Coelho1 ,2
1
Hospital da Luz, Lisboa, Portugal, 2Hospital Beatriz Angelo, Loures, Portugal
Introdução: A administração (neo)adjuvante de trastuzumab prolonga a sobrevivência de
doentes com carcinoma da mama HER2+, mas com algum risco de cardiotoxicidade. A
CIT não é dose dependente, é potencialmente reversível com interrupção do tratamento e
varia entre a diminuição assintomática da fração de ejecção do ventrículo esquerdo
(FEVE) até ao quadro clínico de insuficiência cardíaca (IC). São factores de risco uso
prévio ou concomitante de antraciclinas, idade (>50anos), obesidade, disfunção cardíaca
pré-existente e hipertensão arterial.
Objectivo: Quantificar a incidência de CIT, a percentagem de interrupção ou
descontinuação definitiva do tratamento e associação com factores de risco conhecidos.
Material E Métodos: Estudo observacional, retrospectivo, em doentes com cancro da
mama HER2+ não-metastático tratados com trastuzumab (neo)adjuvante no Hospital da
Luz (Janeiro 2009 a Julho 2015) e Hospital Beatriz Ângelo (Maio 2012 a Julho 2015). CIT
foi definida como redução da FEVE>10% (valor absoluto) para valor <50% em relação ao
exame pré-trastuzumab (ESMO Guideline, 2012). Foram colhidos dados demográficas,
factores de risco cardiovascular, regime de quimioterapia (neo)adjuvante, duração do
tratamento com trastuzumab e valores seriados da FEVE determinados antes e durante
tratamento com quimioterapia e trastuzumab.
Resultados: Foram identificados 91 doentes (2 excluídas por completarem tratamento
noutras instituições), todos do sexo feminino, com mediana de idade de 55 anos
(extremos, 27 e 79). 28 doentes iniciaram trastuzumab no contexto neoadjuvante e 61
exclusivamente no contexto adjuvante; somente 6 não foram tratadas previamente com
antraciclinas (TCH 4; TC 1, paclitaxel isolado 1). 14 doentes (16%) desenvolveram CIT,
sempre assintomática, tendo 8 doentes necessitado de suspensão temporária e 6 de
suspensão definitiva de trastuzumab com valores de FEVE de 30, 38, 38, 40, 42 e 50%).
Todas estas doentes foram tratadas com antraciclinas e 10 (71%) tinham outros factores
de risco para CIT: idade >50 anos (10), HTA (6), dislipidémia (4), tabagismo (2), diabetes
mellitus tipo 2 (1). A mediana da FEVE pré-trastuzumab foi 66% (extremos, 36% e 84%; 2
doentes tinham FEVE<50% - 36% e 40%). Nas doentes que completaram tratamento,
comparando a FEVE pré-tratamento com a última avaliação, observou-se uma diminuição
de FEVE>10% em apenas 5 casos, em nenhum para FEVE <50%.
Conclusão: Embora 14 doentes necessitassem de suspensão de tratamento de
trastuzumab (neo)adjuvante, somente em 6 (7%) a suspensão foi definitiva e, nas
restantes doentes, em somente 1 doente houve redução da FEVE>10% e para um valor
de FEVE <50% entre a avaliação inicial e a final. Estes valores estão de acordo com os
reportados na literatura.
0057
ASSOCIAÇÃO EVEROLIMUS-EXEMESTANO APÓS PROGRESSÃO COM INIBIDOR
DA AROMATASE NO CANCRO DA MAMA HORMONOSENSÍVEL
Cristiana Marques, Daniela Azevedo, Isabel Pimentel, Rosa Gomes, Claudia Caeiro, Isabel
Augusto, Margarida DAmasceno
Hospital S. João, Porto, Portugal
Objetivos: Analisar a experiência e os resultados do tratamento do cancro da mama com
everolimus-exemestano, na nossa instituição.
Material e Métodos: estudo observacional retrospetivo com 10 doentes de cancro da
mama avançado (recidiva/progressão) após inibidor da aromatase, tratadas com
everolimus-exesmestano.
Resultados: Todos os doentes incluídos são do sexo feminino, com cancro da mama com
recetores hormonais positivos e sem sobre expressão do Her2. A idade mediana ao
diagnóstico foi de 48 anos (37-61). 40% das doentes estavam metastizadas ao
diagnóstico.
Relativamente aos tratamentos efetuados: 90% das doentes fez cirurgia de remoção do
tumor primário. 80% fez tratamentos de quimioterapia e radioterapia e todas fizeram
tratamento hormonal. A mediana da sobrevivência livre de progressão (SLP) até à primeira
recidiva foi de 16 meses IC 95% (12,01-73,99). As doentes foram tratadas em média com
3 linhas (quimioterapia e hormonoterapia) desde a 1ª recidiva até à data de início do
everolimus-exemestano.
A idade mediana ao início do everolimus-exemestano foi de 55 anos (41-64). 100% das
doentes tinha ECOG 0. Nenhuma tinha doença locorregional, 40% tinha metastização
hepática, 30% pulmonar e 70% óssea.
Relativamente a toxicidades, nenhuma das doentes desenvolveu pneumonite, neutropenia
febril, infeção fúngica invasiva, nem pneumocistose. 30% desenvolveu estomatite (grau 12), 50% teve que adiar tratamento por trombocitopenia (grau 1-2) e foi identificada
dislipidemia em 20% das doentes (grau 1-2). Não se verificou agravamento da função
renal, nem da função hepática por toxicidade.
A mediana SLP desde o diagnóstico até à progressão com everolimus-exemestano foi de
55 meses IC 95% (3,92-106,08). A mediana de SLP desde o início do everolimusexemestano foi de 11 meses IC 95% (9,50-12,50). A mediana de seguimento global das
doentes foi de 88 meses. Todas as doentes estão vivas na data de conclusão do estudo.
Atualmente 50% mantêm-se sob a associação everolimus-exemestano. Nas restantes
doentes, foi suspenso o tratamento por progressão. 40% estão sob quimioterapia paliativa
e 10% sob hormonoterapia paliativa.
Conclusões: Os resultados obtidos neste estudo retrospetivo são sobreponíveis ao
estudo BOLERO 2 e suportam o uso da associação everolimus-exemestano neste grupo
de doentes.
Bibliografia: Baselga J; Campone M, et al,Everolimus in Postmenopausal Hormonereceptor- positive advanced breast cancer. N Engl J Med 2012; 366:520-9.
0058
SERÁ A IDADE UM FACTOR DISCRIMINATIVO? - DOENTES COM MAIS DE 80 ANOS
E NEOPLASIA DA MAMA.
Mariana Rodrigues, Debora Cardoso, Daniel Romeira, Carolina Carvalho, Adélia Felix,
Helena Miranda, Ana Martins
Hospital São Francisco Xavier, Lisboa, Portugal
Introdução: Maior esperança de vida resulta no aumento de incidência de neoplasia nos
idosos. Pelos dados do National Cancer Institute's Surveillance Epidemiology and End
Results (SEER) metade das doentes com neoplasia da mama tem mais de 65 anos, 25%
entre os 75 e 84 anos e 10% com mais de 85%.
Além da doença oncológica, apresentam comorbilidades que alteram o inicio e tolerância
ao tratamento, mas muitas mantêm-se activas e saudáveis apesar da idade e beneficiam
de tratamento. O risco de recorrência é igual independentemente da idade. A terapêutica
adjuvante objectiva promover maior sobrevivência. A decisão do tratamento deve ser
baseada na esperança de vida tornando-se um desafio terapeutico.
Objectivos: Investigadores propõem-se caracterizar mulheres com mais de 80 anos com
neoplasias da mama (NM), terapêutica efectuada e, resultados e complicações inerentes à
terapêutica.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo, observacional, descritivo com doentes de 80
anos ou mais, com neoplasia da mama entre 01.2010 e 06.2015. Dados colhidos dos
processos clínicos e tratados com Microsoft Excel.
Resultados: 93 mulheres. Idade mínima: 80 e máxima: 96 anos. 22 em estadio IA; 3 em
IIB; 19 IIA; 10 IIB; 9 IIIA; 12 IIIB; 4 IIIC; 14 metastizadas: óssea (n=6), pulmão e pele (n=2),
gânglio (n=3) e cerebral (n=1).
Subtipos histológicos: 31 Luminal A, 48 Luminal B, 12 Triplo negativo e 2 Doença HER2.
7 fizerem neoadjuvância com HT. 71 submetidas a cirurgia (21:mastectomia radical
modificada; 9: mastectomia simples; 21:mastectomia+GS 14: tumorectomia; 6:
tumorectomia+GS). 5 recusaram cirurgia. Adjuvância: 2 com QT (CMF-20% redução dose
e Paclitaxel semanal) e 60 com Hormonoterapia (HT) (Tamoxifeno: 20; Inibidores
Aromatase (IA): 40). As restantes recusaram ou não tinham Performance Status. 10
fizeram RT adjuvante.
Das doentes não submetidas a cirurgia, 1 iniciou vinorelbina+trastuzumab, 20 HT, 2
radioterapia (anti-álgica) e 1 nunca reuniu condições para tratamento.
No total 55 teriam indicação para QT, mas apenas 3 fizeram.
1 suspendeu HT por AVC, 1 por toxidermia,1 por cefaleias.
3 óbitos (2 estadio IV e 1 IIA), 1 destas doentes sem condições para terapêutica
oncoespecifica.
Evolução: 5 doentes com progrediram. Mediana de sobrevivência livre de progressão: 15
meses. A mediana da sobrevivância actual é de 31 meses.
A média do índice de Comorbilidades de Charlson é 7,9%, que traduz risco relativo de
morte de 19,37%.
Conclusões: Os estudos não incluem doentes nesta faixa etária, que acarreta decisões
mais complexas. Nesta amostra teriam indicação para QT mais doentes que as
selecionadas pela idade. A tolerância terapêutica foi boa, sem efeitos adversos graves.
Assim conclui-se que estratégia terapêutica deverá centrar-se no estado funcional e não
na idade dos doentes.
Bibliografia:
1. Hyman B. Muss; Coming of Age: Breast Cancer in Seniors:
http://theoncologist.alphamedpress.org/content/15/suppl_5/57.full
0059
EVEROLIMUS/EXEMESTANO NO TRATAMENTO DO CARCINOMA DA MAMA
AVANÇADO POSITIVO PARA RECETORES HORMONAIS - EXPERIÊNCIA CLÍNICA
Sérgio Azevedo, Mário Fontes e Sousa, Marta Ferreira, Ana Ferreira, Ana Rodrigues,
Cláudia Vieira, Maria Cassiano Neves, Noémia Afonso, Deolinda Pereira
Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE, Porto, Portugal
Objectivos: Avaliar a efectividade e a toxicidade do everolimus em associação ao
exemestano nas doentes com carcinoma da mama avançado/metastático (CMM) positivo
para recetores hormonais (RH).
Material e Métodos: Estudo retrospectivo das doentes pós-menopáusicas com CMM
positivo para RH e negativo para HER2/neu, tratadas com everolimus (10mg/dia) e
exemestano, após recorrência ou progressão sob um inibidor da aromatase não-esteroide
em contexto adjuvante ou metastático (ou ambos). Endpoint primário: sobrevivência livre
de progressão (SLP). Endpoints secundários: sobrevivência global, taxa de resposta e
toxicidade.
Resultados: Entre abril e novembro/2014 foram tratadas 7 doentes, com idade mediana
de 59 anos (48-66) e performance status ECOG 0-1. Todas apresentavam metástases
ósseas e 57% envolvimento visceral (hepático, pulmonar, ganglionar, supra-renal e/ou
peritoneal); 2 doentes com metástases em pelo menos 3 órgãos. Todos os tumores eram
recetores de estrogénio positivos e 86% recetores de progesterona positivos.
O tratamento prévio incluiu: anastrazol ou letrozol (100%), tamoxifeno (43%), fulvestrant
(14%) e quimioterapia (100%) (14% neoadjuvante, 43% adjuvante e 86% paliativa), com
uma mediana de 3 tratamentos prévios em contexto metastático.
As toxicidades mais frequentes foram: mucosite oral G1 ou G2 (75%), anorexia (75%),
hipercolesterolemia (57%), anemia e neutropenia (43%), hiperglicemia (43%), disgeusia
(29%) e pneumonite G1 (29%). Cinco doentes suspenderam o everolimus por progressão
e 2 por toxicidade (pneumonite G1, metabólica G2). Eventos adversos G3 ou G4: náuseas
G3 (14%), anorexia G3 (14%) e lesão renal aguda G4 (14%; com necrose tubular aguda e
necessidade de hemodiálise), o que motivaram interrupção temporária e redução de dose
do everolimus.
Uma doente apresentou resposta parcial, 5 doença estável e 1 progressão da doença.
Com um follow-up mediano de 9 meses, todas as doentes tiveram progressão da doença e
encontram-se vivas. A SLP mediana foi de 7 meses (IC95%: 6,2-7,8).
Conclusões: O everolimus/exemestano é um tratamento bem tolerado, apresentando um
perfil de toxicidade manejável, desde que sob vigilância adequada e por equipa
multidisciplinar. Os resultados de SLP obtidos estão de acordo com a literatura.
Bibliografia
Baselga J et al. Everolimus in postmenopausal hormone receptor-positive advanced breast
cancer. New Eng J Med 2012;366(6):520-9.
0060
NEOPLASIA DA MAMA MASCULINA - CASUÍSTICA DE UM HOSPITAL DISTRITAL
Vera L Gomes2 ,1, Isália Miguel1, Filomena Roque1, Sandra Bento1
1
Hospital Distrital de Santarém, EPE, Santarém, Portugal, 2Instituto Português de
Oncologia de Lisboa FG, EPE, Lisboa, Portugal
Objetivos: A neoplasia da mama masculina é um diagnóstico raro, constituindo 1% dos
tumores malignos da mama e 0,2% de todas as neoplasias.
Apesar do aumento de incidência nos últimos anos, por ser um diagnóstico subestimado, é
geralmente estabelecido em estadios mais avançados, associando-se a pior prognóstico
comparativamente à mulher.
Procedemos à revisão casuística destes doentes (dtes) nos últimos 15 anos, num Hospital
distrital.
Material e métodos: Estudo retrospetivo para caraterização epidemiológica,
anatomopatológica, tratamento, follow up e sobrevida, mediante consulta dos processos
clínicos de homens com diagnóstico anatomopatológico de neoplasia da mama entre 1999
e 2014.
Resultados: Foram identificados 13 dtes, idade média 68 anos (46 - 85 anos), 61,5% da
mama direita e um bilateral. Maioritariamente (76,9% - 10 casos) correspondiam a
carcinoma ductal invasivo SOE, 38,5% T2 e 30,8% T1, todos M0. Onze dtes tinham
recetores hormonais positivos, 3 Her2 positivo e 2 eram triplo negativos.
Em 2 casos, houve diagnóstico de neoplasia prévia (próstata e cólon). Em 3 dtes
objetivou-se neoplasia metacrónica (2 gástricas, 1 renal). Cinco casos foram referenciados
à Consulta de Risco, destes 2 tinham síndrome hereditário familiar e 3 risco indeterminado.
Foi realizada mastectomia radical modificada em 11 dtes (84,62%) e nos 2 restantes
(15,4%) mastectomia simples com pesquisa do gânglio sentinela. Apenas um doente fez
QT neoadjuvante, todos fizeram adjuvância (6 dtes QT, 7 dtes RT, 13 HT com tamoxifeno
por 5 anos).
Em 6 dtes objectivou-se recidiva, em média, aos 6 anos (4 - 9 anos), com metastização
hepática, pulmonar e óssea, 5 fizeram QT paliativa (a maioria paclitaxel) e 2 RT paliativa.
Um caso fez segunda linha terapêutica com vinorelbina.
A sobrevivência global foi de 5,4 anos, com taxa de mortalidade de 38,46% aos 7 anos.
Conclusões: O conhecimento do cancro da mama masculino é, pela sua raridade, ainda
limitado. Apesar de existirem diferenças epidemiológicas e biológicas identificadas, o tipo
de abordagem baseia-se frequentemente na extrapolação de guidelines estabelecidas
para o cancro da mama na mulher, pelo que se justifica a sua melhor caracterização na
prática clínica diária.
Bibliografia:
1. Kaiyumars B Contractor et al, "Male breast cancer: is the scenario changing.", World
Journal of Surgical Oncology 2008,6:58
2. Giordano SH et al, "A review of the diagnosis and management of male breast
cancer.", Oncologist. 2005 Aug;10(7):471-9.
3. Jemal A et al, "Cancer statistics, 2005", CA Cancer J Clin. 2005 Jan-Feb;55(1):10-30.
0061
QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE EM CANCRO DA MAMA: HAVERÁ VANTAGENS?
Tânia Ascensão, Inês Gante, Diana Vale, Maria João Fonseca, Francisco Évora, Joana
Belo, Isabel Henriques
Serviço de Ginecologia B, Maternidade Bissaya Barreto – Centro Hospitalar Universitário
de Coimbra, Coimbra, Portugal
Objetivos: Avaliar a resposta tumoral à quimioterapia neoadjuvante (QTNA).
Material e Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo, com 512 mulheres com
carcinoma da mama invasor seguidas em consulta no serviço entre 2010 e 2014. Foram
seleccionadas as 66 submetidas a QTNA, das quais foram analisados os seguintes dados
com o STATA 13.1: tamanho tumoral pré e pós QTNA, tipo histológico, grau de
diferenciação, receptores hormonais, expressão de HER2, índice de proliferação, tipo de
cirurgia, intervalo livre de doença e sobrevida global.
Resultados: A idade média foi de 53.8 anos (min 32; máx 72). Verificou-se n=10 (15.1%)
sem resposta tumoral à QTNA, n=45 (68.2%) com resposta parcial e n=11 (16.7%) com
resposta completa. A media do tamanho tumoral pré e pós QTNA foi de 2.6cm (± 1.4cm) e
1.4cm (± 1.5cm) respectivamente. N=43 (75.4%) apresentava Ki67>20%, n=47 (71%)
receptores de estrogénio positivos (RE+), n=37 (56.9%) progesterona positivos (RP+) e
n=16 (24.2%) HER2 positivos (HER2+), sendo que n=15 (22.7%) eram triplo negativos
(TTN). N=15 (23.4%) apresentava tumor de grau 1, n=29 (45.3%) grau 2 e n=20 (31%) de
grau 3. A maioria (n=60, 90%) apresentava um carcinoma de nenhum tipo especial (NST).
Em n=39 (59%) foi realizada mastectomia e em n=27 (40.9%) tumorectomia. No follow-up,
verificou-se 2 casos (3%) com recidiva local e 5 (7.6%) com metastização à distância, com
um intervalo livre de doença médio de 21.8 meses. Faleceram 4 doentes (2 por progressão
de doença), com uma sobrevida livre de progressão de doença média de 38 meses.
Verificou-se maior redução tumoral em tumores Ki67>20% (1.4cm vs 0.4cm em Ki67 ≤
20%; p<0.05), TTN (1.6cm para TTN vs 1.1cm em não TTN; p>0.05) e HER2 positivos
(1.7cm para HER2+ vs 1cm em HER2-; p>0.05).
Tumores de grau 2 apresentaram maior redução tumoral relativamente a tumores grau 1 e
3 (1.4cm vs 0.5cm vs 1.2cm respectivamente). Verificou-se uma maior redução tumoral
nos tumores NST quando comparados com não-NST (1.3cm vs 0.2cm respectivamente,
p<0.05).
Conclusões: Tumores Ki67>20% e NST apresentam maior resposta (significativamente
estatística) à QTNA, verificando-se ainda melhor resposta nos TTN e HER2+ quando
comparados com ausência de receptores hormonais e/ou HER2 negativos. A utilização da
terapêutica alvo iniciada em neoadjuvância (Trastuzumab) poderá justificar a melhor
resposta neste tipo de tumores. Em 40.9% foi possível realizar cirurgia conservadora pós
QTNA.
Bibliografia:
Sikov, W. et al; Neoadjuvant therapy for breast cancer: Rationale, pretreatment evaluation
and therapeutic options, Uptodate Jun 2015
Sikov, W. et al; Neoadjuvant systemic therapy for breast cancer: response, subsequente
tratment and prognosis, Uptodate Jun 2015
0062
CANCRO DA MAMA EM DOENTE VIH POSITIVA SOB TERAPÊUTICA ANTIRETROVIRAL: UM DESAFIO
Ana Simas, Joana Savva-Bordalo, Ana Gallagar, Ludgero Vasconcelos, Noémia Afonso
IPO-Porto, Porto, Portugal
Introdução: A infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) tem um efeito
desprezível na incidência do cancro da mama. No entanto, as doentes VIH positivas
tendem a ter uma doença neoplásica mais agressiva e de pior prognóstico. Os estudos
sugerem que estas doentes devem ser tratadas do mesmo modo que as doentes sem
positividade para o VIH.
Caso clínico: Doente de 52 anos, com diagnóstico de VIH em 2007, sob terapêutica antiretroviral (TARV- efavirenz, abacavir e lamivudina) desde 2008. Admitida na nossa
Instituição em junho de 2013, com contagem de CD4 320 células/mm3 e diagnóstico de
cancro da mama esquerda. A doente foi submetida a mastectomia com pesquisa de
gânglio sentinela, que revelou um carcinoma ductal invasor, grau 2, estádio
pT2N0sn(0/3)M0, recetores de estrogénio e progesterona positivos, bem como HER2
positivo. A histologia de um dos gânglios excisados foi sugestiva de tuberculose
ganglionar. A doente iniciou tratamento dirigido para a tuberculose (rifabutina, etambutol,
pirazinamida e isoniazida) e também tratamento anti-neoplásico em doses completas, com
esquema FEC-DH (5-fluorouracilo, epirubicina e ciclofosfamida, em regime trissemanal
durante 3 ciclos, seguido de docetaxel em regime trissemanal durante 3 ciclos,
concomitantemente com trastuzumab. A quimioterapia foi realizada com suporte de G-CSF
em cada ciclo. A doente teve excelente tolerância à quimioterapia, sem efeitos adversos
grau 2 ou 3. Completou os 18 ciclos de trastuzumab e encontra-se sob hormonoterapia
adjuvante com boa tolerância.
Discusão: Atualmente não há nenhuma guia de orientação terapêutica específica no
tratamento do cancro da mama em doentes VIH positivas. As toxicidades cruzadas e as
interações medicamentosas entre os TARV e as drogas antineoplásicas são expectáveis,
devido à partilha de vias metabólicas. Interações medicamentosas significativas podem
ocorrer entre o efavirenz e a ciclofosfamida, já que o primeiro afeta o metabolismo da
CYP2B6 e pode potenciar o efeito do segundo. Nesta doente, que ainda estava
cumulativamente sob terapêutica antibacilar, aumentou-se o número de possíveis
interações medicamentosas, principalmente devido à isoniazida e à rifabutina, que afetam
o metabolismo da CYP3A4 e podem diminuir o efeito do docetaxel e do efavirenz.
Para além destes fatores, a terapêutica com quimioterapia pode aumentar o risco de
infeções oportunistas e a recidiva da tuberculose, causando um impacto negativo na
história natural do VIH. Assim, esta doente teve uma monitorização apertada,
nomeadamente dos parâmetros hematológicos, hepático e imunológicos. A doente
apresentou uma excelente tolerância a todos os tratamentos.
Conclusões: A orientação desta doente VIH positiva com cancro da mama em estádio
inicial constituiu um desafio. O tratamento foi bem tolerado, apesar dos riscos inerentes
pelas complexas interações medicamentosas entre quimioterapia, TARV e antibacilares.
Este tipo de casos demonstram a necessidade da colaboração entre as várias
especialidades, de forma a controlar a efetividade terapêutica de cada tratamento e evitar
e/ou controlar toxicidades.
Bibliografia:
(1) http://reference.medscape.com/drug-interactionchecker. Accessed on November 9th
2013.
(2) DeVita et al; Cancer principles and practice of Oncology; 9th edition.
(3) B. Veronika et al; ESMO handbook of cancer treatments in special clinical situations;
ESMO Press; 2013
0063
CARCINOMA DA MAMA COM RECEPTOR TIPO 2 DO FACTOR DE CRESCIMENTO
EPIDÉRMICO (HER2) POSITIVO: EXPERIÊNCIA DO CENTRO HOSPITALAR TRÁSOS-MONTES E ALTO DOURO (CHTMAD)
Mariana Rocha, Joana Lima, Patricia Gago, Andreia Coelho, Miguel Barbosa, Marta
Sousa, António Teira, Pedro Santos
CHTMAD, Vila Real, Portugal
Objetivos: O objetivo deste trabalho foi caraterizar epidemiologicamente, determinar os
regimes quimioterápicos utlizados e avaliar a resposta e toxicidade dos tratamentos dos
doente com cancro da mama Her2 positivo tratados no CHTMAD.
Material e métodos: Foram incluídos os doentes com cancro da mama Her2 positivo que
iniciaram tratamento com trastuzumab no CHTMAD entre os anos de 2010 e 2015
obtendo-se uma amostra de 90 doentes. Foi revista informação clínica e os dados
recolhidos submetidos a análise estatista pelo programa IBM SPSS statistics21®.
Resultados: A amostra é composta por 90 mulheres com idade média de 54,57 δ 1,37
anos. O resultado histológico mostrou que todos correspondiam a carcinomas ductais
invasores sendo que 12,22% dos doentes apresentavam receptores hormonais negativos.
A taxa de mortalidade foi 8% sendo a sobrevivência mediana de 32 meses. Ao
diagnóstico, 52,8% dos tumores apresentavam tamanho entre 2 e 5 cm, 54,44% com
envolvimento ganglionar axilar e 5,56% eram estadio IV.
Dos doentes selecionados, 24,4% realizaram quimioterapia neoadjuvante sendo o regime
mais utilizado AC+TH (doxorrubicina, ciclofosfamida, docetaxel e trastuzumab) com
86,36%. Da amostra, 73,3% realizaram QT em adjuvancia sendo os regimes mais comuns
o regime FEC+TH (Ciclofosfamida, 5-FU, epirrubicina, docetaxel e trastuzumab) com
32,94% e o regime TCH (docetaxel, ciclofosfamida e trastuzumab) com 20%. No regime
FEC+TH, 64,28% cumpriram 12 meses de trastuzumab contra 35,71% que cumpriram
menos de 12 meses. No regime TCH, 82,36% cumpriram 12 meses de trastuzumab contra
21,43% da amostra.
A suspensão da toma de trastuzumab ocorreu em 33 doentes sendo a causa mais
frequente toxicidade cardíaca (36,36%), realização de cirurgia (33,33%) e progressão da
doença (12,12%).
Uma amostra de 68 doentes realizou 12 meses sob trastuzumab contra 22 com menos de
12 meses de tratamento. O primeiro grupo apresentou uma mediana de sobrevivência livre
de recorrência de 37 meses em comparação com o segundo grupo com sobrevivência livre
de recorrência de 19,5 meses. A sobrevivência livre de recorrência/progressão da amostra
correlacionou-se positivamente com o maior número de meses sob terapêutica com
trastuzumab (r=0,473) sendo o resultado estatisticamente significativo (p<0,01).
Da amostra, 17 doentes (18,89%) apresentaram recorrência da doença. Os locais mais
comuns de metastização foram a nível pulmonar e ósseo. O número mediano de linhas de
tratamento realizado foi de 2 e a continuação do bloqueio Her2 foi efectuado em 17,78%
dos doentes.
Conclusão: Entre 15-20% dos cancros da mama apresentam receptor Her2 positivo
sendo que este se encontra associado a uma maior agressividade clínica. Neste estudo, é
de salientar a correlação positiva entre a sobrevivência livre de recorrência/progressão e a
realização trastuzumab durante um maior número de meses. De igual modo assinala-se a
relativa cardiotoxicidade associada ao bloqueio Her2 e a prossecução da terapêutica
dirigida ao Her2 como elemento central da terapêutica em contexto metastático.
0064
O IMPACTO DA QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE NO CANCRO DA MAMA COM
DIFERENTES TIPOS HISTOLÓGICOS
Ana Sofia Pais1, Magda Magalhães1, Olga Caramelo1, Teresa Santos Silva2, Cristina
Frutuoso1, Isabel Torgal1
1
Ginecologia A, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Coimbra, Portugal,
2
Anatomia Patológica, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Coimbra,
Portugal
O cancro da mama representa um grupo de doenças heterogéneo, com diferentes tipos
histológicos e modalidades terapêuticas. O carcinoma lobular invasivo (CLI) corresponde
ao segundo tipo histológico mais comum e com maior probabilidade de ser multicêntrico e
bilateral. A quimioterapia neoadjuvante (QTNA) é frequentemente usada para diminuir a
massa tumoral, tornando-a ressecável ou passível de cirurgia conservadora. Estudos
recentes demostraram que, após QTNA, as doentes com CLI apresentam menor taxa de
resposta completa e cirurgia conservadora, comparativamente às doentes com carcinoma
ductal invasivo (CDI).
Objetivos: O objetivo deste estudo é comparar o impacto da QTNA entre doentes com CLI
e CDI, nomeadamente resposta patológica, realização de cirurgia conservadora, tempo
livre de recidiva e sobrevivência.
Material e métodos: Este estudo retrospetivo baseou-se na análise dos processos
clínicos das mulheres com diagnóstico histológico de CLI que realizaram QTNA, entre
2005-2014 (n=13). Posteriormente selecionou-se um grupo semelhante (idade, estádio e
características imunohistoquímicas) com diagnóstico de CDI que também realizaram
QTNA (n=13), para comparar dois grupos idênticos. Foram recolhidos dados clinicolaboratoriais e foi avaliada a resposta ao tratamento. A análise estatística foi realizada em
SPSS 22.0 (p=0,05).
Resultados: O estudo incluiu 13 doentes com CLI e 13 com CDI submetidas a tratamento
na nossa Instituição. A média de idades à data do diagnóstico foi 55±3 [47-62] e 55±3 [4862] anos (p=0,87), respectivamente. Das doentes com CLI, 1 apresentava lesões bilaterais
e 2 multifocais. De acordo com o estadiamento, 23% das doentes de cada grupo
encontravam-se no estádio II, 53% no estádio III e 23% no estádio IV. Relativamente às
características imunohistoquímicas, os grupos também foram semelhantes, com
expressão de recetores de estrogénios em 93% dos CLI versus (vs) 77% dos CDI
(p=0,28), recetores de progesterona em 46% vs 69% (p=0,45) e HER2 em 15% vs 23%
(p=0,62), respetivamente.
Verificou-se não existir uma diferença estatisticamente significativa entre o tipo histológico
e a realização de cirurgia conservadora (p=0,09), no entanto observou-se maior
percentagem de cirurgia conservadora nas doentes com CDI (46% vs 15%). O estudo
anatomopatológico das peças operatórias pós-QTNA revelou uma resposta patológica
idêntica nos dois grupos (p=0,82). Nos CLI houve regressão completa apenas em 2 e
parcial em 6, comparativamente a 1 e 7 nos CDI, respetivamente. Só se justificou reintervir
cirurgicamente em 1 CLI, por margens insuficientes.
Durante o follow-up, observou-se recidiva em 30% dos CLI vs 23% dos CDI, com tempo
livre de recidiva idêntico (p=0,31). A taxa de mortalidade foi 23% para os CLI vs 7% para
os CDI, com sobrevivência idêntico (p=0,96).
Conclusões: Este estudo retrospetivo permite-nos concluir que o impacto da QTNA nos
grupos CLI vs CDI é semelhante, relativamente à resposta patológica, tempo livre de
recidiva e sobrevivência. Contudo, verificou-se uma menor percentagem de cirurgia
conservadora nos CLI.
0065
A TUBERCULOSE MAMÁRIA – UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE MASTITE
Gunes Karakus, Rita Ribeiro, Sofia Estevinho, Madalena Nogueira
Serviço de Ginecologia&Obstetrícia, Hospital de Santarém, Santarém, Portugal
Objetivos: A tuberculose mamária é uma doença que pode mimetizar clínica e
radiologicamente uma mastite ou o carcinoma inflamatório. Apresentamos os aspetos
clínicos, imagiológicos e a terapêutica desta doença, a propósito de um caso clinico.
Material e métodos: Consulta de um processo clínico e revisão da literatura.
Resultados: Doente de sexo feminino, 72 anos, que recorreu ao Serviço de Urgência por
sinais inflamatórios da mama esquerda, com uma semana de evolução, e sem resposta ao
tratamento com antibiótico e anti-inflamatório. Na observação a mama esquerda
apresentava sinais inflamatórios que atingia a quase totalidade da mesma. Palpou-se uma
formação nodular nos quadrantes inferiores, indolor, com 9 cm. Em ambos os escavados
axilares palparam-se adenopatias móveis. A mamografia e ecografia mamária evidenciou
aumento da ecogenicidade do parênquima. Realizou biópsia da lesão que revelou mastite
granulomatosa. A TC de estadiamento revelou extensas lesões líticas na coluna lombar. O
estudo histológico de uma das lesões confirmou uma espondilodiscite/osteomielite
granulomatosa. A prova de tuberculina com 10mm e as culturas das várias secreções
foram negativas. O caso foi discutido em reunião multidisciplinar com apoio da medicina
interna. Após exclusão de outras patologias infecciosas e de malignidade, iniciou
tratamento empírico antibacilar com resposta clínica e imagiológica muito favorável.
Atualmente mantém seguimento multidisciplinar.
A tuberculose é uma doença multissistémica que afeta mais frequentemente os pulmões.
A doença extrapulmonar ocorre em 20% dos casos e 50% destes não têm evidência de
infeção pulmonar. Os aspetos clínicos da tuberculose mamária não são bem definidos e a
doença pode ter várias apresentações: nodular, disseminada, esclerosante, estenosante,
miliar. Os exames imagiológicos mais úteis são ecografia mamária, mamografia e
ressonância magnética apesar de os resultados dos mesmos serem muito variáveis. Esta
doença é tratável com os regimes usados para a doença pulmonar. O tratamento cirúrgico
é raramente necessário e deve ser acompanhado pelo tratamento médico.
Conclusões: A tuberculose mamária é um diagnóstico raro. Muitas vezes é difícil obter um
diagnóstico baseado na clínica e na imagem pelo que o diagnóstico está dependente da
confirmação histológica.
A "avaliação tripla" (clínica, radiológica e histológica) é essencial para o diagnóstico
definitivo e para exclusão da patologia maligna.
Bibliografia: 1- Peiris L, Alam N, Agrawal A. Tuberculosis of the breast masquerading as
breast cancer. JSCR 2012 10:1.
2- Imtiaz Wani, Ali M. Lone, Rayees Malik, et al., "Secondary Tuberculosis of Breast: Case
Report," ISRN Surgery, vol. 2011, Article ID 529368, 3 pages, 2011.
3- Sen M, Gorpelioglu C, Bozer M. Isolated Primary Breast Tuberculosis - Report of Three
Cases and Review of the Literature. Clinics (Sao Paulo, Brazil). 2009;64(6):607-610.
4 - Bianco, Sabrina Ramos, Gurgel, Rafael Lopes, & Tavares, Michel de Araújo. (2009).
Aspectos radiológicos da tuberculose primária da mama: relato de caso e revisão de
literatura. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 42(2), 203-205.
5- Mastitis and other skin disorders of the breast in adults. Michael Dixon J, Chagpar B
Anees, Duda B Rosemary. uptodate.com. Last updated: Jul 31, 2013.
0066
MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPÁTICA: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO
Sofia Estevinho, Olga Alves, Gunes Karacus, Carlos Rodrigues, Jose Fiel, Madalena
Nogueira
Hospital de Santarém, Santarém, Portugal
Objetivos: Descrever características clínicas e imagiológicas de Mastite Granulomatosa
Idiopática (MGI) a propósito de dois casos clínicos.
Material e métodos: Consulta de processos clínicos de mulheres com o diagnóstico MGI,
seguidas em consulta de Senologia do Hospital de Santarém no ano de 2014.
Introdução: A MGI é uma doença inflamatória rara, com comportamento agressivo.
Ocorre, frequentemente, em mulheres entre os 30 e 40anos. Manifesta-se por massa
palpável única ou múltipla, geralmente unilateral, periférica e dolorosa; com inflamação,
ulceração da pele, podendo fistulizar ou abecedar, mimetizando clinica e
imagiologicamente o carcinoma inflamatório ou abcesso mamário. O diagnóstico definitivo
é histológico.
Descrevemos dois casos clínicos seguidos em consulta com o diagnóstico de MGI.
Caso 1: 33 anos, multípara. Enviada à consulta por história de abcesso mamário à
esquerda com 3 meses de evolução. No início do quadro clinico efetuou dois ciclos de
antibioterapia e drenagem de abcesso (sem melhoria sintomática), a mamografia e
ecografia mamária não apresentavam alterações.
Clinicamente, apresentava um nódulo da mama esquerda com 4 cm, com sinais
inflamatórios da pele suprajacente, sem flutuação. O estudo imagiológico (mamografia de
contraste) mostrava uma extensa área de realce não nodular, com múltiplas áreas
hipoecogénicas de distribuição ductal na área afetada. A biópsia da lesão foi compatível
com mastite granulomatosa não necrotizante.
Caso 2: 34 anos, multípara. Enviada à consulta por mastite recidivante à direita com um
mês de evolução. Efetuou antibioterapia com anti-inflamatório sem sucesso.
Clinicamente apresentava uma massa com 4 cm, sem flutuação. O estudo imagiologico
(ecografia mamária) mostrou lesão hipoecogénica com 16x7 mm, topografia retro-areolar,
provavelmente inflamatória. A biópsia desta lesão revelou ser mastite granulomatosa
focalmente necrotizante.
Nos dois casos, após a confirmação do diagnóstico histológico institui-se corticoterapia
oral, com resolução clinica das lesões.
Conclusões: O diagnóstico das patologias inflamatórias da mama é um desafio difícil pela
similaridade de manifestações clinicas entre elas, estando a instituição da terapêutica
adequada dependente deste. O reconhecimento desta entidade é essencial para prevenir
morbilidade e tratamentos desnecessários.
Bibliografia:
-Wilson JP, Massoll N, Marshall J, et al. Idiopathic granulomatous mastitis: in search of a
therapeutic paradigm. Am Surg 2007; 73:798.
-Going JJ, Anderson TJ, Wilkinson S, Chetty U. Granulomatous lobular mastitis. J Clin
Pathol 1987; 40:535.
-Al-Khaffaf B, Knox F, Bundred NJ. Idiopathic granulomatous mastitis: a 25-year
experience. J Am Coll Surg 2008; 206:269.
0067
OLIGOMETÁSTASE PULMONAR DE TUMOR FILÓIDE DA MAMA: A TRADUÇÃO DE
UMA DOENÇA SEMPRE INCURÁVEL?
Ana Vitor Silva1, Mariana Afonso2, Carlos Franco3, Miguel H. Abreu1, Noémia Afonso1
1
Serviço de Oncologia Médica, Instituto Português de Oncologia do Porto, Porto, Portugal,
2
Serviço de Anatomia Patológica, Instituto Português de Oncologia do Porto, Porto,
Portugal, 3Serviço de Cirurgia Torácica, Instituto Português de Oncologia do Porto, Porto,
Portugal
Introdução: Os tumores filóides da mama são uma entidade rara, com uma incidência de
0.3 a 1% de todos os tumores da mama. A recorrência à distância é infrequente e traduz
uma doença agressiva.
Caso clínico: Os autores apresentam o caso de uma doente com 51 anos, ex-fumadora,
submetida a mastectomia total esquerda em Setembro de 2012 por um tumor filóide. O
resultado anatomopatológico mostrou um tumor filóide com sobrecrescimento do
componente estromal, marcada atipia citológica e com índice mitótico superior a 10
mitoses/10 campos de grande ampliação. A neoplasia ulcerava extensamente a pele,
invadia o tecido muscular esquelético sendo tangencial (<0,1cm) à margem de ressecção
profunda. Como tratamento adjuvante realizou radioterapia dirigida à parede torácica
esquerda com uma dose total de 64Gy.
Em Maio de 2014, em exame de rotina, foi detetada recorrência sob a forma de metástase
pulmonar única com 3 cm de maior diâmetro que foi biopsada, sendo submetida em Junho
de 2014 a lobectomia inferior esquerda com esvaziamento mediastínico. As margens
cirúrgicas estavam livres de tumor e os gânglios excisados não apresentavam metástases.
A doente manteve-se em vigilância.
Em Abril de 2015, inicia quadro de dispneia de esforço, associada a tosse não produtiva,
documentando-se metastização pleural e pulmonar difusa. Dado o bom estado geral
(ECOG:0), iniciou quimioterapia paliativa com doxorrubicina 75 mg/m2, desenvolvendo
como principal toxicidade mucosite, astenia e anorexia G2, com necessidade de redução
de doses em 25%.
Após 2 ciclos de quimioterapia, verificada progressão da doença pulmonar, pleural, com
adenopatias mediastínicas de novo, que condicionavam disfagia total, com necessidade de
colocação e prótese esofágica para alimentação. O estado geral da doente deteriorou-se
progressivamente, não reunindo condições para prosseguir tratamento sistémico paliativo,
vindo a falecer em Julho de 2015.
Conclusão: A recorrência dos tumores filóides da mama raramente é abordável
cirurgicamente. Contudo e, mesmo nestas situações, a doença metastática condiciona um
mau prognóstico, sendo questionável a realização de quimioterapia paliativa pela sua fraca
resposta clinica com efeitos laterais que não são desprezíveis.
0068
MANUTENÇÃO DO BLOQUEIO ANTI-HER2 APÓS PROGRESSÃO - RELATO DE UM
CASO CLÍNICO
Ivo Julião, Telma Costa, Noémia Afonso, Deolinda Pereira
Instituto Português de Oncologia do Porto, Porto, Portugal
Objectivos: Apresentação do caso clínico de uma doente tratada no IPO do Porto (IPOP),
com metastização cutânea de cancro da mama com sobreexpressão Her2, submetida a 11
linhas de tratamento com quimioterapia associada a terapêutica anti-Her2.
Material e métodos: Colheita de dados do processo clínico da doente, disponíveis em
formato de papel e no sistema informático em uso no IPOP.
Resultados: Doente do sexo feminino com 52 anos, diagnosticada em Março de 2004
com um carcinoma da mama (CM) localmente avançado. Foi submetida a quimioterapia
(QT) neoadjuvante com 4 ciclos de doxorubicina e ciclofosfamida, seguida de mastectomia
radical modificada. Observou-se um carcinoma ductal invasor, grau 1, ypT2N2M0 com
receptores hormonais negativos. Em Agosto de 2004 realizou tratamento adjuvante com
paclitaxel e radioterapia. Em Maio de 2005 foi detectada recidiva cutânea torácica, tendo
sido pedida avaliação da sobreexpressão de Her2 na peça de recidiva, que foi positiva.
Iniciou carboplatino, docetaxel e trastuzumab (TCH) até Setembro de 2005, com resposta
completa (RC) e após manteve o trastuzumab em monoterapia. Em Março de 2007, por
progressão de doença cutânea(PDC), iniciou vinorelbina mantendo trastuzumab. Sete
meses depois teve PDC, suspendeu tratamento, e foi incluída num ensaio clínico com
capecitabina e lapatinib com uso compassivo. Em Junho de 2010 apresentou PDC,
iniciando paclitaxel e trastuzumab, que realizou até Outubro com RC cutânea e suspendeu
paclitaxel mantendo trastuzumab. Em Julho de 2011, por PDC, iniciou rechallenge com
TCH e apresentou RC. Suspendeu o platino por reacção de hipersensibilidade, mantendo
docetaxel e trastuzumab. Em Julho de 2012 suspendeu o docetaxel por toxicidade cutânea
e manteve o trastuzumab. Em Novembro de 2012 define-se nova PDC, iniciando
gemcitabina e mantendo trastuzumab com RC. Em Abril de 2013 teve nova PDC, sendo
incluída no ensaio KAMILLA com início de T-DM1 com RC.
Ao 14º ciclo foi internada por febre persistente e apresentou, durante o internamento,
isquémia do 2º dedo da mão esquerda, com suspeita de embolização sética por
endocardite. Realizou ecografia trans-esofágica (ETE) que foi negativa assim estudo
microbiológico. Desenvolveu um hematoma intra-abdominal volumoso com alteração da
força muscular do membro homolateral, que resolveram, paulatinamente, com medidas
conservadoras. Repetiu ETE que se manteve sem alterações com resolução do quadro
após várias linhas de antibioterapia. Neste internamento foi verificada PD sendo excluída
do ensaio clínico. Em Abril de 2014 reiniciou trastuzumab, associando paclitaxel 2 meses
depois com RC, motivo pelo qual suspendeu o taxano em Julho de 2015, mantendo
trastuzumab.
Conclusões: As terapêuticas dirigidas ao Her2 alteraram o curso natural do CM Her2positivo. Embora controversa, a manutenção de um agente anti-Her2 após progressão é
cada vez mais usual por apresentar benefício, por ser bem tolerada e pelo aumento das
opções terapêuticas: trastuzumab, lapatinib e T-DM1.
Este caso reflecte o benefício da continuação de bloqueio anti-HER2 e mesmo o
retratamento com trastuzumab após progressão. Demonstra também a importância da
disponibilidade de outros fármacos dirigidos na sequenciação terapêutica ao longo da
evolução da doença, nomeadamente em contexto de ensaio clínico. Verifica-se que as
toxicidades decorrentes podem ser limitadoras da continuação terapêutica.
0069
DESAFIOS NO TRATAMENTO DO CANCRO DA MAMA METASTIZADO HER2+, A
PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Li Bei, Júlio Oliveira, Deolinda Pereira
IPO Porto, Porto, Portugal
O tratamento do cancro da mama metastizado visa o controlo sintomático, a melhoria da
qualidade de vida e o prolongamento da sobrevivência. A gestão das toxicidades que
advém dos tratamentos é complexa. A sua pronta identificação e resolução são essenciais
para não comprometer o plano terapêutico.
Mulher, 70 anos, antecedentes de diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e
dislipidemia. Sem patologia cardíaca ou gastrointestinal prévias ao tratamento. Diagnóstico
de carcinoma ductal invasor da mama esquerda em 1989 (aos 44 anos). Foi submetida a
mastectomia radical modificada à esquerda. Estadio pT1N2M0 (IIIA). Realizou
quimioterapia (QT) com Ciclofosfamida/Metotrexato/5-Fluorouracilo (6 ciclos) e
radioterapia adjuvantes.
Em 01.2009 diagnosticou-se metastização (MET) óssea difusa. A biópsia óssea foi
compatível com MET de primário da mama, positividade para receptores hormonais (RH) e
HER2. Efectou QT Adriamicina/Ciclofosfamida (4 ciclos), obtendo doença estável (DE).
Prosseguiu tratamento com Letrozol, associado a Trastuzumab (TRAS) e Pamidronato
(PAM), com DE.
Em 06.2011 por progressão óssea iniciou Paclitaxel, mantendo TRAS, obtendo DE.
Constatatou-se toxicidade cardíaca com diminuição de fração ejeção ventricular (FEV) e
FA paroxística de novo, bem como neuropatia periférica G2. Suspendeu os dois fármacos
em 12.2011 e iniciou Exemestano. Retomou TRAS, após recuperação da função cardíaca.
Manteve DE.
Em 05.2012, por nova depressão da FEV com insuficiência cardíaca (IC) G2, suspendeu
TRAS.
Em 07.2012, verificou-se progressão óssea, pelo que iniciou tratamento com Fulvestrant
associado a Lapatinib (LAP), após parecer favorável de Cardiologia, obtendo DE. Foi
constatado em 01.2013 osteonecrose do maxilar (OM) G2, pelo que suspendeu PAM.
Resolveu OM com tratamento médico.
Em 10.2013 verificou-se MET visceral hepática, tendo inciado Capecitabina, mantendo
LAP e retomou PAM. Em 10.2014 foi diagnosticado colite isquémica G3, resolvida em
internamento com tratamento médico. Por apresentar função cardíaca compatível,
reintroduziu-se TRAS e iniciou Tamoxifeno em 11.2014, mantendo DE.
Em 05.2015 iniciou Vinorrelbina semanal por progressão hepática, tendo suspendido
definitivamente Trastuzumab, após instalação de IC G3, com depressão sustentada da
FEV. Atualmente, apresenta-se estável do foro cardiovascular (IC Classe I), sem
neuropatia residual e ECOG 1.
Apresenta-se um caso com várias toxicidades graves às várias linhas terapêuticas
instituídas, em que uma vez resolvidas, foi possível prosseguir com o tratamento da
doente. O prognóstico da doença HER2+, melhorou na era da terapêutica anti-HER2,
sendo hoje possível identificar um número crescente de long term survivors nos doentes
com esta patologia submetidos a tratamento dirigido. Após revisão da literatura, conclui-se
que são fatores prognóstico favoráveis nesta doente a expressão de RH, o uso prévio de
taxano e TRAS em 1ª linha. Será útil encontrar modelos de prognóstico que possam
identificar as doentes com expectativa de controlo da doença a longo prazo, permitindo um
tratamento individualizado.
MC Chavez, et al. Predictors of long-term survival in a cohort of patients with HER2positive metastatic breast cancer. 35th San Antonio Breast Cancer Symposium , 2012.
A Yardley, et al. Long-term survivor characteristics in HER2-positive metastatic breast
cancer-registHER. Br J Cancer. 2014;110:2756-64.
OUTROS
0070
RISCO DE CANCRO E VIGILÂNCIA DOS PORTADORES DE MUTAÇÃO CHEK2
Gabriela Câmara1, Joaquim Gago1, Ana Opinião1 ,2, Ana Luis1 ,2, Ana Clara1 ,2, Carla
Simões2, Sidónia Santos3, Fátima Vaz1 ,2
1
Serviço de Oncologia Médica do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco
Gentil, E.P.E., Lisboa, Portugal, 2Clínica de Risco Familiar do Instituto Português de
Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, E.P.E., Lisboa, Portugal, 3Unidade de Investigação
em Patobiologia Molecular do Instituto Português de Lisboa Francisco Gentil, E.P.E.,
Lisboa, Poland
Objectivos: O gene CHEK2 é um gene de média penetrância, localizado no cromossoma
22q12.1, que codifica uma "checkpoint kinase" implicada na reparação do DNA. A mutação
do CHEK2 mais frequentemente identificada é a 1100delC, e tem sido implicada no
aumento do risco para cancro da mama, colo-rectal, próstata e melanoma maligno.
Pretende-se identificar as famílias com mutação CHEK2 seguidas na Consulta de Risco
Familiar da nossa instituição, proceder à sua caracterização fenotípica e discussão do
protocolo de vigilância a aplicar nos indivíduos portadores desta mutação.
Material e Métodos: Identificação das famílias com mutação CHEK2 seguidas na
Consulta de Risco Familiar da nossa instituição e avaliação da agregação de neoplasias
nessas famílias. Revisão bibliográfica referente ao risco para neoplasias associado à
mutação CHEK2 e protocolos de vigilância preconizados.
Resultados: Entre Dezembro de 2000 e Julho de 2015 foram identificadas 4 famílias com
a mutação 1100delC no gene CHEK2 na nossa instituição.
Família I: cancro da mama, 1 bilateral (aos 32 e 36 anos) e 2 unilaterais (aos 46 e 50
anos), próstata (aos 57 anos) e melanoma (aos 9 anos).
Família II: cancro da mama (aos 33, 36 e 46 anos), ovário (aos 83 anos), próstata (aos 60
e 61 anos), gástrico (aos 53 anos) e pâncreas (aos 47 anos).
Família III: 2 casos de cancro da mama, 1 aos 33 anos e um pós-menopáusico.
Família IV: cancro da mama (aos 33 e 35 anos) e 1 tumores da cabeça e pescoço e 1 do
sistema nervoso central.
Em cada família, temos identificado um individuo portador da mutação (os 4 com
diagnóstico de cancro da mama).
As mutações CHEK2 são responsáveis por cerca de 3% dos cancros da mama
hereditários, estando estimado um aumento do risco de 2-5 vezes em mulheres portadores
da mutação. Está também descrito um aumento de risco de 4.9 vezes para o cancro de
próstata, de 1-2 vezes para o cancro colo-rectal e de 2 vezes para o melanoma maligno.
Conclusões: O protocolo de vigilância deve levar em conta o aumento do risco para o
cancro da mama, próstata, colo-rectal e melanoma. O risco específico para os portadores
desta mutação parece depender da história familiar, pelo que se deverá ter em conta o
fenótipo da família na idade de início e escolha do método de vigilância para cada
individuo.
Bibliografia
Cezary Cybulski, et al; Risk of Breast Cancer in Women With a CHEK2 Mutation With and
Without a Family History of Breast Cancer; JCO, Volume 29, Num 28, Out/2011.
Maren Weischer, et al; CHEK2*1100delC and Risk of Malignant Melanoma:
Danish and German Studies and Meta-Analysis; www.jidonline.org.
Victoria Hale, et al; CHEK2∗1100delC Mutation and Risk of Prostate Cancer; Hindawi
Publishing Corporation.
0071
O PRIMEIRO ANO DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROTOCOLO DE ALTA PRECOCE EM
CIRURGIA ONCOLÓGICA DA MAMA
Author's preference: Comunicação oral
Teresa Santos, Cristina Carvalho, Mónica Rebelo, Hugo Mesquita, Marina Oliveira, José
Monteiro, Lima Terroso
Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães, Portugal
Com o objetivo de proporcionar ao doente submetido a cirurgia oncológica da mama uma
recuperação integrada no seu ambiente familiar, reduzindo o número de dias de
internamento e mantendo o nível dos cuidados de saúde, foi efetuado um protocolo de alta
precoce, entre o Serviço de Cirurgia Geral/Unidade de Mama e a Unidade Móvel de Apoio
Domiciliário (UMAD) do Hospital de Guimarães.
Os autores apresentam o protocolo instituído no seu Hospital assim como os resultados do
primeiro ano da sua implementação.
A UMAD tem como objetivos: a continuidade dos cuidados hospitalares, recorrendo a
acções de ensino à família/utente; promoção da saúde; o tratamento da doença e
reabilitação, prestadas em ambulatório. Os doentes que preenchem os critérios de
inclusão no protocolo, têm alta às 48h do pós operatóro. É realizada pela UMAD uma
supervisão e cuidados de penso de pensos ao utente assim como identificação e
prevenção precoce de complicações no domicílio, evitando o reinternamento. A informação
clínica de cada observação diária é fornecida ao cirurgião responsável assim como
qualquer complicação que se verifique. Nos primeiros 12 meses foram incluídos 63
doentes. Houve uma redução de 298 dias de internamento no total não se tendo verificado
aumento das complicações pós operatórias (infecção da ferida operatória e seroma).
Nenhum doente foi reinternado. Estas medidas tiveram também como consequência uma
diminuição da taxa de ocupação de camas de internamento assim como uma diminuição
nos gastos hospitalares.
Nos primeiros meses de implementação deste protocolo, as medidas implementadas
atingiram os objetivos propostos sem prejuízo para o doente. A alta precoce permitiu uma
recuperação integrada no ambiente familiar mantendo os cuidados de saúde adequados,
sem aumento das complicações.
Bibliografia: 1. Effects of early discharge from hospital after surgery for primary breast
cancer Boman L, Björvell H, Cedermark G, Theve N O, Wilking N.Department of Internal
Medicine, Karolinska Hospital, Stockholm, Sweden. Eur J Surg 159: 67-73, 1993
2. The satisfaction and savings of early discharge with drain in situ following axillary
lymphadenectomy in the treatment of breast cancer. Holcombe C, West N, Mansel RE,
Horgan K.
University Department of Surgery, University of Wales College of Medicine, Cardiff, UK.
Eur J Surg Oncol 1995 Dec;21(6):604-6
0072
CARCINOMA DA MAMA HER2 POSITIVO: DIFERENÇAS ENTRE OS GRUPOS DE
DOENTES COM E SEM RECETORES HORMONAIS
Francisco Évora, Inês Gante, Tânia Ascensão, Diana Vale, Maria Fonseca, Isabel
Henriques, Joana Belo
Serviço de Ginecologia da Maternidade Bissaya Barreto, CHUC, coimbra, Portugal
Objectivos: Estudo comparativo das doentes com diagnóstico de carcinoma da mama
HER2+, com e sem a presença de recetores hormonais, para análise de parâmetros
clínicos, terapêuticos e prognósticos.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo com elaboração de uma base de dados referente
aos casos de carcinoma da mama HER2 positivo do serviço supracitado, durante o
período de 6 anos (2009 a 2014). A análise dos dados foi realizada com o STATA 13.1.
Resultados: Da amostra de mulheres com diagnóstico de cancro da mama invasor
(n=546), 11% (n=60) apresentaram recetores HER2+. Dentro dos HER2+, 26,7% (n=16)
tinham recetores hormonais (RE e RP) negativos, enquanto 73,3% (n=44) apresentaram
RE e/ou RP positivos. A média de idades aquando do diagnóstico foi superior no grupo
com recetores hormonais negativos (62,3+/-12,1 vs. 55,5+/-10,7 anos; p=0,04). Em termos
histopatológicos, no grupo com recetores hormonais negativos obteve-se uma maior
percentagem de tumores grau 3 (62,5% vs. 30,2%; p=0,02) e de ki67>20% (92,3% vs.
70,0%; p>0,05). No que diz respeito à terapêutica cirúrgica, o grupo com recetores
hormonais negativos foi submetido numa menor percentagem de casos a cirurgia
conservadora com tumorectomia (37,5% vs. 45,4%; p>0,05). Relativamente à recidiva
tumoral, o grupo com recetores hormonais negativos apresentaram metástases à distância
em 23,1% vs. 13,3%; (p>0,05). A percentagem morte por evolução de doença ocorreu no
grupo com recetores negativos em 12,5% (vs. 4,6%; p>0,05).
Conclusões: Ao longo dos últimos anos existiram avanços significativos na abordagem ao
cancro da mama, o que conduziu a um diagnóstico mais precoce e ao desenvolvimento de
terapêuticas mais efetivas. Atualmente, a pesquisa de marcadores biológicos como os
receptores hormonais e o HER2 é efectuada por rotina, permitindo aferir a eligibilidade
para a hormonoterapia e para a terapêutica alvo anti-HER2, contribuindo para uma maior
sobrevida livre de doença e qualidade de vida para estas doentes.
Bibliografia:
Oliveira et al.; Manual de Ginecologia; Permanyer Portugal 2009; Vol. 2, 38: 297-300.
Onitilio et al.; Breast Cancer Subtypes Based on ER/PR and Her2 Expression: Comparison
of Clinicopathologic Features and Survival; Clinical Medicine & Research 2009; Vol. 7,
Numb. 1/2: 4-13.
Pervaiz et al., Evaluation of Hormone Receptor Status (ER/PR/HER2-neu) in Breast
Cancer in Pakistan; J Pak Med Assoc. 2015 July; 65(7): 747-52.
0073
QUALIDADE DE VIDA E AJUSTAMENTO EMOCIONAL EM DOENTES COM CANCRO
GINECOLÓGICO E DA MAMA
Elizabeth Ordens CasteloBranco
Instituto Portugues Oncologia, Coimbra, Portugal
Introdução: Ocancro da mama e do colo do útero são os cancros mais frequentes nas
mulheres jovens, 15 -39 anos, o que significa que tragicamente muitas mulheres
diagnosticadas estão em idade fértil. Neste ultimo século os avanços da Medicina
aumentando significativamente a sobrevida mundial. Com o aumento do número de
sobreviventes de doenças oncológicas veio o registo de aumento de sinais, sintomas e
sequelas provocados pelos tratamentos. Assim e pela sua pertinência, as investigações
na área do cancro ginecológico tem vindo a incidir nas alterações dos sintomas, quer
físicos quer psicológicos e da sexualidade da mulher.
Objectivo: Identificar o impacto da qualidade de vida (Qvd) e ajustamento emocional
aquando o diagnóstico e tratamento de sobreviventes de cancro ginecológico e da mama.
Pretendeu-se avaliar a relação entre a qualidade de vida e o ajustamento emocional à
doença, sendo expectante quanto maior for a adaptação menor será a ansiedade,
depressão e sintomatologia psicossomática. A avaliação destes parâmetros só é possível
com uso de questionários para quantificar.(Diener,Suh,1997).
Material e Métodos: A amostra incluiu doentes diagnosticadas com cancro ginecológico
ou da mama que frequentavam as Consultas de Ginecologia do IPOC e que responderam
voluntariamente aos questionários. O número total de 100, período 8 meses-2014,
considerados completos N=75, 25 "missing". Estudo do tipo quantitativo- natureza
transversal aplicando-se questionários de auto-resposta utilizou-se pacote estatísticoSPSS. Os instrumentos utilizados foram: 1.-Questionários Socio- Demográficos, 2.-Escala
de Depressão e Ansiedade Hospitalar(HADS), 3.- EORTC QLQ-C30 com as subescalas QLQ-CX/24, -QLQ-OV/28, -QLQ-BR23; 4.-Índice de Funcionamento Sexual (IFSI).
Conclusões: 72%-casadas/união facto; 37,3%-ensino secundário ou profissional e 18,7%
ensino superior; 48%-diagnóstico menos 5 anos, 24%-5-10 anos,13,3% mais 10 anos.
54.3% referiu a necessidade de apoio adicional, e personalizado, pelos técnicos de
saúde e de educação. A depressão teve um impacto negativo na Qualidade Vida
global, capacidade física, capacidade funcional e ajustamento emocional das
doentes. Ansiedade também teve impacto negativo nos níveis de Qvd e ajustamento
emocional. Quanto mais deprimidas e ansiosas se encontravam, menos qualidade de vida
e ajustamento emocional apresentaram. Os dados revelaram que não existiu uma
relação significativa entre a ansiedade e a sintomatologia; a queda de cabelo só teve
impacto inicial não tendo valores estatisticamente significativos e curiosamente as
mulheres com mais idade apresentaram melhor capacidade social; o que vem de acordo
com Hewitt e col,que concluí que a maioria das mulheres é resiliente e se consegue
adaptar às exigências psicológicas, físicas (Massie & Shakin,);mostrando capacidade
adjustamento emocional.
Bibliografia:National Global Estatistics
0074
CANCRO DA MAMA NO HOMEM - Uma experiência de 10 anos Tatiana Semedo Leite, Vera Ribeiro, José Viana, António Lagoa, João Dias
Centro Hospitalar do Algarve – Unidade de Faro – Serviço de Ginecologia, Faro, Portugal
Objetivos: Avaliar a população referenciada a este centro por carcinoma mamário do
homem (CMH), avaliar a orientação dos pacientes e resultados e efectuar uma revisão da
literatura.
Material e métodos: Efectuou-se um estudo retrospectivo (Janeiro de 2005 a Junho 2015)
dos CMH diagnosticados no nosso centro, através da consulta de processos clínicos.
Avaliaram-se os pacientes quanto a: idade; factores de risco; sinais e sintomas;
diagnóstico histológico e molecular; estadiamento; tratamento; seguimento a 1, 2 e 5 anos.
Os dados foram analisados e efectuou-se uma revisão da literatura.
Resultados: Ocorreram 12 casos de CMH, cuja idade média de apresentação foi de 69,6
anos. Todos com diagnóstico histológico de carcinoma ductal invasivo. Os factores de
risco foram: história familiar de neoplasia da mama (3); história de outras neoplasias em
familiares de 1º grau; história de tabagismo e/ou etilismo (3); condições associadas a
níveis
séricos
elevados
de
estrogénios e/ou
desequilíbrio do
balanço
estrogénios:androgénios (5). Dos 12 homens apresentados (2 dos quais recusaram
cirurgia por comorbilidades e idade), 8 apresentavam já metastização ganglionar ou à
distância (1). De acordo com a indicação terapêutica, a hormonoterapia e a quimioterapia
foram consideradas. No seguimento a 1 ano (10 casos), todos se encontravam vivos e
sem recidiva da doença. No seguimento a 2 anos (7 casos), todos se encontravam vivos e
livres de doença. No seguimento a 5 anos (4 casos), todos se encontravam vivos e livres
de doença.
Conclusões: Os dados apresentados parecem estar de acordo com a literatura revista. O
CMH é uma doença rara constituindo 0,17% das neoplasias do homem, contribuindo em
menos de 0,1% da mortalidade por cancro. Tem uma distribuição unimodal com um pico
na 6ª-7ª década de vida. A carcinogénese permanece pouco compreendida, entendendose não haver um paralelismo com o carcinoma da mama da mulher. Os factores de risco
para o CMH podem dividir-se em: genéticos, endócrinos, sociodemográficos e exposição
ambiental. A maioria é do tipo carcinoma ductal invasivo com receptores de estrogénios e
progesterona positivos. Em 85% dos casos o exame físico foi muito sugestivo do
diagnóstico. Os exames complementares e abordagem terapêutica são os mesmos que na
mulher, sendo fundamentais a cirurgia e a hormonoterapia. Com os ajustes para o estadio
da doença e idade de apresentação, o prognóstico é ligeiramente melhor do que nas
mulheres. Contudo, nos homens diagnostica-se em estádios mais avançados.
Bibliografia
McCoubrey G, Fiddas R, Clarke PJ, Coleman DJ. Ductal carcinoma in situ of the male
breast presenting as adolescente unilateral gynaecomastia. J Plastic Reconstr Aesthet
Surg 2011; 64: 1684-6.
Ruddy KJ, Winer EP. Male breast cancer: risk factors, biology, diagnosis, treatment, and
survivorship. Ann Oncol (2013)
Tallon-Aguilar L, Serrano- Borrero I, Lopez-Porras M, Sousa-Vaquero JM. Breast Cancer in
males. Cir 2011; 79: 296-298
0075
CARCINOMA DA MAMA INVASIVO EM MULHERES DE IDADE JOVEM ≤ 35ANOS NO
SERVIÇO DE GINECOLOGIA B - CHUC
Diana Vale, Francisco Évora, Tânia Ascensão, Maria João Fonseca, Inês Gante, Joana
Belo, Isabel Henriques
CHUC -Maternidade Bissaya Barreto, Serviço Ginecologia-B, Coimbra, Portugal
Objectivos: Analisar a apresentação clínica, diagnóstico, tratamento e follow-up das
mulheres com idade menor ou igual a 35 anos com diagnóstico de carcinoma da mama
invasor.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo dos casos clínicos de carcinoma da mama
invasor diagnosticados em mulheres com ≤35 anos no Serviço entre o período de Janeiro
de 1998 e Dezembro de 2014. Num total de 50 casos, foram excluídas 6 por followup/tratamento noutra instituição.
Resultados: Foram analisados 44 processos de carcinoma da mama invasivo cuja idade
média ao diagnóstico foi de 32,0±3 anos (Min 18; Máx 35). O carcinoma de nenhum tipo
especial (NST) foi o tipo histológico mais frequente em 89% (n=39), seguido pelo
carcinoma lobular invasor. O grau de diferenciação histológico mais frequente foi o G3 em
36%. Quanto ao estadiamento clínico da doença, 36 casos encontravam-se em estádios
iniciais (82%) e 8 em estádios avançados (18%). Uma doente encontrava-se metastizada
ab initio. 70% dos tumores eram hormono-dependentes, 34% apresentavam expressão
Herb-2 positivo e 23% eram triplo negativos.
Foram submetidas a mastectomia radical/simples 86% mulheres (n=38). A cirurgia
conservadora foi efetuada em 5 casos. A pesquisa de gânglio sentinela realizou-se em 6
casos. A maioria das mulheres (84%) foi submetida a quimioterapia
neoadjuvante/adjuvante. Das 15 mulheres com Herb-2, 5 receberam trastuzumab. A
radioterapia adjuvante foi efetuada em 39% das mulheres (n=17). Das 21 mulheres
submetidas a estudo genético, 4 apresentavam mutação para BRCA 1/2. Na
hormonoterapia adjuvante, a associação de Goserelina com Inibidor da Aromatase foi a
terapêutica predominante. A anexectomia profiláctica foi efetuada em 43% (n=19). Um
diagnóstico foi efetuado durante a gravidez (2ºTrimestre) e uma gravidez ocorreu no
período de follow-up, ambas com sucesso. Quanto ao follow-up, ocorreram 6 casos de
metastização: 1 recidiva loco-regional e 5 de metastização á distância. Ocorreram 5
mortes (4 por progressão de doença (9%)). O ILD foi compreendido entre 3 e 52 meses. A
sobrevida global média (5 casos) foi de 85 meses. Actualmente, 36 mulheres encontramse vivas sem doença, 1 mulher viva com doença e 2 encontram-se em terapêutica
adjuvante actualmente.
Conclusão: Neste estudo, a média de idade ao diagnóstico foi de 32,0 anos. O
estadiamento clínico mais frequente foram os estádios iniciais. O grau 3 foi predominante.
Ocorreram metastização em 6 casos. Pode-se afirmar que o desfecho clínico deste estudo
é positivo, uma vez que num total de 44 casos, 36 mulheres encontram-se actualmente
vivas sem doença (81%).
O diagnóstico precoce, a melhor compreensão do comportamento biológico desta
neoplasia e a abordagem médica/cirúrgica, permitem uma maior sobrevida e uma melhoria
da qualidade de vida destas mulheres.
Bibliografia:
- Bodmer A et al, Breast cancer in younger women in Switzerland 1996-2009: a longitudinal
population-based study, Breast. 2015 Apr;24(2):112-7.;
- Cardoso F et al, The European Society of Breast Cancer Specialists recommendations for
the management of young women with breast cancer, Eur J Cancer. 2012
Dec;48(18):3355-77.;
- Gewefel H et al, Breast cancer in adolescent and young adult women, Clin Breast Cancer.
2014 Dec;14(6):390-5.;
0076
ACTIVIDADE MULTIPROFISSIONAL NUMA UNIDADE DE PATOLOGIA MAMÁRIA
(ANÁLISE DE 3 ANOS 2012-2014)
Diogo Gomes2, António Araújo1
1
Unidade Funcional de Patologia Mamária - Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE, Lisboa,
Portugal, 2Serviço de Cirurgia 1, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE, Lisboa, Portugal
Objectivos: A abordagem da patologia da mama em todas as suas fases - avaliação
clínica e diagnóstica, terapêutica, prognóstica, integração psicossocial e seguimento exige um trabalho de equipa multidisciplinar e multiprofissional que merece ser avaliado
em toda a sua dimensão.
Foram avaliados nos últimos 3 anos de actividade (2012-2014), o mais objectivamente
possível, a participação das especialidades e áreas profissionais intervenientes na
abordagem desta patologia. (Nota: não estão incluídas as especialidades de Medicina
Nuclear e Radioterapia, valências não existentes nesta Unidade)
Material e Métodos: Analisados os dados estatísticos da actividade global e média anual
nas seguintes áreas:
 Consulta Externa de Patologia da Mama (Cirurgia Geral);
 Consulta de Enfermagem;
 Consulta de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva (CPR);
 Consulta de Oncologia Médica;
 Consulta de Medicina Física e Reabilitação (MFR);
 Radiologia - Imagiologia de intervenção e RMN;
 Anatomia Patológica;
 Intervenções cirúrgicas - Cirurgia Geral e CPR;
 Apoio e seguimento psico-oncológico;
 Apoio/integração social.
Resultados (3 anos excepto casos assinalados):
 Consulta de Patologia da Mama: total 19288 (média anual 6429), 1ªs consultas
2920 (média anual 973);
 Consulta de Enfermagem (2013-14): total 1999 (média anual 999,5), 1ªs consultas
1347 (média anual 674);
 Consultas de CPR: total 1070 (média anual 357);
 Consulta de Oncologia Médica (2013-14): total 4588 (média anual 2294), 1ªs
consultas 353 (média anual 177);
 Radiologia/Imagiologia de intervenção: total 3715, (média anual 1238);
 Anatomia patológica: total 3078 (média anual 1026);
 Intervenções cirúrgicas:
 o Cirurgia Geral - total 1025 (média anual 342), convencional 611, ambulatório 414;
 o Participação simultânea com CPR - total 117 (média anual 39);
 o CPR em tempo diferido - total 351 (média anual 117);
 Consultas de MFR - total 762 (média anual 254);
 Psicologia (2013-14): doentes seguidos total 486 (média anual 243); doentes
observados em internamento total 335 (média anual 168);
 Assistência Social: doentes avaliados total 330, (média anual 110);
 Reuniões multidisciplinares de decisão terapêutica (semanais): casos avaliados
total 2284 (média anual 761)
Conclusões: Embora tenha havido dificuldade na colheita de alguns dados estatísticos
(subestimados), os números apresentados mostram o grande volume de trabalho nas
várias áreas profissionais integradas na Unidade. Muitos destes dados representam
trabalho "escondido" e pouco divulgado, revelando a dedicação de todos os profissionais
na obtenção dos seus objectivos.
0077
CANCRO DA MAMA COM METASTIZAÇÃO CEREBRAL
Rita Medeiros1, Renata Veríssimo2, Teresa Rebelo1, Cristina Frutuoso1, Isabel Torgal1
1
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal, 2Centro Hospitalar
Tondela-Viseu, Viseu, Portugal
Objetivo: Avaliar os casos de metastização cerebral de cancro da mama diagnosticados
no Serviço de Ginecologia A do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra num período
de 6 anos considerando as características das doentes e do tumor primário, a ocorrência
temporal das metástases e a sobrevivência.
Material e métodos: Análise retrospectiva dos processos clínicos das 49 doentes com
diagnóstico de cancro da mama com metastização cerebral no Serviço de Ginecologia A
do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra entre Janeiro de 2009 e Dezembro de
2014.
Resultados: A idade média das pacientes à data do diagnóstico do cancro da mama era
54,2 ± 9,8 [32-77] anos, sendo 37,5% pré-menopáusicas. A maioria dos tumores (84,4%)
eram carcinomas ductais invasivos, 54,3% com recetores hormonais (RH) positivos e
77,3% her2 negativos. A presentavam ao diagnóstico invasão ganglionar 79,5% e
metastização à distância 18,4%. O intervalo médio entre o diagnóstico de cancro da mama
e metastização cerebral foi de 59,8 ± 41,9 [0-360] meses, sendo as lesões múltiplas na
maioria dos casos (79,6%). Na nossa amostra a negatividade para os recetores hormonais
e a existência de invasão ganglionar estavam associados a intervalos mais curtos entre o
diagnóstico do cancro e a metastização cerebral, não se verificando diferença
estatisticamente significativa no que se refere à idade, status hormonal, grau histológico ou
sobre-expressão her2. Aquando do diagnóstico de metastização cerebral 91,8% tinham
metástases noutras localizações: metastização pulmonar, hepática, óssea e ganglionar.
Relativamente ao tratamento das metástases cerebrais 18,4% foram submetidas a
tratamento cirúrgico seguido de radioterapia (RT) holocraneana e 59,2% apenas a RT
holocraneana. A sobrevivência após o diagnóstico da metastização cerebral foi de 10,9 ±
2,2 [0-53] meses. Relativamente à sobrevivência global, foi menor nas pacientes de idade
avançada (≥65anos) e naquelas com metastização sistémica, não se verificando diferença
estatisticamente significativa no que se refere aos recetores hormonais, grau histológico ou
sobre-expressão de her2.
Conclusões: Apesar das limitações do estudo, retrospectivo e com uma amostra reduzida,
podemos concluir que o desenvolvimento de metastização cerebral no cancro da mama é
indubitavelmente um fator de mau prognóstico e que a negatividade para os receptores
hormonais representa um fator de risco para o seu desenvolvimento.
Bibliografia:
1. Boogerd W., Vos V.W., Hart A.A., Baris G. Brain metastases in breast cancer; natural
history, prognostic factors and outcome. Journal of Neuro-Oncology 1993; 15: 165-174.
2. Eichler A.F., Kuter I., Ryan P., et al. Survival in patients with brain metastases from
breast cancer. Cancer 2008; 112: 2359-67.
3. Evans A.J., James J.J., Cornford E.J., et al. Brain metastases from breast cancer:
Identification of a high-risk group. Clinical Oncology 2004; 16: 345-349
4. Lee S.S., Ahn J-H, Kim M.K., et al. Brain metastases in breast cancer: prognostic factors
and management. Breast Cancer Res Treat 2008; 111: 523-30.
5. Nam B.H., Kim S.Y., Han H.S., et al. Breast cancer subtypes and survival in patients with
brain metastases. Breast Cancer Research 2008; 10.
0078
QUIMIOPROFILAXIA DO CANCRO DA MAMA - A MESMA EVIDÊNCIA, DIFERENTES
RECOMENDAÇÕES?
Sara Câmara, Marlene Andrade, Cláudia Freitas, Joaquim Vieira
Hospital Dr. Nélio Mendonça, Funchal, Madeira, Portugal
Introdução: À medida que o conhecimento sobre o risco de cancro da mama aumenta,
modificam-se as recomendações da sua prevenção primária/secundária.
Recentemente surgiram várias recomendações sobre a instituição da quimioprofilaxia do
cancro da mama. A instituição desta terapêutica pode ser realizada por diferentes
profissionais de saúde mas requer sempre uma avaliação prévia do risco. Existem
modelos preditivos de risco mais específicos para a consulta de risco familiar ou de
aconselhamento genético e outros mais acessíveis aos restantes especialistas em
senologia.
Objetivos: 1º Comparar as diferentes guias de recomendação relativamente: 1) aos
métodos e modelos identificados para a avaliação de risco; 2) definição de alto risco para
cancro da mama; 3) identificação da população alvo desta terapêutica.
2º Comparar as características dos modelos preditivos de risco mais acessíveis e referidos
nas recomendações.
Métodos: Revisão das seguintes guias de recomendação: 1) "NICE guideline on Familial
Breast Cancer" 2013; 2) "American Society of Clinical Oncology practice guideline on Use
of pharmacologic interventions for breast cancer risk reduction" 2013; 3) "United States
Preventive Service Task Force recommendation statement on Medications for risk
reduction of Primary Breast Cancer in Women" 2013; 4) "National Comprehensive Cancer
Network: Breast cancer risk reduction" 2015.
Revisão da literatura sobre os seguintes modelos preditivos de risco: Breast Cancer Risk
Assessment Tool, Chlebowski, Breast Cancer Surveillance Consortium Risk Calculator,
Claus e Rosner-Colditz.
Resultados: Em todas as guias são mencionados vários métodos úteis na estimativa de
risco, com modelos preditivos de risco específicos para diferentes situações. Os modelos
diferem relativamente a que mulheres podem ser aplicados (idade, população de origem) e
ao tipo e número de variáveis contempladas (a existência ou não de risco familiar e/ou
genético conhecido, fatores hormonais, biópsia mamária prévia, raça ou etnia).
As recomendações variam na definição de alto risco para cancro da mama, também
traduzido por valores expressos em diferentes medidas: risco relativo/absoluto, diferentes
intervalos de tempo (risco aos 5 anos, na década seguinte, aos 80 anos).
A instituição da quimioprofilaxia baseia-se não só na identificação de um risco aumentado
para cancro da mama mas sobretudo na identificação de um ratio risco/benefício favorável.
As contra-indicações da quimioprofilaxia são consensuais porém nem todos consideram
outros parâmetros como a idade, raça, etnia e a presença de útero. As duas guias de
recomendação mais recentes são unânimes na avaliação destes parâmetros,
recomendando a utilização das tabelas de Freedman and colleagues.
Conclusão: Existem situações nas quais o risco/benefício continua a ser difícil de avaliar
(risco moderado de cancro da mama, duração da terapêutica).
Estudos presentes sobre quimioprofilaxia terão brevemente novos dados sobre esta
prática (duração total da terapêutica; diferentes fármacos - letrozol, exemestano, hormona
coriónica gonadotrófica, acetato de ulipristal).
0079
IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE SENOLOGIA NUM HOSPITAL DE PROXIMIDADE
Lúcia Marinho, Eugénia Oliveira, Alice Araújo, Isabel Osório, Rosa Alves, Natália Esteves,
Ana Carvalho
Consulta de Senologia, Consulta Externa, Hospital de Lamego, Centro Hospitalar de Trás
os Montes e Alto Douro, Lamego, Portugal
A consulta de Senologia do Hospital de Proximidade de Lamego (HPL) serve uma
população de cerca de 100000 habitantes e é uma resposta local de qualidade.
Objetivos: Demonstrar a capacidade de resposta da consulta de senologia do HPL em
termos de acessibilidade, diagnóstico, tratamento e seguimento dos doentes com patologia
mamária, da área de influência deste hospital;
Material e Métodos: Registo, em base de dados, de todas as consultas e doentes que
recorreram à consulta de Senologia, durante o período de 1-1-2015 a 30-6-2015. Estes
dados recolhem informação sobre: proveniência, motivo da consulta, tratamento efetuado,
patologia benigna tratada, patologia maligna diagnosticada e orientada para Consulta de
Grupo Patologia Mamária da Unidade Oncológica do Centro Hospitalar de Trás os Montes
e Alto Douro - CHTMAD, hospital de referência para tratamento.
Foram também consultados os dados estatísticos do Sistema Integrado de Informação
Hospitalar - SONHO no mesmo período de tempo para os indicadores e percentagens de
primeiras consultas, subsequentes e totais.
Resultados: No período estudado foram 387 as consultas efetuadas, 314 os doentes
tratados, e 109 as primeiras consultas. Não há tempo de espera para primeiras consultas,
sendo marcadas para semana seguinte. A proveniência do pedido de consulta foi em 82%
dos casos dos Cuidados de Saúde Primários, 10% pedido de consulta internos, e 8%
outros.
Dos doentes que vieram à consulta, 83% tinham patologia benigna (fibroadenomas,
quistos, escorrências mamilares, ginecomastia, etc) e foram tratados nesta Unidade
Hospitalar com posterior alta e orientação clínica para os médicos dos Cuidados de Saúde
Primários. Os restantes 17% tinham patologia maligna e apenas tiveram que se deslocar
para a Unidade Oncológica do Hospital de referência para fazer o tratamento
cirúrgico/adjuvante/neoadjuvante e regressaram às consultas de follow-up na Unidade
Hospitalar de Lamego.
Conclusões:
1 - A Consulta de Senologia do Hospital de Proximidade de Lamego permite o acesso fácil
à população da sua área de abrangência uma vez que não há tempo de espera para
primeiras consultas.
2 - O número de primeiras consultas é de 28% o que é um excelente resultado pois está
de acordo com a média nacional que é de 21%.
3 - Nesta consulta, 83% das situações clínicas são totalmente tratadas na Unidade de
Lamego e apenas 17% têm necessidade de se deslocar temporariamente à Unidade
Oncológica do CHTMAD, em Vila Real.
Ou seja, a Consulta de Senologia cumpre com o seu objetivo de tratamento de
proximidade aos doentes da sua área de influência que a ela recorrem, com qualidade,
evitando assim a deslocação de doentes e familiares em 83% das situações, e o
correspondente custo humano, familiar, social e financeiro que lhe estaria inerente.
Bibliografia:
1 - Sistema Integrado e Informação Hospitalar - SONHO;
2 - Estudo para Carta Hospitalar da ERS de 18 de abril de 2012;
3 - INE http://www.pordata.pt/Portugal/Densidade+populacional+segundo+os+Censos-412
4 - http://portal.arsnorte.minsaude.pt/portal/page/portal/ARSNorte/Conte%C3%BAdos/Not%C3%ADcias/Programas%20de%20rastreio%20na%20R
egi%C3%A3o%20Norte%20%20apresenta%C3%A7%C3%A3o.pdf
5 - Portugal Doenças Oncológicas em números 2014 - Programa Nacional para as doenças Oncológicas;
0080
O SIGNIFICADO DA MASTECTOMIA E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A SEXUALIDADE:
NARRATIVAS DE MULHERES MASTECTOMIZADAS
Quitéria Clarice Magalhães
Centro Universitário Estácio do Ceará, Fortaleza, Brazil
Introdução: A mastectomia é um dos tratamentos a que a maioria das mulheres com
câncer de mama é submetida, o resultado desse procedimento necessário acarreta
conseqüências físicas, emocionais e sociais.
Objetivo: Este trabalho tem como objetivo investigar o significado da mastectomia e suas
implicações para a sexualidade de mulheres mastectomizadas.
Material e métodos: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo exploratório. Realizado
em hospital de referência em Oncologia no Estado do Ceará - Brasil. A pesquisa foi
realizada com 15 mulheres com idades de 35 a 55 anos submetidas a mastecomia. no
mês de fevereiro de 2015. A coleta de dados ocorreu no mês de fevereiro de 2015 por
meio de entrevista semi-estruturada com questões norteadoras sobre a significado da
mastectomia e suas implicações para a sexualidade das entrevistadas. A analise se deu
por meio da Hermenêutica filosófica.
Resultados: Após analise de dados emergiram as seguintes categorias: Representação
da auto-imagem; Relacionamentos amorosos e intimidade interrompida. A análise dessas
categorias demonstrou que, após a mastectomia, as mulheres apresentaram algumas
limitações e dificuldades em lidar com situações que envolviam a exposição do próprio
corpo. No entanto, apesar dos temores, algumas mulheres produziram diversos modos de
(re)significarem e expressarem a sua sexualidade de uma forma potencializadora para
suas relações amorosas e auto-imagem.
Conclusão: As repercussões da mastectomia na vida da mulher acarretaram vários tipos
de enfrentamentos que variam de acordo com a individualidade de cada entrevistada e do
seu contexto social e familiar. É inquestionável que a experiência da mastectomia envolve
implicações na vida diária, na auto-imagem e nas relações de intimidade com seu parceiro.
Fato que implica para os profissionais da saúde, a prestação de uma assistência mais
humanizada e voltada para cuidados pautados em aspectos biopsicossocias. Com vistas a
minimizar as conseqüências do câncer de mama e suas seqüelas na vida de mulheres
acometidas.
Rerefências.
1-Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Conselho Nacional de
Saúde. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo os seres humanos.
Brasília(DF): Ministério da Saúde; 2013.
2- Minayo SCM. O desafio do conhecimento. São Paulo: Hucitec; 2011.
3-Duarte TP, Andrade AN. Enfrentando a mastectomia: análise dos relatos de mulheres
mastectomizadas sobre questões ligadas à sexualidade. Estud Psicol (Natal)
2003;8(1):155-63.
4-Ferreira MLSM, Mamede MV. Representação do corpo na relação consigo mesma após
a mastectomia. Rev Latinoam Enfermagem 2003;11(3):299-304.
5- Silva RM. O conviver com amastectomia [tese]. Ribeirão Preto: Universidade de São
Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto; 2004.
0081
CARCINOMA LOBULAR INVASOR EM ESTADIO IV AO DIAGNÓSTICO: QUE
POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO? - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Mariana Brandão, Joana Savva-Bordalo, Noémia Afonso
Serviço de Oncologia Médica - Instituto Português de Oncologia do Porto, Porto, Portugal
Objetivos: Atualmente a apresentação do cancro da mama em estádios metastáticos, no
mundo ocidental, é pouco frequente, devido às campanhas de rastreio e de sensibilização
da população para a doença [1]. No entanto, a utilização de terapêuticas locais nestes
casos, para além dos habituais tratamentos sistémicos, é ainda controversa, uma vez que
os estudos são contraditórios quanto ao seu benefício no aumento da sobrevivência global
[1]. Contudo, em doentes bem selecionadas, estes tratamentos podem ter o seu papel.
Com o caso clínico apresentado, pretendemos ilustrar possíveis formas de orientação
destas doentes.
Material e métodos: Revisão do processo clínico e da literatura.
Resultados: Mulher de 53 anos, admitida na instituição em Fevereiro 2014 por uma
neoplasia maligna da mama esquerda, negligenciada, com aspeto nodular/inflamatório que
ocupava toda a mama, associada a adenopatias axilares esquerdas palpáveis. A biópsia
revelou um carcinoma lobular invasor com invasão da derme papilar, grau 2, recetores
hormonais positivos, HER2 negativo e índice de proliferação Ki67<15% (subtipo Luminal
A-like). A doente foi estadiada como um cT4N3M1, pela existência de múltiplas
adenopatias axilares esquerdas, mamárias internas, mediastínicas e jugulocarotídeas
esquerdas, associada a metastização óssea difusa, sem metastização visceral. Realizou 6
ciclos de quimioterapia (QT) paliativa com doxorrubicina e ciclofosfamida, associada a
pamidronato, com resposta parcial a nível mamário e ganglionar e estável a nível ósseo. A
doente foi ainda proposta para quimioterapia de radiossensibilização à mama esquerda e
áreas ganglionares de drenagem, tendo efetuado um total de 60 Gy associada a docetaxel
semanal durante 7 semanas, tendo obtido resposta parcial a nível local. Iniciou terapêutica
de manutenção com letrozol e manteve o pamidronato. Dada a excelente resposta,
realizou mastectomia radical modificada à esquerda, com resseção cutânea extensa,
associada a plastia com grande dorsal, em Fevereiro 2015, que revelou um tumor ypT3N1
com resposta à terapia efetuada. Mantém até à data letrozol e pamidronato, tendo
efetuado radioterapia paliativa à coluna dorso-lombar em Abril 2015. A doente apresentase clinicamente bem, sem queixas álgicas, ECOG 0 e excelente tolerância às terapêuticas
em curso.
Discussão: Embora o papel das terapêuticas locais no estádio IV seja ainda incerto, em
casos selecionados, com boa resposta à terapêutica sistémica e bom estado funcional, a
combinação de tratamentos sistémicos e locais, pode levar a excelentes resultados
individuais, com preservação e até melhoria da qualidade de vida dos doentes. Este caso
reflete o resultado da abordagem multidisciplinar, fundamental para a melhor orientação
dos doentes com neoplasia maligna da mama.
Bibliografia
1. Cardoso F. Ann Oncol. 2012 Jun; 23 (Supp7): vii11-vii19
0082
LINFOMA DE HODGKIN DA MAMA: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Joana Pinheiro, Rita Lago, Lígia Osório, Gabriela Pinto
Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal
Introdução: Os linfomas primários da mama são incomuns, representando cerca de
0,04% a 0,5% de todos os tumores malignos da mama (1,2) e apenas 1,7% a 2,2% dos
linfomas com localização extraganglionar. (1)
Caso Clínico: Mulher de 54 anos; antecedentes pessoais irrelevantes.
17/5/2012: Referenciada para uma consulta no centro de mama por nódulo na TQE da
mama esquerda com cerca de 30 mm.
21/5/2012: Realiza mamografia e ecografia mamária e, por nódulo suspeito e gânglio axilar
esquerdo, realizou citologia que revelou Linfoma de Hogdkin (LH) clássico (+CD30).
12/6/2012: Foi orientada para a consulta de Hematologia Oncológica onde realizou os
exames de estadiamento: TC cervico-toraco-abdomino-pélvico; hemograma; bioquímica e
serologias víricas; PET-CT.
24/7/2012: O LH encontrava-se localizado apenas no nódulo mamário e no gânglio axiliar,
tratando-se de um estadio IIA.
27/7/2012: Realizou 4 ciclos de Quimioterapia (QT) segundo o esquema ABVD
(adriamicina, bleomicina, vinblastina e dacarbazina) até 2/11/2012.
12/12/2012: Iniciou Radioterapia (RT) involved field que terminou a 10/1/2013 tendo
realizado a dose de 36Gy, a 2Gy/dia em 18 frações com energia de fotões de 6MV
segundo plano de dosimetria computorizada.
Atualmente é vigiada nas consultas deste Centro Hospitalar, encontrando-se sem
evidência de doença.
Discussão: Atualmente a opção cirúrgica deixou de ser contemplada e, embora o
tratamento ainda não esteja estandardizado, o mais preconizado é QT+RT (4,5).
Conclusão: Este caso clínico demonstra a necessidade da realização de um diagnóstico
diferencial cuidado na presença de um nódulo da mama. Para tal, dever-se-á recorrer aos
meios complementares de diagnóstico adequados, nomeadamente à análise
imunohistoquímica. Os anatomopatologistas deverão considerar igualmente esta
apresentação incomum do LH. (1,3 4,6)
Bibliografia: 1) Rahmat K, Yip C H, D'Cruz N R, Jayaprasagam K J, Wong K T, Moosa F.
A rare case of Hodgkin's breast lymphoma masquerading as locally advanced breast
carcinoma. indian J Cancer 2011; 48:118-120
2) Hoimes C, Selbst M, Shafi N, Rosado M. Hodgkin's Lymphoma of the Breast. Journal of
Clinical Oncology, Vol 28, No2 (january 10) 2010: pp e11-e13
3) Modi Y, Thomas D, Shaaban H, Layne T, Guron G. Nodular sclerosing Hodgkin's
lymphoma with breast involvement: Case report and review of the literature. J Nat Sci Biol
Med. 2014 Jul-Dec; 5(2): 467-469
4) Osuji CU, Ahaneju GI, Onwubuya EI, Okocha E, Ukah EC, Emegoakor CD, Omejua EG.
Hodgkin's lymphoma of the breast. J Can Res Ther (serial online) 2013 (cited 2015 Aug 6);
9:526-528
5) Meerkotter D, Rubin G, Joske F, Angunawela P, Khalafallah A. Primary Breast
Lymphoma: A Rare Entity. Radiology Case. 2011 May; 5(5):1-9
6) Zarnescu N, Iliesiu A, Procop A, Tampa M, Matei C, Sajin M, Costache M, Dumitru A,
Lazaroiu A. A Challenging Case of Primary Breast Hodgkin's Lymphoma. MAEDICA- a
Journal of clinical Medicine 2015; 10(1): 44-47
0083
DOENÇA DE ZUSKA: UMA DOEÇNA APENAS DA MULHER?
Sofia Estevinho, Olga Alves, Gunes Karacus, Carlos Rodrigues, Jose Fiel, Madalena
Nogueira
Hospital de Santarém, Santarém, Portugal
Introdução: A Doença de Zuska (fistula periareolar recidivante) caracteriza-se por um
processo de metaplasia escamosa dos ductos galactóforos, levando à obstrução,
inflamação e dilatação ductal. Clinicamente pode apresentar-se como um quadro
inflamatório repetitivo, sem causa evidente, com drenagem espontaneamente, em
topografia periareolar. Zuska foi o primeiro a descrever esta doença na mulher, em 1952.
Sendo a literatura escassa, sobre fístula mamilar no homem, a sua abordagem é efetuada
à semelhança desta patologia na mulher. Esta situação clínica ocorre em mulheres em
idade fértil, fumadoras em 85% dos casos. O tratamento de eleição é cirúrgico e consiste
na resseção em cunha, retirando em bloco o trajeto fistuloso.
Caso clinico: Homem, 36 anos, fumador (10 cigarros/dia). Enviado à consulta de
Senologia por mastite recidivante com 2 anos de evolução. Clinicamente apresentava
ligeira assimetria da mama a esquerda, à custa de uma pequena área com sinais
inflamatórios, no QIE/justareolar, onde se identificavam dois orifícios de drenagem recente.
A ecografia mamária, evidenciava uma coleção líquida retroareolar de características não
puras, com 18 mm, traduzindo área abecedada. Procedeu-se à exérese cirúrgica, com
remoção em cunha de todo o trajeto fistuloso.
O exame histológico da peça cirúrgica confirmou "processo inflamatório subagudo,
fistulizado a nível da pele periareolar da mama esquerda, no contexto de doença de
Zuska/ metaplasia escamosa dos ductos galactóforos".
Conclusão: A fístula periareolar recidivante é uma patologia rara no homem. O seu
diagnóstico, a exérese completa do processo fistuloso e a mudança dos hábitos tabágicos
são factores importantes para a prevenção da recorrência.
Bibliografia:
Zuska, JJ., Crile, G., Ayres, WW. (March 1951). "Fistulas of lactifierous ducts". Am. J. Surg.
81 (3): 3127.
Hernández et al, Lesiones benignas de la mama. 1ª ed. Buenos Aires: Médica
Panamericana, 2012, p293.
Passar, M. et al. (1993). "Lactiferous Fistula." Journal of the American College of
Surgery178(1), 29-32.