T - Fundación Ideas para la Paz
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DIÁLOGO EMPRESARIAL SOBRE OS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT é uma publicação do Instituto Ethos, distribuída gratuitamente aos seus associados. CORPORATE DIALOGUE ON THE PRINCIPLES OF THE GLOBAL COMPACT is a publication of Instituto Ethos, distributed free of charge to members and associates. Realização / Produced and edited by Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Rua Francisco Leitão, 469 - 14º andar - Conj. 1407 05414-020 - São Paulo - SP Tel.: 55 11 3897.2400 Fax: 55 11 3897.2424 site: www.ethos.org.br Patrocínio / Sponsorship Agradecemos à Usaid (United States Agency for the International Development ) que patrocinou a elaboração desta publicação. We would like to thank the United States Agency for International Development (USAid) for its sponsorship of this publication. Apoio / Support Agradecemos ao apoio ao OIT (Organização Internacional do Trabalho), do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), do Unifem (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher), Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). We are grateful to the International Labour Organisation (ILO), The United Nations Environment Programme (UNEP), the United Nations Development Fund for Women (Unifem), and the United Nations Children’s Fund (Unicef) for their support. Agradecimento / Acknowledgement Agradecemos à OIT (Organização Internacional do Trabalho), pela tradução para o inglês. Our thanks to the International Labour Organisation (ILO) for sponsoring the translation. Colaboradores do Instituto Ethos / Instituto Ethos Collaborators Cristina Murachco, Marcelo Linguitte (Coordenação/Coordination), Leno F. Silva, Nelmara Arbex, Oded Grajew, Paulo Itacarambi, Valdemar de Oliveira Neto, Vivian Smith. Edição e Redação / Editors Sérgio Alli, Thais Sauaya Pereira, Simão Félix Zygband, Ana Paula Kuntz. (Baleia Comunicação) Projeto gráfico e edição de arte / Art direction and design Planeta Terra Criação e Produção Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Diálogo Empresarial Sobre os Princípios do Global Compact (2001 : Belo Horizonte, MG) Diálogo empresarial sobre os princípios do Global Compact / organizador Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social São Paulo : Instituto Ethos, 2002. 1. Direitos humanos 2. Empresas - Responsabilidade social 3. Meio ambiente 4. Trabalho e classes trabalhadoras I. Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. II. Título. 02-4695 CDD-302 Índices para catálogo sistemático: 1. Global Compact : Sociologia 302 Tiragem: 4.000 exemplares Print order: 4,000 copies São Paulo, outubro de 2002 São Paulo, october 2002. Permitida a reprodução desta publicação, desde que citada a fonte e com autorização prévia, do Instituto Ethos. This publication may be freely reproduced with prior authorisation by Instituto Ethos and on condition that the source is clearly identified. Esclarecimentos importantes sobre as atividades do Instituto Ethos 1. O trabalho de orientação às empresas é voluntário, sem nenhuma cobrança ou remuneração. 2. Não fazemos consultoria, nem autorizamos ou credenciamos profissionais a oferecer qualquer tipo de serviço em nosso nome. 3. Não somos entidade certificadora de responsabilidade social nem fornecemos “selo” com essa função. 4. Não permitimos que nenhuma empresa (associada ou não) ou qualquer outra entidade utilize a logomarca do Instituto Ethos sem o nosso consentimento prévio e expressa autorização por escrito. Em caso de dúvida, por favor acesse o site www.ethos.org.br. Important observations on Instituto Ethos and its activities 1. Advice is given to companies on a voluntary basis. No payment is expected or accepted. 2. We do not provide consultancy services, neither do we authorise or accredit anyone to provide any such services in our name. 3. We are not a certifying body in the social responsibility field, neither do we award a “seal of approval” in this connection. 4. We do not allow any company (whether an associate or not) or any other body to use the Instituto Ethos logo without our prior written consent. In case of doubt, please visit our website www.ethos.org.br. Impresso em Reciclato - capa 240 g/m2, miolo 90 g/m2 - da Cia Suzano, o offset brasileiro 100% reciclado. Printed on Reciclato 100 percent recycled offset paper manufactured in Brazil by Cia. Suzano. Cover 240 g/m2, inside pages 90 g/m2. Diálogo empresarial sobre os princípios do Global Compact Belo Horizonte (MG) – Brasil 18 e 19 de outubro de 2001 Corporate dialogue on the principles of the Global Compact Belo Horizonte (Minas Gerais) – Brazil 18 and 19 October 2001 1. Introdução O que é o Global Compact .................................................................................................................. 7 Os nove princípios do Global Compact .............................................................................................. 9 Diálogo Empresarial Sobre os Princípios do Global Compact ........................................................ 11 2. O Encontro de Belo Horizonte Como foi o encontro .......................................................................................................................... 15 Visões sobre o Global Compact A nossa parte nós vamos fazer – Stefan Bogdan Salej ....................................................................... 17 Encontrar parceiros para combater a pobreza – Janice Weber .......................................................... 18 Responsabilidade social por um mundo melhor – Oded Grajew ........................................................ 19 Conciliar os negócios com as necessidades do planeta – Frederick Dubee ......................................... 20 Quadro socioambiental no mundo e no Brasil Desenvolvimento exige combate à desigualdade – André Urani ........................................................ 21 Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Direitos Humanos Respeito aos direitos humanos começa na infância – Reiko Niimi ..................................................... 26 Momento de afirmação dos direitos das mulheres – Branca Moreira Alves ....................................... 28 A indivisibilidade dos direitos humanos – Valéria Pandjiarjian ............................................................ 30 Sumário Contents 1. Introduction What is the Global Compact? ........................................................................................................................................... 7 The nine principles of the Global Compact ..................................................................................................................... 9 Corporate Dialogue on the Principles of the Global Compact .................................................................................... 11 2. The Belo Horizonte Meeting What took place at the meeting .................................................................................................................................... 15 Views on the Global Compact We will do our duty – Stefan Bogdan Salej ............................................................................................................... 17 Partnerships to enlist technology in the fight against poverty – Janice Weber .......................................................... 18 Social responsibility for a better world – Oded Grajew ............................................................................................. 19 Reconciling business with the needs of the planet – Frederick Dubee ....................................................................... 20 The social environment in the world and in Brazil Development requires combating inequality – André Urani ...................................................................................... 21 Dialogue: The Global Compact Principles on Human Rights Respect for human rights begins in childhood – Reiko Niimi ..................................................................................... 26 The moment for asserting women’s rights – Branca Moreira Alves ........................................................................... 28 Human rights are indivisible – Valéria Pandjiarjian ..................................................................................................... 30 Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Relações de Trabalho Um patamar mínimo de princípios e direitos no trabalho – Armand F. Pereira ................................... 32 Só a educação interrompe o ciclo de pobreza – Jair Grava ................................................................. 35 A Justiça Social deve constar da estratégia das empresas – Rogério Valle .......................................... 37 Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Meio Ambiente Princípios para o desenvolvimento sustentável – Marco A. Pinzon ..................................................... 39 O trabalho ambiental e a conquista de competitividade – Roberto Kishinami .................................... 41 3. Conclusões ............................................................................................................................................................................ 45 4. Anexos Contribuição do Unifem – Direitos e capacitação econômica das mulheres ................................. 49 Contribuição do Unicef – Trabalho Infantil ..................................................................................... 55 Contribuição da OIT – Princípios fundamentais e direitos no trabalho ........................................ 59 Contribuição do Pnuma – Iniciativas voluntárias ............................................................................ 65 Contatos com as agências da ONU no Brasil .................................................................................... 70 Carta de Adesão ................................................................................................................................. 71 Carta de Princípios ............................................................................................................................. 72 Sumário Contents Dialogue: The Global Compact Principles on Labour Relations A minimum level of principles and rights in the workplace – Armand F. Pereira ....................................................... 32 Education the only escape from the poverty trap – Jair Grava .................................................................................. 35 Corporate strategy must take account of social justice – Rogério Valle ..................................................................... 37 Dialogue: The Global Compact Principles on the Environment Basic principles for sustainable development – Marco A. Pinzon ............................................................................... 39 Environmental campaigns and enhanced competitiveness – Roberto Kishinami ....................................................... 41 3. Conclusions ............................................................................................................................................................................. 45 4. Appendices Unifem contribution-Women’s rights and economic empowerment ......................................................................... 49 Unicef contribution-Child labour ................................................................................................................................... 55 ILO contribution-Fundamental principles and rights at work ..................................................................................... 59 UNEP contribution-Voluntary initiatives ....................................................................................................................... 65 UN agencies in Brazil ....................................................................................................................................................... 70 Membership registration ................................................................................................................................................ 71 Statement of Principles ................................................................................................................................................... 72 Introdução Introduction 1 6 O programa propõe um pacto global para atuação das empresas em nível mundial em torno de nove princípios básicos, inspirados em declarações e princípios internacionais e que, por serem aceitos pela maioria dos governos, são considerados “universais”. Direitos Humanos (Base: Declaração Universal de Direitos Humanos) 1. As empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos reconhecidos internacionalmente; e 2. assegurar-se de sua não-participação em violações desses direitos. Trabalho (Base: Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho) 3. As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva; 4. apoiar a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório; 5. apoiar a erradicação efetiva do trabalho infantil; e 6. apoiar a igualdade de remuneração e a eliminação da discriminação no emprego. Meio Ambiente (Base: Princípios da Rio 92 sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento) 7. As empresas devem adotar uma abordagem preventiva para os desafios ambientais; 8. desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental; e O que é o Global Compact O Global Compact é um programa desenvolvido pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, lançado em 1999. Tem procurado mobilizar a comunidade empresarial internacional na promoção de valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho e meio ambiente. As empresas devem contribuir para a criação de uma estrutura socioambiental consistente, que facilite a existência de mercados livres e abertos, além de assegurar oportunidade a todos de desfrutar os benefícios da nova economia global. Constitui-se numa plataforma baseada em valores para disseminar boas práticas empresariais dentro de princípios universais, com transparência e diálogo. 9. incentivar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente sustentáveis. Aderindo ao Global Compact, os empresários demonstram aos empregados e à comunidade sua decisão de agir como cidadãos empresariais globais e responsáveis. A forma de assumir este compromisso é livre e varia de acordo com o perfil de cada empresa. Por ser instrumento promocional, não tem implicações legais. A empresa compromete-se a incorporar princípios. Os empregadores devem ter práticas que justifiquem sua adesão. As agências das Nações Unidas envolvidas no Comitê de Discussão do Global Compact são: OIT (Organização Internacional do Trabalho), Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Unifem (Fundo das Nações Unidas para a Mulher) e Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio 7 T Human Rights (Basis: Universal Declaration of Human Rights) 1. Companies are to support and respect the protection of internationally recognised human rights; and 2. Make sure their own corporations are not complicit in human rights abuses. Labour (Basis: ILO Statement of Fundamental Principles and Rights at Work) 3. Companies are to support freedom of association and the effective recognition of the right to collective bargaining; 4. Support the elimination of all forms of forced or compulsory labour; 5. Support the effective eradication of child labour; and 6. Support equal pay and the elimination of discrimination in respect of employment and occupation. The Environment (Basis: Principles of the 1992 Earth Summit on the Environment and Development) 7. Companies are to adopt a precautionary approach to environmental challenges; 8. Develop initiatives for promoting greater environmental responsibility; and 9. Encourage the development and diffusion of environmentally friendly technologies. By becoming signatories of the Global Compact, entrepreneurs demonstrate to their employees and to the community their decision to act as responsible global corporate citizens. Companies are free to choose in what way they will make this commitment, each in accordance with its needs. Being a promotional instrument, it has no legal implications. The company undertakes to abide by a set of principles. Employers should already be implementing practices that justify their membership. UN agencies involved in the Global Compact Discussion Committee are the International Labour Organisation (ILO), the UN Children’s Fund (Unicef), the UN Development Fund for Women (Unifem), and the UN Environment Programme (UNEP). The UN Development Programme (UNDP) has also been designated to provide assistance to agencies in carrying out specific activities and projects in the developing countries. Apart from the UN agencies and companies (that adopt practices in the public interest) the Global Compact involves other social players, such as governments What is the Global Compact? he Global Compact is a programme developed by the UN Secretary-General, Kofi Annan, and launched in 1999. It has sought to mobilise the international business community in promoting fundamental values in the fields of human rights, labour relations and the environment. Companies are to contribute to the creation of a cohesive socio-environmental structure that facilitates the emergence of free and open markets, apart from ensuring that everybody will have the opportunity to benefit from the new global economy. It consists of a platform based on values for disseminating good corporate practice in accordance with universal principles, with transparency and dialogue. The programme proposes a global pact for companies to act at world level on the basis of nine fundamental principles, inspired by international declarations and principles. Because they are accepted by a majority of governments, they are considered “universal principles.” O que é o Global Compact Ambiente). O Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) também está designado a prestar assistência às agências para o exercício de atividades e projetos específicos nos países em desenvolvimento. Além das agências das Nações Unidas e das empresas (com práticas de interesse público), o Global Compact envolve outros atores sociais, como governos (que definem iniciativas), organizações empresariais e de trabalhadores (representativas de seus interesses), ONGs (organizações nãogovernamentais). Esses diversos participantes colaboram com formação e experiências, aprimorando a aprendizagem do Global Compact. Com mercados abertos e integrados, a cidadania e a responsabilidade social tornaram-se estratégias e práticas empresariais necessárias e desejadas pela sociedade. O ritmo acelerado do processo de globalização ampliou o debate internacional sobre questões sociais e ambientais. A abertura dos mercados promove crescimento por meio da expansão de oportunidades de negócios e da transferência de tecnologias e habilidades, devendo, paralelamente, proporcionar melhorias na saúde e segurança ocupacional, condições ambientais e qualidade de vida para toda a população mundial, sem exclusões. O Global Compact não é código de conduta, instrumento regulatório ou de prescrição sujeito a monitoria ou auditoria. Não substitui ações governamentais efetivas, nem iniciativas voluntárias. Apenas fornece estrutura complementar que motiva agentes a convergirem em torno de princípios de universalidade e legitimidade. gurar que, com um tratamento justo, os empregados sejam capazes de otimizar e potencializar seu desempenho. Afora isso, o programa propõe estabelecer indicadores objetivando monitorar a redução de efeitos ambientais negativos, melhorar padrões de qualidade, desempenho e visibilidade, essenciais para a competitividade empresarial moderna. Atualmente, consumidores e investidores levam em conta a imagem institucional das empresas. Caso não atendam às expectativas, perdem clientes. Quando socialmente responsáveis, caminham visando a participação da sociedade e têm melhores condições de abrir novos mercados. O respeito a princípios fundamentais no trabalho é essencial também para assegurar o apoio das principais organizações de trabalhadores aos processos de abertura e integração econômica. As pressões da competitividade, decorrentes da globalização, levam as empresas a mudarem políticas e práticas de administração de recursos humanos. Grandes empresas, ao elaborarem políticas de gestão de pessoal, deverão levar em conta os direitos de livre associação e de negociação, visando eliminar o trabalho infantil, o trabalho forçado e obrigatório e a discriminação. Esses princípios serão alicerces da administração da empresa no desenvolvimento de uma estrutura de recursos humanos socialmente responsável e de um clima de relações de trabalho propício à cooperação e inovação em áreas essenciais, no sentido de obter melhorias sustentáveis de competitividade. O programa visa motivar empresários e gestores de empresas a mudarem suas concepções e maneiras de fazer negócios. Pretende asse- What is the Global Compact? 8 (which define initiatives), employers’ and employees’ organisations (representing their members’ interests), and non-governmental organisations (NGOs). All these participants contribute their knowledge and experience, enhancing understanding of the Global Compact. With open integrated markets, citizenship and social responsibility have become necessary and socially desirable corporate strategy and practice. The ever-increasing pace of the globalisation process has broadened international debate on social and environmental issues. Opening of markets promotes growth by expanding business opportunities and by transferring technologies and skills. In addition to this, it ought to lead to improvements in occupational health and safety, in environmental conditions and in the quality of life for the entire world population, with no exceptions. The Global Compact is not a code of conduct, a regulatory instrument, or an ordinance subject to monitoring or audit. It does not replace effective government action or voluntary initiatives; it only provides a complementary structure for motivating agents to converge on a set of universal and legitimate principles. The programme aims at motivating entrepreneurs and managers to change their concepts and their ways of doing business. It claims to give an assurance that employees, when treated with fairness, are capable of optimising and enhancing their performance. Furthermore, the programme proposes to set indicators aimed at monitoring the reduction of negative environmental effects, and improving standards of quality, performance and visibility, which are essential for modern business competitiveness. Nowadays, consumers and investors take a company’s institutional image into account. A company that fails to meet expectations loses customers. When it acts in a socially responsible manner, it operates with a view to social participation and has a better chance of opening new markets. Respecting fundamental principles in the workplace is also essential for ensuring the support of the main workers’ organisations for greater economic openness and integration. The pressures of competitiveness, resulting from globalisation, induce companies to change their human resources management policies and practices. Large companies, when they draw up personnel management policies, should take into account the rights to freedom of association and negotiation, seeking to eliminate child labour, forced and compulsory labour, and discrimination. These principles will become the foundations of corporate management in developing a socially responsible human resources structure and a labour relations climate that favours co-operation and innovation in essential areas, with a view to obtaining sustainable improvements in competitiveness. 1 2 Princípio nº 1: As empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos reconhecidos internacionalmente. Se um empregador infringir os direitos humanos dos empregados, estará, no mínimo, perturbando sua motivação e produtividade. Há passos muito simples que os empregadores podem seguir para assegurar aos funcionários um tratamento decente. Assim como é desejo dos empregadores que seus direitos humanos sejam respeitados, os empregados esperam a mesma atitude de sua parte. Princípio nº 2: Assegurar-se de sua não-participação em violações desses direitos. Os empregadores não deveriam tirar vantagem de situações onde abusos de direitos humanos estão ocorrendo, ou utilizar-se da situação para agir de maneira imprópria; não deveriam inclinar-se a esse nível de cumplicidade, mas, por meio de sua conduta, procurar reter e restaurar o reconhecimento social desses direitos. Os empregadores podem também transmitir a idéia de conduta apropriada a seus fornecedores e evitar abusos que possam comprometer sua reputação junto a funcionários e clientes. Trabalho 3 Princípio nº 3: As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva. A liberdade de associação não significa abrir as portas aos sindicatos ou forçar a sindicalização. O princípio prevê respeito. Se o empregado optar por filiar-se a um sindicato, deve ter esta escolha respeita- da. O princípio pede aos empregadores que não exerçam influência indevida sobre a decisão de um empregado. Sobre negociação coletiva, o Global Compact pretende divulgar e apoiar a constatação de que muitas empresas de porte reconhecem as vantagens do diálogo e da negociação, bem como sua influência no aumento da competitividade. Negociar coletivamente é questão de livre escolha. Só acontecerá se houver a concordância de todos. 4 5 Princípio nº 4: Apoiar a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório. Este princípio refere-se a diversos tipos de trabalho forçado (prestado, por exemplo, como forma de pagamento de dívidas) e de trabalho obrigatório. Os empregados têm o direito de receber por seu trabalho em moeda, e não em espécie; as atividades de trabalho devem ser designadas livremente e, caso desejarem, os trabalhadores poderão renunciar ao trabalho, em concordância com as leis e práticas nacionais. Eles não devem ser retidos ou sujeitos à violência em seu local de trabalho. Os nove princípios do Global Compact Direitos Humanos Princípio nº 5: Apoiar a erradicação efetiva do trabalho infantil. Os empregadores não devem usar trabalho infantil, seja nos seus locais de trabalho ou nas cadeias produtivas, por intermédio de subcontratações. As crianças representam a força de trabalho do futuro. Mantê-las no mercado de trabalho, em detrimento de sua freqüência à escola, compromete o desenvolvimento integral delas, a competitividade futura das empresas e da economia, e também a capacidade sustentável de desenvolvimento de um país. Em situações onde necessidades de renda familiar promovam o trabalho infantil, é funda- 9 Human Rights Labour Principle Nº. 3: Companies are to support freedom of association and the effective recognition of the right to collective bargaining. Freedom of association does not mean opening the doors to trade unions, or forced unionisation. The principle calls for respect. If the employee chooses to join a union, this choice is to be respected. The principle requires employers to exert no undue influence over an employee’s decision. On collective bargaining, the Global Compact proposes 4 5 The nine principles of the Global Compact 1 2 3 Principle Nº. 1: Companies are to support and respect the protection of internationally recognised human rights. An employer who infringes his employees’ human rights is, at the very least, disturbing their motivation and productivity. There are some very simple steps that employers can take to ensure that their employees will be decently treated. Just as employers expect their own human rights to be respected, so do their employees expect them to act accordingly. Principle Nº. 2: Employers are to make sure their own corporations are not complicit in human rights abuses. Employers ought not to take advantage of situations in which human rights abuses occur, or use the situation to act improperly; they are not to connive at such acts but, on the contrary, are to act in such a way as to maintain and restore the social recognition of these rights. Employers may also convey the idea of appropriate conduct to their suppliers, avoiding abuses that might compromise their reputation among their employees and clients. to publicise and support the observation that many large companies recognise the advantages of dialogue and negotiation and their influence on enhanced competitiveness. Collective bargaining is a matter of free choice. It can only happen if all parties agree. Principle Nº. 4: Supporting the elimination of all forms of forced or compulsory labour. This principle refers to several kinds of forced labour (for example, as a form of debt repayment) and of compulsory labour. Employees have the right to be paid for their work in money and not in kind; labour activities are to be freely assigned, and workers, if they wish, may quit work, in accordance with each nation’s law and practice. They are not to be constrained or subjected to violence in their workplace. Principle Nº. 5: Supporting the effective eradication of child labour. Employers are not to use child labour, whether in their own workplace, or in the production chain, by means of subcontractors. Children represent the workforce of the future. Keeping them in the labour market, at the expense of their schooling, compromises their full development, the future competitiveness of companies and the economy, and also a country’s capacity for sustainable development. In situations where family income necessities induce child labour, a strong joint action by governments, civil society and companies is fundamental so as not to expose children to any type of exploitation or danger, and so as not to compromise their physical, educational, moral and psychological development. We must all work together to improve this situation, seeking ways of replacing children in the labour market, so as to preserve their lives, and raising the human capital development index in society as a whole. Os nove princípios do Global Compact mental uma atuação forte e conjunta de governos, sociedade civil e empresas, de maneira a não expor crianças a qualquer tipo de exploração ou perigo e de forma que não comprometa seu desenvolvimento físico, educacional, moral e psicológico. Todos devemos colaborar para melhorar essa situação, buscando maneiras de substituir as crianças no mercado de trabalho, de modo a preservar suas vidas, elevando o índice de desenvolvimento de capital humano de sua sociedade. 6 Princípio nº 6: Apoiar a igualdade de remuneração e a eliminação da discriminação no emprego. Os empregadores devem contratar pessoas baseados unicamente em suas habilidades e capacidade de desempenhar o trabalho oferecido. Focalizar aspectos como gênero, raça, religião ou outros preconceitos significa estar prestando desserviço à empresa e à sociedade. As promoções devem ser baseadas em mérito. O impacto positivo das práticas não-discriminatórias na produtividade e rentabilidade da empresa está amplamente documentado. 8 9 Princípio nº 8: Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental. A resposta varia de acordo com o porte e a natureza da empresa. Ao aplicar políticas e práticas ambientais responsáveis, empregadores estarão aumentando sua produtividade e dando exemplo para outras empresas. As companhias são encorajadas a apoiar a responsabilidade ambiental no âmbito de seus contatos empresariais. Princípio nº 9: Incentivar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente sustentáveis. As empresas são encorajadas a explorar o uso e o desenvolvimento de tecnologias que não agridam o meio ambiente e que, além de lhe trazer benefícios, seja local ou global, propiciem o aumento da produtividade e a eficiência da organização. Essas tecnologias servirão para garantir que ar e água, bem como outros recursos naturais, estejam disponíveis a custos razoáveis, não apenas hoje, mas também no futuro. Além disso, devem aperfeiçoar tecnologias não agressivas ao meio ambiente. Meio ambiente 7 Princípio nº 7: As empresas devem adotar uma abordagem preventiva para os desafios ambientais. A obrigação de adoção de leis e regulamentações ambientais em nível nacional é atribuição dos governos nacionais, mas a comunidade deve prosseguir com o debate sobre abordagem preventiva. É necessário conhecer os impactos ambientais ao utilizar produtos ou processos. A empresa deve promover estudos que busquem evidência científica sobre eventuais riscos de seus produtos e processos. The nine principles of the Global Compact 10 6 7 8 Principle Nº. 6: Support equality of pay and the elimination of discrimination in respect of employment and occupation. Employers are to take on employees based solely on their abilities and capacity to carry out the work offered. To focus on aspects such as gender, race, religion, or other prejudices is to perform a disservice to the company and to society. Promotions are to be based on merit. The positive impact of non-discriminatory practices on a company’s productivity and profitability is widely documented. The environment Principle Nº. 7: Companies are to adopt a precautionary approach to environmental challenges. The requirement to adopt environmental laws and regulations at the national level is the responsibility of national governments, but the community must forge ahead with the debate on the precautionary approach. When using products or processes, it is necessary to know beforehand what impact they will have on the environment. The company should conduct studies seeking scientific proof of possible risks caused by its products and processes. Principle Nº. 8: Undertake initiatives to promote greater environmental responsibility. The response varies in accordance with the size and nature of each company. In adopting responsible environmental policies and practices, employers will be enhancing their own productivity as well as setting an example for other companies. Companies are encouraged to support environmental responsibility within the scope of their business contacts. 9 Principle Nº. 9: Encourage the development and diffusion of environmentally friendly technologies. Companies are encouraged to exploit the use and development of technologies that do not harm the environment and that, apart from yielding benefits at the local or global level, favour the enhancement of the organisation’s productivity and efficiency. These technologies will serve to ensure that the air and water, as well as other natural resources, will be available at a reasonable cost not only today, but also in the future. Apart from that, they should improve technologies that are not harmful to the environment. Diante da situação mundial hoje, onde os direitos humanos e ambientais são diariamente desrespeitados, contribuindo ainda mais para o aprofundamento da miséria no planeta e confirmando a concentração de poder econômico, era importante realizar um evento para que os empresários brasileiros pudessem se posicionar sobre os princípios estabelecidos no Global Compact. Na verdade, esses princípios reforçam o movimento de responsabilidade social do empresariado brasileiro. O Instituto Ethos convidou então as empresas brasileiras a figurar entre as primeiras signatárias desse compromisso, participando de um diálogo sobre os nove princípios do Global Compact. Em outubro de 2001, o Brasil sediava, pela primeira vez, um evento dessa natureza. Com o patrocínio da Usaid (United States Agency for the International Development), mais de duzentas empresas atenderam à convocação, reunindo-se em Belo Horizonte (MG), na sede da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais). O Instituto Ethos concebeu o Diálogo Empresarial sobre os Princípios do Global Compact por avaliar que a situação mundial carece de debates internacionais e que empresários nacionais não podem ficar à margem deles. É fundamental tomar posições e pensar medidas urgentes, sobretudo por parte das empresas, já que são agentes imprescindíveis na construção de uma rede mundial dedicada à promoção concreta de princípios. A realização do encontro visou ampliar e universalizar as iniciativas que muitas empresas já desenvolvem, e seus principais objetivos foram: • identificar metas concretas comuns quanto à proteção ambiental, condições de trabalho e direitos humanos no Brasil; • incentivar a criação de fóruns de discussão sobre as melhores práticas que podem instrumentalizar as empresas para cumprir suas metas; • identificar oportunidades de cooperação com organismos da ONU atuantes no Brasil; e • implementar parcerias com a Usaid , contribuindo para o avanço das metas da GDA (Aliança para o Desenvolvimento Global) e de estratégias que impulsionem o desenvolvimento socioambiental no Brasil. Os nove princípios propostos pelo secretário-geral das Nações Unidas reforçam os objetivos do movimento de responsabilidade social empresarial, e baseiam-se na relação ética e transparente da empresa com todos os públicos impactados por seus negócios. O engajamento do setor empresarial é imprescindível. Por ser um dos mais poderosos da sociedade, deve estar à frente da implementação das mudanças. É detentor dos recursos econômico-financeiros, tecnológicos e de informação. As empresas devem estar conscientes de seu papel no país e no mundo. É fundamental que dêem importância equivalente aos indicadores econômico-financeiros e aos de responsabilidade social. Devem estar inseridas no contexto do mundo moderno, o que significa não se preocupar somente com o seu próprio bem-estar. Em uma sociedade onde as relações econômicas, sociais, políticas e ambientais estão deterioradas, as empresas têm dificuldade em se manter. Diálogo Empresarial Sobre os Princípios do Global Compact E m abril de 2000, o secretário-geral das Nações Unidas, Sr. Kofi Annan, propôs um grande desafio à comunidade empresarial internacional: o Global Compact. Essa iniciativa objetiva promover a cidadania global, incorporando os valores universais ao mundo dos negócios. Constitui uma oportunidade para que as empresas e seus parceiros cooperem na promoção dos direitos e princípios fundamentais nas áreas de direitos humanos, trabalho e meio ambiente. 11 In view of the current world situation, with human and environmental rights being daily disregarded, tending to further aggravate world poverty and reinforcing the concentration of economic power, it was important to hold an event at which Brazilian businesspeople could take a stance on the principles laid down in the Global Compact. In fact, these principles strengthen the Brazilian business community in its quest for social responsibility. The Ethos Institute conceived the Corporate Dialogue on the Principles of the Global Compact because it judged that the world situation called for international debate and that the Brazilian business community could not be excluded. It is fundamental to take positions and to come up with urgent measures, above all, on the part of companies, since they are indispensable players in the construction of a worldwide network devoted to the concrete promotion of principles. The nine principles proposed by the UN Secretary-General reinforce the aims of the corporate quest for social responsibility and are based on an ethical and transparent relationship of each company with all stakeholders affected by its business operations. The engagement of the business community is indispensable. Because it is one of the most powerful groups in society, it needs to spearhead the implementation of change. It possesses the economic, financial, technological resources and the necessary information to do so. Companies need to be aware of their role in the country and in the world. It is fundamental that they attach equal importance to economic and financial indicators and to indicators of social responsibility. They must take their place in the modern world. This means they must not only concern themselves with their own welfare. In a society in which economic, social, political and environmental relations are inadequate, it is difficult for companies to keep afloat. Corporate Dialogue on the Principles of the Global Compact I n April 2000 Mr Kofi Annan, the Secretary-General of the United Nations, proposed a great challenge to the international community: the Global Compact. This initiative aims at promoting global citizenship and building universal values into the corporate world. It presents companies and their business partners with the opportunity to work together in promoting fundamental rights and principles in the fields of human rights, labour and the environment. The Ethos Institute invited Brazilian companies to be among the first signatories of this commitment, by holding a dialogue on the nine principles of the Global Compact. In October 2001, Brazil hosted, for the first time, an event of this nature. With the sponsorship of USAid (the US Agency for International Development) over two hundred companies responded to the appeal, meeting in Belo Horizonte, at the premises of the Minas Gerais State Federation of Industry (FIEMG). The purpose of the meeting was to broaden and universalise the initiatives that many companies had already begun to take. The main aims were: • To identify concrete common targets in environmental protection, working conditions and human rights in Brazil; • To encourage the creation of discussion forums on the best practices that can instrumentalise companies to fulfil their targets; • To identify opportunities for co-operation with UN agencies operating in Brazil; • To implement partnerships with USAid, contributing to the advancement of the targets set by the Global Development Alliance (GDA) and strategies to boost socio-environmental development in Brazil. O encontro de Belo Horizonte The Belo Horizonte Meeting 2 14 Estiveram presentes representantes das agências da ONU sediadas no Brasil, como a OIT, Unicef, Unifem e Pnuma. Participaram do encontro 275 representantes de empresas e universidades de todo o país. Durante os dois dias do evento, os participantes tiveram oportunidade de conhecer a situação brasileira e mundial no que se refere aos direitos humanos, meio ambiente e trabalho, com expositores como Oded Grajew (Instituto Ethos), Janice Weber (Usaid), André Urani (IE/ UFRJ), Stefan Salej (Fiemg), Frederick Dubee (ONU), Reiko Niimi (Unicef), Roberto Kishinami (consultor), Armand F. Pereira (OIT), Branca Moreira Alves (Unifem), Valéria Pandjiarjian (Cladem), Marco Aurélio Pinzon (Pnuma), Jair Grava (OIT) e Rogério Valle (Observatório Social/UFRJ). Para subsidiar o evento, as organizações da ONU atuantes no país apresentaram painéis da realidade brasileira relativos às suas respectivas áreas de atuação sobre os princípios do Global Compact. Além disso, foram mostrados estudos e pesquisas que estão sendo realizados, além dos programas desenvolvidos pela ONU que podem ter a participação do empresariado, visando a melhora do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) no Brasil. Na avaliação final ficaram definidas algumas propostas, que serão extendidas às organizações vinculadas ao Global Compact em todo o mundo. São elas: consolidação de políticas de representatividade sindical; maior comprometimento do trabalho conjunto na cadeia produtiva, inclusive no setor informal; transformação do próprio ambiente de trabalho em agente para a erradicação da discriminação social e funcional; adoção de políticas ambientais que se transformem em referências para todo o conjunto empresarial; o registro, por parte das empresas, de todas as experiências positivas, em qualquer nível ou setor, e o empenho para que haja um maior intercâmbio entre as agências da ONU e o setor empresarial. Como foi o encontro O Diálogo Empresarial sobre os Princípios do Global Compact realizou-se em Belo Horizonte (MG), nos dias 18 e 19 de outubro de 2001. Foi promovido pelo Instituto Ethos e pela Fiemg, com patrocínio da Usaid. Entre as diretrizes gerais indicadas como referência para a ação das empresas estão: 1) indivisibilidade dos direitos (não podem ser tratados isoladamente); 2) impacto positivo no respeito aos direitos (desrespeito traz conseqüências negativas); 3) empresas como agentes de transformação (poderoso ator social); 4) nova institucionalidade na relação capital-trabalho (reconhecimento recíproco da liberdade de organização sindical, entre outros); 15 T In the closing session several proposals were put forward, which will be extended to organisations linked to the Global Compact around the world. These are: the consolidation of trade union representation policies; a greater commitment to joint work in the production chain, including the informal economy; the transformation of the working environment itself, so as to make it an agent for the eradication of social and functional discrimination; the adoption of environmental policies that can become landmarks for the whole business community; the reporting by companies of all their positive experiences, at every level and sector, and a drive for greater interaction between UN agencies and the business community. Among the general guidelines adopted as a reference for corporate action are: 1) Indivisibility of rights (they cannot be treated in isolation). 2) Positive impact in the observance of rights (disregard brings negative consequences). 3) Companies as agents for change (powerful social players). 4) New institutional mechanisms in the relations between capital and labour (mutual recognition of freedom of union organisation, among others). 5) Combating child labour (to take place throughout the production chain). 6) Shared public policies (sharing formulation). What took place at the meeting he Corporate Dialogue on the Principles of the Global Compact took place in Belo Horizonte, Minas Gerais, on 18 and 19 October 2001. It was organised by the Ethos Institute and the Minas Gerais State Federation of Industry (FIEMG) with USAid sponsorship. UN agencies operating in Brazil sent representatives to the meeting, such as the International Labour Organisation (ILO), United Nations Children’s Fund (Unicef), the United Nations Development Fund for Women (Unifem), and the United Nations Environment Programme (Unep). A further 275 participants represented companies and universities from all over Brazil. During the two days of the event, participants had the opportunity to familiarise themselves with the situation in Brazil and worldwide in the fields of human rights, the environment and labour, with speakers such as Oded Grajew (Ethos Institute), Janice Weber (USAid), André Urani (IE/UFRJ), Stefan Salej (Fiemg), Frederick Dubee (UN), Reiko Niimi (Unicef), Roberto Kishinami (consultant), Armand F. Pereira (ILO), Branca Moreira Alves (Unifem), Valéria Pandjiarjian (Cladem), Marco Aurélio Pinzon (UNEP), Jair Grava (ILO) e Rogério Valle (The Social Observatory/UFRJ). To round out the event, UN agencies operating in Brazil presented panels on Brazil’s current situation, each in its respective field, regarding the principles of the Global Compact. In addition, surveys and ongoing research projects were presented, apart from the programmes undertaken by the UN that are open to business participation, seeking to improve Brazil’s Human Development Index (HDI). Como foi o encontro 5) combate ao trabalho infantil (a ser realizado em toda a cadeia produtiva); 6) políticas públicas compartilhadas (compartilhar a formulação); 7) programas de múltiplas intervenções (engajamento decisivo); 8) não-discriminação da mulher no ambiente de trabalho (local próprio para discussões); 9) defesa do meio ambiente (enfoque com contexto social); 10) troca de informações e experiências (criar referências múltiplas); 11) aproximação com agências da ONU (disponibilizar informações recíprocas); 12) atuação pró-ativa (efetuar ações efetivas no campo social); 13) criação de espaços de discussão (criar fóruns de implementação do Global Compact); 14) preencher indicadores de responsabilidade social (sobretudo conduta ética e inclusiva). 16 7) Multiple intervention programmes (decisive engagement). 8) Non-discrimination of women in the workplace (the proper place for discussions). 9) Protection of the environment (focus on the social context). 10) Exchange of information and experience (creating multiple references). What took place at the meeting 11) Closer co-operation with UN agencies (making information mutually available). 12) Pro-active participation (carrying out effective action in the social field). 13) Creating opportunity for discussion (creating forums for the implementation of the Global Compact). 14) Fulfilling social responsibility indicators (mainly ethical and nondiscriminatory practice). A nossa parte nós vamos fazer Os resultados já são perceptíveis. Estudos feitos pelo Instituto Ethos e pela Fundação Kellogg demonstram que 85% das empresas da economia formal de Minas Gerais têm programas de desenvolvimento, parceria ou responsabilidade social. Talvez seja esse o trabalho menos perceptível e o mais importante. Dessa maneira, estamos negando aquela famosa frase do saudoso escritor Otto Lara Rezende, que dizia que os mineiros só são solidários no câncer. Na verdade, não podemos esperar pelas ações governamentais. Se as empresas não assumirem as atividades de cidadania empresarial como parte inerente de sua função, o Brasil simplesmente vai tornar-se um país inviável. funciona com eficácia, já cumpre parte importante de sua função. Mas isso não exclui sua responsabilidade social. A responsabilidade do capital abrange a questão da educação. Nada vai mudar se não houver investimentos na consolidação dos valores éticos da sociedade, embutidos no sistema educacional. É preciso acelerar esse processo, fazendo com que os jovens saiam das escolas imbuídos desses princípios e valores. Hoje, 50% da economia brasileira é informal. Ainda se discute se carteira de trabalho é um direito. As relações de trabalho no Brasil estão atrasadas. Metade do total de empresas é absolutamente ilegal. É o chamado “lúmpen empresariado”, porque é constituído de empresários que simplesmente não saem da ilegalidade e não têm nenhum compromisso social. E não é pouco o que o Brasil gasta com esse “lúmpen empresariado”. Esse é o setor que mais precisa se enquadrar e repensar sua prática. Não adianta achar que o Estado não tem o seu papel a cumprir, inclusive na área social, nos valores básicos, na regulamentação, na legislação, nas diretrizes políticas. Mas a nossa parte nós vamos fazer, vamos continuar enfrentando essas situações. É hora de amadurecer. Visões sobre o Global Compact O Brasil precisa de responsabilidade social e empresarial, sobretudo por causa da crise que vive a sociedade, à qual talvez já estejamos demasiadamente acostumados. Por isso, é necessário debater a questão com persistência, insistência e inteligência constantes. É nessa perspectiva que a Fiemg cedeu o espaço para a realização do Diálogo Empresarial Sobre os Princípios do Global Compact. Nossa entidade tem um Conselho de Cidadania Empresarial e, no seu plano estratégico, pratica o chamado desenvolvimento social, que é motivo de atenção permanente, tanto no aspecto macroeconômico e social como no dia-a-dia. Em Minas Gerais, o empresariado conseguiu sair do paternalismo, do modelo do patrão bonzinho. O Conselho de Cidadania Empresarial tornou-se um instrumento de debate e incentivo da implantação da responsabilidade fiscal nas empresas. Se a empresa gera empregos e Stefan Bogdan Salej foi presidente do Sistema Fiemg entre 1995 e 2001. Stefan Bogdan Salej was the President of the FIEMG System from 1995 to 2001. B Stefan Bogdan Salej The responsibility of capital encompasses the question of education. Nothing will change if there are no investments in the consolidation of the ethical values of society, built into the school system. This process needs to be speeded up, so that young people leave school infused with these principles and values. In Brazil, the informal economy today accounts for 50 percent of all business activity. Some people still doubt whether a signed work registration card is a right. Labour relations in Brazil are backward. Half of all companies are completely illegal. This is the so-called “lumpen business class”, because it is made up of businesspeople who simply do not emerge from illegality and who have no social commitment. And Brazil incurs heavy costs on account of this “lumpen business class”. This is the sector in greatest need of rethinking its practices and repositioning itself. It is no good claiming that the state does not have its own part to play in the social field, in basic values, in drawing up regulations, legislation, and political guidelines. But we shall do our duty. We shall carry on facing up to these situations. It is time to mature. Views on the Global Compact razil needs social and corporate responsibility, particularly because of the crisis which society is undergoing, a crisis to which we have perhaps become too accustomed. For this reason, it is essential to debate the issue with constant persistence, insistence, and intelligence. It is from this perspective that the Minas Gerais State Federation of Industry (FIEMG) has provided a venue for the Corporate Dialogue on the Principles of the Global Compact. Our organisation has a Corporate Citizenship Council and, in its strategic plan, practises what is known as social development, which requires ceaseless attention to both macroeconomic and social aspects, as well as to day-to-day affairs. The results are already visible. Surveys conducted by the Ethos Institute and the Kellogg Foundation show that 85 percent of companies in the formal economy in Minas Gerais have adopted development, partnership or social responsibility programmes. Thus we are refuting the late writer Otto Lara Rezende’s memorable remark that nothing short of cancer can bring forth solidarity among “Mineiros”. The truth is that we cannot wait for the government to act. If companies fail to take on activities of corporate citizenship as an inherent part of their job, Brazil will simply cease to be a viable country. In Minas Gerais the business community has managed to advance beyond paternalism, the model of the benevolent boss. The Corporate Citizenship Council has become an instrument for debating and encouraging the adoption of fiscal responsibility among companies. If the company creates jobs and operates effectively, it is already fulfilling an important part of its function. But this does not grant exemption from social responsibility. We will do our duty 17 Visões sobre o Global Compact Parcerias para combater a pobreza com tecnologia A Usaid tem adotado novas estratégias em seus trabalhos. Trata-se do GDA, cujo propósito é a formação de acordos estratégicos para mobilizar novos recursos, idéias e tecnologias por meio de parcerias com setores privados, ONGs, fundações, governos, agências multilaterais etc. É preciso identificar novos parceiros para ajudar a aumentar a renda dos 53 milhões de pessoas que vivem na pobreza. Alguns parceiros naturais são companhias que desenvolvem tecnologias nos Estados Unidos, no Brasil e em outros países. A execução de um programa desse tipo exige microcrédito, parceria com governo, bancos e ONGs. A Usaid tem a capacidade de desenvolver projetos, fornecer assistência técnica e também algum recurso. Mas em países de dimensões continentais, como é o Brasil, é fundamental ampliar esforços para trabalhar juntos, mas de forma inteligente, para conseguir um impacto maior. A Usaid, em parceria com o Ministério da Educação brasileiro, vem implementando o projeto Learn Link. Ele permite a troca de informações e experiências entre educadores e estudantes dos Estados Unidos e do Brasil sobre o uso de tecnologia na educação, além de favorecer a colaboração entre profissionais e instituições, incluindo as do setor privado, preocupados com a melhoria da qualidade educacional e com a aprovação da inclusão digital. Várias empresas já assumiram compromisso de doar computadores ao Ministério da Educação, para organizações comunitárias e ONGs. Novos parceiros permitiriam expandir a rede de escolas que participam do programa e acessar áreas remotas. Janice Weber 18 Views on the Global Compact T Nessa área também está sendo implantado um programa junto à Fundação Greenstar, que se propõe a instalar em comunidades rurais brasileiras centros comunitários informatizados. A Greenstar comercializará produtos culturais digitalizados que expressam as tradições e a história local. A renda será revertida para as comunidades, que escolherão o uso para os computadores instalados. Empresas privadas vêm se agregando a essa parceria. A Usaid aprovou recentemente aval para um projeto que possibilitará a renovação da unidade geradora de energia em uma serraria da Amazônia, que utiliza sua própria biomassa e produz madeira com certificado. Outro projeto em andamento vai estabelecer um fundo regional para o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias limpas na América Latina. Dessa maneira, haverá tecnologias inovadoras, com menor impacto no efeito estufa. O GDA foi aprovado pelo Congresso americano, e a Usaid já está se movimentando para encontrar as parcerias necessárias para fortalecer alianças. Janice Weber é ex-diretora da missão da Usaid no Brasil. Janice Weber is the ex-director of the USAid mission in Brazil. he United States Agency for International Development (USAid) has adopted new strategies in its operations. This is the Global Alliance for Development (GDA), whose purpose is to form strategic accords to mobilise new funding, ideas and technologies by means of partnerships with the private sector, NGOs, foundations, governments, multilateral agencies, etc. A search for new partners is needed to help increase the incomes of the 53 million people living in poverty. Some natural partners are companies that develop technologies in the United States, Brazil and other countries. Undertaking such a project requires microcredit, partnerships with the government, banks and NGOs. USAid has the capacity to develop projects, provide technical assistance and some funding. But in a country of continental size, such as Brazil, it is fundamental to broaden efforts to work together, and intelligently, to achieve a greater impact. USAid, in partnership with the Brazilian Education Ministry, has been implementing the Learn Link project. This permits an exchange of information and experience among teachers and students in the United States and Brazil on the use of technology in education, apart from favouring collaboration between individuals and institutions, including those in the private sector, that are concerned with the improvement of educational quality and with the approval of the use of computers. Several companies have undertaken to donate computers to the Education Ministry, to community organisations and to NGOs. New partners would make it possible to expand the network of schools participating in the programme and to access remote areas. Also in this field a programme is being set up jointly with the Greenstar Foundation, which proposes to install computerised community centres in Brazilian rural communities. Private companies have joined this partnership. USAid recently approved its backing for a project which will make it possible to renew the energy generating unit at a sawmill in the Amazon region, which uses its own biomass and produces certified timber. Another current project will set up a regional fund for the development and application of clean technologies in Latin America, thus providing innovative technologies having less impact on the greenhouse effect. The GDA has been duly approved by the US Congress, and USAid is now actively seeking the necessary partnerships to strengthen alliances. Partnerships to enlist technology in the fight against poverty Responsabilidade social por um mundo melhor Quando eu era presidente da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), após conhecer os relatórios do Unicef, achei que poderia fazer um movimento junto ao setor. Procurei o Unicef e pedi que me ajudasse, fazendo uma apresentação sobre a situação da criança. E ela aconteceu, reunindo duzentos empresários. Ao final, foi unânime a decisão de criar a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança. As parcerias com a OIT e com o Unicef foram fundamentais, ajudando-nos na adoção da idéia inovadora de agir sobre a cadeia produtiva. A partir dela, conseguimos que grandes empresas passassem a se responsabilizar por sua cadeia produtiva, num passo fundamental para erradicar o trabalho infantil em diversos setores de grande risco, como sapatos, laranja, cana-de-açúcar, carvão e, mais recentemente, tabaco, beneficiando milhares de crianças. seus papéis, criando uma nova consciência. O setor empresarial é o mais poderoso da sociedade. Têm recursos financeiros, econômicos, tecnológicos e de informação. As empresas de comunicação, rádio, jornal, televisão, internet são organizações privadas. E essas organizações privadas são anunciantes, têm o poder da cultura, o poder político e o poder de formar opinião, inclusive eleitoral. O movimento pela responsabilidade social empresarial não pode ser banalizado e servir, por exemplo, para lustrar o nome e a imagem de empresas que não têm uma gestão socialmente responsável. Por isso, as empresas devem dar peso equivalente tanto aos seus indicadores financeiros e econômicos quanto aos de responsabilidade social. Elas não devem se preocupar somente com o seu próprio bem-estar, mas também com o da sociedade. Pois, com a sociedade deteriorada, poucas empresas sobrevivem. Nosso objetivo final é ter um mundo melhor, uma sociedade melhor. É esse o caminho para que possamos ter um outro Brasil e um outro mundo. Visões sobre o Global Compact O Unicef publica, anualmente, um relatório com indicadores das condições das crianças no mundo. O Brasil, em comparação com países mais pobres, é motivo de preocupação, mas, ao mesmo tempo, de esperanças, já que também apresenta condições de mudar. Nosso objetivo, neste momento, é fazer uma reflexão, estabelecer um diálogo e aprofundar o entendimento sobre responsabilidade social e a questão ética. A ONU foi criada para estabelecer a paz no mundo, e é essa paz que ela novamente nos propõe, por meio dos princípios elencados no Global Compact. Para que seja alcançada, é necessário que empresários, agências, sociedade e governos cumpram Oded Grajew é diretor presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Empresarial e idealizador do Fórum Social Mundial. Oded Grajew is the president of Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Empresarial and the founder of the World Social Forum. T disposal financial, economic, technological and computing resources. Communications companies, radio, newspapers, television, and the internet are private organisations. And these private organisations are advertisers; they concentrate in their hands cultural and political power, including the power to form public opinion in many spheres, including the party political arena. The campaign for corporate social responsibility is not to be trivialised by being made use of, for example, to enhance the image of companies that do not practise socially responsible management policies. For this reason, companies should attach equal importance to economic and financial indicators and to indicators of social responsibility. This means they must not only concern themselves with their own welfare, but also with that of society as a whole. In a failing society, it is difficult for companies to keep afloat. Our ultimate aim is to build a better world, a better society. This is the path towards a new Brazil and a different world. 19 Views on the Global Compact he United Nations Children’s Fund (Unicef) publishes annually a report citing indicators on the conditions of children around the world. Brazil, by comparison with poorer countries, is a cause of concern, but, at the same time, raises hopes, since it also displays conditions for change. When I was president of Abrinq, the Brazilian Association of Toy Manufacturers, after I became familiar with the Unicef reports, I thought I could start a campaign in the sector. I sought out Unicef and asked for assistance in preparing a presentation on the situation of children. And it happened, bringing together two hundred entrepreneurs. At the end of the presentation, the decision to create the Abrinq Foundation for Children’s Rights was unanimous. Partnerships with the ILO and Unicef were fundamental, helping us to adopt the innovative idea of acting in the production chain. Following this, we were successful in our efforts to ensure that major corporations began to take responsibility for their production chains, in a fundamental step towards eradication of child labour in various high-risk industries such as footwear manufacturing, orange picking, sugar cane cutting, charcoal kilns, and, more recently, tobacco, helping thousands of children in this way. Our aim at this moment is to reflect on the issue, establish a dialogue, and heighten awareness of social responsibility and ethics. The UN was created to bring peace to the world, and it is this peace which once again it proposes by way of the principles set out in the Global Compact. For this to be achieved, it is vital that entrepreneurs, agencies, society, and governments should each do their duty, creating a new awareness. The corporate sector is the most powerful in society. It holds at its Oded Grajew Social responsibility for a better world Visões sobre o Global Compact Conciliar os negócios com as necessidades do planeta I déia do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, o Global Compact tem como objetivo conciliar o mundo dos negócios com as necessidades sociais e ambientais do planeta. Pretende-se que cada empresa do mundo, grande ou pequena, integre novos princípios na sua visão estratégica e nas suas decisões operacionais cotidianas. Não é uma associação nem uma organização. É uma rede muito poderosa de pessoas que compartilham uma plataforma de valores e que estão prontas a compartilhar sucessos e erros em termos de desenvolvimento social das empresas. E, acima de tudo, prontas para agir, trabalhar em parceria com ONGs, governos, comunidade acadêmica e também outros empresários. O Global Compact é realizado por empresas líderes em responsabilidade social. Para ser uma delas é necessário assinar uma carta dirigida ao secretário-geral da ONU, comprometendo-se a apoiar seus princípios e, uma vez por ano, compartilhar um exemplo de algo concreto feito no sentido de avançar em direção aos princípios ou em termos dos objetivos gerais das Nações Unidas, de paz e desenvolvimento. As origens dos princípios do Global Compact encontram-se em três documentos, aceitos por todos os governos do mundo. Os princípios de direitos humanos saíram da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os do trabalho procedem da Declaração de Princípios Básicos do Direito do Trabalho, e os princípios sobre o meio ambiente, da Declaração do Rio de Janeiro. Esses três documentos foram aceitos por todos os governos, medida fundamental para sua universalidade e legitimidade. Frederick Dubee 20 Views on the Global Compact T he Global Compact, conceived by UN Secretary-General Kofi Annan, seeks to reconcile the business world with the social and environmental needs of the planet. It is hoped that every company in the world, large or small, should adopt new principles in its strategic planning and in its daily operating decisions. It is neither an association nor an organisation. It is a highly powerful network of people, with a shared platform of values, who are willing to share their successes and setbacks in terms of corporate social development, and, above all, who are ready to act in partnership with NGOs, governments, the academic community and also with other business people. The Global Compact is the creation of companies in positions of leadership in social responsibility. To join their ranks, all you have to do is sign a letter addressed to the UN Secretary-General undertaking to support its principles, and, once a year, share an example of some concrete action taken towards the furtherance of these principles, or in terms of the UN’s general aims of peace and development. The Global Compact principles have their origin in three documents accepted by all the world’s governments. The human rights principles are drawn from the Universal Declaration of Human Rights; those on labour, from the Statement of Fundamental Principles and Rights at Work; and those on the environment, from the Rio de Janeiro Declaration. These three documents have been accepted by every government, which is fundamental for their universality and legitimacy. In the so-called Nordic countries, human rights are highly respected. The same holds true for labour rights. But when a Swedish company wrote to the UN Secretary- Nos chamados países nórdicos, os direitos humanos são muito respeitados. O mesmo acontece com os direitos trabalhistas. Mas, quando uma empresa sueca mandou carta para o secretário-geral da ONU querendo ser signatária do Global Compact, um grupo de funcionários da empresa foi à diretoria e elogiou a iniciativa. Entretanto, a empresa apresentou uma contradição na qual, apesar de não haver discriminação explícita, somente 3% dos executivos da empresa eram mulheres. E esse questionamento desencadeou intenso trabalho de mudanças na empresa. O Global Compact apresenta um fenômeno educacional. Estudantes, principalmente de Administração, mas também os de Direito, Ciências, Física, Engenharia etc., querem se desenvolver na área de responsabilidade social. Já existe uma demanda considerável nesse sentido. De outro lado, também, é cada vez mais freqüente que empresas queiram pessoas que conheçam o assunto. Nos Estados Unidos existe o Aspen Institute, fundado pela Ford Fundation, e que fez um trabalho maciço sobre responsabilidade social. Não somente criou o business case, mas também qualificou professores. Esta demanda tem crescido em todos os países do mundo. Frederick Dubee é oficial da ONU para o Global Compact. Frederick Dubee is UN officer for the Global Compact. General asking to become a signatory of the Global Compact, a group of employees approached management to express their praise of the initiative. However, the company displayed a contradiction: while there was no explicit discrimination, only 3 percent of the company’s executives were women. And this query triggered an intense process of change in the company. The Global Compact has had a measurable impact on education. University students, mainly in management, but also in law, sciences, physics, engineering and other courses, want to acquire skills in the social responsibility field. There is now considerable demand for this. On the other hand, it is also increasingly common for companies to seek to recruit people with knowledge of this subject. In the United States there exists the Aspen Institute, funded by the Ford Foundation, which has done solid work on social responsibility. Not only did it create the business case, but it has also trained teachers. This demand has been growing in every country in the world. Reconciling business with the needs of the planet Desenvolvimento exige combate à desigualdade Mas já há duas décadas o Brasil está patinando. Os regimes autoritários, que foram capazes – em quase todo o continente – de levar adiante esse esforço de industrialização, ruíram junto com o modelo. Do ponto de vista político, o continente foi capaz de avançar ao longo das duas décadas, num esforço de democratização sem precedentes na história. Mas, ao mesmo tempo, enveredou por um processo de reformas e de estabilização macroeconômica que continuam problemáticas. A crise argentina e as conseqüências que pode ter sobre o Brasil nos revelam um quadro bastante dramático. Não é só a questão dos três “Ds” (desvalorização, dolarização, e default na Argentina), mas também dois outros “Ds”, de desânimo e desalento. Na última eleição no país vizinho, para a renovação do parlamento, ocorreu um índice de abstenção absolutamente sem precedentes, que com certeza é sintoma de um sentimento geral. Ele mostra que existe um desânimo e um descontentamento muito grande da sociedade frente à experiência democrática. Isto não significa que haja qualquer tipo de vontade de retrocesso no esforço de democratização. Mas existe desalento quanto aos resultados que esse processo foi capaz de trazer em termos de transforma- ção da vida das pessoas. Esse impasse vivido por todo o continente é, com certeza, perigoso por razões econômicas, políticas e sociais. É uma crise sem precedentes. Mas, ao mesmo tempo em que se vive uma crise, existem oportunidades. Ao mesmo tempo em que as pessoas estão desanimadas com relação à vida política com “P” maiúsculo, existe enorme receptividade e vontade de tentar o novo. Seja no Brasil ou no restante da América Latina, há um espaço para a ousadia ainda pouco explorado. Os quatro temas fundamentais no atual quadro da América Latina são ligados às questões do desenvolvimento, da reforma do Estado e das políticas públicas, da democratização econômica e da sustentabilidade de políticas públicas, seja do ponto de vista econômico, fiscal ou político. Sobre o desenvolvimento, há uma imagem de que ele não tem mais lugar na sociedade brasileira contemporânea. Seria impensável a tese de “vamos dobrar o PIB”, um slogan ligado ao milagre brasileiro dos anos 60 e 70. Hoje, é adequado jogar no imaginário coletivo do país, do mundo empresarial, da sociedade e da classe política uma idéia de desenvolvimento que não é mais apenas o PIB ou crescimento econômico. Mas crescer é importante, e o Brasil é um país que tem vocação gigantesca para isso. Quando se trata de questões referentes ao crescimento, elas ainda estão vinculadas à demanda. Não se pensa num projeto de longo prazo. O país permanece refém da armadilha da inflação, cuja lógica é o pensamento de curtíssimo prazo. É preciso começar a pensar em André Urani é presidente do conselho do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) e professor do Instituto de Economia da UFRJ. André Urani is the president of the Council of the Labour and Social Study Institute (IETS) and a professor at the Institute of Economics at the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ). André Urani But while there is a crisis, opportunities exist. While people are discouraged about politics with a capital P, there is an enormous receptiveness and a willingness to try the new. Whether in Brazil or elsewhere in Latin America, there is room for boldness that remains largely unexplored. The four basic themes in the current Latin American situation have to do with the issues of development, reform of the state and government policy, economic democratisation, and the sustainability of government policies, whether from the economic, fiscal, or political standpoint. On development, there is a view that there is no longer room for it in contemporary Brazilian society. The slogan associated with the “Brazilian miracle” of the sixties and seventies, “We will double our GDP,” would be unthinkable nowadays. What it is now suitable to put forward to the collective imagination of the nation at large, of the business community, of society, and of the political class, is an idea of development that is no longer restricted to the GDP or economic growth. But growth is important and Brazil is a country with a gigantic vocation for growth. When dealing with growth-related issues, they remain linked to demand. Nothing is said about long-term projects. Brazil remains a hostage to the inflation trap, whose logic is very short-term thinking. It is necessary to start thinking about scenarios for the future, in the outlook for 2010 or 2020, like Malaysia – not an example of a market economy – or Canada or France, both of the latter being, indeed, absolutely democratic countries with a market economy. Brazil needs to recover its boldness and engage in long-term thinking, a prospect that it has lost. 21 The social environment in the world and in Brazil L atin America stands at an absolutely dramatic turning point. Beginning in the late fifties, the continent experienced extraordinary economic growth during three decades or more. Brazil outperformed every other country, pursuing a daring industrialisation programme based on an import-substitution strategy. But in the last twenty years Brazil has been marking time. The authoritarian regimes, which almost everywhere in Latin America were able to carry forward the industrialisation drive, collapsed with the economic model itself. From the political standpoint, the continent has been able to advance during these two decades, in a drive for democratisation that is unprecedented in history. At the same time, however, it embarked on a programme of economic reforms and macroeconomic stabilisation that remains problematic to this day. The Argentine crisis and the consequences that it may entail for Brazil display a dramatic picture. It is not merely a question of the “three D’s”-devaluation, dollarisation, and default in Argentina. There is also a fourth D, standing for dismay and discouragement. The unprecedentedly low turnout at Argentina’s most recent congressional election is certainly a symptom of a widespread feeling, showing that society is reacting to the democratic experiment with discouragement and deep discontent. This does not signify a desire to put the democratisation drive into reverse. But there is disappointment with the results that that the process has yielded so far, in terms of transforming people’s lives. This turning point faced by the whole continent is clearly dangerous, for economic, political, and social reasons. It is an unprecedented crisis. Quadro socioambiental no mundo e no Brasil A América Latina vive um impasse absolutamente dramático. A partir da segunda metade dos anos 50, o continente experimentou um crescimento extraordinário durante pelo menos três décadas. O Brasil se destacou acima de qualquer outro país, levando adiante um ousado programa de industrialização, baseado numa estratégia de substituição de importações. Development requires combating inequality Quadro socioambiental no mundo e no Brasil Desenvolvimento exige combate à desigualdade cenários de futuro, em quadros para 2010, 2020, como o da Malásia – que não é exemplo de economia de mercado –, ou o Canadá e a França – estes sim, países absolutamente democráticos de mercado. O Brasil precisa recuperar a ousadia de pensar a longo prazo, perspectiva que foi perdida no país. Nos termos do Global Compact, uma iniciativa do secretário-geral das Nações Unidas, que, por meio do Pnuma, publica regularmente relatórios de desenvolvimento humano, combina-se a questão da renda com outros critérios da qualidade de vida. Também foram adotados parâmetros para a questão da saúde e da educação, permitindo comparar um número maior de países. No caso do Relatório de Desenvolvimento Humano do Rio de Janeiro, por exemplo, foram desenvolvidos 22 indicadores de qualidade de vida. Hoje, novas concepções de desenvolvimento são trabalhadas pelas Nações Unidas. Nelas se concebem novos paradigmas para o desenvolvimento. Suas dimensões não são apenas inerentes à questão econômica. Em primeiro lugar estão as liberdades políticas e os direitos civis. O Brasil avançou enormemente no esforço de democratizar a sociedade ao longo dos últimos quinze anos, mas ainda há, dentro do nosso arcabouço legal, restos do entulho autoritário. Não existe, por exemplo, liberdade sindical, e o Brasil não é signatário da Convenção 87 da OIT. Isto é vergonhoso. Não há sociedade democrática que tenha uma estrutura fascista de representação de interesse de classes. É hora de remover o autoritarismo e ter a ousadia de avançar na forma de representar interesses de classe, para que se possa ter um melhor diálogo entre os empresários e a classe trabalhadora. Para se fomentar, por exemplo, o associativismo dos pequenos empresários, que não têm representação. Não existe um equivalente à Federação das Indústrias ou à Central Única dos Trabalhadores para os trabalhadores informais, para autônomos ou microempresários. É necessário avançar no campo das liberdades e dos direitos civis. Não foi esgotado o processo de democratização política; é necessário avançar mais. No campo da segurança social também há questões mal resolvidas. A questão da escolaridade de crianças e jovens no Brasil é vergonhosa: 13,5% da população era composta de analfabetos em 2001. Além disso, mais de 60% da força de trabalho não completou o ensino fundamental. Corrigir esta distorção, por meio de cursos profissionalizantes, telecursos ou métodos de alfabetização do tipo Paulo Freire, custaria apenas 3% do PIB. Resolve-se o problema colocando todos os adultos no ensino fundamental completo ou equivalente. Porém não há vontade política de resolver, não faz parte da agenda, não é prioridade. Talvez a prioridade zero da sociedade brasileira hoje seja “desnaturalizar” a desigualdade. O país se anestesiou e começou a achar normal uma desigualdade tão acentuada. No Relatório de Desenvolvimento Humano do Rio de Janeiro, a cidade foi dividida em 161 bairros. Há uma brincadeira na comparação entre a Gávea e a Rocinha (um bairro rico muito próximo de uma grande favela). Atravessando a rua, você tem uma diferença de treze anos de expectativa André Urani The social environment in the world and in Brazil 22 Under the terms of the Global Compact, an initiative of the UN Secretary-General, which, through the UN Environment Programme (UNEP) regularly publishes human development reports, the income issue is combined with quality of life criteria. Parameters have also been adopted for health and education, so that data can be compared for a greater number of countries. In the case of the Rio de Janeiro Human Development Report, for instance, twenty-two quality-of-life indicators were developed. Today, the UN is engaged in seeking new concepts of development, in which new paradigms for development are conceived. These dimensions are not restricted to the economic sphere alone. In the first place come political freedoms and civil rights. In the last fifteen years Brazil has made enormous advances in the drive to democratise its society, but our legal framework is still littered with leftovers from the authoritarian period. For example, there is still no freedom for organised labour, and Brazil has not signed the ILO’s Convention 87. This is shameful. There is no such thing as a democratic society having a fascistic structure for the representation of employers’ and employees’ interests. It is time to remove authoritarianism and to be bold enough to advance in the form of representation of class interests in order to improve the dialogue between employers and workers. One clear need is to facilitate representative associations for small businesspeople, who are currently unrepresented. Workers in the informal economy, the self-employed and the owners of very small businesses (“microentrepreneurs”)-all these people have nothing equivalent to the Federation of Industries or the “Central Única dos Trabalhadores”, a congress of labour unions. Advances are needed in the field of freedoms and civil rights. The process of political democratisation has not yet run its full course: further advances are imperative. In the social security area there are also issues requiring satisfactory settlements. The schooling record in Brazil is shameful: in 2001, illiterates amounted to 13.5 percent of the population. Furthermore, over 60 percent of the labour force is made up of people who never finished primary school. To correct this distortion, job training courses, distance learning by television, or literacy teaching methods such as those developed by Paulo Freire, would cost as little as 3 percent of GDP. The problem could be solved by placing all adults in a full primary school course or equivalent. But the political will is lacking to address the problem; it is not on the agenda; it is not a priority. Brazilian society’s top priority nowadays might be to “denaturalise” inequality. The nation is anaesthetised: it has begun to see nothing unnatural is such extreme inequality. In the Rio de Janeiro Human Development Report, the city was split up into 161 districts. Between the Gávea and Rocinha districts-a wealthy residential area and a large shantytown in close proximity to one another-the contrasts are striking. By simply crossing the street you find a difference of thirteen years in the expectation of life; an average income that falls to one-eighth; an infant mortality rate that is six times higher. At the current rate, it would take the Rocinha shantytown ninety years to catch up with the Gávea district’s Human Development Index (HDI). And the problem is by no means confined to Rio de Janeiro. It is the same in the Development requires combating inequality Desenvolvimento exige combate à desigualdade E o Brasil passou a considerar isso normal. O nosso problema não é a pobreza, mas a desigualdade. Há muita pobreza porque há uma desigualdade injustificável, sem nenhum parâmetro ético, filosófico ou político. Sem eliminá-la, não haverá eficácia para promover o desenvolvimento da sociedade brasileira. Mas, enquanto isso, a desigualdade existe e vai continuar existindo. É necessário começar a tratar já do problema para ter resultado. É preciso lidar com as conseqüências dessa desigualdade a curto prazo. Entre elas estão a pobreza, a fome, a falta de oportunidade, a violência e a ineficiência sistêmica da economia. São necessárias políticas capazes de direcionar para os mais pobres os meios para que sobrevivam de uma maneira digna, mesmo sendo pobres. O Brasil tem um nível de gasto público social absolutamente elevado, se comparado aos padrões norte-americanos. São consumidos cerca de 21% do PIB em gastos públicos sociais: merenda escolar, segurodesemprego, treinamento, educação, previdência etc. Em outros países, como Nicarágua, Bolívia e Argentina, esse gasto gira em torno de 5% ou 7%. O Brasil é top de linha latino-americano em termos de gasto social. Gasta muito, mas não com a população mais pobre. Gasta com a universidade pública, onde não estão os pobres, mas sim os filhos da elite. Em outros países, como Estados Unidos, França, Itália e até a China, a universidade mantida pelo Estado é paga. O mesmo acontece com o seguro-desemprego, concebido para aqueles que perderam o emprego. O ideal seria pegar uma fatia do gasto público social e fazer chegar à população mais pobre, no sentido de aliviar as condições de pobreza desse contingente significativo da população brasileira. A pobreza não é um fenômeno rural; o grosso dela se situa em regiões metropolitanas. O Brasil é um país cuja população dobra a cada trinta anos e só se urbaniza. A população urbana, sobretudo nas grandes cidades, como Belo Horizonte, Brasília, Recife e Fortaleza, não pára de crescer. A terceira grande questão é a da democratização econômica. Ela diz respeito não ao combate às conseqüências da desigualdade, mas às suas causas. O país avançou pouco nos últimos quinze anos no sentido de oferecer condições aos pequenos para não serem pobres. Quadro socioambiental no mundo e no Brasil de vida, escolaridade quatro vezes inferior, renda oito vezes menor, mortalidade infantil seis vezes superior no bairro pobre. Para a Rocinha alcançar o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da Gávea, no ritmo atual, levaria noventa anos. E não é um problema exclusivo do Rio de Janeiro, mas também da região metropolitana de Belo Horizonte e de outras capitais brasileiras. Então, será preciso quase um século para que os mais pobres atinjam o nível das elites em termos de educação, saúde e renda. O modelo de desenvolvimento sempre foi voltado para os grandes: um Brasil capaz de oferecer tudo para as multinacionais, para o grande capital, para os grandes empresários. As empresas de porte que se instalaram no país estão muito bem. Chegou a hora de os pequenos terem acesso à formação, educação, treinamento, crédito, informação e inovação tecnológica, especialmente as micro e pequenas em- André Urani other countries, such as the United States, France, Italy and even China, governmentowned universities charge fees. The same is true of unemployment insurance, designed for people who have lost their jobs. The ideal solution would be to earmark a slice of the government’s social spending budget and arrange for the funding to benefit the poorest among the population, to relieve the conditions of poverty prevailing among this significant percentage of the Brazilian population. Poverty is by no means confined to rural areas. On the contrary, the greatest numbers of poor people are to be found in the largest cities with their metropolitan areas. Brazil is a country with a population that doubles every thirty years and is increasingly urban. The urban population, particularly that of the largest cities, grows unremittingly. Cities such as Belo Horizonte, Brasília, Recife and Fortaleza are growing at dizzying rates. The third main issue is democratising the economy. This entails combating not only the consequences of inequality but its causes. The country has advanced very little in the last fifteen years, in terms of providing the have-nots with conditions that would enable them to avoid poverty. The development model has always favoured the haves: a Brazil that can offer everything that the multinationals, major investors and big businesses can want. The large corporations that operate Brazilian subsidiaries are thriving. The time has come for the have-nots to gain access to education, the acquisition of job skills, The social environment in the world and in Brazil Belo Horizonte metropolitan area and in other state capitals. It will thus take nearly a century for the poorest inhabitants to catch up with the education, health and income levels enjoyed by the elite. And Brazil has come to regard this situation as normal. Our problem is not poverty, but inequality. There is great poverty because there exist unjustifiable inequalities, beyond all ethical, philosophical and political parameters. Unless this inequality is eradicated, there will be no efficiency in promoting the development of Brazilian society. In the meantime, however, inequality exists and will go on existing. What is needed is to make a start now, to achieve any result. We have to face up to the short-term consequences of this inequality. Among these are poverty, hunger, the lack of opportunity, violence, the systemic inefficiency of the economy, etc. Policies are needed that would steer towards the poor the means that would enable them to survive with dignity, even though they remain poor. Brazil now has a high level of government social spending in absolute terms, compared with U.S. standards. Government social spending on items such as school meals, unemployment benefit, training programmes, education, social security, and so on, consumes about 21 percent of GDP. In other countries, such as Nicaragua, Bolivia and Argentina, this spending ranges from about 5 to 7 percent; Brazil tops the Latin American charts in terms of social spending. It spends a lot, but not on the poorest among the population. It spends on government-owned universities, where the students are not the poor but the sons and daughters of the elite. In 23 Development requires combating inequality Quadro socioambiental no mundo e no Brasil Desenvolvimento exige combate à desigualdade presas. Trabalhar o acesso ao crédito é desenvolver os mercados, e o microcrédito tem mercado. No Rio de Janeiro, a Fininvest criou a Rio Cred, que virou a Micro Invest, e percebeu que existe o mercado de microfinanças. Além disso, tem responsabilidade social na busca pelo lucro legítimo, oferecendo produtos não convencionais. Mas persiste a falsa visão de que pobre não é mercado, e sim mera questão governamental. A partir dela, o setor privado não vai conseguir se relacionar de uma forma não-assistencial. É preciso ser capaz de começar a explorar esses mercados da informação, do crédito; começar a pensar em como gerar mercados para os pequenos, sobretudo com arranjos produtivos locais no nível regional, da cidade, do pequeno território. Há uma vulnerabilidade das políticas públicas no Brasil por serem articuladas e gerenciadas, muitas vezes, apenas pelo setor público. Uma simples mudança de governo é capaz de jogar fora todo um trabalho. As políticas têm que ser implementadas a longo prazo. Há que se pensar na sustentabilidade política num mundo democrático onde a alternância de poder é natural. Como articular, criar democraticamente um espaço público não-estatal capaz de buscar soluções para essas questões de médio e longo prazo? É necessário pensar o desenvolvimento local e disponibilizar serviços de desenvolvimento empresarial em nível territorial. Todos os atores sociais tomam parte deste processo, não apenas o governo. Para viabilizá-los, devem participar as universidades, as ONGs, o empresariado, as entidades representativas de classe. Esta participação plural é o que acontece nos territórios produtivos, por exemplo, no Nordeste da Itália, que tem servido como inspiração para essa nova onda. Os esforços são compartilhados entre os vários atores. O Brasil tem que saber como montar essa institucionalidade. Há alguns avanços, mas é necessário muito mais, como criar espaço de interlocução, de mediação, de negociação, de acompanhamento das ações, bem como compartilhar as ações entre o público privado e a sociedade civil. Outro ponto fundamental é o da avaliação de políticas públicas. Elas têm que ser avaliadas de forma contínua, a partir de diagnósticos confiáveis, compartilhados entre os vários atores e monitorados constantemente. Essa avaliação tem que ser pública, pactuada, renegociada com freqüência. Não há o hábito de agir dessa maneira no Brasil. Por que fazer um Relatório de Desenvolvimento Humano da cidade do Rio de Janeiro? Para disponibilizar informações para um maior número de atores possíveis e fazer com que compartilhem as ações, que sejam capazes de construir agendas compartilhadas. Para o governo, este procedimento é extremamente importante, pois, já que ele não é capaz de implementar todas as políticas sozinho, tem que, obrigatoriamente, compartilhar. Na sociedade civil e no setor privado é mais importante ainda saber, por exemplo, quais são as iniciativas existentes para não sobrepor esforços. É preciso haver mobilização para obter mais investimentos públicos ou para atrair ações de responsabilidade social ou um novo programa de uma ONG, para determinado bairro. É uma ferramentachave para começar a pensar em uma estratégia de longo prazo, que André Urani The social environment in the world and in Brazil 24 training, credit, information, and technological innovation-particularly for small and micro businesses. Working on access to credit means developing markets, and there is a market for micro-credit. In Rio de Janeiro, Fininvest set up Rio Cred, subsequently renamed Micro Invest, which has understood that there exists a market for microfinance. Furthermore, Micro Invest displays its social responsibility in its pursuit of legitimate profit, offering non-conventional products. But the false view persists that the poor are not a market: they are the government’s responsibility, and that is all. For as long as this false view prevails, the private sector will be unable to relate to the poor, other than in welfare terms. What is needed is the ability to start exploiting these markets in information and in credit, to start thinking about how to generate markets for the have-nots especially with local productive arrangements covering a small territory at the regional or municipal level. A weakness of government policies in Brazil is that, all too often, they are drawn up and implemented by the public sector acting on its own. A simple shift in local party politics can undo years of patient work. Policies need to be pursued over the long term. We need to aim for political sustainability in a democratic world in which the alternation of power is taken for granted. How are we to articulate and create democratically a public, non-state space in which to seek solutions to these medium- and long-term issues? We have to think in terms of local development and provide entrepreneurial development services locally. All social players participate in this process, not just the government. To make these processes viable, the universities must be brought in, along with NGOs, the business community, professional associations and trade unions. This pluralistic participation is what is observed in production regions such as northeast Italy, that have served as the inspiration for this new wave. The effort is shared among the various players. Brazil will have to learn how to set up this institutional structure. Some progress has been made, but much more is needed: creating room for dialogue, mediation, negotiation, monitoring institutions and sharing activities between the public and private sectors and civil society. Another fundamental issue is assessment of government policies, which needs to be done continuously on the basis of reliable diagnoses shared among the various players and monitored constantly. This assessment has to be public, consensual, and constantly renegotiated. This kind of behaviour is not customary in Brazil. What is the purpose of the Rio de Janeiro Human Development Report? The idea is to make information available to the largest possible number of players, so that they will share their actions and be able to draw up shared agendas. For the government, this procedure is extremely important: since it lacks the capacity to implement all the policies on its own, it necessarily has to share. In private-sector civil society it is yet more important to be aware, for example, of already existing initiatives, to avoid reduplication of efforts. Mobilisation is needed to obtain more public investments or to attract an action of social responsibility or Development requires combating inequality Desenvolvimento exige combate à desigualdade Quadro socioambiental no mundo e no Brasil seja capaz de, por um lado, alcançar outras dimensões que normalmente não são contempladas na questão do desenvolvimento, e, por outro, de criar uma agenda que seja compartilhada por todos os atores relevantes da sociedade brasileira. Pontos para reflexão 1. Evolução no processo de democratização. 2. Desenvolvimento socioeconômico. 3. Aprimoramento das instituições democráticas. 4. Reforma do Estado. 5. Planejamento de longo prazo. 6. Desenvolvimento engloba não apenas critérios econômicos, como o crescimento do PIB, mas também desenvolvimento humano (saúde, educação, meio ambiente, liberdades políticas, direitos civis, segurança social). 7. Combate às desigualdades sociais é condição para o desenvolvimento. 8. Mudança nas prioridades dos gastos públicos para atender aos mais pobres. 9. Há recursos, falta vontade política. 10. Modelo econômico de apoio ao desenvolvimento de micros e pequenas empresas (acesso à formação, educação, tecnologia, treinamento adequado e crédito compatível). 11. Continuidade de políticas públicas (sustentabilidade) que devem ser constantemente avaliadas e monitoradas pela sociedade. 12. Maior participação de outros atores sociais na definição de políticas públicas. 13. Transparência e ampla divulgação das políticas públicas e de seus resultados. 14. Informação sobre ações sociais para não haver sobreposição de esforços. André Urani 11. Continuity (sustainability) of public policies, which need to be constantly assessed and monitored by society. 12. Greater participation by other social players in the definition of public policies. 13. Transparency and full publicity of public policy and its results. 14. Information on social actions to avoid overlapping efforts. Points for Reflection 1. Evolution of the democratisation process. 2. Socio-economic development. 3. Improvement of democratic institutions. 4. Reform of the state. 5. Long-term planning. 6. Development includes not only economic criteria, such as GDP growth, but also human development (health, education, environment, political freedoms, civil rights, social security). 7. Combating social inequalities is a prior condition for development. 8. Change in the priorities for public spending, so as to meet the needs of the poorest. 9. The resources are there; what is lacking is political will. 10. An economic model for support to development of small and very small businesses (access to formation, education, technology, suitable training, and compatible credit). The social environment in the world and in Brazil a new programme on the part of an NGO, for a particular district. It is a key tool for starting to think of a long-term strategy having the capacity of reaching dimensions that are usually left out of development planning and of creating an agenda to be shared among all relevant players in Brazilian society. 25 Development requires combating inequality Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Direitos Humanos Respeito aos direitos humanos começa na infância Os direitos da criança e o Tratado sobre os Direitos Humanos estão em vigor desde 1959 e inspiraram a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil. Os princípios orientadores de ambos emanam da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Hoje, são cinco princípios de direitos humanos que as agências da ONU, inclusive o Unicef, tentam implementar em seus programas. O primeiro é o princípio da universalidade. Os direitos humanos valem para todos. Isto significa identificar pessoas que não estejam desfrutando de seus direitos e estabelecer objetivos e estratégias para chegar a elas. Outro é o da não-discriminação. Ele requer a proteção e a facilitação dos direitos que estejam sendo violados por causa do preconceito familiar, social, da raça, sexo, cor, opinião política etc. É preciso estar atento contra práticas discriminatórias e assegurar que os direitos humanos estejam alinhados com o princípio da universalidade. O princípio da dignidade, da subjetividade humana, significa trabalhar para as pessoas. Todos são portadores e sujeitos de direitos, e não objetos. O princípio de participação reconhece que todas as pessoas têm capacidade de resolver seus problemas. Qualquer programa, projeto ou orçamento deve ser construído com base nessa capacidade. Reiko Niimi Dialogue: Global Compact Principles on Human Rights 26 A situação internacional é de tanta tensão e de conflitos tão violentos que é louvável o papel de diversas lideranças mundiais na prática dos direitos humanos, principalmente dos direitos das crianças que vivem situações adversas. Crianças e direitos fazem bem para a democracia. E democracia faz bem para as crianças do Brasil e do mundo inteiro. W O princípio da indivisibilidade ou interdependência significa que a qualidade com que uma pessoa desfruta de determinados direitos humanos depende do atendimento dos direitos humanos em seu conjunto. O princípio reconhece que o atendimento de apenas alguns direitos tem abrangência muito limitada. É necessário tecer uma rede global de alianças para assegurar que as crianças cresçam num mundo seguro, sem violência, exploração, pobreza e discriminação. O Unicef encoraja a comunidade internacional a cumprir compromissos com as crianças, por meio de trabalhos com governos, agências da ONU, grupos de sociedade civil, setor privado e comunidades. Trabalha para assegurar os princípios da Convenção sobre os Direitos da Criança. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente estimula leis, políticas, recursos e práticas, todos importantes para os direitos da criança. Nos últimos anos, o Brasil apresentou avanços. Com base nos progressos é possível estabelecer metas para erradicar o trabalho infantil no país e dar saltos significativos em termos de desenvolvimento humano, em apenas uma geração, com investimentos na infância. A ciência está mostrando que o período que vai da gestação ao sexto ano de vida, particularmente o que vai de zero a três anos, é o mais importante no preparo das bases de toda a existência. Nesta fase, vivese período crucial de formação de mais de 90% de conexões cerebrais. O desenvolvimento dessas conexões depende da interação do bebê com os estímulos do ambiente. Nesse período, a criança constrói a base para o sucesso educacional, boa saúde e capacidade de produção. Reiko Niimi é graduada em Relações Internacionais pelo Occidental College, em Los Angeles. Desde 1983, já trabalhou pelo Unicef em Cabo Verde, Benin, EUA e Turquia. Atualmente é a representante do Unicef para o Brasil. Reiko Niimi graduated in International Relations from Occidental College, Los Angeles. Since 1983 she has worked for Unicef in Cape Verde, Benin, the United States and Turkey. She is currently the Unicef representative for Brazil. hat some world leaders are doing for human rights, particularly the human rights of children living in adverse conditions, is admirable in the face of rising international tension and the numerous violent conflicts it has provoked. Children and human rights are good for democracy. And democracy is good for the children of Brazil as well as those of the rest of the world. Children’s rights and the Human Rights Treaty became official in 1959, and they form the basis of the Brazilian Statute of the Child and the Adolescent. The guiding principles underlying the latter are modelled on those set out in the Universal Declaration of Human Rights, promulgated in 1948. Nowadays there are five human rights principles that UN agencies (including Unicef) promote in their programmes. The first principle is that of universality. Human rights are equally valid for all human beings. This means it is our duty to find people whose rights are being abused or who are unaware of their rights and to draw up specific objectives and strategies to help them. Another is that of non-discrimination. It involves the defence and acknowledgement of rights that are being violated because of prejudice of any kind-social, racial, gender-based, or political. We must keep a sharp lookout for discriminatory practices and we must make sure that human rights are being respected according to the principle of universality. The principle of dignity, of human subjectivity, means working for people. All people possess rights and must be treated as subjects, not as objects. The principle of participation means every person has the capacity to solve his or her own problems. Any programme, project or budget must be based upon this capacity. The principle of indivisibility, or interdependence, means that the degree to which a person exercises certain specific human rights depends on the observance of all human rights. This principle regards as limited in scope the observance of only some as opposed to all human rights. If children are to grow up in a safer world, one without violence, exploitation, poverty or discrimination, it is vital that a global network of alliances be created. Unicef encourages the international community to fulfil its commitments to children by working with governments, UN agencies, as well as community, private sector and civil society groups and organisations. It works to ensure that the principles of the UN Convention on the Rights of the Child are upheld. In Brazil, the Statute of the Child and the Adolescent has helped funding and has encouraged the creation of new laws, policies and practices, all of which are important for children’s rights. Over the last few years Brazil has shown great advances. This progress has made it possible to establish clear objectives for the eradication of child labour in the country and to aid human development significantly over the short period spanning a single generation with investments in infancy. Science has shown that a child’s development up until its sixth year, and especially during the first three years of its life, is fundamental in preparing the child for the years that lie ahead. In this crucial phase of its development and formation, 90 percent of the child’s cerebral connections are made. The creation of these connections depends on the child’s interaction with the stimuli of the world about it. It is during this period that the child builds the basis for its ability for learning, its overall health and its capacity for production. Respect for human rights begins in childhood Respeito aos direitos humanos começa na infância Recentes mudanças legais inauguraram uma compreensão de que o atendimento a crianças de zero a seis anos de idade, nas creches e pré-escolas, não é mera questão assistencial. Historicamente concebidas para guardar crianças, enquanto as mães vão trabalhar, esses lugares são verdadeiros espaços de educação. Relatório recente do Banco Mundial, baseado em estudo do Ipea sobre o impacto da educação pré-escolar no Brasil, demonstrou que a cada ano de freqüência na pré-escola aumenta em quatro anos a escolaridade finalmente atingida, diminui de 3 a 5% o índice de repetência e equivale a um aumento da ordem de 6% na renda do futuro. os jovens a participar das tomadas de decisões. As atividades e projetos mais eficientes são os que não os tratam como objetos e beneficiários, mas como pessoas com opinião. Zelar pela criança significa também cuidar da mãe. O Unicef trabalha para assegurar que mulheres tenham acesso a saúde e possam demandar seus direitos. Estima-se que mais de 5 mil delas morram todo ano no Brasil por problemas ligados à gravidez. Pouco tem sido feito para melhorar esta situação, exceto campanhas episódicas. São necessários novos atores com compromisso social. O desafio agora é transformar as palavras em ação efetiva para todas as crianças e suas famílias. Pontos para reflexão 1. Princípio da universalidade: os direitos humanos valem para todos. 2. Princípio da não-discriminação - atenção contra práticas discriminatórias e preconceituosas. 3. Princípio da dignidade: todos são portadores e sujeitos de direitos e são capazes de resolver seus problemas Já os jovens, durante a adolescência, devem receber apoio e orientação para desenvolver seu potencial e contribuir com idéias e talentos para a sociedade. É um período de promessas e vulnerabilidades. Aos adolescentes deve ser garantido ambiente seguro e de apoio que lhes ofereça ampla chance de participação em sua comunidade. No Brasil, eles apresentam imagem negativa, apesar de serem as vítimas mais freqüentes de crimes e de políticas discriminatórias. 4. Princípio da interdependência: todos os direitos humanos têm que ser atendidos, não apenas alguns. Com efeito, todos têm direito à participação. O Unicef valoriza a opinião das crianças sobre como melhor atingir os objetivos e encoraja • Assegurar apoio e oportunidades aos adolescentes: oferecer ambiente seguro e de apoio, amplas oportunidades de participação em sua comunidade. 5. Áreas-foco importantes para crianças: • Ajudar as crianças no início da vida: cuidados com saúde, nutrição adequada, estímulo intelectual, proteção contra violência e oportunidade de brincar. • Fornecer educação de qualidade (creches, pré-escola): apoio aos pais para desenvolver as capacidades de seus filhos. Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Direitos Humanos É fundamental apoiar programas que ofereçam às crianças pequenas cuidados com a saúde, nutrição adequada, estímulo intelectual, proteção contra violência e oportunidade de brincar, além de assegurar aos pais capacidade de dar e receber apoio para criar seus filhos num ambiente de carinho que potencialize sua capacidade física, emocional e intelectual. Reiko Niimi Recent changes to the law have shown a greater understanding of the importance of adequate care for children in the period from birth to their sixth year. In day-nurseries and baby-care centres, for example, it is not merely a question of adequate assistance. Conceived initially as places where mothers could leave their children while they were at work, these places are in fact educational facilities. A recent report by the World Bank, based on an IPEA (Applied Economics Research Institute) survey on the impact of pre-school education on children in Brazil, showed that every year spent in a pre-school facility means another four years of attendance in regular school later on in life. Each year also reduces by as much as 3 to 5 percent the chances of a child repeating a year of school and represents a 6 percent increase in wages in the future. Adolescents, for their part, need to receive proper support and guidance to develop their full potential as productive, skilled citizens with ideas and real contributions to make to society. Adolescence is a time of great promise and also of great vulnerability. Adolescents must be guaranteed safe surroundings and support that can help them find their place in their community. In Brazil, their image is largely a negative one, even though they are the most frequent victims of crime and discriminatory policies. Effectively, everyone has the right to participate. Unicef values the opinion of children on how to best achieve its goals, and encourages the participation of young people in the decision-making process. The most efficient activities and projects are those that do not simply treat them as objects or as passive receivers of benefits, but as people with opinions. Caring for children also means looking after their mothers. Unicef works to make sure that women have access to health care and that their rights are respected at all times. An estimated 5000 women die each year in Brazil from pregnancy-related problems. Little has been done to improve this state of affairs apart from occasional campaigns. New, socially committed players are needed. The challenge now is to change words into effective action for all children and their families. Points for Reflection 1. Principle of universality: Human Rights are equally valid for everyone. 2. Principle of non-discrimination - on the lookout for prejudice and discriminatory practices. 3. Principle of dignity: everyone possesses rights and is capable of solving his or her problems. 4. Principle of interdependence: all human rights must be upheld, not just some of them. 5. Areas of special importance for children: • Helping children in the first years of life: health care, adequate nutrition, intellectual stimulus, protection against violence and the opportunity to play. • Providing quality teaching (day nurseries, baby-care centres): support for parents in developing their children’s capabilities. • Guaranteeing support and opportunities for adolescents: provide guidance and safe surroundings and the chance to take active part in community life. Dialogue: Global Compact Principles on Human Rights It is essential that projects promoting the care of small children receive adequate funding, particularly projects offering medical care, adequate nutrition, intellectual stimulus, protection against violence and the opportunity to engage in play activities. They also make sure that, with their help, parents are able to provide a healthy, caring environment for their children to grow up in, one which will, in turn, render the children physically, emotionally and intellectually more capable as adults. 27 Respect for human rights begins in childhood Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Direitos Humanos Momento de afirmação dos direitos das mulheres Para marcar o primeiro Ano Internacional da Mulher, em 1975, ocorreu a I Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada no México. Paralelamente, houve o Fórum de ONGs, no qual mulheres que já vinham lutando organizadamente há anos puderam, pela primeira vez, promover um encontro internacional. Foi uma moção desse Fórum, encaminhada à Assembléia Geral da ONU do ano seguinte, que solicitou a criação de um organismo que apoiasse projetos de promoção dos direitos das mulheres. Dessa demanda surgiu o Fundo das Nações Unidas para a Década da Mulher, que deu origem ao Unifem. Assim, dar apoio financeiro e assistência técnica a programas que promovam os direitos humanos das mulheres é a função principal do Unifem, que trabalha junto com o Pnud e as demais agências da ONU que atuam nas áreas de desenvolvimento dos direitos humanos. • Fortalecimento econômico – promover a capacitação econômica das mulheres. As conferências da década de 90 foram importantes para trazer ao debate internacional a questão de gênero. As causas das mulheres tiveram inimigos ferrenhos. Até o Vaticano aliou-se aos países mulçumanos para impedir avanços nos direitos das mulheres. Apenas em 1993, na Conferência Internacional dos Direitos Humanos, em Viena, é que foi estabelecido claramente que as mulheres são sujeitos de direitos humanos. O movimento de mulheres mais recente, dos últimos vinte ou trinta anos, trouxe para o palco internacional o problema da violência doméstica contra a mulher, considerado antes mera questão particular. Esta é uma das formas mais comuns de manifestação da violência e, no entanto, uma das mais invisíveis, sendo uma das violações dos direitos humanos mais praticadas e menos reconhecidas do mundo. Trata-se de fenômeno mundial que não respeita fronteiras, classe social, etnia, religião, idade ou grau de escolaridade. O Unifem tem sede em Nova York e treze escritórios regionais na Europa Oriental, Ásia, Pacífico, África, América Latina e Caribe. Na América Latina, o escritório de Brasília, fundado em 1992, coordena os projetos para o Brasil e o Cone Sul – Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. O Unifem introduziu na ONU esta problemática como tema intrínseco aos direitos humanos e, como tal, digno de ser incluído na pauta de discussão da comunidade internacional. A atuação do Unifem está baseada em três linhas de trabalho: O Brasil foi o primeiro país, em 1985, a criar importante instância pública, a Delegacia Especializada em Atendimento da Mulher, em São Paulo. Entretanto, serviços de atendimento especializado ainda são poucos, e as delegacias da mulher estão presentes em apenas 346 municípios do país, 7% do total. • Fortalecimento político – incorporar a questão de gênero às políticas públicas e apoiar projetos que incentivem a liderança da mulher. • Defesa dos direitos humanos – promover os direitos humanos das mulheres e eliminar a violência contra a mulher. Aproveito para comentar alguns aspectos desse problema universal. Branca Moreira Alves Dialogue: Global Compact Principles on Human Rights 28 O Unifem foi criado por resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 1976, para atender demandas inerentes às mulheres, cerca de 50% da população mundial. T he United Nations Development Fund for Women (Unifem) was set up in 1976 under the terms of a resolution adopted by the United Nations General Assembly, to meet the inherent requirements of women, who make up about 50 percent of the world population. To mark the first International Women’s Year in 1975, the I World Conference on Women was held in Mexico. In parallel, the Forum of NGOs took place, in which women who had been campaigning in an organised manner for years were enabled for the first time to hold an international meeting. It was a motion passed by this forum and forwarded to the following year’s UN General Assembly that requested that a body should be set up to support projects for the enhancement of women’s rights. From that proposal arose the UN Decade for Women Fund, which in turn gave rise to Unifem. Thus the provision of financial support and technical assistance to programmes for the advancement of women’s human rights is the principal function of Unifem, which works in close alliance with the UN Development Programme (UNDP) and other UN agencies that are active in the human rights development field. Headquartered in New York, Unifem operates thirteen regional offices in Eastern Europe, Asia, the Pacific, Africa, Latin America and the Caribbean. In Latin America, the Brasília office, which opened in 1992, co-ordinates projects in Brazil and the Southern Cone countries: Argentina, Chile, Paraguay and Uruguay. Unifem bases its activities on three lines of work: • Political strengthening-putting gender issues on the public policy agenda and supporting projects that encourage women’s leadership. Branca Moreira Alves é diretora regional do Unifem, responsável pelo Brasil e Cone Sul. Branca Moreira Alves is the Regional Director of Unifem, having responsibility for Brazil and the Southern Cone. • Defence of human rights-advancement of women’s human rights and eliminating violence against women. • Economic strengthening-promoting the economic empowerment of women. The conferences held in the nineties were important for making the gender issue a topic of international debate. Women’s causes met with implacable enemies. Even the Vatican forged an alliance with the Muslim countries to block advances in women’s rights. Not until 1993, at the International Human Rights Conference in Vienna, was it clearly established that women are entitled to human rights. The most recent women’s movement, dating back some twenty or thirty years, brought under the international spotlight the problem of violence against women in the home, previously considered a merely private concern. This is one of the commonest manifestations of violence and yet one of the most invisible, being one of the world’s most widely practised violations of human rights and one of the least recognised. It is a worldwide phenomenon not confined to any national frontiers, social class, ethnic group, religion, age, or educational level. At the UN, Unifem introduced this problem as a theme intrinsic to human rights and, as such, worthy of being placed on the agenda for discussion by the international community. I should like to take this opportunity to comment on certain aspects of this universal problem. In 1985 Brazil became the first country to set up, in São Paulo, an important governmental authority, a Special Police Station for Women. The moment for asserting women’s rights Momento de afirmação dos direitos das mulheres Dados do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) mostram que a mulher agredida física e psicologicamente recebe salário inferior ao de uma trabalhadora não-vítima de violência doméstica, afetando sua auto-estima. Nos Estados Unidos, uma mulher é fisicamente violentada por seu parceiro íntimo a cada nove segundos. Na América Latina, a violência doméstica atinge entre 25 e 50% das mulheres. As perdas e custos financeiros são da ordem de 14,2% do PIB regional, o que significa US$ 168 bilhões. A Sociedade Mundial de Vitimologia da Holanda pesquisou a violência doméstica em 54 países e concluiu que 23% das mulheres brasileiras são vítimas de agressão dentro do lar. A cada quatro minutos, uma delas é agredida. Estatísticas e registros disponíveis nas delegacias da mulher demonstram que 70% dos incidentes ocorrem em casa e que o agressor mais comum é o próprio marido ou companheiro. Mais de 40% dos casos de violência resultam em lesões corporais graves. O Brasil perde cerca de 10% do PIB com este tipo de agressão. O silêncio em torno da violência é um dos maiores problemas, bem como a falta de conhecimento dos direitos por parte das próprias mulheres. Um avanço importante ocorreu na questão do assédio sexual no trabalho, que no Brasil se converteu na Lei nº 10.224, de autoria da deputada Iara Bernardes, incluindo o assédio sexual no Código Penal. Assim, constranger com intuito de obter vantagem ou favores sexuais, prevalecendo a condição de superior hierárquico ou ascendência de emprego, cargo ou função é crime, com pena de um a dois anos de detenção. O assédio sexual viola o direito das trabalhadoras à segurança no trabalho e à igualdade de oportunidades. Prejudica seu bem-estar físico e psicológico, desenvolvendo atmosfera que fragiliza e desmoraliza a mulher no local de trabalho. Gera custos adicionais para as empresas, por diminuir a produtividade, aumentar o número de faltas, provocar licenças médicas, treinar substitutos, além de criar péssimo ambiente de trabalho. Pode ainda afetar a imagem pública da empresa e diminuir os lucros. É difícil de ser caracterizado, mas gera a discriminação no mercado de trabalho, como resultado da relação de poder entre empregador e empregada. Pontos para reflexão 1. Fortalecimento político das mulheres. 2. Defesa dos direitos humanos, incluindo o combate à violência doméstica e o assédio sexual. 3. Fortalecimento econômico: direitos dos trabalhadores, segurança no trabalho e igualdade de oportunidades. Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Direitos Humanos Um em cada cinco dias de falta do trabalho da mulher é decorrente da violência sofrida em casa. A cada cinco anos, uma mulher perde um ano de vida saudável, no caso de sofrer violência doméstica. Estes fatos refletem economicamente sobre o desenvolvimento dos países. Em 1993, o Banco Mundial diagnosticou que as práticas de estupro e violência doméstica são causas significativas de incapacidade e morte de mulheres na idade produtiva, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Branca Moreira Alves An important advance has been made in the field of sexual harassment in the workplace. In Brazil this has become Law No. 10224, whose author is Congresswoman Iara Bernardes, placing sexual harassment in the Penal Code. It is now a crime, carrying a one- to two-year prison term, for a person holding a higherranking post in the organisation to harass for the purpose of obtaining sexual advantage or favours. Sexual harassment is a violation of the female worker’s right to security in the workplace and to equal opportunities. It is harmful to her physical and psychological wellbeing, developing an atmosphere that weakens and demoralises the woman in the workplace. It causes additional costs for the corporation, by eroding production, increasing absenteeism, causing medical leave of absence, requiring replacement workers to be trained, apart from creating a very bad working environment. It may further affect the corporation’s public image, with a negative impact on earnings. Although it is difficult to characterise, it creates discrimination in the job market as a result of the power relationship between a male employer and a female employee. Points for Reflection 1. Political strengthening of women. 2. Defence of human rights, including combating domestic violence and sexual harassment. 3. Economic strengthening: workers’ rights, security in the workplace and equal opportunities. Dialogue: Global Compact Principles on Human Rights Such police stations providing specialist service are still a rarity, however; they are present in only 346 municipalities, 7 percent of the nation’s total. One in every five days that women take off from work is the result of violence sustained in the home. In every five years a woman who suffers domestic violence is deprived of a year’s healthy life. These facts exert an economic impact on countries’ development. In 1993, the World Bank found that rape and domestic violence are significant causes of disablement and death among women in the economically productive age groups. Data from the Inter-American Development Bank (IDB) show that women who have been the victims of physical or psychological aggression earn lower incomes than those who have never suffered domestic violence. This further lowers their self-esteem. In the United States, a woman is physically attacked by her partner every nine seconds. In Latin America, violence in the home affects between 25 and 50 percent of women. In money terms, losses and costs add up to some 14.2 percent of the regional GDP, which means $168 billion. The World Victimology Institute, in the Netherlands, surveyed domestic violence in fifty-four countries and found that 23 percent of Brazilian women had been victims of attack within the home. One woman is attacked every four minutes. Statistics and reports available at women’s police stations show that 70 percent of the incidents take place in the home and that the most frequent attacker is the woman’s own husband or partner. Over 40 percent of the attacks result in serious bodily injury. Brazil loses about 10 percent of its GDP due to this type of violence. Silence about violence in the home is one of the greatest problems, along with women’s lack of knowledge of their own rights. 29 The moment for asserting women’s rights Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Direitos Humanos A indivisibilidade dos direitos humanos O s direitos humanos de crianças, adolescentes e mulheres são questões que afetam a todos e relacionam-se com outros temas específicos, como oportunidades e relações de trabalho, meio ambiente, entre outros. Os direitos humanos, nesta perspectiva, encontram-se necessariamente vinculados ao tema do desenvolvimento, não só pessoal – humano –, de crianças, adolescentes e mulheres, mas também socioeconômico do país. Nas últimas décadas, crianças, adolescentes e mulheres têm se consolidado como sujeitos de direito internacional. Evidência disso é a incorporação desses sujeitos e de suas especificidades no marco conceitual dos direitos humanos. Nesse sentido, vale mencionar a inclusão e reconhecimento dos direitos de crianças, adolescentes e mulheres em documentos internacionais de proteção aos direitos humanos. Há universalidade, interdependência e indivisibilidade dos direitos humanos, portanto, dos direitos civis e políticos, direitos econômicos, sociais e culturais. A indivisibilidade dos direitos humanos implica a noção de integralidade desses direitos, ou seja, não se pode conceber direitos de forma separada ou hierarquizada. Na medida em que são violados os direitos civis e políticos, viola-se os demais e vice-versa. Eles estão relacionados e possuem o mesmo valor, vale dizer, direitos civis e políticos não valem mais ou menos que os econômicos, sociais e culturais. No tema referente às crianças e aos adolescentes, a idéia de indivisibilidade fica bastante clara quando se sabe que para a erradicação do trabalho infantil, por exemplo, é necessário aumentar as oportunidades educacionais e reduzir a pobreza. No que se refere às mulheres, por vezes, parece ser mais difícil o reconhecimento de tal indivisibilidade. Mas se pensarmos, por exemplo, no fenômeno da violência contra a mulher e, em especial, na violência doméstica, temos clara a noção de indivisibilidade. Neste campo, é preciso, além de considerar os impactos econômicos da violência doméstica contra a mulher no mundo, na América Latina e no Brasil, determinar também os impactos das políticas globais de desenvolvimento socioeconômico sobre: a violência doméstica; a vida das mulheres, crianças e adolescentes; a família; assim como sobre as relações de trabalho e a produtividade; enfim, sobre a qualidade de vida das pessoas e, ainda, sobre como estas políticas afetam a vida das comunidades. Os direitos humanos, coletivos e individuais, têm como fundamento o respeito à dignidade humana, à igualdade e à diversidade, e suas implicações no desenvolvimento econômico e social dos países ganham ainda maior relevância em tempos e contextos de globalização. Considerando que somos homens e mulheres em diferentes etapas de nossas vidas – infância, juventude, maturidade e velhice –, é fundamental tomar a perspectiva de gênero como um dos pilares fundantes de nossa sociedade e, assim, atentar para a dimensão e implicação dessas relações, em especial na vida de crianças, adolescentes, mulheres e homens. Há experiências importantes de empresas que já vêm fazendo o seu papel, buscando aplicar a concepção de responsabilidade social em Valéria Pandjiarjian Dialogue: Global Compact Principles on Human Rights 30 T he human rights of children, juveniles and women are questions affecting everyone and have a bearing on other specific themes such as opportunities, labour relations and the environment, among others. Seen from this viewpoint, human rights are necessarily linked to the theme of development; not only the personal human development of children, juveniles and women, but the social and economic development of the country as well. In recent decades, children, juveniles and women have consolidated their position as persons having rights under international law. Proof of this is the incorporation of these persons, and of their specific attributes, in the conceptual framework of human rights. Noteworthy in this context have been the inclusion and recognition of the rights of children, juveniles and women in international human rights documents. There is universality, interdependence and indivisibility of human rights and, consequently, of civil and political rights, economic rights, and social and cultural rights. Implicit in the indivisibility of human rights is the idea of the integral character of these rights. In other words, rights cannot be conceived in isolation from one another, neither can they be ranked in any order of priority. To the extent that a person’s civil and political rights are infringed, so are his or her other rights, and vice-versa. They are interrelated and are of equal value. Civil and political rights have a value that is neither greater nor less than that of economic, social and cultural rights. In the specific case of the rights of children and young people, the idea of indivisibility is made quite clear when it is pointed out that for the eradication of child labour, Human rights are indivisible Valéria Pandjiarjian é coordenadora da linha regional sobre violência de gênero do Cladem Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher. É membro do Cladem-Brasil e do IPE (Instituto para Promoção da Eqüidade). Valéria Pandjiarjian is the co-ordinator for The Regional Gender Violence Line of Cladem, the Latin American and Caribbean Committee for Defence of Women’s Rights. She is a member of Cladem-Brazil and of the Institute for the Promotion of Equity (IPE). for instance, it is necessary to increase educational opportunities and reduce poverty. In the field of women’s rights, it seems harder to achieve recognition of this indivisibility. But if we consider, for instance, the phenomenon of violence against women and, in particular, of violence in the home, we have a clear idea of indivisibility. In this field it is necessary to consider the economic impact of violence against women in the home, in Brazil, in Latin America and worldwide; and, in addition, to measure the impact that global social and economic development policies have had on violence in the home; on the lives of women, children and young people; on labour relations and productivity-in a word, on the quality of life and in what way these policies affect the life of communities. Collective and individual human rights are based on respect for human dignity, equality and diversity. Their implications for the economic and social development of nations gain even greater importance at times of, and in the context of, globalisation. Considering that we are men and women at different stages of our lives-childhood, youth, adulthood and old age-it is fundamental to take the gender perspective as one of the pillars on which our society is supported, and thus pay attention to the scale of these relations and to their implications for the lives of children, juveniles, women and men. Companies fulfilling their role have already built up a valuable stock of experience in applying the concept of social responsibility to the advancement of human rights. One basic need, therefore, is to develop courses of action that will enhance the rights of female employees in these companies that claim to be citizenly and socially A indivisibilidade dos direitos humanos O grande desafio em termos da eqüidade de gênero reside no fato de que – apesar das revolucionárias mudanças do século XX – os papéis sociais das mulheres, na prática, não sofreram transformações fundamentais ou, ao menos, tais mudanças não foram de todo assumidas pelas sociedade e pelas instituições democráticas. E a mudança na desconstrução dos estereótipos de gênero, que ainda hoje prevalecem para homens e mulheres na sociedade, é fundamental para uma vivência pessoal, familiar e social mais harmoniosa, saudável, produtiva, justa, e menos desigual e violenta. A título de exemplo, vale lembrar que ainda é atribuída à mulher toda a responsabilidade do lar, a não ser em casos mais isolados, em que homens assumem também a questão do trabalho doméstico, das responsabilidades com filhos, com os mais velhos etc. E este é um dos grandes impasses que impedem a ascensão das mulheres a cargos de decisão e a participação mais ativa e em condições de igualdade com os homens, que lhes permita melhor equacionar a vida pessoal, profissional e familiar, o que está extremamente relacionado a uma cultura milenar patriarcal e machista, que só gera mais discriminação e violência sobre as mulheres, em um ciclo perverso e vicioso. É um problema de natureza complexa que representa ainda um grande desafio para o presente e também para as gerações futuras, para que possam resolver seus conflitos de forma mais pacífica e menos violenta, compartilhando relações mais justas e igualitárias, que contemplem efetivamente a eqüidade entre os gêneros, beneficiando a vida em comunidade, de homens e mulheres, crianças e adolescentes, enfim, de todas as pessoas durante as várias etapas de suas vidas. Pontos para reflexão 1. Universalidade e interdependência dos direitos. 2. Indivisibilidade de direitos: não se pode conceber direitos de forma separada ou hierarquizada. 3. Combate ao trabalho infantil – aumento de oportunidades educacionais e a redução da pobreza. Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Direitos Humanos prol dos direitos humanos. É fundamental, então, desenvolver ações no sentido de promover os direitos das mulheres trabalhadoras dentro dessas empresas que pretendem ser cidadãs e socialmente responsáveis. E também descobrir experiências bem-sucedidas que possam ser trocadas sobre como capacitar mulheres e de que forma elas podem ter acesso aos cargos de comando, enfim, discutir o assunto da discriminação salarial e desenvolver todo um processo que contribua para a igualdade e a eqüidade dentro das empresas. 4. O papel social da mulher e os dilemas relativos à eqüidade de gênero. Valéria Pandjiarjian to future generations, that they may be enabled to solve their conflicts in more peaceful and less violent ways, enjoying fairer and more equal relationships that effectively recognise equity between the genders, with benefits for the life of the community, for men and women, for children and young people – in short, for everybody at all stages of their lives. Points for Reflection 1. Universality and interdependence of rights. 2. Indivisibility of rights: rights cannot be conceived in isolation from one another, neither can they be ranked in any order of priority. 3. The fight against child labour – increasing educational opportunities and reducing poverty. 4. The social role of women and the dilemmas in connection with gender equity. Dialogue: Global Compact Principles on Human Rights responsible. Also, to identify successful experiences that can be exchanged about the empowerment of women and in what way they can gain access to senior positions-in short, to discuss the question of wage and salary discrimination and to develop a whole process that can make a contribution to equality and equity within companies. The great challenge in terms of gender equity is to be found in the fact thatdespite the revolutionary changes that occurred in the twentieth century-women’s social roles have not, in practice, gone through fundamental transformations, or, at least, such changes as have occurred have not been wholly assimilated by society and democratic institutions. And the change in the deconstruction of gender stereotypes, which still today prevail among men and women, is fundamental for achieving, at the three levels of the individual, the family and society, a more harmonious, healthier, and more productive life, with greater justice, less inequality and less violence. To quote just a single example: the home is still regarded as solely the woman’s responsibility, except in isolated instances where men have taken on responsibility for housework, children, aged parents, etc. And this is one of the major obstacles impeding the promotion of women to decisionmaking positions and a more active participation alongside men and on equal terms with them. This is what would do most for enabling women to achieve a balance between their personal, professional and family lives, which is intimately related to our centuries-old patriarchal and male-chauvinist culture, which only serves to generate further discrimination and violence against women, in a vicious circle. It is a problem of a complex nature that still sets a major challenge to the present and 31 Human rights are indivisible Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Relações de Trabalho Um patamar mínimo de princípios e direitos no trabalho A Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos Fundamentais e seu Segmento, de 1988, inclui quatro princípios – sobre liberdade sindical e negociação coletiva, trabalho infantil, trabalho escravo e discriminação –, que estão enraizados nos textos das oito convenções fundamentais da OIT. A Declaração é um instrumento promocional, voluntário, voltado para promover boas práticas. É instrumento suplementar à aplicação e monitoramento de normas das convenções fundamentais da OIT que, quando não respeitadas, são alvo de queixas analisadas por uma comissão de peritos internacionais e discutidas com governos, empregadores e trabalhadores. anos 40, baseada ainda na Carta de Lavoro, de Mussolini. Esta estrutura é incompatível com a liberdade sindical, porque cada trabalhador ou empresário fica automaticamente vinculado a um sindicato predeterminado por base territorial e por categoria que detém monopólio de representação e de negociação. A Convenção 87 é a única das convenções fundamentais que ainda não foi ratificada pelo Brasil. A Convenção 98 sobre o direito à negociação coletiva tem sido de alguma forma aplicada, mas ainda com muitas limitações, em parte devido aos problemas da estrutura sindical existente. O mundo atual requer negociações sobre temas cada vez mais diversos. Até o Plano Real, a negociação coletiva no Brasil baseava-se principalmente na reposição salarial. A partir de 94, os temas de negociação foram diversificados e ampliados. A estrutura sindical – tanto de empresas como de trabalhadores – tem tido dificuldade de acompanhar essa demanda mais diversificada de negociação. A Declaração implica que seus países signatários, como o Brasil, têm a obrigação de pôr em prática os princípios e direitos fundamentais, mesmo que não tenham ratificado todas as oito convenções que a compõem. Uma ampla reforma sindical é fundamental para se poder avançar de forma sustentável na negociação coletiva. Se interessa às empresas negociar mais em busca de flexibilização e na prevenção e resolução de conflitos individuais e coletivos, então essas mesmas empresas devem ser coerentes em promover estruturas adequadas de representação e de negociação. A Convenção 87 prevê a liberdade de organização sindical, segundo a qual os trabalhadores deveriam ter liberdade de escolher a que sindicato se associar e para qual contribuir, sem qualquer intervenção do Estado. Existe no Brasil uma estrutura em direito sindical arcaica, dos As convenções 20 e 105 sobre trabalho escravo, forçado ou degradante ainda não são suficientemente cumpridas em diversos países. Esta situação é intolerável e coloca alguns deles em situação política e econômica delicada. Dados do MTE (Ministério do Trabalho e Empre- Armand F. Pereira Dialogue: The Global Compact Principles on Labour Relations 32 O processo de globalização vem ocorrendo não só em termos de mobilidade de capitais, de empresas e da ampliação de mercados, mas também no que diz respeito aos critérios trabalhistas e sociais, que têm sido mais transparentes. O que fazem as empresas e as cadeias produtivas é cada vez mais objeto de análise de observatórios não-governamentais, de empresas, de sindicatos e da mídia. T he globalisation process has been occurring not only in terms of mobility of capital, of corporations and of broadening markets, but also in the field of labour relations and social criteria, which have become more transparent. What companies do and what goes on in the production chains is a subject increasingly analysed by non-governmental think tanks, by companies, by trade unions and by the media. The ILO Statement of Fundamental Principles and Rights at Work, together with its Follow-up, adopted in 1988, includes four principles – on free trade unions and collective bargaining, child labour, slave labour and discrimination – that are written into the ILO’s eight fundamental conventions. The Statement is a promotional instrument of a non-binding character, aimed at inducing good practice. It is a supplementary instrument to the enforcement and monitoring of the rules set out in the ILO’s fundamental conventions, which, when they are not obeyed, become the subject of complaints referred to a panel of international experts and are discussed with governments, employers and workers. The Statement implies that signatory countries, such as Brazil, are required to put into practice the fundamental principles and rights, even though they may not have ratified all eight conventions comprising it. Convention 87 calls for freedom for organised labour, granting workers the right to choose what union they want to join and pay their dues to, without any state intervention. What exists in Brazil is an archaic trade union structure dating from the 1940s, based on Mussolini’s Labour Charter. This structure is incompatible with trade union freedom, because every worker or entrepreneur is automatically assigned Armand Pereira é diretor da OIT no Brasil. Armand F. Pereira is the Director of the ILO in Brazil. to a predetermined union, according to geographical location and branch of activity, each such “sindicato” holding a monopoly of representation and negotiation. Convention 87 is the only one of the fundamental conventions that Brazil has not yet ratified. Convention 98, on the right to collective bargaining, has been applied to a certain extent, but remains subject, even now, to many limitations, owing partly to problems arising from the existing union structure. Today’s world calls for negotiations on an ever-broadening range of subjects. Before the Real Plan (the 1994 currency reform) collective bargaining in Brazil was mainly concerned with compensating for the inflationary erosion of wages and salaries. From 1994 onwards, bargaining has covered a wider and more diversified range of topics. Union structure – both the employers’ organisations, as well as the employees’ unions – has found it difficult to adjust to these more diversified negotiating needs. A wide-ranging reform of the “sindicatos” is fundamental for enabling sustainable advances to be made in collective bargaining. If it is in companies’ interest to negotiate more flexible terms for the prevention and solution of individual and collective conflicts, then those same companies ought to be consistent and seek adequate structures for representations and negotiation. Conventions 20 and 105 on slave labour, forced labour and degrading work, are not yet sufficiently enforced in several countries. This situation is intolerable and places some of those countries in a delicate political and economic situation. Data from the Labour and Employment Ministry (MTE) in Brasília disclose the existence of forced or degrading labour mainly in the states of Pará, Maranhão and Mato A minimum level of principles and rights in the workplace Um patamar mínimo de princípios e direitos no trabalho No Brasil, houve um grande avanço, com significativas mudanças de valores e atitudes com relação ao trabalho infantil. De 1992 a 1998, houve uma redução de 20,6% no total de crianças e adolescentes na faixa de cinco a dezessete anos, e queda de 29,8% na faixa de cinco a quinze anos, e de 28% de dez a catorze anos. As taxas de atividades por grupos de idades também estão caindo, especialmente no grupo de dez a catorze anos. Há avanços na atuação das equipes móveis de inspeção do trabalho, como sugerem as estatísticas do MTE sobre “trabalhadores resgatados”. Porém, faz-se necessário integrar mais esses esforços com a atuação de procuradores e juízes federais. Seria importante promover e monitorar “selos sociais” sobre cadeias produtivas de exploração florestal, silvicultura, entre outras, indicando o compromisso de que elas atuam de acordo com as leis. Para manter esta tendência, as empresas devem incentivar medidas de apoio à educação e programas de suporte à renda familiar, como muitas já o fazem. Mas isto é insuficiente. O problema maior concentra-se nas atividades do setor informal, algumas delas ilícitas e perigosas, que são intoleráveis e alvo da aplicação da Convenção 182 da OIT sobre as piores formas de trabalho infanto-juvenil. Essa convenção requer dos Estados-membros da OIT ações imediatas e eficazes de erradicação. É necessário que as empresas se comprometam em não utilizar formas de subcontratação que utilizem mão-de-obra infantil, responsabilizando-se pelas práticas trabalhistas nas cadeias de produção e de distribuição que elas comandam. O trabalho infantil, da perspectiva da OIT, requer uma abordagem estrutural integrada de intervenções múltiplas e adaptável à situação nacional, como sugere a Convenção 138 sobre idade mínima de trabalho. Para se poder erradicar o trabalho infantil de forma sustentável, é necessário um tripé fundamental: a) eficácia de inspeção e justiça do trabalho, b) melhorias quantitativas e qualitativas de educação e c) apoio à renda familiar, principalmente quando a conjuntura econômica é desfavorável. A eficácia desse tripé depende ainda do apoio de acordos tripartites e de outras iniciativas mais amplas de diálogo social, de assistência comunitária, de mídia socialmente responsável. Quanto à questão de discriminação no ambiente de trabalho, a Convenção 100 da OIT trata de igual pagamento para o mesmo trabalho. A Convenção 111 trata da não-discriminação em ocupação e emprego. Não se pode permitir qualquer tipo de discriminação por raça, cor, sexo, religião, opinião política, etnia ou origem social. No Brasil, homens e mulheres brancos tinham taxas de desemprego aberto de 8 e 13%, respectivamente, em 1999. Já a população negra Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Relações de Trabalho go) revelam a existência de trabalho forçado ou degradante principalmente no Pará, Maranhão e Mato Grosso. Informações da CPT (Comissão Pastoral da Terra) sugerem um aumento no número de trabalhadores nessa situação em algumas regiões desses estados. Isso ocorre por meio de práticas diversas de endividamento associado a transporte, alojamento, comida e equipamento, bem como retenção de documentos, ameaças à mão armada etc. Armand F. Pereira percent fall in the number of children and juveniles in the 5-to-17 age bracket, a 29.8 percent fall in the 5-to-15 bracket, and a 28 percent fall in the 10-to-14 bracket. The rates of activity by age group have also fallen, particularly in the 10to-14 group. To maintain this improvement, companies need to encourage measures to support education and income support programmes, as many of them have already begun to do. But this is not enough. The main problem is concentrated in the informal economy, which includes illicit and dangerous activities. These are intolerable and are singled out in ILO Convention 182 on the worst forms of child and juvenile labour. This convention requires ILO member states to take immediate and effective action to eradicate such practices. Companies need to give an undertaking that they will engage no subcontractors who employ child labour, assuming responsibility for labour practices throughout the production and distribution chains under their command. As for the question of discrimination in the workplace, ILO Convention 100 deals with equal pay for equal work. Convention 111 calls for non-discrimination in occupation and employment. No discrimination is to be allowed, whether on grounds of race, colour, sex, religion, political opinion, ethnic identity or social origin. In Brazil, the overt unemployment rate in 1999 was 8 percent for white males and 13 percent for white females. For blacks, the rate was three points higher in each case. White males reported an average monthly income of 816 reais. Among white females, the average was 61 percent of that amount; for non-white males, 51 percent; and for non-white females, 32 percent. The ILO has compiled income Dialogue: The Global Compact Principles on Labour Relations Grosso. Information supplied by the Catholic Church’s Pastoral Commission for the Land (CPT) suggests that in some parts of those states, the number of workers in this situation has increased. This occurs as a result of several practices involving indebtedness for transport, housing, meals and equipment; withholding identity documents; armed threats; etc. Advances have been made in the activity of mobile labour inspection teams, as is suggested by the Ministry’s statistics on “workers released”. What is needed, however, is to integrate these efforts with the activities of federal attorneys and judges. It would be important to award and monitor “social seals of approval” on the production chains in forestry and logging, among others, as an indication of a commitment to acting within the law. Child labour, in the ILO perspective, calls for an integrated structural approach comprising multiple interventions, that is adaptable to the Brazilian situation, as suggested by Convention 138 on the minimum working age. To be able to tackle the eradication of child labour on a sustainable basis, a fundamental tripod is needed: a) effective inspection procedures and labour courts; b) quantitative and qualitative improvements in education; and c) family income support, particularly in periods of economic downturn. The effectiveness of this three-point approach will still, however, need to be underpinned by tripartite agreements and other, broader initiatives in the field of social dialogue, community assistance, and socially responsible media. In Brazil, there has been a great advance with significant changes in values and attitudes with regard to child labour. Between 1992 and 1998 there was a 20.6 33 A minimum level of principles and rights in the workplace Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Relações de Trabalho Um patamar mínimo de princípios e direitos no trabalho tinha 3% a mais. A renda média de homens brancos era de R$ 816,00 por mês. Das mulheres brancas, 61% deste valor; dos homens nãobrancos, 51%, e mulheres não-brancas, 32%. As estatísticas da OIT sobre remuneração mostram que, nos países escandinavos, mulheres têm remuneração total em torno de 95 a 98% da dos homens. Essas diferenças podem ter diversas causas, entre elas a discriminação no trabalho, que deve ser intolerável, devendo ainda ser combatida com a aplicação mais eficaz das leis existentes e com políticas eficientes no âmbito público e privado. Pontos para reflexão 1. Crescente interesse por questões trabalhistas e sociais por diversos atores (observatórios não-governamentais, parceiros comerciais, sindicatos e mídia) gera pressão por transparência 2. Liberdade sindical: não é efetiva no Brasil, já que um funcionário ou empresa são automaticamente vinculados a um sindicato. O Brasil não ratificou a Convenção 87 da OIT. 3. O fortalecimento, por parte das empresas, de estruturas adequadas de representação e de negociação (o que inclui sindicatos) é passo importante na busca de flexibilização e no sentido de prevenir e resolver conflitos individuais e coletivos. 4. “Selos sociais”: preocupação com a responsabilidade social na cadeia produtiva. A responsabilidade é de todo contratante (trabalho forçado, escravo, infantil). 5. Luta contra o trabalho infantil: eficácia de inspeção e Justiça do Trabalho; melhoria no sistema educacional; apoio à renda familiar. Armand F. Pereira Dialogue: The Global Compact Principles on Labour Relations 34 statistics showing that, in Scandinavia, women’s total income ranges from 95 to 98 percent of men’s. These differences may have various causes, among them being discrimination in the workplace, a practice that is not to be tolerated and should furthermore be fought by more effectively enforcing existing legislation and with efficient policies in the public and private spheres. Points for Reflection 1. Many players (non-governmental think tanks, trading partners, trade unions and the media) are displaying a growing concern about labour and social issues, creating pressure for greater transparency. 2. Freedom of association is not practised in Brazil, since every employee and every company is automatically assigned to a specified “sindicato”. Brazil has not ratified ILO Convention 87. 3. The strengthening, by companies, of appropriate representative and negotiating structures (including trade unions) is an important step towards flexibility and the prevention and solution of individual and collective contracts. 4. A “social seal of approval”: acting with social responsibility in each production chain. Every contractor to assume responsibility (forced labour, slave labour, child labour). 5. The fight against child labour: effective inspections and Labour Courts; improvements in the education system; family income support. A minimum level of principles and rights in the workplace Só a educação interrompe o ciclo de pobreza O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê o direito à educação básica de qualidade e o início adequado do processo de capacitação. Entretanto, há, no Brasil, grande propensão à repetência e ao abandono escolar e clara dificuldade de reverter essa dinâmica. A proporção de adolescentes que conseguem completar a educação fundamental com catorze anos é ínfima. Dados recentes mostram que quase metade dos alunos que estavam cursando a oitava série não estava na faixa etária correta. Menos de um terço dos jovens com idade entre quinze e dezessete anos estava cursando o ensino médio. Como as bolsas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil acabam aos catorze anos ou até antes, muitos dos que saem desse programa – que tem méritos –, acabam por retornar ao mesmo local onde já trabalhavam. Mesmo assim, o Brasil ainda cumpre um papel de referência por suas iniciativas de prevenção e combate ao trabalho infantil. Os programas aplicados no país buscam a integração de uma série de intervenções simultâneas, melhorando não só o acesso à educação, mas a busca da qualidade. Procura-se compensar com projetos de bolsas e de ajudas o impacto da falta do trabalho infantil na renda familiar. Esses projetos procuram ainda capacitar pais para melhorar suas chances de emprego e renda. Governo e sociedade assumiram sua parcela de responsabilidade na erradicação do trabalho infantil. Em conseqüência, foi possível tirar do trabalho cerca de 1,3 milhão de crianças entre cinco e dezesseis anos, no período de 1995 a 1999. Entretanto, é desalentador constatar que, desde 1998, o declínio do trabalho infantil sofreu estagnação. Estima-se que cerca de 3,8 milhões de crianças ainda permaneçam trabalhando. Entre os avanços conquistados está o compromisso com a oferta de oportunidades educativas. A erradicação do trabalho infantil só será eficaz se houver ampliação do acesso e garantia de condições de melhoria do desempenho escolar das crianças que tinham suas atividades escolares prejudicadas pelo trabalho e daquelas que estavam excluídas da escola em função dele. Para estancar o ciclo de pobreza e o trabalho infantil é necessário aumentar as oportunidades educacionais. Entretanto, é preciso deixar claro que não é suficiente garantir acesso, vagas e matrículas nas escolas. Para a maioria das crianças, trabalhar e estudar são atividades que se somam. O trabalho, porém, acaba comprometendo os estudos, fazendo dessas crianças vítimas de exclusão, por pagarem o preço do desgaste no trabalho com um fraco desempenho escolar. De modo geral, as melhores experiências para reverter esse quadro baseiam-se na oferta de jornadas amplia- Jair Grava é oficial de projetos do Unicef. Jair Grava is a project officer with Unicef. Jair Grava cessation of child labour. These projects further seek to give parents the capability to improve their employment and earnings potential. Government and society have assumed their share of responsibility in the eradication of child labour. As a result, it has been possible to withdraw from work some 1.3 million children and juveniles aged from five to sixteen, in the four-year period from 1995 to 1999. It is however discouraging to note that since 1998 there has been a slowdown in the decline of child labour. It is estimated that around 3.8 million children are still in employment. Among the advances that have been achieved is the commitment to providing educational opportunities. The eradication of child labour will only be effective once there is broader access to schooling, with a guarantee of conditions for improving students’ school performance, for children whose schooling was earlier impaired by working, and for those who were kept away from school by work. To put a halt to the poverty cycle and child labour, it is necessary to increase educational opportunities. It must however be clearly stated that it is not enough to ensure access, vacancies, and enrolment at schools. For most children, work and study are joint activities. Work, however, ends up impairing study, making these children the victims of exclusion: they pay the price of fatigue from work in the form of underperformance at school. In general, the most successful experiments in reversing this trend have been based on the offer of extended working hours that include sports, games and cultural activities, in addition to lessons. Entrepreneurs certainly have a contribution to make, mobilising their resources and knowledge to support communities in the creation of solutions. The means 35 Dialogue: The Global Compact Principles on Labour Relations I n Brazil, for the employment of children to take place within the law, the Statute of the Child and Adolescent has to be obeyed. This legislation regulates Articles 7 and 227 of the Brazilian Constitution, which were inspired by the International Labour Organisation’s Convention 138, setting a minimum working age. The ban on under-age employment is the means for ensuring young people’s rights to education, health, leisure and development, enabling them to become full citizens and affording an escape from the poverty trap. The Statute of the Child and Adolescent enacts the right to a basic quality education and to an adequate start to the process of acquiring job skills. In Brazil, however, there is a strong trend toward repetition of school years and early leaving, with a marked difficulty in reversing this dynamic. The number of young people managing to complete their fundamental education by age fourteen is very small. Recent data show that almost half of all school students currently in the eighth grade were out of their correct age groups. Fewer than one-third of young people in the 15-17 age bracket were attending middle school. Since study grants under the Child Labour Eradication Programme are available only up to age fourteen, at the outside, many of those leaving the programme – which has its merits – end up going back to the same jobs they had been doing previously. Even so, Brazil remains a country setting milestones for its initiatives in the prevention and eradication of child labour. The programmes implemented in Brazil seek to integrate a series of simultaneous interventions, improving not only access to education but the pursuit of quality. The aim is to provide study grants and aid projects that will compensate for the impact on family income resulting from the Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Relações de Trabalho N o Brasil, para que o trabalho infantil possa ocorrer a partir de sua base legal, deve-se cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente, que regulamenta os artigos 7º e 227º da Constituição brasileira. Eles foram inspirados na Convenção 138 da OIT , que estabelece uma idade mínima para o trabalho. A proibição do trabalho precoce é a forma de garantir aos jovens o direito à educação, saúde, lazer e desenvolvimento, para que se tornem cidadãos plenos, possibilitando a quebra do ciclo de pobreza. Education the only escape from the poverty trap Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Relações de Trabalho Só a educação interrompe o ciclo de pobreza das com atividades lúdicas, esportivas e culturais, além de reforço escolar. nas cadeias produtivas, sobretudo junto a fornecedores que possam estar empregando mão-de-obra infantil. Certamente os empresários têm como contribuir, mobilizando seus recursos e conhecimentos para apoiar as comunidades na elaboração de soluções. É preciso criar meios para aprimorar a qualidade do ensino, monitorando os resultados alcançados pelos alunos. Esse processo vai requerer investimentos em treinamento, materiais didáticos, equipamentos além da imprescindível qualificação e valorização do trabalho dos professores. Os resultados mais destacados na luta contra esse problema social têm sido alcançados no setor formal da economia. No setor informal, persistem anomalias - calcula-se que empregue entre 50 e 60% da mão-de-obra brasileira. Quase meio milhão de crianças com menos de dezesseis anos trabalham como empregados domésticos, com impactos negativos na escolaridade, auto-estima e muitas vezes na sua integridade física e moral. Há desafios ainda para a erradicação do trabalho infantil na agricultura familiar, no sistema de parcerias, no trabalho doméstico e, sobretudo, no esforço para erradicar e combater atividades ilícitas, como a exploração sexual, a pornografia e o tráfico de drogas. Outra contribuição importante são as propostas que visam recuperar a renda familiar, com a concessão de bolsas de estudos e renda mínima por determinado tempo. Simultaneamente, deve-se procurar ampliar horizontes, promovendo capacitação e acesso a créditos para geração de renda, pequenos empreendimentos e participação mais efetiva nas suas comunidades. Além de afastar a criança da escola, o trabalho infantil resulta, em inúmeras ocasiões, em agressões físicas e emocionais. Muitas vezes, ela é submetida a jornadas de trabalho desumanas, em trabalhos primitivos e perigosos, sendo vítimas de acidentes e mutilações. A agenda nacional já incorporou o desafio de gerar emprego e renda para as famílias, como forma de assegurar que elas tirem suas crianças do trabalho infantil. Esse desafio envolve políticas de combate à pobreza, a política econômica do país e os esforços de desenvolvimento regional e local. Os empresários podem contribuir transmitindo seu perfil empreendedor, atuando no combate ao trabalho infantil Pontos para reflexão 1. Educação: • As empresas podem ajudar, mobilizando seus recursos e conhecimentos para elaborar soluções, criando meios para aprimorar a qualidade do ensino e monitorando os resultados alcançados pelos alunos. • Oferecer formas de recuperar a renda familiar, concedendo bolsas de estudo e renda mínima por tempo determinado, apoiando pequenos empreendimentos e aproximando-se das comunidades. 2. Combater o trabalho infantil nas cadeias produtivas, sobretudo junto a fornecedores que possam estar empregando mão-de-obra infantil. Jair Grava Dialogue: The Global Compact Principles on Labour Relations 36 have to be provided for improving the quality of education, monitoring the results achieved by students. This process will call for investments in training, teaching materials, and equipment, part from the indispensable qualifications of enhancement of the teacher’s performance. Another important contribution is the set of proposals aimed at boosting family incomes by awarding study grants and guaranteed minimum family incomes for a limited period. At the same time, we should seek to broaden horizons, aiding the acquisition of job skills and access to loans for income generation, small businesses and more effective participation in the communities. Apart from keeping the child away from school, child labour very often results in physical and emotional harm. The child is frequently subjected to inhumane working hours, doing primitive and dangerous jobs, becoming the victim of accidents and mutilations. The national agenda has already incorporated the challenge of job and income creation for families as a means of ensuring that they withdraw their children from child labour. This challenge involves policies for fighting poverty, the national economic policy, and regional and local development drives. Entrepreneurs can contribute by transmitting their achievement-oriented values by acting in this fight against child labour in the production chains, particularly in their contacts with suppliers who may be employing child labour. The outstanding results obtained in the fight against this social problem have been achieved in the formal economy. In the informal economy, anomalies persist; it is calculated that this is where between 50 and 60 percent of the entire Brazilian workforce finds employment. Almost half a million children under sixteen work as domestic servants, with a negative impact on their schooling, their self-esteem and often on their physical and moral well-being. Challenges remain to be met in eradicating child labour in family farming, in the sharecropping system, in domestic employment and, above all, in the drive to eradicate and combat illicit activities such as sexual exploitation, pornography and the drug traffic. Points for Reflection 1. Education: • Companies can help by mobilising their resources and knowledge for creating solutions, providing the means for improving the quality of schooling, and monitoring the results achieved by students. • They can provide forms of family income support, awarding study grants and minimum monthly incomes for a limited period, supporting small businesses and moving closer to their communities. 2. Fighting child labour in the production chains, mainly in contacts with the suppliers who may be employing child labour. Education the only escape from the poverty trap A justiça social deve constar na estratégia das empresas Uma postura básica do empresariado é apoiar-se em vantagens competitivas clássicas, como a exploração do trabalho mal remunerado, ou aquelas decorrentes da devastação ambiental. Estes empresários, de forma geral, tendem a denunciar o protecionismo, seja do espaço físico brasileiro, seja do espaço público da comunidade nacional. A questão é ver exatamente as vantagens competitivas mais dinâmicas que têm a ver com novas competências, as quais não são as grandes aliadas da responsabilidade social corporativa. Na coordenação dos Coppe (Programas de Pós-Graduação em Engenharia) da UFRJ , particularmente no programa de Engenharia de Produção, existe a colaboração do Observatório Social, uma cooperação entre Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Cedec (Centro de Estudos da Cultura Contemporânea), Unitrabalho (Rede Interuniversitária de Estudos e Pesquisas Sobre o Trabalho) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores), para discutir a responsabilidade social corporativa. O objetivo é trabalhar com grandes empresas e fazer levantamentos da situação desses grupos, do ponto de vista da questão do trabalho e do meio ambiente. A princípio os trabalhos foram realizados com empresas privatizadas. A primeira delas, da área de telecomunicação e com abrangência na- cional, recusou-se terminantemente a participar. Não aceitou absolutamente nada, e a pesquisa foi feita apenas com informações obtidas junto ao movimento sindical. No entanto, uma outra empresa com sede no Rio de Janeiro, a Light, aceitou participar abertamente da pesquisa, inclusive discutindo dentro da empresa os resultados do trabalho. Esse processo de cooperação e pesquisa está sedimentando o diálogo entre o sindicato e a empresa, possibilitando inúmeros avanços. Estes exemplos mostram duas posturas completamente diferentes em nível empresarial. Um terceiro participante, uma indústria têxtil, cuja pesquisa foi realizada no Ceará, tem uma situação mais interessante: seu gerente de produção local prontificou-se a realizar a pesquisa, mas a sede corporativa, situada em São Paulo, negou-se, por medo. Este é o retrato do diálogo social nas grandes companhias no Brasil. Até empresas de porte vêem esta questão como uma ameaça, enquanto outras a encaram como uma possibilidade de obter avanços. O grande desafio, entretanto, não está nessas grandes empresas, mas principalmente na cadeia produtiva informal, onde se concentra boa parte da mão-de-obra brasileira. Depois de uma década na qual a precarização do trabalho aumentou de maneira significativa, a criação de um selo sobre a cadeia produtiva é uma idéia interessante, pois impulsionará a responsabilidade social. O temor das companhias na discussão de temas ligados à justiça social é hoje incompatível com outras iniciativas que os empresários já desenvolvem, por exemplo, na área ambiental. O que os assusta real- Rogério Valle é coordenador do Observatório Social no Rio de Janeiro e coordenador do Sage - Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão da Produção, do Programa de Engenharia de Produção da Coppe/UFRJ. Rogério Valle is co-ordinator of the Social Observatory in Rio de Janeiro and co-ordinator of the Laboratory for Advanced Production Systems (Sage) in the Production Engineering department of Coppe, in the Federal University of Rio de Janeiro. Rogério Valle Initially the work they carried out was with newly privatised companies. The first of these that they approached, a telecommunications company, refused outright to take part in the project. In the end the research had to limit itself to information obtained from the trade unions. On the other hand, another company based in Rio de Janeiro, Light, a large electric power utility, willingly took part, and went so far as to discuss the results of the research within the company. This process of co-operation and research bases itself on open dialogue between the unions and the company, clearing the path for further advances. These two examples are evidence of the radically different attitudes of companies towards social responsibility in Brazil. A third participant in the project, a textile company operating in the state of Ceará, provides a more pointed example of this ambivalence. The company’s local production manager expressed his readiness to take part in the project, but the corporate headquarters in São Paulo refused, probably out of fear. This is a faithful portrait of social dialogue as it now exists in the larger Brazilian companies. Even some major companies regard these issues as a threat, while others see them as a way forward to improvement and development. The great challenge, however, does not lie in these larger companies, but in the network of informal businesses in which a good part of Brazilian labour is employed. After a decade of deteriorating working conditions, the creation of a set standard regulating production work seems like a very interesting idea, encouraging as it will social responsibility. Dialogue: The Global Compact Principles on Labour Relations C ommitment to social justice is without doubt the single most important step a company can take today, not to mention society as a whole. This is an issue that has not as yet been raised or even fully understood by Brazilian companies in their daily routines, but which should undeniably be taken into account by those responsible for formulating corporate policy. One common stance of Brazilian businesspeople is to rely on traditional competitive advantages, such as exploiting the use of underpaid labour, or resorting to destruction of the environment for profit. These businesspeople tend as a whole to denounce efforts to protect the environment, whether it be the country’s physical space or the public space of the community. The question for them is to find what are precisely the most dynamic competitive advantages without the least regard for corporate social responsibility. In the Co-ordination of Postgraduate Programmes in Engineering (Coppe) at the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ), especially in the department of Production Engineering, staff and students can count on the collaboration of the Social Observatory, an organisation that was set up to aid research on issues of corporate social responsibility. The Social Observatory exists as a co-operative effort between several existing organisations: Dieese (Socio-economic and Statistics Studies Department of the Trade Unions), Cedec (Centre for Contemporary Culture Studies), Unitrabalho (Inter-University Network for Study and Research on Work-related Issues) and CUT (the Central Workers’ Union). The aim of the Social Observatory is to work with large companies and to collect the information furnished by these different organisations in an effort to improve working conditions and to protect the environment. Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Relações de Trabalho O mais importante caminho a ser seguido pelo empresário e pela sociedade como um todo é a adesão voluntária à justiça social. Esta concepção ainda não está contida na rotina da preocupação cotidiana das empresas brasileiras, mas deveria constar de suas estratégias. Corporate strategy must take account of social justice 37 Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Relações de Trabalho A justiça social deve constar na estratégia das empresas Um compromisso com melhoria é acessível a qualquer empresa brasileira que tenha coragem de reconhecer situações negativas. A questão do mínimo aceitável pela sociedade brasileira deve ter como parâmetro as restrições legais, que são parte do papel de fiscalização do Estado. Só ele tem o poder, numa sociedade moderna, para fiscalizar e punir. As empresas, contando com a colaboração das universidades, dos sindicatos e das ONGs, devem promover um compromisso de melhoria que levará, no futuro, à elevação desse patamar mínimo. O Brasil continua bastante dualista. Casa-grande e senzala, São Paulo e Nordeste, Barra da Tijuca e Rocinha lado a lado, frente a frente. Não é de se espantar que a violência tenha aumentado. Independentemente de avaliações de desempenho um pouco quantitativas, praticadas com tanta freqüência, os esforços visam exatamente romper com essa tradição de um país dualista, entre um pólo que se considera bastante moderno e que acusa o outro de ser atrasado, mas que não é exatamente assim. Os dois têm vínculos muito importantes, e a cadeia de suprimentos mostra isso de forma clara. É preciso fazer esforços práticos, éticos, como os que são patrocinados pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e por outras instituições, para romper com essa tradição dualista. Os resultados das ações empreendidas por quem aposta sua vida na luta pela justiça social muitas vezes não são percebidos nas nossas avaliações, que tendem a ser bastante objetivas e quantitativas. Entretanto, essa mudança de mentalidade, esse esforço coletivo para aproximar os dois Brasis, como diria um sociólogo francês nos anos 50, é muito positivo e, com certeza, vai trazer resultados a longo prazo. Pontos para reflexão 1. É importante a adesão voluntária das empresas à justiça social, com transparência na gestão e diálogo com seus parceiros. O diálogo não é um risco; é uma grande oportunidade de melhoria, aprimoramento de competências e competitividade. 2. O foco na cadeia produtiva impulsionará a prática de responsabilidade social no Brasil. Rogério Valle Dialogue: The Global Compact Principles on Labour Relations 38 mente é a discussão de valores absolutos. Elas poderiam adotar o mesmo tipo de racionalidade que já empregam, por exemplo, quando implantam normas como a ISO 9000 e, particularmente, a ISO 14000, onde há um compromisso com melhorias, e não com valores absolutos. This fear evinced by so many companies in Brazil over discussion of issues related to social justice is incompatible with other initiatives begun by companies in areas such as environmental protection. But it is discussion about absolute values that really puts them on the defensive. Companies might at least follow the same reasoning employed by them in establishing standards for the ISO 9000, for example, and particularly for the ISO 14000, when they were committed to improvement and not to absolute values. Such commitment is accessible to any company in Brazil that has the courage to recognise and face negative situations. The question of what is acceptable to Brazilian society must make use of legal restrictions in drawing up its standards, and the enforcement of these restrictions is the job of the State. Only the State has the power to monitor, enforce and punish in a modern society. Companies, helped by the universities, the trade unions and NGOs, must seek to promote improvements which will lead, in the long run, to raising these minimum standards to a yet higher level. Brazil remains a two-tiered society. Like the juxtaposition in earlier centuries of the casa grande, the manor house of the old plantations, and the senzala, or slave quarters, the wealth of São Paulo and poverty of the Northeast, the sumptuous residential neighbourhood of Barra da Tijuca in Rio and the squalor of the Rocinha shantytown all coexist side by side, and often come face to face. It is not surprising that violence is escalating. Apart from a few rather quantitative assessments of the country’s economic growth (an increasingly common practice), all efforts must now concentrate on eradicating such traditional double standards in a country where one part of the population considers itself to be as modern as any in the developed countries, and falsely accuses the rest of the country of lagging behind and generally slowing the boat. Both layers possess strong social ties and the supply chain shows this clearly. A practical, and at the same time ethical effort is necessary, such as that sponsored by the Ethos Institute for Business and Social Responsibility and other like-minded organisations to break with this traditionally dualist structuring of Brazilian society. The result of efforts by those who have dedicated their lives to a struggle for social justice often goes unnoticed in our evaluations of the country’s current situation, which tend to be objective and quantitative. This gradual change in the country’s mentality, however, this collective effort to bring together the two Brazils, as one French sociologist of the 1950s put it, is very positive and will certainly bring results in the long run. Points for Reflection 1. Voluntary commitment to social justice on the part of the companies is vital, with transparency on all administrative levels and open dialogue with business partners. Dialogue is not a risk, but a great opportunity for improvement, for development of skills and the acquisition of marked advantages over rival companies. 2. Special focus on the production chain will do much to encourage the practice of social responsibility in Brazil. Corporate strategy must take account of social justice Princípios básicos para o desenvolvimento sustentável Aliás, é melhor prevenir do que remediar. Cuidar dos problemas desencadeados pode custar muito mais do que o investimento para precaverse contra os desastres. Investir em métodos de produção não-poluentes significa preservação dos recursos e menos riscos financeiros. O segundo princípio é tomar iniciativa para promover maior responsabilidade ambiental. O texto da Agenda 21, relacionado a este princípio diz: “Responsabilidade ambiental é a administração responsável e ética de produtos e processos do ponto de vista dos aspectos saúde, segurança e ambiente”. Diante disto, empresas e indústrias deveriam aprimorar a auto-regulamentação, guiadas por custos apropriados, concessões e iniciativas, integrados em todos os elementos do planejamento empresarial. Deve haver diálogo aberto com os empregados e o público, buscando melhores alertas em todos os níveis dentro da companhia e comunidade local, bem como com parceiros, aprimorando a credibilidade e a reputação da corporação. As empresas devem encorajar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias que não prejudiquem o meio ambiente. A Agenda 21 define tecnologias limpas desta maneira: “Ambientes protegidos por tecnologias limpas são menos poluídos e todos os seus recursos são Marco Aurélio Pinzon é coordenador regional para o México, América do Sul, América Central e Caribe do Pnuma. Marco Aurélio Pinzon is UNEP’s regional coordinator for Mexico, South America, Central America and the Caribbean. As iniciativas voluntárias realizam-se em nível setorial. Um grupo é composto por pessoas de finanças e negócios de mais de 1.080 companhias, de 45 países, que assinaram a “Declaração das Instituições Financeiras sobre o Desenvolvimento Sustentável e Ambiental” (Statement by Financial Institutions on the Environment and Sustainable Development), de 1993. Isto significa que os participantes apóiam a abordagem preventiva para a gestão ambiental e reconhecem que quantificar e identificar riscos ambientais deve fazer parte do processo normal de avaliação dos riscos, tanto em operações internacionais como domésticas. Também há outra iniciativa no setor de Seguros. Noventa companhias de 27 países assinaram a “Declaração do Compromisso Ambiental do Setor de Seguros” (Statement of Enviromental Commitment by the Insurance Industry). Isso implica o seu apoio a produtos e serviços de seguros que promovam práticas ambientais saudáveis, que passaram a incluir considerações ambientais na gestão de seus ativos. Há uma iniciativa interessante com operadoras de turismo. Quase trinta delas - o que significa envolvimento de mais de 20 milhões de turistas por ano - comprometeram-se a introduzir uma política ambiental e Marco Aurélio Pinzon he basic principle in connection with the environment is that companies should support a precautionary approach to environmental challenges. This principle was excerpted from the Declaration of States, in which there are cases of serious or irreversible damage, such as the Chernobyl disaster, as a reason for preventing damage to the environment. It is common wisdom that prevention is better than cure. Solving problems after they have happened can cost much more than investing in the prevention of disasters. Investing in non-polluting production methods means the preservation of natural resources and less financial risk. The second principle is taking initiatives to promote greater environmental responsibility. The text of Agenda 21, dealing with this principle, reads: “Environmental responsibility is the responsible and ethical management of products and processes from the standpoint of health, safety and environmental aspects.” In light of this, companies and industries should improve their self-regulation, in accordance with appropriate costs, concessions and initiatives, integrated into all the elements of corporate planning. There needs to be open dialogue with employees and with the public, seeking to heighten awareness at all levels within the company and in the local community, as also with partners, improving the company’s credibility and reputation. Companies should encourage the development and diffusion of technologies that do not harm the environment. Agenda 21 gives the following definition of clean technologies: “Environments protected by clean technologies are less polluted and all their resources are used in a sustainable manner. More products are recycled than wasted, and these new technologies are managerially more acceptable than those they have replaced.” Clean technologies do not come singly, but form whole systems, including know-how, processes, services and equipment, in addition to the managerial organisation of procedures. These companies act in such a way as to limit the emission of environmental pollutants and to lessen the risk of an ecological disaster. Voluntary initiatives take place at sector level. One group is made up of people from the financial and business areas of more than 1,080 companies in forty-five countries, that have signed the 1993 Statement by Financial Institutions on the Environment and Sustainable Development. This means that the participants support the precautionary approach to environmental management and recognise that quantifying and identifying environmental risk has to be part of the normal process of risk assessment, in international and domestic operations alike. Another initiative has been taken in the insurance sector. Ninety companies from twenty-seven countries have signed the Statement of Environmental Commitment by the Insurance Industry. This entails their support for insurance products and services that promote healthy environmental practice. These companies now include environmental considerations in managing their assets. The hotel and travel trade has taken an interesting step. Nearly thirty tour operators – accounting for nearly 20 million tourists per year – have undertaken to introduce an environmental policy and administrative systems in their operations, as well as to monitor and report the advance by implementing practices of sustainable tourism. Major companies in the telecommunications industry have proposed to launch a global telecommunications initiative for the environment. In 2001, the companies agreed on a programme spanning the next three years. Dialogue: The Global Compact Principles on the Environment T usados de maneira sustentável. Recicla-se mais do que se desperdiça produtos, e se administra de maneira mais aceitável do que as tecnologias que substituem”. Tecnologias limpas não são apenas as individuais, mas sistemas completos que incluem know-how, procedimentos, serviços e equipamentos, bem como a organização administrativa dos procedimentos. Essas empresas atuam no sentido de conter a emissão de poluentes ambientais e riscos de desastres ecológicos. Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Meio Ambiente O princípio básico relacionado ao meio ambiente é que as empresas devem apoiar uma abordagem preventiva dos desafios ambientais. Esse princípio foi extraído da Declaração dos Estados, na qual há casos de danos sérios ou irreversíveis, como o desastre de Chernobyl, como uma razão para prevenir o ambiente da degradação. Basic principles for sustainable development 39 Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Meio Ambiente Princípios básicos para o desenvolvimento sustentável O setor de telecomunicações está representado por suas principais companhias. Elas se propuseram a lançar uma iniciativa de telecomunicação global para o ambiente. Em 2001, os participantes chegaram a um programa de consenso para os próximos três anos. Outro segmento é de iniciativa voluntária relacionada às indústrias automotivas. Mais de quinze fornecedores deste setor concordaram em ter uma abordagem conjunta em áreas específicas, como padrões globais para elaboração de relatórios, técnicas globais para veículos, diálogo com as partes interessadas, desenvolvimento de estrutura para novos combustíveis e os tradicionais combustíveis limpos, livres de chumbo e enxofre, mecanismos de Kyoto, transferência de tecnologia e necessidades de países em desenvolvimento, especialmente em grandes cidades. Formaram grupos de trabalho que devem desenvolver um plano para ações futuras. As diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade sobre o desempenho econômico, ambiental e social fornecem a base para o benchmarking, classificação e identificação das melhores práticas. Essas diretrizes providenciam padrões para a organização dos procedimentos. A Altoshornos, líder em produção de aço no México, implantou um sistema de gestão ambiental aberto para seus parceiros. A Dahmler Crysler, por intermédio do seu projeto Poema - Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia, encoraja pequenas comunidades da floresta amazônica a cultivar terras de maneira sustentável. Outros exemplos na região, porém não relacionados diretamente com o meio ambiente, são Roger Dutch Shell e Souza Cruz, que têm programas de combate ao trabalho infantil e de alfabetização de adultos no Brasil. A Aracruz Celulose, líder mundial de exploração de eucalipto para a indústria de papel, está trabalhando com fazendeiros locais pelo reflorestamento e plantio de eucalipto. As Organizações Globo lançaram iniciativa de aprendizado à distância para 600 mil pessoas. Nas 216 companhias brasileiras que assinaram o Global Compact, há muitos exemplos sobre suas contribuições para o meio ambiente. A prioridade do Global Compact deve ser o interesse dos países em desenvolvimento e de todos que dependem dos investimentos e transferência de tecnologia para melhorar as condições da população pobre. Portanto, não há espaço para unilateralismo, protecionismo ou dilemas de políticas de exportação. Em vez disso, cooperação multilateral, não-discriminação, reciprocidade e transparência são conceitos fundamentais. Pontos para reflexão 1. Princípio ambiental básico: as empresas devem apoiar uma abordagem preventiva dos desafios ambientais, já que a preservação de recursos acarreta menor risco financeiro. 2. Integração no planejamento empresarial: as empresas devem quantificar e identificar riscos ambientais como normalmente o fazem na avaliação de riscos de negócios. 3. Responsabilidade ambiental: é a administração responsável e ética de produtos e processos, do ponto de vista dos aspectos com relação a saúde, segurança e ambiente. Marco Aurélio Pinzon Dialogue: The Global Compact Principles on the Environment 40 sistemas administrativos dentro de suas operações, bem como monitorar e registrar o avanço implementando práticas de turismo sustentável. Another sector taking a voluntary initiative is the automotive industry. More than fifteen manufacturers in this sector have agreed to adopt a joint approach in specific areas such as global reporting standards, global vehicle technology, dialogue with stakeholders, developing structures for new fuels and for the older clean, unleaded and sulphur-free fuels, Kyoto mechanisms, technology transfer and the needs of developing nations, especially in large cities. They have set up working groups that are drawing up a plan for future actions. The guidelines for conducting sustainability surveys of economic, environmental and social performance provide a basis for benchmarking, classifying and identifying the best practices. These guidelines set standards for the organisation of procedures. Altoshornos, Mexico’s leading steel maker, has set up an environmental management system that is open to its partners. DaimlerChrysler, through its Poverty and Environment Project (Poema) in the Amazon region, is encouraging small communities in the Amazon rainforest to cultivate their land on a sustainable basis. Other examples in the region, though not directly related to the environment, are Royal Dutch Shell and Souza Cruz, which operate programmes for combating child labour and for advancing adult literacy in Brazil. Aracruz Celulose, the world’s largest eucalyptus woodpulp producer for the paper industry, is working with local farmers on reforestation and eucalyptus planting. Organizações Globo, the broadcasting and publishing group, has launched a distance learning project for 600,000 people. In the 216 Brazilian companies that have signed the Global Compact there are many examples of contributions to the environment. The Global Compact should have as its priority the interest of developing nations and of all those who depend on investments and technology transfer to improve conditions for the poor. Thus there is no room for unilateralism, protectionism, or dilemmas about export policies. Instead of this, multilateral co-operation, nondiscrimination, reciprocity and transparency are fundamental concepts. Points for Reflection 1. The basic environmental principle: companies should support a precautionary approach to environmental challenges, since the preservation of natural resources means less financial risk. 2. Integration of corporate planning: companies should quantify and identify environmental risks, just as they normally do in the assessment of business risks. 3. Environmental responsibility: this is the responsible and ethical management of products and processes from the standpoint of health, safety and the environment. Basic principles for sustainable development O trabalho ambiental e a conquista de competitividade sentido, a contribuição das Nações Unidas pode ser muito eficaz se acoplada a iniciativas locais. Vários órgãos da ONU são depositários de enormes quantidades de experiências e de dados que, para serem efetivamente empregados e disponibilizados, dependem de iniciativas que tenham raízes locais. A conquista de produtividade envolve a luta contra o trabalho infantil, a universalização do ensino público, o banimento de todas as situações indesejáveis e inaceitáveis, como crianças trabalhando no lixo, bem como todas as formas de violência doméstica ou social que persistem em nossa sociedade. Sem isso, é óbvio que a competitividade das empresas ou de setores inteiros da economia do país fica comprometida. Uma maneira de promover a disseminação do acervo já existente é a articulação entre empresas, empresários e executivos especificamente para buscar aumentar a competitividade dos empreendimentos brasileiros no mercado atual, internacionalizado e globalizado. Essa competitividade não será alcançada, é óbvio, por ações isoladas, mas como conquista social. Por social quero dizer coletiva, engajada, comprometida com resultados, mas realizando-se por atitudes eticamente definidas. Nenhum trabalho sério em meio ambiente separa os aspectos propriamente ambientais das questões sociais. No fundo, a sociedade que agride o meio ambiente é a mesma cujos valores permitem o trabalho infantil. A destruição ambiental, que ainda ocorre em larga escala no país, é a outra face de todas as destruições realizadas no interior da sociedade. Não há nenhum trabalho ambiental que possa ser feito de maneira isolada das questões sociais locais e do contexto internacional em que as crises ambientais estão sendo equacionadas. Nesse Seria muito esperar que órgãos que têm na sua agenda temas absolutamente urgentes e globais possam ainda tomar a iniciativa para colocar todas as informações e dados que têm disponíveis para os empresários ou pesquisadores. Um exemplo disso pode ser analisado na exploração madeireira na Amazônia. Hoje ela se dá, na sua maior parte, por meio da extração predatória da madeira da floresta. Essa extração, por sua vez, está associada à transformação da floresta em terra agricultável. Um desperdício impressionante. São perto de 2 milhões de hectares de floresta que desaparecem por completo a cada ano. É uma área equivalente a quarenta campos de futebol que desaparece por minuto! Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Meio Ambiente A maior parte das empresas que estão no Brasil, incluindo algumas multinacionais, não tem clareza de quais são os aspectos que fariam com que pudessem ser efetivamente competitivas nos mercados cada vez mais internacionalizados. Em muitas situações, as características ecológicas do nosso país poderiam ser aproveitadas para produzir, dentro de pouco tempo, maior competitividade. Deveria haver uma relação entre empresas e consumidores que trouxesse, além de fidelidade, transparência no modo como as companhias lidam com o meio ambiente. Roberto Kishinami Roberto Kishinami é consultor de empresas sobre planejamento energético e meio ambiente. Roberto Kishinami is a business consultant in the field of energy planning and the environment. It would be expecting too much for agencies with issues of global importance and urgency on their agendas, to take the initiative of making all the information and data at their disposal available to businesspeople and researchers. One way of promoting the diffusion of already existing knowledge is interaction between companies, businesspeople and executives focused on the quest for enhanced competitiveness of Brazilian undertakings in the current internationalised and globalised market. This competitiveness will not be attained, of course, through isolated efforts, but only as a social achievement. By social I mean collective, engaged, and committed to results, but through ethically defined attitudes. One example of this may be analysed in the logging business in the Amazon region. Today this entails for its greater part the predatory extraction of forest timber. This extraction, in its turn, is linked to the transformation of the forest into arable land. A shocking waste! Almost 2 million hectares of forest vanish every year. An area the size of forty football fields disappears every minute. So what is needed to change the situation? A great deal and, at the same time, only a little. At ground level, basic education is lacking for local populations. Some loggers now pay nothing at all for the trees they cut down, because the landowners do not regard the stands of timber on their land as an asset. This situation could not exist among a population in which reading, writing and elementary arithmetic were widespread acquirements. Once this educational foundation is in place, it will then be possible to change the economy, the way in which natural resources are used to generate incomes and profits. Today the income does not stay in the region. Dialogue: The Global Compact Principles on the Environment M ost companies in Brazil, including a number of multinationals, lack a clear view of what aspects could render them effectively competitive in increasingly internationalised markets. In many situations, our country’s ecological characteristics could be made use of to yield greater competitiveness in a short space of time. There ought to be a relationship between companies and consumers that could result in, apart from fidelity, transparency in the way companies deal with the environment. Enhancing productivity involves combating child labour, making state schooling available nationwide, banishing all undesirable and unacceptable conditions, such as children working in rubbish dumps, as well as all forms of domestic and social violence that persist in our society. Without this it is obvious that the competitiveness of companies, and of whole sectors of the Brazilian economy, will remain compromised. No serious environmental work separates the strictly environmental aspects from the social questions. In the final analysis, a society that damages its own natural environment is the same society whose values tolerate child labour. Destruction of the environment, which still occurs on a wide scale in Brazil, is another facet of all the many forms of destruction perpetrated in our society. No environmental work can be done in isolation from local social issues, or from the international context within which the environmental crises are being addressed. Thus the UN contribution can be highly effective, provided it is linked to local initiatives. Several UN agencies have accumulated vast stores of experience and data that can be effectively deployed and made good use of, depending on initiatives having local roots. Environmental campaigns and enhanced competitiveness 41 Diálogo: Princípios do Global Compact sobre Meio Ambiente Trabalho ambiental e a conquista de competitividade Mas é preciso primeiro educar para depois mudar? É evidente que não. O país tem gente educada e empreendedora em número suficiente para começar o processo pelas duas pontas: educando e fazendo. Fazendo junto com a população local, que não é estúpida, sabe o que tem e pode ser feito para melhorar o aproveitamento da floresta. Começando pela exploração que não derrube a floresta. Essa maneira extrativista, aliás, é o que o povo da região praticava, até que os novos colonizadores da década de 70, vindos do Sul, introduziram o desmatamento, a serraria e tudo que hoje é chamado de atividade madeireira na Amazônia. Nesse educar e fazer há prioridades fundamentais, como a eliminação do trabalho infantil, por exemplo. Quem já visitou as carvoarias de Paragominas, que fornecem matéria-prima aos guseiros do sul do Pará, sabe o que há ali de trabalho infantil. Trabalho em que mesmo crianças de cinco anos de idade são empregadas para esvaziar fornos de carvão vegetal. A degradação não é daquelas crianças. É nossa. Para mim, não há melhor maneira de resumir o que é a destruição da Amazônia do que uma foto, uma imagem das crianças naquelas carvoarias. Salvar a floresta significa salvar aquelas crianças. Não há uma maneira de fazer uma coisa sem a outra. Qualquer solução que não melhore a vida delas, não importa quão verdes apareçam as florestas nas imagens de satélite, é falsa. E as soluções existem, são conhecidas, não são caras. Aliás, seriam mais baratas que os custos que geram para os pobres e para as gerações futuras. O que falta para acontecer? Talvez nada. Apenas a nossa vontade. Pontos para reflexão 1. Toda abordagem empresarial ambientalmente correta incorpora questões sociais. 2. Competitividade: a responsabilidade social aplicada no nível nacional traz vantagens competitivas. Roberto Kishinami Dialogue: The Global Compact Principles on the Environment 42 E o que é que falta para mudar a situação? Muita coisa e pouca ao mesmo tempo. Na base, falta uma melhor educação básica para a população local. Hoje, é possível pagar nada pela madeira extraída de propriedades porque os proprietários não encaram essa madeira como um patrimônio. Essa situação não existiria com um povo em que redação, leitura e operações aritméticas elementares fossem universalizados. Uma vez construída essa base educacional, pode-se então mudar a economia, a maneira como os recursos naturais são usados para gerar lucro e renda. Hoje, a renda obtida não fica na região. Vai engordar a renda do Sul do Brasil, onde a madeira é transformada em mobiliário. Ou, nos 14% de madeira amazônica exportada, equivalente a 4 milhões de metros cúbicos de madeira em tora por ano, que vai gerar renda na Europa e nos Estados Unidos. It goes to fatten incomes in the south of Brazil where the timber is transformed into furniture. Or, in the case of the 14 percent of the Amazonian timber that is exported, amounting to 4 million cubic metres of logs per year, which goes to generate income in Europe and the United States. But does education have to come first and change afterwards? Of course not. The country has a sufficient number of educated and enterprising people to start the process at both ends: educating and doing. Doing in co-operation with the local populations, who are not stupid, who know what they have, and know what can be done to make better use of the forest – starting with exploitation that does not chop down the forest. This extractivist way is, in fact, what the people of the region used to practise before the new settlers, who arrived from the south in the seventies, introduced forest-clearing, sawmills and the all the rest of what is today known as the Amazon logging industry. In this educating and doing there are basic priorities, such as the elimination of child labour, for example. Anyone who has seen the Paragominas charcoal kilns, which supply an input to the pig iron producers in the south of Pará, is familiar with the extent of child labour there. Children as young as five are employed to empty the charcoal kilns. It is not just those children who are degraded; it is all of us. I know of no better way to summarise the destruction of the Amazon forest than a photograph, an image of the children in those charcoal kilns. Saving the forest means saving those children. There is no way of doing the one without the other. Any solution that does not improve their lives is false, however green the forest may look in the satellite pictures. And the solutions exist, they are well known, they are inexpensive. In fact, they would be cheaper than the cost to the poor and to future generations of carrying on as we are. What is needed to make this happen? Maybe nothing at all. Maybe all it takes is wanting to do it. Points for Reflection 1. Every environmentally correct business approach incorporates social issues. 2. Competitiveness; social responsibility applied at national level brings competitive advantage. Environmental campaigns and enhanced competitiveness Conclusões 3 43 Conclusions 44 E stas são as principais conclusões do Diálogo Empresarial sobre os Princípios do Global Compact, realizado em outubro de 2001 em Belo Horizonte (MG): 1. Indivisibilidade dos direitos – Não se pode pensar em direitos separados. Eles têm de ser tratados de maneira conjunta. Ainda que um programa ou uma ação tenha como foco principal um dos direitos, ele deve ser visto de uma forma mais abrangente, envolvendo todos os direitos do cidadão. Um exemplo disso é a questão ambiental, que não pode ser tratada de maneira separada da social. O princípio da indivisibilidade ou interdependência significa que a qualidade com que uma pessoa desfruta dos direitos humanos depende da presença ou do atendimento de outros direitos humanos. O princípio reconhece que o atendimento de apenas alguns direitos tem abrangência bastante limitada. 2. Impacto positivo no respeito aos direitos – O impacto econômico positivo decorrente do respeito aos direitos mostrou que é questão importante, indicando como o não-respeito aos direitos humanos pode ter conseqüências econômicas negativas. O programa visa motivar empresários e gerentes a mudar concepções e maneiras de fazer negócios. Pretende assegurar que, por meio de um tratamento justo, empregados sejam capazes de otimizar e potencializar seu desempenho. Afora isso, propõe minimizar efeitos ambientais negativos, que poderão melhorar padrões de qualidade, desempenho e visibilidade, essenciais para a competitividade empresarial moderna. Nos dias de hoje, consumidores e investidores levam em conta a imagem institucional das empresas. Caso não atendam às expectativas, perdem clientes. Quando socialmente responsáveis, caminham no sentido da participação e de abertura de novos mercados. 3. Empresas como principais agentes de transformação – O reconhecimento das empresas com destacados atores sociais, considerando as inúmeras possibilidades de intervenção que elas têm no sentido da mudança. 4. Nova institucionalidade na relação capital-trabalho – As empresas admitiriam alterações na legislação sindical, a liberdade de organização e o contrato coletivo de trabalho, estabelecendo uma estrutura com liberdade sindical. 5. Não ao trabalho infantil na cadeia produtiva – As empresas socialmente responsáveis deveriam comprometer-se a trabalhar na sua cadeia produtiva, influenciando as demais empresas, inclusive as de pequeno porte e as que trabalham na informalidade, a adotar políticas e práticas de responsabilidade social. Esse trabalho deve abranger todos os temas levantados no encontro, principalmente os que se referem ao trabalho forçado e à erradicação do trabalho infantil. 6. Programas de múltipla intervenção – As empresas deveriam engajarse em programas de múltipla intervenção, mais abrangentes, de forma a ter um impacto socioeconômico maior sobre a pobreza. Isso foi exemplificado com programas desenvolvidos pela Unicef e pela Usaid. 7. Políticas públicas compartilhadas – As empresas deveriam compartilhar espaços de formulação de políticas públicas. Não deveriam ser apenas propostas de governo, mas ser produzidas pelos diversos atores da sociedade, dentre eles, as empresas. Dessa forma, essas políticas passarão a traduzir um compromisso real, não sendo alteradas a cada mudança de governo. 45 T hese are the main conclusions reached by the Corporate Dialogue on the Principles of the Global Compact, held in October 2001 in Belo Horizonte, Minas Gerais: 1. Indivisibility of rights.– Rights cannot be conceived in isolation from one another. They have to be taken collectively. Even when a programme or action focuses on a single right, it must be looked at within the broader picture of all the rights of a citizen. An example of this is the environmental issue, which cannot be regarded in isolation from the social question. The principle of indivisibility, or interdependence, means that the degree to which a person enjoys his or her human rights depends on the presence or observance of all other human rights. The principle maintains that the observance of only some rights is severely limited in scope. 2. Positive impact on observance of rights.– The positive economic impact resulting from the observance of rights has shown that the issue is an important one, demonstrating how non-observance of human rights can have negative economic consequences. The programme aims at encouraging entrepreneurs and managers to change their concepts and their ways of doing business. It claims to ensure that employees, when treated with fairness, are capable of optimising and enhancing their performance. Furthermore, the programme proposes to minimise negative environmental effects, to improve standards of quality, performance and visibility, which are essential for modern business competitiveness. Nowadays, consumers and investors take a company’s institutional image into account. A company that fails to meet expectations loses customers. When it acts in a socially responsible manner, it operates with a view to social participation and has a better chance of opening new markets. 3. Companies as leading agents for change.– Recognition of companies as leading social players, considering the innumerable possibilities open to them for effective intervention tending to bring about change. 4. New institutional arrangements in the relationship between capital and labour.– Companies would accept changes to union legislation, freedom of association and collective labour contracts, establishing a structure with trade union freedom. 5. Putting an end to child labour in the production chain.– Socially responsible companies should undertake to work on their production chain, influencing other companies, including small companies and those operating in the informal economy, to adopt socially responsible policies and practices. The scope of this task needs to be broad enough to include all the themes raised in the meeting, particularly those that refer to forced labour and the eradication of child labour. 6. Programmes for multiple intervention.– Companies should take part in multiple intervention programmes, broader in scope, so as to have greater socioeconomic impact on poverty. This was exemplified in programmes developed by Unicef and USAid. 7. Shared public policies.– Companies should share their processes for participating in the formulation of public policy. These should not be only government proposals alone, but should be produced by all the various players in society, including companies. In this way, these policies will reflect real commitment, and will not undergo alteration every time a new government takes office. 8. Não-discriminação da mulher em ambiente de trabalho – As empresas deveriam eleger o ambiente de trabalho como um local privilegiado para o tratamento dos aspectos relativos aos direitos humanos, principalmente a questão da discriminação e, em particular, a da mulher. Uma contribuição muito importante que podem dar consiste em trazer para dentro de seu ambiente de trabalho a discussão sobre esse tema, que em geral só se explicita nas relações com a comunidade ou no ambiente doméstico. 9. A defesa do meio ambiente – As empresas deveriam tratar a questão ambiental e o uso dos recursos naturais na sua dimensão social, evitando um enfoque meramente técnico. A relação da companhia com o meio ambiente foi destacada como fator de competitividade. Foi apresentada, pelo palestrante Roberto Kishinami, uma proposta de criação de um grupo de empresas que adotem um programa de referência de práticas ambientais e sociais. 10. Troca de informações e experiências – As empresas deveriam registrar suas iniciativas e experiências no espaço de aprendizagem oferecido pelo Global Compact. Cada empresa se compromete a compartilhar informações e sistematizar suas experiências com as demais e com a sociedade. O programa tem tido excelente desempenho no plano internacional, dando visibilidade e reconhecimento às práticas empresariais. A divulgação deve estar voltada não apenas para as ações destinadas a promover os princípios do Global Compact na comunidade, mas também para as práticas que ocorrem no âmbito da comunidade interna da companhia. 11. Aproximação com as agências da ONU – As empresas deveriam buscar aproximação com as agências da ONU e vice-versa. As agências colocam à disposição do empresariado informações e experiências que possuem nesse sentido. Entrar em contato com esse conhecimento pode contribuir muito na orientação dos caminhos a serem seguidos. Vários são os exemplos de como as parcerias com agências foram fundamentais para enriquecer e aumentar o impacto dos projetos e ações desenvolvidos. 12. Atuação pró-ativa – As empresas deveriam ser pró-ativas, pensando não apenas num projeto social isolado, mas em ações no campo social, ambiental e das relações de trabalho, de forma que seu impacto na sociedade seja maior. 13. Criação de espaços de discussão – Devem ser criados espaços nos fóruns de discussão do Global Compact para a apresentação das práticas que estão sendo implementadas e que são exemplos de parcerias entre empresas e agências da ONU. 14. Manter acompanhamento dos indicadores de responsabilidade social – As empresas devem continuar preenchendo os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, para que possam ter, de forma constante, uma auto-avaliação do estágio em que se encontram, bem como quais os aspectos de sua gestão e de seus relacionamentos com os diversos públicos que precisam ser melhorados. Assinando o Global Compact, os empresários demonstram aos empregados e à comunidade sua decisão de agir como cidadãos empresariais globais e responsáveis. Para mais informações sobre o Global Compact e o que ele pode significar para sua empresa, acesse as páginas da internet da ONU (www.unglobalcompact.org) ou da Organização Internacional de Empregadores (www.ioe-emp.org). 46 8. Non-discrimination of women in the workplace.– Companies should designate the workplace as a privileged venue for the treatment of human rights issues, particularly as regards discrimination and, above all, discrimination against women. An important contribution consists in introducing discussion of this issue into the workplace, which issue is generally made explicit only in the community or in the home environment. 9. Protection of the environment.– Companies should treat the environmental question and the use of natural resources in its social dimension, avoiding a purely technical focus. The relationship between the company and the environment has been emphasised as a determining factor in competitiveness. A proposal was put forward by one speaker, Roberto Kishinami, for the creation of a group of companies which would adopt a programme of benchmarks for environmental and social practices. 10. Exchange of knowledge and experience.– Companies should report their initiatives and experiences in the learning environment provided by the Global Compact. Each company undertakes to share information and systematise its experiences with other companies and with society as a whole. The programme has met with great acclaim worldwide, affording visibility and recognition to corporate business practices. Publicity should focus not only on actions aimed at promoting the principles of the Global Compact in the community, but also practices occurring within the company’s internal community. 11. Greater interaction with UN agencies.– Companies should seek greater interaction with UN agencies and vice-versa. These agencies make available to the business community the knowledge and experience that they possess in this field. Exposure to this knowledge can make a substantial contribution in indicating paths to be followed. There are several examples of how partnerships with agencies were fundamental in enriching and enhancing the impact of projects and actions undertaken. 12. Pro-active participation.– Companies should be pro-active, thinking not only of isolated social projects, but of actions in the social, environmental and labour relations fields, in such a way as to enhance the impact on society. 13. Creating scope for discussion.– Within the Global Compact discussion forums, greater scope should be created for the presentation of the Global Compact practices that are being implemented and that are examples of partnerships between companies and UN agencies. 14. Monitoring social responsibility indicators.– Companies should continue complying with the Ethos Institute social responsibility indicators, enabling them to assess for themselves, on an ongoing basis, the stage that they have currently reached, as well as those aspects of management and its relationship with the various interest groups, which must be improved. By signing the Global Compact, employers demonstrate to their employees and to the community their decision to act as responsible global corporate citizens. For further information on the Global Compact and what it can mean for your company, visit the UN website (www.unglobalcompact.org) or the International Employers’ Organisation website (www.ioe-emp.org). Anexos 4 47 Appendices 48 Direitos e capacitação econômica das mulheres D esde sua fundação em 1945, a ONU se caracterizou por ser uma organização que negociava apenas com governos. Mas, com o decorrer dos anos, a sociedade civil e as diversas entidades e organizações passaram a ter peso cada vez maior no panorama sociopolítico mundial. Com a globalização, o setor privado tornou-se um elo cada vez mais importante no desenvolvimento da cooperação internacional. Apesar dos riscos que a integração econômica global representa, é inegável que essa nova realidade também criou oportunidades sem precedentes para as mulheres no mundo. O setor privado é a força motriz da globalização e também o mais significativo elemento gerador de empregos, renda e riqueza. As Nações Unidas reconhecem, cada vez mais, a relevância do setor privado na construção de parcerias com entidades da sociedade civil e os benefícios mútuos. O Global Compact expressa este reconhecimento. O Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher – Unifem, considera esta questão de extrema importância e determinou no planejamento estratégico, para o período de 2000 a 2003, a necessidade de diversificar as fontes de recursos, com especial ênfase na busca de parcerias, de fundos e de outras formas de cooperação junto à iniciativa privada. O relacionamento com o setor privado não pode se limitar à mobilização de recursos não-governamentais para o desenvolvimento de projetos. O setor privado é importante agente de desenvolvimento em termos de conhecimento e capacitação no mundo de negócios. O Unifem O Unifem é uma organização autônoma que tem como principal função dar apoio financeiro e assistência técnica para programas e estratégias que promovam os direitos humanos das mulheres, sua participação política e sua segurança econômica. Contribuição do Unifem Texto preparatório para o evento (18-19 de outubro de 2001, Belo Horizonte, MG, Brasil) Trabalha em estreita associação com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Seus recursos provêm de contribuições voluntárias dos estados-membros, do patrocínio de fundações e de doações da iniciativa privada. A agência atua em parceria com outros órgãos das Nações Unidas, governos, organizações não-governamentais (ONGs) e redes, com o objetivo de obter justiça social e igualdade de gênero em atividades que incluem desde esforços pela paz até acordos comerciais. Desde 1976, a qualidade de vida das mulheres nos países onde o Unifem atua melhorou consideravelmente. Houve aumento na expectativa de vida, as taxas de mortalidade infantil caíram em 50% nas últimas décadas, e foram ampliados os acessos ao mercado de trabalho e ensino. Mas, se alguns indicadores apontam avanços na situação da mulher, a maioria deles denuncia uma situação ainda longe de ser considerada justa. 49 Preparatory text for the event (18 -19 October 2001, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil) Dealings with the private sector cannot limit themselves to the procurement of nongovernmental resources for the development of new projects. The private sector is essential for the development of new ideas and empowerment in the business world. S Unifem Unifem is an autonomous organisation whose main function is to lend financial support and technical assistance to projects and programmes that promote human rights for women as well as their greater participation in politics and assured economic stability. Unifem works in close collaboration with the United Nations Development Programme (UNDP). Its resources come from voluntary contributions by member states, donations from the private sector and sponsoring from a number of foundations. The agency counts on the help of other UN organisations, governments and nongovernmental organisations (NGOs), as well as networks. Its main goal is to secure social justice and gender equality in areas that range from peace efforts to trade agreements. Since 1976, the quality of life has improved considerably for women in countries where Unifem has been active. Life expectancy has gone up, while infant mortality rates have gone down by as much as 50 percent in the last decades. The job market for women has also seen an marked increase, as has women’s access to education. Despite these improvements, however, figures still show that the situation for women in these countries is far from satisfactory. Unifem contribution ince its inception in 1945, the UN has always been seen as an organisation that will negotiate only with governments. More recently, however, civil society and various other non-governmental organisations have played increasingly important roles in social and political circles. With globalisation, the private sector has become a yet stronger link in the development of international co-operation. Despite the risks entailed by global economic integration, it is undeniable that these new conditions have also created unprecedented opportunities for women worldwide. As well as being of great importance in creating new jobs and generating wealth, the private sector is also the moving force behind globalisation. The UN recognises the importance of the private sector in forming partnerships with civil society and the mutual benefits to be gained from them. The Global Compact is a sign of this recognition. The United Nations Development Fund for Women (Unifem) regards this as a vital question and has made strategic plans for the 2000 to 2003 period, stressing the need to diversify resources, with special emphasis on the search for new partnerships, new funding, and other forms of co-operation with the private sector. Women’s rights and economic empowerment Contribuição do Unifem Direitos e capacitação econômica das mulheres Fortalecimento político direitos humanos. O Unifem luta pela garantia dos direitos humanos combatendo todas as formas de discriminação e de violência contra a mulher. O Unifem visa influenciar a formação de políticas públicas igualitárias que garantam e ampliem os direitos e as oportunidades das mulheres em questões como o acesso ao poder, à saúde, à educação, aos direitos reprodutivos e à cidadania em geral. Desde 1998, o Unifem vem desenvolvendo campanhas específicas para reverter as atitudes sociais geradoras de violência contra a mulher, além de trabalhar pela aplicação das leis existentes e pela revisão de leis discriminatórias. Embora a participação das mulheres seja fundamental para a construção de processos democráticos e para o progresso social, elas estão sub-representadas no governo e no setor privado de praticamente todos os países. Como o poder é historicamente masculino, a maioria das mulheres apresenta despreparo e desconhecimento sobre a atuação política. O objetivo do Unifem, neste caso, é conscientizar e fornecer informação para que as mulheres possam atuar nos meios políticos. Em muitos países, como no Brasil, isto significa promover uma mudança cultural radical. A violência contra a mulher, atualmente denominada violência de gênero, ocorre tanto no espaço público quanto no privado. Fortalecimento econômico Defesa dos direitos humanos A desigualdade entre homens e mulheres, resultante das relações de dominação socialmente estabelecidas entre os dois gêneros, coloca a necessidade de soluções conjuntas, envolvendo mudanças de posição e comportamento de homens e mulheres, buscando uma repartição social mais justa de responsabilidades e oportunidades. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Organização das Nações Unidas em 1948. Mas somente 45 anos depois, na Conferência Mundial dos Direitos Humanos de Viena, em 1993, os direitos das mulheres passaram a ser reconhecidos e tratados como Classificação dos países pela proporção de mulheres e homens nos Congressos Nacionais Ranking of countries by proportion of women to men in national parliaments Nº 1º 6º 9º 10º 20º 21º 41º 83º 50 PAÍS / COUNTRY SUÉCIA / SWEDEN ALEMANHA / GERMANY CUBA / CUBA ARGENTINA / ARGENTINA SUIÇA / SWITZERLAND CANADÁ / CANADA EUA / U.S. BRASIL / BRAZIL CÂMARA (BAIXA) / (LOWER) CHAMBER SENADO/CÂMARA ALTA / SENATE / UPPER CHAMBER TOTAL HOMEM / MEN % MULHER / WOMEN % TOTAL HOMEM / MEN % MULHER / WOMEN % 349 669 601 257 200 301 435 513 200 462 435 186 158 239 377 484 57.3 69.0 72.4 72.4 79.0 79.4 86.7 94.3 149 207 166 71 42 62 58 29 42.7 31.0 27.6 27.6 21.0 20.6 13.3 5.7 -69 -72 46 103 100 81 -56 -68 38 71 91 75 -81.0 -94.4 82.6 68.9 91.0 92.6 -13 -4 8 32 9 6 -19.0 -5.6 17.4 31.1 9.0 7.4 Fonte: women in politics / women in parliaments / parline 1999 Source: Women in politics / Women in parliament / Parline 1999 Unifem contribution Political strengthening Unifem hopes to influence the creation of new, more egalitarian public policies that will guarantee and give greater scope to human rights and opportunities for women, whether it be in politics, in health care, in education, or simply in the observance of their basic rights as citizens. Although the participation of women is fundamental to the creation of democratic processes within a society and to social development as a whole, women have consistently been under-represented both in government and in the private sector in many countries. As political power has tended to be historically a male prerogative, the majority of women in such countries are unprepared for any active role in government, and is often even lacking in general political awareness. Unifem’s main objective, in this case, is to redress this balance and provide women with the needed information to play a more active role in politics. Defending human rights The Universal Declaration of Human Rights was adopted by the United Nations in 1948. It was only forty-five years later, however, at the 1993 World Human Rights Conference in Vienna, that women’s rights were included in the human rights category. Unifem works to ensure human rights are respected and to end discrimination and violence against women. Since 1998 Unifem has developed specific campaigns to combat social attitudes that lead to violence against women. It has also worked hard to enforce existing laws and to encourage the repeal of laws that promote discrimination. In many countries such as Brazil, this work entails bringing about radical changes to the cultural status quo. Violence against women, which has come to be known as gender violence, is frequent both in the public and private sectors. Economic strengthening Inequality between men and women, a result of the socially dominant role of the male established in the past, requires a joint search by the sexes for solutions to the problems it creates. These solutions will perforce require from both the rethinking of their respective roles in society in order to bring about such necessary changes as equal opportunities at work and wage parity between males and females occupying similar posts. Women’s rights and economic empowerment Direitos e capacitação econômica das mulheres O Unifem trabalha pelos direitos e pela capacitação econômica das mulheres. Para isso, adota estratégias de atuação baseadas nos direitos humanos, buscando direcionar de forma ética o processo de globalização e seu impacto sobre a vida das mulheres. O Fundo busca impulsionar a participação feminina no planejamento do seu desenvolvimento e apoiar ações que ampliem as oportunidades econômicas e o poder de negociação femininos. Isso é feito, por exemplo, desenvolvendo ou apoiando mecanismos que facilitem o acesso das mulheres de baixa renda ao crédito, à capacitação profissional, às novas tecnologias e mercados. Esse trabalho passa por uma colaboração entre sociedade civil, governo e setor privado, para modificar a realidade desfavorável: • As mulheres são 70% do total de 1,3 bilhão de pessoas absolutamente pobres do planeta. Em todo o mundo, elas são a única fonte de renda em 35% dos lares. • Das mulheres chefes de família do Brasil, 45,2% são negras ou pardas. • 61% da população é economicamente ativa, sendo 74% dos homens e 49% das mulheres. Contribuição do Unifem • Dos cerca de 160,5 milhões de brasileiros, 128 milhões vivem nas cidades e 32,5 milhões no campo; 82 milhões (51%) são mulheres e 78,5 milhões (49%) são homens. Entre as 46 milhões de famílias, 17% são comandadas por mulheres sozinhas com filhos, o que significa 33 milhões de pessoas, ou 20% da população do país. A reflexão sobre a eqüidade de gênero precisa incorporar as questões relativas à negociação coletiva, à paridade de cargos e salários e ao combate à discriminação. A questão de gênero passa também pela discussão das relações de classe na sociedade. • A diferença de renda entre mulheres e homens ultrapassa 60% em certas ocupações. • As mulheres detêm apenas 25% da riqueza produzida no país. Direitos trabalhistas A legislação trabalhista brasileira é bastante completa e as leis protegem as mulheres. Embora os textos referentes à maternidade/paternidade sigam a tendência geral da sociedade de atribuir às mulheres a responsabilidade pelos cuidados com as crianças, alguns contratos Presença de mulheres em cargos de direção de entidades de classe empresariais Women in managerial posts in employers’ organisations ENTIDADE / ORGANISATION PRESIDÊNCIA / PRESIDENCY VICE-PRESIDÊNCIA VICE-PRESIDENCY DIRETORIA DIRECTORSHIP CONSELHO/PLENÁRIA COUNCIL / PLENARY HOMEM / MEN MULHER / WOMEN HOMEM / MEN MULHER / WOMEN HOMEM / MEN MULHER / WOMEN HOMEM / MEN MULHER / WOMEN CNI 1 0 12 0 20 0 33 1 CIESP 1 0 - - 22 2 80 4 FIESP 1 0 15 0 38 2 - - 51 Fonte: sites das entidades de classe 10/2001 Source: Organisations’ websites 10/2001 • Of 160.5 million Brazilians, 128 million live in cities and 32.5 million in the country; 82 million (51 percent) are women and 78.5 million (49 percent) are men. Of the 46 million families, 17 percent are made up of women living alone with their children, which amounts to 33 million people, or 20 percent of the country’s population. • Of the total number of women in Brazil who are the heads of their families, 45.2 percent are black or mixed race. • The wage difference between women and men in Brazil is above 60 percent in certain jobs. • Women retain only 25 percent of the wealth produced in the country. Workers’ rights Brazilian legislation on workers’ rights is very thorough and on the whole fair to women. Although the sections referring to maternity and paternity follow the general tendency of assigning to women the duties and responsibilities of child rearing, some contracts already give to workers of both sexes the possibility of reconciling Unifem contribution Such rethinking of the issue of gender equality needs to take into account questions such as equal footing in group decisions, equal job opportunities, wage parity and the eradication of discriminatory practices in the workplace. The gender issue also raises the question of social class differences. Unifem works for women’s rights and empowerment. To do this it adopts strategies based on human rights, trying to direct globalisation and its impact on the lives of women in an ethical manner. The Fund seeks to ensure the participation of women in all levels of development planning and practice and to lend support to efforts that help increase their economic opportunities and decision-making powers. This is done, for example, by developing or supporting mechanisms that facilitate access by women with lower wages to credit, to empowerment and to new trades and technologies. This work of improving the unfavourable conditions still present in Brazil today requires the collaboration of the government, the private sector and civil society. • Women make up 70 percent of the total 1.3 billion people on the planet who live in conditions of absolute poverty. In the world, they are the only source of income in 35 percent of homes. Women’s rights and economic empowerment Contribuição do Unifem Direitos e capacitação econômica das mulheres já asseguram a todos os trabalhadores garantias para conciliar trabalho e filhos. Duas importantes novidades introduzidas pelo processo de negociação são as garantias relativas à licença-maternidade para filhos adotivos e aos abonos de faltas para o cuidado dos filhos. Mas há dificuldades para a aplicação e fiscalização das leis, a começar pela falta de conhecimento das mulheres sobre seus direitos. Também o espaço da construção dos acordos coletivos permanece limitado à discussão dos direitos das trabalhadoras como mães. Somente 15% das cláusulas acordadas tratam de temas como condições de trabalho (9%), exercício do trabalho (2%), saúde (3%) e eqüidade de gênero (1%). Alguns dos principais desafios são: • Reverter a ausência de acordos em relação ao ambiente, ao ritmo e à organização dos postos de trabalho. • Negociar garantias mínimas, como regras para o processo de revista de pessoal de forma a evitar constrangimento, abolição do controle do uso do banheiro e o direito de trabalhar sentada. Estas questões evidênciam as más condições de trabalho e a persistência de mecanismos de coerção. • Acabar com a discriminação contra a mulher que se casa. Ainda é comum as mulheres serem demitidas após se casarem ou perderem as chances numa entrevista de emprego por serem casadas e terem filhos. • Combater a falta de fiscalização e denúncia devido a desigualdade de salários. As mulheres trabalhadoras enfrentam dificuldades, como remuneração mais baixa, discriminação no acesso aos postos de trabalho, na ascensão profissional e no exercício da função. A mulher negra sofre também o preconceito racial. Há problemas com exigências de exames de gravidez para a contratação, abusos e/ou discriminação por parte de chefias, assédio sexual, punições por faltas e atrasos para cuidado dos filhos, condições ambientais e de saúde adversas e trabalho repetitivo ou penoso. A elevação do padrão de vida e a igualdade de oportunidades só são possíveis com a solução das questões que afetam as mulheres. As condições de trabalho das mulheres Cerca de 49% da força de trabalho brasileira é formada por mulheres, que continuam basicamente concentradas nos setores tradicionalmente “femininos”: o maior contingente, 56,6%, está na prestação de serviços, segundo o IBGE. Destas, cerca de 5,4 milhões são trabalhadoras domésticas, sendo que apenas 25% têm carteira assinada. Os vínculos empregatícios das mulheres são mais frágeis e as condições de trabalho mais desfavoráveis que as dos homens. A participação da mulher na população economicamente ativa (PEA) vem crescendo. Mas isso se deve, por um lado, a um crescimento do contingente de trabalhadoras, e, por outro, ao crescimento da taxa de desemprego entre os homens. Da mesma forma, a recente tendência para o trabalho informal vem aproximando, pelo lado negativo, ambos os sexos. Segundo dados do IBGE, 54% das mulheres assalariadas, excluídas as funcionárias públicas e militares, trabalham sem carteira. 52 work with child care. Two important new developments brought about by negotiation have been the guarantee of maternity leave for mothers of adopted children and of leave for general child care. But there are difficulties in the application and enforcement of these gender-sensitive laws, not the least of which arise through women’s unfamiliarity with their own rights. Also room for negotiation has so far been limited to female workers’ rights as mothers. Only 15 percent of accepted new clauses touch upon issues such as work environment (9 percent), work achievement (2 percent), health (3 percent) and gender equality (1 percent). Some of the main challenges now facing us are: Unifem contribution • Putting an end to the lack of agreements concerning work conditions and the organisation of posts. • Negotiating the guarantee of certain basic working rights, such as those covering regulations on frisking to avoid personal embarrassment; the abolition of bathroom use control; and the right to work seated. These issues are evidence of the poor working conditions and persistent powers of coercion that are still in effect today. • Ending discrimination against women who marry. It is still common to see women being fired from their jobs after marriage or being ruled out for vacancies in job interviews because they are married and have children. • Combat the lack of enforcement of gender-sensitive laws and related denunciations as a result of wage differences. Female workers face difficulties such as lower wages, discrimination in competing for certain posts and promotions, and sometimes even in the carrying out of their appointed duties. Black women also suffer racial discrimination. There are problems with the requirement of pregnancy tests before work contracts are signed; harassment and/or discrimination from those occupying higher posts; sexual harassment; undue punishment for tardiness or missing work as a result of having to care for children; unhealthy or generally adverse working conditions; over-arduous or repetitive work. It is impossible to raise the general standard of living and ensure equal opportunities without addressing the issues currently affecting the lives of women. Working conditions for women Around 4 percent of Brazilian labour is supplied by women, who on the whole are still employed in sectors considered traditionally “female”. Most working women, 56.6 percent of the total, are employed in the services sector, according to the Brazilian census conducted by the IBGE. Of these, around 5.4 million work as maids, though only 25 percent are officially registered as such. Women’s work contracts are far less binding than those of men and their working conditions are generally more adverse. The role of women in the economically active portion of the population is growing. This is in part due to increasing numbers Women’s rights and economic empowerment Direitos e capacitação econômica das mulheres Negociações coletivas e o trabalho da mulher Uma das formas de ação direta para a melhoria das condições de trabalho e remuneração das mulheres é a negociação coletiva: através dela se fixam as condições do acesso, remuneração e exercício do trabalho que irão aplicar-se à categoria ou setor por um período de tempo, além de articular os esforços de organização, debate com as categorias e acompanhamento dos locais de trabalho. O Unifem apóia trabalhos e esforços que assegurem algumas precondições básicas, como as que constam das principais negociações trabalhistas: • valorização do trabalho da mulher e igualdade de oportunidades, sem discriminação de sexo, raça ou idade para contratação, salários e ascensão profissional; acesso à formação e requalificação profissional; • direito à maternidade/paternidade e ao cuidado dos filhos, garantia de condições de trabalho adequadas para as gestantes, em especial a existência de creches; • condições de trabalho: qualidade do ambiente e do trabalho; jornada e ritmo compatíveis com a preservação da saúde mental e física de homens e mulheres; • saúde da mulher: prevenção e tratamento das doenças que atingem as mulheres, como LER - Lesões por Esforços Repetitivos, Aids, estresse, alcoolismo; garantia de emprego e de tratamento adequado às mulheres que tenham sofrido aborto; Contribuição do Unifem As mulheres ganham menos que os homens, independentemente do desempenho da economia, da escolaridade, da função ou do cargo. As que trabalham no setor de serviços têm remuneração média equivalente a 70% dos ganhos dos homens. Na indústria, as mulheres recebem 56% do valor real pago a eles. Para atingir o mesmo patamar salarial que os homens, as mulheres precisam estudar mais. Com base em dados da Grande São Paulo, as mulheres com 2º grau completo atingem remuneração de R$ 4,00 a hora, a mesma recebida pelos homens que têm apenas o 1º grau. • ações afirmativas, como comissões para igualdade de oportunidades e quotas; • combate à violência contra a mulher: assédio sexual e violência dentro e fora do ambiente de trabalho; • papéis sociais: direito à fala e às decisões em todos os níveis, divisão do trabalho doméstico; • aposentadoria das mulheres. Conclusões A proposta do Global Compact para as empresas é que elas assumam compromissos com a mudança social. O Unifem vem trabalhando para promover uma nova forma de pensar e agir em relação às mulheres, apesar da limitada capacidade de financiar projetos. 53 of women in employment, but also due to rising unemployment figures among males. The recent rise in the number of informal and part-time jobs in the country has also done much to redress the balance between the sexes in the job market, albeit only in a negative aspect. According to IBGE census returns, apart from those employed in the civil or military service, 54 percent of wage-earning women are not officially registered and do not have their work cards signed by employers. Women earn less than men, irrespective of achievement, schooling or post. Women employed in the services sector earn about 70 percent as much as men in the same jobs. In industrial jobs, this figure goes down to 56 percent. To achieve wage parity with men, women must have a higher level of education. According to figures for Greater São Paulo, women who have completed secondary school earn 4 reais an hour, while men earning the same amount have completed only elementary school. One of the means available for direct action in improving working conditions and better wages for women is that of collective bargaining. It is through collective bargaining that access to the decision-making process is gained. Wage standards and duties pertaining to specific jobs can be made official and binding over a certain period of time; and it can also help to plan organised effort and encourage productive debate within job categories, as well as ensure active monitoring of the work place for gender discrimination. Unifem contribution Collective bargaining and women at work Unifem supports projects and efforts that seek to ensure basic working conditions such as those delineated in every major labour negotiation. • Appreciation of women’s work and the assurance of equal opportunities irrespective of sex, race, or age in choosing a candidate for a job, or in awarding pay rises and promotions; equal access to education and equal opportunities in acquiring professional qualifications; • Right to maternity/paternity leave and leave for child care; the guarantee of decent working conditions for pregnant workers and the creation of day nurseries in the workplace; • Working conditions: the quality of the work environment; timetable and working hours that in no way affect the mental or physical health of men or women workers; • Women’s health: prevention and treatment of illnesses that affect women, such as repetitive stress injury (RSI), Aids, stress, alcoholism; job guarantee and treatment for women who have a miscarriage; • Affirmative action, such as committees for equal opportunities and wage parity; • Active measures to combat violence against women: sexual harassment and violence both in and out of the workplace; • Social roles: the right to take part in the decision making process on all levels; sharing of housework; • Retirement pensions for women. Women’s rights and economic empowerment Contribuição do Unifem Direitos e capacitação econômica das mulheres O Unifem acredita que o relacionamento com o setor privado não pode se limitar a uma mobilização de recursos não-governamentais para o desenvolvimento de projetos. Junto com o setor privado será possível criar projetos de capacitação das mulheres, mas principalmente ser parceiros, desde que o setor privado assuma sua responsabilidade social e atue de maneira construtiva em prol do conjunto da sociedade e, particularmente, das mulheres. O Unifem vem trabalhando para estabelecer critérios precisos de relacionamento com a iniciativa privada. Estes critérios devem partir da avaliação do perfil das empresas, observando desde o setor da economia em que elas se inserem, seus produtos, sua imagem no mercado, até seu comportamento no que se refere às relações com os empregados, critérios e oportunidades para mulheres e homens, enfim, um perfil ético como conjunto, pela atitude socialmente responsável da empresa. nas o lucro imediato, obtido à custa do sacrifício da imensa maioria da população, da ausência de condições mínimas de saúde, alimentação, moradia, saneamento, educação, lazer e até de trabalho. Para o Unifem, a aproximação com o setor privado visa principalmente conscientizar e influenciar aqueles que detêm o poder produtivo e econômico para que suas decisões e ações sejam, cada vez mais, pautadas e comprometidas com o princípio da eqüidade entre mulheres e homens. A empresa deverá apresentar coerência entre práticas administrativas, trabalhistas e comerciais condizentes com os princípios estabelecidos no Global Compact, e mais especificamente, com valores relativos à eqüidade de gênero. Os critérios servirão como indicadores não só para qualificar as empresas para apoiarem projetos ligados ao desenvolvimento e garantia dos direitos das mulheres, mas também para desqualificar aquelas que adotarem práticas discriminatórias tanto em termos de gênero como étnicas e trabalhistas. As empresas devem começar a assumir o compromisso social para conservar suas perspectivas de crescimento contínuo, sem visar ape- 54 Unifem contribution Conclusions The Global Compact proposes that companies commit themselves to social change. Despite limited means for the financing of projects, Unifem has been working to promote new ways of thinking and acting in issues concerning women. Unifem believes that relations with the private sector cannot limit themselves to mobilisation of non-governmental resources for the development of projects. Together with the private sector it will be possible to create new projects for the empowerment of women, but only as long as the private sector assumes its role and respective social responsibilities as partner in a combined effort to improve society and especially the participation of its women within the community. Over the years Unifem has been working to establish working criteria in its relations with the private sector. These criteria are based on precise evaluations of companies - evaluations that perforce take into account everything from the company’s position in the general economy, its products and its image in the market, to its behaviour in relation to employees and its adopted criteria in creating opportunities for men and women. These evaluations provide Unifem with a clear portrait of a company’s ethical standards and its role as a socially responsible organisation. The company in question must display consistency in its administrative, commercial and trade practices, all of which must conform to the principles established by the Global Compact, especially as regards questions of gender equality. These criteria will serve as points of reference not only in choosing companies to support projects promoting development and women’s rights, but also to rule out those companies that adopt discriminatory practices of any kind. Companies must learn to commit themselves socially if they are to maintain desired growth rates, and they must do so by not focusing on short-term profits alone, which are often gained through sacrifice of a very large segment of the population and through total disregard for even the most basic standards of health care, nutrition, housing, sanitation, education, leisure and even of work itself. For Unifem, this closer co-operation with the private sector aims mainly at encouraging those holding economic and productive power officially to commit themselves to the principle of equity between men and women. Women’s rights and economic empowerment Trabalho infantil A Constituição brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelecem que a idade mínima para o trabalho é de dezesseis anos, excetuando a condição de aprendiz a partir dos catorze anos. A proibição é vista dentro de uma perspectiva de direitos, como forma de garantir a esses jovens o direito à educação, saúde, lazer e desenvolvimento para que possam realizar todo o seu potencial e vir a tornar-se cidadãos plenos. É entendida também como a forma mais eficiente de quebrar o ciclo de pobreza em que vivem aqueles que são levados a trabalhar precocemente. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação estabelece obrigatoriedade da conclusão do ensino fundamental sem estipular idade. Com a forte tendência à repetência e abandono escolar, a porcentagem de adolescentes que completam a educação fundamental com catorze anos é muito baixa. Em 1999, praticamente a metade (49,5%) dos alunos que cursavam a oitava série estava fora da faixa etária correta e apenas 32,6% dos adolescentes entre quinze e dezessete anos estavam cursando o ensino médio. A nova legislação sobre aprendizagem ainda está em fase de regulamentação, e o chamado sistema S (Sesc, Senac, Senai) não atende à demanda existente de jovens com ensino fundamental incompleto. Como as bolsas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) acabam aos catorze anos ou até antes, os egressos do programa acabam voltando para o mesmo trabalho do qual saíram sem novas perspectivas. O Brasil tem servido de exemplo para muitos países por sua experiência na prevenção e combate ao trabalho infantil. A escala da mobilização social e a riqueza de suas abordagens são notáveis. Primeiro, o trabalho infantil foi abordado dentro de uma perspectiva de direitos. A negação ou impedimento à satisfação desses direitos foi identificada, possibilitando a construção de programas-piloto para responder a esses obstáculos. Esses programas buscam a integração de uma série de intervenções simultâneas para: • melhorar não só o acesso à educação, mas também a sua qualidade; Contribuição do Unicef Texto preparatório para o evento (18-19 de outubro de 2001, Belo Horizonte, MG, Brasil) • compensar o impacto do trabalho infantil na renda familiar; • capacitar os pais para melhorar suas chances de emprego e renda • e estimular a participação cidadã das famílias nos programas e nas comunidades. Essa abordagem intersetorial dos programas-piloto mostrou-se mais eficiente do que estratégias que visam um único aspecto do problema. Registramos avanços importantes: A erradicação do trabalho infantil está presente na agenda do governo e da sociedade. Entre 1995 e 1999, os dados também mostram alguns avanços, como as 1,3 milhão de crianças de cinco a dezesseis anos que deixaram o trabalho1 infantil, mas este número tem sofrido uma estagnação, e 3,8 milhões de crianças ainda continuam trabalhando. 1 IBGE, PNUD 1995-1995, Mapa do Trabalho Infantil 2000, Ministério do Trabalho e Emprego, junho de 2001. 55 Preparatory text for the event (18-19 October 2001, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil) T 1 Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and UNDP, 1995-1999, Mapa do Trabalho Infantil 2000, Labour and Employment Ministry, June 2001 Unicef contribution he Brazilian Constitution and the Statute of the Child and Adolescent rule that the minimum working age is sixteen, other than apprenticeships, which may begin at fourteen. The ban is seen within a rights perspective as a way of ensuring these young people’s right to schooling, health, leisure and development, enabling them to achieve their full potential, becoming citizens in the full sense of the word. It is also understood as the most efficient means of breaking out of the poverty cycle to which all those are condemned who have to start work at too young an age. The Basic Guidelines Law governing education rules that everyone must finish “fundamental” (primary or elementary) school, though without stating by what age this is to be done. With the high percentage of schoolchildren who fail to achieve promotion at the end of the year, which entails staying on a second year in the same class, together with the large number of early leavers (dropouts), only a very small percentage of young people manage, in practice, to conclude fundamental school by age fourteen. In 1999, practically half (49.5 percent) of eighth-year (final year) students were in classes not corresponding to their own age-groups, while only 32.6 percent of adolescents in the 15-to-17 age bracket were attending middle school. The new legislation governing apprenticeships is still at the regulamentation stage, and the so-called “S system” (comprising Sesc, Senac and Senai, respectively the Social Service for Commerce, the National Commercial Training Service, and the National Industrial Training Service), is insufficient to meet the demand among young people who have not finished fundamental school. Since the grants made available under the Programme for the Eradication of Child Labour (Peti) apply only to children up to fourteen, and sometimes less, those who have completed their entitlement end up going back to the same jobs that they had previously left, having gained no new prospects. Brazil has served as an example for many countries for its experience in the prevention and suppression of child labour. The scale of social mobilisation and the wealth of its approaches are remarkable. First child labour was approached within a rights perspective. Denial of these rights, or impediments to their full observance, has been identified, making it possible to construct pilot programmes to respond to these obstacles. These programmes seek to integrate a series of simultaneous interventions to: • Improve not only access to schooling but also the quality of the schooling offered; • Compensate for the impact on household income of the loss of the child’s earnings; • Give parents the capability of improving their chances of finding employment or enhancing their earning power; • Stimulating the citizenly participation of families in the programmes and communities. This intersectorial approach adopted by the pilot programmes has proved more efficient than strategies aimed only at a single aspect of the problem. We have achieved important advances: the eradication of child labour is on the agenda of the government and of society at large. Between 1995 and 1999, the statistics also show some improvements, such as the 1.3 million aged from five to sixteen who have left child labour1, but since then there has been a slowdown and 3.8 million children still remain in employment. Child labour Contribuição do Unicef Trabalho infantil Maior talvez do que o impacto nos números têm sido os grandes “achados” nesta experiência brasileira de combate ao trabalho infantil. O primeiro deles está no compromisso com o aumento das oportunidades educativas da população. Erradica-se o trabalho infantil para melhorar o acesso e desempenho escolar daquelas crianças que estavam excluídas da escola ou prejudicadas pelo ônus das horas de trabalho. Aumentar as oportunidades educacionais desta população é uma maneira de interromper a reprodução do ciclo da pobreza. Assim, a erradicação do trabalho infantil, o aumento das oportunidades educacionais e a redução de pobreza formam um tripé de uma nova etapa de fortalecimento da cidadania e da consciência da sociedade no Brasil. Investimentos contra o trabalho infantil são basicamente investimentos em capital humano, ajudam a quebrar o ciclo intergeneracional de pobreza e a qualificar a mão-de-obra futura em um mundo altamente competitivo. Um mundo em que não só a educação fundamental, mas crucialmente a educação média faz a diferença nas comparações da força econômica dos países. Os efeitos nocivos do trabalho infantil ficam bastante claros quando se examina seus impactos sobre a escolaridade: o índice de analfabetismo entre crianças trabalhadoras é de 20% comparado aos 8% das crianças que não trabalham. Crianças entre dez e catorze anos que trabalham (uma população de 2,5 milhões2) registram uma defasagem idade-série escolar de 58%. Os impactos podem também ser mais fortes para os adolescentes de quinze a dezesseis anos que tra2 IBGE, PNUD, 1999. balham. Nesta faixa etária somente 25% dos que trabalham conseguem completar os oito anos da educação fundamental, enquanto que 44% dos que não trabalham completam este ciclo. O grande desafio não é só garantir o acesso, assegurando vagas e matrículas. A maioria das crianças que trabalham hoje em dia também estudam – mas o peso das horas trabalhadas e o cansaço, as formas sutis e explícitas de exclusão na sala de aula cobram seu preço no desempenho escolar. Assim, garantir educação integral de qualidade para estas crianças se torna questão da maior importância. A criatividade dos programas de erradicação do trabalho infantil com a oferta de jornadas ampliadas com atividades lúdicas, esportivas e culturais, além do reforço escolar, aponta caminhos. O desafio explícito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de oferecer educação integral para a população até 2006 é enorme. Este é um desafio com o qual os empresários podem contribuir mobilizando seu know-how estratégico para ajudar as comunidades a encontrar soluções. Também precisamos acompanhar as carreiras escolares das crianças – e saber mais precisamente dos avanços e dificuldades em todas as séries – nos pautando mais pelas taxas de aprovação do que pelas de matrícula. É necessário providenciar treinamentos, materiais e salários compatíveis para que os professores possam lidar com os desafios atuais. É ainda importante lembrar que quando falamos em taxa de matrícula de 96% estamos falando de 1,5 milhão a 1,8 milhão de crianças fora da escola. Outro grande êxito brasileiro tem sido o de considerar a criança dentro da família e procurar oferecer formas de recuperar a renda familiar, concedendo bolsas e rendas mínimas por um tempo limitado. Si- Unicef contribution 56 Greater, perhaps, than the impact on the numbers have been the great “discoveries” in this Brazilian experience of combating child labour. The first “discovery” was in the commitment to increasing the educational opportunities available to the population at large. Child labour is eradicated in order to improve access to schooling and educational performance for those children who were excluded from school or were overburdened by their hours of work. Increasing the educational opportunities available to this segment of the population is one way of putting a stop to the present cycle. Thus the eradication of child labour, the provision of greater educational opportunities, and the reduction of poverty comprise the three legs of a tripod supporting a new stage in the strengthening of citizenship and social awareness in Brazil. Investments in the reduction of child labour are basically investments in human capital. They help to break the cycle of poverty binding one generation to the next, while providing skills to the workforce of the future in a highly competitive world. A world in which not only fundamental education but-and crucially-a middle-school education makes the difference international comparisons of economic strength. The harmful effects of child labour are clearly seen when we examine its impact on schooling levels. The illiteracy rate among working children is 20 percent, compared with 8 percent among children who do not work. Among the 2.5 million working children in the 10-to-14 age bracket2, no fewer than 58 percent are in grades lower than those corresponding to their age. The impact can be even more marked in the case of 15- and 16-year-olds. In this age group, only 25 percent of working 2 IBGE, UNDP 1999 Child labour adolescents manage to complete the eight years of fundamental school, compared with a 44 percent rate among those not in work. The main challenge is not only to guarantee access to schooling by ensuring vacancies and enrolment. A majority of working children also attend school nowadays, but the burden of the hours spent at work and tiredness, added to explicit or subtle forms of exclusion in the classroom, erode working children’s educational performance. It is therefore of the first importance to guarantee integral, quality schooling for these children. The creativity displayed in child labour eradication programmes, with the offer of working hours that include sports, games, and cultural activities, points to paths that can be followed. The explicit challenge of the Educational Guidelines Law, offering full schooling to the whole population by 2006, is overwhelming. This is a challenge to which the business community can make a contribution, mobilising strategic know-how with a view to aiding communities to find solutions. We also need to monitor the children’s school careers, to obtain more detailed information on improvements and difficulties encountered in each grade-bearing in mind that year-end promotions, as a percentage of grade numbers, are a surer guide than enrolments. Training will have to be provided, along with classroom materials, and salaries will have to be raised if teachers are to face up to current challenges. It must also be borne in mind that, when we speak of a 96 percent enrolment rate, we are talking about 1.5 million to 1.8 million children who are not attending school. (The numbers are subject to confirmation in the light of the recent census.) Another great Brazilian success has been to consider the child within his or her family context, and seeking to offer ways of improving the family income by awarding study grants and guaranteed minimum incomes for a limited period. At the same Trabalho infantil O trabalho infantil é um problema que afasta a criança da escola, que traz agressões físicas e emocionais. Muitas vezes, com apenas quarenta quilos, ela carrega caixas com mais de trinta. Realiza jornadas de trabalho de oito a nove horas na colheita de cana, no trabalho com sisal (cujo desfibramento é feito em máquinas primitivas e perigosas, onde se perdem membros e dedos), em olarias, em fornos de carvão vegetal ou trabalham e moram em lixões, uma grande vergonha. O desafio de gerar emprego e renda para essas famílias é parte da agenda nacional. Ele passa por políticas focadas na geração de emprego e renda ou de combate a pobreza e transita pela política econômica do país e os esforços de desenvolvimento regional e local. De novo, os empresários podem contribuir repassando o know-how e empreendedorismo para estas comunidades. Grande repercussão tem sido alcançada pela estratégia de examinar e mobilizar para atacar o trabalho infantil nas cadeias produtivas. Mobilizando desde o topo toda a cadeia para que fornecedores não empreguem mão-de-obra infantil, conseguiu-se reduzir significativamente o número de crianças que trabalham em condições perversas e agressivas. Exemplos: • nas carvoarias que fornecem o insumo para o beneficiamento de ferro-gusa para a indústria siderúrgica, finalmente utilizado pelas montadoras de veículos; • no corte da cana para a indústria álcool-sucareira; • na coleta de laranjas para a exportação de suco. Apesar dos sucessos, os desafios neste campo ainda são pesados: • assegurar que estas ações não se limitem a cartas de intenções, mas resultem em sistemas confiáveis de monitoramento do trabalho infantil nas respectivas cadeias produtivas; • evitar o deslocamento do trabalho infantil: • para outras cadeias produtivas (da laranja para o tomate); • para outros municípios ou estados (do Sudeste para o Nordeste); Contribuição do Unicef multaneamente, procura-se ampliar horizontes promovendo sua capacitação e acesso a créditos para geração de renda, pequenos empreendimentos e participação mais efetiva nas suas comunidades. • ou ainda das fábricas para o trabalho domiciliar (das bancas para o lar); • estudar, conhecer e encontrar soluções para a diversidade e formas em que a mão-de-obra infantil é explorada. Até o momento os principais avanços no combate ao trabalho infantil têm acontecido no setor formal. No setor informal, persistem grandes desafios: • No setor informal urbano, como administrar programas contra o trabalho infantil para uma população extremamente móvel, como melhorar a efetividade das equipes de fiscalização do trabalho nesse setor que se estima empregar entre 50 e 60% da mão deobra brasileira? • Na agricultura familiar, como estimular um debate sobre diferença entre “alguma ajuda” nas tarefas da família e o trabalho pesado que é prejudicial aos estudos e desenvolvimento pleno da criança? As cotas de produção familiar são tão onerosas que necessariamente implicam a utilização de trabalho infantil. 57 Despite some successes, the challenges in this field remain daunting: • Ensuring that the actions shall not remain limited to declarations of intent but shall result in reliable systems for monitoring child labour and the respective production chains; • Avoiding the switching of child labour: - from one production chain to another (from orange to tomato picking); - from one state or municipality to another (from a southeastern state to a northeastern state); - from factory work to outwork (from the workbench to the home); • To study, gain knowledge of, and find solutions for the diversity of means whereby child labour is exploited. Up until now the main advances in combating child labour have been achieved in the formal economy. In the informal economy, great challenges remain to be met: • In the urban informal economy, how to manage programmes against child labour for a highly mobile population, how to enhance the effectiveness of work inspection teams, bearing in mind that the urban informal economy is thought to account for between 50 and 60 percent of all jobs in Brazil. • In subsistence agriculture, how to prompt a debate about the difference between helping out with family tasks and doing heavy labour that is prejudicial to the child’s schooling and to his or her full development. Household production quotas are set at such high levels that they cannot possibly be fulfilled without having resource to child labour. Unicef contribution time, an attempt is made to broaden horizons by helping the whole family to enhance their capabilities, with access to credit for income generating and operating small businesses, with more effective participation in the local community. Apart from keeping children away from school, child labour causes them harm both physically and emotionally. Often a child weighing only 40 kilograms is made to carry crates weighing over 30 kilograms, or three-quarters of the child’s own weight. A child’s working day can last from eight to nine hours, cutting sugar cane, working with sisal (often operating primitive carding machines that are dangerous to use, causing the loss of fingers or an arm), in brickworks, charcoal kilns or humiliatingly - living and working in a garbage dump. The challenge of generating jobs and income for these families is part of the national agenda. It includes policies focusing on job and income creation or on fighting poverty; it ties in with national economic policy and the development drive at regional and local levels. Here too the business community can make a contribution by passing on know-how and the entrepreneurial spirit to these communities. Substantial results have been achieved by the strategy of examining and mobilising in the attack on child labour in the production chains. Mobilising the entire chain from the top down, so that suppliers will not employ child labour, has achieved a significant reduction in the number of children working in unnatural and harmful conditions. Examples: • In charcoal kilns, which supply an input for processing pig iron for the steel industry, the end user of the steel being the automobile industry; • In cane cutting for the sugar and alcohol industry; • In orange picking for the production of orange juice for export. Child labour Contribuição do Unicef Trabalho infantil • No trabalho infantil doméstico – quase meio milhão de crianças abaixo de dezessete anos trabalham (como empregados em casa alheia), com impactos negativos na sua escolaridade, auto-estima e às vezes sua própria integridade física e moral. • E nas atividades ilícitas: exploração sexual e trabalho na indústria das drogas, com suas dificuldades de acesso e de oferecer alternativas viáveis e duradouras. Os avanços recentes da ratificação das Convenções 182 da OIT, sobre as piores formas de trabalho infantil, e 138 sobre a idade mínima para o trabalho ajuda na mobilização da sociedade, mas ao mesmo tempo oferece novos desafios. A garantia constitucional de idade mínima para o trabalho e a obrigatoriedade da conclusão do ensino fundamental, combinadas à tendência a repetência e abandono escolar e à incapacidade de oferecermos aprendizagem aos jovens com ensino fundamental incompleto criam uma importante população de jovens excluídos. O que fazer com eles? Resta ao país concentrar esforços para que a maioria dos adolescentes brasileiros complete o ensino fundamental e médio. É uma maneira de lançarmos uma perspectiva de redução da taxa anual de 29% de analfabetismo funcional da população acima de 15 anos. Neste ponto, surge um desafio bastante direto para os empresários e o sistema “S”, o de oferecer treinamento e profissionalização para os adolescente de baixa renda, que lhes possibilitem completar a sua educação básica e média. participação confirma o engajamento de muitos empresários na busca de soluções, o que distingue o Brasil de outros países. O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, que congrega 42 instituições, enfatiza um novo modelo de “quadripartismo” – envolvendo empresários, trabalhadores, governo e entidades não-governamentais da sociedade civil. Infelizmente a participação dos empresários e das confederações tem sido declinante. Neste momento, oferece-se uma oportunidade para reafirmar esta participação – na definição do novo papel do Fórum frente a estes novos desafios de implementação das Convenções 138 e 182, quando cada setor foi convidado a expor sua visão sobre como o Fórum pode potencializar a erradicação do trabalho infantil. E assim chegamos ao sentido real de responsabilidade social – como uma participação cidadã na busca de soluções –, seja combatendo a exploração de mão-de-obra infantil nas cadeias de produção, oferecendo oportunidades de educação e profissionalização para adolescentes, apoiando as famílias dos empregados de cada empresa e participando ativamente nas suas comunidades e sociedade. Quando se estima as implicações futuras do trabalho infantil para as crianças e para a nação, pode-se compreender melhor por que sua prevenção e erradicação são prioridade na agenda da responsabilidade social. Do sucesso desta tarefa comum depende muito o sucesso futuro desta nação que precisa alcançar alto desempenho e competitividade num mercado globalizado exigente. A educação adequada dos cidadãos é o grande diferencial deste mercado. A participação dos empregados nas Comissões Tripartites para a consideração das Convenções 182 e 134 da OIT foi bastante ativa. Essa Unicef contribution 58 • In domestic service: almost half a million children under sixteen work as domestic servants (outside their own home), with a negative impact on their schooling, self-esteem and sometimes on their physical and moral well-being. • And in illicit activities: sexual exploitation, work in the illegal drug trade, with the difficulty of gaining access to such cases and of offering viable long-term alternatives. Recent advances in the ratification of ILO Convention 182, covering the worst forms of child labour, and Convention 138 on the minimum working age, help to mobilise society but also set new challenges of their own. The constitutional guarantee of a minimum working age, together with the legal requirement of compulsory conclusion of fundamental school, the tendency to repeat years and early school-leaving, and the ban on offering apprenticeships to any young person who has not completed fundamental school, combine to create a sizeable population of excluded young people. What is to be done with them? It remains for the country to undertake a concentrated drive for a majority of Brazilian adolescents to complete fundamental and middle school. This is one way in which we can tackle the challenge of reducing the present 29 percent rate of functional illiteracy among the population aged fifteen and above. At this point there arises a quite direct challenge to entrepreneurs and to the “S” system, which is to offer training and job qualification skills to low-income adolescents, enabling them to complete fundamental and middle school. The participation of employees in the tripartite committees for consideration of ILO Conventions 182 and 134 has been quite active. This participation confirms that Child labour many entrepreneurs are engaged in the search for solutions, a feature that sets Brazil apart from other countries. The National Forum for the Prevention and Eradication of Child Labour, comprising forty-two institutions, stresses a new “quadripartite” model involving entrepreneurs, workers, government agencies and non-governmental entities in civil society. Unfortunately, the participation of the business community and employers’ organisations has declined. At this moment, an opportunity is offered to reaffirm participation - in redefining the Forum’s role in view of this new challenge of implementing Conventions 138 and 182, when each sector was invited to state its view of its own role in ways for the Forum to advance the eradication of child labour. Thus we arrive at the real meaning of social responsibility-as a citizenly participation in the search for solutions, be it combating the exploitation of child labour in production chains, providing education and job skill opportunities for juveniles, supporting the families of each company’s employees, or playing an active role in local communities and society. When assessing the future implications of child labour for the children themselves and for the nation as a whole, it will be more clearly understood why prevention and eradication are a priority on the social responsibility agenda. On the accomplishment of this common endeavour largely depends the future success of this nation, which needs to achieve a high performance and competitiveness in a demanding global market. Educational standards are what give a nation its competitive edge in this market. Princípios fundamentais e direitos no trabalho A Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e seu Seguimento foi adotada pela Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra, em 1998, no 50º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esses princípios, que estão incorporados no Global Compact, estabelecido pelo secretário-geral das Nações Unidas em 2000, são os seguintes: • apoio à liberdade de associação e reconhecimento do direito à negociação coletiva; • eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório; • abolição do trabalho infantil; • fim das práticas de discriminação no ambiente de trabalho. As informações a seguir foram preparadas com o intuito de indicar o escopo de cada um dos quatro princípios e direitos em linguagem nãojurídica. Elas não pretendem interpretar a Declaração, tampouco expressar as diferentes maneiras e significados adotados por governos, ONGs, empresas, jornalistas etc., visando contribuir para o respeito, promoção e realização dos princípios e direitos fundamentais no trabalho. Entretanto, antes de tomar qualquer iniciativa com relação a qualquer princípio ou direito, é necessário compreender a essência do tema. Em caso de dúvidas ou necessidade de informações adicionais, não hesite em contactar-nos pelo e-mail [email protected]. Nossa página na internet é a http://www.ilo.org/declaration. 1. Liberdade de associação e reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva Todos os trabalhadores e empregadores têm o direito de associar-se livremente para a promoção e defesa de seus interesses profissionais. Este direito humano básico vem acompanhado de liberdade de expressão. É a base da representação democrática e da boa governança. Contribuição da OIT Texto preparatório para o evento (18-19 de outubro de 2001, Belo Horizonte, MG, Brasil) A liberdade de associação quer dizer também que trabalhadores e empregadores podem criar suas empresas e desenvolvê-las sem a interferência de autoridades estatais ou interferência mútua. Evidentemente, têm que respeitar a lei nacional, mas, por outro lado, é preciso que a lei nacional respeite os princípios da liberdade de associação. Esses princípios não podem ser deixados de lado por nenhum setor de atividade ou grupo de trabalhadores. O direito livre de desempenhar suas próprias atividades significa que organizações de trabalhadores e empregadores podem determinar independentemente como desejam promover e defender seus interesses profissionais. Isso inclui tanto estratégias de longo prazo como ações desenvolvidas em circunstâncias específicas, incluindo o recurso da greve. Caso a negociação não viabilize acordos ou convenções coletivas, o direito à greve deve ser respeitado. Porém, como previsto pela Convenção nº 87 da OIT, certas categorias de trabalhadores poderão ser 59 Preparatory text for the event (18 -19 October 2001, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil) T 1. Freedom of association and the effective recognition of the right to collective bargaining All workers and employers have the right to free association in the defence and furtherance of their professional interests. This basic human right is accompanied by freedom of expression. It is the basis of democratic representation and good governance. Freedom of association also means that workers and employers may set up their corporations and develop them without the interference of state authorities and without mutual interference. They are evidently required to obey the law of the land, but, on the other hand, national laws must respect the principles of freedom of association. These principles cannot be set aside in the case of any branch of activity or group of workers. The right to perform freely one’s own activities means that workers’ and employers’ organisations may independently decide how they wish to advance and defend their professional interests. This includes long-term strategies as well as activities undertaken in specific circumstances, including the right to strike. In the event that negotiations fail to yield agreement or collective conventions, the right to strike is to be respected. However, in accordance with ILO Convention 87, ILO contribution he ILO Statement on Fundamental Principles and Rights at Work, together with its Follow-up, was adopted by the International Labour Conference in Geneva in 1998, on the fiftieth anniversary of the Universal Declaration of Human Rights. These principles, which have been incorporated into the Global Compact, drawn up by the Secretary-General of the United Nations in 2000, are the following: • freedom of association and the effective recognition of the right to collective bargaining; • the elimination of all forms of forced or compulsory labour; • the effective abolition of child labour; and • the elimination of discrimination in respect of employment and occupation. The following information has been drawn up for the purpose of indicating the scope of each one of the four principles and rights in plain language, avoiding legalese. It is not intended as an interpretation of the Declaration nor as an expression of the different interpretations and meanings placed upon it by governments, NGOs, corporations, journalists, etc, seeking to contribute to the respect, advancement, and realisation of the fundamental principles and rights of labour. However, before taking any step regarding any one of the principles and rights, it is necessary to have a clear understanding of the underlying essentials. In case of doubt, or if further information is required, please do not hesitate to contact us at our e-mail address [email protected]. Our homepage on the Internet is http://www.ilo.org/declaration. Fundamental principles and rights at work Contribuição da OIT Princípios fundamentais e direitos no trabalho excluídas para garantir a segurança básica da população e o funcionamento essencial do Estado. 2. O princípio da OIT sobre a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório A negociação coletiva voluntária é um processo através do qual empregadores ou suas organizações, bem como sindicatos ou seus representantes escolhidos livremente pelos trabalhadores, discutem e negociam suas relações, tanto em termos particulares como as condições de trabalho em geral. Trata-se de um processo bem-intencionado, que tem por objetivo alcançar a aceitação mútua de acordos coletivos e encontrar soluções para conflitos individuais e/ou coletivos. Circunstâncias econômicas deploráveis e falta de inspeção podem facilitar extrema exploração do trabalho, sob diversas formas. Mas trabalho forçado é algo distinto. Ele ocorre onde trabalho ou serviço é exigido por indivíduos que têm o desejo e o poder de ameaçar um trabalhador com severas privações, tais como violência física ou abuso sexual, recusando o fornecimento de alimentos ou de terra disponível para cultivo de subsistência, restringindo seus movimentos ou prendendo-o numa cela policial. O processo de negociação coletiva também envolve a fase anterior às negociações propriamente ditas – troca de informações, consultorias e avaliações conjuntas – bem como a implementação de acordos coletivos. No caso de um acordo não ser atingido, outros procedimentos deverão ser adotados, tais como a conciliação e a arbitragem. Para que o princípio da liberdade de associação e o direito à negociação coletiva seja introduzido na prática, é necessário que haja, entre outras coisas; a) uma base legal que garanta a introdução desses direitos; b) uma estrutura institucional favorável, que pode ser tripartite, entre empregadores e organizações de empregados ou a combinação das duas formas; c) a não-discriminação contra pessoas que queiram exercer seus direitos de serem ouvidos; e d) a aceitação, por parte de organizações de empregadores e de trabalhadores, de atuarem como parceiros na solução conjunta de problemas e no tratamento de desafios mútuos. Trabalho forçado por dívidas é, em muitos países, uma forma extensiva do trabalho forçado. Em casos típicos, um camponês pobre e geralmente analfabeto solicita trabalho a um intermediário que, por sua vez, o transporta com outros trabalhadores para uma fazenda distante, começando por contrair dívidas de transporte, ainda antes de iniciar o trabalho. Outras dívidas, como alimentação, habitação e equipamentos, são ainda freqüentemente adicionadas. O trabalho é raramente definido ou é limitada a sua duração e tende a ser manipulado de maneira a que a dívida jamais seja quitada. O trabalhador torna-se dependente do proprietário de terra ou intermediário e trabalha em sistema de escravidão. Há muitas outras formas de trabalho forçado. Um trabalhador doméstico pode encontrar-se numa situação de trabalho forçado, onde o patrão ou patroa retiram seus documentos de identidade, proíbem-no de sair de casa e o ameaçam com, por exemplo, violência física ou com o ILO contribution 60 certain groups of workers may be excluded in order to safeguard the basic security of the population and the essential functioning of the state. Voluntary collective bargaining is a process through which employers or their organisations, together with trade unions or their representatives freely chosen by the workers, discuss and negotiate the relationship between them, both in specific terms and those of working conditions in general. This is a bona fide process that aims at reaching mutual acceptance of collective agreements and finding solutions for individual and/or collective conflicts. The collective bargaining procedure also involves a phase preceding negotiations in the strict sense – an exchange of information, consultancy, and joint assessments – as well as the implementation of collective agreements. In the event that no agreement is reached, other procedures are to be adopted, such as conciliation and arbitration. In order that freedom of association and the right to collective bargaining may be introduced in practice, there have to be, among other things, a) a legal basis guaranteeing the introduction of these rights; b) a favourable institutional structure, which can be tripartite or bilateral between employers’ and employees’ organisations, or a combination of these two forms; c) non-discrimination against people wishing to exercise their right to be heard; and d) acceptance by employers’ and employees’ organisations that they are to act as partners in a joint solution of problems and in handling individual challenges. 2. The ILO principle on the elimination of all forms of forced or compulsory labour Deplorable economic circumstances and the lack of inspection may facilitate the extreme exploitation of labour, under various forms. But forced labour is something different. It occurs where work or service is demanded by individuals having the will and the power to threaten a worker with severe sanctions, such as physical violence, sexual abuse, withholding the supply of food or of land available for subsistence farming, placing restrictions upon workers’ freedom of movement or locking them up in a police cell. Forced labour for debt is a widespread practice in many countries. In typical cases, a poor peasant, who is probably illiterate, applies for a job to a middleman who, in his turn, transports him with other workers to a distant farm, so that he first contracts a debt for his fare before he starts work. Other debts are frequently added, such as meals, housing and equipment. The job is seldom clearly specified or a term set for its duration; it is generally manipulated in such a way that the debt is never paid off. The worker becomes dependent on the landowner or middleman, working in a slavery system. There are many other forms of forced labour. Domestic workers may find themselves in a forced labour situation, where the householder withholds their identity documents, prohibits them from leaving the premises and threatens them, in the Fundamental principles and rights at work Princípios fundamentais e direitos no trabalho Outro exemplo de trabalho forçado é a situação observada quando administradores de governo, oficiais de polícia ou chefes tradicionais obrigam homens, mulheres ou crianças a prestarem serviços, espontaneamente ou não, na construção de estradas, escavação de canais de irrigação etc. fazendo-lhes severas ameaças caso não compareçam aos locais de trabalho. Tráfico de pessoas pode estimular o trabalho forçado. Uma maneira de os traficantes praticarem ameaças é através do confisco dos documentos de identidade de pessoas por eles aliciadas para executar determinado trabalho. Outra maneira é comprometer os ganhos dos trabalhadores através de adiantamentos de dinheiro ou empréstimos. Traficantes podem inclusive lançar mão de seqüestros, especialmente de crianças. De qualquer maneira, traficantes e pessoas a eles ligadas, ou mesmo os próprios empregadores a quem se destinam os trabalhadores aliciados, não dão oportunidades a suas vítimas para que escolham o trabalho a ser efetuado ou as condições em que ele será desenvolvido. A intimidação é praticada de diversas formas, desde revelar à polícia a situação ilegal das vítimas até a violência física e abuso sexual. A Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e seu Seguimento (1998) obriga os Estados-membros a eliminar o trabalho forçado. Uma relação de trabalho deveria ser volun- tária e livre de ameaças. A OIT estabelece padrões mínimos, abaixo dos quais os seus Estados-membros não deverão situar-se. Os países podem ter padrões melhores que os estabelecidos pelas Convenções nº 29 e nº 105. 3. O princípio da OIT sobre a efetiva erradicação e prevenção do trabalho infantil O princípio de que as crianças e adolescentes deveriam ter direitos e proteções distintas é hoje universalmente reconhecido. As crianças são detentoras de direitos humanos em geral, além de direitos especiais, uma vez que elas ainda não detêm o conhecimento, a experiência e o desenvolvimento físico dos adultos. Portanto, não têm a possibilidade de defender e proteger seus próprios direitos no dito mundo dos adultos. Contribuição da OIT não-pagamento de salário em caso de desobediência. Um trabalhador doméstico pode também trabalhar por um salário extremamente baixo, mas isso é um outro problema. Se ele estiver livre para sair, isso não será considerado trabalho forçado – mas sim exploração. A erradicação do trabalho infantil baseia-se principalmente na Convenção nº 138 (1973) da OIT sobre idade mínima de trabalho, na Convenção nº 182 (1999) da OIT sobre as piores formas de trabalho infantil e ainda na Convenção sobre os direitos da criança do Unicef. A erradicação do trabalho infantil é um processo gradual vinculado em parte ao nível de desenvolvimento socioeconômico e educacional de um país. Por isso, a Convenção nº 138 (1973) permite estabelecer de forma relativamente flexível a idade mínima (geral) de trabalho. Enquanto algumas formas de trabalho infantil podem ser consideradas aceitáveis, dependendo da situação familiar e socioeconômica de um país, outras formas são nocivas e, em muitos casos, podem resultar em 61 which its member states are required to comply with. Countries may adopt higher standards than those laid down under Conventions 29 and 105. 3. The ILO principle on the effective abolition of child labour The principle that children and juveniles should have differentiated rights and forms of protection is today universally recognised. Children are entitled to human rights in general and, in addition, to special rights, since they have not yet acquired the knowledge, experience and physical development of adults. They are therefore unable to defend and protect their own rights in the so-called adult world. The eradication of child labour is principally based on ILO Convention 138 (1973) on the minimum working age; on ILO Convention 182 (1999) on the worst forms of child labour; and in addition on the Unicef convention governing children’s rights. The eradication of child labour is a gradual process linked in part to the country’s level of socio-economic and educational development. For this reason, Convention 138 (1973) allows countries a certain leeway in setting the (general) minimum working age. While some forms of child labour may be deemed acceptable, depending on family circumstances and on the socio-economic situation prevailing in the country, other forms are harmful and may, in many cases, result in irreversible physical, intellectual or emotional injury. Having due regard to the socio-economic differences between ILO contribution event of disobedience, with physical violence or non-payment of wages. Domestic workers may also be paid extremely low wages, but that is a different problem. If they are free to leave, then their situation is deemed to be one of exploitation, but not of forced labour. Another example of forced labour is the situation observed when government officials, police officers or traditional bosses compel men, women or children to perform services, spontaneously or otherwise, in road-building, ditch-digging, etc., threatening severe reprisals if they fail to show up for work. The traffic in human beings can be a stimulus to forced labour. One form of intimidation used by traffickers is confiscation of the identity documents of the people they have recruited to do a certain job. Another way is to establish a prior claim against the worker’s wages by paying an advance on wages or granting a loan. Traffickers may also resort to kidnapping, particularly in the case of children. One way or another, traffickers and their associates, or even the employers on whose behalf they are acting, give their victims no opportunity to choose the work they want to do or the conditions in which it will be done. Intimidation is practised in many ways, from alerting the police to the victims’ illegal situation, to physical violence and sexual abuse. The ILO’s 1998 Statement on Fundamental Principles and Rights at Work, together with its Follow-up, requires member states to eliminate forced labour. Employment must be freely entered into, without threats. The ILO sets minimum standards, Fundamental principles and rights at work Contribuição da OIT Princípios fundamentais e direitos no trabalho danos físicos, intelectuais ou emocionais irreversíveis. Levando em consideração diferenças socioeconômicas entre países, a OIT forneceu as bases para definir como as formas de trabalho infantil e juvenil aceitáveis podem ser diferenciadas das demais formas inaceitáveis. O objetivo é, porém, garantir que eventualmente todas as crianças possam gozar sua infância plenamente, que tenham uma educação apropriada, e, portanto, que sejam preparadas, da melhor maneira possível, para sua transição para o mundo do trabalho produtivo. Esse princípio aplica-se tanto ao mercado de trabalho formal quanto ao informal, onde, na realidade, são encontrados os casos mais numerosos de formas inaceitáveis de trabalho infantil. formas incluem, no mínimo, algumas práticas desumanas, tais como a escravidão, trabalho forçado por dívida e outras por outras formas; prostituição e pornografia, além da utilização de crianças para atividades ilícitas, tais como a produção e o tráfico de drogas. As piores formas de trabalho são – segundo a Convenção nº 182 (1999) da OIT – aquelas que atingem as crianças ou jovens adolescentes na sua saúde, segurança e moral. Os governos devem ainda determinar, conjuntamente com organizações de trabalhadores e empregadores, quais outras formas adicionais de trabalho infantil são intoleráveis por serem perigosas e que, por isso, devem ser também eliminadas através de ações imediatas e efetivas no âmbito da inspeção do trabalho e de outras medidas. Qualquer que seja a estratégia adotada para abolir o trabalho infantil, o acesso à educação dever ser tema central e de extrema relevância. A ampla experiência mundial do Unicef demonstra que a educação deve ser inserida num conjunto de outras medidas estruturais, na tentativa de combater os vários fatores determinantes do ingresso de crianças no mercado de trabalho, tais como a pobreza, os sistemas inadequados de proteção social e, principalmente, a falta de consciência dos direitos das crianças. Para alcançar a efetiva abolição do trabalho infantil, de acordo com a Convenção nº 138 (1973) da OIT, os governos deveriam fixar uma idade mínima ou determinar faixas etárias em que seria permitido que crianças ingressassem em diferentes formas de trabalho. Esses parâmetros podem variar de acordo com circunstâncias econômicas e sociais de cada país. Em geral, a idade mínima para admissão no mercado de trabalho não deveria ser inferior a quinze anos, e jamais inferior à idade de término do ensino obrigatório. Entretanto, governos podem abrir algumas exceções e considerar a idade mínima de 14 anos, sob a condição de que a extensão progressiva da adoção do princípio for assegurada. 4. O princípio da OIT sobre a eliminação da discriminação no trabalho De qualquer maneira, formas de trabalho conhecidas como “as piores formas de trabalho infantil” são totalmente inaceitáveis para qualquer criança menor de 18 anos, e têm que ser imediatamente abolidas. Essas A discriminação no trabalho ocorre em grandes e pequenas empresas e em empreendimentos urbanos e rurais. A discriminação afeta mulheres, mas também homens e mulheres de cor de pele ou raça dife- countries, the ILO provided the basis for defining in what ways the acceptable forms of child and juvenile labour may be distinguished from the other, unacceptable, forms. The aim, however, is to ensure that all children will eventually gain full enjoyment of their childhood; will be given a suitable education; and therefore will be prepared as well as possible for their transition to the world of productive work. This principle applies to the formal and informal labour market alike, while it is in the informal market that the most numerous cases are found of unacceptable forms of child labour. In order to achieve the effective abolition of child labour in accordance with ILO Convention 138 (1973), governments were to set a minimum age or rule on age brackets in which children were to be permitted to engage in different kinds of work. These parameters may vary according to the economic and social circumstances of each country. In general, the minimum age for entering the labour market should not be less than fifteen and in no case lower than the age at which compulsory schooling is completed. Governments may, however, allow certain exceptions and take fourteen as the minimum age, on the condition that progressive broadening of the adoption of the principle is ensured. In any event, the kinds of work designated as “the worst forms of child labour” are totally unacceptable for any young person under eighteen, and have to be abolished forthwith. These forms include, as a minimum, certain inhumane practices such as slavery, forced labour for debt and other causes, prostitution and pornography, apart from the use of children in illicit activities such as producing and trafficking in drugs. The worst forms of child labour, according to ILO Convention 182 (1999), are those which harm the health, safety and morals of children or juveniles. Governments are furthermore to determine, jointly with employees’ and employers’ organisations, what other forms of child labour shall additionally be deemed inadmissible for reasons of danger and are therefore to be eliminated through immediate and effective action in the sphere of labour inspection and other measures. Whatever strategy is adopted for abolishing child labour, access to education has to be a central theme of the greatest importance. Unicef’s extensive worldwide experience shows that education has to be placed within a set of other structural measures, in the attempt to combat the several factors governing the entry of children into the labour market, such as poverty, inadequate systems of social protection and, above all, a lack of awareness of children’s rights. ILO contribution 62 4. The ILO principle on the elimination of discrimination in respect of employment and occupation Discrimination in the workplace occurs in large and small corporations, in towns and in the countryside. Discrimination affects women but also men and women of a different race or having a different skin colour, different social or national origins, or whose religious beliefs or political opinions differ from those held by other citizens of the country in which they live. Fundamental principles and rights at work Princípios fundamentais e direitos no trabalho A discriminação acontece quando um trabalhador é excluído ou preterido por outro em função de seu sexo, cor, origem etc. e não em função de critérios de educação, habilidades e experiência ou qualificações requeridas para determinado trabalho. Isso pode ocorrer quando um trabalhador se candidata a um emprego, treinamento ou promoção, ou mesmo inicia uma microempresa ou trabalho autônomo. Também ocorre quando mulheres recebem um salário inferior ao dos homens pelo mesmo trabalho e nível de responsabilidade, ou ainda quando critérios como sexo, cor ou origem são utilizados para demitir trabalhadores. Quando encontramos uma grande proporção de mulheres ou de determinado grupo étnico ou racial em empregos e indústrias de baixa produtividade, têm razão aqueles que duvidam dos critérios de seleção utilizados para aquelas contratações. Igualdade no trabalho significa que iguais oportunidades deveriam ser dadas a todos os indivíduos para que desenvolvam integralmente o conhecimento e competências relevantes às atividades econômicas do país, e que se habilitem a conseguir trabalho de acordo com suas qualificações e aspirações. Em sociedades multiculturais e multiétnicas, deve ser dado igual acesso à formação vocacional, levando-se em conta as diversidades culturais e lingüísticas e disparidades de nível educacional. Igualdade também significa que todos deveriam ser premiados por mérito. Gênero, cor e origem são critérios internacionalmente inaceitáveis para restringir o acesso de camponeses e proprietários de microempresas ou empresas familiares à terra, qualificações, tecnologias ou capital. Às mulheres não deveria ser negado o direito de herdar ou possuir a terra em que trabalham. Tampouco deveria uma esposa necessitar obter autorização prévia de seu marido para receber algum crédito, uma vez que, ao marido, não é solicitada a obtenção de consentimento da esposa para o mesmo fim. Contribuição da OIT rentes, que tenham uma origem social ou nacional distintas, ou ainda que acreditem numa religião diferente ou tenham uma opinião política distinta de outros cidadãos do país em que vivem. No caso de trabalhadores autônomos, igualdade no trabalho depende de acesso igualitário à educação de qualidade como condição prévia para o ingresso no mercado de trabalho. As desigualdades de gênero no trabalho somente serão dirimidas quando o investimento na educação de meninas for considerado primordial para seu próprio benefício e para a sociedade em geral. Além disso, uma divisão mais igualitária de trabalho e de responsabilidades familiares é a chave para permitir que mulheres possam aderir e permanecer no mercado de trabalho e optar por trabalhos mais seguros e bem protegidos. Os princípios da OIT visam fixar patamares mínimos. Práticas e leis nacionais podem ser mais amplas e mais avançadas de modo a incluir idade, HIV/Aids, deficiência física e outros critérios. 63 the right to inherit or own the land they work. Neither should a married woman be required to obtain her husband’s prior approval for signing a loan agreement, in view of the fact that the husband is not required to obtain his wife’s consent for the same act. In the case of self-employed workers, equality in the workplace depends upon equal access to quality education as a prior condition for entering the job market. Gender inequalities in the workplace will only be overcome when investment in education for girls is treated as primordial for their own benefit and for society at large. Furthermore, a fairer division of work and family responsibilities is the key for enabling women to enter and remain in the job market, and to opt for safer, better protected work. The ILO principles aim at setting minimum levels. National practice and legal standards may be broader and more advanced, so as to include age, HIV/Aids, physical disabilities and other criteria. ILO contribution Discrimination occurs when one worker replaces another, or gains an advantage over another, on grounds of sex, colour, origin, etc., rather than from considerations of education, skills, experience, or the qualifications required for doing a certain job. This may occur when a worker applies for a job, for training or for promotion, or even when he sets up his own small business or in self-employment. It also occurs when women are paid a lower wage than men for doing the same work or holding the same responsibilities, or when criteria such as sex, colour or origin are used in determining redundancy dismissals. Whenever a high proportion of women, or of members of a given social or ethnic group, is found in low-productivity jobs and industries, it is reasonable to question the selection criteria adopted when those workers were taken on. Equality in the workplace means that equal opportunities are to be given to all individuals, allowing them fully to develop the knowledge and skills that are important for the country’s economic activities, enabling them to obtain work in accordance with their qualifications and their aspirations. In multicultural and multiethnic societies, equal access must be given to vocational courses, taking due account of cultural and linguistic diversity and disparities of educational level. Equality also means that everybody should be rewarded in accordance with merit. Gender, colour and origin are internationally unacceptable criteria for restricting the access of peasants or of the owners of very small businesses or family-owned concerns to land, qualifications, technology or capital. Women are not to be denied Fundamental principles and rights at work 64 Iniciativas voluntárias O primeiro Fórum Ministerial Global para o Meio Ambiente, realizado em Malmö (Suécia), em maio de 2000, deu boasvindas ao Global Compact por oferecer “um veículo excelente para o desenvolvimento de um engajamento construtivo do setor privado”. O setor privado tornou-se um traço dominante no mundo em globalização de hoje, devido à liberalização do comércio, aos investimentos além das fronteiras e aos fluxos de capital, bem como aos espetaculares avanços no campo da tecnologia da informação. Como ilustração, é preciso considerar que o giro do capital das três maiores montadoras de automóveis globais supera o PIB de todo o continente africano. As empresas multinacionais aplicam freqüentemente as normas ambientais e sociais do país no qual estão sediadas em suas subsidiárias no exterior. As práticas administrativas e as características tecnológicas das empresas multinacionais influenciaram, em muitos casos, as práticas e normas de seus parceiros comerciais. Nesse sentido, o desenvolvimento e o uso das normas ISO 14001 resultaram em um melhor desempenho ambiental dentro das companhias, inclusive naquelas de pequeno e médio porte (PMEs). Todavia, há casos de países com legislação normativa ambiental deficiente, pessoal menos treinado e menor rigor na fiscalização da apli- cação das leis que são considerados excelentes mercados para tecnologias e processos de produção poluentes. Tais práticas não apenas degradam recursos naturais, mas freqüentemente afetam a saúde das pessoas – em particular nas classes menos privilegiadas. Resíduos perigosos continuam a ser exportados ilegalmente – e, de preferência, para países em desenvolvimento, onde faltam tecnologias adequadas de tratamento – ou são despejados em mar aberto. As empresas globais encontram-se em uma fase crítica dentro do desenvolvimento atual. Suas decisões têm forte influência nas perspectivas econômicas dos povos, das nações e, em grande parte, no futuro do ecossistema do planeta. Muitas perguntas estão surgindo no que diz respeito a seus papéis e responsabilidades. O debate gira em torno de assuntos interligados, que incluem: Contribuição do Pnuma Texto preparatório para o evento (18-19 de outubro de 2001, Belo Horizonte, MG, Brasil) • “Propósito” e objetivos corporativos – ou seja, o valor para o acionista constitui o objetivo de uma empresa ou simplesmente o meio para atingir um propósito maior? • Governança e responsabilidade corporativa – ou seja, quais são as responsabilidades e obrigações das empresas com relação às sociedades? • Incentivos – ou seja, como os objetivos corporativos, bem como os objetivos ambientais e da sociedade podem ser alinhados de maneira mais precisa? • Governança nacional e global – ou seja, como os governos nacionais e as instituições globais podem alavancar o poder das empresas para atingir os objetivos ambientais e da sociedade? 65 Preparatory text for the event (18 -19 October 2001, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil) T UNEP contribution he first Global Ministerial Environment Forum, held in Malmö, Sweden, in May 2000, welcomed the Global Compact as “an excellent vehicle for the development of a constructive engagement with the private sector”. The private sector has become the dominant feature in the world in today’s globalisation process, owing to trade liberalisation, cross-border investments and capital flows, and to the spectacular advances in the field of information technology. As an illustration, it should be borne in mind that the aggregate turnover of the three largest automobile manufacturers is greater than the combined GDP of the whole of Africa. Multinational corporations often follow, in their overseas subsidiaries, the environmental and social standards of their home country. Multinational corporations’ management practices and technological characteristics have influenced, in many cases, the practices and standards of their trade partners. Thus the development and use of ISO 14001 norms resulted in improved environmental performance within companies, including small and medium-sized companies. There remain, however, cases of countries with deficient environmental legislation, insufficiently trained personnel, and less strictness in law enforcement. These countries are considered excellent markets for polluting technologies and production processes. Such practices not only destroy natural resources, but often affect people’s health – particularly in the less privileged social strata. Dangerous waste is still illegally exported – usually to developing countries lacking adequate treatment technology – or is dumped at sea. Global corporations are critical to the current phase of development. Their decisions exert great influence on the economic prospects of peoples, nations and, to a large extent, on the future of the planet’s ecosystem. Many questions are being asked about their role and responsibilities. The debate hinges on interconnected subjects, including: • “Purpose” and corporate objectives. Is shareholder value the purpose of a corporation, or simply a means for attaining a higher purpose? • Governance and corporate responsibility. What are corporations’ responsibilities and obligations towards societies? • Incentives. How are corporate objectives and social and environmental objectives to be more accurately aligned? • National and global governance. How can national governments and global institutions leverage corporate power to attain social and environmental objectives? In response, companies are attributing a higher priority to corporate responsibility on their agendas. In the last twenty-five years there has been a gradual conceptual change in the way the private sector addresses the environmental concerns of society. From the reactive Voluntary initiatives Contribuição do Pnuma Iniciativas voluntárias Como resposta, as empresas estão tornando a responsabilidade corporativa prioritária em suas agendas. Nos últimos 25 anos, tem havido uma mudança conceitual gradativa no modo como o setor privado vem abordando as questões ambientais da sociedade. Da abordagem reativa, práticas de correção no final do processo, da década de 70, e de relações públicas que caracterizou os anos 80, o setor privado passou a adotar uma abordagem cada vez mais preventiva, voltada para uma produção limpa e eco-eficiente na década de 90. Algumas medidas normativas foram aprovadas com o intuito de promover essa passagem para uma visão de todo o processo produtivo somado a produtos/serviços e de economia com análise do “ciclo de vida” dos produtos. Outros instrumentos econômicos e abordagens institucionais foram adotados – e são ainda necessários – para redirecionar os mercados para essa economia e sustentabilidade. O desenvolvimento de uma responsabilidade abrangente e regimes de compensação podem constituir uma estratégia-chave para o alcance de objetivos de desenvolvimento sustentável e ambiental. Todos esses desafios só serão enfrentados através de uma parceria global próxima entre o setor privado, os governos do Norte e do Sul e a sociedade civil, e quando todos os parceiros entenderem perfeitamente que o progresso será conseguido somente através da união das forças. Entre as atividades que o Pnuma realiza relacionadas ao Global Compact e das quais as empresas brasileiras estão convidadas a participar, incluem-se: Iniciativas Voluntárias Através de nossas iniciativas voluntárias setoriais, proporcionamos o caminho pelo qual as empresas podem proceder à implementação dos princípios do Global Compact. O Pnuma está lançando essas iniciativas internacionais em cooperação com as empresas, organizações associadas de partes interessadas e outras agências das Nações Unidas. A contribuição do Pnuma para o debate sobre as iniciativas voluntárias inclui: • a análise dos tipos de iniciativas voluntárias empreendidas e as lições que podem ser aprendidas a partir delas; • o papel que as iniciativas voluntárias podem desempenhar na redução dos impactos ambientais em áreas-chave, como a emissão de gás de efeito estufa; • o trabalho junto aos setores para desenvolver iniciativas específicas para cada setor, destinadas a melhorar o desempenho ambiental. As iniciativas abaixo foram criadas entre o Pnuma e o setor no qual as empresas concordam em desenvolver práticas ambientais saudáveis alinhadas aos princípios da Rio 92. Algumas delas já estão bem estabelecidas, ao passo que outras ainda estão em processo de desenvolvimento: • iniciativa para instituições financeiras; • iniciativa para o setor de seguros; • iniciativa de operadoras de turismo para o desenvolvimento sustentável; UNEP contribution 66 approach, corrective practices applied at the end of the process, in the seventies, and the public relations approach that was typical in the eighties, the private sector began to adopt, in the nineties, an increasingly precautionary approach based on clean and eco-efficient production processes. Some normative measures have been approved with the aim of furthering this advance to a view of the whole productive process added to products and services and economy with analysis of the life cycle of products. Other economic instruments and institutional approaches have been adopted – and are still needed – to redirect markets towards this economy and sustainability. The development of wide-ranging responsibility and compensation regimes may constitute a key strategy for attaining the objectives of sustainable environmental development. All these challenges can only be met through a close global partnership between the private sector, governments of North and South, and civil society, once all the partners have fully understood that progress can be achieved only by a joint effort. Among the activities that UNEP carries out in connection with the Global Compact, and in which Brazilian companies are invited to participate, are the following: UNEP’s contribution to the debate on voluntary initiatives includes: • Analysis of the kinds of voluntary initiatives undertaken and the lessons to be learnt from them; • The role that voluntary initiatives can perform in reducing environmental impact in key areas such as greenhouse gas emissions; • Joint efforts within each sector to develop specific initiatives designed to improve environmental performance. The following initiatives have been created between UNEP and industry whereby companies agree to develop environmentally sound practices along the lines of the Rio principles. Some are well established while others are in the process of being developed: • Financial Institutions Initiative • Insurance Industry Initiative • Tour Operators’ Initiative for Sustainable Development Voluntary initiatives • Global e-Sustainability Initiative Through our sector-by-sector voluntary initiatives, we supply a means by which companies may proceed to the implementation of the Global Compact principles. UNEP is launching these international initiatives in co-operation with companies, organisations and associations of stakeholders, and other UN agencies. • Automotive Industry Initiative Voluntary initiatives • Advertising and Communication Initiative • Mining Industry Voluntary Code Initiative Iniciativas voluntárias • iniciativa para o setor automotivo; • iniciativa para a área de propaganda e comunicações; • iniciativa para um Código Voluntário para o setor de mineração. Iniciativa para as instituições financeiras Mais de 170 empresas em mais de 45 países assinaram até o momento a “Declaração das Instituições Financeiras sobre o Desenvolvimento Sustentável e Ambiental” do Pnuma de 1992 (Statement by Financial Institutions on the Environment and Sustainable Development). Os bancos participantes apóiam a abordagem de precaução para a gestão ambiental e reconhecem que a identificação e a quantificação dos riscos ambientais deve fazer parte do processo normal de avaliação e gestão de risco (tanto nas operações domésticas como internacionais). No que concerne a consciência e comunicação públicas, as empresas começaram, por exemplo, a compartilhar informações com os clientes, oportunamente, de forma a poder fortalecer sua própria capacidade de reduzir o risco ambiental e promover o desenvolvimento sustentável. Iniciativa para o setor de seguros Aproximadamente noventa empresas de 27 países assinaram a “Declaração do Compromisso Ambiental do Setor de Seguros” (Statement of Environmental Commitment by the Insurance Industry). Os participantes perceberam a importante contribuição a ser feita por um setor de seguros pró-ativo, através de sua interação com outros setores econômicos e consumidores. Eles apóiam produtos e serviços de seguros que promovam práticas ambientais saudáveis e passaram a incluir considerações ambientais na gestão de seus ativos. Os tópicos discutidos nos workshops incluem o impacto das mudanças climáticas, acordos internacionais e ambientais e a elaboração de relatórios ambientais. Iniciativa das operadoras de turismo para o desenvolvimento sustentável Contribuição do Pnuma • iniciativa global de e-sustentabilidade; Esta iniciativa é desenvolvida pelo Pnuma em cooperação com a Organização Mundial do Turismo (OMT) e a Organização das Nações Unidas para a Educação Ciências e Cultura (Unesco). Foi lançada em Berlim, em março de 2000, e assinada por mais de vinte operadoras de turismo. As operadoras que assinaram a iniciativa são solicitadas a assumirem o compromisso de (i) introduzir uma política ambiental e sistemas administrativos em suas operações, (ii) monitorar e registrar o avanço, implementando práticas de turismo sustentável, e (iii) promover o turismo sustentável para os fornecedores, empresas contratadas e clientes. Os membros fundadores concordaram que, para garantir o futuro lucrativo do turismo, devem trabalhar no sentido de alcançar a sustentabilidade e manter a qualidade do meio ambiente, que é a matéria-prima do turismo. Exemplos de melhores práticas desenvolvidas 67 Financial Institutions Initiative Over 170 companies in more than 45 countries have so far signed the 1992 Statement by Financial Institutions on the Environment and Sustainable Development. The participating institutions support the precautionary approach to environmental management, recognise that identifying and quantifying environmental risks should be part of the normal process of risk assessment and management (both in domestic and international operations) and pursue best environmental practice. As far as public awareness and communication is concerned, they have undertaken for example to share information with customers, as appropriate, so that they may strengthen their own capacity to reduce environmental risk and promote sustainable development. Almost 90 companies in 27 countries have signed the Statement of Environmental Commitment by the Insurance Industry. Participants have noted the important contribution to be made by a pro-active insurance industry, through its interaction with other economic sectors and consumers. They support insurance products and services that promote sound Tour Operators’ Initiative for Sustainable Development This initiative has been developed by UNEP in co-operation with the World Tourism Organisation (WTO), and the UN Educational, Scientific and Cultural Organisation (Unesco). It was launched in Berlin, in March 2000, and signed by more than twenty tour operators. The operators signing the initiative give a commitment to (i) introducing an environmental policy and management systems in their operations, (ii) monitoring and recording the advance, implementing practices of sustainable tourism, and (iii) promoting sustainable tourism among their suppliers, contractors and customers. The founding members have agreed that, to ensure a profitable future for tourism, they must work towards attaining sustainability and maintain the quality of the environment, which is the raw material of tourism. Examples of improved practices developed under the initiative include the responsible use of natural resources; the reduction, minimisation and prevention of pollution and waste; conservation and promotion of biodiversity; and co-operation with local communities. UNEP contribution Insurance Industry Initiative environmental practice and have undertaken to include environmental considerations in their asset management. Topics discussed at workshops include the impact of climate change, international environmental agreements and environmental reporting. Voluntary initiatives Contribuição do Pnuma Iniciativas voluntárias pela iniciativa são o uso responsável dos recursos naturais; a redução, minimização e prevenção da poluição e de resíduos; a conservação e promoção da biodiversidade e a cooperação com comunidades locais. Iniciativa Global de e-Sustentabilidade (GeSI) Um número crescente de fornecedores e prestadores de serviços de tecnologia da informação e de comunicações está participando da Iniciativa Global de e-Sustentabilidade, que foi lançada no começo de 2001. A proposta para uma iniciativa global foi feita pelo Pnuma, pela União Internacional de Telecomunicações (ITU), pela Associação de Operadores da Rede Européia de Telecomunicações (ETNO) e pelos membros norte-americanos da Iniciativa para a Excelência Ambiental das Comunicações (Ceei). Os membros-fundadores concordaram com os objetivos e atividades propostos para os primeiros dois anos da iniciativa. Estes incluem questões como gestão ambiental, elaboração de relatórios corporativos, e o alcance e papel da tecnologia da informação e das comunicações para o progresso do desenvolvimento sustentável. O lançamento oficial da iniciativa ocorreu em 5 de junho de 2001, juntamente com as celebrações em Turim (Itália) do Dia Mundial do Meio Ambiente, sob o tema “Conecte-se com o Site da Vida” (Connect with the World-Wide Web of Life). Iniciativa para o setor automotivo O Pnuma propôs a criação de uma iniciativa para o setor automotivo. Os representantes da BMW, Daimler Chrysler, Fiat, Ford Motor Company, General Motors Corporation, Honda Motor, Hyundai, PSA Peugeot Citroen, Toyota Motor Corporation, Volkswagen e AB Volvo reuniram-se com o Pnuma no dia 10 de maio de 2000 para discutir a possibilidade de criação de um fórum global para o meio ambiente. Os participantes concordaram quanto à agregação de valor de uma abordagem conjunta em áreas específicas, como as normas globais para elaboração de relatórios, normas técnicas globais para veículos, diálogo com partes interessadas, desenvolvimento de infra-estrutura para novos combustíveis e combustíveis tradicionais mais limpos (isentos de chumbo e de enxofre), protocolo de Kyoto, transferência de tecnologia e necessidades dos países em desenvolvimento, especialmente nas megacidades. Concordou-se em formar grupos de trabalho conjunto em três áreas prioritárias escolhidas entre as áreas de cooperação identificadas. Cada grupo de trabalho deverá desenvolver um plano de trabalho detalhado para ação futura. Iniciativa para a área de propaganda e comunicação A Iniciativa do Pnuma para a área de propaganda e comunicação originou-se da recomendação de governos na Conferência do Rio + 5, de 1997, que as empresas, a mídia, os setores de marketing e propaganda devem ser encorajados a ajudar a dar forma a padrões sustentáveis de consumo. Como conseqüência, o Pnuma estabeleceu a Iniciativa para a Área de Propaganda e Comunicação, em parceria com a Associação Européia de Agências de Propaganda (EAAA). Os primeiros encontros de espe- 68 Global e-Sustainability Initiative (GeSI) UNEP contribution A growing number of information and communications technology service providers and suppliers are participating in the Global e-Sustainability Initiative, which was undertaken in early 2000. The proposal for a global initiative was made by UNEP, the International Telecommunications Union (ITU), the European Telecommunication Network Operators Association (ETNO) and North American members of the Communications Environmental Excellence Initiative (CEEI). The founding members have agreed on proposed objectives and activities for the first two years of the initiative. These include issues such as environmental management, corporate reporting, outreach and the role of information and communication technology in advancing sustainable development. The official launch of the initiative was held on 5 June 2001, linking with celebrations in Turin, Italy, of World Environment Day under the theme “Connect with the World-Wide Web of Life”. Automotive Industry Initiative UNEP has proposed the creation of an initiative for the automotive industry. The representatives of BMW, Daimler Chrysler, Fiat, Ford Motor Co., General Motors Corp., Honda Motor, Hyundai, PSA Peugeot Citroën, Toyota Motor Corp., Volkswagen and AB Volvo met with UNEP on 10 May 2000 to discuss the possibility of creating a global forum for the environment. Voluntary initiatives Participants agreed that there was added value in taking a joint approach in specific areas, such as global standards for reporting, global technical standards for vehicles, dialogue with stakeholders, development of infrastructure for new fuels and traditional but clean (lead and sulphur-free) fuels, Kyoto mechanisms, technology transfer and needs of developing countries, especially in mega-cities. It was agreed to build working groups to work jointly on three priority areas out of the identified areas for co-operation. Each working group will develop a detailed working plan for further action. Advertising and Communication Initiative UNEP’s Advertising and Communication Initiative originated from the recommendation by governments at the Rio+5 Conference of 1997 that business, the media, advertising and marketing sectors need to be encouraged to help shape sustainable consumption patterns. As a result UNEP set up an Advertising and Communication Initiative, in partnership with the European Association of Advertising Agencies (EAAA). First expert meetings were held in Paris in January 1999 and June 2000. The purpose of the Initiative is to foster more and better communication on sustainability issues. It is aimed at the advertising sector, i.e. companies, advertising agencies and the media. UNEP wants to: Iniciativas voluntárias • aumentar a conscientização sobre a questão do consumo sustentável dentro do setor de propaganda; • ajudar a formar uma rede dentro do setor de modo a fomentar seu compromisso com as questões de consumo sustentável; • Inspirar e capacitar o setor para o empreendimento de iniciativas voluntárias afins e promover o consumo sustentável. Iniciativa para um Código Voluntário para o setor de mineração O Pnuma, trabalhando em parceria com o Conselho Internacional de Metais e do Meio Ambiente (ICME), promoveu um encontro internacional das empresas líderes e outras partes interessadas no setor de mineração, onde se concordou em desenvolver um Código global para a gestão do cianeto no setor. Pretende-se que o Código seja implementado por empresas pequenas e grandes, e que o mesmo inclua provisões e objetivos que estejam na vanguarda das melhores práticas. O Pnuma e o ICME foram solicitados a continuar a trabalhar com o setor para dar suporte e patrocinar o desenvolvimento do Código Voluntário. Finalmente, o Pnuma apóia algumas iniciativas para a elaboração de relatórios, como: Iniciativa global para a elaboração de relatórios No nível intersetorial, existe a Iniciativa Global para a Elaboração de Relatórios (GRI, na sigla em inglês) como uma das ferramentas usadas para ajudar a prover transparência aos resultados alcançados pelo Global Compact. As Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade sobre o Desempenho Econômico, Ambiental e Social fornecem a base para o benchmarking, classificação e identificação das melhores práticas. Contribuição do Pnuma cialistas foram realizados em Paris em janeiro de 1999 e junho de 2000. O objetivo da Iniciativa é fomentar uma comunicação maior e melhor relativa às questões de sustentabilidade. A iniciativa destinase ao setor de comunicação e propaganda, isto é, empresas, agências de propaganda e mídia. O Pnuma deseja Concluindo, as empresas na América Latina dispõem de inúmeras oportunidades para contribuir com o desenvolvimento sustentável e estão convidadas a fazê-lo, através das iniciativas patrocinadas pelo Pnuma. 69 • raise awareness of the issue of sustainable consumption among the advertising industry, • help build a network within the sector so as to foster its commitment towards sustainable consumption issues, and • inspire and enable the sector to take voluntary initiatives in order to promote sustainable consumption. Mining Industry Voluntary Code Initiative Finally, UNEP supports certain initiatives for the drawing up of reports, such as: At inter-industry level, the Global Reporting Initiative (GRI) is one of the tools used in helping to achieve enhanced transparency in the results obtained by the Global Compact. The sustainability reporting guidelines on economic, environmental and social performance form the basis for benchmarking, classification and identification of best practices. In conclusion, companies in Latin America have at their disposal innumerable opportunities for contributing to sustainable development and are invited to do so, through the initiative sponsored by UNEP. UNEP contribution UNEP, in partnership with the International Council on Metals and the Environment (ICME), hosted an international meeting of leading companies and other stakeholders in the mining industry, at which it was agreed to develop a global code for cyanide management in the industry. The intention is that large and small companies alike shall comply with the code, which is to include provisions and targets which are at the leading edge of best practice. UNEP and the ICME have been asked to carry on working with the industry to provide support and sponsor the development of the Voluntary Code. The Global Reporting Initiative Voluntary initiatives Contatos com as agências da ONU no Brasil Unifem – Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher OIT – Organização Internacional do Trabalho Escritório Regional para o Brasil e o Cone Sul Setor de Embaixadas Norte, Lote 35 70800-400 – Brasília (DF) – Brasil SCN, quadra 02, Bloco A – Módulo 602 – Ed. Corporate 70712-900 – Brasília (DF) – Brasil Tel.: (61) 329-2161 – Fax: (61) 329-2169 Escritório no Brasil Tel.: (61) 426-0100 – Fax: (61) 322-4352 e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância Pnuma – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente Escritório da Representante do Unicef no Brasil Instituto Brasil Pnuma, Comitê Brasileiro do Pnuma SEPN 510, Bloco A – Ed. INAN – 2º andar 70750-521 – Brasília (DF) – Brasil Av. Nilo Peçanha, 50, sl. 1708 – 20044-900 – Centro Rio de Janeiro (RJ) – Brasil Tel.: (61) 3035-1900 – Fax: (61) 349-0606 Tel.: (21) 3084-1020 – Fax.: (21) 3084-4233 e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] Unifem – United Nations Development Fund for Women The International Labour Organisation – ILO Regional Office for Brazil and the Southern Cone Brazil Office SCN, quadra 02, Bloco A – Módulo 602 – Ed. Corporate 70712-900 – Brasília (DF) – Brazil Setor de Embaixadas Norte, Lote 35 70800-400 - Brasília (DF) - Brasil Tel.: (61) 329-2161 – Fax: (61) 329-2169 Tel.: (61) 426-0100 - Fax: (61) 322-4352 e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] Unicef – United Nations Children’s Fund The United Nations Programme for the Environment – UNEP Office of Unicef representative in Brazil Instituto Brasil Pnuma, Comitê Brasileiro do Pnuma SEPN 510, Bloco A – Ed. INAN – 2º andar 70750-521 – Brasília (DF) – Brazil Av. Nilo Peçanha, 50, sl. 1708 – 20044-900 – Centro Rio de Janeiro (RJ) – Brasil Tel.: (61) 3035-1900 – Fax: (61) 349-0606 Tel.: (21) 3084-1020 – Fax.: (21) 3084-4233 e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] UN agencies in Brazil 70 Carta de Adesão São Paulo, 28 de junho de 2000. Prezado(a) amigo(a), O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, está propondo um grande desafio à comunidade empresarial global: o Global Compact. O Global Compact tem o objetivo de mobilizar lideranças da comunidade empresarial internacional para que apóiem as Nações Unidas na promoção de valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, trabalho e meio ambiente. O Global Compact pretende promover a cidadania global, por meio da incorporação de valores universais no mundo dos negócios. Ele oferece às empresas e seus parceiros a oportunidade de cooperar na promoção de direitos e princípios reconhecidos como universais, nas áreas de direitos humanos, trabalho e meio ambiente. Para realizar esse projeto, o Global Compact, que vem sendo conduzido pessoalmente pelo secretário-geral das Nações Unidas, conta com mecanismos como: um website referencial sobre cidadania empresarial (www.unglobalcompact.org); interlocução com entidades empresariais na busca de soluções e compartilhamento de experiências; disponibilização de ferramentas para implementação dos princípios; reconhecimento das contribuições ao projeto e cooperação com as agências da ONU, com governos e organismos internacionais. Todas as empresas do mundo estão convidadas a aderir, engajando-se em parcerias com organizações das Nações Unidas e incorporando os seus princípios. De forma pioneira, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social está convidando sua empresa a figurar entre as primeiras signatárias do compromisso Global Compact, que segue anexo a esta carta, e enviá-lo para nós até o dia 17 de julho, impreterivelmente. Os presidentes de dezoito das mais importantes empresas do mundo estarão presentes em uma reunião, em Nova York, com o secretário-geral Kofi Annan, com os diretores gerais do Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU, da Organi- zação Internacional do Trabalho (OIT) e Programa de Meio Ambiente da ONU, no dia 26 de julho, para discutir a interação entre as Nações Unidas, o empresariado global, ONGs e sindicatos. Esta importante reunião terá a cobertura da mídia internacional e grande repercussão política. Estarão presentes também os empresários brasileiros: Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Empresarial e presidente do Conselho de Administração da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança; Guilherme Peirão Leal, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Empresarial e presidente da Natura Cosméticos, e José Roberto Marinho, conselheiro do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Empresarial e vice-presidente das Organizações Globo. Serão os únicos representantes do hemisfério sul. Na ocasião será apresentada, pelos representantes brasileiros em ato público, a relação nominal das empresas brasileiras que aderiram aos princípios e compromissos propostos pelo Global Compact. As Nações Unidas darão visibilidade internacional às empresas brasileiras signatárias, em um grande esforço com a parceria do principais meios de comunicação mundiais. Fazer parte desta lista é certamente uma oportunidade para que sua empresa seja reconhecida no mercado global como socialmente responsável e comprometida com o futuro da humanidade. Visite o site do projeto Global Compact : http://www.unglobalcompact.org Aguardamos com expectativa sua resposta. Atenciosamente, Oded Grajew Diretor presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Empresarial Presidente do Conselho de Administração da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança São Paulo, 28 June 2000 Dear Friend, global business community, NGOs and trade unions. This important meeting will be covered by the international media and will be widely discussed in the political arena. The Global Compact has the aim of mobilising leaders of the international business community, to gain their support for the UN in promoting fundamental values in the fields of human rights, labour relations and the environment. Also present will be the following Brazilian entrepreneurs: Oded Grajew, president of the Ethos Institute for Corporate and Social Responsibility and chairman of the Abrinq Foundation for Children’s Rights; Guilherme Peirão Leal, president of the Deliberative Council of the Ethos Institute for Corporate and Social Responsibility and president of Natura Cosmeticos; and José Roberto Marinho, board member of the Ethos Institute for Corporate and Social Responsibility and vice-president of Organizações Globo. These three will be the only representatives from the Southern Hemisphere. The Global Compact aims to promote global citizenship by incorporating universal values into the business world. It offers companies and their stakeholders the opportunity to co-operate in promoting universally recognised rights and principles in the fields of human rights, labour relations and the environment. In order to carry out this project, the Global Compact, which has been personally led by the UN Secretary-General, has mechanisms such as a helpful website on corporate citizenship (); dialogue with corporate organisations in the search for solutions and in sharing experiences; in making available tools for the implementation of principles; recognition of contributions to the project; and co-operation with UN agencies, governments and international bodies. All companies in the world are invited to join and to engage in partnerships with UN agencies, thereby incorporating its principles. In an unprecedented gesture, the Ethos Institute for Corporate and Social Responsibility is inviting your company to be one of the first signatories of the Global Compact commitment, which is attached to this letter, and to send it to us by 17 July at the latest. On 26 July, the presidents of eighteen leading world corporations will hold a meeting in New York with UN Secretary-General Kofi Annan and the Directors-General of the Office of the High Commissioner for Human Rights, the International Labour Organisation (ILO) and the UN Environment Programme, to discuss interaction between the UN, the ✃ 71 The UN Secretary-General, Kofi Annan, is proposing a major challenge to the international business community: the Global Compact. On this occasion the Brazilian representatives will present, in a public ceremony, the full list of Brazilian companies that have subscribed to the principles and commitments proposed by the Global Compact. The UN will afford international visibility to Brazilian signatory companies, in a major effort with the partnership of leading world media. To have your name on this list is certainly an opportunity for your company to be recognised in the global market as socially responsible and committed to the future of humankind. Visit the Global Compact website: http://www.unglobalcompact.org We look forward to receiving your early reply. Sincerely, Oded Grajew President of the Ethos Institute for Corporate and Social Responsibility Chairman of the Abrinq Foundation for Children’s Rights Membership registration Os nove princípios do Global Compact Eu, _________________________________________________ , Direitos Humanos RG nº ______________________________________________ , 1. As empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos reconhecidos internacionalmente; e representante legal da empresa _________________________ 2. assegurar-se de sua não-participação em violações destes direitos. ___________________________________________________ , Trabalho comprometo-me a: 3. As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva; • apoiar o Global Compact e os seus princípios, engajando-me na divulgação do projeto; 4. a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório; • incluir no website do Global Compact - http:// www.unglobalcompact.org - anualmente uma mensagem que contenha um exemplo concreto das lições aprendidas com a implementação dos princípios; 5. a abolição efetiva do trabalho infantil; e 6. eliminar a discriminação no emprego. Meio-ambiente 7. As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais; 8. desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental; e • realizar parcerias com organizações das Nações Unidas, desenvolvendo atividades que promovam a implementação dos princípios, ou participando de parcerias estratégicas em apoio a metas das Nações Unidas. 9. encorajar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias que não agridam o ambiente. ___________________________________________________ assinatura The nine principles of the Global Compact Human Rights 1. Companies are to support and respect the protection of internationally recognised human rights; and 2. Ensure that they do not participate in infringements of these rights. Labour 3. Companies are to support freedom of association and the effective recognition of the right to collective bargaining; 4. Support the elimination of all forms of forced or compulsory labour; 5. Support the effective eradication of child labour; and 6. Support equal pay and the elimination of discrimination at work. The Environment 7. Companies are to adopt a preventive approach to environmental challenges; I, __________________________________________________ , ID Nº. ______________________________________________ , the legal representative of (company name) _______________ ___________________________________________________ , hereby undertake: • to support the Global Compact and its principles, pledging to publicise the project; • to upload onto the Global Compact website http:// unglobalcompact.org, once a year, a report citing a concrete example of lessons learnt from implementing the principles; • to enter into partnerships with UN agencies, engaging in activities that promote the implementation of the principles, or participating in strategic partnerships in support of UN aims. 8. Develop initiatives for promoting greater environmental responsibility; and 9. Encourage the development and diffusion of environmentally sustainable technologies. ____________________________________________________ Signature ✁ 72