Sem título-5
Transcrição
Sem título-5
Músicas Companheiros e companheiras 1. Internacional_________________________________________________06 2. Projeto de barragem___________________________________________07 3. Muralha_____________________________________________________08 4. Refração da vida______________________________________________09 5. Mágoas de um projeto_________________________________________10 6. Sobradinho__________________________________________________11 7. Planeta Água________________________________________________12 8. Planeta Azul_________________________________________________13 9. Luz da América______________________________________________14 10. Pelos caminhos da América___________________________________15 11. Acorda América______________________________________________16 12. América livre________________________________________________17 13. América Latina______________________________________________18 14. Companheiros de Guevara_____________________________________19 15. O que é, o que é______________________________________________20 16. Guantanamera_____________________________________________22 17. O que vale é o amor__________________________________________23 18. Nego nagô_________________________________________________24 19. Coração civil________________________________________________25 20. Cio da terra_________________________________________________26 21. Maria, Maria________________________________________________26 22. A vitória do trigo______________________________________________27 23. Tocando em frente___________________________________________28 24. Ordem e Progresso___________________________________________29 25. Bandeira de Luta____________________________________________30 26. Saga de Canudos____________________________________________30 27. Banquete de bacana__________________________________________31 28. Sociedade Alternativa________________________________________32 29. Asa Branca_________________________________________________32 A música e a poesia sempre estiveram conosco em nossos encontros e lutas, não será diferente dessa vez! No entanto, agora estarão com maior intencionalidade político-pedagógica, serão um instrumento da Escola Nacional de Formação do MAB para potencializar nossa formação enquanto militantes. É o que propomos com este livro de músicas e poesias, que ele seja um recurso para a vivência da mística e animação dos militantes, para fortalecer a nossa utopia, enquanto sujeitos responsáveis pela construção de uma sociedade socialista. A música e a poesia nos movimentam, nos fazem refletir. Cantemos à vida, a alegria, a provocação do capital, nossos anseios, a rebeldia... Poetizemos sobre nosso profundo desejo de liberdade, de manifestar que somos construtores da nossa própria história. E para tal, somos desafiados a aprender a cantar as músicas da classe trabalhadora, a conhecer a poesia dos lutadores e lutadoras do povo. Por fim, desafiamos a todos (as) os (as) militantes da Escola Nacional de Formação a produzir, sistematizar e organizar músicas e poesias que tragam presente a história e a identidade do nosso povo e da nossa luta, como compromisso de construção de um processo que se inicia sólido ao proporcionar que a cultura popular se manifeste cada vez mais! Boa formação, boa luta! Movimento dos Atingidos por Barragens Coletivo de formação Maio de 2008 1 2 3 30. Sem medo de ser Mulher_____________________________________33 31. A educação no campo________________________________________34 32. Não vou sair do campo_______________________________________35 33. Creio na semente___________________________________________36 34. Alô juventude_______________________________________________37 35. Nossa conta________________________________________________38 Poesias 1. Resolução___________________________________________________40 2. Jovem: Espírito de Sacrifício_____________________________________42 3. Marchar e vencer_____________________________________________44 4. O sonho e o tempo___________________________________________46 5. O Meu País_________________________________________________48 6. O analfabeto político__________________________________________50 7. Aula de vôo__________________________________________________51 8. Manifesto da Democracia e da Mudança__________________________52 9. Madrugada Camponesa_______________________________________53 10. Cordel da história submersa___________________________________54 C......................................DÓ D.....................................RÉ E......................................MI Fa....................................FÀ G......................................Sol A......................................LÀ B........................................SI B 7..................................Sí 7 C#m........DO sustenido menor G#m........Sol sustenido menor F#m.........FÁ sustenido menor Dm.........................RÉ menor Am..........................LÀ menor Bm...........................SÍ menor G O crime de rico a lei cobre/ O Estado esmaga o oprimido/ Não há direitos para o pobre/ Ao rico tudo é permitido/ À opressão não mais sujeitos/ Somos iguais a todos os seres/ Não mais deveres sem direitos/ Não mais direitos sem deveres C De pé, oh vítimas da fome D G De pé, famélicos da terra C Da idéia a chama já consome D G A crosta bruta que a soterra D C D Cortai o mal bem pelo fundo C Abomináveis na grandeza/ Os reis da mina e da fornalha/ Edificaram a riqueza/ Sobre o suor de quem trabalha!/ Todo o produto de quem sua/ A corja rica o recolheu/ Querendo que ela o restitua/ O povo só quer o que é seu D De pé, de pé, não mais senhores D7 G Se nada somos em tal mundo D C D Sejamos tudo, oh produtores G C Nós fomos de fumo embriagados/ Paz entre nós, guerra aos senhores/ Façamos greve de soldados/ Somos irmãos trabalhadores/ A corja vil e cheia de galas/ Nos quer a força, canibais/ Logo verá que as nossas balas/ São para os nossos generais Bem unidos façamos D G Nesta luta final G7 C De uma terra sem amos A7 (G) D A Internacional Senhores, patrões, Chefes Supremos/ Nada esperamos de nenhum/ Sejamos nós quem conquistemos/ A terra-mãe, livre e comum/ Para não ter protestos vãos/ Para sair deste antro estreito/ Façamos nós com nossas mãos/ Tudo o que a nós nos diz respeito Pois somos do povo os ativos/ Trabalhador forte e fecundo/ Pertence a terra aos produtivos/ Oh parasita, deixa o mundo/ Oh parasita que te nutres/ Do nosso sangue a gotejar/ Se nos faltarem os abutres/ Não deixa o sol de fulgurar 6 E Tom: G C#m G#m Água que cai da chuva tem água que vem da fonte G Em A Bm Tem mágoa que brota do peito Tenho magoas de um projeto que roubou a minha paz G A D B7 E B7 Tem nos olhos uma cachoeira Expulsou de minha terra nos tratou como animais C E D E Prometeu matar a sede e gerar muita energia C D G#m Água que dá a vida muitas vezes tira a sorte G D Que mentira! Esse projeto é de ladrão e nos botou foi numa fria G C#m A F#m B7 Trás o pranto, cala o canto, traz a morte D A E a conta da energia virou mais que um pesadelo Am Bm D A C#m Não só pra nós atingidos, pra todo o povo brasileiro G B7 E Contra a força das barragens somos muitos, somos mil G#m B7 Contra a força uma muralha somos milhões.... D E o preço da energia virou uma sacanagem Am Bm C D G D Sair dessa situação é organizar os atingidos e toda a sociedade A B7 C#m Em A B7 G#m A B7 A energia para os pobres só se for de candeeiro D E para grandes rapinas levam até pro estrangeiro C D Para nós só sobra a conta e ameaça de apagão C D G D Mas se agente juntar povo organizado muda essa situação 7 E /: Por que o amor só existe na mesa onde não falta o pão/: Bm G E Lutando de braços dados pra exigir o novo chão 8 C A EM Eu quero os rios como fontes salutares F C G D Refração da vida em correnteza A Eu quero o sonho transbordando F C EM F AM G G D C A D G Têm a fórmula ao alcance da mão EM Mas a fonte da vida não pode ser ferida./ Vamos nos unir nesse refrão C EM F C EM F C G Eu quero a água para fazer irrigação/ Saneamento básico e consumir. C EM F Encheu de água os nossos sonhos e destruiu o nosso chão Com cimento e concreto onde produzia o pão O peixe não faz Piracema sem a casa pra morar A ambição ergue trincheiras difícil de controlar G Eu quero a terra repartida por igual/ Onde todos possam produzir C E Água e energia, não são mercadorias Para os nossos “gênios” é óxido de hidrogênio F E Vamos falar com sabedoria EM D E Nos fez reféns do modelo capitalista Águas para a vida e não para a morte (Bis) F E Acabou com nossas casas, nossos sonhos toda a vista Nas pessoas em perfeita paz com a natureza C E Prometeu matar a fome e gerar muita energia C EM E Tenho mágoas de um projeto que tirou nossa alegria C G Sobrou ao atingido acreditar nessa mudança A vontade de lutar que ainda não se cansa Empunhando uma bandeira com muita alegria Um sorriso em cada rosto no raiar de um novo dia Eu quero todos os problemas resolvidos/ Chega de calar a voz do povo C EM F C G Eu quero os postos de trabalho ressarcidos/ Num admirável mundo novo. C EM C G Eu quero o MAB como nosso mediador/ Das nossas conquistas e vitórias C EM Eu quero líderes com esboços contundentes F C G Transformando o curso da história 9 10 E C O homem chega e já desfaz a natureza D A Tira a gente e põe represa, diz que tudo vai mudar E D A G C#m A Fa G Fa G Am Am Am G G Fa C Am G Terra planeta água... / G#m O medo que algum dia o mar também vire sertão C#m G Em G G#m A C C E depois dormem tranqüilas no leito dos lagos, no leito dos lagos O sertão vai virar mar da no coração E G Águas que caem das pedras no véu das cascatas ronco de trovão Do beato que dizia que o sertão ia alagar A Em C B C#m Fa Águas que banham aldeias e matam a sede da população E passo a passo vai cumprindo a profecia C C Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão Am C G Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão Diz que dia menos dia vai subir bem devagar G# Fa Am Am O São Francisco lá pra cima da Bahia Am G Fa G Fa C Terra planeta água C Terra planeta água G#m Vai virar mar da no coração E Am Água que nasce na fonte serena do mundo e que abre o profundo grotão C#m A B7 O medo que algum dia o mar também vire sertão Adeus remanso, casa nova, sento-se Adeus pilão arcado vem o rio te engolir Debaixo d’água lá se vai a vida inteira Por cima da cachoeira a gaiola vai sumir Vai ter barragem no salto do sobradinho E o povo vai se embora com medo de se afogar 11 Água dos igarapés onde Iara mãe d’água e misteriosa canção Água que o sol evapora pro céu vai embora virar nuvens de algodão Gotas de água da chuva alegre arco-íris sobre a plantação Gotas de água da chuva tão tristes são lágrimas na inundação Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terra 12 E B7 A E G A vida e a natureza sempre à mercê da poluição E Am D7 América Latina tem uma beleza que não foi à natureza só quem B7 G Se invertem as estações do ano Am desenhou / Foi a força da guerrilha nos braços do povo que no dia A E D7 Faz calor no inverno e frio no verão G G Am de ano novo enfim Triunfou / Ela é muito pequena, mas muito elegante B7 D7 Os peixes morrendo nos rios A G forte como um gigante se mantém por lá / Desafia o inimigo e não E Am Estão se extinguindo espécies animais D7 G tem receio Ignorando o bloqueio desafia o mar B7 E tudo que se planta colhe A G E E7 Am O tempo retribui o mal que a gente faz Somos desta terra somos companheiros E Somos brasileiros e também somos latinos D7 B7 A E E7 Onde a chuva caía quase todo dia já não chove nada B7 Am Pátria de Martí e de Che Guevara A D7 O sol abrasador rachando o leito dos rios secos E G G Esta história não para enquanto nascer um menino B7 Sem um pingo d’água quanto ao futuro inseguro A E B7 Será assim de norte a sul a terra nua semelhante à lua A B7 A E O que será desse Planeta Azul? O que será desse Planeta Azul? O rio que desce as encostas já quase sem vida Parece que chora um triste lamento das águas Ao ver devastada a fauna e a flora É tempo de pensar no verde Regar a semente que ainda não nasceu Deixar em paz a Amazônia, preservar a vida Estar de bem com Deus 13 E Cuba pequena que nos dá exemplo e massa e fermento neste caminhar / Mostra ser possível dar um passo a frente com toda esta gente para triunfar / Mesmo que demonstrem ser muito sabidos os imperialistas um dia vão chorar / Por que a vitória é de quem faz a história ficarão por fora vendo o trem passar Nosso continente será diferente não ser que não se tente o caminho fazer / E esperar que a burguesia nos de de presente quinhentos anos de história com as mãos no poder / Não faremos o amanhã se não lutarmos hoje nem haverá novas Cubas se a gente parar / Por que pra fazer a cova do Imperialismo mesmo que a gente não queira tem que cavoucar 14 Dm E Gm Pelos caminhos da América / Pelos caminhos da América A7 D G D D Há cruzes beirando estradas pedras manchadas de sangue D A7 E O sangue dos mártires fez a semente se espalhar E B7 A G A Nestes pampas e caatingas Nuvens, mistérios e encantos que envolvem nosso caminhar D E Nestes campos, nestas planícies D Pelos caminhos da América há tanta dor tanto pranto G A B7 Dm Pelos caminhos da América................... Latino América G B7 Acorda América! Chegou a hora de levantar D Dm A Nestas raízes entrelaçadas B7 E De etnias tão misturadas E Apontando como setas que a liberdade e pra lá. E assim meu povo Pelos caminhos da América há monumentos sem rosto / Heróis pintados, mau gosto livros de história sem cor / Caveira de ditadores soldados tristes calados / Com olhos esbugalhados vendo avançar o amor A nossa América Latina B7 Pelos caminhos da América há mães gritando qual loucas / Antes que fiquem roucas digam onde acharão / Seus filhos mortos levados na noite de tirania / Mesmo que matem o dia elas jamais calarão Pelos caminhos da América no centro do continente / Marcham punhados de gente com a vitória na mão / Nos mandam sonhos, cantigas em nome da liberdade / Com o fuzil da verdade combatem firme o dragão E Eu me pergunto, e a nos todos Até que dia nos agüentamos Essa violência tão assassina Nos tomam a terra e matam os índios Nos deixam restos Da nossa América Latina Pelos caminhos da América bandeiras de um novo tempo / Vão semeando no vento frases teimosas de paz / Lá na mais alta montanha há um par de arco florido / Um guerrilheiro querido que foi buscar o amanhã Pelos caminhos da América há um índio tocando flauta / Recusando a velha pauta que o sistema lhe impôs / No violão um menino e um negro tocam tambores / Há sobre a mesa a umas flores pra festa que vem depois 15 16 G Am Am América Latina de sangue e suor. C G Este povo que sofre pela mesma razão, D grita por liberdade numa nova canção. Em C F Am C G E nem cancelas nos limites das fronteiras Eu quero pra ti um dia melhor C Talvez um dia milhões de vozes se erguerão F E7 Numa só voz desde o mar às cordilheiras Am F Da mão do índio, explorado, aniquilado D /:América, América, sou teu filho e digo: C Talvez um dia não existam aramados Am D G F D Am G C Ao camponês, mãos calejadas e sem-terra F C Um dia quero ser livre contigo!:/ Do peão rude que humilde anda changueando América morena do velho e do novo, construindo a história na luta do povo. Numa guerra de força contra o imperialismo que dos povos da América é o grande inimigo. E dos jovens, que sem saber morrem nas guerras F A E7 F#m E7 Bm América minha quero te ver um dia, o teu povo nas ruas, com a mesma alegria. Gritar a vitória no campo e na cidade. E empulhar a bandeira da liberdade! Bm G América Latina, latino América E7 A E7 Amada América de sangue e suor Talvez um dia, os gemidos das masmorras e o suor dos operários e mineiros / Vão se unir à voz dos fracos e oprimidos e a cicatrizes de tantos guerrilheiros Talvez um dia, o silêncio dos covardes nos desperte da inconsciência desse sono / E o grito do Sepé na voz do povo vai nos lembrar que esta terra ainda tem dono E as sesmarias, de campos e riquezas que se concentram nas mãos de pouca gente / Serão lavradas pelo arado da justiça de norte a sul, do latino continente 17 18 C G C Dm Se não tiver o amanhã brindaremos o ontem D E7 Am F7 Eu fico com a pureza das respostas das Crianças! E7 G e saberemos então onde está o horizonte E a vida! É bonita e é bonita! G Viver e não ter a vergonha de ser feliz A D E7 Aí cantemos segredos e todos os medos serão alegrias G Veremos que o passo só cansa quando não alcança sua rebeldia D E na sombra da verdade estará a liberdade que a gente queria C G D F#7 G Então ouviremos da história o grito de glória da nossa utopia E quem ficou sem chorar, sem poder andar estará presente Grande será nosso espanto de ver o encanto do bom comandante Chegando na hora certa com a voz desperta nossa rebeldia Companheiros de Guevara trilhando a estrada por um novo dia Bm Bm E Cantar, e cantar, e cantar A A beleza de ser um eterno aprendiz E7 A Ah, meu Deus! Eu sei A7 D Que a vida devia ser bem melhor e será Dm A F#7 Mas isso não impede que eu repita Bm E7 A E7 É bonita, é bonita e é bonita! Am A7 Dm E a vida? E a vida o que é, diga lá, meu irmão? Bm E7 Bm E7 Am Ela é a batida de um coração? Ela é uma doce ilusão? E7 Am A7 Dm Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento? Bm E7 Bm E7 Am Ela é alegria ou lamento? O que é? O que é, meu irmão? G C Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo Bm E7 É uma gota, é um tempo A7 Que nem dá um segundo 19 20 Dm Bm Am Há quem fale que é um divino mistério profundo Fa E7 É o sopro do criador numa atitude repleta de amor Bm E7 A E Guantanamera, guajira guantanamera Você diz que é luta e prazer E Am A B7 E A B7 Guantanamera, guajira guantanamera Ele diz que a vida é viver E7 E Ela diz que melhor é morrer A B7 Yo soy um hombre sincero A E Pois amada não é, e o verbo é sofrer A B7 De donde crece la palma Y antes de morir me quiero Echar mis versos del alma Dm Eu só sei que confio na moça Am Mi verso es de um verde claro Y de um carmin encendido Mi verso es um ciervo herido Que busca em el monte amparo E na moça eu ponho a força da fé F7 Somos nós que e fazemos a vida E7 Como der, ou puder, ou quiser Bm E7 Am G C Sempre desejada por mais que esteja errada Bm E7 Am B7 E7 Ninguém quer a morte só saúde e sorte Bm E7 Am G Com los pobres de la tierra Quiero yo mi suerte echar El arroyo de la sierra Me complace mas que el mar C E a pergunta roda, e a cabeça agita Dm E7 Am Fico com a pureza das respostas das crianças Fa E7 É a vida! É bonita e é bonita! 21 22 Am G Fa Se é pra ir a luta, eu vou, se é pra ta presente, Eu to E G G /: Dança aí nego nagô:/ Am Am Replantar nosso sonho em cada coração E Am /: Dança aí nego nagô:/ E Am Enquanto não chegar o dia enquanto persiste a agonia Am G C E Am O negro canta deita e rola lá na senzala do senhor Fa E Am G É que a gente junto vai reacender as estrelas, vai E G Eu vou tocar minha viola eu sou o negro cantador Am Pois na vida da gente o que vale é o amor Am Am Am A gente ensaia o baião. Lauê, lauê, lauê, lauê É que a gente junto vai reabrindo caminhos vai Alargando a avenida pra festa geral Enquanto não chega a vitória a gente refaz a história Pro que há de ser afinal. Lauê, Lauê, Lauê, Lauê Tem que acabar com esta história de negro ser inferior O negro é gente quer escola quer dançar samba e ser doutor O negro mora em palafita não é culpa dele não senhor A culpa é da abolição que veio e não o libertou Vou bota fogo no engenho aonde o negro apanho O negro é gente como outro quer ter carinho e ter amor É que a gente junto vai, vai pra rua de novo vai Levantar a bandeira do sonho maior Enquanto eles mandam, não importa a gente vai abrindo a porta Quem vai rir depois, ri melhor. Lauê, Lauê, Lauê, Lauê 23 24 E A B7 E A Tom: Am Quero a Utopia, quero tudo e mais quero a felicidade nos olhos B7 A E C#m de um pai quero a alegria, muita gente feliz quero que a Am C G Fa Debulhar o trigo, recolher cada bago do trigo, forjar no trigo B7 C Am D justiça reine em meu país O milagre do pão e se fartar de pão Quero a liberdade, quero vinho e pão, quero ter a amizade, quero amor, prazer. Quero nossa cidade, sempre ensolarada, os meninos e o povo no poder, eu quero ver Decepar a cana, recolher a garapa da cana Roubar da cana a doçura do mel, se lambuzar de mel Afagar a terra, conhecer os desejos da terra Cio da terra propícia a estação e fecundar o chão São José da Costa Rica, coração civil, me inspire no meu sonho de amor Brasil Se o poeta é o que sonha o que vai ser real vou sonhar coisas boas que o homem faz e esperar pelos frutos no quintal D Sem a polícia, nem a milícia, sem o feitiço, cadê o poder? Viva a preguiça, viva a malícia que só a gente é que sabe ter Assim vivendo a minha utopia eu vou levando a vida Eu vou viver bem melhor doido pra ver o meu sonho teimoso Um dia se realizar D7 G C D F# Maria, Maria, é um dom, uma certa magia / Uma força que nos alerta Bm G C Uma mulher que merece viver e amar G Bb D Como outra qualquerdo planeta Maria, Maria, é o som é a cor, é o suor / É a dose mais forte e lenta / De uma gente que ri quando deve chorar / E não vive apenas agüenta Mas é preciso ter força, é preciso ter raça / É preciso ter gana sempre / Quem traz no corpo a marca / Maria, Maria, mistura dor e alegria Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça / É preciso ter sonho sempre / Quem traz na pele essa marca / Possui a estranha mania de ter fé na vida 25 26 E B7 Tom: C Não precisa ser herói para lutar pela terra A B7 E Por que quando a fome dói qualquer homem entra em guerra G F Ando devagar porque já tive pressa C B7 É preciso ter cuidado para evitar essa luta e levo este sorriso por que já chorei demais A E Pois cada pai é um soldado quando é o pão que se disputa E7 A E A A Fa E C Se somos todos irmãos se todos somos amigos B7 G Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe G Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou nada sei B7 Basta um pedaço de chão para a vitória do trigo Fa Dm Fa Conhecer as manhas e as manhãs, A E A E Dm C Basta um pedaço de terra para a semente ser pão o sabor das massas e das maçãs A Fa E B7 E Dm Fa Dm Fa enquanto a fome faz guerra a paz espera no chão É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir Há planicies que se somem dentre o horizonte e o rio E a vida morre de fome com tanto campo vazio Ao longo dessas porteiras dessas marias sitiadas A ambição ergue trincheiras, contra o sonho das enxadas E preciso chuva para florir C Penso que curtir a vida seja simplesmente Compreender a marcha e ir tocando em frente Como um velho boiadeiro levando a boiada Eu vou levando os dias, pela longa estrada eu vou, estrada eu sou Todo mundo ama um dia, todo mundo chora Um dia a gente chega e no outro vai embora Cada um de nós compõe a sua história E cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz Ando devagar porque já tive pressa e levo este sorriso porque já chorei demais Cada um de nós compõe a sua história E cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz 27 28 5 Tom: G Tom: C C G G7 Este é o nosso país esta é a nossa bandeira Fa C D Traga a bandeira de luta, deixa a bandeira passar G7 C é por amor a esta Pátria Brasil que a gente segue em fileira Am D G Essa é a nossa conduta, vamos unir pra mudar G C C7 Queremos mais felicidade no céu deste olhar cor de anil (Fa) C G7 Am (C7) No verde esperança sem fogo bandeira que o povo assumiu Fa G Fa C C7 Amarelo são os campos floridos as faces agora rosadas Fa C G7 D Deixe fluir a esperança porque na lembrança vamos resgatar Fa C Se o branco da paz irradia vitória das mãos calejadas Queremos que abrace esta terra por ela quem sente paixão Quem põe com carinho a semente pra alimentar a nação A ordem é ninguém passar fome progresso é o povo feliz A Reforma Agrária é à volta do agricultor à raiz D G Guardada bem na memória a nossa história vai continuar Bate cundum na Bandeira, o bate cundum da mudança chegou É na roça, na cidade, na sociedade sou trabalhador Somos da história sujeitos e nossos direitos não podem acabar Os nossos sonhos de busca, de paz, e justiça vão continuar G D C D G Deixe-me viver, deixe me falar/ Deixe-me crescer, deixe me organizar G D G Quando eu vivia no sertão/ Aos pés de quem vivia a me mandar/ D G Gemia calo e dor nas minhas mãos/ A canga era pesada pra levar Bahia pareceu pelo sertão/ Um Monte que passou a cativar/ Tão belo que ajudou o povo irmão/ Patrão e opressor não tinha lá Canudos outra vez vai florescer/ A vida como galho vai fronda/ A luta pela terra quer o pão/ Amores vão de novo começar Canudos se espalhou pelo país/ Embora os tubarões queiram morder/ Na roça e na vida o que se diz/ O povo organizado vai vencer 29 30 G C A Andam dizendo que nóis é caipira que nossa casa é feita de taboca D C G Que nossa onda é dançar catira que nóis tem cara de milho de pipoca C Nóis gosta é de pescar traíra ver as bichinha chorando na vara D C G C A C A D A Viva! Viva! Viva a Sociedade Alternativa! C G C G Se eu quero e você quer tomar banho de chapéu C Nóis num gosta de mentira nóis tem vergonha na cara D Viva! Viva! Viva a Sociedade Alternativa! G C G Ou esperar Papai Noel ou discutir Carlos Gardel C G G C G C E7 Então vá faze o que tu queres pois é tudo da lei........ Da lei Se farinha fosse americana mandioca importada D C G Banquete de bacana era farinhada Andam dizendo que nóis é botina Que nossa onda é andar a cavalo Que nossa calça é amarrada com imbira Que nossa moda é briga de galo Nóis gosta e de pescar traíra Ver as bichinha chorando na vara Nóis num gosta de mentira Nóis tem vergonha na cara Presidente disse que nóis é caipira Que nóis tem que aprender inglês OH YES! Que nóis tem que fazer sucesso fora Deixa de bestagem, nóis nem sabe português Nóis somos caipira pop Nóis entra na chuva e não molha Meio I love you Nóis é jeca, mas é jóia E E7 A E B7 E Quando olhei a terra ardendo qual fogueira de São João E7 A E B7 /: Eu perguntei a Deus do céu porque tamanha judiação/: Que braseiro, que fornalha, nem um pé de plantação /: Por falta d’água, perdi meu gado morreu de sede meu alazão:/ Até mesmo Asa Branca bateu asas pro sertão /: Então eu disse: Adeus Rosinha guarda contigo meu coração:/ Hoje longe muitas léguas nesta triste solidão /: Espero a chuva cair de novo pra mim voltar pro meu sertão:/ Quando o verde dos teus olhos se espalhar na plantação /: Eu te asseguro, não chores, não, viu que eu voltarei, viu, meu coração:/ 31 32 E B7 Pra mudar a sociedade do jeito que a gente quer D A7 A educação do campo do povo agricultor E Participando sem medo de ser mulher D Precisa de uma enxada de um lápis, de um trator D7 A E A7 Por que a luta não e só dos companheiros B7 G Precisa educador pra trocar conhecimento D O maior ensinamento é a vida e seu valor E Participando sem medo de ser mulher Pisando firme sem pedir nenhum segredo Participando sem medo de ser mulher A7 D D Pois sem mulher a luta vai pela metade Participando sem medo de ser mulher Fortalecendo os movimentos populares Participando sem medo de ser mulher Na aliança Camponesa e Operária Participando sem medo de ser mulher Pois a vitória vai ser nossa com certeza Participando sem medo de ser mulher 33 A7 Dessa história nós somos os sujeitos lutamos pela vida A7 pelo que é de direito. As nossas marcas se espalham pelo D A7 D Chão a nossa escola ela vem do coração Se a humanidade produziu tanto saber O rádio e a ciência e a cartilha do ABC Mas falta empreender a solidariedade Soletrar essa verdade está faltando acontecer 34 Fa Gm Bb Fa Não vou sair do campo prá poder ir prá escola Gm Bb Eu creio sim (4x) B7 E B E B F# Eu creio na semente, lançada na terra na vida gente, Fa educação do campo é direito e não esmola B eu creio no amor Fa Dm C B7 O povo camponês o homem e a mulher Bb C Fa E eu creio no amor C Ticuna, Caeté, Castanheiros, seringueiros Bb B B O negro o quilombola com seu canto de afoxé Dm E C Fa Pescadores e posseiros com certeza estão de pé Cultura e produção, sujeitos da cultura A nossa agricultura pro bem da população Construir uma nação construir soberania Pra viver o novo dia com mais humanização Quem vive da floresta dos rios e dos mares De todos os lugares onde o sol abre uma fresta Quem a sua força empresta os quilombos, as aldeias E quem na terra semeia, venha aqui fazer a festa B No canto sonoro da ave que voa F# Liberdade é um grito bem alto e ressoa E B O jovem que luta esperança se faz F# B B7 A semente que nasce e vitória da paz Na voz dos pequenos reunidos em prece No serviço e louvor vida nova acontece Na forca do povo novo dia já brilha Na mesa de todos: eis o pão da partilha Nas mãos que semeiam o sonho de deus Na terra de todos presente dos céus Renasce a alegria no rosto do povo Com certeza veremos um mundo mais novo 35 B F# Eu creio na semente, lançada na terra na vida gente, 36 G C Alô juventude! Alô juventude Tão roubando energia do trabalhador / Quanto mais valia G D G Encare com garra o peso da barra C D C Fa G Fa C / Mas as grandes empresas quase não tem despesas G G Pra ter no futuro um porto seguro Depois que privatizaram a luz teve um aumento / Que os jornais D G Precisa ter força, precisa ter raça C C7 mais no bolso é a dor / Essa conta tá cara feito os olhos da cara G D O tempo e escuro, mas tem solução Fa D G nunca mostraram de quatrocentos por cento / Tanta energia a serviço G G7 C Precisa ter amor no coração do lucro de empresa e bancos / E quem paga tudo isso? Fa C G G Em G C Am Dm Nossa classe, sempre aos trancos / E quem paga tudo isso? Pra frente, pra frente linda juventude Am Nossa classe sempre aos trancos D7 Você e a esperança do país C G Em Pra frente, pra frente linda juventude Am D7 G G C Tem que mudar o modelo e não aceitar a sina / De no país todo G Fa G C G E façam um futuro muito mais feliz enchê-lo com um bando de usinas / Pra farra dessas empresas O Brasil é lindo, o Brasil é nosso Não seja um fraco, não fuja do barco Eu sei que e difícil remar contra a maré Porém acredito que ainda tem jeito A felicidade é nosso direito A gente não pode perder a fé do país, seja qual for / Explorando a natureza e o suor do trabalhador C G Am Dm G Fa G C C / Explorando a natureza e o suor do trabalhador G C G Fa Agora existe uma tal de tarifa social / Mas ainda é mais cara que G C G a da empresa, nem compara / E o preço dessa conta também é C G Fa G C nossa conta / Vamos acertar a conta com quem já passou da Am Dm G C conta / Vamos acertar a conta com quem já passou da conta 37 38 Considerando nossa fraqueza os senhores forjaram Suas leis, para nos escravizarem As leis não mais serão respeitadas Considerando que não queremos mais ser escravos. Considerando que os senhores nos ameaçam Com fuzis e com canhões Nós decidimos: de agora em diante Temeremos mais a miséria do que a morte. Considerando que ficaremos famintos Se suportarmos que continuem nos roubando Queremos deixar bem claro que são apenas vidraças Que nos separam deste bom pão que nos falta Considerando que os senhores nos ameaçam. Com fuzis e com canhões Nós decidimos: de agora em diante Temeremos mais a miséria do que a morte. Considerando que existem grandes mansões Enquanto os senhores nos deixam sem teto Nós decidimos: agora nelas nos instalaremos Porque em nossos buracos não temos mais condições de ficar. Considerando que os senhores nos ameaçam Com fuzis e com canhões Nós decidimos: de agora em diante Temeremos mais a miséria do que a morte. Considerando que está sobrando carvão Enquanto nós gelamos de frio por falta de carvão Nós decidimos que vamos tomá-lo Considerando que ele nos aquecerá. Considerando que os senhores nos ameaçam Com fuzis e com canhões Nós decidimos: de agora em diante Temeremos mais a miséria do que a morte. 40 Considerando que para os senhores não é possível Nos pagarem um salário justo Tomaremos nós mesmos as fábricas Considerando que sem os senhores, tudo será melhor para nós. Considerando que os senhores nos ameaçam Com fuzis e com canhões Nós decidimos: de agora em diante Temeremos mais a miséria do que a morte. Considerando que o que o governo nos promete sempre Está muito longe de nos inspirar confiança Nós decidimos tomar o poder Para podermos levar uma vida melhor. Considerando: vocês escutam os canhões Outra linguagem não conseguem compreender Deveremos então, sim, isso valerá a pena Apontar os canhões contra os senhores! (Poema de Bertold Becht sobre a Comuna de Paris) Penso que a primeira coisa que deve caracterizar um jovem comunista é a honra que sente em ser jovem comunista. Esta honra que o leva a mostrar frente a toda sua condição de jovem comunista, que não o faz cair na clandestinidade, que não o reduz as fórmulas, mas que expressa em cada momento, que lhe sai do espírito, que tem interesse em demonstrá-lo porque é seu símbolo de orgulho. Junto a isso, um grande senso de dever para com a sociedade que estamos construindo, com nossos semelhantes enquanto seres humanos e com todos os homens e mulheres do mundo. Isso deve caracterizar o jovem comunista. Ao lado disso, uma grande sensibilidade frente à injustiça; um espírito inconformado cada vez que aparece algo de ruim vindo de quem quer que seja. Colocar tudo o que não se compreende, discutir e pedir esclarecimento daquilo que não é claro, declarar guerra ao formalismo, a todos os tipos de formalismos. Estar sempre aberto para receber novas experiências, para adequar a grande experiência da humanidade, que leva muitos anos avançando pelo caminho do socialismo, às condições concretas do nosso país, às realidades existentes em Cuba: pensar todos e cada um – como transformar a realidade, como melhorá-la. O jovem comunista deve propor-se a ser sempre o primeiro em tudo, lutar para ser o primeiro e sentir-se incomodado quando ocupa outro lugar em qualquer coisa. Lutar para melhorar, para ser o primeiro. É claro que nem todos podem ser o primeiro, mas trata-se de estar entre os primeiros, no grupo de vanguarda. Ser um exemplo vivo, ser um espelho onde se refletem os companheiros que não pertencem às juventudes comunistas, ser o exemplo onde se podem reconhecer os homens e as mulheres de idade mais avançada, que perderam certo entusiasmo juvenil, que perderam a fé na vida e que diante do estímulo do exemplo sempre reagem bem. Esta é outra tarefa dos jovens comunistas. 41 42 Paralelamente, um grande espírito de sacrifício não apenas para as jornadas heróicas, mas para todos os momentos. Sacrificar-se para ajudar o companheiro nas pequenas tarefas, para que assim possa cumprir seu trabalho, para que possa cumprir seu dever no estudo, para que possa melhorar de qualquer maneira. Estar sempre atento a toda a massa humana que o rodeia. Quer dizer: o que se coloca a todo o jovem comunista é ser essencialmente humano, ser tão humano que se aproxime do melhor do humano. Purificar o melhor do homem através do trabalho, do estudo, da prática da solidariedade contínua com o povo e com todos os povos do mundo; desenvolver ao máximo a sensibilidade, até o ponto de sentir-se angustiado quando em algum canto do mundo um homem é assassinado e até o ponto de sentir-se entusiasmado quando em algum canto do mundo se levanta uma nova bandeira de liberdade. (Discurso na celebração do 2º aniversário da União dos Jovens Comunistas, outubro de 1962). 43 Abriu-se para nós Nesta fresta de tempo ao fim do século A possibilidade de dizer: Que fome, miséria e tirania não são heranças Heranças são as obras, são os feitos, são os sonhos Desenhados pelos pés dos velhos caminhantes Que plantaram na história sementes de esperança E nos legaram a tarefa de fazer Através da luta, o caminho de vencer. Marchar é mais do que andar É traçar com os passos roteiro que nos leva à dignidade sem lamentos. As fileiras como cordões humanos Mostram os sinais dos rastros perfilados Dizendo em seu silêncio Que é preciso despertar E colocar em movimento Milhões de pés sofridos, humilhados em todo o tempo Sem temer tecer a liberdade. E nessas marcas de bravos lutadores Iniciamos a edificação de novos seres construtores De um projeto que nos levará à nova sociedade. Marchamos por saber que em cada coração há uma esperança Há uma chama despertada em cada peito E a mesma luz é que nos faz seguir em frente E tecer a história assim de nosso jeito. A dor, a fome, a miséria e a opressão não são eternas Eternos são os sonhos, a beleza e a solidariedade Por estarem ao longo do caminho de quem anda Em busca da utopia nas asas da liberdade. As marchas alimentam grandes ideais 44 Porque grande é o sonho de cada caminhante Que faz nascer do pranto a alegria Da ignorância a sabedoria E das derrotas vitórias triunfantes. Venham todos! – Dizem nossas bandeiras Que se balançam como chamas nas fogueiras E queimam as consciências de nossos inimigos Que fazem da pátria galhos onde se aninham Abutres que comem: Das fábricas os empregos, Dos hospitais os remédios e a saúde Das escolas as letras que educariam a juventude, E da terra o direito de viver a liberdade. Assim a pátria passa ser de propriedade Privada, escravizada e obrigada A entregar aos filhos logo ao nascer A incerteza de passar o dia e não ver o anoitecer. Marchar se faz necessário Para espantar os abutres desta estrada E construir sem medo o amanhecer. Pois, se eternos são os sonhos Eterna também é a certeza de vencer. O sonho se fez tempo Plantado sobre a teimosia que se fez berço Para dar vida ao guerreiro que decidiu nascer, São anos, tempos, sonhos Que a voz do povo buscou chamar a terra E se fez força da paz fazendo a guerra. Batalhas marcam os dias Os livros marcam a história Os hinos as alegrias. o pranto também faz parte deste longo caminhar Cumpre o papel de regar o sonho tão valente De quem acreditou que plantando sangue renasceria E em cada passo que o povo daria... Nas vitórias viveria eternamente. E a terra feito um lençol macio se estende Oferecendo seu colo umedecido Ainda expondo os destroços da última batalha. Mas isto é seguir em frente e querer mais Forjar novas gerações Mesmo que custe sacrifício às atuais E os olhos do sol se abrem para fazer o amanhecer Nas quatro pontas do leito empoeirado Erguem-se homens, mulheres e meninos Riscando com um sopro a linha do destino E marcam as próprias mãos Com calos que lhes dão dignidade. É a terra quem resgata o ser humano Plantando na consciência Coragem e resistência Para fazer nascer a solidariedade. 45 46 E os mantos de lonas escaldantes Se desenrolam para formar cidades Sem muros nem dor de gente errante Cada qual desenhando seu lugar Deixando a porta aberta para a linha do horizonte Onde está a bandeira envaidecida Chamando com sua dança para seguir adiante. Agora sobre a terra escreve-se com enxadas Palavras que formam fartura e unidade Não haverá mais fome nem tristeza O vale ressecado volta a ter beleza E a voz entoa louvando a liberdade Os lábios sorridentes deixam cair à saliva adocicada Misturada com o caldo da cana que escorre tão perfeito Não haverá outras faces mais felizes Do que estas penetradas de valores com raízes Que nascem da alegria do coração Do sonho e da paixão Que cada um de nós Planta em nosso peito. Um país que crianças elimina Que não ouve o clamor dos esquecidos Onde nunca os humildes são ouvidos E uma elite sem deus é quem domina Que permite um estupro em cada esquina E a certeza da dúvida infeliz Onde quem tem razão baixa a cerviz E massacram - se o negro e a mulher Pode ser o país de quem quiser Mas não é, com certeza, o meu país Um país onde as leis são descartáveis Por ausência de códigos corretos Com quarenta milhões de analfabetos E maior multidão de miseráveis Um país onde os homens confiáveis Não têm voz, não têm vez, nem diretriz Mas corruptos têm voz e vez e bis E o respaldo de estímulo incomum Pode ser o país de qualquer um Mas não é com certeza o meu país Um país que perdeu a identidade Sepultou o idioma português Aprendeu a falar pornofonês Aderindo à global vulgaridade Um país que não tem capacidade De saber o que pensa e o que diz Que não pode esconder a cicatriz De um povo de bem que vive mal Pode ser o país do carnaval Mas não é com certeza o meu país 47 48 Um país que seus índios discrimina E as ciências e as artes não respeita Um país que ainda morre de maleita Por atraso geral da medicina Um país onde escola não ensina E hospital não dispõe de raio - x Onde a gente dos morros é feliz Se tem água de chuva e luz do sol Pode ser o país do futebol Mas não é com certeza o meu país Um país que é doente e não se cura Quer ficar sempre no terceiro mundo Que do poço fatal chegou ao fundo Sem saber emergir da noite escura Um país que engoliu a compostura Atendendo a políticos sutis Que dividem o Brasil em mil brasis Pra melhor assaltar de ponta a ponta Pode ser o país do faz-de-conta Mas não é com certeza o meu país Tô vendo tudo, tô vendo tudo Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo. 49 O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionais. 50 O conhecimento caminha lento, feito lagarta. Primeiro, não sabe que sabe e, voraz, contenta-se com cotidiano orvalho, deixado nas folhas vividas das manhãs. Depois pensa que sabe, e se fecha em si mesmo: faz muralhas, cava trincheiras, ergue barricadas. Defendendo o que pensa saber, levanta certeza na forma de muro, orgulhando-se do seu casulo. Até que, maduro, explode em vôos, rindo do tempo que imaginava saber ou guardava preso o que sabia. Voa alto sua ousadia, reconhecendo o suor dos séculos, no orvalho de cada dia. Mesmo o vôo mais belo descobre um dia não ser eterno. É tempo de acasalar, voltar à terra com seus ovos, à espera de novos e prosaicos lagartos. O conhecimento é assim, ri de si mesmo e de suas certezas. É meta da forma, metamorfose, movimento, fluir do tempo, que tanto cria como arrasa. E nos mostra que, para o vôo, é preciso tanto o casulo como a asa. 51 Quando as crianças forem mais valorizadas do que as bombas E elas lerem os livros que escrevemos Quando as mulheres forem mais valorizadas do que o trabalho E nossas casas não formem mais prisões Quando a justiça não se esconder nas celas Nem estranhos armados se agacharem em nossas ruas Quando os campos e as cidades forem nossos Saberemos o significado de liberdade Ate lá... Os lamentos das nossas cidades e os gemidos da nossa terra Serão as nossas canções de sabedoria Nossa poesia de raiva e esperança Ate lá... Nossos murais vigilantes e pensamentos gratificados Será nosso jornal de rua... Nosso julgamento não censurado será arte Mas enquanto você dança com nossas canções E vende as nossas vidas, leia nossos lábios: Somos gente que luta E nossa a cultura da mudança... 52 Madrugada Camponesa faz escuro ainda no chão mas é preciso plantar. A noite já foi mais noite, a manhã já vai chegar. Não vale mais a canção feita de medo e arremedo para enganar a solidão. Agora vale a verdade cantada simples e sempre, agora vale a alegria que se constrói dia-a-dia feita de canto e de pão. Breve há de ser (sinto no ar) tempo de trigo maduro. Vai ser tempo de ceifar. Já se levantam prodígios, chuva azul no milharal, estala em flor o feijão, um leite novo minando no meu longe seringal. Já é quase tempo de amor. Colho um sol que arde no chão, lavro a luz dentro da cana, minha alma no seu pendão. Madrugada camponesa. Faz escuro (já nem tanto), vale a pena trabalhar. Faz escuro mas eu canto porque amanhã vai chegar. 53 Na voz de quem se esforça Para falar sem chorar, Nos olhos de quem vê a desgraça Sem uma lágrima rolar, A dor ao olhar as águas Que fez sua história afundar. A fartura hoje é lembrança Pois viu tudo desabar. O paiol de mantimentos Que sustentava seu lar, A pocilga e o curral Com o casarão se afundarem. Este fato não é isolado Se repete em muitos lugares. As barragens vão aumentando São muitos que ficam sem lares, Vendo seu sonho ir pros ares. Por isso que eu aproveito E neste cordel vou avisando, Procure saber bem antes O que anda se passando, Busque apoio do MAB Que ao povo está ajudando. O MAB para quem não sabe Nasceu para enfrentar O poder das hidrelétricas Que os rios fazem parar MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens - Não tem medo de lutar. 54 Com o MAB estudando formas Procurando as soluções, Vai juntando atingidos, Que hoje já somam milhões, Vivendo de forma injusta Amargando as recordações. Mas o que sofre um atingido É um caso sem dimensão, Que ele enfrenta o poder O medo transforma em ação, Em busca dos seus direitos Encara com garra a opressão Neste engano de progresso Vou alertar de novo, As empresas consomem a energia Quem paga a conta é o povo Com tanto juro embutido O conforto vira estorvo. Uma indústria gasta energia Paga pouco o que consome A população gasta pouco E, às vezes, passa até fome Pagando um absurdo de luz Para manter limpo o nome. Já que o sistema energético Quer outros países ajudar, Que faça também no Brasil O povo beneficiar, A energia mais cara do mundo Não vamos mais aceitar. Pela soberania do Brasil Agora grita o povão, Chega de levar os lucros Deixando o brasileiro na mão, Se quiser ajudar lá fora Olhem primeiro a nação. 55