Sem título-5

Transcrição

Sem título-5
Músicas
Companheiros e companheiras
1. Internacional_________________________________________________06
2. Projeto de barragem___________________________________________07
3. Muralha_____________________________________________________08
4. Refração da vida______________________________________________09
5. Mágoas de um projeto_________________________________________10
6. Sobradinho__________________________________________________11
7. Planeta Água________________________________________________12
8. Planeta Azul_________________________________________________13
9. Luz da América______________________________________________14
10. Pelos caminhos da América___________________________________15
11. Acorda América______________________________________________16
12. América livre________________________________________________17
13. América Latina______________________________________________18
14. Companheiros de Guevara_____________________________________19
15. O que é, o que é______________________________________________20
16. Guantanamera_____________________________________________22
17. O que vale é o amor__________________________________________23
18. Nego nagô_________________________________________________24
19. Coração civil________________________________________________25
20. Cio da terra_________________________________________________26
21. Maria, Maria________________________________________________26
22. A vitória do trigo______________________________________________27
23. Tocando em frente___________________________________________28
24. Ordem e Progresso___________________________________________29
25. Bandeira de Luta____________________________________________30
26. Saga de Canudos____________________________________________30
27. Banquete de bacana__________________________________________31
28. Sociedade Alternativa________________________________________32
29. Asa Branca_________________________________________________32
A música e a poesia sempre estiveram conosco em nossos
encontros e lutas, não será diferente dessa vez! No entanto, agora
estarão com maior intencionalidade político-pedagógica, serão um
instrumento da Escola Nacional de Formação do MAB para
potencializar nossa formação enquanto militantes.
É o que propomos com este livro de músicas e poesias, que
ele seja um recurso para a vivência da mística e animação dos
militantes, para fortalecer a nossa utopia, enquanto sujeitos responsáveis pela construção de uma sociedade socialista.
A música e a poesia nos movimentam, nos fazem refletir. Cantemos à vida, a alegria, a provocação do capital, nossos anseios,
a rebeldia... Poetizemos sobre nosso profundo desejo de liberdade, de manifestar que somos construtores da nossa própria história. E para tal, somos desafiados a aprender a cantar as músicas
da classe trabalhadora, a conhecer a poesia dos lutadores e lutadoras do povo.
Por fim, desafiamos a todos (as) os (as) militantes da Escola
Nacional de Formação a produzir, sistematizar e organizar músicas e poesias que tragam presente a história e a identidade do
nosso povo e da nossa luta, como compromisso de construção de
um processo que se inicia sólido ao proporcionar que a cultura
popular se manifeste cada vez mais!
Boa formação, boa luta!
Movimento dos Atingidos por Barragens
Coletivo de formação
Maio de 2008
1
2
3
30. Sem medo de ser Mulher_____________________________________33
31. A educação no campo________________________________________34
32. Não vou sair do campo_______________________________________35
33. Creio na semente___________________________________________36
34. Alô juventude_______________________________________________37
35. Nossa conta________________________________________________38
Poesias
1. Resolução___________________________________________________40
2. Jovem: Espírito de Sacrifício_____________________________________42
3. Marchar e vencer_____________________________________________44
4. O sonho e o tempo___________________________________________46
5. O Meu País_________________________________________________48
6. O analfabeto político__________________________________________50
7. Aula de vôo__________________________________________________51
8. Manifesto da Democracia e da Mudança__________________________52
9. Madrugada Camponesa_______________________________________53
10. Cordel da história submersa___________________________________54
C......................................DÓ
D.....................................RÉ
E......................................MI
Fa....................................FÀ
G......................................Sol
A......................................LÀ
B........................................SI
B 7..................................Sí 7
C#m........DO sustenido menor
G#m........Sol sustenido menor
F#m.........FÁ sustenido menor
Dm.........................RÉ menor
Am..........................LÀ menor
Bm...........................SÍ menor
G
O crime de rico a lei cobre/ O
Estado esmaga o oprimido/ Não
há direitos para o pobre/ Ao rico
tudo é permitido/ À opressão
não mais sujeitos/ Somos iguais
a todos os seres/ Não mais
deveres sem direitos/ Não mais
direitos sem deveres
C
De pé, oh vítimas da fome
D
G
De pé, famélicos da terra
C
Da idéia a chama já consome
D
G
A crosta bruta que a soterra
D
C
D
Cortai o mal bem pelo fundo
C
Abomináveis na grandeza/ Os reis
da mina e da fornalha/ Edificaram
a riqueza/ Sobre o suor de quem
trabalha!/ Todo o produto de quem
sua/ A corja rica o recolheu/
Querendo que ela o restitua/ O
povo só quer o que é seu
D
De pé, de pé, não mais senhores
D7
G
Se nada somos em tal mundo
D
C
D
Sejamos tudo, oh produtores
G
C
Nós fomos de fumo embriagados/
Paz entre nós, guerra aos
senhores/ Façamos greve de
soldados/ Somos irmãos trabalhadores/ A corja vil e cheia de
galas/ Nos quer a força, canibais/
Logo verá que as nossas balas/
São para os nossos generais
Bem unidos façamos
D
G
Nesta luta final
G7
C
De uma terra sem amos
A7 (G)
D
A Internacional
Senhores, patrões, Chefes Supremos/ Nada esperamos de nenhum/
Sejamos nós quem conquistemos/
A terra-mãe, livre e comum/ Para
não ter protestos vãos/ Para sair
deste antro estreito/ Façamos nós
com nossas mãos/ Tudo o que a
nós nos diz respeito
Pois somos do povo os ativos/
Trabalhador forte e fecundo/
Pertence a terra aos produtivos/ Oh
parasita, deixa o mundo/ Oh
parasita que te nutres/ Do nosso
sangue a gotejar/ Se nos faltarem os
abutres/ Não deixa o sol de fulgurar
6
E
Tom: G
C#m
G#m
Água que cai da chuva tem água que vem da fonte
G
Em
A
Bm
Tem mágoa que brota do peito
Tenho magoas de um projeto que roubou a minha paz
G
A
D
B7
E
B7
Tem nos olhos uma cachoeira
Expulsou de minha terra nos tratou como animais
C
E
D
E
Prometeu matar a sede e gerar muita energia
C
D
G#m
Água que dá a vida muitas vezes tira a sorte
G D
Que mentira! Esse projeto é de ladrão e nos botou foi numa fria
G
C#m
A
F#m
B7
Trás o pranto, cala o canto, traz a morte
D
A
E a conta da energia virou mais que um pesadelo
Am
Bm
D
A
C#m
Não só pra nós atingidos, pra todo o povo brasileiro
G
B7
E
Contra a força das barragens somos muitos, somos mil
G#m
B7
Contra a força uma muralha somos milhões....
D
E o preço da energia virou uma sacanagem
Am
Bm
C
D
G
D
Sair dessa situação é organizar os atingidos e toda a sociedade
A
B7
C#m
Em
A
B7
G#m
A
B7
A energia para os pobres só se for de candeeiro
D
E para grandes rapinas levam até pro estrangeiro
C
D
Para nós só sobra a conta e ameaça de apagão
C
D
G
D
Mas se agente juntar povo organizado muda essa situação
7
E
/: Por que o amor só existe na mesa onde não falta o pão/:
Bm
G
E
Lutando de braços dados pra exigir o novo chão
8
C
A
EM
Eu quero os rios como fontes salutares
F
C
G
D
Refração da vida em correnteza
A
Eu quero o sonho transbordando
F
C
EM F
AM
G
G
D
C
A
D
G
Têm a fórmula ao alcance da mão
EM
Mas a fonte da vida não pode ser ferida./ Vamos nos unir nesse refrão
C
EM
F
C
EM
F
C
G
Eu quero a água para fazer irrigação/ Saneamento básico e consumir.
C
EM
F
Encheu de água os nossos sonhos e destruiu o nosso chão
Com cimento e concreto onde produzia o pão
O peixe não faz Piracema sem a casa pra morar
A ambição ergue trincheiras difícil de controlar
G
Eu quero a terra repartida por igual/ Onde todos possam produzir
C
E
Água e energia, não são mercadorias
Para os nossos “gênios” é óxido de hidrogênio
F
E
Vamos falar com sabedoria
EM
D
E
Nos fez reféns do modelo capitalista
Águas para a vida e não para a morte (Bis)
F
E
Acabou com nossas casas, nossos sonhos toda a vista
Nas pessoas em perfeita paz com a natureza
C
E
Prometeu matar a fome e gerar muita energia
C
EM
E
Tenho mágoas de um projeto que tirou nossa alegria
C
G
Sobrou ao atingido acreditar nessa mudança
A vontade de lutar que ainda não se cansa
Empunhando uma bandeira com muita alegria
Um sorriso em cada rosto no raiar de um novo dia
Eu quero todos os problemas resolvidos/ Chega de calar a voz do povo
C
EM F
C
G
Eu quero os postos de trabalho ressarcidos/ Num admirável mundo novo.
C
EM
C
G
Eu quero o MAB como nosso mediador/ Das nossas conquistas e vitórias
C
EM
Eu quero líderes com esboços contundentes
F
C
G
Transformando o curso da história
9
10
E
C
O homem chega e já desfaz a natureza
D
A
Tira a gente e põe represa, diz que tudo vai mudar
E
D
A
G
C#m
A
Fa
G
Fa
G
Am
Am
Am
G
G
Fa
C
Am G
Terra planeta água... /
G#m
O medo que algum dia o mar também vire sertão
C#m
G
Em
G
G#m
A
C
C
E depois dormem tranqüilas no leito dos lagos, no leito dos lagos
O sertão vai virar mar da no coração
E
G
Águas que caem das pedras no véu das cascatas ronco de trovão
Do beato que dizia que o sertão ia alagar
A
Em
C
B
C#m
Fa
Águas que banham aldeias e matam a sede da população
E passo a passo vai cumprindo a profecia
C
C
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão
Am
C
G
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
G#
Fa
Am
Am
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Am
G
Fa
G
Fa
C
Terra planeta água
C
Terra planeta água
G#m
Vai virar mar da no coração
E
Am
Água que nasce na fonte serena do mundo e que abre o profundo grotão
C#m
A
B7
O medo que algum dia o mar também vire sertão
Adeus remanso, casa nova, sento-se
Adeus pilão arcado vem o rio te engolir
Debaixo d’água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira a gaiola vai sumir
Vai ter barragem no salto do sobradinho
E o povo vai se embora com medo de se afogar
11
Água dos igarapés onde Iara mãe d’água e misteriosa canção
Água que o sol evapora pro céu vai embora virar nuvens de algodão
Gotas de água da chuva alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva tão tristes são lágrimas na inundação
Águas que movem moinhos são as mesmas águas
que encharcam o chão
E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terra
12
E
B7
A
E
G
A vida e a natureza sempre à mercê da poluição
E
Am
D7
América Latina tem uma beleza que não foi à natureza só quem
B7
G
Se invertem as estações do ano
Am
desenhou / Foi a força da guerrilha nos braços do povo que no dia
A
E
D7
Faz calor no inverno e frio no verão
G
G
Am
de ano novo enfim Triunfou / Ela é muito pequena, mas muito elegante
B7
D7
Os peixes morrendo nos rios
A
G
forte como um gigante se mantém por lá / Desafia o inimigo e não
E
Am
Estão se extinguindo espécies animais
D7
G
tem receio Ignorando o bloqueio desafia o mar
B7
E tudo que se planta colhe
A
G
E
E7
Am
O tempo retribui o mal que a gente faz
Somos desta terra somos companheiros
E
Somos brasileiros e também somos latinos
D7
B7
A
E
E7
Onde a chuva caía quase todo dia já não chove nada
B7
Am
Pátria de Martí e de Che Guevara
A
D7
O sol abrasador rachando o leito dos rios secos
E
G
G
Esta história não para enquanto nascer um menino
B7
Sem um pingo d’água quanto ao futuro inseguro
A
E
B7
Será assim de norte a sul a terra nua semelhante à lua
A
B7
A E
O que será desse Planeta Azul? O que será desse Planeta Azul?
O rio que desce as encostas já quase sem vida
Parece que chora um triste lamento das águas
Ao ver devastada a fauna e a flora
É tempo de pensar no verde
Regar a semente que ainda não nasceu
Deixar em paz a Amazônia, preservar a vida
Estar de bem com Deus
13
E Cuba pequena que nos dá exemplo e massa e fermento neste
caminhar / Mostra ser possível dar um passo a frente com toda
esta gente para triunfar / Mesmo que demonstrem ser muito sabidos
os imperialistas um dia vão chorar / Por que a vitória é de quem faz
a história ficarão por fora vendo o trem passar
Nosso continente será diferente não ser que não se tente o caminho
fazer / E esperar que a burguesia nos de de presente quinhentos
anos de história com as mãos no poder / Não faremos o amanhã
se não lutarmos hoje nem haverá novas Cubas se a gente parar /
Por que pra fazer a cova do Imperialismo mesmo que a gente não
queira tem que cavoucar
14
Dm
E
Gm
Pelos caminhos da América / Pelos caminhos da América
A7
D
G
D
D
Há cruzes beirando estradas pedras manchadas de sangue
D
A7
E
O sangue dos mártires fez a semente se espalhar
E
B7
A
G
A
Nestes pampas e caatingas
Nuvens, mistérios e encantos que envolvem nosso caminhar
D
E
Nestes campos, nestas planícies
D
Pelos caminhos da América há tanta dor tanto pranto
G
A
B7
Dm
Pelos caminhos da América................... Latino América
G
B7
Acorda América! Chegou a hora de levantar
D Dm
A
Nestas raízes entrelaçadas
B7
E
De etnias tão misturadas
E
Apontando como setas que a liberdade e pra lá.
E assim meu povo
Pelos caminhos da América há monumentos sem rosto / Heróis pintados, mau gosto livros de história sem cor / Caveira de ditadores soldados tristes calados / Com olhos esbugalhados vendo avançar o amor
A nossa América Latina
B7
Pelos caminhos da América há mães gritando qual loucas / Antes
que fiquem roucas digam onde acharão / Seus filhos mortos levados na noite de tirania / Mesmo que matem o dia elas jamais calarão
Pelos caminhos da América no centro do continente / Marcham punhados de gente com a vitória na mão / Nos mandam sonhos, cantigas em
nome da liberdade / Com o fuzil da verdade combatem firme o dragão
E
Eu me pergunto, e a nos todos
Até que dia nos agüentamos
Essa violência tão assassina
Nos tomam a terra e matam os índios
Nos deixam restos
Da nossa América Latina
Pelos caminhos da América bandeiras de um novo tempo / Vão semeando no vento frases teimosas de paz / Lá na mais alta montanha há um
par de arco florido / Um guerrilheiro querido que foi buscar o amanhã
Pelos caminhos da América há um índio tocando flauta / Recusando a
velha pauta que o sistema lhe impôs / No violão um menino e um negro
tocam tambores / Há sobre a mesa a umas flores pra festa que vem depois
15
16
G
Am
Am
América Latina de sangue e suor.
C
G
Este povo que sofre pela mesma razão,
D
grita por liberdade numa nova canção.
Em
C
F
Am
C
G
E nem cancelas nos limites das fronteiras
Eu quero pra ti um dia melhor
C
Talvez um dia milhões de vozes se erguerão
F
E7
Numa só voz desde o mar às cordilheiras
Am
F
Da mão do índio, explorado, aniquilado
D
/:América, América, sou teu filho e digo:
C
Talvez um dia não existam aramados
Am
D
G
F
D
Am
G
C
Ao camponês, mãos calejadas e sem-terra
F
C
Um dia quero ser livre contigo!:/
Do peão rude que humilde anda changueando
América morena do velho e do novo,
construindo a história na luta do povo.
Numa guerra de força contra o imperialismo
que dos povos da América é o grande inimigo.
E dos jovens, que sem saber morrem nas guerras
F
A
E7
F#m E7
Bm
América minha quero te ver um dia,
o teu povo nas ruas, com a mesma alegria.
Gritar a vitória no campo e na cidade.
E empulhar a bandeira da liberdade!
Bm
G
América Latina, latino América
E7
A
E7
Amada América de sangue e suor
Talvez um dia, os gemidos das masmorras e o suor dos operários
e mineiros / Vão se unir à voz dos fracos e oprimidos e a cicatrizes
de tantos guerrilheiros
Talvez um dia, o silêncio dos covardes nos desperte da
inconsciência desse sono / E o grito do Sepé na voz do povo vai
nos lembrar que esta terra ainda tem dono
E as sesmarias, de campos e riquezas que se concentram nas
mãos de pouca gente / Serão lavradas pelo arado da justiça de
norte a sul, do latino continente
17
18
C
G
C
Dm
Se não tiver o amanhã brindaremos o ontem
D
E7
Am
F7
Eu fico com a pureza das respostas das Crianças!
E7
G
e saberemos então onde está o horizonte
E a vida! É bonita e é bonita!
G
Viver e não ter a vergonha de ser feliz
A
D
E7
Aí cantemos segredos e todos os medos serão alegrias
G
Veremos que o passo só cansa quando não alcança sua rebeldia
D
E na sombra da verdade estará a liberdade que a gente queria
C
G
D
F#7
G
Então ouviremos da história o grito de glória da nossa utopia
E quem ficou sem chorar, sem poder andar estará presente
Grande será nosso espanto de ver o encanto do bom comandante
Chegando na hora certa com a voz desperta nossa rebeldia
Companheiros de Guevara trilhando a estrada por um novo dia
Bm
Bm
E
Cantar, e cantar, e cantar
A
A beleza de ser um eterno aprendiz
E7
A
Ah, meu Deus! Eu sei
A7
D
Que a vida devia ser bem melhor e será
Dm
A
F#7
Mas isso não impede que eu repita
Bm
E7
A
E7
É bonita, é bonita e é bonita!
Am
A7
Dm
E a vida? E a vida o que é, diga lá, meu irmão?
Bm
E7
Bm
E7
Am
Ela é a batida de um coração? Ela é uma doce ilusão?
E7
Am
A7
Dm
Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento?
Bm
E7
Bm
E7
Am
Ela é alegria ou lamento? O que é? O que é, meu irmão?
G
C
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo
Bm
E7
É uma gota, é um tempo
A7
Que nem dá um segundo
19
20
Dm
Bm
Am
Há quem fale que é um divino mistério profundo
Fa
E7
É o sopro do criador numa atitude repleta de amor
Bm
E7
A
E
Guantanamera, guajira guantanamera
Você diz que é luta e prazer
E
Am
A
B7
E
A
B7
Guantanamera, guajira guantanamera
Ele diz que a vida é viver
E7
E
Ela diz que melhor é morrer
A
B7
Yo soy um hombre sincero
A
E
Pois amada não é, e o verbo é sofrer
A
B7
De donde crece la palma
Y antes de morir me quiero
Echar mis versos del alma
Dm
Eu só sei que confio na moça
Am
Mi verso es de um verde claro
Y de um carmin encendido
Mi verso es um ciervo herido
Que busca em el monte amparo
E na moça eu ponho a força da fé
F7
Somos nós que e fazemos a vida
E7
Como der, ou puder, ou quiser
Bm
E7
Am G
C
Sempre desejada por mais que esteja errada
Bm
E7
Am
B7
E7
Ninguém quer a morte só saúde e sorte
Bm
E7
Am
G
Com los pobres de la tierra
Quiero yo mi suerte echar
El arroyo de la sierra
Me complace mas que el mar
C
E a pergunta roda, e a cabeça agita
Dm
E7
Am
Fico com a pureza das respostas das crianças
Fa
E7
É a vida! É bonita e é bonita!
21
22
Am
G
Fa
Se é pra ir a luta, eu vou, se é pra ta presente, Eu to
E
G
G
/: Dança aí nego nagô:/
Am
Am
Replantar nosso sonho em cada coração
E
Am
/: Dança aí nego nagô:/
E
Am
Enquanto não chegar o dia enquanto persiste a agonia
Am
G
C
E
Am
O negro canta deita e rola lá na senzala do senhor
Fa
E
Am
G
É que a gente junto vai reacender as estrelas, vai
E
G
Eu vou tocar minha viola eu sou o negro cantador
Am
Pois na vida da gente o que vale é o amor
Am
Am
Am
A gente ensaia o baião. Lauê, lauê, lauê, lauê
É que a gente junto vai reabrindo caminhos vai
Alargando a avenida pra festa geral
Enquanto não chega a vitória a gente refaz a história
Pro que há de ser afinal. Lauê, Lauê, Lauê, Lauê
Tem que acabar com esta história de negro ser inferior
O negro é gente quer escola quer dançar samba e ser doutor
O negro mora em palafita não é culpa dele não senhor
A culpa é da abolição que veio e não o libertou
Vou bota fogo no engenho aonde o negro apanho
O negro é gente como outro quer ter carinho e ter amor
É que a gente junto vai, vai pra rua de novo vai
Levantar a bandeira do sonho maior
Enquanto eles mandam, não importa a gente vai abrindo a porta
Quem vai rir depois, ri melhor. Lauê, Lauê, Lauê, Lauê
23
24
E
A
B7
E
A
Tom: Am
Quero a Utopia, quero tudo e mais quero a felicidade nos olhos
B7
A
E
C#m
de um pai quero a alegria, muita gente feliz quero que a
Am
C
G
Fa
Debulhar o trigo, recolher cada bago do trigo, forjar no trigo
B7
C
Am
D
justiça reine em meu país
O milagre do pão e se fartar de pão
Quero a liberdade, quero vinho e pão,
quero ter a amizade, quero amor, prazer.
Quero nossa cidade, sempre ensolarada,
os meninos e o povo no poder, eu quero ver
Decepar a cana, recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel, se lambuzar de mel
Afagar a terra, conhecer os desejos da terra
Cio da terra propícia a estação e fecundar o chão
São José da Costa Rica, coração civil,
me inspire no meu sonho de amor Brasil
Se o poeta é o que sonha o que vai ser real
vou sonhar coisas boas que o homem faz
e esperar pelos frutos no quintal
D
Sem a polícia, nem a milícia, sem o feitiço, cadê o poder?
Viva a preguiça, viva a malícia que só a gente é que sabe ter
Assim vivendo a minha utopia eu vou levando a vida
Eu vou viver bem melhor doido pra ver o meu sonho teimoso
Um dia se realizar
D7
G
C
D
F#
Maria, Maria, é um dom, uma certa magia / Uma força que nos alerta
Bm
G
C
Uma mulher que merece viver e amar
G
Bb
D
Como outra qualquerdo planeta
Maria, Maria, é o som é a cor, é o suor / É a dose mais forte e lenta
/ De uma gente que ri quando deve chorar / E não vive apenas agüenta
Mas é preciso ter força, é preciso ter raça / É preciso ter gana sempre
/ Quem traz no corpo a marca / Maria, Maria, mistura dor e alegria
Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça / É preciso ter sonho
sempre / Quem traz na pele essa marca / Possui a estranha mania
de ter fé na vida
25
26
E
B7
Tom: C
Não precisa ser herói para lutar pela terra
A
B7
E
Por que quando a fome dói qualquer homem entra em guerra
G
F
Ando devagar porque já tive pressa
C
B7
É preciso ter cuidado para evitar essa luta
e levo este sorriso por que já chorei demais
A
E
Pois cada pai é um soldado quando é o pão que se disputa
E7
A E
A
A
Fa
E
C
Se somos todos irmãos se todos somos amigos
B7
G
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
G
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou nada sei
B7
Basta um pedaço de chão para a vitória do trigo
Fa
Dm
Fa
Conhecer as manhas e as manhãs,
A
E
A
E
Dm
C
Basta um pedaço de terra para a semente ser pão
o sabor das massas e das maçãs
A
Fa
E
B7
E
Dm
Fa
Dm
Fa
enquanto a fome faz guerra a paz espera no chão
É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir
Há planicies que se somem dentre o horizonte e o rio
E a vida morre de fome com tanto campo vazio
Ao longo dessas porteiras dessas marias sitiadas
A ambição ergue trincheiras, contra o sonho das enxadas
E preciso chuva para florir
C
Penso que curtir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou levando os dias, pela longa estrada eu vou, estrada eu sou
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega e no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz
Ando devagar porque já tive pressa e levo este sorriso porque já
chorei demais Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz
27
28
5
Tom: G
Tom: C
C
G
G7
Este é o nosso país esta é a nossa bandeira
Fa
C
D
Traga a bandeira de luta, deixa a bandeira passar
G7
C
é por amor a esta Pátria Brasil que a gente segue em fileira
Am
D
G
Essa é a nossa conduta, vamos unir pra mudar
G
C
C7
Queremos mais felicidade no céu deste olhar cor de anil
(Fa)
C
G7
Am
(C7)
No verde esperança sem fogo bandeira que o povo assumiu
Fa
G
Fa
C
C7
Amarelo são os campos floridos as faces agora rosadas
Fa
C
G7
D
Deixe fluir a esperança porque na lembrança vamos resgatar
Fa
C
Se o branco da paz irradia vitória das mãos calejadas
Queremos que abrace esta terra por ela quem sente paixão
Quem põe com carinho a semente pra alimentar a nação
A ordem é ninguém passar fome progresso é o povo feliz
A Reforma Agrária é à volta do agricultor à raiz
D
G
Guardada bem na memória a nossa história vai continuar
Bate cundum na Bandeira, o bate cundum da mudança chegou
É na roça, na cidade, na sociedade sou trabalhador
Somos da história sujeitos e nossos direitos não podem acabar
Os nossos sonhos de busca, de paz, e justiça vão continuar
G
D
C
D
G
Deixe-me viver, deixe me falar/ Deixe-me crescer, deixe me organizar
G
D
G
Quando eu vivia no sertão/ Aos pés de quem vivia a me mandar/
D
G
Gemia calo e dor nas minhas mãos/ A canga era pesada pra levar
Bahia pareceu pelo sertão/ Um Monte que passou a cativar/ Tão
belo que ajudou o povo irmão/ Patrão e opressor não tinha lá
Canudos outra vez vai florescer/ A vida como galho vai fronda/ A
luta pela terra quer o pão/ Amores vão de novo começar
Canudos se espalhou pelo país/ Embora os tubarões queiram
morder/ Na roça e na vida o que se diz/ O povo organizado vai vencer
29
30
G
C
A
Andam dizendo que nóis é caipira que nossa casa é feita de taboca
D
C
G
Que nossa onda é dançar catira que nóis tem cara de milho de pipoca
C
Nóis gosta é de pescar traíra ver as bichinha chorando na vara
D
C
G
C
A
C
A
D
A
Viva! Viva! Viva a Sociedade Alternativa!
C
G
C
G
Se eu quero e você quer tomar banho de chapéu
C
Nóis num gosta de mentira nóis tem vergonha na cara
D
Viva! Viva! Viva a Sociedade Alternativa!
G
C
G
Ou esperar Papai Noel ou discutir Carlos Gardel
C G
G
C
G
C
E7
Então vá faze o que tu queres pois é tudo da lei........ Da lei
Se farinha fosse americana mandioca importada
D
C
G
Banquete de bacana era farinhada
Andam dizendo que nóis é botina
Que nossa onda é andar a cavalo
Que nossa calça é amarrada com imbira
Que nossa moda é briga de galo
Nóis gosta e de pescar traíra
Ver as bichinha chorando na vara
Nóis num gosta de mentira
Nóis tem vergonha na cara
Presidente disse que nóis é caipira
Que nóis tem que aprender inglês OH YES!
Que nóis tem que fazer sucesso fora
Deixa de bestagem, nóis nem sabe português
Nóis somos caipira pop
Nóis entra na chuva e não molha
Meio I love you
Nóis é jeca, mas é jóia
E
E7
A
E
B7
E
Quando olhei a terra ardendo qual fogueira de São João
E7
A
E
B7
/: Eu perguntei a Deus do céu porque tamanha judiação/:
Que braseiro, que fornalha, nem um pé de plantação
/: Por falta d’água, perdi meu gado morreu de sede meu alazão:/
Até mesmo Asa Branca bateu asas pro sertão
/: Então eu disse: Adeus Rosinha guarda contigo meu coração:/
Hoje longe muitas léguas nesta triste solidão
/: Espero a chuva cair de novo pra mim voltar pro meu sertão:/
Quando o verde dos teus olhos se espalhar na plantação
/: Eu te asseguro, não chores, não, viu que eu voltarei, viu, meu coração:/
31
32
E
B7
Pra mudar a sociedade do jeito que a gente quer
D
A7
A educação do campo do povo agricultor
E
Participando sem medo de ser mulher
D
Precisa de uma enxada de um lápis, de um trator
D7
A
E
A7
Por que a luta não e só dos companheiros
B7
G
Precisa educador pra trocar conhecimento
D
O maior ensinamento é a vida e seu valor
E
Participando sem medo de ser mulher
Pisando firme sem pedir nenhum segredo
Participando sem medo de ser mulher
A7
D
D
Pois sem mulher a luta vai pela metade
Participando sem medo de ser mulher
Fortalecendo os movimentos populares
Participando sem medo de ser mulher
Na aliança Camponesa e Operária
Participando sem medo de ser mulher
Pois a vitória vai ser nossa com certeza
Participando sem medo de ser mulher
33
A7
Dessa história nós somos os sujeitos lutamos pela vida
A7
pelo que é de direito. As nossas marcas se espalham pelo
D
A7
D
Chão a nossa escola ela vem do coração
Se a humanidade produziu tanto saber
O rádio e a ciência e a cartilha do ABC
Mas falta empreender a solidariedade
Soletrar essa verdade está faltando acontecer
34
Fa
Gm
Bb
Fa
Não vou sair do campo prá poder ir prá escola
Gm
Bb
Eu creio sim (4x)
B7
E
B
E
B
F#
Eu creio na semente, lançada na terra na vida gente,
Fa
educação do campo é direito e não esmola
B
eu creio no amor
Fa
Dm
C
B7
O povo camponês o homem e a mulher
Bb
C
Fa
E
eu creio no amor
C
Ticuna, Caeté, Castanheiros, seringueiros
Bb
B
B
O negro o quilombola com seu canto de afoxé
Dm
E
C
Fa
Pescadores e posseiros com certeza estão de pé
Cultura e produção, sujeitos da cultura
A nossa agricultura pro bem da população
Construir uma nação construir soberania
Pra viver o novo dia com mais humanização
Quem vive da floresta dos rios e dos mares
De todos os lugares onde o sol abre uma fresta
Quem a sua força empresta os quilombos, as aldeias
E quem na terra semeia, venha aqui fazer a festa
B
No canto sonoro da ave que voa
F#
Liberdade é um grito bem alto e ressoa
E
B
O jovem que luta esperança se faz
F#
B
B7
A semente que nasce e vitória da paz
Na voz dos pequenos reunidos em prece
No serviço e louvor vida nova acontece
Na forca do povo novo dia já brilha
Na mesa de todos: eis o pão da partilha
Nas mãos que semeiam o sonho de deus
Na terra de todos presente dos céus
Renasce a alegria no rosto do povo
Com certeza veremos um mundo mais novo
35
B
F#
Eu creio na semente, lançada na terra na vida gente,
36
G
C
Alô juventude! Alô juventude
Tão roubando energia do trabalhador / Quanto mais valia
G
D
G
Encare com garra o peso da barra
C
D
C
Fa
G
Fa
C
/ Mas as grandes empresas quase não tem despesas
G
G
Pra ter no futuro um porto seguro
Depois que privatizaram a luz teve um aumento / Que os jornais
D
G
Precisa ter força, precisa ter raça
C
C7
mais no bolso é a dor / Essa conta tá cara feito os olhos da cara
G D
O tempo e escuro, mas tem solução
Fa
D
G
nunca mostraram de quatrocentos por cento / Tanta energia a serviço
G G7
C
Precisa ter amor no coração
do lucro de empresa e bancos / E quem paga tudo isso?
Fa
C
G
G Em
G
C
Am
Dm
Nossa classe, sempre aos trancos / E quem paga tudo isso?
Pra frente, pra frente linda juventude
Am
Nossa classe sempre aos trancos
D7
Você e a esperança do país
C
G Em
Pra frente, pra frente linda juventude
Am
D7
G
G
C
Tem que mudar o modelo e não aceitar a sina / De no país todo
G
Fa
G
C
G
E façam um futuro muito mais feliz
enchê-lo com um bando de usinas / Pra farra dessas empresas
O Brasil é lindo, o Brasil é nosso
Não seja um fraco, não fuja do barco
Eu sei que e difícil remar contra a maré
Porém acredito que ainda tem jeito
A felicidade é nosso direito
A gente não pode perder a fé
do país, seja qual for / Explorando a natureza e o suor do trabalhador
C
G
Am
Dm
G
Fa
G C
C
/ Explorando a natureza e o suor do trabalhador
G
C
G
Fa
Agora existe uma tal de tarifa social / Mas ainda é mais cara que
G
C
G
a da empresa, nem compara / E o preço dessa conta também é
C
G
Fa
G
C
nossa conta / Vamos acertar a conta com quem já passou da
Am
Dm
G
C
conta / Vamos acertar a conta com quem já passou da conta
37
38
Considerando nossa fraqueza os senhores forjaram
Suas leis, para nos escravizarem
As leis não mais serão respeitadas
Considerando que não queremos mais ser escravos.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.
Considerando que ficaremos famintos
Se suportarmos que continuem nos roubando
Queremos deixar bem claro que são apenas vidraças
Que nos separam deste bom pão que nos falta
Considerando que os senhores nos ameaçam.
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.
Considerando que existem grandes mansões
Enquanto os senhores nos deixam sem teto
Nós decidimos: agora nelas nos instalaremos
Porque em nossos buracos não temos mais condições de ficar.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.
Considerando que está sobrando carvão
Enquanto nós gelamos de frio por falta de carvão
Nós decidimos que vamos tomá-lo
Considerando que ele nos aquecerá.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.
40
Considerando que para os senhores não é possível
Nos pagarem um salário justo
Tomaremos nós mesmos as fábricas
Considerando que sem os senhores, tudo será melhor para nós.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.
Considerando que o que o governo nos promete sempre
Está muito longe de nos inspirar confiança
Nós decidimos tomar o poder
Para podermos levar uma vida melhor.
Considerando: vocês escutam os canhões
Outra linguagem não conseguem compreender
Deveremos então, sim, isso valerá a pena
Apontar os canhões contra os senhores!
(Poema de Bertold Becht sobre a Comuna de Paris)
Penso que a primeira coisa que deve caracterizar um jovem
comunista é a honra que sente em ser jovem comunista. Esta honra
que o leva a mostrar frente a toda sua condição de jovem comunista,
que não o faz cair na clandestinidade, que não o reduz as fórmulas,
mas que expressa em cada momento, que lhe sai do espírito, que
tem interesse em demonstrá-lo porque é seu símbolo de orgulho.
Junto a isso, um grande senso de dever para com a sociedade
que estamos construindo, com nossos semelhantes enquanto seres humanos e com todos os homens e mulheres do mundo.
Isso deve caracterizar o jovem comunista. Ao lado disso, uma grande sensibilidade frente à injustiça; um espírito inconformado cada vez
que aparece algo de ruim vindo de quem quer que seja. Colocar tudo
o que não se compreende, discutir e pedir esclarecimento daquilo
que não é claro, declarar guerra ao formalismo, a todos os tipos de
formalismos. Estar sempre aberto para receber novas experiências,
para adequar a grande experiência da humanidade, que leva muitos
anos avançando pelo caminho do socialismo, às condições concretas do nosso país, às realidades existentes em Cuba: pensar todos e
cada um – como transformar a realidade, como melhorá-la.
O jovem comunista deve propor-se a ser sempre o primeiro
em tudo, lutar para ser o primeiro e sentir-se incomodado quando
ocupa outro lugar em qualquer coisa. Lutar para melhorar, para ser
o primeiro. É claro que nem todos podem ser o primeiro, mas trata-se de estar entre os primeiros, no grupo de vanguarda. Ser um
exemplo vivo, ser um espelho onde se refletem os companheiros
que não pertencem às juventudes comunistas, ser o exemplo onde
se podem reconhecer os homens e as mulheres de idade mais
avançada, que perderam certo entusiasmo juvenil, que perderam
a fé na vida e que diante do estímulo do exemplo sempre reagem
bem. Esta é outra tarefa dos jovens comunistas.
41
42
Paralelamente, um grande espírito de sacrifício não apenas para
as jornadas heróicas, mas para todos os momentos. Sacrificar-se
para ajudar o companheiro nas pequenas tarefas, para que assim
possa cumprir seu trabalho, para que possa cumprir seu dever no
estudo, para que possa melhorar de qualquer maneira. Estar sempre atento a toda a massa humana que o rodeia.
Quer dizer: o que se coloca a todo o jovem comunista é ser
essencialmente humano, ser tão humano que se aproxime do melhor do humano. Purificar o melhor do homem através do trabalho,
do estudo, da prática da solidariedade contínua com o povo e com
todos os povos do mundo; desenvolver ao máximo a sensibilidade, até o ponto de sentir-se angustiado quando em algum canto do
mundo um homem é assassinado e até o ponto de sentir-se entusiasmado quando em algum canto do mundo se levanta uma nova
bandeira de liberdade.
(Discurso na celebração do 2º aniversário da União dos Jovens Comunistas,
outubro de 1962).
43
Abriu-se para nós
Nesta fresta de tempo ao fim do século
A possibilidade de dizer:
Que fome, miséria e tirania não são heranças
Heranças são as obras, são os feitos, são os sonhos
Desenhados pelos pés dos velhos caminhantes
Que plantaram na história sementes de esperança
E nos legaram a tarefa de fazer
Através da luta, o caminho de vencer.
Marchar é mais do que andar
É traçar com os passos
roteiro que nos leva à dignidade sem lamentos.
As fileiras como cordões humanos
Mostram os sinais dos rastros perfilados
Dizendo em seu silêncio
Que é preciso despertar
E colocar em movimento
Milhões de pés sofridos, humilhados em todo o tempo
Sem temer tecer a liberdade.
E nessas marcas de bravos lutadores
Iniciamos a edificação de novos seres construtores
De um projeto que nos levará à nova sociedade.
Marchamos por saber que em cada coração há uma esperança
Há uma chama despertada em cada peito
E a mesma luz é que nos faz seguir em frente
E tecer a história assim de nosso jeito.
A dor, a fome, a miséria e a opressão não são eternas
Eternos são os sonhos, a beleza e a solidariedade
Por estarem ao longo do caminho de quem anda
Em busca da utopia nas asas da liberdade.
As marchas alimentam grandes ideais
44
Porque grande é o sonho de cada caminhante
Que faz nascer do pranto a alegria
Da ignorância a sabedoria
E das derrotas vitórias triunfantes.
Venham todos! – Dizem nossas bandeiras
Que se balançam como chamas nas fogueiras
E queimam as consciências de nossos inimigos
Que fazem da pátria galhos onde se aninham
Abutres que comem:
Das fábricas os empregos,
Dos hospitais os remédios e a saúde
Das escolas as letras que educariam a juventude,
E da terra o direito de viver a liberdade.
Assim a pátria passa ser de propriedade
Privada, escravizada e obrigada
A entregar aos filhos logo ao nascer
A incerteza de passar o dia e não ver o anoitecer.
Marchar se faz necessário
Para espantar os abutres desta estrada
E construir sem medo o amanhecer.
Pois, se eternos são os sonhos
Eterna também é a certeza de vencer.
O sonho se fez tempo
Plantado sobre a teimosia que se fez berço
Para dar vida ao guerreiro que decidiu nascer,
São anos, tempos, sonhos
Que a voz do povo buscou chamar a terra
E se fez força da paz fazendo a guerra.
Batalhas marcam os dias
Os livros marcam a história
Os hinos as alegrias.
o pranto também faz parte deste longo caminhar
Cumpre o papel de regar o sonho tão valente
De quem acreditou que plantando sangue renasceria
E em cada passo que o povo daria...
Nas vitórias viveria eternamente.
E a terra feito um lençol macio se estende
Oferecendo seu colo umedecido
Ainda expondo os destroços da última batalha.
Mas isto é seguir em frente e querer mais
Forjar novas gerações
Mesmo que custe sacrifício às atuais
E os olhos do sol se abrem para fazer o amanhecer
Nas quatro pontas do leito empoeirado
Erguem-se homens, mulheres e meninos
Riscando com um sopro a linha do destino
E marcam as próprias mãos
Com calos que lhes dão dignidade.
É a terra quem resgata o ser humano
Plantando na consciência
Coragem e resistência
Para fazer nascer a solidariedade.
45
46
E os mantos de lonas escaldantes
Se desenrolam para formar cidades
Sem muros nem dor de gente errante
Cada qual desenhando seu lugar
Deixando a porta aberta para a linha do horizonte
Onde está a bandeira envaidecida
Chamando com sua dança para seguir adiante.
Agora sobre a terra escreve-se com enxadas
Palavras que formam fartura e unidade
Não haverá mais fome nem tristeza
O vale ressecado volta a ter beleza
E a voz entoa louvando a liberdade
Os lábios sorridentes deixam cair à saliva adocicada
Misturada com o caldo da cana que escorre tão perfeito
Não haverá outras faces mais felizes
Do que estas penetradas de valores com raízes
Que nascem da alegria do coração
Do sonho e da paixão
Que cada um de nós
Planta em nosso peito.
Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram - se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país
Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país
Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país
47
48
Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio - x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país
Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o Brasil em mil brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo.
49
O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.
50
O conhecimento caminha lento, feito lagarta.
Primeiro, não sabe que sabe e,
voraz, contenta-se com cotidiano orvalho,
deixado nas folhas vividas das manhãs.
Depois pensa que sabe,
e se fecha em si mesmo:
faz muralhas, cava trincheiras, ergue barricadas.
Defendendo o que pensa saber,
levanta certeza na forma de muro,
orgulhando-se do seu casulo.
Até que, maduro, explode em vôos,
rindo do tempo que imaginava saber
ou guardava preso o que sabia.
Voa alto sua ousadia,
reconhecendo o suor dos séculos,
no orvalho de cada dia.
Mesmo o vôo mais belo
descobre um dia não ser eterno.
É tempo de acasalar,
voltar à terra com seus ovos,
à espera de novos e prosaicos lagartos.
O conhecimento é assim,
ri de si mesmo e de suas certezas.
É meta da forma, metamorfose,
movimento, fluir do tempo,
que tanto cria como arrasa.
E nos mostra que, para o vôo,
é preciso tanto o casulo como a asa.
51
Quando as crianças forem mais valorizadas do que as bombas
E elas lerem os livros que escrevemos
Quando as mulheres forem mais valorizadas do que o trabalho
E nossas casas não formem mais prisões
Quando a justiça não se esconder nas celas
Nem estranhos armados se agacharem em nossas ruas
Quando os campos e as cidades forem nossos
Saberemos o significado de liberdade
Ate lá...
Os lamentos das nossas cidades e os gemidos da nossa terra
Serão as nossas canções de sabedoria
Nossa poesia de raiva e esperança
Ate lá...
Nossos murais vigilantes e pensamentos gratificados
Será nosso jornal de rua...
Nosso julgamento não censurado será arte
Mas enquanto você dança com nossas canções
E vende as nossas vidas, leia nossos lábios:
Somos gente que luta
E nossa a cultura da mudança...
52
Madrugada Camponesa
faz escuro ainda no chão
mas é preciso plantar.
A noite já foi mais noite,
a manhã já vai chegar.
Não vale mais a canção
feita de medo e arremedo
para enganar a solidão.
Agora vale a verdade
cantada simples e sempre,
agora vale a alegria
que se constrói dia-a-dia
feita de canto e de pão.
Breve há de ser (sinto no ar)
tempo de trigo maduro.
Vai ser tempo de ceifar.
Já se levantam prodígios,
chuva azul no milharal,
estala em flor o feijão,
um leite novo minando
no meu longe seringal.
Já é quase tempo de amor.
Colho um sol que arde no chão,
lavro a luz dentro da cana,
minha alma no seu pendão.
Madrugada camponesa.
Faz escuro (já nem tanto),
vale a pena trabalhar.
Faz escuro mas eu canto
porque amanhã vai chegar.
53
Na voz de quem se esforça
Para falar sem chorar,
Nos olhos de quem vê a desgraça
Sem uma lágrima rolar,
A dor ao olhar as águas
Que fez sua história afundar.
A fartura hoje é lembrança
Pois viu tudo desabar.
O paiol de mantimentos
Que sustentava seu lar,
A pocilga e o curral
Com o casarão se afundarem.
Este fato não é isolado
Se repete em muitos lugares.
As barragens vão aumentando
São muitos que ficam sem lares,
Vendo seu sonho ir pros ares.
Por isso que eu aproveito
E neste cordel vou avisando,
Procure saber bem antes
O que anda se passando,
Busque apoio do MAB
Que ao povo está ajudando.
O MAB para quem não sabe
Nasceu para enfrentar
O poder das hidrelétricas
Que os rios fazem parar
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens - Não tem
medo de lutar.
54
Com o MAB estudando formas
Procurando as soluções,
Vai juntando atingidos,
Que hoje já somam milhões,
Vivendo de forma injusta
Amargando as recordações.
Mas o que sofre um atingido
É um caso sem dimensão,
Que ele enfrenta o poder
O medo transforma em ação,
Em busca dos seus direitos
Encara com garra a opressão
Neste engano de progresso
Vou alertar de novo,
As empresas consomem a energia
Quem paga a conta é o povo
Com tanto juro embutido
O conforto vira estorvo.
Uma indústria gasta energia
Paga pouco o que consome
A população gasta pouco
E, às vezes, passa até fome
Pagando um absurdo de luz
Para manter limpo o nome.
Já que o sistema energético
Quer outros países ajudar,
Que faça também no Brasil
O povo beneficiar,
A energia mais cara do mundo
Não vamos mais aceitar.
Pela soberania do Brasil
Agora grita o povão,
Chega de levar os lucros
Deixando o brasileiro na mão,
Se quiser ajudar lá fora
Olhem primeiro a nação.
55