Novembro - Sindicato dos Bancários
Transcrição
Novembro - Sindicato dos Bancários
O TROCO | O TROCO 02 Artigo César Melo (Diretor do SEEB e funcionario do Bradesco) Inclusão de Bancários: 20 de Novembro Editorial Segurança Bancária A inédita ação da Brigada Militar (BM), de mapear e identificar vulnerabilidades a assaltos nas agências bancárias do Rio Grande do Sul, traz um alento a funcionários e clientes, que estão preocupados com a crescente onda de ataques no Estado. No entanto, aliás como já era de se esperar, os bancos não estão gostando da iniciativa. Dizem que a função é da Polícia Federal e não da Brigada Militar, mas sabemos que o real motivo dessa resistência é a ganância dos bancos, já que o relatório a ser apresentado pela BM apontará falhas na segurança e necessidade de novos investimentos. O Rio Grande do Sul registrou, neste ano de 2012, 21 ataques a bancos com explosivos, como o recente ataque ao Banco do Brasil em Canguçu. Esses dados tem preocupado a direção do Sindicato dos Bancários, que frequentemente faz denúncias junto aos órgãos competentes pelo descumprimento das leis de segurança que, por si só, são insuficientes, considerando que foram criada há muito tempo e já não condizem com o atual momento tecnológico que vivemos. Os bandidos modernizaram suas técnicas e os bancos também precisam se modernizar para evitar essas ações. A Fetrafi-RS também está agindo e lançou um cronograma de reuniões que deverá percorrer todo o Estado para discutir o tema Segurança. As reuniões tem o objetivo de envolver vários segmentos do poder público, a fim de viabilizar ações efetivas no combate aos ataques a bancos. É preciso urgentemente melhorar a instrumentalização de segurança nas agências, pois quanto mais instrumentalizados, melhor será a nossa atuação na defesa da vida, que está acima do patrimônio dos bancos. Expediente O TROCO novembro/2012 Periódico do Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região Rua Tiradentes, 3087 - Pelotas/RS Fone: (53) 3225.4108 e 3225.4066 Coordenador de Comunicação: Luis Diogo Jornalista Renponsável: Jairo Sanguiné (Reg. Prof. 6445) Produção Gráfica: Taiane Volcan Capa: Leticia Schinestsck Revisão: André Amaral (Reg. Prof. 12563) Estagiário de Jornalismo: Taiane Volcan Impressão: Gráfica Seriarte A luta dos Palmares, um movimento social, político e armado de resistência ao sistema de escravidão, na busca de dignidade, é comemorado todo dia 20 de novembro (dia da morte do líder da resistência Zumbi dos Palmares) também é o dia da Consciência Negra, a data é em homenagem a Zumbi dos Palmares e a todos negros que resistiram a escravidão. Não podemos deixar de comentar este episódio de resistência da história, visto que a resistência deve ser permanente na busca da inclusão e respeito. Na categoria dos bancários buscamos ampliar direitos, e somente com uma forte resistência ao sistema imposto que conseguimos avançar, é importante lembrar que no primeiro censo em 2008 revelou-se que apenas 19,5% dos trabalhadores do sistema financeiro eram negros, na campanha Nacional de 2012 conquistou-se a realização de novo censo da diversidade, que será aplicado em 2013 esperamos que o resultado seja diferente. Em meio a tantos desafios do cotidiano da categoria bancária, como o fim das metas, valorização dos bancários, combate ao assédio moral, mais segurança para os bancários, mais contratações de bancários, acesso a planos de saúde de qualidade e outras demandas existentes, devemos ficar atentos e buscar sempre a luta para avançar conquistas. Portanto é importante a reflexão sobre o episódio de 20 de novembro e que várias situações do nosso cotidiano nos reporta a luta e a resistência. SEEB Online Consciência Negra bancariospel.org.br Campanha | O TROCO 04 Bancos Campanha Salarial Santander compra folha de pagamento da prefeitura de Pelotas Sindicato cobra mais contratações para evitar transtorno a clientes e sobrecarga de trabalho aos funcionários O s mais de 10 mil funcionários, entre ativos e inativos, da prefeitura de Pelotas passam a receber seus salários no Banco Santander a partir de novembro. Preocupado com o fato de que as quatro agências da cidade dobrarão seu número de clientes, sem haver novas contratações de bancários e consequente adaptação do espaço fisico para atender este aumento de demanda, o sindicato reuniu-se duas vezes com o superintendente regional. Segundo a superintendência, num primeiro momento o banco só conseguiu fazer modificação física na agência das Três Vendas e que nas outras dependem de aprovação orçamentária por parte da direção do banco, mas não há previsão para isso ocorrer. O superintendente afirmou que não haverá novas contratações neste momento, mas que irá recrutar funcionários de outras agencias da região para ajudar no período de pagamento da folha da prefeitura. O Sindicato considera essas ações insuficientes, considerando o expressivo aumento na carga de trabalho dos bancários, e espera que o banco faça novas contratações o mais rápido possível as- sim como as adaptações físicas. O Sindicato ficará vigilante no andamento desse processo para evitar o que ocorrreu em outra cidades em que o banco também adquiriu a folha dos funcionários municipais sem estar devidamente preparado para isso, o que gerou inúmeros transtornos, tanto para funcionários quanto para clientes e usuários. Foto: Assessoria da Prefeitura Grupo de Trabalho questiona Banrisul sobre novo Plano de Carreira A comissão paritária, formada por representantes dos sindicatos e da Fetrafi-RS e que debate com o Banrisul a implantação do novo plano de carreira, participou, no dia 14 deste mês, de mais uma rodada de negociações , composta pelos representantes dos trabalhadores e da diretoria do banco. Por duas horas e meia, os banrisulenses levaram à direção questões e sugestões sobre as propostas de alteração do atual Plano de Carreira. O Grupo de Trabalho cumpre o cronograma do quadro de carreira e de mudança de perfil funcional, conquista obtida na Campanha Salarial 2012 dos bancários. Durante a greve, a direção do banco aceitou ir à mesa com a representação sindical para construir um novo plano de carreira. A conquista dos trabalhadores na greve deste ano tem um prazo para se materializar. O Banrisul concordou em apresentar um estudo e cronograma de implantação, construído em conjunto com os trabalhadores, para balizar a implantação do Plano de Carreira até 30 de março de 2013. O GT Carreira questionou os representantes do Banrisul sobre a proposta inicial do banco de alterar o perfil estrutural das funções. Os questionamentos se originaram da reunião da Comissão Paritária e do encontro de avaliação do GT de representantes sindicais no mês passado. A avaliação é de que as propostas avançaram na direção de entendimentos, mas ainda há divergências de concepção da estrutura de valorização do trabalhador, assim como de critérios sobre perfil de enquadramento para a formatação de uma nova cultura de remuneração e enquadramento. | O TROCO 05 Sindicato ajuizará ação coletiva exigindo 7ª e 8ª horas no BB Assembleia dia 28 vai discutir o assunto e autorizar o sindicato a ingressar com ação. Departamento jurídico estará presente. O Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região irá ingressar com ação judicial para buscar o restabelecimento da jornada de 6 horas para funcionários do Banco do Brasil que estejam irregularmente desempenhando jornadas de 8 horas. A ação tem por objetivo ainda que todas as 7ª e 8ª horas dos últimos cinco anos sejam pagas como horas-extras. Para isso, o Sindicato realiza uma assembleia com os funcionários do BB no próximo dia 28, na sede da entidade. A regra no BB, hoje, é o descumprimento desse direito à jornada de 30 horas semanais, garantido pela CLT, em seu artigo 224. O BB, para manter seus funcionários mais tempo dentro das suas agências, adota a mesma postura de bancos privados, criando cargos de fachada, ‘vitaminando os escriturários’, ao torná-los assistentes, supervisores ou analistas, cargos que não configuram chefia, pois atuam sem subordinados, sem poder de decisão, mas com jornada irregular de 8 horas. Hoje, mais de dois terços do funcionalismo do BB tem jornada de 8 horas, sem desempenhar qualquer atribuição de chefia. Quem tem direito a ação de 7ª e 8ª hora extra do Banco do Brasil? Todos aqueles empregados que estejam trabalhando com jornada contratual de 8 horas, mas que desempenham atividade meramente técnica, burocrática, sem o que a Justiça considere uma “especial fidúcia”. São empregados que foram enquadrados pelo banco na exceção do artigo 224 da CLT (cargos de direção, chefia ou equivalentes e de confiança), mas que deveriam ter sido enquadrados em jornada de 6 horas pela ausência desses requisitos. Mesa permanente cobra melhores condições na Caixa A s precárias condições em que estão trabalhando os funcionários na Caixa Econômica Federal voltaram a ser discutidas durante negociação da mesa permanente realizada dia 8, em Brasília. Foi o primeiro encontro após a Campanha Nacional dos Bancários 2012. Entre os pontos discutidos está a situação dos tesoureiros, cuja situação é desoladora, mesmo nas unidades recéminauguradas. Detectou-se falta de empregados e deficiências nas instalações das agências que comprometem a saúde dos empregados. Outro problema que chamou a atenção foi a segurança. Em metade das agências visitadas, os tesoureiros têm de circular entre os clientes com os malotes. A Caixa informou que possui 5.312 empregados aptos a assumir a função de tesoureiro executivo e que um Grupo de Trabalho se reuniu no período de 22 a 26 de outubro para formular proposta do curso de formação. A intenção da empresa é iniciar em fevereiro de 2013 cursos de requalificação para os atuais tesoureiros e para a formação de novos e concluí-los até 31 de agosto do mesmo ano. GT Saúde Caixa e GT Saúde do Trabalhador A CEE/Caixa apresentou uma proposta de reunião dos dois grupos de trabalho para os próximos dias 6 e 7 de dezembro. A sugestão foi acatada pelos representantes da Caixa. Promoção por mérito Os representantes dos empregados apontaram problemas no conteúdo da cartilha de divulgação da promoção por mérito. O material apresenta pontos que não foram acordados durante as negociações, como o uso da concessão de bolsa graduação e pós-graduação e o PSI para requisitos das promoções. A Caixa prometeu verificar o conteúdo da última versão da cartilha. Incorporação do REB ao Novo Plano Os representantes da empresa alegaram que a empresa já manifestou seu posicionamento político e técnico em favor da incorporação, mas que a questão continua emperrada nos órgãos controladores. Contratações Segundo os representantes da Caixa, o número de empregados da empresa até o dia 6 de novembro era de 90.960, faltando 1.040 novas contratações para cumprir o acordo feito com os trabalhadores de 92 mil empregados até dezembro de 2012. | O TROCO 06 Geral Brigada Militar deflagra ação contra insegurança bancária no RS A Brigada Militar está deflagrando uma ação inédita no Rio Grande do Sul com objetivo de mapear as agências bancárias identificando suas vulnerabilidades quanto aos dispositivos de engenharia e de segurança. A intenção é construir um relatório que servirá como orientação aos bancos para adoção de medidas preventivas visando à redução do alto índice de ocorrências envolvendo as instituições financeiras no Estado. Segundo informações da BM, o caráter da ação é preventivo, uma vez que as prerrogativas de fiscalização e autuação são da Polícia Federal ou dos municípios, onde há legislação municipal específica. Os relatórios gerados a partir das visitas da Brigada Militar às agências também irão fortalecer a luta do movimento sindical bancário, pela melhoria dos investimentos em dispositivos de segurança eficazes. A proposta foi elaborada, também, para se contrapor ao próprio mapeamento feito por bandidos, de bancos vulneráveis a assaltos no Estado. Recentemente, ao desbaratar uma quadrilha no RS, a Brigada Militar encontrou esse mapa contendo indicações de agências que, por exemplo, ainda não possuem portas de segurança, uma delas da região de Pelotas. Bancos não aceitam ação da BM A proposta da Brigada Militar não agradou aos bancos, que estão impedindo essas ações nas agências. A alegação é de que a fiscalização cabe à Polícia Federal e não à BM. No entanto, o motivo real é a questão financeira, já que a partir dessa intervenção muitas agências deverão investir em equipamentos de segurança, gerando custos para os bancos, que mais uma vez colocam seus lucros à frente das melhorias de condições de trabalho e atendimento. Sobre o Mapa da Insegurança Bancária 1) Não se trata de fiscalização ou autuação. É uma ação preventiva com caráter de orientação. Assim não há responsabilização objetiva da entidade na produção e no resultado do relatório. 2) O sindicato não é obrigado a participar, mas seria importante para instrumentalizar a luta pela segurança bancária. Foto: Augusto Pinz - Canguçu em Foco 3) O marco legal sobre o tema é a Lei 7.102/83, o plano de segurança das agências e pab´s, e as leis municipais pertinentes se existirem. 4) Quais são os dispositivos obrigatórios? Lei 7.102/83 Art. 2º - O sistema de segurança referido no artigo anterior inclui pessoas adequadamente preparadas, assim chamadas vigilantes; alarme capaz de permitir, com segurança, comunicação entre o estabelecimento financeiro e outro da mesma instituição, empresa de vigilância ou órgão policial mais próximo; e, pelo menos, mais um dos seguintes dispositivos: I - equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que possibilitem a identificação dos assaltantes; II - artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, identificação ou captura; e III - cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante durante o expediente para o público e enquanto houver movimentação de numerário no interior do estabelecimento. 5) Mas e se a lei municipal exigir outros dispositivos? Então estes também serão exigíveis, pois o município tem competência para legislar sobre segurança. Por isso é importante saber quais são as leis de segurança bancária no município e se estão regulamentadas. | O TROCO 07 Conjuntura Índios Guarani-Kaiowá devem permanecer em suas terras Decisão do TRF cassou liminar que determinava retirada dos índios. Forte mobilização nas redes sociais contribuiu para a decisão A decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP-MS) que cassou a liminar da Justiça Federal de Naviraí (MS) que determinava a retirada dos índios Guarani Kaiowá das terras que ocupam tradicionalmente, foi importante mas não resolve o problema e nem tira a necessidade de continuar a luta em defesa daquela comunidade. O despejo foi suspenso e os procuradores defendem como solução definitiva para o impasse entre índios e fazendeiros que o governo admita sua culpa na remoção e posterior titulação de áreas que pertenciam a esta etnia há algumas décadas. Hoje há um impasse em várias áreas, casos de mortes e de suicídio entre os índios que querem resgatar suas terras. Os Guarani-Kaiowá estão acampados na fazenda Cambará, no Mato Grosso do Sul, e anunciaram que poderia acontecer morte coletiva caso se cumprisse a determinação da justiça federal de Naviraí (MS) de retirá-los das terras que ocupam tradicionalmente. No entanto uma decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP, MS) cassou a liminar, autorizando a permanência deles na fazenda. A mobilização nas redes sociais (Twitter, Facebook), em defesa da causa dos índios Guarani-Kaiowá em suas terras, demonstrou a força desse novo instrumento de comunicação que é a internet. Nas últimas duas semanas, o Brasil incorporou no vocabulário o nome do povo GuaraniKaiowa. “É caiová, ou tem som de ‘ua’?”, perguntaram centenas de pessoas nas redes sociais, numa curiosidade recém nascida sobre o povo indígena. Após uma carta interpretada como uma ameaça de suicídio coletivo, milhares de pessoas aderiram a causa, militando nas ruas ou na internet, para chamar a atenção para o drama dos 170 índios da comunidade Pyelito kue/Mbrakay, que reivindicam um pedaço de terra de dois hectares de extensão, numa fazenda de 700 hectares. A luta dessa etnia não é um fato isolado. Só em 2011 foram registrados, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), 56 conflitos fundiários no país envolvendo índios em 16 estados. São disputas que ocorreram em áreas demarcadas e fora delas. Originário donos da terra, índios foram expulsos pelo latifúndio O s caiouás não tiveram contato significativo com os colonos europeus e seus descendentes até fins de 1800. No século XX, no entanto, com a chegada das frentes de colonização euro-descendentes aos seus territórios, os caiouás foram expulsos por latifundiários e empresas mineradoras, sem qualquer reação significativa por parte da Funai, que supostamente deveria prezar pelo bem estar dos povos indígenas no Brasil. Fora de suas terras, os caiouás são forçados a buscar trabalho, por vezes junto aos mesmos latifundiários que roubaram suas terras, recebendo geralmente pagamentos reduzidos com os quais buscam garantir sua existência. Nas últimas décadas, centenas de caiouás, tanto adultos quanto crianças, perderam suas vidas na defesa de suas terras. Estas são consideras essenciais por eles para a sua sobrevivência. Ediane Oliveira Jornalista, uma das organizadoras da FLIA Para que o capitalismo não destrua a poesia: FLIA dá espaço à arte popular Organizada pela RádioCom, a segunda edição da Feira do Livro Independente e Autônoma aconteceu no feriado de Finados O ensolarado feriado de 2 de novembro, teve, em seu segundo ano, mais uma edição da Feira do Livro Independente e Autônoma (FLIA), em Pelotas. O movimento não é novo no mundo. Já começou há muito tempo, em Buenos Aires, com a multicultural “Feria Del Libro Independiente y Alternativa”, em um estacionamento abandonado próximo à faculdade de Ciências Sociais, da capital portenha. De lá, se espalhou por diversas partes do América Latina. Pelotas, por exemplo, é a primeira cidade do Brasil que recebeu a Feira. A primeira edição, no ano passado, reuniu escritores independentes, artistas, produtores culturais e ativistas, na zona portuária de Pelotas, no Quadrado. Neste ano, o movimento tomou uma força ainda maior: contou com mais expositores, lançamentos de livros de escritores locais, apresentações artísticas, conversas sobre obras, tenda infantil com contação de histórias, espaço livre artesanal e uma forte participação do público. Alguns perguntam se a FLIA é uma extensão da Feira do Livro tradicional, já existente em Pelotas. Claramente, não é. A FLIA é um livre movimento de valorização e circulação da arte, independente da Feira do Livro existir, mesmo que, grande parte de seus expositores, não esteja na agenda da feira tradicional. Seu espaço e idealização transcende iniciativas do poder público, em parceria com organizações privadas. Se tivéssemos ainda mais feiras, a FLIA continuaria existindo. Ela surge da necessidade de exposição da diversidade de produções que têm surgido fortemente na cidade e caracteriza-se como algo inovador, com identidade própria. Um dos maiores exemplos, é o caráter livre de como se organiza. Não há uma equipe de trabalho separada, se não a mesma que produz e idealiza o evento. O cenário retrata: No decorrer do dia, começam a chegar expositores e curiosos. Alguns, sentindo-se livre para trazer seus escritos, - sejam eles em ofícios, blocos, livros, etc, usam o espaço. Os materiais vão aumentando conforme o andar da carruagem e do dia. O resultado é exposição do livro de uma escritora pelotense que está no Oriente Médio, parcerias com editoras independentes de Porto Alegre, artesanato vindo do Chile, lançamento de livros de escritores locais, trocas e vendas de livros, espaço da alimentação, teatro de rua e shows ao anoitecer. Por esse caráter diverso e informal é que a FLIA, como o próprio nome relata, é alternativa e autônoma. Dá a autonomia ao público conhecer a vitrine do que tem sido produzido aqui. Autonomia ao amante da arte dialogar com o escritor e com outros amantes da literatura sobre o prestigioso ato de ler e escrever. Autonomia ao músico apresentar o seu trabalho. Autonomia ao público ter mais opções de cultura. Autonomia de não ser dependente de uma programação lado A. A FLIA é também um lado B de Pelotas. Não é a toa que foi para o Quadrado: diversas regiões da cidade necessitam da arte mais próxima, necessitam que a arte, de fato, seja descentralizada. E as Doquinhas, são um exemplo. O mercado e a compulsão da venda, sem ter sensibilidade com o universo artístico, tem destruido, aos poucos, a oportunidade de jovens e velhos escritores anônimos, terem um contato maior com o público, sedento por arte. Tem destruido o que ainda nos resta de mais precioso: a percepção às coisas mínimas e necessárias, que a literatura, a música, ou qualquer manifestação artistica, proporciona à vida humana. A FLIA é autônoma e independente no contato com as pessoas, fazendo-as serem protagonistas de sua programação, com o microfone aberto, com o palco disponível e com as mesas prontas para receber manuscritos, pois, assim como na escrita, não se pode ter limites na imaginação, em iniciativas como uma Feira participativa, popular e plural. Que a burocracia e a selvageria do mercado que nos impõem dia após dia, não destrua e não corrompa a poesia, simples e viva, que ainda permanece nos nossos escritores, artistas, no nosso público, na nossa cidade. Em nós.
Documentos relacionados
8 anos no ar - Sindicato dos Bancários
salarial e estratégias de mobilização para este período, com o objetivo de envolver o conjunto da categoria nas ações da campanha. Além disso, serão debatidos assuntos como conjuntura nacional, seg...
Leia mais